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GESTÃO DE

ORGANIZAÇÕES
EDUCACIONAIS

Pablo Rodrigo Bes


Organizações políticas
na educação brasileira
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar a organização pública da educação brasileira.


 Descrever as três esferas administrativas da organização pública.
 Analisar as políticas públicas educacionais no contexto de cada esfera
administrativa da organização pública.

Introdução
Para fazer a gestão do sistema educacional brasileiro, são necessárias
estruturas específicas. Ao serem organizadas, essas estruturas desenvol-
verão as suas atribuições de forma integrada e colaborativa, em busca
dos objetivos educacionais propostos para a educação no Brasil.
Neste capítulo, você vai aprender sobre como é organizada a edu-
cação brasileira pela administração pública educacional. Ainda, co-
nhecerá as três esferas administrativas (União, estados, Distrito Federal
e municípios) que trabalham em regime de colaboração no sistema
educacional brasileiro, analisando as políticas educacionais relativas a
cada uma delas.

Organização da educação no Brasil


Para que possamos entender como se organiza a educação brasileira na atua-
lidade, podemos partir do próprio conceito de sistema. Segundo Bertalanffy
(1968), sistema se refere a um conjunto de elementos que interagem e trocam
entre si informações, recursos e demais fatores existentes nos seus processos,
de forma interdependente, para o alcance de resultados comuns. Para entender
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o conceito proposto pelo autor, observe o seu próprio corpo, que é formado por
inúmeros sistemas. Quando um deles entra em colapso, o seu funcionamento
fica prejudicado, não é mesmo?
Ao se referir ao conceito de sistema nacional de educação, Saviani (2010,
documento on-line) esclarece que “[...] o sistema é produto da ação sistemati-
zada, isto é, da capacidade humana de agir intencionalmente segundo objetivos
previamente formulados”. Dessa forma, para que a educação brasileira possa
atingir os objetivos propostos na Constituição Federal de 1988 (BRASIL,
1988), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB)
(BRASIL, 1996) e nas metas do Plano Nacional de Educação (PNE, 2014–2024)
(BRASIL, 2014), é essencial que seja realizada uma organização por parte da
administração pública responsável pela área educacional. Essa organização
compõe o sistema educacional brasileiro e envolve os entes federativos (União,
estados, Distrito Federal e municípios) e os seus respectivos sistemas de ensino,
conforme expõe a Figura 1.

Figura 1. Organização do sistema educacional brasileiro.


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A Figura 1 procura representar o que se encontra previsto no art. 8º da


LDB vigente:

Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão,


em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino.
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulan-
do os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva
e supletiva em relação às demais instâncias educacionais.
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta
Lei (BRASIL, 1996, documento on-line).

Em cada sistema de ensino, haverá também instituições de ensino cor-


respondentes e órgãos responsáveis por fazerem a sua gestão, bem como os
seus respectivos planos e conselhos. Em essência, fazem parte do sistema de
ensino municipal todas as instituições de ensino que se localizam no território
municipal, públicas e privadas, que são geridas pela Secretaria Municipal de
Educação, devendo contar ainda com o Conselho Municipal de Educação e
com o respectivo Plano Municipal de Educação.
Nos arts. 16, 17 e 18 da LDB, são apresentados os órgãos que compõem
cada um dos sistemas de ensino. O sistema federal de ensino, segundo o art.
16 da LDB, compreende “[...] as instituições de ensino mantidas pela União;
as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada
e os órgãos federais de educação” (BRASIL, 1996, documento on-line). Os
sistemas de ensino dos estados e do Distrito Federal, por sua vez, compreendem
os seguintes órgãos e instituições:

Art. 17 Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal compreendem:


I — as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público
estadual e pelo Distrito Federal;
II — as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público mu-
nicipal;
III — as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela
iniciativa privada;
IV — os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente
(BRASIL, 1988, documento on-line).

Os sistemas de ensino municipais, conforme propõe o art. 18 da LDB,


compreendem “[...] as instituições do ensino fundamental, médio e de educação
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infantil mantidas pelo Poder Público municipal; as instituições de educação


infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada e os órgãos municipais de
educação” (BRASIL, 1996, documento on-line).
É preciso ressaltar que um dos elementos importantes para que o sistema
educacional brasileiro funcione e persiga os seus objetivos diz respeito à
abrangência das instituições escolares que fazem parte dele — vale destacar
que tanto as escolas públicas quanto as privadas constituem esse sistema. Outro
aspecto de significativa importância é a existência de órgãos de educação
em cada ente da federação que se responsabilizem por conduzir as ações
educacionais na sua esfera.
A LDB de 1996 define, no art. 4º, que o período de educação básica obri-
gatória e gratuita será dos 4 aos 17 anos de idade (BRASIL, 1996), e organiza
a educação nacional conforme o Quadro 1.

Quadro 1. Organização do ensino a partir da LDB

Educação infantil  Creche: variável, não obrigatório


 Pré-escolar: 2 anos obrigatórios (4 e
5 anos de idade)

Ensino fundamental 9 anos

Ensino médio 3 anos

Educação superior Variável

 Os níveis da educação escolar passam a ser dois: educação básica e


educação superior.

 As modalidades da educação são a educação de jovens e adultos, a


educação profissional e a educação especial.

Fonte: Adaptado de Brasil (1996).

A partir da LDB de 1996, foram introduzidas mudanças significativas na


organização da educação brasileira. Um exemplo é a instituição do regime
de colaboração entre União, estados e municípios, que passou a vigorar com
o entendimento de que, para que se atinjam os objetivos educacionais, deve
haver o comprometimento desses diferentes entes federativos. Assim, são
definidas como incumbência primordial da União a educação superior, dos
estados e do Distrito Federal prioritariamente o ensino médio (mas assegurando
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o ensino fundamental), e dos municípios o ensino fundamental e a educação


infantil prioritariamente.
Outra atribuição importante da União, prevista no art. 9º, inciso VIII, da
LDB, refere-se à existência de um processo nacional de avaliação do rendimento
dos estudantes da educação básica e da educação superior. Para cumprir com
essa atribuição, foram instituídas as avaliações de larga escala, que servem para
mensurar o desempenho estudantil e, consequentemente, medir e monitorar a
qualidade das escolas que compõem o sistema educacional brasileiro. Atual-
mente, essas medidas são analisadas a partir do Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb) e do Censo Escolar.

No art. 59 da LDB, encontramos uma referência aos alunos com deficiências, propondo
os cuidados e as adaptações nos currículos, bem como em técnicas, avaliações, recursos
e professores para o atendimento especializado desse público em particular.
É importante demarcar que, atualmente, esses assuntos da Educação Especial são
tratados por uma perspectiva inclusiva.

É possível observar as mudanças propostas pela LDB no cotidiano da escola e


na organização do trabalho do professor, como no inciso V do art. 67 (BRASIL,
1996, documento on-line):

Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da


educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos
de carreira do magistério público:
[...]
V. período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga
de trabalho [...]

Diante disso, os sistemas de ensino precisaram se adequar e propor tempos


de planejamento para que os professores pudessem preparar melhor as suas aulas
dentro da carga horária dos seus respectivos contratos de trabalho. Isso fez com
que alguns municípios optassem por ceder esse tempo de planejamento de modo
que ele pudesse ser realizado dentro ou fora da escola, a critério dos docentes.
Outro ponto proposto pela LDB, ao organizar os sistemas de ensino, diz
respeito à gestão democrática no interior das escolas. Dessa forma, abrem-se
espaços para que a comunidade escolar possa vir a participar da escola, seja
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na elaboração dos projetos políticos pedagógicos (PPPs) ou ainda em conse-


lhos escolares ou associações de pais e mestres, por exemplo. Cury (2007,
documento on-line) reforça a importância da gestão democrática ao afirmar
que esta “[...] é a forma dialogal, participativa com que a comunidade educa-
cional se capacita para levar a termo um projeto pedagógico de qualidade e da
qual nasçam ‘cidadãos ativos’ participantes da sociedade como profissionais
compromissados”.
Desde 2017, por meio da Resolução nº. 2 do Conselho Nacional de Educação/
Conselho Pleno (CNE/CP), o sistema educacional brasileiro teve normatizada
a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a educação infantil e o
ensino fundamental. Esta se propõe a ser, segundo o seu texto, “[...] um do-
cumento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo
de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo
das etapas e modalidades da educação básica.” (BRASIL, 2018a, documento
on-line). Isso significa que, ao nortear os currículos de cada sistema de ensino,
tem como premissa oferecer a todos os alunos igualdade de condições, vindo
ao encontro do previsto na LDB e nas demais políticas públicas nacionais.

A LDB, publicada em 20 de dezembro de 1996, sofre alterações constantes por meio


de leis que a complementam, alteram ou suprimem dela artigos e incisos. Por isso,
fique atento: sempre que precisar se orientar por esse documento legal, consulte a
sua versão atualizada no link a seguir.

https://goo.gl/oXee3

As três esferas administrativas da educação


brasileira
A organização da educação no Brasil é proposta na Constituição Federal de
1988, que entende que essa organização será realizada a partir da colaboração
entre as três esferas administrativas que compõem o País — ou entre os entes
federativos que constituem as instâncias de governo no Brasil. Conforme o
texto constitucional:
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Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão


em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará
as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional,
função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunida-
des educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;
2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na edu-
cação infantil.
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fun-
damental e médio.
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar
a universalização do ensino obrigatório.
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regu-
lar (BRASIL, 1988, documento on-line).

O artigo constitucional apresenta pontos importantes para que possamos co-


nhecer o conceito de regime de colaboração entre as esferas que se encarregam
de administrar a educação nacional. Dessa forma, ainda que em cada esfera
administrativa haja prioridades na área de atuação, União, estados, Distrito
Federal e municípios devem atuar em colaboração. É importante destacar
ainda a função redistributiva e supletiva da União, por exemplo, por meio do
repasse de recursos às instâncias estaduais ou municipais. No tópico seguinte,
você verá algumas políticas públicas de responsabilidade de cada uma delas.
A organização da educação brasileira apoia-se em atribuições específicas
da União (art. 9º da LDB), conforme mostra o Quadro 2.

Quadro 2. Atribuições da União na educação

Elaborar o PNE, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios.

Organizar, manter e desenvolver os órgãos e as instituições oficiais do sistema


federal de ensino e o dos territórios.

Prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos muni-
cípios para o desenvolvimento dos seus sistemas de ensino e o atendimento prio-
ritário à escolaridade obrigatória, exercendo a sua função redistributiva e supletiva.

Estabelecer, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios,


competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o
ensino médio, que nortearão os currículos e os seus conteúdos mínimos, de
modo a assegurar uma formação básica comum.

(Continua)
8 Organizações políticas na educação brasileira

(Continuação)

Quadro 2. Atribuições da União na educação

Estabelecer, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios,


diretrizes e procedimentos para a identificação, o cadastramento e atendimento
de alunos com altas habilidades ou superdotação na educação básica e na
educação superior.

Coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação.

Assegurar um processo nacional de avaliação do rendimento escolar nos ensi-


nos fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino.

Baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação.

Assegurar um processo nacional de avaliação das instituições de educação


superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre
esse nível de ensino.

Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os


cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu
sistema de ensino.

Fonte: Adaptado de Brasil (1996).

Como você pode ver, as atribuições da União são essenciais para o planeja-
mento e a condução do sistema nacional de educação, destacando a importância
do PNE (2014–2024) e a projeção das 20 metas a serem perseguidas pelos
sistemas de ensino federal, estaduais e municipais ao longo desse decênio.
Da mesma forma, a União assume a função de prestar assistência técnica e
financeira para que os estados, o Distrito Federal e os municípios possam
desenvolver os seus sistemas de ensino, buscando proporcionar uma educação
de qualidade durante todo o período de escolarização obrigatória.
É importante destacar que essa qualidade na educação é acompanhada por
um processo de avaliação periódica em todos os níveis educacionais, tanto
na educação básica quanto na educação superior. A LDB ainda propõe que
exista um CNE, com função normativa e de supervisão permanente. O CNE
é um órgão de Estado composto pelas Câmaras da Educação Superior (CESs)
e pela Câmara da Educação Básica (CEB). Esse órgão foi criado pela Lei nº.
9.131, de 24 de novembro de 1995, com a finalidade inicial de colaborar na
construção do PNE da época. Segundo o site do MEC, “[...] o CNE tem por
missão a busca democrática de alternativas e mecanismos institucionais que
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possibilitem, no âmbito de sua esfera de competência, assegurar a participação


da sociedade no desenvolvimento, aprimoramento e consolidação da educação
nacional de qualidade” (BRASIL, [2018b]). São três as principais esferas de
responsabilidade do CNE: normativas, deliberativas e de assessoramento ao
Ministro da Educação.
A LDB também esclarece que as atribuições relativas à educação superior
poderão ser delegadas aos estados (e Distrito Federal) que possuírem insti-
tuições de educação superior. Aos estados, de acordo com o art. 10 da LDB,
são atribuídas as incumbências descritas no Quadro 3.

Quadro 3. Atribuições dos Estados na educação

Organizar, manter e desenvolver os órgãos e as instituições oficiais dos seus


sistemas de ensino.

Definir, com os municípios, formas de colaboração na oferta do ensino funda-


mental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabi-
lidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros
disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público.

Elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as


diretrizes e os planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas
ações e as dos seus municípios.

Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar os cursos das institui-


ções de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino.

Baixar normas complementares para o seu sistema de ensino.

Assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio a


todos os que o demandarem, respeitando o que é disposto no art. 38 da LDB.

Assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual.

Fonte: Adaptado de Brasil (1996).

Da mesma forma como a União é responsável pela organização, manuten-


ção e pelo desenvolvimento do sistema federal de ensino, cabe aos estados
realizar essas ações em relação às instituições de ensino e aos órgãos que
atuam na educação no sistema estadual de ensino. O estado deve se articular
junto aos municípios que o compõem para que possam ser elaboradas e
executadas as políticas públicas educacionais pertinentes — sempre com
o cuidado de manter a concordância com as diretrizes do Ministério da
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Educação e do próprio PNE. Os estados produziram os seus planos estaduais


de educação a partir do PNE vigente, promovendo assim a busca pelas metas
propostas no seu território de atuação. Inclusive, cabe aos estados assegurar
que o ensino fundamental seja ofertado, mas a sua prioridade é o ensino
médio. É importante esclarecer que, no caso do Distrito Federal, aplicam-se
tanto as incumbências relativas aos estados quanto aos municípios.
Os municípios, por sua vez, têm as suas atribuições especificadas no
art. 11 da LDB:

I — organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos


seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da
União e dos Estados;
II — exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
III — baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;
IV — autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sis-
tema de ensino;
V — oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com priorida-
de, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino
somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área
de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados
pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino.
VI — assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal (BRASIL,
1996, documento on-line).

Seguindo a lógica de sistemas de ensino interdependentes e que operem


de forma complementar e subsidiária, você pode perceber que as atribuições
municipais se relacionam com a organização, a manutenção e o desenvolvi-
mento das instituições de ensino e dos órgãos educacionais existentes dentro
do seu território.
Além das escolas, compõem esse sistema municipal a Secretaria de Edu-
cação, o Conselho Municipal de Educação e os demais órgãos encarregados
da condução das questões educacionais municipais. Também é incumbência
dos municípios o planejamento das suas ações para que estas possam apoiar
o alcance das metas do PNE — o que é feito a partir da construção dos planos
municipais de educação.
Os municípios têm como prioridade de oferta o ensino fundamental e são
os grandes responsáveis pelo atendimento na educação infantil no sistema
nacional de educação, seja nas creches (0 a 3 anos) ou na pré-escola (4 e 5
anos). Também cabe aos municípios a responsabilidade pelo transporte escolar
dos seus alunos.
Organizações políticas na educação brasileira 11

Assim, as atribuições das esferas administrativas federal, estaduais e


municipais apresentam-se de forma complementar e interdependente. Porém,
apresentam uma relação de hierarquia e ordenamento que faz com que os
municípios precisem atentar para a Legislação e as normatizações estaduais
e federais ao proporem as suas políticas públicas educacionais.

A LDB, publicada em 20 de dezembro de 1996, sofre alterações constantes por meio


de leis que a complementam, alteram ou suprimem dela artigos e incisos. Por isso,
fique atento: sempre que precisar se orientar por esse documento legal, consulte a
sua versão atualizada no link a seguir.

https://goo.gl/oXee3

As políticas públicas educacionais pertinentes


a cada esfera pública administrativa
As políticas públicas educacionais são elaboradas para que as questões que
envolvem a educação sejam organizadas, estruturadas e executadas por todos
os sistemas de ensino que compõem o sistema educacional brasileiro. Isso
significa entender que essas políticas atingiram os seus objetivos quando
cada esfera administrativa (União, estados e Distrito Federal e municípios)
se dispuser a fazer a sua parte, cumprindo com as suas atribuições e atuando
de acordo com o regime de colaboração. É a partir da atuação colaborativa
e integrada dos sistemas de ensino municipais, estaduais e federal que as
políticas públicas educacionais são construídas, implementadas e monitoradas.
Vamos agora analisar como as esferas administrativas atuam em relação a
algumas políticas públicas educacionais. Utilizaremos para essa análise inicial
o PNE (2014–2024) e as suas metas, para perceber como o alcance destas
depende fundamentalmente dos esforços de todos os entes da federação que
organizam publicamente a educação.
O PNE (2014–2024) (BRASIL, 2014) foi construído a partir de muitas
discussões e deliberações junto ao Congresso Nacional, proporcionando que
a participação popular fosse realizada nos âmbitos municipais, regionais,
estaduais e nacionais, perseguindo a construção democrática de tal documento.
A construção do PNE, por estes motivos, foi realizada durante o período
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aproximado de três anos e meio, promovendo a participação de muitos atores


da rede pública e privada de educação e da sociedade como um todo.
Segundo Britto (2015, p. 37), com a Lei nº. 13.005, de 25 de junho de 2014,
conclui-se “[...] o longo e complexo processo de construção de uma bússola para
as políticas educacionais brasileiras, com metas ambiciosas e abrangentes, que
requerem uma bem-sucedida coordenação federativa para serem atingidas”.
Essa coordenação citada pela autora deve ocorrer no interior de cada sistema de
ensino, seja ele municipal, estadual, distrital ou federal. Ao fazer a leitura das
20 metas que compõem o PNE, é possível imaginar que, para que elas possam
ser atingidas, será necessário um apoio mútuo entre os sistemas municipais,
estaduais e federal. Reveja essas metas no Quadro 4.

Quadro 4. As 20 metas do PNE 2014–2024

Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de


4 a 5 anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a
atender no mínimo 50% das crianças de até 3 anos até o final da vigência do PNE.

Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 anos para toda a população de 6 a


14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade
recomendada até o último ano de vigência do PNE.

Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a


17 anos e elevar, até o final do período de vigência do PNE, a taxa líquida de matrí-
culas no ensino médio para 85%.

Meta 4: universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtor-


nos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à
educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na
rede regular de ensino, com a garantia de um sistema educacional inclusivo, de salas
de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou
conveniados.

Meta 5: alfabetizar todas as crianças até no máximo o final do 3º ano do ensino


fundamental.

Meta 6: oferecer educação em tempo integral em no mínimo 50% das escolas públi-
cas, de forma a atender pelo menos 25% dos(as) alunos(as) da educação básica.

Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modali-


dades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de modo a atingir as
seguintes médias nacionais para o Ideb: 6,0 nos anos iniciais do ensino fundamental;
5,5 nos anos finais do ensino fundamental; 5,2 no ensino médio.

(Continua)
Organizações políticas na educação brasileira 13

(Continuação)

Quadro 4. As 20 metas do PNE 2014–2024

Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de modo a


alcançar no mínimo 12 anos de estudo no último ano de vigência do plano, para
as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% mais
pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para


93,5% até 2015 e, até o final da vigência do PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e
reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.

Meta 10: oferecer no mínimo 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, nos
ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional.

Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio,


assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% da expansão no segmento
público.

Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa
líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e
expansão para pelo menos 40% das novas matrículas no segmento público.

Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres


e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de edu-
cação superior para 75%, sendo, do total, no mínimo 35% doutores.

Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto


sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 mestres e 25.000 doutores.

Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os estados, o Distrito


Federal e os municípios, no prazo de um ano de vigência do PNE, uma política
nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e
III do caput do art. 61 da Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurando que
todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação espe-
cífica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento
em que atuam.

Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% dos professores da educação


básica, até o último ano de vigência do PNE, e garantir a todos(as) os(as) profissionais
da educação básica formação continuada na sua área de atuação, considerando as
necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino.

Meta 17: valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de edu-
cação básica, de forma a equiparar o seu rendimento médio ao dos(as) demais
profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência
do PNE.

(Continua)
14 Organizações políticas na educação brasileira

(Continuação)

Quadro 4. As 20 metas do PNE 2014–2024

Meta 18: assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para
os(as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de
ensino e, para o plano de carreira dos(as) profissionais da educação básica pública,
tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido conforme o
inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.

Meta 19: assegurar condições, no prazo de dois anos, para a efetivação da gestão
democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e
à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo
recursos e apoio técnico da União para tanto.

Meta 20: ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir


no mínimo o patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no 5º ano de
vigência do PNE, e no mínimo o equivalente a 10% do PIB ao final do decênio.

Fonte: Adaptado de Brasil (2014).

A construção do PNE é uma atribuição da União, em parceria com os estados,


o Distrito Federal e os municípios, e serve de base para que tanto os estados (e
o Distrito Federal) quanto os municípios possam realizar os seus planejamentos
em cada um dos níveis. Dessa forma, para alcançar as 20 metas propostas, é
preciso o envolvimento de todas as esferas administrativas. Por exemplo, a Meta
1 trata da ampliação do atendimento na educação infantil, tanto para as pré-
-escolas (4 e 5 anos) quanto para as creches (0 a 3 anos). O alcance dessa meta
está diretamente relacionado com os esforços municipais, uma vez que cabe
aos municípios, de acordo com a Constituição Federal de 1988 e a LDB, atender
prioritariamente o ensino fundamental e a educação infantil. Para que as metas
relativas à educação infantil possam ser atingidas, os municípios contam com
os programas de financiamento educacional disponibilizados pelo Estado, pois
cabe a ele, segundo a LDB, assegurar as condições financeiras para esse fim.
A Meta 5 do PNE, que trata da alfabetização de todas as crianças até o
final do terceiro ano, é outro exemplo que suscita a necessidade de outras
políticas públicas educacionais importantes. Entre elas, vale citar a avaliação,
de modo que seja realizado o seu monitoramento, por meio das avaliações de
larga escala aplicadas aos alunos concluintes do terceiro ano, via Sistema de
Avaliação da Educação Básica (Saeb). Essa avaliação visa conhecer os índices
de proficiência dos alunos em leitura, escrita e matemática. É importante expli-
car que a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) mede as habilidades de
Organizações políticas na educação brasileira 15

leitura, escrita e matemática por níveis de domínio, estruturando-se em níveis


de proficiência. O nível 1 é aquele em que as crianças não atingiram o mínimo
necessário; progressivamente, os demais níveis vão mensurando e definindo
o quanto as crianças já apresentam de autonomia nas áreas avaliadas. Dessa
forma, os níveis mais altos são relativos a alunos que já dominam de forma
satisfatória e plena as habilidades medidas.

Vale ressaltar que, com a Base Nacional Comum Curricular para a educação básica
vigente na atualidade, foi ajustado o ciclo de alfabetização para até o segundo ano.

Os resultados de avaliações externas (como a ANA) possibilitaram novas


políticas públicas com vistas à superação das dificuldades em leitura, escrita
e matemática. Um exemplo é o Programa Nacional de Alfabetização na Idade
Certa (PNAIC), que a partir de 2013 buscou intervir na formação de professores
alfabetizadores e ofereceu materiais de apoio para as classes de alfabetização.
Para melhorar esses indicadores, também é necessário que as esferas ad-
ministrativas e os respectivos sistemas de ensino se organizem e operem de
forma coordenada, visando a melhoria dos índices atuais. Os indicadores
apresentados na Figura 2 evidenciam que a alfabetização das crianças ainda
não atingiu o nível de qualidade proposto na Meta 5 do PNE.

Figura 2. Percentuais de proficiências (a) em leitura e (b) em escrita ao final do terceiro ano.
16 Organizações políticas na educação brasileira

São considerados proficientes em leitura os alunos que se enquadram


nos níveis 3 e 4, que correspondem a em torno de 45% dos concluintes do
terceiro ano durante o período avaliado. A proficiência em escrita, por sua
vez, apresenta o resultado de 66,2%. A proficiência em matemática também
apresenta resultados críticos: somente 45,5 % dos alunos alcançaram o índice
desejado, conforme a Figura 3.

Figura 3. Proficiência em matemática.

A Meta 7 do PNE propõe a melhoria no Ideb relativo aos anos iniciais e


finais do ensino fundamental e ao ensino médio — essa tarefa envolve os
sistemas de ensino federal, estadual e municipal. Veja no Quadro 5 o que foi
estipulado como meta e o resultado já percebido até o momento.

Quadro 5. Ideb correspondente à Meta 7 do PNE

Ideb proposto Ideb atingido

Anos iniciais do ensino fundamental 6,0 5,5

Anos finais do ensino fundamental 5,5 4,5

Ensino médio 5,2 3,7

Fonte: Adaptado de Brasil (2018c).


Organizações políticas na educação brasileira 17

Como você pode observar em relação a essa meta, os dados mais alarmantes
do Ideb dizem respeito ao ensino médio, que deve ser o foco de ações pontuais
por parte dos estados e do Distrito Federal, principalmente por ser destes a
prioridade na oferta do ensino médio.
Da mesma forma, as metas referentes à política de valorização do magistério
(17 e 18) somente poderão ser atingidas se houver grande empenho dos agentes
executivos municipais, estaduais e federais em direção à construção de planos
de carreira apropriados, que atribuam valor justo ao salário dos professores,
condizente com outras carreiras que no mercado as quais possuam o mesmo
tempo de escolarização. Também cabe destacar a necessidade da oferta de
formação continuada para que os professores possam continuar progredindo
nas suas áreas de formação.
Podemos citar como exemplo de políticas públicas que foram criadas
para atender a essa finalidade da valorização do magistério o Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Esse programa
oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que
se dediquem ao estágio nas escolas públicas, com o objetivo de antecipar
as experiências desses futuros professores com a sala de aula. Dessa forma,
“[...] o Pibid faz uma articulação entre a educação superior (por meio das
licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e municipais” (BRASIL,
[2018d], documento on-line).
Da mesma forma, o Programa Nacional de Formação de Professores da
Educação Básica (Parfor) é outra ação que tem o objetivo de promover a
oferta da educação superior gratuita e de qualidade para profissionais do
magistério que estejam no exercício da docência na rede pública de educação
básica e que ainda não possuem essa formação específica na área em que
atuam em sala de aula.
Outra política pública educacional recente e que foi construída pelo Mi-
nistério da Educação em colaboração com as demais esferas administrativas
estaduais e municipais é a Base Nacional Comum Curricular da educação básica
e do ensino médio. Trata-se de uma política pública educacional curricular,
de caráter obrigatório, que deve ser aplicada por todas as escolas de todos os
sistemas de ensino que compõem o sistema educacional brasileiro. Em resumo,
todos os estabelecimentos de ensino que ofertam a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio — sejam eles públicos ou privados — devem
compor os seus currículos a partir do ensino das competências essenciais que
esse documento propõe. Veja que, nesse caso, uma política pública educacional
18 Organizações políticas na educação brasileira

da esfera da União regula, a partir da BNCC, os conteúdos que deverão ser


ensinados nas demais esferas.
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) é uma política pública
de financiamento da educação que pode ser tomada como um bom exemplo
de funcionamento da articulação entre as esferas administrativas que orga-
nizam a educação pública nacional. O Fundeb é um fundo contábil que cada
estado possui, sendo composto pela arrecadação vinculada dos seguintes
impostos estaduais: Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA), Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Fundo de Participação
dos Estados (FPE), Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações
(ITCD) e Desoneração das Exportações Estaduais (LC 87). Somam-se ainda
os seguintes impostos municipais: Imposto sobre a Propriedade Territorial
Rural (ITR), na cota parte relativa aos municípios; Fundo de Participação
Municipal (FPM); valores referentes à dívida ativa, juros e multas que incidam
sobre esse rol de impostos estaduais e municipais. Dessa forma, os impostos
arrecadados na esfera estadual e municipal representam uma parcela signifi-
cativa dos investimentos realizados na educação brasileira, pois ela se baseia
nesse mecanismo de arrecadação tributária para o seu custeio. Os recursos
do Fundeb são ainda complementados pelo Governo Federal sempre que se
fizer necessário.
Para a distribuição dos recursos do Fundeb, considera-se o número de alunos
devidamente matriculados na educação básica (pré-escolar, fundamental e
médio), de acordo com os dados do ano anterior do censo escolar da instituição
de ensino. Isso pode fazer com que municípios que tenham um número menor
de alunos, mesmo que atendam plenamente as suas demandas educacionais,
recebam um repasse financeiro menor do que municípios com uma popula-
ção maior de estudantes, o que é equacionado a partir da redistribuição e/ou
suplementação financeira realizada pela União.
Dessa forma, podemos perceber que o “regime de colaboração e a inte-
gração dos sistemas [...] é, indiscutivelmente, importante para dar dinamismo
e sinergia à organização da educação nacional” (CARNEIRO, 2006, p.
61). Ainda analisando as políticas públicas de financiamento da educação,
focando especificamente no Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE),
De Costa (2010, documento on-line) acrescenta que “[...] o PDDE se constitui
num programa que concretiza a ação supletiva da União na educação, [...]
Organizações políticas na educação brasileira 19

uma forma legal de exercício do regime de colaboração. Esse programa é


um exemplo da função que a União assume no que tange à educação básica,
considerando especificamente a característica supletiva da transferência
de recursos”.

O PDDE é uma política pública de repasse de verbas diretamente de um órgão federal;


o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) repassa as verbas para
as unidades escolares por meio de unidades executoras (UEx). O dinheiro direto na
escola é recebido em cota única, anualmente, mediante adesão, e tem a finalidade
de cobrir despesas com a manutenção e pequenos investimentos realizados pelas
escolas para a melhoria da sua estrutura física e pedagógica.

Analisando algumas das inúmeras políticas públicas educacionais existentes


na atualidade e a sua articulação com as esferas federal, estadual e municipal,
podemos perceber que a organização pública da educação nacional se recon-
figurou de um modelo descentralizado proposto pelas políticas anteriores
“[...] para um modelo mais compacto, pelo mecanismo de dependência que
cria entre os sistemas de ensino de Estados, Distrito Federal e Municípios”
(CARNEIRO, 2006, p. 61). Um ponto crítico a analisar, no entanto, é que a
própria ideia de sistemas que atualmente organiza a nossa educação no Brasil
é complexa, uma vez que, no momento em que qualquer parte desse sistema
se encontrar comprometida ou inoperante, todas as demais serão afetadas
nos seus resultados.

Para conhecer maiores detalhes sobre as características e o funcionamento do sistema


educacional brasileiro, assista ao vídeo da Professora Sonia Draibe, da Universidade
Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP), acessando o link a seguir.

https://goo.gl/6dbZNt
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BERTALANFFY, L. General system theory. New York: George Brazilier, 1968.


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-da-publicacao/-/asset_publisher/6JYIsGMAMkW1/document/id/1476034. Acesso
em: 18 mar. 2019.
BRASIL. Lei n°. 13.005, de 25 de junho de 2014. Plano Nacional de Educação. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 26 jun. 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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Leitura recomendada
ACÚRCIO, M. R. B. A gestão da escola. Porto Alegre: Artmed, 2003. v. 4. (Série Coleção
Escola em Ação).

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