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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
ELÉTRICA

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

ANÁLISE DE TOPOLOGIAS E
OPERAÇÃO DE MICRORREDES

MARCOS SILVA ARAUJO

Salvador, Julho de 2014.


UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
ELÉTRICA

MARCOS SILVA ARAUJO

ANÁLISE DE TOPOLOGIAS E
OPERAÇÃO DE MICRORREDES

Trabalho apresentado ao Curso de


Graduação em Engenharia Elétrica
da Universidade Federal da Bahia
como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Engenheiro
Eletricista.

Orientador: André Luiz de Carvalho


Valente

Salvador, Julho de 2014.

I
Marcos Silva Araujo

ANÁLISE DE TOPOLOGIAS E
OPERAÇÃO DE MICRORREDES

Este Trabalho de Graduação foi julgado adequado para a obtenção do grau de


Engenheiro Eletricista e aprovado em sua forma final pela Comissão Examinadora e
pelo Colegiado do Curso de Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal
da Bahia.

_____________________________
Karcius Day Rosário Assis
Coordenador do Colegiado do
Curso de Engenharia Elétrica

Comissão Examinadora

_______________________________________
Prof.Dr André Luiz de Carvalho Valente
Orientador

_______________________________________
Prof.Dr Kleber Freire da Silva

_______________________________________
Prof.Me Antônio José Sobrinho de Sousa

II
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus


pais, por terem caminhado sempre ao
meu lado, apoiando-me a todo o
momento, principalmente naqueles mais
difíceis.

III
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, Ser Supremo,


por ter me concedido a sabedoria, o
discernimento e a compreensão para os
pequenos e grandes adventos da vida.
A toda minha família, em especial
minha mãe que nunca me deixou em
desamparo;
Aos meus colegas de faculdade,
Raí, Murillo, Moisés, Paulo, Bruno entre
outros, por compartilharem comigo,
grandes momentos;
A minha noiva Ana Caroline pelo
apoio e incentivo ao longo da trajetória;
Aos amigos, em especial a Zé Luiz
pelos anos de companheirismo;
Enfim, aos meus mestres da UFBA,
em especial ao meu orientador, pelos
ensinamentos;
A todos meu muito obrigado.

IV
RESUMO

Neste trabalho de diplomação, a meta foi realizar uma pesquisa sobre


microrredes, visitando, assim, uma área pouco explorada no curso de
graduação de Engenharia Elétrica e assunto que tem atraído o interesse de
pesquisadores e engenheiros em todo o mundo. Além de abordar aspectos
relacionados às principais definições, topologias e operação, o trabalho trata da
análise da inserção de geração distribuída no contexto do sistema elétrico de
potência demonstrando a sua aplicação como suporte a ilhas elétricas.
Buscou-se analisar o impacto da Geração Distribuída na rede de
distribuição utilizando um sistema gerador versus barramento infinito, utilizando
o software SIMULIGHT. Para tanto, realizam-se análises dinâmicas (ilhamento)
observando o comportamento das variáveis do sistema, entre elas, tensão e
frequência.

Palavras – chave: Microrredes, Geração distribuída, Ilhamento.

V
ABSTRACT

In this Bachelor Science project, the main goal was to conduct a


research on microgrids, to get the opportunity to visit an area with no or little
exposure during the Electrical Engineering graduation course and is a subject
attracting worldwide researchers and engineers’ interest. In addition to
addressing issues related to its definitions, topologies and operations, the
project deals with the analysis of the insertion of distributed generation in the
context of the power electrical system demonstrating its application as support
electrical islands.
We sought to analyze the impact of distributed generation on distribution
network using a generator versus infinite bus system using the SIMULIGHT
software. To this end, dynamic analyzes are carried out (islanding) observing
the behavior of the system variables, such as voltage and frequency.

Palavras – chaves: Microgrid, Distributed Generation, Islanding.

VI
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

A Ampere
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ARL Automatic relay logic
BT Baixa Tensão
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
CCa Controlador de Carga
CCMR Central de Controle da Microrrede
CMf Controlador da Microfonte
COPPE Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia
CP Confecção própria
GD Geração Distribuída
HZ Hertz
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
KV Kilovolt
KW Kilowatt
MF Kilofaraday
MF Microfonte
MR Microrrede
MVAr Megavoltampere reativo
MW Megawatt
OM Operador de mercado
OSD Operador do sistema de distribuição
PCC Ponto de Conexão Comum
PCC Ponto de conexão comum
PCH Pequena Central Hidroelétrica
PRODIST Procedimentos de Distribuição do sistema elétrico nacional
PV Painel Fotovoltaico

VII
RAT Regulador Automático de Tensão
RED Recursos de energia distribuídos
RV Regulador de Velocidade
SE Subestação
SEP Sistema Elétrico de Potência
SMIB Single Machine Versus Infinite Bus
STD Standard
TUT Tallinn University of Technology
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UG Unidade Geradora
UPS Uninterruptible power supply
V Volt

VIII
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Arquitetura de Microrrede ................................................................ 16


Figura 2.2 Esquema de Interação entre Dispositivos de Controle da Rede e da
Microrrede ........................................................................................................ 16
Figura 3.1 Ilhamento dentro do sistema de distribuição ................................... 23
Figura 3.2 Microrrede com barramento CC ...................................................... 27
Figura 3.3 Microrrede com barramento CA ...................................................... 28
Figura 3.4 3 Microrrede com barramento CA e CC .......................................... 30
Figura 4.1 Diagrama unifilar do sistema da máquina conectada a barramento
infinito ............................................................................................................... 35
Figura 4.2 Indicação que haverá um acréscimo de carga ................................ 35
Figura 4.3 Sistema Isolado com acréscimo de carga ....................................... 36
Figura 4.4 Interface gráfica do SIMULIGHT ..................................................... 37
Figura 4.5 Inserção dos dados nominais do gerador ....................................... 37
Figura 4.6 Inserção do modelo estático ........................................................... 38
Figura 4.7 Inserção dos modelos dinâmicos .................................................... 38
Figura 4.8 Inserção do modelo do gerador ...................................................... 39
Figura 4.9 Inserção dos modelos dos reguladores........................................... 39
Figura 4.10 Interface – Simulação Dinâmica .................................................... 40
Figura 4.11 Potência mecânica e potência elétrica .......................................... 42
Figura 4.12 Frequência na Unidade Geradora (UG2) com RV......................... 42
Figura 4.13 Frequência na Unidade Geradora (UG2) sem RV......................... 43
Figura 4.14 Tensão na barra 2 (GD) sem RAT ................................................ 44
Figura 4.15 Tensão na barra 2 (GD) com RAT ................................................ 44
Figura 4.16 Potência reativa............................................................................. 45
Figura 4.17 Perfil da tensão nos barramentos.................................................. 46

IX
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 Cenário para simulação do ilhamento ............................................ 41

X
Sumário

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 12
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................................................................................... 12
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................................... 13
1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .............................................................................................................. 13
2 MICRORREDES: FUNDAMENTOS ................................................................................................. 15
2.1 CONCEITOS ...................................................................................................................................... 15
2.2 ESTRUTURA BÁSICA DE UMA MICRORREDE ............................................................................................. 15
2.3 PRINCIPAIS TIPOS DE MICROFONTES ..................................................................................................... 17
2.3.1 Eólica .................................................................................................................................. 18
2.3.2 Solar .................................................................................................................................... 18
2.3.3 Célula Combustível ............................................................................................................. 19
2.3.4 Dispositivos Armazenadores de Energia ............................................................................. 19
2.4 O FENÔMENO DO ILHAMENTO............................................................................................................. 21
3 TOPOLOGIAS DE MICRORREDES ................................................................................................. 22
3.1 CONFIGURAÇÕES DE MICRORREDES EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO ........................................................... 22
3.1.1 Ilhamento da Instalação ..................................................................................................... 23
3.1.2 Ilhamento secundário ......................................................................................................... 24
3.1.3 Ilhamento Lateral ............................................................................................................... 24
3.1.4 Ilhamento do alimentador .................................................................................................. 24
3.1.5 Ilhamento do barramento .................................................................................................. 25
3.1.6 Ilhamento da subestação ................................................................................................... 25
3.1.7 Ilhamento da subestação com circuitos adjacentes ........................................................... 25
3.2 FORNECIMENTO DE ENERGIA UTILIZANDO SISTEMAS DE MICRORREDES CC E CA ........................................... 26
3.2.1 Topologia de microrrede com barramento CC .................................................................... 26
3.2.2 Topologia de microrrede com barramento CA ................................................................... 28
3.2.3 Topologia de microrrede com barramento CC e CA ............................................................ 30
4 DINÂMICA E OPERAÇÃO DA MICRORREDE ................................................................................. 32
4.1 TOPOLOGIA PROPOSTA PARA ANÁLISE DINÂMICA DE ILHAMENTO ................................................................ 34
4.2 ENTRADA DE DADOS DO SISTEMA NO SOFTWARE SIMULIGHT .................................................................. 36
4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA SIMULAÇÃO ............................................................................................. 40
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 47
5.1 TRABALHOS FUTUROS ........................................................................................................................ 48
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................ 49

XI
1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Gerais

Há aproximadamente 7 bilhões de pessoas no mundo que usam energia


todos os dias para tornar sua vida mais rica, mais produtiva, mais segura e
mais saudável. Até 2040, o crescimento populacional e econômico
impulsionará uma demanda maior, mas a população vai utilizar a energia de
forma mais eficiente. Uma das opções que vem sendo analisada neste sentido
são as microrredes (do inglês microgrid), como uma abordagem alternativa
para a integração de recursos energéticos distribuídos de pequena escala em
sistemas elétricos de potência.

Fatores como a preocupação ambiental por meio da redução da emissão


de gases poluentes (principalmente) na geração de energia elétrica, maior
confiabilidade no suprimento de energia elétrica, curto tempo de construção e
redução dos custos de capital de pequenas plantas para geração de energia
têm influenciado a expansão da conexão de geradores distribuídos (GDs) em
redes de subtransmissão e de distribuição de energia elétrica (JENKINS et al.,
2000).

Há alguns anos, nos círculos acadêmicos vem sendo bastante discutido


e estudado o tema microrredes, inclusive com o desenvolvimento de protótipos
em universidades, porém comercialmente ainda não foi difundido como a
microgeração. Entretanto, com os consideráveis investimentos realizados na
automação da distribuição, nos medidores inteligentes e nas redes inteligentes
por todo o mundo, as microrredes como parte deste sistema têm oportunidade
de se tornar parte integrante do sistema elétrico em todos os países no mundo.

Ao longo dos anos, modelos, técnicas e ferramentas foram


desenvolvidos, considerando a natureza centralizada da geração de energia. A
Geração Distribuída, por outro lado, possui características muito específicas
que alteram a arquitetura e o modo de operação convencional dos sistemas
elétricos de potência (SEPs). Geradores de pequeno porte distribuídos ao
longo do sistema, geralmente, conectados a redes fracas e, frequentemente,

12
não despachados pelo operador da rede elétrica local, são particularidades que
tornam imprescindível a revisão e a atualização das técnicas e práticas
existentes. Assim, estudos estáticos e dinâmicos abrangendo redes com
presença de GD, como os apresentados neste trabalho, são cada vez mais
urgentes e indispensáveis para o setor elétrico mundial (JENKINS, 2000).

1.2 Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é realizar uma pesquisa sobre


microrredes, assunto atual e de grande interesse e impacto na sociedade
moderna, abordando aspectos relacionados às principais definições, vantagens
e desvantagens, as topologias e operação de algumas microrredes e sua
inserção no contexto do SEP.

Dentre as frentes de estudo nas quais este trabalho se concentra,


salientam-se as relacionadas ao controle de potência da microrrede e a
manutenção da frequência e tensão dentro dos limites estabelecidos pela lei
vigente. Desse modo, a motivação deste trabalho é simular um exemplo de
modelo computacional de uma microrrede e analisar o desempenho desta
microrrede proposta, a metodologia de controle e os indicadores de qualidade
de energia, como a frequência e tensão, em situações adversas.

1.3 Organização do trabalho

Este trabalho está dividido em cinco capítulos. No Capítulo 2 é


introduzido o conceito de microrrede.

No Capítulo 3 são apresentas as formações de microrredes dentro de


um sistema de distribuição, de acordo com definições dadas pelo IEEE.
Topologias de microrrede com barramento CC eCA retiradas de artigos
científicos são também apresentadas.

13
No Capítulo 4, é apresentado, o software SIMULIGHT, assim como
conceitos básicos para sua utilização e serão discutidos os resultados
dinâmicos obtidos a partir das simulações.

Por fim, no Capítulo 5, são debatidas, as conclusões relativas ao


trabalho desenvolvido.

14
2 MICRORREDES: FUNDAMENTOS

Este capítulo apresenta uma visão geral sobre microrredes, abordando


seu conceito, sua estrutura típica e alguns dos principais tipos de fontes de
geração de energia que fazem parte da sua composição.

A conexão da MR à rede de distribuição deve ser bem planejada de


forma a evitar problemas. Neste capítulo também será apresentado o conceito
de redes inteligentes e do fenômeno do ilhamento em microrredes.

2.1 Conceitos

Segundo Lasseter (2002), uma microrrede é uma agregação de cargas e


microfontes operando como um sistema isolado e controlável, fornecendo
potência e calor localmente. Este conceito é novo na operação da geração
distribuída. Para o sistema elétrico, a microrrede pode ser vista como uma
única célula, podendo ser considerada como uma carga única variável ou como
uma fonte de energia elétrica variável. Para seus consumidores internos, uma
MR traz grandes benefícios, tais como: redução de perdas e dos custos na
transmissão, confiabilidade no fornecimento de energia, reserva de energia,
recorte no pico de demanda, entre outros.

2.2 Estrutura Básica de uma Microrrede

A microrrede contém dois componentes básicos; microfontes e chave de


comutação estática. A arquitetura típica de uma microrrede com microfontes é
mostrada na figura 2.1. O sistema contém um grupo de alimentadores, que
também são chamados de geração distribuída (GD). A unidade GD inclui uma
microfonte e um conversor CC / CA que garante o controle e a flexibilidade
exigida pela MR.

15
Figura 2.1 Arquitetura de Microrrede

Fonte: (MOREIRA, 2007)

De modo a garantir elevados níveis de flexibilidade na sua operação,


deverá existir uma rede de controle sobre todos os elementos do sistema
(LASSETER, 2002). Nesse sentido, a MR é controlada por meio de um sistema
hierárquico, Figura 2.2, que faz o monitoramento das MFs e das cargas.

Figura 2.2 Esquema de Interação entre Dispositivos de Controle da Rede e da Microrrede

Fonte: (HATZIARGYRIOU et al, 2005)

16
Tipicamente o controle de uma MR possui três níveis, que podem ser
observados na Figura 2.2 (HATZIARGYRIOU et al, 2005). No primeiro nível
tem-se o Operador do Sistema de Distribuição (OSD) e o Operador de Mercado
(OM). O OSD é responsável pela operação em média e baixa tensão onde uma
ou mais MR podem estar conectadas. Já o OM é responsável pelo mercado de
energia. Essas duas entidades não fazem parte da microrrede, mas são elas
que gerenciam a rede central. No segundo nível tem-se a Central de Controle
da Microrrede (CCMR) instalada na subestação abaixadora. A CCMR é a
principal interface entre o OSD/OM e a microrrede. No último nível, estão os
controladores localizados nas cargas ou grupos de cargas e os controladores
das MFs. Esses controladores trocam informação com a CCMR, que retorna
com os set-points1 adequados para os mesmos. O controlador de carga (CCa)
controla as cargas em uma situação de ilhamento da MR. O controlador da
microfonte (CMf) controla a produção de potência ativa e reativa de cada MF
(PEÇAS LOPES et al, 2006).

2.3 Principais Tipos de Microfontes

Apesar de tradicionalmente os sistemas elétricos de potência terem se


desenvolvido baseados em uma estrutura predominantemente hierarquizada e
centralizada, questões técnicas, ambientais, sociais e econômicas levaram ao
grande interesse pela integração de unidades de geração de energia elétrica
utilizando fontes de baixa capacidade conectadas a níveis de tensão mais
baixos, levando ao desenvolvimento do conceito de GD (GIL, 2009).

As principais fontes de GD são:

Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs)

Segundo a Resolução Nº 652, de 09 de dezembro de 2003, da ANEEL ,


uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) é um empreendimento hidrelétrico
destinado à produção independente, autoprodução ou produção independente
autônoma de energia elétrica, cuja área do reservatório é menor que 3 km² e
sua potência está compreendida entre 1 MW e 30 MW.

1
Ponto de ajuste
17
A operação de pequenas e médias unidades de geração hidrelétrica em
paralelo com o sistema de distribuição é bem conhecida. Por outro lado, a
baixa capacidade de armazenamento de tais esquemas pode resultar em forte
variação na disponibilidade de recursos e, consequentemente, na potência
gerada. O índice de chuvas e as características da área do reservatório são
outros fatores que podem agravar ou melhorar a situação (JENKINS, 2000).

Socialmente, as PCHs possuem um papel muito importante, sendo que


em sua maioria é para atender às necessidades de comunidades rurais
isoladas que não têm nenhum acesso à energia elétrica e também para
pequenos centros urbanos.

2.3.1 Eólica

A energia cinética do vento é uma forma de energia que pode ser


transformada em energia mecânica e posteriormente em energia elétrica. O
desenvolvimento da energia eólica tem vindo a ganhar notoriedade devido à
sua visibilidade em vastos parques eólicos que emergem no cume de zonas
montanhosas, ou em planícies áridas ou mesmo em alto mar (produção
offshore2) não passando assim despercebida a sua presença. Estes geradores
eólicos comuns, de grande dimensão, podem variar de algumas centenas de
kW a 5MW de potência (MOREIRA, 2008).

2.3.2 Solar

A geração fotovoltaica é uma tecnologia bem estabelecida no que


concerne ao fornecimento de energia a localidades afastadas das redes de
distribuição. No campo das GDs, a geração fotovoltaica possui forte potencial.
Atualmente, ela vem sendo considerada como uma das maneiras mais
interessantes de atender ás cargas conectadas às redes de distribuição.

2
Afastado da costa.
18
Contudo, espera-se que sua atratividade econômica aumente nos próximos
anos (HONGKAI, 2008).

2.3.3 Célula Combustível

As células a combustíveis são dispositivos utilizados na geração de


energia elétrica a partir da energia química, através de processos
eletroquímicos, e que tem como subproduto a geração de energia térmica
(calor). O principal combustível utilizado é o hidrogênio que pode ser produzido
a partir de diversas fontes (combustível fóssil ou renovável). O resíduo principal
do processo eletroquímico é a água.

Basicamente, as células a combustíveis são compostas por dois


eletrodos separados por uma membrana eletrolítica. Por um dos eletrodos, o
catodo, flui oxigênio (oxidante) advindo do ar e pelo outro eletrodo, o anodo, flui
o hidrogênio (redutor) produzido a partir da fonte de combustível. A energia
elétrica é produzida a partir da reação eletroquímica entre o oxigênio e o
hidrogênio (W.EL- KHATTAM e M.M.ASALAMA et al, 2004).

2.3.4 Dispositivos Armazenadores de Energia

O uso de dispositivos armazenadores de energia em microrredes é


essencial para o sucesso no seu desempenho. Algumas MFs não possuem
capacidade de manter a tensão e frequência durante certas condições
adversas de operação da rede central. Além disso, essas unidades de
armazenamento de energia podem ser utilizadas em outras situações, tais
como, para garantir a qualidade de energia na MR, permitir que cargas críticas
possam continuar conectadas na MR mesmo quando há um ilhamento, garantir
tensão no barramento BT da MR mesmo havendo cargas sensíveis, e também
compensação de tensão. Os principais tipos de dispositivos de armazenamento
utilizados atualmente são: as baterias, capacitores, armazenadores de energia
magnética usando supercondutores e armazenamento mecânico (flywheels e
fluídos bombeados e comprimidos). Fora os capacitores, que armazenam

19
energia elétrica diretamente, os outros tipos transformam energia elétrica em
outra forma de energia (química, mecânica, térmica, etc) para o
armazenamento (MOREIRA, 2008).

As baterias são os dispositivos de armazenamento mais comuns em uso


mesmo com altos custos de implantação e de manutenção desses dispositivos
que além disso, ainda podem causar sérios problemas ao meio ambiente
quando descartadas.

Os supercapacitores são dispositivos de armazenamento de alta


densidade de potência com capacidade de ciclo elevada, Geralmente os
supercapacitores são utilizados para dar partida em equipamentos que
precisam de pulsos curtos de alta corrente, como por exemplo, em motores
para locomotivas, carros elétricos, motores a diesel, entre outros. Em
aplicações estacionárias estes sistemas estão a meio caminho entre os
capacitores convencionais e as baterias, permitindo resolver problemas de
flutuações de tensão e preservando os bancos de baterias que geralmente são
utilizados em casos de quedas de tensão mais prolongadas. Em sistemas
automotivos são muito utilizados nos freios regenerativos dos veículos elétricos
e híbridos. Em geral, os supercapacitores são sempre combinados com as
baterias em muitas configurações diferentes para o desempenho desejado. As
capacitâncias destes sistemas chegam a até 10 MF. Os picos de potência que
atingem são até 100 vezes maiores que no caso das baterias, e as densidades
de energia, entre 20 e 50 vezes menores (LACTEC, 2008).

Os volantes mecânicos são dispositivos que armazenam energia na


forma cinética como energia rotacional. São sistemas que vem sendo
considerados recentemente como um meio viável de suportar cargas críticas
durante interrupções no sistema elétrico por apresentarem resposta mais
rápida que os sistemas de armazenamentos químicos.

Um dos maiores gargalos deste tipo de sistema de armazenamento de


energia é o fato de que a energia armazenada não está na forma que será
utilizada, como no caso dos supercapacitores ou baterias, sendo necessária a
existência de sistemas de conversão que geralmente apresentam perdas.

20
2.4 O Fenômeno do Ilhamento

Uma das vantagens mais importantes da implementação de geração e


agregação de pequenos geradores e cargas em MR distribuídas é a
possibilidade de limitar o efeito sobre os clientes de uma falha na rede de
transmissão ou de distribuição. Uma MR geralmente pode operar no modo
normal quando está ligado à rede de distribuição. No entanto, antes de uma
falha na rede, você pode alternar para o modo de emergência (ilhado), quando
a MR é desconectada, vai funcionar de forma autônoma (MOREIRA, 2007).

Segundo Hydro (2006), define-se ilhamento como o modo de operação


onde parte do Sistema Elétrico de Potência (SEP), eletricamente isolada do
resto do sistema, se mantém energizada por uma ou mais unidades de GD,
podendo este ser intencional ou não.

Segundo a atual filosofia dos operadores de distribuição, a segurança, a


qualidade de serviço e a integridade do sistema elétrico, são pontos chave para
garantir o bom funcionamento do sistema, sendo fatores fortemente
condicionantes à aceitação da operação em modo ilhado. A principal
justificação para tal deve-se ao fato de os atuais sistemas de distribuição sem
munidos de reduzidos sistemas de monitorização e controle, dificultando,
portanto a concretização de um modo de operação tão complexo. De fato, a
operação em modo ilhado apresenta sérios problemas do ponto de vista da
segurança das pessoas e dos próprios equipamentos, devido a eventualidade
dos sistemas ilhados não estarem propriamente ligados à terra e os sistemas
de proteção poderem estar descoordenados devido às significativas mudanças
observadas na potência de curto-circuito. Do ponto de vista da qualidade de
serviço, esta poderá ser degradada e afetar a rede e/ou os equipamentos dos
consumidores (MOREIRA, 2008).

21
3 TOPOLOGIAS DE MICRORREDES

Como foi visto no capítulo anterior uma microrrede é definida como um


grupo interligado de cargas e recursos de energia distribuídos (RED),
delimitado por fronteiras elétricas claramente definidas, que age como uma
única entidade controlável com relação à rede elétrica principal e que se
conecta e desconecta da rede pública para permitir operar em ambos os
modos, ligada à rede ou ilhada da rede.

Em caso de ilhamento é necessário que seja feito um estudo de


despacho de carga para decidir quais elementos do sistema ficam acoplados a
cada rede. Há um módulo local para cada gerador e um módulo geral para
fazer o despacho. O controlador central deve garantir a otimização do sistema
através de despacho econômico enquanto os locais se encarregam de suprir
as demandas nas proximidades do gerador, por monitoramento das variáveis
do sistema (CHOWDHURY, 2009).

A seguir serão apresentadas diferentes configurações de microrredes


formadas dentro do próprio sistema de distribuição de acordo com a norma
IEEE STD 1547.4 (2011). Esta norma do Instituto de Engenheiros Elétricistas e
Eletrônicos pretende fornecer um conjunto de critérios e requisitos para a
interligação dos recursos de geração distribuída na rede de energia nos
Estados Unidos. São apresentadas também diferentes topologias de
microrredes retiradas de artigos científicos, bem como seus funcionamentos.

3.1 Configurações de Microrredes em Sistemas de Distribuição

Sete configurações de MR formadas com o ilhamento dos recursos


distribuídos na rede de distribuição são apresentadas na IEEE STD 1547.4
(2011). A Figura 3.1 mostra a formação dessas MR, tendo sido omitido o uso
de conversores eletrônicos para os geradores distribuídos, assim como para os
armazenadores de energia.

22
Figura 3.1 Ilhamento dentro do sistema de distribuição

Fonte: (IEEE STD 1547.4, 2011).

Na Figura 3.1, foram acrescentados sistemas de armazenamentos


opcionais (por isso seus símbolos são tracejados), pois se a natureza da fonte
for intermitente, armazenadores de energia são essenciais para o bom
funcionamento do sistema.

3.1.1 Ilhamento da Instalação

A primeira configuração apresentada é o ilhamento da instalação do


consumidor. A microrrede é formada com a abertura do disjuntor D1. Um único
transformador é usado entre a barra da microrrede e o ramal do alimentador
principal. Essa microrrede já ocorre comumente com a entrada de geradores a
diesel por ocasião de falta da rede elétrica da concessionária.

23
Se a GD e o SEP decidirem criar uma ilha intencional, o operador do
SEP precisa estar ciente deste método de operação. Para uma condição de
falha externa para a ilha planejada, o operador do SEP vai esperar que a GD
seja desconectada da rede principal.

3.1.2 Ilhamento secundário

O ilhamento secundário consiste na isolação de mais de uma unidade


consumidora com uma ou mais unidades de recursos de energia distribuídos
(RED). A microrrede é formada com a abertura do disjuntor D2. A microrrede
está conectada ao barramento principal da rede de distribuição. Um sistema de
armazenamento comunitário ligado ao secundário do transformador pode ser
considerado.

3.1.3 Ilhamento Lateral

A MR é formada por cargas e GD ligados a uma derivação do


alimentador principal. Cada fonte ou carga está conectada à derivação do
alimentador principal por um transformador individual. O ilhamento ocorre com
a abertura de um elemento de disjunção lateral, no exemplo representado pelo
religador R1. A geração deve operar para atender a carga da região em
ilhamento. O elemento de disjunção (religador) está na média tensão, diferente
das microrredes anteriores.

3.1.4 Ilhamento do alimentador

O ilhamento da microrrede ocorre pelo desligamento de um alimentador


da subestação. Os RED devem atender a carga do alimentador quando o
disjuntor D3 for aberto.

24
3.1.5 Ilhamento do barramento

O ilhamento do barramento da subestação ocorre com a perda de um


transformador ou de uma linha de alta tensão da subestação. Essa operação
ilhada é formada pelas cargas alimentadas por apenas um barramento simples,
embora a subestação possa ser formada por múltiplos barramentos.

Para o ilhamento do barramento do exemplo apresentado na Figura 3.1,


o disjuntor da média tensão do transformador (D6) é aberto, assim como o
disjuntor que secciona o barramento (D4).

3.1.6 Ilhamento da subestação

O ilhamento da subestação é formado por todas as cargas atendidas


pela subestação. Esse ilhamento ocorre quando a alimentação da subestação
é perdida ou um transformador está fora de serviço e o outro transformador não
é capaz de atender toda a carga da subestação. O ilhamento da subestação
ocorre quando os disjuntores de média tensão do transformador são abertos
(no exemplo, D5 e D6).

3.1.7 Ilhamento da subestação com circuitos adjacentes

O ilhamento de circuitos adjacentes ocorre quando os RED que atendem


as cargas de uma determinada subestação têm capacidade suficiente para
atender cargas de outra subestação. Dessa forma, o elemento de disjunção
R2, que é normalmente aberto, é fechado, além dos disjuntores D5 e D6
estarem abertos. Esse ilhamento abrange todas as cargas e recursos
distribuídos do ilhamento anterior mais as cargas dos circuitos adjacentes à
subestação.

25
3.2 Fornecimento de Energia Utilizando Sistemas de Microrredes
CC e CA

As topologias da MR diferenciam-se principalmente devido ao


barramento ao qual fontes, cargas e sistema de armazenamento estão
conectados. Há microrredes com barramento principal CC e outras com
barramento CA. Isso influi diretamente no controle dos conversores, pois o
sinal de controle em redes CC é basicamente o nível de tensão, enquanto em
barras CA, a frequência também deve ser observada, além da preocupação
com o fornecimento de energia reativa. Existem ainda microrredes com a
presença dos dois barramentos (CC e CA), possuindo uma maior flexibilidade
em relação à ligação das cargas, porém uma maior complexidade no controle
(LEE, HAN e CHOI, 2010), (ZHANG, et al., 2011).

A vantagem de ter o barramento comum CC é a eliminação da etapa


conversora CC-CA de elementos da MR, fontes e sistemas armazenadores;
por outro lado, haveria um estágio de inversão no ponto de conexão comum
(PCC), que em microrredes de barramento CA é desnecessária. Outra
vantagem da barra CC é que o circuito de sincronização e o controle de
potência reativa seriam necessários apenas no conversor de conexão ao PCC.

Em relação às cargas, a configuração com somente barra CC ainda não


é desejável, embora muitas cargas funcionem em corrente contínua, a maioria
dos fabricantes hoje ainda utilizam apenas padrão de alimentação CA e para
adaptar essas cargas seria necessário um conversor; por conseguinte, limitaria
os benefícios citados anteriormente. As microrredes que possuem os dois
barramentos têm uma maior flexibilidade no arranjo de cargas, mas há a
necessidade de um conversor CC-CA para a ligação entre os barramentos,
semelhante à microrrede de barramento CA.

3.2.1 Topologia de microrrede com barramento CC

Apresentada em Lee, Han e Choi (2010), essa microrrede é formada por


um aerogerador síncrono de imã permanente, por um conjunto de painéis
solares e por uma célula a combustível, além de dois sistemas de
26
armazenamento com características de resposta rápida e lenta,
respectivamente, supercapacitores e baterias. As cargas são ligadas
diretamente ao barramento CC. Os detalhes do sistema estudado são
mostrados na Figura 3.2.

Figura 3.2 Microrrede com barramento CC

Fonte: (LEE, HAN e CHOI, 2010)

No modo conectado, o controle da tensão do barramento é realizado


pelo conversor de conexão com a rede, enquanto no modo ilhado, os
elementos armazenadores regulam essa tensão. Dessa forma, o sistema
sempre apresenta um barramento com níveis aceitáveis de tensão, o que é
essencial para o bom funcionamento de todos os conversores.

No modo conectado, a operação da microrrede consiste no


armazenamento de energia quando o somatório da produção das GDs for
maior que a demanda da carga, ou no envio de energia para a rede se os
supercapacitores e as baterias já estiverem carregados. E quando a produção
das fontes de geração distribuída for menor que a demanda de carga, há a
utilização da energia da concessionária ou o descarregamento dos elementos
armazenadores. Uma observação sobre os sistemas de armazenamento dessa
topologia é que os supercapacitores atendem a uma pequena quantidade de
carga, mas possuem resposta rápida, portanto, sua carga/descarga acontece
sempre antes que a da bateria.

27
No modo ilhado, todo o controle do sistema fica sobre os
armazenadores, sendo que o banco de supercapacitores faz a regulação nos
transitórios, enquanto no estado permanente o banco de baterias é o principal
regulador. Desse modo, quando a bateria está totalmente carregada, a
potência de saída de cada uma das fontes é limitada. E quando a bateria está
no seu estado de carga mínima, parte da carga do sistema é cortada.

3.2.2 Topologia de microrrede com barramento CA

O sistema de microrrede apresentado em Palamar, Pettai e Beldjajev


(2010) está localizado em três edifícios acadêmicos da Universidade de
Tecnologia de Tallinn (TUT3). Este MR inclui um gerador a diesel e dois
sistemas fonte de alimentação ininterrupta (UPS4), cada uma com
armazenamento em baterias separadas, A estrutura da MR é exibida na figura
3.3.

Figura 3.3 Microrrede com barramento CA

Fonte: (PALAMAR, PETTAI e BELDJAJEV, 2010)

3
Tallin University of Technology
4
Uninterruptible power supply
28
O sistema alvo neste estudo são as áreas autônomas com a demanda
de energia de vários quilowatts incluindo um gerador a diesel, duas unidades
de UPS com armazenamentos de bateria, e cargas. Eles estão ligados à rede
de energia através de energia interruptores eletronicos formando uma
microrrede local trifásica de 400 V CA com uma frequência de 50 Hz.

O gerador diesel é usado como o principal recurso energético distribuído


nesta MR. Ele tem uma potência nominal de 176 kW / 220 kVA, uma tensão de
230 V/400 V e uma corrente máxima de 318 A. Este gerador é ligado à rede CA
através do relé lógico automático (ARL25). O ARL2 está continuamente
observando os dois lados: a rede principal e a MR. Se houver uma falha na
rede geral, o ARL2 irá desconectar a MR, criando desta forma uma ilha
energética independente. Consequentemente, ARL2 é usado como um
interruptor de interligação para esta MR.

Os bancos de bateria (E1 e E2) são utilizados como dispositivos de


armazenamento de energia distribuída na MR para garantir o fornecimento
contínuo da carga local. Eles estão ligados à rede elétrica através de dois
sistemas UPS: UPS1 (160 kVA) e UPS2 (240 kVA). Assim, podemos concluir
que a MR tem dois principais possíveis modos de operação: modo ilhado e
conectado à rede.

Os principais consumidores da MR são os computadores e servidores


localizados nos laboratórios e salas de escritórios em três edifícios TUT. Os
clientes no edifício da Biblioteca (computadores) estão conectados à rede
elétrica usando ARL1. Além disso, quatro cargas não críticas experimentais
podem ser ligadas ao sistema de energia. Nove sensores inteligentes (P1... P9)
monitoram o consumo de energia elétrica por todas essas cargas. A sua tarefa
é medir parâmetros elétricos da rede, tais como tensão, corrente, potência,
fator de potência de energia e transmitir essas informações a um controlador
central.

A MR está conectada à rede de energia da cidade em geral, utilizando


duas subestações transformadoras de duas seções (6000 V/400 V), localizado
nos prédios da Faculdade de Engenharia de Energia e da Faculdade de

5
Automatic relay logic
29
Economia e Administração de Empresas. Tarefas do sistema de controle
dependem do modo em que a MR opera.

3.2.3 Topologia de microrrede com barramento CC e CA

A MR apresentada (SERBAN e SERBAN, 2010) é uma aplicação de


baixa tensão e é composto por módulos fotovoltaicos, elementos de
armazenamento de energia distribuída, engrenagem de distribuição elétrica e
cargas controláveis. A GD é projetada para operar em modo ilhado, conectada
a rede elétrica ou conectado a um grupo de geradores diesel. A figura 3.4 deixa
mais clara a topologia proposta.

Figura 3.4 3 Microrrede com barramento CA e CC

Fonte: (SERBAN e SERBAN, 2010)

O conversor híbrido pode ter os seguintes modos de operação: fonte de


tensão controlada, fonte de corrente controlada, retificador ativo e modo de
filtro de potência ativa. No modo fonte de tensão, o sistema está no modo
isolado e o conversor híbrido faz o controle da tensão e da frequência através
da conversão CC-CA, portanto a energia flui do banco de baterias e dos
30
painéis. No modo fonte de corrente, o sistema está conectado à rede ou ao
gerador a diesel que garantem os níveis de tensão e frequência. A corrente da
carga é controlada e a energia do conjunto banco de baterias e painéis
conectados ao conversor híbrido só pode ser transferida para as cargas CA. No
modo retificador, o conversor híbrido funciona na conversão CA-CC. O banco
de baterias pode ser carregado pelo conjunto painéis mais inversor (modo
isolado), pelo gerador (modo isolado) ou pela rede (conectado).

No modo de filtro ativo correntes harmônicas seletivas CA são geradas


para anular a carga de correntes harmônicas das frequências fundamentais da
linha.

31
4 DINÂMICA E OPERAÇÃO DA MICRORREDE

Durante falhas ou manutenção, os circuitos da rede principal da


concessionária de energia que contém geradores podem se separar,
alimentando cargas prioritárias enquanto as não prioritárias passam pela
perturbação acopladas ao sistema principal (MARNAY, 2009 ).

Neste capítulo será mostrado o comportamento do sistema acoplado ao


sistema principal, passando por perturbações através de simulações utilizando
o software SIMULIGHT – Simulador para rede elétricas com geração
distribuída, que foi desenvolvido através de uma pareceria de pesquisa e
desenvolvimento entre a Empresa Light e a entidade de ensino e pesquisa
COPPE/UFRJ. Pode ser mostrado o nível de estabilidade que um sistema pode
atingir pela ação de uma MR.

O SIMULIGHT envolve aplicativos de fluxo de potência e de estabilidade


transitória integrados numa mesma base de dados, sendo capaz de simular
ilhas elétricas que aparecem e desaparecem ao longo de uma simulação no
tempo, devido a atuação da proteção. Por isso, esse aplicativo é uma
ferramenta para a avaliação do impacto da GD nas redes de distribuição, e
também para a avaliação da aplicação da GD em microrredes (ilhas elétricas)
(TARANTO e PONTES, 2009, 2013).

Em caso de ilhamento é necessário que seja feito um estudo de


despacho de carga para decidir quais elementos do sistema ficam acoplados
cada rede. Isso acontece no módulo de gerenciamento de energia. O
controlador central deve garantir a otimização do sistema através de despacho
econômico enquanto os locais se encarregam de suprir as demandas nas
proximidades do gerador, por monitoramento das variáveis do sistema
(MARNAY, 2009).

Tal como na reposição de serviço em sistemas convencionais, o


procedimento de reposição de serviço em MR baseia-se na predefinição de um
conjunto de regras/ações de controle que deverão ser coordenadas pelo
CCMG. Os principais passos a serem considerados são (MOREIRA, 2007):

32
1) Construção da MR;

2) Executar o despacho econômico das cargas, assim como


compensação de reativo e estudo da estabilidade do sistema;

3) Controle da tensão e da frequência

4) Ligação das cargas. De forma a alimentar o máximo de cargas


possível, dependendo da capacidade de geração, outras cargas
são então ligadas.

5) Sincronização da MR com a rede de média tensão assim que


esteja disponível.

Durante as diferentes fases da reposição de serviço, é dada uma


especial atenção ao controle de tensão e frequência, pois é através desse
controle que se consegue uma operação estável da MR regulando tensão e
frequência em níveis adequados.

Sistemas ilhados operando fora dos critérios estabelecidos pelas


concessionárias apresentam grande risco. Os ilhamentos não intencionais
podem causar danos aos equipamentos, problemas em relação à segurança e
ao atendimento das necessidades dos consumidores, entregando energia fora
dos padrões desejados. Por essas razões, as concessionárias preferem evitar
a operação ilhada, como uma maneira de proteger a integridade do sistema e
das pessoas envolvidas com sua operação (HYDRO, 2006).

Uma GD causa impactos positivos na qualidade de serviço (duração e


frequência das interrupções) quando proporciona a redução da quantidade ou
da duração de interrupções sustentadas, podendo ainda melhorar a
confiabilidade do sistema para seu proprietário e reduzir a severidade dos
afundamentos de tensão nas barras próximas aos geradores distribuídos
(McDERMOTT, e DUGAN, 2002). Geradores diretamente conectados à rede
podem diminuir a impedância harmônica do sistema de distribuição e, assim,
reduzir sua tensão harmônica, contribuindo para a melhoria na qualidade da
energia (JENKINS, 2000). Por outro lado, alguns esquemas de GD podem
causar variações transitórias na tensão da rede, caso ocorram variações de
corrente muito elevadas durante a conexão ou desconexão dos geradores.
Esquemas de geração distribuída mal modelados ou especificados, com
interfaces eletrônicas entre a rede e a GD, podem injetar correntes harmônicas
33
que induzirão distorções inaceitáveis na tensão da rede. Similarmente, a
desconexão de geradores, operando à plena carga, pode resultar em quedas
significativas de tensão.

Dessa forma, uma concessionária não pode assumir automaticamente


que a introdução de geradores distribuídos à rede irá melhorar a qualidade da
energia. Pelo contrário, muitos estudos devem ser desenvolvidos, com o
objetivo de conhecer melhor a carga, o sistema e assegurar que, ao introduzir a
GD, o grau de confiabilidade do sistema não será comprometido para o resto
dos consumidores.

4.1 Topologia proposta para análise dinâmica de ilhamento

Para a análise do fenômeno do ilhamento é utilizado o sistema máquina


versus barramento infinito (SMIB6) é uma alternativa que pode ser utilizada
como modelo do sistema de potência para o estudo de determinados
problemas em redes de distribuição. A utilização deste modelo é indicada
apenas nos casos em que o sistema interligado é muito maior (em termos de
potência fornecida às cargas) do que a máquina que se pretende estudar. Sua
precisão também será melhor se a máquina em estudo estiver conectada
radialmente ao sistema (FITZGERALD, KINGSLEY e UMANS, 2006).

O modelo SMIB é composto por um gerador conectado a um barramento


infinito através de uma linha de transmissão. O barramento infinito pode ser
entendido como uma máquina que possui capacidade ilimitada de geração ou
absorção de potência, tendo uma inércia infinita e uma impedância nula. Isso
significa que a velocidade angular do barramento infinito é constante,
independente da potência absorvida ou fornecida à rede por este, podendo,
portanto ser utilizada como referência para o sistema (FITZGERALD,
KINGSLEY e UMANS, 2006).

6
Single Machine Versus Infinite Bus
34
O diagrama unifilar ilustrado na Figura 4.1 representa a configuração
do sistema descrito.

Figura 4.1 Diagrama unifilar do sistema da máquina conectada a barramento infinito

Fonte: CP.

A modelagem inicial da rede foi feita no software ANAREDE e,


posteriormente, importada para o software SIMULIGHT que será utilizado para
a realização das simulações para a análise dinâmica na situação de ilhamento,
onde o barramento infinito é desconectado e ocorre um acréscimo de carga no
sistema ilhado como podemos ver na figura 4.2 e 4.3.

Figura 4.2 Indicação que haverá um acréscimo de carga

Fonte: CP.

35
Figura 4.3 Sistema Isolado com acréscimo de carga

Fonte: CP.

4.2 Entrada de dados do sistema no software SIMULIGHT

No Programa SIMULIGHT, o usuário poderá importar dados topológicos


da base de dados de ANAREDE que são convertidos para o formato XML
(*.fdx) utilizado pelo SIMULIGHT. Outra característica importante e eficaz do
SIMULIGHT é a integração dos programas de fluxo de potência (análise
estática) e estabilidade transitória (análise dinâmica) numa mesma interface
gráfica com acesso a um único banco de dados. Essa característica também é
responsável pelo ganho de produtividade de seus usuários e pela melhoria na
qualidade de resultados obtidos.

Como se trata de um sistema elétrico fictício, não foram realizadas


análises de viabilidade econômica ou geográfica, nem análise de sobrecargas
nas linhas de transmissão. Portanto, os resultados das simulações não
abordam todos os aspectos necessários apara a avaliação do acesso de uma
usina de GD à rede elétrica de distribuição.

36
Na figura 4.4 podemos ver a interface gráfica do SIMULIGHT.

Figura 4.4 Interface gráfica do SIMULIGHT

Fonte: CP.

As Figuras 4.5, 4.6, 4.7, 4.8, e 4.9 mostram a interface do SIMULIGHT


para a inserção de dados estáticos e dinâmicos do gerador.

Figura 4.5 Inserção dos dados nominais do gerador

Fonte: CP.

37
Figura 4.6 Inserção do modelo estático

Fonte: CP.

Figura 4.7 Inserção dos modelos dinâmicos

Fonte: CP.

38
Figura 4.8 Inserção do modelo do gerador

Fonte: CP.

Figura 4.9 Inserção dos modelos dos reguladores

Fonte: CP.

39
Mais informações a respeito da introdução de dados podem ser obtidas
em (TARANTO e PONTES, 2013).

A simulação dinâmica é iniciada a partir da opção “Simulação Completa”,


mostrada na Figura 4.10. As perturbações, como curtos-circuitos e
desligamento de linhas são selecionadas no campo “Eventos” localizado abaixo
do tempo de simulação.

Figura 4.10 Interface – Simulação Dinâmica

Fonte: CP.

Na próxima seção serão apresentados e discutidos os resultados obtidos


através das simulações dinâmicas da topologia proposta no software
SIMULIGHT.

4.3 Análise dos Resultados da simulação

Para a análise do ilhamento, a linha que realizava a conexão entre a


microrrede e o sistema principal representado pela barra infinita foi desligada
em 1s. No tempo de 30s ocorreu o acréscimo de carga na barra 8, onde estava

40
conectado ao barramento infinito que foi desconectado da rede. Analisaram-se,
então, as respostas do sistema e do gerador face às novas configurações.

Para a simulação considerou-se o cenário mostrado na tabela 4.1

Tabela 4.1 Cenário para simulação do ilhamento

100 MW
GERADOR
20,59 MVAr

98.8 MW
CARGA EXISTENTE
34.58 MVAr

10 MW
CARGA ADICIONADA
5 MVAr

Fonte: CP.

No instante em que ocorre a desconexão dos sistemas, a demanda de


potência a ser fornecida pelo gerador aumenta. O incremento de carga é
refletido instantaneamente como variação do torque elétrico do gerador, o que
provoca um desequilíbrio entre potência ativa e potência mecânica e resulta em
variações na velocidade do rotor.

A capacidade de uma máquina síncrona de manter os valores de


velocidade angular e frequência, dentro dos limites desejados, está diretamente
ligada à sua habilidade de manter o equilíbrio entre potência ativa e potência
mecânica. Na Figura 4.11, verifica-se o comportamento de ambas as potências
numa tentativa de encontrar um novo ponto de equilíbrio operacional.

Verifica-se que, devido à inércia da máquina, a potência mecânica não


consegue se igualar instantaneamente à potência elétrica, causando
movimentos de aceleração e desaceleração no rotor da máquina. À medida
que a potência drenada do gerador aumenta sua velocidade de rotação diminui
o que afeta diretamente a frequência.

41
Figura 4.11 Potência mecânica e potência elétrica

Fonte: CP.

Na Figura 4.12, são mostradas as respostas da frequência com o


regulador de velocidade (RV) ativado.

Figura 4.12 Frequência na Unidade Geradora (UG2) com RV

Fonte: CP.

O Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico


Nacional (PRODIST) define que, em condições normais de operação e em

42
regime permanente, o sistema de distribuição e as instalações conectadas a
ele devem operar dentro dos intervalos de 59,9Hz e 60,1Hz. Em casos de
distúrbio, a frequência não pode exceder 66Hz, nem ser inferior a 56,5Hz. Além
disso, as instalações de geração conectadas ao sistema de distribuição devem
garantir que a frequência volte para a faixa de 59,5Hz e 60,5Hz, de maneira a
permitir a recuperação do equilíbrio carga-geração, atendendo o controle de
frequência do gerador.

Na configuração onde o RV está ativo, percebe-se que a frequência


atende aos requisitos especificados pelo PRODIST até o instante t=30s, sendo
que, em regime permanente, a frequência tende a estabilizar em torno de
59,9Hz. Após o tempo de 30s quando a carga é adicionada ao sistema a
frequência cai e estabiliza em regime permanente em 59,86s o que viola os
limites do PRODIST. Contudo, esta situação poderia ser resolvida
implementando-se um esquema de regulação secundária, uma vez que a
capacidade máxima do gerador ainda não foi atingida.

Na figura 4.13 observa-se a simulação sem RV, a frequência cai de


forma descontrolada e atinge limites inoperáveis em poucos instantes após o
acréscimo da carga.

Figura 4.13 Frequência na Unidade Geradora (UG2) sem RV

Fonte: CP.

43
O comportamento da tensão na ausência e presença do regulador
automático de tensão (RAT) é verificado nas Figuras 4.14 e 4.15. O RAT é
responsável por manter a tensão terminal de saída do gerador no nível
desejado, bem como a geração de potência reativa.

Figura 4.14 Tensão na barra 2 (GD) sem RAT

Fonte: CP.

Figura 4.15 Tensão na barra 2 (GD) com RAT

Fonte: CP.
44
O aumento da carga com fator de potência atrasado, ou indutivo,
representa um acréscimo na demanda de potência ativa e reativa do gerador.
Este aumento de carga aumenta a corrente drenada do gerador, o que faz com
que o valor da tensão no terminal do gerador diminua especialmente no caso
onde o RAT está desabilitado e a tensão cai acentuadamente observada na
figura 4.14. Ao se ativar o RAT, percebe-se que a tensão é rapidamente
controlada, atingindo valores aceitáveis em por unidade (0,93≤V≤1,05), de
acordo com o PRODIST, como vemos na figura 4.15.

Antes da desconexão do barramento infinito, o gerador operava no modo


de controle de fator de potência. Entretanto, no instante em que a microrrede é
formada, é necessário que o gerador distribuído comece a injetar potência
reativa para a rede, com o objetivo de atender à demanda desta carga. Na
Figura 4.16, apresenta-se o comportamento da potência reativa fornecida pelo
gerador.

Figura 4.16 Potência reativa

Fonte: CP.

A potência reativa e a tensão são grandezas fortemente acopladas.


Conforme o esperado observa-se que a geração de potência reativa se ajusta
de acordo com a necessidade de regular a tensão no terminal do gerador.

45
Os perfis de tensão ao longo das barras do sistema são mostrados nas
figuras 4.17.

Figura 4.17 Perfil da tensão nos barramentos.

Fonte: CP.

As tensões em todas as barras da rede se mantêm em níveis


adequados, após o distúrbio. Nos segundos seguintes à desconexão do
gerador e do acréscimo de carga, ocorrem variações momentâneas de tensão,
entretanto, o RAT logo atua, levando a tensão a níveis adequados.

46
5 CONCLUSÃO

Durante a apresentação do trabalho desenvolvido, foram feitas


referências às razões que motivaram o interesse no desenvolvimento das MR,
em resposta à crescente integração da GD nas redes. O conceito de MR bem
como os requisitos que definem o seu funcionamento nos seus distintos modos
de operação foram também identificados.

Foram estudadas quais formas de ilhamentos no sistema de distribuição


com geradores distribuídos formam microrredes. Ao estudar o padrão IEEE
STD 1547.4, que trata sobre geração distribuída, nota-se que a microrrede,
com grande divulgação nos meios científicos, é formada através do ilhamento
fonte-cliente. Foram ainda apresentadas diferentes topologias de microrredes
na instalação do cliente com barramentos CC e CA, seus componentes e
funcionamentos.

Referente às análises dinâmicas, foram realizadas simulações de


ilhamento no software SIMULIGHT com o intuito de avaliar as respostas dos
sistema face a estas condições anormais de operação. No caso de ilhamento,
foi considerado um sistema de um gerador conectado a um barramento infinito.
Verificou-se que o ilhamento é viável para situações onde a capacidade de
geração da máquina síncrona é respeitada e controles adequados de tensão e
frequência são utilizados. É relevante observar que em sistemas onde não é
possível realizar o equilíbrio entre a carga e a geração é preciso que seja feitos
estudos para que sejam implementados novos controles, especialmente, com
estratégias de regulação secundária. É preciso que seja analisado para cada
sistema elétrico de potência a melhor forma da MR operar de forma estável e
confiável.

As simulações realizadas são de extrema importância para os SEPs,


uma vez que permitem melhor verificar o comportamento do sistema, face à
introdução de geradores distribuídos na rede de distribuição. As análises são
imprescindíveis para que se anteveja a resposta do sistema, de maneira que
seja possível evitar situações que coloquem em risco a integridade e a
confiabilidade do sistema. Mais que isso, espera-se que as GDs sejam capazes
47
de melhorar a qualidade da energia entregue aos consumidores, o que torna o
campo de estudos relativo à GD ainda mais vasto.

5.1 Trabalhos Futuros

Como sugestões de trabalhos futuros, apresentam-se o projeto de


controladores para a regulação secundária; dimensionamento e alocação ótima
da GD para minimizar perdas e desvios de tensão; avaliar o impacto de
diferentes tipos de tecnologia de geradores na estabilidade do sistema; analisar
os impactos da inserção de GDs dispersas através do sistema; avaliação dos
impactos da GD na rede considerando geradores baseados em diferentes
fontes primárias de energia; estudos de proteção em sistemas com presença
de GD.

48
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50

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