ORGANIZAÇÕES
EDUCACIONAIS
Introdução
Para fazer a gestão do sistema educacional brasileiro, são necessárias
estruturas específicas. Ao serem organizadas, essas estruturas desenvol-
verão as suas atribuições de forma integrada e colaborativa, em busca
dos objetivos educacionais propostos para a educação no Brasil.
Neste capítulo, você vai aprender sobre como é organizada a edu-
cação brasileira pela administração pública educacional. Ainda, co-
nhecerá as três esferas administrativas (União, estados, Distrito Federal
e municípios) que trabalham em regime de colaboração no sistema
educacional brasileiro, analisando as políticas educacionais relativas a
cada uma delas.
o conceito proposto pelo autor, observe o seu próprio corpo, que é formado por
inúmeros sistemas. Quando um deles entra em colapso, o seu funcionamento
fica prejudicado, não é mesmo?
Ao se referir ao conceito de sistema nacional de educação, Saviani (2010,
documento on-line) esclarece que “[...] o sistema é produto da ação sistemati-
zada, isto é, da capacidade humana de agir intencionalmente segundo objetivos
previamente formulados”. Dessa forma, para que a educação brasileira possa
atingir os objetivos propostos na Constituição Federal de 1988 (BRASIL,
1988), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB)
(BRASIL, 1996) e nas metas do Plano Nacional de Educação (PNE, 2014–2024)
(BRASIL, 2014), é essencial que seja realizada uma organização por parte da
administração pública responsável pela área educacional. Essa organização
compõe o sistema educacional brasileiro e envolve os entes federativos (União,
estados, Distrito Federal e municípios) e os seus respectivos sistemas de ensino,
conforme expõe a Figura 1.
No art. 59 da LDB, encontramos uma referência aos alunos com deficiências, propondo
os cuidados e as adaptações nos currículos, bem como em técnicas, avaliações, recursos
e professores para o atendimento especializado desse público em particular.
É importante demarcar que, atualmente, esses assuntos da Educação Especial são
tratados por uma perspectiva inclusiva.
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Prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos muni-
cípios para o desenvolvimento dos seus sistemas de ensino e o atendimento prio-
ritário à escolaridade obrigatória, exercendo a sua função redistributiva e supletiva.
(Continua)
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(Continuação)
Como você pode ver, as atribuições da União são essenciais para o planeja-
mento e a condução do sistema nacional de educação, destacando a importância
do PNE (2014–2024) e a projeção das 20 metas a serem perseguidas pelos
sistemas de ensino federal, estaduais e municipais ao longo desse decênio.
Da mesma forma, a União assume a função de prestar assistência técnica e
financeira para que os estados, o Distrito Federal e os municípios possam
desenvolver os seus sistemas de ensino, buscando proporcionar uma educação
de qualidade durante todo o período de escolarização obrigatória.
É importante destacar que essa qualidade na educação é acompanhada por
um processo de avaliação periódica em todos os níveis educacionais, tanto
na educação básica quanto na educação superior. A LDB ainda propõe que
exista um CNE, com função normativa e de supervisão permanente. O CNE
é um órgão de Estado composto pelas Câmaras da Educação Superior (CESs)
e pela Câmara da Educação Básica (CEB). Esse órgão foi criado pela Lei nº.
9.131, de 24 de novembro de 1995, com a finalidade inicial de colaborar na
construção do PNE da época. Segundo o site do MEC, “[...] o CNE tem por
missão a busca democrática de alternativas e mecanismos institucionais que
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Meta 6: oferecer educação em tempo integral em no mínimo 50% das escolas públi-
cas, de forma a atender pelo menos 25% dos(as) alunos(as) da educação básica.
(Continua)
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(Continuação)
Meta 10: oferecer no mínimo 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, nos
ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional.
Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa
líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e
expansão para pelo menos 40% das novas matrículas no segmento público.
Meta 17: valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de edu-
cação básica, de forma a equiparar o seu rendimento médio ao dos(as) demais
profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência
do PNE.
(Continua)
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(Continuação)
Meta 18: assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para
os(as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de
ensino e, para o plano de carreira dos(as) profissionais da educação básica pública,
tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido conforme o
inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.
Meta 19: assegurar condições, no prazo de dois anos, para a efetivação da gestão
democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e
à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo
recursos e apoio técnico da União para tanto.
Vale ressaltar que, com a Base Nacional Comum Curricular para a educação básica
vigente na atualidade, foi ajustado o ciclo de alfabetização para até o segundo ano.
Figura 2. Percentuais de proficiências (a) em leitura e (b) em escrita ao final do terceiro ano.
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Como você pode observar em relação a essa meta, os dados mais alarmantes
do Ideb dizem respeito ao ensino médio, que deve ser o foco de ações pontuais
por parte dos estados e do Distrito Federal, principalmente por ser destes a
prioridade na oferta do ensino médio.
Da mesma forma, as metas referentes à política de valorização do magistério
(17 e 18) somente poderão ser atingidas se houver grande empenho dos agentes
executivos municipais, estaduais e federais em direção à construção de planos
de carreira apropriados, que atribuam valor justo ao salário dos professores,
condizente com outras carreiras que no mercado as quais possuam o mesmo
tempo de escolarização. Também cabe destacar a necessidade da oferta de
formação continuada para que os professores possam continuar progredindo
nas suas áreas de formação.
Podemos citar como exemplo de políticas públicas que foram criadas
para atender a essa finalidade da valorização do magistério o Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). Esse programa
oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos presenciais que
se dediquem ao estágio nas escolas públicas, com o objetivo de antecipar
as experiências desses futuros professores com a sala de aula. Dessa forma,
“[...] o Pibid faz uma articulação entre a educação superior (por meio das
licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e municipais” (BRASIL,
[2018d], documento on-line).
Da mesma forma, o Programa Nacional de Formação de Professores da
Educação Básica (Parfor) é outra ação que tem o objetivo de promover a
oferta da educação superior gratuita e de qualidade para profissionais do
magistério que estejam no exercício da docência na rede pública de educação
básica e que ainda não possuem essa formação específica na área em que
atuam em sala de aula.
Outra política pública educacional recente e que foi construída pelo Mi-
nistério da Educação em colaboração com as demais esferas administrativas
estaduais e municipais é a Base Nacional Comum Curricular da educação básica
e do ensino médio. Trata-se de uma política pública educacional curricular,
de caráter obrigatório, que deve ser aplicada por todas as escolas de todos os
sistemas de ensino que compõem o sistema educacional brasileiro. Em resumo,
todos os estabelecimentos de ensino que ofertam a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio — sejam eles públicos ou privados — devem
compor os seus currículos a partir do ensino das competências essenciais que
esse documento propõe. Veja que, nesse caso, uma política pública educacional
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Leitura recomendada
ACÚRCIO, M. R. B. A gestão da escola. Porto Alegre: Artmed, 2003. v. 4. (Série Coleção
Escola em Ação).