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Destravando

a Timidez
CONTROLE O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO
Copyright ©2020 – William Borghetti

Todos os direitos reservados.

Esta é uma obra baseada em palestras do próprio autor.

Revisão: Karen Patricia

Marco A. Orlando

Diagramação: Fernanda Torino

Esta obra segue as regras do novo acordo ortográfico.

É proibida a reprodução parcial ou integral desta obra através de qualquer meio


sem o consentimento escrito do autor e detentor dos direitos autorais.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº 9.610/98 e


passível de punição pelo artigo 184 do Código Penal.

Edição digital
Caro leitor,

É com muita alegria que apresento a vocês o e-book “Destravando a


Timidez: o controle do medo de falar em público”.
Baseado em anos de estudo sobre o comportamento das pessoas que
precisam enfrentar uma plateia, apresentar um trabalho na faculdade ou
até mesmo fazer uma reunião, desenvolvi ferramentas e técnicas que irão
ajudá-lo a controlar de vez seu medo de falar em público.
Cada palavra desse livro foi pensada com o maior carinho do mundo para
levar até você o material que vai ajudá-lo a enfrentar esse medo que aflige
tanta gente e esconde talentos em suas sombras. Minha meta é melhorar
você 1% ao finalizar a leitura. Se isso acontecer, minha missão está
cumprida.
O conteúdo aqui apresentado foi retirado da palestra “Destravando a
Timidez: o controle do medo de falar em público”, ministrada em
universidades, entidades de classe, empresas multinacionais, hospitais, e
escolas públicas, onde tive o prazer de levar esse conteúdo pessoalmente
a milhares de espectadores.
Que esse seja o primeiro passo da sua revolução pessoal e profissional.
Encontro você nos palcos que a vida nos oferece.
Conte comigo sempre.

William Borghetti
Mas o que é um superpoder?
É algo que o herói faz que só ele, ou poucas pessoas, consegue. Se todo mundo
atravessasse parede, tivesse visão de raio-x, voasse, isso não seria um superpoder.
Portanto, um superpoder é fazer algo que se destaque na humanidade.

Segundo a UFMG (Universidade Federal de Minas


Gerais), 59% dos entrevistados disseram que o medo de falar
em público é o maior medo da vida deles, superando o medo de
animais peçonhentos, altura, e até da morte. O que nos leva a
pensar que, em um velório, é preferível estar no lugar do morto
a precisar fazer um discurso. Quando falamos do medo de falar
em público não sendo o primeiro medo – ou seja, o maior medo
da pessoa é altura –, mas o segundo ou terceiro, esse número
vai para quase 90%. Ou seja, aproximadamente 90% da popu-
lação têm timidez para falar em público. E é aí que entra o con-
ceito de superpoder: quem consegue se comunicar sem medo
tem um enorme diferencial na vida pessoal e profissional. As
oportunidades chegam mais fácil, e essa pessoa se destaca
perante seu círculo social. E, estatisticamente falando, quem se
comunica bem terá vantagem sobre 90% da população.

4 Passos para
controlar o medo
A Programação Neurolinguística é uma grande aliada no combate a medos e fobias. Com o
medo de falar em público, não é diferente. Mas, antes de falar do medo, gostaria de falar a
você sobre conhecimento. Como aprendemos as coisas? O que precisamos para entender um
assunto e dominá-lo? Então, quero falar para você quatro passos que vão ajudá-lo a controlar
o medo de falar em público. Vamos entender melhor isso:

CRENÇA

Não à toa, é a primeira determinante. Sem acreditar que pode, é impossível fazer qualquer
coisa. Se nós pensarmos em coisas simples, como andar de bicicleta, é na crença que se inicia
o processo: “Sim, eu posso ficar em cima dela”.
Uma crença de que se pode atingir qualquer objetivo é o grande combustível para conquistas.
Um dia, a humanidade acreditou que era impossível voar com algo mais pesado que o ar. É aí
que o glorioso Alberto Santos Dumont, que ilustra esse tópico, entra. O cara desafiou uma
crença mundial e acreditou que era possível voar. E se hoje voar de avião é tão simples, foi
graças à crença desse homem. Toda grande ideia nasce de uma crença positiva.
Portanto, se você vê alguém fazendo uma palestra, apresentando um TCC ou um
projeto na empresa, ou até mesmo contando aquela história divertida na mesa de bar, e
pensa: “Eu jamais conseguirei fazer isso”, está na hora de rever sua crença. Falar em público
é uma habilidade, ninguém nasce sabendo, e todo mundo é capaz de fazê-lo. Inclusive você!
MOTIVAÇÃO

Você já deve ter ouvido que motivação é um motivo para a ação. Ou seja, o que me impulsiona
a agir? Dificilmente você mataria um animal com as próprias mãos para se alimentar morando
em uma cidade grande. Porém, dez dias sem comer em uma selva o fariam mudar de ideia.
Portanto, fome é uma grande motivação. Quando eu comentava a crença, dei o exemplo de
uma atividade simples que é andar de bicicleta. Qual a motivação para que você comece a
andar de bicicleta hoje? Posso destacar algumas: exercitar-se, não poluir o meio ambiente,
chegar mais rápido no trabalho, seguir uma tendência mundial, enfim, essas são as motivações
para quem quer andar de bicicleta.
Vou lhe contar a minha história. Eu sempre fui uma criança com muita timidez, nas ruas de
Mauá, cidade da periferia de São Paulo. Era muito difícil falar com pessoas desconhecidas,
tinha uma baixíssima autoestima e me achava totalmente incapaz. Perceba o conjunto da
desgraça: feio, pobre e tímido. Era o triângulo da derrota. E, para fechar com chave de ouro,
entre meus melhores amigos, tinha o Abner. Quem é o Abner? Lindo, simpático e tocava violão
com dez anos de idade. Minha meta de vida: ser o Abner. Ele tocava “...no silêncio, uma
catedral...”, e formavam-se rodas em volta dele das mais belas meninas da escola. E eu ali,
tomado pela timidez, com aquela cara mais ou menos que a natureza me deu e sem nenhum
projeto para ser igual a ele. Foi aí que pensei, “Bonito, não vou ficar. Rico, a curto prazo, também
não. Portanto, o ponto de melhora será a timidez”
Eu sempre gostei muito de ler, então, percebi que tinha muito assunto guardado que poderia
ser compartilhado. BINGO! As pessoas me davam atenção. As meninas se interessavam. As
oportunidades se abriam. “É por aqui”, eu pensei. Já na adolescência, Abner e eu tivemos uma
banda de rock, e toda vez que íamos tocar, havia uma moça apaixonada por ele. Todavia, a
moça sempre tinha uma amiga. Então, era a hora de contar história para ela. E, no final das
contas, Abner e eu acabávamos bem acompanhados, cada um com as suas ferramentas. E eu
tive certeza de estar no caminho certo quando ele me falou: “Cara, eu queria ser igual a você!”
Você faz ideia do que é seu ídolo admirá-lo? São essas coisas que somente grandes amizades
proporcionam. Um dia, já adulto, liguei para o Abner para agradecer-lhe tantos anos de amizade
e por sempre acreditar em mim, mesmo quando eu não acreditava. A resposta dele foi a de um
verdadeiro amigo: “William, eu também não acreditava em você, mas não podia deixá-lo para
baixo. Então, eu o motivava para ver onde ia dar. (Muita risada escrevendo essa parte!).
Portanto, o que vai tirá-lo da cadeira para falar em público e enfrentar esse medo? Qual é o
objetivo que sobrepõe seu medo? Qual a sua meta que vai ser lindamente alcançada, mas o
medo de falar em público está atrapalhando? Mudando sua crença e descobrindo sua
motivação, vamos para o terceiro item:
Traduzindo, conhecimento técnico. É o que você vai adquirir nas escolas, nas
universidades, em treinamentos. Técnicas, lições, exercícios que foram estudadas e ensinadas
ao longo dos anos e são extremamente importantes. E, usando o exemplo anterior, se você tem
crença que pode andar de bicicleta, se você tem uma boa motivação para andar de bicicleta,
você precisa aprender a parte técnica da atividade: pedalar, se equilibrar e frear. Pesquisar,
debater, aprender tudo que puder sobre aquele assunto fará com que você adquira know-how.
Esta, eu considero formidável. Repetir, repetir, repetir. Pense em qualquer coisa que
você faz com maestria: Você fez várias vezes. A repetição tem o poder de gerar novos hábitos,
faz seu cérebro aprender a encontrar soluções para aquilo e o deixa perito no assunto. Na foto,
Muhammad Ali, considerado por muitos o maior boxeador da história, é exemplo de disciplina
em treinos e repetições exaustivas até chegar no ponto que queria. Em uma luta histórica com
Michael Dockes, ele leva nada menos do que vinte e três golpes encostado nas cordas. Sua
defesa? Esquivou-se de TODOS, com os braços para baixo. Seu oponente não o acertou uma
única vez. Imagine quantas e quantas vezes ele fez isso para ter a confiança de enfrentar um
boxeador que é capaz de desmaiar uma pessoa com um soco sem se defender com as mãos.
Essa é a magia da repetição. Portanto, repita. Repita. Repita muito. Faça um milhão de vezes.
E chegue onde quiser.
Essas ferramentas vão ajudá-lo a aprender qualquer coisa, inclusive a falar em
público. Pense em qualquer coisa que você não está conseguindo aprender: Ou está faltando
crença, ou motivação, ou know-how, ou repetição. Acredite que pode falar para as pessoas,
busque o que o motive, e fique perito no assunto. A fórmula é mágica.
CONTROLE DO MEDO
A causa principal do medo de falar em público é a rejeição. Nosso cérebro é especialista em
prever situações, o que, às vezes, é positivo. Prever a possibilidade de se acidentar com um
carro na chuva nos faz reduzir a velocidade. Porém, só o fato de pensar na possibilidade de
ser rejeitado já nos faz entrar em um estado de alerta gigantesco. E isso vem dos nossos
antepassados. Viver em bando era imprescindível para a nossa sobrevivência, uma vez que o
Homo Sapiens não era o animal mais rápido nem mais forte, ou seja, extremamente vulnerável
sozinho. Portanto, ser rejeitado era uma sentença de morte, pois, provavelmente, esse
indivíduo morreria de fome, frio, ou atacado por algum animal. Assim, ficou registrado que
rejeição ia diretamente contra a sobrevivência.
Com a possibilidade da rejeição, ativo meu alerta de sobrevivência, penso somente em mim,
e entro no estado que inicia o medo: o egoísmo. Imagine, agora, um momento em que você
travou, que sentiu medo. Conseguia pensar em alguém que não fosse você? Pensar só em si
mesmo é o gatilho do que chamo de “Ciclo do Medo”:

CICLO DO MEDO
Mas o contrário também é verdadeiro. Quando colocamos a necessidade do outro, ou seja, do
nosso público, em primeiro lugar, o foco é resolver o problema de quem o está assistindo. E
quem está lá resolvendo o problema do outro não tem insegurança ou medo. Pense em uma
grande contribuição que você fez para alguém. Teve insegurança? Ficou se prendendo em
detalhes? Não! Saiu do seu ego e se doou completamente em prol de quem precisava da sua
ajuda. E, com o altruísmo, que é colocar a necessidade do outro antes da sua, inicia-se o que
eu chamo de “Ciclo da Confiança”:

CICLO DA CONFIANÇA

Seu conhecimento só é relevante se contribuir com quem precisa. Diploma na gaveta pra
alimentar o ego não tem serventia alguma.
Medo de falar em público é um efeito, e não uma
causa. Ninguém tem necessariamente medo de falar em
público, mas, sim, de errar na frente das pessoas, ser
motivo de risadas da plateia (a não ser que você seja um
comediante), dar branco, desmaiar, enfim. A lista de
medos ligados a falar em público é imensa. Portanto, o
grande erro é querer curar o efeito, e não ir a fundo onde
está a causa desse medo. É como tomar remédio para
febre constantemente e não curar a inflamação que a está
causando. E são essas causas que nós vamos abordar
aqui, para que você brilhe toda vez que precise se apre-
sentar frente às pessoas, conhecidas ou desconhecidas,
pouco ou muito público, perto ou longe, jovem ou idoso.

O cérebro acredita no que você conta para ele. Simples assim. Mas como o cérebro processa
as informações? Através dos nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar),
recebemos os fatores externos. Assim que nosso cérebro reconhece esses fatores, ocorre o
significado. Ao identificar um significado para aquilo, é liberada uma química no corpo.
Resumidamente, esse é o processo cerebral de reconhecimento das coisas.
Por exemplo, vejo minha mãe e sinto amor dentro de mim. Como isso funciona? Meus sentidos
captam imagem/voz/toque da minha mãe (fator externo), meu cérebro liga o fator externo mãe
ao amor (significado) e gera dopamina, serotonina e ocitocina em alto volume (química
fisiológica). Mas o contrário também existe: Se tenho medo de altura e subo em uma montanha-
russa, meus sentidos captam a altura (fator externo), meu cérebro liga o fator externo altura ao
medo de morrer (significado) e gera adrenalina (química), hormônio que nos deixa em alerta e
dá a sensação de “medo”. Portanto, raiva, amor, felicidade, depressão, ansiedade, alegria são,
na verdade, junções químicas.
E como solucionar sensações indesejadas? É impossível mudar o fator externo (não dá para
controlar quando veremos mães ou montanhas-russas), não dá para tirar a química do nosso
corpo (eliminar ou colocar serotonina, endorfina, adrenalina ou afins). Só há uma saída: Mudar
o significado que aquilo tem para você, para gerar química positiva.
Isso pode parecer meio maluco, mas é assim que o cérebro trabalha. E tem mais: ele não sabe
diferenciar o que é visto com o que é imaginado. Ou seja, para o cérebro, você ver uma cena
real ou imaginar aquela cena gera o mesmo processo (fator externo/significado/química). Por
exemplo, vou contar uma história a você, que eu inventei; portanto, é mentira. Isso que contarei
nunca aconteceu ou existiu. Havia um funcionário em uma empresa que operava uma máquina
de corte. Um dia, ao fazer manutenção nesse equipamento, a máquina ligou e prensou seu
braço. E, conforme ele tentava tirar o braço, aquela máquina apertava cada vez mais, e ele
gritava. As pessoas ficavam desesperadas em vê-lo com o braço preso, urrando de dor.
Sentiam arrepio e dor nelas mesmas. A dor era muito grande e, durante o esmagamento, o
sangue do colaborador escorria pelo chão. Seus gritos eram cada vez mais desesperadores.
Muito provavelmente, você está se sentindo mal ou desconfortável em ler esse pequeno relato,
mesmo sabendo que ele é inventado, que isso nunca aconteceu. Mas o cérebro é assim, não
diferencia o que nós imaginamos ou vemos de fato.
Nós choramos por um personagem que morre no filme, mesmo sabendo que ele não morreu,
de fato. Então, muito cuidado com o conteúdo com o qual você alimenta seu cérebro, porque
ele acredita.
Nosso cérebro tem, em média, 2% do nosso peso corporal. Em repouso, consome
25% da energia para manter nossas funções vitais. Portanto, economizar energia é uma
prioridade. E como o cérebro faz isso? Criando hábitos. A conexão de um neurônio com outro
chama-se sinapse. O caminho pelo qual a sinapse percorre chama-se trilha neural. Quando
você repete uma ação, ou seja, cria um hábito, essa trilha neural aumenta, e o cérebro não
precisa de muito esforço para executá-la repetidamente. Perceba, por exemplo, que todos os
dias você toma banho com uma sequência pré-definida. Começa lavando o cabelo, depois os
braços, as costas, e assim por diante. Depois, você se seca iniciando, por exemplo, pela
cabeça, depois pelos pés, etc. Agora, perceba o contrário: você é sedentário e começa a
frequentar a academia. No primeiro dia, dói tudo, você cansa, a cabeça pesa. Esse desânimo
é o cérebro tentando poupar sua energia e não criar um novo hábito, pois isso dá trabalho.
Porém, com o passar dos dias, a função é automatizada, já não dói mais; pelo contrário, dá
prazer. Como o hábito foi instalado, o cérebro sempre vai influenciar você a se manter por essa
linha e não inventar nada novo. E falar em público é a mesma coisa. Quanto mais você se
apresentar, mais seu cérebro vai entender que aquilo é hábito e menos medo você vai sentir.
O medo não é algo ruim. Ao longo da evolução da humanidade, o medo nos man-
teve vivo. E tudo isso graças à adrenalina. Toda vez que o cérebro entende que o corpo corre
algum risco, ele libera adrenalina através das glândulas suprarrenais, o que gera o medo. E
sempre que nos deparamos com situações que nos colocam em risco, nosso cérebro precisa
decidir entre enfrentar ou fugir, ou o termo usado em inglês “Fight or Flight”. Se o cérebro decide
pelo enfrentamento, a adrenalina se concentra nos membros superiores. Isso explica como
uma mãe, ao ver o filho embaixo de um carro, vai lá e levanta o veículo com as próprias mãos.
Isso é feito sob efeito de (muita) adrenalina, se essa mãe voltar no outro dia e tentar levantar o
mesmo carro novamente, provavelmente, não conseguirá. Mas, existe também a decisão de
fugir. Nesse caso, a adrenalina é concentrada nos membros inferiores, para que você consiga
fugir com mais eficiência. Imagine seu cérebro gerando adrenalina para que você fuja e sua
racionalidade dizendo, “Não posso simplesmente sair correndo”. É como acelerar um carro com
o freio de mão puxado. Por isso, sua perna treme. Você está recebendo carga e não está
correndo para metabolizar. Outra informação interessante é que, quando o cérebro decide fugir,
ele não pode carregar peso desnecessário, pois isso o deixaria mais lento. Isso explica por que
pessoas urinam e até sofrem diarreia quando estão com medo. Perceba o cenário de guerra
que seu corpo está preparando para enfrentar uma coisa tão simples como uma apresentação.
A boa notícia é que a adrenalina demora, em média, três minutos para metabolizar. Já teve
aquela sensação que a apresentação começa desesperadora, com tremedeira, e logo você
começa a ficar confortável e, quando vê, já falou por uma hora? É porque a adrenalina não faz
mais efeito e o cérebro entende que não há mais riscos, e, assim, a apresentação flui. E como
sabemos que estamos sob o efeito da adrenalina?
Pupilas dilatadas: Ao entrar em estado
de alerta, as pupilas se dilatam para que a
visão seja panorâmica, sendo possível avistar
quaisquer riscos que possam atingi-lo.
Palidez corporal: Já que o corpo entende
que vai entrar em um estado de combate, os
vasos sanguíneos se contraem, pois, se
houver qualquer corte durante a disputa, o
corpo não sofrerá hemorragia. Com a
contração dos vasos e alta atividade cerebral,
o sangue circula com mais volume na cabeça.
Pelo fato de a pele do rosto ser a mais fina do
corpo, ficamos enrubescidos quando estamos
nervosos.

Músculos: Por entender que estamos nos preparando para uma batalha, nossos músculos
ficam rígidos para que possamos lutar ou correr. Sob o efeito da adrenalina, os músculos se
contraem involuntariamente. Isso explica por que ficamos rígidos quando estamos nervosos e
por que temos dores musculares após um dia de muito nervosismo ou estresse.
Transpiração: Como se preparando para batalharmos fortemente, nosso corpo transpira para
fazer a troca de calor porque, se atingirmos temperaturas acima de 40°C, corremos o risco de
desmaiar. Portanto, ele se antecipa e já inicia a troca de calor, motivo pelo qual nós suamos
quando passamos por situações de nervoso.
Coração Disparado: Como vimos nos itens anteriores, o corpo está em estado de alerta. E para
garantir sangue, nutrientes e oxigênio para todo o sistema, o coração precisa aumentar a carga
de trabalho. Portanto, aquela batedeira que parece vir na garganta acontece por isso.
Respiração Ofegante: Por que ficamos ofegantes quando estamos em situações de medo?
Você se lembra que todo o corpo está em alerta e trabalhando acima da normalidade? Com
isso, necessita-se de mais oxigênio para abastecer a musculatura e todo o sistema. Perceba
que, normalmente, é uma respiração rápida e curta, que dificulta a fala. Reduzir essa respiração
e aprofundá-la ajuda a se acalmar, e prestar atenção na respiração te traz para o agora,
ajudando no combate à ansiedade.
Você já resolveu um cubo mágico? Ou conhece alguém que resolveu? Você acerta um lado,
complica o outro. Precisa fazer várias vezes, e nada sai do lugar. Eis que você começa a
perceber padrões. E vê que sempre que o lado amarelo está completo, o lado verde fica pronto
para ser finalizado, até que... BINGO! Você consegue. Levou vinte dias tentando, mas deu
certo. Já não é mais impossível. Embaralha e monta de novo. Já com algumas lições... cinco
dias. Muito bem. Na próxima tentativa, um dia. Agora, são algumas horas, depois minutos,
depois segundos. Começa a montar dentro da água, de ponta-cabeça, olhos vendados, enfim,
aquela crença do impossível hoje é resolvida em alguns segundos de empenho. E falar em
público é igual: você vê alguém palestrando e acredita ser impossível. Presta atenção nos
padrões. Testa, vê que melhorou. Estuda mais, acredita mais. Tem uma oportunidade que
motiva, faz de novo. Recebe elogios, melhora, consegue ter sucesso na oportunidade que lhe
foi dada. Aí, já conhece muitas técnicas e tem domínio naquilo, começa a colocar dificuldades
para se desafiar. Quando se dá conta, é um grande palestrante, e o medo inicial serve de
combustível.

Portanto, falar em público é técnica, é treino, é


repetição. Ao longo da minha carreira, nunca vi
ninguém que não conseguiu, de forma alguma,
se apresentar, mesmo utilizando todas as
ferramentas. O desafio é melhorar 1% a cada
dia, se comparar a você mesmo ontem, buscar
evoluir e crescer diariamente. E lhe garanto: você
consegue.
Quem nunca se deparou com uma pessoa que “se
acha”? Aquela pessoa que pensa que, quando ela
chega na festa, todo mundo percebe sua presença. Que
todo mundo repara em seu corte de cabelo, seus
acessórios, suas roupas e seus tons de voz. Que todas
as pessoas param o que estão fazendo para prestar
atenção a cada passo dela. Identificou-se com alguém
do seu convívio? Pois bem, agora perceba se, com o
tímido, não é a mesma coisa. Ele acha que, ao chegar
na festa, todo mundo percebe. Que as pessoas reparam
em seu cabelo, seus acessórios e suas roupas. Que as
pessoas vão parar o que estão fazendo para prestar
atenção ao tímido. E, como você bem sabe, isso não
acontece. Sabe por quê? Porque as pessoas têm mais
o que fazer. Quem vai assistir a uma apresentação
busca conhecimento, informação, aprendizado, pouco
se importando com um erro no meio da fala, uma peça
de roupa, ou qualquer item irrelevante, pois o interesse
real está no conteúdo, e não em você. Pense nisso.

Não fale com estranhos

Quem nunca ouviu essa frase dos pais? Gera alguma segurança na infância, mas é uma
bomba na vida adulta. Ouvimos isso e guardamos inconscientemente para a vida toda, pois
vem de uma fonte segura (nossos pais). Os anos se passam e, de repente, lá está a plateia
com pessoas estranhas. E a regra é clara – “Não fale com estranhos”. Comece a pensar se
essa frase faz sentido para você, e mude esse significado na sua vida.
Quero falar agora sobre as três questões que mais assombram quem tem medo de falar em
público, e que são que sempre aparecem nas minhas palestras e treinamentos:

Para onde olhar ?

Existem abordagens que orientam o orador a fixar o olhar em


um ponto qualquer do auditório, ou no fundo da sala. Isso pode
até gerar conforto para quem está com medo de se apresentar,
mas, para quem assiste, não. Olhar para pontos perdidos na
plateia não demonstra naturalidade, conexão, envolvimento.
Quantas vezes, em uma conversa a dois, nos deparamos com
alguém com o olhar perdido e ficamos incomodados? Olhar nos
olhos e falar com segurança dá credibilidade e traz reflexão ao
ouvinte. Portanto, busque pessoas simpáticas com seu assunto
entre os espectadores. Sempre tem alguém sorrindo,
concordando ou prestando atenção à sua mensagem. Busque
três pessoas com esse perfil espalhadas pela plateia e direcione o olhar a elas. Isso vai lhe
gerar confiança para se soltar e falar com mais propriedade, e é nesse momento que a mágica
acontece: mais pessoas se simpatizam com seu conteúdo. Aquelas três viram cinco, vinte, cem,
mil. E, assim, você tem pleno domínio da sua audiência, levando seu conhecimento a todos
que dispuseram de tempo e atenção para ouvi-lo. Acredite, olhar nos olhos de alguém faz toda
diferença quando o objetivo é ser convincente.

E SE DER BRANCO ?

Essa é a pergunta de um milhão de Reais. Esta-


mos discorrendo sobre o assunto quando, de repente, e não
mais do que de repente, vem um pensamento fora de contexto
na nossa mente: “Será que eu tranquei o carro?”, “Será que
fechei o gás”, “O boleto vencia hoje.” Mas, aí, você volta à
realidade e pronto: deu branco. Onde eu estava mesmo?
Então, conheça essa dica de ouro que vai salvá-lo nas
apresentações. Diga, “Na verdade, o que eu ia dizer...”, para
que você retome o assunto de onde parou. Simples, não?
Essa frase vai fazer seu cérebro voltar ao ponto de parada e
buscar uma nova saída para que você continue o discurso. Só
tome cuidado para não esquecer dessa frase.
E SE RIREM DE MIM ?
Essa pergunta sempre aparece nos treinamentos.
Lembra que, no começo desse livro, nós falamos que o
cérebro acredita no que nós contamos para ele? Pois é,
esse é mais um dos absurdos que contamos para nós
mesmos. Puxe na sua memória, qual foi a última
palestra que você assistiu em que debocharam do
palestrante? Que riram negativamente do
apresentador? Que zombaram do orador? Lembre-se, e
se surpreenda com a resposta. Quem vai assistir a uma
apresentação torce para quem está no palco se sair
bem. Simples assim. Quem, em sã consciência, sai de
casa torcendo para o palestrante se sair mal, falar um
monte de besteiras, não trazer nada de novo? Quando
vamos a uma apresentação, queremos que o
apresentador se saia bem, supere nossas expectativas,
nos brinde com experiências novas. Assim, saímos
melhores do que entramos. Pense, estatisticamente,
qual a probabilidade de alguém rir de você, e analise se
faz sentido ter essa.

NATURALIDADE
Se eu tivesse somente dez linhas para escrever sobre apenas um tema, eu escolheria esse:
NATURALIDADE. Essa é a ferramenta mais poderosa de todas para quem quer se
comunicar. O dia que você se apresentar em um palco com a mesma naturalidade com que
conversa a uma mesa de bar ou no sofá da sua casa, você atingiu o ápice da oratória.
Veja como isso é paradoxal: você estuda, estuda, estuda para chegar onde você está hoje.
Quando você é espontâneo, passa verdade, credibilidade, contundência no que fala. As
pessoas acreditam em você. Portanto, se você for alguém divertido, não perca isso na
apresentação, fale de forma divertida mesmo sendo um assunto sério, contando sempre
com o bom senso. Se você é sério, mantenha isso na apresentação. Se é simpático e
sorridente. Se é formal. Seja você mesmo, que a chance de dar certo é gigante.
Qual o seu domínio do assunto a ser falado? Conheça, pesquise, debata. Pois, assim, a
segurança para falar de determinado assunto virá naturalmente. Quanto mais você tem de
conhecimento sobre algo, maiores são as alternativas caso a apresentação saia do roteiro.
Você terá um conhecimento vasto e poderá usar toda aquela opção de ferramentas disponíveis
para levar a mesma mensagem para diversos tipos de público. Conhecer muito sobre o que vai
falar é uma vantagem importantíssima.
Quem nunca ouviu da mãe, “Fala para fora”? O “falar para fora” é colocar intensidade e peso
na voz. E sabe por quê? Porque quem domina o assunto e tem segurança fala em alto e bom
som. Quem não tem certeza ou está inseguro fala baixo e sem potência. Ser intenso não é
gritar; é ter uma voz firme e convincente. Preste atenção a grandes autoridades falando. O tom
de voz imponente, forte, direto! Porque sabem exatamente o que estão falando, e sua
credibilidade está em jogo. Portanto, “fale pra fora” e seduza sua audiência.

O brasileiro, em sua grande maioria, não fala bem o português. As letras R e S são cortadas
diversas vezes nas frases; as concordâncias verbais, dificilmente são feitas no tempo correto;
os vícios, como o mim conjugando verbo (pra “mim” poder, pra “mim” ficar); e outros exemplos
que podemos escutar todos os dias em conversas informais. Portanto, comece a prestar
atenção se você usa o plural corretamente e se não suprime nenhuma letra. Não é incomum
ouvirmos “madera” (sem o “i”), quando se deve falar madeira. Porém, muito cuidado para não
perder sua naturalidade ao pronunciar o Português corretamente, pois o desconectará dos
ouvintes. Comece a treinar no dia a dia, pois a forma natural de falar será a correta.
Imagineseeucomeçasseafalarassimsemdarespaçovirgulapontofinalefossefalandosemparar
provavelmentevocêficariairritadoelogoparariademeouvir. O ritmo é o “tempero” da fala. Se
você quer levar seu público a refletir, fale p a u s a d a m e n t e, devagar e com um tom mais
grave. AGORA, SE SEU OBJETIVO É MOTIVAR, AUMENTE E VELOCIDADE E ACELERE A
FALA, pois isso gera mais emoção. Trabalhar os tons conforme seu discurso é uma
ferramenta muito eficaz. Você conhece a palavra monótono? Segundo o Dicionário Aurélio, a
palavra monótono significa “Que não sofre variação ou não demonstra novidade, tornando-se
maçante; enfadonho.” No Português claro, chato mesmo. E de onde vem essa palavra? De
mono tom, ou seja, um tom apenas. Portanto, abuse do ritmo na sua fala, pois isso ajuda a
prender a atenção da plateia e dar um sabor especial à sua fala.
Parece um pouco óbvio, mas, como diz meu amigo Luiz Apolinário, “O óbvio precisa ser dito”.
Como organizamos uma apresentação de forma simplificada?

ROTEIRO
1 Quem é você?

2
Diga seu nome e sua especialidade. Cuidado com
apresentação do currículo muito extenso, pois
Do que você veio falar?
isso pode gerar um sentimento de arrogância na
plateia. Caso você tenha um currículo tão Explique, de forma bem sucinta, o tema
invejável que mereça ser compartilhado, peça que você veio abordar. Tente explicar de
para que outra pessoa o apresente, pois, assim, forma bem abrangente, sem detalhes,
sua imagem será preservada. em, no máximo, 15 palavras, o que
aquelas pessoas irão assistir. Procure
levantar expectativas nesse momento,
aguçando a curiosidade de quem
assiste.

3 Qual problema você resolve?

Seu conteúdo precisa resolver algum proble-


ma. E qual é esse problema? É nesse
4 Qual a causa desse problema?

momento que o público irá se conectar a


você, pois você irá direto onde dói, e quem De onde vem os problemas? Abordando a causa,
sente a dor irá prestar atenção a você nesse você vai demostrar conhecimento técnico do
momento. assunto, informar onde atacar de fato, pois os
problemas geralmente são efeitos de algo mais
profundo..

5 Qual a solução desse problema?

Você levantou o problema e reteve a atenção da plateia. Agora, é a hora do show. Nesse ponto, você vai
defender suas ideias, dar dicas de como resolver, mostrar que você é o especialista e está ali pra ser
referência no assunto. Aqui, você vai concentrar 80% da sua apresentação, trazendo todos os argumentos
para solucionar o problema daquelas pessoas que lhe assistem, de preferência utilizando o método de
passo a passo.

7 A redenção

6 Finalize com uma frase impactante! Aqui é o momento para você


chamar a plateia para a ação e
Esse momento deve ser o ápice da apresentação. perguntar como eles irão utilizar
A plateia, focada em você, com desejo de ter mais. o que acabaram de aprender a
Use uma frase de uma referência mundial no partir de agora. Essa é a hora do
assunto abordado para que as pessoas saiam dali aplauso.
refletindo sobre sua fala.
Isso cabe em qualquer assunto. É um roteiro simples, mas garante sucesso em sua
apresentação. Vamos ilustrar com um exemplo?
“Olá, meu nome é William Borghetti, especialista em fazer arroz. Apresentarei a vocês como
preparar um arroz soltinho e delicioso. O que fazer quando você recebe uma visita e não tem
o que comer? Arroz é uma ótima solução. É só você colocar a água para ferver, separar o
tempero, escolher os melhores grãos, juntar tudo isso em uma panela até a água evaporar e
pronto.”
Uma refeição que todo mundo gosta e vai garantir o conforto da sua visita.
Vimos que, quando você precisa de uma solução rápida em alimentação, o arroz é seu grande
aliado. E finalizo com o seguinte pensamento: “‘Se não quiser comer arroz, vai morrer de fome.’
– Eliete Borghetti, minha mãe.”

Quem são as pessoas que o estão ouvindo? Jovens? Idosas? Formais? Informais?
Acadêmicas? Baixa escolaridade? Tudo isso interfere no modo em que você vai falar. Cito
sempre o exemplo do Michel Temer: altamente preparado, formação acadêmica impecável,
oratória treinada. Mas não se comunica bem. “Tê-lo-ei, nos anais da constituição...” Imagine
essa frase dita em um pronunciamento para a nação brasileira, visto que o nosso ex-Presidente
adora utilizar a mesóclise (Tê-lo-ei, Sabê-lo-ei, etc.) em suas frases. Imagine um cidadão com
pouco estudo, que mal sabe escrever seu próprio nome, ouvindo essa frase. “Tê-lo-ei? Que
diabo é isso? Anais? Tá falando palavrão na televisão?”. E, assim, ele falou bonito, mas não se
comunicou bem. Entende a diferença?
No campo da política, independentemente da orientação partidária, temos bons exemplos. E
para não gerar discussão (ou que você não leia mais esse livro por isso), darei dois exemplos
de excelentes comunicadores: Lula e Bolsonaro. O petista tem uma grande habilidade que é
passar informações complexas de forma simplificada e lúdica. Por exemplo, Lula explicaria
inflação da seguinte forma: “Se você vai ao jogo do Corinthians e compra um lanche de pernil
na porta do estádio por cinco Reais, e, no próximo jogo, você paga sete Reais, isso é ‘infração’”.
Pronto. Usou de exemplos que todo mundo conhece, fez excelentes analogias e se comunicou
de forma aceitável. Passou sua mensagem. Também faz isso Jair Bolsonaro. Quando alguém
levanta um questionamento sobre a segurança pública, ele traz soluções simples como, “Não
quer ir pra cadeia, é só não roubar, não matar, não estuprar.” Resolvido. Quem é vítima da
violência concorda e recebe a mensagem.
Imagine se, tanto no caso do Lula quanto no caso do Bolsonaro, um especialista falasse vários
indicadores estatísticos, percentuais de inflação e criminalidade, e propostas tramitando na
câmara dos deputados. Isso não diz nada à população. Outro exemplo que sempre digo é a
utilização de termos técnicos com o cliente. Imagine aquele advogado que, ao receber o resultado
de uma sentença diz ao cliente, “Sr. João, a sucumbência recursal foi plúrima, e a jurisprudência
foi corroborada. Uma frase linda, mas que não significa nada para 99% das pessoas.
”(Senhores advogados que leem esse livro, a frase acima não faz
sentido algum, foi apenas um exemplo de comunicação.) Se o
mesmo advogado liga e diz, “Sr. João, ganhamos a ação, o senhor
receberá R$ 10.000,00 daqui a 20 dias.” Vejam a diferença. Agora,
se esse advogado vai se dirigir a outros advogados, juízes ou
promotores, nesse caso, ele abusa dos termos mais rebuscados,
do latim impecável, dos maiores jargões da língua portuguesa,
porque a ocasião demanda disso. Seja simples com quem não é
colega de profissão e abuse da formalidade aos pares.
Comunicação boa é a que o outro entende.

Recurso visual, como o nome diz, é uma ferramenta, um recurso


de apoio utilizado para ilustrar sua apresentação. A estrela é
você. Não coloque textos com a fonte pequena para ler para a
plateia. Até porque, o indivíduo que assiste à apresentação lê
mais rápido do que o apresentador que lê e fala. Dessa forma,
quando você estiver na terceira linha, seu público já leu a
décima, e não tem mais por que prestar atenção em você.
Agora, imagine que aparece uma imagem, apenas uma imagem,
sem texto. O público olha aquilo, não sabe bem o que quer dizer,
e irá fazer o quê? Concentrar a atenção em você para entender
qual a mensagem que você quer passar, e o que quis dizer com
aquilo. Minha dica: se for usar texto, use fontes bem grandes e
coloque tópicos, para orientá-lo durante a apresentação. Abuse
das imagens. E jamais entregue o ouro nos slides. Conte você o
que o público precisa saber.
Fazer pausas leva o público à reflexão, além de lhe dar a oportunidade de respirar. Dá tempo
de os ouvintes digerirem a informação. Pausas são extremamente importantes no discurso, pois
fazem o trabalho das vírgulas e pontos durante a apresentação, além de ajudar o orador a
organizar as ideias. A pausa também substitui os maiores vícios da língua portuguesa:
Eh...”, “Ahn...”, “Ih...” Quem nunca usou dessas expressões
para se comunicar, ou até mesmo ouviu seu interlocutor
fazendo uso delas? Nosso cérebro coloca esses “blocos” de Ehh!
Ahn...
informação para que a pessoa com quem estamos
conversando não nos interrompa no raciocínio. É como se
sua fala tivesse buracos e o “ahn” os cobrisse. Ih

Porém, não faz sentido fazer isso durante uma apresentação, já que ninguém vai inter-
romper o andamento da sua fala. Portanto, comece trocar o “eh...” por uma pausa. Vai perceber
que o discurso fica muito mais limpo e compreensível. Outro vício muito comum é o “né”. E por
que se fala “né”? Essa expressão vem da pergunta “não é?”, que busca confirmação da outra
parte. Então, quando você é uma autoridade em um assunto e vai se comunicar com um grupo
de pessoas, você precisa afirmar, e não buscar aprovação daqueles que, normalmente, sabem
menos que você. Vamos dar um exemplo: Um vendedor de carros diz, “Esse é o melhor motor
da categoria, né?”. O cliente que está comprando pode dizer, "Não sei, eu não sou vendedor de
carros e não entendo de motores; você quem está dizendo.” Agora, se o vendedor diz, “Esse é
o melhor motor da categoria.”, ponto final. Afirmado. Firme. Frase de quem conhece e garante
o que fala. Portanto, cuidado com esses pequenos vícios, pois eles podem atrapalhar sua
produtividade. Né?

Quatro mulheres sentadas na mesma cadeira, com a mesma roupa, no mesmo ambiente,
porém com posturas diferentes. Devemos sempre lembrar que o corpo “fala”. Portanto, muita
atenção à postura que você tem usado nas suas apresentações. Falar de peito aberto, deixar a
coluna ereta, a cabeça erguida traz ao seu público confiança na postura de quem tem base no
que está falando. Analise uma pessoa contando uma história de coragem, vitória, triunfo, e veja
se ela está com a cabeça baixa, os ombros curvados, os olhos tristes. Não! O peito está aberto
para colocar toda aquela informação para fora, pois o mundo precisa saber daquilo.
Tenha uma postura vencedora e brilhe na apresentação.
Desse, eu não abro mão. A vida, em seu
cotidiano, não é um mar de rosas. Normalmente,
estresse, correria, trabalho, problemas,
preocupações e compromissos tomam a maior
parte do nosso tempo. Mas, na apresentação,
não precisa ser assim. O bom humor é uma das
maiores ferramentas para o aprendizado. Quem
ri fica leve e se desarma para aprender o que
você está disposto a ensinar, além de ser uma
ótima escolha para prender a atenção do
público.O uso do bom humor fará com que a
apresentação não se torne maçante, entediante.
Fale com leveza de
A segunda orientação é de que você pontue com um gesto a palavra mais importante da
frase. Por exemplo: Na frase “Ontem, eu dirigi a noite inteira”, qual é a palavra mais
importante? Se for o a palavra ontem, ou seja, se o tempo for o ponto chave da frase, você
pode gesticular com o dedão para trás, sobre o ombro, indicando com um gesto o passado,
e manter esse gesto até o fim da frase. Com isso, irá dizer ao seu espectador que a frase
toda tem informações, mas que “ontem” precisa ser visto com maior atenção. Se o tempo
não for fundamental para o entendimento, mas, sim, o verbo, você pode fazer um gesto
imitando um volante ao dizer a palavra dirigi. Por fim, se o item fundamental de entendimento
for o tempo, ou seja, a “noite inteira”, você pode gesticular uma “linha do tempo” com as
mãos, evidenciando que não dirigiu um pouco, e, sim, um longo período. Só não faça todos
os gestos na mesma frase, como o dedo pra trás, o volante e a linha do tempo. Isso vai
confundir o espectador e lhe proporcionar uma dança que não combina com sua
apresentação.
A expressão facial também tem papel importante nisso tudo: a mesma frase, o mesmo gesto,
o mesmo tom de voz tem um sentido com o orador sorrindo e outro sentido com o orador de
cara fechada.
Portanto, lembre-se de que a comunicação corporal fala mais do que as palavras. Utilize
com eficácia essa ferramenta genial e acesse todos os canais de informação de quem lhe
assiste. Isso vai contribuir fortemente com o sucesso da sua apresentação, refletindo que,
muitas vezes, o corpo fala o que as palavras tentam esconder. Ou, como diria o filósofo inglês
John Locke, “Nossas ações são as melhores interpretações de nossos pensamentos”.

Ouvir a própria voz

Infelizmente, trago-lhe más notícias. Sabe aquela voz medonha dos seus áudios no
WhatsApp? Sim, aquela é a voz real. Nossa caixa craniana reverbera o som que falamos. Por
isso, escutamos nossa voz diferente do que ela realmente é. E normalmente ouvimos nossa
própria voz mais grave do que a realidade. E por que estranhamos? Porque nosso cérebro
gravou um tom de voz como sendo o nosso todos os dias da nossa vida. Então, quando ele
ouve um áudio, aquilo parece estranho pela falta de costume. E como deixá-lo acostumado?
Criando o hábito de se ouvir sempre; assistir aos próprios vídeos; sempre que possível, gravar
a própria fala, pois, assim, sua própria voz não lhe dará a impressão de um estranho invadindo
seus tímpanos. E lembre-se: aquela voz gravada é a que todas as pessoas que você conheceu
na vida escutam. Portanto, relaxe e continue colocando para fora suas ideias.
O que é congruência? Congruência é sua mensagem, seu tom de voz e
sua linguagem corporal comunicarem a mesma coisa. Imagine um cara
vestido de metaleiro, com roupas de couro, palestrando aos gritos
sobre meditação. Não combina.
A postura, o tom de voz, a imagem precisam estar harmonizados. Um
palestrante que fala sobre motivação e entra com a cabeça baixa e
desanimado não conecta seu público. Tendo que ser referência no
assunto abordado, como eu passaria credibilidade se ficasse com medo
de entrar no palco para falar sobre o medo de falar em público? Então,
a partir de agora, preste atenção se todos os seus canais de
comunicação estão em harmonia. Isso vai lhe gerar grande conexão
com o público, além de credibilidade.

Pespectiva
as “lentes” do seu lado. E não é inteligente brigar com
a plateia, e, sim, trazê-la para você.

Improviso
Pânico. O que você, sendo especialista em esportes aquáticos, falaria para uma plateia de médicos? É
nessa hora que entra o improviso. Uma técnica muito assertiva de improviso é iniciar falando sobre o
tema do local que você se encontra (médico) e puxar um gancho sobre seu assunto (esporte aquático).
Por exemplo: “É um prazer participar deste congresso com os maiores nomes da medicina brasileira.
Tenho a honra de estar à frente de pessoas que, todos os dias, salvam vidas e proporcionam qualidade
de vida a milhões de pessoas. E o esporte também faz isso. Quem pratica natação tem x% menos chance
de infartar, o que é um grande alívio à medicina. Aliás, o esporte aquático brasileiro tem crescido muito
nos últimos anos e, por esse motivo, nas últimas Olimpíadas, conseguimos medalhas de ouro”. Percebeu
que o assunto era direcionado à área médica e, aos poucos, foi se transformando em esporte aquático?
Pode testar com qualquer tema. Depois que você entrou no seu tema, tem conteúdo para falar por cinco
horas se for preciso. E ninguém vai achá-lo maluco por falar de esporte aquático a uma plateia médica.
Essa dica é bem interessante e tira você de problemas inesperados.

Coragem é o oposto de medo? Não. Coragem é ter medo e ir com medo mesmo. Sabe por quê? Porque
o medo nunca acaba. Atores consagrados ficam ansiosos antes de entrar em cena. Cantores que fazem
turnês mundiais sentem nervosismo antes de entrar no palco. E ele nos mantém vivos. Fazer algo que
não lhe dê o mínimo de apreensão não tem graça alguma. Pense em você entrando em um palco para
palestrar aos milhares de espectadores com a mesma sensação de tomar água em casa. Não pode ser
assim. Lembre-se do desenho Cão Coragem. Ele morre de medo dos monstros que invadem a casa de
sua dona, mas enfrenta esse medo e sempre protege a velhinha que cuida dele. Está com medo? Coloca
a fralda e vai com medo mesmo.
Feito é melhor que perfeito Consegue decifrar o que é a imagem ao lado?
Um tambor preso a uma roda de caminhão. Vou lhe dar
um tempo para pensar. E aí, decifrou? Isso é uma
“máquina de lavar roupas”. O caminhoneiro coloca
água, sabão e a roupa suja e segue sua viagem. Quando
chega ao destino, ela bateu tanto, que é só enxaguar e
estender. É a melhor máquina de lavar roupas do
mundo? Não. Mas é a melhor que poderia ser naquele
momento, com o que esse caminhoneiro tinha em
mãos. Deve haver outro caminhoneiro projetando uma
lava e seca wi-fi, com bluetooth e energia solar, mas
está, neste momento, com a roupa suja. Se esperarmos
o momento perfeito, o tempo passa e nunca saímos do
lugar. Portanto, FEITO É MELHOR QUE PERFEITO.
Dê o primeiro passo, comece com o que tem, faça agora, e vá melhorando. Beethoven, um dia, foi alguém
que tocava notas desafinadas. Usain Bolt, um dia, tropeçava nas próprias pernas para correr. Albert
Einstein, um dia, não soube fazer cálculos. Eles esperaram o momento perfeito? Não. Eles começaram. E
foram aperfeiçoando, aperfeiçoando, aperfeiçoando, até serem referências mundiais em suas áreas.
Muitas pessoas no meu curso perguntam, “O que preciso para ter um canal no YouTube?” Minha resposta:
um celular, acesso à Internet e uma conta no Google. Grave o que você sabe e poste. No próximo, melhore.
Melhore 1% a cada dia. Se esse livro todo, que eu levei anos de estudo para escrever, melhorá-lo 1% em
relação ao medo, minha missão está cumprida. Passo a passo, você chegará onde quer, pois a comparação
e a disputa é com você mesmo ontem. Se, hoje, você é 1% melhor que ontem, está no caminho certo.

Partindo para o encerramento deste livro, gostaria de falar


sobre um trio de ideias que vão fazê-lo conquistar o que
quiser. Começo com o conhecimento. Know-how, preparo,
pesquisa. Já usamos vários termos aqui, mas tudo se resume
em conhecimento. Ler, saber, conversar sobre o assunto,
colocar o conhecimento à prova, discutir, debater. Tudo isso
o enriquece de conhecimento e o faz cada vez mais
especialista no assunto.
Não existe profissão de palestrante. Alguém que sobe no
palco e fala sobre qualquer coisa. O que existem são dentistas
Que falam sobre odontologia, advogados que falam sobre
direito, economistas que falam sobre economia. A segurança
só vem se você domina o que vai falar. Depois de conhecer
vem o segundo membro do trio: prática.
CONHECIMENTO
REPETIÇÃO

Repetição Repetição

Ginasta Arthur Zanetti


Cristiano Ronaldo - Jogador

Pé de uma bailarina
Usain Bolt – Corredor – O mais veloz da história

Bruce Lee – Lutador e ator

João Carlos Martins – Maestro

Repetição Repetição
Maior intérprete de Bach da história

Repetição
Repetição
Esta é minha irmã, Aline Borghetti. Piloto de avião em
Hong Kong, com milhares de horas de voo, tem trinta e
um anos e a responsabilidade de levar mais de trezentos
passageiros a cada voo. Teve que vencer todas as
dificuldades que um piloto enfrenta, mais o preconceito
por ser mulher. E, hoje, é uma referência, principalmente
para mulheres que sonham em pilotar um avião. Imagine
quantas vezes ela repetiu as mesmas regras, os mesmos
processos, as mesmas funções, para chegar onde chegou.
Já parou para pensar que o que define um piloto de avião
são as horas de voo, que, traduzindo, é a alta repetição
do ato de voar. Conhecimento, prática e repetição.

Michael Phelps, maior nadador da história, muita repetição.


Olimpíadas de Pequim, 2008. Michael Phelps pula na piscina
para disputar os 200m borboleta. Mas, dessa vez, um
problema: entrou água nos seus óculos de natação. Com a
visão turva, ele não conseguia enxergar seus concorrentes ou
até mesmo o fundo da piscina. Mas Phelps se preparou tanto
para aquilo, que sabia que eram necessárias vinte e uma
braçadas para atravessar de um lado a outro. E, então,
começou a contar: dois, três, ...,oito, ..., quinze, ..., vinte, vinte
e um. Virou e voltou para os 100m finais: dois, três, ...,oito, ...,
quinze, ..., vinte, vinte e uma braçadas. Chegou. Venceu.
Bateu o recorde mundial, até hoje não alcançado. Olhe o que
o poder da repetição pode trazer para sua vida.
Conhecimento, prática e repetição.
Seja atleta, cientista, palestrante, acrobata. Conhecimento, prática e repetição o levam ao domínio do
assunto, à maestria, ao ápice. Algumas pessoas me procuram e dizem que não conseguem se apresentar.
Eu pergunto, “Quantas vezes você já se apresentou?”, e muitas de dizem, “Duas. Três. Cinco”.
É preciso se apresentar mil vezes para ficar bom. Eu já fiz centenas de palestras. Cada vez que termino, saio
do local melhor do que eu entrei. Faça muitas vezes – a receita do bolo é essa.
COMO VOCÊ
VAI USAR
SEUS SUPER PODERES?
Obrigado!

+55 11 99819-0894

@william.borghetti

williamborghetti.com

William Borghetti

eu@williamborghetti.com

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