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Biomecânica e Avaliação Postural

SUMÁRIO

Introdução .................................................................................................................. 3
Fundamentos metodológicos da avaliação biomecânica do movimento humano ....... 3
Breve histórico da Biomecânica ................................................................................. 6
Perspectivas da aplicação dos conhecimentos de natureza biomecânica para a
prática profissional na Educação Física e no Esporte ................................................ 8
A Biomecânica do Esporte: a constante busca pela superação dos limites do
homem ....................................................................................................................... 8
Biomecânica do Movimento Humano: buscando soluções para promover a qualidade
de vida ..................................................................................................................... 10
Conhecendo e praticando os movimentos – a relação com a biomecânica .............. 13
Cargas mecânicas geradas pelo movimento humano e as lesões ........................... 17
Esporte e saúde ....................................................................................................... 19
Questões sociais associadas à prática de esportes ................................................. 22
Esporte como laboratório ......................................................................................... 22
Considerações finais e perspectivas da área ........................................................... 23
Referências .............................................................................................................. 25

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BIOMECÂNICA E AVALIAÇÃO POSTURAL

Introdução

O nosso objetivo é caracterizar a Biomecânica como uma área de


conhecimento fortemente envolvida na identificação de parâmetros mecânicos
capazes de influenciar o rendimento esportivo e a melhora da qualidade de vida. Para
tanto.
O papel desempenhado pela Biomecânica, que enquanto área de
conhecimento da Educação Física e do Esporte, pode influenciar de forma definitiva
a elaboração e a implementação de programas voltados à promoção da saúde e de
programas de treinamento esportivo. Reflexão que pode ser reputada como
indispensável, especialmente para aqueles que iniciam seus estudos sobre o
movimento humano. Vislumbrar as reais possibilidades de aplicação de uma
disciplina acadêmica possibilita a revitalização de seu corpo de conhecimento,
condição que fundamenta as bases para que seu desenvolvimento se perpetue.

Fundamentos metodológicos da avaliação biomecânica do movimento


humano

Antes que se possa considerar a possibilidade da Biomecânica influenciar a


execução dos programas de atividade física voltados à promoção da saúde e da
otimização do rendimento esportivo, torna-se indispensável caracterizá-la. O objetivo
central da Biomecânica é o estudo do movimento humano. Ainda que esse seja um

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objetivo comum a muitas áreas que compõem o corpo de conhecimento da Educação


Física e do Esporte, a Biomecânica procede sua análise a partir de um prisma
particular: o das leis da Física. Mais do que simplesmente aplicar as leis da Física, a
Biomecânica leva ainda em consideração as características do aparelho locomotor.
Para tanto, além da Física e da Matemática, enquanto disciplinas que fundamentam
e suportam a análise do movimento humano, a Biomecânica ainda utiliza-se dos
conhecimentos da Anatomia e da Fisiologia, disciplinas que delimitam as
características estruturais e funcionais do aparelho locomotor humano. Configura-se
desta forma, uma disciplina com forte característica multidisciplinar, cuja meta
central é a análise dos parâmetros físicos do movimento, em função das
características anatômicas e fisiológicas do corpo humano. A análise biomecânica
do movimento humano é operacionalizada a partir da adoção daquelas que são
reconhecidas como as suas quatro grandes áreas de investigação: a cinemetria, a
dinamometria, a eletromiografia e a antropometria (AMADIO, LOBO DA COSTA,
SACCO, SERRÃO, ARAÚJO, MOCHIZUKI & DUARTE, 1999). A cinemetria objetiva
a determinação da posição, do deslocamento, da velocidade e da aceleração,
enquanto descritores das características cinemáticas dos segmentos e do próprio
corpo humano. Tais parâmetros podem ser mensurados por intermédio de câmeras
de vídeo, de sistemas opto-eletrônicos, de acelerômetros, ou dos eletrogoniômetros
(DAINTY & NORMAN, 1987). A dinamometria é a área de investigação da
Biomecânica cujo objetivo central é a determinação das forças que produzem o
movimento. Em função de restrições metodológicas, a dinamometria se ocupa
basicamente da medição das forças de origem externa, sendo as plataformas de
força os instrumentos mais utilizados para mensurar aquela que é uma das mais
importantes forças externas, a Força de Reação do Solo (FRS). Tal força age sobre
o corpo humano durante a fase de contato com o solo, conforme regência básica das
leis de movimento de Newton. As restrições quanto às medições de forças internas
não são causadas por limitações instrumentais, e sim pelo caráter invasivo que o
procedimento implica. São raros na literatura os relatos de medições de forças
internas. Destacam-se os trabalhos clássicos de GREGOR, KOMI e JÄRVISEN
(1987) e KOMI, SALOMEN, JÄRVISEN e KOKKO (1987), que através de
procedimento cirúrgico implantaram um transdutor de força do tipo “strain-gauge”
almejando a mensuração das forças transmitidas ao tendão de Aquiles durante a

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realização de alguns movimentos selecionados. As dificuldades na adaptação do


transdutor ao tendão, em sua inserção cirúrgica, na sua calibração, e o consequente
efeito retroativo gerado pelo procedimento experimental, caracterizam de forma
exemplar as dificuldades de mensuração das forças internas. Entretanto, o
desenvolvimento de técnicas e instrumentos menos invasivos, como os
procedimentos baseados no uso de fibra ótica (KOMI, 1995), tendem a tornar a
medição das forças internas um procedimento mais exequível. Apesar das
dificuldades metodológicas a medição das forças internas continua a representar
uma alternativa metodológica viável, como evidencia o estudo de WILKE, NEEF,
CAIMI, HOOGLAND e CLAES (1999), cujo objetivo central era a determinação das
forças de compressão aplicadas a coluna durante movimentos selecionados. O
caráter invasivo do procedimento tem estimulado a adoção de procedimentos
voltados à determinação indireta das forças internas. A partir da adoção de um
modelo físico-matemático do aparelho locomotor, associado à mensuração de
parâmetros cinemáticos, dinâmicos e antropométricos procede-se o cálculo dessas
forças por intermédio do método denominado dinâmica inversa. Entretanto, deve-se
considerar que a formulação dos modelos físico-matemáticos não representa uma
tarefa fácil. Enquanto simplificação esquemática do aparelho locomotor, voltada ao
controle da indeterminação matemática, tais modelos ainda não permitem que a
estrutura biológica seja representada em toda a sua complexidade (AMADIO,
2000a). A eletromiografia estuda a atividade dos músculos a partir da captação dos
eventos elétricos vinculados à contração muscular. Por permitir a interpretação de
parâmetros de natureza interna, a eletromiografia assume importante papel na
determinação dos mecanismos de controle do sistema nervoso (DE LUCA, 1997). A
captação do sinal pode ser feita por intermédio de eletrodos de superfície, quando o
músculo a ser estudado apresenta seu ventre na superfície do corpo, ou por
intermédio de eletrodos de fio ou agulha, quando ele se localiza abaixo de outros
tecidos. Um exemplo dos procedimentos adotados na eletromiografia intramuscular
ou profunda pode ser observado no estudo de BOJADSEN, MOCHIZUKI, SERRÃO,
MOTA e AMADIO (2001), dedicado à análise da atividade dos m. multífidos,
grupamento para vertebral que possui porções profundas, durante a marcha. A
antropometria descreve, a partir de técnicas experimentais e ou analíticas, as
características físicas dos segmentos corporais (AMADIO, 1989; BAUMANN, 1995).

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Além de fornecer subsídios para a formulação dos modelos físico-matemáticos


destinados à determinação das forças internas, através dos procedimentos da
dinâmica inversa, ela desempenha papel decisivo na determinação das
características físicas do aparelho locomotor, como a massa, o peso, o centro de
massa e de gravidade. Tais informações assumem destacada importância na
interpretação do movimento humano, bem como nas ações voltadas ao
desenvolvimento de equipamentos auxiliares para a execução dos movimentos,
como é o caso das mochilas e dos calçados. A partir da utilização de um destes
procedimentos, ou da combinação deles, estratégia essa muito frequente em função
da característica complexidade do movimento humano, torna-se possível cumprir
aquela que é a meta central da Biomecânica: a análise física do movimento humano.
Resta, no entanto, definir quais são os objetivos finais, ou metas específicas de tal
análise. Figura como uma das mais importantes metas específicas da Biomecânica,
a identificação e a caracterização de parâmetros mecânicos cuja implementação
permita que o movimento seja realizado da forma mais adequada e mais segura.
Otimizar a execução de um movimento, permitindo a sua mais ampla possibilidade
de expressão, sem que isto acabe por lesionar as estruturas que compõem o
aparelho locomotor é condição indispensável para a realização de todas as
manifestações do movimento humano, desde os movimentos cotidianos, como a
marcha, até os mais elaborados, como é o caso dos gestos esportivos.

Breve histórico da Biomecânica

A preocupação com a análise física do movimento humano é bastante antiga.


Obras clássicas de pensadores como Aristóteles evidenciam que o interesse do
homem em analisar o movimento, a partir de preceitos físicos, é antiquíssimo.
Interesse esse que se aprofundou durante os séculos seguintes, como demonstram
os estudos clássicos de Borelli (século XVI) e Marey (século XIX), e que continua em
curso até os dias atuais (ARTWATER, 1980). Entretanto, apesar de o estudo do
movimento ser antigo, a consolidação da Biomecânica como uma ciência e,
posteriormente, como uma disciplina acadêmica é bastante recente (AMADIO &
SERRÃO, 2004). Por conseguinte, a história da Biomecânica no Brasil começou a
ser escrita há poucos anos. Esta trajetória foi fortemente influenciada pelo apoio que

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algumas instituições de ensino superior brasileiras receberam do governo alemão.


Um dos marcos históricos desta relação deu-se em 1965, ano em que foi
concretizado o convênio cultural entre o Brasil e a República Federal da Alemanha
para a introdução da Biomecânica nos cursos de Educação Física no Brasil (DIEM,
1983). Como uma das ações previstas nesse convênio, no ano de 1976, o professor
Hartmut Riehle ministrou cursos na Escola de Educação Física da Universidade de
São Paulo e na Universidade Federal de Santa Maria, com o intuito de fomentar o
desenvolvimento dá área, e estabelecer as bases para o curso de formação de
especialistas em Biomecânica. Ainda como parte das atividades do acordo cultural,
em 1979 o Prof. Dr. Wolfgang Baumann, então chefe do Institut für Biomechanik da
Deutsche Sporthocachule Köln da Alemanha, veio ao Brasil com o objetivo de visitar
Universidades estaduais e federais da região sudeste e sul, com o propósito de
diagnosticar sua situação e avaliar a possibilidade de desenvolvimento de projetos
de pesquisa na área de Biomecânica, bem como prover orientação especializada
para construção ou ampliação de laboratórios e departamentos que pudessem
desenvolver estudos científicos na área (DIEM, 1983). A partir do impulso oferecido
pelo convênio Brasil-Alemanha, observou-se um expressivo aumento no número de
pesquisadores dedicados ao estudo das questões biomecânicas. Tal condição levou
a Biomecânica a se expandir para além do espaço disciplinar da Educação Física e
do Esporte, gerando importantes relações multidisciplinares. Como evidência dessa
expansão deve-se citar a estruturação dos primeiros encontros científicos brasileiros
destinados à discussão da Biomecânica. Merece destaque, por se tratar do primeiro
evento acadêmico da biomecânica brasileira, a realização do “I Encontro Nacional de
Docentes de Cinesiologia e Biomecânica”, ocorrido em 1988, na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Em sua terceira edição, no ano de 1991, o encontro
passou a ser nomeado “Congresso Nacional de Biomecânica”. Foi durante a quarta
edição deste evento, realizada em dezembro de 1992, que foi fundada, em
Assembleia Geral, a Sociedade Brasileira de Biomecânica (SBB). A partir do quinto
encontro, realizado no ano de 1993, o Congresso Nacional de Biomecânica passou
a ser denominado “Congresso Brasileiro de Biomecânica” (CBB). Desde então o CBB
é realizado bienalmente, sob a tutela da SBB. Em estudo que analisou o impacto das
publicações do CBB para o desenvolvimento do meio acadêmico-científico,
MOCHIZUKI, FRANCIULLI, BIONGIARI, ARAÚJO, SERRÃO e AMADIO (2005)

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demonstraram que o aumento de trabalhos publicados nos Anais do CBB ao longo


de seus encontros foi acompanhado pelo aumento no número de citações de
trabalhos do evento, sugerindo a importância dos Anais na divulgação científica da
Biomecânica do Brasil. A SBB foi criada com o objetivo de abrigar àqueles que
possuíssem interesse pela área, assumindo a função de representante oficial da
comunidade que atua nesse campo, respondendo pelo desenvolvimento da
Biomecânica (AMADIO, 1992). A SBB é uma sociedade civil de direito privado, sem
fins lucrativos, que tem por objetivo reunir os profissionais da biomecânica e ciências
afins no território brasileiro, com as seguintes finalidades: promover e apoiar o
aperfeiçoamento técnico e científico desses profissionais; estimular a criação de
centros de pós-graduação através da colaboração com universidades e instituições
de pesquisa; manter vinculação com entidades do país e do exterior, agindo como
representante oficial da biomecânica brasileira; zelar pelos aspectos éticos do
exercício da biomecânica; e organizar a realização do CBB e de outros eventos
científicos, promovendo a divulgação de conhecimentos sobre a área. Atualmente, a
Revista Brasileira de Biomecânica - Brazilian Journal of Biomechanics (RBB)
representa o órgão oficial de divulgação científica da SBB. Antes do seu lançamento,
em novembro de 2000, os anais do CBB representavam o único meio de divulgação
científica destinada exclusivamente à Biomecânica existente no Brasil. Desde o seu
lançamento, a RBB atua como o órgão de divulgação científica oficial da SBB. Essa
iniciativa teve o propósito de dotar a comunidade de um veículo de referência aos
serviços, laboratórios e grupos de pesquisa (AMADIO, 2000b).

Perspectivas da aplicação dos conhecimentos de natureza biomecânica para a


prática profissional na Educação Física e no Esporte

A Biomecânica do Esporte: a constante busca pela superação dos limites do


homem

Saltar mais alto ou mais longe, correr a maior distância ou fazê-lo no menor
tempo possível, converter o maior número de pontos. Qualquer que seja a
modalidade esportiva, o objetivo central é sempre o mesmo: superar os limites do
homem. Embora a otimização do rendimento esportivo seja fruto da combinação de
fatores tão diversos como os genéticos e os sócio-afetivos, é inegável que a obtenção
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do máximo rendimento depende em grande monta da elaboração de estratégias de


treinamento capazes de potencializar as capacidades e habilidades envolvidas no
desempenho da modalidade. Associada a outras disciplinas, a Biomecânica é uma
ferramenta indispensável na determinação dos fundamentos capazes de embasar o
planejamento e a aplicação de um programa do treinamento esportivo. Com vistas a
exemplificar tal possibilidade, tome-se o exemplo do estudo de BRENNECKE,
GUIMARÃES,
GAILEY, LEONI, CARDACI, OLIVEIRA, MOCHIZUKI, AMADIO e SERRÃO
(2009), cujo objetivo central foi investigar, por meio da Eletromiografia, a efetividade
de um método de treinamento de força bastante popular: a pré-exaustão. Tal
estratégia de treinamento preconiza que os exercícios multiarticulares devam ser
precedidos, sem intervalos de descanso, por exercícios mono-articulares,
objetivando a potencialização do trabalho dos músculos agonistas. Com vistas a
analisar a efetividade deste método de treinamento, os autores determinaram
parâmetros temporais e de intensidade da ativação muscular, utilizando os exercícios
supino (multiarticular) e o crucifixo (monoarticular). A intensidade de ativação
muscular do peitoral maior e do deltóide anterior não foi significativamente diferente
quando da adoção do protocolo de pré-exaustão, contrariando a premissa básica que
fundamenta este método de treinamento. Curiosamente, o tríceps braquial
apresentou maior intensidade de ativação quando da aplicação do método de pré-
exaustão. Os autores concluem que o método de pré-exaustão pode ser eficiente
para impor maior estímulo neural sobre pequenos grupos acessórios na execução
de um movimento e não sobre o grupo principal. Dados como este, são de
fundamental importância para colaborar no julgamento da validade de métodos
tradicionalmente utilizados no treinamento. A identificação das características
mecânicas do gesto esportivo pode ser considerada outra grande contribuição da
Biomecânica. Bom exemplo desta contribuição pode ser observado no estudo de
BRAGA NETO (2008), que a partir da utilização de procedimentos da dinamometria,
da cinemetria e da eletromiografia, analisou as características biomecânicas de dois
dos mais utilizados movimentos do tênis: o “forehand” e o “backhand”. Em função do
posicionamento dos pés, o “forehand” pode ser realizado de duas formas distintas:
“forehand open stance” (FOS) e “forehand square stance” (FSS). Dados da literatura
especializada apontam que o posicionamento dos pés pode ser determinante no

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desempenho do tenista. O “backhand” pode ser executado, em função do


posicionamento das mãos na raquete, com uma (BK1) ou com duas mãos (BK2). Os
resultados obtidos pelo autor apontam a ocorrência de uma maior ativação muscular
para as técnicas FOS e BK2. Entretanto, durante a fase pré-impacto, os maiores
valores de ativação muscular foram observados quando da utilização do FSS e BK1.
Dados como os apresentados por BRAGA NETO (2008) exemplificam como a
Biomecânica pode estabelecer uma significativa contribuição para a avaliação da
influência da técnica de movimento no desempenho esportivo.

Biomecânica do Movimento Humano: buscando soluções para promover a


qualidade de vida

A forte relação da Biomecânica com o


Esporte pode levar a enganosa ideia de que,
dentre as diversas formas de expressão do
movimento humano, as ações esportivas são
as que mais despertam o interesse da
Biomecânica. Embora a relação seja forte, ela
não é exclusiva. A própria história da Biomecânica evidencia de forma clara e
inequívoca, que seus interesses são muito mais amplos. A investigação de
parâmetros relacionados à locomoção humana, um dos tópicos mais estudados na
Biomecânica, é evidencia do fato. Tome-se como exemplo o estudo da locomoção
humana, um dos objetos de estudo que mais tem recebido atenção na Biomecânica.
Das primeiras considerações de Aristóteles, da Vinci, Borelli, passando pelos
clássicos estudos dos irmãos Weber, Marey, Braune & Fischer e Muybridge, até os
estudos contemporâneos que se beneficiam dos recentes progressos nos processos
de aquisição e processamento do sinal biológico, a locomoção sempre foi foco de
atenção dos estudos biomecânicos (CAPOZZO, MARCHETTI & TOSI, 1992). Esta
que é uma das formas mais elementares do movimento humano, de cuja realização
depende a maioria das ações motoras humanas, é um bom exemplo do interesse da
Biomecânica pelo estudo dos movimentos cotidianos. Historicamente, a
preocupação com a análise do movimento humano sempre esteve atrelada à
necessidade de entender os mecanismos que regulam e controlam o movimento,
como forma de buscar sua otimização. Como exemplo desta preocupação,
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considere-se o clássico estudo sobre a influência da postura na compressão dos


discos intervertebrais realizado por NACHEMSON e ELFSTRÖM (1970). O estudo
conduzido por estes autores apontou que a compressão discal aumenta
sobremaneira na posição sentada, quando comparada à posição em pé. Em função
da projeção ântero-posterior do centro de gravidade do corpo, aumenta-se o torque
resistente aplicado à coluna, que por sua vez gera necessidade de aumentar a força
produzida pelos músculos responsáveis pela estabilização da coluna, levando
também ao aumento do torque potente. Sob efeito do aumento dos torques potente
e resistente, os discos intervertebrais acabam sendo alvos de considerável
sobrecarga mecânica. A partir de resultados como os de NACHEMSON e
ELFSTRÖM (1970), pode-se entender a razão pela qual as lombalgias representam
uma das mais importantes causas de afastamento do trabalho (SODERBERG,
1986). Evitá-las, permitindo que o sujeito possa trabalhar de forma confortável,
condição fundamental ao bom desempenho de suas tarefas, torna-se possível a
partir de adoção de estratégias bastante simples, como a introdução de pausas
regulares durante a jornada de trabalho. Pausas que permitam alternar períodos na
posição sentada, quando o estresse mecânico imposto à coluna é maior, com
pequenos intervalos em pé, quando o estresse sofre considerável redução. Tal
condição configura um bom exemplo de como é possível, a partir dos conhecimentos
oriundos da Biomecânica, otimizar a realização de um movimento extremamente
rotineiro, como trabalhar em posição sentada. Considerando que o movimento
laboral é uma das mais importantes formas de movimento, visto o tempo despendido
em sua execução, continuemos a utilizá-lo como exemplo da importância da
Biomecânica na otimização do movimento cotidiano. Dentro desse contexto,
ANDERSON, ÖRTENGREN, NACHEMSON e ELFSTRÖM (1974), estudaram a
inclinação da cadeira como fator de interferência no estresse imposto à coluna
vertebral. Após calcular o estresse gerados por diferentes inclinações do encosto, os
autores concluíram ser possível reduzir sensivelmente a sobrecarga aplicada à
coluna a partir da adoção de uma inclinação de 120°, associada a presença de uma
estrutura capaz de apoiar a coluna lombar. O estudo da influência do mobiliário e dos
materiais de trabalho é um claro exemplo de como a Biomecânica pode influenciar
de forma decisiva a realização dos movimentos empregados em nossa rotina.
Identificar a forma mais adequada e segura de realizar as atividades cotidianas é o

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primeiro passo rumo a promoção de saúde. Além da possibilidade de realizar de


maneira confortável e segura as atividades cotidianas, a manutenção e a promoção
da saúde ainda dependem da prática regular e sistematizada de alguma forma de
atividade física. Dentre as diferentes expressões do movimento disponíveis para este
fim, a caminhada, em função da sua popularidade, merece especial destaque. Por
além de ser um meio de locomoção, a caminhada figura atualmente como uma das
mais populares formas de condicionamento físico, sendo largamente praticada por
pessoas de diferentes idades e níveis de aptidão física. Ainda que represente uma
das expressões mais elementares do movimento humano, trata-se de um movimento
de característica complexidade. As dificuldades enfrentadas por uma criança até que
adquira um padrão maduro de marcha e os problemas sofridos por aqueles que,
expostos a uma lesão traumática não mais conseguem manter tal padrão,
representam exemplos muito concretos de tal complexidade. Complexidade que,
retratada pela análise de parâmetros mecânicos, pode fornecer importantes
subsídios, não somente para a caracterização de uma das mais importantes
expressões do movimento humano, como também para o entendimento dos
mecanismos de controle e gerenciamento desta importante forma de
condicionamento físico. Desta forma, a análise das características biomecânicas da
locomoção nos diferentes estágios da vida: a infância (LOBO DA COSTA, 2000), a
idade adulta (BRUNIERA, 1994), e a terceira idade (SERRÃO & AMADIO, 1994),
subsidiam, por além do entendimento dos mecanismos envolvidos no gerenciamento
mecânico do movimento humano, a estruturação de programas de intervenção
destinados a estes grupos. A importância dos parâmetros biomecânicos no
planejamento de programas de atividade física também pode ser exemplificada por
intermédio dos estudos que focaram a análise do comportamento biomecânico do
movimento de grupos que demandam atenção especial como os portadores de
doenças neurológicas (PINHO, FONSECA, OLIVEIRA, VILLASBOAS, SERRÃO,
AMADIO & SOUSA, 2008), os diabéticos neuropatas (SACCO & AMADIO, 2003), os
amputados (CERQUEIRA SOARES, 2005), os portadores de pé torto congênito
(SOARES, 2007), e os indivíduos que sofreram lesão ligamentar (MOTA, AMADIO,
HERNANDEZ & DUARTE, 2002; LIMA, 2006).
Qualquer programa para estes grupos não pode ser levado a termo sem que
se considere as características biomecânicas dos movimentos do grupo a que se

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destina. Vale lembrar que para pessoas que compõem estes grupos especiais, a
prática do exercício físico é condição indispensável à manutenção de sua qualidade
vida, fato que reforça a necessidade da elaboração de um programa extremamente
bem adaptado às características biomecânicas de seus movimentos. Importante
observar que os mesmos subsídios biomecânicos que respaldam a elaboração de
estratégias voltadas à maximização do rendimento esportivo, são igualmente úteis
no planejamento e implementação de atividades voltadas à promoção da saúde. A
análise da contribuição dos músculos do membro inferior no controle da sobrecarga
e na geração da energia mecânica (HAMNER, SETH & DELP, 2010) pode bem
exemplificar tal condição. Da mesma forma como tais informações são úteis na
elaboração de um programa de treinamento para um atleta que utiliza a corrida
durante o desempenho de suas atividades esportivas, elas o são quando a corrida é
utilizada como estratégia para desenvolver as capacidades físicas necessárias à
promoção da saúde. Diante do exposto torna-se evidente a necessidade de
considerar as características biomecânicas dos movimentos a serem utilizados num
programa cuja objetivo é a promoção da saúde, de modo de adequá-lo às
características e necessidades do grupo a que se destina.
Conhecendo e praticando os movimentos – a relação com a biomecânica

Ao se iniciar em um esporte, o indivíduo passa por um período de adaptação


aos movimentos e à utilização dos equipamentos. Esse período varia de pessoa para
pessoa, e muitas vezes determina o talento e a intimidade deste indivíduo com o
esporte praticado. A disposição pessoal e a facilidade em aprender detalhes também
podem ser diferenciais. No iatismo, costuma se destacar o velejador que possui
maior conhecimento de ventos e correntes; no futebol é considerado “craque” o
jogador que possui melhor controle da bola e é capaz de se entrosar melhor com os
companheiros. Para Kiss et. al. (2004), “desempenho esportivo é um fenômeno
complexo, resultante de vários processos e fatores internos e externos ao indivíduo,
devendo ser compreendido como um sistema aberto”.
Um importante fator para o melhor aproveitamento do movimento durante a
prática de uma atividade física é o conhecimento do corpo. Cada indivíduo precisa
ser visto como único, e assim ter os exercícios voltados para suas limitações. Séries
de musculação ou tempo praticando futebol devem variar de pessoa para pessoa,
principalmente se os corpos não possuírem o mesmo parâmetro de mobilidade,
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resistência e força. Muitos destes limites são relacionados ao ambiente e aos


equipamentos usados durante a prática de esporte. Santarém (2000) acusa
equipamentos mal projetados como causadores de lesões. Para Barreto (2003), as
pessoas consideram a caminhada um bom exercício, mas caminham em locais
inadequados e usam calçados impróprios para tal atividade, podendo assim sofrer
lesões por exercícios praticados de maneira errada. O ato de colocar o corpo em
situação esportiva sem ter conhecimento dos equipamentos adequados, da forma
correta de utilização e também dos locais ideais para a prática de tais atividades se
transforma em um potencial causador de constrangimentos físicos. O conhecimento
da biomecânica pode se tornar o maior diferencial entre a prática de esportes como
promotor de saúde ou a prática prejudicial destas atividades.
A biomecânica é a ciência do estudo do movimento humano, muitas vezes
limitada a apenas esse conhecimento. Porém, para Atwater (1980, apud Marques
Junior, 2004), investiga não só o movimento humano, mas também equipamentos
desportivos, próteses, equipamentos de segurança e outros. O estudo da relação do
praticante de um esporte com seu equipamento e mais as ações das forças externas
também pode ser chamado de biomecânica. Para Hall (1993),
“Biomecânica é uma ciência multidisciplinar que envolve a aplicação de
princípios mecânicos ao estudo da estrutura e função dos organismos vivos.
Levando-se em conta que os biomecânicos provêm de diferentes áreas acadêmicas
e campos profissionais, a pesquisa biomecânica enfoca um amplo espectro de
problemas e questões. ”
Segundo Amádio (1986), a biomecânica pode ser dividida em forças internas
e externas. As internas são compostas pelas forças musculares, articulares e outras
forças, enquanto que as externas se constituem da força da gravidade, da força de
reação no solo e outras. Exatamente por essa abrangência interna e externa da
biomecânica observa-se a necessidade de seu conhecimento para a prática de
esportes como a vela, o surf e o windsurf, praticados em espaços naturais como
mares ou lagoas e utilizando equipamentos. São esses os conceitos de biomecânica
utilizados aqui.
A importância dessa ciência frequentemente é deixada de lado, tanto na
prática desportiva quanto no dia-a-dia. Muitas vezes um estudo aprofundado da
biomecânica auxilia na relação de um usuário com o produto e no meio esportivo faz

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com que haja um maior conhecimento do equipamento e do espaço de prática da


atividade, além de uma melhor noção de movimentos. Em suma, ajuda a adequar o
praticante à sua atividade.
Chapanis (1996) diz que as únicas formas de se produzir um produto são
I. Utilizando modelos ajustáveis,
II. modelos padrão e
III. modelos construídos diretamente para o usuário.

É comum encontrarmos equipamentos padronizados ou ajustáveis em lojas


de artigos esportivos, mas poucos podem se dar o luxo de ter acessórios produzidos
de acordo com seu corpo. Existe também a questão dos regulamentos dos esportes.
Em se tratando de vela, por exemplo, um veleiro da classe Snipe não pode ser
alterado no desenho do casco e deve atender às especificações padrões através de
medições rígidas da classe, portanto não é um equipamento passível de grandes
alterações para acomodação total do corpo humano. Algumas alterações que dizem
respeito ao conforto podem ser feitas, desde que não interfiram no desenho do barco
e nas regras específicas. Essa regra é válida para qualquer outra classe de iatismo.
As medições são utilizadas também no surf e no windsurf, onde a prancha deve ser
projetada para melhor atender ao corpo do praticante. No windsurf, as classes são
separadas por tamanhos e tipos de velas e pranchas.
A biomecânica é uma ciência que pode ser aplicada por profissionais de
diferentes áreas e em diversas situações. Uma das áreas possíveis é a do Design,
onde o estudo da biomecânica auxilia na criação e reformulação de produtos que
tenham interação com o corpo humano. Um barco a vela é tripulado por pessoas, e
isso significa a necessidade de investidas na área da biomecânica e Ergonomia para
que haja maior conforto, segurança e facilidade de uso. O designer tem na
Ergonomia um vasto campo de ação para o desenvolvimento de produtos adequados
ao corpo humano. De acordo com Hall (1993), “...os princípios biomecânicos são
aplicados por cientistas e profissionais em inúmeros campos ao abordar problemas
relacionados à saúde humana e ao desempenho.”.
A definição utilizada por Carr (1998) ilustra a biomecânica como sendo a
aplicação das leis e princípios mecânicos aos organismos vivos. Assim como Hay

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(2006), para quem biomecânica é “o estudo dos sistemas biológicos usando os


métodos da mecânica”. Ainda citando Hay (2006),
“... quando o sistema biológico de interesse é o corpo humano, como o é na
maioria dos casos do esporte e da educação física, a biomecânica pode ser definida
em termos mais explícitos como ‘o estudo do corpo humano sob o ponto de vista das
forças internas e externas exercidas sobre ele’”.

Entre as forças internas, geradas pelos movimentos musculares, de


ligamentos e tendões, encontram-se os limites corporais, ou seja, de resistência,
força e flexibilidade, além de capacidade respiratória e de concentração, velocidade
e outras. Já entre as forças externas, que atuam sobre o corpo durante a atividade
física, temos além da gravidade, do peso e da resistência (atrito) das forças naturais
(água, ar, solo), limitações impostas pelo ambiente ao redor (como o espaço
disponível para a movimentação), equipamentos que geram mais atrito ou impedem
movimentos mais livres e também a falta de conhecimento do local onde a atividade
está sendo praticada. Um jogador de futebol que não conhece com precisão o campo
pode se acidentar em algum buraco, assim como um piloto que não conhece a pista
pode perder tempo precioso em uma corrida.
Em se tratando da prática esportiva, os estudos da biomecânica podem ser
feitos a partir de observação e testes, além de treinos para que o praticante execute
os movimentos de forma correta dentro do ambiente disponível para isso. É nítido
que o treinamento e a prática ajudam na melhoria do desempenho do esportista.
Porém a quantidade e a qualidade deste treinamento devem ser sempre assistidas
e de acordo com as limitações do corpo do praticante, além de ser sempre voltadas
para algum objetivo específico. Esportistas profissionais, que dependem do esporte
para sobreviver, estão sempre em busca de superação, ao passo que os hobbistas
fazem da atividade física um meio de lazer e prazer. Porém, em ambos os casos os
limites e objetivos devem ser respeitados, para que não haja prejuízos ao invés de
se obter os resultados esperados. Menzel (1992) diz que “enquanto no esporte de
alto nível a alta intensidade e quantidade do treinamento tende a grande desgaste,
no esporte escolar e de lazer uma técnica inadequada de movimento e o uso de
equipamento inadequado aumenta o risco de lesões”.

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Cargas mecânicas geradas pelo movimento humano e as lesões

A tendência cada vez mais intensa de popularizar o exercício físico, além dos
conhecidos benefícios para a promoção e manutenção da saúde, tem também
ocasionado uma indesejável consequência: o aumento das lesões. A somatória das
cargas geradas pelo movimento é apontada por muitos autores como a causa mais
provável das lesões degenerativas que acometem o aparelho locomotor (WINTER &
BISHOP, 1992). Ainda que não seja possível, à luz do atual estágio de
desenvolvimento dos procedimentos de medição e análise do sinal biológico,
determinar os reais limites de tolerância do aparelho locomotor, informações acerca
das solicitações mecânicas geradas pela
somatória das forças aplicadas ao aparelho
locomotor podem ser de extrema utilidade
para os profissionais da Educação Física e
do Esporte. Tome-se como exemplo as
medições da intensidade das cargas
externas, por intermédio da determinação da
Força de Reação do Solo (FRS). A partir do
conhecimento destes dados, um profissional da área interessado em analisar o
estresse mecânico gerado por uma atividade como a corrida, pode comparar a
magnitude máxima da FRS gerada nessa condição, que atinge valores médios
equivalentes a 2,3x PC para uma velocidade de deslocamento de 5 m/s (MUNRO,
MILLER & FUGLEVAND, 1987), a valores referências como os da marcha e do salto.
Tal comparação revelaria que as cargas externas (1,2 vezes o peso corporal do
executante) impostas ao aparelho locomotor durante a realização da corrida, estão
muito próximas da marcha, e bastante distantes das cargas produzidas nos saltos
atléticos (AMADIO, 1989; BRUNIERA, 1994; RAB, 1994; WINTER, 1990). Em função
dessa hierarquização de valores, seria procedente afirmar que o estresse gerado
pela corrida enquadra-se num espectro que oscila entre a baixa e a moderada
solicitação mecânica, configurando, portanto, uma situação compatível com os
limites de tolerância do aparelho locomotor. Ainda que seja possível hierarquizar as
forças externas geradas pelas diferentes formas de movimento humano, como uma
das estratégias de interpretação da sobrecarga mecânica, deve-se considerar que a

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sobrecarga é um parâmetro de natureza acentuadamente complexa, e como tal


requer a determinação de outros indicadores, especialmente os de natureza interna.
Desta forma, embora os dados disponíveis não sejam tão numerosos como o são
para as forças externas, considerações acerca da sobrecarga dependem da
determinação não somente das forças externas, como também das internas. Tome-
se como exemplo, os momentos líquidos calculados para a articulação do joelho em
algumas formas de movimento. A mesma hierarquização estabelecida durante a
análise das forças externas, pode agora ser procedida à luz das forças internas. Seja
em função da análise das forças externas ou das forças internas, torna-se imperativo,
conhecer a magnitude das cargas impostas ao aparelho locomotor durante a
realização do movimento. Desconsiderá-la durante o planejamento de um programa
de atividade física ou de treinamento esportivo poderia gerar condições
potencialmente propicias ao surgimento das lesões do aparelho locomotor. Em
função de sua potencial capacidade de causar lesões no aparelho locomotor, muitos
poderiam razoar que melhor seria afastar-se da prática sistemática da atividade
física. Escolha perigosa. Tão nociva quanto a sobrecarga gerada pela execução de
uma atividade mal planejada e ou implementada é a sua ausência. Assim como a
sobrecarga mecânica é capaz de causar lesões, a ausência ou aplicação insuficiente
de cargas mecânicas é capaz de debilitar de forma significativa o desempenho
mecânico de importantes estruturas do aparelho locomotor como os ossos
(BERGMANN, BODY, BOONEN, BOUTSEN, DEVOGELAER, GOEMAERE,
KAUFMAN, REGINSTER & ROZENBERG, 2011), as articulações (MAGNUSSON,
LANGBERG & KJAER, 2010; VAILAS, TIPTON, MATTHES & GART, 1981; VAILAS,
ZERNICKE, MATSUDA, CURWIN & DURIVAGE, 1986), e os músculos (AAGAARD,
SUETTA, CASEROTTI, MAGNUSSON & KJAER, 2010). A debilidade funcional de
tais estruturas terá como consequência imediata a restrição das possibilidades de
movimentação do indivíduo, limitando severamente sua possibilidade de executar
exercícios físicos e até mesmo, em condições extremas, inviabilizando a realização
de movimentos necessários à manutenção de suas atividades diárias. Portanto, as
cargas mecânicas geradas pelo movimento humano devem ser encaradas como um
estímulo necessário ao desenvolvimento e manutenção das estruturas biológicas
que dão suporte ao movimento humano. E como tal, devem ser cuidadosamente
controladas para que não atinjam magnitudes excessivas a ponto de causar lesões

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nas estruturas biológicas, tampouco sejam insufi cientes a ponto de impedir a


manutenção ou desenvolvimento de suas funções. A partir destas breves
considerações, pode-se evidenciar que o planejamento de um programa de
atividades físicas e ou esportivas, independente do objetivo ou do público ao qual se
destina, deve necessariamente levar em consideração a somatória das forças
geradas pelos movimentos a serem utilizados, bem como as possíveis estratégias
para minimizá-la. Para tanto, deve-se somar a já bem enraizada preocupação com o
estresse fisiológico gerado exercício físico, a preocupação como estresse mecânico
por ele gerado. Indubitavelmente, um programa construído a partir de sólidas bases
da Biomecânica tem mais chance de lograr êxito do que outro que, desconsiderando
tais fatores, baseia-se apenas em aspectos subjetivos.

Esporte e saúde

Segundo Barreto (2003), o esporte, como conceito, é considerado uma


atividade metódica e regular, que associa resultados concretos referentes à anatomia
dos gestos e à mobilidade dos indivíduos. Ainda para Barreto, o esporte não é saúde,
e sim um possível promotor de saúde, desde que praticado corretamente,
respeitados os limites corporais. Em contraponto, caso estes limites não sejam
observados atentamente e as atividades físicas forem praticadas em excesso, o
corpo do indivíduo ficará passível de lesões, constrangimentos e danos bastante
severos à saúde.
“Tudo o que é feito ininterruptamente cansa, desgasta e não promove os
benefícios almejados. O esporte é uma atividade física e, como tal, promove
desgaste energético, emagrecendo o organismo. Mas, sem respeitar os parâmetros
físicos limitantes de cada indivíduo, ou ainda um controle alimentar adequado, ao
invés de benefícios a atividade esportiva pode promover malefícios” (Barreto, 2003).
A prática de atividades esportivas é comum ao ser humano. Normalmente
associada a uma vida mais saudável, costuma ser recomendação dos médicos que
seus pacientes tenham uma vida esportiva. Ribeiro (2002) diz que a ciência médica
atual recomenda que todas as pessoas devem, obrigatoriamente, praticar esportes
desde o nascimento até os últimos dias de suas vidas. Há algumas décadas já se
sabe que os exercícios físicos têm efeitos preventivos e terapêuticos sobre várias
doenças degenerativas, responsáveis por grande parte da morbidade e mortalidade
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mundiais (ACSM, 2000 apud Ackel, 2003). Entre os benefícios da prática correta de
atividades esportivas temos uma melhor capacidade respiratória, maior resistência
no organismo, menor propensão a doenças, maior massa e força muscular e mais
disposição durante a realização de tarefas rotineiras. Entre os que não praticam
esportes, vemos casos de obesidade, baixa imunidade a doenças, problemas
estruturais como a osteoporose e sensação de cansaço. Para Carvalho et al. (2001),
“o sedentarismo é condição indesejável e representa risco para a saúde [...] Os
indivíduos fisicamente aptos e/ou treinados tendem a apresentar menor incidência
da maioria das doenças crônico degenerativas, explicável por uma série de
benefícios fisiológicos e psicológicos, decorrentes da prática regular da atividade
física”.
A prática esportiva é benéfica para os sistemas do corpo humano, como o
circulatório e respiratório, além de exercitar a capacidade de concentração, estimular
a vida social e introduzir a pessoa a questões de responsabilidade, cumprindo
horários e tarefas dentro de prazos. Para o coração, segundo Ribeiro (2002), as
atividades físicas melhoram o tônus da musculatura cardíaca, resultando em maior
força de contração e em consequente diminuição da frequência de batimentos. Além
disso, intensifica os mecanismos de contração muscular e uso das articulações
(juntas) do corpo, melhorando as ações venosas, arterial e linfática, com melhora
global da circulação corpórea. A tabela 1, baseada em Ribeiro (2002) mostra os
ganhos diretos gerados pela prática de atividades físicas nos sistemas do corpo
humano.
Excessos durante a prática de atividades físicas são bastante comuns em
muitos esportes, como também afirma Santarém (2000). Esse excesso, chamado
overtraining, é bastante prejudicial à saúde, segundo Ackel (2003). Para Budgett
(apud Ackel, 2003), atletas e não atletas podem causar prejuízos à saúde devido ao
excesso de exercícios, tais como anorexia nervosa, bulimia, distúrbios do sono,
disfunções hormonais associadas com oligomenorréia ou redução do número de
espermatozóides. Esses excessos são associados a questões sociais, como o
modismo e a adoção dos padrões de beleza utilizados atualmente, com músculos
definidos e pouca gordura corporal. Ackel (2003) ainda define o overtraining como
uma “síndrome caracterizada por redução inexplicada do desempenho e da resposta
ao treinamento em indivíduos saudáveis”, ou seja, ao sentir que seu rendimento está

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abaixo do exigido ou esperado, o esportista procura, a todo modo, buscar superação


através do aumento de horas e carga física nos treinos.

Tabela 1. Benefícios da prática de atividades físicas nos sistemas do corpo


humano
(Baseado em Ribeiro, 2002)
Sistema Benefícios gerados pela prática de
esportes
Sistema excretor Atividade de excreção mais eficiente, auxiliada
pelo suor provocado pelo exercício físico que se
transforma em um importante aliado dos rins.
Sistema endócrino Melhor equilíbrio de hormônios, promovendo a
queima da gordura excedente no caso de obesos e
diminuição da necessidade de insulina em
diabéticos.
Sistema respiratório Melhor expansão do tórax, promovendo
mudanças da frequência respiratória e facilitando o
respirar, ajudando de imediato a circulação de
oxigênio.
Sistema digestivo Melhorias na alimentação, deixando-a mais
saudável e equilibrada pela necessidade de
nutrientes específicos para a prática desportiva.
Sistema locomotor Melhora do tônus muscular aprimorando a
função de equilíbrio e de movimento, condicionando
assim a uma melhor postura. Melhoria também da
movimentação das articulações (juntas), propiciando
mais elasticidade e flexibilidade, importantes para
prolongar a vida dessas estruturas.
Sistema nervoso e Descarga da tensão e da impetuosidade,
psíquico auxilio na perda de introversão, moderação da
agressividade e ensinamentos sobre perdas e
ganhos.

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Questões sociais associadas à prática de esportes


A prática de atividades esportivas, principalmente quando se trata de esportes
coletivos, gera também no indivíduo um senso de vida social mais intenso. A
necessidade de colaborar e receber apoio dos colegas, sendo o esporte um trabalho
de equipe faz com que a pessoa se socialize com mais facilidade em um meio, sendo
isso extensível para a vida fora das quadras, campos, piscinas ou academias. O fator
sociedade, ao ser relacionado com o esporte, enfoca questões como inclusão do
indivíduo nos meios sociais, qualidade de vida e desenvolvimento humano,
principalmente nos jovens. Segundo De Gáspari e Schwartz (2001), “o jovem tem
buscado alternativas capazes de lhe conferir condutas carregadas de senso crítico
e, ao mesmo tempo, capazes de exteriorizar suas contribuições para as
transformações sociais necessárias. O adolescente, enquanto sujeito e espectador
da sociedade vê no esporte uma dessas alternativas, na qual tem a possibilidade de
exercitar opções qualitativas, incrementando suas experiências significativas”.
Incentivar o jovem a praticar esporte pode significar ajudá-lo com uma forma
de ser aceito, por seu próprio mérito, em um meio social. Por isso deve-se haver
bastante atenção com o ensino de Educação Física nas escolas primárias, dando-
lhe a devida importância na formação do jovem. A atividade esportiva faz com que o
indivíduo passe a se relacionar com outras pessoas, minimizando assim o
preconceito e lidando com limitações alheias (Barreto, 2003). Para ela, os pré-
requisitos para os professores de Educação Física não devem ser grandes atletas
que sabem jogar, devem ser grandes professores que saibam ensinar. Do contrário,
o esporte deixa de ser um agente de inclusão social para ser um fator de exclusão
social, onde “quem joga bem, joga; quem não joga bem, que fique quieto e não
atrapalhe”.

Esporte como laboratório

Hoje em dia a prática de esportes, principalmente o de alto rendimento, se


mostra bastante diferente de antigamente. Para Silva e Rúbio (2003), “desde o
surgimento de atividades físicas com a finalidade de competição até aos grandes
espetáculos dos dias atuais, o esporte viveu inúmeras transformações”. Silva e Rúbio
(2003) ainda abordam o fato de a obsessão em quebrar recordes, a fim de alcançar
ou se manter no topo dos competidores, pouco tem a ver com a prática esportiva
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antiga, que possuía o intuito de desenvolvimento físico e moral, quebrando barreiras


individuais e tendo a vitória sobre outros competidores como uma consequência
deste desenvolvimento. A importância dos recordes tratou de transformar o esporte
de alto rendimento em ciência e tecnologia por trás do movimento corporal. Segundo
Cagigal (1996), apud Silva e Rúbio (2003), “esta valorização do número salta da
ciência em outras ordens da vida, da indústria, do comércio, da propaganda (...) À
medida que o tempo invade a esfera esportiva, ai se impõe a marca, o recorde, como
elemento essencial da apreciação do esporte, inclusive em níveis elementares”.

Para a superação das marcas e, como consequência, o alcance de vitórias e


mais vitórias, os laboratórios de pesquisa desenvolvem desde equipamentos que
otimizam o desempenho do atleta e até mesmo substâncias questionáveis para o
aumento de rendimento e potência muscular. Observa-se, durante competições de
alto nível, uma crescente preocupação com o uso de substâncias consideradas
dopantes, uso este passível de punições bastante severas como suspensões ou
mesmo o banimento do atleta. Outro problema da busca incansável por recordes é o
já citado excesso de treinamento, ou overtraining. Silva e Rubio (2003) observam
que no esporte as vitórias casuais são cada vez mais raras, porque, segundo afirma
Cagigal (1996, apud Silva e Rubio, 2003), “elas são resultado de um árduo trabalho
realizado por um atleta em meio de um progresso geral. Para elevar um centímetro
ou reduzir centésimos de segundos em qualquer recorde são necessárias
investigações científicas, aplicações técnicas e constantes esforços de adaptação
pessoal a elas”.
Considerações finais e perspectivas da área

A Biomecânica é uma ferramenta indispensável no planejamento e


implementação de programas de atividades físicas voltados à promoção da saúde.
A Biomecânica fornece subsídios para que o professor possa buscar estratégias que
permitam selecionar os movimentos mais adequados e seguros ao desenvolvimento
de habilidades e capacidades físicas. Quando se pensa na participação esportiva, a
otimização do gesto e a segurança assumem igual relevância. Buscar a mais perfeita
execução do gesto esportivo, significa em última análise otimizar o desempenho
atlético. Permitir que esse desempenho seja alcançado sem comprometer a

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integridade física do atleta, é condição indispensável ao prolongamento da


participação esportiva do atleta. No entanto, mesmo diante das inúmeras
possibilidades oferecidas pela Biomecânica, não se pode desconsiderar as
expressivas limitações na aplicação dos conhecimentos teóricos. Limitações que
assumem diferentes facetas, dentre as quais se destacam o estágio de
desenvolvimento da área.

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