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O cenário internacional é composto por Estados soberanos com capacidade política e

econômica, para conduzirem-se na dinâmica do comércio internacional. Nem todos os


Estados possuem o mesmo grau de organização social, nem estruturas similares na produção,
nem os mesmos recursos financeiros, porém possuem uma mesma característica: a
comercialização de seus produtos, com a finalidade de desenvolver sua economia interna e
externa.
Desde a Antiguidade, quando houve a transferência do regime feudal para as práticas
mercantilistas, o desenvolvimento do comércio foi sendo incentivado, originando assim,
novas estruturas de produção. Com o crescimento das cidades as trocas comerciais se
tornaram cada vez mais intensas e necessárias, passando a ser comercializadas externamente.
Esses intercâmbios de bens e serviços através das fronteiras tornaram-se primordiais para as
economias e para o desenvolvimento dos Estados, até os dias atuais.
As transações internacionais se tornaram fundamentais, pois nenhuma nação pode se
considerar auto-suficiente. Até mesmo os países mais desenvolvidos necessitam de recursos,
que são escassos em seus próprios territórios. Entretanto, as livres atividades não são seguras,
pois através do comércio, os países se tornam vulneráveis perante os outros. Por isso, contra
qualquer dano que o comércio livre possa causar os governos desde o mercantilismo até hoje,
adotam certas políticas econômicas de proteção ao mercado.
Essa política de proteção é nomeada como protecionismo, onde os países aplicam
tarifas para proteger seus mercados nacionais da competência estrangeira. Essas proteções
são realizadas através de instrumentos, como as barreiras tarifárias e as barreiras não
tarifárias. As barreiras tarifárias são impostos lançados sobre uma mercadoria estrangeira que
transpasse a fronteira de um determinado país. Já as barreiras não tarifárias, são medidas que
visam restringir o fluxo comercial, ou seja, são empecilhos que não sofrem impostos,
aplicados pelo setor público com a finalidade de alterar e manipular o comércio. Existem
vários tipos de barreiras não tarifárias, que podemos citar como as mais relevantes: cotas,
normas técnicas, certificações, restrições quantitativas.
A aplicação do protecionismo resulta em vantagens e desvantagens. Como vantagens,
oferecem a garantia dos empregos na indústria nacional; protege a economia do país e setores,
preferencialmente, como os agrícolas e industriais, e incentiva o desenvolvimento de novas
tecnologias. Por outro lado, como desvantagens, o Estado que preferir adotar o protecionismo
pode sofrer perda de espaço no mercado, atraso tecnológico, acomodação das empresas
nacionais e aumento dos preços internos, visto que, não há concorrência.
Desde a Antiguidade, quando o mercantilismo ganhou campo como a nova política na
Idade Média, vimos o surgimento de correntes de pensamentos econômicos sobre comércio
internacional, para compreender suas dinâmicas, suas vantagens e suas desvantagens.
A favor do livre comércio, Adam Smith, recrimina a doutrina mercantilista, devido à
intervenção Estatal na economia. Afirma que o próprio mercado oferece mecanismos
próprios para a sua regulamentação. Defende as vantagens de mercados abertos, visto que,
essa abertura beneficia tanto os dois países, no caso de uma comercialização bilateral, quanto
à economia mundial. Sua teoria é baseada na vantagem absoluta, ou seja, cada país deve
especializar-se no produto que mais tenha vantagem em comercializá-lo e assim importar as
mercadorias que carecem.
Já David Ricardo, que também defende o livre comércio, inova lançando a teoria da
vantagem comparativa, que mesmo se um país tiver vantagem absoluta, defendida por Smith,
sobre os bens que produz e consome, os mesmos terão vantagens na comercialização, gerando
benefícios mútuos tanto quanto globais.
Já como defensor potencial do protecionismo, List explica que o protecionismo ao seu
ponto de vista, é um meio para que as nações possam se desenvolver economicamente, ou
seja, uma longa estrada para se tornar uma grande potência mundial e usufruir das vantagens
do livre comércio. O Estado deverá se resguardar através de políticas protetoras para criar
bases sólidas. Como exemplo, justifica sua aplicação em prol de defesa à indústria nascente,
pois a mesma não dispõe de recursos para se manter competitiva interna e, principalmente,
externamente, diante das grandes empresas internacionais.
Posteriormente a Segunda Guerra Mundial, surgiu um novo argumento protecionista
defendido pelo economista Raúl Prebisch: Industrialização por substituição de importação.
Sua origem se deu no âmbito da CEPAL – Comissão Econômica para América Latina –
voltado para países em desenvolvimento. Devido á deterioração dos termos de troca entre
produtos primários e produtos industrializados, viu se necessário uma certa defesa por parte
dos países prejudicados, no caso os países em desenvolvimento, com isso, foi defendido
aplicação de medidas protecionistas substituindo assim, as importação dos produtos
industrializados por produtos fabricados nacionalmente para proteger os produtores nacionais.
Esse modelo foi criticado posteriormente devido ao atraso que provocou nas economias latino
– americanas.
O comércio internacional vinha evoluindo ao longo do tempo e as relações entre os
países estavam se tornando cada vez mais estreitas. Contudo, houve uma grande queda dos
fluxos comercias devido ás duas guerras mundias e a grande depressão ocasionado pela crise
de 1929 nos EUA. Com o fim dos combates, tanto o comércio internacional quanto os países
estavam deteriorados, por isso foi iniciado uma reconstrução do sistema internacional. Além
da ajuda americana através do Plano Marshall para a reconstrução dos países europeus , foram
criados instituições financeiras e comerciais como o FMI, o Banco Mundial e a OIC, que não
progrediu.
Os países desenvolvidos defendem o livre comércio pois acreditam que os câmbios
comerciais são necessários para que os países possam adquirir uma maior eficiência para suas
necessidades internas além de gerar um bem – estar mundial. Com efeito, diante da
necessidade de regulamentar as relações comerciais os países mesmo com o fracasso da
criação de uma organização não hesitaram e criaram o GATT no qual apenas regulamenta o
comércio de uma forma branda.
O GATT no qual é um acordo para regulamentar as relações bilaterais e multilaterais
na esfera internacional idealizando sempre a abertura das fronteiras em prol de uma mercado
liberal, realizou oito rodadas de negociação com o objetivo primordial de liberalizar o
mercado de produtos industrializados. Ao longo do tempo novos temas foram sendo
introduzidos nas rodadas, uns com sucesso e outros sem.
Entretanto, ao longo do tempo, o contexto mundial não era o mesmo quando foi criado
o GATT. As regras do jogo se modificavam de tempos em tempos e o GATT não era mais
efetivo para responder as novas realidades. Numerosos problemas se arrastavam ao longo das
rodadas como os enfrentamentos comerciais constantes entre as super potências, as disputas
entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos em relação ao protecionismo no setor agrícola.
Entre esses e outros motivos levaram os países membros do GATT a reformular as
negociações.
A Rodada Uruguai demonstrava que não se chegaria a lugar algum, porém deu origem
a maior reformar do sistema de comércio internacional desde a criação do GATT. O acordo
assinado no final da rodada representa uma série de conquistas do pensamento liberal pois
além de passar a regulamentar diversas outras áreas como serviços, propriedade intelectual,
movimentos de capital, entre outros, cria a OMC – Organização Mundial do Comércio – em
1995 no qual substitui o GATT, tendo como principal objetivo a eliminação dos obstáculos de
comércio para que as mercadorias possam circular de maneira mais livre possível.
Na atual conjuntura internacional, no qual os países se encontram cada vez mais
interdependentes, a decisão de qual política comercial adotar deve ser discutido em conjunto,
pois se cada um optar unilateralmente acabam adotando as medidas de acordo com as
políticas adotadas pelos outros Estados influenciando nas escolhas que eles mesmos não estão
de acordo como o protecionismo, resumidamente, cada ação tem sua reação. Dentre as teorias
das relações internacionais, o dilema do prisioneiro demonstra que quando um Estado, ao
tomar decisões individualmente pode levar a resultados negativos, ou seja, soma zero.
Atualmente, nesse “ jogo comercial” os países em desenvolvimento se veem mais
desfavoráveis em relação aos países desenvolvidos visto que existe uma pressão por parte dos
últimos para uma liberalização em massa em contra partida adotam medidas protecionistas
nos setores que não convêm uma abertural comercial.
O livre comércio não é necessariamente a melhor opção, como defendem os países
desenvolvidos, mais um pouco de comércio é melhor que nenhum comércio pois são as
diferentes produções dos países e seus intercâmbios que leva ao progresso econômico,
comercial e tecnológico. Se todos os países adotassem a política protecionistas não haveria
contato entre eles. Seriam “indivíduos” isolados no cenário internacional. O protecionismo é
importante para o desenvolvimento de um país - tanto que as grandes potências como
Holanda no século XVI, a Inglaterra no século XVIII e EUA no século XX quando ainda
engatinhavam adotaram como política comercial o protecionismo, apenas quando estavam
fortes o suficiente para a concorrência internacional que abriram suas fronteiras - porém um
grau moderado, pois a sua adoção radical geraria um estancamento tanto das economias
nacionais quanto da economia mundial.

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