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A única espécie de repetição que Nosso Senhor proíbe é a repetição sem sentido ou a
manipulação, quando se repetem vocábulos sem pretender conscientemente nada com
isso, ou se repetem palavras como conjuros que podem exercer poder sobre algum outro
objecto (incluindo os deuses, da forma tola que os pagãos muitas vezes pensam neles).
A piedade católica tradicional utiliza a repetição de uma forma completamente
diferente, para a honra de Deus e o benefício da alma.
3. Centrar-se no Senhor e na Sua Mãe, não nas pessoas. O Rosário, mesmo quando
recitado em grupo, continua a ser uma oração “vertical”: não se trata do grupo, ou de se
encontrar com ele, ou de se concentrar em ministrar as suas necessidades reais ou
percebidas, ou de tentar convencer ou persuadir alguma resposta em particular. Tal
como a Missa, de facto, aproxima as pessoas, atende as nossas necessidades e provoca
respostas. No entanto, a sua atenção, o seu propósito, a totalidade da sua orientação está
noutro lugar.
Este é talvez o aspecto mais notável e digno da Missa tradicional: em todos os pontos,
excepto na homilia, a Missa é manifestamente um acto de adoração dirigido a Deus
Omnipotente, Pai, Filho e Espírito Santo, um exercício do sacerdócio de Cristo e um
sacrifício do Seu Corpo e Sangue. Não é claramente uma reunião social em que o
celebrante e a assembleia estão cara a cara e se servem refrescos.
A comparação com a Missa tradicional em latim não é difícil de encontrar. Está muito
mais saturado com sinais físicos do sagrado, de princípio a fim, dando-nos mais
“pregos” para pendurarmos as nossas orações. Abençoadamente permite uma grande
liberdade para a meditação: não se espera que o faças constantemente, que se diga
“todos juntos agora”! Há silêncio no qual descansar, canto no qual se expandir, rituais
para observar, tempo e espaço para rezar, e, quando Deus nos favorece, uma ligação
eterna com Ele que nada mais pode trazer. A Missa antiga não é demasiado cerebral ou
verbosa, como se fosse uma palestra destinada a melhorar moralmente os fiéis (muitas
vezes, um vão esforço, mesmo no melhor dos casos). É um acto de adoração em que se
pode dar a si próprio, em que se pode encontrar Deus.
Há consolo neste facto. Pois, se não me engano, a oração do Rosário está a preparar um
grande contingente de católicos marianos para que redescubram e voltem à Missa
antiga, tão profunda e puramente mariana na sua espiritualidade.
Salve, Rainha do Santíssimo Rosário! Salve, Nossa Senhora da Vitória! Rogai por nós,
pecadores, neste vale de lágrimas, e obtende do Vosso Filho a tão desejada
restauração da grande e bela liturgia da Igreja Romana. Ámen.
Peter Kwasniewski