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1) INTRODUÇÃO:
A terceira idade talvez seja uma das fases mais temidas para muitas pessoas, devido
à grande associação feita de velhice com doença e conseqüentemente, colocando a morte
como algo muito eminente. Porém envelhecer não é sinônimo de doença e a morte pode ser
um processo muito mais demorado do imaginado pela maioria das pessoas e sem
enfermidades, ocorrendo de forma natural. É possível ter uma velhice saudável, desde que
se trabalhe para isso. Hábitos de vida, como horas de sono, alimentação saudável, evitar o
uso de drogas e bebidas alcoólicas, e a prática de exercício físico, além das condições
sócio-econômicas, fatores culturais e genéticos, ao longo da vida, podem influenciar para
um processo de envelhecimento saudável. (MACHADO e cols, 2002 e ROSA e cols,
2003).
Com o avanço da tecnologia, a ciência evoluiu muito, se tornando capaz de produzir
medicamentos mais eficazes para combater doenças infecto-contagiosas e crônico-
degenerativas, além de ter descoberto melhores métodos cirúrgicos para prolongar a
longevidade. (NÓBREGA e cols, 1999). Porém não foi ensinado às pessoas envelhecerem,
pois quanto mais velhas elas ficam, a tendência é que ocorra uma diminuição no nível de
atividade física, definida por Caspersen, Powel & Christenson (1985), como "qualquer
movimento corporal, realizado pelo sistema músculo-esquelético que resulta em gasto
energético", levando a um descondicionamento, aumentando a fragilidade músculo
esquelética, e o grau de dependência, provocando desmotivação e diminuição da auto-
estima, podendo ainda elevar os índices de ansiedade e depressão, e assim acelerar o
processo de envelhecimento.
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De acordo com dados atuais do IBGE (abril/2007), a população brasileira está
ficando cada vez mais velha, e essa tendência não é nenhuma novidade, uma vez que desde
1981, a população considerada de terceira idade (pessoas com 60 anos ou mais) segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), vem aumentando consideravelmente em relação a
outras faixas etárias e provavelmente por volta de 2025 será a maior parcela da sociedade
brasileira com pouco mais de 30 milhões de pessoas.
O exercício físico definido por Caspersen, Powel & Christenson (1985), como
"subconjunto da atividade física, que é planejado, estruturado, e repetitivo e tem como um
objetivo final ou intermediário a melhoria ou manutenção da aptidão física", pode prevenir
contra doenças, como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão arterial, doenças de desordem
mental e osteoporose, além de aumentar, ou pelo menos manter a massa muscular que
tende a diminuir com o passar dos anos, e reduzir o risco de quedas, muito eminente na
velhice. (NÓBREGA e cols, 1999).
Durante o processo de envelhecimento ocorrem algumas modificações no
organismo do ser humano, que ocorrem em virtude do passar dos anos e é acentuada pelo
sedentarismo, corroborando assim algumas teorias que existem sobre o processo de
envelhecimento. Estas teorias relacionam o envelhecimento com: 1) danos de origem
química, compreendida como uma falha provocada por ordem química que atrapalharia a
reprodução e regeneração celular, podendo acarretar em danos irreversíveis, porém podem
ser contidas; 2) a genética, que entende que o envelhecimento seria programado do
nascimento até a morte, e nada seria capaz de mudar essa programação; 3) desequilíbrio
gradual, dá importância a certos sistemas do organismo humano, que vão aos poucos
deixando de funcionar corretamente, assim sobrecarregando outros sistemas, até levarem a
uma falência total do sistema; 4) e restrição calórica, que pode retardar o processo de
envelhecimento combinada com exercícios físicos por causa da diminuição da massa
corporal e também do controle de glicemia e insulinemia. (MCARDLE, KATCH &
KATCH, 1996, BALSAMO & SIMÃO, 2005, E FARINATTI, 2002).
Fato comum encontrado na literatura, para a produção desta obra, é que o exercício
físico é capaz de promover melhorias nas condições de vida: 1) aumentando a auto-estima,
através do contato com outras pessoas de várias faixas etárias, incluindo a própria,
envolvidas nas mesmas atividades; 2) melhorando a capacidade neuromuscular, por meio
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do treinamento contra resistência, e também pela combinação com trabalhos aeróbios e; 3)
melhorando resistência vascular, por conta de trabalho aeróbio, com intensidade leve a
moderada, e duração mínima de 30 minutos.
O objetivo deste estudo é mostrar que um estilo de vida ativo pode prevenir e
controlar doenças comumente apresentadas por pessoas idosas, melhorando a qualidade de
vida destes indivíduos e que qualquer pessoa, em qualquer idade, pode se engajar em um
programa de exercícios físicos, pois tanto um jovem quanto um idoso podem promover
adaptações fisiológicas que poderão ser benéficas ao organismo, através do treinamento
cardiovascular, resistido e de flexibilidade. Além também de mostrar quais são as
modificações decorrentes do processo de envelhecimento.
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cardíaca e o volume sistólico (quantidade de sangue bombeado por batimento cardíaco);
fazendo com que haja uma redução do consumo máximo de oxigênio (VO2máx).
(FRANKEN & TADDEI, 2002; NÓBREGA e cols, 1999).
Wilmore & Costill (1999) (apud BALSAMO & SIMÃO, 2005) mostram que o
VO2máx diminui com o passar dos anos, principalmente a partir da terceira década de vida,
cerca de 10% por década, ou 1% por ano. Porém Heath e cols (1981) (apud BALSAMO &
SIMÃO, 2005) demonstram que em idosos atletas que nunca pararam de realizar exercícios
físicos, quando comparados com idosos sedentários de mesma faixa etária, têm uma
redução de quase 50% menor no VO2máx, o que nos leva a acreditar que o exercício físico
retarda a sua diminuição comumente apresentada no processo de envelhecimento.
Hanna e cols (2005) avaliaram as alterações correlacionadas entre taxa metabólica
basal (TMB), definida como a "quantidade mínima necessária, de energia para manter as
funções fisiológicas, em repouso" e composição corporal de homens idosos com idade entre
60 e 75 anos. Após seis meses de programa de treinos em cicloergômetros no Limiar
Ventilatório 1, concluíram que o grupo experimental não apresentou modificações
significativas em relação a composição corporal e TMB, porém foi capaz de promover
melhora no sistema cardiopulmonar.
Tribess & Virtuoso (2005), afirma que decorrente do processo de envelhecimento,
ocorre:
3.1 - Força:
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A força muscular tende a diminuir, a partir da terceira década de vida, porém é mais
acentuada após a sexta. (NÓBREGA e cols 1999). A maior concentração adiposa e
diminuição de massa magra, processo conhecido como sarcopenia é um dos responsáveis
pela ocorrência da diminuição da capacidade de gerar força, e da TMB, (BALSAMO &
SIMÃO, 2005; SILVA e cols 2006). As fibras musculares mais acometidas são as fibras de
contração rápida, ou fibras do Tipo II, porém as fibras de contração lenta, Tipo I,
permanecem praticamente inalteradas, fato que explica a maior dificuldade de gerar
potência, força de contração rápida, e a manutenção da capacidade de gerar força máxima
por mais tempo (BALSAMO & SIMÃO; 2005, MAZZEO e cols, 1998; ROGATO &
GOBBI, 2001).
Autores citados por Rogatto & Gobbi (2001), indicam que a perda de força pode
estar relacionada a alterações neurais, que afetariam diretamente a capacidade de produzir
força. Para exemplo, podemos citar a capacidade de gerar impulsos desencadeada pela
redução da quantidade de unidades motoras. Outro tema abordado por Rogatto & Gobbi
(2001), é que a atrofia da massa muscular, também pode ser um fator responsável pela
menor capacidade de gerar força, para a mesma ou maior massa corporal.
O ACSM (1998), em seu posicionamento oficial, relaciona a força muscular com a
capacidade funcional. Segundo seus autores, existe uma grande probabilidade de a força do
quadríceps ser extremamente importante para a velocidade de caminhada.
Machado e cols (2005), em sua pesquisa bibliográfica, sugerem que o treinamento
de força (musculação) usando o método de potência, está relacionado a melhoria na
qualidade de vida do idoso, e que este método, associado ao método de força seria capaz de
proporcionar melhores resultados na força muscular.
Silva e cols (2006), em seu estudo sobre o efeito do treinamento com pesos, em
relação a composição corporal e força muscular com mulheres idosas, 61,1 +/- 7,3 anos,
relatou que provavelmente um treinamento com pesos, executado durante 12 semanas, com
3 sessões de treino por semana, na zona de 10 - 12 repetições, sendo executadas 2 séries
para cada exercício, provocou aumento significativos na força muscular máxima para os
movimentos de flexão e extensão de cotovelos e joelhos, porém não promoveu alterações
nas variáveis de composição corporal, embora tenha diminuído a massa corporal total e o
índice de massa corporal (IMC).
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Kura e cols (2004) fizeram um estudo analisando o índice de massa corporal (IMC),
força muscular estática e o nível de atividade física em idosas praticantes de hidroginástica
e ginástica, e encontraram o IMC dentro do normal, porém um baixo nível de força para os
membros inferiores e uma diferença significativa na prensão manual esquerda, embora
tenham sido classificadas como fisicamente ativas, sugerindo que essas idosas devessem
praticar um treinamento específico para o aumento ou manutenção da força muscular.
Rogatto & Gobbi (2001), constataram que a força dinâmica tende a diminuir com a
idade mesmo em indivíduos que mantêm uma prática constante de exercício físico, quando
comparando mulheres jovens com idosas, e que exercício físico regular, três vezes por
semana, é capaz de retardar essa diminuição dos níveis de força e até mesmo aumentar a
área muscular em idosos.
3.2 - Flexibilidade:
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Analisando dessa forma, podemos compreender que o treinamento dessa qualidade
física deve ser enfatizado, em alguma parte da sessão de treinamento, para melhorias na
qualidade de vida e prevenção contra lesões, e o impedimento da realização de tarefas
comuns da vida diária.
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corporal total e diminuição da concentração de gordura subcutânea, o que implicaria em um
aumento da concentração adiposa na região visceral.
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5) CUIDADOS E BENEFÍCIOS:
5.1 - Pré-exercício:
5.2 – Prescrição
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O alongamento não deve ser esquecido antes da realização de treinamentos tanto
aeróbico quanto a musculação.
Estudos recentes mostram que exercícios realizados na intensidade de 4,5 METs,
são capazes de trazer benefícios para a saúde do idoso, porém, nem todos os idosos têm
condições de iniciarem um programa com o mínimo de aptidão física necessária para
praticar atividade física, sendo melhor então prescrever uma fase de adaptação com níveis
de intensidade e duração abaixo do ideal, 4,5 METs.
O exercício aeróbio pode utilizar o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e a
freqüência cardíaca máxima (FCmáx), previamente encontrados, por testes ergométrico ou
protocolos, para determinar a intensidade do exercício. No caso de pessoas que fazem uso
de medicamentos, estas podem ter a sua freqüência cardíaca mascarada, ou seja, nesses
casos é melhor fazer o uso da escala subjetiva do esforço de Borg.
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A atividade física é capaz de promover melhorias nos níveis de força e flexibilidade
de um idoso da mesma forma que de um jovem, pois ambos são capazes de darem respostas
fisiologicamente positivas a um programa de exercícios.
Segundo o “Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte
e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: Atividade Física e Saúde no idoso” a
atividade física se constitui em um excelente incremento de saúde em qualquer faixa etária,
em especial no idoso, induzindo várias adaptações fisiológicas e psicológicas, tais como:
- Aumento do VO2máx
- Maiores benefícios circulatórios periféricos
- Aumento da massa muscular
- Melhor controle da glicemia
- Melhor controle lipídico
- Redução do peso corporal
- Melhor controle da pressão arterial de repouso
- Melhora da função pulmonar
- Melhora do equilíbrio e da marcha
- Menor dependência para realização de atividades diárias
- Melhora da auto-estima e da autoconfiança
- Significativa melhora da qualidade de vida.
6) SUGESTÃO DE TREINAMENTO
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recomenda um treinamento com duração de 20 a 60 minutos, com a intensidade de 50 a
70% da freqüência cardíaca máxima, sendo que para iniciantes, pode ser utilizada sessões
com 10 minutos de duração; Okuma (1998) apud Tribess & Virtuoso (2005), recomenda
um treinamento com duração de 60 minutos, dividido em fases, inicial; de incremento e; de
manutenção, com duração de 12 a 20 minutos; 21 a 30 minutos e; 45 a 60 minutos,
respectivamente, e ainda sugere uma intensidade de 60 a 70% da FCmáx na fase inicial e 70
a 80% da FCmáx, para as outras duas fases, incremento e manutenção. Matsudo & Matsudo
(1992) apud Tribess & Virtuoso (2005), indica um treinamento com duração de 20 a 60
minutos, com intensidade de 50 a 74% da Fcmáx, ou 12 a 13 na escala subjetiva do esforço
de Borg, que tem uma variação de 6 a 20.
Outro ponto que não pode ser esquecido é que sempre que terminar um trabalho
aeróbico deve ser feito um trabalho de volta à calma, pois a pausa instantânea do exercício
físico está relacionada a complicações cardíacas. A volta à calma pode facilitar a remoção
de lactato; o retorno venoso, diminuindo as chances de o idoso ter uma hipotensão ou
tonteiras. Favorece, também, a dissipação de calor, e ajuda a voltar com a freqüência
cardíaca e pressão arterial para níveis normais. (ACSM, 2000).
6.2Treinamento Resistido:
O treinamento de força pode ser praticado por meios, métodos e com objetivos
diferentes, como pesos livres, elástico, e máquinas, com a finalidade de melhorarem a
estética ou rendimento em algum desporto, além da manutenção da saúde. (CORTES e
cols, 2002).
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Treinamento contra resistência
Movimentos rítmicos
Velocidade moderada a baixa
Respiração normal
o Manobra de Valsalva eleva demasiadamente a pressão arterial
Respeitar a técnica correta
Exercitar-se com parceiros:
o motivação
o auxílio
o segurança
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As modalidades de treino para força e resistência não são aplicadas a mesma
maneira: para força e hipertrofia, a carga deve ficar entre 60 e 80% de 1RM, com 8 a 12
repetições, utilizando de 1 a 3 séries, com recuperação de 1 a 2 minutos entre as séries, com
velocidade de execução de baixa a moderada à uma freqüência semanal de 2 a 3 vezes.
(ACSM, 2003).
Para potência muscular é recomendado o uso de carga entre 40-60% de 1RM, de 6-
10 repetições, com 1-3 séries, com intervalo de descanso variando entre 1-2 minutos, a uma
freqüência semanal de 2 a 3 vezes. (ACSM, 2003).
Já para resistência muscular localizada, a carga deve ficar entre 40 e 60% de 1RM,
com 10 a 15 repetições, utilizando de 1 a 3 séries, com recuperação de 1 a 2 minutos entre
as séries, com velocidade de execução de baixa a moderada, à uma freqüência semanal de 2
a 3 vezes. (ACSM, 2003).
6.3Treinamento de Flexibilidade:
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Scientific Stretching for Sports (3S):
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Processo de reversão lenta:
Processo completo:
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também diz que seria interessante se o treinamento de flexibilidade pudesse ser feito
utilizando de uma a três séries de exercícios com quinze repetições cada e que uma atenção
especial deveria ser dada ao ombro, coluna vertebral e quadris e atenta que o trabalho de
flexibilidade só deve ser feito após aquecimento e relaxamento da musculatura.
Pelo que foi percebido nos estudos citados anteriormente, a flexibilidade deve ser
trabalhada de maneira regular, em alguma parte da sessão de treino. Embora os autores não
pensem em trabalhá-las da mesma forma, é comum entre eles que a flexibilidade deverá ser
trabalhada sempre, e cabe a cada professor, adotar o método que achar melhor.
7) CONCLUSÃO:
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sejam feitos sobre o assunto, tanto de revisão de artigo, como estudos transversais e
longitudinais, para que possa enriquecer ainda mais os conhecimentos sobre a área,
exercício físico e envelhecimento.
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REFERÊNCIAS:
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