Você está na página 1de 4

GEOGRAFIA | PROF.

WAGNER OLIVEIRA | COLÉGIO DOM FELICIANO


MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS
O deslocamento de pessoas entre países, regiões, cidades, etc. é um fenômeno antigo, amplo e complexo,
pois envolve as mais variadas classes sociais, culturas e religiões. Os motivos que levam a tais deslocamentos
são diversos e apresentam consequências positivas e negativas, dependendo das condições e dos diferentes
contextos socioeconômicos, culturais e ambientais em que ocorrem.
Existem causas religiosas, naturais, político-ideológicas, psicológicas e também as guerras, entre outras,
associadas a esses movimentos populacionais. O que se verifica ao longo da História é que predominam os
fatores de ordem econômica. Nas áreas de repulsão populacional, observam-se crescente desemprego,
subemprego e baixos salários; já nas áreas de atração populacional, vislumbram-se melhores perspectivas de
emprego e salário e, portanto, melhores condições de vida. É o caso da emigração em direção aos países-
membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com destaque aos Estados
Unidos, ao Canadá, ao Japão, a alguns países da Europa ocidental e à Austrália.
Os movimentos populacionais podem ser classificados em:
 voluntário (espontâneo) – quando o movimento é livre;
 forçado – como nos casos de escravidão e de perseguição religiosa, étnica ou política;
 controlado – quando o Estado controla numérica ou ideologicamente a entrada e/ou saída de migrantes.
Os deslocamentos no território de um país são chamados de migrações internas (ou nacionais) e os
deslocamentos de um país para outro, migrações externas (ou internacionais).
Quando uma pessoa, por qualquer razão, sai de seu país de origem e se muda para outro, ela é chamada
migrante. No país de saída, ela é considerada emigrante; no de chegada, imigrante. Por exemplo: uma pessoa
que deixa a Espanha para viver na Argentina é emigrante da Espanha e imigrante na Argentina.
Os fluxos migratórios mudam muito ao longo da História. A Argentina, por exemplo, no passado recebeu um
grande contingente de imigrantes europeus; hoje, no entanto, muitas das pessoas que saem de lá vão para
Espanha e Itália, fazendo um deslocamento contrário ao de seus antepassados.
O que mais impulsiona as pessoas a sair de sua terra natal é a busca por melhores condições de vida, novas
oportunidades de trabalho e/ou estudo e salários mais elevados.
Muitos latino-americanos deixaram seus países de origem nas últimas décadas e se tornaram imigrantes em
outros países, como Estados Unidos e Espanha. Desde que entrou na União Europeia, em 1986, a economia
espanhola cresceu bastante e ofereceu oportunidades de emprego, atraindo imigrantes não apenas da
AméricaLatina, mastambém da África. Há cerca de 1 milhão de latino-americanos na Espanha, que se tornou o
segundo polo de recepção de imigrantes vindos da América Latina, atrás apenas dos Estados Unidos, quetêm
cerca de 15 milhões de pessoas oriundas dessa região. No entanto, com a crise econômica iniciada em 2008 e o
forte aumento do desemprego nesses dois países, muitos imigrantes têm voltado a seus países de origem.
Como mostra o mapa a seguir, os Estados Unidos são o país em que há mais imigrantes em termos
absolutos: mais de 42 milhões de pessoas. Há, porém, muitos países nos quais o percentual de estrangeiros é
bem maior que nos Estados Unidos, como é o caso da Arábia Saudita e do Canadá. Alguns países em
desenvolvimento, especialmente os produtores de petróleo do Oriente Médio, também atraem muitos estrangeiros.
Nos Emirados Árabes Unidos os imigrantes são 84% da população total do país (o maior índice do mundo); no
Catar, 73%; e no Kuwait, 60%.

In: MOREIRA e SENE. GGB9. São Paulo, 2014. p. 61.


GEOGRAFIA | PROF. WAGNER OLIVEIRA | COLÉGIO DOM FELICIANO

O Brasil recebe relativamente poucos imigrantes. Segundo a publicação International Migration 2013, havia
600 mil imigrantes em nosso país naquele ano, o que equivalia a apenas 0,3% de nossa população. Em 2012,
segundo o Ministério das Relações Exteriores, havia entre 2,5 e 3 milhões de brasileiros vivendo no exterior, a
maioria nos Estados Unidos e em países europeus. Entretanto, com o agravamento da crise nesses países,
muitos brasileiros têm voltado, assim como muitos estrangeiros têm vindo buscar trabalho no Brasil.
GEOGRAFIA | PROF. WAGNER OLIVEIRA | COLÉGIO DOM FELICIANO

Infográfico: Indo e Vindo. In: MOREIRA e SENE. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização 3 - 2. ed. reform. - São Paulo:
Scipione, 2013. p. 128-129.
GEOGRAFIA | PROF. WAGNER OLIVEIRA | COLÉGIO DOM FELICIANO
Migrações Econômicas
Além de cuidar de sua própria subsistência, muitos imigrantes enviam parte de sua renda aos familiares que
permaneceram no país natal. Em 2012, segundo o Banco Mundial, as remessas internacionais por imigrantes
alcançaram o valor de 478 bilhões de dólares, constituindo-se uma importante fonte de moeda estrangeira para
diversos países.
Nos países que dispõem de PIB elevado, as remessas recebidas não têm peso significativo, mas naqueles
com economias pequenas o dinheiro enviado por seus emigrantes representa uma contribuição importante para o
PIB. As migrações de países em desenvolvimento para os desenvolvidos são as que mais atraem atenção, mas,
segundo o Internation Migration Report 2013 a maioria dos deslocamentos populacionais – 59% do total – se dá
entre países que apresentam níveis de desenvolvimento semelhantes.
De acordo com a publicação da ONU, a migração internacional apresentou em 2013 a seguinte distribuição:
 35,6% dos migrantes se deslocaram de países em desenvolvimento para outros países em desenvolvimento;
 35,3% dos migrantes se deslocaram de países em desenvolvimento para países desenvolvidos;
 23,2% migraram de países desenvolvidos para outros países desenvolvidos;
 Os 5,9% restantes são pessoas que saíram de países desenvolvidos para países em desenvolvimento.
Embora as migrações internacionais sejam muito importantes, pela visibilidade que têm e pelas
oportunidades de contato intercultural e de progresso econômico que oferecem, a maioria das pessoas migra no
interior de seu próprio país. A ONU estima que existam cerca de 750 milhões de migrantes internos no mundo, um
número quase quatro vezes superior ao dos que se deslocaram entre países diferentes.

Os refugiados
Ainda que o fator socioeconômico seja muito importante para explicar as migrações, ele não é o único. É
comum que muitos habitantes deixem um país em guerra ou um território no qual sofrem perseguição política,
étnica ou religiosa. Por isso, há um tipo de migrante que deve receber atenção especial o refugiado.
De acordo com o Alto-comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR ou UNHCR, da sigla em
inglês), agência da ONU que dá apoio a esses migrantes, no final de 2012 havia 15,4 milhões de refugiados no
mundo, sendo 10,5 milhões sob a responsabilidade da ACNUR e 4,9 milhões sob a responsabilidade da Agência
das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). Em sua maioria, fugiam de conflitos
armados. Em geral, os refugiados são acolhidos por países vizinhos.
Os imigrantes e refugiados que vão para os países desenvolvidos sofrem com a xenofobia e o racismo.
Sobretudo após a eclosão da crise econômica, que atingiu especialmente os países desenvolvidos e elevou o
desemprego, houve um aumento da hostilidade a estrangeiros ou minorias étnicas.

In: MOREIRA e SENE. GGB9. São Paulo, 2014. p. 63.

Você também pode gostar