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Nº Matrícula: 20101457
Essa abordagem do Putnam teoriza a complexa posição que todos os líderes políticos
enfrentam, de ter que conciliar sempre o tabuleiro doméstico e o tabuleiro internacional. Uma
decisão mal tomada internacionalmente pode trazer danos para o país em suas relações externas e a
depender do tamanho do ator, a desequilibrar a geopolítica, ou a sofrer forte pressão da comunidade
internacional. A nível nacional, uma decisão mal tomada pode fazer o líder até mesmo perder o seu
cargo. E os dois tabuleiros estão intimamente interrelacionados, não sendo possível dissociar as
decisões, ou seja, cada ação terá reflexos domésticos e internacionais.
Podemos tomar como exemplo a questão ambiental no Brasil no último governo, onde
houve a fusão do ministério da agricultura e do ministério do meio ambiente, redução das verbas
voltadas à preservação de áreas protegidas, e o aumento expressivo do desmatamento na região
amazônica. A passividade do governo Bolsonaro quanto à agenda ambiental revoltou diversos
chefes de Estado, incluindo de grandes potências como a Angela Merkel da Alemanha e o
Emmanuel Macron da França. Além das duras críticas feitas por estes líderes, principalmente por
conta dos compromissos assumidos pelo Brasil em fóruns ambientais passados, países como a
Finlândia e Irlanda ameaçaram sanção comercial também. Esta situação ilustra muito bem a teoria
de Putnam, pois uma medida do governo ou mesmo a falta de ações por parte dele pode resultar em
pressões externas. Da mesma forma, assumir acordos em fóruns ambientais por conta da grande
pressão internacional, por exemplo, pode revoltar determinado grupo social no país, como é o caso
dos fazendeiros e donos de grandes territórios que são diretamente afetados pelas medidas
sancionadas nestes acordos.
PUTNAM, Robert D. Diplomacy and Domestic Politics: The Logic of Two-Level Games.
International Organization, The MIT Press. v. 42, n. 3, 1988. Disponível em:
https://www.jstor.org/stable/2706785. Acesso em: 27 jan. 2022.