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Nós cristãos sabemos que eles existem, pois, as escrituras assim nos
dizem. Mas o que é cada um deles? Qual a verdadeira definição de cada um e
qual a relação entre eles?
Então vamos juntos com base bíblica nos aprofundarmos neste assunto
que desperta grande interesse e curiosidade de todos nós.
A alma é a parte que nos permite contatar a nós mesmos, é a parte que
nos permite ter autoconsciência, ou seja, consciência de nós mesmos a ala é o
“eu” o centro da personalidade
Espírito
Intuição
Consciência
É a capacidade de o espírito discernir entre o certo e errado,
independentemente dos critérios da mente (Is 30.21). É o senso de moralidade
que Deus inculcou em todo ser humano. É o que leva o criminoso a ocultar
seus atos, ainda que estes o beneficiem, e o que leva a pessoa honesta a
corrigir algo, ainda que lhe seja prejudicial. Há muita coisa que a nossa mente
aprova, mas a consciência reprova
Comunhão
É intimidade com Deus; é ser um com Ele (1Co 6.17; Ef 2.18,22). Deus
não pode ser percebido pelos nossos pensamentos ou emoções. É somente na
comunhão do espírito que podemos nos unir a Deus e adorá-lo (Rm 1.9). A
verdadeira adoração a Deus só pode expressar-se quando a alma se submete
às ações da comunhão em nosso espírito. Em Lc 1.46-47 vemos que Maria
pode adorar a Deus porque, antes, seu espírito se havia alegrado nele (note a
mudança do tempo verbal: “engrandece”, “se alegrou)”. Qualquer tentativa de
adorar a Deus pelas emoções e esforços da alma é pura hipocrisia religiosa
que em vez de agradar a Deus, desperta sua indignação (Is 1.14; Am 5.21; Ap
3.16).
Alma
Corpo
O corpo possui três funções básicas: recepção, instinto, expressão.
Recepção
É a capacidade do corpo de captar informações do mundo exterior,
através dos cinco sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar).
Instinto
É a capacidade do corpo de reagir automaticamente em resposta aos
estímulos externos. Por exemplo: instinto de sobrevivência, o instinto
de autodefesa, o instinto sexual, etc. Nosso corpo tem vários sistemas
orgânicos instintivos, cada qual cumprindo uma função específica, mas
também trabalhando de maneira maravilhosamente harmoniosa, a fim de
manter-nos vivos (por exemplo, o sistema respiratório, o sistema digestivo, o
sistema circulatório).
Os instintos são automáticos e em si mesmo não são pecaminosos.
Deus criou instintos bons, mas a queda do homem os degenerou. O instinto de
sobrevivência, que inclui comer e beber, pode se degenerar em glutonaria e
alcoolismo. O instinto de defesa, que inclui esquivar-se e proteger-se, pode se
degenerar em ira e todo tipo de violência. O instinto sexual, que inclui
reprodução e prazer com o cônjuge, pode se degenerar em adultério,
prostituição, homossexualismo e sodomia.
Expressão
É a capacidade de o corpo externar os pensamentos, os sentimentos e
as decisões da alma. Inclui a fala e a linguagem corporal.
Até aqui simplesmente definimos conceitos relativos a espírito,
alma e corpo. Vejamos agora algumas aplicações práticas e
importantes sobre isso:
Estágios da salvação
A salvação é um processo que envolve três estágios, os quais ocorrem
no passado, no presente e no futuro. Cada estágio ocorre numa parte
específica do nosso ser:
Regeneração do espírito
Evento passado, definitivo: Ef 1.13, 2Co 5.17, Mt 26.41. Nosso espírito
foi de uma vez por todas restaurado e conectado a Deus, pelo Espírito Santo
que veio habitar dentro de nós. Ele não pode e não vai sair da vida de um
cristão salvo, a menos que este entre em um processo de apostasia e aí
permaneça até o ponto “calcar aos pés o Filho de Deus, profanar o sangue da
aliança e ultrajar o Espírito da graça (Hb 10.26-29,39).
Transformação da alma
Processo presente, em andamento: Rm 12.2, Ap 22.14, Hb 12.14. No
céu não teremos uma nova alma. Nossa personalidade individual será
preservada, embora não o nosso caráter, o qual devemos transformar segundo
o caráter de Cristo. Esse processo de quebrantamento e transformação da
alma requer nossa colaboração ativa, em parceria com o Espírito Santo, como
será detalhado mais adiante na Parte 2 deste curso.
Glorificação do corpo
Evento futuro, ansiosamente esperado: Fp 3.21. Nosso corpo natural
não tem conserto nem salvação. No céu receberemos um novo corpo,
semelhante ao de Jesus.
A revelação no espírito
Revelação espiritual não é, como muitos entendem, apenas “receber um
recado específico de Deus para sua vida”. Isso é somente um aspecto da
revelação divina, expressando-se através do dom da palavra de conhecimento.
Na verdade, “revelação é, simplesmente, ver do ponto de vista de Deus. É
saber algo que talvez nossa mente até já saiba, mas que passa a ser visto e
entendido sob a luz do Espírito Santo. É quando as letras da Bíblia saltam aos
nossos olhos e fazem com que aquilo que já sabíamos pela mente adquira
agora uma nova intensidade e assume uma realidade antes desconhecida. Por
exemplo, podemos durante muitos anos ler e conhecer pela mente que “somos
templo do Espírito Santo”, sem que isso produza qualquer transformação de
vida. Mas quando em nosso espírito recebemos revelação dessa tremenda e
poderosa verdade, quando compreendemos a realidade da habitação do Deus
Todo-Poderoso e Santo em nós, então tudo muda! Passamos a andar em um
novo nível de santidade, no qual cada palavra, cada gesto e cada passo
importa, para que manifestemos a luz do Senhor através de nós.
Por si só, a mente não pode ter revelação de Deus; só o nosso espírito
tem essa função: 1Co 2.9-14; 2Co 5.16. A revelação ocorre primeiro no espírito
(Mc 2.8, At 20.22, Ap 1.10). O Espírito Santo transmite uma verdade ao nosso
espírito, e este a comunica à mente, desde que esta esteja quebrantada,
calma, sensível e atenta ao espírito. Caso contrário, a alma abafará o espírito e
não receberá revelação nenhuma.
E sem revelação no espírito é impossível conhecer e fazer a vontade de
Deus. Fazer a nossa vontade, a vontade da alma sem a revelação e direção do
espírito, ainda que seja com a melhor das intenções, não somente é inútil como
também perigoso. A questão não é “fazer para Deus”, mas sim fazer o que
Deus quer que façamos. Aquelas palavras de Jesus em Mt 7.23 infelizmente
serão ditas a pessoas que acham que estão servindo a Deus (“em Teu nome”),
mas na verdade estavam apenas fazendo a obra pela sua própria mente, isto
é, pela carne. Mas aos olhos de Deus isso é iniquidade. O resultado trágico
será ouvir as palavras de Jesus: “Nunca vos conheci! Apartai-vos de mim!”.
Portanto, devemos buscar e pedir a Deus o conhecimento espiritual que
vem através desse processo de revelação, o qual sempre começa pela intuição
divina no espírito e em seguida ilumina e renova a mente de uma alma
quebrantada diante de Deus.
Entendendo nossa natureza carnal
Quando nascemos de novo pela fé em Cristo, nosso espírito foi
imediatamente regenerado e definitivamente capacitado, com todo poder e
autoridade para assumir a direção da nossa nova vida. Mas nossa alma, não!
Nela ainda habita a natureza pecaminosa de Adão, além da herança
acumulada pelo “velho eu” durante toda uma vida. As feridas e deformações da
alma causadas pelas experiências da velha criatura podem ser curadas e
restauradas pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo (de fato, a maioria
delas fica na cruz, quando nos convertemos ao Senhor Jesus), mas é
importante entender que a nossa natureza carnal não pode ser “expulsa”! Se
isso não fosse verdade, não haveria necessidade de a Palavra nos exortar a
crescer e viver em santidade. Mesmo o mais consagrado servo de Deus está
sujeito “às mesmas paixões” de todo ser humano (At 14.15; Tg 5.17) e deve
continuamente mortificar sua natureza carnal, pelo espírito (Rm 8.13). Pois
a natureza carnal da alma resistirá sempre contra o espírito.
Esta é uma guerra diária, cujo campo de batalha ocorre na mente
(mente carnal vs. mente de Cristo) e na vontade (vontade do ego vs. vontade
de Deus): Rm 7.22-23, Gl 5.17, 1Pe 2.11. O resultado de cada batalha faz a
diferença entre ser um crente carnal ou um crente espiritual. Ser carnal não
significa (necessariamente) pecar, porque mesmo o servo de Deus mais
consagrado peca (1Jo 1.10). Também não significa andar em pecado, porque
quem vive no pecado ainda nem mesmo é convertido (1Jo 3.9).
O crente carnal é aquele que sinceramente tenta conhecer e fazer a
vontade de Deus, mas o faz exercitando sua alma, independentemente do
espírito! Ao não buscar a transformação da alma pela Palavra e pelo
tratamento do Espírito Santo, o crente carnal tende a seguir aquela função da
alma mais predominante em seu caráter problemático e não tratado, e isso dá
origem a algumas “categorias” de carnalidade:
O carnal emotivo (governado pelas emoções). Se sente fortes arrepios
consegue fazer a obra de Deus, mas se as emoções se vão, perde o ânimo (e
se justifica dizendo: “Não estou sentindo”).
O carnal intelectual (governado pela mente). Considera-se muito sábio a
seus próprios olhos. Tende a ser extremamente crítico. Racionaliza e evita as
coisas sobrenaturais (e se justifica dizendo: “Não sou infantil”).
O carnal volitivo (governado pela vontade). É o crente “oba-oba”. Está
sempre aberto a novidades, mas não tem perseverança: quando passa a
empolgação deixa tudo de lado (e se justifica dizendo: “Deus não quer
sacrifício”).
Embora os comportamentos acima sejam diferentes, há um ponto
comum entre eles, que é a marca registrada da carnalidade: a busca da
gratificação do ego. O que motiva todo crente carnal é que o seu “eu” (o seu
“reizinho interno”) seja reconhecido, elogiado e exaltado. Quando isso não
acontece, ele perde a motivação e até entra em crise.
Para nos tornarmos crentes espirituais, é preciso antes receber
revelação sobre a total incapacidade de a carne gerar qualquer fruto para
Deus (Is 64.6). Todo fruto da carne é fruto podre. Paulo era um homem de alta
posição social e com muitos recursos intelectuais, mas renunciou a tudo isso
para poder “andar no espírito” (Fp 3.4-8). O tratamento para a carne é a cruz
(Gl 2.20, 5.24). Somente a cruz é suficientemente poderosa para expulsar
aquele “reizinho” carnal do seu pequeno palácio e entronizar Cristo em seu
lugar!
O “mecanismo da carne”
Já vimos que a natureza carnal (alma + corpo afetados pela queda
adâmica) continua latente em nós, mesmo após a conversão. Ainda que a
carne tenha sido enviada à cruz e esteja mortificada pelo espírito, ela sempre
estará pronta a “ressurgir”. De fato, dos três inimigos que temos (Satanás, o
mundo e a carne), a carne é o mais poderoso, pois nossa própria
concupiscência pode nos levar a pecar (Tg 1.14-15). Usando como referência
2Sm 11, veja como funcionam os quatro passos do “mecanismo carnal”:
Os sentidos trazem uma informação externa, normalmente através da
visão (“… viu do terraço a uma mulher…”).
A informação desperta um instinto (“…que se estava banhando…”).
Nesse exemplo, a nudez despertou o instinto sexual. Até aqui, “tudo bem”: Davi
poderia ter simplesmente desviado os olhos e bloqueado qualquer pensamento
impuro (que tal pegar a harpa e entoar um belo salmo?)
A mente carnal processa os dados e os transforma em desejo ou
tentação (“… e era esta mulher mui formosa à vista…”). As coisas começam a
se complicar… Mas Davi ainda tinha todas as condições para resistir à
tentação (1Co 10.13), pois sendo ele “um homem segundo o coração de Deus”,
o Espírito Santo certamente falou em sua consciência, procurando impedi-lo de
pecar. Entretanto, nesse momento tudo dependia da decisão que Davi tomaria
em sua alma.
A concupiscência da carne aceita a tentação e a transforma em intenção
do coração, que já é pecado (“e perguntou, …e enviou mensageiros, …e
a mandou trazer, …”). A decisão foi tomada no coração; o pecado já havia sido
concebido, antes mesmo de deitar-se com aquela mulher.
Disciplinando o corpo
Disciplinar o corpo envolve três “frentes de batalha”:
Vigiar para que os instintos do corpo não sejam usados pela
carne e pelo inimigo para nos levar ao pecado: (Sl 101.3a, Rm
6.13). Precisamos estar atentos a todo instante sobre o que o que
é que estamos fazendo com o nosso corpo, especialmente sobre
o quê fixamos os nossos olhos (Mt 6.22-23), discernindo se isso
traz luz ou trevas para dentro de nós. Por exemplo, se um homem
deixar seus olhos se fixarem sobre uma mulher que se veste
sensualmente, isso certamente será uma brecha para que a
mente comece a desenvolver pensamentos impuros e formar
imagens obscenas. O mesmo pode acontecer vendo televisão,
assistindo a um filme, lendo uma revista, vendo um “outdoor” na
rua, acessando a Internet, etc.
O TABERNÁCULO O CRISTÃO
No tabernáculo não podia entrar nada imundo O cristão deve se afastar de todo tipo de
(ritual da expiação) impureza (2Co 6.17; 1Pe 1.16)
A porta do tabernáculo estava voltada para o O cristão deve estar voltado para Cristo, o sol da
oriente, onde nasce o Sol nossa justiça
Vários componentes eram feitos de acácia Somos frágeis, porém revestidos de Cristo (Gl
revestida com ouro 3.27)
e. Da arca saía a nuvem de glória que se estendia e. De nosso espírito sai a glória de Deus, que
sobre todo o tabernáculo, manifestando a abrange nossa alma e corpo e manifestando a
presença de Deus ao povo luz de Deus ao mundo (Mt 5.14)
No átrio (pátio):
a. No altar eram oferecidos os sacrifícios
Em nosso corpo:a. Oferecemos nossos corpos
b. Na pia o sacerdote era purificado com água, como sacrifício vivo ao Senhor (Rm 12.1)
antes de cobrir-se com as vestes santas e poder b. Recebemos a Palavra de Deus, somos
entrar no Lugar Santo para comer a carne e o pão purificados (Jo 15.3) e santificados por ela (Jo
da oferta, e ministrar diante de Deus e da 17.17), podendo então manter nossa comunhão
congregação (Lv 7.6, 22.6) com Deus e com os irmãos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Igreja Videira Goiânia, “Curso de Maturidade no Espírito”, Vol. I, 10a.
edição; Editora Vinha (www.igrejavideira.com)
[2] Igreja Videira Goiânia, “Curso de Maturidade no Espírito”, Vol. II, 10a.
edição; Editora Vinha (www.igrejavideira.com)
[3] Pr. Aluizio A. Silva, “Curso de Consolidação”, Editora Videira
[4] Ralph Mahoney, “O Cajado do Pastor”, World MAP (www.world-map.com)
[5] Watchman Nee, “La Liberación del Espíritu”.
[6] Watchman Nee, “O Homem Espiritual”, Vol. 1.
[7] Frank Viola, “From Eternity to Here” (Da Eternidade Até Aqui), Editora David
C. Cook, 2009.
[8] https://jesuscristoemnos.org/cursos-formacao-de-discipulos-de- cristo/
conquistando-a-maturidade/cm-01-espirito-alma-e-corpo/