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CURSO TESES DA FAZENDA

PROFESSOR UBIRAJARA

30 MAIORES TESES 2019/2020/2021.1

ATÉ JUNHO 2021

STJ – INFO 643 2019

RECURSOS REPETITIVOS

PROTESTO DE CDA

EXECUÇÃO FISCAL

REsp 1.686.659-SP

DIREITO TRIBUTÁRIO

TESE FAVORÁVEL À FAZENDA

APLICAÇÃO A TODOS OS ENTES

Inicialmente você precisa lembrar que:

1. CDA – é um título emitido pelo Estado que


comprova a dívida do contribuinte.
2. A partir da CDA, o Estado pode cobrar essa
dívida por meio de uma execução fiscal,
inclusive a Certidão da Dívida Ativa é parte
integrante da petição inicial da execução
fiscal.

Lei de Execução Fiscal:

Art. 6º - A petição inicial indicará apenas:

I - o Juiz a quem é dirigida;

II - o pedido; e

III - o requerimento para a citação.

§ 1º - A petição inicial será instruída com a Certidão


da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se
estivesse transcrita.

Quais os problemas?

- Existem milhões de execuções fiscais inefetivas


espalhadas pelo Judiciário.

- Pensando em como esse crédito pode ser


adimplido sem a provocação do Judiciário, a Lei
9.492/97 (regulamenta o protesto) sofreu
acréscimo pela Lei 12.767/2012 para dizer o
seguinte:

Art. 1º Protesto é o ato formal e solene pelo qual se


prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação
originada em títulos e outros documentos de dívida.

Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos


sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das respectivas autarquias e
fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 12.767,
de 2012)

(...)

Art. 3º Compete privativamente ao Tabelião de


Protesto de Títulos, na tutela dos interesses públicos e
privados, a protocolização, a intimação, o acolhimento
da devolução ou do aceite, o recebimento do pagamento,
do título e de outros documentos de dívida, bem como
lavrar e registrar o protesto ou acatar a desistência do
credor em relação ao mesmo, proceder às averbações,
prestar informações e fornecer certidões relativas a
todos os atos praticados, na forma desta Lei.

Contudo, surge a seguinte discussão: Se o Estado


já dispõe da execução fiscal para a cobrança do seu
crédito, o protesto não seria desproporcional,
constituindo sanção política como cobrança
indireta de tributos do contribuinte?

As sanções políticas tributárias, também


conhecidas como meios indiretos coercitivos de
cobrança, são quaisquer imposições ou limitações
de ordem administrativa, ainda que estabelecidas
em lei, que obstem o exercício de direitos das
pessoas físicas ou jurídicas, com a finalidade de
forçá-las a pagar tributos.

O Estado tem dois mecanismos de cobrança:


execução fiscal e medida cautelar fiscal, assim, em
tese, qualquer forma de cobrança que ultrapasse
esses mecanismos são considerados sanção
política.

Exemplo de sanção política tributária:

Regime especial de fiscalização para contribuintes


devedores;

A apreensão de mercadorias em face de pequena


irregularidade no documento fiscal que as
acompanha para contribuintes devedores;

A inscrição em cadastro de inadimplentes com as


restrições daí decorrentes para contribuintes
devedores.

Exemplos afastados pela jurisprudência do STF:

Súmula 70 - É inadmissível a interdição de


estabelecimento como meio coercitivo para
cobrança de tributo.

Súmula 323 - É inadmissível a apreensão de


mercadorias como meio coercitivo para
pagamento de tributos.

Súmula 547 - Não é lícito à autoridade proibir que


o contribuinte em débito adquira estampilhas,
despache mercadorias nas alfândegas e exerça
suas atividades profissionais.

Na jurisprudência do STJ:
Súmula 127 - É ilegal condicionar a renovação da
licença de veículo ao pagamento de multa, da qual
o infrator não foi notificado.

A pergunta então que fixa é: o protesto de CDA é


sanção política?

STF ADI 5.135/DF:

Somente pode ser considerada “sanção política”,


vedada pelo STF, a medida coercitiva do
recolhimento do crédito tributário que restrinja
direitos fundamentais dos contribuintes devedores
de forma desproporcional e irrazoável, o que não
ocorre no caso do protesto de CDAs.

Em resumo, para o STF:

"O protesto das Certidões de Dívida Ativa - CDA


constitui mecanismo constitucional e legítimo, por
não restringir de forma desproporcional quaisquer
direitos fundamentais garantidos aos
contribuintes e, assim, não constituir sanção
política".

STJ NO JULGADO DA

TESE 1 DO NOSSO CURSO:


A Lei n. 12.767/2012 acrescentou o parágrafo
único ao art. 1º da Lei n. 9.492/1997, para de
modo expresso prescrever que a CDA pode ser
levada a protesto.

A norma, já em sua redação original rompeu com


antiga tradição existente no ordenamento jurídico,
consistente em atrelar o protesto exclusivamente
aos títulos de natureza cambial (cheques,
duplicatas, etc.).

Não bastasse isso, o protesto, além de representar


instrumento para constituir em mora e/ou
comprovar a inadimplência do devedor, é meio
alternativo para o cumprimento da obrigação.

Sob essa ótica, não se faz legítima qualquer


manifestação do Poder Judiciário tendente a
suprimir a adoção de meio extrajudicial para
cobrança dos créditos públicos.

A circunstância de a Lei n. 6.830/1980 disciplinar


a cobrança judicial da dívida ativa dos entes
públicos não deve ser interpretada como uma
espécie de "princípio da inafastabilidade da
jurisdição às avessas", ou seja, engessar a
atividade de recuperação dos créditos públicos,
vedando aos entes públicos o recurso a
instrumentos alternativos (evidentemente,
respeitada a observância ao princípio da
legalidade) e lhes conferindo apenas a via judicial
– a qual, como se sabe, ainda luta para tornar-se
socialmente reconhecida como instrumento célere
e eficaz.

É indefensável, portanto, o argumento de que a


disciplina legal da cobrança judicial da dívida ativa
impede, peremptoriamente, a Administração
Pública de instituir ou utilizar, sempre com
observância do princípio da legalidade,
modalidade extrajudicial para cobrar, com vistas à
eficiência, seus créditos.

RESUMO:

A Fazenda Pública possui interesse e pode efetivar


o protesto da CDA, documento de dívida, na forma
do art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/1997,
com a redação dada pela Lei n. 12.767/2012.

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