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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS


DIREITOS HUMANOS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
PROFESSOR: ELÍDIO ALEXANDRE BORGES MARQUES
ALUNO: EDUARDO SANTOS MAIA

Fichamento referente à aula 13: “Panorama dos debates teóricos acerca dos Direitos
Humanos: universalismo, relativismo e multiculturalismo.”, com base no texto “Por uma
concepção multicultural de Direitos Humanos” de Boaventura de Sousa Santos.

O autor nos introduz ao tema identificando as três tensões dialéticas que, para ele,
informam a modernidade ocidental. A primeira ocorre entre regulação social e
emancipação social. Boaventura constata que a crise da regulação social – e do Estado
regulador e Estado-providência – é simultânea a crise da emancipação social – marcada
pela crise do socialismo e da revolução social.

A segunda tensão dialética ocorre entre o Estado e a sociedade civil, pois embora o
Estado se afirme como minimalista ele na verdade é maximalista, limitado apenas pelas
regras democráticas de elaboração de leis além de ser o principal garantidor dos direitos
humanos de segunda e terceira gerações. A terceira e última tensão dialética ocorre entre o
Estado-nação e a globalização e nesse caso reside na dimensão universal dos direitos
humanos ao mesmo tempo em que violações e políticas de cumprimento de direitos
humanos são políticas nacionais e/ou culturais, nas palavras do autor, “Como poderão os
direitos humanos ser uma política simultaneamente cultural e global?” (p.1).

Para melhor compreender os direitos humanos no contexto da globalização o autor


fornece a seguinte definição: “a globalização é o processo pelo qual determinada condição
ou entidade local estende a sua influência a todo o globo e, ao fazê-lo, desenvolve a
capacidade de designar como local outra condição social ou entidade rival.” (p. 2). Entre as
implicações desta definição estão o fato de que a globalização na verdade é o sucesso de
um determinado localismo e assim pressupõe localização.

O conceito de direitos humanos assenta num bem conhecido conjunto de


pressupostos, todos eles tipicamente ocidentais e que foram usados após a II Guerra
Mundial de acordo com os interesses da “comunidade ocidental”, além do caráter universal
que lhes foi conferido. Como “solução” para a dicotomia entre universalismo e relativismo
dos direitos humanos, Boaventura aponta as premissas de um diálogo intercultural que
pode substituir o falso universalismo e “se organizar como uma constelação de sentidos
locais” (p. 7).

Em seguida, é feita uma reflexão sobre direitos humanos nos lugares comuns das
culturas hinduístas e islâmicas, mostrando a incorrespondência de valores entre elas e os
ditos direitos humanos universais. O imperialismo cultural e o epistemicídio praticados
pela cultura ocidental são outros elementos que impedem tratar todas as culturas como se
fossem uma só e assim definir direitos humanos comuns a todas.

Por fim, o autor faz uma analogia entre direitos humanos e o esperanto, apontando
que ambos possuem pouca chance de se tornar “língua franca”. Os direitos humanos
somente poderão ser universais, de facto, por meio do reconhecimento das diferenças
culturais e, a partir de debate, a criação de uma rede que inclua tais diferenças culturais
transformando-as em uma política cosmopolita.

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