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O argumento desses pregadores é dizer que já que ela falou em um “cumprimento final”,
então é porque essas profecias tiveram cumprimentos prévios. Aí querem encontrar aqui a ideia
do duplo ou múltiplo cumprimento para as mesmas profecias. Isso é deturpar o texto.
Não tem nada aqui que apoie um princípio oculto de cumprimento duplo ou múltiplo.
Simplesmente Ellen White está dizendo que a porção final desta longa profecia está prestes a
encontrar seu cumprimento, quando ela fala que Daniel 11 está prestes a ser concluído. Como é
que sabemos disso? Porque ela mesma escreveu cinco anos mais tarde, sobre o mesmo assunto:
“O mundo está agitado com o espírito de guerra. A profecia do capítulo onze de Daniel tem quase
alcançado o seu completo cumprimento.” (Testemunhos Seletos, Vol 5, p. 283).
2ª citação:
“Estamos no limiar de grandes e solenes acontecimentos. Muitas das profecias estão prestes
a se cumprir em rápida sucessão. Cada elemento de energia está prestes a ser posto em ação.
Repetir-se-á a história passada. Antigas controvérsias serão revivescidas, e perigos rodearão de
todos os lados o povo de Deus. [...]. Estudai o Apocalipse em ligação com Daniel; pois a história
se repetirá.” (Testemunhos para Ministros, p. 116).
O argumento usado aqui é dizer que quando a irmã White fala que a história se repetirá,
ela está dando a entender que essa repetição da história exige uma repetição no cumprimento da
profecia em si, ou seja um duplo cumprimento.
Realmente Ellen White usa várias vezes a expressão “a história se repetirá”. Mas em
momento algum ela fala que a profecia se repetirá, percebem? História e profecia são dois
assuntos diferentes, distintos. É um erro dizer que a repetição de uma experiência histórica
significa uma repetição da mesma profecia. Isso é uma distorção.
Ellen White está nos alertando para a imprtância de se estudar o que aconteceu no
passado, porque problemas semelhantes se levantarão de novo, e o povo de Deus terá que
enfrentá-los. Mas, isso não significa que uma profecia que se cumpriu no passado irá se cumprir
novamente.
Por exemplo, Daniel 7:25 e Apocalipse 13:7 são duas profecias que lidam com a
perseguição do povo de Deus durante os 1.260 anos de domínio papal na Europa. Sabemos que a
perseguição contra o povo de Deus será repetida no final da história humana porque outra profecia
o afirma (Ap 13:15-17). Mas esta repetição da perseguição (história repetida) não envolve a
repetição das profecias de Daniel 7:25 e Apocalipse 13:7. Estudar as vidas dos fiéis e as questões
que eles enfrentaram em seus tempos – e como eles as enfrentaram – pode fortalecer-nos para
enfrentar a perseguição em nosso próprio tempo.
3ª citação:
Essa próxima citação é usada como se fosse o argumento decisivo para provar que
Ellen G. White endossou o duplo cumprimento de profecias. Vamos à citação.
“A questão do Sábado será o tema no grande conflito em que todo o mundo terá uma
parte. [Cita o texto de Ap 13:4-8, 10.] Todo este capítulo é uma revelação do que
certamente acontecerá [Cita a passagem de Ap. 13:11, 15-17].” Comentários de Ellen
G. White, The SDA Bible Commentary, vol.7, p. 979 (ênfase acrescentada).
Os falsos ensinadores argumentam que pelo fato de Ellen White ter dito que “Todo este
capítulo é uma revelação do que certamente acontecerá”, isso prova que tanto o poder
papal como também o elemento de tempo de sua supremacia antes de seu ferimento: 42
meses proféticos ou 1260 dias proféticos, se cumprirão novamente.
Parece até lógico. Mas, vamos observar um pequeno detalhe chamado CONTEXTO.
“A questão do Sábado será o tema no grande conflito em que todo o mundo terá uma
parte.” [ênfase acrescentada]. Neste ponto ela cita Apocalipse 13:4-8, 10. Esta passagem
provê a informação pela qual é possível identificar a besta: sua origem/poder derivados
do dragão; seu especial domínio por 42 meses proféticos; sua perseguição dos santos
nesse tempo; sua blasfêmia contra o Céu; seu cativeiro; e o fato de que o mundo adorará
e seguirá sua liderança outra vez. Fundamentado nesses dados é possível determinar que
a besta é o poder papal. Isso coloca o leitor em uma posição para identificar a marca e
imagem da besta como ela insistiu para fazer no primeiro parágrafo de sua declaração.
Assim, é bastante claro que quando Ellen White diz, “Todo este capítulo é uma
revelação do que certamente acontecerá”, ela não está dizendo que Apocalipse 13:4-8 e
10 terá um duplo cumprimento. Forçar tal significado é arrancar a declaração de seu
contexto.
Além dessas, há outras citações. Mas creio que já deu pra perceber como os falsos
ensinadores se utilizam de citações de Ellen G. White para tentar provar seus pontos de vista.
Ellen White e os Proponentes do Duplo Cumprimento
Você acha que essa ideia de duplo cumprimento profético é nova? Surgiu agora? Não...
Em 1890, Ellen White já alertava contra esses falsos ensinos e seus ensinadores.
“Não conseguir dormir depois de uma e meia da madrugada. Eu estava levando ao irmão T uma
mensagem que o Senhor me dera para ele. Os pontos de vista particulares que ele mantém são
uma mistura de verdade e de erro. [...] Os grandes sinais demarcadores da verdade, mostrando-
nos a direção na história profética, devem ser cuidadosamente observados, para que não sejam
derribados, e substituídos por teorias que trariam confusão em vez de genuíno esclarecimento.
[...]. / Tem havido uns e outros que, estudando a Bíblia, julgaram descobrir grande luz, e teorias
novas, mas não têm sido corretas. As Escrituras são todas verdade, mas por aplicarem-nas mal,
homens chegam a erradas conclusões. [...] Alguns tomarão a verdade aplicável a seu tempo, e
pô-la-ão no futuro. Acontecimentos na sequência da profecia, que tiveram seu cumprimento no
distante passado, são considerados futuros, e assim, por essas teorias, a fé de alguns é solapada.
/ Segundo a luz que o Senhor houve por bem conceder-me, estais em risco de fazer a mesma obra,
apresentando perante outros verdades que tiveram seu lugar e fizeram sua obra específica para
o tempo, na história da fé do povo de Deus. Reconheceis como verdadeiros esses fatos na história
bíblica, mas os aplicais ao futuro. [...]. / As direções do Senhor foram assinaladas [a nossos
pioneiros], e maravilhosíssimas Suas revelações do que era a verdade. Ponto após ponto foi
estabelecido pelo Senhor Deus do Céu. Aquilo que era verdade então [ênfase da autora], é
verdade hoje. Não cessam, porém, de ouvirem-se as vozes – ‘Isto é verdade. Eu tenho novo
esclarecimento (new light)’. Mas esses novos esclarecimentos (new lights) em sentidos proféticos
são manifestos em aplicar mal a Palavra e levar o povo de Deus ao sabor das ondas sem uma
âncora que os segure.” (Mensagens Escolhidas, 2:101-104).
Conclusão
Portanto, fica claro que Ellen G. White usou e endossou apenas o método historicista para
interpretação de profecias. Ela jamais ensinou métodos ocultos em seus livros. E por fim, ela
repreende aqueles que se julgam possuir nova luz, no esclarecimento profético. Mas, Deus não
pode trazer mais luz? Sim, pode. Mas a luz que Deus revelar para o seu povo, de maneira alguma
irá contrariar a luz anteriormente revelada. Deus não é contraditório.