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CURSO: FORMADOR/A:
Formação de Formadores/as para Obtenção de Especialização em Maria João Calisto
Igualdade de Género
CARGA HORÁRIA:
Módulo II – Igualdade de Género 12 horas
INTRODUÇÃO
Este manual pretende ser um instrumento de apoio ao MÓDULO II – Igualdade de Género, da
Formação de Formadores/as para obtenção da especialização em Igualdade de Género.
Pretende-se abordar as seguintes temáticas:
As origens estruturais da desigualdade de género e da discriminação- Estratégias Nacionais e
Internacionais de promoção dos Direitos das Mulheres, Igualdade de Género e Não-Discriminação
Instrumentos Internacionais de referência; Mecanismos nacionais (ENIND – Estratégia Nacional para a
Igualdade e a Não Discriminação) e internacionais para a promoção da igualdade de género;
Responsabilidade social das organizações da sociedade civil para a concretização da igualdade de
género.
.
As origens estruturais da desigualdade de género e da discriminação
SÉCULO XIX
"Eram 4 horas e 20 minutos da tarde quando começou a sessão solene, que foi aberta pela Srª
Margarida Marques, presidente da seção feminina do Grémio, tendo por secretárias as senhoras Maria
da Piedade e Filomena do Carmo".
"(...) se a emancipação dos trabalhadores há-de ser obra dos mesmos trabalhadores, a emancipação
da mulher há-de ser obra das mesmas mulheres.“
Nesta sessão participaram: Olinda da Conceição, em representação da Associação de Classe das
Operárias Conserveiras e Costureiras de Sesimbra, e Maria Rosa, da Associação de Tecidos em
Alcântara.
SÉCULO XX
ü criação do Grupo Português de Estudos Feministas, sob a direcção de Ana de Castro Osório, ,
em 1907, que conduziu à formação, em 1908, da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas
(1908-1919).
ü a 28 de Maio de 1911, nas eleições para a Assembleia Constituinte, Carolina Beatriz Ângelo
tornou-se a primeira mulher portuguesa a exercer o direito de voto.
A primeira lei eleitoral da República Portuguesa reconhecia o direito de votar aos «cidadãos
portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família».
Carolina Ângelo viu nesta redacção da lei a oportunidade de a «subverter» a seu favor, dado que,
gramaticalmente, o plural masculino das palavras inclui o masculino e o feminino. Viúva e com uma
filha menor a cargo, com mais de 21 anos e instruída (foi a primeira médica portuguesa a operar no
Hospital de São José ), dirigiu ao presidente da comissão recenseadora do 2º Bairro de Lisboa um
requerimento no sentido de o seu nome «ser incluído no novo recenseamento eleitoral a que tem de
proceder-se».
O Código Eleitoral de 1913 determinava que «são eleitores de cargos legislativos os cidadãos
portugueses do sexo masculino maiores de 21 anos ou que completem essa idade até ao termo das
operações de recenseamento, que estejam no pleno gozo dos seus direitos civis e políticos, saibam ler
e escrever Português, residam no território da República Portuguesa».
Só em 1931 voltou a ser concedido o direito de voto às mulheres, ainda assim, com restrições: apenas
podiam votar as que tivessem cursos secundários ou superiores, enquanto para os homens continuava
a bastar saber ler e escrever.
A lei eleitoral de Maio de 1946 alargou o direito de voto aos homens que, sendo analfabetos, pagassem
ao Estado pelo menos 100 escudos de impostos e às mulheres chefes de família e às casadas que,
sabendo ler e escrever, tivessem bens próprios e pagassem pelo menos 200 escudos de contribuição
predial.
Em Dezembro de 1968 foi reconhecido o direito de voto político às mulheres, mas as Juntas de
Freguesia continuaram a ser eleitas apenas pelos chefes de família.
Só em 1974, já depois do 25 de Abril, seriam abolidas todas as restrições à capacidade eleitoral dos
cidadãos tendo por base o género.
SÉCULO XX
1933-1970
“O prémio que as enfermeiras casadas recebem por cometerem a “vitória” de virem a ter filhos, é o
abono de família de cem por cento de prejuízo. As solteiras, viúvas sem filhos ou divorciadas (…) que
cometerem também a vilania de se casarem, sofrerão igual castigo por essa falta de seriedade. No
entanto, se os filhos forem nados mortos, parece-me que podem continuar, mas se nascerem sãos e
salvos, têm de ir para a rua!”
Contudo este slogan não teve o sucesso esperado, pois existiam muitas mulheres, de classes mais
baixas que não podiam deixar de trabalhar, pois deste trabalho dependia o sustento da casa bem como
da família. Infelizmente nem todos podiam adoptar a política do Estado Novo. Por vezes as mulheres
trabalhavam arduamente e eram as mais exploradas. Nos anos 40, algumas mulheres chegam a
trabalhar na reparação e construção de estradas, ganhando cerca de 2/3 do salário do homem (Neves
& Calado, 2001). Contudo, depois de uma luta que não parecia ter fim à vista, em 1967, proclama-se a
igualdade entre homens e mulheres no trabalho. A partir de então a mulher não precisou mais do aval
do marido para exercer actividades públicas nem para dispor de propriedade e intelectual.
Com este horizonte aberto, a mulher no mundo do trabalho passa a ser um problema, porque estas
representam as que fazem frente às políticas de Estado. Surgem assim algumas revoltas espontâneas
ou luta organizada pela emancipação da mulher. Seguindo este raciocínio, o feminismo foi uma
obsessão constante do Estado Salazarista, tal como foi a democracia, o comunismo, o anarquismo, e o
socialismo.
Relacionado com a oposição ao feminismo Fernando Castro Pires de Lima, um homem do governo
escreve estas palavras que esboçam de forma clara a posição do regime.
“… há, hoje em dia, determinadas excepções femininas que querem à viva força transformar o belo
sexo no feio sexo, à custa de todas as emancipações possíveis e imaginárias. Estamos a ver, repito, o
olhar feroz e iracundo da sufragista, essa aberração feminina a gritar a necessidade de a mulher se
emancipar pelo assalto a determinadas profissões que, pela sua brutalidade e energia, têm sido e
muito justamente, exclusivas do homem. Não, não a queirais fazer da mulher um ser mecânico e
insensível» e prossegue «Sim, meninas, que me estais a escutar, só há para vós uma emancipação
digna e legítima: o casamento. Fora disso só existem atitudes equívocas e pouco dignificantes»; «ela
só tem o louvável e bondoso interesse de agradar totalmente ao homem».
Desde a Constituição Portuguesa de 1976 que não existe a figura do chefe de família: o homem e a
mulher são iguais perante a lei.
Orientações estruturantes para a igualdade entre homens e mulheres
Um plano para a igualdade estabelece a estratégia, os objectivos de longo prazo e as metas a alcançar
em cada momento da sua aplicação e define os recursos mobilizáveis e as pessoas responsáveis pela
sua prossecução, bem como os respectivos cargos.
O estabelecimento de um plano para a igualdade numa organização pressupõe a existência de um
consenso em torno da necessidade de introduzir mudanças, a realização de um diagnóstico e a
identificação dos obstáculos e dos factores facilitadores da promoção da igualdade de resultados.
Um plano para a igualdade deverá conter:
OBJECTIVOS
Integrar o princípio da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres em todas as políticas
económicas, sociais e culturais.
Prevenir a violência e garantir protecção adequada às mulheres vítimas de crimes de violência.
Promoção da igualdade de oportunidades no emprego e nas relações de trabalho.
Conciliação da vida privada e profissional
Protecção social da família e da maternidade.
Saúde
Educação, ciência e cultura.
OBJECTIVOS
Visa a promoção da igualdade de oportunidades entre as mulheres e os homens, a todos os níveis e
em todas as áreas .
Segue uma dupla abordagem: - a integração de uma perspectiva de género em todas as políticas e
programas e – a adopção de acções específicas que incluam acções positivas .
Inclui medidas estruturantes destinadas à Administração Pública e medidas por grandes áreas de
intervenção: actividade profissional e vida familiar, educação, Formação e informação, cidadania e
inclusão social e cooperaçõa com os países da comunidade de países de língua portuguesa.
IV Plano Nacional de Prevenção e Combate ao Tráfico de Seres Humanos 2018 -2021 (IV PNPCTSH).
O Conselho de Ministros aprovou, a 8 de março de 2018, o IV Plano de Ação para a Prevenção e o
Combate ao Tráfico de Seres Humanos 2018-2021 (IV PAPCTSH 2018-2021).
O tráfico de seres humanos constitui uma grave violação dos direitos humanos e assume-se como um
dos principais desafios com que a sociedade moderna se depara. As suas causas estão desde há
muito tempo reconhecidas ao nível da comunidade internacional, cujas raízes profundas são a
vulnerabilidade causada pela pobreza, as desigualdades entre homens e mulheres e a violência
perpetrada contra as mulheres, as situações de conflito e pós-conflito, a falta de integração social, a
falta de oportunidades e de emprego, a falta de acesso à educação e o trabalho infantil, sendo este
considerado, juntamente com o tráfico de drogas e o tráfico de armas, um dos mecanismos de
criminalidade mais lucrativos da história contemporânea.
Dos quatro objectivos estratégicos decorrem os seguintes objectivos específicos: Integrar a agenda
Mulheres Paz e Segurança (MPS) e a perspetiva da igualdade entre mulheres e homens (IMH) nos
documentos de política, nas estratégias, no planeamento operacional e nos relatórios dos sectores da
defesa, política externa, cooperação para o desenvolvimento, segurança e justiça;
ü Garantir a formação nos sectores da defesa, incluindo para as forças nacionais destacadas, da
política externa, da cooperação para o desenvolvimento, da segurança e da justiça, sobre a
agenda MPS e a IMH, incluindo a prevenção e a eliminação de todas as formas de violência
contra as mulheres como a violência sexual;
ü Integrar a agenda MPS e a perspectiva da IMH, incluindo a violência contra mulheres e
raparigas, a violência sexual, as práticas tradicionais nefastas e o tráfico de seres humanos, na
cooperação jurídica e judiciária, tendo em vista a implementação da Resolução n.º 2106 do
CSNU;
ü Prevenir situações de insegurança internas, como a radicalização e o extremismo violento, e
proteger as pessoas refugiadas oriundas de países em conflito;
ü Promover o aumento da participação de mulheres na tomada de decisão;
ü Promover iniciativas tendo em vista a participação de jovens e organizações de juventude na
promoção de uma cultura de paz, tolerância, diálogo intercultural e inter- -religioso;
ü Promover o conhecimento sobre a agenda MPS e a participação das mulheres; Reforçar a
temática da agenda MPS no trabalho das OSC, designadamente as que atuam em países em
conflito, pós -conflito, Estados frágeis, em situação de crise humanitária, ou outros, e promover
o seu envolvimento na implementação do plano de ação;
ü Disseminar a agenda MPS e a perspectiva da IMH no âmbito da promoção da paz e segurança
junto de jovens, bem como nos conteúdos dos cursos ministrados em instituições de ensino e
formação na área da defesa nacional.
Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação – Portugal + Igual (ENIND) 2018-
2030 (RCM no61/2018, de 21 de Maio)
Sob o lema «Ninguém pode ficar para trás», a Agenda 2030 é profundamente transformadora e
constitui um roteiro para o período em causa, tendo em vista a eliminação de todos os obstáculos
estruturais à igualdade entre mulheres e homens, no território nacional e no plano da cooperação para
o desenvolvimento. A eliminação dos estereótipos é assumida como preocupação central da ENIND,
orientando as medidas inscritas nos três Planos de Acção que dela decorrem.
Os estereótipos de género estão na origem das discriminações em razão do sexo directas e indirectas
que impedem a igualdade substantiva entre mulheres e homens, reforçando e perpetuando modelos de
discriminação históricos e estruturais. Reflexo da natureza multidimensional da desvantagem, os
estereótipos na base da discriminação em razão do sexo cruzam com estereótipos na base de outros
factores de discriminação, como a origem racial e étnica, a nacionalidade, a idade, a deficiência e a
religião.
Também assim, o cruzamento verifica -se com a discriminação em razão da orientação sexual,
identidade e expressão de género, e características sexuais, assente em estereótipos e práticas
homofóbicas, bifóbicas, transfóbicas e interfóbicas, e que se manifesta em formas de violência,
exclusão social e marginalização, tais como o discurso de ódio, a privação da liberdade de associação
e de expressão, o desrespeito pela vida privada e familiar, a discriminação no mercado de trabalho,
acesso a bens e serviços, saúde, educação e desporto.
Assim enquadrada, a ENIND pretende consolidar os progressos até agora alcançados e perspectivar o
futuro da acção governativa, tendo em vista o desenvolvimento sustentável do país que depende da
realização de uma igualdade substantiva e transformativa, garantindo simultaneamente a
adaptabilidade necessária à realidade portuguesa e sua evolução até 2030.
A construção da ENIND baseou -se numa auscultação ampla a departamentos governamentais,
autarquias, especialistas, sector privado e sociedade civil organizada, sob coordenação técnica da
Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.
São quatro os eixos assumidos como as grandes metas de acção global e estrutural até 2030:
1 — Garantir uma governança que integre o combate à discriminação em razão do sexo e a promoção
da IMH nas políticas e nas acções, a todos os níveis da Administração Pública.
2 — Garantir as condições para uma participação plena e igualitária de mulheres e homens no
mercado de trabalho e na actividade profissional.
3 — Garantir as condições para uma educação e uma formação livres de estereótipos de género.
4 — Promover a IMH no ensino superior e no desenvolvimento científico e tecnológico.
5 — Promover a IMH na área da saúde ao longo dos ciclos de vida de homens e de mulheres.
6 — Promover uma cultura e comunicação social livres de estereótipos sexistas e promotoras da IMH.
7 — Integrar a promoção da IMH no combate à pobreza e exclusão social.
1 — Promover o conhecimento sobre a situação real das necessidades das pessoas LGBTI e da
discriminação em razão da OIEC.
2 — Garantir a transversalização das questões da OIEC.
3 — Combater a discriminação em razão da OIEC e prevenir e combater todas as formas de violência
contra as pessoas LGBTI na vida pública e privada.
Instrumentos internacionais de referência
Artigo 6.º
Os Estados Partes tomam todas as medidas apropriadas, incluindo disposições legislativas, para
suprimir todas as formas de tráfico das mulheres e de exploração da prostituição das mulheres.
Artigo 7.º
Os Estados Partes tomam todas as medidas apropriadas para eliminar a discriminação contra as
mulheres na vida política e pública do país e, em particular, asseguram-lhes, em condições de
igualdade com os homens, o direito:
a) De votar em todas as eleições e em todos os referendos públicos e de ser elegíveis para todos
os organismos publicamente eleitos;
b) De tomar parte na formulação da política do Estado e na sua execução, de ocupar empregos
públicos e de exercer todos os cargos públicos a todos os níveis do governo;
c) De participar nas organizações e associações não governamentais que se ocupem dia vida
pública e política do país.
PARTE III
Artigo 10.º
(…)
c) A eliminação de qualquer concepção estereotipada dos papéis dos homens e das mulheres e a
todos os níveis e em todas as formas de ensino, encorajando a coeducação e outros tipos de
educação que ajudarão a realizar este objectivo, em particular revendo os livros e programas
escolares e adaptando os métodos pedagógicos,
(…)
Artigo 11.º 1 - Os Estados Partes comprometem-se a tomar todas as medidas apropriadas para
eliminar a discriminação contra as mulheres no domínio do emprego com o fim de assegurar, com
base na igualdade dos homens e das mulheres. os mesmos direitos, em particular:
a) O direito ao trabalho, enquanto direito inalienável de todos os seres humanos;
b) O direito às mesmas possibilidades de emprego, incluindo a aplicação dos mesmos critérios de
selecção em matéria de emprego;
c) O direito à livre escolha da profissão e do emprego, o direito à promoção, à estabilidade do
emprego e a todas as prestações e condições de trabalho e o direito à formação profissional e a
reciclagem, incluindo a aprendizagem, o aperfeiçoamento profissional e a formação permanente;
d) O direito à igualdade de remuneração, incluindo prestações, e à igualdade de tratamento para
um trabalho de igual valor, assim coma à igualdade de tratamento no que respeita à avaliação da
qualidade do trabalho;
e) O direito à segurança social, nomeadamente às prestações de reforma, desemprego, doença,
invalidez e velhice ou relativas a qualquer outra perda de capacidade de trabalho, assim como o
direito a férias pagas;
2 - Com o fim de evitar a discriminação contra as mulheres por causa do casamento ou da
maternidade e de garantir o seu direito efectivo ao trabalho, os Estados Partes comprometem-se a
tomar medidas apropriadas para:
a) Proibir, sob pena de sanções, o despedimento por causa da gravidez ou de gozo do direito a um
período de dispensa do trabalho por ocasião da maternidade, bem como a discriminação nos
despedimentos fundada no estado matrimonial;
b) Instituir a concessão do direito a um período de dispensa do trabalho por ocasião da
maternidade pago ou conferindo direito a prestações sociais comparáveis, com a garantia da
manutenção do emprego anterior, dos direitos de antiguidade e das vantagens sociais;
c) Encorajar o fornecimento dos serviços sociais de apoio necessários para permitir aos pais
conciliar as obrigações familiares com as responsabilidades profissionais e a participação na vida
pública, em particular favorecendo a criação e o desenvolvimento de uma rede de
estabelecimentos de guarda de crianças;
d) Assegurar uma protecção especial às mulheres grávidas cujo trabalho é comprovadamente
nocivo.
3 - A legislação que visa proteger as mulheres nos domínios abrangidos pelo presente artigo será
revista periodicamente em função dos conhecimentos científicos e técnicos e será modificada,
revogada ou alargada segundo as necessidades.
♦ “mulheres” inclui as raparigas com menos de 18 anos de idade. “violência contra as mulheres
baseada no género” designa toda a violência dirigida contra uma mulher por ela ser mulher ou que
afete desproporcionalmente asmulheres.
♦ “violência contra as mulheres” é entendida como uma violação dos direitos humanos e como uma
forma de discriminação contra as mulheres e significa todos os atos de violência baseada no
género que resultem, ou sejam passíveis de resultar, em danos ou sofrimento de natureza física,
sexual, psicológica ou económica para as mulheres, incluindo a ameaça do cometimento de tais
atos, a coerção ou a privação arbitrária da liberdade, quer na vida pública quer na vida privada;
♦ “violência doméstica” designa todos os atos de violência física, sexual, psicológica ou económica
que ocorrem no seio da família ou do lar ou entre os atuais ou ex-cônjuges ou parceiros, quer o
infrator partilhe ou tenha partilhado, ou não, o mesmo domicílio que a vítima;
A Organização das Nações Unidas é uma organização internacional fundada em 1945. Atualmente, é
composta por 193 Estados-membros. A missão e o trabalho das Nações Unidas são guiados pelos
propósitos e princípios contidos na sua Carta fundadora – a Carta das Nações Unidas.
Devido aos poderes conferidos pela Carta e graças ao seu caráter internacional sui generis, as Nações
Unidas podem tomar medidas sobre as grandes questões relacionadas com a humanidade, como a
paz e a segurança, alterações climáticas, desenvolvimento sustentável, direitos humanos,
desarmamento, terrorismo, ajuda humanitária e emergências de saúde, igualdade de género,
governação, entre muitas outras.
O objectivo da ONU é o de unir todas as nações do mundo em prol da paz e do desenvolvimento, com
base nos princípios da justiça, dignidade humana e no bem-estar de todos. A ONU dá aos países a
oportunidade de procurar soluções em conjunto para os desafios do mundo, preservando os interesses
e a soberania nacional.
A Comissão sobre o Estatuto da Mulher (CEM), parte do Conselho Económico e Social (ECOSOC) das
Nações Unidas, é um órgão legislativo internacional dedicado exclusivamente à promoção da igualdade
de género e ao empoderamento feminino.
A Comissão foi criada pela Resolução ECOSOC 11 (II) a 21 de junho de 1946 com o mandato de
redigir recomendações para a promoção dos direitos das mulheres a nível político, económico, civil,
social e educacional. A CEM é ainda responsável por monitorizar, rever e avaliar o progresso
alcançado e os problemas encontrados na implementação da Declaração e Plataforma de Ação de
Pequim de 1995 e dos resultados do 23º período extraordinário das sessões da Assembleia Geral de
2000. Esta também contribui para a Agenda 2030, com o objectivo de acelerar a concretização da
igualdade de género.
Secretariado das Nações Unidas para as Alterações Climáticas e Equipa Género e Alterações
Climáticas
A mudança climática tem um impacto maior nas camadas da população, em todos os países, que
dependem mais dos recursos naturais para sua subsistência e / ou que têm menor capacidade de
responder a desastres naturais, como secas, deslizamentos de terra, inundações e furacões. As
mulheres geralmente enfrentam maiores riscos e maiores fardos dos impactos das mudanças
climáticas em situações de pobreza, sendo que a maioria das pessoas pobres do mundo são mulheres.
A participação desigual das mulheres nos processos de tomada de decisão e nos mercados de
trabalho aumenta as desigualdades e muitas vezes impede que as mulheres contribuam totalmente
para o planeamento, formulação e implementação de políticas relacionadas com o clima.
Centenas de milhões de pessoas sofrem discriminação no mundo do trabalho. Isto não viola só um
direito humano mais básico, mas tem consequências sociais e económicas mais amplas. A
discriminação sufoca oportunidades, desperdiçando o talento humano necessário para o progresso
económico e acentua as tensões e as desigualdades sociais. O combate à discriminação é uma parte
essencial da promoção do trabalho digno, e o sucesso nesta frente é sentido muito para além do local
de trabalho. As questões relacionadas com a discriminação estão presentes em toda a esfera de
trabalho da OIT.
Ao promover a liberdade de associação, por exemplo, a OIT procura prevenir a discriminação contra
membros e dirigentes sindicais. Os programas de combate ao trabalho forçado e infantil incluem ajudar
meninas e mulheres presas à prostituição ou ao trabalho doméstico coercitivo. A não-discriminação é
um princípio fundamental do código de prática da OIT sobre o VIH/ SIDA e o mundo do trabalho. As
directrizes da OIT sobre legislação laboral incluem disposições sobre discriminação e, em países como
a Namíbia e a África do Sul, a OIT aconselhou, inclusivamente, sobre as alterações legislativas nesta
área.
CONSELHO DA EUROPA
GEC: Gender Equality Comission
A Comissão para a Igualdade de Género (Gender Equality Comission- GEC) foi criada para ajudar a
garantir a integração da igualdade de género em todas as políticas do Conselho da Europa e para
colmatar o fosso entre os compromissos assumidos a nível internacional e a realidade das mulheres na
Europa. A Comissão, cujos membros são nomeados pelos Estados-Membros, fornece
aconselhamento, orientação e apoio a outros órgãos do Conselho da Europa e aos Estados-Membros.
A GEC apoia a implementação dos seis objectivos da Estratégia para a Igualdade de Género do
Conselho da Europa 2018-2023.
São eles:
Prevenir e combater esteriótipos de género e sexismo
Prevenir e combater a violência contra as mulheres e violência doméstica
Assegurar o igual acesso das mulheres à justiça
Alcançar uma partipação equilibrada de mulheres e homens na vida política e na tomada de decisão
pública
Proteger os direitos das meninas e mulheres migrantes, refugiadas e em busca de asilo
Alcançar a integração de género em todas as políticas e medidas.
UNIÃO EUROPEIA
EIGE: European Institute for Gender Equality
PARLAMENTO EUROPEU
É neste contexto que se inserem as políticas de promoção da igualdade entre mulheres e homens,
surgindo medidas – frequentemente emanadas da Comissão Europeia e dos países parceiros – no
sentido de se mudarem valores e atitudes, e de se criarem políticas promotoras de igualdade e
conciliação entre trabalho e família, insistindo-se simultaneamente na efectiva aplicação, na prática,
das políticas já existentes. São estes os princípios básicos de cidadania, indispensáveis a que se
caminhe rumo a uma sociedade mais igualitária onde se verifique :
• um idêntico peso de homens e mulheres nas diferentes categorias profissionais, das mais
qualificadas às de base,
• processos não discriminatórios de recrutamento de mulheres e homens,
• progressiva atenuação da associação de determinadas categorias profissionais
maioritariamente aos sexos masculino ou feminino
• equivalente valor das remunerações de homens e mulheres,
• idêntico acesso a acções de formação profissional e educação ao longo da vida,
• situações contratuais equivalentes para mulheres e homens, e
• plena utilização das licenças de maternidade, paternidade e parentais, por parte de ambos os
progenitores.
A promoção da igualdade de género é uma responsabilidade partilhada entre diversas agências. Para
ela concorrem, nomeadamente, organizações governamentais e organizações que emanam da
sociedade civil. Entre as primeiras, destacam-se as organizações supra-nacionais (particularmente a
União Europeia, através da sua Estratégia Europeia para o Emprego, e respectivos programas
adjacentes de que, desde finais da década de 1990, se destacaram o Plano Nacional de Emprego, o
Plano Nacional para a Igualdade, o Plano Nacional para a Inclusão, para além dos programas
FSE/EQUAL e POEFDS) com um papel fundamental na formalização das políticas de promoção da
igualdade. Por outro lado, em contexto nacional, o estado português, através não só do governo, mas
também do poder local e autárquico e das comissões estatais para a promoção da igualdade (como a
CITE, Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, ou a CIDM, Comissão para a Igualdade
e os 13 Direitos das Mulheres), tem um papel fulcral que é o de transpor e adaptar para a legislação
nacional as directivas e os princípios acordados em sede europeia, fiscalizando simultaneamente a
efectiva aplicação, na prática, das medidas vigentes.
Finalmente, a sociedade civil tem um papel relevante na promoção de culturas, representações e
práticas favoráveis à igualdade de género, seja através do tecido empresarial, que deve aplicar a
legislação e promover culturas organizacionais não discriminatórias, seja através das organizações não
governamentais, da escola, dos meios de comunicação de massas, das famílias e dos próprios
indivíduos, que devem promover entre si e junto das gerações mais novas, sob sua responsabilidade
directa, uma socialização que vise uma efectiva igualdade de género.
CEDAW.pdf (cig.gov.pt)
Guia-CEDAW-_-Protocolo-Opcional_Cig.pdf
FolhetoInformativo_Pequim25.pdf (cig.gov.pt)