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PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

O Princípio da legalidade Tributária (Art. 150 I)

Em regra, a criação e majoração de tributos se dá por meio de Lei Ordinária, LC, todavia, a CF admite que Medida
Provisória, atendidos os requisitos(casos de urgência e relevante valor social, e desde que não trate de matéria
reservada a LC), podem instituir e maorar tributos. 

Observação: De acordo com o STF (RE 217.162/DF), os requisitos de urgência e relevância são políticos. Isto é, em
princípio, a sua apreciação fica a cargo do Presidente da República. Contudo, admite-se o controle judicial se
houver excesso do poder de legislar.

STF: Medidas Porvisória é instrumento idôneo para instituir e modificar TRIBUTOS e CONTRIBUIÇÕES
SOCIAIS, desde que não tratem matérias reservadas à LC.

De antemão, podemos memorizar os tributos cuja instituição deve ocorrer por meio de LC (os quais não podem ser
instituídos por meio de MP):

-Imposto sobre Grandes Fortunas;


-Impostos Residuais;
-Contribuições Residuais;
-Empréstimos Compulsórios

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional;

A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua
instituição.

Observe, igualmente, que a Constituição Federal ao dispor sobre o Imposto Sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII),
a Competência Residual da União para a criação de outros tributos não previstos no texto constitucional (art. 154, I)
e sobre o empréstimo compu
lsório (art. 148), exigiu expressamente a necessidade da lei complementar.

Segundo o CTN, é possível a alteração das alíquotas e bases de cálculo. Saiba que isso não deve ser encarado como
verdadeiro, pois a CF recepcionou apenas a alteração de alíquotas como exceção ao princípio da legalidade. Nesses
casos, a alteração das alíquotas não ocorre por lei, mas por atos infralegais (por decreto do PR , por exe)

Segundo A CF as matérias que trate de legislação tributária que devem ser tratadas por meio de LC são:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a U, E, DF, M:

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados na Constituição, a dos
respectivos FG, BC e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.


Exceções ao Princípio da legalidade tributária ( Alteração de alíquotas )

• Tributos regulatórios do comércio exterior (Art. 153, § 1º CF) quanto a alteração da alíquotas de impostos
extrafiscais I.I, I.E, IPI e IOF. alíquotas alteradas pelo Poder Executivo. O ato normativo é o decreto
presidencial ou Portaria do Ministro da Fazenda, utilizada na prática para os impostos aduaneiros (II e IE).

• Duas outras surgiram com a EC 33/2001, tratando sobre a tributação de combustíveis.


A) CIDE combustível (Art. 177, § 4º, inciso I, b CF)
Permite ao executivo reduzir ou restabelecer a alíquota da contribuição de intervenção e domínio econômico
(CIDE) relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus
derivados e álcool combustível.

O ICMS-Combustíveis, também denominado ICMS-monofásico, é o imposto de incidência monofásica (uma incidên


cia em toda etapa de circulação da mercadoria), que se aplica tão somente aos combustíveis e lubrificantes definidos
em lei complementar,

B) ICMS monofásico (Art. 155 § 4º CF)


Autoriza Estados e DF a definir a alíquota do ICMS monofásico incidente sobre combustíveis. A segunda hipótese é
aquela que permite aos E e ao DF, por meio do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), determinar
quais as alíquotas de incidência única sobre os combustíveis sujeitos à tributação do ICMS. Aqui, a faculdade
conferida ao CONFAZ é mais ampla do que a aberta ao Poder Executivo Federal no caso da CIDE-combustíveis, pois
o CONFAZ determinará a alíquota sem a necessidade de lei.

Atualização da base de cálculo (Art. 97 § 2º, do CTN)


Atualização da base de cálculo do IPTU que pode ser feita pelo município, uma vez que essa atualização não consiste
em majoração real do tributo. Tratando sobre os limites a serem respeitados pelo Município, dispõe a

Súmula 160 do STJ que: “É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao
índice oficial de correção monetária”.

“Atualizar” IPTU com base na Taxa SELIC configura majoração! Tal taxa representa não só a correção mone
tária, mas também os juros moratórios. Por essa razão, não pode ser considerada apenas como correção monetária.
Desse modo, o ato é inválido, pois configura majoração do imposto, não podendo ser realizada por ato infralegal
(decreto), mas tão somente por meio de lei.

• STF já se manifestou e considerou que não está alcançado pelo princípio da legalidade tributária e
anterioridade é o prazo para pagamento de tributo. Para o STF, é plenamente possível que o Poder
Executivo fixe, por meio de decreto, a data de recolhimento do tributo, uma vez que tal dado não compõe a
obrigação tributária principal, sendo obrigação acessória, que não precisa ser necessariamente normatizada via
lei em sentido formal (RE 172394/SP, RE 195.218/MG e RE 230557/DF).

Há entendimento de que a atualização monetária do débito de ICMS vencido não afronta o P. da não-cumulatividade
(RE 172.394).

Existem 6 tributos, cuja alteração de alíquotas (e não as bases de cálculos) está excetuada da legalidade, que são:
II, IE, IPI, IOF, CIDE-Combustíveis e ICMS-Combustíveis;

•As exceções da CIDE-Combustíveis e do ICMS-Combustíveis só entraram na CF com a EC 33/2001 e, são


justamente elas, que guardam peculiaridades;

•A CIDE-Combustíveis, embora possa ter sua alíquota alterada por decreto do Poder Executivo, este
somente poderá reduzir e RESTABELECER as alíquotas ao máximo que foi inicialmente previsto.

•O ICMS-Combustíveis se submete à deliberação dos Estados e do DF, mas pode ter a alíquota livremente fixada,
sem se sujeitar ao rito legal.

Antes de encerrarmos o assunto, é interessante citarmos o caso julgado no âmbito do Recurso Extraordinário
838.284/SC. No caso concreto, discutiu-se a fixação do valor de uma taxa de polícia por meio de ato infralegal,
sendo que a norma legal definiu apenas os limites máximos para cobrança.
Entendendo que o montante cobrado a título de taxas, diferentemente do que acontece com impostos, não pode variar
senão em função do custo da atividade estatal, o STF decidiu que a Administração, por esta exercer diretamente a ativi
dade ensejadora da taxa, tem maiores condições de estipular o custo dessa atividade e, por conseguinte, definir o valor
da taxa a ser cobrada em cada caso. Evidentemente, o valor definido não fica ao completo arbítrio da Administração,
devendo o legislador estabelecer um limite máximo para cobrança das taxas.

E, com a EC 32/2001, a posição do STF foi confirmada no § 2º do art. 62 da Constituição:

Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só
produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada.

Em suma, é constitucional a criação ou majoração de tributos via medida provisória, a qual, para perpetrar efeitos no tempo, terá de
ser, obrigatoriamente, aprovada pelo Congresso Nacional.

No tocante à parte final do § 2º do art. 62 da CF/1988, é preciso esclarecer a disposição somente é aplicável aos impostos, ou seja,
apenas à espécie tributária “impostos”, quando a regra da anterioridade deverá ter seu termo inicial contado da data
da conversão da medida provisória em lei.

Nas demais espécies tributárias, o prazo para a contagem da anterioridade tributária tem seu início a partir da publicação
da medida provisória. 

• Regulamentos/decretos autônomos não são aplicáveis no campo do Direito Tributário, mas apenas em questões
de organização do funcionalismo que não impliquem em aumento de despesa (Direito Administrativo) e no
caso de extinção de funções e cargos públicas, quando vagos.

2. Princípio da Seletividade (Art. 153 §3º I e Art. 155 §2º III)

O Princípio da seletividade tem como escopo aumentar ou reduzir a alíquota de acordo com a essencialidade do bem
sobre o qual recaem. 
Esse princípio tem como principal característica a extrafiscalidade dos tributos, que dá a eles função que extrapola o
caráter meramente arrecadatório. Assim o Fisco poderá estimular ou não determinado comportamento do contribuinte

Em síntese, o Princípio da Seletividade tem como objetivo alterar o comportamento dos produtores e consumidores,
de modo que a carga tributária passe a incidir de acordo com finalidade econômica, social, ambiental, etc.

3. Princípio da isonomia Tributária (Art. 150 II)

Segundo o Princípio da Isonomia é vedado o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem nas mesmas
condições econômicas.

Esse princípio está diretamente relacionado à capacidade contributiva. O princípio da isonomia possui como
destinatários tanto o legislador (Poder Legislativo) quanto o aplicador da lei (Poder Executivo e Judiciário). No
primeiro caso,dizemos que se trata da igualdade na lei; no segundo, igualdade perante a lei. Vale dizer, o princípio
deve ser obedecido não só no momento da elaboração das leis, mas também na sua aplicação.

O parâmetro utilizado para igualar ou desigualar os contribuintes é a capacidade contributiva das pessoas, princípio
que guarda íntima relação com a isonomia.

4. Princípio da capacidade contributiva (Art. 145 §1º)

O Princípio da Capacidade Contributiva é aquele que decorre do Princípio da Isonomia e defende que o Fisco deverá
tributar de acordo com as possibilidades econômicas de cada contribuinte. 
A capacidade contributiva poderá ser objetiva ou subjetiva. 

•Equidade Vertical:contribuintes que possuem capacidade contributiva diferente, devem contribuir de forma desigual.

•Equidade Horizontal: contribuintes que possuem igual capacidade contributiva, devem ser tributados de maneira
igual.

Dispõe o artigo 145, § 1º da Constituição Federal de 1988 que:

“Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte”.

Embora o dispositivo em análise só faça menção aos impostos, o entendimento que o STF (RE 406.955-AgR)
tem é o de que esse princípio (capacidade contributiva) também pode ser extensível a outras espécies
tributárias, obedecendo, é claro, as singularidades de cada uma delas.
Partindo desse pressuposto, a capacidade contributiva é aferida de várias formas, adequando-se aos diversos
impostos, bem como aos demais tributos, aos quais se aplica o subprincípio.

Segundo a doutrina de Ruy Barbosa Nogueira: “O princípio da capacidade contributiva é um conceito econômico e
de justiça social, verdadeiro pressuposto da lei tributária”.
O que se busca com esse princípio é que seja alcançada a justiça fiscal, 

Capacidade contributiva é, portanto, a capacidade específica que cada sujeito passivo detém de contribuir para
o Estado. 
Por exemplo, a progressividade ocorre quando a incidência tributária é mais gravosa sobre aqueles que possuem maior
capacidade contributiva. É o que ocorre com o Imposto de Renda, em que as pessoas que
auferem maiores rendas contribuem com alíquotas maiores.

Quanto a este aspecto, é relevante demonstrarmos o entendimento do STF acerca da progressividade dos impostos.
Primeiramente, devemos diferenciar os impostos reais dos impostos pessoais:

Impostos reais → São impostos incidentes sobre o patrimônio, desconsiderando as características pessoais dos
contribuintes.

Impostos pessoais → São os impostos que estabelecem diferenças tributárias em função das condições pessoais de
cada contribuinte.

5. Princípio da não cumulatividade (Art. 153 §3º II e Art. 155 §2º I)


O Princípio da não cumulatividade pode ser definido como a impossibilidade de acúmulo de tributo a cada etapa
da cadeia produtiva, encontrando-se previsto também no artigo 49 do Código Tributário Nacional. Observe o seu
teor abaixo: 
Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em
determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos
produtos nele entrados.
Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte transfere-se para o período
ou períodos seguintes.
O resultado é que do imposto do preço final do produto serão deduzidos os impostos que incidiram ao longo
das outras fases da cadeia de produção. 
Um dos tributos que podemos citar quanto à sua não cumulatividade é o IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados). 

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:


“I – a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II – a majoração de tributos, ou sua redução;

III – a definição do fato gerador da obrigação tributária principal e do seu sujeito passivo;

IV – a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo;

V – a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações
nela definidas;

VI – as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de


penalidades”.

No que se refere à definição do fato gerador, a fixação da alíquota e a base de cálculo dos tributos, o CTN
também determinou a necessidade de estarem previstos em lei. Trata-se de elementos que são previstos na
própria lei instituidora do tributo, ou em alguma lei que venha alterá-lo.

Destacamos ainda
a necessidade de
que as multas
(cominação de
penalidades)
sejam
estabelecidas
apenas
mediante lei.

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