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DIREITO CONSTITUCIONAL

Organização Político-Administrativa – Estados


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ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA – ESTADOS

Os Estados são regulados nos arts. 25 a 28 da Constituição.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observa-
dos os princípios desta Constituição.

A Constituição Federal apresenta, em seu texto, algumas hipóteses nas quais se exige
a edição de lei complementar. As hipóteses que não são próprias de lei complementar são
reguladas por lei ordinária. Por isso, há poucas situações reguladas por lei complementar
e muitas situações reguladas por lei ordinária – a numeração da lei ordinária, por exemplo,
excede 14 mil, e a numeração de lei complementar é de aproximadamente duzentas leis.
Por exemplo, na Constituição de um determinado Estado-membro, havia um alargamento
das hipóteses de edição de lei complementar, ou seja, havia mais hipótese do que as previs-
tas no âmbito da Constituição Federal. Os Estados estão limitados às situações descritas no
texto da Constituição e, por isso, esse alargamento de situações não poderia ocorrer, uma
vez que, no âmbito da Constituição, essas situações seriam tratadas por lei ordinária.
A Constituição do Estado é a materialização do poder constituinte derivado decorrente.
Trata-se da possibilidade dada aos Estados-membros de elaborarem suas próprias Consti-
tuições, desde que observem os limites previstos pelo constituinte originário.

Princípios dos Estados

• Regidos por CE, que deve respeitar os princípios estabelecidos pela CF;
5m
– Princípios sensíveis (art. 34, VII, CF): se violados, há autorização para eventual
intervenção federal. Se aplicam aos Estados e ao DF;
Há alguns anos, houve no DF um grande escândalo de corrupção, chamado Ope-
ração Caixa de Pandora. Dentro dessa operação, a coisa pública havia sido utili-
zada para fins particulares. Houve, por meio da Procuradoria-Geral da República,
um pedido de intervenção federal no âmbito do Distrito Federal, com a alegação de
violação à forma republicana de governo – ou seja, a coisa pública sendo tomada
para beneficiar particulares.
– Princípios extensíveis: norma de repetição obrigatória/compulsória.
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Em dezembro de 2020, o STF analisou um dispositivo do Poder Legislativo, o art. 57, §


4º da Constituição Federal. Esse dispositivo trata da proibição de recondução para o mesmo
cargo do dirigente da Mesa da Câmara e do Senado.
Nos anos de 2019 e 2020 – que foram o primeiro biênio da legislatura, que tem duração
até 2022 –, Rodrigo Maia presidiu a Câmara dos Deputados e Davi Alcolumbre presidiu o
Senado Federal. Esse foi o primeiro biênio de Davi Alcolumbre, mas o terceiro mandato de
Rodrigo Maia.

Obs.: legislatura é o período de quatro anos.

Nos anos de 2015 e 2016, Eduardo Cunha presidiu a Câmara dos Deputados, mas foi
retirado do cargo em 2016. Rodrigo Maia, então, completou o mandato de Eduardo Cunha
(“mandato tampão”). Rodrigo Maia, portanto, teve uma parte do mandato em 2016 e um man-
dato completo em 2017 e 2018. Em 2019, foi eleito novamente. Nos anos de 2021 e 2022,
contudo, havia a mesma legislatura e não mais a situação de “mandato tampão”.
10m
Alguns votos no STF foram no sentido de que seria possível a recondução e que somente
haveria proibição a partir de 2023, mas essa não foi a tese que prevaleceu. A tese prevale-
cente foi a mesma que estava sendo aplicada.
No âmbito do Senado Federal, havia uma alternância, a cada quatro anos, entre Renan
Calheiros e José Sarney, ou seja, dois anos do final de uma legislatura e dois anos do início
de outra – que foi a situação de Rodrigo Maia quando uniu o final de uma legislatura com o
começo de outra. O STF continuou validando essa hipótese, mas proibiu a recondução na
mesma legislatura.
Questionou-se se a regra do art. 57, § 4º, que se traduz na proibição de reeleição na
mesma legislatura para o mesmo cargo, também se aplicaria aos Estados, DF e Municí-
pios, e o STF entendeu que não, pois não seria uma cláusula de repetição ou reprodu-
ção obrigatória.

– Princípios vedatórios, mandatórios e organizatórios: necessário seguir o art. 18, §


4º, a dignidade da pessoa humana, as vedações de ordem federativa do art. 19 etc.
• Reeleição na mesma legislatura para mandato na Mesa da AL;
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No âmbito do Rio de Janeiro, a Assembleia Legislativa estava sendo presidida por Jorge
Picciani, que comandou a Casa Legislativa por quatro anos consecutivos na mesma legis-
latura, ou seja, essa hipótese é permitida. No âmbito do Distrito Federal, a Lei Orgânica
também a permite. Essa situação é pacificada há muitos anos no âmbito do STF.

Imunidades parlamentares:
Há imunidades no âmbito formal (processual) e material (protege opiniões, palavras e
votos). O STF fixou que parlamentares do âmbito federal, estadual e distrital possuem as
mesmas imunidades, na mesma amplitude.
15m
Há alguns anos, parlamentares da Alerj foram presos por decisão da Justiça. Havia dis-
cussão se a Casa Legislativa também poderia relaxar a prisão. Isso existe no âmbito da CSF,
alargada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que determina que deve haver a
manifestação da Casa não somente em caso de prisão, mas também de outras cautelares –
como, por exemplo, recolhimento domiciliar –, que afetem e impeçam o exercício correto do
mandato parlamentar.
Houve uma discussão e uma votação – que se iniciou com quatro votos contra zero votos
– sobre o fato de a prerrogativa de soltar o parlamentar não valer para o âmbito estadual. O
placar de votos foi revertido e o Supremo pontuou que as mesmas imunidades valeriam para
parlamentares federais, estaduais e distritais, na mesma amplitude, seja para imunidade
formal ou material.

Art. 25. § 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.

A competência privativa da União está prevista no art. 22 e a competência dos Municípios


está prevista no art. 30.

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

Se a competência é do Estado, o Estado edita a medida provisória. Entretanto, se o


Estado não pode editar medida provisória para essa finalidade, fica claro que os Estados
podem editar medida provisória, a depender de autorização da Constituição do Estado.
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§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomera-


ções urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte-
grar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste
caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas
sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV – as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

As terras devolutas pertencentes à União são as terras indispensáveis para a defesa das
fronteiras.
20m
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representa-
ção do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.

Se há, em um determinado Estado, cinquenta e um deputados federais, quantos deputa-


dos estaduais há?
8 – 24
9 – 27
10 – 30
11 – 33
12 – 36

O texto da Constituição determina que, ao alcançar trinta e seis, passa a ser acrescido
de um a um.
13 – 37
...
51 –?

Em uma prova passada, havia a seguinte afirmativa: “se houver cinquenta e um deputados
federais, o número de deputados estaduais será de setenta e seis”, mas, ao calcular de um em
um, encontrava-se o resultado setenta e cinco. Nesse caso, era necessário lembrar que:

X = y + 24
E = F + 24
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O número de deputados estaduais corresponde ao número de deputados federais


somado a vinte e quatro.

E = 51 + 24 = 75

§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-sê-lhes as regras desta
Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato,
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
25m

O art. 1º trata do mandato de deputado estadual, mas, aqui, visa-se trabalhar com o man-
dato de Governador para analisar o procedimento de dupla vacância, regulado no art. 28.

Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro anos,
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro,
em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato de seus antecessores, e a
posse ocorrerá em primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto
no art. 77.

O art. 28 repete, em larga medida, o art. 77 da Constituição, que é o artigo que trata do
Presidente e Vice-Presidente. Há uma incidência da Lei de Minirreforma Eleitoral, do ano de
2015. A Lei n. 13.165/2015 previa uma regra própria para a situação de dupla vacância, que
ocorre quando não há Governador ou Vice.
No âmbito da Constituição Federal, esse assunto é tratado no art. 81, que determina que,
se houver a dupla vacância nos dois primeiros anos do mandato, devem ocorrer novas elei-
ções diretas; se houver nos dois últimos anos do mandato, devem ocorrer eleições indiretas
feitas pelo Congresso Nacional.
A Lei n. 13.165/2015, então, estabeleceu que somente deve haver eleições indiretas se
faltarem menos de seis meses para o fim do mandato; se faltarem mais de seis meses, deve
haver eleições diretas.
Em 2010, houve uma situação de dupla vacância no Estado de Tocantins. Faltando um
mês para a eleição indireta, foi feita a lei regulamentando como seria a eleição. O art. 16
da Constituição, que trata do princípio da anterioridade eleitoral, determina que a lei que
alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data da publicação, mas não se aplica à
eleição que ocorrer em até um ano. Nesse caso, o STF decidiu que a lei poderia incidir
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em menos de um ano, pois a lei tratava de organização político-administrativa, não sobre


o processo eleitoral. A lei que regulamenta as eleições indiretas, portanto, não precisa res-
peitar o período de um ano.
30m
Em 2018, a população do Estado de Tocantins, por duas vezes, foi chamada para elei-
ções diretas. A primeira em abril e a segunda em outubro. Em abril, devido à incidência da
Lei n. 13.165/2015.
A Lei da Minirreforma Eleitoral determinava que, nas eleições majoritárias (Presidente,
Governador, prefeito e Senador), se faltassem menos de seis meses para o final do mandato,
deveria haver eleições indiretas; se faltassem mais de seis meses, deveria haver eleições
diretas. Essa lei, contudo, contrariava dois dispositivos da Constituição de forma expressa: a
eleição do Presidente da República (art. 81) e a eleição de Senadores.
Em relação aos Senadores, há uma disposição na Constituição que estabelece que, se
faltarem menos de quinze meses para se encerrar o mandato, não havendo titular ou suplen-
tes, os cargos permanecerão; se faltarem mais de quinze meses, deve haver nova eleição
para complementar o mandato tampão. Percebe-se que, no âmbito federal, a dupla vacância
de Presidente é de dois anos o marco e, para Senador, de quinze meses, mas a Lei Federal
determina como seis meses. Por óbvio, a lei federal não pode ser aplicada para Presidente
ou Senador. A lei, portanto, está limitada às eleições de Governador e prefeito.
Ainda assim, existe a dupla vacância por motivo eleitoral ou não. Se a dupla vacância for
causada por motivos eleitorais, aplica-se a lei eleitoral (Lei n. 13.165/2015); se a causa não
for eleitoral, aplica-se a norma estadual ou municipal.

Art. 27.
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legisla-
tiva, na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para
os Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I.
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços
administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.

O teto de remuneração, nos âmbitos federal e municipal, é o mesmo para todos os pode-
res, mas, no âmbito estadual, há um subteto para cada poder. O teto para deputados está
previsto na Constituição.
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Foro dado por Constituição Estadual


35m

O STF mudou sua própria jurisprudência, determinando que a Constituição Federal já


oferece o foro para as autoridades federais, estaduais, distritais e municipais. As autoridades
municipais com foro especial são: o prefeito e os membros do Tribunal de Conta Municipal.
Vereadores não possuem foro especial, nem se este for oferecido por Constituição Esta-
dual. Na dicção atual do STF, a Constituição Estadual não pode alargar o foro dado pela
Constituição. O entendimento que prevaleceu, gerado pelo voto do Ministro Alexandre de
Moraes, foi no sentido de que há, atualmente, uma demasia na quantidade de pessoas com
foro especial.
Algumas Constituições Estaduais ofereciam foro especial para defensores públicos, para
procuradores de estado, para procuradores da Assembleia Legislativa e para delegados de
polícia, mas todos foram vetados. Em larga escala, a Constituição do Estado não pode prover
foro especial, exceto para as autoridades dos arts. 27 e 28, sendo elas: deputados estaduais,
Vice-Governadores, secretários de estado e chefes de polícia.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Nunes Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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