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O Apriorismo de Kant
Disciplina: Filosofia
Cantanhede
Dezembro, 2021
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Índice
Introdução ……………………………………………………………………………… 3
Conclusão …………………………………………………………………………….... 9
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Introdução
Kant nasceu em 1724, em pleno “século das luzes”, onde houve um enorme
progresso nas áreas das ciências e da filosofia. Inicialmente, ele próprio acreditava no
racionalismo, que a razão era a fonte do conhecimento absoluto, mas ao entrar em
contacto com a filosofia de Hume, Kant não podia continuar a acreditar no racionalismo
de Descartes, ele percebeu que a experiência também tinha um papel muito importante
na construção do conhecimento. David Hume despertou Kant do seu sono dogmático.
Por isso, Kant sentiu a necessidade de repensar o problema da origem do conhecimento.
A teoria do conhecimento de Kant foi consequência do seu esforço para salvar a ciência
do ceticismo de Hume e teve como objetivo justificar a possibilidade do conhecimento
científico do século XVIII.
Porém, mesmo levando a dúvida a tais extremos, verificou que havia algo que
lhe resistia, podia estar enganado e iludido acerca de tudo, mas não poderia duvidar da
sua própria existência, do seu próprio pensamento. Daqui surgiu o primeiro princípio da
sua filosofia, cogito ergo sum (penso, logo existo). O cogito é uma intuição racional, ou
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seja, uma evidência que se impõem ao espírito humano de forma absolutamente clara e
distinta, o cogito é então uma verdade:
● Absolutamente primeira
● Estritamente racional
● A priori
● Indubitável
● Evidente (clara e distinta)
Por outro lado, a teoria empirista, que defende que a origem do conhecimento é
a experiência. Esta opõem-se ao racionalismo, dizendo que nada está na razão que não
tenha estado previamente nos sentidos. O critério usado pelos empiristas é a
experiência sensível, que não admite a existência de conhecimento por parte do sujeito
antes de qualquer experiência, o ser humano à partida, não possui qualquer tipo de
conhecimento.
David Hume afirma que todo o conhecimento provém da experiência e que não é
possível haver conhecimento universalmente válido (ao contrário do racionalismo). Os
elementos básicos com os quais a mente trabalha são as perceções, obtidas através dos
órgãos dos sentidos. As perceções dividem-se em dois: impressões (são vividas e fortes)
e ideias (fracas e ténues). Os nossos conhecimentos surgem então, de associação de
ideias, que são consolidadas e fortalecidas pelo hábito. O empirismo também recebeu
críticas:
● É cético
● É reducionista
Kant concordou com Hume a respeito de que todo conhecimento tem início na
experiência e da impossibilidade de derivar da experiência juízos necessários e
universais, contudo, Kant não tinha dúvidas sobre a possibilidade e a efetiva existência
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de conhecimentos verdadeiros. A Geometria Euclidiana e a Mecânica Newtoniana
provavam isto; cabia agora demonstrar como tinham sido possíveis. O filósofo ainda vai
mais longe que Hume acrescentando que isso não implica necessariamente que todo o
conhecimento provenha da experiência, esta nunca se dá de maneira neutra, pois
existem certas condições a priori para que as impressões sensíveis se convertam em
conhecimento apoiando assim o racionalismo.
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As fontes do conhecimento
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conceitos que não são dados pela experiência, são a priori, universais e necessários. Pois
estão sempre presentes e antecedem a experiência, para ver algo, primeiro é preciso um
lugar e um tempo no qual se ordenam as impressões recebidas pela vista. O espaço
auxilia o sujeito cognoscente a intuir os objetos externos a si mesmo e distribuídos
espacialmente e o tempo auxilia-o a intuir os objetos externos a si mesmo e distribuídos
temporalmente. O espaço e o tempo são intuições puras da mente.
Todo o conhecimento começa com a experiência mas esta não é suficiente para
haver conhecimento porque é necessário dar forma a essa matéria. Só a partir da
experiência é que podemos despertar e pôr em ação a nossa capacidade de conhecer,
senão os objetos que afetam os sentidos e que, por um lado, originam por si mesmos as
representações e, por outro, põem em movimento a nossa faculdade intelectual (a razão)
e levam-na a compará-las, ligá-las ou separá-las, transformando assim a matéria bruta
das impressões sensíveis num conhecimento.
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Para Kant, o sujeito cognoscente não poderia perceber os objetos de forma
sucessiva no tempo se a sensibilidade não lhe auxiliasse no manejo das informações
apropriadas pela experiência, porque o espaço e o tempo não representavam
propriedades em si, mas sim do sujeito, não dependiam do mundo externo, mas eram o
único modo como podíamos representar as coisas tal como elas são para nós. Por isso é
que Kant afirma que só conhecemos fenómenos, apenas as coisas tal como elas o são
para nós, e não as coisas em si (números); por que o que nós intuímos está submetido
às formas puras da intuição (espaço e tempo) e, como tal, o objeto do nosso
conhecimento vai ser as coisas tal como elas nos aparecem. Os fenómenos vão ser
ligados e sintetizados pelo entendimento, e transformados em conceitos que serão
depois utilizados para formular juízos, por exemplo, “para toda a ação há sempre uma
reação oposta e de igual intensidade” (3ª Lei de Newton).
Como tal, e visto que todo o conhecimento é o processo pelo qual se aplicam as
categorias às representações intuídas, o carácter transcendental (anterior à experiência)
do conhecimento matemático está garantido, pois ele lida unicamente com intuições
espácio temporais, pois é impossível conhecermos aquilo que está para além dos nossos
sentidos. Dizer que “em qualquer triângulo retângulo, o quadrado do comprimento da
hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos” é uma
representação (intuitiva) no espaço da categoria da qualidade, para a qual só usámos
formas a priori: o espaço enquanto forma ou intuição pura, e a categoria.
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Conclusão
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Referências Bibliográficas
Amorim, C., & Pires, C. (2019). Clube das Ideias 11 - Filosofia - 11º Ano. Porto: Areal
Editores.
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