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1
Ilustração de Thalita Sophia
Moreira da Silva com
intervenção de Carlus Campos
DIREITOS HUMANOS,
CIDADANIA E
POLÍTICAS PÚBLICAS
Josbertini Virgínio Clementino
Ana Lourdes Maia Leitão
REALIZAÇÃO
III
Copyright©2021 Fundação Demócrito Rocha
Este curso é parte integrante do Curso de Capacitação sob o tema PROTEÇÃO SOCIAL na modalidade
de Educação a Distância (EaD), em decorrência do Contrato celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha
e a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos - SPS , sob o nº 143/20.
3 CIDADANIA 9
4 POLÍTICAS PÚBLICAS 12
REFERÊNCIAS 15
Ilustração de João
Vazzoler Villar com
intervenção de
Carlus Campos
1
INTRODUÇÃO
2
O
s direitos humanos equivalem aos direitos naturais ga-
rantidos a todo e qualquer indivíduo, que independe da
sua classe social, etnia, gênero, nacionalidade ou po-
sicionamento político, e têm um caráter universal cujo
ponto de partida é a dignidade da pessoa humana.
Cidadania é um conceito que se refere à situação de uma
pessoa que pertence a comunidade de um país, apta a exercer
DIREITOS
a qualidade de ser cidadão. O vínculo com determinado país
gera direitos e deveres civis, políticos e sociais assegurados pe- HUMANOS
las leis. Política pública é a soma das escolhas governamentais
traduzidas em ações e deliberações do governo orientadas para 2.1 FUNDAMENTOS E
solução de problemas que ocorrem na sociedade. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
O objetivo deste fascículo é compreender essas três temá-
ticas de grande importância para que as pessoas possam de- DOS DIREITOS HUMANOS
sempenhar o seu papel como cidadãos, buscando o exercício Dentre os diferentes significados, o da pa-
pleno da cidadania, conhecer seus direitos e deveres, inclusive lavra direito está ligado à teoria do Estado
o conjunto de direitos naturais que visam assegurar a dignidade ou da política, que é o direito como orde-
da pessoa humana, acompanhar e reivindicar a criação de polí- namento normativo, considerando que o
ticas públicas assim como usufruir das já existentes. nosso objeto de estudo está relacionado a
Ao longo deste fascículo, esses três conceitos serão expli- uma ação pública governamental. Diante
cados de forma detalhada para que cada um que faça a leitura disso, direito é considerado:
possa assimilar as diversas compreensões e tenham elementos É o conjunto de normas de conduta e de
para uma atuação efetiva na construção da sociedade. organização, apresentando por conteúdo a
regulamentação das relações fundamentais
para a convivência e sobrevivência do grupo
social. Tais como as relações: familiares, eco-
nômicas, relações políticas, e ainda a regula-
mentação dos modos e das formas através
das quais o grupo social reage a violação das
normas de primeiro grau ou a institucionali-
zação da sanção. (BOBBIO, 1999, p.349).
6 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste Ilustração de João Vazzoler Villar
com intervenção de Carlus Campos
Intrínsecos a todos os seres humanos,
os direitos humanos independem de raça,
etnia, nacionalidade, religião, sexo ou qual- ART. 23 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
quer outra condição em que o indivíduo se Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
encontra. Os direitos humanos passam a dos Municípios:
figurar como direitos fundamentais a partir I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições
do momento que integram as legislações democráticas e conservar o patrimônio público;
internacionais, caso da ONU e nacionais, II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das
por exemplo a Constituição Brasileira. pessoas portadoras de deficiência;
No Brasil, a Constituição de 1988, co- [...]
nhecida como Constituição Cidadã, é con- V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;
siderada um grande avanço como marco [...]
dos direitos humanos, pois buscou garantir IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das
direitos civis, culturais, sociais, econômicos condições habitacionais e de saneamento básico;
e políticos por meio da instituição de um X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
estado democrático de direito, capaz de promovendo a integração social dos setores desfavorecidos
assegurar o exercício dos direitos coletivos
e individuais numa sociedade sem precon-
FONTE: Elaborado pelos autores a partir da Constituição Federal de 1988.
ceitos, plural e fraterna (BRASIL, 1988).
Preceituam-se, na Constituição Fede-
ral, inúmeros deveres do Estado brasileiro, Ainda, no tocante aos serviços públicos básicos,
quer em termos de garantia que ele é obri- destaca-se como dever do Estado garantir:
gado a prestar, em razão do direito/obriga-
ção que esta resguarda, quer em termos
de prestação que se lhe impõe satisfazer. DEVERES DO ESTADO
O que se designa competência, na realida-
de, é um complexo de deveres que se con- à segurança (art. 144: “A segurança pública, dever do Estado...”);
fere ao Estado como principal responsável à saúde (art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado...”);
pela execução de políticas públicas. à educação (art. 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado...”);
aos direitos culturais: (art. 215: “O Estado garantirá a todos o pleno exercício
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e
incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais...”);
ao desporto (art. 217:“ É dever do Estado fomentar práticas desportivas
formais e não formais, como direito de cada um,...”);
ao meio ambiente (art. 225:“ Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações...”)
A dimensão social diz respeito a tudo que fala sobre direitos inerentes à sociedade, tais como
DIMENSÃO SOCIAL segurança, transporte e bem-estar. Essa dimensão se refere a uma pessoa levar a vida de um modo
civilizado de acordo com padrões da sociedade.
4.1 EM BUSCA DE UMA DEFINIÇÃO Curso de ação escolhido para lidar com um
problema ou uma questão de interesse comum;
Políticas públicas têm sido objeto de estudo
de muitos autores, não tendo uma precisão Conjunto de decisões inter-relacionadas referentes
conceitual tão simples, por isso tendo inúme- SOBRE A FINALIDADE à seleção de objetivos e dos meios para atingi-los;
ras definições. DAS POLÍTICAS
A pesquisadora Celina Souza evidencia a PÚBLICAS E AS Conjunto de decisões adotado e posto em prática
imprecisão do conceito de “políticas públi- DECISÕES NELAS mediante processos selecionados que definem os
cas” indicando que pode se referir a diferen- ENVOLVIDAS recursos necessários, sua distribuição e gestão;
tes objetos, a saber: um campo de atividade
Estratégias que apontam para diversos fins, todos
governamental, como exemplifica a políti-
eles, de alguma forma, desejados pelos diversos
ca agrícola; uma situação social desejada,
grupos que participam do processo decisório;
como a política de igualdade de gênero; uma
proposta de ação específica, como a políti- O conjunto das atividades de um governo,
ca de ações afirmativas, uma norma quanto diretamente realizadas por agentes públicos ou
ao tratamento de determinado problema, NAS AÇÕES DOS por agentes da sociedade e que influenciam a
como a política de fontes de energia reno- AGENTES PÚBLICOS vida dos cidadãos;
váveis; ou mesmo um conjunto de objetivos E DA SOCIEDADE QUE Um curso de ação produzido por um governo
e programas que o governo possui em um IMPACTAM NA VIDA (Executivo, Legislativo e/ou Judiciário) que satisfaz
campo de ação, como a política de direitos DAS PESSOAS uma necessidade e que se expressa na forma de
humanos (SOUZA, 2006). objetivos estruturados em um conjunto de diretrizes,
Para SARAIVA (2006), as definições sobre de caráter imperativo, aceitos pela coletividade;
“políticas públicas” parecem bem semelhan-
tes, entretanto há divergências de entendi- NA INTERVENÇÃO DA Fluxo de decisões públicas, orientado para manter
mento com ênfases diferenciadas, conforme REALIDADE VISANDO o equilíbrio social ou a introduzir desequilíbrios
se observa no quadro: GERAR EQUILÍBRIO destinados a modificar essa realidade;
Na ausência de um consenso conceitual,
um importante elemento para compreensão Sistema de decisões públicas que visa a ações ou
do que vem a ser “políticas públicas” é a con- TANTO NAS AÇÕES omissões, preventivas ou corretivas, destinadas a
sideração do contexto histórico em que elas QUANTO NAS manter ou modificar a realidade de um ou vários setores
estão inseridas. No tempo presente, vivencia- OMISSÕES DOS da vida social, por meio da definição de objetivos e
mos a era das sociedades modernas que tem GOVERNOS estratégias de atuação e da alocação dos recursos
como característica a diferenciação social. Isso necessários para atingir os objetivos estabelecidos.
significa que seus membros não apenas pos-
suem atributos diferenciados (idade, sexo, reli- FONTE: Elaborado pelos autores a partir de SARAVIA (2006).
FORMAÇÃO DAS Formação das alternativas e tomada de decisão: ocorre quando, após a inclusão do problema na agenda
ALTERNATIVAS e alguma análise deste, os atores começam a apresentar propostas para sua resolução. Essas propostas
E TOMADA DE expressam interesses diversos, os quais devem ser combinados, de tal maneira que se chegue a uma solução
DECISÃO aceitável para o maior número de partes envolvidas (RUA, 2014, p.34).
A tomada de decisão não significa que todas as decisões relativas a uma política pública foram tomadas, mas,
sim, que foi possível chegar a uma decisão sobre o núcleo da política que está sendo formulada. Quando a política
TOMADA DE é pouco conflituosa e agrega bastante consenso, esse núcleo pode ser bastante abrangente, reunindo decisões
DECISÃO sobre diversos aspectos. Quando, ao contrário, são muitos os conflitos, as questões são demasiado complexas
ou a decisão requer grande profundidade de conhecimentos, a decisão tende a cobrir um pequeno número de
aspectos, já que muitos deles têm as decisões adiadas para o momento da implementação (RUA, 2014, p.34-35).
A implementação consiste em um conjunto de decisões a respeito da operação das rotinas executivas das
diversas organizações envolvidas em uma política, de tal maneira que as decisões inicialmente tomadas
deixam de ser apenas intenções e passam a ser intervenção na realidade. Normalmente, a implementação se
IMPLEMENTAÇÃO faz acompanhar do monitoramento: um conjunto de procedimentos de apreciação dos processos adotados,
dos resultados preliminares e intermediários obtidos e do comportamento do ambiente da política. O
monitoramento é um instrumento de gestão das políticas públicas e o seu objetivo é facilitar a consecução
dos objetivos pretendidos com a política (RUA, 2014, p.35).
A avaliação é um conjunto de procedimentos de julgamento dos resultados de uma política, segundo critérios que
AVALIAÇÃO expressam valores. Juntamente com o monitoramento, destina-se a subsidiar as decisões dos gestores da política
quanto aos ajustes necessários para que os resultados esperados sejam obtidos (RUA, 2014, p.35).
Referências
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 11. ed. Rio MORAES, Alexandre de. Direitos humanos VASAK, Karel. As Dimensões
de Janeiro: Campus, 1992, p. 5. fundamentais. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2011. Internacionais dos Direitos do Homem.
CLEMENTINO, Josbertini Virgínio. As políticas RUA, Maria das Graças; ROMANINI, Roberta. Para Lisboa: Editora Portuguesa de Livros
de juventude na agenda pública brasileira: aprender políticas públicas. Volume I – Técnicos e Científicos, Unesco, 1983.
desafios e perspectivas. Fortaleza: EdMeta, 2011. Conceitos e teorias. Brasília: Instituto de Gestão, WOLKMER, Antonio Carlos. Introdução
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação Economia e Políticas Públicas, 2013. aos fundamentos de uma teoria geral dos
histórica dos Direitos Humanos. 7. ed. São SARAVIA, Enrique. Introdução à teoria da política “novos” direitos. Revista Jurídica, v. 2, n.
Paulo: Saraiva, 2010. pública. In SARAVIA & FERRAREZI, Políticas 31, p. 121-148, 2013.
Ilustrações
Desenhos originais das crianças Ana Luiza Travassos de Oliveira Carvalho, Anny Rammyli
Nascimento da Silva, Antônia Travassos de Oliveira Carvalho, Bárbara Vazzoler Villar, Beatriz
Vazzoler Villar, Bernardo Saraiva Pinheiro, Davi Bogea Caldas, Fernanda Vitória de Almeida
Matos, Francisco Mateus Braga da Silva, Guilherme Araújo Carvalho, João Vazzoler Villar, João
Victor Batista Veloso, Júlia Nogueira de Holanda, Luanna Madureira Marques, Lucas Mesquita
Mororó, Lucas Sobreira de Araújo, Maia Alease Lima Oliphant, Maria Clara Negreiros Lobo, Maria
Júlia Sousa de Oliveira, Mariana Negreiros Lobo, Mariana Vazzoler Villar, Mateus Saldanha Félix,
Maurício Rafael Cipriano Gomes, Rafaela Microni Santos, Thalita Sophia Moreira da Silva, Yasmin
Microni Santos, Yasmin Monteiro Gomes Bezerra, que participaram da Oficina de Ilustração com
Joana Brasileiro Barroso, com intervenção artística de Carlus Campos.
APOIO REALIZAÇÃO
III