Você está na página 1de 44

MANUAL DE APOIO

CURSO: FORMADOR/A:
Formação de Formadores/as para Obtenção de Especialização em Maria João Calisto
Igualdade de Género

CARGA HORÁRIA:
Módulo II – Igualdade de Género 12 horas
INTRODUÇÃO
Este manual pretende ser um instrumento de apoio ao MÓDULO II – Igualdade de Género, da
Formação de Formadores/as para obtenção da especialização em Igualdade de Género.
Pretende-se abordar as seguintes temáticas:
As origens estruturais da desigualdade de género e da discriminação- Estratégias Nacionais e
Internacionais de promoção dos Direitos das Mulheres, Igualdade de Género e Não-Discriminação
Instrumentos Internacionais de referência; Mecanismos nacionais (ENIND – Estratégia Nacional para a
Igualdade e a Não Discriminação) e internacionais para a promoção da igualdade de género;
Responsabilidade social das organizações da sociedade civil para a concretização da igualdade de
género.

.
As origens estruturais da desigualdade de género e da discriminação

SÉCULO XIX

ü Constituição da Federação Socialista do Sexo Feminino, cuja festa inaugural ocorreu em 17 de


junho de 1897, na sede do Grémio Socialista dos Anjos, na rua da Bempostinha, 91/1º andar,
em Lisboa:

"Eram 4 horas e 20 minutos da tarde quando começou a sessão solene, que foi aberta pela Srª
Margarida Marques, presidente da seção feminina do Grémio, tendo por secretárias as senhoras Maria
da Piedade e Filomena do Carmo".
"(...) se a emancipação dos trabalhadores há-de ser obra dos mesmos trabalhadores, a emancipação
da mulher há-de ser obra das mesmas mulheres.“
Nesta sessão participaram: Olinda da Conceição, em representação da Associação de Classe das
Operárias Conserveiras e Costureiras de Sesimbra, e Maria Rosa, da Associação de Tecidos em
Alcântara.

SÉCULO XX

ü criação do Grupo Português de Estudos Feministas, sob a direcção de Ana de Castro Osório, ,
em 1907, que conduziu à formação, em 1908, da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas
(1908-1919).
ü a 28 de Maio de 1911, nas eleições para a Assembleia Constituinte, Carolina Beatriz Ângelo
tornou-se a primeira mulher portuguesa a exercer o direito de voto.
A primeira lei eleitoral da República Portuguesa reconhecia o direito de votar aos «cidadãos
portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família».
Carolina Ângelo viu nesta redacção da lei a oportunidade de a «subverter» a seu favor, dado que,
gramaticalmente, o plural masculino das palavras inclui o masculino e o feminino. Viúva e com uma
filha menor a cargo, com mais de 21 anos e instruída (foi a primeira médica portuguesa a operar no
Hospital de São José ), dirigiu ao presidente da comissão recenseadora do 2º Bairro de Lisboa um
requerimento no sentido de o seu nome «ser incluído no novo recenseamento eleitoral a que tem de
proceder-se».
O Código Eleitoral de 1913 determinava que «são eleitores de cargos legislativos os cidadãos
portugueses do sexo masculino maiores de 21 anos ou que completem essa idade até ao termo das
operações de recenseamento, que estejam no pleno gozo dos seus direitos civis e políticos, saibam ler
e escrever Português, residam no território da República Portuguesa».
Só em 1931 voltou a ser concedido o direito de voto às mulheres, ainda assim, com restrições: apenas
podiam votar as que tivessem cursos secundários ou superiores, enquanto para os homens continuava
a bastar saber ler e escrever.
A lei eleitoral de Maio de 1946 alargou o direito de voto aos homens que, sendo analfabetos, pagassem
ao Estado pelo menos 100 escudos de impostos e às mulheres chefes de família e às casadas que,
sabendo ler e escrever, tivessem bens próprios e pagassem pelo menos 200 escudos de contribuição
predial.
Em Dezembro de 1968 foi reconhecido o direito de voto político às mulheres, mas as Juntas de
Freguesia continuaram a ser eleitas apenas pelos chefes de família.
Só em 1974, já depois do 25 de Abril, seriam abolidas todas as restrições à capacidade eleitoral dos
cidadãos tendo por base o género.

SÉCULO XX

ü 4 e 9 de Maio de 1924 reuniu-se o Congresso Feminista da Educação, organizado pelo


Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP), fundado em 1914 por Adelaide
Cabete. O CNMP faz parte do International Council of Women e o Congresso de 1924 teve um
enorme impacto a nível nacional e internacional. Durante cinco dias o Conselho recebeu
suporte e apoio de organizações feministas importantes e apoio de personalidades feministas
(de ambos os sexos) de destaque do meio político e da vida intelectual.
A sua grande importância mostra-se pela adesão de organizações e figuras destacadas do feminismo
mundial e pelo grande leque de comunicações nas áreas do feminismo e da educação e pode ser
considerado um dos primeiros passos para a emancipação das mulheres.
ü O segundo Congresso Feminista decorreu em 1928.

1933-1970

ü Ditaduras na Europa (Portugal, Itália, França, Alemanha, Espanha)


Salazar:
A formação ideológica e doutrinal feminina concretizou-se através dos organismos de Estado, tais
como a Obra das Mães pela Educação Nacional (OMEN), a Mocidade Portuguesa Feminina (MPF) e o
Movimento Nacional Feminino (MNF) que actuavam nas organizações basilares da sociedade.
O campo de actuação da mulher tem um campo bem limitado que se restringe ao lar e à família, seio
de transmissão de valores da tradição, do culto do chefe e do nacionalismo. É neste espaço intimista
que se educarão as mães para preparar as gerações de amanhã. Neste sentido, e para reforçar esta
ideologia, tomam-se em conta os condicionantes biológicos típicos de uma mulher, a reprodução da
espécie, justificando assim todo o sistema legislativo e enquadramento social dado à mulher.

A natureza da mulher tornou-se um elemento chave de serviço à nação. É de sublinhar a importância


da legislação no que respeita ao incentivo à natalidade bem como à exclusão do trabalho feminino.
“… o trabalho da mulher fora de casa desagrega este, separa os membros da família, torna-os um
pouco estranhos uns aos outros. Desaparece a vida em comum, sofre a obra educativa das crianças,
diminui o número destas; e com o mau ou impossível funcionamento da economia domestica, no
arranque da casa, no preparo da alimentação, no vestuário, verifica-se uma perda importante, raro
materialmente recompensado pelo salário recebido.
A mulher nasce condicionada aos trabalhos domésticos e às suas funções de educadora da família.
Desta forma, o facto da mulher se introduzir no mundo de trabalho implicava um descuido e uma
divisão necessária perante as suas tarefas naturais. Assim, com a institucionalização do Estado Novo,
criou-se o Estatuto do Trabalho Nacional para regular as situações de trabalho, e em particular, o
trabalho feminino de acordo com as «disposições especiais conforme as exigências da moral, da
defesa física, da maternidade, da vida doméstica, da educação e do bem social».
A realidade social não era reconfortante para todas as mulheres, e assim, muitas delas viam-se
obrigadas a trabalhar por necessidade, em especial no interior do país, pois a burguesia e as regalias
sociais estavam indexadas, especialmente ao centro do país.
No povo não há, praticamente, mulheres domésticas. Todas elas trabalham, mais ou menos, fora do
lar. Quando não são operárias, são trabalhadoras rurais, vendedeiras, criadas de servir ou “mulher a
dias”.
Salazar lança um slogan que se intitula «A mulher para o lar», inserido na filosofia «Deus, Pátria e
Família. Este slogan pretende afastar a mulher da emancipação para que esta possa dedicar-se
inteiramente ao homem, aos filhos e ao lar, e para que cumpra com a sua missão de dar à luz «dignos
filhos da pátria» e educá-los, «Educar é dar a Deus bons cristãos, à sociedade cidadãos úteis, à família
filhos ternos e pais exemplares» escreve Salazar (Neves & Calado, 2001).
O Estado Novo tentava, dentro dos seus limites de acção, fazer o possível para dificultar esta conquista
de independência por parte das mulheres. O emprego feminino predominava no sector industrial,
apesar de reduzidamente, existiam também outras intervenções profissionais, de maior importância.
Em 1933 o regime ditatorial impediu o acesso das mulheres à carreira diplomática, à magistratura
judicial, à chefia na administração local, aos postos de trabalho no Ministério e das Obras Públicas e
Comunicações (Brasão, 1999).
Por toda a Europa se assiste a um forte incentivo do Estado à natalidade.
Na Alemanha, por exemplo, apesar das políticas que obrigavam as mulheres que não eram
consideradas etnicamente puras a abortar, as alemãs eram quase forçadas a ter filhos, pois era como
que um serviço à nação. «Elas deviam ser em primeiro lugar alemãs e em segundo lugar mulheres»
(Neves & Calado, 2001 in Bock, 1995:213).
Em Itália inicia-se a política de casamento colectivo que irá inspirar as «Noivas de Santo António» nos
anos 40 em Portugal, bem como outras políticas que incentivam ao casamento e à natalidade.
[De acordo com os autores existe uma relação indissociável entre o berço e o túmulo, os lençóis e o
véu de luto, pelo bem da Nação. O pragmatismo apela a um masoquismo, a um sofrimento
desmesurado do qual as mulheres devem sentir-se orgulhosas, pois as suas lágrimas de sangue serão
símbolos da salvação da pátria e da redenção da mulher.]
Para além da restrição a certas profissões, as mulheres estavam também limitadas no exercício de
outras.
As professoras primárias, por exemplo, tinham de pedir autorização ao Ministério da Educação
Nacional (MEN) para se casarem, e outras profissionais estavam mesmo proibidas de contrair
matrimónio as telefonistas da Anglo-Portuguese Telephone, as profissionais do Ministério dos Negócios
Estrangeiros, as hospedeiras de ar da TAP e as enfermeiras dos Hospitais Civis. Nestes casos, ao
traírem o seu celibato ou ao serem mães solteiras, eram forçadas a deixar o emprego.

“O prémio que as enfermeiras casadas recebem por cometerem a “vitória” de virem a ter filhos, é o
abono de família de cem por cento de prejuízo. As solteiras, viúvas sem filhos ou divorciadas (…) que
cometerem também a vilania de se casarem, sofrerão igual castigo por essa falta de seriedade. No
entanto, se os filhos forem nados mortos, parece-me que podem continuar, mas se nascerem sãos e
salvos, têm de ir para a rua!”
Contudo este slogan não teve o sucesso esperado, pois existiam muitas mulheres, de classes mais
baixas que não podiam deixar de trabalhar, pois deste trabalho dependia o sustento da casa bem como
da família. Infelizmente nem todos podiam adoptar a política do Estado Novo. Por vezes as mulheres
trabalhavam arduamente e eram as mais exploradas. Nos anos 40, algumas mulheres chegam a
trabalhar na reparação e construção de estradas, ganhando cerca de 2/3 do salário do homem (Neves
& Calado, 2001). Contudo, depois de uma luta que não parecia ter fim à vista, em 1967, proclama-se a
igualdade entre homens e mulheres no trabalho. A partir de então a mulher não precisou mais do aval
do marido para exercer actividades públicas nem para dispor de propriedade e intelectual.
Com este horizonte aberto, a mulher no mundo do trabalho passa a ser um problema, porque estas
representam as que fazem frente às políticas de Estado. Surgem assim algumas revoltas espontâneas
ou luta organizada pela emancipação da mulher. Seguindo este raciocínio, o feminismo foi uma
obsessão constante do Estado Salazarista, tal como foi a democracia, o comunismo, o anarquismo, e o
socialismo.
Relacionado com a oposição ao feminismo Fernando Castro Pires de Lima, um homem do governo
escreve estas palavras que esboçam de forma clara a posição do regime.
“… há, hoje em dia, determinadas excepções femininas que querem à viva força transformar o belo
sexo no feio sexo, à custa de todas as emancipações possíveis e imaginárias. Estamos a ver, repito, o
olhar feroz e iracundo da sufragista, essa aberração feminina a gritar a necessidade de a mulher se
emancipar pelo assalto a determinadas profissões que, pela sua brutalidade e energia, têm sido e
muito justamente, exclusivas do homem. Não, não a queirais fazer da mulher um ser mecânico e
insensível» e prossegue «Sim, meninas, que me estais a escutar, só há para vós uma emancipação
digna e legítima: o casamento. Fora disso só existem atitudes equívocas e pouco dignificantes»; «ela
só tem o louvável e bondoso interesse de agradar totalmente ao homem».
Desde a Constituição Portuguesa de 1976 que não existe a figura do chefe de família: o homem e a
mulher são iguais perante a lei.
Orientações estruturantes para a igualdade entre homens e mulheres

O que são e para que servem os planos para a igualdade :

Um plano para a igualdade estabelece a estratégia, os objectivos de longo prazo e as metas a alcançar
em cada momento da sua aplicação e define os recursos mobilizáveis e as pessoas responsáveis pela
sua prossecução, bem como os respectivos cargos.
O estabelecimento de um plano para a igualdade numa organização pressupõe a existência de um
consenso em torno da necessidade de introduzir mudanças, a realização de um diagnóstico e a
identificação dos obstáculos e dos factores facilitadores da promoção da igualdade de resultados.
Um plano para a igualdade deverá conter:

- Os princípios que orientam a gestão da organização;


- As finalidades e os objectivos a atingir relativamente à capacitação tanto das mulheres como dos
homens, à participação equilibrada das mulheres e dos homens nos processos de tomada de decisão;
- A estratégia e respectiva calendarização para a revisão das práticas existentes e dos procedimentos
em vigor, de molde a que a implementação do plano possa ocorrer de forma participada em todos os
níveis;
- A definição das principais linhas orientadoras para cada sector/ departamento que reflicta claramente
as prioridades do plano e estabeleça o modo de as pôr em prática;
- A definição da mobilização dos recursos — humanos, técnicos e financeiros — necessários para dar
cumprimento ao plano.
- A metodologia de monitorização e de avaliação da aplicação do plano.
Do I Plano Nacional para a Igualdade (1997) à Estratégia Nacional para a
Igualdade e Não Discriminação 2018-2030 – Portugal + Igual (ENIND

I PLANO GLOBAL PARA A IGUALDADE 1997-2003 (RCM no49/1997, de 24 de Março)

OBJECTIVOS
Integrar o princípio da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres em todas as políticas
económicas, sociais e culturais.
Prevenir a violência e garantir protecção adequada às mulheres vítimas de crimes de violência.
Promoção da igualdade de oportunidades no emprego e nas relações de trabalho.
Conciliação da vida privada e profissional
Protecção social da família e da maternidade.
Saúde
Educação, ciência e cultura.

II PLANO NACIONAL PARA A IGUALDADE 2003-2006 (RCM no184/2003, de 25 de Novembro)

OBJECTIVOS
Visa a promoção da igualdade de oportunidades entre as mulheres e os homens, a todos os níveis e
em todas as áreas .
Segue uma dupla abordagem: - a integração de uma perspectiva de género em todas as políticas e
programas e – a adopção de acções específicas que incluam acções positivas .
Inclui medidas estruturantes destinadas à Administração Pública e medidas por grandes áreas de
intervenção: actividade profissional e vida familiar, educação, Formação e informação, cidadania e
inclusão social e cooperaçõa com os países da comunidade de países de língua portuguesa.
IV Plano Nacional de Prevenção e Combate ao Tráfico de Seres Humanos 2018 -2021 (IV PNPCTSH).
O Conselho de Ministros aprovou, a 8 de março de 2018, o IV Plano de Ação para a Prevenção e o
Combate ao Tráfico de Seres Humanos 2018-2021 (IV PAPCTSH 2018-2021).
O tráfico de seres humanos constitui uma grave violação dos direitos humanos e assume-se como um
dos principais desafios com que a sociedade moderna se depara. As suas causas estão desde há
muito tempo reconhecidas ao nível da comunidade internacional, cujas raízes profundas são a
vulnerabilidade causada pela pobreza, as desigualdades entre homens e mulheres e a violência
perpetrada contra as mulheres, as situações de conflito e pós-conflito, a falta de integração social, a
falta de oportunidades e de emprego, a falta de acesso à educação e o trabalho infantil, sendo este
considerado, juntamente com o tráfico de drogas e o tráfico de armas, um dos mecanismos de
criminalidade mais lucrativos da história contemporânea.

O IV PNPCTSH tem por objectivos estratégicos:


a) Reforçar o conhecimento, e informar e sensibilizar sobre a temática do tráfico de seres humanos
(TSH);
b) Assegurar às vítimas de tráfico um melhor acesso aos seus direitos, bem como consolidar, reforçar e
qualificar a intervenção;
c) Reforçar a luta contra as redes de crime organizado, nomeadamente desmantelar o modelo de
negócio e desmontar a cadeia de tráfico;
A elaboração de planos nacionais de acção, visando assegurar a integração da dimensão de género
nas actividades diplomáticas, militares, de segurança, da justiça e da cooperação para o
desenvolvimento, revela -se um instrumento eficaz para se alcançarem os objectivos daquela
resolução, constituindo, assim, uma obrigação dos Estados, independentemente da sua situação
interna.
Importa, ainda, reforçar a formação sobre direitos humanos, direito internacional humanitário, igualdade
de género e violência contra as mulheres, raparigas e meninas, incluindo violência sexual e violência
de género, designadamente junto do pessoal das forças armadas, das forças de segurança e de civis
destacados para missões de construção e manutenção da paz e segurança internacionais e para
cenários de emergência e gestão de crises.

III Plano Nacional de Ação para a Implementação da RCSNU 1325 (2019-2022),


aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 33/2019, de 15 de Fevereiro
A Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas n.º 1325 (2000) sobre mulheres, paz e
segurança, aprovada em 31 de outubro de 2000, reconheceu o impacto específico que os conflitos
armados têm sobre as mulheres e destacou a necessidade de garantir a sua participação nos
mecanismos de prevenção, gestão e resolução de conflitos, bem como na manutenção e promoção da
paz e segurança. Salientou igualmente a necessidade de adoção de medidas especiais de prevenção e
combate à violência contra as mulheres, designadamente a violação, outras formas de abuso sexual e
outras formas de violência em situações de conflito armado.
Objectivos estratégicos:

a) Reforçar a integração da agenda Mulheres, Paz e Segurança, bem como da perspetiva da


igualdade entre mulheres e homens, na intervenção do Estado Português nos âmbitos
nacional, regional e internacional;
b) Proteger os direitos humanos das mulheres e raparigas e punir todas as formas de violência
contra as mulheres e raparigas, incluindo a violência sexual;
c) Promover a participação das mulheres e dos/as jovens na prevenção dos conflitos e nos
processos de construção de paz;
d) Promover a integração da agenda Mulheres, Paz e Segurança no trabalho das organizações
da sociedade civil.

Dos quatro objectivos estratégicos decorrem os seguintes objectivos específicos: Integrar a agenda
Mulheres Paz e Segurança (MPS) e a perspetiva da igualdade entre mulheres e homens (IMH) nos
documentos de política, nas estratégias, no planeamento operacional e nos relatórios dos sectores da
defesa, política externa, cooperação para o desenvolvimento, segurança e justiça;
ü Garantir a formação nos sectores da defesa, incluindo para as forças nacionais destacadas, da
política externa, da cooperação para o desenvolvimento, da segurança e da justiça, sobre a
agenda MPS e a IMH, incluindo a prevenção e a eliminação de todas as formas de violência
contra as mulheres como a violência sexual;
ü Integrar a agenda MPS e a perspectiva da IMH, incluindo a violência contra mulheres e
raparigas, a violência sexual, as práticas tradicionais nefastas e o tráfico de seres humanos, na
cooperação jurídica e judiciária, tendo em vista a implementação da Resolução n.º 2106 do
CSNU;
ü Prevenir situações de insegurança internas, como a radicalização e o extremismo violento, e
proteger as pessoas refugiadas oriundas de países em conflito;
ü Promover o aumento da participação de mulheres na tomada de decisão;
ü Promover iniciativas tendo em vista a participação de jovens e organizações de juventude na
promoção de uma cultura de paz, tolerância, diálogo intercultural e inter- -religioso;
ü Promover o conhecimento sobre a agenda MPS e a participação das mulheres; Reforçar a
temática da agenda MPS no trabalho das OSC, designadamente as que atuam em países em
conflito, pós -conflito, Estados frágeis, em situação de crise humanitária, ou outros, e promover
o seu envolvimento na implementação do plano de ação;
ü Disseminar a agenda MPS e a perspectiva da IMH no âmbito da promoção da paz e segurança
junto de jovens, bem como nos conteúdos dos cursos ministrados em instituições de ensino e
formação na área da defesa nacional.
Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação – Portugal + Igual (ENIND) 2018-
2030 (RCM no61/2018, de 21 de Maio)

Sob o lema «Ninguém pode ficar para trás», a Agenda 2030 é profundamente transformadora e
constitui um roteiro para o período em causa, tendo em vista a eliminação de todos os obstáculos
estruturais à igualdade entre mulheres e homens, no território nacional e no plano da cooperação para
o desenvolvimento. A eliminação dos estereótipos é assumida como preocupação central da ENIND,
orientando as medidas inscritas nos três Planos de Acção que dela decorrem.
Os estereótipos de género estão na origem das discriminações em razão do sexo directas e indirectas
que impedem a igualdade substantiva entre mulheres e homens, reforçando e perpetuando modelos de
discriminação históricos e estruturais. Reflexo da natureza multidimensional da desvantagem, os
estereótipos na base da discriminação em razão do sexo cruzam com estereótipos na base de outros
factores de discriminação, como a origem racial e étnica, a nacionalidade, a idade, a deficiência e a
religião.
Também assim, o cruzamento verifica -se com a discriminação em razão da orientação sexual,
identidade e expressão de género, e características sexuais, assente em estereótipos e práticas
homofóbicas, bifóbicas, transfóbicas e interfóbicas, e que se manifesta em formas de violência,
exclusão social e marginalização, tais como o discurso de ódio, a privação da liberdade de associação
e de expressão, o desrespeito pela vida privada e familiar, a discriminação no mercado de trabalho,
acesso a bens e serviços, saúde, educação e desporto.
Assim enquadrada, a ENIND pretende consolidar os progressos até agora alcançados e perspectivar o
futuro da acção governativa, tendo em vista o desenvolvimento sustentável do país que depende da
realização de uma igualdade substantiva e transformativa, garantindo simultaneamente a
adaptabilidade necessária à realidade portuguesa e sua evolução até 2030.
A construção da ENIND baseou -se numa auscultação ampla a departamentos governamentais,
autarquias, especialistas, sector privado e sociedade civil organizada, sob coordenação técnica da
Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.
São quatro os eixos assumidos como as grandes metas de acção global e estrutural até 2030:

a) Integração das dimensões do combate à discriminação em razão do sexo e da promoção da


igualdade entre mulheres e homens, e do combate à discriminação em razão da orientação sexual,
identidade e expressão de género, e características sexuais na governança a todos os níveis e em
todos os domínios;

b) Participação plena e igualitária na esfera pública e privada;

c) Desenvolvimento científico e tecnológico igualitário, inclusivo e orientado para o futuro;

d) Eliminação de todas as formas de violência contra as mulheres, violência de género e violência


doméstica, e da violência exercida contras as pessoas LGBTI.

Definem-se como linhas transversais à ENIND e aos três Planos de Acção,


a interseccionalidade, a territorialização e a promoção de parcerias.

Estrutura-se a ENIND em três Planos de Acção:

a) Plano de acção para a igualdade entre mulheres e homens (PAIMH);


b) Plano de acção para a prevenção e o combate à violência contra as mulheres e à violência
doméstica (PAVMVD);
c) Plano de acção para o combate à discriminação em razão da orientação sexual, identidade e
expressão de género, e características sexuais (PAOIEC).
Os Planos de Acção são estruturados com base nos seguintes objectivos estratégicos:

PAIMH – Plano de acção para a igualdade entre mulheres e homens

1 — Garantir uma governança que integre o combate à discriminação em razão do sexo e a promoção
da IMH nas políticas e nas acções, a todos os níveis da Administração Pública.
2 — Garantir as condições para uma participação plena e igualitária de mulheres e homens no
mercado de trabalho e na actividade profissional.
3 — Garantir as condições para uma educação e uma formação livres de estereótipos de género.
4 — Promover a IMH no ensino superior e no desenvolvimento científico e tecnológico.
5 — Promover a IMH na área da saúde ao longo dos ciclos de vida de homens e de mulheres.
6 — Promover uma cultura e comunicação social livres de estereótipos sexistas e promotoras da IMH.
7 — Integrar a promoção da IMH no combate à pobreza e exclusão social.

PAVMVD – Plano de acção para a prevenção e o combate à violência contra as mulheres e à


violência doméstica

1 — Prevenir — erradicar a tolerância social às várias manifestações da VMVD, conscientizar sobre os


seus impactos e promover uma cultura de não violência, de direitos humanos, de igualdade e não
discriminação.
2 — Apoiar e proteger — ampliar e consolidar a intervenção.
3 — Intervir junto das pessoas agressoras, promovendo uma cultura de responsabilização.
4 — Qualificar profissionais e serviços para a intervenção.
5 — Investigar, monitorizar e avaliar as políticas públicas.
6 — Prevenir e combater as práticas tradicionais nefastas, nomeadamente a mutilação genital feminina
e os casamentos infantis, precoces e forçados.
PAIOEC- Plano de acção para o combate à discriminação em razão da orientação sexual,
identidade e expressão de género, e características sexuais

1 — Promover o conhecimento sobre a situação real das necessidades das pessoas LGBTI e da
discriminação em razão da OIEC.
2 — Garantir a transversalização das questões da OIEC.
3 — Combater a discriminação em razão da OIEC e prevenir e combater todas as formas de violência
contra as pessoas LGBTI na vida pública e privada.
Instrumentos internacionais de referência

• Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação


Contra as Mulheres (CEDAW), 1979
• Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à
• Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica (Convenção de Istambul), 2011
• Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, 1995
• Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, 2015

Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as


Formas de Discriminação Contra as Mulheres (CEDAW)

“… o desenvolvimento pleno de um país, o bem estar do mundo e a causa da paz necessitam da


máxima participação das mulheres, em igualdade com os homens, em todos os domínios”
Preâmbulo da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
Mulheres, 1979

A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW),


informalmente considerada a Magna Carta dos Direitos das Mulheres, foi adoptada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas a 18 de Dezembro de 1979. Portugal ratificou-a a 30 de Julho de 1980 e
entrou em vigor a 3 de Setembro de 1981.
A Convenção CEDAW é um tratado internacional de direitos humanos que lida especificamente com os
direitos das mulheres e das raparigas. Define princípios de direitos humanos, conceitos e respectivas
normas de conduta e obrigações que os Estados Parte se comprometem cumprir. Nesse sentido, a
Convenção requer que os países assegurem às mulheres o igual reconhecimento, exercício e gozo dos
direitos humanos, sem que se verifiquem situações de discriminação com base no simples facto de
serem mulheres.
No cumprimento da Convenção, os Estados Parte, mais do que apenas se certificarem de que as leis
existentes não discriminam directamente as mulheres, deverão assegurar que são tomadas todas as
medidas necessárias de forma a permitir que beneficiem de uma efectiva igualdade nas suas vidas.
Para garantir o desenvolvimento pleno de um país:
· máxima participação das mulheres, em igualdade com os homens
· importância da contribuição das mulheres para o bem-estar da família e o progresso da
sociedade
· a importância social da maternidade e do papel de ambos os pais na família e na educação das
crianças
· o papel das mulheres na procriação não deve ser uma causa de discriminação, mas de que a
educação das crianças exige a partilha das responsabilidades entre os homens, as mulheres e a
sociedade no seu conjunto
· uma mudança no papel tradicional dos homens, tal como no papel das mulheres na família e na
sociedade,
· pôr em prática os princípios enunciados na Declaração sobre a Eliminação da Discriminação
contra as Mulheres e, com tal objectivo, a adoptar as medidas necessárias à supressão desta
discriminação sob todas as suas formas e em todas as suas manifestações
PARTE I
Artigo 1.º Para os fins da presente Convenção, a expressão «discriminação contra as mulheres»
significa qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo que tenha como efeito ou como
objectivo comprometer ou destruir o reconhecimento, o gozo ou o exercício pelas mulheres, seja qual
for o seu estado civil, com base na igualdade dos homens e das mulheres, dos direitos do homem e
das liberdades fundamentais nos domínios ,político, económico, social, cultural e civil ou em qualquer
outro domínio.
(…)
Artigo 5.º
Os Estados Partes tomam todas as medidas apropriadas para:
a) Modificar os esquemas e modelos de comportamento sociocultural dos homens e das mulheres com
vista a alcançar a eliminação dos preconceitos e das práticas costumeiras, ou de qualquer outro tipo,
que se fundem na ideia de inferioridade ou de superioridade de um ou de outro sexo ou de um papel
estereotipado dos homens e das mulheres;
b) Assegurar que a educação familiar contribua para um entendimento correcto da maternidade como
função social e para o reconhecimento da responsabilidade comum dos homens e das mulheres na
educação e desenvolvimento dos filhos, devendo entender-se que o interesse das crianças é
consideração primordial em todos os casos.

Artigo 6.º
Os Estados Partes tomam todas as medidas apropriadas, incluindo disposições legislativas, para
suprimir todas as formas de tráfico das mulheres e de exploração da prostituição das mulheres.

Artigo 7.º
Os Estados Partes tomam todas as medidas apropriadas para eliminar a discriminação contra as
mulheres na vida política e pública do país e, em particular, asseguram-lhes, em condições de
igualdade com os homens, o direito:
a) De votar em todas as eleições e em todos os referendos públicos e de ser elegíveis para todos
os organismos publicamente eleitos;
b) De tomar parte na formulação da política do Estado e na sua execução, de ocupar empregos
públicos e de exercer todos os cargos públicos a todos os níveis do governo;
c) De participar nas organizações e associações não governamentais que se ocupem dia vida
pública e política do país.

PARTE III
Artigo 10.º
(…)
c) A eliminação de qualquer concepção estereotipada dos papéis dos homens e das mulheres e a
todos os níveis e em todas as formas de ensino, encorajando a coeducação e outros tipos de
educação que ajudarão a realizar este objectivo, em particular revendo os livros e programas
escolares e adaptando os métodos pedagógicos,
(…)
Artigo 11.º 1 - Os Estados Partes comprometem-se a tomar todas as medidas apropriadas para
eliminar a discriminação contra as mulheres no domínio do emprego com o fim de assegurar, com
base na igualdade dos homens e das mulheres. os mesmos direitos, em particular:
a) O direito ao trabalho, enquanto direito inalienável de todos os seres humanos;
b) O direito às mesmas possibilidades de emprego, incluindo a aplicação dos mesmos critérios de
selecção em matéria de emprego;
c) O direito à livre escolha da profissão e do emprego, o direito à promoção, à estabilidade do
emprego e a todas as prestações e condições de trabalho e o direito à formação profissional e a
reciclagem, incluindo a aprendizagem, o aperfeiçoamento profissional e a formação permanente;
d) O direito à igualdade de remuneração, incluindo prestações, e à igualdade de tratamento para
um trabalho de igual valor, assim coma à igualdade de tratamento no que respeita à avaliação da
qualidade do trabalho;
e) O direito à segurança social, nomeadamente às prestações de reforma, desemprego, doença,
invalidez e velhice ou relativas a qualquer outra perda de capacidade de trabalho, assim como o
direito a férias pagas;
2 - Com o fim de evitar a discriminação contra as mulheres por causa do casamento ou da
maternidade e de garantir o seu direito efectivo ao trabalho, os Estados Partes comprometem-se a
tomar medidas apropriadas para:
a) Proibir, sob pena de sanções, o despedimento por causa da gravidez ou de gozo do direito a um
período de dispensa do trabalho por ocasião da maternidade, bem como a discriminação nos
despedimentos fundada no estado matrimonial;
b) Instituir a concessão do direito a um período de dispensa do trabalho por ocasião da
maternidade pago ou conferindo direito a prestações sociais comparáveis, com a garantia da
manutenção do emprego anterior, dos direitos de antiguidade e das vantagens sociais;
c) Encorajar o fornecimento dos serviços sociais de apoio necessários para permitir aos pais
conciliar as obrigações familiares com as responsabilidades profissionais e a participação na vida
pública, em particular favorecendo a criação e o desenvolvimento de uma rede de
estabelecimentos de guarda de crianças;
d) Assegurar uma protecção especial às mulheres grávidas cujo trabalho é comprovadamente
nocivo.

3 - A legislação que visa proteger as mulheres nos domínios abrangidos pelo presente artigo será
revista periodicamente em função dos conhecimentos científicos e técnicos e será modificada,
revogada ou alargada segundo as necessidades.

Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate


à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica (Convenção de Istambul)
Algumas DEFINIÇÕES apresentadas/clarificadas/reforçadas: “género” designa os papéis, os
comportamentos, as atividades e as atribuições socialmente construídos que uma sociedade
considera apropriados para as mulheres e os homens.

♦ “mulheres” inclui as raparigas com menos de 18 anos de idade. “violência contra as mulheres
baseada no género” designa toda a violência dirigida contra uma mulher por ela ser mulher ou que
afete desproporcionalmente asmulheres.
♦ “violência contra as mulheres” é entendida como uma violação dos direitos humanos e como uma
forma de discriminação contra as mulheres e significa todos os atos de violência baseada no
género que resultem, ou sejam passíveis de resultar, em danos ou sofrimento de natureza física,
sexual, psicológica ou económica para as mulheres, incluindo a ameaça do cometimento de tais
atos, a coerção ou a privação arbitrária da liberdade, quer na vida pública quer na vida privada;
♦ “violência doméstica” designa todos os atos de violência física, sexual, psicológica ou económica
que ocorrem no seio da família ou do lar ou entre os atuais ou ex-cônjuges ou parceiros, quer o
infrator partilhe ou tenha partilhado, ou não, o mesmo domicílio que a vítima;

Declaração e Plataforma de Acção de Pequim


A IV Conferência Mundial sobre as Mulheres das Nações Unidas, em 1995, adotou uma
Declaração e uma Plataforma de Ação. A Declaração enuncia princípios fundamentais que devem
guiar a ação política. Por sua vez, a Plataforma de Ação identifica «áreas críticas» onde os
problemas se situam e aponta estratégias e caminhos de mudança.
Foram definidos seis objetivos estratégicos para os Estados:
1. Promover a independência e os direitos económicos das mulheres, incluindo o acesso ao
emprego, a condições de trabalho adequadas e ao controlo dos recursos económicos;
2. Facilitar o acesso das mulheres, em condições de igualdade, aos recursos, ao emprego, aos
mercados e ao comércio;
3. Proporcionar serviços comerciais, formação e acesso aos mercados, informação e tecnologia,
particularmente às mulheres com baixos rendimentos;
4. Reforçar a capacidade económica e as redes comerciais das mulheres;
5. Eliminar a segregação profissional e todas as formas de discriminação no emprego;
6. Fomentar a harmonização das responsabilidades das mulheres e dos homens no que respeita
ao trabalho e à família.
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável

2015 -definição da Agenda 2030, constituída por 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável


(ODS).
A Agenda 2030 é uma agenda alargada e ambiciosa que aborda várias dimensões do
desenvolvimento sustentável (sócio, económico, ambiental) e que promove a paz, a justiça e
instituições eficazes.
Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável têm como base os progressos e lições aprendidas
com os 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, estabelecidos entre 2000 e 2015, e são fruto
do trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo.
A Agenda 2030 e os 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável são a visão comum para a
Humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e os povos e “uma lista das coisas a fazer em
nome dos povos e do planeta”.
• Acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas, em toda
parte.
• Eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas
e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de outros tipos.
• Eliminar todas as práticas nocivas, como os casamentos prematuros, forçados e envolvendo
crianças, bem como as mutilações genitais femininas.
• Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da
disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de protecção social, bem como
a promoção da responsabilidade partilhada dentro do lar e da família, conforme os contextos
nacionais.
• Garantir a participação plena e efectiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a
liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, económica e pública.
• Assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos, em
conformidade com o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e
Desenvolvimento e com a Plataforma de Ação de Pequim e os documentos resultantes de
suas conferências de revisão.
• Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos económicos, bem como o
acesso à propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços
financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais
• Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e
comunicação, para promover o empoderamento das mulheres.
• Adoptar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de
género e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis.
MECANISMOS NACIONAIS PARA A PROMOÇÃO DA IGUALDADE

CIG: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género


A igualdade entre mulheres e homens é um princípio fundamental da Constituição da República
Portuguesa, sendo tarefa fundamental do Estado a sua promoção. A Comissão para a Cidadania e a
Igualdade de Género (CIG) é o organismo nacional responsável pela promoção e defesa desse
princípio, procurando responder às profundas alterações sociais e políticas da sociedade em matéria
de cidadania e igualdade de género.
Integrada na Presidência do Conselho de Ministros, é um serviço da administração direta do Estado
(com sede em Lisboa e um serviço desconcentrado no Porto), responsável pela execução das políticas
públicas no domínio da cidadania e da promoção e defesa da igualdade de género, sob tutela
da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro.
A sua atual orgânica foi estabelecida pelo Decreto Regulamentar n.º 1/2012, de 3 de janeiro, que
revogou o Decreto-Lei n.º164/2007, de 3 de maio.
http://www.cig.gov.pt/

CITE: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego


A CITE é, desde 1979, o mecanismo nacional que prossegue a igualdade e não discriminação entre
homens e mulheres no trabalho, no emprego e na formação profissional.
A CITE é um órgão colegial, tripartido e equilátero, composto por um/a representante do ministério com
atribuições na área do emprego que preside; um/a representante do ministério com atribuições na área
da igualdade; um/a representante do ministério com atribuições na área da Administração Pública;
um/a representante do ministério com atribuições na área da solidariedade e da segurança social;
dois/duas representantes de cada uma das associações sindicais com assento na Comissão
Permanente de Concertação Social (2 da CGTP-IN e 2 da UGT) e um/uma representante de cada uma
das associações patronais com assento na Comissão Permanente de Concertação Social (1 da CCP, 1
da CIP, 1 da CAP e 1 da CTP).
Tem como principais atribuições:
- Igualdade e não discriminação entre mulheres e homens no trabalho, no emprego e na formação
profissional
- Protecção na parentalidade
- Conciliação da vida profissional, pessoal e familiar

ACM: Alto Comissariado para as Migrações


O Alto Comissariado para as Migrações (ACM) é um instituto público que intervém na execução das
políticas públicas em matéria de migrações. O ACM procura olhar para o mundo de uma forma criativa
com o objetivo de responder às crescentes necessidades dos diferentes perfis dos migrantes e da sua
integração.
O ACM tem como missão:
Promover Portugal enquanto destino de migrações;
Acolher, integrar os migrantes, nomeadamente através do desenvolvimento de políticas transversais,
de centros e gabinetes de apoio aos migrantes, proporcionando uma resposta integrada dos serviços
públicos;
Colaborar, em articulação com outras entidades públicas competentes, na conceção e desenvolvimento
das prioridades da política migratória;
Combater todas as formas de discriminação em função da cor, nacionalidade, origem étnica ou religião;
Desenvolver programas de inclusão social dos descendentes de imigrantes;
Promover, acompanhar e apoiar o regresso de emigrantes portugueses e o reforço dos seus laços a
Portugal.
CICDR: Comissão para a Igualdade E Contra a Discriminação Racial

A Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) é, em Portugal, o


órgão especializado no combate à Discriminação Racial. Esta Comissão tem por objeto prevenir e
proibir a discriminação racial e sancionar a prática de atos que se traduzam na violação de direitos
fundamentais ou na recusa ou condicionamento do exercício de direitos económicos, sociais ou
culturais, por quaisquer pessoas, em razão da pertença a determinada origem racial e étnica, cor,
nacionalidade, ascendência ou território de origem, nos termos e limites previstos na Lei n.º 93/2017,
de 23 de agosto, que estabelece o regime jurídico da prevenção, da proibição e do combate à
discriminação.
MECANISMOS INTERNACIONAIS PARA A PROMOÇÃO DA IGUALDADE

A Organização das Nações Unidas é uma organização internacional fundada em 1945. Atualmente, é
composta por 193 Estados-membros. A missão e o trabalho das Nações Unidas são guiados pelos
propósitos e princípios contidos na sua Carta fundadora – a Carta das Nações Unidas.
Devido aos poderes conferidos pela Carta e graças ao seu caráter internacional sui generis, as Nações
Unidas podem tomar medidas sobre as grandes questões relacionadas com a humanidade, como a
paz e a segurança, alterações climáticas, desenvolvimento sustentável, direitos humanos,
desarmamento, terrorismo, ajuda humanitária e emergências de saúde, igualdade de género,
governação, entre muitas outras.
O objectivo da ONU é o de unir todas as nações do mundo em prol da paz e do desenvolvimento, com
base nos princípios da justiça, dignidade humana e no bem-estar de todos. A ONU dá aos países a
oportunidade de procurar soluções em conjunto para os desafios do mundo, preservando os interesses
e a soberania nacional.

Comissão Sobre o Estatuto da Mulher (CEM)/ Commission on the Status of Women(CSW)

A Comissão sobre o Estatuto da Mulher (CEM), parte do Conselho Económico e Social (ECOSOC) das
Nações Unidas, é um órgão legislativo internacional dedicado exclusivamente à promoção da igualdade
de género e ao empoderamento feminino.
A Comissão foi criada pela Resolução ECOSOC 11 (II) a 21 de junho de 1946 com o mandato de
redigir recomendações para a promoção dos direitos das mulheres a nível político, económico, civil,
social e educacional. A CEM é ainda responsável por monitorizar, rever e avaliar o progresso
alcançado e os problemas encontrados na implementação da Declaração e Plataforma de Ação de
Pequim de 1995 e dos resultados do 23º período extraordinário das sessões da Assembleia Geral de
2000. Esta também contribui para a Agenda 2030, com o objectivo de acelerar a concretização da
igualdade de género.
Secretariado das Nações Unidas para as Alterações Climáticas e Equipa Género e Alterações
Climáticas
A mudança climática tem um impacto maior nas camadas da população, em todos os países, que
dependem mais dos recursos naturais para sua subsistência e / ou que têm menor capacidade de
responder a desastres naturais, como secas, deslizamentos de terra, inundações e furacões. As
mulheres geralmente enfrentam maiores riscos e maiores fardos dos impactos das mudanças
climáticas em situações de pobreza, sendo que a maioria das pessoas pobres do mundo são mulheres.
A participação desigual das mulheres nos processos de tomada de decisão e nos mercados de
trabalho aumenta as desigualdades e muitas vezes impede que as mulheres contribuam totalmente
para o planeamento, formulação e implementação de políticas relacionadas com o clima.

UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura


(United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization)
As mulheres representam mais de dois terços dos 750 milhões de pessoas adultas do mundo sem
habilidades básicas de alfabetização; as mulheres representam menos de 30% dxs pesquisadores do
mundo; e as jornalistas estão mais expostas a agressões, ameaças ou ataques físicos, verbais ou
digitais do que os homens.
A UNESCO acredita que todas as formas de discriminação com base no género são violações dos
direitos humanos, bem como uma barreira significativa para o cumprimento da Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável e os seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Assim, mulheres e homens devem desfrutar de oportunidades, escolhas, capacidades, poder e
conhecimento iguais como cidadã/os iguais. Dotar meninas e meninos, mulheres e homens, com
conhecimentos, valores, atitudes e habilidades para enfrentar as disparidades de género é uma
condição prévia para a construção de um futuro sustentável para todas as pessoas.
OIT: Organização Internacional do Trabalho

Centenas de milhões de pessoas sofrem discriminação no mundo do trabalho. Isto não viola só um
direito humano mais básico, mas tem consequências sociais e económicas mais amplas. A
discriminação sufoca oportunidades, desperdiçando o talento humano necessário para o progresso
económico e acentua as tensões e as desigualdades sociais. O combate à discriminação é uma parte
essencial da promoção do trabalho digno, e o sucesso nesta frente é sentido muito para além do local
de trabalho. As questões relacionadas com a discriminação estão presentes em toda a esfera de
trabalho da OIT.
Ao promover a liberdade de associação, por exemplo, a OIT procura prevenir a discriminação contra
membros e dirigentes sindicais. Os programas de combate ao trabalho forçado e infantil incluem ajudar
meninas e mulheres presas à prostituição ou ao trabalho doméstico coercitivo. A não-discriminação é
um princípio fundamental do código de prática da OIT sobre o VIH/ SIDA e o mundo do trabalho. As
directrizes da OIT sobre legislação laboral incluem disposições sobre discriminação e, em países como
a Namíbia e a África do Sul, a OIT aconselhou, inclusivamente, sobre as alterações legislativas nesta
área.

CONSELHO DA EUROPA
GEC: Gender Equality Comission
A Comissão para a Igualdade de Género (Gender Equality Comission- GEC) foi criada para ajudar a
garantir a integração da igualdade de género em todas as políticas do Conselho da Europa e para
colmatar o fosso entre os compromissos assumidos a nível internacional e a realidade das mulheres na
Europa. A Comissão, cujos membros são nomeados pelos Estados-Membros, fornece
aconselhamento, orientação e apoio a outros órgãos do Conselho da Europa e aos Estados-Membros.
A GEC apoia a implementação dos seis objectivos da Estratégia para a Igualdade de Género do
Conselho da Europa 2018-2023.
São eles:
Prevenir e combater esteriótipos de género e sexismo
Prevenir e combater a violência contra as mulheres e violência doméstica
Assegurar o igual acesso das mulheres à justiça
Alcançar uma partipação equilibrada de mulheres e homens na vida política e na tomada de decisão
pública
Proteger os direitos das meninas e mulheres migrantes, refugiadas e em busca de asilo
Alcançar a integração de género em todas as políticas e medidas.

UNIÃO EUROPEIA
EIGE: European Institute for Gender Equality

O Instituto Europeu para a Igualdade de Género destina-se a ajudar as instituições europeias e os


Estados-Membros na integração do princípio da igualdade nas suas políticas e a lutar contra a
discriminação com base no sexo. O instituto informa igualmente os cidadãos da União Europeia (UE)
sobre este tema.
O Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE) foi criado em 2010 para reforçar e promover a
igualdade de género em toda a União Europeia. Com 10 anos de experiência na recolha de dados, na
realização de investigação e no desenvolvimento de recursos, o EIGE tornou-se o centro de
conhecimento da UE para a igualdade de género.

FRA: European Union Agency for Fundamental Rights

A FRA (Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais) é o centro de referência e


excelência independente para a promoção e protecção dos direitos humanos na EU, ajudando a tornar
a Europa num lugar melhor para viver e trabalhar e defendendo os direitos fundamentais de todas as
pessoas que vivem na UE.
Os direitos fundamentais são de todas as pessoas na UE, sejam elas quem forem, tenham as crenças
que tiverem ou seja qual for o seu estilo de vida. Assim, a FRA ajuda a promover e a proteger esses
direitos, incluindo o seu direito: à não discriminação com base na idade, na deficiência ou na etnia; à
protecção do seus dados pessoais e ao acesso à justiça
A FRA trabalha com as partes interessadas desde o nível local até ao nível internacional, partilhando
opiniões devidamente fundamentadas e conselhos especializados com os decisores políticos.

PARLAMENTO EUROPEU

O Parlamento Europeu é um importante fórum de debate político e de tomada de decisões a nível da


UE. A escolha das suas deputadas e dos seus deputados é feita directamente pelo corpo eleitoral em
todos os Estados-Membros para representarem os interesses das cidadãs e dos cidadãos no que
respeita à elaboração de leis da UE e para garantirem que as outras instituições da UE trabalham de
forma democrática.

MULHERES NO PARLAMENTO EUROPEU


Responsabilidade social das organizações da sociedade civil para a concretização da igualdade
de género

POLÍTICAS PARA A IGUALDADE NO TRABALHO E NO EMPREGO

É neste contexto que se inserem as políticas de promoção da igualdade entre mulheres e homens,
surgindo medidas – frequentemente emanadas da Comissão Europeia e dos países parceiros – no
sentido de se mudarem valores e atitudes, e de se criarem políticas promotoras de igualdade e
conciliação entre trabalho e família, insistindo-se simultaneamente na efectiva aplicação, na prática,
das políticas já existentes. São estes os princípios básicos de cidadania, indispensáveis a que se
caminhe rumo a uma sociedade mais igualitária onde se verifique :
• um idêntico peso de homens e mulheres nas diferentes categorias profissionais, das mais
qualificadas às de base,
• processos não discriminatórios de recrutamento de mulheres e homens,
• progressiva atenuação da associação de determinadas categorias profissionais
maioritariamente aos sexos masculino ou feminino
• equivalente valor das remunerações de homens e mulheres,
• idêntico acesso a acções de formação profissional e educação ao longo da vida,
• situações contratuais equivalentes para mulheres e homens, e
• plena utilização das licenças de maternidade, paternidade e parentais, por parte de ambos os
progenitores.
A promoção da igualdade de género é uma responsabilidade partilhada entre diversas agências. Para
ela concorrem, nomeadamente, organizações governamentais e organizações que emanam da
sociedade civil. Entre as primeiras, destacam-se as organizações supra-nacionais (particularmente a
União Europeia, através da sua Estratégia Europeia para o Emprego, e respectivos programas
adjacentes de que, desde finais da década de 1990, se destacaram o Plano Nacional de Emprego, o
Plano Nacional para a Igualdade, o Plano Nacional para a Inclusão, para além dos programas
FSE/EQUAL e POEFDS) com um papel fundamental na formalização das políticas de promoção da
igualdade. Por outro lado, em contexto nacional, o estado português, através não só do governo, mas
também do poder local e autárquico e das comissões estatais para a promoção da igualdade (como a
CITE, Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, ou a CIDM, Comissão para a Igualdade
e os 13 Direitos das Mulheres), tem um papel fulcral que é o de transpor e adaptar para a legislação
nacional as directivas e os princípios acordados em sede europeia, fiscalizando simultaneamente a
efectiva aplicação, na prática, das medidas vigentes.
Finalmente, a sociedade civil tem um papel relevante na promoção de culturas, representações e
práticas favoráveis à igualdade de género, seja através do tecido empresarial, que deve aplicar a
legislação e promover culturas organizacionais não discriminatórias, seja através das organizações não
governamentais, da escola, dos meios de comunicação de massas, das famílias e dos próprios
indivíduos, que devem promover entre si e junto das gerações mais novas, sob sua responsabilidade
directa, uma socialização que vise uma efectiva igualdade de género.

AGENTES DE PROMOÇÃO DE IGUALDADE DE GÉNERO

O estado é um elemento fulcral na promoção da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres,


com um leque de actuações a diversos níveis. Podemos elencar alguns dos seus papéis, sumariados
em três grandes áreas:
(1) é através da acção governamental que se definem quadros legais que regem a família e o
trabalho;
(2) é ao estado que cabe a fiscalização e prevenção da discriminação;
(3) ao estado compete ainda a providência e o incentivo à criação de serviços de apoio à
conciliação trabalho-família, como infantários e outros serviços de proximidade.
Temos, assim, o estado como um elemento simultaneamente legislador, fiscalizador e provedor.
Por outro lado, poder-se-ia adicionar uma quarta função do estado a este nível: a promoção da
formação para a igualdade e a divulgação de boas práticas a este nível, por exemplo, através da
introdução, nos currículos de ensino, de módulos formativos em saberes domésticos e em cuidados
pessoais, para ambos os sexos.
Bibliografia e sites úteis:

CEDAW Rápida e Concisa: O Princípio da Igualdade Substantiva - YouTube

CEDAW Rápida e Concisa: o Princípio de Obrigação dos Estados - YouTube

CEDAW Rápida e Concisa: O Princípio da Não Discriminação - YouTube

Gender Responsive Climate Finance - YouTube

Resolução do Conselho de Ministros n.º 61/2018 - DRE

CEDAW4ALL – Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (plataformamulheres.org.pt)

CEDAW.pdf (cig.gov.pt)

Guia-CEDAW-_-Protocolo-Opcional_Cig.pdf

Convenção de Istambul (mai.gov.pt) - Convention 210 Portuguese.pdf

FolhetoInformativo_Pequim25.pdf (cig.gov.pt)

Plataforma de Ação de Pequim – Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres


(plataformamulheres.org.pt)

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ONU Portugal (unric.org)


https://www.otsh.mai.gov.pt/wp-content/uploads/TSH-IV_Plano_Nacional.pdf
https://www.cig.gov.pt/wp-content/uploads/2019/05/III-Plano-Nacional-de-A%C3%A7%C3%A3o-para-a-
Implementa%C3%A7%C3%A3o-da-RCSNU-1325-2019-2022.pdf
http://cite.gov.pt/asstscite/downloads/legislacao/RCM_61_2018.pdf
https://www.cig.gov.pt/wp-content/uploads/2018/01/Guia-CEDAW-_-Protocolo-Opcional_Cig.pdf
https://unric.org/pt/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel
http://www.cig.gov.pt/
http://www.cite.gov.pt
https://www.acm.gov.pt
http://www.cicdr. pt
https://unric.org
https://unric.org/pt/comissao-sobre-o-estatuto-da-mulher-debate-a-participacao-na-tomada-de-
decisoes-e-eliminacao-da-violencia-de-genero/
https://www.unwomen.org/en/csw
https://unfccc.int/gender
https://en.unesco.org/genderequality
https://www.ilo.org/global/topics/equality-and-discrimination/gender-equality/lang--en/index.htm
https://www.coe.int/en/web/genderequality/gender-equality-commission
https://www.coe.int/en/web/genderequality/gender-equality-strategy
https://eige.europa.eu/
https://fra.europa.eu/pt
https://www.europarl.europa.eu/about-parliament/pt
http://cite.gov.pt/imgs/downlds/Responsabilidade%20Social%20das%20Empresas.pdf

Você também pode gostar