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BASE NACIONAL COMUM

CURRICULAR E SEUS
FUNDAMENTOS

Autoria: Débora Suzane Gomes Mendes

1ª Edição

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2019


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

M538b

Mendes, Débora Suzane Gomes

Base nacional comum curricular e seus fundamentos. / Débora


Suzane Gomes Mendes. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

145 p.; il.

ISBN 978-85-7141-354-2
ISBN Digital 978-85-7141-355-9
1.Base nacional comum curricular. - Brasil. II. Centro Universitário
Leonardo Da Vinci.

CDD 370.110981

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................5

CAPÍTULO 1
O Processo de Construção da Base
Nacional Comum Curricular (Bncc)............................................7

CAPÍTULO 2
O Processo de Tramitação, Aprovação
e Homologação da BNCC.............................................................51

CAPÍTULO 3
A Estrutura da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) Para a Educação Básica..........................105
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! O Livro de Estudos Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) e seus fundamentos tem como propósito analisar a matriz comum
curricular que determina a reformulação das propostas curriculares e ações
didáticas pedagógicas das escolas públicas e privadas do Brasil.

O livro está dividido em três capítulos, nos quais apresentamos objetivos,


conteúdos acerca da temática, atividades de estudo, sugestões de leitura e sites
para aprofundar o seu estudo.

No Capítulo 1, intitulado “O Processo de Construção da Base Nacional Co-


mum Curricular (BNCC)”, você compreenderá os conceitos e os principais marcos
legais do processo de elaboração da BNCC, assim como identificará a metodolo-
gia utilizada em sua produção e os efeitos da BNCC para a educação brasileira.

No Capítulo 2, que tem como título “O Processo de Tramitação, Aprovação e


Homologação da BNCC”, você identificará as mudanças implementadas na versão
atual da BNCC, analisando o processo de tramitação, aprovação e homologação
da BNCC e o processo de implementação da BNCC na educação brasileira.

No Capítulo 3, “A Estrutura da BNCC para a Educação Básica”, conhecerá


as determinações da BNCC para a educação infantil e o ensino fundamental,
identificando os avanços que a BNCC propõe para a educação infantil e para o
ensino fundamental.

Portanto, ressaltamos que os conhecimentos discutidos neste livro servirão


para capacitá-lo para atuar na educação como um professor atualizado e
consciente das mudanças que a educação brasileira tem enfrentado nos dias
atuais. Isso poderá permitir uma ação pedagógica mais eficiente em sua sala de
aula. Como consequência, poderá contribuir para elevar a qualidade do processo
de aprendizagem dos seus alunos e das condições da educação do nosso país.
C APÍTULO 1
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA
BASE NACIONAL COMUM CURRICU-
LAR (BNCC)

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� definir o que é a BNCC;

� conhecer o histórico da BNCC;

� identificar a metodologia utilizada para a construção da BNCC;

� avaliar a importância da BNCC para a educação do nosso país.


Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

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O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A sociedade atual se encontra em um momento de profunda mudança social,
cultural, política, educacional, dentre outras. A escola como parte fundamental
dessa sociedade não fica de fora desse processo de transição, pelo contrário,
para entendermos as alterações sociais dos dias de hoje é elementar direcionar
o nosso olhar para o espaço escolar, buscando compreender a construção das
propostas curriculares que compõem a formação dos estudantes brasileiros.

O currículo não se trata apenas de um documento, pelo contrário, tem o


poder de determinar as condições de acesso da educação nas escolas, aumentar
ou diminuir as desigualdades existentes na sociedade. Assim, em reconhecimento
a relevâncias das propostas curriculares para a educação básica, leis, decretos e
diretrizes, debatem a necessidade da construção de uma base comum curricular
para as instituições educativas do nosso país.

Essa base foi denominada de Base Nacional Comum Curricular (BNCC),


a matriz que determina as aprendizagens essenciais para a educação básica
do Brasil. Nesse sentido, é pertinente enquanto educadores (as) ou futuros
educadores (as) questionarmos: “O que é a BNCC?”, “Qual o seu objetivo para a
educação brasileira?”, “Quem irá construir a BNCC?”, “Qual a metodologia para
a elaboração da BNCC?”, “Quem iniciou o debate acerca de uma base comum
curricular na realidade educativa brasileira?”.

Ao longo deste capítulo apresentaremos o conceito, o histórico, a metodologia


de construção da BNCC, como também, identificar indícios de seus efeitos para
a educação brasileira. Convidamos você para aprender a respeito da construção
da BNCC, de modo que a nossa discussão poderá prepará-lo para atuar como
um professor que compreende as mudanças que estão sendo implementadas em
nossas escolas.

2 OS MARCOS LEGAIS DO
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA
BNCC NO BRASIL
Antes de adentrarmos na apresentação dos marcos legais da construção da
BNCC brasileira, é fundamental você compreender o conceito de currículo e a
necessidade educacional de uma base comum curricular para todos os estudantes

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Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

brasileiros. Por isso, de forma breve, iremos dialogar sobre esses assuntos para
uma melhor compreensão da BNCC brasileira.

“O lexema currículo, Iniciamos o nosso estudo analisando o conceito de currículo. Para


proveniente do Pacheco (2005, p. 35), “o lexema currículo, proveniente do étimo currere
étimo currere
(significa caminho, jornada, trajetória, percurso a seguir), encerra duas
(significa caminho,
jornada, trajetória, ideias principais: uma sequência ordenada, outra noção de totalidade
percurso a seguir), de estudos”. No entanto, o que é currículo? De acordo com Moreira
encerra duas (1997, p. 11), na educação, currículo é compreendido como um:
ideias principais:
uma sequência [...] instrumento utilizado por diferentes sociedades tanto para
ordenada, outra desenvolver os processos de conversação, transformação e
noção de totalidade renovação dos conhecimentos historicamente acumulados
de estudos”. como para socializar as crianças e os jovens segundo valores
tidos como desejáveis.

O currículo é um importante instrumento para o desenvolvimento da


educação, construído socialmente ao longo do tempo. Sacristán (2013, p. 20)
afirma que a função do currículo é a de normatizar os conteúdos escolares e as
práticas educativas no processo de ensino e aprendizagem, servindo como um
instrumento para serviço da escolarização:

[...] um instrumento que tem a capacidade de estruturar a


escolarização, a vida nos centros educacionais e as práticas
pedagógicas, pois dispõe, transmite e impõe regras, normas
e uma ordem que são determinantes. Esse instrumento e sua
potencialidade se mostram por meio de seus usos e hábitos,
do funcionamento da instituição escolar, na divisão do tempo,
na especialização dos professores e, fundamentalmente, na
ordem da aprendizagem.

Em concordância com Sacristán (2013), ressaltamos que a função do


currículo é a de orientar, segmentar, classificar os diversos conhecimentos que
integram a escolarização. Segundo Arroyo (2013, p. 13), “na construção espacial
do sistema escolar, o currículo é o núcleo e o espaço central mais estruturante da
função da escola”, pois é ele que estabelece uma ordem, organizando o conteúdo
da aprendizagem e do ensino dentro de um sistema escolar (SACRISTÁN, 2013).

Para ampliar os seus estudos sobre currículo, leia a obra


“Escritos Curriculares”, do autor José Augusto Pacheco (2005).

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O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR

FONTE: <https://www.colegiosaojoaquim.com.br/orientacao-
educacional/>. Acesso em: 8 nov. 2018.

Nesse processo de organização dos conteúdos e práticas escolares, eleger


determinados conhecimentos em detrimento de outros é um dos grandes desafios
do currículo, constituindo-se como uma das questões centrais dos estudos e das
pesquisas curriculares: “Qual conhecimento deve ser ensinado na educação
básica?”. A escolha dos conteúdos educativos não é uma decisão neutra, pois
envolve decisões culturais e políticas. Nesse sentido, Apple (2006, p. 50) ressalta
que:

Pelo fato de essa seleção e organização envolverem escolhas


sociais e ideológicas conscientes e inconscientes, a tarefa
primordial dos pesquisadores do currículo é relacionar esses
princípios de seleção e organização do conhecimento ao
ambiente institucional e interacional nas escolas e depois a um
âmbito mais amplo de estruturas institucionais que cercam as
salas de aula.

Podemos perceber, nas palavras do autor, que a organização curricular é


determinada por fatores internos da escola, como também por elementos sociais,
políticos e ideológicos. Tais elementos geram desigualdades entre a educação
para a classe trabalhadora e a classe burguesa, contribuindo para a exclusão
social, as desigualdades e a manutenção da dominação burguesa.

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Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Para você aprofundar os seus conhecimentos a respeito da


seleção dos conteúdos curriculares e as relações de poder, leia a
obra “Ideologia e Currículo”, de Michael Whitman Apple (2006).

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DO CURRÍCULO E AS IDEOLOGIAS

FONTE: <https://brechodocarioca.wordpress.com/2016/02/27/como-o-governo-quer-tirar-
filosofia-e-sociologia-do-curriculo-escolar-sem-voce-perceber/>. Acesso em: 8 nov. 2018.

Assim, surge a necessidade de pensarmos em uma nova organização


curricular que tenha por objetivo a formação integral de todos os cidadãos,
servindo como instrumento na diminuição das desigualdades no processo de
ensino e de aprendizagem da educação básica. Nesse contexto de garantia
de direitos, é fundamental uma base comum curricular para assegurar valores,
competências e conhecimentos para todas as pessoas, como afirma Rodrigues
(2016, p. 76) acerca da elaboração da BNCC no Brasil:

[...] A base se apresenta como uma proposta de currículo


que descreve os objetivos de aprendizagem, que são os
saberes previstos à aprendizagem do estudante em qualquer
parte do território brasileiro. Ela justifica-se na expectativa
de minimização da desigualdade de oportunidades [...]. Seu
fim seria o de estabelecer os objetivos de aprendizagem
e desenvolvimento das diversas áreas do conhecimento,
propiciando a reforma das propostas curriculares e conduzindo
um repensar para a política de avaliação do país.

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O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

Em consonância com a autora, observamos que a construção A construção da


BNCC é uma
da BNCC é uma das possíveis estratégias educativas para elevar a
das possíveis
qualidade da educação básica pública e garantir o direito à educação estratégias
para todos os brasileiros. Então, a ideia de um currículo nacional educativas para
foi criação dos estudiosos, políticos, pesquisadores, educadores elevar a qualidade
brasileiros? Veja bem, a construção de um currículo nacional não é da educação básica
exclusividade do Brasil, pelo contrário, diversos países implantaram pública e garantir o
direito à educação
currículos nacionais em seus sistemas de ensino, como exemplo temos
para todos os
o Chile, a Colômbia, a África do Sul, dentre outros. brasileiros.

Nesse momento do estudo, acreditamos que você, acadêmico, deve ter se


questionado: “Afinal, o que é a BNCC?”. Para Verde (2015, p. 82):

Uma das possíveis interpretações a partir de uma legislação


difusa é que a Base Nacional Comum é uma matriz comum aos
currículos de todos os sistemas de ensino, construída a partir
das diretrizes colocadas pela própria LDB, como também pelo
conjunto de pareceres e resoluções pertinentes às Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica, organizados e
publicados em um documento único em 2013.

A autora destaca um ponto importante: a BNCC é uma “matriz A BNCC é uma


“matriz comum aos
comum aos currículos” (VERDE, 2015, p. 82), ou seja, não é um
currículos” (VERDE,
currículo. De modo objetivo, vamos conceituar a BNCC como o pilar que 2015, p. 82), ou
sustenta a construção dos currículos escolares na educação infantil e no seja, não é um
ensino fundamental das escolas públicas e privadas. currículo.

FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DA BNCC COMO MATRIZ CURRICULAR

FONTE: <https://www.eloseducacional.com/bncc/>. Acesso em: 3 nov. 2018.

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Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Percebemos que as determinações e orientações da BNCC perpassam


pelas diversas esferas educativas até que possam chegar na sala de aula,
estruturando o processo de ensino e de aprendizagem, com foco na melhoria das
práticas educativas e na garantia do direito à aprendizagem. Assim, é relevante
apresentarmos, ainda, a definição de BNCC que consta no documento oficial do
governo:

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de


caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo
de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem
desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação
Básica, de modo que tenham assegurados seus direitos de
aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o
que preceitua o Plano Nacional de Educação (PNE) [...].
Referência nacional para a formulação dos currículos dos
sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições
escolares, a BNCC integra a política nacional da Educação
Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas
e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes
à formação de professores, à avaliação, à elaboração de
conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da
educação (BRASIL, 2017b, p. 7).

Notamos, na citação, que a BNCC é a referência nacional para a construção


dos currículos dos diversos níveis da educação básica, bem como serve para
integrar a política nacional de educação básica e outras medidas legislativas
educacionais (BRASIL, 2017b). Entretanto, apesar da BNCC orientar a
elaboração dos currículos das escolas brasileiras e implementar medidas políticas
educacionais, os gestores, os coordenadores pedagógicos e os professores
permanecem com a liberdade para selecionar as metodologias de ensino e as
práticas educativas mais adequadas para a sua realidade educativa e para os
seus estudantes.

FIGURA 4 – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

FONTE: <http://inoveduc.com.br/o-que-e-bncc/>. Acesso em: 2 nov. 2018.


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O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

De acordo com Rodrigues (2016), o principal objetivo da BNCC, O principal


dentre outros, é o de assegurar a todos o direito à aprendizagem. Assim, objetivo da BNCC,
são ofertadas, às escolas brasileiras, orientações para a formulação e dentre outros, é
reformulação dos currículos, respeitando as diferenças de cada região o de assegurar a
do nosso país e buscando a comunicação entre as diversas áreas do todos o direito à
aprendizagem.
conhecimento.

Para você conhecer o documento da BNCC, elaborado pelo


Ministério da Educação (MEC), que apresenta os conceitos, os
fundamentos pedagógicos e a estrutura da BNCC, acesse o site
oficial do governo: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso
em: 7 dez. 2018.

Todavia, a defesa da garantia do direito à aprendizagem para todas as


pessoas não é exclusividade dos dias atuais com a implementação da BNCC.
Ao longo da história do movimento educacional nacional, podemos identificar leis
e decretos que buscaram implementar o direito à educação pública para todos e
embasam o processo de elaboração da BNCC.

FIGURA 5 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL DE 1988

FONTE: <https://alumiantiacademia.files.wordpress.com/2018/05/
cf-e1525894507114.jpg>. Acesso em: 2 nov. 2018.

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Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Dentre os marcos legais que fundamentam o direito à educação e a


construção da BNCC, destacamos a Constituição Federal do Brasil de 1988, em
seus artigos 205 e 210. O art. 205 assegura a educação como direito de todos
e dever compartilhado entre o Estado, a sociedade e a família. Ainda, o art. 210
orienta a fixação de conteúdos mínimos para o ensino fundamental, garantindo a
formação básica comum e valorizando os aspectos culturais, nacionais e regionais
(BRASIL, 1988).

Você quer conhecer a Constituição Federal do Brasil de 1988


e as suas contribuições para a construção da BNCC? Acesse o site
oficial do governo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 7 dez. 2018.

A Lei n° 9.394/96 regulamenta uma base nacional comum para a educação


básica brasileira:

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem


ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada
sistema de ensino e estabelecimento escolar, e por uma parte
diversificada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e da clientela (BRASIL,
1996).

Essa determinação insere a concepção de uma base nacional comum a ser


contemplada no sistema de ensino da educação básica, que deverá ser adaptada
para as regiões brasileiras, fato que é mais detalhado no inciso IV do art. 9º da Lei
n° 9.394/96:

Art. 9º A União incumbir-se-á de:   


[...]
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a
assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996).

A partir das determinações, é estabelecido que as competências e diretrizes


para a educação básica são comuns e os currículos são diversos para motivarem
o desenvolvimento de competências. São meios de construir uma formação
básica comum nas escolas brasileiras. Essas concepções foram fundamentais
para a construção da BNCC no Brasil.
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O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

Para conhecer a Lei Nacional de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (LDBEN), Lei n° 9.394/96, e as suas determinações acerca
da educação brasileira, acesse o site oficial do governo: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 7 dez. 2018.

Segundo Rodrigues (2016), em 1997, foram lançados os Parâmetros


Curriculares Nacionais (PCN) para o primeiro ao quinto ano do ensino fundamental.
Em seguida, em 1998, os PCN passaram a contemplar do sexto ao nono ano e,
em 2000, o ensino médio.

O objetivo dos PCN foi o de propor a reformulação e a reorientação A década de


curricular para a educação básica, provocando inúmeros debates 1990 foi marcada
sobre a função da escola e os seus respectivos conteúdos curriculares pela definição
(RODRIGUES, 2016). Portanto, podemos observar que a década de de políticas
1990 foi marcada pela definição de políticas educacionais nacionais educacionais
nacionais
centralizadas no currículo e em determinações legais que fundamentam
centralizadas no
a construção de uma base comum nacional (MACEDO, 2014). currículo e em
determinações
legais que
FIGURA 6 – PARÂMETROS CURRICULARES fundamentam a
NACIONAIS PARA OS TEMAS TRANSVERSAIS
construção de
uma base comum
nacional (MACEDO,
2014).

FONTE: <https://www.ciadoslivros.com.br/semana-do-livro/pcn-pluralidade-
cultural-e-orientacao-sexual-vol-10-403640-p69725>. Acesso em: 2 nov. 2018.
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Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Macedo (2014) ressalta que as mudanças e as novas determinações políticas


seguem defendendo uma centralização curricular como meio de garantir uma
educação de qualidade para todos. Assim, em 2009, o Ministério da Educação
(MEC) cria o Programa Currículo em Movimento, que teve como meta atualizar
as Diretrizes Curriculares Nacionais da educação básica e orientar a organização
curricular para garantir uma formação básica comum (MACEDO, 2014).

Em 2010, o Conselho Nacional de Educação (CNE) determinou as Diretrizes


Curriculares Nacionais para a Educação Básica (as diretrizes foram especificas
para cada nível da educação básica: ensino infantil, fundamental e médio),
contando com o objetivo de garantir um ensino com mais qualidade, focado nas
aprendizagens e no desenvolvimento dos estudantes. As diretrizes curriculares
apresentaram e incentivaram estratégias de participação da comunidade escolar
nas decisões do planejamento e na gestão escolar democrática (MACEDO, 2014).

Você quer conhecer um pouco mais sobre as Diretrizes


Curriculares Nacionais para a educação básica? Acesse o site oficial
do governo: <https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/o-
que-sao-e-para-que-servem-as-diretrizes-curriculares-/>. Acesso em:
7 dez. 2018.

Em 2010, foi realizada, também, a Conferência Nacional da Educação


(CONAE), que promoveu diversos debates acerca da educação brasileira,
resultando em um documento denominado de “Documento Final”, publicado
em 2014, com o título “Por uma política curricular para a educação básica:
contribuição ao debate da base nacional comum a partir do direito à aprendizagem
e ao desenvolvimento”.

O Documento Final da CONAE contribuiu para as discussões sobre a


construção de um novo Plano Nacional de Educação, tendo como foco central a
sistematização de um Sistema Nacional Articulado de Educação (SNE) por meio
de um sistema de colaboração em âmbito federal, distrital, estadual e municipal.
Além disso, o CONAE debateu a necessidade da construção de uma base comum
nacional no Brasil (RODRIGUES, 2016).

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O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

Para conhecer o documento do CONAE 2010, intitulado “Por


uma política curricular para a educação básica: contribuição ao
debate da base nacional comum a partir do direito à aprendizagem
e ao desenvolvimento”, acesse o seguinte endereço eletrônico:
<https://ipfer.com.br/gper/wp-content/uploads/sites/2/2017/12/
Governo-Federal-Diretrizes-Aprendizagem.pdf>. Acesso em: 7 dez.
2018.

FIGURA 7 – CONAE 2010

FONTE: <http://historiaegeografiasaoseba.blogspot.com/2009/06/conferencia-
nacional-de-educacao-conae.html>. Acesso em: 2 nov. 2018.

Outro marco importante na histórica da construção da BNCC, conforme


Rodrigues (2016), é o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC),
instituído pelo MEC em 2012, que teve por finalidade melhorar a educação básica,
ofertando instrumentos e estratégias de ensino para garantir a alfabetização na
idade certa. Em 2013, tivemos o Pacto Nacional pelo fortalecimento do Ensino
Médio (PNFEM), que contemplou medidas para elevar a qualidade do ensino

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Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

médio com a reformulação curricular (RODRIGUES, 2016).

Em 2013, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade


e Inclusão (SECADI), por meio do MEC e CNE, lança o documento Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica: diversidade e
inclusão. Teve por objetivo estabelecer dez diretrizes curriculares para a
educação especial como forma de garantir direitos sociais aos grupos menos
favorecidos (RODRIGUES, 2016). Nesse momento, já é possível percebermos
uma preocupação em estabelecer uma base comum curricular nas diversas
modalidades da educação básica.

Para explorar as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para


a Educação Básica: diversidade e inclusão, acesse o seguinte
endereço eletrônico: <http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-
pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file>. Acesso em: 7
dez. 2018.

FIGURA 8 – CAPA DO DOCUMENTO DAS DIRETRIZES CURRICULARES


NACIONAIS GERAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA: DIVERSIDADE E INCLUSÃO

FONTE: <http://www.iparadigma.com.br/bibliotecavirtual/
items/show/154>. Acesso em: 4 nov. 2018.

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O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

Em 2014 foi promulgado o Plano Nacional de Educação (PNE), que “afirma


a importância de uma base comum curricular para o Brasil, com o foco na
aprendizagem como estratégia para fomentar a qualidade da educação básica
em todas as etapas e modalidades (meta 7), referindo-se a direitos e objetivos
de aprendizagem e desenvolvimento” (BRASIL, 2017b, p. 12). O PNE possui
vinte metas referentes à universalização da educação básica que justificam a
construção de uma base nacional comum curricular na realidade brasileira.

Para aprender um pouco mais sobre o Plano Nacional de


Educação (PNE), Lei n° 13.005/2014, acesse o site oficial do
governo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/
lei/l13005.htm>. Acesso em: 7 dez. 2018.

Para a discussão e a elaboração da BNCC, diversas ações foram delimitadas,


segundo Rodrigues (2016, p. 74), no período de 2015 a 2016. Os principais
momentos que marcam a institucionalização da BNCC no Brasil foram:

11 de maio de 2015 – Ministro abre debate sobre base curricular


com a área científica;
17 de junho de 2015 – Ministro defende base comum curricular
como prioridade;
08 de julho de 2015 – Janine defende base nacional como eixo
do sistema de ensino;
24 de julho de 2015 – MEC reúne representantes de secretarias
estaduais para debater Base Nacional Comum;
30 de julho de 2015 – Portal Base Nacional Comum Curricular
é lançado na internet;
15 de setembro de 2015 – Proposta da Base Nacional Comum
(BCN) é apresentada para representantes das secretarias
municipais e estaduais de educação e disponibilizada em
endereço eletrônico;
25 de novembro de 2015 – Base Nacional é tema de exposição
do ministro na Comissão de Educação da Câmara;
02 de dezembro de 2015 – Base Nacional já recebeu mais de
6 milhões de contribuições;
04 de dezembro de 2015 – Base Comum é apresentada à
comunidade acadêmica da UnB;
15 de dezembro de 2015 – MEC começa a avaliar sugestões
apresentadas pela sociedade;
25 de janeiro de 2016 – Equipe da Universidade de Brasília
apresenta dados preliminares da consulta pública;
17 de fevereiro de 2016 – Pareceres e contribuições
apresentadas na primeira fase da consulta estão disponíveis;
04 de março de 2016 – CONSED entrega documentos com

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Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

posicionamentos sobre a Base e proposta para o Ensino


Médio;
15 de março de 2016 – Encerramento da consulta Pública
sobre a Base Nacional Comum;
03 de maio de 2016 – Segunda versão da Base Nacional
Comum é entregue ao CNE para avaliação final;
23 de junho de 2016 – Início dos Seminários de discussão da
2º versão preliminar da BNCC;
10 de agosto de 2016 – Finalização dos Seminários de
discussão da 2º versão preliminar da BNCC;
14 de setembro de 2016 – MEC recebe posicionamento sobre
a 2º versão da BNCC.

Observamos que a elaboração da BNCC perpassa por um longo processo de
elaboração, consultas e reelaborações, buscando contemplar uma base nacional
comum curricular que atenda, da melhor forma, às necessidades da educação
brasileira e assegure o direito à educação nas escolas.

Em 2017, a Lei n° 13.415/2017 alterou a LDBEN/96, inserindo as novas


nomenclaturas para as finalidades da educação, implantando a ideia de
conteúdos comuns que deverão ser ensinados e aprendidos na educação básica,
como podemos notar na Lei n° 13.415/2017, em seus arts. 35 e 36:

Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos


e objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme
diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes
áreas do conhecimento [...];
Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o caput
e das respectivas competências e habilidades será feita de
acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino
(BRASIL, 2017c).

Na referida lei, em seus arts. 35 e 36, notamos que a BNCC é inserida como a
matriz que define os direitos, objetivos educacionais, competências e habilidades
a serem desenvolvidos na educação básica, ou seja, a BNCC torna-se referência
para a organização e reformulação curricular das escolas públicas e privadas
no Brasil (a versão atual da BNCC apresenta orientações apenas para o ensino
infantil e o fundamental). Ainda, a BNCC é o novo pilar da reformulação dos
cursos de formação de professores nas instituições de ensino superior brasileiras.

Portanto, nesta seção, identificamos os principais marcos no processo de


construção da BNCC brasileira, assim como compreendemos que o documento
é um importante passo na construção de novas propostas curriculares para
a educação básica, na superação da fragmentação do saber por meio da
comunicação entre as diversas áreas do conhecimento e na garantia do direito à
aprendizagem nas escolas públicas e privadas do nosso país.

22
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

1 A BNCC perpassa por um processo longo e gradual no contexto


social, político e educacional brasileiro, instaurando medidas e
mudanças fundamentais para elevar a equidade e a qualidade
da educação básica. Sobre os marcos legais da BNCC no Brasil,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.

( ) A BNCC é considerada por políticos, pesquisadoras, estudiosos,


educadores como um novo currículo para as escolas de
educação básica.
( ) Desde o marco inicial de construção da BNCC no Brasil com
a Constituição Federal de 1988, diversas leis e decretos têm
defendido a formação básica comum.
( ) O CONAE, em 2010, apresentou-se contra a construção de uma
base comum curricular e a favor da elaboração de um Sistema
Nacional Articulado de Educação (SNE).
( ) O Plano Nacional de Educação (PNE) possui vinte e quatro
metas que defendem a universalização da educação básica e a
construção da BNCC.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


( ) F-V-F-F.
( ) F-V-F-V.
( ) F-F-F-V.
( ) V-F-V-F.

2 Analise o processo de construção da BNCC no Brasil e os seus


marcos históricos. Em seguida, aponte os pontos negativos e
positivos das mudanças instauradas pelas leis, decretos e pela
Constituição Federal Brasileira de 1988 em prol da implementação
de uma base comum curricular na educação básica.

A BNCC foi
construída por
3 METODOLOGIA ADOTADA uma metodologia
verticalizada,
PARA A CONSTRUÇÃO DA BNCC denominada de
participativa,
construída de
A BNCC foi construída por uma metodologia verticalizada, forma colaborativa
denominada de participativa, construída de forma colaborativa e e democrática,
por meio do pacto
democrática, por meio do pacto interfederativo. Para a adequada interfederativo.

23
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

elaboração da BNCC foi essencial um regime de colaboração entre a União,


os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como a consulta da opinião
pública:

Legitimada pelo pacto interfederativo, nos termos da Lei n°


13.005/2014, que promulgou o PNE, a BNCC depende do
adequado funcionamento do regime de colaboração para
alcançar seus objetivos. Sua formulação, sob coordenação
do MEC, contou com a participação dos Estados do Distrito
Federal e dos Municípios, depois de ampla consulta à
comunidade educacional e à sociedade (BRASIL, 2017b, p.
20).

No regime de colaboração, as responsabilidades dos envolvidos foram


diversas e complementares e o papel direto da União foi o de exercer a
coordenação do processo e correção das desigualdades.

Além da função, identificamos as seguintes tarefas da União no processo


de construção da BNCC: reformulação da formação inicial e da continuada dos
educadores com a finalidade de alinhá-las à BNCC; promoção e coordenação
das ações e políticas em nível federal, estadual e municipal relacionadas à
avaliação, à construção de materiais pedagógicos e aos critérios para a oferta de
infraestrutura apropriada para a ampliação da educação (BRASIL, 2017b).

FIGURA 9 – REPRESENTANTES DO MEC E CNE


DISCUTINDO A CONSTRUÇÃO DA BNCC

FONTE: <http://movimentopelabase.org.br/acontece/base-
entregue-cne/>. Acesso em: 2 nov. 2018.

24
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

Em relação ao MEC, ficou responsável pelo monitoramento das ações de


construção e implantação da BNCC por meio da colaboração com o Conselho
Nacional de Educação – CNE, Conselho Nacional de Secretários de Educação –
Consed e União Nacional dos Dirigentes de Educação – Undime, sob a seguinte
justificativa do governo federal:

Em um país com a dimensão e a desigualdade do Brasil, a


permanência e a sustentabilidade de um projeto como a
BNCC dependem da criação e do fortalecimento de instâncias
técnico-pedagógicas nas redes de ensino, priorizando aqueles
com menores recursos, tanto técnicos quanto financeiros.
Essa função deverá ser exercida pelo MEC, em parceria com
o Consed e a Undime, respeitada a autonomia dos entes
federados (BRASIL, 2017b, p. 21).

O MEC ficou responsável, também, pela ajuda técnica, financeira, incentivo


à inovação e a publicitação das ações de sucesso, suporte aos experimentos
curriculares inovadores, a ampliação do acesso a conhecimentos e experiências
estrangeiras e apoio aos estudos e pesquisas sobre currículos, educação básica,
avaliação, formação de professores, dentre outros conteúdos (BRASIL, 2017b).

Em relação à metodologia verticalizada de elaboração da BNCC, foi


desenvolvida em cinco etapas. Contou com a participação da sociedade, das
organizações educativas e científicas, instituições, empresas e entidades privadas
e grupos de educadores. A seguir citamos as cinco etapas de elaboração da base:

A análise dos documentos disponíveis no portal oficial da


BNCC permite identificar cinco etapas: [1] publicação da
versão preliminar em setembro de 2015; [2] consulta pública
entre setembro de 2015 e março de 2016; [3] publicação da
segunda versão do documento em maio de 2016, [4] realização
dos seminários estaduais entre junho e agosto de 2016,
restando apenas o [5] encaminhamento da versão definitiva do
documento ao Conselho Nacional de Educação (CNE) (NEIRA;
JÚNIOR; ALMEIDA, 2016, p. 35).

Em consonância com os autores, destacamos um fato importante ao longo


da construção da BNCC: a equipe técnica e os responsáveis pela elaboração da
base consultaram a opinião pública para a elaboração e a avaliação das versões
preliminares do documento da BNCC. No processo, a sociedade respondeu
positivamente, demonstrando interesse em compreender e avaliar os fundamentos
e as diretrizes da BNCC para a educação básica.

25
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

O Movimento pela Base Nacional Comum foi um dos


grandes influenciadores no processo de construção da BNCC.
Ele representou os interesses de empresas, entidades privadas,
instituições filantrópicas como Itaú, Todos pelas Educação, Natura,
Bradesco, Fundação Lemann, dentre outras.

Em 2015, ocorreu o “I Seminário Interinstitucional promovido pelo Ministério


da Educação (MEC), que reuniu assessores e especialistas para desencadear
o processo a partir da publicação da Portaria nº 592, que instituiu a Comissão
de Especialistas” para a elaboração da versão preliminar da BNCC (CORRÊA;
MORGADO, 2018, p. 4). No mesmo ano, em outubro, iniciou-se a consulta pública
para a elaboração da primeira versão da BNCC, que contou com as contribuições
da sociedade, das organizações e das entidades educativas, científicas e privadas
(BRANCO, 2017).

Em 30 de julho de 2015 foi lançado o portal virtual da BNCC.

FIGURA 10 – PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA BNCC

FONTE: <http://movimentopelabase.org.br/acontece/base-
entregue-cne/>. Acesso em: 6 nov. 2018.
26
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

Na elaboração da primeira versão da BNCC, ocorreu a consulta Na elaboração da


dos currículos estaduais e do Distrito Federal, por meio de uma equipe primeira versão
formada por educadores indicados pelo Consed e pela Undime, com a da BNCC, ocorreu
finalidade de servirem como base para a construção de um documento a consulta dos
reconhecido pelos sistemas e que permitisse uma comunicação com currículos estaduais
e do Distrito Federal.
as teorias curriculares contemporâneas (com o objetivo de inserir a
diversidade humana). Além disso, o documento da BNCC deveria
se desvencilhar de tendências que privilegiam fatores euro/estadunidenses e
valorizar a democracia, o diálogo, a inclusão e a justiça social (NEIRA; JÚNIOR;
ALMEIDA, 2016).

Você gostaria de conhecer a primeira versão da BNCC? Acesse


o site Movimento pela Base: <http://movimentopelabase.org.br/wp-
content/uploads/2017/04/BNCCAPRESENTACAO_final_06-10.pdf>.
Acesso em: 7 dez. 2018.

Branco (2017, p. 106) ressalta que, na elaboração e reelaboração da


primeira versão da BNCC, houve um alto índice de participação pública, desde
a participação individual de cidadãos até grupos de educadores e organizações
públicas e privadas de todo o Brasil:

No período em que a primeira versão do documento foi


disponibilizada para consulta pública, entre outubro de 2015
e março de 2016, a BNCC recebeu mais de 12 milhões de
contribuições, individuais, de organizações e de redes de
educação de todo o país, além de pareceres analíticos
de especialistas, associações científicas e membros da
comunidade acadêmica.

A primeira etapa de construção da BNCC, o lançamento da primeira versão


da base, causou inúmeros debates em todo o território do Brasil, principalmente
entre os educadores, a respeito da educação básica, do currículo e da real
necessidade de um currículo comum para a educação brasileira.

Além disso, diversas críticas foram direcionadas ao MEC contra a construção


de uma base comum curricular centralizada nas decisões desse ministério, apesar
das consultas públicas realizadas durante a construção do documento da base.
Neira, Júnior e Almeida (2016, p. 35) destacam outras polêmicas em relação à
publicação da primeira versão da BNCC:

27
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Publicada a versão preliminar da BNCC, um intenso e caloroso


debate ganhou as páginas dos jornais. Grupos conservadores
e progressistas posicionaram-se contrários ao documento.
Para os primeiros, o texto estava muito aquém do que seria
desejável em termos de aquisição de conhecimento. O segundo
grupo também criticou o acanhamento da proposta. Esperava
um documento mais engajado, sem qualquer espécie de aceno
ao mercado ou às políticas neoliberais. Engrossaram o coro
das críticas para as entidades científicas, movimentos sociais
organizados e organizações não governamentais ligadas à
educação.

As críticas voltadas para a primeira versão da BNCC causaram


Na segunda etapa um grande impacto nos organizadores e na equipe técnica do MEC.
de construção
Na segunda etapa de construção da base ocorreu a consulta pública
da base ocorreu
a consulta acerca da primeira versão do documento da BNCC, possibilitando
pública acerca da aos cidadãos, às instituições educativas e às pessoas interessadas
primeira versão indicarem alterações para o texto introdutório da etapa da educação
do documento da infantil e das áreas do ensino fundamental, dentre outros aspectos da
BNCC. base (NEIRA; JÚNIOR; ALMEIDA, 2016).

A partir da grande participação da população brasileira na segunda etapa de


construção da BNCC, podemos observar o interesse da sociedade em participar
das decisões das organizações governamentais em relação aos currículos para
as escolas públicas e privadas. Nesse sentido, Neira, Júnior e Almeida (2016, p.
36) indicam que a segunda etapa de produção da base contou com 12 milhões
de cidadãos da sociedade brasileira que contribuíram para a reformulação da
primeira versão da BNCC:

[...] com mais de 12 milhões de contribuições, mostrando


assim que a sociedade brasileira não abriu mão de apresentar
suas sugestões para os rumos da educação. A organização e
categorização das contribuições recebidas ficaram a cargo de
equipes de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e
da PUC – RJ, sendo em seguida analisadas pelos assessores
e especialistas. Aliada às contribuições advindas do portal da
BNCC, deu-se também a participação de leitores críticos que
emitiram pareceres acerca da primeira versão. Associações
científicas ligadas aos segmentos ou componentes curriculares
também se reuniram e enviaram suas observações.

Esses dados são confirmados no documento oficial da BNCC, que apresenta


também as escolas que enviaram contribuições para o processo de elaboração
da segunda versão do documento da BNCC. Nesse contexto, destacamos o
processo de modernização tecnológica na elaboração da BNCC com a utilização
do portal virtual da BNCC, que serviu como instrumento para a consulta pública e
envio de sugestões de melhoria para a base, como podemos notar a seguir:

28
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

Os dados da participação são eloquentes: mais de 12


milhões de contribuições foram apresentadas ao documento
preliminar, metade delas produzida pelas 45 mil escolas que
se cadastraram em nosso portal. Nessas escolas aconteceram
os debates que envolveram alunos, famílias, comunidades e
profissionais da educação, especialmente os professores. Ao
todo, nosso sistema de contribuições registrou mais de 300
mil cadastros, dos quais 207 mil foram de professores. Esses
extraordinários resultados contaram com o apoio decisivo do
CONSED – Conselho Nacional dos Secretários da Educação
e da UNDIME – União Nacional de Dirigentes Municipais de
Educação, organizações que reúnem todos os secretários de
educação do Brasil (BRASIL, 2017b, p. 10).

Após a consulta pública acerca da primeira versão da BNCC, ocorreu a


sistematização das contribuições por uma equipe de pesquisadores de grandes
universidades brasileiras. Em seguida, ocorreu a elaboração da segunda versão
da BNCC, como afirma Branco (2017, p. 106-107):

As contribuições foram sistematizadas por pesquisadores da


Universidade de Brasília (UNB) e da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e subsidiaram a
elaboração da segunda versão, que foi publicada em maio de
2016, passando por um processo de debate institucional em
seminários realizados pelas Secretarias Estaduais de Educação
em todas as Unidades da Federação, sob a coordenação do
Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED)
e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
(UNDIME).

A partir das contribuições da população, das organizações e


A segunda versão
instituições educativas e científicas, foram realizadas modificações na
da BNCC, a terceira
BNCC, resultando na construção da segunda versão do documento etapa de construção
da BNCC. Assim, a segunda versão da BNCC, a terceira etapa da base, foi avaliada
de construção da base, foi avaliada por especialistas brasileiros e por especialistas
estrangeiros. Também existiram discussões em diversos seminários brasileiros e
estaduais, com a presença de educadores das redes públicas de ensino, estrangeiros.
representantes de movimentos estudantis e pessoas interessadas, que
sugeriram modificações e acréscimos (NEIRA; JÚNIOR; ALMEIDA, 2016).

29
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

FIGURA 11 – PUBLICITAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL SOBRE


A CONSULTA PÚBLICA NA CONSTRUÇÃO DA BNCC

FONTE: <http://pne.mec.gov.br/images/Mais_de_9_milhoes_
contribuiram.png>. Acesso em: 4 nov. 2018.

Para conhecer na íntegra a segunda versão da BNCC, acesse


o site Movimento pela Base: <http://movimentopelabase.org.br/wp-
content/uploads/2016/05/BNCC-BOOK-WEB.pdf>. Acesso em: 7
dez. 2018.

Na quarta etapa de elaboração da BNCC, segundo Neira,


Na quarta etapa
Júnior e Almeida (2016), foram realizados os seminários estaduais,
de elaboração da
BNCC, segundo que tiveram por objetivo discutir a segunda versão da base e sugerir
Neira, Júnior e melhorias ao documento. Assim, participaram dos seminários estaduais
Almeida (2016), diversos representantes da educação, das universidades e das escolas
foram realizados brasileiras indicados pelo Consed e Undime. Além dos debates,
os seminários aconteceram, ainda, as seguintes atividades nos seminários estaduais:
estaduais, que
tiveram por objetivo
[...] inúmeras reuniões e atividades presenciais (congressos,
discutir a segunda seminários, palestras etc.) e virtuais (possibilidade de
versão da base e indivíduos-cidadãos, escolas e organizações interagirem
sugerir melhorias ao através de sugestões e críticas no portal da base). A construção
documento. da BNCC revelou-se um momento singular para a produção de
currículos. Ficou latente uma preocupação com a participação
da sociedade no processo (NEIRA; JÚNIOR; ALMEIDA, 2016,
p. 37).

30
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

Os seminários estaduais foram importantes para o fomento das discussões


sobre o currículo que queremos nas nossas escolas e a educação básica de
qualidade que precisamos nas redes de ensino e nas escolas privadas do nosso
Brasil. Nesse momento, foi elementar a participação da sociedade brasileira com
as suas contribuições, questionamentos e observações sobre a BNCC e a sua
função dentro da reformulação curricular das escolas.

Você gostaria de aprofundar o seu estudo em relação ao


processo de construção e avaliação da BNCC? Leia a obra “A BNCC
na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas”, dos
autores Márcia Angela S. Aguiar e Luiz Fernandes Dourado (2018).

Os resultados dos debates dos seminários estaduais produziram relatórios


que analisaram a segunda versão da BNCC e serviram para a construção da
terceira versão da base, versão final do documento:

Os seminários estaduais aconteceram entre junho e agosto


de 2016 e contaram com a participação de mais de 9 mil
professores, gestores, especialistas e entidades de educação.
Seus resultados foram sistematizados e organizados em
relatório produzido por um grupo de trabalho composto por
CONSED e UNDIME, com base em análise realizada pela
UNB. A segunda versão da BNCC foi examinada também
por especialistas do Brasil e de outros países. Anexados ao
relatório CONSED/UNDIME, os pareceres analíticos
desses especialistas foram encaminhados ao Comitê Gestor da
Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum Base Nacional
e Reforma do Ensino Médio, instituído pela Portaria Curricular Comum e
MEC nº 790/2016 (BRANCO, 2017, p. 107). Reforma do Ensino
Médio foi criado
Em consonância com o autor, ressaltamos que o Comitê Gestor com a finalidade
da Base Nacional Curricular Comum e Reforma do Ensino Médio de acompanhar
foi criado com a finalidade de acompanhar a construção da segunda a construção da
segunda versão
versão do documento da BNCC, propor a versão final da base e outras
do documento da
contribuições para a reforma do ensino médio, como podemos observar BNCC, propor a
no documento da Portaria nº 790/2016: versão final da
base e outras
Art. 1º Fica instituído o Comitê Gestor para contribuições para
acompanhar o processo de discussão da segunda a reforma do ensino
versão preliminar da Base Nacional Curricular médio.
Comum - BNCC, encaminhar sua proposta final e

31
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

propor subsídios para a reforma do Ensino Médio. Art. 2º A


versão da BNCC, a ser encaminhada ao Conselho Nacional de
Educação - CNE, deverá definir o conjunto de conhecimentos
e habilidades que os alunos devem adquirir e desenvolver
em cada etapa de ensino e em cada ano de escolaridade.
Parágrafo único. O estabelecido na BNCC deverá servir
de guia de orientação para os sistemas e redes de ensino
desenvolverem os seus próprios currículos.
Art. 3º A proposta de reforma do Ensino Médio terá por diretriz
a diversificação da sua oferta, possibilitando aos jovens
diferentes percursos acadêmicos e profissionalizantes de
formação (BRASIL, 2016).

O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e Reforma do Ensino


Médio definiu as diretrizes e as orientações que fundamentaram a reelaboração
da segunda versão do documento da BNCC, como também indicou a equipe de
especialistas responsáveis para a elaboração da versão final da base (BRANCO,
2017).

FIGURA 12 – MEC ENTREGA A TERCEIRA VERSÃO DA BNCC AO CNE

FONTE: <http://movimentopelabase.org.br/acontece/base-
entregue-cne/>. Acesso em: 6 nov. 2018.

A partir dos resultados dos seminários e das diretrizes do Comitê Gestor,

32
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

deu-se a continuidade da elaboração da BNCC com a publicação da terceira


versão da base, em 2017, a quinta etapa de construção da BNCC. Na etapa,
ocorreram modificações significativas no documento da base, principalmente com
a promulgação da Medida Provisória n° 746/2016 (transformada posteriormente
na Lei n° 13.415/2017), que assegura a Política de Fomento à Implementação
de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral por meio de diversas alterações
nos currículos e a inclusão de novos componentes curriculares para o ensino
fundamental e médio. Tais medidas tiveram que ser atendidas no documento da
BNCC, provocando inúmeras críticas contrárias à Medida Provisória nº 746/2016:

Os políticos da Câmara deveriam ter votado com cautela


as questões educacionais do Sistema de Ensino Brasileiro.
Sem tempo e o resultado foi a deliberação de uma Medida
Provisória para o Ensino Médio (MP 746/2016) que
determinou, sem consulta pública, a organização do Ensino
Médio e outras questões sobre o documento da Base Nacional
Comum Curricular. As consequências foram a invasão de
muitas escolas públicas e manifestações em todo o país por
estudantes, pais e educadores em protesto à MP 746/2016
(RODRIGUES, 2016, p. 22).

Apesar das divergências envolvendo a terceira versão da BNCC, o MEC


entregou o documento da base com as partes correspondentes à educação
infantil e ao ensino fundamental ao CNE para análise e promoção das audiências
públicas (exclusivamente consultivas) pelo país. De acordo com informações do
portal virtual do MEC, as audiências públicas do CNE contaram com a seguinte
finalidade:

O CNE realizou audiências públicas regionais em Manaus,


Recife, Florianópolis, São Paulo e Brasília, com caráter
exclusivamente consultivo, destinadas a colher subsídios e
contribuições para a elaboração da norma instituidora da Base
Nacional Comum Curricular.
O produto desses encontros resultou em 235 documentos
protocolados com contribuições recebidas no âmbito das
audiências públicas, além de 283 manifestações orais. Estas
audiências não tiveram caráter deliberativo, mas foram
essenciais para que os conselheiros tomassem conhecimento
das posições e contribuições advindas de diversas entidades
e atores da sociedade civil e, assim, pudessem deliberar por
ajustes necessários para adequar a proposta da Base Nacional
Comum Curricular, elaborada pelo MEC, considerando as
necessidades, interesses e pluralidade da educação brasileira.
No dia 15 de dezembro, o parecer e o projeto de resolução
apresentados pelos conselheiros relatores do CNE foram
votados em Sessão do Conselho Pleno e aprovados com 20
votos a favor e 3 contrários. Com esse resultado, seguiram
para a homologação no MEC, que aconteceu no dia 20 de
dezembro (BRASIL, 2017a).

33
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Após as audiências públicas, houve a homologação da terceira


A construção versão da base pelo MEC. Outro ponto importante que destacamos
de uma matriz
é que o documento final da BNCC, aprovado pelo MEC, refere-se à
curricular para as
diferentes etapas do educação final e ao ensino fundamental.
ensino médio é foco
de discussão atual Nesse momento do estudo, você deve estar se perguntando: “E o
e será construída ensino médio? Será contemplado pela BNCC?” Então, a construção de
e deliberada nos uma matriz curricular para as diferentes etapas do ensino médio é foco
próximos anos.
de discussão atual e será construída e deliberada nos próximos anos.

A terceira versão do documento da BNCC foi entregue ao


Ministério da Educação (MEC) e ao Conselho Nacional de Educação
(CNE) no dia 6 de abril de 2017 para a apreciação da proposta e
a construção de um projeto de resolução que se transformou na
Resolução CNE/CP nº 2.

De acordo com Corrêa e Morgado (2018, p. 8), o documento da BNCC


aprovado pelo MEC e CNE não privilegiou uma concepção de currículo, mas a
organização curricular por competências:

Na elaboração do documento não se elegeu uma concepção


de currículo, mas a sua organização por competências,
objetivos e conteúdos refletem a opção pelo modelo da teoria
curricular de instrução. Além disso, as tecnologias, no modelo
de organização do currículo nacional, estão relacionadas com
a regulação do estado e com as políticas de accountability. Os
conceitos de eficiência e de eficácia e os resultados aparecem.

A BNCC defende a construção de um currículo para a educação


básica, fundamentado em objetivos de aprendizagem e sistematizado para o
desenvolvimento de competências. Foram definidas metas e avaliações que
devem indicar as habilidades, atitudes e valores que os estudantes deverão
desenvolver ao longo da educação infantil e do ensino fundamental. O documento
da BNCC demonstra, ainda, que o currículo deverá possuir foco nos conteúdos
diversos, sob a prerrogativa que os conteúdos estão a serviço da motivação das
habilidades (CORRÊA; MORGADO, 2018).

34
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

Portanto, concluímos a sessão ressaltando que é fundamental É fundamental


que a sociedade
que a sociedade e as organizações educativas públicas e privadas e as organizações
continuem discutindo e avaliando a BNCC para que juntas possam educativas
encontrar os melhores caminhos para a construção de uma base comum públicas e privadas
continuem
curricular que atenda às necessidades e aos anseios da população
discutindo e
brasileira, resultando em melhores condições de equidade e qualidade avaliando a BNCC
das diversas etapas e modalidades da educação básica. para que juntas
possam encontrar
os melhores
caminhos para
a construção de
uma base comum
curricular.
Para conhecer o documento oficial da BNCC, acesse o
portal virtual da base: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
wpcontent/uploads/2018/06/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf>. Acesso em: 7 dez. 2018.

1 A metodologia participativa adotada na construção da BNCC


pelo MEC permitiu que o documento preliminar da BNCC fosse
reelaborado em cinco etapas para contemplar as necessidades e
exigências da sociedade brasileira, das organizações educativas,
dos grupos de professores e empresas. Sobre as fases de
construção da BNCC, associe os itens, utilizando o código a
seguir:

I- Primeira etapa
II- Segunda etapa
III- Terceira etapa
IV- Quarta etapa
V- Quinta etapa

( ) O MEC encaminha ao CNE a terceira versão da BNCC para


análise.
( ) O MEC publica a segunda versão BNCC, avaliada por
especialistas.
( ) O MEC executa a consulta pública para avaliação da primeira
versão da BNCC.

35
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

( ) O MEC realiza os seminários estaduais para debater a segunda


versão da BNCC.
( ) O MEC lança a primeira versão da BNCC elaborada por
especialistas e assessores.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V-III-II-IV-I.
b) ( ) V-II-III-IV-I.
c) ( ) V-I-III-II-IV.
d) ( ) V-IV-II-I-III.

2 O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e


Reforma do Ensino Médio foi um importante mecanismo para a
organização e reelaboração da BNCC e para a determinação de
novas diretrizes para a educação básica. Qual versão da BNCC o
Comitê Gestor acompanhou?

( ) O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e


Reforma do Ensino Médio acompanhou a primeira versão da
BNCC e determinou diretrizes para a reforma do ensino médio.
( ) O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e
Reforma do Ensino Médio acompanhou a primeira, a segunda
e a terceira versão da BNCC.
( ) O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e
Reforma do Ensino Médio acompanhou a terceira versão da
BNCC e determinou a reforma da educação infantil e do ensino
médio.
( ) O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum e
Reforma do Ensino Médio acompanhou a segunda versão da
BNCC e determinou diretrizes para a reforma do ensino médio.

3 A construção da BNCC contou com a participação de importantes


movimentos sociais, educadores, pesquisadores, empresários e
com a finalidade de garantia dos seus interesses representados
nos currículos escolares da educação básica brasileira. Partindo
dessa informação, construa uma linha do tempo da BNCC, na
qual você deverá destacar as diversas etapas de construção
da base com os seus marcos principais e inserir imagens que
possam representar cada fase de elaboração da BNCC.

36
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

4 A RELEVÂNCIA DA BNCC PARA A


EDUCAÇÃO BRASILEIRA
A educação é um dos principais instrumentos para a promoção de
oportunidades entre os sujeitos de uma sociedade. Em países como a Europa,
Estados Unidos da América e França, a educação integra as políticas sociais,
sendo a base do sistema de promoção social e ferramenta elementar para o
desenvolvimento econômico, tecnológico e cultural (CASTRO, 2009).

Em relação ao Brasil, caminhamos a passos lentos para garantir que todos os


cidadãos tenham acesso à educação pública de qualidade, apesar da Constituição
Federal de 1988 assegurar aos brasileiros o direito à educação como condição
fundamental de uma vida justa e digna. Em seu art. 6º “são direitos sociais a
educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança [...]” (BRASIL, 1988).

FIGURA 13 – DIREITO À EDUCAÇÃO PÚBLICA PARA TODOS

FONTE: <https://veja.abril.com.br/educacao/educacao-brasileira-so-sera-boa-
quando-garantir-a- todos-o-direito-de-aprender/>. Acesso em: 7 nov. 2018.

Para aprofundar o estudo sobre desigualdades sociais e


educação, leia a obra “Pobreza, desigualdades e educação”, do
autor Miguel Gonzalez Arroyo (2015).

37
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Embora o direito Embora o direito à educação seja garantido pela Constituição


à educação seja Federal de 1988, podemos perceber que, no contexto social, ainda
garantido pela temos diversos entraves como as desigualdades sociais, que dificultam
Constituição a implementação do direito ao ensino e à aprendizagem com condições
Federal de 1988, de acesso e permanência, como afirma Castro (2009, p. 674):
podemos perceber
que, no contexto No Brasil, mais recentemente, ocorreram avanços importantes
social, ainda na ampliação do acesso a todos os níveis e modalidades
temos diversos educacionais, chegando à universalização do acesso
entraves como ao ensino fundamental. No entanto, ainda são graves
as desigualdades problemas a baixa escolaridade média da população e a
sociais. desigualdade permanente, mantendo na pauta das discussões
a necessidade da universalização da educação básica e a
melhoria da qualidade da educação, bem como a eliminação
do analfabetismo, com inevitáveis impactos de longo prazo
para a área.

Para combater a desigualdade social e os diversos desafios sociais


existentes na sociedade brasileira, é fundamental fortalecer a educação. Contudo,
de qual tipo de educação estamos falando? Estamos nos referindo à educação
que Saviani (2013, p. 475) conceitua como “a capacidade de compreender as
conexões entre fenômenos, captar o significado das coisas, do mundo em que
vivemos”. Para construir uma educação que forme sujeitos críticos é fundamental
mudanças curriculares, como refere Zambom (2017, p. 3):

A qualidade da educação brasileira apresenta vários problemas


que são oriundos de outros aspectos além do currículo, mas
para a formação dos sujeitos é necessário que aconteçam
mudanças curriculares, uma vez que o currículo brasileiro tem
resquício de momentos históricos traumáticos vividos pelo
povo brasileiro.

Para fortalecer a educação brasileira, é essencial que os sistemas e redes de


ensino incluam propostas curriculares e pedagógicas que tenham por finalidade
formar cidadãos que possam atuar na realidade social desafiadora e complexa dos
dias de hoje, como também ampliar o acesso à educação básica com equidade e
qualidade. Considerando tais fatores, a BNCC apresenta-se como uma possível
solução para elevar a educação básica a partir da seguinte justificativa:

[...] a BNCC desempenha papel fundamental, pois explicita


as aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem
desenvolver e expressa, portanto, a igualdade educacional
sobre a qual as singularidades devem ser consideradas
e atendidas. Essa igualdade deve valer também para as
oportunidades de ingresso e permanência em uma escola de
Educação Básica (BRASIL, 2017b, p. 15).

A BNCC fundamenta-se na prerrogativa de que o foco nos currículos, nas

38
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

ações didático-pedagógicas das Secretárias de Educação e no trabalho anual


das escolas deverá combater as desigualdades sociais por meio do planejamento
fundamentado na equidade, ou seja, é relevante construir uma escola que
respeita as necessidades dos estudantes, que tenha compromisso com a ação
de reverter a exclusão social dos grupos marginalizados (indígenas, quilombolas,
pessoas com deficiência, dentre outros) que não possuem acesso à educação,
reconhecendo a importância de metodologias de ensino inclusivas no processo
de ensino e de aprendizagem da educação básica.

FIGURA 14 – EDUCAÇÃO INCLUSIVA

FONTE: <http://www.diariodolitoral.com.br/cotidiano/papo-de-domingo-educacao-
inclusiva-e-tema-de-debate-em-santos/106744/>. Acesso em: 7 nov. 2018.

Segundo Rodrigues (2016, p. 82), a justificativa da elaboração de uma base


comum curricular na realidade brasileira é a necessidade da construção de uma
escola que atenda às particularidades individuais e coletivas:

[...] há necessidade de se repensar uma escola que responda


às singularidades dos sujeitos individuais e coletivos, uma vez
que a Constituição Federal de 1988 (arts. 6 e 205) assegura a
Educação como Direito Social e Direito de Todos, garantindo
a formação para: o exercício da cidadania, ao longo da vida,
que contemple o reconhecimento e valorização da diversidade
humana e a perspectiva inclusiva.

Assim, com a construção da BNCC espera-se que o direito à educação e


o direito ao desenvolvimento humano sejam fatores centrais na produção dos
currículos e das práticas pedagógicas das instituições educativas públicas e
39
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Com a construção privadas de todo o nosso país. A BNCC indica, também, que a formação
da BNCC espera- dos estudantes deverá ser desenvolvida de modo integral a partir de
se que o direito à uma formação humana, científica e cultural (RODRIGUES, 2016), que
educação e o direito considere as dimensões intelectuais, físicas, afetivas, sociais, éticas,
ao desenvolvimento morais e simbólicas na educação básica.
humano sejam
fatores centrais
na produção FIGURA 15 – ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
dos currículos
e das práticas
pedagógicas
das instituições
educativas públicas
e privadas de todo o
nosso país.

FONTE: <http://www.marupiara.com.br/formacao-humana-
e-integral/>. Acesso em: 8 nov. 2018.

Ficou curioso para conhecer as competências gerais inseridas


na formação integral da educação básica para os estudantes
brasileiros? Acesse o site: <http://movimentopelabase.org.br/
acontece/competencias-gerais-de-bncc/>. Acesso em: 7 dez. 2018.

O conceito de educação integral defendido na BNCC refere-se “[...] à


construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens
sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos
estudantes e, também, com os desafios da sociedade contemporânea” (BRASIL,
2017b, p. 14). Assim, para garantir as aprendizagens essenciais delimitadas na
BNCC, é necessário um conjunto de ações para adaptar as orientações da base
na realidade local mediante a parceria entre a escola, a família e a comunidade.

Contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares,


identificando estratégias para apresentá-los, representá-los,
exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base
na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens
estão situadas;
Decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos
componentes curriculares e fortalecer a competência
40
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias


mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à
gestão do ensino e da aprendizagem;
Selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-
pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados
e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar
com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas
famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos
de socialização etc.;
Conceber e pôr em prática situações e procedimentos para
motivar e engajar os alunos nas aprendizagens;
Construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de
processo ou de resultado que levem em conta os contextos
e as condições de aprendizagem, tomando tais registros
como referência para melhorar o desempenho da escola, dos
professores e dos alunos;
Selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e
tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender;
Criar e disponibilizar materiais de orientação para os
professores, bem como manter processos permanentes de
formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento
dos processos de ensino e aprendizagem;
Manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão
pedagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito
das escolas e sistemas de ensino (BRASIL, 2017b, p. 16-17).

Tais ações buscam implementar, ao longo do tempo, uma base comum


curricular que possa garantir o direito à aprendizagem e ao desenvolvimento
global dos brasileiros (a partir de dez competências gerais). Ainda, orientar
as instituições educativas para construírem os seus currículos a partir dos
conhecimentos básicos fundamentais para uma formação cidadã. Essas
orientações serão subsídios para a produção dos currículos (RODRIGUES, 2016).

FIGURA 16 – BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR PARA O BRASIL

FONTE: <https://www.poder360.com.br/governo/mec-apresenta-nova-base-
curricular-que-atravessou-impeachment-e-5-ministros/>. Acesso em: 8 nov. 2018.
41
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

As competências As competências gerais da educação básica foram organizadas


gerais da educação para que possam assegurar o direito à educação e ao desenvolvimento
básica foram global do sujeito ao longo da educação infantil, do ensino fundamental
organizadas para e do ensino médio. As competências gerais da BNCC para a educação
que possam básica são:
assegurar o direito
à educação e ao 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente
desenvolvimento construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital
global do sujeito ao para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo
longo da educação e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
infantil, do ensino democrática e inclusiva.
fundamental e do 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem
ensino médio. própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a
análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar
causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base
nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
culturais, das locais às mundiais, e também participar de
práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora,
como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem
como conhecimentos das linguagens artística, matemática
e científica, para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação
e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para
se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e
autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais
e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem entender as relações próprias do mundo do
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações
confiáveis para formular, negociar e defender ideias, pontos
de vista e decisões comuns que respeitem e promovam
os direitos humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável em âmbito local, regional e global, com
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica
e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a
cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização
da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de

42
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia,
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos,
inclusivos, sustentáveis e solidários (BRASIL, 2017a, p. 9-10).

A construção de propostas curriculares por competências por parte da União


é tema defendido, também, na LDBEN/96, em seu art. 9º, inciso IV:

Art. 9º a União incumbir-se-á de:


[...] estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a
assegurar a formação básica comum (BRASIL, 1996).

Em concordância com a LDBEN/96, o objetivo da BNCC é garantir O objetivo da


um processo de ensino e aprendizagem na educação básica que BNCC é garantir um
contemple conteúdos essenciais para o desenvolvimento humano, processo de ensino
articulados a uma educação para a vida em sociedade. e aprendizagem na
educação básica
que contemple
Segundo Rodrigues (2016), as expectativas para os resultados
conteúdos
da BNCC no processo educativo brasileiro é que sirvam como um essenciais para o
instrumento de gestão que oportunize a formulação e a reformulação desenvolvimento
dos currículos, respeitando as diversidades da realidade educativa do humano, articulados
nosso país. a uma educação
para a vida em
sociedade.

FIGURA 17 – ILUSTRAÇÃO DE UMA SALA DE AULA DA EDUCAÇÃO BÁSICA

FONTE: <http://www.entretantoeducacao.com.br/vocabulario-sala-
de-aula-criando-associacoes/>. Acesso em: 7 nov. 2018.
43
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Portanto, apesar de ser muito cedo para avaliar as possíveis contribuições da


BNCC para a educação básica brasileira, em vista que o documento da base foi
homologado em 2017 e a partir de então iniciou-se o processo de implementação
da BNCC nas escolas, podemos indicar que a BNCC propõe à educação básica
importantes efeitos como a “[...] superação da fragmentação radicalmente
disciplinar do conhecimento” (BRASIL, 2017b, p. 15).

É preciso, também, por meio de uma formação básica comum, elevar as


condições de acesso à aprendizagem, assegurando condições para a garantia do
direito à educação pública com melhores índice de qualidade para todos.

1 A BNCC busca construir novos caminhos na educação brasileira,


propondo a reforma das propostas curriculares da educação
básica para elevar a qualidade do processo de ensino e
aprendizagem e garantir o direito à educação para todos os
brasileiros. Sobre a relevância da BNCC para a educação,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Para elevar o processo educativo é fundamental que os sistemas


e redes de ensino excluam propostas curriculares inovadoras
que tenham por objetivo formar cidadãos críticos.
( ) Com a consolidação da BNCC esperamos que a educação
pública continue com as condições tradicionais de ensino,
centralizando as decisões curriculares em torno da gestão
escolar.
( ) A BNCC é fundamentada no direito à aprendizagem com
equidade e qualidade para todos mediante a reformulação dos
currículos e das práticas pedagógicas da educação básica.
( ) A BNCC busca construir uma escola que atenda às necessidades
e particularidades dos estudantes e dos grupos marginalizados
da sociedade brasileira.
( ) Para implementar a formação integral, a BNCC determinou
diversas ações que deverão ser desenvolvidas por meio da
colaboração entre a escola, a família e a comunidade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

( ) F-F-V-V-V

44
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

( ) F-V-F-V-V
( ) F-F-F-V-V
( ) V-F-V-F-V

2 A BNCC defende a formação básica comum mediante as


aprendizagens essenciais que os estudantes deverão aprender
ao longo da educação básica. Para isso, a BNCC propõe a
educação em tempo integral para o desenvolvimento humano em
quais dimensões?

( ) Dimensões intelectual, afetiva, jurídica, ética, social e cultural.


( ) Dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e
simbólica.
( ) Dimensões intelectual, física, afetiva, social, moral e simbólica.
( ) Dimensões social, física, afetiva, ética, moral e simbólica.

3 Dentre os objetivos principais da BNCC podemos identificar a


garantia do direito à educação para todos os brasileiros. Para
fortalecer a educação básica, a BNCC propõe que os sistemas e
redes de ensino incluam que tipo de medida?

( ) Os sistemas de redes de ensino deverão incluir práticas de


ensino centralizadas no educador.
( ) Os sistemas de redes de ensino deverão incluir uma gestão
pedagógica centralizada.
( ) Os sistemas de redes de ensino deverão incluir currículos que
ampliem o acesso à educação.
( ) Os sistemas de redes de ensino deverão incluir currículos que
precarizem o direito à educação.

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
No presente capítulo, compreendemos que o currículo é fundamental para
a orientação e classificação dos conteúdos escolares. Assim, tem sido alvo de
disputas políticas, sociais, educativas, uma vez que escolher determinados
conteúdos educativos poderá aumentar ou diminuir as condições sociais que
geram a exclusão e as desigualdades em uma sociedade.

45
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Assim, em reconhecimento da importância do currículo na construção do


processo de ensino-aprendizagem, diversas leis, decretos, diretrizes educativas,
movimentos sociais defendem a construção de uma base nacional comum
curricular para as diversas etapas e modalidades da educação básica brasileira.

A construção da BNCC na educação do nosso país vem sendo discutida


ao longo dos anos sob a prerrogativa de que é necessário garantir o direito à
educação com equidade e qualidade para todos mediante mecanismos que
contribuam para elevar as condições de acesso e permanência dos estudantes
nas escolas, como também promover uma formação cidadã.

Assim, a BNCC servirá como uma matriz comum aos currículos dos sistemas
e redes de ensino, elaborada a partir das orientações da Constituição Federal de
1988, da LDBEN/96, das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica,
do Plano Nacional de Educação (PNE) e de outros pareceres e resoluções da
legislação educacional brasileira (VERDE, 2015).

A finalidade da BNCC é a de assegurar um processo de ensino e


aprendizagem, no qual são desenvolvidos conteúdos essenciais que contribuem
para a formação integral e global dos indivíduos, assim como busca inserir nos
currículos das escolas brasileiras o direito à educação como condição elementar
para a participação social.

Além disso, a BNCC tem por foco atender às necessidades e motivações


dos estudantes, incluir a diversidade humana na escola e inserir a família e a
comunidade nas decisões das instituições educativas por meio da gestão
democrática. Para isso, a BNCC foi elaborada por meio de uma metodologia de
participação, por intermédio do pacto interfederativo, desenvolvida em cinco fases,
nas quais ocorreram consultas públicas que avaliaram as versões preliminares e
que sugeriram melhorias à versão final da BNCC.

Portanto, embora o documento final da BNCC tenha sido homologado pelo


MEC e CNE, e encontra-se em fase de implementação nas escolas públicas e
privadas do Brasil, é de extrema importância que os (as) educadores (as), as
organizações educativas e científicas, as empresas e pessoas interessadas na
educação brasileira continuem avaliando e propondo melhorias ao documento,
com o objetivo de contribuir para a construção de uma base comum curricular em
favor dos interesses da população, da escola pública e da educação brasileira
com qualidade.

46
O Processo de Construção da Base Nacional Comum
Capítulo 1
Curricular (BNCC)

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educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº
236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei n. 11.161, de 5 de agosto de 2005;
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Capítulo 1
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49
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

50
C APÍTULO 2
O Processo de Tramitação, Aprova-
ção e Homologação da BNCC

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� identificar as mudanças implementadas na versão atual da BNCC;

� analisar o processo de tramitação, aprovação e homologação da BNCC;

� compreender o processo de implementação da BNCC na educação brasileira.


Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

52
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O processo de tramitação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é
permeado por inúmeras discussões que envolveram a sociedade brasileira
na construção da BNCC. Ao longo deste processo ocorreu a análise das três
versões do documento da base mediante a consulta da opinião pública, análise
realizada por meio de uma comissão de especialistas e determinações políticas
educacionais que inseriram mudanças e reformas não somente no documento,
mas, também na educação brasileira.

As análises das versões preliminares da BNCC tiveram por finalidade


construir um documento que pudesse apresentar, de modo objetivo, a definição
e a função da BNCC no contexto da educação básica brasileira, os fundamentos
pedagógicos da BNCC, os princípios orientadores, bem como, indicar os Direitos
de Aprendizagem, as áreas de conhecimento da Educação Infantil e do Ensino
Fundamental e os seus componentes curriculares, dentre outras determinações.

Ao longo do presente capítulo iremos analisar o processo de tramitação,


aprovação e homologação da BNCC por meio de determinações do MEC e
CNE, apresentar as principais características das três versões preliminares da
BNCC, destacando as diferenças entre elas, como também, pontuar as críticas
que foram direcionadas ao documento da base durante o seu processo de
tramitação. Portanto, convidamos você a analisar e refletir sobre o processo de
tramitação e aprovação da BNCC, de modo que a leitura deste capítulo poderá
prepará-lo para discutir as novas propostas curriculares para os sistemas e redes
de ensino da educação básica, assim como, posicionar-se como um professor
crítico que compreende as reformas curriculares que estão sendo elaboradas e
implementadas na educação básica do Brasil.

2 O PROCESSO DE TRAMITAÇÃO
E APROVAÇÃO DA BNCC POR
MEIO DE PARECER E RESOLUÇÃO
DO CONSELHO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO (CNE)
O processo de tramitação e aprovação da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) gerou inúmeras discussões e polêmicas no cenário educacional e político

53
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

brasileiro, uma vez que, a construção da BNCC passou por três versões com
consultas da opinião pública e análise de assessores do MEC e especialistas
internacionais em currículo para a reelaboração do documento. Nesse período,
houve, ainda, a determinação da Portaria nº 790/2016 e da Lei nº 13.415/2016 que
delimitaram a versão final da BNCC e outras mudanças políticas que permearam
a construção desse documento.

O primeiro De acordo com Triches (2018), o primeiro documento da BNCC


documento da é formulado e publicado em um cenário político caracterizado pelas
BNCC é formulado disputas políticas que resultaram no impeachment da ex-presidenta
e publicado em Dilma Rousseff, no período de 2015 - 2016, e pelas discussões sobre
um cenário político políticas curriculares para a educação básica brasileira. Micarello (2016,
caracterizado pelas
p. 66) ressalta que o processo de construção e tramitação da primeira
disputas políticas
que resultaram no versão da BNCC é marcada pelos seguintes eventos:
impeachment da
ex-presidenta Dilma Os debates em torno da primeira versão da BNCC se realizaram
Rousseff. entre os meses de setembro de 2015 e março de 2016, período
de acirramento da crise política vivida pelo Brasil e que culminou
no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Esse cenário
teve amplas repercussões nesses debates, que se deram num
quadro geral de ações e discursos de diferentes setores que
buscavam deslegitimar o governo eleito, desqualificar suas
iniciativas, criando um cenário favorável ao golpe contra a
democracia impetrado em agosto de 2016. A grande mídia
teve papel preponderante nesse cenário e, no que se refere
especificamente à base, sua atuação se deu no sentido de
privilegiar algumas vozes, em geral sem ligação direta com a
educação, em detrimento de outras. As fundações privadas,
por exemplo, foram vozes privilegiadas pela mídia, chamadas
com frequência a se manifestarem sobre o documento,
apresentadas como portadoras de um discurso legitimado por
argumentos “científicos”.

Podemos observar na citação mencionada anteriormente que o período


de construção e tramitação da primeira versão da BNCC sofreu influências
das mudanças sociais, políticas, educacionais que o nosso país enfrentava.
Nesse momento de transição, alguns grupos aproveitaram para introduzir os
seus interesses nas decisões direcionadas para a educação básica do Brasil,
principalmente, no processo de elaboração da BNCC, como refere Micarello
(2016, p. 68) a seguir:

No caso da BNCC, é possível identificar pelo menos


três grandes grupos de interesses que se manifestaram
em seu processo de elaboração: os atores diretamente
ligados à escola de educação básica (professores, escolas,
gestores, estudantes), os atores do espaço acadêmico,
ligados à produção de conhecimentos nas diferentes áreas
(pesquisadores, professores universitários, associações

54
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

científicas) e os atores do segmento privado empresarial,


com interesses na educação pública e de influenciar a política
nacional (fundações privadas em geral).

Os grupos e as pessoas interessadas na BNCC brasileira apresentaram


interesses coesos e conflitantes, resultando em “um embate entre forças que,
de um lado, buscam a manutenção dos cânones a partir dos quais, historicamente,
as propostas curriculares para a escola de educação básica foram construídas
e, de outro, forças mais progressistas, que reivindicam um protagonismo na
definição dessa base curricular” (MICARELLO, 2016, p. 69).

A partir da perspectiva das teorias pós-críticas do currículo, A partir da


podemos compreender que a construção das propostas curriculares perspectiva
envolve diversos grupos de poder, tendo em vista que, o Estado não é das teorias
mais o único detentor do poder nas decisões dos diversos setores de um pós-críticas do
país, pois, o poder está distribuído entre os distintos segmentos sociais. currículo, podemos
compreender
Sendo assim, o currículo escolar é parte integrante do poder, por isso,
que a construção
o currículo é um espaço de disputa, no qual os diversos grupos lutam das propostas
para estabelecer a sua hegemonia (SILVA, 2011). curriculares envolve
diversos grupos de
poder, tendo em
FIGURA 1 — REPRESENTAÇÃO DA DISPUTA vista que, o Estado
DE PODER ENTRE GRUPOS não é mais o único
detentor do poder
nas decisões dos
diversos setores
de um país, pois,
o poder está
distribuído entre os
distintos segmentos
sociais.

FONTE: <https://noticias.gospelmais.com.br/conflito-gays-liderancas-
evangelicas-aspecto-destrutivo-55245.html>. Acesso em: 23 nov. 2018.

Para ampliar os seus estudados sobre as teorias pós-críticas do


currículo, leia o livro “Documentos de identidade: uma introdução às
teorias do currículo” do autor Tomaz Tadeu da Silva (2011).

55
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

A preocupação do Em relação aos grupos de educadores brasileiros, segundo


movimento dos Fernandes (2015), a preocupação do movimento dos trabalhadores
trabalhadores em em educação direciona-se para os possíveis impactos negativos
educação direciona- que a BNCC poderá provocar na educação básica, como a possível
se para os possíveis desqualificação da educação básica com um currículo único e mínimo:
impactos negativos
que a BNCC No que se refere à formulação de uma base nacional comum,
poderá provocar na a principal preocupação dos trabalhadores em educação
educação básica, reside na predisposição desse referencial a se transformar em
como a possível verdadeiro currículo único e mínimo, abdicando do processo
desqualificação da de conhecimento criativo, pautado na autonomia escolar
educação básica e no respeito à diversidade do povo brasileiro. O currículo
com um currículo mínimo, a pretexto de servir de mecanismo para se atingir
único e mínimo melhor padrão de qualidade, enseja um ensino pasteurizado,
conteudista, antiplural e antidemocrático na medida em que
retira a autonomia dos sistemas de ensino, das escolas e dos
profissionais da educação (FERNANDES, 2015, p. 412).

Tal preocupação dos educadores se deu, principalmente, devido a primeira


versão da BNCC ter sido elaborada por um comitê de especialistas indicados
pelo Ministério da Educação (MEC), Conselho Nacional de Secretários de
Educação (Consed) e pela União Nacional dos Dirigentes de Educação (Undime),
centralizando as decisões referentes à base no referido ministério, resultando em
inúmeras críticas em torno do processo de construção e tramitação do documento
preliminar da BNCC.

FIGURA 2 — COMITÊ DE ESPECIALISTAS DO CNE PARA ANÁLISE DA BNCC

FONTE: <https://g1.globo.com/educacao/noticia/base-nacional-comum-
curricular-bncc-e-aprovada-em-conselho.ghtml>. Acesso em: 23 nov. 2018.

56
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

Para você conhecer mais sobre a Portaria nº 592, de 17 de junho


de 2015, que institui a Comissão de Especialistas para a elaboração
da versão preliminar da BNCC, acesse: http://portal.mec.gov.br/
index.php?option=com_docman&view=download&alias=21361-port-
592-bnc-21-set-2015-pdf&Itemid=30192

Sendo assim, a comissão de especialistas para a elaboração da


Sendo assim,
versão preliminar da BNCC foi instituída pela Portaria nº 592, de 17 de a comissão de
junho de 2015, que determinou, em seu artigo 1º, o número de membros especialistas para
da comissão e os órgãos responsáveis pela indicação dos especialistas, a elaboração da
como podemos observar a seguir: versão preliminar da
BNCC foi instituída
Art. 1º Fica instituída a Comissão de Especialistas pela Portaria nº 592,
para a Elaboração da Proposta da Base Nacional de 17 de junho de
Comum Curricular. 2015.
§ 1º A Comissão de Especialistas será composta
por 116 membros, indicados entre professores
pesquisadores de universidades com reconhecida contribuição
para a educação básica e formação de professores, professores
em exercício nas redes estaduais, do Distrito Federal e redes
municipais, bem como especialistas que tenham vínculo com
as secretarias estaduais das unidades da Federação.
§ 2º Participarão dessa comissão profissionais de todas as
unidades da federação indicados pelo Conselho Nacional de
Secretários de Educação - CONSED e União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação - Undime.
§ 3º A composição da Comissão de Especialistas será
determinada pelas Áreas de Conhecimento e respectivos
componentes curriculares de acordo com as etapas da
Educação Básica, estabelecidos nas Diretrizes Curriculares
Nacionais (BRASIL, 2015a, p. 16).

A comissão de especialistas indicada na citação elaborou o documento da


primeira versão da BNCC publicado no portal virtual do MEC em 16 de setembro
de 2015. A primeira versão da BNCC apresentou trezentos e duas laudas, das
quais organizaram-se da seguinte forma:

Apresentação inicial introdutória composta por uma carta do


Ministério da Educação em exercício: Renato Janine Ribeiro;
Sumário;
Textos: Princípios Orientadores da Base Nacional Comum
Curricular; A Educação Especial na Perspectiva Inclusiva e
a Base Nacional Comum Curricular; Documento Preliminar
à Base Nacional Comum Curricular – Princípios, Formas de

57
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Organização e Conteúdo;
Proposta da Educação Infantil (Texto: A Educação Infantil na
Base Nacional Comum Curricular);
Quatro áreas voltadas ao Ensino Fundamental e Ensino Médio
(parte mais densa documento): Linguagens, Matemática,
Ciências da Natureza e Ciências Humanas, subdivididas por
Componentes Curriculares: estes, por sua vez, organizam seus
respectivos eixos e apresentam os objetivos de aprendizagem
separados por eixos e por ano letivo (RODRIGUES, 2016, p.
87).

Podemos notar que a primeira versão da BNCC era intitulada


A primeira versão da
BNCC era intitulada de BNC, apresentava uma breve justificativa sobre a construção de
de BNC. uma base comum curricular no Brasil e delimitava de forma objetiva
os princípios e as formas de organização do conteúdo, bem como,
indicava as diretrizes e objetivos de aprendizagem para a Educação Infantil e
orientações para a organização da educação especial, estabeleceu quatro áreas
do conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências
Humanas) com seus respectivos componentes curriculares para o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio e os seus objetivos de aprendizagem, divididos
por ano letivos. Como podemos verificar a seguir no sumário do documento:

58
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

FIGURA 3 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2015a, s.p.)

59
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

FIGURA 4 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2015a, s.p.)

60
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

FIGURA 5 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2015a, s.p.)

61
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

FIGURA 6 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2015a, s.p.)

62
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

FIGURA 7 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2015a, s.p.)

63
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

FIGURA 8 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2015a, s.p.)

64
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

FIGURA 9 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2015a, s.p.)

65
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Para conhecer o documento da primeira versão da BNCC,


acesse o site Movimento pela Base Nacional Comum. Disponível
em: <http://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2017/04/
BNCC-APRESENTACAO_final_06-10.pdf>.

Como podemos observar no sumário do documento da primeira versão da


BNCC, os textos introdutórios do documento, buscou apresentar com clareza a
proposta curricular, sintetizando-a em três itens, a saber: a) Princípios Orientadores
da Base Nacional Comum Curricular; b) A Educação Especial na Perspectiva
Inclusiva e a Base Nacional Comum Curricular; c) Documento Preliminar à Base
Nacional Comum Curricular – Princípios, Formas de Organização e Conteúdo.
(RODRIGUES, 2016).

O texto da versão preliminar do documento da primeira versão da


BNCC denominado de “Princípios Orientadores da definição de objetivos de
aprendizagem das áreas de conhecimento”, foi modificado para “Princípios
Orientadores da Base Nacional Comum Curricular (BNC)”. Esse texto elaborado
pelo MEC por meio da Secretaria de Educação Básica teve por objetivo nortear
o processo de construção da BNCC, atendendo as metas do Plano Nacional de
Educação (PNE). (RODRIGUES, 2016).

Além disso, os textos introdutórios do documento indicavam que o objetivo


da BNCC seria propiciar percursos de aprendizagem e desenvolvimento para os
alunos da educação básica para garantir o direito à educação. Para isso, foram
estabelecidos os Princípios Orientadores da Base Nacional Comum Curricular
(figuras 10 e 11) a serem contemplados na Educação Infantil, Ensino Fundamental
e Ensino Médio (BRASIL, 2015a).

Segundo o No entanto, segundo o documento da primeira versão da BNCC, a


documento da responsabilidade da garantia ao direito à aprendizagem não é somente
primeira versão da instituição educativa:
da BNCC, a
responsabilidade da A escola não é a única instituição responsável por garantir
garantia ao direito esses direitos, mas tem um papel importante para que eles
à aprendizagem sejam assegurados aos estudantes. Para que possa cumprir
não é somente da este papel, ao longo da educação básica serão mobilizados
instituição educativa. recursos de todas as áreas de conhecimento e de cada um
de seus componentes curriculares, de forma articulada e
progressiva, pois em todas as atividades escolares aprende-
se a se expressar, conviver, ocupar-se da saúde e do ambiente,
localizar-se no tempo e no espaço, desenvolver visão de

66
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

mundo e apreço pela cultura, associar saberes ao contexto


vivido, projetar a própria vida e tomar parte na condução dos
destinos sociais.
Esses direitos fundamentais, que a escola deve contribuir
para promover, serão de fato garantidos quando os sujeitos
da educação básica – estudantes, seus professores e demais
partícipes da vida escolar – dispuserem de condições para:
o desenvolvimento de múltiplas linguagens como recursos
próprios; o uso criativo e crítico dos recursos de informação
e comunicação; a vivência da cultura como realização
prazerosa; a percepção e o encantamento com as ciências
como permanente convite à dúvida; a compreensão da
democracia, da justiça e da equidade como resultados
de contínuo envolvimento e participação. Essas condições
se efetivam numa escola que seja ambiente de vivência e
produção cultural, de corresponsabilidade de todos com o
desenvolvimento de todos, e em contínuo intercâmbio de
questões, informações e propostas com sua comunidade,
como protagonista social e cultural (BRASIL, 2015a, p. 8-9,
grifo do autor).

O documento da primeira versão da BNCC assinala a O documento da


responsabilidade da educação aos diversos fatores e agentes primeira versão da
escolares. O mesmo documento chama a atenção para as condições BNCC assinala a
essenciais que devem ser respeitadas para promover o desenvolvimento responsabilidade
das capacidades sugeridas nos Princípios Orientadores da Base da educação aos
diversos fatores e
Nacional Comum Curricular na Educação Infantil (ambiente acolhedor,
agentes escolares.
socializador, afetivo, etc.), no Ensino Fundamental (acolhimento integral
da criança, alfabetização, articulação interdisciplinar consistente, dentre
outros) e no Ensino Médio (articulação interdisciplinar consistente, correlações
entre diferentes aprendizados, articulação entre teoria e prática etc.) (BRASIL,
2015a).

67
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

FIGURA 10 — PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA


APRENDIZAGEM DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2015a, s.p.)

68
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

FIGURA 11 — PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA


APRENDIZAGEM DA PRIMEIRA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2015a, s.p.)

De acordo com Rodrigues (2016), os direitos de aprendizagem Desta forma, a


são fundamentais para as associações entre as diversas áreas do proposta da primeira
conhecimento e etapas da escolarização na definição dos objetivos da versão da BNCC
seria delimitar
educação básica. Desta forma, a proposta da primeira versão da BNCC
os objetivos de
seria delimitar os objetivos de aprendizagem que poderiam contribuir aprendizagem que
para garantir os direitos enunciados no documento. poderiam contribuir
para garantir os
Outros pontos importantes apresentados no documento da primeira direitos enunciados
versão da BNCC são a necessidade de delimitar as características no documento.
semelhantes e dessemelhantes, de forma contextualizada, de cada nível
da educação básica, bem como, sugerir que as áreas e componentes curriculares

69
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

deveriam ser desenvolvidos em parceria para propiciar uma melhor apropriação


dos mesmos. Todas essas determinações foram submetidas à consulta pública
(RODRIGUES, 2016).

A primeira versão No item “A Educação Especial na Perspectiva Inclusiva e a


da BNCC propõe Base Nacional Comum Curricular” da parte introdutória, é defendido
que os sistemas de a garantia e a efetividade do direito à educação as pessoas com
ensino deveriam deficiências e a plena participação nos espaços sociais por meio de
assegurar em igualdades de condições e oportunidades na sociedade, sem restrições
todos os níveis da
de participação. Para tanto, a primeira versão da BNCC propõe que
educação básica
a organização e os sistemas de ensino deveriam assegurar em todos os níveis da
oferta de ações de educação básica a organização e oferta de ações de apoio específicas
apoio específicas para promoverem a acessibilidade (BRASIL, 2015a).
para promoverem
a acessibilidade Segundo o documento da primeira versão da BNCC (BRASIL,
(BRASIL, 2015a).
2015a), a Educação Especial é compreendida como uma modalidade
transversal nas diversas etapas da educação básica. De modo que, seria o
currículo o instrumento responsável para organizar e ofertar serviços e recursos
de acessibilidade. Sendo assim, a primeira versão da BNCC indicou serviços que
poderiam assegurar o acesso ao currículo na educação especial associado à
atuação profissional, são eles:

● Atendimento educacional especializado (AEE): considerando como


atividades do AEE o estudo de caso, o plano de AEE, ensino do Sistema
Braille, ensino do uso do Soroban, estratégias para autonomia no
ambiente escolar, orientação e mobilidade, ensino do uso de recursos
de tecnologia assistiva, ensino do uso da comunicação alternativa e
aumentativa (CAA), estratégias para o desenvolvimento de processos
cognitivos, estratégias para enriquecimento curricular.
● Profissional de apoio: o serviço com os profissionais de apoio deveria
ser disponibilizado a partir da necessidade do estudante, visando os
cuidados pessoais de locomoção, alimentação e higiene. De modo
que, estes atuam em parceria com os profissionais responsáveis pela
escolarização da pessoa com deficiência.
● Tradutor/Intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)/Língua
Portuguesa: o serviço de tradutor deveria ser garantido sempre que
houvesse matrícula de alunos usuários da Língua Brasileira de Sinais,
aliando-o aos recursos tecnológicos.
● Guia intérprete: esse serviço seria disponibilizado pelo profissional
em tradução e interpretação tátil da Língua Brasileira de Sinais, uso da
dactilologia, mediação de comunicação alternativa (BRASIL, 2015a).

O terceiro item da parte introdutória “Documento Preliminar à Base Nacional

70
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

Comum Curricular – Princípios, Formas de Organização e Conteúdo” trata


sobre os direitos e objetivos da aprendizagem relacionando-os com as quatro
áreas do conhecimento: Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens
e Matemática a partir das determinações das Diretrizes Curriculares Nacionais
Gerais para a Educação Básica, do Plano Nacional de Educação, da Secretaria
de Educação Básica (BRASIL, 2015a).

No documento da primeira versão as orientações para a Educação Infantil


foram apresentadas no texto “A Educação Infantil na Base Nacional Comum
Curricular” que aponta três princípios que deveriam orientar a construção do
projeto político pedagógico da Educação Infantil com base nas determinações do
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), Resolução nº
5/2009. Os princípios da Educação Infantil são:

Éticos (autonomia, responsabilidade, solidariedade, respeito


ao bem-comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas,
identidade e singularidades);
Políticos (direitos de cidadania, exercício da criticidade,
respeito à ordem democrática);
Estéticos (sensibilidade, criatividade, ludicidade, liberdade de
expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais)
(BRASIL, 2015a, p. 19, grifo do autor).

Estes princípios deveriam fundamentar as metodologias e as relações que


constituem o modo de gestão das unidades, organização dos ambientes da
Educação Infantil. Outro ponto apresentado no documento são os Direitos de
Aprendizagem na Educação Infantil:

CONVIVER democraticamente, com outras crianças e adultos,


com eles interagir, utilizando diferentes linguagens, e ampliar o
conhecimento e o respeito em relação à natureza, à cultura, às
singularidades e às diferenças entre as pessoas;
BRINCAR cotidianamente de diversas formas e com
diferentes parceiros, interagindo com as culturas infantis,
construindo conhecimentos e desenvolvendo sua imaginação,
sua criatividade, suas capacidades emocionais, motoras,
cognitivas e relacionais;
PARTICIPAR, com protagonismo, tanto no planejamento como
na realização das atividades recorrentes da vida cotidiana,
na escola das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes,
desenvolvendo linguagens e elaborando conhecimentos;
EXPLORAR movimentos, gestões, sons, palavras, histórias,
objetos, elementos da natureza e do ambiente urbano e do
campo, interagindo com diferentes grupos e ampliando seus
saberes e linguagens;
COMUNICAR, com diferentes linguagens, opiniões,
sentimentos e desejos, pedidos de ajuda, narrativas de
experiências, registros de vivências e de conhecimentos, ao
mesmo tempo em que aprende a compreender o que os outros

71
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

lhe comunicam;
CONHECER-SE e construir sua identidade pessoal e cultural,
constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos
de pertencimento nas diversas interações e brincadeiras
vivenciadas na instituição de Educação Infantil (BRASIL,
2015a, p. 19–20).

Segundo o documento da primeira versão da BNCC (BRASIL, 2015a), para


alcançar esses objetivos deveriam ser construídas experiências de aprendizagem
que significam experiências reais na vida cotidiana das crianças que conduzam
as aprendizagens sobre cultura, convívio social, a construção de narrativas
individuais e coletivas, por intermédio de diversas linguagens. Estes direitos e
objetivos da aprendizagem foram submetidos à consulta pública (BRASIL, 2015a).
Sendo assim, a proposta curricular da primeira versão da BNCC para a Educação
Infantil se deu em Campos de Experiências:

Os Campos de Experiências incluem determinadas práticas


sociais e culturais de uma comunidade e as múltiplas
linguagens simbólicas que nelas estão presentes. Constituem-
se como forma de organização curricular adequada a esse
momento da educação da criança de até 6 anos, quando
certos conhecimentos, trabalhados de modo interativo e lúdico,
promovem a apropriação por elas de conteúdos relevantes.
Os campos potencializam experiências de distintas naturezas,
dadas a relevância e a amplitude dos desafios que uma
De acordo com criança de 0 a 6 anos enfrenta em seu processo de viver, de
compreender o mundo e a si mesma (BRASIL, 2015a, p. 20).
Rodrigues (2016),
o documento da
primeira versão De acordo com Rodrigues (2016), o documento da primeira
organizou de versão organizou de modo fragmentado os Campos de Experiências e
modo fragmentado Objetivos de Aprendizagem na Educação Infantil, com a finalidade de
os Campos de
garantir os princípios e os direitos das crianças de zero a seis anos de
Experiências
e Objetivos de idade. Os Campos de Experiências para crianças de até seis anos são:
Aprendizagem na
Educação Infantil, a) O Eu, O Outro e o Nós;
com a finalidade de b) Corpo, Gestos e Movimentos;
garantir os princípios c) Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação;
e os direitos das
d) Traços, Sons, Cores e Imagens;
crianças de zero a
seis anos de idade. e) Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações.

Os Campos de Experiências não representam áreas de conhecimento,


mas, eles perpassam por elas. O texto sobre as orientações curriculares para a
Educação Infantil encerra apontando que o sistema educacional deverá garantir
as condições essenciais para o desenvolvimento do trabalho pedagógico na
Educação Infantil como organização dos espaços para a interação das crianças,
acesso a materiais diversificados, formas de acompanhamento e avaliação do
desenvolvimento dos estudantes (BRASIL, 2015a).

72
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

Em relação à proposta curricular da primeira versão da BNCC para o


Ensino Fundamental e o Ensino Médio, tivemos quatro áreas de Conhecimento,
Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, que
possuem subcomponentes que neles estão distribuídos os Objetivos de
Aprendizagem. (RODRIGUES, 2016).

Na área de Linguagens foram apresentados quatro componentes


curriculares: Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Educação Física e
Arte, com o objetivo de promover uma maior relação entre esses conhecimentos
(RODRIGUES, 2016). Desta forma, os objetivos da área de Linguagens para a
Educação Básica consistiram em:

Planejar e realizar intervenções orais em situações públicas e


analisar práticas utilizando diferentes gêneros orais (conversa,
discussão, debate, entrevista, debate, regrada, exposição
oral), assim como desenvolver escuta atenta e crítica em
situações variadas.
Planejar, produzir, reescrever, revisar, editar e avaliar textos
variados, considerando o contexto de produção e circulação
(finalidades, gêneros, destinatários, espaços de circulação,
suportes) e os aspectos discursivos, composicionais e
linguísticos.
Desenvolver estratégias e habilidades de leitura – antecipar
sentidos e ativar conhecimentos prévios relativos aos textos,
elaborar inferências, localizar informações, estabelecer
relações de intertextualidade e interdiscursividade, apreender
sentidos gerais do texto, identificar assuntos/tema tratados nos
textos, estabelecer relações lógicas entre partes do texto – que
permitam ler, com compreensão, textos de gêneros variados,
sobretudo gêneros literários.
Valorizar diferentes identidades sociais, lendo e apreciando
a literatura das culturas tradicional, popular, afro-brasileira,
africana, indígena e de outros povos e culturas.
Refletir sobre a variação linguística, reconhecendo relações
de poder na sociedade, combatendo as formas de dominação
e preconceito que se fazem na e pela linguagem, sobre as
relações entre fala e escrita em diferentes gêneros, assim
como reconhecer e utilizar estratégias de marcação do nível
de formalidade dos textos em suas produções.
Utilizar sobre a variação linguística, reconhecendo relações
de poder na sociedade, combatendo as formas de dominação
e preconceito que se fazem na e pela linguagem, sobre as
relações entre fala e escrita em diferentes gêneros, assim
como reconhecer e utilizar estratégias de marcação do nível
de formalidade dos textos em suas produções.
Utilizar e analisar diferentes estratégias de coesão e
articulação entre partes do texto, tais como os recursos de
retomadas (pronominalização, substituição lexical, uso de
palavras de ligação) e as palavras e expressões que marcam
a progressão do tempo na narrativa, as que estabelecem as
relações de causalidade, oposição, consequência, explicação
entre acontecimentos e ideias.

73
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Ler, produzir e analisar textos multimodais, estabelecendo


relações entre escrita, fala, sons, música, imagens (fotografias,
telas, ilustrações, imagens em movimento, grafismos), dentre
outras linguagens (BRASIL, 2015a, p. 41).

Na área de Matemática foram considerados os conhecimentos matemáticos


fundamentais para a vida em sociedade e o desenvolvimento tecnológico. Sendo
assim, os objetivos gerais dessa área para a Educação Básica foram:

Estabelecer conexões entre os eixos da matemática e entre


esta e outras áreas do saber.
Resolver problemas, criando estratégias próprias para sua
resolução, desenvolvendo imaginação e criatividade.
Raciocinar, fazer abstrações com base em situações concretas,
generalizar, organizar e representar.
Comunicar-se, utilizando as diversas formas de linguagem
empregadas em Matemáticas.
Utilizar a argumentação matemática apoiada em vários tipos
de raciocínio (BRASIL, 2015a, p. 118).

Na área de Ciências da Natureza foram reunidos os seguintes componentes


curriculares: Ciências, Biologia, Física, Química, com o objetivo de formar o sujeito
para a interação e atuação em diversos espaços, considerando a construção
do conhecimento científico e os aspectos culturais, sociais, éticos e ambientais
(RODRIGUES, 2016). De tal forma, os Objetivos Gerais da área de Ciências da
Natureza para a Educação Básica foram:

Compreender a ciência como um empreendimento humano,


construído histórico e socialmente.
Apropriar-se de conhecimentos das Ciências da Natureza
como instrumento de leitura do mundo.
Interpretar e discutir relações entre a ciência, a tecnologia, o
ambiente e a sociedade.
Mobilizar conhecimentos para emitir julgamentos e tomar
posições a respeito de situações e problemas de interesse
pessoal e social relativos às interações da ciência na sociedade.
Saber buscar e fazer uso de informações e de procedimentos
de investigação com vistas a propor soluções para problemas
que envolvem conhecimentos científicos.
Desenvolver senso crítico e autonomia intelectual no
enfrentamento de problemas e na busca de soluções, visando
transformações sociais e construção da cidadania.
Fazer uso de modos de comunicação e de interação para
aplicação e divulgação de conhecimentos científicos e
tecnológicos.
Refletir criticamente sobre valores humanos, éticos e morais
relacionados com a aplicação dos conhecimentos científicos
e tecnológicos.

A área de Ciências Humanas reuniu saberes que problematizam as

74
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

relações naturais, sociais e de poder, os conhecimentos científicos, as políticas,


a cultura, dentre outros. Os componentes curriculares dessas áreas são: História,
Geografia, Ensino Religioso, Filosofia, Sociologia. E os Objetivos Gerais de
aprendizagem da área de Ciências da Humanas para a Educação Básica forma:

Conhecer princípios éticos, políticos, culturais, sociais e


afetivos, sob a égide da solidariedade, atentando para a
diversidade, a exclusão, avaliando e assumindo ações
possíveis para cuidado de si mesmo, da vida em sociedade,
do meio ambiente e das próximas gerações.
Analisar processos e fenômenos naturais, sociais,
filosóficos, sociológicos, históricos, religiosos e geográficos,
problematizando-os em diferentes linguagens, adotando
condutas de investigação e de autoria em práticas escolares
e sociais voltadas para a promoção de conhecimentos, da
sustentabilidade ambiental, da interculturalidade e da vida.
Problematizar o papel e a função de instituições sociais,
culturais, políticas, econômicas e religiosas, questionando
os enfrentamentos entre grupos e sociedades, bem como as
práticas de atores sociais em relação ao exercício de cidadania,
nos desdobramentos de poder e na relação dinâmica entre
natureza e sociedade, em diferentes temporalidades e
espacialidades.
Compreender e aplicar pressupostos teórico-metodológicos
que fundamental saberes, conhecimentos e experiências que
integrem e reflitam o percurso da Educação Básica, observando
os preceitos legais referentes a políticas educacionais de
inclusão, considerando o trabalho e as diversidades como
princípios formativos.

Após a finalização do documento da primeira versão da BNCC, o MEC criou


uma estratégia de análise para receber as informações das avaliações, críticas
e sugestões de melhorias para a segunda versão da BNCC. No portal virtual da
BNCC foi disponibilizado o documento “Notas sobre o tratamento e a publicação
dos dados e das contribuições ao documento preliminar da base nacional comum
curricular” que explicava como o MEC analisou os dados recebidos sobre a
primeira versão da BNCC (RODRIGUES, 2016).

As análises da BNCC foram apresentadas e organizadas pelo MEC em


quatro documentos:

Resultados estatísticos da avaliação da Base quanto à clareza,


pertinência e relevância dos textos, bem como de proposta de
exclusão de objetivos de aprendizagem;
Propostas de novos objetivos de aprendizagem;
Propostas de alteração de texto dos objetivos de aprendizagem;
Propostas de alteração dos textos da Base, que inclui os textos
de apresentação da Base, das áreas de conhecimento e dos
componentes curriculares (BRASIL, 2016, p. 1).

75
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

O documento preliminar da BNCC recebeu também pareceres de instituições


científicas, assessores, especialistas de diversas universidades e escolas
do Brasil. As análises das consultas da opinião pública e as avaliações das
universidades e escolares brasileiras constituíram um relatório específico que foi
utilizado nos debates públicos em todo o território do país (RODRIGUES, 2016).
Segundo Micarello (2016, p. 69), houve um número significativo de participação
na análise do documento da primeira versão da BNCC:

Numa breve incursão ao Portal, foi possível inventariar alguns


números representativos da amplitude do debate que levou
à construção da segunda versão do documento: 12.226.510
contribuições (compõem esse universo, as escolas, redes
de ensino e indivíduos); 92 leitores críticos dos documentos
(professores pesquisadores das universidades, convidados
pelo MEC a produzir pareceres sobre a primeira versão
dos documentos preliminares, alguns deles amplamente
reconhecidos em suas áreas de atuação). Na maioria dos casos,
os pareceres emitidos por esses professores estão disponíveis
à leitura. Há, ainda, 45 relatórios sobre o processamento dos
dados da consulta pública e dois relatórios que apresentam
os encaminhamentos do MEC para a elaboração da segunda
versão do documento. Além das contribuições disponíveis no
Portal da Base, criado pelo MEC, há um conjunto de relatórios
advindos de consultorias internacionais, contratadas por
fundações privadas, que também são parte da correlação de
forças em torno do documento da BNCC.

A publicação da versão BNCC gerou inúmeros debates,


A publicação da
ganhando as páginas dos jornais do país. Nesse momento, os grupos
versão BNCC gerou
inúmeros debates, conservadores e progressistas criticaram a proposta da BNCC, de
ganhando as modo que eles foram contra o documento, pois, para os conversadores
páginas dos jornais o documento não satisfazia os termos necessários para a aquisição de
do país. conhecimento. Enquanto os progressistas esperavam um documento
que não defendesse os interesses do mercado ou das políticas
neoliberais. Aliaram-se a essas críticas os movimentos sociais, organizações não
governamentais ligadas à educação, entidades científicas posicionando-se contra
as determinações da primeira versão da BNCC (NEIRA; JÚNIOR; ALMEIDA,
2016).

Essas avalições e críticas serviram para a reelaboração do documento da


BNCC, de modo que a segunda versão da BNCC foi publicada no portal virtual
da base para o público em 16 de maio de 2016, apresentando significativas
alterações em sua estrutura, com textos explicando as diversas etapas de ensino
e as suas respectivas áreas, resultando em um documento com seiscentas e
setenta e seis laudas. A seguir o sumário do documento da segunda versão da
BNCC:

76
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

FIGURA 12 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA SEGUNDA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2016, s.p.)

77
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

FIGURA 13 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA SEGUNDA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2016, s.p)

78
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

Para conhecer o documento da segunda versão da BNCC,


acesse o site Movimento pela Base Nacional Comum, disponível em:
http://historiadabncc.mec.gov.br/documentos/bncc-2versao.revista.
pdf.

FIGURA 14 — SUMÁRIO DO DOCUMENTO DA SEGUNDA VERSÃO DA BNCC

FONTE: Brasil (2016, s.p.)

79
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Conforme Rodrigues (2016, p. 101-102), o documento da segunda versão da


BNCC apresentou a seguinte estrutura geral:

Nome dos membros integrantes das comissões das


representações: Ministério da Educação; CONSED, UNDIME
NACIONAL, Equipe de assessores e especialistas, Comissão
de especialistas das etapas de ensino e áreas, Professores
que colaboraram como revisores, Assessoria de comunicação
social ao Portal da Base Nacional Comum Curricular, Equipe
de Arquitetura da informação do Portal da BNCC, Equipe
de sistematização das contribuições ao Portal da Base
Nacional Comum Curricular, Coordenadores institucionais das
comissões estaduais para a discussão da BNCC e lista de
agradecimentos.
Sumário.
Textos Introdutórios: “Sobre a construção de uma base
nacional comum curricular para o Brasil”; “Princípios da Base
Nacional Comum Curricular e Direitos de Aprendizagem e
Desenvolvimento”; “A Base Nacional Comum Curricular”.
Proposta da Educação Infantil: texto “A Etapa da Educação
Infantil”.
Apresentação das áreas: texto “As áreas do conhecimento
e seus componentes curriculares na Base Nacional Comum
Curricular”.
Explicação introdutória de cada componente nas áreas.
Propostas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio: “A
Etapa do Ensino Fundamental”; “Os anos iniciais do Ensino
Fundamental”; “Os anos finais do Ensino Fundamental”; “A
Etapa do Ensino Médio”.
Após a apresentação de cada etapa, estão as áreas com seus
respectivos componentes curriculares, acompanhados dos
objetivos de aprendizagem em cada ano de escolarização.

A estrutura do documento da segunda versão da BNCC é mais


A estrutura do
objetiva que a primeira versão da BNCC. Como podemos observar
documento da
segunda versão na citação e no sumário (Figuras 12, 13, 14), no documento foram
da BNCC é mais apresentados os membros das comissões das representações, os
objetiva que a textos introdutórios com a apresentação da proposta da BNCC e suas
primeira versão da devidas alterações para as etapas e modalidades da educação básica,
BNCC. as suas áreas de conhecimento e os seus componentes curriculares e
os objetivos de aprendizagem.

O texto “Sobre a Construção de uma Base Nacional Comum Curricular


para o Brasil” é a introdução do documento, na qual é anunciado a construção
coletiva da BNCC (comitê de assessores, consulta pública e demais envolvidos)
e que representa os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, orientações
curriculares, para a educação básica, bem como, indica o MEC como instituição
que acredita na formação integral do sujeito e na educação com equidade e
qualidade, e os objetivos de aprendizagem estariam de acordo com a concepção

80
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

de educação enquanto direito social (RODRIGUES, 2016).

O segundo texto da parte introdutória “Princípios da Base Nacional Comum


Curricular e Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento” indica os direitos e os
objetivos da aprendizagem que deveriam ser contemplados nos currículos. Esses
direitos foram fundamentados nos princípios éticos, políticos e estéticos para
promover uma formação integral. Outro ponto destacado nesse tópico, são as
modalidades da educação básica em defesa da inclusão da diversidade, a parte
referente a educação especial é mantida igual ao documento da primeira versão
(BRASIL, 2016).

O terceiro texto da parte introdutória “A Base Nacional Comum Curricular”


afirma que a BNCC, por delimitar Direitos e Objetivos de aprendizagem e
Desenvolvimento, os quais as crianças deverão ter acesso na educação básica, é
um documento que traz avanços para a escola brasileira, em relação aos outros
documentos normativos produzidos anteriormente (BRASIL, 2016).

O texto que trata sobre as orientações curriculares para a Educação


Infantil apresentou significativas mudanças em sua estrutura e seu conteúdo em
relação ao documento da primeira versão. O documento propõe que o brincar
seja relacionada ao conteúdo escolar, que o currículo da Educação Infantil tenha
por base os princípios éticos, político e estético; cuidar e o educar; interações
e brincadeiras; escolhas de práticas e conhecimentos; centralidade nas
individualidades das crianças (RODRIGUES, 2016).

A segunda versão da BNCC considerou de fundamental importância A segunda


incluir conteúdos da experiência das crianças e possuir uma avaliação versão da BNCC
reflexiva sobre as aprendizagens dos estudantes. Os Direitos de considerou de
fundamental
Aprendizagem e Desenvolvimento da Educação Infantil foram conviver,
importância incluir
participar, explorar, brincar, expressar, conhecer-se, a partir desses conteúdos da
estabeleceram os Campos de Experiências repetidos da primeira experiência das
versão, porém, estabeleceu-se uma diferença entre o trabalho escolar crianças e possuir
para os bebês e as crianças pequenas, com base no DCNEI (Diretrizes uma avaliação
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil) (RODRIGUES, 2016). reflexiva sobre as
aprendizagens dos
estudantes.
Em relação as propostas curriculares da segunda versão da BNCC
para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, observamos que houve
um maior aprofundamento nas propostas, de modo que, o Ensino Fundamental
é classificado em duas etapas: Anos Iniciais (1º ao 5º ano) e Anos Finais (6º ao
9º ano), apresentando quatro eixos de desenvolvimento que foram letramento e
capacidade de aprender, ética e pensamento crítico, leitura do mundo natural e
social, solidariedade e sociabilidade (BRASIL, 2016).

81
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Enquanto ao Ensino Médio, o documento apresentou quatro dimensões de


formação que consistiram em trabalho, cultura, ciência, tecnologia, bem como os
eixos de formação do Ensino Médio que se relacionavam com os objetivos gerais
de formação. Os eixos de formação do Ensino Médio foram:

Eixo 1 _ Pensamento crítico e projeto de vida: este eixo diz


respeito à adoção, pelos/ pelas estudantes, de uma atitude
questionadora frente aos problemas sociais de modo a assumir
protagonismo em relação aos desafios contemporâneos e
projetar expectativas em relação a sua vida pessoal, acadêmica
e profissional, a partir da análise crítica de fatos e situações.
Eixo 2 _ Intervenção no mundo natural e social: este eixo
diz respeito ao protagonismo dos/das estudantes frente às
questões sociais e ambientais contemporâneas. Refere-se à
capacidade de dar respostas aos problemas de seu tempo,
utilizando-se, para tal, de diferentes recursos e tecnologias,
colocando-os a serviço de seus propósitos.
Eixo 3 _ Letramentos e capacidade de aprender: este eixo,
que também está presente no Ensino Fundamental, diz
respeito à ampliação da participação dos/das estudantes do
Ensino Médio no mundo letrado por sua inserção em esferas
mais abrangentes da vida social. Tal ampliação, além de
proporcionar novas aprendizagens na escola, deve se traduzir
no desenvolvimento da capacidade de continuar aprendendo
ao longo da vida.
Eixo 4 _ Solidariedade e sociabilidade: assim como no
Ensino Fundamental, no Ensino Médio este eixo diz respeito
aos compromissos que os sujeitos assumem com relação à
coletividade e aos processos de construção de identidade,
que se dão no reconhecimento e acolhimento das diferenças.
Diz respeito, ainda, à adoção de uma postura sensível diante
da vida, das relações sociais e dos seres humanos com o
ambiente, pautada em apreciações éticas e estéticas, como
Outro ponto
também ao desenvolvimento das competências necessárias
importante do para uma sociabilidade própria dos sistemas democráticos e
documento da republicanos (BRASIL, 2016, p. 493).
segunda versão
da BNCC é a
apresentação dos Outro ponto importante do documento da segunda versão da
temas integradores BNCC é a apresentação dos temas integradores que são: economia,
que são: economia, educação, financeira e sustentabilidade; culturas indígenas e africanas;
educação, financeira culturas digitais e computação; direitos humanos e cidadania; educação
e sustentabilidade; ambiental, que foram apenas citados na primeira versão do documento.
culturas indígenas
Para Rodrigues (2016, p. 108) “a função desses temas integradores
e africanas;
culturas digitais seria estabelecer integração entre uma área ou diferentes áreas da
e computação; educação básica. Tratam de questões que perpassam as experiências
direitos humanos e contextuais dos sujeitos”. Portanto, todas as mudanças apresentadas
cidadania; educação pelo documento da segunda versão da base buscaram esclarecer a
ambiental. estrutura da BNCC com maior clareza para a população brasileira.

Sendo assim, o documento da segunda versão foi analisado por meio dos

82
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

seminários estaduais que ocorreram entre junho e agosto de 2016 e contaram


com a participação de professores, gestores, especialistas, organizações e
entidades científicas. Os resultados da análise da segunda versão da BNCC foram
sistematizados e organizados em relatório elaborado por um grupo de trabalho
composto por Consed e Undime. Além disso, o documento da segunda versão da
BNCC foi avaliado por especialistas brasileiros e estrangeiros (BRANCO, 2017).

O relatório da Consed e da Undime e os pareceres analíticos dos


especialistas foram direcionados ao Comitê Gestor da Base Nacional Curricular
Comum e Reforma do Ensino Médio, para serem direcionados ao CNE. O
Comitê Gestor foi instituído pela Portaria nº 790, publicada em 27 de julho de
2016, e ficou responsável pelas diretrizes que orientaram a análise da segunda
versão da BNCC, a indicação dos especialistas que construíram a versão final do
documento da BNCC, dentre outras competências citadas a seguir:

Art. 5º Compete ao Comitê Gestor:


I - acompanhar os debates sobre o documento preliminar
da BNCC a serem promovidos nas unidades da Federação
durante os meses de julho e agosto de 2016;
II - convidar especialistas para discutirem temas específicos da
proposta em discussão da BNCC e sugerir alternativas para a
reforma do Ensino Médio;
III - propor definições, orientações e diretrizes para a
elaboração da versão final e implementação da BNCC e de
reforma do Ensino Médio;
IV - estabelecer cronograma de trabalho;
V - indicar especialistas para redigir a versão final da BNCC;
e VI - estabelecer orientações para a implantação gradativa
da BNCC pelas redes de ensino públicas e privadas (BRASIL,
2016, s.p.).

De acordo com o art. 5º da Portaria nº 790/2016, o Comitê Gestor De acordo com o


acompanhou os debates dos seminários estaduais para avaliar o art. 5º da Portaria nº
documento da segunda versão da BNCC, estabeleceu orientações para 790/2016, o Comitê
a implementação da BNCC nas escolas, estabeleceu um prazo para as Gestor acompanhou
os debates
análises, convidou especialistas para analisar as propostas e sugerir a
dos seminários
reforma do Ensino Médio, dentre outros. estaduais para
avaliar o documento
da segunda versão
da BNCC.

O Comitê Gestor da Base Nacional Curricular Comum foi


formado pela Secretaria-Executiva do MEC.

83
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Em relação às críticas direcionadas ao documento da segunda versão da


BNCC, Micarello (2016) afirma que o documento apresentou-se demasiadamente
extenso para contemplar os aspectos sugeridos pelas análises, como também,
o documento apresentava heterogeneidade em suas formas de organização dos
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento entre os componentes curriculares,
como por exemplo educação física, arte e língua estrangeira são sistematizados
por ciclos de formação e outros componentes curriculares por ano, fragilizando a
segunda versão da BNCC. Outro ponto criticado é a artificialidade da composição
de algumas áreas, como a área de linguagens que apresentou uma baixa
articulação entre os componentes curriculares (MICARELLO, 2016).

Apesar das diversas críticas sobre o documento da segunda versão


Precisamos,
ainda, discutir da BNCC, não podemos desqualificar o seu processo de construção,
a necessidade uma vez que, fomentou a necessidade e a relevância do debate
de uma base democrática na construção das políticas educacionais brasileiras. De
comum curricular modo que, precisamos, ainda, discutir a necessidade de uma base
para oferecer e comum curricular para oferecer e garantir uma escola mais digna com
garantir uma escola
oportunidades de acesso à educação de qualidade para todos.
mais digna com
oportunidades de
acesso à educação Nesse processo de reelaboração da BNCC, foram aprovadas duas
de qualidade para determinações que marcaram o processo de tramitação da BNCC, o
todos. projeto de Lei nº 4.486/2016 que altera o PNE, modificando a instância
de deliberação sobre a BNCC do CNE e do MEC para a Câmara dos
Deputados sob a justificativa que a BNCC delimita direitos de aprendizagem e
desenvolvimento, de modo que o Congresso seria a instância adequada para
deliberar a respeito dela. E a Medida Provisória nº 746/2016 (transformada
na Lei nº 13.415/2016) que trata sobre a reforma do Ensino Médio e atribui à
BNCC a função de definir o currículo do Ensino Médio em uma nova estrutura
na perspectiva da formação integral, sem consulta da opinião pública, gerando
revoltas nos educadores e demais trabalhadores da educação (MICARELLO,
2016).

Em 06 de abril de 2017, o MEC realiza a entrega a versão final da BNCC ao


CNE, com quatrocentos e setenta laudas, das quais organizam-se da seguinte
forma:

● Nomes dos ministérios, secretarias e parcerias envolvidas na construção


da BNCC;
● Sumário;
● Apresentação inicial da BNCC elaborada Ministro da Educação em
exercício: Mendonça Filho;
● Textos introdutórios: “A Base Nacional Comum Curricular”,
“Competências gerais da BNCC”, “Os marcos legais que embasam

84
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

a BNCC”, “Os fundamentos pedagógicos da BNCC”, “O pacto


interfederativo e a implementação da BNCC”;
● Estrutura geral da BNCC: definição das competências gerais para a
Educação Infantil e o Ensino Fundamental;
● A Etapa da Educação Infantil: a Educação Infantil na BNCC e
no contexto da educação básica, os Direitos de Aprendizagem e o
Desenvolvimento na Educação Infantil, os campos de experiências
(experiências concretas da vida cotidiana), orientações para a transição
para o Ensino Fundamental;
● A Etapa do Ensino Fundamental: o Ensino Fundamental no contexto da
educação básica, as áreas de conhecimento (Linguagens, Matemática,
Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Ensino Religioso) com as suas
respectivas unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades.

Tais elementos podem ser identificados nas figuras seguintes que apresentam
o sumário do documento da versão final da BNCC:

85
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

FIGURA 15 — SUMÁRIO DA VERSÃO FINAL DA BNCC

FONTE: Brasil (2017, s.p.)

86
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

FIGURA 16 — SUMÁRIO DA VERSÃO FINAL DA BNCC

FONTE: Brasil (2017, s.p.)

Para conhecer o documento da versão final da BNCC,


acesse: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf

87
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

No texto introdutório “A Base Nacional Comum Curricular” é apresentada a


proposta da BNCC para a educação básica, definindo o que é a BNCC e a sua
função no processo educativo, igualmente as versões anteriores da BNCC. O
mesmo texto declara que a base condiz com as determinações da LDBEN/96 e
das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN) e os princípios
éticos, políticos e estéticos que contribuem para a formação integral. (BRASIL,
2017).

Ainda no mesmo texto são indicadas dez competências gerais que deverão
ser desenvolvidas ao longo das etapas da educação básica, são elas:

1.Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente


construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital
para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo
e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem
própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a
análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar
causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base
nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
culturais, das locais às mundiais, e também participar de
práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora,
como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem
como conhecimentos das linguagens artística, matemática
e científica, para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação
e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para
se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e
autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais
e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem entender as relações próprias do mundo do
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações
confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos
de vista e decisões comuns que respeitem e promovam
os direitos humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável em âmbito local, regional e global, com
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e

88
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica


e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a
cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização
da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia,
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos,
inclusivos, sustentáveis e solidários (BRASIL, 2017, p. 8-9).

Essas habilidades, atitudes e valores estão articuladas com os direitos de


aprendizagem e desenvolvimento defendidos na LDBEN/96. Ao definir tais
competências a BNCC reconhece que a educação deverá contribuir para a
transformação do contexto social do aluno, a preservação ambiental para a
atuação no mercado de trabalho e outras atuações sociais (BRASIL, 2017).

Na segunda parte do texto introdutório “Os marcos legais que embasam a


BNCC”, o documento lista, de modo breve, os principais decretos, leis, diretrizes
que fundamentam e defendem o processo de construção de uma base comum
curricular no sistema de ensino brasileiro. Ao reunir em um único texto os principais
marcos históricos da construção da BNCC, o documento final diferencia-se da
segunda versão que citava ao longo do documento os marcos legais da BNCC.

Na terceira parte do texto introdutório “Os fundamentos pedagógicos da


BNCC”, o documento destaca que a BNCC tem por foco o desenvolvimento
de competências sob a justificativa que tal enfoque é debatido nas diretrizes da
LDBEN/96, assim como, os Estados e Municípios brasileiros, os diversos países,
e as avaliações internacionais têm adotado tal objetivo no final do século XX e
no início do século XXI. Outro aspecto defendido nesse texto é o compromisso
com a educação integral reconhecendo que a educação básica deverá investir
na formação e no desenvolvimento humano global com base no aprender a
aprender, com o objetivo de superar a fragmentação do conhecimento e motivar a
construção do conhecimento para a vida (BRASIL, 2017).

Na quarta parte do texto introdutório “O pacto interfederativo e a


implementação da BNCC”, o documento apresenta o compromisso da BNCC
com a defesa da implementação de ações que possam garantir as condições
de acesso e permanência na educação básica com equidade nas oportunidades
e qualidade no ensino. A implementação da BNCC nas escolas brasileiras será
tratada por meio do regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios mediante o pacto interfederativo (BRASIL, 2017).

89
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

No texto referente a proposta curricular para a Educação Infantil, o documento


final da BNCC permanece com a maioria dos Direitos de Aprendizagem e
Desenvolvimento determinados na primeira e segunda versão do documento,
substituindo apenas o direito de comunicar pelo direito de expressar, pois,
abordaria de forma mais ampla as diferentes linguagens, como podemos verificar
a seguir:

Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e


grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o
conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura
e às diferenças entre as pessoas.
Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes
espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos),
ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais,
seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas
experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas,
cognitivas, sociais e relacionais.
Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do
planejamento da gestão da escola e das atividades propostas
pelo educador quanto da realização das atividades da vida
cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais
e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e
elaborando conhecimentos, decidindo e se posicionando.
Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores,
palavras, emoções, transformações, relacionamentos,
histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela,
ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas
modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível,
suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas,
hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por
meio de diferentes linguagens.
Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e
cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus
grupos de pertencimento, nas diversas experiências de
cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas
na instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário
(BRASIL, 2017, p. 36, grifo nosso).

Em relação aos Campos de Experiências permanecem os mesmos


delimitados na primeira e na segunda versão da BNCC (O Eu, O Outro e o
Nós; Corpo, Gestos e Movimentos; Escuta, Fala, Pensamento e Imaginação;
Traços, Sons, Cores e Imagens; Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e
Transformações) (BRASIL, 2017).

O texto que trata sobre o Ensino Fundamental destaca a duração de


nove anos para essa etapa da Educação Básica, conforme as determinações
das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove
Anos – Resolução CNE/CEB n° 7/2010. Além disso, o texto classifica o Ensino
Fundamental em duas etapas: Anos Iniciais (1º ao 5º ano) e Anos Finais (6º ao 9º

90
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

ano), como nos documentos anteriores da BNCC.

As áreas de conhecimento do Ensino Fundamental permanecem iguais das


versões preliminares, Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências
Humanas, em seus componentes curriculares ocorreram algumas modificações.
Na versão final da BNCC foram incluídos a compreensão das novas tecnologias
da informação e da comunicação no processo educativo e o aprofundamento dos
objetivos a serem desenvolvidos na área de Linguagens na Educação Infantil e
no Ensino Fundamental. E excluído o ensino a respeito da ideologia de gênero,
devido às inúmeras polêmicas geradas acerca do mesmo.

O documento não apresentou as determinações para o Ensino Médio, pois,


ainda, não foram concluídas. De modo que, o MEC e o CNE estão se articulando
para continuar o processo de construção, tramitação e aprovação da reforma do
Ensino Médio.

Apesar das diversas críticas sobre a terceira versão da BNCC, em 06 de


abril de 2017 o documento foi enviado pelo MEC ao CNE para ser apreciado,
revisado e homologado afim de ser transformar em uma determinação nacional
para a Educação Básica brasileira. Sendo assim, em 15 de dezembro de 2017, o
CNE aprova a BNCC com vinte votos a favor e três votos contra, e no dia 20 de
dezembro de 2017 a base é homologada pelo MEC para ser implementada nas
instituições educativas de todo o país.

Portanto, destacamos que o processo de tramitação da BNCC foi de


extrema importância para a construção da Base, uma vez que, fomentou debates
e discussões sobre a importância curricular das escolas brasileiras para elevar
a qualidade do acesso e da permanência na educação básica, bem como,
contou com a participação da população na análise e construção das versões
preliminares da BNCC. Tal fator foi um importante passo para a construção de
propostas educacionais democráticas. No entanto, percebemos que, ainda,
não concluímos o processo de construção, tramitação e aprovação da BNCC,
pois, falta analisarmos as orientações para o Ensino Médio, para isso, devemos
continuar acompanhando e avaliando as terminações da BNCC para a Educação
Básica.

91
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

1 O processo de tramitação da BNCC envolveu três versões do


documento da base para contemplar as necessidades e saberes
fundamentais para o processo de ensino e aprendizagem nas
diversas etapas e modalidades da educação básica. Sobre as três
versões da BNCC, classifique V para as sentenças verdadeiras e
F para as falsas.

( ) O documento da primeira versão da BNCC foi produzido por


um comitê de especialistas indicados pelo MEC, Consed e pela
Undime.
( ) O documento da primeira versão da BNCC propõe a construção
de um currículo que sugere ações para a implementação da
educação especial na educação básica.
( ) O Comitê Gestor foi criado para acompanhar apenas a terceira
versão do documento da BNCC e reformar o currículo do Ensino
Médio.
( ) O documento da segunda versão foi avaliado nos seminários
estaduais que contou com a participação de grupos de
educadores, especialistas, organizações e entidades científicas.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


( ) V-V-F-V
( ) F-V-F-V
( ) F-F-F-V
( ) V-F-V-F

2 As competências gerais da educação básica delimitadas


pela BNCC visam a implantação de uma formação e um
desenvolvimento global do estudante. Quantas competências
gerais são apresentadas no documento final da BNCC?
( ) Cinco competências gerais
( ) Oito competências gerais
( ) Três competências gerais
( ) Dez competências gerais

3 A BNCC apresentou três versões em seu processo de tramitação


no CNE que foram revisadas e reelaboradas por especialistas

92
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

brasileiros e estrangeiros, grupos de educadores, e outros


parceiros. Analise o processo de tramitação da BNCC, em
seguida, construa uma tabela comparativa, na qual você
apresenta as principais diferenças entre as três versões do
documento da base.

3 A HOMOLOGAÇÃO DA BNCC PELO


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC)
O processo de homologação do documento final da BNCC iniciou-se
O processo de
em 06 de abril de 2017 quando o Ministério da Educação (MEC) entregou homologação do
a terceira versão da proposta da BNCC, composta por determinações documento final da
curriculares para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, ao BNCC iniciou-se em
Conselho Nacional de Educação (CNE) para ser analisada e aprovada. 06 de abril de 2017.
Nesse momento, estiveram presentes educadores, especialistas do
Comitê Gestor, o ex-secretário da Educação Manuel Palácios, os ex-ministros da
Educação José Henrique Paim e Luiz Cláudio Costa, dentre outras autoridades
(BRASIL, 2018).

FIGURA 17 — HOMOLOGAÇÃO DA TERCEIRA VERSÃO DA BNCC

FONTE: <http://www.educacao.pe.gov.br/
portal/?pag=&cat=37&art=4025>. Acesso em: 26 nov. 2018.

93
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

A segunda etapa da homologação da BNCC é caracterizada pelas


audiências públicas realizadas pelo CNE em cinco estados brasileiros (Recife,
São Paulo, Manaus, Brasília e Florianópolis). O objetivo das audiências públicas
constituiu em caráter consultivo para obter contribuições para a construção da
determinação instituidora da BNCC. Os resultados das audiências públicas
foram diversas manifestações sociais e documentos protocolados que
sugeriram ajustem para a BNCC com o objetivo de contemplar os interesses e as
necessidades das escolas brasileiras (BRASIL, 2018).

No site Movimento pela Base Nacional Comum você encontrará


a linha do tempo do processo de homologação da BNCC: <http://
movimentopelabase.org.br/linha-do-tempo/>.

A terceira etapa de homologação da BNCC ocorre em agosto de 2017,


quando o MEC, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)
e a União Nacional dos Dirigentes de Educação (Undime), em parceria com a
União dos Conselhos Municipais de Educação (UNCME) e o Fórum Nacional
dos Conselhos Estaduais de Educação (FNCEE) publicaram o documento “Guia
de Implementação da BNCC”. Este documento tem a finalidade de apoiar as
secretarias de educação e as equipes gestoras no processo de reelaboração
das propostas curriculares da Educação Infantil e do Ensino Fundamental dos
sistemas e redes de ensino do nosso país.

FIGURA 18 — CAPA DO GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO DA BNCC

FONTE: <https://implementacaobncc.com.br/wp-content/uploads/2018/06/
guia_de_implementacao_da_bncc_2018.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2018.
94
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

Quer conhecer o Guia de Implementação da BNCC? Acesse:


https://implementacaobncc.com.br/.

Em 15 de dezembro de 2017, o parecer e o projeto de resolução normativa


da BNCC elaborados pelo CNE são aprovados na Sessão do Conselho Pleno
(20 votos a favor e 3 votos contra), demarcando a quarta etapa do processo de
homologação da base.

FIGURA 19 — SESSÃO DO CONSELHO PLENO PARA APROVAÇÃO DA BNCC

FONTE: <http://movimentopelabase.org.br/acontece/
aprovada-bncc-cne/>. Acesso em: 25 nov. 2018.

Para assistir à gravação da Sessão do Conselho Pleno do


dia 15 de dezembro de 2017, acesse https://www.youtube.com/
watch?v=hgGs1fXmwsU&feature=youtu.be.

95
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Sendo assim, a BNCC torna-se uma diretriz oficial para a


A BNCC torna-se
educação básica brasileira em 20 de dezembro de 2017. A cerimônia
uma diretriz oficial
para a educação de homologação ocorreu em Brasília e contou com a presença do
básica brasileira em ex-presidente da república Michel Temer, ex-ministro da educação
20 de dezembro de Mendonça Filho, diversos secretários estaduais e municipais de
2017. educação, educadores, especialistas, representantes sociais, e outras
autoridades.

Este momento foi comemorado pelo MEC com muito louvor, uma vez que,
o processo de construção da BNCC iniciou-se em 2015 com uma longa jornada
de debates que incluíram a consulta da opinião pública, representando um
grande passo na elaboração de possíveis melhorias para a educação básica
brasileira que deverá ser implementado em regime de colaboração entre os entes
federados, com o objetivo de garantir o direito à aprendizagem para todos os
cidadãos brasileiros. Por fim, é iniciado o processo de implementação da BNCC
que requer que as escolas revisem os seus currículos em um prazo máximo de
até 2020 (BRASIL, 2018).

FIGURA 20 — CERIMÔNIA DE HOMOLOGAÇÃO DO DOCUMENTO FINAL DA BNCC

FONTE: <http://movimentopelabase.org.br/acontece/bncc-
homologada/>. Acesso em: 20 nov. 2018.

Em relação às críticas voltadas para a homologação do documento final da


BNCC, Rodrigues (2016) ressalta que a implementação da BNCC no sistema e
redes de ensino do Brasil deverá considerar fatores culturais do nosso país para
formar o sujeito em suas diversas dimensões para atuar ativamente na sociedade

96
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

e construir um real projeto de vida. Pois, a BNCC com foco apenas Rodrigues (2016)
em formar os estudantes para avaliações internacionais ou atender às ressalta que a
requisições do mercado de trabalho, poderá correr o risco de tornar-se implementação
insuficiente para a formação integral do sujeito, negando os objetivos da BNCC no
que se propõe a alcançar. sistema e redes de
ensino do Brasil
deverá considerar
Alves (2014), também, chama a atenção para a importância fatores culturais do
de compreendermos o processo de construção da BNCC e pensar nosso país para
em currículos para as escolas brasileiras com todos que atuam na formar o sujeito
educação. Essa tarefa requer profundos processos de negociação entre em suas diversas
os diversos setores sociais, de modo que é necessário negar a ideia de dimensões para
atuar ativamente
uma base comum curricular a ser tratada como um objeto que poderá
na sociedade e
ser comercializado em nossas escolas, e possibilitar a construção de construir um real
currículos que fazem parte da ação das pessoas que compõem as salas projeto de vida.
de aula, como os educadores brasileiros.

Portanto, nesta sessão identificamos as diversas etapas do processo de


homologação do documento da BNCC, destacando os principais marcos da
homologação e as respectivas autoridades responsáveis que participaram desse
momento, por fim apresentamos as críticas de alguns autores sobre a aprovação
e a implementação da BNCC na educação brasileira. Sendo assim, enquanto
professores ou futuros professores, também, devemos continuar este trabalho de
reflexão e crítica acerca das determinações do MEC para a educação básica,
com o objetivo de construir uma BNCC que realizem mudanças significativas nas
salas de aula.

Para aprofundar os seus saberes sobre a homologação da


BNCC, leia o artigo “Base Nacional Curricular Comum: novas
formas de sociabilidade produzindo sentidos para a educação” da
autora Elizabeth Macedo, disponível em: https://www.redalyc.org/
html/766/76632904006/.

97
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

1 O processo de homologação da BNCC pelo MEC e CNE foi


desenvolvimento em diversas etapas que possibilitaram a revisão
do documento e o seu encaminhamento para aprovação. Sobre
as quatro etapas de homologação da BNCC, associe os itens,
utilizando o código a seguir:

I - Primeira Etapa
II - Segunda Etapa
III - Terceira Etapa
IV - Quarta Etapa

( ) O MEC realizou a entrega da terceira versão do documento da


BNCC ao CNE para ser avaliado e aprovado.
( ) O parecer e o projeto de resolução normativa da base foram
aprovados na Sessão do Conselho Pleno com vintes votos a
favor e três votos contra.
( ) O Consed e a Undime, em colaboração com a UNCME e o
FNCEE lançaram o Guia de Implementação da BNCC.
( ) É realizado as audiências públicas com caráter consultivo nos
estados brasileiros para a elaboração da deliberação instituidora
da BNCC.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


( ) I-IV-II-III
( ) I-II-IV-III
( ) I-III-II-IV
( ) I-IV-III-II

2 A aprovação do documento da BNCC constitui-se em um grande


passo para a educação brasileira por contribuir para a garantia
do direito à aprendizagem. De que forma será implementada as
propostas da BNCC no território brasileiro?

( ) A BNCC será implementada por meio do regime de colaboração


entre os entes federados mediante o pacto interfederativo.
( ) A BNCC será implementada por meio do regime de parcial
colaboração entre os entes federados mediante o pacto
interfederativo.
( ) A BNCC será implementada por meio do regime de associação
entre os entes federados mediante o pacto interfederativo.
( ) A BNCC será implementada por meio do regime dialógico entre
os entes federados mediante o pacto interfederativo.

98
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
No presente capítulo, analisamos o processo de tramitação e aprovação da
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) pelo Conselho Nacional de Educação
(CNE) que contou com a análise e discussão das três versões do documento
da BNCC por parte de um Comitê de especialistas indicados pelo Ministério da
Educação (MEC), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), pela
União Nacional dos Dirigentes de Educação (Undime), como também contou com
a avaliação de especialistas brasileiros e estrangeiros, grupos de educadores,
instituições não governamentais, entidades científicas, dentre outros.

A comissão de especialistas para a construção da primeira versão do


documento da BNCC é instituída pelo MEC por meio da Portaria nº 592/2015. Tal
comissão composta de cento e dezesseis especialistas elaborou um documento
de trezentos e duas páginas, as quais apresentam os princípios orientadores
da BNCC a serem implementados na Educação Infantil, Ensino Fundamental e
médio, bem como, cita a responsabilidade da garantia ao direito à aprendizagem
a sociedade, os Estados, os Municípios e a União, a importância da educação
inclusiva na educação básica, determinar as áreas do conhecimento e os seus
respectivos objetivos de aprendizagem.

A publicação da primeira versão da BNCC gerou diversas críticas ao MEC,


principalmente, porque o documento não contempla os anseios dos educadores
e dos grupos conservadores e progressistas do país. Sendo assim, após as
consultas públicas foram realizadas alterações no documento para atender as
exigências solicitadas, resultando na segunda versão da BNCC que apresentou
um documento muito extenso com seiscentas e setenta e seis páginas.

A segunda versão da BNCC apresentou as diversas etapas de ensino e suas


áreas correspondentes, os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento global
do estudante, os Direitos de Aprendizagem que deverão ser contemplados ao
longo da educação básica, em conformidade com os princípios políticos, éticos
e estéticos para a promoção da formação integral. Este documento foi analisado
por meio dos seminários estaduais compostos de trabalhadores da educação,
especialistas nacionais e estrangeiros, organizações científicas, dentre outros. Os
resultados dos debates dos seminários foram enviados ao Comitê Gestor para
serem encaminhados ao CNE.

As críticas voltadas para a segunda versão da BNCC foram a baixa articulação


entre os componentes curriculares, as diferentes formas de organização dos
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos componentes curriculares, a
extensão do documento, dentre outros. Nesse período, foram aprovadas duas

99
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

determinações que marcaram o processo de tramitação da BNCC, o projeto


de Lei projeto de Lei nº 4.486/2016 que altera o PNE, alterando a instância de
deliberação sobre a BNCC do CNE e do MEC para a Câmara dos Deputados,
e a Medida Provisória nº 746/2016 (transformada na Lei nº 13.415/2016) que
outorga a reforma do Ensino Médio e atribui à BNCC a tarefa de definir o currículo
do Ensino Médio em uma nova estrutura, sem consulta da opinião pública e dos
educadores brasileiro, nesse momento percebemos que o processo democrático
defendido pela BNCC é deixado de lado para implementar as decisões do Estado,
gerando revolta na sociedade.

A terceira versão da BNCC buscou construir um documento mais objetivo


e articulado com quatrocentos e setenta páginas, nas quais apresenta as dez
competências gerais da educação básica, os principais marcos legais que
fundamentam a BNCC, os fundamentos pedagógicos da base, o regime de
colaboração entre os entes federados por meio do pacto interfederativo, inclui
conteúdos relacionados às novas tecnologias da informação e da comunicação
no processo educativo ao longo da educação básica. Este documento passou por
um processo de homologação, no qual o CNE realiza audiências públicas no país
para a construção da determinação instituidora da BNCC.

Após os ajustes da terceira versão da BNCC é aprovada pelo CNE,


tornando-se uma matriz curricular oficial para a educação básica brasileira. O seu
processo de implementação nas instituições de ensino do nosso país tem o prazo
máximo de até 2020, para tal, o MEC, o Conselho Nacional de Secretários de
Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes de Educação (Undime),
em parceria com a União dos Conselhos Municipais de Educação (UNCME) e
o Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação (FNCEE) elaboraram
o documento “Guia de Implementação da BNCC” com o objetivo de orientar
as secretarias de educação e os gestores no processo de reelaboração dos
currículos escolares.

A versão final da BNCC vem recebendo diversas críticas por parte dos
educadores e pessoas interessadas na educação do nosso país, com o objetivo
de continuar as discussões sobre as propostas curriculares para a escola
brasileira e a garantia do direito à aprendizagem com qualidade e equidade para
todos, esses debates são fundamentais para o processo de construção de uma
base comum curricular que atenda às reais necessidades e os interesses dos
estudantes e dos profissionais de educação brasileiros.

Portanto, percebe-se que o processo de tramitação da BNCC foi um


momento caracterizado por mudanças no cenário político, educacional e social.
Nesse cenário de transição, a BNCC foi concluída e aprovada pelo CNE, no
entanto, a base é um documento que será construído ao longo do processo

100
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

de desenvolvimento da educação brasileira, de tal forma, é elementar que os


educadores compreendam a proposta da BNCC para poder analisá-la e propor
melhorias para o documento, a fim de contribuir para a elaboração de uma
educação com real qualidade e igualdade no sistema de ensino brasileiro.

101
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

REFERÊNCIAS
ALVES, N. Sobre a possibilidade e a necessidade curricular de uma base
nacional comum. In: Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 12, nº 3, out./dez.
2014. p. 1464-1479. http://www.redalyc.org/html/766/76632904003/. Acesso em:
20 nov. 2018.

BRANCO, E. P. A implantação da BNCC no contexto das políticas públicas.


2017. 136f. Dissertação. (Mestrado em Educação) Programa de Pós-Graduação
em Ensino. Universidade Estadual do Paraná. Paranavaí. 2017.

BRASIL. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Portal do MEC. Brasília,


2018. http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/base-nacional-
comum-curricular-bncc Acesso em: 10 out. 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC).


Educação é a Base. Brasília, DF: MEC/CONSED/UNDIME, 2017. http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.
pdf Acesso em: 07 nov. 2018.

BRASIL. Portaria nº 790, de 27 de julho de 2016. Institui o Comitê Gestor


da Base Nacional Comum Curricular e reforma do Ensino Médio.
Brasília, 2016. https://www.cnte.org.br/images/stories/2016/Comite_BNCC_
Portaria_790_27_07_2016.pdf. Acesso em: 29 nov. 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Secretários de


Educação. União Nacional dos dirigentes Municipais de Educação. Base
Nacional Comum Curricular: proposta preliminar: segunda versão. MEC/
CONSED/UNDIME. Brasília, 2016. http://historiadabncc.mec.gov.br/documentos/
bncc-2versao.revista.pdf. Acesso em: 22 de nov. de 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Secretários de


Educação. União Nacional dos dirigentes Municipais de Educação. Base
Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME. Brasília. set.
2015a. http://movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/2017/04/BNCC-
APRESENTACAO_final_06-10.pdf. Acesso em: 20 de nov. de 2018.

BRASIL. Portaria nº 592, de 17 de junho de 2015. Institui Comissão


de Especialistas para a Elaboração de Proposta da Base Nacional
Comum Curricular. Brasília: Diário Oficial da União, 14 jul. 2015. file:///C:/
Users/01914606990/Downloads/portaria-mec-n-592-bnc.pdf. Acesso em: 20 nov.
2018.

102
Capítulo 2 O Processo de Tramitação, Aprovação e Homologação da BNCC

FERNANDES, C. O. Avaliação, Currículo e suas implicações: projetos de


sociedade em disputa. In: Revista Retratos da Escola. Brasília, v. 9, n° 17, jul./
dez. 2015. p. 397- 407. http://educacionpublica.org/wp-content/uploads/2017/06/
retratos_da_escola_17_2015.pdf. Acesso em: 18 nov. 2018.

MICARELLO, H. A. L. S. A BNCC no contexto de ameaças ao estado


democrático de direito. In: Eccos Revista Científica. São Paulo, nº 41, set./dez.
2016. p. 61-75. http://www.redalyc.org/pdf/715/71550055005.pdf. Acesso em: 23
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NEIRA, M. G; Júnior, W. A; Almeida; D. F. A primeira e segunda versões da


BNCC: construção, intenções e condicionantes. Revista Científica. São Paulo,
nº 41, set./dez. 2016, p. 31- 44. http://www.redalyc.org/html/715/71550055003/.
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RODRIGUES, V. A. C. R. A Base Nacional Comum curricular em questão.


2016. 153 f. Dissertação. (Mestrado em Educação) Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC), São Paulo, 2016.
SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo.
3º ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

TRICHES. E. F. A formulação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)


e concepções em disputa sobre o processo alfabetizador da criança (2015-
2017). 2018. 161 f. Dissertação (Mestrado em Educação) Programa de Pós-
Graduação em Educação. Universidade Federal da Grande Dourados. Dourados
– MS. 2018.

103
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

104
C APÍTULO 3
A Estrutura da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) Para a
Educação Básica

A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� presentar as determinações da BNCC para a Educação Infantil e o Ensino


Fundamental;

� identificar os avanços que a BNCC propõe para a Educação Infantil e o Ensino


Fundamental;

� analisar a estrutura que a BNCC propõe para a Educação Infantil e o Ensino


Fundamental.
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

106
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo serão abordadas as principais orientações do documento
oficial da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aprovado e homologado pelo
Ministério da Educação (MEC) e Conselho Nacional de Educação (CNE) para
a Educação Básica, com foco na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.
Essas etapas de ensino tiveram seus currículos reformulados pela BNCC com o
objetivo de garantir um melhor processo de ensino e aprendizagem, que inclua
temáticas atuais e inclusivas, como também assegurar os direitos fundamentais
de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Básica para todos os cidadãos.

Para a etapa da Educação Infantil, a BNCC propõe orientações curriculares


com o objetivo, dentre outros, de garantir o direito à educação para as crianças
e promover melhorias nas metodologias de ensino. Assim, para atuar como um
professor responsável e consciente sobre as novas determinações curriculares
para a Educação Básica, é fundamental que você conheça a proposta curricular
da BNCC para a elaboração e reelaboração dos currículos da Educação Infantil.
São delimitados princípios educativos, campos de experiências, objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento, que deverão servir como fundamentos para o
planejamento das metodologias de ensino e práticas pedagógicas da etapa de
ensino.

Em relação ao Ensino Fundamental, a BNCC sugere a organização


e planejamento das propostas curriculares com foco em cinco áreas de
conhecimentos (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências
Humanas, Ensino Religioso). Estas apresentam subcomponentes curriculares,
competências específicas e os objetivos de aprendizagem que você precisará
compreender para planejar e executar as suas aulas. Assim, convidamos você a
identificar os avanços que a BNCC busca implementar nos currículos das escolas
brasileiras e as novas estruturas curriculares da Educação Infantil e do Ensino
Fundamental.

Ao longo do capítulo você poderá, ainda, acessar diversos materiais didáticos


complementares, como sites, livros, artigos, atividades de estudo e pesquisa que
possuem, por finalidade, ampliar o seu estudo sobre as principais orientações da
BNCC para a reorganização das propostas curriculares da Educação Infantil e
do Ensino Fundamental. Contudo, todos os conteúdos discutidos neste capítulo
servirão para expandir os seus conhecimentos e para promover uma formação
docente atualizada e consciente das mudanças curriculares atuais.

107
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

2 ORIENTAÇÕES DA BNCC PARA A


EDUCAÇÃO INFANTIL
O documento da BNCC homologado e aprovado pelo MEC e
A BNCC defende a
CNE apresenta orientações para a organização curricular e o
construção de uma
Educação Infantil desenvolvimento das práticas pedagógicas da Educação Infantil
que contemple os para os sistemas e redes de ensino público e privado do Brasil. A BNCC
seguintes critérios: defende a construção de uma Educação Infantil que contemple os
a obrigatoriedade seguintes critérios: a obrigatoriedade da matrícula das crianças de 4 a
da matrícula das 5 anos nas escolas de Educação Infantil; os direitos de aprendizagem e
crianças de 4 a 5
desenvolvimento na Educação Infantil; os campos de experiências e os
anos nas escolas
de Educação objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para a Educação Infantil.
Infantil; os direitos
de aprendizagem
e desenvolvimento FIGURA 1 – OS PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO
na Educação CURRICULAR DA BNCC PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Infantil; os campos
de experiências
e os objetivos de
aprendizagem e
desenvolvimento
para a Educação
Infantil.

FONTE: Brasil (2017, p. 35-44).

108
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

A obrigatoriedade da matrícula das crianças de 4 a 5 anos na Educação


Infantil é defendida na BNCC. São apontados os marcos legais que asseguram o
direito à aprendizagem das crianças pequenas, como:

• Constituição Federal de 1988, que determina como dever do Estado a


educação das crianças de 0 a 6 anos de idade (BRASIL, 1988).
• Lei Nacional de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN),
Lei n° 9.394/96, que delimita a Educação Infantil como parte integrante
da Educação Básica (BRASIL, 1996).
• Emenda Constitucional n° 59/2009, que assegura a obrigatoriedade
das crianças de 4 a 17 anos na Educação Básica (BRASIL, 2009).
• Lei nº 12.796/2013, que altera a LBDEN/96 para garantir o direito à
educação básica e pública das crianças de 4 a 5 anos nas instituições
escolares da Educação Infantil (BRASIL, 2013).

De acordo com o documento da BNCC (2017), a Base é a De acordo com


continuidade histórica da garantia do direito à Educação Infantil e a o documento
inclusão da etapa de ensino na Educação Básica. Essa determinação da BNCC
defende a necessidade e a importância da Educação Infantil no processo (2017), a Base
é a continuidade
educativo da Educação Básica brasileira, constituindo-se em um grande
histórica da
passo na efetivação de um Sistema Nacional de Educação articulado garantia do direito
(RODRIGUES, 2016). à Educação Infantil
e a inclusão da
Outro ponto importante do documento oficial da BNCC é a definição etapa de ensino na
do estudante da Educação Infantil, a partir das determinações das Educação Básica.
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI), como
um sujeito detentor de direitos que possui aspectos culturais próprios da
infância e produz a sua identidade pessoal e coletiva nas interações sociais:

As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, em


seu Artigo 4º, definem a criança como sujeito histórico e de
direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas,
vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca,
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta,
narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a
sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2017, p. 37).

Assim, a BNCC ressalta a importância do vínculo do Educar e do Cuidar


como fatores indissociáveis do processo educativo e da organização curricular da
Educação Infantil, destacando, ainda, a responsabilidade da família na educação
das crianças e a necessidade do reconhecimento das diversas culturas da
comunidade serem trabalhadas nas instituições educativas:

Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação


Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o
cuidado como algo indissociável do processo educativo. Nesse

109
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

contexto, as creches e pré-escolas, ao acolherem as vivências


e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente
da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-los
em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o
universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas
crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens,
atuando de maneira complementar à educação familiar –
especialmente quando se trata da educação dos bebês e das
crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens muito
próximas aos dois contextos (familiar e escolar), como a
socialização, a autonomia e a comunicação. Nessa direção, a
prática do diálogo e o compartilhamento de responsabilidades
entre a instituição de Educação Infantil e a família são
essenciais. Além disso, a instituição precisa conhecer e
trabalhar com as culturas plurais, dialogando com a riqueza/
diversidade cultural das famílias e da comunidade (BRASIL,
2017, p. 36-37).

Tendo em vista esses fatores, os direitos de aprendizagem e


desenvolvimento na Educação Infantil deverão orientar a elaboração e a
organização curricular das escolas. Ainda, são apresentados no documento
da BNCC, no qual são indicados, como eixos estruturantes das práticas
pedagógicas, as interações e as brincadeiras, como meios de construção
de conhecimento, socialização e desenvolvimento em conjunto dos seus pares
ou pessoas mais experientes, como podemos perceber nas determinações do
documento da Base a seguir:

A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da


infância, trazendo muitas aprendizagens e potenciais para
o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as
interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os
adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão
dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de
conflitos e a regulação das emoções. Tendo em vista os eixos
estruturantes das práticas pedagógicas e as competências
gerais da Educação Básica, seis direitos de aprendizagem
e desenvolvimento asseguram, na Educação Infantil, as
condições para que as crianças aprendam em situações nas
quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que
as convidem a vivenciar desafios e provocadas a resolvê-los.
Devem construir significados sobre si, os outros e o mundo
social e natural (BRASIL, 2017, p. 35).

Os seis direitos de Os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento da Educação


aprendizagem e Infantil são o conviver, brincar, participar, explorar, expressar
desenvolvimento da e conhecer-se. Conforme Gomes (2017, p. 25), tais direitos de
Educação Infantil aprendizagem e desenvolvimento foram determinados “para que a
são o conviver,
criança tenha condições de desempenhar em sua vida diária um papel
brincar, participar,
explorar, expressar de cidadania e conseguir resolver os conflitos que surgem no cotidiano
e conhecer-se. da vida”. A seguir, apresentamos as especificidades dos direitos de
aprendizagem e desenvolvimento da Educação Infantil:
110
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

QUADRO 1 – DIREITOS DE APRENDIZAGEM E


DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
“Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utili-
CONVIVER zando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o res-
peito em relação à cultura e às diferenças entre as pessoas”.
“Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos,
com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu
BRINCAR acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criativ-
idade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cogniti-
vas, sociais e relacionais”.
“Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da
gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto na realização
PARTICIPAR das atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos mate-
riais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhe-
cimentos, decidindo e se posicionando”.
“Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções,
transformações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na
EXPLORAR
escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura e em suas diversas
modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia”.
“Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades,
EXPRESSAR emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões e questiona-
mentos por meio de diferentes linguagens”.
“Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo
uma imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas
CONHECER
experiências de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na
instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário”.
FONTE: Brasil (2017, p. 36).

Segundo a BNCC (BRASIL, 2017), esses direitos de aprendizagem e


desenvolvimento possuem intencionalidade educativa nas práticas pedagógicas
da Educação Infantil. Tal intencionalidade versa sobre a organização e a
oportunidade de experiências, ofertadas pelo educador, que propiciam à criança
conhecer a si e os seus pares e compreender o contexto social e a produção
científica por meio das brincadeiras, dos manuseios dos objetos, dos cuidados
pessoais etc. (BRASIL, 2017). No processo, o trabalho do educador é o de
“[...] refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das
práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o
desenvolvimento pleno das crianças” (BRASIL, 2017, p. 37).

Outro ponto importante é a necessidade de acompanhar a aprendizagem


dos estudantes mediante a observação individual e coletiva, registrando os
avanços em relatórios, portfólios, desenhos etc. No processo avaliativo, é preciso
evitar a seleção ou a classificação das crianças em critérios discriminatórios como
“aptas” ou “não aptas”, e buscar por elementos que possam contribuir para a
reorganização dos espaços e tempos educativos (BRASIL, 2017).

Em relação aos campos de experiências, Rodrigues (2016) afirma que o


documento da BNCC reforçou a necessidade de o currículo da Educação Infantil
ser organizado com base nos conteúdos das experiências das crianças e não

111
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

em divisões de conteúdos. Ainda, também possuir um processo avaliativo que


poderá servir como instrumento de reflexão sobre o processo de aprendizagem e
desenvolvimento dos estudantes.

Assim, é pertinente questionarmos: o que são os campos de experiências?


Segundo o documento da BNCC, os campos de experiências são arranjos
curriculares que incluem conhecimentos da vivência das crianças como elementos
fundamentais para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem na
Educação Infantil:

Os campos de experiências constituem um arranjo curricular


que acolhe as situações e as experiências concretas da
vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando
aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural
(BRASIL, 2017, p. 40).

Os campos de experiências foram planejados de modo articulado com os


direitos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Ainda, se fundamentam
nas determinações das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
(DCNEI), que tratam sobre conhecimentos e experiências essenciais que deverão
ser oportunizados ao longo do processo de ensino e aprendizagem das crianças
na Educação Infantil (BRASIL, 2017).

Para conhecer as Diretrizes Curriculares Nacionais para a


Educação Infantil (DCNEI), acesse o seguinte endereço eletrônico:
<http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-
educacao-basica-2013-pdf/file>. Acesso em: 26 fev. 2019.

A BNCC (2017) destaca, ainda, que os cincos campos de experiências


possuem como fundamentos as interações e as brincadeiras, como elementos
de construção do conhecimento. Assim, na Figura 2, são indicados os
respectivos campos de experiências que deverão integrar a organização curricular
da Educação Infantil das instituições brasileiras:

112
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

FIGURA 2 – CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS DA BNCC PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

FONTE: Brasil (2017, p. 40-43).

O campo de experiências “Eu, o outro e o nós” tem por foco a construção


do conhecimento mediante a interação da criança com os seus pares e as pessoas
adultas, a motivação da autonomia, o contato com diversas culturas, a construção da
identidade etc.

O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e com


adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de
agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros
modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de
vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais
(na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem
percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros,
diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como
seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam de
relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem
sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e
de interdependência com o meio. Por sua vez, na Educação
Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças
entrem em contato com outros grupos sociais e culturais,
outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais
de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e
narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo

113
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade,


respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos
constituem como seres humanos (BRASIL, 2017, p. 38).

Esse campo de experiências compreende o espaço educativo como um


ambiente de troca de saberes e vivências enriquecedoras. Assim, é fundamental
que o (a) professor (a) promova a construção de um espaço educativo que acolha
a diversidade humana e aproveite as relações sociais para propiciar processos
de ensino e aprendizagem significativos na Educação Infantil que motivem o
desenvolvimento global dos estudantes.

O campo de experiências “Corpo, gestos e movimentos” defende uma


organização curricular da Educação Infantil, que estimule o desenvolvimento global
da criança e a produção do conhecimento por intermédio das diversas linguagens
artísticas, das brincadeiras, das interações sociais, de modo que a corporeidade
ganhe destaque no processo de aprendizagem.

Corpo, gestos e movimentos – Com o corpo (por meio dos


sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais,
coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram
o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem
relações, expressam-se, brincam e produzem conhecimentos
sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e cultural,
tornando-se, progressivamente, conscientes da corporeidade.
Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o
teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se
expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem.
As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções
de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam
suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo
tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser
um risco à integridade física. Na Educação Infantil, o corpo das
crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado
das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a
emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a
instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para
que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico
e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo
repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com
o corpo. Devem descobrir variados modos de ocupação e uso
do espaço com o corpo (sentar com apoio, rastejar, engatinhar,
escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas,
saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se
etc.) (BRASIL, 2017, p. 38-39).

Esse campo de experiências chama a atenção para a relevância de inserir


conteúdos educativos que tratam sobre o corpo da criança e os movimentos
corporais e com o objetivo de formar cidadãos emancipados e conscientes das suas
potencialidades e dos seus limites. Nesse processo, as brincadeiras tornam-se temas
centrais e relevantes nas metodologias de ensino da Educação Infantil.

114
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

FIGURA 3 – CRIANÇAS BRINCANDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

FONTE: <http://miguelalvespontodecultura.blogspot.com/2016/02/a-
importancia-do-brincar-para-o.html>. Acesso em: 9 dez. 2018.

Konrath (2017) ressalta que, atualmente, as brincadeiras são consideradas


elementos fundamentais nas práticas pedagógicas, por serem compreendidas
como expressão da cultura e dos valores sociais, integrando, ainda, os
movimentos e os gestos que caracterizam a cultura da infância da criança.
Assim, na Educação Infantil, os professores deverão planejar um espaço e ações
educativas que estimulem o brincar.

Proporcionar momentos e espaços para o brincar espontâneo


infantil torna-se uma importante e significativa forma de acolher
e valorizar a diversidade cultural das próprias crianças. A
observação e o registro da origem histórica e antropológica
da brincadeira, assim como recorrer à memória e a relatos de
pessoas que fazem parte do universo da criança, também são
imprescindíveis para fazer uma leitura do grupo. Outro aspecto
que pode ser observado e registrado são os brinquedos e
materiais utilizados como suporte da brincadeira, assim como
as regras utilizadas para o desenvolvimento da brincadeira.
A ressignificação das regras e as variações das brincadeiras
também são aspectos importantes a serem observados e
registrados, evitando a padronização de modelos e formas
impostas pela cultura do adulto ou da escola (KONRATH,
2017, p. 22).

Em relação ao campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”, o


documento da BNCC destaca a relevância de inserir, nos currículos escolares das

115
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

escolas de Educação Infantil, as manifestações artísticas, culturais, científicas etc.,


incentivando as habilidades artísticas, o senso crítico e estético, a criatividade, a
expressão e a comunicação das crianças.

Traços, sons, cores e formas – Conviver com diferentes


manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e
universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita à
criança, por meio de experiências diversificadas, vivenciar
diversas formas de expressão e linguagens, como as artes
visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.),
a música, o teatro, a dança e o audiovisual. Com base
nessas experiências, ela se expressa por várias linguagens,
criando suas próprias produções artísticas ou culturais,
exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços,
gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos,
modelagens, manipulação de diversos materiais e recursos
tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde
muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético
e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da
realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa
promover a participação das crianças em tempos e espaços
para a produção, manifestação e apreciação artística, de
modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da
criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo
que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura
e potencializem suas singularidades, ampliando repertórios e
interpretando suas experiências e vivências artísticas (BRASIL,
2017, p. 39).

A BNCC defende que a Educação Infantil deverá incentivar a participação


das crianças nas produções e manifestações culturais como meios de
promover o autoconhecimento e o olhar crítico acerca do contexto social.

Martins Filho (2015, p. 19) afirma que é fundamental “compreender as


crianças para além de simples seres paralisados, homogêneos, engessados e
enquadrados em uma lógica anestesiada de controle que venha a interditar
momentos de descoberta, privando a criança de viver a diversidade cultural e
a expressão das diferenças”. Assim, é preciso acolher e valorizar as diversas
manifestações culturais nas práticas pedagógicas, não se limitando a datas
comemorativas e eventos de danças típicas ou culinárias regionais, pois essas
ações são interessantes, mas não promovem profundos diálogos sobre a
diversidade cultural (BRASIL, 2017).

O campo de experiências “Escuta, fala, pensamento e imaginação” tem


por objetivo destacar a importância de a criança participar de situações, nas quais
são promovidas oportunidades do uso da comunicação oral, de modo individual
ou coletivo. O objetivo é motivar a participação do estudante na cultural oral por
meio de múltiplas linguagens.

116
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

Escuta, fala, pensamento e imaginação – Desde o nascimento,


as crianças participam de situações comunicativas cotidianas
com as pessoas com as quais interagem. As primeiras formas
de interação do bebê são os movimentos do seu corpo, o
olhar, a postura corporal, o sorriso, o choro e outros recursos
vocais, que ganham sentido com a interpretação do outro.
Progressivamente, as crianças vão ampliando e enriquecendo
seu vocabulário e demais recursos de expressão e de
compreensão, apropriando-se da língua materna – que se
torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de interação.
Na Educação Infantil, é importante promover experiências nas
quais as crianças possam falar e ouvir, potencializando sua
participação na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na
participação em conversas, nas descrições, nas narrativas
elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com
as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente
como sujeito singular e pertencente a um grupo social.
Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à
cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao
observar os muitos textos que circulam. No contexto familiar,
comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de
língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita,
dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil,
a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças
conhecem e das curiosidades que deixam transparecer.
As experiências com a literatura infantil, propostas pelo
educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem
para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo
à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo.
Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas,
cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes
gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita,
a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas
de manipulação de livros. No convívio com textos escritos,
as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita e
vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não
convencionais, mas já indicativas da compreensão como
sistema de representação da língua (BRASIL, 2017, p. 40).

Outro ponto relevante é a imersão da criança desde pequena na cultura


da linguagem escrita mediante experiências com a literatura infantil, poemas,
fábulas etc. É preciso promover um espaço de convívio com os diferentes tipos
de gêneros textuais, livros, ilustrações, que motivem o gosto pela leitura e pelas
habilidades linguísticas na Educação Infantil.

117
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

FIGURA 4 – CRIANÇAS LENDO LIVROS

FONTE: <http://blog.elefanteletrado.com.br/wp-content/uploads/2015/10/entenda-
importancia-da-leitura-na-formacao-social-dos-seus-filhos.jpg>. Acesso em: 10 dez. 2018.

Coelho e Machado (2015, p. 5) destacam que “o hábito de leitura estimula a


capacidade criadora, multiplica o vocabulário, simplifica a compreensão do que se
lê, facilita a escrita, melhora a comunicação, amplia o conhecimento, acrescenta o
senso crítico e ajuda na vida profissional”. Assim, o professor da educação infantil
deverá incentivar o hábito da leitura desde a alfabetização e por meio de diversas
metodologias de ensino significativas que promovam experiências educativas
enriquecedoras.

O campo de experiências “Espaços, tempos, quantidades, relações e


transformações” orienta a construção de um currículo escolar para a promoção
de experiências educativas que incentivem atitudes de pesquisa nas crianças,
de modo que os estudantes da Educação Infantil possam manipular, observar,
investigar, realizar hipóteses, utilizando o conhecimento gerado para compreender
o mundo físico e social:

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações – As


crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes
dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais
e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram
se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e
tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram
também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo,

118
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as


transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais
e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo
sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as
pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas
pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade
entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas
outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com
conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações
entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos
e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento
de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento
de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente
aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa
promover experiências nas quais as crianças possam fazer
observações, manipular objetos, investigar e explorar seu
entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação
para poderem buscar respostas. Assim, a instituição escolar
está criando oportunidades para que as crianças ampliem
seus conhecimentos e possam utilizá-los em seu cotidiano
(BRASIL, 2017, p. 40-41).

É preciso motivar uma organização curricular na Educação Infantil e


que permita promover métodos de ensino e ações educativas que incluam as
metodologias ativas, como a aprendizagem por descoberta ou investigação
na sala de aula. Devemos criar processos educativos mais significativos e
motivadores das habilidades cognitivas superiores como analisar, comparar e
avaliar, por exemplo.

Metodologias ativas são alternativas pedagógicas que colocam


o foco do processo de ensino e de aprendizagem no aprendiz. É
preciso envolver na aprendizagem por descoberta, investigação ou
resolução de problemas (MORAN; BACICH, 2018).

A importância da aprendizagem por descoberta é a de centralizar o processo


de ensino e aprendizagem em torno do estudante, enquanto o professor poderá
atuar como o guia, orientador, mediador do processo de ensino e aprendizagem.
Além disso, a metodologia de ensino poderá possibilitar à criança a trabalhar
de modo colaborativo e cooperativo, bem como desenvolver as capacidades de
crítica e reflexão sobre as ações realizadas.

119
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Para aprofundar o seu estudo sobre a aprendizagem por


descoberta, leia a obra “Metodologias ativas para uma educação
inovadora”, dos autores José Moran e Lilian Bacich (2018).

O texto que trata sobre as determinações curriculares indica, também,


os “Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento para a Educação
Infantil”. Tais objetivos possuem como eixos estruturantes as interações e as
brincadeiras, assim como os campos de experiências. Foram organizados a
partir das especificidades das faixas etárias das crianças.

1) Bebês: Crianças de 0 a 1 ano e 6 meses.


2) Crianças bem pequenas: Crianças de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses.
3) Crianças pequenas: Crianças de 4 anos a 5 anos e 11 meses.

A BNCC agrupou as crianças em três faixas etárias: bebês, crianças bem


pequenas e crianças pequenas. Estas em duas etapas da Educação Infantil:
creche (bebês e crianças bem pequenas) e a pré-escola (crianças pequenas).
A justificativa da BNCC se deu em virtude de as crianças da Educação Infantil
possuírem características e necessidades variadas, como podemos verificar na
citação a seguir.

Reconhecendo as especificidades dos diferentes grupos etários


que constituem a etapa da Educação Infantil, os objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento estão sequencialmente
organizados em três grupos por faixa etária, que correspondem,
aproximadamente, às possibilidades de aprendizagem e
às características do desenvolvimento das crianças [...].
Todavia, esses grupos não podem ser considerados de forma
rígida, já que há diferenças de ritmo na aprendizagem e no
desenvolvimento das crianças que precisam ser consideradas
na prática pedagógica (BRASIL, 2017, p. 42).

Os grupos foram delimitados pela BNCC com base nas determinações das
DCNEI (RODRIGUES, 2016) e para uma melhor organização curricular. Contudo,
nem se trata de uma norma obrigatória e rígida. As escolas poderão realizar
adaptações nos grupos por faixa etária e poderão ser delimitados pela BNCC de
acordo com a realidade das suas escolas.

Segundo Campos e Barbosa (2015, p. 360), as orientações da BNCC para

120
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

a Educação Infantil propõem superar a hierarquia das áreas do conhecimento na


escola e a construção de uma instituição educativa com um currículo que dialoga
com a cultura e com as experiências da criança:

Seguindo a perspectiva, o documento da BNCC para a


educação infantil procura ainda apresentar as indicações e
definições observando as crianças de zero a cinco anos e não
dividindo suas orientações entre creche e pré-escola, nem
hierarquizando as áreas de conhecimento, ressaltando que
os conhecimentos da linguagem, da matemática, das ciências
humanas e da natureza se anunciam em todos os campos de
experiências da educação infantil. Seguindo essa concepção,
o documento da BNCC para a educação infantil é mais do que
uma lista de atividades e/ou objetivos a serem cumpridos, mas
um documento que apresenta a defesa de uma determinada
concepção de educação, de uma função da educação infantil
e de qual deve ser o currículo privilegiado.

Seguindo essa perspectiva da defesa de uma organização curricular que


privilegia a integração das diversas áreas do conhecimento, os Objetivos de
Aprendizagem e Desenvolvimento são organizados e apresentados no documento
da BNCC de acordo com cada Campo de Experiências e grupo por faixa etária.

É importante compreendermos que a BNCC não anula as


determinações educacionais das outras políticas brasileiras para
a Educação Infantil. Pelo contrário, a base busca complementar
o processo histórico que almeja garantir o direito à educação de
qualidade nas escolas públicas do nosso país.

A seguir, iremos apresentar os Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento


da Educação Infantil, delimitados pelo documento da BNCC, distribuídos entre os
cinco Campos de Experiências e os três grupos de faixa etária das crianças:

121
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

QUADRO 2 – OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO


PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “O EU, O OUTRO E O NÓS”
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO DE EX-
PERIÊNCIAS “O EU, O OUTRO E O NÓS”

Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 Crianças pequenas (4 anos a 5


meses) ano e 7 meses a 3 anos e 11 anos e 11 meses)
meses)
“(EI01EO01) Perceber que “(EI02EO01) Demonstrar ati- “(EI03EO01) Demonstrar empatia
suas ações têm efeitos nas tudes de cuidado e solidarie- pelos outros, percebendo que as
outras crianças e nos adul- dade na interação com crianças pessoas têm diferentes sentimen-
tos.” e adultos.” tos, necessidades e maneiras de
pensar e agir.”
“(EI01EO02) Perceber as “(EI02EO02) Demonstrar ima- “(EI03EO02) Agir de maneira inde-
possibilidades e os limites de gem positiva de si e confiança pendente, com confiança em suas
seu corpo nas brincadeiras e em sua capacidade para en- capacidades, reconhecendo suas
interações das quais partici- frentar dificuldades e desafios.” conquistas e limitações.”
pa.”
“(EI01EO03) Interagir com “(EI02EO03) Compartilhar os “(EI03EO03) Ampliar as relações
crianças da mesma faixa objetos e os espaços com cri- interpessoais, desenvolvendo ati-
etária e adultos ao explorar anças da mesma faixa etária e tudes de participação e cooper-
espaços, materiais, objetos, adultos.” ação.”
brinquedos.”
“(EI01EO04) Comunicar “(EI02EO04) Comunicar-se “(EI03EO04) Comunicar suas ideias
necessidades, desejos e com os colegas e os adultos, e sentimentos a pessoas e grupos
emoções, utilizando gestos, buscando compreendê-los e fa- diversos.”
balbucios, palavras.” zendo-se compreender.”
“(EI01CG05) Utilizar os movi- “(EI02EO05) Perceber que as “(EI03EO05) Demonstrar valori-
mentos de preensão, encaixe pessoas têm características zação das características de seu
e lançamento, ampliando físicas diferentes, respeitando corpo e respeitar as características
suas possibilidades de manu- essas diferenças.” dos outros (crianças e adultos) com
seio de diferentes materiais e os quais convive”
objetos.”
“(EI01EO06) Interagir com “(EI02EO06) Respeitar regras “(EI03EO06) Manifestar interesse
outras crianças da mes- básicas de convívio social nas e respeito por diferentes culturas e
ma faixa etária e adultos, interações e brincadeiras.” modos de vida.”
adaptando-se ao convívio
social.”
“(EI02EO07) Resolver conflitos “(EI03EO07) Usar estratégias pau-
nas interações e brincadeiras, tadas no respeito mútuo para lidar
com a orientação de um adul- com conflitos nas interações com
to.” crianças e adultos.”
FONTE: Brasil (2017, p. 45-46).

122
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

Segundo a BNCC (BRASIL, 2017), o código alfanumérico


que encontra-se acima dos Objetivos de Aprendizagem e
Desenvolvimento possui uma composição de informações sobre os
objetivos, por exemplo: o código EI03TS01, o primeiro par de letras, o
EI, significa a etapa de Educação Infantil, o primeiro par de números
03 corresponde ao grupo por faixa etária crianças pequenas, o
segundo de letras TS aponta para o campo de experiência Traços,
sons, cores e formas, e o último par de números 01 indica a posição
da habilidade na numeração sequencial do campo de experiências
para cada grupo por faixa etária.

QUADRO 3 – OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO


PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS”
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO DE EX-
PERIÊNCIAS “CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS”
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 Crianças pequenas (4 anos a 5
meses) ano e 7 meses a 3 anos e 11 anos e 11 meses)
meses)
“(EI01CG01) Movimentar as “(EI02CG01) Apropriar-se de “(EI03CG01) Criar, com o corpo,
partes do corpo para exprimir gestos e movimentos de sua formas diversificadas de expressão
corporalmente emoções, ne- cultura no cuidado de si e nos de sentimentos, sensações e
cessidades e desejos.” jogos e brincadeiras.” emoções, tanto nas situações do
cotidiano quanto em brincadeiras,
dança, teatro, música.”
“(EI01CG02) Experimentar as “(EI02CG02) Deslocar seu cor- “(EI03CG02) Demonstrar controle e
possibilidades corporais nas po no espaço, orientando-se adequação do uso de seu corpo em
brincadeiras e interações em por noções como em frente, brincadeiras e jogos, escuta e re-
ambientes acolhedores e de- atrás, no alto, embaixo, dentro, conto de histórias, atividades artísti-
safiantes.” fora etc., ao se envolver em cas, entre outras possibilidades.”
brincadeiras e atividades de dif-
erentes naturezas.”
“(EI01CG03) Imitar gestos “(EI02CG03) Explorar formas “(EI03CG03) Criar movimentos,
e movimentos de outras cri- de deslocamento no espaço gestos, olhares e mímicas em brin-
anças, adultos e animais.” (pular, saltar, dançar), combi- cadeiras, jogos e atividades artísti-
nando movimentos e seguindo cas como dança, teatro e música.”
orientações.”
“(EI01CG04) Participar do “(EI02CG04) Demonstrar pro- “(EI03CG04) Adotar hábitos de au-
cuidado do seu corpo e da gressiva independência no tocuidado relacionados à higiene,
promoção do seu bem-estar.” cuidado do seu corpo.” alimentação, conforto e aparência.”
“(EI01CG05) Utilizar os movi- “(EI02CG05) Desenvolver pro- “(EI03CG05) Coordenar suas ha-
mentos de preensão, encaixe gressivamente as habilidades bilidades manuais no atendimento
e lançamento, ampliando manuais, adquirindo controle adequado a seus interesses e ne-
suas possibilidades de manu- para desenhar, pintar, rasgar, cessidades em situações diversas.”
seio de diferentes materiais e folhear etc.”
objetos.”
FONTE: Brasil (2017, p. 47).

123
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

QUADRO 4 – OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO


PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS
“TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS”
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 Crianças pequenas (4 anos a 5
meses) ano e 7 meses a 3 anos e 11 anos e 11 meses)
meses)
“(EI01TS01) Explorar sons “(EI02TS01) Criar sons com “(EI03TS01) Utilizar sons produzi-
produzidos com o próprio materiais, objetos e instrumen- dos por materiais, objetos e instru-
corpo e com objetos do am- tos musicais, para acompanhar mentos musicais durante brincadei-
biente.” diversos ritmos de música.” ras de faz de conta, encenações,
criações musicais, festas.”
“(EI01TS02) Traçar mar- “(EI02TS02) Utilizar materiais “(EI03TS02) Expressar-se livre-
cas gráficas em diferentes variados com possibilidades mente por meio de desenho, pintu-
suportes, usando instrumen- de manipulação (argila, massa ra, colagem, dobradura e escultura,
tos riscantes e tintas.” de modelar), explorando cores, criando produções bidimensionais e
texturas, superfícies, planos, tridimensionais.”
formas e volumes ao criar obje-
tos tridimensionais.”
“(EI01TS03) Explorar difer- “(EI02TS03) Utilizar diferentes “(EI03TS03) Reconhecer as qual-
entes fontes sonoras e ma- fontes sonoras disponíveis idades do som (intensidade, du-
teriais para acompanhar brin- no ambiente em brincadeiras ração, altura e timbre), utilizando-as
cadeiras cantadas, canções, cantadas, canções, músicas e em suas produções sonoras e ao
músicas e melodias.” melodias.” ouvir músicas e sons.”
FONTE: Brasil (2017, p. 48).

QUADRO 5 – OS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA


O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS
“ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 Crianças pequenas (4 anos a 5
meses) ano e 7 meses a 3 anos e 11 anos e 11 meses)
meses)
“(EI01EF01) Reconhecer “(EI02EF01) Dialogar com cri- “(EI03EF01) Expressar ideias,
quando é chamado por seu anças e adultos, expressando desejos e sentimentos sobre suas
nome e reconhecer os nomes seus desejos, necessidades, vivências.
de pessoas com quem con- sentimentos e opiniões.”
vive.”
Expressar por meio da linguagem
oral e escrita (escrita espontânea),
de fotos, desenhos e outras formas
de expressão.”
“(EI01EF02) Demonstrar in- “(EI02EF02) Identificar e criar “(EI03EF02) Inventar brincadeiras
teresse ao ouvir a leitura de diferentes sons e reconhecer cantadas, poemas e canções, crian-
poemas e a apresentação de rimas e aliterações em cantigas do rimas, aliterações e ritmos.”
músicas.” de roda e textos poéticos.”

124
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

“(EI01EF03) Demonstrar in- “(EI02EF03) Demonstrar in- “(EI03EF03) Escolher e folhear liv-
teresse ao ouvir histórias lidas teresse e atenção ao ouvir a ros, procurando orientar-se por te-
ou contadas, observando ilus- leitura de histórias e outros mas e ilustrações e tentando iden-
trações e os movimentos de textos, diferenciando escrita de tificar palavras conhecidas.”
leitura do adulto-leitor (modo ilustrações, e acompanhando,
de segurar o portador e de vi- com orientação do adulto-leitor,
rar as páginas).” a direção da leitura (de cima
para baixo, da esquerda para a
direita).”
“(EI01EF04) Reconhecer el- “(EI02EF04) Formular e re- “(EI03EF04) Recontar histórias ou-
ementos das ilustrações de sponder perguntas sobre fatos vidas e planejar coletivamente ro-
histórias, apontando-os, a pe- da história narrada, identifican- teiros de vídeos e de encenações,
dido do adulto-leitor.” do cenários, personagens e definindo os contextos, os person-
principais acontecimentos.” agens, a estrutura da história.”
“(EI01EF05) Imitar as “(EI02EF05) Relatar experiên- “(EI03EF05) Recontar histórias ou-
variações de entonação e cias e fatos acontecidos, vidas para a produção de reconto
gestos realizados pelo adulto, histórias ouvidas, filmes ou escrito, tendo o professor como es-
ao ler histórias e ao cantar.” peças teatrais assistidos etc.” criba.”
“(EI01EF06) Comunicar-se “(EI02EF06) Criar e contar “(EI03EF06) Produzir suas próprias
com outras pessoas usando histórias oralmente, com base histórias orais e escritas (escrita
movimentos, gestos, balbu- em imagens ou temas sugeri- espontânea), em situações com
cios, fala e outras formas de dos.” função social significativa.”
expressão.”
“(EI01EF07) Conhecer e ma- “(EI02EF07) Manusear dif- “(EI03EF07) Levantar hipóteses so-
nipular materiais impressos erentes portadores textuais, bre gêneros textuais veiculados em
e audiovisuais em diferentes demonstrando reconhecer seus portadores conhecidos, recorrendo
portadores (livro, revista, usos sociais.” a estratégias de observação gráfica
gibi, jornal, cartaz, CD, tablet e/ou de leitura.”
etc.).”
“(EI01EF08) Participar de “(EI02EF08) Manipular textos e “(EI03EF08) Selecionar livros e tex-
situações de escuta de textos participar de situações de es- tos de gêneros conhecidos para a
em diferentes gêneros textu- cuta para ampliar seu contato leitura de um adulto e/ou para sua
ais (poemas, fábulas, contos, com diferentes gêneros tex- própria leitura (partindo de seu rep-
receitas, quadrinhos, anúnci- tuais (parlendas, histórias de ertório sobre esses textos, como a
os etc.).” aventura, tirinhas, cartazes de recuperação pela memória, pela lei-
sala, cardápios, notícias etc.).” tura das ilustrações etc.).”
“(EI01EF09) Conhecer e ma- “(EI02EF09) Manusear difer- “(EI03EF09) Levantar hipóteses em
nipular diferentes instrumen- entes instrumentos e suportes relação à linguagem escrita, reali-
tos e suportes de escrita.” de escrita para desenhar, traçar zando registros de palavras e textos
letras e outros sinais gráficos.” por meio de escrita espontânea.”
FONTE: Brasil (2017, p. 49-50).

125
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

QUADRO 6 – OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO


PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS “ESPAÇOS, TEMPOS,
QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES”
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO PARA O CAMPO DE EXPERIÊNCIAS
“ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES”
Bebês (zero a 1 ano e 6 Crianças bem pequenas (1 Crianças pequenas (4 anos a 5
meses) ano e 7 meses a 3 anos e 11 anos e 11 meses)
meses)
“(EI01ET01) Explorar e de- “(EI02ET01) Explorar e descre- “(EI03ET01) Estabelecer relações
scobrir as propriedades de ver semelhanças e diferenças de comparação entre objetos, ob-
objetos e materiais (odor, cor, entre as características e pro- servando suas propriedades.”
sabor, temperatura).” priedades dos objetos (textura,
massa, tamanho).”
“(EI01ET02) Explorar “(EI02ET02) Observar, relatar e “(EI03ET02) Observar e descrever
relações de causa e efeito descrever incidentes do cotidi- mudanças em diferentes materiais,
(transbordar, tingir, misturar, ano e fenômenos naturais (luz resultantes de ações em experimen-
mover e remover etc.) na in- solar, vento, chuva etc.).” tos envolvendo fenômenos naturais
teração com o mundo físico.” e artificiais.”
“(EI01ET03) Explorar o ambi- “(EI02ET03) Compartilhar, com “(EI03ET03) Identificar e selecio-
ente pela ação e observação, outras crianças, situações de nar fontes de informações para
manipulando, experimentan- cuidado de plantas e animais responder a questões sobre a na-
do e fazendo descobertas.” nos espaços da instituição e tureza, seus fenômenos, sua con-
fora dela.” servação.”
“(EI01ET04) Manipular, ex- “(EI02ET04) Identificar relações “(EI03ET04) Registrar observações,
perimentar, arrumar e ex- espaciais (dentro e fora, em manipulações e medidas usando
plorar o espaço por meio de cima, embaixo, acima, abaixo, múltiplas linguagens (desenho,
experiências de deslocamen- entre e do lado) e temporais registro por números ou escri-
tos de si e dos objetos.” (antes, durante e depois).” ta espontânea) e em diferentes
suportes.”
“(EI01ET05) Manipular mate- “(EI02ET05) Classificar obje- “(EI03ET05) Classificar objetos e
riais diversos e variados para tos, considerando determinado figuras de acordo com suas semel-
comparar as diferenças e se- atributo (tamanho, peso, cor, hanças e diferenças.”
melhanças entre eles.” forma etc.).”
“(EI01ET06) Vivenciar difer- “(EI02ET06) Utilizar conceitos“(EI03ET06) Relatar fatos impor-
entes ritmos, velocidades e básicos de tempo (agora, an- tantes sobre seu nascimento e
fluxos nas interações e brin- tes, durante, depois, ontem, desenvolvimento, a história dos
cadeiras (em danças, bal- hoje, amanhã, lento, rápido, de-
seus familiares e da sua comuni-
anços, escorregadores etc.).” pressa, devagar).” dade.”
“(EI02ET07) Contar oralmente “(EI03ET07) Relacionar números às
objetos, pessoas, livros etc. e
respectivas quantidades e identifi-
em contextos diversos.” car o antes, o depois e o entre em
uma sequência.”
“(EI02ET08) Registrar, com “(EI03ET08) Expressar medidas
números, a quantidade de cri- (peso, altura etc.), construindo gráf-
anças (meninas e meninos, icos básicos.”
presentes e ausentes) e a
quantidade de objetos da mes-
ma natureza (bonecas, bolas,
livros etc.).”
FONTE: Brasil (2017, p. 51-52).

126
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

Como podemos verificar, a BNCC buscou apresentar, de modo claro e


objetivo, as habilidades e as competências que os estudantes deverão desenvolver
ao longo da Educação Infantil. Entretanto, é relevante compreendermos que
os Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento deverão ser tomados como
orientações para a formulação dos currículos dos sistemas e redes de ensino,
de modo que eles poderão sofrer alterações ou adaptações para os diversos
contextos.

FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DA TRANSIÇÃO DOS


ESTUDANTES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

FONTE: <https://agendain.com.br/procon-de-valinhos-orienta-sobre-
rematricula-em-escolas-particulares/>. Acesso em: 8 dez. 2018.

A BNCC orienta, ainda, a “Transição da Educação Infantil para o Ensino


Fundamental”, indicando a necessidade de haver atenção, além do equilíbrio
no momento de mudança, para que ocorram “integração e continuidade dos
processos de aprendizagens das crianças” (BRASIL, 2017, p. 51). Assim,
são importantes estratégias de acolhimento e adaptação em uma perspectiva
de continuidade, os relatórios com os registros do processo de ensino e
aprendizagem e da vida escolar dos estudantes ao longo da Educação Infantil
e a troca de informações entre os professores da Educação Infantil e do Ensino
Fundamental para a contribuição na inserção da criança na nova etapa de ensino
(BRASIL, 2017).

Outro ponto de destaque é a importância do acolhimento e da continuidade


das aprendizagens, “[...] de modo que a nova etapa se construa com base no
que os educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a

127
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

descontinuidade do trabalho pedagógico” (BRASIL, 2017, p. 53). Assim, para esse


momento de transição, a BNCC indica a seguinte síntese das aprendizagens,
que deverão ser desenvolvidas em cada campo de experiências:

QUADRO 7 – SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS


“Respeitar e expressar sentimentos e emoções. Atuar em grupo e demonstrar
O eu, o outro e interesse em construir novas relações, respeitando a diversidade e solidarizan-
o nós do-se com os outros. Conhecer e respeitar regras de convívio social, manifes-
tando respeito pelo outro.”.
“Reconhecer a importância de ações e situações do cotidiano que contribuem
para o cuidado de sua saúde e a manutenção de ambientes saudáveis. Apre-
Corpo, gestos e sentar autonomia nas práticas de higiene, alimentação, vestir-se e no cuidado
movimentos com seu bem-estar, valorizando o próprio corpo. Utilizar o corpo intencionalmen-
te (com criatividade, controle e adequação) como instrumento de interação com
o outro e com o meio. Coordenar suas habilidades manuais.”.
“Discriminar os diferentes tipos de sons e ritmos e interagir com a música, perce-
bendo-a como forma de expressão individual e coletiva. Expressar-se por meio
Traços, sons,
das artes visuais, utilizando diferentes materiais. Relacionar-se com o outro
cores e formas
empregando gestos, palavras, brincadeiras, jogos, imitações, observações e
expressão corporal.”.
“Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação e
por diferentes meios. Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência tem-
Escuta, fala,
poral e causal, organizando e adequando sua fala ao contexto em que é produzi-
pensamento e
da. Ouvir, compreender, contar, recontar e criar narrativas. Conhecer diferentes
imaginação
gêneros e portadores textuais, demonstrando compreensão da função social da
escrita e reconhecendo a leitura como fonte de prazer e informação.”.
“Identificar, nomear adequadamente e comparar as propriedades dos objetos, es-
tabelecendo relações entre eles. Interagir com o meio ambiente e com fenômenos
Espaços,
naturais ou artificiais, demonstrando curiosidade e cuidado. Utilizar vocabulário
tempos,
relativo às noções de grandeza (maior, menor, igual etc.), espaço (dentro e fora) e
quanti-
medidas (comprido, curto, grosso, fino) como meio de comunicação de suas ex-
dades,
periências. Utilizar unidades de medida (dia e noite; dias, semanas, meses e ano)
relações e
e noções de tempo (presente, passado e futuro; antes, agora e depois), para res-
transforma-
ponder a necessidades e questões do cotidiano. Identificar e registrar quantidades
ções
por meio de diferentes formas de representação (contagens, desenhos, símbolos,
escrita de números, organização de gráficos básicos etc.)”.
FONTE: Brasil (2017, p. 52-53).

A síntese das aprendizagens é apontada como um “elemento balizador


e indicado para objetivos serem explorados em todo o segmento da Educação
Infantil, e que serão ampliados e aprofundados no Ensino Fundamental” (BRASIL,
2017, p. 51). A BNCC ressalta que a síntese das aprendizagens não deverá ser
considerada como uma condição para o acesso ao Ensino Fundamental, de modo
que o estudante seja obrigado a apresentar todas as aprendizagens, mas sim,
como um elemento norteador do processo de transição na Educação Básica.

128
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

Portanto, nesta sessão, conhecemos as principais orientações curriculares


da BNCC para a reorganização dos currículos e das práticas pedagógicas
da Educação Infantil. Temos, como eixos estruturantes, as interações e as
brincadeiras das crianças e o educar e o brincar. Além disso, percebemos, ao
longo do texto, que a base reconhece diversos direitos de aprendizagem e
desenvolvimento da criança assegurados pela legislação educacional brasileira
vigente e busca reorganizar os conteúdos da Educação Infantil em Campos
de Experiências como forma de superar a fragmentação do conhecimento e
representar a cultura da infância.

Para ampliar os seus conhecimentos sobre as orientações


curriculares da BNCC para a Educação Infantil, indicamos a matéria
da Revista Nova Escola “O que muda na Educação Infantil com a
BNCC?”, que trata sobre as mudanças que a base implementa na
Educação Básica. Acesse o seguinte endereço eletrônico para ler na
íntegra: <https://novaescola.org.br/conteudo/12529/o-que-muda-na-
educacao-infantil-com-a-bncc>. Acesso em: 27 fev. 2018.

1 A BNCC apresenta orientações curriculares para a Educação Infantil


com o objetivo de garantir o direito à aprendizagem e melhores
condições didáticas pedagógicas para essa etapa de ensino
da Educação Básica. Sobre as determinações da base para a
Educação Infantil, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:

( ) A BNCC orienta os professores sobre como manter a continuidade


das aprendizagens no momento de transição do estudante da
Educação Infantil para o Ensino Fundamental.
( ) A BNCC privilegia a hierarquização dos conteúdos da Educação
Infantil como forma de construir uma escola que valoriza a cultura
da infância e as experiências da criança.
( ) A BNCC classifica a Educação Infantil em duas etapas, creche e
pré-escola, e agrupa as crianças em duas faixas etárias bebês e
crianças pequenas.
( ) A BNCC indica que os cincos campos de experiências do currículo
da Educação Infantil estão estruturando com base nas interações e
brincadeiras das crianças.

129
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

A) ( ) V - F - F - V.
B) ( ) F - V - F - V.
C) ( ) F - F - F - V.
D) ( ) V - F - V - F.

2 A BNCC defende a construção de um currículo para a Educação


Infantil com campos de experiências que estão articulados com os
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da Educação Infantil.
A BNCC conceitua os campos de experiências da Educação Infantil
como um arranjo currículo que integra?

a) ( ) Conteúdos e saberes tradicionais do processo de ensino da


Educação Infantil.
b) ( ) Conhecimentos e saberes da vivência da vida adulta na
sociedade.
c) ( ) Conteúdos e saberes sobre as novas tecnologias digitais.
d) ( ) Conhecimentos e saberes das vivências da vida das crianças.

3 A Educação Infantil, no documento da BNCC, apresenta três


grupos de faixas etárias que estão integrados com os campos de
experiências e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento,
como forma de implementar um processo educativo significativo.
Sobre os três grupos de faixa etária das crianças, associe os itens,
utilizando o código a seguir:

I- Bebês
II- Crianças bem pequenas
III- Crianças pequenas

( ) Grupo com crianças de zero a um ano e seis meses de idade.


( ) Grupo com crianças de quatro anos a cinco anos e onze meses de
idade.
( ) Grupo com crianças de um ano e sete meses a três anos e onze
meses de idade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) I - III - II.
b) ( ) II - I - III.
c) ( ) III - I - II.
d) ( ) III - II - I.

130
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

3 ORIENTAÇÕES DA BNCC PARA O


ENSINO FUNDAMENTAL
O documento oficial da BNCC recomenda orientações para o planejamento
curricular e o desenvolvimento das práticas pedagógicas do Ensino Fundamental
das instituições educativas brasileiras: Ensino Fundamental com nove anos de
duração; áreas do conhecimento; competências específicas de áreas e componentes
curriculares.

FIGURA 6 – OS PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR


DA BNCC PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

FONTE: Brasil (2017, p. 57).

131
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

A BNCC (2017) inicia as orientações para a organização curricular do Ensino


Fundamental com o texto “O Ensino Fundamental no contexto da Educação
Básica”. Defende um processo educativo com nove anos de duração, para
estudantes com idade entre 6 e 14 anos, como determinam as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove Anos, Resolução
CNE/CEB nº 7/2010 (BRASIL, 2017).

FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO DE UMA SALA DE AULA DO ENSINO FUNDAMENTAL

FONTE: <http://anec.org.br/blog/2018/08/03/stf-decide-que-criancas-nao-podem-
entrar-no-ensino-fundamental-sem-completar-6-anos/>. Acesso em: 8 dez. 2018.

Para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, a BNCC (BRASIL,


2017) ressalta a importância de integrar o lúdico, os saberes e as experiências
vivenciados pelos estudantes na Educação Infantil:

A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as


situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária
articulação com as experiências vivenciadas na Educação
Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva
sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento,
pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas
possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos,
de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma
atitude ativa na construção de conhecimentos (BRASIL, 2017,
p. 56).

Ainda, a BNCC (BRASIL, 2017) indica a necessidade da construção de


um ambiente escola que inclua os interesses das crianças, a alfabetização,
a consolidação das aprendizagens, a “ampliação das práticas de linguagem
e da experiência estética e intercultural das crianças, considerando tanto seus
interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam aprender” (BRASIL,

132
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

2017, p. 57) e a continuidade de aprendizagens ao longo do Ensino Fundamental


para a garantia do sucesso escolar na Educação Básica.

Em relação aos Anos Finais do Ensino Fundamental, a BNCC (BRASIL,


2017) chama a atenção da necessidade de ressignificar as aprendizagens
dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Tem o objetivo de ampliar esses
conhecimentos, fortalecer a autonomia e a criticidade dos estudantes, bem
como compreender o adolescente como um sujeito em processo de formação de
identidade, valores, ideologias, com individualidades e culturas singulares:

A compreensão dos estudantes como sujeitos com histórias e


saberes construídos nas interações com outras pessoas, tanto
do entorno social mais próximo quanto do universo da cultura
midiática e digital, fortalece o potencial da escola como espaço
formador e orientador para a cidadania consciente, crítica e
participativa (BRASIL, 2017, p. 60).

Assim, os Anos Finais do Ensino Fundamental deverão contribuir Os Anos Finais do


para a elaboração do projeto de vida dos seus estudantes, a continuação Ensino Fundamental
do processo educativo no Ensino Médio e o desenvolvimento pessoal, deverão contribuir
social e profissional dos sujeitos (BRASIL, 2017). para a elaboração
do projeto de
vida dos seus
A BNCC apresenta, também, cinco áreas de conhecimento:
estudantes, a
Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e continuação do
Ensino Religioso, nas quais apresenta as competências específicas que processo educativo
os estudantes deverão desenvolver no Ensino Fundamental: os eixos ou no Ensino Médio e
subcomponentes e os objetivos de aprendizagem (RODRIGUES, 2016). o desenvolvimento
pessoal, social e
profissional dos
A área de Linguagens “se propõe a apresentar conhecimentos
sujeitos (BRASIL,
relativos à atuação dos sujeitos em práticas de linguagem, nas suas 2017).
variadas esferas da comunicação” (RODRIGUES, 2016, p. 89). A
área é composta pelos seguintes componentes curriculares: Língua
Portuguesa, Arte (artes visuais, dança, música e teatro), Educação Física e, nos
Anos Finais do Ensino Fundamental, Língua Inglesa (BRASIL, 2017). Assim, as
competências específicas de linguagens para o Ensino Fundamental são:

1. Compreender as linguagens como construção humana,


histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-
as e valorizando-as como formas de significação da realidade
e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.
2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem
(artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da
atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas
possibilidades de participação na vida social e colaborar para
a construção de uma sociedade mais justa, democrática e
inclusiva.
3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora,

133
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital – para


se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que
levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação.
4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista
que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a
consciência socioambiental e o consumo responsável em
âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a
questões do mundo contemporâneo.
5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e
respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais,
das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao
patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de
práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção
artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes,
identidades e culturas.
6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação
e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para
se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias,
produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver
projetos autorais e coletivos (BRASIL, 2017, p. 63).

A área de Linguagens tem por finalidade propiciar aos estudantes


experiências e situações de aprendizagens que oportunizem práticas de
linguagem diversificadas, que motivem os conhecimentos e as habilidades
artísticas, corporais, linguísticas, como também as aprendizagens e experiências
da Educação Infantil (BRASIL, 2017).

FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO DA ÁREA DE LINGUAGENS

FONTE: <http://benditoingles.com.br/aprender-ingles-em-
tempo-recorde>. Acesso em: 9 dez. 2018.

134
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

A área de Matemática, segundo Rodrigues (2016, p. 90), “considera os


conhecimentos matemáticos imprescindíveis às ações humanas, uma vez que se
vive em uma sociedade cada vez mais baseada no desenvolvimento tecnológico”.
Assim, as competências específicas de matemática para o ensino fundamental
são:

1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana, fruto


das necessidades e preocupações de diferentes culturas, em
diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva, que
contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos e
para alicerçar descobertas e construções, inclusive com impactos
no mundo do trabalho.
2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação e
a capacidade de produzir argumentos convincentes, recorrendo
aos conhecimentos matemáticos para compreender e atuar no
mundo.
3. Compreender as relações entre conceitos e procedimentos dos
diferentes campos da Matemática (Aritmética, Álgebra, Geometria,
Estatística e Probabilidade) e de outras áreas do conhecimento,
sentindo segurança quanto à capacidade de construir e aplicar
conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a
perseverança na busca de soluções.
4. Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e
qualitativos presentes nas práticas sociais e culturais, de modo
a investigar, organizar, representar e comunicar informações
relevantes, para interpretá-las e avaliá-las crítica e eticamente,
produzindo argumentos convincentes.
5. Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive
tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver
problemas cotidianos, sociais e de outras áreas de conhecimento,
validando estratégias e resultados.
6. Enfrentar uma situação-problema em múltiplos contextos,
incluindo situações imaginadas, não diretamente relacionadas
com o aspecto prático-utilitário, expressar suas respostas e
sintetizar conclusões, utilizando diferentes registros e linguagens
(gráficos, tabelas, esquemas, além de texto escrito na língua
materna e outras linguagens para descrever algoritmos, como
fluxogramas e dados).
7. Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo,
questões de urgência social, com base em princípios éticos,
democráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade
de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos
de qualquer natureza.
8. Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando
coletivamente no planejamento e desenvolvimento de pesquisas
para responder a questionamentos e na busca de soluções para
problemas, de modo a identificar aspectos consensuais ou não
na discussão de uma determinada questão, respeitando o modo
de pensar dos colegas e aprendendo com eles (BRASIL, 2017,
p. 264).

O documento da BNCC ressalta, ainda, a importância de articular as


competências específicas da área de Matemática com o desenvolvimento do

135
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

O documento da letramento matemático (raciocínio, representação, comunicação e


BNCC ressalta, argumentação matemática). Ainda, processos matemáticos para a
ainda, a importância resolução de uma situação-problema, garantindo, aos estudantes, um
de articular as processo de ensino e aprendizagem significativo (BRASIL, 2017).
competências
específicas da área
A área de Ciências da Natureza tem por finalidade tratar
de Matemática com
o desenvolvimento sobre conteúdos que capacitem o estudante a compreender o
do letramento desenvolvimento ambiental, social, científico e tecnológico, tendo como
matemático foco o letramento científico. Desse modo, as competências específicas
de ciências da natureza são:

1. Compreender as Ciências da Natureza como


empreendimento humano, e o conhecimento científico como
provisório, cultural e histórico.
2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas
explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar
processos, práticas e procedimentos da investigação científica,
de modo a sentir segurança no debate de questões científicas,
tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho,
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva.
3. Analisar, compreender e explicar características, fenômenos
e processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico
(incluindo o digital), como também as relações que se
estabelecem, exercitando a curiosidade para fazer perguntas,
buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com
base nos conhecimentos das Ciências da Natureza.
4. Avaliar aplicações e implicações políticas, socioambientais
e culturais da ciência e de suas tecnologias para propor
alternativas aos desafios do mundo contemporâneo, incluindo
aqueles relativos ao mundo do trabalho.
5. Construir argumentos com base em dados, evidências e
informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de
vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito
a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade
de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de
qualquer natureza.
6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de
informação e comunicação para se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver
problemas das Ciências da Natureza de forma crítica,
significativa, reflexiva e ética.
7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-
estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se
respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos
das Ciências da Natureza e às tecnologias.
8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia,
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para
tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e
socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva,
com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e
solidários (BRASIL, 2017, p. 322).

136
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

Nessa área de conhecimento, o processo de ensino e O processo


aprendizagem deverá oportunizar situações nas quais os estudantes de ensino e
possam desenvolver processos investigativos, permitindo a definição aprendizagem
de problemas, levantamento, análise e representação de dados, deverá oportunizar
comunicação e intervenção, de modo que os estudantes possam situações nas quais
os estudantes
articular as novas aprendizagens com a sociedade em que vivem
possam desenvolver
(BRASIL, 2017). processos
investigativos,
permitindo a
definição de
problemas,
levantamento,
Para ampliar a sua compreensão sobre as orientações análise e
representação de
curriculares da BNCC para o ensino de Ciências, acesse a matéria
dados, comunicação
“BNCC: o que muda em Ciências para o Ensino Fundamental?”, e intervenção.
da Revista Nova Escola. FONTE: <https://novaescola.org.br/
conteudo/12635/bncc-o-que-muda-em-ciencias-para-o-ensino-
fundamental>. Acesso em: 27 fev. 2018.

FIGURA 9 — ESTUDANTES REALIZANDO PESQUISAS

FONTE: <http://integradocolegio.com.br/ensino-fundamental-ii/>. Acesso em: 7 dez. 2018.

A área de Ciências Humanas, conforme Rodrigues (2016, p. 91), “compõe


um campo cognitivo que se dedica aos estudos da existência humana e suas
intervenções sobre a vida”. Assim, os componentes curriculares da área

137
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

correspondem à Geografia e à História, e as competências específicas são:

1. Compreender a si e ao outro como identidades diferentes,


de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade
plural e promover os direitos humanos.
2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio técnico-
científico-informacional com base nos conhecimentos
das Ciências Humanas, considerando suas variações de
significado no tempo e no espaço, para intervir em situações
do cotidiano e se posicionar diante de problemas do mundo
contemporâneo.
3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser humano
na natureza e na sociedade, exercitando a curiosidade e
propondo ideias e ações que contribuam para a transformação
espacial, social e cultural, de modo a participar efetivamente
das dinâmicas da vida social.
4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas
com relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas,
com base nos instrumentos de investigação das Ciências
Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de
qualquer natureza.
5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo
espaço e em espaços variados, e eventos ocorridos em
tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados.
6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos
das Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e
opiniões que respeitem e promovam os direitos humanos e a
consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade e
o protagonismo voltados para o bem comum e a construção de
uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica
e diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de
informação e comunicação no desenvolvimento do raciocínio
espaço-temporal relacionado à localização, distância, direção,
duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão (BRASIL,
2017, p. 355).

Buscam auxiliar no desenvolvimento das competências e habilidades que


contribuem para a observação de diferentes situações e objetos de natureza
funcional, morfológica, tecnológica, a formação ética, fortalecimento de valores
sociais, o respeito com o meio ambiente, valorização dos direitos humanos,
dentre outros saberes (BRASIL, 2017).

138
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

FIGURA 10 – REPRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DA


BNCC PARA O ENSINO RELIGIOSO

FONTE: <https://www.cnbbne3.org.br/category/dioceses/
arquidiocese-de-sao-salvador/>. Acesso em: 9 dez. 2018.

A área de Ensino Religioso tem por objetivo “construir, por meio do estudo
dos conhecimentos religiosos e das filosofias de vida, atitudes de reconhecimento
e respeito às alteridades” (BRASIL, 2017, p. 434). Para tanto, foram delimitadas
as seguintes competências específicas de ensino religioso para o ensino
fundamental:

1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes


tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida a partir de
pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações
religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em
diferentes tempos, espaços e territórios.
3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da
natureza, enquanto expressão de valor da vida.
4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos,
convicções, modos de ser e viver.
5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os
campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da
ciência, da tecnologia e do meio ambiente.
6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos
e práticas de intolerância, discriminação e violência de cunho
religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no
constante exercício da cidadania e da cultura de paz (BRASIL,
2017, p. 435).

139
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

O Ensino Religioso O Ensino Religioso proposto na BNCC busca construir um espaço


proposto na BNCC de aprendizagens e experiências educativas que visam ao acolhimento
busca construir das diversas culturas e religiões em uma perspectiva da cultura de paz,
um espaço de da interculturalidade e dos direitos humanos. O conhecimento religioso
aprendizagens compõe a formação integral dos estudantes. Assim, a BNCC delimitou
e experiências
os seguintes objetivos para o Ensino Religioso nos Anos Finais do
educativas
que visam ao Ensino Fundamental:
acolhimento das
diversas culturas e a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos,
religiões em uma culturais e estéticos a partir das manifestações religiosas
percebidas na realidade dos educandos.
perspectiva da
b) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de
cultura de paz, da consciência e de crença, no constante propósito de promoção
interculturalidade dos direitos humanos.
e dos direitos c) Desenvolver competências e habilidades que contribuam
humanos. para o diálogo entre perspectivas religiosas e seculares de
vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o
pluralismo de ideias, de acordo com a Constituição Federal.
d) Contribuir para que os educandos construam seus sentidos
pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos e da
cidadania (BRASIL, 2017, p. 434).

A BNCC destaca a importância de tratar os saberes e conhecimentos


religiosos com ética e caráter científico, sem apresentar preferências pessoais
sobre religião aos estudantes e ausentar a existência do conhecimento filosófico.
Assim, a base indica que é fundamental adotar a pesquisa e o diálogo no processo
de desenvolvimento das competências específicas do Ensino Religioso (BRASIL,
2017).

Para conhecer as competências específicas dos componentes


curriculares, acesse o documento oficial da BNCC. FONTE: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/12/
BNCC_19dez2018_site.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2019.

Portanto, nesta sessão, aprendemos sobre as principais determinações


curriculares da BNCC para o currículo do Ensino Fundamental. Observamos,
ao longo deste estudo, que a base procura implementar um processo educativo
embasado na continuidade das aprendizagens, na organização das diversas
disciplinas em áreas de conhecimentos e no desenvolvimento global do estudante,
garantindo o direito à aprendizagem, além de combater as desigualdades
educacionais existentes na educação brasileira.

140
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

Vamos aprofundar o seu conhecimento sobre as determinações


da BNCC para o Ensino Fundamental? Acesse o site: <https://www.
somospar.com.br/perguntas-e-respostas-sobre-a-bncc/>. Acesso
em: 27 fev. 2019.

1 A BNCC apresenta orientações para a construção de propostas


curriculares para o Ensino Fundamental, assegurando o direito à
educação e melhores práticas de ensino. Sobre as determinações
da BNCC para o Ensino Fundamental, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A BNCC incluiu o componente curricular Educação Física na


área de Linguagens no Ensino Fundamental.
( ) A BNCC considera o letramento matemático como um dos
elementos fundamentais para a atuação na sociedade e a
construção do conhecimento.
( ) A BNCC propõe que a área de Ciências motive o letramento
científico e o desenvolvimento de processos investigativos na
aprendizagem dos estudantes.
( ) A BNCC apoia propostas curriculares que acolhem o Ensino
Religioso com preferência aos conteúdos sobre as religiões
afro-brasileiras.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V - V - V - F.
b) ( ) F - V - F - V.
c) ( ) F - F - F - V.
d) ( ) V - F - V - F.

2 A BNCC defende a construção de uma formação integral para o


estudante no Ensino Fundamental. Para isso, a base propõe um
processo de ensino e aprendizagem nesta etapa de ensino da
Educação Básica com a duração de quanto tempo?

a) ( ) Ensino Fundamental com dez anos de duração.

141
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

b) ( ) Ensino Fundamental com oito anos de duração.


c) ( ) Ensino Fundamental com doze anos de duração.
d) ( ) Ensino Fundamental com nove anos de duração.

3 A BNCC apresenta os componentes curriculares e as suas


respectivas competências específicas em áreas de conhecimento
com o objetivo de superar a fragmentação do saber científico.
Quantas áreas de conhecimento a base propõe para o Ensino
Fundamental?

a) ( ) O Ensino Fundamental possui dez áreas de conhecimento.


b) ( ) O Ensino Fundamental possui três áreas de conhecimento.
c) ( ) O Ensino Fundamental possui cinco áreas de conhecimento.
d) ( ) O Ensino Fundamental possui sete áreas de conhecimento.

4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
No presente capítulo, identificamos e compreendemos que a BNCC é uma
matriz curricular que apresenta orientações para as etapas da Educação Básica,
Educação Infantil e Ensino Fundamental. De tal forma, conhecemos as principais
determinações curriculares para o planejamento, a organização e a execução das
práticas pedagógicas dessas etapas de ensino. O objetivo é construir uma escola
que garanta o direito à aprendizagem para todos os estudantes.

Para a Educação Infantil, a BNCC propõe orientações para a construção


de um currículo que defende a obrigatoriedade da matrícula das crianças de
4 a 5 anos nas escolas; os direitos de aprendizagem e desenvolvimento; os
campos de experiências; os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para
a Educação Infantil (BRASIL, 2017). Essas determinações curriculares buscam
celebrar a interação e as experiências das crianças nas práticas de ensino e
de aprendizagem, de modo que a cultura da infância e as particularidades das
crianças sejam representadas ao longo do processo educativo.

Em relação ao Ensino Fundamental, percebemos que a proposta da BNCC


é a de promover orientações curriculares que valorizam o ensino de habilidades
e competências, bem como busca organizar o currículo escolar por áreas de
conhecimento, como forma de superar a fragmentação do conhecimento. Além
disso, destacamos que a BNCC indica aspectos importantes para o Ensino

142
A Estrutura da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para
Capítulo 3 a Educação Básica

Fundamental como o incentivo à pesquisa, o respeito à diversidade humana


e religiosa, a inclusão das tecnologias digitais nos processos de ensino e de
aprendizagem, a preocupação com a continuidade das aprendizagens da
Educação Infantil, dentre outros conhecimentos.

Portanto, concluímos que a BNCC indica orientações curriculares


importantes para a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental, de modo que
os professores e futuros professores deverão conhecê-las e analisá-las antes
de implementá-las na sala de aula, para que ocorram as devidas adaptações
curriculares e metodológicas. Ainda, precisamos realizar críticas e sugestões de
melhorias para a base, com a finalidade de construirmos políticas educacionais
que representem as necessidades e as realidades das diversas escolas brasileiras
e dos inúmeros estudantes e professores que anseiam por transformações
educacionais eficazes e efetivas.

143
Base Nacional Comum Curricular e seus fundamentos

REFERÊNCIAS
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basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/12/BNCC_19dez2018_
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BRASIL. Lei n. 12.796, de 4 de abril de 2013. Estabelece as diretrizes e bases


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educação e dar outras providências. Brasília: Planalto Central, 2013. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm
Acesso em: 8 out. 2018.

BRASIL. Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009.


Acrescenta § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da
Desvinculação das Receitas da União incidente sobre os recursos destinados à
manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição
Federal de 1988. Dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a
prever a obrigatoriedade do ensino de quatro a dezessete anos e ampliar a
abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação
básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211, ao § 3º do art. 212 e ao caput do
art. 214, com a inserção neste dispositivo do inciso VI. Brasília, 2009. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm
Acesso em: 8 out. 2018.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.


Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: MEC/SEF,
1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Acesso
em: 6 out. 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,


DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Constituicao/Constituicao.htm Acesso em: 21 out. 2018.

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2016. Dissertação (Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de
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