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IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

. A diferença entre imunidade, não incidência, isenção e alíquota zero


O conceito de não incidência, refere-se a todas aquelas situações que a norma jurídica tributária deixou de contemplar,
isto é, a sua abrangência. Aquilo que não está abarcado pela norma tributária, mas poderia estar. São situações que não
são contempladas pelo conjunto de hipóteses tributáveis existentes, ficando fora do limite de tributação autorizado aos
entes federativos. A fim de compreendermos com exatidão a diferença entre os conceitos de imunidade, isenção e não
incidência é necessário que entendamos primeiramente o que vem a ser incidência tributária.

As imunidades são limitações ao poder de tributar, ou seja, são normas que restringem a competência tributária
das pessoas políticas, afastando de seu alcance pessoas, situações e bens. É aquilo que o Estado não pode tributar,
pois foi excluído de seu “campo tributável”. Por isso que se fala em imunidade como sendo uma regra negativa de
competência tributária: a Constituição veda que certas pessoas ou base econômicas sejam tributadas. Em síntese,
é a denegação da competência tributária.

Quando uma lei institui determinado tributo, ela prevê os elementos essenciais para que seja possível sua cobrança
(hipótese de incidência, sujeitos ativo e passivo, base de cálculo e alíquota).Veja que a hipótese de incidência, como
elemento essencial na instituição dos tributos, prevê na lei uma situação que, ocorrida no mundo real, dará origem ao
fato gerador do tributo. Dessa forma, quando a situação prevista em lei se concretizar, houve incidência tributária
(ocorre o fato gerador).

Agora que já sabemos o que é incidência tributária, o que poderia ser considerado não incidência? Podemos citar três
situações:

• A pessoa política possui competência , mas não faz uso desta competência tributária que lhe foi conferida. Podemos
dizer que seria o caso de um tributo instituído “pela metade”, em que o ente não prevê todas as hipóteses de
incidência capazes de gerar a tributação; O ente não faz uso da competência tributária.EX: U não instituiu o IGF

• A pessoa política possui competência tributária, porém A CF delimitou o seu campo de incidência para determinar
certas situações fáticas como hipótese de incidência. Porém, Esta hipótese se refere a situações que fogem do raio
de incidência daquele tributo. Por ex, o IPVA não pode incidir sobre bicicletas; Refere-se à delimitação que a CF
conferiu, é um campo de incidência que o Ente não possui competên cia para tributar tal fato.

• A pessoa política é “barrada” pela CF/88.há certo dispositivo constitucional que inibe a possibilidade de o ente
prever aquela situação como hipótese de incidência do tributo. OBS: Aqui a CF expressamente veda que o campo de
atuação do ente tributante. Inibindo certos fatos.
é a competência tributária negativa, ou, grosso modo, aquilo que a Constituição exclui do mundo dos tributos

Todas as 3 situações acima se referem a não incidência tributária. Contudo, a última pode ser considerada
como hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada. Por isso, é denominada IMUNIDADE.

A imunidade pode ser considerada uma incompetência tributária.

Tanto na imunidade propriamente dita, como nas demais situações de não incidência, não há a ocorren cia do fato
gerador. Guarde isso!

As imunidades são limitações ao poder de tributar, ou seja, são normas que restringem a competência tributária das
pessoas políticas, afastando de seu alcance pessoas, situações e bens. É aquilo que o Estado não pode tributar, pois foi
excluído de seu “campo tributável”. Por isso que se fala em imunidade como sendo uma regra negativa de competência
tributária: a Constituição veda que certas pessoas ou base econômicas sejam tributadas. Em síntese, é a denegação da
competência tributária.

A imunidade, como já explicado no tópico anterior, é a competência tributária negativa, ou, grosso modo, aquilo
que a Constituição exclui do mundo dos tributos. Assim, as pessoas, fatos ou operações imunizados estão fora do
alcance do poder de tributar, por força de uma norma constitucional que proíbe o legislador constitucional de
tributar. Não há qualquer possibilidade de o legislador infraconstitucional determinar a incidência tributária sobre
situações imunes.

ATENÇÃO!
O texto constitucional revela-nos as limitações constitucionais ao poder de tributar. Entenda-as como sendo um gênero, do qual
decorrem as espécies princípios e imunidades. Os princípios podem ser considerados os vetores fundamentais do Sistema
Tributário Brasileiro. Destinam-se a guiar a ação do legislador ordinário no fazimento das leis, bem como vincular a conduta
dos administradores públicos no caso concreto. Já as imunidades funcionam de forma mais concreta, mais incisiva, afinal são
verdadeiros entraves encontrados, pelo administrador, para sua ânsia na cobrança de tributos.

O enunciado do inc. VI do art. 150 da CF/88, ao afirmar que “é vedado à U, E, DF e M instituir impostos sobre (...)”,
cria norma direcionada as pessoas políticas desautorizando-as a criar impostos nos casos previstos nas alíneas
“a” a “e”.
Logo, a primeiro detalhe sobre o assunto é que as imunidades previstas no art.150 da CF/88 tratam exclusivamente de
impostos. Esta é a regra geral. Todavia, como será visto oportunamente, a CF/88 estabeleceu outras imunidades,
referentes a outras espécies tributárias.

É oportuno esclarecer que a CF não utiliza a palavra imunidade e que as expressões usadas variam, não havendo unifor
midade. Ora a CF fala em normas que vedam a instituição de tributo, ora determina a gratuidade de determinado
serviço, ora usa o termo não incidência, e ora dispõe sobre uma isenção.

É o que o ocorre, por ex, no art. 195, § 7º, que fala que “são isentas de contribuição para a seguridade social as enti
tidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei”.Não há qualquer proble
ma quanto à inconsistência do texto constitucional no uso do termos, pois o que importa é que, em todas as situações,
há norma constitucional que impede a tributação, que é a essência do conceito de imunidade.

Por fim, além do conceito de imunidade como competência tributária negativa, é importante saber que o Supremo
Tribunal Federal também as enxerga por outra perspectiva: a de garantias constitucionais. Vale a pena transcrever
parte do voto do Ministro Celso de Mello, na ADI n° 939/DF:

JURISPRUDÊNCIA

Não se pode desconhecer, dentro desse contexto, que as imunidades tributárias de natureza política destinam-se a conferir efeti
vidade a determinados direitos e garantias fundamentais reconhecidos e assegurados às pessoas e às instituições. Constituem,
por isso mesmo, expressões significativas das garantias de ordem instrumentais vocacionadas, na especificidade dos fins a que
se dirigem, a proteger o exercício da liberdade sindical, da liberdade de culto, da liberdade de organização partidária, da
liberdade de expressão intelectual e da liberdade de informação. A imunidade tributária não constitui um fim em si mesma.
Antes representa um poderoso fato de contensão do arbítrio do Estado na medida em que esse postulado da Constituição,
inibindo o exercício da competência impositiva pelo Poder Público, prestigia, favorece e tutela o espaço em que florescem
aquelas liberdades públicas.

Cumpre não desconhecer, neste ponto, a grave advertência lançada pelo saudoso Min. Aliomar Baleeiro (‘Limitações
Constitucionais ao Poder de Tributar’, p. 191, 5ª Ed., 1977, Forense), para quem revela-se certo inquestionável o fato de que
‘...o imposto pode ser meio eficiente de suprimir ou embaraçar a liberdade de manifestação do pensamento, a crítica aos
governos e homens públicos, enfim, de direitos que não são apenas individuais, mas indispensáveis à pureza do regime
democrático.

Em resumo, pode se dizer que:


• A imunidade é norma constitucional que exclui do poder tributar algumas situações, delimitando sua
competência negativamente,
• A não incidência importa na ausência de previsão (qualificação) de determinado fato ou operação como
hipótese de incidência,
• A isenção é a exclusão do crédito tributário pela vontade própria do ente tributante e que alíquota zero é o fato
gerador que tem um crédito nulo ou sem valor econômico.

ISENÇÃO

Diversamente, a isenção pressupõe a incidência da norma tributária. O fato gerador ocorre, a obrigação nasce por
força da subsunção lógica da norma de tributação. No entanto, o crédito tributário é excluído (não pode ser
cobrado). A norma isentiva vem justamente para afastar a possibilidade de cobrança por motivos de política
tributária. Perceba que a isenção se encontra na esfera da competência tributária.
O legislador exerce sua competência, cria uma situação de incidência e, em seguida, cria uma norma para excluir o
crédito. A isenção se encontra dentro do poder de tributar e é sempre prevista em lei infraconstitucional
(ordinária ou complementar).
Precisamos nos atentar ainda para o conceito de isenção. Trata-se de um benefício fiscal concedido pelo ente político,
por intermédio de lei. Ou seja, é a dispensa legal do pagamento do tributo, sendo considerada uma decisão política.

Neste caso, há uma hipótese de incidência prevista. na lei que instituiu o tributo e, por esse motivo, o FG ocorre
Contudo, o tributo não vem a ser cobrado, pois a isenção é uma hipótese de exclusão do crédito tributário.

O que importa saber é que a isenção decorre do exercício da competência tributária e o FG tributo chega a ocorrer,
e a obrigação tributária chega a existir. Isto é, o ente poderia cobrar aquele tributo, mas decide isentar os contribuintes,
mediante a edição de uma lei. Nesta aula, estamos adotando a doutrina clássica, pois é o posicionamento adotado pelo
STF (ADI 286).

Há divergência doutrinária sobre a existência ou não da obrigação tributária nos casos de isenção.

A doutrina clássica, preconizada por Amílcar de Araújo Falcão, dentre outros, defende que a isenção constitui
apenas em dispensa legal do pagamento do tributo, isto é, o fato gerador ocorre, a obrigação tributária chega a
existir, mas não o crédito tributário, tendo em vista que ocorre a sua exclusão, nos termos do art. 175, I, do
CTN. Esta é a linha adotada pelo STF (ADI 286).

A imunidade é uma delimitação da competência tributária, ou melhor, uma limitação constitucional ao poder de
tributar, posicionando-se ao lado dos princípios constitucionais tributários. Ou seja, existe um limite além do qual o
ente instituidor não pode tributar, por expressa disposição constitucional. Vimos também que não ocorre o fato gerador
neste caso.
Por último, há que se ressaltar que não importa a terminologia utilizada pela CF/88 para tratar das imunidades, visto
que o simples fato de estar no texto constitucional dá ao instituto o título de imunidade.
Neste sentido, o STF já decidiu que, embora o art. 195, § 7°, da CF/88, mencione a palavra “isentas”, a interpretação
que deve ser dada é a de que se trata de verdadeira imunidade.

É a competência tributária negativa, ou, grosso modo, aquilo que a Constituição exclui do mundo dos tributos.
As imunidades estão sempre previstas na Constituição e obstam o exercício da atividade legislativa do ente estatal
(nega o poder de tributar).

O conceito de não incidência, por seu turno, refere-se a todas aquelas situações que a norma jurídica tributária deixou
de contemplar, isto é, a sua abrangência. Aquilo que não está abarcado pela norma tributária, mas poderia estar. São
situações que não são contempladas pelo conjunto de hipóteses tributáveis existentes, ficando fora do limite de tributa
ção autorizado aos entes federativos.

A imunidade, é a competência tributária negativa, ou, grosso modo, aquilo que a Constituição exclui do mundo dos
tributos. Assim, as pessoas, fatos ou operações imunizados estão fora do alcance do poder de tributar, por força de uma
norma constitucional que proíbe o legislador constitucional de tributar. Não há qualquer possibilidade de o legislador
infraconstitucional determinar a incidência tributária sobre situações imunes. As imunidades estão sempre previstas na
Constituição e obstam o exercício da atividade legislativa do ente estatal (nega o poder de tributar).

Em resumo, pode se dizer que a imunidade é norma constitucional que exclui do poder tributar algumas situações,
delimitando sua competência negativamente, que a não incidência importa na ausência de previsão (qualificação) de
determinado fato ou operação como hipótese de incidência, que a isenção é a exclusão do crédito tributário pela
vontade própria do ente tributante e que alíquota zero é o fato gerador que tem um crédito nulo ou sem valor
econômico.

A isenção pressupõe a incidência da norma tributária. O fato gerador ocorre, a obrigação nasce por força da subsunção
lógica da norma de tributação. No entanto, o crédito tributário é excluído (não pode ser cobrado). A norma isentiva vem
justamente para afastar a possibilidade de cobrança por motivos de política tributária. Perceba que a isenção se encon
tra na esfera da competência tributária. O legislador exerce sua competência, cria uma situação de incidência e, em
seguida, cria uma norma para excluir o crédito. A isenção se encontra dentro do poder de tributar e é sempre prevista
em lei infraconstitucional (ordinária ou complementar).

A alíquota zero não se consubstancia em caso de exclusão do crédito tributário (isenção), nem em não incidência. Na
realidade, o fato gerador ocorre, mas seu elemento quantitativo, relativo à alíquota, é modulado de maneira que a
obrigação tributária não gere qualquer crédito. Geralmente, a alíquota zero é usada nos impostos com fim extrafiscal,
nos quais a fixação de alíquotas tem a função de regular o mercado, como acontece, por exemplo, no imposto de
importação. Por fim, a alíquota zero não se consubstancia em caso de exclusão do crédito tributário (isenção), nem em
não incidência. Na realidade, o fato gerador ocorre, mas seu elemento quantitativo, relativo à alíquota, é modulado de
maneira que a obrigação tributária não gere qualquer crédito. Geralmente, a alíquota zero é usada nos impostos com
fim extrafiscal, nos quais a fixação de alíquotas tem a função de regular o mercado, como acontece, por exemplo, no
imposto de importação.

A imunidade não exime certo ente das obrig. acessórias instituídas pela legislação tributária. As obrigações acessórias
são condutas impostas ao contribuinte, que não possuem caráter pecuniário, criando obrigações de “fazer” ou “deixar
de fazer” algo no interesse da arrecadação e fiscalização.

• A não incidência tributária pode ocorrer de formas distintas, a saber: a pessoa política não faz uso da competência
tributária que lhe foi conferida; a pessoa política não possui competência tributária para determinar certas situações
fáticas como hipótese de incidência; e a pessoa política é impedir de tributar determinado fato pela própria CF/88.
Neste último caso, temos a imunidade tributária.

• A isenção, por outro lado, decorre do exercício da competência tributária. Trata-se de situação que, a princípio seria
tributada, mas que, por decorrência de lei específica do ente competente para instituir o tributo, se torna isenta.

As obrigações acessórias não dependem da obrigação principal, são autônomas. Por isso, a dispensa da Ob. principal,
seja pela isenção ou imunidade, não dispensa o contribuinte de continuar cumprindo obrigações acessórias que tenham
relação com o tributo objeto do benefício fiscal concedido.
A imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias instituídas pela legislação tributária. Nesse sentido, para o
STF (RE 250.844), “exigir de entidade imune a manutenção de livros fiscais é Consentâneo com o gozo da imunidade
tributária

Em maio de 2020, o STF também decidiu (ACO 1098, Informativo 980) que não há violação ao princípio da
legalidade, caso as obrigações acessórias sejam instituídas por atos infralegais.

3. Classificações das imunidades tributárias

A primeira e mais popular classificação é aquela feita em função dos elementos da relação jurídico-tributária, isto
é, será a imunidade pessoal se recair sobre o elemento subjetivo ou será objetiva se recair sobre o objeto que compõe o
elemento material, ou ainda, será mista quando exigir que a combinação de ambos esteja presente para se configure a
imunidade.
Não se esqueça de que a doutrina tradicional divide os elementos constitutivos da obrigação tributária em dois
grupos o subjetivo e o objetivo. O subjetivo se refere aos sujeitos da relação jurídico-tributária (o sujeito ativo – o
Estado – e o sujeito passivo – que pode ser o contribuinte ou o responsável), enquanto que objetivo é representado pela
situação de fato, com seus elementos material, espacial, temporal e quantitativo. Para a classificação das imunidades,
o importante é conhecer o elemento material, o qual é a definição prevista em lei que descreve a conduta, fato ou
operação que permite o surgimento da obrigação tributária.
É a famosa hipótese de incidência, que sempre recairá sobre um bem ou um fato.
Assim, o elemento material do IR é auferir renda - a renda é objeto da tributação -,
Do IPTU é ser dono de imóvel urbano - a propriedade como objeto da tributação -,
Enquanto que o do ICMS é promover a circulação de mercadoria - a mercadoria como objeto da tributação - e assim
por diante.
Assim ter-se-á imunidade subjetiva quando seu estabelecimento de se deu em função da pessoa que, se não fosse a
regra imunizante, figuraria na relação jurídico tributária. Exemplo clássico é a regra prevista no art. 150, VI, “a”, que
impede a tributação do patrimônio, renda ou serviços dos entes políticos (imunidade recíproca).
Desta forma, se, eventualmente, um dos Estados aufere renda dec. de aluguel de algum de seus imóveis ou mesmo de
arrecadação de seus tributos, não poderá a União tributar esta renda, pois este sujeito foi excluído da tributação. O
mesmo ocorre no caso de veículos pertencentes ao município. Em tese, ele poderia ser considerado contribuinte do
IPVA, por ser proprietário de veículo automotor. Todavia, a Constituição impede a tributação. Da mesma forma, com
base no previsto no art. 150, VI, “b”, não pode a União cobrar IR das entidades religiosas, pois elas são alcançadas,
como se verá adiante, pela imunidade religiosa. Note, assim, que se trata de imunidade em função da pessoa que estaria
sendo tributada (um ente político ou um templo religioso).
A imunidade objetiva, por sua vez, recai sobre um objeto (bem corpóreo o incorpóreo) que compõe a hipótese de
incidência. O exemplo mais citado refere-se ao disposto no art. 150, VI, “d”, segundo o qual é proibido instituir
impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. Note que não importa a pessoa que
produz, vende, revende ou compra livros, pois havendo um livro na transação, será ela imune. O mesmo ocorre com as
receitas de exportação que não se sujeitam à cobrança de contribuições sociais e de intervenção no domínio
econômico, conforme impõe o art. 149, § 2º, inc. I. Não importa quem aufira a receita de exportação, elas serão sempre
imunes à tributação. 
Por fim, a imunidade mista é aquela que se configura quando presente os dois parâmetros, o objetivo e o subjetivo, ou
seja, apenas a presença de um deles não é suficiente para o reconhecimento da imunidade. Exemplo deste grupo de
imunidades é aquela prevista no art. 153, §4º da CF/88 que exonera do Imposto Territorial Rural as “não incidirá sobre
pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel”. Nesse caso,
para que a imunidade se configure é preciso que haja uma “pequena gleba de terra rural” (aspecto objetivo) e que o
proprietário a explore e a possua como seu único imóvel (aspecto subjetivo).

As imunidades também são classificadas em face de serem ou não consequências necessárias de um princípio
constitucional . Neste caso, elas são dividas em imunidades ontológicas e políticas.

As imunidades ontológicas são aquelas cuja existência independe de previsão expressa no texto constitucional, isto é,
ainda que fossem suprimidas, subsistiriam em virtude de estarem ligadas a princípios constitucionais considerados
relevantes, como por exe, o pacto federativo ou o princípio da capacidade contributiva. Assim, a doutrina classifica
como ontológicas as imunidades conferidas às instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (art.
150, VI, “c”), ante sua falta de capacidade contributiva. Do mesmo modo, é considerada ontológica a imunidade
recíproca entre os entes políticos (art. 150, VI, “a”), por se configurar como cláusula pétrea do pacto federativo.
Por sua vez, as imunidades políticas contrapõem-se às ontológicas, por não serem consequências necessárias de um
princípio constitucional. Elas somente serão reconhecidas se estiverem expressamente previstas no texto constitucional,
mesmo que tenham, por fim, proteger outros princípios constitucionais. Enquadra-se neste conceito, por exemplo, a
imunidade referente aos livros, jornais, periódicos e ao papel destinado à sua impressão, prevista no art. 150, VI, “d”.
Não se pode deixar de apontar aqui a fragilidade do critério “decorrência necessária de princípio constitucional”. Nos
dois primeiros exemplos, entende-se que a imunidade é ontológica, pois decorreria dos princípios da capacidade
contributiva e do pacto federativo. No segundo exemplo, entende-se que, embora a imunidade de livros, jornais,
periódicos e ao papel destinado à sua impressão tenha por fim proteger a liberdade de expressão, de informação e de
difusão do conhecimento, todos direitos e garantias constitucionais erigidos à categoria de cláusula pétrea, ela não seria
decorrência lógica dos mencionados princípios.Ora, realmente não seria?
Não é possível ignorar a ausência de certeza no critério em comento e sua fragilidade, que permitem que a classificação
se dê mais em função da subjetividade de classificador do que do critério em si. Ademais, é preciso ter em mente que
não há no Direito brasileiro, ao menos até o momento, o reconhecimento por parte dos tribunais, de uma imunidade
ontológica.

Outra classificação popular é aquela que divide as imunidades em condicionadas ou incondicionadas.


Imunidades incondicionadas são aquelas que prescindem da criação de norma infraconstitucional para que venham a
produzir seus efeitos. Em outras palavras, são as imunidades que geram efeitos de imediato, não demandando que seja
elaborada lei ordinária ou complementar que estabeleça as condições ou requisitos para sua fruição. É o que ocorre
com as imunidades dos entes políticos, prevista no art. 150, VI, “a”, da CF/1988.
Em oposição, as imunidades condicionadas ou não autoaplicáveis são aquelas que, embora previstas na Constituição
(como todas o são), dependem, para atingir sua plena eficácia, de complementação legislativa. É o que o ocorre, por
exemplo, com a imunidade prevista no art. 150, VI, “c”, que estabelece que é vedada a instituição de impostos sobre o
“patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei”.
Sob esta perspectiva, a norma em comento teria eficácia limitada, ou seja, é aquela que não produz efeitos
imediatamente por necessitar de integração legislativa. Em suma, estão condicionadas à elaboração de legislação que
estabeleçam os requisitos para sua configuração.
Sobre este tema, é importante saber que boa parte da doutrina entende que todas as normas referentes às imunidades
são autoaplicáveis e que, portanto, teriam eficácia, ao menos contida - aquela norma que tem aplicabilidade direta e
imediata, mas é passível de restrição por normatividade infraconstitucional. Sob este prisma, tais imunidades são
muitas vezes denominadas de “condicionáveis”, no sentido de que a lei infraconstitucional que a regulará poderá, ao
estabelecer os requisitos, condicionar sua fruição, isto é, conter seus efeitos. Para esta corrente, caso haja omissão
legislativa, a fruição do beneficio não estará inviabilizada.
Todavia, cumpre esclarecer que o Supremo Tribunal Federal, quando instado ( solicitado, requisitado) a se manifestar
sobre o extinto art. 153, § 2º, II, da CF/1988, que tratava da vedação à incidência de imposto de renda , nos termos e
limites fixados em lei, sobre “rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela previdência social da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a pessoa com idade superior a sessenta e cinco anos, cuja
renda total seja constituída exclusivamente, de rendimentos do trabalho”, apresentou entendimento divergente,
decidindo pela eficácia limitada da norma imunizante.
Embora a EC n° 20/98 tenha revogado o aludido dispositivo antes que lei infraconstitucional o regulasse e permitisse o
seu gozo, o STF pronunciou-se pela sua não autoaplicabilidade. Eis a ementa do acórdão:

EMENTA: IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. PROVENTOS. BENEFICIÁRIOS COM IDADE SUPERIOR A


SESSENTA E CINCO ANOS. ART. 153, § 2º, INC. II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI Nº 7.713/88. O
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Mandado de Segurança 22.584 (Sessão do dia 17.04.97), proclamou
entendimento no sentido de que o art. 153, § 2º, II, da Constituição Federal, ao estabelecer que o imposto de renda "não
incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela
previdência social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios a pessoa com idade superior a sessenta
e cinco anos, cuja renda total seja constituída, exclusivamente, de rendimentos do trabalho", não é auto-aplicável,
estando a depender de lei que fixará os termos e os limites dessa não-incidência. E, até que advenha a lei
regulamentando o exercício desse direito, continuam válidos os limites e restrições fixados na Lei nº 7.713/88 com suas
posteriores alterações.

Desta forma, ao menos até o momento, o STF considera que as imunidades são condicionadas (a norma que as
prevê demanda regulamentação infraconstitucional) e não condicionáveis (a norma que as prevê é autoaplicável,
sendo efeitos passíveis de restrição).

Por último, há ainda a classificação das imunidades em gerais e específicas.

As imunidades gerais ou genéricas são aquelas dirigidas indistintamente a todas as pessoas políticas,
abrangendo vários tributos. Encontram-se consagradas no art. 150, VI da Constituição Federal, que proíbe qualquer
ente político de instituir qualquer imposto sobre patrimônio, renda e serviços das inúmeras entidades previstas nas
alíneas “a”, “b” e “c”. Tais imunidades têm por fundamento de validade a proteção de valores constitucionais
básicos, como a liberdade religiosa, por exemplo.

As imunidades específicas (especiais ou tópicas), por sua vez, estão restritas a um único tributo e atendem a
valores de caráter mais limitado. Ademais, são dirigidas a uma pessoa política específica. Exemplo desta categoria
são as imunidades de IPTU e ICMS nas operações de exportações dispostas respectivamente, nos art. 153, § 3º, III e
155, § 2º, X, “a”.

Por outro lado, em algumas situações, as imunidades são mais restritas, alcançando tributos específicos e, por
consequência, apenas o ente competente para instituí-los. Cite-se, por exemplo, o caso da imunidade concedida ao
IPI sobre operações de exportação (art. 153, § 3°, III). Tal imunidade pode ser denominada específica, tópica ou
especial.

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