Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vice-Reitor
Rafael Frederico Henn
Pró-Reitor Acadêmico
Rolf Fredi Molz
Pró-Reitor Administrativo
Dorivaldo Brites de Oliveira
EDITORA DA UNISC
Editora
Helga Haas
COMISSÃO EDITORIAL
Helga Haas - Presidente
Adilson Ben da Costa
Carlos Renê Ayres
Cristiane Davina Redin Freitas
Hugo Thamir Rodrigues
Marcus Vinicius Castro Witczak
Mozart Linhares da Silva
Rudimar Serpa de Abreu
Dados eletrônicos.
Modo de acesso World Wibe Web: www.unisc.br/edunisc
Demais organizadores: Vanessa Ribas Fialho, André Firpo
Beviláqua, Alan Ricado Costa.
Inclui bibliografias.
ISBN 978-65-990443-7-3
APRESENTAÇÃO
Os organizadores....................................................................................12
Parte 1:
CALL, CAOS E COMPLEXIDADE
Parte 3:
TECNOLOGIA E (PÓS-)HUMANIDADE
SOBRE OS AUTORES.......................................................................252
10 ANOS DE JORNADA DE ELABORAÇÃO DE
MATERIAIS, TECNOLOGIA E APRENDIZAGEM DE
LÍNGUAS: ESTADO DA ARTE
1 INTRODUÇÃO
Desde sua primeira edição, em 2011, a Jornada de Elaboração
de Materiais, Tecnologia e Aprendizagem de Línguas (JETAL) vem
se consolidando como um evento acadêmico anual com foco no
que se convencionou chamar CALL (Computer-Assisted Language
Learning, ou Ensino de Línguas Mediado por Computador) e MALL
(Mobile-Assisted Language Learning), campos interdisciplinares
situados na seara da Linguística Aplicada (LA). A JETAL é um
espaço de diálogo horizontal e compartilhamento direto de estudos
em CALL/MALL1 desenvolvidos a partir de conexões entre grupos
de pesquisa de diferentes universidades, sobretudo do sul do Brasil.
Com relação ao crescimento nacional de interesse por
CALL, concordamos com Reis (2008, p. 2): “é preciso olhar para as
produções acadêmicas publicadas, a fim de verificar o que já tem
sido feito e quais resultados já foram obtidos nessa área”. Para a
autora, temos como algumas das principais medidas para fortalecer
e dar credibilidade à área de CALL: (1) publicar mais as pesquisas
realizadas, e (2) entender o que se pesquisa, como se investiga e quais
resultados já foram obtidos no campo em questão (REIS, 2008; 2010).
No presente texto, interpretamos a JETAL como um evento
que, ao chegar a sua décima edição, consolida-se enquanto evento
representativo de CALL no país e que, por conseguinte, pode
contribuir para pensarmos de onde viemos e para onde vamos, em
termos de pesquisa sobre ensino de línguas mediado por tecnologias
em geral. Assim, realizamos o presente estudo de estado da arte da
JETAL, visando a contribuir não só com uma avaliação do evento
em si, mas também com o preenchimento de lacunas na agenda do
20
4 METODOLOGIA
Esta é uma pesquisa bibliográfica de estado da arte
(FERREIRA, 2002), desenvolvida a partir de uma análise de corpus,
composto pelos resumos das comunicações orais de estudos
apresentados ao longo das nove edições da JETAL (de 2011 a
2019). Tais resumos constam nos Cadernos de Resumos da JETAL,
já publicados e disponíveis nos websites de cada edição do evento,
e foram analisados sob uma perspectiva qualitativa (PAIVA, 2019).
No referido corpus, alguns resumos foram desconsiderados, a
saber: (a) os resumos que apenas introduziam os simpósios temáticos,
(b) os resumos de palestras, (c) os resumos das participações em
mesas-redondas e (d) o resumo de introdução da modalidade
de apresentação de investigação intitulada “Minha Pesquisa em
3 Minutos” (MP3M), implementada na IX JETAL. Estes foram
desconsiderados porque, de modo geral, não contam com seções
e movimentos retóricos típicos do gênero acadêmico “resumo”
(MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010). Desse modo, optamos por
avaliar os resumos das comunicações orais que compuseram os
simpósios em função de eles idealmente apresentarem objetivos,
referencial teórico, metodologia e síntese dos resultados da pesquisa
realizada, entre outras informações pertinentes. Ao todo, esta
pesquisa abarca a análise de 236 resumos, assim divididos quanto às
edições do evento: 16 resumos de 2011; 33 de 2012; 26 de 2013; 22
de 2014; 27 de 2015; 35 de 2016, 24 de 2017; 26 de 2018 e, por fim,
27 de 2019.
Considerando estudos prévios de estado da arte (e.g.
FERREIRA, 2002; PAIVA; SILVA; GOMES, 2009), a análise realizada
contou com a leitura do gênero “resumo”, incluindo título e palavras-
chave. Evidentemente, não desconsideramos que tal gênero conta
com suas potencialidades e limitações (FERREIRA, 2002). Com
25
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A seguir, organizamos nossos resultados e discussões a partir
dos 3 critérios de análise já apresentados: (1) gênero da pesquisa, (2)
abordagem e (3) perspectiva teórica.
5.1 Gênero
Segundo Paiva (2019), em relação ao gênero, as pesquisas
podem ser classificadas como “teóricas”, “metodológicas”, “práticas”
ou “empíricas”.
Pesquisas
práticas Pesquisas Apresen- Não con-
Total de Pesquisas
Ano metodo- tações de seguimos
trabalhos (e teóricas
lógicas projetos classificar
empíricas)
2011 16 5 | 31,25% 4 | 25% - 6 | 37,5% 1 | 6,25%
2012 33 20 | 60,6% 8 | 24,2% - 2 | 6% 3 | 9%
2013 26 15 |57,7% 7 | 27% - 1 | 3,8% 3 |11,5%
2014 22 12 |54,5% 3 | 13,6% - 3 | 13,6% 4 | 18%
2015 27 19 | 70,3% 5 | 18,5% - 2 | 7,4% 1 | 3,7%
2016 35 28 | 80% 1 |2,8% - 5 |14,3% 1 |2,8%
2017 24 15 | 62,5% 3 | 12,5% 1 | 4,1% 2 | 8,3% 3 | 12,5%
2018 26 14 | 53,8% 8 | 30,8% - 3 | 11,5% 1 | 3,8%
2019 27 14 | 51,8% 3 |11,1% - 6 |22,2% 4 | 14,8%
Total 236 142 42 1 30 21
Fonte: dos autores.
5.2 Abordagem
Paiva (2019) observa que as pesquisas podem ser de
abordagem quantitativa, qualitativa ou mista. Sabemos que, de
forma geral, as investigações em LA no Brasil tendem a adotar mais a
perspectiva qualitativa, que se desdobra em muitos métodos, como a
pesquisa bibliográfica, o estudo de caso, a pesquisa-ação, a etnografia,
32
ABORDAGEM
Total de Não
Ano Quantitativas Qualitativas Mista
resumos explicita
2011 16 - 1 | 6% - 15 | 94%
2012 33 - 4 | 12% 2 | 6% 27 | 82%
2013 26 - 3 | 12% - 23 | 88%
2014 22 - 4 | 18% 1 | 5% 17 | 77%
2015 27 - 10 | 37% - 17 | 63%
2016 35 - 10 | 28,6% - 25 | 71,4%
2017 24 - 6 | 25% - 18 | 75%
2018 26 - 15 | 57,7% - 11 | 42,3%
2019 27 - 13 | 48% - 14 | 52%
Total 236 - 66 3 167
Fonte: dos autores.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste estudo de estado da arte, podemos sinalizar
tendências e caminhos possíveis de CALL no Brasil, e contribuir
com a JETAL a partir de uma avaliação do evento.
No tocante ao que fizemos, fazemos e podemos vir a fazer em
CALL, analisamos os resumos de trabalhos apresentados na JETAL.
Com base em nossos dados, destacamos: (1) quanto ao gênero, as
pesquisas “práticas/empíricas” são as mais populares, seguidas das
“pesquisas teóricas”. Futuras “pesquisas metodológicas” podem ser
desenvolvidas, visando a contribuir com procedimentos e métodos
de investigação em CALL; (2) quanto à abordagem metodológica,
confirmamos a preferência pelo prisma qualitativo, que é próprio
da LA no país. Além disso, as técnicas de pesquisa bibliográfica e
etnográfica foram algumas das mais usuais; (3) quanto às teorias
de suporte, o Pensamento Complexo confirma-se como o suporte
teórico mais recorrente, seguido da perspectiva teórica dos estudos
de letramentos, principalmente os letramentos digitais e críticos, os
mais mencionados.
No que concerne à avaliação da JETAL, nossas análises
possibilitam conjecturas para a organização das próximas edições do
evento, uma vez que analisamos as práticas dos participantes através
dos Cadernos de Resumos. Pensamos ser positivo para o evento
um espaço para wokshops, para a apresentação de ferramentas e
aplicativos para a aprendizagem de línguas, e outro espaço, para a
apresentação de projetos, de pesquisa ou extensão.
Ainda sobre encaminhamentos, pode ser pertinente destacar,
na chamada de trabalhos das futuras edições, a importância da
presença dos movimentos retóricos mais representativos da pesquisa
no resumo, tais quais método e teoria, por exemplo. Reforçamos que
tal encaminhamento não se alinha a uma insinuação de que faltam
41
NOTAS
REFERÊNCIAS
CHAPELLE, C. CALL in the year 2000: still in search of research
paradigms? Language Learning and Technology, vol. 1, n. 1, p. 19–
43, 1997.
DE GRANDE, P. B. O pesquisador interpretativo e a postura ética
em pesquisas em Linguística Aplicada. Eletras, vol. 23, n. 23, p. 11-
27, 2011.
FERREIRA, N. S. A. As pesquisas denominadas “estado da
arte”. Educação & Sociedade, vol. 23, n.79, 2002, p. 257-272.
KERR, D. M.; CARVALHO, A. R. A pesquisa sobre órgão no Brasil:
estado da arte. Per Musi, vol. 12, p. 25-37, 2005.
LEFFA, V. J. A aprendizagem de línguas mediada por computador.
In: LEFFA, V. J. (org.). Pesquisa em Linguística Aplicada: temas e
métodos. Pelotas: Educat, 2006. p.11-36.
LEFFA, V. J. A Linguística Aplicada e seu compromisso com a
sociedade. In: VI Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada.
Belo Horizonte: UFMG, 2001.
LEFFA, V. J. Aprendizagem mediada por computador à luz da Teoria
da Atividade. Calidoscópio, São Leopoldo, vol. 3, n. 1, p. 21-30, 2005.
43