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INTERVENÇÃO PSICO-SOCIAL
I - O que é a intervenção Psico-Social
Intervenção Psico -Social
· Lida com os problemas que as pessoas enfrentam no seu funcionamento social e com as dificuldades
das pessoas em resolver esses problemas.
· Dá apoio e orientação e baseia-se nas “maneiras de fazer”
· Não descura a atitude do indivíduo e vai orientá_lo para um apoio psicológico especializado.
Paralelamente, vai procurar intervir nas circunstâncias do problema, encarando a atitude do
indivíduo como um problema enquadrado num contexto e não como um problema isolado;
· A intervenção psicossocial é assim uma intervenção no domínio do subjetivo
Ajuda na resolução de situações de vida que a pessoa não se sente capaz, física e
psicologicamente, de resolver, por si só.
Não descora as atitudes da pessoa, mas foca-se nas circunstâncias do problema
O trabalhador social vai pôr os seus conhecimentos e capacidades ao serviço da procura dessa
resposta por parte da pessoa-cliente. Será ela quem tem de encontrar a resposta e organizar a
mudança da situação por forma a ser capaz de a dominar em vez de ser por ela dominada.
· Tem raízes num dos chamados métodos tradicionais do trabalho social - o método de "caso individual"
Equaciona os problemas na perspetiva da sua causalidade social e não apenas como se de
problemas psicológicos se tratasse.
Trabalho Social
· Surgiu como profissão nos finais do séc. XIX em resposta às necessidades sociais (miséria, concentrada
nas cidades)
· Até aí, desde a Idade Média, que a caridade do tipo religioso tinha assegurado a proteção aos pobres e
excluídos
Diagnóstico Social
· Foi o 1º método de trabalho sistematizado, definido por Mary Richmond
· Tentativa de definir o mais exatamente possível a situação social e a personalidade da pessoa
necessitada.
· Técnicas de Diagnóstico Social
Trabalho Social de Caso (é neste que se enraíza a atividade de intervenção psicossocial)
ò Tinha uma perspetiva que hoje diríamos sociológica de enquadramento das situações e
problemas individuais no contexto social
ü Adaptação das pessoas à organização social em vez de tentar modificá-las
ò Posteriormente adquiriu uma orientação predominantemente psicológica com fortes
influências da psicanálise
ü A tónica do trabalho social é colocada na estratégia para uma mudança, que
engloba as circunstâncias exteriores sem se restringir ao indivíduo ð O
individual não existe, ele é produto da sociedade
Grupo
Comunidade
Hoje a tónica do trabalho social é colocada na estratégia para uma mudança que não se encara apenas ao
nível individual, de desenvolvimento da pessoa, mas mudança que engloba as circunstâncias exteriores.
2 Célia Silva
ò Desmotivadas
ü O profissional de trabalho social pode, com a sua atitude pessoal e profissional,
contribuir para desfazer essa relação de submissão-subjugação ou pode acentuá-
la.
ü O papel principal do profissional reside em conseguir persuadir a pessoa a
vencer esta atitude e a empenhar-se numa tentativa de resolução dos seus
problemas. Daí a importância da relação que entre ambos se vai estabelecer.
Situação-problema
· Trabalha-se com situações de vida das pessoas e não com aspetos isolados da sua vida.
Não é o problema em si que faz o objeto da intervenção psicossocial, mas é a situação de vida
em que o problema existe.
· Existem, contudo, situações em que a pessoa que as vive, tendo consciência de estar a enfrentar um
problema, não procura ajuda.
O técnico tem que discernir entre as situações que justificam a sua intervenção - por vezes contra
a vontade da pessoa-cliente - e aquelas em que a sua intervenção não se justifica.
Tipos de situações-problema
· A pessoa cliente identifica e pede ajuda
· Situações-problema para as quais a pessoa que as vive não pede ajuda:
A própria pessoa não tem consciência ð Uma vez abordada, concorda com a intervenção
ò Situações-problema que a pessoa procura resolver e cujos procedimentos, eventualmente,
alertam um profissional;
ò Situações-problema em relação às quais a pessoa toma atitudes de risco que alertam
terceiros
ò Situações-problema encarados pelos próprios numa perspetiva de fatalidade em que "não
há nada que se possa fazer" (doença crónica e incapacitante, mental ou física)
· Situações-problema em que a pessoa é forçada a aceitar a intervenção, ainda que contrariada:
Situações-problema que a pessoa que as vive rejeita que o sejam mas que colidem com o
funcionamento social integrado (ex.: delinquência, toxicodependência).
Situações-problema que embora a pessoa afetada não identifique como sendo problemáticas,
afetam de forma problemática a vida de outras pessoas - crianças ou outras pessoas em situação de
dependência.
A profissional de trabalho social tem de saber definir o âmbito da sua intervenção em função das
competências e limites do seu trabalho, isto é, das suas funções no contexto da instituição e que atua.
Valores ð Crenças ð Princípios norteadores das opções (democracia, respeito pelas liberdades indiv.)
· Por vezes, na mesma situação, uns valores entram em contradição com outros (ex.: Testemunhas de Jeová
--> transfusões de sangue).
· É frequente que entre o técnico e o cliente se verifiquem diferenças de escala nos valores por que se regem
nas suas opções de vida.
Devemos aceitar o princípio de que a pessoa-cliente tem direito às decisões e opções que
respeitam à sua vida. Podemos:
ò Informar claramente sobre os direitos que lhes assistem
ò Esclarecer sobre a realidade social
ò Mostrar outros casos em que os individuos mudaram a sua vida
ò Dar informações claras sobre os procedimentos a tomar para vencer a situação
ò Mostrar que entendemos as dificuldades pelas quais a pessoa-cliente passa
ò Declarar e mostrarmo-nos disponíveis para falar do assunto sempre que a pessoa deseje
ò Certificarmo-nos que não há menores em risco pois nesse caso teremos de intervir
ü Neste caso deve informar a pessoa-cliente das suas intenções e dar tempo à
mesma para reavaliar as suas opções (por vezes a mesma sente alivio por alguém
fazer o que ela não é capaz de fazer)
A pessoa-cliente e o serviço
· A pessoa que está na sua frente não é apenas um portador de um problema ou de um pedido, mas um ser
humano com a complexidade de sentimentos, ideias, expetativas, histórias de vida anterior, que todos
temos
A Localização e o funcionamento do serviço são também condicionantes da 1ª relação das pessoas com o
profissional.
· Gabinete do trabalhador social ou domicílio da pessoa-cliente
· Deve haver sossego, atenção exclusiva e intimidade (nada de pessoas alheias à situação, telefones a tocar)
· A 1ª entrevista, aquela em que um utente apresenta um problema como pedido de ajuda, deve realizar-se:
Em tempo suficiente e com ambiente calmo para que se analise o caso apresentado e se procure
alcançar uma compreensão comum e uma base de acordo sobre o que se vai procurar obter e
como se vai atuar.
5 Célia Silva
II - O PROCESSO DE INTERVENÇÃO PSICO -SOCIAL
· H. Perlman
O processo de intervenção ("tratamento dos problemas") comporta 3 operações essenciais:
ò Estabelecer e compreender os factos que constituem o problema
ò Pensar os factos
ò Tomar uma decisão ou fazer uma opção
· O processo de ajuda individualizada é um processo de tratamento dos problemas porque utiliza os
procedimentos de forma ordenada e sistemática para que suscitem alguma reflexão e sentimentos
orientados para a ação.
· A ajuda psicossocial cria um clima de libertação e de apoio e estabelece um laço a que se chama relação
de ajuda
· Cristina de Robertis
Resume o processo de intervenção social como sendo:
ò Uma atuação operacional ð centrada nas dificuldades a resolver
ò Um processo contínuo e dinâmico sempre provisório ð Inscreve-se na realidade das
pessoas
ò Uma atuação subjetiva do trabalhador social pois exige:
ü Compreensão intelectual ð seleção de factos e conhecimentos aplicados à
situação
ü Compreensão afetiva ð vivenciar os seus problemas, senti-los
ò Uma abordagem ideológica ð Interferem as normas, valores e representações do
profissional
ò Partilhada com o cliente ð Só ele pode confirmar a compreensão da situação feita
pelo profissional já que só ele está de posse de todos os elementos.
A 1ª ENTREVISTA
A pessoa vive um problema
· A 1ª entrevista nunca deve ser abordada como uma ação de rotina
· A pessoa-cliente pode estar envergonhada ou agressiva, pois sente-se humilhada +por não ter sido capaz
de resolver o problema sózinha
· O profissional deve parar e pensar antes de chamar a pessoa para a 1ª entrevista
· Atitude do profissional
Cumprimente
Apresente-se
Pedir para se apresentar
Perguntar porque razão ela recorreu ao serviço
Tratá-la pelo seu nome e não num registo impessoal
O profissional deve contribuir para que a pessoa-cliente passe do papel de “pedinte” para
o de “atuante” (autodeterminação e empowerment”)
7 Célia Silva
· Na 1ª entrevista estão já presentes todas as etapas do processo de intervenção psicossocial que
consiste em ð Análise / Definição / Avaliação / Decisão
Analisar a situação-problema em que se insere um pedido ou necessidade
Definir qual é o problema(s) prioritário(s)
Avaliá-lo(s) do ponto de vista das suas implicações
Decidir sobre a estratégia para modificar a situação.
· Uma 1ª entrevista realizada por um profissional diferente do que habitualmente recebe e acompanha
uma utente, pode ser uma estratégia a encarar em casos continuados ou crónicos, como meio de obter um
novo olhar sobre o problema e novas propostas de intervenção
A RESOLUÇÃO DO PROBLEMA
Centro do processo de intervenção (“por onde com eçar”)
· O processo de intervenção psicossocial centra-se na resolução do(s) problema(s) que a pessoa-utente nos
apresenta. Existe normalmente uma necessidade.
· Teremos de, em conjunto com a pessoa, decidir por onde começar
O quê? Quem? Porquê? Como? Com quem?
· Normalmente a resolução dos problemas em sociedade acontece de forma espontânea, mas nem sempre,
pois existem pessoas que os adiam, escondem, não os encaram, quando chegam a um profissional de
serviço social, o problema é deveras complexo.
8 Célia Silva
CLARIFICAR E DEFINIR PRIORIDADES NOS PROBLEMAS E OBJETIVOS A
ALCANÇAR
· Tem como objetivo fazer com que a pessoa-cliente seja capaz de resolver o problema, bem como
todos os problemas em que o mesmo se possa fracionar
Compreender o probl ema e a situação. Del inear um plano para a sua resol ução
· Profissional vai construindo hipóteses explicativas da razao de ser da situação-problema, tecendo
comentários e colocando questões, que lhe vão permitir fazer uma síntese-interpretativa da mesma
(diagnóstico – organização dos factos) ð situa o problema central como um problema isolado e
poderá confrontá-la com a visão da pessoa-cliente
A síntese-interpretativa é uma avaliação operacional que integra e relaciona os diferentes
elementos conhecidos, nas suas multiplas formas, com o intuito de isolar o problema inicial dos
outros fatores condicionantes ao mesmo
Esta síntese não se limita a um resumo, mas sim à organização da informação por forma a
apresentar a reflexão do profissional sobre a experiência da pessoa-cliente ð Apelidada de
avaliação
ò O objetivo da avaliação é a compreensão do problema, do cliente e da situação, de modo a
que se possa construir um plano para resolver ou minorar o problema
A síntese ou avaliação é uma nova visão do problema, que ajuda a pessoa-cliente a refletir
9 Célia Silva
Esta síntese é feita, mais ou menos, a meio da 1ª entrevista
ò Para a realização da síntese-interpretativa, o profissional deve interromper a entrevista
no momento em que se dá por terminada a exploração da situação-problema
ò Ter o cuidado de não introduzir preocupações exteriores aos dados recolhidos
ò No final da entrevista, já estará capaz de realizar uma síntese mais breve, mas mais
completa, que englobe a definição de prioridades e um esboço do acordo a fazer com a
pessoa-cliente, para a intervenção que se segue
Inf ormar com clareza a pessoa - utente da lei tura que f azemos da situação
· Tal obriga o profissional a tomar consciência das eventuais ilações que lhe parecem viáveis mas que
apenas se sustentam na sua imaginação
10 Célia Silva
ò O da urgência
ò O da facilidade de resolução
ò O da escolha pela pessoa-cliente.
O ACORDO/CONTRATO
Contrato
· Feito entre o profissional e a pessoa-cliente, que consiste:
Confrontação dos objetivos e projeto do profissional com o da pessoa-cliente
Explicitação e negociação em conjunto das escolhas por forma a desenvolver a mudança desejada
Forma e duração do trabalho
· O contrato ou acordo corresponde a 2 tipos de preocupações:
Obter o empenhamento ativo da pessoa-cliente na procura de respostas ou soluções para os
seus problemas
Limitar a duração do processo ao mínimo
· Trabalhar por contrato significa:
Concordar em objetivos, metas, meios de as alcançar e prazo final.
Avaliar os resultados, tomar consciência do caminho percorrido e, eventualmente, concordar
em estabelecer novo contrato, com clareza quanto às razões e responsabilidades do não
cumprimento do anterior.
Um maior domínio sobre a condução do processo, do ponto de vista da pessoa-cliente
· O acordo entre profissional e cliente serve para:
Dar uma ordem comum à forma de encarar o problema (compreensão e intervenção)
Facilitar a intervenção que fica claramente definida em pequenas ações e em objetivos com que
cada uma das partes pode lidar no espaço de tempo definido, sem que se perca de vista o
objetivo final;
Dar segurança à pessoa-cliente sobre a condução do processo
· É importante que o acordo tenha em conta a organização de uma estratégia em pequenos objetivos
realizáveis progressivamente e que têm em conta as capacidades do cliente ð ‚
O ACOMPANHAMENTO
Acompanhamento
· Refere-se à continuação do processo, após a fase inicial em que se chegou ao acordo sobre a
intervenção a desenvolver.
· É estruturado através de uma sequência de entrevistas, regulares ou não.
· Ao longo do processo que se vai seguir à 1ª entrevista, a intervenção psicossocial tem como
objetivo principal:
Realizar os objetivos no menor prazo de tempo
Resolver os problemas da situação analisada em resultado do pedido da pessoa-cliente
(respeitando o calendário acordado)
· As alterações, pequenas e grandes, ao acordo e previsão inicial devem ser sinalizadas e ser objeto de
acordo.
11 Célia Silva
· O acompanhamento tem como funções principais:
Estímulo e apoio à autonomia, com ajuda ao nível da autoconfiança da pessoa-cliente nas
suas capacidades;
Orientação na aquisição de competências mediante prestação de informações sobre a
forma de lidar com os assuntos, e sobre os recursos existentes na sociedade.
Ações de acompanhamento
· Visitas ao domicílio
Meio de estabelecer uma relação mais próxima da vida real da pessoa-cliente
Deve ser combinada previamente com a pessoa-cliente ou anunciada via telefone ou carta
· Ações junto de pessoas significativas
Desenvolvidas em pessoas cuja relação com a pessoa-cliente lhes dê uma posição privilegiada
no contexto da estratégia de resolução da situação- problema.
O profissional pode entrar e contacto com os vizinhos de alguém sózinho e enfermo, por
forma a providenciar cuidados ao mesmo, ou da família de um adolescente que está com
dificuldades a lidar com um problema que o faz sentir mal em casa…
ò Mesmo assim terá de pedir a autorização da pessoa-cliente, caso contrário corre o
risco de abalar a sua confiança
ò Apenas em condições excecionais (doença mental, inconsciência da pessoa-cliente,
etc), o profissional poderá prescindir da autorização do mesmo
· Concertação de estratégias com outros profissionais
Recurso à intervenção junto de outros profissionais, usualmente de outras instituições, no sentido
de com eles concertar uma estratégia comum de apoio à pessoa-cliente na resolução da sua
situação-problema
· Envolvimento da família (falar com os membros)
Em alguns casos, a relação inicial, de iniciativa da pessoa-cliente, deve ser orientada para se
alargar a outros (às vezes a todos os) membros da família.
Por princípio, as entrevistas com outros familiares não serão realizadas se a pessoa-cliente não
estiver de acordo, podendo, em alguns casos, a continuação do processo ficar condicionada
(caso o profissional ache que não tem condições para evoluir com o mesmo)
· Informação (conhecimentos legislativos, administrativos e judiciais)
Ao fornecer à pessoa-cliente conhecimentos legislativos, administrativos e institucionais que
lhe possibilitam o exercício do direito de opção entre as soluções possíveis, lhe orientam a
tomada de decisões nas escolhas que tem de fazer, lhe facilitam a organização das ações que
tem de desenvolver e o guiam no recurso às instituições, o profissional facilita ao utente a
decisão de se empenhar, com a expectativa de ser bem sucedido.
· Apoio ao nível da reclamação/reivindicação direitos
A pessoa-cliente deve ser apoiada na prossecução correta das suas tentativas de repor a
legalidade ou de legalizar a legitimidade que lhe assiste.
Representar os interesses das clientes nos casos em que a instituição não os salvaguarda ou
quando não lhes dá resposta concordante com os seus direitos - também compete ao
profissional
· Intervenção ao nível das organizações
As pessoas com menor poder social estão, à partida, em posição de desvantagem para vencer
barreiras burocráticas.
Quando o profissional tem conhecimento de atitudes de dificuldades burocráticas ou atitudes
de discriminação por parte dos serviços ou seus profissionais, compete ao mesmo apoiar a
pessoa-cliente no seu esforço para vencer essa barreira.
· Arientação para as estruturas da comunidade
Muitas das pessoas que recorrem a intervenção psicossocial vivem em situação de relativo
isolamento social, fechadas no seu ambiente familiar e absorvidas pelos problemas do
quotidiano.
O profissional de trabalho social atua como facilitador do contacto entre a pessoa-cliente e a
comunidade que, diversificando a rede social da pessoa-cliente e possibilitando-lhe novas
experiências de realização pessoal, contribuirá certamente para o desenvolvimento das suas
capacidades de tomar a sua vida em mãos sem necessidade de recorrer a ajuda profissional.
12 Célia Silva
AVALIAÇÃO E FIM DO PROCESSO
· C. Robertis
O fim da intervenção do trabalhador social constitui a última fase do método.
Esta autora analisa esta última fase da intervenção como algo que acontece por si, algo que
não precisa de ser encarado como uma fase nova.
13 Célia Silva
III - TÉCNICAS COMPLEMENTARES
14. O registo
· Um dos aspetos essenciais da condução do processo de intervençã psicossocial é a organização do
dossier ou “processo”, relativo a cada pessoa-cliente.
· O processo vai avançando, a partir de uma 1ª entrevista na qual foi estabelecido um acordo quanto a
objetivos e formas de para eles trabalhar até ser dado por terminado.
· É muito importante que toda a informação recolhida bem como as resoluções que foram
formadas e os resultados das ações fiquem convenientemente registadas num dossier organizado
e catalogado num ficheiro de fácil acesso.
· Um profissional raramente trabalha só. Na maior parte das vezes está integrado numa equipa com
outras colegas de profissão.
· Registar por escrito deve ser um hábito diário de cada profissional.
· De preferência, registará o essencial de qualquer ação empreendida relativamente à pessoa-cliente
imediatamente após o seu término.
· Manter bons registos metodicamente organizados significa também podermos relembrar, antes da
próxima entrevista, os acontecimentos e sentimentos da entrevista anterior.
· Os registos são ainda essenciais do ponto de vista da avaliação continuada da evolução do processo de
intervenção psicossocial com cada pessoa, bem como o são do ponto de vista da avaliação final.
No registo deve ficar bem claro, de entrevista para entrevista, o que evoluiu, o que vai ser
feito, por quem e em que prazo de tempo.
Modelo de Fichas
· Para além do n.º de processo, data de início e data de fim, a ficha contém elementos de identificação:
Inclui, usualmente:
Identificação do utente ð nome, data de nascimento, naturalidade, estado civil, profissão e
situação profissional,
Agregado familiar ð para cada pessoa do agregado: nome, grau de parentesco, nascimento,
habilitações, profissão, situação profissional, vencimento ou recursos próprios (em muitos
casos, o quadro de agregado familiar pode ser substituído com vantagem por um genograma)
Instituições envolvidas e pessoas de contacto.
· Em seguida, as fichas diversificam a informação que recolhem (de acordo com a situação-problema
em causa).
· Segue-se um espaço para:
Identificação do motivo da entrevista (pedido) e da pessoa que sinalizou o caso ao trabalho
social
Problemas identificados
Avaliação da situação
Plano de intervenção
· A partir daí, a ficha continua em espaço aberto para:
Registo de contactos e diligências.
· Em todas as fichas há sempre um local para a identificação da técnica que preencheu a ficha, isto é,
14 Célia Silva
que se ocupa do processo.
16 Célia Silva
· Cada um dos intervenientes terá a sua própria definição do que é a negligência, o mau trato ou o
interesse da criança
· Na elaboração desses conceitos, do diagnóstico e do plano de intervenção há que estar atento às
dificuldades provenientes do etnocentrismo (posição de classe) e do relativismo cultural: diferentes
grupos sociais atribuem diferentes significados às mesmas ações.
2. Indefinição, duplicação e interpretações diferentes do que são as funções de cada serviço e de cada
técnico envolvido
· Será necessário negociar os diferentes papéis e funções a desempenhar por cada um dos técnicos e
designar um técnico de referência escolhido para manter uma relação mais próxima e andragógica
com o utente.
· Essa escolha deve ser feita em função da relação afetiva das pessoas com o técnico e ser sempre
suportada por uma equipa que, na rectaguarda, analise e avalie o processo em curso e ajude esse
técnico de referência a estabelecer o necessário distanciamento.
5. Outro obstáculo: n.º insuficiente de técnicos, a sua rotatividade e a colocação de técnicos recém-
formados nestas áreas sensíveis.
17 Célia Silva