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Janeiro de 2018
ii
Conteúdo
Introdução xi
1 Dois Esquadros 1
1.1 Triângulos rectângulos isósceles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Triângulos rectângulos com um ângulo de 30 ◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
5 Áreas e Volumes 63
6 Equações Trigonométricas 95
6.1 Equações do tipo cos = cos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
6.2 Equações do tipo sin = sin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6.3 Equações do tipo tan = tan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.4 Equações do tipo cos + sin = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.5 Outras equações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
iii
iv CONTEÚDO
18 Indeterminações 411
28 Probabilidades 551
33 Estatística 887
46 Semelhanças 1091
53 Lógica 1215
53.1 Trabalhando com V e F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1215
53.1.1 A negação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1216
53.1.2 A conjunção, a disjunção e a disjunção exclusiva . . . . . . . . . . . . . . . . 1216
53.1.3 A implicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1225
53.1.4 A equivalência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1228
53.2 Trabalhando com 0 e 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1230
Bibliografia 1319
Este trabalho foi escrito sem a preocupação de obter um livro de texto para acompanhar as aulas
de Matemática, nem de seguir o programa de Matemática do Ensino Secundário. Pretendeu-se
mostrar que a Matemática no Ensino Secundário pode ir além dos habituais exercícios e que existe
um vasto campo que pode ser explorado pelos professores e alunos de Matemática. Tratou-se,
também, da resposta a um desafio: que livro sobre Matemática seria eu capaz de escrever? De
qualquer modo, o texto resulta da experiência da sala de aula, conjugada com uma grande vontade
de procurar novos caminhos.
Pretendeu-se, também, lutar contra uma certa maneira de encarar a Matemática, não havendo
nenhuma concessão ao facilitismo que por aí anda. Nos tempos atuais, há que mostrar aos alunos
e professores que o mais importante, no Ensino, é o trabalho constante e não o "deixa andar"em
que cairam muitos alunos que estão à espera dum milagre que resolva os seus problemas. O mesmo
acontece com muitos adultos que veriam os seus problemas resolvidos com um bom prémio no
Euromilhões. O pior é que o prémio nunca chega...
Este livro foi escrito sem nenhuma preocupação sobre a sua finalidade: não se pretendia um
bom livro, não se pretendia publicar um livro, nem se pretendia qualquer tipo de utilização para
além da sala de aula. De qualquer modo, partes do livro foram sendo divulgadas a alguns colegas
de Escola. Por falar em Escola, parece-me que, numa Escola de dimensão considerável, como a
Escola Secundária Jaime Moniz (onde sou professor), poderíamos fazer o nosso próprio LIVRO DE
MATEMÁTICA, que englobaria o contributo dos professores interessados e, se possível, de alguns
alunos. Tal livro seria uma resposta à habitual falta de espírito colectivo e uma excelente resposta
àqueles que dizem que os professores nada fazem.
Finalizo este pequeno prefácio, referindo que já não sei em que altura comecei a escrever este
livro: sei que foi há muito tempo e que passei milhares de horas a escrever no Computador. E sem
esperar qualquer compensação para esse esforço que, espero, não tenha sido inglório.
Muito sinceramente, gostava que os professores de Matemática pudessem ter acesso a este livro
e que se propusessem fazer (fizessem) outro, muito melhor e sem os defeitos que este apresenta.
Quanto aos alunos, já não sei. Muitos deles não são capazes de ler uma página dum livro de
Matemática. Outros limitam-se a ir às aulas e às explicações, resolvendo listas de exercícios. Um
muito pequeno número de alunos parece que ainda se interessa em aprender Matemática. Que não
percam esse interesse.
Aproveito estas linhas para a gradecer a todos aqueles que, de algum modo, contribuiram para
este produto final, lendo o texto e apontando gralhas, fazendo com que o seu número seja menor.
No entanto, tenha a certeza que elas continuam. Por vezes, abro o livro numa página, ao acaso, e
lá está ela, a gralha...
Obrigado a todos os que me incentivaram!
ix
x PREFACE
Este livro é dedicado a uma pessoa em particular: À minha professora da instrução primária,
D. Estela Castro.
Introdução
Este texto incide, de modo especial, sobre assuntos de 12 Ano e de 1 Ano do Ensino Universitário.
Para isso contribuiu a minha experiência como professor do Ensino Secundário e como assistente
na Universidade da Madeira e na Universidade Católica (Funchal).
Convém referir que, no Capítulo intitulado Probabilidades, estão incluídos exercícios das
Brochuras editadas pelo Ministério da Educação, exercícios esses que estão assinalados com *.
Não posso deixar de referir que seria interessante incluir no Programa de Matemática do Ensino
Secundário assuntos como a lei dos senos e a fórmula de Heron.
xi
xii INTRODUÇÃO
Capítulo 1
Dois Esquadros
Os estudantes de Desenho e Geometria Descritiva estão familiarizados com dois tipos de esquadros:
uns têm um ângulo recto, um ângulo de 30 ◦ e um de 60 ◦ , enquanto que outros esquadros têm um
ângulo recto e dois ângulos de 45 ◦ .
Vamos estudar em pormenor esses dois esquadros, isto é, vamos estudar duas classes de triân-
gulos rectângulos. Comecemos pelo triângulos rectângulos isósceles (aqules que têm dois ângulos
de 45 ◦ ).
B m BC = 1,41421 cm
m CA = 1,00000 cm
C A
m AB = 1,00000 cm
2 √
Então, = 12 + 12 , donde se √ conclui que = 2 ( cm).
O perímetro do triângulo é 2 + 2 ( cm), enquanto que a sua área é 12 × 1 × 1 cm2 , isto é, 1
2 cm2 .
Note-se que a área deste triângulo é metade da área dum quadrado com 1 cm de lado.
C A
1
2 CAPÍTULO 1. DOIS ESQUADROS
C
A
√A razão de semelhança entre um dos triângulos menores e o triângulo maior (da figura anterior)
é 2.
Exemplo 2 Consideremos o cone que se obtém quando se roda um triângulo rectângulo isósceles
em torno dum dos catetos. Vejamos como obter o volume, a área e a planificação do cone.
C m AB = 1,00 cm
A m BC = 1,00 cm
B
Se rodarmos o triângulo anterior, em torno da recta , obtemos um cone de revolução com
1 cm de altura e com uma base que é um círculo com 1 cm de raio. Então, o volume do cone é
1 2 3 3
3 × × 1 × 1 cm , ou seja, 3 cm .
É claro que a área da base é cm2 .
A área lateral dum cone de revolução é o produto do semi-perímetro da base pela geratriz √ (que,
neste caso, é a hipotenusa do triângulo gerador). Então, a área lateral do cone é 12 ×2 ×1× 2 cm2 ,
√
ou seja, 2 cm2 . √ ¡ √ ¢
A área total do cone é 2 cm2 + cm2 , ou seja, 1 + 2 cm2 .
Vejamos como obter a planificação do cone (mais exactamente, será a planificação da fronteira
do cone):
1.1. TRIÂNGULOS RECTÂNGULOS ISÓSCELES 3
C
E
A B
Note-se que a figura anterior ainda não é a planificação do cone, pois falta obter um sector
circular correspondente à superfície lateral
√ do cone.
A circunferência maior tem raio 2 cm e pretendemos obter um arco cujo comprimento seja √
◦
igual ao perímetro da circunferência menor. Seja a amplitude desse arco. Então, 360 = 22 2 ,
◦
donde vem = 360 √
2
≈ 254 558 441 2 ◦ .
Planificação (aproximada) do cone:
F G
C
E
A B
A D
B C
Neste caso, obtemos dois cones "colados"pelas√bases. Esses dois cones são gerados por triângulos
rectângulos isósceles em que os catetos medem 22 cm. Então, pelo exemplo anterior, o volume de
³ √ ´3 √
cada cone é 3 22 cm3 , ou seja, 122 cm3 .
√
2
Logo, o volume total é 6 cm3 .
³ √ ´2 √ √
2
A área lateral de cada cone é 2 cm2 , ou seja, 2 cm2 , pelo que a área total do
√2 2
conjunto formado pelos dois cones é 2 cm2 .
4 CAPÍTULO 1. DOIS ESQUADROS
Quanto à planificação, note-se que, agora, não temos as bases, pelo que teremos, apenas, dois
sectores circulares (de raio igual a 1 cm).
F
A D
G
E
B H
C
Consideremos um quadrado que contém quatro dos lados do octógono. Seja o lado desse
quadrado.
A G H B
M3
M2
M4
F
I
M1 M5
E J
M8 M6
M7
D L K C
¡ Observe-se
√ ¢ que a área do octógono de lado é a diferença entre a área do quadrado de lado
1 + 2 e a área do quadrado de lado , conforme podemos ver na figura seguinte:
1.2. TRIÂNGULOS RECTÂNGULOS COM UM ÂNGULO DE 30 ◦ 5
A G H B
M3
M2
M4
F I
M1 M5
E J
M8 M6
M7
D L K C
B B
A C A C
D D
A B
√ 2
√
Se = , então = 2 e = 2 3 , tendo-se que a área de [] é 8 3 , enquanto que o
√ ¡ √ ¢
perímetro é 3 3
2 + 2 , ou seja, 2 3 + 3 .
√ 2
√ √
Se = , então = 2 e = 3, tendo-se que a área de [] é (2)8 3 = 2 23 ,
√ ¡ √ ¢
enquanto que o perímetro é 3 + 3 = 3 + 3 .
√ √
Se = , então = √3 = 3 3 e = √ 2
3
= 2 3
3 , tendo-se que a área de [] é
³ ´2 √ √ √ √ √ ¡ √ ¢
2 3 1 2 3 2 3
√
3 8 = 6 3, enquanto que o perímetro é + 3 + 3 = + 3 = 1 + 3 .
Exercício 6 Na figura seguinte temos três circunferências: uma de centro e que passa por ,
outra de centro e que passa por e uma terceira de centro e que passa por . O ponto é a
intersecção das duas primeiras circunferências. Além disso, temos = 2 cm.
A
B
Resolução
É claro que = = = 2 cm, pelo que [] é um triângulo equilátero. Então,
b =
b = b = 60 ◦ .
Logo, os arcos , √ e 2 são√iguais, sendo de 60 ◦ as suas amplitudes.
22 2
A área de [] é 4 3 cm = 3 cm .
A área do sector circular correspondente ao arco é um sexto da área do círculo, ou seja,
4 2 2 2
6 cm ou 3 cm . ¡ √ ¢
A área do segmento circular correspondente ao arco é 2 3 −¡ 3 cm
2
.
¡ ¡ 2 √ ¢ √ ¢ √ ¢
Logo, a área da região azul é 3 3 − 3 + 3 cm , ou seja, 2 − 2 3 cm2 .
2
Exercício 7 Na figura seguinte temos uma circunferência de centro e que passa por e uma
circunferência de centro e que passa por . Os pontos e pertencem às duas circunferências,
enquanto que o ponto é a intersecção de recta com uma das circunferências. Além disso,
temos = 2 cm enquanto que é a intersecção das rectas e .
E A B F
Determine:
b e .
a) As amplitudes b
b) e .
c) A área da região a amarelo
Resolução
b = 60 ◦ , porque [] é um triângulo equilátero.
a)
b = 60 ◦ = 30 ◦ (ângulo inscrito num arco de 60 ◦ ).
2
√ √
b) = 1 cm e = 3 cm. Logo, = = 2 3 cm, porque [] é um triângulo
equilátero, uma vez que os arcos , e são iguais.
c) A área da região a amarelo é o dobro da área do segmento circular correspondente a um arco
de 120 ◦ (o arco , por exemplo).
√ √
A área de [] é 3×22 3 cm2 , ou seja, 3 3 cm2 .
A área de cada um dos círculos é 4 cm2 .
¡ √ ¢
A diferença entre as duas áreas anteriores é 4 − 3 3 cm2 , sendo que essa área é o triplo
da área do segmento circular correspondente ao arco (por exemplo).
8 CAPÍTULO 1. DOIS ESQUADROS
¡Então, a√área
¢ do segmento¡circular
√ limitado
¢ pela corda [] e pelo arco é um terço de
4 − 3 3 cm2 , ou seja, 43 − 3 cm2 .
¡ √ ¢
Então, a área a amarelo é o dobro da área anterior, ou seja, 83 − 2 3 cm2 .
Outra maneira:
E A B F
G
A área da região a amarelo é a soma do dobro da área de [] com o quádruplo da área do
segmento circular correspondente ao arco .
√ √
A área de [] é 2×2 3 cm2 , ou seja, 3 cm2 .
√ ¡ √ ¢
A área do segmento circular, correspondente ao arco , é 46 cm2 − 3 cm2 = 23 − 3 cm2 .
¡ √ ¡ √ ¢¢ ¡ √ ¢
Então, a área pretendida é 2 3 + 4 × 23 − 3 cm2 = 83 − 2 3 cm2 .
Ainda outra maneira possível √ √
Podíamos calcular a área do losango []: 2 23×2 cm2 , ou seja, 2 3 cm2 .
E, depois, calculávamos o quádruplo da área de um dos segmentos circulares correspondentes a
arcos de 60 ◦ : Ã √ ! µ ¶
4 2 3 2 8 √
4× − cm = − 4 3 cm2
6 2 3
Por fim, a área da região a amarelo é a soma das duas áreas
µ ¶ µ ¶
8 √ √ 8 √
− 4 3 + 2 3 cm2 = − 2 3 cm2
3 3
Capítulo 2
D C
A B
= base × altura = ×
Representando a base por e a altura por , temos rectãngulo = .
D E C
A F B
base × altura × ×
A área do triângulo [] é dada por = = = .
2 2 2
9
10 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
D C D C
A E B F A E B F
Como os triângulos [] e [ ] são iguais, têm a mesma área. Então, a área do paralel-
ogramo [] é igual à área do rectângulo [ ]. Então, a área dum paralelogramo é
dada por
= base×altura = × = ×
Representando a base por e a altura por , temos paralelogramo = .
H D C G
A E F B
A área do trapézio [] é igual à área do rectângulo [] subtraída das área dos
triângulos [] e []. Também pode ser calculada pela soma da área do rectângulo
[ ] com as áreas dos triângulos [] e [ ].
Então, a área do trapézio [] é
µ ¶
1 1 2 × − −
× − × − × = ×
2 2 2
µ ¶
+ − −
= ×
2
+
= ×
2
Representando a base maior por , a base menor por e a altura por , temos que a área do
trapézio é dada por trap ézio = +
2 × .
11
H D C G
A E F B
Na figura anterior, podemos ver que a área dum trapézio é igual à área dum rectângulo com a
mesma altura e cuja base é igual à mediana do trapézio (segmento que une os pontos médios
dos dois lados não paralelos).
A C
H B G
µ ¶2 √
2 2 2 2 2 32 2 3
= + ⇐⇒ − = ⇐⇒ = ⇐⇒ = ±
2 4 4 2
12 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
√ √
3 2 3
Como 0, vem = . Então, a área dum triângulo equilátero de lado é .
2 4
• É claro que a área dum quadrado de lado é 2 .
• A área dum pentágono regular de lado (ver figura) é o quíntuplo da área dum triângulo de
base e cuja altura (apótema do pentágono) depende de .
B
M
A
O C
5
• Então, p entágono regular == × , onde é o perímetro do pentágono e é o apótema.
2 2
Para determinar , em função de , são necessários conhecimentos de Trigonometria.
• No caso dum polígono regular de lados, com ≥ 5, temos exactamente a mesma fórmula:
polígono regular = ×
2
onde é o perímetro do polígono e é o apótema.
Observe-se que não é costume falar em apótema dum triângulo equilátero nem de apótema
dum quadrado, embora tal pudesse ser feito.
Logo,
−2 −1 0 1 2 3 4 5
··· ··· 3 7 15 1 292 1
0 1 3 22 333 355 103 993 104 348
1 0 1 7 106 113 33 102 33 215
22 333 355 103 993 104 348
··· ··· 3
7 106 113 33 102 33 215
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
+ −2
Note-se que = −1 + −2 = −1 .
−1 −2 −1 + −2
Valores aproximados de :
22 333 355
≈ 3 142 857 143, ≈ 3 141 509 434, ≈ 3 141 592 92
7 106 113
103 993 104 348
≈ 3 141 592 653, ≈ 3 141 592 654
33 102 33 215
Exercício 8 Calcule a área de cada uma das quatro figuras coloridas da figura seguinte, sabendo
que [0 0 1 1 ], [1 1 2 2 ], [2 2 3 3 ] e [3 3 4 4 ] são quatro quadrados de lados 1 cm,
2 cm, 3 cm e 4 cm, respectivamente.
E se tivermos quadrados em vez de 4 quadrados, qual é a área de toda a zona colorida?
14 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
B3
C4
B2 C3
B1 C2
I3
B0 C1
I2
I1
A0 A1 A2 A3 A4
Resolução
Comecemos por notar que, na figura anterior, [0 1 1 ], [0 2 3 ], [0 3 3 ] e [0 4 4 ] são
triângulos semelhantes.
0 1 1+2+3+4 1 5 2
= =⇒ = =⇒ 1 1 =
1 1 4 1 1 2 5
3
1+ 5 4
Então, a área de [0 0 1 1 ] é × 1 cm2 = cm2
2 5
2. Área do trapézio [1 1 2 2 ]:
0 2 10 3 5 6
= =⇒ = =⇒ 2 2 =
2 2 4 2 2 2 5
3 4
6 4 5 +1+ 5 12
Então, 2 2 = 2 − = , pelo que a área de [1 1 2 2 ] é × 2 cm2 = cm2 .
5 5 2 5
3. Área do trapézio [2 2 3 3 ]:
0 3 10 6 5 12
= =⇒ = =⇒ 3 3 =
3 3 4 3 3 2 5
4 3
12 3 5 +1+ 5
Então, 3 3 = 3 − = , pelo que a área de [2 2 3 3 ] é × 3 cm2 , ou seja,
5 5 2
18 2
cm .
5
3
5 +1 16
4. A área do triângulo [3 3 4 ] é × 4 cm2 = cm2 .
2 5
15
4 12 16 18
5. A área total da zona colorida é de cm2 + cm2 + cm2 + cm2 = 10 cm2 .
5 5 5 5
10 × 4
Note-se que a área do triângulo [0 4 4 ] é cm2 , ou seja, 20 cm2 .
2
¡ ¢
E, a área total dos quatro quadrados é 12 + 22 + 32 + 42 cm2 , ou seja, 30 cm2 .
Logo, a área da zona colorida é 30 cm2 −20 cm2 , ou seja, 10 cm2 , como se obteve anteriormente.
6. Se tivermos quadrados, a área do triângulo [0 ] é dada por
X
=1 ( + 1) 1 2 ( + 1)
×= × ×=
2 2 2 4
0 1 1 + 2 + ··· + 1 ( + 1)
= =⇒ =
1 1 1 1 2
2
=⇒ 1 1 =
+1
2
1 + 1 − +1 2 + 2 − 2
Então, a área de [0 0 1 1 ] é × 1 cm2 = cm2 = cm2 . No
2 2 + 2 +1
4
exercício inicial, tínhamos = 4, pelo que a área de [0 0 1 1 ] é cm2 , que é o valor
5
16 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
2 1 2
Logo, a área do triângulo colorido é +1 ×× 2 = .
+1
Exemplo 9 Um triângulo para mais tarde recordar
Consideremos um triângulo equilátero [], de lado uma unidade, no qual se traçou a altura
[]:
B
A D C
√
Então, = = = 1 e = 12 . Aplicando o Teorema de Pitágoras, obtemos = 23 .
√
Se tivermos = = = , então, por semelhança, virá = 2 e = 2 3 .
2
√
Finalmente, temos que a área dum triângulo equilátero de lado é 4 3 unidades de área.
2
√
Então, a área do triângulo [], da figura, é 8 3 unidades de área.
Note-se que temos um objecto de uso corrente que deve servir de imagem para o que acabámos
de afirmar: o esquadro de 30 ◦ .
m ADB = 90,00
x x 3 m ABD = 30,00
2
m DAB = 60,00
A D
x
2
17
Exercício 10 Um operário de construção civil pretende transportar três tubos cilíndricos iguais e
com 30 centímetros de diâmetro. Antes do transporte vai colocar fita-cola à volta dos tubos, na parte
superior e na parte inferior, de modo a que os tubos formem um único volume. O operário coloca
a fita perpendicularmente às geratrizes dos tubos, os quais ficam tangentes uns aos outros. Qual o
comprimento mínimo de fita a colocar, de modo a qua fita dê uma volta completa ao volume?
Resolução
Os centros das circunferências definem um triângulo equilátero com 30 cm de lado.
A parte do tubo onde é colada a fita corresponde a um terço da circunferência já que temos
360 ◦ − 90 ◦ − 90 ◦ − 60 ◦ = 120 ◦ .
¡ ¢
Logo, o comprimento da fita é 3 × 30 + 3 × 30 3 cm, ou seja, (90 + 30) cm.
Uma questão interessante consiste em determinar a área da figura anterior:
Para obtermos um resultado mais geral, suponhamos que as circunferências têm raio . Então,
a área de cada rectângulo é 22 , a área dos três sectores circulares é 2 , faltando
√ determinar a
área do triângulo equilátero de lado 2. A altura do triângulo é tan 3 = 3, pelo que a sua
√ √ √ ¡ √ ¢
área é 2 × 2 3 = 2 3. Então, a área total é 3 × 22 + 2 + 2 3, ou seja, 6 + + 3 2 .
B A
É claro que podíamos ter calculado a área do triângulo equilátero de lado 2, aplicando a
fórmula do exemplo anterior:
2 √
(2) 3 √
= = 2 3
4
¡ √ ¢
No caso em que = 15 cm, teremos que a área da figura é de 6 + + 3 152 cm2 , ou seja,
¡ √ ¢
1350 + 225 + 225 3 cm2 .
E se em vez de três tubos tivermos quatro tubos?
Com quatro tubos, há muitas maneiras de colocá-los:
1 caso:
18 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
B A
Neste caso, temos que o comprimento da fita é 8+2, uma vez que a soma dos comprimentos
dos quatro arcos onde se cola a fita é igual ao comprimento de uma circunferência (temos dois arcos
de 120 ◦ e dois arcos de 60 ◦ , conforme é fácil de verificar).
Quanto à área, temos quatro rectângulos de área 22 cada um, quatro sectores circulares √ cuja
área total é igual à área dum círculo, ou seja, 2 e dois triângulos equiláteros de área 2 3, cada
um. √ ¡ √ ¢
Então a área total é 82 + 2 + 22 3, isto é, 8 + + 2 3 2 .
2 caso:
Neste caso, temos que o comprimento da fita é 8 + 2, valor este que é o mesmo do caso
anterior.
2 2
A área da
³ região a´amarelo é − 4 , pelo que a área total da figura limitada pela fita é
2
162 − 4 × 2 − , ou seja, 122 + 2 .
√4
Ora, 8 + + 2 3 ≈ 14 6 e 12 + ≈ 15 1. Então, a área é menor no caso anterior.
Note-se que a área anterior pode ser calculada, somando as áreas do quadrado (42 ), dos
rectângulos azuis (4 × 22 ) e dos quatro quartos de círculo (2 ), obtendo-se 122 + 2 , como
anteriormente.
Moral da história: Para armazenar pacotes de quatro garrafas, é melhor que os pacotes
tenham a forma da figura do 1 caso. No entanto, isso pode não ser verdade, por causa dos
19
"desperdícios". Assim, se estivermos a armazenar os pacotes numa sala quadrada, vamos ter zonas
da sala desaproveitadas. No caso das salas quadradas (ou rectangulares), os pacotes "quadrados"não
provocam tantos "desperdícios". Um pacote "quadrado"colocando num canto da sala (num dos
vértices...), quase não provoca desperdício.
Entre as duas posições referidas (os dois casos), há muitos casos intermédios.
Casos intermédios:
C
D
B
E
H
G
Em todos os casos, o comprimento da fita é igual a 8+2. A área é mínima, quando obtemos
uma figura análoga à do primeiro caso e é máxima, quando o losango [] se transforma num
quadrado.
E se tivermos cinco tubos dispostos regularmente?
O perímetro (comprimento da fita) é 10 + 2, conforme pode verificar na figura da página
seguinte.
A área é 102 + 2 + (5 2), onde (5 2) representa a área dum pentágono regular cujos
lados têm comprimento .
O pentágono vermelho da figura anterior pode ser dividido em cinco triângulos iguais. Cada um
desses triângulos tem um lado de comprimento 2, um ângulo de 72 ◦ e dois ângulos de 54 ◦ .
Unindo o centro do pentágono com o ponto médio de um dos seus lados, obtemos um triângulo
rectângulo em que um dos catetos tem comprimento , o outro cateto (o apótema do pentágono)
tem comprimento e o ângulo desse triângulo com vértice no centro do pentágono tem amplitude
36 ◦ . Então, tan 36 ◦ =
, donde vem = tan 36 ◦ .
p √
Ora, tan 5 = 5 − 2 5, pelo que = √ √ .
5−2 5
2
Então, a área do pentágono é 5 × √ √ , ou seja, √ 5 √ .
5−2 5 5−2 5
2
Logo, a área da figura limitada pela fita é de 102 + 2 + √ 5 √ .
5−2 5
20 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
Exercício 11 Com base nos resultados anteriores determine a área dos seis círculos da figura
seguinte, sabendo que os centros dos cinco círculos exteriores definem um pentágono regular e que
duas circunferências consecutivas são tangentes (e a circunferência interior é tangente às outras
cinco).
Resolução
Apenas falta determinar , o raio do círculo interior. Já vimos que os catetos do triângulo verde
medem √ √ e .
5−2 5
Então, representando a hipotenusa por , temos
¡ √ ¢ ¡ √ ¢¡ √ ¢
2 2 2 2 6 − 2 5 2 2 6 − 2 5 5 + 2 5 2
= + √ ⇐⇒ = ¡ √ ¢ ⇐⇒ = ¡ √ ¢¡ √ ¢
5−2 5 5−2 5 5−2 5 5+2 5
¡ √ ¢ ¡ √ ¢
2 10 + 2 5 2 2 50 + 10 5 2
⇐⇒ = ⇐⇒ =
5 25
p √ p √ Ãp √ !
50 + 10 5 50 + 10 5 50 + 10 5
Logo, = . Então, = −= − 1 .
5 5 5
21
Ãp √ !2 Ã√ p √ !
2 50 + 10 5 50 + 10 5 50 + 10 5
5 + − 1 2 = 2
−2 +1
5 25 5
à √ q !
2 5 2 √
= 2 2 + − 50 + 10 5 + 1
5 5
à √ q !
2 2 5 2 √
= 3 + − 50 + 10 5
5 5
B B
A C A
M M
2 2 2 2 2 2 2
Ora, + = , pelo que + 4 = 2 . Logo, = 34 .
√ √ √ √
Logo, = 2 3 , uma vez que 0. Então, = 2 3 = 2 3 = 3.
Então, num triângulo rectângulo que√tenha um ângulo de 30 ◦ , a hipotenusa é o dobro do cateto
menor e o cateto maior é o produto de 3 pelo cateto menor.
√ 2√
A área do triângulo [], de lado , é 2 × 2 3, isto é, 4 3, enquanto que a área de [ ]
2 √
é 8 3.
Exercício 12 Considere três circunferências de raio , tangentes duas a duas, como nas figuras
seguintes. Considere o triângulo [ ] definido por tangentes comuns a duas circunferências. Qual
a área deste triângulo?
22 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
L P
Resolução
O O
C C
M M
B A B A
L N P L N P
2√
Consideremos as duas figuras anteriores. A área do friângulo [], de lado 2, é 4 × 4 3,
√
ou seja, 2 3. A área dos três rectângulos azuis é 3 × 22 , ou seja, 62 .
√ √ √
2 3
Como = 3 = 3, a área do triângulo [ ] é 2 , pelo que a área do quadrilátero
√
[ ] é 2 3. √ √ ¡ √ ¢
Então, a área de [ ] é 2 3 + 62 + 32 3, ou seja, 6 + 4 3 2 .
O O
C C
M M
B A B A
L N P L N P
23
Segunda resolução
Cada quadrilátero vermelho tem a mesma área que o triângulo equilátero azul. E a área de cada
rectângulo azul claro é 22 .
2√ √
Então, a área de [ ] é 62 + 4 × 4
4 3, ou seja, 62 + 42 3.
Exercício 13 Considere seis circunferências de raio , como nas figuras seguintes. Considere o
triângulo [] definido por tangentes comuns a duas circunferências. Qual a área deste triângulo?
H G
E
D F
A C
Resolução √
(4)2 3 √
Área de [ ]: = 42 3
4 √
2
(2) 3 √
Área de []: = 2 3
4
2
Área de []: 4√ √ √ ¡ √ ¢
Área de []: 4 3 + 32 3 + 122 = 72 3 + 122 = 2 12 + 7 3
2
Exercício 14 Considere dez circunferências de raio , como nas figuras seguintes. Considere o
triângulo [ ] definido por tangentes comuns a duas circunferências. Qual a área deste triângulo?
24 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
Na figura anterior temos três rectângulos de área 62 , um triângulo equilátero de lado 6 e seis
triângulos de ângulos 30 ◦ , 60 ◦ e 90 ◦ . √
2 √
A área do triângulo equilátero é (6)4 3 , ou seja, 92 3 (unidades de área).
√
A área de cada quadrilátero vermelho é o dobro da área dum triângulo de base 2 3 e altura ,
ou seja, a área
√ de cada quadrilátero vermelho é igual à área dum triângulo equilátero de lado 2,
ou seja, 2 3.
Então, , a área total da figura é
√ √ √
= 3 × 62 + 92 3 + 32 3 = 182 + 122 3
(+1)
Exercício 15 E se tivermos 2 circunferências?
2
No caso geral, teremos três rectângulos √ de área (2 − 2) , um triângulo equilátero de lado
2
(2 − 2) e três quadriláteros de área 3, cada um.
Então, , a área total da figura será
2
(2 − 2) 2 √ √
= 3 × (2 − 2) 2 + 3 + 32 3
4 √ √
= (6 − 6) 2 + ( − 1)2 2 3 + 32 3
¡ ¢ √
= (6 − 6) 2 + 2 − 2 + 4 2 3
Exercício 16 Determine a área da região a vermelho, em função do raio das três circunferências
seguintes (tangentes duas a duas).
Resolução
O triângulo [] é equilátero, sedo 2 o comprimento de cada lado. Então, a sua área é
42
√
4 3.
2
A área dos sectores circulares, a azul, é
2 , uma vez que os arcos que definem os sectores
◦
circulares (a azul) têm uma amplitude de 60 (cada um).
√ 2 ¡√ ¢
Então, a área da região a vermelho é 2 3 − 2 , ou seja,
2
3 − 2 .
25
Exercício 17 Determine a área da região a amarelo e da região a azul, em função do raio das
circunferências (que são tangentes duas a duas, em cada triângulo).
Resolução
A área a azul é o triplo da diferença entre a área dum rectângulo de lados e 2 e a área de
dois quartos de círculo de raio .
Então,
³ ´ 3 2 ³ ´ 3 2
azul = 3 22 − 2 = 62 − = 32 2 − = (4 − )
2 2 2 2
√ √
A área a amarelo é o triplo da diferença entre a área dum quadrilátero (de lados 3 3)
e a área de um terço de círculo de raio .
Mas,a área do quadrilátero é igual à área dum triângulo equilátero de lado 2. Então,
µ ¶ ³ √ ´
42 √ √
amarela = 3 3 − 2 = 32 3 − 2 = 2 3 3 −
4 3
Observação
26 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
J G
E
A C
H O F
K
D
27
Resolução
2
(4) √ √ √ √
Área de [ ]: 3 = 42 3. Ora, = 2 3 e = 2 + 2 3.
4 √
2+2
√ 3.
Então, , a razão de semelhança entre os triângulos equiláteros [ ] e [] é 2 3
Então, √ √
2 + 2 3 1+ 3
= √ = √
2 3 3
Logo,
à √ !2 √
2 1+ 3 4+2 3
= √ =
3 3
Área de []:
³ √ √ ¡ √ ¢
2
√ ´ 4 + 2 3 ³ 2 √ ´ 162 3 + 242
2 82 3 + 2 3
4 3 = 4 3 = =
3 3 3
¡ √ ¢
162 3 + 2 3
Então, a área de [] é (unidades de área).
3
Observação 1
Note-se que 9 = 32 = 6 + 3 e que a soma de dois números triangulares consecutivos é um
quadrado perfeito:
( − 1) ( + 1) 2 − + 2 + 22
+ = = = 2
2 2 2 2
Números triangulares: 1 3 6 10 15 21 28 36 45
Soma de dois números triangulares consecutivos:
⎧
⎪
⎪ 1 = 12 1 + 3 = 4 = 22
⎨
3 + 6 = 9 = 32 6 + 10 = 16 = 42
⎪ 10 + 15 = 25 = 52 15 + 21 = 36 = 62
⎪
⎩
Observação 2
Se tivermos 2 circunferências, com ≥ 2, haverá circunferências na diagonal menor do
losango interior.
Então, o comprimento da diagonal√menor desse losango é 2 ( − 1) , enquanto que o compri-
mento da diagonal maior é 2 ( − 1) 3. √
Então, o comprimento da diagonal maior do losango exterior é 2 ( − 1) 3 + 4.
Logo, a razão de semelhança entre os dois losangos é
√ √
2 ( − 1) 3 + 4 2 2 3
= √ =1+ √ =1+
2 ( − 1) 3 ( − 1) 3 3 ( − 1)
⎧ √
3
⎪
⎪ triângulo = 2 4√
⎪
⎪ 2 3
√
3 3 2
⎪
⎨ hexágono = 6 4 √= 2 ³ √ ´
2 3 3 2 3 3
⎪ amarela = − 2 = − 2 2
⎪
⎪ √ √ ¡ √ ¢
⎪
⎪ 2 − 3 2 3 2 22 − 32 3 2 − 3 3 2
⎩
segm ento circular = = =
6 12 12
29
Ou:
√
2 2 3
segmento circular = sector circular − triângulo = −
à 6! 4
2 2
√ √
2 3 3 2 3 3
= − = − 2
12 12 12 12
Exercício 20 Seja o raio da circunferência seguinte. Sabendo que todos os arcos que limitam a
região azul estão contidos em circunferências de raio e que têm uma amplitude de 60 ◦ , determine
as áreas da região azul e da região amarela.
½
círculo = 2 √ √
hexágono = 62 43 = 3 3 2
2
Mas,
√
azul + 2 3 3 2 √
= =⇒ azul + 2 = 3 32
2 2 ³ √ ´
√
=⇒ azul = 3 32 − 2 = 3 3 − 2
³ √ ´
=⇒ azul = 3 3 − 2
Então,
à √ !
3 3 2 ³ √ ´
2
amarela = 2 × (círculo − hexágono ) = 2 − = 2 − 3 3 2
2
Ou:
⎧ √ √ ¡ √ ¢
⎪ 3 3 2
⎪
⎪ 2
− 2 22 − 32 3 2 − 3 3 2
⎪
⎨ segm ento circular = = =
6 ¡ √12 ¢ 12
amarela = 12 × segmento circular = 2 − 3 3 2 ¡ √ ¢ 2
⎪
⎪
⎪
⎪ 2 − 3 3
⎩ azul = círculo − 12 × segmento circular = − 12 ×
2
12
30 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
Logo, ³ √ ´ ³ √ ´ ³ √ ´
azul = 2 − 2 − 3 3 2 = − 2 + 3 3 2 = 3 3 − 2
Exercício 21 Seja o raio das seis circunferências seguintes. Determine as áreas da região azul,
da região amarela e da região verde.
√
2 3
[] =
4
¡ √ ¢ 2 ¡ √ ¢
2 − 3 3 2 − 3 3 2
azul =6× =
12 2
√ √ ¡ √ ¢
2 3 azul 2 3 2 − 3 3 2
amarela = − = −
4
¡ √ ¢2 ¡ 4√ ¢ 4
4 3 − 2 2 2 3 − 2
= =
4 2
√ ¡ √ ¢ √ ¡ √ ¢
2 3 2 − 3 3 2 32 3 2 − 3 3 2
verde = 3× −3× = −
√ 4 ¡ √ ¢ 12 ¡ √ 4¢ ¡ √ 4 ¢ 2
2 2 2
3 3 − 2 − 3 3 6 3 − 2 3 3−
= = =
4 4 2
Ou:
√ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
2 3 2
√ 2 − 3 3 2 2 3 − 2
verde = 4× − azul − amarela = 3 − −
¡ √ 4 √ √ ¢ 2 ¡ √ ¢ 22 2
2 3 − 2 + 3 3 − 2 3 + 3 3−
= =
2 2
31
Exercício 22 Determine a área de cada uma das regiões coloridas, em função do raio das várias
circunferências desenhadas.
Este exercício é muito semelhante ao anterior, tendo mais algumas áreas de cálculo imediato.
É fácil verificar que os sectores circulares a verde correspondem a arcos de 120 ◦ , pelo que a área
total desse sectores é 2 .
A área de cada rectângulo amarelo é 22 , pelo que a área total dos rectângulos amarelos é 62 .
¡ √ ¢ ¡ √ ¢
2 − 3 3 2 2 − 3 3 2
azul claro =6× =
12 2
√ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
2 3 2 − 3 3 2 2 3 − 2
vermelha = − =
4 4 2
√ ¡ √ ¢ √ ¡ √ ¢
2 3 2 − 3 3 2 32 3 2 − 3 3 2
azul escuro = 3× −3× = −
√ 4 ¡ √ ¢ 12 ¡ √ 4¢ ¡ √ 4 ¢ 2
32 3 − 2 − 3 3 2 6 3 − 2 2 3 3−
= = =
4 4 2
Exercício 23 Determine a área de cada uma das regiões coloridas, em função do raio das várias
circunferências desenhadas.
32 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
¡ √ ¢ ¡ √ ¢
2 − 3 3 2 2 − 3 3 2
azul =6× =
12 2
√ ¡ √ ¢ 2 ¡ √ ¢
2 3 2 − 3 3 2 3 − 2
vermelha = − =
4 4 2
√ ¡ √ ¢ √ ¡ √ ¢
2 3 2 − 3 3 2 32 3 2 − 3 3 2
cinzenta = 3× −3× = −
√ 4 ¡ √ ¢ 12 ¡ √ 4¢ ¡ √ 4 ¢ 2
32 3 − 2 − 3 3 2 6 3 − 2 2 3 3−
= = =
4 4 2
rosa = 62
√
verde = 32 3
Exercício 24 Determine a área do dodecaedro regular, em função do raio das várias circunfer-
ências desenhadas.
33
√
2 3
√
azul = 6 × 4= 32 2 3
√ √ ¡ √ ¢
= = 2 = 3
2 = − 3
2 = 12 2 − 3
Então,
2 2 ³ √ ´2 2 2 ³ √ ´ 2 ³ √ ´ ³ √ ´
= 2− 3 + = 4+3+1−4 3 = 8 − 4 3 = 2 2 − 3
4 4 4 4
p √ p √
Logo, = 2 − 3 e 2 = 2
2− 3
³ p √ ´2
Seja 12 , o apótema do dodecágono. Então, 212 + 2 2 − 3 = 2 .
2 ¡ √ ¢ 2 2 2
√ 2 2
√
Logo, 212 = 2 − 4 2 − 3 = 4 −24 + 3 = 2 + 3
.
√ √ 4
2+ 3
Então, 12 = 2 , pelo que 12 , a área do dodecágono, é dada por
q p √
√ 2+ 3 2 √
12 = 12 × 2− 3× = 12 × 4 − 3 = 32
2 2 4
Exercício 25 Determine as áreas das regiões coloridas, sabendo que todos os arcos desenhados
estão contidos em circunferências com o mesmo raio .
B F
A C E D
Resolução
√
2 3
amarela =
Ã4 √ ! √ ¡ √ ¢
2 2 3 22 32 3 2 − 3 3 2
azul = 2 − = − =
6 4 6 6 6
√ ¡ √ ¢ 2 √ ¡ √ ¢
2 3 2 − 3 3 32 3 4 − 6 3 2
verde = amarela + azul = + = +
¡ √ √ ¢ 24 ¡ √ 6¢ 2 12 12
4 − 6 3 + 3 3 4 − 3 3
= =
12 12
Exercício 26 Determine as áreas das regiões coloridas, em função do raio que é o mesmo nas
duas circunferências.
34 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
2 2
verde = 2 × =
³6 3
√ ´ √ √
3)2
2 2 3 22 32 3 (2−3
amarela = 2 6 − 4 = 6 − 6 = 6
√ √
2 2 2 3 2 2 3
rosa = 2 − verde − amarela = 2 − 3 − 3 + 2 = 3 + 2
√ √
A área do triângulo [] é × 2
3
. Então, a área do quadrilátero [] é 2 3.
Note-se que a área do quadrilátero [] é igual à área dum√ triângulo equilátero de lado 2.
√ √ 2
√
32 3−2 (3 3−)2
vermelha = 2 3 − verde = 2 3 − 3 = 3√ =
√ 2
2 3
√ 3 22 2
√
azul = 2 − amarela − 2 3 = 2 − 3 + 2 − 2
3= 3 − 2 3
√ √
2 2 2 3 22 2 3
azul = verde + amarela = 3 + 3 − 2 = 3 − 2
³ √ ´ √ √
3)2
2 2 3 22 32 3 (2−3
verde = 2 6 − 4 = 6 − 6 = 6
35
√ √
(4−3 3)2 (2−3 3)2 2 2 2
azul = 6 − 6 = 3 azul = 2 × 6 = 3
22
vermelha = 2 × azul = 3
µ √ ¶ √ √
2 (4−3 3)2 (4−3 3)2 2+3 3 2
amarela = 2 × 2 − 3 × 6 − 12 = 2 2
− 2
− 6 = 6
µ √ ¶ √
2 (2−3 3)2 42 −2(2−3 3)2 √
rosa = 2 × 2 × 6 − 6 = 6 = 2 3
2
√ √
rosa = 2 × 2 × 4 3 = 2 3
√
√ √ 2
2 (2−3 3)2 √
total = 2 3 + 2+3 6
3 2
+ 2
3 + 3 + 6 = 2 3 + 53 2
Comprimento da fronteira: + + 2 2
3 + 3 , ou seja,
10
3 .
Esta questão é a quase a mesma que foi resolvida no exemplo anterior, tendo-se que calcular a
área castanha. √
(2−3 3)2 2 2
verde = 6 azul = 3 vermelha = 2
3
√ √
amarela = 2+36
3 2
rosa = 2 3
√ ¡ √ ¢
Base do rectângulo: 2 + 2 × 2 3 = 2 + 3
Altura do rectângulo: + + = 3
¡ √ ¢
rectângulo = 3 2 + 3 2
¡ √ ¢ √ ¡ √ ¢
castanha = 3 2 + 3 2 − 2 3 − 53 2 = 6 + 2 3 − 53 2
Observações
Consideremos a figura seguinte:
36 CAPÍTULO 2. PERÍMETROS E ÁREAS DE FIGURAS PLANAS
Cada uma das regiões a vermelho é por dois segmentos circulares correspondentes a arcos de
60 ◦ e por um triângulo equilátero ao qual foi retirado um segmento circular. Logo a área de cada
uma dessas regiões é igual á área dum triângulo equilátero ao qual se junta um segmento circular,
obtendo-se a área dum sector circular que é um sexto da área do círculo. E o mesmo acontece com
cada uma das regiões a azul escuro com os dois segmentos circulares a azul claro.
As duas regiões a verde escuro têm a mesma área que quatro triângulos equiláteros.
A região verde claro é constituída por dois segmentos circulares (correspondentes a arcos de
60 ◦ ).
Capítulo 3
Primeiro processo
Os triângulos coloridos são rectângulos. √
No primeiro triângulo, temos que os catetos medem
√ √ e a hipotenusa 2.
uma unidade
No segundo triângulo, os catetos medem 1 e 2 e a hipotenusa 3.
E assim sucessivamente. √
Como conseguir um segmento de recta cujo comprimento seja√ 11? √ √ √
É claro que interessa um método mais expedito do que obter 11 a partir de 2, 3,..., 10.
2 2 ¡√ ¢2
Comecemos por recordar que ( + 1) = 2 + 2 + 1, pelo que ( + 1) = 2 + 2 + 1 .
Então, existe um triângulo rectângulo
√ em que a hipotenusa mede + 1, um dos catetos mede
, enquanto que o outro cateto mede 2 + 1.
Então, como 11 = 2 × 5 + 1, temos que existe um triângulo rectângulo
√ em que a hipotenusa
mede 6, um dos catetos mede 5, enquanto que o outro cateto mede 11.
1 1
B
4 =2 3
5 2 6
1 12
11
1 O A 1 C
√
Na figura anterior, temos = 5 = 6 ⊥ .
√ Então, = 11.
Para conseguir um segmento√ cujo comprimento seja 12, consideramos um triângulo
√ rectângulo
em que um dos catetos mede 11 e o outro cateto mede 1. A hipotenusa medirá 12.
Segundo processo
37
38 CAPÍTULO 3. GEOMETRIA COM RÉGUA E COMPASSO
A C
O B
√
Exemplo 30 Construa um segmento de recta de comprimento 5.
Resolução
39
5
¡√ ¢2
1. Como 22 + 12 = 5 , temos 1
2. De 5 = 5 × 1, vem
A C
B D
3
2 2 5
3. De 5 = 5 × 1 = (3 + 2) × (3 − 2) = 3 − 2 , vem
D
B 2 C
Note-se que as duas últimas construções acabam por ser uma só!
√
14
Exemplo 31 Construa um segmento de recta de comprimento 4 .
Resolução
√
Começamos por construir um segmento de comprimento 14 e, depois, dividimo-lo em quatro
partes iguais. Em termos práticos, vejamos, em primeiro lugar, como se divide um segmento de
recta em partes iguais:
40 CAPÍTULO 3. GEOMETRIA COM RÉGUA E COMPASSO
B
B3
B2
B1
A1
A2
A3
A4
Para dividir o segmento de recta [] em quatro partes iguais, traçamos uma semi-recta com
origem em e que tenha uma direcção que não se confunda com a direcção da recta . Sobre
essa semi-recta, marcamos um ponto 1 . Depois, marcamos sucessivamente os pontos 2 , 3 e
4 , de modo que 1 = 1 2 = 2 3 = 3 4 . Depois, traça-se o segmento []. Finalmente,
traçam-se, por 1 , 2 e 3 , rectas paralelas a [4 ] as quais intersectam [] nos pontos 1 , 2
e 3 . Então, 1 = 1 2 = 2 3 = 3 4 .
4,5
CD= 14
C1
A 7 O C 2 B 14
CC 1 =
4
1
Observação
É claro que podíamos ter dividido o segmento em duas partes iguais e depois dividíamos uma
das metades em duas partes iguais. O processo descrito serve para dividir um segmento de recta
em qualquer número de partes iguais.
Veremos mais adiante como traçar paralelas com régua e compasso.
√
4
Exemplo 32 Construa um segmento de recta de comprimento 14.
Resolução √
Começamos por construir um segmento de comprimento 14 e, depois, construimos outro de
p√
comprimento 14.
41
E
H
A C D B
√ p√ √
Na figura anterior, temos = 7, = 2, = 14, = 1 e = 14 = 4 14.
Observação
Se tivermos um segmento de recta de comprimento
√ , então é possível construir (com régua e
compasso) um segmento de recta de comprimento , desde que se conheça um segmento de recta
de comprimento√1. E assim sucessivamente, pelo que é possível construir um segmento de recta de
comprimento 2 .
√
Exemplo 33 Suponhamos que temos um segmento de recta de comprimento 2. Como obter o
segmento unidade?
Resolução √
Consideremos a figura seguinte, onde = 2. Desenhemos a circunferência de centro que
passa por . A recta intersecta a circunferência em e num outro ponto . Construa-se a
mediatriz de [], a qual intersecta a circunferência inicial em dois pontos. Seja um desses pontos.
Então, devido ao Teorema de Pitágoras, = 2. Então, para constuir um segmento unitário, basta
construir a mediatriz de []. Tal mediatriz não foi construída, para não sobrecarregar o desenho.
2 2
A
2 B C
42 CAPÍTULO 3. GEOMETRIA COM RÉGUA E COMPASSO
√
Exemplo 34 Suponhamos que temos um segmento de recta de comprimento 5. Como obter o
segmento unidade?
Resolução
√
Consideremos a figura seguinte, onde = 5.
Começamos por construir um triângulo rectângulo arbitrário em que um dos catetos é o dobro
do outro. Depois, rodamos o ponto em torno de , até intersectar a recta que passa por e é
paralela à hipotenusa do triângulo desenhado anteriormente. Seja um tal ponto de intersecção (há
duas possibilidades). Por e desenham-se paralelas aos catetos do referido triângulo. Obtemos,
assim, um novo triângulo semelhante ao anterior, pelo que os catetos do segundo triângulo medem
1 e 2 unidades.
B
5
2x x 5
A
2
5
D 1
x
C
√
Exemplo 35 Suponhamos que temos um segmento de recta de comprimento 3. Como obter o
segmento unidade?
Resolução
√
Consideremos a figura seguinte, onde = 3. Começamos por construir um triângulo equi-
látero []. Depois, por , traçamos uma recta perpendicular a []. Finalmente determinamos
√
, o ponto de intersecção das rectas e . Então, = 3, devido ao facto de ser tan = 3.
Dividindo [] em três partes iguais, obtemos um segmento de comprimento 1.
Note-se que esta questão pode ser resolvida de maneira análoga à questão seguinte.
43
60
A
B
3
√
Exemplo 36 Suponhamos que temos um segmento de recta de comprimento 14. Como obter o
segmento unidade?
Resolução √
Consideremos a figura seguinte, onde = 14. Começamos por marcar sobre uma recta três
pontos , e , com entre e e com = 72 . Desenhamos a circunferência de diâmetro
[] e traçamos por uma recta perpendicular a []. Seja um dos pontos de intersecção dessa
perpendicular com a circunferência.
Seguidamente, rodamos [] em torno de , de modo a obtermos [] paralelo a [ ].
Por , desenhamos paralelas a [ ] e [ ], enquanto que, por , traçamos uma paralela a
[].
Os triângulos [ ] e [] são semelhantes, pelo que = 2 e = 7.
Para obter um segmento unitário, basta dividir [] em duas partes iguais.
Ao fim e ao cabo, começamos por escolher um segmento de recta arbitrário, o qual servirá de
unidade
√ provisoriamente. Depois construimos um segmento de recta com o comprimento indicado
( 14), mas na unidade "provisória". Depois, através das semelhanças, construimos o segmento de
recta de comprimento 1, na uindade inicial.
Note-se que, nos exemplos anteriores, podíamos ter seguido este processo.
44 CAPÍTULO 3. GEOMETRIA COM RÉGUA E COMPASSO
√
Exemplo 37 Suponhamos que temos um segmento de recta de comprimento 7. Como obter o
segmento unidade?
Resolução
Começamos por marcar, numa reta, três pontos de modo que tenhamos um segmento de com-
primento e outro de comprimento 7, de modo que o segmento total terá comprimento 8. Pelo
ponto médio do segmento de comprimento 8, construímos uma circunferência de raio√4. Depois,
traçamos uma perpendicular e vamos obter um segmento de reta com comprimento 7, como √ na
figura seguinte. Depois, por , traça-se uma reta paralela ao segmento de comprimento 7 e
desenha-se um arco de circunferência
√ de centro e que passa por . Então, temos um novo seg-
mento de reta de comprimento √ 7. Finalmente, por , traçamos uma reta paralela à hipotenusa
do triângulo de catetos e 7 e uma reta paralela ao diâmetro da circunferência assinalado na
figura, obtendo-se um segmento de comprimento 1.
AB= 7
7
x 7
1
x 7x
Exemplo 38 Suponhamos que temos um rectângulo em que dois lados medem 3 cm e 5 cm. Como
podemos obter um quadrado com a mesma área do rectângulo?
Resolução √
A área do rectângulo é 15 cm2 . Então, o lado do quadrado deve medir 15 cm.
Na figura seguinte, temos que [] é um rectângulo, = 5 cm e = 3 cm.
Desenhou-se uma circunferência de centro e que passa por . O ponto pertence à recta
e à circunferência anterior, pelo que = 8 cm. é o ponto médio de [], embora se tenha
omitido a construção par obter . Seguidamente, desenhou-se a circunferência de diâmetro [].
Esta última circunferência intersecta a recta em dois pontos, um dos quais é . A área do
quadrado de lado [ ] é 15 cm2 , área esta que é igual à área do rectângulo [].
45
Observe-se que o valor indicado para (na figura seguinte), é um valor aproximado, tendo-se
que 3 872 = 14 976 9, valor este
√ que é ligeiramente inferior a 15.
Note-se, ainda, que = 15 cm ≈ 3 872 983 346 cm e que, embora a calculadora apresente o
valor 15 para 3 872 983 3462 , esse valor não é exacto.
Registe-se que 3 872 983 3462 = 14 999999998393355716.
F
G
D
C
A H
M B E
m BE = 3,00 cm m AB = 5,00 cm
m FB = 3,87 cm
Exemplo 39 Construa um quadrado cuja área seja igual à área dum triângulo dado.
Resolução
D
B
A
F
Exemplo 40 Construa um quadrado cuja área seja igual à área dum losango dado.
46 CAPÍTULO 3. GEOMETRIA COM RÉGUA E COMPASSO
Resolução
Consideremos o losango [] da figura seguinte. A área de [] é igual à área do
rectângulo [ ] da figura seguinte. Então, caímos no problema anterior.
C
F E
B D
Exemplo 41 Construa um quadrado cuja área seja igual à área dum trapézio dado.
Resolução
A B
F
G
D
C
E H
Exemplo 42 Construa um quadrado cuja área seja igual à área dum octógono regular dado.
Resolução
Começamos por obter um paralelogramo e depois um rectângulo com a mesma área do octógono.
Depois, basta encontrar um quadrado com a área do rectângulo.
47
Exemplo 43 Construa um quadrado cuja área seja igual à área dum pentágono regular dado.
Resolução
Neste caso, construímos um trapézio e um rectângulo, ambos com a área do pentágono. E, por
fim, construimos o quadrado.
Exemplo 44 Construção duma recta que passa por um ponto e é perpendicular a outra recta.
Resolução
Consideremos um ponto e uma recta que não passa por . Com centro em , desenha-se
uma circunferência que intersecte a recta em dois pontos (neste caso e ). Depois, constrói-se
a mediatriz do segmento de recta []. Essa mediatriz passa por e é perpendicular à recta .
48 CAPÍTULO 3. GEOMETRIA COM RÉGUA E COMPASSO
Se o ponto pertencer à recta , basta desenhar uma circunferência de centro e determinar
os pontos de intersecção da recta com a circunferência. Esse pontos definem um segmento de recta
cuja mediatriz passa por e é perpendicular à recta .
Exemplo 45 Construção duma recta que passa por um ponto e é paralela a outra recta.
Resolução 1
c2
A
B
F
D
E
c1
c3 C
49
Resolução 2
G
A
H
I
F
B
C
D
Resolução
Dado o segmento [], marcamos um ponto , de modo que a circunferência de centro e que
passa por intersecte num ponto . A recta intersecta a circunferência num novo ponto
. Como [] é um diâmetro da circunferência, a amplitude do ângulo é metade de 180 ◦ .
Logo, ⊥ . Intersectando a circunferência de centro e que passa por com a recta ,
obtemos o ponto .
Agora, construimos um losango [ ], desenhando duas circunferências passando por , uma
de centro e outra de centro .
Como um dos ângulos é recto, então [ ] é um quadrado.
50 CAPÍTULO 3. GEOMETRIA COM RÉGUA E COMPASSO
G
E
A
D
B
Capítulo 4
A Trigonometria no Triângulo
Rectângulo
Consideremos um ângulo agudo qualquer. Se marcarmos vários pontos sobre um dos lados do
ângulo e, por cada um desses pontos, traçarmos perpendiculares a esse ou ao outro lado, obtemos
vários triângulos rectângulos, todos semelhantes entre si.
Do facto dos triângulos [] [] [] e [ ] serem semelhantes, resulta que:
51
52 CAPÍTULO 4. A TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RECTÂNGULO
⎧
⎪
⎪
⎪ = = =
⎪
⎪
⎨
= = =
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ = = =
Os quocientes anteriores dependem apenas da amplitude do ângulo e são conhecidos por sin (ou
sen ), cos e tan (ou tg ), respectivamente, recebendo o nome genérico de razões trigonométri-
cas.
Consideremos um triângulo rectângulo [], como na figura seguinte:
Neste caso, temos sin = cos = tan = sin = cos = e tan =
, verificando-se que sin = cos e cos = sin . Os ângulos e , cuja soma é um ângulo
recto, são ângulos complementares. Para além das três razões trigonométricas indicadas, há outras
1 1 1
três, as quais são dadas por cot = sec = e csc = . Estas razões são a
tan cos sin
cotangente, a secante e co-secante.
Proposição 47 Para qualquer ângulo agudo , temos:
sin 1
tan = sin = cos tan sin2 + cos2 = 1 1 + tan2 =
cos cos2
Exercício 48 Determine a área dum sector circular correspondente a um arco de 70◦ .
Resolução
Consideremos, numa circunferência de raio , um arco de 70◦ .
53
A área do sector circular, correspondente ao arco , calcula-se por meio da proporção (regra
360 ◦ 70 ◦ 72
de três simples) 2
= , donde vem = .
36
7
2 18
Se trabalhássemos em radianos, teríamos (para a área do mesmo sector circular): = ,
2
2 2
7 7
donde vem = × = , obtendo-se o mesmo resultado, como era de esperar.
2 18 36
No caso de termos um ângulo ao centro de (radianos), a área do sector circular será dada por
2
.
2
Exercício 49 Determine a área dum triângulo definido por dois raios duma circunferência de raio
e uma corda correspondente a um arco de 70 ◦
Resolução
Consideremos, numa circunferência de raio , um arco de 70 ◦ e os raios definidos pelos extremos
do arco e pelo centro da circunferência, como na figura seguinte.
Se quisermos a área do segmento circular definido pela corda [] e pelo arco de circunferência
2 2
, basta-nos calcular a diferença entre e sin , ou seja, a área do segmento circular
2 2
2
correspondente a um arco de amplitude radianos é ( − sin ).
2
Exercício 50 Determine a área dum polígono regular de lados, inscrito numa circunferência de
raio .
Resolução
Antes de passarmos ao caso geral, consideremos vários casos particulares, começando pelo triân-
gulo equilátero.
Consideremos a figura seguinte, onde [] é um triângulo equilátero, o qual está dividido em
três triângulos iguais.
Seja = = = .
2 2
Já sabemos que a área do triângulo [] é sin , pelo que a área do triângulo [] é
2 3
32 2
dada por 3 = sin .
2 3
42 2
No caso do quadrado, vem 4 = sin = 22 .
2 4
55
2 × 2
Se considerarmos o quadrado como um losango com as diagonais iguais, vem 4 = =
2
22 .
52 2
No caso do pentágono regular, temos 5 = sin .
2 5
2 2
E no caso do polígono regular de lados, virá = sin .
2
2 2 3 2√ 2 2 2
Logo, 6 = 3 sin = 3 e 12 = 6 sin = 3 .
6 2 12
Exercício 51 Determine a área da estrela regular de cinco pontas, inscrita numa circunferência
de raio .
Resolução
52 2
Já vimos que a área do pentágono regular [] é sin e que = 2 sin .
2 5 5
b =
Mas, tan = tan = . Então, = sin 5 tan 5 .
5 sin
5
1
Logo, a área de [ ] é dada por × sin tan × 2 sin = 2 sin2 tan .
2 5 5 5 5 5
Então, 52 , a área da estrela regular de cinco pontas é:
56 CAPÍTULO 4. A TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RECTÂNGULO
52 2
52 = sin − 52 sin2 tan = 52 sin cos − 52 sin2 tan
2 5 5 5 5 µ5 5 5¶
2 ³ ´ 2 sin 5
= 5 sin cos − sin tan = 5 sin cos − sin ×
5 5 5 5 5 5 5 cos 5
sin 5 ³ 2 ´ 2
= 52 × cos − sin2 = 52 tan cos
cos 5 5 5 5 5
Exercício 52 Determine a área das estrelas regulares de sete pontas, inscritas numa circunferência
de raio .
Resolução
72 2
A área do heptágono regular é 7 = sin .
2 7
72 2 2 72 2
73 = sin − 72 sin2 tan = × 2 sin cos − 72 sin2 tan
2 7 7 7 2 7 7 7 7
µ ¶ µ 2 ¶
2 sin
= 72 sin cos − sin tan = 72 sin cos − sin × 7
7 7 7 7 7 7 7 cos 2
7
µ ¶ 2 3
cos 2 2 7 sin cos 7
7 cos 7 − sin 7 sin 7 7
= 72 sin 2 =
7 cos 7 cos 27
57
Mas, conforme se pode ver na figura seguinte, existe uma outra estrela regular de sete pontas.
Para distinguir as duas estrelas, chamar-lhes-emos estrelas 73 e 72 , respectivamente, por
razões óbvias.
Neste último caso, temos:
³ ´
= 2 sin e tan = tan b = = .
7 7 sin 7
Então, = sin 7 tan , pelo que a área do triângulo [] é sin × sin 7 tan , ou
7 7 7
seja, 2 sin2 7 tan .
7
Então, a área da estrela regular de sete pontas considerada é:
72 2 72
72 = sin − 72 sin2 tan = × 2 sin cos − 72 sin2 tan
2 7 7 7 2 µ7 7 7 ¶ 7
2 ³ ´ 2 sin 7
= 7 sin cos − sin tan = 7 sin cos − sin ×
7 7 7 7 7 7 7 cos 7
à ¡ ¢ ¡ ¢ !
cos2 7 − sin2 7 2
= 72 sin = 72 tan cos
7 cos 7 7 7
Exercício 53 Determine a área da estrela regular 94 , inscrita numa circunferência de raio .
Resolução
58 CAPÍTULO 4. A TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RECTÂNGULO
3 √
Então, = sin 9 tan = sin 9 tan = 3 sin 9 .
9 3
√ √
Logo, a área do triângulo [2 3 ] é sin × 3 sin 9 , ou seja, 2 3 sin2 .
9 9
Então, 94 , a área da estrela regular 94 , é dada por:
92 2
94 = sin − 92 sin2 tan = 92 sin cos − 92 sin2 tan
2 9µ 9 3 ¶ 9 9 9 3
³
sin
sin ´
= 92 sin cos − sin × 3
= 92 × 9
cos cos − sin sin
9 9 9 cos 3 cos 3 9 3 9 3
sin 9 ³ ´
sin 9 4
= 92 × cos + = 92 × × cos
cos 3 9 3 cos 3 9
Exercício 54 Calcule a área da estrela regular 2+1 inscrita numa circunferência de raio .
Resolução
Consideremos a figura seguinte:
59
( − 1) ³ ´
1 2 = 2 sin tan = tan c2 = =
2 + 1 2 + 1 2 sin 2+1
( − 1)
Então, = sin 2+1 tan . Seja , a área do triângulo [1 2 ].
2 + 1
( − 1)
Então, = sin × sin tan .
2 + 1 2 + 1 2 + 1
( − 1)
Logo, = 2 sin2 tan .
2 + 1 2 + 1
Logo, 2+1 , a área da estrela regular 2+1 é:
2 2 ( − 1)
2+1 = (2 + 1) sin − (2 + 1) 2 sin2 tan
2 2 + 1 2 + 1 2 + 1
( − 1)
= (2 + 1) 2 sin cos − (2 + 1) 2 sin2 tan
2 + 1 2 + 1 2 + 1 2 + 1
⎛ ⎞
( − 1)
⎜ sin
= (2 + 1) 2 sin ⎜cos − sin × 2 + 1 ⎟ ⎟
2 + 1 ⎝ 2 + 1 2 + 1 ( − 1) ⎠
cos
2 + 1
Então,
µ ¶
(2 + 1) 2 sin
2+1 = 2 + 1 cos cos ( − 1) − sin sin ( − 1)
( − 1) 2 + 1 2 + 1 2 + 1 2 + 1
cos
2 + 1
sin cos
= (2 + 1) 2 × 2 + 1 2 + 1
( − 1)
cos
2 + 1
Para = 2, = 3 e = 4, temos as fórmulas obtidas anteriormente.
60 CAPÍTULO 4. A TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RECTÂNGULO
µ ¶
2
(2 + 1) × sin cos sin sin −
2 + 1 2 + 1 = 2 lim 2 + 1 × lim 2 2 + 1
= lim µ ¶
( − 1) ( − 1)
cos 2 + 1 sin −
2 + 1 2 2 + 1
µ ¶ µ ¶
2 + − 2
sin sin
4 + 2 4 + 2 2
= 2 × 1 × lim µ ¶ = 2 lim µ ¶=
2 + − 2 + 2 3 3
sin sin
4 + 2 4 + 2
O valor de não deixa de ser curioso, pois é um terço da área do círculo circunscrito à estrela.
1. A área do triângulo.
Resolução
Seja o ponto médio do lado []. Como = , temos que o triângulo [ ] é
2
rectângulo em . Aplicando o Teorema de Pitágoras, vem = 132 −52 = 144; então, = 12,
10 × 12
pelo que a área do triângulo [ ] é cm2 , ou seja, 60 cm2 .
2
³ ´ 12 ³ ´
b
2. sin = b
= sin
13
61
Resolução
Consideremos o triângulo [] da figura:
Áreas e Volumes
Exercício 58 Determine a área dum paralelogramo, conhecidos os lados e um dos ângulos internos.
Resolução
Consideremos o paralelogramo da figura seguinte, onde ⊥ :
sin = =⇒ = sin . Então, a área do paralelogramo é:
−−→ −−→
× sin = × cos tan = · tan .
Note-se que, num paralelogramo [], são válidas as igualdades sin = sin = sin =
sin , pelo que a fórmula que dá a área do paralelogramo pode ser aplicada, mesmo que o ângulo
seja obtuso. No entanto, se se tratar dum rectângulo, a fórmula (com tan ) não tem significado.
É claro que, nas fórmulas anteriores, podemos utilizar outros pares de vectores.
Resolução
−
−→
1. = + = (4 3) + (1 2) − (3 0) = (2 5)
63
64 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
−−
→ −−→
2. = (3 0) − (1 2) = (2 −2) = (2 5) − (1 2) = (1 3)
−−
→ −−→
· = (2 −2) · (1 3) = 2 − 6 = −4
°−− ° ° °
° →° √ °−−→° √
° ° = 8 °° = 10
Então,
−4 −4 1
cos = √ √ = √ = −√
8 × 10 4 5 5
Logo, 1 + tan2 = 5, donde se conclui que tan = −2, uma vez que o ângulo é obtuso.
−−
→ −−→
Então, · tan = −4 × (−2) = 8, que é a área do paralelogramo.
Observemos que há um outro processo de calcular a área dum paralelogramo, o qual consiste
em criar um terceiro eixo, de modo a considerarmos o paralelogramo em R3 .
−
−→ −−→ −
−→ −−→
Assim, em vez de = (2 −2) e = (1 3), consideramos = (2 −2 0) e = (1 3 0) e
calculamos o chamado produto externo:
¯ ¯
¯1 2 3 ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯−2 0¯ ¯ ¯ ¯ ¯
(2 −2 0) × (1 3 0) = ¯¯ 2 −2 0 ¯¯ = 1 ¯¯ ¯ − 2 ¯2 0¯ + 1 ¯2 −2¯
3 0¯ ¯1 0¯ ¯ 1 3¯
¯1 3 0¯
= 01 + 02 + 83 = (0 0 8)
Teorema 60 Teorema de Carnot (ou lei dos cosenos). Consideremos um triângulo [] qual-
quer. Então:
2 2 2
= + − 2 × × cos
Demonstração
Comecemos por observar que a igualdade anterior costuma ser escrita do seguinte modo:
2 = 2 + 2 − 2 cos
Além disso, o Teorema de Pitágoras é um caso particular deste teorema (caso em que o ângulo
é recto).
65
−
−→ −→ −−→
Como = + , temos:
1. recta
2. recta
3. recta
Resolução
1. Quando o triângulo dá uma volta completa, em torno da recta , gera um cone (de rev-
olução) com 3 cm de altura e cuja base é um círculo de 4 cm de raio. Então, o volume do cone
é de 13 × × 42 × 3 cm3 , ou seja, o volume do cone é de 16 cm3 .
2. Quando o triângulo dá uma volta completa, em torno da recta , gera um cone com 4 cm de
altura e cuja base é um círculo de 3 cm de raio. Então, o volume do cone é de 13 ××32 ×4 cm3 ,
ou seja, o volume do cone é de 12 cm3 .
3. Quando o triângulo dá uma volta completa, em torno da recta , gera um sólido formado
por dois cones com a mesma base. A base comum dos cones é um círculo cujo raio é a altura
do triângulo [], relativa ao lado [].
¡ 12 ¢2
O volume do cone gerado pelo triângulo [] é dado por 2 = 13 × 5 (5 − ) = 48
25 (5 − )
Então, o volume total é dado por
48 48 48 48
= 1 + 2 = + (5 − ) = ×5=
25 25 25 5
Observemos que não foi necessário calcular e , para podermos calcular o volume total,
embora seja necessário calculá-los, se desejarmos saber os valores de 1 e 2 .
1. recta
2. recta
3. recta
Resolução
1. Quando o triângulo dá uma volta completa, em torno da recta , gera um cone (de rev-
olução) com cm de altura e cuja base é um círculo de cm de raio. Então, o volume do cone
2
é de 13 × × 2 × cm3 , ou seja, o volume do cone é de 3 cm3 .
2. Quando o triângulo dá uma volta completa, em torno da recta , gera um cone com cm de
altura e cuja base é um círculo de cm de raio. Então, o volume do cone é de 13 ××2 × cm3 ,
2
ou seja, o volume do cone é de 3 cm .
3
3. Quando o triângulo dá uma volta completa, em torno da recta , gera um sólido formado
por dois cones com a mesma base. A base comum dos cones é um círculo cujo raio é a altura
do triângulo [], relativa ao lado [].
√
A área do triângulo [] é 2
2 cm , sendo = 2 + 2 cm (aplicando o Teorema de Pitá-
goras). Supondo que = cm, temos que 2 = 2 , donde se conclui que =
√
= 2 +2 .
Suponhamos que = cm. Então, = ( − ) cm. Logo, o volume do cone gerado pelo
triângulo [] é, em cm3 , dado por 1 = 13 × 2 .
O volume do cone gerado pelo triângulo [] é dado por 2 = 13 × 2 ( − )
Então, o volume total é dado por = 1 + 2 = 13 × 2 + 13 × 2 ( − ) = 13 2 .
67
√
Substituindo por √ e por 2 + 2 , obtemos
2 +2
µ ¶2 p
1 2 2
= √ 2 + 2 = √
3 + 2
2 3 2 + 2
2. recta
3. recta
Resolução
1. Quando o trapézio dá uma volta completa, em torno da mediatriz das bases, define um tronco
de cone em que as bases estão contidas em planos paralelos.
O volume desse tronco de cone pode ser obtido pela diferença entre os volumes dos cones
gerados pelos triângulos [ ] e [].
½ √
◦ = 15√ 3 cm
Ora, tan = = =⇒ tan 60 = = =⇒
15 cm 10 cm = 10 3 cm
68 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
√
Então, o volume do cone gerado por [] é, em cm3 , dado por 1 = 13 × 100 × 10 3 e o
√
volume do cone gerado por [ ] é, em cm3 , dado por 2 = 13 × 225 × 15 3
O volume do tronco de cone é, em cm3 , dado por:
1 √ 1 √ 2375 √
= 2 − 1 = × 225 × 15 3 − × 100 × 10 3 = 3
3 3 3
2. Quando o trapézio dá uma volta completa, em torno da recta , gera um sólido formado
por um cilindro de revolução (cujo raio é a altura do trapézio e cuja altura é ) e por dois
cones de revolução de alturas e e cujas
√ bases são as bases do cilindro anterior. Ora,
= = 5 cm, = 20 cm e = 5 3 cm. Então, o volume do cilindro, em cm3 , é
¡ √ ¢2
3 = 5 3 × 20 = 1500
¡ √ ¢2
O volume dum dos cones, em cm3 , é 4 = 13 × 5 3 × 5 = 125
Logo, o volume total do sólido, em cm3 , é 3 + 24 = 1750
2. recta
3. recta
Resolução
69
1.
½
= 2 tan
Ora, tan = = =⇒
2
2
= 2 tan
¡ ¢2
O volume do cone gerado por [] é 1 = 13 2 2 tan = 24
1
3 tan .
¡ ¢2
O volume do cone gerado por [ ] é 2 = 13 2 2 tan = 24
1
3 tan .
Então, o volume do tronco de cone é
1 3 1 ¡ 3 ¢
= 2 − 1 = tan − 3 tan = − 3 tan
24 24 24
2. Quando o trapézio dá uma volta completa, em torno da recta , gera um sólido formado por
um cilindro de revolução (cujo raio é a altura do trapézio e cuja altura é ) e por dois cones
de revolução de alturas e e cujas bases são as bases do cilindro anterior. Ora, =
¡ − ¢2
= − −
2 , = e = 2 tan . Então, o volume do cilindro é 3 = 2 tan
¡ ¢2
O volume dum dos cones é 4 = 13 × × − 2
−
2 tan
= 24 ( − )3 tan2
Finalmente, temos que o volume total do sólido é:
¡ ¢2 3 2
3 + 24 = −
2 tan
+ 12
( − ) tan2 = ( + 2) 12 ( − ) tan2
3. Quando o trapézio dá uma volta completa, em torno da recta , gera um cilindro de
revolução (com altura e raio −
2 tan ) ao qual são retirados dois cones de revolução de
−
altura 2 e cujas bases são as bases do cilindro anterior. Então, o volume do cilindro é
¡ ¢2
5 = −2 tan . O volume de cada cone é
µ ¶2
1 − − 1
6 = × tan × = ( − )3 tan2
3 2 2 24
45 ◦ .
Determine o volume do sólido que se obtém, quando o trapézio dá uma volta completa em torno
de:
1. recta
2. recta
Resolução
O volume do cone gerado pelo triângulo [] é dado (em cm3 ) por:
³ √ ´2 ³ √ ´ ³ √ ´2 ³ √ ´ √
3 = 24 − 8 3 × 24 − 8 3 = 24 − 8 3 × 8 3 − 8 × 3
3 ³ 3
√ √ ´
= 2 × 3 = 13 824 2 − 3
¡ √ ¢ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
Então, o volume dos dois cones é 1024 3 3 − 5 + 1024 9 − 5 3 = 1024 4 − 2 3 , ou
¡ √ ¢
seja, 2048 2 − 3 .
¡ √ ¢ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
E o volume total do sólido (em cm3 ) é = 7680 2 − 3 +2048 2 − 3 = 9728 2 − 3 .
2. Suponhamos, agora, que o trapézio dá uma volta completa em torno da recta . Neste
caso, o trapézio gera um cilindro de altura , ao qual são retirados dois cones de e .
O raio das bases é . Sejam 1 = 2 = = , como na alínea anterior. A única
diferença é que o volume do sólido é dado por = 10 − 2 − 3 .
Ora,
³ √ ´2 ³ √ ´2 ³ √ ´
10 = 24 − 8 3 × 36 = 36 × 64 3 − 3 = 2304 9 + 3 − 6 3
³ √ ´ ³ √ ´
= 2304 × 6 2 − 3 = 13 824 2 − 3
Então:
³ √ ´ ³ √ ´ ³ √ ´
= 10 − 2 − 3 = 13 824 2 − 3 − 2048 2 − 3 = 11776 2 − 3
Determine o volume do sólido que se obtém, quando o trapézio dá uma volta completa em torno
de:
1. recta
2. recta
Resolução
72 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
O trapézio gera um sólido formado por um cilindro e dois cones de revolução. A altura do
cilindro é , enquanto que a base tem raio (−) tan tan
tan +tan . Logo, o volume do cilindro é
µ ¶2
( − ) tan tan ( − )2 tan2 tan2
1 = = 2
tan + tan (tan + tan )
2. A única diferença, relativamente à questão anterior, é que o volume do sólido é dado por
10 − 2 − 3 .
Ora,
2 3
3 ( − ) tan2 tan2 ( − ) tan2 tan2
10 − 2 − 3 = −
3 (tan + tan )2 3 (tan + tan )2
( − )2 tan2 tan2 (3 − + )
= 2
3 (tan + tan )
( − )2 (2 + ) tan2 tan2
= 2
3 (tan + tan )
Observação:
No primeiro exemplo resolvido anteriormente, tínhamos = 30 cm = 20 cm = = 60 ◦ . Se
aplicarmos as fórmulas que acabamos de deduzir, obtemos (em cm3 ):
2 ¡√ ¢2 ¡√ ¢2
(30 − 20) (30 + 40) 3 3
1 + 2 + 3 = ¡√ √ ¢2
3 3+ 3
100 × 70 × 9
= = 1750
3 × 12
¡√ ¢2 ¡√ ¢2
(30 − 20)2 (60 + 20) 3 3
10 − 2 − 3 = ¡√ √ ¢2
3 3+ 3
100 × 80 × 9
= = 2000
3 × 12
74 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
2 ¡√ ¢2
(36 − 20) (72 + 20) 3 × 12
10 − 2 − 3 = ¡√ ¢2
3 3+1
256 × 92 × 3
= ¡ √ ¢
3 4+2 3
√
256 × 46 2 − 3
= √ × √
2+ 3 2− 3
³ √ ´
= 256 × 46 2 − 3
³ √ ´
= 11776 2 − 3
Resolução
Consideremos o trapézio da figura seguinte, em que = , = , = , = , com
0 2 e 0 2 .
( − ) tan tan
Já vimos que = . Então, a área do trapézio é dada por:
tan + tan
¡ 2 ¢
+ ( − ) tan tan − 2 tan tan
× =
2 tan + tan 2 (tan + tan )
Determine o volume do sólido que se obtém, quando o triângulo [] dá uma volta completa em
torno de:
Resolução
Quando o triângulo [] dá uma volta completa, em torno da recta , gera um cone de
altura , ao qual é retirado um cone de altura . A base comum é um círculo de raio
.
b = 120 ◦ , temos que
Consideremos o triângulo rectângulo []. Como b = 60 ◦ .
76 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
1 √
Então, cos 60 ◦ = = . Logo, = 5 cm. Mas, tan 60 ◦ = 3 = .
2
√
Então, = 5 3 cm, pelo que o volume do cone gerado por [] é, (em cm3 ):
³ √ ´2
1 = × 5 3 × (5 + 10) = 375
3
O volume do cone gerado por [] é, (em cm3 ):
³ √ ´2
2 = × 5 3 × 5 = 125
3
Logo, o volume do sólido, em cm3 , é = 375 − 125 = 250.
2. Como o triângulo é isósceles, neste caso, o volume pedido é 250 cm3 .
3. Consideremos a figura seguinte, onde [] é uma altura de []:
√
É fácil verificar que os triângulos [] e [] são iguais. Então, = 5 cm e = 5 3 cm.
O triângulo [], quando roda em torno da recta , define dois cones iguais unidos pelas
bases, pelo que o volume do sólido é o dobro do volume de um desses cones. Logo, o volume do
sólido, em cm3 , é:
2 √ 250 √
= × 52 × 5 3 = 3
3 3
Exercício 69 Considere o triângulo da figura seguinte, em que temos = = e b = ,
com 2 .
Determine o volume do sólido que se obtém, quando o triângulo [] dá uma volta completa
em torno de:
77
1. recta
2. recta
3. recta
Resolução
1. Quando o triângulo [] dá uma volta completa, em torno da recta , define um cone
de altura e cuja base é um círculo de raio , enquanto que o triângulo [] define
um cone com a mesma base do anterior, mas de altura . O volume , do sólido gerado
por [], é a diferença entre os volumes dos dois cones referidos.
sin = sin ( − ) = =⇒ = sin
⎧ 2 2
⎨ 1 = sin ×
⎪
Então, 3 2
2
⎪
⎩ 2 = sin ×
3
Logo,
2 sin2 2 sin2
1 − 2 = × − ×
3 3
2 sin2 ¡ ¢ 2 sin2
= × − =
3 3
½ ½ ½
2 = 2 + 2 2 = 2 + 2 2 − 2 = 2
2 ⇐⇒ ⇐⇒
2 = ( − ) + 2 2 = 2 − 2 + 2 + 2 2 = 2 − 2 + 2
( p
= ± ( + ) ( − )
⇐⇒ 2 2 2
= +2−
p 2 +2 −2
Como 0, temos = ( + ) ( − ), com = 2 .
Logo,
sµ ¶µ ¶
p 2 + 2 − 2 2 + 2 − 2
= ( + ) ( − ) = + −
2 2
r
2 + 2 + 2 − 2 2 − 2 − 2 + 2
= ×
2 2
s
2 2
( + ) − 2 2 − ( − )
= ×
2 2
r
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= ×
2 2
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
2
Então, a área do triângulo é
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
2 sµ 4
¶µ ¶µ ¶µ ¶
++ +− +− −+
=
2 2 2 2
sµ ¶µ ¶µ ¶µ ¶
++ ++ ++ ++
= − − −
2 2 2 2
79
Esta fórmula é conhecida por fórmula de Heron (ou Herão, como começou a ser chamado). No
entanto, segundo alguns autores, já seria conhecida por Arquimedes, o qual viveu vários séculos
antes de Heron.
Exercício 71 Determine a área dum triângulo de lados 5 cm, 6 cm e 7 cm, aplicando a fórmula de
Heron e, depois, determine as três alturas do triângulo.
Resolução √ √
Como = 5+6+72 cm = 9 cm, temos
⎧ = 9 × 4 × 3 × 2 cm2 = 6 6 cm2
⎧ 51 √ √
⎨ 2 = 6√6 ⎪
⎨ 1 = 12√5 6
62
Então, = 6√6 . Logo, 2 = 2 6 .
⎩ 72 3 ⎪
⎩ = 12√6
2 = 6 6 3 7
√ √ √
As alturas medem 5 cm, 2 6 cm e 127 6 cm.
12 6
1. A área do triângulo.
2. O seno dos ângulos internos do triângulo.
Resolução
7+8+9
√ √
1. = 2 cm = 12 cm. Então, a área do triângulo é 12 × 5 × 4 × 3 cm2 = 12 5 cm2 .
2. Calculemos a altura relativa ao vértice :
√ √
9
√ √
8 5
8 5 √
8 5
8 5 √
5
2 = 12 5 ⇐⇒ = 3 . Logo, sin = 3
7 = 21 e sin = 3
8 = 3 .
71
√ √
24 5
Altura relativa ao
√
vértice : 2 = 12 5 ⇐⇒ 1 = 7
24 5 √
3 5
Logo, sin = 7
8 = 7 .
Resolução
Como = 3
2 , temos
r √
3 2 3
= × × × =
2 2 2 2 4
É claro que este exercício pode ser resolvido de maneira muito simples, traçando uma altura√do
¡ ¢2 2
triângulo e usando o Teorema de Pitágoras: 2 + 2 = 2 , donde vem 2 = 34 . Então, = 2 3 ,
2
√
pelo que a área do triângulo é dada por = 4 3 .
√ √
3 2 3
Também podemos usar a trigonometria: sin 3 = , donde vem = 2 e= 4 .
b =
Problema 74 Considere o trapézio [], com = = 6 cm b =
3.
A D
B G F C
Determine a área de cada um dos quatro triângulos em que as diagonais dividem o trapézio.
Resolução √
Seja a altura do trapézio (em cm). Então, sin 3 =
6, donde vem = 6 sin 3 = 3 3. E, de
cos 3 = , vem = 6 cos 3 = 3 = .
√
6×3 3 √
A área do triângulo [], em cm2 , é dada por 1 = = 9 3. A área do triângulo
√ 2
[] também é igual a 9 3 cm2 .
Dos resultados já obtidos, vem = (6 + 3 + 3) cm = 12 cm.
12 + 6 √ √
A área do trapézio, em cm2 , é = × 3 3 = 27 3.
2
Seja 2 a área do triângulo [].
Então, a área do triângulo [] é 2 2 , onde é a razão de semelhança entre os triângulos
12
[] e [], ou seja, = = = 2.
√ 6√ √
Então, 2 × 9 3 − 2 + 42 =√27 3, donde se conclui que 2 = 3 3 cm2 e que a área do
triângulo [] é 42 , ou seja, 12 3 cm2 .
Conclusão: √
A área do triângulo [] é 3 √3 cm2 .
A área do triângulo [] é 12√ 3 cm2 .
A área do triângulo [] é 6 √3 cm2 .
A área do triângulo [] é 6 3 cm2 .
81
b = ,
Problema 75 Considere o trapézio, em que se verifica = , = , b = e
0 2, 0 2.
A D
B G F C
Determine a área de cada um dos quatro triângulos em que as diagonais dividem o trapézio.
Resolução
Seja a altura do trapézio. Então, sin = , donde vem = sin . E, de cos = , vem
= cos .
sin
A área do triângulo [] é dada por 1 = . A área do triângulo [] (também) é
2
sin
igual a , porque tem a mesma base e a mesma altura do triângulo [].
2
sin cos
Por outro lado, tan = , donde vem = = .
tan sin
sin cos
Então, = + cos + .
sin
sin cos
2 + cos +
sin
A área do trapézio é = × sin .
2
Então,
2 sin + sin cos + sin cos 2 sin sin + 2 sin sin ( + )
= × sin =
2 sin 2 sin
Seja 2 a área do triângulo [].
Então, a área do triângulo [] é 2 2 , onde é a razão de semelhança entre os triângulos
[] e [], ou seja,
sin cos
+ cos +
sin sin cos + sin cos sin ( + )
= = =1+ =1+
sin sin
Comecemos por observar que a área do trapézio [] pode ser obtida, somando as áres dos
triângulos [], [] e [], desde que se desconte a área de [], por ter sido contada
duas vezes.
sin 2 sin sin + 2 sin sin ( + )
Então, 2 × − 2 + 2 2 =
2 2 sin
2 sin sin + 2 sin sin ( + )
2 sin − 22 + 22 2 =
sin
¡ ¢ 2 sin sin + 2 sin sin ( + ) 2 sin sin
2 2 − 1 2 = −
sin sin
¡ ¢ 2 sin sin ( + )
2 2 − 1 2 =
sin
82 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
Logo,
Mas,
Então,
b =
Problema 76 Considere o trapézio seguinte, em que supomos = , = , = ,
, com , 0 2 .
A D
B G F C
Determine a área de cada um dos quatro triângulos em que as diagonais dividem o trapézio.
Resolução
A diferença, em relação ao problema anterior, é conhecermos = , em vez de conhecermos
b
= .
Seja a altura do trapézio. Então, sin = , donde vem = sin . E, de cos = , vem
= cos .
sin
A área do triângulo [] é dada por 1 = . A área do triângulo [] (também) é
2
sin
igual a .
2 q
b sin 2 2
Seja = . Então, sin = = = , donde vem cos = 1 − sin 2 .
q
2 2
p
Mas, = cos = 1 − sin 2 = 2 − 2 sin2 .
p
Então, = + cos + 2 − 2 sin2 .
84 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
³ p ´
+ cos + 2 − 2 sin2 sin
A área de [] é .
2
sin
A área de [] é , ou seja, .
2 2 p
2 + cos + 2 − 2 sin2
A área do trapézio é = × sin .
2
Então,
p
2 + 2 cos + 2 − 2 sin2
= × sin
2
Então,
à p !2 à p !2
2 − 2 sin2
+ cos + cos + 2 − 2 sin2
2 = = 1+
√
2 + 2 cos (2) + 2 cos + (2 + 2 cos ) 2 − 2 + 2 cos2
= 1+
2
³ p ´
2 sin − 22 + 22 2 = 2 + 2 cos + 2 − 2 sin2 sin
¡ ¢ ³ p ´
2 2 − 1 2 = 2 + 2 cos + 2 − 2 sin2 sin − 2 sin
Logo,
³ p ´
2 cos + 2 − 2 sin2 sin
2 = √
22 + 22 cos (2) + 4 cos + (4 + 4 cos ) 2 − 2 + 2 cos2
³ 2 ´
p
2 cos + 2 − 2 sin2 2 sin
2 = √
22 + 22 cos (2) + 4 cos + (4 + 4 cos ) 2 − 2 + 2 cos2
85
A B
D C
86 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
Resolução
Se as áreas dos triângulos [] e [] medem 60 cm2 e 40 cm2 , respectivamente, então a
área do triângulo [] mede 100 cm2 .
Como o triângulo [] tem a mesma base e a mesma altura do triângulo [], então a área
do triângulo [] mede 100 cm2 , pelo que a área do triângulo [] mede 60 cm2 .
Passemos à questão de determinar a área do triângulo []:
Os triângulos [] e [] são semelhantes, porque têm, de um para o outro, os ângulos
iguais. A razão de semelhança é a razâo entre as alturas dos dois triângulos.
Só que é mais fácil considerar os triângulos [] e []. Podemos considerar uma base
comum aos dois triângulos: [].
A razão entre , a altura do triângulo [], e 1 , a altura do triângulo [], é a razão entre
as suas áreas, porque os dois triângulos têm a mesma base []. Então, 1 = 60 40 , donde se conclui
3 3
que = 2 1 . Logo, a altura do triângulo [] também é 2 1 . Note-se que todas as alturas estão
a ser consideradas relativamente a [] ou [].
Então, representando por a razão de semelhança, temos
3
2 1 3
= =
1 2
¡ ¢2
Logo, a razão entre as áreas dos triângulos [] e [] é 32 , ou seja, 94 . Então, a área
do triângulo [] mede 94 × 40 cm2 , ou seja, 90 cm2 .
Registe-se que a área do trapézio é 60 cm2 + 40 cm2 + 60 cm2 + 90 cm2 , isto é, 250 cm2 . A área do
triângulo [] é 150 cm2 , tendo-se que o quociente entre as áreas dos triângulos [] e []
é 32 , valor este que é a razão entre e , uma vez que os dois triângulos têm a mesma altura.
A B
D F C
Resolução
2
Aplicando o Teorema de Pitágoras ao triângulo [ ], temos 42 cm2 + = 52 cm2 , donde
se conclui que = 3 cm.
Então, = 8 cm e , a área do trapézio, é dada por = 8+5 2
2 ×4 cm , ou seja, = 26 cm .
2
5 2 2
As áreas dos triângulos [] e [] são as duas iguais a 2 × 4 cm , ou seja, 10 cm .
Os triângulos [] e [] são semelhantes e a razão de semelhança é 85 , pelo que o quociente
entre a área do triângulo [] e a área do triângulo [] é 6425 .
Representando a área do triângulo [] por cm2 , temos:
87
64 50
10 + 10 − + = 26 ⇐⇒ 500 − 25 + 64 = 650 ⇐⇒ 39 = 150 ⇐⇒ =
25 13
A área do triângulo [] é 50 2
13 cm .
A área do triângulo [] é 25 × 13 cm2 = 128
64 50
13 cm .
2
50 80
A área do triângulo [] é 10 cm − 13 cm = 13 cm2 .
2 2
Alguns meses depois deste Capítulo ter sido escrito, nas Olimpíadas da Matemática, promovidas
pela Sociedade Portuguesa de Matemática, surgiu a seguinte questão:
B
A
120 cm 2
200 cm 2
E
300 cm 2
D C
88 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
Resolução
Consideremos a seguinte figura:
B
F A
E
G
D C
200 5
= ⇐⇒ =
120 3
300 300
= ⇐⇒ =
300 5
Então, = , donde vem = 180. Logo, a área do triângulo [] é 180 cm2 .
3
Outra resolução
Consideremos os quatro triângulos em que ficou dividido o quadrilátero. É conhecido que a área
dum paralelogramo [] é dada por × × sin . Em vez de sin , podemos escrever
sin ou sin ou sin , porque os ângulos são iguais ou suplementares.
A área dum triângulo é metade da área dum paralelogramo, pelo que a área dum triângulo
[] é dada por 12 × × × sin .
Seja a amplitude do ângulo . Então, relativamente à figura, temos:
⎧ 1 ⎧
⎪
⎪ × × × sin = 1 ⎪ 1
⎨ 2
1 ⎨ = 120
2 × × × sin = 120 1 3
1 =⇒ =⇒ = =⇒ 1 = 180
⎪
⎪ × × × sin = 200 ⎪
⎩ 120 2
⎩ 2
1
= 3
2 × × × sin = 300 2
A A
D D
E E
I H
B
C B C
F G
O plano é paralelo ao plano . Suponha que = cm. Determine, em função de
, a área e o volume da pirâmide retirada.
Resolução
Este exercício foi adaptado duma questão colocada num exame de 12 Ano de Matemática.
Um octaedro regular é constituído por 8 faces que são triângulos equiláteros. Então, []
e [ ] são quadrados.
2
E = (6 − ) cm, pelo que a área da base da pirâmide é (6 − ) cm2 . É claro que tem de
ser 0 ≤ ≤ 6.
D
E
Q P
B C
¡ ¢√
E as faces laterais da pirâmide também são triângulos equiláteros, pelo que = 3 − 2 3 cm.
Então, aplicando o Teorema de Pitágoras ao triângulo (rectângulo) [ ], vem
2
³ ´2 ³ ´2 ³ ´2
= 3 3 − − 3− =2 3−
2 2 2
90 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
¡ ¢√
Logo, = 3 − 2 2 cm.
¡ ¢2 √
Então, a³ área de cada face lateral ´da pirâmide é 3 − 2 3 cm2 , pelo que a área total da
2 ¡ ¢ √
2 2 ¡ √ ¢
pirâmide é (6 − ) + 4 × 3 − 2 3 cm2 , ou seja, (6 − ) 1 + 3 cm2 .
2¡ ¢√ ¡ ¢3 √
O volume da pirâmide é 13 (6 − ) 3 − 2 2 cm3 , ou seja, 43 3 − 2 2 cm3 .
√ 3
√Para = 0, vem que o volume da pirâmide é 36 2 cm , pelo que o volume do octaedro é
72 2 cm3 .
Como curiosidade, suponhamos que o ponto é o baricentro (ou centro de gravidade) do
triângulo []. Então, = 4 cm e = 2 cm.
¡ ¢3 √ √
Logo, o volume da pirâmide retirada é 43 3 − 22 2 cm3 = 32 3¡ 2 cm
3
.
2 ¡ √ ¢ √ ¢
Então, a área total da pirâmide é (6 − 2) 1 + 3 cm = 16 1 + 3 cm2 .
2
Exercício 81 Consideremos um cubo de aresta cm, como na figura seguinte. O plano
divide o cubo em duas regiões uma das quais é uma pirâmide regular. Determine a área e o volume
da pirâmide.
B
C
A
D
F
G
E H
Resolução
√ ¡ √ ¢2 √3 1 2
√
É imediato que = 2. Logo, a área de [] é de 2 4 , ou seja, 2 3.
A área de cada face lateral da pirâmide é metade da área do quadrado [].
Logo, a área lateral da pirâmide é de 32 2 .
√
Note-se que a altuta de [], relativamente à base [], é de 2 2 .
Seja o baricentro do triângulo equilátero []. Então, [] é um triângulo rectângulo em
. √ √
Note-se que a altura de [] é de 2 2 × 3. Então, como as mediatrizes dum triângulo se
√ √ √ 2 2 2
trissectam, temos = 23 × 2 2 × 3 = 13 6. Ora, + = . Então,
µ ¶2
1 √ 2 22 2 2 2
6 + = 2 ⇐⇒ + = 2 ⇐⇒ =
3 3 3
91
1 1 √ 3
Então, = √ , pelo que o volume da pirâmide é de × 2 3 × √ , ou seja, .
3 3 2 3 6
Logo, o volume da pirâmide é um sexto do volume do cubo.
53
Logo, o volume do outro sólido em que ficou dividido o cubo é .
6
Outra resolução
Suponhamos que a aresta do cubo mede uma unidade (de comprimento).
√
Então, o comprimento de cada diagonal facial é 2.
√ √ √
Logo, a altura do triângulo equilátero [] é 2 × 23 , ou seja, 26 .
¡√ ¢2 √3 √
A área do triângulo equilátero [] é 2 × 4 , ou seja, 23 .
√ √
Seja o baricentro de []. Então, = 23 × 26 = 36 .
2 2 2
³ √ ´2 2 2 √
Ora, + = . Então, 36 + = 12 . Logo, = 39 . Então, = 3
3 .
√
3
Logo, a altura da pirâmide é 3 .
Então, , o volume da pirâmide, é dado por
√ √
1 3 3 3 1
= × × = =
3 2 3 3×2×3 6
No caso geral, sendo o comprimento da aresta do cubo, o volume da pirâmide vem multiplicado
por 3 , uma vez que os dois cubos e as duas pirâmides são semelhantes, sendo o valor da razão
de semelhança.
Exercício 82 Considere um cubo com 10 cm de aresta e uma pirâmide regular cuja base é uma
das faces do cubo. A secção produzida na pirâmide pela face do cubo estritamente paralela à base
da pirâmide tem uma área de 4 cm2 .
4. Suponha que o cubo era oco e formado por 5 faces de vidro, por termos retirado a face superior.
Suponha que a pirâmide é maciça e que não absorve água. Enchemos de água a parte livre do
cubo e, cuidadosamente, retiramos a pirâmide de modo a não derramar água do cubo. Depois,
colocamos o cubo numa mesa (de tampo horizontal) e deixamos a superfície da água ficar em
92 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
V
D C
L
K
I
J
A
O B P
N Q
E F
H G
Resolução
1. A pirâmide de vértice e base [] é semelhante à pirâmide de vértice e base [ ].
Ora, [] é um quadrado com 2 cm de lado, uma vez que a sua área é de 4 cm2 . Então,
a razão de semelhança entre as duas pirâmides é 5. Seja cm a altura da pirâmide menor.
Então, a altura da pirâmide maior é 5.
Então, 5 − = 10, donde se conclui que = 52 . Então, = 25
2 , pelo que a altura da pirâmide
maior é 12 5 cm.
2.
1 25 1250
= × 102 × cm3 = cm3
3 2 3
3. 1 , o volume da pirâmide menor, é dado por
1 5 10
1 = × 22 × cm3 = cm3 =
3 2 3 125
F
A B A B
C D C E D
Por sua vez, o formato A3 resulta do formato A2 , sendo que tudo começa no formato A0 .
Se tivermos um documento (ou imagem) em papel A4 e quisermos ampliá-lo para papel A3 ,
convém que todo o documento (ou imagem) fique visível no novo formato. Então os dois formatos
devem ser rectângulos semelhantes. Mas, voltemos à figura apresentada.
Pretendemos que os rectângulos [] e [ ] devem ser semelhantes, pelo que
=
.
2 2
Mas, = 2 × , pelo que 2 × = . Logo,
√
= = 2
Vamos definir o formato A√0 como um rectângulo semelhante aos anteriores e com 1 m2 de
2 1 1
área. Então, devemos ter 2 = 1 ∧ 0, pelo que = 4 2 . Ora √
√ 4
2
≈ 0 840 896 415 5 e
√
2
√
4
2
≈ 1 189 207 115, pelo que o formato A0 é um rectângulo com as dimensões (aproximadas) de
84 09 cm × 118 92 cm.
Formato A0 : 118 92 cm × 84 09 cm Formato A1 : 84 09 cm × 59 46 cm
Formato A2 : 59 46 cm × 42 04 cm Formato A3 : 42 04 cm × 29 73 cm
Formato A4 : 29 73 cm × 21 02 cm
Logo, o papel A4 tem as dimensões 297 mm por 210 mm.
Recorrendo
√ ao algoritmo
√ da fracções contínuas, temos:
0 = 2 =⇒ 0 = b 2c = 1
1 1 √ √
1 = √ √ =√ = 2 + 1 =⇒ 1 = b1 + 2c = 2
2 − b 2c 2−1
1 1
2 = √ √ =√ = 1
1 + 2 − b1 + 2c 2−1
94 CAPÍTULO 5. ÁREAS E VOLUMES
Então, 1 = 2 = 3 = · · ·
Logo,
−2 −1 0 1 2 3 4 5
··· ··· 1 2 2 2 2 2
0 1 1 3 7 17 41 99
1 0 1 2 5 12 29 70
3 7 17 41 99
··· ··· 1
2 5 12 29 79
√
Na última linha do quadro anterior, temos valores aproximados de 2.
Então, um rectângulo de 99 mm por 70 mm satisfaz os nossos objectivos, só que é muito pequeno.
Triplicando as suas dimensões, obtemos um rectângulo de 297 mm por 210 mm, ou seja, obtemos o
formato A4 .
Esta poderia ter sido a história do papel A4 . Mas tal não aconteceu, tendo-se ainda que a
história real é mais fácil de entender do que a história inventada.
Se não entende nada de fracções contínuas, não se preocupe com esse facto. Se pretender apren-
der alguma coisa sobre fracções contínuas, leia o Capítulo intitulado "Equações de Pell-Fermat"ou
consulte um livro de Teoria dos Números.
Capítulo 6
Equações Trigonométricas
9. cos = 1 ⇐⇒ = 2 ( ∈ Z)
95
96 CAPÍTULO 6. EQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
1
¡ ¡ ¢¢ ¡ ¢
13. cos = ⇐⇒ cos = cos cos−1 13
3 ⇐⇒ = ± cos−1 13 + 2 ( ∈ Z)
¡ ¡ ¢¢
14. cos = − 13 ⇐⇒ cos = cos − cos−1 13
¡ ¢ ¡ ¢
Logo, = − cos−1 13 + 2 ∨ = − + cos−1 13 + 2 ( ∈ Z)
1
¡ −1 ¡ 1 ¢¢
15. sin = 3 ⇐⇒ sin = sin¡ sin
¢ 3 ¡ ¢
⇐⇒ = sin−1 13 + 2 ∨ = − sin−1 13 + 2 ( ∈ Z)
¡ ¡ ¢¢
−1 1
16. sin = − 13 ⇐⇒ sin = sin − ¡ sin
¢ 3 ¡ ¢
⇐⇒ = − sin−1 13 + 2 ∨ = + sin−1 13 + 2 ( ∈ Z)
cos + sin = ⇐⇒ √ cos + √ sin = √
2
+ 2 2
+ 2 + 2
2
⇐⇒ cos cos + sin sin = √
2 + 2
⇐⇒ cos ( − ) = √
2 + 2
98 CAPÍTULO 6. EQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
cos ( − ) = cos , com cos = √
+ 2
2
1.
√
√ 1 3
cos + 3 sin = 2 ⇐⇒ cos + sin = 1
2 2
⇐⇒ cos cos + sin sin = 1
³ 3 3
´
⇐⇒ cos − =1
3
⇐⇒ − = 2 ( ∈ Z)
3
⇐⇒ = + 2 ( ∈ Z)
3
2.
√
√ 1 3 1
cos − 3 sin = 1 ⇐⇒ cos − sin =
2 2 2
1
⇐⇒ cos cos − sin sin =
3 3 2
³ ´ 1
⇐⇒ cos + =
3 2
⇐⇒ + = ± + 2 ( ∈ Z)
3 3
2
⇐⇒ = 2 ∨ = − + 2 ( ∈ Z)
3
3.
√ √
2 2
sin = cos ⇐⇒ cos − sin = 0 ⇐⇒ cos − sin = 0
2 2
⇐⇒ cos cos − sin sin = 0
³ 4 4
´
⇐⇒ cos + =0
4
⇐⇒ + = + ( ∈ Z)
4 2
⇐⇒ = + ( ∈ Z)
4
6.5. OUTRAS EQUAÇÕES 99
4.
√ √ √ √
− cos + 3 sin = 2 ⇐⇒ cos − 3 sin = − 2
√ √
1 3 2
⇐⇒ cos − sin = −
2 2 2 √
2
⇐⇒ cos cos − sin sin = −
3 3 2
³ ´ 3
⇐⇒ cos + = cos
3 4
3
⇐⇒ + =± + 2 ( ∈ Z)
3 4
3
⇐⇒ =− ± + 2 ( ∈ Z)
3 4
Este último exemplo mostra-nos que, na resolução duma equação do tipo cos + sin = ,
com 6= 0 ∧ 6= 0, podemos supor, sem qualquer perda de generalidade, que 0.
1
(1 − 2 sin ) (1 + tan ) = 0 ⇐⇒ sin = ∨ tan = −1
2
5
Logo, = 6 + 2 ∨ = 6 + 2 ∨ = − 4 ( ∈ Z)
¡ ¢
13. Resolução da equação tan2 − 3 (1 + tan ) = 0
¡ 2 ¢ √
tan − 3 (1 + tan ) = 0 ⇐⇒ tan = ± 3 ∨ tan = −1
⇐⇒ = ± ∨ = − ( ∈ Z)
3 4
¡ ¢
14. Resolução da equação tan2 − 13 (1 − tan ) = 0
µ ¶ √
2 1 3
tan − (1 − tan ) = 0 ⇐⇒ tan = ± ∨ tan = 1
3 3
Logo, = ± 6 ∨= 4 + ( ∈ Z)
Se em 2 , tivéssemos ímpar, então teríamos cos = 0 ∧ cos (3) = 0
+ −
sin + sin = 2 sin cos
2 2
Problema 83 Determine os vértices dum pentágono [], conhecidos os pontos médios dos
lados do pentágono (pontos 1 , 2 , 3 , 4 e 5 ).
Resolução
Vejamos a resolução do problema, no caso de polígonos mais simples. No caso do triângulo,
temos:
105
106 CAPÍTULO 7. OS PONTOS MÉDIOS DOS LADOS DO PENTÁGONO
O quadrilátero [1 2 3 4 ] é um paralelogramo. Este facto vai ser muito útil, para a resolução
do problema, no caso do pentágono (e não só!).
Observe-se que se os pontos 1 , 2 , 3 e 4 não definirem um paralelogramo, o problema de
determinar , , e é impossível.
Passemos ao caso do pentágono. Consideremos os cinco vértices , , , , e o quadrilátero
[], tendo-se que 1 é o ponto médio de [], 2 é o ponto médio de [], 3 é o ponto
médio de [] e é o ponto médio de []:
Podemos resolver o problema anterior, considerando sete pontos, em vez de cinco. Através dum
paralelogramo, determinamos , o ponto médio de [], e estamos de regresso ao problema anterior,
uma vez que temos os pontos médios dos cinco lados dum pentágono. Por indução, resolve-se o
problema, quando o número de vértices é ímpar.
108 CAPÍTULO 7. OS PONTOS MÉDIOS DOS LADOS DO PENTÁGONO
Repare-se que, para obter , basta somar uma unidade aos índices da expressão que nos dá ,
o mesmo acontecendo com os restantes vértices, que são obtidos da expressão do vértice anterior.
Claro que estamos a supor que 8 = 1 , etc..
Se tivermos 2 + 1 pontos médios e se representarmos os vértices por 1 2+1 , teremos:
X −−−−−−−→
−−−−→ −−−−→ −−−−−−−→
1 = 1 + 2 3 + 4 5 + + 2 2+1 = 1 + 2 2+1
=1
Exemplo 84 Consideremos os pontos 1 = (2 3), 2 = (1 5), 3 = (3 6), 4 = (5 3), 5 =
(4 1).
Então:
= (2 3) − (1 5) + (3 6) − (5 3) + (4 1) = (3 2)
= (1 5) − (3 6) + (5 3) − (4 1) + (2 3) = (1 4)
= (3 6) − (5 3) + (4 1) − (2 3) + (1 5) = (1 6)
= (5 3) − (4 1) + (2 3) − (1 5) + (3 6) = (5 6)
= (4 1) − (2 3) + (1 5) − (3 6) + (5 3) = (5 0)
Observe-se que a soma das abcissas dos vértices (3 + 1 + 1 + 5 + 5) é igual à soma das abcissas
dos pontos médios (2 + 1 + 3 + 5 + 4), o mesmo acontecendo com as ordenadas .
A razão é que 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = + + + + .
Exemplo 85 O caso de um número par de pontos médios
Se tivermos quatro pontos médios, em vez de cinco, virá
+ + + +
1 = 2 = 3 = 1 =
2 2 2 2
110 CAPÍTULO 7. OS PONTOS MÉDIOS DOS LADOS DO PENTÁGONO
⎡1 1
⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
2 2 0 0 1 1 1 0 0 21
⎢0 1 1
0⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥
Então, ⎢ 2 2 ⎥ ⎢ ⎥ ⎢2 ⎥, ou seja, ⎢0 1 1 0⎥ ⎢ ⎥ = ⎢22 ⎥
1⎦ ⎣ ⎦ = ⎣
⎣0 0 1
3
⎦ ⎣ 0 0 1 1⎦ ⎣ ⎦ ⎣23
⎦
2 2
1 1
2 0 0 2
4 1 0 0 1 24
Então:
⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 1 0 0 21 1 1 0 0 21 1 0 −1 0 21 − 22
⎢0 1 1 0 22 ⎥ ⎢0 1 1 0 22 ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ → ⎢0 1 1 0 22 ⎥
⎣0 0 1 1 23 ⎦ → ⎣0 0 1 1 23 ⎦ ⎣0 0 1 1 23 ⎦
1 0 0 1 24 0 −1 0 1 24 − 21 0 0 1 1 24 − 21 + 22
Logo, 24 − 21 + 22 = 23 .
−−−−→ −−−−→
Logo, para haver solução, deve ser 4 − 3 = 1 − 2 , ou seja, 3 4 = 2 1 .
Então, os pontos 1 , 2 , 3 e 4 definem um paralelogramo.
Se 4 − 3 = 1 − 2 , o sistema é simplesmente indeterminado e podemos obter uma solução,
escolhendo para um ponto qualquer
Calculando determinantes, temos que:
¯ ¯
¯1 1 0 0¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯0 1 1 0¯ ¯1 1 0¯ ¯1 0 0¯
¯ ¯ = ¯0 1 1¯ − ¯1 1 0¯ = 1 − 1 = 0
¯0 0 1 1¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯0 0 1¯ ¯0 1 1¯
¯1 0 0 1¯
Ficou, ainda, provado que a matriz tem característica 3, pelo que, de facto, o sistema anterior
é simplesmente indeterminado.
Observe-se que obtivemos determinantes de duas matrizes triangulares, os quais são de cálculo
imediato.
¯E no caso de seis vértices:
¯
¯1 1 0 0 0 0¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯0 1 1 0 0 0¯ ¯1 1 0 0 0¯ ¯1 0 0 0 0¯
¯ ¯ ¯0 1 1 0 0¯ ¯1 1 0 0 0¯
¯0 0 1 1 0 0¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯0 0 0 1 1 0¯ = ¯0 0 1 1 0¯ − ¯0 1 1 0 0¯ = 1 − 1 = 0
¯ ¯ ¯0 0 0 1 1¯ ¯0 0 1 1 0¯
¯0 0 0 0 1 1¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯0 0 0 0 1¯ ¯0 0 0 1 1¯
¯1 0 0 0 0 1¯
⎡ ⎤
1 1 0 0 0 0
⎢0 1 1 0 0 0⎥
⎢ ⎥
⎢0 0 1 1 0 0⎥
De notar que a última linha da matriz ⎢ ⎥
⎢0 0 0 1 1 0⎥ é dada por 6 = 1 − 2 + 3 −
⎢ ⎥
⎣0 0 0 0 1 1⎦
1 0 0 0 0 1
4 + 5 .
Logo, o problema tem solução, se e só se
−−−−→ −−−−→
6 = 1 − 2 + 3 − 4 + 5 = 1 + 2 3 + 4 5
Se tivermos 2 + 2 pontos, 1 2 2+2 , o problema terá solução se, e só se,
−−−−→ −−−−−−−→
2+2 = 1 − 2 + 3 − · · · − 2 + 2+1 = 1 + 2 3 + · · · + 2 2+1
Mas, voltando ao caso de 6 pontos médios, não podemos deixar passar a oportunidade que se
nos deparou, quase que por magia: O ponto 6 = 1 − 2 + 3 − 4 + 5 , no caso do hexágono,
111
é exactamente o ponto do caso do pentágono. Então, vamos aproveitar este facto e o facto do
problema do hexágono ser indeterminado, quando possível, para resolver o problema do pentágono.
Consideremos os pontos 1 , 2 , 3 , 4 e 5 , que são os pontos médios dos lados dum
pentágono. Consideremos 1 , um ponto quaquer. Agora, determinamos 2 , 3 , 4 , 5 e 6 , de
modo que 1 seja o ponto médio de [1 2 ], 2 seja o ponto médio de [2 3 ],..., até 5 que é o
ponto médio de [5 6 ]. Seja 6 o ponto médio de [1 6 ]. Então, 6 é o ponto pretendido.
A3
M3
C
D
M2 A4
M4
B
A2
M1
A5
E
A1 M5
A=M6
A6
Então:
⎧
⎪
⎪ = (2 2 −4) − (3 4 1) + (4 1 −4) − (5 −1 −7) + (7 4 5) = (5 4 3)
⎪
⎪
⎨ = (2 2 −4) + (3 4 1) − (4 1 −4) + (5 −1 −7) − (7 4 5) = (−1 0 −11)
= − (2 2 −4) + (3 4 1) + (4 1 −4) − (5 −1 −7) + (7 4 5) = (7 8 13)
⎪
⎪
⎪
⎪ = (2 2 −4) − (3 4 1) + (4 1 −4) + (5 −1 −7) − (7 4 5) = (1 −6 −21)
⎩
= − (2 2 −4) + (3 4 1) − (4 1 −4) + (5 −1 −7) + (7 4 5) = (9 4 7)
Observe-se que, neste caso, temos um pentágono, uma vez que, como poderíamos verificar, os
pontos dados são complanares e três pontos consecutivos não são colineares. No entanto, o problema
pode ser colocado duma forma geral, sem fazer referência a qualquer pentágono, mas, apenas, a
pontos médios de segmentos de recta.
Observação
Se não gostarmos de somar pontos, podemos usar a Geometria Analítica, representando os
pontos por pares ordenados. Os resultados obtidos serão os mesmos, mas teremos o dobro das
equações, as quais podem dividir-se em dois sistemas de equações, um para as abcissas e outro para
as ordenadas. Claro que o trabalho é a dobrar. E, se estivermos a trabalhar em R3 , ainda será
112 CAPÍTULO 7. OS PONTOS MÉDIOS DOS LADOS DO PENTÁGONO
pior. Podemos, ainda, usar números complexos o que nos tira problemas de consciência e nos poupa
trabalho.
Refira-se que este problema está relacionado com a definição de espaço afim associado a um
espaço vectorial sobre um corpo, sendo que, trivialmente, o espaço afim pode ser o próprio espaço
vectorial. Neste caso, ponto é um vector, sendo que plano é uma determinada classe de equivalência
duma certa relação de equivalência definida à custa de certo subespaço vectorial.
Repare-se que um corpo é um espaço vectorial sobre si próprio, tendo-se que os elementos do
corpo tanto podem ser vectores como escalares.
Alguns dos conteúdos relacionados com este problema:
Ponto médio de um segmento de recta, mediatriz de um segmento de recta, vector, simetria
central, simetria axial, translação, soma de um ponto com um vector, soma de vectores, Teorema
de Thales e seu recíproco, figuras semelhantes, razão de semelhança, coordenadas de pontos e
vectores, vectores linearmente (in)dependentes, matrizes, característica duma matriz, determinante
duma matriz quadrada, matriz inversa, resolução de sistemas de equações, método de indução,
números complexos e utilização do Cabri Geometry II e de calculadoras gráficas.
Capítulo 8
Equações de Pell-Fermat
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 3 17 99 577 3363 19601 114243 665857 3880899
0 2 12 70 408 2378 13860 80782 470832 2744210
113
114 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
com 1 2 3 4 ∈ R, constantes estas que podem ser obtidas a partir das condições iniciais.
Neste caso, temos 1 = 2 = 12 3 = 2√ 1 1
= − 2√
2 4 2
, pelo que
⎧ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
⎪
⎪ 3+2 2 + 3−2 2
⎨ =
¡ √ ¢ 2 ¡ √ ¢
⎪
⎪ 3+2 2 − 3−2 2
⎩ = √
2 2
Também podemos definir as duas sucessões anteriores, por meio de duas equações com diferenças,
a dois passos: ⎧
⎨ 0 = 1 1 = 3 0 = 0 1 = 2
+2 − 6+1 + = 0
⎩
+2 − 6+1 + = 0
. ½ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
= 1 3 + 2√ 2 + 2 3 − 2√ 2
E obtinhamos, novamente, ¡ ¢ ¡ ¢
= 3 3 + 2 2 + 4 3 − 2 2
De modo análogo se encontram as soluções da equação 2 − 2 2 = −1.
As equações do tipo 2 − 2 = 1, com um número natural não quadrado perfeito, são
conhecidas por equações de Pell-Fermat e estão relacionadas com as Fracções Contínuas, um outro
tópico da Teoria dos Números.
De qualquer modo, podemos adiantar que os termos gerais das soluções da equação 2 − 2 = 1,
com não quadrado, são dadas por
⎧ ³ √ ´ ³ √ ´
⎪
⎪ + + − 1
⎪
⎪ 1 1 1
⎨ =
³ √ ´ 2 ³ √ ´
⎪
⎪ + − −
⎪
⎪
1 1 1 1
⎩ = √
2
onde 1 e 1 são os menores inteiros positivos que satisfazem a condição 2 − 2 = 1 (a esse
par de números chama-se solução fundamental).
Resolução
(+1)
Número triangular é um número da forma 2 , o que corresponde à soma 1 + 2 + · · · + .
Então devemos ter (+1)
2 = 2 . Ora:
( + 1)
= 2 ⇐⇒ 2 + = 22 ⇐⇒ 42 + 4 + 1 = 82 + 1 ⇐⇒ (2 + 1)2 − 82 = 1
2
115
2
0 0 0 0
1 1 1 1
2 8 6 36
3 49 35 1225
4 288 204 41616
5 1681 1189 1413721
6 9800 6930 48024900
7 57121 40391 1631432881
8 332928 235416 554220693056
Oberve-se que a equação 2 − 8 2 = −1 não tem soluções inteiras, uma vez que, se é ímpar,
então 2 ≡ 1 (mod 8).
Note-se, também, que obter a solução fundamental duma equação do tipo 2 − 2 = −1, com
não quadrado, pode ser bastante complicado, para quem não conhecer o respectivo algoritmo.
Uma terceira observação é que a equação 2 − 2 = −1, com não quadrado, é impossível sempre
que admita um divisor da forma 4 + 3, ou que seja múltiplo de 4. Finalmente, registe-se
116 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
que o facto da equação 2 − 2√= −1 ter ou não ter soluções inteiras depende do comprimento do
período do desenvolvimento de em fracção contínua ser ímpar ou ser par. Mas, o que é uma
fracção contínua?
Intuitivamente, diremos que fracção contínua é uma expressão da forma
1
0 + 1
1 + 2 + 1
3 + 1
4 +···
4 = √1 = √ 1 = 1 = 2 48 · · · Então, 1 = 2.
6+ 41−12 41−6
Logo, = 0 = h6 2 2 12 2 2 12 · · · i = h6 2 2 12i
Obtivemos, assim, uma fracção contínua periódica, cujo período tem comprimento 3.
Como 3 é ímpar, a equação 2 − 41 2 = −1 tem infinitas soluções inteiras, o mesmo aconte-
cendo
⎧ com a equação 2 − 41 2 = 1. Essas soluções estão indicadas na seguinte tabela em que
⎨ = −1 + −2
= −1 + −2
⎩
−2 = 1 −2 = 0 −1 = 0 −2 = 1
117
−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
··· ··· 6 2 2 12 2 2 12
0 1 6 13 32 397 826 2049 25 414
1 0 1 2 5 62 129 320 3969
··· ··· 6 6 5 6 4 6 403 2 6 403 1 6 403 125 6 403 124
Como o período tem comprimento 3, as soluções das equações 2 − 41 2 = ±1 aparecem nas
colunas correspondentes a = −1 2 5 8 11. . .
Mais precisamente, as soluções de 2 − 41 2 = 1 aparecem nas colunas = −1 5 11 e as
soluções de 2 − 41 2 = −1 aparecem nas colunas = 2 8 14
√
Refira-se, ainda, que lim = 41 e que às fracções chamamos convergentes.
√
Se o leitor quiser dar-se ao trabalho de obter a expansão de 1609 em fracção contínua, irá
verificar que, mesmo para raízes quadradas de números razoavelmente pequenos como 1609, o
trabalho poderá ser razoavelmente grande. Aqui, uma folha de cálculo não é de grande utilidade
(a menos que se saiba mais sobre fracções contínuas),√mas podemos utilizar a calculadora TI 92 ou
outra que permita trabalhar com valores exactos de 1609.
√ Seguidamente, apresentamos os cálculos para a determinação da fracção contínua que representa
1609. Note-se que, dado ∈ R, bc representa o maior número inteiro não superior a .
√ √
0 = 1609 =⇒ 0 = b 1609c = 40
√ √
1 1609 + 40 1609 + 40
1 = √ √ = =⇒ 1 = b c=8
1609 − b 1609c 9 9
√ √
1 1609 + 32 1609 + 32
2 = √ √ = =⇒ 2 = b c=1
1609 + 40 1609 + 40 65 65
−b c
9 9 √ √
1 1609 + 33 1609 + 33
3 = √ √ = =⇒ 3 = b c=9
1609 + 32 1609 + 32 8 8
−b c
65 65 √ √
1 1609 + 39 1609 + 39
4 = √ √ = =⇒ 4 = b c=7
1609 + 33 1609 + 33 11 11
−b c
8 8 √ √
1 1609 + 38 1609 + 38
5 = √ √ = =⇒ 5 = b c=5
1609 + 39 1609 + 39 15 15
−b c
11 11 √ √
1 1609 + 37 1609 + 37
6 = √ √ = =⇒ 6 = b c=4
1609 + 38 1609 + 38 16 16
−b c
15 15 √ √
1 1609 + 27 1609 + 27
7 = √ √ = =⇒ 7 = b c=1
1609 + 37 1609 + 37 55 55
−b c
16 16 √ √
1 1609 + 28 1609 + 28
8 = √ √ = =⇒ 8 = b c=4
1609 + 27 1609 + 27 15 15
−b c
55 55
118 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
√ √
1 1609 + 32 1609 + 32
9 = √ √ = =⇒ 9 = b c=1
1609 + 28 1609 + 28 39 39
−b c
15 15 √ √
1 1609 + 7 1609 + 7
10 = √ √ = =⇒ 10 = b c=1
1609 + 32 1609 + 32 40 40
−b c
39 39 √ √
1 1609 + 33 1609 + 33
11 = √ √ = =⇒ 11 = b c=5
1609 + 7 1609 + 7 13 13
−b c
40 40 √ √
1 1609 + 32 1609 + 32
12 = √ √ = =⇒ 12 = b c=1
1609 + 33 1609 + 33 45 45
−b c
13 13 √ √
1 1609 + 13 1609 + 13
13 = √ √ = =⇒ 13 = b c=1
1609 + 32 1609 + 32 32 32
−b c
45 45 √ √
1 1609 + 19 1609 + 19
14 = √ √ = =⇒ 14 = b c=1
1609 + 13 1609 + 13 39 39
−b c
32 32 √ √
1 1609 + 20 1609 + 20
15 = √ √ = =⇒ 15 = b c=1
1609 + 19 1609 + 19 31 31
−b c
39 39 √ √
1 1609 + 11 1609 + 11
16 = √ √ = =⇒ 16 = b c=1
1609 + 20 1609 + 20 48 48
−b c
31 31 √ √
1 1609 + 37 1609 + 37
17 = √ √ = =⇒ 17 = b c = 15
1609 + 11 1609 + 11 5 5
−b c
48 48 √ √
1 1609 + 38 1609 + 38
18 = √ √ = =⇒ 18 = b c=2
1609 + 37 1609 + 37 33 33
−b c
5 5 √ √
1 1609 + 28 1609 + 28
19 = √ √ = =⇒ 19 = b c=2
1609 + 38 1609 + 38 25 25
−b c
33 33 √ √
1 1609 + 22 1609 + 22
20 = √ √ = =⇒ 20 = b c=1
1609 + 28 1609 + 28 45 45
−b c
25 25 √ √
1 1609 + 23 1609 + 23
21 = √ √ = =⇒ 21 = b c=2
1609 + 22 1609 + 22 24 24
−b c
45 45 √ √
1 1609 + 25 1609 + 25
22 = √ √ = =⇒ 22 = b c=1
1609 + 23 1609 + 23 41 41
−b c
24 24
119
√ √
1 1609 + 16 1609 + 16
23 = √ √ = =⇒ 23 = b c=1
1609 + 25 1609 + 25 33 33
−b c
41 41 √ √
1 1609 + 17 1609 + 17
24 = √ √ = =⇒ 24 = b c=1
1609 + 16 1609 + 16 40 40
−b c
33 √33 √
1 1609 + 23 1609 + 23
25 = √ = =⇒ 25 = b c=2
1609 + 17 27 27
−1
40 √ √
1 1609 + 31 1609 + 31
26 = √ = =⇒ 26 = b c=2
1609 + 23 24 24
−2
27 √ √
1 1609 + 17 1609 + 17
27 = √ = =⇒ 27 = b c=1
1609 + 31 55 55
−2
24 √ √
1 1609 + 38 1609 + 38
28 = √ = =⇒ 28 = b c = 26
1609 + 17 3 3
−1
55 √ √
1 1609 + 40 1609 + 40
29 = √ = =⇒ 29 = b c = 26
1609 + 38 3 3
− 26
3 √ √
1 1609 + 38 1609 + 38
30 = √ = =⇒ 30 = b c=1
1609 + 40 55 55
− 26
3 √ √
1 1609 + 17 1609 + 17
31 = √ = =⇒ 31 = b c=2
1609 + 38 24 24
−1
55 √ √
1 1609 + 31 1609 + 31
32 = √ = =⇒ 32 = b c=2
1609 + 17 27 27
−2
24 √ √
1 1609 + 23 1609 + 23
33 = √ = =⇒ 33 = b c=1
1609 + 31 40 40
−2
27 √ √
1 1609 + 17 1609 + 17
34 = √ = =⇒ 34 = b c=1
1609 + 23 33 33
−1
40 √ √
1 1609 + 16 1609 + 16
35 = √ = =⇒ 35 = b c=1
1609 + 17 41 41
−1
33 √ √
1 1609 + 25 1609 + 25
36 = √ = =⇒ 36 = b c=2
1609 + 16 24 24
−1
41
120 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
√ √
1 1609 + 23 1609 + 23
37 = √ = =⇒ 37 = b c=1
1609 + 25 45 45
−2
24 √ √
1 1609 + 22 1609 + 22
38 = √ = =⇒ 38 = b c=2
1609 + 23 25 25
−1
45 √ √
1 1609 + 28 1609 + 28
39 = √ = =⇒ 39 = b c=2
1609 + 22 33 33
−2
25 √ √
1 1609 + 38 1609 + 38
40 = √ = =⇒ 40 = b c = 15
1609 + 28 5 5
−2
33 √ √
1 1609 + 37 1609 + 37
41 = √ = =⇒ 41 = b c=1
1609 + 38 48 48
− 15
5 √ √
1 1609 + 11 1609 + 11
42 = √ = =⇒ 42 = b c=1
1609 + 37 31 31
−1
48 √ √
1 1609 + 20 1609 + 20
43 = √ = =⇒ 43 = b c=1
1609 + 11 39 39
−1
31 √ √
1 1609 + 19 1609 + 19
44 = √ = =⇒ 44 = b c=1
1609 + 20 32 32
−1
39 √ √
1 1609 + 13 1609 + 13
45 = √ = =⇒ 45 = b c=1
1609 + 19 45 45
−1
32 √ √
1 1609 + 32 1609 + 32
46 = √ = =⇒ 46 = b c=5
1609 + 13 13 13
−1
45 √ √
1 1609 + 33 1609 + 33
47 = √ = =⇒ 47 = b c=1
1609 + 32 40 40
−5
13 √ √
1 1609 + 7 1609 + 7
48 = √ = =⇒ 48 = b c=1
1609 + 33 39 39
−1
40 √ √
1 1609 + 32 1609 + 32
49 = √ = =⇒ 49 = b c=4
1609 + 7 15 15
−1
39 √ √
1 1609 + 28 1609 + 28
50 = √ = =⇒ 50 = b c=1
1609 + 32 55 55
−4
15
121
√ √
1 1609 + 27 1609 + 27
51 = √ = =⇒ 51 = b c=4
1609 + 28 16 16
−1
55 √ √
1 1609 + 37 1609 + 37
52 = √ = =⇒ 52 = b c=5
1609 + 27 15 15
−4
16 √ √
1 1609 + 38 1609 + 38
53 = √ = =⇒ 53 = b c=7
1609 + 37 11 11
−5
15 √ √
1 1609 + 39 1609 + 39
54 = √ = =⇒ 54 = b c=9
1609 + 38 8 8
−7
11 √ √
1 1609 + 33 1609 + 33
55 = √ = =⇒ 55 = b c=1
1609 + 39 65 65
−9
8 √ √
1 1609 + 32 1609 + 32
56 = √ = =⇒ 56 = b c=8
1609 + 33 9 9
−1
65
1 √ √
57 = √ = 1609 + 40 =⇒ 57 = b 1609 + 40c = 80
1609 + 32
−8
9 √
1 1609 + 40
58 = √ = = 1
1609 + 40 − 9
√ 80
1609 + 40
Logo, 58 = 1 = b c=8
9 √
A partir daqui, tudo se repete, pelo que 1609 se escreve como uma fracção contínua periódica,
tendo-se que o período é constituído por 57 números.
Convém registar que o comprimento do período não tem nada a ver com a ordem de grandeza
dos números de que estamos a achar a fracção contínua. √
No exemplo seguinte,
√ veremos a fracção contínua correspondente ao número 1613, número este
que está próximo de 1609. √
Agora,⎧ vamos descobrir alguns dos convergentes de 1609.
⎨ = −1 + −2
Ora, = −1 + −2 , pelo que temos
⎩
−2 = 1 −2 = 0 −1 = 0 −2 = 1
−2 −1 0 1 2 3 4 5 6 7
· · · · · · 40 8 1 9 7 5 4 1
0 1 40 321 361 3570 25 351 130 325 546 651 676 976
1 0 1 8 9 89 632 3249 13 628 16 877
8 9 10 11 12 13
4 1 1 5 1 1
3254 555 3931 531 7186 086 39 861 961 47 048 047 86 910 008
81 136 98 013 179 149 993 758 1172 907 2166 665
122 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
14 16 17 18
1 1 15 2
133 958 055 354 826 118 5543 259 833 11 441 345 784
3339 572 8845 809 138 193 372 285 232 553
19 20 21 22
2 1 2 1
28 425 951 401 39 867 297 185 108 160 545 771 148 027 842 956
708 658 478 993 891 031 2696 440 540 3690 331 571
23 24 25 26
1 1 2 2
256 188 388 727 404 216 231 683 1064 620 852 093 2533 457 935 869
6386 772 111 10 077 103 682 26 540 979 475 63 159 062 632
27 28 29 30
1 26 26 1
3598 078 787 962 96 083 506 422 881 2501 769 245 782 868 2597 852 752 205 749
89 700 042 107 2395 360 157 414 62 369 064 134 871 64 764 424 292 285
31 32 33
2 2 1
7697 474 750 194 366 17 992 802 252 594 481 25 690 277 002 788 847
191 897 912 719 441 448 560 249 731 167 640 458 162 450 608
34 35 36
1 1 2
43 683 079 255 383 328 69 373 356 258 172 175 182 429 791 771 727 678
1089 018 412 181 775 1729 476 574 632 383 4547 971 561 446 541
37 38 39
1 2 2
251 803 148 029 899 853 686 036 087 831 527 384 1623 875 323 692 954 621
6277 448 136 078 924 17 102 867 833 604 389 40 483 183 803 287 702
40 41 42
15 1 1
25 044 165 943 225 846 699 26 668 041 266 918 801 320 51 712 207 210 144 648 019
624 350 624 882 919 919 664 833 808 686 207 621 1289 184 433 569 127 540
43 44 45
1 1 1
78 380 248 477 063 449 339 130 092 455 687 208 097 358 208 472 704 164 271 546 697
1954 018 242 255 335 161 3243 202 675 824 462 701 5197 220 918 079 797 862
123
46 47
5 1
1172 455 976 508 565 830 843 1380 928 680 672 837 377 540
29 229 307 266 223 452 011 34 426 528 184 303 249 873
48 49
1 4
2553 384 657 181 403 208 383 11 594 467 309 398 450 211 072
63 655 835 450 526 701 884 289 049 869 986 410 057 409
50 51
1 4
14 147 851 966 579 853 419 455 68 185 875 175 717 863 888 892
352 705 705 436 936 759 293 1699 872 691 734 157 094 581
52 53
5 7
355 077 227 845 169 172 863 915 2553 726 470 091 902 073 936 297
8852 069 164 107 722 232 198 63 664 356 840 488 212 719 967
54 55
9 1
23 338 615 458 672 287 838 290 588 25 892 341 928 764 189 912 226 885
581 831 280 728 501 636 711 901 645 495 637 568 989 849 431 868
56
8
230 477 350 888 785 807 136 105 668
5745 796 381 280 420 432 166 845
Note-se que
230 477 350 888 785 807 136 105 6682 − 1609 × 5745 796 381 280 420 432 166 8452 = −1
Outra maneira, consiste em multiplicar a matriz , pela primeira coluna de , não sendo preciso
calcular a matriz . √
Vejamos,√finalmente, a fracção contínua correspondente ao número 1613, número este que está
próximo de 1609.
√
Exemplo 88 Determine a expansão de 1613 em fracção contínua.
Resolução
√ √
0 = 1613 =⇒ 0 = b 1613c √ = 40 √
1 1613 + 40 1613 + 40
1 = √ √ = =⇒ 1 = b c=6
1613 − b 1613c 13 13
√ √
1 1613 + 38 1613 + 38
2 = √ √ = =⇒ 2 = b c=6
1613 + 40 1613 + 40 13 13
−b c
13 13
1 √ √
3 = √ √ = 1613 + 40 =⇒ 3 = b 1613 + 40c = 80
1613 + 38 1613 + 38
−b c
13 13 √
1 1613 + 40
4 = √ √ = = 1
1613 + 40 − b 1613 + 40c 13
√ 1
Então, 1613 = h40 6 6 80i = 40 + 6+ 1 .
6+ 1
80+ 1
6+ 1
6+···
Resolução
2
2 + ( + 1) = 2 ⇐⇒ 2 + 2 + 2 + 1 = 2 ⇐⇒ 22 + 2 + 1 = 2
2
⇐⇒ 42 + 4 + 1 = 2 2 − 1 ⇐⇒ (2 + 1) − 2 2 = −1
Logo, ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
2+1 + 1 3 (2 + 1) + 4 6 + 3 + 4
= =
+1 2 (2 + 1) + 3 4 + 2 + 3
Então, ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
+1 3 + 2 + 1 0 0
= , com =
+1 4 + 3 + 2 0 1
Também podemos calcular directamente os valores de e e, depois, os valores de , como se
indica na tabela seguinte:
+1
0 1 1 0 1 1
1 7 5 3 4 5
2 41 29 20 21 29
3 239 169 119 120 169
4 1393 985 696 697 985
5 8119 5741 4059 4060 5741
6 47321 33461 23660 23661 33461
7 275807 195025 137903 137904 195025
8 1607521 1136689 803760 803761 1136689
9 9369319 6625109 4684659 4684660 6625109
10 54608393 38613965 27304196 27304197 38613965
11 318281039 225058681 159140519 159140520 225058681
Neste ponto, é muito natural que achemos que o problema está resolvido e queiramos ficar por
aqui. Mas, também pode acontecer que achemos que pode haver mais para descobrir.
Se nos lembrarmos da sucessão de Fibonnaci e das suas propriedades, talvez nos apeteça calcular
o quadrado dum termo da sucessão que nos dá os valores de e comparar o resultado com o produto
dos termos "adjacentes".
Assim, 52 = 29 × 1 − 4 292 = 169 × 5 − 4 1692 = 985 × 29 − 4
2
4++1
É natural supor que, para todo o número natural , tenhamos +2 = , o que nos permite
calcular qualquer termo, conhecidos os dois primeiros.
4+2
Mas, se estivermos fora de contexto e olharmos para a sucessão definida por +2 = +1 , com
0 = 1 e 1 = 5, uma dúvida nos surgirá: Serão todos os termos desta sucessão números inteiros?
Adiante-se que as semelhanças com a sucessão de Fibonacci não ficam por aqui, como se verá
mais adiante.
Uma propriedade curiosa desta sucessão é a seguinte:
5 = 22 + 12 29 = 52 + 22 169 = 122 + 52 985 = 292 + 2
⎧ 12
⎨ 1 = 1 1 = 2
Consideremos as sucessões ( ) e ( ) definidas por +1 = + 2 , cujos
⎩
+1 = 2+1 + = 2 + 5
primeiros termos (a partir do terceiro) estão indicados na seguinte tabela:
3 4 5 6 7 8 9 10
29 169 985 5741 33461 195025 1136689 6625109
70 408 2378 13860 80782 470832 2744210 15994428
126 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
Vejamos como
¡ obter
√ ¢ os termos
¡ gerais
√ ¢dalgumas das sucessões envolvidas.
= 1 3 + 2 2 + 2 3 − 2 2
½ ½
0 = 1 1 ¡+ 2 =√1¢ ¡ √ ¢
=⇒
1 = 7 1 3 + 2 2 + 2 3 − 2 2 = 7
½
2 ¡= 1 −√ 1¢ ¡ √ ¢
=⇒
1 3 + 2 2 + (1 − 1 ) 3 − 2 2 = 7
½
2 ¡= 1 −√ 1 √ ¢ √
=⇒
1 3 + 2 2 − 3 + 2 2 = 7 − 3 + 2 2
( √
2 = 1−2 √2 √
=⇒
1 = 4+2√ 2 = 1+ 2
4 2 2
Então,
√ √
1+ 2 ³ √ ´ 1 − 2 ³ √ ´
= 3+2 2 + 3 − 2 2 ∀ ∈ N0
2 2
¡ √ ¢2+1 ¡ √ ¢2+1
1+ 2 1− 2
= + ∀ ∈ N0
2 2
¡ √ ¢ ¡ √ ¢
= 3 3 + 2 2 + 4 3 − 2 2
½ ½
0 = 1 1 ¡+ 2 =√ 1¢ ¡ √ ¢
=⇒
1 = 5 1 3 + 2 2 + 2 3 − 2 2 = 5
½
2 ¡= 1 −√1¢ ¡ √ ¢
=⇒
1 3 + 2 2 + (1 − 1 ) 3 − 2 2 = 5
½
2 ¡= 1 −√1 √ ¢ √
=⇒
1 3 + 2 2 − 3 + 2 2 = 5 − 3 + 2 2
( √
2 = 2−4 √2 √
=⇒
1 = 2+2 √ 2 = 2+ 2
4 2 4
Então, √ √
2+ 2 ³ √ ´ 2 − 2 ³ √ ´
= 3+2 2 + 3 − 2 2 ∀ ∈ N0
4 4
¡ √ ¢ ¡ √ ¢
= 5 3 + 2 2 + 6 3 − 2 2 − 12
½ ½ 1
0 = 0 5 ¡+ 6 −
√ 2 ¢= 0 ¡ √ ¢
=⇒ 1
1 = 3 5 3 + 2 2 + 6 3 − 2 2 − 2 =3
½ 1
6 ¡= −√5¢ ¡
2 ¢¡ √ ¢
=⇒
5 3 + 2 2 + 12 − 5 3 − 2 2 = 7
2
½
6 ¡= 12 −√5 √ ¢ √
=⇒ 7 3
5 3 + 2 2 − 3 + 2 2 = 2 − 2 + 2
( √
1− 2
6 = 4√ √ √
=⇒ 2+√ 2 2+2 2 1+ 2
5 = 4 2
= 8 = 4
128 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
Então,
√ √
1+ 2³ √ ´ 1 − 2 ³ √ ´ 1
= 3+2 2 + 3 − 2 2 − ∀ ∈ N0
4 4 2
¡ √ ¢2+1 ¡ √ ¢2+1
1+ 2 1− 2 1
= + − ∀ ∈ N0
4 4 2
¡√ ¢ © √ ª
Exemplo 90 Determine as unidades do Anel Z 2 = + 2 : ∈ Z
Resolução
Relembramos√ que unidade dum anel com identidade é um elemento invertível. Calculemos o
inverso de + 2:
√ √
1 − 2 − 2 √
√ =¡ √ ¢¡ √ ¢= 2 2
= 2 2
− 2 2
2
+ 2 + 2 − 2 − 2 − 2 − 2
Então, 2 − 22 tem de dividir e . Então, 2 − 22 tem de dividir o máximo divisor comum
entre e .
Por outro lado, o máximo divisor comum entre e divide 2 − 22 , pelo que 2 − 22 = ±1.
E, assim, fomos conduzidos às equações 2 − 2 2 = ±1, com ∈ Z, o que (como já sabemos)
mostra que há infinitas unidades no Anel considerado. √
Como curiosidade, note-se que uma das unidades é 1 + 2, a partir da qual obtemos outras
¡ √ ¢2 √ ¡ √ ¢3 √ ¡ √ ¢4 √
unidades, como por exemplo, 1 + 2 = 3 + 2 2, 1 + 2 = 7 + 5 2, 1 + 2 = 17 + 12 2,
obtendo-se, também, as soluções (inteiras e positivas) das equações 2 − 2 2 = ±1. As outras
unidades obtêm-se através dos conjugados e dos simétricos das unidades acima referidas.
Exemplo 91 Na minha Rua, só há casas num dos lados. As casas estão numeradas (1, 2, 3,...) e
verifica-se um facto curioso: a soma dos números das casas que estão antes da minha é exactamente
igual à soma dos números das casas que estão depois da minha. Em que número moro e quantas
casas tem a minha Rua?
Resolução
Suponhamos que moro na casa número e que há casas depois da minha. Então:
( − 1) ( + 1 + + )
= ⇐⇒ 2 − = 2 + 2 +
2 2 ¡ ¢
⇐⇒ 2 − (1 + 2) − 2 + = 0
q
1 + 2 ± (1 + 2)2 + 4 (2 + )
⇐⇒ =
√ 2
1 + 2 ± 82 + 8 + 1
⇐⇒ =
2
Neste problema, apenas interessa a solução positiva, com a condição de 82 + 8 + 1 ser um
quadrado perfeito.
Então 82 + 8 + 1 = 2 , para certo inteiro .
129
¡ ¢
82 + 8 + 1 = 2 ⇐⇒ 2 42 + 4 + 1 = 2 + 1
2
⇐⇒ 2 (2 + 1) − 2 = 1
⇐⇒ 2 − 2 (2 + 1)2 = −1
E, mais uma vez, obtivemos a equação de Pell-Fermat 2 − 2 2 = −1, com = 2 + 1. Note-se
que = 1+2+
2 , com um inteiro positivo ou nulo.
Na tabela seguinte, apresentam-se algumas soluções da equação e onde estão indicadas algumas
soluções do problema proposto:
1 7 41 239 1393 8119 47321 275807 1607521
1 5 29 169 985 5741 33461 195025 1136689
0 2 14 84 492 2870 16730 97512 568344
1 6 35 204 1189 6930 40391 235416 1372105
+ 1 8 49 288 1681 9800 57121 332928 1940449
Exemplo 92 Moro numa Rua onde há casas nos dois lados. Num dos lados, as casas têm números
pares e no outro números ímpares; eu moro numa casa de número par, enquanto o meu tio mora
numa casa de número ímpar que, por sinal, é o número a seguir ao meu. Além disso, verifica-se
que a soma dos números das casas pares que não estão depois da minha é igual à soma dos números
das casas ímpares que não estão antes da casa do meu tio. Qual o número da minha casa?
Resolução
Suponhamos que moro na casa número 2 e que há casas de número ímpar que não estão
antes da casa
½ do meu tio.
2 + 4 + · · · + 2 = ( + 1)
Então,
(2 + 1) + · · · + (2 + 2 − 1) = 2+1+2+2−1
2 × = (2 + ) = 2 + 2
Logo:
2 + = 2 + 2 ⇐⇒ 2 + (1 − 2) − 2 = 0
√
2 − 1 ± 42 − 4 + 1 + 42
⇐⇒ =
√ 2
2 − 1 ± 82 − 4 + 1
⇐⇒ =
2
Então 82 − 4 + 1 = 2 , para certo inteiro .
Observe-se que tem de ser um número inteiro e deve ser da forma 4 −1, pelo que as soluções
do problema (8 288 9800 332928 ) aparecem em colunas alternadas.
Exemplo 93 É fácil verificar que a soma de dois números triangulares consecutivos é um quadrado.
Determine os quadrados que são soma de quatro números triangulares consecutivos.
Resolução
(+1) (+1)(+2) (+2)(+3) (+3)(+4)
Seja () = 2 + 2 + 2 + 2 . Então,
2 2
( + 1) (2 + 2) ( + 3) (2 + 6) 2 ( + 1) 2 ( + 3)
() = + = +
2 2 2 2
22 + 4 + 2 + 22 + 12 + 18 42 + 16 + 20
= = = 22 + 8 + 10
2 2
Então, 22 + 8 + 10 = 2 = 4 2 , com = 2.
2
22 + 8 + 10 = 4 2 ⇐⇒ 2 + 4 + 4 + 1 = 2 2 ⇐⇒ ( + 2) − 2 2 = −1
E, mais uma vez, obtivemos a equação 2 − 2 2 = −1, tendo-se que uma das soluções do
problema é constituída pelos quatro números 15, 21, 28 e 36 cuja soma é 100.
Exemplo 94 Determine os números triangulares que são dados pela soma de dois números trian-
gulares consecutivos.
Resolução
( + 1) ( + 1) ( + 2) ( + 1) ( + 1)
+ = ⇐⇒ ( + 1)2 =
2 2 2 2
Então, basta-nos determinar os números triangulares que são quadrados, o que foi feito num
dos exemplos anteriores.
Exemplo 95 Seja um quadrado, tal que a soma dos primeiros números naturais (positivos) é
outro quadrado. Determine os dois quadrados.
Resolução
2
X 2 (2 +1) ¡ ¢
= 2 = 2 , pelo que temos de resolver a equação 2 2 + 1 = 22 .
=1
131
Suponhamos, por absurdo, que 2 é par. Então o factor primo 2 ocorre, no primeiro membro,
um número par de vezes e, no segundo
¡ 2 ¢ membro, um número ímpar de vezes. Logo, 2 é ímpar,
2
pelo que mdc ( 2) = 1 = mdc 2 , pelo que ¡ divide
¢ 2 e daqui se conclui que divide ,
pelo que = , para certo natural . Logo, + 1 = 2 2 2 , pelo que 2 + 1 = 2 2 , ou seja,
2 2
2 − 2 2 = −1.
E, mais uma vez, obtivemos a equação 2 − 2 2 = −1.
Na seguinte tabela, apresentam-se algumas soluções do problema:
1 7 41 239 1393
1 5 29 169 985
= 1 35 1189 40 391 1372 105
= 2 1 49 1681 57 121 1940 449
(+1)
2 1 1225 1413 721 1631 432 881 1882 672 131 025
2
1 1225 1413 721 1631 432 881 1882 672 131 025
¡ ¢2
Exemplo 96 Resolva a equação 22 + 1 − 82 = 1, com ∈ N.
Resolução
¡ 2 ¢2
2 + 1 − 82 = 1 ⇐⇒ 44 + 42 + 1 − 82 = 1 ⇐⇒ 44 + 42 = 82
¡ ¢
⇐⇒ 4 + 2 = 2 ⇐⇒ 2 2 + 1 = 2
Resolução
Neste caso, quase que não precisamos fazer nada. Recordamos que número -gonal é um número
(( − 2) + 4 − )
natural da forma . Então, para = 6, vem que número hexagonal é um número
2
(4 − 2) (2 − 1) 2
da forma , ou seja, da forma (2 − 1) . Mas, (2 − 1) = , pelo que todo o
2 2
número hexagonal é um número triangular.
Se quisermos fazer cálculos, sem ter reparado na igualdade anterior:
( + 1)
22 − = ⇐⇒ 42 − 2 = 2 +
2
⇐⇒ 162 − 8 = 42 + 4
⇐⇒ 162 − 8 + 1 = 42 + 4 + 1
2 2
⇐⇒ (4 − 1) = (2 + 1)
⇐⇒ 4 − 1 = 2 + 1 ∨ 4 − 1 = −2 − 1
⇐⇒ 4 = 2 + 2 ∨ 4 = −2
⇐⇒ = 2 − 1 ∨ = −2
132 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
É claro que só interessam as soluções positivas, pelo que = 2−1, ou seja, pode ser qualquer
número natural, pelo que todo o número hexagonal é um número triangular.
A seguir, apresentamos os primeiros 15 números triangulares e os primeiros 15 números hexag-
onais:
(+1) (+1) (+1)
2 (2 − 1) 2 (2 − 1) 2 (2 − 1)
1 1 1 6 21 66 11 66 231
2 3 6 7 28 91 12 78 276
3 6 15 8 36 120 13 91 325
4 10 28 9 45 153 14 105 378
5 15 45 10 55 190 15 120 435
Exemplo 98 A soma dos primeiros números triangulares (positivos) é igual ao produto de por
um quadrado. Determine e o tal quadrado.
Resolução
X
( + 1) 1X 2 1X
= 2 ⇐⇒ + = 2
2 2 2
=1 =1 =1
( + 1) (2 + 1) ( + 1)
⇐⇒ + = 2
12 4
( + 1) (2 + 1 + 3)
⇐⇒ = 2
12
( + 1) ( + 2)
⇐⇒ = 2
6
( + 1) ( + 2)
⇐⇒ = 2
6
⇐⇒ 2 + 3 + 2 = 62
⇐⇒ 42 + 12 + 8 = 242
⇐⇒ 42 + 12 + 9 = 242 + 1
⇐⇒ (2 + 3)2 − 242 = 1
O problema consiste na resolução da equação 2 −24 2 = 1, equação esta que admite a solução
fundamental
∙ ¸ (5 ∙ 1). ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
+1 5 24 5 + 24 0 1
= = , com = .
+1 1 5 + 5 0 0
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
2+1 + 3 5 24 2 + 3 10 + 24 + 15 1
= = , com 1 = .
+1 1 5 2 + 5 + 3 1 1
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
2+1 10 + 24 + 12 +1 5 + 12 + 6 1
Então, = , donde vem = , com =
∙ ¸ +1 2 + 5 + 3 +1 2 + 5 + 3 1
1
.
1
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
+1 5 12 6 1
Logo, = + , com 1 = .
+1 2 5 3 1 1
133
Então:
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
2 5 12 1 6 5 12 1 6 23
= + = + =
2 2 5 1 3 2 5 1 3 10
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
3 5 12 23 6 241
= + =
2 5 10 3 99
∙ 3¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
4 5 12 241 6 2399
= + =
4 2 5 99 3 980
Resolução
(3−1)
Número pentagonal é um número da forma 2 . Então:
(3 − 1)
= 2 ⇐⇒ 32 − = 22
2
⇐⇒ 362 − 12 + 1 = 242 + 1
2
⇐⇒ (6 − 1) − 242 = 1
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
+1 5 24 5 + 24 0 1
= = , com = .
+1 1 5 + 5 0 0
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
6+1 − 1 5 24 6 − 1 30 + 24 − 5 1
= = , com 1 = .
+1 1 5 6 + 5 − 1 1 1
∙ ¸ ∙ ¸
6+1 30 + 24 − 4
Então, = , donde vem
+1 6 + 5 − 1
∙ ¸ ∙ 2
¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙2¸ ∙ ¸ ∙ ¸
+1 5 + 4 − 3 5 4 1
= = − 3 , com 1 = .
+1 6 + 5 − 1 6 5 1 1 1
E temos um problema: Para que valores de , é inteiro?
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙2¸ ∙ ¸∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙2¸
+2 5 4 +1 3 5 4 5 4 5 4 23
= − = − − 3
+2 6 5 +1 1 6 5 6 5 6 5 1 1
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
49 40 8 49 + 40 − 8
= − =
60 49 10 60 + 49 − 10
Logo,
∙ ¸ ∙ é inteiro,
¸ ∙ quando
¸ ∙ ¸ é ímpar.
∙ ¸
3 49 40 1 8 81
= − =
3 60 49 1 10 99
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
5 49 40 81 8 7921
= − =
60 49 99 10 9701
∙ 5¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
7 49 40 7921 8 776 161
= − =
60 49 9701 10 950 599
∙ 7¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
9 49 40 776 161 8 76 055 841
= − =
9 60 49 950 599 10 93 149 001
Os números pentagonais e quadrados são, 1 992 97012 950 5992 93 149 0012
É claro que só nos interessa conhecer os valores de e de 2 , com ímpar.
134 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
½ ½
+1 = 6 + 5 − 1 10+1 = 60 + 50 − 10
=⇒
+2 = 60 + 49 − 10 +2 = 60 + 49 − 10
=⇒ +2 = 10+1 −
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
10 −1 10 −1 99 −10 99 −10 1 99
= =
1 0 1 0 10 −1 10 −1 0 10
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
99 −10 99 9701 99 −10 9701 950 599
= =
10 −1 10 980 10 −1 980 96 030
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
99 −10 950 599 93 149 001
=
10 −1 96 030 9409 960
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
99 −10 93 149 001 9127 651 499
=
10 −1 9409 960 922 080 050
Resposta: 12 992 97012 950 5992 93 149 0012 9127 651 4992
12 = 1 992 = 9801 97012 = 94 109 401 950 5992 = 903 638 458 801
2 2
93 149 001 = 8676 736 387 298 001 9127 651 499 = 83 314 021 887 196 947 001
Resolução
(3 + 2) ( + 1) ( + 1)
= ⇐⇒ 32 + 5 + 2 = 2 +
2 2
⇐⇒ 362 + 20 + 24 = 122 + 12
⇐⇒ 362 + 20 + 25 = 122 + 12 + 1
¡ ¢
⇐⇒ (6 + 5)2 = 3 42 + 4 + 1 − 2
⇐⇒ (6 + 5)2 − 3 (2 + 1)2 = −2
A resolução desta equação implica o estudo prévio da equação 2 − 3 2 = −2, a qual admite a
solução (1 1).
∙ ¸
2 2 2 3
A solução fundamental da equação − 3 = 1 é (2 1). Seja = .
1 2
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
2 3 1
Então, +1 = , com 0 = .
+1 1 2 0 1
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
1 2 3 1 5 2 3 5 19 3 2 3 19 71
= = 2 = = = =
1 1 2 1 3 2 1 2 3 11 3 1 2 11 41
Vejamos como obter os valores de e :
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
6+1 + 5 2 3 6 + 5 12 + 6 + 13
= =
2+1 + 1 1 2 2 + 1 6 + 4 + 7
135
½ ½
6+1 = 12 + 6 + 8 +1 = 2 + + 43
=⇒
2+1 = 6 + 4 + 6 +1 = 3 + 2 + 3
½
+2 = 2+1 + +1 + 43
=⇒
+2 = 3+1 + 2+1 + 3
½
+2 = 4 + 2 + 83 + 3 + 2 + 3 + 43
=⇒
+2 = 6 + 3 + 4 + 6 + 4 + 6 + 3
½
+2 = 7 + 4 + 7
=⇒
+2 = 12 + 7 + 13
Então,
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
+2 7 4 7 7 + 4 + 7
= + =
12 7 13 12 + 7 + 13
∙ +2 ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
7 4 0 7 11 20×21
+ = 2 = 210
12 7 1 13 20
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
7 4 11 7 164 285×286
+ = 2 = 40 755
12 7 20 13 285
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
7 4 164 7 2295
+ = 3976×3977
2 = 7906 276
12 7 285 13 3976
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
7 4 2295 7 31 976 55 385×55 386
+ = 2 = 1533 776 805
12 7 3976 13 55 385
Resposta: 1 210 40 755 7906 276 1533 776 805
Resolução
(6−4)
Número octogonal é um número da forma 2 . Então:
Neste caso, temos de resolver a equação 2 −3 2 = 1, equação esta que tem a solução fundamental
(2 1). ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
2 3 2 3 1
Seja = . Então, +1 = , com 0 = .
1 2 +1 1 2 0 0
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
+1 2 + 3 3+1 − 1 2 (3 − 1) + 3
= =⇒ =
+1 + 2 +1 3 − 1 + 2
∙ ¸ ∙ ¸
3+1 − 1 6 + 3 − 2
=⇒ =
+1 3 + 2 − 1
∙ ¸ ∙ ¸
+1 2 + − 13
=⇒ =
+1 3 + 2 − 1
136 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
Então,
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
+2 2+1 + +1 − 13 4 + 2 − 23 + 3 + 2 − 1 − 13
= =
+2 3+1 + 2+1 − 1 6 + 3 − 1 + 6 + 4 − 2 − 1
∙ ¸
7 + 4 − 2
=
12 + 7 − 4
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
7 4 1 2 9
− = 152 = 225
∙12 7¸ ∙1 ¸ ∙4 ¸ ∙15 ¸
7 4 9 2 121
− = 2092 = 43 681
∙12 7¸ ∙15 ¸ ∙4 ¸ ∙209 ¸
7 4 121 2 1681
− = 29112 = 8473 921
∙12 7¸ ∙209 ¸ ∙4 ¸ ∙2911 ¸
7 4 1681 2 23 409
− = 40 5452 = 1643 897 025
12 7 2911 4 40 545
Resolução
(8−6)
Número decagonal é um número da forma 2 , enquanto que um número pentagonal é da
forma (3−1)
2 . Então:
2 2 2 2
(60 + 12 − 2) − 6 (40 + 8 − 3) = −50 ⇐⇒ (60 + 10) − 6 (40 + 5) = −50
2 2
⇐⇒ (12 + 2) − 6 (8 + 1) = −2
2 2
2+1 − 6+1
2
= (5 + 12 ) − 6 (2 + 5 )
= 252 + 120 + 1442 − 242 − 120 − 1502 = 2 − 62 = −2
Logo, 2 − 6
∙
2
¸= ∙ −2 ∀ ∈ N0 . ¸ ∙ ¸
12+1 + 2 5 (12 + 2) + 12 (8 + 1) 60 + 96 + 22
= = .
8+1 ∙+ 1 ¸ 2 (12
∙ + 2) + 5 (8¸+ 1) 24 + 40 ∙
+9 ¸ ∙ ¸
12+1 60 + 96 + 20 +1 5 + 8 + 53
Então, = , donde se conclui que = .
8+1 24 + 40 + 8 +1 3 + 5 + 1
Então,
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¡ ¢ ¸
+2 5+1 + 8+1 + 53 5 ¡5 + 8 + 53 ¢ + 8 (3 + 5 + 1) + 53
= =
+2 3+1 + 5+1 + 1 3 5 + 8 + 53 + 5 (3 + 5 + 1) + 1
∙ ¸ ∙ ¸
25 + 40 + 253 + 24 + 40 + 8 + 53 49 + 80 + 18
= =
15 + 24 + 5 + 15 + 25 + 5 + 1 30 + 49 + 11
Partindo
∙ ¸ da ∙ ¸ 0 ∙= ¸0 = 0, vem:
∙ ¸solução
0 0 1 1
=5 + = =⇒ (4 − 3) = 1
∙ 0¸ ∙ 0 ¸ ∙ ¸ ∙1 ¸ ∙ ¸
1
1 49 80 0 18 18
= + =
∙ 1 ¸ 30 49 0
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ 11 11
1 18 1 91
=5 + = =⇒ (4 − 3) = 12 376
1
∙ ¸ ∙ 11 ¸ ∙ ¸ ∙56 ¸ ∙
1 ¸
2 49 80 18 18 1780
= + =
∙ 2 ¸ 30∙ 49 ¸ 11∙ ¸ 11 ∙ ¸ 1090
2 1780 1 8901
=5 + = =⇒ (4 − 3) = 118 837 251
∙2¸ ∙ 1090¸ ∙ 1 ¸ ∙5451 ¸ ∙ ¸
3 49 80 1780 18 174 438
= + =
∙ 3 ¸ 30∙ 49 1090 ¸ ∙ ¸ 11 ∙ 106
¸ 821
3 174 438 1 872 191
=5 + = =⇒ (4 − 3) = 1141 075 274 626
3 106 821 1 534 106
Então, 1, 12 376, 118 837 251, 1141 075 274 626 são alguns dos infinitos números que são, ao
mesmo tempo, números pentagonais e números decagonais.
Mas pode colocar-se a questão: Não há outros números simultaneamente, pentagonais e decago-
nais?
Ou, de outro modo, todas as soluções da equação 2 − 6 2 = −50 resultam de multiplicar por
5 as soluções da equação 2 − 6 2 = −2? É claro que não, uma vez que = 2 = 3 satisfazem
a condição 2 − 6 2 = −50. Logo, há infinitas soluções que não são múltiplos de 5. Mas, isto não
+3
significa que o problema tenha mais soluções, uma vez que é necessário que = +2 12 e = 8
sejam
∙ números ¸ inteiros.
0 = 13
0 = 34
138 CAPÍTULO 8. EQUAÇÕES DE PELL-FERMAT
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
12+1 − 2 5 12 12 − 2 60 + 96 − 46
= =
∙ 8+1 ¸− 3 ∙ 2 5 8 − ¸3 ∙24 +¸40∙ − 19 ¸
12+1 60 + 96 − 44 3+1 15 + 24 − 11
= =⇒ =
8+1½ 24 + 40 ½− 16 4+1∙ ¸12∙ + 20 − 8 ¸
= 3 0 = 1 +1 5 + 6 − 11
Sejam , com . Então, = , donde vem que e
= 4 0 = 3 +1 4 + 5 − 8
são números inteiros, para todo o valor natural de . Além disso, temos que se é ímpar, então
+1 = 4 + 5 − 8 é ímpar, pelo que é ímpar, para todo o número natural , porque 0 = 3.
Então, = 4 nunca é um número natural.
Mas a questão colocada permanece sem resposta, uma vez que há outras soluções para a equação
2 − 2
∙ 6 =28−50 7que
¸ não resultam da solução = 2 = 3, (por exemplo, = 26 = 11).
0 = 12 = 3
7
∙ 0 = 4 ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
12+1 − 2 5 12 12 − 2 60 + 96 − 46
= =
∙ 8+1 ¸− 3 ∙ 2 5 8 − ¸3 ∙24 +¸40∙ − 19 ¸
12+1 60 + 96 − 44 3+1 15 + 24 − 11
= =⇒ =
8+1½ 24 + 40 ½− 16 4+1∙ ¸12∙ + 20 − 8 ¸
= 3 0 = 7 +1 5 + 6 − 11
Sejam , com . Então, = , donde vem que e
= 4 0 = 7 +1 4 + 5 − 8
são números inteiros, para todo o valor natural de . Além disso, temos que se é ímpar, então
+1 = 4 + 5 − 8 é ímpar, pelo que é ímpar, para todo o número natural , porque 0 = 7.
Então, = 4 nunca é um número natural. Logo, o problema dado não tem mais soluções, se
não houver mais soluções da equação 2 − 6 2 = −50 que não resultem das anteriores.
Capítulo 9
A Travessia do Deserto
5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
15 42 123 366 1095 3282 9843 29526 88575 265722
139
140 CAPÍTULO 9. A TRAVESSIA DO DESERTO
15 16 17 18 19 20
797163 2391486 7174455 21523362 64570083 193710246
Ou seja, para atravessar um deserto de "comprimento"20, gastamos 530713 anos, em vez dos
20 dias que gastaríamos se pudéssemos transportar mantimentos para os 20 dias.
Ida e volta, com uma única fonte de mantimentos
Este é um problema bastante fácil de resolver, mas com uma solução algo inesperada:
Neste
½ caso, a sucessão que nos dá o número de dias gastos no percurso de ida e volta é definida
1 = 2 2 = 6
por , isto é, trata-se duma progressão geométrica de primeiro termo 2 e
+1 = 3 ⇐= ≥ 2
razão 3.
Então, = 2 × 3−1 .
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
18 54 162 486 1458 4374 13122 39366 118098 354294
13 14 15 16 ··· 20
1062882 3188646 9565938 28697814 ··· 2324522934
Neste caso, para atravessar um deserto de "comprimento"20, gastamos quase 6368556 anos, em
vez dos 40 dias que gastaríamos, se houvesse mantimentos nos diversos abrigos ao longo do percurso,
ou se pudéssemos transportar mantimentos para os 40 dias.
Ida e volta, com duas fontes de mantimentos (à partida e à chegada)
Neste caso, podemos considerar duas versões do problema:
1 versão: Pretendemos chegar o mais cedo possível ao outro lado do deserto. Então basta-nos
multiplicar por 2 o resultado do caso anterior.
2 versão: Pretendemos regressar o mais cedo possível ao ponto de partida. Este problema é
mais difícil do que os anteriores e, para a sua resolução, é necessário conhecer as regras de derivação
e saber encontrar o mínimo duma função real de variável real.
Consideremos o seguinte esquema:
0
é o ponto de partida (abrigo zero), é o último abrigo onde são deixados mantimentos para
o regresso (abrigo ) e é o ponto de chegada, no outro lado do deserto (abrigo ). É claro que
só nos interessa considerar o caso em que ≥ 4, pois os restantes casos são triviais.
De até , temos um deserto de comprimento − , atravessado sem deixar mantimentos para
−−2
o regresso, pelo que o número de dias gastos, de até , é de 3 2 +3 , se − − 2 ≥ 2, isto é,
se ≥ + 4.
−−2
Assim, temos de colocar em , mantimentos para 3 2 +3 dias, pelo que teremos de "levan-
−−2
tar"em , 3 × 3 2 +3 mantimentos, sendo que este é o número de dias que gastaremos no
percurso de ida.
−−2
Então o número total de dias gastos no percurso de ida e volta é dado por 3 × 3 2 +3 +
3−−2 +3 −2 +1 −−2
2 = 3 +3 2+3 +3
.
Então, o nosso primeiro objectivo é minimizar a função definida por () = 3−2 + 3+1 +
3−−2 + 3.
141
¡ ¢
Ora, 0 () = 3+1 ln 3 − 3−−2 ln 3 = 3+1 1 − 3−2−3 ln 3.
Como 3+1 ln 3 0, então o sinal de 0 () é o sinal de 1 − 3−2−3 , pelo que temos o seguinte
quadro:
−3
−∞ 2 +∞
0() − 0 +
() & mín %
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
6 12 24 60 150 420 1176 3444 10086 30012 89304
14 15 16 17 18 19 20
267180 799350 2395860 7181016 21 536 484 64 589 766 193 749 612
Observe-se que, para = 20, são necessários quase 530821 anos, para efectuar o percurso de ida
e volta.
E se a capacidade de transporte passar para 4?
Só ida
Comecemos por observar que, no caso em que a capacidade de transporte do mensageiro é de
mantimentos para três dias, quando o mesmo volta atrás para levar mais mantimentos, leva, sempre,
mantimentos para três dias. Neste caso, quando o mensageiro for buscar mais mantimentos, pode
levar mantimentos para três ou para quatro dias, conforme o que for estritamente necessário. Esta
diferença complica os cálculos.
Observemos, ainda, que o número mínimo de dias que se demora a atravessar um deserto de
"comprimento" tem a mesma paridade de , porque o voltar atrás não altera a paridade do número
de dias.
142 CAPÍTULO 9. A TRAVESSIA DO DESERTO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 2 3 4 7 12 23 44 87 172 343 684
13 14 15 16 17 18 19 20
1367 2732 5463 10 924 21 847 43 692 87 383 174 764
Repare-se que, para atravessar um deserto de comprimento 10, são necessários quase 479 anos.
Ida e volta, com uma única fonte de mantimentos
É claro que 1 = 2 e 2 = 4. Para atravessar um deserto de comprimento 3, temos de colocar,
no primeiro abrigo, mantimentos para cinco dias: quatro (para ir até ao destino e voltar) e um para
voltar ao ponto de partida. Então, temos de fazer duas viagens do ponto de partida até ao primeiro
abrigo, transportando o máximo. Logo, 3 = 8. Repare-se que nunca voltamos ao abrigo anterior,
para levar mantimentos para três dias, porque precisamos dum número par de mantimentos para
avançar e de 1 para mais tarde voltar ao ponto de partida.
Suponhamos que, para atravessar, nos dois sentidos um deserto de comprimento , são necessários
dias. Então, para atravessar um deserto de comprimento + 1, temos de colocar, no primeiro
abrigo, mantimentos para dias e mais um para o regresso ao ponto de partida. Logo, são
necessárias viagens do ponto de partida ao primeiro abrigo. Então, +1 = 4 × = 2 ,
2 2
pelo que estamos em presença duma progressão geométrica de razão 2 e primeiro termo 2. Logo,
= 2 , pelo que 20 = 220 = 1048 576, o que corresponde a quase 2873 anos.
Capítulo 10
É claro que construir um polígono regular de 17 lados, consiste em dividir uma circunferência em
2
17 partes iguais, ou seja, construir um ângulo de radianos.
17
Este problema está, manifestamente, relacionado com a determinação das raízes de índice da
unidade, ou seja, com a resolução, em C, da equação = 1, cujas soluções são
Proposição 103 Seja um número natural. Então, as raízes de índice da unidade são dadas
2
por cis , onde assume os valores 0 1 − 1.
Proposição 104 Sejam um número natural maior ou igual a 2 e um número complexo. Então,
a soma das raízes de índice de é zero.
Demonstração
A afirmação é verdadeira para = 0, porque todas as raízes são nulas. Se 6= 0, então
= cis , com um número real positivo e um número real que pode ser escolhido no intervalo
143
144 CAPÍTULO 10. CONSTRUÇÃO DO POLÍGONO REGULAR DE DEZASSETE LADOS
[0 2[. Determinar as raízes de índice de é resolver a equação = . Seja = cis , com
um número real positivo e um número real.
Então, cis = cis (), donde se conclui que = e = + 2, com ∈ Z. Daqui se
√
conclui que = e que = +2 , tendo-se que as soluções distintas são obtidas, atribuindo a
, valores inteiros consecutivos (habitualmente 0 1 − 1)..
√
Seja = cis +2
. Então,
√
cis
+2(+1) µ ¶
+1 + 2 + 2 − − 2 2
= √ = cis = cis
cis +2
Logo, a sucessão ( ) é uma progressão geométrica de razão cis 2 , pelo que
¡ 2 ¢
1 − cis 1 − cis (2)
0 + 1 + · · · + −1 = 0 × = 0 × =0
1 − cis 2
1 − cis 2
µ ¶
2 (17 − ) 2 2 2
cos () + cos ((17 − ) ) = cos + cos = cos + cos 2 −
17 17 17 17
µ ¶
2 2 2 2
= cos + cos − = cos + cos = 2 cos ()
17 17 17 17
µ ¶
2 (17 − ) 2 2 2
sin () + sin (17 − ) = sin + sin = sin + sin 2 −
17 17 17 17
2 2
= sin − sin =0
17 17
Então, cis () + cis ((17 − ) ) = 2 cos 2
17 = 2 cos ().
cos ( + ) + cos ( − ) = cos cos − sin sin + cos cos + sin sin = 2 cos cos
Alguns resultados preliminares
Como 17 é um número primo, existe raiz primitiva de 17. Uma das raízes primitivas de 17 é 3.
Consideremos os números 30 31 32 314 315 . Estas 16 potências de 3, são congruentes, módulo
17 e por alguma ordem, com os números 1 2 3 15 16. É isso que está indicado na seguinte
tabela:
145
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
3 1 3 9 10 13 5 15 11 16 14 8 7 4 12 2 6
Por exemplo, 2 não é raiz primitiva de 17, porque, ao construirmos uma tabela análoga à
anterior, mas com potências de 2, não aparecem todos os números de 1 a 16, aparecendo alguns
deles mais do que uma vez:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
2 1 2 4 8 16 15 13 9 1 2 4 8 16 15 13 9
Sejam = cis 2 17 = cis (), com = 0 1 15, as 16 raízes de índice 17 da unidade que
são diferentes de 1 (estes dezasseis números são as raízes da equação 16 + 15 + · · · + + 1 = 0).
Sejam:
⎧
X7
⎪
⎪
⎪
⎪ 1 = 1 + 9 + 13 + 15 + 16 + 8 + 4 + 2 = 32
⎪
⎪
⎪
⎪ =0
⎪
⎪ X7
⎪
⎪
⎪
⎪ = + + + + + + + = 32+1
⎨ 2 3 10 5 11 14 7 12 6
=0
⎪ X3 X3
⎪
⎪
⎪
⎪ 1 = 1 + 13 + 16 + 4 = 34 2 = 9 + 15 + 8 + 2 = 34+2
⎪
⎪
⎪
⎪ =0 =0
⎪
⎪ X3 X3
⎪
⎪
⎪
⎩ 3 = 3 + 5 + 14 + 12 = 34+1 4 = 10 + 11 + 7 + 6 = 34+3
=0 =0
3. 1 + 2 = −1 1 2 = −4
8. 1 + 2 = 1 1 2 = −1
9. 3 + 4 = 2 3 4 = −1
Demonstração
146 CAPÍTULO 10. CONSTRUÇÃO DO POLÍGONO REGULAR DE DEZASSETE LADOS
1.
2.
3. Como a soma das 17 raízes de índice da unidade é zero e uma dessas raízes é 1, então a
soma das outras dezasseis raízes é −1. Logo, 1 + 2 = −1. Esta última igualdade implica
que a soma das partes reais das soluções da equação 16 + 15 + · · · + + 1 = 0 é −1, ou seja,
X16
cos () = −1.
=1
Observação:
+ −
cos + cos = 2 cos cos
2 2
2
Ora, 1 × 2 é dado por
(2 cos + 2 cos (2) + 2 cos (4) + 2 cos (8)) (cos (3) + cos (5) + cos (6) + cos (7))
Logo,
1 2
= 2 cos cos (3) + 2 cos cos (5) + 2 cos cos (6) + 2 cos cos (7) +
2
+2 cos (2) cos (3) + 2 cos (2) cos (5) + 2 cos (2) cos (6)
+2 cos (2) cos (7) + 2 cos (4) cos (3) + 2 cos (4) cos (5)
+2 cos (4) cos (6) + 2 cos (4) cos (7) + 2 cos (8) cos (3)
+2 cos (8) cos (5) + 2 cos (8) cos (6) + 2 cos (8) cos (7)
= cos (4) + cos (2) + cos (6) + cos (4) + cos (7) + cos (5) + cos (8)
+ cos (6) + cos (5) + cos + cos (7) + cos (3) + cos (8) + cos (4)
+ cos (9) + cos (5) + cos (7) + cos + cos (9) + cos + cos (10)
+ cos (2) + cos (11) + cos (3) + cos (11) + cos (5) + cos (13)
+ cos (3) + cos (14) + cos (2) + cos (15) + cos
2
Note-se que não é um ângulo qualquer mas sim 17 , pelo que há umas relações particulares.
Por exemplo, cos (16) = cos .
147
Então,
1 2
= 2 cos + 2 cos (2) + 2 cos (3) + 2 cos (4) + 2 cos (5) + 2 cos (6)
2
+2 cos (7) + 2 cos (8) + 2 cos (9) + 2 cos (10) + 2 cos (11) + 2 cos (12)
+2 cos (13) + 2 cos (14) + 2 cos (15) + 2 cos (16)
= −2
9.
3 + 4 = 2 cos (3) + 2 cos (5) + 2 cos (6) + 2 cos (7) = 2
3 4 = (2 cos (3) + 2 cos (5)) (2 cos (6) + 2 cos (7))
= 4 cos (3) cos (6) + 4 cos (3) cos (7) + 4 cos (5) cos (6)
+4 cos (5) cos (7)
= 2 cos (9) + 2 cos (3) + 2 cos (10) + 2 cos (4) + 2 cos (11)
+2 cos + 2 cos (12) + 2 cos (2)
= cos (8) + cos (9) + cos (3) + cos (14) + cos (7) + cos (10)
+ cos (4) + cos (13) + cos (6) + cos (11) + cos + cos (16)
+ cos (5) + cos (12) + cos (2) + cos (15)
= −1
148 CAPÍTULO 10. CONSTRUÇÃO DO POLÍGONO REGULAR DE DEZASSETE LADOS
10.
3 = 2 cos (3) + 2 cos (5) = 4 cos (4) cos
√ √
−1+ 17 −1− 17
Lema 108 Nas condições anteriores, temos 1 = 2 e 2 = 2 .
Demonstração
Como 1 +2√= −1 e √1 2 = −4, então 1 e 2 são as soluções (reais) da equação 2 +−4 = 0,
as quais são −1+2 17 e −1+2 17 , faltando-nos descobrir o sinal de 1 (ou o sinal de 2 ), para sabermos
quais os valores de 1 e 2 .
Como 0 = 2 4
17 4 e 0 2 = 17 4 , vem
√ √
2 2 √
cos + cos (2) + = 2
2 2
Mas, 0 4 = 2
17 2 , pelo que cos (4) 0.
√ √ √
É claro que cos (8) − 2. Então, 1 = cos + cos (2) + cos (4) + cos (8) 2 − 2 = 0.
Então, 1 é a raiz
√
positiva e 2 Î a raiz negativa.
Logo, 1 = −1+2 17 e 2 = −1−2 17 .
Observe-se
√
que podemos construir, com régua e compasso, um segmento de√recta de comprimento
√
−1+ 17
2 , ou se preferirmos, determinar, num eixo, os pontos de abcissa −1+2 17 e −1−2 17 .
√ p √ √ p √
−1 + 17 + 34 − 2 17 −1 + 17 − 34 − 2 17
1 = 2 =
4 4
Demonstração
Como 1 + 2 = 1 e 1 2 = −1, então 1 e 2 são as raízes (reais) da equação 2 − 1 − 1 = 0,
tendo-se 1 = 2 cos (2) + 2 cos (4) 0, pelo que 2 0.
Então,
r³
√ √ ´2
p −1+ 17
± −1+ 17
+4
2
1 ± 1 + 4 2 2
2 − 1 − 1 = 0 ⇐⇒ = ⇐⇒ =
2 q 2 q
√ √ √ √
−1+ 17 1+17−2 17 −1+ 17 34−2 17
2 ± 4 +4 2 ± 4
⇐⇒ = ⇐⇒ =
2
p 2
√ √
−1 + 17 ± 34 − 2 17
⇐⇒ =
4
Então,
√ p √ √ p √
−1 + 17 + 34 − 2 17 −1 + 17 − 34 − 2 17
1 = 2 =
4 4
p p
2 + 4 + 22 2 − 4 + 22
3 = 4 =
4 4
Demonstração
Como 3 + 4 = 2 e 3 4 = −1, temos que 3 e 4 são as raízes da equação 2 − 2 − 1 = 0.
Como 3 = 2 cos (3) + 2 cos (5) = 4 cos (4) cos 0, então 4 0.
Então,
p p
2 + 4 + 22 2 − 4 + 22
3 = 4 =
4 4
p p
1 + 12 − 43 1 − 12 − 43
cos = cos (4) =
4 4
Demonstração
Como 2 cos + 2 cos (4) = 1 e 2 cos (4) × 2 cos = 2 cos (5) + 2 cos (3) = 3 , então 2 cos
e 2 cos (4) são as raízes da equação 2 − 1 + 3 = 0.
Como cos cos (4), temos que
p p
1 + 12 − 43 1 − 12 − 43
cos = cos (4) =
4 4
Observe-se que aquilo que foi feito, até agora, significa que se pode obter cos com régua e
compasso, sendo que o valor de cos envolve, apenas, as operações básicas e radicais quadráticos,
embora não apresentemos aqui esse valor.
2
Construção geométrica do ângulo de radianos:
17
Seja o menor ângulo positivo tal que tan (4) = 1. Então, os ângulos , 2, e 4 são todos
do primeiro quadrante.
Verifiquemos, agora, que as soluções da equação 2 + − 4 = 0 são 2 tan (2) e −2 cot (2):
Além disso, 2 tan (2) × (−2 cot (2)) = −4. Das duas igualdades anteriores vem que 2 tan (2)
e −2 cot (2) são as soluções da equação 2 + − 4 = 0.
Mas, já tínhamos visto que as soluções da equação 2 + − 4 = 0 eram 1 e 2 .
Como 1 0 e tan (2) 0, então 1 = 2 tan (2) e 2 = −2 cot (2).
De 2 − 1 − 1 = 0, obtemos 2 − 2 tan (2) − 1 = 0, donde vem:
q
= tan (2) ± tan2 (2) + 1 ⇐⇒ = tan (2) ± sec (2)
150 CAPÍTULO 10. CONSTRUÇÃO DO POLÍGONO REGULAR DE DEZASSETE LADOS
Logo,
³ ´ ³ ´ ³ ´
2 = − cot + = − tan − = tan −
4 4 4
q
= − cot (2) ± 1 + cot2 (2) ⇐⇒ = − cot (2) ± csc (2)
Então, 3 e 4 são dados pela expressão = − cot (2) ± csc (2), faltando saber "qual é qual".
Como 3 0, então 3 = − cot (2) + csc (2). Ora:
½
2 cos (3) + 2 cos (5) = 3 = tan ¡ ¢
2 cos (3) × 2 cos (5) = 2 cos (8) + 2 cos (2) = 2 = tan − 4
6. Divide-se o ângulo em quatro ângulos iguais, obtendo-se sobre , o ponto , tal que
] = 14 ]
7. Sobre a semi-recta (de origem em ), marca-se um ponto , de modo que o ângulo
tenha uma amplitude de 4 .
9. Desenha-se uma circunferência de centro e que passa por . Esta circunferência intersecta
a recta nos pontos 3 e 5 , sendo 3 pertencente à semi-recta .
152 CAPÍTULO 10. CONSTRUÇÃO DO POLÍGONO REGULAR DE DEZASSETE LADOS
Justificação da construção
Seja ] = . Então, ] = 4. Além disso,
¡ ¢
b 3 + 2 cos
b 5 3 − 5 + 3 − 5 −
2 cos = 2× =2×
+ 3 − 5 + +
= 2× =2×
= 4× = = tan
e, ainda
2
b 3 × 2 cos
b 5 3 × 5 ×
2 cos = −4 × 2 = −4 × 2 = −4 × 2
³ ´
= −4 × =− = tan −
4
¡ ¢
Já vimos que 2 cos (3) + 2 cos (5) = tan e 2 cos (3) × 2 cos (5) = tan − 4 .
Então, b 3 = 3 e b 5 = 5.
Então, achando a diferença, temos um ângulo de amplitude 2, ângulo este que pode ser bis-
sectado, originando um ângulo de amplitude , ou seja, um ângulo de 2 17 radianos. Observe-se que
todas estas construções podem ser feitas com régua e compasso.
Está, assim, resolvido o problema.
Capítulo 11
153
154 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
2 + 2 − 11 2 − 11 2 − 9 2 − 11
+1 − = − = −
3 + 3 − 4 3 − 4 3 − 1 3 − 4
(2 − 9) (3 − 4) − (2 − 11) (3 − 1)
=
(3 − 1) (3 − 4)
6 − 8 − 27 + 36 − 62 + 2 + 33 − 11
2
25
= =
(3 − 1) (3 − 4) (3 − 1) (3 − 4)
25
Agora, estudamos o sinal da função real de variável real, definida por () = (3−1)(3−4) :
1 4
−∞ 3 3 +∞
25 + + + + +
3 − 1 − 0 + + +
3 − 4 − − − 0 +
() + − +
Resolução
Comecemos por observar que 2 − 2 + é equivalente a | − 2| .
11.1. LIMITE DE UMA SUCESSÃO 155
1.
¯ ¯
1 1 1 ¯ 2 + 5 ¯ 1
2− 2 + ⇐⇒ | − 2| ⇐⇒¯ ¯
100 100 100 ¯ + 1 − 2¯ 100
¯ ¯ ¯ ¯
¯ 2 + 5 − 2 − 2 ¯1 ¯ 3 ¯
⇐⇒ ¯ ¯ ⇐⇒ ¯ ¯ ¯ 1
¯ +1 ¯
100 + 1 ¯ 100
3 1 300 +1
⇐⇒ ⇐⇒
+1 100 100 ( + 1) 100 ( + 1)
⇐⇒ 300 + 1 ⇐⇒ 299
¤ 1 1
£
Os termos da sucessão que¤ pertencem a 2£− 100 2 + 100 são os termos de ordem superior a
1 1
299. Então, no intervalo 2 − 100 2 + 100 , há uma infinidade de termos, tendo-se que fora
desse intervalo há um número finito de termos da sucessão.
2.
¯ ¯
1 1 1 ¯ 2 + 5 ¯ 1
2− 2 + ⇐⇒ | − 2| ⇐⇒ ¯¯ − 2¯¯
1000 1000 1000 +1 1000
¯ ¯ ¯ ¯
¯ 2 + 5 − 2 − 2 ¯ ¯ ¯
⇐⇒ ¯ ¯ 1 ⇐⇒ ¯ 3 ¯ 1
¯ +1 ¯ 1000 ¯ + 1 ¯ 1000
3 1 3000 +1
⇐⇒ ⇐⇒
+1 1000 1000 ( + 1) 1000 ( + 1)
⇐⇒ 3000 + 1 ⇐⇒ 2999
¤ 1 1
£
Os termos da sucessão que pertencem a 2 − 1000 2 + 1000 são os termos de ordem superior
a 2999.
3.
¯ ¯
¯ 2 + 5 ¯
2 − 2 + ⇐⇒ | − 2| ⇐⇒ ¯ ¯ − 2¯¯
+1
¯ ¯ ¯ ¯
¯ 2 + 5 − 2 − 2 ¯ ¯ ¯
⇐⇒ ¯ ¯ ⇐⇒ ¯ 3 ¯
¯ +1 ¯ ¯ + 1¯
3
⇐⇒ ⇐⇒ 3 +
+1
3− 3−
⇐⇒ 3 − ⇐⇒ ⇐⇒
Definição 116 Seja ( )∈N uma sucessão de números reais e um número real. Diz-se que
tende para (ou que converge para ou que limite de é ), se para todo o número real
positivo , existir uma ordem (que dependerá de ), a partir da qual, todos os termos da sucessão
( )∈N verificam a condição − + .
156 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
Proposição 119 Uma sucessão de números reais não pode tender para dois limites diferentes.
Prova. Suponhamos que havia uma sucessão que tendia para dois limites e . Sem perda de
generalidade, podemos supor que . Seja = − 2 . Como → , existe uma ordem 1 tal que
todos os termos da sucessão, de ordem superior a 1 , verificam a condição − + . E,
como → , existe uma ordem 2 tal que todos os termos da sucessão, de ordem superior a 2 ,
verificam a condição − + . Então, a partir da maior das duas ordens 1 e 2 , todos
os termos da sucessão verificam as duas condições − + e − + . Então,
tais termos verificam a condição ∈ ] − + [ ∩ ] − + [. Mas, + = + − +
2 = 2 e
− +
¤ 3− + £ ¤ + 3− £
− = − 2 = 2 , pelo que ∈ 2 2 ∩ 2 2 = ∅.
E chegámos a uma conclusão manifestamente impossível, porque o conjunto vazio não tem
elementos. Então, é absurdo supor que existe uma sucessão com dois limites diferentes. Então,
uma sucessão de números reais não pode ter mais do que um limite.
Definição 120 Sucessão convergente é uma sucessão que tende para um número real. Uma sucessão
que não tende para nenhum número real diz-se divergente. Note-se que estamos a considerar, ape-
nas, sucessões de números reais.
Proposição 122 Seja ( )∈N uma sucessão tal que a partir de certa ordem , todos os termos
são iguais a , com ∈ R. Então, tende para .
Observação 123 Em particular, se uma sucessão é constante, então a sucessão converge para esse
valor constante (valor comum dos seus termos).
Proposição 124 Sejam ∈ R e ( )∈N e ( )∈N duas sucessões que tendem para e para ,
respectivamente. Então, lim ( + ) = + .
Proposição 125 Seja ∈ R e ( )∈N uma sucessão que tende para . Então, lim (− ) = −.
Proposição 126 Sejam ∈ R e ( )∈N e ( )∈N duas sucessões que tendem para e para ,
respectivamente. Então, lim ( − ) = − .
Prova. Se → , então − → −. Mas, → , pelo que + (− ) tende para + (−) =
− . E, como + (− ) = − , temos que lim ( − ) = − .
Proposição 127 Seja ∈ R e ( )∈N uma sucessão que tende para . Então, − tende para
zero.
Prova. Suponhamos que → . Seja = ∀ ∈ N. Então, lim = , pelo que lim ( − ) =
lim ( − ) = lim − lim = − = 0.
Definição 128 Seja ( )∈N uma sucessão de números reais. A sucessão ( )∈N é limitada se
existirem dois números reais e , tais que ≤ ≤ , para todo o número natural.
Proposição 129 Toda a sucessão limitada e monótona é convergente.
Prova. A demonstração desta proposição depende do seguinte axioma: Todo o subconjunto de R,
majorado e não vazio, tem supremo.
Proposição 130 O produto dum infinitésimo por uma sucessão limitada é um infinitésimo.
Prova. Seja ( )∈N uma sucessão limitada. Então, existe um número positivo , tal que | | ≤
, para todo o número natural . Suponhamos que → 0. Então, para qualquer número real
positivo , existe um número natural , tal que para qualquer , temos | | . Então, para
, temos | | ≤ e | | , donde vem | × | = | | × | | × = .
Logo, lim ( × ) = 0, pelo que × é um infinitésimo.
Definição 131 Sejam ∈ R e 0. Bola aberta de centro e raio é o conjunto () definido
por () = ] − + [ = { ∈ R : | − | }.
Proposição 132 Sejam ∈ R+ e ( )∈N e ( )∈N duas sucessões que tendem para e para
, respectivamente. Então, lim ( × ) = .
Prova. Seja 0. Queremos determinar 0, de modo que, para | − | ∧ | − | ,
tenhamos | − | .
Note-se, que em vez de termos usado , na condição anterior, podíamos ter usado 1 e 1 , mas
só teríamos mais trabalho. Como lim = , para qualquer 0, existe uma ordem 1 , tal que,
para 1 , temos − + .
E, como lim = , para qualquer 0, existe uma ordem 2 , tal que, para 2 , temos
− + .
Seja ≥ max {1 2 }. Então, para , temos − + ∧ − + .
Se escolhermos , de modo que ∧ , temos 0 − +∧0 − +.
Então,
½
0 − +
=⇒ 0 ( − ) ( − ) ( + ) ( + )
0 − +
=⇒ 0 − ( + ) + 2 + ( + ) + 2
=⇒ − ( + ) − 2 + ( + ) + 2
158 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
E, agora, vamos escolher , de modo que ( + ) +2 ≤ , isto é, de modo que 2 +( + ) − ≤
0.
Ora, para 0, a equação 2 + ( + ) − = 0 tem duas raízes reais de sinais contrários:
p
2 − ( + ) ± ( + ) + 4
+ ( + ) − = 0 ⇐⇒ =
2
Então, de ( + ) + 2 ≤ , vem
q
p 2
− ( + ) − ( + ) + 4 − ( + ) + ( + ) + 4
2 2
Mas, devemos ter 0 min { }, pelo que
q
2
− ( + ) + ( + ) + 4
0 min { } ∧ 0
2
Então,
∀ 0 ∃ ∈ N ∀ ∈ N =⇒ − +
Então, lim ( ) = .
Proposição 133 Toda a sucessão de números reais que seja convergente é limitada.
Prova. Seja ( )∈N uma sucessão que tende para . Então, existe uma ordem , tal que todos os
termos de ordem superior a pertencem ao intervalo ] − 1 + 1[.
Seja = {1 2 − 1 + 1}. Como é finito, tem mínimo e máximo. Seja
= min e = max . Então, ≤ ≤ ∀ ∈ N, pelo que ( )∈N é uma sucessão
limitada.
Proposição 134 Sejam ∈ R e ( )∈N e ( )∈N duas sucessões que tendem para e para ,
respectivamente. Então, lim ( × ) = .
Proposição 135 Seja ∈ R+ e seja ( )∈N uma sucessão que tende para . Então, lim 1 = 1 .
¯ ¯
¯ ¯
Prova. Seja 0. Queremos determinar 0, de modo que, para | − | , seja ¯ 1 − 1 ¯ .
Seja 0, tal que . Como lim = , existe uma ordem , tal que para , temos
0 − + .
11.1. LIMITE DE UMA SUCESSÃO 159
1 1 1
Então, para , temos − + .
Logo, para , temos
1 1 1
+ −
1 1 1 1
Determinemos , de modo que ∧ − ≤ + − ≤ + :
1 1 1 1 1 1 1 1
− ≤ ≤ + ⇐⇒ − ≤ ∧ ≤ +
+ − + −
1
⇐⇒ + − ( + ) ≤ ∧ − ≥ 1
+
2
⇐⇒ − − ≤ 0 ∧ − ≥ − +
1 +
2
⇐⇒ (1 − ) ≤ ∧ ≤ −
1 +
2
+ −
⇐⇒ (1 − ) ≤ 2 ∧ ≤
1 +
2 2
⇐⇒ (1 − ) ≤ 2 ∧ ≤ ⇐⇒ ≤
1 + 1 +
Logo qualquer que seja o número positivo , existe uma ordem , tal que, para todo o ,
temos 1 − 1 1 + . Logo, lim 1 = 1 .
Proposição 136 Seja 0 e seja ( )∈N uma sucessão que tende para . Então, lim 1 = 1 .
Proposição 137 Sejam ∈ R, com 6= 0 e ( )∈N e ( )∈N duas sucessões que tendem para
e para , respectivamente. Então, lim = .
³ ´
Prova. Ora, lim = lim × 1
= lim × lim 1 = × 1
= .
22 +3+1
2. = 32 +4+2
22 +3+1
3. = 2+5
2
3√ +2+1
4. = 4 +1
sin
5. = +5
√ √
6. = +2+
160 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
√ √
7. = +2−
√ √
8. = 2 + + 2 − 2 − + 1
√ √
9. = 2 + + − 2 + + , com números reais convenientes.
√ p
10. = 2 + + − 2 + + , com números reais convenientes e 0.
√ √
11. = 3 3 + 5 + 1 − 3 3 + 5 + 2
3 +5
12. = 4 +5
32 +6
13. = 32 +8
Resolução
2+ 1
1. lim 2+1
3+5 = lim 3+ 5 =
2+0
3+0 = 2
3
2 2+ 3 + 1
2. lim 2 +3+1 2
32 +4+2 = lim 3+ 4 + 2 =
2+0+0
3+0+0 = 2
3
2
2 2 (2+
3
+ 12 ) (2+
3
+ 12 ) (+∞)×(2+0+0)
3. lim 2 2+5
+3+1
= lim (2+
= lim 5 = 2+0 = +∞
5
) 2+
2 2 (3+
2
+ 12 ) 2 (3+ 2
+ 12 ) 2
3+ + 12
4. lim 3√+2+1
4 +1
= lim = lim = lim = 3
1 =3
(1+ 14 )
4 2 1+ 14 1+ 14
sin 1
5. +5 = +5 × sin
1
+5 é um infinitésimo e −1 ≤ sin ≤ 1 ∀ ∈ N. Então, lim sin
+5 = 0.
¡√ √ ¢ √ √
6. lim + 2 + = +∞ + +∞ = (+∞) + (+∞) = +∞
√ √ √ √
¡√ √ ¢ ( +2−√ )( √+2+ )
7. lim + 2 − = lim +2+
= lim √+2−
√ = lim √
+2+
2 √
+2+
= 2
+∞ =0
8.
³p p ´
= lim 2 + + 2 − 2 − + 1
¡√ √ ¢ ¡√ √ ¢
2 + + 2 − 2 − + 1 2 + + 2 + 2 − + 1
= lim √ √
2 + + 2 + 2 − + 1
2 + + 2 − 2 + − 1 2 + 1
= lim q ¡ ¢ q ¡ ¢ = lim q q
1 2 1 1
2 2
1 + + 2 + 1 − + 2 1 + + 22 + 1 −
1 1
+ 1
2
1
2+ 2
= lim q q = =1
1+ 1
+ 2
+ 1− 1
+ 1 1+1
2 2
11.1. LIMITE DE UMA SUCESSÃO 161
√ √
9. Começamos por referir que , , , devem ser tais que a expressão 2 + + − 2 + +
esteja definida para todo o número natural , de acordo com a definição apresentada no início
do Capítulo.
p p
= 2 + + − 2 + +
¡√ √ ¢ ¡√ √ ¢
2 + + − 2 + + 2 + + + 2 + +
= √ √
2 + + + 2 + +
2 + + − 2 − −
= q ¡ ¢ q ¡ ¢
2 1 + + 2 + 2 1 + + 2
( − ) + − − + −
= q q =q q
1+ + 2 + 1 + + 2 1+ + 2 + 1 +
+
2
Logo,
³p p ´ − −
lim 2 + + − 2 + + = =
1+1 2
√ p
10. Sejam = 2 + + e = 2 + + . Então,
³√ p ´ ³√ p ´
2 + + − 2 + + 2 + + + 2 + +
− = √ p
2 + + + 2 + +
2 + + − 2 − −
= q ¡ r ³ ´
¢
+ + 2 + 2 + + 2
2
( − ) + − − + −
= q q =q q
+ + 2 + + + 2 + + 2 + + + 2
Logo,
³p p ´ − −
lim 2 + + − 2 + + = √ √ = √
+ 2
¡ ¢
11. Comecemos por observar que 3 − 3 = ( − ) 2 + + 2 . Então,
3 − 3
− =
2 + + 2
p
3
p3
= 3 + 5 + 1 − 3 + 5 + 2
¡√3
¢3 ¡ √ ¢3
3 + 5 + 1 − 3 3 + 5 + 2
= ¡√ ¢2 √ √ ¡√ ¢2
3
3 + 5 + 1 + 3 3 + 5 + 1 3 3 + 5 + 2 + 3 3 + 5 + 2
3 + 5 + 1 − 3 − 5 − 2
= ³ q ´2 q q ³ q ´2
5 1
3 1+ 2 + 3 + 3 1 + 52 + 13 3 1 + 52 + 23 + 3 1 + 5
2 + 2
3
−1
= ³q ´2 q q ³q ´2
5 1 5
2 3 1 + 2 + 3 + 2 3 1 + 2 + 13 3 1 + 5
2 + 2
3 + 2 3
1+ 5
2 + 2
3
¡√
3
√ ¢ −1
Logo, lim 3 + 5 + 1 − 3 3 + 5 + 2 = +∞ =0
5 ( 35 +1) ( 35 ) +1
12. lim 34 +5
+5 = lim 5 4 = lim = 0+1
0+1 =1
( 5 +1) ( 45 ) +1
2 9 (1+ 69 ) 1+( 2 )
13. lim 332 +6 9 +6
+8 = lim 9 +8 = lim 9 = lim 1+ 38 = 1+0
=1
( 1+ 89 ) (9) 1+0
Então, +1 = + .
Por aplicação sucessiva da propriedade anterior, temos:
1 = 1 + 0 2 = 1 + 3 = 1 + 2 4 = 1 + 3
Então,
= 1 + ( − 1)
Da igualdade anterior resulta
= + ( − )
Exemplo 140 Detenrmine o termo geral da sucessão em que o terceiro termo é 19 e o décimo
termo é 40.
Resolução
10 = 3 + 7 =⇒ 40 = 19 + 7 =⇒ 7 = 21 =⇒ = 3
Então, = 3 + ( − 3) 3 = 19 + 3 − 9 = 3 − 10
Exemplo 141 Determine a soma dos primeiros cinquenta termos da progressão aritmética cujo
termo geral é = 3 + 10.
Resolução
Seja 50 = 1 + 2 + · · · + 49 + 50 = 50 + 49 + · · · + 2 + 1
Então,
250 = (1 + 50 ) + (2 + 49 ) + · · · + (49 + 2 ) + (50 + 1 )
11.2. PROGRESSÕES ARITMÉTICAS 163
1 + 50
50 = × 50 = (13 + 160) × 25 = 173 × 25 = 4325
2
No caso geral, temos, para a soma dos primeiros termos duma progressão aritmética:
X 1 +
= ×
2
=1
Exemplo 142 Determine a soma dos primeiros cem números inteiros positivos.
Resolução
100
X 1 + 100
= × 100 = 101 × 50 = 5050
2
=1
Resolução
X 1+ 2 +
= ×=
2 2
=1
Exemplo 144 Suponhamos que temos os números naturais de 1 a 100000, escritos ao lado uns
dos outros e que colocamos o sinal de adição (+), entre todos os algarismos. Determine a soma
obtida.
Resolução
Suponhamos, para não complicar o raciocínio, que queríamos "somar os algarismos"dos números
de 1 a 99. Podemos começar por considerar que começamos por zero em vez de 1 e que, em vez de
0 1 2 · · · 9 escrevemos 00 01 02 · · · 09. Assim, obtemos a seguinte lista (incompleta):
00 01 02 03 · · · 09 10 11 12 13 · · · 19 · · · 90 91 92 · · · 99
Nesta lista, cada algarismo aparece dez vezes escrito em primeiro lugar e outras dez vezes escrito
em segundo lugar.
Então, a soma de todos eles é (0 + 1 + 2 + · · · + 8 + 9) × 10 × 2, ou seja, 0+9
2 × 10 × 10 × 2 = 900.
Imaginemos, agora, a lista dos números de 00000 até 99999. Cada algarismo aparece 10000
vezes em primeiro lugar, 10000 vezes em segundo lugar, etc..
Então, "a soma de todos os algarismos"dos números de 00000 até 99999 é
Como a soma pretendida inclui ainda os algarismos do número 100000, o qual contribui com
uma unidade para a soma, temos que o valor procurado é de 2250001.
164 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
Então, +1 = × .
Por aplicação sucessiva da propriedade anterior, temos:
2 = 1 × 3 = 1 × 2 4 = 1 × 3
Então,
= 1 × −1
Da igualdade anterior, caso 6= 0 ∧ 1 6= 0, resulta que
= × −
Suponhamos que pretendemos calcular a soma dos primeiros termos duma progressão ge-
ométrica de razão
diferente de 1.
X
Seja = = 1 + 2 + 3 + · · · + −1 + . Então:
=1
Logo, (1 − ) = 1 (1 − ).
Então,
X 1 −
= = 1 ×
1−
=1
Resolução
Suponhamos que, num dado dia, há quatro maçãs na macieira. Então, a Maria tem de apanhar
duas maçãs e meia, ficando uma maçã e meia na macieira. Esta hipótese mostra-nos que os números
pares são "maus", não servindo para solução do problema.
Quanto aos números ímpares, serão todos "bons"?
11.3. PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS 165
Os números 1 e 3 são "bons", mas 5 é "mau", porque se houver 5 maçãs, a Maria tem de apanhar
3 maçãs, deixando 2 maçãs e já sabemos que 2 é "mau".
Qual será a sequência dos números "bons"?
Como, em cada dia, Maria apanha pouco mais de metade das maçãs, no dia anterior deve haver
pouco mais do dobro das maçãs (será o dobro mais uma?).
Sequência dos números "bons": 1 3 7 15 31 63 127 255 511
Resposta: 255 maçãs
Suponhamos que hoje há maçãs e que ontem havia . Então, − 2 − 12 = , equação esta que
é equivalente a = 2 + 1.
Dia 8 7 6 5 4 3 2 1
0 1 3 7 15 31 63 127
1 3 7 15 31 63 127 255
Sejam , , , o número de maçãs existentes no início de três dias consecutivos. Então, = 2+1
e = 2 + 1, pelo que = 4 + 3. Então, no primeiro desses três dias havia 4 + 3 maçãs, enquanto
que ficaram para o dia seguinte 2 + 1 maçãs. Logo, a Maria apanhou 2 + 2 maçãs nesse dia. E
no dia seguinte apanhou + 1 maçãs. Logo, em cada dia, a Maria apanha o dobro das maçãs que
apanhará no dia seguinte.
Como no último dia, a Maria apanha uma maçã, temos que o número total de maçãs apanhadas
é
8 = 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + 32 + 64 + 128
Então, 28 = 2 + 4 + 8 + 16 + 32 + 64 + 128 + 256.
Subtraindo membro a membro as duas igualdades, obtemos 8 = 256 − 1 = 255.
Suponhamos que a Maria, ao contar as maçãs não se apercebeu duma maçã escondida. Então,
para nós que sabemos que há uma maçã a mais, a Maria apanha, em cada dia, metade das maçãs
e, no fim, ainda há uma maçã. Então, partindo do fim, temos que o número de maçãs existente na
macieira, no início de cada dia, é 2 4 8 16 32 64 128 256.
Logo, inicialmente, tínhamos 255 maçãs, porque não havia maçã escondida...
5. As maçãs e as sucessões
De = + , vem = + , pelo que, para obtermos uma progressão geométrica de
razão , devemos ter +1 = .
Então, + + = + , donde se conclui que + = .
Então, ( − 1) = , pelo que = −1 . Então, 1 = + 1 = −1 + . Logo,
µ ¶
−1
= 1 × = + −1
− 1
Então, µ ¶
= − = + −1 − ∀ ∈ N
− 1 − 1
No exemplo das maçãs, tínhamos = 2 = 1 = 1.
Então,
µ ¶
1 1
= + 1 2−1 − ∀ ∈ N = 2 × 2−1 − 1 ∀ ∈ N = 2 − 1 ∀ ∈ N
2 − 1 2 − 1
Logo, 8 = 28 − 1 = 255.
7. As maçãs e a calculadora
Comecemos por digitar, numa calculadora gráfica o número 1, carregando-se a seguir na tecla
ENTER (ou EXE).
Depois, escrevemos 2 × Ans +1. Carregando sucessivamente na Tecla ENTER, obtemos:
1 3 7 15 31 63 127 255 511 1023 2047 4095
Esta resolução destina-se, apenas, a quem conhece a base 2 (que é a base em que, internamente,
trabalham os Computadores ½ e as Calculadoras):
1 = 1
Consideremos a sucessão
+1 = 2 + 1 ∀ ∈ N
Então,⎧1 = 1 2 = 11(2) 3 = 111(2)
⎨ 1 = 10(2) − 1 = 2 − 1
Logo, 2 = 100(2) − 1 = 22 − 1
⎩
3 = 1000(2) − 1 = 23 − 1
Então, = 2 − 1, pelo que 8 = 28 − 1 = 255.
Resolução
Embora não pareça, este problema resolve-se da mesma maneira que o problema das maçãs:
½
64 = 1 + 2 + 22 + 23 + · · · + 262 + 263
264 = 2 + 22 + 23 + 24 · · · + 263 + 264
Para ter uma ideia da quantidade de trigo envolvida, resolvi contar grãos de arroz, porque o
arroz está mais disponível do que o trigo, tendo verificado que 4000 grãos de arroz pesaram 78 g.
264 − 1
Então, o peso de 264 − 1 grãos de arroz será de × 78 × 10−3 kg, ou seja, 3 597 115 094 × 1011
4000
toneladas. Este arroz corresponde a mais de 55 toneladas por habitante (humano) do planeta
Terra, o que significa 5 camiões com pouco mais de 11 toneladas de arroz, cada um. Para obter os
resultados anteriores, utilizei o valor de 6 450 × 109 para a população mundial (valor estimado em
Junho de 2005).
Então, seriam necessários 3 270 104 631×1010 camiões para transportar o arroz. Imaginando que
cada camião tem 10 metros de comprimento, teríamos uma fila com mais de 3 270 104 631 × 1011 m,
isto é, com cerca de 3 27 × 108 quilómetros de comprimento.
3 27 × 108
Como o equador da Terra mede cerca de 40000 quilómetros, teríamos voltas à Terra,
40000
ou seja, cerca de 8175 voltas. Admitindo que cada camião tem 2 5 m de largura, seria necessária
uma estrada, seguindo o equador, com mais de 20 quilómetros de largura! Estamos a supor que os
camiões estão parados e encostados uns aos outros.
Numa segunda oportunidade, pesei 673 grãos de trigo, tendo obtido o valor de 28 g. Então, o
peso de 264 − 1 grãos de trigo será
264 − 1
× 28 g ≈ 7 674 722 646 × 1017 g ≈ 7 674 722 646 × 1014 kg
673
Resolução
Se tivermos um só disco, basta 1 movimento.
Se tivermos 2 discos, movemos o disco superior para uma das hastes, depois movemos o segundo
disco para a terceira haste e, por fim, o primeiro disco para a terceira haste. São necessários 3
movimentos.
Se tivermos 3 discos, esquecemos o disco inferior, considerando 2 discos. Para mover esses
2 discos, são necessários 3 movimentos. A seguir, movemos o último disco para a haste vazia
11.3. PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS 169
(1 movimento) e, depois, movemos os dois discos para a haste que ficou com o último disco (3
movimentos). O número mínimo de movimentos, para mover 3 discos, é 7.
Suponhamos que, para mover discos são necessários movimentos. Então, para mover + 1
discos são necessários + 1 + movimentos, ou seja, 2 + 1 movimentos, obtendo-se a sucessão
1 3 7 15 31 , que é a sucessão do problema das maçãs.
Logo, = 2 − 1. Observe-se que, nesta sucessão, +1 = 2 + 1.
Este problema pode ser resolvido por crianças do primeiro ciclo do Ensino Básico, utilizando 4 ou
5 discos de diâmetros diferentes ou recipientes que caibam uns dentro dos outros. Essa experiência
já foi realizada há cerca de quinze anos por uma professora que, nessa altura, era minha aluna de
12 Ano.
Resolução
A distância da Terra à Lua é de, aproximadamente, 384400 km.
1
Consideremos a progressão geométrica de razão 2 e primeiro termo 10 . O termo geral desta
−1
2
progressão é = 10 . Calculemos alguns termos da progressão:
19 29
20 = 210 mm = 52428 8 mm ≈ 52 m 30 = 210 mm = 53687 091 2 m ≈ 54 km
39 44
40 = 210 mm ≈ 54975581 39 m ≈ 54976 km 45 = 210 mm = 1759 219 km
45 46
46 = 210 mm = 3518 437 km 47 = 210 mm = 7036 874 km
Logo, ao fim de 47 dobragens, ultrapassamos a distância da Terra à Lua.
Convém chamar a atenção para resultados inesperados que resultam do crescimento muito rápido
de algumas sucessões e para alguns jogos (proibidos em Portugal) que prometem o enriquecimento
rápido dos seus participantes, desde que arranjem 3 "vítimas"para entrar no jogo.
O problema está em que, mesmo se todos os habitantes (humanos) da Terra participassem no
jogo, rapidamente chegaríamos à saturação.
Repare-se que neste tipo de jogos (jogos de soma zero), para alguém ganhar, alguém tem de
perder. Note-se que nos jogos em referência, a soma é, mesmo, inferior a zero, porque a entidade
organizadora do jogo faz-se pagar por aqueles que entram no jogo.
Logo,
µ ¶−1 µ ¶
2 2 2
= − × =− ∀ ∈ N
3 3 3
Mas, = +1 − = 23 + 1 − = 1 − 13 ∀ ∈ N.
Então, 13 = 1 − , donde vem = 3 − 3 .
Logo, µ ¶
2
= 3 + 3 × ∀ ∈ N
3
Exemplo 151 Uma sucessão de quadrados
Consideremos a figura seguinte, a qual é constituída por um quadrado central cujo lado se toma
para unidade. Em cada vértice do quadrado inicial, construiu-se quatro quadrados de lado metade
do lado do anterior. A partir daqui, em todos os quadrados do passo anterior e em cada um dos
três vértices que não pertencem a esses quadrados, construimos um quadrado com metade do lado
dos quadrados desse passo (anterior). E o processo continua...
11.3. PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS 171
Observação 152 Convém chamar a atenção para um facto muito importante: será que os quadra-
dos (abertos) são todos disjuntos?
Consideremos a seguinte figura em que o quadrado maior tem lado 1 e cada um dos quadrados
seguintes tem metade do lado do quadrado anterior:
172 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
¡ ¢+1 µ ¶+1
X 1 − 14 4 4 1
= = 1 = − × ∀ ∈ N0
1− 4 3 3 4
=0
³ ¡ 1 ¢+1 ´ ³ ¡ ¢−2 ´
4 4 4
Então, lim = lim 3 − 3 × 4 = 3 e lim = lim 8 − 12 = 8.
Suponhamos que o lado do quadrado maior é 1 e que os sucessivos quadrados (da mesma cor)
têm um lado que é metade do lado do(s) quadrado(s) do passo anterior. Seja 00 a área do quadrado
inicial, 01 a área dos dois quadrados seguintes e assim sucessivamente.
Então,¡00¢ = 1 e cada quadrado seguinte tem um quarto da área do quadrado anterior, pelo que
= 2 × 14 ∀ ∈ N.
0
Repare-se que não se trata duma progressão geométrica, porque 01 = 12 6= 14 00 , embora 0+2 =
1 0
4 +1 ∀ ∈ N.
A soma das áreas dos quadrados é dada por
¡ ¢
X X 1 1 − 14
0 0 0 0
= = 0 + = 1 + ×
=0 =1
2 1 − 14
µ µ ¶ ¶ µ ¶
1 4 1 5 2 1
= 1+ × 1− = − ∀ ∈ N
2 3 4 3 3 4
¡ ¢2
Assim, por exemplo, 10 = 53 − 23 × 14 = 32 e 20 = 53 − 23 14 = 13 0
8 . É claro que 0 = 1.
0 0
Outra maneira consiste em verificar que 0 = 0 = 1 e que para ≥ 1, temos
µ ¶+1 µ ¶
8 8 1 5 2 1
0 = 2 − 1 = − × −1= − × ∀ ∈ N
3 3 4 3 3 4
A igualdade anterior resulta de ter passado a haver o dobro dos quadrados do exemplo anterior,
com excepção do quadrado inicial (de lado 1) que continua a ser único.
¡ ¢−1
Quanto à sucessão dos perímetros, temos 00 = 4 e 0 = 4 × 12 ∀ ∈ N e 0 , a sucessão
1
1−( ) ¡ ¢−1
das somas dos perímetros, é dada por 0 = 4 + 4 × 1−21 = 12 − 12 ∀ ∈ N.
2 ³ ´
¡ 5 2
¡ 1
¢ ¢ 5
¡ 1
¢−1
Então, lim 0 = lim 3 − 3 × 4 = 3 e lim 0 = lim 12 − 2 = 12.
Os limites anteriores podiam ser calculados da seguinte maneira:
½
lim 0 = 2 lim − 1 = 2 × 43 − 1 = 53
lim 0 = 2 lim − 4 = 2 × 8 − 4 = 12
174 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
¡ 1 ¢
De modo análogo aos anteriores, temos 000 = 1 e 00 = 4 × 4 ∀ ∈ N.
Então,
¡ ¢
X X 1 − 14
00 = 00
= +000 =1+ 00
=0 =1
1 − 14
µ µ ¶ ¶ µ ¶
4 1 7 4 1
= 1+ 1− = − ∀ ∈ N
3 4 3 3 4
Consideremos um quadrado de lado 1 e uma recta que contém uma diagonal do mesmo.
Começamos por desenhar uma circunferência tangente aos lados do quadrado.
Depois, com centro num dos vértices do quadrado inicial, desenhamos uma nova circunferência
tangente à anterior e com raio menor.
Depois, voltamos a construir um quadrado com os lados tangentes à nova circunferência e
paralelos aos lados do quadrado inicial.
E o processo continua indefinidamente, como na figura.
Como se relacionam os sucessivos raios?
Seja o raio de √uma circunferência. Então, o lado do quadrado envolvente é 2 , enquanto
que a diagonal é 2 2.
√ ¡√ ¢
Então, o raio da circunferência seguinte é 2 − , ou seja, 2 − 1 .
¡√ ¢
Então, +1 = 2 − 1 ∀ ∈ N0 .
√ √ ¡√ ¢
Mas, 0 = 22 , pelo que = 22 2 − 1 ∀ ∈ N0 .
³ √ ´2 ¡√ ¢2 ¡ √ ¢
Então, = 22 2−1 = 2 3 − 2 2 , pelo que as áreas dos círculos definem uma
√
progressão geométrica de razão 3 − 2 2.
176 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
P
Seja = ∀ ∈ N0 . Então,
=0
¡ √ ¢+1 ¡ √ ¢+1
1− 3−2 2 1− 3−2 2
= 0 × ¡ √ ¢ = × √
1− 3−2 2 2 2 2−2
¡√ ¢³ ¡ √ ¢+1 ´
2+1 1− 3−2 2
= × ¡√ ¢ ¡√ ¢
2 2 2−1 2+1
¡√ ¢³ ¡ √ ¢+1 ´
2 + 1 1 − 3 − 2 2
= × ∀ ∈ N0
2 2
¡√ ¢³ ¡ √ ¢+1 ´ ¡ √ ¢
2+1 1− 3−2 2 1+ 2
Então, lim = lim = .
2×2 4
Calculemos a soma dos diâmetros:
√ ³ ´ √ ¡ √ ¢+1
X 2X √ 1− 1− 2
2 = 2 × 2−1 = 2×1× ¡√ ¢
2 1− 2−1
=0 =0
¡ √ ¢+1 ¡ √ ¢√ µ ³ ¶
√ 1− 1− 2 2+ 2 2 √ ´+1
= 2× √ = × 1− 1− 2
2− 2 2
³ µ ¶
√ ´ ³ √ ´+1
= 1+ 2 × 1− 1− 2
√
O limite da sucessão anterior é 1 + 2.
Quanto a , o comprimento de cada circunferência, temos
√ ³ ´
2 √ √ ³√ ´
= 2 2−1 = 2 2 − 1 ∀ ∈ N0
2
Logo,
X
X √ ³√ ´ √ X ³
√ ´
= 2 2−1 = 2 2−1
=0 =0 =0
¡ √ ¢+1 ³ µ ¶
√ 1− 1− 2 √ ´ ³ √ ´+1
= 2× √ = 1+ 2 × 1− 1− 2
2− 2
P
¡ √ ¢
Então, lim = 1 + 2 , o que está de acordo com o facto que o comprimento duma
=0
circunferência é o produto de pelo diâmetro.
Exemplo 157 Seguem-se alguns exemplos de sucessões com outras figuras geométricas:
11.3. PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS 177
178 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
11.3. PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS 179
Observação 158 A exemplo do que fizemos para o caso dos quadrados, convém chamar a atenção
para um facto muito importante: será que os círculos (abertos) são todos disjuntos?
A sucessão de Euler é uma sucessão importantíssima em Teoria dos Números e pode ser definida
do seguinte modo: () é o número de elementos do conjunto {1 2 } que são primos com .
Recordamos que dois números inteiros são primos entre si (ou coprimos) se o máximo divisor
comum entre os dois números é 1.
A sucessão anterior é mais conhecida por função de Euler e tem uma propriedade importante:
se dois números naturais e são primos entre si, então ( × ) = () × ().
Além da propriedade anterior temos que, () = −1 e ( ) = −1 ( − 1), com um número
natural e um número primo. ¡ Então:
¢
(5) = 4; (25) = 52 = 5 × 4 = 20
(35) = (7 × 5) = (7) × (5) = 6 × 4 = 24
¡ ¢
Exemplo 160 A sucessão = 1 + 1
¡ ¢
Consideremos a sucessão de termo geral = 1 + 1 . Calculemos alguns termos desta
sucessão, através do desenvolvimento do binómio:
¡ ¢1 ¡ ¢2
1 = 1 + 11 = 1 + 1 2 = 1 + 12 = 1 + 2 × 1 × 12 + 14 = 1 + 1 + 14
¡ ¢3
3 = 1 + 13 = 1 + 3 × 1 × 13 + 3 × 1 × 19 + 27 1
= 1 + 1 + 13 + 271
¡ ¢4
4 = 1 + 14 = 1 + 4 × 14 + 6 × 16 1
+ 4 × 641 1
+ 256 = 1 + 1 + 38 + 16
1 1
+ 256
Vamos dar uma pequena ideia da demonstração da convergência desta sucessão.
Observando os desenvolvimentos anteriores, temos que:
1 ) O número de parcelas aumenta uma unidade de termo para termo.
2 ) Todas as parcelas são positivas
3 ) Em todos os termos, as duas primeiras parcelas são iguais a 1.
4 ) A terceira parcela aparece no segundo termo e seguintes e aumenta de um termo para outro,
mantendo-se inferior a 12 ( 14 13 38 · · · 12 ).
5 ) A quarta parcela aparece no terceiro termo e seguintes e aumenta de um termo para outro,
mantendo-se inferior a 14 ( 27 1
161
· · · 14 ).
6 ) As restantes parcelas comportam-se de modo análogo, sendo inferiores a sucessivas potências
1
de 2 .
7 ) Deste modo, a sucessão é estritamente ¡ crescente
¢ e é majorada pela "soma"das potências de
1 1 1 1 1
2 . Como 2 + 4 + 8 + · · · 1, temos que 1 + 3.
8 ) Como toda a sucessão limitada e monótona é convergente, temos que esta sucessão é con-
vergente, tendo-se que lim ≤ 3. O limite desta sucessão representa-se por e é conhecido por
constante de Neper. O seu valor é, aproximadamente, 2 71828182846.
180 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
2 1 2 1 1 4 1 1 6 1 1 8 1 1 10 1 1 12
E a sequência, para − 1, é:
1 1 2 1 1 4 1 1 6 1 1 8 1 1 10 1 1 12
Demonstração
É claro que 1 = 2. Para ≥ 2, temos
µ ¶ X µ ¶ X X
1 1 ! ( − 1) · · · ( − + 1)
= 1+ = = =
! × ( − )! × ! ×
=0 =0 =0
X µ µ ¶ µ ¶ µ ¶¶
1 1 2 −1
= ×1× 1− × 1− × ··· × 1 −
!
=0
11.3. PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS 181
1
¡ ¢ ¡ ¢¡ ¢ ¡ ¢
Seja = ! × 1 × 1 − 1 × 1 − 2 1 − 2 × · · · × 1 − −1
, para 2 ≤ ≤ . É claro que
estamos a supor 0 = 1 = 1.
Consideremos, agora, +1 . Então,
Xµ
+1
+1
¶
1
+1
X ( + 1)!
+1 =
=
( + 1) ! × ( + 1 − )! × ( + 1)
=0 =0
X ( + 1) ( − 1) · · · ( + 2 − )
=
=0 ! × ( + 1)
X µ µ ¶ µ ¶ µ ¶¶
1 1 2 −1
= ×1× 1− × 1− × ··· × 1 −
! +1 +1 +1
=0
³ ´ ³ ´ ³ ´
1 1 2 −1
Seja 0 = ! × 1 × 1 − +1 × 1− +1 × ··· × 1 − +1 , para 2 ≤ ≤ . É claro que
0 0
estamos a supor 0 = 1 = 1.
Então, 00 = 0 = 1 e 10 = 1 = 1. A partir daqui, temos 0 , porque e 0 têm o
1
mesmo número de factores (positivos) e, com excepção de ! , todos os factores de 0 são maiores
que os correspondentes factores de .
Então, para 2 ≤ ≤ , temos +1 . Logo, a sucessão ( )∈N é estritamente crescente.
A8
A2 A1
A7
A9
A3
A0
A6
A10
A4
A5
A8 A8
A2 A2
A1 A1
A7 A7
A9 A9
A13 A13
A3 A3
A19
A0 A0
A6 A6
A10 A10
A4 A4
A5 A5
Depois de marcarmos 13 , vemos que, afinal, era óbvio que o ponto 6 continuaria a ser aquele
que fica mais próximo de outro de outro dos pontos já marcados, pois os pontos 1 , 7 e 13
vão "recuando". Parece que 19 passará a ser o ponto que estará mais próximo de outro (que
continuará a ser 0 ).
É claro que a distância entre 0 e 19 é a mesma que entre 1 e 20 , etc..
11.3. PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS 183
E o processo continua até obtermos um ponto mais próximo de 0 do que 19 . E assim por
diante...
Como temos infinitos pontos sobre a circunferência e todos distintos, a distância entre 0 e
os sucessivos pontos que ficam mais próximo de 0 tende para zero. Logo, em quaquer vizinhança
de 0 , há infinitos pontos ∈ N. E o mesmo acontece com quaquer outro ponto. Por outro
lado, dado um ponto da circunferência, então, em qualquer vizinhança desse ponto há um ponto
∈ N (na verdade, há infinitos). Repare-se que a partir do "momento"em que temos um ponto
muito próximo de 0 , podemos marcar a partir de qualquer ponto , já marcado, sucessivos
pontos a essa distância. Por exemplo, partindo de 0 , temos sucessivamente, 19 , 38 , 57 , 76 ,
95 , 114 , etc..
A propriedade anterior significa que o conjunto = { : ∈ N0 } é um conjunto denso na
circunferência, que a sucessão (sin )∈N0 é divergente e que o conjunto dos sublimites da sucessão
(sin )∈N0 é [−1 1].
Assim, haverá uma subsucessão da sucessão dada que tende para −1, por exemplo. O facto de
haver uma tal subsucessão não significa que seja fácil ou possível defini-la duma forma explícita.
4 + 2+1
Exemplo 163 (A "minha"sucessão) Considere a sucessão definida por +2 = , com
0 = 1 e 1 = 5. Quais são os primeiros dez termos da sucessão?
Exercício 164 Suponha que, na figura seguinte, os dois círculos maiores têm raios de 4 cm e 2 cm.
Considere a sucessão das áreas dos círculos sugeridos pela figura.
Resolução
Como cada círculo é tangente ao anterior e é tangente às duas rectas a preto, a razão de
semelhança entre dois círculos consecutivos (do maior para o menor) é 12 . Esta afirmação pode
parecer óbvia, mas será melhor justificá-la. A homotetia de centro no ponto de intersecção das três
rectas desenhadas e de razão 12 transforma o círculo de raio 4 cm no círculo de raio 2 cm, círculos
estes que são tangentes. A mesma homotetia transforma estes dois círculos noutros dois que têm
de ser tangentes entre si. Tais círculos são o 2 e o 3 (da direita para a esquerda).
Logo, a área de cada círculo é um quarto da área do círculo anterior. Logo, 1 = 16 cm2 , pelo
1
que = 16 × −1 cm2 , ou seja, = −5 cm2 . Então, em cm2 , temos
2 2
¡ ¢ µ µ ¶ ¶ µ µ ¶ ¶
X 1 − 14 4 1 64 1
= = 16 × 1 = 16 × 1− = 1−
1− 4 3 4 3 4
=1
64
¡ ¢
Logo, lim = 3 cm2 .
Os primeiros doze termos da sucessão de Fibonacci são 1 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89 144.
Há muitas propriedades importantes desta sucessão, cujo termo geral pode ser encontrado.
Uma das maneiras de encontrar o termo geral consiste em utilizar conhecimentos de equações
com diferenças.
De +2 = +1 + , vem +2 − +1 − = 0. Daqui vem a equação 2 − − 1 = 0, donde
concluimos que
√
1± 5
=
2
³ √ ´ ³ √ ´
Então, o termo geral de é da forma 1+2 5 + 1−2 5 . As constantes e
determinam-se a partir de 1 = 2 = 1.
11.3. PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS 185
Logo,
à √ ! à √ ! √ à √ ! √ à √ !
1+ 5 1− 5 5 1+ 5 5 1− 5
= + = − ∀ ∈ N0
2 2 5 2 5 2
Embora tenhamos o termo geral, não é fácil calcular termos de ordem elevada como 100 .
Vejamos uma propriedade curiosa de :
½ 2 2 2
2+1 = (+1 ) + ( ) = +1 + 2
2 2 ∀ ∈ N
2+2 = (+2 ) − ( ) = +2 − 2
2
A demonstração faz-se
½ por indução.
2 = 3 = 22 + 12 = 12 + 12
Para = 1, temos , pelo que as igualdades valem para = 1.
3 = 4 = 32 − 12 = 22 − 12
½ 2
2+1 = +1 + 2
Hipótese de indução: , para certo natural .
2+2 = +2 − 2
2
½ 2 2
2+3 = +2 + +1
Tese: 2 2
2+4 = +3 − +1
Ora, somando membro a membro as duas igualdades da hipótese de indução, temos
2
2+2 + 2+1 = +2 − 2 + +1
2
+ 2 = +2
2 2
+ +1
2 2
Então, 2+3 = +2 + +1 , para o número seguinte ao tal "certo natural ".
A segunda parte da demonstração é mais complicada.
2 2 2
2+4 = 2+3 + 2+2 = +2 + +1 + +2 − 2
2 2 2 2
= +2 + +1 + +2 − (+2 − +1 )
2 2 2 2 2
= +2 + +1 + +2 − +2 + 2+2 +1 − +1
2 2 2
= +2 + +1 + 2+2 +1 − +1
2 2 2 2
= (+2 + +1 ) − +1 = +3 − +1
Agora, e só agora, podemos concluir que as duas igualdades são válidas para todo o número
natural .
Vejamos como utilizar matrizes, no caso da sucessão de Fibonacci:
Ora, +2 = +1 + e +1 = +1 , o que nos permite escrever
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸
+2 1 1 +1
=
+1 1 0
186 CAPÍTULO 11. SUCESSÕES DE NÚMEROS REAIS
∙ ¸ ∙ ¸
1
Suponhamos que estamos a considerar que 1 = . Então,
0 0
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
2 1 1 1 1 1 1 1
= = =
1 1 0 0 1 0 0 1
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
3 1 1 1 2
Agora, teremos = = . E estamos a andar a passo de caracol.
2 1 0 1 1
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
1 1 1 1 2 1
Calculemos 2 = = .
1 0 1 0 1 1
Então,
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
+3 2 1 +1 + 2+1
= =
+2 1 1 + +1
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
3 2 1 1 2
= =
2 1 1 0 1
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
3 2 1 2 5
= =
2 1 1 1 3
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
5 2 1 5 13
= =
4 1 1 3 8
∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
7 2 1 13 34
= =
6 1 1 8 21
50 = 7778 742 049 + 4807 526 976 = 12 586 269 025
Observação
A sucessão de Fibonacci pode ser "prolongada"para Z: para isso, podemos calcular a inversa
2
∙ da¸ matriz .
da matriz ou a inversa
2 1
Ora, det 2 = det = 2 − 1 = 1.
1 1
∙ ¸ ∙ ¸
−2
¡ 2 ¢−1 1 −1 1 −1
Então, = = =
−1 2 −1 2
11.3. PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS 187
⎧ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
⎪
⎪ −1 1 −1 1 1
⎪
⎪ = =
⎪
⎪ −2 −1 2 0 −1
⎪
⎪
∙ ¸ ∙ ¸ ⎪
⎪ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
⎨
1 1 −3 1 −1 1 2
Partindo de = , temos = =
0 0 ⎪
⎪ −4 −1 2 −1 −3
⎪
⎪
⎪
⎪ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
⎪
⎪
⎪
⎪ −5 1 −1 2 5
⎩ = =
−6 −1 2 −3 −8
Ou seja, temos a seguinte "lista":
Aliás, as duas igualdades anteriores são válidas para para qualquer inteiro.
Mais adiante, vamos retomar a sucessão de Fibonacci, relacionando-a com a Análise Combi-
natória.
Exemplo 166 A ½sucessão de Tribonacci define-se duma maneira semelhante à sucessão de Fi-
1 = 1 2 = 1 3 = 2
bonacci, tendo-se , para todo o número natural .
+3 = +2 + +1 +
Então,
⎧ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
⎪
⎪ 6 4 3 2 3 4 3 2 2 13
⎪
⎪ ⎣5 ⎦ = ⎣2 2 1⎦ ⎣2 ⎦ = ⎣2 2 1⎦ ⎣1⎦ = ⎣ 7 ⎦
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨ 4 1 1 1 1 1 1 1 1 4
⎪ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
⎪
⎪ 9 4 3 2 6 4 3 2 13 81
⎪
⎪
⎪
⎪ ⎣8 ⎦ = ⎣2 2 1⎦ ⎣5 ⎦ = ⎣2 2 1⎦ ⎣ 7 ⎦ = ⎣44⎦
⎪
⎩
7 1 1 1 4 1 1 1 4 24
Observação
Pode ser mais interessante
⎡ ⎤ ⎡ escrever os
⎤⎡termos⎤na matriz
⎡ por ordem inversa.
⎤
+1 0 1 0 +1
Assim, teremos ⎣+2 ⎦ = ⎣0 0 1⎦ ⎣+1 ⎦ = ⎣ +2 ⎦
+3 1 1 1 +2 + +1 + +2
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
0 1 0 1 1 1
Neste caso, teremos = ⎣0 0 1⎦ e 3 = ⎣1 2 2⎦, pelo que
1 1 1 2 3 4
⎧ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
⎪
⎪ 4 1 1 1 1 1 1 1 1 4
⎪
⎪ ⎣5 ⎦ = ⎣1 2 2⎦ ⎣2 ⎦ = ⎣1 2 2⎦ ⎣1⎦ = ⎣ 7 ⎦
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨ 6 2 3 4 3 2 3 4 2 13
⎪ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
⎪
⎪ 7 1 1 1 4 1 1 1 4 24
⎪
⎪
⎪
⎪ ⎣ ⎦ = ⎣1 2 2⎦ ⎣ ⎦ = ⎣1 2 2⎦ ⎣ 7 ⎦ = ⎣44⎦
⎪
⎩
8 5
9 2 3 4 6 2 3 4 13 81
Então, ⎧ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
⎪
⎪ 4 1 1 1 1 1 4
⎪
⎪ ⎢5 ⎥ ⎢1
⎪
⎪ ⎢ ⎥=⎢ 2 2 2⎥ ⎢1⎥ ⎢ 7 ⎥
⎥⎢ ⎥ = ⎢ ⎥
⎪
⎪ ⎣6 ⎦ ⎣2
⎪
⎪ 3 4 4⎦ ⎣1⎦ ⎣13⎦
⎪
⎪
⎨ 7 4 6 7 8 1 25
⎪ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
⎪
⎪ 8 1 1 1 1 4 49
⎪
⎪
⎪
⎪ ⎢ 9 ⎥ ⎢1 2 2 2⎥ ⎢ 7 ⎥ ⎢ 94 ⎥
⎪
⎪ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ = ⎢ ⎥
⎪
⎪ ⎣10 ⎦ = ⎣2 3 4 4⎦ ⎣13⎦ ⎣181⎦
⎪
⎩
11 4 6 7 8 25 349
No caso geral, teremos os primeiros termos iguais a 1, e a partir desta ordem , cada termo é
a soma dos termos imediatamente anteriores.
Poderíamos chamar a tal sucessão, sucessão —bonacci. Se = 2, obtemos a sucessão de
Fibonacci. Note-se que, para = 3, não obtemos a sucessão de Tribonacci, porque o terceiro
termo desta última é 2 e não 1.
Exemplo 167 Consideremos a família de sucessões definidas por +2 = +1 − , com ,
números naturais, 0 = 0 e 1 = 1.
Vejamos
∙ ¸ alguns
∙ termos
¸ ∙ de ambas
¸ ∙ as sucessões, usando
¸ outra ordem para os termos:
+1 0 1 +1
= =
+2 − +1 +1 −
∙ ¸2 ∙ ¸
0 1 −
Então, = , pelo que
− − 2 −
⎧ ∙ ¸ ∙ ¸2 ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
⎪
⎪ 2 0 1 0 − 0
⎪
⎪ = = =
⎪
⎪ 3 − 1 − 2 − 1 2 −
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
4 − 3 − 2
= =
⎪
⎪ 5 − 2 − 2 − 4 − 3 2 + 2
⎪
⎪
⎪
⎪ ∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
⎪
⎪
⎪
⎪ 4 − 3 − 2 5 − 4 3 + 3 2
⎩ = =
5 − 2 − 4 − 3 2 + 2 6 − 5 4 + 6 2 2 − 3
Neste capítulo, vamos considerar, apenas, polinómios numa indeterminada, pelo que escrevere-
mos polinómios em vez de polinómios numa indeterminada (ou variável).
191
192 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
Exemplo 171 Calcule o quociente e o resto, na divisão do polinómio 24 + 33 − 42 + 5 − 6 por
− 2.
Então,
Logo, ⎧ ⎧
⎪
⎪ =2 ⎪
⎪ =2
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎨ − 2 = 3 ⎨ =7
− 2 = −4 ⇐⇒ = 10
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪
⎪ − 2 = 5 ⎪
⎪ = 25
⎩ ⎩
− 2 = −6 = 44
Então, () = 23 + 72 + 10 + 25 e = 44.
Observação
Seja () = 24 + 33 − 42 + 5 − 6. Então,
(2) = 2 × 24 + 3 × 23 − 4 × 22 + 5 × 2 − 6 = 32 + 24 − 16 + 10 − 6 = 44 =
O facto de termos (2) = 44 = não é coincidência e pode ser explicado da seguinte maneira:
Como () = 24 +33 −42 +5−6 = ( − 2) ()+, temos (2) = (2 − 2) (2)+ = .
Demonstração
Suponhamos que () = ( − ) () + , onde é um número real. Então, () =
( − ) () + = .
194 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
Demonstração
Este corolário é uma consequência imediata da proposição anterior.
Definição 174 Raiz dum polinómio () é todo o número tal que () = 0.
Definição 175 Dado um polinómio (), diz-se que a multiplicidade da raiz é , com ∈ N,
se o polinómio () é divisível por ( − ) e não é divisível por ( − )+1 .
Observação
Se é raiz de multiplicidade do polinómio (), então verifica-se que () = ( − ) (),
tendo-se que não é raiz de (), ou seja, () 6= 0.
Como vimos, dividir o polinómio () = 24 + 33 − 42 + 5 − 6 por − 2 é encontrar dois
polinómios () e (), tais que () = ( − 2) () + (), com o grau de () inferior a 1,
ou seja, () é uma constante . Além disso, já sabemos ⎧que essa constante é (2).
⎧
⎪
⎪ =2 ⎪
⎪ =2
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎨ − 2 = 3 ⎨ = 3 + 2
E já vimos que () = 3 +2 ++, tendo-se que − 2 = −4 , ou seja, = −4 + 2 .
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪
⎪ − 2 = 5 ⎪
⎪ = 5 + 2
⎩ ⎩
− 2 = −6 = −6 + 2
Os valores de podem ser determinados do seguinte modo:
2 3 −4 5 −6
2 2 2 2 2
2 3 −4 5 −6
2 4 14 20 50
=2 =3+4 = −4 + 14 = 5 + 20 = 44
Exercício 177 Determine o quociente e o resto na divisão inteira de 5 − 33 + 42 + 6 − 1 por
+ 3.
Resolução
1 0 −3 4 6 −1
−3 −3 9 −18 42 −144
1 −3 6 −14 48 −145
Quociente: 4 − 33 + 62 − 14 + 48
Resto: −145
Exercício 178 Determine o quociente e o resto na divisão inteira de 5 − 33 + 42 + 6 − 1 por
2 + 6.
12.1. DIVISÃO INTEIRA DE POLINÓMIOS 195
Resolução ¡ ¢
Já vimos que 5 − 33 + 42 + 6 − 1 = ( + 3) 4 − 33 + 62 − 14 + 48 − 145.
Então,
1¡ 4 ¢
5 − 33 + 42 + 6 − 1 = 2 ( + 3) × − 33 + 62 − 14 + 48 − 145
2
Logo, na divisão inteira de 5 − 33 + 42 + 6 − 1 o quociente é 12 4 − 32 3 + 32 − 7 + 24 e o
resto continua a ser −145.
Note-se que, na divisão inteira de polinómios, os coeficientes dos polinómios envolvidos são
números reais (não têm que ser números inteiros).
Teorema 179 (Regra de Rufinni) Seja () = + −1 −1 + · · · + 1 + 0 , com
0 1 ∈ R 6= 0. Seja ∈ R. Então, na divisão inteira de () por − , o quo-
ciente é dado por () = −1 −1 + −2 −2 + · · · + 1 + 0 e o resto por = 0 + 0 , com
−1 = , −2 = −1 + −1 , −3 = −2 + −2 ,. . . , 0 = 1 + 1 .
Demonstração
O quociente é um polinómio de grau − 1, pelo que será () = −1 −1 + −2 −2 + · · · +
1 + 0 . Seja o resto.
Então, () = () + , donde vem
() = + −1 −1 + · · · + 1 + 0
¡ ¢
= ( − ) −1 −1 + −2 −2 + · · · + 1 + 0 +
= −1 + −2 −1 + · · · + 1 2 + 0 − −1 −1 − −2 −2 − · · ·
· · · − 1 − 0 +
= −1 + (−2 − −1 ) −1 + (−3 − −2 ) −2 + · · ·
· · · + (0 − 1 ) + − 0
Então, ⎧ ⎧
⎪
⎪ −1 = ⎪
⎪ −1 =
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪
⎪ −2 − −1 = −1 ⎪
⎪ −2 = −1 + −1
⎪
⎨ −3 − −2 = −2 ⎪
⎨ −3 = −2 + −2
.. ⇐⇒ ..
⎪
⎪ . ⎪
⎪ .
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪
⎪ − 1 = 1 ⎪
⎪ = 1 + 1
⎪
⎩ 0 ⎪
⎩ 0
− 0 = 0 = 0 + 0
Exercício 180 Seja () = 2 − 7 + 6, com ∈ R. Determine , de modo que () seja
divisível por − . Para os valores de encontrados, estude o sinal de ().
Resolução
Devemos ter () = 0, pelo que vem 3 − 7 + 6 = 0.
É fácil verificar que 1 é solução da equação 3 − 7 + 6 = 0.
Aplicando a regra de Rufinni, vem
1 0 −7 6
1 1 1 −6
1 1 −6 0
196 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
Logo,
¡ ¢
3 − 7 + 6 = 0 ⇐⇒ ( − 1) 2 + − 6 = 0 ⇐⇒ − 1 = 0 ∨ 2 + − 6 = 0
√
−1 ± 1 + 24
⇐⇒ =1∨= ⇐⇒ = 1 ∨ = −3 ∨ = 2
2
Estudo do sinal:
1 () = 2 − 7 + 6 = ( − 1) ( − 6)
−∞ 1 6 +∞
−1 − 0 + + +
−6 − − − 0 +
( − 1) ( − 6) + 0 − 0 +
Resolução
=2∨=3 ⇐⇒ − 2 = 0 ∨ − 3 = 0 ⇐⇒ ( − 2) ( − 3) = 0
⇐⇒ 2 − 3 − 2 + 6 = 0 ⇐⇒ 2 − 5 + 6 = 0
2
¡ 2 = − 5¢ + 6.
Logo, uma possível resposta é ()
A resposta genérica é () = − 5 + 6 , com 6= 0.
Convém reparar que 2 + 3 = 5 e que 2 × 3 = 6.
Resolução
=∨= ⇐⇒ − = 0 ∨ − = 0 ⇐⇒ ( − ) ( − ) = 0
⇐⇒ 2 − − + = 0 ⇐⇒ 2 − ( + ) + = 0
2
¡ 2 = − ( + ) +
Logo, uma possível resposta é () ¢ .
A resposta genérica é () = − ( + ) + , com 6= 0.
12.1. DIVISÃO INTEIRA DE POLINÓMIOS 197
Resolução
=1∨=2∨=3 ⇐⇒ −1=0∨−2=0∨−3=0
⇐⇒ ( − 1) ( − 2) ( − 3) = 0
¡ ¢
⇐⇒ ( − 1) 2 − 3 − 2 + 6 = 0
¡ ¢
⇐⇒ ( − 1) 2 − 5 + 6 = 0
⇐⇒ 3 − 52 + 6 − 2 + 5 − 6 = 0
⇐⇒ 3 − 62 + 11 − 6 = 0
3 2
Logo, uma possível resposta é ()
¡ 3 = 2− 6 + 11¢ − 6.
A resposta genérica é () = − 6 + 11 − 6 , com 6= 0.
Resolução
A resposta genérica é
¡ ¢
() = 3 − ( + + ) 2 + ( + + ) − , com 6= 0
Uma resposta
() = 4 − 1 3 + 2 2 − 3 + 4 ,
com ⎧
⎪
⎪ 1 = 1 + 2 + 3 + 4
⎨
2 = 1 2 + 1 3 + 1 4 + 2 3 + 2 4 + 3 4
⎪ 3
⎪ = 1 2 3 + 1 2 4 + 1 3 4 + 2 3 4
⎩
4 = 1 2 3 4
Exemplo 186 Determine o polinómio de 4 grau que admite as raízes 1, 2, 3 e 4 e que dividido
por + 2 dá resto 3.
198 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
Resolução
Devemos ter () = ( − 1) ( − 2) ( − 3) ( − 4) e (−2) = 3. Então,
1
(−2 − 1) (−2 − 2) (−2 − 3) (−2 − 4) = 3 ⇐⇒ 360 = 3 ⇐⇒ =
120
Logo,
1 1 ¡ 4 ¢
() = ( − 1) ( − 2) ( − 3) ( − 4) = − 103 + 352 − 50 + 24
120 120
1 4 1 7 5 1
= − 3 + 2 − +
120 12 24 12 5
2.0
1.5
1.0
0.5
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4
-0.5
12.2. FUNÇÕES POLINOMIAIS 199
Esta é uma função constante em R, sendo, por isso, uma função não injectiva. O contradomínio
é {−1}.
A função é negativa em todo o domínio, tendo-se que o máximo da função e o mínimo da função
são iguais a −1.
Qualquer número real é, simultaneamente, maximizante e minimizante da função.
A função é crescente em sentido lato e decrescente em sentido lato.
É claro que a função não tem zeros.
Representação gráfica:
Esta é uma função constante em R, sendo, por isso, uma função não injectiva. O contradomínio
é {0}.
A função é negativa em todo o domínio, tendo-se que o máximo da função e o mínimo da função
são iguais a 0.
Qualquer número real é, simultaneamente, maximizante e minimizante da função.
A função é crescente em sentido lato e decrescente em sentido lato.
É claro que a função tem uma infinidade de zeros.
Representação gráfica:
−∞ − 12 +∞
2 + 1 − 0 +
Representação gráfica:
Correspondência inversa:
−1
() = ⇐⇒ 2 + 1 = ⇐⇒ 2 = − 1 ⇐⇒ =
2
Logo, existe função inversa de , tendo-se que −1 () = −1
2 ∀ ∈ R.
Então, a função é injectiva (apenas as funções injectivas admitem função inversa), tendo-se
que o contradomínio de é R.
Note-se que ½ ¡ −1 ¢ ¡ ¢
() = −1 2 = 2 × −1
2 +1=−1+1=
( ()) = (2 + 1) = 2+1−1
−1 −1
2 = 2
2 =
Por fim, registe-se que podemos provar diretamente a injectividade:
() = () =⇒ 2 + 1 = 2 + 1 =⇒ 2 = 2 =⇒ =
Logo, é injectiva.
Zero da função:
3
() = 0 ⇐⇒ −2 + 3 = 0 ⇐⇒ −2 = −3 ⇐⇒ =
2
Sinal da função:
½ 3
() 0 ⇐⇒ −2 + 3 0 ⇐⇒ −2 −3 ⇐⇒ 2 3 ⇐⇒ 2
3
() 0 ⇐⇒ −2 + 3 0 ⇐⇒ −2 −3 ⇐⇒ 2 3 ⇐⇒ 2
Em resumo:
3
−∞ 2 +∞
−2 + 3 + 0 −
Representação gráfica:
12.2. FUNÇÕES POLINOMIAIS 201
Contradomínio de : R
Resumo
Seja () = + , com ∈ R. O gráfico de é uma reta de declive e ordenada na origem
.
Se = 0, a função é constante; se 0, a função tem um único zero e é estritamente crescente;
se 0, a função tem um único zero e é estritamente decrescente.
Exemplo 192 Sabe-se que a zero graus Celsius correspondem 32 graus Fahrenheit e que 100 graus
Celsius correspondem 212 graus Fahrenheit. Determine a relação existente entre a mesma temper-
atura expressa em graus Celsius () e em graus Fahrenheit ( ).
Resolução
A uma variação de 180 ◦ F corresponde uma variação de 100 ◦ C. Então, a uma temperatura
(acima de zero graus Celsius) corresponde uma temperatura acima de 32 ◦ F. Então, = 32 + ,
tendo-se 180
100 = .
Logo, = 100 = 95 , pelo que = 32 + 95 .
180
-2 2
-2 2
-2
-4
-6
-8
-2 2
O gráfico desta função resulta duma translação do gráfico da função () = 2 (translação
associada ao vector (0 1)).
A função é estritamente decrescente em ]−∞ 0] e estritamente crescente em [0 +∞[.
Então, no ponto = 0, admite um mínimo (mínimo absoluto). O mínimo da função é 1.
O ponto (0 1) é o vértice da parábola e a reta de equação = 0 é o eixo de simetria da parábola.
Correspondência inversa:
p
() = ⇐⇒ 2 − 1 = ⇐⇒ 2 = + 1 ⇐⇒ = ± + 1
-2 2
O gráfico desta função resulta duma translação do gráfico da função () = 2 (translação
associada ao vector (0 −1)).
Sinal de ():
−∞ −1 1 +∞
2 − 1 + 0 − 0 +
A função é estritamente decrescente em ]−∞ 0] e estritamente crescente em [0 +∞[.
Então, no ponto = 0, admite um mínimo (mínimo absoluto). O mínimo da função é −1.
O ponto (0 −1) é o vértice da parábola e a reta de equação = 0 é o eixo de simetria da
parábola.
() = 0 ⇐⇒ = −1 ± 1 ⇐⇒ = −2 ∨ = 0
-4 -2 2
Sinal de ():
−∞ −2 0 +∞
2 − 1 + 0 − 0 +
A função é estritamente decrescente em ]−∞ −1] e estritamente crescente em [−1 +∞[.
Então, no ponto = −1, admite um mínimo (mínimo absoluto). O mínimo da função é −1.
O ponto (−1 −1) é o vértice da parábola e a reta de equação = −1 é o eixo de simetria da
parábola.
Vejamos, diretamente, que a reta de equação = −1 é eixo de simetria:
2
(−1 + ) = (−1 + ) + 2 (−1 + ) = 1 − 2 + 2 − 2 + 2 = 2 − 1
(−1 − ) = (−1 − )2 + 2 (−1 − ) = 1 + 2 + 2 − 2 − 2 = 2 − 1
Como (−) = − (−)2 + 3 (−) = −2 − 3 ∀ ∈ R, a função não é par nem ímpar.
Correspondência inversa:
√
2 2 3 ± 9 − 4
() = ⇐⇒ − + 3 − = 0 ⇐⇒ − 3 + = 0 ⇐⇒ =
2
Como não existe função inversa, a função não é injectiva. ¤ ¤
É claro que devemos ter 9 − 4 ≥ 0. Então, ≤ 94 . Logo, o contradomínio de é −∞ 94 .
Zeros de ():
() = 0 ⇐⇒ −2 + 3 = 0 ⇐⇒ 2 − 3 = 0 ⇐⇒ ( − 3) = 0 ⇐⇒ = 0 ∨ = 3
-2 2 4
-2
-4
-6
-8
Sinal de ():
−∞ 0 3 +∞
−2 + 3 − 0 + 0 −
Note-se que
µ ¶
2 2 9 9 2 9 9
− + 3 = − + 3 − + = − − 3 + +
4 4 4 4
µ ¶2
3 9
= − − + ∀ ∈ R
2 4
Então, o gráfico de é obtido do gráfico da função () = −2 , deslocando-o 32 para a direita
9
e para cima.
4 ¤ ¤ £ £
A função é estritamente crescente em −∞ 32 e estritamente decrescente em 32 +∞ .
3 9
Então, no¡ponto¢ = 2 , admite um máximo (máximo absoluto). O3 máximo da função é 4 .
3 9
O ponto 2 4 é o vértice da parábola e a reta de equação = 2 é o eixo de simetria da
parábola.
208 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
-4 -2 2
-2
-4
Sinal de ():
−∞ −3 1 +∞
2 + 2 − 3 + 0 − 0 +
Como (−) = − (−)2 + 3 (−) + 2 = −2 − 3 + 2 ∀ ∈ R, a função não é par nem ímpar.
Correspondência inversa:
() = ⇐⇒ − 2 + 3 + 2 = ⇐⇒ 2 − 3 − 2 + = 0
p √
3 ± 9 − 4 (−2 + ) 3 ± 17 − 4
⇐⇒ = ⇐⇒ =
√ 2 √ 2
3 − 17 − 4 3 + 17 − 4
⇐⇒ = ∨=
2 2
Como não existe função inversa, a função não é injectiva. ¤ ¤
É claro que devemos ter 17 − 4 ≥ 0. Então, ≤ 17 17
4 . Logo, o contradomínio de é −∞ 4 .
Zeros de ():
√ √
3 − 17 3 + 17
() = 0 ⇐⇒ = ∨=
2 2
Logo, admite dois zeros.
Representação gráfica de ():
-2 2 4
-2
-4
-6
Sinal de ():
√ √
3− 17 3+ 17
−∞ 2 2 +∞
−2 + 3 + 2 − 0 + 0 −
210 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
Note-se que
µ ¶
9 9 9 17
−2 + 3 + 2 = −2 + 3 − + + 2 = − 2 − 3 + +
4 4 4 4
µ ¶2
3 17
= − − + ( ∈ R)
2 4
Então, o gráfico de é obtido do gráfico da função () = −2 , deslocando-o 32 para a direita
17
e 4 para cima. ¤ ¤ £ £
A função é estritamente crescente em −∞ 32 e estritamente decrescente em 32 +∞ .
Então, no¡ponto¢ = 32 , admite um máximo (máximo absoluto). O máximo da função é 17 4 .
O ponto 32 17
4 é o vértice da parábola e a reta de equação = 3
2 é o eixo de simetria da
parábola.
-4 -2 2
12.2. FUNÇÕES POLINOMIAIS 211
2
£1 £
Eixo de simetria: = 3 Contradomínio: 3 +∞
Zeros de :
√
4± 4 1
−32 + 4 − 1 = 0 ⇐⇒ 32 − 4 + 1 = 0 ⇐⇒ = ⇐⇒ = ∨ = 1
6 3
Sinal de :
1
−∞ 3 1 +∞
2
−3 + 4 − 1 − 0 + 0 −
-2 2 4
-2
-4
-6
-8
Ora,
µ ¶ µ ¶2 µ ¶
− + = − + + − + +
2 2 2
µ 2 ¶
2
= − + − + +
42 2
2 2 2
= − + − + + = − + +
4 2 4
µ ¶ µ ¶2 µ ¶
− − = − − + − − +
2 2 2
µ 2 ¶
2
= + + − − +
42 2
2 2 2
= + + − − + = − + +
4 2 4
¡ ¢ ¡ ¢
Então, − 2 + = − 2 − ∀ ∈ R, pelo que a reta de equação = − 2 é eixo de
simetria do gráfico de .
Para obter o vértice da parábola, basta fazer = 0:
µ ¶
2 4 − 2 2 − 4 ∆
− =− += =− =−
2 4 4 4 4
¡ ∆
¢
Vértice: − 2 − 4
Outra maneira de descobrir o vértice:
µ ¶ µ ¶
2 2
+ + = 2 +
2
+ 2
= + + 2 − 2 +
4 4
µ 2
¶ 2
4
= 2 + + 2 − +
4 4 4
µ ¶2 2
− 4
= + −
2 4
O gráfico da função () = ¡2 + + ¢obtém-se do gráfico da função () = 2 , por meio
∆
da translação associada ao vector − 2 − 4 .
Então, para 0, a parábola tem a concavidade voltada para cima e, para 0, a parábola
tem a concavidade voltada para baixo.
Ainda outra maneira de descobrir o vértice:
2
Consideremos a função () = 2 + + = ( + ) + , cujo gráfico é uma parábola de
vértice (− ).
Ora,
2 ¡ ¢
( + ) + = 2 + 2 + 2 + = 2 + 2 + 2 +
12.2. FUNÇÕES POLINOMIAIS 213
Então,
½ (
2 = = 2
⇐⇒ ¡ ¢2
2 + = 2 + =
(
³= 2 ´
⇐⇒ 2
4 2 + =
½
= 2
⇐⇒ 2
=− 4
½ ½
= 2 = 2
⇐⇒ 4−2 ⇐⇒ 2
= 4 = − −4
4
¡ ∆
¢
Logo, o vértice da parábola é − 2 − 4 .
Resolução
a) A reta tangente ao gráfico de , no ponto de abcissa 2, é uma reta não vertical que intersecta
a parábola (gráfico de ) num único ponto, neste caso, o ponto (2 (2)). Ora, (2) =
4 − 12 − 1 = −9.
Equação da reta de declive que passa por (2 −9):
+ 9 = ( − 2) ⇐⇒ = − 2 − 9
2 − 6 − 1 = − 2 − 9 ⇐⇒ 2 − 6 − 1 − + 2 + 9 = 0
⇐⇒ 2 − ( + 6) + 2 + 8 = 0
Ora, ∆ = 169 − 8 (−2 − 2) = 185 + 16. Então, devemos ter ∆ = 0, pelo que = − 185
16 .
Logo, a equação pretendida é = 12 − 185
16 .
Resolução alternativa
Há uma propriedade característica da parábola que permite resolver esta questão: dada uma
parábola de eixo vertical e uma reta que intersecte a parábola em dois pontos distintos e , a
reta tangente à parábola e que é paralela à reta intersecta a parábola num ponto (o ponto de
tangència) cuja abcissa é metade da soma das abcissas de e .
2+ 92 13
¡ 13 ¢ ¡ 13 ¢2 13
Então, a abcissa do ponto de tangência é 2 , ou seja, 4 . Ora, 4 = 4 −6× 4 −1 =
− 159
16
Então, a equação pretendida é
µ ¶
159 1 13 1 13 159 1 185
+ = − ⇐⇒ = − − ⇐⇒ = −
16 2 4 2 8 16 2 16
Observação
A demonstração da propriedade acima referida pode ser feita recorrendo a derivadas (o que
ultrapassa o âmbito deste Capítulo).
Vejamos uma interpretação intuitiva dessa propriedade.
Seja () = 2 + + , com ∈ R 6= 0. Consideremos 1 2 ∈ R, com 1 2 . Seja
um número real tal que 0 2 − 2
1
.
Sejam 1 = (1 (1 )) e 2 = (2 (2 )). Declive da reta 1 2 :
(2 ) − (1 ) 2 + 2 + − 21 − 1 − 2 + 2 − 21 − 1
= = 2 = 2
− 2 − 1 2 − 1
¡ 22 21¢
2 − 1 + (2 − 1 ) (2 − 1 ) (2 + 1 ) + (2 − 1 )
= =
2 − 1 2 − 1
= (2 + 1 ) +
Ora,
½ 2
(1 + ) = (1 + ) + (1 + ) + = 21 + 21 + 2 + 1 + +
2
(2 − ) = (2 − ) + (2 − ) + = 22 − 22 + 2 + 2 − +
Declive da reta 1 2 :
O domínio da função é R.
Correspondência inversa:
√
() = ⇐⇒ 3 = ⇐⇒ = 3
O último passo da equação anterior não é inteiramente óbvio, pois, de forma implícita, partimos
do princípio que a função é injectiva. ¡ ¢
Provemos a injectividade da função , começando por notar que 3 −3 = ( − ) 2 + + 2 ,
como se pode verificar, efectuando os cálculos ou aplicando a regra de Rufinni.
¡ ¢
() = () =⇒ 3 = 3 =⇒ 3 − 3 = 0 =⇒ ( − ) 2 + + 2
√
2 2 − ± 2 − 42
=⇒ = ∨ + + = 0 =⇒ = ∨ =
√ 2
− ± −3 2
=⇒ = ∨ = =⇒ = ∨ = = 0
2
=⇒ =
√
Logo, a função √é injectiva, pelo que 3 = é equivalente a = 3 .
−1
Logo, () = 3 ∀ ∈ R. O contradomínio de é R.
Outra maneira de provar a injectividade:
Suponhamos que ≥ 0 e que 0. Então,
3
( + ) = ( + ) = 3 + 32 + 32 + 3 3 = ()
Logo, ( + ) (), pelo que é estritamente crescente em [0 +∞[.
3
Ora, (−) = (−) = −3 = − () ∀ ∈ R, pelo que é uma função ímpar.
Logo, se é estritamente crescente em [0 +∞[, então é estritamente crescente em ]−∞ 0].
Então, é estritamente crescente em R.
Sinal de :
−∞ 0 +∞
3 − 0 +
Representação gráfica de :
8
6
4
2
-2 2
-2
-4
-6
-8
-2 -1 1 2
-2
-4
-6
Como podemos verificar pelo gráfico, a função admite um máximo e um mínimo relativos,
não sendo fácil obtê-los, sem recorrer a derivadas. No entanto, recorrendo à Calculadora gráfica,
podemos obter valores aproximados dos extremos relativos.
O contradomínio da função é R.
A função é estritamente crescente em ]−∞ ], com ≈ −0 57735.
A função é estritamente decrescente em [ ], com ≈ −0 57735 e ≈ 0 57735.
A função é estritamente crescente em [ +∞[, com ≈ 0 57735.
O máximo relativo é, aproximadamente, 0 38490.
O mínimo relativo é, aproximadamente, −0 38490.
O domínio da função é R.
Zeros da função:
¡ ¢
() = 0 ⇐⇒ 3 + = 0 ⇐⇒ 2 + 1 = 0 ⇐⇒ = 0 ∨ 2 + 1 = 0 ⇐⇒ = 0
218 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
Representação gráfica de :
-2 -1 1 2
-2
-4
-6
Como podemos verificar pelo gráfico, a função é estritamente crescente, pelo que é injectiva e
admite função inversa, embora não seja fácil explicitá-la, isto é, não é fácil resolver, em ordem a ,
a equação 3 + − = 0.
Por curiosidade, aqui fica a resposta:
q p
13 2
= 108 + 12 12 + 81 2 − q p
6 3
108 + 12 12 + 81 2
p
3
√
1 2
Logo, −1 () = 6 108 + 12 12 + 812 − √
3 √ , cuja representação gráfica é a
108+12 12+812
seguinte:
-6 -4 -2 2 4 6
-1
-2
O contradomínio da função é R.
Sinal de :
−∞ 0 +∞
3 − 0 +
12.2. FUNÇÕES POLINOMIAIS 219
O domínio da função é R.
Zeros da função:
() = 0 ⇐⇒ 3 − 22 = 0 ⇐⇒ 2 ( − 2) = 0 ⇐⇒ = 0 ∨ = 2 ⇐⇒ = 0
Representação gráfica de :
O domínio da função é R.
Zeros da função:
() = 0 ⇐⇒ 3 = 0 ⇐⇒ = 0
Representação gráfica de :
8
6
4
2
-2 2
-2
-4
-6
-8
220 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
O domínio da função é R.
Zeros da função:
¡ ¢ √
() = 0 ⇐⇒ −3 + 2 = 0 ⇐⇒ 2 − 2 = 0 ⇐⇒ = 0 ∨ = ± 2
Representação gráfica de :
O domínio da função é R.
Zeros da função:
¡ ¢
() = 0 ⇐⇒ −3 − 2 = 0 ⇐⇒ − 2 + 2 = 0 ⇐⇒ = 0
Representação gráfica de :
12.2. FUNÇÕES POLINOMIAIS 221
A função é estritamente decrescente em R. Logo, é injectiva, pelo que existe função inversa
de .
O contradomínio da função é R.
Sinal de :
−∞ 0 +∞
− + 0 −
2 + 2 + + +
() + 0 −
O domínio da função é R.
Zeros da função:
Zeros de ():
() = 0 ⇐⇒ 4 = 0 ⇐⇒ = 0
Logo, admite um único zero.
Sinal de ():
−∞ 0 +∞
4 + 0 +
Representação gráfica de ():
Monotonia:
A função é estritamente decrescente em ]−∞ ], com ≈ −1 2203.
A função é estritamente crescente em [ ], com ≈ −1 2203 e ≈ 0 3450.
A função é estritamente decrescente em [ ], com ≈ 0 3450 e ≈ 2 3753.
A função é estritamente crescente em [ +∞[, com ≈ 2 3753.
Máximo relativo: −4 2831
Mínimo relativo: −11 4750
Mínimo absoluto (e relativo): −18 6794
O contradomínio da função é [ +∞[, com ≈ −18 6794.
A função não é injectiva e admite dois zeros.
12.2. FUNÇÕES POLINOMIAIS 223
Sinal da função:
−∞ 1 2 +∞
,
() + 0 − 0 +
com 1 ≈ −2 0303 e 2 ≈ 3 2905.
Representação gráfica:
50
40
30
20
10
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-10
Representação gráfica:
10
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-10
-20
-30
-40
-50
224 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
30
20
10
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-10
-20
-30
10
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-5
-10
10
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-5
-10
Exercício 217 Considere a função () = 2 − + 2 e a figura seguinte, onde está representada
graficamente a função. Determine a área do triângulo [], em função da abcissa (do ponto
). É claro que os pontos e têm a mesma ordenada.
Resolução
¡ ¢ ¡ ¢
= 2 − + 2 e = 2 − + 2 . Ora,
Resolução
1. = || = 2 = 2 − + 2
Então, a área do trapézio é dada por
2 + 2 − + 2 2 − + 4
() = × || = × ||
2 2
Ora,
q p p
2
= 2 + (2 − ) = 2 + 4 − 23 + 2 = 4 − 23 + 22
p p
= 2 (2 − 2 + 2) = || 2 − 2 + 2
Exercício 219 Determine a área máxima, o perímetro e as dimensões dum retângulo contido num
triângulo retângulo isósceles em que cada cateto mede 40 cm.
Resolução
Consideremos as duas figuras seguintes, as quais mostram que há duas espécies de retângulos a
considerar:
A A
E
F
x E
c c
B 40-x D x C B D x C
Exercício 220 Determine a área máxima, o perímetro e as dimensões dum retângulo contido num
triângulo retângulo em que os catetos medem 40 cm e 30 cm.
Resolução
Consideremos as duas figuras seguintes, em que = 40 cm e = 30 cm:
A A
c3
F
F E
30-x G
z E
c2 c1
B D x C B D x C
Logo, os dois retângulos têm a mesma área, pelo que a área máxima é a mesma nos dois casos.
Quanfo ao perímetro, temos, em cm,
µ ¶
5 4 26
() = 2 50 − + 2 × = 100 −
3 5 15
2 26 2 26 50
60 + = 100 − ⇐⇒ + = 40 ⇐⇒ 10 + 26 = 600 ⇐⇒ =
3 15 3 15 3
50
Logo, os dois retângulos são iguais, para = 3 .
Exercício 221 Pretende-se vedar um recinto retangular. Um dos lados é um muro, pelo que são
vedados, apenas, três dos lados. Determine a área máxima do retângulo, sabendo que se gastaram
120 metros de rede.
B MURO C
R R
E E
x
D D
E E
A D
REDE
Resolução
= = = . Então, + + = 120. Logo, = 120 − 2.
É claro que devemos ter 0 e 120 − 2 0, ou seja, 0 60.
Note-se que, muitas vezes, consideramos 0 ≤ ≤ 60, em vez de 0 60.
Então, (), a área do retângulo é dada por
Exercício 222 Pretende-se vedar um recinto retangular. Um dos lados é um muro, pelo que são
vedados, apenas, três dos lados. Nos dois lados perpendiculares ao muro, a vedação tem duas alturas,
enquanto que no lado paralelo ao muro, a vedação tem uma altura. Determine a área máxima do
retângulo, sabendo que se gastaram 120 metros de rede.
B MURO C
R R
E E
x
D D
E E
A D
REDE
Resolução
= = = . Então, 2 + + 2 = 120. Logo, = 120 − 4.
É claro que devemos ter 0 e 120 − 4 0, ou seja, 0 30.
Note-se que, muitas vezes, consideramos 0 ≤ ≤ 30, em vez de 0 30.
Então, (), a área do retângulo é dada por
2. Sem recorrer à calculadora, determine o valor de para o qual é máxima a área do jardim e
determine essa área máxima.
Resolução
() = ( + 20) (100 − 2) − 200 = 100 − 22 + 2000 − 40 − 200
= −22 + 60 + 1800
³ 2
´
2. As coordenadas do vértice da parábola são − 2 − −4
4 , com = −2, = 60 e = 1800.
³ ´ ¡ ¢ ¡ ¢
Então, = − −460
− 3600−4×(−2)×1800
4×(−2) = 15 3600+14400
8 = 15 18000
8 = (15 2250).
Exercício 224 Considere o seguinte esquema (que representa um lago e um parque). Uma parte
do parque está a ser vedada, de modo a criar-se um jardim tropical. O jardim tropical é um retân-
guloao qual foi retirado um quarto de círculo. Na vedação dos três lados do recinto, conforme se vê
na figura, gastaram-se 120 metros de rede. Determine a área máxima do recinto.
232 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
Resolução
Ora,
+ + + 10 = 120 ⇐⇒ = 110 − 2
Então,
1
() = ( + 10) (110 − 2) − × 102 = 110 − 22 + 1100 − 20 − 25
4
= −22 + 90 + 1100 − 25
Teorema 225 Um polinómio (numa indeterminada) de grau não pode ter mais do que raízes.
Demonstração
Se () = 1 + 0 , então () = 0 é equivalente a = − 01 . Logo, um polinómio de grau 1
não pode ter mais do que uma raiz.
Suponhamos que um polinómio de grau não pode ter mais do que raízes.
Seja () um polinómio de grau + 1.
12.2. FUNÇÕES POLINOMIAIS 233
Se () não admitir raízes, então () não admite mais do que + 1 raízes.
Se () admitir a raiz , então existe um polinómio (), de grau , tal que () =
( − ) ().
Então, () = 0 é equivalente a ( − ) () = 0, ou seja = ou () = 0.
Mas, () não pode ter mais do que raízes, pelo que () não pode ter mais do que + 1
raízes.
Observação importante
Qual o grau do polinómio constante?
Algumas vezes, vê-se escrito (ou ouve-se) que o grau duma constante é zero. Se assim fosse, o
Teorema anterior não era válido para polinómios de grau zero, pois o polinómio identicamente nulo
tem infinitas raízes em R. Nenhum mal viria ao mundo por causa disso.
Mas, há duas regras muito comuns sobre polinómios:
Primeira: A soma de dois polinómios tem grau menor ou igual ao maior dos graus das parcelas.
Segunda: O grau do produto de dois polinómios é a soma dos graus dos factores.
E aqui começa o problema. Se multiplicarmos um polinómio de grau 2 por uma constante, qual
o grau do produto?
¡ ¢
Assim, por exemplo, 2 2 − 3 + 4 é 22 − 6 + 8. E 0 + 2 dá 2, pelo que o grau do produto
é a soma dos graus dos factores.
¡ ¢
Mas, se tivermos 0 2 − 3 + 4 , o resultado é 0. Então, o grau de 0 não pode ser 0, a menos que
não se pretenda manter a regra de que o grau do produto de dois polinómios é a soma dos graus dos
factores. Para manter as duas regras
¡ referidas,¢ considera-se que o grau do polinómio identicamente
nulo é −∞. Assim, no caso de 0 2 − 3 + 4 cujo resultado é 0, temos (−∞) + 2 = −∞.
Então, o grau duma constante não nula é zero e o grau de zero é −∞.
Exemplo 226 Determine valores aproximados da área da região limitada pela parábola = 2 +
+ 1 e pelas retas = 0, = 2 e = 0, num referencial ortonormado.
Resolução
Se substituirmos o arco de parábola pelo segmento de reta de extremos e , temos um trapézio
cuja área é fácil de calcular.
Ora, = (0 1) e = (2 7), pelo que a área do trapézio [] é 2 × 1+7
2 , ou seja, 8 (unidades
de área).
234 CAPÍTULO 12. POLINÓMIOS NUMA VARIÁVEL
Se dividirmos o intervalo [1 2] em duas partes iguais, temos dois trapézios de áreas 1 × 1+32 e
1 × 3+7
2 .
Logo, a área total dos dois trapézios é de 7 unidades de área.
Note-se que, sendo () = 2 + + 1, temos que a soma das áreas dos dois trapézios é 12 ×
( (0) + 2 (1) + (2)) = 7.
No caso geral, o intervalo [1 2] é dividido em intervalos de igual comprimento, tendo-se que a
área dos trapézios é
µ µ ¶ µ ¶ µ ¶ ¶
2 1 2 4 2
= × × (0) + 2 + 2 + · · · + 2 2 − + (2)
2
à µ ¶ µ ¶ õ ¶2 ! !
1 4 2 16 4 2 − 2 2 − 2
= × 1+2 + +1 +2 + + 1 + ··· + 2 + +1 +7
2 2
−1 µ ¶ −1 µ ¶
1 2X 2 8 2 X 42 2
= ×8+ = + + +1
2
=1 =1
−1
X −1
X −1 −1
8 2 ( − 1) 2 2
4 2 2 2 + 6 8 X 2 4 X
= + + + = + 3 + 2
2
=1 =1 =1 =1
6 8 ( + 1) (2 + 1) 4 ( + 1)
= 2+ + 3 × + 2×
6 2
6 2 8 ( + 1) (2 + 1) 4 + 1
= 2+ + + 2 × + ×
6 2
³ ´
Então, lim = lim 2 + 6 + 2 + 82 × (+1)(2+1)
6 + 4 × +1
2 = 20
3 , sendo este o valor exacto
da área.
Capítulo 13
Neste capítulo vamos estudar alguns tipos de funções reais de variável real, começando por recordar
e completar o estudo das funções polinomiais, passando às funções racionais e, finalmente, às funções
irracionais.
É claro que esta é uma função de domínio R. A função é constante, logo crescente e decrescente
em sentido lato. O contradomínio da função é {2}, sendo que o mínimo da função é igual a 2, que,
também, é o máximo. A função não é injectiva, porque há objectos diferentes com imagens iguais
(por exemplo 3 e 4 têm a mesma imagem). Então a função não admite função inversa.
Como lim () = 2, podemos considerar que a recta de equação = 2 é uma assímptota ao
→÷∞
gráfico da função.
Analogamente, lim () = 2, pelo que temos mais uma razão para que a recta = 2 seja
→÷∞
uma assímptota ao gráfico de .
Claro que a representação gráfica da função é a seguinte:
235
236 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
−3
() = ⇐⇒ 2 + 3 = ⇐⇒ =
2
() 0 ⇐⇒ 2 + 3 0 ⇐⇒ − 32 ; () 0 ⇐⇒ 2 + 3 0 ⇐⇒ − 32
Então:
−∞ − 32 +∞
() − 0 +
É claro que sabemos que a representação gráfica da função é uma recta de declive 2 e ordenada
na origem 3. Como o declive é positivo, a função é estritamente crescente.
Além disso, podemos afirmar que existe uma assímptota que é a própria recta.
Para nos familiarizarmos com a determinação de assímptotas, vamos efectuar os cálculos para
a sua determinação:
(
lim () = lim (2 + 3) = 2 × (−∞) + 3 = −∞
→−∞ →−∞
lim () = lim (2 + 3) = 2 × (+∞) + 3 = +∞
→+∞ →+∞
Em
⎧ face dos resultados anteriores concluimos que, neste caso, não há assímptotas horizontais.
¡ ¢
⎨ 1 = lim () = lim 2+3 = lim 2 + 3 = 2 + 0 = 2
→−∞ →−∞ →−∞
⎩ 1 = lim ( () − 1 ) = lim (2 + 3 − 2) = 3
→−∞ →−∞
Então, a recta de equação = 2 + 3 é uma assímptota ao gráfico da função.
Analogamente,
⎧ temos:
¡ ¢
⎨ 1 = lim () = lim 2+3 = lim 2 + 3 = 2 + 0 = 2
→+∞ →+∞ →+∞
⎩ 1 = lim ( () − 1 ) = lim (2 + 3 − 2) = 3
→+∞ →+∞
Outra questão interessante é a taxa de variação média num intervalo , limitado e fechado. Seja
= [1 4]. Então, = (4)−
4−1
(1)
= 11−5
3 = 2, que é o valor do declive.
Seja = [1 4], com . Então, = ()−
−
()
= 2+3−2−3
− = 2−2 2(−)
− = − = 2, que é o
valor do declive.
Então, a taxa de variação média da função , num intervalo qualquer, é 2, o valor do declive.
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 237
Registe-se mais um pormenor: Como (1) = 1 e (−1) = 5, a função não é par nem ímpar.
238 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
O domínio da função é R.
√
() = ⇐⇒ 2 = ⇐⇒ = ±
√
Da igualdade = ± , concluimos que ≥ 0 e que a correspondência inversa de não é uma
função (para = 4, assume dois valores).
Então, o contradomínio da função é [0 +∞[, tendo-se que a função não é injectiva (−2 e 2 têm
a mesma imagem).
Fazendo = 0, temos = 0, pelo que a função admite um zero. É claro que a função não
assume valores negativos.
De (−) = (−)2 = 2 = () ∀ ∈ R, conclui-se que a função é par, o que significa que o
gráfico da função é simétrico
¡ ¢ em relação ao eixo das ordenadas. ¡ ¢
2 2
lim () = lim 2 = (+∞) = +∞ lim = lim 2 = (−∞) = +∞
→+∞ →+∞ →−∞ →−∞
Logo, o gráfico de não admite assímptotas horizontais.
2 2
lim ()
= lim = lim = +∞ lim ()
= lim = lim = −∞
→+∞ →+∞ →+∞ →−∞ →−∞ →−∞
Então, o gráfico de não admite assímptotas não verticais.
Podemos, desde já, acrescentar que o gráfico duma função polinomial, de grau maior ou igual a 2,
nunca admite assímptotas verticais, pelo que as únicas funções polinomiais que admitem assímptotas
são as funções do tipo () = + , com ∈ R. Para essas funções, a assímptota coincide com
o gráfico da própria função.
Calculemos a taxa de variação média da função () = 2 , nos intervalos [1 5] e [2 4]:
[15] = (5)−
5−1
(1)
= 25−1
4 = 6 [24] = (4)−
4−2
(2)
= 16−4
2 =6
Curiosamente, obtivemos o mesmo valor.
Calculemos a taxa de variação média da função, no intervalo = [1 + 5 − ], com 1+ 5−,
isto é, com 2:
(5 − ) − (1 + ) (5 − )2 − (1 + )2
[1+5−] = =
5−−1− 4 − 2
25 − 10 + 2 − 1 − 2 − 2 24 − 12
= = =6
4 − 2 4 − 2
() − () 2 − 2 ( + ) ( − )
[] = = = =+
− − −
( − ) − ( + ) ( − )2 − ( + )2
[+−] = =
−−− − − 2
( − + + ) ( − − − ) ( + ) ( − − 2)
= = =+
− − 2 − − 2
E, como era de suspeitar, as duas taxas são iguais.
A taxa de variação média está relacionada com a derivada de uma função num ponto:
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 239
Derivada de uma função no ponto (a qual, se existir, se representa por 0 ()), é o limite da
taxa de variação média. Mais exactamente,
() − ()
0 () = lim
→ −
() − () 2 − 2 ( + ) ( − )
0 () = lim = lim = lim = lim ( + ) = 2
→ − → − → − →
−∞ 0 +∞
0 () − 0 +
() & mínimo %
A função tem um mínimo para = 0, tendo-se que o valor do mínimo é zero, porque (0) = 0.
Recordemos que o gráfico de é uma parábola com a concavidade voltada para cima.
Registe-se, também, que podemos achar (se existir) a derivada da derivada duma função (a
segunda derivada da função) e que se a segunda derivada duma função é positiva num intervalo,
então o gráfico da função tem a concavidade voltada para cima, nesse intervalo; se a segunda
derivada duma função é negativa num intervalo, então o gráfico da função tem a concavidade
voltada para baixo, nesse intervalo.
No exemplo que estamos a estudar, temos 0 () = 2, pelo que 00 () = 2 ∀ ∈ R.
Logo, o gráfico de tem a concavidade voltada para cima.
240 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
O domínio da função é R.
Determinação da correspondência inversa:
2 − 2 − 3 = ⇐⇒ 2 − 2 − 3 − = 0
p p
⇐⇒ = 1 ± 1 + 3 + ⇐⇒ = 1 ± 4 +
−∞ −1 3 +∞
+1 − 0 + + +
−3 − − − 0 +
() + 0 − 0 +
.
Devido à sua importância, lembramos que o sinal duma função quadrática obedece à seguinte
regra:
Se não houver raízes, a função toma o sinal de (coeficiente do termo de 2 grau).
Se houver raízes, a função assume o sinal de , fora do intervalo das raízes e assume o sinal
contrário ao de , no intervalo das raízes.
Já sabemos que o gráfico da função não admite assímptotas, mas podemos calcular os seguintes
limites:
∙ µ ¶¸
¡ ¢ 2 3
lim () = lim 2 − 2 − 3 = lim 2 1 − − 2
→−∞ →−∞ →−∞
2
= (−∞) × (1 − 0 − 0) = (+∞) × 1 = +∞
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 241
∙ µ ¶¸
¡ ¢ 2 3
lim () = lim 2 − 2 − 3 = lim 2
1− − 2
→+∞ →+∞ →+∞
= (+∞)2 × (1 − 0 − 0) = (+∞) × 1 = +∞
¡ ¢
0 () − () 2 − 2 − 3 − 2 − 2 − 3
() = lim = lim
→ − → −
2 2
− − 2 + 2 ( + ) ( − ) − 2 ( − )
= lim = lim
→ − → −
( − ) ( + − 2)
= lim = lim ( + − 2) = 2 − 2
→ − →
Então, 00 () = 2 0 ∀ ∈ R.
Logo, o gráfico da função tem a concavidade voltada para cima.
Estudo da monotonia da função:
−∞ 1 +∞
0 () − 0 +
() & mínimo %
Como (1) = 1 − 2 − 3 = −4, temos que o mínimo da função é −4, o que está de acordo com o
facto do contradomínio de ser [−4 +∞[.
Segue-se a representação gráfica da função e da sua derivada:
Como (−1) = 1 + 2 − 3 = −1 e (1) = −4, então não é par nem ímpar, conforme se pode
observar graficamente.
Fórmula resolvente simplificada da equação de 2 grau
Dada uma equação de segundo grau 2 ++ = 0, sabemos que,√
no caso de termos 2 −4 ≥ 0,
−± 2 −4
as soluções da equação são dadas pela fórmula resolvente = 2 .
Mas, acontece muitas vezes, que é par ou 2 é uma expressão mais simples que ( = 6 ou
√
= 2 5, por exemplo). Nestes casos é mais útil aplicar uma fórmula simplificada.
242 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
Suponhamos que = 2, isto é, suponhamos que queremos resolver a equação 2 + 2 + = 0.
Então:
√ p √ √
−2 ± 42 − 4 −2 ± 4 (2 − ) −2 ± 2 2 − − ± 2 −
= = = =
2 2 2
E em muitas
√ equações temos = 1. Se = 1 e = 2, então a fórmula resolvente transforma-se
em = ± 2 − .
Em resumo, temos as seguintes √
fórmulas, para resolver equações de segundo grau:
2 −± 2 −4
+ + = 0 ⇐⇒ = 2√
2
2 + 2 + = 0 ⇐⇒ = −± −
√
2 + 2 + = 0 ⇐⇒ = − ± 2 − √
Se quisermos resolver a equação de 2 grau, 2 + 2 3 − 1 = 0, basta aplicar a última das
fórmulas apresentadas, tendo-se:
√ √ √ √
2 + 2 3 − 1 = 0 ⇐⇒ = − 3 ± 3 + 1 ⇐⇒ = − 3 ± 2
O domínio da função é R.
Correspondência inversa:
p p
−2 − 2 − 3 = ⇐⇒ 2 + 2 + 3 + = 0 ⇐⇒ = −1 ± 1 − 3 − ⇐⇒ = −1 ± −2 −
∙ µ ¶¸
¡ ¢ 2 3
lim () = lim −2 − 2 − 3 = lim 2
−1 − − 2
→+∞ →+∞ →+∞
2
= (+∞) × (−1 − 0 − 0) = (+∞) × (−1) = −∞
Como já dissemos em exemplos anteriores, o gráfico duma função polinomial de grau maior ou
igual a 2 não admite assímptotas.
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 243
Derivadas da função:
¡ ¢
0 () − () −2 − 2 − 3 − −2 − 2 − 3
() = lim = lim
→ − → −
−2 + 2 − 2 + 2 2 − 2 + 2 − 2
= lim = − lim
→ − → −
( + ) ( − ) + 2 ( − ) ( − ) ( + + 2)
= − lim = − lim
→ − → −
= − lim ( + + 2) = −2 + 2
→
−∞ 0 3 +∞
− 0 + + +
2
( − 3) + + + 0 +
() − 0 + 0 +
A função é negativa em ]−∞ 0[, nula nos pontos 0 e 3 e é positiva em ]0 3[ ∪ ]3 +∞[.
∙ µ ¶¸
¡ ¢ 6 9
lim () = lim 3 − 62 + 9 = lim 3 1 − + 2
→−∞ →−∞ →−∞
3
= (−∞) × (1 − 0 + 0) = (−∞) × 1 = −∞
∙ µ ¶¸
¡ ¢ 6 9
lim () = lim 3 − 62 + 9 = lim 3
1− + 2
→+∞ →+∞ →+∞
3
= (+∞) × (1 − 0 + 0) = (+∞) × (1) = +∞
As funções polinomiais são funções contínuas em R. Logo, a função que estamos a estudar tem
contradomínio R, uma vez que lim () = −∞ e lim () = +∞.
→−∞ →+∞
O gráfico da função não admite assímptotas, porque se trata duma função polinomial de grau
maior ou igual a 2.
Como (−) = (−)3 − 6 (−)2 + 9 (−) = −3 − 62 − 9, a função não é par nem ímpar.
Derivada da função:
() − ()
0 () = lim
→ −
¡ ¢
3 − 62 + 9 − 3 − 62 + 9
= lim
→ −
3 − 62 + 9 − 3 + 62 − 9
= lim
→ −
Podemos continuar, aplicando a regra de Ruffini:
1 −6 9 −3 + 62 − 9
2
− 6 3 − 62 + 9
1 −6 2 − 6 + 9 0
Então:
¡ ¢
( − ) 2 + ( − 6) + 2 − 6 + 9
0 () = lim
→ −
¡ 2 ¢
= lim + ( − 6) + 2 − 6 + 9
→
= 2 + ( − 6) + 2 − 6 + 9
= 2 + 2 − 6 + 2 − 6 + 9 = 32 − 12 + 9
Seja uma função real de variável real, de domínio . Seja ∈ . Diz-se que é contínua
no ponto , se lim () = ().
→
Há um teorema muito importante sobre funções contínuas, conhecido por Teorema do valor
intermédio, de Bolzano, o qual afirma que uma função contínua num intervalo não passa de um
valor a outro, sem passar por todos os valores intermédios.
Note-se que todas as funções polinomiais são funções contínuas em R.
Consideremos a função () = 2 − 8, de domínio R. Como (2) = −4 (3) = 1 e é contínua
no intervalo [2 3], então, dado um valor , do intervalo ]−4 1[, existe um valor pertencente ao
intervalo ]2 3[, tal que √() = . Em particular, existe pelo menos um zero de , no intervalo ]2 3[.
É claro que tal valor é 8, pois sabemos resolver a equação 2 − 8 = 0.
100
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4
-100
-200
80
60
40
20
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
0 () = 62 − 6 + 5
Exemplo 236 Estudo da função () = −3 + 62 − 11 + 6
O domínio da função é R.
Zeros da função:
Supondo que não conhecemos a maneira de resolver equações de 3 grau, para encontrarmos os
zeros da função, precisamos de descobrir um deles.
Em muitos casos, há um ou mais zeros que se descobrem por tentativas.
Neste caso, calculemos a imagem de 1: (1) = −1 + 6 − 11 + 6 = 0. Então, um dos zeros
da função é 1, pelo que podemos aplicar a regra de Ruffini, para decompor () num produto de
dois polinómios, sendo um deles − 1 e o outro um polinómio de segundo grau. Depois, podemos
encontrar os outros zeros da função, aplicando a fórmula resolvente das equações de segundo grau.
Neste caso, podemos calcular as imagens de 2 e 3, obtendo-se (2) = −8 + 24 − 22 + 6 = 0 e
(3) = −27 + 54 − 33 + 6 = 0, pelo que os zeros da função são 1, 2 e 3.
Também podemos aplicar o processo descrito anteriormente, obtendo-se:
Divisores de 6: ±1 ±2 ±3 ±6
Divisores de −1: ±1
Então, os valores a testar são ±1 ±2 ±3 ±6.
Logo, basta calcular (−1), (1), (−2), (2), (−3), (3), (−6) e (6), para descobrirmos
todas as soluções racionais da equação −3 + 62 − 11 + 6 = 0.
Estudo do sinal da função: −3 +62 −11+6 = − ( − 1) ( − 2) ( − 3) = (1 − ) ( − 2) ( − 3)
248 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
−∞ 1 2 3 +∞
1− + 0 − − − − −
−2 − − − 0 + + +
−3 − − − − − 0 +
() + 0 − 0 + 0 −
A função é negativa em ]1 2[ ∪ ]3 +∞[, nula nos pontos 1, 2 e 3 e é positiva em ]−∞ 1[ ∪ ]2 3[.
∙ µ ¶¸
¡ ¢ 6 11 6
lim () = lim −3 + 62 − 11 + 6 = lim 3
−1 − − 2 + 3
→−∞ →−∞ →−∞
= (−∞)3 × (−1 − 0 − 0 + 0) = (−∞) × (−1) = +∞
∙ µ ¶¸
¡ ¢ 6 11 6
lim () = lim −3 + 62 − 11 + 6 = lim 3
−1 − − 2 + 3
→+∞ →−∞ →−∞
3
= (+∞) × (−1 − 0 − 0 + 0) = (+∞) × (−1) = −∞
Então:
¡ ¢
0 ( − ) −2 + (6 − ) − 2 + 6 − 11 ¡ ¢
() = lim = lim −2 + (6 − ) − 2 + 6 − 11
→ − →
2 2 2 2
= − + 6 − − + 6 − 11 = −3 + 12 − 11
E ³com√alguma
´ paciência, calculamos:
³ √ ´
√ √
6−3 3 = − 29 3 6+3 3 = 29 3
√ √
Então o mínimo relativo da função é − 29 3, enquanto que o máximo relativo da função é 29 3.
Como 00 () = 0 () = −6 + 12, o sentido da concavidade do gráfico da função está indicado
no seguinte quadro:
−∞ 2 +∞
0 () + 0 −
() Ponto de Inflexão
− 0 = 1 ( − 2) ⇐⇒ = − 2
Segue-se a representação gráfica da função e da sua derivada, bem como a tangente no ponto
de inflexão.
250 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
Observação 237 No cálculo, por definição, da derivada duma função aparece muitas vezes ex-
pressões do tipo +1 − +1 , como 3 − 3 , 4 − 4 , etc. É claro que 2 − 2 = ( − ) ( + ).
Se aplicarmos a regra¡de Ruffini, em ¢ casos particulares temos:
3 − 3 = ( − ) ¡2 + + 2 ¢
4 − 4 = ( − ) 3 + 2 + 2 + 3
Caso geral: ¡ ¢
+1 − +1 = ( − ) + −1 + · · · + −1 +
O domínio da função é R.
Zeros da função:
¡ ¢ √
3 − 3 = 0 ⇐⇒ 3 − 2 = 0 ⇐⇒ = 0 ∨ = ± 3
∙ µ ¶¸
¡ 3 ¢ 3
lim () = lim − + 3 = lim 3 −1 + 2
→−∞ →−∞ →−∞
= (−∞)3 × (−1 + 0) = (−∞) × (−1) = +∞
∙ µ ¶¸
¡ 3 ¢ 3
lim () = lim − + 3 = lim 3 −1 + 2
→+∞ →+∞ →+∞
= (+∞)3 × (−1 + 0) = (+∞) × (−1) = −∞
−1 0 3 3 − 3
− −2 −3 + 3
−1 − −2 + 3 0
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 251
¡ ¢
Então, () − () = ( − ) −2 − − 2 + 3 .
¡ ¢
0 () − () ( − ) −2 − − 2 + 3
() = lim = lim
→ − → −
¡ 2 ¢
= lim − − − + 3 = −2 − 2 − 2 + 3 = −32 + 3
2
→
−∞ −1 1 +∞
0 () − 0 + 0 −
() & mín. rel. % Máx. rel. &
−∞ 0 +∞
0 () + 0 −
() Ponto de Inflexão
(0) = 0 0 (0) = 3
Equação da tangente ao gráfico de , no ponto de inflexão: = 3
Segue-se a representação gráfica da função e da sua derivada, bem como a tangente no ponto
de inflexão.
2+3
Exemplo 239 Estudo da função () = −1
+3
Então, existe função inversa de , tendo-se que −1 () = −2 , o que implica que 6= 2. Logo,
o contradomínio da função é R\ {2}.
Como existe função inversa de , podemos concluir que é injectiva.
Estudo do sinal da função:
2 + 3 = 0 ⇐⇒ = − 32 − 1 = 0 ⇐⇒ = 1
−∞ − 32 1 +∞
2 + 3 − 0 + + +
−1 − − − 0 +
() + 0 − +
¤ £ ¤ £
A função é negativa em − 32 1 , é nula no ponto − 32 e é positiva em −∞ − 32 ∪ ]1 +∞[.
µ ¶ 3
2 + 3 2+ 2+0
lim () = lim = lim 1 = =2
→−∞ →−∞ −1 →−∞ 1 −
1−0
µ ¶ 3
2 + 3 2+ 2+0
lim () = lim = lim 1 = =2
→+∞ →+∞ −1 →+∞ 1 −
1−0
Como lim () = lim () = 2 , existe uma única assímptota horizontal.
→−∞ →+∞
µ ¶
2 + 3 2+3 5
lim+ () = lim+ = lim+ = + = +∞
→1 →1 −1 →1 1+ − 1 0
µ ¶
2 + 3 2+3 5
lim− () = lim− = lim− = − = −∞
→1 →1 −1 →1 1− − 1 0
2+3
() − () −1 − 2+3
−1
0 () = lim = lim
→ − → −
2−2+3−3−2+2−3+3
(−1)(−1) −5 + 5
= lim = lim
→ − → ( − 1) ( − 1) ( − )
−5 ( − ) −5 −5
= lim = lim = 2
→ ( − 1) ( − 1) ( − ) → ( − 1) ( − 1) ( − 1)
5
Então, 0 () = − (−1)2
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 253
5
Seja () = 0 () = − (−1)2 . Então:
5 5
() − () − (−1)2 +
(−1)2
0
() = lim = lim
→ − → −
−5(−1)2 +5(−1)2 2 2
(−1)2 (−1)2 −5 ( − 1) + 5 ( − 1)
= lim = lim
→ − → ( − 1)2 ( − 1)2 ( − )
³ ´
5 ( − 1)2 − ( − 1)2 ( − 1 + − 1) ( − 1 − + 1)
= lim = 5 lim
→ ( − 1)2 ( − 1)2 ( − ) → 2 2
( − 1) ( − 1) ( − )
( + − 2) ( − ) ( + − 2)
= 5 lim 2 2 = 5 lim
→ ( − 1) ( − 1) ( − ) → ( − 1)2 ( − 1)2
5 (2 − 2) 10 ( − 1) 10
= 4 = 4 = 3
( − 1) ( − 1) ( − 1)
10
Logo, 00 () = (−1)3.
22 +3−2
Exemplo 240 Estudo da função () = −1
22 + 3 − 2
= ⇐⇒ 22 + 3 − 2 = − ⇐⇒ 22 + (3 − ) + − 2 = 0
−1
p
− 3 ± 2 − 6 + 9 − 8 ( − 2)
⇐⇒ =
p 4
− 3 ± 2 − 14 + 25
⇐⇒ =
4
Então, não existe função inversa √
de , pelo que não é injectiva.
√ √
2 − 14 + 25 = 0 ⇐⇒ = 7 ± 49 − 25√ ⇐⇒ = 7 ±√ 24 ⇐⇒ = 7 ± 2 6
Então, 2 − 14 + 25 ≥ 0 ⇐⇒ ≤¤7 − 2 6 ∨ √ ≥¤ 7 +
£ 2 6√ £
Logo, o contradomínio da função é −∞ 7 − 2 6 ∪ 7 + 2 6 +∞ .
√
−3± 2 −14+25
Substituindo na expressão = 4 por 0, obtemos os zeros da função:
√
−3 ± 25 1
() = 0 ⇐⇒ = ⇐⇒ = −2 ∨ =
4 2
Sinal da função:
1
−∞ −2 2 1 +∞
2
2 + 3 − 2 + 0 − 0 + + +
−1 − − − − − 0 +
() − 0 + 0 − +
¤ £ ¤ £
A função é negativa em ]−∞ −2[ ∪ 12 1 , é nula nos pontos −2 e 12 , e é positiva em −2 12 .
Agora, vamos dividir 22 + 3 − 2 por − 1, aplicando a regra de Ruffini:
2 3 −2
1 2 5
2 5 3
22 +3−2 3
Então, −1 = 2 + 5 + −1 .
µ ¶
3
lim () = lim 2 + 5 +
= 2 × (−∞) + 5 + 0 = −∞
→−∞ →−∞ −1
µ ¶
3
lim () = lim 2 + 5 + = 2 × (+∞) + 5 + 0 = +∞
→+∞ →+∞ −1
Embora lim () = −∞ e lim () = +∞, não podemos concluir que o contradomínio da
→−∞ →+∞
função seja R, porque a função não é contínua em R.
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 255
Dos limites anteriores conclui-se que não há assímptotas horizontais. Verifiquemos se há assímp-
totas oblíquas:
22 +3−2
() 22 + 3 − 2
−1
= lim = lim = lim
=2
→−∞ →−∞ →−∞ 2 −
µ ¶
3
= lim ( () − 2) = lim 2 + 5 + − 2 = 5
→−∞ →−∞ −1
22 + 3 − 2 22
lim 2
= lim 2 = 2
→∞ − →∞
Assímptotas verticais:
µ ¶
22 + 3 − 2 2+3−2 5
lim () = lim+ = +
= + = +∞
→1+ →1 −1 1 −1 0
µ 2 ¶
2 + 3 − 2 2+3−2 5
lim− () = lim− = −
= − = −∞
→1 →1 −1 1 −1 0
3 3
() − () 2 + 5 + −1 − 2 − 5 − −1
0 () = lim = lim
→ − → −
3
2 − 2 + −1 − −1 3 2 ( − ) + 3−3−3+3
(−1)(−1)
= lim = lim
→ − → −
3−3 3(−)
2 ( − ) + (−1)(−1) 2 ( − ) − (−1)(−1)
= lim = lim
→ − → −
3 ( − ) 3 3
= 2 − lim = 2 − lim =2−
→ ( − 1) ( − 1) ( − ) → ( − 1) ( − 1) ( − 1)2
3
Seja () = 0 () = 2 − (−1)2
. Então:
3 3
() − () 2 − (−1) 2 − 2 +
(−1)2
0 () = lim = lim
→ − → −
3 3
(−1)2
− (−1)2
2
3 ( − 1) − 3 ( − 1)
2
= lim = lim
→ − → ( − 1)2 ( − 1)2 ( − )
³ ´
3 ( − 1)2 − ( − 1)2 ( − 1 + − 1) ( − 1 − + 1)
= lim = 3 lim
→ ( − 1)2 ( − 1)2 ( − ) → ( − 1)2 ( − 1)2 ( − )
( + − 2) ( − ) ( + − 2)
= 3 lim = 3 lim
→ ( − 1)2 ( − 1)2 ( − ) → ( − 1)2 ( − 1)2
3 (2 − 2) 6 ( − 1) 6
= 4 = 4 = 3
( − 1) ( − 1) ( − 1)
6
Logo, 00 () = (−1)3.
Sentido da concavidade:
−∞ 1 +∞
6 + + +
( − 1)3 − 0 +
00 () − +
()
Extremos
³ √ ´ relativos:
√ ³ √ ´ √
2−2 6 = 7 − 2 6; 2+ 6
=7+2 6
2
¤ √ ¤ £ √ £
O contradomínio da função é −∞ 7 − 2 6 ∪ 7 + 2 6 +∞ .
Segue-se a representação gráfica da função , com as assímptotas, e da sua derivada:
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 257
1
Exemplo 241 Estudo da função () = 2 −1
2 − 1 6= 0 ⇐⇒ 6= −1 ∧ 6= 1
Logo, o domínio de é R\ {−1 1}.
(−) = (−)12 −1 = 21−1 = () ∀ ∈ R\ {−1 1}, pelo que a função é par.
Correspondência inversa:
r
1 1 1 +1
= 2 ⇐⇒ 2 − 1 = ⇐⇒ 2 = 1 + ⇐⇒ = ±
−1
Como não existe função inversa, a função não é injectiva. À mesma conclusão podemos chegar,
observando que a função é par.
Determinação do contradomínio da função:
−∞ −1 0 +∞
+1 − 0 + + +
− − − 0 +
+1
+ 0 − +
−∞ −1 1 +∞
1 + + + + +
2 − 1 + 0 − 0 +
1
2 −1 + − +
A função é positiva em ]−∞ −1[ ∪ ]1 +∞[ e negativa em ]−1 1[, não tendo zeros.
1 1 1
lim () = lim = 2 = = 0+
→−∞ 2 − 1
→−∞ (−∞) − 1 +∞
1 1 1
lim () = lim = 2 = = 0+
→+∞ →+∞ 2 − 1 (+∞) − 1 +∞
Então, a recta de equação = 0 é uma assímptota horizontal ao gráfico da função, o qual fica
acima da recta, para valores convenientes de .
Assímptotas verticais:
1 1 1
lim () = lim = 2 = + = +∞
→1− 2 − 1
→1− (1− ) − 1 0
1 1 1
lim () = lim+ 2 = = + = +∞
→1+ →1 − 1 (1+ )2 − 1 0
Então, a recta = 1 é uma assímptota vertical ao gráfico de . Como a função é par, o mesmo
acontece com a recta = −1.
258 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
Derivadas da função:
Monotonia da função:
−∞ −1 0 1 +∞
−2 + + + 0 − − −
¡ 2 ¢2
−1 + 0 + + + 0 +
0 () + + − −
() % % Máx & &
Exemplo 242 Estudo da função () = 2 −1
2 − 1 6= 0 ⇐⇒ 6= −1 ∧ 6= 1
Logo, o domínio de é R\ {−1 1}.
−
(−) = (−)2
−1
= − 2−1 = − () ∀ ∈ R\ {−1 1}, pelo que a função é ímpar.
Correspondência inversa:
= ⇐⇒ 2 − = ⇐⇒ 2 − − = 0
2 − 1
Temos dois casos a considerar, consoante = 0 ou 6= 0.
Se = 0, então = 0. √
1± 1+42
Se 6= 0, então = 2 .
Como nesta última expressão pode assumir qualquer valor diferente de zero, valor esse que, no
entanto é assumido, quando é zero, então o contradomínio da função é R.
Podemos, desde já, afirmar que a função não é injectiva, porque não existe função inversa de .
Sinal da função:
−∞ −1 0 1 +∞
− − − 0 + + +
2 − 1 + 0 − − − 0 +
1
2 −1 − + 0 − +
A função é positiva em ]−1 0[ ∪ ]1 +∞[, negativa em ]−∞ −1[ ∪ ]0 1[ e nula no ponto = 0.
1 1
lim () = lim= lim = lim = = 0−
→−∞ 2 − 1 →−∞ 2 →−∞
→−∞ −∞
1 1
lim () = lim = lim 2 = lim = = 0+
→+∞ →+∞ 2 − 1 →+∞ →+∞ +∞
Então, a recta de equação = 0 é uma assímptota horizontal ao gráfico da função.
Assímptotas verticais:
1 1
lim () = lim= 2 = + = +∞
→1− 2 − 1
→1− −
(1 ) − 1 0
1 1 1
lim () = lim+ 2 = 2 = + = +∞
→1+ →1 − 1 +
(1 ) − 1 0
Então, a recta = 1 é uma assímptota vertical ao gráfico de . Como a função é ímpar, o mesmo
acontece com a recta = −1. No entanto, pode ser conveniente determinar os limites laterais no
260 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
2
2 +1 (2 +1)(2 −1)2 −(2 +1)(2 −1)2
() − () − (2 −1)
+1
2 +
(2 −1)2 (2 −1)2 (2 −1)2
0 () = lim = lim = lim
→ − → − → −
¡ 2 ¢¡ 4 2
¢ ¡ 2 ¢¡ 4 2
¢
+ 1 − 2 + 1 − + 1 − 2 + 1
= lim
→ (2 − 1)2 (2 − 1)2 ( − )
2 4 − 22 2 + 2 + 4 − 22 + 1 − 4 2 + 22 2 − 2 − 4 + 22 − 1
= lim 2 2
→ (2 − 1) (2 − 1) ( − )
¡ 2 ¢ ¡ ¢
2 4 − 4 2 + 32 − 32 + 4 − 4 + 1 4 − 4 + 3 2 − 4 + 32
= lim 2 2 = lim 2 2
→ (2 − 1) (2 − 1) ( − ) → (2 − 1) (2 − 1) ( − )
Aplicando a regra de Ruffini:
2 + 1 0 −4 − 3 0 −4 + 32
3
+ 4 + 2 3
− 3 4 − 32
2 + 1 3 + 2 − 3 3 − 3 0
Logo,
¡ 2 ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
+ 1 3 + 3 + 2 + 2 − 3 + 3 − 3
0 () = lim
→ (2 − 1)2 (2 − 1)2
¡ 2 ¢ 3 ¡ 3 ¢ ¡ ¢
+ 1 + + 2 + 2 − 3 + 3 − 3
=
(2 − 1)4
5 + 3 + 5 + 3 + 3 − 3 + 3 − 3 25 + 43 − 6
= 4 = 4
(2 − 1) (2 − 1)
¡ 4 2
¢ ¡ 2 ¢¡ 2 ¢ ¡ ¢
2 + 2 − 3 2 + 3 − 1 2 2 + 3
= 4 = 4 = 3
(2 − 1) (2 − 1) (2 − 1)
2(2 +3)
Então, 00 () = (2 −1)3 .
Monotonia da função:
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 261
¡ 2 ¢ −∞ −1 1 +∞
− +1 − − − − −
¡ 2 ¢2
−1 + 0 + 0 +
0 () − − −
() & & &
A função não admite extremos relativos.
Mais uma vez se chama a atenção para o facto da função ser estritamente decrescente em cada
um dos três intervalos referenciados no quadro anterior, mas não ser monótona.
Sentido da concavidade:
−∞ −1 0 1 +∞
2 − − − 0 + + +
2 + 3 + + + + + + +
¡ 2 ¢3
−1 + 0 − − − 0 +
00 () − + 0 − +
() P Inf
Existe um ponto de inflexão ( = 0). Como (0) = 0 e 0 (0) = −1, a equação da tangente no
ponto = 0 é = −.
Segue-se a representação gráfica da função (incluindo a tangente no ponto de inflexão) e da sua
derivada:
1
4
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
2
-1
-2
-4 -2 2 4
-3
-2
-4
-4
-5
2
() = 2 −1 = − 0 () = − (2 −1)
+1
2
1
Exemplo 243 Estudo da função () = 2 +1
O domínio da função é R.
(−) = (−)12 +1 = 21+1 = () ∀ ∈ R.
Logo, a função é par, razão pela qual a função não é injectiva, nem existe função inversa de .
Acrescente-se, também, que do facto da função ser par se conclui que a primeira derivada é ímpar
e que a segunda derivada é par.
Correspondência inversa:
r
1 2 1 2 1 1−
= 2 ⇐⇒ + 1 = ⇐⇒ = − 1 ⇐⇒ = ±
+1
262 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
1−
Logo, ≥ 0.
−∞ 0 1 +∞
1− + + + 0 −
− 0 + + +
1−
− + 0 −
Logo, o contradomínio da função é ]0 1], o que mostra que a função tem um máximo absoluto
e não tem mínimo absoluto.
1 1 1
lim () = lim = 2 = = 0+
→−∞ →−∞ 2
+1 (−∞) + 1 +∞
1 1 1
lim () = lim 2 = 2 = = 0+
→+∞ →+∞ + 1 (+∞) + 1 +∞
62 −2
Então, 0 () = − (22
+1)2
e 00 () = (2 +1)3
.
Monotonia da função:
−∞ 0 +∞
−2 + 0 −
¡ 2 ¢2
+1 + + +
0 () + 0 −
() % Máx &
Sentido da concavidade:
√ √
3 3
−∞ − 3 3 +∞
62 − 2 + 0 − 0 +
¡ 2 ¢3
+1 + + + + +
00 () + 0 − 0 +
() PI PI
à √ !
3 3√ 3 3√ 9
− =− 3 − ⇐⇒ = − 3 +
4 8 3 8 8
1.2
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-0.2
1
() = 2 +1
0.6
0.4
0.2
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-0.2
-0.4
-0.6
0 () = − (22
+1)2
Exemplo 244 Estudo da função () = 2 +1
O domínio da função é R.
−
(−) = (−)2
+1
= − 2+1 = − () ∀ ∈ R.
Logo, a função é ímpar, donde se conclui que a primeira derivada é par e que a segunda derivada
é ímpar.
Correspondência inversa:
= 2 ⇐⇒ 2 − + = 0
+1
Se = 0, então = 0, donde
√ vem que zero pertence ao contradomínio da função.
1± 1−42
Se 6= 0, então = 2 .
2
Logo, 1 − 4 ≥ 0, sem impormos 6= 0, pelo que se disse
£ anteriormente.
¤
Logo, − 12 ≤ ≤ 12 , pelo que o contradomínio de é − 12 12 , o que mostra que a função tem
máximo e mínimo absolutos.
1 1
lim () = lim = lim 2 = lim = = 0−
→−∞ →−∞ 2 + 1 →−∞ →−∞ −∞
1 1
lim () = lim 2 = lim 2 = lim = = 0+
→+∞ →+∞ + 1 →+∞ →+∞ +∞
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 265
−∞ 0 +∞
− 0 −
2 + 1 + + +
() − 0 −
Derivadas da função:
2 2 −(−)+−
+− −
0 () − () 2 +1 − 2 +1 (2 +1)(2 +1) (2 +1)(2 +1)
() = lim = lim = lim = lim
→ − → − → − → −
(1 − ) ( − ) 1 − 1 − 2
= lim 2 = lim 2 =
2
→ ( + 1) ( + 1) ( − ) 2
→ ( + 1) ( + 1) (2 + 1)2
1 1
Então, 0 () = − (2 +1) 2
2 +
(2 +1)2
1−2
Seja () = 0 () = (2 +1)2
. Então:
2 2
1−2 1−2 (1−2 )(2 +1) −(1−2 )(2 +1)
() − () (2 +1)2
− (2 +1)2 (2 +1) (2 +1)2
2
0 () = lim = lim = lim
→ − → − → −
¡ 2
¢ ¡ 4 2
¢ ¡ 2
¢ ¡ ¢
1− + 2 + 1 − 1 − + 22 + 1
4
= lim
→ (2 + 1)2 (2 + 1)2 ( − )
4 + 22 + 1 − 4 2 − 22 2 − 2 − 4 − 22 − 1 + 2 4 + 22 2 + 2
= lim 2 2
→ (2 + 1) (2 + 1) ( − )
4 + 32 − 4 2 − 4 − 32 + 2 4
= lim
→ (2 + 1)2 (2 + 1)2 ( − )
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢¡ ¢
2 2 2 − 2 − 3 2 − 2 − 2 − 2 2 + 2
= lim
→ (2 + 1)2 (2 + 1)2 ( − )
¡ ¢
2 2 ( − ) ( + ) − 3 ( − ) ( + ) − ( − ) ( + ) 2 + 2
= lim
→ (2 + 1)2 (2 + 1)2 ( − )
¡ ¢
2 2 ( + ) − 3 ( + ) − ( + ) 2 + 2
= lim
→ (2 + 1)2 (2 + 1)2 ( − )
4 × 2 − 6 − 2 × 22 25 − 43 − 6
= 4 = 4
(2 + 1) (2 + 1)
¡ 4 ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
2 − 22 − 3 2 2 + 1 2 − 3 2 2 − 3
= 4 = 4 = 3
(2 + 1) (2 + 1) (2 + 1)
−∞ −1 1 +∞
1 − 2 − 0 + 0 −
¡ 2 ¢2
+1 + + + + +
0 () − 0 + 0 −
() & mín % Máx &
(−1) = − 12 (1) = 12 .
Sentido da concavidade:
√ √
−∞ − 3 0 3 +∞
2 − − − 0 + + +
2 − 3 + 0 − − − 0 +
¡ 2 ¢3
+1 + + + + + + +
00 () − 0 + 0 − 0 +
() PI PI PI
1√ 1³ √ ´ 1 3√
− 3 = − − 3 ⇐⇒ = − + 3
4 8 8 8
0.4
0.2
-8 -6 -4 -2 2 4 6 8
-0.2
-0.4
() = 2 +1
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
2
1−
0 () = (2 +1)2
Exemplo 245 Estudo da função () = (2 −1)2
1 1 1 −
lim () = lim = lim = lim = 3 = −∞ = 0
→−∞ →−∞4 − 2 + 1 →−∞ 4 →−∞ 3 (−∞)
lim () = 0+ , porque a função é ímpar
→+∞
Assímptotas verticais:
1 1
lim () = lim 2 =
+
= +∞ 2 =
→1+ →1+− 1)(2 0 (0+ )
1 1
lim () = lim− 2 = 2 = 0+ = +∞
→1− →1 (2 − 1) −
(0 )
−1 −1
lim () = lim 2 = 2 = 0+ = −∞
→−1+ →−1+ (2 − 1) −
(0 )
−1 −1
lim () = lim 2 = 2 = 0+ = −∞
→−1− →−1− (2 − 1) +
(0 )
O gráfico da função tem duas assímptotas verticais (as rectas de equação = ±1).
Derivadas da função:
¡ 4 ¢ ¡ ¢
() − () (2 −1)2
− (2 −1)2 − 22 + 1 − 4 − 22 + 1
= =
− − (2 − 1)2 (2 − 1)2 ( − )
4 − 22 + − 4 + 22 −
= 2 2
(2 − 1) (2 − 1) ( − )
¡ ¢
− 3 − 3 + 2 ( − ) + −
= 2 2
(2 − 1) (2 − 1) ( − )
¡ ¢
− ( − ) 2 + + 2 + ( − ) (1 + 2)
= 2 2
(2 − 1) (2 − 1) ( − )
¡ 2 ¢
− + + 2 + (1 + 2)
= 2 2
(2 − 1) (2 − 1)
Então,
¡ ¢
0 () − () − 2 + + 2 + (1 + 2)
() = lim = lim
→ − → (2 − 1)2 (2 − 1)2
¡ ¢ ¡ ¢
−2 2 + 2 + 2 + 1 + 22
=
(2 − 1)4
¡ 2 ¢¡ ¢
−34 + 22 + 1 − 1 −32 − 1 32 + 1
= 4 = 4 =−
(2 − 1) (2 − 1) (2 − 1)3
2
Então, 0 () = − (32 −1)
+1
3 = ().
2. ( )0 = −1 ∀ ∈ R
3. ( )0 = −1 0 ∀ ∈ R
4. ( + )0 = 0 + 0
0
5. ( − ) = 0 − 0
0
6. () = 0 + 0
7. ()0 = 0 + 0 + 0
8. ()0 = 0 ∀ ∈ R
³ ´0 0 − 0
9. =
2
√ 0 1
10. ( ) = √
∀ ∈ N
−1
√ 0 0
11. ( ) = √
∀ ∈ N
−1
Demonstração (de algumas das regras)
Saliente-se que na fórmula anterior (e nas restantes) estamos a supor que as funções envolvidas
(neste caso, e ) têm derivada finita.
Exemplo 247 Determinemos as derivadas das funções anteriormente estudadas, aplicando as re-
gras de derivação:
O domínio da função é R.
Correspondência inversa:
p p
= 2 + 4 ⇐⇒ ≥ 0 ∧ 2 = 2 + 4 ⇐⇒ ≥ 0 ∧ = ± 2 − 4
3 1
2
-4 -2 2 4
1 -1
-4 -2 2 4
-1
√
() = 2 + 4 0 () = √
2 +4
√
Exemplo 249 Estudo da função () = 2 − 4
© ª
Domínio: = ∈ R : 2 − 4 ≥ 0 = ]−∞ −2] ∪ [2 +∞[
Correspondência inversa:
p p
= 2 − 4 ⇐⇒ ≥ 0 ∧ 2 = 2 − 4 ⇐⇒ ≥ 0 ∧ = ± 2 + 4
A função não é injectiva
p , porque não tem função inversa.
De ≥ 0 ∧ = ± 2 + 4, vem ≥ 0, pelo que o contradomínio de é [0 +∞[.
Fazendo q= 0, temos = ±2, pelo que a função admite dois zeros.
√
(−) = (−)2 − 4 = 2 − 4 = () ∀ ∈ , pelo que a função é par.
√
2 −4− √ 2
√2 √ 2 −4− 2
−4
0 () = = ; 00 () = √
−4
= √ = √
2 2 −4 2 −4 ( 2 −4)2 (2 −4) 2 −4 (2 −4) 2 −4
00
Como () 0 ∀ ∈ ]−∞ −2[ ∪ ]2 +∞[, então o gráfico de tem a concavidade voltada para
baixo.
Como o denominador de √2 −4 é positivo, então o sinal de 0 () é o sinal de . Logo, é
estritamente decrescente em ]−∞ −2[ e é estritamente crescente em ]2 +∞[. Como se anula nos
pontos −2 e 2 e é positiva nos restantes pontos do domínio, podemos afirmar que é é estritamente
decrescente em ]−∞ −2] e é estritamente crescente em [2 +∞[.
Como é uma função par, tem um mínimo absoluto nos pontos = −2 e = 2, sendo que o
valor do mínimo é zero.
Como a função é contínua em ]−∞ −2]∪[2 +∞[, o gráfico de não admite assímptotas verticais.
Assímptotas não verticais:
r r
0 2 2
1 = lim () = lim √ = lim = lim =1
→+∞ →+∞ 2 − 4 →+∞ 2 − 4 →+∞ 2 − 4
³p ´ ¡√ ¢ ¡√ ¢
2 − 4 − 2 − 4 +
1 = lim 2 − 4 − = lim √
→+∞ →+∞ 2 − 4 +
2 2
−4− −4 −4
= lim √ = lim √ = = 0−
→+∞ 2 2
− 4 + →+∞ − 4 + +∞
Logo, uma das assímptotas ao gráfico de é a recta de equação = .
Como a função é par, a equação da outra assímptota é = − (recta com a mesma ordenada
na origem e declive simétrico, relativamente à outra assímptota).
Segue-se a representação gráfica da função e da primeira derivada:
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 273
3
4 2
3 1
2
-4 -2 2 4
1 -1
-2
-4 -2 0 2 4
-3
√
() = 2 − 4
0
() = √
2 −4
√
Exemplo 250 Estudo da função () = 4 − 2
© ª © ª
Domínio: = ∈ R : 4 − 2 ≥ 0 = ∈ R : 2 − 4 ≤ 0 = [−2 2]
Correspondência inversa:
p p
= 4 − 2 ⇐⇒ ≥ 0 ∧ 2 = 4 − 2 ⇐⇒ ≥ 0 ∧ = ± 4 − 2
A função não é injectiva
p , porque não tem função inversa.
De ≥ 0 ∧ = ± 4 − 2 , vem 0 ≤ ≤ 2, pelo que o contradomínio de é [0 2].
Fazendo q= 0, temos = ±2, pelo que a função admite dois zeros.
√
(−) = 4 − (−)2 = 4 − 2 = () ∀ ∈ , pelo que a função é par.
√
4−2 − √ − 2 2 2
0
() = 2√−2 =
− √4−2;
00
() = − √
4− 4− √
= − (4− +
2 ) 4−2 =
−4√
4−2 ( 4−2 )2 (4−2 ) 4−2
00
Como () 0 ∀ ∈ ]−2 2[, então o gráfico de tem a concavidade voltada para baixo.
− 0
Como o denominador de √4− 2 é positivo, então o sinal de () é o sinal de −. Logo,
é estritamente crescente em ]−2 0] e é estritamente decrescente em [0 2[. Como se anula nos
pontos −2 e 2 e é positiva nos restantes pontos do domínio, podemos afirmar que é é estritamente
crescente em [−2 0] e é estritamente decrescente em [0 2].
Como é uma função par, tem um máximo absoluto no pontos = 0, sendo que o valor do
máximo é 2. A função admite um mínimo absoluto nos pontos = −2 e = 2. O valor do mínimo
é zero.
Como a função é contínua em [−2 2], o gráfico de não admite assímptotas verticais.
Como o domínio da função é [−2 2], não pode haver assímptotas não verticais:
Segue-se a representação gráfica da função e da primeira derivada:
2.5 3
2.0 2
1.5 1
1.0
-2 -1 1 2
-1
0.5
-2
-2 -1 1 2 -3
√
() = 4 − 2 0 () = − √4−2
274 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
Os referenciais são monométricos, pelo que o primeiro gráfico é uma semicircunferência (incom-
pleta, na imagem apresentada).
Uma função polinomial de terceiro grau não pode ter mais do que três zeros, mas pode ter
menos (um ou dois). ¡ ¢
0 () = 32 − 3 = 3 2 − 1
−∞ −1 1 +∞
0 () + 0 − 0 +
() % Máx & mín %
Como podemos verificar graficamente, no primeiro caso, a função admite três zeros, no segundo
caso, dois zeros e, no terceiro caso, um zero.
O domínio da função é R.
Correspondência inversa:
p
4 2 4 2 2 5± 25 − 4 (4 − )
− 5 + 4 = ⇐⇒ − 5 + 4 − = 0 ⇐⇒ =
r 2
√
5 ± 9 + 4
⇐⇒ =±
2
Como não existe função inversa, não é injectiva.
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 275
£ £
Como 9+4 tem de ser não negativo, então ≥ − 94 , pelo que o contradomínio de é − 94 +∞ .
q √ q
Fazendo = 0, em = ± 5± 29+4 , temos = ± 5±3 2 , ou seja, = ±1 ∨ = ±2. Então, ±1
e ±2 são os zeros da função.
4 2
(−) = (−) − 5 (−) + 4 = 4 − 52 + 4 = () ∀ ∈ R
Então, é uma função par.
¡ ¢
0 () = 43 − 10 = 2 22 − 5
¡ ¢ q
0 () = 0 ⇐⇒ 2 22 − 5 = 0 ⇐⇒ = 0 ∨ = ± 52
Monotonia da função:
q q
−∞ − 52 0 5
2 +∞
2 − − − 0 + + +
22 − 5 + 0 − − − 0 +
0 () − 0 + 0 − 0 +
() & mín % Máx & mín %
³ q ´ ³q ´ ³q ´4 ³q ´2
− 52 = 5
2 =
5
2 −5 5
2 +4= 25
4 − 25
2 +4= 25−50+16
4 = − 94
(0) = 4 ¡ ¢
00 () = 122 − 10 = 2 62 − 5
¡ ¢ q
00 () = 0 ⇐⇒ 2 62 − 5 = 0 ⇐⇒ = ± 56
Sentido da concavidade:
q q
−∞ − 56 5
6 +∞
122 − 10 + 0 − 0 +
() PI PI
³ q ´ ³q ´ ³q ´4 ³q ´2
− 56 = 5
6 =
5
6 −5 5
6 +4= 25
36 − 25
6 +4= 25−150+144
36 = 19
36
Representação gráfica da função e da derivada:
Exercício 253 Seja uma função real de domínio R+ tal que () 0 ∀ ∈ R+ e a recta de
equação = 2 − 3 é uma assímptota ao gráfico de . Determine a equação reduzida da assímptota
2
não vertical ao gráfico da função definida por () = .
()
Resolução
276 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
()
Como a recta de equação = 2 − 3 é uma assímptota ao gráfico de , então lim =2e
→+∞
lim ( () − 2) = −3. Ora,
→+∞
2
() () 2 1
= lim = lim = lim = lim =
→+∞ →+∞ →+∞ () →+∞ () 2
µ ¶ µ 2 ¶ µ 2 ¶
1 1 2 − ()
= lim () − = lim − = lim
→+∞ 2 →+∞ () 2 →+∞ 2 ()
µ ¶ µ ¶
(2 − ()) 1 3
= lim = lim × lim (2 − ()) = × 3 =
→+∞ 2 () →+∞ 2 () →+∞ 4 4
Exercício 254 Seja uma função real ímpar, contínua em R, estritamente crescente e cujo gráfico
admite a assímptota (à direita) de equação = 2 + 3. Seja a função definida por () =
2 + + 1
.
()
Resolução
lim ( () − 2) = lim ( (−) − 2 (−)) = lim (− () + 2) = − lim ( () − 2) =
→−∞ →+∞ →+∞ →+∞
−3.
Então, a recta de equação = 2 − 3 é assímptota ao gráfico de . Logo, o gráfico de
admite duas únicas assímptotas ( = 2 ± 3).
verticais, temos
2 ++1 ¡ ¢
() () 2 + + 1 2 + + 1
1 = lim = lim = lim = lim
→+∞ →+∞ →+∞ () →+∞ 2 ()
2
++1 1 1
= lim × lim 2
= ×1=
→+∞ () →+∞ 2 2
µ ¶ µ 2 ¶
1 ++1 1 22 + 2 + 2 − ()
1 = lim () − = lim − = lim
→+∞ 2 →+∞ () 2 →+∞ 2 ()
(2 + 2 − ()) 2 2 + 2 − ()
= lim + lim = lim × lim +0
→+∞ 2 () →+∞ 2 () →+∞ () →+∞ 2
µ ¶ µ ¶
1 () − 2 − 2 1 3−2 1
= × − lim = × − =−
2 →+∞ 2 2 2 4
2 ++1 ¡ ¢
() () 2 + + 1 2 + + 1
2 = lim = lim = lim = lim
→−∞ →−∞ →−∞ () →−∞ 2 ()
2 + + 1 1 1
= lim × lim =− ×1=−
→−∞ () →−∞ 2 2 2
µ ¶ µ 2 ¶
1 ++1 1 22 + 2 + 2 + ()
2 = lim () + = lim + = lim
→−∞ 2 →−∞ () 2 →−∞ 2 ()
(2 + 2 + ()) 2 2 + 2 + ()
= lim + lim = lim × lim +0
→−∞ 2 () →−∞ 2 () →−∞ () →−∞ 2
µ ¶ µ ¶
1 () − 2 + 2 1 3+2 5
= − × lim =− × =−
2 →+∞ 2 2 2 4
Exercício 255 Seja uma função real par, contínua em R, com um único zero e cujo gráfico
admite a assímptota (à direita) de equação = 2 + 3. Seja a função definida por () =
2 + + 1
.
()
Resolução
278 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
1. Existe um número real tal que () = 0. Como é par, então, (−) = 0. Como o zero
da função é único, tem de ser = −, donde vem = 0.
()
2. Como = 2 + 3 é assímptota à direita, temos lim = 2 ∧ lim ( () − 2) = 3.
→+∞ →+∞
Então, as assímptotas não verticais são as rectas de equação = ±2 + 3. Como é contínua
em R, não há assímptotas verticais.
3. Comecemos por observar que () 0 ∀ ∈ R\ {0}, porque lim ( () − 2) = 3, o que
→+∞
significa que devemos ter () 2 0, para certo valor positivo . Como a função é
contínua, não pode haver um valor positivo , tal que () 0, pois, nesse caso, a função
teria um zero positivo (pelo Teorema de Bolzano). Então, () 0 ∀ ∈ R+ . Como é par,
então () 0 ∀ ∈ R\ {0}.
Então, é contínua em R\ {0}, por ser um quociente entre duas funções contínuas, tendo-se
que o denominador apenas se anula no ponto = 0.
2 + + 1 1 1
Ora, lim+ () = lim+ = + = +∞. Como é par, lim− () = + = +∞.
→0 →0 () 0 →0 0
2 ++1 ¡ ¢
() () 2 + + 1 2 + + 1
1 = lim = lim = lim = lim
→+∞ →+∞ →+∞ () →+∞ 2 ()
2 + + 1 1 1
= lim × lim = ×1=
→+∞ () →+∞ 2 2 2
µ ¶ µ 2 ¶
1 ++1 1 22 + 2 + 2 − ()
1 = lim () − = lim − = lim
→+∞ 2 →+∞ () 2 →+∞ 2 ()
(2 + 2 − ()) 2 2 + 2 − ()
= lim + lim = lim × lim +0
→+∞ 2 () →+∞ 2 () →+∞ () →+∞ 2
µ ¶ µ ¶
1 () − 2 − 2 1 3−2 1
= × − lim = × − =−
2 →+∞ 2 2 2 4
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 279
Exercício 256 Na vedação dum recinto rectangular, gastaram-se 80 m de rede. Sabendo que um
dos lados do rectângulo não foi vedado (devido à existência dum muro) e que a área do recinto é a
máxima possível, determine as dimensões do recinto e o comprimento do muro.
Resolução
Seja o comprimento dos lados perpendiculares ao muro e o comprimento do muro (em metro).
Então, 2 + = 80, donde vem = 80 − 2.
Então, a área do rectângulo é () = (80 − 2) = 80 − 22 , com 0 40.
Logo, 0 () = 80 − 4
0 20 40
0 () + 0 −
() % Máx &
A função tem um máximo para = 20, pelo que o recinto tem 20 m de largura por 40 m de
comprimento .
O muro tem 40 m de comprimento.
Exercício 257 Na vedação dum recinto rectangular, gastaram-se 160 m de rede com 2 m de largura.
Sabendo que um dos lados do rectângulo não foi vedado (devido à existência dum muro), que a área
do recinto é a máxima possível e que a vedação tem 4 m de altura, determine as dimensões do
recinto e indique o comprimento do muro.
Resolução
Seja o comprimento dos lados perpendiculares ao muro e o comprimento do muro (em metro).
Então, 2 (2 + ) = 160, donde vem 2 + = 80. E obtivemos a mesma função do exercício
anterior.
Então, como no exemplo anterior, dois lados consecutivos do rectângulo medem 20 m e 40 m. O
muro tem 40 m de comprimento.
Exercício 258 Na vedação dum recinto desportivo, gastaram-se 160 m de rede com 2 m de largura.
Sabendo que um dos lados do rectângulo não foi vedado (devido à existência dum muro), que a área
do recinto é a máxima possível, que a vedação, junto às balizas, tem 4 m de altura e que, no lado
oposto ao muro, tem 2 m de altura, determine as dimensões do recinto e o comprimento do muro.
280 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
Resolução
Seja o comprimento dos lados perpendiculares ao muro e o comprimento do muro (em metro).
Então, 4 + = 160, donde vem = 160 − 4, pelo que a área do rectângulo é () =
(160 − 4), ou seja, () = 160 − 42 , com 0 40.
Então, 0 () = 160 − 8.
0 20 40
0 () + 0 −
() % Máx &
A função tem um máximo para = 20, pelo que o recinto tem 20 m de largura por 80 m de
comprimento ( = 160 − 80). O muro tem 80 m de comprimento.
Exercício 259 Considere um triângulo rectângulo em que os lados medem 3 cm, 4 cm e 5 cm. Qual
a área máxima do rectângulo que pode ser "inscrito"no triângulo?
Resolução
Suponhamos que dois dos lados do rectângulo estão sobre os catetos do triângulo, conforme a
figura seguinte (que não pretende traduzir a solução exacta do problema):
E
D
A C
F
A C
F
µ ¶
4 25 20 100 2
() = 5− = −
3 9 3 27
9 9
0 10 5
0
() + 0 −
() % Máx &
¡9¢
Como 10 = 3, a área máxima do rectângulo "inscrito", da forma anterior no triângulo, é
3 cm2 , valor este que é igual ao máximo obtido anteriormente.
Exercício 260 Entre os triângulos de perímetro 30 cm, determine aquele(s) que têm área máxima.
Resolução
Comecemos por verificar que o triângulo de perímetro 30 cm e área máxima não pode ser es-
caleno.
Como se pode verificar na figura seguinte, o triângulo [], que estamos a supor escaleno,
pode ser substituído por outro com o mesmo perímetro, que é isósceles e que tem maior área. Logo,
o triângulo escaleno não pode ser o triângulo de área máxima.
282 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
Então, o triângulo de área máxima tem de ser isósceles (o que inclui a hipótese de ser equilátero).
O problema inicial foi substituído por outro mais simples que consiste em determinar os triân-
gulos isósceles de perímetro 30 cm que têm área máxima.
Se fizermos = = , então = 30 − 2.
Se aplicarmos a fórmula de Heron, temos para a área do triângulo []:
p q
() = 15 (15 − ) (15 − ) (15 − (30 − 2)) = 15 (15 − )2 (2 − 15)
De passagem, observe-se que 2 30 − 2, porque a soma de dois lados dum triângulo é maior
do que o outro lado. Logo, 15 2 15
Se não aplicarmos a referida fórmula de Heron, podemos determinar , a altura do triângulo
2 2 2
relativa ao vértice
√ , recorrendo p ao Teorema de Pitágoras: + (15 − ) = .
Então, = 30 − 225 = 15 (2 − 15).
p
Logo, () = (15 − ) 15 (2 − 15), com 15 15.
q 2
Note-se que maximizar a função () = 15 (15 − )2 (2 − 15) equivale a maximizar a função
2 ¤ £
definida por () = (15 − ) (2 − 15) e com o mesmo domínio de . (), ou seja, 15 2 15 .
É claro que é mais fácil calcular e estudar a derivada da função () do que calcular e estudar
a derivada da função (), pelo que vamos calcular a derivada da função ():
¡ ¢
() = (15 − )2 (2 − 15) = 225 − 30 + 2 (2 − 15) = 23 − 752 + 900 − 3375
¡ ¢
0 () = 62 − 150 + 900 = 6 2 − 25 + 150
Para = 10, temos que todos os lados do triângulo são iguais, pelo que o triângulo de área
máxima é equilátero.
√ √ √
Como (10) = 15 × 52 × 5 = 25 3, então o valor máximo da área do triângulo é 25 3 cm2 .
2
Exercício 261 Considere o gráfico da função definida por () = −1 .
c) Determine uma equação da recta tangente ao gráfico da função nos pontos de abcissa zero e
−1. Determine o ponto de intersecção da tangente com cada uma das assímptotas e o ponto
de intersecção das duas assímptotas. Calcule a área do triângulo definido pelos três pontos
anteriores.
d) Mostre que a área do triângulo definido pelas assímptotas e pela tangente à hipérbole, num
ponto da mesma, é constante, isto é, não depende do ponto considerado.
Resolução
2 ( − 1) − 2 22 − 2 − 2 2 − 2
a) 0 () = = =
( − 1)2 ( − 1)2 ( − 1)2
2 1 2 1
b) lim− () = lim− = − = −∞; lim+ () = lim+ = + = +∞
→1 →1 −1 0 →1 →1 −1 0
Logo, a recta de equação = 1 é uma assímptota vertical.
2 − 2 2 − 2
= lim 0 () = lim 2 = lim =1
→∞ →∞ ( − 1) →∞ 2 − 2 + 1
µ 2 ¶
2 − 2 +
= lim ( () − ) = lim − = lim = lim =1
→∞ →∞ − 1 →∞ −1 →∞ −1
Logo, a recta de equação = + 1 é uma assímptota oblíqua.
Para = 1, temos
2 2 − 2 2 2 − 2 2
− = 2 (1 − ) ⇐⇒ = − ⇐⇒ =
−1 ( − 1) −1 −1 −1
µ ¶
2
Já temos dois vértices do triângulo: = 1 = (1 2)
¯ −1 ¯ ¯ ¯
¯ 2 ¯ ¯ 2 ¯ 2
A distância entre os dois pontos e é ¯¯ − 2¯¯ = ¯¯ ¯=
¯ .
−1 −1 | − 1|
, o terceiro vértice, é a intersecção da recta de equação = + 1 com a recta definida por
2 2 − 2
− = 2 ( − ).
−1 ( − 1)
⎧ 2 2
⎧ 2 2
⎨ − = − 2 ( − ) ⎨ + 1 − = − 2 ( − )
⎩
−1 ( − 1)2 ⇐⇒
⎩
−1 ( − 1)2
=+1 =+1
½ 2 ¡ ¢
( − 1) ( + 1) − 2 ( − 1) = 2 − 2 ( − )
⇐⇒
=+1
½ ¡ 2 ¢ ¡ ¢
− 2 + 1 + 2 − 2 + 1 − 3 + 2 = 2 − 2 − 3 + 22
Logo, .
½ = + 1
= 2 − 1
Então, .
= 2
2
Logo, = (2 − 1 2). A base do triângulo é , e a altura é |2 − 1 − 1| = |2 − 2|.
| − 1|
1 2 1
Logo, a área do triângulo é × × |2 − 2| = × 2 | − 1| = 2.
2 | − 1| | − 1|
2 2
Exercício 262 Considere a hipérbole definida por 9 − 16 = 1. Mostre que a área do triângulo
definido pelas assímptotas e pela tangente à hipérbole, num ponto da mesma, é constante, isto é,
não depende do ponto considerado.
Resolução
Comecemos por observar que uma hipérbole tem centro de simetria e dois eixos de simetria, pelo
que basta verificar o que se passa, quando o ponto de tangência pertence ao primeiro quadrante.
Seja um número real positivo. Ora:
2 2 92 3p 2
− = 1 ⇐⇒ 2 = + 9 ⇐⇒ = ± + 16
9 16 16 4
286 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
√
Consideremos a função definida por () = 34 2 + 16, cujo gráfico é um dos ramos da hipér-
bole.
Então, 0 () = 34 × 2√2 √ 3 0 √ 3
2 +16 = 4 2 +16 . Logo, () = 4 2 +16 .
√
Por outro lado, temos () = 34 2 + 16, pelo que a tangente ao gráfico de , no ponto = ,
é definida por
3p 2 3
− + 16 = √ ( − )
4 4 2 + 16
√ 3
Então, = 2 + 16 + 4√3
4 2 +16
( − )
√ 2 3(2 +16)−32
Logo, (0) = 34 2 + 16 − 4√3 2 +16
= 4√2 +16 = √ 48
4 2 +16
= √12
2 +16 .
3
As assímptotas à hipérbole são as rectas definidas por = ± 4 .
Intersecção da tangente com a assímptota de equação = 34 :
3 √ 16 12
Logo, = 4 × 2 +16−
= √
2 +16− .
³ ´
E o ponto de intersecção é √ 16 12
√2 +16− .
2 +16−
Intersecção da tangente com a assímptota de equação = − 34 :
Vértices
³ do primeiro triângulo:´ ³ ´
16 12
= − √2 +16+ √2 +16+ , = 0 √12
2 +16
e = (0 0).
1 √ 12 √ 16 96
A área deste triângulo é 1 = 2 × × ,
donde vem 1 = √2 +16 √ .
2 +16 2 +16+
´ ( +16+)
2
³ ´ ³
16 12
Vértices do segundo triângulo: = √2 +16− √2 +16− , = 0 √12
2 +16 e = (0 0).
1 √ 12 √ 16 96
Então, a área deste triângulo é 2 = 2 × 2 +16
× 2 +16−
= √ √
2 +16( 2 +16−)
.
Logo, a área do triângulo inicial é:
96 96
1 + 2 = √ ¡√ ¢+√ ¡√ ¢
2 2
+ 16 + 16 + + 16 2 + 16 −
2
¡√ ¢ ¡√ ¢
96 2 + 16 − + 96 2 + 16 +
= √ ¡√ ¢ ¡√ ¢
2 + 16 2 + 16 + 2 + 16 −
√ √ √
96 2 + 16 − 96 + 96 2 + 16 + 96 192 2 + 16
= √ = √ = 12
(2 + 16 − 2 ) 2 + 16 16 2 + 16
2 2
Exercício 263 Considere a hipérbole definida por 2 − 2 = 1, com e números reais positivos.
Mostre que a área do triângulo definido pelas assímptotas e pela tangente à hipérbole num ponto da
mesma é constante, isto é, não depende do ponto considerado.
Resolução
Seja um número real positivo. Ora:
¡ ¢
2 2 2 2 + 2 2 2 2 + 2
− 2 = 1 ⇐⇒ 2 = ⇐⇒ =
2 2 2
√
Então, = ± 2 + 2 .
√
Consideremos a função definida por () = 2 + 2 , cujo gráfico é um dos ramos da hipér-
bole. Então, 0 () = 2√2
2 +2
= √
2 +2 .
√
Por outro lado, temos () = 2 + 2 , pelo que a tangente ao gráfico de , no ponto
¡ √ ¢ √
2 + 2 , é definida por − 2 + 2 = √ 2 +2
( − ).
Então,
¡ ¢
p 2 2
2 + 2 + − 2
= + + √ ( − ) = √
2 + 2 2 + 2
¡ 2 ¢
2 2 2 +
+ + −
= √ = √
2
+ 2 2 + 2
288 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
p 2 p 2 2
− + 2 = √ (0 − ) ⇐⇒ = + 2 − √
2 + 2 2 + 2
¡ 2 ¢
+ 2 − 2 2
⇐⇒ = √ ⇐⇒ = √
2 + 2 2 + 2
³ ´
O ponto pretendido é 0 √
2 +2 .
Intersecção da tangente com a assímptota de equação = :
¡ ¢ ³p ´
2 + p 2
√ = ⇔ 2 + = 2 + 2 ⇔ 2 + 2 − = 2 ⇔ = √
2 + 2 2 + 2 −
2
√ √
Logo, = × 2 +2 −
= 2 +2 −
.
³ 2
´
O ponto pretendido é √
√2 + .
2 +2 − 2 −
¡ ¢ ³p ´
2 + p
√ =− ⇐⇒ 2 + = − 2 + 2 ⇐⇒ 2 + 2 + = −2
2
+ 2
2
⇐⇒ = −√
2 + 2 +
2
Logo, = − × √ −
2 +2 +
= √
2 +2 +
.
³ ´
2 √
O ponto pretendido é − √2 + 2 +
2 +2 +
.
Note-se que o ponto anterior tem abcissa negativa e ordenada positiva.
Então, os vértices do triângulo
³ definido pelas duas´ assímptotas
³ e pela tangente à ´hipérbole são
2 2
os três pontos = (0 0), = √
2 +2 −
2 +2 − e = − 2 +
√ √
2 +
√2 + 2 + .
³ ´
O triângulo [] pode ser dividido em dois, considerando o ponto = 0 √ 2 +2 , obtido
anteriormente, pelo que a área do triângulo inicial é a soma da área do triângulo [] com a área
do triângulo de [], cujas áreas, 1 e 2 , são de cálculo imediato:
⎧
⎨ 1 = 1 √ 2 3
√
2 × 2 +2
× √
2 +2 +
= √
2 2 +2 ( 2 +2 +)
2 3
⎩ 2 = 1
× √ × √ = √ √
2 2 +2 2 +2 − 2 2 +2 ( 2 +2 −)
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 289
Então:
3 3
1 + 2 = √ ¡√ ¢+ √ ¡√ ¢
2
2 + 2 2
+ + 2 2
2 + 2 2 + 2 −
µ ¶
3 1 1
= √ × √ +√
2 2 + 2 2 + 2 + 2 + 2 −
3
√ √
2 + 2 − + 2 + 2 +
= √ × ¡√ ¢ ¡√ ¢
2
2 + 2 2 + 2 + 2 + 2 −
√
3 2 2 + 2 3
= √ × 2 = =
2 2 + 2 + 2 − 2 2
Repare-se que, no exercício anterior, tínhamos = 4 e = 3, tendo-se obtido para a área do
triângulo 3 × 4 = 12 unidades de área.
1
Exercício 264 Considere a função definida por () = 2 + 1 + −2 . Mostre que a área do
triângulo definido pelas assímptotas e pela tangente à hipérbole num ponto da mesma é constante,
isto é, não depende do ponto considerado.
Resolução ³ ´
1 1
Seja um número real tal que 2. Então, () = 2+1+ −2 , pelo que = 2 + 1 + −2 .
1 1
Por outro lado, temos 0 () = 2 − (−2) 0
2 , pelo que = () = 2 −
(−2)2
.
Uma equação da tangente ao gráfico de , no ponto = , é
à !
1 1
− 2 − 1 − = 2− 2 ( − )
−2 ( − 2)
Então,
à !
1 1 1
= 2 + 1 + + 2 − 2 − 2 + 2 = 2− 2 +1+ +
−2 ( − 2) ( − 2) ( − 2) − 2 ( − 2)2
Assímptotas: = 2 + 1 e = 2.
Intersecção da tangente com a recta = 2:
à !
1 1 2 1
= 2 2− 2 +1+ + 2 =4− 2 +1+ +
( − 2) − 2 ( − 2) ( − 2) − 2 ( − 2)2
+−2−2 2 − 4 2
= 5+ 2 =5+ 2 =5+ −2
( − 2) ( − 2)
³ ´
2
Logo, o ponto de intersecção é = 2 5 + −2 .
Intersecção da tangente com a recta de equação = 2 + 1:
à !
1 1 1
2− 2 +1+ + 2 = 2 + 1 ⇐⇒ − 2 + + =0
( − 2) − 2 ( − 2) ( − 2) − 2 ( − 2)2
1
⇐⇒ 2 = + 2
( − 2) − 2 ( − 2)
⇐⇒ = − 2 + ⇐⇒ = 2 − 2
290 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
Logo, = 4 − 3.
Então, o ponto de intersecção½é = (2 − 2 4 − 3).
½
=2 =2
Intersecção das assímptotas: ⇐⇒
= 2 + 1 =5
Então, o ponto de intersecção é = (2 5).
Exercício 265 Seja () = 2 + , com ∈ R, uma função quadrática. Mostre que existe um
e um só ponto do gráfico da função onde a tangente ao gráfico é paralela à bissectriz dos quadrantes
ímpares. E se pretendermos que as rectas sejam estritamente paralelas?
Resolução
Comecemos por observar que em vez de () = 2 +, devíamos escrever () () = 2 +,
o que, entre outras coisas, permite distinguir umas funções das outras. Uma observação importante
é que 6= 0, pois, caso = 0, tínhamos () = , que não é uma função quadrática.
Finalmente, observe-se que o declive da recta tangente ao gráfico duma função num ponto é a
derivada da função nesse ponto, que a bissectriz dos quadrantes ímpares é a recta de equação =
e que rectas paralelas (não verticais) têm o mesmo declive (finito). É claro que estamos a supor
que o referencial é ortonormado.
Posto isto, passemos à resolução propriamente dita:
Como 0 () = 2 + , temos de resolver a equação 2 + = 1, a qual é equivalente a = 1− 2 .
Então, no ponto de abcissa 1−2 , a tangente ao gráfico tem declive 1, pelo que é paralela à bissectriz
dos quadrantes ímpares.
Quanto à segunda parte da questão, temos
µ ¶ µ ¶2 µ ¶ ¡ ¢
1− 1− 1− 1 − 2 + 2 − 2
= + = +
2 2 2 42 2
2 2 2
1 − 2 + 2 − 2 1−
= + =
4 4 4
³ ´
1−2
Então, o ponto de tangência é = 1− 2 4 , sendo que este ponto pertence à bissectriz dos
1− 1−2
quadrantes ímpares, se 2 = 4 .
13.1. ESTUDO DE FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL 291
Ora,
1− 1 − 2 2 − 2 1 − 2 2 − 2 + 1
= ⇐⇒ = ⇐⇒ = 0 ⇐⇒ = 1
2 4 4 4 4
Se = 1, então = (0 0) e a função () = 2 + tem derivada 1, no ponto = 0, tendo-se
que a tangente ao gráfico é a recta de equação = .
Vejamos dois exemplos:
-2 -1 1 2
-1
-2 -1 1 2
-1
-2
-3
-4
( − 1)2
=
4
Na questão inicial, tínhamos = 0, pelo que tem de ser = 1.
Exemplo 266 Consideremos os conjuntos = {1 2 3 4} = {6 7 8 9} = {11 13 15 17}.
Consideremos as aplicações e definidas do seguinte modo:
µ ¶ µ ¶
1 2 3 4 6 7 8 9
= =
6 7 8 9 11 33 15 17
Exemplo 267 Considere as funções reais de variável real definidas por () = 2 + 1 e () =
3 + 2. Determine ( ◦ ) (), ( ◦ ) () e respectivos domínios.
Resolução
Comecemos por notar que = = R. Além disso, ◦ = { : ∈ ∧ () ∈ } = R.
Analogamente, ◦ = { : ∈ ∧ () ∈ } = R. Então, neste exemplo, podemos afirmar
que ◦ = ◦ = R.
Quanto às expressões que definem ◦ e ◦ , temos:
½
( ◦ ) () = ( ()) = (3 + 2) = 2 (3 + 2) + 1 = 6 + 5
( ◦ ) () = ( ()) = (2 + 1) = 3 (2 + 1) + 2 = 6 + 5
Neste caso, temos ( ◦ ) () = ( ◦ ) () ∀ ∈ R, pelo que se diz que as duas funções dadas
são permutáveis (para a composição de aplicações).
13.2. COMPOSIÇÃO DE FUNÇÕES 293
Exemplo 268 Considere as funções reais de variável real definidas por () = 2 + 1 e () =
3 + 1. Determine ( ◦ ) (), ( ◦ ) () e respectivos domínios.
Resolução
Comecemos por notar que = = R. Além disso, temos que ◦ = { : ∈ ∧ () ∈ }.
Analogamente, ◦ = { : ∈ ∧ () ∈ }. Então, ◦ = ◦ = R.
Quanto às expressões que definem ◦ e ◦ , temos:
½
( ◦ ) () = ( ()) = (3 + 1) = 2 (3 + 1) + 1 = 6 + 3
( ◦ ) () = ( ()) = (2 + 1) = 3 (2 + 1) + 1 = 6 + 4
Neste caso, as funções não são permutáveis. Tal significa que o exemplo anterior, onde as duas
funções permutavam, foi um mero acaso (ou resultou dum trabalho prévio).
Note-se que dadas as duas funções () = 2 + 1 e () = 3 + , temos o seguinte:
½
( ◦ ) () = (3 + ) = 2 (3 + ) + 1 = 6 + 2 + 1
( ◦ ) () = (2 + 1) = 3 (2 + 1) + = 6 + 3 +
Então, as duas funções permutam (para a composição) se 2 + 1 = + 3. Logo, devemos ter
= 2.
Observemos que a composição de funções goza duma importante propriedade: é associativa. No
entanto, como vimos, a composição de aplicações, em geral, não é comutativa.
2+1
Exemplo 269 Considere as funções reais de variável real definidas por () = −2 e () =
3+1
−1 . Determine ( ◦ ) (), ( ◦ ) () e respectivos domínios.
Resolução
Comecemos por notar que = \ {2} e que = \ {1}. Então,
⎧ n o
⎨ ◦ = { : ∈ ∧ () ∈ } = : 6= 1 ∧ 3+1 =
6 2
n −1 o
⎩ ◦ = { : ∈ ∧ () ∈ } = : 6= 2 ∧ 2+1 = 6 1
−2
Então,
⎧ n o n o
⎨ ◦ = : 6= 1 ∧ 3+1−2+2 +3
6= 0 = : 6= 1 ∧ −1 6= 0 = \ {−3 1}
n −1 o n o
⎩ ◦ = : = 6 2∧ 2+1−+2 +3
6= 0 = : 6= 2 ∧ −2 6= 0 = \ {−3 2}
−2
Note-se que é costume começar por determinar as expressões que definem as funções compostas
e, só depois, determinar o contradomínio. Ora,
³ ´
µ ¶ 2 3+1 + 1 6+2+−1
3 + 1 −1 −1 7 + 1
( ◦ ) () = ( ()) = = 3+1 = 3+1−2+2 =
−1 −1 − 2 −1
+3
E, agora, temos
³ ´
µ ¶ 3 2+1
+ 1 6+3+−2
2 + 1 −2 −2 7 + 1
( ◦ ) () = ( ()) = = 2+1 = 2+1−+2 =
−2 −2 − 1 −1
+3
E, muito curiosamente, chegámos à mesma expressão, em ambos os casos. No entanto, não
podemos garantir que as funções ◦ são iguais, porque os domínios são diferentes!
294 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
Exemplo 270 Considere as funções reais de variável real definidas por () = 2 + 1 e () =
2 + 1. Determine ( ◦ ) (), ( ◦ ) () e respectivos domínios.
Resolução
Como = = R, então ◦ = ◦ = R. E, agora, temos
½ ¡ ¢ ¡ ¢
( ◦ ) () = ( ()) = 2 + 1 = 2 2 + 1 + 1 = 22 + 3
( ◦ ) () = ( ()) = (2 + 1) = (2 + 1)2 + 1 = 42 + 4 + 2
√
Exemplo 271 Considere as funções reais de variável real definidas por () = 2 − 4 e () =
2 + 1. Determine ( ◦ ) (), ( ◦ ) () e respectivos domínios.
Resolução
Então,
( ¡ ¢ p √ √
( ◦ ) () = ( ()) = 2 + 1 = 2 (2 + 1) − 4 = 22 + 2 − 4 = 22 − 2
¡√ ¢ ¡√ ¢2
( ◦ ) () = ( ()) = 2 − 4 = 2 − 4 + 1 = 2 − 4 + 1 = 2 − 3
Exemplo 272 Considere as funções reais de variável real definidas por () = 2−3 e () = 2 +
1, com = [3 +∞[ e = ]−∞ 10]. Determine ( ◦ ) (), ( ◦ ) () e respectivos domínios.
Resolução
½ ¡ ¢ ¡ ¢
( ◦ ) () = ( ()) = 2 + 1 = 2 2 + 1 − 3 = 22 − 1
2
( ◦ ) () = ( ()) = (2 − 3) = (2 − 3) + 1 = 42 − 12 + 10
Quanto aos domínios, não nos serve de nada acompanhar os cálculos anteriores.
½ © ª
◦ = { : ∈ ∧ () ∈ } = : ≤ 10 ∧ 2 + 1 ≥ 3
◦ = { : ∈ ∧ () ∈ } = { : ≥ 3 ∧ 2 − 3 ≤ 10}
Então, ½ © ª ¤ √ ¤ £√ ¤
◦ = © : ≤ 10 ∧ 2 − 2ª≥ 0£ = ¤−∞ − 2 ∪ 2 10
◦ = : ≥ 3 ∧ ≤ 13 2 = 3 13
2
Exercício 273 Sejam e duas funções crescentes, de domínio R. Prove que ◦ é uma função
crescente em R.
13.2. COMPOSIÇÃO DE FUNÇÕES 295
Resolução
O domínio de ◦ é R. Sejam ∈ R, tais que . Então, () ≤ (), porque é
crescente.
E, agora, vem ( ()) ≤ ( ()), porque é crescente.
Então, se , temos ( ◦ ) () ≤ ( ◦ ) (). Logo, ◦ é crescente.
Exercício 274 Sejam e duas funções crescentes, de domínio R. Prove que ◦ é uma função
crescente em R.
Resolução
O domínio de ◦ é R. Sejam ∈ R, tais que . Então, () ≥ (), porque é
decrescente.
E, agora, vem ( ()) ≤ ( ()), porque é decrescente.
Então, se , temos ( ◦ ) () ≤ ( ◦ ) (). Logo, ◦ é crescente.
Exercício 275 Sejam e duas funções de domínio R, sendo crescente e decrescente. Prove
que ◦ é uma função decrescente em R.
Resolução
O domínio de ◦ é R. Sejam ∈ R, tais que . Então, () ≤ (), porque é
crescente.
E, agora, vem ( ()) ≥ ( ()), porque é decrescente.
Então, se , temos ( ◦ ) () ≥ ( ◦ ) (). Logo, ◦ é decrescente.
Exercício 276 Sejam e duas funções injectivas, de domínio R. Prove que ◦ é uma função
injectiva em R.
Resolução
O domínio de ◦ é R. Sejam ∈ R, tais que 6= . Então, () 6= (), porque é
injectiva.
E, agora, vem ( ()) 6= ( ()), porque é injectiva.
Então, se , temos ( ◦ ) () 6= ( ◦ ) (). Logo, ◦ é injectiva.
Exercício 277 Sejam e duas funções pares, de domínio R. Prove que ◦ é uma função par
em R.
Resolução
O domínio de ◦ é R. Seja ∈ R. Então, (−) = () ∀ ∈ R, porque é par.
E, agora, vem ( (−)) = ( ()) ∀ ∈ R, porque (−) = () ∀ ∈ R.
Então, ( ◦ ) (−) = ( ◦ ) () ∀ ∈ R. Logo, ◦ é par.
Exercício 278 Sejam e duas funções, de domínio R, tais que é ímpar e é par. Prove que
◦ é uma função par em R.
Resolução
O domínio de ◦ é R. Seja ∈ R. Então, (−) = − () ∀ ∈ R, porque é ímpar.
E, agora, vem ( (−)) = (− ()) = ( ()) ∀ ∈ R, porque é par.
Então, ( ◦ ) (−) = ( ◦ ) () ∀ ∈ R. Logo, ◦ é par.
296 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
Exercício 279 Sejam e duas funções, de domínio R, tais que é par e é ímpar. Prove que
◦ é uma função par em R.
Resolução
O domínio de ◦ é R. Seja ∈ R. Então, (−) = () ∀ ∈ R, porque é par.
E, agora, vem ( (−)) = ( ()) ∀ ∈ R, porque é par.
Então, ( ◦ ) (−) = ( ◦ ) () ∀ ∈ R. Logo, ◦ é par.
Exercício 280 Sejam e duas funções ímpares, de domínio R. Prove que ◦ é uma função
ímpar em R.
Resolução
O domínio de ◦ é R. Seja ∈ R. Então, (−) = − () ∀ ∈ R, porque é ímpar.
E, agora, vem ( (−)) = (− ()) = − ( ()) ∀ ∈ R, porque é ímpar.
Então, ( ◦ ) (−) = − ( ◦ ) () ∀ ∈ R. Logo, ◦ é ímpar.
Resolução
O domínio de ◦ é R. Seja ∈ R. Então,
1. () = ( − 1)
15
10
-2 2
10
-2 2
y 15
10
-2 2
4. () = () − 1
12
10
-2 2
-2
5. () = − ()
8
6
4
2
-2 2
-2
-4
-6
-8
6. () = (2)
-2 2
13.2. COMPOSIÇÃO DE FUNÇÕES 299
¡¢
7. () = 2
-2 2
8. () = 2 ()
-2 2
-2
9. () = 12 ()
-2 2
-2
-2 2
-2
y 8
-2 2
-2
Mantêm-se os pontos do gráfico de que tenham ordenada não negativa. Os pontos do gráfico
de que tenham ordenada negativa são substituídos pelos seus simétricos em relação ao eixo
das abcissas.
8
6
4
2
-2 2
-2
-4
-6
-8
Mantêm-se os pontos do gráfico de que tenham ordenada não positiva. Os pontos do gráfico
de que tenham ordenada positiva são substituídos pelos seus simétricos em relação ao eixo
das abcissas.
302 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
14. () = (4 − )
-2 2 4 6
-2
O ponto de abcissa 2 mantém-se, enquanto que os restantes pontos são substituídos pelos seus
simétricos em relacão à recta de equação = 2.
y 8
-2 2 4 6
-2
gráfico de quatro unidades para a direita, devido ao facto do gráfico ser simétrico.
y 8
-2 2 4 6
-2
¡ ¡ ¢¢
17. () = (2 − 3) = 2 − 32
Neste caso, o gráfico desloca-se três meias unidades para a direita e sofre uma contracção ao
longo do eixo das abcissas, mantendo-se fixo o ponto = 32 (na segunda transformação).
y 8
-2 2 4 6
-2
304 CAPÍTULO 13. FUNÇÕES REAIS DE VARIÁVEL REAL
Capítulo 14
Neste capítulo vamos estudar funções reais de variável real definidas por mais do que uma expressão.
Vamos começar pelos exemplos mais correntes e terminaremos com dois casos especiais: consumo
da água de uso doméstico e o imposto da Sisa (agora, IMT).
Nesta primeira parte, vamos dar exemplos comuns e outros exemplos menos habituais. Entre
estes exemplos menos habituais está o prolongamento de uma função de modo que a mesma seja
diferenciável (e, por isso, também contínua).
305
306 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
-4 -2 2 4
-2
-4
Duma maneira semelhante ao cálculo dos limites laterais, também podemos calcular as derivadas
laterais nos pontos = −1 e = 1:
Cálculo da derivada à esquerda, no ponto = −1 (e não à esquerda do ponto = −1):
0 (−1) = lim − ()−
+1
(−1)
= lim − 2+1+1
+1 = lim − 2+2 2(+1)
+1 = lim − +1 = 2
→−1 →−1 →−1 →−1
Quanto à derivada à direita, no ponto = −1, temos:
0 (−1) = lim + ()−
+1
(−1)
= lim + +1
+1 = 1
→−1 →−1
Como as derivadas laterais, no ponto = −1, são diferentes, não existe derivada de neste
ponto.
Observe-se que é costume escrever-se 0 (−1+ ), em vez de 0 (−1), embora essa notação seja
responsável por algumas confusões (por exemplo, derivada à direita do ponto).
Analogamente, temos:
0 (1) = lim− ()−
−1
(1)
= lim− −1
−1 = 1
→1 →1
()− (1) 2−1−1 2−2 2(−1)
0 (1) = lim+ −1 = lim+ −1 = lim+ −1 = lim+ −1 =2
→1 →1 →1 →1
Então, não existe derivada de no ponto = 1.
Cálculo dos zeros da função:
2 + 1 = 0 ∧ ≤ −1 ⇐⇒ = − 12 ∧ ≤ −1 ⇐⇒ ∈ ∅
= 0 ∧ −1 ≤ 1 ⇐⇒ = 0
2 − 1 = 0 ∧ ≥ 1 ⇐⇒ = 12 ∧ ≥ 1 ⇐⇒ ∈ ∅
Logo, a função tem um único zero (que é zero).
Observe-se
⎧ que, neste caso, podemos definir a função do seguinte modo:
⎨ 2 + 1 ⇐= ≤ −1
() = ⇐= −1 ≤ ≤ 1
⎩
2 − 1 ⇐= ≥1
14.1. FUNÇÕES POR RAMOS 307
O domínio da função é R.
Cálculo de alguns limites
¡ importantes
¢ no estudo da função: ¡ ¢
lim () = lim 2 + 2 = +∞ lim () = lim 2 − 2 = +∞
→−∞ →−∞ →+∞ →+∞
¡ ¢
lim − () = lim − 2 + 2 = 1 + 2 = 3
→−1 →−1
lim + () = lim + (1 − 2) = 1 + 2 = 3
→−1 →−1
(−1) = 1 + 2 = 3
lim () = lim− (1 − 2) = 1 − 2 = −1
→1− →1 ¡ ¢
lim+ () = lim+ 2 − 2 = 1 − 2 = −1
→1 →1
(1) = 1 − 2 = −1
Como lim − () = lim + (), existe lim (), sendo 3 o valor do limite.
→−1 →−1 →−1
Como temos lim () = 3 = (−1), então a função é contínua no ponto = −1.
→−1
Por outro lado, temos lim− () = lim+ (), pelo que existe lim ().
→1 →1 →1
Além disso, lim () = −1 = (1), pelo que a função é contínua no ponto = 1.
→1
Como as expressões 2 + 2, 1 − 2 e 2 − 2 são polinómios, então é contínua em qualquer
ponto diferente de −1 e de 1. Então, a função é contínua em R.
Como lim () = +∞ e lim () = +∞, não podemos, para já, determinar o con-
→−∞ →+∞
tradomínio de . Mas podemos adiantar que é um intervalo da forma [ +∞[.
Cálculo das derivadas laterais nos pontos = −1 e = 1:
2
0 (−1) = lim − ()−
+1
(−1)
= lim − +1
+2−3
= lim − (−1)(+1)
+1 = lim − ( − 1) = −2
→−1 →−1 →−1 →−1
()− (−1) 1−2−3 −2−2 −2(+1)
0 (−1) = lim +1 = lim +1 = lim +1 = lim +1 = −2
→−1+ →−1+ →−1+ →−1+
0 (1) = lim− ()−
−1
(1)
= lim− 1−2+1
−1 = lim− 2−2
−1 = lim −2(−1)
−1 = −2
→1 →1 →1 →1−
2 −2+1 2 −1
0 (1) = lim ()−
−1
(1)
= lim −1 = lim+ −1 = lim+ (−1)(+1)
−1 = lim+ ( + 1) = 2
→1+ →1+ →1 →1 →1
Então, existe derivada de , no ponto = −1, mas não existe derivada de , no ponto = 1.
Suponhamos que −1. Então:
2 2 2
−2
0 () = lim ()−
−
()
= lim +2−
−
−2
= lim − = lim (−)(+)
− = lim ( + ) = 2
→ → → → →
Se −1 1, temos:
0 () = lim ()−
−
()
= lim 1−2−1+2
− = lim −2+2
− = lim −2(−)
− = −2
→ → → →
Se 1, vem:
2 −2−2 +2 2 −2
0 () = lim ()−
−
()
= lim − = lim = lim (−)(+)
= lim ( + ) = 2
→ → → − → − →
308 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
⎧
⎨ 2 ⇐= −1
Então, 0 () = −2 ⇐= −1 ≤ 1
⎩
2 ⇐= 1
Representação gráfica da função:
y 12
10
-4 -2 2 4
-2
Analisando o gráfico da função, vemos que o contradomínio de é [−1 +∞[, que a função é
estritamente decrescente em ]−∞ − 1] e estritamente crescente em [1 +∞[, pelo que a função tem
um mínimo absoluto no ponto = 1.
⎧ 2
⎨ +2 ⇐= −1
Exemplo 284 Estudo da função () = 2 − 1 ⇐= −1 ≤ 1
⎩
2 ⇐= ≥1
O domínio da função é R.
Cálculo de alguns limites
³ 2 importantes
´ no estudo da função:
+2
¡ ¢
lim () = lim = lim + 2 = −∞
→−∞ →−∞ ¡ ¢ →−∞
lim () = lim 2 = +∞
→+∞ →+∞ ³ ´
2
lim − () = lim − +2 = 1+2−1 = −3
→−1 →−1
lim + () = lim + (2 − 1) = −2 − 1 = −3
→−1 →−1
(−1) = −2 − 1 = −3
lim () = lim− (2 − 1) = 2 − 1 = 1
→1− →1 ¡ ¢
lim+ () = lim+ 2 = 1
→1 →1
(1) = 12 = 1
Como lim − () = lim + (), existe lim (), sendo −3 o valor do limite.
→−1 →−1 →−1
Como temos lim () = −3 = (−1), então a função é contínua no ponto = −1.
→−1
Por outro lado, temos lim () = lim (), pelo que existe lim ().
→1− →1+ →1
Além disso, lim () = 1 = (1), pelo que a função é contínua no ponto = 1.
→1
Como as expressões 2 − 1 e 2 são polinómios, então é contínua em qualquer ponto , tal
que −1 ∧ 6= 1.
14.1. FUNÇÕES POR RAMOS 309
2
Como +2 é um quociente entre duas funções polinomiais e o denominador só se anula para
= 0, a função é contínua em ]−∞ −1[.
Então, a função é contínua em R.
Como lim () = −∞, lim () = +∞ e é contínua em R, então o contradomínio de
→−∞ →+∞
é R.
Cálculo das derivadas laterais nos pontos = −1 e = 1:
2 +2 2 +3+2
+3 (+1)(+2)
0 (−1) = lim − +1 = lim −
+1 = lim (+1) = lim +2
= −1
→−1 →−1 →−1− →−1−
()− (−1)
0 (−1) = lim + +1 = lim + 2−1+3
+1 = lim + 2+2
+1 = lim 2(+1)
+1 = 2
→−1 →−1 →−1 →−1+
0 (1) = lim ()−
−1
(1)
= lim− 2−1−1
−1 = lim− 2(−1)
−1 = 2
→1− →1 →1
()− (1) 2 (−1)(+1)
0 (1) = lim −1 = lim+ −1−1
= lim+ −1 = lim+ ( + 1) = 2
→1+ →1 →1 →1
Então, existe derivada de , no ponto = 1, mas não existe derivada de , no ponto = −1.
Suponhamos que −1. Então:
2 2 2 2
+2
0 () − () − +2 +2− −2
2 + 2 − 2 − 2
() = lim = lim = lim
= lim
→ − → − → − → ( − )
2
( − ) − 2 ( − ) − 2 −2
= lim = lim =
→ ( − ) → 2
Se −1 1, temos:
() − () 2 − 1 − 2 + 1 2 ( − )
0 () = lim = lim = lim =2
→ − → − → −
2 2
Se 1, vem 0 () = lim ()−
−
() −
= lim − = lim (−)(+)
− = lim ( + ) = 2.
⎧ 2 → → → →
−2
⎨ 2 ⇐= −1
Então, 0 () = 2 ⇐= −1 ≤ 1
⎩
2 ⇐= 1
Monotonia da função:
√
−∞ − 2 −1 1 +∞
2 − 2 + 0 −
2 + + +
2 −2
2 + 0 −
2 + +
2 +
0 () + 0 − + + +
() % Máx & mín %
Assímptotas:
2 +2 2
()
= lim = lim +2
= lim 2
=1
→−∞ →−∞
³ →−∞ ´
2
+2 2
= lim ( () − ) = lim − = lim =0
→−∞ →−∞ →−∞
Logo, a única assímptota ao gráfico da função é a recta de equação = .
Representação gráfica da função, incluindo a assímptota:
310 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
y 10
-6 -4 -2 2 4
-5
⎧
⎨ ⇐ ≤ −1
Exercício 285 Seja () = 3 + 2 + + ⇐ −1 ≤ ≤ 1 . Determine os números
⎩
+2 ⇐ ≥1
reais de modo que seja uma função diferenciável em R.
Resolução
Uma função é diferenciável num ponto se tiver derivada finita nesse ponto.
Sabe-se que toda a função diferenciável num ponto é contínua nesse ponto.
Então, a função dada tem de ser contínua nos pontos = −1 e = 1.
lim () = lim − = −1
→−1− →−1
¡ ¢
lim + () = lim + 3 + 2 + + = − + − +
→−1 →−1
Então, − + − +
¡ = −1 = (−1) ¢
lim− () = lim− 3 + 2 + + = + + +
→1 →1
lim+ () = lim+ ( + 2) = 3
→1 →1
Então, + + + = 3 = (1)
Suponhamos que −1 1.
Então, 3 − 2 + = 1 ∧ 3 + 2⎧+ = 1.
⎧ ⎧
⎪
⎪ − + − + = −1 ⎪
⎪ − + − + = −1 ⎪
⎪ − − 1 + 3 + = −1
⎨ ⎨ ⎨
+++=3 +++=3 + 1 − 3 + = 3
⇐⇒ ⇐⇒
⎪
⎪ 3 − 2 + = 1 ⎪
⎪ 4 = 0 ⎪
⎪ =0
⎩ ⎩ ⎩
3 + 2 + = 1 = 1 − 3 − 2 = 1 − 3
⎧ ⎧ ⎧ ⎧
⎪
⎪ = −2 ⎪
⎪ = −2 ⎪ =1 1
⎪ ⎪
⎪ = − 12
⎨ ⎨ ⎨ ⎨
− 3 − 2 = 2 −4 = 2 = −2 =0
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
⎪
⎪ = 0 ⎪
⎪ = 0 ⎪
⎪ = 0 ⎪
⎪ = 52
⎩ ⎩ ⎩ 3 ⎩
= 1 − 3 = 1 − 3 =1+ 2 =1
Então: ⎧ ⎧
⎨ ⇐= ≤ −1 ⎨ 1 ⇐= ≤ −1
() = − 12 3 + 52 + 1 ⇐= −1 ≤ ≤ 1 0 () = − 32 2 + 52 ⇐= −1 ≤ ≤ 1
⎩ ⎩
+2 ⇐= ≥ 1 1 ⇐= ≥ 1
y 6
-4 -2 2 4
-2
-4
Este problema pode ser interpretado como um desvio entre dois carris paralelos, como existe
nas estações ferroviárias.
⎧
⎨ +2 ⇐= ≤ −1
Exercício 286 Seja () = 3 + 2 + + ⇐= −1 ≤ ≤ 1 Determine os números
⎩
⇐= ≥ 1
reais de modo que seja uma função diferenciável em R.
Os valores que se obtêm substituindo por −1, nas expressões + 2 e 3 + 2 + + , têm
de ser iguais. Logo, − + − + = 1.
Analogamente, + + + = 1. Suponhamos que −1 1. Então, 0 () = 32 + 2 + .
Se a função é diferenciável em R, então devemos ter:
⎧
⎨ 1 ⇐= ≤ −1
0 () = 32 + 2 + ⇐= −1 ≤ ≤ 1
⎩
1 ⇐= ≥1
312 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
Então, 3 − 2 + = 1 ∧ 3 + 2 + = 1.Logo:
⎧ ⎧ ⎧
⎪
⎪ − + − + = 1 ⎪
⎪ 2 + 2 = 2 ⎪
⎪ =1
⎨ ⎨ ⎨
+++=1 2 + 2 = 0 = −
⇐⇒ ⇐⇒
⎪
⎪ 3 − 2 + = 1 ⎪
⎪ 4 = 0 ⎪
⎪ =0
⎩ ⎩ ⎩
3 + 2 + = 1 = 1 − 3 − 2 = 1 − 3
⎧ ⎧
⎪
⎪ =1 ⎪
⎪ = 12
⎨ ⎨
=0 =0
⇐⇒ ⇐⇒
⎪
⎪ = − ⎪
⎪ = − 12
⎩ ⎩
− + 3 = 1 = −1
Então: ⎧ ⎧
⎨ +2 ⇐= ≤ −1 ⎨ 1 ⇐= ≤ −1
1 3
() = − 12 + 1 ⇐= −1 ≤ ≤ 1 0
() = − 3 2 + 5
⇐= −1 ≤ ≤ 1
⎩ 2 ⎩ 2 2
⇐= ≥1 1 ⇐= ≥1
4
y
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-2
Neste caso, o desvio é quase perpendicular aos carris, o que significa que o intervalo onde a
função é definida por uma cúbica devia ser aumentado. Outro aspecto a salientar é o facto das
imagens de −1 e 1 serem iguais, quando devíamos ter a imagem de 1 superior à imagem de −1,
para que a curva fosse mais suave.
⎧
⎨ +2 ⇐ ≤ −3
Exercício 287 Seja () = 3 + 2 + + ⇐ −3 ≤ ≤ 3 . Determine os números
⎩
⇐ ≥3
reais de modo que seja uma função diferenciável em R.
Os valores que se obtêm substituindo por −3, nas expressões + 2 e 3 + 2 + + , têm
de ser iguais. Logo, −27 + 9 − 3 + = −1.
0 2
Analogamente, 27+9+3+ = 3. Suponhamos que −1 ⎧ 1. Então, () = 3 +2+.
⎨ 1 ⇐= ≤ −3
Para que seja diferenciável em R, deve ser 0 () = 32 + 2 + ⇐= −3 ≤ ≤ 3
⎩
1 ⇐= ≥ 3
14.1. FUNÇÕES POR RAMOS 313
Então:
⎧ ⎧
⎨ +2 ⇐= ≤ −3 ⎨ 1 ⇐= ≤ −3
1 3
() = + 12 + 1 ⇐= −3 ≤ ≤ 3 0 () = 1 2
18 + 1
⇐= −3 ≤ ≤ 3
⎩ 54 ⎩ 2
⇐= ≥3 1 ⇐= ≥3
y
4
-4 -2 2 4
x
-2
Resolução
Este exercício é análogo aos anteriores, com a diferença das semi-rectas não serem paralelas.
Os valores que se obtêm substituindo por −1, nas expressões 2 e 3 + 2 + + , têm de
ser iguais.
Logo, − + − + = −2. Analogamente, + + + = 3.
Suponhamos que −1 1. Então 0 () = 32 + 2 ⎧ + .
⎨ 2 ⇐= ≤ −1
Para que seja diferenciável em R, deve ser 0 () = 32 + 2 + ⇐= −1 ≤ ≤ 1
⎩
1 ⇐= ≥ 1
314 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
Logo:
⎧ ⎧ ⎧
⎪
⎪ − + − + = −2 ⎪
⎪ 2 + 2 = 5 ⎪
⎪ 2 + 2 = 5
⎨ ⎨ ⎨
+++=3 2 + 2 = 1 2 = 1 + 12
⇐⇒ ⇐⇒
⎪
⎪ 3 − 2 + = 2 ⎪
⎪ 4 = −1 ⎪
⎪ = − 14
⎩ ⎩ ⎩
3 + 2 + = 1 6 + 2 = 3 4 = −2
⎧ ⎧
⎪
⎪ −1 + 2 = 5 ⎪
⎪ = − 12
⎨ 3 ⎨
= 4 = − 14
⇐⇒ 1 ⇐⇒
⎪
⎪ = − 41 ⎪
⎪ =3
⎩ ⎩
= −2 = 34
Então,
⎧
⎨ 2 ⇐= ≤ −1
() = − 1 3 − 14 2 + 3 + 34 ⇐= −1 ≤ ≤ 1
⎩ 2
+2 ⇐= ≥1
⎧
⎨ 2 ⇐= ≤ −1
0 () = − 32 2 − 12 + 3 ⇐= −1 ≤ ≤ 1
⎩
1 ⇐= ≥1
y 6
4
y
2
2
-4 -2 2 4
-2
-4 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
-6
Resolução
Os valores que se obtêm substituindo por −2, nas expressões 2 e 3 + 2 + + , têm de
ser iguais. Logo, −8 + 4 − 2 + = −4.
Analogamente, 8 + 4 + 2 + = 4.
14.1. FUNÇÕES POR RAMOS 315
y 6
-4 -2 2 4
-2
-4
-6
⎧
⎨ 2 ⇐= ≤ −2
Exercício 290 Seja () = 4 + 3 + 2 + + ⇐= −2 ≤ ≤ 2 . Determine os
⎩
+2 ⇐= ≥2
números reais de modo que seja uma função diferenciável em R.
Resolução
Os valores que se obtêm substituindo por −2, nas expressões 2 e 4 + 3 + 2 + + ,
têm de ser iguais. Logo, 16 − 8 + 4 − 2 + = −4. Analogamente, 16 + 8 + 4 + 2 + = 4.
316 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
y 6
-4 -2 2 4
-2
-4
-6
Resolução
Consideremos as rectas definidas por = 2 e = + 2. É imediato concluir que as duas rectas
se intersectam no ponto = (2 4).
−
→ −→
Sejam ° =°(−2 −4) e = (4°−6).
° Então, = − = (4 8) e = − = (−2 −2).
−
→
° ° √ √ →
° ° √ √
Logo, ° ° = 80 = 4 5 e ° ° = 8 = 2 2.
°−→Vamos
° ° determinar,
° √
sobre a semi-recta definida por = 2, com ≤ 2, o ponto , tal que
° ° °−→°
° ° = ° ° = 2 2. Refira-se que pretendemos que a abcissa do ponto seja inferior à abcissa
do ponto . √
O ponto pertence à circunferência de centro e raio 2 2, pelo que pode ser determinado
através das equações da recta = 2 e da circunferência ( − 2)2 + ( − 4)2 = 8:
½ ½ ½
= 2 = 2 = 2
⇔ ⇔
( − 2)2 + ( − 4)2 = 8 ( − 2)2 + (2 − 4)2 = 8 ( − 2)2 + 4 ( − 2)2 = 8
½ ( ( √
= 2 = 2 q = 4 ± 4 √510
⇔ 2 ⇔ ⇔
( − 2) = 85 = 2 ± 85 = 2 ± 2 510
³ √ √ ´
Então, = 2 − 2 510 4 − 4 510 .
Seguidamente consideramos as rectas que passam por e e são perpendiculares às rectas
e , respectivamente. Essas duas rectas intersectam-se num ponto , equidistante de e , pelo
que o ponto pertence à mediatriz do segmento de recta .
−→
Equação da recta que passa por e é perpendicular a :
− 6 = − ( − 4) ⇐⇒ = − + 10
−→ ³ √ √ ´ ¡ √ √ ¢
Ora, = − = (2 4) − 2 − 2 510 4 − 4 510 = 25 10 45 10 .
−→
Equação da recta que passa por e é perpendicular a :
√ Ã √ !
4 10 1 2 10 1 √
−4+ =− −2+ ⇐⇒ = − + 5 − 10
5 2 5 2
Determinação do ponto :
½ ½
= − + 10 √ = − + 10 √
⇐⇒
= − 12 + 5 − 10 − + 10 = − 12 + 5 − 10
½ ½ √
= − + 10 √ = −2 10√
⇐⇒ ⇐⇒
−2 + = −10 − 2 10 = 10 + 2 10
¡ √ √ ¢
Logo, = 10 + 2 10 −2 10 .
−−→ ¡ √ √ ¢ ¡ √ √ ¢
Então,° °= − = 10 + 2 10 −2 10 − (4 6) = 6 + 2 10 −6 − 2 10 .
°−−→° ¡ √ ¢ ¡ √ ¢√
Logo, °° = 6 + 2 10 k(1 1)k = 6 + 2 10 2 =
¡ √ ¢√
Equação da circunferência de centro e raio 6 + 2 10 2:
³ √ ´2 ³ √ ´2 ³ √ ´2
− 10 − 2 10 + + 2 10 = 2 6 + 2 10
318 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
√ q √ ¡ √ ¢2 √
Logo, = −2 10 + 152 + 48 10 − − 10 − 2 10 , com 10−25 10 ≤ ≤ 4, pelo que temos
a seguinte função:
⎧ √
10−2 10
⎪
⎨ 2 q ⇐= ≤ 5
√ √ ¡ √ ¢2 √
() = −2 10 + 152 + 48 10 − − 10 − 2 10 ⇐= 10−2 10
≤≤4
⎪
⎩ 5
+2 ⇐= ≥ 2
D
C
F
Uma questão pertinente é a de saber em que condições é que o problema tem solução. Esta
questão fica ao cuidado do leitor.
Resolução
Sejam = (−2 −3) e = (2 3), as origens das duas semi-rectas. Consideremos, ainda, os
pontos = (−2 3) e = (2 −3).
O ponto médio do segmento de recta definido por e é o ponto (0 0), o qual será o ponto
de inflexão da curva pretendida.
Agora, consideramos a elipse de centro (0 −3) e em que três dos seus vértices são os pontos
(−2 −3), (0 0) e (2 −3).
Uma equação da elipse anterior é
2 2
r
2 ( + 3) ( + 3) 2 2 36 − 92 36 − 92
+ = 1 ⇐⇒ =1− ⇐⇒ ( + 3) = ⇐⇒ = −3 ±
4 9 9 4 4 4
Neste caso,
q pretendemos obter metade da semi-elipse superior, pelo que a equação pretendida é
2
= −3 + 36−9 4 , com −2 ≤ ≤ 0.
14.1. FUNÇÕES POR RAMOS 319
q
36−92
E, agora, é fácil verificar que o outro arco pretendido satisfaz a condição = 3 − 4 , com
0 ≤ ≤ 2.
Então, a curva pretendida é o gráfico da função
⎧ q
⎨ −3 + 36−92 ⇐= −2 ≤ ≤ 0
q 4
() = ,
⎩ 3 − 36−92 ⇐= 0 ≤ ≤ 2
4
Registe-se que, para conseguir um quarto de elipse, foi necessário um pequeno truque, o qual
q
2 − ||
consistiu em multiplicar a função = −3 + 36−9 4 , definida no intervalo [−2 2], por ,
q − ||
2
obtendo-se, na mesma, a função = −3 + 36−9 4 , mas definida em [−2 0[, o que em termos
práticos, é o mesmo que [−2 0]. E, para o outro ramo, procedeu-se do mesmo modo, multiplicando
q
2 + ||
a função = 3 − 36−9 4 por . Registe-se que este truque pode não funcionar nalgum
+ ||
programa.
Resolução
Consideremos a circunferência de centro no eixo das ordenadas, que passa pelo ponto = (3 3)
e que é tangente à recta de equação = .
A recta que passa por e é perpendicular à recta de equação = tem declive −1, pelo que é
definida pela equação − 3 = − ( − 3), donde se conclui que = 6 −
−→
Então, o centro da circunferência
°−→° √ é o √ponto = (0 6), donde vem que = − =
° °
(3 3) − (0 6) = (3 −3) e °° = 18 = 3 2 = .
Consideremos, sobre a circunferência anterior, um arco de 45 ◦ de amplitude, marcado a partir
do
¡ √ ¢ (3¡ −3) e no
ponto √ sentido
¢ dos ponteiros do relógio. Este arco termina no ponto = (0 6) −
0 3 2 = 0 6 − 3 2 , sendo que neste ponto a tangente à circunferência é uma recta horizontal.
¡ √ ¢
Agora, basta desenhar um quarto de elipse cujas extremidades sejam os pontos = 0 6 − 3 2
e = (−2 −2), pontos estes que são dois dos vértices da elipse (a qual tem centro (0 −2)).
320 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
Equação da elipse:
2 ( + 2)2
+¡ √ ¢2 = 1
4 8−3 2
Equação da circunferência:
2 + ( − 6)2 = 18
Agora, com alguma paciência, definimos os arcos apropriados:
Arco de elipse: √
8 − 3 2p
= −2 + 4 − 2 ∧ −2 ≤ ≤ 0
2
Arco de circunferência: p
= 6 − 18 − 2 ∧ 0 ≤ ≤ 3
Representação gráfica:
Resolução
Consideremos a circunferência de centro no eixo das ordenadas, que passa pelo ponto = (3 6)
e que é tangente à recta de equação = 2.
Então, a recta que passa por e é perpendicular à recta de equação = 2 tem declive − 12 ,
pelo que é definida pela equação − 6 =¡ − 12 ( 1 15
¢ − 3), donde se conclui que = − 2 + 2 . Então, o
15
centro da circunferência é o ponto = 0 2 .
−→ ¡ ¢ ¡ ¢ 1
Logo, °−→=° − = (3 6) − 0 15 3
2 = 3 − 2 = 2 (6 −3).
° ° √ √ √
Então, °° = 12 36 + 9 = 12 45 = 32 5 = .
Logo, uma equação da circunferência é
µ ¶2
2 15 45
+ − =
2 4
14.1. FUNÇÕES POR RAMOS 321
q
Resolvendo a equação anterior em ordem a , temos = 15 2 ± 45 2
4 − , pelo que uma equação
q
da semicircunferência inferior é = 15
2 −
45
4 − .
2
q
Então, o arco pretendido é definido por = 152 −
45 2
4 − ∧ 0 ≤ ≤ 3. O arco anterior começa
¡ 15 ¢ ¡ 3 √ ¢ ³ 15−3√5 ´
no ponto = 0 2 − 0 2 5 = 0 2 , sendo que neste ponto a tangente à circunferência
é uma recta horizontal. ³ √ ´
E, agora, basta desenhar um quarto de elipse que passe pelos pontos = 0 15−3 2
5
e=
(−2 −2), pontos estes que são dois dos vértices da elipse, a qual tem centro (0 −2).
Equação da elipse:
2
2 ( + 2)
+³ √ ´2 = 1
4 19−3 5
2
à √ !2 à √ !2
2
2 ( + 2) 19 − 3 5 2 19 − 3 5
+³ √ ´2 = 1 ⇐⇒ 2 + 4 ( + 2) = 4
4 19−3 5 2 2
2
à √ !2 à √ !2
2 19 − 3 5 19 − 3 5
⇐⇒ 4 ( + 2) = 4 − 2
2 2
à √ !2
2 19 − 3 5 ¡ ¢
⇐⇒ 4 ( + 2) = 4 − 2
2
à √ !2
2 19 − 3 5 ¡ ¢
⇐⇒ ( + 2) = 4 − 2
4
à √ !
19 − 3 5 p
⇐⇒ +2=± 4 − 2
4
à √ !
19 − 3 5 p
⇐⇒ = −2 ± 4 − 2
4
Arco de elipse:
à √ !
19 − 3 5 p
= −2 + 4 − 2 ∧ −2 ≤ ≤ 0
4
Arco de circunferência:
r
15 45
= − − 2 ∧ 0 ≤ ≤ 3
2 4
322 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
-2 2 4
-2
Observe-se que, devido ao facto da elipse ter os focos na vertical, podemos substituir o arco
de elipse por uma arco de circunferência, caso se prolongue a semi-recta vertical até um ponto
conveniente.
³ É claro √ ´
que o raio da circunferência tem de³ser 2 e a√circunferência
´ tem de passar pelo ponto =
0 15−3
2
5
. Então, o centro é o ponto = 0 11−3 5
2 , pelo que uma equação da circunferência
é Ã √ !2
2 11 − 3 5
+ − =4
2
√ √
, donde se obtém = 11−3 2
5
± 4 − 2 .
√ √
Mas, só nos interessa = 11−3 2
5
+ 4 − 2 . Gráfico:
-2 2 4
-2
⎧ √
⎨ √2 − 4 ⇐= ≤ −2
Exercício 295 Estude a função definida por () = − 4 − 2 ⇐= −2 ≤ ≤ 2
⎩ √
−2 ⇐= ≥2
Resolução
A função está bem definida, porque as duas primeiras expressões anulam-se para = −2,
enquanto que as duas últimas se anulam para = 2, pelo que não há um objecto com duas
imagens.
14.1. FUNÇÕES POR RAMOS 323
-4 -2 2 4
-2
-4
⎧
⎨ −1 ⇐= 0
Exercício 296 Estude a função definida por () = 0 ⇐= =0
⎩
1 ⇐= 0
Resolução
O domínio da função é R.
A função não é contínua no ponto = 0, sendo contínua em qualquer outro ponto. O contra-
domínio da função é {−1 0 1}.
Note-se que esta função pode ser obtida para obter a função módulo:
⎧
⎨ − ⇐= 0
|| = () = 0 ⇐= = 0
⎩
⇐= 0
324 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-1
Observe-se que o gráfico não está totalmente correcto: faltam "bolas abertas"nos pontos (0 −1)
e (0 1) e uma "bola fechada"na origem.
⎧
⎨ −1 ⇐= −
Exercício 297 Estude a função definida por () = ⇐= − ≤≤
⎩
1 ⇐=
Resolução ⎧
⎨ −1 ⇐= −1
Consideremos a função 1 () = ⇐= −1 ≤ ≤ 1
⎩
1 ⇐= 1
O domínio da função é R.
lim− 1 () = lim− = 1; lim+ 1 () = lim+ 1 = 1; 1 (1) = 1
→1 →1 →1 →1
Então, a função 1 é contínua no ponto = 1.
Analogamente, a função 1 é contínua no ponto = −1.
Logo, a função 1 é contínua em ½
R, pois é contínua nos restantes pontos.
0 0 ⇐= −1 ∨ 1
A derivada da função é 1 () =
1 ⇐= −1 1
A representação gráfica da função 1 () é a seguinte:
-3 -2 -1 1 2 3
-1
14.1. FUNÇÕES POR RAMOS 325
1
1
-3 -2 -1 1 2 3 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4
-1
-1
= 2 () = 3 ()
½
0 ⇐= − ∨
0 () =
1 ⇐= −
.
A função é contínua em R, mas não tem derivada nos pontos = − e = .
O contradomínio é [−1 1].
Exercício 298 Considere um recipiente constituído por um cone e por dois cilindros de revolução,
de acordo com a figura abixo: O cone de revolução tem 5 cm de altura e 2 cm de raio. O cilindro que
assenta no cone tem 2 cm de raio e 2 cm de altura. O segundo cilindro tem 1 cm de raio e 3 cm de
altura. Suponha que deitamos um líquido no recipiente. Determine o volume do líquido em função
da altura do mesmo.
326 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
Resolução
Vamos considerar que as medidas referidas são interiores (ou que a espessura do recipiente pode
ser desprezada).
Suponhamos que , a altura do líquido, está entre 0 cm e 5 cm.
2
Então , o raio do círculo que limita o líquido, é dado por =
5
Logo, , o volume do líquido, é dado por
µ ¶2
1 2 4
() = = 3 0 ≤ ≤ 5
3 5 75
14.1. FUNÇÕES POR RAMOS 327
4
Observe-se que o volume do cone (cheio) é (5) = 75 53 = 20
3 .
Para valores de entre 5 cm e 7 cm, o volume do líquido é o volume do cone somado com o
volume do cilindro de altura ( − 5) cm e cuja base tem 2 cm de raio.
Ora, o volume deste cilindro é × 22 ( − 5) = 4 ( − 5).
Então, , o volume do líquido, é dado por
20 40
() = + 4 ( − 5) = 4 − 5 ≤ ≤ 7
3 3
Exemplo 299 Considere a função, de domínio ]−∞ −2] ∪ [2 +∞[, definida por () = ||. Uti-
lizando um arco de hipérbole, prolongue a função a R, de modo que a nova função seja diferenciável
(logo contínua) em R.
Resolução
É claro que pretendemos obter uma função (), definida da seguinte maneira
⎧
⎨ − ⇐= ≤ −2
() = () ⇐= −2 ≤ ≤ 2
⎩
⇐=
Mas, pretendemos que o gráfico de () seja um arco de hipérbole, além de que a função tem
de ser contínua e diferenciável em R.
É conveniente que () seja uma função par e que tenha um ponto de declive 1 (e outro de
declive −1). √
Consideremos a função () = 22 + 1, cujo gráfico é um ramo de hipérbole. Ora, 0 () =
√ 4 = √222 +1 .
2 22 +1
Logo, 0 (2) = √ 2×2 = 43 .
2×22 +1
Então, basta-nos considerar uma nova função que resulta da anterior multiplicada por 34 , ou
√
seja, () = 34 22 + 1.
Como podemos verificar, temos 0 () = 34 × √222 +1 = 2√23 0 √ 3×2
2 +1 , pelo que (2) = 2 2×22 +1 =
1.
0
Como () é uma √ função par,9temos que a derivada é uma função ímpar, pelo que 9 (2) = −1.
3 2
Ora, (2) = 4 2 × 2 + 1 = 4 .Aqui, temos um ligeiro problema, pois () = 2 6= 4 .
Então, basta-nos "tirar" 14 , para que tudo funcione bem.
√
Ou seja, vamos considerar a função () = − 14 + 34 22 + 1, para a qual continuamos a ter
3×2 1 3
√
0 (2) = 2√2×2 2 +1 = 1 e em que (2) = − 4 + 4 2 × 22 + 1 = 2.
328 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
Então, ⎧
⎨ −
√ ⇐= ≤ −2
() = − 14 + 3
22 + 1
⇐= −2 ≤ ≤ 2
⎩ 4
⇐= ≥2
1 3
√
2
Representação gráfica de () e de () = − 4 + 4 2 + 1 (de domínio R):
5
y
4
-4 -2 2 4
-1 x
Os dois gráficos confundem-se, mas são diferentes, embora tenham uma parte comum.
Será que existe solução no caso de pretendermos um arco de parábola?
Exemplo 300 Considere a função, de domínio ]−∞ −2] ∪ [2 +∞[, definida por () = ||. Uti-
lizando um arco de parábola, prolongue a função a R, de modo que a nova função seja diferenciável
(logo contínua) em R.
Resolução
Consideremos a função () = 2 . Então, 0 () = 2, pelo que 0 (2) = 4. Então, pre-
tendemos que 4 = 1, donde vem = 14 . Então, () = 14 2 , donde se conclui que (2) = 1 6= 2.
1 2
Então, vamos
⎧ considerar a função () = 4 + 1. Agora, é fácil verificar que a função definida
⎨ − ⇐= ≤ −2
1 2
por () = + 1 ⇐= −2 ≤ ≤ 2 é contínua no ponto = −2 e no ponto = 2, sendo
⎩ 4
⇐= ≥2
contínua à esquerda e à direita em ambos os pontos. Também se mostra que nesses dois pontos as
derivadas laterais são iguais (em cada ponto), pelo que a função é contínua e diferenciável em R.
Representação gráfica das funções e :
5
y
4
-4 -2 2 4
-1 x
14.2. MAIS FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS 329
Exemplo 301 Suponhamos que, num certo concelho da RAM, o preço da água (consumo domés-
tico) é calculado do seguinte modo: O consumidor paga uma taxa fixa mensal de Euro, sendo que o
preço do m de água é de Euro. Calcule o preço total a pagar por um consumo mensal de:
a) 8 m3 c) 20 m3 e) 38 m3
b) 12 m3 d) 30 m3 f) 50 m3
Resolução
a) 8 × 0 25 + 3 50 = 5 50 d) 30 × 0 25 + 3 50 = 11 00
b) 12 × 0 25 + 3 50 = 6 50 e) 38 × 0 25 + 3 50 = 13 00
c) 20 × 0 25 + 3 50 = 8 50 f) 50 × 0 25 + 3 50 = 16 00
() = 0 25 + 3 50
Se admitirmos que o consumo pode ser qualquer número real não negativo , temos
() = 0 25 + 3 50
No primeiro caso estamos a supor que é um número natural, pelo que a função é uma sucessão.
No segundo caso, trata-se duma função real de variável real de domínio [0 +∞[.
Representação gráfica:
Exemplo 302 Suponhamos que, num certo concelho da RAM, o preço da água (consumo domés-
tico) é calculado do seguinte modo: O consumidor paga uma taxa fixa mensal de 3,50 Euros, sendo
que o preço do m3 de água depende do consumo. Se o consumo for menor ou igual a 10 m3 , cada
m3 de água consumida custa 0,25 Euro; se o consumo for superior a 10 m3 e inferior a 25 m3 ,
cada m3 de água consumida custa 0,35 Euro; se o consumo for superior a 25 m3 , cada m3 de água
consumida custa 0,50 Euro. Calcule o preço total a pagar por um consumo mensal de:
330 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
a) 8 m3 c) 20 m3 e) 38 m3
b) 12 m3 d) 30 m3 f) 50 m3
Resolução
a) 8 × 0 25 + 3 50 = 5 50 d) 30 × 0 50 + 3 50 = 18 50
b) 12 × 0 35 + 3 50 = 7 70 e) 38 × 0 50 + 3 50 = 22 50
c) 20 × 0 35 + 3 50 = 10 50 f) 50 × 0 50 + 3 50 = 28 50
20
15
10
0
10 20 30
No primeiro caso estamos a supor que é um número natural, pelo que a representação gráfica
é um conjunto de pontos isolados, sobre o gráfico de (). É claro que a função () admite pontos
de descontinuidade.
Exemplo 303 Suponhamos que, num certo concelho da RAM, o preço da água (consumo domés-
tico) é calculado do seguinte modo: O consumidor paga uma taxa fixa mensal de 3,50 Euros, sendo
que o preço do m3 de água depende do consumo. Se o consumo for menor ou igual a 10 m3 , cada
m3 de água consumida custa 0,25 Euro; se o consumo for superior a 10 m3 e inferior a 25 m3 ,
o consumidor paga 10 m3 a 0,25 Euro e o excedente paga a 0,35 Euro cada m3 ; se o consumo for
superior a 25 m3 , o consumidor paga 10 m3 a 0,25 Euro, 15 m3 a 0,35 Euro e o excedente paga
a 0,50 Euro cada m3 . Calcule o preço total a pagar por um consumo mensal de:
14.2. MAIS FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS 331
a) 8 m3 c) 20 m3 e) 38 m3
b) 12 m3 d) 30 m3 f) 50 m3
Resolução
a) 8 × 0 25 + 3 50 = 5 50
b) 10 × 0 25 + 2 × 0 35 + 3 50 = 6 70
c) 10 × 0 25 + 15 × 0 35 + 350 = 6 70
d) 30 × 0 50 + 3 50 = 18 50
e) 38 × 0 50 + 3 50 = 22 50
f) 50 × 0 50 + 3 50 = 28 50
Se pretendermos o valor a pagar pelo consumo de m3 , temos
⎧
⎨ 0 25 + 3 50 ⇐= 0 ≤ ≤ 10
() = 0 25 × 10 + 0 35 ( − 10) + 3 50 ⇐= 11 ≤ ≤ 25
⎩
0 25 × 10 + 0 35 × 15 + 0 50 ( − 25) + 3 50 ⇐= 26 ≤
⎧
⎨ 0 25 + 3 50 ⇐= 0 ≤ ≤ 10
= 0 35 + 2 50 ⇐= 11 ≤ ≤ 25
⎩
0 50 − 1 25 ⇐= 26 ≤
Se admitirmos que o consumo pode ser qualquer número real não negativo , temos
⎧
⎨ 0 25 + 3 50 ⇐= 0 ≤ ≤ 10
() = 0 25 × 10 + 0 35 ( − 10) + 3 50 ⇐= 10 ≤ 25
⎩
0 25 × 10 + 0 35 × 15 + 0 50 ( − 25) + 3 50 ⇐= 25
⎧
⎨ 0 25 + 3 50 ⇐= 0 ≤ ≤ 10
= 0 35 + 2 50 ⇐= 10 ≤ 25
⎩
0 50 − 1 25 ⇐= 25
Representação gráfica de ():
20
y
15
10
0
10 20 30
332 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
É claro que podemos interrogar-nos sobre quais serão as razões que levam os responsáveis a
optar por um dos sistemas de pagamento. Registe-se que o método utilizado no exemplo 2 é injusto
devido aos "saltos"que o gráfico apresenta.
A propósito deste exercício, relembramos que 2003 foi o Ano Internacional da Água Doce e que
este pode ser um Tema a ser desenvolvido pelos alunos, na disciplina de Matemática, isoladamente,
ou em conjunto com outras disciplinas e em vários anos de escolaridade.
Valor sobre que incide a Sisa (em Euro) Taxa a aplicar Parcela a abater (em Euro)
Até 100000 0% 0
De mais de 100000 até 137500 2% 2000
De mais de 137500 até 187500 5% 6125
De mais de 187500 até 312500 7% 9875
De mais de 312500 até 625000 8% 13000
Superior a 625000 Taxa única de 6 %
Exemplo 305 Calcule o imposto a pagar pela compra dum apartamento que custa:
Resolução
a) 0
b) 120000 × 0 02 − 2000 = 2400 − 2000 = 400
c) 130000 × 0 02 − 2000 = 2600 − 2000 = 600
d) 150000 × 0 05 − 6125 = 7500 − 6125 = 1375
e) 160000 × 0 05 − 6125 = 8000 − 6125 = 1875
f) 192500 × 0 07 − 9875 = 13475 − 9875 = 3600
g) 400000 × 008 − 13000 = 32000 − 13000 = 19 000
h) 640000 × 0 06 = 38400
Para os valores anteriores, podemos calcular a taxa média do imposto pago. Assim, temos:
a) 0%
400
b) 120000 × 100% = 13 % ≈ 0 333%
600 6
c) 130000 × 100% = 13 % ≈ 0 462%
1375 11
d) 150000 × 100% = 12 % ≈ 0 91 7%
14.2. MAIS FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS 333
1875 75
e) 160000 × 100% = 64 % = 1 172%
3600 144
f) 192500 × 100% = 77 % = 1 870%
19000 19
g) 400000 × 100% = 4 % = 4 750%
h) 6%
Valor sobre que incide a Sisa (em Euro) Imposto a pagar (em Euro) Taxa média
85000 0 0%
120000 400 0 333%
130000 600 0 462%
150000 1375 0 91 7%
160000 1875 1 172%
192500 3600 1 870%
400000 19000 4 750%
640000 38400 6 000%
Se não existisse a tabela dada no início do exercício, o cálculo da sisa podia ser feito do seguinte
modo:
a) 0
b) 100000 × 0 + 20000 × 0 02 = 400
c) 100000 × 0 + 30000 × 0 02 = 600
d) 37500 × 0 02 + 12500 × 0 05 = 750 + 625 = 1375
e) 37500 × 0 02 + 22500 × 0 05 = 750 + 1125 = 1875
f) 37500 × 0 02 + 50000 × 0 05 + 5000 × 0 07 = 750 + 2500 + 350 = 3600
g) 37500 × 0 02 + 50000 × 0 05 + 125000 × 0 07 + 87500 × 0 08 = 750 + 2500 + 8750 + 7000 =
19 000
h) 640000 × 0 06 = 38400
E os valores obtidos, por este processo, foram os mesmos que tínhamos obtido anteriormente,
por aplicação da tabela que nos indicava a taxa e a parcela a abater.
Vamos, agora, ver como se obtém a referida tabela:
Para um valor do 2 escalão (entre 100000 e 137500 Euros), a aplicação da taxa bruta de 2%
provoca um erro, pois 100000 Euros estão isentos do pagamento do imposto. Então, temos de
descontar 2% de 100000 Euros, ou seja 2000 Euros.
Para um valor do 3 escalão, a aplicação da taxa bruta de 5% provoca dois erros, pois 100000
Euros estão isentos do pagamento do imposto, enquanto que 37500 Euros estão sujeitos à taxa de
2%.
Então, temos de descontar 5% de 100000 Euros e 3% de 37500 Euros, ou seja, temos de descontar
uma parcela de 5000 Euros e outra de 1125 Euros. Logo, o valor a abter é de 6125 Euros.
334 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
Finalmente, para um valor do 5 escalão, a aplicação da taxa bruta de 8% provoca quatro erros.
⎧
⎪
⎪ 0 ⇐= 0 ≤ ≤ 100000
⎪
⎪ 2
⎪
⎪ ( − 100000) ⇐= 100000 ≤ 137500
⎨ 100 5
750 + 100 ( − 137500) ⇐= 137500 ≤ 187500
() = 7
⎪
⎪ 750 + 2500 + 100 ( − 187500) ⇐= 187500 ≤ 312500
⎪
⎪ 8
⎪
⎪ 750 + 2500 + 8750 + 100 ( − 312500) ⇐= 312500 ≤ 625000
⎩ 6
100 ⇐= 625000
⎧
⎪
⎪ 0 ⇐= 0 ≤ ≤ 100000
⎪
⎪ 2
⎪
⎪ − 2000 ⇐= 100000 ≤ 137500
⎨ 100
5
100 + 750 − 6875 ⇐= 137500 ≤ 187500
= 7
⎪
⎪ 100 + 750 + 2500 − 13125 ⇐= 187500 ≤ 312500
⎪
⎪ 8
⎪
⎪ + 750 + 2500 + 8750 − 25000 ⇐= 312500 ≤ 625000
⎩ 100
6
100 ⇐= 625000
⎧
⎪
⎪ 0 ⇐= 0 ≤ ≤ 100000
⎪
⎪ 2
⎪
⎪ − 2000 ⇐= 100000 ≤ 137500
⎨ 100
5
100 − 6125 ⇐= 137500 ≤ 187500
= 7
⎪
⎪ 100 − 13125 ⇐= 187500 ≤ 312500
⎪
⎪ 8
⎪
⎪ − 13000 ⇐= 312500 ≤ 625000
⎩ 100
6
100 ⇐= 625000
14.2. MAIS FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS 335
Outra questão que pode ser colocada é a de saber qual a taxa média do imposto a pagar, para
um valor do prédio:
⎧
⎪
⎪ 0% ⇐= 0 ≤ ≤ 100000
⎪
⎪ 2
⎪ 100 −2000
⎪
⎪ × 100% ⇐= 100000 ≤ 137500
⎪
⎨ 1005
−6125
× 100% ⇐= 137500 ≤ 187500
() = 7
⎪ 100 −13125
⎪
⎪ 8 × 100% ⇐= 187500 ≤ 312500
⎪
⎪
⎪ 100 −13000
⎪
⎪ × 100% ⇐= 312500 ≤ 625000
⎩
6% ⇐= 625000
⎧
⎪
⎪ 0%
¡ ¢ ⇐= 0 ≤ ≤ 100000
⎪
⎪ 200000
⎪
⎪ 2 − % ⇐= 100000 ≤ 137500
⎨ ¡
612500
¢
¡ 5 − ¢ % ⇐= 137500 ≤ 187500
= 987500
⎪
⎪ ¡ 7 − ¢% ⇐= 187500 ≤ 312500
⎪
⎪
⎪
⎪ 8 − 1300000
% ⇐= 312500 ≤ 625000
⎩
6% ⇐= 625000
Podemos, então, considerar a função real de variável real, definida por
⎧
⎪
⎪ 0 ⇐= 0 ≤ ≤ 100000
⎪
⎪ 200000
⎪
⎪ 2 − ⇐= 100000 ≤ 137500
⎨
5 − 612500
⇐= 137500 ≤ 187500
() = 987500
⎪
⎪ 7 − ⇐= 187500 ≤ 312500
⎪
⎪ 1300000
⎪
⎪ 8 − ⇐= 312500 ≤ 625000
⎩
6 ⇐= 625000
Esta função tem a seguinte representação gráfica:
0
0 1e+5 2e+5 3e+5 4e+5 5e+5 6e+5 7e+5 8e+5
O gráfico anterior é formado por um segmento de recta sobre o eixo das abcissas, por vários
arcos de hipérbole e, finalmente por outro segmento de recta (ou semi-recta, se não admitirmos
um valor máximo para o prédio a comprar) sobre a recta de equação = 6. A função anterior é
crescente em sentido lato (parece ser, pelo gráfico) e, ainda pelo gráfico, parece não ser uma função
contínua, devido à imprecisão que aparece, no início do segmento de ordenada 6.
336 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
y 40000
30000
20000
10000
0
0 2e+5 4e+5 6e+5
14.2. MAIS FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS 337
Parece que o mais razoável é alterar o valor de mudança do 5 escalão para o 6 de 625000 Euros
para 650000 Euros. Podemos, sempre, alegar que se tratou dum erro tipográfico...
Vamos, agora, ver a evolução da taxa, com o valor corrigido:
⎧
⎪
⎪ 0 ⇐= 0 ≤ ≤ 100000
⎪
⎪ 200000
⎪
⎪ 2 − ⇐= 100000 ≤ 137500
⎨
5 − 612500
⇐= 137500 ≤ 187500
() = 987500
⎪
⎪ 7 − ⇐= 187500 ≤ 312500
⎪
⎪ 1300000
⎪
⎪ 8 − ⇐= 312500 ≤ 650000
⎩
6 ⇐= 650000
A representação gráfica da função anterior é:
y
6
0
0 2e+5 4e+5 6e+5 8e+5
Uma outra questão que podemos colocar é a de sabermos qual o valor do prédio, para que a
taxa média a pagar seja de 1% (ou outra).
Podemos resolver esta questão de várias maneiras. Numa primeira abordagem, podemos tentar
resolver o problema graficamente: a solução parece ser de, aproximadamente, 160000 Euros, o que
significa que estamos no terceiro escalão, o qual corresponde a uma taxa de 5% (havendo, ainda
uma parcela a abater).Seja o valor da compra (em Euros). A taxa média é dada por:
0 05 − 6125
= = 0 01
Logo:
6125
0 05 − 6125 = 0 01 ⇐⇒ 0 04 = 6125 ⇐⇒ = ⇐⇒ = 153125
0 04
338 CAPÍTULO 14. FUNÇÕES DEFINIDAS POR RAMOS
Então, um prédio no valor de 153125 Euros paga 1531 25 Euros de imposto de sisa.
Outra maneira de resolver esta questão era descobrir o escalão, por tentativas:
Se o preço de compra estiver no segundo escalão, a taxa é dada por:
0 02 − 2000
=
Então, 002−2000
= 0 01. Resolvendo a equação, obtemos = 200000, valor este que não está
no segundo escalão. Logo, passamos ao escalão seguinte, até atingirmos a solução.
Um processo, mais interessante do que este, consiste em calcular a taxa média para os valores
de transição de escalão:
Para 100000 Euros, temos uma taxa de 0%.
Para 137500 Euros, temos
137500 × 0 02 − 2000 2750 − 2000 750 3
= = = = ≈ 0 005 45
137500 137500 137500 550
Valor sobre que incide o IMT (em Euro) Taxa a aplicar Parcela a abater (em Euro)
Até 104375,00 0% 0
De mais de 104375,00 até 143500,00 2% 2087,50
De mais de 143500,00 até 195625,00 5% 6392,50
De mais de 195625,00 até 326125,00 7% 10305,00
De mais de 326125,00 até 652125,00 8% 13566,25
Superior a 652125,00 Taxa única de 6,5 %
A Escada do Diabo
Consideremos a função 0 () = de domínio [0 1]. A representação gráfica da função é a seguinte:
0,9 m0 = 1
0,8
0,7 c0 = 2
0,6
y=x
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
√
O gáfico é um segmento de recta de comprimento 0 = 2. Esse segmento divide o quadrado
[0 1] × [0 1] em dois triângulos de área 12 cada um. A recta que contém o segmento tem declive 1.
Para construir a escada do diabo, procedemos do seguinte modo:
£ 1Dividimos
¤ £ ¤ o£ domínio
¤ de 0 , o intervalo [0 1], em três intervalos com o mesmo comprimento:
0 3 , 13 23 e 23 1 ; no intervalo central, consideramos a função constante £= 12¤, valor este que
é a média entre as ordenadas dos extremos ¡ 1 do
¢ segmento inicial; no intervalo 0 13 , consideramos
o¡ segmento
¢ de recta de extremos (0 0) e 3 12 ; finalmente, consideramos o segmento de extremos
2 1
3 2 e (1 1):
341
342 CAPÍTULO 15. A ESCADA DO DIABO
0,9 3
0,8 m1 =
2
0,7
0,6 2 13 1
c1 = +
0,5 6 3
0,4
0,3 3x
0,2 y=
2
0,1
1
2
Obtivemos um segmento e recta horizontal e dois segmentos oblíquos de declive 1 , ou seja, 32 .
3
¡ ¢ q q √
1 = 13 12 . Então, k→
Seja →
− −
1 k = 19 + 1
4 = 4+9 13
36 = 6 . Logo, o comprimento 1 da linha
√ √ √
13 1 1+ 13 22 +32
que une os pontos (0 0) e (1 1) é dado por 1 = 2 × 6 + 3 , ou seja, 1 = 3 = 3 + 1 − 23 .
É claro que os dois segmentos de recta oblíquos são paralelos e o quadrado [0 1] × [0 1] continua
a ficar dividido em duas partes de área 12 cada uma.
A linha considerada é o gráfico duma função definida por ramos:
1.0
0.8
⎧
⎨ 3
0 ≤ ≤ 13 0.6
2 ⇐=
1 1 2
1 () = 2 ¡ ¢ ⇐= 3 ≤≤ 3
⎩ 3 1 2 0.4
2 − 3 ⇐= 3 ≤≤1
0.2
0.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0,9 1 1
0,8 u2 = ,
9 4
0,7
0,6 9
m2 =
0,5 4
0,4
0,3
0,2
0,1
¡ ¢ q √
Neste caso, temos →
−
2 = 19 14 , pelo que k→
−
2k = 42 +92
362 = 97
36 .
¡ ¢ ¡ ¢ √
Então, 4→
−
2 = 4 19 14 = 49 1 , tendo-se k4−
→
2k = 97
9 .
√ √ ¡ 2 ¢2 √
97 4 (22 )2 +(32 )2 1 5
Então, 2 = 9 +1− 9 = 32 +1− 3 = 9 97 + 9
¡ 1 1¢
Então, →
−
3 = 27 8 , pelo que o declive dos segmentos oblíquos é 3 = 18 ÷ 271
= 27
8 .
¡ 1 1¢ ¡ 8 ¢ q ¡ 8 ¢2 q √
Logo, 8−
→
3 = 8 27 8 = 27 1 , tendo-se que k8−→
3k = 27 + 1 = 82 +272
272 = 793
27
8
Então, a soma dos comprimentos dos segmentos horizontais é 1 − 27 .
° → ° q √
(23 )2 +(33 )2
Note-se que k8−
→ 3 k = °23 −
3 2 3 )2
3 ° = (2 ) 3+(3
6 = 33 .
√ 2 ¡ ¢3
(23 ) +(33 )2
Então, o comprimento total é dado por 3 = 33 + 1 − 23 .
√ 2 ¡ ¢
(2 ) +(3 )2
E já estamos convencidos que teremos = 3 + 1 − 23 .
O gráfico seguinte é:
345
Observação
Consideremos a primeira escada obtida:
1 1
A1,4 A1,4
A1,2 A1,2
A1,3 A1,3
A1,1 1 A1,1 1
346 CAPÍTULO 15. A ESCADA DO DIABO
Então,
−−−−−→ −−−−−→ −−−−−→ −−−−−→ −−−−−→ −−−−−→
11 14 = 11 12 + 12 13 + 13 14 = 2 × 11 12 + 12 13
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 1 1 2 1
= 2 + 0 = 1 + 0 = (1 1)
3 2 3 3 3
¡ ¢ ¡ ¢
Para a segunda, temos que a soma ¡ 4 ¢dos vectores
¡ 5 oblíquos
¢ é 4 19 14 , ou seja, 49 1 . E a soma
dos vectores horizontais é (1 1) − 9 1 , ou seja, 9 0 .
¡ ¢ ¡ ¢
No caso geral, temos que a soma dos vectores oblíquos é 2 31 21 , ou seja, 23 1 . E a soma
¡ 2 ¢ ¡ ¡ 2 ¢ ¢
dos vectores horizontais é (1 1) − 3 1 , ou seja, 1 − 3 0 .
E o comprimento total, , é dado por
°µ ¶° °µ µ ¶ ¶° r µ ¶
° 2 ° ° 2 ° 22 2
°
= ° 1 ° + ° 1 −° ° °
0 ° = 1 + 2 + 1 −
3 3 3 3
r µ ¶ √ µ ¶
32 + 22 2 32 + 22 2
= + 1 − = 1 + −
32 3 32 3
Capítulo 16
−3 −2 −1 0 1 2 3
1 1 1
() 8 4 2 1 2 4 8
A tabela anterior faz-nos crer que números simétricos têm imagens inversas uma da outra, o que
é muito fácil de provar:
1 1
(−) = 2− =
= ∀ ∈ R
2 ()
Representação gráfica desta função, usando a janela de visualização [−3 3] × [−1 9] e, a seguir,
usando a Opção Zoom Square:
Intuitivamente, vemos que a função é estritamente crescente, pelo que é injectiva. O con-
tradomínio da função é R+ . O gráfico de admite uma assímptota horizontal (o eixo das abcissas).
Então, lim () = lim (2 ) = 0+ .
→−∞ →−∞
Como é injectiva, então admite função inversa. A função inversa de tem domínio R+ e
contradomínio R.
Representação gráfica da função inversa de , na janela de visualização [−1 9]×[−3 3] e, depois,
em referencial ortonormado:
347
348 CAPÍTULO 16. FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA
Neste caso, o gráfico admite uma assímptota vertical (o eixo das ordenadas).
Então, lim+ () = −∞. À função inversa de , chamamos função logarítmica e representamo-
→0
la por −1 () = log2 (logaritmo de , na base 2).
−3 −2 −1 0 1 2 3
() 0 049 79 0 135 34 0 367 88 1 2 718 28 7 389 06 20 085 54
O número irracional chama-se constante de Neper, tendo-se ≈ 2 718 281 828 459 05. A
representação gráfica da função () = , usando a janela de visualização [−3 3] × [−1 20], é a
seguinte:
20
y
15
10
-3 -2 -1 1 2 3
Intuitivamente, vemos que a função é estritamente crescente, pelo que é injectiva. O con-
tradomínio da função é ]0 +∞[. O gráfico de admite uma assímptota horizontal (o eixo das
abcissas). Então, lim () = 0+ .
→−∞
Um facto muito importante, sobre a função , é o seguinte:
− 1
lim =1
→0
Um outro limite importante é o seguinte:
lim = +∞ ∀ ∈ R
→+∞
349
Como é injectiva, então admite função inversa. O domínio da função inversa de é ]0 +∞[
e o contradomínio é R.
À função inversa de , chamamos função logarítmica e representamo-la por log (logaritmo de
, na base ). Esta função é representada, habitualmente, por ln , em vez de log .
Representação gráfica da função inversa de , na janela de visualização [−1 20] × [−3 3]:
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
-1
-2
-3
Logo, 0 () = .
Quanto à derivada da função () = ln , temos:
¡ ¢ ¡ ¢
0 ln − ln ln ln +−
ln 1 + −
1
() = lim = lim = lim = lim − =
→ − → − → − →
Logo, 0 () = 1 .
O cálculo das duas derivadas anteriores pode ser feito do seguinte modo:
¡ ¢
0 + − − 1
() = lim = lim = × 1 =
→0 →0
¡ ¢
0 ln ( + ) − ln ln +
ln 1 + 1
() = lim = lim = lim
=
→0 →0 →0
−∞ ln 3 +∞
3 − + 0 −
() % Máx &
-2 2
-2
-4
-6
-8
-10
-12
Esta função tem dois zeros. Recorrendo à opção ZoomBox da calculadora, temos sucessivamente:
351
Então, um dos zeros da função () = 3− +5 é −1 59932, com erro inferior a uma centésima
milésima.
De modo análogo, temos:
O outro zero da função () = 3 − + 5 é 2 533810, com erro inferior a uma milionésima.
Outra maneira de obter as soluções da equação 3 − + 5 = 0:
Começamos por construir uma tabela da função () = 3 − + 5, utilizando o valor inicial
−2 e, fazendo ∆ tbl = 0 1:
Verificamos que um dos zeros da função (a função é contínua em quaquer intervalo) está entre
os dois valores −1 6 e −1 5. Seguidamente, usamos o valor inicial −1 6 e ∆ tbl = 0 01.
352 CAPÍTULO 16. FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA
−∞ 0 +∞
−2 + 0 −
2
− + + +
0 () + 0 −
() % Máx &
1.0
0.5
-3 -2 -1 0 1 2 3
−1 −1
1 + 2 ln = ⇐⇒ ln = ⇐⇒ = 2
2
−1
Logo, −1 () = 2 , função esta que tem domínio R. Então, o contra-domínio de é R.
Zeros e sinal de ():
1 1 1
1 + 2 ln = 0 ⇐⇒ ln = − ⇐⇒ = − 2 ⇐⇒ = √
2
Observe-se que o zero de () é −1 (0), sempre que exista função inversa e a função tenha
um zero.
1 1 1
1 + 2 ln = 0 ⇐⇒ ln = − ⇐⇒ = − 2 ⇐⇒ = √
2
1 1 1
1 + 2 ln 0 ⇐⇒ ln − ⇐⇒ − 2 ⇐⇒ √
2
0 √1 +∞
1 + 2 ln − 0 +
Segunda derivada:
2
00 () = − 0 ∀ ∈ ]0 +∞[
2
Então, o gráfico da função tem a concavidade voltada para baixo, não havendo pontos de
inflexão.
Representação gráfica da função :
355
y 4
0
2 4
-2
-4
-6
-8
¯ ¯
¯ +1 ¯
Exemplo 311 Estudo da função () = ln ¯ −1 ¯:
Domínio
¯ ¯ da função:
¯ +1 ¯
¯ −1 ¯ 0 ⇐⇒ + 1 6= 0 ∧ − 1 6= 0 ⇐⇒ 6= −1 ∧ 6= 1
Logo, = R\ {−1 1}
Paridade: ¯ ¯ ¯ ¯
¯ −+1 ¯ ¯ ¯
(−) = ln ¯ −−1 ¯ = ln ¯ −1
+1 ¯ = ln | − 1| − ln | + 1|
¯ ¯
¯ +1 ¯
() = ln ¯ −1 ¯ = ln | + 1| − ln | − 1|
Logo, (−) = − () ∀ ∈ R\ {−1 1}, pelo que a função é ímpar.
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ +1 ¯ ¯ +1 ¯ ¯ ¯
¯ +1 ¯
lim − () = lim − ln ¯ −1 ¯ = ln lim − ¯ −1 ¯ = ln ¯ lim − −1 ¯ = ln 0+ = −∞
→−1 →−1 →−1 →−1
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ +1 ¯ ¯ +1 ¯ ¯ ¯
¯ +1 ¯
lim () = lim + ln ¯ −1 ¯ = ln lim + ¯ −1 ¯ = ln ¯ lim + −1 ¯ = ln 0+ = −∞
→−1+ →−1 →−1 →−1
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ +1 ¯ ¯ +1 ¯ ¯ ¯
lim− () = lim− ln ¯ −1 ¯ = ln lim− ¯ −1 +1 ¯
¯ = ln ¯¯ lim− −1 ¯ = ln (+∞) = +∞
→1 →1 →1 →1
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ +1 ¯ ¯ +1 ¯ ¯ ¯
lim+ () = lim+ ln ¯ −1 ¯ = ln lim+ ¯ −1 +1 ¯
¯ = ln ¯¯ lim+ −1 ¯ = ln (+∞) = +∞
→1 →1 →1 →1
Então, o gráfico da função admite duas assímptotas¯ verticais: ¯as rectas de equação = ±1.
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ +1 ¯ ¯ +1 ¯
lim () = lim ln ¯ −1 ¯ = ln lim ¯ −1 +1 ¯
¯ = ln ¯¯ lim −1 ¯ = ln 1 = 0
→−∞ →−∞ →−∞ →−∞
lim () = 0
→+∞
Então, a recta de¯ equação
¯ = 0 é uma assímptota horizontal ao gráfico da função.
¯ +1 ¯ 0
Como () = ln ¯ −1 ¯ = ln | + 1| − ln | − 1| e (ln ||)0 = , temos
1 1 −1−−1 −2
0 () = − = = 2
+1 −1 ( + 1) ( − 1) −1
−∞ −1 1 +∞
−2 − − − − −
2 − 1 + 0 − 0 +
0 () − + −
() & % &
00 () = 0+2×2
(2 −1)2
= (24
−1)2
Sinal da segunda derivada e sentido da concavidade:
−∞ −1 0 1 +∞
4 − − − 0 + + +
¡ 2 ¢2
−1 + 0 + + + 0 +
00 () − − 0 + +
() PI
Representação gráfica da função :
-3 -2 -1 1 2 3
-1
-2
-3
−1
Exemplo 312 Estudo da função () = +1 :
−∞ −1 1 +∞
1+ − 0 + + +
1− + + + 0 −
1+
1− − 0 + −
−∞ 0 +∞
2 + + +
1 − + 0 −
3
( + 1) + + +
00
() + 0 −
() P Inf
−1 1− 1 1−0
lim () = lim = lim 1 = 1+0 =1
→+∞ →+∞ +1 →+∞ 1+
lim () = lim −1 = lim 0−1 = −1
→−∞ →−∞ +1 →+∞ 0+1
Logo, o gráfico da função admite duas assímptotas horizontais (as rectas definidas por = ±1).
Como a função é contínua em R, não há assímptotas verticais ao gráfico da função.
Representação gráfica da função:
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-1
¡ ¢
Exemplo 313 Estudo da função () = ln 2 − 3 − 4 :
√
∆ = 9 + 16 = 25; 2 − 3 − 4 = 0 ⇐⇒ = 3±2 25 ⇐⇒ = −1 ∨ = 4
2
− 3 − 4 0 ⇐⇒ −1 ∨ 4
Logo, o domínio da função¡ é ]−∞ −1[¢ ∪ ]4 +∞[.
lim − () = lim − ln 2 − 3 − 4 = ln (0+ ) = −∞
→−1 →−1 ¡ ¢
lim+ () = lim+− ln 2 − 3 − 4 = ln (0+ ) = −∞
→4 →4
Então, o gráfico da função admite duas assímptotas verticais ( = −1 ∨ = 4).
358 CAPÍTULO 16. FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA
¡ ¢ £ ¡ ¢¤
lim () = lim ln 2 − 3 − 4 = lim ln 2 1 − 3 − 4
2 = ln (+∞) = +∞
→−∞ →−∞ ¡ ¢ →−∞ £ ¡ ¢¤
lim () = lim ln 2 − 3 − 4 = lim ln 2 1 − 3 − 4
2 = ln (+∞) = +∞
→+∞ →+∞ →+∞
Logo, o gráfico da função não admite assímptotas horizontais (pode admitir assímptotas oblíquas).
−∞ −1 0 4 +∞
2 − − − 0 + + +
2 − 3 − 4 + 0 − − − 0 +
0 () − Não definida +
() & Não definida %
Segunda derivada:
2(2 −3−4)−(2−3)(2−3) 2 2 2
00 () = (2 −3−4)2
= 2 −6−8−4 +12−9
(2 −3−4)2
= −2 +6−17
(2 −3−4)2
∆ = 36 − 136 = −100 0. Logo, −22 + 6 − 17 0 ∀ ∈ R.
Sentido da concavidade:
−∞ −1 4 +∞
−22 + 6 − 17 − − − − −
¡ 2 ¢2
− 3 − 4 + 0 + 0 +
00 () − Não definida −
() Não definida
-4 -2 2 4 6
-2
1 1 1
1 = lim 0 () = lim = lim 1 = 1 = =1
→+∞ →+∞ 1 + →+∞ +1 +1 0+1
+∞
1 = lim [1 + ln (1 + ) − ] = lim [1 + ln (1 + ) − ln ( )]
→+∞ →+∞
∙
¸ µ ¶
1+ 1
= 1 + lim ln = 1 + ln lim + 1 = 1 + ln 1 = 1 + 0 = 1
→+∞ →+∞
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
1
Exemplo 315 Estudo da função () = :
1 1 1
= ⇐⇒ = ln ⇐⇒ =
ln
Logo, −1 () = ln1 , pelo que devemos ter 0 ∧ 6= 1. Logo, o contradomínio da função é
+
R \ {1}, ou seja, ]0 1[ ∪ ]1 +∞[.
Como
⎧ existe função inversa,
³ 1 ´ é uma função injectiva.
⎨ lim () = lim = −∞ = 0+
→0− →0− ³ ´
⎩ lim () = lim 1 = +∞ = +∞
+
→0 →0 +
1
0 () = − 12 0 ∀ ∈ R\ {0}. Deste facto, não podemos concluir que seja uma função
estritamente decrescente em R\ {0}, mas, apenas, que é estritamente decrescente em ]−∞ 0[ e
que é estritamente decrescente em ]0 +∞[.
Do facto da função ser diferenciável em R\ {0}, concluimos que é contínua em R\ {0}.
³ 1
´0 1
³ 1
´ 1 1 1
0 () = −−2 = 2−3 − 12 − 12 = 23 + 14 = 2+1
4
−∞ − 12 0 +∞
2 + 1 − 0 + + +
4 + + + 0 +
00
() − 0 + +
() P Inf
¡ ¢ ¡ ¢
¡− 12 ¢= −2 = 12 . Então, − 12 12 é o ponto de¡ inflexão.
¢
0 − 12 = −4−2 = − 42 . Então, − 12 = − 42 + 12 é uma equação da recta tangente ao
gráfico da função no ponto de inflexão.
Representação gráfica da função, incluindo a tangente no ponto de inflexão:
-4 -2 2 4
-2
-4
1.0
0.5
-0.5
O domínio da função é R.
361
Não
( é possível explicitar a correspondência
¡ ¢inversa de¡ . ¢
lim () = lim ( ) = lim − = lim − = 0
→−∞ →−∞ →−∞ →+∞
lim () = lim ( ) = (+∞) × (+∞) = +∞
→+∞ →+∞
Então, a recta de equação = 0 é uma assímptota horizontal ao gráfico da função.
0 () = + = ( + 1) ; 00 () = + ( + 1) = ( + 2)
0
() = 0 ⇐⇒ ( + 1) = 0 ⇐⇒ = −1
−∞ −1 +∞
+1 − 0 +
+ + +
0
() − 0 +
() & mín %
Logo, é estritamente decrescente em ]−∞ −1] e é estritamente crescente em [−1 +∞[.
(−1) = −−1 = − 1
Como é diferenciável em R, concluimos que é contínua em R, pelo que o gráfico da função
não admite assímptotas verticais.
Como lim () = lim = lim = +∞, podemos concluir que não há nenhuma
→+∞ →+∞ →+∞
assímptota, para além daquela que já foi encontrada ( = 0).
Sinal da segunda derivada e sentido da concavidade:
−∞ −2 +∞
+2 − 0 +
+ + +
00
() − 0 +
() P Inf
¡ ¢
(−2) = −2−2 = − 22 . Então, −2 − 22 é o ponto de inflexão.
0 (−2) = (−2 + 1) −2 = − 12 .
Equação da recta tangente ao gráfico da função, no ponto de inflexão:
2 1 3 +3
+ 2
= − 2 ( + 2) ⇐⇒ = − 2 − 2 ⇐⇒ = − 2
Representação gráfica da função :
-2 2
362 CAPÍTULO 16. FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA
£ £
O contradomínio da função é − 1 +∞ .
Resolução da equação () = 3, com obtenção da solução aproximada:
Como é contínua em [1 2], existe um número real , tal que 1 2 e () = 3.
Recorrendo à ferramenta "Table"duma calculadora, podemos obter:
Ainda podemos obter a solução aproximada por intersecção das funções = e = 3, ou
recorrendo às opções Zoom e Trace da calculadora.
Exemplo 317 Estudo da função () =
O domínio da função é R.
Não
⎧ é possível explicitar a correspondência inversa de .
⎨ lim () = lim = lim (− ) = (−∞) × (+∞) = −∞
→−∞ →−∞ →−∞
⎩ lim () = lim = 0+
→+∞ →+∞
Então, a recta de equação = 0 é uma assímptota horizontal ao gráfico da função.
0 () = 1 −
2 = 1−
; 00 () = −1 −(1−)
2 = −1−1+
= −2
0 1−
() = 0 ⇐⇒ = 0 ⇐⇒ = 1
363
−∞ 1 +∞
1− + 0 −
+ + +
0
() + 0 −
() % Máx &
−∞ 2 +∞
−2 − 0 +
+ + +
00
() − 0 +
() P Inf
¡ ¢
(2) = 22 . Então, 2 22 é ponto de inflexão.
Representação gráfica da função :
-2 -1 1 2 3 4
-2
-4
-6
£ £
O contradomínio da função é −∞ 1 .
Convém comparar o gráfico desta função com o gráfico da função do exemplo anterior.
Observação
Sejam () = e () = . Então, (−) = −− = − = − ().
Então, () = − (−) ∀ ∈ R, pelo que o gráfico de () pode ser obtido do gráfico de (),
por meio de duas transformações:
O gráfico de (−) é o simétrico do gráfico de (), em relação ao eixo das ordenadas.
O gráfico de − (−) é o simétrico do gráfico de (−), em relação ao eixo das abcissas.
O gráfico de − (−) é o gráfico de () rodado 180 ◦ , em torno da origem.
364 CAPÍTULO 16. FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA
-4 -2 2 4
-2
-4
-6
Esta função pode ser estudada a partir da função () = ln , mas vamos fazer o seu estudo
directamente.
Devemos ter || 0, pelo que 6= 0. Logo, = R\ {0}.
Como (−) = ln |−| = ln || ∀ ∈ R\ {0}, a função é par.
Então, a função não é injectiva nem admite função inversa.
Para a correspondência inversa, temos:
−∞ 0 +∞
− 0 +
0 () − +
() & %
y
2
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-2
-4
−∞ 0 +∞
() − 0 +
−∞ 0 +∞
00
() − 0 +
() P Inf
Assímptotas:
(
lim 0 () = lim ( + − ) = −∞ + +∞ = 0 + (+∞) = +∞
→−∞ →−∞
lim 0 () = +∞
→+∞
Logo, não há assímptotas não verticais.
Como a função é diferenciável em R, então é contínua em R, pelo que não há assímptotas
verticais.
Representação gráfica de ():
-2 -1 1 2
-2
-4
-6
−∞ 0 +∞
0 () − 0 +
() & mín %
367
(0) = 2
Segunda derivada:
00 () = + − 0 ∀ ∈ R
Então, o gráfico de tem a concavidade voltada para cima.
Assímptotas:
lim 0 () = lim ( + − ) = +∞
→∞ →∞
Logo, não há assímptotas não verticais.
Como a função é diferenciável em R, então é contínua em R, pelo que, também, não há
assímptotas verticais.
Representação gráfica de ():
-2 -1 1 2
Observe-se que existe uma relação profunda entre as duas funções = − − e = + − .
Essa relação vai para além do facto de cada uma delas ser a derivada da outra, como podemos
ver, na seguinte propriedade:
2 2
[ + − ] − [ − − ] = 2 + 2 + −2 − 2 + 2 − −2 = 4 ∀ ∈ R
h − i2 h − i2
Então, + 2 − − 2 = 1 ∀ ∈ R
− −
Há uma semelhança muito grande entre as funções definidas por = + 2 e = −2 e
as funções trigonométricas cos e sin (muito para além do que foi mostrado). Essa semelhança
levou a que essas funções tivessem recebido o nome de coseno hiperbólico e seno hiperbólico.
− −
Assim, temos cosh = + 2 e sinh = −
2 .
Seguem-se algumas fórmulas para o seno e o coseno hiperbólicos:
sinh ( + ) = sinh cosh + cosh sinh
sinh ( − ) = sinh cosh − cosh sinh
cosh ( + ) = cosh cosh + sinh sinh
cosh ( − ) = cosh cosh − sinh sinh
Demonstração da 1 fórmula:
368 CAPÍTULO 16. FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA
O domínio da função é R.
(−)2 2
(−) = √12 − 2 = √12 − 2 = () ∀ ∈ R, pelo que a função é par.
Logo, não é injectiva nem existe função inversa de .
Para a correspondência inversa, temos:
1 2 2 √ 2 ³ √ ´ ³ √ ´
√ − 2 = ⇐⇒ − 2 = 2 ⇐⇒ − = ln 2 ⇐⇒ 2 = −2 ln 2
2 2
2
p
⇐⇒ = −2 ln − ln 2 − ln ⇐⇒ = ± −2 ln − ln 2 − ln
Então,
¡ ¢ 1
2 ln + ln 2 + ln ≤ 0 ∧ 0 2 ln ≤ − ln 2 − ln ∧ 0 ⇐⇒ ln 2 ≤ ln
⇐⇒ ∧ 0
2
1 1
⇐⇒ 2 ≤ ∧ 0 ⇐⇒ 0 ≤ √
2 2
i i
Logo, o contradomínio de é 0 √12 .
2
0 () = − √12 − 2 , pelo que o sinal de 0 () é o sinal de −.
−∞ 0 +∞
0 () + 0 −
() % Máx &
(0) = √12
Como é diferenciável em R, é contínua em R, pelo que o gráfico de não admite assímptotas
verticais.
Para a segunda derivada e sentido da concavidade, temos:
2 2 2
−1 − 12 2
00 () = − √12 − 2 + √12 2 − 2 = √2
2
√ −1 − 12 2
00 () = 0 ⇐⇒ 2
= 0 ⇐⇒ = ±1
−∞ −1 1 +∞
2
√ −1
2
+ 0 − 0 +
− 12 2
+ + + + +
00 () + 0 − 0 +
() P Inf P Inf
369
1
(−1) = (1) = √2
Assímptotas não verticais:
³ ´
2
lim () = lim √12 − 2 = √12 −∞ = √12 × 0 = 0
→∞ →∞
Logo, a recta de equação = 0 é uma assímptotas ao gráfico de .
A representação gráfica da função ():
2
A função () = √1 − 2 é a conhecida curva de Gauss, com valor médio zero e desvio padrão
2
1.
Recorrendo à calculadora, podemos achar a área da região limitada pelo eixo das abcissas, pela
curva e pelas rectas de equação = ±1:
R1 2
Para esse efeito, temos de calcular −1 √12 − 2 :
R1 2
√1 − 2 ≈ 0 682 689 49
−1 2
R2 2
√1 − 2 ≈ 0 954 499 74
−2 2
Área da região limitada pelo eixo das abcissas, pela curva e pelas rectas de equação = ±3:
R3 2
√1 − 2 ≈ 0 997 300 203 9
−3 2
370 CAPÍTULO 16. FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA
= R;
|| = ⇐⇒ || = ln ⇐⇒ = ± ln ∧ ln ≥ 0 ⇐⇒ = ± ln ∧ ≥ 1
0 = [1 +∞[, pelo que a função não tem zeros. Não existe função inversa de . Então, não
é injectiva.
(−) = |−| = || = () ∀ ∈ R. Então, é par.
½ −
⇐= ≤ 0
() = .
⇐= ≥ 0
A função é contínua no ponto = 0 (a imagem de zero pode ser calculada em qualquer das
expressões − e , as quais são funções contínuas em R).
Não existe derivada no ponto = 0, porque as derivadas laterais são diferentes: 0 (0) =
1 ∧ 0 (0) = −1.
Pelo facto das derivadas laterais serem diferentes, diz-se que o gráfico de tem um ponto anguloso
( = 0).
½
0 −− ⇐= 0
Então, () =
⇐= 0
Observe-se que a função é diferenciável em R e a derivada no ponto = 0 é 1. Então, a
derivada à direita (no ponto = 0) é 1. A função − é diferenciável em R e a derivada no ponto
= 0 é −1. Então, a derivada à esquerda (no ponto = 0) é −1.
A função é contínua em R.
Monotonia:
−∞ 0 +∞
0 () − não definida +
() & mín %
(0) = 0 = 1
Assímptotas:
lim 0 () = lim (−− ) = −+∞ = −∞; lim 0 () = +∞
→−∞ →−∞ →+∞
Logo, o gráfico de não admite assímptotas não verticais. Como é contínua em R, o gráfico
de não admite assímptotas verticais.
½ −
⇐= 0
00 () =
⇐= 0
O gráfico de tem a concavidade voltada para cima.
Representação gráfica da função :
371
-3 -2 -1 0 1 2 3
A função,
½ de domínio R, pode ser definida por ramos, do seguinte modo:
ln ( − ) ⇐= ≤ 0
() =
ln ( + ) ⇐= ≥ 0
é contínua no ponto = 0, porque lim− () = 1 = (0) = lim+ ().
→0 →0
(−) = ln ( + |−|) = ln ( + ||) = () ∀ ∈ R
Logo, é½uma função par, pelo que não é injectiva nem admite função inversa.
−1
⇐= 0
0 () = −
1
+ ⇐= 0
No ponto = 0, a função não tem derivada, uma vez que as derivadas laterais são diferentes
(− 1 e 1 ). Dizemos que no ponto = 0, o gráfico da função tem um ponto anguloso.
Como 0 () 0 ∀ ∈ R− , 0 () 0 ∀ ∈ R+ e é contínua no ponto = 0, temos:
−∞ 0 +∞
0 () − não definida +
() & mín %
(0) = ln( = 1
1×(−1) 1
(−)2
= − (−)2 ⇐= 0
00 () = −1×1 1
(+)2
= − (+)2 ⇐= 0
Então, 00 () 0∀ ∈ R\ {0}, pelo que o gráfico da função tem a concavidade voltada para
baixo.
Podemos obter a correpondência inversa:
1
2
-3 -2 -1 1 2 3
1
-1
-3 -2 -1 1 2 3
Embora não esteja completamente correcta, pois não existe derivada da função
¡ ¢no ¡ponto ¢ = 0,
apresentámos o gráfico da função 0 (), sem as "bolas abertas"nos pontos e 0 1 e 0 − 1 .
−1
Exemplo 324 Estudo da função () =
−∞ 0 +∞
− 0 +
+ + +
0 () − 0 +
() & mín %
−∞ 0 +∞
− + 1 + 0 +
2 + 0 +
0 1
() + 2 +
() %
Então, é estritamente crescente em R. Como (0) = 0, temos que () tem o sinal de .
−∞ 0 +∞
2 − 2 + 2 − 2 − 0 +
3 − 0 +
00
() + +
()
= 1 + 2! + 3! + 4! + · · · + ! · · ·
Então, para 6= 0, a função () = −1 pode ser definida pela série anterior, a qual está
definida para = 0, obtendo-se o valor 1. Esse é valor é a imagem de zero pela função inicial .
374 CAPÍTULO 16. FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA
2 3 −1 1 1 2 1 3 1 −1
Ora, 1 + 2! + 3! + 4! + ··· + ! ··· = 1 + 2 1! + 3 2! + 4 3! + ··· + (−1)! ···
1
Então, (−1)
(0) = ∈ N. Observemos que, para = 1, obtemos (0) = 11 , ou seja,
∀
0
(0) = 1.
Segue-se a representação gráfica da função e da recta tangente no ponto de abcissa zero.
-3 -2 -1 1 2 3
1
Exemplo 325 Estudo da função () =
Sentido da concavidade:
375
−∞ − 12 0 +∞
2 + 1 − 0 + + +
1
+ + + +
4 + + + 0 +
00
() − 0 + +
() P Inflexão
10
-2 0 2 4 6
½ 1
O domínio da função é R.
Sinal: () 0 ∀ ∈ R\ {0} e (0) = 0.
1 1
Para 6= 0, temos (−) = − |−| = − || = (). É claro que (−0) = (0).
Então, (−) = () ∀ ∈ R, pelo que é uma função par.
Correspondência inversa de :
1 1 1
− || = ⇐⇒ − = ln ∧ 0 ⇐⇒ − || = ∧ 0 ∧ 6= 1
|| ln
1 1
⇐⇒ || = − ∧ 0 ∧ 6= 1 ⇐⇒ = ± ∧ 0 ∧ 6= 1 ∧ ln 0
ln ln
1
⇐⇒ =± ∧0 1
ln
1 ¡ 1 ¢0 1 1
Para 0, temos () = , pelo que 0 () = = − 12 , para 0
Falta saber se existe derivada no ponto = 0.
1
() − (0) − − 0 −
0 (0) = lim+ = lim+ = lim 1 = lim = 0
→0 −0 →0 →+∞
→+∞
−∞ 0 +∞
1
− 12 −
1 − 1
2 +
0
() − 0 +
() & mín %
1 − 1 1
0 () − 0 (0) 2 −0 3 3
00 (0) = lim+ = lim+ = lim+ 1 = lim =0
→0 −0 →0 →0 →+∞
−2 || + 1 − ||
1
00 () = 4
Sentido da concavidade:
377
−∞ − 12 0 1
2 +∞
2 + 1 − 0 +
1
+ + +
4 + + +
−2 + 1 + 0 −
1
− + + +
4 + + +
00
() − 0 + 0 + 0 −
() P Inf P Inf
¡1¢ ¡ ¢
2 = −2 = 12 = − 12
Representação gráfica das funções () e 0 ():
2
2 1
1
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-1
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
-2
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-1
-2
0 1 +∞
0 + + +
ln − 0 +
() − 0 +
¡ ¢
0 () = 1 ln + 1 = ln + 1 = 1 + ln
00 () = 1 0 ∀ ∈ R+ , pelo que o gráfico da função tem a concavidade voltada para cima.
⎧ 0
⎨ () = 0 ⇐⇒ 1 + ln = 0 ⇐⇒ ln = −1 ⇐⇒ = −1 ⇐⇒ = 1
0 () 0 ⇐⇒ 1 + ln 0 ⇐⇒ ln −1 ⇐⇒ −1 ⇐⇒ 1
⎩ 0
() 0 ⇐⇒ 1 + ln 0 ⇐⇒ ln −1 ⇐⇒ 0 −1 ⇐⇒ 0 1
1
0 +∞
1 + ln − 0 +
() & mín %
¡1¢
= 1 ln 1 = 1 (−1) = − 1
lim 0 () = lim (1 + ln ) = 1 + ln (+∞) = +∞
→+∞ →+∞
Então, o gráfico da função não admite assímptotas não verticais.
Como a função é derivável em R+ , é contínua em R+ , pelo que pode admitir uma única assímp-
tota vertical (a recta de equação = 0).
µ ¶ µ ¶
1 1 ln
lim+ () = lim+ ( ln ) = lim ln = lim − =0
→0 →0 →+∞ →+∞
0
2 4 6
-2
-4
Resolução
De 0 ∧ ln 0, vem 1, pelo que o domínio da função é ]1 +∞[.
() = 0 ⇐⇒ ln ln = 0 ⇐⇒ ln = 1 ⇐⇒ =
379
¡ 1
¢0 0−(1 ln +×
1
)
00 () = ln = 2 ln2
= − 1+ln
2 ln2 0 ∀ ∈ ]1 +∞[.
A função é contínua e estritamente crescente em ]1 +∞[ e o gráfico tem a concavidade voltada
para baixo.
lim () = lim ln ln = ln ln (+∞) = +∞
→+∞ →+∞
lim+ () = lim+ (ln ln ) = ln 0+ = −∞
→1 →1
1 1
lim 0 () = lim = =0
→+∞ →+∞ ln +∞
Dos resultados anteriores, concluimos que não assímptotas não verticais e que a recta de equação
= 1 é uma assímptota vertical ao gráfico da função. Como a função é contínua em ]1 +∞[, não
há mais assímptotas verticais.
Representação gráfica da função:
5 10 15
0
-5
-10
-15
10
Exemplo 329 Estudo da função () = 1+9−10
Resolução
O domínio da função é R.
10 10 10
= ⇐⇒ 1 + 9−10 = ⇐⇒ 9−10 = −1
1 + 9−10
10 − 10 − 1 10 −
⇐⇒ −10 = ⇐⇒ −10 = ln ⇐⇒ = − ln
9 9 10 9
1
−∞ 10ln 9 +∞
−90−10 − − −
1 − 9−10 − 0 +
¡ ¢3
1 + 9−10 + + +
00 () + 0 −
() P Inf
¡ 1
¢ 10 10
10 ln 9 = 1+9− ln 9
=
1+ 99
=5
10 10
lim () = lim − = 1+9×0 = 10
→+∞ →+∞ 1+9
10 10
lim () = lim − = 1+9×(+∞) = 0
→−∞ →−∞ 1+9
O gráfico da função admite duas assímptotas horizontais: as rectas definidas por = 0 ∨ = 10.
Representação gráfica da função, incluido as assímptotas:
10
-4 -2 0 2 4 6 8
10
() = 1+9−10
O gráfico anterior traduz um crescimento lento, um crescimento rápido que volta a dar lugar a
um crescimento lento, quase imperceptível a partir de certo valor de .
A função anterior é um bom modelo, embora muito acelerado, para o crescimento de populações.
A seguir, temos dois exemplos menos acelerados:
381
10 10
8 8
6 6
4 4
2 2
-4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
-4 -2 0 2 4 6 8
10 10
() = 1+9− () =
1+9− 4
Vejamos, agora, uma propriedade interessante da função (), calculando 10 () − [ ()]2 :
µ ¶2 ¡ ¢
2 100 10 100 1 + 9−10 100
10 () − [ ()] = − = 2 − 2
1 + 9−10 1 + 9−10 (1 + 9 −10 ) (1 + 9−10 )
100 + 900−10 − 100 900−10
= = = 0 ()
(1 + 9−10 )2 (1 + 9−10 )2
10
Exemplo 331 Seja () = 1− 19 −
1 − 19 − 6= 0 ⇐⇒ − 6= 9 ⇐⇒ − 6= ln 9 ⇐⇒ 6= − ln 9
Neste caso, o domínio não é R, mas R\ {− ln 9}. É claro que só nos interessa a parte do domínio
em que a função é positiva.
lim () = lim 1−10 10
1 − = 1 = 10.
→+∞ →+∞ 9
Representação gráfica de (), com − ln 9:
15
10
-2 0 2 4 6 8
10
() = 1− 19 −
Exercício 332 Seja uma função de domínio [0 +∞[, decrescente e tal que 0 () = () − +
1 ∀ ∈ [0 +∞[.
2. Mostre que a função = − + verifica as condições do enunciado e explique a razão pela
qual não se considerou que o domínio da função era R.
Resolução
2. Seja () = − +. Então, 0 () = − +1 ∀ ∈ [0 +∞[. Ora, 0 () = 0 ⇐⇒ − +1 = 0.
Então, = 1, donde vem = 0.
Por outro lado, temos que 0 () 0 é equivalente a − −1, donde vem 1 e 0.
Logo, a função é decrescente em [0 +∞[ e é crescente em ]−∞ 0].
Além disso, temos que () − + 1 = − + − + 1 = − + 1 = 0 () ∀ ∈ [0 +∞[.
É claro que 00 () = − ∀ ∈ [0 +∞[, pelo que admite derivadas de todas as ordens. A
razão de considerarmos que o domínio de é [0 +∞[ e não R, deve-se ao facto de, como o
exemplo apresentado deixa suspeitar, não haver nenhuma função de domínio R que satisfaça
as condições do enunciado.
383
Exercício 333 Seja uma função de domínio [− ln 2 +∞[, crescente, com derivadas de todas as
ordens e tal que 0 () = () + 12 − 12 ∀ ∈ [− ln 2 +∞[.
Resolução
Exercício 334 Um navio tanque sofreu um acidente a 6 km da costa de certo país, provocando
uma mancha de crude, com a forma circular. Suponha que a forma circular se mantém e que o
centro da mancha se mantém fixo. Suponha que, às horas do dia seguinte ao acidente, a área
(), da mancha de crude, é dada, em km2 , por () = 20 10 − 5 , com 0 ≤ ≤ 24.
3. Determine a área máxima da mancha de crude, no dia seguinte ao acidente. Indique, com
aproximação ao segundo, a hora a que tal aconteceu e, com erro inferior a 1 metro quadrado,
a área máxima da mancha.
Resolução
24 24
1. (0) = 20 − 1 = 19; (24) = 20 10 − 5 ≈ 98 953 110 1
A área, às 24 horas do dia do acidente, era de 19 km2 e às 24 horas do dia seguinte era de,
aproximadamente, 98 953 110 km2 .
1 10
2. 0 () = 20 × 10 − 15 5 = 2 10 − 15 5
384 CAPÍTULO 16. FUNÇÕES EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA
3.
1
0 () = 0 ⇐⇒ 2 10 − 5 = 0 ⇐⇒ 10 10 − 5 = 0
5
⇐⇒ 10 = 10 ⇐⇒ = ln 10 ⇐⇒ = 10 ln 10
10
10 ln 10 ≈ 23 025 850 93; 0 025 850 93 × 60 = 1 551 055 8; 0 551 055 8 × 60 = 33
063 348
10 ln 10 10 ln 10
(10 ln 10) = 20 10 − 5 = 20ln 10 − 2 ln 10 = 200 − 100 = 100
A área máxima é de exactamente 100 km2 , sendo atingida às 23 horas 1 minuto e 33 segundos
do dia a seguir ao acidente.
A representação gráfica da função (que dá a área da mancha de crude) é a seguinte:
100
80
60
40
20
0
0 5 10 15 20
10
4. De 2 = 100 vem = √ ≈ 5 641 895 835, pelo que a mancha de crude não atingiu a costa
(a distância do centro da mancha à costa era de 6 km).
Exercício 335 Suponha que, no exercício anterior, acrescentávamos a condição do centro de man-
cha estar fixo até às zero horas do dia seguinte ao acidente e, a partir dessa hora, se aproximar
da costa perpendicularmente à mesma e com a velocidade de 100 m por hora. A que horas do dia
seguinte ao acidente, a mancha de crude atingiria a costa?
Resolução
A velocidade do centro da mancha era de um décimo de quilómetro por hora, pelo que horas
depois das 24 horas do dia do acidente, o centro da mancha está à distância de 6 − 10 . Se a mancha
atingir a costa, então 6 − 10 = (), onde () é o valor do raio da mancha às horas do dia
seguinte ao acidente. Ora, s
r
() 20 10 − 5
() = =
Então, s
µ ¶2
20 10 − 5 20 10 − 5
=6− =⇒ − 6− =0
10 10
385
20 10 − 5
¡ 2
¢
Determinando os zeros da função () = − 6− 10 = 0, através duma Calculadora,
obteríamos ≈ 14 235272.
Exemplo 336 Finalizamos este capítulo, com dois exemplos de funções que podem baralhar os
alunos, devido a diferenças entre a escrita corrente e a escrita na calculadora.
Estudo de Funções
Trigonométricas
√
Exemplo 337 Estudo da função () = 3 + 2 sin
√
A função () = 3 + 2 sin tem domínio R e, tal como a função sin , é uma função periódica
cujo período positivo mínimo é 2.
Zeros da função:
√
√ 3 2
3 + 2 sin = 0 ⇐⇒ sin = − ⇐⇒ = − + 2 ∨ = − + 2 ( ∈ Z)
2 3 3
√ √ √
De −1 ≤ ≤ 1, vem £√ 3 − 2√≤ 3¤+ 2 sin ≤ 3 + 2, o que significa que o contradomínio de
é um subconjunto de 3 − 2 3 + 2 .
√ √
Mas, 3 + 2 sin = 3 + 2 ⇐⇒ sin = 1 ⇐⇒ = 2 + 2 ( ∈ Z)
√ √
E 3 + 2 sin = 3 − 2 ⇐⇒ sin = −1 ⇐⇒ = − 2 + 2 ( ∈ Z)
√ √
O máximo de é 3 + 2, enquanto que o mínimo é 3 − 2. £√ √ ¤
Como a função é contínua em R, então o contradomínio de é o intervalo 3 − 2 3 + 2 .
£ 1Apresenta-se,
¤ a seguir, a representação gráfica da função , na janela de visualização [−2 2]×
− 2 4 e, depois, na opção Zoom Square correspondente:
387
388 CAPÍTULO 17. ESTUDO DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
£ ¤
Então, o¡ contradomínio
¢ ¡ da
¢ função é um subconjunto de − 12 12 . £ ¤
Mas, 4 = 12 e − 4 = − 12 , pelo que o contradomínio da função é o intervalo − 12 12 ,
uma vez que a função considerada é contínua.
Como (−) = sin (−) cos (−) = − sin cos ∀ ∈ [− ], então a função é ímpar, pelo
que a primeira derivada de é par e a segunda derivada volta a ser ímpar.
Ora, () = 0 ⇐⇒ sin cos = 0 ⇐⇒ sin = 0 ∨ cos = 0 ⇐⇒ = 2 ( ∈ Z).
Então, os zeros da função são − − 2 0 2 .
Ora, () = sin cos = 12 sin (2). Então, 0 () = cos (2) e 00 () = −2 sin (2).
Mas, 0 () = 0 ⇐⇒ cos (2) = 0 ⇐⇒ 2 = 2 + ⇐⇒ = (2+1) 4 ( ∈ Z), embora não
possa assumir qualquer valor inteiro.
Os zeros de 0 (), no intervalo [− ], são − 3 3
4 − 4 4 4 , donde resulta o seguinte quadro
para a monotonia da função () = sin cos :
− − 3
4 − 4
4
3
4
cos (2) + + 0 − 0 + 0 − 0 + +
() % Máx & mín % Máx & mín %
Se pretendermos estudar a função () = sin cos , de domínio R, a maior parte do estudo é
idêntico, mas há algumas diferenças:
Em primeiro lugar, temos a questão da periodicidade. Ora:
Logo, é período da função (). A partir dos pontos onde a função assume o valor máximo,
podemos ver que é o período positivo mínimo.
Em segundo lugar, temos a questão das assímptotas não verticais que não se põe, quando o
domínio é [− ]. No caso do domínio ser R, já se põe esta questão. Neste caso concreto, não há
assímptotas não verticais, porque a função é periódica e não é uma função constante. Observe-se
que não há assímptotas verticais aos gráficos das funções e , porque estas duas funções são
contínuas num intervalo fechado e em R, respectivamente.
√ ¡ ¢ − − 3
4
4
− 2 sin − 4 − − 0 + 0 − −
() & mín % Máx &
½ ¡ ¢ √
¡ 4 =¢ cos√4 + sin ¡
4 = 2¢ √ √
− 3 = 2 cos − 3
−
4 = 2 cos (−) = − 2
4 4 √ ¡ ¢
A segunda derivada de é dada por 00 () = − 2 cos − 4 . Então:
√ ³ ´ ³ ´
00 () = 0 ⇐⇒ − 2 cos − = 0 ⇐⇒ cos − =0
4 4
3
⇐⇒ − = + ( ∈ Z) ⇐⇒ = + ( ∈ Z)
4 2 4
Estudo da concavidade do gráfico da função:
√ ¡ ¢ − − 4 3
4
− 2 cos − 4 + + 0 − 0 + +
() P. Inf. P. Inf.
½ ¡ ¢
¡− 4¢ = cos 4 − sin 4 = 0 √ √
3 = cos 3 3
4 + sin 4 = − 2 + 2 = 0
4 £ ¤
A representação gráfica da função () = cos +sin , na janela de visualização [− ]× − 32 32 ,
é a seguinte:
√
Exemplo 340 Estudo da função () = − 3 cos + sin
√ ³ ´ ³ ´
− 3 cos + sin = 2 ⇐⇒ −2 cos + = 2 ⇐⇒ cos + = −1
6 6
⇐⇒ = − + + 2 ( ∈ Z) ⇐⇒ = − + + 2 ( ∈ Z)
6 6
391
¡ ¢ ¡ ¢
É claro que ( + 2) = −2 cos + 6 + 2 = −2 cos + 6 ∀ ∈ R.
Dos resultados anteriores, concluimos que é uma função periódica, sendo 2 o período positivo
mínimo. Além disso, temos que o contradomínio de é [−2 2].
Zeros da função:
√ √ √
− 3 cos + sin = 0 ⇐⇒ sin = 3 cos ⇐⇒ tan = 3 ⇐⇒ = + ( ∈ Z)
3
Derivadas da ¡função:¢ ¡ ¢
0 () = 2 sin + 6 ; 00 () = 2 cos + 6
Então, os zeros da segunda derivada de são os mesmos da função . Como há mudança de
sinal da segunda derivada, os zeros da função são os pontos de inflexão do gráfico
£ da¤função.
A representação gráfica da função , na janela de visualização [−2 2]× − 21 21
10 10 é a seguinte:
1
Exemplo 341 Estudo da função () = 7+2 cos
−2 − 0 2
2 sin 0 + 0 − 0 + 0 − 0
2
(7 + 2 cos ) + + + + + + + + +
0
() 0 + 0 − 0 + 0 − 0
() % Máx & mín % Máx &
392 CAPÍTULO 17. ESTUDO DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
Segunda derivada:
2
2 cos (7 + 2 cos ) − 2 sin × 2 (7 + 2 cos ) (−2 sin )
00 () =
(7 + 2 cos )4
2 cos (7 + 2 cos ) − 2 sin × 2 (−2 sin ) 14 cos + 4 cos2 + 8 sin2
= 3 =
(7 + 2 cos ) (7 + 2 cos )3
14 cos + 4 cos2 + 8 − 8 cos2 8 + 14 cos − 4 cos2
= 3 = 3
(7 + 2 cos ) (7 + 2 cos )
Consideremos a função quadrática () = 8 + 14 − 42 . Calculemos os zeros desta função:
√
2 2 7 ± 49 + 32 7±9 1
8+14−4 = 0 ⇐⇒ 4 −14−8 = 0 ⇐⇒ = ⇐⇒ = ⇐⇒ = − ∨ = 4
4 4 2
¡ ¢
Então, () = −4 + 12 ( − 4) = (−2 − 4) ( − 4) = (2 + 4) (4 − ).
Logo,
(2 + 4 cos ) (4 − cos )
00 () =
(7 + 2 cos )3
Zeros da segunda derivada:
1 2
00 () = 0 ⇐⇒ (2 + 4 cos ) (4 − cos ) = 0 ⇐⇒ cos = − ⇐⇒ = ± + 2 ( ∈ Z)
2 3
Estudo da concavidade do gráfico da função , no intervalo [− ]:
− − 23 2
3
2 + 4 cos − − 0 + 0 − −
4 − cos + + + + + + +
3
(7 + 2 cos ) + + + + + + +
00
() − − 0 + 0 − −
() P. Inf. P. Inf.
£ 1 3¤
A representação gráfica da função , na janela de visualização [−2 2]× − 10 10 é a seguinte:
1
Exemplo 342 Estudo da função () = 7+2 sin
− 32 − 2
2
3
2
−2 cos 0 + 0 − 0 + 0
(7 + 2 sin )2 + + + + + + +
0 () 0 + 0 − 0 + 0
() % Máx & mín %
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ 1 ¡ 3 ¢ 1
Observe-se que 2 = 19 ; − 2 = 15 ; − 3
2 = 9; 2 = 5.
A segunda derivada de é dada por:
− − 5
6 − 6
1 + 2 sin + + 0 − 0 + +
8 − 2 sin + + + + + + +
2
(7 + 2 sin ) + + + + + + +
00 () + + 0 − 0 + +
() P. Infl. P. Infl.
¡ ¢ 1 ¡ ¢
Repare-se que − 5
6 = 6 e − 6 = 16 . £ 1 3¤
A representação gráfica da função , na janela de visualização [− ] × − 10 10 é a seguinte:
394 CAPÍTULO 17. ESTUDO DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
−2 − 0 2
− sin 0 − 0 + 0 − 0 + 0
2 + cos + + + + + + + + +
0 () 0 − 0 + 0 − 0 + 0
() & mín % Máx & mín %
− − 2
3
2
3
− (1 + 2 cos ) + + 0 − 0 + +
(2 + cos )2 + + + + + + +
00 () + + 0 − 0 + +
() P. Infl. P. Infl.
¡ 2 ¢ ¡ 2 ¢ ¡ 2 ¢
¡ Como ¢ − 3 = 3 = ln 6 = 1 791 759 469, temos que os pontos de inflexão são − 3 ln 3
e − 2
3 ln 3 . £ 1 ¤
A representação gráfica da função , na janela de visualização [− ] × − 10 2 é a seguinte:
395
−2 − 0 2
sin 0 + 0 − 0 + 0 − 0
2 − cos + + + + + + + + +
0 () 0 + 0 − 0 + 0 − 0
() % Máx & mín % Máx &
− − 3
3
−1 + 2 cos − − 0 + 0 − −
(2 + cos )2 + + + + + + +
00 () − − 0 + 0 − −
() P. Infl. P. Infl.
£ 1 6¤
A representação gráfica da função , na janela de visualização [− ] × − 10 5 , é a seguinte:
− − 2
2
cos − − 0 + 0 − −
2 + cos + + + + + + +
0 () − − 0 + 0 − −
() & mín % Máx %
− − 6
6
−1 − 2 sin + + 0 − 0 + +
2
(2 + sin ) + + + + + + +
00
() + + 0 − 0 + +
() P. Infl. P. Infl.
A representação gráfica da função , no intervalo [− ], na opção Zoom Square, é a seguinte:
1 1
() = 0 ⇐⇒ = 0 ∨ sin
= 0 ⇐⇒ = 0 ∨ = ( ∈ Z∧ 6= 0)
1
⇐⇒ =0∨= ( ∈ Z∧ 6= 0)
Seguidamente, temos a representação gráfica da função , com várias janelas de visualização:
1 e 2 derivadas:
398 CAPÍTULO 17. ESTUDO DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
µ ¶
1 1 1 1 1 1
0 () = sin + − 2 cos = sin − cos
µ ¶µ ¶
00 1 1 1 1 1 1 1 1 1
() = − 2 cos − − 2 − sin + 2 cos = − 3 sin
A equação 0 () = 0 só pode ser resolvida numericamente (obtendo-se valores aproximados das
soluções), enquanto que para a equação 00 () = 0, podemos obter os valores exactos das soluções:
1 1 1 1
00 () = 0 ⇐⇒ − sin = 0 ⇐⇒ sin = 0 ⇐⇒ = ( ∈ Z∧ 6= 0)
3
O domínio da função é R+ .
lim () = lim ( ln ) = (+∞) × (+∞) = +∞
→+∞ →+∞
lim () = lim ln
= lim ln = +∞
→+∞ →+∞ →+∞
¡ ¢ ¡ ¢
lim+ () = lim+ ( ln ) = lim 1 ln 1 = lim − ln
=0
→0 →0 →+∞ →+∞
Dos resultados
¡ 1 ¢ anteriores, concluimos que não há assímptotas ao gráfico da função.
0
() = + ln = 1 + ln
00 () = 1
Estudo da monotonia da função :
0 () = 0 ⇐⇒ 1 + ln = 0 ⇐⇒ ln = −1 ⇐⇒ = 1
0 () 0 ⇐⇒ 1 + ln 0 ⇐⇒ ln −1 ⇐⇒ 1
1
0 +∞
0
() − 0 +
() & mín %
¡1¢
Como = − 1 , o mínimo da função é − 1 . Como a função é contínua e lim () = +∞,
£ £ →+∞
o contradomínio de é − 1 +∞ .
Como 00 () 0 ∀ ∈ R+ , temos que o gráfico da função tem a concavidade voltada para cima.
A representação gráfica da função , na janela de visualização [−1 3] × [−1 3] é a seguinte:
O domínio da função é R.
Como (−) = 2 sin2 (−) + 4 sin (−), a função não é par nem ímpar.
Zeros da função:
Da expressão dos zeros da função, podemos concluir que o período positivo mínimo de é um
múltplo de , pelo que será ou 2, uma vez que ( + 2) = () ∀ ∈ R.
Por observação atenta da expressão 2 sin2 + 4 sin , concluimos que o valor máximo que a
função pode assumir é 6. Resolva-se a equação () = 6:
− − 2
2
4 cos − − 0 + 0 − −
1 + sin + + 0 + + + +
0 () − − 0 + 0 − −
() & mín % Máx &
¡ ¢ ¡ ¢
(−) = 0 = () ; − 2 = −2; 2 = 6
− − 2
6
5
6
−4 − − − − − − − − −
1 + sin + + 0 + + + + + +
2 sin − 1 − − − − 0 + 0 − −
00 () + + 0 + 0 − 0 + +
() P. Infl. P. Infl.
¡ ¢ ¡ ¢
6 = 52 = 5 6 £ ¤
A representação gráfica da função , na janela de visualização [− ] × − 32 13
2 , é a seguinte:
O domínio da função é R.
(−) = sin (−2) cos (−) − 5 sin (−) = − sin (2) cos + 5 sin = − () ∀ ∈ R
( + ) = sin (2 + 2) cos ( + ) − 5 sin ( + ) = sin (2) (− cos ) + 5 sin = − () ∀ ∈ R
¡ ¢
() = sin (2) cos − 5 sin = 2 sin cos2 − 5 sin = sin 2 cos2 − 5
¡ ¢
= sin 2 − 2 sin2 − 5 = −2 sin3 − 3 sin
401
¡ ¢ ¡ ¢
0 () = −6 sin2 cos −3 cos = −3 cos 1 + 2 sin2 = −3 cos 1 + 2 − 2 cos2 = 6 cos3 −9 cos
¡ ¢ ¡ ¢
00 () = −18 cos2 sin + 9 sin = 9 sin 1 − 2 cos2 = 9 sin 1 − cos2 − cos2
¡ ¢
= −9 sin cos2 − sin2 = −9 sin cos (2)
− − 2
2
−3 cos + + 0 − 0 + +
1 + 2 sin2 + + + + + + +
0 () + + 0 − 0 + +
() % Máx & mín %
¡ ¢ ¡¢
(−) = 0 = () ; − 2 = 5; 2 = −5
O contradomínio da função é [−5 5].
− − 3
4 − 4 0
4
3
4
−9 sin 0 + + + + + 0 − − − − − 0
cos (2) + + 0 − 0 + + + 0 − 0 + +
00 () 0 + 0 − 0 + 0 − 0 + 0 − 0
() PI PI PI PI PI
¡ ¢ √ ¡ ¢ √ ¡ ¢ √ ¡ ¢ √
− 3
4 = 2 2; − 4 = 2 2; (0) = 0; 4 = −2 2; 3 4 = −2 2
A representação gráfica da função , na janela de visualização [− ] × [−5 5], é a seguinte:
(−) = sin (−) cos (−2) − 4 sin (−) = − sin cos 2 + 4 sin = − () ∀ ∈ R
Zeros da função:
( + 2) = sin ( + 2) cos (2 + 4) − 4 sin ( + 2) = sin cos (2) − 4 sin = ()
¡ ¢
0 () = cos cos (2) − 2 sin sin (2) − 4 cos = cos cos2 − sin2 − 4 sin2 cos − 4 cos
¡ ¢ ¡ ¢
= cos 2 cos2 − 1 − 4 1 − cos2 cos − 4 cos
= 2 cos3 − cos − 4 cos + 4 cos3 − 4 cos = 6 cos3 − 9 cos
³ ´
2
Exemplo 351 Estudo da função () = sin 6(2 +1)
³ ´
2
O domínio da função é R, tendo-se que −1 ≤ sin 6(2 +1) ≤ 1 ∀ ∈ R. Então, o contradomínio
de é um subconjunto do intervalo [−1 1].
403
2 2 2
Analisando a expressão 2 +1 , vemos que 0 ≤ 2 +1 1 ∀ ∈ R, verificando-se que 2 +1 assume
2
todos os valores do intervalo [0 1[, isto é, o contradomínio da função = é [0 1[. Então,
2 +1
2
£ £
6(2 +1) assume todos os valores do intervalo 0 6 e só assume valores deste intervalo.
£ £
Como a função£ = sin é£ estritamente crescente £ e contínua
£ em 0 6 , então o contradomínio
de é o intervalo sin 0 sin 6 , ou seja, o intervalo 0 12 .
É claro que a função é par.
Zeros da função :
µ ¶
2 2
() = 0 ⇐⇒ sin 2
= 0 ⇐⇒ = ( ∈ Z)
6 ( + 1) 6 (2 + 1)
2 2
⇐⇒ 2
= ( ∈ Z) ⇐⇒ = 0 ⇐⇒ = 0
6 ( + 1) 6 (2 + 1)
2
Observe-se que 0 ≤ 6(2 +1) 16 , tendo-se que o único valor inteiro entre 0 e 1
6 é 0.
¡ ¢
0 2 2 + 1 − 2 × 2 2
() = × 2 cos
6 (2 + 1) 6 (2 + 1)
3 3 2
2 + 2 − 2 2
= × cos = cos
6 (2 + 1)2 6 (2 + 1) 3 (2 + 1)2 6 (2 + 1)
−∞ 0 +∞
0 () − 0 +
() & mín %
Exemplo 352 Estudo da função () = 2 sin2 − 3 sin + 1, sem utilização de derivadas
O domínio da função é R.
2
Para determinar o contradomínio da função, vamos considerar a função () ¡ 3 = 12
¢ − 3 + 1,
cujo gráfico é uma parábola £com a concavidade
£ voltada para cima e de vértice 4 − 8 .
1
O contradomínio
£ ¤ de é − 8 +∞ , sendo que o contradomínio
¡ ¢ da restrição de ao intervalo
[−1 1] é − 18 6 , uma vez que (−1) = 6, (1) = 0 e 34 = − 18 .
404 CAPÍTULO 17. ESTUDO DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
£ 1Como
¤ sin pode assumir qualquer valor do intervalo [−1 1], então o contradomínio de é
−8 6 .
Então, é uma função periódica, cujo período positivo mínimo é um submúltiplo de 2.
Zeros de :
√
2 3± 9−8 1
() = 0 ⇐⇒ 2 sin − 3 sin + 1 = 0 ⇐⇒ sin = ⇐⇒ sin = 1 ∨ sin =
4 2
5
⇐⇒ = + 2 ∨ = + 2 ∨ = + 2 ( ∈ Z)
2 6 6
Analisando a expressão que dá os zeros de , concluimos que o período positivo mínimo da
função é 2.
Maximizantes da função :
√
3± 9 + 40
() = 6 ⇐⇒ 2 sin2 − 3 sin − 5 = 0 ⇐⇒ sin =
4
5
⇐⇒ sin = −1 ∨ sin = ⇐⇒ = − + 2 ( ∈ Z)
2 2
Minimizantes da função :
1 1
() = − ⇐⇒ 2 sin2 − 3 sin + 1 = −⇐⇒ 16 sin2 − 24 sin + 9 = 0
8 8
2 3
⇐⇒ (4 sin − 3) = 0 ⇐⇒ sin =
4
3 3
⇐⇒ = arcsin + 2 ∨ = − arcsin + 2 ( ∈ Z)
4 4
Recorrendo à calculadora, obtemos a representação gráfica da função:
No primeiro caso, a janela de visualização é [−2 2] × [−1 7], enquanto que no segundo caso
é [0 ] × [−1 1].
Exemplo 353 Estudo da função () = 2 sin2 − 3 sin + 1, com utilização de derivadas
405
O domínio da função é R.
− − 2 arcsin 34
2 − arcsin 34
cos − − 0 + + + 0 − − − −
4 sin − 3 − − − − 0 + + + 0 − −
0 () + + 0 − 0 + 0 − 0 + +
() % Máx & mín % Máx & mín %
Não apresentamos o estudo do sentido da concavidade, devido à relativa complexidade dos zeros
da segunda derivada, embora o leitor mais interessado, possa fazer esse estudo:
00 () = (4 sin cos − 3 cos )0 = (2 sin (2) − 3 cos )0 = 4 cos (2) + 3 sin
¡ ¢ ¡ ¢
= 4 cos2 − sin2 + 3 sin = 4 1 − 2 sin2 + 3 sin = −8 sin2 + 3 sin + 4
√
00 2 3± 9 + 128
() = 0 ⇐⇒ 8 sin − 3 sin − 4 = 0 ⇐⇒ sin =
√ √ 16
3 − 137 3 + 137
⇐⇒ sin = ∨ sin =
16 16
Problema 354 Determine a área mínima do triângulo [] da figura seguinte, supondo que
= , = 20 cm, = 10 cm, que [ ] é um rectângulo, que os pontos , , , e
são colineares, o mesmo acontecendo com , e , e que a recta é perpendicular ao lado
[].
E H F
A D I G C
Resolução
Seja a amplitude do ângulo . Suponhamos que = cm. Como = , então
= , pelo que a área do triângulo [] é o dobro da área do triângulo [].
Além disso, tan =
=
= 10 10
. Logo, = tan e = tan = ( + 10) tan .
Então, a área do triângulo [], em cm2 é ( + 10) ( + 10) tan , ou seja, ( + 10)2 tan .
10
¡ 10 ¢2
Substituindo por tan , obtemos tan + 10 tan para a área do triângulo [].
406 CAPÍTULO 17. ESTUDO DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
¡ 10 ¢2 ¡ ¢2
Consideremos a seguinte função: () = tan + 10 tan = 100 1 + tan1 tan
Então,
µ ¶ µ ¶ µ ¶
2 1 1 sin cos
() = 100 1 + + tan = 100 tan + 2 + = 100 +2+
tan tan2 tan cos sin
Logo,
µ ¶ µ ¶
cos2 + sin2 − sin2 − cos2 1 1
0 () = 100 + = 100 −
cos2 sin2 cos2 sin2
¡ 2 ¢
−100 cos − sin2 −100 cos (2)
= 2 =
2
cos sin cos2 sin2
Como 0 2 , temos que 0 2 . Se 0 4 , então cos (2) 0; se
4
2,
então cos (2) 0; se = 4 , então cos (2) = 0.
O sinal da derivada e a monotonia da função estão indicados no seguinte quadro:
0 4 2
−100
cos2 sin2
− − −
cos (2) + 0 −
0 () − 0 +
() & mín %
¡ ¢
Ora, 4 = 400, pelo que o valor mínimo da área do triângulo é 400 cm2 que corresponde ao
caso em que o triângulo é rectângulo em .
Este problema pode ser resolvido, calculando a área do triângulo, em função de , em vez de
ser calculada, em função de :
Ora, () = 10 + 200 + 1000
10 ( + 10)2 1000
( + 10)2 tan = = 10 + 200 +
Obtivemos a função () = 10 + 200 + 1000 0 1000
, cuja derivada é a função () = 10 − 2 . Então,
µ ¶ µ 2 ¶
0 100 − 100 10 ( − 10) ( + 10)
() = 10 1 − 2 = 10 2
=
2
0 10 +∞
10
2 + + +
+ 10 + + +
− 10 − 0 +
0 () − 0 +
() & mín %
2
10 (10 + 10)
Então, (10) = = 400. Logo, o mínimo da função é 400.
10
407
Resolução
Consideremos o losango seguinte:
( ½
sin = = sin
De acordo com a figura anterior, temos . Então,
cos =
= cos
1 2
Logo, a área do losango é 4 × 2 × sin × cos , ou seja, × 2 sin cos , expressão
2
equivalente a × sin (2).
Logo, em cm2 , temos que a área do losango é dada pela função () = 100 sin (2). Esta função
assume o valor máximo 100 , correspondente a 2 = 2 , ou seja, = 4 .
A área máxima do losango é 100 cm2 e corresponde ao caso em que dois lados consecutivos são
perpendiculares (caso em que o losango é um quadrado).
Exercício 356 Determine a amplitude do ângulo , de acordo com a figura seguinte:
m ABC = 80° A
m CBD = 60°
m BCE = 50°
m ACB = 80°
B C
Resolução
Comecemos por referir que os triângulos [], [] e [] são isósceles, por terem dois
ângulos internos iguais.
408 CAPÍTULO 17. ESTUDO DE FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
Mas,
( ( ½
sin 40 ◦ 80 ◦ sin 40 ◦ ◦ ◦
= sin = 2 sin 40 cos 40 = 2 cos 40 ◦
◦ ⇒ sin(+20 ◦ ) ⇒ sin(+20 ◦ )
sin
= sin(+20
) sin
=
sin
= 2 cos 40 ◦
⇒ 2 sin cos 40 = sin ( + 20 ◦ )
◦
Outra resolução
a) Pelo ponto , traça-se uma paralela ao lado []. Esta paralela intersecta o lado [] no
ponto .
b) Traça-se o segmento [ ], o qual intersecta [] no ponto .
m ABC = 80° A
m CBD = 60°
m BCE = 50°
m ACB = 80°
F
D
E
G
C
B
c) Os triângulos [] e [ ] são equiláteros, porque os seus ângulos internos são de 60 ◦ .
Então, = = ; = = .
409
d) O ângulo tem uma amplitude de 50 ◦ (porque os outros dois ângulos internos do
triângulo medem 50 ◦ e 80 ◦ ). Então, o triângulo [] é isósceles, pelo que = .
e) Então, = , pelo que o triângulo [] é isósceles. Logo, o ângulo mede 80 ◦ ,
o mesmo acontecendo com o ângulo .
f) O ângulo mede 40 ◦ (180 ◦ − 80 ◦ − 60 ◦ = 40 ◦ ).
g) Então, o ângulo mede 40 ◦ , pelo que o triângulo [ ] é isósceles. Logo, = .
h) O ponto é equidistante de e .
i) Então, a recta é a mediatriz de [ ] e, também a bissectriz do ângulo , o qual mede
60 ◦ . Então, o ângulo mede 30 ◦ .
Observação final
É preciso ter algum cuidado com a representação gráfica de funções em calculadoras ou com-
putadores.
Vejamos alguns exemplos:
() = sin (93)
1.0
y
0.5
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
x
-0.5
-1.0
1.0
y
0.5
-4 -2 2 4
x
-0.5
-1.0
1.0
y
0.5
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
x
-0.5
-1.0
Indeterminações
2 −3+1
Exemplo 357 Calcular lim 2 .
→+∞ +3+1
Resolução ¡ ¢
3 1 3 1
2 − 3 + 1 2 1 − + 2 ¢ 1− + 2 1−0+0
lim = lim 2 ¡ 3 1 = lim 3 1 = =1
→+∞ 2 + 3 + 1 →+∞ 1+ + →+∞ 1 + + 1+0+0
2 2
√
2 −
Exemplo 358 Calcular lim 2 .
→+∞ +3+1
Resolução
³ √ ´ √
√ 2 1 − 2 1 − √4
2 −
lim 2 = lim ¡ ¢ = lim
→+∞ + 3 + 1 →+∞ 2 1 + 3 + 12 →+∞ 1 + 3 + 12
1− √1
3 1−0
= lim 3 1 = =1
→+∞ 1+ + 2
1+0+0
√
2+ 2 +1
Exemplo 359 Calcular lim 3+1 .
→−∞
Resolução
q ¡ ¢ q
√
2 + 2 + 1 2 +2 1 + 12 2 − 1 + 12
lim = lim ¡ ¢ = lim ¡ ¢
→−∞ 3 + 1 →−∞ 3 + 1 →−∞ 3 + 1
q
2 − 1 + 12 2−1 1
= lim = =
→−∞ 3 + 1 3 3
√ √
Convém chamar a atenção para o facto de que, para 0, temos 2 = − e não √ 2 = .
−2 + 2 + 1
Fazendo a mudança = −, o limite anterior pode ser transformado em lim .
→+∞ −3 + 1
√ √
2 ++1− 2 −+1
Exemplo 360 Calcular lim 3+1 .
→+∞
411
412 CAPÍTULO 18. INDETERMINAÇÕES
Resolução √ √
2 + + 1 − 2 − + 1
Seja () = . Então,
3 + 1
√ √
2 + + 1 − 2 − + 1
lim () = lim
→+∞ →+∞ 3 + 1
¡√ √ ¢ ¡√ √ ¢
+ + 1 − 2 − + 1
2 2 + + 1 + 2 − + 1
= lim ¡√ √ ¢
→+∞ (3 + 1) 2 + + 1 + 2 − + 1
¡ 2 ¢ ¡ ¢
+ + 1 − 2 − + 1
= lim ¡ ¢ ¡√ √ ¢
→+∞ 3 + 1 2 + + 1 + 2 − + 1
2
= lim ¡ ¢ ¡√ √ ¢
→+∞ 3 + 1 + + 1 + 2 − + 1
2
2
= lim ¡ ¢ ¡√ √ ¢
→+∞ 3 + 1 + + 1 + 2 − + 1
2
2
= =0
+∞
¡√ √ ¢
Exemplo 361 Calcular lim 2 + + 1 − 2 − + 1 .
→+∞
Resolução √ √
Seja () = 2 + + 1 − 2 − + 1. Então,
³p p ´
lim () = lim 2 + + 1 − 2 − + 1
→+∞ →+∞
¡√ √ ¢ ¡√ √ ¢
2 + + 1 − 2 − + 1 2 + + 1 + 2 − + 1
= lim √ √
→+∞ 2 + + 1 + 2 − + 1
¡ 2 ¢ ¡ 2 ¢
++1 − −+1
= lim q ¡ ¢ q ¡ ¢
→+∞
2 1 + 1 + 12 + 2 1 − 1 + 12
2
= lim q q
→+∞ 1 1 1 1
1+ + 2 + 1− + 2
2
= lim q q
→+∞ 1 1 1 1
1+ + 2 + 1− + 2
2
= =1
1+1
¡√ √ ¢
Exemplo 362 Calcular lim 2 + + 1 − 2 − + 1 .
→−∞
Resolução √ √
Seja () = 2 + + 1 − 2 − + 1. Então,
413
³p p ´
lim () = 2 + + 1 − 2 − + 1
lim
→−∞ →−∞
¡√ √ ¢ ¡√ √ ¢
2 + + 1 − 2 − + 1 2 + + 1 + 2 − + 1
= lim √ √
→−∞ 2 + + 1 + 2 − + 1
¡ 2 ¢ ¡ ¢
+ + 1 − 2 − + 1
= lim q ¡ ¢ q ¡ ¢
→−∞
2 1 + 1 + 12 + 2 1 − 1 + 12
2
= lim q q
→−∞ 1 1 1 1
− 1 + + 2 − 1− + 2
2
= lim q q
→−∞ 1 1 1 1
− 1+ + 2 − 1− + 2
2
= = −1
−1 − 1
3 −32
Exemplo 363 Calcular lim 5 2 .
→0 −
Resolução
3 − 32 2 ( − 3) −3 −3
lim = lim = lim 3 = =3
→0 5 − 2 →0 2 (3 − 1) →0 − 1 −1
2 −−
Exemplo 364 Calcular lim 2 .
→0
Resolução
" ¡ ¢ #
2 − − − 3 − 1 3 3 − 1 3 3 3
lim = lim × = lim − × lim × =1×1× =
→0 2 →0 3 2 →0 →0 3 2 2 2
3 −−2
Exemplo 365 Calcular lim 2 +3 .
→0
Resolução
¡ ¢ µ 5 ¶
3 − −2 −2 5 − 1 −2 −1 1 5
lim 2
= lim = lim × lim ×5 = ×1×5=
→0 + 3 →0 ( + 3) →0 + 3 →0 5 3 3
sin −cos
Exemplo 366 Calcular lim cos(2) .
→ 4
Resolução
sin − cos sin − cos cos − sin
lim = lim = − lim
→
4 cos (2) cos2 − sin2
→
4 → 4 (cos − sin ) (cos + sin )
√
1 1 1 2
= − lim =−√ √ = −√ = −
→ 4 cos + sin 2 2 2 2
2 + 2
414 CAPÍTULO 18. INDETERMINAÇÕES
cos(3)
Exemplo 367 Calcular lim cos .
→ 2
Resolução
cos (3) cos (2 + ) cos (2) cos − sin (2) sin
lim = lim = lim
→
2 cos →
2cos → 2 cos
cos (2) cos − 2 sin cos sin
= lim
→ 2 cos
¡ ¢
= lim cos (2) − 2 sin2 = cos − 2 sin2 = −1 − 2 = −3
→ 2 2
3 −1
Exemplo 368 Calcular lim 4 .
→1 −1
Resolução
Como 1 é raiz (zero) do numerador e do denominador, podemos factorizar ambos os polinómios,
dividinido-os por − 1. Para isso, podemos usar a regra de Rufinni:
1 0 0 −1 1 0 0 0 −1
1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 0 1 1 1 1 0
Então,
¡ ¢
3 − 1 ( − 1) 2 + + 1
lim 4 = lim
→1 − 1 →1 ( − 1) (3 + 2 + + 1)
2 + + 1 1+1+1 3
= lim 3 = =
→1 + 2 + + 1 1+1+1+1 4
√
3 −2
Exemplo 369 Calcular lim .
→8 −8
Resolução ¡ ¢
Na resolução deste√exercício, convém saber que 3 − 3 = ( − ) 2 + + 2 ou efectuar a
mudança de variável 3 = .
√ ³√ √ ´
√ ( 3 − 2)
3
2 + 2 3 + 4 √ 3
3
−2 ( 3 ) − 23
lim = lim ³√ √ ´ = lim ³√ √ ´
→8 − 8 →8 3 →8 3
( − 8) 2 + 2 3 + 4 ( − 8) 2 + 2 3 + 4
−8 1
= lim ³√ √ ´ = lim √ √
→8 3 2 →8 3 2 + 2 3 + 4
( − 8) +2 +4
3
1 1 1
√
3
= √
3
= =
64 + 2 8 + 4 4 + 4 + 4 12
√
Efectuando a mudança de variável 3 = , temos:
415
√ 1 0 0 −8
3 −2
−2
lim = lim 3 2 2 4 8
→8 −8 →2 −8
1 2 4 0
−2 −2 1 1 1
Então, lim 3
= lim 2
= lim 2 = =
→2 −8 →2 ( − 2) ( + 2 + 4) →2 + 2 + 4 4+4+4 12
7 1
3 + 2
Exemplo 370 Calcular lim 4 .
→+∞ 52 +3 3
Resolução
7
³ 1 7
´ 7
³ 3 14
´
7
+
3
1
2 3 1 + 2−3 3 −2 1 + 6 − 6
lim 4 = lim ³ ´ = lim 2
→+∞ 52 + 3 3 →+∞ 2 4
5 + 3 3 −2 →+∞ 5 + 3− 3
1
³ 3 14
´
3 1 + 6− 6 (+∞) (1 + 0)
= lim 2 = = +∞
→+∞ −
5 + 3 3 5+0
√
2 +1
Exemplo 371 Calcular lim 2 .
→−∞
Resolução √
Para os alunos mais "distraídos"que não atinam com 2 = −, quando 0:
Fazendo a mudança de variável = −, temos
r ³ ´
√ p p 2 1 + 1
2 + 1 2 + 1 2 + 1 2
lim = lim = lim = lim
→−∞ 2 →+∞ −2 →+∞ −2 →+∞ −2
q q
1 + 12 1 + 12 1
= lim = lim =−
→+∞ −2 →+∞ −2 2
O pior é se os tais alunos não gostam de mudanças de variável...
√
2 +1
Exemplo 372 Calcular lim .
→−∞ −2+1
Resolução
q ¡ ¢ q q
√
2 + 1 2 1 + 12 − 1 + 12 1 + 12 1
lim = lim ¡ 1
¢ = lim ¡ 1
¢ = lim 1 =
→−∞ −2 + 1 →−∞ −2 + →−∞ − 2 − →−∞ 2 − 2
¡√ √ ¢
Exemplo 373 Calcular lim +1− .
→+∞
Resolução
¡√ √ ¢ ¡√ √ ¢
¡√ √ ¢ +1− +1+ +1−
lim +1− = lim √ √ = lim √ √
→+∞ →+∞ +1+ →+∞ +1+
1 1 1
= lim √ √ = = =0
→+∞ +1+ (+∞) + (+∞) +∞
416 CAPÍTULO 18. INDETERMINAÇÕES
¡√ √ ¢
Exemplo 374 Calcular lim 2 + 1 − .
→+∞
Resolução
Ãs µ ¶ ! Ã r !
¡√ √ ¢ 1 √ √ 1 √
lim 2 + 1 − = lim 2+ − = lim 2+ −
→+∞ →+∞ →+∞
à Ãr !!
√ 1 ³√ ´
= lim 2+ −1 = (+∞) × 2 − 1 = +∞
→+∞
4 −1
Exemplo 375 Calcular lim .
→0 5
Resolução µ 4 ¶
4 − 1 − 1 4 4 4
lim = lim × =1× =
→0 5 →0 4 5 5 5
4 −1
Exemplo 376 Calcular lim 3 .
→0 −1
Resolução µ 4 ¶
4 − 1 −1 3 4 4 4
lim = lim × 3 × =1×1× =
→0 3 − 1 →0 4 −1 3 3 3
ln(1+2 )
Exemplo 377 Calcular lim 2 3 .
→0 +
Resolução
¡ ¢ Ã ¡ ¢ !
ln 1 + 2 ln 1 + 2 2 2 1
lim 2 3
= lim 2
× 2 3
= 1 × lim 2
= lim =1
→0 + →0 + →0 (1 + ) →0 1 +
2
−9 −1
Exemplo 378 Calcular lim 3 .
→3 −27
Resolução
2
à 2
!
−9 − 1 −9 − 1 2 − 9 2 − 9
lim 3 = lim × = 1 × lim
→3 − 27 →3 2 − 9 3 − 27 →3 3 − 27
( − 3) ( + 3) +3 6 2
= lim = lim = =
→3 ( − 3) (2 + 3 + 9) →3 2 + 3 + 9 27 9
2 −2
Exemplo 379 Calcular lim .
→2 ln(−1)
Resolução
2 − 2 ( − 2) ³ ´ −2
lim = lim = lim × lim =2×1=2
→2 ln ( − 1) →2 ln (1 + − 2) →2 →2 ln (1 + − 2)
417
2 − 2 ( − 2) (1 + ) ( − 1)
lim = lim = lim =2×1=2
→2 ln ( − 1) →2 ln (1 + − 2) →0
sin
Exemplo 380 Calcular lim .
→+∞
Resolução
Como, −1 ≤ sin ≤ 1 ∀¡∈ R¢e 0, então¡−¢1 ≤ sin ≤ 1 ∀ ∈ R+ .
Além disso, temos lim − 1 = 0 = lim 1 .
→+∞ →+∞
sin
Então, lim = 0.
→+∞
bc
Exemplo 381 Calcular lim , onde bc representa o maior número inteiro não superior a .
→+∞
Resolução
Como − 1 bc ≤ ∧ 0, temos −1
¡ bc
≤
¢ = 1.
−1 1
Além disso, temos que lim = lim 1 − = 1 e lim (1) = 1.
→+∞ →+∞ →+∞
bc
Então, pelo Teorema das sucessões enquadradas, lim = 1.
→+∞
³ ´3+1
2+1
Exemplo 382 Calcular lim 2+4 .
→+∞
Resolução
Resolução
³ ´3+1
22 +3+1
Exemplo 384 Calcular lim 22 +4+4 .
→−∞
Resolução
µ ¶3+1 µ ¶3+1
22 + 3 + 1 22 + 4 + 4 − − 3
lim = lim
→−∞ 22 + 4 + 4 →−∞ 22 + 4 + 4
µ ¶3+1
+3
= lim 1− 2
→−∞ 2 + 4 + 4
⎛ ⎞(3+1) 2+3
à ! 22+3
+4+4 2 +4+4
⎜ 1 ⎟
= lim ⎝ 1 − 22 +4+4 ⎠
→−∞
+3
⎛ ⎞ lim (3+1)(+3)
à ! 22+3
+4+4 →−∞ 22 +4+4
⎜ 1 ⎟
= ⎝ lim 1− 22 +4+4 ⎠
→−∞
+3
¡ −1 ¢ 32 3
= = − 2
³ ´2
2 +1
Exemplo 385 Calcular lim 2 ++1 .
→−∞
419
Resolução
µ ¶2 µ ¶2
2 + 1 2 + + 1 −
lim 2
= lim
→−∞ ++1 →−∞ 2 + + 1
µ ¶2
= lim 1−
→−∞ 2 + + 1
⎡ ⎛ ⎞⎤ lim 2 ×
à ! 2 ++1
→−∞ 2 ++1
⎢ ⎜ 1 ⎟⎥
= ⎣ lim ⎝ 1 − 2 ++1 ⎠⎦
→−∞
¡ −1 ¢−∞
= = +∞ = +∞
³ ´2
2 +1
Exemplo 386 Calcular lim 2 ++1 .
→+∞
Resolução
µ ¶2 µ ¶2
2 + 1 2 + + 1 −
lim 2
= lim
→+∞ ++1 →+∞ 2 + + 1
µ ¶2
= lim 1−
→+∞ 2 + + 1
⎡ ⎛ ⎞⎤ lim 2 ×
à ! 2 ++1
→+∞ 2 ++1
⎢ ⎜ 1 ⎟⎥
= ⎣ lim ⎝ 1 − 2 ++1 ⎠⎦
→+∞
¡ −1 ¢+∞
= = −∞ = 0
ln
Exemplo 387 Calcular lim 2 .
→+∞ ln( +1)
Resolução
ln ln ln
lim = lim£ ¡ ¢¤ = lim ¡ ¢
→+∞ ln (2 + 1) ln 2 1 + 12
→+∞ →+∞ ln (2 ) + ln 1 + 12
ln 1 1 1
= lim ¡ ¢ = lim = =
→+∞ 2 ln + ln 1 + 12 →+∞ ln(1+ 12 ) 2 + 0 2
2+ ln
Resolução
Com a mudança de variável = 1 , temos
µ ¶ µ ¶
1 1 − ln
lim+ ( ln ) = lim ln = lim =0
→0 →+∞ →+∞
Com a mudança de variável ln = , = :
µ ¶
¡ ¢
lim+ ( ln ) = lim ( ) = lim −− = − lim
=0
→0 →−∞ →+∞ →+∞
Nesta segunda maneira, fizemos duas mudanças de variável. Mas podemos fazer uma só: ln =
−, donde vem = − . Logo,
¡ ¢
lim+ ( ln ) = lim −− = − lim = −0 = 0
→0 →+∞ →+∞
1−cos
Exemplo 389 Calcular lim .
→0 sin
Resolução
1 − cos (1 − cos ) (1 + cos ) 1 − cos2
lim = lim = lim
→0 sin →0 (1 + cos ) sin →0 (1 + cos ) sin
sin2 sin
= lim = lim
→0 (1 + cos ) sin →0 (1 + cos )
sin 1 1 1
= lim × lim =1× =
→0 →0 1 + cos 2 2
2 sin(3)
Exemplo 390 Calcular lim .
→0 sin(5)
Resolução
µ ¶
2 sin (3) sin (3) 5 3 3 6
lim = 2 lim × × =2×1×1× =
→0 sin (5) →0 3 sin (5) 5 5 5
sin2 (3)
Exemplo 391 Calcular lim .
→0 sin(5)
Resolução µ ¶
sin2 (3) sin (3) sin (3) 3 9
lim = lim × =3× =
→0 sin (5) →0 sin (5) 5 5
sin2 (3)
Exemplo 392 Calcular lim 2 .
→0 sin( )
Resolução
µ ¶ õ ¶2 !
sin2 (3) sin2 (3) 2 sin (3) 2
lim = lim × = lim ×
→0 sin (2 ) →0 2 sin (2 ) →0 sin (2 )
õ ¶2 !
sin (3) 2
= lim × lim = 32 × 1 = 9
→0 →0 sin (2 )
421
sin(3) tan
Exemplo 393 Calcular lim sin(2 ) .
→0
Resolução
µ ¶
sin (3) tan sin (3) tan 2
lim = lim × × =3×1×1=3
→0 sin (2 ) →0 sin (2 )
cos
Exemplo 394 Calcular lim .
→ 2 1−sin
Resolução
cos2 cos 0
= lim = lim = =0
→ 2 (1 + sin ) cos → 2 (1 + sin ) 2
1−cos
Exemplo 395 Calcular lim √ .
→0 ( 1+−1)
Resolução
¡√ ¢
1 − cos (1 − cos ) (1 + cos ) 1 + + 1
lim ¡√ ¢ = lim ¡√ ¢ ¡√ ¢
→0 1+−1 →0 1+−1 1 + + 1 (1 + cos )
¡ ¢ ¡√ ¢
1 − cos2 1++1
= lim
→0 (1 + − 1) (1 + cos )
¡√ ¢ √
sin2 1 + + 1 sin2 1++1
= lim = lim × lim
→0 2 (1 + cos ) →0 2 →0 1 + cos
1+1
= 12 × =1
1+1
1−cos −1
Exemplo 396 Calcular lim .
→0 sin tan
Resolução
µ ¶
1−cos − 1 1−cos − 1 1 − cos 1−cos − 1 1 − cos
lim = lim × = lim × lim
→0 sin tan →0 1 − cos sin tan →0 1 − cos →0 sin tan
sin2 sin 1
= lim = lim × lim
→0 sin tan (1 + cos ) →0 tan →0 1 + cos
1 1 1
= lim (cos ) × = 1 × =
→0 2 2 2
1−2 cos
Exemplo 397 Calcular lim +3 .
→+∞
422 CAPÍTULO 18. INDETERMINAÇÕES
Resolução
Como −1 ≤ cos ≤ 1, para todo o número real , temos que −2 ≤ −2 cos ≤ 2, para qualquer
real . Note-se que podemos escrever 2 ≥ −2 cos ≥ −2, pois ao multiplicarmos por −2, os sinais
de inequação invertem. Mas, no caso, obtemos uma equação equivalente à que foi apresentada.
Então, 1 − 2 ≤ 1 − 2 cos ≤ 1 + 2, ou seja, −1 ≤ 1 − 2 cos ≤ 3, para todo o real .
Como tende para +∞, podemos considerar + 3 0. Logo, para todo o número real positivo
, temos
−1 1 − 2 cos 3
≤ ≤
+3 +3 +3
−1 3 1−2 cos
Mas, lim = 0 = lim , pelo que lim = 0.
→+∞ +3 →+∞ +3 →+∞ +3
Exemplo 398 Calcular lim √
.
→+∞
Resolução √
Façamos a substituição = . Então, = 2 , pelo que
2
lim
√ = lim =0
→+∞ →+∞
1+cos
Exemplo 399 Calcular lim 2 .
→ (−)
Resolução
Trata-se duma indeterminação do tipo 00 , pelo que até poderemos aplicar a regra de Cauchy (se
tal for permitido). Além da regra de Cauchy, há outras maneiras de calcularmos o limite anterior,
sendo que a mais frequente é fazermos = + .
Tentemos não usar nenhuma mudança de variável:
2
1
(− sin ( − )) sin2 ( − ) 1
= lim = lim
2 × ×
→ ( − ) 1 + 1 → ( − )2 2
µ ¶
sin ( − ) sin ( − ) 1 1 1
= lim × × =1×1× =
→ − − 2 2 2
Capítulo 19
As equações de 2 grau são resolvidas, em geral, por meio duma tranformação em que se obtém
uma equação do tipo 2 = , ou através da aplicação da regra do anulamento dum produto, ou
ainda por meio da aplicação duma fórmula.
Resolução √
2 = 9 ⇐⇒ = ± 9 ⇐⇒ = ±3
A equação anterior tem duas soluções reais. O conjunto de verdade (conjunto das soluções) é
= {−3 3}.
√
2 = 5 ⇐⇒ = ± 5
A© equação
√ √ anterior
ª tem duas soluções reais. O conjunto de verdade (conjunto das soluções) é
= − 5 5 .
Resolução
2 = 0 ⇐⇒ × = 0 ⇐⇒ = 0 ∨ = 0 ⇐⇒ = 0
A equação tem uma solução real, embora muitas vezes se diga que o polinómio 2 admite uma
raiz dupla ou duas raízes iguais. O conjunto de verdade é = {0}.
423
424 CAPÍTULO 19. EQUAÇÕES DE SEGUNDO GRAU
Resolução
A equação 2 = −4 é impossível, em R, uma vez que o quadrado dum número real nunca dá
um número negativo.A equação anterior não tem soluções reais. O conjunto de verdade é = ∅.
Resolução
√
Se tivermos 0, a equação tem duas soluções reais, obtendo-se = ± . Se = 0, a equação
tem uma solução real, obtendo-se = 0. Se 0, a equação é impossível, em R.
Resolução
√
(2 + 3)2 = 9 ⇐⇒ 2 + 3 = ± 9 ⇐⇒ 2 + 3 = ±3
⇐⇒ 2 = −3 ± 3 ⇐⇒ 2 = −6 ∨ 2 = 0
⇐⇒ = −3 ∨ = 0
2
Exemplo 406 Resolva a equação (3 + 4) = 11.
Resolução
2
√ √
(3 + 4) = 11 ⇐⇒ 3 + 4 = ± 11 ⇐⇒ 3 = −4 ± 11
√
−4 ± 11
⇐⇒ =
3
n √ √ o
A equação tem duas soluções reais. O conjunto de verdade é = −4−3 11 −4+3 11 .
Resolução
2 + 6 + 8 = 0 ⇐⇒ 2 + 2 × × 3 + 32 = 32 − 8
⇐⇒ ( + 3)2 = 1 ⇐⇒ + 3 = ±1
⇐⇒ = −3 ± 1
⇐⇒ = −4 ∨ = −2
Resolução
µ ¶2 µ ¶2
5 5 5
2 + 5 + 6 = 0 ⇐⇒ 2 + 2 × × + = −6
2 2 2
µ ¶2
5 25
⇐⇒ + = −6
2 4
µ ¶2
5 1
⇐⇒ + =
2 4
5 1
⇐⇒ + =±
2 2
5 1
⇐⇒ =− ±
2 2
⇐⇒ = −3 ∨ = −2
A equação tem duas soluções reais. O conjunto de verdade é = {−3 −2}.
Outra resolução
2
2 + 5 + 6 = 0 ⇐⇒ 42 + 20 + 24 = 0 ⇐⇒ (2) + 2 × 2 × 5 + 52 = 52 − 24
2
⇐⇒ (2 + 5) = 1 ⇐⇒ 2 + 5 = ±1 ⇐⇒ 2 = −5 ± 1 ⇐⇒ = −3 ∨ = −2
Observe-se que, neste caso, não usámos fracções, tendo-se multiplicado ambos os membros da
equação dada por 4, uma vez que 5, o coeficiente do termo de 1 grau, é ímpar.
Exemplo 409 Resolva a equação 32 + 4 + 1 = 0.
Resolução
Dividindo ambos os membros da equação por 3, obtemos:
4 1
32 + 4 + 1 = 0 ⇐⇒ 2 + + = 0
3 3
µ ¶2 µ ¶2
2 2 2 1
⇐⇒ 2 + 2 × × + = −
3 3 3 3
µ ¶2
2 4 3
⇐⇒ + = −
3 9 9
r
2 1
⇐⇒ + =±
3 9
2 1
⇐⇒ =− ±
3 3
1
⇐⇒ = −1 ∨ = −
3
A equação tem duas soluções reais. O conjunto de verdade é = {−3 −2}.
Outra resolução
A equação 32 +4+1 = 0 pode ser resolvida de maneira mais simples, se multiplicarmos ambos
os membros da equação por 3, que é o coeficiente do termo de 2 grau do polinómio 32 + 4 + 1.
Observe-se que, nesta resolução, praticamente não usámos fracções, ao contrário da resolução
anterior.
426 CAPÍTULO 19. EQUAÇÕES DE SEGUNDO GRAU
Resolução
Dividindo ambos os membros da equação por 3, obtemos:
5 2
32 + 5 + 2 = 0 ⇐⇒ 2 + + = 0
3 3
µ ¶2 µ ¶2
2 5 5 5 2
⇐⇒ +2×× + = −
6 6 6 3
µ ¶2 r
5 1 5 1
⇐⇒ + = ⇐⇒ + = ±
6 36 6 36
5 1 2
⇐⇒ =− ± ⇐⇒ = −1 ∨ = −
6 6 3
© ª
A equação tem duas soluções reais. O conjunto de verdade é = −1 − 23 .
Segunda resolução
Multiplicando ambos os membros da equação por 3, obtemos:
Como podemos ver, a maneira mais simples de resolver a equação, consiste em multiplicarmos
ambos os membros da equação por 3, que é o coeficiente do termo de 2 grau do polinómio e por
4, já que o termo de 1 grau tem coeficiente ímpar.
Exemplo 411 Resolva a equação 2 + + = 0, com 6= 0.
Resolução
Multiplicando ambos os membros da equação por 4, obtemos:
2
p
(2 + ) = 2 − 4 ⇐⇒ 2 + = ± 2 − 4
p
⇐⇒ 2 = − ± 2 − 4
√
− ± 2 − 4
⇐⇒ =
2
À expressão 2 − 4, chamamos binómio discriminante, pois este binómio indica-nos o número
de raízes da equação, conforme
√
o seu sinal.
2 −4
À expressão = −± 2 , chamamos fórmula resolvente da equação de 2 grau.
Fórmulas Resolventes
√
Simplificadas das Equações de 2 Grau
2
A fórmula = −± 2
−4
pode ser simplificada, em certos casos:
1 Caso:
Suponhamos que = 2, isto é, = 2 . Então:
√ √
− ± 2 − 4 −2 ± 42 − 4
= ⇐⇒ =
2 2
√
−2 ± 2 2 −
⇐⇒ =
√2
− ± 2 −
⇐⇒ =
2 Caso:
Suponhamos que = 2 e = 1. Então:
√
− ± 2 − 4 p
= ⇐⇒ = − ± 2 −
2
Seguem-se alguns exemplos de resolução de equações de 2 grau, usando as fórmulas resolventes
anteriores:
428 CAPÍTULO 19. EQUAÇÕES DE SEGUNDO GRAU
Resolução
Neste caso, temos = 2 = 3 = −5. Então, 2 − 4 = 9 + 40 = 49 0, pelo que a equação
tem duas soluções reais que são dadas por
√
−3 ± 49 −3 ± 7 5
= ⇐⇒ = ⇐⇒ = − ∨ = 1
4 4 2
© 5 ª
O conjunto de verdade é = − 2 1 .
Resolução
Na
√
equação 32 − 4 − 7 = 0, é um número par, pelo que podemos aplicar a fórmula =
−± 2 −
.
Observe-se que, para determinar o número de soluções da equação, podemos usar o binómio
discriminante simplificado 2 − , em vez de 2 − 4: Como = 3 = −4 = −2 = −7, temos
2 − = 4 + 21 = 25 0.
Então, a equação tem duas raízes reais, dadas por:
√
2 ± 25 2±5 7
= ⇐⇒ = ⇐⇒ = −1 ∨ =
3 3 3
© ª
O conjunto de verdade é = −1 73 .
Resolução
Neste caso, temos = 1 = −4 = −2 = −21, pelo que podemos usar a fórmula mais
simples de todas. O binómio discriminante simplificado é 2 − = 4 + 21 = 25 0, pelo que a
equação tem duas raízes reais:
√
= 2 ± 25 ⇐⇒ = 2 ± 5 ⇐⇒ = −3 ∨ = 7
Resolução √ √
Neste caso, temos = 1 = −2 3 = − 3 = −1.
Então, podemos usar a fórmula mais simples de todas.
O binómio discriminante simplificado é 2 − = 3 + 1 = 4 0, pelo que a equação tem duas
raízes reais: √ √ √
= 3 ± 2 ⇐⇒ = 2 + 3 ⇐⇒ = −2 + 3
© √ √ ª
O conjunto de verdade é = 2 + 3 −2 + 3 .
19.2. SEGUNDA ABORDAGEM 429
Resolução
Resolução
Resolução
√ √
32 − 5 − 2 = 0 ⇐⇒ 362 − 12 5 − 24 = 0
√
⇐⇒ 362 − 12 5 = 24
³ √ ´
⇐⇒ 6 6 − 2 5 = 24
³ √ √ ´³ √ √ ´
⇐⇒ 6 − 5 + 5 6 − 5 − 5 = 24
³ √ ´2 ³√ ´2
⇐⇒ 6 − 5 − 5 = 24
³ √ ´2
⇐⇒ 6 − 5 = 29
√ √
⇐⇒ 6 − 5 = ± 29
√ √
⇐⇒ 6 = 5 ± 29
√ √ √ √
5 − 29 5 + 29
⇐⇒ = ∨=
6 6
n√ √ √ √ o
5− 29 5+ 29
Logo, = 6 6 .
Resolução
2 + + = 0 ⇐⇒ 2 + + = 0
2
⇐⇒ + =−
µ ¶
⇐⇒ + =−
µ ¶µ ¶
⇐⇒ + − + + =−
2 2 2 2
µ ¶2 µ ¶2
⇐⇒ + − =−
2 2
µ ¶2 2
⇐⇒ + = 2−
2 4
µ ¶2
2 − 4
⇐⇒ + =
2 42
Neste capítulo, pretendemos determinar valores aproximados dos zeros duma função, utilizando o
método das tangentes.
√ Vamos começar com um exemplo muito simples: a determinação de valores
aproximados de 2.
− 2 + 2 = 2 ( − )
2−2 2 −2
Fazendo = 0, temos 2 = − , equação que é equivalente a = − 2 , pelo que
2 −2 22 −2 +2 2 +2
temos +1 = − 2 = 2 = 2
.
433
434 CAPÍTULO 20. O MÉTODO DAS TANGENTES DE NEWTON
Consideremos uma função de domínio R, que admite derivada contínua e finita em qualquer
ponto. Supondo conhecido o valor , vejamos como obter +1 .
A equação da recta tangente ao gráfico de , no ponto = é
− ( ) = ( − ) 0 ( )
( )
Fazendo = 0, obtemos ( − ) 0 ( ) = − ( ), donde se conclui que = − 0 ( ) , ou
( )
seja, +1 = − 0 ( ) , caso +1 esteja definido.
Exemplo
√ 426 Será que os Babilónios conheciam um algoritmo para calcular valores aproximados
de 2?
Os Babilónios tinham um sistema de numeração que usava a base 60 e sabiam resolver equações
de 2 grau. √
Vejamos um método iterativo, para determinar valores aproximados de 2, que podia ser uti-
lizado pelos Babilónios: √
Como 12 2 22 , devemos
√ ter 1 2 2. 2
Faça-se 0 = 1. Então, 2 = 1 + 1 , pelo que (1 + 1 ) = 2. Observe-se que 0 1 1.
Então, 1 + 2 1 + 21 = 2. Mas, para valores entre zero e 1, o quadrado é um número pequeno,
pelo que pode ser desprezado.
Logo, 1 + 2 1 ≈ 2, donde vem 1 ≈ 12 . Então, 1 = 1 + 12 = 32 .
Calculemos 2 :
¡ ¢2 √
Como 21 = 32 = 94 2, devemos ter 2 = 32 − 2 , com 0 1 12 .
¡ ¢2
Então, 32 − 2 = 2, donde vem 94 − 3 2 + 22 = 2.
Logo, 94 − 3 2 ≈ 2, pelo que 3 2 ≈ 94 − 2, ou seja, 2 ≈ 12
1
.
435
Então, 2 = 32 − 12 1
= 17
12 √
E o processo pode continuar indefinidamente, obtendo-se boas aproximações de 2. Curiosa-
mente, estamos a obter os mesmos valores que obtivemos com o método de Newton, partindo do
valor inicial 0 = 1, em ambos os casos.
Será que as duas sucessões são iguais? Para responder a esta questão, basta-nos provar que se
partirmos de valores arbitrários iguais, obtemos na iteração seguinte valores iguais.
No método das tangentes, já vimos que +1 = − 0( )
( ) , pelo que, no caso da função
2 −2 2 +2
() = 2 − 2, temos +1 = − 2
= 2
.
√
Pelo segundo processo, supondo que 2 2, temos:
( − +1 )2 = 2
2 −2
Logo, 2 − 2 +1 + 2+1 = 2, donde obtemos 2 − 2 +1 ≈ 2. Então, +1 ≈ 2 , pelo
2 −2 2 +2
que +1 = − 2 = 2 ,
obtendo-se a mesma expressão que fora obtida pelo método das
tangentes.
Logo, os dois processos conduzem à mesma sucessão (neste caso).
√
Exemplo 427 Determine um valor aproximado de − 2, pelo método das tangentes.
Resolução
Consideremos a função () = 2 − 2. Seja 0 = −1. Então, utilizando a fórmula +1 =
− 0( )
( ) , temos
2 − 2 22 − 2 + 2 2 + 2
+1 = − = =
2 2 2
Então, ⎧ 1+2 3
⎪ 1 = −2 = − 2 = −1 5
⎪
⎪
⎪ 9
+2
⎪ 2 = 4−3 = − 17
⎪
⎪ 12 ≈ −1 416 666 667
⎪
⎨ 289
144 +2
3 = − 17 = − 577 6 577
144 × 17 = − 408 ≈ −1 414 215 686
6
⎪
⎪ ( 577 2
408 ) +2
⎪ 4 = −2× = − 665 857
⎪
⎪ 577 470 832 ≈ −1 414 213 562
⎪
⎪ 408
⎪ 2
⎩ = ( 470 832 ) +2 = − 886 731 088 897 ≈ −1 414 213 562
665 857
Exemplo 429 Determine uma boa aproximação do ponto fixo da função () = 1 − arctan .
Resolução
Recordamos que ponto fixo duma função é um ponto do domínio de , tal que () =
. Então, pretendemos resolver a equação 1 − arctan = , equação esta que é equivalente a
− 1 + arctan = 0.
A questão inicial transformou-se na determinação do zero da função () = − 1 + arctan .
1
Então, 0 () = 1 + 1+ 2 . Observe-se, desde já, que a função é estritamente crescente, pelo que
( ) − 1 + arctan
+1 = − = − 1
0 ( ) 1 + 1+ 2
− 1 + arctan
= − 2+2
1+2
¡ ¢
( − 1 + arctan ) 1 + 2
= −
2 + 2
O valor do ponto fixo da função inicial é, aproximadamente, 0 520 268 992 71959.
438 CAPÍTULO 20. O MÉTODO DAS TANGENTES DE NEWTON
Capítulo 21
Polinómios de Colocação
Neste capítulo, pretendemos determinar uma função polinomial que assuma determinados valores
em determinados pontos.
Começamos por fazer referência ao Teorema Fundamental da Álgebra, o qual afirma que um
polinómio de grau e de coeficientes complexos não admite mais do que raízes complexas. Como
consequência, um polinómio de grau e de coeficientes reais não admite mais do que raízes reais.
Recordamos que polinómio identicamente nulo é o polinómio () com todos os coeficientes
nulos, isto é, () = 0 + 0−1 + · · · + 0 + 0.
Convenciona-se que o gau do polinómio identicamente nulo é −∞. Esta convenção deve-se ao
facto de pretendermos que o grau da soma de dois polinómios seja menor ou igual ao maior dos
graus das parcelas e que o grau do produto seja igual à soma dos graus dos factores.
Demonstração
A demonstração é trivial, em face do que foi afirmado.
Proposição 431 Não há mais do que um polinómio, de grau menor ou igual a , com ∈ N, que
assuma + 1 valores pré-determinados, em + 1 pontos.
Demonstração
Sejam 1 () e 2 () dois polinómios de grau menor ou igual a , satisfazendo as condições do
enunciado.
Sejam 1 () = + −1 −1 + · · · + 1 + 0 e 2 () = + −1 −1 + · · · + 1 + 0 .
Suponhamos, ainda, que 1 2 +1 são os +1 pontos onde os dois polinómios assumem
os + 1 valores pré-determinados.
Seja () = 1 () − 2 (). Então:
Logo, o polinómio (), de grau menor ou igual a , anula-se em + 1 pontos, pelo que se
trata do polinómio identicamente nulo.
Então, os dois polinómios 1 () e 2 () são idênticos.
439
440 CAPÍTULO 21. POLINÓMIOS DE COLOCAÇÃO
Repare-se que esta proposição não afirma que existe um polinómio que satisfaça as condições
do enunciado, embora tal se verifique, como veremos.
Exercício 432 Determinemos o polinómio (), de grau menor ou igual a 3 e que satisfaz as
condições (0) = 3, (1) = 1, (2) = 3 e (3) = 1.
Resolução
Seja 1 () = 3. É claro que 1 (0) = 3, mas 1 (1) = 3 6= 1. Pretendemos obter um novo
polinómio 2 () que satisfaça 2 (1) = 1, mas sem deixar de satisfazer 2 (0) = 3. Tal é conseguido
com 2 () = 1 () + = 3 + .
Então, devemos ter 2 (1) = 3 + = 1, donde se conclui que = −2.
Logo, 2 () = 3 − 2.
E, agora, fazemos 3 () = 2 () + ( − 1) = 3 − 2 + ( − 1).
3 (2) = 3 − 4 + 2 = 2 − 1. Então, 2 − 1 = 3, donde vem = 2.
Logo, 3 () = 3 − 2 + 2 ( − 1) = 3 − 4 + 22 .
Seja 4 () = 3 () + ( − 1) ( − 2) = 3 − 4 + 22 + ( − 1) ( − 2).
1 = 4 (3) = 3 − 12 + 18 + 3 × 2 × 1 = 9 + 6.
Então, 6 = −8, donde vem = − 43 .
Logo, 4 () = 3 − 4 + 22 − 43 ( − 1) ( − 2).
Efectuando os cálculos, temos:
4
4 () = 3 − 4 + 22 − ( − 1) ( − 2)
3
4 ¡ ¢
= 3 − 4 + 2 − 2 − 3 + 2
2
3
4 8
= 3 − 4 + 2 − 3 + 42 −
2
3 3
4 3 2 20
= − + 6 − + 3
3 3
E, como podemos verificar, temos 4 (0) = 3 4 (1) = 1 4 (2) = 3 4 (3) = 1.
Observe-se que podíamos ter poupado um passo no cálculo do polinómio, pois, 1 () = 3 já
está correcto em dois pontos (em = 0 e em = 2).
Então, fazemos 2 () = 3 + ( − 2) e determinamos , de modo que 2 (1) = 1.
De 2 (1) = 1, vem 3 − = 1, donde se conclui que = 2.
Então, 2 () = 3 + 2 ( − 2) = 3 − 4 + 22 .
E, finalmente, temos 3 () = 3 − 4 + 22 + ( − 1) ( − 2).
E, de 3 (3) = 1, vem 3 − 12 + 18 + × 3 × 2 × 1 = 1, pelo que 6 = −8.
Logo, = − 43 , pelo que 3 () = 3 − 4 + 22 − 43 ( − 1) ( − 2) = − 43 3 + 62 − 20
3 +3
Segunda resolução
Vamos resolver este exercício, usando um processo análogo, mas começando "da direita para a
esquerda".
Seja 1 () = 1. É claro que 1 (3) = 1, mas 1 (2) = 1 6= 3. Pretendemos obter um novo
polinómio 2 () que satisfaça 2 (2) = 3, mas sem deixar de satisfazer 2 (3) = 1. Tal é conseguido
com 2 () = 1 + ( − 3).
Então, devemos ter 3 = 2 (2) = 1−, donde vem = −2. Logo, 2 () = 1−2 ( − 3) = 7−2.
E, agora, fazemos 3 () = 7 − 2 + ( − 2) ( − 3).
441
4
4 () = −22 + 8 − 5 − ( − 3) ( − 2) ( − 1)
3
4¡ 2 ¢
= −22 + 8 − 5 − − 5 + 6 ( − 1)
3
2 4¡ 3 ¢
= −2 + 8 − 5 − − 52 + 6 − 2 + 5 − 6
3
4 44
= −2 + 8 − 5 − 3 + 82 − + 8
2
3 3
4 3 2 20
= − + 6 − + 3
3 3
É claro que tínhamos de obter o mesmo polinómio, porque não pode haver mais do que uma
solução de grau menor ou igual a 3.
É claro que ainda não respondemos à questão de saber se o problema tem solução no seu caso
geral.
Terceira resolução
Consideremos os seguintes polinómios:
⎧
⎪ (−1)(−2)(−3) 3 −62 +11−6
⎪ 0 () = =
⎪
⎪ −1×(−2)×(−3) −6
⎨ () = (−0)(−2)(−3)
= 3 −52 +6
1 1×(−1)×(−2) 2
⎪ (−0)(−1)(−3) 3 −42 +3
⎪ 2 () =
⎪ 2×1×(−1) = −2
⎪
⎩ () = (−0)(−1)(−2) 3 −32 +2
3 3×2×1 = 6
Os quatro polinómios anteriores são de grau 3, pelo que qualquer combinação linear dos quatro
polinómios tem grau menor ou igual a 3.
Além disso, temos que 0 () se anula nos pontos 1, 2 e 3, tomando o valor 1, no ponto 0. De
modo análogo, temos que (), (com 1 = 0 1 2 3), toma o valor 1 no ponto e anula-se nos outros
três pontos dados.
Então, o polinómio () = 30 () + 11 () + 32 () + 13 () satisfaz as condições do enun-
ciado. À expressão anterior é costume chamar polinómio interpolador de Lagrange.
442 CAPÍTULO 21. POLINÓMIOS DE COLOCAÇÃO
Efectuemos os cálculos:
Resolução
Comecemos por notar que os argumentos + + 2 + variam em progressão
aritmética, o que pode não acontecer no caso geral.
Sejam 0 () = 0 e 1 () = 0 () + 1 ( − ).
Então, 1 = 1 ( + ) = 0 () + 1 ( + − ) = 0 + 1 .
Então, 1 = 1 −
0
e 1 () = 0 + 1 −
0
( − ).
Seja 2 () = 1 () + 2 ( − ) ( − − ) = 0 + 1 −
0
( − ) + 2 ( − ) ( − − ).
Então,
2 = 2 ( + 2)
1 − 0
= 0 + ( + 2 − ) + 2 ( + − ) ( + 2 − − )
1 − 0
= 0 + × 2 + 2 × × 2 = 0 + 2 (1 − 0 ) + 22 2
= 0 + 21 − 20 + 22 2 = 21 − 0 + 22 2
Logo,
2 − 21 + 0
2 =
22
Então:
0 1 − 0 2 − 21 + 0
2 () = + ( − ) + ( − ) ( − − )
0! 1! × 2! × 2
443
E, se continuarmos, temos:
Então:
3 = 3 ( + 3)
1 − 0 2 − 21 + 0
= 0 + × 3 + × 3 × 2 + 3 × 3 × 2 ×
22
= 0 + 31 − 30 + 32 − 61 + 30 + 3 × 3! × 3
= 32 − 31 + 0 + 63 3
Então:
3 − 32 + 31 − 0
3 =
3! × 3
Observemos o seguinte quadro, obtido por diferenças entre elementos consecutivos da linha
anterior:
0 1 2 3
1 − 0 2 − 1 3 − 2
2 − 21 + 0 3 − 22 + 1
3 − 32 + 31 − 0
0 1 2 3
3 1 3 1
−2 2 −2
4 −4
−8
Então,
2 4 8
() = 3 − ( − 0) + 2
( − 0) ( − 1) − ( − 0) ( − 1) ( − 2)
1×1 2×1 6 × 13
4
= 3 − 2 + 2 ( − 1) − ( − 1) ( − 2)
3
2 4 ¡ 2 ¢
= 3 − 2 + 2 − 2 − − 3 + 2
3
4 3 8
= 3 − 2 + 2 − 2 − + 42 −
2
3 3
4 3 2 20
= − + 6 − + 3
3 3
Voltemos ao quadro anteriormente apresentado:
444 CAPÍTULO 21. POLINÓMIOS DE COLOCAÇÃO
0 1 2 3
0 1 2 3
1 − 0 2 − 1 3 − 2
2 − 21 + 0 3 − 22 + 1
3 − 32 + 31 − 0
Vejamos como obter o polinómio partindo "da direita para a esquerda", supondo que os valores
de estão em progressão aritmética:
1 () = 3
2 () = 1 () + ( − 3 ) = 3 + ( − 3 )
2 = 2 (2 ) = 3 + (2 − 3 ) = 3 −
Então, = 3 −
.
2
Logo,
3 − 2
2 () = 3 + ( − 3 )
Seja 3 () = 3 + 3 −
2
( − 3 ) + ( − 3 ) ( − 2 ).
3 −2
1 = 3 (1 ) = 3 + (1 − 3 ) + (1 − 3 ) (1 − 2 )
Então,
1 − 3 + 3 −
2
(2) 1 − 3 + 23 − 22 1 − 22 + 3
= 2
= =
2 22 22
Logo,
3 − 2 3 − 22 + 1
3 () = 3 + ( − 3 ) + ( − 3 ) ( − 2 )
22
Seja 4 () = 3 () + ( − 3 ) ( − 2 ) ( − 1 ).
0 = 4 (0 ) = 3 + 3 −
2
(0 − 3 )+ 3 −2 2 +1
22 (0 − 3 ) (0 − 2 )+ (0 − 3 ) (0 − 2 ) (0 − 1 )
Então,
3 − 2 3 − 22 + 1
0 = 3 + (−3) + (−3) (−2) + (0 − 3 ) (0 − 2 ) (0 − 1 )
22
= 3 − 33 + 32 + 33 − 62 + 31 + (−3) (−2) (−)
= 3 − 32 + 31 − 63
Logo,
3 − 32 + 31 − 0
=
63
E, finalmente, temos
3 − 2 3 − 22 + 1
4 () = 3 + ( − 3 ) + ( − 3 ) ( − 2 )
22
3 − 32 + 31 − 0
+ ( − 3 ) ( − 2 ) ( − 1 )
63
Vejamos o exemplo anteriormente apresentado:
0 1 2 3
3 1 3 1
−2 2 −2
4 −4
−8
445
Então,
2 4 8
() = 1 − ( − 3) − ( − 2) ( − 3) − ( − 1) ( − 2) ( − 3)
1 2 6
¡ 2 ¢ 4¡ 3 ¢
= 1 − 2 + 6 − 2 − 5 + 6 − − 62 + 11 − 6
3
4 3 44
= 7 − 2 − 2 + 10 − 12 − + 82 − + 8
2
3 3
20 2 4 3
= 3 − + 6 −
3 3
4 3 2 20
= − + 6 − + 3
3 3
Diferenças divididas
O exemplo anterior pode ser resolvido da seguinte maneira:
0 1 2 3
3 1 3 1
1−3 3−1 1−3
1−0 2−1 3−2
0 1 2 3
3 1 3 1
−2 2 −2
2+2 −2−2
2−0 3−1
0 1 2 3
3 1 3 1
−2 2 −2
2 −2
−2−2
3−0
0 1 2 3
3 1 3 1
−2 2 −2
2 −2
− 43
Então,
4
() = 3 − 2 + 2 ( − 1) − ( − 1) ( − 2)
3
Ou,
4
() = 1 − 2 ( − 3) − 2 ( − 3) ( − 2) − ( − 3) ( − 2) ( − 1)
3
Se efectuarmos os cálculos, obtemos
4 20
() = − 3 + 62 − + 3
3 3
Exemplo 434 Usando as fórmulas das diferenças divididas progressivas e regressivas, determine
o polinómio (), de grau mínimo, que satisfaz as seguintes condições:
446 CAPÍTULO 21. POLINÓMIOS DE COLOCAÇÃO
1 2 4 7 15
( ) 6 20 40 100 300
Resolução
1 2 4 7 15
6 20 40 100 300
20−6 40−20 100−40 300−100
2−1 4−2 7−4 15−7
1 2 4 7 15
6 20 40 100 300
14 10 20 25
10−14 20−10 25−20
4−1 7−2 15−4
1 2 4 7 15
6 20 40 100 300
14 10 20 25
− 43 2 5
11
2+ 43 5
11 −2
6 13
1 2 4 7 15
6 20 40 100 300
14 10 20 25
− 43 2 5
11
5 17
9 − 143
17
− 143 −5
9
14
1 2 4 7 15
6 20 40 100 300
14 10 20 25
− 43 2 5
11
5 17
9 − 143
62
− 1287
Então,
4 5 62
() = 6+14 ( − 1)− ( − 1) ( − 2)+ ( − 1) ( − 2) ( − 4)− ( − 1) ( − 2) ( − 4) ( − 7)
3 9 1287
Ou, pela fórmula das diferenças divididas regressivas
5 17
() = 300 + 25 ( − 15) + ( − 15) ( − 7) − ( − 15) ( − 7) ( − 4)
11 143
62
− ( − 15) ( − 7) ( − 4) ( − 2)
1287
Registe-se que as fórmulas das diferenças divididas (progressivas e regressivas) podem aplicar-se em
qualquer situação, enquanto que as fórmulas das diferenças não divididas (progressivas e regressivas)
só podem ser utilizadas, quando os valores de estão em progressão aritmética.
Efectuando os cálculos, obtemos, nos dois casos:
62 4 1583 3 10 627 2 39 748 7640
() = − + − + −
1287 1287 1287 1287 429
447
Exemplo 435 Usando as fórmulas das diferenças divididas, progressivas e regressivas, determine
o polinómio (), de grau mínimo, que satisfaz as seguintes condições:
1 3 7 15 31
( ) 6 8 40 96 240
Resolução
1 3 7 15 31
6 8 40 96 240
1 8 7 9
7 1 1
6 − 12 12
5 1
− 56 168
1
315
Então,
7 5
() = 6 + 1 ( − 1) + ( − 1) ( − 3) − ( − 1) ( − 3) ( − 7)
6 56
1
+ ( − 1) ( − 3) ( − 7) ( − 15)
315
1 1
= 240 + 9 ( − 31) + ( − 31) ( − 15) + ( − 31) ( − 15) ( − 7)
12 168
1
+ ( − 31) ( − 15) ( − 7) ( − 3)
315
Exemplo 436 Usando as fórmulas das diferenças divididas e não divididas, progressivas e regres-
sivas, determine o polinómio (), de grau mínimo, que satisfaz as seguintes condições:
1 2 3 4 5
( ) 6 7 10 20 30
Resolução
Diferenças divididas:
1 2 3 4 5
6 7 10 20 30
1 3 10 10
7
1 2 0
5
6 − 76
− 12
448 CAPÍTULO 21. POLINÓMIOS DE COLOCAÇÃO
Então,
5
() = 6 + 1 ( − 1) + 1 ( − 1) ( − 2) + ( − 1) ( − 2) ( − 3)
6
1
− ( − 1) ( − 2) ( − 3) ( − 4)
2
7 1
= 30 + 10 ( − 5) − ( − 5) ( − 4) ( − 3) − ( − 5) ( − 4) ( − 3) ( − 2)
6 2
Diferenças não divididas:
1 2 3 4 5
6 7 10 20 30
1 3 10 10
2 7 0
5 −7
−12
Então,
2 5
() = 6 + 1 ( − 1) + ( − 1) ( − 2) + ( − 1) ( − 2) ( − 3)
2! 3!
12
− ( − 1) ( − 2) ( − 3) ( − 4)
4!
5 1
= 6 + 1 ( − 1) + ( − 1) ( − 2) + ( − 1) ( − 2) ( − 3) − ( − 1) ( − 2) ( − 3) ( − 4)
6 2
7 12
() = 30 + 10 ( − 5) − ( − 5) ( − 4) ( − 3) − ( − 5) ( − 4) ( − 3) ( − 2)
3! 4!
7 1
= 30 + 10 ( − 5) − ( − 5) ( − 4) ( − 3) − ( − 5) ( − 4) ( − 3) ( − 2)
6 2
Em qualquer dos casos, obtemos o polinómio
1 35 43 193
() = − 4 + 3 − 2 + − 10
2 6 2 6
E, conforme pode ser verificado, temos:
⎧
⎪
⎪ (1) = 6
⎪
⎪
⎨ (2) = 7
(3) = 10
⎪
⎪
⎪
⎪ (4) = 20
⎩
(5) = 30
Capítulo 22
Construindo Cones
Exemplo 437 Considere um arco de circunferência de amplitude rad e o cone construído a partir
do sector circular correspondente ao arco anterior. Determine o volume e a área lateral do cone,
supondo que o raio da circunferência é :
Resolução
2
Seja o comprimento do arco de amplitude . Então, 2 = , donde vem = .
Se representarmos o raio da base do cone por , teremos 2 = , donde se conclui que = 2 ,
pelo que a área da base do cone é
µ ¶2
2 2 2
= =
2 4
2 + 2 = 2 ⇐⇒ 2 = 2 − 2
2 2
⇐⇒ 2 = 2 −
4 2
4 − 2 2
2 2
⇐⇒ 2 = 2
¡ 2 4 2 ¢ 2
4 −
⇐⇒ 2 =
42
√
Logo, = 2 42 − 2 . Então, o volume () do cone é dado por
1 2 2 p 2
() = × × 4 − 2
3 4 2
3 2 p 2
= 4 − 2
24 2
449
450 CAPÍTULO 22. CONSTRUINDO CONES
√
Consideremos a função () = 2 4 2 − 2 . Então:
p −2
0 () = 2 42 − 2 + 2 × √
2 42 − 2
p 3
= 2 42 − 2 − √
4 2 − 2
¡ 2 2
¢ 3
2 4 − −
= √
42 − 2
8 − 33
2
= √
42 − 2
¡ 2 ¢
8 − 32
= √
42 − 2
Neste caso, o domínio da função é ]0 2[, tendo-se para o sinal da derivada:
2
√
0 3 6 2
+ + +
2
8
√ − 32 + 0 −
4 − 2
2 + + + 0
0 () + 0 −
() % Máx &
Nota: 8 2 − 32 = 0 ⇐⇒ = ± 23
¡ √ ¢ √
O máximo da função é 23 6 . O maximizante é 23 6, o qual é aproximadamente igual a
5 130 199 322. O valor anterior está em radianos, pelo que o valor do maximizante é cerca de 293
◦
938 769
¡ 2 1 √. ¢ 16 3 √
3 6 = 9 3
3
√ √
Então, o volume máximo do cone é = 16 3
9 × 24 2 3 =√
2
27
3
3, ou seja, .
Se tivermos = 10 cm, o volume máximo do cone é 2000 27 3 cm 3
.
2√ 2√
Seja () = 1000
24 2 4 2 − 2 = 125
3 2 4 2 − 2 .
400
300
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6
451
Quanto à área lateral do cone, basta determinar a área do sector circular correspondente a um
2
arco de rad, obtendo-se 2 .
Exemplo 438 Considere dois pontos numa circunferência de raio , os quais definem dois arcos
de amplitudes e 2 − . Considere os dois sectores circulares correspondentes aos dois arcos,
como se indica na figura seguinte. Suponha que construimos dois cones, utilizando cada um dos
sectores circulares. Determine as amplitudes dos arcos de modo que o volume total dos dois cones
seja máximo.
Resolução
No exercício anterior, calculámos o volume do cone correspondente ao arco de amplitude :
3 2 p 2
() = 4 − 2
242
2q
3 (2 − )
(2 − ) = 42 − (2 − )2
24 2
2q
3 2 p 2 3 (2 − )
() = (2 − ) + () = 4 − 2+ 4 2 − (2 − )2
24 2 24 2
3 2 p 2 3 (2 − ) p 2
2
= 4 − 2+ 4 − 42 + 4 − 2
242 242
3 2 p 2 3 (2 − ) p
2
= 4 − 2+ 4 − 2
242 242
Suponhamos que = 1.
2
√ (2−)2 √
Representemos graficamente a função () = 24 2 4 2 − 2 + 24 2 4 − 2 :
452 CAPÍTULO 22. CONSTRUINDO CONES
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0.0
0 1 2 3 4 5 6
2
√ (2−) 2 √
() = 24 2 4 2 − 2 + 24 2 4 − 2
0.5 0.010
0.4 0.008
0.3 0.006
0.2 0.004
0.1 0.002
0.0 0.000
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
454 CAPÍTULO 22. CONSTRUINDO CONES
Capítulo 23
Oito condenados à pena capital, com chapéus azuis, uns, e chapéus vermelhos, outros, estão em fila
indiana, sendo que cada uma das pessoas, apenas vê os chapéus das pessoas que estão à sua frente.
O rei gosta de jogos e de premiar os bons jogadores. Por isso resolveu que aqueles que acertarem
na cor do seu próprio chapéu são libertados e os que falharem são executados.
Qual deve ser a estratégia para que, mais de metade das pessoas descubram a cor do seu chapéu?
São permitidas conversas entre as pessoas, para combinar a estratégia a seguir, mas, apenas, antes
de terem os chapéus colocados. Após o palpite de cada condenado, o rei diz se o condenado falhou
ou acertou.
Suponhamos que temos 8 condenados. O último da fila vê sete chapéus (só não vê o seu). Como
há uma cor maioritária, ele refere essa cor.
Se a primeira pessoa a falar disser "azul", os restantes dizem "azul"e a maioria acerta na cor
do seu chapéu. Se disser "vermelho", todos dizem "vermelho"e a maioria acerta. No entanto, há a
possibilidade de apenas metade se salvar, caso haja 4 chapéus de cada cor. Mais adiante, veremos
uma estratégia melhor.
Suponhamos, agora que temos 7 condenados em vez de 8. Neste caso, pode não haver uma cor
maioritária entre os primeiros 6 chapéus.
Combinemos a seguinte estratégia: se houver uma cor maioritária, o último da fila refere essa
cor; se não houver dirá "vermelho".
Suponhamos que o último da fila diz "azul". Então, todos dizem "azul"e a maioria acerta.
Se o último disser "vermelho", existe uma possibilidade de empate nos seis chapéus da frente,
caso a penúltima pessoa da fila não veja quatro ou cinco chapéus vermelhos (caso em que dirá
"vermelho", sendo acompanhado pelos restantes).
Se a penúltima pessoa vir dois ou três chapéus vermelhos dirá "azul", alertando, novamente,
para a possibilidade de empate. A terceira pessoa a falar dirá a cor que não empata (relativamente
aos seis da frente). Se falhar, então há um empate nas primeiras seis pessoas da fila, pelo que
os últimos quatro a falar acertam. Se acertar, então é conhecido o total de chapéus de cada cor
(quatro vermelhos e dois azuis), pelo que, a partir daqui, todos acertam. De qualquer modo, mais
de metade dos condenados salvam-se.
Se, no caso ímpar, as duas primeiras pessoas referirem a mesma cor, temos a certeza que há
uma cor maioritária, mas vamos acrescentar uma primeira nuance à nossa estratégia: se alguém,
com excepção dos dois primeiros a falar, verificar à sua frente uma situação de empate dirá a cor
455
456 CAPÍTULO 23. BRINCANDO COM CHAPÉUS
Repare-se que, no caso de se saber que há empate, todas as pessoas acabam por saber a cor do
seu chapéu: a pessoa seguinte a falar, sabe quantos chapéus azuis e quantos chapéus vermelhos tem
à sua frente, pelo que sabe a cor do seu chapéu. E todas as restantes pessoas acabam por saber a
cor dos chapéus de todos. A única pessoa que pode não saber a cor do seu chapéu, é o último da
fila (o primeiro a falar!).
Outra estratégia, melhor que a anterior, consiste em indicar ao rei a cor do nosso chapéu, ao
mesmo tempo que dizemos à pessoa que nos precede, a cor do seu chapéu! Como fazer isso?
Se for permitido tocar na pessoa que nos precede, o código é facílimo: tocar no ombro esquerdo
significa chapéu vermelho e tocar no ombro direito quer dizer chapéu azul.
Suponhamos que não é possível tocar na pessoa que nos precede. Então, combinamos o seguinte
código:
Se respondermos ao rei, vermelho ou azul, então o chapéu da pessoa que nos precede é da mesma
cor que o nosso.
Se respondermos ao rei, o meu chapéu é vermelho (ou o meu chapéu é azul), então o chapéu da
pessoa que nos precede é de cor diferente do nosso.
Assim, mesmo sem haver empate, todos acertam, com a possível excepção do último da fila! Mas
pode acontecer que o rei não vá em cantigas e exija que cada pessoa diga, apenas, "vermelho"ou,
apenas, "azul". Como proceder, neste caso? Ainda podemos pensar em responder de imediato ou
fazer uma pausa, consoante a cor do chapéu do condenado que está imediatamente antes de nós. E
se não puder haver um código deste tipo?
Dois terços salvam-se!
Suponhamos que temos uma fila com um número de condenados que é múltiplo de 3 e em que
cada condenado só vê os chapéus dos condenados que estão à sua frente na fila. Então, pelo menos,
dois terços dos condenados serão salvos, se adoptarmos a seguinte estratégia:
1. Dividimos os condenados em grupos de 3, a partir do fim.
2. O último de cada grupo diz aos outros dois do seu grupo as cores dos respectivos chapéus,
utilizando o seguinte código: Se disser vermelho, os dois chapéus são da mesma cor e se disser azul,
os dois chapéus são de cores diferentes. Assim, o segundo do grupo acerta e, por fim, o terceiro
também acerta.
3. Em cada grupo, salvam-se dois ou três condenados!
Se tivermos um número de condenados da forma 3 + 2, formam-se grupos de três, a contar do
fim, sobrando um grupo de dois.
1. Em cada grupo de três, adoptamos a estratégia anterior.
2. No grupo de dois, o segundo condenado diz a cor do chapéu do primeiro, o qual acerta. Neste
grupo, salvam-se um ou dois condenados.
Se tivermos um número de condenados da forma 3 + 1, formam-se grupos de três, a contar do
fim, sobrando um condenado.
1. Em cada grupo de três, adoptamos a estratégia anterior.
2. O último a falar (o primeiro da fila) diz uma cor ao acaso e espera pelo resultado!
De três condenados, quantos se salvam?
Um rei perverso tem por hábito colocar um puzzle aos condenados, mesmo antes de estes serem
executados. Os que se saírem bem são poupados. Neste dia havia três condenados ao garrote. O rei
mandou colocá-los em fila, de forma que o preso 3 vê o 1 e o 2, o preso2 só vê o preso 1 e este não
tem qualquer contacto visual com os demais. Disse o rei: "Há três chapéus vermelhos e dois azuis,
e é desses que vou tirar três e distribuir por vocês. Quem souber a cor do chapéu que lhe coube
não será executado, antes partirá livre. Mas tem de ter a certeza absoluta e ser capaz de explicar
458 CAPÍTULO 23. BRINCANDO COM CHAPÉUS
as suas conclusões. Responda primeiro o prisioneiro 3, depois o 2 e finalmente o 1". E assim foi.
O preso 3, por não saber a cor do chapéu que lhe coubera, foi morto. O número 2 teve igual sorte.
Mas o prisioneiro 1 salvou-se! Como?
Resolução
O prisioneiro 3 não tinha a certeza da cor do seu chapéu, pelo que não estava a ver dois chapéus
azuis, caso em que o seu chapéu seria vermelho. O prisioneiro 2 também não tinha a certeza da cor
do seu chapéu, pelo que o chapéu do primeiro preso é vermelho (se fosse azul, o preso 2 sabia que
o seu chapéu era vermelho, em face do que tinha acontecido ao preso 3).
Salve-se quem puder
Outro rei, outros condenados, o mesmo vício do jogo. As regras são bem conhecidas dos pri-
sioneiros, que se reúnem mesmo antes de o jogar, para tentar escolher uma boa estratégia (se é que
existe uma!).
Desta vez são colocados chapéus em todos os 38 condenados, que podem ser vermelhos ou azuis.
Cada um vê os chapéus dos outros, mas não o próprio. A um sinal do rei todos devem tentar
adivinhar a cor do seu chapéu. Quem acertar vive, quem errar morre.
O jogo efectuou-se e 19 presos sobreviveram. "Tivestes sorte!", disse o rei. "Nunca matarás
mais de metade de nós!", respondeu Spartacus, um dos sobreviventes.
Poderá Spartacus ter razão?
Spartacus tem razão, mas jogou muito mal! Antes do sinal do rei, os condenados podem juntar-
se em fila, lado a lado, de modo que os de chapéu vermelho fiquem à direita e os de chapéu azul
fiquem à esquerda:
Um qualquer condenado coloca-se junto a uma parede (se houver!). Um segundo condenado
junta-se ao anterior, colocando-se à direita do primeiro se vir que ele tem um chapéu azul, e à
esquerda, se vir que ele tem um chapéu vermelho. Assim, quando o segundo condenado se coloca
na fila, o primeiro descobre a cor do seu próprio chapéu.
O terceiro condenado a juntar-se à fila procede de modo semelhante: se os dois primeiros
condenados tiverem chapéus vermelhos, coloca-se à esquerda de ambos; se tiverem chapéus azuis,
coloca-se à direita de ambos; se tiverem chapéus de cores diferentes, coloca-se entre ambos (fica
entre um azul e um vermelho, pelo que está, sempre, bem colocado).
Os restantes condenados procedem do mesmo modo. Quando houver um condenado que se
coloca entre outros dois, está a garntir que os da esquerda são azuis e os da direita são vermelhos.
Quando o último condenado ocupa o seu lugar, todos os restantes ficam a conhecer a cor do próprio
chapéu, a menos que ele se coloque num dos extremos. Isso significa que todos os restantes se
colocaram num dos extremos e todos eles têm chapéus da mesma cor.
E o último condenado também se salva:
Se ficar num dos extremos e tiver o chapéu da mesma cor dos restantes, o condenado que está
ao seu lado troca de posição com o último condenado, o qual fica a saber que todos os chapéus são
da mesma cor.
Se não ficar num dos extremos, está entre dois condenados com chapéus de cores diferentes, pelo
que aquele que tiver a mesma cor de chapéu troca com ele, dando-lhe a pista que ele necessita para
se salvar!
Se morreram 19 condenados e podiam salvar-se todos, Spartacus jogou muito mal!
Salve-se quem puder, em fila
O rei da estória anterior irritou-se e, no dia de execuções seguinte, mudou as regras. Agora os
59 prisioneiros são colocados em fila. Cada um recebe um chapéu que pode ser vermelho ou azul.
O último da fila (o 59) vê todos os outros, o 58 vê todos menos o 59, etc. Começando pelo 59, cada
459
preso deve tentar adivinhar a cor do seu chapéu. Se acertar, vive, se errar morre. Mas a execução só
é efectuada no dia seguinte. Por isso, cada preso ouve os palpites dos prisioneiros que o precedem,
mas não sabe se são bons ou maus. Isto é, o prisioneiro genérico, na posição , vê os chapéus dos
presos 1 2 − 1 e ouve os palpites dos presos .... O rei concede uma reunião aos 59 condenados
antes do jogo fatal. Desta vez, pelo aspecto feliz dos prisioneiros, poucos irão morrer. Quantos se
podem, de certeza, salvar?
Por cada 3, salvam-se 2, no mínimo!
Suponhamos que temos 3 condenados, em fila indiana, de modo que o terceiro vê os chapéus
dos dois primeiros, o segundo só vê o chapéu do primeiro e este não vê o chapéu de nenhum dos
outros. É possível arranjar um código de modo ao terceiro condenado fazer com que os outros dois
acertem na cor dos seus chapéus! A estratégia combinada entre todos é a seguinte:
Se os dois condenados da frente tiverem chapéus da mesma cor, o terceiro condenado diz ver-
melho, o segundo condenado diz a cor do chapéu do primeiro e este repete a mesma cor do anterior.
Se os dois condenados da frente tiverem chapéus de cores diferentes, o terceiro condenado diz
azul, o segundo condenado diz a cor contrária ao chapéu do primeiro e este diz a cor contrária à do
segundo.
Resultado: Dois condenados salvam-se e o terceiro ainda pode salvar-se!
Se tivermos dois condenados, em fila indiana, o segundo diz a cor do chapéu do primeiro que se
limita a repetir a cor que ouviu:
Resultado: Um condenado salva-se e o segundo ainda pode salvar-se!
Voltemos aos 59 condenados:
Os prisioneiros 1 e 2 formam um grupo e os restantes dividem-se em 19 grupos de 3 (59, 58 e
57 num grupo, etc.).
Então, 39 presos estão salvos e, dos outros 20, ainda podem salvar-se muitos!
Repare-se que, se tivermos 20 cegos, todos podem ser salvos se, por exemplo, forem colocados
nas posições 1, 3, 6, 9,12,...,57!
E que tal uma amnistia, camarada Spartacus?
Terminamos com uma resolução bastante interessante e que mostra o poder das célulazinhas
cinzentas, como diria o detective Henri Poirot.
Esta resolução é quase igual àquela em que, numa fila de 3 elementos, o terceiro indica, com
uma única palavra, a cor dos chapéus dos dois elementos que estão à sua frente. O segredo é bem
mais fácil do que pode parecer:
Suponhamos que temos uma fila com 20 pessoas, umas atrás das outras. O 20 elemento só tem
duas hipóteses, quando conta o número de chapéus azuis à sua frente: ou esse número é par ou é
ímpar,
Então, combina com os restantes o seguinte: Se disser azul, há um número ímpar de chapéus
azuis à sua frente; se disser vermelho, então o número de chapéus azuis é par. E a probabilidade
dele se salvar é 50%.
Quanto aos restantes, desde que sigam o processo com atenção, todos se salvam. O penúltimo
conta os chapéus azuis à sua frente e compara a paridade desse número com a paridade indicada
pelo último da fila, para saber a cor do seu chapéu. E o processo continua, até ao primeiro da fila.
É caso para recordar um jogo infantil que é do conhecimento de todos: PAR OU ÍMPAR?
Vejamos uma situação concreta: Suponhamos que temos uma fila de 7 pessoas e que as cores
dos chapéus são, do 7 para o 1 da fila: A,V,A,A,A,V,A.
A 7 pessoa da fila vê 4 chapéus azuis e 2 chapéus vermelhos. Então, dirá vermelho, sendo que
todos saberão que nos 6 prisioneiros que estão no início da fila, há um número par de chapéus azuis.
460 CAPÍTULO 23. BRINCANDO COM CHAPÉUS
O 6 elemento da fila continua a ver um número par de chapéus azuis (4), pelo que dirá vermelho.
O 5 elemento da fila sabe que nos primeiros 5, continua a haver um número par de chapéus
azuis, pelo que dirá azul.
O 4 elemento da fila sabe que nos primeiros 5, há um número par de chapéus azuis, sendo que
o 5 elemento tem um chapéu azul. Então, nos primeiros 4, há um número ímpar de chapéus azuis
e ele só vê 2 chapéus azuis à sua frente, pelo que dirá azul.
O 3 elemento da fila sabe que nos primeiros 5, há um número par de chapéus azuis e já foram
identificados 2 chapéus azuis. Então, nos primeiros três, há um número par de chapéus azuis e ele
só vê um chapéu dessa cor. Então, o seu chapéu é azul.
O 2 elemento da fila sabe que nos primeiros 5, há um número par de chapéus azuis e já foram
identificados 3 chapéus azuis. Então, nos primeiros dois, há um número ímpar de chapéus azuis e
ele vê um chapéu dessa cor. Então, o seu chapéu é vermelho.
O 1 elemento da fila sabe que nos primeiros 5, há um número par de chapéus azuis e já foram
identificados 3 chapéus azuis. Então, o seu chapéu é azul.
Resumindo, temos a seguinte situação (numa fila de elementos): o último elemento indica se
o número de chapéus azuis à sua frente é par ou ímpar. Cada elemento da fila conta os chapéus
azuis que está a ver (à sua frente), soma com o número de chapéus azuis que já foram referidos
atrás de si (sem contar com o primeiro que falou) e descobre a cor do seu chapéu.
Capítulo 24
Os Números Complexos
O produto anterior efectua-se do mesmo modo que (2 + 3) (4 + 5), com a diferença importan-
tíssima de termos imposto a ideia maluca de que 2 = −1.
No caso geral teremos, com ∈ R:
( + ) ( + ) = + + + 2 = + ( + ) − = ( − ) + ( + )
Quanto à divisão, comecemos por notar que é impossível dividir um número diferente de zero
por zero, impossibilidade que se manterá no novo conjunto.
Vejamos um exemplo de como dividir dois dos novos números:
2 + 3 2 + 3 3 − 4 6 − 8 + 9 − 122 6 + + 12 18 + 18 1
= × = = = = +
3 + 4 3 + 4 3 − 4 9 − 162 9 + 16 25 25 25
461
462 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
Resolução
Ã√ √ !
³ ´ 2 2 √ √
= 2 cis = 2 cos + sin =2 + = 2+ 2
4 4 4 2 2
à √ !
³ ´ 1 3 √
= 2 cis = 2 cos + sin =2 + =1+ 3
3 3 3 2 2
µ ¶ Ã √ !
5 5 5 3 1 √
= 2 cis = 2 cos + sin =2 − + =− 3+
6 6 6 2 2
µ ¶ Ã √ !
7 7 7 3 1 √
= 2 cis = 2 cos + sin =2 − − =− 3−
6 6 6 2 2
√
Exemplo 444 Passe o complexo = −1 + 3 para a forma trigonométrica
¯ √ ¯¯ √
¯
|| = ¯−1 + 3¯ = 1 + 3 = 2
√ √
Quanto ao argumento, temos que tan = −13 = − 3, sendo que o ponto correspondente a
√
−1 + 3 fica no segundo quadrante, pelo que vem = 2
3 + 2 com ∈ Z.
√ 2
Então, −1 + 3 = 2 cis 3 .
464 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
Intuitivamente, vem que (1 cis 1 ) (2 cis 2 ) = (1 2 ) cis (1 + 2 ), com 1 0, 2 0, 1 ,
2 ∈ R.
A igualdade anterior é conhecida por fórmula de Moivre para o produto de dois complexos. Esta
fórmula esconde uma propriedade interessante que é a seguinte: o produto de duas somas de dois
quadrados é uma soma de dois quadrados.
Esta propriedade pode ser demonstrada directamente:
¡ 2 ¢¡ ¢
+ 2 2 + 2 = 2 2 + 2 2 + 2 2 + 2 2
2 2
= 2 2 + 2 2 − 2 + 2 2 + 2 2 + 2 = ( − ) + ( + )
Mas também pode ser demonstrada, recorrendo ao módulo dum número complexo:
Sejam ∈ R. Ora, ( + )
√( + ) = − +√ ( + ) .
Por outro lado, temos | + | = 2 + 2 e | + | = 2 + 2 . Ora,
q
| − + ( + ) | = ( − )2 + ( + )2
p
= 2 2 − 2 + 2 2 + 2 2 + 2 + 2 2
p p
= 2 2 + 2 2 + 2 2 + 2 2 = 2 (2 + 2 ) + 2 (2 + 2 )
p p p
= (2 + 2 ) (2 + 2 ) = 2 + 2 2 + 2
Então, o módulo do produto de dois números complexos é o produto dos módulos desses com-
plexos. q √ √
Elevando ao quadrado ambos os membros de ( − )2 + ( + )2 = 2 + 2 2 + 2 ,
¡ ¢¡ ¢ 2 2
temos a igualdade 2 + 2 2 + 2 = ( − ) + ( + ) .
¡ 2 ¢ ¡ ¢
Observe-se que + 2 2 + 2 = ( + ) + ( − )2 e que estas igualdades têm mais
2
4 cis 3 ³ ´
= 2 cis − = 2 cis
2 cis 6 3 6 6
³ ´9 ³ ´ 3 ³ ´
2 cis = 29 cis 9 × = 512 cis = 512 cis −
6 6 2 2
Como 1 = cis 0, temos que as raízes oitavas de são dadas pela expressão
0 + 2
cis = cis = 0 1 2 3 4 5 6 7
8 4
As soluções, na forma trigonométrica, são:
3 5 3 7
cis 0 cis cis cis cis cis cis cis
4 2 4 4 2 4
E na forma algébrica:
√ √ √ √ √ √ √ √
2 2 2 2 2 2 2 2
1 + − + −1 − − − −
2 2 2 2 2 2 2 2
√
Exemplo 449 Determine as raízes oitavas do número 1 + 3:
√ √
Como, 1 + 3 = 2 cis 3 , temos que as raízes oitavas de 1 + 3 são dadas por
√
8 + 23
2 cis = 0 1 2 3 4 5 6 7
8
√
√ √ √ √ √ √
Então, as soluções são 8 2 cis 24 , 8 2 cis 7 , 8 2 cis 13 , 8 2 cis 19 , 8 2 cis 25 , 8 2 cis 31 , 8 2 cis 37
√ 24 24 24 24 24 24
e 8 2 cis 43 .
24 √
As oito soluções correspondem a oito pontos duma circunferência de raio 8 2, sendo que esses
oito pontos dividem a circunferência em oito partes iguais.
Então, basta-nos conhecer uma das raízes oitavas, pois as restantes são obtidas somando ao argu-
mento da primeira sucessivos múltiplos de 2 8 , ou seja, sucessivos múltiplos de 4 ou, se preferirmos,
√
sucessivos múltiplos de 6
24 , o que, partindo de
8
2 cis 24 , facilita os cálculos.
Exercício 450 Seja um complexo do primeiro quadrante, eixos não incluídos. Mostre que a
imagem de 3 não pode pertencer ao quarto quadrante.
Resolução
Seja = cis com 0, 0 2 . Então, 3 = 3 cis (3) com 3 0, 0 3
2.
Logo, a imagem de 3 não pode pertencer ao quarto quadrante.
Começamos por referir que dois complexos, escritos na forma algébrica, são iguais se e só se têm
a mesma parte real e a mesma parte imaginária.
Dois complexos não nulos, escritos na forma trigonométrica, são iguais se e só se têm o mesmo
módulo e os argumentos diferem de um múltiplo de 2.
Resolução, na forma trigonométrica:
Seja = cis com ≥ 0 ∈ R. Então, = cis (−). Logo:
3 2
( cis ) = ( cis (−)) ⇐⇒ 3 cis (3) = 2 cis (−2)
⇐⇒ 3 = 2 ∧ 3 = −2 + 2 ∈ Z
⇐⇒ 2 ( − 1) = 0 ∧ 5 = 2 ∈ Z
2
⇐⇒ ( = 0 ∨ = 1) ∧ = ∈ Z
µ 5 ¶
2
⇐⇒ =0∨ =1∧= ∈ Z
5
2 4 6 8
= 0 ∨ = cis 0 = 1 ∨ = cis ∨ = cis ∨ = cis ∨ = cis
5 5 5 5
E, a partir dos valores de , podemos encontrar os respectivos valores para , uma vez que temos
468 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
√
√ −1 + 5
2
= ± 3 + 2. Seja = . Então:
4
à √ !2 √ à √ ! √
2 −1 + 5 −1 + 5 1 + 5 − 2 5 −2 + 2 5
3 + 2 = 3 +2× =3 +
4 4 16 4
à √ ! √ √ √ √
3− 5 −4 + 4 5 9−3 5−4+4 5 5+ 5
= 3 + = =
8 8 8 8
Logo, s √
5+ 5
=±
8
√
−1 + 5
Analogamente, para = , obtendo-se
4
s √
5− 5
=±
8
Então, as soluções, na forma algébrica, são
√ s √ √ s √
−1 + 5 5 + 5 −1 − 5 5− 5
0 1 ± ±
4 8 4 8
Recordamos que, na forma trigonométrica, as soluções eram
2 4 6 8
= 0 ∨ = cis 0 = 1 ∨ = cis ∨ = cis ∨ = cis ∨ = cis
5 5 5 5
Comparando as soluções, temos:
√ s √
2 −1 + 5 2 5+ 5
cos = ∧ sin =
5 4 5 8
√
−1+ 5
Exemplo 452 Mostre que cos 2
5 = 4 .
Resolução √
−1+ 5
Vejamos outra maneira de mostrar que cos 2 5 = 4 .
2 2 2
Começamos por recordar que cos (2) µ = cos¶ − sin
µ = 2 cos¶ − 1µ ∀¶∈ R
2 2 2 2 8
Seja = cos . Ora, cos = cos − = cos 2 − = cos .
5 5 µ 5¶ µ5 ¶ 5
2 8 4 4 2
Então, = cos = cos = 2 cos2 − 1. Mas, cos = 2 cos2 − 1 = 22 − 1.
5 5 5 5 5
¡ ¢2 ¡ ¢
Logo, = 2 22 − 1 − 1 = 2 44 − 42 + 1 − 1 = 84 − 82 + 1.
2
Então, cos é solução da equação 84 − 82 − + 1 = 0.
5
É fácil de descobrir que uma das soluções da equação anterior é 1. Outra solução, µ esta não¶ tão
1 1
fácil de descobrir, é − . Então, o polinómio 84 − 82 − + 1 é divisível por ( − 1) + .
2 2
Aplicando a regra de Rufinni, vem:
24.2. PENTÁGONO REGULAR INSCRITO NUMA CIRCUNFERÊNCIA 469
8 0 −8 −1 1
1 8 8 0 −1
8 8 0 −1 0
1
− −4 −2 1
2
8 4 −2 0
Logo,
¡ ¢
84 − 82 − + 1 = 0 ⇐⇒( − 1) (2 + 1) 42 + 2 − 1 = 0
1
⇐⇒ = 1 ∨ = − ∨ 42 + 2 − 1 = 0
2 √
1 −1 ± 1 + 4
⇐⇒ = 1 ∨ = − ∨ =
2 4
√
1 −1 ± 5
⇐⇒ = 1 ∨ = − ∨ =
2 4
√
2 2 −1 + 5
Mas, 0 cos 1, pelo que cos = .
5 5 4 √
Note-se que os números encontrados estão relacionados com o número de ouro (Φ = 1+2 5 ). Por
4 √
exemplo, −2 cos = 1+2 5 .
5 √
2 −1 + 5
isto é, cos é metade de , número este que é conhecido por número de ouro e costuma
5 2
2
ser representado por . Então, cos = .
5 2
1
Note-se que as soluções 1 e − podem ser obtidas resolvendo a equação cos (4) = cos :
2
cos (4) = cos ⇐⇒ 4 = ± + 2 ∈ Z ⇐⇒ 3 = 2 ∨ 5 = 2 ∈ Z
2 2
⇐⇒ = ∨= ∈ Z
3 5
2 1 1
Ora, cos = − e cos 0 = 1, pelo que − e 1 têm de ser soluções da equação 84 −82 −+1 =
3 2 2
0.
√
Exemplo 453 Mostre que cos 2
5 =
−1+ 5
4 .
Resolução
Comecemos por observar que
cos (3) = cos (2 + ) = cos (2) cos − sin (2) sin
¡ ¢
= cos2 − sin2 cos − 2 sin cos sin
¡ ¢ ¡ ¢
= 2 cos2 − 1 cos − 2 cos 1 − cos2
= 2 cos3 − cos − 2 cos + 2 cos3
= 4 cos3 − 3 cos
470 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
É fácil verificar que zero é uma das soluções da equação cos (3) − cos (2) = 0.
Fazendo a mudança de variável cos = , obtemos a equação de 3 grau 43 − 22 − 3 + 1 = 0.
Esta equação admite a solução cos 0 = 1, pelo que é fácil resolvê-la, utilizando a regra de Rufinni:
4 −2 −3 1
1 4 2 −1
4 2 −1 0
Então,
¡ ¢
43 − 22 − 3 + 1 = 0 ⇔ ( − 1) 42 + 2 − 1 = 0
√
−1 ± 1 + 4
⇔ =1∨=
2
√ √
−1 + 1 + 4 −1 − 1 + 4
⇔ =1∨= ∨=
2
√ √ 2
−1 + 5 −1 − 5
⇔ =1∨= ∨=
2 2
Voltemos a resolver a equação cos (3) − cos (2) = 0:
Exercício 454 Divida uma circunferência em cinco partes iguais, utilizando régua e compasso.
Resolução
2
Dos exercícios anteriores, concluimos que, para conseguir desenhar um ângulo de radianos,
5
basta-nos considerar num referencial ortonormado,
√ uma circunferência de raio 1 e, marcar sobre a
−1 + 5
circunferência o ponto de abcissa , o que pode ser feito com régua e compasso. Essa é
4
uma construção clássica e que permite dividir uma circunferência em cinco partes iguais.
24.2. PENTÁGONO REGULAR INSCRITO NUMA CIRCUNFERÊNCIA 471
C
F
A M2 E
M1 O B
G
D
Descrição da construção:
3. Desenhamos uma circunferência de centro 1 e que passa por . Esta circunferência inter-
secta o semieixo positivo das abcissas no ponto .
Justificação:
472 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
r r √
1 5 5
1 = 1+ = = ;
4 4 2 √ √
1 5 −1 + 5
A abcissa do ponto é − + , ou seja, .
2 2 √ 2
−1 + 5
Então, a abcissa do ponto 2 é , valor este que sabemos ser a abcissa do ponto ,
√ 4
2 −1 + 5
uma vez que cos = .
5 4
O pentágono [ ] é regular e a circunferência ficou dividida em cinco partes iguais.
A construção anterior pode ser substituída por outra, ainda mais simples:
C
F
A
M O E B
G
D
4. Desenhamos uma circunferência de centro e que passa por . Esta circunferência intersecta
a cirunferência inicial nos pontos e .
Justificação:
Embora a construção seja mais fácil, o mesmo não acontece com a justificação.
Consideremos a primeira construção. r
√ √ √
−1 + 5 3+ 5 5+ 5
2 = 1 + = ; 2 =
4 4 8
Apliquemos o Teorema de Pitágoras ao triângulo (rectângulo) [2 ]:
à ⎛s ⎞
√ !2 √ 2 √ √
2 3+ 5 ⎝ 5 + 5 ⎠ 9+5+6 5 5+ 5
= + = +
4 8 16 8
√ √ √ √
7+3 5 5+ 5 12 + 4 5 3+ 5
= + = =
8 8 8 2
Por outro lado, temos
à √ !2 à √ !2 √ √
2 −1 + 5 1+ 5 1+5+2 5 3+ 5
= 1+ = = =
2 2 4 2
2 2
Então, = , donde vem que = , uma vez que os comprimentos e são
números positivos.
() = −1 +
à √ !
1 3 1 1 √ 1 1 √
() = (−1 + ) × + = − − 3 + − 3
2 2 2 2 2 2
µ ¶ Ã √ !
1 1 √ 1 1 √ 1 3 1 1 √ 1 1 √
() = − − 3 + − 3 × + = − 3− − 3
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
µ ¶ Ã √ !
1 1 √ 1 1 √ 1 3
() = − 3 − − 3 × + = 1 −
2 2 2 2 2 2
à √ !
1 3 1 1 √ 1 1 √
() = (1 − ) × + = + 3 − + 3
2 2 2 2 2 2
µ ¶ Ã √ !
1 1 √ 1 1 √ 1 3 1 1 √ 1 1 √
() = + 3 − + 3 × + =− + 3+ + 3
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
µ ¶ Ã √ !
1 1 √ 1 1 √ 1 3
() = − + 3 + + 3 × + = −1 +
2 2 2 2 2 2
474 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
Pretendemos que as imagens dos números anteriores pertençam ao quadrado [−1 1] × [−1 1].
Então, os módulos das partes reais e imaginárias dos complexos anteriores têm de ser menores ou
iguais a 1. Como os seis números complexos obtidos são simétricos, dois a dois, basta-nos considerar
os três primeiros números. Além disso, podemos considerar, sem perda de generalidade que ≥ 0.
⎧
⎪ 1≤1 ⎧ ⎧
⎪
⎪ ⎪ 0 ≤ ≤√1 ⎪ 0 ≤ √
≤1
⎪
⎪ 0 ≤ ≤1 ⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪
⎨ −1 ≤ − 1 − 1 √3 ≤ 1 ⎪
⎨ −2 ≤ −1√− 3 ≤ 2 ⎪
⎨ −1√≤ − 3 ≤ 3 √
2√ 2 −2 ≤ − 3 +
⎪ −1 ≤ − 12 3 +√12 ≤ 1
⇐⇒
⎪ √ ≤ 2 ⇐⇒
⎪
−2 + 3 ≤ √≤ 2 + 3
⎪
⎪ ⎪
⎪ −2 ≤ 1 √
− 3≤2 ⎪
⎪ −3
⎪
⎪ −1 ≤ 12 − 1 ⎪
⎩ ⎪
⎩ √ ≤ − 3 ≤ 1 √
⎪
⎩ 1
√ 2 13 ≤ 1 −2 ≤ − 3 − ≤ 2 −2 + 3 ≤ − ≤ 2 + 3
−1 ≤ − 2 3 − 2 ≤ 1
⎧ ⎧
⎪ 0≤
√≤1 ⎪ 0 ≤ √≤1
⎪
⎪ ⎪
⎪ ⎧
⎪
⎨ 3 ≤ 1√ ⎪
⎨ ≤ 33 ⎨ 0 ≤ √
≤1
⇐⇒ ≥√−2 + 3 ⇐⇒ ≥√0 ⇐⇒ ≤ 33√
⎪
⎪ ⎪
⎪ ⎩
⎪
⎪ 3 ≤√
3 ⎪
⎪ ≤ 3√ ≤2− 3
⎩ ⎩
≤2− 3 ≤2− 3
√
⇐⇒ 0≤≤2− 3
√
Então, a área máxima corresponde ao caso em que = 2 − 3.
Agora, basta-nos√encontrar o lado do hexágono, o qual é igual ao raio da circunferência circun-
scrita, ou seja, = 2 + 1, o módulo do complexo −1 + . √
Note-se que a área√dum triângulo equilátero de lado 2 é 3, pelo que a área √ dum triângulo
3 2 3
equilátero de lado 1 é . Então, a área dum triângulo equilátero de lado é .
4 4
Finalmente, a área do hexágono (regular) é
√ ³ ´2 3√3 ¡ √ µ ¶
3 p 2 2
¢ 3 3 ³ √ ´2 √
6× +1 = +1 = 2 − 3 + 1 = 12 3 − 18
4 2 2
24.3. MAIOR HEXÁGONO REGULAR CONTIDO NUM QUADRADO 475
Observemos que qualquer rotação do hexágono, em torno do seu centro, que não o deixe na
"mesma"posição faz com que algum dos vértices saia do quadrado. É claro que qualquer ampliação
do hexágono produz o mesmo efeito.
Então, o hexágono da figura é o maior hexágono regular contido no quadrado.
¡ √ ¢
= −1 + 2 − 3
¡ ¡ √ ¢ ¢ ³ √ ´ √ ¡ √ ¢
= −1 + 2 − 3 × 12 + 23 = 1 − 3 + 1 − 3
O ponto pertence à bissectriz dos quadrantes ímpares.
Equação da recta :
√ √
1− 3−2+ 3 1 √
= √ =− √ = −2 − 3
1− 3+1 2− 3
√ ¡ √ ¢ √ √
− 2 + 3 = −2 − 3 ( + 1) ⇐⇒ = −2 3 − 2 − 3
Equação da recta :
√ ¡ √ ¢
=1− 3+ 1− 3
√
¡ √ ¡ √ ¢¢ 1 + 3 √
= 1− 3+ 1− 3 × =2− 3−
√ 2
−1 − 1 + 3 √
= √ √ = −2 + 3
2− 3−1+ 3
√ ¡ √ ¢¡ √ ¢ √ √
− 1 + 3 = −2 + 3 − 1 + 3 ⇐⇒ = 6 − 4 3 − 2 + 3
Equação da recta :
¡ √ ¢
= 1 + −2 + 3
√ √
−2 + 3 + 1 −1 + 3
= √ = √ =1
1−2+ 3 −1 + 3
√ √
+ 2 − 3 = − 1 ⇐⇒ = −3 + 3 +
Equação da recta :
√ ¡ √ ¢
= −1 + 3 + −1 + 3
√ √ √
−1 + 3 + 2 − 3 1 2+ 3 √
= √ = √ =¡ √ ¢¡ √ ¢ = −2 − 3
−1 + 3 − 1 −2 + 3 −2 + 3 2 + 3
√ ¡ √ ¢¡ √ ¢ √ √
+ 1 − 3 = −2 − 3 + 1 − 3 ⇐⇒ = 2 3 − 2 − 3
Equação da recta :
√
= −2 + 3 +
√
1+1− 3 √
= √ √ = −2 + 3
−2 + 3 + 1 − 3
¡ √ ¢¡ √ ¢ √ ¡√ ¢
− 1 = −2 + 3 + 2 − 3 ⇐⇒ = −6 + 4 3 + 3 − 2
Equação da recta :
√ ¡ √ ¢
= −2 + 3 + = −1 + 2 − 3
√
2− 3−1
= √ =1
−1 + 2 − 3
√ √
− 1 = + 2 − 3 ⇐⇒ = + 3 − 3
Representação gráfica das 6 rectas anteriores e das rectas = ±1 e = ±1:
476 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
-1 1
-1
: | − 0 |
| − 1 | = | − 2 |
| − 1 | = | − 2 | 1 2 ∈ C 1 6= 2 ∈ R+ 6= 1
Exemplo 457 | − 1 + | = 1
478 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
Exemplo 458 | − 1 + | ≤ 1
Exemplo 465 arg = 3
√ √
Trata-se duma semi-recta de declive 3 (tan 3 = 3). A origem da semi-recta é a origem do
referencial e não faz parte do conjunto solução.
2
Exemplo 466 4 ≤ arg ≤ 3
2
Exemplo 467 4 arg ( − 1 + ) 3
Mas,
22 50
32 + 3 2 − 22 − 18 + 50 = 0 ⇐⇒ 2 + 2 − − 6 + =0
3 3
22 121 121 50
⇐⇒ 2 − + + 2 − 6 + 9 = +9−
3 9 9 3
µ ¶2
11 52
⇐⇒ − + ( − 3)2 =
3 9
¡ 11 ¢ √
O centro da circunferência é 3 3 e o raio é 23 13.
482 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
2 3 4 5 6
Exemplo 470 Defina por meio duma condição com complexos a figura seguinte:
24.4. DOMÍNIOS PLANOS 483
Solução
√
| + 1 − 3| ≥ | − 3 + | ∧ | − 3 + | ≥ 2 2 ∧ Im () ≥ −1 ∧ Re () ≤ 3
Outra solução:
√
| + 1 − 3| ≥ | − 3 + | ∧ | − 3 + | ≥ 2 2 ∧ ≤ arg ( − 3 + ) ≤
2
Exemplo 471 Defina, por meio duma condição com complexos, a figura seguinte, incluindo a
fronteira:
Solução
A condição (1 ≤ Re () ≤ 2 ∧ 0 ≤ Im () ≤ 1) ∨ (3 ≤ Re () ≤ 4 ∧ 0 ≤ Im () ≤ 1) define os dois
quadrados da figura seguinte:
484 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
Exemplo 472 Defina por meio duma condição com complexos a figura seguinte:
Solução
⎧ √
⎪ | − 1| ≤ 5 ⎧ √ ⎧ √
⎪
⎨ ⎨ | − 1| ≥ 5 √ ⎨ | − 1| ≤ √5
Re () ≥ 0
∨ | − 2 − 2|√≤ 2 2 ∨ | − 4| ≤ 2 2 √
⎪
⎪ Im () ≥ 0 √ ⎩ ⎩
⎩ | − 4| ≤ 2 2 | − 2 − 2| ≥ 2 2
| − 4| ≥ 2 2
24.4. DOMÍNIOS PLANOS 485
Exemplo 473 Defina por meio duma condição com complexos a figura seguinte:
Solução
⎧ √ ⎧ √ ⎧ √
⎨ | − 1| ≤ √5 ⎨ | − 1| ≤ 5 √ ⎨ | − 4| ≤ 2 2 √
| − 4| ≤ 2 2 ∨ | − 2 − 2|√≥ 2 2 ∨ | − 2 − 2| ≥ 2 2
⎩ ⎩ ⎩
Im () ≥ 0 | − 4| ≥ 2 2 Im () ≥ 0
486 CAPÍTULO 24. OS NÚMEROS COMPLEXOS
Capítulo 25
Nota histórica
O aparecimento dos números complexos deve-se à procura da fórmula resolvente das equações
de 3 grau de coeficientes reais, as quais têm, no mínimo, uma solução real. Como veremos mais
adiante, toda a equação de 3 grau pode ser transformada numa equação da forma 3 + + = 0,
pelo que basta obter a fórmula resolvente para este caso. Fazendo = + , vem:
( + )3 + ( + ) + = 0 ⇐⇒ 3 + 32 + 32 + 3 + ( + ) + = 0
⇐⇒ 3 + 3 + 3 ( + ) + ( + ) + = 0
⇐⇒ 3 + 3 + (3 + ) ( + ) = −
Podemos escolher e de modo que 3 = − ∧ 3 + 3 = − Então, = − 3
3
Logo, 3 3 = − 27 ∧ 3 + 3 = − donde se conclui que 3 e 3 são as raízes da equação de 2
3
grau 2 + − 27 = 0
⎧
3
2 + 43
⎨ 3 −+ 2 + 4 27
2 3 −± 27 = 2
Como + − 27 = 0 ⇐⇒ = 2 , temos .
⎩ 3 −− 2 + 4 3
27
=
⎧ r v q v 2
q
⎪ u u
⎪ 3
⎨ = −+ + 27 2 43
u
3 − + 2 + 4
3 u3 − − 2 + 4
3
t 27 t 27
Então, r
2
, pelo que = +
⎪
⎪ 43 2 2
⎩ = 3 −− 2 + 27
2
Vejamos um exemplo de resolução de uma equação de terceiro grau, usando o método anterior:
Consideremos a equação 3 + 32 − 3 − 1 = 0
Começamos por fazer a substituição = + , com vista a eliminar o termo de 2 grau,
obtendo-se:
A equação ( + )3 + 3 ( + )2 − 3 ( + ) − 1 = 0 é equivalente a ¡ ¢
3 +3 2 +32 +3 +3 2 +6+32 −3−3−1 = 0 ⇐⇒ 3 +(3 + 3) 2 + 32 + 6 − 3 +
3 + 32 − 3 − 1 = 0
Fazendo = −1, vem 3 − 6 + 4 = 0
Segue-se a nova substituição = + , a qual nos conduz a 3 + 3 = −4 ∧ 3 3√= 8
Então, 3 e são as raízes da equação de 2 grau 2 + 4 + 8 = 0, que são −2 ± −4
Obtivemos, deste modo, uma raiz quadrada de um número negativo, a qual não representa
nenhum número real.
487
488 CAPÍTULO 25. O ANEL DOS INTEIROS GAUSSIANOS
√
√ Para quem já conhece os números imaginários, é fácil verificar que = 3 −2 + 2 = 1 + =
3
−2 − 2 = 1 − √
Observe-se, no entanto, que 3 −2 + 2 é uma expressão pouco pacífica, uma vez que um número
imaginário admite três raízes cúbicas e não apenas uma.
Se usarmos as raízes cúbicas 1 + e 1 − , obtemos
=+ =1++1−=2∧=+=2−1 =1
Logo, uma das raízes da equação inicial é 1, o que permite encontrar as outras raízes (aplicando
a regra de Ruffini).
1 3 −3 −1
1 1 4 1
1 4 1 0
¡ ¢ √
Então, 3 + 32 − 3 − 1 = 0 ⇐⇒ ( − 1) 2 + 4 + 1 = 0 ⇐⇒ = −2 ± 3
Repare-se que, embora as três raízes da equação sejam reais, para resolver a equação, tivemos
de "sair"do conjunto R.
E se tivéssemos usado outra raiz cúbica de −2 + 2?
Vimos que uma das√ raízes cúbicas de é 1 + . √ ¡ ¢
Como 1 + = 2 cis 4 , então as outras raízes cúbicas de −2 + 2 são 2 cis 4 + 2 e
√ ¡ 2 ¢ 3
2 cis 4 − 3 .
√ ¡ ¢ √
Seja = 2 cis 4 + 2 = 2 cis 1112 .
3 √ ¡ ¢
Ora, de = 2, vem = 2 = √2 cis2 11 = 2 cis − 11
12
12
Então,
µ ¶ µ ¶
√ 11 √ 11 √ 11 √ 2
= + = 2 cis + 2 cis − = 2 2 cos = 2 2 cos +
12 12 12 4 3
µ ¶ Ã√ µ ¶ √ √ !
√ 2 2 √ 2 1 2 3
= 2 2 cos cos − sin sin =2 2 × − − ×
4 3 4 3 2 2 2 2
à √ √ !
√ 2 6 √
= 2 2 − − = −1 − 3
4 4
√ √
Logo, = −1 − 3 − 1 = −2 − 3, obtendo-se, assim uma das raízes da equação inicial.
Definição 474 Corpo dos números complexos é o conjunto C = { + : ∈ R}, algebrizado
com as operações "adição"e "multiplicação"assim definidas:
Adição: ( + ) + ( + ) = ( + ) + ( + )
Multiplicação: ( + ) × ( + ) = ( − ) + ( + )
A definição da multiplicação apresentada resulta da multiplicação "usual"de polinómios com a
condição suplementar 2 = −1.
Definição 475 Seja = + , com ∈ R. O complexo
√ − , é chamado conjugado de
(e representamo-lo por ), enquanto que ao número real 2 + 2 chamamos módulo de (que é
representado por ||). Ao número chamamos parte real de e escrevemos Re () = , enquanto
que ao número chamamos parte imaginária de e escrevemos Im () = .
489
Definição 476 Ao conjunto Z () = { + : ∈ Z}, o qual algebrizado com a adição e multipli-
cação de complexos é um anel, chamamos anel dos inteiros gaussianos.
Definição 477 Inteiro algébrico é um elemento do conjunto C que anula um polinómio mónico de
Z [], isto é, anula um polinómio em cujos coeficientes pertencem a Z e em que o termo de maior
grau tem coeficiente 1.
É fácil verificar que todos os elementos de Z () são inteiros algébricos; para isso, basta-nos
considerar + e a equação de 2 grau 2 − 2 + 2 + 2 = 0, com ∈ Z.
Observemos, ainda, que a definição de inteiro apresentada não cria, em Q, mais inteiros, para
além dos elementos de Z, os quais, por esse motivo, são chamados inteiros racionais.
Definição 478 Num anel com identidade, chama-se unidade a qualquer elemento do anel que seja
invertível.
Definição 479 Dois elementos dum anel com identidade dizem-se associados, se exitir uma unidade
do anel que multiplicada por um dos elementos dê o outro.
Definição 480 Em Z (), define-se norma, como sendo a aplicação N, de Z () em Z, tal que
N ( + ) = 2 + 2
1. N ( + ) ≥ 0 ∀ ∈ Z
2. Se ∈ Z então N ( + ) = 0 ⇐⇒ = = 0
3. N () = N () ∀ ∈ Z ()
4. N () = N () × N () ∀ ∈ Z ()
Uma vantagem da aplicação norma, em relação à aplicação módulo, reside no facto da norma
de qualquer inteiro gaussiano ser um número inteiro racional, enquanto que o módulo dum inteiro
gaussiano pode ser um número irracional.
Proposição 481 O conjunto U, dos elementos invertíveis de um anel com identidade, forma um
grupo multiplicativo.
Demonstração
U é um conjunto não vazio, porque 1 ∈ U.
Sejam ∈ U. Então existem, em U, elementos e , tais que = = 1 = = .
De () () = () = (1) = = 1 e de () () = () = (1) = = 1, concluímos
que é um elemento invertível, donde vem que U é um grupo para a multiplicação, uma vez que
esta operação é associativa, existe, em U, elemento neutro e todo o elemento de U é invertível.
Observação
Quando o Anel não é comutativo, podemos definir divisão à esquerda e divisão à direita.
490 CAPÍTULO 25. O ANEL DOS INTEIROS GAUSSIANOS
Definição 483 Seja ∈ Z (). Diz-se que é irredutível, se, sempre que tivermos = , com
pertencentes a Z (), então, pelo menos, um dos elementos é unidade.
Definição 484 Seja ∈ Z (). Diz-se que é primo, se não é unidade e sempre que divide um
produto de dois elementos de Z (), então divide um dos factores. Diz-se que não é primo, se
é unidade ou se divide um produto de dois elementos de Z () e não divide nenhum dos factores.
Proposição 485 Seja ∈ Z (). Então, é uma unidade de Z (), sse N () = 1.
Demonstração
Seja = + , com ∈ Z. Se é uma unidade de Z (), então existe ∈ Z (), tal que
= 1. Então, 1 = N (1) = N () = N () N ().
Como N () e N () são números inteiros não negativos, temos que N () = N () = 1. Logo,
N () = 1.
Reciprocamente, se N () = 1, então existem inteiros tais que 1 = N () = 2 + 2 . Logo,
( + ) ( − ) = 2 + 2 = 1, pelo que + é invertível e, por isso, uma unidade de Z ().
Observe-se que se tivermos 2 + 2 = 1, então teremos forçosamente = 0 = ±1 ou = 0 =
±1.
Logo, as unidades de Z () são ±1 ±, todas elas da forma , com ∈ Z.
Observação
Sejam ∈ Z (). Vimos que divide , se existir pertencente a Z (), tal que = .
Observemos que se divide , então N () divide N (), mas o recíproco não é válido, pois, por
exemplo, N (2 + ) divide N (2 − ) e, no entanto, 2 + não divide 2 − .
Definição
¥ ¦ e como sendo
486 Para cada número real , define-se o número inteiro e = arr () =
+ 12 , onde bc é o maior número inteiro não superior a .
Esta função arredonda um dado número real para o inteiro mais próximo, a menos que o número
a arredondar esteja equidistante de dois inteiros consecutivos, caso em que o arredondamento é feito
por excesso.
Definição 487 Sejam ∈ Z (), com 6= 0 e ∈ C, tal que = = + , com ∈ R.
Sejam ∈ Z (), tais que = e + e e = (( −
e) + ( − e) ) Divisão inteira de por
é a operação que, pelo processo agora descrito, determina os inteiros gaussianos e (chamados
quociente e resto), e que satisfazem a condição = + .
Exemplo 488 Calculemos o quociente e o resto da divisão inteira de 20 + 3 por 4 + 5.
Para isso, começamos por dividir, em C, 20 + 3 por 4 + 5:
20 + 3 (20 + 3) (4 − 5) 80 − 100 + 12 − 152 95 88
= = = −
4 + 5 (4 + 5) (4 − 5) 16 + 25 41 41
Então, na divisão inteira de 20 + 3 por 4 + 5, o quociente é dado por 2 − 2 (que se obtém,
arredondando 95 88
41 e − 41 ), enquanto que o resto é dado por = − = 20 + 3 − (2 − 2) (4 + 5) =
20 + 3 − 8 − 10 + 8 + 102 . Então, = 2 + .
Observe-se que pode ser dado por:
µµ ¶ µ ¶ ¶ µ ¶
95 88 13 6
= − 2 + − + 2 (4 + 5) = − (4 + 5)
41 41 41 41
52 65 24 30 82 41
= + − − 2 = + =2+
41 41 41 41 41 41
491
Proposição 489 Sejam ∈ Z (), com 6= 0. Então, com a notação introduzida, temos
2 2
e) + ( − e) ≤ 12 e N () ≤ 12 N ().
( −
Demonstração
Como = + =
e + ( −
e) + (e
+ ( − e)) , temos:
= ( + ) = (e e) + (e
+ ( − + ( − e)) ) = (e
+ e) + (( −
e) + ( − e) )
+ e) = (( −
Então, − (e e) + ( − e) ) = ∈ Z ().
2 2
Como | − e| ≤ 12 e | − e| ≤ 12 , então ( − e) + ( − e) ≤ 1
4 + 1
4 = 12 , donde se conclui que
1
N () ≤ 2 N ().
Finalmente, observe-se que divide , se e só se, N () = 0.
Proposição 490 Seja = + , com ∈ Z, tais que é primo, ≡ 1 (mod 4) e divide N ().
Sejam ∈ N, tais que = 2 + 2 . Então, em Z (), + divide + ou + divide − .
Demonstração
½ ( ¯
¯
| + ¯( + )2
=⇒ ¯¡ 2 ¢¡ ¢
= 2 + 2 ¯ + 2 2 + 2
½ ¯ 2 2
¯¯ + 2 + 2 2
=⇒
¯2 2 + 2 2 + 2 2 + 2 2
¯ 2 2
=⇒ ¯ + 2 2 + 2 2 + 2 2 − 2 2 − 2 − 2 2
¯
=⇒ ¯2 2 + 2 2 − 2
¯
¯ 2
=⇒ ¯( − ) =⇒ | −
Reciprocamente:
½ ( ¯
¯ 2
| − ¯( − )
=⇒ ¯¡ 2 ¢ ¡ ¢
= 2 + 2 ¯ + 2 2 + 2
½ ¯
¯¯2 2 − 2 + 2 2
=⇒
¯2 2 + 2 2 + 2 2 + 2 2
¯ 2 2
=⇒ ¯ + 2 2 + 2 2 + 2 2 − 2 2 + 2 − 2 2
¯
=⇒ ¯2 2 + 2 2 + 2
¯
¯
=⇒ ¯( + )2
=⇒ | +
492 CAPÍTULO 25. O ANEL DOS INTEIROS GAUSSIANOS
¯¡ ¢ ¡ ¢ ¯
¯ 2 + 2 2 − 2 2 + 2 =⇒ ¯2 2 + 2 2 − 2 2 − 2 2
¯
=⇒ ¯2 2 − 2 2
=⇒ |( + ) ( − )
=⇒ | + ∨ | −
+
Se | + , então | − , donde se conclui que + ∈ Z ().
−
Se | − , então | + , donde se conclui que + ∈ Z ().
Então, + é primo em Z ().
Proposição 491 Seja ∈ N, um número primo, tal que ≡ 1 (mod 4). Sejam ∈ Z, tais que
= 2 + 2 . Então, + e − são primos em Z ().
Demonstração
Suponhamos que + divide 1 2 , com 1 2 ∈ Z (). Dividindo 1 e 2 por + , temos
½
1 = ( + ) 1 + 1 , com 1 1 ∈ Z () e 0 ≤ N (1 ) ≤ 2
2 = ( + ) 2 + 2 , com 2 2 ∈ Z () e 0 ≤ N (2 ) ≤ 2
Então,
1 2 = (( + ) 1 + 1 ) × (( + ) 2 + 2 )
= ( + )2 1 2 + ( + ) 1 2 + ( + ) 2 1 + 1 2
Então, 1 2 = 1 2 − ( + )2 1 2 − ( + ) 1 2 − ( + ) 2 1 .
Então, + divide 1 2 , porque + divide todas as parcelas do segundo membro da igualdade
anterior.
Então, N ( + ) divide N (1 2 ) = N (1 ) N (2 ), ou seja, divide N (1 ) ou divide N (2 ).
Então, N (1 ) = 0 ou N (2 ) = 0, donde se conclui que 1 = 0 ou 2 = 0. Logo, + divide 1
ou + divide 2 .
Observemos que divide o produto ( + ) ( − ) e não divide nenhum dos dois factores.
Então , como elemento de Z (), não é primo.
Proposição 492 Seja ∈ N, um número primo, com ≡ 3 (mod 4). Então, é irredutível em
Z ().
Demonstração
Suponhamos que = 1 2 , com 1 e 2 não invertíveis. Ora, N () = 2 = N (1 ) N (2 ). Então,
teria de ser N (1 ) = N (2 ) = , pelo que seria uma soma de dois quadrados, o que sabemos ser
falso. Logo, N (1 ) = 1 ou N (2 ) = 1
Logo, se se decompuser num produto de dois elementos de Z (), um desses elementos é uma
unidade (por ter norma 1).
Então, é irredutível em Z ().
493
Proposição 493 Seja ∈ N, um número primo, tal que ≡ 3 (mod 4). Então, é primo em Z ().
Demonstração
Sejam 1 = 1 + 1 e 2 = 2 + 2 , com 1 1 2 2 ∈ Z.
Suponhamos que divide o produto 1 2 .
2 Caso: Suponhamos que divide 21 + 12 e que não divide 2 . Seja o máximo divisor
comum entre 1 e 1 .
Se divide , então divide 1 e divide 2 , pelo que divide 1 .
Se não divide , então divide 2 + 2 , com = 1 e = 1 . Mas esta hipótese não pode
ocorrer, porque ≡ 3 (mod 4) e o máximo divisor comum entre e é 1.
Está, assim, terminada a demonstração.
Demonstração
Suponhamos que 1 + = 1 2 , com 1 2 ∈ Z (). Então, 2 = N (1 + ) = N (1 2 ) =
N (1 ) N (2 ). Então, N (1 ) = 1 ∨ N (2 ) = 1. Logo, um dos números 1 e 2 é uma unidade,
pelo que 1 + é irredutível em Z ().
Suponhamos, agora, que 1 + divide 1 2 , com 1 2 ∈ Z (). Então, 2 = N (1 + ) divide
N (1 ) N (2 ), pelo que 2 divide uma das normas. Sem perda de generalidade, suponhamos que 2
divide N (1 ). Seja 1 = + , com ∈ Z. Então, 2 é um divisor de 2 + 2 , pelo que e são
494 CAPÍTULO 25. O ANEL DOS INTEIROS GAUSSIANOS
ambos pares ou ambos ímpares. Se forem ambos pares, 2 divide 1 , pelo que 1 + divide 1 , uma
vez que 1 + divide 2.
Suponhamos que e são ambos ímpares. Mas,
Então, +
1+ ∈ Z (), porque + e − são pares.
Logo, 1 + é primo em Z ().
Em face das proposições anteriores, podemos concluir que um elemento de Z () é irredutível se
e só se é primo.
Podemos concluir, ainda, que os primos de Z () são 1 + , os primos de N que são congruentes
com 3, módulo 4, e os elementos + e − , tais que ∈ Z e 2 + 2 = , com primo em N
e congruente com 1, módulo 4 e, ainda, os respectivos associados.
Finalmente observe-se que, num Anel com identidade, todo o primo é irredutível, mas há Anéis
com identidade em que nem todo o irredutível é primo.
Proposição 495 Seja ∈ N um número primo tal que ≡ 1 (mod 4). Então, existem ∈ N,
tais que 2 + 2 = .
Demonstração
Se ≡ 1 (mod 4), então 4 divide − 1. Como Z \ {0} é um grupo cíclico para a multiplicação
(ver Teorema das raízes Primitivas), então existe em Z \ {0} um elemento de ordem 4. Então,
2 tem ordem 2, pelo que 2 ≡ −1 (mod ), donde vem que divide 2 + 1 (em N). Logo, divide
2 + 1, em Z (), ou seja, divide ( + ) ( − ).
Se fosse irredutível em Z (), então dividia + ou dividia − , o que não acontece.
Então, não é irredutível em Z (), pelo que existem ∈ Z, tais que = ( + ) ( + ) =
( − ) + ( + ) , tendo-se que + e + não são unidades. Como a norma de é 2 ,
então as normas de + e + são iguais a . Então, = 2 + 2 = 2 + 2 .
Capítulo 26
Ternos Pitagóricos
Nota histórica
A existência de triângulos rectângulos, em que as medidas dos comprimentos dos lados são
números inteiros, era do conhecimento dos Babilónios há cerca de 4000 anos.
Pensa-se, mesmo, que se os Babilónios não conheciam uma fórmula para todos os triângulos
rectângulos de lados inteiros, pelo menos, deveriam conhecer fórmulas parciais para tal questão.
Alguns desses triângulos rectângulos de lados inteiros, também eram do conhecimento dos anti-
gos Egípcios e Chineses. ¡ ¢
Julga-se que Pitágoras conhecia os ternos Pitagóricos da forma 2 + 1 22 + 2 22 + 2 + 1 ,
mas é a Diophantus de Alexandria que é atribuída a descoberta da fórmula geral dos ternos Pitagóri-
cos.
Curiosamente, embora parte da obra de Diophantus seja bem conhecida, através de traduções
para Árabe, não se sabe em que época o mesmo viveu, acreditando alguns historiadores que terá
sido entre os séculos II antes de Cristo e III depois de Cristo, mas sem precisar a época exacta.
Tal como os babilónios, Diophantus considerava, não só triângulos rectângulos de lados inteiros,
mas também triângulos rectângulos de lados racionais.
É bem conhecido o facto de Pierre de Fermat ser um estudioso da obra de Diophantus e de ter
sido na margem duma página dum dos livros de Diophantus, que Fermat escreveu o enunciado do
famoso último Teorema de Fermat, que só muito recentemente foi demonstrado.
O último Teorema de Fermat deve ter sido o teorema da Matemática que mais tempo demorou
a demonstrar.
Interpretação geométrica
A cada terno Pitagórico ( ) corresponde "um"triângulo rectângulo em que e são os
catetos e é a hipotenusa. Se ( ) é um terno Pitagórico, então, para cada ∈ N, temos que
( ) é um terno Pitagórico. Observe-se que os triângulos rectângulos correspondentes aos
ternos Pitagóricos ( ) e ( ) são semelhantes.
495
496 CAPÍTULO 26. TERNOS PITAGÓRICOS
Vejamos como determinar todos os ternos Pitagóricos, começando por alguns casos de ternos
Pitagóricos primitivos:
Exemplo 498 Ternos Pitagóricos primitivos da forma ( + 1)
Se ( + 1) é um terno Pitagórico, então
2
( + 1) = 2 + 2 ⇐⇒ 2 + 2 + 1 = 2 + 2 ⇐⇒ 2 + 1 = 2
Logo é ímpar, pelo que existe um número natural , tal que = 2 + 1. Então,
2
2 + 1 = (2 + 1) ⇐⇒ 2 + 1 = 42 + 4 + 1 ⇐⇒ = 22 + 2 ⇐⇒ = 2 ( + 1)
Então, = 2 + 1 = 22 + 2 +¡1 = 22 + 2 + 1 ¢
Como ¡mdc ( + 1) = 1, então mdc ¢2 + 1 22 + 2 22 + 2 + 1 = 1.
Logo, 2 + 1 22 + 2 22 + 2 + 1 é um terno Pitagórico primitivo, para qualquer valor de
.
Logo há infinitos ternos Pitagóricos da forma ( + 1). Alguns desses ternos Pitagóricos
estão na tabela seguinte:
2 + 1 22 + 2 22 + 2 + 1 TPP
1 3 4 5 (3 4 5)
2 5 12 13 (5 12 13)
3 7 24 25 (7 24 25)
4 9 40 41 (9 40 41)
5 11 60 61 (11 60 61)
6 13 84 85 (13 84 85)
Exemplo 499 Ternos Pitagóricos primitivos da forma ( + 2)
Se ( + 2) é um terno Pitagórico, então
( + 2)2 = 2 + 2 ⇐⇒ 2 + 4 + 4 = 2 + 2 ⇐⇒ 4 ( + 1) = 2
Logo é par, pelo que existe um número natural , tal que = 2. Então, 4 ( + 1) = 42 ,
donde vem + 1 = 2 . Se fosse par, então , e + 2 eram pares, pelo que ( + 2) não era
um terno Pitagórico primitivo. Então, deve ser ímpar, pelo que é par. Então, = 2, para
certo natural . Então, + 1 = 42 , donde se conclui ¡que = 42 − 1 e ¢+ 2 = 42 + 1
2 2
Como ¡ é ímpar, mdc ( +¢ 2) = 1, pelo que mdc 4 4 − 1 4 + 1 = 1.
2 2
Então, 4 4 − 1 4 + 1 é um terno Pitagórico primitivo, para qualquer valor de .
Logo há infinitos ternos Pitagóricos da forma ( + 1). Alguns desses ternos Pitagóricos
estão na tabela seguinte:
4 42 − 1 42 + 1 TPP
1 4 3 5 (4 3 5)
2 8 15 17 (8 15 17)
3 12 35 37 (12 35 37)
4 16 63 65 (16 63 65)
5 20 99 101 (20 99 101)
6 24 143 145 (24 143 145)
7 28 195 197 (28 195 197)
497
Logo é múltiplo de 3, pelo que existe um número natural , tal que = 3. Então,
3 (2 + 3) = 92 , donde vem 2 + 3 = 32 .
Então, 2 tem de ser múltiplo de 3, o mesmo acontecendo com . Então , e + 3 são todos
múltiplos de 3, pelo que não há ternos Pitagóricos primitivos da forma ( + 3).
Torna-se pertinente a questão de saber para que valores de existem ternos Pitagóricos da
forma ( + ).
A essa questão daremos resposta nas proposições seguintes.
Proposição 501 Seja um primo ímpar. Então não há nenhum terno Pitagórico da forma
( + ).
Demonstração
Se ( + ) é um terno Pitagórico, então ( + )2 = 2 + 2 .
Logo, 2 + 2 + 2 = 2 + 2 , donde vem (2 + ) = 2 .
Então, é múltiplo de , pelo que existe um número natural , tal que = .
Então, (2 + ) = 2 2 , donde vem 2 + = 2 .
Então, 2 tem de ser múltiplo de , o mesmo acontecendo com . Então , e + são todos
múltiplos de , pelo que não há ternos Pitagóricos primitivos da forma ( + ).
Proposição 502 Seja ∈ N, tal que 1, é ímpar e não é quadrado (perfeito). Então não
há nenhum TPP da forma ( + ).
Demonstração
Seja = 2−1 , com primo ímpar, ∈ N e ímpar tal que não divide .
De 2 + 2 = 2 + 2 + 2 , vem:
¡ ¢
2 = 2 + 2 = (2 + ) = 2−1 2 + 2−1
Esta proposição é, apenas, outra maneira de afimar o mesmo que na proposição anterior. Ob-
servemos que esta proposição não garante a existência dum terno Pitagórico primitivo da forma
( + ), se for ímpar e quadrado perfeito, embora isso aconteça, como veremos na proposição
seguinte.
Proposição 504 Se é ímpar e quadrado perfeito, então há infinitos ternos Pitagóricos primitivos
da forma ( + ).
498 CAPÍTULO 26. TERNOS PITAGÓRICOS
Demonstração
Suponhamos que = (2 − 1)2 , para um certo natural e que existe um terno Pitagórico da
forma considerada. Então:
³ ´
2 2
2 + 2 = 2 + 2 + 2 =⇒ 2 = (2 + ) =⇒ 2 = (2 − 1) 2 + (2 − 1)
2
Então, 2 + (2 − 1) é um quadrado perfeito ímpar, pelo que existe um número natural , tal
que 2 + (2 − 1)2 = (2 + 2 − 1)2 .
2 2
Então, 2 + (2 − 1) = 42 + 4 (2 − 1) + (2 − 1) , pelo que 2 = 42 + 4 (2 − 1). Logo,
2
= 2 + 2 (2 − 1).
Substituindo nas expressões que nos dão 2 e + (2 − 1)2 , obtemos
³ ´
2 2 2 2
2 = (2 − 1) 2 + (2 − 1) = (2 − 1) (2 + 2 − 1)
2 2
Então, = (2 − 1) (2
³ + 2 − 1) = ( + 2 − 1 − ) ( + 2 − 1 + ) = ( + 2 − 1) − ´.
2 2 2 2 2
Logo, ( + ) = ( + 2 − 1) − 2 + 2 (2 − 1) 2 + 2 (2 − 1) + (2 − 1)
³ ´
Encontrámos, assim, uma expressão geral para os ternos Pitagóricos da forma + (2 − 1)2 .
Falta, ainda, mostrar que ³há infinitos ternos Pitagóricos primitivos desta forma. ´
2 2
Consideremos o terno ( + 2 − 1) − 2 22 + 2 (2 − 1) 22 + 2 (2 − 1) + (2 − 1) .
Vejamos que o terno Pitagórico anterior é um primitivo, se e só se, mdc ( 2 − 1) = 1.
Se o máximo divisor comum entre e 2 − 1 for diferente de 1, existe um número primo
que divide e 2 −³1. Então, divide ( + 2 − 1)2 − 2 , 2 + 2 (2 − 1) e 22 + 2´(2 − 1) +
(2 − 1)2 , pelo que ( + 2 − 1)2 − 2 22 + 2 (2 − 1) 22 + 2 (2 − 1) + (2 − 1)2 não é um
terno Pitagórico primitivo.
Suponhamos, ³agora, que mdc ( 2 − 1) = 1. ´
Seja = mdc ( + 2 − 1)2 − 2 22 + 2 (2 − 1) 22 + 2 (2 − 1) + (2 − 1)2 .
Como ( + 2 − 1)2 − 2 = (2 − 1) (2 + 2 − 1) é ímpar, então é ímpar. Suponhamos que
1. Então, existe um primo ímpar , tal que divide os números . Então, divide os
2
dois números − = (2 − 1) e − = 22 , isto é, divide e divide 2 − 1. Então, divide
mdc ( 2³− 1) = 1, o que não pode acontecer. Então, é absurdo supor que ´ 1, pelo que = 1.
2 2 2 2 2
Logo, ( + 2 − 1) − 2 + 2 (2 − 1) 2 + 2 (2 − 1) + (2 − 1) é um terno Pitagórico
primitivo, para todo o valor de primo com 2 − 1.
Uma vez que há infinitos números naturais que são primos com 2 − 1, concluimos,
³ como pre-
´
2
tendíamos demonstrar, que há infinitos ternos Pitagóricos primitivos da forma + (2 − 1) .
Ora,
E, agora, temos:
2
2 + 9 = (2 + 3) ⇐⇒ 2 + 9 = 42 + 12 + 9 ⇐⇒ 2 = 42 + 12 ⇐⇒ = 22 + 6
499
Reparemos que não aparecem as linhas correspondentes a = 3 6 9 , porque estes números
não são primos com 3.
Demonstração
Suponhamos que é par. Então, 2 = 2 + 2 é par. Então, 2 e 2 são ambos pares ou ambos
ímpares, o mesmo acontecendo com e .
Se e são ambos pares, então ( ) não é um terno Pitagórico primitivo.
Se e são ambos ímpares, então temos = 2 − 1, = 2 − 1 e = 2.
Então, 42 = 42 − 4 + 1 + 42 − 4 + 1 = 42 − 4 + 42 − 4 + 2, donde se conclui que 4 divide
2, o que é falso.
Em qualquer dos casos, obtivemos uma contradição. Logo, é absurdo supor que é par, pelo
que tem de ser ímpar, pelo que está terminada a demonstração.
Observação
Se é ímpar, podemos supor, sem perda de generalidade, que é par e é ímpar, pelo que
− = é ímpar.
A questão de determinar todos os ternos Pitagóricos está resolvida, porque todo o terno Pitagórico
pode ser obtido a partir dum TPP, multiplicando os seus elementos por um qualquer número inteiro
positivo.
Então, podemos afirmar que todo o terno Pitagórico primitivo é da forma
³ ´
2 2
( + 2 − 1) − 2 22 + 2 (2 − 1) 22 + 2 (2 − 1) + (2 − 1) ,
Proposição 507 Para cada número natural maior ou igual a 3, existe um terno Pitagórico que
inclui .
Demonstração
Se é ímpar e ¡≥ 3, então existe um natural ¢, tal que = 2+1, pelo que nos basta considerar
o terno Pitagórico 2 + 1 22 + 2 22 + 2 + 1 .
500 CAPÍTULO 26. TERNOS PITAGÓRICOS
¡ ¢
Se existe um natural , tal que = 4+2, temos o terno Pitagórico 4 + 2 42 + 4 42 + 4 + 2 .
Finalmente, se = 4, consideramos o terno (3 4 5).
Proposição 508 Sejam ∈ N, com primo, ⎧ tais que ( ) é um terno Pitagórico primi-
⎨ 1 = 1 =
tivo. Sejam ( ) e ( ) as sucessões definidas por +1 = − . Então, verificam-se as
⎩
+1 = +
seguintes propriedades:
1. 2 = 2 − 2 2 = 2 ∀ ∈ N
2. 2 + 2 = 2 ∀ ∈ N
3. mdc ( ) = 1 ∀ ∈ N
4. (| | | | ) é um terno Pitagórico primitivo, para todo o natural
Demonstração
½
2 = 1 − 1 = 2 − 2 = 21 − 12
1. Para = 1, temos
2 = 1 + 1 = + = 21 1
Hipótese de indução: 2 = 2 − 2 2 = 2
Tese: 2+2 = 2+1 − +1
2
2+2 = 2+1 +1
2+2 = 2+1 − 2+1 = (2 − 2 ) − (2 + 2 )
= 2 2 − 2 − 2 2 − 2 = 2 2 − 2 2 − 22
¡ ¢ ¡ ¢¡ ¢
= 2 − 2 2 − 22 = 2 − 2 2 − 2 − 4
= 2 2 − 2 2 − 2 2 + 2 2 − 2 − 2
¡ ¢ ¡ ¢
= 2 2 − 2 + 2 2 − 2 2 + 2 + 2 2
2 2
= ( − ) − ( + ) = 2+1 − +1
2
Proposição 509 Seja ( ) um terno Pitagórico primitivo. Então, todo o factor primo de é
congruente com 1, módulo 4.
Demonstração
Já sabemos que tem de ser ímpar. Seja um divisor primo de . Então, não divide , nem
divide . Mas,
| =⇒ | 2 =⇒ | 2 + 2 =⇒ 2 ≡ − 2 (mod )
Então, −1 é resíduo quadrático, módulo , pelo que ≡ 1 (mod 4).
Proposição 510 Sejam ( ) e ( ) dois ternos Pitagóricos primitivos com mdc ( ) = 1.
Então, há pelo menos, dois ternos Pitagóricos primitivos da forma ( ).
Demonstração
Consideremos os ternos ( + | − | ) e (| − | + ).
Ora:
Logo, ( + | − | ) é um terno Pitagórico, a menos que se tenha − = 0.
Sem perda de generalidade, podemos supor que 1 .
502 CAPÍTULO 26. TERNOS PITAGÓRICOS
Então, divide , porque mdc ( ) = 1. Mas, mdc ( ) = 1, obtendo-se uma contradição.
Então, é absurdo supor − = 0, pelo que
( + | − | ) é um terno Pitagórico. Falta-nos, ainda, provar que este terno Pitagórico
é primitivo.
Suponhamos que existe um número primo , tal que divide os números + e − .
½ ½ ¯ ¯
½
| + ¯¯ + 2 ¯¯ + 2
=⇒ =⇒
| − ¯− + 2 ¯− + 2
¯ 2 ¯ ¡ 2 ¢
=⇒ ¯ + =⇒ ¯ + 2
2
¯ 2 ¯ 2
=⇒ ¯ =⇒ | ∨ ¯ =⇒ | ∨ |
⎧ ⎧ ⎧
⎨ | + ⎨ | ⎨ | ∨ |
| − =⇒ | =⇒ | ∨ |
⎩ ⎩ ⎩
| | |
⎧ ⎧ ⎧
½ ⎨ | ⎨ | ⎨ |
|
=⇒ ∨ | ∨ | ∨ |
| ⎩ ⎩ ⎩
| | |
½ ½
| |
=⇒ ∨
| |
Obtivemos, assim, uma contradição, pois no primeiro caso, ( ) não era um terno Pitagórico
primitivo e, no segundo caso, ( ) não era um terno Pitagórico primitivo. Então, terá de dividir
.
Suponhamos, então, que divide , que divide − e que divide + .
⎧ ⎧ ¯ 2
⎨ | + ⎨ ¯¯ + ½ ¯ 2
¯ 2 ¯ + 2
| − =⇒ − + =⇒
⎩ ⎩ |
| |
½ ¯¡ 2 ¢ ½ ¯ 2
¯ + 2 ¯
=⇒ =⇒
| |
½ ½ ½
| ∨ | | |
=⇒ =⇒ ∨
| | |
Proposição 511 Sejam ∈ N, com um número primo congruente com 1, módulo 4. Então, à
parte a ordem dos dois primeiros elementos, existe um único terno Pitagórico primitivo da forma
( ).
Demonstração
Já sabemos que existe, pelo menos, um terno Pitagórico primitivo da forma ( ). Então,
2 + 2 = 2 . Como ≡ 1 (mod 4), temos = 2 + 2 , para certos naturais e . Consideremos
os inteiros Gaussianos + e + .
Como a norma de + é 2 + 2 = 2 , então um dos inteiros Gaussianos + e − divide
+ .
Mas não pode verificar-se que + e − dividam + , pois, nesse caso, teríamos que
dividia + , ou seja, dividia e dividia , pelo que ( ) não era um terno Pitagórico
primitivo. Suponhamos que + divide + .
Então, + = ( + ) (1 + 1 ) e N (1 + 1 ) = 2−1 .
E, mais uma vez, + divide 1 + 1 , pois, se − dividisse (1 + 1 ), então dividia + .
A aplicação sucessiva deste raciocínio leva-nos a concluir que temos + = ( + )2 , onde
é uma unidade de Z (), ou seja, é um dos quatro números 1 −1 −. Então, os números
naturais e estão bem determinados, só havendo duas hipóteses. Na primeira, é o módulo da
parte real de ( + )2 e é o módulo da parte imaginária de ( + )2 , enquanto que, na segunda
hipótese, temos a situação inversa.
2
Se − divide + , chegamos a uma conclusão análoga, pois ( − ) é o conjugado de
( + )2 .
É claro que se tivéssemos considerado o número + , em vez de + , a conclusão seria a
mesma.
Fica, assim, provado que, à parte a ordem de e , há um único terno Pitagórico da forma
( ).
Proposição 512 Sejam 1 , números primos congruentes com 1, módulo 4, distintos dois
a dois. Sejam 1 ∈ N. Então, à parte a ordem dos números e , há, exactamente, 2−1
ternos Pitagóricos primitivos da forma ( 1 1 ).
¡ ¢
Exemplo 513 Vejamos como obter os ternos Pitagóricos primitivos da forma 54 × 133 × 172 ,
ou seja, da forma( 396 833 125):
E, deste modo, obtivemos (140 955 683 370 955 556 396 833 125), um dos ternos Pitagóricos
primitivos procurados.
8 6 4
(2 + ) (3 + 2) (4 − ) = (−527 − 336) (−2035 − 828) (161 − 240)
= (794 237 + 1120 116) (161 − 240) = 396 699 997 − 10 278 204
E, desta vez, obtivemos (396 699 997 10 278 204 396 833 125), outro dos ternos Pitagóricos prim-
itivos procurados.
E, assim, obtivemos (158 078 173 363 988 764 396 833 125).
8 6 4
(2 + ) (3 − 2) (4 − ) = (−527 − 336) (−2035 + 828) (161 − 240)
= (1350 653 + 247 404) (161 − 240) = 276 832 093 − 284 324 676
E, assim, obtivemos (276 832 093 284 324 676 396 833 125), o útimo terno Pitagórico procurado.
Se pretendermos distinguir a ordem dos dois primeiros elementos dos ternos Pitagóricos primi-
tivos da forma ( 396 833 125), temos os oito ternos:
(140 955 683 370 955 556 396 833 125) (370 955 556 140 955 683 396 833 125)
(10 278 204 396 699 997 396 833 125) (396 699 997 10 278 204 396 833 125)
(158 078 173 363 988 764 396 833 125) (363 988 764 158 078 173 396 833 125)
(276 832 093 284 324 676 396 833 125) (284 324 676 276 832 093 396 833 125)
Da igualdade anterior vem que 72 + 242 = 252 , ou seja, (7 24 25) é um novo terno Pitagórico
(primitivo).
E podemos continuar, de modo a obter mais ternos Pitagóricos primitivos:
½ 7
cos (3) = cos (2) cos − sin (2) sin = − 25 × 35 − 24 4 117
25 × 5 = − 125
24 3 4 7 44
sin (3) = sin (2) cos + sin cos (2) = 25 × 5 − 5 × 25 = 125
Das igualdades anteriores, obtemos o ternos Pitagórico primitivo (44 117 125).
½
cos (4) = cos2 (2) − sin2 (2) = 62549
− ¡576 527
625 =¢ − 625
sin (4) = 2 sin (2) cos (2) = 2 × 25 × − 25 = − 336
24 7
625
Das igualdades anteriores, obtemos o ternos Pitagórico primitivo (336 527 625).
½
cos (5) = cos (4) cos − sin (4) sin = − 527 3 336 4
625 × 5 + 625 × 5 = − 3125
237
336 3 4 527 3116
sin (5) = sin (4) cos + sin cos (4) = − 625 × 5 − 5 × 625 = − 3125
Das igualdades anteriores, obtemos o ternos Pitagórico primitivo (237 3116 3125).
Mas podemos½ ir mais além: Suponhamos que, pelo processo anterior, temos os números e
cos () = 5
, dados por .
sin () = 5
Então, temos:
½
cos (( + 1) ) = cos () cos − sin () sin = 35 × 5 − 45 × 5
sin (( + 1) ) = sin () cos + sin cos () = 35 × 5 + 45 × 5
½
+1 = 3 − 4
Das igualdades anteriores obtemos , o que define, por recorrência, as
+1 = 4 + 3
sucessões ( ) e ( ), uma vez que são conhecidos 1 e 1 .
E é relativamente fácil demonstrar por indução que ( 5 ) é um terno Pitagórico, sendo
a parte mais complicada mostrar que mdc ( 5 ) = 1, o que prova que o terno Pitagórico é
primitivo.
Neste exemplo, considerámos o número primo 5, mas podemos utilizar qualquer primo congru-
ente com 1, módulo 4, como, por exemplo, 13,17, 29 ou outro.
Exemplo 514 Suponhamos que temos dois ternos Pitagóricos e vejamos como obter um terceiro
terno Pitagórico, a partir dos dois ternos anteriores.
3
Consideremos os ternos Pitagóricos (3 4 5) e (5 12 13). Sejam ∈ R, tais que cos = 5,
sin = 45 , cos = 13
5
e sin = 12
13 . Então:
⎧
⎪
⎪ cos ( + ) = cos cos − sin sin = 35 × 135
− 45 × 12 33
13 = − 65
⎨ 4 5 3 12 56
sin ( + ) = sin cos + sin cos = 5 × 13 + 5 × 13 = 65
⎪
⎪ cos ( − ) = cos cos + sin sin = 35 × 13 5
+ 45 × 12 63
13 = 65
⎩
sin ( − ) = sin cos − sin cos = 5 × 13 − 5 × 13 = − 16
4 5 3 12
65
E daqui se obtêm os ternos Pitagóricos primitivos (33 56 65) e (16 63 65).
E
⎧ podemos continuar:
⎪ cos (2) = cos2 − sin2 = 25
⎪
9
− 16
25 = − 25
7
⎨
sin (2) = 2 sin cos = 2 × 35 × 45 = 24 25
⎪ cos (2) = cos2 − sin2 = 169
⎪
25
− 144
169 = − 119
169
⎩
sin (2) = 2 sin cos = 2 × 13 × 13 = 120
12 5
169
E, ainda:
506 CAPÍTULO 26. TERNOS PITAGÓRICOS
⎧ 7 5
⎪
⎪ cos (2 + ) = cos (2) cos − sin (2) sin = − 25 × 13 − 24 12 323
25 × 13 = − 325
⎪
⎪ 24 5 7 12 36
⎪
⎪ sin (2 + ) = sin (2) cos + sin cos (2) = 25 × 13 − 25 × 13 = 325
⎪
⎪ 7 5
⎪
⎪ cos (2 − ) = cos (2) cos + sin (2) sin = − 25 × 13 + 24 12 253
25 × 13 = 325
⎨ 24 5 7 12 204
sin (2 − ) = sin (2) cos − sin cos (2) = 25 × 13 + 25 × 13 = 325
⎪ cos ( + 2) = cos cos (2) − sin sin (2) = − 35 × 119
⎪
4 120
169 − 5 × 169 = − 845
837
⎪
⎪ 4 119 120 3 116
⎪
⎪ sin ( + 2) = sin cos (2) + sin (2) cos = − 5 × 169 + 169 × 5 = − 845
⎪
⎪
⎪
⎪ cos ( − 2) = cos cos (2) + sin sin (2) = − 35 × 119 4 120
169 + 5 × 169 = 845
123
⎩
sin ( − 2) = sin cos (2) − sin (2) cos = − 5 × 169 − 169 × 5 = − 836
4 119 120 3
845
E daqui obtemos os ternos Pitagóricos primitivos (36 323 325), (204 253 325), (116 837 845)
e (123 836 845).
É claro que o processo pode prolongar-se.
(3 + 4)+1 = ( + ) (3 + 4) = 3 + 4 + 3 − 4 = 3 − 4 + (4 + 3 )
⎧
⎨ 1 = 3 1 = 4
E daqui, obtemos a sucessão definida por +1 = 3 − 4
⎩
+1 = 4 + 3
Estão, assim definidos infinitos ternos Pitagóricos primitivos da forma ( 5 ).
Utilizando uma Calculadora gráfica, podemos definir as funções anteriores e, assim, obter os
ternos Pitagóricos. √
Consideremos o número complexo 5+12. O módulo deste complexo é dado por 52 + 122 = 13,
o que significa que 52 + 122 = 132 , obtendo-se, assim, o terno Pitagórico (5 12 13).
E, pelo cálculo das sucessivas potências de 5 + 12, obtemos novos ternos Pitagóricos, uma vez
que o módulo do produto de um número finito de números complexos é o produto dos módulos
desse
( números. 2
(5 + 12) = 25 +q120 + 1442 = −119 + 120
√
|−119 + 120| = (−119)2 + 1202 = 28 561 = 169 = 132
26.2. OS NÚMEROS COMPLEXOS E OS TERNOS PITAGÓRICOS 507
¡ ¢
Das igualdades anteriores, descobrimos o terno Pitagórico primitivo 119 120 132 .
(
(5 + 12)3 = (−119 2
q+ 120) (5 + 12) = −595 − 1428 + 600 + 1440 = −2035 − 828
2 2
|−2035 − 828| = (−2035) + (−828) = 2197 = 133
¡ ¢
Das duas igualdades anteriores, descobrimos o terno Pitagórico primitivo 828 2035 133 .
Vejamos, agora, como obter duas sucessões que vão definir os sucessivos ternos Pitagóricos:
Suponhamos que (5 + 12) = + , com + ∈ N. Então:
(5 + 12)+1 = ( + ) (5 + 12) = 5 + 12 + 5 − 12 = 5 − 12 + (12 + 5 )
⎧
⎨ 1 = 3 1 = 4
E daqui, obtemos a sucessão definida por +1 = 5 − 12
⎩
+1 = 12 + 5
Consideremos os ternos Pitagóricos (3 4 5) e (5 12 13). A partir destes dois ternos, podemos
obter
⎧ outros ternos Pitagóricos: 2
⎪
⎪ (3 + 4) (5 − √12) = 15 − 36
√+ 20 − 48 = 63 − 16
⎨
|63 − 16| = 632 + 162 = 4225 = 65 = 5 × 13
2
⎪
⎪ (3 + 4) (5 + 12)
√ = 15 + 36 + √ 20 + 48 = −33 + 56
⎩
|−33 + 56| = 332 + 562 = 4225 = 65 = 5 × 13
E, assim, obtivemos os dois ternos Pitagóricos
¡ (16 63 5¢ × 13) e (33 56 5 × 13).
Para obter os ternos Pitagóricos da forma 52 × 13 , calculamos (3 + 4)2 (5 − 12) = 253 +
2 ¡ ¢
204
¡ e (3 + 4) (5¢+ 12) = −323 + 36, pelo que obtemos os ternos Pitagóricos 204 253 52 × 13
e 36 323 52 × 13 .
Não podemos deixar de chamar a atenção para o importante facto deste assunto estar intima-
mente relacionado com a decomposição dum número natural numa soma de dois quadrados.
Assim, 5 = 22 + 12 13 = 32 + 22 , enquanto que 7 não pode decompor-se numa soma de menos
de quatro quadrados: 7 = 22 + 12 + 12 + 12 .
Finalizamos, realçando o facto da Trigonometria estar intimamente relacionada com os Números
Complexos, pelo que era de esperar o paralelismo existente entre as duas maneiras de abordar este
Tema, a nível de 12 Ano.
508 CAPÍTULO 26. TERNOS PITAGÓRICOS
Capítulo 27
Análise Combinatória
Suponhamos que queremos analisar com algum pormenor alguns jogos muito populares, como o
Totobola, o Totoloto e o mais recente Euromilhões.
Para essa análise precisamos de saber fazer contagens e convém aprender algumas noções básicas,
antes de falarmos nesses jogos.
Exemplo 515 Produto cartesiano de dois ou mais conjuntos
Um exemplo muito conhecido dos alunos é o jogo da batalha naval. Neste jogo, temos 100
quadrículas, cada uma das quais é identificada por um número e por uma letra. Em Matemática,
diremos que cada quadrícula é identificada por um par ordenado constituído por um número de 1
a 10 e por uma letra de até , conforme se pode ver na seguinte tabela:
1 (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) (1 ) (1 )
2 (2 ) (2 ) (2 ) (2 ) (2 ) (2 ) (2 ) (2 ) (2 ) (2 )
3 (3 ) (3 ) (3 ) (3 ) (3 ) (3 ) (3 ) (3 ) (3 ) (3 )
4 (4 ) (4 ) (4 ) (4 ) (4 ) (4 ) (4 ) (4 ) (4 ) (4 )
5 (5 ) (5 ) (5 ) (5 ) (5 ) (5 ) (5 ) (5 ) (5 ) (5 )
6 (6 ) (6 ) (6 ) (6 ) (6 ) (6 ) (6 ) (6 ) (6 ) (6 )
7 (7 ) (7 ) (7 ) (7 ) (7 ) (7 ) (7 ) (7 ) (7 ) (7 )
8 (8 ) (8 ) (8 ) (8 ) (8 ) (8 ) (8 ) (8 ) (8 ) (8 )
9 (9 ) (9 ) (9 ) (9 ) (9 ) (9 ) (9 ) (9 ) (9 ) (9 )
10 (10 ) (10 ) (10 ) (10 ) (10 ) (10 ) (10 ) (10 ) (10 ) (10 )
Sejam = {1 2 3 4 5 6 7 8 9 10} = { }.
Definimos produto cartesiano de por , o qual se representa por × , como o conjunto
de todos os pares ordenados que é possível formar, de modo que o primeiro elemento do par
pertença ao conjunto e o segundo elemento do par pertença ao conjunto . Então, × =
{( ) : ∈ ∧ ∈ }.
É claro que o número de elementos de × é o produto o número de elementos de pelo
número de elementos de .
Representando o número de elementos de por #, temos # ( × ) = # × #, fórmula
esta que é válida para quaisquer conjuntos finitos e .
509
510 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
× × = {( ) : ∈ ∧ ∈ ∧ ∈ }
# ( × × ) = # × # × #
Suponhamos que o Totobola é constituído por 13 jogos. Quantas apostas temos de fazer, para
garantirmos que se acerta nos 13 resultados?
Cada resultado é um de 3 símbolos (1, X, 2), pelo que, representando o conjunto desses símbolos
por , temos que o conjunto de todos os resultados possíveis é 13 , isto é, o produto cartesiano de
13 conjuntos todos iguais a .
13
Então, # 13 = (# ) = 313 .
Ao fim e ao cabo, temos 3 elementos para escolhermos 13, podendo haver (tem de haver, neste
caso) repetição de elementos.
Ao número 313 chama-se "arranjos com repetição de 3, 13 a 13"que é denotado por 3 13 . Então,
3
13 = 313 , tendo-se no caso geral, = . Aos "arranjos com repetição"também se chama
"arranjos completos".
Em conclusão, o número máximo de apostas diferentes que podemos fazer no Totoloto é 313 , ou
seja, 1 594 323.
Se considerarmos um Totoloto com 14 jogos, teremos 314 = 4 782 969 apostas diferentes.
!
=
( − )!
Um caso particular dos arranjos simples é aquele em que os dois índices são iguais, como, por
exemplo, 9 9 ou . A expressão , habitualmente, é substituída por , permutações de ,
tendo-se
= ! = ( − 1) · · · × 2 × 1
Por exemplo, 5! = 5 × 4 × 3 × 2 × 1 é o número de maneiras de escolher 5 elementos entre 5
elementos à disposição, interessando a ordem dos elementos escolhidos.
!
Observe-se que se define 0! = 1, para que a fórmula = (−)! tenha significado para =
e que não pode ser inferior a .
Consideremos uma cidade em que todas as ruas são perpendiculares ou paralelas. O João vive
numa casa situada numa esquina (a casa que fica no canto superior esquerdo, no esquema) e tem
de ir a pé para a escola, andando 5 quarteirões para leste e 5 quarteirões para sul.
Quantos percursos diferentes e mais curtos pode efectuar o João?
Esta questão é equivalente a sabermos quantas palavras, constituídas por cinco L e 5 S, podemos
formar, ou dito de
µ outro
¶ modo,
µ ¶ quantos anagramas admite a palavra LLLLLSSSSS.
10 5 10!
A resposta é × = = 252
5 5 5! × 5!
Outra resolução
1 1 1 1 1 1
1 2 3 4 5 6
3 6 10 15 21
1
4 10 20 35 56
1
5 15 35 70 126
1
6 21 56 126
1 252
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
6 15 20 15 6
21 35 35 21
56 70 56
126 126
252
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
Observemos que o triângulo de Pascal pode ser prolongado indefinidamente, tendo-se que todas
as linha são simétricas, todas começam (e acabam) em 1, pode haver ou não haver termo médio e,
em cada linha, os números aumentam e depois diminuem.
Além disso, temos que cada elemento diferente de 1 é a soma dos dois elementos da linha anterior
que estão imediatamente acima.
Uma outra propriedade importante é o facto da soma dos elementos duma linha ser uma potência
de 2. Por exemplo, 1 + 4 + 6 + 4 + 1 = 16.
O facto anterior pode parecer inesperado para algumas pessoas, mas é perfeitamente natural,
porque a soma dos elementos duma linha é o números de subconjuntos dum certo conjunto finito.
Ora, cada elemento desse conjunto tem duas possibilidades: ou pertence ou não pertence a cada
subconjunto, pelo que o número de subconjuntos é uma potência de 2.
Uma maneira mais complicada consiste em fazer a demonstração por indução.
Uma terceira maneira é consequência da fórmula do desenvolvimento do binómio de Newton, a
qual nos dá ( + ) . Então, basta-nos, nessa fórmula, substituir e por 1.
Observe-se que o triângulo apresentado acima é o seguinte:
514 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
µ ¶
0
µ ¶ 0 µ ¶
1 1
µ ¶ 0 µ ¶ 1 µ ¶
2 2 2
µ ¶ 0 µ ¶ 1 µ ¶ 2 µ ¶
3 3 3 3
µ ¶ 0 µ ¶ 1 µ ¶ 2 µ ¶ 3 µ ¶
4 4 4 4 4
µ ¶ 0 µ ¶ 1 µ ¶ 2 µ ¶ 3 µ ¶ 4 µ ¶
5 5 5 5 5 5
0 1 2 3 4 5
µ ¶ µ ¶
! ! ! ( + 1) ! ( − )
+ = + = +
+1 ! ( − )! ( + 1)! ( − − 1)! ( + 1)! ( − )! ( + 1)! ( − )!
! ( + 1 + − ) ! ( + 1) ( + 1)!
= = =
( + 1)! ( − )! ( + 1)! ( − )! ( + 1)! (( + 1) − ( + 1))!
µ ¶
+1
=
+1
7
Exercício 525 O quociente entre dois termos consecutivos duma linha do triângulo de Pascal é .
4
Que linha é essa?
Resolução µ ¶
µ+¶1 7
Do enunciado conclui-se que = . Ora,
4
µ ¶
!
+1 (+1)!×(−−1)!
µ ¶ = !
!×(−)!
! ! × ( − ) × ( − − 1)! −
= × =
( + 1) × ! × ( − − 1)! ! +1
515
Então,
− 7 11 + 7
= ⇐⇒ 4 − 4 = 7 + 7 ⇐⇒ 4 − 11 = 7 ⇐⇒ =
+1 4 4
É fácil verificar que deve ser ímpar. Então, = 2 + 1, para certo inteiro .
11 + 7 11 (2 + 1) + 7 22 + 18 11 + 9
Logo, = = = = .
4 4 4 2
Então, deve ser ímpar, pelo que = 2 + 1, para certo inteiro .
11 + 9 11 (2 + 1) + 9 22 + 20
Logo, = = = = 11 + 10.
2 2 2
Então, = 2 + 1 = 2 (2 + 1) + 1 = 4 + 3.
Na seguinte tabela estão indicadas algumas das infinitas soluções:
0 1 2 3 4
3 7 11 15 19
µ ¶ 10 21 32 43 54
210 203 490 225 792 840 265 182 149 218 321 387 366 339 585
µ+¶1
120 116 280 129 024 480 151 532 656 696 183 649 923 622 620
µ ¶
µ+¶1 7 7 7 7 7
4 4 4 4 4
Demonstração
X0 µ ¶ µ ¶
0 0 − 0 0 0
Para = 0, vem ( + ) = = = 1, o que é verdade.
0
=0
X µ ¶
−
Suponhamos que ( + ) = .
=0
+1
Xµ
+1 ¶
+ 1 +1−
Então, pretendemos mostrar que ( + ) = .
=0
516 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
( + )+1 = ( + ) ( + )
X µ ¶ X µ ¶ X µ ¶
− − −
= ( + ) = +
=0 =0 =0
X µ ¶ µ ¶
+1− X − +1
= +
=0 =0
X µ ¶ −1 µ ¶
+1 +1− X − +1
= + + + +1
=1 =0
Xµ ¶
−1 X µ¶
−1
+1 +1−−1 +1
= + + − +1 + +1
+1
=0 =0
Xµ ¶
−1 X µ¶
−1
= +1 + − +1 + − +1 + +1
+1
=0 =0
−1
X µµ ¶ µ ¶¶
= +1 + + − +1 + +1
+1
=0
X µ + 1¶
−1
+1
= + − +1 + +1
+1
=0
X µ ¶ X µ + 1¶
+1
+1 + 1 −+1 +1
= + + = −+1
=1 =0
Resolução
µ ¶9 X9 µ ¶ µ ¶ X9 µ ¶ 18−2 9 µ ¶
X
2 9 ¡ 2 ¢9− 2 9 2 9 18−3
2 + = = = 2
=0 =0 =0
µ ¶
9 0 6
O termo independente de corresponde a = 6, obtendo-se a parcela 2 , cujo valor é
6
5376.
Exemplo 529 (Dividindo uma turma em grupos de trabalho, versão 1) Suponhamos que temos
uma turma de 24 alunos e que o professor pretende formar 6 grupos de 4 alunos, para elaborarem
517
um trabalho. Esse trabalho irá incidir sobre seis temas, sendo sorteado um tema para cada grupo,
pelo que grupos diferentes tratarão de temas diferentes. De quantas maneiras se podem distribuir
os alunos pelos grupos e temas?
Resolução µ ¶
24
Para o tema 1, temos de escolher 4 alunos entre 24. Logo, há hipóteses de fazer essa
µ ¶ 4
20
escolha; depois, vem hipóteses, para o Tema 2 e, assim sucessivamente, pelo que o número
4
final de maneiras é
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
24 20 16 12 8 4
× × × × ×
4 4 4 4 4 4
Exemplo 530 (Dividindo uma turma em grupos de trabalho, versão 2) Suponhamos que temos
uma turma de 24 alunos e que o professor pretende formar 6 grupos de 4 alunos, para elaborarem
um trabalho sobre um único tema. De quantas maneiras se podem distribuir os alunos?
Resolução
Esta questão não é fácil e qualquer pessoa pode ser induzida em erro, dando como resposta o
número da questão anterior. É claro que depois de termos resolvido a questão anterior, sabemos
que a resposta não pode ser essa.
Como passamos de um tema para seis temas? Fixando os grupos, basta permutar os 6 temas,
24!
pelo que a resposta pretendida é , ou seja, 4509264634875.
(4!)6 × 6!
Sugerimos ao leitor que resolva as questões anteriores, considerando uma turma de 4 ou 6 alunos
e 2 grupos, o que permite fazer uma lista exaustiva das hipóteses.
Esse trabalho irá convencer o leitor (que ainda não esteja convencido) das razões que nos levam
a rejeitar uma resposta que, à primeira vista, pode parecer correcta, mas não o é.
Uma outra hipótese é o leitor considerar uma turma de 24 alunos, um único tema e grupos de
1 aluno. Parece claro que há uma única maneira: cada um faz o seu trabalho, o que corresponde a
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
24 23 22 2 1
× × × ··· × ×
1 1 1 1 1
=1
24!
Consideremos, uma turma de 6 alunos e que pretendemos formar 3 grupos de 2 alunos para
efectuarem um trabalho sobre um único tema. Vejamos as 90 hipóteses possíveis, de acordo com a
resposta (errada):
518 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Grupo 1 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,4 1,4
Grupo 2 3,4 3,5 3,6 4,5 4,6 5,6 2,4 2,5 2,6 4,5 4,6 5,6 2,3 2,5
Grupo 3 5,6 4,6 4,5 3,6 3,5 3,4 5,6 4,6 4,5 2,6 2,5 2,4 5,6 3,6
15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28
Grupo 1 1,4 1,4 1,4 1,4 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,6 1,6 1,6 1,6
Grupo 2 2,6 3,5 3,6 5,6 2,3 2,4 2,6 3,4 3,6 4,6 2,3 2,4 2,5 3,4
Grupo 3 3,5 2,6 2,5 2,3 4,6 3,6 3,4 2,6 2,4 2,3 4,5 3,5 3,4 2,5
29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42
Grupo 1 1,6 1,6 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,4 2,4 2,4 2,4 2,4 2,4
Grupo 2 3,5 4,5 1,4 1,5 1,6 4,5 4,6 5,6 1,3 1,5 1,6 3,5 3,6 5,6
Grupo 3 2,4 2,3 5,6 4,6 4,5 1,6 1,5 1,4 5,6 3,6 3,5 1,6 1,5 1,3
43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56
Grupo 1 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,6 2,6 2,6 2,6 2,6 2,6 3,4 3,4
Grupo 2 1,3 1,4 1,6 3,4 3,6 4,6 1,3 1,4 1,5 3,4 3,5 4,5 1,2 1,5
Grupo 3 4,6 3,6 3,4 1,6 1,4 1,3 4,5 3,5 3,4 1,5 1,4 1,3 5,6 2,6
57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
Grupo 1 3,4 3,4 3,4 3,4 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,5 3,6 3,6 3,6 3,6
Grupo 2 1,6 2,5 2,6 5,6 1,2 1,4 1,6 2,4 2,6 4,6 1,2 1,4 1,5 2,4
Grupo 3 2,5 1,6 1,5 1,2 4,6 2,6 2,4 1,6 1,4 1,2 4,5 2,5 2,4 1,5
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84
Grupo 1 3,6 3,6 4,5 4,5 4,5 4,5 4,5 4,5 4,6 4,6 4,6 4,6 4,6 4,6
Grupo 2 2,5 4,5 1,2 1,3 1,6 2,3 2,6 3,6 1,2 1,3 1,5 2,3 2,5 3,5
Grupo 3 1,4 1,2 3,6 2,6 2,3 1,6 1,3 1,2 3,5 2,5 2,3 1,5 1,3 1,2
85 86 87 88 89 90
Grupo 1 5,6 5,6 5,6 5,6 5,6 5,6
Grupo 2 1,2 1,3 1,4 2,3 2,4 3,4
Grupo 3 3,4 2,4 2,3 1,4 1,3 1,2
µ ¶ µ ¶ µ ¶
6 4 2
O número 90 é obtido do seguinte modo: × × = 90.
2 2 2
Mas, estas 90 hipóteses não são distintas: são idênticas as hipóteses 1, 6, 55, 60, 85 e 90, por
exemplo.
O mesmo acontece cnos restantes casos. Logo, o número de hipóteses distintas é
µ ¶ µ ¶ µ ¶
6 4 2
× ×
2 2 2 90
= = 15
3! 6
Esperemos que todos os leitores tenham ficado convencidos! É claro que, se tivéssemos 3 temas
519
diferentes, um para cada grupo, o número de hipóteses seria 90, bastando, nas tabelas anteriores,
substituir Grupo por Tema.
Exemplo 531 (Dividindo uma turma em grupos de trabalho, versão 3) Suponhamos que temos
uma turma de 24 alunos e que o professor pretende formar 6 grupos de 4 alunos, para elaborarem
um trabalho. Esse trabalho irá incidir sobre oito temas, sendo sorteado um tema para cada grupo,
pelo que grupos diferentes tratarão de temas diferentes. De quantas maneiras se podem distribuir
os alunos pelos grupos e temas?
Resolução
µ ¶É claro que basta escolher os 6 temas, após o que voltamos à versão 1. Logo, a resposta é
8 24!
× , ou seja, 90 906 775 039 080 000.
6 (4!)6
Exemplo 532 (Dividindo uma turma em grupos de trabalho, versão 4) Suponhamos que temos
uma turma de 23 alunos e que o professor pretende formar 5 grupos de 4 alunos e um grupo de 3
alunos, para elaborarem um trabalho sobre um único tema. De quantas maneiras se podem distribuir
os alunos pelos grupos e temas?
Resolução µ ¶
23
Comecemos por escolher os alunos que vão formar um grupo de 3. Temos maneiras de
3 µ ¶
23 20!
fazer a escolha, restando 20 alunos para 5 grupos de 4. O número total de maneiras é × ,
3 (4!)5
ou seja, 541 111 756 185 000 maneiras
Exemplo 533 (Dividindo uma turma em grupos de trabalho, versão 5) Suponhamos que temos
uma turma de 23 alunos e que o professor pretende formar 5 grupos de 4 alunos e um grupo de 3
alunos, para elaborarem um trabalho sobre seis tema, sendo que grupos diferentes tratam de temas
diferentes. Quantas maneiras há de fazer isso?
Resolução
Imaginemos que¡ tínhamos
¢ ¡ ¢ 5 alunos e dois temas e que queríamos formar um grupo de 2 e um
grupo de 3. Ora, 52 = 52 = 10, pelo que há dez maneiras de escolher um grupo de 2 alunos.
¡¢
Então, há 20 maneiras de escolher os grupos e os temas. A resposta seria 52 × 2 = 20.
¡23¢
Voltemos à questão colocada. Há 3 × 6 = 10 626 maneiras de escolher o grupo de 3 alunos
e¡ o¢tema
¡16¢que ¡esse
¢ grupo
¡8¢ vai
¡4¢ tratar. Restam 5 grupos de 4 e 5 temas. Para estes 20, a resposta é
20 12
4 × 4 × 4 × 4 × 4 = 305 540 235 000. Logo, a resposta final é 10 626 × 305 540 235 000 =
3246 670 537 110 000
Exemplo 534 (Dividindo uma turma em grupos de trabalho, versão 6) Suponhamos que temos
uma turma de 23 alunos e que o professor pretende formar 5 grupos de 4 alunos e um grupo de 3
alunos, para elaborarem um trabalho sobre um único tema. Quantas maneiras há de fazer isso?
Resolução ¡ ¢
Começamos por escolher o grupo de 3 alunos, o que pode ser feito de 23 3 = 1771 maneiras.
Depois, temos uma turma de 20, para formarmos 5 grupos de 4 (para um único tema). Esta segunda
(20)×(16 12 8 4
4 )×( 4 )×(4)×(4)
parte pode ser feita de 4 5! = 2546 168 625. Então, a resposta à questão colocada
é 1771 × 2546 168 625 = 4509 264 634 875.
520 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
Exemplo 535 (Dividindo uma turma em grupos de trabalho, versão 7) Suponhamos que temos
uma turma de 21 alunos e que o professor pretende formar três grupos de 3 alunos e três grupos
de 4 alunos, para elaborarem um trabalho. Há seis temas disponíveis e grupos diferentes ficam com
temas diferentes. Quantas maneiras há de fazer isso?
Resolução ¡¢
Começamos por escolher os temas destinados aos grupos de 3 elementos 63 = 20. Depois,
¡ ¢
escolhemos os 9 elementos que vão formar grupos de 3 pessoas. Isso corresponde a 21 9 = 293 930
maneiras. Agora, temos uma "turma"de 9 elementos
¡¢ ¡¢ ¡¢ e uma "turma"de 12 elementos.
Para a "turma"de 9 elementos: 93 × 63 × 33 = 1680
¡ ¢ ¡8¢ ¡4¢
Depois, escolhemos os grupos de quatro elementos: 12
4 × 4 × 4 = 34 650
Então, o número pretendido é 20×293930×1680×3465034650, ou seja 34 220 848 525 063 200 000.
Exemplo 536 (Dividindo uma turma em grupos de trabalho, versão 8) Suponhamos que temos
uma turma de 21 alunos e que o professor pretende formar três grupos de 3 alunos e três grupos
de 4 alunos, para elaborarem um trabalho, havendo um único tema. Quantas maneiras há de fazer
isso?
Resolução
Escolhidos os alunos que vão para grupos
¡ ¢ de¡3, ¢ficamos com duas "turmas"e um só tema.
Alunos que vão para os grupos de 3: 21 21
9 = 12 = 293 930 maneiras.
(9)(6)(3)
Maneiras de formar os grupos de 3: 3 3!3 3 = 280
(12)(8)(4)
Maneiras de formar os grupos de 4: 4 3!4 4 = 5775
Resposta: 293 930 × 280 × 5775 = 475 284 810 000
Exemplo 537 (Dividindo uma turma em grupos de trabalho, versão 9) Suponhamos que temos
uma turma de 21 alunos e que o professor pretende formar três grupos de 3 alunos e três grupos
de 4 alunos, para elaborarem um trabalho. Há seis temas disponíveis, mas os temas 1, 2 e 3 são
destinados aos grupos de 3 alunos e os temas 4, 5 e 6 são destinados aos grupos de 4 alunos. E,
claro, grupos diferentes ficam com temas diferentes. Quantas maneiras há de fazer isso?
Resolução
¡Começamos
¢ por escolher os 9 alunos que vão formar os grupos de 3 alunos. Isso pode ser feito
de 21 = 293 930 maneiras.
9 ¡ ¢¡ ¢¡ ¢
Para a "turma"de 9 elementos, temos 93 63 33 = 1680 maneiras.
¡ ¢¡8¢¡4¢
Para a "turma"de 12 elementos, temos 12 4 4 4 = 34 650 maneiras.
Então, a resposta é 293 930 × 1680 × 34 650 = 17 110 253 160 000 maneiras
Anagramas
Anagrama de uma palavra é uma palavra, com ou sem significado, constituída pelas mesmas
letras, eventualmente, por outra ordem.
ROMA e RAMO são anagramas da palavra AMOR.
A resposta é µ ¶
5
× 3! = 60
2
521
Exemplo 539 Quantos anagramas admite a palavra COIMBRA, de modo que as vogais apareçam
juntas e pela ordem OIA?
Resolução
A resposta é 5 × 4! = 120. Observe que as vogais podem aparecer nas posições 1, 2 e 3, ou 2, 3
e 4, até 5, 6 e 7, num total de 5 hipóteses.
Mais fácil, ainda, é interpretar o grupo de letras OIA como sendo um único símbolo, donde viria
5!, para o número de anagramas.
Exemplo 540 Quantos números naturais podemos formar com os mesmos algarismos do número
22244555556666?
Resolução
O número dado é constituído por 14 algarismos, aparecendo três vezes o algarismo 2, duas vezes
o algarismo 4, cinco vezes o algarismo 5 e quatro vezes o algarismo 6. Então, temos 14 posições
disponíveis para colocar os três algarismos 2, etc.
Logo, a resposta é dada por
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
14 11 9 4 14! 11! 9! 14!
× × × = × × ×1=
3 2 5 4 11! × 3! 9! × 2! 4! × 5! 3! × 2! × 5! × 4!
Observe-se que os números que aparecem no denominador (sem os sinais de factorial) são os
números de vezes que aparecem cada um dos algarismos, pelo que a sua soma é o número que
aparece no numerador (sem o sinal de factorial).
µ ¶ µ ¶
14
A expressão pode ser representada por , tendo-se que a expressão usual pode
µ ¶ 3 2 5 4
ser substituída por .
−
Exemplo 541 Planos definidos pelos vértices dum cubo
Num cubo não há três vértices colineares, pelo que quaisquer três vértices definem um plano.
Quantos planos (distintos) são definidos pelos vértices do cubo?
Resolução
Comecemos por aceitar que o cubo tem uma face assente num plano horizontal (por exemplo, um
cubo colocado sobre uma mesa). A esta face chamaremos face inferior e à face paralela chamaremos
face superior.
Então, os oito vértices do cubo dividem-se em dois grupos: os vértices da face superior e os
vértices da face inferior.
Vamos começar por determinar o número de planos que passam por quatro vértices do cubo:
1 caso: os 4 vértices escolhidos são os 4 vértices da face superior
Neste caso, os 4 vértices escolhidos definem um plano
2 caso: 3 dos 4 vértices escolhidos pertencem à face superior e o outro pertence à face inferior
Neste caso, os 4 vértices escolhidos não definem um plano.
3 caso: 3 dos 4 vértices escolhidos pertencem à face inferior e o outro pertence à face superior
Neste caso, os 4 vértices escolhidos não definem um plano.
4 caso: os 4 vértices escolhidos são os 4 vértices da face inferior
Neste caso, os 4 vértices escolhidos definem um plano
522 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
5 caso: 2 dos vértices escolhidos pertencem à face superior e os outros 2 pertencem à face
inferior
Se os dois vértices duma face definirem uma diagonal, então é preciso que o mesmo aconteça
com os dois pontos da outra face, tendo as duas diagonais de ser paralelas para que definam um
plano. Temos, então, dois planos.
Se os dois vértices duma face definirem uma aresta, então há duas hipóteses favoráveis para os
outros dois pontos (têm de definir uma aresta paralela à aresta considerada na outra face). Então,
temos 8 planos a considerar.
O número de planos que passam por 4 vértices do cubo é, então, 12.
É evidente que nenhum plano passa por 5 ou mais vértices do cubo, pelo que nos resta contar
os planos que passam por 3 e só 3 vértices.
µ ¶
4
Como = 4, cada um dos 12 planos que passam por 4 vértices é definido por 4 ternos não
3
ordenados de pontos, o que corresponde a 48 ternos.
µ ¶
8
Mas = 56, pelo que restam 8 ternos, os quais definem 8 planos.
3
Então, o número total de planos é 20.
Seguidamente apresentamos alguns dos planos que passam por 4 vértices do cubo:
523
Podemos pensar da seguinte forma: em cada vértice do cubo, consideramos as três arestas
concorrentes (nesse vértice); os quatro vértices das arestas definem um tetraedro em que uma das
faces não está assente em nenhuma das faces do cubo. Tal face do tetraedro é um dos planos que
passa por três e só três vértices do cubo. Como no cubo há oito vértices, temos os oito planos acima
referidos.
524 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
Quem quiser fazer uma verificação exaustiva do número de planos pode considerar os 8 vér-
tices do cubo num referencial cartesiano e obter equações cartesianas dos planos definidos por três
vértices. Mas terá de fazê-lo 56 vezes!
Resolução
É claro que ≥ 3. Um triângulo não tem diagonais, um quadrilátero tem duas diagonais, um
pentágono tem 5 diagonais.
Podemos construir uma tabela:
N de lados 3 4 5 6 7
N de diagonais 0 2 5
É fácil de prever os números que faltam na tabela: 9 e 14. As diferenças entre elementos
consecutivos da segunda linha vai aumentando uma unidade.
Tambem é claro que a resolução anterior não é satisfatória, embora sirva para obter o termo
geral da sucessão que dá o número de diagonais (ver capítulo sobre polinómios de colocação).
Outra maneira é a seguinte: dois vértices (distintos) do polígono definem uma
µ ¶ diagonal ou um
lado do polígono. Então, o número de diagonais dum polígono de lados é − , ou seja,
2
( − 1) ( − 3)
− , ou ainda, .
2 2
Uma terceira resolução é: Por cada vértice passam −3 diagonais (temos de descontar o próprio
vértice e os dois adjacentes). Como há vértices, podemos, à primeira vista, pensar que temos
( − 3) diagonais. Mas, tal é incorrecto, porque cada diagonal conta duas vezes (uma em cada
( − 3)
extremo da diagonal). Logo, o número de diagonais é .
2
Exemplo 543 Quantas diagonais tem um prisma em que as bases são polígonos convexos de
lados?
Resolução
O prisma considerado tem 2 vértices, 3 arestas e + 2 faces. Das faces, duas são as bases
e as restantes são as faces laterais, as quais são paralelogramos (rectângulos, no caso do prisma
recto).
Em geral, há dois tipos de diagonais: faciais e espaciais, embora, no caso do prisma triangular,
só haja diagonais faciais.
Então, há 2 diagonais faciais laterais e ( − 3) diagonais faciais nas duas bases.
Quanto às diagonais espaciais, repare-se que as mesmas são segmentos de recta que unem um
vértice duma base com um vértice da outra base. Mas os vértices não podem ser quaisquer: Para
cada vértice duma base há um vértice da outra que define com o primeiro uma aresta e há dois que
definem com o primeiro duas diagonais faciais. Então, por cada vértice duma das baes passam − 3
diagonais espaciais. Logo, o número de diagonais espaciais é ( − 3). Antes de continuarmos,
repare-se que o número de diagonais espaciais do prisma é igual ao número de diagonais faciais
existentes nas duas bases. Voltaremos a esta questão.
Então, o prisma admite 2 ( − 3) + 2 diagonais, ou seja, 22 − 4 diagonais, sendo 2 − 3
diagonais espaciais e 2 − diagonais faciais.
525
B1 B2
B6 B3
A1 A2
B4
B5
A6
A3
A5 A4
Então, [1 3 ] e [3 1 ] são diagonais espaciais. Então, por cada diagonal duma base há duas
diagonais espaciais. Como, por este processo, contamos todas as diagonais espaciais, o número
destas é o dobro do número de diagonais existente numa das bases, ou seja, o número de diagonais
espaciais é igual ao número de diagonais existentes nas duas bases.
Exemplo 544 Ordenando os livros numa estante
Suponhamos que temos trinta livros, todos com títulos diferentes, e que queremos distribuí-los
pelas três prateleiras duma estante, de modo que, em cada prateleira fiquem, da esquerda para a
direita, dez livros ordenados por ordem alfabética ascendente.
526 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1
1 8 28 56 70 56 28 8 1
Observando o triângulo de Pascal, podemos verificar que os elementos de cada linha aumentam
até metade da linha e depois diminuem.
µ ¶ µ ¶
2 2 (2)! (2)!
− = −
+1 ( + 1)! (2 − − 1)! ! (2 − )!
(2)! (2 − ) − (2)! ( + 1)
=
( + 1)! (2 − − 1)!
(2)! (2 − − − 1)
=
( + 1)! (2 − − 1)!
(2)! (2 − 2 − 1)
=
( + 1)! (2 − − 1)!
(2)! (2 − 2 − 1)
O sinal de é o sinal de (2 − 2 − 1), o que significa que a diferença entre
( + 1)! (2 − − 1)!
os dois termos é positiva para = 0 1 µ ¶− 1 eµnegativa
¶ para = µ +¶1 µ2 −
¶ 1. Então,
2 2 2 2
os elementos da linha 2 aumentam de até e diminuem de até .
0 2
527
µ ¶ µ ¶
2 + 1 2 + 1 (2 + 1)! (2 + 1)!
− = −
+1 ( + 1)! (2 − )! ! (2 + 1 − )!
(2 + 1)! (2 + 1 − ) − (2 + 1)! ( + 1)
=
( + 1)! (2 + 1 − )!
(2 + 1)! (2 + 1 − − − 1)
=
( + 1)! (2 + 1 − )!
(2)! (2 − 2)
=
( + 1)! (2 + 1 − )!
Exercício 546 Três elementos consecutivos duma linha do triângulo de Pascal são 80 730, 296 010
e 888 030. Determine a soma de todos os elementos dessa linha, bem como a soma de todos os
elementos de todas as linhas até à linha anterior.
Resolução ¡ ¢
¡¢ ¡ ¢ ¡ ¢
Sejam , +1 e +2 os números dados. Comecemos por calcular +1
¡¢ . Ora,
¡
¢
+1 ! ! × ( − )! −
¡¢ = × =
( + 1)! × ( − − 1)! ! +1
¡
¢
−−1
Da igualdade anterior, substituindo por + 1, conclui-se que ¡+2
¢ = .
+1
+2
Então,
⎧ ⎧
⎪ − 296 010 ⎪ − 11 ½
⎨ = ⎨ =
+1 80 730 +1 3 3 − 3 = 11 + 11
−−1 888 030 ⇐⇒ −−1 ⇐⇒
⎪
⎩ = ⎪
⎩ =3
− = 3 + 7
+2 296 010 +2
½
12 + 21 − 3 = 11 + 11
⇐⇒
= 4 + 7
½ ½
10 = 2 =5
⇐⇒ ⇐⇒
= 4 + 7 = 27
A soma dos elementos da linha 27 é 227 . E a soma de todos os elementos das linhas anteriores
27
é 2 − 1.
528 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
26
X
Observe-se que 2 = 1 + 2 + 22 + · · · + 226 = 227 − 1 (soma de termos consecutivos duma
=0
progressão geométrica de razão 2).
X26
227 − 1
Note-se que 2 = = 227 − 1 = 134 217 727.
=0
2−1
Exercício 547 O quociente entre dois termos consecutivos duma linha do triângulo de Pascal é 74 .
Qual é a linha?
Resolução
Ora,
µ ¶
!
!(−)! ! ( − 1)! ( − + 1)! −+1
µ ¶= !
= × =
(−1)!(−+1)!
! ( − )! !
−1
Então,
−+1 7 11 − 4
= ⇐⇒ 4 − 4 + 4 = 7 ⇐⇒ 4 = 11 − 4 ⇐⇒ =
4 4
11
Logo, = − 1, donde vem que tem de ser múltiplo de 4. Então, = 4, para certo natural
4
.
Então, = 11 − 1, pelo que há infinitas linhas que satisfazem a condição do enunciado.
−+1 7
Note-se que, para obter uma solução da equação = , podemos fazer como certos
4
alunos que igualam os numeradores e os denominadores:
½
−+1=7
=4
Então, = 4 ∧ = 10. É claro que perdemos uma infinidade de soluções, mas obtivemos
−+1 7 7
uma solução. Se quisermos obter todas as soluções, podemos fazer = = , pelo que
½ 4 4
− + 1 = 7
, ou seja, = 4 ∧ = 11 − 1, com ∈ N.
= 4
Exercício 548 O quociente entre dois termos consecutivos duma linha do triângulo de Pascal é ,
com ∈ Q+ . Qual é a linha? Terá o problema sempre solução?
Resolução
Se é um número natural, então existe uma linha em que os dois primeiros elementos são 1 e
, cujo quociente éµ.¶
¶ −+1
Partindo de µ = , temos = , pelo que = ( + 1) − 1, o que mostra que
−1
há infinitas soluções, com ∈ N.
529
−+1
No caso de termos um número fraccionário positivo vem = , com ∈ N e
primos entre si, isto é, mdc ( ) = 1. ½
−+1=
Se quisermos mostrar que há, pelo menos, uma solução, basta-nos fazer .
½ =
=+−1
Enão, .
= ½
− + 1 =
Se quisermos mostrar que há infinitas soluções, fazemos , isto é,
=
½
= + − 1
=
Exercício 549 Três termos consecutivos de certa linha do triângulo de Pascal estão em progressão
aritmética. Qual é a linha? Terá o problema infinitas soluções?
Resolução µ ¶ µ ¶ µ ¶
Consideremos os termos , e , com ≥ + 2. Ora,
+1 +2
µ ¶ µ ¶
! ! ! ( − ) − ! ( + 1)
− = − =
+1 ( + 1)! ( − − 1)! ! ( − )! ( + 1)! ( − )!
! ( − − − 1) ! ( − 2 − 1)
= =
( + 1)! ( − )! ( + 1)! ( − )!
Substituindo por + 1, temos
µ ¶ µ ¶
! ( − 2 − 3)
− =
+2 +1 ( + 2)! ( − − 1)!
Então,
! ( − 2 − 1) ! ( − 2 − 3)
=
( + 1)! ( − )! ( + 2)! ( − − 1)!
Resolvamos a equação anterior:
! ( − 2 − 1) ! ( − 2 − 3) − 2 − 1 − 2 − 3
= ⇐⇒ =
( + 1)! ( − )! ( + 2)! ( − − 1)! − +2
Mas,
− 2 − 1 − 2 − 3
= ⇔ 2 − 2 − 3 − + 22 + 3 = + 2 − 22 − 4 − − 2
− +2
⇔ 2 − 4 + 42 − 5 + 8 + 2 = 0
5 1√
⇔ = + 2 ± 8 + 17
2 2
Então, 8 + 17 deve ser um quadrado perfeito ímpar. Logo, 8 + 17 = (2 + 3)2 , com ∈ N.
2
(2 + 3) − 17 42 + 12 + 9 − 17 2 + 3 − 2 ( + 3)
Então, = = = = − 1.
8 8 2 2
530 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 4 8 13 19 26 34 43 53
7 14 23 34 47 62 79 98 119
Alguns
µ ¶ µ exemplos:
¶ µ ¶ µ ¶
7 7 7 7
− = 35 − 21 = 14; − = 21 − 7 = 14
3
µ ¶ µ ¶ 2 2 1µ ¶ µ ¶
14 14 14 14
− = 3003 − 2002 = 1001; − = 2002 − 1001 = 1001
µ ¶6 5 5 4
98
= 18 434 541 364 240 853 879 016 177 888
µ45¶
98
= 15 362 117 803 534 044 899 180 148 240
µ44¶
98
= 12 289 694 242 827 235 919 344 118 592
µ43¶ µ ¶
98 98
− = 3072 423 560 706 808 979 836 029 648
µ ¶ µ44¶
45
98 98
− = 3072 423 560 706 808 979 836 029 648
µ44 ¶ µ 43 ¶
119 119
− = 5323 553 660 882 471 719 158 839 565 113 262
µ 55 ¶ µ 54 ¶
119 119
− = 5323 553 660 882 471 719 158 839 565 113 262
54 53
( + 3)
De = ( + 1)2 − 2 ∧ = − 1, vem:
½ 2 ½ ½
=4 =8 = 13
= 2 =⇒ ; = 3 =⇒ ; = 4 =⇒ ;
=7 = 14 = 23
½
= 19
= 5 =⇒
= 34
Alguns
µ ¶ µ ¶ exemplos: µ ¶ µ ¶
7 7 7 7
− = −14; − = −14
µ6 ¶ µ 5 ¶ 5 µ ¶ 4 µ ¶
14 14 14 14
− = −1001; − = −1001
10
µ ¶ µ ¶ 9 9
µ ¶ 8µ ¶
23 23 23 23
− = −326 876; − = −326 876
15 14 14 13
E, como estamos a verificar, obtemos diferenças que são simétricas das anteriores. Tal é abso-
lutamente natural, pois resulta da simetria do Triângulo de Pascal.
27.1. NÚMEROS DE BELL 531
00 = (0 0)
10 = (1 0) 11 = (1 1)
20 = (2 0) 21 = (2 1) 22 = (2 2)
30 = (3 0) 31 = (3 1) 32 = (3 2) 33 = (3 3)
00 =1
10 =0 11 = 1
20 =0 21 = 1 22 = 1
30 =0 31 = 2 32 = 3 33 = 1
00 =1
10 =0 11 = 1
20 =0 21 = 1 22 = 1
30 =0 31 = 2 32 = 3 33 = 1
40 =0 41 = 6 42 = 11 43 = 6 44 = 1
50 =0 51 = 24 52 = 50 53 = 35 54 = 10 54 = 1
60 =0 61 = 120 62 = 63 = 64 = 64 = 64 = 1
70 =0 71 = 720 72 = 73 = 74 = 74 = 74 = 74 = 1
O triângulo ficou com algumas entradas por preencher, mas já podemos afirmar três coisas:
Na primeira coluna, temos 1 seguido de zeros. O último elemento de cada linha é 1.
E, na segunda coluna, temos ( − 1)!
Vamos acrescentar uma coluna e uma linha (no início), para vermos bem os valores de e de :
0 1 2 3 4 5 6 7
0 1
1 0 1
2 0 1 1
3 0 2 3 1
4 0 6 42 = 11 43 = 6 1
5 0 24 52 = 50 53 = 35 54 = 10 1
6 0 120 62 = 274 63 = 64 = 65 = 1
7 0 720 72 = 1764 73 = 74 = 75 = 76 = 1
Os elementos na coluna = 1 são ( − 1)!, embora se possam calcular duma maneira análoga
aos restantes:
532 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
⎧
⎪
⎪ 32 = 222 + 21 =2×1+1=3
⎪
⎪
⎨ 42 = 332 + 31 = 3 × 3 + 2 = 11
52 = 442 + 41 = 4 × 11 + 6 = 50
⎪
⎪
⎪
⎪ 62 = 552 + 51 = 5 × 50 + 24 = 274
⎩
72 = 662 + 61 = 6 × 274 + 120 = 1764
Então, temos
0 1 2 3 4 5 6 7
0 1
1 0 1
2 0 1 1
3 0 2 3 1
4 0 6 42 = 11 43 = 6 1
5 0 24 52 = 50 53 = 35 54 = 10 1
6 0 120 62 = 274 63 = 225 64 = 85 65 = 15 1
7 0 720 72 = 1764 73 = 1624 74 = 735 75 = 175 76 = 1
⎧
⎪
⎪ 55 =1
⎪
⎪
⎨ 65 = 555 + 54 = 5 × 1 + 10 = 15
75 = 665 + 64 = 6 × 15 + 85 = 175
⎪
⎪
⎪
⎪ 85 = 775 + 74 = 7 × 175 + 735 = 1960
⎩
95 = 885 + 84 = 8 × 1960 + 6769 = 22449
( + 1 + 1) = × ( + 1) + ( )
Números de Bell
Consideremos o seguinte triângulo (que tem a mesma forma do triângulo de Pascal), mas¡ sem¢
valores concretos. Repare que podemos obter o triângulo de Pascal, fazendo = ( ) = .
00 = (0 0)
10 = (1 0) 11 = (1 1)
20 = (2 0) 21 = (2 1) 22 = (2 2)
30 = (3 0) 31 = (3 1) 32 = (3 2) 33 = (3 3)
1
A formação do triângulo pode parecer estranha, mas é assim: começamos com , na primeira
1
coluna. Depois, temos que (1 1) = (0 0) + (1 0) = 1 + 1 = 2.
1
1 2
20 = (2 0) 21 = (2 1) 22 = (2 2)
30 = (3 0) 31 = (3 1) 32 = (3 2) 33 = (3 3)
1
1 2
2 1+2=3 2+3=5
30 = (3 0) 31 = (3 1) 32 = (3 2) 33 = (3 3)
1
1 2
2 3 5
5 2+5=7 3 + 7 = 10 5 + 10 = 15
1
1 2
2 3 5
5 2+5=7 3 + 7 = 10 5 + 10 = 15
15 5 + 15 = 20 7 + 20 = 27 10 + 27 = 37 15 + 37 = 52
1
1 2
2 3 5
5 7 10 15
15 20 27 37 52
52 67 87 114 151 203
203 255 322 409 523 674 877
877 1080 1335 1657 2066 2589 3263 4140
4140 5017 6097 7432 9089 11155 13744 17007 21147
21147 25287 30304 36401 43833 52922 64077 77821 94828 115975
A tabela foi construída com os números alinhados à direita, para ser mais fácil se somar (men-
talmente).
Os números de Bell estão na tabela anterior, mas não são todos os números que lá estão, pois
só interessam os números da primeira coluna.
A sucessão dos números de Bell é dada por
1 1 2 5 15 52 203 877 4140 21147 115975 · · ·
Ou seja, 0 = 1 1 = 1 2 = 2 3 = 5 4 = 15 5 = 52 6 = 203 · · ·
6 6 6 3
É claro que a peça colocada no lado direito pode ser colocada no lado esquerdo e isso não
interfere com o jogo. Depois, joga o parceiro do jogador que iniciou e tem de colocar uma peça com
seis ou uma peça com 3. Suponhamos que ele pretende colocar a peça seis-um:
27.2. O JOGO DO DOMINÓ 535
1 6 6 6 6 3
E vamos seguindo a ordem. O próximo jogador tem de colocar uma peça com 1 ou uma peça
com 3. Eventualmente, até pode colocar a peça 3-1. Nesse caso, tem duas opções: coloca-a na
esquerda deixando 3 em ambas as extremidades, ou coloca-a na direita, deixando 1 em ambas as
extremidades da fila.
6
1 6 6 3 3 1
6
Como vemos, podemos colocar as peças na posição em que usualmente são colocadas, mas isso
ocupa mais espaço.
Quando um jogador não tem nenhuma peça que possa colocar na fila, diz "passo"e dá a vez ao
jogador seguinte (o que fica à sua direita).
Quando um jogador colocar a sétima (e última) peça na fila, ganha e é atribuído um ponto à
sua equipa. A primeira equipa a somar quatro pontos ganha a partida e começam uma nova.
Por vezes, ninguém consegue colocar uma peça na fila, por já não haver peças com os números
das extremidades da fila. Nesse caso, cada equipa soma os pontos das peças que não foram jogadas
e ganha quem tiver menos pontos. Se tiverem o mesmo número de pontos, fazem novo jogo.
No segundo jogo, já não é quem tem o doble sena que coloca a primeira peças, mas aquele que
fica à direita do que colocou o doble seis na vez anterior. E o processo continua...
Refira-se que há outras variantes do jogo do dominó, mas a que foi descrita é a mais popular
(pelo menos na nossa Região).
Exemplo 550 O jogo do dominó O conhecido jogo do dominó utiliza 28 peças e, habitualmente,
é jogado por quatro jogadores em equipas de dois jogadores: Norte e Sul contra Leste e Oeste.
2. Imagine que queria aumentar o número de peças do dominó, para que se continuasse a jogar
com quatro jogadores. Quantas peças pode ter esse dominó?
3. E se quisermos que haja seis jogadores (como sempre, utilizando todas as peças e todos com
o mesmo número de peças)?
Resolução
1. Na figura anterior, temos três das peças de dominó. Na peça da esquerda, temos 5 pontos,
na do meio, temos 9 pontos e, na da direita, temos 5 pontos.
536 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
Na linguagem habitual dos jogadores de dominó, as três peças da figura anterior são "quadra e
ás", "sena e terno", "quina e branco".
Número de peças com uma "sena"(pelo menos):
As peças com uma sena (ou mais) são (6 0), (6 1), (6 2), (6 3), (6 4), (6 5) e (6 6). A ordem
não é relevante, pelo que parece mais razoável considerar conjuntos: no entanto, como resolver o
problema dos "dobles"? O doble sena é a peça (6 6), que tem duas senas (uma em cada metade da
peça). Por isso, vamos utilizar a notação } {, com uma ressalva importante: } { representa
a peça doble , ou seja, temos pontos em cada uma das metades da peça. Note-se que é melhor
usar o seguinte esquema para a peça que tem os números e . É Claro que o doble é
representado por e que a peça é a mesma que .
Comecemos pelo número de peças:
Há 7 peças com senas, como há sete peças com quinas e por aí adiante. No entanto, não podemos
somar tudo, porque há peças que são contadas várias vezes. Assim, temos 7 peças com senas, 6
peças com quinas e sem senas, 5 peças com quadras e sem senas nem quinas, 4 peças com ternos
(e sem senas, quinas e quadras), 3 peças com duques (e sem as anteriores), 2 peças com ases (sem
contar as anteriores) e uma peça correspondente ao doble branco.
Então, o número de peças é dado por
7
X
7+6+5+4+3+2+1= = 28
=1
Quanto ao número de pontos, a resposta pode parecer fácil, pois há 7 peças com cada uma das
possibilidades: sete senas, sete quinas, etc...
Então, o número total de pontos, , parece ser dado por = 7 × (6 + 5 + 4 + 3 + 2 + 1 + 0).
No entanto, estamos a esquecer-nos dum pormenor importante: a existência de dobles.
Isso quer dizer que podemos considerar que há oito senas e não sete! E o mesmo se passa com
as quinas, etc...
Então,
= 8 × (6 + 5 + 4 + 3 + 2 + 1 + 0) = 168
6 0 6 1 6 2 6 3 6 4 6 5 6 6
5 0 5 1 5 2 5 3 5 4 5 5
4 0 4 1 4 2 4 3 4 4
3 0 3 1 3 2 3 3
2 0 2 1 2 2
1 0 1 1
0 0
27.2. O JOGO DO DOMINÓ 537
Note-se que, em cada caixa (chaveta), há duas peças e o número de pontos é 12.
O número de peças é 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2 + 1 = 28.
Imaginemos uma outra maneira de calcular a soma:
Peças com 12 pontos: Uma
Peças com zero pontos: Uma
Peças com 11 pontos: Uma
Peças com 1 pontos: Uma
Peças com 10 pontos: Duas
Peças com 2 pontos: Duas
Peças com 9 pontos: Duas
Peças com 3 pontos: Duas
Peças com 8 pontos: Três
Peças com 4 pontos: Três
Peças com 7 pontos: Três
Peças com 5 pontos: Três
Peças com 6 pontos: Quatro
Então, posso utilizar 14 caixas, colocando, em cada uma das caixas, duas peças com um total
de 12 pontos. Então, temos 168 pontos no total (14 × 12 = 168).
O esquema da maneira anterior é o seguinte:
½ ½ ½ ½ ½
6 6 6 5 6 4 5 5 6 3
0 0 0 1 0 2 1 1 0 3
½ ½ ½ ½ ½
5 4 6 2 5 3 4 4 6 1
1 2 0 4 1 3 2 2 0 5
½ ½ ½ ½
5 2 4 3 6 0 4 2
1 4 2 3 5 1 3 3
Note-se que poderemos considerar que a peça "sena e quina"é complementar de "branco e ás",
"doble sena"é complementar de "doble branco",..., "quadra e terno"é complementar de "duque e
terno"e assim por diante. No entanto, há peças que são complementares de si mesmas: precisamente
as que têm 6 pontos. Assim, "sena e branco"é complementar de si mesma, o mesmo acontecendo
com as outras três (de seis pontos).
De qualquer modo, podemos agrupar as peças duas a duas, de modo que a soma dos pontos de
ambas as peças seja 12. Então, temos 14 × 12 = 168 pontos.
2. Se quisermos considerar peças com números de 0 a 7, significa que vamos ter 8 peças com 7,
7 peças com 6 (e sem 7), etc...
538 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
Suponhamos que pretendemos um jogo para 6 pessoas (mas sem ser obrigatório que sirva para
4 pessoas).
P
+1
Então, = (+1)(+2)
2 deve ser múltiplo de 6. Logo, ( + 1) ( + 2) deve ser múltiplo de 12.
=1
Aqui temos um problema! Um dos números continua a ser par e outro ímpar, mas temos a
questão do factor 3. Não é obrigatório que o número par seja múltiplo de 3, pois pode acontecer
que o ímpar seja (múltiplo de 3).
Tentemos resolver o nosso problema sem usar congruências.
Queremos que a equação ( + 1) ( + 2) = 12 tenha soluções inteiras, quando resolvida em
ordem a .
Então, temos
( + 1) ( + 2) = 12 ⇐⇒ 2 + 3 + 2 − 12 = 0
p
−3 ± 9 − 4 (2 − 12)
⇐⇒ =
√ 2
−3 ± 9 − 8 + 48
⇐⇒ =
√ 2
−3 ± 1 + 48
⇐⇒ =
2
Então, 1 + 48 deve ser um quadrado perfeito, ou seja, 1 + 48 = 2 , para certos ∈ N.
2
Então, = (−1)(+1)
48 , pelo que é ímpar. Logo = (2+1−1)(2+1+1)
48 = 12 +
= (+1)
12
4(4+1) (4+1)
1 caso: é par. Então é múltiplo de 4. Logo, = 12 = 3 , com = 4.
Há duas possibilidades: 3 divide ou 3 divide + 1 (porque 3 divide 3).
Então, = 3 ou = 3 − 1
Substituindo, vem = (4+1) = 3(12+1) = 122 + ou = (3−1)(12−4+1) = 122 − 7 + 1.
¡ 2
3 ¢ 3
2 2
3
Então, 48 + 1 = 48 12 + + 1 = 576 + 48 + 1 = (24 + 1)
¡ ¢ 2
ou 48 + 1 = 48 122 − 7 + 1 + 1 = 5762 − 336 + 49 = (24 − 7)
−3+24+1 −3+24−7
Logo, = 2 ∨= 2 , ou seja, = 12 − 1 ∨ = 12 − 5.
27.2. O JOGO DO DOMINÓ 539
1 2 3 4 5 6 7 8
= 12 − 5 7 19 31 43 55 67 79 91
= 12 − 2 10 22 34 46 58 70 82 94
= 12 − 1 11 23 35 47 59 71 83 95
= 12 + 2 14 26 38 50 62 74 86 98
Podemos fazer um quadro, onde coloquemos o número de peças, ao lado do número máximo
existente nas peças.
1 2 3 4
12 − 5 7 36 19 210 31 528 43 990
12 − 2 10 66 22 276 34 630 46 1128
12 − 1 11 78 23 300 35 666 47 1176
12 + 2 14 120 26 378 38 780 50 1326
E se quisermos que o jogo possa ser para quatro e para seis jogadores?
Para quatro jogadores:
1 2 3 4 5 6 7 8
= 8 − 2 6 14 22 30 38 46 54 62
= 8 − 1 7 15 23 31 39 47 55 63
É claro que podíamos ter utilizado outro número, em vez de 11, mas isso daria mais trabalho a
desenhar. Assim, só tivemos que desenhar o 1 e copiar e colar.
Como alternativa, vamos resolver a questão anterior, usando congruências.
Queremos resolver a congruência quadrática ( + 1) ( + 2) ≡ 0 (mod 12). Ora,
½ 2
+ 3 + 2 ≡ 0 (mod 3)
( + 1) ( + 2) ≡ 0 (mod 12) ⇐⇒
2 + 3 + 2 ≡ 0 (mod 4)
½ 2
≡ 1 (mod 3)
⇐⇒
( + 1) ( + 2) ≡ 0 (mod 4)
Como + 1 e + 2 são inteiros consecutivos, um deles tem de ser ímpar, pelo que o outro tem
de ser múltiplo de 4. ½
≡ ±1 (mod 3)
Então, devemos ter . Logo, temos quatro possibili-
+ 1 ≡ 0 (mod 4) ∨ + 2 ≡ 0 (mod 4)
dades:
½ ½ ½ ½
≡ −1 (mod 3) ≡ 1 (mod 3) ≡ −1 (mod 3) ≡ 1 (mod 3)
∨ ∨ ∨
≡ −1 (mod 4) ≡ −1 (mod 4) ≡ 2 (mod 4) ≡ 2 (mod 4)
½ ½ ½
≡ 7 (mod 3) ≡ 2 (mod 3) ≡ −2 (mod 3)
Então, ≡ −1 (mod 12) ∨ ∨ ∨
≡ 7 (mod 4) ≡ 2 (mod 4) ≡ −2 (mod 4)
Logo, ≡ −1 (mod 12) ∨ ≡ 7 (mod 12) ∨ ≡ 2 (mod 12) ∨ ≡ −2 (mod 12)
E, por fim, = 12 − 1 ∨ = 12 + 7 ∨ = 12 + 2 ∨ = 12 − 2.
Se quisermos harmonizar os valores a atribuir a , podemos considerar = 12 − 1 ∨ =
12 − 5 ∨ = 12 − 10 ∨ = 12 − 2, onde é um número natural.
No entanto, a solução = 2 origina um jogo sem grande interesse, pois só tem seis peças (uma
peça a cada jogador). Então, podemos voltar a considerar = 12 + 2 em vez de = 12 − 10
Note-se que, usandocongruências, não tivemos quase nenhum trabalho, para resolver a questão.
Exemplo 551 Determine o número de peças dum dominó que permita ser jogado por 4, 6 e 8
pessoas (todas as peças são distribuídas e os jogadores recebem o mesmo número de peças.
Resolução
Vamos resolver esta questão, independentemente das resoluções anteriores e vamos usar con-
gruências, para que tudo seja mais fácil.
Suponhamos que a peça com mais pontos tem 2 pontos. Trata-se do "doble", pelo que temos
as peças 0 , 1 , 2 ,..., − 1 , , num total de + 1 peças com .
Seguidamente, teremos as peças − 1 0 , − 1 1 , − 1 2 ,..., − 1 − 1 , não
se considerando a peça − 1 que já foi contada. Nete caso, temos peças. E, de cada vez,
27.2. O JOGO DO DOMINÓ 541
vamos ter menos uma peça do que no caso anterior, pelo que temos uma soma de números naturais,
começando em + 1 e acabando em 1.
P
+1
Então, o número de peças é dado por = (+1)(+2)
2 . Como o mínimo múltiplo comum
=1
entre 4, 6 e 8 é 24, ( + 1) ( + 2) tem
½ de ser múltiplo de 48.
( + 1) ( + 2) ≡ 0 (mod 3)
Como 48 = 24 × 3, devemos ter . Para o módulo 16, e como os
( + 1) ( + 2) ≡ 0 (mod 16)
factores são inteiros consecutivos, ½um deles é ímpar, pelo que o outro tem de ser par, logo tem de
≡ −1 (mod 3) ∨ ≡ −2 (mod 3)
ser múltiplo de 16. Então, temos , pelo que temos quatro
≡ −1 (mod 16) ∨ ≡ −2 (mod 16)
possibilidades.
½ ½ ½ ½
≡ −1 (mod 3) ≡ −1 (mod 3) ≡ −2 (mod 3) ≡ −2 (mod 3)
∨ ∨ ∨
≡ −1 (mod 16) ≡ −2 (mod 16) ≡ −1 (mod 16) ≡ −2 (mod 16)
Exemplo 552 Suponhamos que temos um jogo de dominó, onde as peças estão divididas em
três partes (e não duas), estando em cada uma dessas partes representado um número de 0 a
6. Chamemos a este jogo "tridominó". Determine o número de peças do "tridominó".
Resolução
Esta questão é mais fácil do que pode parecer. Apresentaremos várias resoluções que vão
confirmar-se mutuamente. Numa questão deste género, podemos começar por simplificar o prob-
lema, diminuindo o número de peças (considerando números de 0 a 3, por exemplo) e procurar
perceber o que está envolvido. A primeira vez que pensei nesta questão, nem pensei em diminuir o
número de peças. Limitei-me a pensar o seguinte: No dominó, existem peças que só jogam duma
maneira (o doble seis — ou duplo seis — por exemplo). É claro que num jogo usual, temos uma única
peça com o duplo 6. Mas o mesmo acontece com a peça "seis — cinco". Ninguém coloca na caixa do
jogo a peça "seis — cinco"e a peça "cinco — seis". Isso mostra que os pares ordenados não traduzem
bem a realidade das peças.
Mas, vamos à primeira maneira como resolvi esta questão. Dada uma peça do jogo "Dom-
inó"usual, podemos colocar um "número"entre as duas partes, aumentando a peça. Se as peças
eram assimétricas, continuam assimétricas, pelo que são necessárias no tridominó. Eis uma peça
3 2
do tridominó: 7 +72 = 196
542 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
Na peça 5 — 3, do dominó, está colocada uma nova parte central, no caso, com o número 6. A
peça inicial era assimétrica e a peça obtida também continua sendo, independentemente do número
que seja acrescentado na parte central.
Digamos que a peça da figura anterior corresponde a {(5 6 3) (3 6 5)}. Só que a parte inter-
calada pode ter qualquer número de 0 a 6. Então, obtemos 7 peças a partir da peça inicial 5 — 3.
Ou seja, obtemos as configurações 5 — 0 — 3, 5 — 1 — 3, 5 — 2 — 3, 5 — 3 — 3, 5 — 4 — 3, 5 — 5 — 3, 5 —
6 — 3. E todas estas peças são necessárias (mas não as suas "inversas").
Então, no tridominó, necessitamos de ter 7 × 28 = 196 peças.
A resolução anterior parece-me a mais fácil e tem pormenores que nem deviam ter sido consid-
erados. Só que preferimos adiantar, por causa das resoluções seguintes.
Segunda resolução
No dominó, temos 7 peças simétricas, pelo que no tridominó, teremos 49 peças simétricas (7 ×
7 × 1 = 49).
O número de ternos ordenados (triplas ou triplos) que podemos formar com os números de 0 a 6,
é de 73 = 343. Retirando as peças simétricas, ficamos com 343 − 49 = 294 peças assimétricas, pelo
que cada uma dela pode ser colocada em duas posições. Logo, temos 294 2 = 147 peças assimétricas.
Então o número total de peças é 147 + 49 = 196.
Terceira resolução
Seja = {0 1 2 3 4 5 6} e consideremos 3 = {( ⎧ ∈ }. Defina-se, em 3 , a
) : ⎧
⎨ = ⎨ =
relação binária , do seguinte modo: ( ) ( ) sse = ∨ = .
⎩ ⎩
= =
É relativamente fácil mostrar que a relação é reflexiva, simétrica e transitiva, pelo que se trata
duma relação de equivalência.
© ª
Seja [( )] = ( ) ∈ 3 : ( ) ( ) . Então, [( )] = {( ) ( )},
havendo duas situações distintas. Se = , então [( )] = {( )}, havendo um só elemento
na classe. Se 6= , então [( )] = {( ) ( )}, havendo dois elementos na classe.
O número de elementos da forma ( ) é 49, pelo que temos 49 classes de equivalência com
um só elemento. E o número de elementos da forma ( ), com 6= é 7 × 7 × 6 = 294. Logo,
temos 147 classes de equivalência com dois elementos, pelo que há necessidade de termos 147 peças
assimétricas e 49 peças simétricas.
Logo, o número total de peças é de 196. É claro que esta terceira resolução é uma versão mais
sofisticada da segunda.
Exemplo 553 Suponhamos que temos um jogo de tetradominó, onde as peças estão divididas em
quatro partes, estando em cada uma dessas partes representado um número de 0 a 6. Determine o
número de peças deste jogo.
Resolução
27.2. O JOGO DO DOMINÓ 543
Exemplo 554 Suponhamos que temos um jogo de pentadominó, onde as peças estão divididas em
cinco partes, estando em cada uma dessas partes representado um número de 0 a 6. Determine o
número de peças deste jogo.
Resolução
Número de peças simétricas: ( )
Neste caso, temos 73 = 343 possibilidades (peças).
Restam as posições assimétricas: 75 − 343 = 16 464
Dividindo por 2, obtemos 8232. Logo, precisamos de 8232 + 343 = 8575 = 52 × 73 peças.
Exemplo 555 Suponhamos que temos um jogo de polidominó, onde as peças estão divididas em
2 partes ou em 2 + 1 partes, estando em cada uma dessas partes representado um número de 0
a 6. Determine o número de peças deste jogo.
Resolução
Caso par: peças divididas em 2 partes.
Número de posições simétricas: 7 × 1 = 7
Número de posições assimétricas: 72 − 7
2
Número de peças assimétricas: 7 2−7 = 7 (72 −1)
Número total de peças: 7 (72 −1) + 2×72 = 7 (72 +1)
Para = 1, há 7 (72 +1) = 28 peças (caso do dominó usual).
Para = 2, há 7 (72 +1) = 1225 (caso do tetradominó).
Para = 3, há 7 (72 +1) = 58 996 (caso do hexadominó).
No caso ímpar, o jogo só tem interesse a partir do tridominó:
Com 2 + 1 partes, temos que o número de peças simétricas é dado por 7+1 × 1 = 7+1
2+1
−7+1
Então, temos 7 2 peças assimétricas.
72+1 −7+1 2×7+1 7+1 (7 −1+2) 7+1 (7 +1)
E o número total de peças é 2 + 2 = 2 = 2
7+1 (7 +1)
Para = 1, temos 2 = 196 peças (caso do tridominó).
7+1 (7 +1)
Para = 2, temos 2 = 8575 peças (caso do pentadominó).
7+1 (7 +1)
Para = 3, temos 2 = 412 972 = 22 × 74 × 43 peças (caso do heptadominó).
544 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
7 (7 +1)
Então, podemos afirmar que o número de peças dum 2-dominó é 2 , enquanto o número
7+1 (7 +1)
de peças dum (2 + 1)-dominó é 2 .
Então, podemos definir a sucessão que dá o número de peças dum polidominó por:
(
2 = 7 (72 +1)
+1
2+1 = 7 (7 2
+1)
Exemplo 556 Uma ideia que me ocorreu foi a de considerar dominós do tipo × 2, × 3,..., ×
,... Assim, no caso de peças do tipo 2 × 2, temos peças , com ∈ {0 1 2 3 4 5 6}.
Quantas peças terá este dominó?
Resolução
Se os números forem todos diferentes, cada peça pode ocupar 4 posições diferentes.
Já a peça só ocupa uma posição. Ao rodar um múltiplo de 90 ◦ , acaba por ficar na
mesma. Dito de outro modo, as peças deste tipo têm de ser construídas, enquanto que as peças do
tipo levantam alguns problemas, para que não sejam construídas a dobrar (ou a triplicar
ou a quadriplicar). Eis o exemplo duma mesma peça em 4 posições.
27.2. O JOGO DO DOMINÓ 545
É claro que terá de haver outras peças com os mesmos números 3—4—5—6. O número de tais
peças é de 4!
4 = 3! = 6. Recorde as permutações circulares.
Esta peça é distinta da anterior: se percorrer as faces 3,4,5,6, num caso segue no sentido horário
e no outro caso, segue no sentido anti-horário.
Outra possibilidade:
é sempre a mesma, pelo que só nos interessa ter a peça uma única vez. Consideremos que cada
1 elemento 2 elemento
elemento de 4 é representado do seguinte modo:
4 elemento 3 elemento
4 2
Então, a sequência (4 2 5 1) é representada por . E a sequência, (2 5 1 4) é represen-
1 5
2 5
tada por . Estas duas sequências são diferentes, mas originam a mesma peça de dominó.
4 1
Aliás, há quatro sequências que originam a peça de dominó associada a essas 4 sequências: (4 2 5 1),
(2 5 1 4), (5 1 4 2) e (1 4 2 5).
Então, podemos considerar que a peça de dominó será {(4 2 5 1) (2 5 1 4) (5 1 4 2) (1 4 2 5)}.
É uma maneira um pouco estranha de arranjar uma peça de dominó, pelo que podemos pensar que
são as quatro maneiras como podemos colocar uma peça, assente num plano horizontal e com os
números colocados nas 4 regiões voltados para o observador. De maneira mais sofisticada, podemos
dizer que é uma classe de equivalência relativa a certa equivalência definida em 4 .
⎧Que relação é⎧essa? Dados⎧ dois elementos
⎧ ( ) e ( ) dizemos que ( ) ( )
⎪
⎪ = ⎪
⎪ = ⎪
⎪ = ⎪
⎪ =
⎨ ⎨ ⎨ ⎨
= = = =
se ∨ ∨ ∨ .
⎪
⎪ = ⎪
⎪ = ⎪
⎪ = ⎪
⎪ =
⎩ ⎩ ⎩ ⎩
= = = =
Com maior ou menor dificuldade, demonstra-se que é uma relação de equivalência (reflexiva,
simétrica e transitiva). E a classe de ( ) é {( ) ( ) ( ) ( )}. Então,
todas as classes de equivalência têm quatro elementos? A resposta é NÃO.
Representemos a classe de ( ) por [( )] . Então, [(2 2 2 2)] = {(2 2 2 2)}, mesmo
que se escreva {(2 2 2 2) (2 2 2 2) (2 2 2 2) (2 2 2 2)}.
1. Peças constituídas por 4 números diferentes, como 1, 2, 3, 4: cada peça origina 4 sequências,
pelo que cada classe tem 4 elementos. Como 4! = 24, isso quer dizer que temos seis classes e,
por isso, seis peças.
2. Peças constituídas por 2 números iguais e dois diferentes entre si e diferentes dos que são
1 2 5 6
iguais. Com exemplos, temos e .
2 3 4 4
A primeira peça das duas anteriores corresponde a (1 2 3 2), tendo-se
5 6
No caso , temos [(5 6 4 4)] = {(5 6 4 4) (6 4 4 5) (4 4 5 6) (4 5 6 4)}.
4 4
Em ambos os casos, temos classes com quatro elementos.
1 1
(a) Peças como : [(1 1 4 4)] = {(1 1 4 4) (1 4 4 1) (4 4 1 1) (4 1 1 4)}
4 4
Novamente, tivemos 4 elementos na classe de equivalência:
548 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
1 4
(b) Peças como :
4 1
[(1 4 1 4)] = {(1 4 1 4) (4 1 4 1) (1 4 1 4) (4 1 4 1)} = {(1 4 1 4) (4 1 4 1)}
1 2
4. Peças como : [(1 2 2 2)] = {(1 2 2 2) (2 2 2 1) (2 2 1 2) (2 1 2 2)}
2 2
Novamente, obtivemos classes com quatro elementos.
0 0
5. Resta o caso em que todos os elementos são iguais:
0 0
Agora, [(0 0 0 0)] = {(0 0 0 0)}, pelo que temos 7 classes com um só elemento.
Resumindo: as classes têm quatro elementos, menos nos casos em que temos situações dum de
dois tipos:
1 4 0 0
e
4 1 0 0
Quando, todos os elementos são iguais, há 7 possibilidades e 7 classes com uma sequência.
¡¢
As classes do tipo , com 6= , têm dois elementos e o número dessas classes é 72 = 21.
Logo, temos 28 classes especiais, sendo o número de elementos nessas classes de 2 × 21 + 7 = 49.
Restam 74 − 49 = 2352 sequências que vão formar 2352 4 = 588 classes de equivalência.
Logo, há 588 + 21 + 7 = 616 classes de equivalência, pelo que o número de peças é 616.
Terminamos com uma possibilidade para as primeiras quatro jogadas dum jodo de diminó com
peças do tipo 2 × 2.
Com recurso às tabelas, temos que as quatro jogadas anteriores podem ser representadas da
seguinte maneira:
6 6 6 4 4 6 6 2
6 6 6 3 3 5 5 4
Resolução
Continuamos a considerar que neste dominó, as seis "casas"apresentam um número de 0 a 6.
6 6 6
A peça com mais pontos é a seguinte:
6 6 6
No caso deste jogo, a situação é mais fácil do que no exemplo anterior, porque as classes de
equivalência só contêm uma ou duas sequências. A razão é simples: as rotações de 90 ◦ conduzem
a "outra"peça. Vamos admitir que só podemos formar filas de largura "dois". Ou seja, da seguinte
maneira.
6 6 6 6 1 5 5 6 0
6 6 6 6 3 2 2 4 1
Uma rotação de 90 ◦ de uma peça conduz a uma posição que não acerta com a fila já formada.
E o mesmo acontecia se o jogo fosse do seguinte tipo:
6 6 6 1 1 4
6 6 6 3 3 2
6 6 6 0 0 5
É claro que podemos criar regras que permitam jogar em mais do que uma fila, por exemplo,
da seguinte maneira:
1 0 3
1 0 3
1 0 3
6 6 6
4 3 1 1 3 6 6 6 6 6 1 5 5 6 0
0 3 2 2 0 6 6 6 6 6 3 2 2 4 1
6 6 6
5 2 4
5 2 4
1 0 2
Consideremos que a cada peça, na posição , corresponde a sequência ( ).
Se rodarmos a peça de 180 ◦ , obtemos a posição , pelo que, em princípio, obtemos duas
posições por peça. Mas há casos em que só obtemos uma posição:
, ,
6
⎧ Vamos definir,
⎧ em , uma relação binária do seguinte modo: ( ) ( ) se
⎪
⎪ = ⎪
⎪ =
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪
⎪ = ⎪
⎪ =
⎨ ⎨
= =
∨ .
⎪
⎪ = ⎪
⎪ =
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪
⎪ = ⎪
⎪ =
⎩ ⎩
= =
550 CAPÍTULO 27. ANÁLISE COMBINATÓRIA
⎧
⎪
⎪
⎨
Repare no seguinte esquema:
⎪
⎪
⎩
Quais as peças que só correspondem a uma posição?
Para começar, aquelas em que todos os seis números são iguais. Mas, também, aquelas do tipo
. E não mais peças que correspondam a uma só posição. Então, só temos que contar as
várias possibilidades: 7 × 7 × 7 = 343.
Cuidado com a tentação de considerar a metade superior como uma peça de tridominó! As peças
e são iguais, enquanto as peças e são diferentes.
Então, temos que o número de peças é dado por
76 − 73 76 + 73
+ 73 = = 58 996
2 2
Não parece boa ideia jogar este dominó: para quatro jogadores, temos 14 749 peças a cada um!
E qual o número total de pontos?
Questão fácil: em cada uma das seis partes do dominó, temos um número de 0 a 6. A média é
3, pelo que a média de pontos por peça é 18. Logo, temos 58 996 × 18 = 1061 928 pontos.
Capítulo 28
Probabilidades
E os 16 acontecimentos são:
551
552 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Definição 558 A probabilidade dum acontecimento é o quociente entre o número de casos fa-
voráveis e o número de casos possíveis, quando os casos possíveis são equiprováveis.
No exemplo anterior vimos que a probabilidade de sairem faces iguais num lançamento de duas
moedas era 14 .
Os casos favoráveis são ( ) e ( ), enquanto que os casos possíveis são ( ), ( ),
( ) e ( ), pelo que a probabilidade é 24 = 12 .
Se considerarmos o lançamento de dois dados, temos 36 casos possíveis, como podemos ver na
seguinte tabela de dupla entrada:
1 2 3 4 5 6
1 (1 1) (1 2) (1 3) (1 4) (1 5) (1 6)
2 (2 1) (2 2) (2 3) (2 4) (2 5) (2 6)
3 (3 1) (3 2) (3 3) (3 4) (3 5) (3 6)
4 (4 1) (4 2) (4 3) (4 4) (4 5) (4 6)
5 (5 1) (5 2) (5 3) (5 4) (5 5) (5 6)
6 (6 1) (6 2) (6 3) (6 4) (6 5) (6 6)
Exemplo 559 Considere o lançamento simultâneo de três dados (numerados de 1 a 6). Qual o
acontecimento mais provável, sair soma 11 ou sair soma 12?
Resolução
Maneiras de obter soma 11:
1 + 4 + 6, que corresponde a 6 maneiras diferentes;
1 + 5 + 5, que corresponde a 3 maneiras diferentes;
2 + 3 + 6, que corresponde a 6 maneiras diferentes;
553
Exemplo 560 Considere o lançamento simultâneo de três dados (numerados de 1 a 6). Qual o
acontecimento mais provável, sair soma 9 ou sair soma 10?
Resolução
Maneiras de obter soma 9:
1 + 2 + 6, que corresponde a 6 maneiras diferentes;
1 + 3 + 5, que corresponde a 6 maneiras diferentes;
1 + 4 + 4, que corresponde a 3 maneiras diferentes;
2 + 2 + 5, que corresponde a 3 maneiras diferentes;
2 + 3 + 4, que corresponde a 6 maneiras diferentes;
3 + 3 + 3, que corresponde a 1 maneira;
Logo, há 25 maneiras diferentes de obter soma 9.
Maneiras de obter soma 10:
1 + 3 + 6, que corresponde a 6 maneiras diferentes;
1 + 4 + 5, que corresponde a 6 maneiras diferentes;
2 + 2 + 6, que corresponde a 3 maneiras diferentes;
2 + 3 + 5, que corresponde a 6 maneiras diferentes;
2 + 4 + 4, que corresponde a 3 maneiras diferentes;
3 + 3 + 4, que corresponde a 3 maneiras diferentes;
Logo, há 27 maneiras diferentes de obter soma 10.
O número de casos possíveis é 6 × 6 × 6 = 216, sendo que todos estes casos são equiprováveis.
25
Então, a probabilidade de obter soma 9 é 216 , enquanto que a probabilidade de obter soma 10
27
é 216 .
Logo, é mais provável obter soma 10 do que obter soma 9.
Comparando com o exemplo anterior, vemos que obter soma 10 tem a mesma probabilidade do
que obter soma 11, o mesmo acontecendo com as somas 9 e 12.
Exemplo 561 Considere uma urna onde estão colocadas 4 bolas brancas e 6 bolas verdes, todas
idênticas, exceptuando a cor. Tira-se, ao acaso, 3 bolas da urna. Qual a probabilidade de sairem 2
bolas brancas e uma bola verde?
554 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Resolução
Maneiras de sairem 2 bolas brancas e uma bola verde:
µ ¶ µ ¶
4 6
× = 6 × 6 = 36
2 1
4×3×6 1
( ) = =
10 × 9 × 8 10
4×3×6 1
Analogamente, ( ) = ( ) = 10×9×8 = 10 , pelo que a probabilidade pretendida é
1 3
10 × 3 = 10 .
Exemplo 562 Ainda a regra de Laplace Seja Ω um espaço amostral finito, com todos os casos
equiprováveis. Sejam ⊆ Ω. Então:
a) (∅) = 0
b) (Ω) = 1
¡ ¢
c) = 1 − ()
d) ( ∪ ) = () + () − ( ∩ )
Demonstração
Suponhamos que #Ω = .
#∅ 0
a) (∅) = = =0
#Ω
b) (Ω) = = =1
¡ ¢ −
c) Seja = #. Então, = = − =1− = 1 − ()
#(∪) #+#−#(∩) # # #(∩)
d) ( ∪ ) = = = + − = () + () − ( ∩ )
Note-se que, no caso dos conjuntos e serem disjuntos, temos ( ∪ ) = () + ().
Finalmente, note-se que algumas das propriedades anteriores serão, mais adiante, utilizadas na
definição axiomática de probabilidade.
A resposta 3×4 3 4
7×6 = 7 × 6 pode ser interpretada da seguinte maneira:
3 4
7 é a probabilidade da primeira bola ser branca e 6 é a probabilidade da segunda bola ser azul,
supondo que a primeira bola foi branca.
Simbolicamente, temos ( ∩ ) = () × ( | ), onde ( | ) significa a probabilidade
de ocorrer o acontecimento , supondo que ocorreu o acontecimento .
Note-se que, ∩ = ∩ , pelo que ( ∩ ) = () × ( | ).
Das igualdades anteriores, vem ( | ) = (∩) (∩)
() , com () 6= 0 e ( | ) = () , com
() 6= 0.
Exemplo 564 O diagrama da árvore Suponhamos que temos uma urna com 3 bolas brancas e
4 bolas azuis. Retira-se uma bola e, depois, outra. Qual a probabilidade da segunda bola ser branca?
3 1 4 1 1 2
Então, a probabilidade da segunda bola ser branca é 7 × 3 + 7 × 2 = 7 + 7 = 37 .
Exemplo 565 Ainda o diagrama da árvore Suponhamos que temos duas urnas e que em cada
urna, há 3 bolas brancas e 2 bolas pretas. Retiramos uma bola, ao acaso, da urna 1 e, depois de
verificarmos a cor da bola, colocamo-la na urna 2. Em seguida, retiramos uma outra bola, de acordo
com a seguinte regra:
Se a primeira bola tiver sido branca, retiramos a segunda bola da urna 1; se a primeira bola
tiver sido preta, retiramos a segunda bola da urna 2.
2. Sabendo que a segunda bola foi branca, qual a probabilidade dessa bola ter sido retirada da
urna 1?
Resolução
556 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
1/2 3/10
3/5 P
U1 1/2
3/10
2/10
1/2
2/5 U2
B
1/2
2/10
3 2
1. A probabilidade da segunda bola ser branca é, de acordo com o diagrama anterior, 10 + 10 ,
ou seja, 12 .
2. Representando por 2 o acontecimento "a segunda bola é branca"e por 1 "a segunda bola é
retirada da urna 1", pretendemos calcular a probabilidade condicionada (1 | 2 ). Então,
(1 ∩ 2 ) (1 ) × (2 | 1 ) 3 1 3
(1 | 2 ) = = 1 =2× × =
(2 ) 2
5 2 5
Exemplo 566 Tabela de distribuição de probabilidades (1) Considere uma urna com 7 bolas
idênticas, sendo 3 brancas e 4 pretas. Da urna, são extraídas, simultaneamente e ao acaso, três
bolas. Por cada bola branca extraída, colocamos 1 euro no mealheiro do Rui e, por cada bola preta
extraída, colocamos 50 cêntimos no mesmo mealheiro. Seja , o valor, em euros, colocado no
mealheiro. Construa a tabela de distribuição de probabilidades da variável aleatória .
Resolução
(33) 1 1
A probabilidade de extrair três bolas brancas é = 7×6×5 =
(73) 3×2×1
35
(32)×(41) 12
A probabilidade de extrair duas bolas brancas e uma preta é = 7×6×5 = 12
(73) 3×2×1
35
(31)×(42) 3×6 18
A probabilidade de extrair uma bola branca e duas pretas é = 7×6×5 = 35
(73) 3×2×1
(43) 4 4
A probabilidade de extrair três bolas pretas é 7 = 7×6×5 = 35
(3) 3×2×1
No primeiro caso (três bolas brancas), temos = 3.
No segundo caso, temos = 2 50.
No terceiro caso, temos = 2.
No quarto caso, temos = 1 50.
A tabela de distribuição de probabilidades da variável aleatória é:
1 50 2 2 50 3
4 18 12 1
( = ) 35 35 35 35
557
Exemplo 567 Tabela de distribuição de probabilidades (2) Considere uma urna com 5 bolas
idênticas, sendo 3 brancas e 2 pretas. Da urna, são extraídas, simultaneamente e ao acaso, três
bolas. Por cada bola branca extraída, colocamos 1 euro no mealheiro do Rui e, por cada bola preta
extraída, colocamos 50 cêntimos no mesmo mealheiro. Seja , o valor, em euros, colocado no
mealheiro. Construa a tabela de distribuição de probabilidades da variável aleatória .
Resolução
(33) 1 1
A probabilidade de extrair três bolas brancas é = 5×4×3 = 10 , sendo = 3.
(53) 3×2×1
(32)×(21) 6
A probabilidade de extrair duas bolas brancas e uma preta é = 10 = 35 , sendo = 2 50.
(53)
(3)×(2) 3
A probabilidade de extrair uma bola branca e duas pretas é 1 5 2 = 10 , sendo = 2.
(3)
A tabela de distribuição de probabilidades da variável aleatória é:
2 2 50 3
3 3 1
( = ) 10 5 10
Exercício 568 Considere o lançamento dum dado equilibrado. Seja a variável aleatória "número
da face que fica voltada para cima". Construa a tabela de distribuição de probabilidade da variável
e determine o valor médio, a variância e o desvio padrão de .
Resolução
Tabela de distribuição de probabilidade da variável :
1 2 3 4 5 6
1 1 1 1 1 1
( = ) 6 6 6 6 6 6
Exercício 569 Simplifique a expressão que dá a variância, a partir das frequências relativas ou
das probabilidades.
Resolução
Consideremos uma variável aleatória que toma os valores com as probabilidades , para
= 1 2 .
X
Então, = . Da definição de variância vem
=1
X
X
¡ ¢ X ¡ 2 ¢
2 = ( − )2 = 2 − 2 + 2 = − 2 + 2
=1 =1 =1
X
X
X
X
= 2 − 2 + 2 = 2 − 2 × + 2 × 1
=1 =1 =1 =1
X
X
= 2 − 22 + 2 = 2 − 2
=1 =1
Então, no exercício anterior, o cálculo da variância podia ser efectuado da seguinte maneira:
µ ¶2
1 1 1 1 1 1 7
2 = × 12 + × 22 + × 32 + × 42 + × 52 + × 62 −
6 6 6 6 6 6 2
1 49 1 49
= × (1 + 4 + 9 + 16 + 25 + 36) − = × 91 −
6 4 6 4
182 − 147 35
= =
12 12
Exercício 570 Simplifique a expressão que dá a variância, a partir das frequências absolutas.
Resolução
Consideremos uma variável aleatória que toma os valores com as frequências absolutas ,
para = 1 2 .
X X
X
Então, = =1 X = =1
, com = . O problema é que há duas definições de
=1
=1
variância que são utilizadas com alguma frequência:
X X
( −)2
É claro que 2 −1 = =1
× −1 = −1 × 2 .
559
Então,
X
X
X
¡ ¢ ¡ ¢
( − )2 2 − 2 + 2 2 − 2 + 2
=1 =1 =1
2 = = =
X
X
X
X
2 2
=1 =1 2 =1 =1
= − 2 + = − 2 × + 2 × 1
X
X
2 2
=1 =1
= − 22 + 2 = − 2
⎛ ⎞
X
⎜ 2 ⎟
⎜ =1 ⎟
Logo, 2 −1 = −1 × 2 = −1 ⎜ − 2 ⎟.
⎝ ⎠
Valor médio:
1 1 1 1
= ×1+ ×2+ ×3+ ×4
6 2 6 6
1 1 2 1+6+3+4 14 7
= +1+ + = = =
6 2 3 6 6 3
Variância:
µ ¶2
2 1 2 1 2 1 2 1 2 7
= ×1 + ×2 + ×3 + ×4 −
6 2 6 6 3
1 9 16 49 3 + 36 + 27 + 48 − 98 16 8
= +2+ + − = = =
6 6 6 9 18 18 9
560 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
√
Desvio padrão: = 2 3 2 .
Observe-se que, no caso, das frequências relativas, apenas há uma definição de variância (e de
desvio padrão), pelo que é preciso algum cuidado, antes de transformar frequências absolutas em
frequências relativas: podemos fazê-lo, se quisermos calcular , mas, se quisermos calcular −1 ,
temos de calcular e depois calcular −1 , usando a fórmula que relaciona −1 Com .
Exemplo 572 O Totobola Suponhamos que o Totobola é constituído por 13 jogos. Qual a
probabilidade de acertar em 13 resultados, quando se faz uma única aposta?
1
A resposta é 313 = 6 272 254 744 × 10−7 . Se tivermos apostas diferentes, a probabilidade será
313 .
Exemplo 573 O Totoloto é um jogo no qual se pretende acertar em 6 números, os quais são
sorteados entre 49 (de1 a 49). Qual a probabilidade de acertar nos 6 números sorteados, quando se
faz uma única aposta?
1
A resposta é: ≈ 7 151 123 842 × 10−8
(49
6)
Esta probabilidade é cerca de 8 77 vezes inferior à probabilidade de acertar no Totobola (uma
única aposta em ambos os casos).
Exemplo 574 O Euromilhões Este jogo consiste em acertar em cinco números sorteados entre
50 (de 1 a 50) e em duas estrelas numeradas de 1 a 9. Qual a probabilidade de acertar nos 7
números sorteados, quando se faz uma única aposta?
A resposta é:
1 1 45! × 5! × 7! × 2! 5×4×3×2×1×2×1
µ ¶×µ ¶ = =
50 9 50! × 9! 50 × 49 × 48 × 47 × 46 × 9 × 8
5 2
1 1
= =
10 × 49 × 8 × 47 × 46 × 9 76 275 360
Esta probabilidade é cerca de 47,8 vezes inferior à probabilidade de acertar no Totobola de 13
jogos e cerca de 5 45 vezes inferior à probabilidade de acertar no Totoloto (uma única aposta em
todos os casos). µ ¶ µ ¶
50 9
Note-se que × é o número (máximo) de apostas diferentes que podem ser feitas no
5 2
Euromilhões.
Exemplo 575 Mais sobre o Euromilhões Determine a probabilidade de, numa única aposta,
acertar:
5. em 4 números e 1 estrela
6. em 4 números e nenhuma estrela
7. em 3 números e 2 estrelas
8. em 3 números e 1 estrela
9. em 3 números e nenhuma estrela
10. em 2 números e 2 estrelas
11. em 2 números e 1 estrela
12. em 2 números e nenhuma estrela
13. em 1 número e 2 estrelas
14. em 1 número e 1 estrela
15. em 1 número e nenhuma estrela
16. em nehum número e 2 estrelas
17. em nehum número e 1 estrela
18. em nehum número e nenhuma estrela
Resolução
1
1. (5 2) = 76 275 360 , conforme verificado no exercício anterior.
(55)×(21)×(71) 14 1
2. (5 1) = 76 275 360 = 76 275 360 = 5448 240
(55)×(72) 21 1
3. (5 0) = 76 275 360 = 76 275 360 = 3632 160
(54)×(45 2
1 )×(2) 225 5
4. (4 2) = 76 275 360 = 76 275 360 = 1695 008
(54)×(45 2 7
1 )×(1)×(1) 3150 5
5. (4 1) = 76 275 360 = 76 275 360 = 121 072
(54)×(45 7
1 )×(2) 4725 15
6. (4 0) = 76 275 360 = 76 275 360 = 242 144
(53)×(45 2
2 )×(2) 9900 55
7. (3 2) = 76 275 360 = 76 275 360 = 423 752
(53)×(45 2 7
2 )×(1)×(1) 138 600 55
8. (3 1) = 76 275 360 = 76 275 360 = 30 268
(53)×(45 7
2 )×(2) 207 900 165
9. (3 0) = 76 275 360 = 76 275 360 = 60 536
(52)×(45 2
3 )×(2) 141 900 2365
10. (2 2) = 76 275 360 = 76 275 360 = 1271 256
Observemos que, neste ponto, se verifica uma irregularidade, pois a probabilidade é inferior
à do caso anterior.
562 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
(52)×(45 2 7
3 )×(1)×(1) 1986 600 2365
11. (2 1) = 76 275 360 = 76 275 360 = 90 804
(52)×(45 7
3 )×(2) 2979 900 2365
12. (2 0) = 76 275 360 = 76 275 360 = 60 536
(51)×(45 2
4 )×(2) 744 975 2365
13. (1 2) = 76 275 360 = 76 275 360 = 242 144
(51)×(45 2 7
4 )×(1)×(1) 10 429 650 2365
14. (1 1) = 76 275 360 = 76 275 360 = 17 296
(51)×(45 7
4 )×(2) 15 644 475 7095
15. (1 0) = 76 275 360 = 76 275 360 = 34 592
(45 2
5 )×(2) 1221 759
16. (0 2) = 76 275 360 = 76 275 360
(45 2 7
5 )×(1)×(1) 17 104 626 19 393
17. (0 1) = 76 275 360 = 76 275 360 = 86 480
(45 7
5 )×(2) 25 656 939 58 179
18. (0 0) = 76 275 360 = 76 275 360 = 172 960
No jogo real, apenas há os primeiros 12 prémios e, caso extraordinário, o 12 prémio está mal
atribuído, uma vez que as apostas premiadas são as que acertam em 2 números e 1 estrela, quando
deviam ser as que acertam em zero números e 2 estrelas.
Este facto insólito levou a uma revisão de todos os cálculos e raciocínios anteriores, para ver se
havia algum lapso, mas tal não acontece.
O erro (?) é dos organizadores do concurso Euromilhões. Até na Europa...
Exemplo 576 Indecisão no restaurante (*) O João vai a um restaurante e está indeciso sobre
qual a ementa a escolher, pelo que resolve escolher ao acaso a entrada, o prato e a sobremesa.
A bebida é grátis. Pode escolher uma de 2 entradas as quais custam 2,25 Euro e 3,00 Euro,
respectivamente, um de 3 pratos a 5,00 Euro, 5,50 Euro, e 6,25 Euro, cada um e, ainda, uma de
2 sobremesas a 1,25 Euro e 1,50 Euro. Qual a probabilidade de 9,50 Euro chegarem para pagar a
refeição?
563
Resolução
Consideremos o seguinte diagrama em árvore, no qual estão indicados os preços das várias
refeições possíveis.
2,25 3,00
1,25 1,50 1,25 1,50 1,25 1,50 1,25 1,50 1,25 1,50 1,25 1,50
8,50 8,75 9,00 9,25 9,75 10,00 9,25 9,50 9,75 10,00 10,50 10,75
Podemos ver que há 6 casos em que o preço não excede 9,50C =, num total de 12 casos possíveis
e igualmente prováveis.
Então, a probabilidade do preço da refeição não exceder 9,50 é de 12 .
Exemplo 577 Consideremos um jogo que consiste em atirar consecutivamente uma moeda ao ar e
verificar se sai cara ou coroa. Cada jogador termina a sua participação, quando sair a mesma face
da moeda, duas vezes consecutivas. Ganha quem tiver lançado mais vezes a moeda ao ar. Qual a
distribuição de probabilidade?
Resolução
Seja a variável "número de vezes que dado jogador lança a moeda ao ar, até que uma das
faces saia duas vezes consecutivas".
O menor valor de é 2, não havendo valor máximo para .
( = 2) = (cara, cara) + (coroa, coroa) = 12 × 12 + 12 × 12 = 12
( = 3) = (coroa, cara, cara) + (cara,coroa,coroa) = 12 × 12 × 12 + 12 × 12 × 12 = 14
¡ ¢4
( = 4) = (cara, coroa, cara, cara) + (coroa, cara,coroa,coroa) = 2 × 12 = 18
Antes de continuarmos, vamos prestar atenção à situação. O jogo termina, quando sair a mesma
face da moeda, duas vezes consecutivas, pelo que em todos os lançamentos anteriores a esses dois,
sai alternadamente cara e coroa (ou coroa e cara).
¡ ¢ ¡ ¢+1 ¡ ¢−1
Então, ( = + 2) = 2 × 12 × 14 = 12 . É claro que ( = ) = 12 .
Logo, temos uma progressão geométrica de razão 12 e cujo "primeiro termo"é 14 .
1
1 1 1 1 1− 219 1 2
Então, ( ≤ 20) = 2 + 4 + ··· + 219 = 2 × 1 =1− 219 = 1 − 220
2
1
1 1 1 1 1− −1 1 2
No caso geral, temos ( ≤ ) = 2 + 4 + ··· + 2−1 = 2 ×
2
1 =1 − 2−1 =1− 2
2
564 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Note-se que o jogo pode prolongar-se indefinidamente, tendo-se que a probabilidade disso acon-
tecer é zero, uma vez que ( ) = 22 , cujo limite é zero.
Exemplo 578 Consideremos um jogo análogo ao anterior, mas em que temos um cubo (dado)
equilibrado, onde quatro faces foram pintadas de branco e duas faces foram pintadas de vermelho.
Lançamos consecutivamente o dado até que saia a mesma cor duas vezes consecutivas, contando-se
o número de lançamentos, . Qual a distribuição de probabilidade da variável ?
Resolução
Representando branco por e vermelho por , temos:
( = 2) = ( ) + ( ) = 46 × 46 + 26 × 26 = 59
( = 3) = ( ) + ( ) = 13 × 23 × 23 + 23 × 13 × 13 = 29
Agora, a situação já parece mais complicada do que no caso do lançamento da moeda (exemplo
anterior).
Para já, representemos ( = ) = e separemos o caso par do caso ímpar.
Caso par
⎧
⎪
⎪ 2 = ( = 2) = 59
⎪
⎪ 4 = ( ) + ( ) = 23 × 13 × 23 × 23 + 13 × 23 × 13 × 13 = 29 × 59
⎪
⎪
⎨ = ( ) + ( ) = ¡ 2 × 1 ¢2 × 2 × 2 + ¡ 1 × 2 ¢2 × 1 × 1
⎪
6
¡ ¢2 ¡ ¢ ¡ ¢2 3 3 3 3 3 3 3 3
⎪
⎪ = 29 × 23 × 23 + 13 × 13 = 29 × 59
⎪
⎪ ¡ ¢
1 3
¡ 1 2 ¢3 1 1 ¡ 2 ¢3 5
⎪
⎪ 8 = 23 × 2 2
⎪
⎩ ¡ 23 1×¢3 × 23 + 2 3 ס 13 2×¢3 × 13 = 1 9 ¡ × ¢9
2+2 = 3 × 3 × 3 × 3 + 3 × 3 × 3 × 3 = 29 × 59
¡ ¢−1 2 ¡1 ¢
2 −1
¡ 2 ¢−1
Podemos optar por escolher 2 = 23 × 13 ×3× 2
3 + 3 × 3 × 1
3 × 1
3 = 9 × 5
9
É claro que se trata duma progressão geométrica.
Caso ímpar
⎧
⎪ 3 = ( = 3) = 29
⎪
⎨ ¡ ¢2 ¡ ¢2 ¡ 2 ¢2
5 = ( ) + ( ) = 13 × 23 × 23 + 23 × 13 × 1
= 4
=
¡ 1 2 ¢3 2 ¡ 2 1 ¢3 1 ¡ ¢
2 3
3 81 9
⎪ 8
⎩ 7 = 3 ×
⎪ ¡ 13 2×¢3 + 2 3 ס 23 1×¢3 = 1729 ¡=1 9 2 ¢ ¡ 2 1 ¢ ¡ 2 ¢
2+1 = 3 × 3 × 3 + 3 × 3 × 3 = 3 × 3 3 + 3 = 9
P
10 ¡ 2 ¢−1 1−( 29 )
10 ³ ¡ ¢10 ´
5 5 5
Nos casos pares, temos 9 × 9 = 9 × 1− 29
= 7 1 − 29 = 2490 559 555
3486 784 401
=1
110 691 422
Então, ( ≤ 20) = + 2490
387 420 489
559 555
3486 784 401 = 0 999 999 412 6
Observação 1
É claro que podemos pensar no caso em que o cubo tem 5 faces brancas e uma face vermelha.
Neste caso, temos, para os termos de ordem par:
Para os termos de ordem ímpar:
Vejamos uma maneira de raciocinarmos:
Um caso par : há duas possibilidades
Um caso ímpar : há duas possibilidades
Neste caso, podemos verificar que as "letras"alternam, menos a última (que é igual à penúltima).
Em termos de probabilidades, temos
Observação 2
Relativamente a este exemplo (acabado de resolver), podemos colocar três questões:
1. Qual a probabilidade da variável ser um número par?
2. Qual a probabilidade da variável ser um número ímpar?
3. Os dois acontecimentos anteriores são complementares?
É claro que não pode ser , pelo que tem de ser . Então, temos , havendo duas
hipóteses para . Logo, temos duas maneiras distintas: e .
¡ ¢5
Então, o número total de possibilidades é 4, pelo que 5 = ( = 5) = 4 × 12 = 213
Cálculo de 6 :
Se terminarmos com , falta colocar três letras. Ora, 3 = 1 + 1 + 1 = 1 + 2 = 2 + 1.
E vamos ter as seguintes possibilidades (para as seis letras): , e .
¡ ¢6
No total, teremos seis casos, pelo que 6 = ( = 6) = 6 × 12 = 235 .
Passemos ao cálculo de 7 = ( = 7). Consideremos o caso em que as três últimas letras são
. Então, falta colocar quatro letras, antes do bloco .
Ora, 4 = 1 + 1 + 1 + 1 = 1 + 1 + 2 = 2 + 2. O caso 1 + 1 + 1 + 1 corresponde a colocar as quatro
letras (iniciais) da seguinte maneira: .
O caso 2 + 2 corresponde a . Falta o caso mais complicado: 4 = 1 + 1 + 2. Há três
possibilidades, uma vez que 4 = 1 + 1 + 2 = 1 + 2 + 1 = 2 + 1 + 1.
E os blocos de quatro letras correspondentes são , e .
Então, temos as seguintes possibilidades terminadas em :
⎧
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
É claro que temos mais cinco possibilidades (correspondentes aos casos em que a sequência
termina em ).
¡ ¢7
Logo, há 10 casos, pelo que 7 = ( = 7) = 10 × 12 = 256 .
Quando cheguei a este ponto, fiquei um pouco preocupado: não descobria nenhuma maneira de
calcular , a não ser decompondo − 3 em parcelas que só podem ser 1 ou 2.
Tentei separar o caso par do caso ímpar, mas não vou fazer isso.
Calculemos 8 :
Vamos ter que decompor 5 em parcelas. Ora, continuando a supor que a sequência termina em
, temos 5 = 1 + 1 + 1 + 1 + 1 = 1 + 1 + 1 + 2 = 1 + 2 + 2
É claro que há um caso para as cinco parcelas, quatro casos para as quatro parcelas e três casos
para as três parcelas.
Vamos escrever as primeiras cinco letras dos oito casos:
⎧
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
¡ 1 ¢8 1
No total, temos 16 casos, pelo que 8 = ( = 8) = 16 × 2 = 24 .
Calculemos 9 :
567
Vamos continuar a supor que a sequência termina em . Agora, vamos decompor 6 em
parcelas. Então, ⎧
⎪
⎪ 6=1+1+1+1+1+1
⎨
6=1+1+1+1+2
⎪
⎪ 6=1+1+2+2
⎩
6=2+2+2
A primeira igualdade, da lista anterior, corresponde a um caso; a segunda igualdade, corresponde
a 5 casos, a terceira corresponde a 6 casos e a quarta igualdade corresponde a um só caso. Note-se
¡¢ ¡ ¢9
que 42 = 6. No total, temos 2× (1+5+6+1) = 26 casos, pelo que 9 = ( = 9) = 26× 12 = 13 28 .
Ainda calculei 10 , antes de ter saltado para 23 . Deixo aqui o resultado de 10 :
µ ¶9
1 21
10 = ( = 10) = 26 × = 9
2 2
Para calcular 23 , é preciso decompor 20 em parcelas. Para facilitar, vamos usar multiplicações:
por exemplo, em vez de 2 + 2 + 2 + 2 + 2 escrevemos 5 × 2.
20 = 20 × 1 = 20 20 = 18 × 1 + 1 × 2, 20 = 16 × 1 + 2 × 2 20 = 14 × 1 + 3 × 2
20 = 12 × 1 + 4 × 2, 20 = 10 × 1 + 5 × 2, 20 = 8 × 1 + 6 × 2
20 = 6 × 1 + 7 × 2, 20 = 4 × 1 + 8 × 2, 20 = 2 × 1 + 9 × 2, 20 = 10 × 2
Para 20 = 20 × 1, temos 1 maneira ¡ ¢ (acabando em )
Para 20 = 18 × 1 + 1 × 2, temos 19 maneiras
¡1 ¢
Para, 20 = 16 × 1 + 2 × 2, temos 18 2 ¢ = 153 maneiras
¡17
Para, 20 = 14 × 1 + 3 × 2, temos 3 = 680 maneiras
E já descobrimos a regra! ¡ ¢
Para, 20 = 12 × 1 + 4 × 2, temos 16 = 1820 maneiras
¡4¢
Para, 20 = 10 × 1 + 5 × 2, temos 15 = 3003 maneiras
¡145¢
Para, 20 = 8 × 1 + 6 × 2, temos 6 = 3003 maneiras
¡ ¢
Para, 20 = 6 × 1 + 7 × 2, temos 13 = 1716 maneiras
¡7¢
Para, 20 = 4 × 1 + 8 × 2, temos 12 8 ¢ = 495 maneiras
¡11
Para, 20 = 2 × 1 + 9 × 2, temos 9 = 55 maneiras
¡ ¢
Para, 20 = 10 × 2, temos 10 10 = 1 maneira
O número total de casos (terminando em ) é:
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10
+ + + + + + + + + +
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10 ¡
P ¢
20−
Neste ponto, centrei a minha atenção no triângulo de Pascal e em .
=0
É claro que não pretendia chegar à linha (de 23), pelo que imaginei uma situação mais simples
(por causa do espaço).
5 µ
X ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
10 − 10 9 8 7 6 5
= = + + + + +
0 1 2 3 4 5
=0
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1
1 8 28 56 70 56 28 8 1
1 9 36 84 126 126 84 36 9 1
1 10 45 120 210 252 210 120 45 10 1
1 11 55 165 330 462 462 330 165 55 11 1
1 12 66 220 495 792 924 792 495 220 66 12 1
Para calcular, a soma anterior, o melhor é calcular cada parcela e somar o resultado:
Então, = 1 + 9 + 28 + 35 + 15 + 1 = 89. Repare que as parcelas estão numa "diagonal"do
triângulo de Pascal.
É claro que nem liguei ao caso ímpar, pois pretendia descobrir alguma maneira de calcular a
soma anterior, sem ser parcela a parcela.
E descobri algumas coisas. Por exemplo,
= 1 + 9 + 28 + 35 + 15 + 1 = (1 + 8 + 21 + 20 + 5) + (1 + 7 + 15 + 10 + 1)
Mas, isso não me satisfez, pois pareceu-me que tinha a ver com o facto dum elemento duma linha
ser a soma de dois elementos da linha anterior, pelo que a demonstração devia ser fácil. Depois,
resolvi calcular as somas das várias "diagonais":
E, claro, lá estava ela, a sucessão de Fibonacci. E fiquei com o problema resolvido. Por um lado,
existe o termo geral da sucessão que eu pretendia; por outro lado, esse termo geral não é muito
manipulável para fazer cálculos, porque envolve potências do número de ouro.
Entretanto, eu tinha descoberto outras coisas, ao olhar para o triângulo de Pascal (ainda antes
de resolver calcular a soma das várias "diagonais").
Por exemplo, o resultado 89 pode ser decomposto em 89 = 82 + 52 .
Na diagonal anterior, temos 1 + 8 + 21 + 20 + 5 = 55, valor este que não pode decompor-se numa
soma de quadrados.
Passei ao anterior 1 + 7 + 15 + 10 + 1 = 34 = 52 + 32 , pelo que pensei nos casos pares e nos casos
ímpares. Além disso, comecei a olhar para as expressões 82 + 52 e 52 + 32 .
As bases são números de Fibonacci.
569
1 + 5 + 6 + 1 = 13 = 32 + 22
1 + 3 + 1 = 5 = 22 + 12
Então, o valor da soma é um termo da sucessão de Fibonacci, mas esses termos aparecem
alternadamente. Contrariamente às bases que aparecem pela ordem habitual.
Quanto às diagonais que só têm um 1, há algo de interessante:
⎧
⎪
⎪ 1 + 2 = 3 = 22 − 12
⎪
⎪
⎨ 1 + 4 + 3 = 8 = 32 − 12
1 + 6 + 10 + 4 = 21 = 52 − 22
⎪
⎪
⎪
⎪ 1 + 8 + 21 + 20 + 5 = 55 = 82 − 32
⎩ ¡11¢ ¡10¢ ¡9¢ ¡8¢ ¡7¢ ¡6¢ 2 2 2 2
0 + 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 144 = 13 − 5 = 7 − 5
¡
P ¢ ¡
P ¢
2+1− 2 2−
Então, parece que = +2 −2 . No caso anterior, teremos
2
= +1 +2 .
=0 =0
Note-se que a outra representação do Triângulo de Pascal não é adequada à presente situação.
Nesta altura, convenci-me que o caso par devia ser tratado separado do caso ímpar, embora não
imaginasse se isso seria verdade ou não.
Mas, resolvi deixar em paz as probabilidades e só olhava para o Triângulo de Pascal e para as
"diagonais".
Se somarmos os elementos das tais diagonais, temos a seguinte sucessão
Ou seja, a sucessão de Fibonacci. Já há muitos anos que conheço a sucessão de Fibonacci, mas
não tenho ideia de ter interpretado os seus termos como somas de elementos do triângulo de Pascal.
Até porque não é costume apresentar o Triângulo de Pascal com o anterior.
Resolvida a questão do caso em que o jogo termina, quando sair três vezes a mesma face, pensei
no caso em que o jogo só termina, quando sair quatro vezes a mesma face.
A minha primeira ideia foi: será que obtemos a sucessão de Tribonacci?
De qualquer modo, antes de passarmos à sucessão de Tribonacci, vamos fazer uma demonstração.
Consideremos¡ a¢ sucessão que¡ ¢dá a somas das
¡ ¢ "diagonais"do
¡¢ triângulo de
¡ ¢Pascal:
¡¢
Sejam 0 = 00 = 1, 1 = 10 = 1, 2 = 20 + 11 = 1 + 1 = 2, 3 = 30 + 21 = 1 + 2 = 3
Estamos a obter os termos da sucessão de Fibonacci, embora com uma pequena nuance: os
índices diferem de uma unidade.
Vejamos que +2 = +1 + .
570 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Exercício 580 Mostre que 2+2 = 2+1 + 2 e que 2+3 = 2+2 + 2+1 , para todo o
número inteiro não negativo. A sucessão ( )∈N0 é aquela que foi definida anteriormente.
Resolução
Vamos resolver este exercício de forma intuitiva, aplicando o método de indução.
Para = 0, temos 2 = 1 + 0 e que 3 = 2 + 1 , o que é verdadeiro, porque 0 = 1,
1 = 1, 2 = 2, 3 = 3. ½
2+2 = 2+1 + 2
Hipótese de indução:
2+3 = 2+2 + 2+1
½
2+4 = 2+3 + 2+2
Tese:
2+5 = 2+4 + 2+3
Ora,
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
2 + 4 2 + 3 2 + 2 +3 +2
2+4 = + + + ··· + +
0 1 2 +1 +2
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
2 + 2 2 + 2 2 + 1 2 + 1 +2 +2
= 1+ + + + + ··· + + +1
0 1 1 2 +1
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
2 + 3 2 + 2 2 + 1 +2
= + + + ··· +
0 1 2 +1
µ ¶µ ¶ µ ¶ µ ¶
2 + 2 2 + 1 +2
+ + ··· + +
0 1
= 2+3 + 2+2
Então, está demonstrada a Tese, pelo que as igualdades são válidas para todos os números
inteiros não negativos.
A demonstração da Tese pode ser feita utilizando somatórios, o que torna a demonstração mais
"rigorosa", por causa das reticências utilizadas na demonstração intuitiva.
Só que a demonstração fica um pouco mais maçadora.
571
Por exemplo,
Xµ
+2
2 + 4 −
¶ X µ2 + 4 − ¶
+1
2+4 = =1+ +1
=0 =1
X µ ¶ X µ ¶
2 + 4 − − 1 2 + 3 −
= 1+ +1=1+ +1
+1 +1
=0 =0
X ∙µ ¶ µ ¶¸
2 + 2 − 2 + 2 −
= 1+ + +1
+1
=0
µ ¶ X µ ¶ X µ ¶ µ ¶
2 + 3 2 + 2 − 2 + 2 − +1
= + + +
0 +1 +1
=0 =0
µ ¶ +1 µ
X 2 + 2 − + 1 ¶ +1 µ
X 2 + 2 − ¶
2 + 3
= + +
0
=1 =0
µ ¶ +1 µ
X 2 + 3 − ¶ X 2 + 2 − ¶
+1 µ
2 + 3
= + +
0
=1 =0
X µ2 + 3 − ¶ +1
+1 X µ2 + 2 − ¶
= +
=0 =0
= 2+3 + 2+2
Exemplo 581 Consideremos um jogo que consiste em atirar consecutivamente uma moeda ao ar e
verificar se sai cara ou coroa. Cada jogador termina a sua participação, quando sair a mesma face
da moeda, quatro vezes consecutivas. Ganha quem tiver lançado mais vezes a moeda ao ar. Qual a
distribuição de probabilidade?
Resolução
Seja o número de lançamentos da moeda, até que termine o jogo. Vamos chamar e às
faces da moeda.
É claro que ≥ 4. Seja = ( = ), a probabilidade do jogo terminar após lançamentos.
¡ ¢4
O caso mais fácil é aquele em que = 4, tendo-se 4 = 2 × 12 = 213 , correspondente aos casos
e .
Daqui em diante, só vamos contar os casos terminados em e multiplicamos o resultado
por 2.
Para = 5, há um único caso terminado em . Trata-se do caso . Logo, há dois
¡ ¢5
casos, pelo que 5 = 2 × 12 = 214 .
Para que seja 6, tem de haver dois lançamentos anteriores aos quatro últimos, sendo que o
segundo tem de ser diferente dos quatro últimos.
Então, vamos ter , onde pode ser ou . Logo, temos quatro casos no total, sendo
¡ 1 ¢6
2 a probabilidade de cada caso.
¡ ¢6
Então, 6 = 4 × 12 = 214 = 225 .
572 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
A esta sucessão é costume chamar sucessão de Tribonacci. E podemos generalizar para sucessão
de Polibonacci, nos casos em que temos mais parcelas (quatro ou mais).
Assim, teremos sucessões de Tetrabonacci, de Pentabonacci, Hexabonacci, etc...
Cálculo de 9 :
Decomposição de 5 numa soma de parcelas:
⎧
⎪
⎪ 5=1+1+1+1+1 1 caso
⎪
⎪
⎨ 5=1+1+1+2 4 casos
5=1+1+3 3 casos
⎪
⎪
⎪
⎪ 5 = 1 + 2 + 2 3 casos
⎩
5=2+3 2 casos
7. 23 parcelas iguais a 1:
¡26¢
(a) 23 × 1 + 3 × 2 = 29, 3 = 2600
¡25¢
(b) 23 × 1 + 2 × 3 = 29, 2 = 300
¡25¢ ¡24¢ ¡22¢
8. 22 parcelas iguais a 1: 22 × 1 + 2 × 2 + 3 = 29, 1 × 2 × 22 = 6900
9. 21 parcelas iguais a 1:
¡25¢
(a) 21 × 1 + 4 × 2 = 29, 4 = 12 650
¡24¢ ¡23¢ ¡21¢
(b) 21 × 1 + 2 + 2 × 3 = 29, 1 × 2 × 21 = 6072
Agora, teríamos de somar todos os valores encontrados, depois multiplicar por 2 e multiplicar
¡ 1 ¢37 ¡ ¢36
por 2 , ou se preferirmos, multiplicamos a soma encontrada por 12 .
Exemplo 582 Suponhamos que queremos decompor 100 numa soma de parcelas, todas elas entre
1 e 3. De quantas maneiras podemos fazer essa decomposição?
Resolução
Como não podemos usar parcelas maiores que 3, seria uma maravilha que já tivéssemos as
decomposições dos numeros anteriores a 100: 99, 98 e 97.
Às decomposições de 99, basta juntar uma parcela igual a 1, obtendo-se o mesmo número de
decomposições (de 100). É claro que não obtivemos todas as decomposições.
577
Partindo das decomposições de 98, basta juntar uma parcela igual a 2, obtendo-se tantas de-
composições de 100, quantas as decomposições de 98. Finalmente, partindo das decomposições de
97, basta juntarmos uma parcela igual a 3.
Então, representando por , o número de decomposições de , temos que 100 = 99 +98 +97 .
No caso geral, teremos +3 = +2 ++1 + , pelo que a sucessão fica definida se conhecermos
os primeiros três termos. Mas, já conhecemos esses termos!
Logo, a sucessão fica definida (por recorrência).
Podemos usar matrizes, num processo semelhante ao caso da sucessão de Fibonacci:
⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤
+3 +2 1 1 1 +2
⎣+2 ⎦ = ⎣+1 ⎦ = ⎣1 0 0⎦ ⎣+1 ⎦
+1 0 1 0
⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
3 2 4 1 1 1 2 4
Partindo de ⎣2 ⎦ = ⎣1⎦, obtemos ⎣3 ⎦ = ⎣1 0 0⎦ ⎣1⎦ = ⎣2⎦
1 1 2 0 1 0 1 1
Este processo é um desperdício, porque aparecem dois termos repetidos (já conhecidos).
É mais rápido calcularmos 3
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 3 2
3 = ⎣1 0 0⎦ ⎣1 0 0⎦ ⎣1 0 0⎦ = ⎣2 2 1⎦
0 1 0 0 1 0 0 1 0 1 1 1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
2 4 3 2 2 13 6 13
Agora, temos 3 ⎣1⎦ = ⎣2 2 1⎦ ⎣1⎦ = ⎣ 7 ⎦, ou seja, ⎣5 ⎦ = ⎣ 7 ⎦.
1 1 1⎡ 1⎤ 1⎡ 4 ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ 4 ⎤ 4
9 4 3 2 13 81
E o processo pode repetir-se: ⎣8 ⎦ = ⎣2 2 1⎦ ⎣ 7 ⎦ = ⎣44⎦
7 1 1 1 4 24
Então, temos
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
+5 4 3 2 +2 2 + 3+1 + 4+2
⎣+4 ⎦ = ⎣2 2 1⎦ ⎣+1 ⎦ = ⎣ + 2+1 + 2+2 ⎦
+3 1 1 1 + +1 + +2
em axiomas, os quais podem ser entendidos como os preconceiros dos matemáticos, uma vez que
depois de aceites não são discutidos. Os matemáticos apenas se preocupam com os teoremas (as
consequências dos axiomas) e com a coerência de toda construção.
Os axiomas também chegaram às Probabilidades (pelas mãos de Kolmogorov).
Seja Ω um conjunto não vazio. Para cada subconjunto , de Ω, existe um número real, chamado
probabilidade de e que se denota por (), que satisfaz os seguintes três axiomas:
A1) () ≥ 0 ∀ ∈ P (Ω)
A2) (Ω) = 1
A3) Se e são dois subconjuntos de Ω e são disjuntos, então temos ( ∪ ) = () + ().
O símbolo P (Ω) significa o conjunto de todos os subconjuntos de Ω.
1. ( ∪ ) = () + () − ( ∩ )
2. ( ∪ ∪ ) = () + () + () − ( ∩ ) − ( ∩ ) − ( ∩ ) + ( ∩ ∩ )
¡ ¢
3. = 1 − ()
4. (∅) = 0
5. Se ⊂ , então () ≤ ()
Demonstração
¡ ¡ ¢¢ ¡ ¢ ¡ ¢
1. ∪ = ∪ ( ∩ Ω) = ∪ ∩ ∪ = ∪ ( ∩ ) ∪ ∩ = ∪ ∩
2.
Exemplo 584 A distribuição normal A altura dos 1210 alunos duma escola segue a lei normal.
O valor médio das alturas é 170 cm , enquanto que o desvio padrão é 5 cm . Escolhe-se um aluno
ao acaso. Determine:
Resolução
1. Sejam e o valor médio e o desvio padrão duma variável aleatória que segue a distribuição
normal. Então:
Então, a probabilidade de termos ≥ + 2 é 0 5 − 0 477 249 868 1, ou seja, 0 022 750 131 9.
Os valores apresentados podem ser obtidos através duma calculadora, introduzindo os intervalos
pretendidos e lendo o resultado.
1 2
Podem ser obtidos, através do integral da função = √ − 2 (que é a função que nos dá a
2
distribuição normal de valor médio 0 e desvio padrão 1).
1 R 2 − 2
Assim, no primeiro caso, temos √ 2 = 0 135 905 121 9, enquanto que, no segundo
2 1
R +∞ 2
caso, temos √12 2 − 2 = 0 0275 013 194, valores que são ligeiramente diferentes dos que
foram apresentados anteriormente, por questões de arredondamento.
É claro que todos os valores apresentados são aproximados e podem aparecer na calculadora
com menos algarismos. É evidente que na calculadora não podemos usar +∞, sendo este símbolo
substituído por um número razoavelmente grande (neste caso, basta usar o valor 7).
Resolução na Casio fx 9860: STAT, DIST, NORM, Ncd, ...
580 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Exemplo 585 Urnas 1 Considere uma urna com 10 bolas idênticas, numeradas de 1 a 10. Da
urna, extraímos três bolas, simultaneamente e ao acaso.
1. Calcule a probabilidade dos três números extraídos serem ímpares.
1. Calcule a probabilidade da soma dos três números extraídos ser ímpar.
2. Calcule a probabilidade da soma dos três números extraídos ser 9.
Resolução
1. Um produto é ímpar se e só se todos os factores são ímpares. Então:
Casos favoráveis: 5 × 4 × 3 Casos possíveis: 10 × 9 × 8
Como todos os casos possíveis são equiprováveis, a probabilidade dos três números serem ímpares
5×4×3 1
é 10×9×8 , ou seja, 12 .
Há outra resolução alternativa:
¡¢ ¡ ¢ 10×9×8
Casos favoráveis: 53 = 5×4×33×2×1 = 10 Casos possíveis: 10
3 = 3×2×1 = 120
Como todos os casos possíveis são equiprováveis, a probabilidade dos três números extraídos
10 1
serem ímpares é 120 , ou seja, 12 .
2. Para que a soma de três números seja ímpar, temos duas hipóteses: os três números são
ímpares ou há um número ímpar e dois números pares. Neste último caso, o número ímpar
pode ser o primeiro, ou o segundo, ou o terceiro.
Se ligarmos à ordem dos números:
5×4×3 1 5×5×4 5
( ) = 10×9×8 = 12 ( ) = 10×9×8 = 36
5×5×4 5 5×5×4 5
( ) = 10×9×8 = 36 ( ) = 10×9×8 = 36
1 5 1 5
Então, a probabilidade da soma dos três números extraídos ser ímpar é 12 + 3 × 36 = 12 + 12 =
6 1
12 = 2.
Se não ligarmos à ordem dos números:
(53) 10 1
(sair três números ímpares) = 10 = 120 = 12
(3)
(5)×(5)
(sair um número ímpar e dois pares) = 1 10 2 = 5×10 5
120 = 12 .
(3)
1 5
Então, a probabilidade da soma dos três números extraídos ser ímpar é 12 + 12 = 12 .
581
3. 9 = 1 + 2 + 6 = 1 + 3 + 5 = 2 + 3 + 4
Observe-se que todas as parcelas têm de diferentes, porque não há bolas com o mesmo número
nem reposição.
Se ligarmos à ordem dos números:
Com os números 1, 2 e 6, há 6 casos a considerar. E o mesmo acontece, nas outras duas hipóteses.
Então, o número de casos favoráveis é 18. O número de casos possíveis é 10 × 9 × 8 = 720.
18 1
Então, a probabilidade da soma dos três números ser 9 é 720 = 40 .
¡ ¢
Se não ligarmos à ordem, o número de casos favoráveis é 3 e o número de casos possíveis é 103 .
3 1
Então, a probabilidade da soma dos três números ser 9 é 120 = 40 .
Exemplo 586 Urnas 2 Considere uma urna com 7 bolas idênticas, sendo 3 brancas e 4 pretas.
Da urna, são extraídas, simultaneamente e ao acaso, três bolas. Por cada bola branca extraída,
colocamos 1 euro no mealheiro do Rui e, por cada bola preta extraída, colocamos 50 cêntimos
no mesmo mealheiro. Seja , o valor, em euros, colocado no mealheiro. Construa a tabela de
distribuição de probabilidades da variável aleatória .
Resolução
(33) 1 1
A probabilidade de extrair três bolas brancas é = 7×6×5 =
(73) 3×2×1
35
(32)×(41) 12
A probabilidade de extrair duas bolas brancas e uma preta é = 7×6×5 = 12
(73) 3×2×1
35
3 4
( )×( ) 3×6
A probabilidade de extrair uma bola branca e duas pretas é 1 7 2 = 7×6×5 = 18
(3) 3×2×1
35
(43) 4 4
A probabilidade de extrair três bolas pretas é 7 = 7×6×5 = 35
(3) 3×2×1
No primeiro caso (três bolas brancas), temos = 3.
No segundo caso, temos = 2 50.
No terceiro caso, temos = 2.
No quarto caso, temos = 1 50.
A tabela de distribuição de probabilidades da variável aleatória é:
3 2 50 2 1 50
1 12 18 4
( = ) 35 35 35 35
Exemplo 587 Urnas 3 Considere uma urna com 12 bolas idênticas, numeradas de 1 a 12. Da
urna, extraímos três bolas, simultaneamente e ao acaso. Qual a probabilidade da soma dos três
números saídos ser 8?
Resolução
Seja a soma dos três números. Ora, 8 = 1+2+5 = 1+3+4, não havendo outras possibilidades,
a não ser a troca da ordem das parcelas. Então:
2 2 2×6 1
( = 8) = ¡12¢ = 12×11×10 = =
3 3×2×1
12 × 11 × 10 110
Exemplo 588 Escolhendo 4 vértices dum cubo Escolhemos quatro vértices dum cubo, ao acaso.
Qual a probabilidade de que esses quatro vértices definam um plano?
582 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Resolução
É claro que estamos a considerar que todos os vértices têm a mesma probabilidade de serem
escolhidos.
¡¢
O número de casos possíveis é 84 , ou seja, 70.
O número de casos favoráveis é mais complicado:
Comecemos por aceitar que o cubo tem uma face assente num plano horizontal (por exemplo, um
cubo colocado sobre uma mesa). A esta face chamaremos face inferior e à face paralela chamaremos
face superior.
Então, os vértices do cubo dividem-se em dois grupos: os vértices da face superior e os vértices
da face inferior.
1 caso: os 4 vértices escolhidos são os 4 vértices da face superior
Neste caso, os 4 vértices escolhidos definem um plano
2 caso: 3 dos 4 vértices escolhidos pertencem à face superior e o outro pertence à face inferior
Neste caso, os 4 vértices escolhidos não definem um plano.
3 caso: 3 dos 4 vértices escolhidos pertencem à face inferior e o outro pertence à face superior
Neste caso, os 4 vértices escolhidos não definem um plano.
4 caso: os 4 vértices escolhidos são os 4 vértices da face inferior
Neste caso, os 4 vértices escolhidos definem um plano
5 caso: 2 dos vértices escolhidos pertencem à face superior e os outros 2 pertencem à face
inferior
Se os dois vértices duma face definirem uma diagonal, então é preciso que o mesmo aconteça
com os dois pontos da outra face, tendo as duas diagonais de ser paralelas para que definam um
plano. Temos, então, dois planos.
Se os dois vértices duma face definirem uma aresta, então há duas hipóteses favoráveis para
os outros dois pontos (têm de definir uma aresta paralela à aresta considerada na face superior).
Então, temos 8 planos a considerar.
O número de casos favoráveis é, então, 1 + 1 + 2 + 8 = 12.
Neste caso, os 4 vértices escolhidos definem um plano
12 6
Logo, a probabilidade pedida é 70 , ou seja, 35 .
Finalmente, observe-se que existe uma resolução mais rápida, para os casos favoráveis: 6 + 6.
A primeira parcela corresponde aos planos que contêm as seis faces do cubo e a segunda parcela
corresponde aos 6 planos definidos pelos 6 pares de diagonais faciais paralelas. Note que há duas
diagonais por face e que as seis faces são agrupadas duas a duas, formando três grupos de duas
faces paralelas.
A seguir, apresentamos duas imagens que ilustram o que estivemos a afirmar:
583
B C B C
A A
D D
F G F G
E H E H
Exemplo 589 Escolhendo um ramo de rosas (*) De um conjunto de flores formado por 5 rosas
vermelhas, 4 rosas brancas e 3 rosas amarelas, pretendemos formar um ramo com 4 destas flores
escolhidas ao acaso. Calcule a probabilidade de:
Resolução
¡5¢ ¡7¢
× 10 × 7 70 × 24 14
1. = 3 ¡12¢ 1 = 12×11×10×9 = =
4 4×3×2×1
12 × 11 × 10 × 9 99
¡7¢ 7×6×5×4
4 4×3×2×1 7×6×5×4 7 92
2. = 1 − ¡12¢ =1− 12×11×10×9 =1− =1− =
4 4×3×2×1
12 × 11 × 10 × 9 99 99
Exemplo 590 Escolhendo peças de fruta (*) Num saco há 16 peças de fruta, 4 laranjas, 4
pêras, 4 maçãs e 4 kiwis. Tiram-se duas peças ao acaso. Qual a probabilidade de que sejam:
1. da mesma espécie
2. uma laranja e um kiwi
Resolução
¡4¢
2 6 6 1
1. A probabilidade de escolher 2 laranjas é ¡16¢= 16×15 = =
2 2
120 20
Como há 4 espécies de fruta com 4 peças, a probabilidade de escolher duas peças da mesma
1 1
espécie é 4 × = .
20 5
2. Nesta situação, podemos ter uma laranja e depois um kiwi ou a oredem inversa, pelo que a
4×4 2
probabilidade será dada por 2 × = .
16 × 15 15
584 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Exemplo 591 Duas obras de Saramago (*) Num conjunto de 8 livros encontram-se duas obras
de Saramago. Ao acaso, forma-se um pacote com 5 desses livros. Qual a probabilidade dessas duas
obras estarem incluídas no pacote?
Resolução
Queremos que o pacote contenha as duas obras e mais três dos outros 6 livros. Então,
¡2¢ ¡6¢
× 1 × 6×5×4
3×2×1 6×5×4 5
= 2 ¡8¢ 3 = 8×7×6 = =
5 3×2×1
8×7×6 14
Resolução
__ __ __ 2 __ __ __ 4 4 × 3 × 2 = 24
Há 24 números de quatro algarismos (diferentes) terminados em 2 e 24 números terminados em
4.
48
Há 120 números de quatro algarismos. Então, a probabilidade pretendida é 120 , ou seja, 25 .
Outro processo: Como temos 5 algarismos para ocupar o lugar do algarismo das unidades, mas
só 2 é que são favoráveis, a probabilidade pretendida é 25 .
Exemplo 593 Uma banda musical Uma banda musical é constituída por 14 jovens de 3 na-
cionalidades diferentes: 6 portugueses, 5 cabo-verdianos e 3 angolanos. Forma-se ao acaso um
grupo de 6 jovens. Qual a probabilidade de ter 3 portugueses, 2 cabo-verdianos e 1 angolano?
Resolução
Número de casos favoráveis:
µ ¶ µ ¶ µ ¶
6 5 3 6×5×4 5×4
× × = × × 3 = 20 × 10 × 3 = 600
3 2 1 3×2×1 2×1
Número de casos possíveis:
µ ¶
14 14 × 13 × 12 × 11 × 10 × 9
= = 7 × 13 × 11 × 3 = 3003
6 6×5×4×3×2×1
Probabilidade pretendida:
600 200
= =
3003 1001
Exemplo 594 Um jogo de dados (*) Lançam-se cinco dados. Para ganharmos tem de sair o
número 5 nalgum dos dados, mas não pode sair o 6 em nenhum. Qual é a probabilidade de ganhar?
Resolução
Número de casos possíveis: 6 × 6 × 6 × 6 × 6 = 7776
Número de casos em que não sai 6: 5 × 5 × 5 × 5 × 5 = 3125
Número de casos em que não sai 6, nem 5: 4 × 4 × 4 × 4 × 4 = 1024
Número de casos números em que sai 5 e não sai 6: 3125 − 1024 = 2101
Então, a probabilidade de ganhar é 2101
7776 = 0 2702.
A probabilidade de ganhar o jogo é praticamente igual a 27%.
585
Exemplo 595 O Problema dos aniversários Suponhamos que estamos numa sala com 20 pes-
soas. Qual é a probabilidade de não haver duas pessoas a fazer anos no mesmo dia?
Resolução
Vamos assumir que o ano tem 365 dias e que a taxa de nascimentos é constante ao longo do
ano, de modo a poder admitir que qualquer dia do ano é igualmente provável para ser o aniversário
de uma pessoa.
A 1 pessoa pode fazer anos em qualquer dia, a 2 pessoa não pode fazer anos no mesmo dia
da primeira, etc..
Casos favoráveis: 365 × 364 × · · · × 347 × 346 = 365!
345!
Casos possíveis: 36520
Então, a probabilidade de não haver duas pessoas a fazer anos no mesmo dia é
365!
365 × 364 × · · · × 347 × 346 345!
= ≈ 0 588 561 616 4
36520 36520
Podemos calcular a probabilidade para diversos números de pessoas:
( ) ( ) ( )
1 1 11 0 858 858 621 7 21 0 556 311 664 8
2 0 997 260 274 12 0 832 975 211 2 22 0 524 304 692 3
3 0 991 795 834 1 13 0 805 589 724 8 23 0 492 702 765 7
4 0 983 644 087 5 14 0 776 897 488 24 0 461 655 742 1
5 0 972 864 426 3 15 0 747 098 680 2 25 0 431 300 296
6 0 959 537 516 4 16 0 716 395 994 7 26 0 401 759 179 9
7 0 943 764 296 9 17 0 684 992 334 7 27 0 373 140 717 7
8 0 925 664 707 6 18 0 653 088 582 1 28 0 345 538 527 7
9 0 905 376 166 1 19 0 620 881 474 29 0 319 031 462 5
10 0 883 051 822 3 20 0 588 561 616 4 30 0 293 683 757 3
Vemos então que bastam 23 pessoas para que a probabilidade de haver duas pessoas a festejar
o aniversário no mesmo dia seja superior a 50%. O resultado é surpreendentemente baixo. Para 30
pessoas, a probabilidade já é superior a 70%.
Refira-se que a partir de 40 pessoas, o crescimento da probabilidade de haver duas pessoas a
fazer anos no mesmo dia é muito lento, tendo-se para 300 pessoas, o valor de 99,8732339%.
Exemplo 596 O Problema dos chapéus (*) Numa festa, há 100 pessoas e cada uma põe o
respectivo chapéu numa caixa. À saída, um empregado entrega a cada pessoa, um chapéu, escolhido
ao acaso.
2. Qual a probabilidade de que, pelo menos, uma pessoa receba o chapéu correcto?
Resolução
1. Qualquer pessoa recebe um chapéu, pelo que a probabilidade de receber o seu próprio chapéu
1
é de 100 .
586 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Outro processo consiste em pensar na 1 pessoa a receber um chapéu, sendo que a proba-
1
bilidade de receber o seu próprio chapéu é de 100 . Para a segunda pessoa receber o chapéu
correcto, é preciso que o seu chapéu não seja entregue à primeira pessoa, pelo que a proba-
99 1 1
bilidade pedida é de 100 × 99 = 100 , ou seja, a probabilidade não se alterou, relativamente à
primeira pessoa.
Para a terceira pessoa receber o chapéu correcto, é preciso que o seu chapéu não seja entregue
99
às duas primeiras pessoas, pelo que a probabilidade pedida é de 100 × 98 1 1
99 × 98 = 100 . E assim
sucessivamente, pelo que a probabilidade duma certa pessoa receber o seu chapéu é de 1%.
Comecemos por supor que temos duas pessoas, em vez de 100. Sejam 1 e 2 as duas pessoas,
seja 1 o acontecimento 1 recebe o chapéu correcto e seja 2 o acontecimento 2 recebe o chapéu
correcto.
Ora, (1 ∪ 2 ) = (1 ) + (2 ) − (1 ∩ 2 ), pelo que (1 ∪ 2 ) = 12 + 12 − 12 × 1 = 1 − 12
Para 3 pessoas, teremos de modo análogo:
= (1 ∪ 2 ∪ 3 )
= (1 ) + (2 ) + (3 ) − (1 ∩ 2 ) − (1 ∩ 3 ) − (2 ∩ 3 ) + (1 ∩ 2 ∩ 3 )
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
= + + − × − × − × + × ×1=1− + =1− +
3 3 3 3 2 3 2 3 2 3 2 2 6 2! 3!
Para 4 pessoas:
(1 ) + (2 ) + (3 ) + (4 ) = 14 + 14 + 14 + 14 = 1
(1 ∩ 2 ) = 14 × 13 = 121
; (1 ∩ 3 ) = 121
; 1
(1 ∩ 4 ) = 12 ;
1 1 1
(2 ∩ 3 ) = 12 ; (2 ∩ 4 ) = 12 ; (3 ∩ 4 ) = 12
A soma das seis probabilidades anteriores é 12 , ou seja, 2! 1
.
1 1 1
(1 ∩ 2 ∩ 3 ) = 4 × 3 × 2 ; (1 ∩ 2 ∩ 4 ) = 4 × 13 × 12 ;
1
(1 ∩ 3 ∩ 4 ) = 14 × 13 × 12 ; (2 ∩ 3 ∩ 4 ) = 14 × 13 × 12
A soma das quatro probabilidades anteriores é 4 × 14 × 13 × 12 , ou seja, 3! 1
1 1 1 1
(1 ∩ 2 ∩ 3 ∩ 4 ) = 4 × 3 × 2 × 1 = 4!
Então,
1 1 1
(1 ∪ 2 ∪ 3 ∪ 4 ) = 1 − + −
2! 3! 4!
Para 100 pessoas, teremos:
X (−1)+1 100
1 1 1 1 1 1
(1 ∪ 2 ∪ · · · ∪ 100 ) = 1 − + − + ··· + − = ≈1−
2! 3! 4! 99! 100! !
=1
Note-se que o valor da probabilidade varia com o número de pessoas ( ), mas, a partir de 7
pessoas essa variação é muito pequena, quase parecendo que ( ) é constante, a partir do 12
termo:
587
( ) ( ) ( )
1 1 6 0 631944444 11 0 632120561
2 0 5 7 0 632142857 12 0 632120559
3 0 666666667 8 0 632118056 13 0 632120559
4 0 625 9 0 632120811 14 0 632120559
5 0 633333333 10 0 632120536 15 0 632120559
Por curiosidade, apresentamos os resultados com mais casas decimais, para 16 e 20 pessoas.
160 632120558828555, 200 632120558828558
O último valor é o mesmo que é indicado pelo computador para 1 − 1 , com 15 dígitos.
2 3 4 5 50
Observe-se que = 1 + 1! + 2! + 3! + 4! + 5! + · · · + 50! + · · · , pelo que:
1 1 1 1 1 1
= 1 + 1! + 2! + 3! + 4! + 5! + · · · + 50! + ···
1 −1 1 1 1 1 1 1 1
= = 1 − 1! + 2! − 3! + 4! − 5! + · · · + 50! − 51! + ···
1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 − = 1! − 2! + 3! − 4! + 5! − 6! · · · + 49! − 50! + · · ·
Finalmente, registe-se que a probabilidade de nenhuma pessoa receber o seu próprio chapéu é
de, aproximadamente, 1 .
Exemplo 597 A secretária e os envelopes (*) Uma secretária muito desarrumada tinha 5 car-
tas para meter em 5 envelopes, mas caiu tudo ao chão e ela meteu as cartas nos envelopes sem
tomar atenção aos nomes. Uma das cartas era para o Senhor Silva.
2. Qual é a probabilidade de, pelo menos, uma pessoa receber a carta que lhe era destinada?
Resolução
Exemplo 598 Troca de lembranças numa festa de Natal Dez professores estão a jantar num
restaurante, alguns dias antes do Natal. Combinaram que cada um compraria uma pequena prenda
de valor não superior a 5 Euros, prendas essas que seriam sorteadas no fim do jantar. Qual a
probabilidade de nenhum dos professores receber a própria prenda?
Resolução
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 16 481
1 − 1! + 2! − 3! + 4! − 5! + 6! − 7! + 8! − 9! + 10! = 44 800 ≈ 0 367 879 464 3
1
Observe-se que ≈ 0 367 879 441 2.
Resolução
= 4×3×2×1
4×4×4×4 =
3
32
588 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Exemplo 600 Concurso de Televisão (*) Num concurso televisivo um concorrente ganha um
prémio, consoante as cores das bolas que retira de uma urna, na qual estão 3 bolas vermelhas, duas
brancas e 1 azul. Ele pode tirar três bolas da urna. Se as três bolas retiradas forem distintas ganha
um andar. Se forem duas iguais e uma distinta ganha um automóvel. Se forem três iguais não
ganha nada. Qual a probabilidade de
1. ganhar um andar
2. ganhar um automóvel
4. Suponha que o concorrente pode, no início do jogo, escolher se quer repor as bolas que saíram
ou não. O que é mais vantajoso para ele?
Resolução
¡3¢ ¡2¢ ¡1¢
× 1 × 1 3×2×1 3×2×1 3
1. 1 ¡6¢ = 6×5×4 = =
3 3×2×1
20 10
¡3¢ ¡3¢ ¡¢ ¡¢
2 × 1 + 22 × 41 3×3+1×4 13
2. ¡6¢ = =
3
20 20
¡3¢
1
3. ¡36¢ =
3
20
E, no segundo caso, é
1 2
× 100000 + × 15000 ≈ 26667
6 3
Então, mais vale não repor as bolas retiradas.
Exemplo 601 O adivinho (*) Dois amigos fazem uma experiência para ver se "conseguem
"fazer transmissão de pensamentos. Põem numa urna quatro bolas vermelhas e quatro pretas. Um
deles retira as bolas da urna, uma a uma, sem as repor. De cada vez que tira uma bola vê a cor
mas não a comunica ao parceiro, pedindo-lhe que adivinhe a cor da bola. Qual a probabilidade do
parceiro (que sabe qual a composição da urna) adivinhar a cor de, exactamente, seis das 8 bolas?
Resolução
Se conhecermos a ordem em que saem as bolas vermelhas, µ ¶ então
µ ¶ ficamos a saber a ordem em
8 4
que saem as bolas pretas. O número de casos possíveis é × , ou seja, 70.
4 4
Vamos supor que o adivinho dá 8 respostas ao acaso, indicando 4 vezes a palavra vermelha e 4
vezes a palavra preta, não optando por outra estratégia.
Para acertar em 6 bolas, o adivinho tem de falhar a cor de duas. Essas duas bolas não podem
ser da mesma cor, pois se acertar em 4 bolas duma cor, tem de acertar em todas. Então, ele tem
de falhar numa bola preta e µ numa
¶ vermelha.
4
Os casos favoráveis são: × 4 × 1 = 16
µ ¶ 3
4
×4 é o número de casos favoráveis para acertar nas 3 bolas pretas e falhar uma bola vermelha
3
(que ele diz ser preta). Nas restantes só há um caso favorável, pois restam 3 bolas vermelhas e uma
preta para adivinhar e o adivinho aposta em quatro vermelhas).
16 8
Então, a probabilidade do adivinho acertar na cor de, exactamente, seis das 8 bolas é = .
70 35
Exemplo 602 O Jogo do Bridge (*) Num jogo de Bridge, distribuem-se as 52 cartas por 4
jogadores, recebendo cada jogador 13 cartas. Qual a probabilidade de, numa determinada jogada,
sair um ás a cada jogador?
Resolução µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
48 36 24 12
Casos favoráveis: ×4× ×3× ×2× ×1
µ 12
¶ µ ¶ 12µ ¶ µ 12¶ 12
52 39 26 13
Casos possíveis: × × ×
13 13 13 13
2197
Então, a probabilidade de, sair um ás a cada jogador é 20 825 = 0 105 498 199 3
Exemplo 603 O Pescador (*) Um pescador apanhou 10 peixes, dos quais 2 tinham um tamanho
inferior ao permitido pela lei. Depois, foi abordado por um fiscal que resolveu inspeccionar dois de-
les, escolhendo-os, aleatoriamente entre, os dez peixes apanhados. Qual a probabilidade do pescador
ser mandado em paz?
Resolução µ ¶
8
Casos favoráveis (ao pescador):
µ ¶ 2
10
Casos possíveis:
2 µ ¶
8
8×7
2 28
Então, a probabilidade do pescador ser mandado em paz é µ ¶ = 2
10×9 = .
10 2
45
2
8 7 28
Outra maneira: = × =
10 9 45
Exemplo 604 Três médicos (*) Imagine uma localidade onde há três médicos, Dr. António,
Dr. Bernardo e Dr. Carlos, todos igualmente do agrado dos residentes. Num determinado dia de
inverno seis residentes chamaram um médico, escolhendo o nome ao acaso. Qual a probabilidade de
o Dr. António receber 3 chamadas, o Dr. Bernardo receber duas chamadas e o Dr. Carlos receber
uma?
Resolução µ ¶ µ ¶ µ ¶
6 3 1 6×5×4
Casos favoráveis: × × = × 3 × 1 = 20 × 3 = 60
3 2 1 3×2×1
Casos possíveis: 36 = 729
60 20
Então, a probabilidade pedida é =
729 243
Exemplo 605 Três bilhetes de cinema (*) A professora de História resolveu levar os seus 15
alunos a ver um filme. Como o cinema tem filas de precisamente 15 cadeiras, comprou uma fila
inteira e distribuiu os bilhetes ao acaso pelos alunos. A Ana, a Bela e a Carla são muito amigas e
gostavam de ficar as três juntas e numa das pontas da fila. Qual é a probabilidade de isso acontecer?
Resolução
Fazer um esquema ajuda muitas vezes a visualizar melhor o que se passa.
As três amigas querem ficar nos lugares 1, 2 e 3 ou 13, 14 e 15. Existem pelo menos quatro
processos de resolver o problema.
1 Processo
Vamos pensar apenas nos três bilhetes destinados às três amigas, não nos interessando a ordem
como elas ocuparão depois esses três lugares.
O espaço de resultados é o conjunto dos ternos não ordenados. Por exemplo, um dos seus
elementos é o terno {5 7 15}, que corresponde às três amigas receberem os bilhetes 5, 7 e 15
embora não interesse o lugar exacto em que cada uma delas se vai sentar.
Os casos possíveis são as diferentes maneiras de elas receberem os 3 bilhetes de um conjunto de
15, ou seja, todos os ternos não ordenados formados a partir do conjunto de 15 bilhetes.
591
µ ¶
15
Casos Possíveis: Casos favoráveis: 2 Então, a probabilidade de ficarem juntas,
3
numa ponta, é
2 2 2 2
µ ¶= 15×14×13 = =
15 3×2×1
5 × 7 × 13 455
3
2 Processo
Vamos pensar nos três bilhetes destinados às três amigas, mas interessando-nos agora a ordem
como elas ocuparão depois esses três lugares. Continuamos a ignorar os outros 12 bilhetes.
O espaço de resultados é o conjunto dos ternos ordenados. Por exemplo, um dos seus elementos
é o terno (5 7 15), ou seja, a Ana fica no lugar 5, a Bela no 7 e a Carla no 15.
Os casos possíveis são portanto as diferentes maneiras de elas receberem 3 bilhetes de um
conjunto de 15, mas em que a ordem por que recebem os bilhetes é importante.
Casos Possíveis: 15 × 14 × 13 Casos favoráveis: 2 × 3!
Então, a probabilidade de ficarem juntas, numa ponta, é
2×3×2 2 2
= =
15 × 14 × 13 5 × 7 × 13 455
3 Processo
Desta vez vamos considerar todas as maneiras como os 15 alunos se podem sentar nos 15 lugares.
O espaço de resultados é constituído por todas as permutações dos 15 alunos pelas cadeiras. Os
casos possíveis são portanto as permutações de 15.
Se as três amigas ficarem nos lugares 1, 2 e 3, podem permutar entre si, e os outros 12 alunos
também. O mesmo se passa se ficarem nos três últimos lugares. Casos Favoráveis: 2 × 3! × 12!
Então, a probabilidade de ficarem juntas, numa ponta, é
2 × 3! × 12! 2 × 3 × 2 × 12! 2 2
= = =
15! 15 × 14 × 13 × 12! 5 × 7 × 13 455
4 Processo
Vamos calcular a probabilidade pedida admitindo que os bilhetes vão ser entregues um a um às
três amigas.
A primeira vai receber o seu bilhete. Dos 15 lugares, há 6 que lhe servem (os três primeiros e
os três últimos).
Chegou a vez da segunda. Há 14 bilhetes e a ela só servem os dois lugares que restam na ponta
onde a primeira ficou.
Finalmente, a terceira, dos 13 bilhetes restantes, tem de receber o único que sobra na ponta
onde estão as amigas.
Então, a probabilidade de ficarem juntas numa ponta é
6 2 1 2 1 1 2
× × = × × =
15 14 13 5 7 13 455
Exemplo 606 Bolbos de narcisos (*) Uma senhora comprou 4 bolbos de narcisos, tendo a
florista garantido que havia uma probabilidade de 75% de cada um florescer para a primavera
seguinte. Estude a variável que representa o número de narcisos que a senhora irá obter.
Resolução
O número de bolbos que florescem pode ser igual a 0, 1, 2, 3 ou 4.
592 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
¡ ¢4 27
( = 0) = 14 = 2561
128
¡4¢ 3 ¡ 1 ¢3 ¡4¢ ¡ ¢3
( = 1) = 1 × 4 × 4 = 64 3
( = 3) = × 3 × 1
= 27
¡4¢ ¡ 3 ¢2 ¡ 1 ¢2 9
¡33 ¢4 4 81 4 64
( = 2) = 2 × 4 × 4 = 6 × 256 = ( = 4) = 4 = 256
1 81
Convém chamar a atenção que esta distribuição não é simétrica, pois ( = 0) = 256 6= 256 =
( = 4).
A distribuição seria simétrica, no caso da probabilidade dos bolbos florescerem ser 12 .
Nesse caso, teríamos:
¡ ¢4 ¡ ¢ ¡ ¢3
( = 0) = 12 = 161
( = 3) = 43 × 13 × 1
2 = 1
4
¡4¢ 1 ¡ 1 ¢3 1 ¡ ¢4
( = 1) = 1 × 2 × 2 = 4 ( = 4) = 12 = 161
¡ ¢ ¡ ¢2 ¡ ¢2
( = 2) = 42 × 12 × 12 = 3
8
Abreviadamente, vem
µ ¶ µ ¶4− µ ¶ µ ¶ µ ¶4 ¡4¢
4 1 1 4 1
( = ) = × × = × = = 0 1 2 3 4
2 2 2 16
Exemplo 607 Coelhos pretos e coelhos brancos Suponha que tem quinze coelhos pretos e cinco
coelhos brancos, numa coelheira, e que os deixa sair um a um. Qual a probabilidade de não sairem
dois coelhos brancos consecutivamente?
Primeira resolução
É claro que vamos supor que a ordem de saída depende, apenas, do acaso.
Este é um problema interessante e aconselhamos o leitor a resolver casos mais simples, por
exemplo, quatro coelhos pretos e dois coelhos brancos.
Mas, voltemos ao nosso exemplo, começando por concentrar a nossa atenção nos cinco coelhos
brancos. O número de maneiras diferentes da ordem relativa entre eles é 5! (um deles há-de ser
o primeiro branco a sair, etc.). Entre os coelhos brancos, têm de ficar quatro coelhos pretos,
para que não saiam dois coelhos brancos seguidos. Então, há 15 hipóteses para o coelho preto
que sai imediatamente a seguir ao 1 coelho branco, 14 hipóteses para o coelho (preto) que sai
imediatamente a seguir ao 2 coelho branco, 13 hipóteses para o coelho que sai imediatamente a
seguir ao 3 coelho branco e 12 hipóteses para o coelho que sai imediatamente a seguir ao 4 coelho
branco. Agora, temos de fixar os primeiros quatro grupos de dois coelhos (um branco e um preto),
para que não haja repetições na contagem. O que nós temos, agora, são 16 lugares para colocar os
4 pares de coelhos formados (ficando um par em cada um dos quatro lugares), 1 coelho branco e
11 coelhos pretos. Uma possibilidade é a seguinte:
BP BP BP BP B
593
µ ¶
16
5! × 15 × 14 × 13 × 12 × × 11!
5 5! × 15 × 14 × 13 × 12 × 16! × 11!
=
20! 20! × 11! × 5!
15 × 14 × 13 × 12 7 × 13 91
= = =
20 × 19 × 18 × 17 19 × 17 323
Segunda resolução
Coloca-se os coelhos brancos em 5 de 16 malas, o que pode ser feito de 16 5 maneiras; agora
colocam-se os 15 coelhos pretos em 15 das malas (um em cada mala, deixando o último coelho
branco sozinho): 15! maneiras.
Então, o número de casos favoráveis é 15! × 16 × 15 × 14 × 13 × 12.
15! × 16 × 15 × 14 × 13 × 12 16 × 15 × 14 × 13 × 12 15 × 14 × 13 × 12 91
Logo, = = = = .
20! 20 × 19 × 18 × 17 × 16 20 × 19 × 18 × 17 323
Terceira resolução
Uma resoluçãoµmais ¶ fácil é a seguinte: Pretende-se colocar em 16 quadrículas, cinco letras B; isso
16
pode ser feito de maneiras. Depois, acrescenta-se um P à direita de cada um dos primeiros
5
quatro B (mas nas mesmas quadrículas), o que pode ser feito duma única maneira. E, finalmente,
acrescentam-se os restantes P (uma única maneira). Uma das possibilidades é a seguinte:
B B B B B
BP BP BP BP B
P BP P BP P P P BP BP P P P P B P P
Então, a probabilidade de não sairem dois coelhos brancos seguidos é
µ ¶
16
16×15×14×13×12
5 5×4×3×2×1 16 × 15 × 14 × 13 × 12 7 × 13 91
µ ¶ = 20×19×18×17×16 = = =
20 5×4×3×2×1
20 × 19 × 18 × 17 × 16 19 × 17 323
5
Quarta resolução
Consideremos uma fila com os 15 coelhos pretos e suponhamos que não nos interessa a ordem
dos coelhos. Então temos uma única maneira de distribuir os coelhos pretos. Os coelhos brancos
têm de ser colocados entre dois pretos ou no princípio ou no fim da fila, pelo que o primeiro coelho
tem 16 hipóteses, o segundo 15, o terceiro 14, o quarto 13 e o quinto 12. É claro, que o número de
maneiras de intercalar os coelhos brancos era 16 × 15 × 14 × 13 × 12, se interessasse a ordem, pelo
que, não interessando a ordem, aquele número tem de ser dividido por 5!. µ ¶
16
µ ¶
16 × 15 × 14 × 13 × 12 16 5 91
Mas, = , pelo que a probabilidade pretendida é µ ¶ = .
5! 5 20 323
5
Repare-se que, ao fim e ao cabo, temos 16 opções (lugares) para escolher 5.
Quinta resolução
Esta resolução (bastante fácil) é análoga à anterior, mas considerando que importa a ordem dos
coelhos.
594 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
O número de maneiras de colocar os 15 coelhos pretos é 15!. Para colocar os 5 coelhos brancos,
temos 16 × 15 × 14 × 13 × 12 maneiras. O número de casos possíveis é 20!. Então, a probabilidade
16 × 15 × 14 × 13 × 12 91
pretendida é 15! × , ou seja, .
20! 323
Sexta resolução
Outra maneira de resolver este problema consiste em determinar quantos coelhos pretos ficam
entre cada par de coelhos brancos.
Se temos cinco coelhos brancos, os coelhos pretos podem ser divididos em quatro grupos ou em
cinco grupos ou em seis grupos.
Se tivermos quatro grupos (de coelhos pretos), então teremos em primeiro lugar um coelho
branco, depois um grupo de coelhos pretos, depois um coelho branco, depois novo grupo de coelhos
pretos e assim sucessivamente, terminando num coelho branco.
Se tivermos cinco grupos (de coelhos pretos), temos duas hipóteses: ou começamos por um
coelho branco e terminamos num grupo de coelhos pretos, ou começamos por um grupo de coelhos
pretos e terminamos num coelho branco. É claro que, por simetria, o número de maneiras é igual
nas duas situações, pelo que basta fazer a contagem num dos casos.
Se tivermos seis grupos (de coelhos pretos), temos de começar por um grupo de coelhos pretos,
depois um coelho branco e assim por diante, acabando num grupo de coelhos pretos.
O nosso problema consiste em decompor 15 numa soma de 4, 5 ou 6 parcelas inteiras e positivas.
Decomposição de 15 em 4 parcelas:
1 1 1 12 4 1 2 5 7 24 2 2 4 7 12
1 1 2 11 12 1 2 6 6 12 2 2 5 6 12
1 1 3 10 12 1 3 3 8 12 2 3 3 7 12
1 1 4 9 12 1 3 4 7 24 2 3 4 6 24
1 1 5 8 12 1 3 5 6 24 2 3 5 5 12
1 1 6 7 12 1 4 4 6 12 2 4 4 5 12
1 2 2 10 12 1 4 5 5 12 3 3 3 6 4
1 2 3 9 24 2 2 2 9 4 3 3 4 5 12
1 2 4 8 24 2 2 3 8 12 3 4 4 4 4
A primeira linha da primeira tabela significa que há 4 maneiras de decompor 15 como soma de
quatro parcelas, sendo uma das parcelas 12 e as outras iguais a 1.
Assim, 15 = 1 + 1 + 1 + 12 = 1 + 1 + 12 + 1 = 1 + 12 + 1 + 1 = 12 + 1 + 1 + 1.
O número total de hipóteses (para 4 parcelas) é 364.
E analogamente para as restantes linhas.
Decomposição de 15 em 5 parcelas:
1 1 1 1 11 5 1 1 3 3 7 30 1 2 4 4 4 20
1 1 1 2 10 20 1 1 3 4 6 60 1 3 3 3 5 20
1 1 1 3 9 20 1 1 3 5 5 30 1 3 3 4 4 30
1 1 1 4 8 20 1 1 4 4 5 30 2 2 2 2 7 5
1 1 1 5 7 20 1 2 2 2 8 20 2 2 2 3 6 20
1 1 1 6 6 10 1 2 2 3 7 60 2 2 2 4 5 20
1 1 2 2 9 30 1 2 2 4 6 60 2 2 3 3 5 30
1 1 2 3 8 60 1 2 2 5 5 30 2 2 3 4 4 30
1 1 2 4 7 60 1 2 3 3 6 60 2 3 3 3 4 20
1 1 2 5 6 60 1 2 3 4 5 120 3 3 3 3 3 1
595
1 1 1 1 1 10 6 1 1 3 3 3 4 60
1 1 1 3 3 6 60
1 1 1 1 2 9 30 1 2 2 2 2 6 30
1 1 1 3 4 5 120
1 1 1 1 3 8 30 1 2 2 2 3 5 120
1 1 1 4 4 4 20
1 1 1 1 4 7 30 1 2 2 2 4 4 60
1 1 2 2 2 7 60
1 1 1 1 5 6 30 1 2 2 3 3 4 180
1 1 2 2 3 6 180
1 1 1 2 2 8 60 1 2 3 3 3 3 30
1 1 2 2 4 5 180
1 1 1 2 3 7 120 2 2 2 2 2 5 6
1 1 2 3 3 5 180
1 1 1 2 4 6 120 2 2 2 2 3 4 30
1 1 2 3 4 4 180
1 1 1 2 5 5 60 2 2 2 3 3 3 20
Exemplo 608 Coelhos pretos e coelhos brancos Suponha que tem coelhos pretos e coelhos
brancos, numa coelheira, e que os deixa sair um a um. Qual a probabilidade de não sairem dois
coelhos brancos consecutivamente?
Resolução
Se − 1, a probabilidade é zero.
Se > − 1, a probabilidade , de não sairem dois coelhos brancos, é dada por
× +1
! × ( + 1) × × · · · × ( − + 2)
= =
( + ) ( + )!
(+1)!
! × ( + 1)! (−+1)!×!
= = (+)!
( + )! × ( − + 1)!
!×!
µ ¶ µ ¶
+1 +1
= µ ¶=µ ¶
+ +
Note-se que temos coelhos pretos, pelo que há + 1 posições para colocar coelhos brancos,
enquanto que, relativamente aos casos possíveis, temos + posições para para colocar coelhos
brancos (ou coelhos pretos).
596 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
É claro que raciocinando em termos de combinações, é tudo mais fácil: uma hipótese para os
coelhos pretos,
µ ficando
¶ + 1 posições para colocar os coelhos brancos, pelo que o número de
+1
hipóteses é .
µ ¶ µ ¶
+ +
Quanto ao número de casos possíveis, vem ou .
Exemplo 609 Concurso de Televisão (2) Um concorrente tem de escolher uma de três portas,
ganhando o prémio que estiver por detrás da porta escolhida. Numa das portas está um automóvel,
enquanto que nas outras duas estão dois pacotes de rebuçados. O apresentador do Concurso sabe
onde está o automóvel e, segundo o regulamento do concurso, depois da escolha da porta feita pelo
concorrente, abre uma das outras duas portas, mostrando que aí não está o automóvel e diz ao
concorrente que ele pode mudar a sua escolha. Deve o concorrente mudar ou manter a sua aposta?
Ou será indiferente?
Resolução
Contrariamente ao que se possa pensar, a probabilidade de o concorrente ganhar, caso não
altere a sua aposta. é de 13 e não de 12 . O apresentador limitou-se a dizer que, nas duas portas
não escolhidas havia, pelo menos, uma vazia e disse qual (o que não é nada pouco). Se o leitor tem
muitas dúvidas, imagine que havia 1000 portas e só uma tinha prémio. Se apostarmos na porta n
1 1
1, a probabilidade de ganharmos é de 1000 e de perdermos é de 1000 . Então, mais vale apostar nas
restantes 999 portas. E se o apresentador nos disser que o prémio não está nas 998 portas que ele
vai abrindo, o automóvel está praticamente ganho: basta-nos mudar de opinião e apostar na outra
porta.
Exemplo 610 Ainda o Totoloto Qual a probabilidade da chave do próximo concurso aparecer
por ordem crescente.
Resolução
Como é sabido, os primeiros seis números sorteados são colocados por ordem crescente, pelo que
a probabilidade dos sete números estarem por ordem crescente é a probabilidade do maior número
da chave ser o último a ser sorteado (o número suplementar). Ora, essa probabilidade é de 17 , uma
vez que o maior número pode ser o primeiro a sair, ou o segundo, etc..
Exemplo 611 Num saco (que vamos apelidar de saco 1), temos 10 bolas azuis, 15 bolas brancas e
15 bolas cinzentas. As bolas são indistinguíveis (a não ser pela cor). Retira-se, ao acaso, uma bola
do saco 1 e colocamo-la no saco 2, onde inicialmente temos três bolas, uma bola de cada uma das
três cores referidas. Depois de colocada a bola retirada do saco 1, retira-se uma bola do saco 2, ao
acaso.
f ) Qual a probabilidade da bola retirada do saco 1 ter sido branca, supondo que a segunda bola
retirada foi azul?
g) Qual a probabilidade da bola retirada do saco 1 ter sido branca, supondo que a segunda bola
retirada foi branca?
Resolução
(2 bola é azul) = (1 azul, 2 azul) + (1 branca, 2 azul) + (1 cinzenta, 2 azul)
10 2 15 1 15 1 2 3 3 5
= × + × + × = + + =
40 4 40 4 40 4 16 32 32 16
b)
(2 bola é branca) = (1 branca, 2 branca) + (1 não é branca, 2 branca)
15 2 25 1 3 2 5 1 11
= × + × = × + × =
40 4 40 4 8 4 8 4 32
11
c) É claro que esta terceira probabilidade é 32 , mas podemos chegar ao mesmo resultado,
5
calculando 1 − 16 − 11 11
32 = 32 .
15 2 3
d) (branca,branca) = 40 × 4 = 16
e) (azul,azul) = 10
40 ×
2 1
4 = 8 (cinzenta,cinzenta) = 15 2 3
40 × 4 = 16
3 3
Logo, a probabilidade de sairem duas bolas da mesma cor é 16 + 16 + 18 , ou seja, 12 .
f) A probabilidade condicionada pedida é a probabilidade da intersecção (1 bola branca,
segunda bola azul) a dividir pela probabilidade da segunda bola ser azul, ou seja, é
15 1
40 × 4 3
5 = 10 .
16
g) A probabilidade pedida é a probabilidade das duas bolas serem brancas a dividir pela
15
×2 6
probabilidade da segunda bola ser branca, ou seja, 40 11 4 = 11
32
Exercício 612 Numa urna, temos cinco bolas azuis, numeradas de 1 a 5, e seis bolas vermelhas,
numeradas de 6 a 11, todas elas indistinguíveis a não ser pela cor. Retira-se duas bolas da urna,
ao acaso, consecutivamente e sem reposição. Determine:
6. A probabilidade da segunda bola ser azul, supondo que a primeira bola teve um número par
7. A probabilidade da primeira bola ter um número par, supondo que a segunda bola foi vermelha
8. A probabilidade da primeira bola ter um número par, supondo que a segunda bola tinha um
número par
9. A probabilidade da primeira bola ter um número par, supondo que a segunda bola tinha um
número ímpar
10. A probabilidade da primeira bola ter um número ímpar, supondo que a segunda bola foi azul
11. A probabilidade da primeira bola ter um número ímpar, supondo que a segunda bola foi azul
e tem um número par
12. A probabilidade da segunda bola ser azul e ter um número par, supondo que a primeira bola
tem número par
13. A probabilidade da primeira bola ser azul, supondo que a segunda bola foi azul
Resolução
5 4 6 5 20+30 5
1. (azul,azul) + (vermelha, azul) = 11 × 10 + 11 × 10 = 110 = 11
6
2. É claro que a probabilidade pedida é 1 − 11 . No entanto, esta pergunta pode ser colocada,
sem antes ter sido colocada a pergunta anterior. Então, vamos resolver a questão, como se
não tivéssemos resolvido a pergunta anterior.
5 6 6 5 60 6
(azul,vermelha) + (vermelha,vermelha) = 11 × 10 + 11 × 10 = 110 = 11
5 4 6 5 20+30 5
3. (par,par) + (ímpar,par) = 11 × 10 + 11 × 10 = 110 = 11
5 6 5 6 6 5 6
4. 1 − 11 = 11 ou (par,ímpar) + (ímpar,ímpar) = 11 × 10 + 11 × 10 = 11
5. Queremos encontrar a probabilidade da primeira bola ter sido par, supondo que a segunda
bola foi azul.
⎧
⎨ : a primeira bola tem número par
6. Consideremos os acontecimentos : a segunda bola é azul .
⎩
: a segunda bola tem número par
Então, ( | ) = (∩)
() . Ora, (par,azul) é a soma de (1 par e azul,2 azul) com
(1 par e vermelha,2 azul).
23
2 4 3 5 23 ( ∩ ) 110 23
Logo, ( ∩ ) = 11 × 10 + 11 × 10 = 110 , pelo que ( | ) = = 5 = .
() 11
50
23
( ∩ ) ( ∩ ) 110 23
7. ( | ) = = = 5 = .
() () 11
50
Neste exemplo, temos ( | ) = ( | ), porque () = ().
599
8. A probabilidade da primeira bola ter um número par, supondo que a segunda bola foi vermelha
¡ ¢ 5
¡ ¢ ∩ () − ( ∩ ) − 23 50−23
9
Então, | = ¡ ¢ = = 11 110
5 = 110 60 =
1 − () 1 − 11 110
20
9. A probabilidade da primeira bola ter um número par, supondo que a segunda bola tinha um
número par
4 2
Directamente, temos = = . Utilizando a fórmula da probabilidade condicionada, temos
10 5
5
( ∩ ) × 4 2
( | ) = = 11 5 10 =
() 11
5
10. A probabilidade da primeira bola ter um número par, supondo que a segunda bola tinha um
número ímpa
5 1
Directamente, temos = = . Pela fórmula da probabilidade condicionada, temos
10 2
¡ ¢ 5
¡ ¢ ∩ () − ( ∩ ) − 5 × 4 50−20
1
| = ¡ ¢ = 5 = 11 11 5 10 = 110 6 =
1 − 11 1 − 11 11
2
11. A probabilidade da primeira bola ter um número ímpar, supondo que a segunda bola foi azul
¡ ¢ 5
¡ ¢ ∩ () − ( ∩ ) − 23 50
− 23 27
Então, | = = = 11 5 110 = 110 5 110 =
() () 11 11
50
12. A probabilidade da primeira bola ter um número ímpar, supondo que a segunda bola foi azul
e tem um número par
6 3
Directamente, temos = = (se a segunda bola foi par, só há 10 bolas, sendo 6 ímpares
10 5
e 4 pares).
Se quisermos complicar a resolução:
¡ ¢
¡ ¢ ∩∩
Com o significado acima introduzido, temos | ∩ = . É claro que
¡ ¢( ∩ )
¡ ¢ ∩
podemos considerar ∩ = , obtendo-se | = , não havendo nenhuma
()
alteração no significado.
Pretendemos saber qual a probabilidade da segunda bola ser azul e ter um número par, ou
seja, qual a probabilidade da segunda bola ter o número 2 ou o número 4.
Temos três possibilidades para a primeira bola: tem o n 2, tem o n 4, não tem o n 2 nem
o n 4.
11 1 1 9 2
Então, () = × 10
11 + 11 × 10 + 11 × 10 = 1+1+18
110
2
= 11
¡ ¢ 2
¡ ¢ ∩ () − ( ∩ ) − ( ∩ )
Logo, | = = = 11 2
() () 11
Mas, ( ∩ ) é a probabilidade da primeira bola ser par e a segunda bola ser par e azul. Isso
corresponde a duas situações. Situação 1: a primeira bola é par e azul, o mesmo acontecendo
600 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
com a segunda bola; Situação 2: a primeira bola é par e vermelha e a segunda bola é par e
azul
2 1 1 3 2 3 1 3 4
Situação 1: 11 × 10 = 55 ; Situação 2: 11 × 10 = 55 . Logo, ( ∩ ) = 55 + 55 = 55
¡ ¢ 2 2 4 10−4
11 − ( ∩ ) 11 − 55 55 6 11 3
Por fim, temos | = 2 = 2 = 2 = × =
11 11 11
55 2 5
13. A probabilidade da segunda bola ser azul e ter um número par, supondo que a primeira bola
tem número par
4
( ∩ ) 55 4 11 4
Com a notação anterior, temos ( | ) = = 5 = × =
() 11
55 5 25
14. A probabilidade da primeira bola ser azul, supondo que a segunda bola foi azul
5
4 2 (azul,azul) × 4 2
Então, temos = = . Ou, = = 11 5 10 =
10 5 () 11
5
Exercício 613 Resolva as mesmas questões do exercício anterior, supondo que, na urna, temos
sete bolas azuis, numeradas de 1 a 7, e doze bolas vermelhas, numeradas de 8 a 19, todas elas
indistinguíveis a não ser pela cor. Retira-se duas bolas da urna, ao acaso, consecutivamente e sem
reposição.
1. A probabilidade da segunda bola ser azul
7 6 12 7 7
(a) (azul,azul) + (vermelha,azul) = × + × =
19 18 19 18 19
2. A probabilidade da segunda bola ser vermelha
7 12 7 12 12 11 12
(a) 1 − = ou (azul,vermelha) + (vermelha,vermelha) = × + × =
19 19 19 18 19 18 19
3. A probabilidade da segunda bola ter um número par
9 8 10 9 4 5 9
(a) (par,par) + (ímpar,par) = × + × = + =
19 18 19 18 19 19 19
4. A probabilidade da segunda bola ter um número ímpa
9 10 10 9 5 5 10 9
(a) (par,ímpar) + (ímpar,ímpar) = × + × = + = =1−
19 18 19 18 19 19 19 19
5. A probabilidade da primeira bola ter um número par, supondo que a segunda bola foi azul
⎧
⎨ : a primeira bola tem número par
(a) Acontecimentos: : a segunda bola é azul
⎩
: a segunda bola tem número par
( ∩ ) ( ∩ )
( | ) = = 7
() 19
Como calcular ( ∩ )? Se a primeira bola é par, ela pode ser azul ou vermelha. Então,
a primeira bola pode ser azul e par ou vermelha e par.
7
3 6 6 7 7 1
( ∩ ) = × + × = . Então, ( | ) = 57
7 = 3
19 18 19 18 57 19
601
6. A probabilidade da segunda bola ser azul, supondo que a primeira bola teve um número par
7
9 ( ∩ ) 57 7
(a) (1 bola ser par) = ( | ) = = 9 =
19 () 19
27
7. A probabilidade da primeira bola ter um número par, supondo que a segunda bola foi vermelha
¡ ¢ 9
¡ ¢ ∩ () − ( ∩ ) − 7 20
20 19 5
(a) | = ¡ ¢ = = 19 757 = 5712 = 57 × 12 = 9
1 − () 1 − 19 19
8. A probabilidade da primeira bola ter um número par, supondo que a segunda bola tinha um
número par
8 4
(a) ( | ) = =
18 9
9. A probabilidade da primeira bola ter um número par, supondo que a segunda bola tinha um
número ímpar
¡ ¢ 9 1
(a) | = =
18 2
10. A probabilidade da primeira bola ter um número ímpar, supondo que a segunda bola foi azul
¡ ¢ 7
¡ ¢ ∩ () − ( ∩ ) − 7 14
2
(a) | = = = 19 7 57 = 57
7 = 3
() () 19 19
11. A probabilidade da primeira bola ter um número ímpar, supondo que a segunda bola foi azul
e tem um número par
10 5
(a) = =
18 9
12. A probabilidade da segunda bola ser azul e ter um número par, supondo que a primeira bola
tem número par
13. A probabilidade da primeira bola ser azul, supondo que a segunda bola foi azul
6 1
(a) = =
18 3
602 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Exemplo 614 Numa urna, temos 2 bolas azuis, numeradas de 1 a 2, e 2 + 1 bolas vermelhas,
numeradas de 2 + 1 a 2 + 2 + 1, todas elas indistinguíveis a não ser pela cor. Retira-se duas
bolas da urna, ao acaso, consecutivamente e sem reposição. Vamos dar a resposta a várias questões
análogas às dos dois exemplos anteriores.
(a) Probabilidade da primeira bola ser azul e a segunda ter um número par
Neste caso, a probabilidade da segunda bola ser par depende da primeira bola (que é
azul) ter um número par ou ímpar. Por isso, temos de colocar duas hipóteses: 1 bola
azul e ímpar, 1 bola azul e par
⎧
⎪ (1 bola azul e ímpar,2 bola par) = +
⎨ ×
2 + 2 + 1 2 + 2
⎪ +−1
⎩ (1 bola azul e par,2 bola par) = ×
2 + 2 + 1 2 + 2
Logo,
2 + + 2 + − 22 + 2 −
(1 bola azul e 2 bola par) = =
(2 + 2 + 1) (2 + 2) 2 (2 + 2 + 1) ( + )
(b) Probabilidade da primeira bola ser vermelha e a segunda ter um número par
⎧
⎪ +1 +
⎨ (1 bola vermelha e ímpar,2 bola par) = ×
2 + 2 + 1 2 + 2
⎪ +−1
⎩ (1 bola vermelha e par,2 bola par) = ×
⎧ 2 + 2 + 1 2 + 2
2
⎪
⎪ + + + + + 2 −
⎨ (1 bola vermelha e 2 bola par) =
Logo, 2 (2 + 2 + 1) ( + )
⎪
⎪ 22 + 2 +
⎩ =
2 (2 + 2 + 1) ( + )
(c) Probabilidade da primeira bola ser azul e a segunda ter um número ímpar
⎧
⎪ +
⎨ (1 bola azul e ímpar,2 bola ímpar) = ×
2 + 2 + 1 2 + 2
⎪ ++1
⎩ (1 bola azul e par,2 bola ímpar) = ×
2 + 2 + 1 2 + 2
Logo,
2 + + 2 + + 22 + 2 +
(1 bola azul e 2 bola ímpar) = =
2 (2 + 2 + 1) ( + ) 2 (2 + 2 + 1) ( + )
(d) Probabilidade da primeira bola ser vermelha e a segunda ter um número ímpar
⎧
⎪ +1 +
⎨ (1 bola vermelha e ímpar,2 bola ímpar) = ×
2 + 2 + 1 2 + 2
⎪ ++1
⎩ (1 bola vermelha e par,2 bola ímpar) = ×
2 + 2 + 1 2 + 2
Logo,
+ 2 + + + + 2 +
(1 bola vermelha e 2 bola ímpar) =
2 (2 + 2 + 1) ( + )
2
2 + 2 + 2 +
=
2 (2 + 2 + 1) ( + )
4. Calculemos algumas probabilidades que podem vir a ser necessárias para o cálculo de proba-
bilidades condicionadas.
604 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Antes da resolução, convém começar por representar os acontecimentos por variáveis (letras).
⎧
⎪
⎪ : a 1 bola é azul
⎨
: a 1 bola é ímpar
⎪
⎪ : a 2 bola é azul
⎩
: a 2 bola é ímpar
2 ++1 ¡ ¢ 2 2 + 1
(a) () = , () = , =1− =
2 + 2 + 1 2 + 2 + 1 2 + 2 + 1 2 + 2 + 1
2
(b) () = , embora possa parecer que o cálculo não é imediato
2 + 2 + 1
2 ++1
(c) () = = , embora possa não parecer que o cálculo é imediato
2 + 2 + 1 2 + 2 + 1
(d) ( ∩ ) =
2 + 2 + 1
2 2 − 1 22 −
(e) ( ∩ ) = × =
2 + 2 + 1 2 + 2 (2 + 2 + 1) ( + )
(f) ( ∩ ) =
2 + 2 + 1
++1 + 2 + 2 + 2 + +
(g) ( ∩ ) = × =
2 + 2 + 1 2 + 2 2 (2 + 2 + 1) ( + )
(h)
( ∩ ) = (1 bola azul,2 bola ímpar)
= (1 bola azul e ímpar,2 ímpar) + (1 bola azul e par,2 ímpar)
+ ++1
= × + ×
2 + 2 + 1 2 + 2 2 + 2 + 1 2 + 2
2 + + 2 + + 22 + 2 +
= =
2 (2 + 2 + 1) ( + ) 2 (2 + 2 + 1) ( + )
5. Cálculo de probabilidades condicionadas
(a) Probabilidade da segunda bola ser vermelha, supondo que a primeira bola foi azul
¡ ¢ 2 + 1 2 + 1
| = =
2 + 2 2 ( + )
(b) Probabilidade da primeira bola ter sido azul, supondo que a segunda bola foi vermelha
¡ ¢ ¡ ¢ 2 2+1 (2+1)
¡ ¢ ∩ ∩ 2+2+1 × 2+2 (2+2+1)(+)
| = ¡ ¢ = = 2 = 2+1
1 − () 1− 2+2+1 2+2+1
(2 + 1) 2 + 2 + 1
= × =
(2 + 2 + 1) ( + ) 2 + 1 +
Note-se que o cálculo desta probabilidade é imediato, porque é como se estivéssemos a
retirar a primeira bola, supondo que lá não temos a bola vermelha que saiu em segundo
2
lugar. Note que = = .
+ 2 + 2
605
(c) Probabilidade da segunda bola ser azul, supondo que a primeira foi vermelha
2
= =
2 + 2 +
(d) Probabilidade da primeira bola ter sido vermelha, supondo que a segunda bola foi azul
2 + 1
=
2 + 2
(e) Probabilidade da segunda bola ser azul e ímpar, supondo que a primeira bola foi azul e
ímpar
−1
( ∩ | ∩ ) =
2 + 2
(f) Probabilidade da segunda bola ser azul, supondo que a primeira bola foi ímpar
( ∩ ) ( ∩ )
( | ) = = ++1 Mas, para calcularmos ( ∩ ), é conveniente
() 2+2+1
decompor , em dois acontecimentos disjuntos.
½
1 : a 1 bola é ímpar e vermelha
Então, = 1 ∪ 2 , onde
2 : a 1 bola é ímpar e azul
Logo, ∩ = ∩ (1 ∪ 2 ) = ( ∩ 1 ) ∪ ( ∩ 2 ). Logo,
(g) Probabilidade da primeira bola ser azul, supondo que a segunda bola foi par
⎧
¡ ¢ ⎪
⎪ 1 : a 1 bola é azul e par
¡ ¢ ∩ ⎨
2 : a 1 bola é azul e ímpar
Então, | = ¡ ¢ . Sejam
⎪
⎪ 1 : a 2 bola é par e vermelha
⎩
2 : a 2 bola é par e azul
Logo, ∩ = (1 ∪ 2 ) ∩ (1 ∪ 2 ) = (1 ∩ 1 ) ∪ (1 ∩ 2 ) ∪ (2 ∩ 1 ) ∪ (2 ∩ 2 )
⎧ 2
⎪
⎪ (1 ∩ 1 ) = 2+2+1 × 2+2
⎨ ( ∩ ) =
× −1
1 2 2+2+1 2+2
2
⎪
⎪ (2 ∩ 1) = 2+2+1 × 2+2
⎩
(2 ∩ 2 ) = 2+2+1 × 2+2
+
Recordamos que a probabilidade da segunda bola ser par é imediata:
2 + 2 + 1
606 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
Exemplo 615 Numa urna, temos 2 bolas azuis, numeradas de 1 a 2, e 2 + 1 bolas vermelhas,
numeradas de 2 + 1 a 2 + 2 + 1, todas elas indistinguíveis a não ser pela cor. Retira-se duas
bolas da urna, ao acaso, consecutivamente e sem reposição. Considere os seguintes acontecimentos:
⎧
⎪
⎪ : a 1 bola é azul
⎨
: a 1 bola é ímpar
.
⎪
⎪ : a 2 bola é azul
⎩
: a 2 bola é ímpar
Este é o exemplo anterior, mas vamos resolver as questões de forma mais organizada.
5. Questões com dois dos acontecimentos, envolvendo duas bolas, paridade e cores
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
(a) ( ∩ ), ∩ , ∩ , ∩ , ( ∩ ), ∩ , ∩ , ∩
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
(b) ( ∪ ), ∪ , ∪ , ∪ , ( ∪ ), ∪ , ∪ , ∪
607
Resolução
(a) Intersecções
⎧
⎪ (
¡ ∩ )¢ = 2+2+1 (
¡ ∩ )¢ = 2+2+1
⎪
⎨ ∩ =
¡ ¢ 2+2+1 ¡ ∩ ¢ = 2+2+1
+1 +1
⎪
⎪ ¡ ∩ ¢ = 2+2+1 ¡ ∩ ¢ = 2+2+1
⎩
∩ = 2+2+1 ∩ = 2+2+1
(b) Reuniões
⎧ ¡ ¢
⎪ (
¡ ∪ )¢ = 1 − ¡ ∩ ¢ = 1 − 2+2+1 = 2++1
⎪
⎨ ∪ = 1 − ∩ = 1 − +1 = 2+2+1 2+
i. ¡ ¢ ¡ ¢ 2+2+1
2+2+1
+2+1
⎪
⎪ ∪ ¢ = 1 − ∩ = 1 − 2+2+1 = 2+2+1
⎩ ¡ +2+1
∪ = 1 − ( ∩ ) = 1 − 2+2+1 = 2+2+1
⎧ ¡ ¢ 2++1
⎪ ( ∪ )¢ = 1 − ¡ ∩ ¢ = 1 − 2+2+1 = 2+2+1
⎪ ¡
⎨ +1 2+
∪ = 1 − ∩ = 1 − 2+2+1 = 2+2+1
ii. ¡ ¢ ¡ ¢ +2+1
⎪
⎪ ∪ ¢ = 1 − ∩ = 1 − 2+2+1 = 2+2+1
⎩ ¡ +2+1
∪ = 1 − ( ∩ ) = 1 − 2+2+1 = 2+2+1
⎧ ¡ ¢ 2 +2 +2−−
⎪
⎪ ( ∪ ) =1− ∩ =1− 2(2+2+1)(+)
⎪
⎪ 2 2
⎪
⎨ = 32(2+2+1)(+)
+6+3+3 +3
¡ ¢ ¡ ¢
(b) ∪ ++1
= 1 − ∩ = 1 − 4+4+2 = 3+3+1
⎪
⎪ ¡ ¢ ¡ ¢ 4+4+2
⎪
⎪ ¡ ∪ ¢ ++1
= 1 − ∩ = 1 − 4+4+2 = 3+3+1
⎪
⎩ 4+4+2
++1
∪ = 1 − ( ∩ ) = 1 − 4+4+2 = 3+3+1
4+4+2
5. Questões com dois dos acontecimentos, envolvendo duas bolas, paridade e cores
(a) Intersecções
⎧
⎪
⎪ ( ∩ ) = (1 azul,2 ímp)
⎪
⎪ = (1 azul par,2 ímp) + (1 azul ímp,2 ímp)
⎪
⎪
⎪
⎨ 22 +2+
= 2+2+1 × ++1 +
2+2 + 2+2+1 × 2+2 = 2(2+2+1)(+)
i. ¡ ¢
⎪
⎪ ∩ = (1 azul,2 par)
⎪
⎪
⎪
⎪ = (1 azul par,2 par) + (1 azul ímpar,2 par)
⎪
⎩ 22 +2−
= 2+2+1 × +−1 +
2+2 + 2+2+1 × 2+2 = 2(2+2+1)(+)
⎧ ¡ ¢
⎪
⎪ ∩ = (1 verm,2 ímp)
⎪
⎪ = (1 verm par,2 ímp) + (1 verm ímp,2 ímp)
⎪
⎪
⎪
⎨ 22 +2+2+
= 2+2+1 × ++1 +1 +
2+2 + 2+2+1 × 2+2 = 2(2+2+1)(+)
ii. ¡ ¢
⎪
⎪ ∩ = (1 verm,2 par)
⎪
⎪
⎪
⎪ = (1 verm par,2 par) + (1 verm ímp,2 par)
⎪
⎩ 22 +2+
= 2+2+1 × +−1 +1 +
2+2 + 2+2+1 × 2+2 = 2(2+2+1)(+)
⎧
⎪
⎪ ( ∩ ) = (1 ímp,2 azul)
⎪
⎪ = (1 ímp azul,2 azul) + (1 ímp verm,2 azul)
⎪
⎪
⎪
⎨ 2−1 +1 2 22 +2+
= 2+2+1 × 2+2 + 2+2+1 × 2+2 = 2(2+2+1)(+)
iii. ¡ ¢
⎪
⎪ ∩ = (1 ímpar,2 vermelha)
⎪
⎪
⎪
⎪ = (1 ímpar azul,2 verm) + (1 ímpar verm,2 verm)
⎪
⎩ 2+1 +1 2 22 +2+2+
= 2+2+1 × 2+2 + 2+2+1 × 2+2 = 2(2+2+1)(+)
609
⎧
⎪ ( ∩ ) = (1 ímp,2 azul)
⎪
⎪
⎪
⎪ = (1 ímp azul,2 azul) + (1 ímp verm,2 azul)
⎪
⎪
⎪
⎪
= 2+2+1 2−1
× 2+2 +1
+ 2+2+1 2
× 2+2 22 +2+
= 2(2+2+1)(+)
⎪
⎪ ¡ ¢
⎪
⎪ ∩ = (1 ímpar,2 vermelha)
⎪
⎪
⎪
⎪ = (1 ímpar azul,2 verm) + (1 ímpar verm,2 verm)
⎪
⎪
⎪
⎨ 2+1 +1 2 22 +2+2+
= 2+2+1 × 2+2 + 2+2+1 × 2+2 = 2(2+2+1)(+)
iv. ¡ ¢
⎪
⎪ ∩ = (1 par,2 azul)
⎪
⎪
⎪
⎪ = (1 par azul,2 azul) + (1 par verm,2 azul)
⎪
⎪ 22 +2−
⎪
⎪
= 2+2+1 2−1
× 2+2
+ 2+2+1 2
× 2+2 = 2(2+2+1)(+)
⎪
⎪ ¡ ¢
⎪
⎪ ∩ = (1 par,2 verm)
⎪
⎪
⎪
⎪ = (1 par azul,2 verm) + (1 par verm,2 verm)
⎪
⎪
⎩ 2+1 2 22 +2+
= 2+2+1 × 2+2 + 2+2+1 × 2+2 = 2(2+2+1)(+)
(b) A probabilidade da reunião de dois acontecimentos pode ser resolvida de duas maneiras.
Uma delas consiste em aplicar a fórmula ( ∪ ) = () + ( ) − ( ∩ ).¡ A outra
¢
é através da probabilidade do acontecimento complementar: ( ∪ ) = 1 − ∩ .
Neste exemplo, vamos usar a segunda fórmula, uma vez que temos as probabilidades de
todas as intersecções de dois acontecimentos que nos interessam.
⎧ ¡ ¢ 22 +2+ 2
+6+2+42 +
⎪
⎪ ( ∪ ) = 1 − ∩ = 1 − 2(2+2+1)(+) = 22(2+2+1)(+)
⎪
⎨ ¡ ∪ ¢ = 1 − ¡ ∩ ¢ = 1 − 22 +2+2+ = 22 +6+42 +
⎪
2(2+2+1)(+) 2(2+2+1)(+)
i. ¡ ¢ ¡ ¢ 22 +2− 42 +6+2+22 +3
⎪
⎪ ∪ = 1 − ∩ = 1 − =
⎪
⎪ ¡ ¢ 2(2+2+1)(+) 2(2+2+1)(+)
⎩ ∪ 22 +2+
= 1 − ( ∩ ) = 1 − 2(2+2+1)(+)
2
+6+2+22 +
= 42(2+2+1)(+)
⎧ ¡ ¢ 22 +2+ 2
+6+2+42 +
⎪
⎪ ( ∪ ) = 1 − ∩ = 1 − 2(2+2+1)(+) = 22(2+2+1)(+)
⎪
⎨ ¡ ∪ ¢ = 1 − ¡ ∩ ¢ = 1 −
⎪ 22 +2− 42 +6+2+22 +3
2(2+2+1)(+) = 2(2+2+1)(+)
ii. ¡ ¢ ¡ ¢ 22 +2+2+ 22 +6+42 +
⎪
⎪ ∪ = 1 − ∩ = 1 − =
⎪ 2(2+2+1)(+) 2(2+2+1)(+)
⎩ ¡ ∪ ¢ = 1 − ( ∩ ) = 1 −
⎪ 22 +2+ 2
= 4 +6+2+2 +
2
2(2+2+1)(+) 2(2+2+1)(+)
2(+)(++1) 2(+)(++1)
(
(∩)
( | ) = ()
(c) ¡ ¢ . Agora, basta substituir ( ∩ ) e () pelos valores
| = 1 − ( | )
que já foram encontrados.
(
( ∪ | ) = ((∪)∩) = ((∩)∪(∩)) = (∩)+(∩)−(∩∩)
(d) ¡
() ¢ () ¡ ¢ ()
( ∪ | ) = 1 − ∩ | = 1 − ∩ ∩
O segundo processo parece ser mais prometedor, principalmente se não tivermos calcu-
lado previamente ( ∩ ) e ( ∩ ).
Ora, ∩ ∩ corresponde¡ ao acontecimento ¢ "a 1 bola é vermelha, a 1 bola é par, a
2 bola é ímpar". Então, ∩ ∩ = 2+2+1 × ++1
2+2 , pelo que vem
++1
( ∪ | ) = 1 − ×
2 + 2 + 1 2 + 2
4 + 8 + 4 + 2 + 2 − − 2 −
2 2
=
(2 + 2 + 1) ( + )
3 + 7 + 42 + + 2
2
=
(2 + 2 + 1) ( + )
¡ ¢ (∩∩ )
(e) ( ∪ | ) = 1 − ∩ | = 1 − ()
"A 1 bola é vermelha, a 2 bola é par e a 1¡ é ímpar", ¢ou seja, a primeira bola é ímpar e
2+1 + 2+1
vermelha e a segunda bola é par". Então, ∩ ∩ = 2+2+1 × 2+2 = 4+4+2
¡ ¢ (∩∩ ) 2
( ∪ | ) = 1 − ∩ | = 1 − () = 1 − 2+2+1 × 2+2
(2+2+1)(+)− 22 +3++22 +
= (2+2+1)(+) = (2+2+1)(+)
(f) ¡ ¢ (∩ )
22 +2+2+
(22 +2+2+)(2+2+1)
2(2+2+1)(+)
| = ( )
= 2+1 = 2(2+2+1)(+)(2+1)
2+2+1
22 +2+2+
= 2(+)(2+1)
⎧
⎪ ¡ ¢ (∩ )
22 +2−
(22 +2−)(2+2+1)
⎨ | = () = 2(2+2+1)(+)
2 = 2(2+2+1)(+)2 = 2+2−1
4(+)
2+2+1
(g) ¡ ¢ 22 +2+
⎪
⎩ | (∩ ) 2(2+2+1)(+) (22 +2+)(2+2+1) 22 +2+
= ( )
= 2+1 = 2(2+2+1)(+)(2+1) = 2(+)(2+1)
2+2+1
((∪)∩)
( ∪ | ) = () = ((∩)∪(∩))
()
(∩)+(∩)−(∩∩∩)
= ()
(∩)+(∩)−(∩∩)
= ()
22 +2+ (2−1) 2
2+2+1 + 2(2+2+1)(+) − (2+2+1)(2+2) + 2 2+2
+2+
− (2−1)
2+2
= ++1 = ++1
2+2+1
22 +2+22 +2+−22 + 2 +2+
= 2(++1)(+) = (++1)(+)
611
2 4 2 8
x =
3 7 3 21
B
4
B
4 1 4
7 1 x =
A 7 3 21
3
3
A 3 3 9
5 x =
3 B 7 5 35
7
B
2 3 2 6
x =
5 7 5 35
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
Determine ( ∩ ), ∩ , ∩ , ∩ , (), , ( | ), | , | ,
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
| , ( | ), | , ( | ), | , ( ∪ ), ∪ , ∪ , ∪ ,
( ∩ | ), ( ∩ | )
Resolução
4 2 8
¡ ¢
(
¡ ∩ )¢ = 73 × 33 = 219 ¡ ∩ ¢ = 47 × 13 = 21
4
3 2 6
∩ = 7 × 5 = 35 ∩ = 7 × 5 = 35
Então,
½ ¡ ¢ 8 9 67
()
¡ ¢ = ( ∩ ) + ∩ = 21 + 35 = 105
67 38
= 1 − 105 = 105
2
¡ ¢
(
¡ | )¢ = 31 ¡ | ¢ = 35
| = 3 | = 25
8
( ∩ )
( | ) = = 21
67 = 67
40
¡ () ¢ 105
¡ ¢ ∩ 4
10
| = ¡ ¢ = 21 38 = 19
105
8
( ∩ )
( | ) = = 4 = 23
21
¡ () ¢ 7
9
¡ ¢ ∩ 3
| = ¡ ¢ = 35 3 = 5
7
612 CAPÍTULO 28. PROBABILIDADES
4 67 8
(
¡ ∪ )¢ = () + ()
¡ ¢− (¡ ∩ )¢= 74+ 105 − 21 = 29
35
38 4 26
¡ ∪ ¢ = () + − ∩ ¡ = ¢ 3
7 + 105 − 21 = 35
67 9
¡ ∪ ¢ = 1 − () + () − ¡ ∩ ¢ = 7 + 105 − 35 = 17
21
3 67 9 17
½ ¡ ∪ =¢ 1 − ()
¡ ¢ + ()
¡ ¢ − ¡ ∩ =
¢ 37 105 + − 35 = 21
38 6 45+38−18 65 13
¡ ∪ ¢ = + − ∩ = 7 + 105 − 35 = 105 = 105 = 21
8
∪ = 1 − ( ∩ ) = 1 − 21 = 13
21
( ∩ ∩ ) ( ∩ ) 2
( ∩ | ) = = = ( | ) =
() () 3
( ∩ ∩ ) ( ∩ ) 40
( ∩ | ) = = = ( | ) =
() () 67
Capítulo 29
Neste Capítulo vamos ver que questões aparentemente difíceis podem ser resolvidas de maneira fácil.
É tudo uma questão de conhecimentos. Depois, as coisas vão tomando o seu lugar e a Matemática
fica mais bonita e mais simples. Antes de começarmos, vamos colocar duas questões: Além das
permutações habituais, há as chamadas permutações circulares.
Quem conhece Bridge, sabe que o lugar de Norte, na mesa, é irrelevante. O que é preciso é
que se saiba qual dos quatro lugares é para o jogador Norte, ficando os outros três lugares para
os restantes jogadores; desde que mantenham as mesmas posições relativas, tudo ficará certo. Ou
seja, podemos jogar numa sala circular que rode permanentemente, sem que isso levante algum
problema, a não ser eventuais dores de cabeça causadas pelo movimento de rotação.
Exemplo
De quantas maneiras podemos formar uma roda, com 8 crianças? É claro que, as crianças
podem rodar, não alterando a posição relativa. Assim, o lugar da primeira criança é irrelevante,
pelo que só interessa os lugares relativos das outras crianças. Então, a resposta é 5! = 120.
613
614 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
1
A
8 2
H B
G 7
C 3
6 4
F D
5
E
em que ∈ N ( = 1 · · · ).
Resolução
Note-se que só teremos soluções se ≥ .
É claro que o caso = 1 é trivial, pois corresponde a ter 1 = , equação esta que tem uma
única solução. Então, para = 1, temos uma única solução.
Passemos ao caso = 2. Então, queremos saber o número de soluções para a equação
1 + 2 =
1 + 2 =
−2
X µ ¶
( − 2) ( − 1) −1
= = =
=1
2 2
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7
1 8 28 56 70 56 28 8
1 9 36 84 126 126 84 36
1 10 45 120 210 252 210 120 45
É claro que, por falta de espaço, omitimos parte do triângulo. Observando o triângulo, vemos
facilmente onde está o número de soluções. E mais! Temos o número de soluções no caso de 3
variáveis e no caso de duas variáveis (1,2,3,4,5,...).
E agora, uma ideia surge no nosso pensamento: Será que?
Seria interessante que o número de soluções para a equação 1 + 2 + 3 + 4 = estivesse na
"diagonal"seguinte: 1, 4, 10, 20, 35, 56, 84, 120,...
Note-se que, no quadro anterior, até temos o número de soluções no caso de termos uma só
variável, ou seja, se tivermos a equação 1 = .
Passemos, então, ao caso = 4. Então, pretendemos saber qual o número de soluções da
equação
1 + 2 + 3 + 4 =
É claro que só há soluções para ≥ 4.
Se = 4, temos a única solução (1 1 1 1).
Se = 5, temos as soluções (1 1 1 2), (1 1 2 1), (1 2 1 1) e (2 1 1 1), ou seja, temos 4
soluções.
Note-se que, neste caso em que = 5, há duas possibilidades para 4 .
Se 4 = 2, temos uma única solução para (1 2 3 ).
Se 4 = 1, então 1 + 2 + 3 = 4 e estamos no caso "anterior"(três variáveis), havendo 3
soluções.
Se = 6, temos várias possibilidades para 4 .
Se 4 = 3, temos 1 + 2 + 3 = 3, havendo 1 solução.
Se 4 = 2, temos 1 + 2 + 3 = 4, havendo 3 soluções
Se 4 = 1, temos 1 + 2 + 3 = 5, havendo 6 soluções.
Então, para = 6, temos 10 soluções.
Se = 7, então 4 pode assumir quatro valores: 1, 2, 3 e 4. Para cada um desses valores, vamos
ter uma equação do tipo 1 + 2 + 3 = , pelo que sabemos o número de soluções de cada uma
delas. Somando esses números, obtemos o número total de soluções da equação 1 +2 +3 +4 = 7.
Valor de 4 Equação Número
¡3−1de
¢ soluções
4 1 + 2 + 3 = 3 2 ¢=1
¡4−1
3 1 + 2 + 3 = 4 2 ¢=3
¡5−1
2 1 + 2 + 3 = 5 ¡6−12¢ =6
1 1 + 2 + 3 = 6 2 = 10
Então, o número total de soluções da equação 1 + 2 + 3 + 4 = 7 é 20.
O leitor deve voltar a olhar para o Triângulo de Pascal!
29.1. DECOMPOSIÇÃO EM SOMAS 617
É claro que já prevemos o que vai acontecer com o número de soluções da equação
1 + 2 + 3 + 4 + 5 =
Vejamos o triângulo de Pascal, com outra disposição (mais adequada à poupança de espaço/papel):
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1
1 8 28 56 70 56 28 8 1
1 9 36 84 126 126 84 36 9 1
1 10 45 120 210 252 210 120 45 10 1
1 11 55 165 330 462 462 330 165 55 11 1
1 12 66 220 495 792 924 792 495 220 66 12 1
Além da poupança de espaço, torna-se mais fácil verificar a seguinte propriedade: a partir da
segunda coluna, qualquer elemento é a soma de todos os elementos da coluna que fica imediatamente
à sua esquerda e ficam nas linhas anteriores. Assim, por exemplo, 252 = 1 + 5 + 15 + 35 + 70 + 126.
Qual a razão deste facto?
¡ ¢ ¡¢ ¡ ¢
É bem sabido que +1+1 = + +1 . Então,
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
10 9 9 9 8 8 9 8 7 7
= + = + + = + + +
5 4 5 4 4 5 4 4 4 5
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
9 8 7 6 6 9 8 7 6 5 5
= + + + + = + + + + +
4 4 4 4 5 4 4 4 4 4 5
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ X9 µ ¶
9 8 7 6 5 4
= + + + + + =
4 4 4 4 4 4 4
=4
Outro exemplo
20 ¡ ¢
P
Calculemos 10
=10
20 ¡ ¢
P ¡21¢
Ora, 10 = 11 = 352 716
=10
20 ¡ ¢
P
Seja = 10 . Então, calculando cada uma das parcelas, temos
=10
X20 µ ¶
=
10
=10
µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
= + + + + + + + + + +
10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
= 1 + 11 + 66 + 286 + 1001 + 3003 + 8008 + 19448 + 43758 + 92378 + 184756 = 352 716
618 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
¡ +1 ¢ ¡ ¢
P
No caso geral, teremos +1 = , com ≥ .
=
Demonstração do caso geral (por indução em )
¡+1¢ ¡¢ ¡ ¢
P
Seja um número natural fixo. Para = , temos +1 =1= =
=
¡ +1 ¢ P
¡¢
Hipótese de indução: Suponhamos que =
, para certo ≥
+1
=
¡ ¢ ¡¢
Note-se que a afirmação faz sentido para = , pois, como já vimos, +1
+1 = 1 = .
¡ +2 ¢ +1
P ¡¢
Tese: +1 =
=
¡ +2 ¢ ¡+1¢ ¡ +1 ¢ ¡+1¢ ¡ ¢
P P
+1 ¡¢
Ora, +1 = + +1 = + =
= =
Está, assim, demonstrada a Tese, o que significa que a propriedade é válida para qualquer
número natural , desde que ≥ .
Esta última igualdade tem a vantagem de incluir o caso = 1
No triângulo acima apresentado, reparemos no número 495, por baixo de 330.
Então,
495 = 165 + 330 = 165 + 120 + 210 = 165 + 120 + 84 + 126
= 165 + 120 + 84 + 56 + 70 = 165 + 120 + 84 + 56 + 35 + 35
= 165 + 120 + 84 + 56 + 35 + 20 + 15
= 165 + 120 + 84 + 56 + 35 + 20 + 10 + 5
= 165 + 120 + 84 + 56 + 35 + 20 + 10 + 4 + 1
Note-se que o mesmo número 495 pode ser obtido de maneira diferente (considerando-o noutra
coluna):
495 = 330 + 165 = 330 + 120 + 45 = 330 + 120 + 36 + 9 = 330 + 120 + 36 + 8 + 1
Repare-se que
⎧ ¡12¢ ¡12¢
⎨ ¡ 4 ¢ = ¡495¢ = ¡ 8 ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
12 11 10 9 8 7 6 5 4 3
4 ¢ = ¡ 3 ¢ + ¡ 3 ¢ + ¡3¢ + ¡3¢ + ¡3¢ + 3 + 3 + 3 + 3 = 495
⎩ ¡12 11 10 9 8 7
8 = 7 + 7 + 7 + 7 + 7 = 495
Observação P
O número de soluções da equação =1 = (com todas as parcelas números naturais
arbitrários) é µ ¶
−1
, com ≥
−1
Exercício 617 Suponhamos que temos cinco bolas vermelhas (idênticas) e dez bolas brancas (tam-
bém idênticas). De quantas maneiras diferentes podemos colocar as quinze bolas, lado a lado, numa
fila, de modo que não fiquem duas bolas vermelhas seguidas.
Resolução
A ideia da resolução consiste em colocar pelo menos uma bola branca entre duas bolas vermelhas,
podendo haver (ou não haver) alguma bola branca, no início e no fim da fila.
Vejamos o seguinte esquema:
29.1. DECOMPOSIÇÃO EM SOMAS 619
V 1 V 2 V 3 V 4 V
No esquema anterior, V representa uma bola vermelha, é o número de bolas brancas, no início
da fila, é o número de bolas brancas, no fim da fila, enquanto 1 , 2 , 3 , 4 são os números de
bolas brancas, entre duas bolas vermelhas. Assim, por exemplo, 3 é o número de bolas brancas
existentes entre a terceira e a quarta bolas vermelhas (a contar da esquerda para a direita).
Então, devemos ter + 1 + 2 + 3 + 4 + = 10. É claro que 1 2 3 4 ∈ N e ∈ N0 .
Ou seja, têm uma natureza ligeiramente diferente das restantes varáveis. A situação corrige-se
muito facilmente, fazendo + 1 = 0 e + 1 = 5 . Então, teremos 0 1 2 3 4 5 ∈ N, com
0 + 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 12.
¡11¢Então, o número de variáveis é 6, enquanto o valor da soma é 12. Logo, o valor pretendido é
5 , ou seja, 462.
Logo, há 462 maneiras diferentes de colocar as quinze bolas dadas, da maneira indicada.
Exercício 618 Suponhamos que temos cinco bolas vermelhas, sete bolas azuis e três bolas brancas.
De quantas maneiras diferentes podemos colocar as quinze bolas, lado a lado, numa fila, de modo
que não fiquem duas bolas vermelhas seguidas.
Resolução
Pelo exercício anterior, temos 462 maneiras. Mas, as dez bolas não vermelhas não são da mesma
cor. Então, podemos substituir ¡ ¢ sete
¡10bolas
¢ brancas (das dez do exercício anterior) por sete bolas
azuis. Isso pode ser feito de 10 7 = 3 = 120 maneiras diferentes.
Logo o número total de maneiras diferentes de colocar as quinze bolas é de 462 × 120 = 55 440.
Observação
Como vimos no penúltimo exercício, o caso em que as variáveis podem assumir o valor zero,
resolve-se (facilmente), recorrendo a novas variáveis que resultam das anteriores, somando-se uma
unidade a cada uma das variáveis.
Assim, se tivermos 1 +2 +3 +4 +5 = 20, com ∈ N0 , para = 1 2 3 4 5, basta fazermos
= 1 + ( = 1 2 3 4 5), obendo-se a seguinte equação
1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 25
1 − 1 + 2 − 1 + 3 − 1 + 4 − 1 + 5 − 1 = 20
Com esta mudança de variáveis, temos sempre uma situação que envolve apenas números inteiros
positivos (números naturais). É claro que só substituimos as variáveis que podem assumir o valor
zero!
Caso geral
Suponhamos que temos bolas brancas e bolas vermelhas e que pretendemos formar uma
fila com as + bolas, de modo a não termos duas bolas vermelhas em posições consecutivas. De
quantas maneiras podemos colocar as bolas, de modo a obtermos situações essencialmente distintas?
Resolução
Como temos bolas vermelhas, precisamos, no mínimo, de −1 bolas brancas. Logo, ≥ −1.
Neste caso, teremos − 1 + 2 = + 1 separadores, em que o primeiro e o último podem ser
nulos. Com o significado dos exemplos anteriores, teremos
+ 1 + 2 + · · · + −1 + =
620 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Fazendo 0 = + 1 e = + 1, obtemos
0 + 1 + 2 + · · · + −1 + = + 2
Neste último caso, todas as parcelas do somatório são números naturais. Como temos + 1
parcelas e a soma é + 2, o número de soluções é dado por
µ ¶
+1
¡¢
Assim, para = 4 e = 5, temos 55 maneiras de colocar as 9 bolas, para que não fiquem duas
bolas vermelhas consecutivamente.
¡¢
Para = 6 e = 5, temos 75 = 21 maneiras.
¡ ¢
Para = 10 e = 5, temos 115 = 462 maneiras (exemplo anteriormente resolvido).
Exemplo 619 Suponhamos que temos 8 bolas vermelhas, 7 bolas brancas e 6 bolas amarelas. De
quantas maneiras podemos colocar as 21 bolas numa fila, de modo a que não tenhamos duas bolas
vermelhas em posições consecutivas?
Resolução
¡14¢Suponhamos que tínhamos 8 bolas vermelhas e 13 bolas cinzentas. Então, a resposta seria
8 = 3003.
Agora, temos
¡ ¢de substituir as 13 bolas cinzentas por 7 bolas brancas e 6 bolas amarelas. Isso
corresponde a 13
6 = 1716. ¡ ¢¡13¢
Logo, o número pretendido é de 148 6 = 3003 × 1716 = 5 153 148.
Exemplo 620 Suponhamos que temos um grupo de 16 pessoas, sendo 6 homens e 10 mulheres.
Queremos formar uma fila, para uma fotografia, de modo que não fiquem dois homens em posições
consecutivas. De quantas maneiras isso pode ser feito?
Resolução ¡ ¢
Sabendo que a resposta para o caso de bolas de duas cores é 11 6 = 462, temos que a resposta
¡11¢
a esta questão é 6 × 6! × 10! = 1207 084 032 000.
(11)×6!×10! 3
Note-se que 6 16! = 52 , o que significa que a probabilidade de não haver duas mulheres
3
lado a lado é de 52 , quando a distribuição é feita ao acaso.
Exemplo 621 Suponhamos que temos 8 bolas vermelhas, 7 bolas brancas e 6 bolas amarelas. De
quantas maneiras podemos colocar as 21 bolas numa fila, de modo a que tenhamos duas e só duas
bolas vermelhas em posições consecutivas (as restantes têm de ficar separadas entre si e separadas
das duas que estão juntas)?
Resolução
Vamos começar por supor que temos 8 bolas vermelhas e 13 bolas cinzentas. Guardemos uma
bola vermelha e coloquemos as restantes 20 bolas
¡ numa
¢ fila, de modo a não haver bolas vermelhas
seguidas. Já sabemos que isso pode ser feito de 14
7 maneiras.
Agora, basta juntar a bola vermelha que foi guardada, a uma das bolas vermelhas da fila. Isso
pode ser feito de 7 maneiras.
29.1. DECOMPOSIÇÃO EM SOMAS 621
¡ ¢
Logo, temos 147 × 7. Mas, as bolas não são cinzentas, pelo que vamos substituir 7 das bolas
cinzentas por bolas
¡ brancas.
¢
Então, temos 137 maneiras, não havendo necessidade de pensar em substituir as restantes bolas
cinzentas.
Então, o número final de maneiras diferentes é
µ ¶ µ ¶
14 13
×7× = 41 225 184
7 7
Exemplo 622 Suponhamos que estamos numa pastelaria e queremos comprar 10 bolos, entre
pastéis de nata, queijadas e tarte de maçã, com pelo menos dois bolos de cada qualidade.
Resolução
Como nós resolvemos as questões deste tipo com números naturais, a partir de 1, em vez de
considerarmos a equação + + = 10, consideramos¡ ¢a equação + + = 7, onde , , são
números naturais. Então, o número de soluções é 7−1 2 = 15. Tal significa que há quinze maneiras
de escolher 4 bolos entre as três qualidades, podendo ser todos da mesma qualidade.
4+0+0 3 maneiras
3+1+0 6 maneiras
2+1+1 3 maneiras
2+2+0 3 maneiras P
Relembramos que o número de soluções da equação =1 = (com todas as parcelas
números naturais arbitrários) é µ ¶
−1
, com ≥
−1
Exemplo 623 Quantas soluções tem a equação 1 +2 +3 ≤ 5, com 1 , 2 , 3 números naturais?
Resolução
Este exemplo concreto pode ser resolvido com as equações 1 + 2 + 3 = 3, 1 + 2 + 3 = 4 e
1 + 2 + 3 = 5.
A equação 1 + 2 + 3 = 3 tem¡uma¢ única solução, a equação 1 + 2 + 3 = 4 tem três soluções
e a equação 1 + 2 + 3 = 5 tem 42 = 6 soluções.
Então, o número de soluções é 10.
E se em vez de 1 + 2 + 3 ≤ 5 tivéssemos 1 + 2 + 3 ≤ 50? Neste caso, não era boa ideia
considerar os casos em que a soma era 3, 4,... até 50.
Comecemos por notar que a inequação dada é equivalente a 1 + 2 + 3 51, porque estamos
a trabalhar com números inteiros.
Então, podemos obter a seguinte equação 1 + 2 + 3 + 4 = 51, com 4 ∈ N, em que 4 é o
que "falta"para 51. ¡ ¢ ¡50¢
Logo, o número de soluções desta equação é 51−1 4−1 = 3 = 19 600, número este que é o mesmo
das soluções de 1 + 2 + 3 ≤ 50, com 1 , 2 , 3 números naturais.
No caso de 1 + 2 + 3 ≤ 5, com 1 , 2 , 3 números naturais, temos ¡1 + ¢2 +¡ ¢3 6 e
6−1
1 + 2 + 3 + 4 = 6, com 1 2 3 4 ∈ N, pelo que o número de soluções é 4−1 = 53 = 10.
Exemplo 624 Quantas soluções tem a equação 1 +2 +3 = 15, com 1 , 2 , 3 números inteiros
não negativos?
622 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Resolução
Esta questão pode ser transformada noutra: Quantas
¡ ¢ soluções tem a equação 1 + 2 + 3 = 18,
com 1 , 2 , 3 números naturais, cuja resposta é 17
2 = 136.
P
Exemplo 625 Quantas soluções tem a equação = , com números inteiros não nega-
=1
tivos?
Resolução
P
Esta questão transforma-se em saber quantas soluções tem a equação = + , com
=1
números naturais. Então, a resposta é
µ ¶ µ ¶
+ −1 + −1
=
−1
Os valores convenientes para são os do intervalo ]−1 1[, ou seja, devemos ter −1 1, para
P ¡1¢
+∞
que a série seja convergente. No entanto, podemos interpretar a série 2
como sendo uma
=0
série formal, não interessando saber se é convergente ou não. Nesse caso, não estamos interessados
em saber qual o valor da soma, pelo que os valores de não são a nossa preocupação.
Série Geométrica
Dado um número real , temos que 1 2 3 · · · · · · é uma progressão geométrica cujo
primeiro termo é 1 e cuja razão é .
A soma de termos consecutivos é dada por = 1 × 1− 1− , desde que 6= 1.
Se tivermos −1 1, então lim = lim 1−
1− = 1− .
1
1
Se usarmos em vez de , temos que 1 + + 2 + 3 + · · · + + · · · = 1− . Para muitos efeitos,
1
P
+∞
é preferível usar a expressão 1− em vez de 1 + + 2 + 3 + · · · + + · · · ou de .
=0
A 1 + + 2 + 3 + · · · + + · · · , damos o nome de série geométrica.
Há situações ligeiramente diferentes, mas com a mesma ideia base. Por exemplo, as séries
+∞
X ¡ ¢ 2
= 2 + 3 + · · · + + · · · = 2 1 + + 2 + · · · + + · · · =
1−
=2
+∞
X 1
2 = 1 + 2 + 4 + · · · + 2 + · · · =
1 − 2
=0
+∞
X
2+1 = + 3 + 5 + · · · + 2+1 + · · · =
1 − 2
=0
Resolução
Há um coeficiente que é imediato: 0 = 1. Vejamos como aproveitar o que estivemos a considerar:
29.2. GENERALIZAÇÃO DE COMBINAÇÕES E ARRANJOS 625
1
1 + + 2 + · · · + + · · · = 1− = (1 − )−1
¡ ¢ ³ 1 ´ −
Então, () = 1 + + 2 + · · · + + · · · = 1− = (1 − )
Então, temos uma potência dum binómio, pelo que podemos aplicar a fórmula do desenvolvi-
mento do binómio de Newton, num caso mais especial: o expoente não é um número natural
(embora seja um número inteiro).
+∞ µ
X ¶ +∞
X µ ¶
− − +−1
(1 − ) = (−) = (−1) (−)
=0 =0
+∞ µ
X ¶
+−1
=
=0
¡+−1¢
Então, = ,ou seja, temos as combinações usuais.
Então,
µ ¶ µ ¶ µ ¶
0+−1 1+−1 2+−1 1
0 = = 1 1 = = 2 = = ( + 1)
0 1 2 2
µ ¶
3+−1 1
3 = = ( + 1) ( + 2)
3 6
³ −1
´
(1 − ) = 1 + 2 + 32 + 43 + · · · + −1 + ( + 1) + · · ·
Logo,
1
= 1 + 2 + 32 + 43 + · · · + −1 + ( + 1) + · · ·
(1 − )2
+∞
X +∞ µ
X ¶
+1
= ( + 1) =
1
=0 =0
2
3 = 2 + 6 + 122 + · · · + ( + 2) ( + 1) + · · ·
(1 − )
Então,
+∞ µ
X ¶
1 ( + 2) ( + 1)
2 +2
3 = 1 + 3 + 6 + · · · + 2
+ ··· =
2
(1 − ) =0
626 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Então,
+∞ µ
X ¶
1 6 24 60 ( + 3) ( + 2) ( + 1) +3
4 = + + 2 + · · · + + ··· =
(1 − ) 6 6 6 6 3
=0
No caso dos polinómios, o número de parcelas dos coeficientes do polinómio produto, começa
por aumentar, mas depois diminui.
No caso das séries, o número de parcelas vai aumentando sempre.
No presente capítulo, vamos usar polinómios especiais, pois os casos mais importantes são aqueles
em que os coeficientes são 0 ou 1. Mas há outros casos de especial relevância.
Exemplos: 1 + + 2 + 3 , + 2 + 3 , + 3 + 4 ,...
¡ ¢2
Calculemos 1 + + 2 + 3 = 6 + 25 + 34 + 43 + 32 + 2 + 1
Considerando o caso acima apresentado, temos
percebemos uma regra curiosa, quando todos os coeficientes de são iguais a 1. Note-se que, neste
caso, temos um quadrado dum polinómio, pois os dois polinómios são iguais.
¡ ¢2
Repare-se que 1 + + 2 + 3 = 1+2+32 +43 +34 +25 +6 . A esta regra, chamaremos
"regra um, dois, três".
Esta "regra"permite-nos escrever a seguinte propriedade (basta considerar = 10):
⎧ 2
⎪
⎪ 1 =1
⎪ 2
⎪
⎪
⎪ 11 = 121
⎪
⎪
⎨ 1112 = 12321
11112 = 1234 321
⎪
⎪
⎪
⎪ 111112 = 123 454 321
⎪
⎪
⎪
⎪ ···
⎩
1111111112 = 12 345 678 987 654 321
A partir daqui, a regra destoa um pouco, porque estamos na base dez e vai haver "trans-
porte"para a casa situada à esquerda.
Neste momento, já somos capazes de calcular o quadrado dum polinómio deste tipo, mesmo que
tenha muitas parcelas:
¡ ¢2
() = 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 + 11 + 12
Então,
() = 1 + 2 + 32 + 43 + 54 + 65 + 76 + 87 + 98 + 109
+1110 + 1211 + 1312 + 1213 + 1114 + 1015 + 916
+817 + 718 + 619 + 520 + 421 + 322 + 223 + 24
No caso geral, teremos
¡ ¢2
() = 1 + + 2 + · · · + −1 +
= 1 + 2 + 32 + · · · + −1 + ( + 1) + +1 + · · · + 22−1 + 2
É claro que, se faltarem alguns termos, a situação complica-se:
¡ ¢2
1 + + 3 + 5 = 1 + 2 + 2 + 23 + 24 + 25 + 36 + 28 + 10
Imagine a seguinte conta de multiplicar (que tanto pode referir-se ao produto de dois números,
como ao produto de dois polinómios):
1 1 1 1 1 1 1
× 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
1 2 3 4 5 6 7 6 5 4 3 2 1
628 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
1 1 1 1 0 1 1
× 1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 2 3 4 3 4 5 4 4 2 1 2 1
Observe ⎧
⎪
⎪ 11111112 = 1234 567 654 321
⎪
⎪
⎪
⎪ 11111112 − 11111102 = 0000002222 221
⎪
⎪
⎪
⎪ 11111112 − 11111012 = 0000022 222 120
⎨
11111112 − 11110112 = 0000222 212 200
⎪ 11111112 − 11101112 = 0002221 222 000
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ 11111112 − 11011112 = 0022 122 220 000
⎪
⎪
⎪
⎪ 11111112 − 10111112 = 0212 222 200 000
⎩
11111112 − 01111112 = 1222 222 000 000
Agora, se substituirmos um 1 por 0, temos (por exemplo)
1 1 1 1 0 1 1
× 1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 1 1 1 0 1 1
1 2 3 4 3 4 5 4 4 2 1 2 1
Note que, como já referido, as "contas"anteriores tanto podem representar o produto de números
naturais, como podem representar o produto de polinómios.
Neste último caso, teríamos o produto de 6 + 5 + 4 + 3 + 02 + + 1 por si próprio.
Neste ponto, convém referir como se multiplicam séries (e polinómios).
0 1 2 3 4 5 6 ···
0 0 0 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 ···
1 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 ···
2 2 0 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 2 6 ···
3 3 0 3 1 3 2 3 3 3 4 3 5 3 6 ···
4 4 0 4 1 4 2 4 3 4 4 4 5 4 6 ···
5 5 0 5 1 5 2 5 3 5 4 5 5 5 6 ···
6 6 0 6 1 6 2 6 3 6 4 6 5 6 6 ···
.. .. .. .. .. .. .. .. ..
. . . . . . . . .
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 629
Exemplo 627 Multiplique os polinómios () = 2 + 3 − 42 + 34 e () = 1 − 2 − 33 + 24 ,
usando o processo acabado de descrever
Resolução
1 −2 0 −3 2
2 2 −4 0 −6 4
3 3 −6 0 −9 6
−4 −4 8 0 12 −8
0 0 0 0 0 0
3 3 −6 0 −9 6
Então,
Exemplo 628 Consideremos uma pergunta frequente e simples sobre Análise Combinatória: Dado
um conjunto de 10 pessoas, quantos subconjuntos diferentes podemos formar, sendo que esses sub-
conjuntos devem ter 5 pessoas.
¡ ¢
A resposta é imediata: 105 = 252
Ou seja, há 252 maneiras diferentes de escolher 5 pessoas entre 10.¡ ¢
E se tivéssemos que formar um subconjunto de 4 pessoas? Claro: 10 4 = 210
Mas há uma maneira alternativa (pelo menos). Se conhece o binómio de Newton, sabe que lá
estão as respostas para os vários expoentes.
Assim, temos
O desenvolvimento anterior pode ser modificado, usando uma só variável, se calcularmos (1 + )10
10
em vez de ( + ) . Deste modo, usamos os polinómios de que temos vindo a falar. Logo, não faz
grande sentido usar o desenvolvimento de ( + ) , se podemos usar o desenvolvimento de (1 + ) .
Ora,
E os coeficientes continuam lá, sendo que a expressão fica um pouco mais fácil, pois só inclui
uma variável.
Então, (1 + )10 gera as combinações de 10, a , enquanto (1 + ) gera as combinações de
, a , para os valores de admissíveis.
No que se segue, e por comodidade, vamos dizer que um subconjunto com elementos dum
conjunto inicial (com ou mais elementos) é um -subconjunto.
Agora, podemos fazer a seguinte pergunta: de quantas maneiras podemos escolher um 8-
subconjunto, quando o conjunto inicial tem 15 elementos?
Ora,
15
(1 + ) = 15 + 1514 + 10513 + 45512 + 136511 + 300310
+50059 + 64358 + 64357 + 50056 + 30035
+13654 + 4553 + 1052 + 15 + 1
¡ ¢
De 64358 , vem que a resposta é 6435. E 15 8 = 6435, o que confirma o resultado. Note-se que
temos a resposta para todos os -subconjuntos e não só para os subconjuntos com 8 elementos.
No entanto, parece que não temos nada de novo, nem nada que nos faça poupar trabalho.
Mas voltemos atrás.
Dada uma sucessão de números reais (ou complexos), podemos formar uma série de potências
(de ).
Se os termos da sucessão forem nulos, a partir de certa ordem, temos um polinómio.
Vejamos alguns exemplos:
Consideremos a sucessão definida por = 1, para todo o número natural . A série de potências
correspondente é 1 + + 2 + 3 + 4 + · · · + + · · ·
Esta série é conhecida por série geométrica, por estar ligada à soma de termos consecutivos
duma progressão geométrica de primeiro termo 1 e razão .
P
+1
1−+1
Seja = . Então, = 1−
1− , tendo-se que lim = lim 1−
1
= 1− , com −1
=0
1.
P
+∞ +1
Logo, 1 + + 2 + 3 + 4 + · · · + + · · · = = lim 1−
1− = 1
1− , com −1 1.
=0
1
Então, vamos dizer que 1− é a função geradora de (1 1 1 · · · 1 · · · )
1
A partir de 1 + + + + 4 + · · · + + · · · =
2 3
1− , podemos obter outras funções geradoras:
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 631
⎧ 2 3 4
⎪
⎪ 1− = + + + + · · · + + · · · → (0 1 1 1 · · · 1 · · · )
⎪
⎪ 2
2 3 4
⎪
⎪ 1− = + + + · · · + + · · · → (0 0 1 1 1 · · · 1 · · · )
⎪
⎪ 3
⎪ 3 4
⎨ 1− = + + · · · + + · · · → (0 0 0 1 1 1 · · · 1 · · · )
1 2 4 2
⎪ 1−2 = 1 + + + · · · + + · · · → (1 0 1 0 1 0 · · · 1 0 · · · )
⎪
⎪
= + 3
+ 5
+ · · · + 2+1
+ · · · → (0 1 0 1 0 1 · · · 0 1 · · · )
⎪
⎪ 1− 2
⎪
⎪ 2 2 4 2
⎪
⎪ 1−2 = + + · · · + + · · · → (0 0 1 0 1 0 1 0 · · · 1 0 · · · )
⎩ 1 3 6 3
1−3 = 1 + + + · · · + + · · · → (1 0 0 1 0 0 · · · 1 0 0 · · · )
No caso de sequências finitas, obtemos polinómios.
Exemplos: (1 1 1 1 1) gera o polinómio 1 + + 2 + 3 + 4 . Agora, trata-se da soma dos
P4 5
primeiros 5 termos duma progressão geométrica, tendo-se = 1−
1− , expressão esta que é válida
=0
para todo o número real diferente de 1. Para = 1, a soma é 5.
P7 8 P +1
Analogamente, temos = 1−
1− e = 1−
1− .
=0 =0
Podemos obter outras funções geradoras, multiplicando por , por 2 , etc...
P
7 P5 ¡ ¢ 6
Assim, temos = 2 = 2 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 = 2 1− 1− .
=2 =0
Esta função corresponde à sequência (finita) (0 0 1 1 1 1 1 1) e à sucessão (sequência infinita)
(0 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0 · · · 0 · · · ).
Após esta breve introdução, passemos a alguns exemplos de aplicação.
Então, quando queremos saber quantas soluções (inteiras não negativas) tem a equação 1 +2 =
, basta considerarmos o quadrado da série 1 + + 2 + · · · e verificarmos qual o coeficiente do
termo em .
Se tivermos três variáveis, em vez de duas, consideramos o cubo da série e assim sucessivamente.
Se quisermos encontrar o número de soluções da equação 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 12,
¡ ¢7
calculamos 1 + + 2 + · · · e vemos qual o coeficiente do termo em 12 .
É claro que os termos 13 , 14 ,... não contribuem para a formação do termo em 12 , pelo que
¡ ¢7
nos basta calcular 1 + + 2 + · · · + 12 . E neste cálculo, não nos interessam os termos de grau
superior a 12. Ora, os termos de grau menor ou igual a 12 formam o seguinte polinómio:
18 56412 +12 37611 +800810 +50059 +30038 +17167 +9246 +4625 +2104 +843 +282 +7+1
Logo, temos
¡ ¢ que há 18 564 soluções (inteiras e não negativas). Note-se que o número de soluções
é dado por 186 = 18 564.
O polinómio
¡ ¢ obtido também dá o número de soluções para 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 11:
12 376 = 176 = 12 376, etc...
Calculemos as várias "combinações":
¡18¢ ¡13¢ ¡8¢
6 ¢ = 18 564
¡17 ¡612¢= 1716 ¡67¢= 28
¡616¢= 12 376 ¡116¢ = 924 ¡66¢ = 7
¡156¢ = 8008 ¡106¢ = 462 6 =1
¡146¢ = 5005 ¡69¢ = 210
6 = 3003 6 = 84
¡ ¢7
Note-se que, de 1 + + 2 + · · · + 12 , não podemos determinar o número de soluções da
equação 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 13.
Esta questão pode ser resolvida mudando as variáveis, de modo a que todas elas pertençam a
N. Foi assim, que este assunto foi tratado, embora tivéssemos feito referência aos dois processos.
Utilizando as funções geradoras, temos o polinómio 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 , para cada uma
¡ ¢3
das variáveis, pelo que calculamos 1 + + 2 + 3 + 4 + 5
O computador ajuda-nos, fornecendo o resultado
Nenhuma variável pode assumir valores superiores a 5. Note-se que esta questão é mais fácil
de ver, quando as variáveis podem ser zero (podem ser qualquer número maior ou igual a zero,
satisfazendo uma dada equação).
Considere o polinómio () = + 2 + 3 + 4 + 5
Então,
¡ ¢7
() = + 2 + 3 + 4 + 5 = 35 + 734 + 2833 + 8432
+21031 + 45530 + 87529 + 152028 + 241527
+353526 + 479525 + 605524 + 714023 + 787522
+813521 + 787520 + 714019 + 605518 + 479517
+353516 + 241515 + 152014 + 87513
+45512 + 21011 + 8410 + 289 + 78 + 7
E lá temos 21011 . ¡ ¢7
A única questão relevante é que dá muito trabalho, calcular + 2 + 3 + 4 + 5 .
Observação
¡ ¢7 ¡ ¢7
Note que + 2 + 3 + 4 + 5 = 7 1 + + 2 + 3 + 4
Como procuramos o termo de grau 11, só nos interessa saber o termo de grau 4, no desenvolvi-
¡ ¢7
mento de 1 + + 2 + 3 + 4
¡ ¢2
Ora, 1 + + 2 + 3 + 4 = 8 + 27 + 36 + 45 + 54 + 43 + 32 + 2 + 1
Deste polinómio, só nos interessa a parte 54 + 43 + 32 + 2 + 1
¡ 4 ¢2
5 + 43 + 32 + 2 + 1 = 258 + 407 + 466 + 445
+354 + 203 + 102 + 4 + 1
¡ ¢7 ¡ ¢¡ ¢
1 + + 2 + 3 + 4 −→ 354 + 203 + 102 + 4 + 1 154 + 103 + 62 + 3 + 1
= 5258 + 6507 + 5606 + 3855 + 2104 + 843
+282 + 7 + 1
É
j§claro que podemos utilizar os dois símbolos:
¨(3) k
54 + 53 + 32 + 6 + 3 = 53 + 32
(2)
Notação
Seja () = 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · + −1 −1 + , com ∈ A, onde A é um anel e
0 ≤ ≤ , com ∈ N0 .
Seja um número natural tal que 1 ≤ − 1.
Então,
( § ¨()
2
¥0 + 1 + 2 + · · · +−1 =¦ 0 + 1 + · · · +
0 + 1 + · · · + −1 + () = + +1 +1 + · · · +
É claro que poderíamos definir esta operação para = 0 e para ≥ , mas não obtínhamos
nada§ de interessante: ¨()
0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · −1 −1 + seria 0 +1 +2 2 +3 3 +· · · −1 −1 +
§ ¨(0)
E 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · −1 −1 + seria 0
E analogamente para
¥ ¦
0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · + −1 −1 + () =
¥ ¦
0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · −1 −1 + (0) = 0 + 1 + · · · +
§ ¦
Outra possibilidade será utilizar o único sinal 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · −1 −1 +
e colocar um índice ou um expoente (ou ambos).
Outra maneira interessante seria colocar índice e expoente em todas as circunstâncias:
Por exemplo,
⎧ § ¦(4)
⎪
⎪ 25 + 54 + 53 + 32 + 6 + 3 (2) = 54 + 53 + 32
⎨ § ¦(4)
25 + 54 + 53 + 32 + 6 + 3 (0) = 54 + 53 + 32 + 6 + 3
⎪
⎩ §25 + 54 + 53 + 32 + 6 + 3¦(5) = 25 + 54 + 53 + 32
⎪
(2)
Já sabemos que podemos alterar as condições, substituindo as variáveis dadas por outras que
irão começar em 1. No entanto, vamos deixar tudo como está.
O maior valor de 1 é 13 (e o menor é 2), pelo que consideramos o polinómio
1 () = 13 + 12 + 11 + 10 + 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2
O maior valor de 2 é 14, pelo que consideramos o polinómio
2 () = 14 + 13 + 12 + 11 + 10 + 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 3
O maior valor de 3 é 15, pelo que consideramos o polinómio
3 () = 15 + 14 + 13 + 12 + 11 + 10 + 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4
O maior valor de 4 (e das restantes variáveis) é 11 (e o menor é 0), pelo que consideramos o
polinómio
4 () = 11 + 10 + 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2 + + 1
Comecemos por calcular (4 ())4 :
Só nos interessam os termos de expoente menor ou igual a 20, pelo que os restantes foram
eliminados.
Note-se que podemos começar por calcular (4 ())2 .
Então, temos
l k(20) l¡ ¢2 k(20)
(4 ())2 = 11 + 10 + 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2 + + 1
= 320 + 419 + 518 + 617 + 716 + 815 + 914 + 1013
+1112 + 1211 + 1110 + 109 + 98 + 87 + 76
+65 + 54 + 43 + 32 + 2 + 1
l k(20)
(4 ())4 = 111120 + 106019 + 99418 + 91617 + 82916 + 73615
+64014 + 54413 + 45112 + 36411 + 28610 + 2209
+1658 + 1207 + 846 + 565 + 354 + 203 + 102 + 4 + 1
Calculemos 1 () 2 () 3 () = 5 (), eliminando os termos de grau superior a 20:
d5 ()c(20) = 1 () 2 () 3 () = 7820 + 6619 + 5518 + 4517 + 3616
+2815 + 2114 + 1513 + 1012 + 611 + 310 + 9
E, por fim, calculamos os produtos destes dois polinómios encontrados, mas, no primeiro,
podemos eliminar os termos de grau superior a 11, porque em 5 (), só temos termos de grau
maior ou igual a 9.
(11)
6 () = d5 ()c = 36411 + 28610 + 2209 + 1658 + 1207
+84 + 565 + 354 + 203 + 102 + 4 + 1
6
Como a soma é 20, a resposta é 12 376 soluções (escolhe-se o coeficiente do termo de grau 20).
Confirmemos, mudando as variáveis.
1 = 1 + 1 2 = 2 + 2 3 = 3 + 3 = − 1 ( = 4 5 6 7)
Então, 1 + 1 + 2 + 2 + 3 + 3 + 4 − 1 + 5 − 1 + 6 − 1 + 7 − 1 = 20
Logo, 1 + 2¡ +¢3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 18
O resultado é 176 = 12 376, o que coincide com o valor encontrado antes.
É claro que podemos mudar as variáveis, de modo que elas possam assumir o valor zero. É tudo
uma questão de gosto pessoal e de qual a fórmula que pretendemos fixar.
Neste momento, podemos garantir que conhecemos duas maneiras de resolver esta última
questão: a primeira maneira, dá um trabalho imenso, enquanto a segunda se resolve num instante.
Só que há que ter algum cuidado com as afirmações. Nem sempre as restrições são tão convenientes
como as dos exemplos anteriores.
O exemplo seguinte vai mostrar a importância daquilo que temos vindo a fazer.
Comecemos por reparar que a arbitrariedade referida não é assim tão grande. O valor mínimo
de 1 + 2 + 3 é 4, pelo que a maior possibilidade para 4 + 5 é 5.
Então, estas duas variáveis só podem tomar valores de 1 a 4.
Então, vamos considerar os seguintes polinómios:
⎧
⎪
⎪ 1 () = + 3 + 6
⎨
2 () = 2 + 3 + 4
⎪
⎪ 3 () = + 3 + 4
⎩
() = + 2 + 3 + 4
Agora, calculamos 1 () 2 () 3 () () (). O polinómio () aparece duas vezes, porque
há duas variáveis que tomam valores entre 1 e 4 (qualquer desses valores).
Podemos apresentar o cálculo de maneira mais suave:
Mas, nós andamos à procura do termo de grau 9, pelo que nos basta ter atenção o termo de
grau 3, ou seja, 163 , pois falta multiplicar por 6 .
Logo, o número de soluções é 16.
Até podemos apresentar as soluções:
1 2 3 4 5 Soma 1 2 3 4 5
1 2 1 1 4 9 1 3 1 2 2
1 2 1 2 3 9 1 3 1 3 1
1 2 1 3 2 9 1 3 3 1 1
1 2 1 4 1 9 1 4 1 1 2
1 2 3 1 2 9 1 4 1 2 1
1 2 3 2 1 9 3 2 1 1 2
1 2 4 1 1 9 3 2 1 2 1
1 3 1 1 3 9 3 3 1 1 1
Note-se que podíamos "truncar"os polinómios, desprezando os termos de grau superior a 9, em
() e em (). Isso corresponde em eliminar os termos de grau superior a 5, em 1 () e em
1 ().
1 () = 1 + + 32 + 33 + 44 + 45
1 () = 1 + 2 + 32 + 43 + 34 + 25
1 () 1 () = 810 + 209 + 348 + 437 + 436 + 385 + 264 + 163 + 82 + 3 + 1
Multiplicando por 6 , temos
816 + 2015 + 3414 + 4313 + 4312 + 3811 + 2610 + 169 + 88 + 37 + 6
E, de novo, obtemos 16 (coeficiente do termo em 9 ).
E "parece"que há uma maneira de obter soma igual a 6 (1 + 2 + 1 + 1 + 1)
Três maneiras de obter soma 7 (1 + 2 + 1 + 1 + 2, 1 + 2 + 1 + 2 + 1 e 1 + 3 + 1 + 1 + 1)
E oito maneiras de obter soma 8 (1+2+1+1+3, 1+2+1+2+2, 1+2+1+3+1, 1+2+3+1+1,
1 + 3 + 1 + 1 + 2, 1 + 3 + 1 + 2 + 1, 1 + 4 + 1 + 1 + 1 e 3 + 2 + 1 + 1 + 1).
Então, parece que temos um bónus: não só resolvemos o caso em que a soma é 9, como
"parece"que resolvemos o caso em que a soma é inferior a 9.
Exemplo 634 Determine o número de soluções da equação 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 20,
onde 1 ∈ {1 3 6}, 2 ∈ {2 3 4}, 3 ∈ {1 3 4} e as restantes variáveis são números naturais
arbitrários.
O valor mínimo de 1 + 2 + 3 é 4, pelo que a maior possibilidade para 4 + 5 + 6 + 7 é 16.
No entanto, trata-se de números naturais, Logo, o maior valor que uma destas últimas variáveis
pode assumir, é 13.
Usando as "funções geradoras", temos
⎧
⎪ 1 () = + 3 + 6
⎪
⎪
⎪
⎪ 2 () = 2 + 3 + 4
⎪
⎪ 3 4
⎪
⎨ 3 () = + +
P
13
⎪ () = (4 ≤ ≤ 7)
⎪
⎪
⎪
⎪ =1
µ ¶4
⎪
⎪ () = P
⎪ 13
⎩
=1
638 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Então,
1 () 2 () 3 () = 14 + 213 + 212 + 311 + 310 + 49 + 48 + 37 + 36 + 5 + 4
¡ ¢
= 4 10 + 29 + 28 + 37 + 36 + 45 + 44 + 33 + 32 + + 1
Então, o termo de grau 20 é 401720 , pelo que há 4017 soluções para a equação dada.
Note-se que
(20)
d ()c(0) = 401720 + 295819 + 211518 + 146117 + 96916 + 61215
+36414 + 20113 + 10112 + 4511 + 1710 + 59 + 8
¡ ¢¡ ¢¡ ¢
1 () 2 () 3 () = + 3 + 6 2 + 3 + 4 + 3 + 4
¡ ¢¡ ¢¡ ¢
= 6 + 3 + 4 + 3 + 2 4 + 3 +
¡ ¢¡ ¢¡ ¢
= 4 5 + 2 + 1 2 + + 1 3 + 2 + 1
1 0 0 1 0 1
1 1 1
1 0 0 1 0 1
1 0 0 1 0 1
1 0 0 1 0 1
1 1 1 1 1 2 1 1
1 1 0 1
1 1 1 1 1 2 1 1
1 1 1 1 1 2 1 1
1 1 1 1 1 2 1 1
1 2 2 3 3 4 4 3 3 1 1
Ou desta maneira:
5 2 1
2 1
5 2 1
6
3
7 4
2
7 6 5 4 3 22 1
3 2 1
7 6 5 4 3 22 1
9 8
7 6 5 24 3 2
10 9 8 7 6 25 4 3
10 29 28 37 36 45 44 33 32 1
O resultado é 10 + 29 + 28 + 37 + 36 + 45 + 44 + 33 + 32 + + 1. Mas, falta multiplicar
por , embora isso possa ser evitado (com alguma vantagem). Note-se que omitimos o sinal +.
Então,
¡ ¢
1 () 2 () 3 () = 4 10 + 29 + 38 + 37 + 36 + 45 + 44 + 33 + 32 + + 1
= 14 + 213 + 312 + 311 + 310 + 49 + 48 + 37 + 36 + 5 + 4
µ 13 ¶2 µ 12 ¶2
P
13
P 2
P
Quadrado de , ou seja, = :
=1 =1 =0
A "conta"é fácil ( a regra de 1,2,3,..., não esquecendo 2 ):
à 13 !2
X
= 26 + 225 + 324 + 423 + 522 + 621 + 720 + 819 + 918
=1
+1017 + 1116 + 1215 + 1314 + 1213 + 1112 + 1011
+910 + 89 + 78 + 67 + 56 + 45 + 34 + 23 + 2
Agora, temos que elevar novamente ao quadrado, o que não é muito fácil.
(16)
d ()c(0) = 1116 + 1215 + 1314 + 1213 + 1112 + 1011 + 910
+89 + 78 + 67 + 56 + 45 + 34 + 23 + 2
640 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Note-se que só precisamos dos termos de ordem menor ou igual a 16, por causa de 4 ser o
termo de grau mínimo do produto 1 () 2 () 3 ().
Agora, falta-nos calcular o quadrado deste polinómio obtido, de que só vamos deixar o resultado
com os termos de grau menos ou igual a 16:
Por fim, falta-nos multiplicar este último polinómio por 1 () 2 () 3 (), ou seja, falta mul-
tiplicar por 14 + 213 + 212 + 311 + 310 + 49 + 48 + 37 + 36 + 5 + 4 .
Então, temos para esse produto
Note-se que não era necessário calcular o produto, bastava calcular o termo de grau 20:
14 213 212 311 310 49 48 37 36 5 4
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
10 20 35 56 84 120 165 220 286 364 45516
10 40 70 168 252 480 660 660 858 364 455
Somando os elementos da última linha, temos
10 + 40 + 70 + 168 + 252 + 480 + 660 + 660 + 858 + 364 + 455 = 4017
Outra maneira era definir convenientemente dois vectores e achar o produto interno.
= (10 20 35 56 84 120 165 220 286 364 455)
= (1 2 2 3 3 4 4 3 3 1 1)
· = 4017
Exemplo 635 Determine o número de soluções da equação 21 +32 +43 +4 +5 +6 +7 = 19,
onde as variáveis ( = 1 2 3 4 5 6 7) são números naturais arbitrários.
Resolução
Percebemos melhor a resolução, se mudarmos de variáveis, fazendo 1 = 21 , 2 = 32 ,
3 = 43 , 4 = 4 , 5 = 5 , 6 = 6 e 7 = 7 .
Note-se que o valor mínimo de 21 + 32 + 43 + 4 + 5 + 6 + 7 é 13, pelo resta 6, para ser
distribuído pelas diversas variáveis.
Então, 1 ∈ {2 4 6 8}, 2 ∈ {3 6 9}, 3 ∈ {4 8}, 4 5 6 7 ∈ {1 2 3 4 5 6 7}.
Logo, vamos considerar os seguintes polinómios:
⎧ ¡ ¢
⎪
⎪ 1 () = 2 + 4 + 6 + 8 = ¡ 2 1 + 2 ¢+ 4 + 6
⎪ () = 3 + 6 + 9 = 3 1 + 3 + 6
⎪
⎪
⎨ () = 4 + 8 = 4 ¡1 + 4 ¢
⎪ 2
3 ¡ ¢
⎪
⎪ () = + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 + 6
⎪
⎪ () = 1 () 2 () 3 () () () () ()
⎪
⎪
⎩
() = 1 () 2 () 3 () ( ())4
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 641
Sejam ⎧
⎪
⎪ 1 () = 1 + 2 + 4 + 6
⎨
2 () = 1 + 3 + 6
⎪
⎪ 3 () = 1 + 4
⎩
4 () = 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 + 6
Calculemos o produto 1 () 2 () 3 (), por etapas:
§¡ ¢¡ ¢¦(6)
d1 () 2 ()c(6) = 1 + 2 + 4 + 6 1 + 3 + 6
§ ¦(6)
= 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 26 + 7 + 8 + 9 + 10 + 12
= 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 26
¡ ¢¡ ¢
1 () 2 () 3 () = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 26 1 + 4
= 1 + 2 + 3 + 24 + 5 + 36 + 7 + 8 + 9 + 210
(6)
d1 () 2 () 3 ()c = 1 + 2 + 3 + 24 + 5 + 36
(84 + 35 + 20 + 20 + 4 + 3) 6 = 1666
Exemplo 636 Determine o número de soluções da equação 21 + 32 + 43 + 64 = 29, onde as
variáveis ( = 1 2 3 4) são números naturais.
642 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Resolução
A primeira observação que podemos fazer é que 2 tem de ser um número ímpar.
É conveniente sabermos o valor máximo de cada variável, para não usarmos polinómios de grau
superior ao estritamente necessário.
O valor mínimo de 21 + 32 + 43 + 64 é 15 (quando as quatro variáveis são iguais a 1). Como
falta 14 para 29, esse número 14 pode ser "distribuído"por uma ou mais variáveis. Então, o maior
valor para 1 é 16, o maior valor de 2 é 15, o maior valor de 3 é 16 e o maior valor de 4 é 18.
Mudemos de variáveis, fazendo
⎧
⎪
⎪ 1 = 21
⎨
2 = 32
⎪
⎪ 3 = 43
⎩
4 = 64
⎧
⎪
⎪ 1 ∈ {2 4 6 8 10 12 14 16}
⎨
2 ∈ {3 9 15}
Então, obtemos a equação 1 + 2 + 3 + 4 = 29, com .
⎪
⎪ 3 ∈ {4 8 12 16}
⎩
4 ∈ {6 12 18}
⎧ 2 4 6 8 10
⎪
⎪ 1 () = +
¡ + + + + 12 + 14 + 16 ¢
⎪
⎪
⎨ = 1 + + + ¡ + + 10 +
2 2 4 6 8 12
¢ +
14
3 9 15 3 6 12
Polinómios associados: 2 () = + + = 1 + ¡ + ¢ .
⎪
⎪ 4 8 12 16 4 4 8 12
⎪
⎪ 3 () = + + + =
¡ 1 + +¢ +
⎩
4 () = 6 + 12 + 18 = 6 1 + 6 + 12
⎧
⎪
⎪ 1 () = 1 + 2 + 4 + 6 + 8 + 10 + 12 + 14
⎨
2 () = 1 + 6 + 12
Então, sejam
⎪
⎪ 3 () = 1 + 4 + 8 + 12
⎩
4 () = 1 + 6 + 12
Pretendemos descobrir o coeficiente do termo em 29 do produto dos quatro polinómios ().
Q4
Ora, isso corresponde a encontrar o coeficiente do termo em 14 de ().
=1
Ora, 1 () 3 () = 1 + 2 + 24 + 26 + 38 + 310 + 412 + 414 + · · ·
E 2 () 4 () = 1 + 26 + 312 + 218 + 24 , pelo que temos
(
d1 () 3 ()c(14) = 1 + 2 + 24 + 26 + 38 + 310 + 412 + 414
(14)
d2 () 4 ()c = 1 + 26 + 312
E, representando d1 () 3 ()c(14) por () e 2 () 4 () por (), temos
Exemplo 637 Quantas soluções tem a condição 21 +32 +43 +4 ≤ 12, com 1 2 3 4 ∈ N0 ?
Resolução
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 643
⎧
⎪
⎪ 1 = 21
⎨
2 = 32
Comecemos por mudar as variáveis, fazendo . Então, podemos afirmar que
⎪
⎪ 3 = 43
⎩
⎧ 4 = 4
⎪
⎪ 1 ∈ {0 2 4 6 8 10 12}
⎨
2 ∈ {0 3 6 9 12}
.
⎪
⎪ 3 ∈ {0 4 8 12}
⎩
0 ≤ 4 ≤ 12
Polinómios associados:
⎧
⎪
⎪ 1 () = 1 + 2 + 4 + 6 + 8 + 10 + 12
⎨
2 () = 1 + 3 + 6 + 9 + 12
⎪
⎪ 3 () = 1 + 4 + 8 + 12
⎩
4 () = 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 + 11 + 12
1 + 1 + 2 + 3 + 5 + 6 + 9 + 11 + 15 + 18 + 23 + 27 + 34 = 155
1 2 3 4 Soma 1 2 3 4 Soma
0 0 0 0 0 0 3 0 1 4
0 0 0 1 1 2 0 0 2 4
0 0 0 2 2 4 0 0 0 4
2 0 0 0 2 0 0 0 5 5
0 0 0 3 3 0 0 4 1 5
0 3 0 0 3 0 3 0 2 5
2 0 0 1 3 2 0 0 3 5
0 0 0 4 4 2 3 0 0 5
0 0 4 0 4 4 0 0 1 5
644 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Exemplo 638 Quantas soluções tem a equação 1 + 52 + 103 = 83, com 1 2 3 ∈ N0 ?
Resolução
Tentemos uma resolução subtil: 1 = 51 + 3. Então, vem 51 + 3 + 52 + 103 = 83, com
1 2 3 ∈ N0 . Estamos a supor que 2 = 2 e 3 = 3 .
Logo, 1 + 2 + 23 = 16. Então, 1 e 2 são ambos pares ou ambos ímpares.
Suponhamos que são ambos pares: então, temos 21 + 22 + 23 = 16, com 1 = 21 2 = 22
e 3 = 3 . Note-se que 1 2 3 ∈ N0 , podendo assumir qualquer valor (apenas limitado pela
equação). ¡ ¢ ¡10¢
Então, temos a equação 1 + 2 + 3 = 8 e o número de soluções é 8+3−1
3−1 = 2 = 45.
Suponhamos que 1 e 2 são ambos ímpares: então, 1 = 21 + 1 2 = 22 + 1.
Logo, temos 21 + 22 + 23 = 14, donde vem 1 + ¡2 + 3 ¢= 7.¡ ¢
Logo, o número de soluções (desta última equação) é 7+3−1
3−1 = 92 = 36.
Então, o número de soluções da equação inicial é 45 + 36 = 81.
Outra resolução
Consideremos o produto de três polinómios
¡ ¢¡ ¢¡ ¢
() = 1 + + 2 + 3 + · · · + 83 1 + 5 + 10 + · · · + 80 1 + 10 + · · · + 80
à 83 ! à 16 ! à 8 !
X X X
5 10
= × ×
=0 =0 =0
1 1
De 1− × 1−5 = 0 + 1 + 2 2 + · · · , vem
1 ¡ ¢¡ ¢
= 0 + 1 + 2 2 + · · · 1 − 5
1−
= 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4 + (5 − 0 ) 5 + · · ·
= 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + · · ·
Então, temos
½
0 = 1 = 2 = 3 = 4 = 1
5 − 0 = 1 6 − 1 = 1 7 − 2 = 1 8 − 3 = 1 9 − 4 = 1
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 645
Logo, ½
0 = 1 = 2 = 3 = 4 = 1
5 = 6 = 7 = 8 = 9 = 2
Continuando, temos
½
10 − 5 = 1 11 − 6 = 1 12 − 7 = 1 13 − 8 = 1 14 − 9 = 1
10 = 11 = 12 = 13 = 14 = 3
1 1 1 1 1 ¡ ¢
× = × × × 1 − 10
1 − 1 − 5 1− 1− 5 1− 10
¡ ¢¡ ¢
= 0 + 1 + 2 + 3 3 + 4 4 + 5 5 + 6 6 + · · · 1 − 10
2
E assim sucessivamente:
O termo geral obtém-se da seguinte maneira:
2 2
De 10 até 10+4 , o valor é ( + 1) , enquanto que de 10+5 até 10+9 , o valor é ( + 1) +
+ 1 = ( + 2) ( + 1).
646 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Então,
⎢ j k⎥
³ j k´2 ⎢ ⎥
⎢ − 10 10 ⎥ ³ j k´
= 1 + +⎣ ⎦ 1+
10 5 10
½
10 = 10+1 = 10+2 = 10+3 = 10+4 = ( + 1)2
10+5 = 10+6 = 10+7 = 10+8 = 10+9 = ( + 1)2 + + 1 = ( + 2) ( + 1)
Calculemos 83 :
83 = 10×8+3 = (1 + 8)2 = 81
87 = 8×10+7 = 10 × 9 = 90
Exemplo 639 Consideremos a progressão geométrica de primeiro termo 1 e razão 2. Qual a função
geradora associada a esta sucessão?
Resolução
P
+∞
Consideremos a série de potências 1 + 2 + 42 + · · · + 2 + · · · = 2 = ().
=0
P
+∞
Então, 2 () = 2 + 42 + · · · + 2+1 +1 + · · · = 2
=1
Logo,
+∞
X
1 + 2 () = 1 + 2 + 42 + · · · + 2+1 +1 + · · · = 1 + 2
=1
+∞
X +∞
X
= 20 0 + 2 = 2 = ()
=1 =0
1
Então, 1 + 2 () = (), donde se conclui que 1 = (1 − 2) () e, por fim, que () = 1−2 ,
1 1
resultado este que todos conhecem das séries geométicas, com |2| 1, ou seja, − 2 2 .
Exemplo 640 Considere⎧ a sucessão, análoga à sucessão de Fibonacci, definida por recorrência
⎨ 0 = 3
da seguinte maneira: 1 = 4 . Qual a função geradora associada a esta
⎩
+2 = +1 + ∀ ∈ N0
sucessão?
Resolução
Consideremos a função () = 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · + + · · ·
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 647
Então,
() = 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · + + · · ·
= 0 + 1 + (1 + 0 ) 2 + (2 + 1 ) 3 + (3 + 2 ) 4 + · · · + (+1 + ) +2 + · · ·
= 0 + 1 + 1 2 + 2 3 + 3 4 + · · · + +1 +2 + · · ·
+0 2 + 1 3 + 2 4 + · · · + + · · ·
¡ ¢
= 0 + 1 + −0 + 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · + +1 +1 + · · ·
¡ ¢
+2 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · + −2 −2 + · · ·
= 0 + 1 − 0 + () + 2 ()
= 0 + (1 − 0 ) + () + 2 ()
= 3 + (4 − 3) + () + 2 ()
= 3 + + () + 2 ()
3+
Então, () − () − 2 () = + 3, donde se conclui que () = 1−−2 = − 2+3
+−1 .
Observação
3+
Há uma maneira de obtermos a série, a partir de 1−− 2:
3 1 − −2
2
−3 3 3 3 4 72 113
4 32
−4 42 43
72 43
−72 73 74
113 74
−113 114 115
184 115
Exemplo 641 Há dois problemas do Capítulo dedicado ao jornal escolar Choque Mate que têm
soluções análogas. ½
Em ambos os problemas, aparece a sucessão ( )∈N , definida por recorrência da
1 = 1
seguinte maneira: . Vamos adaptar ligeiramente, a sucessão, definindo-
½ +1 = 2 + 1 ∀ ∈ N
0 = 0
a por . A única diferença reside em que esta segunda sucessão tem mais
+1 = 2 + 1 ∀ ∈ N0
um termo. Determine o termo geral da sucessão e a função geradora associada.
648 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Resolução
O termo geral pode ser obtido
⎧ de várias maneiras, sendo que uma delas é a seguinte:
⎨ 0 = + 0 =
Seja = + . Então, 1 = + 1 = + 1 . Determinemos , de modo que 21 = 1
0 :
⎩
2 = + 2 = + 3
2 1 +3 +1
= ⇐⇒ = ⇐⇒ 2 + 3 = 2 + 2 + 1
1 0 +1
⇐⇒ 3 = 2 + 1 ⇐⇒ = 1
½
= 1 +
Então, , pelo que +1 2(1+ )
= 1+ =
+1 = 1 + +1 = 1 + 2 + 1 = 2 + 2 = 2 (1 + )
2, para todo o número inteiro não negativo. Logo, trata-se duma progressão geométrica de razão
2. Então, = 0 × 2 = 2 ∀ ∈ N0 .
E, podemos determinar o termo geral = − 1 = 2 − 1 ∀ ∈ N0 .
A série de potências associada¡ é 0 +¢ 1 +¡ 2 2 + ¢3 3 + · · · + + · · · , ou seja, a série
() = 0 + + 32 + 73 + · · · + 2 − 1 ¡ + 2+1¢ − 1 +1 + · · ·
Então, () = 2 + 33 + 74 + · · · + 2 − 1 +1 + · · · , pelo que
¡ ¢
() − () = + 22 + 43 + 84 + · · · + 2+1 − 1 − 2 + 1 +1 + · · ·
= + 22 + 43 + 84 + · · · + 2 +1 + · · ·
Resolução
⎧
⎨ 0 =
Ora, 1 = + , pelo que vamos considerar a sucessão em que todos os termos são
⎩
2 = ( + ) +
os de ( ) ⎧
somados de .
⎨ 0 = +
Então, 1 = + + . Pretendemos que esta última sucessão seja uma progressão
⎩
2 = ( + ) + +
geométrica de razão , pelo que devemos ter
⎧ ⎧
⎨ 0 = + ⎨ 0 = +
1 = + + = + =⇒ + =
⎩ ⎩ 2
2 = ( + ) + + = 2 + 2 + + = 2 + 2 −
½ ½
= − ¡ ¢ = ( − 1)
=⇒ =⇒
+ = 2 − 1 ( + 1) = ( − 1) ( + 1)
=⇒ = , com 6= 1 ∧ 6= −1 ∧ 6= 0
−1
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 649
Então, 0 = + = + −1 , pelo que o termo geral da progressão geométrica é =
³ ´
+ −1 .
Então, µ ¶
= + − ∀ ∈ N0
−1 −1
Note-se que, em rigor, nada foi demonstrado. Temos de mostrar (como no exemplo anterior)
+1
que = ∀ ∈ N0 :
+1 + +1 + + −1 + + + ( − 1) + −
= = = =
+ + −1 + + ( − 1)
( − 1) + ( − 1) +
= =× =
+ ( − 1) + ( − 1)
Uma maneira mais simples de encontrar , consiste em partir do princípio que a razão da
1
progressão geométrica será , bastando fazer = .
0
Dessa maneira, teríamos
1 + +
= ⇐⇒ = ⇐⇒ + + = +
0 +
⇐⇒ − = ⇐⇒ (1 − ) = ⇐⇒ =
1−
Note-se que não há nada de estranho, pois temos de mostrar que ( )∈N0 é uma progressão
geométrica.
Note-se que os valores "inconvenientes"são = −1 = 0 = 1. Se ⎧ = 0, obtemos um caso
⎪
⎪ 0 =
⎨
1 = −
trivial (sucessão constante, a partir do segundo termo). Se = −1, temos .
⎪
⎪ 2 = − + =
⎩
¡ ¢ 3 = −
E o termo geral é = (−1) − 2 + 2
Se = 1, obtemos uma progressão aritmética, em que 0 = e a razão é . Então, = + .
No exemplo anterior, tínhamos = 0 = 2 = 1.
Então, substituindo as constantes (no termo geral acabado de encontrar), vem:
µ ¶
1 1
= 2 − = 2 − 1 ∀ ∈ N0
2−1 2−1
Observação
Tudo o que estivemos a fazer pode ser resolvido de forma bastante diferente, usando as equações
com½diferenças:
0 =
+1 = + ∀ ∈ N0
Então, temos +1 − = , pelo que começamos por resolver a equação (dita homogénea)
+1 − = 0. Trata-se duma equação a um passo, pelo que a equação característica é − = 0,
ou seja = .
650 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Então, a solução é ( )gh = . Se 6= 1, então temos que ( )p = , pelo que devemos ter
= + , donde vem 1−
Então, a solução geral da equação completa é
= +
1−
Como temos o valor 0 = , temos que 0 + 1− = , donde vem = − 1− =+ −1 .
³ ´
Então, temos = + −1 + 1−
Substituindo por 0, obtemos 0 = .
Substituindo por 1, obtemos 1 = + −1
− −1 = + (−1)
−1 = + .
0 2 3
1 + 1 + 1 + 1 + ··· + 1 + ···
0! 1! 2! 3! !
Ora, sabemos que a série anterior converge para . Note-se a diferença para o caso das funções
geradoras ordinárias, onde com a mesma sucessão obtínhamos a série 1 + + 2 + 3 + · · · + + · · · ,
1
obtendo-se a função 1− .
Do mesmo modo, temos alguns casos semelhantes a , começando pela própria função :
0 2 3
A sucessão (1 1 1 1 1 1 · · · 1 · · · ) origina 1 0! + 1 1!
+ 1 2! + 1 3! + · · · + 1 ! + · · · =
0 2 3
A sucessão (0 1 1 1 1 1 · · · 1 · · · ) origina 0 0! + 1 1!
+ 1 2! + 1 3! + · · · + 1 ! + · · · , pelo que
falta 1, para obtermos
2 3
Então, 0 + 1 1! + 1 2! + 1 3! + · · · + 1 ! + · · · = − 1
0 2 3
(1 0 1 1 1 1 1 · · · 1 · · · ) origina 1 0! + 0 1!
+ 1 2! + 1 3! + · · · + 1 ! + · · · = −
0 2 3 2
(1 1 0 1 1 1 1 · · · 1 · · · ) origina 1 0! + 1 1!
+ 0 2! + 1 3! + · · · + 1 ! + · · · = − 2
0 2 3 ¡ ¢
(1 −1 1 −1 1 −1 1 −1 · · · 1 −1 · · · ) origina 1 0! −1 1!
+1 2! −1 3! +· · ·+ −1 ! +· · · = −
0 2 4 6
(1 0 1 0 1 0 1 0 · · · 1 0 1 0 · · · ) origina 1 0! + 0 + 1 2! + 03 + 1 4! + 05 + 1 6! + · · · =
P 2
+∞
(2)! = cosh
=0
0 2 4 6 7
(0 1 0 1 0 1 0 1 · · · 0 1 0 1 · · · ) origina 0 0! + 1 + 0 2! + 13 + 0 4! + 15 + 0 6! + 1 7! + · · · =
P
+∞
2+1
(2+1)! = sinh
=0
0 2 4 6
(2 0 2 0 2 0 2 0 · · · 2 0 2 0 · · · ) origina 2 0! + 0 + 2 2! + 03 + 2 4! + 05 + 2 6! + · · · =
P
+∞
22
(2)! = + − = 2 cosh
=0
−
Daqui, vem a conhecida igualdade cosh = + 2
Note-se que (1 1 1 1 1 1 · · · ) + (1 −1 1 −1 1 −1 · · · ) = (2 0 2 0 2 0 · · · )
Analogamente para a diferença:
(1 1 1 1 1 1 · · · ) − (1 −1 1 −1 1 −1 · · · ) = (0 2 0 2 0 2 · · · )
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 651
0 2 4 6 7 P
+∞
2+1
E (0 2 0 2 0 2 · · · ) origina 0 0! + 2 + 0 2! + 23 + 0 4! + 25 + 0 6! + 2 7! + · · · = 2 (2+1)! =
=0
2 sinh
−
Donde, sinh = −
2 .
Qual a sucessão correspondente a ?
2 3 4 +1
= + + + + ··· + + ···
0! 1! 2! 3! !
22 33 44 ( + 1) +1
= + + + + ··· + + ···
1! 2 × 1! 3 × 2! 4 × 3! ( + 1) !
22 33 44 ( + 1) +1
= + + + + ··· + + ···
1! 2! 3! 4! ( + 1)!
Então, a sucessão correspondente é (0 1
P2 3 4 · · · + 1 · · · )
Se quisermos, podemos usar o símbolo :
+∞
X +∞ +1
X +∞
X +∞
X
( + 1) +1 ( + 1) +1
= = = =
! ! ( + 1) ! ( + 1)!
=0 =0 =0 =0
+∞
X X +∞ +∞
X
= =0+ =
! ! !
=1 =1 =0
E o coeficiente correspondente a
! é .
Vejamos alguns exemplos de aplicação das funções geradoras exponenciais:
Exemplo 643 Consideremos os algarismos 1, 2, 3. Quantos números naturais, formados por 6
algarismos, podemos formar utilizando os algarismos dados, supondo que temos uma restrição: 1
não pode ser usado mais de 4 vezes, 2 não pode ser usado mais de 3 vezes e 3 não pode ser usado
mais do que duas vezes.
Resolução ⎧
⎪ 2 3 4 2 3 4
⎨ 1 () = 1 + 1! + 2! + 3! + 4! = 1 + + 2 + 6 + 24
2 3 2 3
Consideremos os polinómios 2 () = 1 + 1! + 2! + 3! = 1 + + 2 + 6
⎪
⎩ 2 2
⎧ 3 () = 1 + 1! + 2! = 1 + + 2
2 3 4 ¡ ¢
⎪ 1 () = 1 + 1!
⎨
+ 2! + 3! + 4! = 241
24 + 24 + 122 + 43 + 4
2 3 2 3 ¡ ¢
Ora, 2 () = 1 + 1! + 2! + 3! = 1 + + 2 + 6 = 16 6 + 6 + 32 + 3
⎪
⎩ 2 2 ¡ ¢
3 () = 1 + 1! + 2! = 1 + + 2 = 12 2 + 2 + 2
Então,
1 ¡ ¢¡ ¢
2 () 3 () = 6 + 6 + 32 + 3 2 + 2 + 2
12
7 5
= 1 + 2 + 22 + 3 + 4 + · · ·
6 12
7 5
d2 () 3 ()c(4) = 1 + 2 + 22 + 3 + 4
6 12
1 ¡ ¢
= 12 + 24 + 242 + 143 + 54
12
652 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
(4)
Seja () = 1 () d2 () 3 ()c . Então,
1 + 8 + 24 + 28 + 10 = 71
2. São injectivas
Resolução
1. Há dez possibilidades para a imagem de cada elemento de , pelo que a resposta é 1010
(arranjos com repetição).
2. O número de funções injectivas (neste caso têm de ser bijectivas) é 10! = 3628 800
¡¢
O número de soluções da equação + = 10, com ∈ N é dado por 91
¡ ¢¡9¢
Então, o número de possibilidades deste caso é 10 1 . Note-se que, no caso anterior (um só
¡10¢¡9¢ 2
elemento), a resposta pode ser 1 0 .
¡ ¢
Com três e só três elementos no contradomínio de , temos 10 3 possibilidades, para a escolha
desses
¡¢ elementos e teremos a equação + +
¡ ¢¡ ¢ = 10, em que o número de soluções é dado
por 92 . Logo, o número de possibilidades é 10 3
9
2 .
¡ 10 ¢¡9¢
Analogamente, teremos +1 , com 0 ≤ ≤ 9.
9 ¡
P ¢¡9¢
10
Então, o valor total pretendido é dado por +1 = 92 378
=0
A mesma questão pode ser resolvida, seguindo outro caminho:
Sejam 0 o número de vezes em que a imagem é 0, 1 o número de vezes em que a imagem é
1, etc... (até 9 ).
P
9
Então, devemos ter = 10
=0
P
9 ¡19¢
Ora, o número de soluções da equação = 10 é dado por 9 = 92 378, pelo que há
=0
92378 funções crescentes (de em ).
Eis um exemplo duma função crescente em :
µ ¶
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 3 3 3 4 5 8 8 8
Exemplo 645 Sejam = {1 2 3 4 5 6}, = {11 12 13 14 15 16 17} e = {21 22 23 24 25}.
Indique o número de aplicações:
1. de em
2. de em
3. de em
4. injectivas, de em
5. injectivas, de em
6. sobrejectivas, de em
7. sobrejectivas, de em
8. sobrejectivas, de em
9. sobrejectivas, de em
10. bijectivas, de em
Resolução
= {1 2 3 4 5 6}, = {11 12 13 14 15 16 17} e = {21 22 23 24 25}
656 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
12. Neste caso, a resposta é 14, porque há 7 funções estritamente crescentes e 7 estritamente
decrescentes.
13. Funções estritamente crescentes de em : Como¡ ¢ tem mais dois elementos que , temos
de deixar dois elemento de "fora". Então, temos 72 × 1 = 21 funções estritamente crescentes
de ( em ).
14. Funções de em , crescentes em sentido lato:
A situação já é mais complicada do que as anteriores.
µ ¶
21 22 23 24 25
=
? ? ? ? ?
15. Neste caso, o número de funções monótonas, em sentido lato, é o dobro de 462, ou seja, 924.
16. Estritamente monótonas, de em :
¡¢
Escolha das imagens: 75 = 21. Então, temos 42 funções estritamente monótonas (21 cres-
centes e 21 decrescentes).
Resolução
Seja F a família (ou o conjunto) de todas as aplicações de + em . Seja F o conjunto de
todas as funções , de+ em , tais que ∈ 0 , onde 0 representa o contradomínio de .
É evidente que as funções pertencentes a F são as funções não sobrejectivas (de + em ).
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 659
Observação
Se representarmos o número de elementos do domínio () por e o número de elementos do
conjunto de chegada () por , temos que o número de funções sobrejectivas de em , é dado
por
X µ ¶ X µ ¶ X µ ¶
−
(−1) ( − ) = (−1) ( − ) = (−1)
=0
=0
− =0
Exemplo 647 De quantas maneiras podemos obter 1 euro, utilizando (uma ou mais) moedas?
Resolução
As moedas existentes são de 1, 2, 5, 10, 20, 50 cêntimos e 1 euro (a de dois euros não nos
interessa para esta questão).
Sejam 1 2 5 10 20 50 100 os números de moedas de 1, 2, 5, 10, 20, 50 e 100 cêntimos.
660 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Então, queremos saber quantas soluções tem a equação 11 +22 +55 +1010 +2020 +5050 +
100100 = 100.
Podemos retirar a variável 100 , contando com uma solução correspondente a uma moeda de
um euro e nenhuma das restantes.
Há outra solução: duas moedas de 50 cêntimos. Então, já temos duas soluções.
Faltam as soluções com uma moeda de 50 cêntimos e as soluções sem nenhuma moeda de 50
cêntimos.
No primeiro caso, temos 1 + 22 + 55 + 1010 + 2020 = 50 e, no segundo caso, temos
1 + 22 + 55 + 1010 + 2020 = 100
Consideremos o produto
¡ ¢¡ ¢
= 1 + + 2 + · · · 1 + 2 + 4 + · · · () () ()
⎧
⎪
⎪ () = 1 + 10 + 20 + 30 + 40 + 50 + 60 + 70 + 80 + 90 + 100
⎨
() = 1 + 20 + 40 + 60 + 80 + 100
com
⎪
⎪ () = 1 + 5 + 10 + 15 + 20 + 25 + 30 + 35 + 40 + 45 + 50 + 55 + 60 + 65
⎩
+ 70 + 75 + 80 + 55 + 90 + 95 + 100
Então,
() () = · · · + 6100 + 590 + 580 + 470 + 460 + 350 + 340 + 230 + 220 + 10 + 1
() () () = · · · + 36100 + 3295 + 3090 + 2685 + 2580 + 2275 + 2070
+1765 + 1660 + 1355 + 1250 + 945 + 940 + 635 + 630
+425 + 420 + 215 + 210 + 5 + 1
Produto de séries:
termo em... 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
coeficiente 1 3 6 8 11 13 16 18 21 23 26
termo em... 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
coeficiente 28 31 33 36 38 41 43 46 48 51
½
= (1 3 6 8 11 13 16 18 21 23 26 28 31 33 36 38 41 43 46 48 51)
Sejam .
= (36 32 30 26 25 22 20 17 16 13 12 9 9 6 6 4 4 2 2 1 1)
Então, · = 4192
= (1 3 6 8 11 13 16 18 21 23 26 28 31 33 36 38 41 43 46 48 51)
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 661
= (36 32 30 26 25 22 20 17 16 13 12 9 9 6 6 4 4 2 2 1 1)
E para½o produto dar 50?
= (1 3 6 8 11 13 16 18 21 23 26)
Sejam
= (12 9 9 6 6 4 4 2 2 1 1)
Então, · = 450
Logo, temos 4192 + 450 + 2 = 4644 soluções.
Exemplo 648 De quantas maneiras podemos perfazer 1 euro, sem utilizar moedas de dois cênti-
mos?
Resolução
A questão fica um pouco mais fácil, se não utilizarmos moedas de dois cêntimos (ou se não
utilizarmos moedas de um cêntimo).
Sejam 1 5 10 20 50 100 os números de moedas de 1, 2, 5, 10, 20, 50 e 100 cêntimos.
Então, queremos saber quantas soluções tem a equação 1 + 55 + 1010 + 2020 + 5050 +
100100 = 100.
É imediato concluir que 1 tem de ser múltiplo de 5. Logo, 1 = 51 , com 1 um número
inteiro não negativo. Fazendo = , para = 5 10 20 50 100, temos
51 + 55 + 1010 + 2020 + 5050 + 100100 = 100, ou seja, 1 + 5 + 210 + 420 + 1050 +
20100 = 20.
Se 100 = 1, temos 1 = 5 = 10 = 20 = 50 = 0, obtendo-se uma solução.
Nas restantes soluções, temos 100 = 0.
Se 50 = 2, temos 1 = 5 = 10 = 20 = 100 = 0, obtendo-se uma nova solução.
Se 50 = 1, devemos ter 1 + 5 + 210 + 420 = 10
Se 50 = 0, devemos ter 1 + 5 + 210 + 420 = 20
1 Caso: 1 + 5 + 210 + 420 = 10
É imediato que 20 ≤ 2, 10 ≤ 5, 1 ≤ 10, 5 ≤ 10
µ 10 ¶2 µ 5 ¶
P P 2 ¡ ¢
Então, calculemos o produto 1 + 4 + 8 :
=0 =0
⎧ µ ¶2
⎨ P 10
= 1 + 2 + 32 + 43 + 54 + 65 + 76 + 87 + 98 + 109 + 1110 + · · ·
⎩ ¡ =0 ¢¡ ¢
1 + 2 + 4 + 6 + 8 + 10 1 + 4 + 8 = · · · + 310 + 38 + 26 + 24 + 2 + 1
O termo em 10 (do produto) tem coeficiente 3 + 9 + 10 + 14 + 9 + 11 = 56, pelo que temos 56
soluções neste 1 caso.
2 Caso: 1 + 5 + 210 + 420 = 20
µ 10 ¶2 µ 10 ¶
P P 2 ¡ ¢
Consideremos o produto 1 + 4 + 8 + 12 + 16 + 20
=0 =0
Ora,
à 10 !
X ¡ ¢
2
1 + 4 + 8 + 12 + 16 + 20
=0
= · · · + 620 + 518 + 516 + 414 + 412 + 310 + 38 + 26 + 24 + 2 + 1
662 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
E, como já vimos,
à 10
!2
X
= 1 + 2 + 32 + 43 + 54 + 65 + 76 + 87 + 98 + 109 + 1110 + · · ·
=0
µ ¶2 µ ¶
20
P
10
P
10
2
¡ ¢
Então, o termo em do produto 1 + 4 + 8 + 12 + 16 + 20 é
=0 =0
6 + 15 + 25 + 28 + 36 + 33 = 143
Exemplo 649 De quantas maneiras podemos colocar 25 bolas idênticas em 7 caixas numeradas
(de 1 a 7), de modo a que não fique nenhuma caixa com mais de 8 bolas.
Resolução
Uma das maneiras é resolver a questão à força (bruta):
¡ ¢7
() = 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8
= · · · + 270 46627 + 262 62626 + 250 02625 + 233 33124 + 213 40223 + · · ·
= |(1 ∪ 2 ∪ 3 ∪ 4 ∪ 5 ∪ 6 ∪ 7 )|
µ ¶ µ ¶
7 7
= 7 × #1 − # (1 ∩ 2 ) + # (1 ∩ 2 ∩ 3 )
2 3
= 7 × 74 613 − 21 × 1716 + 0 = 486 255
Exemplo 650 De quantas maneiras podemos colocar 25 bolas idênticas em 7 caixas numeradas
(de 1 a 7), de modo a que não fique nenhuma caixa com mais de 6 bolas.
Resolução
Neste exemplo, temos que a intersecção de três conjuntos é não vazia:
Uma das maneiras é resolver a questão à força (bruta):
¡ ¢7
() = 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 + 6
= · · · + 46 65525 + 52 37424 + 56 85423 + 59 71022 + · · ·
Resolução
Relativamente aos dois exemplos anteriores, esta equação corresponde a colocar menos de 15
bolas nas caixas 3 e 4 (e só nessas) e colocar 20 ou mais bolas na caixa 1 e 30 ou mais bolas na
caixa 2.
A melhor maneira de resolver esta questão, é criar novas variáveis para os casos em que temos
o sinal ≥. Então, fazemos 1 = 8 + 20 2 = 9 + 30.
Substituindo, vem 8 + 9 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 25, com 3 ≤ 15 4 ≤ 15.
Vamos resolver o problema de maneira semelhante aos dois anteriores.
Seja 3 o conjunto das soluções da equação 8 + 9 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 25, com 3 ≥ 16.
Então, temos a equação 8 + 9 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 9 (fazendo 3 = 3 + 16). Note-se
que 4 continua sendo um número ¡arbitrário.
¢ ¡15¢ ¡15¢
Então, o número de soluções é 9+7−16 = 6 = 9 = 5005
Neste caso, temos #3 = #4 = 5005
Note-se que # (3 ∩ 4 ) = 0, pois temos menos de 32 bolas disponíveis.
Então, # (3 ∪¡ 4 ) =¢5005¡ +¢5005 = 10 010.
Como, #Ω = 25+7−1 6 = 316 = 736 281, temos que o número de soluções da equação dada é
736 281 − 10010 = 726 271.
Podemos resolver esta questão, usando polinómios:
Pretendemos saber o número de soluções da equação 8 + 9 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 25, com
0 ≤ 3 ≤ 15
⎧ 0 ≤ 4 ≤ 15 e todas as variáveis números inteiros não negativos.
⎪ () = P15
⎪
⎨ = 15 + 14 + 13 + 12 + 11 + 10 + 9 + 8 + · · · + 2 + + 1
Sejam =0
⎪
⎪ P25
⎩ () =
=0
Então, pretendemos calcular ( ())2 ( ())5 e verificar qual o coeficiente do termo em 25 .
Aqui ficam alguns termos do produto anterior:
726 27125 + 587 76924 + 471 58823 + 374 89222 + 295 08621 + 229 81020 + 176 93219
Resolução
Trata-se duma questão facílima, pois podemos encontrar todas as soluções e contá-las.
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 665
() () () = 1 + + 22 + 33 + 44 + 55 + 76 + 87 + 108 + 129 + 1410 + · · ·
1 1
De 1− × 1−2 = 0 + 1 + 2 2 + · · · , vem
1 ¡ ¢¡ ¢
= 0 + 1 + 2 2 + · · · 1 − 2
1−
= 0 + 1 + (2 − 0 ) 2 + (3 − 1 ) 3 + (4 − 2 ) 4 + (5 − 3 ) 5 + (6 − 4 ) 6 + · · ·
= 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + · · ·
Então, temos
⎧
⎪
⎪ 0 = 1 = 1
⎨
2 − 0 = 1 3 − 1 = 1
⎪ 4 − 2 = 1 5 − 3 = 1
⎪
⎩
6 − 4 = 1 7 − 5 = 1 · · ·
Logo,
½
0 = 1 = 1 2 = 3 = 2 4 = 5 = 3
6 = 7 = 4 8 = 9 = 5 10 = 11 = 6 · · ·
Continuando, temos
½
10 − 5 = 1 11 − 6 = 1 12 − 7 = 1 13 − 8 = 1 14 − 9 = 1
10 = 11 = 12 = 13 = 14 = 3
jk jk
É fácil de encontrar o termo geral da sucessão ( )∈N0 : = 1 + , onde é o maior
2 2
inteiro não superior a .
2 ¹ º
73
Assim, por exemplo, 73 = 1 + = 37.
2
Para a sucessão ( )∈N0 , temos:
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 667
1 1 1
De 1− × 1−2 × 1−3 = 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4 + · · · vem que
1 1 1 1 1 ¡ ¢
× = × × × 1 − 3
1 − 1 − 2 1− 1− 2 1− 3
¡ ¢¡ ¢
= 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4 + 5 5 + 6 6 + · · · 1 − 3
= 0 + 1 + 2 2 + (3 − 0 ) 3 + (4 − 1 ) 4 + (5 − 2 ) 5 + · · ·
= 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4 + 5 5 + 6 6 + 7 7 + · · ·
Mas, não parece haver uma regra simples para encontrar . Será que não existe mesmo?
Ora, +3 = +3 + e +6 = +6 + +3 = +6 + +3 + .
Então, para conhecermos todos os coeficientes basta conhecermos os primeiros seis termos
(de 0 a 5 ). Da maneira como ( ) está definida, vamos ter seis subsucessões.
Por exemplo, teremos 0 6 12 · · · , 1 7 13 · · · , etc.
Se quisermos definir 6+4 , fazemos 6+4 = 6+4 + 6+1 = 6+4 + 6+1 + 6−2 .
Se quisermos, podemos escrever
Como estamos a ver, vamos obter a soma dos termos duma progressão aritmética de razão −6
(ou de razão 6, se trocarmos a ordem das parcelas).
Então,
2 + 2000
Então, 2000 = × 334 = 334 334.
2
Note-se que 2 = 2.
E se quisermos obter 600 ?
600 = 600 + 594 + · · · + 12 + 6 = 600 + 594 + · · · + 12 + 6
= 600 + 594 + · · · + 12 + 6 + 1
100
X X100
101 × 100
= 1+ (6) = 1 + 6 =1+6× = 30 301
2
=1 =1
Então, para 6 , temos um ligeiro problema (pois 0 = 1 e não zero). Só que se trata dum
pequeníssimo problema.
Exemplo 654 Quantas soluções tem a equação 1 + 2 + 3 + 4 = 100, com ∈ N0 , para
= 1 2 3 4 e 0 ≤ 1 ≤ 2 ≤ 3 ≤ 4 ?
Resolução
Introduzindo mais variáveis, temos
⎧
⎪
⎪ 2 = 1 + 1
⎨
3 = 2 + 2 = 1 + 1 + 2
⎪
⎪ 4 = 3 + 3 = 1 + 1 + 2 + 3
⎩
1 + 2 + 3 + 4 = 41 + 31 + 22 + 3
Digamos que temos uma equação da forma 41 + 32 + 23 + 4 = 100, com ∈ N0 , para
= 1 2 3 4.
Agora, precisamos de decompor em série a função
1 1 1 1
() = × × ×
1 − 1 − 2 1 − 3 1 − 4
1 1 1
Note-se que já sabemos qual a série correspondente a 1− × 1−2 × 1−3 . Ora,
1 1 1 1 1 1 1 ¡ ¢
× × = × × × × 1 − 4
1 − 1 − 2 1 − 3 1 − 1 − 2 1 − 3 1 − 4
¡ ¢¡ ¢
= 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4 + · · · 1 − 4
= 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + (4 − 0 ) 4 + · · ·
Então, vamos ter
0 = 0 1 = 1 2 = 2 3 = 3 4 = 4 + 0
5 = 5 + 1 6 = 6 + 2 7 = 7 + 3 8 = 8 + 4
9 = 9 + 5 10 = 10 + 6 11 = 11 + 7 12 = 12 + 8
13 = 13 + 9 14 = 14 + 10 15 = 15 + 11 16 = 16 + 12 · · ·
Substituindo os coeficientes , temos
0 = 1 1 = 1 2 = 2 3 = 3 4 = 4 + 1 = 5 5 = 5 + 1 = 6 6 = 7 + 2 = 9
7 = 8 + 3 = 11 8 = 10 + 5 = 15 9 = 12 + 6 = 18 10 = 14 + 9 = 23
11 = 16 + 11 = 27 12 = 19 + 15 = 34 13 = 21 + 18 = 39
14 = 24 + 23 = 47 15 = 27 + 27 = 54 16 = 30 + 34 = 64 · · ·
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 669
Logo, +12 = +12 + +8 = +12 + +8 + +4 = +12 + +8 + +4 + .
Então, 6+12 = 6+12 + 6+8 + 6+4 + .
Então, conhecidos os primeiros 12 termos de , podemos calcular qualquer termo de , pois
já conhecemos todos os valores .
Note-se que, pela propriedade anterior, 13 = 13 + 9 + 5 + 1 = 21 + 12 + 5 + 1 = 39.
Com muita paciência, chegamos a () = 123 + 182 + 8 + 1.
Substituindo por 0 1 2 3 4 5 6 · · · , temos
(0) = 1 = 1 (1) = 39 = 13 (2) = 185 = 25 (3) = 511 = 37
(4) = 1089 = 49 (5) = 1991 = 61
Mas pretendemos obter 100 = 8×12+4 , pelo que devemos partir de 4 = 5. Não vamos
apresentar ⎧
muitos pormenores, mas aqui fica o resultado:
⎪
⎪ 16 = 16 + 12 + 8 + 4 = 30 + 19 + 10 + 5 = 64
⎪
⎪
⎪
⎪ 28 = 28 + 24 + 20 + 16 = 80 + 61 + 44 + 64 = 249
⎪
⎪
⎪
⎪ 40 = 40 + 36 + 32 + 28 = 154 + 127 + 102 + 249 = 632
⎨
52 = 52 + 48 + 44 + 40 = 252 + 217 + 184 + 632 = 1285
Então,
⎪
⎪ 64 = 64 + 60 + 56 + 52 = 1285 + 374 + 331 + 290 = 2280
⎪
⎪
⎪
⎪ 76 = 76 + 72 + 68 + 64 = 2280 + 520 + 469 + 420 = 3689
⎪
⎪ 88 = 88 + 84 + 80 + 76 = 3689 + 690 + 631 + 574 = 5584
⎪
⎪
⎩
100 = 100 + 96 + 92 + 88 = 5584 + 884 + 817 + 752 = 8037
Logo, há 8037 soluções para a equação dada no enunciado.
Aqui fica mais uma sugestão:
198 72
() = 64 + 185 ( − 1) + ( − 1) ( − 2) + ( − 1) ( − 2) ( − 3)
2 6
(0) = 5 (1) = 64 (2) = 249 (3) = 632 (4) = 1285 (5) = 2280
(6) = 3689 (7) = 5584 (8) = 8037 (9) = 11 120
Note-se que, com mais uma variável no enunciado do problema, temos de relacionar o termo de
ordem + 60 com o termo de ordem . Logo, vamos ter muito mais trabalho...
1 1 1 1
Exemplo 655 Qual a série correspondente à função geradora () = 1− × 1− 2 × 1−5 × 1−10 ×
1
1−20 ?
Resolução
1
P
+∞
Sabemos que 1− = 1 + + 2 + · · · = . Então,
=0
⎧
⎪ P
+∞ P
+∞ P
+∞
⎪
⎨ 1
= 2 , 1
= 4 , 1
= 5
1−2 1−4 1−5
=0 =0 =0
⎪
⎪ 1
P
+∞
1
P
+∞
⎩ 1−10 = 10 , 1−20 = 20
=0 =0
Já vimos que
1 1
× = 1 + + 22 + 23 + 34 + 35 + 46 + 47 + 58 + 59 + · · ·
1 − 1 − 2
+∞ µ
X ¹ º¶ +∞
X +∞
X
= 1+ = ( + 1) 2 + ( + 1) 2+1
2
=0 =0 =0
670 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Também podemos definir a sucessão dos coeficientes da série anterior por 2+1 = 2 =
+ 1 ∀ ∈ N0 .
1 1 1
Calculemos 1− × 1− 2 × 1−4 :
1 1 1 1 1
¡ ¢ ¡ ¢¡ ¢
De 1− × 1− 2 = 1− × 1−2 × 1−4 1 − 4 = 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · 1 − 4 , vem
1 1
× = 0 +1 +2 2 +3 3 +(4 − 0 ) 4 +(5 − 1 ) 5 +· · ·+(+4 − ) +4 +· · ·
1 − 1 − 2
⎧ 2
⎪
⎪ 4 = ( + 1)
⎨ 2
4+1 = ( + 1)
⎪
⎪ 4+2 = ( + 2) ( + 1)
⎩
4+3 = ( + 2) ( + 1)
1 1 1
P
+∞
Logo, 1− × 1−2 × 1−4 = , com como acabado de referir.
=0
1
Como podemos verificar, no enunciado não aparecia a função 1−4 . Mas, podemos aproveitar
1 1 1
os resultados anteriores para definirmos 1− 5 × 1−10 × 1−20 :
X +∞
1 1 1
× × = 5
1 − 5 1 − 10 1 − 20
=0
1 1
× = 1 + + 22 + 23 + 34 + 35 + 46 + 47 + 58 + 59 + · · ·
1 − 1 − 2
+∞ µ
X ¹ º¶ +∞
X +∞
X
2
= 1+ = ( + 1) + ( + 1) 2+1
2
=0 =0 =0
Resolução
Na figura seguinte, temos uma maneira de colorir a figura anterior.
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 673
10 9 9 9 9
9 ???? 9
Na parte superior, é fácil de contar as hipóteses. Na parte inferior, existe um sério problema
com o quadrado do meio, o qual tem lados em comum com três outros quadrados. Desse modo,
podem estar "proibidas"três cores ou duas cores ou uma só cor.
1 Caso
9 9 9 9
Se os três triângulos críticos estiverem pintados da mesma cor, todos os restantes têm 9 hipóteses:
em três deles, só não pode ser o azul, enquanto nos outros dois, só não pode ser a cor do quadrado
contíguo.
Então, neste primeiro caso, há 10 × 95 = 590 490 maneiras de colorir a figura (10 é o número de
maneiras de escolher a cor para os triângulos críticos).
2 Caso
9 8 8 9
9 9 8 9
9 9 8 9
Neste caso, temos o mesmo número de possibilidades do caso anterior: 10×9×93 ×82 = 4199 040
5 Caso
9 8 8 9
10 × 95 + 10 × 9 × 92 × 83 + 2 × 10 × 9 × 93 × 82 + 10 × 9 × 8 × 92 × 82 × 7 = 38 848 410
Exercício 658 Considere a figura seguinte, constituída por 7 quadrados justapostos e suponha que
tem 10 cores para pintar esses quadrados. De quantas maneiras podemos pintar a figura, de modo
que quadrados com um lado em comum tenham cores diferentes? É claro que cada quadrado é
pintado com uma só cor.
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 675
Resolução
9 9 9
9 9 9
Exercício 659 Considere a figura seguinte, constituída por um quadrado dividido em 9 quadrados.
Suponha que tem 10 cores para pintar esses quadrados. De quantas maneiras podemos pintar a
figura, de modo que quadrados com um lado em comum tenham cores diferentes? É claro que cada
quadrado é pintado com uma só cor.
Resolução
Na figura seguinte, vemos que existe uma parte fácil. O problema está nos "cantos". É claro
que podemos raciocinar de modo diferente (figura da direita) e começar pelos "cantos".
9 10 10
9 9 10
9 10 10
1 Caso
Cruz com uma só cor:
9 9
9 9
8 8
9 9
Neste caso, temos 4 × 10 × 9 × 83 × 92 = 14 929 920 possibilidades. Note-se que o factor 4 tem
a ver com a posição do quadrado que está com cor diferente.
3 Caso
Dois quadrados adjacentes da cruz com uma cor e os outros dois quadrados de outra cor:
8 9
9 8
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 677
Este caso não é muito fácil, pois corremos o risco de contar certas posições duas vezes. Assim,
escolhidas as duas cores, só há¡ quatro
¢ maneiras de pintarmos os quatro quadrados da cruz. Então,
o número de possibilidades é 10 2 × 4 × 83 × 92 = 7464 960
4 Caso
Dois quadrados opostos da cruz com uma cor e os outros dois quadrados de outra cor:
8 8
8 8
Neste caso, temos 10 maneiras para a cor que fica na vertical e 9 maneiras para a cor que fica
na horizontal.
Logo, temos 10¡× 9¢ × 85 = 2949 120 possibilidades. Outra maneira de resolver é escolher as duas
cores para a cruz, 10 , e multiplicar por 2 (duas possibilidades: azuis na vertical ou na horizontal).
¡10¢ 2
Assim, temos 2 × 2 = 90, sendo o resto (85 ) óbvio.
5 Caso
Dois quadrados opostos da cruz com uma cor e os outros dois quadrados com cores diferentes:
8 8 8 8
7 7
8 8 8 8
9 8
8 8
7 Caso
Cruz com 4 cores
8 8
8 8
Exercício 660 Considere a figura seguinte, constituída por um quadrado dividido em 9 quadrados.
Suponha que tem 5 cores para pintar esses quadrados. De quantas maneiras podemos pintar a
figura, de modo que quadrados com um lado em comum tenham cores diferentes? É claro que cada
quadrado é pintado com uma só cor.
Resolução
O problema é o mesmo, mas temos metade das cores.
1 Caso
4 4
4 4
¡5¢
Número de maneiras: 1 × 45 = 5120
2 Caso:
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 679
3 3
4 4
¡¢ ¡¢
Número de maneiras: 51 × 4 × 41 × 33 × 42 = 34 560
3 Caso
Dois quadrados adjacentes da cruz com uma cor e os outros dois quadrados de outra cor:
3 4
4 3
¡5¢
Número de maneiras: 2 × 4 × 33 × 42 = 17 280
4 Caso:
3 3
3 3
¡5¢
Número de maneiras: 2 × 2 × 34 = 1620
5 Caso:
3 3 3 3
2 2
3 3 3 3
¡5¢
Número de maneiras: 2 × 1 × 4 × 3 × 2 × 34 = 19 440
680 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
6 Caso:
4 3
3 3
¡5¢ ¡4¢
Número de maneiras: 1 ×4× 2 × 2 × 4 × 33 × 2 = 51 840
7 Caso:
3 3
3 3
¡¢
Número de maneiras: 54 × 4! × 34 = 9720
Resposta final: 5120 + 34 560 + 17 280 + 1620 + 19 440 + 51 840 + 9720 = 139 580
Ainda assim, o número é bastante elevado. Resta-nos casos mais fáceis, como ter duas cores
disponíveis, caso em que só há duas soluções: casa central duam cor, casas da cruz com a outra cor
e casas dos cantos com a cor da casa central. Logo, há duas opções para a casa central.
Exercício 661 Considere a figura seguinte, constituída por um quadrado dividido em 9 quadrados.
Suponha que tem 3 cores para pintar esses quadrados. De quantas maneiras podemos pintar a
figura, de modo que quadrados com um lado em comum tenham cores diferentes? É claro que cada
quadrado é pintado com uma só cor.
Resolução
2 2
¡3¢
1 Caso 2 1 × 25 = 96
2 2
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 681
1 1
¡3¢ ¡3¢
2 Caso 1 ×4× 1 × 22 = 144
1
2 2
1 2
¡3¢
3 Caso 2 × 4 × 22 = 48
1
2 1
1 1
¡3¢
4 Caso 2 ×2=6
1
1 1
1 1
5 Caso 0
0
1 1
Exercício 662 Considere a figura seguinte e suponha que tem 10 cores para pintar as casas (célu-
las). De quantas maneiras podemos pintar a figura, de modo que quadrados com um lado em comum
tenham cores diferentes? É claro que cada quadrado (célula) é pintado com uma só cor.
Resolução
682 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
9 9 8 8
¡ ¢
Figura da esquerda: 10 × 93 = 7290
¡10¢1 ¡9¢ ¡8¢
Figura da direita: 1 × 1 × 1 × 82 = 46 080
Total: 7290 + 46 080 = 53 370
2 Caso: três cores em cima
8 8 9 8
9 9 9 9
As quadrículas a cinzento significam que as cores já lá estão colocadas de alguma forma que
respeite o enunciado (sem que lá tenha de estar o cinzento). A figura da direita é uma das imensas
possibilidades para as seis quadrículas.
Exemplo 663 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 683
Resolução
Esta questão é bastante comum e pode ser resolvida, colocando o número de caminhos existentes
até cada vértice.
Também podemos resolver a mesma questão, utilizando as letras H e V, para os deslocamentos
na horizontal e na vertical.
1 5 B
1
4 10
1
3 6 10
1
2 3 4 5 6
A
1 1 1 1 1
E temos parte da resolução do problema, bastando continuar a somar dois números, para irmos
obtendo o número de caminhos até cada ponto assinalado na figura.
Existe uma maneira mais rápida: temos que fazer 5 deslocamentos horizontais e 4 verticais.
Então, basta-nos saber quantas
¡ ¢"palavras"podemos formar, usando o H, 5 vezes e o V, quatro
vezes. Ora isso corresponde a 94 = 126. Logo, há 126 caminhos de comprimento mínimo, entre A
e B.
O problema complica-se mais um pouco, se a regularidade das ruas for quebrada, por algum
motivo. Antes de vermos situações mais complicadas, vejamos mais alguns exemplos simples:
Exemplo 664 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
684 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Resolução
Esta questão é muito semelhante à anterior, só que temos de aplicar o mesmo raciocínio duas
vezes. ¡¢ ¡¢
De até , temos 94 = 126 caminhos de comprimento mínimo. De até , temos 62 = 15
caminhos (de comprimento
¡ ¢ mínimo).
¡¢
Logo, a resposta é 94 × 62 = 126 × 15 = 1890 caminhos. Note-se que todos os caminhos têm
de passar por .
Vejamos um exemplo, onde existe um estrangulamento, mas que não se reduz a um ponto:
Exemplo 665 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
Resolução
Para irmos de até , temos de passar por , ou . No entanto, como pretendemos os
caminhos mais curtos, não podemos passar por dois desses três pontos.
Então, temos a situação do exemplo anterior só que aplicada três
¡ ¢ vezes.
Número de caminhos (de comprimento mínimo) entre e : 94 = 126
¡¢
Número de caminhos (de comprimento mínimo) entre e : 62 = 15
¡¢ ¡¢
Número de caminhos (de comprimento mínimo) entre e , passando por : 94 × 62 = 1890
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 685
Exemplo 666 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
Resolução
Esta questão é muito semelhante às anteriores, mas há menos caminhos (de comprimento mín-
imo), porque desapareceram algumas das ruas (ou parte delas). Podemos imaginar que existe uma
zona vedade ao público (um quartel do exército, por exemplo).
É claro que o primeiro método de resolução (utilizado no exercício anterior) continua a poder
ser utilizado.
1 5 15 25 40 B
66
1 26
4 10 10 15
1 11
3 6 5
1
2 3 4 5 6
A
1 1 1 1 1
686 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
B B
C
C
A A
¡¢
Número de caminhos (de comprimento mínimo) entre e : 52 = 10.
¡¢
Número de caminhos (de comprimento mínimo) entre e : 42 = 6.
Número de caminhos (de comprimento mínimo) entre e , passando por : 6 × 10 = 60.
Número de caminhos (de comprimento mínimo) entre e , não passando por : 126 − 60 =
66.
E obtivemos o mesmo valor encontrado pelo processo anterior.
Exemplo 667 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
C B
Primeira resolução ¡ ¢
Se a malha fosse regular, havia 13
6 = 1716 caminhos de comprimento mínimo entre e .
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 687
Exemplo 668 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
B
C D
Quantos caminhos de comprimento mínimo vão de a , supondo que as ruas a azul estão vedadas
a qualquer tipo de trânsito.
Resolução ¡ ¢
Não havendo restrições, o número de caminhos de comprimento mínimo (entre e ) é 15
7 =
6435. ¡¢
Número de caminhos entre e : 42 = 6
¡ ¢
Número de caminhos entre e : 11 5 = 462
Número de caminhos entre e , passando
¡¢ por : 6 × 462 = 2772
Número de caminhos entre e : 52 = 10
¡ ¢
Número de caminhos entre e : 10 4 = 210
Número de caminhos entre e , passando por : 10 × 210 = 2100
688 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
¡¢ ¡¢ ¡ ¢
Número de caminhos entre e , passando por e por : 42 × 11 × 104 = 1260
Número de caminhos entre e , passando por ou por (ou ambos): 2772 + 2100 − 1260 =
3612
Número de caminhos entre e , não passando por nem por : 6435 − 3612 = 2823
Outra resolução
B
C D
A H
¡¢ ¡ ¢
Número de caminhos entre e , passando por : 41 × 11 5 ¢ = 1848
¡4¢ ¡11
Número de caminhos entre e , passando por : 4 × 4 = 330
¡¢ ¡ ¢
Número de caminhos entre e , passando por : 51 × 10 = 600
¡ ¢ ¡3 ¢
Número de caminhos entre e , passando por : 55 × 10 2 = 45
Como não há caminhos repetidos, nem há caminhos não contados, o número total de caminhos
(de comprimento mínimo), entre e é dado por 1848 + 330 + 600 + 45 = 2823.
E, mais uma vez, obtivemos o mesmo número.
Exemplo 669 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
B
A F
Quantos caminhos de comprimento mínimo vão de a , supondo que as ruas a azul estão vedadas
a qualquer tipo de trânsito.
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 689
Resolução
Talvez seja preferível contar todos os caminhos que nos interessam, em vez de contarmos os que
não interessam. ¡¢ ¡ ¢
Número de caminhos entre e , passando por : 55 × 10 = 120
¡ ¢ ¡3 ¢
Número de caminhos entre e , passando por : 51 × 10 4 ¢ = 1050
¡5¢ ¡10
Número de caminhos entre e , passando por : 1 × 3 = 600
¡¢ ¡ ¢
Número de caminhos entre e , passando por : 55 × 10 2 = 45
Então, o número total de caminhos é 120 + 1050 + 600 + 45 = 1815
Naturalmente, o número é menor do que no exemplo anterior, pois há mais restrições.
Exemplo 670 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
F C G
Quantos caminhos de comprimento mínimo vão de a , supondo que os troços a vermelho estão
vedados a qualquer tipo de trânsito.
Resolução
Este exemplo é um pouco diferente dos anteriores, pois não tem nenhum vértice por onde não
podemos passar. Digamos que foram cortados dois troços de estrada.
Uma das maneiras de resolver esta questão consiste em contar os caminhos que passariam na
parte vermelha. Tais caminhos conterão um troço vermelho ou dois troços (vermelhos). Se tiver dois
troços (vermelhos), o caminho será − − − − ; se tiver um só troço, será − − − −
ou − − − − .¡ ¢
De até , temos 72 = 21 caminhos. De até , temos um caminho, de até , temos
¡4¢
2 = 6 caminhos, pelo que existem 21¡×¢1 × 6 = 126 caminhos que contêm os dois troços vermelhos.
Incluindo − − − , temos 72 = 21 caminhos. De até , temos 4 caminhos, pelo que
neste segundo caso, temos 21 × 4¡ =
¢ 84 caminhos.
Para − − − , temos 73 = 35 caminhos, ao que seguem 6 caminhos até .
Então,
¡ há
¢ 126 + 84 + 35 × 6 = 420 caminhos que passam pela zona proibida.
Ora, 136 = 1716, pelo que temos 1716 − 420 = 1296 caminhos permitidos.
690 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Exemplo 671 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
B
D
E
F
G
H
A J
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 691
Resolução
¡8¢ ¡8¢ ¡8¢
¡ ¢3 = 56 ¡20¢2 = 28 ¡20¢1 = 8 ¡20¢ 1
20
9 = 167 960 8 = 125 970 7 = 77 520 6 = 38 760
N de caminhos − − : 56 × 167 960 = 9405 760
N de caminhos − − : 28 × 125 970 = 3527 160
N de caminhos − − : : 8 × 77 520 = 620 160
N de caminhos − − : : 1 × 38 760 = 38 760
Logo, o número total de caminhos na zona azul é
Observação
Conjugando os dois exercícios temos que o número total de caminhos entre e é de
Exemplo 673 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
Quantos caminhos de comprimento mínimo vão de a , supondo que as ruas a azul estão vedadas
a qualquer tipo de trânsito.
Resolução
Para não estarmos sempre a escrever caminhos de comprimento mínimo, vamos escrever apenas
caminhos, ficando subentendido que estamos a falar de caminhos de comprimento mínimo.
Primeiro Processo
692 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
1
13 91 399 1302 3542 8694
1
12 78 308 903 2240 5152
1
11 66 230 595 1337 2912
1
10 55 164 365 742 1575 1575 1575 1575
1 11552
9 45 109 201 377 833
1
8 36 64 92 176 456 1192 2809 5952 11552 20904
1
7 28 28 28 84 280 736 1617 3143 5600 9352 14854 22666 33468
1 21 56
6 196 456 881 1526 2457 3752 5502 7812 10802
1 15 56
5 140 260 425 645 931 1295 1750 2310 2990
10 20 35 56
1
4 84 120 165 220 286 364 455 560 680
1
3 6 10 15 21 28 36 45 55 66 78 91 105 120
1 15
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
A 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
21820
54195 120604 244385 469640 906818 1846512 3999894 8957680
14042
32375 66409 123781 225255 437178 939694 2153382 4957786
8694
18333 34034 57372 101474 211923 502516 1213688 2804404
5152
9639 15701 23338 44102 110449 290593 711172 1590716
2912
4487 6062 7637 20764 66347 180144 420579 879544
1575
1575 1575 1575 13127 45583 113797 240435 458965
833 11552
32456 68214 126638 218530
Segundo Processo
Neste segundo processo, não necessariamente mais rápido do que o anterior, vamos utilizar
maneiras alternativas à contagem exaustiva do processo anterior.
1 caso
Consideremos a "zona amarela", onde contornamos os dois "obstáculos"pela esquerda. Qual-
quer caminho (de comprimento mínimo), de até , tem de passar por um dos pontos , , e
por um dos pontos , , , , , . Isso dá-nos 17 caminhos (não é possível passar por e por
, sendo o caminho mínimo).
L B
K
J
H
G
F
C
D
E
7 21 35 35 21 7
1 7 21 35 35 21
0 1 7 21 35 35
De a , passando por : 1 × 7 = 7
De a , passando por : 1 × 21 = 21
De a , passando por : 1 × 35 = 35
De a , passando por : 1 × 35 = 35
De a , passando por : 1 × 21 = 21
De a , passando por : 1 × 7 = 7
De a , passando por : 8 × 1 = 8
De a , passando por : 8 × 7 = 56
De a , passando por : 8 × 21 = 168
De a , passando por : 8 × 35 = 280
De a , passando por : 8 × 35 = 280
De a , passando por : 8 × 21 = 168
De a , passando por : 28 × 1 = 28
De a , passando por : 28 × 7 = 196
De a , passando por : 28 × 21 = 588
De a , passando por : 28 × 35 = 980
De a , passando por : 28 × 35 = 980
Então, temos:
De a : 7 + 8 = 15
De a : 21 + 56 + 28 = 105
De a : 35 + 168 + 196 = 399
De a : 35 + 280 + 588 = 903
De a : 21 + 280 + 980 = 1281
De a : 7 + 168 + 980 = 1155
Agora, basta multiplicar pelo número de caminhos de cada um dos pontos anteriores a e
somar os resultados:
15 × 1 + 105 × 13 + 399 × 78 + 903 × 286 + 1281 × 715 + 1155 × 1287 = 2693 160
C E
D F
Caminhos de a : 8
¡¢
Caminhos de a : 82 = 28
Caminhos de a : 1
Caminhos de a : 1
Caminhos de a : 9
Caminhos de a : 28 × 1 = 28
Caminhos de a , passando por : 8 × 1 = 8
Caminhos de a , passando por : 28 × 9 = 252
Caminhos de a : 8 + 252 = 260
¡ ¢
Caminhos de a : 114 = 330
¡11¢
Caminhos de a : 3 = 165
Então, o número de caminhos entre e (contidos na zona azul) é
3 caso
Consideremos a "zona verde", onde contornamos o primeiro "obstáculo", pela direita, e o se-
gundo, pela esquerda.
696 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Dentro da zona verde, para irmos de até , temos de passar por ou por e, mais adiante,
temos de passar por ou por (as disjunções são exclusivas).
¡¢
Caminhos de a : 83 = 56
¡¢
Caminhos de a : 82 = 28
Caminhos de a : 1
Caminhos de a : 7
Caminhos de a : 1
¡ ¢
Caminhos de a : 13 5 = 1287
¡13¢
Caminhos de a : 4 = 715
Caminhos de a , passando por : 56 × 1 = 56
Caminhos de a , passando por : 56 × 7 = 392
Caminhos de a , passando por : 28 × 1 = 28
Caminhos de a : 56
Caminhos de a : 392 + 28 = 420
Caminhos de a : 56 × 715 + 420 × 1287 = 580 580
4 caso
Consideremos a "zona laranja", onde contornamos os dois "obstáculos", pela direita.
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 697
C M
A F
Agora, vamos apresentar um quadro com o número de maneiras entre os vários pontos assinal-
ados na figura anterior:
¡8¢ ¡8¢ ¡8¢
3 = 56 2 = 28 1 = 8 1
Exemplo 674 Considere um bairro onde as ruas são perpendiculares ou paralelas, como na figura
seguinte:
Quantos caminhos de comprimento mínimo vão de a , supondo que não podemos passar por
nem por .
Resolução
Se utilizarmos um referencial, podemos identificar os pontos com pares ordenados. Assim,
teremos = (0 0), = (4 5), = (9 7), = (14 14).
−−→ −−→ −−→
Então, = (5 2), = (10 9) e ¡= (5 ¢ 7).¡10+9¢
Caminhos que passam por − − : 5+4 4 ¢ × ¡ 9 ¢ = 11 639 628
¡9+7
Caminhos que passam por − − : 7 × 5+7 = 9060 480
¡ ¢ 5 ¡5+2¢ ¡5+7¢
Caminhos que passam por − − − : 5+4 4 × 2 × 5 = 2095 632
Então, o número de caminhos (de comprimento mínimo), entre e e que passam por ou
por , é
11 639 628 + 9060 480 − 2095 632 = 18 604 476
Logo, o número de caminhos entre e que não passam por nem por é dado por
µ ¶
28
− 18 604 476 = 21 512 124
14
Nesta resolução, foi utilizada a fórmula que dá o cardinal da reunião de dois conjuntos e, por
fim, o cardinal da reunião (de dois conjuntos).
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 699
1 7 28 84 210 462
1 6 21 56
126 252
1 5 15 35 70 126
1 4 10 20 35 56
1 3 6 10 15 21
1 2 3 4 5 6
A 1 1 1 1 1
A resolução já foi apresentada na própria figura, para não desperdiçarmos espaço. A traço mais
espesso, está indicado um dos caminhos possíveis entre e .
Note-se que, nalguns casos, o facto da "malha"ser triangular é irrelevante: na verdade, o que
nos interessa é que a malha é formada por paralelogramos:
1 7 28 84 210 462
1 6 21 56 126 252
1 5 15 35 70 126
1 4 10 20 35 56
1 3 6 10 15 21
1 2 3 4 5 6
A 1 1 1 1 1
Então, não nenhuma diferença em relação aos exemplos já resolvidos, a não ser que as direcções
a utilizar podem ser outras:
700 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
B C
D A
D B C
Note-se que as direcções a utilizar são diferentes das que foram utilizadas nos exemplos ante-
riores. Na¡ ¢figura anterior, está indicado um caminho entre e . O número de caminhos entre
e é 72 = 21. Note-se que tudo seria diferente se o ponto estivesse à esquerda de ou se
estivesse à direita de , conforme podemos ver na figura seguinte:
29.3. FUNÇÕES GERADORAS 701
F D B C
E
A
702 CAPÍTULO 29. SEPARADORES E FUNÇÕES GERADORAS
Capítulo 30
Permutações Caóticas
Já resolvemos algumas questões relacionadas com este tema, embora não tivéssemos falado em
Permutações Caóticas (nem em Desarranjos, o outro nome do mesmo tema).
Recordamos a questão: Se tivermos pessoas numa festa de Natal, onde cada pessoa leva uma
prenda para ser sorteada pelas pessoas, qual a probabilidade de ninguém receber a própria prenda.
Ter uma única pessoa numa festa de Natal, não é muito agradável nem frequente. De qualquer
modo, se houvesse só uma pessoa, ela receberia a própria prenda, sem necessidade de sorteio.
Convém recordar o que é uma permutação: Dados elementos distintos, permutação desses
µ é uma aplicação de {1 2¶· · · } em {1 2 · · · }. A permutação mais simples é
elementos
1 2 ··· − 1
esta: . Relativamente à questão colocada, esta aplicação pode
1 2 · · · −1
significar que a pessoa 1, recebe a prenda levada pela pessoa 1 (ela mesma) e assim por diante.
Existe um conjunto muito importante que é o conjunto das aplicações bijectivas de {1 2 · · · }
em {1 2 · · · }. Este conjunto de aplicações
µ tem¶o nome
µ de ¶(grupo simétrico).
1 2 1 2
Em 2 , só temos duas permutações: e . A primeira aplicação é a Identi-
1 2 2 1
dade (cada elemento é transformado em si mesmo), enquanto a segunda aplicação é conhecida por
Transposição e costuma ser escrita da seguinte maneira: (1 2). Há que entender o significado de
(1 2), neste contexto: significa que 1 é transformado em 2 e 2 é transformado em 1, fechando-se o
ciclo. Este segundo exemplo, é uma permutação caótica (de dois elementos), pois nenhum elemento
é transformado em si mesmo.
µ No caso
¶ dasµprendas, teríamos
¶ uma situação ligeiramente diferente,
1 2 1 2
mas semelhante: = ,= , embora possamos utilizar as outras duas
1 2 2 1
permutações. Como prendas e pessoas são palavras começadas por P, vamos supor que 1 significa
a "alma 1"e que 2 significa a "alma 2". Então, a aplicação significa que a alma 1 recebe a prenda
levada por si mesma e o mesmo para 1 .
Em , temos que a alma 1 recebe a prenda levada pela alma 2 e a alma 2 recebe a prenda levada
pela alma 1. Neste segundo caso, ninguém recebia a própria prenda.
1 2
Mas, podemos utilizar com o significado que convencionemos. Podemos convencionar
2 1
que os elementos da primeira linha são aquelesµque recebem ¶ a prenda, enquanto os da segunda linha
1 2
são aqueles que ofereceram a prenda. Então, significa que a pessoa 1 recebeu a prenda
2 1
703
704 CAPÍTULO 30. PERMUTAÇÕES CAÓTICAS
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
1 1 2 3 4 9 2 3 1 4 17 3 4 1 2
2 1 2 4 3 10 2 3 4 1 18 3 4 2 1
3 1 3 2 4 11 2 4 1 3 19 4 1 2 3
4 1 3 4 2 13 2 4 3 1 20 4 1 3 2
5 1 4 2 3 13 3 1 2 4 21 4 2 1 3
6 1 4 3 2 14 3 1 4 2 22 4 2 3 1
7 2 1 3 4 15 3 2 1 4 23 4 3 1 2
8 2 1 4 3 16 3 2 4 1 24 4 3 2 1
As primeiras seis funções fixam o elemento 1. É claro que mais nenhuma função fixa 1. Então
teremos seis funções que fixam 2, seis funções que fixam 3 e seis funções que fixam 4.
É óbvio que não podemos somar as quatro parcelas iguais a 6, para obtermos o número de
funções que fixam um ou mais elementos.
E não parece ser muito fácil encontrar uma maneira eficaz de contar as funções com "pon-
tos"fixos.
Tentemos outro caminho:
Funções que fixam quatro elementos: Uma só (a aplicação identidade)
Funções que fixam quatro elementos (mas não ¡quatro):
¢ Nenhuma
Funções que fixam dois (e só dois) elementos: 42 = 6.
Se fixar 1 e 2, não pode fixar nem 3 nem 4, pelo que a imagem de 3 tem de ser 4 e a imagem de
4 tem de ser 3.
Faltam as funções que têm um só ponto fixo. Mas, essas são fáceis de contar!
Quantas fixam 1 e não fixam mais nenhum? Ora, essas são em igual número às funções de
{2 3 4} em {2 3 4} que não têm pontos fixos. Mas, já vimos que, em 3 , temos duas únicas
funções sem pontos fixos. Então, em 4 , temos oito funções com um único ponto fixo (duas fixam
1, duas fixam 2, etc...).
Somando, obtemos quinze (1 + 6 + 8 = 15). Logo, há 9 funções que não fixam nenhum elemento.
Então, o número de permutações caóticas de 3 é 9 (24 − 15 = 9).
Tentemos outra maneira, baseada em conjuntos (e já anteriormente apresentada):
Seja o conjunto das permutações de 4 que fixam o elemento .
705
∪ = 1 ∪ 2 ∪ 3 ∪ 4
∈{1234}
Existe uma maneira de "contar"os elementos da reunião de vários conjuntos, devida a Daniel
Augusto da Silva. Representando o número de elementos do conjunto por #, temos:
Para dois conjuntos: # (1 ∪ 2 ) = #1 + #2 − #1 ∩ 2
Para três conjuntos:
No caso de 4 , temos
Ora, #1 = (4 − 1)! = 3!, porque a imagem de 1 é 1. Analogamente, #2 = #3 = #4 = 3!
# (1 ∩ 2 ) = 2! = 2, porque a imagem de 1 é 1 e a imagem de 2 é 2. Restam duas hipóteses
para as imagens de 3 e 4.
Analogamente para os restantes
Então, temos 18 funções que fixam algum elemento. Note-se que uma aplicação (bijectiva) que
fixe três dos quatro elementos tem de fixar o quarto.
Resta-nos descobrir quais as funções que não têm pontos fixos.
# (1 ∩ 2 ∩ 3 ) = 1. Se 1, 2 e 3 ficam fixos, a imagem de 4 tem de ser 4.
Analogamente, para as restantes intersecções de 3 elementos e para a única intersecção de quatro.
Então, temos
4 = 4 × 3! − 6 × 2 + 4 × 1 − 1 = 24 − 12 + 4 − 1 = 15
Então, o número de permutações caóticas é dado por
¡ ¢
4 = # 1 ∩ 2 ∩ 3 ∩ 4 = #1 ∪ 2 ∪ 3 ∪ 4 = 4! − 15 = 9
706 CAPÍTULO 30. PERMUTAÇÕES CAÓTICAS
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
8 2 1 4 3 14 3 1 4 2 19 4 1 2 3
10 2 3 4 1 17 3 4 1 2 23 4 3 1 2
11 2 4 1 3 18 3 4 2 1 24 4 3 2 1
Observação
Vejamos o número de permutações caóticas em :
Como obter , por recorrência? Se conhecermos os valores de e de +1 , como descobrir
o valor de +2 ?
Sejam +1 e os números das aplicações de +1 e de que não têm pontos fixos.
Consideremos as aplicações de +2 tais que existem dois números e , tais que a imagem de
é e a imagem de é . Então, nos restantes casos, temos elementos e pretendemos que a imagem
de nenhum elemento seja ele mesmo. Então, temos aplicações sem pontos fixos (nas condições
indicadas). µ ¶
1 2 3 ··· ··· + 1 + 2
Consideremos os desarranjos do tipo . Neste
¡ ¢ 1
caso, temos a transposição 1 , seguindo-se todos os desarranjos de elementos. Evidente-
mente, pode ser qualquer número de 2 a + 2, pelo que temos + 1 possibilidades para . Em
708 CAPÍTULO 30. PERMUTAÇÕES CAÓTICAS
cada um dos casos, o número de desarranjos é , pelo que o número total dos desarranjos deste
tipo é ( + 1) .
Resta saber quantos desarranjos temos, quando a imagem de 1 é , mas a imagem de não é 1
(nem ). Para facilitar,
µ façamos = 2. ¶
1 2 3 ··· ··· + 1 + 2
Então, temos .
2
Nesta posição, temos que colocar + 1 elementos na segunda linha, sem repetir nenhum e sem
que a imagem de 2 seja 2, sem que a imagem de 3 seja 3,..., e sem que a imagem de + 2 seja + 2.
Ora, os números a colocar são 1, 3, 4,..., , + 1, + 2 e não 2, 3, 4,..., , + 1, + 2, caso
em que o número de desarranjos é +1 . Só que... Calma! Que restrição tem o número 1? Ele
pode ser colocado em qualquer lugar, menos por baixo de 2. Então, 1 só não pode ser colocado por
baixo de 2, 3 só não pode ser colocado por baixo de 3, 4 só não pode ser colocado por baixo de 4
e assim por diante. Logo, temos a mesma situação de +1 . Logo, temos +1 desarranjos com 2
por baixo de 1 e sem que a imagem de 2 seja 1.
Como em vez da imagem de 1 ser 2, pode ser qualquer número de 3 a + 2, temos + 1
possibilidades (incluindo o 2 do exemplo).
Então, +2 = ( + 1) +1 + ( +⎧1) = ( + 1) (+1 + ).
⎪
⎪ 3 = 2 (2 + 1 ) = 2 (1 + 0) = 2
⎪
⎪
⎪
⎪ 4 = 3 (3 + 2 ) = 3 (2 + 1) = 9
⎪
⎪
⎨ 5 = 4 (4 + 3 ) = 4 (9 + 2) = 44
Partindo de 1 = 0 ∧ 2 = 1, vem 6 = 5 (5 + 4 ) = 5 (44 + 9) = 265
⎪
⎪
⎪
⎪ 7 = 6 (6 + 5 ) = 6 (265 + 44) = 1854
⎪
⎪
⎪
⎪ 8 = 7 (7 + 6 ) = 7 (1854 + 265) = 14 833
⎩
9 = 8 (8 + 7 ) = 8 (14833 + 1854) = 133496
Caso de 4 µ ¶
¡ ¢ 1 2 3 4
Desarranjos com a transposição 1 2 : , só há uma possibilidade
2 1 4 3
¡ ¢
Desarranjos com a transposição 1 3 :
µ ¶
1 2 3 4
, só há uma possibilidade
3 4 1 2
¡ ¢
Desarranjos com a transposição 1 4 :
µ ¶
1 2 3 4
, só há uma possibilidade
4 3 1 1
Casos em que a imagem
µ ¶ de 1µé , mas imagem¶deµ não é 1: ¶
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
−→
2 3 ou 4 2 3 4 1 2 4 1 3
µ ¶ µ ¶µ ¶
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
−→ ,
3 2 ou 4 3 4 2 1 3 1 4 2
µ ¶ µ ¶µ ¶
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
−→ ,
4 2 ou 3 4 3 1 2 4 1 2 3
Então, 4 = 3 × 1 + 3 × 2 = 3 × (1 + 2) = 3 (2 + 3 ) = 9
Caso de 5 ¡ ¢
Desarranjos com a transposição 1 2 :
⎛ ⎞
1 2 3 4 5
⎝ 2 1 ⎠ há 3 possibilidades
709
¡ ¢
Desarranjos com a transposição 1 3 :
µ ¶
1 2 3 4 5
há 3 possibilidades
3 1
¡ ¢
Desarranjos com a transposição 1 4 :
µ ¶
1 2 3 4 5
há 3 possibilidades
4 1
¡ ¢
Desarranjos com a transposição 1 5 :
à !
1 2 3 4 1
z }| { há 3 possibilidades
5 2 3 4 1
à !
1 2 3 4 5
Por exemplo, para z }| { , temos 3 possibilidades.
5 2 3 4 1
¡ ¢
Desarranjos que envolvem a transposição 1 : 43
Desarranjos em que a imagem de 1 é e a imagem de não é¶1.
µ
1 2 3 4 5
2 3 ou 4 ou 5 1 ou 4 ou 5 1 ou 3 ou 5 1 ou 3 ou 4
Eliminando
µ a primeira coluna, temos ¶
2 3 4 5
3 ou 4 ou 5 1 ou 4 ou 5 1 ou 3 ou 5 1 ou 3 ou 4
Comparemos
µ com o seguinte caso: ¶
1 3 4 5
3 ou 4 ou 5 1 ou 4 ou 5 1 ou 3 ou 5 1 ou 3 ou 4
A situação é precisamente a mesma! Então, temos 4 possibilidades para cada possibilidade da
primeira coluna.
Então, temos 44 possibilidades, na condição em que a imagem de 1 é e a imagem de não
é 1.
Casos em que a imagem de 1 é 2 e a imagem de ⎧ 2 não
µ é 1: ¶
⎪
⎪ 1 2 3 4 5
⎪
⎪
µ ¶ ⎪ µ 2 3 1 5 4 ¶
⎪
⎨
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
−→
2 3 1 ou 4 ou 5 1 ou 5 1 ou 4 ⎪ µ 2 3 4 5 1 ¶
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ 1 2 3 4 5
⎩
⎧ µ 2 3 5 1 4 ¶
⎪
⎪ 1 2 3 4 5
⎪
⎪
µ ¶ ⎪
⎪ µ 2 4 5 1 3 ¶
⎨
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
−→
2 4 1 ou 5 1 ou 3 ou 5 1 ou 3 ⎪
⎪ µ 2 4 5 3 1 ¶
⎪
⎪
⎪
⎪ 1 2 3 4 5
⎩
⎧ µ 2 4 1 5 3 ¶
⎪
⎪ 1 2 3 4 5
⎪
⎪
µ ¶ ⎪
⎪ 2 5 4 3 1 ¶
⎨ µ
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
−→
2 5 1 ou 4 1 ou 3 1 ou 3 ou 4 ⎪
⎪ µ 2 5 4 1 3 ¶
⎪
⎪
⎪
⎪ 1 2 3 4 5
⎩
2 5 1 3 4
Há 9 desarranjos em que a imagem de 1 é 2 e a imagem de 2 não é 1.
710 CAPÍTULO 30. PERMUTAÇÕES CAÓTICAS
¡ ¢
No total, temos 36 desarranjos que não envolvem a transposição 1 .
Então, o número total de desarranjos (sem restrições) é 43 + 36 = 4 × 2 + 36 = 44
Ou seja, 5 = 4 (4 + 3 )
P
Recordemos que o número , de permutações caóticas de , é dado por = (−1) !
!
=0
Como sabemos, o número de elementos de é !, pelo que se torna complicado mostrar todos
os exemplos, "acima"de 4 .
Mas, podemos dar alguns exemplos de casos particulares de bijecções.
Consideremos a seguinte função de 5 :
µ ¶
1 2 3 4 5
=
2 1 4 5 3
A função anterior pode ser definida duma maneira interessante (com ¡o recurso¢ a ciclos):
A imagem de 1 é 2 e a imagem de 2 é 1, fim de ciclo. Escreveremos 1 2 , sendo que este
ciclo tem dois elementos. A um ciclo de dois elementos, damos o nome de Transposição.
¡ Se pensarmos
¢ em 3, temos um novo ciclo 3 −→ 4 −→ 5 −→ 3, fim de ciclo. Então, escreveremos
3 4 5 . Note que a imagem do último elemento é o primeiro. Neste caso, não obtivemos
uma transposição,
¡ pois o¢ ¡ciclo tem 3 elementos.
¢ ¡ ¢¡ ¢
Então, = 1 2 3 4 5µ = 3 4 5 ¶ 1 2 .
1 2 3 4 5
A função identidade de 5 : = só tem ciclos de comprimento 1:
1 2 3 4 5
¡ ¢¡ ¢¡ ¢¡ ¢¡ ¢
= 1 2 3 4 5 = (1) (2) (3) (4) (5)
µ ¶
1 2 3 4 5 ¡ ¢¡ ¢¡ ¢
A função = decompõe-se em 1 2 3 4 5
¡2 1 4¢ 3 5
Note-se que = 1 2 , pode ser considerada como elemento de 5 :
µ ¶
1 2 3 4 5 ¡ ¢¡ ¢¡ ¢¡ ¢ ¡ ¢
= = 1 2 3 4 5 = 1 2
2 1 3 4 5
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
Convém referir que 1 2 ◦ 3 4 5 = 3 4 5 ◦ 1 2 , porque os ciclos são
disjuntos (não têm elementos comuns).
No caso geral,
¡ as aplicações
¢ não¡têm de comutar ¢ (para a composição de aplicações).
Sejam = 3 4 5 e = 1 2 3 . Então, temos
⎧
⎨ ( ◦ ) (1) = (2) = 2 ∧ ( ◦ ) (1) = (1) = 2
( ◦ ) (2) = (3) = 3 ∧ ( ◦ ) (2) = (2) = 3
⎩
( ◦ ) (3) = (1) = 1 ∧ ( ◦ ) (3) = (4) = 4
Logo, nem vale a pena continuar, pois as duas funções ◦ e ◦ são diferentes.
Conclusão: Há casos em que duas aplicações de comutam e casos em que não comutam (para
a composição de aplicações).
Bom, para 1 e 2 , duas funções comutam sempre, pelo que só há casos de funções que não
comutam em , com ≥ 3.
Exemplo 678 Neste exemplo, vamos chegar à fórmula que dá o número das permutações caóticas
(ou desarranjos) de elementos.
711
Comecemos por recordar que o número das permutações caóticas (ou desarranjos) de elementos
é definido, por recorrência, da seguinte maneira:
½
1 = 0 2 = 1
+2 = ( + 1) (+1 + )
½
1 = 1 2 = 2
Consideremos a sucessão definida por . A diferença, em relação
+2 = ( + 1) (+1 + )
à sucessão , está nos valores iniciais.
⎧
⎨ 3 = 2 (2 + 1 ) = 2 × 3 = 6 = 3!
Caculemos alguns termos de : 4 = 3 (3 + 2 ) = 3 × (6 + 2) = 24 = 4!
⎩
5 = 4 (4 + 3 ) = 4 × (24 + 6) = 120 = 5!
Então, os primeiros termos de são os primeiros termos de 5!, pois 1 = 1 = 1! e 2 = 2 = 2!
Há duas maneiras (no mínimo) de provarmos que = !, para todo o número natural .
A primeira maneira consiste em fazermos a demonstração por indução.
Já vimos que 1 = 1! e que 2 = 2!
Suponhamos que = ! e que +1 = ( + 1)!
Então, queremos mostrar que +1 = ( + 1)! e que +2 = ( + 2)!
É claro que só falta mostrar que +2 = ( + 2)!
Ora,
Uma segunda maneira consiste em verificar que a sucessão definida por = ! satisfaz a
condição +2 = ( + 1) (+1 + ) e que 1 = 1 2 = 2 .
Já vimos que 1 = 1! = 1 = 1 e 2 = 2! = 2 = 2 .
O resultado anterior significa que a diferença entre dois termos consecutivos tende para zero.
Agora, definimos uma nova sucessão: = − −1 e calculamos ( + 2) + . Ora,
5 − 1 = −1 + 2 − 2 + 3 − 3 + 4 − 4 + 5
= (2 − 1 ) + (3 − 2 ) + (4 − 3 ) + (5 − 4 )
X 5
= 2 + 3 + 4 + 5 =
=2
Analogamente, teremos
X
X
X
(−1) (−1)
= = =
! !
=2 =2 =0
Note-se que as duas primeiras do último somatório são 1 e −1, pelo que o valor não se altera,
quando acrescentamos essas duas parcelas.
Então, podemos tirat o valor de , uma vez que = ,
!
Então,
X X
(−1) !
= ! = ! = (−1)
! !
=0 =0
Por exemplo, temos 20 = 895 014 631 192 902 121
P
Atenção: a igualdade = (−1) !
! só vale para ≥ 1, embora o somatório esteja definido
=0
para = 0.
Exemplo 679 Suponhamos que temos o conjunto = {1 2 · · · }, com ∈ N ≥ 3, e que
queremos saber quantos subconjuntos de têm 2 (e só 2 elementos) tais que esses elementos não
sejam inteiros consecutivos.
Resolução
Convém referir que é conveniente dar a definição de -subconjunto. Dado um conjunto
qualquer, -subconjunto de é um subconjunto de com elementos.
Voltemos à questão colocada:
Para = 3, temos 3 = {1 2 3}, havendo um ¡único ¢ subconjunto nas condições exigidas: {1 3}.
Note-se que o número de 2-subconjuntos de 3 é 32 = 3 e que o número total de subconjuntos de
3 é 23 = 8 (incluindo o conjunto vazio).
Para = 4, temos 4 = {1 2 3 4}, havendo os seguintes subconjuntos nas condições do enun-
ciado: {1 3}, {1 4} e {2 4}. Logo, temos 3 subconjuntos de 4 com 2 elementos que não sejam
inteiros consecutivos.
Para = 5, temos 4 = {1 2 3 4 5}, havendo os seguintes subconjuntos nas condições do
enunciado: {1 3}, {1 4}, {1 5}, {2 4}, {2 5} e {3 5}, num total de 6. Se pararmos por aqui, temos
a seguinte sequência: 1, 3, 6. Provavelmente, já todos descobriram a regra: trata-se dos chamados
números triangulares, pois a sequência deve ser 1, 1 + 2, 1 + 2 + 3, 1 + 2 + 3 + 4,...
Seja 9 = {1 2 3 4 5 6 7 8 9}. Subconjuntos (nas condições impostas) com 1: {1 3}, {1 4},
{1 5}, {1 6}, {1 7}, {1 8}, {1 9}, ou seja, 7 subconjuntos.
Falta-nos os subconjuntos sem 1. Ora, esses são subconjuntos de {2 3 4 5 6 7 8 9}. Agora,
temos duas maneiras de continuarmos: na primeira maneira, deixamos este conjunto como está,
enquanto que, na segunda maneira, consideramos o conjunto {1 2 3 4 5 6 7 8}. Em qualquer dos
casos, temos mais 6 conjuntos, incluindo o menor dos elementos (2 ou 1, consoante a escolha). A
repetição do raciocínio leva-nos a 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2 + 1 = 28.
714 CAPÍTULO 30. PERMUTAÇÕES CAÓTICAS
¡¢
Convém notar que os números triangulares são combinações. Neste caso, temos 82 = 28.
O raciocínio anterior presta-se a uma demonstração por indução:
Seja = {1 2 · · · }, com ∈ N ≥ 3. Então,
¡ o¢ número de subconjuntos de têm 2 e só
2 elementos que não sejam inteiros consecutivos é −1 2 .
¡ ¢ ¡3−1¢ ¡2¢
Para = 3, vem −1 2¡ = = = 1, o que já sabemos ser verdade.
−1
¢ 2 2
Suponhamos que há 2 subconjuntos de = {1 2 · · · }, para certo ∈ N, com ≥ 3,
que têm 2 elementos¡que ¢ não são inteiros consecutivos.
Tese: Então, há 2 subconjuntos de +1 = {1 2 · · · + 1} que têm 2 elementos que não
são inteiros consecutivos.
Ora os subconjuntos (de +1 ) pretendidos podem ter 1 ou não.
Subconjuntos com 1: {1 3}, {1 4},..., {1 }, {1 + 1}. Então, temos + 1 − 2 subconjuntos
(nas condições exigidas).
Subconjuntos sem 2: são os subconjuntos de {2 · · · + 1} ¡cujo ¢número é igual ao número
de subconjuntos de = {1 2 · · · }. Ora este último número é −1 , por hipótese de indução.
¡ ¢ ¡−1¢ ¡−1¢ ¡¢ 2
Então, o número pretendido é −1 2 + − 1 = 2 + 1 = 2 , como se pretendia mostrar.
Resolvida a questão dos subconjuntos com dois elementos, podemos passar aos subconjuntos com
três elementos. Note-se que, no caso de dois elementos, podemos considerar o conjunto 2 = {1 2 },
em que o número de subconjuntos nas condições exigidas é zero. Mas não adianta considerar essa
situação.
Exemplo 680 Suponhamos que temos o conjunto = {1 2 · · · }, com ∈ N ≥ 5, e que
queremos saber quantos subconjuntos de têm 3 (e só 3 elementos) que não sejam inteiros con-
secutivos.
Resolução
Para = 5, temos 5 = {1 2 3 4 5}, havendo um único subconjunto nas condições exigidas:
{1 3 5}. Agora, a situação parece ser mais complicada.
Para = 6, temos 6 = {1 2 3 4 5 6}. Subconjuntos que nos interessam, com 1: {1 3 5},
{1 3 6}, {1 4 6}, ou seja, 3 subconjuntos. Subconjuntos sem 1: {2 4 6}. Total: 3 + 1 = 4.
Para = 7, temos 7 = {1 2 3 4 5 6 7}. Subconjuntos que nos interessam com 1: {1 3 5},
{1 3 6}, {1 3 7}, {1 4 6}, {1 4 7}, {1 5 7} ou seja, 6 subconjuntos.
Subconjuntos sem 1: {2 4 6}, {2 4 7}, {2 5 7}, {3 5 7}. Total: 6 + 4 = 10.
E começamos a ficar intrigados! Tentemos o mesmo raciocínio do exemplo anterior, para o caso
de 11 = {1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11}.
Subconjuntos com 1: não pode aparecer o 2, pelo que¡ temos ¢ de juntar dois elementos de
{3 4 5 6 7 8 9 10 11}, donde o número de possibilidades é 82 = 28.
Subconjuntos sem 1: são os subconjuntos de {2 3 4 5 6 7 8 9 10 11}. E estamos num caso
com menos um elemento. Logo, a indução funciona.
Voltemos ao início:
Para = 5, temos 1 caso ¡¢ ¡¢ ¡¢ ¡¢
Para = 6, temos 4 casos, sendo 32 + 1 = 32 + 33 = 43 = 4
¡¢ ¡¢ ¡¢
Para = 7, temos 10 casos, sendo 42 + 41 = 52 = 10
E para = 8? Ora, 8 = {1 2 3 4 5 6 7 8}, pelo que temos os seguintes subconjuntos com 1:
{1 3 5}, {1 3 6}, {1 3 7}, {1 3 8}, {1 4 6}, {1 4 7}, {1 4 8}, {1 5 7}, {1 5 8}, {1 6 8}
Os subconjuntos sem 1 são os subconjuntos de ¡ ¢ {2 3 4 5 6 7 8}, cujo número é o mesmo dos
subconjuntos de {1 2 3 4 5 6 7}. Então, temos 52 subconjuntos sem 1.
30.1. LEMAS DE KAPLANSKY 715
¡5¢ ¡5¢ ¡6¢
Número total: 10 + 10 = 3 + 2 = 20 = 3 . Será esta a regra?
Tentemos 11 = {1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11}.
Subconjuntos com 1:
Não podem ter o 2, pelo que nos interessam os subconjuntos de {3 4 5 6 7 8 9 10 11},com dois
elementos,
¡ ¢ que são tantos como os subconjuntos de {1 2 3 4 5 6 7 8 9}, com dois elementos. Ou
seja, 82 = 28.
Nesta altura, já estamos convencidos que a questão tem a ver com Combinações. Só que, ainda
não estamos plenamente convencidos de qual será a fórmula que resolve o problema, principalmente
no caso de termos subconjuntos com 4 ou mais elementos. Então, é melhor "esquecermos"tudo o
que já fizemos, voltando ao início.
Suponhamos que temos 21 = {1 2 3 · · · 18 19 20 21} e que pretendemos saber quantos sub-
conjuntos de 21 têm 8 elementos (e só 8), não podendo haver elementos que sejam inteiros consec-
utivos. Em primeiro lugar, convém referir que o número de elementos do subconjunto a considerar
está bastante limitado pelo número de elementos do conjunto inicial. Assim, não podemos consid-
erar subconjuntos com mais de 11 elementos (no caso de 21 ).
O nosso objectivo consiste em arranjar uma estratégia que nos simplifique a "vida". E, para
nos simplificar a "vida", vamos considerar 9 = {1 2 3 4 5 6 7 8 9} e, apenas, subconjuntos de 3
elementos.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 Subconjunto
Consideremos a seguinte tabela:
S N N S N N N S N {1 4 8}
Na primeira linha, temos os elementos do conjunto inicial. Na segunda linha, indicamos se o
elemento pertence (ou não) ao subconjunto que estamos a considerar. No caso indicado, 1, 4 e 8
pertencem ao subconjunto e os restantes não.
Ora, o que nós pretendemos é muito fácil: distribuir os S e os N, de modo que não haja dois S
consecutivos. Mas, já sabemos fazer isso! É o mesmo caso das ¡ ¢bolas de certa cor que não podem
ficar seguidas (numa fila). Neste caso, temos que a solução é 73 = 35.
No caso geral, temos = {1 2 · · · }, com ∈ N e queremos saber quantos subconjuntos de
têm elementos (com ≥ 2), sem que haja inteiros consecutivos nesses subconjuntos.
Em primeiro lugar, é necessário que ≥ 2 − 1, porque havendo vezes a letra S, precisamos
de, pelo menos, − 1 vezes a letra N. Então, ≤ +1
2 , tendo-se que, caso seja par, temos mesmo
+1
2 .
No caso geral, o número de -subconjuntos de , nos quais não há números consecutivos, é
µ ¶
−+1
Se reparamos bem, nem interessa ter = {1 2 · · · }. O mesmo acontece com 2 + =
2 + {1 2 · · · } = {3 4 · · · + 1 + 2}. E até podemos considerar números consecutivos
positivos e negativos (e zero). Por exemplo, se considerarmos 5 = {−2 −1 0 1 2}, em vez de
= {1 2 3 4 5}, nada se altera (a não ser que os números considerados são outros).
Vejamos um quadro com alguns exemplos:
716 CAPÍTULO 30. PERMUTAÇÕES CAÓTICAS
7 8 9 10 11 12 13
¡6¢ ¡7¢ ¡8¢ ¡9¢ ¡10¢ ¡11¢ ¡12¢
2 ¡25¢ ¡26¢ ¡27¢ ¡28¢ ¡29¢ ¡10
2¢ ¡11
2¢
3 ¡34¢ ¡35¢ ¡36¢ ¡37¢ ¡38¢ ¡93¢ ¡10
3¢
4 4 4 ¡45¢ ¡46¢ ¡47¢ ¡48¢ ¡49¢
5 Zero Zero 5 5 ¡56¢ ¡57¢ ¡58¢
6 Zero Zero Zero Zero 6 6 ¡67¢
7 Zero Zero Zero Zero Zero Zero 7
8 Zero Zero Zero Zero Zero Zero Zero
Exemplo 682 Suponhamos que temos vinte cheques numerados consecutivamente. De quantas
maneiras podemos escolher 7 cheques, de modo que não haja entre esses 7 cheques números consec-
utivos.
Resolução
É claro que não interessa saber se os cheques começam em 1 ou não. A resposta é sempre a
mesma: µ ¶ µ ¶
20 − 7 + 1 14
= = 3432
7 7
Consideremos a seguinte figura (já anteriormente apresentada.
1
A
8 2
H B
G 7
C 3
6 4
F D
5
E
Quantos triângulos podemos formar, utilizando três dos vértices do octógono, de modo a que
não usemos vértices adjacentes.
Com o vértice 1: {1 3 5}, {1 3 6}, {1 3 7}, {1 4 6}, {1 4 7}, {1 5 7}
Sem o vértice 1: {2 4 6}, {2 4 7}, {2 4 8}, {2 5 7}, {2 5 8}, {2 6 8},{3 5 7},{3 5 8},{3 6 8},
{4 6 8}
Observação
30.1. LEMAS DE KAPLANSKY 717
Nos casos em que não usamos o número 1, podemos usar qualquer vértice, desde não usemos
vértices consecutivos, escolhidos de 2 a 8.
Se preferir, podemos começar pelos casos que incluem 8 e, depois considerar os casos de 1 a 7.
Como contar os casos em que entra o número 1? Imaginemos que tínhamos uma fila. Essa
questão já sabemos resolver.
Falta eliminar os casos em que temos 1 e 8. Tais casos não podem ter os vértices 2 e 7, pelo que
restam 4 vértices (não contam 1,2,7,8).
Casos onde não entra o número 1: queremos saber o número de 3-subconjuntos de 7 , onde não
há números consecutivos.
¡ ¢ ¡5¢
Note-se que 7 = {2 3 4 5 6 7 8}, pelo que o número procurado é 7−3+1
3 = 3 = 10
Casos onde entra o número 1: Queremos utilizar os vértices 3 a 7, para escolher dois vértices,
sem utilizar números consecutivos.
Então, temos 5 elementos para escolher 2 que não podem ser consecutivos.
¡ ¢ ¡4¢
O primeiro lema de Kaplansky diz-nos que tal número é 5−2+1
2 = 2 =6
¡5¢ ¡4¢
Então, a resposta é 3 + 2 = 16.
Vejamos o caso geral
Suponhamos que temos = {1 2 · · · }, pontos duma circunferência, pelo que se considera
que 1 e são consecutivos e suponhamos que queremos escolher desses vértices, com a condição
de não serem vértices adjacentes.
Casos em que não entra 1: temos = {2 · · · }, ou seja, temos − 1 números inteiros
consecutivos dos quais queremos escolher elementos, sem haver dois elementos consecutivos.
¡ ¢ ¡−¢
Sabemos que há −1−+1 = maneiras.
Casos em que entra 1 (não pode entrar 2, nem ): queremos saber o número de ( − 1)-
¡ ¢
subconjuntos de {3 4 · · · − 1 }, sem números consecutivos. Tal número é −2−(−1)+1
−1 =
¡−¢
−1 . Agora, há que descontar os casos em que entram 1 e . Tais casos ¡ consistem em escolher
¢
− 2 vértices entre − 4, sem haver números consecutivos. Logo, temos −4−(−2)+1
−2 casos a
¡ ¢
descontar, ou seja, −−1
−2 .
¡ ¢ ¡−¢ ¡−−1¢
Então, o número de maneiras é − + −1 − −2 .
¡ ¢ ¡−−1¢
Agora, podemos começar por calcular o valor da diferença − −1 − −2 .
( ¡ ¢ ¡−−1¢ ¡−−1¢ ¡−−1¢ ¡−−1¢ ¡−−1¢
−
− −2 = −1 + −2 − −2 = −1
¡−¢ ¡−
−1 ¢ ¡ ¢ ¡−¢ ¡−−1¢
+ −1 − −−1 −2 = + −1
Ora,
µ ¶ µ ¶
− −−1 ( − )! ( − − 1)!
+ = +
−1 ! ( − 2)! ( − 1)! ( − 2)!
( − )! ( − − 1)!
= +
! ( − 2)! ( − 1)! ( − 2)!
( − )! + ( − − 1)!
=
! ( − 2)!
( − − 1)! ( − ) + ( − − 1)!
=
! ( − 2)!
( − − 1)! ( − − 1)! ( − )
= =
! ( − 2)! ! ( − 2)! ( − )
µ ¶
( − )! −
= = ×
! ( − 2)! ( − ) −
No caso concreto que resolvemos, tínhamos um octógono e queríamos saber quantos triângulos
podemos obter unindo três dos vértices não consecutivos do octógono. ¡ ¢ ¡¢
Aplicando o resultado deste lema, temos, para = 8 e = 3, 8−3 3
8
× 8−3 = 53 × 85 = 5×4 8
2 ×5 =
16, valor encontrado na resolução.
Recordemos os Lemas de Kaplansky:
Seja = {1 2 · · · }, com ∈ N. Então, o número de -subconjuntos de , com ≤ +1 2 ,
onde não há números consecutivos, é dado pelas seguintes funções
( ¡ ¢
( ) = −+1 , se estamos a considerar uma fila
¡− ¢
( ) = × − , se estamos a considerar um círculo
Resolução ¡ ¢ 8
Pelo segundo lema de Kaplansky, temos 8−4 4 × 4 = 2. Só há duas maneiras: unir os vértices
pares e unir os vértices ímpares. ¡ ¢ ¡ ¢
Note-se que isto acontece, sempre que = 2. Ora, (2 ) = 2−
2
× 2− = × 2
= 2.
Exemplo 685 Considere um dodecágono inscrito numa circunferência. Quantos quadriláteros con-
vexos podemos construir
Resolução
¡ ¢
1. 12
4 = 495
¡12−4¢ ¡¢
2. 4
12
× 12−4 = 84 × 3
2 = 105
Exemplo 686 Um professor de Inglês dá aulas à mesma turma, três vezes por semana. Em que
dias dará aulas a essa turma, se não o faz em dias consecutivos?
Resolução
Vamos supor que as aulas funcionam de segunda a sexta. Então, só há uma maneira (aulas à
segunda, quarta e sexta).
Como a questão é demasiado fácil, aproveitemos para complicar um pouco.
E se houver só duas¡ aulas¢ por¡ semana?
¢ Temos 5 dias para escolher dois não consecutivos. A
resposta é (5 2) = 5−2+1
2 = 4
2 = 6
Se houver uma aula por semana, é claro que há 5 hipóteses.
Se houver 4 aulas por semana, tem de haver aulas em dias consecutivos. Mas podemos desejar
que não haja aulas em três ou mais dias consecutivos.
Casos em que há aulas em quatro dias consecutivos: 2 casos (segunda, terça, quarta e quinta
ou terça, quarta, quinta e sexta).
Casos em que há aulas em três dias consecutivos, mas não em quatro: segunda, terça, quarta e
sexta; segunda, quarta, quinta e sexta.
Se desejarmos que não haja aulas em mais do que dois dias consecutivos, temos uma possibili-
dade: segunda, terça, quinta e sexta.
Repare-se que só cinco hipóteses, pois há um só dia sem aula. Esse dia pode ser segunda, terça,
quarta, quinta ou sexta.
Se, numa escola, todas as disciplinas tivessem três aulas por semana e os professores pre-
tendessem dar aulas à mesma turma em dias alternados, só haveria aulas às segundas, quartas
e sextas.
Resolução
A pergunta é algo problemática, porque está a sujeita a interpretações variadas.
1 questão: o que se entende por 4 dedos? São quatro dedos previamente definidos, ou são
quatro dedos quaisquer? Como nada se diz, vamos admitir a situação mais geral
2 questão: são quatro dedos da mão direita, ou quatro dedos da mão esquerda? Como não se
diz nada, a situação mais geral é que podem ser dedos duma só mão ou dedos de ambas as mãos.
3 questão: estamos a falar dos dedos duma pessoa? Vamos presumir que sim.
4 questão: estamos a falar dos dedos das mãos duma pessoa ou dos 20 dedos (incluindo os dedos
dos pés)? Apetece considerar os 20 dedos, mas vamos considerar que apenas são considerados os
dedos das mãos.
Ainda há a questão do diâmetro dos anéis e de caberem ou não em alguns dos dedos e de
sabermos se os anéis são todos iguais.
720 CAPÍTULO 30. PERMUTAÇÕES CAÓTICAS
Após tudo isto, vamos admitir que estamos a considerar 10 dedos das mãos, que os seis anéis
são iguais e que fica, pelo menos, um anel, em
¡ cada
¢ dedo.
Escolha dos dedos para colocar os anéis: 104 = 210
Agora, colocamos um anel em cada um dos quatro dedos escolhidos. Falta colocar dois anéis.
Se eles ficarem no mesmo dedo, temos 4 hipóteses. ¡ ¢
Se ficar 1 num dedo e o outro noutro dedo, temos 42 = 6 maneiras.Logo, temos 10 maneiras de
colocar os dois anéis que sobraram.
Então, o número de maneiras de colocar os anéis em quatro dedos, é de 2100.
Capítulo 31
Números de Catalan
Por um dos vértices, foram desenhadas as três diagonais, tendo-se que o hexágono ficou dividido
em quatro triângulos. Se tivermos um polígono de lados, teremos − 2 triângulos, definidos pelas
− 3 diagonais concorrentes num dado vértice e pelos dois lados concorrentes no mesmo vértice.
Por razões práticas, vamos considerar que, no caso do hexágono, temos = 4, sendo + 2 = 6, o
número de lados. Então, no caso geral, teremos que + 2 é o número de lados do polígono convexo.
Voltemos ao caso do hexágono, com = 4. É claro que podemos proceder de igual forma
nos outros 5 vértices do hexágono, pelo que temos seis maneiras de dividir o hexágono em quatro
triângulos, usando três diagonais concorrentes num vértice. Mas, há outras maneiras de fazermos
a divisão do hexágono em quatro triângulos, usando diagonais:
No caso da figura anterior, só temos três diagonais (desenhadas), mas temos o hexágono dividido
em quatro triângulos. É claro que há outras maneiras de dividir o hexágono em quatro triângulos,
usando diagonais:
721
722 CAPÍTULO 31. NÚMEROS DE CATALAN
Então, temos mais seis maneiras de dividir o hexágono inicial em quatro triângulos, usando
diagonais.
Curiosamente, há mais duas maneiras de fazermos o mesmo:
Note-se que as diagonais não podem "cruzar-se", ou seja, só podem intersectar-se num vértice
(ou fora do polígono, se considerarmos as rectas que suportam as diagonais).
Obtivemos, assim 14 (6 + 6 + 2 = 14) maneiras de de dividir o hexágono em quatro triângulos,
usando diagonais. A este número chama-se "número de Catalan"(no caso, o número de Catalan
correspondente a 4). Ou seja, vamos escrever 4 = 14.
O caso em que temos um triângulo, corresponde a uma única maneira, pelo que 1 = 1. E
vamos convencionar que 0 = 1.
No caso dum quadrilátero convexo, temos
Então, 2 = 2.
No caso do pentágono convexo, temos
723
Então, 3 = 5.
Então, temos os seguintes resultados:
0 1 2 3 4
1 1 2 5 14
Pretendemos ir de até , sem sair da zona azul e seguindo ao longo dos segmentos que de-
finem a grelha. É claro que pretendemos saber o número de caminhos mais curtos (não podemos
seguir ao longo das diagonais). Uma possibilidade é fazermos HVHVHVHVHVHVHVHVHV, ou
seja, seguimos de A até B, da maneira seguinte:
725
1430
429 1430
14 42 90 165 275
5 14 28 48 75 110
2 5 9 14 20 27 35
1 2 3 4 5 6 7 8
1 1 1 1 1 1 1 1 1
Os números de Catalan são aqueles que ficam na diagonal: 1 1 2 5 14 42 132 429 1430
Note-se que nenhum caminho pode passar pela zona a amarelo (a não ser pelos pontos que estão
na diagonal).
Ao Triângulo
¡ ¢ anterior,
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ dá-se
¢ ¡ ¢o¡nome
¢ ¡12de
¢ ¡"Triângulo
¢ ¡16¢ de Catalan".
Divida-se 00 21 42 63 84 10
5 6 14
7 8 pelos números que estão na diagonal da figura
anterior: 1, 1, 2, 5, 14, 14, 132, 429, 1430.
(0) (2) (4) (6) (84) (10
5) (12
6) (14
7) (16
8)
Ora, 10 = 1, 11 = 2, 22 = 3, 53 = 4, 14 = 5, 42 = 6, 132 = 7, 429 = 8, 1430 = 9.
(2
)
Seja , o número de Catalan de ordem . Então, parece que = + 1, ou seja
¡2¢
=
+1
726 CAPÍTULO 31. NÚMEROS DE CATALAN
(2
)
A primeira questão que se coloca é a de saber se +1 é sempre um número inteiro.
Para provar que tal é verdade, basta um pequeno cálculo:
µ ¶ µ ¶
2 2 (2)! (2)!
− = −
+1 ! × ! ( + 1)! × ( − 1)!
( + 1) (2)! (2)!
= −
( + 1) ! × ! ( + 1)! × ( − 1)!
( + 1) (2)! (2)!
= −
( + 1)! × ! ( + 1)! × !
( + 1 − ) (2)! (2)!
= =
( + 1)! × ! ( + 1) ! × !
¡2¢
1 (2)!
= × =
+ 1 ! × ! +1
(2
)
Logo, +1 é um número inteiro positivo, para qualquer valor de .
¡2¢Eis ¡outra
2
¢ maneira de interpretarmos os números de Catalan (com base na igualdade =
− +1 ):
1 1
1
1 2 2−1=1
1 3
1 4 6 6−4=2
1 5 10
1 6 15 20 20 − 15 = 5
1 7 21 35
1 8 28 56 70 70 − 56 = 14
1 9 36 84 126
1 10 45 120 210 252 252 − 210 = 42
1 11 55 165 330 462
1 12 66 220 495 792 924 924 − 792 = 132
1430
429 1430
14 42 90 165 275
5 14 28 48 75 110
2 5 9 14 20 27 35
1 2 3 4 5 6 7 8
1 1 1 1 1 1 1 1 1
1430
429 1430
132 429 1001
42 132 297 572
14 42 90 165 275
5 14 28 48 75 110
2 5 9 14 20 27 35
1 2 3 4 5 6 7 8
1 1 1 1 1 1 1 1 1
5 14 28 48 75 110
3 () = 5 + + ( − 1) + ( − 1) ( − 2)
728 CAPÍTULO 31. NÚMEROS DE CATALAN
Então, 3 (1) = 5 + = 14, pelo que = 9. E 3 (2) = 5 + 18 + 2 = 28, pelo que = 52 . Por
fim, 3 (3) = 5 + 27 + 15 + 6 = 48, donde vem = 16 .
Logo, 3 () = 5 + 9 + 52 ( − 1) + 16 ( − 1) ( − 2).
Se quisermos "acertar", temos
5 1
3 () = 5 + 9 ( − 3) + ( − 3) ( − 4) + ( − 3) ( − 4) ( − 5)
2 6
E 3 = 3 (3) = 5.
Continuando, temos
7
4 () = 14 + 28 ( − 4) + 10 ( − 4) ( − 5) + ( − 4) ( − 5) ( − 6)
6
1
+ ( − 4) ( − 5) ( − 6) ( − 7)
24
1430
429 1430
14 42 90 165 275
5 14 28 48 75 110
2 5 9 14 20 27 35
1 2 3 4 5 6 7 8
1 1 1 1 1 1 1 1 1
9694 845
2674 440 9694 845
742 900 2674 440 7020 405
208 012 742 900 1931 540 4345 965
58 786 208 012 534 888 1188 640 2414 425
16 796 58 786 149 226 326 876 653 752 1225 785
4862 16 796 41 990 90 440 177 650 326 876 572 033
1430 4862 11 934 25 194 48 450 87 210 149 226 245 157
429 1430 3432 7072 13 260 23 256 38 760 62 016 95 931
132 429 1001 2002 3640 6188 9996 15 504 23 256 33 915
42 132 297 572 1001 1638 2548 3808 5508 7752 10 659
14 42 90 165 275 429 637 910 1260 1700 2244 2907
5 14 28 48 75 110 154 208 273 350 440 544 663
2 5 9 14 20 27 35 44 54 65 77 90 104 119
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Uma outra propriedade interessante tem a ver com o facto de termos colunas, onde só aparecem
números ímpares. Se considerarmos que a coluna mais à esquerda é a coluna zero, então isso
acontece nas colunas 0, 1, 3, 7, 15, todas da forma 2 − 1. Tal significa que, nessas colunas, o
número de Catalan é ímpar. Curiosamente, nos restantes casos, o número de Catalan é par.
Note-se que podemos formar o Triângulo de Catalan das seguintes formas (pelo menos):
1 132
1 1 42 132
1 2 2 14 42 90
1 3 5 5 5 14 28 48
1 4 9 14 14 2 5 9 14 20
1 5 14 28 42 42 1 2 3 4 5 6
1 6 20 48 90 132 132 1 1 1 1 1 1 1
2 − 1 2 −1
10 1023 139 157 094 488 809 216 609 180 329 989 019 270 542 470 366 637 931 721 645 782 460 476 401 147
721 805 507 643 460 842 978 613 112 414 335 494 835 558 006 583 884 148 977 659 784 391 912 051 1
431589 488 498 454 047 196 216 538 728 539 563 731 063 485 599 728 723 338 437 022 423 741 874 8
526 407 192 933 752 741 626 537 131 080 797 001 256 082 649 564 790 786 427 340 339 227 207 197
737 296 301 027 058 953 133 944 657 337 264 367 798 537 255 154 086 114 369 658 997 367 672 306 3
547 722 577 441 770 489 571 574 173 901 418 840 547 456 769 262 994 880 308 381 035 496 677 690
674 048 024 741 359 286 292 131 007 138 160 717 455 357 922 749 849 419 904 447 484 454 487 2
632 685 021 812 451 676 637 611 145 964 399 438 172 153 395 772 409 247 063 871 883 341 908 263 3
Como é evidente, alguns dos números de Catalan foram escritos em várias linhas, devido ao
grande número de algarismos.
Voltando ao Triângulo de Catalan, temos a seguinte curiosidade: Qualquer número de Catalan
é a soma de todos os números da coluna imediatamente à sua esquerda. Por exemplo,
⎧
⎪
⎪ 5=2+2+1
⎨
14 = 5 + 5 + 3 + 1
⎪
⎪ 42 = 14 + 14 + 9 + 4 + 1
⎩
132 = 42 + 42 + 28 + 14 + 5 + 1
Mas esta propriedade aplica-se a qualquer elemento do triângulo de Catalan. Assim, qualquer
elemento é dado pela soma de todos os elementos da coluna anterior que não ficam acima do
elemento em causa. Exemplos:
⎧
⎪
⎪ 9=8+1
⎨
44 = 35 + 8 + 1
⎪
⎪ 154 = 110 + 35 + 8 + 1
⎩
429 = 275 + 110 + 35 + 8 + 1
Voltemos ao início. Suponhamos que pretendemos subir degraus duma escada e descer
degraus, partindo da base da escada e regressando à base. Seja o número de maneiras de
desempenharmos essa tarefa. Note-se que não temos de subir os degraus todos duma vez (para
1).
Então, 0 = 1, 1 = 1, 2 = 2,...
Observação
Embora estejamos a usar a mesma notação, , não temos a certeza que a sucessão seja a
(2
)
¡ ¢ ¡ 2 ¢
mesma que é definida por = +1 = 2
− +1 .
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Pretendemos "ir"do ponto (0 0) ao ponto (8 0), seguindo pelas diagonais, mas só podemos
mudar de direcção nos pontos a vermelho (da figura anterior). Como√ habitualmente, queremos que
a distância percorrida seja mínima. Note-se que essa distância é 8 2.
Uma das maneiras de fazermos isso é a seguinte:
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Outra maneira:
732 CAPÍTULO 31. NÚMEROS DE CATALAN
0 1 2 3 4 5 6 7 8
É claro que, entre um caso e o outro, há outras possibilidades. Eis dois desses casos intermédios:
0 1 2 3 4 5 6 7 8
733
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Ao fim e ao cabo, temos várias funções de [0 8] em R, em que (0) = 0 e (8) = 0. Com as
restrições impostas, tem de ser (1) = 1 = (7).
Há tantas maneiras desse tipo, como o número de maneiras de irmos de (0 0) até (6 0). Agora,
falta-nos contar o número de maneiras em que "tocamos"uma ou mais vezes no eixo das abcissas.
Suponhamos que estamos em (1 1) e passamos para (2 0). Agora, pretendemos saber quantas
maneiras há, para irmos de (2 0) até (7 1). Ora, de (7 1), temos de ir para (8 0), pelo que
pretendemos saber o número de maneiras de irmos de (2 0) até (8 0). Tal número é igual ao
número de maneiras de irmos de (0 0) até (6 0).
Suponhamos, agora, que passamos de (1 1) para (2 2). Agora, podemos "descer"até (4 0). E
o número de maneiras de irmos de (4 0) até (7 1) ou (8 0) é o mesmo que existe para irmos de
(0 0) até (4 0).
É mais ou menos evidente que as funções têm dois ou mais zeros (para ≥ 1) e que os zeros
das várias funções admissíveis têm de ser números pares.
A P B
0 1 2m-1 2m 2n-1 2n
Pretendemos "ir"do ponto = (0 0) ao ponto (2 0), passando por = (1 1) e por =
(2 − 1 1) e respeitando as condições impostas pelo problema. Há dois tipos de caminhos admis-
síveis (para irmos de até ): os que passam pelo eixo das abcissas e os que não passam pelo eixo
das abcissas.
O número de maneiras de ir de até , não passando pelo eixo das abcissas é igual ao número
de maneiras de irmos de (0 0) até (2 − 2 0).
Consideremos os caminhos de até que passam pelo eixo das abcissas. Seja = (2 0), o
ponto em que pela primeira vez tocamos no eixo das abcissas (partindo de ). Então, viemos do
ponto = (2 − 1 1), pelo que temos a seguinte situação: Partindo de (0 0), chegamos a (2 0),
passando por , por , por = (2 0) e por . Ora, o número de maneiras de irmos de até
é igual ao número de maneiras de irmos de até , sem passar pelo eixo das abcissas (porque
estamos a supor que (2 0) é o ponto em que pela primeira vez tocamos no eixo das abcissas).
Mas, tal número é igual ao número de maneiras de irmos de (0 0) até (2 − 2 0).
E o número de maneiras de irmos de = (2 0) até é igual ao número de maneiras de irmos
de (2 0) até (2 0). Este número é o mesmo que o número de maneiras de irmos de (0 0) até
(2 − 2 0). É claro que 0 , ou seja, 1 ≤ ≤ − 1, pelo que há − 1 possibilidades para
o valor de .
Como bem sabemos, o número total de caminhos é o produto dos dois números anteriores.
Agora, é uma questão de notação.
Seja , o número de maneiras de irmos de (0 0) até (2 0), respeitando as condições impostas
pelo problema.
Então, relativamente à situação anterior, temos −1 × − , com 1 ≤ ≤ − 1.
Logo,
Ou, se preferirmos
6 = 0 × 5 + 1 × 4 + 2 × 3 + 3 × 2 + 4 × 1 + 5 × 0
6 = 1 × 42 + 1 × 14 + 2 × 5 + 5 × 2 + 14 × 1 + 42 × 1 = 132
Repare-se que as parcelas que definem 6 são iguais, duas a duas. Isso acontece, sempre que
temos um índice par. No caso de termos um índice ímpar, existe uma parcela central e as restantes
são iguais, duas a duas. É o caso de 5 :
5 = 0 × 4 + 1 × 3 + 2 × 2 + 3 × 1 + 4 × 0
= 20 × 4 + 21 × 3 + 22 = 2 × 1 × 14 + 2 × 1 × 5 + 22 = 42
Observação
Note-se que a expressão 0 × 4 + 1 × 3 + 2 × 2 + 3 × 1 + 4 × 0 é bem conhecida
do produto de duas séries (no caso presente, as duas séries seriam iguais). Esse produto recebe o
nome de produto de convolução e aplica-se a séries e polinómios (que são séries especiais).
Se tivermos 0 × 4 + 1 × 3 + 2 × 2 + 3 × 1 + 4 × 0 , esta expressão pode ser
interpretada como o coeficiente do termo em 4 do produto
¡ ¢ ¡ ¢
0 + 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4 × 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4
E 0 × 5 + 1 × 4 + 2 × 3 + 3 × 2 + 4 × 1 + 5 × 0 é o coeficiente do termo em 5 de
¡ ¢2
0 + 1 + 2 2 + 3 3 + 4 4 + 5 5
Registe-se que o termo em 5 não se altera se tivermos um polinómio com mais termos (ou uma
série).
A interpretação anterior vai ser importante, na determinação do termo geral da sucessão (dos
números de Catalan).
1
¡ ¢
2 +1
Exercício 688 Seja = +1 . Mostre que, para todo o número natural , temos =
4+2
+2 .
736 CAPÍTULO 31. NÚMEROS DE CATALAN
Resolução
µ ¶
+1 1 2 + 2 +1 +1 (2 + 2)! ! × !
= × ¡2¢ = × ×
+2 +1
+ 2 ( + 1)! × ( + 1)! (2)!
+1 (2 + 2) (2 + 1) × (2)! ! × !
= × ×
+ 2 ( + 1) × ! × ( + 1) × ! (2)!
1 2 ( + 1) (2 + 1) 2 (2 + 1) 4 + 2
= × = =
+2 ( + 1) +2 +2
Note-se que a igualdade anterior é válida para = 0.
Da igualdade anterior vem:
+2 +2 +1 4 ( + 1) + 2 4 + 2 4 + 6 4 + 2
= × = × = ×
+1 +1+2 +2 +3 +2
De modo análogo, temos
3
Y
+3 (4 + 10) (4 + 6) (4 + 2) 4 + 4 − 2
= =
( + 4) ( + 3) ( + 2) ++1
=1
E, ainda
Y
+ 4 + 4 − 2
=
++1
=1
Fazendo = 0, temos
Y
4 − 2
= =
0 +1
=1
Então:
Q0
4−2
Q
1
4−2
Q
2
4−2
Q
3
4−2
Q
4
4−2
+1 = 1 +1 = 1 +1 = 2 +1 = 5 +1 = 14
=1 =1 =1 =1 =1
Q
5
4−2
Q
6
4−2
Q
7
4−2
+1 = 42 +1 = 132 +1 = 429
=1 =1 =1
Q
4−2
Note-se que um dos factores de +1 é 1, pelo que podemos omiti-lo. Então
=1
Y 4 − 2
=
+1
=2
Q
0
4−2
Q 4−2
Note-se que +1 = +1 = 1 (elemento neutro da multiplicação), do mesmo modo que
P =1 ∈∅
= 0 (elementro neutro da adição).
∈∅
Há uma igualdade bem curiosa:
Y
Y
4 − 2 +
= =
+1
=2 =2
31.1. FUNÇÃO GERADORA DOS NÚMEROS DE CATALAN 737
() = 0 + 1 + 2 2 + 3 2 + + · · ·
Então,
¡ ¢2
( ())2 = 0 + 1 + 2 2 + 3 2 + + · · ·
= 0 0 + (0 1 + 1 0 ) + (0 2 + 1 1 + 2 0 ) 2 + · · ·
+ · · · + (0 + 1 −1 + · · · + −1 1 + 0 ) + · · ·
= 1 + 2 + 3 2 + · · · + +1 + · · ·
Então,
( ())2 = 1 + 2 2 + 3 3 + · · · + +1 +1 + · · ·
Finalmente, temos
2
0 + ( ()) = 0 + 1 + 2 2 + 3 3 + · · · + +1 +1 + · · · = ()
2 2
Como 0 = 1, vem 1 − () + ( ()) = 0, ou seja, ( ()) − () + 1 = 0.
Então,
√ ¡ √ ¢¡ √ ¢
1 ± 1 − 4 1 ± 1 − 4 1 ∓ 1 − 4
() = = ¡ √ ¢
2 2 1 ∓ 1 − 4
1 − 1 + 4 2
= ¡ √ ¢= √
2 1 ∓ 1 − 4 1 ∓ 1 − 4
2
Como (0) = 1, temos que () = √ .
√ 1 + 1 − 4
1 − 1 − 4
Logo, () = , para 6= 0 e "conveniente".
2 √ 1
Consideremos a função () = 1 − 4 = (1 − 4) 2 .
Podemos obter a série de Mac-Laurin da função , calculando as sucessivas derivadas de .
Então,
√ 1
0 () = 2
1 − 4 = − √1−4 = −2 (1 − 4)− 2
³ 1
´ 3 3
00 () = −2 (1 − 4)− 2 = −4 (1 − 4)− 2 = −22 × 1 × (1 − 4)− 2
738 CAPÍTULO 31. NÚMEROS DE CATALAN
³ ´
−3 −5 −5
000 () = −4 (1 − 4) 2 = −24 (1 − 4) 2 = −23 × 1 × 3 × (1 − 4) 2
³ 5
´ 7 7
(4) () = −24 (1 − 4)− 2 = −240 (1 − 4)− 2 = −24 × 1 × 3 × 5 × (1 − 4)− 2
³ ´
−7 −9 −9
(5) () = −240 (1 − 4) 2 = −3360 (1 − 4) 2 = −25 × 1 × 3 × 5 × 7 (1 − 4) 2
É relativamente fácil de verificar que partimos de 12 e os expoentes vão diminuindo uma unidade,
ou seja, temos que os expoentes são 12 − 12 − 32 − 52 − 72 − 92
Em cada derivada, temos de multiplicar por −4, pelo que a expressão de () () acaba por não
ter denominadores. Ora:
1−2 Y
() () = 2 × (1 − 4) 2 (2 − 3)
=1
Q
Note-se que o primeiro factor de (2 − 3) é −1 e os restantes são números naturais ímpares.
=1
Então, podemos omitir esse factor, colocando o sinal −, no início da expressão:
Y
1−2
()
() = −2 × (1 − 4) 2
(2 − 3)
=2
³ ´
Y 1−2
= 2 × (2 − 3)
(1 − 4) 2
=1
µ ¶
1 − 2 Y 1−2
−1
= 2 × −4 × (2 − 3) (1 − 4) 2
2
=1
Y
1−2−2
= 2 × 2 (2 − 1) (1 − 4) 2
(2 − 3)
=1
+1
Y
1−2(+1)
= 2+1 (1 − 4) 2
(2 − 3)
=1
Logo, a igualdade é válida para qualquer número natural. E até podemos admitir que a igualdade
é válida para = 0.
31.1. FUNÇÃO GERADORA DOS NÚMEROS DE CATALAN 739
Fazendo = 0, temos
Y
Y
() (0) = 2 × (2 − 3) = −2 × (2 − 3) , com ≥ 2
=1 =2
Então,
√ 2 3
1 − 4 = 1 + 0 (0) + 00 (0) + 000 (0) + · · ·
2! 3!
Logo,
⎧ √ 2 3
⎪
⎪ −1 + 1 − 4 = 0 (0) + 2! 00 (0) + 3! 000 (0) + · · ·
⎪
⎪ √ 2 3
⎪
⎪ 1 −√ 1 − 4 = − 0 (0) − 2! 00 (0) − 3! 000 (0) − · · ·
⎪
⎪
⎪
⎪ 1− 1−4
= − 0 (0) − 2! 00 2
(0) − 3! 000 (0) − · · ·
⎪
⎪
⎨ 1−√1−4 1 2
√2
= − 2×1! 0 (0) − 2×2! 00 (0) − 2×3! 000 (0) − · · ·
⎪
⎪ 1− 21−4
= 1 + 4 × 22 × 1 + 2×3×2×1 2
× 23 × 1 × 3 + · · ·
⎪
⎪ √
⎪
⎪ 1− 1−4 3
⎪
⎪ = 1 + + 22 + 2×4! × 24 × 1 × 3 × 5 + · · ·
⎪
⎪ √
2
Q
⎪
⎪ −1
⎩ 1− 21−4
= 1 + + 22 + 53 + · · · + 2×! × 2 × (2 − 3) + · · ·
=2
Então, obtivemos uma série formal, em que os sucessivos coeficientes (os números de Catalan)
2
Q
são definidos por um termo geral. Ora, −1 = 2×! × (2 − 3), ou seja,
=2
+1
Y +1
Y
2+1 2
= × (2 − 3) = × (2 − 3)
2 × ( + 1)! ( + 1)!
=2 =2
26
6 = × (1 × 3 × 5 × 7 × 9 × 11)
7!
26 1 × 2 × 3 × 4 × 5 × 6 × 7 × 8 × 9 × 10 × 11 × 12
= ×
7! 2 × 4 × 6 × 8 × 10 × 12
26 12! 12! 1 12!
= × 6 = = ×
7! 2 × (1 × 2 × 3 × 4 × 5 × 6) 7! × 6! 7 6! × 6!
No caso geral, fazemos o mesmo truque, obtendo-se
1 (2)!
= ×
+ 1 ! × !
Embora tenhamos factoriais, na expressão anterior, é possível calcular um termo da sucessão
de Catalan, sem calcularmos todos os termos anteriores. É claro que é conveniente termos uma
calculadora ou um computador que calculem factoriais.
Calculemos 50 , usando um computador:
1 100!
(50) = × = 1978 261 657 756 160 653 623 774 456
51 50! × 50!
740 CAPÍTULO 31. NÚMEROS DE CATALAN
Observação √
Em vez de considerarmos o desenvolvimento em série da função () = 1 − 4, podemos obter
√ 1
a série da função () = 1 − 1 − = 1 − (1 − ) 2 e, depois, basta substituirmos por 4.
Então, temos
1 1 1 3
0 () = (1 − )− 2 00 () = 2 (1 − )− 2
2 2
5 7
1 × 3 (1 − )− 2 (4) 1 × 3 × 5 (1 − )− 2
000 () = () =
23 24
− 92 11
1 × 3 × 5 × 7 (1 − ) 1 × 3 × 5 × 7 × 9 (1 − )− 2
(5) () = (6)
() =
25 26
Finalmente, teremos
1−2 Q
−1
(1 − ) 2
(2 − 1)
() =1
() =
2
Logo,
1 00 1
(0) = 0 0 (0) = (0) = 2
2 2
1 × 3 (4) 1×3×5
000 (0) = (0) =
23 24
Q
−1
(2 − 1)
=1
() (0) =
2
E, agora, temos
1 1 1×3 3 1×3×5 4
() = 0 + + 2 2 + 3 + 4 + ···
2 2 × 2! 2 × 3! 2 × 3!
Q
−1
(2 − 1)
1 1 2 1 × 3 3 1 × 3 × 5 4 =1
= + 2 + 3 + 4 + ··· + + · · ·
2 2 × 2! 2 × 3! 2 × 3! 2 × !
Substituindo por 4, temos
Q
−1
4 (2 − 1)
22 42 × 1 2 43 × 1 × 3 3 44 × 1 × 3 × 5 4 =1
(4) = + 2 + + + ··· + + · · ·
2 2 × 2! 23 × 3! 24 × 4! 2 × !
Q
−1
2 3 4
2 (2 − 1)
2 ×1 2 2 ×1×3 3 2 ×1×3×5 4 =1
= 2 + + + + ··· + + · · ·
2! 3! 4! !
Finalmente, temos
Q
−1
2 3
2−1 (2 − 1)
(4) 2×1 2 ×1×3 2 2 ×1×3×5 3 =1
=1+ + + + ··· + −1 + · · ·
2 2! 3! 4! !
31.2. MATRIZES DE HANKEL 741
−1
2−1 (2−1)
=1
Então, −1 = ! , donde vem
Q
Q
Q
Q
2
2 (2 − 1) 2 (2 − 1) × (2) 2
=1 =1 =1 =1
= = Q
Q
=
( + 1)!
( + 1)! × 2
( + 1)! × (2) ()
=1 =1
µ ¶
(2)! 1 (2)! 1 2
= = × = ×
( + 1)! × ! + 1 ! × ! +1
1
¡2¢
As igualdades anteriores são válidas para ≥ 2, mas é fácil verificar que = +1 × é
válida para = 0 e para = 1.
⎡ 5 14 42 132 ⎤ 5 14 42 132
⎡ ⎤
1 2 5 14 1 2 5 14
⎢ 2 5 14 42 ⎥ ⎢ 2 5 14 42 ⎥
E=⎢ ⎥ ⎢
⎣ 5 14 42 132⎦, com det = det ⎣ 5 14 42 132⎦ = 1.
⎥
= ( ), com = +−2 e = ( ), com = +−1 . É claro que e são matrizes
quadradas e é o número de Catalan de ordem .
As matrizes formadas da maneira acima descrita, são as matrizes de Hankel.
Em particular,
⎧ ¡ ¢¡ ¢
1 1
⎨ ( 1) = ¡ 1 ¢¡ 0 ¢ = ¡× ¢ × 1 = ¡1¢
1 1
( 2) = ¡2 ¢¡1 =¢ 2 ×= 2
⎩ 1 1
( ) = −1 = ×1×=1
Triângulo de Narayana
O Triângulo de Narayana é o seguinte:
(1 1)
(2 1) (2 2)
(3 1) (3 2) (3 3)
(4 1) (4 2) (4 3) (4 4)
(5 1) (5 2) (5 3) (5 4) (5 5)
(6 1) (6 2) (6 3) (6 4) (6 5) (6 6)
(7 1) (7 2) (7 3) (7 4) (7 5) (7 6) (7 7)
(8 1) (8 2) (8 3) (8 4) (8 5) (8 6) (8 7) (8 8)
(9 1) (9 2) (9 3) (9 4) (9 5) (9 6) (9 7) (9 8) ...
(10 1) (10 2) (10 3) (10 4) (10 5) (10 6) (10 7) (10 8) ...
(11 1) (11 2) (11 3) (11 4) (11 5) (11 6) (11 7) (11 8) ...
Calculando, temos:
31.3. NÚMEROS DE NARAYANA 743
1 1
1 1 2
1 3 1 5
1 6 6 1 14
1 10 20 10 1 42
1 15 50 50 15 1 132
1 21 105 175 105 21 1 429
1 28 196 490 490 196 28 1 1430
1 36 336 1176 1764 1176 336 36 1 4862
1 45 540 2520 5292 5292 2520 540 45 1 16796
1 55 825 4950 13860 19404 13860 4950 825 55 1 58786
Observação
O Triângulo de Narayana começa pela linha 1 e pela coluna 1, enquanto os Triângulos de Pascal
e de Catalan começam pela linha 0 e pela coluna 0.
O mais curioso é que a soma dos elementos duma linha do Triângulo de Narayana é o corre-
spondente número de Catalan. Assim, por exemplo, temos 1 + 6 + 6 + 1 = 14 = 4 e 1 + 28 +
196 + 490 + 490 + 196 + 28 + 1 = 1430 = 8 . A soma dos elementos duma linha (do Triângulo de
Narayana) está indicada na coluna da direita (do quadro anterior).
Vejamos alguns exemplos de aplicação dos números de Narayana:
1 Caso
Consideremos dois pontos distintos e , definindo um lado dum quadrado
A B
A B A B
744 CAPÍTULO 31. NÚMEROS DE CATALAN
No caso da esquerda, temos um só "pico"(um só máximo local), enquanto que no caso da direita,
temos dois "picos"(dois máximos locais). E o segmento está dividido em duas partes iguais.
Então, temos (2 1) = 1 (2 2) = 1. E o número total de caminhos mais curtos entre e
(contidos nas diagonais) é 2. Ou seja, (2 1) + (2 2) = 1 + 1 = 2 = 2 .
3 Caso
Este terceiro caso é um pouco mais complicado do que os dois anteriores.
A B
A BA B A B
A B
A B A B
Um pico Quatro picos
Um pico
Cinco picos
Agora, temos (5 1) = 1 (5 2) = 10 (5 3) = 20 (5 4) = 10 (5 5) = 1.
E, de novo,
(5 1) + (5 2) + (5 3) + (5 4) + (5 5) = 1 + 10 + 20 + 10 + 1
= 42 = 5
Note-se a grande semelhança deste problema com o problema dos coelhos de Fibonacci.
Mas, temos um sério problema: as raízes da equação característica são "intragáveis".
q √ √
1 1
Por exemplo, a raiz real é √3 1
√ √ 29
+ 3 108 31 108 + 29 1
54 + 3 . O valor anterior é,
9 108 31 108+ 54
aproximadamente, 1 465 571 232.
As duas outras soluções são (aproximadamente) −0 232 785 615 9 ± 0 792 551 992 5
A solução para esta questão é 1278.
1, 1, 1, 2, 3, 4, 6, 9, 13, 19, 28, 41, 60, 88, 129, 189, 277, 406, 595, 872, 1278, 1873,...
Repare que
⎧
⎪
⎪ 3 + 6 = 9, 4 + 9 = 13, 6 + 13 = 19, 9 + 19 = 28
⎨
13 + 28 = 41, 19 + 41 = 60, 28 + 60 = 88, 41 + 88 = 129
⎪
⎪ 60 + 129 = 189, 88 + 189 = 277, 129 + 277 = 406
⎩
189 + 406 = 595, 277 + 595 = 872, 406 + 872 = 1278
Utilização de matrizes
Matricialmente, temos
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
+3 1 0 1 +2 +2
⎣+2 ⎦ = ⎣1 0 0⎦ ⎣+1 ⎦ = ⎣+1 ⎦
+1 0 1 0
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
+4 1 0 1 +3 +2
⎣+3 ⎦ = ⎣1 0 0⎦ ⎣+2 ⎦ = 2 ⎣+1 ⎦
+2 0 1 0 +1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
+5 1 0 1 +4 +2
⎣+4 ⎦ = ⎣1 0 0⎦ ⎣+3 ⎦ = 3 ⎣+1 ⎦
+3 0 1 0 +2
⎡ ⎤2 ⎡ ⎤ ⎡ ⎤3 ⎡ ⎤
1 0 1 1 1 1 1 0 1 2 1 1
Ora, ⎣1 0 0⎦ = ⎣1 0 1⎦ e ⎣1 0 0⎦ = ⎣1 1 1⎦, pelo que podemos concluir que
0 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤
+5 2 1 1 +2
⎣+4 ⎦ = ⎣1 1 1⎦ ⎣+1 ⎦
+3 1 0 1
⎡ ⎤6 ⎡ ⎤
1 0 1 6 3 4
E, como 6 = ⎣1 0 0⎦ = ⎣4 2 3⎦, concluimos que
0 1 0 3 1 2
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤
+8 6 3 4 +2
⎣+7 ⎦ = ⎣4 2 3⎦ ⎣+1 ⎦
+6 3 1 2
750 CAPÍTULO 31. NÚMEROS DE CATALAN
3 − 2 − 1 = 0 q
1
√ √
1
= √ 3 1
√ √ + 3
31 108 + 29
108
1
54 + 3 ≈ 1 465 571 232
9 31 108+ 29
108 54
q √ √ µ q ¶
1 1 1 3 1 29 1
√ 1 1
√ √ 29
= √
3 − 18 3 1
√ √ 29
− 2 108 31 108 + 54 − 2 3 √
3 1
√ √ − 3
108 31 108 + 54 ≈
108 31 108+ 54 9 108 31 108+ 29
54
−0232 785 615µ9 + 0792 551 992 5 q ¶ q
√ √ √ √ √
= 12 3 √
3 1
1
√ √ 29
1
− 3 108 31 108 + 29
54 − √
3 1
1
√ √ − 12 3 1
108 31 108 + 29
54 +
9 108 31 108+ 54 18 108 31 108+ 29
54
1
3 ≈ −0232 785 615 9 − 0792 551 992 5
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 6
4 ⎣1⎦ = ⎣4⎦
1 3
⎡ ⎤
9 4 6
7 = ⎣6 3 4⎦
⎡ 4⎤⎡2 ⎤3 ⎡ ⎤
9 4 6 6 88
⎣6 3 4⎦ ⎣4⎦ = ⎣60⎦
4 2 3 3 41
31.4. AS VACAS DE NARAIAN PANDIT 751
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 13
6 ⎣1⎦ = ⎣ 9 ⎦
⎡1 ⎤ ⎡6 ⎤
1 88
11 ⎣1⎦ = ⎣60⎦
1⎡ 41 ⎤
9 4 6
7 = ⎣6 3 4⎦
⎡ 4⎤⎡2 3 ⎤ ⎡ ⎤
9 4 6 2 + 1 18 + 8 + 12 + 19
⎣6 3 4⎦ ⎣ 2 + 1 ⎦ = ⎣ 12 + 6 + 8 + 13 ⎦
4 2 3 2 + 1 8 + 4 + 6 + 9
6 (2 + 1) + 3 (2 + 1) + 4 (2 + 1) = 12 + 6 + 6 + 3 + 8 + 4 = 12 + 6 + 8 + 13
752 CAPÍTULO 31. NÚMEROS DE CATALAN
Capítulo 32
O xadrez é um jogo que utiliza um tabuleiro e 32 peças, sendo 16 peças brancas e 16 peças pretas.
O tabuleiro é do tipo 8 × 8, ou seja, é constituído por 64 casas, 32 delas duma cor e 32 de outra
cor. Normalmente, as casas são brancas (claras) ou castanhas ou pretas (escuras).
753
754 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Note-se que o jogo das "Damas"desenrola-se no mesmo tabuleiro e a finalidade do jogo é deixar
o adversário sem peças. Por vezes, isso não é possível e ambos os jogadores continuam com peças
em jogo. Isso significa que o jogo está empatado (há regras que estabelecem em que situações o jogo
termina empatado). Assim, se o jogador cuja posição é de vitória não conseguir materializar a sua
superioridade, o resultado é um empate. No entanto, há algumas situações em que o jogador perde,
embora tenha peças no tabuleiro. Isso acontece se nenhuma dessas peças puder ser movida. Logo,
é possível perder (no jogo das damas) com vantegem material (mais peças do que o adversário ou
peças de maior valor).
É claro, que do ponto de vista matemático, podemos considerar tabuleiros maiores do que
o tabuleiro de xadrez (que tem 64 casas). Aliás, podemos considerar tabuleiros que nem sejam
quadrados (por exemplo, um tabuleiro 6 × 9). Além disso, poderemos criar tabuleiros que tenham
uma forma algo estranha. No entanto, estamos interessados nos tabuleiros do tipo × , como as
matrizes. Esse interesse deve-se ao facto de aos tabuleiros do tipo × corresponderem polinómios
fáceis de obter. Por isso, vamos querer transformar tabuleiros irregulares em tabuleiros do tipo
× . Mais adiante, veremos que existe uma propriedade que nos permite substituir um tabuleiro
por outros nele contidos (sub-tabuleiros) e assim sucessivamente, até que todos os sub-tabuleiros
sejam rectangulares.
A imagem anterior foi recolhida na Net (publicada por Consciência do Xadrez). Observe a figura
seguinte:
755
As casas a vermelho não são consideradas, ficando-se com dois sub-tabuleiros do tabuleiro ini-
cial: um tabuleiro 4 × 3 e um tabuleiro 4 × 5. Estes dois sub-tabuleiros são disjuntos, porque estão
desenhados em linhas e colunas distintas. É claro que a zona vermelha também é constituída por
dois sub-tabuleiros disjuntos.
Na figura anterior, eliminando as casas vermelhas, ficamos com dois sub-tabuleiros disjuntos.
Note-se que, no caso de sub-tabuleiros disjuntos, as torres colocadas num sub-tabuleiro não
interferem com as torres colocadas no outro sub-tabuleiro, quando se considera a reunião dos dois
sub-tabuleiros.
Qual é o polinómio correspondente à reunião dos dois sub-tabuleiros da figura anterior? Re-
solveremos esta questão mais adiante.
Consideremos uma fila de células quadradas (quadrículas). Então, só podemos colocar nessa fila
uma torre, sem que haja outra torre a perturbar o movimento da torre (inicial)
756 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Embora só possa ser colocada uma torre, ela pode ser colocada numa de cinco posições.
Então, vamos dizer que (1) = 5. É claro que (2) = 0, porque não podemos colocar duas
torres (sem que uma não interfira com o movimento da outra). E (3) = (4) = · · · = 0.
Por fim, dizemos que (0) = 1: há uma maneira de não colocar nenhuma torre (que é colocar
torre nenhuma).
E vamos considerar que há um polinómio associado a esta fila de quadrados: () = 1 + 5.
Então, o polinómio associado a uma fila de células dispostas numa única fila (vertical) é () =
1 + . O que estes dois polinómios nos indicam é o número de maneiras de colocar zero e uma
torre. Como não termos de grau superior a 1, não se consegue colocar mais do que uma torre. Se
existir um tabuleiro cujo polinómio torre correspondente seja 1 + 8 + 32 + 3 , isso significa que
podemos colocar uma torre, de oito maneiras (o tabuleiro tem que ter 8 "casas"), podemos colocar
duas torres, de três maneiras, e podemos colocar três torres, de uma só maneira, não sendo possível
colocar mais do que três torres.
Note-se que não estamos a afirmar que exista um tal tabuleiro, mas sim a dizer qual o significado
de cada termo do polinómio.
Consideremos, agora, a figura seguinte:
Como temos 3 células, há três maneiras de colocar uma torre. Logo, (1) = 3. E há uma só
maneira de colocar duas torres (figura seguinte):
Então, (1) = 4, (2) = 2, (3) = 0 e, como sempre, (0) = 1. Na figura seguinte, temos as
duas maneiras de colocar duas torres nesse tabuleiro.
Relativamente à célula que está a amarelo (na figura anterior), vamos considerar duas figuras
que dela resultam:
A primeira figura, resulta de eliminar a célula a amarelo. A segunda figura resulta de eliminar
a linha e a coluna da célula a amarelo.
Consideremos os polinómios associados a estas duas figuras:
758 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Que fazer com estes dois polinómios, para obtermos () = 1 + 4 + 22 ?
Não podemos multiplicar, porque isso aumenta o grau. Não podemos somar, porque o termo
independente passa a 2. Há algo que podemos fazer:
(1 + ) + 1 + 3 + 2 = 1 + 4 + 22
Será que esta propriedade é geral? É claro que, neste caso, não precisamos dessa propriedade,
pelo que a mesma só terá interesse, se puder ser aplicada noutras situações.
⎧
⎨ (1) = 6
Consideremos um tabuleiro 2 × 3. Então, temos (2) = 6 e, claro, (0) = 1. Então, o
⎩
(3) = 0
polinómio associado a esta figura, é 1 + 6 + 62 .
É claro que, neste caso, (0) = 1, (1) = 5, sendo (2) = 4. É claro que (3) = 0.
Agora, temos (0) = 1, (1) = 2, (2) = 0, pelo que o polinómio associado é 1 + 2.
Então, (1 + 2) + 1 + 5 + 42 = 1 + 6 + 62 (polinómio associado à figura inicial).
Note-se que, embora tenhamos aplicado a propriedade a tabuleiros rectangulares, o objectivo
é precisamente o contrário: transformar tabuleiros irregulares em tabuleiros rectangulares. Mais
adiante, veremos isso com mais detalhe.
Exercício 689 Qual o polinómio associado à união dos dois sub-tabuleiros seguintes?
760 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Resolução
Consideremos o seguinte sub-tabuleiro:
Relativamente à casa amarela, da figura seguinte, temos mais dois sub-tabuleiros do tabuleiro
inicial:
Então, vamos ter um polinómio associado à figura do meio e outro associado à figura da direita.
⎧
⎨ (1) = 6
Relativamente ao rectângulo 3 × 2, temos (2) = 3 × 2 = 6 , pelo que o polinómio associado
⎩
(3) = 0
é 1 + 6 + 62 . Note-se que este polinómio vai ser multiplicado por , obtendo-se + 62 + 63 .
Agora, na figura anterior, temos o sub-tabuleiro central, do qual vamos considerar a casa cas-
tanha da terceira coluna.
Então, vamos ficar com dois sub-tabuleiros: num, apenas eliminamos a casa castanha, enquanto
no outro, eliminamos a linha e a coluna. Tal como nas matrizes, quando eliminamos uma linha e
761
Exemplo 690 Sejam e dois sub-tabuleiros disjuntos dum tabuleiro × e sejam () =
1 + 1 + · · · e () = 1 + 1 + · · · os dois polinómios associados aos dois sub-tabuleiros. Qual o
polinómio () associado ao tabuleiro ∪ ?
Resolução
O termo independente de () é 1. Se, em , podemos colocar uma torre de 1 maneiras e em
, podemos colocar uma torre de 1 maneiras (sem que nenhuma interfira com outra), então, em
∪ , podemos colocar 1 + 1 torres, porque os sub-tabuleiros são disjuntos (o que significa que
nenhuma torre de um sub-tabuleiro interfere com as torres do outro sub-tabuleiro).
Ora, multiplicando () por (), obtemos
(1 + 1 + · · · ) (1 + 1 + · · · ) = 1 + 1 + 1 + · · · = 1 + (1 + 1 ) + · · ·
Então, o termo de primeiro grau dá-nos o número de maneiras de colocar uma torre (em ∪ ).
Sejam () = 1 + 1 + 2 2 + · · · e () = 1 + 1 + 2 2 + · · ·
Há várias maneiras de colocar duas torres em ∪ , supondo que 1 6= 0 6= 1 :
As duas torres podem ser colocadas em , de 2 maneiras
As duas torres podem ser colocadas em , de 2 maneiras
Podemos colocar uma torre em e uma torre em , de 1 1 maneiras. Esta regra é válida,
mesmo que 2 seja zero ou 2 seja zero.
Logo, o número de maneiras de colocar duas torres (em ∪ ) é 2 + 2 + 1 1 .
Por outro lado, temos
¡ ¢¡ ¢
1 + 1 + 2 2 1 + 1 + 2 2 = 1 + (1 + 1 ) + (2 + 2 + 1 1 ) 2 + · · ·
Então, basta-nos multiplicar () por (), para ficarmos a saber o número de maneiras de
colocar duas torres.
762 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Resolução
Em primeiro lugar consideremos um tabuleiro de xadrez 8 × 8, como o que a seguir se indica
(sem as cores das casas).
1,3
1,2 2,2
Na figura anterior, estão colocados vários pares ordenados. Assim, se tivermos (1) = 1,
colocaremos uma torre na casa (1 1). E assim por diante.
Passemos à situação dada no enunciado deste exemplo:
763
Na figura anterior, temos um tabuleiro de xadrez, sendo que a região a amarelo é aquela em que
não podemos colocar as torres. A razão é simples: a restrição de cada aplicação a = {1 2 3 4},
transforma cada elemento de num elemento de . É claro que o mesmo acontece com a restrição
ao conjunto = {5 6 7 8}, porque todas as aplicções de 8 são injectivas. Além disso, como
as restrições a {1 2 3 4} têm de ser permutações caóticas, a imagem de não pode ser (para
= 1 2 3 4). Já está considerada a condição referida no ponto 1.
Passemos ao ponto 2: Como a restrição a {5 6 7 8} tem de ser monótona, só há duas situações:
estritamente crescente ou estritamente decrescente:
Na figura anterior, temos uma das duas situações possíveis: neste caso, a aplicação é crescente
em {5 6 7 8}.
Passemos aos dois últimos pontos:
764 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
A figura anterior é uma das duas possibilidades que traduzem as condições impostas pelo enunci-
ado. Agora, temos outras condições que derivam do facto das aplicações serem bijectivas, condições
essas que correspondem a termos torres que não interfiram umas com as outras.
Então, podemos colocar mais casas a amarelo:
Agora, vericamos que só há uma maneira de colocarmos as três torres que faltam:
765
A outra solução:
Resolução
É claro que (0) = 1 e (1) = 64. Agora, talvez seja melhor começar por calcular (8):
766 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
A torre da primeira linha tem 8 possibilidades, a torre da segunda linha tem 7 possibilidades
(depois de colocada a torre da primeira linha), etc...
¡ ¢Então,
¡ ¢ (8) = 8! = 40 320. E (7)?
Escolha das sete linhas onde ficam as torres: 87 = 81 = 8. Colocação das torres nas sete
linhas: 8 × 7 × 6 × 5 × 4 × 3 × 2 = 40 320.
Logo, (7) = 8 × 40 320 = 322 560.
Cálculo de (6): ¡¢ ¡¢
Escolha das linhas: 86 = 82 = 28; colocação das torres: 8 × 7 × 6 × 5 × 4 × 3 = 20 160
Então, (6) = 28 × 20 160 = 564 480
Cálculo de (5): ¡¢ ¡¢
Escolha das linhas: 85 = 83 = 56; colocação das torres: 8 × 7 × 6 × 5 × 4 = 6720
Então, (5) = 56 × 6720 = 376 320
Cálculo de (4): ¡¢
Escolha das linhas: 84 = 70; colocação das torres: 8 × 7 × 6 × 5 = 1680
Então, (4) = 70 × 1680 = 117 600
Cálculo de (3): ¡¢
Escolha das linhas: 83 = 56; colocação das torres: 8 × 7 × 6 = 336
Então, (3) = 56 × 336 = 18 816
Cálculo de (2): ¡¢
Escolha das linhas: 82 = 28; colocação das torres: 8 × 7 = 56
Então, (2) = 28 × 56 = 1568
E, por fim, temos
() = 1 + 64 + 15682 + 18 8163 + 117 6004 + 376 3205 + 564 4806 + 322 5607 + 40 3208
Suponhamos que as oito torres eram de oito cores diferentes. Então, havia 64 possibilidades para
a torre de cor 1, 49 possibilidades para a cor 2, 36 possibilidades para a cor 3 e assim sucessivamente.
767
Então, o número de maneiras de colocar as oito torres no tabuleiro, de modo que fique uma
torre por linha e uma torre por coluna, é
82 × 72 × 62 × 52 × 42 × 32 × 22 × 12 = (8 × 7 × 6 × 5 × 4 × 3 × 2 × 1)2 = (8!)2
Como as torres são da mesma cor, há que dividir o número anterior por 8!, obtendo-se 8!
Note-se que, à medida que vamos colocando uma torre, há 14 casas que passam a ficar proibidas
(para a colocação de torres). É esse o significado das casas vermelhas da figura anterior.
Resolução
Se = 1, temos () = (1) = .
¡ ¢
Se 1, temos que escolher filas entre , o que se faz de
=
!
!×(−)! maneiras.
Depois, temos de colocar as torres nas várias filas:
!
× ( − 1) × · · · × ( − + 1) =
( − )!
! ! ! !
() = × = × × !
! × ( − )! ( − )! ! × ( − )! ! × ( − )!
µ ¶ µ ¶
= × × !
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢2
Se = , a fórmula anterior transforma-se em × × ! = × !
Vejamos o caso anterior, onde = = 8:
Então, aplicando a fórmula anterior, temos:
¡ ¢2 ¡ ¢2
(8) = 88 × 8! = 40 320 (4) = 84 × 4! = 117 600
¡8¢2 ¡ ¢2
(7) = 7 × 7! = 322 560 (3) = 83 × 3! = 18 816
¡ ¢2 ¡ ¢2
(6) = 86 × 6! = 564 480 (2) = 82 × 2! = 1568
¡ ¢2 ¡ ¢2 ¡ ¢2
(5) = 85 × 5! = 376 320 (1) = 81 × 1! = 64 (0) = 80 × 0! = 1
Como podemos ver, a fórmula é válida para = 0 e para = 1.
Daqui em diante, vamos usar uma notação mais específica para os polinómios torres.
Assim, em vez de utilizarmos a notação (), utilizaremos a notação ( ), onde significa o
Tabuleiro em causa. Para os sub-tabuleiros de , usaremos a notação 1 , 2 , para os sub-tabuleiros
de 1 , usaremos a notação 11 , 12 ,etc... Esta notação vai simplificar bastante o nosso trabalho.
Tabuleiro T
A resolução mais simples (para encontrar o polinómio associado a um tabuleiro não rectangular)
consiste em escolher uma célula (casa) apropriada e obter dois sub-tabuleiros menores.
O primeiro sub-tabuleiro a encontrar, é o tabuleiro inicial sem a casa escolhida. Representaremos
tal tabuleiro por 1 . O segundo sub-tabuleiro resulta do tabuleiro inicial, suprimindo a linha e a
coluna da casa apropriada escolhida. Este segundo tabuleiro será designado por 2 .
Existe uma propriedade importante: ( ) = (1 ) + (2 ).
E o processo continua, até chegarmos a sub-tabuleiros rectangulares.
Apliquemos o processo descrito, ao tabuleiro da figura anterior:
Um dos dois sub-tabuleiros já é rectangular (no caso, quadrado), pelo que não se decompõe
mais.
Quanto a 1 , vem
Tabuleiro
770 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Resolução
Vamos descrever um método eficaz neste tipo de questões.
Na figura seguinte, temos uma árvore que nos mostra as bifurcações, a partir dum tabuleiro
. A partir de , temos os sub-tabuleiros 1 e 2 , depois, num nível mais abaixo, temos novos
sub-tabuleiros quer do tabuleiro inicial, quer dos primeiros sub-tabuleiros. É claro que podemos
desenhar a árvore, partindo de e subir (em vez de descer).
T1 T2
T1111 T1112 T1121 T1122 T1211 T1212 T1221 T T2111 T T2121 T2122 T2211 T2212 T2221 T2222
1222 2112
Com base no esquema da figura anterior, é fácil calcular ( ), o polinómio torre associado a
um dado tabuleiro.
É claro que 0 ( ) = 1, 1 ( ) = 16 e 5 ( ) = 0. Logo, o polinómio associado a , tem grau
inferior a 5.
Comecemos por calcular 4 ( ). Relativamente à casa azul, podemos lá ter uma torre ou não.
Se lá estiver uma torre, temos de colocar três torres no sub-tabuleiro que se obtém de , eliminando
a linha e a coluna da casa azul. Se não temos uma torre na casa azul, então as 4 torres têm de
estar nas outras 15 casas do tabuleiro .
Conclusão: 4 ( ) = 4 (1 ) + 3 (2 ), com
771
T1 T2
Note-se que é esta propriedade que nos permite afirmar que o polinómio associado a é o
polinómio associado a 1 somado com o polinómio associado a 2 multiplicado por (no caso em
usamos a indeterminada ).
Então, vamos ter ( ) = (1 ) + (2 ). Se quisermos ser mais rigorosos, podemos escrever
( ) = (1 ) + (2 ). Mas não ganhamos muito com a nova maneira de escrever, pois
não vamos utilizar mais do que uma indeterminada.
Note-se que a casa azul da figura anterior é a que nos vai servir para o próximo passo:
½
4 (1 ) = 4 (11 ) + 3 (12 ) , 3 (1 ) = 3 (11 ) + 2 (12 )
2 (1 ) = 2 (11 ) + 1 (12 ) = 2 (11 ) + 10, 1 (1 ) = 15
T11
⎧
⎨ 4 (11 ) = 4 (111 ) + 3 (112 )
Ora, 3 (11 ) = 3 (111 ) + 2 (112 ) , com
⎩
2 (11 ) = 2 (111 ) + 1 (112 )
T112
T111
⎧
⎨ 4 (11 ) = 4 (111 ) + 3 (112 ) = 4 (111 ) + 3! = 4 (111 ) + 6
Então, 3 (11 ) = 3 (111 ) + 2 (112 ) = 3 (111 ) + 3 × 3 × 2 = 3 (111 ) + 18
⎩
2 (11 ) = 2 (111 ) + 1 (112 ) = 2 (111 ) + 9
Agora, consideramos a única casa da quarta coluna do tabuleiro da esquerda, na figura anterior
e obtemos os seguintes dois sub-tabuleiros:
T1112
T1111
773
T1 T2
Tabuleiro Tabuleiros 1 e 2
Já sabemos que ( ) = (1 ) + (2 ). Talvez seja mais natural, decompor os dois sub-
tabuleiros 1 e 2 em simultâneo. E não adianta ir escrevendo os polinómios intermédios. Voltemos
ao início:
1.
1 2
2.
3.
4.
1 (1111 ) = ¡12¢ ¡ ¢
( ) = ¡32¢ × ¡42¢ × 2! = 36
: 2 1111
3 (1111 ) = 33 × 43 × 3! = 24
(1111 ) = 1 + 12 + 362 + 243
1111
Este é o único tabuleiro do tipo 4 × 3 e é o único onde não aparece o dígito 2 no índice.
1 (1112 ) = 9¡ ¢ ¡ ¢
2 (1112 ) = ¡32¢ × ¡32¢ × 2! = 18
:
3 (1112 ) = 33 × 33 × 3! = 6
(1112 ) = 1 + 9 + 182 + 63
1112
Há dois sub-tabuleiros do tipo 3 × 3, 112 e 1112 . Em ambos, o dígito 2 só aparece uma vez.
Então, vamos multiplicar o polinómio associado ao sub-tabuleiro por 2.
Há dois sub-tabuleiros do tipo 4×2, 211 e 1211 . Neste caso, também multiplicamos o polinómio
associado ao sub-tabuleiro por 2.
1 (1211 ) = 8¡ ¢ ¡ ¢
: 2 (1211 ) = 42 × 22 × 2! = 12
(1211 ) = 1 + 8 + 122
1211
Há quatro sub-tabuleiros do tipo 3 × 2. Neste caso, multiplicamos o polinómio associado ao
sub-tabuleiro por 42 .
775
1 (1212 ) = 6¡ ¢ ¡ ¢
: 2 (1212 ) = 32 × 22 × 2! = 6
(1212 ) = 1 + 6 + 62
22
24¡3 + 362 + 12 + 1 ¢ 1111
2 ¡1 + 9 + 182 ¢+ 63 = 124 + 363 + 182 + 2 112
Então, temos
2 ¡1 + 8 + 122¢ = 243 + 162 + 2 1211
42 1 + 6 + 62 = 244 + 243 + 42 1212
Note-se que, no índice 1212 , há dois dígitos iguais a 2, razão pela qual se multiplica por 2 . No
entanto, há mais três sub-tabuleiros nas mesmas condições e daí, o 4.
Somando todos os polinómios da tabela anterior, vem
( ) = 364 + 1083 + 742 + 16 + 1
Exemplo 696 Determine o polinómio associado ao tabuleiro seguinte:
Resolução
No tabuleiro anterior (a que chamamos ), temos uma célula (casa) que nos "estraga a res-
olução": trata-se da única célula da primeira linha (a contar de cima para baixo).
Então, vamos começar por essa célula. É claro que nessa célula pode ficar uma torre ou pode
não ficar. Vamos colorir a célula de uma de duas maneiras. Se a célula ficar a azul, não há torre na
célula; se a célula ficar a verde, há uma torre na célula, sendo que isso implica que não haja mais
torres na linha e na coluna da célula. Neste último caso, vamos colorir as células de castanho claro
(células onde não podemos colocar torres, por já haver uma torre na mesma linha ou na mesma
coluna). Vejamos a situação descrita:
T1 T2
776 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
E obtivemos dois tabuleiros 1 e 2 , tabuleiros estes que são rectangulares. Então, já sabemos
qual o polinómio correspondente a cada um deles:
⎧ ⎧
⎪
⎪ 0 (1 ) = 1 ⎪
⎪ 0 (2 ) = 1
⎪ ( ) = 20
⎪ ⎪
⎪ 1 (2 ) = 16
⎨ 1 1 ¡ ¢¡ ¢ ⎨ ¡ ¢¡ ¢
2 (1 ) = ¡52¢¡42¢ × 2! = 120 2 (2 ) = ¡42¢¡42¢ × 2! = 72
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪ ( ) = ¡53¢¡43¢ × 3! = 240 ⎪ ⎪
⎪ ( ) = ¡43¢¡43¢ × 3! = 96
⎩ 3 1 5 4 ⎩ 3 2
4 (1 ) = 4 4 × 4! = 120 4 (2 ) = 44 44 × 4! = 24
Então, se representarmos o polinómio associado ao tabuleiro inicial por ( ), temos
Resolução
Continuamos a usar as cores com o mesmo significado do exemplo anterior:
T1 T2
777
T 11 T 12 T2
Repetimos a imagem do tabuleiro 2 , mas não era necessário (desde que não nos esquecêssemos
dele).
Então, temos:
( ) = (11 ) + (12 ) + (2 )
Note-se que só temos de olhar para os tabuleiros e verificar quantas células verdes existem em
cada um. Este processo de resolução obriga a mantermos todas as casas do tabuleiro inicial. Se
eliminarmos linhas ou colunas, temos de prestar atenção ao índice de cada sub-tabuleiro e contar
quantas vezes aparece o dígito 2.
Agora, basta calcularmos o polinómio associado a cada um dos três tabuleiros anteriores (pois
são rectangulares). Então:
⎧ ⎧
⎪
⎪ 0 (11 ) = 1 ⎪
⎪ 0 (12 ) = 1
⎪
⎪ ( ) = 20 ⎪
⎪
⎨ 1 11 ¡ ¢¡ ¢ ⎨ 1 (12 ) = 16
¡ ¢¡ ¢
2 (11 ) = ¡52¢¡42¢ × 2! = 120 2 (12 ) = ¡42¢¡42¢ × 2! = 72
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪ ( ) = ¡53¢¡43¢ × 3! = 240 ⎪ ⎪
⎪ 3 (12 ) = ¡43¢¡43¢ × 3! = 96
⎩ 3 11 ⎩
4 (11 ) = 54 44 × 4! = 120 4 (12 ) = 44 44 × 4! = 24
Observação
Muitas vezes, escrevemos ( ) em vez de ( ), subentendendo-se que a variável é (ou outra
qualquer).
Resolução
Neste caso, vamos precisar de mais passos do que nos exemplos anteriores.
T1 T2
O tabuleiro 2 é rectangular, pelo que se trata dum tabuleiro definitivo (não vamos decompô-lo).
O tabuleiro 1 é (praticamente) o tabuleiro do exemplo anterior, mas vamos continuar o processo.
T 11 T 12
779
T 111 T 112
Note-se que não há nenhum tabuleiro com duas casas verdes, pelo que não vamos multiplicar
nenhum polinómio por 2 .
Agora, vem
( ) = (111 ) + (112 ) + (12 ) + (2 )
Note-se que 111 é um tabuleiro do tipo 4 × 5, 112 , 12 e 2 são tabuleiros do tipo 4 × 4, pelo
que já sabemos quais os polinómios associados. ntão,
¡ ¢
( ) = 1 + 20 + 1202 + 2403 + 1204 + 3 1 + 16 + 722 + 963 + 244
= 1 + 23 + 1682 + 4563 + 4084 + 725
Resolução
Neste caso, vamos começar pela célula situada maia abaixo, embora isso não seja necessário
(nem se torne mais simples).
780 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T1 T2
E nenhum dos dois tabuleiros obtidos é rectangular, pelo que vamos obter quatro (sub)tabuleiros.
Dos quatro tabuleiros anteriores, há dois tabuleiros rectangulares e dois que não o são. Então,
vamos obter dois (que já são são rectangulares) e mais quatro tabuleiros, pelo que ficaremos com
seis (tabuleiros).
Estes últimos quatro tabuleiros já são rectangulares, pelo que podemos calcular o polinómio
associado aos seis tabuleiros que nos interessam.
781
Note-se que temos dois tabuleiros com duas células verdes, pelo que vamos ter dois polinómios
multiplicados por 2 . Então, o polinómio associado a é dado por
Logo,
¡ ¢
( ) = 1 + 20 + 1202 + 2403 + 1204 + 3 1 + 16 + 722 + 963 + 244
¡ ¢
+2 1 + 12 + 362 + 243
= 1 + 23 + 1712 + 4683 + 4444 + 965
Note-se que não temos de associar tabuleiros da mesma dimensão, mas tabuleiros com o mesmo
número de células verdes (ou tabuleiros em que os índices têm o mesmo número de vezes o dígito
2).
T
782 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Resolução
Uma situação que pode aparecer é a da figura anterior, em que nos falta uma célula para
obtermos um tabuleiro rectangular. A maneira mais simples de resolvermos a questão consiste em
encontrarmos o polinómio correspondente ao tabuleiro aumentado com a célula que falta. Então,
teremos a situação seguinte:
S S1 S2
Logo, () = (1 ) + (2 ), donde concluimos que ( ) = (1 ) = () − (2 ).
Como é um tabuleiro do tipo 5 × 5 e 2 é um tabuleiro do tipo 4 × 4, temos
⎧
⎪ 0 () = 1 ⎧
⎪
⎪ () = 25 ⎪ 0 (2 ) = 1
⎪
⎪ 1 ⎪
⎪
⎪ ¡ ¢ ¡ ¢ ⎪
⎨ () = 5 × 5 × 2! = 200 ⎨ 1 (2 ) = 16
2 ¡¢ ¡¢
¡25¢ ¡25¢ 2 (2 ) = ¡42¢ × ¡42¢ × 2! = 72
⎪
⎪ 3 () = ¡3¢ × ¡3¢ × 3! = 600 ⎪ ⎪
⎪
⎪ 5 5 ⎪
⎪ 3 (2 ) = ¡43¢ × ¡43¢ × 3! = 96
⎪
⎪ 4 () = ×
¡4¢ ¡4¢ × 4! = 600 ⎩
⎩ 4 (2 ) = 44 × 44 × 4! = 24
5 () = 55 × 55 × 5! = 120
Então,
( ) = (1 ) = () − (2 )
= 1 + 25 + 2002 + 6003 + 6004 + 1205
¡ ¢
− 1 + 16 + 722 + 963 + 244
= 1 + 24 + 1842 + 5283 + 5044 + 965
E se faltarem duas células?
Exemplo 701 Determine o polinómio associado ao tabuleiro seguinte:
T
783
Resolução
Neste caso, vamos ter mais trabalho, porque temos de resolver a questão em dois passos:
S S1 S2
S11 S12
Resolução
784 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
O modo de resolução é análogo aos exemplos anteriores. Começamos por considerar o tabuleiro
"completo"e vamos "eliminar", uma a uma, as duas células que faltam na figura anterior.
S S1 S2
S1 S11 S12
U U1 U2
Tabuleiro T
Resolução
Vamos construir dois sub-tabuleiros, sendo que o primeiro resulta da eliminação da casa que
escolhermos e o segundo resulta da eliminação da coluna e da linha que contêm a casa escolhida.
As células a verde são aquelas onde ficam as torres e, por isso, elimina-se a linha e a coluna que
contêm as células a verde. As células a azul são as células onde não fica nenhuma torre. As células
a castanho são aquelas onde não pode ficar nenhuma torre, por já haver uma torre na mesma linha
oun na mesma coluna.
Passo 1:
T1 T2
786 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
E, como sabemos, ( ) = (1 )+ (2 ), embora seja mais fácil deixar a escrita dos polinómios
para o fim.
Passo 2:
Obtivemos oito sub-tabuleiros, dos quais dois são rectangulares: 212 e 222 . Então, no próximo
passo, só vamos decompor seis tabuleiros (que vão dar origem a 12).
Passo 4:
Destes doze tabuleiros encontrados, há sete que são rectangulares e cinco que não o são. Logo,
temos de continuar a aplicar o processo a esses cinco tabuleiros não rectangulares, obtendo-se dez
sub-tabuleiros (no próximo passo). No entanto, antes de continuarmos, é conveniente registarmos
os tabuleiros rectangulares obtidos no passo 4:
1122 1212 1222 2111 2112 2211 2212
Passo 5:
T 12211 T 12212
Resolução
Então,
T1 T2
790 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Resolução
Já vimos como resolver esta questão: começamos por considerar o tabuleiro rectangular 7 × 6
(ver figura seguinte):
Tabuleiro T
791
Tabuleiro T1 Tabuleiro T2
Então, podemos concluir que (1 ) = ( ) − (2 ), pelo que nos basta encontrar ( ) e
(2 ). Ora,
⎧
⎪ 1 ( ) = 42 ⎧
⎪
⎪ ¡7¢¡6¢ ⎪ 1 (2 ) = 30
⎪
⎪ 2 ( ) = ¡2¢¡2¢ × 2! = 630 ⎪
⎪ ¡ ¢¡ ¢
⎪
⎨ 7 6
⎪
⎨ 2 (2 ) = ¡62¢¡52¢ × 2! = 300
3 ( ) = ¡3¢¡3¢ × 3! = 4200
7 6 , 3 (2 ) = ¡63¢¡53¢ × 3! = 1200
⎪
⎪ 4 ( ) = ¡47¢¡46¢ × 4! = 12 600 ⎪
⎪
⎪
⎪ ⎪
⎪ 4 (2 ) = ¡64¢¡54¢ × 4! = 1800
⎪
⎪ 5 ( ) = ¡5¢¡5¢ × 5! = 15 120 ⎩
⎩ 5 (2 ) = 65 55 × 5! = 720
6 ( ) = 76 66 × 6! = 5040
Logo,
Observação
Os índices que foram utilizados (nos sub-tabuleiros) podem ser modificados. Uma das maneiras
consiste em trocar os índices 1 e 2, entre si. Uma segunda modificação é manter o índice 1 e utilizar
o índice 0, em vez do índice 2. São pequenos pormenores que não alteram o essencial: o processo
simplifica bastante o cálculo do polinómio associado a um tabuleiro.
Vejamos o caso geral em que se aplica o método anterior (quando falta uma casa para que o
tabuleiro seja rectangular):
Tabuleiro T
Resolução
Seja o tabuleiro que resulta de acrescentar a casa que falta ao tabuleiro , para que seja
rectangular.
Tabuleiro S
Então, () = (1 ) + (2 ) = ( ) + (2 ), com 1 e 2 como definidos na figura seguinte:
Tabuleiro S1 Tabuleiro S2
793
Logo,
⎧ ¡ ¢¡ ¢
⎪ P −1 −1
⎪
⎨ (2 ) = !
=0
⎪ P ¡¢¡¢
+1
⎪
⎩ () = !
=0
Então,
Xµ
+1
¶µ ¶ X µ
−1 −1
¶µ ¶
= 1+ ! − !+1
=1
=0
X µ ¶µ ¶ X µ ¶µ ¶
−1 −1
= 1+ ( + 1)!+1 − !+1
=0
+ 1 + 1
=0
X µ ¶µ ¶ X µ ¶µ ¶
+1 −1 −1
= 1+ ( + 1)! − !+1
+1 +1
=0 =0
X ∙µ ¶µ ¶ µ ¶µ ¶¸
−1 −1
= 1+ ! ( + 1) − +1
+1 +1
=0
Embora tenhamos encontrado uma expressão para ( ), talvez seja preferível ignorá-la (a menos
que se goste de memorizar expressões).
Vejamos as duas primeiras parcelas do somatório anterior:
=0 0! ( − ( − 1) ( − 1)) = ( + − 1)
¡ ¡ ¢¡¢ ¡−1¢¡−1¢¢ 2 1 2
=1 1! 2 2 2 − 1 1 = 2 ( − 1) ( − 1) ( − 2)
Resolução
Vamos começar por "eliminar"as quatro casas superiores, pelo processo que temos vindo a usar:
Primeiro passo:
T1 T2
Segundo passo:
Terceiro passo:
795
Note-se que 21 e 22 já são da forma que pretendemos. Agora, só nos falta um passo.
Quarto passo:
T 1111 T1112
Lista dos tabuleiros "terminais": 21 , 22 , 112 , 121 , 122 , 1111 , 1112 . Destes tabuleiros,
temos que, relativamente às casas "livres", 22 e 122 são "iguais", o mesmo acontecendo com 21 ,
112 , 121 e 1112 . Curiosamente, todos os tabuleiros iguais têm o dígito 2 escrito o mesmo número
de vezes nos vários índices, pelo que os polinómios torres associados serão multiplicados por 2 e
por , respectivamente.
Agora, temos três classes de tabuleiros nas condições do exemplo anterior.
1 caso:
T1111 S S1 S2
796 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Então,
(1111 ) = () − (2 )
Mas, ⎧
⎪ 1 () = 20 ⎧
⎪
⎨ ¡5¢¡4¢ ⎨ 1 (2 ) = 12
2 () = ¡2¢¡2¢ × 2! = 120 ¡ ¢¡ ¢
5 4 2 (2 ) = ¡42¢¡32¢ × 2! = 36
⎪ 3 () = ¡35¢¡34¢ × 3! = 240 ⎩ 3 (2 ) = 4 3 × 3! = 24
⎪
⎩ 3 3
4 () = 4 4 × 4! = 120
Logo, ⎧
⎨ () = 1 + 20 + 1202 + 2403 + 1204
(2 ) = 1 + 12 + 362 + 243
⎩
(1111 ) = () − (2 ) = 1 + 19 + 1082 + 2043 + 964
2 caso:
T22
U U1 U2
Podemos aproveitar parte do que fizemos no caso anterior, porque ( ) = (2 ) = 1 + 12 +
362 + 243 .
Além disso, temos (2 ) = 1 + 6 + 62 . Logo,
(22 ) = (122 )
¡ ¢
= ( ) − (2 ) = 1 + 12 + 362 + 243 − 1 + 6 + 62
= 1 + 11 + 302 + 183
3 caso:
T21 V V1 V2
797
H6
H5
H4
H3
H2
H1
A B C D E F
798 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
A zona colorida está impossibilitada de acontecer.No quadrado 2×2, correspondente aos horários
1 e 2 e aos professores A e B, há duas maneiras de colocar duas torres, sem que o movimento de
uma interfira com o movimento da outra. Então, há duas maneiras de colocarmos duas torres no
sub-tabuleiro 2 × 2.
Quanto ao sub-tabuleiro 4 × 4, temos 4! = 24 maneiras de colocarmos 4 torres (sem que umas
interfiram com as outras).
Usando a notação dos tabuleiros, temos 6 ( ) = 6 (1 ∪ 2 ) = 2 (1 ) × 4 (2 ) = 2! × 4! = 48.
É claro que 1 é o sub-tabuleiro 2 × 2, enquanto 2 é o sub-tabuleiro 4 × 4, sub-tabuleiros estes que
são disjuntos.
Podíamos ter calculado os polinómios associados a cada sub-tabuleiro, embora isso dê algum
trabalho, no caso do sub-tabuleiro 4 × 4.
Relativamente a 1 , temos (1 ) = 1 + 4 + 22 , enquanto que relativamente a 2 , temos:
⎧
⎪
⎪ 0 (2 ) = 1
⎪
⎪
⎨ 1 (2 ) = 16
¡¢ ¡¢
2 (2 ) = ¡42¢ × ¡42¢ × 2! = 72
⎪
⎪
⎪
⎪ ( ) = 43 × 43 × 3! = 96
⎩ 3 2
4 (2 ) = 4! = 24
µ ¶ µ ¶
× × !
Então, o polinómio associado a 2 é 1+16+722 +963 +244 , pelo que o polinómio associado
a 1 ∪ 2 é dado pelo produto seguinte:
Exemplo 709 Numa Escola, há seis professores duma certa disciplina, tendo sido elaborados seis
horários, um para cada professor. Os professores podiam manifestar-se sobre as suas preferências,
mas de forma negativa, ou seja, podiam dizer quais os horários que não queriam, num máximo de
3. De quantas maneiras diferentes pode ser feita a distribuição do serviço docente, supondo que
temos o seguinte quadro?
799
H6
H5
H4
H3
H2
H1
A B C D E F
Resolução
Analisando o quadro anterior, vemos que o professor A, por exemplo, não quer os horários 2 e
6.
Este exemplo é bem mais complicado do que o exemplo anterior. Por essa razão, vamos procurar
a solução (o número de maneiras), em vez de nos preocuparmos com o polinómio associado ao
tabuleiro.
Seja o tabuleiro formado pelas células a branco. Então,
T1 T2
Note-se que vamos optar por apresentar sempre o tabuleiro 6 × 6 inicial. As células que vão
sendo eliminadas, ficam a castanho claro.
Agora, cada um dos sub-tabuleiros vai originar dois sub-tabuleiros e assim, sucessivamente, até
encontrarmos sub-tabuleiros rectangulares, ou encontrarmos sub-tabuleiros que não admitam nen-
huma maneira de colocar seis torres (seis células a verde). Continuando, vamos ter quatro casos:
800 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Dos dezasseis casos anteriores, já podemos tirar algumas conclusões. Por exemplo, em 2222 ,
temos duas soluções e, em 2221 , não há soluções, pois não conseguimos colocar uma torre na
primeira linha (de cima para baixo). Em 1222 , só há uma solução.
Dos 34 casos, 18 já estão definidos, pelo que restam 16 (casos). Logo, vamos ter mais 32 casos:
808 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Afinal, só obtive 30 casos, pelo que existe uma asneira algures. Continuemos:
Restam oito casos que ainda não estão definidos, pelo que vamos ter 16 possibilidades:
Dos 16 casos, restam sete (casos) por resolver, pelo que vamos ter 14 novos casos.
T2111211111
Impossível
Duas soluções
Este último caso foi resolvido de maneira diferente: há duas células que têm de ser verdes,
restando as quatro células da figura anterior, onde devem der colocados dois "verdes".
Fica a cargo do leitor a descoberta de erros e a contagem do número de soluções.
Outra resolução
Mais tarde, resolvi a mesma questão duma maneira mais interessante: Como queremos colocar
uma só torre em cada linha e em cada coluna, não adianta considerar os casos em que não há
nenhuma torre. Além disso, podemos ter mais opções alternativas. Na primeira linha, temos três
casas livres, pelo que temos três opções: a torre fica na primeira casas, na segunda casa ou na
terceira casa. É claro que podemos escolher outra linha ou podemos escolher uma coluna qualquer.
Registe-se o facto desta segunda maneira não poder ser utilizada para encontrar o polinómio-
torre, embora possamos fazer uma ligeira modificação para quepossamos encontrar o polinómio-
torre. Basta considerarmos mais uma opção: não ficar nenhuma torre na linha (ou na coluna)
considerada.
1 Passo
T T1 T2 T3
Como podemos ver, há três opções para a colocação duma torre na primeira linha.
2 Passo
Neste segundo passo, a cada situação do primeiro passo vai corresponder um certo número de
opções.
818 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T 11 T 12 T 13
T 21 T 22 T 23 T 24
T 31 T 32 T 33
Como podemos ver, o número de opções não tem que ser sempre igual: isso vai depender de
qual a linha (ou coluna) que utilizamos.
Neste segundo passo, ainda não obtivemos nenhuma solução.
3 Passo
819
Antes de continuarmos, vamos fazer uma observação importante sobre 111 : Na realidade, a
situação que obtemos é a seguinte:
T 111
Mas, considerando a última linha do tabuleiro, vemos que só existe uma casa livre. Então, nessa
casa, tem de ficar uma torre (casa verde). Então, não podemos colocar mais nenhuma torre na
segunda coluna, pelo que se obtém a situação apresentada mais acima. Outras situações análogas
vão ocorrer, sem fazermos menção ao facto.
Continuemos:
T 332 T 333
T 331
1 Solução 2 Soluções
1 Solução
Se não me enganei na contagem, temos 29 soluções, neste terceiro passo. E há seis tabuleiros
que avançam para o quarto passo.
4 Passo
Neste quarto passo, obtivemos 21 soluções, pelo que o número total de soluções é 50.
Observação
Se pretendermos encontrar o polinómio-torre associado ao tabuleiro inicial (com as restrições
impostas), podemos seguir o seguinte algoritmo:
1 Passo
T1 T2 T3 T4
2 Passo
No segundo passo, cada um dos quatro tabuleiros anteriores vai originar um determinado número
de sub-tabuleiros (opções), consoante a fila que utilizemos. Note-se que o número de opções é igual
823
ao número de casas livres da fila considerada somado com 1 (corresponde à opção de não colocar
nenhuma torre). Assim, se considerarmos a primeira coluna de 1 , vamos ter 5 situações, enquanto
que, se utilizarmos a segunda linha, teremos 4 situações.
T 11 T 12 T 13 T 14
T 21 T 22 T 23 T 24
T 31 T 32 T 33 T 34
824 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T 41 T 42 T 43 T 44
3 Passo
Neste ponto, podemos encontrar o polinómio-torre associado a alguns tabuleiros, sem passar ao
próximo passo.
Observe-se que vamos considerar o polinómio-torre, incluindo as torres já colocadas.
Polinómios-torres deste passo:
Tab ¡ Polinómio-torre
¢
111 3 (1 + ) ¡1 + 4 + 22¢ = 3 + 4 + 65 + 26
221 3 (1 + ) ¡1 + 3 + 2 ¢ = 3 + 44 + 45 + 6
311 3 (1 + ) 2 3 4 5
¡ 1 + 3 + 2 ¢ = 3 + 44 + 45 +
6
3
333 1 + 6 + 6 = + 6 + 6
Exemplo 710 Numa Escola, há seis professores duma certa disciplina, tendo sido elaborados seis
horários, um para cada professor. Os professores podiam manifestar-se sobre as suas preferências,
mas de forma negativa, ou seja, podiam dizer quais os horários que não queriam, num máximo de
3. De quantas maneiras diferentes pode ser feita a distribuição do serviço docente, supondo que
829
H6
H5
H4
H3
H2
H1
A B C D E F
Resolução
Vamos colorir a verde as células onde temos uma Torre e a castanho claro, as células onde não
vamos colocar nenhuma Torre, sendo que a cor laranja é reservada às condições iniciais (células sem
Torre, por opção dos professores). No que se segue, vamos omitir os professores e os horários, para
não complicar as figuras.
Em cada tabuleiro (quadro), vamos escolher uma célula e tomar as duas opções acima referidas.
Então, o tabuleiro , da figura anterior, dá origem a dois (sub)tabuleiros: 1 e 2 :
T1 T2
A célula verde indica que o professor F fica com o Horário 3. Por isso, F já não recebe mais
nenhum horário e nenhum outro professor recebe o Horário 3.
Em 1 , sabemos que o professor F não vai receber o Horário 3. Se pensarmos um pouco,
percebemos que esta questão está intimamente ligada aos movimentos duma torre de xadrez.
Voltando à questão, temos que cada um dos tabuleiros anteriores origina dois (sub)tabuleiros:
830 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T 11 T 12 T 21 T 22
Note-se que, em 22 , já temos dois horários atribuídos, enquanto que, em 11 , não temos nenhum.
No próximo passo, o número de tabuleiros passa para 8.
Note-se que, para atribuir os seis horários; já podemos completar 222 , mas iremos continuar
sem ligar a esse facto. Note-se, ainda, que o número de vezes que 2 aparece no índice é o número
de horários já atribuídos. É claro, que vamos passar a ter 16 tabuleiros:
Note-se que o tabuleiro 2222 não serve para distribuir os seis horários, pelo que o polinómio
correspondente não tem termo de 6 grau. É de referir que há dois polinómios que correspondem a
cada sub-tabuleiro. Assim, por exemplo, (2222 ) = 1 + , mas o polinómio que nos interessa para
o cálculo de ( ) é 4 (1 + ) = 4 + 5 .
Dos 16 tabuleiros anteriores, já temos um definitivo (embora possa originar 2): trata-se de 2222 .
Então, no próximo passo, teremos 30 tabuleiros.
T 22211 T 22212
73 + 2
E, por fim, (22112 ) = (1 + 2)2 = 42 + 4 + 1
Contribuição para o polinómio final: 3 (1 + 2)2 = 45 + 44 + 3
Observação
834 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
O método de resolução apresentado tem uma dificuldade: um dos dois sub-tabuleiros que são
obtidos só tem menos uma célula colorida que o tabuleiro que lhes dão origem. Isso significa que
vamos ter sequências longas (com muitos 1 no índice). Podemos arranjar um pequeno artifício para
evitar índices muito longos: substituir, no índice, 2 por zero e escrever o número resultante na base
hexadecimal (supondo que o índice resultante é um número escrito na base 2). Para quem não saiba
trabalhar na base hexadecimal, pode escrever o número na base 10. Atenção, será preciso definir o
comprimento do número, pois pode haver zeros no início.
Outra maneira é considerar que o índice é um número escrito na base 3 e passá-lo para a base
9. Neste caso, o número de dígitos passa para metade (no caso de haver um número par de dígitos)
e pouco mais de metade (no caso ímpar).
Assim, em vez de escrevermos 11111 , podemos escrever 144 (onde 144 está escrito na base 9).
Para descodificar, basta passar cada dígito para a base 3. No caso de 144 , como 49 = 113 . Os
índices 3 e 9 indicam a base.
Note-se que nem precisamos de escrever o índice, se seguirmos o processo anteriormente descrito
(utilização de três cores, ou mesmo duas, se utilizarmos a cor laranja, em vez do castanho claro).
H6
H5
H4
H3
H2
H1
A B C D E F
Vamos colocar a verde as células onde temos uma Torre e a castanho claro, as células onde não
vamos colocar nenhuma Torre, sendo que a cor laranja é reservada às condições iniciais (células sem
Torre, por opção dos professores). No que se segue, vamos omitir os professores e os horários, para
não complicar as figuras.
Em cada tabuleiro (quadro), vamos escolher uma célula e tomar as duas opções acima referidas.
Então, o tabuleiro , da figura anterior, dá origem a dois (sub)tabuleiros: 1 e 2 :
835
T1 T2
A célula verde indica que o professor F fica com o Horário 3. Por isso, F já não recebe mais
nenhum horário e nenhum outro professor recebe o Horário 3.
Em 1 , sabemos que o professor F não vai receber o Horário 3.
Agora, cada um dos tabuleiros anteriores origina dois:
T 11 T 12
T 21 T 22
T 111 T 112
T 121 T 122
T 211 T 212
837
T 221 T 222
Note-se que já podemos completar 222 , mas iremos continuar sem ligar a esse facto. Note-se,
ainda, que o número de vezes que 2 aparece no índice é o número de horários já atribuídos.
É claro, que vamos passar a ter 16 tabuleiros:
T 1111 T 1112
T 1121 T 1122
838 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T 1211 T 1212
T 1221 T 1222
T 2111 T 2112
839
T 2121 T 2122
T 2211 T 2212
T 2221 T 2222
Note-se que o tabuleiro 2222 não serve para distribuir os seis horários, pelo que o polinómio
correspondente não tem termo de 6 grau. É de referir que há dois polinómios que correspondem a
cada sub-tabuleiro. Assim, por exemplo, (2222 ) = 1 + , mas o polinómio que nos interessa para
o cálculo de ( ) é 4 (1 + ) = 4 + 5 .
Dos 16 tabuleiros anteriores, já temos um definitivo (embora possa originar 2): trata-se de 2222 .
Então, no próximo passo, teremos 30 tabuleiros.
840 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T 11111 T 11112
T 11121 T 11122
T 11211 T 11212
841
T 11221 T 11222
T 12111 T 12112
T 12121 T 12122
842 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T 12211 T 12212
T 12221 T 12222
T 21111 T 21112
843
T 21121 T 21122
T 21211 T 21212
T 21221 T 21222
844 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T 22111 T 22112
T 22121 T 22122
T 22211 T 22212
Vamos parar por aqui, no que respeita a imagens de tabuleiros, pois esperamos que esta questão
tenha suficientemente clara para os eventuais leitores.
Vejamos alguns polinómios torres:
(22212 ) = 1 + ;
Contribuição para o polinómio final: 4 (1 + ) = 5 + 4
Note-se que temos duas maneiras de controlarmos o expoente inicial, neste caso, o expoente de
4 . Há quatro células verdes e 2 aparece quatro vezes, no índice do tabuleiro.
3
Continuemos: (22211 ) = (1 + ) = 3 + 32 + 3 + 1
Contribuição para o polinómio final: 3 (1 + )3 = 6 + 35 + 34 + 3
2
Agora, (22121 ) = (1 + 2) = 42 + 4 + 1
Contribuição para o polinómio final: 3 (1 + 2)2 = 45 + 44 + 3
2
E (22122 ) = (1 + ) = 2 + 2 + 1
4 2 6 5 4
Contribuição para o polinómio final:¡ (1 + 2)
¢ ¡ = + 2 2+¢
Mais dois exemplos: (22111 ) = 1 + 3¡+ 1 + 4 + 2 = 24 + 3 2
¢ 10 6+ 15 5+ 7 + 41
2 4 3 2
Contribuição para o polinómio final: 2 + 10 + 15 + 7 + 1 = 2 + 10 + 15 +
73 + 2
2
E, por fim, (22112 ) = (1 + 2) = 42 + 4 + 1
Contribuição para o polinómio final: 3 (1 + 2)2 = 45 + 44 + 3
Observação
O método de resolução apresentado tem uma dificuldade: um dos dois sub-tabuleiros que são
obtidos só tem menos uma célula colorida que o tabuleiro que lhes dão origem. Isso significa que
vamos ter sequências longas (com muitos 1 no índice). Podemos arranjar um pequeno artifício
para evitar índices muito longos: substituir o índice pelo correspondente número na base decimal,
supondo que o índice é um número escrito na base 2. Assim, em vez de escrevermos 11111 , podemos
escrever 31 . No final, nem precisamos de escrever o índice na base 2, se seguirmos o processo
anteriormente descrito (utilização de três cores). No entanto, não precisamos dos índices para o
cálculo do polinómio torre associado a cada tabuleiro (final), pois temos as torres "colocadas"no
tabuleiro (através da sua cor).
Resolução
sub-tabuleiros de nível 1:
T1 T2
sub-tabuleiros de nível 2:
846 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T 11 T 12
T 21 T 22
sub-tabuleiros de nível 3:
T 221 T 222
sub-tabuleiros de nível 4:
T 2211 T 2212
T 2221 T 2222
sub-tabuleiros de nível 5:
T 22221 T 22222
Nenhuma solução Nenhuma solução
Vinte tabuleiros já estão definidos (com solução ou sem solução). Falta saber o
que acontece com os restantes 12 tabuleiros.
sub-tabuleiros de nível 6:
T 112121
Nenhuma solução
sub-tabuleiros de nível 7:
857
T 2112111 T 2112112
Nenhuma solução Duas soluções
T 2121111 T 2121112
Nenhuma solução Duas soluções
sub-tabuleiros de nível 8:
861
T 1111111111 T 1111111112
Oito soluções Nenhuma solução
T 1111212111 T 1111212112
Duas soluções Nenhuma solução
Exemplo 711 Numa escola, as preferências dos professores, na escolha dos horários, são as
seguintes:
864 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
As casas assinaladas a cor de laranja correspondem aos horários que os professores não querem.
Os professores estão na horizontal e os horários estão na vertical.
Resolução
Como pretendemos colocar seis torres no tabuleiro, vamos alterar ligeiramente o algoritmo que
temos vindo a aplicar. No caso da figura anterior, não há nenhuma linha nem nenhuma coluna em
que tenhamos só duas casas livres (casas a branco). No entanto, podemos escolher uma linha ou
uma coluna e teremos um certo número de hipóteses para a colocação duma torre.
1 Passo
T1 T2 T3
No caso da figura anterior, escolhemos a primeira linha (usando a terminologia das matrizes).
Como, nessa primeira linha, havia três casas brancas, temos três possibilidades para a colocação
da torre. Note-se que o número de horários é igual ao número de professores. Em cada caso, as
casas brancas da mesma linha e as casas brancas da mesma coluna foram "eliminadas", tendo ficado
preenchidas a castanho.
2 Passo
No segundo passo, procedemos de igual modo:
T 11 T 12 T 13
865
T 21 T 22 T 31 T 32
Note-se que temos uma ligeira diferença entre 1 e os tabuleiros 2 e 3 . Em 1 , não temos
nenhuma linha nem nenhuma coluna com só duas casas livres. Daí, o aparecimento de três sub-
tabuleiros de 1 . Já os tabuleiros 2 e 3 originaram dois sub-tabuleiros (apenas).
Registe-se o facto de podermos proceder de maneira diferente: em vez de escolhermos a linha
ou coluna com menos casas livres, podemos escolher a linha ou a coluna com mais casas livres.
3 Passo
T 131 T 132
866 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Neste passo, há uma observação importante a fazer (e que vai ser utilizada nos passos seguintes):
Se, após a colocação duma torre, com a consequente interdição das casas da mesma linha e das
casas da mesma coluna, ficarmos com uma fila (linha ou coluna) com uma só casa livre, então nessa
casa tem de ficar uma torre. Foi isso que aconteceu em 111 . A palavra "Fim", colocada junto ao
tabuleiro, significa que já sabemos o número de soluções. No caso de 111 , há duas soluções (duas
maneiras de colocarmos duas torres, nas casas livres).
O quadro anterior pode ser ligeiramente alterado, de modo a permitir uma maior facilidade de
resolução.
Procedendo deste modo, a contagem fica mais simples, embora isso não seja visível no presente
exemplo, pois só temos mais um passo.
4 Passo
867
Exemplo 712 Vamos resolver, por este novo processo, um exemplo já resolvido e que deu muito
trabalho:
869
H6
H5
H4
H3
H2
H1
A B C D E F
Resolução
1 Passo
T1 T2 T3 T4
Neste primeiro passo, temos as quatro maneiras de colocarmos uma torre na primeira linha.
2 Passo
Neste segundo passo, vamos escolher uma linha com quatro casas livres (podíamos escolher uma
linha ou coluna com três casas livres, mas estamos a optar pelo maior número). Optemos pela
quarta linha, no caso de 1 .
T 11 T 12 T 13 T 14
870 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T 21 T 22 T 23 T 24
T 31 T 32 T 33 T 34
T 41 T 42 T 43 T 44
3 Passo
871
T 4431 T 4432
Neste último passo, temos uma solução em cada um dos tabuleiros, num total de 18 soluções
(neste passo).
Então, salvo melhor opinião, o número de maneiras de fazer a distribuição dos horários é 82 (há
64 soluções no terceiro passo).
Resolução
Vamos utilizar o processo alternativo (resolução fila a fila em vez de resolução casa a casa).
1 Passo
877
T1 T2 T3 T4
O tabuleiro foi "desenvolvido", na segunda coluna. Na segunda coluna, fica uma torre ou não
fica nenhuma torre. Se ficar uma torre, tem de ser numa das três casas livres. Este processo tem a
vantagem de ser mais rápido. Se quisermos, podemos escrever
Nota: estamos a considerar que é o tabuleiro formado unicamente pelas casas livres (casas a
branco).
2 Passo
T 11 T 12 T 13 T 14
T 21 T 22 T 23 T 24
878 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
T 31 T 32 T 33 T 34
T 41 T 42 T 43 T 44
Embora seja possível calcular o polinómio associado a alguns dos tabuleiros, é preferível dar
mais um passo, antes desse cálculo.
3 Passo
Em todos os casos, temos as casas livres distribuídas por duas únicas linhas, pelo que o cálculo
do polinómio associado a cada tabuleiro é imediato.
Agora, o único problema é o número de tabuleiros a serem considerados.
Cálculo do polinómio-torre
Polinómios do 3 Passo
Os primeiros três tabuleiros são os seguintes:
884 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Ora, (111 ) = 1 + 4 + 22 , considerando as casas livres. No entanto, o que nos interessa
verdadeiramente é o polinómio
¡ ¢
3 (111 ) = 3 1 + 4 + 22 = 3 + 44 + 25
¡ ¢
Então, vamos usar a letra maiúscula , para 3 (111 ), ou seja, (111 ) = 3 1 + 4 + 22 =
3 + 44 + 25 .
¡ ¢
Note-se que (113 ) = 2 1 + 4 + 22 = 2 + 43 + 24 , pois só estão colocadas duas torres
no tabuleiro 113 .
Como já foi observado, em vez de (113 ), podemos escrever (113 ). No entanto, vamos
optar por escrever, apenas, (113 ).
Tab Pol ( ) Tab Pol ( )
111 3 + 44 + 25 211 3 + 44 + 25
112 3 + 24 212 2 + 33 + 4
2 3 4
113 + 4 + 2 213 2 + 53 + 44
3 4 5
121 + 4 + 2 221 3 + 44 + 25
3 4 5
122 + 3 + 222 2 + 43 + 24
2 3 4
123 + 5 + 4 223 2 + 63 + 64
3 4 5
131 + 4 + 2 231 3 + 44 + 25
2 3 4
132 + 6 + 6 232 3 + 44 + 25
2 3 4
141 + 6 + 6 233 2 + 63 + 64
2 3 4
142 + 4 + 2 241 2 + 53 + 44
242 2 + 63 + 64
243 2 + 53 + 44
244 + 72 + 93
Soma 52 + 303 + 374 + 75 Soma + 152 + 533 + 494 + 85
Somando os dois polinómios obtidos, vem
T
886 CAPÍTULO 32. XADREZ, TORRES E POLINÓMIOS
Esta é uma questão interessante, mas terrível para um ser humano (como eu). No meio de tanta
figura a construir e de tanto CtrlC e CtrlV utilizado, só num milagre faz com que o resultado esteja
certo. Acresce o facto da impressão em papel ser cara...
Capítulo 33
Estatística
Há duas questões que costumam ser tratadas de maneiras diferentes consoante os autores: os quartis
e os quantis.
Parece-me que seria fácil chegar a um consenso, se houvesse vontade de consegui-lo.
Vejamos alguns exemplos gráficos sobre quartis:
Exemplo 714 As alturas dos 25 alunos de uma turma de 10 Ano são as seguintes (em cm):
158 159 160 161 162 164 165 165 166 167 168 168 169 169 169 170
172 173 174 175 176 176 177 178 179
Obtemos, assim, 1 = [1 7], 2 = [7 13], 3 = [13 19] e 4 = [19 25].
Extremo inferior: (1) = 158
1 quartil: 1 = (7) = 165
2 quartil (mediana): 2 = (13) = 169
3 quartil: 3 = (19) = 174
Extremo superior: (25) = 179
É claro que os valores anteriores são considerados em cm.
887
888 CAPÍTULO 33. ESTATÍSTICA
Exemplo 715 As alturas dos 24 alunos de uma turma de 10 Ano são as seguintes (em cm):
158 159 160 161 162 164 165 165 166 167 168 168 169 169 169 170
172 173 174 175 176 176 177 178
Exemplo 716 As alturas dos 23 alunos de uma turma de 10 Ano são as seguintes (em cm):
158 159 160 161 162 164 165 165 166 167 168 168 169 169 169 170
172 173 174 175 176 176 177
⎪
⎪ = 12+23
2 = 35
2 =1+3× 4
22
⎩ 22
23 = 1 + 4 × 4
£ ¤ £ 13 ¤ £ ¤ £ ¤
Logo, 1 = 1 13 35
2 , 2 = 2 12 , 3 = 12 2 e 4 = 35
2 23 .
Extremo inferior: ¡(1)¢ = 158
1 quartil: 1 = 132
2 quartil (mediana):
¡ 35
¢ 2 = (12)
3 quartil: 3 = 2
Extremo superior: (23) = 177
890 CAPÍTULO 33. ESTATÍSTICA
Exemplo 717 As alturas dos 22 alunos de uma turma de 10 Ano são as seguintes (em cm):
158 159 160 161 162 164 165 165 166 167 168 168 169 169 169 170
172 173 174 175 176 176
Exemplo 718 As alturas dos alunos de uma Escola são 1 , 2 ,. . . , (em cm). Estamos a
supor que a lista anterior está ordenada por ordem crescente, isto é, 1 ≤ 2 ≤ 3 ≤ ≤ −1 ≤
.
Logo, ⎧ ¡ ¢ ¡ ¢
⎪
⎪ 1 = ³1 + −1
4 =´ +3
4
⎨ ¡ ¢
2 = 1 + 2(4−1) = +1 2
⎪ ³ ´ ¡ ¢
⎪
⎩ 3 = 1 + 3( −1) = 3 +1
4 4
892 CAPÍTULO 33. ESTATÍSTICA
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
Os valores 4+3 , 2+1 e 34+1 podem ser calculados analiticamente, como veremos a
seguir. ¡ ¢ ¡ ¢
Como calcular, por exemplo, ¡11 2 ¢? Como é uma função crescente, 11 2 está entre (5) e
(6), sendo razoável admitir que 11 tem de ser a média aritmética entre (5) e (6).
¡ 11 ¢ 1 1
2
1 1
Logo, 2 = 2 (5) + 2 (6) = 2 5 + 2 6 .
¡ ¢
E se quisermos calcular 35 4 ?
¡ 35 ¢
Ora, (8) ≤ 4 ≤ ¡(9),¢ tendo-se que 35 4 está mais próximo de 9 do que de 8. Então,
35
intuitivamente,
¡ ¢ 1 temos que 4 é obtido por uma média ponderada entre (8) e (9), ou seja,
354 = 4 (8) + 3
4 (9).
Vejamos como obter (), com + 1 e ∈ N:
Sejam = ( ) e +1 = ( + 1 +1 ).
−−−−−→
Então, +1 = +1 − = ( + 1 +1 ) − ( ) = (1 +1 − ).
Logo, o declive da reta definida por e +1 é +1 − .
O segmento [ +1 ] é definido pela equação − = (+1 − ) ( − ), com ≤ ≤ +1.
Então, = ( − ) +1 + ( + 1 − ) = ( − ) +1 + (1 − ( − )) .
Se representarmos − por , temos ( + ) = () + (1 − ) ( + 1), com 0 1.
Então, por exemplo, (7 35) = 0 65 (7) + 0 35 (8).
De forma sugestiva, escrevemos 735 = 0 657 + 0 358 .
Então, numa lista ordenada de 24 elementos, temos
⎧ ¡ ¢ ¡ ¢
⎪
⎪ 1 = 1 + 24−1 = 27
4 = 4 = 675 = 0 256 + 0 757
27
⎨ ³ 4 ´ ¡ 25 ¢
2(24−1)
2 = 1 + 4 = 2 = 25 = 12 12 + 12 13
⎪
⎪ ³ ´ ¡ ¢
2
⎩ 3 = 1 + 3( −1) = 73 = 1825 = 0 7518 + 0 2519
4 4
2 quartil (mediana):
µ ¶
25
2 = = (12 5) = 0 512 + 0 513 = 0 5 × 168 + 0 5 × 169 = 168 5
2
3 quartil:
µ¶
73
3 = = (18 25) = 0 7518 + 0 2519 = 0 75 × 173 + 0 25 × 174
4
= 129 75 + 43 5 = 173 25
893
2 quartil (mediana):
2 = (12) = 12 = 168
3 quartil:
µ ¶
35
3 = = (17 5) = 0 517 + 0 518 = 0 5 × 172 + 0 5 × 173 = 172 5
2
2 quartil (mediana):
µ ¶
23
2 = = (11 5) = 0 511 + 0 512 = 0 5 × 168 + 0 5 × 168 = 168
2
3 quartil:
µ¶
67
3 = = (16 75) = 0 2516 + 0 7517 = 0 75 × 170 + 0 25 × 172
4
= 127 5 + 43 = 170 5
Definição 719 Dada uma lista crescente 1 2 , profundidade dum elemento , com ∈
N, é − 1 e a profundidade da lista é − 1.
Observação
A definição de profundidade apresentada é semelhante à profundidade num poço, enquanto que
a definição habitual é análoga à profundidade num túnel.
Definição 720 Dada uma lista crescente 1 2 −1 e um número real , com ∈ [0 1],
, o quantil correspondente a , é dado por = 1+(−1) .
Note-se que 0 = 1+0( −1) = 1 e 1 = 1+1(−1) = . Esta não é a definição habitual, mas
tem a vantagem de ser mais precisa e coincide com as definições anteriores de quartis e mediana,
para os valores = 14 , = 34 e = 12 .
Note-se que, com esta definição, a noção fundamental é a de profundidade e não a de frequência
relativa.
894 CAPÍTULO 33. ESTATÍSTICA
Exercício 721 Como obter o quantil correspondente a 0 123, numa lista (crescente) de 24 ele-
mentos?
Exemplo 722 As alturas dos 25 alunos de uma turma de 10 Ano são as seguintes (em cm):
158 159 160 161 162 164 165 165 166 167 168 168 169 169 169 170
172 173 174 175 176 176 177 178 179
Tabela de frequências:
1 1 3 3
1 158 1 1 25 25 158 11 169 3 15 25 5 507
1 2 1 16
2 159 1 2 25 25 159 12 170 1 16 25 25 170
1 3 1 17
3 160 1 3 25 25 160 13 172 1 17 25 25 172
1 4 1 18
4 161 1 4 25 25 161 14 173 1 18 25 25 173
1 1 1 19
5 162 1 5 25 5 162 15 174 1 19 25 25 174
1 6 1 4
6 164 1 6 25 25 164 16 175 1 20 25 5 175
2 8 2 22
7 165 2 8 25 25 330 17 176 2 22 25 25 352
1 9 1 23
8 166 1 9 25 25 166 18 177 1 23 25 25 177
1 2 1 24
9 167 1 10 25 5 167 19 178 1 24 25 25 178
2 12 1
10 168 2 12 25 25 336 20 179 1 25 25 1 179
Diagrama de caule-e-folhas:
15 89
15 89 16 0124
16 0124556788999 ou 16 556788999
17 0234566789 17 0234
17 566789
Dados agrupados em classes:
Cada classe é um intervalo da forma [ [, sendo , o número de classes, o menor número natural
tal que 2 ≥ 25 = .
Então, = 5, porque 24 = 16 25 e 25 = 32 ≥ 25. A amplitude da lista de dados é 21, tendo-se
21
5 = 4 2. Então, a amplitude de cada classe pode ser 4 25. Logo:
1 = [158; 162 25[, 2 = [162 5; 166 5[, 3 = [166 5; 170 75[, 4 = [170 75; 175[, 5 = [175; 179 25[.
5 × 160 125 + 4 × 164 375 + 7 × 168 625 + 3 × 172 875 + 6 × 177 125
= cm = 168 795 cm
25
Se utilizarmos a lista inicial, temos:
=
158+159+160+161+162+164+2×165+166+167+2×168+3×169+170+172+173+174+175+2×176+177+178+179
25 cm
Determinação analítica:
897
4 3 3− 16 12 3−
= ∧ = ⇐⇒ = ∧ =
4 25 4 25 17 17
⇐⇒ 17 = 16 ∧ 12 = 51 − 17
16
⇐⇒ = ∧ 12 = 51 − 16
17
16
⇐⇒ = ∧ 28 = 51
17
16 51 51
⇐⇒ = × ∧=
17 28 28
12 51
⇐⇒ = ∧=
7 28
¡ ¢
Logo, a moda é 166 5 + 5128 cm ≈ 168 32 cm.
Usando Geometria Analítica:
Sejam = (166 5; 4) e = (170 75; 7). Então:
−
−→ 3
= − = (4 25; 3) = 425 = 12
17
Equação da reta :
µ ¶
12 333
−4= −
17 2
⎪
⎪ √
⎪
⎪ = 36 64 cm ≈ 6 05 cm
⎪
⎪
⎪
⎪ √
⎩
−1 = 38 17 cm ≈ 6 18 cm
Outro processo de obter a variância
P
¡
P ¢ P
P
P
2
( − ) 2 − 2 + 2 2 − (2 ) + 2
=1 =1 =1 =1 =1
2 = = =
P
P
P
P
P
P
2 2 2
2 2 2
=1 =1 =1 =1
= − + = − 2 =1 + = =1
− 22 + 2
P
2
=1
= − 2
Ora,
X
2 = 1582 + 1592 + 1602 + 1612 + 1622 + 1642 + 2 × 1652 + 1662 + 1672 + 2 × 1682 +
=1
+3 × 1692 + 1702 + 1722 + 1732 + 1742 + 1752 + 2 × 1762 + 1772 + 1782 + 1792
= 713 252
899
158 159 160 161 162 164 165 165 166 167 168 168 169 169 169 170
172 173 174 175 176 176 177 178 179
Subtraindo 170 a todos os elementos da lista anterior, obtemos
−12 −11 −10 −9 −8 −6 −5 −5 −4 −3 −2 −2 −1 −1 −1 0 2 3 4 5 6 6 7 8 9
Os quadrados dos números anteriores são
144 121 100 81 64 36 25 25 16 9 4 4 1 1 1 0 4 9 16 25 36 36 49 64 81
A soma desses quadrados é 952, tendo-se que a média da lista modificada é −1 2.
Então,
952
2 = − (−1 2)2 = 38 08 − 1 44 = 36 64
25
E, como pudemos verificar, obtivemos o mesmo resultado, tendo-se simplificado os cálculos.
Cálculo da variância, usando a distribuição por classes:
900 CAPÍTULO 33. ESTATÍSTICA
25 2 = 5 × (160 125 − 168 795)2 + 4 × (164 375 − 168 795)2 + 7 × (168 625 − 168 795)2 +
2 2
+3 × (172 875 − 168 795) + 6 × (177 125 − 168 795)
= 920 465
Logo,
920 465
2 = = 36 818 6
25
√
Então, = 36 818 6 ≈ 6 07.
Variância: 36 82 cm2 Desvio padrão: 6 07 cm.
É claro que
920 465
2−1 = ≈ 38 35 ∧ −1 ≈ 6 19
24
Utilização da Calculadora Casio FX-9860:
1 = [157 875; 162 125[, 2 = [162 125; 166 375[, 3 = [166 375; 170 625[, 4 = [170 625; 174 875[,
5 = [174 875; 179 125[.
Equações Irracionais
√ √
Exemplo 723 Resolva, em R, a equação 2 + 1 = 3 − 4.
Resolução√ √
Para que 2 + 1 = 3 − 4, devemos ter 2+1 = 3−4, mas também 2+1 ≥ 0 e 3−4 ≥ 0.
Logo, = 5, ≥ − 12 e ≥ 43 . Então, = 5. Logo, = {5}.
√ √
Exemplo 724 Resolva, em R, a equação 2 + 1 = 3 + 4.
Resolução√ √
Para que 2 + 1 = 3 + 4, devemos ter 2+1 = 3+4, mas também 2+1 ≥ 0 e 3+4 ≥ 0.
Logo, = −3, ≥ − 12 e ≥ − 43 . Então, a equação dada é impossível, em R.
Logo, = ∅.
√
Exemplo 725 Resolva, em R, a equação 3 + 1 = + 1.
Resolução
Neste caso, devemos ter 3 + 1 ≥ 0, + 1 ≥ 0 e 3 + 1 = ( + 1)2 .
Então, ≥ − 13 , ≥ −1 e 2 + 2 + 1 − 3 − 1 = 0.
Logo, ≥ − 13 e 2 − = 0. Logo, ≥ − 13 e ( − 1) = 0.
Então, = 0 ou = 1. Logo, = {0 1}.
Observação
Esta equação (e as outras deste tipo) costuma ser resolvidas da seguinte maneira:
√ 1 ¡√ ¢2
3 + 1 = + 1 =⇒ ≥− ∧ 3 + 1 = ( + 1)2
3
1
=⇒ ≥ − ∧ 3 + 1 = 2 + 2 + 1
3
1 1
=⇒ ≥ − ∧ 2 − = 0 =⇒ ≥ − ∧ ( − 1) = 0
3 3
1
=⇒ ≥ − ∧ ( = 0 ∨ = 1) =⇒ = 0 ∨ = 1
3
Verificação (obrigatória, dado o facto das equações poderem não ser equivalentes):
901
902 CAPÍTULO 34. EQUAÇÕES IRRACIONAIS
√
Para = 0, temos √1 = 1, pelo que zero é solução da equação inicial.
Para = 1, temos 4 = 2, pelo que 1 é solução da equação inicial.
Note-se que, em certos casos, não é possível fazer a verificação em todos os casos, dado haver
uma infinidade de soluções, pelo que teremos de seguir outro processo:
√
Exemplo 726 Resolva, em R, a equação 2 = .
Resolução
Devemos ter, por um lado, 2 ≥ 0 e, por outro ≥ 0. Logo,
³√ ´2
2 = 2 ∧ 2 ≥ 0 ∧ ≥ 0 ⇐⇒ 2 = 2 ∧ ≥ 0 ⇐⇒ ≥ 0
Resolução
Devemos ter, por um lado, 2 ≥ 0 e, por outro − ≥ 0. Logo,
³√ ´2
2
2 = (−) ∧ 2 ≥ 0 ∧ ≤ 0 ⇐⇒ 2 = 2 ∧ ≤ 0 ⇐⇒ ≤ 0
Resolução
p 2
2 − − 2 = − 1 ⇐⇒ 2 − − 2 ≥ 0 ∧ − 1 ≥ 0 ∧ 2 − − 2 = ( − 1)
⇐⇒ 2 − − 2 ≥ 0 ∧ ≥ 1 ∧ 2 − − 2 = 2 − 2 + 1
⇐⇒ ( + 1) ( − 2) ≥ 0 ∧ ≥ 1 ∧ = 3
⇐⇒ =3
Então, = {3}.
Outro processo
p
2 − − 2 = − 1 =⇒ 2 − − 2 = ( − 1)2 =⇒ 2 − − 2 = 2 − 2 + 1 =⇒ = 3
√ √
Para = 3, temos 32 − 3 − 2 = 3 − 1, ou seja, 4 = 2, obtendo-se uma proposição verdadeira.
Logo, = {3}.
√ √ √
Exemplo 729 Resolva, em R, a equação 2 + 3 − − 2 = + 1.
903
Resolução
√ √ √ ¡√ √ ¢2 ¡√ ¢2
2 + 3 − − 2 = + 1 =⇒ 2 + 3 − − 2 = +1
p
=⇒ 2 + 3 + − 2 − 2 ( − 2) (2 + 3) = + 1
p
=⇒ 3 + 1 − − 1 = 2 22 + 3 − 4 − 6
p p
=⇒ 2 = 2 22 − − 6 =⇒ = 22 − − 6
³p ´2
=⇒ 2 = 22 − − 6 =⇒ 2 = 22 − − 6
√
2 1 ± 1 + 24
=⇒ − − 6 = 0 =⇒ =
2
=⇒ = −2 ∨ = 3
√
É claro que −2 não√pertence ao domínio
√ de√(por exemplo) 2 + 3.
Quanto a 3, temos √ 2 × 3 + 3 −√ 3 − 2 =√ 3 + 1, ou seja, 3 − 1 = 2.
Logo, 3 é solução de 2 + 3 − − 2 = + 1, pelo que = {3}.
√ √ √
Exemplo 730 Resolva, em R, a equação 3 + 2 − = 3 − 4.
Resolução
O domínio da equação é dado por
2 4 4
3 + 2 ≥ 0 ∧ ≥ 0 ∧ 3 − 4 ≥ 0 ⇐⇒ ≥ − ∧ ≥ 0 ∧ ≥ ⇐⇒ ≥
3 3 3
Quanto à equação propriamente dita, temos
√ √ √ ¡√ √ ¢2 ¡√ ¢2
3 + 2 − = 3 − 4 =⇒ 3 + 2 − = 3 − 4
√ √
=⇒ 3 + 2 + − 2 3 + 2 = 3 − 4
p p
=⇒ 4 + 2 − 3 + 4 = 2 32 + 2 =⇒ + 6 = 2 32 + 2
³ p ´2 ¡ ¢
2
=⇒ ( + 6) = 2 32 + 2 =⇒ 2 + 12 + 36 = 4 32 + 2
=⇒ 2 + 12 + 36 = 122 + 8 =⇒ 112 − 4 − 36 = 0
√
2 ± 4 + 396 18
=⇒ = =⇒ = 2 ∨ = −
11 11
Como − 18
11 não pertence ao domínio, basta-nos verificar se 2 é solução. Ora,
√ √ √ √ √ √ √ √ √
3 × 2 + 2 − 2 = 3 × 2 − 4 ⇐⇒ 8 − 2 = 2 ⇐⇒ 2 2 − 2 = 2
Então, = {2}.
√ √
Exemplo 731 Resolva, em R, a equação 3 + 2 − 4 + 4 = 0.
904 CAPÍTULO 34. EQUAÇÕES IRRACIONAIS
Resolução
Devemos ter 3 + 2 ≥ 0 e + 4 ≥ 0, pelo que ≥ − 23 e ≥ −4. Logo, ≥ − 23 .
√ √ √ √ ¡√ ¢4 ¡ √ ¢4
3 + 2 − 4 + 4 = 0 =⇒ 3 + 2 = 4 + 4 =⇒ 3 + 2 = 4 + 4
=⇒ (3 + 2)2 = + 4 =⇒ 92 + 12 + 4 = + 4
=⇒ 92 + 11 = 0 =⇒ (9 + 11) = 0
11
=⇒ = 0 ∨ = −
9
√ √ √ √
Ora − 11
9 não pertence ao domínio e 3 × 0 + 2 − 4 0 + 4 = 2 − 2 = 0.
Logo, = {0}.
√
Exemplo 732 Resolva, em R, a equação 2 + 8 = 2 + 1.
Resolução
Se quisermos começar pelo domínio, temos 2 + 8 ≥ 0, ou seja, ( + 8) ≥ 0. Então, ≤
−8 ∨ ≥ 0.
Por outro lado, deve ser 2 + 1 ≥ 0, pelo que ≥ − 12 . Logo, devemos ter ≥ 0.
Ora,
(2 + 1)2 = 2 + 8 =⇒ 42 + 4 + 1 − 2 − 8 = 0 =⇒ 32 − 4 + 1 = 0
√
2± 4−3 1
=⇒ = =⇒ = ∨ = 1
3 3
©1 ª
Então, = 3 1 .
√ q
Se pretendermos fazer a verificação, temos 12 + 8 = 2 + 1 (verdadeiro) e 19 + 83 = 23 + 1, ou
q
seja, 25 5
9 = 3 (verdadeiro).
Observação
Partindo de () = () e elevando ambos os membros ao quadrado, obtemos ( ())2 =
2
( ()) .
Então, ( ())2 − ( ())2 = 0, pelo que ( () − ()) ( () + ()) = 0.
Logo, () = () ∨ () = − (). Isto significa que, ao elevarmos ambos os membros duma
equação ao quadrado, podemos obter soluções estranhas à equação inicial () = (), mas tais
soluções têm de ser solução da equação () = − ().
√
Exemplo 733 Resolva, em R, a equação 2 + 2 − 15 = 5 − 2.
Resolução
p
2 + 2 − 15 = 5 − 2 =⇒ 2 + 2 − 15 = 25 − 20 + 42
=⇒ −32 + 22 − 40 = 0 =⇒ 32 − 22 + 40 = 0
√
11 ± 121 − 120 10
=⇒ = =⇒ = ∨=4
3 3
√
Para = 4, temos √ 16 + 8 − 15 = 5 − 2 × 4, ou seja, 3 = −3 (proposição falsa), pelo que 4 não
é solução da equação 2 + 2 − 15 = 5 − 2.
905
q q
10 100 20
Para = 3 , temos − 15 = 5 − 2 × 10
9 + 3 3 , ou seja, 25 5
9 = − 3 (proposição falsa), pelo
√
que 10 da equação 2 + 2 − 15 = 5 − 2.
3 não é solução √
Então, a equação 2 + 2 − 15 = 5 − 2 é impossível em R.
√
Exemplo 734 Resolva, em R, a equação 2 + 2 − 15 = 2 − 5.
Resolução
p
2 + 2 − 15 = 2 − 5 =⇒ 2 + 2 − 15 = 25 − 20 + 42
=⇒ −32 + 22 − 40 = 0 =⇒ 32 − 22 + 40 = 0
√
11 ± 121 − 120 10
=⇒ = =⇒ = ∨=4
3 3
© 10 ª
É claro que, neste caso, = 3 4 .
√ √ √
Exemplo 735 Resolva, em R, a equação 2 − 15 − + 1 = 8 − .
Resolução
√ √ √ ¡√ √ ¢2 ¡√ ¢2
2 − 15 − + 1 = 18 − =⇒ 2 − 15 − + 1 = 8−
√ √
=⇒ 2 − 15 + + 1 − 2 2 − 15 + 1 = 8 −
p
=⇒ 4 − 22 = 2 22 + 2 − 15 − 15
p
=⇒ 22 − 13 − 15 = 2 − 11
=⇒ 22 − 13 − 15 = 42 − 44 + 121
=⇒ 22 − 31 + 136 = 0
√
31 ± 961 − 1088
=⇒ =
4
Logo, a equação é impossível, em R. Então, = ∅.
√ √ √
Exemplo 736 Resolva, em R, a equação 2 − 15 = + 1 − 12 − .
Resolução
√ √ √ ¡√ √ ¢2 ¡√ ¢2
+ 1 − 12 − = 2 − 15 =⇒ + 1 − 12 − = 2 − 15
√ √
=⇒ + 1 + 12 − − 2 + 1 12 − = 2 − 15
p
=⇒ −2 12 − 2 + 12 − = 2 − 28
p
=⇒ −2 + 11 + 12 = 14 −
=⇒ −2 + 11 + 12 = 196 − 28 + 2
=⇒ 22 − 39 + 184 = 0
√
39 ± 1521 − 1472
=⇒ =
4
39 ± 7 23
=⇒ = =⇒ = 8 ∨ =
4 2
906 CAPÍTULO 34. EQUAÇÕES IRRACIONAIS
√ √ √
Para = 8, temos 16 − 15
q = 9q − 4 que é uma proposição verdadeira.
√
Para = 23
2 , temos 8 = 25 − 12 .
q q q q2 √ √ √ √
5 2 2
Ora, 25 2 −
1
2 =
50
4 −
2
4 = 2 − 2 =2 2= 8.
23
© 23 ª
Logo, 2 é solução da equação dada. Então, = 8 2 .
√
Exemplo 737 Resolva, em R, a equação 2 + 2 − = 1.
Resolução
√ √
2 + 2−=1 =⇒ 2 − = 1 − 2
¡√ ¢2 2
=⇒ 2 − = (1 − 2)
=⇒ 2 − = 1 − 4 + 42
=⇒ 42 − 3 − 1 = 0
√
3 ± 9 + 16
=⇒ =
8
1
=⇒ =1∨=−
4
√
Para = 1, temos 2 + 1=
q1 que é uma proposição falsa.
Para = − 14 , temos − 12 + 2 + 14 = 1.
q q √
Ora, − 12 + 2 + 14 = − 12 + 94 = − 12 + 32 , pelo que − 14 é solução da equação 2 + 2 − = 1.
© ª
Logo, = − 14 .
√ √ √
Exemplo 738 Resolva, em R, a equação 2 − 15 − + 1 = 16 − .
Resolução
√ √ √ √ √ √
2 − 15 − + 1 = 16 − =⇒ 2 − 15 = + 1 + 16 −
¡√ ¢2 ¡√ √ ¢2
=⇒ 2 − 15 = + 1 + 16 −
√ √
=⇒ 2 − 15 = + 1 + 16 − + 2 + 1 16 −
p
=⇒ 2 − 32 = 2 16 − 2 + 16 −
³p ´2
=⇒ ( − 16)2 = −2 + 15 + 16
=⇒ 2 − 32 + 256 = −2 + 15 + 16
=⇒ 22 − 47 + 240 = 0
√
47 ± 472 − 8 × 240
=⇒ =
√ 4
47 ± 289
=⇒ =
4
15
=⇒ = 16 ∨ =
2
907
√ √
Para = 16, temos 17 −q 17 =q 0 que é uma proposição verdadeira.
15
√ 17 17
Para = 2 , temos 0 − 2 = 2 que é uma proposição falsa.
Logo, = {16}.
p √ √ √
Exemplo 739 Será possível transformar 5 + 24 numa expressão do tipo + , com e
números racionais?
Resolução
q ³√ µq ¶2
√ √ √ √ ´2 √
+ = 5 + 24 =⇒ + = 5 + 24
√ √ √
=⇒ + + 2 = 5 + 24
√ √
=⇒ + = 5 ∧ 2 = 2 6
=⇒ + = 5 ∧ = 6
=⇒ = 5 − ∧ (5 − ) = 6
=⇒ = 5 − ∧ 5 − 2 − 6 = 0
=⇒ = 5 − ∧ 2 − 5 + 6 = 0
=⇒ = 5 − ∧ ( = 2 ∨ = 3)
=⇒ ( = 2 ∧ = 3) ∨ ( = 3 ∧ = 2)
p √ √ √
Logo, 5 + 24 = 3 + 2.
908 CAPÍTULO 34. EQUAÇÕES IRRACIONAIS
Capítulo 35
Comecemos por lembrar que à função () = , chamamos função identidade e que esta função é
elemento neutro na composição de funções; dada uma função arbitrária (), então ( ()) = ()
e ( ()) = (). Claro que é necessário que os domínios das funções respeitem certas regras.
Consideremos as funções reais de variável real definidas por () = 1 e () = 1 − . A partir
destas funções, podemos obter outras por composição, obtendo novas funções que se podem compor
com as anteriores. Será que este processo originará um número infinito de funções?
Calculemos
( algumas funções compostas:
¡ ¢
( ◦ ) () = 1 = 11 =
( ◦ ) () = (1 − ) = 1 − (1 − ) =
Podemos afirmar que as duas funções () e () são inversas de si próprias ou que se tratam
de involuções, porque a composta de cada uma das funções consigo própria dá a função identidade.
Antes de continuarmos, chama-se a atenção para a questão dos domínios das funções anteriores,
mas deixamos essa questão para mais tarde. Continuemos a calcular algumas funções compostas:
1
( ◦ ) () = (1 − ) = 1−
( ◦ ◦ ) () = ( ◦ ) ( ()) = 1−1() = 1−1 1 = −1
1
= −1
() 1− −1
( ◦ ◦ ◦ ) () = ( ◦ ◦ ) ( ()) = ()−1 = 1−−1 =
1
()−1 −1
( ◦ ◦ ◦ ◦ ) () = ( ◦ ◦ ◦ ) ( ()) = () = 1 = 1−
( ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ) () = ( ◦ ◦ ◦ ◦ ) ( ()) = 1 − () = 1 − (1 − ) =
E eis-nos chegados a uma situação bastante interessante: obtivemos a função identidade.
Mas continuemos, ¡ ¢ agora com à esquerda:
( ◦ ) () = 1 = 1 − 1 = −1
( ◦ ◦ ) () = ( ◦ ) ( ()) = ()−1 1−−1
() = 1− = −1
1
() 1
( ◦ ◦ ◦ ) () = ( ◦ ◦ ) ( ()) = ()−1 = 1
−1
=
1−
1 1 1
( ◦ ◦ ◦ ◦ ) () = ( ◦ ◦ ◦ ) ( ()) = 1−() = 1−(1−) =
1
( ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ ) () = ( ◦ ◦ ◦ ◦ ) ( ()) = () = 11 =
E voltámos a obter a função identidade, sem que tenhamos obtido qualquer função, para além
das que havíamos obtido anteriormente.
Falta-nos explicar que não pode haver mais funções:
909
910 CAPÍTULO 35. DUAS FUNÇÕES CURIOSAS
Se olharmos para a tabela do exemplo anterior, vemos que tudo se passa da mesma forma,
embora estejamos a considerar funções completamente diferentes. Mas continuemos:
3 ◦ 1 = µ3 ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
3 ◦ 2 = ◦ = = 4
2 1 3 1 3 2 2 3 1
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
3 ◦ 3 = ◦ = = 1
2 1 3 2 1 3 1 2 3
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
3 ◦ 4 = ◦ = = 2
2 1 3 2 3 1 1 3 2
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
3 ◦ 5 = ◦ = = 6
2 1 3 3 2 1 3 1 2
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
3 ◦ 1 = ◦ = = 5
2 1 3 3 1 2 3 2 1
4 ◦ 1 = µ4 ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
4 ◦ 2 = ◦ = = 3
2 3 1 1 3 2 2 1 3
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
4 ◦ 3 = ◦ = = 5
2 3 1 2 1 3 3 2 1
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
4 ◦ 4 = ◦ = = 6
2 3 1 2 3 1 3 1 2
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
4 ◦ 5 = ◦ = = 2
2 3 1 3 2 1 1 3 2
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
4 ◦ 6 = ◦ = = 1
2 3 1 3 1 2 1 2 3
5 ◦ 1 = µ5 ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
5 ◦ 2 = ◦ = = 6
3 2 1 1 3 2 3 1 2
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
5 ◦ 3 = ◦ = = 4
3 2 1 2 1 3 2 3 1
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
5 ◦ 4 = ◦ = = 3
3 2 1 2 3 1 2 1 3
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
5 ◦ 5 = ◦ = = 1
3 2 1 1 3 2 3 1 2
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
5 ◦ 6 = ◦ = = 2
3 2 1 3 1 2 1 3 2
6 ◦ 1 = µ6 ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
6 ◦ 2 = ◦ = = 5
3 1 2 1 3 2 3 2 1
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
6 ◦ 3 = ◦ = = 2
3 1 2 2 1 3 1 3 2
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
6 ◦ 4 = ◦ = = 1
3 1 2 2 3 1 1 2 3
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
6 ◦ 5 = ◦ = = 3
3 1 2 3 2 1 2 1 3
912 CAPÍTULO 35. DUAS FUNÇÕES CURIOSAS
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
6 ◦ 6 = ◦ = = 4
3 1 2 3 1 2 2 3 1
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 1 2 3 1 2 3
◦ =
3 2 1 1 3 2 3 1 2
Com os resultados anteriores, construimos a seguinte tabela:
◦ 1 2 3 4 5 6
1 1 2 3 4 5 6
2 2 1 6 5 4 3
3 3 4 1 2 6 5
4 4 3 5 6 2 1
5 5 6 4 3 1 2
6 6 5 2 1 3 4
E já deve ter reparado que esta tabela é a mesma que obtivemos com as outras 6 funções; a
tabela é a mesma, mas o significado das funções é outro.
¡ ¢
Se tivermos a função () = 1 , então ( ◦ ) () = ( ()) = 1 = 11 = , obtendo-se a
função identidade, pelo que não podemos obter mais funções por composição. O mesmo acontece
com todas as funções do tipo () = , com um número real diferente de zero.
Se tivermos, apenas, a função , então ( ◦ ) () = ( ()) = (1 − ) = 1 − (1 − ) = .
Então, não podemos obter mais funções por composição. O mesmo acontece com todas as
funções do tipo () = − , com um número real qualquer.
Vejamos outro exemplo curioso, com duas funções:
µ ¶ µ ¶
1 2 3 4 1 2 3 4
Sejam 1 = , 2 = . Estas duas funções são inversas de si
2 1 4 3 3 4 1 2
próprias, ou seja, são involuções.
Então, (1 ◦ 1 ) () = = () = (2 ◦ 2 ) ().
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
1 ◦ 2 = ◦ = = 3
2 1 4 3 3 4 1 2 4 3 2 1
µ ¶ µ ¶ µ ¶
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
2 ◦ 1 = ◦ = = 3
3 4 1 2 2 1 4 3 4 3 2 1
Então, 1 ◦ 2 = 2 ◦ 1 , ou seja, as duas funções são permutáveis (para a composição). Além
disso, a composição de funções é associativa.
Então, 1 ◦ 2 ◦ 1 = 2 ◦ 1 ◦ 1 = 2 e 2 ◦ 1 ◦ 2 = 2 ◦ 2 ◦ 1 = 1 .
Se tivermos uma função composta, com um número par de 1 e um número par de 2 e nenhuma
outra função, o resultado é a função identidade; se tivermos um número par de 1 e um número
ímpar de 2 , o resultado é a função 2 ; se tivermos um número ímpar de 1 e um número par de
2 , o resultado é a função 1 ; se tivermos um número ímpar de 1 e um número ímpar de 2 , o
resultado é a função 3 .
E não há mais hipóteses, pois, no caso de aparecer 3 , esta função é substituída por 1 ◦ 2 .
Então, 3 ◦ 3 = 1 ◦ 2 ◦ 1 ◦ 2 = , 3 ◦ 1 = 1 ◦ 2 ◦ 1 = 2 , 3 ◦ 2 = 1 ◦ 2 ◦ 2 = 1 .
Com os resultados anteriores, construimos a seguinte tabela:
913
◦ 1 2 3
1 2 3
1 1 3 2
2 2 3 1
3 3 2 1
Em vez das aplicações anteriores podemos considerar as isometrias que transformam um rectân-
gulo (que não seja quadrado) nele próprio. Essas isometrias são a função identidade, as simetrias
em relação aos eixos de simetria do rectângulo e a rotação de 180 ◦ (meia volta ou simetria central)
em torno do centro do quadrado:
A B
D C
µ ¶ µ ¶
= R =
µ ¶ µ ¶
S = S =
µ ¶ µ ¶ µ ¶
R ◦ R = ◦ = =
µ ¶ µ ¶ µ ¶
S ◦ S = ◦ = =
µ ¶ µ ¶ µ ¶
S ◦ S = ◦ = =
µ ¶ µ ¶ µ ¶
R ◦ S = ◦ = = S = S ◦ R
µ ¶ µ ¶ µ ¶
R ◦ S = ◦ = = S = S ◦ R
µ ¶ µ ¶ µ ¶
S ◦ S = ◦ = = R
Então,
◦ R S S
R S S
R R S S
S S S R
S S S R
914 CAPÍTULO 35. DUAS FUNÇÕES CURIOSAS
Capítulo 36
Neste Capítulo, vamos registar o modo como surgiram alguns problemas: uns em plena sala de
aula, outros na preparação duma aula, outros na resolução dum problema...
4
y
3
-2 -1 1 2 3 4
-1
x
-2
Seguidamente, passámos ao cálculo da área do triângulo definido pela tangente e pelos eixos das
coordenadas.
Se = 0, então = 2; se = 0, então = 2. Os vértices do triângulo são (0 0), (0 2) e (2 0).
2×2
Claro que o triângulo é rectângulo, pelo que a sua área é = 2 (unidades de área).
2
915
916 CAPÍTULO 36. COMO NASCEM OS PROBLEMAS?
4
y
3
-2 -1 1 2 3 4
-1
x
-2
4×1
Os vértices do triângulo são (0 0), (0 1) e (4 0), pelo que a sua área é = 2 (unidades de
2
área).
Mas este resultado é que não é nada natural, pois é o mesmo que deu no exercício anterior. Não
querem ver que a tangente e as assímptotas definem um triângulo cuja área não depende do ponto
de tangência?
1 1 1 1
De () = e 0 () = − 2 , vem (para equação da tangente) − = − 2 ( − ).
1 2 2
Então, = − 2 + . Para = 0, temos = e, para = 0, = 2. Supondo 0, temos
1 2
que a área do triângulo é dada por × × 2 = 2.
2
É claro que a pergunta seguinte é: E se tivermos uma hipérbole em que as assímptotas não
sejam perpendiculares?
Evidentemente que o resto é uma questão de tempo. O mais importante é levantar a questão:
sem perguntas, não há respostas!
Mas, vejamos um exemplo com uma hipérbole não equilátera:
1 1
Seja () = + . Então, 0 () = 1 − 2 . Consideremos a tangente ao gráfico da função no
ponto de abcissa = , com 0.
µ ¶
1 1
Então, = + e = 0 () = 1 − 2 .
36.2. TANGENTES A UMA PARÁBOLA 917
µ ¶
1 1
Uma equação cartesiana da recta tangente é − − = 1 − 2 ( − ).
µ ¶ µ ¶
1 1 1 1 1
− − = 1 − 2 ( − ) ⇐⇒ = 1 − 2 + + − +
µ ¶
1 2
⇐⇒ = 1 − 2 +
Logo, = = 2.
O centro de simetria da hipérbole éµ(0 0).
¶
2
Os vértices do triângulo são (0 0), 0 e (2 2).
2 1 2
O triângulo tem base e altura 2, pelo que a sua área é × × 2 = 2.
2
Na figura seguinte, temos o caso em que = 2.
-2 2 4
-2
-4
Exercício 740 Determine a equação reduzida da recta que passa pela origem do referencial e é
tangente ao gráfico da função () = .
918 CAPÍTULO 36. COMO NASCEM OS PROBLEMAS?
Resolução
Seja a abcissa do ponto ¡de tangência.
¢ Como 0 () = = (), temos que uma equação da
recta tangente no ponto = é
− = ( − )
Como a recta tem de passar pela origem, temos − = (−), donde vem ( − 1) = 0 e, por
fim, = 1.
Então, a equação reduzida da tangente é = .
10
-2 2
-2
Exercício 741 Determine a equação reduzida da recta que passa pela origem do referencial e é
tangente ao gráfico da função () = + .
Resolução
0
Seja a abcissa do ponto de tangência.
¡ Como ¢ () = + 1 e () = + , temos que uma
equação da recta tangente no ponto = + é
¡ ¢
− − = + 1 ( − ) ⇐⇒ − − = − + −
⇐⇒ − = − +
Como a recta tem de passar pela origem, temos − = − , donde vem ( − 1) = 0 e, por
fim, = 1.
Então, a equação reduzida da tangente é = ( + 1) .
36.2. TANGENTES A UMA PARÁBOLA 919
10
-2 2
-2
Na realidade, entre estes dois exercícios tentei outro, com a função () = + 1.
Depois, pensei que o exercício era fácil com uma função quadrática, em vez da função exponen-
cial. Além disso, teria mais do que uma solução (em determinadas condições). Então, passei ao
exercício seguinte:
Exercício 742 Determine a equação reduzida de cada recta que passa pela origem do referencial e
é tangente ao gráfico da função () = 2 + 1.
Resolução
0 2
Seja a abcissa do ponto de tangência.
¡ Como ¢ () = 2 e () = + 1, temos que uma
2
equação da recta tangente no ponto = + 1 é
− 2 − 1 = 2 ( − ) ⇐⇒ − 2 − 1 = 2 − 22
⇐⇒ = 2 − 2 + 1
Como a recta tem de passar pela origem, temos 2 = 1, donde vem = ±1.
Então, 0 () = ±2, pelo que as rectas tangentes têm equação = ±2.
10
-2 2
-2
Logo, ∆ = 2 − 4. Para que haja uma única solução, ∆ deve ser zero. Então, 2 − 4 = 0,
donde vem = ±2. Só que agora, temos uma questão importante: Se uma recta intersecta uma
parábola num único ponto, a recta não tem de ser tangente (pode ser paralela ao eixo da parábola).
Podemos verificar que 2 + 1 ≥ ±2 ∀ ∈ R, mas parece que o primeiro processo é mais fácil. De
qualquer modo, se o aluno não conhecer derivadas...
Este exercício levou-me a arranjar outro:
Se nos mantivermos no eixo das ordenadas e nos aproximarmos do vértice da parábola, o ângulo
entre as duas tangentes aumenta. Em que condições é que será um ângulo recto?
Exercício 743 Determine o valor de , de modo que as rectas que passam por (0 ) e são tangentes
ao gráfico da função () = 2 + 1 sejam perpendiculares.
Resolução
0 2
Seja a abcissa dum ponto de tangência.
¡ Como
¢ () = 2 e () = + 1, temos que uma
2
equação da recta tangente no ponto = + 1 é
− 2 − 1 = 2 ( − ) ⇐⇒ − 2 − 1 = 2 − 22
⇐⇒ = 2 − 2 + 1
√
Como a recta tem de √ passar pelo ponto √
(0 ), temos
√ = 1 − 2 , donde vem = ± 1 − .
Então, 0 () = ±2 1 − , pelo que −2 1 − × 2 1 − = −1, para que as tangentes sejam
perpendiculares.
Então, 1 − = 14 , donde vem = 34 .
Então, as equações das tangentes são = ± + 34 .
10
-2 2
-2
Neste ponto, confesso que não suspeitei de nada, mas resolvi ir mais adiante: Para que as duas
tangentes sejam perpendiculares, onde deve estar o seu ponto de intersecção?
36.2. TANGENTES A UMA PARÁBOLA 921
Exercício 744 Que relação deve existir entre e , de modo que as rectas que passam por ( ) e
são tangentes ao gráfico da função () = 2 + 1 sejam perpendiculares.
Resolução
Seja a abcissa dum ponto de tangência.
¡ Como¢ 0 () = 2 e () = 2 + 1, temos que uma
2
equação da recta tangente no ponto 1 = + 1 é
− 2 − 1 = 2 ( − ) ⇐⇒ − 2 − 1 = 2 − 22
⇐⇒ = 2 − 2 + 1
Como a recta tem de passar pelo ponto ( ), temos = 2−2 +1, donde vem 2 −2+−1 =
0.
1 1 1
No outro ponto de tangência, o declive tem de ser − 2 , pelo que 2 = − 2 . Então, = − 4 ,
1
o que significa que a abcissa
¡ 1 do outro ¢ponto de tangência é − 4 . Então, uma equação da recta
1
tangente no ponto 2 = − 4 16 2 + 1 é
µ ¶
1 1 1 1 1 1
− 2
−1=− + ⇐⇒ = − − 2 + +1
16 2 4 2 8 162
1 1
⇐⇒ = − − +1
2 162
Então, o ponto ( ) é a intersecção das duas tangentes, ou seja, a solução do sistema
½
= 2 − 2 + 1
1 1
= − 2 − 16 2 + 1
1 1
Então, 2 − 2 + 1 = − 2 − 162 + 1. Ora,
1 1 1 1
2 − 2 + 1 = − − +1 ⇐⇒ 2 + = 2 −
2 162 2 162
42 + 1 164 − 1
⇐⇒ = 2
2 ¡ 16 ¢¡ ¢
2
4 + 1 4 + 1 42 − 1
2
⇐⇒ =
2 162
1 42 − 1
⇐⇒ =
2 162
2
4 − 1
⇐⇒ =
8
E continuei a não suspeitar de nada...
42 − 1 42 − 1 1 3
= 2 − 2 + 1 = 2 × − 2 + 1 = − 2 + 1 = 1 − =
8 4 4 4
E, agora, tudo ficou claro: se duas rectas são tangentes a uma parábola e são perpendiculares
entre si, então intersectam-se num ponto que pertence à directriz da parábola.
E não é preciso fazer a demonstração da propriedade anterior para o caso geral, uma vez que
utilizamos uma função quadrática particular? A resposta é não, se soubermos que todas as parábolas
são semelhantes!
De qualquer modo, vamos resolver o exercício mais geral:
922 CAPÍTULO 36. COMO NASCEM OS PROBLEMAS?
Exercício 745 Considere a parábola de equação 2 = 2, com 0. Mostre que duas rectas
perpendiculares que sejam tangentes à parábola se intersectam num ponto pertencente à directriz da
parábola.
Resolução
2 2
Da equação 2 = 2, concluimos que = . Seja () = . Então, 0 () = .Sejam um
µ ¶2 2
2
número real diferente de zero e 1 = um dos pontos de tangência. Então, uma equação
2
da recta tangente à parábola em 1 é
2 2 2 2
− = ( − ) ⇐⇒ = + − ⇐⇒ = −
2 2 2
O declive da outra tangente tem de ser − , pelo que a derivada da função nesse ponto tem
de ser − .
2
Então, devemos ter 0 () = − , ou seja, = − . Então, = − .
³ 2 ´2
µ 2¶ − µ ¶
3 2 3
Mas, − = = 2 . Então, 2 = − 2 .
2 2 2
Então, uma equação da recta tangente à parábola em 1 é
µ ¶
3 2 3 3 3
− 2 =− + ⇐⇒ = − − 2 + 2 ⇐⇒ = − − 2
2 2 2
Pretendemos determinar o ponto de intersecção das duas rectas:
⎧ ⎧ ⎧
⎪ 2 ⎪
⎪ 2 ⎪
⎪ 2
⎨ = − ⎨ = − ⎨ = −
2 ⇐⇒ 2 ⇐⇒ µ ¶ 2 2
⎪
⎩ =− − 3
⎪
⎪ 2
3
⎪
⎪ 3
⎩ − = − − 2
⎩ + = − 2
22 2 2 2 2
⎧ 2
⎧ 2
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎨ = − ⎨ = −
⇐⇒ 2 ⇐⇒ 2¡ ¢¡ ¢
⎪
⎪ 2
+ 2
4
− 4
⎪
⎪ 2
+ 2 2 + 2 2 − 2
⎩ = ⎩ =
22 22
⎧ 2 ⎧ µ ¶
2 2
⎪
⎪ = − ⎪ = − 2
⎨ ⎨ −
⇐⇒ 2 ⇐⇒ 2 2
2 2 2 2
⎪
⎪ − ⎪
⎩ = −
⎩ =
22 2
⎧ 2 2 2 ⎧
⎪ −
⎨ = − ⎨ =−
⇐⇒ 2 2 ⇐⇒ 2
2 2
⎪
⎩ = −
2 2
⎩ = −
2 2
A ordenada do ponto de intersecção das duas tangentes não depende de . Como a directriz da
parábola é a recta de equação = − , está resolvido o exercício.
2
36.3. TERMOS CONSECUTIVOS NO TRIÂNGULO DE PASCAL 923
Exercício 747 O quociente entre dois termos consecutivos duma linha do triângulo de Pascal é ,
com ∈ Q+ . Qual é a linha? Terá o problema sempre solução?
Resolução
Se é um número natural, então existe uma linha em que os dois primeiros elementos são 1 e
, cujo quociente éµ.¶
¶ −+1
Partindo de µ = , temos = , pelo que = ( + 1) − 1, o que mostra que
−1
há infinitas soluções, com ∈ N.
−+1
No caso de termos um número fraccinário positivo vem = , com ∈ N e primos
entre si, isto é, mdc ( ) = 1. ½
−+1=
Se quisermos mostrar que há, pelo menos, uma solução, basta-nos fazer .
½ =
=+−1
Então, .
= ½ ½
− + 1 = = + − 1
Se quisermos mostrar que há infinitas soluções, fazemos , isto é, .
= =
Capítulo 37
O Teorema de Marion
925
926 CAPÍTULO 37. O TEOREMA DE MARION
927
928 CAPÍTULO 37. O TEOREMA DE MARION
929
930 CAPÍTULO 37. O TEOREMA DE MARION
931
932 CAPÍTULO 37. O TEOREMA DE MARION
933
934 CAPÍTULO 37. O TEOREMA DE MARION
935
936 CAPÍTULO 37. O TEOREMA DE MARION
937
938 CAPÍTULO 37. O TEOREMA DE MARION
939
940 CAPÍTULO 37. O TEOREMA DE MARION
941
942 CAPÍTULO 37. O TEOREMA DE MARION
943
944 CAPÍTULO 37. O TEOREMA DE MARION
Capítulo 38
Se a percentagem de deputados fosse a mesma teríamos os seguintes valores para cada partido:
945
946 CAPÍTULO 38. AS ELEIÇÕES E O MÉTODO DE HONDT
É claro que o número de deputados tem de ser um número inteiro. Se arredondarmos os números
anteriores, obtemos:
Partido BE CDS/PP PCP/PEV PCTP/MRPP PDA
N de Deputados 15 17 18 2 0
Partido PH PND PNR POUS PPD/PSD PS
N de Deputados 1 2 0 0 67 105
E teríamos 227 deputados, quando só queríamos eleger 226. No entanto, mesmo que tivéssemos
226 deputados, este processo poderia não ser correcto. Como resolver este problema?
É aqui que surge o método de Hondt, que consiste em dividir o número de votos de cada partido
por 1, por 2, por 3 e assim sucessivamente. Depois, escolhemos os 226 melhores quocientes.
De seguida, apresentamos o número de deputados que seriam eleitos por cada partido, seguindo
este método:
Partido BE CDS/PP PCP/PEV PCTP/MRPP PDA
N de Deputados 15 17 17 1 0
% de Deputados 6,64% 7,52% 7,52% 0,44% 0,00%
% de Votos 6,54% 7,45% 7,80% 0,86% 0,03%
Partido PH PND PNR POUS PPD/PSD PS
N de Deputados 0 2 0 0 67 105
% de Deputados 0,00% 0,44% 0,00% 0,00% 30,09% 47,35%
% de Votos 0,30% 0,72% 0,17% 0,10% 29,59% 46,43%
Embora haja diferenças entre as percentagens de votos obtidos e a percentagem de deputados
eleitos por cada partido, essa diferença é muito pequena, comparada com as discrepâncias registadas
com 20 círculos eleitorais.
Note-se que o último deputado que seria eleito, com um único círculo eleitoral, pertenceria ao
Partido Socialista e seria o 107 deputado deste partido.
Dividindo os 2571615 votos do PS por 107, obtemos 24033,78505.
Então, os votos do PS podem ser divididos em 107 pacotes de 24033 votos, sendo que o Bloco de
Esquerda só conseguia 15 pacotes de 24033 votos (embora restassem alguns), o CDS/PP conseguia
17 pacotes de 24033 votos e assim por diante...
Quem beneficia com a existência de 20 círculos eleitorais? A resposta é bastante clara: são os
grandes partidos, isto é, o Partido Socialista e Partido Social Democrata que são os partidos que
podem alterar a lei eleitoral.
É bastante compreensível, embora criticável, o motivo que os leva a manter tal lei, a qual permite
que um partido com 46,43% dos votos tenha mais de 50% dos deputados. Repare-se que o PSD,
apesar do desastre eleitoral, também fica beneficiado, o que nos leva a afirmar que os dois maiores
partidos ficam a ganhar com a existência de 20 círculos eleitorais, quer ganhem as eleições, quer
percam.
Vejamos, agora, o que se passou na Região Autónoma da Madeira, onde foram eleitos 6 deputa-
dos.
947
Note-se que o 2 partido mais votado (o PS) não sai beneficiado na percentegem de deputados,
porque o PS é um pequeno partido em muitos círculos eleitorais (pelo menos, era um pequeno
partido, nas eleições de 2000).
Como observação final, registe-se que, na Assembleia Regional da Madeira, está a ser discutido
um projecto de lei que estabelece o subsídio a atribuir a cada partido. Tal subsídio, segundo o
partido maioritário (PSD), deve depender do número de deputados de cada partido e não, como
defendem os pequenos partidos, do número de votos obtidos. Esperemos para ver o resultado dessa
discussão.
Como vemos, isto anda tudo ligado... e é muito previsível...
Terminamos, registando o facto do número de deputados a eleger por cada círculo eleitoral
ser calculado pelo método de Hondt, considerando-se o número de eleitores recenseados em cada
círculo. Mas, segundo consta, os cadernos eleitorais estão desactualizados, havendo muitos eleitores
fantasma, pelo que o número de deputados a eleger em cada círculo pode não corresponder à
realidade.
Capítulo 39
Começamos por referir que, salvo referência expressa em contrário, utilizamos sempre um referencial
ortonormado, embora nalgumas imagens tal não aconteça.
É claro que, se apenas fosse paga a água, o preço a pagar seria de 2 25 × Euros.
Se houver uma parcela fixa a pagar, digamos Euros, o preço a pagar será de (2 25 × + )
Euros.
Neste exemplo, tem de ser ≥ 0. A representação gráfica, em referencial não monométrico, é a
seguinte:
949
950 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
3. Equação reduzida da recta de declive 2 que passa pelo ponto = (3 4):
− 4 = 2 ( − 3) ⇐⇒ = 2 − 6 + 4 ⇐⇒ = 2 − 2
4. Equação reduzida da recta de declive −3 que passa pelo ponto = (2 −5):
+ 5 = −3 ( − 2) ⇐⇒ = −3 + 6 − 5 ⇐⇒ = −3 + 1
6. Equação reduzida da recta que passa pelos pontos = (4 −3) e = (6 1):
½
= −
−
1+3
= 6−4 = 42 = 2
=⇒ = 2 − 8 − 3 =⇒ = 2 − 11
+ 3 = 2 ( − 4)
951
Elevando ambos os membros ao quadrado e substituindo ( ) por ( ), obtemos
( − )2 + ( − )2 = ( − )2 + ( − )2
Então,
Logo,
2 − 2 = −2 + 2 + 2 +
2
− 2 −
2
Então,
2 ( − ) = −2 ( − ) + 2 − 2 +
2 2
−
E, por fim
− 2 − 2 +
2 2
−
=− +
− 2 ( − )
Como podemos verificar, a recta e a mediatriz de têm declives cujo produto é −1.
É claro que a fórmula anterior só é válida se 6= . Se = , a mediatriz será uma
recta vertical.
Note-se que, num plano, toda a recta é mediatriz de algum segmento de recta, pelo que toda
a recta admite uma equação da forma + + = 0, com 6= 0 ∨ 6= 0.
12. Sejam = (3 −4) = (5 1) e = (2 −6). Qual a distância do ponto à recta ?
1+4 5
1 = 5−3 = 2 Logo, o declive de qualquer recta perpendicular a é − 25 .
Equação reduzida da recta que passa por e é perpendicular a :
2 2 4 2 26
+ 6 = − ( − 2) ⇐⇒ = − + − 6 ⇐⇒ = − −
5 5 5 5 5
5 5 15 5 23
+4= ( − 3) ⇐⇒ = − − 4 ⇐⇒ = −
2 2 2 2 2
¡ 89 111
¢
Seja = 29 − 29 . Então, a distância do ponto à recta é .
sµ ¶2 µ ¶2 sµ ¶2 µ ¶2
89 111 31 63
= 2− + −6 + = − + −
29 29 29 29
√ √
961 + 3969 4930
= =
29 29
13. Sejam = (1 −1) = (5 5) e = (2 −2). Determine uma equação cartesiana da circun-
ferência de centro e que é tangente à recta .
O raio da circunferência é a distância do ponto à recta , pelo que este exercício é muito
parecido com o exercício anterior.
Equação reduzida da recta :
5+1 6 3 3
1 = 5−1 = 4 = 2 +1= 2 ( − 1) ⇐⇒ = 32 − 5
2
O declive duma recta perpendicular a é − 23 . Então, uma equação da recta que passa por
e é perpendicular à recta é + 2 = − 23 ( − 2), ou seja, = − 23 − 23 .
Intersecção das duas rectas:
½ ½ ½
= 32 − 52 = 32 − 52 = 32 − 52
2 2 ⇐⇒ 3 5 2 2 ⇐⇒
= −3 − 3 − =− − 3 9 − 15 = −4 − 4
½ 2 32 5 3 ½ ½
= 2 − 2 = 2 × 11
3
13 − 52 = − 16
13
⇐⇒ ⇐⇒ 11 ⇐⇒
13 = 11 = 13 = 11
13
953
¡ 11 16
¢
Seja = 13 − 13 e o raio da circunferência pretendida. Então,
sµ ¶2 µ ¶2 sµ ¶2 µ ¶2
11 16 15 10
= = −2 + − +2 = − +
13 13 13 13
√ √ √
225 + 100 325 5 13 5
= = = =√
13 13 13 13
Equação da circunferência:
25
( − 2)2 + ( + 2)2 =
13
14. Sejam = (1 2), = (3 4) e = (5 −4). Determine uma equação da circunferência que
passa por , e .
¡ ¢ ¡ ¢
1 = 1+3 2+4
2 2 = (2 3) 2 = 1+5 2−4
2 2 = (3 −1)
4−2 −4−2
1 = 3−1 =1 2 = 5−1 = − 32
Mediatriz de []:
− 3 = −1 ( − 2) ⇐⇒ = − + 2 + 3 ⇐⇒ = − + 5
Mediatriz de []:
2 2 2
+1= ( − 3) ⇐⇒ = − 2 − 1 ⇐⇒ = − 3
3 3 3
¡ 24 ¢
Seja = 5 15 . Então,
sµ ¶2 µ ¶2 sµ ¶2 µ ¶2
24 1 19 9
= = −1 + −2 = + −
5 5 5 5
√ √
361 + 81 442
= =
5 5
Equação da circunferência:
µ ¶2 µ ¶2
24 1 442
− + − =
5 5 25
954 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
µ ¶2 µ ¶2
24 1 442 48 576 2 1 442
− + − = ⇐⇒ 2 − + + 2 − + − =0
5 5 25 5 25 5 25 25
48 2 135
⇐⇒ 2 + 2 − − + =0
5 5 25
48 2 27
⇐⇒ 2 + 2 − − + =0
5 5 5
15. Considere a circunferência definida por ( − 2)2 + ( − 3)2 = 13 e o ponto = (10 2).
(b) Determine a equação reduzida de cada uma das rectas que passam por e são tangentes
à circunferência, começando por achar a distância de aos dois pontos de tangência.
Resolução
q √ √ √
2 2
a. = (2 3) = (10 2) = (2 − 10) + (3 − 2) = 64 + 1 = 65 13 =
¡√ ¢2 √ √
b. 2 + 2 = 65 =⇒ 2 = 65 − 13 Logo, = 52 = 2 13.
T1
T2
√
Consideremos a circunferência de centro e raio 52. Então,
2 2
( − 10) + ( − 2) = 52 ⇐⇒ 2 − 20 + 100 + 2 − 4 + 4 = 52
⇐⇒ 2 + 2 = 20 + 4 − 52
955
½ ½
2 + 2 = 20 + 4 − 52 2 + 2 = 20 + 4 − 52
2 2 ⇐⇒
( − 2) + ( − 3) = 13 2 − 4 + 4 + 2 − 6 + 9 = 13
½
2 + 2 = 20 + 4 − 52
⇐⇒
2 + 2 = 4 + 6
½
2 + 2 = 4 + 6
⇐⇒
20 + 4 − 52 = 4 + 6
½
2 + 2 = 4 + 6
⇐⇒
16 − 2 = 52
½
2 + 2 = 4 + 6
⇐⇒
8 − = 26
½
2 + (8 − 26)2 = 4 + 6 (8 − 26)
⇐⇒
= 8 − 26
½
2 + 642 − 416 + 676 = 4 + 48 − 156
=⇒
= 8 − 26
½
652 − 468 + 832 = 0
⇐⇒
= 8 − 26
½
= 16
5 ∨=4
⇐⇒
= 8 − 26
½ ½
= 16
5 =4
⇐⇒ 16 ∨
=8× 5 − 26 = 8 × 4 − 26
½ ½
= 16
5 =4
⇐⇒ ∨
= − 25 =6
¡ 16 ¢ − 25 − 2 −2 − 10 −12 6
= (10 2) 1 = 5 − 25 1 = 16 = = =
5 − 10
16 − 50 −34 17
6 6 60 6 26
−2= 17 ( − 10) ⇐⇒ = 17 − 17 + 2 ⇐⇒ = 17 − 17
6−2 4 2
= (10 2) 2 = (4 6) 2 = = =−
4 − 10 −6 3
2 2 20 2 26
− 2 = − ( − 10) ⇐⇒ = − + 3 + 2 ⇐⇒ = − + 3
3 3 3
Segundo Processo
T1
M A
T2
√
Equação da circunferência de centro e raio 265 :
µ ¶2
5 65 25 65
( − 6)2 + − = ⇐⇒ 2 − 12 + 36 + 2 − 5 + =
2 4 4 4
⇐⇒ 2 + 2 = 12 + 5 − 26
2 + 25 10 + 2 12 6
Então, 1 = = = = .
10 − 165
50 − 16 34 17
6
Equação da recta 1 : − 2 = ( − 10)
17
2−6 −4 2
E 2 = = =− .
10 − 4 6 3
2
Equação da recta 2 : − 2 = − ( − 10)
3
Terceiro Processo
As rectas não verticais que passam por têm equação do tipo − 2 = ( − 10).
½ 2 ½ 2 2
+ 2 = 4 + 6 + ( − 10 + 2) = 4 + 6 ( − 10 + 2)
⇐⇒
= ( − 10) + 2 = ( − 10) + 2
½ 2
+ 2 2 + 1002 + 4 − 202 + 4 − 40 = 4 + 6 − 60 + 12
Logo,
= ( − 10) + 2
½ ¡ ¢ ¡ ¢
1 + 2 2 + −202 − 2 − 4 + 1002 + 20 − 8 = 0
Então,
= ( − 10) + 2
Ora,
¡ ¢2 ¡ ¢¡ ¢
∆ = −202 − 2 − 4 − 4 1 + 2 1002 + 20 − 8 = −2042 − 64 + 48
Então,
2 6
∆ = 0 ⇐⇒ −2042 −64+48 = 0 ⇐⇒ 512 +16−12 = 0 ⇐⇒ = − ∨ =
3 17
E, agora, calculávamos os valores de , obtendo-se as mesmas equações dos processos
anteriores.
Observação
Duas rectas não verticais são paralelas se e só se têm o mesmo declive.
Consideremos duas rectas e que não têm o mesmo declive. Então, = +
½ e = + ,
= +
com 6= são as equações reduzidas das duas rectas. Resolvamos o sistema .
= +
½ ½ ½
= + = + = +
⇐⇒ ⇐⇒
= + + = + ( − ) = −
(
( − )
= − +
⇐⇒
= −
−
Então, existe um único ponto de intersecção, pelo que as rectas não são paralelas.
Consideremos duas rectas e que têm o mesmo declive . Então, = + e = +
são as equações reduzidas das duas rectas.
Se = , as duas rectas
½ são coincidentes, pelo que são paralelas.
= +
Se 6= , o sistema é impossível, pelo que as duas rectas não têm pontos
= +
comuns. Então, e são estritamente paralelas.
958 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
Resolução
d)
−2 −3 5 1
= ⇐⇒ 4 − 12 = 5 − 10 ⇐⇒ 4 = 5 + 2 ⇐⇒ = +
4 5 4 2
Exercício 750 Considere a recta que passa pelo ponto = (0 0 ) e tem a direcção do vector
−
→
= ( ), com 6= 0 ∧ 6= 0. Determine:
Resolução
( − 0 ) + ( − 0 ) = 0
E, para obter um vector director da recta, basta-nos trocar a ordem e um dos sinais das coor-
denadas do vector −
→
, obtendo-se, por exemplo, −
→ = ( −).
Então, uma equação vectorial da recta é
Exercício 751 Considere a recta definida pelos pontos = (1 3) e = (5 5). Determine:
Resolução
−−
→
a) = − = (5 5) − (1 3) = (4 2) k (2 1)
Então, ( ) = (1 3) + (2 1) ∈ R
½
= 1 + 2
b) ∈ R
=3+
−1 −3
c) =
2 1
d)
1 5
2 − 6 = − 1 ⇐⇒ 2 = + 5 ⇐⇒ = +
2 2
Exercício 752 Considere os pontos = (1 3) e = (5 5). Determine a equação reduzida da
mediatriz de [].
Resolução ¡ ¢
O ponto médio de [] é dado por = 1+5 3+5
2 2 = (3 4).
−−→
= − = (3 4) − (1 3) = (2 1) é um vector perpendicular à mediatriz de . Então:
2 ( − 3) + 1 ( − 4) = 0 ⇐⇒ 2 − 6 + − 4 = 0 ⇐⇒ = −2 + 10
960 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
Exercício 753 Considere os pontos = (1 2), = (5 6) e = (7 0). Determine o baricentro, o
ortocentro, o circuncentro e o incentro do triângulo [].
Resolução
a) Determinação do baricentro ou centro de gravidade:
O baricentro dum triângulo é o ponto de intersecção das três medianas do triângulo, tendo-se
que mediana é o segmento de recta que une um vértice ao ponto médio do lado oposto.
O ponto médio de [] é 1 = (3 4).
−−−→
1 = 1 − = (3 4) − (7 0) = (−4 4) ⊥ (1 1)
Uma equação cartesiana da recta que contém a mediana anterior é:
−7+ =0
O ponto médio de [] é 2 = (6 3).
−−−→
2 = 2 − = (6 3) − (1 2) = (5 1) ⊥ (1 −5)
Uma equação cartesiana da recta que contém a mediana anterior é:
− 1 − 5 ( − 2) = 0
Já não é necessário obter a terceira equação, a menos que queiramos verificar que, de facto, as
três medianas têm um ponto comum.
½ ½ ½
=7− =7− = 133
⇐⇒ ⇐⇒
7 − − 1 − 5 + 10 = 0 −6 = −16 = 83
¡ ¢
Logo, o baricentro do triângulo é o ponto = 13 8
3 3 .
−→ −−−→
Como curiosidade, calculemos e 2 :
( −→ ¡ ¢ ¡ ¢
= − = 13 8
3 3 − (1 2) = 10 23
−−−→ ¡ ¢ ¡5 1¢
3
2 = 2 − = (6 3) − 13 8
3 3 = 3 3
−→ −−−→
A conclusão é que = 2 , que é uma propriedade que se verifica em qualquer triângulo e
relativamente a qualquer das medianas. Esta propriedade costuma enunciar-se do seguinte modo:
as medianas dum triângulo trissectam-se.
¡ ¢ ¡ 13 8 ¢
Uma última curiosidade: = 1+5+7 3 2+6+0
3 = 33 .
b) Determinação do ortocentro:
O ortocentro dum triângulo é o ponto de intersecção das rectas que contêm as alturas do
triângulo.
−−→
= − = (5 6) − (1 2) = (4 4) k (1 1)
Uma equação cartesiana da recta que passa por e é perpendicular a [] é − 7 + = 0.
−→
= − = (7 0) − (1 2) = (6 −2) k (3 −1)
Uma equação cartesiana da recta que passa por e é perpendicular a [] é 3 ( − 5)−( − 6) =
0, ou seja, 3 − − 9 = 0.
½ ½ ½
=7− =7− =4
⇐⇒ ⇐⇒
21 − 3 − − 9 = 0 −4 = −12 =3
Logo, o ortocentro do triângulo [] é o ponto = (4 3).
961
c) Determinação do circuncentro:
O ponto médio de [] é 1 = (3 4); o ponto médio de [] é 2 = (3 4).
⎧ −−→
⎪
⎨ = (4 4) k (1 1)
−→
⎪ = (6 −2) k (3 −1)
⎩ = (3 4) ; = (4 1)
1 2
½ ½ ½
1 ( − 3) + 1 ( − 4) = 0 + =7 =7−
⇐⇒ ⇐⇒
3 ( − 4) − 1 ( − 1) = 0 3 − 12 − + 1 = 0 3 − 12 − 7 + + 1 = 0
½ ½ 5
=7− =2
⇐⇒ ⇐⇒
4 = 18 = 92
¡ ¢
Logo, o circuncentro do triângulo é o ponto = 92 52 .
Verificação: °−−→° q
−−→ ¡ ¢ ¡ ¢ ° ° √
5 2
= − = 92 52 − (1 2) = 72 12 =⇒ °° = 50 =
−−→ ¡9 5¢ ¡ 1 7¢ °−−→° 4q 2 √
° °
= − = 2 2 − (5 6) = − 2 − 2 =⇒ °° = 50 4 = 2
5 2
−−→ ¡ ¢ ¡ ¢ ° ° q √
°−−→° 5 2
= − = 92 52 − (7 0) = − 52 52 =⇒ °° = 50 4 = 2
Finalmente, observe-se que uma equação da circunferência circunscrita ao triângulo [] é:
µ ¶2 µ ¶2
9 5 25
− + − =
2 2 2
d) Determinação do incentro:
O incentro dum triângulo é o ponto de intersecção das bissectrizes dos ângulos internos do
triângulo, ou seja é o ponto que está à mesma distância dos três lados do triângulo.
Para encontrar um vector director da bissectriz do ângulo interno (por exemplo), encontramos
−
−→ −→
os dois vectores e e depois temos de obter dois outros vectores com a mesma norma e que
−−→ −→
tenham a direcção e o sentido dos vectores e . A soma dos dois vectores encontrados é um
vector director da bissectriz.
−
−→ −→
= − = (4 4) = 4 (1 1) ; = − √= (6 −2) =√3 (3 −1)√; →
→
−
Sejam = →
−
(1 1) e =¡√(3 −1). Então, k−
→ k ¡√ →
−
= 2 e k√ k = ¢ 10 = 5 k− k.
√ √ ¢
Seja −
→
= 5− → +− → = 5 5 + (3 −1) = 5 + 3 5 − 1 .
Então, −→
é um vector director da bissectriz do ângulo , pelo que uma equação cartesiana da
(recta) bissectriz é:
−1 −2
√ =√
5+3 5−1
Analogamente, temos:
−−→ √
= − = (2 −6) = 2 (1 −3) ; k(1 −3)k = 10
−−→ √
= − = (−4√−4) = 4 (−1 −1) ; √ k(−1 √ −1)k = 2
→
− ¡ ¢
Seja = (1 −3) + 5 (−1 −1) = 1 − 5 −3 − 5 .
Equação cartesiana da (recta) bissectriz do ângulo :
962 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
−5 −6
√ =√
5−1 5+3
O incentro do triângulo obtém-se resolvendo o sistema formado pelas equações das duas bissec-
trizes:
½ ¡√ ¢ ¡√ ¢ ½ √
( − 1) ¡√5 − 1¢ = ( − 2) ¡√5 + 3¢ = 2 + √5
⇐⇒
( − 5) 5 + 3 = ( − 6) 5 − 1 =5− 5
Apenas apresentámos a solução do sistema, sem a resolução do mesmo, por não haver interesse
na sua apresentação. ¡ √ √ ¢
E, agora, podemos afirmar que o incentro é 2 + 5 5 − 5 .
Uma equação da circunferência inscrita ao triângulo é:
³ √ ´2 ³ √ ´2
− 2 − 5 + − 5 + 5 = 2
¡ √ √ ¢
Na expressão anterior, é a distância do ponto = 2 + 5 5 − 5 à recta que contém um
√ √
dos lados do triângulo, tendo-se = 10 − 2:
Cálculo da distância do ponto à recta :
−−→
= (4 4) = 4 (1 1) =⇒ = 1; = (1 2)
Então, a recta é definida por = + 1, equação que é equivalente a − + 1 = 0;
A distância do ponto à recta é dada por:
¯ √ √ ¯ Ã √ !
³√ ´√
¯2 + 5 − 5 + 5 + 1¯ 2 5−2 √ √ √
= √ = 2= 5−1 2 = 10 − 2
1+1 2
Então, uma equação da circunferência inscrita no triângulo é:
³ √ ´2 ³ √ ´2 ³√ √ ´2
−2− 5 + −5+ 5 = 10 − 2
Exercício 754 Considere os pontos = (1 3), = (5 1) e = (4 5). Sem usar o produto
interno, determine uma equação cartesiana e uma equação vectorial da recta que passa por e é
perpendicular à recta .
Resolução
O que se pretende neste exercício é obter uma equação duma recta perpendicular a outra,
utilizando, apenas, o conhecimento de que rectas paralelas têm o mesmo declive e a fórmula da
distância entre dois pontos, para definir a mediatriz dum segmento de recta.
Seja = ( ), um ponto equidistante de e . Então:
q q
( − 1) + ( − 3) = ( − 5)2 + ( − 1)2
2 2
2 − 2 + 1 + 2 − 6 + 9 = 2 − 10 + 25 + 2 − 2 + 1
A equação anterior é equivalente a 8 − 4 = 16, donde se conclui que = 2 − 4.
963
Exercício 755 Considere os pontos = (0 0), = (−4 −12) e = (8 −8). Determine o
baricentro, o ortocentro e o circuncentro do triângulo [].
Resolução
Determinação do baricentro: ¡ ¢ ¡ 4 20 ¢
Seja o baricentro de []. Então, = 0−4+8 3 0−8−12
3 = 3 − 3 .
Se pretendermos utilizar equações das rectas que contêm as medianas, para obter o baricentro:
Seja 1 o ponto médio de []. Então, 1 = (−2 −6).
−−−→
Logo, 1 = − 1 = (8 −8) − (−2 −6) = (10 −2).
Então, uma equação cartesiana da recta 1 é
+2 +6
=
10 −2
Logo, + 2 = −5 − 30, donde vem = −5 − 32.
Seja 2 o ponto médio de []. Então, 2 = (4 −4).
−−−→
Logo, 2 = − 2 = (−4 −12) − (4 −4) = (−8 −8).
Então, uma equação cartesiana da recta 2 é
+4 + 12
=
−8 −8
Logo, + 4 = + 12, donde vem = + 8.
Determinação do ponto de intersecção das duas rectas anteriores:
½ ½ ½ ½
= −5 − 32 + 8 = −5 − 32 6 = −40 = − 20
3
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
=+8 =+8 =+8 = 43
¡ ¢
Logo, = 43 − 20
3 .
Determinação do ortocentro:
O ortocentro é o ponto de intersecção das rectas que contêm as alturas do triângulo.
−→
Ora, = (−4 −12) − (0 0) = (−4 −12), pelo que o declive da recta é 3. Logo, as rectas
perpendiculares a têm declive − 13 .
Então, uma equação da recta que passa por e é perpendicular a é
1
+ 8 = − ( − 8)
3
Logo, −3 − 24 = − 8, donde vem = −3 − 16.
964 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
−−→
Repetindo o raciocínio, temos = (8 −8) − (0 0) = (8 −8), pelo que o declive da recta
é −1. Então, as rectas perpendiculares a têm declive 1.
Então, uma equação da recta que passa por e é perpendicular a é
+ 12 = + 4
Logo, = + 8.
Determinação do ponto de intersecção das duas rectas anteriores:
½ ½ ½ ½
= −3 − 16 + 8 = −3 − 16 4 = −24 = −6
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
=+8 =+8 =+8 =2
Logo, o ortocentro do triângulo é o ponto (2 −6).
Determinação do circuncentro:
O circuncentro é o ponto de intersecção das mediatrizes dos lados do triângulo.
Já vimos que as rectas perpendiculares a têm declive − 13 e que o ponto médio de [] é
(−2 −6).
Equação da recta perpendicular a e que passa pelo ponto médio de []:
1
+ 6 = − ( + 2)
3
Logo, + 2 = −3 − 18, pelo que = −3 − 20.
As rectas perpendiculares a têm declive 1. Então, uma equação da recta perpendicular a
e que passa pelo ponto médio de [] é:
+4=−4
Logo, = + 8.
Determinação do ponto de intersecção das duas rectas anteriores:
½ ½ ½ ½
= −3 − 20 + 8 = −3 − 20 4 = −28 = −7
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
=+8 =+8 =+8 =1
Logo, o circuncentro do triângulo é o ponto = (1 −7).
A partir do circuncentro, podemos encontrar o raio da circunferência circunscrita ao triângulo
[]: q
2
√ √
= = 12 + (−7) = 50 = 5 2
Logo, uma equação da circunferência circunscrita ao triângulo [] é:
( − 1)2 + ( + 7)2 = 50
Exercício 756 Considere os pontos = (2 3), = (5 7) e = (−3 4). Determine a área do
triângulo [].
Resolução
a) Começamos por referir que estamos sempre a supor que utilizamos um referencial ortonor-
mado.
Determinação da área do triângulo [], usando trapézios:
É fácil verificar, na figura abaixo, que a área do triângulo [] é a diferença entre a área do
trapézio [ ] e a soma das áreas dos trapézios [] e [ ].
965
4+7
Área do trapézio [ ]: × 8 = 44.
2
4+3 35
Área do trapézio []: ×5= .
2 2
7+3
Área do trapézio [ ]: × 3 = 15.
2
35 23
Área do triângulo []: 44 − − 15 = .
2 2
23
Então, a área do triângulo é 2 unidades de área.
É claro que a unidade de área depende da unidade de comprimento.
b) Determinação da área do triângulo [], usando triângulos e um trapézio:
1+4
Área do trapézio []: × 8 = 20.
2
966 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
1×5 5
Área do triângulo []: = .
2 2
3×4
Área do triângulo []: =6
2
5 23
Área do triângulo []: 20 − 6 − = .
2 2
23
Então, a área do triângulo é unidades de área.
2
c) Determinação da área do triângulo , usando triângulos e um rectângulo:
Exercício 757 Considere os pontos = (2 1) e = (4 5). Determine o(s) ponto(s) , de modo
que o triângulo [] seja equilátero.
1 Resolução
Os três lados do triângulo devem ter o mesmo°comprimento.
−
−→ →°
°−− ° √ √
= − = (4 5) − (2 1) = (2 4). Então, ° ° = 4 + 16 = 20.
−→
Seja = ( ).qEntão, = − = ( ) − (2 1) = (q
− 2 − 1).
°−→° √
° °
Logo, ° ° = ( − 2) + ( − 1) . Então, devemos ter ( − 2)2 + ( − 1)2 = 20.
2 2
−−→
= − =q( ) − (4 5) = ( − 4 − 5).q
°−−→° √
° ° 2 2 2 2
Logo, ° ° = ( − 4) + ( − 5) . Então, ( − 4) + ( − 5) = 20.
Então:
½ 2 2 ½
( − 2) + ( − 1) = 20 2 − 4 + 4 + 2 − 2 + 1 = 20
⇐⇒
( − 4)2 + ( − 5)2 = 20 2 − 8 + 16 + 2 − 10 + 25 = 20
½
2 + 2 = 4 + 2 + 15
⇐⇒
4 + 2 + 15 − 8 − 10 = −21
½ 2 2
( − 2) + ( − 1) = 20
⇐⇒
−4 − 8 = −36
½
(9 − 2 − 2)2 + ( − 1)2 = 20
⇐⇒
= 9 − 2
½
(7 − 2)2 + ( − 1)2 = 20
⇐⇒
= 9 − 2
2 2
Então: (7 − 2) + ( − 1) = 50 − 30 + 5 2
− 3 + 2 ( − 3) = 0
°− ° √
° −→° √
Então, = 2 − 9 e ° ° = 4 + 16 = 20.
−→
Por outro lado, = − = ( ) − (2 1) = ( − 2 − 1) = (9 − 2 − 2 − 1) =
(7 − 2 − 1).
968 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
Então:
Exercício 758 Na figura seguinte, temos que [] é um triângulo equilátero, é o ponto médio
de [], é o ponto médio de [], é o ponto médio de [], é o ponto médio de [ ] e
é o ponto de intersecção de com . Mostre que ⊥ .
G
H
A F D B
969
Resolução 1
Esta questão foi-me apresentada por um colega da Escola Secundária Jaime Moniz. Esta foi a
minha primeira resolução, embora não exactamente desta maneira:
Suponhamos que utilizávamos
¡ √ ¢ um referencial ortonormado, de modo que = (0 0) e = (8 0).
Então, = (4 0) e = 4 4 3 .
¡ √ ¢ ¡ √ ¢
Logo, = (2 0) e = 2 2 3 , pelo que = 2 3 .
√ √
Então, o declive da recta é dado por = 4 4−2 3−0
= 2 3, enquanto que o declive da recta
√ √
é dado por = 0− 3 1
8−2√ = −¡6 3. √ ¢
Então, × = 2 3 × − 16 3 = −1, pelo que as rectas e são perpendiculares.
Logo, ⊥ .
Resolução 2 ¡ √ ¢
Ainda usando a Geometria Analítica, temos = (0 0), = (8 0), = 4 4 3 , = (4 0),
¡ √ ¢ ¡ √ ¢
= 2 2 3 , = (2 0) e = 2 3 .
−−→ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
Então, = − = 2 3 − (8 0) = −6 3 .
−−→ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
Além disso, vem = − = (2 0) − 4 4 3 = −2 −4 3 .
−−→ −−→ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
Logo, · = −6 3 · −2 −4 3 = 12 − 4 × 3 = 0.
−−→ −−→
Então, ⊥ , pelo que ⊥ .
Resolução 3
É claro que o declive duma recta está relacionado com a Trigonometria, o que nos permite outra
resolução: √ √ √
= 4 × tan 60 ◦ = 4 3. Então, = 2 3 e = 3.
Sejam e as amplitudes (em√graus) dos ângulos √ e .
Então, tan =
= 4√2
3
= 63 e tan =
= 63 . Então, tan = tan , pelo que =
(estamos a considerar ângulos agudos).
Ora, os ângulos e são iguais (a ), pelo que a amplitude do ângulo é 90 ◦ − ,
ou seja, 90 ◦ − .
Então, a amplitude do ângulo é 90 ◦ , uma vez que a soma das amplitudes dos ângulos
internos dum triângulo é 180 ◦ .
Resolução 4
É claro que a Trigonometria está relacionada com semelhanças√de triângulos.
√
Seja a altura de []. Então, 2 + 42 = 82 , pelo que = 48 = 4 3, pois 0. √
√ que [ ] e [] são semelhantes, sendo 2 a razão de semelhança. Então, = 2 3
É claro
e = 3.
2 ¡√ ¢2 √
Logo, = 3 + 62 = 39. Então, = 39.
2 ¡ √ ¢2 √ √
Por outro lado, = 22 + 4 3 = 52. Logo, = 52 = 2 13.
√ √
Ora, 23 = 2√39 13
= 4√6
3
, pelo que os lados dos triângulos [ ] e [ ] são directamente
proporcionais.
Então, os triângulos [ ] e [ ] são semelhantes pelo que os ângulos de um são iguais aos
ângulos do outro. Então, os ângulos e são iguais.
Logo, como vimos na resolução anterior, ⊥ .
Observações
G
H
A F D B
4. Depois de ter escrito as observações anteriores, tentei outros pontos, de modo a obter um
ângulo recto. Depois de várias tentativas falhadas, descobri algo de muito interessante: se
unisse os pontos médios de [] e [] com e , respectivamente, obtinha um ângulo
recto. O mais difícil estava feito. Com alguma paciência, descobri o seguinte exercício:
−−→ −−→
Exercício 759 Nas condições do exercício anterior, sejam = + e = + .
Então, as rectas e são perpendiculares.
Resolução ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
Ora, = (0 0), = 2 2 3 , = (2 0), = (4 0), = (8 0) e = 4 4 3 .
Então,
⎧ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢ ¡ √ √ ¢ ¡ √ ¢
⎨ = 2 2 3 + 0 −2 3 = 2 2 3 − 2 3 = 2 2 (1 − ) 3
⎩
= (0 0) + (4 0) = (4 0)
Logo, ⎧ −−−→ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
⎪
⎨ = 2 2 (1 − ) 3 − (8 0) = −6 2 (1 − ) 3
⎪
⎩ −−→ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
= (4 0) − 4 4 3 = 4 − 4 −4 3
971
Então,
à √ !
82 − 4 + 8 4 ( − 2) ( − 1) 3
=
2 − 2 + 4 2 − 2 + 4
³ ´2 ³ √ √ ´2
82 −4+8
Seja () = 2 −2+4 − 6 + 4(−2)(−1)
2 −2+4
3
− 2 3 . Então,
972 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
µ ¶2 Ã √ !2
82 − 4 + 8 4 ( − 2) ( − 1) 3 √
() = −6 + −2 3
2 − 2 + 4 2 − 2 + 4
µ 2 ¶2 µ 2 ¶2
8 − 4 + 8 − 62 + 12 − 24 4 − 4 − 8 + 8 − 22 + 4 − 8
= +3
2 − 2 + 4 2 − 2 + 4
µ 2 ¶2 µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2
2 + 8 − 16 22 − 8 2 + 4 − 8 2 − 4
= + 3 = 4 + 12
2 − 2 + 4 2 − 2 + 4 2 − 2 + 4 2 − 2 + 4
¡ 4 ¢ ¡ ¢
4 + 83 − 64 + 64 12 4 − 83 + 162
= 2 + 2
(2 − 2 + 4) (2 − 2 + 4)
44 + 323 − 256 + 256 124 − 963 + 1922
= +
(2 − 2 + 4)2 (2 − 2 + 4)2
¡ ¢
164 − 643 + 1922 − 256 + 256 16 4 − 43 + 122 − 16 + 16
= = = 16
(2 − 2 + 4)2 4 − 43 + 122 − 16 + 16
¡ √ ¢
Logo, pertence à circunferência de centro 6 2 3 e raio 4, como teria de acontecer.
Resolução
= (1 0) = (1 2) = ( 4) = 2 + 4 = 6
2 2 2 2
Então, ( − 1) + (4 − 2) = (4 + 2) , donde vem ( − 1) = 32.
973
√ √
Como 1, então
√ = 1 ¡+ 32√= 1 + ¢ 4 2. ¡ √ ¢
Então, = 4 2 e = 1 + 4 2 0 . Logo, = 1 + 4 2 4 .
2 4 √ ¡ √ ¢
De = , vem = √ . Logo, = 4 2. Então, = 1 − 4 2 0 .
+ 4 2 √
4−2 2 1 2
Declive da recta : 1 = √ = √ = √ = .
1 +√
4 2−1 4 2 2 2 4
2¡ √ ¢ √ √
Equação da recta : − 4 = − 1 − 4 2 . Logo, = 14 2 − 14 2 + 2.
√ 4
Declive da recta : 2 = −2√ 2.¡ √ ¢ √ √
Equação da recta : = −2 2 − 1 − 4 2 = −2 2 + 2 2 + 16.
Intersecção das rectas e :
½ √ √ ½ √ √
= 14 √
2 − 14 √2+2 √ = 14 2√ − 14 2 + 2 √ √
⇐⇒ 1 1
= −2 2 + 2 2 + 16 4 2 − 4 2 + 2 = −2 2 + 2 2 + 16
½ √ ¡1 ¡ √ ¢√ ¢ √
= 14 ¡2 √18 9 2¢ + √ 56 2 − 14 2 + 2
⇐⇒ 1
= 18 9 2 + 56 2
½ 32
= 9 √
⇐⇒
= 1 + 28 9 2
¡ √ 32 ¢ −→ ¡ √ 32 ¢ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
Seja = 1 + 28
9 2 9 . Então, = 1 + 28 9 2 9 − 1 + 4 2 0 = − 89 2 32
9 .
−→ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
Logo, = + = 1 + 28 9 2 32 8
9¡ + √− 9 ¢ 2 32
9 ¡ = 1√ + 20 64
9 ¢2 9 .
−→
Então, = + 12 = (1 2) + 12 − 89 2 32 4
9 = 1 − 9 2 9 .
34
Exercício 761 Considere a figura seguinte, onde temos três circunferências tangentes entre si. A
recta é tangente às três circunferências, enquanto que a recta é tangente a duas delas. A
amplitude do ângulo é 30 ◦ e = 1 cm. é o ponto de intersecção das rectas e .
As circunferências têm centros , e .
Resolução
1. = 2 cm, pelo que = 3 cm. Seja o simétrico do ponto ,em relação ao ponto .
3 cm
Então, = , ou seja, = , donde vem = 3 cm.
1 cm 1 cm
Seja o raio da circunferência menor (em cm). Como [] é um triângulo rectângulo,
2 2 2
temos que = + .
2 2 2
Então, (1 + )2 = (1 − )2 + , pelo que 1 + 2 + 2 = 1 − 2 + 2 + . Logo, 4 = .
√ √ √
Ora, = 3 cm, pelo que = 3 3 cm. Então, = 2 3 cm.
2 2 2
Consideremos o triângulo rectângulo [ ]. Então, = + .
2 2 2 2
Logo, (3 + ) = (3 − ) + , pelo que 9 + 6 + 2 = 9 − 6 + 2 + .
2 2 ¡ √ ¢
Logo, 12 = = . Fazendo = cm, vem = 2 3 − cm, pelo que
( (
4 = 2 12 = 32 ³ √ ´2
¡ √ ¢2 =⇒ ¡ √ ¢2 =⇒ 32 = 2 3 −
12 = 2 3 − 12 = 2 3 −
√ √
=⇒ 3 = 12 − 4 3 + 2 =⇒ 22 + 4 3 − 12 = 0
2
√ √ √
=⇒ 2 + 2 3 − 6 = 0 =⇒ = − 3 ± 3 + 6
√ √
=⇒ = −3 − 3 ∨ = 3 − 3
¡ √ ¢ ¡ √ √ ¢ ¡ √ ¢
Logo, = 3 − 3 cm e = 2 3 − 3 + 3 cm = 3 3 − 3 cm.
¡ √ ¢2 √
2 3− 3 9+3−6 3 3√
E, por fim, temos = = = =3− 3
4 4 4 2
µ ¶
3√
Logo, o raio da circunferência menor é 3 − 3 cm.
2
975
¡√ ¢ ¡ √ ¢ ¡√ ¢
3. = (0 0) = 3 0 = (3 0) = 3 3 0 = 3 1
µ ¶ µ ¶
¡ √ ¢ 3 √ √ 3 √
= 3 3 3 = + 0 3 − 3 = 3 3 − 3
2 2
µ ¶ µ ¶
3√ √ 3√ ¡ √ ¢
= 3 3 − 3 = 3 3 3 − 3 = 3 3 1 .
2 2
µ ¶ µ ¶
3 2 9 2 3
√ 3
√ 3
= , tendo-se + 4 = 3 , pelo que = 2 3. Logo, = 2 3 .
2 2
Podemos obter as coordenadas de e , utilizando Trigonometria:
¡ √ ¢ ³ √ ´ ³ √ ´
= + 3 (cos 150 ◦ sin 150 ◦ ) = 3 3 3 + 3 − 23 12 = 3 2 3 92
¡√ ¢ ³ √3 1 ´ ³ √3 3 ´
= + (cos 150 ◦ sin 150 ◦ ) = 3 1 + − 2 2 = 2 2
√ √
3 3
4. O declive da recta é tan 30 ◦ , ou seja, 3 . Então, a equação reduzida de é = 3 .
√ √
5. O declive da recta é tan 60 ◦ , ou seja, 3. Então, a equação reduzida de é = 3.
√
3
6. A recta é perpendicular à recta , pelo que o seu declive é − 3 .
√ ¡ √ ¢
Uma equação de : − 1 = − 33 − 3 .
√
3
Equação reduzida de : = 2 − 3 .
√ √ ¡ √ ¢ √
3+ 3 ³ √ ´ 3+ 3 3+ 3 3 3
−3= −3 3 ⇐⇒ = +3−
4 4√ √4
3+ 3 9+9 3
⇐⇒ = +3−
4√ √4
3+ 3 3−9 3
⇐⇒ = +
4 4
³ √ ´
3 3 9
9. = 2 2 = (0 0)
³√ ´ ¡√ ¢ ¡ √ ¢
( ) = (0 0) + 3 2 3 92 ou ( ) = 3 3 ou ( ) = 1 3 , com ∈ R.
Resolução
Evidentemente, temos:
µ ¶2 Ã √ !2
3√ 2 3
cinzenta = 2 × 3 − 3 cm = 18 1 − cm2 .
2 2
µ ¶2
¡ √ √ ¢ 3√ ¡ √ √ ¢
vermelha = 8 3 − 23312 + 9 3 cm2
− 3 − 3 cm2 = 8 3 − 211
6 + 18 3 cm2 .
2
E todas as restantes áreas são iguais às áreas do exercício anterior.
978 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
Resolução
= + ∧ = + ∧ = + ∧ = − ∧ = − ∧ = −
⎧ 2 2
⎨ ( + ) = ( − ) + 2
( + )2 = ( − )2 + ( + )2
⎩ 2 2
( + ) = ( − ) + 2
Logo,
⎧ 2
⎨ + 2 + 2 = 2 − 2 + 2 + 2
2
2 + 2 + 2 = 2 − 2 + 2 + ( + )
⎩ 2 2 2 2 2
+ 2 + = − 2 + +
979
Então,
⎧ ⎧ √ ⎧ √
⎪ = 2
⎨ 4 = 2 ⎨ ³ √ √ ´2 ⎨ = 2 √
2
4 = ( + ) ⇐⇒ 4 = 2 + 2 ⇐⇒ 4 =√4 + 8 2 + 4
⎩ 2 ⎪
⎩ √ ⎩
4 = = 2 = 2
⎧ √ ⎧ ³ √ ´
⎨ = + 2 + ⎪
⎨ + 2 + =
√ √
⇐⇒ = 2√ ⇐⇒ = 2√
⎩ ⎪
⎩
= 2 = 2
⎧ ⎧
⎪
⎪
⎪ = √ ⎪
⎪ = ³ √ ´2
⎨ ⎨ √
√+ 2 + ⇐⇒ +
⇐⇒ = 2√ √
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎩ ⎪ = 2√
⎩
= 2 = 2
Logo,
= ³ √ ´2
√
+
Observação ½ √ ½ √
1 = 2 = 2 1 = 2 = 2
Suponhamos que = . Então, 2 , pelo que .
( + + 2 = 4 =
1 = 2 =
Então, .
=
4
2. Área de []:
1 1 ³ √ √ ´ ³√ √ ´
1 = ( − ) ( + ) = ( − ) 2 + 2 = ( − ) +
2 2 √
³√ √ ´√ ³√ √ ´ √
= ( − ) + = ( − ) + √ √ = ( − )
+
Área de []:
⎛ ⎞
√
1 1 √ √ ⎜ ⎟√
2 =
2
( − ) = ( − ) 2 = ( − ) = ⎝ − ³
2 √ √ ´2 ⎠ √ + √
+
⎛ ⎞
√ √ √
2⎜ ⎟ 2 + 2 + −
= ⎝1 − ³
√ √ ´2 ⎠ √ + √ = × ³√ √ ´2 × √ + √
+ +
√ ³ √ ´ ³ √ √ ´
2 + 2 2 + 2
= ³√ √ ´3 = ³ √ ´3
√
+ +
980 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
Área de []:
⎛ ⎞
√
1 1 √ √ ⎜ ⎟√
3 = ( − ) = ( − ) 2 = ( − ) = ⎝ − ³ √ ´2 ⎠ √ √
2 2 √ +
+
⎛ ⎞ ³ √ √ ´
√ 2
+ 2
⎜ ⎟
= 2 ⎝1 − ³ √ ´ ⎠ √ √ = ³ √ ´
√ 2
+ √ 3
+ +
Área de []:
³ √ √ ´ √ ³√ √ ´
4 = ( − ) ( + ) = ( − ) 2 + 2 = 2 ( − ) +
⎛ ⎞
√
⎜ ⎟ ³√ √ ´
= 2 ⎝ − ³ √ ´ ⎠ √ √ +
√ 2
+
+
⎛ ⎞
√ √
⎜ ⎟√ + 2 + − √ 2 + √
= 2 ⎝1 − ³ √ ´2 ⎠ = 2 × ³√ √ ´2 = 2 × ³ √ ´2
√ √
+ + +
√ √ √
2 + 2 2 + 42 + 22
= 2 × ³ √ ´2 = 2 × ³√ √ ´2 = ³√ √ ´2
√
+ + +
2 + 2 + 2
= =++
2
¡ ¢2 ¡ ¢2 √
Seja a base do triângulo rosa. Então, 2 + 12 = 32 , pelo que = 2.
√ √
Logo, a área do triângulo rosa é 12 × 12 × 2 = 14 2.
Área do triângulo verde:
µ ¶
1 ³ √ √ ´ √ 1
verde = × 3+2 2−1− 2 × 3+2 2−
2 2
µ ¶
1 ³ √ ´ 5 √ 1 ³ √ ´ ³ √ ´
= × 2+ 2 × +2 2 = × 2+ 2 × 5+4 2
2 2 4
1 ³ √ √ ´ 1 ³ √ ´
= × 10 + 8 2 + 5 2 + 8 = × 18 + 13 2
4 4
1 ³ √ ´ ³ √ ´ 1 ³ √ ´ ³ √ ´
azul = × 3+2 2−1 × 3+2 2−1 = × 2+2 2 × 2+2 2
2 2
1 ³ √ ´2 1 ³ √ ´ √
= × 2+2 2 = × 4+8 2+8 =6+4 2
2 2
√ 1³ √ ´ √ 1√
amarela = 13 + 9 2 − 18 + 13 2 − 6 − 4 2 − 2
4 4
√ 1√ 9 13 √
= 7+5 2− 2− − 2
4 2 4
5 3√
= + 2
2 2
2 2
(a) ( − 1) + ( − 1) = 1
¡ √ ¢2 ¡ √ ¢2 ¡ √ ¢2
(b) − 3 − 2 2 + − 3 − 2 2 = 3 + 2 2
√ √
(c) ????????????? = 2 = 2 =
Exercício 765 Sabendo que o raio da circunferência menor é 1 cm e que as duas circunferências
maiores têm o mesmo raio (e que as circunferências são tangentes são duas a duas e todas elas são
tangentes ao eixo das abcissas), determine a (medida da) área a azul.
983
Resolução
As duas circunferências maiores têm raio 4 cm (conforme vimos anteriormente, se = , então
= 4 ).
Então, 2 + (4 − 1)2 = (4 + 1)2 , pelo que 2 = 16. Então, = 4.
Logo, a área azul é 12 × 3 × 4 cm2 , ou seja, 6 cm2 .
Exercício 766 Mostre que, num referencial ortogonal e monométrico (referencial ortonormado),
os vectores não nulos −
→
= ( ) e −
→
= ( −) são perpendiculares e têm a mesma norma.
Resolução p p
Quanto às normas, temos k−
→
k = 2 + 2 e k− → k = 2 + 2 , pelo que k→
−
k = k−
→
k.
Consideremos os pontos = (0 0), = ( ) e = ( −).
Então, ⎧ °−→° p
⎨ = ° °
°° = k( )k = 2 + 2
°−−→° p
⎩ = ° °
° ° = k( −)k = 2 + 2
Então,
2
³p ´2 2 2
= 22 + 2 2 = 22 + 2 2 = 2 + 2 + 2 + 2 = +
984 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
Logo, pelo Teorema de Pitágoras, [] é um triângulo rectângulo em , pelo que os vectores
−→ −−→
e são perpendiculares.
Observação sobre o Teorema de Pitágoras
O Teorema de Pitágoras afirma que, num triângulo rectângulo, o quadrado da hipotenusa é
igual à soma dos quadrados dos catetos.
Suponhamos que, num triângulo de lados , se verifica a condição 2 = 2 + 2 .
Consideremos um triângulo rectângulo de catetos e . Seja a hipotenusa. Então, 2 =
+ 2 = 2 , pelo que = .
2
Então, o triângulo de lados é igual ao triângulo de lados , pelo que ambos os triângulos
são rectângulos.
Logo, um triângulo de lados , que verifique a condição 2 = 2 + 2 é um triângulo rectân-
gulo.
Exercício 767 Determine o(s) ponto(s) de intersecção das duas circunferências definidas por
2 2 2 2
( − 1) + ( + 2) = 13 e ( + 1) + ( − 2) = 17.
Resolução
½ ½
( − 1)2 + ( + 2)2 = 13 2 − 2 + 1 + 2 + 4 + 4 = 13
⇐⇒
( + 1)2 + ( − 2)2 = 17 2 + 2 + 1 + 2 − 4 + 4 = 17
½
2 + 2 = 2 − 4 + 8
⇐⇒
2 + 2 + 2 − 4 = 12
½
2 + 2 = 2 − 4 + 8
⇐⇒
2 − 4 + 8 + 2 − 4 = 12
½
2 + 2 = 2 − 4 + 8
⇐⇒
4 − 8 = 4
½ 2
(1 + 2) + 2 = 2 (1 + 2) − 4 + 8
⇐⇒
= 1 + 2
½
1 + 4 + 4 2 + 2 = 2 + 4 − 4 + 8
⇐⇒
= 1 + 2
½ ½
5 2 + 4 − 9 = 0 5 2 + 4 − 9 = 0
⇐⇒ ⇐⇒
= 1 + 2 = 1 + 2
½ √ ½
= −4± 16+180 = −4±14
10
⇐⇒ 10 ⇐⇒
= 1 + 2 = 1 + 2
½ ½ ½
= 1 ∨ = − 95 =1 = − 95
⇐⇒ ⇐⇒ ∨
= 1 + 2 =3 = − 135
985
¡ ¢
Logo, os pontos de intersecção são os pontos 1 = (3 1) e 2 = − 13 9
5 −5 .
Exercício 768 Determine a intersecção da circunferência definida por ( − 1)2 +( − 3)2 = 5 com
a recta de equação = 2 − 4.
Resolução
½ 2 2
½
( − 1) + ( − 3) = 5 2 − 2 + 1 + 2 − 6 + 9 = 5
⇐⇒
= 2 − 4 = 2 − 4
½
2 − 2 + 2 − 6 + 5 = 0
⇐⇒
= 2 − 4
½
2 − 2 + (2 − 4)2 − 6 (2 − 4) + 5 = 0
⇐⇒
= 2 − 4
½
2 − 2 + 42 − 16 + 16 − 12 + 24 + 5 = 0
⇐⇒
= 2 − 4
½ ½ 2
52 − 30 + 45 = 0 − 6 + 9 = 0
⇐⇒ ⇐⇒
= 2 − 4 = 2 − 4
½ 2 ½ ½
( − 3) = 0 =3 =3
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
= 2 − 4 =6−4 =2
986 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
A recta intersecta a circunferência num único ponto, pelo que a recta é tangente à circunferência.
2
Exercício 769 Determine o(s) ponto(s) de intersecção da circunferência definida por ( + 1) +
( − 2)2 = 5 com a recta de equação − 2 = 2 ( + 1).
Resolução
½ ½
( + 1)2 + ( − 2)2 = 5 ( + 1)2 + [2 ( + 1)]2 = 5
⇐⇒
− 2 = 2 ( + 1) = 2 + 4
½ ½
( + 1)2 + 4 ( + 1)2 = 5 5 ( + 1)2 = 5
⇐⇒ ⇐⇒
= 2 + 4 = 2 + 4
½ 2
½ ½
( + 1) = 1 + 1 = ±1 = −1 ± 1
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
= 2 + 4 = 2 + 4 = 2 + 4
½ ½ ½
= −2 ∨ = 0 = −2 =0
⇐⇒ ⇐⇒ ∨
= 2 + 4 =0 =4
Os pontos de intersecção da recta com a circunferência são (−2 0) e (0 4).
Outra resolução
½ ½ 2
( + 1)2 + ( − 2)2 = 5 + 2 + 1 + 2 − 4 + 4 − 5 = 0
⇐⇒
− 2 = 2 ( + 1) = 2 + 4
½ 2
+ 2 + (2 + 4)2 − 4 (2 + 4) = 0
⇐⇒
= 2 + 4
½ 2
+ 2 + 42 + 16 + 16 − 8 − 16 = 0
⇐⇒
= 2 + 4
½ ½ 2
52 + 10 = 0 + 2 = 0
⇐⇒ ⇐⇒
= 2 + 4 = 2 + 4
½ ½ ½
( + 2) = 0 =0 = −2
⇐⇒ ⇐⇒ ∨
= 2 + 4 =4 =0
987
Exercício 770 Determine a equação reduzida da recta tangente à circunferência definida por
2 2
( + 1) + ( − 2) = 5, no ponto (1 1).
Resolução
O ponto = (1 1) pertence à circunferência de equação ( + 1)2 + ( − 2)2 = 5. O centro da
circunferência é o ponto = (−1 2).
−→
Então, = − = (1 1) − (−1 2) = (2 −1). Então, um vector director da tangente é
→
−
= (1 2), pelo que o declive da tangente é 2.
Logo, uma equação da tangente é − 1 = 2 ( − 1). Então, = 2 − 1.
988 CAPÍTULO 39. GEOMETRIA ANALÍTICA NO PLANO
Capítulo 40
O Teorema central deste Capítulo é atribuído a Napoleão Bonaparte, embora não haja a certeza
que o teorema tenha sido descoberto pelo imperador.
Vamos começar por enunciar e demonstrar um Lema que será usado numa das demonstrações
do Teorema de Napoleão. Este Lema já foi demonstrado, quando provámos a fórmula de Heron.
No entanto, vamos repetir a sua demonstração.
Lema 771 Consideremos o triângulo da figura seguinte, onde estamos a supor que os ângulos
e são agudos:
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + ) 2 + 2 − 2
Então, sin = , cos = , com =
2 2
, = e = .
Demonstração
Aplicando o Teorema de Pitágoras aos triângulos [] e [], obtemos:
½ ½ ½
2 = 2 + 2 2 = 2 + 2 2 − 2 = 2
2 ⇐⇒ ⇐⇒
2 = ( − ) + 2 2 = 2 − 2 + 2 + 2 2 = 2 − 2 + 2
⎧ p
⎪
⎪ = ± ( + ) ( − )
⎨
⇐⇒
⎪
⎪ 2 + 2 − 2
⎩ =
2
989
990 CAPÍTULO 40. O TEOREMA DE NAPOLEÃO BONAPARTE
p 2 + 2 − 2
Como 0, temos = ( + ) ( − ), com = .
2
Logo,
sµ ¶µ ¶
p 2 + 2 − 2 2 + 2 − 2
= ( + ) ( − ) = + −
2 2
r s
2 2
2 + 2 + 2 − 2 2 − 2 − 2 + 2 ( + ) − 2 2 − ( − )
= × = ×
2 2 2 2
r
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= ×
2 2
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
2
Então,
⎧ p
⎪
⎪ ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
⎪
⎨ sin = = 2
⎪
⎪ 2 2 2
⎪
⎩ cos = = + −
2
Analogamente, temos
⎧ p
⎪
⎪ ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
⎪
⎨ sin = =
⎪
2
⎪ µ ¶
⎪
⎪ − 1 2 + 2 − 2 2 + 2 − 2
⎪
⎩ cos = = − =
2 2
equilátero.
H F
A B
Observação
Ao triângulo [], construído pelo processo acima descrito, chamaremos triângulo de Napoleão.
Demonstração 1
O facto dum triângulo ser equilátero, isósceles ou escaleno, não depende da unidade de com-
primento escolhida para medir os lados do triângulo. Então, sem perda de generalidade podemos
supor que = 1. Escolhendo convenientemente o referencial, podemos supor que = (0 0) e
que = (1 0). Ainda sem perda de generalidade, podemos supor que = ( ), com ≥ 12 e
0.
992 CAPÍTULO 40. O TEOREMA DE NAPOLEÃO BONAPARTE
¡ ¢ ¡ ¢ √
Seja 1 o ponto médio de []. Então, 1 = 12 0 , tendo-se = 12 0 + 23 (0 −1). No
entanto, não precisamos do ponto , para obter , o centro do triângulo [], uma vez que as
medianas dum triângulo se trissectam. Então,
µ ¶ √ µ ¶ Ã √ ! Ã √ !
1 1 3 1 3 1 3
= 0 + × (0 −1) = 0 + 0 − = −
2 3 2 2 6 2 6
¡ ¢ −→
Consideremos, agora, o lado [], cujo ponto médio é 2 = 2 2 . Ora, = ( ), pelo que
nos
√
interessa considerar o vector perpendicular (− ). Este vector tem de ser multiplicado por
3
6 e, depois, soma-se o vector obtido ao ponto 2 . √
3
Convém notar que o produto do vector (− ) por 2 origina um vector cuja norma é a altura
do triângulo [].
Então, o baricentro de [] é dado por
à √ √ !
³ ´ 1 √3 ³ ´ 3 3
= + × (− ) = + −
2 2 3 2 2 2 6 6
à √ √ !
3 − 3 3 + 3
=
6 6
¡
¢ −−→
Consideremos, agora, o lado [], cujo ponto médio é 3 = +1 2 2 . Ora, = ( ) −
(1 0) = ( − 1 ), pelo que nos
√
interessa considerar o vector perpendicular ( 1 − ). Este vector
3
tem de ser multiplicado por 6 e, depois, soma-se o vector obtido ao ponto 3 .
993
Logo,
⎧ −−→ ³ √ √ ´ ³ √ ´ ³ √ √ √ ´
⎪
⎪ = − = 3− 3 3+ 3
− 3
− 3
= 3− 3−3 3+ 3+ 3
⎪
⎪ 6 6 6 6 6 6
⎪
⎪
⎪
⎨ −→ ³ √ √ √ ´ ³ √ ´ ³ √ √ √ ´
= − = 3+3+
6
3 3− 3+ 3
6 − 36 − 63 = 3+ 6
3 3− 3+2 3
6
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ ³ √ √ √ ´ ³ √ √ ´ ³ √ √ √ ´
⎩ −
⎪ →
= − = 3+3+ 3 3− 3+ 3 − 3− 3 3+ 3 = 3+2 3 −2 3+ 3
6 6 6 6 6 6
Então, ⎧ q¡ √ ¢2 ¡ √ √ ¢2
⎪
⎪ °−−
→ ° 3 − 3 − 3 + 3 + 3 + 3
⎪
⎪ ° °
⎪
⎪ ° ° =
⎪
⎪ 6
⎪
⎪
⎪
⎪ q¡
⎨ √ ¢2 ¡ √ √ ¢2
°−→° 3 + 3 + 3 − 3 + 2 3
° °
⎪
⎪ ° ° =
⎪
⎪ 6
⎪
⎪
⎪
⎪ q¡ √ ¢2 ¡ √ √ ¢2
⎪
⎪ °−→°
⎪
⎪ 3 + 2 3 + −2 3 + 3
⎩ ° °
° ° =
6
Logo,
⎧
⎪ °−−→° p92 + 3 2 + 9 − 6 √3 − 18 + 6 √3 + 9 2 + 32 + 3 + 6 √3 + 6 √3 + 6
⎪
⎪ ° °
⎪
⎪ ° ° =
⎪
⎪ 6
⎪
⎪
⎪
⎨ ° ° p 2 √ √ √
°−→° 9 + 3 2 + 6 3 + 9 2 + 32 + 12 − 6 3 + 12 3 − 12
⎪ ° ° =
⎪
⎪ 6
⎪
⎪
⎪
⎪ p √
⎪
⎪ °−→° 9 + 12 2 + 12 3 + 122 + 3 − 12
⎩ °
⎪ °
° ° =
6
E, por fim,
⎧
⎪ °−−→° p122 + 12 2 + 12 − 12 + 12 √3 p √
32 + 3 2 + 3 − 3 + 3 3
⎪
⎪ ° °
⎪ °
⎪ ° = =
⎪
⎪ 6 3
⎪
⎪
⎪
⎨ ° ° p √ p √
°−→° 122 + 12 2 + 12 − 12 + 12 3 32 + 3 2 + 3 − 3 + 3 3
⎪ ° °
= =
⎪
⎪ 6 3
⎪
⎪
⎪
⎪ p √ p √
⎪
⎪ °−→° 122 + 12 2 + 12 − 12 + 12 3 32 + 3 2 + 3 − 3 + 3 3
⎩ °
⎪
° °
°
= =
6 3
994 CAPÍTULO 40. O TEOREMA DE NAPOLEÃO BONAPARTE
°−−→° °−→° °−→°
° ° ° ° ° °
Logo, ° ° = ° ° = ° °, pelo que [] é um triângulo equilátero.
Demonstração 2 (para quem prefira a demonstração mais geral)
Escolhendo convenientemente o referencial, podemos supor que = (0 0) e que = ( 0), com
0. Sem perda de generalidade, podemos supor que = ( ), com ≥ 2 e 0.
¡ ¢ ¡ ¢ √
Seja 1 o ponto médio de []. Então, 1 = 2 0 , tendo-se = 2 0 + 2 3 (0 −1). No
entanto, não precisamos do ponto , para obter , o centro do triângulo [], uma vez que as
medianas dum triângulo se trissectam. Então,
à √ ! à √ !
³ ´ 1 √3 ³ ´ 3 3
= 0 + × (0 −1) = 0 + 0 − = −
2 3 2 2 6 2 6
¡ ¢ −→
Consideremos, agora, o lado [], cujo ponto médio é 2 = 2 2 . Ora, = ( ), pelo que
nos
√
interessa considerar o vector perpendicular (− ). Este vector tem de ser multiplicado por
3
6 e, depois, soma-se o vector obtido ao ponto 2 .
√
Convém notar que o produto do vector (− ) por 23 origina um vector cuja norma é a altura
do triângulo [].
Então, o baricentro de [] é dado por
à √ √ !
³ ´ 1 √3 ³ ´ 3 3
= + × (− ) = + −
2 2 3 2 2 2 6 6
à √ √ !
3 − 3 3 + 3
=
6 6
¡ + ¢ −−→
Consideremos, por fim, o lado [], cujo ponto médio é 3 = 2 2 . Ora, = ( ) −
995
Então, ⎧ q¡ √ ¢2 ¡ √ √ ¢2
⎪
⎪ °−−→° 3 − 3 − 3 + 3 + 3 + 3
⎪
⎪ ° °
⎪
⎪ ° ° =
⎪
⎪ 6
⎪
⎪
⎪
⎪ q
⎨ ¡ √ ¢2 ¡ √ √ ¢2
°−→° 3 + 3 + 3 + 2 3 − 3
° °
⎪
⎪ ° ° =
⎪
⎪ 6
⎪
⎪
⎪
⎪ q¡ √ ¢2 ¡ √ √ ¢2
⎪
⎪ °−→°
⎪
⎪ 3 + 2 3 + 3 − 2 3
⎩ ° °
° ° =
6
Logo,
⎧
⎪ °−−→° p92 − 18 − 6 √3 + 92 + 6 √3 + 3 2 + 9 2 + 6 √3 + 6 √3 + 32 + 6 + 32
⎪
⎪ ° °
⎪
⎪ ° ° =
⎪ 6
⎨ °−→° p92 + 6 √3 + 3 2 + 9 2 + 12 √3 − 6 √3 + 122 − 12 + 32
° °
⎪ ° ° =
⎪ 6
⎪
⎪
⎪ °−→° p92 + 12 √3 + 12 2 + 32 − 12 + 122
⎪
⎩ ° °
° ° =
6
E, por fim,
⎧
⎪ °−−→° 2p32 − 3 + 32 + 3 √3 + 3 2 p √
32 − 3 + 32 + 3 3 + 3 2
⎪
⎪ ° °
⎪ °
⎪ ° = =
⎪
⎪ 6 3
⎪
⎪
⎪
⎨ ° ° p √ p √
°−→° 122 + 12 2 + 122 − 12 + 12 3 32 − 3 + 32 + 3 3 + 3 2
⎪ ° °
= =
⎪
⎪ 6 3
⎪
⎪
⎪
⎪ p √ p √
⎪
⎪ °−→° 122 − 12 + 122 + 12 3 + 12 2 32 − 3 + 32 + 3 3 + 3 2
⎩ °
⎪
° °
°
= =
6 3
996 CAPÍTULO 40. O TEOREMA DE NAPOLEÃO BONAPARTE
°−−→° °−→° °−→°
° ° ° ° ° °
Logo, ° ° = ° ° = ° °, pelo que [] é um triângulo equilátero.
Demonstração 3
Consideremos, na figura seguinte, os triângulos [] e []. Sejam as amplitudes
(em graus) dos ângulos , e .
G
C
E
A H
I B
( 2 2 2
= + − 2 × cos ( + 60 ◦ )
2 2 2
= + − 2 × cos ( + 60 ◦ )
( √ √
3 3
= = 3 × = 3√
É fácil mostrar que √
3 3
. Então,
= = 3 × = 3
2 2 2
= + − 2 × cos ( + 60 ◦ )
à √ !2 à √ !2 √ √
3 3 3 3
= + −2× × × cos ( + 60 ◦ )
3 3 3 3
2 2 2
= + − cos ( + 60 ◦ )
3 3 3
997
Analogamente, temos
2 2 2
= + − 2 × cos ( + 60 ◦ )
à √ !2 à √ !2 √ √
3 3 3 3
= + −2× × × cos ( + 60 ◦ )
3 3 3 3
2 2 2
= + − cos ( + 60 ◦ )
3 3 3
Então,
2 2
3 − 3 = 2 + 2 − 2 cos ( + 60 ◦ ) − 2 − 2 + 2 cos ( + 60 ◦ )
= 2 − 2 + 2 cos ( + 60 ◦ ) − 2 cos ( + 60 ◦ )
= = =
sin sin sin ( + ) sin
µ ¶
2 sin ◦ ◦
2 = cos ( + 60 ) − 2 cos ( + 60 )
sin
= (2 sin cos ( + 60 ◦ ) − 2 sin cos ( + 60 ◦ ))
sin
2 sin
= (2 sin cos ( + 60 ◦ ) − 2 sin cos ( + 60 ◦ ))
sin2
Ora, sin = sin ( + ) = sin cos + sin cos . Além disso, temos
√
2 sin cos ( + 60 ◦ ) = sin cos − 3 sin sin
998 CAPÍTULO 40. O TEOREMA DE NAPOLEÃO BONAPARTE
Então,
µ ¶
2 sin2 2 sin
1 + 2 = 1− 2 + (2 sin cos ( + 60 ◦ ) − 2 sin cos ( + 60 ◦ ))
sin sin2
2 £ 2 ¤
= 2 sin − sin2 + sin (2 sin cos ( + 60 ◦ ) − 2 sin cos ( + 60 ◦ ))
sin
2 h 2 2
³ √ √ ´i
= sin − sin + sin sin cos − 3 sin sin − sin cos + 3 sin sin
sin2
2 £ 2 ¤
= 2 sin − sin2 + sin (sin cos − sin cos )
sin
2 £ 2 ¤
= 2 sin − sin2 + (sin cos + sin cos ) (sin cos − sin cos )
sin
2 ¡ 2 ¢
= 2 sin − sin2 + sin2 cos2 − sin2 cos2
sin
2 ¡ 2 ¡ ¢ ¡ ¢¢
= 2 sin 1 − cos2 − sin2 1 − cos2
sin
2 ¡ 2 ¢
= 2 sin sin2 − sin2 sin2 = 0
sin
2 2 2 2
Então, 3 − 3 = 0, donde se conclui que − = 0. Logo, = .
Analogamente se mostra que = , pelo que [] é um triângulo equilátero.
Demonstração 4
G
C
E
A H
I B
⎧ 2 2 2
⎪ ◦
⎨ = + − 2 × cos ( + 60 )
2 2 2
= + − 2 × cos ( + 60 ◦ )
⎪
⎩ 2 2 2
= + − 2 × cos ( + 60 ◦ )
Então, no caso dos ângulos e serem agudos, vem
√
1 3
cos ( + 60 ◦ ) = cos − sin
2 2 p
√
2 + 2 − 2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= − ×
4 2 2
√ p
2 + 2 − 2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= −
4 4
Então,
2 2 2
= + − 2 × cos ( + 60 ◦ )
2 2 2
= + − cos ( + 60 ◦ )
3 3 3
√ p
2 2 2 2 + 2 − 2 2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= + − × + ×
3 3 3 4 3 4
2 2 2 2 2
√ p
2 2 + − 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= + − +
6 6 6 6
√ p
2 + 2 + 2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= +
6 6
Logo,
√ p
2 2 + 2 + 2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + ) 2
= + =
6 6
2 2 2
Se o ângulo for agudo, teremos = = , pelo que o triângulo [] é
equilátero.
No caso do ângulo ser obtuso, temos duas alternativas: deduzimos as expressões que
dão sin e cos ou aplicamos as fórmulas sin = sin ( + ) = sin cos + sin cos e cos =
− cos ( + ) = sin sin − cos cos .
Então,
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + ) 2 + 2 − 2
sin cos = ×
p 2 2
¡ 2 ¢
+ 2 − 2 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
42
E
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + ) 2 + 2 − 2
sin cos = ×
p 2 2
¡ 2 2 2
¢
+ − ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
42
1000 CAPÍTULO 40. O TEOREMA DE NAPOLEÃO BONAPARTE
Então,
Analogamente, temos
³p ´2
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
sin sin =
2 × 2
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
42
E
¡ 2 ¢¡ ¢
2 + 2 − 2 2 + 2 − 2 + 2 − 2 2 + 2 − 2
cos cos = × =
2 2 42
Então,
√
◦ ◦ 1 ◦ 3
cos ( + 60 ) = cos cos 60 − sin sin 60 = cos − sin
√ p 2 2
1 2 + 2 − 2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= × − ×
2 2 2p 2
2 2 2
√
+ − 3 × ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= −
4 4
1001
Logo,
2 2 2
= + − 2 × cos ( + 60 ◦ )
à √ !2 à √ !2 √ √
3 3 3 3
= + −2× × × cos ( + 60 ◦ )
3 3 3 3
à √ p !
2 2 2 2 + 2 − 2 3 × ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= + − −
3 3 3 4 4
√ p
2 2 2 + 2 − 2 2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= + − + ×
3 3 6 3 p 4
√
22 22 2 + 2 − 2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= + − + ×
6 6 6
p 3 2
√
2 + 2 + 2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= +
6 6
2 2
= =
Corolário 773 Consideremos, num plano, um triângulo arbitrário [] de lados . Então,
a área do triângulo externo de Napoleão é dada por
à √ p !√
2 + 2 + 2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + ) 3
( ) = +
6 6 4
¡ 2 2 2
¢√ p
+ + 3 ( + + ) (− + + ) ( − + ) ( + − )
= +
24 8
Demonstração
Consequência imediata da demonstração 4 do teorema anterior, uma vez que
√ p
2 2 2 + 2 + 2
2 3 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= = = +
6 6
√
2 3
Recordamos que a área dum triângulo equilátero de lado é 4 .
Demonstração 1
1002 CAPÍTULO 40. O TEOREMA DE NAPOLEÃO BONAPARTE
C
F
A B
Na figura anterior não estão construídos os triângulos equiláteros referidos na hipótese deste
teorema, para não sobrecarregar o desenho. O triângulo de lados a vermelho é aquele que se
pretende mostrar que é equilátero.
Esta demonstração é análoga à primeira demonstração do teorema anterior, tendo-se
⎧ ¡ 1 ¢ √3 ¡ 1 ¢ ³ √3 ´ ³ 1 √3 ´
⎪
⎪ = 0 − (0 −1) =
⎪
⎪ 2 6 2 0 + 0 6 = 2 6
⎪
⎪
⎪
⎨ ¡ ¢ √ ¡ ¢ ³ √3 √ ´ ³ √ √ ´
= 2 2 − 63 (− ) = 3 6 3
6 + 6 − 63 = 3+
6
3 3− 3
6
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ ¡ ¢ √ ¡ ¢ ³ √ √ √ ´ ³ √ √ √ ´
⎪
⎩ = +1 − 3 ( 1 − ) = 3+3 3 − 3 3 − 3 = 3+3− 3 3+ 3− 3
2 2 6 6 6 6 6 6 6 6
Logo,
⎧ −−→ ³ √ √ ´ ³ √ ´ ³ √ √ √ ´
⎪
⎪ = − = 3+ 3 3− 3
− 36 63 = 3+6 3−3 3− 6 3− 3
⎪
⎪ 6 6
⎪
⎪
⎪
⎨ −→ ³ √ √ √ ´ ³ √ ´ ³ √ √ √ ´
= − = 3+3−
6
3 3+ 3− 3
6 − 3
6 6
3
= 3− 3 3+ 3−2 3
6 6
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ ³ √ √ √ ´ ³ √ √ ´ ³ √ √ √ ´
⎩ −
⎪ →
= − = 3+3− 3 3+ 3− 3 − 3+ 3 3− 3 = 3−2 3 2 3− 3
6 6 6 6 6 6
1003
Logo,
⎧
⎪ °−−→° p92 + 3 2 + 9 + 6 √3 − 18 − 6 √3 + 9 2 + 32 + 3 − 6 √3 − 6 √3 + 6
⎪
⎪ ° °
⎪
⎪ ° ° =
⎪
⎪ 6
⎪
⎪
⎪
⎨ °−→° p92 + 3 2 − 6 √3 + 9 2 + 32 + 12 + 6 √3 − 12 √3 − 12
° °
⎪ ° ° =
⎪
⎪ 6
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ °−→° p9 + 12 2 − 12 √3 + 122 + 3 − 12
⎪
⎩ ° °
° ° =
6
Então,
⎧
⎪ °−−→° p122 + 12 2 + 12 − 12 − 12 √3 p √
32 + 3 2 + 3 − 3 − 3 3
⎪
⎪ ° °
⎪
⎪ ° ° = =
⎪
⎪ 6 3
⎪
⎪
⎪
⎨ °−→° p122 + 12 2 + 12 − 12 − 12 √3 p √
32 + 3 2 + 3 − 3 − 3 3
° °
⎪ ° ° = =
⎪
⎪ 6 3
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ °−→° p122 + 12 2 + 12 − 12 − 12 √3 p √
32 + 3 2 + 3 − 3 − 3 3
⎩ °
⎪ °
° ° = =
6 3
p √
32 + 3 2 + 3 − 3 − 3 3
Note-se que a expressão está definida para quaisquer valores de
3
e , porque
√
2 2
√ 2 1 1 2 3 3
+ +1−− 3 = −2× ×+ + −2×× +
2 4 2 4
µ ¶2 Ã √ 2 !
1 3
= − + −
2 2
√
Suponhamos, agora, que os pontos , e coincidem. Então, 2 + 2 + 1 − − 3 = 0.
Mas,
µ ¶2 Ã √ !2 √
2 2
√ 1 3 1 3
+ + 1 − − 3 = 0 ⇐⇒ − + − = 0 ⇐⇒ = ∧ =
2 2 2 2
³ √ ´
1 3
Ora, = 2 2 define, com os pontos = (0 0) e = (1 0), um triângulo equilátero.
Reciprocamente, se [] é um triângulo equilátero, então os pontos , e coincidem (uma
vez que os triângulos equiláteros construídos coincidem com o triângulo inicial).
Demonstração 2
Escolhendo convenientemente o referencial, podemos supor que = (0 0) e que = ( 0), com
0. Sem perda de generalidade, podemos supor que = ( ), com ≥ 2 e 0.
1004 CAPÍTULO 40. O TEOREMA DE NAPOLEÃO BONAPARTE
C
F
A B
Então,
⎧ ¡ ¢ √ ¡ ¢ ³ √ ´ ³ √ ´
⎪
⎪ = 2 0 − 13 × 2 3 (0 −1) = 2 0 − 0 − 6 3 = 2 6 3
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨ ¡ ¢ √ ¡ ¢ ³ √ √ ´ ³ √ √ ´
= 2 2 − 13 × 23 (− ) = 2 2 − − 63 63 = 3+ 6
3 3− 3
6
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ ¡ ¢ √ ¡ ¢ ³ √ √ √ ´ ³ √ √ √ ´
⎪
⎩ = + − 3 ( − ) = 3+3 3 − 3 3 − 3 = 3+3− 3 3− 3+ 3
2 2 6 6 6 6 6 6 6 6
Logo,
⎧ −−→ ³ √ √ ´ ³ √ ´ ³ √ √ √ ´
⎪
⎪ = − = 3+ 3 3− 3
− 2 6 3 = 3−3+ 3 3− 3− 3
⎪
⎪ 6 6 6 6
⎪
⎪
⎪
⎨ −→ ³ √ √ √ ´ ³ √ ´ ³ √ √ √ ´
= − = 3+3−
6
3 3− 3+ 3
6 − 3
2 6 = 3− 3 3−2 3+ 3
6 6
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ ³ √ √ √ ´ ³ √ √ ´ ³ √ √ √ ´
⎩ −
⎪ →
= − = 3+3− 3 3− 3+ 3
− 3+ 3 3− 3
= 3−2 3 2 3− 3
6 6 6 6 6 6
Então, ⎧ q¡ √ ¢2 ¡ √ √ ¢2
⎪
⎪ °−−→° 3 − 3 + 3 + 3 − 3 − 3
⎪
⎪ ° °
⎪
⎪ ° ° =
⎪
⎪ 6
⎪
⎪
⎪
⎪ q
⎨ ¡ √ ¢2 ¡ √ √ ¢2
°−→° 3 − 3 + 3 − 2 3 + 3
° °
⎪
⎪ ° ° =
⎪
⎪ 6
⎪
⎪
⎪
⎪ q
⎪
⎪ ¡ √ ¢2 ¡ √ √ ¢2
⎪
⎪ °−→° 3 − 2 3 + 2 3 − 3
⎩ ° °
° ° =
6
1005
Logo,
⎧
⎪ °−−→° p92 − 18 + 6 √3 + 92 − 6 √3 + 3 2 + 9 2 − 6 √3 − 6 √3 + 32 + 6 + 32
⎪
⎪ ° °
⎪
⎪ ° ° =
⎪ 6
⎨ °−→° p92 − 6 √3 + 3 2 + 9 2 − 12 √3 + 6 √3 + 122 − 12 + 32
° °
⎪ ° ° =
⎪ 6
⎪
⎪
⎪ °−→° p92 − 12 √3 + 12 2 + 122 − 12 + 32
⎪
⎩ ° °
° ° =
6
E, por fim,
⎧
⎪ °−−→° 2p32 − 3 + 32 − 3 √3 + 3 2 p √
32 − 3 + 32 − 3 3 + 3 2
⎪
⎪ ° °
⎪
⎪ ° ° = =
⎪
⎪ 6 3
⎪
⎪
⎪
⎨ p √ p √
°−→° 122 + 12 2 + 122 − 12 − 12 3 32 − 3 + 32 − 3 3 + 3 2
° °
⎪ ° ° = =
⎪
⎪ 6 3
⎪
⎪
⎪
⎪ p √ p √
⎪
⎪ °−→° 122 − 12 + 122 − 12 3 + 12 2 32 − 3 + 32 − 3 3 + 3 2
⎩ °
⎪ °
° ° = =
6 3
°−−→° °−→° °−→°
° ° ° ° ° °
Logo, ° ° = ° ° = ° °, pelo que [] é um triângulo equilátero.
Demonstração 3
A
H
G
E
D
1006 CAPÍTULO 40. O TEOREMA DE NAPOLEÃO BONAPARTE
Corolário 775 Dado um triângulo [], este triângulo, o triângulo externo e o triângulo interno
de Napoleão (relativos ao triângulo dado) têm o mesmo baricentro.
Demonstração
É conhecido o facto de as coordenadas do baricentro dum triângulo serem a média aritmética
das coordenadas dos vértices desse triângulo. Suponhamos que = (0 0), = ( 0) e = ( ),
com ≥ 2 e 0. ¡ ¢
Então, o baricentro do triângulo [] é + 3 3 .
As cordenadas dos vértices do triângulo externo de Napoleão são dadas por:
à √ ! à √ √ ! à √ √ √ !
3 3 − 3 3 + 3 3 + 3 + 3 3 + 3 − 3
1 = − , 1 = e 1 =
2 6 6 6 6 6
Corolário 776 Dado um triângulo [], a diferença entre as áreas do triângulo externo e do
triângulo interno de Napoleão é igual à área do triângulo inicial.
Demonstração
Suponhamos que = (0 0), = ( 0) e = ( ), com ≥ 2 e 0. Então, a área do
triângulo [] é 2 . p √
32 − 3 + 32 + 3 3 + 3 2
Vimos que o lado do triângulo externo de Napoleão é dado por ,
3
pelo que a sua área é dada por
Ãp √ !2 √
32 − 3 + 32 + 3 3 + 3 2 3
ext = ×
3 4
√ √
32 − 3 + 32 + 3 3 + 3 2 3
= ×
¡ 2 9 √ ¢√ 4
− + 2 + 3 + 2 3
=
12
p √
32 − 3 + 32 − 3 3 + 3 2
O lado do triângulo interno de Napoleão é dado por , pelo que
3
a sua área é
Ãp √ !2 √
32 − 3 + 32 − 3 3 + 3 2 3
int = ×
3 4
√ √
32 − 3 + 32 − 3 3 + 3 2 3
= ×
¡ 2 9 √ ¢√ 4
− + 2 − 3 + 2 3
=
12
Então,
¡ √ ¢√ ¡ 2 √ ¢√
2 − + 2 + 3 + 2 3 − + 2 − 3 + 2 3
ext − int = −
√ √ 12 12
2 3 3
= =
12 2
Teorema 777 Consideremos três pontos colineares (distintos) , e e construa-se três triân-
gulos equiláteros, como na figura seguinte (os dois triângulos menores, acima da recta e o
1008 CAPÍTULO 40. O TEOREMA DE NAPOLEÃO BONAPARTE
A M1 M B M2
C
Logo,
⎧ ³ √ ´2
⎪ 2 ¡ ¢2 2 2 2 2 2 2 2
⎪
⎪
⎪ = (+2)
6
3
+ 2 = +4+4
12 + 4 = 4 +4+4
12 = ++
3
⎨ ³ √ ´2 ¡ ¢2
2 2 2 2 2 2 2 2
= (2+) 3
+ 2 = 4 +4+ + 4 = 4 +4+4 = ++
⎪
⎪ ³
6
√ ´2
12 12 3
⎪
⎪ ¡ ¢
⎩ 2 = (−) 3 + + 2 = 2 −2+2 + 2 +2+2 = 42 +4+42 = 2 ++2
6 2 12 4 12 3
Exercício 778 Consideremos, num referencial ortonormado, os pontos = (3 1 5), = (4 2 3),
= (7 4 1) e = (6 5 4). Determine:
Resolução
−−
→
a) = − = (4 2 3) − (3 1 5) = (1 1 −2)
−→
= − = (7 4 1) − (3 1 5) = (4 3 −4)
Pretendemos obter um vector − →
= ( ), não nulo e que seja perpendicular aos dois vectores
anteriores, o que pode ser feito recorrendo ao produto interno:( ) · (4 3 −4) = 4 + 3 − 4
½ ½ ½
( ) · (1 1 −2) = 0 + − 2 = 0 = 2 −
⇐⇒ ⇐⇒
( ) · (4 3 −4) = 0 4 + 3 − 4 = 0 8 − 4 + 3 − 4 = 0
½ ½
= 2 − = −2
⇐⇒ ⇐⇒
= 4 = 4
1009
1010 CAPÍTULO 41. GEOMETRIA ANALÍTICA NO ESPAÇO
½
= −2
Fazendo = 1, obtemos . Então, o vector (−2 4 1) é perpendicular aos dois
=4
−
−→ −→
vectores e .
Equação cartesiana do plano :
−2 ( − 4) + 4 ( − 2) + 1 ( − 3) = 0
−−→
b) = − = (4 2 3) − (3 1 5) = (1 1 −2)
−−→
= − = (6 5 4) − (3 1 5) = (3 4 −1)
Pretendemos obter um vector −→ = ( ), não nulo e que seja perpendicular aos dois vectores
anteriores, o que pode ser feito recorrendo ao produto interno. No entanto, há um processo
de calcular um vector perpendicular a outros dois, o qual não é do programa, mas é bastante
rápido, depois de algum treino. Trata-se do produto externo de dois vectores:
¯ ¯
¯1 2 3 ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ 1 1 −2¯ = ¯1 −2¯ 1 − ¯1 −2¯ 2 + ¯1 1¯ 3
¯ ¯ ¯4 −1¯ ¯3 −1¯ ¯3 4¯
¯ 3 4 −1¯
= (−1 + 8) 1 − (−1 + 6) 2 + (4 − 3) 3 = 71 − 52 + 3
¯ ¯
¯ ¯
¯
Observe-se que ¯ ¯ é um determinante duma matriz de tipo 2 × 2 e é calculado da seguinte
¯
maneira: ¯ ¯
¯ ¯
¯ ¯
¯ ¯ = −
O cálculo do determinante duma matriz 3×3 ou superior é mais complicado, podendo aplicar-
se a seguinte regra:
¯ ¯
¯11 12 13 ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯21 22 23 ¯ = 11 ¯22 23 ¯ − 12 ¯21 23 ¯ + 13 ¯21 22 ¯
¯ ¯ ¯32 33 ¯ ¯31 33 ¯ ¯31 32 ¯
¯31 32 33 ¯
= 11 (22 33 − 23 32 ) − 12 (21 33 − 23 31 ) + 13 (21 32 − 22 31 )
= 11 22 33 − 11 23 32 − 12 21 33 + 12 23 31 + 13 21 32 − 13 22 31
(−−
→
1 − 6−
→
2 + 4−
→
3 ) − (−8−
→
1 − −
→
2 + 3−
→
3 ) = 7−
→
1 − 5−
→
2 + −
→
3
1011
−
−→ −−→
Então o vector (7 −5 1) é perpendicular aos dois vectores e . Uma equação cartesiana
do plano :
7 ( − 4) − 5 ( − 2) + 1 ( − 3) = 0
−→
c) = − = (7 4 1) − (3 1 5) = (4 3 −4)
−−→
= − = (6 5 4) − (3 1 5) = (3 4 −1)
−
→
1 −
→
2 −
→
3 −
→
1 −
→
2
Vector perpendicular aos dois anteriores: 4 3 −4 4 3
3 4 −1 3 4
−
→
= (−3−
→
1 − 12−
→
2 + 16−
→
3 ) − (−16−
→
1 − 4−
→
2 + 9−
→
3 ) = 13−
→
1 − 8−
→
2 + 7−
→
3 = (13 −8 7)
13 ( − 3) − 8 ( − 1) + 7 ( − 5) = 0
−−→
d) = − = (7 4 1) − (4 2 3) = (3 2 −2)
−−→
= − = (6 5 4) − (7 4 1) = (−1 1 3)
−
→
1 −
→
2 −
→
3 −
→
1 −
→
2
Vector perpendicular aos dois anteriores: 3 2 −2 3 2
−1 1 3 −1 1
−
→ 1 + 2−
= (6−
→ →
2 + 3−
→
3 ) − (−2−
→
1 + 9−
→
2 − 2−
→
3 ) = 8−
→
1 − 7−
→
2 + 5−
→
3 = (8 −7 5)
8 ( − 4) − 7 ( − 2) + 5 ( − 3) = 0
¡7 3
¢
e) O ponto médio do segmento [], é dado por = 2 2 4 .
°−− ° √
−−
→ ° →° √
= − = (4 2 3) − (3 1 5) = (1 1 −2). Então, ° ° = 1 + 1 + 4 = 6, pelo que o
√
raio da superfície esférica de diâmetro [] é 26 , pelo que uma equação da superfície esférica
referida é:
µ ¶2 µ ¶2
7 3 6
− + − + ( − 4)2 =
2 2 4
1012 CAPÍTULO 41. GEOMETRIA ANALÍTICA NO ESPAÇO
A E T B
−→ −→
= 2 × ⇐⇒ − = 2 ( − ) ⇐⇒ ( − 3 − 1 − 5) = 2 (4 − 2 − 3 − )
⎧ ⎧
⎨ − 3 = 8 − 2 ⎨ = 11 3
⇐⇒ − 1 = 4 − 2 ⇐⇒ = 53
⎩ ⎩
− 5 = 6 − 2 = 113
°− ° °−→° °−→°
° −→° √ ° ° √
6 ° ° √
2 6
Como ° ° = 6, temos ° ° = 3 e ° ° = 3 .
2 (6 + 2) − 4 (5 − 4) − (4 − ) + 3 = 0
Então,
3
12 + 4 − 20 + 16 − 4 + + 3 = 0 ⇐⇒ 21 = 9 ⇐⇒ =
7
1013
−→ °−→° √ √
3 ° °
1. Logo, = 7 (2 −4 −1), pelo que ° ° = 37 4 + 16 + 1 = 37 21.
Observe-se que, como pode verificar no exercício seguinte, existe uma fórmula que resolve esta
questão. Aplicando essa fórmula, temos:
√
|−2 × 6 + 4 × 5 + 4 − 3| 9 9 21 3√
= √ =√ = = 21
4 + 16 + 1 21 21 7
− 7 + − 4 − 2 ( − 1) = 0 ⇐⇒ + − 2 = 9
O ponto = ( ), de intersecção da recta com o plano anterior, é dado por:
½ ½
( ) = (4 2 3) + (1 1 −2) ( ) = (4 + 2 + 3 − 2)
=⇒
+ − 2 = 9 + − 2 = 9
3
=⇒ 4 + + 2 + − 2 (3 − 2) = 9 =⇒ 6 = 9 =⇒ =
2
¡ 11 ¢
Então, = (4 + 2 + 3 − 2) = 72 0 , pelo que
2
µ ¶ µ ¶
−→ 11 7 3 1 1
= − = (7 4 1) − 0 = 1 = (3 1 2)
2 2 2 2 2
√ √
A distância do ponto à recta é = 12 9 + 1 + 4 = 214 .
Outro processo
= (3 1 5) = (4 2 3) = (7 4 1)
−−→
= − = (4 2 3) − (3 1 5) = (1 1 −2)
−→
= − = (7 4 1) − (3 1 5) = (4 3 −4)
−−→ −→
· = (1 1 −2) · (4 3 −4) = 4 + 3 + 8 = 15
−
−→ −→
−→ −−→ · −− → 15 5
Então, a projecção de sobre é ° °2 = (1 1 −2) = (1 1 −2).
° −
−→° 1+1+4 2
° °
−→ 5
Logo, a distância pretendida é a norma do vector − (1 1 −2).
2
−→ 5 5 ¡ ¢
− (1 1 −2) = (4 3 −4) − (1 1 −2) = 32 12 1 = 12 (3 1 2).
2 2
Exercício 779 Determine, num referencial ortonormado, a distância entre o ponto = (0 0 0 )
e o plano de equação + + + = 0.
Resolução
Se a equação define um plano, então, pelo menos, um dos números é diferente de zero,
isto é, 2 + 2 + 2 6= 0.
1014 CAPÍTULO 41. GEOMETRIA ANALÍTICA NO ESPAÇO
(0 + )+ (0 + )+ (0 + )+ = 0 ⇐⇒ 0 +2 +0 + 2 +0 + 2 + = 0
Então:
0 + 0 + 0 +
=−
2 + 2 + 2
−→
Logo, = ( ), pelo que
°−→° |0 + 0 + 0 + | p 2
° °
= ° ° = || × k( )k = × + 2 + 2
2 + 2 + 2
|0 + 0 + 0 + |
= √
2 + 2 + 2
Exercício 780 Determine, num referencial ortonormado, a distância , entre o ponto = ( )
e a recta de equação ( ) = (0 0 0 ) + ( ).
Resolução
É claro que 2 + 2 + 2 6= 0, pois no caso contrário não temos uma recta.
Pretendemos encontrar o ponto = ( ), da recta dada, tal que a recta definida pelos pontos
e seja perpendicular à recta.
−→
= − = (0 0 0 ) + ( ) − ( ) = (0 + − 0 + − 0 + − )
Então, ( ) · (0 + − 0 + − 0 + − ) = 0
¡ ¢
Logo, ( − 0 ) + ( − 0 ) + ( − 0 ) = 2 + 2 + 2
Logo,
( − 0 ) + ( − 0 ) + ( − 0 )
=
2 + 2 + 2
Então, = ( ) = (0 0 0 ) + ( ), com já determinado, pelo que , a distância pre-
−→
tendida, é a norma do vector = − = (0 − 0 − 0 − )− (0 −)+( 0 −)+(0 −)
2 + 2 +2 ( ).
−→
A fórmula para a distância dum ponto a uma recta, que se obtém através da norma de , é
muito pouco interessante, pelo que não a escrevemos.
No entanto, aproveitemos este processo para retomar um exercício já resolvido:
Determinar a distância entre o ponto e a recta , com = (3 1 5), = (4 2 3) e
= (7 4 1). Então:
−−→
= − = (4 2 3) − (3 1 5) = (1 1 −2) = ( )
= (7 4 1) = ( ) ; = (3 1 5) = (0 0 0 )
1015
5
¡ ¢
Então,(−4 −3 4) + 2 (1 1 −2) = − 32 − 12 −1
Exercício 781 Consideremos, num referencial ortonormado, os pontos = (2 −1 1), = (4 3 3),
= (6 1 −1) e = (3 2 1). Determine:
Resolução
−−→
a) = − = (4 3 3) − (2 −1 1) = (2 4 2) k (1 2 1)
−−→
= − = (6 1 −1) − (4 3 3) = (2 −2 −4) k (−1 1 2)
½ ½ ½
( ) · (1 2 1) = 0 ( ) · (1 2 1) = 0 + 2 + = 0
⇐⇒ ⇐⇒
( ) · (−1 1 2) = 0 ( ) · (−1 1 2) = 0 − + + 2 = 0
½ ½
= −2 − = −2 −
⇐⇒ ⇐⇒
2 + + + 2 = 0 3 + 3 = 0
½ ½
= 2 − =
⇐⇒ ⇐⇒
= − = −
|3 − 2 + 1| √
b) Aplicando a fórmula da distância dum ponto a um plano, vem = √ = 23 3.
1+1+1
Sem aplicar a fórmula, podemos determinar o ponto de intersecção do plano com a recta que
passa por e lhe é perpendicular, tendo-se = (3 2 1)+ (1 −1 1) = (3 + 2 − 1 + ) ∈
R.
1016 CAPÍTULO 41. GEOMETRIA ANALÍTICA NO ESPAÇO
2 2
√
Logo, = 3 k(1 −1 1)k = 3 3.
−−
→
c) = − = (4 3 3) − (2 −1 1) = (2 4 2) k (1 2 1)
( − 3) + 2 ( − 2) + ( − 1) = 0 ⇐⇒ + 2 + − 8 = 0
−−→ −−→ µ ¶
−−→ · −−→ (1 3 0) · (2 4 2) 2 + 12 7 7 7 7
proj = −−→ −−→ = (2 4 2) · (2 4 2) (2 4 2) = 4 + 16 + 4 (2 4 2) = 12 (2 4 2) = 6 3 6
−
−→ ·
−−→ −−→ ¡ ¢ ¡ ¢
− proj− −→ = (1 3 0) − 7 7 7 = − 1 2 − 7 = − 1 (1 −4 7)
° 1 ° 6 3 √6 6 3 6 6
°− (1 −4 7)° = 1 k(1 −4 7)k = 1 66
6
−−→6 ¡6 ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
Observe-se que = (1 3 0) = 76 73 76 + − 16 23 − 76 , tendo-se que 76 73 76 tem a direcção
−−→ ¡ ¢ −−→ ¡ ¢
de e − 16 23 − 76 é perpendicular a , conforme podemos verificar: (2 4 2) · − 16 23 − 76 = 0
Ainda outro processo
= (2 −1 1), = (4 3 3) = (3 2 1)
−−→
= − = (4 3 3) − (2 −1 1) = (2 4 2) k (1 2 1)
Uma equação da recta :
½ 2 2 2 ½ 2 2
( − 3) + ( − 2) + ( − 1) = 2 ( − 1) + (2 − 3) + 2 = 2
⇐⇒
( ) = (2 + −1 + 2 1 + ) ( ) = (2 + −1 + 2 1 + )
½
2 − 2 + 1 + 42 − 12 + 9 + 2 = 2
⇐⇒
( ) = (2 + −1 + 2 1 + )
½
62 − 14 + 10 − 2 = 0
⇐⇒
( ) = (2 + −1 + 2 1 + )
Uma equação de segundo
¡ grau¢ tem uma raiz dupla se e só se o binómio discriminante é zero.
Como ∆ = 196 − 24 10 − 2 = 242 − 44, então 242 − 44 = 0, donde vem 2 = 11 66
6 = 36 .
√
Então, = 666 que é a distância pretendida.
1019
Exercício
½ 782 Determine a distância entre as rectas e definidas por:
: ( ) = (1 2 3) + (2 3 −1) ∈ R
: ( ) = (4 3 1) + (2 −3 2) ∈ R
Resolução
Pretendemos determinar um ponto , na recta e um ponto , na recta , de modo que a
distância entre os dois pontos seja mínima.
Primeiro processo
Começamos por obter uma equação do plano definido pela recta e por uma recta paralela a
e que seja concorrente com . Tal plano pode ser definido pelo ponto = (1 2 3) e pelos vectores
(2 3 −1) e (2 −3 2).
O próximo passo consiste em encontrar um vector não nulo perpendicular aos dois vectores
anteriores:
½ ½ ½
( ) · (2 3 −1) = 0 2 + 3 − = 0 = 2 + 3
⇐⇒ ⇐⇒
( ) · (2 −3 2) = 0 2 − 3 + 2 = 0 2 − 3 + 4 + 6 = 0
½ ½
= 2 + 3 = −4
⇐⇒ ⇐⇒
6 + 3 = 0 = −2
Então, o vector (1 −2 −4) é perpendicular ao plano acima referido. Então, uma equação do
plano é ( − 1) − 2 ( − 2) − 4 ( − 3) = 0, equação equivalente a − 2 − 4 + 15 = 0
A distância entre as duas rectas é a distância dum ponto qualquer de ao plano anterior.
Para ser mais rápido, aplicamos a fórmula respectiva, obtendo-se:
|4 − 2 × 3 − 4 × 1 + 15| 3√
= √ = 21
1 + 4 + 16 7
Segundo processo
Começamos por obter um vector perpendicular aos dois vectores directores das rectas e , o
que se faz da mesma maneira que no processo anterior. Um tal vector é (1 −2 −4).
Consideremos dois pontos e , um na recta e outro na recta , por exemplo, = (1 2 3) e
−→
= (4 3 1). Então, = − = (4 3 1) − (1 2 3) = (3 1 −2).
−→
E, agora, calculamos a projecção do vector sobre (1 −2 −4):
(3 1 −2) · (1 −2 −4) 9 3
proj (1−2−4) (3 1 −2) = (1 −2 −4) = (1 −2 −4) = (1 −2 −4)
(1 −2 −4) · (1 −2 −4) 21 7
√
A distância procurada é a norma de 37 (1 −2 −4), ou seja, 37 21.
Terceiro processo
Consideremos e , dois pontos genéricos das rectas e , respectivamente:
Pretendemos minimizar a função anterior, o que é complicado, pois temos uma função de duas
variáveis. Consideremos, então, a função de duas variáveis
½ ½ ½ 7
½
14 + 7 = 11 14 + 7 = 11 14 = 11 + 3 = 40
42 =
20
21
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
14 + 34 = 2 27 = −9 = − 13 = − 13
E, agora, temos
s µ ¶ sµ ¶2 µ ¶2 µ ¶2
20 1 20 2 20 20 2
− = 3−2× − + 1−3× + 1 + −2 + −
21 3 21 3 21 21 3
sµ ¶2 µ ¶2 µ ¶2
63 − 40 − 14 42 − 60 20 − 14 − 42
= + +
21 21 21
sµ ¶ µ ¶2 µ ¶2 sµ ¶2 µ ¶2 µ ¶2
2
9 −18 −36 3 −6 −12
= + + = + +
21 21 21 7 7 7
r r
9 36 144 189 3√
= + + = = 21
49 49 49 49 7
Quarto processo
Vamos refazer a resolução anterior, utilizando a noção de derivada parcial.
Consideremos e , dois pontos genéricos das rectas e , respectivamente:
Logo, °−→°2
° ° 2 2 2
° ° = (3 + 2 − 2) + (1 − 3 − 3) + (−2 + 2 + )
O nosso objectivo é minimizar a função ( ) = (3 − 2 + 2)2 +(1 − 3 − 3)2 +(−2 + + 2)2 .
Calculemos as derivadas parciais da função:
(
= −4 (3 − 2 + 2) − 6 (1 − 3 − 3) + 2 (−2 + + 2)
= 4 (3 − 2 + 2) − 6 (1 − 3 − 3) + 4 (−2 + + 2)
(
Então, = −12 + 8 − 8 − 6 + 18 + 18 − 4 + 2 + 4 = 28 + 14 − 22
= 12 − 8 + 8 − 6 + 18 + 18 − 8 + 4 + 8 = 14 + 34 − 2
Uma condição necessária para que a função tenha um mínimo é que as duas derivadas parciais
anteriores sejam nulas:
( ½ ½
=0 28 + 14 − 22 = 0 14 + 7 = 11
⇐⇒ ⇐⇒
=0 14 + 34 − 2 = 0 14 + 34 = 2
½ ½ ½
27 = −9 = − 13 = − 13
⇐⇒ ⇐⇒ 17 ⇐⇒
7 + 17 = 1 7 = 1 + 3 = 20
21
Logo,
µ ¶ µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2
20 1 40 2 20 20 2
− = 3− − + 1− + 1 + −2 + −
21 3 21 3 7 21 3
µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2
63 − 40 − 14 14 − 20 20 − 42 − 14
= + +
21 7 21
µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2
9 −6 −36 3 6 12
= + + = + +
21 7 21 7 7 7
9 + 36 + 144 189 32 × 21
= = =
49 49 72
q ¡ ¢ 3√21
Logo, 20 1
21 − 3 = 7 .
Não vamos abordar a questão geral da existência ou não de extremo, mas é claro que, neste
problema, há sempre um mínimo, que é a distância entre as duas rectas.
Exercício 783 Considere, num referencial ortonormado, os pontos = (2 4 3) e = (1 5 6).
Identifique o lugar geométrico dos pontos tais que a distância de ao ponto é o dobro da
distância de ao ponto .
Resolução
Seja = ( ). Então:
⎧ q
⎨ ( ) = ( − 2)2 + ( − 4)2 + ( − 3)2 = p2 − 4 + 4 + 2 − 8 + 16 + 2 − 6 + 9
q
⎩ 2 ( ) = 2 ( − 1)2 + ( − 5)2 + ( − 6)2 = 2p2 − 2 + 1 + 2 − 10 + 25 + 2 − 12 + 36
1022 CAPÍTULO 41. GEOMETRIA ANALÍTICA NO ESPAÇO
Logo:
½ p
( ) = 2 2 2
p + + − 4 − 8 − 6 + 29
2 ( ) = 2 + + 2 − 2 − 10 − 12 + 62
2 2
Então:
Logo:
(3 − 2)2 + (3 − 16)2 + (3 − 21)2 = 44
E, finalmente, obtemos
µ ¶2 µ ¶2
2 16 44
− + − + ( − 7)2 =
3 3 9
¡ ¢ √
2 11
O lugar geométrico pretendido é a superfície esférica de centro 23 16
3 7 e raio 3 .
Observe-se que este problema é análogo ao correspondente em R2 , cuja solução é uma circun-
ferência.
Exercício 784 Considere os pontos = (1 4 2), = (3 5 1), = (2 3 0) e = (7 3 1), num
referencial ortonormado. Determine a distância do ponto ao plano .
Resolução
−−→
= − = (3 5 1) − (1 4 2) = (2 1 −1)
−→
= − = (2 3 0) − (1 4 2) = (1 −1 −2)
½ ½ ½
( ) · (2 1 −1) = 0 2 + − = 0 = 2 +
⇐⇒ ⇐⇒
( ) · (1 −1 −2) = 0 − − 2 = 0 − − 4 − 2 = 0
½ ½
= 2 + =
⇐⇒ ⇐⇒
−3 − 3 = 0 = −
Então, o vector (1 −1 1) é perpendicular ao plano , pelo que uma equação do plano é:
−2−+3+ =0
Simplificando, vem − + + 1 = 0.
1023
2. Se não quisermos aplicar a fórmula anterior, determinamos intersecção do plano com a recta
que passa por e é perpendicular ao plano :
½ ½
( ) = (7 3 1) + (1 −1 1) ( ) = (7 + 3 − 1 + )
⇐⇒
−++1=0 −++1=0
½
( ) = (7 + 3 − 1 + )
⇐⇒
7+−3++1++1=0
½
( ) = (7 + 3 − 1 + )
⇐⇒
3 = −6
½
( ) = (5 5 −1)
⇐⇒
= −2
−→
Então, = (5 5 −1), pelo que = − = (5 5 −1) − (7 3 1) = (−2 2 −2).
°−→° √ √
° °
Logo, ° ° = 4 + 4 + 4 = 2 3.
Substituindo , vem
2 − 14 + 49 + 2 − 6 + 9 + 2 + 2 + 4 − 2 − 4 + 4 − 2 = 0
Logo,
22 − 2 − 10 + 2 2 − 10 + 62 − 2 = 0
Então,
2 ¡ ¢
∆ = (2 + 10) − 8 2 2 − 10 + 62 − 2 = 4 2 + 40 + 100 − 16 2 + 80 − 496 + 82
= −12 2 + 120 + 82 − 396
O nosso objectivo é minimizar a função anterior. Então, as derivadas parciais devem ser nulas:
½ ¡ 2 2
¢
¡ 2 − 2 + 2 − 10 − 10 + 62¢ = 4 − 2 − 10
2 2
2 − 2 + 2 − 10 − 10 + 62 = −2 + 4 − 10
Então:
½ ½ ½ ½
4 − 2 = 10 2 − = 5 2 = + 5 =5
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
−2 + 4 = 10 −2 + 4 = 10 3 = 15 =5
°−−→°2
° ° 2 2 2
Logo, ° ° = (5 − 7) + (5 − 3) + (5 − 5 − 2) = 4 + 4 + 4 = 12.
°−−→° √ √
° °
Então, ° ° = 12 = 2 3.
⎧ ⎧ ⎧ ⎧
⎨ −7= ⎨ =7+ ⎨ =7+ ⎨ =5
− 3 = − ⇐⇒ =3− ⇐⇒ =3− ⇐⇒ =5
⎩ ⎩ ⎩ ⎩
−−2 = 3−−7−−2= −3 = 6 = −2
−−→ °−−→° √ √
° °
Logo, = (1 −1 1) = −2 (1 −1 1), pelo que ° ° = 2 1 + 1 + 1 = 2 3.
1025
O sólido apresentado resulta da colocação duma pirâmide quadrangular regular sobre um cubo.
A base da pirâmide é uma das faces do cubo e está assente no plano de equação = 0. O volume
do cubo é o triplo do volume da pirâmide. Suponha que a aresta do cubo mede 2 cm. Tomando 1 cm
para unidade, determine:
h) O circuncentro do triângulo [ ].
Resolução
Pretendemos encontrar um vector não nulo perpendicular aos dois vectores anteriores:
½ ½ ½
( ) · (−1 1 4) = 0 − + + 4 = 0 = 4
⇐⇒ ⇐⇒
( ) · (0 2 0) = 0 2 = 0 =0
Fazendo = 1, temos = 4. Então, ( ) = (4 0 1), pelo que uma das equações do plano
é 4 ( − 1) + − 2 = 0.
−−→
c) = − = (1 1 2) − (2 0 −2) = (−1 1 4)
−−→
= − = (0 0 −2) − (2 0 −2) = (−2 0 0) k (1 0 0)
Pretendemos encontrar um vector não nulo perpendicular aos dois vectores anteriores:
½ ½ ½
( ) · (1 −1 2) = 0 − + 2 = 0 = 2
⇐⇒ ⇐⇒
( ) · (2 0 0) = 0 2 = 0 =0
Fazendo = 1, temos = 2.
Logo, o vector pretendido pode ser (0 2 1) e uma das equações cartesianas do plano é
2 ( − 2) + = 0.
e) O sólido é formado por cinco faces quadradas (faces do cubo) e quatro faces triangulares (faces
da pirâmide).
f) A maior superfície esférica contida na pirâmide é tangente à base e às quatro faces laterais
da pirâmide. O centro da superfície esférica é o ponto = (1 1 ), com 0 e tal que a
distância de às quatro faces laterais da pirâmide seja .
g) = (1 1 2) = (2 2 0) = (2 0 0). O ponto médio do lado [] é = (2 1 0).
−−→
= − = (1 1 2) − (2 1 0) = (−1 0 2)
−−→ ¡ ¢
Seja , o baricentro do triângulo. Então, = + 13 = (2 1 0) + 13 (−1 0 2) = 53 1 23 .
Uma maneira rápida de encontrar o baricentro dum triângulo é calcular a média aritmética das
coordenadas homólogas dos vértices do triângulo:
µ ¶ µ ¶
1+2+2 1+2+0 2+0+0 5 2
= = 1
3 3 3 3 3
h) = (2 2 −2) = (0 2 −2) = (1 1 2)
O circuncentro dum triângulo é o ponto de intersecção de dois planos mediadores
¡ dos
¢ lados do
triângulo com o plano que contém o triângulo. Sejam 1 = (1 2 −2) e 2 = 32 32 0 os pontos
médios de [ ] e [ ], respectivamente.
−−→
= − = (1 1 2) − (2 2 −2) = (−1 −1 4) k (1 1 −4).
Uma equação do plano mediador de [ ] é:
3 3
− + − − 4 = 0
2 2
−−→
= − = (0 2 −2) − (2 2 −2) = (−2 0 0) k (1 0 0).
Uma equação do plano mediador de [ ] é:
−1=0
Para encontrar o circuncentro, falta-nos uma equação do plano :
½ ½ ½
( ) · (1 1 −4) = 0 + − 4 = 0 =0
⇐⇒ ⇐⇒
( ) · (1 0 0) = 0 =0 = 4
Então, (0 4 1) é um vector perpendicular ao plano .
Logo, uma equação do plano é 4 ( − 1) + − 2 = 0, ou seja, 4 + = 6.
⎧ ⎧ ⎧ ⎧
⎨ + − 4 = 3 ⎨ 1 + − 24 + 16 = 3 ⎨ = 26
17 ⎨ = 26
17
=1 ⇐⇒ =1 ⇐⇒ =1 ⇐⇒ =1
⎩ ⎩ ⎩ 104 ⎩ 2
= 6 − 4 = 6 − 4 =6− 17 = − 17
1028 CAPÍTULO 41. GEOMETRIA ANALÍTICA NO ESPAÇO
¡ ¢
Logo, o circuncentro de [ ] é = 1 26 2
17 − 17 .
Verificação: °−−→°
−−→ ¡ ¢ ¡ ¢ ° ° √
= (1 1 2) − 1 26 2 9 36
17 − 17 = 0 − 17 17 =⇒ ° ° = 17 9
17
−−→ ¡ 26 ¢ ¡ ¢ °−−→° √
2 8 32 ° ° 9
= 1 17 − 17 − (2 2 −2) = −1 − 17 17 =⇒ ° ° = 17 17
−−→ ¡ 26 ¢ ¡ ¢ °−−→° √
2 8 32 ° ° 9
= 1 17 − 17 − (0 2 −2) = 1 − 17 17 =⇒ ° ° = 17 17
Condição que define a circunferência circunscrita ao triângulo [ ]:
½ ¡ ¢ ¡ ¢
26 2 2 2
( − 1)2 + − 17 + 6 − 4 + 17 = 81
17
= 6 − 4
O ortocentro do triângulo [ ] é o ponto de intersecção das rectas que contêm as alturas do
triângulo.
−
−→
= − = (2 2 0) − (0 2 0) = (2 0 0) k (1 0 0)
−−
→
Plano perpendicular a e que passa por :
=1
−→
= − = (1 1 2) − (0 2 0) = (1 −1 2)
−→
Plano perpendicular a e que passa por :
− 2 − ( − 2) + 2 = 0
½ ½ ½
( ) · (1 0 0) = 0 =0 =0
⇐⇒ ⇐⇒
( ) · (1 −1 2) = 0 − + 2 = 0 = 2
Resolução do sistema:
⎧ ⎧ ⎧
⎨ =1 ⎨ =1 ⎨ =1
− + 2 = 0 ⇐⇒ = 1 + 2 ⇐⇒ = 95
⎩ ⎩ ⎩
2 + = 4 2 + 4 + = 4 = 25
¡ ¢
Então, o ortocentro do triângulo é o ponto 1 95 25 .
Resolução µ ¶
1 + 2 1 + 2 1 + 2
Seja 1 o ponto médio de []. Então, 1 = .
2 2 2
1029
Logo:
µ ¶
−−−→ 1 + 2 1 + 2 1 + 2
1 = 1 − = − (3 3 3 )
2 2 2
µ ¶
1 + 2 − 23 1 + 2 − 23 1 + 2 − 23
=
2 2 2
Seja , o baricentro do triângulo. Então:
µ ¶ µ ¶
1 −−−→ 1 + 2 1 + 2 1 + 2 1 + 2 − 23 1 + 2 − 23 1 + 2 − 23
= 1 − 1 = −
3 2 2 2 6 6 6
µ ¶
31 + 32 − 1 − 2 + 23 31 + 32 − 1 − 2 + 23 31 + 32 − 1 − 2 + 23
=
6 6 2
µ ¶
21 + 22 + 23 21 + 22 + 23 21 + 22 + 23
=
6 6 6
µ ¶
1 + 2 + 3 1 + 2 + 3 1 + 2 + 3
=
3 3 3
Exercício 787 Determine o baricentro do triângulo [], em que = (3 1 2), = (4 3 0) e
= (1 1 2).
Resolução
−−→
Seja o ponto médio de []. Então, = (2 1 2) e = − = (4 3 0) − (2 1 2) =
(2 2 −2).
−−→ ¡ ¢
Então, = + 13 = (2 1 2) + 13 (2 2 −2) = 83 53 43 .
Mas, é muito mais fácil aplicar a propriedade anterior:
µ ¶ µ ¶
3+4+1 1+3+1 2+0+2 8 5 4
= =
3 3 3 3 3 3
Exercício 788 Determine a área do triângulo [], no caso em que = (3 4 2), = (4 3 0)
e = (1 1 3).
Resolução
1. Calculando a área dum paralelogramo:
( −−→
= − = (4 3 0) − (3 4 2) = (1 −1 −2)
−→
= − = (1 1 3) − (3 4 2) = (−2 −3 1)
Então:
°− ° √ ° ° √ ° ° √
° −→° √ °−→° √ °−−→° √
° ° = 1 + 1 + 4 = 6 ° ° = 4 + 9 + 1 = 14 ° ° = 9 + 4 + 9 = 22
Então,
⎧ √ √ √ √ √ √ √ √
6+ 14+ 22
⎪
⎨ ( − ) = 2
√
× 6+ 14−
√ √ 2 √
22
= 6+14+24 84−22 = 84−1
√ √ 2
22+( 6− 14) 22−( 6− 14) √ √
22−6−14+2 84 84+1
⎪ ( − ) ( − ) = 2 √ × √ 2 = 4 = 2
⎩ 84−1 84+1 83
( − ) ( − ) ( − ) = 2 × 2 = 4
√
83
Logo, a área do triângulo é 2 unidades de área.
2. Escolha um dos pontos obtidos na alínea anterior e determine um quarto ponto , que defina
com os outros três um tetraedro regular.
Resolução
1031
−−
→
1. = − = (10 2 −2) − (4 2 4) = (6 0 −6) k (1 0 −1)
O ponto médio de [] é (7 2 1) e uma equação do plano mediador de [] é −7−( − 1) = 0,
ou ainda, − = 6.
Intersecção dos dois planos:
½ ½ ½ ½
− 5 + = −2 + 6 − 5 + = −2 5 = 2 + 8 = 2+8
5
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
− =6 =+6 =+6 =+6
¡ ¢
Logo, = + 6 2+8
5 . Então:
µ ¶ µ ¶
−→ 2 + 8 2 − 2
= + 6 − (4 2 4) = + 2 − 4
5 5
°−− ° √ °−→° √
° →° √ ° °
Mas, ° ° = 36 + 36 = 6 2, pelo que tem se ser ° ° = 6 2.
q ¡ ¢2 √
2 2
Então, ( + 2) + 2−2 5 + ( − 4) = 6 2.
Logo, devemos ter
µ ¶2
2 − 2 4 2 − 8 + 4
( + 2)2 + + ( − 4)2 = 72 ⇐⇒ 2 + 4 + 4 + + 2 − 8 + 16 = 72
5 25
4 2 − 8 + 4
⇐⇒ 2 2 − 4 + = 52
25
⇐⇒ 50 2 − 100 + 4 2 − 8 + 4 = 1300
⇐⇒ 54 2 − 108 − 1296 = 0 ⇐⇒ 2 − 2 − 24 = 0
√
⇐⇒ = 1 ± 1 + 24 ⇐⇒ = −4 ∨ = 6
¡ 2+8
¢
Se = −4, temos = ¡ + 62+85 ¢ = (2 0 −4).
Se = 6, temos = + 6 5 = (12 4 6).
Outra resolução: √
Comecemos por observar que a altura dum triângulo equilátero de lado é 2 3 . Em segundo
lugar, refira-se que a altura dum triângulo equilátero (segmento de recta) é perpendicular à base no
seu ponto médio. Em terceiro lugar, refira-se que os pontos pertencem ao plano de equação
− 5 + = −2, como se pode verificar facilmente. Se tal não acontecesse, podíamos encontrar
uma equação do plano , ou encontrar um vector perpendicular a este plano.
−
−→
Então, a recta que contém a altura relativa ao vértice é perpendicular ao vector =
(6 0 −6) e ao vector − → = (1 −5 1), que é perpendicular a todas as rectas do plano de equação
− 5 + = −2.
Então, vamos procurar um vector − → = ( ) que seja perpendicular aos dois vectores −→
e
−−→
:
½ ½ ½ ½
( ) · (6 0 −6) = 0 6 − 6 = 0 = = 2
5
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
( ) · (1 −5 1) = 0 − 5 + = 0 − 5 + = 0 = 4
Fazendo
°− °= 5, temos = 2 e = 5. Logo, −
→
= ( ) = (5 2 5).
° −→° √ →
− √
Ora, ° ° = 6 2 e k k = k(5 2 5)k = 3 6.
1032 CAPÍTULO 41. GEOMETRIA ANALÍTICA NO ESPAÇO
√ √ √ √
Mas, 2 3 = 6 2 × 23 = 3 6, o que facilita a resolução.
Seja = (7 2 1), o ponto médio de []. Então, = ± − →.
Logo, = (7 2 1) ± (5 2 5), donde vem = (12 4 6) ∨ = (2 0 −4).
2. Sejam = (4 2 4) = (10 2 −2) = (2 0 −4). Seja = (7 2 1), o ponto médio de
[].
−−→
, o baricentro do triângulo [] , é dado por = + 13 , mas, pode ser calculado pela
média aritmética das coordenadas dos vértices do triângulo:
µ ¶ µ ¶
4 + 10 + 2 2 + 2 + 0 4 − 2 − 4 16 4 2
= = −
3 3 3 3 3 3
O quarto vértice do tetraedro pertence à recta que passa por e é perpendicular ao plano .
Uma maneira interessante de continuar, consiste no cálculo da altura do tetraedro (altura da
pirâmide).
A altura do tetraedro, um terço da mediana e a altura do triângulo (face lateral) definem um
triângulo rectângulo em que a hipotenusa é a° altura do triângulo.
° −→
1 −−→ 1 1 °− ° 1√ √
3 = 3 (−5 −2 −5), pelo que 3 ° ° = 3 25 + 4 + 25 = 6
2
√ √
Então, +6 = 54, donde vem = 48 = 4 3. Mas, o plano√ tem equação √ −5+√ = −2,
pelo que −
→ = (1 −5 1) é perpendicular ao plano. Ora, k− → k = 1 + 25 + 1 = 27 = 3 3. Então,
−−→
= ± 43 −
→
. ¡ ¢ ¡ 4 20 4 ¢
Logo, = ± 43 −
→ = 16 4 2
3 3 −3 ± 3 − 3 3 .
Uma das soluções (a mais simples) é:
µ ¶ µ ¶
16 4 2 4 20 4
= − − − = (4 8 −2)
3 3 3 3 3 3
Façamos a verificação:
−→ °−→° √ √
° °
= − = (4 8 −2) − (4 2 4) = (0 6 −6) ° ° = 72 = 6 2
−−→ °−−→° √ √
° °
= − = (4 8 −2) − (10 2 −2) = (−6 6 0) ° ° = 72 = 6 2
−−→ °−−→° √ √
° °
= − = (4 8 −2) − (2 0 −4) = (2 8 2) ° ° = 72 = 6 2
¡ ¢ ¡ 4 20 4 ¢ ¡ 20 16 2 ¢
A outra solução é = 16 4 2
3 3 −3 + 3 − 3 3 = 3 − 3 3 .
Outra¡ maneira ¢ de encontrar
¡ 16 4 2 ¢o quarto vértice:
= 16
3 3
4
− 2
3 = 3 3 − 3 + (1 −5 1)
Logo:
µ ¶ µ ¶
−→ 16 4 2 4 2 14
= − + (1 −5 1) − (4 2 4) = + − − 5 − +
3 3 3 3 3 3
1
= (4 + 3 −2 − 15 −14 + 3)
3
Então:
°−→° q
° ° 1
° ° = (4 + 3)2 + (−2 − 15)2 + (−14 + 3)2
3
1p 1p
= 16 + 24 + 92 + 4 + 60 + 2252 + 196 − 84 + 92 = 2432 + 216
3 3
1033
1
√ √ √ √
Logo, 3 2432 + 216 = 6 2, ou seja 2432 + 216 = 18 2. Então:
p √ 432 4
2432 + 216 = 18 2 ⇐⇒ 2432 + 216 = 648 ⇐⇒ 2 = ⇐⇒ = ±
243 3
¡ 16 4 2 ¢ 4
Logo, = 3 3 − 3 ± 3 (1 −5 1).
√
3. A área dum triângulo equilátero, de lado , é 2 43 , pelo que a área total do tetraedro regular
√ √ √ √
é 4 × 2 43 = 2 3. Neste caso, temos 2 3 = 72 3.
4. O tetraedro é uma pirâmide, motivo pelo qual o seu volume é√um terço
√ do produto da área
da base pela altura. Neste caso, temos que o volume é 13 × 18 3 × 4 3 = 72.
O hexágono regular [1 2 3 4 5 6 ] tem centro (0 0 0). As coordenadas do ponto 3 são
(0 2 0) e a base [1 2 3 4 5 6 ] está contida no plano de equação = −16.
¡ √ ¢
1. Mostre que 2 = 0 1 3 .
2. Indique as coordenadas dos vértices do prisma.
3. Indique uma equação cartesiana do plano mediador de [1 1 ].
4. Calcule a área total do prisma.
5. Calcule o volume do prisma.
1034 CAPÍTULO 41. GEOMETRIA ANALÍTICA NO ESPAÇO
Resolução
1. [2 3 ] é um triângulo
√ equilátero de lado 2. Seja a sua altura. Então, 2 + 12 = 22 ,
donde¡vem √ =¢ 3. Como a base [1 2 3 4 5 6 ] está contida no plano = 0, temos que
2 = 0 1 3 .
¡ √ ¢ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
2. 2 = 0 1 3 3 = (0 2 0) 4 = 0 1 − 3 5 = 0 −1 − 3 6 = (0 −2 0)
¡ √ ¢ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
1 = 0 −1 3 2 = −16 1 3 3 = (−16 2 0) 4 = −16 1 − 3
¡ √ ¢ ¡ √ ¢
5 = −16 −1 − 3 6 = (−16 −2 0) 1 = −16 −1 3
3. Uma equação cartesiana do plano mediador de [1 1 ] é = −8, porque a distância entre os
planos que contêm as dusa bases é 16 e as arestas laterais são perpendiculares às bases, uma
vez que o prisma é recto.
É claro que podemos efectuar outros cálculos, para chegar à mesma conclusão:
Seja = ( ) um ponto equidistante de 1 e de 1 . Então,
r ³ r
√ ´2 ³ √ ´2
1 = 2 ⇐⇒ ( − 0) + ( + 1) + − 3 = ( + 16)2 + ( + 1)2 + − 3
2 2
³ √ ´2 ³ √ ´2
2 2 2
⇐⇒ 2 + ( + 1) + − 3 = ( + 16) + ( + 1) + − 3
2
⇐⇒ 2 = ( + 16) ⇐⇒ 2 = 2 + 32 + 256
⇐⇒ 32 = −256 ⇐⇒ = −8
( −−−→ ¡ √ ¢ ¡ √ ¢
1 1 ³= 1 − 1 = −16 −1´ 3 − 0 −1 3 = (−16 0 0) = −16 (1 0 0)
Ou: √ √ ¡ √ ¢
= −16+0 2 −1−1
2
3+ 3
2 = −8 −1 3
¡ √ ¢
Logo, uma equação do plano mediador de [1 1 ] é 1 ( + 8) + 0 ( + 1) + 0 − 3 = 0, ou
seja, = −8.
√
4. A área de cada face lateral é 2 × 16 (unidades de área). A área de [2 3 ] é 2 × 23 (unidades
de área).
√
Logo,
¡ √ ¢ das bases é 6 3 (unidades ¡de área).√Então,
a área duma ¢ a área total do prisma é
6 × 32 + 2 × 6 3 (unidades de área), ou seja, 192 + 12 3 (unidades de área).
√ √
5. O volume do prima é 6 3 × 16 (unidades de volume), ou seja, 96 3 (unidades de volume).
6. O maior cilindro de revolução contido no prisma é o cilindro com a mesma altura√e cujas bases
são circunferências inscritas nas bases do prisma. Tais circunerências têm raio 3. Então, o
¡√ ¢2
volume do cilindro é × 3 × 16 (unidades de volume), ou seja, 48 (unidades de volume).
1035
√ ¡√ ¢3
7. A maior esfera contida no prisma tem raio 3, pelo que o seu volume é 43 ×× 3 (unidades
√
de volume), ou seja, 4 3 (unidades de volume). Se dilatarmos a esfera de centro no plano
= −8, ao longo do eixo das abcissas, mantendo fixo o referido plano de equação = −8,
vamos obtendo um elipsóide de revolução. Para que o elipsóide seja tangente ao plano = 0,
a razão da dilatação deve ser √83 , pelo que o volume do elipsóide vem multiplicado por √83 .
Então, o volume do elipsóide é 32 (unidades de volume).
Resolução q
2
Consideremos a elipse dada e a circunferência definida por = ± 4 − ( + 2) , conforme se vê
na figura seguinte.
Consideremos, sobre o gráfico de (), um ponto . Consideremos, ainda, a recta vertical que
passa por . Esta recta intersecta os gráficos das restantes três funções nos pontos , e . Mas,
= 2 × , qualquer que seja a posição do ponto (sobre o gráfico de ). Então, pelo princípio
de Cavallieri, a área da região plana limitada pela elipse é o dobro da área do círculo. Então, a
área da região plana limitada pela elipse é de 8 (unidades de área).
Suponhamos, agora, que a elipse e a circunferência rodam meia volta, em torno do eixo vertical
da elipse, definindo um elipsóide de revolução e uma esfera. Consideremos o plano que passa por
e que é perpendicular ao eixo das abcissas (referencial a duas dimensões da figura). Este plano,
intersecta o elipsóide segundo uma elipse e a esfera segundo um círculo, tendo-se que a área da
região plana limitada pela elipse é o dobro da área do círculo. Então, como o ponto é arbitrário,
concluimos (pelo princípio de Cavallieri) que o volume da região limitada pelo elipsóide é o dobro
do volume da esfera. Logo, o volume da região plana limitada pelo elipsóide é de 2 × 43 × × 23
(unidades de volume), ou seja, 643 (unidades de volume).
2 2
Exercício 792 Determine a área da região plana limitada pela elipse de equação 2 + 2 = 1.
Resolução
Suponhamos que 0 ∧ 0. Consideremos uma dilatação (ou contracção) ao longo da
direcção do eixo das abcissas de razão . Então, obtemos uma circunferência que limita um círculo
de raio . Logo, a área do círculo é 2 . Então, a área pretendida é 2 × (unidades de área), ou
1036 CAPÍTULO 41. GEOMETRIA ANALÍTICA NO ESPAÇO
seja, (unidades de área). Se = = , a elipse transforma-se numa circunferência que limita
um círculo de área 2 .
Observemos que a dilatação considerada pode ser interpretada do seguinte modo: Temos um
referencial ortonormado desenhado numa faixa plana elástica. Depois, seguramos nas duas extremi-
dades da faixa e afastamo-las uma da outra, ficando o eixo das ordenadas fixo. Fica, assim, definida
uma aplicação, à qual se dá o nome de afinidade. Esta aplicação transforma segmentos de recta
paralelos em segmentos de recta paralelos.
2
2 2
Exercício 793 Determine o volume da região limitada pelo elipsóide de equação 22 + 32 + 42 = 1.
Resolução
2 2 2
Se tivéssemos 22 + 22 + 22 = 1, obteríamos uma esfera de volume 43 × 23 = 32
3 .
Considerando uma dilatação ao longo da direcção do eixo das ordenadas de razão 32 , obtemos
um elipsóide que limita uma região de volume 32 3
3 × 2 = 16. O novo elipsóide tem equação
2
2 2
22 + 32 + 22 = 1.
Considerando nova dilatação ao longo da direcção do eixo das cotas de razão , obtemos um
2
2
elipsóide que limita uma região de volume 16 × 4
2 = 32. O novo elipsóide tem equação 22 + 32 +
2
42 = 1.
2
2 2
Exercício 794 Determine o volume da região limitada pelo elipsóide de equação 2 + 2 + 2 = 1.
Resolução
Suponhamos que 0 ∧ 0 ∧ 0.
Se tivéssemos = = , obteríamos uma esfera de volume 43 3 .
Considerando uma dilatação (ou contracção) ao longo da direcção do eixo das ordenadas de
razão , obtemos um elipsóide que limita uma região de volume 43 3 × = 43 2 . O novo
2 2 2
elipsóide tem equação 2 + 2 + 2 = 1.
Considerando nova dilatação (ou contracção) ao longo da direcção do eixo das cotas de razão ,
obtemos um elipsóide que limita uma região de volume 43 2 × = 43 . O novo elipsóide tem
2 2 2
equação 2 + 2 + 2 = 1.
Exercício 795 Determine o volume dum paralelipípedo definido pela origem e pelos pontos =
(1 2 3), = (2 −1 1) e = (3 2 4), em que a origem e estes três pontos definem três das arestas
do paralelipípedo.
Resolução
O volume dum paralelipípedo é dado pelo produto misto dos três vectores que partem dum
mesmo vértice. Não vamos considerar volumes negativos, pelo que o resultado é tomado em valor
absoluto.
Recordamos que o produto externo de dois vetores pode ser calculado por um determinante
simbólico.
1037
Então,
¯ ¯
¯1 2 3 ¯¯ ¯¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
−→ −−→ ¯ 2 3¯¯ ¯1 3¯ ¯1 2 ¯
× = ¯¯ 1 2 ¯ ¯
3¯ = ¯ − ¯ ¯ + ¯ ¯
¯2 ¯ −1 1¯ 1 ¯2 1¯ 2 ¯2 −1¯ 3
−1 1
= (2 + 3) 1 − (1 − 6) 2 + (−1 − 4) 3
= 51 + 52 − 53 = 5 (1 0 0) + 5 (0 1 0) − 5 (0 0 1)
= (5 5 −5)
Como já dissemos, se o resultado der negativo, temos de considerar o valor absoluto (embora se
possa definir um volume negativo).
Note-se que é mais fácil calcular este último determinante do que calcular o produto misto.
Observação
A partir de , e , podemos encontrar um ponto , de modo que [] seja um paralel-
ogramo. Então, pode ser obtido pela "regra do paralelogramo", a qual serve para somar vetores.
−→ −−→
= + + = (0 0 0) + (1 2 3) + (2 −1 1) = (3 1 4)
√ √ √
³ − 6 = ´14³ − ´26³ ´ ³
√ √ √ √ √ √ ´ ¡ ¢
14 + 26 2
6
2
6
14 − 2
6
= 14 − 64 × 64 = 75
4
q √
75 5
Logo, a área do triângulo é 4 , ou seja, 2 3. O que coincide com o valor obtido acima.
Capítulo 42
Círculos e Esferas
Exercício 796 Determine a intersecção da reta definida por ( ) = (2 −1) + (4 −3), ∈ R,
2 2
com a circunferência definida por ( + 1) + ( − 1) = 2. Determine, ainda, a distância do ponto
= (−1 1) à reta .
Resolução
⎧ ⎧
⎨ = 2 + 4 ⎨ = 2 + 4
= −1 − 3 ⇐⇒ = −1 − 3
⎩ 2 2 ⎩ 2 2
( + 1) + ( − 1) = 2 (2 + 4 + 1) + (−1 − 3 − 1) = 2
Ora,
2 2
(4 + 3) + (−3 − 2) = 2 ⇐⇒ 162 + 24 + 9 + 92 + 12 + 4 = 2
√
2 324 − 275
18 ±
⇐⇒ 25 + 36 + 11 = 0 ⇐⇒ =
√ 25
18 ± 49 11
⇐⇒ = ⇐⇒ = −1 ∨ = −
25 25
Logo, ½ ½
= 2 − 4 = −2 = 2 − 44 6
25 = 25
∨ 33 8
= −1 + 3 = 2 = −1 + 25 = 25
¡6 8¢
Então, a reta intersecta a circunferência nos pontos = (−2 2) e = 25 25 .
Então,
sµ ¶2 µ ¶2 sµ ¶2 µ ¶2
6 8 56 42
= +2 + −2 = + −
25 25 25 25
1p 2 1 √ 14
= 56 + 422 = 4900 =
25 25 5
Se o ponto médio de [] é , então = 75 , o que nos permite encontrar a distância do
ponto = (−1 1) à reta :
µ ¶2 ³ ´
2 7 √ 2 49 1
+ = 2 ⇐⇒ 2 = 2 − ⇐⇒ 2 =
5 25 25
1039
1040 CAPÍTULO 42. CÍRCULOS E ESFERAS
Exercício 797 Determine a intersecção da reta definida por ( ) = (2 −1) + (4 −3), ∈ R,
com o círculo definido por ( + 1)2 + ( − 1)2 ≤ 2.
Resolução
A diferença, relativamente ao exercício anterior, é que a intersecção é um segmento de reta
em vez
¡ 6 de8 dois
¢ pontos, ou seja, a intersecção é o segmento de reta de extremos = (−2 2) e
= 25 25 .
A resolução pode ser exactamente igual à do exercício anterior, mas pode ter algumas diferenças.
Assim, teremos
2 2
(4 + 3) + (−3 − 2) ≤ 2 ⇐⇒ 162 + 24 + 9 + 92 + 12 + 4 ≤ 2
11
⇐⇒ 252 + 36 + 11 ≤ 0 ⇐⇒ −1 ≤ ≤ −
25
Para = −1, temos ( ) = (2 ¡−1) − ¢(4 −3) = (−2 2) = , enquanto que para = − 11
25 ,
temos ( ) = (2 −1) − 11
25 (4 −3) = 6
25 25
8
= .
E para cada , tal que −1 − 1125 , teremos um ponto pertencente a [].
Exercício 798 Determine a distância do ponto = (3 −2) à reta definida por ( ) = (−2 5)+
(2 −1), ∈ R.
Resolução °− °
−−→ ° −→°
Seja = (−2 5). Então, = − = (−2 5) − (3 −2) = (−5 7), pelo que ° ° =
√ √
25 + 49 = 74. √
Consideremos a circunferência de centro e raio 74, de equação ( − 3)2 + ( + 2)2 = 74.
A intersecção da reta com a circunferência anterior é obtida por
⎧
⎨ = −2 + 2
=5−
⎩ 2 2
( − 3) + ( + 2) = 74
Logo,
Exercício 800 Determine a intersecção da reta definida por ( ) = (1 2 −1) + (2 3 2),
∈ R, com a superfície esférica definida por ( + 1)2 + ( − 1)2 + ( − 2)2 = 33.
Resolução
⎧ ⎧
⎪
⎪ = 1 + 2 ⎪
⎪ = 1 + 2
⎨ = 2 + 3 ⎨ = 2 + 3
⇐⇒
⎪
⎪ = −1 + 2 ⎪
⎪ = −1 + 2
⎩ ⎩
( + 1)2 + ( − 1)2 + ( − 2)2 = 33 (1 + 2 + 1)2 + (2 + 3 − 1)2 + (−1 + 2 − 2)2 = 33
⎧
⎪
⎪ = 1 + 2
⎨ = 2 + 3
⇐⇒
⎪
⎪ = −1 + 2
⎩ 2 2 2
(2 + 2) + (3 + 1) + (2 − 3) = 33
Então, 42 + 8 + 4 + 92 + 6 + 1 + 42 − 12 + 9 − 33 = 0.
Logo, 172 + 2 − 19 = 0, donde vem = 1 ∨ = − 19
17 .
Então, ⎧ ⎧
⎪
⎪ =3 ⎪
⎪ = − 21
17
⎨ ⎨
=5 = − 23
17
∨
⎪
⎪ =1 ⎪
⎪ = − 55
17
⎩ ⎩
=1 = − 19
17
1042 CAPÍTULO 42. CÍRCULOS E ESFERAS
¡ ¢
Logo, a reta intersecta a superfície esférica em dois pontos: 1 = (3 5 1) e 2 = − 21 23 55
17 − 17 − 17 .
Observação
2 2 2
A intersecção da esfera definida por ( + 1) + ( − 1) + ( − 2) ≤ 33 com a reta de equação
(
¡ 21 ) = (1 2¢−1) + (2 3 2), ∈ R, é o segmento de reta de extremos 1 = (3 5 1) e 2 =
− 17 − 23 55
17 − 17 .
A intersecção da esfera aberta definida por ( + 1)2 + ( − 1)2 + ( − 2)2 33 com a reta de
equação
¡ ( 23) =55(1 ¢ 2 −1) + (2 3 2), ∈ R, é o segmento de reta de extremos 1 = (3 5 1) e
2 = − 21 17 − 17 − 17 privado dos extremos (segmento aberto).
Resolução
Resolvendo a equação do plano em ordem a , obtemos = 2 + 3 − 5.
Então, ( − 2)2 + ( + 1)2 + (2 + 3 − 3)2 = 3.
Logo, 2 − 4 + 4 + 2 + 2 + 1 + 42 + 9 2 + 9 + 12 − 12 − 18 − 3 = 0.
Logo, 52 + 12 + 10 2 − 16 − 16 + 11 = 0. √
Resolvendo a equação anterior em ordem a , obtemos = 45 − 35 ± 10 1
−142 + 64 − 46.
√ √
Então, devemos ter −142 + 64 − 46 ≥ 0, ou seja, 7 − 7 95 ≤ ≤ 7 + 17 95.
16 1 16
p
Resolvendo a equação em ordem a , obtemos = − 65 + 85 ± 15 −14 2 − 16 + 9.
√ √
Então, devemos ter −14 2 − 16 + 9 ≥ 0, ou seja,− 47 − 141
190 ≤ ≤ − 47 + 14
1
190.
É claro que não apresentámos os cálculos que permitem chegar às expressões anteriores.
Este exercício mostra que é bastante difícil obter a intersecção dum plano com uma superfície
esférica, embora essa intersecção seja o conjunto vazio, um ponto ou uma circunferência. É claro
que há casos fáceis, por exemplo, quando o plano é perpendicular a um dos eixos coordenados.
Exemplo 803 Determine os senos dos ângulos internos dum triângulo cujos lados medem 5 cm ,
6 cm e 7 cm.
B E A
1043
1044 CAPÍTULO 43. UM SIMPLES TRIÂNGULO, MAS MUITO PARA APRENDER
12 1
72 = 62 + 52 − 2 × 6 × 5 cos ⇐⇒ 60 cos = 36 + 25 − 49 ⇐⇒ cos = ⇐⇒ cos =
60 5
√
Então, sin = 25 6.
Aplicando outra vez a lei dos cosenos:
38 19
62 = 72 + 52 − 2 × 7 × 5 cos ⇐⇒ 70 cos = 49 + 25 − 36 ⇐⇒ cos = ⇐⇒ cos =
70 35
q q √
361 864 12
Então, sin = 1 − 1225 = 1225 = 35 6.
E, finalmente, temos:
60 5
52 = 72 + 62 − 2 × 7 × 6 cos ⇐⇒ 84 cos = 49 + 36 − 25 ⇐⇒ cos = ⇐⇒ cos =
84 7
q q √
Então, sin = 1 − 25 49 = 24 2
49 = 7 6.
Se conhecermos a lei dos senos e algumas fórmulas trigonométricas, mas não a lei
dos cosenos:
½ 5 6
½
sin = sin =⇒
5 sin = 6 sin
5 7
sin = sin 5 sin ( + ) = 7 sin
½
5 sin = 6 sin
=⇒
5 sin cos + 5 sin cos = 7 sin
½
5 sin = 6 sin
=⇒
5 sin cos + 6 sin cos = 7 sin
½
5 sin = 6 sin
=⇒
5 cos + 6 cos = 7
½
5 sin = 6 sin
=⇒
5 cos = 7 − 6 cos
½
25 sin2 = 36 sin2
=⇒
25 cos2 = 49 − 84 cos + 36 cos2
=⇒ 25 = 36 + 49 − 84 cos
60
=⇒ cos =
84
5
=⇒ cos =
7
q q √
E, agora, temos sin = 1 − 25 49 = 24 2
49 = 7 6.
√ √
Então, sin = 6 sin
5
= 12
35 6, sin =
7 sin
5 = 25 6
Se não conhecermos a lei dos cosenos, nem a lei dos senos:
Vamos resolver o problema anterior, usando coordenadas cartesianas:
Sejam = (0 0) = (7 0) e = ( ).
1045
B E A
Resolução
Sejam 1 o ponto médio de [], 2 o ponto médio de [] e 3 o ponto médio de [].
7
Consideremos o triângulo [1 ]. Ora, = 6 1 = , pelo que, aplicando o Teorema de
2
Carnot, obtemos:
µ ¶2
2 2 7 7 49 5 49 73
1. 1 = 6 + − 2 × 6 × cos = 36 + − 42 × = 36 + − 30 =
2 2 4 7 4 4
√
73
Logo, 1 = .
2
2 1 √
2. 2 = 52 + 32 − 2 × 5 × 3 cos = 25 + 9 − 30 × = 28. Logo, 2 = 2 7.
5
µ ¶2 √
2 2 5 5 25 19 145 145
3. 3 = 7 + − 2 × 7 × cos = 49 + − 35 × = . Logo, 3 = .
2 2 4 35 4 2
Exemplo 805 Consideremos um triângulo [] de lados . Sejam 1 o ponto médio de
[], 2 o ponto médio de [] e 3 o ponto médio de [] Então:
1046 CAPÍTULO 43. UM SIMPLES TRIÂNGULO, MAS MUITO PARA APRENDER
⎧
⎪
⎪ 2 22 + 22 − 2
⎪
⎪ 1 =
⎪
⎨ 4
2 22 + 22 − 2
⎪ 2 =
⎪
⎪ 42
⎪ 2 2
⎩ 3 2 = 2 + 2 −
⎪
4
Resolução
Consideremos o seguinte triângulo:
M1 M3
C
A M2
Aplicando
⎧ a lei dos cosenos aos triângulos [1 ] e [], obtemos:
⎨ 2
³ ´2 2
1 = 2 + −2× cos = 2 + − cos
2
⎩ 2 = 2 + 2 − 2 2 4
cos
2 2 2 − 2 − 2 42 + 2 + 22 − 22 − 22 22 + 22 − 2
Logo, 1 = 2 + + = = .
4 2 4 4
Analogamente, se mostram as duas outras igualdades.
Exemplo 806 Deduza a lei dos senos, a partir da área do triângulo de lados .
Resolução
Consideremos o seguinte triângulo:
sin
Na figura anterior, vemos que = sin , pelo que a área do triângulo é = .
2 2
sin sin
Analogamente se mostrava que a área do triângulo pode ser dada por e por .
2 2
Logo, sin = sin = sin .
1047
Dividindo por , obtemos = = , ou seja, a lei dos senos.
sin sin sin
Está, assim, demonstrada a lei dos senos (versão curta). É claro que as fracções anteriores
podem ser invertidas:
sin sin sin
= =
Observe-se que as fórmulas acima, que dão a área do triângulo, são válidas mesmo que o triângulo
não seja acutângulo, devido ao facto de ângulos suplementares terem o mesmo seno:
D B C
= =
sin sin sin
Exemplo 807 Deduza a lei dos cosenos, partindo da lei dos senos.
Resolução
Consideremos, num triângulo [] de lados , a lei dos senos:
= =
sin sin sin
sin
Então, sin = . Ora, sin = sin ( + ) = sin cos + sin cos . Então:
= =
sin sin cos + sin cos sin
sin cos + cos
Da igualdade anterior vem:
=
cos + cos
Logo, = cos + cos .
1048 CAPÍTULO 43. UM SIMPLES TRIÂNGULO, MAS MUITO PARA APRENDER
Esta última igualdade tem uma interpretação geométrica óbvia: No caso dum triângulo acutân-
gulo, a altura relativa ao vértice divide a base em dois segmentos de comprimentos cos e
cos .
Então:
⎧ ⎧ 2 2
⎨ sin = sin ⎨ sin = 2 sin2
=⇒
⎩ ⎩
cos = − cos 2 cos2 = 2 − 2 cos + 2 cos2
=⇒ 2 sin2 + 2 cos2 = 2 sin2 + 2 − 2 cos + 2 cos2
¡ ¢ ¡ ¢
=⇒ 2 sin2 + cos2 = 2 sin2 + cos2 + 2 − 2 cos
=⇒ 2 = 2 + 2 − 2 cos
Seja = .
2
Aplicando a lei dos senos, aos triângulos [] e [], obtemos:
⎧ ⎧
⎪ ⎪ sin
⎪ ⎪
⎨ sin = sin = sin
⎪ ⎨ = sin
⎪
=⇒ =⇒ =
⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪
⎩ = = ⎪
⎩ = sin
sin sin sin sin
Então, fazendo = , temos:
6− 7 7
= ⇐⇒ 5 = 42 − 7 ⇐⇒ 12 = 42 ⇐⇒ = . Logo, 6 − = .
7 5 2 2
7 5
Então, = cm e = cm.
2 2
Apliquemos a lei dos cosenos, ao triângulo []:
25 + 79 − 36 38 19
62 = 52 + 72 − 2 × 5 × 7 cos ⇐⇒ cos = ⇐⇒ cos = =
70 70 35
1049
19
Logo, cos (2) = .
35 v
u 19
r u r r √ √
1 + cos (2) t 1 + 35 54 27 3 3 3 105
Então, cos = = = = =√ =
2 2 70 35 35 35
Aplicando a lei dos senos, ao triângulo [], temos:
5 6 5 6 5
= ⇐⇒ = ⇐⇒ sin = sin cos
sin sin (2) sin 2 sin cos 3
Substituindo em = , obtemos:
sin sin
7
2 = 7
⇐⇒ =
sin 5 2 5
sin cos cos
3 3
√ √
7 5 35 3 105 105
Logo, = × cos = × = .
2 3 6 35 2
Calculemos sin :
v
u 19
r u r √
1 − cos (2) t 1 − 35 16 4 2 70
sin = = = =√ =
2 2 70 70 35
De = , vem
sin sin
√
2 70 √ √
7 sin 7× 2 2 70 4 70
sin = = 35 =7× × =
7 7 35 35
2
Exemplo 809 Consideremos um triângulo [] de lados . Seja o ponto de intersecção
da bissectriz do ângulo com o lado []. Então:
p
( + + ) ( − + )
= ∧ = = ∧ =
+ + +
Resolução
−
= ⇐⇒ = − ⇐⇒ ( + ) = ⇐⇒ =
+
Logo:
= ∧−=− =
+ + +
Apliquemos a lei dos cosenos, ao triângulo []:
2 + 2 − 2
2 = 2 + 2 − 2 cos ⇐⇒ cos =
2
2 + 2 − 2
Logo, cos (2) = . Então:
2
v
u 2 + 2 − 2 s
r u r
1 + cos (2) t 1 + 2 2 + 2
+ 2
− 2
( + )2 − 2
cos = = = =
2 2 4 4
2
= ⇐⇒ = ⇐⇒ sin = sin cos
sin sin (2) sin 2 sin cos
Substituindo em = , obtemos:
sin sin
+ =
⇐⇒ =
sin 2 + 2
sin cos cos
Logo,
s r
2 2 ( + )2 − 2 2 2 2 ( + + ) ( + − )
= × cos = =
+ + 4 2 ( + )
p
( + + ) ( − + )
=
+
1051
De = , vem:
sin sin
r
sin ( + ) sin + ( + − ) ( − + )
sin = = =
2 4
+
Proposição 810 Teorema de Brahmagupta
Consideremos, numa circunferência, quatro pontos , , , , por esta ordem. Sejam = ,
= , = , = , = +++ .
p 2
Então, a área de [] é ( − ) ( − ) ( − ) ( − ).
Demonstração
Consideremos a seguinte figura, onde estão representados os quatro pontos , , , , perten-
centes a uma circunferência:
A
B
F
I
A E B
1053
Sejam = + + e = . Seja o incentro do triângulo [].
2
A área do triângulo [] é a soma das áreas dos triângulos [] [] e [], os quais
têm a mesma altura , que é o raio da circunferência inscrita no triângulo.µ ¶
++
Logo, , a área do triângulo [], é dada por = + + = = .
2p 2 2 2
Mas, pela fórmula de Heron, a área do triângulo é = ( − ) ( − ) ( − ).
Logo, , o raio da circunferência inscrita num triângulo de lados é
r
( − ) ( − ) ( − )
=
Proposição 812 A fórmula de Heron, ela mesma...
++
Consideremos um triângulo [], com = = = . Seja = .
p 2
Então, a área do triângulo é ( − ) ( − ) ( − ).
Demonstração
Para obtermos a fórmula de Heron, basta-nos partir do teorema
p de Brahmagupta e fazer = 0,
obtendo-se para a área dum triângulo de lados , o valor ( − ) ( − ) ( − ).
Outra demonstração
A B
com = + + .
Então, fazendo = , temos:
2
E, finalmente, vem:
p
= ( − ) ( − ) ( − )
½ ½ ½
2 = 2 + 2 2 = 2 + 2 2 − 2 = 2
2 ⇐⇒ ⇐⇒
2 = ( − ) + 2 2 = 2 − 2 + 2 + 2 2 = 2 − 2 + 2
( p
= ± ( + ) ( − )
⇐⇒ 2 2 2
= +2−
p 2 +2 −2
Como 0, temos = ( + ) ( − ), com = 2 .
Logo,
sµ ¶µ ¶
p 2 + 2 − 2 2 + 2 − 2
= ( + ) ( − ) = + −
2 2
r s
2 + 2 + 2 − 2 2 − 2 − 2 + 2 ( + )2 − 2 2 − ( − )2
= × = ×
2 2 2 2
r
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= ×
2 2
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
2
1055
Geometria no Plano
1057
1058 CAPÍTULO 44. GEOMETRIA NO PLANO
Então, também neste caso, temos sin = sin 1 = = .
2 2
Definição 814 Ceviana é qualquer segmento de recta definido por um vértice dum triângulo e por
um ponto do lado oposto (distinto dos extremos).
Proposição 815 (Teorema de Ceva)
−−→ −−→ −→
Num triângulo as cevianas [] [ ] [] são concorrentes se e só se −−→ × −→ × −−
→ = 1
Demonstração
−−→
−−→ −−→
Comecemos por observar que −−→ representa o único número real , tal que = , pelo
que pode representar um número positivo ou negativo (ou seja, para cada direcção, podemos
definir um sentido, de modo a considerarmos "distâncias"positivas ou negativas).
Suponhamos que as três cevianas são concorrentes num ponto .
−−→
ar [] ar [ ] ar [] − ar [ ] ar [ ]
Então, −−→ = = = = .
ar [] ar [ ] ar [] − ar [ ] ar [ ]
−−→ −→
ar [ ] ar [ ]
Analogamente, temos −→ = e −
−→ = .
ar [ ] ar [ ]
Então: −−→ −−→ −→
ar [ ] ar [ ] ar [ ]
−−→ × −→ × −−→ = ar [ ] × ar [ ] × ar [ ] = 1
1059
−−→ −−→ −→
Reciprocamente, suponhamos que −−→ × −→ × −−→ = 1. Seja , o ponto de intersecção das
cevianas [] e [ ]. Seja [ 0 ], a terceira ceviana que passa por .
−−→ −−→ −−→0
Então, −−→ × −→ × −−→ = 1.
0
−−→0 −→
Logo, −−→ = −−→ , donde se conclui que 0 = e que as três cevianas [], [ ] e [] são
0
concorrentes em .
Proposição 816 As medianas dum triângulo dividem-no em seis triângulos com áreas iguais.
Demonstração
Sejam os pontos médios dos lados do triângulo [], da figura seguinte:
−−→ −−→ −→
−→ −− → −→ −−→ −−→ −−→
Então, = = = . Logo, −−→ × −→ × −−→ = 1 × 1 × 1 = 1, pelo que as
três medianas se intersectam num ponto .
Os triângulos [ ] e [ ] têm a mesma área, porque têm a mesma altura e bases iguais
( = ). Analogamente para os triângulos [ ] e [ ] e para [ ] e [ ]. E o mesmo
acontece com os triângulos [ ] e [ ], com [] e [] e, ainda, com [] e [].
Sejam , a área comum dos triângulos [ ] e [ ], , a área comum de [ ] e [ ] e
, a área comum de [ ] e [ ].
Então, + 2 = + 2, pelo que = . Analogamente, = , pelo que as está terminada a
demonstração.
Demonstração
Consideremos as medianas [], [ ] e [] dum triângulo [].
1060 CAPÍTULO 44. GEOMETRIA NO PLANO
Seja , o ponto de intersecção das três medianas e consideremos os triângulos [ ] e [].
Estes triângulos têm a mesma altura (referente ao vértice ) e, pela proposição anterior, a área do
segundo triângulo é o dobro da área do primeiro. Então, = 2 × , acontecendo o mesmo com
as duas outras medianas, como se pretendia demonstrar.
Proposição 818 A bissectriz dum ângulo interno dum triângulo divide o lado oposto em dois
segmentos directamente proporcionais aos lados adjacentes.
Demonstração
Consideremos, num triângulo [], a bissectriz do ângulo .
Aplicando a lei dos senos aos triângulos [] e [] da figura anterior, obtemos:
= ∧ =
b
sin b
sin sin sin
b = sin ,
b então sin
Como sin = = , como se pretendia.
b
sin
Proposição 819 As bissectrizes dos ângulos internos dum triângulo intersectam-se num ponto.
Demonstração
Consideremos as bissectrizes do triângulo [], da figura seguinte.
1061
Proposição 820 As rectas que contêm as três alturas dum triângulo intersectam-se num ponto
(ortocentro).
Demonstração
Consideremos o seguinte triângulo acutângulo []:
Então:
1062 CAPÍTULO 44. GEOMETRIA NO PLANO
⎧
⎪
⎪
⎪
⎪ sin 1 =
⎪
⎪
⎪
⎪
⎧ ⎪
⎪ sin 2 = ⎧
⎪ 1 + 2 + 1 = 2 ⎪
⎪ ⎪ = sin 1
⎪
⎪ ⎪
⎪ ⎪
⎪
⎪
⎪ 2 + 1 + 2 = 2 ⎧ ⎪
⎪ ⎪
⎪ = sin 2
⎪
⎨ ⎨ 1 = 2 ⎪
⎨ sin 1 = ⎪
⎨
1 + 2 + 1 = 2 = sin 1
=⇒ 1 = 2 ; =⇒
⎪
⎪ 1 + 2 + 2 = 2 ⎩ ⎪
⎪ ⎪
⎪ = sin 2
⎪
⎪ 2 = 1 ⎪
⎪ sin 2 = ⎪
⎪
⎪
⎪ 1 + 2 + 1 = 2 ⎪
⎪ ⎪
⎪ = sin 1
⎩ ⎪
⎪ ⎩
2 + 1 + 2 = 2 ⎪
⎪ = sin 2
⎪
⎪ sin 1 =
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ sin 2 =
⎪
Logo,
−−→ −−→ −→
sin 2 sin 2 sin 2
−−→ × −→ × −−→ = × × = × ×
sin 1 sin 1 sin 1
sin 2 sin 2 sin 2 sin 2 sin 2 sin 2
= × × = × × =1
sin 1 sin 1 sin 1 sin 2 sin 2 sin 2
F
B G
A E C
Proposição 821 O baricentro, o ortocentro e o circuncentro dum triângulo são pontos colineares.
Demonstração
Consideremos a figura seguinte:
1063
C0
C1 A1
G O
C0
H
M
A B0 B1 C
Proposição 822 As mediatrizes dos lados dum triângulo intersectam-se num ponto.
Demonstração
Consideremos o triângulo [] da figura seguinte:
1064 CAPÍTULO 44. GEOMETRIA NO PLANO
D
E
P
B C
Lema 823 Num triângulo rectângulo, a altura relativa à hipotenusa é meio proporcional, entre os
segmentos que determina (na hipotenusa).
Demonstração
Consideremos o triângulo [], rectângulo em e de altura []:
A D C
A C1 C3 B
A2
B2
K H A3
A1
B1
C2
B3
Proposição 824 Nas condições da figura anterior, há uma circunferência que passa pelos nove
pontos 1 , 1 , 1 , 2 , 2 , 2 , 3 , 3 , 3 .
Demonstração
Observação:
A circunferência dos nove pontos é a circunferência circunscrita ao triângulo [1 1 1 ], cujos
lados são metade dos lados do triângulo []. Então, o raio da circunferência dos nove pontos é
metade do raio da circunferência circunscrita ao triângulo [].
Proposição 825 Nas condições da figura seguinte, temos que se verificam as seguintes igualdades:
2
× 1 = × 1 =
T
B
P B1
O
A1
O
A1
A
1067
No caso da tangente em , temos que ] = ]1 e que ] é comum aos dois triângulos
[ ] e [1 ], que, por isso, são triângulos semelhantes.
1 2
Então, = e daqui se conclui que × 1 = .
Proposição 826 (Teorema de Menelau)
Seja [] um triângulo e sejam , , três pontos pertencentes às rectas , e ,
−−→ −−→ −→
respectivamente. Os pontos , , são colineares se e só se tivermos −−→ × −→ × −−→ = −1
Demonstração
Consideremos a figura seguinte:
B
C
Z R Q P Y X
Demonstração
Sejam { } = ∩ , { } = ∩ , { } = ∩ .
Consideremos a figura seguinte:
−→ −−−→ −−→
Simplificando a expressão anterior, obtemos −−→ × −−→ × −−→ = −1.
Então, pelo Teorema de Menelau, os pontos , , são colineares.
Demonstração
Consideremos a figura seguinte:
1070 CAPÍTULO 44. GEOMETRIA NO PLANO
Suponhamos que os triângulos [] e [ ] são perspectivos a respeito do ponto , isto é,
as rectas , e intersectam-se no ponto . Sejam , , , os pontos de intersecção dos
três pares de rectas e , e , e , isto é, {} = ∩ , {} = ∩ ,
{} = ∩ .
Pretendemos mostrar que os pontos , , são colineares, ou seja, que os triângulos [] e
[ ] são perspectivos a respeito da recta .
5. Simplificando, obtemos
−→ −−→ −→
−→ × −−→ × −−→ = −1
Proposição 829 Sejam [1 ] e [1 ] duas cordas duma circunferência, que se intersectam num
ponto . Então, × 1 = × 1 .
Demonstração
1
3. Logo, os triângulos [ 1 ] e [ 2 ] são semelhantes. Logo, = . Logo, × 1 =
1
× 1 .
Proposição 830 (O Teorema da Borboleta) Consideremos, numa circunferência, uma corda
[ ], cujo ponto médio é . Sejam [] e [] duas cordas concorrentes em . Então, se as cor-
das [] e [] intersectarem a corda inicial [ ], nos pontos e , tais pontos são equidistantes
de .
Demonstração
Consideremos a figura seguinte, onde, por , se traçaram duas rectas perpendicures às cordas
[] e []; por , também se traçaram duas rectas perpendicures às cordas [] e []. Os
pontos 1 2 1 2 resultam da intersecção das quatro rectas anteriores com as cordas [] e
[]. Nesta figura, temos que os triângulos da mesma cor são semelhantes:
2. Consideremos os triângulos [ 1 ] e [ 1 ].
6. Faça-se = = = = . Então:
µ ¶2
2 × ( − ) ( + ) 2 − 2
2
= = = = 2
× ( + ) ( − ) − 2
2 2 + 2 − 2 2
7. Então, = = = 1
2 2 + 2 − 2 2
8. Logo, = , como pretendido.
Observação:
+
Se = , então = .
+
+
= =⇒ = =⇒ + = + =⇒ ( + ) = ( + ) =⇒ = .
+
É claro que estamos a supor que os denominadores envolvidos são diferentes de zero. Isso
acontece se, por exemplo, os números reais são positivos.
1074 CAPÍTULO 44. GEOMETRIA NO PLANO
D B C
Consideremos a figura anterior, onde o ponto é a intersecção da recta com recta que lhe
é perpendicular e que passa por :
Então:
( ½
sin = sin ( − ) =
= sin = sin
=⇒
cos = − cos ( − ) = − = − cos = − cos
Logo,
2 2 2 ¡ ¢2
2 = + = + +
= 2 sin2 + ( − cos )2 = 2 sin2 + 2 − 2 cos + 2 cos2
¡ ¢
= 2 sin2 + cos2 + 2 − 2 cos = 2 + 2 − 2 cos
Caso do ângulo agudo:
A
B D C
= =
sin sin sin
Então, sin = sin ,ou seja, sin = sin .
Ora, sin = sin ( − − ) = sin ( + ) = sin cos + sin cos
Logo, sin = sin cos + sin cos
De sin = sin , vem:
=
sin sin cos + sin cos
Logo,
=
cos + cos
E daqui se conclui que = cos + cos , ou seja, que cos = − cos . Então:
½ ½
sin = sin 2 sin2 = 2 sin2
=⇒
cos = − cos 2 cos2 = 2 − 2 cos + 2 cos2
=⇒ 2 sin2 + 2 cos2 = 2 sin2 + 2 − 2 cos + 2 cos2
¡ ¢ ¡ ¢
=⇒ 2 sin2 + cos2 = 2 sin2 + cos2 + 2 − 2 cos
=⇒ 2 = 2 + 2 − 2 cos
Exercício 832 Determine os cosenos dos ângulos internos dum triângulo [], em que =
8 cm, = 9 cm e = 10 cm.
Resolução
1076 CAPÍTULO 44. GEOMETRIA NO PLANO
⎧ 2 ⎧ 2
⎨ = 2 + 2 − 2 cos ⎨ 9 = 102 + 82 − 2 × 8 × 10 cos
2 = 2 + 2 − 2 cos =⇒ 102 = 92 + 82 − 2 × 9 × 8 cos
⎩ 2 ⎩ 2
= 2 + 2 − 2 cos 8 = 102 + 92 − 2 × 10 × 9 cos
⎧ ⎧ 83
⎨ 160 cos = 164 − 81 ⎨ cos = 160
45 5
=⇒ 144 cos = 81 + 64 − 100 =⇒ cos = 144 = 16
⎩ ⎩ 117 13
180 cos = 181 − 64 cos = 180 = 20
Exercício 833 Determine os cosenos dos ângulos internos dum triângulo [], em que = ,
= e = .
Resolução
⎧
⎪
⎪ 2 + 2 − 2
⎧ ⎪
⎪ cos =
⎨ 2 = 2 + 2 − 2 cos ⎪
⎨ 2
2 2 2 2 + 2 − 2
= + − 2 cos =⇒ cos =
⎩ ⎪
⎪ 2
2 = 2 + 2 − 2 cos ⎪
⎪ 2 2 2
⎩ cos = + −
⎪
2
⎧
⎪
⎪ + − 2
2 2
83
⎪
⎪ cos = =
⎪
⎨ 2 160
2 2 2
+ − 45 5
Então, se fizermos = 9 = 10 = 8, obtemos cos = = = , como no
⎪
⎪ 2 144 16
⎪
⎪ 2 2 2
⎩ cos = + − =
⎪ 117
= 13
2 180 20
exercício anterior.
Exercício 834 Determine as tangentes dos ângulos internos dum triângulo [], não rectângulo,
em que temos = , = e = .
Resolução ⎧
⎪
⎪ 2 + 2 − 2
⎪
⎪ cos =
⎪
⎨ 2
2 + 2 − 2
Já vimos que cos = .
⎪
⎪ 2
⎪
⎪ 2 2 2
⎩ cos = + −
⎪
2
Da primeira igualdade, vem
s s s
µ 2 ¶2 ¡ 2 ¢2 ¡ ¢2
+ 2 − 2 + 2 − 2 42 2 − 2 + 2 − 2
sin = 1− = 1− =
2 42 2 42 2
r³ ´³ ´
p ( + )2 − 2 2 − ( − )2
2 2 2 2 2
(2 + + − ) (2 − − + ) 2
= =
p 2 2
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
2
1077
Também sabemos, pela lei dos senos, que = = . Então,
sin sin sin
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
sin = sin =
p 2
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
sin = sin =
2
Então,
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + ) 2
tan = × 2
2 + 2 − 2
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
2 + 2 − 2
Analogamente, vem
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + ) 2
tan = × 2
2 + 2 − 2
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
2 + 2 − 2
e
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + ) 2
tan = × 2
2 + 2 − 2
p
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
2 + 2 − 2
Exercício 835 Determine a soma e o produto das tangentes dos ângulos internos dum triângulo
[], não rectângulo, em que = , = e = .
Resolução
tan + tan + tan
Sejam = tan tan tan e = p .
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
Do exercício anterior, vem
hp i3
( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
(2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 )
hp i3
(2 + 2 + 2 − 2 ) (2 − 2 − 2 + 2)
=
(2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 )
hp i3
(42 2 − 4 − 4 − 4 + 22 2 + 22 2 − 22 2 )
=
(2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 )
¡ 2 2 ¢p
2 + 22 2 + 22 2 − 4 − 4 − 4 ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
=
(2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 )
1078 CAPÍTULO 44. GEOMETRIA NO PLANO
E, também
µ ¶
1 1 1
= + 2 + 2
2 + 2 − 2 + 2 − 2 + 2 − 2
¡ 2 2 2
¢ ¡ ¢ ¡ 2 ¢¡ ¢ ¡ ¢¡ ¢
+ − + − + + 2 − 2 2 + 2 − 2 + 2 + 2 − 2 2 + 2 − 2
2 2 2
=
(2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 )
2 + 2 + 2 − 4 − 4 − 4
2 2 2 2 2 2
=
(2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 ) (2 + 2 − 2 )
Logo,
p
tan + tan + tan = ( + + ) ( + − ) ( + − ) ( − + )
= tan tan tan
Então, num triângulo não rectângulo, a soma das tangentes dos ângulos internos é igual ao
produto das mesmas tangentes.
Assim, num triângulo equilátero, temos
½ √ √ √ √
√3√
+ √3 + √3=3 3
3 3 3=3 3
Proposição 836 Num triângulo não rectângulo, a soma das tangentes dos ângulos internos é igual
ao seu produto.
(Outra) Demonstração
Como, + + = , temos
Isometrias no Plano
Comecemos por referir que isometria, num plano, é uma aplicação, do plano para o plano, que
preserva as distâncias, isto é, dados dois pontos do plano, a distância entre as suas imagens é igual
à distância entre os dois objectos iniciais.
Definição 837 Consideremos uma reta que passa por e que é perpendicular ao ³vector unitário
→
− −→ →´ −
→
. Então, o simétrico dum ponto , relativamente à reta , é o ponto 1 = − 2 · − .
Observação
Na definição anterior, há dois problemas: a reta tem infinitos pontos, pelo que em vez de ,
podemos ter qualquer outro ponto da reta e há dois vectores unitários perpendiculares à reta (−
→
e
→
−
− ).
1081
1082 CAPÍTULO 45. ISOMETRIAS NO PLANO
Se tivermos −−
→ , em vez de −
→
, vem
³−→ ´ ³−→ ´ ³−→ ´
− 2 · (−− →
) (−−→ ) = + 2 · −
→
(−−
→
) = − 2 · −
→
− →
= 1
Exemplo 838 Considere, num referencial ortonormado, a reta de equação = 2+3. Determine
o simétrico do ponto = ( ), relativamente à reta .
Resolução ³ ´
Sejam = (0 3) e →
−
= √25 − √15 . Então,
∙ µ ¶¸ µ ¶
2 1 2 1
( ) = ( ) − 2 (( ) − (0 3)) · √ − √ √ −√
5 5 5 5
µ µ ¶¶ µ ¶
2 1 2 1
= ( ) − 2 ( − 3) · √ − √ √ −√
5 5 5 5
µ ¶µ ¶
2 −3 2 1
= ( ) − 2 √ − √ √ −√
5 5 5 5
µ ¶
2 1
= ( ) − 2 (2 − + 3) −
5 5
µ ¶
2 1
= ( ) − (4 − 2 + 6) −
5 5
1
= ( ) − (8 − 4 + 12 −4 + 2 − 6)
µ 5 ¶
1 1
= − (8 − 4 + 12) − (−4 + 2 − 6)
5 5
1
= (5 − 8 + 4 − 12 5 + 4 − 2 + 6)
5
µ ¶
−3 + 4 − 12 4 + 3 + 6
=
5 5
Proposição 839 A simetria axial é uma involução (aplicação inversa de si própria).
Demonstração
A demonstração (a qual envolve o conhecimento de algumas propriedades do produto interno)
é um pouco maçadora. Mas apresentamos uma demonstração mais adiante, envolvendo matrizes.
45.1. SIMETRIA AXIAL 1083
Demonstração
Suponhamos que (1 ) = 2 , com 1 2 pertencentes ao plano.
Então, (1 ) = 2 , pelo que ( (1 )) = ( 2 ).
Logo, ( ◦ ) (1 ) = ( ◦ ) (2 ). Então, pela proposição anterior, 1 = 2 , donde se
conclui que é injectiva.
Exemplo 841 Considere, num referencial ortonormado, a reta de equação = 2. Determine
o simétrico do ponto = ( ), relativamente à reta .
Resolução ³ ´
Sejam = (0 0) e →
−
= √2 − √1
5 5
. Então,
∙ µ ¶¸ µ ¶
2 1 2 1
(( )) = ( ) − 2 (( ) − (0 0)) · √ − √ √ −√
5 5 5 5
∙ µ ¶¸ µ ¶
2 1 2 1
= ( ) − 2 ( ) · √ − √ √ −√
5 5 5 5
µ ¶ µ ¶
4 2 8 4 4 2
= ( ) − − (2 −1) = ( ) − − − +
5 5 5 5 5 5
µ ¶ µ ¶
8 4 4 2 3 4 4 3
= − + + − = − + +
5 5 5 5 5 5 5 5
Matricialmente:
∙ 3 4
¸∙ ¸
−5 5
( ) = 4 3
5 5
Exemplo 842 Considere, num referencial ortonormado, a reta de equação = . Determine
o simétrico do ponto = ( ), relativamente à reta .
Resolução
1084 CAPÍTULO 45. ISOMETRIAS NO PLANO
³ ´
Sejam = (0 0) e −→
= √2 +1 − √12 +1 . Então,
∙ µ ¶¸ µ ¶
1 1
0 = ( ) − 2 ( ) · √ −√ √ −√
2 + 1 2 + 1 2 + 1 2 + 1
µ ¶µ ¶
2 2 1
= ( ) − √ −√ √ −√
2 + 1 2 + 1 2 + 1 2 + 1
µ ¶µ ¶
2 2 1
= ( ) + √ −√ √ −√
2 + 1 2 + 1 2 + 1 2 + 1
2 − 2 1 ¡¡ 2 ¢ ¡ ¢¢
= ( ) + 2
( −1) = 2 + 2 + + 2 − 22 −2 + 2
+1 +1
1 ¡ 2 ¢
= 2
+ + 2 − 22 2 + − 2 + 2
+1
1 ¡¡ ¢ ¡ ¢ ¢
= 2
1 − 2 + 2 2 − 1 + 2
+1
á ¢ ¡ ¢ !
1 − 2 + 2 2 − 1 + 2
=
2 + 1 2 + 1
2 ( − + )
( ) = ( ) − ( −1)
2 + 1
2 − 2 − 2
= ( ) + ( −1)
2 + 1
1 ¡ 2 ¢ 1 ¡ ¢
= + 2 + + 2 2 − 22 − 2 2 − 2 + 2
2 + 1 +1
1 ¡ ¢
= 2
− 2 − 2 + 2 2 + 2 + 2 −
+1
1 ¡ ¢ 2
= 2
− 2 + 2 2 + 2 − − 2 ( −1)
+1 +1
45.1. SIMETRIA AXIAL 1085
Matricialmente, temos
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
1 1 − 2 2 2
( ) = 2 − 2
+1 2 2 − 1 + 1 −1
Fazendo = 0, obtemos o caso do exemplo anterior:
1 ¡ ¢
( ) = 2 − 2 + 2 2 + 2 −
+1
E, fazendo = 2 e = 3, obtemos um exemplo já resolvido:
1 ¡ ¢ 6
( ) = 2
− 22 + 2 × 2 22 + 2 × 2 − − 2 (2 −1)
2 +1 2 +1
µ ¶
3 4 12 4 3 6
= − + − + +
5 5 5 5 5 5
Proposição 844 A simetria axial é uma involução (aplicação inversa de si própria).
Demonstração
Já vimos que a imagem do ponto ( ), por meio da reflexão em relação à recta = + é
dada por
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
1 1 − 2 2 2
( ) = −
2 + 1 2 2 − 1 2 + 1 −1
∙ 2 ¸
2 +1 − 2 2 +1 + 2 2 +1 − 2 +1
=
2 2+1 − 2+1 + 2 2+1 + 2 2+1
Então,
∙ ¸∙ 2 ¸ ∙ ¸
1 1 − 2 2 2 +1 − 2 2 +1 + 2 2 +1 − 2 +1 2
( ◦ ) ( ) = 2 2 − 2
2
+1 2 − 1 2 2 +1 − 2 +1 + 2 2 +1 + 2 +1 +1 −1
∙ ¸∙ ¸ ¡ 2 ¢∙ ¸
1 2 2 2 + 1
1− 2 − 2 + 2 −
= 2 2 2 − 2
2
( + 1) 2 − 1 2 − + 2 + (2 + 1) −1
∙ 2
¸ ∙ 2
¸ ∙ ¡ 2 ¢¸
1 1− 2 − 2 + 2 − 1 −2¡ +¢1
= +
(2 + 1)2 2 2 − 1 2 − + 2 + 2 (2 + 1)2 2 2 + 1
Seja
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¡ 2 ¢¸
1 − 2 2 − 2 + 2 − 2 −2
¡ +¢1
= +
2 2 − 1 2 − + 2 + 2 2 2 + 1
∙ 4 ¸ ∙ ¸
+ 22 + ¡ ¢
= 4 2 = 4 + 22 + 1
+ 2 +
Então,
∙ ¸
1 4 + 22 + 1
( ◦ ) ( ) = 2 = 2
(2 + 1) (2 + 1)
4 2
∙ ¸ ∙ ¸
+ 2 + 1
= =
4 + 22 + 1
1086 CAPÍTULO 45. ISOMETRIAS NO PLANO
45.2 Rotação
Exemplo 845 Sejam e duas retas concorrentes que se intersectam no ponto . Então, ◦
é uma rotação em torno do ponto . O ângulo de rotação é o dobro do ângulo formado pelas duas
retas, no sentido de para .
Note-se que ◦ é uma rotação em torno de , mas descrita em sentido contrário à rotação
definida por ◦ , isto é, ◦ é a aplicação inversa de ◦ . Como podemos verificar, temos
A'
r
A
B
m BCD = 77,38 D
m AA'A''= 154,77
A''
45.3 Translação
Exemplo 846 Sejam e duas retas paralelas. Então, ◦ é a translação associada ao vector
→
− perpendicular às duas retas e , cuja norma é o dobro da distância entre as retas e e que
tem o sentido da reta para a reta .
1088 CAPÍTULO 45. ISOMETRIAS NO PLANO
É fácil ver que a translação só tem pontos fixos se for o vector nulo.
½
1 = 0
( ) = ( ) ⇐⇒ ( + 1 + 2 ) = ( ) ⇐⇒
2 = 0
Se 1 6= 0 ∨ 2 6= 0, a translação não tem pontos fixos. Se = (0 0), qualquer ponto do plano é
transformado em si próprio (a translação associada ao vector nulo é a aplicação Identidade).
Vejamos um exemplo geométrico de Translação:
B'
B
A'
A
C'
C
Exemplo 847 Consideremos a composição duma simetria axial com um vector não nulo paralelo
ao eixo de simetria, conforme a figura seguinte.
45.4. REFLEXÃO DESLIZANTE 1089
Observações
1. A isometria considerada na figura anterior (reflexão deslizante) não é uma simetria axial, nem
uma rotação, nem uma translação.
2. Não há mais isometrias do plano, para além das quatro já consideradas.
3. Toda a isometria pode decompor-se como aplicação composta dum número de simetrias axiais
que é menor ou igual a 3. Mais, embora essa decomposição não seja única, para cada isometria,
o número de simetrias axiais tem paridade fixa.
4. A simetria axial e a reflexão deslizante são isometrias negativas, enquanto que a rotação e a
translação são isometrias positivas.
1090 CAPÍTULO 45. ISOMETRIAS NO PLANO
Capítulo 46
Semelhanças
Um caso particular de Semelhança é uma Homotetia. Uma Homotetia é definida pelo Centro da
Homotetia e pela Razão da Homotetia. O Centro é um ponto qualquer do plano (estamos a tratar
da Geometria Plana) e a razão é um número real diferente de zero.
Consideremos a aplicação , do plano em si mesmo, definida por ( ) = (2 2). ½
21 = 22
Se tivermos (1 1 ) = (2 2 ), então teremos (21 21 ) = (22 22 ), pelo que virá .
21 = 22
½
1 = 2
Então, temos , pelo que (1 1 ) = (2 2 ) e a aplicação é injectiva.
1 = 2
¡ ¢ ¡ ¢
Por outro lado, dado um ponto do plano 0 = ( ), vem ( ) = 2 × 2 2 × 2 = 2 2 ,
pelo que é sobrejectiva. Logo, é bijectiva.
Pontos fixos:
½ ½
2 = =0
( ) = ( ) ⇐⇒ (2 2) = ( ) ⇐⇒ ⇐⇒
2 = =0
A aplicação tem um único ponto fixo que recebe o nome de Centro da Homotetia. Neste caso,
o centro da homotetia é a origem do referencial, mas pode ser qualquer outro∙ponto¸ ∙do¸plano.
2 0
No caso anterior, a homotetia pode ser definida por ( ) = (2 2) = .
0 2
Se o centro da homotetia não for a origem, como proceder, para encontrar a imagem dum ponto
genérico = ( )?
Suponhamos que temos uma homotetia de razão 32 e centro no ponto = (2 3):
−→
1. = − = ( ) − (2 3) = ( − 2 − 3)
−→ ¡ ¢
2. 32 = 32 ( − 2 − 3) = 32 − 3 32 − 92
−→ ¡ ¢ ¡ ¢
3. 0 = + 32 = (2 3) + 32 − 3 32 − 92 = 32 − 1 32 − 32
−−→ −→
Ao fim e ao cabo, pretendemos que 0 seja 32 .
Vejamos dois exemplos geométricos de homotetias.
Homotetia de centro e razão 2 (0 , 0 e 0 são as imagens de , e ):
1091
1092 CAPÍTULO 46. SEMELHANÇAS
B'
C'
B
A' C
B
A
C'
D
C
A'
B'
Definição 848 Semelhança é uma aplicação composta dum número finito de isometrias e homote-
tias.
Proposição 849 Toda a semelhança é uma aplicação composta duma homotetia após uma isome-
tria.
Capítulo 47
Definição 850 Transformação afim é uma aplicação do plano em si próprio tal que a imagem dum
segmento de reta é um segmento de reta.
Proposição 851 Seja A uma transformação afim. Então, se , e são pontos colineares, as
imagens A ( ), A () e A () também o são.
Demonstração
A imagem de [ ] é o segmento de reta [A ( ) A ()]. Se pertence a [ ], então A ()
pertence a [A ( ) A ()]. Logo, A ( ), A () e A () são colineares.
Proposição 852 Seja A uma transformação afim. Então, A é uma aplicação injectiva.
Demonstração
Se tivéssemos A ( ) = A (), para dois pontos distintos e , então a imagem de [ ] seria
um único ponto. Então, se e são distintos, A ( ) 6= A (), pelo que A é uma aplicação
injectiva.
Definição 853 Afinidade de eixo e razão (com 6= 0) é a aplicação dum plano nele mesmo
−−−→ −−→
tal que transforma um dado ponto num ponto 1 , de modo que 1 = × , onde é a
projecção ortogonal do ponto sobre a reta .
Na figura seguinte temos um exemplo de afinidade de razão positiva e outro de razão negativa.
1093
1094 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
e
A1 A
Ae
Ae A e
A1
Observação 1
Se = 1, então a afinidade é a aplicação identidade.
Se = −1, então a afinidade é a simetria em relação ao eixo da afinidade.
Observação 2
Há uma situação muito comum em Matemática que pode ser encarada como uma afinidade:
Consideremos as funções () = cos e () = cos 2 , de domínio R, que são representadas
graficamente do seguinte modo:
-10 -8 -6 -4 -2 -1 2 4 6 8 10
O gráfico de () obtém-se do gráfico de (), por meio duma afinidade de razão 2 e cujo eixo
é o eixo das ordenadas.
Observação 3
Na definição apresentada, considerámos que um ponto não pertencente ao eixo e a respectiva
imagem definem uma reta perpendicular ao eixo, mas podíamos apresentar uma definição em que
essa reta não fosse perpendicular ao eixo.
Observação 4
Há quem considere que afinidade é o mesmo que transformação afim.
Resolução
É claro que estamos a considerar que os pontos e 1 não pertencem ao eixo da afinidade, o
mesmo se passando com os exemplos seguintes. A razão é que há infinitas afinidades (distintas)
que transformam um ponto do eixo nele próprio e não há nenhuma afinidade que transformar um
ponto do eixo noutro que não pertença ao eixo.
Justificação
Para quem conheça o Teorema de Thales, a justificação é muito fácil:
0 1 0 0 1 0 1
= =⇒ =
0 1 0 0 0
Para quem não conheça o Teorema de Thales, tem de usar semelhanças (ou homotetias),
chegando ao mesmo resultado.
Resolução
Basta traçar por 1 uma paralela ao eixo da afinidade e por uma perpendicular a esse eixo,
obtendo-se o ponto 1 .
Resolução
Neste caso, não sabemos se a reta é (ou não) paralela ao eixo da afinidade, pelo que
consideramos um ponto auxiliar , de modo que a reta intersecte o eixo da afinidade nos
limites do desenho. Depois, começamos por encontrar a imagem de e, por fim, determinamos a
imagem de .
47.1. AFINIDADE COM EIXO (STRAIN) 1097
Resolução
O ponto é o ponto médio de [], enquanto que 0 é o ponto médio de [0 ]. A construção
é perfeitamente inteligível, pelo que não a vamos descrever.
Esta construção tem vantagens em relação à construção do exemplo anterior, no caso da Geome-
tria Dinâmica, pois, no exemplo anterior, a reta pode ser paralela ao eixo.
Justificação
Os triângulos [0 ] e [0 ] são semelhantes, o mesmo acontecendo com [0 1 ] e
[0 1 ]. Então,
0 0 0 0 1 1
= = ∧ = =
0 0 0 0 1 1
1098 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
Logo,
0 0 0 1 1
= = = =
0 0 0 1 1
Analogamente, os triângulos [0 ] e [] são semelhantes, o mesmo acontecendo com
[0 1 ] e [1 ]. Então,
Consideramos, sobre o eixo , um ponto não pertencente à reta . Depois, determinamos
, o ponto médio de [].
A seguir, determinamos a imagem de e, por fim, a imagem de .
47.1. AFINIDADE COM EIXO (STRAIN) 1099
Exercício 860 Mostre que a aplicação composta de duas afinidades pode não ser uma afinidade.
Resolução
Consideremos a afinidade de razão 2 e cujo eixo é o eixo das abcissas e a afinidade de razão
2 e cujo eixo é o eixo das ordenadas. Então, ( ) = ( 2) e ( ) = (2 ).
Logo, ( ◦ ) ( ) = ( ( )) = (2 ) = (2 2).
Então, a aplicação ◦ não é uma afinidade, pois possui um único ponto fixo (que é a origem).
Na realidade, ( ◦ ) ( ) = (2 2) = 2 ( ) é a homotetia de centro (0 0) e razão 2.
Resolução
−−
→
1. O ponto = (2 1) pertence à reta . Ora, = − = (3 4) − (2 1) = (1 3).
1100 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
E, por fim,
−−→
1 = 0 + 3 proj→
−
µ ¶ µ ¶
9 6 14 6 4 21 4 6 14 6 9 21
= − + − + + +3 + − + −
13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13
µ ¶
4 6 14 6 9 21
= ( ) + 2 + − + −
13 13 13 13 13 13
µ ¶
21 12 28 12 31 42
= + − + −
13 13 13 13 13 13
∙ 21 12 ¸ ∙ ¸ ∙ 28 ¸
= 13 13 × + − 13
12 31
13 13 − 42
13
Observação
Como veremos, no exercício seguinte, o resultado obtido não depende da escolha do ponto do
eixo nem do vector perpendicular.
Exercício 862 Considere a afinidade de razão 6= 0, cujo eixo é a reta de equação ++ = 0,
com 6= 0 ∨ 6= 0. Determine a imagem do ponto = ( ), por meio da afinidade considerada.
Resolução
Seja = ( ) um ponto pertencente à reta . Então, + + = 0. O vector −
→
= ( ) é
perpendicular à reta .
−→
Seja = ( ) um ponto qualquer do plano. Então, = − = ( − − ).
−→ −
−→ · →−→ ( − − ) · ( )
proj→
− = →
− →
− = ( )
· ( ) · ( )
− + −
= ( )
2 + 2
+ +
= ( )
2 + 2
Sejam 1 a imagem de e 0 a intersecção do eixo da afinidade com a reta que lhe é perpen-
dicular e passa por .
Então,
−→ + +
= ( ) −
0 = − proj→
− ( )
2 + 2
E, por fim,
−→ −→ −→
1 = 0 + proj→ = − proj→
− + proj→
−
−
−→ + +
= + ( − 1) proj→ = ( ) + ( − 1)
− ( )
2 + 2
Note-se que = ( ) e que o resultado não depende nem de nem de . Logo, o resultado
obtido não depende do ponto que se escolha sobre o eixo da afinidade.
Suponhamos que − →
= ( ), com 6= 0.
Então,
−→ −
−→ · →−→ ( − − ) · ( )
proj→
− = →
− = ( )
·−
→ ( ) · ( )
( − − ) · ( ) 2 ( − − ) · ( )
= ( ) = ( )
( ) · ( ) 2 ( ) · ( )
( − − ) · ( )
= ( )
( ) · ( )
Logo, o resultado não depende de .
→ ³
− ´
Muitas vezes escolhe-se um vector unitário, perpendicular ao eixo, ou seja, = √2+2 √2+2 .
A escolha anterior pode ter vantagens, a nível teórico, mas tem algumas desvantagens nos casos
práticos.
1102 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
Exemplo 863 Determine a imagem do triângulo [] por meio da afinidade de eixo 0 0 que
transforma em 1 .
Resolução
Exemplo 864 Determine a imagem do hexágono [ ] por meio da afinidade cujo eixo é
a reta a verde e que transforma em 1 .
Resolução
47.1. AFINIDADE COM EIXO (STRAIN) 1103
A reta intersecta o eixo da afinidade num ponto que coincide com a sua imagem. Unindo
esse ponto com 1 , obtemos uma reta que é a imagem da reta . Traçando, por , uma reta
perpendicular ao eixo, obtemos o ponto 1 . Repetindo o processo, obtemos as imagens dos restantes
vértices do hexágono.
Cisalhamento Horizontal
Se considerarmos o plano, podemos imaginar uma transformação geométrica em que cada ponto
sofre uma translação, só que essa translação não é a mesma para todos os pontos.
Passemos a descrever a transformação:
Se um ponto está no eixo das abcissas, então a sua imagem é o próprio ponto. Se um ponto está
acima do eixo das abcissas, sofre uma translação para a direita, mantendo a ordenada e somando
à abcissa o valor da ordenada. Isto significa que, ao longo da recta = 2, os pontos se deslocam
duas unidades para a direita. Mas, ao longo da recta = 4, já se deslocam quatro unidades para a
direita. É claro que abaixo do eixo das abcissas, o deslocamento vai fazer-se para a esquerda. No
caso geral, em vez de somarmos a ordenada, somamos um valor proporcional à ordenada (digamos
). É claro que, se = 0, obtemos a aplicação identidade. E se 0, então os pontos deslocam-se
em sentido contrário ao caso em que 0.
Vejamos alguns exemplos:
Exemplo 865 Consideremos a transformação Linear definida por ( ) = ( ) + ( 0) =
( + ) e determinemos a imagem do triângulo [], em que = (1 2), = (3 3) e =
(−2 4).
Resolução geométrica
C C'
4
B B'
2
A A'
Resolução algébrica ⎧
⎨ (1 2) = (3 2)
Seja ( ) = ( ) + ( 0) = ( + ). Então, (3 3) = (6 3) .
⎩
(−2 1) = (2 4)
Relativamente à aplicação linear dada, podemos querer saber quais os seus pontos fixos, isto é,
quais os pontos que ficam inalterados pela aplicação.
Então, temos de resolver a equação (ou o sistema de equações) ( ) = ( ).
Então, devemos ter ( ) + ( 0) = ( ), pelo que = 0 e pode assumir qualquer valor.
Então, qualquer ponto do eixo das abcissas é um ponto fixo, não havendo mais pontos fixos.
No entanto, há outras rectas que também não são "alteradas", pois a imagem de cada uma
dessas rectas é a própria recta, embora a imagem de cada ponto da recta seja diferente do próprio
ponto. Por exemplo, ao longo da recta de equação = 4, todos os pontos se deslocam 4 unidades
para a direita, permanecendo sobre essa recta.
47.1. AFINIDADE COM EIXO (STRAIN) 1105
Logo a Transformação linear dada fixa todas as rectas horizontais globalmente e fixa o eixo das
abcissas ponto a ponto (pontualmente).
¡ ¢
¡Exemplo ¢ 866 Consideremos a transformação Linear definida por ( ) = ( ) + 2 0 =
+ 2 e determinemos a imagem do triângulo [], em que = (1 −2), = (3 2) e
= (−4 4).
Resolução
⎧
⎨ (1 −2) = (0 −2)
Então, (3 2) = (4 2)
⎩
(−4 4) = (−2 4)
C'
C 4
2
B B'
-5
-2
A' A
Exemplo 867 Consideremos a transformação Linear definida por ( ) = ( ) + ( 0) =
( + ) e determinemos a imagem das rectas = −2, = 0 e = 4.
Resolução
Como (−2 ) = ( − 2 ), temos que podemos dizer que = − 2, donde vem a equação
habitual = + 2.
½
(0 ) = ( )
Analogamente, temos , donde obtemos as rectas = e = + 4.
(4 ) = ( + 4 )
Então, as equações reduzidas das três rectas são: = + 2, = , = − 4, tendo-se que as
três rectas são paralelas (todas têm declive 1).
1106 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
O 1 5
Por outro lado, temos ¡( 2¢+ 4) = (3 + 4 2 + 4), pelo que fazendo 3+4 = e 2+4 = ,
obtemos = −4 3 e = 2 −4 3 + 4 = 23 + 43 .
Logo, a imagem da recta de equação = 2 + 4 é a recta de equação = 23 + 43 , ou se
preferirmos, a recta de equação = 23 + 43 . E obtivemos uma segunda recta de declive 23 (paralela
à anterior).
Observação
Em rigor, o que fizemos foi provar que a imagem duma recta estava contida noutra recta. Desse
modo, ainda falta mostrar que qualquer ponto da segunda recta é imagem de um ponto da primeira
recta. Isso pode ser feito de muitas maneiras, mas uma delas consiste em provar aquilo que foi
afirmado.
Seja (0 0 ) um ponto da recta de equação = 23 + 43 . Então, 0 = 23 0 +¡43 . Mas, (¢) =
( + ), pelo que pretendemos encontrar ( ), tal que ( ) = (0 0 ) = 0 23 0 + 43 .
½
¡ ¢ = 23 0 + 43
Então, 0 23 0 + 43 = ( + ), pelo que .
+ = 0
½
= 23 0 + 43
Logo, .
= 0 − 23 0 − 43 = 13 0 − 43
Apenas falta mostrar
¡ que ¢este ponto pertence à recta inicial
¡ (de equação
¢ ¡ = 2 + 4). ¢
Ora, 2 + 4 = 2 13 0 − 43 + 4 = 23 0 + 43 = . Logo, 0 23 0 + 43 = 13 0 − 43 23 0 + 43 .
Exemplo 868 Consideremos a transformação Linear definida por ( ) = ( ) + ( 0) =
( + ) e determinemos a imagem da recta = + .
Resolução
Então, ( ) = ( + ) = ( + + + ). Se = 0, temos ( ) = ( + ),
pelo que a imagem dum ponto da recta = é um ponto da mesma recta. Por isso, a imagem da
47.1. AFINIDADE COM EIXO (STRAIN) 1107
recta = é a própria recta, embora nenhum ponto seja transformado em si próprio, se tivermos
6= 0.
Se = −1, obtemos ( − + ) = ( − ) que é ponto da recta = ½ .
( + 1) + =
Se 6= −1, então fazemos ( + + + ) = ( ), donde vem .
+ =
( −
=
³ +1´
Logo, − , ou seja, = +1 + +1 .
+1 +=
Logo, rectas paralelas são transformadas em rectas paralelas (entre si e não às rectas iniciais).
Há rectas oblíquas que são transformadas em rectas verticais (as rectas de declive −1).
Note-se que, no exemplo anterior, vimos que a imagem da recta de equação = 2 + 4 era a
recta de equação = 23 + 43 .
2 4
Então, basta fazer, em = +1 + +1 , = 2 e = 4, obtendo-se = 2+1 + 2+1 =
2 4
3 + 3 .
Cisalhamento Vertical
Exemplo 869 Consideremos a transformação Linear definida por ( ) = ( ) + (0 ) =
( + ) e determinemos a imagem do triângulo [], em que = (1 2), = (3 3) e =
(−2 4).
6
B'
C
4
A' B
C'
2
A
Neste caso, os pontos com abcissa negativa "descem"e os pontos com abcissa positiva "sobem".
Os pontos de abcissa nula ficam fixos.
Vejamos os pontos fixos da aplicação:
½
=
( ) = ( ) ⇐⇒ ( + ) = ( ) ⇐⇒ ⇐⇒ = 0
+ =
1108 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
Então, a imagem de um ponto do eixo das ordenadas é o próprio ponto, não havendo nenhum
outro ponto fixo.
Como mantém a abcissa, a imagem duma recta vertical é a própria recta, embora (em geral)
a imagem de cada ponto da recta não seja o próprio ponto. Ou seja, fixa globalmente as rectas
verticais (sendo que fixa pontualmente o eixo das ordenadas, como já vimos).
De ( ) = ( + ), temos que a imagem da recta = é a própria recta, só havendo
pontos fixos (na recta = ), se = 0.
Qual é a imagem da recta = 2 + 3?
Ora, ( 2 + 3) = ( 3 + 3), ou seja, a imagem pedida é a recta = 3 + 3.
E qual é a imagem da recta = + 2?
Como ( + 2) = ( 2 + 2), temos a recta = 2 + 3.
Qual é a imagem da recta = − + 2?
Como ( − + 2) = ( 2), temos a recta = 2.
Qual é a imagem da recta = ?
Como ( ) = ( + ), temos a recta = + .
Qual é a imagem da recta = ?
Como ( ) = ( 2), temos a recta = 2.
Qual é a imagem da recta = + 1?
Como ( + 1) = ( 2 + 1), temos a recta = 2 + 1.
Qual é a imagem da recta = −?
Como ( ) = ( 0), temos a recta = 0.
Qual é a imagem da recta = − − 1?
Como ( − − 1) = ( −1), temos a recta = −1.
Eis uma figura com a imagem das últimas quatro rectas que acabámos de referir:
-2
-4
47.1. AFINIDADE COM EIXO (STRAIN) 1109
Observação
É claro que podemos considerar cisalhamentos do género de ( ) = ( − ) e cisalhamentos
em que os pontos fixos estejam numa recta oblíqua. Este último caso pode ser resolvido directa-
mente, mas torna-se mais fácil usar rotações.
Consideremos a aplicação ( ) = ( − ) e a circunferência ( − 1)2 + ( − 2)2 = 5. Qual
é a imagem (por ) desta circunferência?
√
Ora, ( − 1)2 + ( − 2)2 = 5 ⇐⇒ = 2 ± 4 + 2 − 2 , pelo que desenhamos ½ o gráfico de
− =
duas funções (para obtermos a circunferência). Fazendo a mudança de variáveis ,
=
2 2
vem ( + − 1) + ( − 2) = 5. Mas,
2 2
( + − 1) + ( − 2) = 5 ⇐⇒ 2 + 2 − 2 + 2 − 2 + 1 + 2 − 4 + 4 = 5
⇐⇒ 2 2 − 6 + 2 + 2 − 2 = 0
⇐⇒ 2 2 + (2 − 6) + 2 − 2 = 0
√
− + 3 ± 2 − 6 + 9 − 2 2 + 4
⇐⇒ =
√ 2
− + 3 ± − 2 − 2 + 9
⇐⇒ =
2
√
2
E, por fim, consideramos as duas funções definidas por = −+3± −
2
−2+9
, cujos gráficos estão
desenhados, na figura seguinte (além dos gráficos das duas funções que definem a circunferência):
y4
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
x
Na figura anterior, podemos ver um deslocamento para a esquerda (acima do eixo das abcissas)
e um deslocamento para a direita (abaixo do eixo das abcissas).
1110 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
47.1.2 Afinidade
No capítulo anterior, já vimos as afinidades com eixo. Agora, vamos dar alguns exemplos, utilizando
transformações lineares.
Exemplo 870 Consideremos a transformação linear definida por ( ) = (2 ) e deter-
minemos as imagens de alguns pontos e de algumas rectas.
47.1. AFINIDADE COM EIXO (STRAIN) 1111
Resolução
Em primeiro lugar, temos que (0 ) = (0 ), pelo que fixa os pontos do eixo das ordenadas.
Além disso, temos que ( 0) = (2 0), pelo que a imagem dum ponto situado no eixo das abcissas
fica nesse mesmo eixo. No entanto, a origem do referencial é o único ponto desse eixo que fica fixo.
E acontece algo de semelhante com as rectas horizontais. Assim, ( ) = (2 ), pelo que a
imagem dum ponto da recta = pertence à mesma recta = . No entanto, o ponto (0 ) é o
único ponto da recta = que fica fixo.
Para encontrarmos os pontos fixos, basta resolver a condição ( ) = ( ).
Como ( ) = (2 ), temos (2 ) = ( ). Então, 2 = , donde vem = 0, podendo
ser qualquer.
Imagens de alguns pontos:
⎧
⎪
⎪ (0 2) = (0 2)
⎪
⎪
⎨ (1 2) = (2 2)
(2 2) = (0 2)
⎪
⎪
⎪
⎪ (−1 2) = (−2 2)
⎩
(−1 2) = (−4 2)
Como já vimos, a imagem duma recta horizontal é uma recta horizontal (em bom rigor, ainda
falta mostrar alguma coisa).
Como ( ) = (2 ), a imagem dum ponto da recta = pertence à recta = 2 (o
recíproco é manifestamente verdadeiro: qualquer¡ ponto
¢ da recta = 2 é imagem de ¡algum ¢ ponto
ponto da recta = . Por exemplo, (2 ) = 2 . Mais geralmente, (2 ) = 2 .
Como calcular a imagem da recta = 2 + 3? Um ponto genérico da recta é ( 2 + 3), pelo
que ( 2 + 3) = (2 2 + 3). Fazendo 2 = e 2 + 3 = , temos = + 3.
6
-5 0 1
-2
Se tivermos o triângulo [], com = (−2 1), = (1 −1) e = (3 2), temos (−2 1) =
(−4 1), (1 −1) = (2 −1), (3 2) = (6 2):
1112 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
47.1.3 Homotetia
Homotetia de centro na Origem e razão (com 6= 0) é a aplicação definida por ( ) =
( ) = ( ).
Pontos fixos:
½ ½
= − = 0
( ) = ( ) ⇐⇒ ( ) = ( ) ⇐⇒ ⇐⇒
= − = 0
½
( − 1) = 0
⇐⇒
( − 1) = 0
Se = 1, en tão todos os pontos do plano são pontos fixos (trata-se da aplicação identidade).
Se 6= 1, então há um único ponto fixo (a origem do referencial).
Se || 1, a homotetia é uma ampliação. Se || = 1, a homotetia é uma isometria. Se
0 || 1, a homotetia é uma redução.
Note-se que se = −1, a homotetia é a simetria em relação à origem do referencial.
Na figura seguinte, temos a imagem dum triângulo por meio duma homotetia de centro (0 0) e
razão 2.
B'
4
A'
2
B
A
-2
C
-4
C'
C'
4
2
B
A
-5
-2
A' C
-4
B'
No caso da figura anterior, temos uma homotetia de centro (0 0) e razão −2. Neste caso, os
lados são inversamente paralelos.
Como se define uma homotetia de centro (1 2) e razão 2?
A questão anterior pode ser colocada noutras situações, como (por exemplo) a rotação de 90 ◦ ,
em torno do ponto (1 2).
Como o centro da homotetia tem de ficar fixo e sabemos definir a imagem de qualquer ponto se
o centro da homotetia for a origem do referencial, procedemos da seguinte maneira: Fazemos uma
translação que leve o ponto (1 2) para a origem, fazemos a homotetia e desfazemos a translação.
Se representarmos a translação por e a homotetia por H, podemos escrever:
⎧
⎨ (−1−2) ( ) = ( ) + (−1 −2) = ( − 1 − 2)
H ( − 1 − 2) = 2 ( − 1 − 2) = (2 − 2 2 − 4)
⎩ ((00)2)
(12) (2 − 2 2 − 4) = (2 − 2 2 − 4) + (1 2) = (2 − 1 2 − 2)
Também podemos escrever da seguinte maneira:
¡ ¢ ¡ ¢¡ ¢
H((12)2) ( ) = (12) ◦ H((00)2) ◦ (−1−2) ( ) = (12) ◦ H((00)2) (−1−2) ( )
¡ ¢ ¡ ¢
= (12) ◦ H((00)2) ( − 1 − 2) = (12) H((00)2) ( − 1 − 2)
= (12) (2 − 2 2 − 4) = (2 − 2 2 − 4) + (1 2) = (2 − 1 2 − 2)
Para a rotação acima referida, começamos por referir que
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
cos 90 ◦ − sin 90 ◦ 0 −1 −
R((00)90 ◦ ) ( ) = = =
sin 90 ◦ cos 90 ◦ 1 0
Então, teremos: ∙ ¸
0 −1
R((00)90 ◦ ) ( − 1 − 2) =
1 0
47.1. AFINIDADE COM EIXO (STRAIN) 1115
⎧
⎪
⎪ ( ) = ( ) + (−1
∙ −2)¸= ∙ ( −¸1 ∙− 2) ¸
⎨ (−1−2)
0 −1 − 1 2−
R((00)2) ( − 1 − 2) = =
⎪
⎪ 1 0 − 2 −1
⎩
(12) (2 − − 1) = (2 − − 1) + (1 2) = (3 − + 1)
De maneira mais simples:
∙ ¸ µ∙ ¸ ∙ ¸¶ ∙ ¸ ∙ ¸
0 −1 1 1 3−
− + =
1 0 2 2 +1
Passo a passo:
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
1 −1
1. − =
2 −2
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
0 −1 − 1 2−
2. =
1 0 −2 −1
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
2− 1 3−
3. + =
−1 2 +1
Caso geral: Rotação do ponto ( ), de rad e em torno do ponto = ( )
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
−
1. − =
−
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
cos − sin − cos − sin − cos + sin
2. =
sin cos − cos + sin − cos − sin
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
cos − sin − cos + sin + cos − sin − cos + sin
3. + =
cos + sin − cos − sin + cos + sin − cos − sin
47.1.4 Semelhança
Semelhança é uma aplicação composta duma homotetia com uma isometria. Note-se que qualquer
homotetia é uma semelhança positiva (mantém os ângulos orientados, mas é mais fácil de perceber
se dissermos que transforma a mão esquerda na mão esquerda).
Uma semelhança negativa é uma semelhança que resulta da aplicação composta duma homotetia
com uma isometria negativa. Então, uma semelhança negativa transforma a mão esquerda na mão
direita e inverte a orientação dos ângulos.
Relembre-se que há dois tipos de isometrias negativas: a simetria em relação a uma recta
(reflexão) e a reflexão deslizante.
Um exemplo de semelhança negativa:
1116 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
A
2
C' C''
A'
A''
B' B''
-2
C
-4
A aplicação que transforma [] em [2 2 2 ] não é uma afinidade, porque as retas 2 ,
2 e 2 não são paralelas, nem é uma semelhança.
Então,
( ◦ ) ( ) = ( + 2 + 3) = ( + 2 2 + 6)
Pontos fixos: Não há, porque ( + 2 2 + 6) = ( ) é uma equação impossível.
Consideremos
√ os pontos = (0 0), = (1 0) e = (0 1). Então, = 1, = 1 e
= 2.
Por outro lado, ( ◦ ) (0 0) = (2 6), ( ◦ ) (1 0) = (3 6) e ( ◦ ) (0 1) = (2 8).
Logo, a distância entre ( ◦ ) (0 0) e ( ◦ ) (1 0) é 1 e a distância entre ( ◦ ) (0 0) e ( ◦ ) (0 1)
é 2.
Representemos a distância entre dois pontos e por ( ).
Então, ( ) = (( ◦ ) () ( ◦ ) ()) = 1 e 1 = ( ) 6= (( ◦ ) () ( ◦ ) ()) =
2, pelo que a aplicação não é uma semelhança.
Exemplo 873 Consideremos a aplicação de R2 em R2 , definida por ( ) = ( 0), para qualquer
par de elementos de R2 .
Como ( 0) = ( 0), a imagem de qual ponto do eixo das abcissas é o próprio ponto, pelo
que temos uma recta de pontos fixos. E não há outros pontos fixos.
Além disso, temos que (0 ) = (0 0), pelo que a imagem do eixo das ordenadas é um único
ponto. Deste facto, já podemos concluir que a aplicação não é injectiva (nem bijectiva). E como
não existe um ponto cuja imagem seja (0 1), por exemplo, podemos concluir que a aplicação não é
sobrejectiva.
E como ( ) = (0 0), temos que a imagem duma recta vertical é um só ponto (o ponto de
intersecção da recta com o eixo das abcissas).
A esta aplicação, é costume dar-se o nome
∙ de¸"Projecção
∙ ¸ ∙ ¸ no eixo das abcissas". ∙ ¸
1 0 1 0
Usando matrizes, temos que ( ) = = = ( 0). Neste caso, a matriz
0 0 0 0 0
tem característica 1, e o contradomínio da aplicação também um subespaço de dimensão 1.
1118 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
∙ ¸ ∙ ¸
1 0 1 0
Por fim, como det = 0, não existe matriz inversa de , pelo que a aplicação não
0 0 0 0
é bijectiva.
Segue-se a imagem dum triângulo:
B' A'
C' 5
-2
Exemplo 874 Consideremos a aplicação de R2 em R2 , definida por ( ) = (0 ), para qualquer
par de elementos de R2 .
Esta função é muito semelhante à anterior, mas a Projecção faz-se sobre o eixo das ordenadas.
Neste caso, a imagem duma recta horizontal
∙ é um¸ ∙ só
¸ ponto:
∙ ¸ ( ) = (0 ).
0 0 0
Matricialmente, temos que ( ) = = = (0 ).
0 1
Imagem dum triângulo:
A' A
C' C
B' B
Além dos dois exemplos acabados de apresentar, há outros em que o contradomínio não é nenhum
dos eixos das coordenadas. Note-se que, para obtermos exemplos, basta considerarmos matrizes de
determinante nulo.
47.3. TRANSFORMAÇÕES LINEARES NÃO BIJECTIVAS 1119
∙ ¸∙ ¸
2 2 1 2
Exemplo 875 Consideremos a aplicação de R em R , definida por ( ) = =
∙ ¸ 3 6
+ 2
= ( + 2 3 + 6), para qualquer par de elementos de R2 .
3 + 6
½ ½
+ 2 = + 2 =
⇐⇒ ⇐⇒ = − 2
3 + 6 = 3 + 2 =
Logo, = ( − 2 ), pelo que existem infinitos pontos cuja imagem é ( 3).
Verificação:
Será que podemos descobrir mais alguma coisa de interessante sobre a aplicação dada?
Já vimos que o conjunto das imagens dos pontos do plano é a recta de equação = 3. E já
vimos que (1 4) = (9 27). Agora, podemos querer
© saber quais os pontos cuja
ª imagem é (9 27),
ou seja, queremos definir o seguinte conjunto: ( ) ∈ R2 : ( ) = (9 27) . É claro que esta
questão já foi resolvida, mas vamos ignorar esse facto.
Então, obtemos
½
+ 2 = 9
( + 2 3 + 6) = (9 27) ⇐⇒ ⇐⇒ + 2 = 9
3 + 6 = 27
Logo, temos duas particularidades interessantes: a imagem dum ponto qualquer está na recta
de equação = 3 e todos os pontos da recta de equação + 2 = 9 têm a mesma imagem. Então,
podemos ter uma representação geométrica interessante. Para não termos que marcar o ponto
(9 27), vamos considerar outra imagem.
De (3 −1) = (3 − 2 9 − 6) = (1 3), vem {( ) : ( ) = (1 3)} = {( ) : + 2 = 1}.
Passemos à visualização geométrica, desenhando a imagem do triângulo [], com = (1 1),
= (3 −1) e = (−2 1).
Como ( ) = ( + 2 3 + 6), temos que (1 1) = (3 9), (3 −1) = (1 3) e (−2 1) =
(0 0).
1120 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
A'
B'
C A
1
C'
⎧ ⎧ ⎧
⎨ ( ) = (3 9) ⎨ ( + 2 3 + 6) = (3 9) ⎨ + 2 = 3
( ) = (1 3) ⇐⇒ ( + 2 3 + 6) = (1 3) ⇐⇒ + 2 = 1
⎩ ⎩ ⎩
( ) = (0 0) ( + 2 3 + 6) = (0 0) + 2 = 0
A imagem inversa de cada um dos pontos é uma recta, sendo que as três rectas são paralelas.
É claro que podemos considerar pontos nos lados do triângulo, havendo uma infinidade de rectas
(paralelas). Desenhemos as três rectas (que passam pelos vértices do triângulo):
47.3. TRANSFORMAÇÕES LINEARES NÃO BIJECTIVAS 1121
m HI = 1,36 cm
m JH = 0,90 cm A'
m IJ = 0,45 cm 8
m A'C' = 9,49 cm
m B'A' = 6,32 cm
m C'B' = 3,16 cm
6
m A'C'
= 7,00
m HI
m B'A'
= 7,00
4
m JH
m C'B'
= 7,00
m IJ B'
A
C
1
C' 5
B
H
-2 J
I
Com umas "habilidades", conseguimos descobrir algo de interessante! De onde vem aquele valor
7?
Começamos por referir que os pontos , e poderiam ter sido marcados sobre a recta de
equação = 3 (a recta que contém 0 , 0 e 0 ), mas não o fizemos para não sobrecarregar a
figura. O que descobrimos foi que existe uma proporcionalidade entre as projecções dos lados do
triângulo [] numa recta paralela à recta imagem e segundo a direcção das rectas cuja imagem
é um só ponto. Só que ainda não sabemos como apareceu o valor 7!
Comecemos por encontrar (−2 1). Ora, (−2 1) = (0 0) e a imagem inversa de (0 0) é:
© ª
−1 {(0 0)} = ( ) ∈ R2 : ( ) = (0 0)
© ª
= ( ) ∈ R2 : ( + 2 3 + 6) = (0 0)
© ª
= ( ) ∈ R2 : + 2 = 0
© ª
= ( ) ∈ R2 : = −2
No conjunto anterior, vamos escolher o ponto que pertence à recta de equação = 3. Neste
caso, é o próprio ponto (0 0).
1122 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
Agora, fazemos
¡ 3 9 ¢ = 3 (3 − 2).
¡ 3 Resolvendo
¢ a equação, obtemos = 97 . Logo, = 37 .
9
Então, 7 7 = (3 9) = 7 7 7 .
Neste exemplo, a imagem de um dos vértices do triângulo é (0 0), situação que pode não ocorrer.
No caso geral, bastará considerar um quarto ponto tal que a sua imagem seja (0 0). Também pode
acontecer que dois dos vértices do triângulo tenham a mesma imagem, mas isso não faz diferença
nenhuma (a não ser que temos menos trabalho).
Exemplo 876 Consideremos a aplicação de R2 em R2 , definida por ( ) = ( + + ),
com 6= 0.
© ª
−1 {( + + )} = ( ) ∈ R2 : ( ) = ( + + )
© ª
= ( ) ∈ R2 : ( + + ) = ( + + )
© ª
= ( ) ∈ R2 : + = +
n o
= ( ) ∈ R2 : = − + +
n³ ´ o
= − + + : ∈ R
Agora, vamos escolher o único ponto do conjunto anterior que pertence à recta = .
Então, vamos ter = − + + . Ora,
= − + + ⇐⇒ = − + + ⇐⇒ + = +
+
⇐⇒ ( + ) = + ⇐⇒ =
+
³ ´ −−→ ³ ´
Então, obtemos o ponto 0 = +
+ +
+ . Então, 0 = 0 − = + +
+ +
−−→0
e = ( + + ).
−−→ 1
−−→0 −−→ −−→
Então, 0 = + , ou seja, 0 = ( + ) 0 .
Recordamos que, no exemplo anterior, tínhamos = 1, = 2 e = 3, pelo que + =
1 + 3 × 2 = 7.
Vejamos um caso particular:
Desenhou-se a recta = 2 (recta imagem). Por , e traçámos rectas paralelas ao vector
(1 −2), porque = 2 e = 1. As três paralelas intersectam a recta = 2 nos pontos 0 , 0 e
−−→ −−→
0 . E, como + = 2 + 2 × 1 = 4, obtivemos os pontos 0 , 0 e 0 , de modo que 0 = 40 ,
−−→ −−→ −−→ −−→
0 = 40 e 0 = 40 . No caso da figura anterior, foram desenhados quatro segmentos iguais
(três, considerando que um já estava desenhado).
Exemplo 877 E se quisermos obter a projecção ortogonal dum ponto sobre uma recta oblíqua que
passe pela origem?
Se tivermos a recta de equação = 2, como obtemos a projecção ortogonal do ponto (2 6)
sobre a recta?
Basta considerarmos a recta perpendicular que passa por (2 6) e determinar o ponto de inter-
secção das duas rectas.
Um vector director da recta = 2 é (1 2), pelo que (2 −1) é um vector perpendicular a essa
recta. Logo, uma equação da recta perpendicular é − 6 = − 12 ( − 2).
Logo, uma equação é = − 12 + 7. Então resolvemos o seguinte sistema:
½ ½ ½ ½ 28
= 2 = 2 = 2 = 5
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
= − 12 + 7 2 = − 12 + 7 4 = − + 14 = 14
5
¡ 14 ¢
Logo, o ponto pretendido é 5 28
5 .
1124 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
12
C'
10
xC' = 6,00
yC' = 12,00
8
xB' = 1,00
yB' = 2,00
xA' = -1,00
6
yA' = -2,00
T(x,y) = (2x+y,4x+2y)
B0
A0 5
-2
A'
Figura 47.1:
47.3. TRANSFORMAÇÕES LINEARES NÃO BIJECTIVAS 1125
Suponhamos, agora, que pretendemos achar a projecção ortogonal do ponto (0 0 ) sobre a
recta de equação = .
A maneira de resolver é análoga:
½ ½ ½
= = =
1 ⇐⇒ 1 1 ⇐⇒ 1 1
− 0 = − ( − 0 ) = − + 0 + 0 = − + 0 + 0
½ ½
= ¡ = ¢
⇐⇒ ⇐⇒
2 = − + 0 + 0 2 + 1 = 0 + 0
( 2
= 0 + 0
2 +1
⇐⇒
=
0 +0
2 +1
³ 2
´
Então, a imagem do ponto (0 0 ) é o ponto 0 +0 0 + 0
2 +1 2
+1 .
³ 2
´ ³ ´
2
Logo, a imagem do ponto ( ) é + 2 +
2 , ou seja, 2
1
+
2
2 + 2 .
∙ ¸ ∙ ¸+1 +1 +1 +1 +1 +1
1
Então, ( ) = 21+1 .
2
Resolvemos o caso em que = 2. Então, substituindo por 2, obtemos
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸∙ ¸
1 1 2 1 1 2
( ) = 2 =
2 +1 2 4 5 2 4
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ 14 ¸
1 2 2 2 + 12
Logo, (2 6) = 15 = 15 = 28 5 , como obtido anteriormente.
2 4 6 4 + 24 5
Transformação afim é a aplicação composta por uma transformação linear e uma translação.
Logo, é uma aplicação definida por
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
11 12
( ) = + = + 1
21 22 2
1126 CAPÍTULO 47. OUTRAS TRANSFORMAÇÕES AFINS
Note-se que uma aplicação do tipo ( ) = ( + ) pode ser transformada, obtendo-se
( ) = ( + ) = + que é uma matriz do mesmo tipo de + .
Observação
Terminamos com uma Observação importante. Na Geometria Analítica trabalhamos com "pon-
tos"representados por coordenadas. No plano, temos duas coordenadas associadas a um referencial.
A maneira mais conhecida é a utilização dum referencial cartesiano, mas podemos usar coordenadas
polares, por exemplo.
Mas, além de pontos, usamos "vectores"que, curiosamente se representam da mesma maneira.
Assim, podemos falar no ponto = (1 2) e no vector = (1 2).
Mas, há coisa que podemos fazer com vectores e que não podemos fazer com pontos. Por
exemplo, dados os pontos = (1 2) e = (2 2), não faz sentido escrever + = (1 2) + (2 2) =
(3 4). Mas, se = (1 2) e = (1 2), faz sentido escrever + = (1 2) + (2 2) = (3 4).
Dado o ponto = (1 2) e o vector = (2 2), definiu-se que + = (1 2) + (2 2) = (3 4). Só
que "este"(3 4) é "diferente"do (3 4) "anterior", pois se trata dum ponto, enquanto que o anterior
é um vector.
Logo, (1 2) + (2 2) pode não ter sentido, ou podemos ter (1 2) + (2 2) = (3 4) (vector) ou
podemos ter (1 2) + (2 2) = (3 4) (ponto).
−−→
Quando escrevemos + = , fomos habituados a escrever = − = , mas trata-se
duma convenção, pois não faz sentido subtrair pontos, uma vez que não faz sentido somá-los. O que
está subjacente é uma convenção em que somamos e subtraímos pontos duma maneira "meramente
formal": não tem sentido nem conteúdo matemático, mas é útil e vantajoso. Só não entendo, por
que razão se aceitou "subtrair"pontos e não costuma aceitar-se "somar"pontos.
A propósito, podemos referir que, além do habitual R2 , temos A2 e E2 , sendo A2 um espaço
afim e E2 um espaço euclideano. A2 é o conjunto dos pontos do plano, com coordenadas cartesianas
e E2 é R2 , no qual se definiu o produto interno usual: (1 2 ) · (1 2 ) = 1 1 + 2 2 .
Deste produto interno (positivo definido), resulta a norma euclideana:
p q
k(1 2 )k = (1 2 ) · (1 2 ) = 21 + 22
Ainda há uma variante: o espaço afim associado a um espaço vectorial, pode ser o próprio espaço
vectorial. Neste caso, os "pontos"são vectores! Ou seja, a mesma "entidade"pode ser considerada
"ponto"ou pode ser considerada "vector". Neste caso, a interpretação de recta já é outra: são os
vectores que vão da origem à "nossa recta habitual".
+
Um exemplo prático: Dados dois pontos e , o ponto médio ( ) é dado por = =
2
1
( + ), desde que se aceite a "adição formal"de pontos (e o produto por um escalar).
2
Capítulo 48
Transformações Geométricas em
R3
Vamos começar pelas transformações bijectivas (aquelas que costumam ter mais interesse). Vamos
começar pelas Isometrias e, dentro destas, pela simetria em relação a um plano.
48.1 Isometrias
Comecemos pela reflexão num plano (espelho).
Exemplo 878 Consideremos a transformação ( ) = ( −), de R3 em R3 .
Pontos fixos: ( ) = ( ) ⇐⇒ ( −) = ( ) ⇐⇒ = 0.
Logo, ( 0) = ( 0), para quaisquer e . Qualquer ponto do "espelho"fica invariante
(fixo), quando se aplica a transformação.
É fácil de mostrar que se trata duma isometria:
q
( ( ) (0 0 0)) = (( −) (0 0 0)) = k( −)k = 2 + 2 + (−)2
p
= 2 + 2 + 2 = (( ) (0 0 0))
Para quem conheça as propriedades das transformações lineares, a demonstração apresentada é
suficiente. Mas vamos fazer a demonstração completa. Sejam = ( ) e = ( ).
Então,
( ( ) ( )) = (( − ) ( − ))
= k( − ) − ( − )k
= k( − − − + )k
q
2 2 2
= ( − ) + ( − ) + (− + )
q
2 2 2
= ( − ) + ( − ) + ( − )
= (( ) ( ))
1127
1128 CAPÍTULO 48. TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS EM R3
Definição 879 Consideremos um plano Π que passa por e que é perpendicular ao vector
³−→ unitário
´
−
. Então, o simétrico dum ponto , relativamente ao plano Π, é o ponto 1 = − 2 · −
−
→ → →
.
Observação ³−→ ´
−
Note-se que a expressão 1 = − 2 · −
→ →
é rigorosamente a mesma que aparecia em na
definição de simetria em relação a uma recta de R2 .
Da mesma maneira que em R2 , o ponto 1 não depende do ponto escolhido no plano, nem
depende de usarmos − → ou −−→ . E continuamos a ter uma involução.
Vamos representar a simetria em relação ao plano Π, por Π .
Exemplo 880 Determine o simétrico do ponto = (1 3 −2), em relação ao plano Π definido por
+ 2 − 4 = 5.
Resolução √
→
− √
Seja = (1 2 −4), cuja norma é 1 + 4 + 16 = 21, um vector perpendicular ao plano Π e
seja = (5 0 0).³ ´ ³√ √ √ ´
Então, −
→
= √121 √221 − √421 = 2121 2 2121 − 4 2121 .
Logo,
Por outro lado, o segmento definido por e por 1 deve ser perpendicular ao plano Π. Logo,
→
−
deve ser colinear com = (1 2 −4).
Ora,
µ ¶
1 23 38
1 − = Π ( ) − = − (1 3 −2)
21 21 21
µ ¶
20 40 80 20 20 −
→
= − − = − (1 2 −4) = −
21 21 21 21 21
Programação Linear
Resolução
Comecemos por referir que todas as funções envolvidas nesta questão são funções polinomiais
de grau (menor ou igual a) 1.
As restrições dadas definem um polígono convexo contido no primeiro quadrante, quando se
considera o plano R2 . O interessante é que o valor máximo da função ( ) = 2 + 3 é atingido
1131
1132 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
num dos vértices do polígono. Note-se ainda que as restrições, neste caso, são da forma + ≤ ,
com ≥ 0 ≥ 0 ≥ 0, o que faz com que todas rectas tenham declive negativo e que seja definido
um polígono contido no primeiro quadrante.
Note-se que é costume utilizar as variáveis 1 2 em vez de e os coeficientes e , em
vez de e .
Pode acontecer que as restrições não definam um polígono, por não darem origem a uma região
limitada. Nesse caso, falaremos em pontos extremos em vez de vértices. É claro que os vértices dos
polígonos também são pontos extremos.
Consideremos as rectas definidas por = 0, = 0, 2 + = 8 e + 2 = 7:
Determinemos o ponto de intersecção das duas rectas anteriores:
½ ½ ½ ½
2 + = 8 = 8 − 2 = 8 − 2 =2
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒
+ 2 = 7 + 16 − 4 = 7 −3 = −9 =3
¡ 7¢
Os pontos (0 0), 0 2 , (3 2) e (4 0) definem um quadrilátero convexo. Calculando o valor de
em cada um desses pontos obtemos:
⎧
⎪
⎪ (0 0) = 0 + 0 = 5
⎨ ¡ 7¢
0 2 = 0 + 21 2 = 10 5
⎪
⎪ (4 0) = 8
⎩
(3 2) = 6 + 6 = 12
Então, o valor máximo da função objectivo é 12, valor este que é atingido no vértice (3 2).
Se não pretendermos calcular o valor da função em todos os vértices, podemos proceder do
seguinte modo:
Traçamos a recta de equação 2 + 3 = 6. Seguidamente, deslocamos a recta de modo a manter-
se paralela à recta anterior, a intersectar o quadrilátero e a ficar o mais para cima possível. É fácil
de verificar que tal recta tem de passar pelo vértice (3 2).
49.1. O MÉTODO GRÁFICO 1133
(a) 1 ≥ 0 ≥ 0.
Exemplo 882 Determine o valor máximo da função = 81 + 92 , com as variáveis 1 e 2
sujeitas às seguintes restrições:
1 ≥ 0 2 ≥ 0 21 + 32 ≤ 10 41 + 32 ≤ 13.
Resolução
½ ½ ½ 3
21 + 32 = 10 21 = 3 1 = 2
⇐⇒ ⇐⇒ 7
41 + 32 = 13 6 + 32 = 13 2 = 3
¡ ¢ ¡ 3 7 ¢ ¡ 13 ¢
Vértices do quadrilátero: (0 0), 0 10
3 , 2 3 e 4 0 .
¡ 3 Consideremos
7
¢ a recta de equação 81 + 92 = 72 e a recta paralela à anterior que passa por
2 3 :
1134 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
0 0
Na expressão anterior, ≥ significa 1 ≥ , ou seja, 1 ≥ 0 ∧ 2 ≥ 0.
0 2 0
O problema dual do problema dado consiste em minimizar a função
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
£ ¤ 1 2 4 8
= 10 13 × , com × 1 ≥
2 3 3 2 9
Resolução
Pretendemos minimizar a função = 101 + 132 , com 1 ≥ 0 ∧ 2 ≥ 0 ∧ 21 + 42 ≥
8 ∧ 31 + 32 ≥ 9.
49.1. O MÉTODO GRÁFICO 1135
Logo, 1 + 22 ≥ 4 ∧ 1 + 2 ≥ 3.
Exemplo 884 Determine o valor máximo da função = 81 + 152 , com as variáveis 1 e 2
sujeitas às seguintes restrições:
1 ≥ 0 2 ≥ 0 21 + 32 ≤ 10 41 + 32 ≤ 13.
Resolução
½ ½ ½ 3
21 + 32 = 10 21 = 3 1 = 2
⇐⇒ ⇐⇒ 7
41 + 32 = 13 6 + 32 = 13 2 = 3
¡ ¢ ¡ 3 7 ¢ ¡ 13 ¢
Vértices do quadrilátero: (0 0), 0 10
3 , 2 3 e 4 0 .
¡ ¢
Neste caso, a paralela é traçada pelo ponto 0 10
3 . Então, max = 8 × 0 + 15 ×
10
3 = 50.
Note-se que 8 × 32 + 15 × 73 = 47 50 e 8 × 0 + 15 × 13 195
4 = 4 50.
Logo, min = (5 0) = 10 × 5 = 50. Note-se que os pontos extremos são (5 0) e (0 5) e que
(0 5) = 13 × 5 = 65.
49.1. O MÉTODO GRÁFICO 1137
Exemplo 886 Determine o valor máximo da função = 101 + 152 , com as variáveis 1 e 2
sujeitas às seguintes restrições:
1 ≥ 0 2 ≥ 0 21 + 32 ≤ 8 41 + 52 ≤ 13.
Resolução
½ ½ ½
21 + 32 = 8 101 + 152 = 40 1 = 1
⇐⇒ ⇐⇒
51 + 42 = 13 −101 − 82 = −26 2 = 2
¡ ¢ ¡ ¢
Vértices do quadrilátero: (0 0), 0 83 , (1 2) e 135 0 .
Neste caso, temos que um dos lados do polígono é paralelo à recta de equação 101 + 152 = 90.
Calculando o valor da função nos vários vértices, temos:
⎧
⎪
⎪ (0 0) = 0
⎨ ¡ 8¢
0 3 = 40
⎪
⎪ (1 2) = 10 + 30 = 40
⎩ ¡ 13 ¢
5 0 = 26
¡ ¢
A função atinge o valor máximo nos vértices 0 83 e (1 2), pelo que acontecerá o mesmo em
qualquer ponto
¡ do¢lado definido
¡ por ¢ esses dois vértices. Por exemplo, se considerarmos o ponto
médio = 12 73 , temos 12 73 = 10 × 12 + 15 ס73 =¢ 40. Tal não é de espantar, porque
101 + 152 = 40 é uma equação da recta definida por 0 83 e (1 2).
Exemplo 887 Resolva o problema dual do exemplo anterior.
Resolução
No problema primal, pretendíamos maximizar a função seguinte:
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
£ ¤ 2 3 8 0
= 10 15 × 1 , com × 1 ≤ ∧ 1 ≥
2 5 4 2 13 2 0
No problema dual, pretendemos minimizar a função
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
£ ¤ 1 2 5 10 0
= 8 13 × , com × 1 ≥ ∧ 1 ≥
2 3 4 2 15 2 0
1138 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
¡ ¢
(5 0) = 8 × 5 = 40; 0 15
4 = 13 ×
15
4
Então, min = (5 0) = 40.
Exemplo 888 Determine o valor máximo da função = 101 + 152 , com as variáveis 1 e 2
sujeitas às seguintes restrições:
1 ≥ 0 2 ≥ 0 1 + 22 ≤ 8 21 + 2 ≤ 7 51 + 52 ≤ 22.
Resolução
½ ½ ½
1 + 22 = 8 21 + 42 = 16 2 = 3
⇐⇒ ⇐⇒
21 + 2 = 7 −21 − 2 = −7 1 = 2
½ ½ ½ 13
21 + 2 = 7 −101 − 52 = −35 1 = 5
⇐⇒ ⇐⇒ 9
51 + 52 = 22 51 + 52 = 22 2 = 5
½ ½ ½ 18
1 + 22 = 8 −51 − 102 = −40 2 = 5
⇐⇒ ⇐⇒ 4
51 + 52 = 22 51 + 52 = 22 1 = 5
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
(0 4) = 60 13 9
5 5 = 53 45 18
5 = 62 72 0 = 35
Então, o valor máximo da função é 62.
Repare-se que, neste caso, a região admissível é um pentágono em vez dum quadrilátero.
Exemplo 889 Determine os valores máximo e mínimo da função = 101 +122 , com as variáveis
1 e 2 sujeitas às seguintes restrições:
1 ≥ 0 2 ≥ 0 1 + 2 ≥ 8 21 + 2 ≤ 12 31 + 42 ≤ 42.
Resolução ⎧
⎨ : 1 + 2 = 8
Consideremos as rectas definidas por : 21 + 2 = 12 e determinemos os pontos de
⎩
: 31 + 42 = 42
intersecção
½ das rectas duas a½duas:
1 + 2 = 8 1 = 4
⇐⇒
21 + 2 = 12 2 = 4
½ ½ ½
1 + 2 = 8 −31 − 32 = −24 1 = −10
⇐⇒ ⇐⇒
31 + 42 = 42 31 + 42 = 42 2 = 18
½ ½ ½ ½ 6
21 + 2 = 12 −81 − 422 = −48 −51 = −6 1 = 5
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒ 48
31 + 42 = 42 31 + 42 = 42 21 + 2 = 12 2 = 5
1140 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
¡ ¢ ¡ 21 ¢
Os vértices do quadrilátero são (0 8), (4 4), 65 48
5 e 0 2 .
A função objectivo é (1 2 ) = 101 + 122 .
Calculemos o valor de , em cada um dos vértices do quadrilátero anterior:
¡ ¢ 636 ¡ ¢
(0 8) = 96; (4 4) = 88; 65 48
5 = 5 = 127 2; 0 21
2 = 126
Então, max = 636
5 e min = 88.
Exemplo 890 Determine o mínimo e o máximo da função = ( ) = 10 + 15, com ≥ 0,
+ 2 ≤ 10, 4 + 3 ≤ 24 e 3 ≤ ≤ 5.
Resolução
Consideremos as rectas definidas por + 2 = 10, 4 + 3 = 24, = 3 e = 5, representadas na
figura seguinte. As condições do problema correspondem ao polígono cor de laranja (um pentágono).
Desenhando a recta de equação 10 + 15 = 30 (a verde) verificamos que a mesma passa por um
dos vértices do pentágono.
Depois, traçamos uma recta paralela à recta anterior, passando pelo ponto .
Determinemos as coordenadas de :
½ ½ ½
4 + 3 = 24 4 (10 − 2) + 3 = 24 40 − 8 + 3 = 24
⇔ ⇔
+ 2 = 10 = 10 − 2 = 10 − 2
½ ½ 16
−5 = −16 = 5
⇔ ⇔
= 10 − 2 = 10 − 32
5 = 5
18
¡ 18 ¢
Então, = 5 16
5 , donde vem que 10 ×
18
5 + 15 × 16
5 = 36 + 48 = 84.
49.1. O MÉTODO GRÁFICO 1141
Exemplo 891 Determine o mínimo e o máximo da função = ( ) = 100 + 120, com
≥ 0, − 2 ≤ 4 e 5 + 6 ≥ 30.
Resolução
Comecemos por desenhar as rectas definidas por − 2 = 4 e por 5 + 6 = 30.
Depois, temos que
½ ½
− 2 ≤ 4 ≤ 4 + 2
⇔
5 + 6 ≥ 30 ≥ − 56 + 5
Ora, ( ) = 100 + 120, pelo que atribuindo valores a , temos sucessivas rectas paralelas à
recta de equação 5 + 6 = 30, porque 100 120
5 = 6 = 20.
Então, a recta definida por 100 + 120 = 20 × 30 = 600 é a mesma recta que é definida por
5 + 6 = 30. Tal significa que o valor mínimo de é 600, sendo que esse valor é obtido quer no
ponto quer no ponto = (0 5). Ora,
½ ½ ½
− 2 = 4 = 4 + 2 = 214
⇔ ⇔
5 + 6 = 30 20 + 10 + 6 = 30 = 58
¡ ¢ ¡ 21 5 ¢
Então, = 21 5 21 5
4 8 . Logo, 4 8 = 100 × 4 + 120 × 8 = 600 = (0 5).
Logo, há dois pontos (vértices) onde a função assume o valor mínimo (note-se que, para = 0,
temos uma recta que passa pela origem, o que nos permite saber qual o sentido do crescimento de
). Como a região admissível é ilimitada, a função não tem máximo.
Ao longo da recta de equação 5 + 6 = 30, temos = 100 + 120 = 20 (5 + 6) = 20 × 30 =
600, pelo que qualquer ponto do segmento de recta de extremos e é solução para o mínimo de
. Ou seja, há infinitas soluções admissíveis para a minimização de , mas todas elas são finitas.
Ou, se pretendermos dizer de outro modo, o conjunto das soluções admissíveis é limitado.
Observação
É muito fácil arranjar exemplos de regiões admissíveis infinitas em que haja máximo e mínimo
(finitos):
Exemplo 892 Determine o mínimo e o máximo da função = ( ) = 20 − 10, com ≥ 0,
2 − ≤ 1, 3 − ≥ 1, 2 − ≥ −1.
Resolução
Então, temos ⎧ ⎧ ⎧
⎨ 2 − ≤ 1 ⎨ 2 − 1 ≤ ⎨ ≥ 2 − 1
3 − ≥ 1 ⇔ 3 − 1 ≥ ⇔ ≤ 3 − 1
⎩ ⎩ ⎩
2 − ≥ −1 2 + 1 ≥ ≤ 2 + 1
Graficamente, temos
49.1. O MÉTODO GRÁFICO 1143
A região admissível é infinita, no entanto, 20 − 10 = 10 (2 − ), pelo que −1 ≤ 2 − ≤ 1
implica −10 ≤ 10 (2 − ) ≤ 10.
Então, min = −10 e max = 10. Falta um pequeno pormenor: se fixarmos e aumentarmos ,
a função diminui. Por essa razão, os minimizantes são pontos pertencentes à recta de equação
= 2 + 1, enquanto os minimizantes são pontos pertencentes à recta de equação = 2 − 1. É
claro que só interessam os pontos pertencentes à região admissível (região a laranja, fronteira verde
incluída).
É claro que existem casos ainda mais fáceis: duas rectas horizontais e uma recta oblíqua, com
as inequações definidas de forma conveniente.
Exemplo 893 Determine o mínimo e o máximo da função = ( ) = 32 + 20, com ≥ 0,
+ ≤ 10, 3 + 2 ≤ 24 e + 3 ≤ 27.
Resolução
É óbvio que 32 + 20 ≥ 0, que (0 0) = 0 e que = = 0 satifazem as condições ≥ 0,
+ ≤ 10, 3 + 2 ≤ 24 e + 3 ≤ 27. Então, o mínimo de é 0.
O máximo pode ser encontrado geometricamente, uma vez que só temos duas variáveis.
1144 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
12
10
9
B
x
0 1 8 10 27
Podemos resolver o problema de forma totalmente geométrica (ou quase), traçando as chamadas
rectas de nível.
Agora, pelos vértices do pentágono, traçamos paralelas à recta anterior. Uma dessas rectas vai
corresponder ao máximo e outra ao mínimo.
49.2. O MÉTODO DO SIMPLEX 1145
12
10
9
B
x
0 1 8 10 27
1 1 1 0 0 10
3 2 0 1 0 24
1 3 0 0 1 27
−32 −20 0 0 0 0
Note-se que, em vez de = 32 + 20, estamos a considerar − 32 − 20, sendo que o valor
inicial de é zero.
É claro que se tivermos = 5 = 0, por exemplo, o valor de passa de zero para 160, sendo
que esta solução é "melhor"que a solução inicial.
1146 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
Olhando para a expressão = 32 + 20, podemos concluir que mais vale aumentar do que
aumentar , pois o valor de é multiplicado por 32, enquanto o valor de é multiplicado por 20. No
entanto, pode acontecer que isso não seja bem assim, se puder tomar valores que contrabalancem o
facto de se estar a multiplicar por 20 e não por 32. Deixemos essa questão para outra oportunidade
e façamos = 10 e = 0. A primeira coisa a ver, é se estes valores satisfazem as condições do
problema (isto é, se o ponto (10 0) pertence à região admissível).
Ora, 3 × 10 + 2 × 0 ≤ 24 é falso, pelo que não podemos ter = 10. Como ver qual o maior valor
que podemos atribuir a ?
Relembremos as condições: + ≤ 10, 3 + 2 ≤ 24 e + 3 ≤ 27, com ≥ 0, ≥ 0.
Então, ≤ 10, 3 ≤ 24 e ≤ 27. Logo, devemos ter ≤ 10, ≤ 8 e ≤ 27. Logo, o maior
valor que podemos atribuir a é 8. Note-se que estes valores acabados de referir podem ser vistos
na tabela anterior, dividindo os números da última coluna (10, 24, e 27) pelos números que estão
na coluna de : 1, 3 e 1. E o©menor dosª quocientes positivos é 8. Logo, não podemos atribuir a ,
um valor superior a 8 = min 10 24 27
1 3 1 = min {10 8 27}.
Nesta altura, podemos responder à questão: E se quisermos atribuir um valor a , qual é o
maior valor admissível?
A resposta é simples: dividimos 10, 24 e 27 por 1, 2 e 3, e achamos o menor dos quocientes
positivos. © ª
Então, min 10 24 27
1 2 3 = min {10 12 9} = 9. Então, além de termos de multiplicar por 20,
ainda tivemos um valor menor (do que 10).
A questão que se coloca é a seguinte: já atingimos o valor máximo para ? A resposta é sim,
porque já resolvemos o problema por outro processo. Então, se não tivermos resolvido o problema
de outra maneira, como saber se já atingimos o máximo ou não?
A tabela anterior, não nos dá a resposta, mas convém olhar para ela:
1 1 1 0 0 10
3 2 0 1 0 24
1 3 0 0 1 27
−32 −20 0 0 0 0
Agora, vamos proceder de maneira semelhante: só que as variáveis que são nulas não são as
mesmas, pois uma continua a ser nula, mas há uma troca, pois deixa de ser nula, enquanto passa
a ser nula. Então, vamos ficar com a base canónica noutra posição. Em primeiro lugar, dividimos a
linha correspondente ao por 3, e escrevemos , onde estava escrito (na terceira linha da tabela).
1 1 1 0 0 10
2 1
1 3 0 3 0 8
1 3 0 0 1 27
−32 −20 0 0 0 0
Para obtermos a matriz identidade, temos de eliminar os números que estão na segunda coluna
(menos o correspondente a ). Então, obtemos
2 1
1−1 1− 3 1−0 0− 3 0−0 10 − 8
2 1
1 3 0 3 0 8
1−1 3 − 23 0−0 0− 1
3 1−0 27 − 8
−32 −20 0 0 0 0
Continuando, vem
1
0 3 1 − 13 0 2
2 1
1 3 0 3 0 8
7
0 3 0 − 13 1 19
−32 −20 0 0 0 0
1
0 3 1 − 13 0 2
2 1
1 3 0 3 0 8
7
0 3 0 − 13 1 19
−32 + 32 = 0 −20 + 64
3 = 4
3 0 32 1 31
3 − 3 = 3 0 256
Na tabela anterior, temos toda a informação que nos permite tirar as seguintes conclusões:
⎧
⎨ = 2 = 8 = 19
= 0 = 0
⎩
= 256
Este é um exemplo simples, tendo sido resolvido com amplos pormenores. Na prática, é tudo
mais rápido. A resolução duma boa quantidade de exercícios dá uma ajuda na aprendizagem do
método do Simplex.
Uma última nota: as variáveis introduzidas (neste caso, foram , , ) são chamadas de "var-
iáveis de folga". No final, tivemos = 2 = 0 = 19.
Exemplo 894 Determine o valor máximo da função = 81 + 152 , com as variáveis 1 e 2
sujeitas às seguintes restrições:
1 ≥ 0 2 ≥ 0 21 + 32 ≤ 10 41 + 32 ≤ 13.
Resolução
A função objectivo (aquela que pretendemos maximizar) assume o valor zero para 1 = 0 ∧ 2 =
0. O método do Simplex consiste em procurar outro vértice onde a função assuma um valor superior
e verificar se esse valor já é o máximo da função. Se não for, o processo continua.
Começamos por substituir = 81 +152 por −81 −152 = 0. Começamos por notar que um
aumento de uma unidade na variável 1 provoca um aumento de oito unidades na função objectivo,
enquanto que um aumento de uma unidade na variável 2 provoca um aumento de quinze unidades
na mesma função. À primeira vista, parece preferível aumentar 2 o mais possível, mas tal pode
não acontecer. Tudo depende dos aumentos que as variáveis podem sofrer.
Vejamos como se resolve a questão colocada:
Começamos por introduzir as chamadas variáveis de folga, fazendo 21 + 32 + 3 = 10 e
41 + 32 + 4 = 13, com todas as variáveis maiores ou iguais a zero, ou seja, ≥ 0, para
= 1 2 3 4.
Depois construimos um quadro (matriz) como se segue:
1 2 3 4
3 2 3 1 0 10
4 4 3 0 1 13
−8 −15 0 0 0
1 2 3 4 1 2 3 4
2 1 10
3 2 3 1 0 10 2 3 1 3 0 3
4 4 3 0 1 13 4 2 0 −1 1 3
−8 −15 0 0 0 2 0 5 0 50
1 2 3 4 1 2 3 4
3
3 0 2 1 − 12 7
2 2 0 1 2
3 − 13 7
3
3 1 13 3 1 13
1 1 4 0 4 4 1 1 4 0 4 4
0 −9 0 2 26 0 −9 0 2 26
1 2 3 4
2
2 0 1 3 − 13 7
3
1 1 0 − 12 1
2
3
2
0 0 6 −1 47
E temos de continuar, tendo em atenção que escolhemos o menor dos quocientes positivos (neste
caso apenas há um):
1 2 3 4 1 2 3 4
2
2 0 1 3 − 13 7
3 2 2
3 1 1
3 0 10
3
1 1 0 − 12 1
2
3
2 4 2 0 −1 1 3
0 0 6 −1 47 2 0 5 0 50
Comparando esta resolução ¡com a¢ resolução gráfica, vemos que, no primeiro processo, passámos
do vértice (0 0) para o vértice 0 10
3 , enquanto que, no segundo processo, passámos por todos os
vértices. Este exemplo mostra que, antes de escolhermos um vértice, devemos analisar a situação
com cuidado, se quisermos resolver o problema com o menor número de passos. E, na função
objectivo, não basta escolher o coeficiente de maior valor absoluto!
Exemplo 895 Determine o máximo da função = 201 + 302 + 123 + 254 , com ≥ 0 (para
= 1 2 3 4), 1 + 2 + 23 + 4 ≤ 20, 21 + 2 + 3 + 4 ≤ 24 e 1 + 22 + 3 + 34 ≤ 60.
Resolução
O primeiro passo consiste em transformar as inequações em equações, introduzindo uma variável
em cada inequação (chamada variável de folga).
Então, teremos ⎧
⎨ 1 + 2 + 23 + 4 + 5 = 20
21 + 2 + 3 + 4 + 6 = 24
⎩
1 + 22 + 3 + 34 + 7 = 60
É claro que ≥ 0 (para = 5 6 7), ou seja, todas as variáveis são não negativas (as primeiras
quatro e as três que foram introduzidas).
Depois, construimos a tabela seguinte:
1150 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
1 2 3 4 5 6 7
5 1 1 2 1 1 0 0 20
6 2 1 1 1 0 1 0 24
7 1 2 1 3 0 0 1 60
−20 −30 −12 −25 0 0 0 0
Estamos na situação inicial, tendo-se 5 = 20, 6 = 24, 7 = 60, o que corresponde a termos
1 = 2 = 3 = 4 = 0, pelo que = 0.
Note-se que, neste primeiro passo, as "variáveis básicas"são as que foram introduzidas: 5 , 6 e
7 . Atente-se nas colunas dessas variáveis básicas: temos a base canónica.
Se pretendêssemos minimizar , o problema estava resolvido. Só que pretendemos maximizar .
Agora, temos de ver os coeficientes das variáveis na linha de . O coeficiente −30 é o que tem
maior valor absoluto e é esse que provoca o maior crescimento de , quando as variáveis 1 2 3 4
aumentam uma unidade. Como −30 está na coluna de 2 , temos de dividir os termos independentes
pelos vários coeficientes (da coluna de 2 ).
Então, temos 20 24 60
1 = 20, 1 = 24 e 2 = 30, sendo que o menor destes três valores é 20 (obtido
na linha de 5 ). Então, vamos retirar 5 da base e substituí-la por 2 .
1 2 3 4 5 6 7
2 1 1 2 1 1 0 0 20
6 2 1 1 1 0 1 0 24
7 1 2 1 3 0 0 1 60
−20 −30 −12 −25 0 0 0 0
Só que a base canónica tem de passar a ficar nas colunas de 2 , 6 e 7 (as novas variáveis
básicas). Como o coeficiente na linha e coluna de 2 , já é 1,basta eliminarmos os restantes da
mesma coluna:
Para 6 , basta-nos fazer a diferença; para 7 , fazemos 3 − 22 ; e, por fim, para , fazemos
4 + 302 :
1 2 3 4 5 6 7
2 1 1 2 1 1 0 0 20
6 2−1 1−1 1−2 1−1 0−1 1−0 0−0 24 − 20
7 1−2 2−2 1−4 3−2 0−2 0−0 1−0 60 − 40
30 − 20 30 − 30 60 − 12 30 − 25 30 + 0 0+0 0+0 600 + 0
1 2 3 4 5 6 7
2 1 1 2 1 1 0 0 20
6 1 0 −1 0 −1 1 0 4
7 −1 0 −3 1 −2 0 1 20
10 0 48 5 30 0 0 600
Como, na linha de , todos os coeficientes são positivos, já temos o valor máximo encontrado:
600
Este valor máximo corresponde a 2 = 20, 6 = 4 e 7 = 20. Logo, neste caso, só uma das
variáveis de folga é nula, enquanto que, das variáveis iniciais, só uma é não nula: precisamente 2 .
49.2. O MÉTODO DO SIMPLEX 1151
É claro que este exemplo foi escolhido para que só tivesse um passo. Mas, nos casos em que
temos mais do que um passo, tudo decorre da mesma maneira.
Vejamos um exemplo muito semelhante ao anterior:
Exemplo 896 Determine o máximo da função = 351 + 302 + 123 + 254 , com ≥ 0 (para
= 1 2 3 4), 1 + 2 + 23 + 4 ≤ 20, 21 + 2 + 3 + 4 ≤ 24 e 1 + 22 + 3 + 34 ≤ 60.
Resolução
Começamos por construir a tabela:
1 2 3 4 5 6 7
5 1 1 2 1 1 0 0 20
6 2 1 1 1 0 1 0 24
7 1 2 1 3 0 0 1 60
−35 −30 −12 −25 0 0 0 0
Comecemos por observar o seguinte: 35 é maior do que 30, mas isso não garante que seja
preferível começar por aumentar 1 em vez de 2 .
Porquê? Porque 24 2 = 12 (é o menor dos quocientes) e 12 × 35 = 420, sendo que este valor fica
um pouco longe de 600.
Então, o primeiro passo é igual ao exemplo anterior:
1 2 3 4 5 6 7
2 1 1 2 1 1 0 0 20
6 2−1 1−1 1−2 1−1 0−1 1−0 0−0 24 − 20
7 1−2 2−2 1−4 3−2 0−2 0−0 1−0 60 − 40
30 − 35 30 − 30 60 − 12 30 − 25 30 + 0 0+0 0+0 600 + 0
1 2 3 4 5 6 7
2 1 1 2 1 1 0 0 20
6 1 0 −1 0 −1 1 0 4
7 −1 0 −3 1 −2 0 1 20
−5 0 48 5 30 0 0 600
1 2 3 4 5 6 7
2 1−1 1−0 2+1 1−0 1+1 0−1 0−0 20 − 4
1 1 0 −1 0 −1 1 0 4
7 −1 + 1 0+0 −3 − 1 1+0 −2 − 1 0+1 1+0 20 + 4
−5 + 5 0+0 48 − 5 5+0 30 − 5 0+5 0+0 600 + 20
1152 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
1 2 3 4 5 6 7
2 0 1 3 1 2 −1 0 16
1 1 0 −1 0 −1 1 0 4
7 0 0 −4 1 −3 1 1 24
0 0 43 5 25 5 0 620
Exemplo 897 Determine o máximo da função = 351 + 302 + 123 + 254 , com ≥ 0 (para
= 1 2 3 4), 1 + 2 + 23 + 4 ≤ 30, 21 + 2 + 3 + 4 ≥ 6 e 1 + 22 + 3 + 34 ≥ 13.
Resolução
Este exemplo tem duas alterações importantes, relativamente aos dois exemplos anteriores:
Duas das inequações têm o sinal ≥. Este pormenor é muito importante. Então, introduzindo
variáveis de folga, temos.
⎧
⎨ 1 + 2 + 23 + 4 + 5 = 30
21 + 2 + 3 + 4 − 6 = 6
⎩
1 + 22 + 3 + 34 − 7 = 13
1 2 3 4 5 6 7
5 1 1 2 1 1 0 0 30
2 1 1 1 0 −1 0 6
1 2 1 3 0 0 −1 13
Na tabela anterior, temos um problema sério: não existe a matriz identidade (e não adianta
multiplicar linhas por −1). Então, vamos ter que utilizar outras duas colunas (que não as colunas
de 6 e 7 ). Na coluna de 1 , vamos ter os quocientes 30 6 13
2 = 15, 1 = 6 e 1 = 13, sendo que o menor
valor positivo é 6. Então, obtemos
1 2 3 4 5 6 7
5 1 1 2 1 1 0 0 30
3 2 1 1 1 0 −1 0 6
1 2 1 3 0 0 −1 13
1 2 3 4 5 6 7
5 −3 −1 0 −1 1 2 0 18
3 2 1 1 1 0 −1 0 6
−1 1 0 2 0 1 −1 7
49.2. O MÉTODO DO SIMPLEX 1153
1 2 3 4 5 6 7
5 −1 −3 0 −5 1 0 2 4
3 1 2 1 3 0 0 −1 13
6 −1 1 0 2 0 1 −1 7
−35 −30 −12 −25 0 0 0 0
Só nesta posição é que adianta colocar os coeficientes relativos à função . E temos de anular
o coeficiente −12, pois corresponde à variável básica 3 . Relativamente às outras duas variáveis
básicas os coeficientes já são zero. Então, multiplicamos a linha de 3 por 12 e somamos com a
linha de :
1 2 3 4 5 6 7
−23 −6 0 11 0 0 −12 156
Agora, estamos na situação inicial do método do Simplex: temos três variáveis básicas e quatro
variáveis não básicas, tendo-se½que está escrita em função das variáveis não básicas. Nesta posição,
5 = 4 3 = 13 6 = 7
os valores das variáveis são: .
1 = 2 = 4 = 7 = 0
Vamos ter que retirar uma variável básica e substituí-la por outra: uma das possibilidades é
retirar 3 e colocar 1 , pois só há um quociente positivo (relativamente à coluna de 1 ). E basta
somar as linhas convenientes, para obtermos
Para a linha de , a linha de 1 foi multiplicada por 23 (e somada à anterior linha de ).
1 2 3 4 5 6 7
5 0 −1 1 −2 1 0 1 17
1 1 2 1 3 0 0 −1 13
6 0 3 1 5 0 1 −2 20
−23 −6 0 11 0 0 −12 156
0 40 23 80 0 0 −35 455
Como ainda temos um coeficiente negativo, na linha de , ainda não obtivemos o valor máximo
de , pelo que o processo tem de continuar.
De novo, temos dois quocientes negativos: 17 13 20
1 = 17, −1 = −13, −2 = −10, pelo que só nos
interessa o valor 17. Então, 5 deixa de ser variável básica e dá o lugar a 7 .
1 2 3 4 5 6 7
5 0 −1 1 −2 1 0 1 17
1 1 1 2 1 1 0 0 30
6 0 2 3 1 2 1 0 54
0 40 23 80 0 0 −35 455
0 5 58 10 35 0 0 1050
1154 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
49.3 O Grande
Exemplo 898 Determine o máximo da função = 351 + 302 + 123 + 254 , com ≥ 0 (para
= 1 2 3 4), 1 + 2 + 23 + 4 ≤ 30, 21 + 2 + 3 + 4 ≥ 6 e 1 + 22 + 3 + 34 ≥ 13.
Resolução
Este é o exemplo anterior. Vamos considerar as variáveis 5 , 6 , 7 , 8 , 9 , tendo-se que
⎧
⎨ 1 + 2 + 23 + 4 + 5 = 30
21 + 2 + 3 + 4 + 6 − 7 = 6
⎩
1 + 22 + 3 + 34 + 8 − 9 = 13
Para que não haja alteração das condições impostas no enunciado, temos de garantir que 5 ≥ 0,
7 ≥ e 9 ≥ 0 e, de modo especial, 6 = 0 e 8 = 0.
Pode parecer estranho introduzir duas variáveis nulas, mas não tem nada de estranho. No final,
essas duas variáveis têm de ser nulas, mas, pelo "caminho", dá-nos jeito que elas não sejam nulas.
A razão é simples: podemos usá-las com variáveis básicas, no ponto de partida.
Então, fazendo = 351 + 302 + 123 + 254 − 6 − 8 , temos
⎧
⎨ 1 + 2 + 23 + 4 + 5 = 30
21 + 2 + 3 + 4 + 6 − 7 = 6
⎩
1 + 22 + 3 + 34 + 8 − 9 = 13
1 2 3 4 5 6 7 8 9
5 1 1 2 1 1 0 0 0 0 30
6 2 1 1 1 0 1 −1 0 0 6
8 1 2 1 3 0 0 0 1 −1 13
−35 −30 −12 −25 0 0 0 0
Note-se que, se 6 0 ou 8 0, o valor de torna-se negativo com valor absoluto tão grande
quanto o permita. É por isso que se fala em "Big ". Para os humanos, não há problema em
deixar , mas para os computadores, é necessário atribuir a um valor específico (suficientemente
grande para o problema em causa).
O próximo passo consiste em tirar uma variável da base e introduzir outra. Parece ser conve-
niente retirar 6 ou 8 .
Uma observação sobre o valor inicial de :
= 35 × 0 + 30 × 0 + 12 × 0 + 25 × 0 − × 6 − × 13 = −19
Aliás, neste caso, o "Grande "até pode ser bastante pequeno. Na resolução concreta de exercícios
não precisamos de concretizar o valor de .
Continuemos: 30 6 13
1 = 30, 1 = 6, 2 , tendo-se que o menor destes valores é 6. Então, vamos retirar
6 da base e vamos colocar 2 :
1 2 3 4 5 6 7 8 9
5 −1 0 1 0 1 −1 1 0 0 24
2 2 1 1 1 0 1 −1 0 0 6
8 −3 0 −1 1 0 −2 2 1 −1 1
25 0 18 5 0 + 30 −30 0 180
A presença de −30, na linha de , mostra que não atingimos o máximo, pelo que temos de
continuar.
Analisando a tabela, vemos que temos de substituir 8 por 7 (na base).
1 2 3 4 5 6 7 8 9
5 −1 0 1 0 1 −1 1 0 0 24
2 2 1 1 1 0 1 −1 0 0 6
7 − 32 0 − 12 1
2 0 −1 1 1
2 − 12 1
2
25 0 18 5 0 + 30 −30 0 180
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1 3
5 2 0 2 − 12 1 0 0 − 12 1
2
47
2
1 1 3 1
2 2 1 2 2 0 0 0 2 − 12 13
2
7 − 32 0 − 12 1
2 0 −1 1 1
2 − 12 1
2
−20 0 3 20 0 0 + 15 −15 195
A situação pode parecer bizarra: tínhamos dois coeficientes negativos (na última linha) e ob-
tivemos dois!
Analisando a situação, vemos que é preferível aumentar 9 , pois isso origina um maior aumento
em . Só que isso não significa que cheguemos mais depressa ao fim.
E ainda não atingimos o fim:
1 2 3 4 5 6 7 8 9
9 1 0 3 −1 2 0 0 −1 1 47
2 1 1 2 1 1 0 0 0 0 30
7 −1 0 1 0 1 −1 1 0 0 24
−5 0 48 15 30 0 0 900
1 2 3 4 5 6 7 8 9
9 0 −1 1 −2 1 0 0 −1 1 13
1 1 1 2 1 1 0 0 0 0 30
7 0 1 3 0 2 −1 1 0 0 54
0 5 58 25 40 0 0 1050
1156 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
Finalmente, obtivemos o valor máximo de : 1050. Este valor corresponde a termos 1 = 30,
7 = 54 e 9 = 13, tendo-se que todas as outras variáveis são nulas, incluindo as "variáveis
artificiais"6 e 8 .
Exemplo 899 Determine o valor máximo da função = 81 + 102 + 153 , com as variáveis 1 ,
2 e 3 sujeitas às seguintes restrições:
1 ≥ 0 2 ≥ 0 3 ≥ 0 21 + 32 + 3 ≤ 6 41 + 2 + 23 ≤ 10 e 1 + 22 + 33 ≤ 8.
Resolução
⎧
⎪
⎪ 21 + 32 + 3 + 4 = 6
⎨
41 + 2 + 23 + 5 = 10
, com 4 ≥ 0 5 ≥ 0 6 ≥ 0.
⎪ 1 + 22 + 33 + 6 = 8
⎪
⎩
− 81 − 102 − 153 = 0
1 2 3 4 5 6
4 2 3 1 1 0 0 6
5 4 1 2 0 1 0 10
¡ ¢ 8
3 ←− 6 1 2 3 0 0 1 8 min 61 10 8
2 3 = 3
−8 −10 −15 0 0 0 0 = 83 × 15 = 40
1 2 3 4 5 6
5 7
4 3 3 0 1 0 − 13 10
3
10
¡ ¢
1 ←− 5 3 − 13 0 0 1 − 23 14
3 min 2 75 8 = 7
5
1 2 1 8
3 3 3 1 0 0 3 3
7 221
−3 0 0 0 0 5 40 = 40 + 3 × 5 = 5
1 2 3 4 5 6
5
2 ←− 4 0 2 0 1 0 0 1 ¡ ¢
1
1 1 − 10 0 0 1 − 15 7
5 min 2 75 8 = 7
5
7
3 0 10 1 0 − 13 2
5
11
5
3 22 221 7 221
0 − 10 0 0 3 5 5 = 40 + 3 × 5 = 5
1 2 3 4 5 6
2 2
2 0 1 0 5 0 0 5 ¡2 ¢
1
1 1 0 0 25 1 − 15 36
25 min 22
5 7 = 2
5
7
3 0 0 1 − 25 − 13 2
5
48
25
3 22 1108 221 3 2 1108
0 0 0 25 3 5 25 = 5 + 10 × 5 = 25
1108
Então, o valor máximo
¡ 36 2 de ¢ é 25 , correspondente a 1 = 36 2
25 2 = 5 3 =
48
25 .
48 36 2 48 1108
Se calcularmos 25 5 25 , obtemos 8 × 25 + 10 × 5 + 15 × 25 = 25 .
Exemplo 900 Determine o valor máximo da função = 101 + 122 + 203 , com as variáveis 1 ,
2 e 3 sujeitas às seguintes restrições:
1 ≥ 0 2 ≥ 0 3 ≥ 0 31 + 52 + 3 ≤ 16 41 + 22 + 3 ≥ 10 e 1 + 22 + 33 ≤ 21.
Resolução
49.3. O GRANDE 1157
Neste
⎧ exemplo, temos a desigualdade 41 + 22 + 3 ≥ 10, que tem o sinal ≥, em vez de ≤.
⎪
⎪ 3 1 + 52 + 3 + 4 = 16
⎨
41 + 22 + 3 − 5 = 10
, com 4 ≥ 0 5 ≥ 0 6 ≥ 0 7 ≥ 0.
⎪
⎪ 1 + 22 + 33 + 6 = 21
⎩
− 101 − 122 − 203 = 0
1 2 3 4 5 6
3 5 1 1 0 0 16
4 2 1 0 −1 0 10
1 2 3 0 0 1 21
−10 −12 −20 0 0 0 0
1 2 3 4 5 6
7 1 3 17 17 1
4 0 2 4 1 4 0 2 2 ÷ 4 = 34
1 1
1 1 2 4 0 − 14 0 5
2
5 1
2 ÷ 4 = 10
3 11 1 37 37 11 74
3 ←− 6 0 2 4 0 4 1 2 2 ÷ 4 = 11 ≈ 6 727 3
0 −7 − 35
2 0 − 52 0 25
1 2 3 4 5 6
37 8 1 75 75 8 75
5 ←− 4 0 11 0 1 11 − 11 11 11 ÷ 11 = 8
4 3 1 9
1 1 11 0 0 − 11 − 11 11
6 1 4 74 74 1
3 0 11 1 0 11 11 11 11 ÷ 11 = 74
28
0 11 0 0 − 10
11
70
11
1570
11
1 2 3 4 5 6
37 11
5 0 8 0 8 1 − 18 75
8 5 = 75
8
13 3
1 1 8 0 8 0 − 18 27
8 1 = 27
8
1
3 0 8 1 − 18 0 3
8
47
8 3 = 47
8
27 5 25 605
0 4 0 4 0 4 4 max = 605
4
Exemplo 901 Determine o valor máximo da função = 101 + 122 + 203 , com as variáveis 1 ,
2 e 3 sujeitas às seguintes restrições:
1 ≥ 0 2 ≥ 0 3 ≥ 0 31 + 52 + 3 ≤ 1408 41 + 22 + 3 ≥ 880 e 1 + 22 + 33 ≤ 1848.
Resolução
⎧
⎪
⎪ 31 + 52 + 3 + 4 = 1408
⎨
41 + 22 + 3 − 5 = 880
, com 4 ≥ 0 5 ≥ 0 6 ≥ 0 7 ≥ 0.
⎪ 1 + 22 + 33 + 6 = 1848
⎪
⎩
− 101 − 122 − 203 = 0
1158 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
1 2 3 4 5 6
3 5 1 1 0 0 1408 1408 ÷ 3 ≈ 469 33
4 2 1 0 −1 0 880 880 ÷ 4 = 220
1 2 3 0 0 1 1848 ¡ 1848 ÷ 1 = 1848
¢
−10 −12 −20 0 0 0 0 min 1408
3 220 1848 = 220
1 2 3 4 5 6
7 1 3
4 0 2 4 1 4 0 748 748 ÷ 14 = 2992
1 1
1 1 2 4 0 − 14 0 220 220 ÷ 14 = 880
3 11 1 11
3 ←− 6 0 2 4 0 4 1 1628 1628 ÷ 4 = 592
0 −7 − 35
2 0 − 52 0 2200 min (2992 880 592) = 592
1 2 3 4 5 6
37 8 1 8
5 ←− 4 0 11 0 1 11 − 11 600 600 ÷ 11 = 825
4 3 1 1
1 1 11 0 0 − 11 − 11 72 592 ÷ 11 = 6512
6 1 4
3 0 11 1 0 11 11 592 min (825 6512) = 825
28
0 11 0 0 − 10
11
70
11 12 560
1 2 3 4 5 6
37 11
5 0 8 0 8 1 − 18 825 5 = 825
13 3
1 1 8 0 8 0 − 18 297 1 = 297
1
3 0 8 1 − 18 0 3
8 517 3 = 517
27 5 25
0 4 0 4 0 4 13 310 max = 13310
Exemplo 902 Determine o valor máximo da função = 61 + 52 , com as variáveis 1 e 2
sujeitas às seguintes restrições:
1 ≥ 0 2 ≥ 0 1 + 32 ≤ 10 41 + 2 ≥ 9.
Resolução
½ ½ ½ 17
1 + 32 = 10 1 + 27 − 121 = 10 1 = 11
⇐⇒ ⇐⇒ 31
41 + 2 = 9 2 = 9 − 41 2 = 11
¡ ¢ ¡9 ¢
As restrições dadas definem um triângulo de vértices (10 0), 17 31
11 11 e 4 0 .
¡ ¢ ¡9 ¢
Ora, (10 0) = 60, 17 31 17 31 257 9
11 11 = 6 × 11 + 5 × 11 = 11 e 4 0 = 6 × 4 = 2 .
27
Resolução gráfica
Resolução
Comecemos por referir que, do enunciado, não podemos concluir que todo o sumo é vendido,
mas, apenas, que se vende toda a quantidade de bebida e de bebida que sejam obtidas,
misturando convenientemente os sumos de laranja e de manga.
1160 CAPÍTULO 49. PROGRAMAÇÃO LINEAR
Capítulo 50
O jornal escolar de Matemática Choque Mate publicou-se, pela primeira vez, em Março de 1988,
na escola Secundária Jaime Moniz, embora fosse vendido em muitas outras Escolas da Região
Autónoma da Madeira. Em quase todos os números publicados, havia um concurso com um prob-
lema destinado a ser resolvido pelos alunos.
Neste Capítulo, vamos revisitar esses problemas.
Resolução
Evidentemente, vamos considerar que mais ninguém apanhou maçãs, que não nascem maçãs
entretanto, que não cai nenhuma maçã ao chão...
Este problema está resolvido noutro Capítulo. De qualquer modo, vamos resolvê-lo:
Suponhamos que, num dado dia, há quatro maçãs na macieira. Então, a Maria tem de apanhar
duas maçãs e meia, ficando uma maçã e meia na macieira. Esta hipótese mostra-nos que os números
pares são "maus", não servindo para solução do problema.
Quanto aos números ímpares, serão todos "bons"?
Os números 1 e 3 são "bons", mas 5 é "mau", porque se houver 5 maçãs, a Maria tem de apanhar
3 maçãs, deixando 2 maçãs e já sabemos que 2 é "mau".
Qual será a sequência dos números "bons"?
Como, em cada dia, Maria apanha pouco mais de metade das maçãs, no dia anterior deve haver
pouco mais do dobro das maçãs (será o dobro mais uma?).
Sequência dos números "bons": 1 3 7 15 31 63 127 255 511
Resposta: 255 maçãs
1161
1162 CAPÍTULO 50. PROBLEMAS CHOQUE MATE
Suponhamos que hoje há maçãs e que ontem havia . Então, − 2 − 12 = , equação esta que
é equivalente a = 2 + 1.
Dia 8 7 6 5 4 3 2 1
0 1 3 7 15 31 63 127
1 3 7 15 31 63 127 255
Sejam , , , o número de maçãs existentes no início de três dias consecutivos. Então, = 2+1
e = 2 + 1, pelo que = 4 + 3. Então, no primeiro desses três dias havia 4 + 3 maçãs, enquanto
que ficaram para o dia seguinte 2 + 1 maçãs. Logo, a Maria apanhou 2 + 2 maçãs nesse dia. E
no dia seguinte apanhou + 1 maçãs. Logo, em cada dia, a Maria apanha o dobro das maçãs que
apanhará no dia seguinte.
Como no último dia, a Maria apanha uma maçã, temos que o número total de maçãs apanhadas
é
8 = 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + 32 + 64 + 128
Então, 28 = 2 + 4 + 8 + 16 + 32 + 64 + 128 + 256.
Subtraindo membro a membro as duas igualdades, obtemos 8 = 256 − 1 = 255.
Suponhamos que a Maria, ao contar as maçãs não se apercebeu duma maçã escondida. Então,
para nós que sabemos que há uma maçã a mais, a Maria apanha, em cada dia, metade das maçãs
e, no fim, ainda há uma maçã. Então, partindo do fim, temos que o número de maçãs existente na
macieira, no início de cada dia, é 2 4 8 16 32 64 128 256.
Logo, inicialmente, tínhamos 255 maçãs, porque não havia maçã escondida...
5. As maçãs e as sucessões
Vejamos que podemos obter uma progressão geométrica de razão , somando a uma constante
apropriada ():
Seja = + ∀ ∈ N. Então,
De = + , vem = + , pelo que, para obtermos uma progressão geométrica de
razão , devemos ter +1 = .
Então, + + = + , donde se conclui que + = .
Então, ( − 1) = , pelo que = −1 . Então, 1 = + 1 = −1 + . Logo,
µ ¶
= 1 × −1 = + −1
−1
Então, µ ¶
= − = + −1 − ∀ ∈ N
−1 −1
No exemplo das maçãs, tínhamos = 2 = 1 = 1.
Então, µ ¶
1 1
= + 1 2−1 − = 2 × 2−1 − 1 = 2 − 1 ∀ ∈ N
2−1 2−1
Logo, 8 = 28 − 1 = 255.
7. As maçãs e a calculadora
Comecemos por digitar, numa calculadora gráfica o número 1, carregando-se a seguir na tecla
ENTER (ou EXE).
Depois, escrevemos 2 × Ans +1. Carregando sucessivamente na Tecla ENTER, obtemos:
1 3 7 15 31 63 127 255 511 1023 2047 4095
Esta resolução destina-se, apenas, a quem conhece a base 2 (que é a base em que, internamente,
trabalham os Computadores ½ e as Calculadoras):
1 = 1
Consideremos a sucessão
+1 = 2 + 1 ∀ ∈ N
Então,⎧1 = 1 2 = 11(2) 3 = 111(2)
⎨ 1 = 10(2) − 1 = 2 − 1
Logo, 2 = 100(2) − 1 = 22 − 1
⎩
3 = 1000(2) − 1 = 23 − 1
Então, = 2 − 1, pelo que 8 = 28 − 1 = 255.
2. As respostas habituais
Seja a distância, em metros, percorrida pelo soldado da frente, desde o portão até ao ponto
em que se encontrava, no momento em que a mosca pousou na sua espingarda. Nesse momento,
a mosca percorrera 50+ metros. No regresso, a mosca percorre metros, enquanto o pelotão
percorre 50 − metros. Então,
50 + 50 + 2
= =
50 −
Para determinar , basta escolher uma das 3 igualdades anteriores. Escolhendo a igualdade
50 + √
= , temos 2 = 2500 − 2 . Logo, 2 = 1250, donde se conclui que = 1250 =
√ 50 −
25 2, uma vez que 0.
√ √
Logo, a mosca percorreu 50 + 50 2 metros. Note-se que 50 + 50 2 ≈ 120 71.
3. Uma resposta inesperada
O aluno Eugénio Dias (ESJM) enviou uma resolução inesperada que a seguir se apresenta
(com algumas adaptações):
Consideremos o instante em que metade do pelotão já ultrapassou o portão e a outra metade
ainda não o fez, ou seja, o momento em que o pelotão percorreu 50 metros. Nesse instante,
onde está a mosca? Afirmamos que a mosca já ultrapassou o portão, porque se a mosca, em
metade do tempo, não atingisse o meio do pelotão, então, quando a última fila do pelotão
atingisse o portão, a mosca não teria chegado à primeira fila. Além disso, ainda não chegou
à frente do pelotão, pois a mosca demora mais tempo a atingir o soldado da frente do que no
percurso inverso.
Então, nesse instante, a mosca está metros à frente do portão, tendo percorrido 50 +
metros, enquanto o pelotão percorreu 25 metros. A mosca tem, ainda, de percorrer 50 +
metros, sendo 25 metros para a frente e 25 + metros, para trás.
No momento em que a mosca pousa na espingarda do soldado da frente, já percorreu 75 +
metros, enquanto que o pelotão percorreu 25 + metros. Então,
50 + 75 +
= ⇐⇒ (50 + ) (25 + ) = 25 (75 + )
25 25 +
⇐⇒ 1250 + 50 + 25 + 2 = 1875 + 25
√
⇐⇒ 2 + 50 − 625 = 0 ⇐⇒ = −25 ± 625 + 625
√ √
⇐⇒ = −25 + 25 2 ∨ = −25 − 25 2
√
Logo, a distância total percorrida pela mosca foi de 100 + 2 metros, com = −25 + 25 2.
¡ √ ¢ √
Ora, 100 + 2 = 100 + 2 −25 + 25 2 = 50 + 50 2, pelo que a distância percorrida pela
√
mosca é de 50 + 50 2 metros.
— Já tens três filhos? E que idades têm eles? — pergunta a certa altura o Sousa.
— O produto das suas idades é 36 — responde o Silva.
— Mas essa informação não é suficiente...
— De facto... Olha a soma das suas idades é igual ao número da porta da minha casa.
O Sousa pensou durante algum tempo, até que acabou por exclamar:
— Esses dados ainda não me chegam.
— Também cheguei a essa conclusão. Mas, sabes, o meu filho mais velho toca piano.
Então, o Sousa disse correctamente as idades dos filhos do Silva. Quais são essas idades?
Resolução
Este problema é curioso, podendo parecer que não tem nada a ver com Matemática. Puro
engano!
Convém referir que nós não conhecemos o número da porta da casa do Silva, mas os dois amigos
sabem, pois tocaram cartões de visita!
Vejamos as possibilidades do produto de três números dar 36:
36 18 12 9 9 6 6
1 2 3 4 2 6 3
1 1 1 1 2 1 2
++ 38 21 16 14 13 13 11
Então, se a porta tivesse o número 21, o Sousa já saberia as idades dos filhos do Silva.
Logo, o número da porta é 13, o que não permite saber as idades dos filhos.
E a pista "o meu filho mais velho toca piano"permite descobrir que as idades são 9, 2, 2 anos e
não 6, 6, 1.
Então, os dois filhos mais novos são gémeos (embora tal não possa ser garantido a 100 por
cento!).
Resolução
A que horas os quatro ciclistas se encontram pela primeira vez? Ao fim de uma hora, quantas
voltas ao circuito dá cada ciclista?
O primeiro ciclista percorre 6 km, o que corresponde a 18 voltas ao circuito.
O segundo ciclista percorre 9 km, o que corresponde a 27 voltas ao circuito.
O terceiro ciclista percorre 12 km, o que corresponde a 36 voltas ao circuito.
O primeiro ciclista percorre 15 km, o que corresponde a 45 voltas ao circuito.
Ora, mdc (18 27 36 45) = 9. Então, o primeiro ciclista dá duas voltas ao circuito, enquanto
o segundo dá três voltas, o terceiro quatro e o quarto cinco voltas. Nesse momento, os ciclista
encontram-se pela primeira vez (depois do início do treino).
Quando se encontram pela quarta vez, o primeiro ciclista deu 8 voltas ao circuito pelo que
percorreu oito terços de quilómetro.
8
8 4 4 80
Ora, 3 = = . Este resultado está em horas. Em minutos, temos × 60 = = 26 +
6 18 9 9 3
2
. Como dois terços de um minuto correspondem a 40 segundos, temos que os quatro ciclistas se
3
encontram pela quarta vez às doze horas, vinte e seis minutos e quarenta segundos.
Observação
Outra maneira de resolver o problema consiste em verificar que o número de voltas percorridas
pelos ciclistas (num dado tempo) é directamente proporcional às respectivas velocidades. Então,
enquanto o primeiro ciclista dá 6 voltas ao circuito, o segundo dá 9 voltas, o terceiro 12 voltas e o
1168 CAPÍTULO 50. PROBLEMAS CHOQUE MATE
quarto dá 15 voltas. Dividindo por 3, temos que o primeiro ciclista dá 2 voltas ao circuito, enquanto
que os outros dão 3, 4 e 5 voltas. O resto da resolução é igual à anterior.
A 7 P1 x-7 B A 9 P2 x-9 B
Na primeira situação, temos que os barcos partem de e de , ao mesmo tempo, tendo-se que
o barco que parte de percorre 7 km à velocidade 1 , enquanto o barco que parte de percorre
( − 7) km à velocidade 2 .
7 −7
Logo, = .
1 2
Na segunda situação os dois barcos estão a realizar os percursos contrários, pelo que as distâncias
9 −9
a que os barcos estão do fim da viagem serão fpercorridas no mesmo tempo. Logo, = .
2 1
Observe-se que, no trajecto inverso, os barcos não partem das duas cidades ao mesmo tempo.
1 7 −9
Então, = = . Logo, 2 − 9 − 7 + 63 = 63, donde se conclui que 2 − 16 = 0
2 −7 9
e, finalmente, que = 0 ∨ = 16. Como 9, vem = 16. Logo, a distância entre as cidades
e é de 16 km.
Note-se, ainda, que na altura em que os dois barcos se cruzam pela segunda vez, o barco que
partiu de percorreu km (de até ) à velocidade 1 e ( − 9) km à velocidade 2 . Enquanto
isso, o barco que partiu de percorreu km (de até ) à velocidade 2 e 9 km à velocidade 1 .
−9 9 −9 9
Então, + = + , donde vem = , obtendo-se uma das equações acima
1 2 2 1 1 2
obtidas.
Outra resolução
A 7 P1 x-7 B A 9 P2 x-9 B
1170 CAPÍTULO 50. PROBLEMAS CHOQUE MATE
O barco que parte de percorre 7 km, enquanto o barco que parte de percorre ( − 7) km.
Criemos, agora, um barco virtual que está km atrás do barco que vai para . O barco (que
vai de 2 para ) chega a ao mesmo tempo que o barco virtual. Então, repete-se a situação
anterior: o barco virtual percorreu ( − 7) km, enquanto outro barco percorreu 7 km.
Logo, − 9 = 7, pelo que = 16. Logo, a distância entre as duas cidades é de 16 km.
É claro que não precisamos de nenhum barco virtual.
O primeiro marinheiro encontrou (3 + 1) moedas, deitou uma ao mar, guardou moedas e
deixou 2 moedas.
O segundo marinheiro, encontrou 2 moedas, deitou uma ao mar, retirou 2−13 moedas e deixou
ficar 4−2
3 .
O terceiro marinheiro encontrou 4−2
3 moedas, deitou uma ao mar, retirou 4−5
9 moedas e deixou
8−10
ficar 9 .
O imediato encontrou 8−10
9 moedas, retirou uma e entregou 8−19
27 a cada marinheiro.
8−19
Então, 27 tem de ser um número natural (o mesmo acontecendo com as outra fracções).
Então, 8−19
27 = , donde vem 8 − 19 = 27. Logo, = 27+198 = 3 + 2 + 3+3
8 .
Então, 3 + 3 = 8, donde vem que = 3.
Logo, 3 + 3 = 8 = 24, donde vem + 1 = 8.
Então, = 27+19
8 = 27(8−1)+19
8 = 27 − 1, pelo que 3 + 1 = 81 − 3 + 1 = 81 − 2.
Então, 200 81 −2 300, obtendo-se a mesma equação que anteriormente (embora com outra
variável).
O resto da resolução é a mesma.
É claro que estivemos a supor que todas as variáveis envolvidas representam números naturais.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
6 216 215 208 189 152 91 0
7 343 342 335 316 279 218 127 0
8 512 511 504 485 448 387 296 169 0
9 729 728 721 702 665 604 513 386 217 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
6 14 7 14 7 14 4 13 7 12 3 9 5 0
7 18 5 18 5 18 3 17 8 16 7 14 8 11 3 0
8 22 6 22 6 22 4 22 02 21 2 19 7 17 2 13 0
9 27 26 99 26 9 26 5 25 8 24 6 22 6 19 6 14 7 0
Só há dois casos em que a raiz quadrada é um número inteiro: 27 e 13.
1172 CAPÍTULO 50. PROBLEMAS CHOQUE MATE
Como a bisneta é adolescente, concluimos que a sua idade é de treze anos enquanto que a idade
do bisavô é de 87 anos.
É claro que, na primeira tabela, podíamos eliminar os números maiores que 400 e os menores
que 100, o que daria menos trabalho a preencher a segunda tabela. Note-se que a idade da neta é
um número entre 10 e 20.
A primeira tabela seria substituída pela seguinte:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
6 216 215 208 189 152
7 343 342 335 316 279 218 127
8 387 296 169
9 386 217
50.11 O desencontro
Todos os dias, à mesma hora, Timóteo toma o comboio para os subúrbios, onde mora.
Na estação, espera-o a mulher para o levar, de carro, para casa.
Um dia, sem avisar a mulher, Timóteo apanhou o comboio mais cedo do que o habitual e resolveu
ir andando mais cedo para casa. Cruzou-se com a mulher que, infelizmente, não o viu, se não teria
chegado a casa 20 minutos mais cedo que o habitual. Quando a mulher chega à estação e não o
50.12. A FESTA 1173
50.12 A festa
A uma festa assistiram vinte pessoas (rapazes e raparigas). Todas as raparigas que estavam na
festa dançaram com rapazes. A Maria dançou com sete rapazes, a Olga com oito, a Vera com nove
e assim sucessivamente, até à Nina que dançou com todos os rapazes. Quantos rapazes estavam na
festa?
Resolução
Suponhamos que havia rapazes e raparigas. Então, + = 20.
Se a rapariga 1 dançou com sete rapazes, a rapariga dançou com 6 + rapazes. Logo,
+ + 6 = 20, donde se conclui que = 7.
Outra resolução:
A primeira rapariga dançou com 7 rapazes.
A segunda rapariga dançou com 8 rapazes.
A terceira rapariga dançou com 9 rapazes.
A quarta rapariga dançou com 10 rapazes.
A quinta rapariga dançou com 11 rapazes.
A sexta rapariga dançou com 12 rapazes.
A sétima rapariga dançou com 13 rapazes.
E, como 7 + 13 = 20, podemos concluir que havia 7 raparigas e 13 rapazes.
1. Suponhamos que o retrato está no baú de ouro. Então, as duas afirmações do baú de ouro
são falsas, o mesmo acontecendo com as duas afirmações do baú de prata. Logo, o retrato
não está no baú de ouro.
2. Suponhamos que o retrato está no baú de prata. Então, a primeira afirmação do baú de prata
é verdadeira e a segunda é falsa. As duas afirmações do baú de ouro são verdadeiras. Quanto
ao baú de chumbo, a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa. Logo, o retrato não
está no baú de prata.
3. Embora já possamos concluir que o retrato está no baú de chumbo (supondo que o problema
está bem posto), vamos confirmar esse facto. Suponhamos que o retrato está no baú de
chumbo. Então, a primeira afirmação do baú de ouro é verdadeira e a segunda é falsa; as
duas afirmações do baú de ouro são verdadeiras; e as duas afirmações do baú de chumbo são
falsas.
A mulher sentada no fim da fila tira a venda e vê os dois chapéus à sua frente, mas responde
que não sabe, quando lhe perguntam a cor do seu chapéu.
Depois, a mulher do meio tira a venda e vê o chapéu à sua frente, mas responde que não sabe,
quando lhe perguntam a cor do seu chapéu.
A primeira mulher não tira a venda; contudo, ela diz correctamente a cor do seu chapéu,
ganhando o prémio.
Qual a cor desse chapéu? Como é que ela descobriu a cor do seu chapéu?
Resolução
Raciocínio da mulher da frente:
A primeira mulher não viu dois chapéus verdes, pois se tivesse visto dois chapéus verdes, sabia
que o seu chapéu era amarelo.
A segunda mulher não viu um chapéu verde, pois se tivesse visto um chapéu verde, sabia que o
seu chapéu era amarelo.
Logo, o chapéu da mulher da frente era amarelo.
• Se duas cabeças são cortadas, nada acontece (ou seja, o dragão fica com duas cabeças a menos)
50.19. O ANIVERSÁRIO DA CINDERELA 1177
2 − = 2 + − 2 − ⇐⇒ 22 = 2 +
⇐⇒ 2 + − 22 = 0
√
−1 ± 1 + 82
⇐⇒ =
2
Se considerarmos que uma rua com 288 casas é grande, mas não enorme essa será a resposta.
Observação
Este problema está resolvido no Capítulo “Equações de Pell-Fermat”, bem como outros proble-
mas análogos.
Esse capítulo foi escrito com base neste problema, embora tenha outro tipo de questões.
Resolução
Consideremos a figura seguinte, a qual é suficientemente explícita, pelo que não vamos referir
as condições da mesma.
1180 CAPÍTULO 50. PROBLEMAS CHOQUE MATE
G
A B
A1 B1
H
A2 B2
J
A3 B3
E F
O
D3 C3
D2 C2
D1 C1
D C
√
Seja o raio da circunferência maior (neste caso = 24 mm). Então, = 2.
√ ¡√ ¢
Mas, 1 = , pelo que 1 = 2 − = 2 − 1 .
√
Seja o raio das circunferências menores. Então, 2 = 2.
√ ¡√ ¢
Logo, 3 = 3 = 2 − = 2 − 1 .
¡√ ¢ ¡√ ¢
Então, 1 3 = 1 − 3 = − 2 − 1 . Então, 2 = − 2 − 1 .
¡√ ¢
Logo, = √ = 2−1 .
2+1
¡ √ ¢
A área do círculo maior é 2 . A área de cada círculo menor é 2 = 2 3 − 2 2 .
¡ √ ¢ ¡ √ ¢
A área da região a vermelho é 2 − 42 3 − 2 2 = 2 8 2 − 11 .
¡ √ ¢
Substituindo por 24 mm, obtemos 576 8 2 − 11 mm2 .
Outra resolução
50.22. CIRCUNFERÊNCIAS TANGENTES 1181
G
A B
A1 B1
H
A2 B2
J
A3 B3
E F
O
D3 C3
D2 C2
D1 C1
D C
à √ √ ! à √ √ !
2 2 2− 2 2− 2
2 = ( ), 3 = ( ) − =
2 2 2 2
à √ √ ! à √ √ !
2 2 2+ 2 2+ 2
1 = ( ) + = .
2 2 2 2
Equação da circunferência de centro (0 0) e raio : 2 + 2 = 2 .
à √ !2 à √ !2 à √ !2
2+ 2 2+ 2 2 + 2
Então, + = 2 . Logo, 2 = 2 . Ora,
2 2 2
à √ !2 à √ ¡√ ¢ !2 ¡√ ¢2
2+ 2 2 2+1 2 2+1 2
2 = 2 ⇐⇒ 2 2
= ⇐⇒ 2 × = 2
2 2 4
³√ ´2
⇐⇒ 2 + 1 2 = 2
¡√ ¢
Logo, = √ = 2−1 .
1+ 2
O resto da resolução é igual ao caso anterior.
Note-se que em vez das equações das circunferências, podíamos ter aplicado a fórmula da dis-
tância entre dois pontos.
Observação 1
1182 CAPÍTULO 50. PROBLEMAS CHOQUE MATE
G H
A B
B1
A1
F J
E
K
D1
C1
D M L C
Vejamos como obter o comprimento do lado dum octógono regular circunscrito a uma circun-
ferência de raio :
Não vamos descrever a figura
√ por acharmos
¡√ que
¢ a mesma não oferec¡√ dúvidas.
¢
Já vimos que 1 = 2 − = 2 − 1 . Então, = 2 2 − 1 , expressão que dá o
valor do lado do octógono regular.
Podemos chegar ao mesmo resultado, utilizando a Trigonometria ou fazendo = = e
= 2 − 2. √ √
Neste último caso, temos ¡ =√¢ 2, pelo que deve ser 2 − 2 = 2.
2 2 2 − 2 ¡ √ ¢ ¡ √ ¢√ ¡√ ¢
Então, = √ = = 2 − 2 , pelo que = 2 − 2 2 = 2 2 − 1 .
2+ 2 4−2
Usando a Trigonometria:
De tan c1 = 1 = 1 , vem 1 = tan . Logo, = 2 tan . Falta-nos obter
1 8 8
tan .
8 ³
2 tan ´ 2 tan 8
Ora, tan (2) = 2 , pelo que 1 = tan 2 × = 2 . Então, 2 tan = 1−
1 − tan 8 1 − tan 8 8
tan2 .
8 √
Consideremos a equação 2 + 2 − 1 = 0. Então, = −1 ± 1 + 1.
√ ¡√ ¢
Então, tan = −1 + 2, donde se conclui que = 2 tan = 2 2 − 1 .
8 8
Observação 2
Vamos calcular a área da região a amarelo:
50.22. CIRCUNFERÊNCIAS TANGENTES 1183
¡√ ¢
Já vimos que = 2 − 1 , sendo o raio das circunferências interiores e o raio da
circunferência exterior.
2
A área do quadrado de diagonal [2 ] é 2 . Então, a área da região a azul é 2 − =
4
(4 − ) 2
.
4
Note-se que a região a amarelo e a região a vermelho têm a mesma área.
2 (4 − ) 2
Logo, a área da região a amarelo é − 2 − . Então,
4 4
Resolução √ √
De 1 = 52 cm e 1 = 52 3 cm vem qua a área do triângulo [] é 5 × 52 3 × 12 cm2 , ou
√
seja, 25
4 3 cm2 .
A área da região a azul da figura seguinte é a diferença entre a área do triângulo [] e a área
dum semicírculo com 52 cm de raio, uma vez que temos três sectores circulares correspondemtes a
60 ◦ .
três ângulos ao centro ¡de √ ¢
Então, essa área é 254 3 − 12 × 25
4 cm .
2
¡ 25 √ 25 25
¢ ¡ 25 √ 25
¢
Logo, a área pretendida é 4 3− 8 + 4 cm2 , ou seja, 4 3+ 8 cm2 .
50.24. UM PROBLEMA DE RESTOS 1185
Outra resolução
Conforme podemos ver na figura seguinte, a área da nódoa é a soma da área do triângulo
equilátero com a área do semicírculo.
¡ √ ¢
Logo, a área pretendida é 254 3 + 25 2
8 cm .
• E assim sucessivamente, pelo que o número dado é um múltiplo de 9 (embora esta informação
seja desnecessária, para quem conhece a prova dos "noves").
Resolução
Podemos (e devemos) recorrer a uma folha de cálculo, para resolver esta questão.
De qualquer modo, podemos concluir que o segundo, o quarto, o sexto e o oitavo algarismos são
2, 4, 6 e 8, desconhecendo-se a ordem.
Outra conclusão é que o quinto algarismo é 5.
Uma terceira conclusão é que o primeiro, o terceiro, o sétimo e o nono algarismos são 1, 3, 7 e
9, por alguma ordem.
O número de hipóteses é 576.
Mas podemos continuar, para baixar o número de hipóteses.
Para isso, convém saber decidir se um número é múltiplo de 4 e se é múltiplo de 8.
Para decidir se um número é par, basta conhecer o último algarismo (o das unidades).
Para decidir se um número é múltiplo de 4, basta conhecer os dois últimos algarismos.
Para decidir se um número é múltiplo de 8, basta conhecer os quatro últimos algarismos.
Um número é múltiplo de 4, se a soma do dobro do algarismo das dezenas com o algarismo das
unidades é múltiplo de 4.
Um número é múltiplo de 8, se a soma do quádruplo do algarismo das centenas, com o dobro
do algarismo das dezenas e com o algarismo das unidades é múltiplo de 8.
Logo, o quarto algarismo só pode ser 2 ou 6, uma vez que o terceiro algarismo é ímpar.
Além disso, temos que a soma do quádruplo do sexto algarismo com o dobro do sétimo e com o
oitavo tem de ser um múltiplo de 8. Logo, a soma do dobro do sétimo algarismo com o oitavo tem
de ser um múltiplo de 8 e, por conseguinte, múltiplo de 4.
Então, o oitavo algarismo tem de ser 2 ou 6.
Logo, o segundo e o quarto algarismos têm de ser 4 e 8 (desconhecendo-se a ordem).
Então, há 4 hipóteses para o 2 , 4 , 6 e 8 algarismos.
Para o 1 , 3 , 5 e 7 algarismos há 24 hipóteses, pelo que o número total de hipóteses a testar
é 96.
50.25. UM PROBLEMA DE DIVISIBILIDADE 1187
1 4 3 2 5 8 7 6 9 1 4 7 2 5 8 3 6 9
1 8 3 2 5 4 7 6 9 1 8 7 2 5 4 3 6 9
1 4 3 6 5 8 7 2 9 1 4 7 6 5 8 3 2 9
1 8 3 6 5 4 7 2 9 1 8 7 6 5 4 3 2 9
1 4 3 2 5 8 9 6 7 1 4 7 2 5 8 9 6 3
1 8 3 2 5 4 9 6 7 1 8 7 2 5 4 9 6 3
1 4 3 6 5 8 9 2 7 1 4 7 6 5 8 9 2 3
1 8 3 6 5 4 9 2 7 1 8 7 6 5 4 9 2 3
1 4 9 2 5 8 3 6 7 3 4 1 2 5 8 7 6 9
1 8 9 2 5 4 3 6 7 3 8 1 2 5 4 7 6 9
1 4 9 6 5 8 3 2 7 3 4 1 6 5 8 7 2 9
1 8 9 6 5 4 3 2 7 3 8 1 6 5 4 7 2 9
1 4 9 2 5 8 7 6 3 3 4 1 2 5 8 9 6 7
1 8 9 2 5 4 7 6 3 3 8 1 2 5 4 9 6 7
1 4 9 6 5 8 7 2 3 3 4 1 6 5 8 9 2 7
1 8 9 6 5 4 7 2 3 3 8 1 6 5 4 9 2 7
3 4 7 2 5 8 1 6 9 3 4 9 2 5 8 1 6 7
3 8 7 2 5 4 1 6 9 3 8 9 2 5 4 1 6 7
3 4 7 6 5 8 1 2 9 3 4 9 6 5 8 1 2 7
3 8 7 6 5 4 1 2 9 3 8 9 6 5 4 1 2 7
3 4 7 2 5 8 9 6 1 3 4 9 2 5 8 7 6 1
3 8 7 2 5 4 9 6 1 3 8 9 2 5 4 7 6 1
3 4 7 6 5 8 9 2 1 3 4 9 6 5 8 7 2 1
3 8 7 6 5 4 9 2 1 3 8 9 6 5 4 7 2 1
7 4 1 2 5 8 3 6 9 7 4 3 2 5 8 1 6 9
7 8 1 2 5 4 3 6 9 7 8 3 2 5 4 1 6 9
7 4 1 6 5 8 3 2 9 7 4 3 6 5 8 1 2 9
7 8 1 6 5 4 3 2 9 7 8 3 6 5 4 1 2 9
7 4 1 2 5 8 9 6 3 7 4 3 2 5 8 9 6 1
7 8 1 2 5 4 9 6 3 7 8 3 2 5 4 9 6 1
7 4 1 6 5 8 9 2 3 7 4 3 6 5 8 9 2 1
7 8 1 6 5 4 9 2 3 7 8 3 6 5 4 9 2 1
7 4 9 2 5 8 1 6 3 9 4 1 2 5 8 3 6 7
7 8 9 2 5 4 1 6 3 9 8 1 2 5 4 3 6 7
7 4 9 6 5 8 1 2 3 9 4 1 6 5 8 3 2 7
7 8 9 6 5 4 1 2 3 9 8 1 6 5 4 3 2 7
7 4 9 2 5 8 3 6 1 9 4 1 2 5 8 7 6 3
7 8 9 2 5 4 3 6 1 9 8 1 2 5 4 7 6 3
7 4 9 6 5 8 3 2 1 9 4 1 6 5 8 7 2 3
7 8 9 6 5 4 3 2 1 9 8 1 6 5 4 7 2 3
1188 CAPÍTULO 50. PROBLEMAS CHOQUE MATE
9 4 3 2 5 8 1 6 7 9 4 9 2 5 8 1 6 3
9 8 3 2 5 4 1 6 7 9 8 9 2 5 4 1 6 3
9 4 3 6 5 8 1 2 7 9 4 9 6 5 8 1 2 3
9 8 3 6 5 4 1 2 7 9 8 9 6 5 4 1 2 3
9 4 3 2 5 8 7 6 1 9 4 9 2 5 8 3 6 1
9 8 3 2 5 4 7 6 1 9 8 9 2 5 4 3 6 1
9 4 3 6 5 8 7 2 1 9 4 9 6 5 8 3 2 1
9 8 3 6 5 4 7 2 1 9 8 9 6 5 4 3 2 1
Uma solução é 381654729, conforme podemos verificar:
38
2 = 19
381
3 = 127
3816
4 = 954
38165
5 = 7633
381654
6 = 63 609
3816547
7 = 545 221
38165472
8 = 4770 684
381654729
9 = 42 406 081
Logo, o número 381654729 é solução do problema.
Numa folha de cálculo (EXCEL, por exemplo), podemos verificar que não há mais soluções.
Seguidamente, deixamos a maneira de resolver o problema no EXCEL:
A B C D E
G H I J F K
1 4 3 2 5 8
7 6 9 =(A1+A2+A3)/3 =(A4+A5+A6)/3
L M
=(A1+5*A2+4*A3+6*A4+2*A5+3*A6+A7)/7 =(4*F1+2*G1+H1)/8
Depois, copia-se a fórmula para as linhas seguintes e verifica-se quais as linhas em que todos os
resultados são números inteiros.
Repare-se que a última fórmula colocada na coluna M é necessária, por causa da divisibilidade
por 8.
Outra resolução
Vamos apresentar uma solução ligeiramente diferente, considerando as 24 hipóteses em que
podemos colocar os algarismos "ímpares". Depois, vamos verificar o que deve acontecer com os
múltiplos de 4 e de 8. Note-se que todo o múltiplo de 8 é múltiplo de 4. Os múltiplos de 4 acabam
em 12, 16, 32, 36, 52, 56, 72, 76, 92 e 96 (mas, os algarismos pares e ímpares alternam, pelo que não
pode aparecer 24, por exemplo). Aparentemente, haverá 48 hipóteses. Só que um dos múltiplos
de quatro tem de ser múltiplo de 8. Como 200, 400, 600 e 800 são múltiplos de 8, então o sétimo
e o oitavo algarismos têm de ser 16, 32, 56, 72 ou 96. Mas, como os algarismos ímpares já estão
colocados, continuamos com as mesmas 24 hipóteses. Ou seja, colocados os algarismos ímpares,
ficamos a saber qual é o penúltimo algarismo.
Então, temos os seguintes casos, sendo que a negrito (ou bold), temos a maneira como foram
colocados os algarismos ímpares:
1. 1 8 3 6 5 4 7 2 9
Note-se que o penúltimo algarismo tem de ser 2, para que o número formado pelos primeiros
8 algarismos seja múltiplo de 8.
50.25. UM PROBLEMA DE DIVISIBILIDADE 1189
O segundo algarismo tem de ser 8, para que se obtenha um múltiplo de 3 (183). Neste caso,
falha a divisibilidade por 7.
1836547
= 262 363 67
7
2. 1 3 2 5 9 6 7 À direita do 9, tem de ficar 6 e, à direita do 3 tem de
ficar 2. O segundo algarismo tem de ser 8 (143 não é divisível por 3), pelo que obtemos:
1 8 3 2 5 4 9 6 7 Neste caso, falha a divisibilidade por 6 (basta aplicar
a prova dos noves).
3. 1 7 6 5 3 2 9 À direita do 1, tem de ficar 4.
1 4 7 6 5 8 3 2 9 Neste caso, falha a divisibilidade por 6 (basta aplicar
a prova dos noves).
4. 1 7 2 5 9 6 3 À direita do 1, tem de ficar 4.
1 4 7 2 5 8 9 6 3 Neste caso, falha a divisibilidade por 7.
1472589
Note-se que = 210 369 67 .
7
5. 1 9 6 5 3 2 7 À direita do 1, tem de ficar 8.
1 8 9 6 5 4 3 2 7 Neste caso, falha a divisibilidade por 7.
1896543
= 270 934 57
7
6. 1 9 6 5 7 2 3 À direita do 1, tem de ficar 8.
1 8 9 6 5 4 7 2 3 Neste caso, falha a divisibilidade por 7.
1896547
= 270 935 27
7
7. 3 1 6 5 7 2 9 À direita do 3, tem de ficar 8.
3816547
3 8 1 6 5 4 7 2 9 Como = 545 221, obtivemos uma solução.
7
Uma solução: 3 8 1 6 5 4 7 2 9
8. 3 1 2 5 9 6 7 À direita do 3, tem de ficar 8.
3 8 1 2 5 4 9 6 7 Neste caso, falha a divisibilidade por 6.
A fórmula de Pick
Este Capítulo foi escrito com base num artigo da Mestre Graça Vieira Correia, professora de
Matemática da Escola Secundária Jaime Moniz. Esse artigo foi publicado no Choque Mate, Jornal
de Matemática da mesma Escola Secundária Jaime Moniz.
Consideremos a figura seguinte, onde está desenhada uma grelha (quadriculada) e vários quadra-
dos (de lados 1 cm, 2 cm, 3 cm e 4 cm).
Então, as áreas dos quadrados são 1 cm2 , 4 cm2 , 9 cm2 e 16 cm2 . Até aqui nada a comentar!
Aos pontos que definem a grelha, vamos chamar nodos.
No quadrado de lado 1 cm, temos 4 nodos fronteiros e nenhum nodo interior.
No quadrado de lado 2 cm, temos 8 nodos fronteiros e um nodo interior.
No quadrado de lado 3 cm, temos 12 nodos fronteiros e 4 nodos interiores.
1193
1194 CAPÍTULO 51. A FÓRMULA DE PICK
Logo, = + − 1. O interessante é que esta fórmula é válida para qualquer polígono cujos
2
lados não se cruzam e cujos vértices são nodos duma grelha quadriculada de lado 1
Consideremos o seguinte polígono:
J H
fronteiro.
J H
No caso da figura anterior, temos um rectângulo com as dimensões 5 cm × 4 cm, pelo que a sua
área é de 20 cm2 . O número de nodos que pertencem á fronteira é 6 + 6 + 3 + 3, ou seja, = 18.
O número de nodos interiores é 4 × 3, ou seja, = 12. Então, 2 + − 1 = 9 + 12 − 1 = 20, pelo
que a fórmula é válida.
Consideremos um rectângulo cujos vértices são nodos, cujos lados são paralelos às duas direcções
que definem a grelha e cujas dimensões são por unidades.
1196 CAPÍTULO 51. A FÓRMULA DE PICK
51.2 Triângulos
1 Caso
Consideremos o triângulo [], da figura seguinte:
A B
C D
51.2. TRIÂNGULOS 1197
Então, a área do rectângulo [] é cm2 , sendo dado pela fórmula de Pick.
Mas, ao considerarmos o triângulo [], não sabemos qual o número de pontos fronteiros
(distintos de e de ) que pertencem ao lado []. Seja tal número. Sejam 1 o número de
nodos interiores ao triângulo [], 1 o número de nodos fronteiros ao triângulo [], o
número de nodos interiores ao rectângulo [] e o número de nodos fronteiros ao rectângulo
[].
Para o triângulo [] tudo é idêntico ao triângulo [].
Então, = 1 +1 + = 21 +. Por outro lado, = 1 +1 −−−2, uma vez que os nodos
fronteiros foram contados duas vezes (uma em cada triângulo) e passam a ser pontos interiores ao
rectângulo. Note-se que os vértices e contaram duas vezes (uma em cada triângulo), pelo que
temos de descontar 2.
Logo, = 1 + 1 − − − 2 = 21 − 2 − 2.
Mas, para a área do rectângulo [] é válida a fórmula de Pick. Então,
21 − 2 − 2
= + −1= + 21 + − 1
2 2
= 1 − − 1 + 21 + − 1
= 1 + 21 − 2
1 + 21 − 2 1
= = + 1 − 1
2 2 2
A D
[] são os nodos fronteiros de [], os nodos fronteiros de [], excluindo-se duas vezes os
nodos de [] distintos de e de e excluindo uma vez os nodos e .
Então,
1 + 2 − 2 − 2
= + −1= + 1 + 2 + − 1
2 2
1 2
= + 1 + + 2 − − 1 + − 1
2 2
1 2
= + 1 − 1 + + 2 − 1
2 2
1
= + 1 − 1 + 2
2
Logo,
1
1 = − 2 = + 1 − 1
2
3 Caso
Consideremos um triângulo [], como o seguinte:
51.2. TRIÂNGULOS 1199
E B F
T3
T1
T4
A
T2
D C
51.3 Quadriláteros
1 Caso: Quadriláteros convexos
Consideremos um quadrilátero [] como o seguinte:
A fórmula de Pick continua a ser válida, bastando considerar a diagonal [] e ter em consid-
eração o que vimos anteriormente.
2 Caso: Quadriláteros côncavos
A fórmula de Pick continua a ser válida, no seguinte caso.
D
51.4. POLÍGONOS CONVEXOS 1201
E, por indução, demonstra-se que a fórmula de Pick é válida para a área de qualquer polígono
convexo, desde que todos os vértices do polígono sejam nodos duma malha (quadrada).
Consideremos um polígono côncavo com uma só reentrância, como na figura seguinte. As áreas do
triângulo [] e do polígono [ ] podem ser calculadas pela fórmula de Pick.
1202 CAPÍTULO 51. A FÓRMULA DE PICK
1 + − 21 − 22 − 4
2 = + 1 + + 1 + 2 + 1 − 1
2
1
= + − 1 − 2 − 2 + 1 + + 1 + 2
2 2
1
= + 1 − 1 + + − 1
2 2
= 1 + + − 1
2
Então,
= 2 − 1 = + −1
2
51.5. POLÍGONOS CÔNCAVOS 1203
Exemplo 905 Considere as duas figuras seguintes em que duas figuras da mesma cor são geomet-
ricamente iguais, pelo que têm a mesma área. Explique por que razão parece ter desaparecido um
quadrado, na segunda figura?
A B
C1
D1
A1 B1
A explicação é simples: A parte colorida da segunda figura não é um triângulo, por que as
hipotenusas do triângulos verde e do triângulo amarelo não estão contidas numa mesma recta. Isso
pode ser visto, calculando os declives das rectas que contêm as hipotenusas. Para isso considera-se
um referencial adequado.
O declive da recta que contém a hipotenusa do triângulo verde é 37 , enquanto que o declive da
recta que contém a hipotenusa do triângulo amarelo é 25 .
Vamos usar o Teorema de Pick, para calcular as àreas dos polígonos envolvidos:
Quadrilátero []: = 24, = 20; então, a área de [] é de 24 + 20 2 − 1, ou seja, 33
unidades de área.
Quadrilátero [1 1 1 1 ]: 1 = 23, 1 = 20; então, a área de [1 1 1 1 ] é de 23 + 20
2 − 1, ou
seja, 32 unidades de área.
A diferença entre as duas áreas é de uma unidade, a qual corresponde à área do quadrado branco
contido no quadrilátero [].
É claro que podemos chegar à mesma conclusão, calculando as áreas pela maneira habitual.
Na figura seguinte, podemos verificar a existência de um paralelogramo de área 1 (pode aplicar
a fórmula de Pick, com = 0 e = 4). Essa área corresponde à área do quadrado branco da figura
inicial.
Observação
O teorema de Pick não se aplica a polígonos degenerados num segmento de recta e que por isso
têm área nula, a menos que apenas tenhamos dois pontos fornteiros.
No caso de polígonos cujos lados se cruzam, o teorema de Pick aparece ligeiramente modificado.
Note-se que, no caso em que os lados se cruzam num nodo, basta decompor a figura.
Capítulo 52
Modelos Populacionais
1205
1206 CAPÍTULO 52. MODELOS POPULACIONAIS
Para = 0, vem 0 () = (), cuja solução é uma função exponencial, obtendo-se a lei de
Malthus.
A função logística é um modelo que resulta duma correcção feita ao modelo de Malthus,
subtraindo-se ao segundo membro de 0 () = (), a parcela [ ()]2 , obtendo-se 0 () =
2
() − [ ()] . O valor de é muito pequeno, relativamente ao valor de , tendo pouco efeito
para valores pequenos de . Mas, quando aumenta, assume um papel cada vez mais impor-
tante, não deixando que o valor de ultrapasse uma certa barreira, chegando-se a um ponto de
equilíbrio traduzido por lim () = .
→+∞
2
A demonstração de que 0 () = () − [ ()] é algo trabalhosa:
Então,
2 0 ( − 0 ) − 2 0
0 () − () = 2 −
(0 + − − 0 − ) 0 + − − 0 −
¡ ¢
2
0 ( − 0 ) − 2 0 0 + − − 0 −
= 2 − 2
(0 + − − 0 − ) (0 + − − 0 − )
¡ ¢
2 0 ( − 0 ) − − 2 0 0 + − − 0 −
= 2
(0 + − − 0 − )
3 0 − − 2 02 − − 2 02 − 3 0 − + 2 02 −
= 2
(0 + − − 0 − )
2 2
0
= − 2
(0 + − − 0 − )
= − [ ()]2
Exemplo 906 Suponhamos que 0 = −, onde é o número de indivíduos duma espécie e é o
número de indivíduos doutra espécie.
0 2 2 2
Então, = −, pelo que ln = − 2 + . Então, = − 2 + = − 2 , com = .
Para = 1, temos (para 0) a seguinte representação gráfica:
1.0
0.5
0.0
0 1 2 3
2
É claro que lim = lim − 2 = 0, pelo que se aumentar muito, a outra espécie extingue-
→+∞ →+∞
se.
Então, as duas espécies são antagónicas, pelo que é natural que uma espécie seja predadora da
outra.
Exemplo 907 Seja o número de indivíduos duma espécie e o número de indivíduos doutra
espécie. Suponhamos que e são funções de e que
= − 1 e = − − 2 .
· · · ·
É costume representar por e por . Então, = − 1 e = − − 2 .
·· · ··
Logo, = = − − 2 , pelo que + = 2 . Logo, = cos + sin + 2 .
·
Então, = + 1 = cos − sin + 1 .
Assim, para = = 1 1 = 2 = 3, temos
1208 CAPÍTULO 52. MODELOS POPULACIONAIS
5
y
4
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
x
Exemplo 908 Suponhamos que = e = −, onde é o número de indivíduos duma espécie
e é o número de indivíduos doutra espécie.
Então, −
= e = −, pelo que +1 = ln e −+2 = ln . Então, = 1 e = 2 ,
1 1 2
com 1 = e 1 = e 2 = .
Multiplicando, membro a membro, obtemos
= 1 2
0
0 1 2 3 4 5
O gráfico anterior é uma das órbitas do sistema de equações diferenciais dado. Trata-se da órbita
que passa por (1 1).
Se 1 = 1 2 = 2, então = 2, donde vem = 2 . Órbita que passa por (1 2):
52.3. INTERACÇÃO ENTRE DUAS ESPÉCIES 1209
0
0 1 2 3 4 5
Exemplo 909 Suponhamos que = 3−2 e = −2 +4, onde é o número de indivíduos
duma espécie e é o número de indivíduos doutra espécie.
−2+4
Então, = × , pelo que −2 + 4 = (3 − 2) . Então, = 3−2 .
Logo, (−2 + 4) = (3 − 2) , pelo que
Primitivando, temos 3 ln − 2 + 2 ln − 4 = .
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
Logo, ln 3 + ln 2 − 2 − 4 = . Então, ln 3 + ln 2 − ln 2 − ln 4 = .
E, por fim, vem
2 3
× = =
4 2
2 3
Sejam () = 4 e () = 2 . É claro que só nos interessam os casos em que ≥ 0 e ≥ 0.
A seguir estão representadas graficamente as funções () e ().
1210 CAPÍTULO 52. MODELOS POPULACIONAIS
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00
0 1 2 3 4 5
³ ´ ¡ 2 −4 ¢
2
Ora, 0 () = 4 = = 2−4 − 42 −4 = 2−4 (1 − 2).
Então,
1
0 2 +∞
2 0 + + +
1 − 2 + + 0 −
−4 + + + +
0 () 0 + 0 −
() % Máx &
¡ ¢
Logo, o máximo da função é 12 , ou seja, 412 .
¡ 3 −2 ¢ ¡ 2 ¢
De modo análogo, temos 0 () = = 3 − 23 −2 = 2 (3 − 2) −2 .
Então,
3
0 2 +∞
2 0 + + +
3 − 2 + + 0 −
−4 + + + +
0 () 0 + 0 −
() % Máx &
¡ ¢
Logo, o máximo da função é 32 , ou seja, 27
83 .
3
2 2 3 1 27 2 1
Retomando a equação 4 × 2 = , temos que 4 × 2 = 42 × 83 , para 4 = 42 e
3 27
2 = 83 .
Então, tem de ser = 12 e = 32 . Logo, = 3 − 2 = (3 − 2) = 0 e = 4 − 2 =
2 (2 − 1) = 0. ¡ ¢
Logo, () = 12 e () = 32 são solução do sistema dado. O ponto 12 32 é chamado ponto de
equilíbrio. ¡ ¢
A órbita que passa pelo ponto 12 32 tem um único ponto.
27 1 1 27
Seja, = 64 5 = 2 × 42 × 83 . Neste caso, temos infinitas soluções.
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00
0 1 2 3 4 5
Valores aproximados das soluções podem ser encontrados com uma calculadora gráfica:
2 3
Como lim 4 = lim 2 = 0, para cada , tal que 0 1
42 × 27
83 , podemos fazer
→+∞ →+∞
3
27 1
2= 8 3 , obtendo-se dois valores para . Desses dois valores, um é inferior a 2 e outro é superior.
1 27
Para cada , tal que 0 42 × 83 , o gráfico da multifunção () é uma linha fechada.
Neste caso, diz-se que a órbita é um ciclo.
O facto de chamar-se ciclo tem a ver com o facto de () e () serem funções periódicas com
o mesmo período .
2 3 2 3
Nas duas figuras seguintes, estão indicadas as órbitas definidas por 4 × 2 = 10−3 , 4 × 2 =
2 3 3
2
2×10−3 , 4 × 2 = 4×10−3 e 4 × 2 = 1
42
27
× 83 −00005. O referencial da direita é ortonormado
(ortogonal e monométrico).
1212 CAPÍTULO 52. MODELOS POPULACIONAIS
4 4
3 3
2 2
1 1
0 0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 0 1 2
Seja a região 3, aquela que fica abaixo da reta a vermelho e acima da reta a verde.
Seja a região 4, aquela que fica acima da reta a vermelho e acima da reta a verde.
Ora, 4 − 3 − 2 0 implica 43 − 23 e 2 + 2 − 3 0 implica − + 32 .
Logo, 4 − 3 − 2 0, nas regiões 2 e 3, enquanto que 4 − 3 − 2 0, nas regiões 1 e 4.
Analogamente, 2 + 2 − 3 0, nas regiões 3 e 4 e 2 + 2 − 3 0, nas regiões 1 e 2.
-4 -2 2 4
-2
-4
(4−3−2)
Região 1: = − (2+2−3) 0. Logo, diminui, quando aumenta.
(4−3−2)
Região 2: = − (2+2−3) 0. Logo, aumenta, quando aumenta.
(4−3−2)
Região 3: = − (2+2−3) 0. Logo, diminui, quando aumenta.
(4−3−2)
Região 4: = − (2+2−3) 0. Logo, aumenta, quando aumenta.
1214 CAPÍTULO 52. MODELOS POPULACIONAIS
Capítulo 53
Lógica
Duas das palavras muito frequentes na linguagem comum são verdadeiro e falso. Todos têm ideia
do que é ser verdadeiro e do que é ser falso. Digamos que proposição é uma afirmação que fazemos
e que será verdadeira ou será falsa.
Quando uma proposição é verdadeira, dizemos que tem o valor lógico V (de verdade), quando é
falsa, dizemos que tem o valor lógico F (de falso). E qualquer proposição estará num dos dois casos:
ou é verdadeira ou é falsa, não podendo ser as duas coisas simultaneamente nem havendo uma
terceira hipótese. Isso tem a ver com dois princípios: o princípio da não contradição e o princípio
do terceiro excluído.
Convém referir que, do facto duma proposição ser verdadeira ou falsa, não significa que saibamos
qual o seu valor lógico.
Por exemplo, a afirmação de que há um número infinito de primos gémeos será verdadeira ou
falsa? Nesta altura, não sabemos.
Observemos que dois números naturais são primos gémeos se um deles for e o outro + 2,
como 3 e 5, 5 e 7, 11 e 13, 17 e 19,...
Neste caso, ainda ninguém conseguiu fazer a demonstração matemática de que esse número é
infinito, como se supõe (ou conjetura), nem se conseguiu demonstrar que esse número é finito.
Vejamos um outro exemplo: sabe-se que o número é irracional e são conhecidos muitos al-
garismos da dízima que dá o valor de . Consideremos a afirmação seguinte: na dízima de , há
1000 zeros consecutivos. Possivelmente, nunca saberemos se esta proposição é verdadeira ou falsa,
porque nunca conheceremos um número de algarismos suficientes, para que apareçam 1000 zeros
consecutivos. Se descobrirmos que há 1000 zeros consecutivos, a proposição será verdadeira. Se
não descobrirmos esses 1000 zeros, ficaremos sempre na dúvida. Ou seja, a afirmação é verdadeira
ou falsa, mas só podemos aspirar a descobrir que ela é verdadeira, pois nunca poderemos descobrir
que ela é falsa. A menos que a Matemática atual conheça uma evolução que permita descobrir esse
facto. É caso para dizer que nunca devemos dizer nunca. No entanto, eu acabei de dizer (escrever)
nunca duas vezes. Isso tem a ver com algo que se chama metalinguagem.
1215
1216 CAPÍTULO 53. LÓGICA
53.1.1 A negação
O caso mais simples é a chamada negação de uma proposição. Dada a afirmação "5 é um número
primo", podemos negá-la, obtendo-se "5 não é um número primo". Neste caso, a primeira proposição
é verdadeira e a segunda é falsa. Podemos, então, concluir que a negação duma proposição ver-
dadeira é uma proposição falsa. Evidentemente, a negação duma proposição falsa é uma proposição
verdadeira.
A negação é uma operação unária, pois negamos uma proposição de cada vez. Essa operação
unária pode aplicar-se a proposições, ou de modo mais fácil, a valores lógicos. Simbolicamente, a
negação é representada por ˜. Assim, se tivermos uma proposição , a negação de será representada
por ˜. Se tivermos um valor lógico , a sua negação será ˜. Logo, a negação pode ser encarada
como uma aplicação de L em L, em que ˜ = e ˜ = .
Uma propridade muito simples da negação é que ˜ (˜) = , para qualquer valor lógico .
A demonstração é trivial: ˜ (˜ ) = ˜ = e ˜ (˜ ) = ˜ = .
Esta propriedade costuma ser chamada propriedade da dupla negação. Também podemos dizer
que a negação é uma aplicação involutiva (ou involução), já que a inversa da aplicação negação é a
própria negação. Ou, de outro modo ainda, a aplicação composta da negação consigo mesma dá a
aplicação identidade.
A tabuada da negação é muito simples:
Negação
˜
Curiosamente, há outros sinais para a negação. Assim, a negação de pode ser representada
por ou por ¬. Este último sinal é o sinal "oficial"e cosuma ler-se "não lógico"(lnot, em inglês,
onde o "l"vem de logical). Daqui em diante, vamos usar (para a negação) o sinal ¬.
Se pensarmos apenas nos valores lógicos, temos que descobrimos um valor lógico a partir de
outros dois. Neste caso, descobrimos que ao par ( ) corresponde o valor . Então, temos, aqui,
uma operação binária (embora nos falte saber o "valor final"nos restantes casos).
Podemos, então, considerar uma operação binária (chamada conjunção) que transforma pares
de valores lógicos num valor lógico.
Isso significa que podemos trabalhar apenas com valores lógicos desligados das proposições que
lhes deram origem.
Então, iremos ter várias operações binárias (e não só), cada uma das quais vai ser definida
por uma "tabuada". Felizmente, é uma tabuada pequena (nada que se compare às tabuadas dos
babilónios, que tinham 60 símbolos e não apenas 2).
Mas voltemos à proposição "O João tem 16 anos e a Rita tem 14 anos".
Se o João tiver 16 anos e a Rita tiver 12 anos, então a afirmação "O João tem 16 anos e a Rita
tem 14 anos"é falsa (não há proposições metade verdadeiras e metade falsas). Então, temos que a
conjunção transforma o par ( ) em .
Se o João tiver 13 anos e a Rita tiver 14 anos, então a afirmação "O João tem 16 anos e a Rita
tem 14 anos"é falsa (não há proposições metade falsas e metade verdadeiras). Então, temos que a
conjunção transforma o par ( ) em .
Por fim, se o João tiver 16 anos e a Rita tiver 14 anos, então a afirmação "O João tem 16 anos
e a Rita tem 14 anos"é verdadeiras. Então, temos que a conjunção transforma o par ( ) em .
O sinal usado para a conjunção é ∧, pelo que podemos escrever a seguinte tabuada:
⎧
⎪
⎪ ∧ =
⎨
∧ =
⎪
⎪ ∧ =
⎩
∧ =
Podemos encarar a conjunção como uma operação sobre proposições ou uma operação sobre
vvalores lógicos. Na realidade, o que interessa mesmo é saber "operar"com valores lógicos. Passemos
à proposição "O João tem 16 anos ou a Rita tem 14 anos".
Se o João tiver 15 anos e a Rita tiver 50 anos, a proposição "O João tem 16 anos ou a Rita tem
14 anos"será falsa, porque não se verificou nenhuma das duas "proposições elementares". Então, a
disjunção transforma o par ( ) em .
Se o João tiver 16 anos e a Rita tiver 20 anos, a proposição "O João tem 16 anos ou a Rita tem
14 anos"será verdadeira.
Então, a disjunção transforma o par ( ) em .
Se o João tiver 13 anos e a Rita tiver 14 anos, a proposição "O João tem 16 anos ou a Rita tem
14 anos"será verdadeira, pelo que a disjunção transforma o par ( ) em .
Por fim, temos o caso em que as duas proposições atómicas são verdadeiras (o que corresponde
ao caso em que o João tem 16 anos e e Rita tem 14 anos). Neste caso, temos duas possibilidades:
o resultado poderá ser verdadeiro ou falso, havendo dois tipos de disjunção. A disjunção inclusiva
(ou apenas disjunção) transforma o par ( ) em . Então, poderíamos ter escrito "O João tem
16 anos ou a Rita tem 14 anos (ou as duas "coisas")". Vamos combinar que, ao escrevermos, "O
João tem 16 anos ou a Rita tem 14 anos", estamos a considerar que as duas proposições podem ser
verdadeiras. Aliás, é o que estamos habituados a fazer, quando resolvemos uma equação de segundo
grau e temos 2 − 4 = 0.
Além da disjunção inclusiva, temos a disjunção exclusiva. Em linguagem comum, será "Ou o
João tem 16 anos ou a Rita tem 14 anos (mas não ambas as "coisas")". A única diferença (em
1218 CAPÍTULO 53. LÓGICA
relação à disjunção inclusiva) está que a disjunção exclusiva transforma o par ( ) em . Podemos
traduzir esse facto dizendo que a disjunção exclusiva traduz um dilema.
Simbolicamente, a disjunção inclusiva é representada por ∨, enquanto que a disjunção exclusiva
·
é representada por ∨.
Então, teremos as seguintes tabuadas, para as duas disjunções (inclusiva e exclusiva):
⎧
⎧ ⎪ disjunção exclusiva
⎪ disjunção (inclusiva) ⎪
⎪
⎪
⎪ ⎪
⎪
·
⎪
⎨ ∨ = ⎨ ∨· =
⎪
∨ = ∨ =
⎪
⎪ ⎪
⎪ ·
⎪
⎪ ∨ = ⎪
⎪ ∨ =
⎩ ⎪
⎪
∨ = ⎩ ·
∨ =
Observações
\
L3 = L×L×L
= {( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )}
Se = , temos
⎧ ³ · ´ · ³ · ´ · ·
⎨ ∨ ∨= ∨ ∨=∨
³ ´ ³ ´
⎩ ∨· ∨· = ∨· ∨· = ∨·
Se = , temos
⎧ ³ · ´ · ³ · ´ · ·
⎨ ∨ ∨= ∨ ∨ =∨
³ ´ ³ ´
⎩ ∨· ∨· = ∨· ∨· = ∨·
Está, assim, terminada a demonstração. Este último caso podia ter sido justificado por
comutatividade.
10. Quando consideramos duas proposições, temos 4 possibilidades para os valores lógicos: ambas
falsas, ambas verdadeiras, primeira falsa e segunda verdadeira e, por fim, a primeira verdadeira
e a segunda falsa. Então, temos o quadrado cartesiano L2 = L × L = {( ) ( ) ( ) ( )}.
53.1. TRABALHANDO COM V E F 1221
Operação binária é uma aplicação de L2 em L, pelo que há duas possibilidades para (a imagem
de) cada par. Logo, no total, temos 2 × 2 × 2 × 2 operações binárias diferentes.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Essas 16 operações binárias incluem aquelas que já foram referidas: disjunção, disjunção
exclusiva e conjunção.
Assim, 2 é a conjunção, 8 é a disjunção (inclusiva) e 7 é a disjunção exclusiva.
Exercício 911 Mostre que a conjunção é distributiva em relação à disjunção e o mesmo acontece
com a disjunção relativamente à conjunção.
Resolução
Comecemos por provar que ∧ ( ∨ ) = ( ∧ ) ∨ ( ∧ ), quais quer que sejam os valores lógicos
. Isso pode ser feiro recorrendo a uma tabela de verdade, ou de maneira mais rápida, como se
segue:
Se = , temos ∧( ∨ ) = ∧ ( ∨ ) = e ( ∧ ) ∨ ( ∧ ) = ( ∧ ) ∨( ∧ ) = ∨ = ,
pelo que se verifica que ∧ ( ∨ ) = ( ∧ ) ∨ ( ∧ ).
Se = , temos ∧ ( ∨ ) = ∧ ( ∨ ) = ∨ e ( ∧ ) ∨ ( ∧ ) = ( ∧ ) ∨ ( ∧ ) = ∨ ,
pelo que se verifica que ∧ ( ∨ ) = ( ∧ ) ∨ ( ∧ ).
Está, assim demonstrada a propriedade distributiva da conjunção em relação à disjunção.
Provemos, agora, que ∨( ∧ ) = ( ∨ )∧( ∨ ), quais quer que sejam os valores lógicos .
Se = , então ∨ ( ∧ ) = ∨ ( ∧ ) = ∧ e ( ∨ ) ∧ ( ∨ ) = ( ∨ ) ∧ ( ∨ ) = ∧ .
Se = , então ∨ ( ∧ ) = ∨ ( ∧ ) = e ( ∨ ) ∧( ∨ ) = ( ∨ ) ∧( ∨ ) = ∧ = .
Está, assim, terminada a demonstração.
Exercício 912 Mostre que a conjunção é distributiva em relação à disjunção exclusiva, mas tal
não acontece com a disjunção exclusiva relativamente à conjunção.
1222 CAPÍTULO 53. LÓGICA
Resolução ³ · ´ ·
Queremos provar que ∧ ∨ = ( ∧ ) ∨ ( ∧ ), quais quer que sejam os valores lógicos
. ³ · ´ ³ · ´ · · ·
Se = , temos ∧ ∨ = ∧ ∨ = e ( ∧ ) ∨( ∧ ) = ( ∧ ) ∨( ∧ ) = ∨ = .
³ · ´ ³ · ´ · · · ·
Se = , temos ∧ ∨ = ∧ ∨ = ∨ e ( ∧ ) ∨ ( ∧ ) = ( ∧ ) ∨ ( ∧ ) = ∨ .
Está, assim, terminada a demonstração de que a conjunção é distributiva relativamente à dis-
junção exclusiva.
Quanto à segunda parte, se a disjunção
³ · ´ exclusiva
³ · ´ não é distributiva em relação à conjunção,
·
então não se verficará ∨ ( ∧ ) = ∨ ∧ ∨ , para algum valor (alguns valores) de .
Podemos testar vários casos, ou podemos raciocinar, até descobrirmos um caso que falhe.
Se = , o primeiro membro dá ∧ e o mesmo acontece com o segundo membro.
Logo, a propriedade só poderá falhar com = .
· ·
Se = , então ∨ ( ∧ ) = ∨ ( ∧ ), resultado este que será falso, se ∧ for verdadeiro e
será verdadeiro se ∧ for falso. ·
Então, com = , só há há uma ³ maneira
´ ³ de ´∨ ( ∧ ) ser falso que é termos = = .
· ·
Quanto ao segundo membro, ∨ ∧ ∨ pode dar falso em mais situações: então, basta
· ·
fazermos com que ∨ seja falso e ∨ seja verdadeiro.
Suponhamos que = = = . ³ · ´ ³ · ´ ³ · ´ ³ · ´
· · ·
Então, ∨ ( ∧ ) = ∨ ( ∧ ) = ∨ = e ∨ ∧ ∨ = ∨ ∧ ∨ =
∧ = 6= .
Exercício 913 Dados os valores lógicos , mostre que ¬ ( ∨ ) = (¬) ∧ (¬) e que ¬ ( ∧ ) =
(¬) ∨ (¬).
Resolução
As duas propriedades enunciadas são conhecidas por Primeiras Leis de De Morgan.
Reparemos que a negação é uma operação unária, pelo que faz sentido negar uma conjunção,
por exemplo, uma vez que a conjunção de duas proposições é uma proposição.
A demonstração pode ser feita por meio duma tabela de verdade ou da seguinte maneira:
Se = , temos ¬ ( ∨ ) = ¬ ( ∨ ) = ¬ e (¬) ∧ (¬) = (¬ ) ∧ (¬) = ∧ (¬) = ¬.
Se = , temos ¬ ( ∨ ) = ¬ ( ∨ ) = ¬ = e (¬) ∧ (¬) = (¬ ) ∧ (¬) = ∧ (¬) = .
Está, assim, terminada a demonstração da primeira igualdade.
Para a segunda igualdade, temos:
Se = , temos ¬ ( ∧ ) = ¬ ( ∧ ) = ¬ = e (¬) ∨ (¬) = (¬ ) ∨ (¬) = ∨ ¬ = .
Se = , temos ¬ ( ∧ ) = ¬ ( ∧ ) = ¬ e (¬) ∨ (¬) = (¬ ) ∨ (¬) = ∨ ¬ = ¬.
Está, assim, terminada a demonstração.
A negação, a disjunção inclusiva e a conjunção são importantes, porque qualquer função de
dois (ou mais) valores lógicos pode ser definida utilizando essas três operações. Na realidade, até
podemos só usar duas: a negação e uma das outras duas.
Vejamos alguns exemplos, começando pela operação 10 , anteriormente apresentada.
Como vimos, uma operação binária, num dado conjunto , é uma aplicação de 2 em . No
caso presente, uma aplicação de L2 em L.
53.1. TRABALHANDO COM V E F 1223
10
A operação binária 10 está definida na tabela anterior, tendo-se que 10 ( ) = = 10 ( )
e 10 ( ) = = 10 ( ).
Vejamos como definir 10 , à custa da negação, da conjunção e da disjunção:
Ora, ∧ garante-nos o último da terceira linha da tabela anterior, sendo nas restantes
posições.
Do mesmo modo, (¬)∧(¬) dá-nos o primeiro da terceira linha, sendo nas outras posições,
conforme podemos ver na tabela seguinte:
∧
(¬) ∧ (¬)
( ∧ ) ∨ ((¬) ∧ (¬))
A disjunção entre as duas expressões dá-nos 10 . Ou seja, 10 ( ) = ( ∧ ) ∨ ((¬) ∧ (¬)),
sendo que nesta expressão, apenas temos as variáveis e os sinais ¬ ∨ ∧. Se quisermos, podemos
usar apenas os sinais ¬ ∨. Para isso, teríamos de usar uma das primeiras leis de De Morgan. Como
¬ ( ∨ ) = (¬) ∧ (¬), podemos concluir que ∨ = ¬ ((¬) ∧ (¬)).
Agora, substituindo, por ∧ e por (¬) ∧ (¬), temos uma expressão (complicada, por
sinal) que nos dá 10 ( ):
Pergunta: qual a utilidade de substituir uma expressão simples por uma expressão complicada?
Resposta: nem tudo o que parece simples é simples, nem tudo o que parece complicado é
complicado. E o que parece complicado pode simplificar muita coisa. Contemos, então, uma
pequena história. A maior parte da tecnologia atual é baseada na informática. A informática, por
sua vez, é baseada na negação, na conjunção e na disjunção. E em outras coisas, como a capacidade
de construirmos microchips. Toda a tecnologia digital deve a sua existência ao estudo da lógica
binária. Se acha que a lógica binária não devia existir, retire da sua vida quase tudo o que usa...
Há outra maneira de definir a mesma operação binária 10 :
10
∨ ¬
¬ ∨
( ∨ ¬) ∧ (¬ ∨ )
10
Neste último caso, a disjunção faz com que apareça um só , ao contrário do caso da conjunção
em que aparece um só . No caso da operação binária 10 , temos dois e dois , pelo que
não interessa se usamos conjunções de disjunções ou disjunções de conjunções. Mas, por vezes, há
vantagem em usar umas ou outras.
3
15
∧
15
∨
9
Então, 15 ( ) = ¬ ( ∧ ) e 9 ( ) = ¬ ( ∨ ). No primeiro caso, temos a negação da
conjunção e, no segundo caso, a negação da disjunção. Devido à sua importância, estas operações
binárias receberam nomes especiais:
½
15 ( ) = ¬ ( ∧ ) = Nand
9 ( ) = ¬ ( ∨ ) = Nor
Curiosamente, qualquer operação binária sobre valores lógicos pode ser definida usando uma só
destas duas últimas funções.
Repare que Nand = ¬ ( ∧ ) = ¬ e que ∧ = ¬ (¬ ( ∧ )) = ¬ ( Nand ) = ( Nand ) Nand ( Nand ),
porque ¬ = Nand .
Também ∨ pode ser definido à custa da função (ou operação) Nand.
Tudo o que estivemos a dizer tem muito interesse prático, se tivermos aplicações de L5 em L, ou
de L15 em L, em vez de L2 em L. Assim, tem interesse saber definir uma função arbitrária, usando
as operações ∨, ∧ e ¬. Depois, interessa saber simplificar a expressão obtida. Só que isso ultrapassa
o que pretendemos (neste momento). Os computadores para desempenharem o seu papel, têm de
53.1. TRABALHANDO COM V E F 1225
utilizar funções de muitas variáveis. Por exemplo, para escrevermos um texto no computador, nem
sonhamos com a lógica que está por trás disso.
Observação
Para simplificar a escrita, existe uma hierarquia de prioridades em certas operações. Assim,
¬ ∨ significa (¬) ∨ , ou seja, primeiro se faz a negação e, depois, a disjunção. Tal significa que a
expressão ¬ ∨ é uma disjunção, enquanto que ¬ ( ∨ ) é uma negação. Na linguagem simbólica
da Matemática, podemos recorrer a parênteses, enquanto que na linguagem comum, não podemos.
Logo, a linguagem simbólica da Matemática é mais rigorosa. Os parênteses servem para alterar a
prioridade das operações. A negação tem prioridade em relação a todas as outras operações binárias,
·
ou seja, a negação só atinge o que vem imediatamente a seguir. As operações ∧ ∨ ∨ efetuam-se
pela ordem em que aparecem (salvo o caso em que apareçam parênteses), pelo que estão no mesmo
nível da hierarquia.
Quando se utiliza os sinais de + e de ·, é costume utilizar , para a negação de . Assim, temos
para as (primeiras) leis de De Morgan:
½ ½ ½
¬ ( ∧ ) = ¬ ∨ ¬ · =+ = +
ou ou
¬ ( ∨ ) = ¬ ∧ ¬ + =· + =
A utilização dos sinais + e · tem muitas vantagens práticas, por causa das propriedades que
costumamos usar nas operações habituais com números. Assim, por exemplo
+ = (1 + ) = · 1 =
A simplificação da expressão + fica bastante fácil, desde que nos lembremos que a soma
lógica tem elemento absorvente (que é 1).
A mesma simplificação, com outros sinais, fica mais "complicada":
∨ ( ∧ ) = ( ∧ ) ∨ ( ∧ ) = ∧ ( ∨ ) = ∧ =
· ( + ) = ( + 0) · ( + ) = + (0 · ) = + 0 =
Esta última maneira é que não é nada semelhante ao que se passa com as operações com números
reais (por exemplo).
53.1.3 A implicação
A Matemática é a ciência da dedução por excelência. E deduzir é descobrir implicações. Mas,
afinal, o que é uma implicação?
Comecemos pela seguinte afirmação: se hoje é dia 31, então amanhã é dia 1. Esta é uma
afirmação verdadeira, porque a seguir ao dia 31 vem sempre o dia 1 do mês seguinte. Convém
referir que apenas dissemos que se hoje for 31, amanhã será 1. Não dissemos mais nada, não
dissemos o que acontecerá amanhã, se hoje não for dia 31. Este exemplo é interessante, porque
1226 CAPÍTULO 53. LÓGICA
permite tirar uma dúvida muito frequente. Muitas pessoas partem do princípio que nós também
afirmámos que se hoje não for dia 31, amanhã, não será dia 1. E isso não é verdade. Se hoje for
dia 29 de Fevereiro, amanhã será dia 1 (de Março). Ou seja, se hoje não for dia 31, amanhã poderá
ser dia 1, mas poderá não ser dia 1.
Então, implicação é uma relação existente entre duas proposições, de tal maneira que, se a
primeira for verdadeira, a segunda terá de ser verdadeira. Se a primeira for falsa, a segunda poderá
ser verdadeira ou falsa. Isso quer dizer que uma proposição verdadeira implica outra proposição
verdadeira e que uma proposição verdadeira não implica uma proposição falsa. Além disso, uma
proposição falsa implica qualquer proposição.
Como anteriormente, normalmente interessa trabalhar com os valores lógicos. E diremos que
verdadeiro implica verdadeiro, falso implica falso, falso implica verdadeiro e que verdadeiro não
implica falso. O sinal de implicação é ⇒, pelo que escreveremos ⇒ , ⇒ , ⇒ e ; .
Também podemos considerar que a implicação é uma operação binária, tendo-se que ⇒ =
, ⇒ =, ⇒ = e ⇒ =.
Considerada como operação binária, a implicação não tem propriedades interessantes, contrari-
amente ao caso em que é considerada como uma relação binária. Por isso, normalmente ela é
considerada uma relação binária.
Consideremos a seguinte tabela de verdade:
⇒
¬
¬ ∨
A tabela anterior mostra que, considerada como operação binária, a implicação pode ser trans-
formada numa disjunção. Então, é importante fixar que ⇒ é o mesmo que ¬ ∨ . Então,
¬ ( ⇒ ) = ¬ (¬ ∨ ) = (¬¬) ∧ ¬ = ∧ ¬.
Resumindo, a implicação pode ser transformada numa disjunção e a sua negação numa con-
junção, tendo-se a seguinte regra prática: negar uma implicação, consiste em afirmar o antecedente
(aquilo que está antes do sinal ⇒) e negar o consequente (o que está depois). Dito de outro modo:
dizer que uma implicação é falsa, é o mesmo que dizer que o antecedente é verdadeiro e o consequente
é falso.
Já vimos o seguinte exemplo: se hoje é 31, então amanhã é 1. Se hoje não é 31, amanhã pode
ser 1 ou pode não ser. Mas, se amanhã não é 1, hoje não pode ser 31. Logo, se ⇒ , então
¬ ⇒ ¬, como podemos confirmar na tabela de verdade seguinte:
⇒
¬
¬
¬ ⇒ ¬
Esta última propriedade é conhecida por regra do contra recíproco.
Resolução
Se = , a implicação ⇒ ( ⇒ ) é verdadeira, independentemente de ⇒ ser verdadeira
ou falsa.
Se = , ⇒ é verdadeira, pelo que a implicação ⇒ ( ⇒ ) é verdadeira.
Outra maneira:
( ⇒ ( ⇒ )) = ¬ ∨ ( ⇒ ) = ¬ ∨ (¬ ∨ )
= ¬ ∨ ( ∨ ¬) = (¬ ∨ ) ∨ ¬
= ∨ ¬ =
Resolução
Ora, ( ⇒ ∨ ) = (¬ ∨ ( ∨ )) = (¬ ∨ )∨ = ∨ = , pelo que terminou a demonstração.
Resolução
Ora,
Exercício 917 Mostre que a implicação, considerada como relação binária, é transitiva.
Resolução
Queremos mostrar que, se ( ⇒ )∧( ⇒ ), então ⇒ . Ou seja, ( ⇒ )∧( ⇒ ) ⇒ ( ⇒ ).
Para que não se verificasse a implicação (total), seria necessário que tivéssemos ( ⇒ ) ∧
( ⇒ ) = e ( ⇒ ) = .
De ( ⇒ ) = , concluimos que = e = . Pelo que nos resta analisar dois casos (os dois
valores lógicos possíveis para ).
Se = , vem ( ⇒ ) ∧ ( ⇒ ) = ( ⇒ ) ∧ ( ⇒ ) = ∧ = , pelo que a implicação
total será verdadeira.
Se = , vem ( ⇒ ) ∧ ( ⇒ ) = ( ⇒ ) ∧ ( ⇒ ) = ∧ = , pelo que a implicação
total será verdadeira.
Logo, a implicação total nunca poderá ser falsa. Está, assim, terminada a demonstração.
Exercício 918 Mostre que a implicação, considerada como relação binária, é reflexiva.
Resolução
Queremos mostrar que ⇒ , qualquer que seja o valor lógico . Isso resulta do facto que
implica e implica . Fim da demonstração.
Exercício 919 Mostre que a implicação, considerada como relação binária, é antissimétrica em
sentido lato.
1228 CAPÍTULO 53. LÓGICA
Resolução
Se implica e se implica , então e têm de ser ambos ou ambos , pelo que, em
qualquer caso, temos = . Isso significa que a relação implicação é antissimétrica (em sentido
lato).
Outros exemplos de relações binárias com as propriedades da implicação: ≤ , em R, ≥ ,
em R, é divisor de , em N, é múltiplo de , em N.
Exercício 920 Mostre que a implicação, considerada como operação binária, não é comutativa
nem associativa.
Resolução
É claro que a implicação não é comutativa, porque ( ⇒ ) = ∧ ( ⇒ ) = .
Por outro lado, [( ⇒ ) ⇒ ] = ( ⇒ ) = e [ ⇒ ( ⇒ )] = ⇒ = . Logo, a
implicação não é associativa.
Note-se que ( ⇒ ) = ˜, que ( ⇒ ) = , que ( ⇒ ) = e que ( ⇒ ) = .
Logo, não existe elemento neutro nem elemento absorvente (para a operação binária implicação).
53.1.4 A equivalência
Duas proposições são equivalentes, se tiverem o mesmo valor lógico. Isso significa que é equivalente
a e que é equivalente a . O sinal de equivalente é bem conhecido dos alunos: ⇔
Então, a tabela de verdade da equivalência é a seguinte:
⇔
Esta é a tabela da operação 10 , apresentada no início deste Capítulo.
Do mesmo modo que a implicação, a equivalência pode ser encarada como uma operação binária
ou como uma relação binária.
Resolução
Tabela de verdade:
⇒
⇒
( ⇒ ) ∧ ( ⇒ )
⇔
O sinal de equivalência traduz essa dupla implicação: ⇔ é resultado de se escrever ( ⇒ ) ∧
( ⇐ ), tendo os sinais ⇒ e ⇐ originado o sinal ⇔.
Exercício 922 Mostre que a equivalência é uma relação binária reflexiva, simétrica e transitiva.
53.1. TRABALHANDO COM V E F 1229
Resolução
A equivalência é uma relação binária reflexiva, porque ⇔ e ⇔ .
A equivalência é uma relação binária simétrica, porque se ⇔ , e têm o mesmo valor lógico,
pelo que é verdadeiro dizer que ⇔ .
A equivalência é uma relação binária transitiva, porque se ⇔ e ⇔ , então são todos
iguais a , ou todos iguais a , pelo que, ema ambas as situações, temos ⇔ .
Sempre que uma relação binária definida num conjunto tem as propriedades anteriores, dizemos
que se trata duma relação de equivalência.
Neste caso da equivalência, temos apenas dois pares pertencentes à relação. Representando a
relação de equivalência por , temos que e , ou seja, ( ) ∈ e ( ) ∈ , não havendo
mais pares que pertenção à relação.
Então, = {( ) ( )}. Ao conjunto dos elementos que se relacionam com , chamamos
classe de equivalência de e representamo-la por [ ]. Então, [ ] = { }. De forma análoga, temos
[ ] = { }.
Ao conjunto das classes de equivalência, chamamos conjunto quociente e, neste caso, representamo-
lo por L, uma vez que a relação binária está definida em L. Então, temos que L = {{ } { }}.
Observação
Na linguagem comum, a implicação corresponde a uma frase do tipo "se , então ", enquanto
que a equivalência corresponde a " se e só se ".
·
Exercício 923 Dados dois valores lógicos e , mostre que ∨ = ¬ ( ⇔ ).
Resolução
Basta construir a tabela de verdade:
⇔
˜ ( ⇔ )
·
∨
³ · ´
É claro que também teremos ( ⇔ ) = ¬ ∨ .
Exemplo 924 Consideremos a seguinte frase: domingo, vou ao futebol a não ser que chova.
Nesta frase, temos duas proposições ligadas por "a não ser que". Que significado lógico tem a
expressão "a
não ser que"?
O que o autor da frase quis dizer é que irá ao futebol, no caso de não chover e não irá ao futebol,
caso chova.
Então, o autor da frase irá ao futebol se e só se não chover. Ou de outro modo, ou ele vai ao
futebol ou chove (disjunção exclusiva). Logo, "não ser que"traduz a disjunção exclusiva. Também
é costume utilizar a expressão "a menos que". Outra maneira é dizer que ele irá ao futebol se e só
se não chover. Temos, aqui, uma variante da propriedade anterior:
³ · ´
∨ = ¬ ( ⇔ ) = (¬ ⇔ ) = ( ⇔ ¬)
1230 CAPÍTULO 53. LÓGICA
Exemplo 925 Considerando a equivalência como operação binária, verifique se a mesma é dis-
·
tributiva em relação às operações ∧ ∨ ∨.
∧ ( ∨ ) = ( ∨ ) ∧ ( ∨ ) = ∨ ( ∧ ) = ∨ =
53.2. TRABALHANDO COM 0 E 1 1231
∨ ( ∧ ) = ( ∧ ) ∨ ( ∧ ) = ∧ ( ∨ ) = ∧ =
Nesta segunda parte do Capítulo, vamos substituir por 0, por 1, ∨ por + e ∧ por · ou ×.
Então, em vez de ∨ , escrevemos + , e em vez de ∧ , escrevemos · , ou × , ou conforme
é costume, . Então, tudo fica mais fácil, uma vez que as propriedades são quase as mesmas. Há
duas diferenças importantes: 1 + 1 = 1 e + = ( + ) · ( + ).
Simplifiquemos as duas expressões anteriores, usando a nova notação:
( + ) = · + = + = (1 + ) = · 1 =
0 0 1 1
0 1 0 1
+ 0 1 1 1
· 0 0 0 1
⊕ 0 1 1 0
Como toda a função booleana pode ser definida utilizando a negação (o complementar), a soma
lógica e o produto lógico, não precisamos de outras operações. No entanto, são muito utilizadas em
estudos mais avançados, as funções Nand e Nor, de que já falámos anteriormente.
Como curiosidade, informamos que a implicação não é mais do que a relação ≤, definida em
{0 1} e, a equivalência é a vulgar relação =.
Repare-se que não é costume escrever 0 ⇔ 0, nem 1 ⇔ 1, nem 0 ⇒ 1, por exemplo, mesmo
quando 0 e 1 representam valores lógicos..
1232 CAPÍTULO 53. LÓGICA
Capítulo 54
Exemplo 927 Determine os pontos fixos da função real de variável real () = 2 .
Resolução
Pretende-se resolver a equação 2 = . Então, 2 − = 0.
Logo, ( − 1) = 0, donde se conclui = 0 ∨ = 1.
Observe-se que uma função polinomial de grau tem, no máximo, pontos fixos. No caso de
ser ímpar, a função (polinomial de grau ) tem, pelo menos, um ponto fixo.
Exemplo 928 Comecemos por escrever um número numa Calculadora gráfica. Carregando na
tecla EXE, obtemos o mesmo número. Escrevemos, agora, cos Ans e carregamos na tecla EXE,
obtendo-se um valor aproximado do coseno do número inicial. Carregando sucessivamente na tecla
EXE, vamos obtendo vários números até que o resultado estabiliza. Tal resultado é o ponto fixo
(aproximado) da função cos .
Exemplo 929 Determine, pelo processo anterior, o ponto fixo da função () = − .
1233
1234 CAPÍTULO 54. O TEOREMA DO PONTO FIXO
Resolução
E, assim, obtivemos o ponto fixo da função () = − , com 10 casas decimais.
O processo que estamos a utilizar é um processo iterativo conhecido por método das aproximações
sucessivas.
Exemplo 930 Determine, pelo método das aproximações sucessivas, o ponto fixo da função () =
cos 10 .
Resolução
Neste exemplo, chegámos rapidamente ao valor (aproximado) do ponto fixo. Qual será a razão?
A função () = cos 10 tem domínio R e contradomínio [−1 1]. Podemos considerar a restrição
de ao intervalo [−1 1].
Seja tal restrição. Então, ao considerarmos imagens sucessivas (por ), não saímos do intervalo
[−1 1].
1 1
Calculando a derivada da função , obtemos 0 () = − 10 sin 10 . Ora, | 0 ()| ≤ 10 1.
Embora ultrapasse os nossos objectivos, vamos referir que é uma função Lipschitziana de
1
constante = 10¯ 1 1. ¯
Note-se que ¯− 10 sin 10 ¯ ≤ 10
1
sin 1, pelo que podemos considerar = 10 1
sin 1 = 0 08414 709 848.
O método das aproximações sucessivas pode ser aplicado a qualquer função Lipschitziana de
constante 1, obtendo-se uma sucessão convergente. O limite dessa sucessão é o ponto fixo da
função. Neste caso ( 1), o ponto fixo é único.
A rapidez da convergência é tanto maior quanto mais próximo de zero estiver a constante
(positiva) .
Assim, se em vez de cos 10 , tivermos cos 5 , a convergência não será tão rápida.
Proposição 931 Toda a função contínua de [ ] em [ ] tem, pelo menos, um ponto fixo. É
claro que estamos a supor que .
1235
Prova. Seja uma função contínua de [ ] em [ ]. Consideremos a função real de var-
iável
½ real definida por () = () − . Esta função tem domínio [ ], é contínua e temos
() = () − ≥ 0
, uma vez que () ≥ e () ≤ .
() = () − ≤ 0
Então, () × () ≤ 0. Se () × () = 0, então () = 0 ∨ () = 0 e um dos valores ou
é ponto fixo da função .
Se () × () 0, então, pelo Corolário do Teorema do valor intermédio de Bolzano, existe
um elemento pertencente ao intervalo ] [, tal que () = 0. Então, para tal , temos () = ,
pelo que é ponto fixo da função .
Exemplo 932 Determine, pelo método das aproximações sucessivas, um ponto fixo da função
() = − + arctan + 4, partindo du valor conveniente.
Resolução
1 1
Como 0 () = −− + 1+ 0 0
2 , temos que (0) = − + 1+02 = −1 + 1 = 0.
É natural que, numa vizinhança de zero, a derivada tome valores próximos de zero. Isso pode
ser verificado graficamente:
1.0
0.5
-1 1 2 3 4 5
Resolução
√ √
De 1 = 52 e 1 = 52 3 vem qua a área do triângulo [] é 5 × 52 3 × 12 cm2 , ou seja,
25
√
4 3 cm2 .
A área da região a azul da figura seguinte é a diferença entre a área do triângulo [] e a área
dum semicírculo com 52 cm de raio, uma vez que temos três sectores circulares correspondemtes a
três ângulos ao centro de 60 ◦ .
¡ √ ¢
Então, essa área é 254 3 − 12 × 25
4 cm .
2
¡ √ ¢ ¡ 25 √ ¢
Logo, a área pretendida é 254 3 − 25 25 2
8 + 4 cm , ou seja, 4 3 + 25 2
8 cm .
Outra resolução
Conforme podemos ver na figura seguinte, a área da nódoa é a soma da área do triângulo
equilátero com a área do semicírculo.
¡ √ ¢
Logo, a área pretendida é 254 3 + 25
8 cm .
2
1237
2 cos +
2 cos 2
−
Simetria axial
Definição 933 Consideremos uma reta que passa por e que é perpendicular ao ³vector unitário
→
− −→ →´ −
→
. Então, o simétrico dum ponto , relativamente à reta , é o ponto 1 = − 2 · − .
Observação
Na definição anterior, há dois problemas: a reta tem infinitos pontos, pelo que em vez de ,
podemos ter qualquer outro ponto da reta e há dois vectores unitários perpendiculares à reta (−
→
e
→
−
− ).
Se tivermos −−→
, em vez de −
→ , vem
³−→ ´ ³−→ ´ ³−→ ´
− 2 · (−− → ) (−− ) = + 2 · −
→ →
(−− ) = − 2 · −
→ →
− →
= 1
1239
1240 CAPÍTULO 55. SIMETRIA AXIAL
Então,
³−−→ ´ ³³−−→ −→´ →´ − ³−−→ → −→ − ´
−
− 2 · −
→ = − 2 + · −
→ → = − 2 · − −
+ · → →
³ −→ → − ´ ³−→ → − ´
= − 2 0 + · −
→ = − 2 · −
→ = 1
Exemplo 937 Sejam e duas retas concorrentes que se intersectam no ponto . Então, ◦
é uma rotação em torno do ponto . O ângulo de rotação é o dobro do ângulo formado pelas duas
retas, no sentido de para .
Note-se que ◦ é uma rotação em torno de , mas descrita em sentido contrário à rotação
definida por ◦ , isto é, ◦ é a aplicação inversa de ◦ . Como podemos verificar, temos
Exemplo 938 Sejam e duas retas paralelas. Então, ◦ é a translação associada ao vector
→
− perpendicular às duas retas e , cuja norma é o dobro da distância entre as retas e e que
tem o sentido da reta para a reta .
1242 CAPÍTULO 55. SIMETRIA AXIAL
Proposição 939 Toda a isometria pode decompor-se como aplicação composta dum número de
simetrias axiais que é menor ou igual a 3. Mais, embora essa decomposição não seja única, para
cada isometria, o número de simetrias axiais tem paridade fixa.
Exemplo 940 Consideremos a composição duma simetria axial com um vector não nulo paralelo
ao eixo de simetria, conforme a figura seguinte.
1243
Observações
1. A isometria considerada na figura anterior (reflexão deslizante) não é uma simetria axial, nem
uma rotação, nem uma translação.
2. Não há mais isometrias do plano, para além das quatro já consideradas.
3. A simetria axial e a reflexão deslizante são isometrias negativas, enquanto que a rotação e a
translação são isometrias positivas.
1244 CAPÍTULO 55. SIMETRIA AXIAL
Capítulo 56
Transformações Afins
Definição 941 Transformação afim é uma aplicação do plano em si próprio tal que a imagem dum
segmento de reta é um segmento de reta.
Proposição 942 Seja A uma transformação afim. Então, se , e são pontos colineares, as
imagens A ( ), A () e A () também o são.
Demonstração
A imagem de [ ] é o segmento de reta [A ( ) A ()]. Se pertence a [ ], então A ()
pertence a [A ( ) A ()]. Logo, A ( ), A () e A () são colineares.
Proposição 943 Seja A uma transformação afim. Então, A é uma aplicação injectiva.
Demonstração
Se tivéssemos A ( ) = A (), para dois pontos distintos e , então a imagem de [ ] seria
um único ponto. Então, se e são distintos, A ( ) 6= A (), pelo que A é uma aplicação
injectiva.
56.1 Afinidades
Neste texto, vamos distinguir entre Afinidade e Transformação Afim. Uma afinidade é uma aplicação
dum plano nele próprio que possui uma reta de pontos fixos (eixo da afinidade) e que transforma
segmentos de reta paralelos em segmentos de reta paralelos. Uma afinidade pode ser vista como
uma faixa elástica que é esticada segundo uma direcção, afastando os extremos da faixa. Note que
existe um segmento de recta fixo (ponto a ponto) e que os restantes pontos são deslocados, num
sentido ou noutro, consoante os pontos estejam de um lado ou de outro relativanmente ao segmento
que fica fixo. Esta acção deforma as figuras.
Definição 944 Afinidade de eixo e razão (com 6= 0) é a aplicação dum plano nele mesmo
−−−→ −−→
tal que transforma um dado ponto num ponto 1 , de modo que 1 = × , onde é a
projecção ortogonal do ponto sobre a reta .
Na figura seguinte temos um exemplo de afinidade de razão positiva e outro de razão negativa.
1245
1246 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
e
A1 A
Ae
Ae A e
A1
Observação 1
Se = 1, então a afinidade é a aplicação identidade.
Se = −1, então a afinidade é a simetria em relação ao eixo da afinidade.
Observação 2
Há uma situação muito comum em Matemática que pode ser encarada como uma afinidade:
Consideremos as funções () = cos e () = cos 2 , de domínio R, que são representadas
graficamente do seguinte modo:
-10 -8 -6 -4 -2 -1 2 4 6 8 10
O gráfico de () obtém-se do gráfico de (), por meio duma afinidade de razão 2 e cujo eixo
é o eixo das ordenadas.
Observação 3
Na definição apresentada, considerámos que um ponto não pertencente ao eixo e a respectiva
imagem definem uma reta perpendicular ao eixo, mas podíamos apresentar uma definição em que
essa reta não fosse perpendicular ao eixo.
Observação 4
Há quem considere que afinidade é o mesmo que transformação afim.
Resolução
É claro que estamos a considerar que os pontos e 1 não pertencem ao eixo da afinidade, o
mesmo se passando com os exemplos seguintes. A razão é que há infinitas afinidades (distintas)
que transformam um ponto do eixo nele próprio e não há nenhuma afinidade que transformar um
ponto do eixo noutro que não pertença ao eixo.
Justificação
Para quem conheça o Teorema de Thales, a justificação é muito fácil:
0 1 0 0 1 0 1
= =⇒ =
0 1 0 0 0
Para quem não conheça o Teorema de Thales, tem de usar semelhanças (ou homotetias),
chegando ao mesmo resultado.
Resolução
Basta traçar por 1 uma paralela ao eixo da afinidade e por uma perpendicular a esse eixo,
obtendo-se o ponto 1 .
Resolução
Neste caso, não sabemos se a reta é (ou não) paralela ao eixo da afinidade, pelo que
consideramos um ponto auxiliar , de modo que a reta intersecte o eixo da afinidade nos
limites do desenho. Depois, começamos por encontrar a imagem de e, por fim, determinamos a
imagem de .
56.1. AFINIDADES 1249
Resolução
O ponto é o ponto médio de [], enquanto que 0 é o ponto médio de [0 ]. A construção
é perfeitamente inteligível, pelo que não a vamos descrever.
Esta construção tem vantagens em relação à construção do exemplo anterior, no caso da Geome-
tria Dinâmica, pois, no exemplo anterior, a reta pode ser paralela ao eixo.
Justificação
Os triângulos [0 ] e [0 ] são semelhantes, o mesmo acontecendo com [0 1 ] e
[0 1 ]. Então,
0 0 0 0 1 1
= = ∧ = =
0 0 0 0 1 1
1250 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
Logo,
0 0 0 1 1
= = = =
0 0 0 1 1
Analogamente, os triângulos [0 ] e [] são semelhantes, o mesmo acontecendo com
[0 1 ] e [1 ]. Então,
Consideramos, sobre o eixo , um ponto não pertencente à reta . Depois, determinamos
, o ponto médio de [].
A seguir, determinamos a imagem de e, por fim, a imagem de .
56.1. AFINIDADES 1251
Exercício 951 Mostre que a aplicação composta de duas afinidades pode não ser uma afinidade.
Resolução
Consideremos a afinidade de razão 2 e cujo eixo é o eixo das abcissas e a afinidade de razão
2 e cujo eixo é o eixo das ordenadas. Então, ( ) = ( 2) e ( ) = (2 ).
Logo, ( ◦ ) ( ) = ( ( )) = (2 ) = (2 2).
Então, a aplicação ◦ não é uma afinidade, pois possui um único ponto fixo (que é a origem).
Na realidade, ( ◦ ) ( ) = (2 2) = 2 ( ) é a homotetia de centro (0 0) e razão 2.
Resolução
−−
→
1. O ponto = (2 1) pertence à reta . Ora, = − = (3 4) − (2 1) = (1 3).
1252 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
E, por fim,
−−→
1 = 0 + 3 proj→
−
µ ¶ µ ¶
9 6 14 6 4 21 4 6 14 6 9 21
= − + − + + +3 + − + −
13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13 13
µ ¶
4 6 14 6 9 21
= ( ) + 2 + − + −
13 13 13 13 13 13
µ ¶
21 12 28 12 31 42
= + − + −
13 13 13 13 13 13
∙ 21 12 ¸ ∙ ¸ ∙ 28 ¸
= 13 13 × + − 13
12 31
13 13 − 42
13
Observação
Como veremos, no exercício seguinte, o resultado obtido não depende da escolha do ponto do
eixo nem do vector perpendicular.
Exercício 953 Considere a afinidade de razão 6= 0, cujo eixo é a reta de equação ++ = 0,
com 6= 0 ∨ 6= 0. Determine a imagem do ponto = ( ), por meio da afinidade considerada.
Resolução
Seja = ( ) um ponto pertencente à reta . Então, + + = 0. O vector −
→
= ( ) é
perpendicular à reta .
−→
Seja = ( ) um ponto qualquer do plano. Então, = − = ( − − ).
−→ −
−→ · →−→ ( − − ) · ( )
proj→
− = →
− = ( )
·−→
( ) · ( )
− + −
= ( )
2 + 2
+ +
= ( )
2 + 2
Sejam 1 a imagem de e 0 a intersecção do eixo da afinidade com a reta que lhe é perpen-
dicular e passa por .
Então,
−→ + +
= ( ) −
0 = − proj→
− ( )
2 + 2
E, por fim,
−→
1 = 0 + proj→
−
−→ −→
= − proj→ + proj→
−
−
−→
= + ( − 1) proj→−
+ +
= ( ) + ( − 1) ( )
2 + 2
Note-se que = ( ) e que o resultado não depende nem de nem de . Logo, o resultado
obtido não depende do ponto que se escolha sobre o eixo da afinidade.
Suponhamos que − →
= ( ), com 6= 0.
Então,
1254 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
−→ −
−→ · → −→
proj→
− = →
−
·−→
( − − ) · ( )
= ( )
( ) · ( )
( − − ) · ( )
= ( )
( ) · ( )
2 ( − − ) · ( )
= ( )
2 ( ) · ( )
( − − ) · ( )
= ( )
( ) · ( )
Exemplo 954 Determine a imagem do triângulo [] por meio da afinidade de eixo 0 0 que
transforma em 1 .
Resolução
Exemplo 955 Determine a imagem do hexágono [ ] por meio da afinidade cujo eixo é
a reta a verde e que transforma em 1 .
Resolução
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1255
A reta intersecta o eixo da afinidade num ponto que coincide com a sua imagem. Unindo
esse ponto com 1 , obtemos uma reta que é a imagem da reta . Traçando, por , uma reta
perpendicular ao eixo, obtemos o ponto 1 . Repetindo o processo, obtemos as imagens dos restantes
vértices do hexágono.
Observação
A aplicação que transforma [] em [2 2 2 ] não é uma afinidade, porque as retas 2 ,
2 e 2 não são paralelas, nem é uma semelhança.
Então,
( ◦ ) ( ) = ( + 2 + 3) = ( + 2 2 + 6)
Pontos fixos: Não há, porque ( + 2 2 + 6) = ( ) é uma equação impossível.
Consideremos
√ os pontos = (0 0), = (1 0) e = (0 1). Então, = 1, = 1 e
= 2.
Por outro lado, ( ◦ ) (0 0) = (2 6), ( ◦ ) (1 0) = (3 6) e ( ◦ ) (0 1) = (2 8).
Logo, a distância entre ( ◦ ) (0 0) e ( ◦ ) (1 0) é 1 e a distância entre ( ◦ ) (0 0) e ( ◦ ) (0 1)
é 2.
Representemos a distância entre dois pontos e por ( ).
Então, ( ) = (( ◦ ) () ( ◦ ) ()) = 1 e 1 = ( ) 6= (( ◦ ) () ( ◦ ) ()) =
2, pelo que a aplicação não é uma semelhança.
56.2.1 Reflexão
A Reflexão em relação a um plano também se pode chamar de Simetria em relação a esse plano.
A definição é semelhante à simetria em relação a uma recta, em R2 . Aliás, a definição é a mesma
em R2 , ou em R3 , ou em R4 , ou em R , com um número natural qualquer. A diferença está
no número de coordenadas. A semelhança está no facto de se fazer a simetria em relação a um
hiperplano (plano de dimensão − 1, em R ). Em R2 , um hiperplano é uma recta vulgar e, em R3 ,
um hiperplano é um plano vulgar. Em R4 , um hiperplano é um plano de dimensão 3: translação
dum subespaço de R4 , com dimensão 3).
Definição 958 Consideremos um plano Π que passa por e que é perpendicular ao vector
³−→ unitário
´
−
→
. Então, o simétrico dum ponto , relativamente ao plano Π, é o ponto 1 = − 2 · −
→
− →
.
Observação ³−→ ´
−
Note-se que a expressão 1 = − 2 · −
→ →
é rigorosamente a mesma que aparecia na
definição de simetria em relação a uma recta de R2 .
Da mesma maneira que em R2 , o ponto 1 não depende do ponto escolhido no plano, nem
depende de usarmos − → ou −−→ . E continuamos a ter uma involução.
Vamos representar a simetria em relação ao plano Π, por Π .
Resolução
Suponhamos que utilizamos −−
→ em vez de −
→
. Então, ficamos com
³−→ ´ ³−→ ´ ³ ³−→ ´´
− 2 · (−−
→ ) (−−→
) = + 2 · (−− →
) − →
= + 2 − · −
→
→
−
³−→ ´
= − 2 · − → −→
Exemplo 960 Determine o simétrico do ponto = (1 3 −2), em relação ao plano Π definido por
+ 2 − 4 = 5.
Resolução √
→
− √
Seja = (1 2 −4), cuja norma é 1 + 4 + 16 = 21, um vector perpendicular ao plano Π e
seja = (5 0 0).³ ´ ³√ √ √ ´
Então, −
→
= √121 √221 − √421 = 2121 2 2121 − 4 2121 .
1258 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
Logo,
11 86 8 105
O ponto anterior deve pertencer a Π: 21 + 21 + 21 = 21 = 5. Logo o ponto médio pertence a
Π.
Por outro lado, o segmento definido por e por 1 deve ser perpendicular ao plano Π. Logo,
→
−
deve ser colinear com = (1 2 −4).
Ora,
µ ¶
1 23 38
1 − = Π ( ) − = − (1 3 −2)
21 21 21
µ ¶
20 40 80 20 20 −
→
= − − = − (1 2 −4) = −
21 21 21 21 21
∙ ¸
cos − sin
Note-se que det = cos2 + sin2 = 1.
sin cos
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1259
⎡ ⎤
cos − sin 0 ∙ ¸
cos − sin
Note-se que det ⎣ sin cos 0⎦ = 1 × det =1
sin cos
0 0 1
⎡ ⎤
1 0 0
É claro que det ⎣0 cos − sin ⎦ = cos2 + sin2 = 1
0 sin cos
⎡ ⎤
cos 0 − sin
E det ⎣ 0 1 0 ⎦ = cos2 + sin2 = 1
sin 0 cos
Rotações sucessivas:
•
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤
1 0 0 cos 0 − sin cos − sin 0
4 = ⎣0 cos − sin ⎦ ⎣ 0 1 0 ⎦ ⎣ sin cos 0⎦
0 sin cos sin 0 cos 0 0 1
⎡ ⎤
cos cos − cos sin − sin
= ⎣cos sin − cos sin sin cos cos + sin sin sin − cos sin ⎦
sin sin + cos cos sin cos sin − cos sin sin cos cos
•
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤
cos 0 − sin cos − sin 0 1 0 0
5 = ⎣ 0 1 0 ⎦ ⎣ sin cos 0⎦ ⎣0 cos − sin ⎦
sin 0 cos 0 0 1 0 sin cos
⎡ ⎤
cos cos − sin sin − cos cos sin cos sin sin − cos sin
= ⎣ sin cos cos − cos sin ⎦
cos sin cos sin − cos sin sin cos cos + sin sin sin
•
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤
cos 0 − sin 1 0 0 cos − sin 0
6 = ⎣ 0 1 0 ⎦ ⎣0 cos − sin ⎦ ⎣ sin cos 0⎦
sin 0 cos 0 sin cos 0 0 1
⎡ ⎤
cos cos − sin sin sin − cos sin − cos sin sin − cos sin
= ⎣ cos sin cos cos − sin ⎦
cos sin + cos sin sin cos cos sin − sin sin cos cos
Embora tenham origem em três matrizes relativamente simples, as seis matrizes encontradas
são razoavelmente complexas.
Serão as seis matrizes anteriores, matrizes de rotação em relação a alguma recta? E, em caso
afirmativo, que recta será essa? No entanto, há uma coisa que sabemos: os determinantes das seis
matrizes anteriores são iguais a 1. E, embora não seja nada óbvio, um dos valores próprios é 1.
Então, há sempre um eixo de rotação. Apenas no caso da matriz identidade, há mais do que um
eixo de rotação. Então, a aplicação composta por um número finito de rotações, em relação a rectas
que passem pela origem, é ainda uma rotação, em relação a certa recta que passa pela origem.
Pensemos num ponto do espaço, diferente da origem do referncial. Quando ele sofre uma rotação
em relação a uma recta que passa pela origem, a sua imagem continua à mesma distância da origem
que está o ponto inicial. Então, esses dois pontos (objecto e imagem) têm de pertencer a uma
superfície esférica de centro em e cujo raio é a distância do ponto à origem. Então, o ponto tem
dois graus de liberdade. Suponhamos que temos o ponto e o ponto 0 que pretendemos seja a
imagem do ponto , por meio duma rotação em torno duma recta que passe pela origem. Então, o
ponto e a sua imagem pela rotação anterior têm de pertencer a uma superfície esférica de centro
em e cujo raio seja ( ) = .
Logo, o ponto 0 tem de pertencer a duas superfícies esféricas, pois também tem de pertencer
à superfície de centro 0 e raio ( ) = = 0 0 . A intersecção das duas superfícies esféricas
é uma circunferência, pelo que 0 tem um grau de liberdade. Agora, um terceiro ponto já fica com
a sua imagem definida.
1262 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
Resolução
Neste exemplo, escolhemos os coeficientes das variáveis, de modo que os vectores unitários,
normais aos dois planos, originem cálculos fáceis. Mas, no caso geral, podemos trabalhar com
vectores não unitários. Note-se que a origem pertence aos dois planos.
Sejam 1 = (2 1√2) e 2 = (1 −2 2), vectores pependiculares√ aos dois planos dados. Então,
k1 k = k(2 1 2)k = 4 + 1 + 4 = 3 e k2 k = k(1 −2 2)k =¡ 1 + 4¢ + 4 = 3. ¡ ¢
Logo, podemos considerar os vectores unitários 1 = 23 13 23 e 2 = 13 − 23 23 . Seja =
( ) = ( ), para facilitar a notação.
Então,
µ µ ¶¶ µ ¶
2 1 2 2 1 2
ΩΠ1 ( ) = ( ) − 2 ( − 0 − 0 − 0) ·
3 3 3 3 3 3
µ ¶µ ¶
2 1 2 2 1 2
= ( ) − 2 + +
3 3 3 3 3 3
µ ¶µ ¶
2 1 2 4 2 4
= ( ) − + +
3 3 3 3 3 3
µ ¶
8 4 8 4 2 4 8 4 8
= − − − − − − − − −
9 9 9 9 9 9 9 9 9
µ ¶
1 4 8 4 7 4 8 4 1
= − − − + − − − +
9 9 9 9 9 9 9 9 9
Matricialmente, vem ⎡ ⎤⎡ ⎤
7 4
9 9 − 49
ΩΠ2 ( ) = ⎣ 4 1 8 ⎦ ⎣ ⎦
9 9 9
− 49 8
9
1
9
O determinante da matriz anterior ¡ também é−1. ¢
Mas, substituindo, ( ) por 19 − 49 − 89 − 49 + 79 − 49 − 89 − 49 + 19 , obtemos
⎧ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
⎨ = 79 ¡ 19 − 49 − 89 ¢ + 49 ¡ − 49 + 79 − 49 ¢ − 49 ¡ − 89 − 49 + 19 ¢
= 49 19¡ − 49 − 89 + 1
¢ 9 8−
4 7 4
¡ 9 4 + 9 7 − 9 4 +
8
¢ 9 1−
8 4 1
¡ 9 8 − 9 4 + 9 1 ¢
⎩ 4 1 4 8
= −9 9 − 9 − 9 + 9 −9 + 9 − 9 + 9 −9 − 9 + 9
Com algum trabalho, chegamos a
⎧
⎨ = 23 16 76
81 + 81 − 81
= − 81 − 81 − 28
64 41
81
⎩
= − 44
81 + 68
81 + 1
81
Logo,
µ ¶
23 16 76 64 41 28 44 68 1
(ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = + − − − − − + +
81 81 81 81 81 81 81 81 81
⎡ 23 16 76
⎤⎡ ⎤
81 81 − 81
= ⎣− 64 81 − 41
81 − 28
81
⎦ ⎣ ⎦
− 44
81
68
81
1
81
⎡ 7 4
⎤ ⎡ ⎤ ⎡ 23 ⎤
9 9 − 49 1
9 − 49 − 89 81
16
81 − 76
81
É claro que ⎣ 49 1
9
8 ⎦ ⎣ 4
9 × −9 7
9 − 49 ⎦ = ⎣− 6481 − 41
81 − 28 ⎦
81 , pelo que o determinante
4 8 1 8 4 1 44 68 1
−9 9 9 −9 −9 9 − 81 81 81
desta última matriz é 1.
Vejamos que ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 é uma isometria:
Há duas maneiras de mostrar que ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 é uma isometria. A primeira maneira é partir
da expressão que obtivemos. A segunda maneira é provar que uma reflexão, em relação a um
plano, é uma isometria. É claro que a segunda maneira é aquela que é mais interessante, porque
provamos várias coisas duma só vez, enquanto que a primeira maneira só prova o caso particular
desta aplicação composta. No entanto, vamos usar a primeira maneira, para vermos o imenso
trabalho que temos:
Sejam = ( ) e = ( ). Então,
− = ( ) − ( ) = ( − − − )
Logo, ( ), a distância entre e , é dada por
q
2 2 2
( ) = ( − ) + ( − ) + ( − )
Por outro lado, temos
⎧ ⎡ 23 16
⎤⎡ ⎤
⎪
⎪ 81 81 − 76
81
⎪
⎪
⎪
⎪ (ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = ⎣− 64
81 − 41
81 − 28
81
⎦ ⎣ ⎦
⎨ 44 68 1
⎡−2381 81 81 ⎤ ⎡ ⎤
16
⎪
⎪ 81 81 − 76
81
⎪
⎪ (ΩΠ ◦ ΩΠ ) () = ⎣− 64 ⎦ ⎣ ⎦
⎪
⎪ 81 − 41
81 − 28
81
⎩ 2 1
− 44
81
68
81
1
81
1264 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
Então,
k(ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) − (ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ()k = k − k
Dito de outro modo, ((ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) (ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ()) = ( ), ou seja, ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 é uma
isometria.
Agora, podemos encontrar os pontos fixos de ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 . Como ΩΠ1 fixa (ponto a ponto) o plano
Π1 e ΩΠ2 fixa (ponto a ponto) o plano Π2 , então ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 fixa (ponto a ponto) a recta intersecção
dos dois planos. Haverá mais algum ponto fixo? ⎡ 23 ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
16
81 81 − 76
81
Suponhamos que (ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = ( ). Então, ⎣− 64 81 − 41
81 − 28 ⎦ ⎣ ⎦
81 = ⎣ ⎦,
− 44 68 1
⎡ 23 16 76
⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ 81 81 81
81 − 1 81 − 81 0
donde vem ⎣ − 64 81 − 41
81 − 1 − 28
81
⎦ ⎣ ⎦ = ⎣0⎦.
44 68 1
− 81 81 81 − 1 0
O sistema anterior tem solução e já sabemos que é indeterminado, porque tem infinitas soluções
(os pontos duma recta).
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1265
Por isso,
⎡ 23 basta saber qual é a característica
⎤ ⎡ 58 da16matriz.76 ⎤
16
81 − 1 81 − 76
81 − 81 81 − 81
Ora, ⎣ − 64 81 − 41
81 − 1 − 28
81
⎦ = ⎣− 64 − 122 − 28 ⎦ e esta matriz tem característica maior
81 81 81
− 44
81
68
81
1
81 − 1 − 44
81
68
81 − 80
81
ou igual a 2. Logo, a característica é 2 e o sistema é simplesmente indeterminado. Logo, os pontos
fixos estão todos numa recta. ½
2 + + 2 = 0
É claro que é mais fácil resolver o sistema
− 2 + 2 = 0
½ ½ ½
2 + + 2 = 0 2 (2 − 2) + + 2 = 0 4 − 4 + + 2 = 0
⇐⇒ ⇐⇒
− 2 + 2 = 0 = 2 − 2 = 2 − 2
½ ½ ½
5 − 2 = 0 = 25 = 25
⇐⇒ ⇐⇒ 4 ⇐⇒
= 2 − 2 = 5 − 2 = − 65
¡ ¢ ¡ ¢
Logo, a solução é − 65 25 ¡ , ou seja, ¢ todo o ponto fixo de ¡ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 é¢ da forma − 65 25 .
Se acharmos (ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) − 65 25⎡ , o resultado deve ⎤ ⎡ ser
6
⎤ − 5⎡ 25 ⎤
.
23 16 76 6 6
¡ ¢ 81 81 − 81 − 5 − 5
Ora, (ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) − 65 25 = ⎣− 64 81 − 41
81 − 28
81
⎦ ⎣ 2 ⎦ = ⎣ 2 ⎦
5 5
− 44
81
68
81
1
81
Consideremos, agora, um ponto não pertencente¡à recta anterior, ¢ por exemplo, = (1 2 3). A
0 173 230 95
imagem
⎡ 23 deste ponto por
⎤⎡ ⎤Ω ◦ Ω
Π2 ⎡ Π1 é o
⎤ ponto = − 81 −
81 81 .
16
81 81 − 76
81 1 − 173
81
⎣− 64 − 41 − 28 ⎦ ⎣2⎦ = ⎣− 230 ⎦
81 81 81 81
− 44
81
68
81
1
81
3 95
81
0
Calculemos a distância entre ¡ cada um
¢ dos pontos e e a recta invariante (anterior).
6 2
A recta tem a direcção de − 5 5 1 , ou seja, (6 −2 −5).
Então, uma equação do plano que passa por e é perpendicular à recta é 6 ( − 1) − 2 ( − 2) −
5 ( − 3) = 0, ou seja, 6 − 2 −¡5 + 13 = 0. ¢
Podemos verificar que 0 = − 173 230 95
81 − 81 81 também pertence a esse plano (perpendicular):
µ ¶ µ ¶
173 230 95 346 460 475
6 − −2 − −5× + 13 = − + − + 13
81 81 81 27 81 81
346 15 346 5
= − − + 13 = − − + 13
27 81 27 27
351
= − + 13 = −13 + 13 = 0
27
Falta encontrar o ponto da recta que pertence ao plano (perpendicular):
⎧ ⎧ 36 ⎧
⎨ 6 − 2 − 5 = −13 ⎨ − 5 − 45 − 5 = −13 ⎨ 36 + 4 + 25 = 65
= − 65 ⇐⇒ = − 65 ⇐⇒ = − 65
⎩ 2 ⎩ 2 ⎩
= 5 = 5 = 25
⎧ ⎧ ⎧
⎨ 65 = 65 ⎨ =1 ⎨ = − 65
6 6
⇐⇒ = − 5 ⇐⇒ = − 5 ⇐⇒ = 25
⎩ 2 ⎩ 2 ⎩
= 5 =5 =1
−−→ −−→
= (1 2 3), pelo que a projecção de sobre o vector = (6 −2 −5) é
−−→ (1 2 3) · (6 −2 −5) 6 − 4 − 15
proj = (6 −2 −5) = (6 −2 −5)
(6 −2 −5) · (6 −2 −5) 36 + 4 + 25
µ ¶
1 6 2
= − (6 −2 −5) = − 1
5 5 5
−−→ ¡ ¢
Então, = (0 0 0) + proj = − 65 25 1 .
Então, a¡ distância ¢ entre cada um dos pontos e a recta é igual à distância entre esses pontos e o
ponto = − 65 25 1 .
µ µ ¶¶ ° µ ¶° °µ ¶°
6 2 ° 6 2 ° ° 11 8 10 °
(1 2 3) − 1 = °(1 2 3) − − 1 °
° = °
° ° 5 5 5 °
°
5 5 5 5
1√ 1√
= 121 + 64 + 100 = 285
5 5
Note-se que não é preciso achar a distância entre 0 e o ponto , porque é um ponto fixo e
temos uma isometria.
De qualquer modo, aqui ficam os cálculos:
°µ ¶ µ ¶° °µ ¶° °µ ¶°
° ° ° ° ° °
° − 173 − 230 95 − − 6 2 1 ° = ° − 379 − 1312 14 ° = ° − 379 − 1312 70 °
° 81 81 81 5 5 ° ° 405 405 81 ° ° 405 405 405 °
√
1 3792 + 13122 + 4900
= k(−379 −1312 70)k =
405
√ 405
23 085 1 √
= = 285
405 5
√
Logo a distância entre 0 e o ponto é 15 285.
Então, podemos imaginar que o ponto descreveu um√arco de circunferência contido no plano
perpendicular à recta de pontos fixos e em que o raio é 15 285.
Note-se que há fórmulas que permitem achar a distância entre um ponto e uma recta. Aliás, há
fórmulas que permitem achar a distância entre um ponto e um plano de R , de qualquer dimensão.
Note-se que em R3 , além dos pontos e do espaço todo, só temos "planos"de dimensão 1 (as rectas)
e os "planos"de dimensão 2, a que costumamos chamar planos.Mas, em R4 , além dos pontos e do
espaço todo, temos os planos de dimensão 1 (as rectas), os planos de dimensão 3 (os hiperplanos
de R4 ) e os planos de dimensão 2 (que não são rectas nem hiperplanos).
−→ −−→
Agora, podemos achar o ângulo entre e 0 :
−→ ¡ ¢ ¡ ¢
= − = (1 2 3) − − 65 25 1 = 11 8
5 5 2
−−→0 ¡ ¢ ¡ 6 2 ¢ ¡ 379 1312 14 ¢
= 0 − = − 173 230 95
81 − 81 81 − − 5 5 1 = − 405 − 405 81
Então, µ ¶ µ ¶
−→ −−→0 11 8 379 1312 14 931
· = 2 · − − =−
5 5 405 405 81 135
Logo, µ ¶
\
−→ −−→ − 931 931 25 49
cos 0 = 1
√ 135
1
√ =− × =−
5 285 × 5 285 135 285 81
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1267
−→ −−→ ¡ 49 ¢
Sendo o ângulo entre e 0 , temos cos = − 49 49
81 , pelo que = arccos − 81 = −arccos 81
Logo, ≈ 2 220 484 67 rad.
Recordamos que 1 = (2 1 2) e 2 = (1 −2 2) são vectores pependiculares aos dois planos
dados.
Ora, 1 · 2 = (2 1 2) · (1 −2 2) = 2 − 2 + 4 = 4 e k1 k = 3 = k2 k. q
4 4
√
Então, cos
[ 1 2 = 3×3 = 9 . Chamemos a este ângulo . Então, sin = 1 − 16 1
81 = 9 65.
Logo, cos (2) = cos2 − sin2 = 16 65 49
81 − 81 = − 81 . Logo, o ângulo de rotação é o dobro do
ângulo entre os dois planos.
Note-se que, no caso do produto interno dar negativo, era preciso trocar os sinais a um dos
vectores, porque o ângulo entre dois planos nunca é superior a um ângulo recto.
Se repetirmos o raciocínio com um ponto genérico = ( ), vamos encontrar o mesmo
ângulo, embora com cálculos algo maçadores.
Note-se que há uma maneira muito simples de encontrar a direcção da recta que é a intersecção
dos planos Π1 e Π2 :
Sejam = (2 1 2) e = (1 −2 2), vectores perpendiculares a Π1 e Π2 , respectivamente. Então,
a intersecção dos ¯dois planos Π¯ 1 e Π2 é uma recta cuja direcção é dada pelo produto externo × :
¯1 2 3 ¯
¯ ¯
Ora, × = ¯¯ 2 1 2 ¯¯ = 61 − 22 − 53 = (6 −2 −5).
¯ 1 −2 2 ¯
A equação do plano que passa por e é perpendicular à intersecção de Π1 e Π2 é:
6 ( − ) − 2 ( − ) − 5 ( − ) = 0
⎡ 23 16
⎤ ⎡ ⎤ ⎡ 23 ⎤
81 81 − 76
81 16 76
81 + 81 − 81
A imagem de (por ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) é ⎣− 64 81 − 41
81 − 28
81
⎦ ⎣ ⎦ = ⎣− 64 − 41 − 28 ⎦.
81 81 81
44 68 1
− 81 81 81 − 44 68 1
81 + 81 + 81
0
Vejamos que o ponto pertence ao plano de equação 6 ( − ) − 2 ( − ) − 5 ( − ) = 0:
⎧ ¡ 23 16 76
¢ 116
⎨ 6 81 ¡ 64+ 81 41− 81 28− =¢− 27128 + 32 152
27 − 27
−2 ¡− 81 − 81 − 81 − ¢ = 81 + 81 + 56 244
81
⎩
−5 − 44
81 + 68
81 + 1
81 − = 220
81 − 340
81 + 400
81
⎧ 128
⎨ 81 + 220 116 348
81 − 27 = 81 − 81 = 0
348
32 244 340 96 96
Mas, + 81 − 81 = 81 − 81 = 0 . E 0 + 0 + 0 = 0, pelo que o ponto
⎩ 27152
− 27 + 56
81 + 400
81 = − 456
27 + 456
81 = 0
0 pertence ao plano de equação 6 ( − ) − 2 ( − ) − 5 ( − ) = 0.
Intersecção do plano com a recta:
⎧ ⎧ 36
⎨ 6 − 2 − 5 = 6 − 2 − 5 ⎨ − 5 − 45 − 5 = 6 − 2 − 5
6
= −5 ⇐⇒ = − 65
⎩ 2 ⎩
= 5 = 25
⎧ ⎧
⎨ −36 − 4 − 25 = 30 − 10 − 25 ⎨ −65 = 30 − 10 − 25
= − 65 ⇐⇒ = − 65
⎩ 2 ⎩
= 5 = 25
⎧ ⎧
⎨ 13 = −6 + 2 + 5 ⎨ = 36 12
65 − 65 − 13
6
6 12 4 2
= −5 ⇐⇒ = − 65 + 65 + 13
⎩ 2 ⎩ 6 2 5
= 5 = − 13 + 13 + 13
1268 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
¡ ¢
Seja = 36 12 6 12 4 2 6 2 5
65 − 65 − 13 − 65 + 65 + 13 − 13 + 13 + 13 , o ponto de in-
tersecção da recta com o plano. Então,
µ ¶
−−→ 36 12 6 12 4 2 6 2 5
= ( ) − − − − + + − + +
65 65 13 65 65 13 13 13 13
µ ¶
29 12 6 12 61 2 6 2 8
= + + + − − +
65 65 13 65 65 13 13 13 13
Logo,
°−−→°2 µ ¶2 µ ¶2 µ ¶2
° ° 29 12 6 12 61 2 6 2 8
° ° = + + + + − + − +
65 65 13 65 65 13 13 13 13
29 2 24 12 61 2 4 8 2
= ··· = + + + − +
65 65 13 65 13 13
−−→
Por outro lado, (e trabalhando com matrizes, por causa do espaço), temos para 0 :
⎡ 23 16 76
⎤ ⎡ 36 12 6
⎤ ⎡ 2012 1421 502
⎤
81 + 81 − 81 65 − 65 − 13 5265 − 5265 − 1053
⎣− 64 − 41 − 28 ⎦ − ⎣− 12 + 4 + 2 ⎦ = ⎣− 3188 − 2989 − 526 ⎦
81 81 81 65 65 13 5265 5265 1053
− 44 68 1
81 + 81 + 81
6
− 13 2
+ 13 5
+ 13 722 86 392
1053 − 1053 − 1053
Então,
µ ¶
−−→0 2012 1421 502 3188 2989 526 722 86 392
= − − − − − − −
5265 5265 1053 5265 5265 1053 1053 1053 1053
µ ¶
−−→ 29 12 6 12 61 2 6 2 8
= + + + − − +
65 65 13 65 65 13 13 13 13
−−→ −−→
Logo, · 0 = · · · = − 1421 2
5265 −
392
1755 − 196
351 − 2989 2
5265 + 196
1053 − 392 2
1053
Então,
\
−−→ −−→ − 1421 2 392 196 2989 2 196 392 2
5265 − 1755 − 351 − 5265 + 1053 − 1053
cos 0 = 29 2 24 12 61 2 4 8 2
65 + 65 + 13 + 65 − 13 + 13
− 1421 2 1176 2940 2989 2 980 1960 2
5265 − 5265 − 5265 − 5265 + 5265 − 5265
= 29 2 24 60 61 2 20 40 2
+ + 65 + 65 − 65 + 65
¡ 65 2 65 ¢
65 −1421 − 1176 − 2940 − 29892 + 980 − 19602
=
5265 (292 + 24 + 60 + 612 − 20 + 402 )
−14212 − 1176 − 2940 − 29892 + 980 − 19602
=
81 (292 + 24 + 60 + 612 − 20 + 402 )
¡ ¢
49 292 + 612 + 402 + 24 + 60 − 20 49
= − =−
81 (292 + 24 + 60 + 612 − 20 + 402 ) 81
E obtivemos o mesmo valor que havíamos encontrado no caso dum ponto particular. Então,
todos os pontos "descrevem"arcos com a mesma amplitude.
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1269
56.2.3 Translação
A translação resulta de compor duas reflexões em relação a dois planos paralelos. Vejamos um
exemplo:
Continuemos: ⎧ 1 ¡2 ¢
⎨ −¡3 3 − 13 + 23 + 23 ¢ = 19 − 29 − 29 − 29
2
− 1 + 2 + 2 + 2 = 49 − 29 + 49 + 49
⎩ 32 ¡ 2 3 2 3 1 3 4 ¢3 4 4 2 10
3 3 + 3 − 3 − 3 + 2 = 9 + 9 − 9 + 9
¡ ¢ →
−
Então, temos uma translação associada ao vector 87 47 − 127 , vector este que é colinear com
e com (2 1 −3). Então, a translação faz-se perpendicularmente aos dois planos.
Passemos à terceira reflexão:
à Ã√ √ √ !!
14 14 3 14 →
−
ΩΠ3 ( ) = ( ) − 2 ( + 1 ) · −
7 14 14
à √ √ √ √ !
14 14 14 3 14 − →
= ( ) − 2 + + −
7 7 14 14
à √ √ √ √ ! Ã√ √ √ !
2 14 2 14 14 3 14 14 14 3 14
= ( ) − + + − −
7 7 7 7 7 14 14
µ ¶
4 2 6 4 2 1 3 2 9 3 6 6
= ( ) − + − + + − + − − −
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
µ ¶
3 2 6 4 2 6 3 2 6 3 2 6
= − + − − + + − + − +
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
Então,
µ ¶
8 4 12
(ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = ΩΠ3 + + − = ··· =
7 7 7
µ ¶
3 2 6 12 2 6 3 6 6 3 2 18
= − + − − + + − + − +
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
¡ 12 6 18 ¢
Em particular, temos (ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) (0 0 0) = − 7 − 7 ¡ 7 ¢ ¡ 6 3 9¢
O ponto médio do segmento de recta definido por (0 0 0) ¡e − 12 6 18
7 − 7¢ 7 é −7 −7 7 .
A equação do plano paralelo aos anteriores que passa por − 67 − 37 97 é
µ ¶ µ ¶ µ ¶
6 3 9
2 + + + −3 − = 0 ⇐⇒ 2 + − 3 + 6 = 0
7 7 7
Podemos usar o ponto (0 0 2):
à Ã√ √ √ !!
14 14 3 14 →
−
ΩΠ ( ) = ( ) − 2 ( − 2) · −
7 14 14
µ ¶ Ã√ √ √ !
2√ 1√ 3√ 6√ 14 14 3 14
= ( ) − 14 + 14 − 14 + 14 −
7 7 7 7 7 14 14
µ ¶
4 2 6 12 2 1 3 6 6 3 9 18
= ( ) − + − + + − + − − + −
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
µ ¶
3 2 6 12 2 6 3 6 6 3 2 18
= − + − − + + − + − +
7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7
= (ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( )
E se tivermos os dois primeiros planos paralelos e o terceiro não paralelo a esses dois?
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1273
Exemplo 964 Considere dois planos paralelos (Π1 e Π2 ) e um terceiro plano (Π3 ) não paralelo
aos dois anteriores. Determine (ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ).
Resolução
⎧
⎨ Π1 : ( − ) + ( − ) + ( − ) = 0
Π2 : ( − ) + ( − ) + ( − ) = 0
⎩
Π3 : 1 ( − ) + 1 ( − ) + 1 ( − ) = 0
Então,
à !
= ΩΠ2 ( ) − 2 proj (( ) − ( ))
−
→
1
= ( ) − 2 proj (( ) − ( ))
−
→
1
à !
−2 proj ( ) − 2 proj (( ) − ( )) − ( )
−
→ −
→
2 1
= ( ) − 2 proj (( ) − ( ))
→
−
à !
−2 proj ( ) − ( ) − 2 proj (( ) − ( ))
→
− →
−
= ( ) − 2 proj (( ) − ( ))
→
−
à !
−2 proj (( ) − ( )) + 4 proj proj (( ) − ( ))
→
− →
− →
−
= ( ) − 2 proj ( − − − )
→
−
−2 proj ( − − − ) + 4 proj ( − − − )
→
− →
−
= ( ) + 2 proj ( − − − ) − 2 proj ( − − − )
→
− →
−
à !
= ( ) + 2 proj ( − − − ) − proj ( − − − )
→
− →
−
à !
= ( ) + 2 proj (( − − − ) − ( − − − ))
→
−
= ( ) + 2 proj ( − − − )
→
−
Logo,
(ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = ( ) + 2 proj ( − − − )
→
−
Agora, vem
Então,
→ →
− −
O caso mais interessante é quando 3 e são perpendiculares. Nesse caso, teremos:
Logo, temos uma reflexão em relação a um plano seguida duma translação associada a um vector
paralelo ao plano que serve de "espelho".
Comecemos por ΩΠ3 ( ), uma vez que já conhecemos (ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ):
Mas, ⎧ ¡ ¢ 2¡ ¢ 1¡ ¢ 4
2
⎨ 3 ¡+ 43 − ¢
4
3 ¡+ 3 + ¢
8
3 ¡− 3 +
2 2 1 4
¢ 3 8= 3 2 − 3 1 + 3 2 + 9 4
2 4 1 4 2 8
− + ¢3 − ¡3 + ¢3 + ¡3 − ¢3 + 3 = 3 − 3 − 3 − 9
⎩ 1 ¡3 4 2 4 2 8 4 1 2 2 16
3 + 3 + 3 + 3 + 3 − 3 − 3 = 3 + 3 + 3 − 9
Então,
µ ¶
2 2 1 4 2 1 2 4 1 2 2 16
(ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = − + + − − + − + + −
3 3 3 9 3 3 3 9 3 3 3 9
É claro que tudo seria mais fácil se pretendêssemos definir ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ◦ ΩΠ3 :
( ) = (ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ◦ ΩΠ3 ) ( ) = (ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) (ΩΠ3 ( ))
µ ¶
4 4 8
= ΩΠ3 ( ) + −
3 3 3
µ ¶ µ ¶
2 2 1 4 2 1 2 8 1 2 2 4 4 4 8
= − + + − − + + + + − + −
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
µ ¶
2 2 1 8 2 1 2 1 2 2
= − + + − − + + 4 + + − 4
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
ΩΠ1 ( ) = ⎣− 13 2
3
2 ⎦⎣ ⎦
3 + ⎣ 23 ⎦ = ⎣ 32 − 13 + 23 + 23 ⎦
2 2 1
3 3 −3 − 43 2 2 1
3 + 3 − 3 − 3
4
⎡ 2
⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
3 − 13 2
3
2
3 −
1
3 + 23 + 23 2 + 43
⎣− 1 2 2 ⎦ ⎣2 1
+ 23 + 23 ⎦ + ⎣ 2 ⎦ = ⎣ + 43 ⎦
(ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = 3 3 3 3 − 3
2 2
3 3 − 13 2
3 +
2
3 − 13 − 43 −4 − 83
⎡ 2
⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
3 − 23 31 + 43 2
3
(ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = ⎣− 2
− 3 3 ⎦ ⎣ + 3 ⎦ + ⎣ 23 ⎦
1 2 4
3
1 2 2
− 83 − 43
⎡ 32 3
2
3
1 2
⎤ ⎡ 2 2 1
⎤ ⎡ ⎤
3 − 3 + 3 − 9 3 − 3 + 3 − 29
= ⎣− 2 − 1 + 2 − 22 ⎦ = ⎣− 2 − 1 + 2 ⎦ + ⎣− 22 ⎦
3 3 3 9 3 3 3 9
1 2 2 16 1 2 2
3 + 3 + 3 − 9 3 + 3 + 3 − 16
9
Observação
No caso de termos uma aplicação composta de várias reflexões, das quais já sabemos as suas
expressões em função das coordenadas do "ponto"a transformar, podemos achar a aplicação com-
posta dessas reflexões, em duas partes. A parte linear corresponde ao produto das matrizes que
definem as reflexões, enquanto que a parte não linear pode ser encontrada pelas sucessivas imagens,
partindo de (0 0 0).
No caso de ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 (acabado de tratar), podemos proceder do seguinte modo:
⎡ 2 ⎤⎡ 2 ⎤2 ⎡ 2 ⎤⎡ ⎤ ⎡ 2 ⎤
3 − 23 31 3 − 13 2
3 3 − 23 31 1 0 0 3 − 23 31
⎣− 2 − 1 2 ⎦ ⎣− 1 2 2 ⎦
= ⎣− 23 − 13 32 ⎦ ⎣0 1 0⎦ = ⎣− 23 − 13 32 ⎦
3 3 3 3 3 3
1 2 2 2 2 1 1 2 2 1 2 2
−3 0 0 1
3 3 3 3 3 ⎡ 2 3 2 31 ⎤ ⎡3 ⎤ ⎡ 2 2 1
3⎤ 3 3
3 −3 3 3 − 3 + 3
Então, a parte linear é dada por ⎣− 23 − 13 32 ⎦ ⎣ ⎦ = ⎣ 23 − 13 − 23 ⎦
1 2 2 1 2 2
3 3 3
3 + 3 + 3
Para a parte não linear:
1278 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
⎡ 2
⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
3 − 13 2
3 0 2
3
2
3
1. ΩΠ1 (0 0 0) = ⎣− 1 2 2 ⎦⎣ ⎦
0 + ⎣ 2 ⎦ = ⎣ 2 ⎦
3 3 3 3 3
2 2
3 3 − 13 0 − 43 − 43
⎡ 2
⎤⎡ ⎤
⎤ ⎡ 4 ⎤ ⎡
¡2 ¢ 3 − 13 2
3
2
3 2 3
2. (ΩΠ2 ) 3 23 − 3 =
4 ⎣− 1 2 2 ⎦⎣ 2 ⎦
+ ⎣ 2 ⎦ = ⎣ 43 ⎦
3 3 3 3
2 2
3 3 − 13 − 43 −4 − 83
⎡ 2 ⎤⎡ 4 ⎤ ⎡ 2 ⎤ ⎡ 2 ⎤
¡4 4 8¢ 3 − 23 13 3 3 −9
3. (ΩΠ3 ) 3 3 − 3 = ⎣− 23 − 13 23 ⎦ ⎣ 43 ⎦ + ⎣ 23 ⎦ = ⎣− 22 9
⎦
1 2 2 8 4 16
3 3 3 − 3 − 3 − 9
⎡2 2 1
⎤ ⎡ ⎤
3 − 3 + 3 − 29
Logo, (ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = ⎣ 23 − 13 − 23 ⎦ + ⎣− 229
⎦
1 2 2 16
3 + 3 + 3 −9
Exemplo 966 Consideremos os planos Π1 , Π2 e Π3 , definidos por Π1 : + − 2 = 2, Π2 :
− 2 − = 6 e Π3 : + − = 4. Determine a imagem do ponto por meio de ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 .
Resolução
1.
( − 2 ) · (1 1 −2)
ΩΠ1 ( ) = ( ) − 2 (1 1 −2)
(1 1 −2) · (1 1 −2)
( − 2 + − 2)
= ( ) − 2 (1 1 −2)
1+1+4
µ ¶
2 1 2 2 1 2 2 2 2 2 1 4
= − + + − + + + + − −
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
2.
( − 6 ) · (1 −2 −1)
ΩΠ2 ( ) = ( ) − 2 (1 −2 −1)
(1 −2 −1) · (1 −2 −1)
2 ( − 6 − 2 − )
= ( ) − (1 −2 −1)
1+4+1
µ ¶
2 2 1 2 1 2 1 2 2
= + + + 2 − − − 4 − + − 2
3 3 3 3 3 3 3 3 3
3.
( − 4 ) · (1 1 1)
ΩΠ3 ( ) = ( ) − 2 (1 1 1)
(1 1 1) · (1 1 1)
2 ( − 4 + + )
= ( ) − (1 1 1)
µ 3 ¶
1 2 2 8 2 1 2 8 2 2 1 8
= − − + − + − + − − + +
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1279
Matricialmente, temos
⎡ 2
⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡2 ⎤
3 − 13 2
3 2
3 3 −
1
3 + 23 + 23
⎣− 1 2 2 ⎦⎣ ⎦
⎣ 2 ⎦ ⎣2 − 1
+ 23 + 23 ⎦
1. ΩΠ1 ( ) = 3 3 3 + 3 = 3 3
2 2
3 3 − 13 − 43 2
3 +
2
3 − 13 − 43
⎡2 2 1
⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡2 2 1
⎤
3 3 3 2 3 + 3 + 3 + 2
2. ΩΠ2 ( ) = ⎣2 − 13 − 23 ⎦ ⎣ ⎦ + ⎣−4⎦ = ⎣ 23 − 13 − 23 − 4⎦
3
1
3 − 23 2
3 −2 1 2 2
3 − 3 + 3 − 2
⎡ 1
⎤ ⎡ ⎤ ⎡8⎤ ⎡1 ⎤
3 − 23 − 23 3
2 2
3 − 3 − 3 + 3
8
3. ΩΠ3 ( ) = ⎣− 2 1
− 23 ⎦ ⎣ ⎦ + ⎣ 83 ⎦ = ⎣ 31 − 23 − 23 + 83 ⎦
3 3
− 23 − 23 1
3
8
3
1 2 2
3 − 3 − 3 + 3
8
6. Então,
⎡ 14 22 7
⎤ ⎡ 202 ⎤
− 27 + 27 + 27 27
(ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = ⎣− 23
27 −
14
27 − 2 ⎦
27 +⎣ 58
27
⎦
2 7 26 52
− 27 + 27 − 27 27
Cálculo directo:
1. ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡2 ⎤
2
3 − 13 2
3 2
3 3 −
1
3 + 23 + 23
⎣− 1 2 2 ⎦⎣ ⎦
⎣ 2 ⎦ ⎣2 − 1
+ 23 + 23 ⎦
ΩΠ1 ( ) = 3 3 3 + 3 = 3 3
2 2
3 3 − 13 − 43 2
3 +
2
3 − 13 − 43
1280 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
2.
⎡2 2 1
⎤⎡ 2 1
⎤ ⎡ ⎤
3 3 3 3 − 3 + 23 + 23 2
⎣2 − 13 −3 2⎦ ⎣2 1
+ 23 + 23 ⎦ + ⎣−4⎦
(ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = 3 3 − 3
1
− 23 2 2
3 +
2
3 − 13 − 43 −2
⎡ 34 3
⎤
9 + 49 + 9 + 22
7
9
= ⎣1 − 89 + 49 − 26 ⎦
9 9
8
9 − 19 4
− 9 − 9 28
3.
⎡ 1
⎤⎡ ⎤ ⎡8⎤
3 − 23 − 23 4 4
9 + 9 + 79 + 22
9 3
(ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = ⎣− 2 1
− 3 ⎦ ⎣ 9 − 89
2 1
+ 49 − 26 ⎦
+ ⎣ 83 ⎦
3 3 9
2 2 1 8 1
− −3 9 − 9 − 49 − 28 8
⎡ 314 3
⎤ 9 3
− 27 + 22 7 202
27 + 27 + 27
= ⎣ − 23 − 14 − 2 + 58 ⎦
27 27 27 27
2 7
− 27 + 27 − 26 52
27 + 27
• Qual o simétrico dum ponto , relativamente a um ponto arbitrário? Basta imaginar que
a imagem fica na recta , à mesma distância, mas para o lado "contrário". Ou seja, basta
−−→
somarmos a o simétrico de .
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1281
−−→
S( ) ( ) = ( ) + = ( ) + ( − − − )
Dito de outro modo, a imagem de é o ponto tal que é o ponto médio de [ ].
Há uma maneira alternativa, para encontrar a imagem de :
Faz-se uma translação do segmento [ ], de modo que a imagem de fique na origem, acha-se
o simétrico de 0 (a imagem de , pela transalação) e desfazemos a translação.
Simbolicamente, temos:
1. ( ) −→ ( ) − ( ) = ( − − − )
2. ( − − − ) −→ (− + − + − + )
3. (− + − + − + ) −→ (− + − + − + ) + ( )
Logo, ( ) −→ (2 − 2 − 2 − )
Mas, ⎧ ¡ 3 ¢ ¡4 ¢ 1
14
⎨ 15 −¡ 5 + 45 − ¢
2 3
15 5¡ + 5 +
2 2 1
¢ 3 2 = − 32 + 31 + 32
2 3 4 11 4 3
− − + + 5 +¢ 5 + 3 = 3 + 3 + 3
⎩ 1 ¡15 3 5 4 ¢5 2 ¡ 15 4 3 2 1 2 2
3 −5 + 5 + 3 5 + 5 − 3 = 3 + 3 − 3
Logo,
µ ¶
2 2 1 2 1 2 1 2 2
(ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ) = − + + + + + −
3 3 3 3 3 3 3 3 3
− + 2 ( − ) + − = 0
Intersecção do plano anterior com a recta cujos pontos são da forma ( 2 ):
⎧ ⎧
⎪
⎪ − + 2 − 2 + − = 0 ⎪
⎪ − + 4 − 2 + − = 0
⎨ ⎨
= =
⇐⇒
⎪
⎪ = 2 ⎪
⎪ = 2
⎩ ⎩
= =
⎧ ⎧
⎪
⎪ 6 = + 2 + ⎪
⎪ = 6 + 3 + 6
⎨ ⎨
= = 6 + 3 + 6
⇐⇒
⎪
⎪ = 2 ⎪
⎪ = 3 + 23 + 3
⎩ ⎩
= = 6 + 3 + 6
¡ ¢
Então, o ponto de intersecção é = 6 + 3 + 6 3 + 23 + 3 6 + 3 + 6
Então,
µ ¶
−→ 2
= − = + + + + + + − ( )
6 3 6 3 3 3 6 3 6
µ ¶
5 1 1 1 1 1 1 1 5
= − + + − + + −
6 3 6 3 3 3 6 3 6
Agora, vem
µ ¶
−−→ −−→ 1 1 1 1 2 1 1 1 1
− proj = ( ) − + + + + + +
6 3 6 3 3 3 6 3 6
µ ¶
5 1 1 1 1 1 1 1 5
= − − − − − − +
6 3 6 3 3 3 6 3 6
−−→ −−→
Este vector = − proj é perpendicular à recta e é definido por um ponto da recta e por
. Então, basta fazer − 2, para obtermos o simétrico de em relação à recta.
Então,
µ ¶
5 1 1 1 1 1 1 1 5
0 = ( ) − 2 − − − − − − +
6 3 6 3 3 3 6 3 6
µ ¶
2 2 1 2 1 2 1 2 2
= − + + + + + −
3 3 3 3 3 3 3 3 3
56.2.8 Parafusos
No caso de R3 , há isometrias que não aparecem em R3 . Um desses casos corresponde ao movimento
dum parafuso: quando rodamos um parafuso no sentido horário e fazemos uma pressão suficiente,
o parafuso penetra na madeira (por exemplo). Ou seja, roda e avança simultaneamente. E isso é
feito de forma contínua. No entanto, se analisarmos a posição inicial e a posição final, temos uma
rotação em torno dum eixo, seguida duma translação ao longo do mesmo eixo. Ou a translação
seguida da rotação.
A matriz correspondente é simples, quando o eixo de rotação é um dos eixos do referencial (ou
é estritamente paralelo a um desses eixos).
Então, obtivemos os valores iniciais para e , enquanto que o valor de foi incrementado de
2, passando de para +2. No caso dum parafuso real, há alguns problemas com o sinal de e
com o sinal do ângulo de rotação. Podemos pensar nos dois movimentos: aparafusar e desaparafusar.
No entanto, esses dois movimentos estão ligados, a menos que se fabriquem parafusos de dois tipos,
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1285
quanto à maneira como rodam e avançam. Assim, quando rodamos a nossa mão direita no sentido
anti-horário, o parafuso roda e avança.
O valor 2, da maneira como foi definida a matriz, tem o nome de "passo". Talvez seja
mais rigoroso dizer que o passo é |2|, pois na Matemática não ficamos "amarrados"a situações
concretas e damos uma definição geral, pelo que é um parâmetro real.
• Exemplo 1
E se fizermos a rotação
⎡ em torno de ⎤Oz,⎡ seguida
⎤ ⎡ da reflexão? ⎤
cos − sin 0 cos − sin
Ora, ( ) = ⎣ sin cos 0⎦ ⎣ ⎦ = ⎣ cos + sin ⎦
0 0 1
E Ω ( ) = ( cos − sin cos + sin ) = ( cos − sin cos + sin −)
Logo, o resultado é o mesmo, independentemente da ordem (as duas aplicações comutam).
1286 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
• Exemplo 2
Reflexão em relação ao plano xOz seguida duma rotação em relação ao eixo Oy:
Reflexão: Ω ( ) = ( − )
Rotação de ( − ), em torno de Oy:
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
cos 0 − sin cos − sin
⎣ 0 1 0 ⎦ ⎣− ⎦ = ⎣ − ⎦
sin 0 cos cos + sin
• Exemplo 3
Reflexão em relação ao plano yOz seguida duma rotação em relação ao eixo Ox:
Reflexão: Ω ( ) = (− )
Rotação de (− ), em torno de Ox:
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 − −
⎣0 cos − sin ⎦ ⎣ ⎦ = ⎣ cos − sin ⎦
0 sin cos cos + sin
Observação
É claro que, no caso geral, podemos ter qualquer plano domo "espelho"e qualquer recta como
eixo de rotação.
56.2.10 Homotetias
Consideremos a aplicação definida por H(000) ( ) = ( ) = ( ) ( ∈ R 6= 0).
O parâmetro real recebe o nome de razão da homotetia. Se = ±1, temos uma isometria. Se
|| 1, temos uma dilatação (ou ampliação) e se 0 || 1, temos uma redução. As homotetias
mantêm a forma dos objectos (logo, mantêm os ângulos).
Como designar uma homotetia?
Para não complicar muito, vamos escrever H() , quando o centro é a origem (ou seja, quando
o centro é (0 0 0)). Se o centro for e a razão , escrevemos H() .
Homotetia de centro distinto da origem:
Como definimos H() ( )? Da maneira natural: por meio duma translação, trazemos o
centro da homotetia para a origem, multiplicamos as coordenada por (a razão) e desfazemos a
translação. Representando a translação por T , temos que
¡ ¢ ¡ ¢
H() ( ) = T ◦ H() ◦ T− ( ) = T ◦ H() (T− ( ))
¡ ¢
= T ◦ H() ( − − − )
¡ ¢
= T H() ( − − − )
= T ( ( − ) ( − ) ( − ))
= T ( − − − )
= ( − − − ) + ( )
= ( ) + ( − − − )
= ( ) + ((1 − ) (1 − ) (1 − ) )
= ( ) + (1 − ) ( )
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1287
−
−−→ −−−→
Então, os ângulos têm o mesmo coseno. Mas, se 0, os vectores 0 0 e 0 0 são directamente
b e se 0, os vectores
c0 0 = ; −−0−→0 −−0−→0
paralelos, pelo que 0 e são inversamente paralelos,
c0 0 = .
pelo que 0 b
Observação
Em R2 , uma homotetia de razão negativa é uma semelhança positiva (ou directa). No entanto,
em R3 , uma homotetia de razão negativa é uma semelhança negativa (ou inversa). Isso tem a ver
com o facto duma matriz escalar , com 6= 0, ter determinante positivo em R2 e ter determinante
positivo ou negativo em R3 . Por isso, uma homotetia de razão negativa volta a ser uma semelhança
directa em R4 , em R6 ,etc...
56.2.11 Semelhanças
Uma semelhança é uma aplicação composta dum número finito de isometrias e homotetias, pelo
que as semelhanças mantêm a forma dos objectos.
As semelhanças podem ser positivas ou negativas, consoante o número de refexões que aparecem.
Se esse número é par, a semelhança é positiva, se for ímpar, a semelhança é negativa.
Então,
−−−→
0 0 = ( ) − ( ) = ( + ) − ( + )
= ( − − + − − )
= ( − + ( − ) − − )
−−−→ −−→
Se = , então 0 0 = , pelo que preserva as distâncias entre dois pontos com a
mesma cota.
Se 6= , só em casos especiais é que preserva as distâncias.
Vejamos um exemplo, com = 2. Sejam = (1 2 3) e = (3 4 ). Então,
½
2 () = 2 (1 2 3) = (1 + 2 × 3 2 3) = (7 2 3)
2 () = 2 (3 4 ) = (3 + 2 4 )
Logo, 2 () − 2 () = (3 + 2 4 ) − (7 2 3) = (2 − 4 2 − 3)
Então, k2 () − 2 ()k2 = (2 − 4)2 + 4 + ( − 3)2 = 5 2 − 22 + 29
Mas, − = (3 4 ) − (1 2 3) = (2 2 − 3)
Logo, os dois vectores têm a mesma norma se e só se 2 − 4 = ±2, ou seja se = 1 ou = 3.
Verificação:
Se = 3, = (1 2 3) e = (3 4 3). Então, 2 () = (7 2 3) e 2 () = (9 4 3).
Logo, − = (3 4 3) − (1 2 3) = (2 2 0) e 2 () − 2 () = (9 4 3) − (7 2 3) = (2 2 0),
obtendo-se o mesmo vector, pelo que as normas são iguais.
Se = 1, então = (1 2 3) e = (3 4 1), pelo que − = (3 4 1) − (1 2 3) = (2 2 −2)
E 2 () = (7 2 3) e 2 () = (5 4 1), pelo que 2 ()−2 () = (5 4 1)−(7 2 3) = (−2 2 −2)
Neste caso, os vectores são diferentes, mas a sua norma é igual.
Neste primeiro exemplo, o cisalhamento depende exclusivamente de .
Segundo exemplo
Seja ( ) = ( ) + ( 0 0) = ( + ), com ∈ R.
Matricialmente, temos
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 + 1
( ) = ⎣0 1 0⎦ ⎣ ⎦ = ⎣ ⎦ = ⎣ ⎦ + ⎣0⎦
0 0 1 0
Pontos fixos: qualquer ponto da forma ( 0 ).
Note-se que todos os pontos sofrem uma translação segundo a direcção (1 0 0), só que essa
translação não é a mesma, pois depende de . No entanto, pontos com a mesma ordenada sofrem
a mesma translação. Repare-se que estes dois primeiros exemplos fixam a ordenada e a cota.
Terceiro exemplo ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 + +
E se tivermos ( ) = ⎣0 1 0 ⎦ ⎣ ⎦ = ⎣ ⎦
0 0 1
Neste caso, temos uma situação análoga às anteriores, mas a translação depende quer da abcissa
quer da cota. ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤
1 0 1 0 1 1 0 1 0
Repare-se que ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0 ⎦ = ⎣0 1 0 ⎦ = ⎣0 1 0 ⎦ ⎣0 1 0⎦, não importando
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
qual a ordem das duas aplicações.
1290 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
⎡ ⎤⎡ ⎤
1
Então, ⎣0 1 0 ⎦ ⎣ ⎦ é uma aplicação composta de dois cisalhamentos
0 0 1
Pontos fixos:
+ + = ⇐⇒ + = 0
Como só interessa considerar o caso em que os dois parâmetros são diferentes de zero (para não
cairmos num dos casos anteriores), temos um plano de pontos fixos. O plano pode ser definido por
= − , o que corresponde a uma recta, no plano . No caso geral, dá um plano, pois pode
ser qualquer. ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 1 2 + + 2
Façamos = 1 e = 2. Então, obtemos ( ) = ⎣0 1 0⎦ ⎣ ⎦ = ⎣ ⎦
0 0 1
Pontos fixos:
Logo, qualquer ponto da forma ( −2 ) mantém-se inalterado, quando se aplica a transfor-
mação.
Calculemos (1 0 0), (0 1 0) e (0 0 1):
⎧
⎨ (1 0 0) = (1 0 0)
(0 1 0) = (1 1 0)
⎩
(0 0 1) = (2 0 1)
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 1 2 0 5
(0 2) = ⎣0 1 0⎦ ⎣ ⎦ = ⎣ ⎦
0 0 1 2 2
Consideremos os pontos do plano +2 = , com 6= 0. Este é uma plano estritamente paralelo
ao plano de pontos fixos.
Seja = ( − 2 ) e calculemos ( − 2 ). Ora,
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 1 2 +
( − 2 ) = ⎣0 1 0⎦ ⎣ − 2 ⎦ = ⎣ − 2 ⎦ = ⎣ − 2 ⎦ + ⎣0⎦
0 0 1 0
Qual a conclusão? Todos os pontos desse plano são transformados em pontos com a mesma
ordenada e a mesma cota, enquanto a abcissa é aumentada de uma constante. Ou seja, todos esses
pontos sofrem uma translação associada ao vector ( 0 0). É claro que passando para outro plano
estritamente paralelo aos dois anteriores, teremos uma nova translação, uma vez que o valor de
será diferente.
Por este exemplo, vemos a importância de sabermos quais os pontos fixos duma aplicação linear.
Observação
O produto de duas matrizes do tipo da matriz anterior ainda é uma matriz do mesmo tipo:
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤
1 1 1 + + 1 1
⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ = ⎣0 1 0 ⎦ = ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1291
Observe-se que estas duas matrizes (do cisalhamento) comutam, pelo que podemos efectuar a
composição destes dois cisalhamentos por qualquer ordem.
No entanto, este cisalhamento já não é feito segundo a direcção Oy nem segundo a direcção Ox.
Isto,⎡ se tivermos
⎤ ⎡ 6= 0 ∧ ⎤
6= ⎡
0. ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0
⎣0 1 ⎦ ⎣ 1 0⎦ = ⎣ 1 ⎦ = ⎣ 1 0⎦ ⎣0 1 ⎦
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
Pontos fixos:
1292 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
0
⎣ ⎦ + ⎣ + ⎦ = ⎣ ⎦ ⇐⇒ + = 0 (equação dum plano)
0
Suponhamos que temos um plano estritamente paralelo ao plano anterior, por exemplo, o plano
definido por + = , com 6= 0.
Então, = −
, pelo que temos
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 0
⎣ 1 ⎦ ⎣ ⎦ = ⎣ + ⎦ = ⎣ ⎦ + ⎣⎦
0 0 1 − − − 0
Então, todos os pontos do plano + = sofrem a mesma translação. É claro que para
outro valor de , a translação já é diferente.
Observação
O produto de duas matrizes do tipo da matriz anterior ainda é uma matriz do mesmo tipo:
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0
⎣ 1 ⎦ ⎣ 1 ⎦ = ⎣ + 1 + ⎦ = ⎣ 1 ⎦ ⎣ 1 ⎦
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
Logo,
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 p
p
⎣ 0 1 0⎦ ⎣ 1 2 + 2 − ⎦ = ⎢ 1
⎣ p
2
+ 2 − ⎥
⎦
1 + +2 2
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
p 0
⎢ 1 2 + 2 − ⎥ ⎣ 0 ⎦
= ⎣ p ⎦= p
2 2 2
+ + 2 +
p
Então, o factor de cisalhamento é 2 + 2 . Vamos convencionar que o factor de cisalhamento
é sempre positivo.
Voltemos ao caso de R2
Seja ( ) = ( + ). Como a ordenada fica inalterada, o cisalhamento faz-se segundo a
direcção horizontal.
Ora (0 1) = (1 1) e (0 2) = (2 2)
B B'
A'
A
x
O 1 2
Este exemplo não é muito interessante, porque a recta de equação = divide o primeiro
quadrante em dois ângulos de 45 ◦ .
Vejamos um segundo
¡ exemplo,
√ ¢ sem essa ambiguidade
¡√ ¢(aparente). ¡ √ ¢
Seja ( ) = + 3 . Então, (0 1) = 3 1 e (0 2) = 2 3 2 .
¡ √ ¢
Logo, ( ) = ( ) + 3 0 , o que significa que, quando a ordenada (do objecto) aumenta
√ √ √
uma unidade, a abcissa (da imagem) aumenta 3. Então a taxa de aumento é de 13 = 3. Se
√
observarmos a figura seguinte, vemos que, para e 0 , a diferença entre as abcissas é 3, enquanto
√ −→
que, para e 0 , a diferença entre as abcissas é 2 3. No entanto, o ângulo entre os vectores e
−−→0 −−→ −−→0
é o mesmo que o ângulo entre e . Note-se que o factor de cisalhamento tem a ver com
o "desvio"sofrido pelas rectas verticais (no caso da figura seguinte), ou pelas rectas horizontais, no
caso do cisalhamento vertical. Note-se que, se tivermos uma recta horizontal, a sua imagem é a
própria recta, pelo que não tivemos nenhuma mudança de direcção. Se tivermos uma recta oblíqua,
a imagem dessa recta sofre uma mudança de direcção, mas esse "desvio"é inferior ao "desvio"sofrido
por uma recta perpendicular à recta de pontos fixos.
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1295
B'
B
A A'
x
1 3 2 3
√ √ √ −→
Relativamente à figura anterior, temos tan = 13 = 2 2 3 = 3, onde é o ângulo entre e
−−→0
. Neste caso, o ângulo é "descrito"no sentido negativo, mas há casos em que o ângulo é descrito
no sentido positivo (basta considerar o caso simétrico do anterior, em relação ao eixo das abcissas).
Então, estamos a obter resultados com os sinais contrários ao costume, pelo que o melhor é definir
factor de cisalhamento como um valor positivo.
Note-se que podemos encontrar da seguinte maneira:
( ¡√ ¢
−→ −−→0 (0 1)°· °3 1 °= 1
°
· = °−→° °−−→0 °
°° × ° ° × cos = 1 × 2 cos = 2 cos
√ √ √
Logo, cos = 12 . Então, sin = 23 e tan = 3. Logo, o factor de cisalhamento é 3.
¡ √ ¢ √
Se tivéssemos ( ) = − 3 , o factor de cisalhamento seria 3,na mesma
Voltemos a R3
Consideremos o caso em que ( ) = ( + 2 + 3). Então, os pontos fixos são dados
por 2 + 3 = 0.
Neste caso, vamos ter que ver o que acontece à direcção perpendicular ao plano de pontos fixos.
Essa direcção é dada por (2 3 0).
−→
Então, (0 0 0) = (0 0 0) e (2 3 0) = (2 3 0). Fazendo = (2 3 0), temos = (2 3 0) e
−−→0
= (2 3 13). Então,
(
−→ −−→0 (2 3°0) · °
° (2 3 13)
° =4+9+ 0 = 13
· = °−→° °−−→0 ° √ √
° ° °× ° × cos = 13 × 182 cos
√ √ √
Então, cos = √ 13√ = 1
13 13 × 14 = 14
13× 182 13×14 14 , donde vem
1 + tan2 = 14
√ √
Logo, tan = 13. O factor de cisalhamento é 13.
1296 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
z Cisalhamento segundo
Oy
Cisalhamento segundo
Oy
z
É fácil de ver que os dois paralelipípedos têm a mesma base e a mesma altura. Logo, têm o
mesmo volume.
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1297
Cisalhamento segundo
z Oy
Observação
As imagens apresentadas são relativas a "deslocamentos"na direcção de Oy, mas esses "desloca-
mentos"poderiam ser feitos segundo qualquer direcção horizontal. Só que isso daria mais trabalho...
Composição de cisalhamentos
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 2 3 + 2 + 3 2 + 3
Exemplo 968 Seja ( ) = ⎣0 1 4⎦ ⎣ ⎦ = ⎣ + 4 ⎦ = ⎣ ⎦ + ⎣ 4 ⎦. Deter-
0 0 1 0
mine os pontos fixos da transformação.
Pontos fixos: a recta = 0 ∧ = 0 (eixo das abcissas). Já não se trata dum cisalhamento como
os anteriores.
No entanto, é o produto de dois cisalhamentos, pelo que continua a transformar rectas paralelas
em rectas paralelas.
Note-se que temos uma matriz triangular de determinante 1. Mas é óbvio que não se trata duma
isometria.
(0 0 1) = (3 4 1)
Suponhamos⎡que ⎤ queremos achar ⎡ a imagem
⎤ dum cubo⎡ de
⎤ aresta 2, centrado⎡ na ⎤origem.
6 0 2 −4
(1 1 1) = ⎣5⎦ (1 1 −1) = ⎣−3⎦ (1 −1 1) = ⎣3⎦ (1 −1 −1) = ⎣−5⎦
1 −1 1 −1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
4 −2 0 −6
(−1 1 1) = ⎣5⎦ (−1 1 −1) = ⎣−3⎦ (−1 −1 1) = ⎣3⎦ (−1 −1 −1) = ⎣−5⎦
1 −1 1 −1
1298 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
⎡ ⎤
3 cos + cos sin + 2 sin sin
(sin cos sin sin cos ) = ⎣ 4 cos + sin sin ⎦
cos
2 2 2 2 2
(3 cos + cos sin + 2 sin sin ) +(4 cos + sin¡ sin ) +cos
¢ 2 = cos sin +6 cos cos sin +
2 2 2
4 cos sin sin + 26 cos + 20 cos sin sin + 5 1 − cos sin =
−4 cos2 sin2 + 6 cos cos sin + 4 sin cos sin2 + 26 cos2 + 20 sin cos sin + 5 sin2
∙ ¸
cos − sin
det
sin cos
( )
⎡ ⎤
5
(0 1 1) = ⎣5⎦
1
= sin cos
= sin sin
= cos ⎡ ⎤
1 4 5
Façamos o contrário e partamos da matriz = ⎣0 1 −4⎦, cujo determinante é 1. Como
0 0 1
obter duas matrizes correspondentes a transformações lineares com um plano de pontos fixos, tais
que o produto seja
⎡ esta matriz?
⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1
Sejam = ⎣0 1 ⎦ e = ⎣0 1 0⎦.
0 0 1 0 0 1
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1 1
Então, = = ⎣0 1 ⎦ ⎣0 1 0⎦ = ⎣0 1 ⎦
⎧0 0 1 0 0 1 ⎡
0 0 1
⎤ ⎡ ⎤
⎨ =4 1 0 0 1 4 5
Logo, devemos ter = 5 . Logo, = ⎣0 1 −4⎦ e = ⎣0 1 0⎦.
⎩
= −4 0 0 1 0 0 1
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1 4 5 1 4 5
Verificação: = ⎣0 1 −4⎦ ⎣0 1 0⎦ = ⎣0 1 −4⎦
0 0 1 0 0 1 0 0 1
⎡ ⎤
1 4 5
Ainda é possível decompor a matriz ⎣0 1 0⎦ num produto de duas matrizes mais simples:
0 0 1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤
1 4 5 1 4 0 1 0 5
⎣0 1 0⎦ = ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦
0 0 1 0 0 1 0 0 1
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1 4 0 1 0 5 1 4 5
Então, = ⎣0 1 −4⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ = ⎣0 1 −4⎦
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1299
⎡ ⎤
1
No caso geral, temos uma matriz diagonal superior do tipo = ⎣0 1 ⎦.
0 0 1
O caso das
⎡ matrizes⎤triangulares inferiores é análogo.
1 0 0
Seja = ⎣ 1 0⎦. Então,
1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0
= ⎣ 1 0⎦ = ⎣ 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ = ⎣ 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦
1 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0 1
Repare-se que , e ficam na mesma posição. Se considerarmos a decomposição num produto
de três matrizes, na primeira, mantemos e substituímos e por 0, na segunda, mantemos e
substituímos e por 0, enquanto na terceira, mantemos e substituímos e por 0. No caso
da matriz triangular superior, temos a ordem inversa: na primeira matriz, mantemos e fazemos
= = 0,...
Quinto exemplo
⎡ ⎤
1 3 2
Seja = ⎣2 7 −1⎦. Então,
3 7 17
¯ ¯
¯1 3 2 ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯2 7 −1¯ = 1 × ¯7 −1¯ − 3 ¯2 −1¯ + 2 ¯2 7¯ = 1
¯ ¯ ¯7 17 ¯ ¯3 17 ¯ ¯3 7¯
¯3 7 17 ¯
É possível decompor a matriz num produto , em que é uma matriz triangular inferior em
que os elementos da diagonal principal são todos iguais a 1 e é uma matriz triangular superior.
Existem regras que permitem determinar as matrizes e de forma rápida, mas vamos resolver a
questão sem recorrer
⎡ a essas⎤ regras. ⎡ ⎤
1 0 0 11 12 13
Sejam = ⎣21 1 0⎦ e = ⎣ 0 22 23 ⎦. Então,
31 32 1 0 0 33
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 11 12 13 11 12 13
= ⎣21 1 0⎦ ⎣ 0 22 23 ⎦ = ⎣21 11 22 + 21 12 23 + 21 13 ⎦
31 32 1 0 0 33 31 11 31 12 + 32 22 33 + 31 13 + 32 23
Logo, temos 11 = 1, 12 = 3, 13 = 2 (comparando os valores que estão na primeira linha do
produto e na primeira linha da matriz ).
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
11 1
Passando à primeira coluna, temos ⎣21 11 ⎦, com 11 = 1. Então, obtemos ⎣21 ⎦, pelo que
31 11 31
21 = 2 e 31 = 3.
Para maior facilidade, vamos substituir os valores já conhecidos, obtendo-se:
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1 3 2 1 3 2
= ⎣2 1 0⎦ ⎣0 22 23 ⎦ = ⎣2 22 + 6 23 + 4 ⎦
3 32 1 0 0 33 3 32 22 + 9 33 + 32 23 + 6
1300 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
£ ¤ £ ¤
Comparando as segundas linhas, temos 2 22 + 6 23 + 4 = 2 7 −1
½ ½
22 + 6 = 7 22 = 1
Então, , donde vem .
23 + 4 = −1 23 = −5
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
3 3
Passando à segunda coluna, temos ⎣ 1 + 6 ⎦ = ⎣7⎦, pelo que 32 = −2.
32 × 1 + 9 7
Por fim, devemos ter 33 + 32 23 + 6 = 17, donde vem 33 = 11 − 32 23 = 11 − (−2) × (−5) =
1 ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1 3 2
Então, = ⎣2 1 0⎦, = ⎣0 1 −5⎦, tendo-se =
3 −2 1 0 0 1
Neste exemplo, obtivemos duas matrizes triangulares em que todas as entradas das diagonais
principais⎡são iguais a⎤ 1. ⎡ ⎤⎡ ⎤
1 3 2 1 0 0 1 3 2
Logo, ⎣2 7 −1⎦ = ⎣2 1 0⎦ ⎣0 1 −5⎦
3 7 17 3 −2 1 0 0 1
Agora,
⎡ podemos decompor
⎤ ⎡ cada
⎤ ⎡uma das ⎤duas
⎡ matrizes:
⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0
= ⎣2 1 0⎦ = ⎣2 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ = ⎣2 1 0⎦
3 −2 1 0 0 1 3 0 1 0 −2 1 3 −2 1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 3 2 1 0 0 1 0 2 1 3 0 1 3 2
= ⎣0 1 −5⎦ = ⎣0 1 −5⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ = ⎣0 1 −5⎦
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
Logo,
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 2 1 3 0 1 3 2
= ⎣2 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 −5⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ = ⎣2 7 −1⎦
0 0 1 3 0 1 0 −2 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 3 7 17
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 3 2 + 3 + 2
Então, se considerarmos a aplicação ( ) = ⎣2 7 −1⎦ ⎣ ⎦ = ⎣ 2 + 7 − ⎦, temos
3 7 17 3 + 7 + 17
que
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 2 1 3 0
( ) = ⎣2 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 −5⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣ ⎦
0 0 1 3 0 1 0 −2 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
Neste exemplo, só obtivemos matrizes com números inteiros, mas isso não foi por acaso.
Sexto exemplo
O cisalhamento pode efectuar-se segundo qualquer direcção, mas vamos escolher uma direcção
dum plano horizontal.
Suponhamos que queremos fazer o cisalhamento segundo a direcção (1 2 0). Então, podemos
fazer: ⎡ ⎤⎡ ⎤
1
( ) = ⎣0 1 0 ⎦ ⎣ ⎦
0 0 1
E queremos que o factor de cisalhamento seja ³ √ 2 (segundo´ ¡a direcção considerada).
√ √ √ ¢
Então, teremos 2 ( ) = ( ) + 2 55 2 5 5 0 = + 25 5 + 45 5
= ( + + 2 )
Pontos fixos:
½
2 () = 2 (1 2 3) = (1 + 2 × 3 2 3) = (7 2 3)
( + + 2 ) = ( ) ⇐⇒
2 () = 2 (3 4 ) = (3 + 2 4 )
Sétimo
⎡ exemplo⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
2 4 1 1 0 0 2 4 1
= ⎣−1 2 3 ⎦, = ⎣− 12 1 0⎦, = ⎣0 4 7⎦
2
2 1 −1 1 − 34 1 0 0 5
8
⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 2 4 1 2 4 1
= ⎣− 12 1 0⎦ ⎣0 4 72 ⎦ = ⎣−1 2 3 ⎦
1 − 34 1 0 0 58 2 1 −1
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0
= ⎣− 12 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ = ⎣− 12 1 0⎦
0 0 1 1 0 1 0 − 34 1 1 − 34 1
1302 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
Para a matriz , a decomposição já é mais difícil, porque já não temos as entradas da diagonal
principal⎡iguais a 1.
⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤
2 4 1 2 0 0 1 2 2 2 2 4 1
= ⎣0 4 72 ⎦ = ⎣0 4 0 ⎦ ⎣0 1 ⎦ = ⎣0 4 4⎦ = ⎣0 4 72 ⎦
0 0 58 0 0 58 0 0 1 0 0 5
8 ⎤ ⎡ 0 0 ⎤8
5
⎡ 1
2 0 0 1 2 2
Então, = 2 = 12 = 78 , pelo que temos = ⎣0 4 0 ⎦ ⎣0 1 78 ⎦.
0 0 58 0 0 1
Agora,
⎡ já sabemos
⎤⎡ fazer
⎤⎡ a decomposição
⎤ ⎡ da matriz
⎤ triangular:
1 0 0 1 2 0 1 0 12 1 2 12
⎣0 1 7 ⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0 ⎦ = ⎣0 1 7 ⎦
8 8
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
2 0 0 1 0 0 1 2 0 1 0 12 2 4 1
Logo, = ⎣0 4 0 ⎦ ⎣0 1 78 ⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0 ⎦ = ⎣0 4 72 ⎦
0 0 58 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 58
Então,
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ 1
⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 2 0 0 1 0 0 1 2 0 1 0 2
= ⎣− 12 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 4 0 ⎦ ⎣0 1 78 ⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦
0 0 1 1 0 1 0 − 34 1 0 0 58 0 0 1 0 0 1 0 0 1
Exemplo ⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 3 2 1 0 0 1 3 2 1 0 0
Seja = ⎣2 7 −1⎦ = ⎣2 1 0⎦ ⎣0 1 −5⎦ = , com = ⎣2 1 0⎦ e =
⎡ ⎤ 3 7 17 3 −2 1 0 0 1 3 −2 1
1 3 2
⎣0 1 −5⎦
0 0 1
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 3 0 1 0 17 1 0 0 1 3 2
⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣2 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0 ⎦ ⎣0 1 −5⎦ = ⎣2 7 −1⎦
7 0 1 0 −2 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 3 7 17
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0
= ⎣2 1 0⎦ = ⎣0 1 0⎦ ⎣2 1 0⎦ = ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣2 1 0⎦
3 −2 1 7 −2 1 0 0 1 7 0 1 0 −2 1 0 0 1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤
1 3 2 1 3 17 1 0 0 1 3 0 1 0 17 1 0 0
= ⎣0 1 −5⎦ = ⎣0 1 0 ⎦ ⎣0 1 −5⎦ = ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0 ⎦ ⎣0 1 −5⎦
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 3 17 1 0 0
= ⎣0 1 0 ⎦, = ⎣0 1 −5⎦
0 0 1 0 0 1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 3 17 1 3 0 1 0 17 1 3 17
= ⎣0 1 0 ⎦ = ⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0 ⎦ = ⎣0 1 0 ⎦
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1303
⎡ ⎤⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0
⎣0 1 0⎦ ⎣0 1 0⎦ ⎣2 1 0⎦ = ⎣2 1 0⎦
7 0 1 0 −2 1 0 0 1 3 −2 1
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 3 2 1 3 17 1 0 0 1 3 2
= ⎣0 1 −5⎦ = ⎣0 1 0 ⎦ ⎣0 1 −5⎦ = ⎣0 1 −5⎦
0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1
⎡ ⎤⎡ ⎤
1 0 0 1 3 2
⎣2 1 0⎦ ⎣0 1 −5⎦
3 −2 1 0 0 1
2
Rotação,
" em R√ #
1
∙ ¸∙ √ ¸ ∙ √ ¸
√2
− 23 √1 0 2
1
− 3 1
√
2 − 12 3
= 3 1
= 2 = 1 1
3 1 0 2 2 3 2
2 2
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
√1 0 = √
=
+ √
0
3 1 + 3 3
∙ √ ¸ ∙1 ¸∙ √ ¸ ∙1 √ ¸
1
− 3
2 0 1 − 3 − 12 3
2 2 = = 2
0 2 0 2 0 1 0 2
∙1 ¸ ∙ ¸ ∙1 ¸
0
2
= 2
0 2 2
∙ √ ¸∙ ¸ ∙ √ ¸
1 − 3 − 3
=
0 1
Exemplo 969 Mostre que a função composta de duas rotações (no plano) pode não ser uma ro-
tação.
Resolução
É óbvio que a aplicação de duas rotações com o mesmo centro é uma rotação com o mesmo
centro das outras duas. Mas façamos a demonstração:
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸
cos − sin cos − sin cos cos − sin sin − cos sin − cos sin
=
sin cos sin cos cos sin + cos sin cos cos − sin sin
∙ ¸
cos ( + ) − sin ( + )
=
sin ( + ) cos ( + )
1. ( ) − ( ) = ( − − )
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
cos − sin − + cos − sin − cos + sin
2. + =
sin cos − + cos + sin − cos − sin
1304 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
+ cos − sin − cos + sin cos − sin − cos + sin
3. − =
+ cos + sin − cos − sin cos + sin − cos − sin
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
cos − sin cos − sin − cos + sin 1
4. = + = , com
sin cos cos + sin − cos − sin 2
1 = + cos cos − cos sin − cos sin − sin sin − cos cos
+ cos sin + cos sin + sin sin
2 = + cos cos + cos sin + cos sin − sin sin − cos cos
− cos sin − cos sin + sin sin
∙ ¸∙ ¸ ∙ ¸ ∙ ¸
cos ( + ) − sin ( + ) −
5. = + = 1 , com
sin ( + ) cos ( + ) − 2
1 = + cos cos − cos sin − cos sin − sin sin − cos cos
+ cos sin + cos sin + sin sin
2 = + cos cos + cos sin + cos sin − sin sin − cos cos
− cos sin − cos sin + sin sin
∙ ¸
0
6. − =
0
7. Logo, =
E obtivemos uma translação. Esta translação será uma rotação no caso em que, por exemplo,
= 2( ∈ Z).
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1305
∙ ¸ ∙ ¸
− cos − sin 0
Mas, é fácil arranjar um caso que 6= :
∙ − ¸cos
∙ +
¸ sin 0
− cos − sin 2
Se = , temos = . Então, para obtermos uma translação
− cos + sin 2
não∙trivial, basta que, por exemplo,
¸ ∙ ¸ 6= 0.
− cos − sin 0
= ⇐⇒ ( − cos − sin )2 +( − cos + sin )2 =
− cos + sin 0
2 cos2 − 22 cos + 2 sin2 + 2 +
2
cos2 − 22
cos + 2
sin2 +
2
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
− 2 cos + + − 2 cos + = 2 − 2¡ cos + 2 ¢ − 2 cos =
22 − 22 cos = 22 (1 − cos ) + 22
(1 − cos ) = 2 2 + 2
(1 − cos )
Como cos 6= 1, temos uma translação não trivial (desde que não tenhamos = = 0).
¡ ¢
Exercício
³ √ 970 Qual
´ a matriz da rotação espacial que transforma (0 0 1) em 13 23 23 e (0 1 0)
√
em − 2 5 5 55 0 ?
Resolução
Esta é uma questão que pode parecer um pouco complicada, mas é bastante fácil.
Sabemos que ⎧ a rotação é uma isometria, pelo que mantém comprimentos e ângulos.
⎨ (1 0 0) × (0 1 0) = (0 0 1)
Uma vez que (0 1 0) × (0 0 1) = (1 0 0) , o "mesmo"deve acontecer com as suas imagens.
⎩
(0 0 1)
³ ×√ (1 0 0) =´ (0 1 0)
( √
(0 1 0) 7−→ − 5 55 0
2 5
Como, ¡ ¢ , então
(0 0 1) 7−→ 13 23 23
à √ √ ! µ ¶ µ ¶
2 5 5 1 2 2 2√ 4√ 1√
(1 0 0) 7−→ − 0 × = 5 5 − 5
5 5 3 3 3 15 15 3
⎡ √ √ ⎤⎡ ⎤ ⎡ √ √ ⎤
2
15 5 −√2 5 5 31 2
15 5 −√2 5 5 13
⎢ √ 2⎥ ⎢ 4√ 2⎥
( ) = ⎣ 4 5
15 √
5 ⎦ ⎣ ⎦. Logo, = ⎣ 15 5 5 ⎦
5 3 √ 5 3
− 13 5 0 2 − 1
5 0 2
⎧ ¡ 2 3√ 4 √ 1
√ ¢ 3 3
⎪
⎨ (1 0 0) −
7 → 5
³15 √ 15 √
5 −
´ 3 5
É claro que (0 1 0) 7−→ − 2 5 5 55 0
⎪
⎩ ¡ ¢
(0 0 1) 7−→ 13 23 23
⎡ √ √ ⎤ ⎡ 2√ √ ⎤
2
5 −√2 5 5 1
− 5√ 5 − 152
√ 5 13
⎢ 15 √ 3
2⎥
4
⎣ 15 5 5 ⎦= ⎣ 51 5 − 15 4
√ 5 32
2⎦
√ 5 3
1
− 13 5 0 2 0 5
⎡ 2√ 2
√ 3 ⎤
1
⎡ 32 √ 3
1
√ ⎤
− 5√ 5 − 15 √5 3 − 5 √5 5 √5 0
√
⎣ 1 5 4
− 15 2⎦
, transpose: ⎣− 15
2 4 1 ⎦
5
1
√ 5 3
2 1
5 − 15
2
5 3 5
2
0 3 5 3 3 3 3
⎡ √ √ ⎤⎡ √ √ ⎤ ⎡ 1 ⎤
2
5 −√2 5 5 1 2
3 ⎥ − 5 √5
1
5 √ 5 0
√
8
− 49
⎢ 15
4
√ 5 2 ⎦ ⎣− 2 4 1
9
⎦ = ⎣− 4
9
4 7 ⎦
⎣ 15 5 15 5 − 15 5 3 5 9 9 9
√ 5 3
1 2 2 8 1 4
− 13 5 0 2
3 3 3 3 9 9 9
1306 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
⎡ 1 8
⎤−1 ⎡ ⎤
9 9 − 49 1
9 − 49 8
9
⎣− 4 4 7 ⎦ = ⎣ 8 4 1⎦
9 9 9 9 9 9
8 1 4
9 9 9 − 49 7
9
4
9
O problema pode ser resolvido da seguinte maneira alternativa:
¡ ¢
Comecemos por considerar a rotação em torno duma recta que aplica (0 0 1) em 13 23 23 .
O eixo de rotação é a recta perpendicular
¡ aos¢ dois¡ vectores ¢ anteriores que passa pela origem.
Calculemos o produto externo (0 0 1) × 13 23 23 = − 23 13 0 .
Recordamos que o produto externo é dado pelo determinante simbólico:
¯ ¯
¯1 2 3 ¯¯ µ ¶
¯ 2 1 2 1
¯0 0 ¯
1 ¯ = − 1 + 2 = − 0
¯1 3 3 3 3
¯ 2 2¯
3 3 3
Então, o eixo de rotação é a recta definida por (−2 0). Agora, pretendemos encontrar ¡ ¢a
imagem de (1 0 0) e de (0 1 0), por meio da rotação anterior que transforma (0 0 1) em 13 23 23 .
Para isso, podemos achar a imagem dum ponto (ou vector) genérico e, depois resolver os dois casos
particulares ou podemos resolver cada caso particular sem nos preocuparmos com o caso geral.
¡ ¢
Comecemos por calcular o produto interno entre os dois vectores (0 0 1) e 13 23 23 .
¡ ¢ ¡ ¢
Ora, (0 0 1) · 13 23 23 = 23 . Então, o ângulo entre estes dois vectores é cos−1 23 , ou seja,
usando a notação tradicional, arccos 23 . Note-se que os dois vectores são unitários (têm norma 1).
Equação do plano que passa por = (1 0 0) e é perpendicular ao vector (2 −1 0):
2 ( − 1) − = 0 ⇐⇒ = 2 − 2
¡4 2
¢
Logo, obtemos o ponto de intersecção = 5 −5 0 .
Agora, o ponto = (1 0 0) tem de rodar em torno do eixo de rotação, descrevendo um arco da
mesma amplitude que aquele que foi descrito pelo ponto (0 0 1).
Embora, a questão possa ser resolvida de outras maneiras, vamos usar a seguinte:
µ ¶ µ ¶
−→ 4 2 1 2
= − = (1 0 0) − − 0 = 0
5 5 5 5
−→
Agora, queremos encontrar um vector que tenha a mesma norma de , seja perpendicular
−→
ao eixo de rotação e faça com um ângulo igual a arccos 23 .
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1307
¡ ¢
Comecemos por considerar a rotação em torno duma recta que aplica (0 0 1) em 13 23 23 . O
eixo de rotação é a recta perpendicular
¡ ¢ a¡ estes dois ¢ vectores e que passa pela origem. Calculemos
o produto externo (0 0 1) × 13 23 23 = − 23 13 0 .
Recordamos que o produto externo é dado pelo determinante simbólico:
¯ ¯
¯1 2 3 ¯ µ ¶
¯ ¯
¯ 0 0 1 ¯ = − 2 1 + 1 2 = − 2 1 0
¯1 ¯ 3 3 3 3
¯ 2 2¯
3 3 3
Então, o eixo de rotação é a recta definida por (−2 0). Agora, pretendemos encontrar ¡ ¢a
imagem de (1 0 0) e de (0 1 0), por meio da rotação anterior que transforma (0 0 1) em 13 23 23 .
Para isso, podemos achar a imagem dum ponto (ou vector) genérico e, depois resolver os dois casos
particulares ou podemos resolver cada caso particular sem nos preocuparmos com ¡ 1 2o caso
¢ geral.
2
Comecemos por¡ calcular ¢ o produto interno entre os dois vectores (0 0 1) e
3 3 3¡ .¢
Ora, (0 0 1) · 13 23 23 = 23 . Então, o ângulo entre estes dois vectores é cos−1 23 , ou seja,
usando a notação tradicional, arccos 23 . Note-se que os dois vectores são unitários (têm norma 1).
Equação do plano que passa por = (1 0 0) e é perpendicular ao vector (2 −1 0):
2 ( − 1) − = 0 ⇐⇒ = 2 − 2
Intersecção do plano anterior com o eixo de rotação:
⎧ ⎧ ⎧
⎨ = 2 − 2 ⎨ = −4 − 2 ⎨ = − 25
= −2 ⇐⇒ = −2 ⇐⇒ = 45
⎩ ⎩ ⎩
=0 =0 =0
1308 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
¡ ¢
Logo, obtemos o ponto de intersecção = 45 − 25 0 .
Agora, o ponto = (1 0 0) tem de rodar em torno do eixo de rotação, descrevendo um arco da
mesma amplitude que aquele que foi descrito pelo ponto (0 0 1).
Embora, a questão possa ser resolvida de outras maneiras, vamos usar a seguinte:
µ ¶ µ ¶
−→ 4 2 1 2
= − = (1 0 0) − − 0 = 0
5 5 5 5
−→
Agora, queremos encontrar um vector que tenha a mesma norma de , seja perpendicular
−→
ao eixo de rotação e faça com um ângulo igual a arccos 23 .
Seja = (1 2 3 ). Então, devemos ter
⎧ ⎧ ⎧
⎪ ( ) · (2 −1 0) = 0 ⎪
⎨ 21 22 3 2 1 4 ⎨ 2 1 − 2 = 0
1
⎨ 2 = 21
1 + 2 + 3 = 25 + 25 ⇐⇒
2 2 2
1 + 2 + 3 = 5 ⇐⇒ 2 + 421 + 3 2 = 1
⎪
⎩ (1 2 3 )·( 15 25 0) ⎪ 1 2
⎩ 5 1 +1 5 2 = 2 ⎩ 11 4 2
5
1
√
5
√
5 3=2 3 5 1 + 5 1 = 3 × 5
5 × 5 5
⎧ 4
⎧ 4
⎨ 2 = 15 ⎨ 2 = 15
1
⇐⇒ 2 2
51 + 3 = 5 ⇐⇒ 3 = 15 − 5 × 225
2 4
⎩ 2 ⎩ 2
1 = 15 1 = 15
⎧ 4
⎧ 4
⎨ 2 = 15 ⎨ 2 = 15
⇐⇒ 3 2 = 19 ⇐⇒ 3 = ± 13
⎩ 2 ⎩ 2
1 = 15 1 = 15
¡2 4 ¢ ¡ ¢ ¡2 4 ¢ ¡ ¢
Seja = 15 15 ± 13 . Então, 0 = + = 45 − 25 0 + 15 15 ± 13 = 1415 − ¡
2 1
15 ± 3 .
¡ 14 2 1
¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¢
Ora, 15 − 15 3 · ¡13 23 23 = 49¢ e 14 2 1 1 2 2 0 14
15 − 15 − 3 · 3 3 3 = 0, pelo que = 15 − 15 − 3 , o
2 1
2 4
que corresponde a = 15 15 − 13 , embora isso nem seja relevante.
Então, já sabemos as imagens de (1 0 0) e de (0 0 1).
Ora, (1 0 0) × (0 0 1) = (0 −1 ¡ 0), pelo que¢ (0¡0 1) × ¢(1 0¡ 0) = (0 1¢0).
Então, a imagem de ⎧ (0 1 0) é 14 −
15 ¡15
2
− 1 1 2 2 2
3 × 3¢ 3 3 = 15 − 15 3
11 2
⎨ (1 0 0) 7−→ ¡ 14 2 1
15 − 15 −¢3
2 11 2
Então, sabemos que (0 1 0) 7−→ ¡ 15 − 15¢ 3
⎩
(0 0 1) 7−→ 13 23 23
¡ ¢
Comecemos por considerar a rotação em torno duma recta que aplica (0 0 1) em 13 23 23 .
O eixo de rotação é a recta perpendicular ¡ aos¢ dois¡ vectores ¢ anteriores que passa pela origem.
Calculemos o produto externo (0 0 1) × 13 23 23 = − 23 13 0 .
Recordamos que o produto externo é dado pelo determinante simbólico:
¯ ¯
¯1 2 3 ¯ µ ¶
¯ ¯
¯ 0 0 1 ¯ = − 2 1 + 1 2 = − 2 1 0
¯1 ¯ 3 3 3 3
¯ 2 2¯
3 3 3
Então, o eixo de rotação é a recta definida por (−2 0). Agora, pretendemos encontrar ¡ ¢a
imagem de (1 0 0) e de (0 1 0), por meio da rotação anterior que transforma (0 0 1) em 13 23 23 .
Para isso, podemos achar a imagem dum ponto (ou vector) genérico e, depois resolver os dois casos
particulares ou podemos resolver cada caso particular sem nos preocuparmos com ¡ o caso ¢ geral.
Comecemos por calcular o produto interno entre os dois vectores (0 0 1) e 13 23 23 .
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1309
¡ ¢ ¡ ¢
Ora, (0 0 1) · 13 23 23 = 23 . Então, o ângulo entre estes dois vectores é cos−1 23 , ou seja,
usando a notação tradicional, arccos 23 . Note-se que os dois vectores são unitários (têm norma 1).
Equação do plano que passa por = (1 0 0) e é perpendicular ao vector (2 −1 0):
2 ( − 1) − = 0 ⇐⇒ = 2 − 2
Note-se que podemos multiplicar a segunda matriz pela primeira, para obtermos a matriz que
permite obter uma só matriz de rotação.
56.2. TRANSFORMAÇÕES AFINS 1311
⎡ √ √ ⎤⎡ ⎤ ⎡ √ √ ⎤
−√2 5 5 − √ 5
5
0 1 0 0√ − 25√ 5 − 15
2
√5 13
⎢ ⎥⎢ 5⎥
− 2 5 5 0⎦ ⎣0 √3 − 3 ⎦ = ⎣ 5 5 − 15√ 5 3 ⎦
2 1 4 2
Assim, ⎣ 5
5
1 2
0 0 1 0 35 2
3
0 3 5 3
Está assim terminado o segundo passo.
Observação
Note-se que o ângulo pode ser encontrado da seguinte maneira: ³ ´
¡ ¢ √
Consideremos o ponto = 0 0 23 . Então, este ponto define, com 0 − 35 23 e com
¡1 2 2¢
3 3 3 , dois vectores: ( ³ ´ ¡
√ ¢ ³ √ ´
0 − 35 23 − 0 0 23 = 0 − 35 0
¡1 2 2¢ ¡ 2
¢ ¡1 2 ¢
3 3 3 − 0 0 3 = 3 3 0
√
Os dois vectores
obtidos
já não têm norma 1, mas norma 35 .
√ √
5
0− 3 0 ·( 13 23 0) √ √
−295
Logo, cos = √
5
√
5
= 5 = − 2 9 5 × 95 = − 2 5 5
q 3 × 3q 9
√
4×5 5 5
E sin = ± 1 − 25 = 25 = ± 5 . E temos um problema com o sinal!
⎡ √ √ ⎤⎡ ⎤ ⎡1⎤
−√2 5 5 − √ 5
5
0 0√ 3
⎢ 5 ⎥
− 2 5 5 0⎦ ⎣− 35 ⎦ = ⎣ 3 ⎦
2
⎣ 5
2 2
0 0 1 3 3
Neste caso, o sinal positivo é o sinal apropriado.
Terceira rotação
⎡ 2√ √ ⎤⎡ ⎤ ⎡ 2√ √ ⎤
2
− 5√ 5 − 15 √ 5 13 1 0 0 − 5√ 5 − 15 2
√ 5 13
É óbvio que ⎣ 51 5 − 15 4
√ 5 32
2⎦ ⎣
0 1 0⎦ = ⎣ 51 5 − 15 4
√ 5 32
2⎦
1 0 0 1 1
0 5 0 3 5
⎧ ¡ 32 √ 1 √3 ¢ 3
⎨ (1 0 0) 7−→ ¡− 5 √5 5 5√ 0 √ ¢
2 4
Logo, (0 1 0) 7−→ ¡− 15 5
¢ − 15 5 13 5
⎩
(0 0 1) 7−→ 13 23 23
¡ ¢
A última rotação tem de ser em torno da recta que passa pela origem e tem a direcção 13 23 23 ,
para que este ponto/vector fique fixo. ⎧ ¡ 2√ 1√ ¢
⎪ − 5 5 5 5 0 7−→?
⎨ ³ √ √ ´
¡ 2√ 4
√ 1√ ¢
Então, queremos que 3 ( ) transforme − 15 5 − 15 5 3 5 7−→ − 2 5 5 55 0
⎪
⎩ ¡1 2 2¢ ¡ ¢
3 3 7−→ 13 23 23
⎡ 2 √ 2
√ ⎤ 3
− 5√ 5 − 15 √ 5 13
⎣ 1 5 − 4 5 2⎦
5
1
√
15 3
2
0 3 5 3
⎡ ⎤ ⎡ 2√ 2
√ 1
⎤ ⎡ 2
√ √ ⎤
1
9
8
9 − 49 − 5√ 5 − 15 √5 3 15 √5 − 25√ 5 1
3
⎣− 4 4 7 ⎦⎣ 1 5 − 4 5 2⎦
= ⎣ 4 5 1 2⎦
9 9 9 5 √
15 3 15 √ 5 5 3
8 1 4 1 2
9 9 9 0 3 5 3 − 13 5 0 2
3
1312 CAPÍTULO 56. TRANSFORMAÇÕES AFINS
¡1 2 2
¢
Exercício
³ √ 971 Qual a matriz ´da rotação espacial que transforma (0 0 1) em 3 3 3 e (0 1 0)
√ √ √ √
5 15 3 15−4 5 5
em − 15 − 5 30 6 ?
Resolução
¡ 1 2 2 ¢ ³ √5 √15 3√15−4√5 √5 ´
3 3 3 · − 15 − 5 30 6 =0
°³ √ √ √ √ √ ´°
° °
° − 155 − 515 3 15−4 30
5
65 ° = 1
¡1 2 2¢ ³ √ √ √ √ √ ´ ¡ √ √ √ √ √ ¢
5 15 3 15−4 5 5
3 3 3 × − 15 − 5 30 6 = 15 5 − 151 1
15 − 10 5 − 152
15 16 15
⎡ √ √ √ √ ⎤ ⎡ √ √ √ √ ⎤
1 1 5 15 1 1 1 1
5 5√ − 15 15 − √ 15 − √5 3 5 5√ − 15 15 − 15 √ 5 − 15 √15 1
3
⎢ 1 ⎥
Logo, = ⎣ − 10 5 − 15 2 3 15−4 5
30
2
3⎦
= ⎣ − 10
1 2
√5 − 15
1
10 15√ − 15 2
5 2⎦
3
√ √
1 1 2
1
15 5 2
6 15 6 5 3
√ √ 6 6 3
= 3 15−4 5
√ 30
= 16 5
³ √ √ √ √ √ ´
( ) = − 155 − 515 3 15−4
30
5
65
°³ √ √ √ √ √ ´°
° °
° − 155 − 515 3 15−4
30
5
65 ° = 1
³ √ √ √ √ √ ´ ¡ ¢
− 155 − 515 3 15−4
30
5
65 · 13 23 23 = 0
¡ 2√ 4
√ 1 √ ¢ ³ √5 √15 3√15−4√5 √5 ´ 1
− 15 5 − 15 5 3 5 · − 15 − 5 30 6 = 2
14
−2
¡ 14− 12 2=¢− 15
− 3 15 ·
¡ 15 √ √ 1√ ¢ ¡1 2 2¢
− 2 5 − 15 4
5 3 5 · 3 3 3 = 0
⎡ 15 ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ 1√ √ ⎤
1 0 0 cos 4 − sin 4 0 √
2 √2 −√12 √2 0
⎣0 cos
− sin 6 ⎦ × ⎣ sin 4
cos 4 0⎦ = ⎣ 14 √2 3 1
2 3 −√12 ⎦
6 4 √
1 1 1
0 sin 6 cos 6 0 0 1 4 2 4 2 2 3
⎡ ⎤ ⎡1√ 1
√ ⎤ ⎡1√ 1
√ ⎤
1 0
√ 0 2 √2 − 2√ 2 0 2 √2 − 2√ 2 0
⎣0 1
−√12 ⎦ × ⎣ 12 2 1
0⎦ = ⎣ 14 √6 1
−√12 ⎦
2 3 2 2 4 √6
1 1 1 1 1
0 2 2 3 0 0 1 4 2 4 2 2 3
56.3. MUDANÇA DE REFERENCIAL 1313
B1
1
x
O A
P = xP ,yP
yP
B 1
1
x
O i A xP
Note-se que a escolha da origem do referencial é completamente arbitrária, bem como a direcção
de um dos eixos.
Tradicionalmente, escolhe-se os eixos na posição das figuras anteriores. É claro que temos de usar
uma unidade em cada eixo, sendo que os referenciais mais comuns são aqueles em que a unidade de
comprimento é a mesma nos dois eixos. Escolhida a unidade de comprimento, temos dois vectores
unitários que, na figura anteriorm estão representados por e .Muitas vezes, para evitar confusões,
→ −
− →
escrevemos e , mas também podemos usar 1 e 2 ou − →1 e −
→
2 .
Relativamente à figura anterior, temos que, por exemplo,
⎧ −→ − → →
− →
−
⎪
⎨ = = 1 + 0 = (1 0)
−−→ − → →
− →
−
= = 0 + 1 = (0 1)
⎪
⎩ −−→ →
− →
−
= + = ( )
Por vezes, há conveniência em mudar de referencial. O caso mais fácil é quando fazemos uma
translação da origem do referencial, ficando os novos eixos paralelos aos anteriores:
B' 1
y
j' = j
P = xP ,yP
yP 1
y' P
B
O xP A x
i
No caso da figura anterior, temos que o ponto tem coordenadas diferentes nos dois referenciais.
−−→ →
− →
−
Assim, no referencial , as coordenadas de são ( ) e temos = + , tendo-se
manifestamente 0 1 ∧ 0 1.
No segundo referencial, 0 0 0 , as coordenadas de são diferentes, tendo-se que tem coor-
−−→ →
− →
− →
− →
−
denadas (0 0 ), tendo-se que 0 = 0 0 + 0 0 = 0 + 0 , tendo-se manifestamente que
0 0.
56.3. MUDANÇA DE REFERENCIAL 1315
Se as coordenadas são diferentes, então não devemos escrever = ( ) e = (0 0 ).
Talvez pudéssemos escrever algo semelhante a = ( ) e = (0 0 )0 0 0 .
Ou ainda, algo do género → ( ) e → (0 0 )0 0 0 .
Chama-se a atenção para o facto de que o ponto manteve-se fixo. Se tivesse sofrido a
mesma translação que , teríamos as mesmas coordenadas em ambos os referenciais. Outro facto:
−−→ −−→ −−→
se somarmos 0 com 0 , obtemos , como não pode deixar de ser.
−−→0 2 − → 6− →
Se = 3 + 5 , então 0 = − 23 e 0 = − 65 , o que corresponde à translação inversa
daquela que é sofrida pelo ponto . Note-se que, nesse caso, teríamos que o ponto sofreria
→
− →
− ¡ ¢
uma translação associada ao vector 23 + 65 = 23 65 , enquanto
¡ 2 6 ¢ que as novas coordenadas são
0 2 0 6 0 0
= − 3 e = − 5 , ou seja, ( ) = ( ) − 3 5 .
No entanto, o caso mais habitual não é a translação do refrencial, mas a sua rotação, em torno
da origem, como na figura seguinte:
y
y'
B 1
x'
B'
A'
1
x
O O' A
→ −
− → →
−
Na figura anterior, os vectores e estão desenhados a vermelho, enquanto os vectores 0 e
−0
→
estão desenhados a verde. Os vectores a verde foram obtidos dos vectores a vermelho, através
duma rotação de centro e amplitude .
Suponhamos que não conhecemos as matrizes de rotação, mas conhecemos os números complexos
e as operações com esses números na forma trigonométrica.
Então, sabemos que cis × cis = cis ( + ) e que
Note-se que, em R3 ,temos mais um eixo que é perpendicular aos dois eixos usados em R3 , mas
a posição desses dois eixos é ligeiramente diferente: o semi-eixo positivo das abcissas fica voltado
para a frente e o semi-eixo positivo das ordenadas fica voltado para a direita. O semi-eixo positivo
das cotas fica voltado para cima.
Exemplo 972 Considere dois planos paralelos (Π1 e Π2 ) e um terceiro plano (Π3 ) não paralelo
aos dois anteriores. Determine (ΩΠ3 ◦ ΩΠ2 ◦ ΩΠ1 ) ( ).
Resolução
Suponhamos que os planos são definidos por
⎧
⎨ Π1 : ( − ) + ( − ) + ( − ) = 0
Π2 : ( − ) + ( − ) + ( − ) = 0
⎩
Π3 : 1 ( − ) + 1 ( − ) + 1 ( − ) = 0
Então,
à !
= ΩΠ2 ( ) − 2 proj (( ) − ( ))
−
→
1
à !
= ( ) − 2 proj (( ) − ( )) − 2 proj ( ) − 2 proj (( ) − ( )) − ( )
−
→ −
→ −
→
1 2 1
à !
= ( ) − 2 proj (( ) − ( )) − 2 proj ( ) − ( ) − 2 proj (( ) − ( ))
→
− →
− →
−
Ã
= ( ) − 2 proj (( ) − ( )) − 2 proj (( ) − ( )) + 4 proj proj (( ) − ( ))
→
− →
− →
− →
−
= ( ) − 2 proj ( − − − ) − 2 proj ( − − − ) + 4 proj ( − − − )
→
− →
− →
−
= ( ) + 2 proj ( − − − ) − 2 proj ( − − − )
→
− →
−
à !
= ( ) + 2 proj ( − − − ) − proj ( − − − )
→
− →
−
à !
= ( ) + 2 proj (( − − − ) − ( − − − ))
→
−
= ( ) + 2 proj ( − − − )
→
−
Logo,
Então,
ΩΠ3 (( ) + (1 2 3 )) = ΩΠ3 ( + 1 + 2 + 3 )
= ( + 1 + 2 + 3 ) − 2 proj (( + 1 + 2 + 3 ) − ( ))
−
→
3
= ( + 1 + 2 + 3 ) − 2 proj (( − − − ) + (1 2 3 ))
−
→
3
= ( + 1 + 2 + 3 ) − 2 proj ( − − − ) − 2 proj (1 2 3 )
−
→ −
→
3 3
Ã
= ( ) + (1 2 3 ) − 2 proj ( − − − ) − 2 proj 2 proj ( −
−
→ −
→ →
−
3 3
Ã
= ( ) + (1 2 3 ) − 2 proj ( − − − ) − 4 proj proj ( −
−
→ −
→ →
−
3 3
−
→ → −
O caso mais interessante é quando 3 e são perpendiculares. Nesse caso, teremos:
Sejam três pontos pertencentes a três planos paralelos (um ponto em cada plano). Sejam
−
→
um vector unitário perpendicular a esses planos e = ( ), um ponto genérico de R3 .
³ →´ −
− →
ΩΠ1 ( ) = ΩΠ1 ( ) = ( ) − 2 (( ) − ( )) ·
³ →´ −
− →
= ( ) − 2 ( − − − ) · = 0
³ ³ →´ −
− →´
ΩΠ2 ( 0 ) = ΩΠ2 ( ) − 2 ( − − − ) ·
³³ →´ −
− →´
= ΩΠ2 ( ) − 2ΩΠ2 ( − − − ) ·
³ →´ −
− → ³ →´
− ³−
→´
= ( ) − 2 ( ) − ( ) · − 2 ( − − − ) · ΩΠ2
³ →´ ³ −
− →´
= ΩΠ2 ( ) − 2 ( − − − ) · −
³ →´ −
− →
= ΩΠ2 ( ) + 2 ( − − − ) · = 00
Bibliografia
[1] BRISON, O. J., Grupos e Representações (1999), Lisboa, Faculdade de Ciências de Lisboa
[2] BRISON, O. J., Teoria de Galois (1998), 2 edição, Lisboa, Faculdade de Ciências de Lisboa
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Verlag
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[5] ANDREWS E. G., Number Theory ( 1994), New York, Dover
[6] HARDY, G. H. & WRIGHT, E. M., An Introduction to the Number Theory (1960), 4th
edition, London, Oxford at Clarendon Press
[7] SWETZ, F. J., From Five Fingers to Infinity (1994), Chicago, Open Court
[8] STARK, H. M., An Introduction to Number Theory (1978), Cambridge, The MIT Press
[9] SILVA, J. S., Compêndio de Matemática (1975), Lisboa, Gabinete de Estudos e Planeamento,
Ministério da Educação e Cultura
[10] FERREIRA, M. A. M. e AMARAL, I., Programação Matemática (1995), 2 edição, Lisboa,
Edições Sílabo
[11] ??, Probabilidades, Brochuras (?), Lisboa, GAVE, Ministério da Educação
1319
1320 BIBLIOGRAFIA
1321
¡12¢
5 = 792
¡8¢
3 = 56
¡6¢
2 = 15
¡8¢ ¡6¢
3 × 2 = 56 × 15 = 840
1322 BIBLIOGRAFIA
B
1
5 15
1
4 10
1
3 6
1
2 3
1
6 21 56 C 1 1
1
5 15 35
1
4 10 20
1
3 6 10
1
2 3 4
A 1 1 1
C
1
6 21 56
1
5 15 35 D
1
4 10 20
1
3 6 10
1
2 3 4
A 1 1 1
1323
C
1
6 21 56
D
1
5 15 35 55
1
4 10 20 20 E
1
3 6 10
1
2 3 4
A 1 1 1
¡¢
Há 56 maneiras de ir de A a C e 73 = 35 maneiras de ir de C a B. Logo, há 56 × 35 = 1960
maneiras de ir de A a B, passando por¡ C.
¢
Há 55 maneiras de ir de A a D e 72 = 21 maneiras de ir de D a B. Logo, há 55 × 21 = 1155
maneiras de ir de A a B, passando por D.
Há 20 maneiras de ir de A a E e há 7 maneiras de ir de E a B. Logo, há 140 maneiras de ir de
A a B, passando por E.
Então, há 1960 + 1155 + 140 = 3255 maneiras de ir de A a B.
1324 BIBLIOGRAFIA
N de caminhos de A a B. ¡¢
1 N de caminhos de A a C: 83 = 56
¡ ¢
1 N de caminhos de C a B: 73 = 35
N de caminhos de A a B, passando
¡¢ por C: 56 × 35 = 1960
1 N de caminhos de A a D: 84 = 70
¡¢
1 N de caminhos de D a B: 72 = 21
N de caminhos de A a B, passando
¡¢ por D: 70 × 21 = 1470
1 N de caminhos de A a E: 85 = 56
¡¢
1 N de caminhos de E a B: 71 = 7
N de caminhos de A a B, passando
¡¢ por E: 7 × 56 = 392
1 N de caminhos de A a F: 86 = 28
1 N de caminhos de F a B: 1
N de caminhos de A a B, passando por F: 1 × 28 = 28
N de caminhos de A a B: 1960 + 1470 + 392 + 28 = 3850
Observação
¡25¢ ¡25¢
8 ¢ − ¡ 7 ¢ = 600 875
¡24 24
8 ¢ − ¡ 6 ¢ = ¡600
¡24
875
¢ ¡24¢
24 24
8 ¢ − ¡ 7 ¢ + ¡ 7 ¢ − ¡ 6 ¢ = 600 875
¡23 23
8 − + 23 − 23 = 600 875
¡+1 ¢ 6¡+1¢ 7 ¡ ¢5 ¡ ¢
+1 − = +1 − −1
Valor de 16383
Vamos apresentar o valor de 16383 (um dos números de Catalan). Trata-se de um número que
ocupa várias páginas (em tamanho normal). Se não me enganei na contagem, é um número com
9857 algarismos (quando escrito na base dez). Note-se que 16384 = 214 , pelo que 16383 = 214 −1
95 201 331 192 448 009 105 573 795 202 124 244 741 481 906 319 015
322 558 416 209 332 503 858 852 030 152 380 323 419 774 153 122 548
982 439 461 979 188 770 564 458 773 732 126 495 378 358 277 412 853
974 478 670 311 949 624 738 983 695 234 167 186 458 379 733 073 626
286 501 528 974 827 320 757 977 595 359 538 648 484 506 855 916 670
178 806 870 316 405 227 796 127 639 133 193 096 487 841 958 496 945
503 401 995 823 962 008 134 800 143 654 012 944 886 138 471 105 570
295 341 694 193 474 981 069 414 760 910 563 085 276 868 127 623 200
228 870 304 151 089 901 467 265 636 647 901 601 120 974 052 470 371
074 216 794 345 598 731 484 335 601 203 473 926 359 297 083 160 979
617 668 190 332 719 159 759 031 406 187 228 259 880 673 643 243 188
171 067 096 899 367 369 849 004 860 922 186 588 617 470 112 339 657
651 730 984 414 575 021 595 313 792 080 699 694 441 650 985 723 564
119 346 913 038 330 580 298 453 481 290 207 081 274 820 294 251 937
450 869 234 256 666 893 895 743 989 896 519 754 560 839 512 417 766
576 009 586 254 561 682 999 211 370 554 507 868 737 495 659 517 588
659 056 046 934 483 855 992 470 331 043 188 066 626 941 392 398 063
877 524 673 599 292 305 978 127 178 299 019 360 491 783 220 277 952
204 179 727 520 089 833 707 658 288 591 699 057 704 901 078 486 653
027 990 083 568 715 856 427 293 804 123 698 050 211 152 764 861 113
940 678 349 575 425 776 385 968 740 181 198 549 082 344 058 942 129
974 766 306 147 614 636 834 522 554 550 643 226 231 589 836 088 391
238 994 312 513 269 668 237 041 999 620 607 076 635 011 355 693 817
493 300 908 795 141 356 173 188 825 601 195 404 229 520 654 152 837
290 076 037 241 233 046 416 261 104 833 792 986 936 674 001 426 105
131 604 408 018 164 594 444 839 340 917 979 893 074 044 712 293 784
128 627 927 077 190 040 133 806 218 094 489 337 215 435 934 213 948
151 927 730 769 472 794 047 743 979 173 387 279 101 409 850 686 714
709 985 756 563 417 399 807 567 911 088 762 458 012 355 149 757 808
904 035 520 061 838 086 204 376 487 324 189 502 698 362 929 233 526
619 908 792 622 549 231 824 297 320 261 178 566 248 659 801 680 114
357 697 899 018 381 229 207 434 568 703 296 640 164 607 930 861 903
1325
1326 VALOR DE 16383
813 801 200 154 430 297 684 798 882 265 323 403 975 239 229 605 603
565 664 109 146 245 242 684 016 912 258 629 311 680 103 009 326 276
650 444 681 870 836 410 085 148 544 670 848 989 606 999 425 267 731
044 899 467 256 641 608 255 393 230 488 862 033 694 962 482 307 222
248 543 815 992 807 700 757 089 061 774 594 357 431 824 529 642 406
838 802 249 445 645 552 052 258 879 888 217 412 837 150 290 282 361
463 305 440 839 122 584 403 909 754 952 371 716 903 634 104 080 290
310 854 481 850 936 813 811 682 118 747 954 253 050 083 282 571 450
940 464 036 667 479 325 244 437 107 726 457 708 296 285 700 219 609
379 499 658 992 177 155 090 674 009 430 730 037 987 464 965 213 271
873 645 746 746 790 057 547 985 129 778 768 789 943 220 456 066 614
212 533 566 272 015 551 812 154 953 128 747 797 829 598 180 662 484
075 742 566 897 618 451 222 868 111 335 180 331 308 113 720 923 697
624 473 218 948 694 537 872 556 199 330 100 434 169 189 192 931 907
415 635 391 566 955 797 357 326 523 101 865 719 839 299 414 702 398
993 032 795 662 122 504 770 006 327 414 507 816 164 222 812 935 476
825 897 167 808 959 694 188 466 407 482 006 866 350 857 139 194 725
587 888 650 261 555 332 633 513 824 729 447 792 330 762 037 177 634
152 892 537 931 731 950 247 285 184 377 974 199 848 441 755 361 854
108 466 086 678 336 789 087 757 173 390 396 755 343 016 207 813 047
363 245 457 386 118 027 445 953 277 240 489 999 280 690 135 733 993
363 167 270 372 697 084 922 814 771 121 735 139 800 518 479 844 747
008 224 565 976 100 628 016 822 510 118 438 568 107 172 152 278 246
347 823 391 484 228 694 462 483 879 384 962 254 840 519 452 579 483
765 661 573 362 857 793 949 838 307 278 071 801 122 124 076 673 800
325 385 426 242 939 890 668 643 227 185 209 358 605 702 365 211 159
186 655 767 480 556 053 284 831 975 126 643 703 817 913 255 324 974
186 996 638 414 401 557 881 347 321 002 346 684 115 602 030 699 683
584 911 740 191 584 589 394 866 078 479 883 468 781 420 964 998 028
363 442 411 080 816 324 684 352 374 007 834 191 909 948 664 498 158
330 400 727 395 536 471 632 132 060 032 080 446 569 131 672 943 122
698 345 837 584 454 080 837 408 033 471 514 249 199 168 542 200 139
643 550 697 334 102 841 924 236 656 249 429 627 044 730 959 156 130
114 636 727 255 457 359 285 500 008 164 899 068 517 278 829 499 997
409 300 498 769 223 378 444 958 156 288 439 250 520 653 937 795 419
342 570 162 707 754 388 284 860 655 445 674 831 944 025 406 157 304
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1327
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1328 VALOR DE 16383
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899 668 271 515 308 079 847 495 836 708 331 647 298 295 940 187 312
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929 333 792 521 748 556 739 460 445 168 666 436 231 178 404 495 071
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596 248 862 735 507 608 920 063 798 580 667 723 963 253 524 542 868
249 972 718 726 474 967 622 937 309 311 763 718 176 614 757 564 749
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651 671 281 837 311 337 767 322 301 529 535 452 996 594 770 786 605
955 322 743 052 479 385 261 309 965 717 965 123 749 463 760 228 803
268 601 398 405 318 630 206 640 742 196 024 897 358 282 050 766 129
312 092 607 994 945 624 332 325 375 224 655 487 406 119 697 465 775
931 623 814 992 222 818 789 108 929 249 963 458 858 027 434 452 346
.1. MATRIZES DE HANKEL 1329
929 691 852 595 043 755 757 210 042 531 058 228 954 641 435 712 365
609 257 949 309 428 251 071 695 348 212 624 283 541 088 297 963 922
015 647 997 937 614 834 963 846 145 570 500 859 521 614 778 843 320
177 102 755 731 052 055 084 538 920 036 340 341 061 554 666 897 978
262 420 135 401 465 730 041 519 358 761 124 857 046 982 059 042 071
068 761 524 318 587 786 486 614 472 405 088 651 602 364 345 889 543
809 759 641 055 285 268 763 556 714 992 607 789 973 356 175 387 904
326 363 945 126 654 591 844 055 039 208 230 496 109 168 692 722 704
914 757 334 927 736 520 915 406 783 064 974 407 565 986 972 517 411
274 700 186 177 106 556 340 257 975 473 940 423 464 832 192 734 487
912 504 103 963 054 039 491 446 597 042 875 356 099 682 005 168 427
223 699 037 453 510 969 307 213 379 548 334 874 056 252 407 679 925
935 709 012 492 313 863 951 456 372 841 503 758 479 757 303 757 487
595 969 934 714 513 312 832 731 848 897 785 161 343 619 278 745 148
129 688 969 881 524 716 926 277 494 966 788 330 621 044 523 455 606
046 307 526 049 585 872 318 671 495 098 660 293 713 484 285 927 560
514 878 668 612 024 531 772 195 491 513 011 462 886 035 460 961 912
820 482 002 607 983 173 216 312 055 189 238 221 746 072 706 981 081
066 681 717 541 749 246 206 248 291 744 810 223 736 347 093 409 474
354 406 841 121 796 366 984 845 313 703 514 364 463 839 759 411 026
472 944 879 384 317 243 815 806 449 070 085 858 090 944 707 118 283
626 666 235 725 637 261 252 426 780 533 431 835 138 690 745 097 280
332 681 201 423 399 947 816 642 685 458 329 774 307 439 952 051 630
048 374 697 516 765
.1 Matrizes de Hankel
∙ ¸ ∙ ¸
1 1 1 1
Seja = . Então, det = det = 1 × 2 − 1 × 1 = 1.
1 2 1 2
∙ ¸ ∙ ¸
1 2 1 2
Seja = . Então, det = det = 1 × 5 − 2 × 2 = 1.
2 5 2 5
Como obtemos a matriz ? Ora, 11 = 0 = 1, 12 = 21 = 1 = 1, 22 = 2 = 2.
E a matriz ? Ora, 11 = 1 = 1, 12 = 21 = 2 = 2, 22 = 3 = 5.
No caso da matriz , temos = 1+−2 , enquanto que, na matriz , temos = 1+−1 . É
claro que representa o número de Catalan⎡ de ordem .⎤ ⎡ ⎤
0 1 2 1 1 2
No caso das matrizes 3 × 3, temos = ⎣1 2 3 ⎦ = ⎣1 2 5 ⎦, tendo-se det = 1.
2 3 4 2 5 14
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 2 3 1 2 5
E = ⎣2 3 4 ⎦ = ⎣2 5 14⎦, com det = 1.
3 4 5 5 14 42
Passemos ao caso das matrizes 4 × 4.
1330 VALOR DE 16383
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
1 1 2 5 1 1 2 5
⎢1 2 5 14 ⎥ ⎢1 2 5 14 ⎥
Então, = ⎢ ⎥ ⎢
⎣2 5 14 42 ⎦ e det = det ⎣2 5 14 42 ⎦ = 1.
⎥
⎡ 5 14 42 132 ⎤ 5 14 42 132
⎡ ⎤
1 2 5 14 1 2 5 14
⎢ 2 5 14 42 ⎥ ⎢ 2 5 14 42 ⎥
E=⎢ ⎥ ⎢
⎣ 5 14 42 132⎦, com det = det ⎣ 5 14 42 132⎦ = 1.
⎥