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DISCIPLINA: Etnocenologia
DOCENTE: Prof. Dr. Jorge das Graças Veloso
DISCENTE: Eloisa de Fátima Cunha – 19/0124385
(mestranda em Psicologia do Desenvolvimento Humano e Escola – PGPDE – IP/UnB)
RESENHA
Esse artigo, escrito pelo Prof. Dr. Jorge das Graças Veloso (Graça Veloso), é fruto de
uma Conferência realizada no I Encontro Nacional de Etnocenologia, de 12 a 15 de abril/2016,
Salvador – Bahia – Brasil. Além de apresentar a contextualização da origem epistemológica da
Etnocenologia, que estuda as Práticas e Comportamentos Humanos Espetaculares
Organizados– PCHEO, o autor nos propõe discutir a questão do uso de léxicos próprios de cada
manifestação espetacular investigada como um caminho de reconhecimento das identidades
espetaculares, centradas no conceito de alteridade.
A partir desses grupos e do seu lugar de fala (saberes artísticos) Veloso faz alguns
dizeres sobre os lugares de narrativa geralmente usados para se ver e falar dos fenômenos do
campo das tradições:
Graça Veloso recomenda que o pesquisador da etnocenologia deve ter cuidado com
narrativas hegemônicas, evitar realçar a visão unificada de colonizador. No mergulho ao objeto
de pesquisa é necessário ver de DENTRO DO RITO ESPETACULAR, USAR OS LÉXICOS DE QUEM
FAZ OS RITOS ESPETACULARES NA ROTINA SOCIAL para reconhecer o direito da alteridade de
exercer a sua própria narrativa. É imperioso respeitar a singularidade do lugar pesquisado –
cada local tem suas particularidades e diferenças, cabe ao pesquisador ver o fenômeno por
esse local, evitando ter uma só narrativa e pontuar seu lugar de fala.
Considerações:
Ao ler o artigo fui fazendo associações com alguns conceitos que tive acesso em
estudos para minha pesquisa no mestrado em psicologia do desenvolvimento, os quais
considero importantes para um pesquisador da etnocenologia. A primeira questão é sobre a
relação da arte com a cultura e com a formação do self, a partir da visão sócio histórica do
desenvolvimento humano. Para Vygotsky (2003) a estrutura dos processos psicológicos
humanos emerge da atividade prática mediada simbolicamente e culturalmente por meio da
linguagem, conforme os materiais e condições de produção de determinada sociedade. Se a
pessoa se constitui nessa relação dialógica com suas atividades práticas e com os outros, em
mediação simbólica cultural por meio da linguagem, é possível pensar que os fenômenos dos
ritos espetaculares trazem um conjunto de valores e crenças que mediam a produção de
signos e significados pela pessoa que participa dessas manifestações espetaculares? Por
exemplo, um cantador de folia de reis nasce em uma família que cultiva essa ação espetacular,
e vai se tornar um cantador de folia durante sua trajetória de vida, a partir das escolhas que vai
fazendo e experiências nas interações sociais. É no caminhar que se desenvolve o artista, o
brincante, o mestre, a pessoa se faz na relação com as alteridades.
BIÃO, Armindo. (2009a). Um léxico para a etnocenologia: proposta preliminar. In: ____
Etnocenologia e a cena baiana: textos reunidos. Prefácio Michel Maffesoli. P&A Gráfica e
Editora, 389 p. Salvador.