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O Tanque de Betesda e o Paralítico -

Esperando o Anjo Agitar as Águas


Sobre o Tanque de Betesda, e o Paralítico que foi milagrosamente
curado por Jesus, recebo perguntas, com certa frequência, a respeito
de se o anjo, relatado por João no seu Evangelho no capítulo 5,
descia mesmo e agitava as águas para o primeiro que se banhasse
fosse curado. 

Confesso que por muitas noites fiquei pensativo nesta passagem,


principalmente por ver pela internet afora, que diversos Teólogos tem
um entendimento um pouco equivocado sobre este episódio da vida
de Jesus. Há quem não acredite que Deus enviava um anjo ao
Tanque de Betesda.

Já vi e ouvi pregadores dizerem que João apenas registrou uma


crença mitológica, que as pessoas daquela época "acreditavam" que
era um anjo, mas que o mover das águas não tinha nada a ver com
algum tipo de atuação divina.

Há também quem critique o fato de "somente o primeiro a entrar na


água ser curado". -"Seria uma disputa desigual", dizem eles,
-"Imagine só aquela horda de enfermos e moribundos, se
arrastando, em uma espécie de corrida macabra!" Sim já ouvi de
praticamente tudo sobre essa passagem.

Acredito que essas interpretações são originadas da falta de


entendimento deste texto de João 5. Aliás, João é o único a relatar
esse milagre, da Cura do Paralítico no Tanque de Bestesda. Outro
fato interessante, é que até mesmo os arqueólogos não acreditavam
na existência do Tanque de Betesda.

O Tanque de Betesda
Todos os Tanques de Imersão para purificação ritual (chamado de mikveh em
Hebraico - plural mikevaot), encontrados após escavações, tinham apenas
quatro entradas. O que fazia muito sentido, pois tinham um formato
retangular, como por exemplo, o Tanque de Siloé e o Birket Bani
Isra’il (nome Árabe para "Tanque dos Filhos de Israel"), que foi descoberto
por Charles Warren’s em 1860 em Jerusalém.

E os arqueólogos acreditavam que a descrição por João, de um


Tanque de Cinco Entradas, era algo puramente simbólico, mas que
nunca havia existido de fato. Porém com as contínuas escavações do
local em 1880, logo ao norte do "Tanque dos Filhos de Israel", foi
expondo um "novo" tanque, que possuía uma parede que o dividia
ao meio, e nesta parede havia uma porta adicional, fazendo com
que realmente tivesse Cinco Entradas, como João descreve no
capítulo 5 do seu evangelho.

Escondido entre as ruínas,  apenas a parte sul do Tanque de Betesda é visível hoje em dia.
No primeiro plano da foto nós podemos ver a parte ocidental das Ruínas  de uma casa de banho construída
no segundo século depois de Cristo, e que era dedicada ao deus Romano da cura,  asclepius.  Sem dúvida,  a
dedicação desse tanque ao deus romano da medicina, vem da tradição das curas que ocorreram nas águas
desse tanque.  Posteriormente foi construída uma basílica Bizantina sobre o local original do Tanque de
Betesda.
Havia Uma Parede No Tanque de Betesda com Uma Porta Adicional.

O Tanque de Betesda, não é um local arqueológico muito fácil de se


compreender. Além de ter sido construído uma casa de banho
Romana sobre o seu local original, por causa de sua importância para
o Cristianismo, uma Basílica Bizantina foi construída sobre a parte
final oriental do tanque, com grandes colunas que chegavam até ao
fundo do Tanque de Betesda.

Mais tarde na história, no tempo das Cruzadas, foi construída também


uma capela sobre a parede central do tanque, e que cobria a antiga
estrutura bizantina.

 Um antigo estudo dos tanques de Siloé e de Betesda,  os descrevia


como dois grandes reservatórios de água. Entretanto, pesquisas
recentes e descobertas arqueológicas mostraram fortemente que isto
era incorreto.

O arqueólogo Shimon Gibson tem sustentado que no período do


Segundo Templo, do segundo século Antes de Cristo, até a destruição
do Templo dos Judeus, pelos Romanos em 70 da nossa era, esses
tanques serviam como local para banhos rituais de purificação -
mikveh.
Há, no entanto, evidências que a parte norte do tanque de Betesda
tenha sido sim, primeiramente, um reservatório, que captava água do
profundo vale em que este tanque está localizado, conhecido pelo
mesmo nome, Vale de Betesda.

Banhos Rituais de Purificação

Os banhos rituais de purificação aconteciam somente na parte sul do


Tanque. A parte norte era um tipo de otzer, que literalmente significa
"reservatório". A água do mikveh, segundo a Lei Judaica (halakhah),
tinha que ser "trazida da mão de Deus", fluindo diretamente de uma
fonte natural ou da chuva.

A água de reservatório, entretanto, poderia ser purificada se entrasse


em contato com a água "pura" que vinha dessa fonte natural, o que
permitia que o tanque - mikveh - continuasse a ter um status de
possuir águas purificadas.
O Tanque de Betesda possuía quatro paredes laterais e uma central. Isso fazia com que tivesse cinco
entradas, ou alpendres. 

Jesus em Betesda e Siloé

As escavações tem demonstrado que ambos, o Tanque de Siloé, onde


Jesus curou o homem cego, e o Tanque de Betesda, onde Jesus
curou o Paralítico, eram mikvaot utilizados pelas multidões nas festas
Judaicas em Jerusalém.
O fato desses dois grandes Tanques serem mencionados somente no
Evangelho de João, reflete o conhecimento apurado que este Apóstolo
de Jesus tinha da cidade de Jerusalém.

Jesus frequentava locais como Siloé e Betesda por causa do grande


número de pessoas que estariam ali. Esses eram excelentes lugares
para anunciar a Sua mensagem de fé e esperança.

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