Você está na página 1de 12

Capítulo 6

Bobinas de Ignição e Dwell Time


Terminal Secundário precisam fornecer muito mais energia do
ou Saída de Alta que isso para vencer o primeiro momento
do disparo e formação do arco voltaico na
Terminal Negativo
Terminal Primário vela devido ao isolamento dielétrico, entre
30 e 70 milijoules em sistemas comumen-
te encontrados, e em alguns equipamentos
até bem mais do que isso, principalmente
nos produtos destinados a motores de
Enrolamento
altíssimo desempenho.
Primário
Apesar de que algumas bobinas
originais dos veículos modernos serem
capazes de operar com certa eficiência
em motores preparados, em casos mais
Enrolamento
elaborados do projeto de preparação e/
Secundário
ou fazendo uso de combustíveis especiais
a bobina deve ser escolhida com atenção,
assim todo sistema precisa ser dimensio-
nado para ser capaz de produzir a energia
suficiente para fornecer a melhor queima
Núcleo de ferro possível da mistura entre ar e combustível
adicionada aos cilindros. De uma forma
generalizada, motores que operam em fai-
xas de rotações menores não necessitam
de correntes altíssimas, mas uma maior
duração da centelha para uma queima
A bobina de ignição é cercada de mis- forma bem simplista, o isolamento dielétri-
mais eficiente. Já motores que trabalham
térios em relação a capacidade energética co funciona como uma camada resistente
em índices elevados de rotações, precisam
necessária para proporcionar a queima que impede a formação da centelha, e essa
de maior energia possível em um curto
perfeita da mistura estequiométrica na centelha precisa de um pico energético
espaço de tempo. Antes de entrarmos nos
câmara de combustão. Teoricamente não para vencer essa resistência e conseguir
detalhes para a escolha, vamos conhecer
seria necessária uma faísca com mais do saltar do eletrodo central para o eletrodo
um pouco sobre a bobina de ignição.
que 10.000 volts descarregada na vela externo. Altas taxas de compressão, mis-
de ignição para provocarmos uma faís- turas ricas ou muito pobres de combustí-
ca capaz de executar a queima da razão veis, combustíveis de difícil queima e mais A Bobina
estequiométrica da gasolina em um motor lentos em propagação, elevadas pressões
original, mas “queimar” combustíveis de internas nos cilindros, desenho da câmara
Na maioria dos sistemas de ignição
maneira eficiente não é uma tão fácil assim de combustão, rotações, são fatores que
que equipam originalmente os veículos
e a “potência” da voltagem de saída não influenciam diretamente e exigem maior
de passeio as bobinas recebem entre 12V
é a única forma de analisarmos o desem- ou menor poder de queima.
a 14,7V, transformando essa voltagem
penho de uma bobina de ignição, para isso
Veja a bobina como um componente para uma saída entre 10.000V a 30.000V,
precisamos estar cientes de que para a
que precisa receber por um determinado alguns modelos até um pouco mais. Uma
queima eficiente, a formação da centelha
tempo e valor uma certa quantidade ener- bobina consiste em dois conjuntos de
na vela de ignição precisa ser adequada
gética para atingir seu ponto máximo de enrolamentos compostos por fios isola-
ao projeto do motor preparado. E neste
performance para cada situação, o tempo dos que circundam um núcleo de metal ou
quesito temos atrelados a eficiência do
de carregamento da bobina é necessário similar. Os enrolamentos primários são
trabalho da bobina de ignição três impor-
para que ela atinja a sua performance geralmente compostos de várias cente-
tantes fatores que interferem diretamente
máxima em relação a intensidade da vol- nas de voltas de um fio de grosso calibre,
no gerenciamento da energia que ela irá
tagem de saída e consiga manter por um enquanto o conjunto secundário é com-
produzir na centelha para as velas, são
determinado tempo em eficiência máxima, posto por milhares de voltas, só que com
eles; o tempo de carregamento chamado
sem causar danos a bobina e também uma fiação de bitola muito menor. Essa
de “Dweel”, a voltagem de pico produzida
nas velas de ignição. Para que fique mais diferença entre o número de enrolamen-
e duração centelha - tempo que a centelha
claro, uma bobina que produz 45.000 volts tos do primário e secundário da bobina é a
permanece em contato entre os dois ele-
de saída pode não ser tão eficiente como base para produzir uma voltagem multi-
trodos, o central e externo da vela.
uma de 30.000 volts devido ao tempo plicada nos enrolamentos secundários. A
As combinações citadas são feitas de energia disponibilizado, que pode ser corrente na bobina primária cria um campo
para produzir uma voltagem necessária menor ou maior que o necessário. Em magnético em torno de ambas as bobinas
para que a centelha vença o isolamento condições de laboratório apenas 1 milijoule que se desenvolvem e colapsam alterna-
dielétrico causado pelo combustível e (mJ) em cada centelha é necessário para damente. Essa mudança contínua induz
oxigênio saltando entre o eletrodo central provocar a inflamação para o início do a voltagem na bobina secundária, que é
e o eletrodo externo na vela de ignição. De processo de combustão, mas as bobinas várias vezes maior do que a voltagem na

32
bobina primária. Os fabricantes de bobinas Terminologia de Tecnologia Como pudemos verificar, para uma
usam uma proporção entre os números de de Ignição análise da adequação de uma determina-
enrolamento primário e secundário como da bobina para um projeto específico será
uma especificação como 100: 1, 80:1 etc. necessário entendermos 3 aspectos im-
No caso de 100:1 significaria 100 voltas Controle: portantes dentro dos sistemas. Tempo de
secundárias para cada uma das primárias, carga, chamado de “Dweel time”, Pico da
mas isso pode variar de acordo com o voltagem de saída e a duração da centelha
projeto da bobina. Essa é uma especifi- na vela (tempo de permanência).
cação comumente usada que você verá
na informação da bobina dada por muitos
fabricantes. Para que a interrupção do con- Faisca de Ativação
tato ocorra causando o colapso gerando
maior energia, isso pode ser feita meca- Armazenamento de energia: Durante
nicamente, como no caso dos platinados, o fornecimento de corrente à bobina, é
ou de forma eletrônica como nos sistemas armazenada energia no campo magnético.
modernos que utilizam sinais dos ignito- Com a alimentação ligada, a bobina é car-
res transistorizados Mosfet, IGBT entre regada (o circuito primário está fechado,
outros, chamados de drivers, ou módulos o circuito secundário está aberto). Num
de gerenciamento ponto de ignição especificado, a corrente é
interrompida.

Ao comparar bobinas de ignição para


atender ao seu projeto tenha em mente
Corrente Primária:
que os enrolamentos, materiais utilizados
na construção e resistências das bobinas
podem ser escolhidos atendendo uma
grande gama sistemas para a utilização
“normal” ou para ignições específicas des-
tinadas aos motores de corrida. A maioria
dos fabricantes de bobinas especialmen-
te desenvolvidas para motores de alto Tensão induzida: Cada alteração de
desempenho e competições demonstrará corrente numa indutância (bobina) induz
em suas especificações do produto, qual (cria) uma tensão. É acumulada alta tensão
a categoria de utilização disponibilizan- A energia armazenada no primário
secundária.
do importantes informações sobre as é determinada pela indutância e pela
características de cada um dos modelos. corrente do primário (no momento do des-
Fique atento em algumas situações, pois ligamento). A Equação 1 relaciona esses
Tensão Secundária:
existem bobinas específicas para o uso parâmetros.
“normal”, competições de longa duração
e outras específicas para competições de
1)
Drag Race, que são inapropriadas ao fun- 1.L1.I12
cionamento constante em longas durações E1 =
devido a concepção de projeto, geralmente 2
entregando cargas altíssimas em curto
período, basta ler o manual de cada uma Na qual:
para identificar e utilizar o que aprendeu Alta tensão: Como acontece num E1 = Energia do primário (J)
nesse livro para escolher e transformador, a tensão alcançável é L1 = Indutância do primário (H)
configurar. proporcional à relação de enrolamento I1 = Corrente do primário (A)
primário/secundário. A formação de faísca
ocorre quando a tensão da ignição tiver A energia da faísca pode ser controlada
sido atingida (“breakthrough”). pela corrente do primário, que é descrita
pela Equação 2.

Corrente Secundária:
2)

Na qual:
Iprim = Corrente do primário (A)
Faisca de Ignição: Após a formação de Ubatt = Tensão de alimentação (V)
faíscas na vela de ignição, a energia acu- Uce = Queda de tensão do Driver (V)
mulada é descar- regada no canal de faísca Rprim = Resistência do primário ( )
(o circuito primário está aberto, o circuito Lprim = Indutância do primário (H)
secundário está fechado). t = Tempo (s)
A variação do fluxo magnético, ocasio- geralmente é aumentado, introduzindo número de voltas, diâmetro do núcleo,
nada pela variação da corrente do primá- mais energia para o primário da bobina. material do núcleo, etc. E é por isso que
rio, induz a tensão no secundário, que pode O tempo de permanência é diminuído as bobinas não podem ser substituídas a
ser descrita conforme a Equação 3. quando a energia de ignição é suficiente esmo por outra de configuração diferente
para fazer a combustão da mistura, essa a projetada nos veículos onde o ECU tem
redução irá reduzir o esforço da bobina ajustes fixados e inacessíveis – como os
3)
para criar a energia, reduzindo também que equipam alguns carros originais.
o desgaste da vela de ignição, por conse-
guinte, aumentada a vida útil da vela de Exemplo
ignição, fazendo também que haja menor
aquecimento da bobina. Se a alta energia 1) Pedaço longo de fio de cobre
Na qual: e longas durações no tempo da ignição ​
• 13V é aplicado e tempo de subi-
são vantagens consideráveis uma vez
Usec = Tensão do secundário (V) da registrado
que proporcionam uma melhor ignição de
Lsec = Indutância do secundário (H)
misturas estequiométricas “pobres” entre
Csec = Capacitância do secundário (F)
ar / combustível ou não-homogêneas, por
Isec_i = Corrente inicial do secundário (A)
outro lado em altas rotações, com altas
ω = Frequência angular (rad/s) pressões de cilindro com misturas “gor-

Amperes
das”, principalmente, precisamos de maior
A frequência angular pode ser descrita energia possível na vela em e uma bobina
segundo a Equação 4. capaz de atingir sua eficiência máxima em
curto espaço de tempo de carregamento
4) do primário, e as vezes uma configuração
errônea na escolha do equipamento e tam-
bém no tempo de carregamento da bobina, Milisegundos
pode fazer com que não haja tempo hábil
para que a mesma alcance sua totalidade
2) O mesmo pedaço de fio enro-
em produzir o máximo para o primário. lado em uma bobina sem nenhum
Na qual: Para ficar mais claro, para produzir maior núcleo sólido (oco, apenas ar dentro
Lsec = Indutância do secundário (H) energia de queima do combustível você do invólucro)
Csec = Capacitância do secundário (F) precisa introduzir maior tempo de carga
no primário – tempo de “Dweel” – mas para
que a energia alcance o ponto máximo
será preciso um determinado tempo de
Dwell Time (tempo de carga) aplicação dessa carga no primário. Em alta
rotação pode não haver tempo suficiente Amperes
para que aconteça o carregamento total
“Dweel” é o que determina o início do
no primário, fazendo com que a eficiência
processo de ignição em relação a formação
da bobina seja reduzida, prejudicando a
da centelha na bobina. Isso é feito utilizan-
queima do combustível. Tempo de carga
do um transistor ou outro dispositivo de
diminuto ou excessivo poderá prejudicar o
chaveamento eletrônico, como um platina- Milisegundos
rendimento da bobina, fazendo-a aquecer
do, transistor MOSFET ou IGBT, que quando
ou não criar energia suficiente, em ambos
acionado permite o carregamento do 3) O mesmo pedaço de fio en-
os casos reduzindo seu poder de ignição.
primário na bobina, que então armazena a rolado numa bobina equipada com
energia durante o “tempo de energização”, núcleo de ferro
e após o tempo determinado o transistor Para que você entenda me-
irá fazer o desligamento. Isso significa lhor
que uma pequena redução ou aumento na Se você tiver um fio longo e reto e co-
Amperes

corrente fará uma enorme diferença na nectá-lo a uma bateria, um extremo estará
energia produzida. As bobinas podem ser na bateria e outro extremo mais distante.
divididas em duas classes específicas, as A corrente estará fluindo e alcançará seu
que possuem módulo processador interno nível máximo quase instantaneamente
(drivers) e as que não possuem. Algumas no extremo mais distante no momento
bobinas equipadas com modulo de contro- de contato. O nível que será alcançado
le interno são pré-ajustadas em relação depende da resistência dos fios - Medido Milisegundos
ao tempo de carga impondo alguns limites, em ohm ‘Ω’ com um multímetro. Quando o
dependendo do modelo são passíveis de mesmo fio é enrolado em uma bobina ele Observe que houve uma demora” - em
controle de tempo pelo ECU ou módulo de obtém uma propriedade chamada indutân- tempo (mS) - para chegar a um determina-
ignição externo. Já as bobinas livres que cia - Que não é mensurável diretamente do nível de corrente - como os 5 Ampe-
não possuem modulo de controle de tem- com um multímetro comum, a não ser que
res em cada um dos traços acima. Agora
po (Dweel) incorporado, permitem o ajuste ele tenha capacidade para medir em Henry
imagine se tivéssemos que ligá-lo pelo
mais amplo, seja diretamente pelo ECU ou ‘H’ ou a menor unidade de milli Henry ‘mH’.
outro módulo de ignição capaz. tempo certo para atingir o nível de carga
A propriedade da indutância afeta a taxa
desejado.
Em alguns módulos de ignição progra- de fluxo da corrente aplicada na bobina
máveis ou sistemas ajustáveis de ignição influindo diretamente no potencial acumu- Você pode ver como diferentes bobinas
o Dweel pode ser aumentado ou diminuído lativo da mesma, que também irá influir teriam requisitos de permanência muito
para diferentes aplicações de motores e no pico de saída da corrente, pois também diferentes! A indutância da bobina tem um
configurações das bobinas de ignição. Se é limitado pela resistência dos fios. A
efeito muito grande e as configurações de
maior duração da centelha é necessário, o indutância depende de muitos fatores no
controle na intercalação devem ser medi-
tempo de carregamento da bobina “Dweel” projeto da bobina, como diâmetro, altura,
das por testes específicos a cada uma.

34
Os módulos de ignição “comuns” que Alicate amperímetro - (DC) 0-10
O módulo desliga a
equipam os carros originais, tais como as
Dwell não pode exceder
esse tempo bobina, ocorre a sentelha ampères
unidades BIM 137 {008}, BIM 024 {021} da
ON
Bosch e Fords TFI, possuem um sofisti-
cado controle de ciclo de permanência. E
OFF
realmente monitoram a corrente da bobina
Sinal da ECU para o Módulo, muito curto
e ajustam o tempo de espera para garan-
tir que o nível alvo seja sempre alcança- Dwell não pode exceder
esse tempo

do (normalmente cerca de 7 ampères), ON


isso permite que a bobina opere na faixa
rotação ideal, temperatura e tensão,
OFF
dentro das tolerâncias especificadas pelo
Sinal da ECU para o Módulo, correto Gerador de sinal (função do equipa-
projeto. Neste tipo de módulo de ignição se
mento ou o equipamento). Não é necessa-
a corrente subir acima do alvo projetado
o transístor será parcialmente desliga- Dweel ajustável (pelo riamente essencial. Mas pode ser utilizado

do para limitar a corrente. Eles também ECU ou módulo de ignição para acionar o módulo da bobina ou ECU e
permitir o monitoramento da corrente da
limitam o tempo de permanência máximo, que permita o ajuste) bobina.
de modo que não acionem cedo demais e
não deixem tempo de ignição maior que
o projetado, mesmo que a situação do Quando o ECU – gerenciador de injeção
motor exija, como por exemplo um motor e ignição - ou módulo de ignição progra-
mável possui características capazes de
preparado. São peças com funcionamento
gerenciar o tempo de carregamento da
pré-determinado para atender um projeto
bobina (Dwell time), a configuração deve
específico.
ser precisa e consciente para não causar
danos aos componentes. Saiba que em ter-
mos de “Dweel”, o controle de voltagem do Na bancada de teste
Observação: Muitos não percebem sistema elétrico do veículo é de extrema
que módulos “originais” de ignição, ou importância, pois variações de voltagem
até mesmo as bobinas que possuem dri- alteram por completo qualquer programa-
vers (módulos) incorporados possuem ção e rendimento da bobina.
proteção interna que limita a corren-
te máxima da bobina. O nível exato é Testando os requisitos de uma
descoberto com equipamentos espe-
bobina
cíficos, mas na maioria dos casos será
percebido diretamente pela temperatura Existem duas formas para fazer uma
da bobina, isto é, se perceber que sua análise da bobina de ignição em relação
bobina está esquentando demais, isso ao “dweel”, a primeira em uma bancada de
indica algum problema. Geralmente os testes utilizando ferramentas especiais
módulos de ignição originais trabalham que na maioria dos casos são inacessíveis
enviando entre 7-9 amperes no seu a grande maioria dos entusiastas, ou fa- No sistema da figura acima, o oscilos-
ponto máximo. zendo testes diretamente no veículo com cópio tem a função de adquirir as formas
ferramental mais simples, e que poderão de onda provenientes das pontas de prova
fornecer bons dados para a escolha. Inde- e executar as medições necessárias para
pendentemente da bancada de testes, a avaliar o produto. A ponta de prova de alta
conclusão sempre será feita com o teste tensão mede o nível de alta tensão oferta-
do motor, seja no veículo em local apro- do na saída da bobina e o alicate amperí-
priado ou no dinamômetro. metro mede o nível de corrente aplicado
no enrolamento primário. O gerador de
Ferramentas necessárias: funções tem a finalidade de prover o sinal
necessário para o acionamento do driver
Osciloscópio – Praticamente qualquer da bobina de ignição. Através do gerador
modelo poderá analisar, mas é essencial é possível controlar a corrente elétrica do
ALERTA que possa congelar a imagem para isso. primário, variando-se o dwell time do pulso
NUNCA substitua a bobina por outro aplicado na entrada do IGBT (Gate). A fonte
tipo em um sistema de ignição “de de alimentação é responsável por fornecer
fábrica” sem antes saber se as es- a energia que o sistema demanda para
pecificações são perfeitas para isso. pleno funcionamento, é primordial que a
O módulo de controle da injeção e alimentação seja feita de forma adequa-
ignição “ECU” não foi projetado para da para que não ocorra interferência nas
operar com outro tipo de equipa- medições devido à limitação de energia
mento a não ser a bobina original pelo equipamento. O driver da bobina de
determinada no projeto, isso pode ignição é responsável por receber um
prejudicar tanto a bobina quando pulso de entrada e então chavear o sinal
o ECU. O Ideal é conhecer as carac- de potência em seus terminais de saída,
terísticas técnicas da bobina original isso permite o carregamento do circuito
e procurar no mercado um equipa- primário da bobina e posterior conversão
mento superior com as mesmas de energia. Para exemplificar como é feita
características. a conexão entre driver, bobina e carga, veja
a Figura a seguir
primário. Para medições desse tipo, utiliza- Seja muito cuidadoso testando e só
se um amplificador juntamente com uma pulse a bobina muito brevemente, pois
ponta de prova, para que seja possível alguns modelos não são equipados com
executar a medição com a resolução ade- qualquer tipo de proteção, e poderá causar
quada, ou seja, como a corrente da faísca a queima do circuito interno. Fique sempre
é muito pequena, é necessário um siste- atento a temperatura da bobina.
ma de medição avançado para adquirir
adequadamente o sinal desejado, assim, é
possível medições com níveis de até 1mA.

Para exemplificar como é feita a cone-


xão entre o driver, a bobina e a carga, na
Figura ao lado encontra-se, em detalhes,
o circuito utilizado para acionamento das
amostras para execução do ensaio de
A maioria dos gerenciadores requerem energia da faísca.
uma determinada corrente elétrica (am-
peragem), geralmente entre 20 a 40 mA
e jamais acione diretamente, utilize uma Uma bobina IES testada a 10V
lâmpada de teste ou um resistor em série Tempo de subida para 7 Ampères é de 5,4 mS
com o terminal da entrada do gerenciador.
Se você tiver conhecimentos básicos de
eletrônica poderá medir a voltagem de
alimentação no gerenciador (driver), que
precisa estar estável de acordo com o
manual de utilização de cada um. Uma cor-
rente muito baixa afetará o desempenho
da bobina. Alguns gerenciadores possuem
ajustes de amperagem de funcionamento.

Uma bobina IES testada a 13V


Tempo de subida para 7 Ampères é de 3,6 ms

Podemos usar os rastreamentos acima


para verificar o tempo necessário para
alcançar outros níveis.

O primeiro passo é registrar o tempo


Na figura acima a ponta de prova de
de subida da corrente da bobina em deter- Observação: Os dados da tabela a
alta tensão mede a tensão de grampea-
minadas tensões de alimentação, ano- seguir foram gerados analisando bobi-
mento proveniente da ponte de diodos,
tando o tempo para atingir vários níveis, nas comuns utilizando mais pontos de
o sistema de medição de corrente para
uma escala. É aqui que a capacidade de testes do que realmente é necessário,
pequenos sinais é responsável por medir a
congelar a imagem e medir a atividade da somente para fins didáticos.
corrente do circuito secundário e o alicate
bobina é vantajosa.
amperímetro mede a corrente do circuito

Tempos de Dwell (ms)

Corrente desejada
na bobina

Voltagem da fonte

36
Obtendo dados no veículo sistema sequencial de bobinas individuais. A fórmula
Outra consideração térmica é, por exemplo,
A dificuldade em fazer o teste no veícu- o local de montagem; isso pode aumen-
lo é poder isolar a fonte de alimentação da tar a temperatura dos componentes. Por
bobina para que ela possa variar de uma
isso bobinas do tipo “lápis” operam muito
fonte externa. Se você pode conseguir
quentes, as do tipo Top operam mais frias.
isso, mãos a obra. O trabalho é muito mais
Colocar na balança distância e temperatura Na qual:
fácil com ECUs que incorporam em seu sis-
é primordial para o controle da eficiência
tema o auto teste, aplicando frequências
térmica da bobina – Veja em modelos. A Tempo de espera = tempo para atingir
nas bobinas por um determinado tempo.
temperatura aumentará a resistência da seu alvo atual em ms
bobina e da fiação a uma proporção de Tempo mínimo de queima = tempo mí-
Confirmando a aplicação no
‘0,339% por grau centígrado. Se a bobina nimo sugerido para que a centelha ocorra
veículo
tem eficiência máxima operando com 80 é de 0,6 ms
Uma vez que o mapa depende da graus, um aumento de 15 graus centígra-
tensão básica, variações terão influência dos significaria uma resistência maior de
direta na eficiência da bobina. 5%, e isso afeta o rendimento. Contagem de faísca

Por exemplo:
4cil. motor de 4tempos, velocidade
3000 rpm
Tensão real de alimentação da bobina medida
em um veículo. Seja cauteloso quanto existir uma
mudança repentina no tempo de subi-
Note que no pico da corrente da bobina a ten- da das bobinas como demonstrado na
são caiu cerca de um volt (ignore o pico vertical da imagem. A bobina pode ter atingido a
interferência da ignição). saturação magnética e pode causar um
rápido aumento nas perdas de corrente e
potência.

Selecionando a bobina.
RPM máximo
A única maneira de garantir um serviço
confiável é ajustar a corrente primária da Quando o tempo de permanência na energização é conhecido para atingir um determi-
bobina para as mesmas especificações de nado nível de corrente, podemos calcular quantas rotações podem ser alcançadas antes
fábrica, isto é, especificações recomen- que a corrente da bobina seja reduzida devido à falta de tempo no carregamento. A tabela
dadas pelo fabricante ou dos veículos em abaixo é baseada nos números anteriores.
que os componentes são utilizados. Os
ganhos podem ser obtidos aumentando
ligeiramente a corrente da bobina, mas
saber se a bobina irá suportar uma carga
superior por muito tempo, somente as
experiências e testes em cada componen-
te poderá determinar. Os fabricantes – na
grande maioria – deixam uma boa margem
de segurança, pois seus produtos devem
durar anos em utilizações normais, mas
nunca abuse, sempre verifique a tempe- CENTELHA PERDIDA Bobina de dupla faísca
ratura da bobina. Nós testamos alguns
sistemas do tipo COP que funcionam de Armazena energia elétrica. A capacidade de armazenamento de cargas elétricas é cha-
forma confiável com até 12 Amperes (Bobi- mada de capacitância e sua unidade é o farad (F). Ele é formado por duas placas paralelas
nas Toyota). Lembre-se de que um projeto separadas por um material isolante, chamado dielétrico.
utilizando uma bobina por cilindro é mais
vantajoso do que uma bobina utilizada
para sistemas que utilizam o distribuidor,
devido a quantidade de disparos que ela
receberá durante a intercalação de acordo
com a ordem de explosão e ou sistema de
centelhamento. Os sistemas que utilizam
distribuidores são mais susceptíveis a fa-
lhas, pois pode não haver tempo suficiente
para o resfriamento e carregamento do
primário da bobina, afinal uma bobina irá
alimentar o distribuidor durante os ciclos
de cada cilindro de forma constante, não
apenas de 1 cilindro em sua ordem de
ignição no seu ciclo que queima como no
Monitoramento do driver BIM Y. Se neste “caminho” houverem altera- criar a centelha na vela. A quantidade de
024 com uma onda quadrada ções na voltagem de entrada, ou carre- tensão remanescente deverá sustentar a
gamento inapropriado (dweel) para uma centelha (em relação às condições dentro
determinada rotação ou especificação da da câmara de combustão), isso é muito
própria bobina, jamais a bobina alcançará
importante para motores preparados que
o rendimento máximo de pico, tornan-
utilizam combustíveis de difícil queima em
do-a ineficiente para algumas utilizações.
proporções estequiométricas “gordas” e/
Na maioria dos casos em preparação de
motores não será necessário obter energia ou atingem altos índices de rotações. Os
maior do que 45.000 volts de média den- fatores que têm efeito direto na duração
tro do tempo determinado. Essa voltagem do tempo da centelha nas velas incluem:
é suficiente para formar o arco voltaico, • Saída da bobina (energia)
iniciando a queima de combustíveis, da ga-
• Resistência do circuito secundário
solina ao nitrometano praticamente puro
em motores de até 11.000 cavalos como • Estequiometria
nos TOP FUEL. E é neste momento que • Curtos-circuitos secundários que
você precisa balancear entre a voltagem, fazem com que a energia da faísca
amperagem, tempo de carga e duração
seja desviada para outro lugar
da centelha fazendo o ajuste correto do
“Dweel”. • Baixa corrente no circuito primário
O módulo é conectado a uma bobina
HEC 715, acionada por um gerador de sinal
com uma frequência equivalente a um Duração da centelha Nota 1: Um efeito claro de uma
motor de 4 cilindros a 1000 RPM ou de 8 má configuração, escolha de com-
É o tempo de permanência da centelha ponentes errados para a aplicação
cilindros a 500 rpm. Neste exemplo, para
ocorrendo entre o polo central e externo é quando o motor apresenta falha
ilustrar o problema, variamos o tempo de em alta rotação, ou com a entrada
pulso (pausa). da vela de ignição, é expressa em (ms) mi-
do turbo a mistura se torna mais
lissegundos, isto é, 1 segundo = 1000 ms. É “gorda”. Normalmente o prepara-
Vermelho é o sinal do transistor do o período que compreende o pico da volta- dor diminui o espaçamento entre
gerador os eletrodos das velas “Gap”
gem até o fluxo de corrente não conseguir
(fechando-as), como por exemplo;
Azul é a corrente da bobina sustentar a centelha. O tempo de disparo
se tem um espaço de 0.80 mm no
da vela normalmente é entre 1,5 mS e 2 “Gap” apresentando falhas, reduz
Observe que o fluxo de corrente da
bobina não coincide quando o sinal do mS, é o tempo real em que a centelha está para 0.30 mm e o motor melhora o
se movendo pelo espaço da folga entre os rendimento, eliminando ou dimin-
inversor é alto; se usássemos um transis-
uindo a falha naquela determinada
tor de driver normal! (Observe também os eletrodos da vela. Qualquer valor abaixo de
circunstância. É um indicador claro
tempos de parada da bobina desiguais) 0,8 mS geralmente significa que ocorreu de que falta potência na queima
uma falha de ignição. Ele é afetado pela do combustível, que pode ter sido
No traço inferior, com a mesma frequ-
resistência do circuito assim como a poder causado devido ao erro na combi-
ência, mas um pulso mais longo aplicado, o nação dos componentes, ou uma
dispositivo se comporta exatamente como da voltagem.
má configuração do “Dweel” no
esperado. Muitas outras características Todos estes parâmetros são mostra- sistema. Não se esqueça que as
estranhas aparecem em diferentes con- bobinas que possuem o módulo
dos na figura abaixo.
figurações. RPM geralmente mais baixo e de ignição integrado são projeta-
configurações de interrupção mais curtas das para atender – na maioria
das vezes – aplicações originais
tornam isso ainda pior.
(como o caso da bobina do Gol MI).
E mesmo quando optar por uma
mesma bobina como a que equipa
Aviso: Qualquer modificação - é o Gol MI sem o módulo de ignição
inteiramente por sua conta e risco. integrado (driver), em algumas
Esteja ciente de que os fabricantes aplicações ela não terá potência
suficiente para manter o tempo
de equipamentos automotivos não de ignição eficiente na vela, ou
darão garantia se seus compo- não suportará uma configuração
nentes forem usados ​​na aplicação mais longa de carga no primário
incorreta e não especificada. – geralmente algo muito próximo
a 3,5ms neste modelo especifica-
mente. Motores que operam em
faixas de rotações menores e/ou
Pico da voltagem de saída possuem grande cilindrada girando
pouco (6000rpm), não necessitam
de correntes altíssimas, mas uma
É a capacidade de máxima voltagem
maior duração da centelha para
que a bobina de ignição é capaz de pro- uma queima mais eficiente. Já mo-
duzir já carregada. A voltagem total da tores que trabalham em índices el-
bobina deve ser levada em conta fazendo o evados de rotações, combustíveis
cruzamento das informações entre tempo de queima mais lenta, precisam de
de carga e tempo de permanência, pois maior energia em curto espaço de
para atingir a voltagem máxima é necessá- tempo. Quanto maior a dificuldade
de queima, maior deverá ser a
rio um determinado tempo de carga para
energia nas velas, e para que isso
que ela seja disparada e mantida por um aconteça, o tempo de carregamen-
O tempo da centelha é diretamente
determinado tempo. Para que a bobina to pode ser explorado. Outro ponto
atinja o pico máximo, ela deve receber a afetado pela quantidade de tensão dispo- importante é que aumentar o “Gap”
voltagem determinada pelo fabricante, isto nível no secundário da bobina. A quantida- das velas faz com que a bobina se
é, se receber X por Y tempo ela entregará de de tensão é necessária para superar a esforce para vencer o espaço.
X, se receber Y por X tempo irá entregar resistência do circuito secundário e assim

38
a alta voltagem de saída diretamente na Veja abaixo um teste comparativo
Nota: Alguns fabricantes como a tampa do distribuidor – geralmente no plug entre uma bobina como do tipo “comum”
MSD trazem informações impor- central, passa pelo rotor que irá distribuir cilíndrica (Mallory PN 29216) e uma do tipo
tantes sobre seus produtos, que aos terminais correspondentes de acordo E-Core (Mallory Promaster PN 30440)
facilitar na escolha; indutância,

x
com o sentido de rotação, seguindo a
tensão máxima, pico de corrente, ordem de explosão do motor. Apesar da Bobina Convencional Promaster E Coil
resistência secundária, duração concepção antiga, as bobinas cilíndricas
Resistência Primária 0,7 ohms 0,5 ohms
da faísca, proporção (razão) no ainda são utilizadas em larga escala, e
Resistência Secundária 8,9 k ohms 8,9 k ohms
número de voltas entre o enrola- alguns fabricantes fornecem o produto Tensão Máxima 51.000 volts 51.000 volts
mento primário e secundário, tipo com especificações especiais produzin- Indutância 6,6 mH 3,56 mH
de utilização e peso. do rendimentos superiores aos modelos Enrolamentos 99: 1 99: 1
Indutância “normais”, inclusive com características de Corrente de pico 190 mA 260 mA
0,250 mH baixa resistência primaria e voltagens aci- Duração da faísca 400 uS 250 us
Tensão máxima
ma de 40.000 volts, atendendo sistemas
45.000 volts
Pico de corrente indutivos e capacitivos.
2 amperes Nota: SAE J973 usando um HYFIRE 685
para ambos os conjuntos de bobinas.
Resistência primária
0,016 OHMs Bobinas E-core
Tipo de Produto
Bobina
Resistência secundária
30 OHMS Sistemas Múltiplos
Duração da faísca
150 us
Centelha Perdida
Proporção entre enrolamentos
70: 1 Os sistemas múltiplos foram proje-
Tipo tados para atender uma determinada
Corrida de Drag / Longa Duração
demanda de projeto utilizando sistemas de
Peso
£ 3,75 centelha perdida, por exemplo; cada bobina
Número da peça é conectada em série com suas duas saí-
82613 das para as velas de ignição. À medida que
a bobina dispara, a corrente secundária
Além das especificações de volt- Para realizar uma combinação de alta cria uma centelha de alta voltagem através
agem de saída, as bobinas podem tensão e corrente a bobina do tipo E-Core de ambos os plugues. A bobina dispara
ser construídas em diversos possui o circuito magnético aprimorado em para cada par de cilindros que estão próxi-
formatos e tipos para atender comparação com os modelos “convencio- mos ao PMS ao mesmo tempo, sendo que
projetos específicos, inclusive com nais”. É um projeto eficiente que mais se um cilindro está no PMS no curso de com-
ou sem ignitores, e/ou específicas assemelha aos enrolamentos de um trans- pressão, enquanto o outro cilindro está no
para ignições do tipo indutivo ou formador. O caminho magnético da bobina PMS no curso de exaustão. A centelha no
capacitivos. E dentro dessa com- é uma barra magnética acondicionada em cilindro do curso de compressão inflama
plexa gama, ainda temos o design um pequeno espaço de ar que diminui as a mistura ar-combustível para produzir
e características de projeto, como chances de falhas na indutância. Bobinas energia. A centelha do curso de exaustão é
das bobinas cilíndricas de con- do tipo E-core são mais eficientes por “perdida”, daí o nome “centelha perdida”.
cepção mais antiga, sistemas du- diminuir as perdas que ocorrem durante a
plos, quádruplos - “conjuntos que transferência de eletricidade, além disso,
operam em centelha perdida”, e os não são preenchidas com óleo como os
tipos individuais como os modelos sistemas do tipo “convencional”, elas estão
“Pencil coil” e “Top coil”. acondicionadas invólucro plástico.

Devido ao projeto uma bobina E-Co-


re produz faísca com alta voltagem e
Tipo cilíndrico (convencional) corrente capaz de atender com eficiência
motores altamente preparados.

A maioria dos sistemas que utilizam


as bobinas cilíndricas usam o distribuidor
para fazer o sincronismo das centelhas
para as velas de ignição. A bobina envia Bobina do tipo Cilíndrico
Bobina do tipo E-Core
Bobina Pencil Coil Bobinas Indutivas Testes
E Bobinas Capacitivas

Pencil Coil Apesar da maioria dos modelos de bo-


bobina no corpo binas disponíveis no mercado mundial
serem possíveis de utilização em
sistemas capacitivos e indutivos,
bastando adequações no controle –
com exceção aos modelos equipa-
dos com módulos de controle embuti-
dos tipo MosFet e IGBT - existem bobinas
O modelo “Pencil Coil” – bobina do tipo que podem ser selecionadas visando a
lápis – possui seus enrolamentos no corpo, maior performance especificamente para
fica praticamente embutido no cabeçote, um dos sistemas adequado a sua neces- Obs. Utilizando os equipamentos
e por esse motivo trabalham com tempe- sidade. Hoje em dia também podemos Ditex – altamente recomendados
raturas maiores. Este tipo de bobina pode contar com bobinas indutivas equipadas
ser utilizado em sistemas individuais, semi com controle eletrônico capazes de cum-
ou totalmente sequenciais. prir com eficiência motores de altíssimo
Procedimento para verificação
desempenho.
do circuito secundário de ignição
TOP COIL
BOX - RESISTOR Medições do ohmímetro e voltí-
metro

Algumas bobinas são equipadas com


Top Coil um resistor específico para montagem,
bobina no topo
um bom exemplo eram as antigas Ac-
cel amarelas, largamente utilizadas no
Brasil. Apesar de ser um bom produto,
principalmente para a década de 90,
foi utilizado erroneamente por uma
boa parcela de consumidores que
retiravam o resistor para a instalação,
por puro desconhecimento. Acabavam
Já os modelos do tipo “Top coil” onde
“queimando” a bobina em pouquíssimo
os enrolamentos ficam posicionados no
tempo de uso por não seguir as instruções
topo, parte superior, tem uma pequena
do fabricante.
vantagem na temperatura por estarem em
contato direto com a atmosfera do cofre Sistema de Ignição Representativo
do motor.

BOBINAS MAGNETO
TOP FUEL

Nota: Bobinas de ignição são


consumíveis, isto é, possuem uma • Meça a resistência do enrolamento
São bobinas desenvolvidas especifi- determinada validade de funciona- secundário da bobina com o mul-
camente para trabalhar com sistemas de mento em capacidade total devido tímetro na escala de ohmímetro
Magneto onde alguns que produzem até ao esforço de trabalho, exposição (Ω). A resistência normal deve ser
44 amperes de corrente para o primário da contínua a altas temperaturas que em torno de 7000Ω, dependendo
bobina de ignição, gerando uma centelha induzem rachaduras etc. Bobinas do modelo da bobina, procure a
de intensidade altíssima para vencer a originais suportam as vezes mais especificação do fabricante.
resistência na queima de combustíveis de uma centena de milhares de
• Ligue a ignição na posição de ali-
exóticos como o nitrometano e pressões quilômetros rodados, já os mod-
mentação do “pós-chave”- não dê
elevadíssimas nos cilindros. São bobinas elos específicos de alta perfor-
partida no motor.
especialmente desenvolvidas para operar mance, precisam ser analisados
com o sistema de Magneto, que em sua caso a caso, pois como o esforço • Use um voltímetro para verificar se
grande maioria são inapropriados com é maior, tendem a durar um pouco a tensão da bateria está chegando
sistemas de injeções eletrônicas devido ao menos. ao terminal positivo da bobina e o
alto “ruído” eletrônico. negativo ao terra do chassi.

40
- Utilizando o osciloscópio - - Tensão de disparo, também conheci- “HT”, siga as instruções específicas para
da como tensão de ruptura, em média o seu osciloscópio e verifique a informa-
4-18 kV; ção do fabricante, pois os resultados de
projeto são bastante variados de marca
- Tensão da centelha - 1-4 kV; para marca.

- Duração da centelha - 1-2 ms.

Nota: Os valores acima serão alterados


de acordo com a relação ar / combustível e
pressão do cilindro.

Centelha perdida (Waste


Spark - DIS)
Os parâmetros básicos no diagnóstico da
ignição individual são:

• Presença de oscilações “amortecidas”


no fim de um ciclo da centelha entre
eletrodos da vela de ignição;

Para realizar um diagnóstico da tensão • A duração do período de acumulação


secundária de todos os sistemas de igni- de energia no campo magnético da
ção é necessário monitorar as formas das bobina de ignição individual equipada
ondas nos carregamentos dos enrolamen- com o módulo (driver) é normalmente
tos secundários das bobinas, fixando as entre 1,5 a 5,0 mS, dependendo do
sondas de captação capacitivas ao redor desenho da bobina por ir mais além.
de cada cabo de vela. Para testar todos Algumas bobinas individuais sem o
os tipos de sistemas de ignição, o osci- Para realizar um diagnóstico da tensão módulo incorporado suportam até
loscópio deve ter recursos para analisar secundária do sistema de ignição por mais, já vi casos de até 9mS sem apre-
motores veiculares. O osciloscópio comum centelha perdida é necessário monitorar sentar problemas de aquecimento ou
não é indicado, mas se você estiver usando as formas de onda na carga do enrola- perda de rendimento na centelha.
poderá realizar a medição de ignição se- mento secundário das bobinas, inserindo • Duração da centelha entre os eletro-
cundária somente observando uma forma captadores capacitivos em cada cabo HT dos da vela de ignição é geralmente
de onda de um cilindro por vez. do cilindro. entre 1,5 a 2,5 mS dependendo do
Se você estiver testando uma centelha desenho da bobina pode alcançar um
Sistema de ignição via distri- pouco mais. É necessário considerar
perdida e tiver acesso aos cabos das velas
buidor que; se a duração da centelha entre
de ignição, siga as instruções específicas
para o seu osciloscópio. os eletrodos em qualquer carga de
operação do motor for menor do
• Coloque um grampo de captação ca- de 0,5 mS, isso indica uma falha e
pacitivo em cada cilindro e conecte-o possivelmente essa centelha terá
de acordo com as instruções específi- dificuldade na queima do combustível.
cas do osciloscópio. Se você estiver testando um sistema
• Ligue o motor e deixe-o em marcha COP e não tiver acesso aos cabos das
lenta. velas de ignição do cilindro existem
duas maneiras de testar o sistema de
• Compare o resultado com a forma de
ignição secundária:
onda
• Com sensor de captação COP
Os parâmetros operacionais normais
para um sistema de ignição de centelha
• Conecte o grampo de captação
perdida DIS (Waste Spark) são os seguin-
capacitiva ao cabo da bobina o mais
tes:
próximo possível da bobina de ignição
evitando proximidades com outros - tensão de disparo, também conheci-
cabos. da como tensão de ruptura , em média 10…
15 kV;
• Conecte o outro grampo de captação
ao osciloscópio de acordo com as - Tensão da centelha - 1 a 2 kV;
instruções do equipamento. - Duração da centelha - 1,5 mS.
O sensor COP pode ser usado como
• Ligue o motor e deixe em marcha
uma sonda adicional para qualquer oscilos-
lenta. Ignição direta (ignição indivi-
cópio de automotivo. O sensor COP é usado
dual)
• Observe a tela do osciloscópio e com- para testar a eficiência de um sistema de
pare-a com a forma de onda Se você estiver testando o sistema ignição COP para determinar se o sistema
de ignição individual - Direct Ignition (DI) é saudável ou não, informando os sinais de
• Os parâmetros normais de operação – com bobinas já equipadas com módulo ignição em relação a centelha e também a
para um sistema de ignição são os integrado e tiver acesso aos cabos das duração (tempo) da mesma. O sensor COP
seguintes: velas de ignição utilizando um extensor transforma o sinal induzido pela cadeia de
alta tensão da bobina de ignição em um • Conecte os cabos de extensão no Alguns pontos que interferem
pulso de tensão, mostrado na tela do osci- plugue entre a bobina e as velas na duração do tempo de ignição:
loscópio. Estes valores estão relacionados de ignição de cada cilindro.
diretamente na formação do arco voltaico Duração do Tempo da centelha
• Ligue um captador de ignição ca-
da vela. Devido à variedade de bobinas de
pacitiva secundária em cada.
ignição com projetos de construções di-
ferentes, deve-se notar que o sensor COP • Ligue o motor e deixe-o em mar- Fator CURTO NORMAL LONGO

não poderá determinar o valor exato da cha lenta. Alta resistência secundária X

tensão onde a faísca de ignição aparece, Circuito secundário aberto X X


• Compare o resultado com a forma
mas poderá ser usado para uma análise Circuito secundário aterrado X
de onda na fig.5.
comparativa entre os diferentes cilindros, Baixa resistência no circui-
X
to secundário
e determinar qual cilindro não está funcio- Nota: A tensão secundária pode subir até
um pouco mais de 40000V dependendo da Condições da vela de ignição:
nando corretamente. bobina! Muito “Gap” X
Com um Osciloscópio comum você Pouco “Gap” X
pode usar apenas um sensor COP para Eletrodo redondo ou gasto X
testar separadamente um cilindro de cada - Razões típicas para mau funcio- Eletrodo fino
X
vez. Mas se você quiser testar todos os namento do circuito secundário de Muito quente
X
cilindros simultaneamente deverá usar um ignição - Muito frio
X
Osciloscópio analisador de motor. Além Os enrolamentos de algumas bobinas
Condições do avanço da ignição:
disso, o osciloscópio deve ter pelo menos 4 de ignição individuais são executados de Atrasado X
canais para verificar de forma simultânea. modo que a forma da onda secundária Adiantado X
• Coloque um sensor COP em cada difere pouco da forma de onda mostra-
Mistura de Ar / Combustível:
cilindro e conecte-o de acordo com as da acima. A diferença mais essencial é Pobre X
instruções específicas do osciloscópio. a presença de oscilações “amortecidas” Rica X
após a quebra de um intervalo de faísca
• A voltagem de saída do sensor COP é entre os eletrodos da vela de ignição. O Compressão de cilindro:
Alta X
de cerca de 1-2 volts. local é identificado por um símbolo “2” na
• Ligue o motor e deixe-o em marcha fig. 6) é consequência das características
lenta. de projeto da bobina e não um atributo de Procedimento de teste para
mau funcionamento. determinar se os tempos estão
• Compare o resultado com a forma de dentro das especificações:
onda
Com o motor em marcha lenta observe
Nota: A tensão secundária pode subir até
40000V, as vezes um pouco mais dependen- a duração do tempo de queima e observe
do da bobina escolhida! as leituras. Em seguida, aumente a veloci-
dade do motor para cerca de 2000 RPM e
observe as leituras. As durações de tempo
de queima da faísca para cada cilindro
devem ser aproximadamente iguais. Aqui
Fig.6
estão algumas linhas-guia típicas:

Forma de onda secundária da bobina • 1,0 a 2,0 ms é considerado normal


de ignição individual quando apresenta
• 0,8 a 1,0 ms é mais curto que
algum defeito pode ser analisado com a
o normal, mas dependendo do
ajuda de uma sonda capacitiva universal.
motor e do sistema de ignição, o
Fique atento que um atributo ao mau projeto pode ser aceitável.
funcionamento é a ausência de oscilações
• Menos de 0,8 ms é muito curto e
“amortecidas” após o fim da queima da
está indicando um problema
• Cabos de extensão universais (HT) faísca entre eletrodos da vela de ignição –
Indicado com uma seta na figura 7. • 2,0 a 2,4 ms é mais longo que
o normal, mas dependendo do
motor e do sistema de ignição, o
projeto pode ser aceitável.

• 2,4 ms ou mais é muito longo e


está indicando um problema

Tempo de queima no centelhamento


pode indicar as alterações durante as
Fig.7 acelerações e desacelerações do veículo.
Os cabos universais de extensão são Para que possamos identificá-los precisa-
• Lead (s) de HT incorreto. mos conhecer um pouco sobre as ações e
projetados para auxiliar o diagnóstico em
circuitos de ignição secundários, permi- reações nestes dois processos.
•. Falha no isolamento do secundário
tindo que seja feita a medição quando não da bobina (quando o sistema COP está - Sob aceleração o tempo de queima
houver o acesso, como nos casos que a bo- presente) - É possível encontrar este mau da vela aumenta até o máximo para
bina fica embutida no cabeçote ou outros funcionamento pela forma da onda primá- ser mais eficiente na queima da mistu-
de difícil acesso. ria ou secundária. ra mais rica.

42
- Em desaceleração o tempo de quei- Teste de resistência secundária Lei de Faraday da Indução
ma diminui porque não há combustível Eletromagnética
suficiente para queimar. Os tempos
mínimos e máximos são tão impor-
tantes quanto a duração “normal” da Eind = r . i
centelha.

ΔΦ
Em = -
Nota: Um método comumente Δt
utilizado para simular condições
de aceleração e desaceleração é o Onde: Eind é a Força Eletromotriz Indu-
chamado de teste de aceleração zida na espira; r é a resistência elétrica; i
instantânea, onde o motor está é a corrente elétrica; Em é a força eletro-
estabilizado em marcha lenta e o motriz média, ΔΦ é a variação do fluxo
usuário aciona o pedal do aceler- observada no intervalo de tempo Δ t
ador de forma repentina, brusca, Resistência nominal do circuito secundário a
20°C = 7,33KΩ ± 0.5.
até o final do curso e remove
Glossário – Joule
imediatamente, como se estivesse
testando a injeção rápida até o fim O joule é equivalente a um coulomb
de curso. O ideal é que se o sistema volt (C·V), ou o trabalho necessário para
O funcionamento da bobina de ignição
de injeção estiver perfeitamente se mover a carga elétrica de um coulomb
baseia-se na lei da indução de Faraday
ajustado para que ocorra o envio através de uma diferença de potencial
- a força eletromotriz induzida é igual
correto da quantidade de combus- de um volt. Pode ainda ser definido como
ao negativo da taxa de variação do fluxo
tível necessária em toda a faixa do o trabalho produzido com a potência de
magnético no tempo.
TPS/MAP - não “sobrando” com- um watt durante um segundo; ou um watt
bustível e a bobina perfeitamente segundo (compare quilowatt-hora), com
calibrada - poderá queimar desde Sempre que ocorrer uma variação do W·s. Assim, um quilowatt-hora correspon-
de a estabilização da marcha lenta, fluxo magnético através de um circuito, de a 3.600.000 joules ou 4 megajoules. O
ao pico máximo de energização. aparecerá, neste circuito, uma FEM induzi- milijoule (mJ) é igual a 1 milésimo (10-3) de
Por isso é interessante deixar o da. O valor desta FEM é dada por: um joule.
maior tempo possível de ignição
durante a aceleração, pois a maior
quantidade de combustível injeta-
da precisará de maior tempo de
“vela” acesa. Na desaceleração é
o contrário, pois haverá o corte de
combustível aumentando o nível de
oxigênio, encurtando o tempo de
vela “acesa” terá melhor resposta.

Teste de resistência primária

Resistência nominal do circuito primário a


20°C = 0.5 7Ω ± 0.05.

Você também pode gostar