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Resumo
Este artigo pretende discutir os tipos de interação subjacentes às abordagens psicológicas,
piagetiana e vygotskyana, para uma melhor compreensão da relação entre essas concepções e o
de ensino contemporâneo de línguas estrangeiras.
1. Introdução
INTERACIONISMO construtivistas
(KANT: a razão e a experiência dos sentidos são as bases do conhecimento humano)
SUJEITO OBJETO
1
A assimilação é o processo pelo qual os elementos que compõem o meio (objeto) são modificados pelo sujeito, de
modo a serem incorporados à estrutura do organismo. Dizemos, então, que o indivíduo assimilou os elementos do
meio que passam, a partir daí, a fazer parte dele. (Nogueira & Pilão, 1998: 22)
2
A acomodação significa mudanças, transformações de um esquema já existente para que o objeto possa ser
assimilado, ou criação de um esquema novo a fim de que o objeto seja incorporado. (Nogueira & Pilão, 1998: 11).
D A
Interrogatório
D A
Indivíduo Meio
• estruturas mentais (método • experiências
• intrapessoal clínico-crítico) • interpessoal MEDIAÇÃO
• conflito cognitivo Indivíduo • instrumentos Meio
• reelaboração • palavras • sócio-histórico
• internalização e cultural
Assimilação ORGANIZAÇÃO Acomodação
• intrapessoal • interpessoal
(hipóteses, (mudanças na Dialogicidade
internalização) ADAPTAÇÃO estrutura cognitiva)
pensamento Î linguagem
intrapessoal Î interpessoal
D desenvolvimento Î aprendizagem A
≠ linguagem Î pensamento
interpessoal Î intrapessoal
A aprendizagem ÍÎ desenvolvimento D
3
Os esquemas podem ser entendidos como os responsáveis por nossa maneira de perceber, compreender e pensar
determinadas ações, ou seja, são estruturas que organizam nossa atividade mental, como referência para
interpretar o objeto. (Nogueira & Pilão, 1998: 52).
VII CONGRESSO BRASILEIRO DE LINGÜÍSTICA APLICADA - 2004 4
ALAB - Associação de Lingüística Aplicada do Brasil
Em linhas gerais, os termos “assimilação”, “acomodação” e “esquema” são termos
celulares no cognitivismo piagetiano, assim como os termos “mediação”, “palavra” e
“dialogicidade” os são para o sociointeracinonismo vygotskyano.
4
Conforme Almeida Filho (1998), o movimento comunicativo de línguas inicia-se a partir da década de 70 com os
estudos de D. A. Wilkins (notional syllabuses) e colaboradores e, posteriormente, com os de H. G. Widdowson (use
e usage).
VII CONGRESSO BRASILEIRO DE LINGÜÍSTICA APLICADA - 2004 5
ALAB - Associação de Lingüística Aplicada do Brasil
De forma, a abordagem de ensino para fins específicos e ou, mais recentemente
denominada, abordagem instrumental é entendida no Brasil como centrada apenas na habilidade
da leitura (com uso da língua materna) e na aprendizagem de estratégias de leitura (com ênfase
no conhecimento prévio, na ativação de esquemas e na interação leitor-texto-escritor), que teria
como referência um aspecto mais essencialmente cognitivo, inserido no construtivismo
piagetiano. Por outro lado, a abordagem comunicativa enfatiza o uso das quatro habilidades na
língua-alvo (ler, escrever, falar e ouvir), com um foco fortemente marcado na interação oral
(entre pares e/ou pequenos grupos), compartilhando de um conceito de comunicação em um
sentido mais situado – daí sua ligação maior com o sociointeracionismo vygotskyano.
De posse dessas reflexões podemos agora refletir os encaminhamentos sobre o ensino de
língua estrangeira dispostos nos PCN-LE (SEC/MEC, 1998), com sua visão sociointeracionista
da aprendizagem e orientações didáticas fundamentadas na abordagem instrumental.
Se considerarmos, como disposto anteriormente, que a abordagem instrumental teria
essencialmente como referência o cognitivismo piagetiano e que a abordagem comunicativa teria
essencialmente como referência o sociointeracionismo vygotskyano, então a concepção
psicológica da aprendizagem de base nos PCN-LE deveria ser o cognitivismo e não o
sociointeracionismo (cf. Fig. 3).