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FICHA DE TRABALHO - ÁLVARO DE CAMPOS

“ODE TRIUNFAL”

O título do poema é revelador da megalomania do ____________ pessoano, uma vez que a palavra “ode”,
de origem grega, significa “cântico laudatório de uma pessoa, instituição ou acontecimento”. Com o epíteto
(qualificante) “triunfal”, o poeta vinca e hiperboliza o assunto que vai tratar.
Mas a rutura que Fernando Pessoa provocou na ___________ tradicional foi de tal modo violenta que
poucos a entenderam. Mas essa rutura é ainda mais chocante nos poemas do heterónimo Álvaro de
Campos, sobretudo na sua fase futurista/_____________.
Neste poema a rutura verifica-se logo na irregularidade das ___________- (há estrofes de 4, 10, 11 e 16
versos). O mesmo tipo de irregularidade manifesta-se na ___________, havendo versos de 5 a 21 sílabas
métricas e outros em que o predomínio de sons, por não constituírem unidades linguísticas, impedem uma
contagem objetiva. Destes artifícios resulta um ritmo nervoso, a traduzir a dinâmica vivencial do poeta, a
sua energia interior.
Também ao nível da sintaxe se pode observar uma ___________ com o tradicionalmente estabelecido,
verificando-se uma quase ausência de subordinação, predominando as orações ____________, que
marcam o andamento rápido do poema e cada ___________ coordenada exprime, em geral, um fenómeno
da vida moderna que passou pela imaginação do poeta. Entre a série de ___________ coordenadas,
existem frases exclamativas que sublinham a emoção do poeta perante os fenómenos da ___________
moderna. Note-se que os tempos verbais são escassos na parte final do poema, se bem que figuras de
estilo como metáforas, comparações, apóstrofes, anáforas surjam em catadupa, aspetos que produzem um
estilo ferozmente dinâmico.
Há ainda palavras portadoras de carga poética, mas outras totalmente destituídas de interesse lírico e, tal
como Cesário Verde fez, Campos serve-se de __________/termos nitidamente prosaicos, como por
exemplo “correias de transmissão”, “êmbolos”, “guindastes”, etc.
A influência do __________ de Marinetti e do ___________ de Walt Whitman revelam-se no elogio às
máquinas, aos motores, à velocidade, à civilização mecânica e industrial, às corrupções, aos escândalos e
depravações dos costumes e ainda no ideal de “sentir _________ de todas as __________”, numa histeria
de sensações que permite ao poeta identificar-se com tudo. Apesar deste elogio à ___________, o sujeito
poético não defende a abolição do passado, mas antes a sua fusão com o presente e com o futuro, num
tempo globalizante e integrador, mostrando que o presente integra o passado e prepara o futuro, tal como
se vê nos versos 17 e 18. Também por isso, faz referência a alguns vultos da antiguidade, como _________,
___________ ou Alexandre Magno, explicitando a relação entre várias épocas e elogiando os grandes
feitos.
O ideal do “________ feroz” perpassa por todo o poema e é o que de mais oposto há ao ideal clássico, que
punha toda a ênfase na ideia de __________, no agradável, no equilíbrio comandado pela inteligência. Em
vez desta harmonia __________, Campos revela-se como o “poeta da vertigem das sensações modernas” e
o que cativa o leitor é a força que provem da emotividade individual desordenada e caótica, saída de um
subconsciente em convulsão, que funciona como um processo de descompressão do subsconsciente de
Fernando Pessoa, sempre torturado pela inteligência, pela “dor de _________”.
No texto surge também uma ironia crítica relacionada com os aspetos negativos de uma civilização febril,
mecânica e industrial, denunciando-se alguns escândalos, uma outra face da realidade. Por isso, logo no
início se refere a “__________ luz das grandes ___________ elétricas” e aponta-se também a
desumanização, a hipocrisia, a corrupção, a miséria, os falhanços da técnica, como os desastres e os
naufrágios.
Nesta visão irónica da outra __________ da sociedade industrial, apercebemo-nos do substrato cético da
inteligência torturada de Pessoa, bem como na evocação nostálgica da __________, que contribui para
acentuar esse pendor pessoano que descrê de tudo e que levará Campos à sua terceira fase - a da desilusão
e cansaço.
O entusiasmo pela _________ moderna assume contornos sadomasoquistas, ao afirmar, por exemplo, “Eu
poderia ____________________ por um motor” ou “Masoquismo através de maquinismos!/Sadismo de
não sei quê moderno e eu e barulho!”, que se orienta mais para a criação de sensações novas e violentas
do que para a exaltação das máquinas.
O poeta surge-nos como cantor apaixonado da civilização __________, industrial e a lâmpada aparece logo
como motivo inspirador que, ao mesmo tempo, atrai e neurasteniza o poeta, que declara “À dolorosa luz
das grandes lâmpadas elétricas da fábrica/ Tenho ___________________.”
Há, da parte do poeta, um sentimento de repulsa e de paixão pela era moderna, pela civilização industrial,
parecendo dividir-se entre a náusea da poluição física e moral da vida moderna e uma paixão por essa
mesma vida, como se verifica na tendência de humanizar as máquinas, ao ponto de as ___________ e falar
com elas (“Ó rodas, ó engrenagens, ó máquinas!...”).
Ao nível dos recursos estilísticos, deve-se destacar a __________ (“O ruído cruel e delicioso da civilização
moderna”); __________ (“Ser completo como uma máquina”); de nível fónico também surgem as
aliterações (“Em fúria fora e dentro de mim”), as __________ (“r-r-r-r-r-r-r eterno”). Esta repetição de sons
contribui para um ritmo nervosamente rápido e sugere, pelo seu valor expressivo, a poluição sonora e a
confusão febril da sociedade industrial. As sucessivas __________ (repetição da mesma palavra no início
dos versos) evidenciam a sucessão de fenómenos da civilização industrial e as consequentes reações
emocionais do __________ poético.
O presente é o único tempo __________ usado e, embora cante também o passado e o futuro, é certo que
o faz com a convicção de que “___________ é todo o passado e todo o futuro”, dado que todos estão no
presente vivencial do poeta.
Campos surge aqui como um cosmos, uma síntese espácio-temporal magistralmente imaginada,
exclamando e desejando “Ah, como eu ______________________disto tudo!”.

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