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43 REPROVAÇÕES

@prof.valcir.spanholo .novo
16 ANOS
DE PRIVAÇÕES, INCERTEZAS E
ANGÚSTIAS

@prof.valcir.spanholonovo
APROVAÇÃO FINAL
SOMENTE
AOS 38 ANOS

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ORIGEM E HISTÓRIA DE VIDA
DIFERENTES
PARA OS PADRÕES DA ÉPOCA

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NÃO IMPEDIRAM A POSSE COMO
JUIZ FEDERAL

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ABRINDO PORTAS PARA MERECER A ATENÇÃO DA MÍDIA:

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E PARA ASSUMIR O DESAFIO DE DECIDIR (EM BRASÍLIA) AÇÕES QUE
GERAM ALTA REPERCUSSÃO NO BRASIL E NO MUNDO

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E VOCÊ?

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VAI MESMO FICAR ACHANDO
QUE NÃO PODE CONQUISTAR
O CARGO DOS SEUS SONHOS?

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VAMOS JUNTOS DAR MAIS UM PASSO
RUMO À SUA APROVAÇÃO?

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DIREITO CONSTITUCIONAL,
TRIBUTÁRIO e FINANCEIRO
Professor Rolando Valcir Spanholo

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ESTUDO DE CASO 001
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
O ajuizamento de ação de improbidade por procurador do
O estado de Sergipe propôs ação de improbidade
estado exige autorização do governador e/ou anuência do
administrativa contra o ex-secretário da Controladoria Geral
procurador-geral do estado (CF/88, art. 131 e 132)?
do Estado, em razão do suposto recebimento irregular de
salário acima do teto constitucional. A decisão que recebeu
DADOS JULGAMENTO: a inicial foi atacada e o TJ-SE, acatando parecer do MP,
ARE 1165456, STF, Primeira Turma, Min. Roberto Barroso, decidiu que seria inadmissível a ação de improbidade
d.18/08/2020. proposta por procurador do estado sem prévia autorização
ou ratificação do procurador-geral e do governador do

SPOILER : estado.
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 73)

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=>Não há necessidade de prévia autorização do governador para procurador do estado propor ação de improbidade, mas é
obrigatória a anuência do procurador-geral do estado; (VOTO MÉDIO);

=> VOTO MÉDIO constitui técnica de julgamento colegiado quando há divergência entre os votos e, para se obter uma maioria, é
necessário identificar o alcance comum ou a extensão comum dentre cada posicionamento;

=> no caso: a) dois Ministros votaram por dispensar a autorização do governador (provimento parcial do recurso); b) dois votaram por
dispensar a autorização do governador e também anuência do PGE (provimento integral); c) um votou pelo não conhecimento do
recurso (logo, manteria a decisão recorrida);

=> assim, quatro votos reconheceram a desnecessidade da autorização do governador e três votos foram no sentido de não prover o
recurso quanto à necessidade de anuência do PGE (aqui foi computado o voto pelo não conhecimento do recurso);

PALAVRAS-CHAVE:
PROCURADORES ESTADUAIS. INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL. INEXISTÊNCIA. ACP IMPROBIDADE. PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO
GOVERNADOR. DESNECESSIDADE. PRÉVIA ANUÊNCIA DA PGE. NECESSIDADE. TÉCNICA DO VOTO MÉDIO.

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ESTUDO DE CASO 002
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Provedor pode defender licitude de conteúdo veiculado por Trata-se de ação de obrigação de fazer ajuizada por um
terceiros em suas plataformas? Quais são os requisitos para se advogado contra a Google do Brasil para que fossem
excluídos diversos conteúdos, publicados em um blogue
requerer a remoção de conteúdos da internet? com críticas direcionadas a ele. A sentença determinou a
exclusão dos conteúdos indicados, decisão que foi mantida
pelo TJRJ, sob o argumento de que a empresa Google
DADOS JULGAMENTO: responde pelos danos causados pelo conteúdo ofensivo se,
REsp 1.851.328 – RJ, STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi, após notificada e ciente das ofensas, recusa-se a retirá-las
de imediato da plataforma. Em seu recurso, a empresa
d. 19/06/2020. defendia a licitude das manifestações publicadas pelo
blogue (representariam apenas a exteriorização de um
debate acalorado, protegidas pela liberdade de
SPOILER : manifestação). Como prejudicial, levantou-se o
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 74) questionamento acerca da possibilidade ou não de o
provedor fazer a defesa da licitude da publicação feita por
terceiro.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> o provedor de serviços de internet pode defender a licitude do conteúdo de manifestações feitas por terceiros e
que estejam sendo objeto de pedido de remoção judicial;

=> para o deferimento do pedido de remoção de conteúdos da internet, é necessário:

a) a constatação de ilegalidade no próprio conteúdo ou na forma de sua divulgação (mesmo sem previsão expressa
no art. 19 da Lei 12.965/14);

b) indicação do localizador específico (URL) do conteúdo infringente;

PALAVRAS-CHAVE:
GOOGLE. PEDIDO DE EXCLUSÃO DE MENSAGENS. POSSIBILIDADE DE O PROVEDOR FAZER A DEFESA DA
LEGALIDADE DA PUBLICAÇÃO FEITA POR TERCEIRO.

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PROCESSO: REsp 1.851.328 - RJ

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. INTERNET. RESPONSABILIDADE DE PROVEDORES DE


APLICAÇÃO. REMOÇÃO DE CONTEÚDOS INFRINGENTES. DEFESA DO CONTEÚDO PELO PROVEDOR.
POSSIBILIDADE. REEXAME DE ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Ação ajuizada em
07/01/2013, recurso interposto em 11/10/2017 e atribuído a este gabinete em 12/07/2018. 2. O propósito
recursal consiste em determinar a presença de ilegalidade nos conteúdos, cujos URLs foram devidamente
EMENTA apresentados pelo recorrido, cuja remoção foi determinada pelo Tribunal de origem. 3. Para o
deferimento do pedido de remoção de conteúdos da internet, pressupõe-se a existência de ilegalidade
no próprio conteúdo ou na forma de sua divulgação. 4. Na ausência no polo passivo da ação judicial da
autora do conteúdo publicado on-line que é apontado como infringente, não há qualquer óbice de que a
própria provedora de aplicação apresente argumentos em defesa da licitude dos conteúdos que
eventualmente hospedar ou publicar em suas plataformas. 5. Na hipótese dos autos, contudo, infirmar a
conclusão contido no acórdão recorrido, ensejaria obrigatoriamente a necessidade de reexaminar todo o
conteúdo do acervo fático-probatório do processo. 6. Recurso especial desprovido.

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ESTUDO DE CASO 003
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
No caso da CIDE, a desvinculação da DRU incide antes ou depois
O Estado do Acre questionava o art. 1º-A da Lei 10.336/01 e
do repasse da quota constitucional da CIDE aos demais entes?
o art. 76 do ADCT (na redação dada pela EC 93/16) que
estabelecem a dedução da DRU relativa à CIDE antes de a
DADOS JULGAMENTO: União proceder o repasse aos estados e DF dos 29%
ADI 5628, STF, Plenário, Min. Alexandre de Moraes, d. previstos no art. 159, III, da CF/88. No entender do autor, a
21/08/2020. desvinculação da DRU deveria ter eficácia restrita às
parcelas de receitas de contribuições sociais que ficam com

SPOILER : a União, não podendo atingir as parcelas pertencentes aos


SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 75) demais entes.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> a DRU (prevista no art. 76 do ADCT) deve ser calculada após as transferências obrigatórias do produto de
arrecadação da Cide-combustíveis, preservado o montante do repasse aos estados;

PALAVRAS-CHAVE:
CIDE. DRU. FUNDOS CONSTITUCIONAIS. BASE DE CÁLCULO. INCIDÊNCIA APÓS REPASSES.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 004
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Recalcitrância do devedor de alimentos justifica ampliação
da prisão? No caso concreto, foi proposto HC com a finalidade de
ver suspensa a ordem de prolongamento da prisão de
60 para 90 dias de um pai que, segundo o TJRJ,
DADOS JULGAMENTO: demonstrou indiferença no cumprimento da obrigação
alimentar e descaso com a possibilidade de
Número não divulgado (processo sob sigilo), STJ, Terceira Turma,
permanecer mais tempo recluso. Ao revogar liminar
Min. Moura Ribeiro, d. 31/08/2020. anteriormente concedida e ampliar em 30 dias o prazo
da prisão civil, o TJRJ entendeu que o alimentante
estaria privando os filhos dos meios necessários à
SPOILER : sobrevivência apenas para atingir a ex-companheira, o
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 76) que justificaria a prorrogação da medida cautelar.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Quando fixada a prisão cautelar do devedor de alimentos pelo prazo mínimo, não há impedimento daquele
prazo ser prorrogado até 90 dias, na hipótese de recalcitrância e o desinteresse no cumprimento da obrigação pelo
devedor;

PALAVRAS-CHAVE:
PRISÃO POR ALIMENTOS. RECALCITRÂNCIA. AMPLIAÇÃO DO PRAZO. POSSIBILIDADE.

Número não divulgado (processo sob sigilo).

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ESTUDO DE CASO 005
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Aplica-se a ação renovatória no caso de locação de imóvel para
Concessionária de serviços telefônicos ajuizou ação
instalação de “antena de celular”?
renovatória de contrato de locação não residencial de
imóvel onde se encontra instalada uma ERB (Estação Rádio
Base – “antena de celular”). A sentença julgou procedente o
DADOS JULGAMENTO: pedido da operadora e renovou a locação por cinco anos,
RE 1.830.906 – RJ, STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi, d.
mantidos os reajustes e as demais cláusulas do contrato. O
19/06/2020.
TJRJ deu provimento à apelação do locador e mandou a
empresa desocupar o imóvel, sob o argumento de que a

SPOILER : ERB não se caracteriza como “fundo de comércio”, não


SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 77) sendo aplicável ao caso o pedido renovatório.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> A Estação Rádio Base (conhecida como “antena de celular”) integra o fundo de comércio da operadora de
telefonia e, por isso, a locação do imóvel onde ela foi instalada está sujeita à ação renovatória - art. 51, III, da Lei
8.245/1991;

PALAVRAS-CHAVE:
LOCAÇÃO. IMÓVEL. ANTENA DE CELULAR. FUNDO DE COMÉRCIO. CONFIGURAÇÃO. AÇÃO RENOVATÓRIA.
SUJEIÇÃO.

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PROCESSO: RE 1.830.906 - RJ

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO RENOVATÓRIA DE CONTRATO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL NÃO RESIDENCIAL. JULGAMENTO FORA DO
PEDIDO (EXTRA PETITA). AUSÊNCIA. IMÓVEL LOCADO PARA INSTALAÇÃO DE ESTAÇÃO DE RÁDIO BASE. CONCESSIONÁRIA DE
SERVIÇO DE TELEFONIA CELULAR. ESTRUTURA ESSENCIAL AO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE. FUNDO DE COMÉRCIO.
CARACTERIZAÇÃO. ALEGAÇÃO DE RETOMADA PARA USO PRÓPRIO. QUESTÃO NÃO EXAMINADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM.
RETORNO DOS AUTOS. JULGAMENTO: CPC/15. 1. Ação renovatória de contrato de locação de imóvel não residencial ajuizada
em 13/02/2015, da qual foi extraído o presente recurso especial, interposto em 04/10/2018 e atribuído ao gabinete em
23/08/2019. 2. O propósito recursal consiste em decidir se houve julgamento da apelação fora do pedido (extra petita), bem
EMENTA como se a "estação rádio base" (ERB) instalada em imóvel locado, caracteriza fundo de comércio de empresa de telefonia
móvel celular, objeto de ação renovatória fundada no art. 51, III, da Lei 8.245/91. 3. O contexto delineado pelo Tribunal de
origem evidencia que a apelação foi julgada nos contornos da lide, estabelecidos a partir do exame das razões do recurso de
apelação; logo, não há falar em julgamento fora do pedido (extra petita). 4. Por sua relevância econômica e social para o
desenvolvimento da atividade empresarial, e, em consequência, para a expansão do mercado interno, o fundo de comércio
mereceu especial proteção do legislador, ao instituir, para os contratos de locação não residencial por prazo determinado, a
ação renovatória, como medida tendente a preservar a empresa da retomada injustificada pelo locador do imóvel onde está
instalada (art. 51 da lei 8.245/91). 5. Se, de um lado, a ação renovatória constitui o mais poderoso instrumento de proteção do
fundo empresarial; de outro lado, também concretiza a intenção do legislador de evitar o locupletamento do locador, inibindo
o intento de se aproveitar da valorização do imóvel resultante dos esforços empreendidos pelo locatário no exercício da
atividade empresarial. 6. As estações de rádio base (ERBs), popularmente reconhecidas como antenas”, emitem sinais que

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PROCESSO: RE 1.830.906 - RJ

viabilizam as ligações por meio dos telefones celulares que se encontram em sua área de cobertura (célula). E a formação
de uma rede de várias células – vinculadas às várias ERBs instaladas – permite a fluidez da comunicação, mesmo quando os
interlocutores estão em deslocamento, bem como possibilita a realização de várias ligações simultâneas, por meio de
aparelhos situados em diferentes pontos do território nacional e também do exterior. 7. As ERBs se apresentam como
verdadeiros centros de comunicação espalhados por todo o território nacional, cuja estrutura, além de servir à própria
operadora, responsável por sua instalação, pode ser compartilhada com outras concessionárias do setor de
telecomunicações, segundo prevê o art. 73 da Lei 9.472/97, o que, dentre outras vantagens, evita a instalação de diversas
EMENTA estruturas semelhantes no mesmo local e propicia a redução dos custos do serviço. 8. As ERBs são, portanto, estruturas
essenciais ao exercício da atividade de prestação de serviço de telefonia celular, que demandam investimento da
operadora, e, como tal, integram o fundo de comércio e se incorporam ao seu patrimônio. 9. O cabimento da ação
renovatória não está adstrito ao imóvel para onde converge a clientela, mas se irradia para todos os imóveis locados com o
fim de promover o pleno desenvolvimento da atividade empresarial, porque, ao fim e ao cabo, contribuem para a
manutenção ou crescimento da clientela. 10. A locação de imóvel por empresa prestadora de serviço de telefonia celular
para a instalação das ERBs está sujeita à ação renovatória. 11. Hipótese em que, embora preenchidos os requisitos
elencados no art. 51 da Lei 8.245/91, devem ser os autos devolvidos ao Tribunal de origem para que se manifeste sobre a
alegação do recorrido de que pretende a retomada do imóvel para uso próprio, por se tratar de circunstância que
excepciona o direito da recorrente à renovação do contrato, conforme estabelece o artigo 52, II, da Lei 8.245/91. 12.
Recurso especial conhecido e parcialmente provido.

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ESTUDO DE CASO 006
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
O fato da fiança locatícia ser exceção à regra geral de
impenhorabilidade do bem de família, por si só, garante Proprietário ofereceu bem de família em garantia de um
preferência na hipótese daquele bem vir a ser penhorado por débito que restou inadimplido. No curso da ação, a alegação
outro débito? de impenhorabilidade restou rejeitada. Contra essa decisão,
o devedor deixou precluir o prazo recursal. Então, uma
corretora de imóveis ingressou com agravo de instrumento
alegando que, na condição de credora de débitos de
DADOS JULGAMENTO: natureza locatícia decorrentes de fiança prestada pelo
REsp 1.842.442 – PR, STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi, mesmo devedor a terceiro, seria terceira interessada e,
portanto, detentora de legitimidade para, em seu próprio
d. 26/06/2020. nome, invocar a impenhorabilidade daquele bem, como
forma de resguardar o seu direito de preferência
assegurado na lei (não aplicação da impenhorabilidade em
relação a débitos decorrentes de fiança locatícia). Contudo, o
SPOILER : TJPR não conheceu do recurso por concluir pela
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 78) ilegitimidade recursal da empresa.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Titular de crédito decorrente de fiança locatícia não tem legitimidade para defender a impenhorabilidade de
bem de família constritado por terceiros;

PALAVRAS-CHAVE:
BEM DE FAMÍLIA. IMPENHORABILIDADE. FIANÇA LOCATÍCIA. EXCEÇÃO LEGAL. OUTROS DÉBITOS. CONSTRIÇÃO.
ORDEM DE PREFERÊNCIA.

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PROCESSO: REsp 1.842.442 – PR

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. DECISÃO
INTERLOCUTÓRIA QUE AFASTA A ARGUIÇÃO DE IMPENHORABILIDADE DE BEM DE FAMÍLIA. RECURSO APRESENTADO
POR TERCEIRO QUE SE ALEGA PREJUDICADO. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE E INTERESSE RECURSAL. 1. Ação de execução
de título executivo extrajudicial – instrumento particular de confissão de dívida. 2. Ação ajuizada em 04/09/2014. Recurso
especial concluso ao gabinete em 23/09/2019. Julgamento: CPC/2015. 3. O propósito recursal é definir se a recorrente,
na qualidade de terceira interessada/prejudicada, tem legitimidade para impugnar decisão que indeferiu o pleito de
reconhecimento de impenhorabilidade do bem de família. 4. Nos termos do art. 996, parágrafo único, do CPC/2015, o
EMENTA terceiro legitimado a recorrer deve demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à
apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. 5. Na
específica hipótese dos autos, os argumentos da recorrente – terceira alegadamente prejudicada e que interpôs o recurso
de agravo de instrumento – fundam-se na afirmação de que a mesma é detentora de direito expresso em lei – exceção à
regra geral de impenhorabilidade do bem de família – que acaba por ser afetado pela decisão que afastou o argumento
de impenhorabilidade do bem de família apontado pelo executado no bojo destes autos. 6. Não há que se falar em direito
de preferência de penhora sobre o bem, amparado na justificativa de que seu crédito incidiria na exceção à regra geral da
impenhorabilidade do bem de família, a fim de legitimá-lo a recorrer de decisão interlocutória nestes autos. Em verdade,
o direito titularizado pela recorrente é o direito ao crédito em si, o que, por sua vez, não foi afetado pelo reconhecimento
da impenhorabilidade do bem de família neste processo. 7. Recurso especial conhecido e não provido.

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ESTUDO DE CASO 007
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Investigado tem direito a obter informações e acesso acerca de
Ex-presidente Lula impetrou MS sustentando que a troca de
informações trocadas a partir de acordos de cooperação
informações entre o Brasil e os EUA teria desrespeitado os
internacional firmados pelo Brasil?
mecanismos oficiais de inteligência e colaboração previstos
pelo Decreto 3.810/2001, bem como que estaria sendo
DADOS JULGAMENTO: ilicitamente impedindo de ter acesso ao conteúdo das
MS 26627 - DF, STJ, Primeira Seção, Min. Sérgio Kukina, d.
colaborações recíprocas pelo Departamento de
01/09/2020.
Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional
(DRCI), vinculado ao Ministério da Justiça, prejudicando,
SPOILER : com isso, seu direito de defesa (“investigação defensiva”).
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 79)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> não há impedimento para que o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional
(DRCI), vinculado ao Ministério da Justiça, informe aos investigados/réus acerca da existência de pedidos de
cooperação internacional formulados envolvendo seus casos; mas, eles NÃO têm direito a acessar ao conteúdo dos
documentos trocados;

PALAVRAS-CHAVE:
PERSECUÇÃO CRIMINAL. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL. REQUISITOS LEGAIS. ACUSADO. DIREITO DE ACESSO.

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PROCESSO: MS 26627- DF
(...)
ANTE O EXPOSTO: I - defiro, apenas em parte, o pedido de medida liminar, determinando à autoridade coatora –
Excelentíssimo Ministro de Estado da Justiça e Segurança – que informe ao impetrante, única e tão somente,
sobre a existência, ou não, de pedidos de cooperação internacional formulados por autoridades Judiciárias
brasileiras ou americanas (EUA), com base no acordo referido no Decreto 3.810/01, que tenham tramitado ou
ainda tramitem perante a Autoridade Central brasileira (DRCI), tendo por foco as específicas 6 (seis) ações penais a
EMENTA
que responde o impetrante no âmbito da Operação Lava Jato, todas identificadas e numeradas na nota de rodapé
n. 12, da página 11 da petição inicial destes autos; em caso de inexistirem pedidos de cooperação internacional
relacionados aos mencionados processos penais, deverá a autoridade impetrada, do mesmo modo, informar
acerca dessa inexistência; fixo, outrossim, o prazo de 5 (cinco) dias úteis, a contar da publicação desta decisão,
para o atendimento da presente medida, comunicando-se a este relator sobre o seu cumprimento; II - admito o
ingresso da União, como requerido à fl. 958, ao tempo em que também defiro a juntada de documentos por ela
solicitada às fls. 1.137/1.352; III - proceda-se, outrossim, ao desentranhamento das informações prestadas pela
autoridade impetrada (fls. 965/975), bem como dos documentos que as acompanham (fls. 976/1.130), tendo em
vista que não dizem respeito ao presente writ, mas sim ao MS 26.625/DF, também de minha relatoria, ao qual
devem ser prontamente direcionados e juntados; IV - dê-se vista ao Ministério Público Federal (art. 12 da Lei n.
12.016/09); V - oportunamente, voltem conclusos. Cientifiquem-se a autoridade coatora e a parte impetrante,
com urgência. Publique-se. Cumpra-se. Brasília, 31 de agosto de 2020. Sérgio Kukina Relator.

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ESTUDO DE CASO 008
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
A falta de autorização convivencial nulifica a alienação fiduciária Na curso de união estável, sem autorização convivencial, um
concedida por apenas um cônjuge quando a credora tem dos companheiros concedeu imóvel registrado em seu nome
como garantia fiduciária a um débito que mantinha com
conhecimento da existência de união estável? credora que tinha conhecimento acerca da realidade conjugal
do casal. Após a dissolução do vínculo matrimonial, o referido
bem acabou destinado integralmente à outra cônjuge. Diante
da inadimplência aflorada, veio à tona a invocação de nulidade
DADOS JULGAMENTO: da transferência da propriedade fiduciária sem observância de
prévia autorização convivencial. Na fase de recurso, o TJRS
REsp 1.663.440 - RS , STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi,
consolidou a propriedade da credora fiduciária, mas
d. 30/06/2020. resguardou o direito da garantiu à ex-companheira o direito à
meação. Ambas as partes recorreram ao STJ. A credora
sustentando o direito à integralidade do bem. Por sua vez, a
SPOILER : mulher defendendo a ineficácia da garantia pela falta da sua
anuência, eis que a credora tinha conhecimento da realidade
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 080) conjugal do devedor.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> para alienar ou gravar de ônus real imóveis adquiridos na constância da união estável, é indispensável a
AUTORIZAÇÃO CONVIVENCIAL do companheiro, ressalvada a hipótese do terceiro de boa-fé que não tinha
conhecimento do vínculo entre os conviventes;

=> é indispensável a autorização de ambos os conviventes quando se pretender alienar ou gravar de ônus real bens
imóveis adquiridos durante a união estável (art. 226, § 3º, da CF e Leis 8.971/94 e 9. 278/96), sob pena de absoluta
invalidade do negócio jurídico;

PALAVRAS-CHAVE:
UNIÃO ESTÁVEL. IMÓVEL REGISTRADO EM NOME DE UM CONVIVENTE. OFERTA COMO GARANTIA. AUSÊNCIA DE
AUTORIZAÇÃO CONVIVENCIAL. EXCLUSÃO PARCIAL. CIÊNCIA DO CREDOR.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: REsp 1.663.440 - RS

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE NULIDADE DE ATOS JURÍDICOS. DISPOSITIVOS ALEGADAMENTE VIOLADOS QUE NÃO
FORAM EXAMINADOS PELO ACÓRDÃO. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. OMISSÕES RELEVANTES NÃO
DEMONSTRADAS NO RECURSO ESPECIAL. SÚMULA 284/STF. CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA LESÃO PARA FIM DO CÔMPUTO DO
PRAZO PRESCRICIONAL. ELEMENTOS NÃO DESCRITOS NO ACÓRDÃO. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA 7/STJ.
UNIÃO ESTÁVEL. AUTORIZAÇÃO CONVIVENCIAL. BEM IMÓVEL ADQUIRIDO NA CONSTÂNCIA DO VÍNCULO E DADO POR
UM DOS CONVIVENTES EM GARANTIA. INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO, SALVO QUANDO O TERCEIRO DE BOA-FÉ
NÃO TIVER CIÊNCIA DA UNIÃO ESTÁVEL, CASO EM QUE SERÁ VÁLIDO O NEGÓCIO JURÍDICO. HIPÓTESE SINGULAR.
EMENTA IRRELEVÂNCIA DE BOA OU MÁ-FÉ DAS PARTES OU TERCEIRO. EXAME NA PERSPECTIVA DA NEGLIGÊNCIA DO TERCEIRO
QUE, CIENTE DA UNIÃO ESTÁVEL, NÃO EXIGIU A AUTORIZÇÃO CONVIVENCIAL, E DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DA
CONVIVENTE, QUE RECEBEU INTEGRALMENTE O IMÓVEL DADO EM GARANTIA POR OCASIÃO DA PARTILHA.
CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE DO IMÓVEL EM FAVOR DA CREDORA FIDUCIÁRIA, RESSALVADA A MEAÇÃO DA
CONVIVENTE QUE NÃO ANUIU PARA COM O NEGÓCIO JURÍDICO, A QUEM CABERÁ METADE DO PRODUTO DA
ALIENAÇÃO DO BEM. 1- Ação ajuizada em 29/01/2013. Recursos especiais interpostos em 17/10/2016 e 26/10/2016. 2-
Os propósitos recursais consistem em definir: (i) se o acórdão recorrido possui omissões relevantes; (ii) se está prescrita a
pretensão de nulidade de ato que constituiu a garantia de alienação fiduciária e do ato de consolidação de propriedade;
(iii) se deve ser exigida a autorização convivencial como condição de eficácia da garantia na hipótese em que o credor,
embora ciente da existência da união estável, não exigiu a aquiescência da convivente.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: REsp 1.663.440 - RS
3- Ausente o enfrentamento, pelo acórdão recorrido, das questões relacionadas à violação de dispositivos da Lei nº 9.514/1997, e não
tendo sido a matéria objeto de embargos de declaração, não se conhece o recurso especial, quanto ao ponto, pela falta de
prequestionamento. Incidência da Súmula 211/STJ. 4- Para que o STJ verifique a efetiva ocorrência de omissão no acórdão recorrido, é
imprescindível que a parte, no recurso especial, identifique precisamente quais questões relevantes não foram abordadas pelo
Tribunal local, sendo insuficiente a alegação genérica da ocorrência de vício que não permite a exata compreensão da controvérsia.
Incidência da Súmula 284/STF. 5- A constatação acerca do exato momento em que teve a parte ciência inequívoca da lesão para fins do
início do cômputo do prazo prescricional, quando dependente de elementos fáticos não descritos no acórdão recorrido, não é
examinável em recurso especial em razão da impossibilidade de reexame de fatos e provas nos recursos excepcionais. Incidência da
Súmula 7/STJ. 6- Em regra, é indispensável a autorização de ambos os conviventes quando se pretender alienar ou gravar de ônus real
EMENTA bens imóveis adquiridos na constância da união estável, sob pena de absoluta invalidade do negócio jurídico, ressalvada a hipótese do
terceiro de boa-fé que não tinha, e nem tampouco poderia ter, ciência do vínculo mantido entre os conviventes, caso em que o
negócio jurídico celebrado por um deles deverá ser considerado inteiramente válido, cabendo ao outro o ajuizamento de ação
pretendendo perdas e danos. Precedentes da 3ª Turma 7- Hipótese em que, todavia, não se cogita de boa ou de má-fé das partes ou
do terceiro, mas, ao revés, de desídia e de negligência da credora fiduciária (que, ciente da união estável mantida após a entrada em
vigor do art. 226, §3º, da Constituição Federal, e das Leis nº 8.971/1994 e 9.278/1996, não se acautelou e não exigiu a autorização
convivencial) e de enriquecimento sem causa da ex-convivente do devedor fiduciante (que tinha ciência das tratativas havidas entre
ele e a credora e que recebeu o imóvel, integralmente, por ocasião da dissolução da união estável e partilha de bens), impondo-se
solução distinta, no sentido de consolidar integralmente a propriedade do imóvel em favor da credora, mas resguardar a meação da
ex-convivente que não anuiu com o negócio jurídico, a quem caberá a metade do produto da alienação do bem. 8- Recursos especiais
parcialmente conhecidos e, nessa extensão, desprovidos.

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ESTUDO DE CASO 009
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Reincidência específica retira da mãe/gestante o direito à prisão
Mãe de três filhos pequenos (terna idade) foi flagrada
domiciliar como substituta do encarceramento preventivo?
reincidindo na prática crime de tráfico de drogas, na
modalidade “manter em depósito” e teve decretada sua
DADOS JULGAMENTO:
prisão preventiva, eis que já cumpria prisão domiciliar com
Rcl 32579 - PR, STF, Segunda Turma, Min. Ricardo Lewandowski,
uso de tornozeleira, graças a HC coletivo anterior do próprio
decisão 01/09/2020.
STF. Decisão essa que restou mantida pelo TJPR, motivando
a apresentação de Reclamação perante a Corte Suprema.
SPOILER :
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 81)

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> a reincidência específica não afasta o direito à nova prisão domiciliar substituta da prisão preventiva, na forma
do art. 318-A do CPP (mãe de crianças);

=> o art. 318-A do CPP determina que a prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que não tenha
cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa ou contra seu filho ou dependente;

PALAVRAS-CHAVE:
REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA. MÃE. PRISÃO PREVENTIVA. CONVERSÃO EM PRISÃO DOMICILIAR. POSSIBILIDADE.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 010
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
A falta de registro do compromisso de compra e venda impede a
propositura de embargos de terceiro pelo promitente Uma consumidora (pessoa física) adquiriu uma unidade
comprador? É necessário estar na posse do bem para exercer o imobiliária diretamente junto à construtora. Contudo,
posteriormente, tal negócio restou desfeito, quando, então, a
direito àquela ação ou ela pode ser utilizada mesmo antes da
mesma unidade em construção foi alienada a uma segunda
entrega do imóvel pela construtora?
compradora (pessoa jurídica). Todavia, em virtude da
inadimplência da construtora em restituir os valores recebidos
da 1ª compradora (pessoa física), foi proposta ação judicial que
DADOS JULGAMENTO: culminou com a penhora sobre a mesma unidade que
EDcl em REsp 1.861.025 – DF, STJ, Terceira Turma, Min. Nancy permanecia registrado em nome da construtora-devedora. Para
resguardar seu direito, a segunda compradora (pessoa jurídica)
Andrighi, d. 26/06/2020. ajuizou embargos de terceiro invocando a aplicação da Súmula
84 do STJ. O TJDFT acolheu a tese defensiva e desconstituiu a
constrição sobre o imóvel. Em seu recurso, a primeira
compradora defendeu que a falta de registro público do bem e a
SPOILER : mera existência de promessa de compra e venda, sem exercício
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 082) de posse, impediriam a aplicação daquele verbete sumular.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de
compra e venda, ainda que o imóvel disputado não tenha registro e esteja em fase de construção, isto é, ainda que
o promitente comprador não tenha a posse efetiva do bem;

PALAVRAS-CHAVE:
INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. DÉBITO DA CONSTRUTORA. IMÓVEL NÃO ENTREGE. PENHORA. EMBARGOS DE
TERCEIRO. COMPRADOR. POSSIBILIDADE.

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PROCESSO: EDcl em REsp 1.861.025 - DF
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA
DESPROVIDO DE REGISTRO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 84/STJ. POSSE NÃO CONCRETIZADA EM RAZÃO DE O
IMÓVEL AINDA ESTAR EM FASE DE CONSTRUÇÃO. AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ. 1. Embargos de terceiro, por meio dos
quais se objetiva desconstituir penhora de imóvel ocorrida no bojo de cumprimento de sentença. 2. Ação ajuizada
em 08/05/2018. Recurso especial concluso ao gabinete em 23/01/2020. Julgamento: CPC/2015. 3. O propósito
recursal é definir se é aplicável, na espécie, a Súmula 84/STJ (“É admissível a oposição de embargos de terceiro
fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do
EMENTA registro”) quando ainda não houve a entrega das chaves ao promitente comprador. 4. É admissível a oposição de
embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda, ainda que
desprovido de registro. Aplicação da Súmula 84/STJ. 5. Na petição inicial dos embargos de terceiro, o embargante
deverá fazer prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e
rol de testemunhas. 6. Na hipótese, o imóvel adquirido só não estava na posse da recorrida em razão de ainda
estar em fase de construção, razão pela qual o instrumento particular de compra e venda colacionado aos autos
– ainda que desprovido de registro – deve ser considerado para fins de comprovação de sua posse, admitindo-se,
via de consequência, a oposição dos embargos de terceiro. 7. Ademais, o instrumento de compra e venda foi
firmado em data anterior ao próprio ajuizamento da ação de execução em que foi determinada a penhora do
bem, não havendo que se falar em fraude à execução ou má-fé da parte adquirente. 8. Recurso especial conhecido
e não provido.

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ESTUDO DE CASO 011
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
O fato de ser o único dono de empresa executada insolvente Após receber citação em execução movida contra empresa de que era o
autoriza aplicar o instituto da fraude à execução também aos único dono, o empresário promoveu a alienação de um imóvel rural
seus bens particulares, mesmo quando alienados antes do que estava registrado em nome da sua pessoa física. No curso da
reconhecimento da desconsideração da personalidade jurídica? execução, diante da inadimplência aflorada, restou desconsiderada a
personalidade jurídica da empresa executada e determinada a
constrição sobre aquele bem rural alienado. Com isso, a compradora
ajuizou embargos de terceiro, defendendo a ilegalidade da penhora
ordenada, sobretudo, porque estaria de posse de certidões negativas
DADOS JULGAMENTO: atestando que, na data do negócio, o vendedor (pessoa física) não
Resp. 1.763.376 – TO, STJ, Quarta Turma, Min. Luis Felipe possuía qualquer restrição registrada em seu nome. Tese essa que,
depois de ser acolhida em 1ª instância, foi reformada pelo TJTO, que
Salomão, d. 18/08/2020. levou em consideração o fato peculiar de que a empresa executada
originalmente possuía apenas o vendedor como proprietário, o que,
por si só, autorizaria reconhecer no caso a existência de fraude à
execução, posto que a alienação do imóvel ocorreu após a citação
SPOILER : executória recebida pessoalmente pelo alienante (pessoa física). No
recurso apresentado pela compradora, sustentou-se que a
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 083) desconsideração da personalidade jurídica ocorreu somente após a
alienação, não podendo ela retroagir para abarcar fato anterior.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Excepcionalmente, diante da peculiar situação de ser o único dono da empresa executada, seria possível
retroagir os efeitos da fraude à execução para abarcar a alienação de bens particulares daquele empresário
realizada antes de a formalização do levantamento da personalidade jurídica;

=> nos casos de ato oneroso (art. 159 CC), a anulação do negócio exige a demonstração de ciência da fraude pelo
terceiro adquirente ou beneficiário.

PALAVRAS-CHAVE:
FRAUDE. EMPRESA DE UM ÚNICO DONO. BEM PARTICULAR. ALIENAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO. FRAUDE À
EXECUÇÃO. RETROATIVIDADE DOS EFEITOS.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 012
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Município tem competência para estabelecer regra própria
O Governo do DF ajuizou ADPF alegando a
definidora da base de cálculo do ISS?
inconstitucionalidade de lei municipal (Barueri-SP) que
estabeleceu regras próprias definidoras da base de cálculo
DADOS JULGAMENTO: do ISSQN (redução, mediante a exclusão dos tributos
ADPF 189, STF, Plenário, Min. Edson Fachin, d.28/08/2020. federais incidentes sobre o serviço e também do valor do
bem envolvido em contratos) deveria incidir sobre o preço
do serviço, excluindo os tributos federais relativos à
SPOILER :
prestação de serviços tributáveis e o valor do bem envolvido
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 084)
em contratos.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> lei municipal não pode fixar base de cálculo do ISS distinta, por se tratar de matéria reservada a lei
complementar nacional - art. 146, III, “a” da CF/88;

PALAVRAS-CHAVE:
ISS. LEI MUNICIPAL. FIXAÇÃO BASE DE CÁLCULO DIVERSA. IMPOSSIBILIDADE.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 013
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Viola a isonomia tributária a dupla incidência de IPI (na Empresas importadoras atacavam decisões do TRF4, que
importação e na revenda) diante da ausência de novo considerou devido o pagamento do IPI tanto na importação
quanto na revenda, no mercado interno, de bens
beneficiamento do produto no campo industrial? importados e não submetidos a processo de
industrialização no período entre a importação e a revenda.
De acordo com a JF, por serem fases diversas e sucessivas,
DADOS JULGAMENTO: ocorre, em cada procedimento, fato gerador distinto. As
empresas alegavam, que a exigência do pagamento do IPI
RE 946648 - SC e RE 979626 - SC- Repercussão geral (906), STF, quando a mercadoria já nacionalizada é revendida no
Plenário, Min. Alexandre de Moraes, d.28/08/2020. mercado interno é indevida, pois os produtos revendidos
não sofrem nenhum dos processos de industrialização.
Segundo sua argumentação, o fato gerador do IPI é a
industrialização, e não a comercialização do produto e,
SPOILER : dessa forma, a cobrança na segunda fase viola o princípio da
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 085) isonomia tributária, pois onera excessivamente o
importador.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> a incidência do IPI nas duas fases (desembaraço e na revenda no mercado interno) não representa dupla
tributação e não resulta em ofensa ao princípio da isonomia tributária, pois configura fatos geradores distintos,
mas tem direito à não cumulatividade;

PALAVRAS-CHAVE:
IPI. IMPORTAÇÃO. DUPLA INCIDÊNCIA. CONSTITUCIONALIDADE.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO

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ESTUDO DE CASO 014
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Usucapião urbano também se aplica a apartamentos?
Moradora de Porto Alegre ajuizou ação de usucapião de
apartamento financiado pelo ex-cônjuge, para evitar a sua
alienação judicial em decorrência do inadimplemento do
DADOS JULGAMENTO: mútuo habitacional. Para tanto, sustentou que residia no
RE 305416, STF, Plenário, Min. Marco Aurélio, d.28/08/2020. imóvel há mais de 15 anos. Em grau de recurso, o TJRS
manteve a decisão de 1ª instância que extinguiu a ação sem
julgamento do mérito, por considerar o pedido
SPOILER : juridicamente impossível tendo em vista que a regra
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 086) constitucional que instituiu o usucapião urbano se destina
somente a lotes, e não a unidades de um edifício.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> É possível adquirir a propriedade de apartamento por meio da usucapião urbana, pois o art. 183 da CF/88 não
distingue a espécie de imóvel (se individual propriamente dito ou se situado em condomínio horizontal – “área
urbana”), apenas impondo: a) área de até 250m2; b) uso para moradia há mais de 5 anos; c) não ter outro imóvel
(urbano ou rural); d) não ter sido beneficiado pelo usucapião anteriormente;

PALAVRAS-CHAVE:
USUCAPIÃO URBANO. APARTAMENTO FINANCIADO. POSSIBILIDADE.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO

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ESTUDO DE CASO 015
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Incide contribuição social sobre o 1/3 de férias gozadas? Ao analisar recurso interposto no bojo de mandado de
segurança, o TRF-4 considerou que a lei estabelece
expressamente a não incidência da contribuição previdenciária
sobre as férias indenizadas (art. 28, §9º, "d", da Lei 8.212/91),
bem como, quanto às férias usufruídas, entendeu que, como o
DADOS JULGAMENTO: adicional de férias tem natureza indenizatória e não constitui
ganho habitual do trabalhador, também não é possível a
RE 1072485 – Repercussão Geral - Tema 985, STF, Plenário,
incidência. No recurso ao STF, a União sustentava que, nos
Min. Marco Aurélio, d. 31/08/2020. termos da CF/88 (art. 195, I, “a”), todos os pagamentos
efetuados ao empregado em decorrência do contrato de
trabalho compõem a base de cálculo da contribuição
previdenciária, com exceção das verbas descritas no rol
taxativo do §9º do art. 28 da Lei 8.212/91. Afirmava também
SPOILER : que a decisão do TRF-4, ao não admitir a hipótese, seria
contrária ao comando constitucional (art. 195, caput) de que a
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 087) seguridade social “será financiada por toda a sociedade”.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> a natureza do terço constitucional de férias (art. 7º, XVII, da CF) é de verba periódica auferida como
complemento à remuneração e, por isso, fica sujeita à incidência da contribuição social (cota patronal);

PALAVRAS-CHAVE:
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. 1/3 DE FÉRIAS. MUDANÇA DE POSICIONAMENTO. INCIDÊNCIA.

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PROCESSO: RE 1072485 – Repercussão Geral - Tema 985
FÉRIAS – ACRÉSCIMO – CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – INCIDÊNCIA. É legítima a incidência de
EMENTA contribuição social, a cargo do empregador, sobre os valores pagos ao empregado a título de
terço constitucional de férias gozadas.
(RE 1072485, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 31/08/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-241 DIVULG 01-10-2020 PUBLIC 02-10-2020).

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ESTUDO DE CASO 016
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Para fins previdenciários, o tempo de serviço público prestado Em sede de mandado de injunção, o TJ-SP reconheceu aos
sob condições especiais pode ser convertido em comum ou assistentes agropecuários vinculados à Secretaria de
Agricultura e Abastecimento estadual o direito à averbação
incide a vedação à contagem de tempo ficto? do tempo de serviço prestado em atividades insalubres,
para fins de concessão de aposentadoria especial, mediante
a aplicação das regras do RGPS (art. 57, §1º, da Lei
DADOS JULGAMENTO: 8.213/91). Contra essa decisão, o estado de SP sustentava a
ausência de previsão constitucional para contagem
RE 1014286 – Repercussão Geral - Tema 942, STF, Plenário, Min. diferenciada de tempo de serviço prestado sob condições
Edson Fachin, d.28/08/2020. especiais, sendo inviável a possibilidade de converter tempo
de atividade especial em tempo comum, mediante aplicação
do multiplicador correspondente, responsável por
‘aumentar’ o tempo de contribuição, por configurar hipótese
SPOILER : de “tempo ficto”, vedada pela CF/88 para o serviço público.
SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 088)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> É possível a conversão em comum do período de serviço público prestado sob condições especiais até o
advento da EC 103/19, ficando sujeito aos fatores 1,4 (homem) e 1,2 (mulher) previstos para o RGPS;

PALAVRAS-CHAVE:
SERVIDOR PÚBLICO. CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM. MUDANÇA DE
POSICIONAMENTO. POSSIBILIDADE.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: RE 1014286 – Repercussão Geral - Tema 942
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APOSENTADORIA ESPECIAL DE SERVIDOR PÚBLICO.
ARTIGO 40, § 4º, III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PEDIDO DE AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO
PRESTADO EM ATIVIDADES EXERCIDAS SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS QUE PREJUDIQUEM A SAÚDE OU A
INTEGRIDADE FÍSICA DO SERVIDOR, COM CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM COMUM, MEDIANTE
CONTAGEM DIFERENCIADA, PARA OBTENÇÃO DE OUTROS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS.
POSSIBILIDADE ATÉ A EDIÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 103/2019. DIREITO INTERTEMPORAL.
APÓS A EDIÇÃO DA EC 103/2019, O DIREITO À CONVERSÃO OBEDECERÁ À LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR
EMENTA DOS ENTES FEDERADOS. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONFERIDA PELO ART. 40, § 4º-C DA CRFB. 1. A
Constituição impõe a construção de critérios diferenciados para o cômputo do tempo de serviço em condições de
prejuízo à saúde ou à integridade física, conforme permite verificar a interpretação sistemática e teleológica do art. 40,
§ 4°, CRFB. 2. Desde a edição das Emendas Constitucionais 20/1998 e 47/2005, não há mais dúvida acerca da
efetiva existência do direito constitucional daqueles que laboraram em condições especiais à submissão a requisitos e
critérios diferenciados para alcançar a aposentadoria. Nesse sentido é a orientação desta Suprema Corte, cristalizada
no verbete de n.º 33 da Súmula da Jurisprudência Vinculante: “Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as
regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da
Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.” . Ao permitir a norma constitucional a
aposentadoria especial com tempo reduzido de contribuição, verifica-se que reconhece os danos impostos a quem
laborou em parte ou na integralidade de sua vida contributiva sob condições nocivas, de modo que nesse contexto o
fator de conversão do tempo especial em comum opera como preceito de isonomia, equilibrando a compensação
pelos riscos impostos.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: RE 1014286 – Repercussão Geral - Tema 942
a quem laborou em parte ou na integralidade de sua vida contributiva sob condições nocivas, de modo que nesse
contexto o fator de conversão do tempo especial em comum opera como preceito de isonomia, equilibrando a
compensação pelos riscos impostos. A conversão surge, destarte, como consectário lógico da isonomia na proteção
dos trabalhadores expostos a agentes nocivos. 4. Após a EC 103/2019, o § 4º-C do art. 40 da Constituição, passou a
dispor que o ente federado poderá estabelecer por lei complementar idade e tempo de contribuição diferenciados para
aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e
biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou
EMENTA ocupação. Não há vedação expressa ao direito à conversão do tempo comum em especial, que poderá ser
disposta em normativa local pelos entes federados, tal como operou a legislação federal em relação aos filiados ao
RGPS, nos termos do art. 57, da Lei 8213/91. 5. Recurso extraordinário desprovido, com fixação da seguinte tese:
“Até a edição da Emenda Constitucional nº 103/2019, o direito à conversão, em tempo comum, do prestado sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física de servidor público decorre da previsão de
adoção de requisitos e critérios diferenciados para a jubilação daquele enquadrado na hipótese prevista no então
vigente inciso III do § 4º do art. 40 da Constituição da República, devendo ser aplicadas as normas do regime geral de
previdência social relativas à aposentadoria especial contidas na Lei 8.213/1991 para viabilizar sua concretização
enquanto não sobrevier lei complementar disciplinadora da matéria. Após a vigência da EC n.º 103/2019, o direito à
conversão em tempo comum, do prestado sob condições especiais pelos servidores obedecerá à legislação
complementar dos entes federados, nos termos da competência conferida pelo art. 40, § 4º-C, da Constituição da
República”. (RE 1014286, Relator(a): LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em
31/08/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-235 DIVULG 23-09-2020 PUBLIC 24-09-2020)

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 017
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Prisão civil abrange também obrigação de alimentos de caráter
O TJPR determinou a prisão de devedor em razão do não
indenizatório decorrentes de ato ilícito?
pagamento da obrigação alimentar aos filhos de uma
mulher vítima de homicídio cometido por ele. Segundo a
defesa, o réu cumpre pena pelo homicídio, já em regime
DADOS JULGAMENTO:
aberto, e teve seus bens bloqueados para garantir a
NÚMERO NÃO DIVULGADO (processo sob sigilo), STJ, Quarta
execução da sentença proferida em ação de indenização por
Turma, Min. Isabel Gallotti, decisão 04/09/2020.
danos morais. Contudo, por não verificar comprovação do
pagamento integral da obrigação alimentar, restou

SPOILER : determinada a prisão civil.


SPOILER DO DIA 05/09/2020 (nº 089)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> a única hipótese de prisão por dívida admitida no ordenamento jurídico brasileiro é aquela relacionada à pensão
alimentícia com origem no direito de família, não alcançando as obrigações ex delicto;

PALAVRAS-CHAVE:
PRISÃO. ALIMENTOS. AÇÃO EX DELICTO. IMPOSSIBILIDADE.

Número não divulgado (processo sob sigilo).

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 018
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
É possível impor a fixação de cota racial na distribuição de
ADPF ajuizada por partido político requerendo o
fundos de financiamento de campanha e do tempo de
reconhecimento da imediata aplicação dos efeitos da
propaganda eleitoral a menos de um ano da realização do pleito?
decisão do TSE (processo nº 0600306-47.2019.6.00.0000),
datada do último dia 26/08/2020, que trata da reserva de

DADOS JULGAMENTO: cotas raciais (pessoas negras) no tempo de propaganda

ADPF 738, STF, Segunda Turma, Min. Ricardo Lewandowski, d. eleitoral gratuita e no uso de recursos de financiamento

10/09/2020. público das eleições, mas que postergou a sua aplicação


para as eleições de 2022, por força do princípio da

SPOILER : anualidade previsto no art. 16 da CF/88.


SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 090)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Diante do ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL, não incide o princípio da anualidade previsto no art. 16 da CF/88 sobre a
decisão de impor a reserva de cotas raciais (afrodescendentes) no tempo de propaganda eleitoral gratuita e no uso de recursos de
financiamento público das eleições municipais que ocorrerão em período inferior a um ano e observância dos seguintes CRITÉRIOS:

a) divisão dos recursos do fundo partidário e tempo em rádio e TV igualitário (50% cada) entre mulheres brancas e mulheres negras;

b) reserva de 30% da cota de financiamento público a campanhas dos candidatos negros;

c) reserva de 50% do tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão para candidatos negros, devendo o TSE equiparar
o mínimo de tempo destinado a cada partido;

PALAVRAS-CHAVE:
ELEIÇÕES. ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL. COTAS RACIAIS. CANDIDATURAS. POLÍTICA AFIRMATIVA. DISCRIMINAÇÃO
POSITIVA. PROPAGANDA E FINANCIAMENTO. PRINCÍPIO DA ANUALIDADE. INAPLICAÇÃO. AUSÊNCIA DE INOVAÇÃO. MERO
APERFEIÇOAMENTO. VIGÊNCIA NO PLEITO JÁ EM CURSO.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 019
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Reclamação é o meio processual adequado para atacar decisão
do TST que nega a existência de “transcendência trabalhista” no As reclamações foram ajuizadas pela União contra atos do TST
que negaram seguimento à tramitação, por ausência de
recurso de revista? A tese firmada anteriormente pelo STF sobre
transcendência trabalhista, de recursos contra a condenação ao
a inexistência de responsabilidade automática da Administração
pagamento de parcelas devidas por empresas terceirizadas em
Pública nos contratos terceirizados é de aplicação automática em SP, no DF e em SE. A União sustentou que o TST não poderia
todos os casos? negar a transcendência a processo cuja matéria de fundo tenha
sido objeto de ADI, de recurso extraordinário com repercussão
geral reconhecida ou de súmula vinculante do STF, pois isso
DADOS JULGAMENTO: usurparia a competência do STF. A relatora, min. Rosa Weber, em
decisões monocráticas, havia julgado as reclamações inviáveis,
Rcls 36958, 40652 e 40759, STF, Primeira Turma, Min. Alexandre motivando a interposição dos agravos regimentais. O art. 896-A
de Moraes, d. 08/09/2020. da CLT dispõe que o TST, no recurso de revista, examinará
previamente se a causa oferece transcendência com relação aos
reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica,
e, no §5º, diz que é irrecorrível a decisão monocrática do relator
SPOILER : que, em agravo de instrumento em recurso de revista, considerar
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 091) ausente a transcendência da matéria.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> A reclamação é meio processual adequado para preservar a competência do STF na garantia do respeito às suas
decisões anteriores e vinculantes que afastaram a responsabilização automática da administração pública por
débitos trabalhistas não adimplidos por empresas terceirizadas, salvo quando existente prova inequívoca de
conduta omissiva ou comissiva na fiscalização dos respectivos contratos (ADC 16 e RE 760931);

PALAVRAS-CHAVE:
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. DÉBITOS TRABALHISTAS. RESPONSABILIDADE AUTOMÁTICA.
INEXISTÊNCIA. STF. TEMA 246. DECISÃO VINCULANTE. RECUSA DO TST EM CUMPRIR. RECLAMAÇÃO.
PROCEDÊNCIA.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 020
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Qual o regime jurídico da contratação de colaboradores pelos
Trata-se de ACC ajuizada por partido político e ADI e ADPF
conselhos profissionais?
proposta pela PGR, onde, dentre outras leis impugnadas, era
questionada a constitucionalidade do art. 58, § 3º, da Lei
DADOS JULGAMENTO: 9.649/98, que prevê que os empregados dos conselhos de
ADC 36 – ADI 5367 - ADPF 367, STF, Plenário, Min. Alexandre de fiscalização de profissões regulamentadas são regidos pela
Moraes, d. 04/09/2020. legislação trabalhista e veda qualquer forma de
transposição, transferência ou deslocamento para o quadro
SPOILER : da administração pública direta ou indireta.
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 092)

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> As contratações de pessoal pelos conselhos de fiscalização de profissões deve seguir o regime celetista, sendo
vedada qualquer forma de transposição, transferência ou deslocamento para o quadro da administração pública
direta ou indireta (Lei 9.649/98, art. 58, §3º);

PALAVRAS-CHAVE:
CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO NÃO ESTATAL. CONTRATAÇÃO DE PESSOAL.
REGIME JURÍDICO. CELETISTA. CONTROLE CONCOMITANTE E ANTAGÔNICO DE CONSTITUCIONALIDADE.
POSSIBILIDADE. FINANCIAMENTO. CONTRIBUIÇÕES PARAFISCAIS. AUSÊNCIA DE CONTROLE ESTATAL DIRETO.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 021
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
O protesto contra alienação impede a venda do bem? É
TJSP rejeitou embargos de terceiro opostos com o objetivo
legalmente viável se valer dos embargos de terceiros para atacar
de cancelar protesto contra a alienação de um imóvel, pois,
tal ato?
segundo a embargante, o ato judicial estaria impedindo o
registro do bem em seu nome e ela não integraria a ação,
DADOS JULGAMENTO: razão pela qual teria interesse na oposição dos embargos de
REsp. 1.758.858 – SP, STJ, Terceira Turma, Min. Nacy Andrighi, d. terceiro.
25/05/2020.

SPOILER :
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 093)

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> protesto contra a alienação de imóvel, ainda que lançado na matrícula do imóvel, não autoriza o ajuizamento de
embargos de terceiro, já que não conta com determinação judicial de apreensão do bem (requisito essencial da
ação) e nem produz influência sobre relações jurídicas próprias ou de terceiros;

=> conforme o julgado, a decisão de não registrar a alienação não decorre do ato judicial em si, mas do
entendimento do oficial do cartório;

PALAVRAS-CHAVE:
PROTESTO CONTRA ALIENAÇÃO DE BENS. AUSÊNCIA DE RESTRIÇÃO À ALIENAÇÃO. NÃO ALCANCE PELA DECISÃO
JUDICIAL. MERA INTERPRETAÇÃO CARTORÁRIA. EMBARGOS DE TERCEIRO. INAPLICABILIDADE.

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PROCESSO: REsp. 1.758.858 - SP
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PROTESTO CONTRA A ALIENAÇÃO DE BENS. INTERESSE
PROCESSUAL. NECESSIDADE, UTILIDADE E ADEQUAÇÃO. AVERBAÇÃO DO PROTESTO NA MATRÍCULA DE IMÓVEL. MERA
PUBLICIDADE DA MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DO PROMOVENTE. EFEITOS SOBRE AS RELAÇÕES JURÍDICAS E DIREITOS.
INEXISTÊNCIA. INDEVIDA APREENSÃO JUDICIAL. INOCORRÊNCIA. VANTAGEM, BENEFÍCIO OU UTILIDADE DOS EMBARGOS
DE TERCEIRO. AUSÊNCIA. 1. (...). 2. O propósito recursal consiste em determinar se há interesse processual no ajuizamento
de embargos de terceiro contra a decisão que defere o pedido de averbação do protesto contra a alienação de bens na
matrícula do imóvel. 3. (...). 5. Devem ser sumariamente indeferidos, por falta de legítimo interesse, os pedidos formulados
EMENTA nos processos que se mostrem desnecessários ou inadequados frente aos próprios fatos descritos na petição inicial. 6. O
protesto judicial é medida destinada a comprovar ou documentar uma manifestação formal de vontade do promovente, o
qual busca, por meio de referido procedimento, comunicar a terceiros interessados sua intenção de fazer atuar no mundo
jurídico uma determinada pretensão, mas não acrescenta nem diminui direitos do promovente ou influencia diretamente
as relações jurídicas que possua com terceiros. 7. A averbação do protesto contra a alienação de bens na matrícula do
imóvel consiste em manifestação do princípio da publicidade, tendo por escopo apenas dar conhecimento a terceiros
interessados sobre o direito que o promovente alega possuir sobre o imóvel. 8. É pressuposto dos embargos de terceiro a
existência de um ato de constrição judicial sobre o bem que o terceiro alega ser possuidor ou proprietário. 9. Na hipótese
dos autos, a recusa do registro do imóvel no nome da recorrente é efeito da atuação do oficial cartorário e não do
deferimento do pedido de averbação do protesto na matrícula do imóvel, que é mero ato de publicidade do protesto e que
não afeta a posse ou a propriedade de terceiro alheio ao procedimento, e que não configura apreensão judicial que possa,
sequer em tese, ser reformada por meio de eventual julgamento de procedência dos embargos de terceiro. Inexistência de
interesse processual por ausência do binômio utilidade-adequação. 10. Recurso especial desprovido.

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ESTUDO DE CASO 022
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
A gravidade em abstrato do crime de tráfico (ainda que A DP/SP impetrou HC em favor de pessoa condenada a 1
privilegiado) seria suficiente para fixar regime inicial fechado, ano e 8 meses de reclusão (com pedido de extensão a todos
os demais presos nas mesmas condições – mil apenados), a
mesmo quando a pena vem fixada no mínimo? ser cumprida no regime inicial fechado e de 166 dias-multa,
por infração ao art. 33, caput, da Lei n. 11.343/06 (tráfico
privilegiado). O Impetrante sustenta ser cabível a fixação do
DADOS JULGAMENTO: regime inicial aberto em virtude da fixação da pena mínima
e em razão das condições favoráveis do paciente. Afirma
HC 596603, STJ, Sexta Turma, Min. Rogério Schietti Cruz, d. que a gravidade abstrata do delito não serve para respaldar
08/09/2020. a fixação do regime fechado, sob pena de violação das
Súmulas n. 718 e 719 do STF. Defende a substituição da
pena corporal por penas restritivas de direitos.
SPOILER :
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 094)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Incorporando entendimento do STF, a Lei 13.964/2019 deu nova redação ao artigo 112, §5º, da LEP (Lei
7.210/1984), estabelecendo que não se considera hediondo ou equiparado o crime de TRÁFICO PRIVILEGIADO
(§4º do artigo 33 da Lei 11.343/06“ - baixa quantidade, primariedade, bons antecedentes e não integra
organização criminosa);

=> Nessa caso, como a pena pode ser reduzida em até 2/3 (mínimo de 1 ano e 8 meses), deve ser fixado regime
inicial aberto;

PALAVRAS-CHAVE:
HABEAS CORPUS COLETIVO. EXTENSÃO. TRÁFICO PREVILEGIADO. CRIME HEDIONDO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
REGIME INICIAL ABERTO. DE OFÍCIO.

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PROCESSO: HC 596603
PENAL. PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS INDIVIDUAL E COLETIVO. ADMISSIBILIDADE. DIRETRIZES REGISTRADAS PELA SUPREMA
CORTE NO JULGAMENTO DO HC N. 143.641 (PLENO). PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL DA CIDADANIA. TRÁFICO PRIVILEGIADO.
HIPÓTESES DE APLICAÇÃO DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA (ART. 33, §4º, LEI N. 11.343/2006). TRÁFICO. DEFINIÇÃO LEGAL (ART.
112, §5º, LEI N. 7.210/1984). CRIME NÃO HEDIONDO. CONSECTÁRIOS LÓGICOS EM RAZÃO DESSE RECONHECIMENTO.
JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES E SÚMULAS DE JURISPRUDÊNCIA. FORÇA NORMATIVA. ESTUDO DO
INSTITUTO CONECTAS E DADOS ESTATÍSTICOS QUE CONFIRMAM O DESCUMPRIMENTO REITERADO PELO TRIBUNAL IMPUGNADO.
DESRESPEITO AO SISTEMA DE PRECEDENTES. SEGURANÇA JURÍDICA E ESTABILIDADE. ISONOMIA DO JURISDICIONADO. BUSCA À
EMENTA RACIONALIDADE PUNITIVA. PREDICATIVO ÍNSITO AO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS. REGIME PRISIONAL. INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. PROPORCIONALIDADE. 1. Ante a
necessidade de salvaguardar um dos direitos fundamentais mais preciosos do ser humano, a liberdade, o Supremo Tribunal Federal, ao
julgar o HC n. 143.641/SP, rompeu com a resistência registrada nos seus precedentes, quanto à inadmissibilidade do uso do writ
constitucional de maneira coletiva. Na oportunidade, assentaram-se diretrizes a respaldar o maior espectro do remédio heroico, entre
elas: a existência de relações sociais massificadas e burocratizadas, cujos problemas estão a exigir soluções a partir de remédios
processuais coletivos, especialmente para coibir ou prevenir lesões a direitos de grupos vulneráveis; o fortalecimento da abordagem
coletiva, em atendimento a maior isonomia às partes em litígio e em prestígio à celeridade processual, mitiga as dificuldades estruturais
do acesso das coletividades ao Poder Judiciário. 2. A moldura fática trazida pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo – mais de mil
presos, que, a despeito da reconhecida prática de crime de tráfico privilegiado, cumprem pena de um ano e oito meses, em regime
fechado, com respaldo exclusivo no ultrapassado entendimento de que a conduta caracteriza crime assemelhado a hediondo – permite
solução coletiva, por reproduzirem a mesma situação fático-jurídica. Precedente (HC n. 575.495/MG, Rel. Ministro Sebastião Reis
Júnior, 6ª T, julgado em 2/6/2020, DJe 8/6/2020).

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PROCESSO: HC 596603
3. Há anos são perceptíveis, em um segmento da jurisdição criminal, os reflexos de uma postura judicial que, sob o afirmado escudo da
garantia da independência e da liberdade de julgar, reproduz política estatal que se poderia, não sem exagero, qualificar como
desumana, desigual, seletiva e preconceituosa. Tal orientação, que se forjou ao longo das últimas décadas, parte da premissa
equivocada de que não há outro caminho, para o autor de qualquer das modalidades do crime de tráfico – nomeadamente daquele
considerado pelo legislador como de menor gravidade –, que não o seu encarceramento. 4. Segundo a interpretação, consolidada e
antiga do Supremo Tribunal Federal (HC n. 111.840, Tribunal Pleno, Rel. Ministro Dias Toffoli, DJe 17/12/2013), conforme à Constituição
da República, não é considerado hediondo o delito de tráfico de drogas, na modalidade prevista no art. 33, § 4º da Lei n. 11.343/2006
(caracterizada pela quantidade de drogas apreendida não elevada e por ser o agente primário, sem antecedentes penais e sem
EMENTA envolvimento com atividade ou organização criminosa). 5. Em decorrência dessa interpretação, que sobreleva os princípios da
presunção de inocência e da individualização da pena, a natureza não hedionda do crime em exame desautoriza prisão preventiva sem
a análise concreta dos requisitos do art. 312 do CPP (HC n. 104.339, Tribunal Pleno, Rel. Ministro Gilmar Mendes, DJe 06/12/2012),
afasta a proibição, prevista art. 44 da Lei 11.343/2006, de substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos
(HC n. 97.256, Tribunal Pleno, Rel. Ministro Ayres Britto, DJe 15/12/2010), e impõe, portanto, tratamento penal com "contornos mais
benignos, menos gravosos, notadamente porque são relevados o envolvimento ocasional do agente com o delito, a não reincidência, a
ausência de maus antecedentes e a inexistência de vínculo com organização criminosa" (HC n. 118.533, Tribunal Pleno, Rel. Ministra a
Cármen Lúcia, DJe 19/9/2016). 6. Quanto ao regime inicial para o cumprimento da pena, é clara e reiterada a dicção de enunciados
sumulares dos Tribunais Superiores, segundo os quais "A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada" (Sum. 718 do STF), "A
imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea" (Sum. 719 do STF) e "É
vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade do delito" (Sum. 440 do STJ).

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PROCESSO: HC 596603
7. Esses julgados, por força do art. 927, III e V, do Código de Processo Civil, aplicável ao processo penal em razão da norma de abertura
positivada no art. 3º do CPP, devem ser observados por juízes e tribunais do país, em nome da segurança jurídica, da estabilidade das
decisões do Poder Judiciário, da coerência sistêmica e da igualdade de tratamento dos jurisdicionados, que não podem ficar à mercê de
interpretações divergentes, sobre questões de cunho eminentemente jurídico, das que lhes conferiram os órgãos de cúpula do Poder
Judiciário, incumbidos, por comando constitucional, da função de uniformizar a interpretação e a aplicação da Constituição da
República e das leis federais (arts. 102, III e 105, III). 8. A partir da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019, que conferiu nova redação
ao art. 112, § 5º, da Lei de Execuções Penais (Lei n. 7.210/1984), "Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o
crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006". 9. Deveras, não condiz com a
EMENTA racionalidade punitiva, ínsita a um Estado Democrático de Direito, que a todo e qualquer autor de tráfico de drogas se imponha o
cumprimento de sua pena em estabelecimento penal, em regime fechado, e sem direito a qualquer alternativa punitiva, mesmo se
todas as circunstâncias judiciais e legais sejam reconhecidas a seu favor (quantidade pequena de droga, primariedade e bons
antecedentes do agente, além de não demonstração de seu envolvimento em atividade ou organização criminosa). 10. E não há de ser
esse o proceder de agentes do Estado a quem se confia o exercício da nobre função de dizer o Direito, algo que, no âmbito da jurisdição
criminal – que expressa o poder punitivo estatal – reclama dose ainda maior de serenidade e ausência de preconceitos 11. A
individualização da sanção penal (alçada a direito fundamental, inscrito no art. 5º, XLVI da Constituição da República) não se limita à
quantidade da pena; o seu regime e a modalidade da reprimenda imposta também compõem essa ideia, que carrega em si a
proporcionalidade da pena. Se o Código Penal determina que, fixada a sanção em patamar inferior a 4 anos de reclusão, o regime inicial
de pena há de ser o aberto quando as circunstâncias forem todas favoráveis ao agente (art. 33, § 2º c/c 59, do CPB), permitindo
também substituir a reprimenda privativa de liberdade por restritiva de direitos (art. 44 do CPB), não há razão para impor-se a
condenados pela modalidade mais tênue do crime de tráfico de entorpecentes o mesmo regime de pena que, ex vi lege, se costuma
impingir somente a quem é condenado por outros crimes, ou mesmo por tráfico, a mais de 8 anos de pena, ou a reincidentes ou
portadores de circunstâncias desfavoráveis.

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PROCESSO: HC 596603
12. A documentação, trazida em aditamento à impetração, alude a 1100 homens e mulheres que cumprem pena em regime fechado no
sistema penitenciário do Estado de São Paulo, e sem lhes haver sido autorizada a conversão da privativa de liberdade em restritiva de
direitos, a despeito de terem sido condenados à sanção mínima do tráfico privilegiado (1 ano e 8 meses de reclusão), ou, quando muito,
a uma pena menor que 4 anos de reclusão. A menos que cumpram pena por outro motivo, são pessoas que se encontram
indevidamente recolhidas ao precário sistema penitenciário, onerando ainda mais a sociedade, que poderia se beneficiar com serviços
comunitários, houvessem as respectivas sanções reclusivas sido convoladas em restritivas de direito. 13. Se a lei é, na visão de
julgadores, benevolente com algum tipo de crime, compete ao Congresso Nacional, legitimado pelo voto popular, modificá-la (sempre
sujeito, evidentemente, ao controle de constitucionalidade do Supremo Tribunal Federal). Não cabe ao Poder Judiciário, o uso de
EMENTA discursos meta jurídicos de matiz ideológico ou moral, para incrementar o rigor do sistema punitivo e para contornar, com argumentos
aparentemente jurídicos, os limites impostos pela lei penal e pela jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores, os quais, como
visto, pela Constituição da República têm a especial competência para interpretar e uniformizar a lei federal e a Constituição em última
instância, ante idênticas situações fáticas. 14. Estudo feito pelo Instituto Conectas (relatório disponível no sítio do instituto na web)
conclui que “ainda que a decisão do STF no HC 118.533 tenha sido o reconhecimento do tráfico privilegiado como um crime comum,
afastando-se a hediondez dos casos em que há aplicação da causa de diminuição do parágrafo 4º do art. 33, com a presente pesquisa
verifica-se que juízes de primeira instância, em São Paulo, continuam aplicando tratamento desproporcional ao delito, em comparação
com outros delitos sem violência de igual pena.” Alguns julgados – prossegue o relatório – “são expressos em sua afronta à
jurisprudência dominante das cortes superiores, tecendo palavras fortes contra a evolução interpretativa e constituindo, dentro da sua
esfera de poder, um espaço blindado contra o tratamento proporcional aos condenados por tráfico de drogas, em qualquer grau.” 15.
Pelos dados do Núcleo de Segunda Instância e Tribunais Superiores - Brasília/DF, a Defensoria Pública de São Paulo em 2019, dos
11.181 habeas corpus impetrados no STJ, a ordem foi concedida em 6.869 feitos, 61,43% das impetrações.

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PROCESSO: HC 596603
Mais ainda, aquela Defensoria evidenciou que, no período da pandemia, conforme Levantamento do Núcleo Especializado de Situação
Carcerária da Defensoria Pública de São Paulo, em casos de reconhecido tráfico de menor monta (pouca quantidade de drogas, réus
com bons antecedentes e sem provas de anterior atividade ilícita e de integração a organização criminosa), de 64 casos em que
Câmaras Criminais do TJSP mantiveram a condenação de acusados por tráfico privilegiado, 53 foram reformadas pelo STJ, ou seja, cerca
de 82,80% dos pacientes obtiveram decisão concessiva. 16. Esses dados são a tradução, inequívoca e indesmentível de que o volume de
trabalho das Turmas Criminais do Superior Tribunal de Justiça, ocupadas em mais de 50% por habeas corpus oriundos do Tribunal de
Justiça de São Paulo (dos 68.778 habeas Corpus distribuídos no STJ em 2019, 35.534 vieram daquele Tribunal), em boa parte se resume
a simplesmente reverter Documento: 114960801 - EMENTA / ACORDÃO - Site certificado - DJe: 22/09/2020 Página 5 de 9 Superior
EMENTA Tribunal de Justiça decisões que, contrárias às súmulas e à jurisprudência das Cortes Superiores, continuam a grassar, crescentemente,
em algumas das 16 Câmaras Criminas daquele Tribunal. 17. Essa insistente desconsideração de alguns órgãos judicantes às diretrizes
normativas derivadas das Cortes de Vértice produz um desgaste permanente da função jurisdicional, com anulação e/ou repetição de
atos, e implica inevitável lesão financeira ao erário, bem como gera insegurança jurídica e clara ausência de isonomia na aplicação da lei
aos jurisdicionados. 18. Em suma, diante da mesma situação factual – tráfico de pequena monta, agente primário, sem antecedentes
penais, sem prova de vínculo com organização criminosa e de exercício de atividade criminosa (que não seja, é claro, a específica
mercancia ilícita eventual que lhe rendeu a condenação) –, há de reconhecer-se que: 18.1. A Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execuções
Penais), em seu art. 112, § 5º (com a redação que lhe conferiu a Lei n. 13.964/2019) é expressa em dizer que “§ 5º Não se considera
hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de
agosto de 2006”; 18.2. O Ministério Público, a par da função exclusiva de exercitar a ação penal pública, é também constitucionalmente
incumbido da "defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis" (art. 127, caput, da

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PROCESSO: HC 596603
da C.R.), e deve agir de acordo com critérios de objetividade, compromissado, pois, com o direito (custos iuris) e com a verdade
(obbligo di veritá, na dicção de LUIGI P. COMOGLIO e VLADIMIRO ZAGREBELSKY, Modelo accusatorio e deontologia dei comportamenti
processuali nella prospettiva comparatistica. Rivista Italiana di Diritto e Procedura Penale. Milano: Giuffrè, ano 36, fasc. 2 – aprile-
giugno/1993, p. 484). Logo, a acusação formulada pelo Ministério Público há de consubstanciar uma imputação responsavelmente
derivada da realidade fático-jurídica evidenciada pelo simples exame do inquérito policial, muitas vezes já indicativa de que não se
cuida de hipótese de subsunção da conduta do agente ao crime de tráfico de drogas positivado no caput do art. 33 da LAD. 18.3. A
jurisprudência dos Tribunais Superiores – quer por meio de úmulas (verbetes n. 718 e 719 do STF e 440 do STJ), quer por meio de
julgamentos proferidos pela composição Plena do Supremo Tribunal Federal, seguidos por inúmeros outros julgamentos da mesma
EMENTA Corte e do STJ – é uníssona e consolidada no sentido de que: 18.3.1. Não se pode impor regime prisional mais gravoso do que o cabível
em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito e sem a idônea motivação, que não pode decorrer da
mera opinião do julgador; 18.3.2. O condenado por crime de tráfico privilegiado, nos termos do art. 33. § 4º, da Lei n. 11.343/2006, a
pena inferior a 4 anos de reclusão, faz jus a cumprir a reprimenda em regime inicial aberto ou, excepcionalmente, em semiaberto,
desde que por motivação idônea, não decorrente da mera natureza do crime, de sua gravidade abstrata ou da opinião pessoal do
julgador; 18.3.3. O condenado por crime de tráfico privilegiado, nas condições e nas ressalvas da alínea anterior, faz jus à substituição
da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos; 18.3.4. O autor do crime previsto no art. 33, § 4º da LAD não pode permanecer
preso preventivamente, após a sentença (ou mesmo antes, se a segregação cautelar não estiver apoiada em quadro diverso), porque:
a) O Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal – e copiosa jurisprudência das Cortes Superiores – afastou a vedação à liberdade
provisória referida no art. 44 da LAD; b) Não é cabível prisão preventiva por crime punido com pena privativa máxima igual ou inferior a
4 anos (art. 313, I do Código de Processo Penal;

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PROCESSO: HC 596603
c) O tempo que o condenado eventualmente tenha permanecido preso deverá ser computado para fins de determinação do regime inicial de pena
privativa de liberdade (art. 387, § 2º do CPP), o que, a depender do tempo da custódia e do quantum da pena arbitrada, implicará imediata soltura
do sentenciado, mesmo se fixado o regime inicial intermediário, ou seja, o semiaberto (dado que, como visto, não se mostra possível a inflição de
regime fechado ao autor de tráfico privilegiado). 19. Essas são, portanto, as diretrizes que devem ser observadas – e normalmente o são, pela
maioria de juízes e tribunais de todo o país –, por decorrerem de precedentes qualificados das Cortes Superiores (súmulas de jurisprudência,
julgamentos pelo Tribunal Pleno do STF, recursos especiais julgados sob o rito dos recursos repetitivos do STJ, e extraordinários em repercussão
geral, pelo STF), sobre questões jurídicas assentadas a partir da mesma situação fática, sempre ressalvada, naturalmente, a eventual indicação de
peculiaridades do caso examinado, a permitir, mediante idônea e responsável motivação, distinguir a hipótese em julgamento da que fora decidida
nos referidos precedentes. 20. Na espécie, a gravidade excepcional do delito não se sustenta, visto que o crime foi praticado em circunstâncias
EMENTA inerentes à caracterização da própria figura delitiva em apreço e, embora apreendidas cocaína e crack, a quantidade da droga, ao contrário do
afirmado, não foi relevante (5,6 g no total). 21. Habeas Corpus concedido, para: 21.1. Em relação ao paciente individualizado na impetração, fixar o
regime aberto como modo inicial de cumprimento da pena. 21.2. Em relação aos presos que, conforme informação da Secretaria de Administração
Penitenciária do Estado de São Paulo, se encontrem na mesma situação (condenados, por delito de tráfico privilegiado, a 1 ano e 8 meses, em regime
fechado), fixar o regime aberto. 21.3. Em relação aos presos condenados, pelo delito de tráfico privilegiado, a penas menores do que 4 anos de
reclusão – salvo os casos do item anterior – determinar que os respectivos juízes das Varas de Execução Penal competentes e responsáveis pela
execução das sanções dos internos reavaliem, com a máxima urgência, a situação de cada um, de modo a verificar a possibilidade de progressão ao
regime aberto em face de eventual detração penal decorrente do período em que tenham permanecido presos cautelarmente. 21.4. Aos
condenados que atualmente cumprem pena por crime de tráfico privilegiado, em que se reconhecem todas as circunstâncias como favoráveis, e aos
que vierem a ser sancionados por tal ilicitude (mesmas circunstâncias fáticas), determinar que não se imponha – devendo haver pronta correção aos
já sentenciados – o regime inicial fechado de cumprimento da pena. Determinação para que se dê cumprimento desta ordem de Habeas Corpus,
inclusive para que se providencie, junto aos respectivos juízos, a imediata expedição de alvarás de soltura aos presos que, beneficiados pelas medidas
ora determinadas, não estejam presos por outros motivos.

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ESTUDO DE CASO 023
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
O Dec. 20.910/32 inibe a prescrição trintenária modulada pelo
O estado do Amazonas atacava decisão do TJAM que impôs
STF para as parcelas do FTGS inadimplidas pessoas de direito
condenação de pagar verbas trabalhistas e FGTS a uma
público?
servidora temporária contratada irregularmente para
laborar entre 04/2010 e 03/2017. Para tanto, pedia a
DADOS JULGAMENTO: aplicação da prescrição de 5 anos, sob o argumento de que,
REsp 1.841.538 – AM, STJ, Primeira Turma, Min. Regina Helena em face da regra do art. 1º do Dec. 20.910/32, não se
Costa, d. 24/08/2020. aplicaria às pessoas de direito público o precedente do STF
que modulou a incidência da prescrição trintenária sobre
SPOILER : parcelas do FGTS.
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 095)

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Incide a prescrição trintenária do FGTS sobre todas as relações de trabalho celetistas anteriores ou em curso no
momento do julgamento do Tema 608 pelo STF, desde que a respectiva ação tenha sido proposta até 13/11/19
(após a prescrição será quinquenal);

PALAVRAS-CHAVE:
FGTS. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. STF. MODULAÇÃO. PRAZO DE 30 ANOS. AÇÕES EM CURSO ATÉ 13/11/19.

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PROCESSO: REsp 1.841.538 - AM

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. NULIDADE DO CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. DIREITO AO FGTS. RE N.


765.320/RG. PRAZO PRESCRICIONAL PARA O RECEBIMENTO DOS VALORES DEVIDOS. ARE N. 709.212/DF. APLICAÇÃO.
MODULAÇÃO DOS EFEITOS. SEGURANÇA JURÍDICA. TERMO INICIAL DO CONTRATO DE TRABALHO ANTERIOR AO
JULGAMENTO DA REPERCUSSÃO GERAL. MOMENTO DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO DE COBRANÇA. DEFINIÇÃO DO PRAZO
PARA RECEBIMENTO DAS PARCELAS VENCIDAS. TRINTENÁRIO. QUINQUENAL. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. I - O
Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE n. 765.320/RG (Tema n. 916), concluiu que "a contratação por tempo
determinado para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público realizada em
EMENTA desconformidade com os preceitos do art. 37, IX, da Constituição Federal, não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos
em relação aos servidores contratados, com exceção do direito à percepção dos salários referentes ao período
trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço – FGTS.". II - No julgamento do ARE n. 709.212/DF (Tema n. 608), em 13.11.2014, o Supremo
Tribunal Federal, por maioria, declarou a inconstitucionalidade dos arts. 23, § 5º, da Lei n. 8.036/1990, e 55 do Decreto n.
99.684/1990, na parte em que ressalvam o “privilégio do FGTS à prescrição trintenária”, e fixou a seguinte tese: "O prazo
prescricional aplicável à cobrança de valores não depositados no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) é
quinquenal, nos termos do art. 7º, XXIX, da Constituição Federal.”. III - A aplicação do Tema n. 608/STF não se restringe
aos litígios que envolvam pessoa jurídica de direito privado, incidindo também em demandas que objetivam a cobrança
do FGTS, independentemente da natureza jurídica da parte ré. Precedentes. (...).

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PROCESSO: Resp 1.841.538 - AM

(...). IV - O Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de garantir a segurança jurídica e evitar surpresa,
modulou o entendimento firmado no ARE n. 709.212/DF, adotando efeitos ex nunc de forma que aos
contratos de trabalho em curso no momento do julgamento da repercussão geral submetam-se a uma
EMENTA de duas hipóteses : (i) se o ajuizamento da ação, objetivando o recebimento das parcelas do FGTS,
ocorreu até 13.11.2019, aplica-se a prescrição trintenária, ou seja, o trabalhador tem direito ao
recebimento das parcelas vencidas no período de 30 anos antes do ajuizamento da ação; e (ii) se o
ajuizamento da ação, objetivando o recebimento das parcelas do FGTS, ocorreu após 13.11.2019,
aplica-se a prescrição quinquenal, ou seja, o trabalhador faz jus somente ao recebimento das parcelas
vencidas no período de 5 anos antes do ajuizamento da ação. V - Recurso Especial improvido.

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ESTUDO DE CASO 024
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
É obrigatório o desmembramento imobiliário prévio para se Uma empresa propôs recurso sustentando a desnecessidade
ajuizar ação de adjudicação compulsória? de averbação do desmembramento como condição para a
ação de adjudicação compulsória. Os donos da referida
empresa alegaram ter sido coagidos por um auditor fiscal a
celebrar contrato de compra e venda de imóvel com uma
DADOS JULGAMENTO: empresa indicada por ele, como condição para se livrarem
de uma cobrança tributária. O TJSP concluiu que os
RESP 1.851.104 – SP, STJ, Terceira Turma, M. Ricardo Villas Bôas
empresários vendedores do imóvel não foram coagidos,
Cueva, d. 24/08/2020. mas pactuaram livremente o negócio com a intenção ilegal
de não pagar os impostos devidos. Como a escritura
definitiva não foi outorgada pelos vendedores, a empresa
compradora ajuizou a ação de adjudicação compulsória,
mas o pedido foi julgado improcedente em primeira e
SPOILER : segunda instâncias, pois o imóvel negociado era parte de
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 096) um terreno maior que não tinha parcelamento registrado
em cartório.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> A averbação do desmembramento de imóvel urbano devidamente aprovado pelo município (que gera matrícula
própria) é condição para a propositura de ação de adjudicação compulsória;

=> o art. 37 da Lei de Parcelamento do Solo Urbano impede a venda de parcela de loteamento ou
desmembramento não registrado;

PALAVRAS-CHAVE:
IMÓVEL. ALIENAÇÃO. REGISTRO. RECUSA DO ALIENANTE. ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. PRÉVIO
DESMEMBRAMENTO. EXIGÊNCIA.

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PROCESSO: RESP 1.851.104 - SP

RECURSOS ESPECIAIS. REGISTROS PÚBLICOS. AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO DE
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. AÇÃO DE DESPEJO COM RECONVENÇÃO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ART. 535 DO
CPC/1973. NÃO OCORRÊNCIA. CONTRATO DE COMPRA E VENDA. IMÓVEL. DESMEMBRAMENTO. AVERBAÇÃO. NECESSIDADE.
MATRÍCULA INDIVIDUALIZADA. AUSÊNCIA. REGISTRO DO TÍTULO. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA. ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. AÇÃO.
CONDIÇÃO. COAÇÃO. FALTA DE PAGAMENTO DO PREÇO. ALEGAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. INVIABILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ. 1.
Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs
2 e 3/STJ). 2. Os recursos especiais têm origem em três ações (ação de adjudicação compulsória, ação de anulação de negócio jurídico
de compra e venda de imóvel e ação de despejo com reconvenção) julgadas em sentença única. 3. As questões controvertidas nos
presentes recursos especiais podem ser assim resumidas: (i) se o acórdão recorrido padece de vício de nulidade por negativa de
EMENTA prestação jurisdicional; (ii) se a ausência de averbação do desdobro do imóvel prometido à venda no Registro de Imóveis é obstáculo à
procedência da ação de adjudicação compulsória; (iii) se o negócio jurídico de compra e venda está viciado pela coação e (iv) se houve
pagamento do preço pela venda do imóvel objeto do contrato. 4. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de
origem motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com a aplicação do direito que entende cabível à hipótese,
apenas não no sentido pretendido pela parte. 5. A averbação do desmembramento do imóvel urbano, devidamente aprovado pelo
Município, é formalidade que deve anteceder qualquer registro da área desmembrada. 6. A existência de imóvel registrável é
condição específica da ação de adjudicação compulsória. 7. No caso dos autos, o desmembramento do terreno não foi averbado na
matrícula do imóvel, condição indispensável para a procedência da ação de adjudicação compulsória. 8. A inversão das conclusões
das instâncias de cognição plena - quanto às alegações de coação e de ausência de pagamento do preço - demandaria o reexame de
matéria fático-probatória, procedimento inviável em recurso especial, nos termos da Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça. 9.
Recursos especiais não providos.

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ESTUDO DE CASO 025
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Em ação de despejo é obrigatória a notificação prévia para
Na ação, a proprietária afirmou que não tinha mais interesse
validade da ação de despejo imotivada?
no aluguel e, diante da resistência do locatário em
desocupar o imóvel, pedia que ele fosse condenado a sair. O
DADOS JULGAMENTO: juiz decretou a rescisão do contrato e deu 30 dias para a
REsp 1.812.465 – MG, STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi, desocupação voluntária do imóvel, mas o TJMG extinguiu a
d. 18/05/2020. ação por falta de notificação do locatário.

SPOILER :
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 097)

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> É obrigatória a prévia notificação (apesar de não haver previsão legal) do locatário sobre o encerramento do
contrato de locação por denúncia vazia (ou imotivada) para a validade de posterior ação de despejo;

=> A única exceção à necessidade de notificação premonitória é o ajuizamento da ação de despejo nos 30 dias
subsequentes ao término do prazo do contrato de locação;

PALAVRAS-CHAVE:
LOCAÇÃO. DENÚNCIA VAZIA (IMOTIVADA). DESPEJO. PRÉVIA NOTIFICAÇÃO PREMONITÓRIA. NECESSIDADE.
EXCEÇÃO. INEXISTÊNCIA NO CASO. RENOVAÇÃO POR TEMPO INDETERMINADO. DESOCUPAÇÃO. PRAZO MÍNIMO.
30 DIAS. QUESTÃO SOCIAL.

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PROCESSO: REsp 1.812.465 - MG

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. LOCAÇÃO RESIDENCIAL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. AÇÃO DE


DESPEJO. DENÚNCIA VAZIA. NOTIFICAÇÃO PREMONITÓRIA. AUSÊNCIA. OBRIGATORIEDADE. EXTINÇÃO,
SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. 1. Ação ajuizada em 11/04/2016. Recurso especial interposto em
23/05/2018 e atribuído a este gabinete em 31/11/2018. 2. O propósito recursal diz respeito à necessidade
de notificação premonitória como pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e regular do
processo. 3. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como violados, não obstante a
EMENTA interposição de embargos de declaração, impede o conhecimento nessa parte do recurso especial. 4.
Mesmo de forma indireta, o STJ já apontava para a obrigatoriedade da ocorrência da notificação
premonitória, ao denominá-la de “necessária” ou mesmo de “obrigatória”. 5. A necessidade de
notificação premonitória, previamente ao ajuizamento da ação de despejo, encontra fundamentos em
uma série de motivos práticos e sociais, e tem a finalidade precípua de reduzir os impactos negativos que
necessariamente surgem com a efetivação do despejo. 6. “Caso a ação de despejo seja ajuizada sem a
prévia notificação, deverá ser extinto o processo, sem a resolução do mérito, por falta de condição
essencial ao seu normal desenvolvimento”. 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte,
não provido.

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ESTUDO DE CASO 026
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
MP do Trabalho tem legitimidade para atuar no STJ como parte? Em conflito de competência, o colegiado manteve decisão
segundo a qual cabe à JF julgar ACP em que se discute o
recolhimento da contribuição destinada ao Plano de
Assistência Social (Lei 4.870/65) por indústria do segmento
DADOS JULGAMENTO: sucroalcooleiro. No julgamento do conflito de competência,
os ministros anularam as decisões que haviam sido
AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 122940 – MS, STJ, proferidas pela JT na ação. No pedido de reconsideração do
Primeira Seção, Min. Regina Helena Costa, d. 16/04/2020. julgamento, o MPT (que propôs a ação civil pública em
primeiro grau) defendeu seu direito de intervir no processo,
invocando, a interpretação extensiva da jurisprudência do
STJ segundo a qual os MPEs podem atuar em recursos que
tramitam na Corte quando forem os autores das ações
SPOILER : originais na JE. Segundo o MPT, nos tribunais superiores, não
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 098) é possível confundir a atuação do MP como parte da ação e
como fiscal da lei (papel reservado ao MPF), entendimento
que também teria sido firmado pelo STF.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Integrante do MPU, o MPT tem competência constitucional para atuar perante a JT, mas não há para atuar
como parte em processos no STJ (reservada aos membros do MPF);

=> o STF adotou a tese (com repercussão geral) de que os MPEs podem atuar diretamente como partes nos
tribunais superiores, em razão da não existência de vinculação ou subordinação entre eles e o MPU;

PALAVRAS-CHAVE:
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇAS FEDERAL E DO TRABALHO. MP DO TRABALHO. ATUAÇÃO DIRETA NO STJ.
VEDAÇÃO. RESTRIÇÃO À SEARA TRABALHISTA. CAUSA PRÓPRIA. PRECEDENTE DO STF PARA MPs ESTADUAIS.
INAPLICABILIDADE. DEVER FUNCIONAL DO MPF ATUAR PERANTE O STJ. ILEGITIMIDADE RECURSAL.

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PROCESSO: AgRg no CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 122940 - MS

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


DE 1973. APLICABILIDADE. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO
DIRETAMENTE PERANTE O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. IMPOSSIBILIDADE. ILEGITIMIDADE
RECURSAL. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO. I – Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte
na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do
EMENTA provimento jurisdicional impugnado. In casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 1973. II – Os
Ministérios Públicos dos Estados podem atuar, diretamente, na condição de partes, perante os Tribunais
Superiores, em razão da não existência de vinculação ou subordinação entre o Parquet Estadual e o
Ministério Público da União. Precedentes. III – Tal orientação, todavia, não pode ser amoldada ao
Ministério Público do Trabalho, órgão vinculado ao Ministério Público da União, conforme dispõe o art.
128, I, b, da Constituição da República. Ausente a legitimidade recursal do ora Agravante. V – Agravo
regimental não conhecido.

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ESTUDO DE CASO 027
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
É possível alteração no registro de nascimento de pessoa que não Recorrente buscava a supressão do prenome em razão de
se identifica com o prenome? ser conhecida em seu meio social e familiar apenas por
Luíza. Ela argumentou que não tem identificação com o
prenome Ana, o qual lhe causa aversão e antipatia, pois foi
registrado pelo pai, com quem não tem vínculo. O pedido
DADOS JULGAMENTO: foi julgado procedente em primeiro grau, diante das provas
de que a autora da ação é socialmente identificada apenas
REsp 1.514.382 – DF, STJ, Quarta Turma, Min. Antonio Carlos
por Luíza. Ao dar provimento ao recurso do MP, o TJDFT
Ferreira, d. 01/09/20. afirmou que o caso não se amoldaria a nenhuma das
hipóteses excepcionais da Lei 6.015/73, que permitem a
alteração do prenome. A autora recorreu ao STJ.

SPOILER :
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 099)

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> a não identificação com o prenome autoriza a sua supressão na certidão de nascimento, caso não se verifique
risco de descontinuidade da identificação civil, além de constatar a comprovação de justo motivo e a ausência de
má-fé;

=> O art. 16 do CC, prevê que o direito ao nome está constitucionalmente garantido pelo princípio basilar da
dignidade humana, fazendo parte do rol dos direitos da personalidade;

PALAVRAS-CHAVE:
PRENOME. SUPRESSÃO. EXCEÇÃO. MOTIVO PESSOAL. AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO SOCIAL. EXCEPCIONALIDADE.
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. LEGALIDADE ESTRITA MITIGADA. AUTORIZAÇÃO CONCEDIDA.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 028
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Certidão negativa de débito tributário é requisito obrigatório
No recurso a Fazenda Nacional argumentou que acórdão do
para recuperação judicial?
TJSP contrariou a Lei 11.101/05 (Lei de Recuperação e
Falência) ao manter a homologação do plano de
DADOS JULGAMENTO: recuperação judicial de sociedades sem a apresentação de
REsp 1.864.625 – SP, STJ, Terceira Turma, Min. Nacy Andrighi, d. certidão negativa de débito tributário, requisito expresso
26/06/2020. tanto na LRF quanto no CTN.

SPOILER :
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 100)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> a apresentação de certidões negativas de débitos tributários não constitui requisito obrigatório para a
concessão da recuperação judicial do devedor, pois a interpretação literal do art. 57 da Lei 11.101/05 e do art. 191-
A do CTN levaria ao sepultamento do novo instituto (REsp 1.187.404); (proporcionalidade);

PALAVRAS-CHAVE:
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CERTIDÕES NEGATIVAS DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. CONDIÇÃO PARA O DEFERIMENTO.
PROPORCIONALIDADE. DISPENSA. RISCO DE TORNAR INÓCUO O INSTITUTO. INTERPRETAÇÃO LITERAL AFASTADA.
EMPRESA. PRESERVAÇÃO. FUNÇÃO SOCIAL.

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PROCESSO: REsp 1.864.625 - SP

RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CERTIDÕES NEGATIVAS DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. ART. 57 DA LEI
11.101/05 E ART. 191-A DO CTN. EXIGÊNCIA INCOMPATÍVEL COM A FINALIDADE DO INSTITUTO. PRINCÍPIO DA
PRESERVAÇÃO DA EMPRESA E FUNÇÃO SOCIAL. APLICAÇÃO DO POSTULADO DA PROPORCIONALIDADE.
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA LEI 11.101/05. (...). 2. O propósito recursal é definir se a apresentação das
certidões negativas de débitos tributários constitui requisito obrigatório para concessão da recuperação judicial
do devedor. 3. O enunciado normativo do art. 47 da Lei 11.101/05 guia, em termos principiológicos, a
operacionalidade da recuperação judicial, estatuindo como finalidade desse instituto a viabilização da superação
EMENTA da situação de crise econômico-financeira do devedor, a permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego
dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função
social e o estímulo à atividade econômica. Precedente. 4. A realidade econômica do País revela que as sociedades
empresárias em crise usualmente possuem débitos fiscais em aberto, podendo-se afirmar que as obrigações
dessa natureza são as que em primeiro lugar deixam de ser adimplidas, sobretudo quando se considera a elevada
carga tributária e a complexidade do sistema atual. 5. Diante desse contexto, a apresentação de certidões
negativa de débitos tributários pelo devedor que busca, no Judiciário, o soerguimento de sua empresa encerra
circunstância de difícil cumprimento. 6. Dada a existência de aparente antinomia entre a norma do art. 57 da
LFRE e o princípio insculpido em seu art. 47 (preservação da empresa), a exigência de comprovação da

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PROCESSO: REsp 1.864.625 - SP

regularidade fiscal do devedor para concessão do benefício recuperatório deve ser interpretada à luz do
postulado da proporcionalidade. 7. Atuando como conformador da ação estatal, tal postulado exige que a medida
restritiva de direitos figure como adequada para o fomento do objetivo perseguido pela norma que a veicula,
além de se revelar necessária para garantia da efetividade do direito tutelado e de guardar equilíbrio no que
concerne à realização dos fins almejados (proporcionalidade em sentido estrito). 8. Hipótese concreta em que a
exigência legal não se mostra adequada para o fim por ela objetivado – garantir o adimplemento do crédito
tributário –, tampouco se afigura necessária para o alcance dessa finalidade: (i) inadequada porque, ao impedir a
EMENTA concessão da recuperação judicial do devedor em situação fiscal irregular, acaba impondo uma dificuldade ainda
maior ao Fisco, à vista da classificação do crédito tributário, na hipótese de falência, em terceiro lugar na ordem
de preferências; (ii) desnecessária porque os meios de cobrança das dívidas de natureza fiscal não se suspendem
com o deferimento do pedido de soerguimento. Doutrina. 9. Consoante já percebido pela Corte Especial do STJ,
a persistir a interpretação literal do art. 57 da LFRE, inviabilizar-se-ia toda e qualquer recuperação judicial (REsp
1.187.404/MT). 10. Assim, de se concluir que os motivos que fundamentam a exigência da comprovação da
regularidade fiscal do devedor (assentados no privilégio do crédito tributário), não tem peso suficiente –
sobretudo em função da relevância da função social da empresa e do princípio que objetiva sua preservação –
para preponderar sobre o direito do devedor de buscar no processo de soerguimento a superação da crise
econômico-financeira que o acomete. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.

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ESTUDO DE CASO 029
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Direito de prestar depoimento por escrito se aplica nas hipóteses
Trata-se de requerimento feito pelo PGR, para que o
em que os titulares do direito figuram como investigados/réus?
Presidente da República prestasse depoimento por escrito
junto ao inquérito instaurado contra ele e o ex-ministro da
DADOS JULGAMENTO: Justiça e Segurança Pública.
Inq 4831, STF, Segunda Turma, Min. Celso de Mello, d.
10/09/2020.

SPOILER :
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 103)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Presidente da República não tem direito a prestar depoimento por escrito quando ostentar a condição de
investigado, pois, no entender do Min. Celso de Mello, o art. 221, caput e § 1º, do CPP fica restrito às hipóteses de
testemunha ou vítima;

PALAVRAS-CHAVE:
PRESIDENTE DA REPÚBLICA. DEPOIMENTO POR ESCRITO. DIREITO. TESTEMUNHA OU VÍTIMA. RESTRIÇÃO.
HIPÓTESE DE INVESTIGADO. DEPOIMENTO PESSOAL. OBRIGATORIEDADE.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 030
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Pensão por morte de ex-governadores também ficam sujeitas à O governador do Pará ajuizou ADPF, para declarar que o art.
declaração de inconstitucionalidade da aposentadoria especial a 4º da Lei 5.360/86, não foi recepcionado pela CF. Contestou
também decisões judiciais que mantinham o pagamento do
eles concedidas por norma estadual? benefício, correspondente a 85% da remuneração de
desembargador do TJPA. O governador argumentava que a
Corte já havia decidido, no julgamento da ADI 4.552, pela
DADOS JULGAMENTO: inconstitucionalidade do art. 305, §1º, da CE do Pará, que
previa o pagamento de valores a título de representação a
ADPF 590, STF, Plenário, Min. Luis Fux, d. 08/09/2020.
ex-governadores. Com a decisão, também teriam sido
suspensas as pensões pagas às viúvas e aos filhos menores
de ex-governadores. No entanto, o TJPA deferiu medidas
SPOILER : cautelares para manter o benefício, com fundamento no art.
4º da Lei 5.360/86.
SPOILER DO DIA 12/09/2020 (nº 104)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=>Também as pensões por morte (viúvas e filhos menores) ficam sujeitas à inconstitucionalidade do benefício de
aposentadoria especial concedido por lei local a ex-governadores;

=> Simetria com a ordem federal que, a partir da CF/88, deixou de conceder aposentadoria especial a ex-
Presidentes;

PALAVRAS-CHAVE:
EX-GOVERNADORES. APOSENTADORIA ESPECIAL. CONCESSÃO APÓS CF/88. SIMETRIA COM A ESFERA FEDERAL.
INCONSTITUCIONALIDADE. PENSÃO POR MORTE. EXTENSÃO. NATUREZA ALIMENTAR. MODULAÇÃO.
IRREPETIBILIDADE.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: ADPF 590

Ementa: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. ARTIGO 4º DA LEI 5.360/1986 DO


ESTADO DO PARÁ. CONCESSÃO DE PENSÃO ÀS VIÚVAS E FILHOS MENORES DE EX-GOVERNADORES. NÃO
RECEPÇÃO PELA ORDEM CONSTITUCIONAL INAUGURADA PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.
INCOMPATIBILIDADE COM OS PRINCÍPIOS REPUBLICANO, DA IMPESSOALIDADE E DA MORALIDADE
ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. NATUREZA ALIMENTAR DAS
VERBAS RECEBIDAS DE BOA-FÉ. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. ARGUIÇÃO CONHECIDA E JULGADO
PROCEDENTE O PEDIDO. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO PARA AFASTAR O DEVER DE
RESSARCIMENTO DOS VALORES RECEBIDOS ATÉ A DATA DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO. 1. A arguição de
descumprimento de preceito fundamental é meio processual adequado para veicular controvérsia a respeito da recepção
EMENTA de direito pré-constitucional, considerada sua compatibilidade com a Constituição Federal de 1988. Precedente: ADPF 33,
Rel. Min. Gilmar Mendes, Plenário, DJ de 27/10/2006. 2. O artigo 4º da Lei 5.360/1986 do Estado do Pará estabelece o
pagamento de pensão à viúva e filhos menores de quem tiver exercido, em caráter permanente, o cargo de Governador do
Estado, no valor correspondente a 85% (oitenta e cinco por cento) da remuneração do cargo de Desembargador do
Tribunal de Justiça do Estado. 3. O princípio republicano apresenta conteúdo contrário à prática do patrimonialismo na
relação entre os agentes do Estado e a coisa pública, o que se verifica no caso sub examine. 4. Os princípios da
impessoalidade e da moralidade administrativa vedam a instituição de tratamento privilegiado sem motivo razoável, tal qual
o estabelecido em proveito de familiares de quem não mais exerce função pública ou presta qualquer serviço à
Administração Pública. Precedentes: ADI 4.552, Rel. Min. Cármen Lúcia, Plenário, DJe de 14/2/2019; ADI 3.418, Rel. Min.
Dias Toffoli, Plenário, DJe de 4/12/2018; ADI 4.552-MC, Rel. Min. Cármen Lúcia, Plenário, DJe de 9/6/2015; ADI 3.853,
Rel. Min. Cármen Lúcia, Plenário, DJe de 26/10/2007.

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PROCESSO: ADPF 590
5. O direito adquirido não configura fundamento idôneo para a continuidade do pagamento de benefício fundado em
previsão incompatível com a Constituição. Precedentes: AO 482, Rel. Min. Cármen Lúcia, Plenário, DJe de 25/5/2011; AI
410.946-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Plenário, DJe de 7/5/2010; RE 563.965, Rel. Min. Cármen Lúcia, Plenário, DJe de
20/3/2009. 6. A segurança jurídica impõe a modulação dos efeitos da decisão, a fim de que a sanatória de um vício não
propicie o surgimento de panorama igualmente inconstitucional, máxime em razão do caráter alimentar das verbas
percebidas, afetando de maneira desarrazoada a intangibilidade do patrimônio. Precedentes: ADI 4.884-ED, Rel. Min. Rosa
EMENTA
Weber, Plenário, DJe de 8/10/2018; ADI 3.791, Rel. Min. Ayres Britto, Plenário, DJe de 27/08/2010. 7. Arguição de
descumprimento de preceito fundamental conhecida e julgado procedente o pedido, para declarar a não recepção do artigo
4º da Lei 5.360/1986 do Estado do Pará pela ordem constitucional inaugurada pela Constituição Federal de 1988. 8.
Modulação dos efeitos da decisão para assentar a inexigibilidade de devolução dos valores recebidos pelos beneficiários
da norma não recepcionada até a data da publicação do acórdão.
(ADPF 590, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 08/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-235 DIVULG
23-09-2020 PUBLIC 24-09-2020)

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ESTUDO DE CASO 031
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
As taxas de administração de cartão de crédito pagas pelas
empresas vendedoras às operadoras integram a base de cálculo No processo, uma empresa argumentava que o valor
(faturamento) da contribuição social da PIS/COFINS?
recolhido e posteriormente repassado às administradoras
de cartão de crédito não adere ao patrimônio do negócio e,
DADOS JULGAMENTO: por isso, não poderia integrar o conceito de receita e
RE 1049811 – Repercussão Geral Tema 1024, STF, Plenário, Min. faturamento, base de cálculo do PIS e da COFINS.
Alexandre de Moraes, d. 09/09/2020.

SPOILER :
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 105)

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> As taxas pagas às administradoras de cartões de crédito e débito devem ser incluídas, pelas empresas
vendedoras, na sua base de cálculo PIS/CONFINS (faturamento), pois é irrelevante o destino dado ao valor faturado
com vendas e/ou prestação de serviços;

PALAVRAS-CHAVE:
PIS/COFINS. FATURAMENTO. DESPESAS COM TAXAS DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÕES. BASE DE CÁLCULO.
EXCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 032
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Estado tem responsabilidade civil por atos praticados por
presos foragidos? O governo de Mato Grosso foi condenado ao
pagamento de indenização por danos morais e
materiais em razão de latrocínio praticado por um
sentenciado três meses após ter fugido do presídio
DADOS JULGAMENTO: onde cumpria pena em regime fechado. O TJMT
RE 608880 – Repercussão Geral – Tema 362 , STF, Plenário, Min. reconheceu a negligência da administração pública no
emprego de medidas de segurança carcerária e
Alexandre de Moraes, j. 08/09/2020.
entendeu que havia nexo causal entre a fuga e o crime.
No recurso ao STF, o governo estadual sustentava que a
fuga havia ocorrido em novembro de 1999, e o crime
SPOILER : fora praticado em fevereiro de 2000, o que afastaria o
nexo causal. Também argumentava que não poderia ser
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 106) responsabilizado por crimes praticados por terceiros.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Estado só responde por ilícito praticado por foragido do sistema prisional quando for demonstrado o nexo
causal entre o momento da fuga e o delito;

PALAVRAS-CHAVE:
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. SISTEMA CARCERÁRIO. FUGA. CRIME POSTERIOR COMETIDO.
QUABRA DO NEXO CAUSAL. AFASTAMENTO DA RESPONSABILIDADE.

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PROCESSO: RE 608880 – Repercussão Geral – Tema 362
EMENTA. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ART. 37, § 6º, DA
CONSTITUIÇÃO. PESSOA CONDENADA CRIMINALMENTE, FORAGIDA DO SISTEMA PRISIONAL. DANO CAUSADO A
TERCEIROS. INEXISTÊNCIA DE NEXO CAUSAL ENTRE O ATO DA FUGA E A CONDUTA DANOSA. AUSÊNCIA DE
DEVER DE INDENIZAR DO ESTADO. PROVIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. A responsabilidade civil das
pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público baseia-se no
risco administrativo, sendo objetiva, exige os seguintes requisitos: ocorrência do dano; ação ou omissão administrativa;
existência de nexo causal entre o dano e a ação ou omissão administrativa e ausência de causa excludente da
responsabilidade estatal. . 2. A jurisprudência desta CORTE, inclusive, entende ser objetiva a responsabilidade civil
decorrente de omissão, seja das pessoas jurídicas de direito público ou das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
EMENTA de serviço público. 3. Entretanto, o princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o
abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do Estado, nas hipóteses excepcionais
configuradoras de situações liberatórias como o caso fortuito e a força maior ou evidências de ocorrência de culpa atribuível à
própria vítima. 4. A fuga de presidiário e o cometimento de crime, sem qualquer relação lógica com sua evasão, extirpa o
elemento normativo, segundo o qual a responsabilidade civil só se estabelece em relação aos efeitos diretos e imediatos
causados pela conduta do agente. Nesse cenário, em que não há causalidade direta para fins de atribuição de
responsabilidade civil extracontratual do Poder Público, não se apresentam os requisitos necessários para a imputação da
responsabilidade objetiva prevista na Constituição Federal - em especial, como já citado, por ausência do nexo causal. 5.
Recurso Extraordinário a que se dá provimento para julgar improcedentes os pedidos iniciais. Tema 362, fixada a seguinte
tese de repercussão geral: “Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil
objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não
demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada” .
(RE 608880, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em
08/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-240 DIVULG 30-09-2020 PUBLIC 01-10-2020)
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ESTUDO DE CASO 033
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Tribunais têm autonomia administrativa para definir regras
de eleição de seus dirigentes? PGR questionava a expressão “a cada cargo”, inscrita
no §1º do art. 14 do regimento interno do TRT da 15ª
Região, segundo o qual poderão concorrer a cada cargo
de direção os quatro juízes mais antigos e elegíveis.
Esse dispositivo foi alterado em 2010, aumentando
DADOS JULGAMENTO: para cinco o número de elegíveis. A PGR apontou
ADI 3504, STF, Plenário, Min. Marco Aurélio, d. 08/09/2020. violação ao caput do art. 93 da CF, que prevê a criação
de LC, de iniciativa do STF, para dispor sobre o Estatuto
da Magistratura. Em consequência, o dispositivo
questionado seria incompatível com o art. 102 da LC
SPOILER : 35/1979, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional
(LOMAN), que prevê a eleição por antiguidade para a
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 107) direção dos tribunais.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Os tribunais possuem autonomia para definir regras de eleição de seus dirigentes, pois a CF/88 não
recepcionou o art. 102 da LOMAN, que prevê a observância obrigatória do critério da antiguidade nessas eleições
(ADI 3976);

PALAVRAS-CHAVE:
TRIBUNAIS. ELEIÇÃO. ÓRGÃOS DIRETIVOS. LOMAN. IMPOSIÇÃO DO CRITÉRIO DA ANTIGUIDADE. NÃO RECEPÇÃO.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 034
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Todas as empresas constituídas pelo poder público sob o
O governador do Pará ajuizou ADPF contra decisões
regime de personalidade de direito privado podem gozar do
judiciais que impuseram o bloqueio de contas da
regime do precatório?
EMATER-PA (empresa estatal de direito privado ligada
ao estudo e fomento de atividades rurais) para
DADOS JULGAMENTO: assegurar o pagamento de débitos trabalhistas.
ADPF 530, STF, Plenário, Min. Edson Fachin, d. 08/09/2020.
Conforme sua tese, por não atuar no mercado
concorrencial, a referida empresa pública deve estar
SPOILER : sujeita ao regime do precatório.
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 108)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Por não atuar no regime concorrencial (visando o lucro), ainda que ostente personalidade jurídica de direito
privado, a EMATER se beneficia do regime de precatórios (CF/88, art. 100), já que se equipara à entidade de direito
público;

PALAVRAS-CHAVE:
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADA CONSTITUÍDA PELO PODER PÚBLICO. EMATER. AUSÊNCIA DE ATUAÇÃO
EM REGIME CONCORRENCIAL. REGIME DE PRECATÓRIO. APLICAÇÃO EXCEPCIONAL.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 035
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Itaipu Binacional se submete às regras comuns de gestão e
controle da Administração Pública na quota parte O MPF propôs três Ações Cíveis Originárias (1957, 1905,
brasileira? 1904), onde pretendia a aplicação à Itaipu Binacional da
legislação nacional que impõe regras especiais à
Administração Pública na contratação de obras, serviços e
bens e gestão de pessoal, bem como estipula o controle
DADOS JULGAMENTO: de contas por parte do TCU. A defesa, por sua vez,
ACOs 1957, 1904 e 1905 (Ações Cíveis Originárias), STF, Plenário, defendia que somente teria incidência as regras do
tratado firmado, em 26/4/1973, entre Brasil e Paraguai
Min. Marco Aurélio, d. 08/09/2020.
para o aproveitamento hidrelétrico dos recursos hídricos
do Rio Paraná (incorporadas ao sistema jurídico brasileiro
por meio do Decreto Legislativo 23/1973 e do Decreto
SPOILER : 72.707/1973), por meio da entidade binacional
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 109) denominada Itaipu, constituída pela Eletrobrás e pela
paraguaia Ande, com igual participação no capital.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> A Itaipu Binacional está dispensada de realizar concurso público para a contratação de pessoal, bem como não
está sujeita ao controle do TCU e nem está obrigada a seguir as regras da Lei 8.666/93, pois está sujeita apenas às
regras do tratado que a constituiu e dos regulamentos que dele derivam;

PALAVRAS-CHAVE:
ITAIPU BINACONAL. APLICAÇÃO DAS REGRAS COMUNS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA COTA BRASILEIRA.
IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DAS REGRAS ESPECIAIS DEFINIDAS NO TRATADO INTERNACIONAL DE
CONSTITUIÇÃO.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: ACOs 1957, 1904 e 1905 (Ações Cíveis Originárias)

ITAIPU BINACIONAL – CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS – CONCURSO PÚBLICO –


INEXIGIBILIDADE. Não se aplica o artigo 37, inciso II, da Constituição Federal às contratações de
EMENTA empregados realizadas por Itaipu.
(ACO 1957, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 08/09/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-235 DIVULG 23-09-2020 PUBLIC 24-09-2020).

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ESTUDO DE CASO 036
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Falta de intimação do MP é causa absoluta de nulidade em
Trata-se de recurso especial proposto contra decisão de
ações envolvendo empresa em recuperação judicial?
acórdão do TJSP que anulou sentença proferida em
execução de título extrajudicial porque a ação envolvia
DADOS JULGAMENTO: empresa em recuperação e não houve a intimação do
REsp 1.765.288 - SP, STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi,
MP.
d.26/08/2020.

SPOILER :
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 110)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> A ausência de intimação do MP em feitos de interesse de empresa em recuperação judicial só geram nulidade
quando essa intervenção se mostrar indispensável (prejuízo – art. 279 do CPC), pois a lei de falência e recuperação
não impõe como absoluta tal participação;

PALAVRAS-CHAVE:
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. INTIMAÇÃO DO MP. AUSÊNCIA. NULIDADE. AUSÊNCIA.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: REsp 1.765.288 - SP

RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. EMPRESA EM


RECUPERAÇÃO JUDICIAL. MINISTÉRIO PÚBLICO. INTERVENÇÃO. OBRIGATORIEDADE. AUSÊNCIA. NULIDADE. NÃO
OCORRÊNCIA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISIDICIONAL. NÃO VERIFICAÇÃO. 1. Ação ajuizada em 1/7/2014. Recurso
especial interposto em 9/4/2018 e atribuído ao Gabinete em 3/10/2018. 2. O propósito recursal é definir se a ausência de
intervenção do Ministério Público autoriza o reconhecimento da nulidade dos atos praticados em execução de título
extrajudicial onde figura como parte empresa em recuperação judicial. 3. O acórdão recorrido está devidamente
fundamentado, não apresentando qualquer dos vícios apontados pela recorrente, de modo que não se pode cogitar de
EMENTA violação ao art. 1.022 do CPC/15. 4. De acordo com o art. 279 do CPC/15, a nulidade decorrente de ausência de intimação
do Ministério Público deve ser decretada apenas quando sua intervenção como fiscal da ordem jurídica seja
imprescindível. 5. A Lei de Falência e Recuperação de Empresas não exige a atuação obrigatória do Ministério Público
em todas as ações em que empresas em recuperação judicial figurem como parte. 6. Hipótese concreta em que se
verifica a ausência de interesse público apto a justificar a intervenção ministerial, na medida em que a ação em que a
recuperanda figura como parte constitui processo marcado pela contraposição de interesses de índole
predominantemente privada, versando sobre direitos disponíveis, sem repercussão relevante na ordem econômica ou
social. 7. A anulação da sentença por ausência de intervenção do Ministério Público, na espécie, somente seria
justificável se ficasse caracterizado efetivo prejuízo às partes, circunstância que sequer foi aventada nas manifestações
que se seguiram à decisão tornada sem efeito pela Corte de origem. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E
PROVIDO

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ESTUDO DE CASO 037
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
No uso não autorizado de fotografias, o termo a quo do curso
prescricional se inicia no momento da violação do direito ou sua Uma empresa de telefonia usou, sem autorização, fotos em
ciência pela vítima? cartões telefônicos que retratavam monumentos da cidade de
São Borja (RS). A empresa e o município foram condenados
pelo TJRS, solidariamente, a pagar indenização de R$ 20 mil por
danos morais ao autor das imagens. Segundo o fotógrafo, que é
argentino naturalizado brasileiro, as fotos foram tiradas por
DADOS JULGAMENTO: volta do ano 2000, durante sua passagem pelo Brasil, mas
REsp 1.785.771 – RS, STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi, somente em 2012, quando regressou ao país, foi informado do
uso comercial das imagens. Em 2013, ele ajuizou a ação de
d. 26/08/2020. indenização. No recurso a empresa alegou a prescrição da
ação, ajuizada mais de dez anos após a impressão e
comercialização dos cartões telefônicos, em fevereiro de 2002.
SPOILER : A empresa também argumentou que não seria responsável
pelos danos morais, pois as fotos usadas foram cedidas pelo
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 112)
município, mediante "termo de cessão de direitos de uso de
imagem", no qual se declarou titular de todos os direitos
relativos às obras.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Como REGRA, o termo a quo da prescrição corresponde à data da violação do direito (CC, art. 189), MAS ela
fluirá da ciência do dano hipóteses de ilícitos extracontratuais (actio nata), como na violação de direitos autorais;

=> Art. 189 (CC/02) - Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos
prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

PALAVRAS-CHAVE:
FOTOGRAFIA. DIREITOS AUTORAIS. EXPLORAÇÃO COMERCIAL SEM AUTORIZAÇÃO. INDENIZAÇÃO. PRESCRIÇÃO.
TERMO INICIAL. CIÊNCIA DO INTERESSADO E NÃO DA OCORRÊNCIA DO ATO LESIVO.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: REsp 1.785.771 - RS

DIREITO CIVIL. PROPRIEDADE INTELECTUAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PRINCÍPIO DA ACTIO
NATA. DATA DA CIÊNCIA DA LESÃO. REPRODUÇÃO DE FOTOGRAFIAS NÃO AUTORIZADA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO
VENDEDOR. 1. Ação ajuizada em 21/01/2013. Recurso especial interposto em 23/05/2018 e concluso ao Gabinete em
23/10/2018. 2. O propósito recursal consiste em dizer acerca: (i) do termo inicial da prescrição da pretensão de indenização
por violação de direito autoral; (ii) da existência de responsabilidade da recorrente pelos danos sofridos. 3. Segundo o
princípio da actio nata, o prazo prescricional somente passa a fluir a partir do momento em que existir uma pretensão
exercitável por parte daquele que suportará os efeitos do fenômeno extintivo. 4. Como regra, esse momento, à luz do art. 189
EMENTA do CC/02, corresponde à data da violação do direito. No entanto, a jurisprudência desta Corte excepciona essa regra em
algumas hipóteses de ilícitos extracontratuais, a fim de determinar que o prazo de prescrição somente passe a correr a partir
do momento em que o ofendido tenha obtido ciência do dano, da sua extensão e da autoria da lesão. 5. É inadmissível que se
apene o titular do direito, mediante a deflagração do prazo prescricional, sem a constatação de efetiva inércia de sua parte, o
que, de seu turno, pressupõe que possa ele exercitar sua pretensão. Contudo, quando a vítima sequer tem conhecimento da
lesão ocorrida, ou de sua extensão e autoria, o exercício da pretensão resta, naturalmente, inviabilizado, não se podendo lhe
atribuir qualquer comportamento negligente. Precedentes. 6. Consoante o disposto nos arts. 102 e 104 da Lei 9.610/98,
aquele que adquire, distribui, vende ou utiliza obra fraudulenta com o objetivo de auferir proveito econômico responde
SOLIDARIAMENTE com o contrafator pela violação do direito autoral. 7. De tais dispositivos legais, depreende-se que o
legislador optou por não abrir espaço para que houvesse discussão, no que concerne à caracterização do ato ilícito, acerca da
verificação da culpa daquele que utiliza obra intelectual sem autorização com intuito de obter proveito econômico. 8. Recurso
especial conhecido e não provido.

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ESTUDO DE CASO 038
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
O aumento do volume decorrente da natural dilatação
O Estado da Paraíba apontou perdas no ICMS recolhido pelas
volumétrica do combustível provocada pelo calor constitui fato
distribuidoras de combustíveis, porque o volume do produto
gerador INDEPENDENTE de ICMS?
aferido para fins de tributação é inferior ao comercializado.
Segundo a Fazenda Pública estadual, o combustível adquirido
pelas distribuidoras para comercialização é entregue pelas
DADOS JULGAMENTO: refinarias a uma temperatura padrão definida pelos órgãos
reguladores, mas a variação da temperatura ambiente durante
REsp 1.884.431 – PB, STJ, Primeira Turma, Min. Benedito o transporte, o armazenamento e a comercialização faz com
Gonçalves, d. 11/09/2020. que o produto sofra retração ou dilatação. No caso do
Nordeste, os procuradores estaduais ressaltaram que as
temperaturas em que o combustível é comercializado são bem
superiores à padrão, o que gera ganho de volume para a
SPOILER : distribuidora. Com esses argumentos, defendeu a legalidade da
cobrança do ICMS sobre a diferença entre o volume de
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 113)
entrada e o de saída do combustível, sustentando que a
caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica
da operação que o constitui, nos termos do § 2º do art. 2º da
LC 87/96.
@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> A dilatação (e nem a retração) no volume de combustível por conta de variação da temperatura não constitui
fato gerador independente de ICMS, pois se trata de fenômeno natural, cujo efeito financeiro já é previsto na
composição do preço final do produto;

PALAVRAS-CHAVE:
ICMS. COMBUSTÍVEL. DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA. FENÔMENO NATURAL. FATO GERADOR INDEPENDENTE. NÃO
CONFIGURAÇÃO. AUSÊNCIA DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: REsp 1.884.431 - PB

PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO CPC/2015. NÃO OCORRÊNCIA. ICMS. COMBUSTÍVEIS.
VARIAÇÃO DE TEMPERATURA DE CARREGAMENTO E DESCARREGAMENTO. DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA DE COMBUSTÍVEL.
FENÔMENO FÍSICO. INEXISTÊNCIA DE FATO GERADOR TRIBUTÁRIO. NÃO INCIDÊNCIA DE ICMS SOBRE A DILATAÇÃO
VOLUMÉTRICA. PREJUDICADA A ANÁLISE DA DECADÊNCIA. 1. Afasta-se a alegada violação do artigo 1.022 do CPC/2015,
porquanto o acórdão recorrido manifestou-se de maneira clara e fundamentada a respeito das questões relevantes para a
solução da controvérsia. 2. A entrada a maior do combustível, em razão da variação da temperatura ambiente de
carregamento e descarregamento se constitui em um fenômeno físico de dilatação volumétrica. 3. A fenomenologia física
de dilatação volumétrica do combustível não se amolda à descrição normativa hipotética que constitui o fato gerador do
EMENTA ICMS. 4. Na hipótese, se o volume de combustível se dilatou ou se retraiu, não há se falar em estorno ou cobrança a maior
do ICMS, uma vez que, na hipótese, não há que se qualificar juridicamente um fenômeno da física, por escapar da hipótese
de incidência tributária do imposto. Nesse sentido: "Não procede o reclamo de creditamento de ICMS em razão da
evaporação do combustível, pois a sua volatilização constitui elemento intrínseco desse comércio, a ser, portanto,
considerado pelos seus agentes para fins de composição do preço final do produto. Esse fenômeno natural e previsível
difere, em muito, das situações em que a venda não ocorre em razão de circunstâncias inesperadas e alheias à vontade do
substituído. Ademais, o STJ, analisando questão análoga, concernente à entrada de cana-de-açúcar na usina para produção
de álcool, já se pronunciou no sentido de que a quebra decorrente da evaporação é irrelevante para fins de tributação do
ICMS" (REsp 1.122.126/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/6/2010, DJe 1/7/2010). 5.
Não há novo fato gerador ocorrido com a variação volumétrica de combustíveis líquidos, uma vez que não se está diante de
uma nova entrada ou saída intermediária não considerada para o cálculo do imposto antecipado, mas de mera expansão
física de uma mercadoria volátil por natureza. 6. Recurso especial não provido.

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 039
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Na concomitância de aval com alienação fiduciária é possível
Após financiar a aquisição de caminhão, com garantia de
negativar o nome dos devedores solidários antes de vender o
alienação fiduciária e aval de terceiro, a compradora pediu
bem dado em garantia?
recuperação judicial e deixou de pagar as parcelas do
contrato. O banco, então, inscreveu o nome do avalista nos
DADOS JULGAMENTO:
cadastros de proteção ao crédito. No recurso o avalista
REsp 1.833.824 – RS, STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi,
sustentava a necessidade de venda do bem antes da
d. 11/05/2020.
inscrição do seu nome nos cadastros de proteção ao crédito.
O TJRS concluiu que a inscrição do devedor foi legítima, uma
SPOILER :
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 114) vez que o débito existia, não tendo havido ato ilícito por
parte do banco.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Em caso de inadimplência na alienação fiduciária, a negativação dos devedores solidários pode ocorrer
independentemente de o credor lançar mão da prévia retomada/venda do bem dado em garantia;

=> art. 5º do DL 911/69 faculta ao credor fiduciário, na hipótese de inadimplemento, optar pela execução da
garantia ou pela ação de execução;

PALAVRAS-CHAVE:
AVAL E ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. CONCOMITÂNCIA. NEGATIVAÇÃO. NECESSIDADE DE PRÉVIA ALIENAÇÃO DO BEM.
INEXISTÊNCIA.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: REsp 1.833.824 - RS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C PEDIDO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. CÉDULA DE
CRÉDITO BANCÁRIO COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. INADIMPLEMENTO. REGIME JURÍDICO APLICÁVEL. DECRETO-
LEI 911/69. INSCRIÇÃO DO NOME DO AVALISTA EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE.
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO DE CRÉDITO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. 1. Ação ajuizada em 18/04/2016.
Recurso especial interposto em 16/05/2019 e concluso ao Gabinete em 26/08/2019. Julgamento: Aplicação do CPC/2015. 2. O
propósito recursal consiste em definir se o credor fiduciário, na hipótese de inadimplemento do contrato, é obrigado a
promover a venda do bem alienado fiduciariamente, na forma do art. 1.364 do CC/02, antes de proceder à inscrição dos nomes
EMENTA dos devedores em cadastros de proteção ao crédito. 3. No ordenamento jurídico brasileiro, coexiste um duplo regime jurídico
da propriedade fiduciária: a) o regime jurídico geral do Código Civil, que disciplina a propriedade fiduciária sobre coisas móveis
infungíveis, sendo o credor fiduciário qualquer pessoa natural ou jurídica; b) o regime jurídico especial, formado por um
conjunto de normas extravagantes, dentre as quais o Decreto-Lei 911/69, que trata da propriedade fiduciária sobre coisas
móveis fungíveis e infungíveis, além da cessão fiduciária de direitos sobre coisas móveis ou de títulos de crédito, restrito o
credor fiduciário à pessoa jurídica instituição financeira. 4. Hipótese dos autos que envolve cédula de crédito bancário com
alienação fiduciária de veículo em garantia firmada com instituição financeira, a atrair o regime do DL 911/69. 5. Nos termos
expressos do art. 5º do DL 911/69, é facultado ao credor fiduciário, na hipótese de inadimplemento ou mora no cumprimento
das obrigações contratuais pelo devedor, optar pela excussão da garantia ou pela ação de execução. 6. De todo modo,
independentemente da via eleita pelo credor, a inscrição dos nomes dos devedores solidários em bancos de dados de
proteção ao crédito, em razão do incontroverso inadimplemento do contrato, não se reveste de qualquer ilegalidade, tratando-
se de exercício regular do direito de crédito. 7. Recurso especial conhecido e não provido, com majoração dos honorários
advocatícios.

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 040
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Fundações públicas de direito privado são isentas de
Trata-se de ação ajuizada por uma empresa alemã para
custas processuais? cobrar de uma fundação parcelas não pagas de um contrato
de compra de equipamentos hospitalares. Em primeiro grau,
a fundação foi condenada a pagar mais de R$ 2 milhões,
além do valor das despesas processuais e dos honorários
DADOS JULGAMENTO: advocatícios de 1% sobre o valor da condenação. O TJSC
REsp 1.409.199 – SC, STJ, Quarta Turma,, Min. Luis Felipe determinou a isenção das custas processuais para a
fundação, ao entendimento de que ela seria subsidiada pelo
Salomão, j. 08/09/2020. poder público e, por isso, deveria ser equiparada à Fazenda
Pública. Ao STJ, a empresa alegou que o acórdão recorrido
partiu de premissa equivocada, uma vez que a fundação, a
SPOILER : despeito de ter recebido doação municipal, não seria
subsidiada pelo município.
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 115)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> As fundações públicas de direito privado, cuja criação é AUTORIZADA por lei, não são equiparadas à Fazenda
Pública e não fazem jus a isenção de custas processuais;

PALAVRAS-CHAVE:
CUSTAS JUDICIAIS. FUNDAÇÃO DE DIREITO PRIVADO. DIREITO. INEXISTÊNCIA.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: REsp 1.409.199 - SC
RECURSO ESPECIAL. FUNDAÇÕES. FUNDAÇÕES PRIVADAS. INSTITUIÇÃO POR PARTICULAR. FUNDAÇÕES PÚBLICAS DE
NATUREZA PÚBLICA. LEI CRIADORA. FUNDAÇÕES AUTÁRQUICAS. FUNDAÇÕES DE NATUREZA PRIVADA. LEI AUTORIZADORA
DA CRIAÇÃO. SUPERVISÃO A CARGO DO MINISTRO DE ESTADO. 1. Convivem no ordenamento jurídico brasileiro três tipos
de fundação: fundação de direito privado, instituída por particulares; fundações públicas de direito privado, instituídas pelo
Poder Público; e fundações públicas de direito público, que possuem natureza jurídica de autarquia. 2. As fundações
privadas são pessoas jurídicas instituídas por particular, por ato unilateral e irrevogável, por meio de escritura pública ou
testamento, com dotação especial de bens livres para determinada finalidade, sendo regidas exclusivamente pelo Direito
EMENTA Civil. 3. Nos termos da jurisprudência do STF e do STJ, fundação pública é toda fundação instituída pelo Estado, podendo
sujeitar-se ao regime público ou privado, a depender do estatuto da fundação e das atividades por ela exercidas. As
fundações públicas de direito público são criadas por lei específica, também chamadas de fundações autárquicas. No caso
das fundações públicas de direito privado, uma lei específica é editada autorizando sua criação. 4. No caso dos autos, a
entidade fundacional é de direito privado, filantrópica e de utilidade pública, cuja criação se deu por lei municipal
autorizativa de doação de bem imóvel público, não se aplicando à hipótese, portanto, os critérios utilizados pelo acórdão
recorrido para o arbitramento dos honorários advocatícios, nem mesmo a isenção de custas processuais. 5. As fundações
públicas de direito público (Administração Indireta) e as fundações públicas de direito privado, cuja instituição ocorre por
autorização legislativa, submetem-se à supervisão determinada pelo Ministro de Estado competente, por motivo de
interesse público, nos termos do Decreto n. 200/1967 (art. 26, parágrafo único, "i"), prescindindo, portanto, da
manifestação do órgão do Ministério Público nas ações em que são parte. 6. Recurso especial provido para restaurar o
arbitramento dos honorários e das custas tal como realizado pela sentença.

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ESTUDO DE CASO 041
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
O fato de a questão debatida ser passível de enfrentamento por
TJSP manteve decisão na qual foi atribuído efeito suspensivo
meio de exceção de pré-executividade autoriza a dispensa de
a embargos à execução sem a prévia garantia do juízo, por
prévia garantia do juízo para a obtenção de efeito suspensivo
entender que a questão discutida era a legitimidade passiva
embargos à execução?
do executado (matéria de ordem pública) que pode ser
conhecida de ofício, e passível de ser enfrentada em
DADOS JULGAMENTO:
exceção de pré-executividade, isto é, sem a necessidade de
REsp 1.772.516 – SP , STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi,
prévia garantia do juízo.
d. 11/05/2020.

SPOILER :
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 116)

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Ainda que a controvérsia debatida seja passível de enfrentamento por meio de exceção de pré-executividade
(ilegitimidade etc.), é obrigatória a prévia garantia do juízo para a obtenção de efeito suspensivo embargos de
devedor;

PALAVRAS-CHAVE:
EMBARGOS À EXECUÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO. GARANTIA DO JUÍZO. NECESSIDADE. MATÉRIA PASSÍVEL DE
ENFRENTAMENTO VIA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. IRRELEVÂNCIA.

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PROCESSO: REsp 1.772.516 - SP

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO. REQUISITOS


ESSENCIAIS. REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. GARANTIA DO JUÍZO.
NECESSIDADE. 1. Agravo de instrumento interposto em 27/06/2017, recurso especial interposto em
26/09/2017 e atribuído a este gabinete em 24/09/2018. 2. O propósito recursal consiste em determinar
se houve ilegalidade na decisão que conferiu efeito suspensivo a embargos à execução
EMENTA desacompanhado da respectiva garantia por penhora, depósito ou caução, nos termos do art. 919, § 1º,
do CPC/2015. Além disso, o recorrente alega que não estariam preenchidos na hipótese os requisitos
previstos no art. 300 do CPC/2015. 3. Não se conhece da alegação de violação ao art. 300 do CPC/2015
na hipótese, pois ensejaria a necessidade de reexame do acervo fático probatório, o que é contrário à
Súmula 7/STJ. Precedentes. 4. “O art. 919, § 1º, do CPC/2015 prevê que o juiz poderá atribuir efeito
suspensivo aos embargos à execução quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: (a)
requerimento do embargante; (b) relevância da argumentação; (c) risco de dano grave de difícil ou
incerta reparação; e (d) garantia do juízo”. Precedentes. 5. A relevância e a possibilidade de a matéria
arguida ser apreciada em sede de exceção de pré-executividade não retira o requisito expressamente
previsto para a concessão de efeito suspensivo dos embargos à execução. 6. Recurso parcialmente
conhecido e, nessa parte, provido.
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ESTUDO DE CASO 042
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Perda de função pública por improbidade atinge qualquer outro
cargo ocupado no momento da condenação definitiva? Dois servidores foram condenados pelo TRF4, por
improbidade administrativa, por terem utilizado
indevidamente veículo oficial da PF, armas e munições da
corporação em atividades desvinculadas do exercício
DADOS JULGAMENTO: profissional, atentando contra os deveres de honestidade e
lealdade, bem como os princípios da legalidade e da
EREsp 1.701.967 - RS , STJ, Primeira Seção, Min. Gurgel de Faria, moralidade. Além de utilizarem o veículo da corporação para
d. 09/09/2020. ir a um evento sem relação com a missão que cumpriam, na
volta para o hotel onde estavam hospedados, os policiais
federais fizeram vários disparos que atingiram uma
residência e mataram uma criança. Um dos condenados
SPOILER : perdeu o cargo de policial federal. O outro foi aprovado em
concurso para a Defensoria Pública antes do trânsito em
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 117)
julgado da ação, e a ele foi aplicado o novo entendimento
firmado pelo STJ.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> A penalidade de perda da função pública imposta em ação de improbidade administrativa atinge tanto o cargo
que o infrator ocupava quando praticou a conduta ímproba quanto qualquer outro que esteja ocupando ao tempo
do trânsito em julgado da sentença condenatória;

PALAVRAS-CHAVE:
CARGO PÚBLICO. IMPROBIDADE. PERDA. PENA EXTENSIVA A QUALQUER CARGO OCUPADO NO MOMENTO DO
TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 043
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
O juízo da recuperação judicial prevalece sobre cláusula de
eleição de foro? Em ação proposta por uma concessionária contra a montadora
de veículos, discutia-se se o fato de a autora estar sob o rito da
recuperação judicial motivaria a superação da regra de
competência definida em cláusula de eleição de foro pactuada
pelas partes. O TJBA manteve a prevalência do juízo da
DADOS JULGAMENTO: recuperação sob o argumento de que, embora o processo não
discutia a prática de atos de constrição patrimonial, mas sim a
REsp 1.868.182 – BA, STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi, j. rescisão do contrato de venda de veículos celebrado entre as
08/09/2020. partes, eventual decisão que resolva o conflito poderá
impactar diretamente no patrimônio da concessionária, tendo
em vista a possibilidade de serem deixadas pendências
resultantes do término da relação contratual, o que afetaria o
SPOILER : plano de recuperação. A concessionária, por possuir menor
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 118) porte econômico que a montadora, não poderia ser submetida
à observância da cláusula de eleição de foro prevista no
contrato firmado entre as partes.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> O fato de uma das partes estar sob o regime de recuperação judicial não afasta, por si só, a regra de
competência fixada em cláusula de eleição do foro, pois a Lei 11.101/05 reservou a atração obrigatória apenas na
hipótese de falência;

PALAVRAS-CHAVE:
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DO FORO. ATRAÇÃO. INEXISTÊNCIA. SUPREMACIA DO PACTO.

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PROCESSO: REsp 1.868.182 - BA

RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. AÇÃO EM QUE SE DISCUTE A VALIDADE DE


CLÁUSULAS DE CONTRATO DE CONCESSÃO COMERCIAL. VENDA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. AUTORA
DA AÇÃO EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO. VIS ATTRACTIVA DO JUÍZO
RECUPERACIONAL. INEXISTÊNCIA. PREVALÊNCIA DO FORO ELEITO. PRECEDENTES. 1. Exceção de
incompetência apresentada em 25/7/2014. Recurso especial interposto em 9/5/2018 e concluso ao
Gabinete em 4/11/2019. 2. O propósito recursal é definir o juízo competente para julgamento de ação –
EMENTA movida por sociedade empresária em recuperação judicial – que tem como objeto questões
concernentes a contrato de concessão de venda de veículos automotores. 3. A Lei 11.101/05 dispõe, em
seu art. 6º, §§ 1º e 3º, que o deferimento do processamento da recuperação judicial tem como efeito,
sobre as ações ajuizadas em face do devedor, a suspensão de seus processamentos nos juízos onde
estejam tramitando, inclusive aquelas que envolvam discussão sobre o pagamento de quantias ilíquidas.
Nesses casos, o juízo competente poderá determinar a reserva das importâncias que estimar devidas no
processo de soerguimento, sendo o respetivo crédito incluído na classe própria quando reconhecida a
liquidez do direito. 4. Por outro lado, o julgamento de ações em que a recuperanda figure como autora
ou litisconsorte ativa não compete ao juízo onde tramita a ação de soerguimento. Precedente da
Terceira Turma. 5. Ainda que assim não fosse, a formação de um juízo universal e indivisível, dotado

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PROCESSO: REsp 1.868.182 - BA

de competência para conhecer de todas as ações sobre bens, interesses e negócios do devedor,
somente foi prevista na LFRE para as hipóteses de falência (art. 76), não havendo regra semelhante
incidindo sobre os casos que envolvam processos de recuperação judicial. 6. O STJ possui entendimento
consolidado no sentido de que a mera desigualdade de porte econômico entre a montadora de
EMENTA veículos e a respectiva concessionária não é capaz de caracterizar hipossuficiência econômica e ensejar
o afastamento do dispositivo contratual de eleição de foro. 7. Em contratos dessa espécie, a
decretação da invalidade da cláusula de eleição de foro somente tem cabimento se ficar
suficientemente comprovada a abusividade, o que se caracterizaria na hipótese de sua observância
resultar em evidente inviabilidade ou em dificuldade excessiva de acesso ao Judiciário, circunstâncias
não verificadas no particular. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

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ESTUDO DE CASO 044
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Cabe ação indenizatória na hipótese de improcedência de
ação popular? Ação popular foi ajuizada em 2011 com o argumento
de que não haveria interesse público que justificasse a
venda do imóvel, o qual teria utilidade para o
município ,tanto que, posteriormente, foi alugado à
prefeitura pelos compradores. Depois que a ação foi
DADOS JULGAMENTO: julgada improcedente, os adquirentes do imóvel
REsp 1.770.890 - SC, STJ, Terceira Turma, Min. Ricardo Villas Bôas ajuizaram o pedido de indenização por danos morais.
Cueva, d. 26/08/2020. O magistrado de primeiro grau condenou os autores da
ação popular em R$ 10 mil cada, valor mantido pelo
TJSC. No REsp, os ex-vereadores alegaram a prescrição
SPOILER : da ação indenizatória – ajuizada em 2015, mais de três
anos após a ciência do ajuizamento da ação popular.
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 119)

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Salvo quando o exercício do direito de ação se revelar claramente abusivo, a mera improcedência posterior de
ação popular não gera direito à indenização aos réus da ação primitiva

=> o fato de terem apontado possíveis ilegalidades na alienação do imóvel público e uma suposta proximidade
entre o prefeito e os compradores não é suficiente, por si só, para caracterizar ofensa de cunho pessoal;

PALAVRAS-CHAVE:
AÇÃO POPULAR. IMPROCEDÊNCIA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POSTERIOR. IMPOSSIBILIDADE. MERO EXERCÍCIO DO
DIREITO DE AÇÃO.

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PROCESSO: REsp 1.770.890 - SC

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. AJUIZAMENTO. AÇÃO POPULAR. PRAZO PRESCRICIONAL. TERMO INICIAL.
TEORIA DA ACTIO NATA. DANO E SUA EXTENSÃO. CIÊNCIA INEQUÍVOCA. LESÃO. DECURSO DO TEMPO. PRESCRIÇÃO. NÃO
OCORRÊNCIA. DANOS MORAIS. DIREITO DE AÇÃO. ABUSO. INEXISTÊNCIA. PRETENSÃO LEGÍTIMA. PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO
PÚBLICO. 1. Recurso especial interposto na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e
3/STJ). 2. Cinge-se a controvérsia a discutir i) a ocorrência ou não da prescrição da pretensão indenizatória e ii) a configuração
de abuso do direito de ação em virtude do ajuizamento de ação popular que pretendia o reconhecimento de irregularidades
no procedimento de alienação de um imóvel pertencente ao município. 3. No tocante à prescrição, a jurisprudência do
EMENTA Superior Tribunal de Justiça tem adotado a teoria da actio nata, segundo a qual a pretensão surge apenas quando há ciência
inequívoca da lesão e de sua extensão pelo titular do direito violado. Precedentes. 4. Na hipótese, quando do ajuizamento da
ação popular, os autores não tinham ciência inequívoca da extensão dos danos provocados pela referida ação, visto que
decorreram do curso do processo. A alegada lesão do direito perdurou enquanto tramitou a ação popular. 5. A jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça tem se orientado no sentido da excepcionalidade do reconhecimento de abuso do direito de
ação, por estar intimamente atrelado ao acesso à justiça. Precedente. 6. Eventual abuso do direito de ação deve ser
reconhecido com prudência pelo julgador, apenas quando amplamente demonstrado que o direito de ação foi exercido de
forma abusiva. A análise acerca da configuração do abuso deve ser ainda mais minuciosa quando se tratar da utilização de
ação voltada à tutela de direitos coletivos e um importante instrumento para a efetivação da democracia participativa,
como é o caso da ação popular. 7. No caso, os fundamentos adotados pela Corte de origem referem-se à improcedência da
ação popular, não havendo fundamento apto a justificar o reconhecimento da alegada ofensa à honra e à imagem dos
autores. 8. No caso concreto, não ficou demonstrado, de maneira categórica, o desvio de finalidade da ação popular, nem
leviandade processual dos autores. 9. Recurso especial parcialmente provido.

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ESTUDO DE CASO 045
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
A criação de “lista suja do trabalho escravo” depende da edição
de lei formal? Na ADPF ajuizada pela Associação Brasileira de
Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) sustentava que a
Portaria Interministerial 4/16, dos extintos Ministérios do
Trabalho e Previdência Social e das Mulheres, da Igualdade
Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos teria ferido o
DADOS JULGAMENTO: princípio da reserva legal. Segundo a associação, a criação
ADPF 509, STF, Plenário, Min. Marco Aurélio, d. 16/09/2020. de um cadastro de caráter sancionatório e restritivo de
direitos só poderia ter ocorrido por meio de lei. A portaria,
editada em 05/16, estabelece que a inclusão do empregador
no cadastro somente ocorrerá após decisão administrativa
irrecorrível de procedência do auto de infração em que for
SPOILER : constatada a exploração de trabalho em condições análogas
à de escravo. O nome do empregador permanecerá no
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 120) cadastro por dois anos, durante o qual será realizado
monitoramento para verificar a regularidade das condições
de trabalho.

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POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> é constitucional o uso de ato infralegal (Portaria) para a criação do Cadastro de Empregadores que tenham
submetido trabalhadores à condição análoga à de escravo (“lista suja do trabalho escravo”), pois ele apenas dá
efetividade à Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/11), que tem por princípio a chamada “transparência ativa”,
segundo a qual os órgãos e entidades têm o dever de promover a divulgação de informações de interesse público,
independentemente de solicitação;

=> o cadastro não representa sanção, mas visa dar publicidade a decisões definitivas em processos administrativos
regulares e visa permitir o monitoramento pelo prazo de 2 anos;

PALAVRAS-CHAVE:
LISTA SUJA DO TRABALHO ESCRAVO. LEI FORMAL. CRIAÇÃO. DESNECESSIDADE. MERA PUBLICIDADE. LEI DE
ACESSO À INFORMAÇÃO. BASE LEGAL.

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PROCESSO: ADPF 509
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – CABIMENTO –
SUBSIDIARIEDADE. A adequação da arguição de descumprimento de preceito fundamental pressupõe
inexistência de meio jurídico para sanar lesividade – artigo 4º da Lei nº 9.882/1999. PORTARIA –
CADASTRO DE EMPREGADORES – RESERVA LEGAL – OBSERVÂNCIA. Encerrando portaria,
fundamentada na legislação de regência, divulgação de cadastro de empregadores que tenham
submetido trabalhadores a condição análoga à de escravo, sem extravasamento das atribuições
EMENTA previstas na Lei Maior, tem-se a higidez constitucional. CADASTRO DE EMPREGADORES –
PROCESSO ADMINISTRATIVO – CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA – OBSERVÂNCIA.
Identificada, por auditor-fiscal, exploração de trabalho em condição análoga à de escravo e lavrado auto
de infração, a inclusão do empregador em cadastro ocorre após decisão administrativa irrecorrível,
assegurados o contraditório e a ampla defesa. CADASTRO DE EMPREGADORES – NATUREZA
DECLARATÓRIA – PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. Descabe enquadrar, como sancionador, cadastro de
empregadores, cuja finalidade é o acesso à informação, mediante publicização de política de combate
ao trabalho escravo, considerado resultado de procedimento administrativo de interesse público.
(ADPF 509, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 16/09/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-242 DIVULG 02-10-2020 PUBLIC 05-10-2020).

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ESTUDO DE CASO 046
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Impressão de registro de voto põe em risco sigilo e
liberdade de voto? Na ação, a PGR questionava a validade do art. 59-A da
Lei das Eleições (Lei 9.504/97), incluído pela Lei
13.165/15 (Minirreforma Eleitoral), que previa a
DADOS JULGAMENTO: obrigatoriedade de impressão do registro de cada voto
ADI 5889, STF, Plenário, Min. Gilmar Mendes, d. 16/09/2020.
depositado de forma eletrônica na urna.

SPOILER :
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 121)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> a Corte declarou inconstitucional a impressão do voto eletrônico, por colocar em risco o sigilo e a liberdade do
voto;

PALAVRAS-CHAVE:
VOTO IMPRESSO. RISCO AO SIGILO E À LIBERDADE DE ESCOLHA. VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL.

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PROCESSO: ADI 5889
EMENTA: CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. LEGITIMIDADE DO CONGRESSO NACIONAL PARA
ADOÇÃO DE SISTEMAS E PROCEDIMENTOS DE ESCRUTÍNIO ELEITORAL COM OBSERVÂNCIA
DAS GARANTIAS DE SIGILOSIDADE E LIBERDADE DO VOTO (CF, ARTS. 14, 60, § 4º, II). MODELO
HÍBRIDO DE VOTAÇÃO PREVISTO PELO ART. 59-A DA LEI 9.504/1997. POTENCIALIDADE DE
RISCO NA IDENTIFICAÇÃO DO ELEITOR CONFIGURADORA DE AMEAÇA À SUA LIVRE ESCOLHA.
CAUTELAR DEFERICA COM EFEITOS EX TUNC. 1. A implementação do sistema eletrônico de
votação foi valiosa contribuição para assegurar a lisura dos procedimentos eleitorais, mitigando os
EMENTA riscos de fraudes e manipulação de resultados e representando importante avanço na consolidação
democrática brasileira. 2. A Democracia exige mecanismos que garantam a plena efetividade de
liberdade de escolha dos eleitores no momento da votação, condicionando a legítima atividade
legislativa do Congresso Nacional na adoção de sistemas e procedimentos de escrutínio eleitoral que
preservem, de maneira absoluta, o sigilo do voto (art. 14, caput, e art. 60, §4º, II, da CF). 3. O modelo
híbrido de votação adotado pelo artigo 59-A da Lei 9.504/97 não mantém a segurança conquistada,
trazendo riscos à sigilosidade do voto e representando verdadeira ameaça a livre escolha do eleitor, em
virtude da potencialidade de identificação. 4. Medida cautelar concedida para suspender, com efeito ex
tunc, a eficácia do ato impugnado, inclusive em relação ao certame licitatório iniciado. (ADI 5889 MC,
Relator(a): GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 06/06/2018, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-187 DIVULG 28-07-2020 PUBLIC 29-07-2020)

@prof.valcir.spanholo .novo
ESTUDO DE CASO 047
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Prisão em flagrante pode ser convertida em preventiva sem
pedido do MP ou da polícia? A defesa em HC sustentou a ilegalidade do decreto de
prisão preventiva, por não ter havido requerimento do
MP nem representação policial, o que seria contrário
DADOS JULGAMENTO:
HC 583995 / MG , STJ, Sexta Turma, Min. Rogério Schietti Cruz, ao art. 311 do CPP, com a nova redação dada pela Lei

d. 15/09/2020. 13.964/19 (Pacote Anticrime). Segundo consta do


processo, a audiência de custódia deixou de ser
realizada com base em orientações oficiais para a
SPOILER : prevenção do novo coronavírus.
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 122)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> em situações excepcionais, é possível a conversão da prisão em flagrante em medida cautelar pessoal, inclusive
a prisão preventiva, mesmo sem pedido expresso do Ministério Público ou da autoridade policial;

=> com a edição da Lei 13.964/19, não mais se permite que o juiz, mesmo no curso da ação penal, adote a prisão
preventiva sem provocação do MP;

PALAVRAS-CHAVE:
FLAGRANTE. CONVERSÃO. PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE PEDIDO. PERÍODO DA PANDEMIA. ATUAÇÃO DE OFÍCIO DO
MAGISTRADO. POSSIBILIDADE EXCEPCIONAL.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 048
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Percentual de 10% de honorários por falta de pagamento
voluntário da condenação pode ser relativizado? Segundo o recorrente, seria preciso aplicar, no
cumprimento de sentença, o mesmo critério adotado
na fase de conhecimento em relação aos honorários de
sucumbência, para evitar sua fixação em patamar
DADOS JULGAMENTO: excessivo, eles deveriam ser estabelecidos conforme os
RESp 1.701.824 – RJ, STJ, Terceira Turma, Min. Nancy Andrighi, d. critérios de razoabilidade e proporcionalidade. De
acordo com o devedor, os honorários fixados no
12/06/2020.
cumprimento de sentença representam mais de 12
vezes a verba honorária estabelecida na fase de
conhecimento.
SPOILER :
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 123)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> No cumprimento de sentença, caso não ocorra o pagamento voluntário da condenação no prazo de 15 dias, o
acréscimo do percentual de 10% de honorários advocatícios (§ 1º do art. 523 do CPC) tem caráter absoluto, não
sendo permitida a relativização;

=> no REsp 1.746.072, o STJ entendeu que o CPC/15 restringiu as hipóteses nas quais cabe a fixação da verba por
equidade (proveito econômico for inestimável ou irrisório, ou o valor da causa for muito baixo);

PALAVRAS-CHAVE:
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PRAZO DE 15 DIAS. NÃO CUMPRIMENTO. PENA DOS 10%. RELATIVIZAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. LITERALIDADE DO CPC.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: RESp 1.701.824 - RJ

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. AUSÊNCIA DE


PAGAMENTO VOLUNTÁRIO DO DÉBITO. ACRÉSCIMO DE MULTA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PERCENTUAL DE 10%
(DEZ POR CENTO) QUE NÃO PODE SER REDUZIDO À LUZ DOS ARTS. 85, § 2º E § 8º, DO CPC/2015. 1. Ação de cobrança, já
em fase de cumprimento de sentença. 2. Ação ajuizada em 03/03/2009. Recurso especial concluso ao gabinete em
23/10/2017. Julgamento: CPC/2015. 3. O propósito recursal é definir se é absoluto o percentual de 10% (dez por cento)
de honorários advocatícios, previsto pelo art. 523, § 1º, do CPC/2015 para ser acrescido ao débito nas hipóteses em que
não ocorrer o pagamento voluntário, ou se o mesmo pode ser relativizado à luz dos princípios da razoabilidade e da
EMENTA proporcionalidade e dos critérios estabelecidos pelo art. 85, § 2º, do CPC/2015. 4. Em sede de cumprimento de sentença,
não ocorrendo pagamento voluntário no prazo de 15 (quinze) dias, o débito será acrescido de multa de 10% (dez por
cento) e, também, de honorários de advogado de 10% (dez por cento), nos termos do art. 523, § 1º, do CPC/2015. 5. O
percentual de 10% (dez por cento) previsto no art. 523, § 1º, do CPC/2015 não admite mitigação porque: i) a um, a
própria lei tratou de tarifar-lhe expressamente; ii) a dois, a fixação equitativa da verba honorária só tem lugar nas
hipóteses em que constatado que o proveito econômico é inestimável ou irrisório, ou o valor da causa é muito baixo (art.
85, § 8º, do CPC/2015); e iii) a três, os próprios critérios de fixação da verba honorária, previstos no art. 85, § 2º, I a IV, do
CPC/2015, são destinados a abalizar os honorários advocatícios a serem fixados, conforme a ordem de vocação, no
mínimo de 10% (dez por cento) ao máximo de 20% (vinte por cento) do valor da condenação, do proveito econômico ou
do valor atualizado da causa. 6. Recurso especial conhecido e não provido.

@prof.valcir.spanholo .novo
ESTUDO DE CASO 049
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
É cabível condenação em honorários na cautelar fiscal
prévia? Trata-se de ação cautelar de caução, com pedido de
expedição de certidão positiva com efeito de negativa,
promovida antes da propositura da execução fiscal,
com o fim de oferecer bens em garantia prévia. A
DADOS JULGAMENTO: decisão de primeiro grau acolheu o seguro-garantia
AREsp 1.521.312 – MS, STJ, Primeira Turma, Min. Gurgel de oferecido à execução fiscal e condenou o requerente ao
pagamento de honorários, em razão do princípio da
Faria, d. 01/07/2020.
causalidade. O TJ/MS inverteu o ônus de sucumbência
para condenar o Estado de Mato Grosso do Sul – ao
qual foi imputada a causalidade pela ação cautelar ,a
SPOILER : pagar os honorários. No recurso especial submetido ao
STJ, o ente público sustentou ser descabida a sua
SPOILER DO DIA 19/09/2020 (nº 124) condenação em honorários de sucumbência na ação
cautelar proposta para antecipar garantia de futura
execução fiscal.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> a ação cautelar de caução prévia à execução fiscal não enseja condenação em honorários advocatícios contra
nenhuma das partes, diante do princípio da causalidade (a cautelar não ataca qualquer ilegalidade do fisco, mas
apenas atende aos interesses da parte devedora);

PALAVRAS-CHAVE:
CAUTELAR FISCAL PRÉVIA. HONORÁRIOS. CONDENAÇÃO. NÃO IMPOSIÇÃO. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.

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PROCESSO: AREsp 1.521.312 - MS

PROCESSUAL CIVIL. CAUTELAR DE CAUÇÃO PRÉVIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PARTES.


RESPONSABILIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A cautelar prévia de caução configura-se como mera antecipação
de fase de penhora na execução fiscal e, via de regra, é promovida no exclusivo interesse do devedor. 2.
Atribuir ao ente federado a causalidade pela cautelar de caução prévia à execução fiscal representa
EMENTA imputar ao credor a obrigatoriedade da propositura imediata da ação executiva, retirando-se dele a
discricionariedade da escolha do momento oportuno para a sua proposição e influindo diretamente na
liberdade de exercício de seu direito de ação. 3. Ao devedor é assegurado o direito de inicialmente
ofertar bens à penhora na execução fiscal, de modo que também não é possível assentar que ele deu
causa indevida à medida cautelar tão somente por provocar a antecipação dessa fase processual. 4.
Hipótese em que a questão decidida nesta ação cautelar tem natureza jurídica de incidente processual
inerente à execução fiscal, não guardando autonomia a ensejar condenação em honorários
advocatícios em desfavor de qualquer da partes. 5. Agravo conhecido para dar parcial provimento ao
recurso especial.

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ESTUDO DE CASO 050
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Assentamentos de reforma agrária podem ter licenciamento A PGR ajuizou ADI questionando a Resolução 458/2013
ambiental simplificado? A implantação desses projetos é de do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama),
baixo impacto ambiental? Como solucionar o embate entre a que estabelece procedimentos simplificados para
garantia de proteção ambiental e o direito à promoção da função licenciamento ambiental em assentamentos de
social da propriedade? reforma agrária. Para tanto, sustentava violação ao
ordenamento constitucional ambiental e ao dever da
União e dos demais entes federados de proteção do
DADOS JULGAMENTO: ambiente. Segundo a PGR, ao fragmentar o
ADI 5547, STF, Plenário, Min. Edson Fachin, d. 22/09/2020. licenciamento ambiental para os assentamentos e
determinar, como regra, a realização do procedimento
de modo simplificado, a resolução afrontou ainda os
princípios constitucionais da vedação ao retrocesso
SPOILER : ambiental, da proibição à proteção deficiente e da
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 125) exigência de estudo de impacto ambiental para
atividades potencialmente poluidoras.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> É constitucional o uso de procedimentos simplificados para licenciamento ambiental em assentamentos de
reforma agrária (Res. Conama 458/13), pois a simplificação busca afastar a redundância de estudos e tornar o
processo de licenciamento mais eficiente, atendendo, assim, à função socioambiental da propriedade;

PALAVRAS-CHAVE:
AMBIENTAL. REFORMA AGRÁRIA. LICENCIAMENTO. PROCEDIMENTO SIMPLIFICADO. BAIXO IMPACTO
RECONHECIDO. PROTEÇÃO AMBIENTAL. RISCO DE RETROCESSO E PROTEÇÃO DEFICIENTE. FUNÇÃO SOCIAL DA
PROPRIEDADE. PREVALÊNCIA. TÉCNICA DA PONDERAÇÃO.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: ADI 5547
Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 458/2013. CABIMENTO.
OFENSA DIRETA. ATO NORMATIVO PRIMÁRIO, GERAL E ABSTRATO. PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTA.
DIREITO FUNDAMENTAL. PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO E DA PRECAUÇÃO. FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA
PROPRIEDADE. PROIBIÇÃO DO RETROCESSO. PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO E DA PRECAUÇÃO.
INEXISTÊNCIA DE OFENSA. 1. A Resolução impugnada é ato normativo primário, dotada de generalidade e
abstração suficientes a permitir o controle concentrado de constitucionalidade. 2. Disciplina que conduz
justamente à conformação do amálgama que busca adequar a proteção ambiental à justiça social, que, enquanto
valor e fundamento da ordem econômica (CRFB, art. 170, caput) e da ordem social (CRFB, art. 193), protege, ao
EMENTA lado da defesa do meio ambiente, o valor social do trabalho, fundamento do Estado de Direito efetivamente
democrático (art. 1º, IV, da CRFB), e os objetivos republicanos de “construir uma sociedade livre, justa e
solidária” e “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (Art. 3º, I e
III). 3. Deve-se compreender o projeto de assentamento não como empreendimento em si potencialmente
poluidor. Reserva-se às atividades a serem desenvolvidas pelos assentados a consideração acerca do potencial
risco ambiental. Caberá aos órgãos de fiscalização e ao Ministério Público concretamente fiscalizar eventual
vulneração do meio ambiente, que não estará na norma abstrata, mas na sua aplicação, cabendo o recurso a
outras vias de impugnação. Precedentes. 4. É assim que a resolução questionada não denota retrocesso
inconstitucional, nem vulnera os princípios da prevenção e da precaução ou o princípio da proteção deficiente. 5.
Ação direta julgada improcedente. (ADI 5547, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em
22/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG 05-10-2020 PUBLIC 06-10-2020)

@prof.valcir.spanholo .novo
ESTUDO DE CASO 051
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Lei ordinária pode majorar a alíquota da Cofins-importação
ou é necessário LC? Tal tributo pode sofrer majoração Uma empresa questionava decisão do TRF4 que
diferenciada dentro de uma mesma categoria de entendeu ser constitucional o recolhimento da Cofins-
contribuintes (importadores)? Importação aumentada em 1%, prevista no art. 8º, §21,
da Lei 10.865/04, com redação dada pela Lei 12.715/12.
Ela alegava que a regra deveria ter sido inserida no
ordenamento jurídico por meio de LC e que o alcance
DADOS JULGAMENTO: do acréscimo a apenas parte dos importadores
RE 1178310 – Repercussão Geral Tema 1047, STF, Plenário, Min. constitui medida anti-isonômica. Segundo a empresa a
Alexandre de Moraes, d. 16/09/2020. norma desrespeita o princípio da não cumulatividade
(§12 do art. 195 da CF), ante a impossibilidade de
aproveitamento integral dos créditos da contribuição
SPOILER : paga para abatimento do cálculo da tributação.
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 126)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Como não há a criação de novo tributo (que exigiria LC), mas acréscimo de alíquota já existente (a incidir sobre
base econômica já prevista no art. 195, IV da CF), é constitucional o adicional de 1% da alíquota Cofins Importação;

PALAVRAS-CHAVE:
COFINS-IMPORTAÇÃO. ADICIONAL. LEI ORDIÁRIA. POSSIBILIDADE. BASE ECONÔMICA INSERIDA NO ART. 195 CF.
DIFERENCIAÇÃO POR SETOR. QUEBRA DA ISONOMIA. AUSÊNCIA. NATUREZA EXTRAFICAL. NÃO-
CUMULATIVIDADE. AUSÊNCIA DE DELIMITAÇÃO NO TEXTO CONSTITUCIONAL. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA.
LIBERDADE DE REGULAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: RE 1178310 – Repercussão Geral Tema 1047
EMENTA: CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. COFINS-IMPORTAÇÃO. MAJORAÇÃO DA ALÍQUOTA
EM UM PONTO PERCENTUAL. APROVEITAMENTO INTEGRAL DOS CRÉDITOS OBTIDOS COM O
PAGAMENTO DO TRIBUTO. VEDAÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 8º, § 21, DA LEI
10.865/2004, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI 12.715/2012, E DO § 1º-A DO ARTIGO 15 DA LEI
10.865/2004, INCLUÍDO PELA LEI 13.137/2015. Recurso Extraordinário a que se nega provimento.
EMENTA
Tema 1047, fixada a seguinte tese de repercussão geral: I - É constitucional o adicional de alíquota da
Cofins-Importação previsto no § 21 do artigo 8º da Lei nº 10.865/2004. II - A vedação ao aproveitamento
do crédito oriundo do adicional de alíquota, prevista no artigo 15, § 1º-A, da Lei nº 10.865/2004, com a
redação dada pela Lei 13.137/2015, respeita o princípio constitucional da não cumulatividade. (RE
1178310, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal
Pleno, julgado em 16/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-242 DIVULG 02-10-2020 PUBLIC 05-
10-2020).

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ESTUDO DE CASO 052
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Estados podem legislar sobre equipamentos de segurança
em caixas eletrônicos ou tal matéria integra a competência Ajuizada ADI pelo governador de SP contra lei estadual
privativa da União? que torna obrigatória a instalação de itens de
segurança em caixas eletrônicos de instituições
financeiras. A Lei estadual 10.883/01, de iniciativa da
Assembleia Legislativa de SP, estabelece a
DADOS JULGAMENTO: obrigatoriedade da instalação de dispositivos de
ADI 3155, STF, Plenário, Min. Marco Aurélio, d. 16/09/2020. filmagem ininterrupta, monitoramento permanente e a
manutenção de um vigilante durante o horário de
funcionamento. Na ação, o governador alegava que a
matéria é de competência da União, por se tratar de
SPOILER : instituições financeiras, cujo funcionamento depende
de autorização do governo federal.
SPOILER DO DIA 29/09/2020 (nº 127)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Por envolver a defesa e a proteção dos consumidores (segurança pública regional - competência concorrente –
art. 24 da CF/88), os estados podem definir medidas de segurança inerentes ao funcionamento de agências
bancárias;

PALAVRAS-CHAVE:
LEI ESTADUAL. REGRAS DE SEGURANÇA NAS AGÊNCIAS BANCÁRIAS. COMPETÊNCIA CONCORRENTE.
POSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA. NÃO OFENSA.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: ADI 3155
COMPETÊNCIA NORMATIVA – CONSUMIDOR – PROTEÇÃO – AMPLIAÇÃO – LEI ESTADUAL.
Ausente intervenção direta no núcleo de atuação das instituições voltadas ao exercício de atividades de
natureza mercantil ou financeira, surge constitucional norma estadual a impor, em caráter obrigatório, a
EMENTA instalação de itens de segurança em caixas eletrônicos, reduzindo riscos à integridade dos usuários dos
serviços bancários – artigos 24, incisos V e VIII, § 2º, e 25, § 1º, da Constituição Federal. (ADI 3155,
Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 16/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-242 DIVULG 02-10-2020 PUBLIC 05-10-2020).

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ESTUDO DE CASO 053
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Ofende a CF/88 a retenção de importados na alfândega para
pagamento de diferença fiscal quando constatado RE interposto pela União contra decisão do TRF4, que entendeu
incabível condicionar o despacho aduaneiro de bens importados
subfaturamento e/ou prestação errônea?
ao pagamento das diferenças. No caso, a Receita Federal havia
retido as mercadorias importadas por uma empresa de SC, com a
alegação de subfaturamento (declaração de menor preço da
DADOS JULGAMENTO: mercadoria para pagamento a menor do tributo), e condicionou
RE 1090591 – Repercussão Geral – Tema 1042 , STF, Plenário, sua liberação ao pagamento de multa e tributos
complementares ou depósito de caução (garantia)
Min. Marco Aurélio, d.16/09/2020. correspondente. Ao afastar a retenção, o TRF4 entendeu, entre
outros pontos, que a Súmula 323 do Supremo proíbe a apreensão
de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de
tributos. No RE, a União argumenta que não há semelhança entre
SPOILER : o precedente que originou a Súmula 323 e a situação retratada no
processo, pois, naquela ocasião, discutiu-se a apreensão de
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 128) mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos. Já
nesse caso, o que está em exame é a retenção de bem objeto de
despacho aduaneiro de importação até o recolhimento da
diferença decorrente de arbitramento fiscal.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Não configura meio coercitivo indireto condicionar a liberação de bens importados ao prévio recolhimento (ou
oferta de depósito caução) de tributos complementares arbitrados pelo autoridade alfandegária e demais
acréscimos legais (multas), quando, no momento do despacho aduaneiro, for contatado o subfaturamento e/ou a
prestação de informações errôneas;

PALAVRAS-CHAVE:
IMPORTAÇÃO. RETENÇÃO DE BENS. SUBFATURAMENTO OU INFORMAÇÕES ERRÔNEAS. DIFERENÇAS
TRIBUTÁRIAS. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. PRÉVIO RECOLHIMENTO. COAÇÃO INDIRETA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
MERA COMPLEMENTAÇÃO DA OPERAÇÃO DE INTERNALIZAÇÃO;

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: RE 1090591
IMPORTAÇÃO – TRIBUTO E MULTA – MERCADORIA – DESPACHO ADUANEIRO – ARBITRAMENTO
– DIFERENÇA – CONSTITUCIONALIDADE. Surge compatível com a Constituição Federal o
condicionamento, do desembaraço aduaneiro de bem importado, ao pagamento de diferença tributária
EMENTA apurada por arbitramento da autoridade fiscal. (RE 1090591, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal
Pleno, julgado em 16/09/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-242 DIVULG 02-10-2020 PUBLIC 05-
10-2020).

@prof.valcir.spanholo .novo
ESTUDO DE CASO 054
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
A súmula vinculante 37 se aplica apenas em relação a vantagens
Servidor do INSS ajuizou uma ação, com fundamento no
incorporáveis à remuneração dos servidores/empregados
princípio constitucional da isonomia de vencimentos entre
públicos?
servidores, pleiteou revisão de seu auxílio-alimentação e sua
equiparação com o benefício concedido a servidores do TCU. O
pedido foi julgado improcedente pela JF/SC, mas acolhido pela
DADOS JULGAMENTO: 3ª Turma Recursal da JF/SC, que afastou a incidência da Súmula
RE 710293 - Repercussão Geral – Tema 600 , STF, Plenário, Min. 339 do STF (atual SV 37) e declarou incidentalmente a
inconstitucionalidade de duas portarias do Ministério do
Luis Fux, d. 16/09/2020. Planejamento referentes à fixação dos valores devidos a título
de auxílio-alimentação. De acordo com a turma recursal, a
súmula não poderia ser aplicada ao caso porque o auxílio-
alimentação não se incorpora à remuneração ou ao subsídio e,
SPOILER : portanto, a equiparação não implicaria aumento de
vencimentos. Na ausência de regulamentação específica, a
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 129) decisão da JF/SC determinou a aplicação de portarias do TCU e
da Secretaria Geral de Administração (também do TCU), para
atender ao pedido do servidor. Contra ela, o INSS interpôs o
recurso extraordinário.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> A Súmula Vinculante 37 se aplica a quaisquer verbas pagas a servidores públicos de carreiras distintas, tenham
elas caráter indenizatório, de vantagem ou remuneratório;

PALAVRAS-CHAVE:
AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCORPORAÇÃO. ISONOMIA. CARREIRAS DISTINTAS.
RESPEITO À RESERVA LEGAL. SV 37. OBSERVÂNCIA NECESSÁRIA.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 055
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Na prática, o que distingue o homicídio (competência do júri) do Nos termos da denúncia, vítima foi abordada e coagido por policiais a
sequestro seguido de morte (crime castrense) praticado por entrar na viatura, em razão da suspeita de ter roubado um carro, mas a
militar contra civil? sua participação no crime foi descartada pelo dono do carro e pelo
policial responsável pelo registro da ocorrência do roubo (criminosos
trajavam calça e tênis), e a vítima estava de bermuda e chinelo. O
vendedor foi morto a tiros e os policiais alegaram ter havido confronto
DADOS JULGAMENTO: armado. A denúncia aponta que, de forma fraudulenta, a vítima teve as
roupas trocadas por uma calça preta e tênis, que não eram dele. Após o
Conflito de Competência 173512 – SP, STJ, Terceira Seção, Min. crime, foi instaurado inquérito policial militar, que culminou no
indiciamento e posterior oferecimento de denúncia contra os agentes
Ribeiro Dantas, j. 15/09/2020. militares pelos delitos de sequestro seguido de morte, fraude
processual, organização de grupo para a prática de violência e falsidade
ideológica. PARALELAMENTE, também se instaurou um procedimento
investigatório pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa,
SPOILER : vinculado ao juízo de direito da Vara do Júri e Execuções Criminais de
Osasco (SP), para a apuração dos mesmos fatos. O juízo estadual
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 130) suscitou o conflito de competência ao entendimento de que houve a
prática de homicídio doloso contra o vendedor, razão pela qual o
julgamento caberia ao tribunal do júri. No entanto, a Justiça Militar
alegou que a caracterização do crime é de sequestro seguido de morte –
delito militar previsto no art. 225, § 3º.3º, do CPM –, e por isso o caso
@prof.valcir.spanholo.novo deveria permanecer na Justiça castrense.
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Na hipótese de morte de civil provocada por militar em serviço, havendo claros indícios de que houve dolo no
resultado morte, a competência será do juízo comum (júri) e não do juízo castrense (inclusive, para o inquérito
policial);

PALAVRAS-CHAVE:
MILITAR. OPERAÇÃO. MORTE. VÍTIMA CIVIL. HOMICÍDIO OU SEQUESTRO SEGUIDO DE MORTE. DÚVIDA. HIPÓTESE
DE DOLO CONFIGURADA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO COMUM.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 056
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
ADPF é meio processual adequado para atacar súmula de
Tribunal? O Min. Alexandre de Moraes, havia extinto, sem resolução
do mérito, ADPF ajuizada pelo governador de SC contra a
Súmula 450 do TST. O enunciado prevê que o trabalhador
receberá as férias em dobro em caso de atraso no
DADOS JULGAMENTO: pagamento. Para o relator, é incabível o emprego de ADPF
contra enunciado de súmula de jurisprudência. O
ADPF 501, STF, Plenário, Min. Ricardo Lewandowski, d. governador interpôs agravo regimental contra a decisão. No
16/09/2020. julgamento do agravo, o relator reafirmou seu voto e
ressaltou que o pedido não especifica ato do Poder Público
com conteúdo que evidencie efetiva lesão a preceito
fundamental, pois o entendimento do Supremo é de que
SPOILER : enunciados de súmula nada mais são que expressões
sintetizadas de entendimentos consolidados no âmbito de
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 131) um tribunal. Governador defendeu a viabilidade processual
da ADPF nessa situação.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> A ADPF é meio idôneo para atacar súmula de jurisprudência que gere controvérsia constitucional relevante, eis
que não há outro instrumento processual capaz de impugnar tal instrumento de pacificação jurisprudencial
(princípio da subsidiariedade);

PALAVRAS-CHAVE:
ADPF. OBJETO. SÚMULA DE TRIBUNAL SUPERIOR. CONFIGURAÇÃO EXCEPCIONAL DE PRECEITO FUNDAMENTAL.
AUSÊNCIA DE OUTRO MEIO PROCESSUAL. PRINCÍPIO DA SUBSDIARIEDADE OBSERVADO. CONTROVÉRSIA
RELEVANTE CONFIGURADA.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 057
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Legislação infraconstitucional poderia impor a reserva de
cota de veículos adaptados para pessoas portadoras de A Confederação Nacional do Transporte (CNT) ajuizou
necessidades especiais dentre a frota das locadoras?
ADI atacando dispositivos do Estatuto da Pessoa com
Deficiência (Lei 13.146/2015, art. 52, caput) que
DADOS JULGAMENTO: obrigam as locadoras a terem um veículo adaptado a
ADI 5452, STF, Plenário, Min. Cármen Lúcia, d. 22/09/2020. cada conjunto de 20 automóveis da frota (5%). Para
tanto, sustentou que tal normativo ofenderia os
princípios constitucionais da livre iniciativa, da
SPOILER : razoabilidade e da irretroatividade tributária.
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 132)

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> É constitucional os dispositivos do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/15) que obrigam as locadoras
a terem um veículo adaptado a cada conjunto de 20 automóveis da frota (5%);

PALAVRAS-CHAVE:
ESTATUTO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS. LOCAÇÃO DE VEÍCULOS. RESERVA DE COTA (5%).
VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LIVRE INICIATIVA. NÃO CONFIGURAÇÃO. CONSTITUCIONALIDADE.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: ADI 5452

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PARÁGRAFO ÚNICO E CAPUT DO ART. 52 E ART.


127 DA LEI N. 13.146/2015 (LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA).
DETERMINAÇÃO A LOCADORAS DE VEÍCULOS DE DISPONIBILIZAÇÃO DE UM VEÍCULO
ADAPTADO A CONDUTOR COM DIFICIÊNCIA A CADA CONJUNTO DE VINTE AUTOMÓVEIS DA
EMENTA
FROTA. ATENDIMENTO AOS PRINCÍPÍOS CONSTITUCIONAIS. DIREITOS FUNDAMENTAIS DE
MOBILIDADE PESSOAL E DE ACESSO À TECNOLOGIA ASSISTIVA. AÇÃO JULGADA
IMPROCEDENTE. (ADI 5452, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 22/09/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-243 DIVULG 05-10-2020 PUBLIC 06-10-2020)

@prof.valcir.spanholo .novo
ESTUDO DE CASO 058
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Por não estar inserida a folha de pagamento no rol do inciso III
do §2º do art. 149 da CF/88, carece de base constitucional as Empresa de SC ajuizou ação questionando a
CIDEs SEBRAE, APEX e ABDI após a Emenda 33/2001? constitucionalidade das contribuições destinadas ao
SEBRAE, APEX e ABDI. Para tanto, invocava que a EC 33/01,
ao incluir o inciso III no § 2º do art. 149 da CF, teria
explicitado literalmente os fatos geradores das CIDEs
DADOS JULGAMENTO: (faturamento, receita bruta ou o valor da operação e, no
RE 603624 -Repercussão Geral Tema 325, STF, Plenário, Min. caso de importação, o valor aduaneiro), retirando o
fundamento de validade dessas três espécies questionadas
Alexandre de Moraes, d. 23/09/2020.
(cuja base é a folha de pagamento, que não consta naquele
rol). Porém, confirmando sentença de 1ª instância, o TRF4
entendeu que a EC 33/01, ao explicitar algumas bases de
SPOILER : cálculo das CIDEs, não o fez de forma taxativa nem retirou o
fundamento de validade da contribuição a esses órgãos, que
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 133) tem como base econômica a folha de pagamento das
empresas.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> É constitucional a CIDE destinada ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), à
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e à Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI), incidente sobre a folha de salários, mesmo após o advento da EC 33/01;

PALAVRAS-CHAVE:
CIDE. LEGISLAÇÃO ANTERIOR. RECEPÇÃO PELA EC 33/01. ROL EXEMPLIFICATIVO DE HIPÓTESES DE INCIDÊNCIA.
CONTRIBUIÇÕES SEBRAE, APEX E ABDI. CONSTITUCIONALIDADE CONFIRMADA.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 059
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Pode o Judiciário determinar apresentação de projeto para
revisão geral de servidores? O TJSP, com fundamento no art. 37, X, da CF (que
estabelece que a remuneração dos servidores públicos
somente poderá ser fixada ou alterada por lei específica,
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
DADOS JULGAMENTO: revisão geral anual, sempre na mesma data e sem
RE 843112 - Repercussão Geral Tema 624, STF, Plenário, Min. distinção de índices) havia reconhecido o atraso (mora)
de um município para conceder a revisão anual e
Luis Fux, d. 22/09/2020. determinado que o prefeito enviasse, no prazo de 30
dias, projeto de lei que efetivasse esse direito. No RE, o
município sustentava que o TJSP estaria substituindo o
Poder Executivo, pois o ato é de iniciativa reservada ao
SPOILER : prefeito municipal, e que a concessão da revisão
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 134) afrontaria o princípio da previsão orçamentária, pois os
recursos orçamentários, por serem escassos, devem ser
harmonizados com outras prioridades.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> O Poder Judiciário não tem competência para determinar ao Poder Executivo a apresentação de projeto de lei
que vise promover a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos nem para fixar o respectivo índice
de correção;

PALAVRAS-CHAVE:
SERVIDORES. REVISÃO ANUAL. MORA. JUDICIÁRIO. DETERMINAÇÃO DE ENVIO PROJETO-LEI. IMPOSSIBILIDADE.
SEPARAÇÃO DOS PODERES. INICIATIVA PRIVATIVA. PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 060
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Plano de saúde coletivo deve ter condições paritárias entre
ativos e inativos? O TJSP considerou ilegal a imposição, pela ex-
empregadora, de seguro-saúde voltado exclusivamente
para os funcionários inativos, com valor do prêmio
diferente daquele existente para os empregados da
DADOS JULGAMENTO: ativa. A Bradesco Saúde apresentou RE contra o
AREsp 1.573.911 – SP, STJ, Quarta Turma, Min. Luis Felipe acórdão, mas o presidente do STJ não conheceu do
pleito. No agravo interno o Bradesco Saúde alegou que
Salomão, d. 08/09/2020.
o acórdão do TJSP teria interpretado equivocadamente
o art. 31 da Lei 9.656/98 e as normas regulamentares,
quando desconsiderou que a criação de parâmetros
SPOILER : diferenciados para os aposentados – cuja idade
representa maior grau de risco – não implica violação
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 135) dos direitos dos segurados e serve para manter o
equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Os trabalhadores ativos e inativos devem ter paridade de condições em relação ao custeio e aos parâmetros de
reajuste do plano de saúde coletivo empresarial;

PALAVRAS-CHAVE:
PLANO DE SAÚDE COLETIVO EMPRESARIAL. EMPREGADOS ATIVOS E INATIVOS. PARIDADE OBRIGATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE DE DIFERENCIAÇÃO DENTRO DO MESMO PLANO.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

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ESTUDO DE CASO 061
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Inclusão de imóvel rural em perímetro urbano desobriga a
O MP/MG ajuizou ACP ambiental em julho de 2007 contra
constituição de reserva legal?
uma empresa, requerendo a instituição da reserva legal e
outras providências. A sentença julgou os pedidos
DADOS JULGAMENTO: improcedentes, ao fundamento de que, em 5/08/11, o
AREsp 1.066.063 - MG , STJ, Primeira Turma, Min. Benedito imóvel, anteriormente rural, passou a ser considerado em
Gonçalves, d. 15/09/2020. área de expansão urbana. O TJ/MGs também entendeu não
ser hipótese para o reconhecimento do direito à reserva
legal, não se aplicando as normas da Lei 4.771/65 (antigo
SPOILER :
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 136) Código Florestal) nem as da Lei 12.651/12 (atual Código
Florestal).

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> A inclusão de imóvel rural no perímetro urbano do município (área de expansão urbana) não extingue a
obrigação anterior de implementar a reserva legal, a qual só será extinta com o registro do parcelamento do solo
para fins urbanos;

PALAVRAS-CHAVE:
IMÓVEL RURAL. RESERVA LEGAL. ÁREA DE EXPANSÃO URBANA. ALTERAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. EXTINÇÃO. APENAS
COM O PARCELAMENTO URBANO EFETIVO.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: AREsp 1.066.063 - MG
DIREITO AMBIENTAL. INSTITUIÇÃO DE RESERVA LEGAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA NA VIGÊNCIA DO ANTIGO CÓDIGO
FLORESTAL. TEMPUS REGIT ACTUM. INCIDÊNCIA DA LEI N. 4.771/1965. PROPRIEDADE RURAL. INSERÇÃO SUPERVENIENTE
DO IMÓVEL RURAL EM PERÍMETRO URBANO. MANUTENÇÃO DA OBRIGAÇÃO ATÉ QUE LEI MUNICIPAL DISCIPLINE O
PARCELAMENTO DO SOLO URBANO, COM A OBSERVÂNCIA DO REGIME DE PROTEÇÃO DE ÁREAS VERDES URBANAS.
AGRAVO CONHECIDO PARA CONHECER E PROVER O RECURSO ESPECIAL, COM AS VÊNIAS AO MINISTRO RELATOR,
DETERMINANDO O RETORNO DOS AUTOS À CORTE DE ORIGEM A FIM DE QUE PROSSIGA NO JULGAMENTO DO RECURSO.
1. Na origem, tem-se ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público mineiro em 2007, em razão de o réu não ter feito a
EMENTA averbação da reserva legal, nos termos da Lei n. 4.771/1965 (Antigo Código Florestal). O pleito foi julgado improcedente
pela Corte de origem ao entendimento de que não é aplicável nem a Lei n. 4.771/1965 (Antigo Código Florestal) nem os
normativos da Lei n. 12.651/2012 (Atual Código Florestal), não havendo, portanto, direito à instituição da reserva legal na
propriedade, porque o imóvel, antes rural, passou a ser considerado contido em zona de expansão urbana a partir de 2011.
2. Não há controvérsia quanto à natureza rural da área à época em que ajuizada a ação civil pública (2007), que tem, entre
os seus pedidos, justamente a obrigação de implementação de reserva legal, porque ela não foi constituída a tempo e
modo. Dessa forma, se a área pertencia ao meio rural no momento em que se questionou o cumprimento da obrigação
(instituição da reserva legal), é perfeitamente aplicável à hipótese as disposições da Lei n. 4.771/1965 (Antigo Código
Florestal), pois assente nesta Corte Superior o entendimento segundo o qual em matéria ambiental a lei a ser aplicada é
aquela vigente ao tempo do fato (tempus regit actum), posição que assegura o cumprimento do princípio da vedação do
retrocesso ambiental.

@prof.valcir.spanholo .novo
PROCESSO: AREsp 1.066.063 - MG

3. Não obstante o Código Florestal de 1965 não ter tratado expressamente a respeito da extinção ou
manutenção da reserva legal quando ocorrer a alteração da localização da propriedade (do meio rural
para de área de expansão urbana), é prudente que se conserve a obrigação de manutenção da reserva
legal na propriedade, por coerência com o sistema legal de proteção ambiental, até que sobrevenha
regulamentação pela legislação urbana do município, com o registro do parcelamento do solo urbano,
EMENTA sendo esta a previsão contida no art. 19 do Atual Código Florestal, in verbis: "A inserção do imóvel rural
em perímetro urbano definido mediante lei municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da
manutenção da área de Reserva Legal, que só será extinta concomitantemente ao registro do
parcelamento do solo para fins urbanos aprovado segundo a legislação específica e consoante as
diretrizes do plano diretor de que trata o § 1º do art. 182 da Constituição Federal (grifo nosso)". 4. Agravo
conhecido para conhecer e dar provimento ao recurso especial do Ministério Público do Estado de Minas
Gerais.

@prof.valcir.spanholo .novo
ESTUDO DE CASO 062
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Mensagem para e-mail corporativo pode ser usada como
prova sem autorização judicial? Uma a mulher enviou os diálogos incriminadores para
o seu e-mail corporativo, e tais conversas – após serem
recuperadas na lixeira do e-mail utilizado por ela –
foram disponibilizadas ao empregador. O TJPR
DADOS JULGAMENTO: condenou um casal por crimes contra o patrimônio e
REsp 1. 875.319 - PR, STJ, Sexta Turma, Min. Nefi Cordeiro, d. furto qualificado. As conversas entre marido e mulher
encontradas no servidor da empresa, vítima de desvio
23/09/2020.
de valores de suas contas, podem ser usadas como
prova sem que isso viole o direito à intimidade ou à
privacidade dos funcionários ou de outras pessoas que
SPOILER : não trabalhem ali. No RE, os réus pediram a anulação
do processo ao argumento de nulidade absoluta e
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 137) cerceamento de defesa, em razão da utilização de
provas que seriam ilícitas, obtidas pela empresa sem
autorização judicial.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Não é preciso autorização judicial para a obtenção de provas a partir do registro de mensagens de WhatsApp
enviadas para e-mail corporativo em computador de trabalho, de propriedade da empresa;

PALAVRAS-CHAVE:
E-MAIL CORPORATIVO. CONVERSAS INCRIMINADORAS. USO COMO MEIO DE PROVA. POSSIBILIDADE. PROVA
ILÍCITA. NÃO OCORRÊNCIA. DIREITO À INTIMIDADE. MITIGAÇÃO EM AMBIENTE DE TRABALHO.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: REsp 1. 875.319 - PR
RECURSO ESPECIAL. PROVA OBTIDA DE REGISTRO DE CONVERSAS MANTIDAS VIA APLICATIVO WHATSAPP.
COMPUTADOR PERTENCENTE À EMPRESA VÍTIMA. E-MAIL CORPORATIVO. VIOLAÇÃO DO DIREITO A INTIMIDADE.
NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. INTIMAÇÃO ACERCA DA EXPEDIÇÃO DE CARTA PRECATÓRIA. DEFESA CIENTE.
NULIDADE RELATIVA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. QUESTÃO NÃO ARGUIDA NA FASE DE ALEGAÇÕES
FINAIS. PRECLUSÃO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO. PRINCÍPIO PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. ALEGADA
VIOLAÇÃO DE SÚMULA. IMPOSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 518/STJ. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO EM
PARTE E NÃO PROVIDO. 1. O e-mail corporativo, por se tratar de uma ferramenta de trabalho, fornecida pelo
empregador, não se equipara às correspondências pessoais, não havendo falar em violação à intimidade do
EMENTA recorrente quando o empregador acessa arquivo de mensagens que se encontrava em computador utilizado como
ferramenta de trabalho e de propriedade da empresa. 2. As nulidades ocorridas durante a instrução do feito devem
ser arguidas na fase de alegações finais. Inteligência do art. 571, II, do CPP (HC 31.218/MG, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 18/11/2014, DJe 04/12/2014). Se a matéria não foi suscitada em sede de
alegações finais, inegável a preclusão do tema. 3, As nulidades em processo penal observam ao princípio pas de nullité
sans grief inscrito no art. 563 do Código de processo Penal, segundo o qual não será declarada a nulidade do ato sem
a efetiva comprovação do prejuízo experimentado pela parte, o que, como se observa, não ocorreu na espécie. 4.
"Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é cabível recurso especial fundado em alegada violação de
enunciado de súmula. Exegese do enunciado 518 da Súmula do STJ". (AgRg nos EDcl no REsp 1860178/RS, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 16/06/2020, DJe 26/06/2020.) 5. Recurso especial
conhecido em parte e, nessa parte, não provido.

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ESTUDO DE CASO 063
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Sem prejuízo ao desenvolvimento urbano, loteador pode
pedir cancelamento do procedimento de registro? Em 1982, uma empresa adquiriu um loteamento na
cidade de SP. Contudo, não estando interessada em
manter o empreendimento, e como não havia sido
realizada nenhuma obra no local, solicitou no cartório
DADOS JULGAMENTO: o cancelamento do procedimento de registro, mas o
RMS 60343 – SP, STJ, Terceira Turma, Min. Moura Ribeiro, d. pedido foi negado. O juízo de primeiro grau acolheu a
pretensão da empresa. O corregedor-geral de Justiça,
26/08/2020.
porém, deu provimento a recurso administrativo do
município para impedir o cancelamento, decisão
mantida pelo TJSP ao julgar o mandado de segurança
SPOILER : impetrado pela empresa. Para o tribunal, a
incorporadora não teria legitimidade para requerer o
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 138) cancelamento do loteamento.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> O loteador, ou quem se sub-rogou em seus direitos, pode pedir que seja cancelado o procedimento de registro
do loteamento, a menos que haja prejuízo para o desenvolvimento urbano ou que tenha sido realizado algum
melhoramento na área e em suas adjacências.

PALAVRAS-CHAVE:
LOTEAMENTO URBANO. REGISTRO. NÃO IMPLEMENTAÇÃO FÁTICA. CANCELAMENTO. POSSIBILIDADE.
LEGITIMIDADE. TITULAR DO DIREITO DE PROPRIEDADE NO ATO DA SOLICITAÇÃO DE BAIXA.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: RMS 60343 - SP
REGISTRO PÚBLICO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC.
CANCELAMENTO DE PROCEDIMENTO DO PEDIDO DE LOTEAMENTO. ADQUIRENTE DO TERRENO LOTEADO.
AQUISIÇÃO DE TODOS OS LOTES DO EMPREENDIMENTO. SUB-ROGAÇÃO NOS DIREITOS DO LOTEADOR.
LEGITIMIDADE PARA O PEDIDO DE CANCELAMENTO DO PROCEDIMENTO. RECURSO PROVIDO. ORDEM
CONCEDIDA. 1. De plano, vale pontuar que o presente agravo interno foi interposto contra decisão publicada na
vigência do novo Código de Processo Civil, razão pela qual devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade
EMENTA
recursal na forma nele prevista, nos termos do Enunciado Administrativo nº 3 aprovado pelo Plenário do STJ na
sessão de 9/3/2016: Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a
partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2.
O pedido de cancelamento do procedimento de registro do loteamento pode ser requerido pelo loteador, ou
quem por ele se sub-rogou e vedada a pretensão nos casos de comprovado inconveniente para o
desenvolvimento urbano ou quando realizado algum melhoramento na área loteada e adjacências. 3. Hipótese de
empresa incorporadora e administradora de negócios imobiliários que adquiriu todos os lotes do loteamento e se
sub-rogou nos direitos do loteador, possuindo legitimidade para requerer o cancelamento do procedimento do
registro do loteamento. 4. Cancelar o procedimento do pedido de registro de loteamento é diferente de pedir o
cancelamento do registro do loteamento, hipótese em que a tradição para a Municipalidade já se operou;
naquela outra não. 5. Recurso provido, para conceder a ordem de mandado de segurança.

@prof.valcir.spanholo .novo
ESTUDO DE CASO 064
CONTEXTUALIZAÇÃO:
PROBLEMÁTICA:
Empresa propôs ação cautelar, alegando que firmou com uma
A parte que requer medida judicial liminar responde pelos
transportadora contrato de fretamento de navio para transportar 50
prejuízos causados a terceiros na hipótese de revogação da mil toneladas de aço do Espírito Santo até a Bélgica. Por entender que
ordem? a embarcação não tinha condições adequadas para o transporte da
carga, a empresa pediu a concessão de liminar para que fosse
impedida a saída do navio até a realização de inspeção e o
fornecimento de garantia contratual. A cautelar foi deferida, e o navio
DADOS JULGAMENTO: ficou retido até ser liberado pela Justiça, após a extinção do processo
REsp 1.641.020 - RJ, STJ, Quarta Turma, Min. Marcos Buzzi, d. principal, sem julgamento do mérito, em virtude da existência de
cláusula contratual em que as partes se comprometiam a submeter
15/09/2020. qualquer conflito ao foro arbitral de Londres. A arbitragem, porém, não
chegou a ser instaurada pela contratante do navio. Ao ingressar com a
ação indenizatória, a empresa de transporte alegou ter sofrido danos
materiais, relativos às despesas durante a retenção; lucros cessantes e
SPOILER : danos morais. A ação foi julgada improcedente, sob o fundamento de
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 139) que a autora da ação cautelar agiu dentro dos limites legais que lhe
garantem o acesso à Justiça. O entendimento foi mantido pelo TJRJ. Ao
STJ, a transportadora sustentou que, conforme os arts. 808, III e 811, III,
do CPC/1973, é obrigação de quem requer o procedimento cautelar
responder à outra parte pelo prejuízo que lhe causar a execução da
@prof.valcir.spanholo.novo medida.
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> Os danos decorrentes da execução de medida cautelar – na hipótese em que o processo principal é extinto sem
julgamento do mérito e cessa a eficácia da medida – devem ser reparados pelo requerente, independentemente
da comprovação de culpa, ou seja, de forma objetiva. (art. 808, III e 811, III do CPC/73);

PALAVRAS-CHAVE:
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. CAUTELAR JUDICIAL REVERTIDA. PREJUÍZOS À PARTE. OBRIGAÇÃO DO
REQUERENTE.

ACÓRDÃO AINDA NÃO DISPONIBILIZADO.

@prof.valcir.spanholo.novo
ESTUDO DE CASO 065
PROBLEMÁTICA: CONTEXTUALIZAÇÃO:
Em promissória com duas datas de vencimento qual
Na hipótese dos autos, duas datas de vencimento constam do
data deve prevalecer? título: uma por extenso, a outra em algarismos. A data por
extenso, adotada pelas instâncias ordinárias como marco
temporal para a promissória, coincide com a data de emissão.
A sentença considerou que, verificada divergência entre dados
DADOS JULGAMENTO: da promissória, prevaleceria a informação aposta por extenso,
REsp 1.730.682 – SP, STJ, Terceira Turma, Nancy Andrighi, d. por aplicação analógica da regra da Lei Uniforme de
Genebra relativa às indicações do valor da dívida (artigo 6º do
11/05/2020.
Decreto 57.663/1966). Assim, o juiz julgou procedentes os
embargos do devedor e declarou a prescrição da execução,
proposta em 07/11 e relativa a um título cuja data de
vencimento considerada foi 02/08 (intervalo superior aos três
SPOILER : anos previstos pela Lei Uniforme de Genebra para a execução).
SPOILER DO DIA 26/09/2020 (nº 140) O TJSP manteve a sentença. No REsp, o credor afirmou que a
coincidência da data de vencimento por extenso com a data de
emissão do título seria fruto de erro, pois as partes teriam
combinado que a nota seria paga em 07/08.

@prof.valcir.spanholo.novo
POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL:
=> É possível o prosseguimento da execução de uma nota promissória com duas datas de vencimento, devendo
prevalecer a data posterior, já que a outra é idêntica à da emissão do título, podendo-se presumir que a data
posterior seja a real manifestação de vontade do emitente quanto ao dia de pagamento da dívida;

PALAVRAS-CHAVE:
NOTA PROMISSÓRIA. DUAS DATAS DE VENCIMENTO. REQUISITO NÃO ESSENCIAL. NULIDADE INEXISTENTE.
ADOÇÃO DA DATA MAIS FAVORÁVEL AO EMITENTE.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: REsp 1.730.682 - SP
RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. AÇÃO DE EXECUÇÃO. EMBARGOS DO DEVEDOR. TÍTULO DE CRÉDITO.
NOTA PROMISSÓRIA. DUPLICIDADE DE DATAS DE VENCIMENTO. LUG. ARTS. 6º, ALÍNEA 1ª, 33, 75 E 76, ALÍNEA
1ª. DEFEITO SUPRÍVEL. OPERAÇÃO DE CRÉDITO. INTERVALO DE TEMPO E CONFIANÇA. ELEMENTOS ESSENCIAIS.
VONTADE DO EMITENTE. PRESUNÇÃO. PROVIMENTO. 1. Cuida-se de embargos à execução, por meio da qual é
questionada a prescrição da pretensão cambial de execução dos valores inscritos nas notas promissórias em
virtude da duplicidade de datas de vencimento apostas nas cártulas. 2. Recurso especial interposto em:
EMENTA
11/01/2017; concluso ao gabinete em: 26/03/2018; aplicação do CPC/15. 3. O propósito recursal consiste em
determinar se: a) diante da divergência entre as expressões numérica e por extenso da data de vencimento de
nota promissória, deve prevalecer a data aposta por extenso na cártula, por aplicação analógica do art. 6º da Lei
Uniforme de Genebra; e b) se ocorreu a prescrição da pretensão executiva cambiária na hipótese concreta. 4.
Embora a formalidade seja essencial aos títulos de crédito, sendo responsável pela aplicação da disciplina
específica do direito cambiário, pode a lei enumerar um requisito e, ainda assim, admitir que o documento não o
contenha expressamente, ou o contenha de forma irregular, com a presença de vícios supríveis, sem que o
documento perca a eficácia de um título de crédito. 5. Um dos defeitos supríveis é o da divergência entre valores
da dívida, que é resolvido pela regra do art. 6, alínea 1ª, da LUG com a prevalência da expressão por extenso ou
da de menor quantia, que, presumivelmente, correspondem à vontade do emitente da cártula. 6. A omissão
quanto à data de vencimento da dívida é um requisito não essencial, pois, em virtude da ausência desse dado,
considera-se que a dívida é exigível à vista, por se presumir ser essa a vontade do emitente da nota promissória.

@prof.valcir.spanholo.novo
PROCESSO: REsp 1.730.682 - SP
7. As demais formas de vencimento demandam manifestação de vontade expressa do emitente e serão válidas
desde que sejam escolhidas entre as enumeradas no art. 33 da LUG e de que não representem pagamentos em
prestações. 8. A interpretação sistemática da LUG permite inferir que para a solução de questões relacionadas a
defeitos supríveis ou requisitos não essenciais o critério deve ser pautado pela busca da vontade presumida do
emitente. 9. A nota promissória é um título de crédito próprio, e, assim, deve representar os elementos essenciais
de uma operação de crédito, que são a confiança e o intervalo de tempo entre a prestação e a contraprestação.
EMENTA
10. Nesse cenário, se, entre duas datas de vencimento, uma coincide com a data de emissão do título – não
existindo, assim, como se entrever, nessa hipótese, uma operação de crédito –, deve prevalecer a data mais
posterior, ainda que eventualmente expressa numericamente, já que, por ser futura, admite ser presumida
como a efetiva manifestação de vontade do emitente. 11. Na hipótese concreta, as notas promissórias contêm
duas datas de vencimento igualmente expressas por extenso quanto ao mês (“fevereiro” e “julho”), sendo a
primeira delas coincidente com a data de emissão da cártula, aposta numericamente (05.02.08). 12. Não havendo
como se considerar essas datas como vencimentos sucessivos, as notas promissórias são eficazes. 13. Por
envolver operação de crédito, deve-se presumir que a efetiva vontade do emitente das notas era a de que o
vencimento se desse após a emissão, prevalecendo, assim, a segunda e mais futura data de vencimento. 14.
Considerando que a execução fora ajuizada em 01/07/2011, não há prescrição a ser reconhecida, pois a
pretensão cambial foi exercitada antes do integral fluxo do prazo de 3 (três) anos contados do vencimento da
dívida, 5/7/2008, previsto no art. 70 da LUG, e que viria a termo no dia 05/07/2011. 15. Recurso especial provido.

@prof.valcir.spanholo .novo
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DO #TBT INFORMATIVOS 08/10/2020:
(gabarito será disponibilizado na conta @prof.valcir.spanholo.novo do Instagram)

1) Julgue os itens abaixo e responda:

I - Maria pretende discutir o valor do FGTS depositado em sua conta vinculada e, no dia 1º de outubro de 2019,
ajuíza sua ação perante o juízo X, que, após instrução do feito, acolhe tese de extinção da pretensão pelo decurso
do prazo prescricional de 5 anos. O que segue o entendimento jurisprudencial dos nossos Tribunais. (E)

II – Carlos teve negado pedido de aquisição da propriedade de apartamento de 120m2, localizado na cidade de São
Paulo, que utiliza como seu, sem oposição, há mais de 5 anos, sob o fundamento de que é inaplicável a usucapião
urbana a esta espécie de bens (muito embora todos os requisitos estivessem preenchidos), o que contraria
entendimento jurisprudencial recentemente adotado pelo STF; (C)

III – a alteração de legislação municipal que amplia os limites do perímetro urbano do respectivo Município e, por
via reflexa, muda a natureza rural de um determinado imóvel, por si só, faz desaparecer a obrigação de seu
proprietário cumprir a legislação ambiental que impõe a todos os imóveis rurais a obrigação de manter uma área
mínima destinada à preservação do meio ambiente. (E)

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a) o item I está correto e os itens II e III incorretos;

b) Todos os itens estão corretos;

c) Todos os itens estão incorretos;

d) o item II está correto e os itens I e III estão incorretos.

@prof.valcir.spanholo .novo
2) Após fugir do sistema prisional do Amazonas e viajar, na condição de ajudante e portando documentos falsos,
em um caminhão de carga (que, por conta das chuvas, precisou fazer um desvio que aumentou em vários dias o
itinerário, até o Rio Grande do Sul, sua terra natal, o detento X flagrou sua esposa mantendo relações com o
vizinho XX, quando, valendo-se de uma arma branca, ceifou a vida de ambos. Fato esse que motivou a esposa de
XX a propor ação indenizatória contra o estado do Amazonas sob o argumento de que a sua omissão em manter X
recolhido no sistema prisional foi causa decisiva para a ocorrência do duplo homicídio, fazendo surgir a
responsabilidade objetiva em indenizar os prejuízos decorrentes daquele crime, já que atendidos todos os
requisitos exigidos pela lei de regência. Segundo recente entendimento do STF sobre o tema:

a) No caso de fuga de presos, sempre restará configurada a responsabilidade objetiva do Estado indenizar;

b) No caso de fuga de presos, por envolver ato omissivo, nunca será aplicada a responsabilidade objetiva do Estado
indenizar, sendo obrigatória a demonstração de culpa do ente estatal;

c) No caso de fuga de presos, poderá ser reconhecida a responsabilidade do Estado indenizar;

d) No caso descrito no enunciado, a esposa de XX não teria legitimidade para propos ação contra o estado de
Amazonas.por ter dado causa à revolta sempre restará configurada a responsabilidade objetiva do Estado
indenizar;
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3) Julgue os itens abaixo e responda:

I – por força do princípio da subsidiariedade, a ADPF não é meio idôneo para atacar súmula de jurisprudência que
gere controvérsia constitucional relevante, eis que existem outros instrumentos processuais capazes de impugnar
tal instrumento de pacificação jurisprudencial;

II – Configura sanção política ilegal impor a retenção de bens importados até que se ultime o recolhimento (ou
oferta de depósito caução) de tributos complementares arbitrados pelo autoridade alfandegária e demais
acréscimos legais (como multas), quando, no momento do despacho aduaneiro, for contatado o subfaturamento
e/ou a prestação de informações errôneas;

III – nas operações de importação de mercadorias para revenda, não há violação constitucional o fisco federal
exigir o IPI no momento do desembaraço aduaneiro e também no momento em que tais bens são colocados no
mercado nacional por meio de operação regular de venda.

a) o item I está incorreto e os itens II e III corretos;


b) o item III está correto e os itens I e II estão incorretos;
c) Todos os itens estão incorretos;
d) Todos os itens estão corretos.
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4) Julgue VERDADEIRO ou FALSO os seguintes itens:

4.1) As taxas pagas às administradoras de cartões de crédito e débito devem ser excluídas, pelas empresas
vendedoras, da sua base de cálculo PIS/CONFINS (faturamento).

4.2) O ajuizamento de ação de improbidade por procurador do estado exige autorização prévia do governador e
anuência do procurador-geral do estado.

4.3) As fundações públicas de direito privado, cuja criação é autorizada por lei, não são equiparadas à Fazenda
Pública e não fazem jus a isenção de custas processuais.

4.4) A recalcitrância do devedor de alimentos em cumprir com sua obrigação justifica ampliação da prisão até o
limite de 90 dias.

4.5) Provedor de internet pode defender a licitude de conteúdo veiculado por terceiros em suas plataformas,
quando se estiver postulando judicialmente a exclusão daquelas postagens, ainda que o responsável não integre o
polo passivo da ação.

@prof.valcir.spanholo .novo
4.6) Como regra, os réus de ações populares têm o direito de serem indenizados por danos morais na hipótese de
improcedência daquelas ações, diante das acusações que contra eles são direcionadas.

4.7) As Estação Rádio Base (“antena de celular”) não integram o fundo de comércio das concessionárias de
serviços de telefonia e, por isso, não há como elas se beneficiarem da ação renovatória de locação dos imóveis em
que elas estiverem edificadas.

4.8) Por ser um direito previsto no texto constitucional, na hipótese de omissão do Executivo, o Judiciário pode
deferir ordem judicial para que a autoridade competente apresente projeto de lei visando a implementação da
revisão geral de servidores públicos.

4.9) O princípio da vedação ao retrocesso e a cláusula constitucional de proteção do meio ambiente não são óbices
à simplificação dos processos de licenciamento ambiental de assentamentos rurais para fins de reforma agrária.

4.10) A apresentação de certidão negativa de débito tributário é requisito obrigatório para recuperação judicial,
conforme previsão literal da lei de regência.

@prof.valcir.spanholo .novo

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