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Rio de Janeiro
2013
MAURO CÂNDIDO DA SILVA
Aluno do curso de Tecnologia em Polímeros
Matrícula 0723800157
Rio de Janeiro
Dezembro de 2013
Polímeros Biodegradáveis: Tipos, Propriedades e
Aplicações
ii
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, aos meus familiares e
em especial aos meus pais.
iii
AGRADECIMENTOS:
Aos professores de todas as disciplinas que muito contribuíram para a minha formação;
iv
RESUMO
v
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS iv
RESUMO v
SUMÁRIO vi
Lista de Figuras 1
1. INTRODUÇÃO 2
1.1. OBJETIVO 3
2. REVISÃO DA LITERATURA 3
2.1. BIOPOLÍMEROS 3
2.1.1. Definição 3
2.1.2. Polímeros verdes 5
2.1.3. Monitoramento Tecnológico em Biopolímeros 7
2.2. POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS: TIPOS E PROPRIEDADES 9
2.2.1. Definição 9
2.2.2. Polímeros Biodegradáveis Naturais 10
2.2.3. Polímeros Biodegradáveis Sintéticos 21
2.3. POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS: APLICAÇÕES 25
2.3.1. Blendas de Polímeros sintéticos com polímeros biodegradáveis 26
2.3.2. Compósitos de Polímeros Biodegradáveis com fibras 27
2.3.3. Compósitos de Polímeros Biodegradáveis com carga Inorgânica 28
3. CONCLUSÃO 29
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30
vi
LISTA DE FIGURAS
1
1-INTRODUÇÃO
2
pois são muito usados na fabricação de embalagens usualmente descartadas após utilização
e que vão se acumulando ao longo do tempo na natureza, provocando uma forte poluição
visual. O plástico tornou-se um símbolo da sociedade de consumo descartável e é
atualmente o segundo constituinte mais comum do lixo, após o papel (PIATTI e
RODRIGUES, 2005).
Diante deste contexto, percebe-se que a sociedade está enfrentando atualmente um
grande desafio: solucionar o problema do lixo. Têm sido necessários aterros sanitários cada
vez maiores, e, portanto, mais distantes dos centros urbanos, para acolher o impressionante
volume de lixo que é produzido diariamente. Assim, muitas pesquisas têm sido
desenvolvidas acerca dos polímeros biodegradáveis, que têm sido apontados como uma
solução parcial para resolver esta problemática do lixo.
1.1. OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica acerca dos
tipos, propriedades e aplicações dos polímeros biodegradáveis.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. BIOPOLÍMEROS
2.1.1. Definição
3
muitas pesquisas tentam encontrar nos plásticos biodegradáveis, uma alternativa de
substituição aos plásticos convencionais.
PLA (poli lactato): é um poliéster produzido por síntese química a partir de ácido láctico
obtido por fermentação bacteriana de glicose extraído do milho, com uso potencial na
4
confecção de embalagens, itens de descarte rápido e fibras para vestimentas e forrações.
(BORSCHIVER et al, 2008).
O termo polímero verde tem sido atribuído aos polímeros que outrora eram
sintetizados a partir de matéria-prima proveniente de fontes fósseis, mas que, devido a
avanços tecnológicos passaram também a ser sintetizados a partir de matéria-prima
proveniente de fontes renováveis. Desta forma para diferenciar o polímero obtido a partir de
matéria-prima de fonte renovável daquele obtido a partir de matéria-prima de fontes fósseis,
o adjetivo verde é acrescentado ao nome do polímero: polietileno verde (PE verde) e o
policloreto de vinila verde (PVC verde), os quais mantêm as mesmas características dos
polímeros obtidos de fontes fósseis, ou seja, não são biodegradáveis, porém por serem
provenientes de fontes renováveis, são classificados como biopolímeros (BRITO et al.,
2010).
Os investimentos em produção da Braskem para o desenvolvimento de tecnologia de
produtos que utilizam matéria-prima renovável resultaram na produção em larga escala do
polietileno verde I´m greenTM (Figura 2). O PE verde I´m greenTM é uma resina termoplástica
5
produzida a partir do etanol de cana-de-açúcar brasileiro. É considerado um biopolímero
inovador pois apresenta as seguintes propriedades (Braskem, 2013):
Redução da emissão de gases do efeito estufa – cada tonelada do PE verde captura e fixa
CO2 da atmosfera, ajudando a reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Matéria-prima renovável – proveniente da cana-de-açúcar brasileira; os fornecedores da
Braskem atendem a princípios de desenvolvimento sustentável presentes no “Código de
Conduta para Fornecedores de Etanol”.
Reciclável – o PE verde é reciclável na mesma cadeia de reciclagem do PE de origem fóssil.
Aplicação – o PE verde possui as mesmas características técnicas, aparência e versatilidade
de aplicações do PE de origem fóssil, não exigindo investimento em novas tecnologias de
processamento.
Figura 2: Processo de produção do polietileno verde I´m GreenTM (PE verde) (Braskem,
2013)
O eteno, obtido a partir do etanol, possui pureza adequada para qualquer processo
de polimerização e permite a obtenção de qualquer tipo de polietileno, polietileno de alta
densidade – PEAD, polietileno de baixa densidade – PEBD, polietileno de ultra-alto peso
molecular – PEUAPM e polietileno de baixa densidade linear – PEBDL, com 100% de
matéria-prima renovável. O PVC (cloreto de polivinila) é um composto químico formado por
57% de cloro (derivado do cloreto de sódio) e 43% de eteno (que vem do petróleo), fato pelo
qual já é considerado um plástico não totalmente derivado do petróleo. Devido aos polímeros
6
verdes possuírem características equivalentes às dos polímeros convencionais, suas
aplicações são as mesmas da resina proveniente do petróleo. O polietileno é aplicado na
produção de garrafas, filmes, sacolas plásticas, caixas, artigos de higiene pessoal e
doméstica, e componentes automotivos. O PVC é encontrado em aplicações como produtos
médico- hospitalares, embalagens para alimentos, materiais usados na construção civil e até
em peças de alta tecnologia utilizadas em equipamentos espaciais. Estas são vantagens
apresentadas pelos polímeros verdes em relação aos demais biopolímeros que possuem
aplicações mais restritas. Após o final de sua vida útil, os produtos verdes podem ser
reutilizados, reciclados ou enviados para sistemas de reciclagem energética, com a principal
vantagem de gerar emissão neutra de carbono porque o CO 2 liberado veio originalmente da
atmosfera e será novamente capturado pela cana-de-açúcar na próxima safra (BRITO et al.,
2011).
7
enquanto as pessoas físicas depositaram mais patentes. Entre as empresas, vale destacar a
dinamarquesa a Danisco Company e a americana Biomass Processing Technology, Inc.;
Figura 3: Distribuição das Patentes por Países Depositantes (Borschiver et al. 2008)
8
A principal matéria-prima utilizada para a produção de biopolímeros foi a celulose,
com destaque também para trigo e amido (Figura 5).
Figura 5: Distribuição dos tipos de matérias-primas pelo número de artigos onde são
mencionadas entre 2002-julho/2007 (Borschiver et al. 2008).
2.2.1. Definição
9
Figura 6: Classificação de alguns polímeros biodegradáveis de acordo com sua fonte de
obtenção (Adaptado de BRITO et al., 2011).
10
Figura 7: Ciclo de vida dos polímeros biodegradáveis proveniente de fontes renováveis
(BRITO et al., 2011)
POLISSACARÍDEOS
Os principais polissacarídeos de interesse comercial são celulose e amido, havendo
uma atenção especial aos carboidratos mais complexos: quitosanas, quitinas e xantanas.
Comparando-se as estruturas de alguns destes polímeros, verifica-se que são formados por
unidades básicas de glicose, ligadas como anéis de grupos acetais (aldeído e álcool) e,
portanto, com grande quantidade de grupos hidroxilas (alta hidrofilicidade) (FRANCHETTI e
MARCONATO, 2006).
CELULOSE
A celulose (Figura 8) é um polissacarídeo formado de unidades de glicose, presente
em madeira, papel e algodão. Os outros polissacarídeos têm estrutura semelhante à da
celulose. A quitina é uma molécula complexa encontrada nos crustáceos: caranguejos, siris,
lagostas, camarões. Também existe em insetos, fungos, cogumelos e minhocas; quitosana -
polímero derivado da quitina, utilizado em aplicações médicas e em programas de perda de
peso. Possui significativa compatibilidade com tecidos vivos e melhora a cicatrização de
11
ferimentos; xantana – polímero comercial hidrofílico, muito utilizado como espessante e
estabilizante, em cosméticos e alimentos e como cápsulas de liberação controlada de drogas
(FRANCHETTI e MARCONATO, 2006).
AMIDO
O amido pode ser obtido de diversas fontes vegetais, como cereais, raízes e
tubérculos, e também de frutas e legumes, no entanto, a extração em nível comercial de
amido se restringe aos cereais, raízes e tubérculos. O amido é o polissacarídeo de reserva
dos vegetais e está armazenado sob a forma de grânulos, que apresentam um certo grau de
organização molecular, o que confere aos mesmos um caráter parcialmente cristalino, ou
semicristalino, com graus de cristalinidade que variam de 20 a 45%. O amido é formado por
dois tipos de polímeros de glicose, a amilose e a amilopectina, com estruturas e
funcionalidade diferentes (Figura 9).
12
Figura 9: Principais componentes do amido: (a) amilose e (b) amilopectina (PRADELLA
2006, apud BASTOS, 2010).
13
paralelamente, aproximando-se o suficiente para que se formem ligações de hidrogênio
entre hidroxilas de polímeros adjacentes. Como resultado, a afinidade do polímero por água
é reduzida, favorecendo a formação de pastas opacas e filmes resistentes (MALI et al.,
2010).
As principais fontes comerciais de amido são o milho, a batata, o arroz, o trigo e a
mandioca, porém, dentre outras fontes promissoras para a obtenção de amido estão os
tubérculos de inhame (Dioscorea alata) e os grãos de aveia (Avena sativa). O amido de
inhame, quando comparado com os amidos anteriormente citados, apresenta um teor médio
de amilose mais elevado. Os maiores teores de amilose do amido de inhame são
interessantes para a confecção dos filmes. O amido de mandioca vem sendo bastante
estudado por pesquisadores brasileiros para a obtenção de um material termoplástico a base
de amido, sua estrutura granular semicristalina precisa ser destruída para dar origem a uma
matriz polimérica homogênea e essencialmente amorfa (MALI et al., 2010).
Os fenômenos que possibilitam a destruição da organização dos grânulos de amido
são a gelatinização e a fusão.
A gelatinização é a transformação irreversível do amido granular em uma pasta
viscoelástica, fenômeno que acontece na presença de excesso de água e leva à destruição
da cristalinidade e da ordem molecular do grânulo através do rompimento das ligações de
hidrogênio que, inicialmente, mantinham a integridade deste. Por outro lado, quando o amido
é aquecido na presença de pequenas quantidades de água, o fenômeno que indica o
rompimento dos seus grânulos é conhecido como fusão, e exige temperaturas bem maiores
do que as exigidas para a gelatinização (MALI et al., 2010).
Após a gelatinização, as moléculas de amido podem começar a se reassociar através
de ligações de hidrogênio, favorecendo a formação de uma estrutura mais ordenada, que,
sob condições favoráveis, pode formar uma estrutura novamente cristalina; a este conjunto
de alterações dá-se o nome de retrogradação ou recristalização (MALI et al., 2010).
Os amidos termoplásticos são bastante sensíveis à água e ao envelhecimento. As
cadeias móveis do amido podem sofrer retrogradação e/ou cristalização, levando a
mudanças indesejáveis nas suas propriedades termomecânicas. A estrutura do amido
determina as propriedades desses materiais tais como estabilidade, biodegradabilidade,
textura propriedades mecânicas e térmicas. Produtos de amido termoplástico têm sido
desenvolvidos baseados apenas em amido e aditivos naturais (SILVA, 2003).
14
Durante os últimos anos, a técnica de evaporação de solvente (casting) foi a mais
empregada e discutida na pesquisa de filmes biodegradáveis a base de amido, mostrando
bons resultados dentro do âmbito laboratorial. Porém, para a produção em escala industrial,
apresenta algumas desvantagens, como tempo de processo e custo elevados, esta última
em função do grande gasto energético para a secagem dos filmes. Uma solução para o
problema é a utilização do processo de extrusão para a produção em escala industrial, com
as vantagens de rapidez e menores custos de produção; outro fator importante a ser
considerado é que este processo já é empregado na produção de embalagens sintéticas
convencionais, como as de polietileno, polipropileno, polietileno tereftalato, dentre outras
(MALI et al., 2010).
ÁCIDOS ALGÍNICOS
Algina, ácido algínico ou aginato refere-se a uma substância presente na parede
celular de algas marinhas pardas da classe Phaeophyta e na cápsula celular de algumas
bactérias, em que desempenha funções primariamente estruturais (Figura 10). Estes ácidos
são formados de monômeros de ácidos manurônico e gulurônico. São solúveis em água e
tornam-se insolúveis na presença de cátions, como cálcio, berílio, alumínio e ferro, formando
géis, que podem servir para liberação controlada de drogas em sistemas vivos, para
encapsulamento de herbicidas, microrganismos e células (BRITO et al., 2011).
Figura 10: Estrutura química de ácidos algínicos: a) ácido manurônico b) ácido gulurônico
(BRITO et al., 2011).
POLIPETÍDEOS NATURAIS
As gelatinas são polímeros biodegradáveis, consistindo de proteínas do tipo animal,
com grande aplicação industrial, farmacêutica e biomédica, empregados como coberturas e
15
microencapsulação de drogas e no preparo de hidrogéis. Na conformação β das proteínas, a
cadeia polipeptídica (Figura 11) estende-se em uma estrutura em ziguezague, denominada
de folha β, mantida por ligações de hidrogênio (FRANCHETTI e MARCONATO, 2006).
POLIÉSTERES BACTERIANOS
Poliésteres naturais, que são produzidos por uma grande variedade de bactérias,
como materiais de reserva intracelular, têm sido alvo de muita atenção para aplicações
comerciais, como polímeros biodegradáveis, vantajosamente produzidos por fontes
renováveis. Esta classe de polímeros, os poli(hidroxialcanoatos) (PHAs), poliésteres
alifáticos, também denominados biopolímeros ou bioplásticos (Figura 12), mostra uma
grande variação em suas propriedades, isto é, de materiais rígidos e quebradiços a plásticos
com boas propriedades de impacto ou até elastômeros resistentes, dependendo do tamanho
dos grupos alquilas ramificados e da composição do polímero.
Os poli(hidroxialcanoatos) mais conhecidos são poli(β-hidroxibutirato) (PHB), poli(β-
hidroxivalerato) (PHV) e poli(hidroxi- butirato-co-valerato) (PHB-V), sendo este último
conhecido comercialmente como Biopol. Estes poliésteres têm sido sintetizados por vários
tipos de microrganismos, tais como Alcaligenes eutrophus, Ralstonia eutropha, Alcaligenes
lótus, Comamonas acidvorans e Pseudomonas putida em meios apropriados, como material
de reserva de energia e têm como principais vantagens sua biocompatibilidade e
biodegradabilidade (FRANCHETTI e MARCONATO, 2006).
16
Figura 12: Estrutura química dos poli(hidroxialcanoatos) (PHAs): poli(²-hidroxibutirato); b)
poli(²-hidroxivalerato) e, c) poli(²-hidroxibutirato-covalerato) (BRITO et al., 2011).
Polihidroxialcanoatos – PHA
17
Figura 13: Estrutura molecular geral dos polihidroxialcanoatos (PHAs) (MACEDO, 2010).
Os PHAs podem ser degradados por uma série de microrganismos, tais como
bactérias, fungos ou algas, nos mais variados ambientes tais como solos, lagos, rios, mares,
etc. Esses microrganismos excretam a despolimerase, que hidrolisa os biopolímeros
convertendo-os em oligômeros e monômeros solúveis em água. Em seguida, os próprios
microrganismos reutilizam os produtos resultantes como nutrientes dentro das células. A
biodegradação pode ocorrer em ambas as condições, aeróbica e anaeróbica. Os processos
aeróbicos resultam na conversão completa dos biopolímeros em água e dióxido de carbono,
enquanto que em condições anaeróbicas, o produto da degradação é constituído por dióxido
de carbono e metano. Dentro da família dos PHAs, o PHB e o polihidroxibutirato-co-valerato
(PHBV) são aqueles mais produzidos em escala industrial, embora o primeiro seja melhor
caracterizado ( MACEDO, 2010).
Polihidroxibutirato – PHB
18
Figura 14: Micrografia obtida por microscopia eletrônica de transmissão mostrando seções
de células microbianas contendo grânulos discretos de PHB (JIANG et al., 2008, apud
MACEDO, 2010).
19
aplicação na área médica, uma vez que ela diminui a taxa de absorção pelo organismo. No
entanto, a utilização de agentes nucleantes, plastificantes e outros aditivos tem possibilitado
contornar satisfatoriamente algumas das deficiências do PHB. A degradação térmica do PHB
ocorre com o aquecimento desse poliéster a temperaturas próximas a seu ponto de fusão
170-200 ºC. Nessas condições ocorre a quebra das ligações ésteres entre as unidades
repetitivas e a rápida redução de sua massa molar média. A degradação do PHB em
temperaturas entre 170-200 ºC produz principalmente oligômeros. Uma vez que a
degradação térmica resulta na diminuição da massa molar do PHB, todas as propriedades
físicas e mecânicas também são alteradas (QUENTAL et al., 2010).
Para tornar o PHB um material competitivo é imprescindível aperfeiçoar seu
processamento utilizando processos usuais de transformação de polímeros a partir do
estado plastificado: Temperatura de processamento > Tg (Temperatura de transição vítrea)
para polímeros amorfos ou Temperatura de processamento > Tm (Temperatura de fusão
cristalina), para polímeros semicristalinos, que por sua vez é muito limitado devido à
degradação térmica sofrida pelo PHB. A possibilidade de processá-lo e moldá-lo como um
típico termoplástico ampliaria suas aplicações. Embora, o processamento seja apontado por
muitos como um grande obstáculo, com os parâmetros adequados é perfeitamente viável
processar o PHB sem comprometer suas propriedades (QUENTAL et al., 2010).
A massa molar do PHB é uma das propriedades mais importantes no processamento,
uma vez que a viscosidade do PHB no estado fundido também é dependente da massa
molar, ou seja, a viscosidade pode vir a limitar a utilização do PHB na mistura com outros
polímeros ou mesmo na moldagem por injeção. Sem dúvida nenhuma, a síntese do PHB tem
sido uma das áreas de maior interesse nos últimos 20 anos. Um levantamento bibliográfico
mostra que trabalhos sobre PHB concentram-se nas áreas de síntese e produção de blendas
de PHB (QUENTAL et al., 2010).
20
As propriedades físicas e térmicas desses copolímeros são fortemente dependentes
da composição de 3HV, de modo que e a temperatura de fusão decresce significativamente
com o aumento da fração de 3HV no copolímero, sem, contudo, afetar a temperatura de
degradação, permitindo melhores condições de processabilidade. A alta porcentagem de
3HV diminui a cristalinidade do polímero, fazendo com que ele fique mais flexível (CATONI,
2011).
Esta classe de polímeros tem sido muito empregada em usos biomédicos, tais como
cápsulas de liberação controlada de droga em organismos vivos, fixadores em cirurgias
(suturas, clips, pinos para ossos) e para embalagens especiais (FRANCHETTI e
MARCONATO, 2006).
Os polímeros mais usados têm sido poli (ácido lático) (PLA), poli (ácido glicólico)
(PGA), poli (ácido glicólico-ácido lático) (PGLA), poli(ε-caprolactona) (PCL). Estes polímeros
(Figura 15) são ésteres alifáticos biodegradáveis, por possuírem cadeias carbônicas
hidrolisáveis. Se a biodegradação for por meio da ação de enzimas, a cadeia polimérica
deve se ajustar aos sítios ativos das enzimas e isto é favorecido pela flexibilidade das
cadeias poliméricas alifáticas, o que não ocorre com os poliésteres aromáticos. PLA, PGA e
PGLA são poliésteres muito utilizados em suturas absorvíveis dentro de um sistema vivo,
sendo que uma grande vantagem é sua biodegradabilidade por hidrólise simples da cadeia
de éster em meio aquoso, ou seja, nos fluidos corporais. PCL foi muito estudado como
substrato para biodegradação e como matriz para liberação controlada de drogas. PCL é
biodegradado através da hidrólise enzimática, por fungos. Suas constantes físicas,
temperatura de transição vítrea Tg e temperatura de fusão Tf são para o PCL -60 e 60°C,
para o PLA 58 e 180°C e para o PGA 36 e 224-226°C, respectivamente (FRANCHETTI e
MARCONATO, 2006).
21
Figura 15: Estrutura química de: a) poli(ε-caprolactona) (PCL); b) poli(ácido lático) (PLA); c)
poli(ácido glicólico) (PGA) e, d) poli(ácido glicólico-lático) (PGLA).
PLA
22
A polimerização enzimática é um método ambientalmente mais amigável que pode
ser realizado sob condições brandas, é altamente específico e provê controle adequado do
processo de polimerização. Lipases são biocatalisadores muito versáteis, pois podem ser
utilizadas na síntese de uma extensa variedade de substratos com alta estereoespecificidade
(SIQUEIRA, 2011).
O ácido lático sintetizado biologicamente produz quase exclusivamente o L- ácido
lático, levando a produção do L-poliácido lático – PLLA, com baixo peso molecular. Por outro
lado, o processo químico leva a várias taxas de L- e D- ácido lático. Na verdade, a reação
química leva a formação de um diéster cíclico, o lactato, como um passo intermediário a
produção do PLA. Uma polimerização por abertura de anel do lactato leva a formação dos
dois enantiômeros L- e D- ácido lático. Este tipo de polimerização tem a vantagem de
produzir polímeros com maiores pesos moleculares e permitir o controle das propriedades
finais do PLA pelo ajuste das proporções e sequências das unidades de L- e D- ácido lático.
(BRITO et al., 2011).
O PLA apresenta propriedades mecânicas comparáveis com as dos polímeros
provenientes de fontes fósseis, especialmente, elevado módulo de elasticidade, rigidez,
transparência, comportamento termoplástico, biocompatibilidade e boa capacidade de
moldagem. O PLA é também de diversas formas similar ao polietileno tereftalato – PET. Suas
propriedades térmicas e mecânicas são superiores a dos outros poliésteres alifáticos
biodegradáveis, como o polibutileno succinato – PBS, o polihidroxibutirato – PHB e a
policaprolactona – PCL (BRITO et al., 2011).
Sob condições de alta temperatura e elevada umidade, o PLA irá degradar-se
rapidamente e se desintegrar dentro de semanas ou meses. O principal mecanismo de
degradação é a hidrólise, seguido pelo ataque de bactérias, sobre os resíduos fragmentados.
A taxa de hidrólise é acelerada por ácidos ou bases e é dependente do teor de umidade e
temperatura. Dimensões da peça, cristalinidade e misturas (blendas, compósitos,
nanocompósitos) afetarão a taxa de degradação. Produtos de PLA se degradam
rapidamente tanto em condições aeróbicas como em condições anaeróbicas de
compostagem (BRITO et al., 2011).
Sob condições normais de uso, o PLA é muito estável e mantém a sua massa
molecular e propriedades físicas durante anos. Devido apresentar elevada transparência
com taxa de cristalização relativamente baixa o PLA é um candidato promissor à fabricação
de filmes orientados biaxialmente, embalagens termoformadas e garrafas moldadas por
23
injeção sopro. O PLA também pode ser aplicado na confecção de fibras para indústria têxtil,
sacolas plásticas, filmes para agricultura, e outras aplicações (BRITO et al., 2011).
PCL
24
A terapia gênica, a liberação controlada de drogas e a bionanotecnologia, as quais
requerem como plataforma para sua construção a utilização de materiais biodegradáveis.
Os polímeros sintéticos biodegradáveis possuem muitas vantagens em relação a outros
materiais para o desenvolvimento de matrizes para o crescimento de células específicas e
utilização na engenharia de tecidos. Entre as vantagens incluem-se a capacidade se serem
produzidos com propriedades mecânicas sob medida e de degradação cinética adaptadas a
várias aplicações. Também podem ser fabricados em várias formas, com poros cujas
características morfológicas permitem o crescimento do tecido biológico desejado (SILVA,
2009).
De acordo com o tipo de aplicação a que se destina na medicina ortopédica, um
material sintético deve possuir características físicas, químicas, biológicas, biomecânicas
específicas e propriedades de degradação que proporcionem eficiência terapêutica. As
propriedades químicas, físicas, mecânicas e biológicas de um material biodegradável variam
com o tempo e os produtos de degradação produzidos. Por desempenharem um papel
essencial como suportes que proporcionam a formação de estruturas tridimensionais e
ambientes de matriz extracelular sintéticos para a regeneração do tecido biológico, estes
suportes devem imitar características da matriz extracelular natural bem como interações
célula-matriz extracelular e estratégias de liberação biológica que sinalizem o
desenvolvimento do processo de cura. Estes materiais biomiméticos devem ser sintetizados
através de modernas tecnologias de processos, com o objetivo de alcançar composições ou
propriedades semelhantes às da matriz extracelular. Devido à complexidade e ao vasto
campo de aplicações dos polímeros biodegradáveis, tem sido desenvolvida uma variedade
de materiais biodegradáveis para a fabricação de implantes com características específicas
para cada aplicação biomédica individual (SILVA, 2009).
25
2.3.1. Blendas de Polímeros sintéticos com polímeros biodegradáveis
26
adesão entre a fase dispersa de PP-g-AM e a matriz, indicando que o sistema foi
compatibilizado (QUENTAL et al., 2010).
Blendas de polietileno de baixa densidade (PEBD) e amido termoplástico (TPS)
modificado foram preparadas via extrusão reativa (REX) e caracterizadas por microscopia
eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia na região do infravermelho com transformada
de Fourier (FTIR), absorção de umidade em ambiente com 53% de umidade relativa e
difração de raios-X. Em uma primeira etapa, foi preparado o TPS- modificado, via REX a
partir de uma mistura de amido de milho, ácido cítrico e glicerol. As blendas TPS-PEBD
foram preparadas pelo processamento de uma mistura do TPS modificado e PEBD, ambos
em peletes, em uma extrusora de rosca simples. Foi observado um significativo efeito de
compatibilização, atribuído especialmente à redução da viscosidade da fase TPS e
consequente redução da tensão interfacial entre as fases de TPS e PEBD. Os espectros de
FTIR apresentaram deslocamentos de bandas de absorção do amido confirmando o efeito
de compatibilização pelo ácido cítrico. Observou-se também significativa alteração da
morfologia das blendas, especialmente para as blendas preparadas com adição de 1,0 – 1,5
% de ácido cítrico, que apresentaram estrutura da fase dispersa mais fina e homogênea
(MIRANDA e CARVALHO, 2011).
27
Os resultados da difração de raios-X mostraram que o hexilenoglicol funciona como um bom
plastificante para a mistura PHB/pó de coco com até 10 % de pó. Por outro lado, ele não
apresenta o mesmo comportamento para as misturas com teores mais elevados de pó de
coco. Os resultados de MEV revelaram baixa adesão entre o reforço e a matriz, levando à
produção de compósitos com propriedades ainda não satisfatórias do ponto de vista
industrial, porém melhores do que o PHB/pó-100:0. Um tratamento químico do pó de coco
deverá ser feito para otimizar a adesão deste com a matriz e, por consequência, obter um
biocompósito com propriedades adequadas para fins industriais.
Leão et al. (2013), realizaram um trabalho visando contribuir para a sustentabilidade e
promover um destino ecologicamente correto aos resíduos sólidos, através da reciclagem,
copos de PP provenientes de bebidas (PP pós-consumo) foram coletados seletivamente e
beneficiados, através da moagem, lavagem e secagem dos mesmos. A fim de conferir
melhores propriedades mecânicas a estes materiais, foi utilizado o resíduo de fibras de
bananeira como material de reforço, o principal resíduo da bananicultura. Devido à fraca
adesão das fibras em seu estado natural à matriz de PP, foi realizado um tratamento químico
de merceirização seguido de acetilação nas fibras de bananeira. A eficácia do tratamento
químico nas fibras foi verificada por espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) e difratometria a alto ângulo (WAXS). Posteriormente foram preparados
compósitos utilizando-se o PP pós-consumo com as fibras tratadas e não tratadas em
extrusora mono-rosca com perfil plano. Os resultados mostram que o tratamento foi eficaz
em reduzir a grande higroscopicidade das fibras, obtendo-se um compósito com
propriedades otimizadas.
28
3. CONCLUSÃO
Alguns fatores principais que tem limitado a utilização destes em larga escala são:
elevado custo de produção;
propriedades físicas e mecânicas inferiores aos plásticos tradicionais;
processo de envelhecimento e sua degradação térmica a temperaturas próximas do
ponto de fusão.
29
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
30
816. 2006.
LEÃO. A.G., VIEIRA, M.C., PEREIRA, P.S.C., SILVA, L.P., BASTOS, D.C. compósitos
sustentáveis à base de polipropileno pós-consumo e fibras de bananeira modificadas por
tratamento químico. 12º. Congresso Brasileiro de Polímeros, Florianópolis, Set/2013.
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