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G – 5

Caderno de Resumos

Felipe Romão M. Oliveira 2019.2


[Página intencionalmente deixada em branco].

Sumário
Unidade I – A etapa MAIS IMPORTANTE.........................................................................................................................4
Globo ocular e visão....................................................................................................................................................8
Chikungunya............................................................................................................................................................8
Psoríase................................................................................................................................................................... 8
Abcesso................................................................................................................................................................... 9
Varicela.................................................................................................................................................................... 9
Politrauma...............................................................................................................................................................9
Lúpus....................................................................................................................................................................... 9
Hanseníase..............................................................................................................................................................9
Madarose................................................................................................................................................................9
Alopecia................................................................................................................................................................... 9
Alopecia Aerata.......................................................................................................................................................9
Alopecia total..........................................................................................................................................................9
Alopecia universal...................................................................................................................................................9
Calvicie.................................................................................................................................................................... 9
Unidade I - Questionário.............................................................................................................................................9
Unidade I - Respostas................................................................................................................................................11
Unidade I – A etapa MAIS IMPORTANTE

“A importância da relação pessoal estreita entre


médico e paciente deve ser enfatizada de maneira
muito forte, pois, em um número
extraordinariamente grande de casos, tanto o
diagnóstico quanto o tratamento dependem
diretamente dela. Uma das qualidades essenciais
do médico é o interesse pelo ser humano, pois o
segredo da assistência ao paciente está em assistir
o paciente.” — Francis W. Peabody, 21 de outubro
de 1925, Palestra na Harvard Medical School.

A tirinha e a fala do Dr. Francis W. Peabody (autor do “The Care of the Patient, 1927) ilustram bem o motivo de
frequentemente nas aulas, livros e literatura utilizadas no estudo da semiologia médica partirem do estudo de como
elaborar uma anamnese adequada.

Digo que mais do que ter tatuado na mente os oito seguimentos da história médica formal, devemos ter consciência
de que o paciente é uma unidade humana dotada das mais diversas origens e nuances sociais, familiares e culturais
e, portanto, dotado de direito de reconhecimento como indivíduo.

A grande maioria dos pacientes é ansiosa e cheia de temores, para oferecer uma boa assistência é necessário então
que a figura médica transpareça confiança e empatia, sem jamais parecer arrogante ou displicente, pensando nisso
devemos nos atentar sempre quanto a nosso comportamento verbal e não verbal, manter distancia apropriada do
paciente, posição física e postural adequada manter contato ocular enquanto o paciente está falando e procurar não
interrompe-lo sem necessidade, por vezes podemos entrevistar pacientes mais prolixos, nestas ocasiões devemos
nos atentar para guiar entrevista clinica de forma coesa e quando necessário, retomar de forma educada e
respeitosa a direção da ‘conversa com nosso paciente’.

E que nunca esqueçamos que para que se faça uma boa anamnese é necessário que tenhamos como pré requisito
o desejo de ser útil ao outro.

Há um ditado popular que diz que a primeira impressão é a que fica, pois bem, no primeiro contato é justamente
onde encontramos a melhor possibilidade para iniciarmos um estabelecimento adequado da relação médico
paciente, e caso não nos aproveitemos disso estaremos expondo o paciente a um risco desnecessário, pois uma vez
que ele não se sinta confortável para fornecer seu relato, poderá omitir informações importantes para seu
diagnóstico e para o prognóstico de sua condição ou tratamento.

Ferramentas para uma boa anamnese sugeridas por Bates (2005):

Apoio – facilitação – reflexão – esclarecimento – confrontação – interpretação – respostas empáticas – silêncio.

~4~
Apoio: Afirmações de apoio em momentos de dúvidas frequentemente dão segurança a nossos pacientes para
seguirem com seus relatos, pois despertam confiança nos mesmos (Eu entendo, eu compreendo...)

Facilitação: por meio principalmente da atitude não-verbal, promove encorajamento ao paciente, pois indica que
estamos dando a devida atenção a ele, um olhar adequado ou um gesto como uma assertiva leve com a cabeça pode
ser interpretado pelo paciente como um sinal de que ele está sendo bem compreendido.

Reflexão: parece muito com a facilitação, mas com uma vantagem a mais, costuma funcionar bem com os pacientes
mais prolixos e mais interessados em narrar eventos paralelos do que as queixas principais propriamente ditas. A
reflexão consiste na repetição das palavras que julgamos mais significativas para a anamnese.

Esclarecimento: É a melhor definição possível de um evento referido pelo paciente. Um ótimo exemplo é a tontura,
pois é um sintoma inespecífico que pode ser relatado para descrever diversas sensações. Podemos nos usar de
perguntas chave para melhor definirmos o significado deste achado (O sr(ª). Sentiu a sensação da cabeça girando?
Chegou a desmaiar ou teve sensação de desmaio?...).

Confrontação: É comum muitas vezes o paciente afirmar algo, mas uma observação atenta de sua postura corporal
ou de atitude claramente mostrar o contrário, nestes momentos devemos confrontar o paciente e seu relato pode
mudar drasticamente por isso (Ex. O Sr(ª )está dizendo que está tudo bem, mas está chorando...).

Interpretação: MUITO IMPORTANTE, o médico deve observar e fazer uma observação verbal a partir do relato ou de
sua observação da atitude do paciente. Ex. J. 72 anos, tinha uma extensa massa abdominal e sinal de Troisier positivo
(6cmx 3cm), mas ao exame encontrava-se muito ansiosa por conta da coloração amarelada em unha do hálux
(onicomicose?)

Resposta empática: é uma intervenção demonstrando empatia, no exemplo anterior o médico disse: Eu posso notar
que a Sra. D. J. está muito preocupada com a sua unha, mas neste momento é necessário que a gente dê um pouco
mais de atenção para o que está acontecendo na barriga da senhora para depois a gente conseguir ver essa unha
com mais calma. O efeito de uma resposta empática quase sempre é um paciente que se sente bem assistido,
compreendido e respeitado. No entanto deve-se ter cuidado: gestos ou palavras empáticas por vezes podem
desencadear reações inesperadas.

Silêncio: Há momentos onde o silêncio deve ser empregado na entrevista, mais do que apenas reconhecer os
momentos em que o paciente se emociona ou chora, reconhecer quando o silêncio se faz necessário é uma
habilidade que só é desenvolvida com o treino.

Guia de Entrevista Clinica ou Meu resumo pessoal de anamnese

1° Apresente-se nominalmente (já vi gente chegar no leito dizendo “O que é que o senhor tá sentindo?” antes
mesmo de perguntar o nome do paciente ou se apresentar...);

2° Cumprimente o paciente e explique o que vai fazer;

3° Assegure a privacidade e o conforto do paciente;

4° Encoraje o paciente a narrar sua história;

5° Organize os fatos cronologicamente;

6° Sintetize os dados relevantes;

7° EXPLIQUE SEMPRE O QUE VAI FAZER, ESPECIALMENTE QUANDO FOR TOCAR O PACIENTE;

8° Sempre utilize roupas adequadas (uniforme ou jaleco);

~5~
Lembre-se o objetivo da anamnese é que o médico (e os demais profissionais envolvidos no cuidado daquele
paciente) compreenda o que está ocorrendo, e que o paciente se sinta acolhido, fortalecendo o vínculo médico-
paciente.

Agora descreveremos os 8 tópicos que conformam a história médica formal e iremos construindo passo a passo
uma anamnese!

IDENTIFICAÇÃO:

NOME – É fundamental tratar o paciente por seu nome, mas devemos cuidar de utilizar apenas suas iniciais para
preservar a privacidade do paciente;

IDADE – Em anos, (dd/mm/aaaa); GÊNERO – Masculino ou Feminino;

COR DE PELE – Branca, Preta, Parda, Vermelha e Amarela, é comum encontrarmos dificuldade (em função da grande
miscigenação) em estabelecer a cor de pele do paciente;

ESTADO CIVIL – Solteiro, Casado, Viúvo, Separado e Divorciado. (Em caso de união estável deve-se assinalar
“Solteiro” na IDENTIFICAÇÃO e colocar a informação conjugal na HISTÓRIA DA PESSOA);

NACIONALIDADE – País de origem (maior incidência de certas doenças em certos países);

NATURALIDADE – Cidade/Estado onde nasceu (paciente pode ter nascido em local endêmico ou sujeito a endemias);

RESIDÊNCIA – Cidade/Estado/Bairro onde reside (paciente pode residir em local endêmico ou sujeito a endemias);

PROFISSÃO E OCUPAÇÃO – Se aposentado colocar ultima profissão e perguntar se realiza algum tipo de atividade
ocupacional (é comum que alguns pacientes relatem que são aposentados, mas que exercem ‘bicos’ nas mais
variadas atividades...)

IDENTIFICAÇÃO: A.T.M; 29 anos (nasc. 18/03/1991); Pardo; Solteiro; Brasileiro; Natural e residente da cidade do
Rio de Janeiro/RJ, Bairro: Portuguesa (Ilha do Governador); Desempregado, anterior: Contador.

QUEIXA PRINCIPAL:

É o que motivou a visita do paciente, deve ser transcrita nas palavras do paciente e entre aspas duplas. Se admitem
até três queixas principais, haja vista que é a partir destas queixas que guiaremos a entrevista.

IDENTIFICAÇÃO: A.T.M; 29 anos (nasc. 18/03/1991); Pardo; Solteiro; Brasileiro; Natural e residente da cidade do
Rio de Janeiro/RJ, Bairro: Portuguesa (Ilha do Governador); Desempregado, anterior: Contador.

QP: “Dor no pé da barriga e febre”

HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL ou HDA:

Início – Sequência temporal – Quantidade e qualidade dos sintomas – Fatores agravantes e atenuantes – sintomas
associados – medicações em uso atualmente e outros dados relevantes.

~6~
Redação das queixas do paciente, a partir de um ou mais sintomas guia descrevemos sua localização, irradiação,
intensidade, qualidade, forma de aparecimento, se há outros sintomas associados, seus fatores agravantes e de
alívio, sua evolução (tomando cuidado em deixar claro o ritmo e período) e duração, por ultimo, podemos descrever
o tipo de terapêutica (frequentemente as medicações em uso atuais).

IDENTIFICAÇÃO: A.T.M; 29 anos (nasc. 18/03/1991); Pardo; Solteiro; Brasileiro; Natural e residente da cidade do
Rio de Janeiro/RJ, Bairro: Portuguesa (Ilha do Governador); Desempregado, anterior: Contador.

QP: “Muita dor no pé da barriga e febre”

HDA: Paciente admitido na emergência relata que a dois dias iniciou dor em cólica em região periumbilical de
intensidade moderada (4+/10+), anorexia e leve náusea, a qual relatou como “ânsia de vômito” a qual tratou
com metoclapramida. Há aproximadamente 4 horas, evoluiu com migração da dor para quadrante inferior direito
do abdome e exacerbação (8+/10+), relata que o quadro álgico se agrava ao andar ou mover-se e com leve
atuação dos sintomas ao decúbito dorsal, Tax. 38.1°C aferida em casa e ao ser admitido no serviço de
emergência.

Paciente mantem as mãos cruzadas sobre a espinha ilíaca anterosuperior direita ocupando praticamente todo o
quadrante inferior direito.

ANAMNESE DIRIGIDA ou AD:

AD (Há quem prefira chamar essa parte de Revisão de sistemas ou ainda de Interrogatório clínico...) é um conjunto
de perguntas fechadas que devemos usar de nosso bom senso para não torna-la extensa demais a ponto de cansar o
paciente e prejudicar as demais etapas da entrevista e exame físico e ao mesmo tempo não esquecer de perguntar
nada que possa ser importante para a saúde e cuidado do paciente.

GERAL: Peso (ganho ou perda), Febre, Astenia (fraqueza), Fadiga (cansaço), sudorese, calafrios.

PELE E FÂNEROS: Alterações recentes na textura ou aparência (pele, unhas ou cabelos), erupções, tumorações,
úlceras, e história de tratamento dermatológico.

ENDÓCRINO*: Intolerância recente ao frio/calor; sede, fome ou volume urinário excessivo.

HEMATOLÓGICO*: anemia, sangramentos, dor óssea, equimoses, hemofilia ou história de trombose.

NEUROLÓGICO: Cefaleia, convulsões, perda de memória, dificuldade de concentração, paralisia, dormência,


tremores, movimentos involuntários, tonteiras, desmaios, alterações de fala ou compreensão.

PSIQUIÁTRICO**: Nervosismo, distúrbios do sono (insônia/hipersonia), ansiedade, tristeza excessiva, tendência


suicida ou homicida.

CABEÇA E PESCOÇO:

Olhos: alterações da acuidade visual; borramento de visão; visão dupla; olhos vermelhos ou dolorosos; história de
glaucoma ou catarata;

Ouvidos: hipoacusia; otalgia; vertigens; corrimentos ou zumbidos;

Nariz: aumento recente na frequência de resfriados; coriza; epistaxe; história de sinusite;

Boca e Garganta: úlceras de língua ou boca; rouquidão; condição dos dentes e gengivas; sangramento gengival;
sialorréia; amigdalite; sialorreia; sialosquese;

~7~
CARDIORESPIRATÓRIO: HAS.; sopros; tosse; expectoração; hemoptise; sibilos; asma; DPOC; pneumonia;
tuberculose; dispneia; ortopneia; taquipneia; bradipneia; dor torácica; sudorese noturna; precordialgia; cianose;

CIRCULATÓRIO: Varizes; flebites; isquemias agudas ou crônicas; trombose; embolia;

MAMAS: Mastalgia; mastite; desconforto; nódulos; secreção; autoexames; biópsias ou aspirações por agulhas
prévias;

GASTROINTESTINAL: Diarreias; náuseas; vômitos; diarreias; disfagias; regurgitação; hematêmese; melena;


evacuações (tipo e frequência, alterações de hábitos intestinais, constipação, aparência das fezes...), icterícia; ascite;
história de doença hepática ou da vesícula biliar; hérnias; intolerâncias alimentares recentes; pirose; digestão;
apetite; hemorroida; tenesmo;

GENITOURINÁRIO: polaciúria; disúria; anúria (<100mL/dia); oligúria (<400mL/dia); poliúria (>2500mL/dia);


hematúria; redução do calibre ou força do jato; colúria; incontinência; infecções; litíase; gotejamento; nictúria;
polidipsia; edema facial; DST’s;

GENITAL MASCULINO: História de lesões; orquialgia; aumento de volume testicular; úlcera peniana; DST’s; massas
testiculares; ereções (DSE; priapismo); libido; hérnias; secreções; preferencias sexuais; função; satisfação ou queixas
sexuais;

GENITAL FEMININO: Menstruação; Data da última menstruação (DUM); gestações; leucorreia; prurido; sangramento
pós ato sexual; DST’s; abortos (espontâneos e provocados); lesões; história de anticoncepcionais; nódulos;

MUSCULOESQUELÉTICO: parestesia (formigamentos); paresia (diminuição de força); paralisia; tremores; fraquezas;


dor; rigidez; artrites; história de gota;

* Normalmente faço estas perguntas junto a HPP

** Atualmente, quando necessário, faço apenas uma pergunta: “Você alguma vez já se sentiu estranho, assim se achando muito importante
ou com muita vontade de namorar, ou muito triste, já pensou em se matar?” – mas nem sempre realizo AD – psíquica.

HISTÓRIA PATOLÓGICA PREGRESSA ou HPP:

Perguntar a respeito das doenças e intercorrências médicas mais comuns:

Tuberculose (TB); Doença coronariana isquêmica (DCI); Hipertensão arterial sistêmica (HAS); Diabetes mellitus (DM);
História de CA; Linfoma ou Leucemia linfocítica aguda; hepatites (virais- A, B, C, D ou E; hepatite tóxica e
medicamentosa, esteato-hepatite não alcoólica); Doença tireoidiana; hiperglicemia; história de anemia; DST’s;
Alergias (medicamentos, alimentos, entre outros.)

(Perguntar “O Sr.(ª) Já apresentou alguma reação alérgica a penicilina ou algum outro medicamento? ”)

Internações; Cirurgias; Traumas; Transfusões sanguíneas (datas, reações a produtos sanguíneos);

(perguntar datas, razões e resultados)

HISTÓRIA FISIOLÓGICA ou HFis.

Condição de nascimento: parto transvaginal ou cesariana, a termo ou prematuro, se necessitou de uso de fórceps ou
se houve alguma complicação, malformações congênitas; aleitamento;

Desenvolvimento: inicio da marcha, fala, dentição, aproveitamento escolar, desenvolvimento psicomotor,


puberdade, sexarca, desenvolvimento de caracteres sexuais secundários.

~8~
Pacientes pediátricos: Condições de nascimento e desenvolvimento são mais importantes.

Vacinação

Mulheres: Ciclo menstrual (catamênios), n° de gestações Gesta e para (G?/P?/A?), partos (vaginais ou cesarianas),
abortos (espontâneos ou provocados), menopausa.

HISTÓRIA FAMILIAR ou HFam.

Parentes vivos ou mortos: estado de saúde, idade ocupação dos familiares e motivo da morte, conforme cada caso
(se paciente adulto: pais, irmãos e filhos. se criança: avós, pais e irmãos);

Doenças a serem notadas: diabetes, cardiopatias, hipercolesterolemia, hipertensão arterial sistêmica (HAS), acidente
vascular cerebral (AVC), anemias, hemofilia, nefropatias, tuberculose (TB), câncer (CA), asma, cefaleia, epilepsia,
história de doença mental, artrite, toxicomania, alcoolismo, sintomas semelhantes aos atuais do paciente
(particularmente neste caso, devemos perguntar a respeito de demais pessoas que morem na mesma casa, os
achados são importantes para o contexto de doenças infectoparasitárias), doenças autoimunes.

HISTÓRIA SOCIAL ou HS

Tipo de moradia, com quantas pessoas habita, hábitos de higiene, condições de acesso a água e saneamento básico,
animais domésticos, vetores peridomiciliares, viagens recentes, Hábitos sexuais (uso de preservativos e métodos
contraceptivos, n° de parceiros por ano), Hábitos alimentares, tabagismo (maços/ano), etilismo, drogas, nível de
stress no trabalho e pessoal.

CÁLCULO DA CARGA TABÁGICA

Cálculo da Carga Tabágica = Quantidade de maços por dia x Anos de tabagismo.

É a ferramenta clássica para o cálculo de carga tabágica em maços-ano, baseado no número de maços fumados
por dia pelo número de anos de tabagismo ativo.

Indicação de uso: Todo paciente tabagista.

Como interpretar? Não existem valores seguros para o consumo de cigarro. Valores acima de 20 maços-ano
aumentam consideravelmente o risco para doenças tabaco-relacionadas, como DPOC e o CA de pulmão.

A principal limitação da ferramenta é que não existe uma correlação clara entre as doses de tabaco contidas nas
diferentes formas de consumo, como charutos, cachimbo, fumo de rolo, cigarros de palha, etc. Essa fórmula
serve apenas para o cálculo do consumo de cigarros.

~9~
ECTOSCOPIA E SINAIS VITAIS

Vamos falar agora um pouco sobre os tipos de formato de crânio.

A forma do crânio é um parâmetro importante de ser observado já ao inicio do exame físico, na fase de inspeção.

Podemos ver ao lado fotografias de crianças com


microcefalia, que é um achado clínico muito
importante, vale lembrar que recentemente o Brasil
passou por um surto de microcefalia relacionada a
infecção de gestantes com o vírus da Chikungunya e
Zika. Existem diversos padrões de alterações no
formato e tamanho de crânio como a macrocefalia,
mas a mais abordada em provas e concursos é
justamente a microcefalia.

Ao realizar a inspeção devemos sempre observar o volume do crânio e se o paciente que estamos examinando
possui alguma lesão nesta região.

Quanto ao volume, podemos notar nas imagens, um paciente que possui hidrocefalia, condição onde há um
acumulo de líquido aumento anormal do fluido cefalorraquidiano dentro da cavidade craniana, acompanhado de
expansão dos ventrículos cerebrais, alargamento ósseo, sobretudo da testa, e atrofia encefálica, de que resultam
deficiência mental e convulsões.

~ 10 ~
Outro importante achado na inspeção são
possíveis lesões que podem estar relacionadas
com doenças infectocontagiosas, como a varicela
ou em outro exemplo, um abcesso no couro
cabeludo.

Cicatrizes e abaulamentos devem ser avaliados de forma concomitante durante a inspeção do crânio de nossos
pacientes.

Abaulamentos são apresentados como


podemos ver na imagem a seguir, onde há
um importante abaulamento na região
parietal e frontal esquerda de um paciente
vitima de politrauma decorrente de
acidente de moto.

O couro cabeludo também é uma importante área de inspeção de lesões e alterações,


principalmente dermatológicas como no exemplo ao lado, alterações características da
psoríase (imagem a esquerda e abaixo, em região occipital), além da presença de caspa
(imagem a esquerda e acima).

Junto a inspeção do couro cabeludo, devemos observar os cabelos, quanto a


presença de ectoparasitas como na imagem ao lado, onde observamos ovos de
Pediculus humanus var. capitis.

Outras alterações importantes nos cabelos devem ser observadas, como o sinal
da bandeira, que é uma rarefação dos cabelos com frequente alteração na
coloração dos mesmos para tons mais acastanhados, é um sinal
frequentemente relacionado com desnutrição energética protéica ou
Kwashiorkor.

Ao inspecionar os cabelos, sempre observamos sua implantação, como na figura ao lado,


onde o paciente apresenta uma rarefação maior expondo o couro cabeludo, a alopécia.

~ 11 ~
Nas demais figuras observamos, calvicie e alopécia aerata.

É importante ter em mente que algumas doenças podem apresentar o quadro de alopécia, por exemplo, em
mulheres o quadro de alopécia costuma cursar com um quadro de lúpus, então quando vemos um paciente do sexo
feminino com alopecia, devemos pensar na possibilidade de lúpus.

A alopecia pode se apresentar também como


alopecia total, que é quando o paciente não possui
nenhum crescimento de pelos ou cabelos além das
sobrancelhas, ou ainda como alopecia universal,
que é quando o paciente não possui nem mesmo a
sobrancelha.

Com relação as sobrancelhas, um sinal que devemos


observar é a madarose, que é uma rarefação das
sobrancelhas, este sinal é importante, porque possi relação
com a hanseníase.

Globo ocular e visão

Abordaremos inicialmente as pálpebras, um termo muito comum na rotina médica é o da ptose palpebral, que
significa exatamente a queda da pálpebra, podendo ocorrer unilateral como bilateral, sendo que é mais comum que
este achado se apresente de forma unilateral.

Quando nos deparamos com uma ptose palpebral unilateral, a primeira coisa que devemos ter em mente é lesão do
III par craniano (n. oculomotor), a lesão deste nervo é importante pois ele é responsável pela inervação do musculo
elevador da pálpebra,

~ 12 ~
Microcefalia

Hidrocefalia

Desnutrição energética protéica (DEP)

Kwashiorkor

Chikungunya e Zika.

Psoríase

Abcesso

Varicela

Politrauma

Lúpus

Hanseníase

Madarose

Alopecia

Alopecia Aerata

Alopecia total

Alopecia universal

Calvicie

Unidade I - Questionário

1 - Aponte a alternativa que apresenta em um paciente vítima de acidente automobilístico, sinais de fratura de
base de crânio.

~ 13 ~
A) Fratura de osso zigomático.

B) Hemorragia subconjuntival.

C) Rinorragia.

D) Otorragia.

2 - Qual o valor, em centímetros, para diagnosticar um recém-nascido com microcefalia?

A) Menor 28 cm.

B) Menor 30 cm.

C) Menor 32 cm.

D) Menor 34 cm.

3 - O que significa respectivamente o sinal do guaxinim e sinal de Batlle?

A) Equimose periorbital e retroauricular

B) Rinorragia e otorragia

C) Dor à compressão da maxila e da região pré-auricular

D) Hemoptise e rinorragia precedidas por histórico de trauma

4 - Qual nome se dá a uma rarefação acentuada de cabelo em uma paciente?

A) Alopecia

B) Madarose

C) Alodínia

D) Disfonia

5 - Qual o nome da última fontanela a se fechar no recém-nascido?

A) Mastóidea

B) Lambdóidea

C) Esfenoidal

D) Bregmática

~ 14 ~
6 - Durante o exame físico da cavidade oral de uma paciente de 26 anos, o médico nota presença de ulceração
aftosa em mucosa labial, o que levantou a hipótese de algumas doenças, exceto:

A) Lúpus Eritematoso Sistêmico

B) Doença de Crohn

C) Doença de Behçet

D) Síndrome dos Ovários Policísticos

E) Sífilis primária

Unidade I - Respostas

1–D

Dentre os sinais classicamente descritos de fratura de base de crânio estão hemorragia periorbitária (sinal do
Guaxinim), hemorragia retrorbitária (sinal de Batlle), edema de papila óptica (papiledema), fístula liquórica,
hemotímpano, otorragia, otorréia liquórica, rinorréia liquórica, paralisia facial e perda de audição.

2–C

Segundo a OMS, o diagnóstico de microcefalia, em recém nascidos após 37 semanas para homens, a medida será
igual ou inferior a 31,9 cm e, para mulheres, igual ou inferior a 31,5 cm. Aproximadamente, 32cm.

3–A

A alternativa A descreve de forma sucinta o que são os devidos sinais. Esses dois sinais fazem parte de um grupo
de sinais e sintomas que sugerem uma fratura de base de crânio em uma paciente vítima de trauma.

4–A

Alopecia : redução parcial ou total de pelos ou cabelos em uma determinada área de pele

Madarose : perda do terço lateral da sobrancelha

Alodínia : sensação de dor ao receber um estímulo tátil que normalmente não provoca dor

Disfonia : dificuldade ou alteração na fonação (rouquidão mais comumente)

5–D

As fontanelas esfenoidal e mastoidea (2 pares) se fecham logo cerca do nascimento. A posterior ou lambdóidea
fecha-se aos 2 meses de idade e a anterior ou bregmática dos 12 aos 18 meses de idade.

6–D

~ 15 ~
Dentre as doenças citadas acima, a única que não causa ulceração aftosa em mucosa labial é a Síndrome dos
Ovários Policísticos, todas as demais podem causar úlceras orais. Vale lembrar que um dado importante na
anamnese desse caso seria questionar se as ulcerações são dolorosas, o que facilitaria a diferenciação entre as
possíveis causas.

~ 16 ~

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