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01.

BOTÂNICA DE GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS

GRAMÍNEAS
Descrição
As gramíneas são na maioria anuais ou perenes. Quase todas são herbáceas. As gramíneas são
monocotiledôneas, e as leguminosas são dicotiledôneas. A distinção entre os dois grupos é baseada
na estrutura do embrião. O eixo principal do embrião possui estruturas laterais chamadas cotilédones
ou folhas da semente; as monocotiledôneas têm somente um cotilédone, enquanto as dicotiledôneas
têm dois.
Em tamanho, as gramíneas variam de alguns centímetros até 20 m ou mais de altura. Bambú alcança
a maior altura; milho, cana-de-açúcar e sorgo são também representantes das espécies de porte
elevado. Os órgãos das gramíneas são os caules, raízes e folhas. Modificação do caule e folha
constituem as inflorescências e frutos.

Morfologia
Folhas: as folhas nascem no caule, alternadamente em duas fileiras, uma em cada nó. A folha
consiste da bainha, lâmina e lígula.
A bainha abraça o colmo acima do nó. As margens da bainha geralmente são sobrepostas (abertas)
embora elas algumas vezes sejam unidas (fechadas) em um cilindro incompleto em todo
comprimento até a lâmina.
As lâminas são paralelinervas e tipicamente achatadas, estreitas e sésseis. Algumas gramíneas têm
aurículas que se projetam dos cantos da folha na junção com a bainha e lâmina. A lígula é o apêndice
que abraça o colmo onde a bainha e a lâmina se unem. A lígula pode ser uma membrana, uma franja
de pelos ou de anel endurecido. O colar é a região de junção da bainha e lâmina.
Colmos: o colmo da gramínea é dividido distintamente em nó e entrenó. O entrenó pode ser
fistulado, esponjoso, ou sólido. O nó ou junta é sempre sólido. As folhas têm suas conecções
vasculares com o colmo no nó. Gemas laterais aprecem nas axilas das folhas. Estas gemas podem se
tornar ramos vegetativos do colmo ou afilhos reprodutivos.
As células do meristema do nó permanecem meristemáticos até quase a maturidade completa.
Além dos colmos verticais e reprodutivos, muitas gramíneas têm colmos subterrâneos horizontais
chamados de Rizomas, como é o caso da grama-bermuda, capim-napier, etc. O rizoma é na maioria
das vezes um órgão de perenicidade da espécie.
Colmos rastejantes acima do solo são chamados de estolões. Estolões se parecem com rizomas
porque eles também têm nós, entre-nós e, meristemas nos nós de onde estruturas secundárias se
elevam. Como exemplo, a grama-bermuda, a Brachiaria humidicola, o capim-pangola, etc.
Raízes: gramíneas tem sistema radicular fasciculado. A raiz primária pode persistir por somente um
curto período de tempo após germinação, como é o milho. Um sistema radicular secundário aparece
logo nos nós inferiores do colmo jovem e compreende a maior parte do sistema radicular
permanente. Raízes secundárias algumas vezes aparecem nos nós acima do solo, como é o caso do
milho ou nos nós dos caules rastejantes.
Inflorescência: a unidade de inflorescência da gramínea é a espigueta. As espiguetas estão
geralmente em grupos, os quais constituem as inflorescências. Há vários tipos. O mais simples é o
rácemo, no qual as espiguetas nascem ao longo de eixo não ramificado. Um rácemo típico em
gramíneas é raro. A espiga difere do rácemo pelo fato de ter espiguetas sésseis. A panícula é o tipo
mais comum de inflorescência. Neste caso as espiguetas são pediceladas em uma inflorescência
ramificada. A panícula pode ser aberta, difusa, ou contraída. Ex.: capim-colonião e capim-gordura.
Especialização geralmente acontece na espigueta, a qual tem um número variável de flores, variando
de uma para muitas dependendo da espécie. O eixo da espigueta é a ráquila. Na base da espigueta
duas glumas ou brácteas são presas em lados opostos da ráquila. Estas contem as flores da
espigueta.
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Flores: as gramíneas têm flor incompleta, isto é: faltam o cálice e a corola. Uma flor (flósculo)
hermafrodita possui dois verticilos de proteção (brácteas). O mais largo e externo é chamado de
pálea; o menor e interno é a lema, o qual se encaixa geralmente dentro da pálea. Os estames variam
de um a vários, mas três é o número mais freqüente. Cada estame se constitui em filete e antera e
os dois formam o Androceu.
O Gineceu tem somente um ovário unicelular com um só óvulo (uniovular); um estilete e dois ou três
estigmas plumosos.
Um possível perianto é formado de duas ou três escamas chamadas de lodículas, localizadas dentro
da lema na base da flor. Estas lodículas ajudam a forçar a abertura da lema e pálea na ocasião da
antese e desta forma ajudar a polinização.
Tipicamente as gramíneas são adaptadas a polinização cruzada, pelo vento, Mas muitas espécies são
cleistógamas, isto é, se autopolinizam antes da abertura da inflorescência.
Fruto ou Cariopse: o fruto da gramínea é a cariopse. A semente única cresce rapidamente até a
parede do ovário, formando um grão. O pericarpo é a parede celular modificada, enquanto a semente
é o óvulo desenvolvido. A cariopse pode estar livre da lema e da pálea como é o caso do trigo.
A cariopse pode se avolumar durante o amadurecimento e sair das glumas, lema e pálea como no
caso do milho.
O pericarpo se adere a semente e se parece então com os envoltórios da semente. O envoltório da
semente (testa), no entanto, é uma estrutura ovular enquanto que o pericarpo é a parede do ovário
modificada. O pericarpo protege a semente contra perda de umidade, ataque de microorganismos e
injúrias de fungicidas e inseticidas.
O embrião está colocado no lado da cariopse próximo a lema e pode ser facilmente visto como uma
depressão oval. Parte da cariopse que não é ocupada pelo embrião é o endosperma o qual tem a
função de armazenar reservas. O embrião consiste da plúmula, radícula e escutelo. Seguindo a
germinação, a plúmula se desenvolve na parte aérea da planta. A radícula se desenvolve no sistema
radicular primário, o qual suporta a plântula e absorve água. Durante a germinação o escutelo ou
cotilédone secreta de sua camada externa certas enzimas que dissolvem as reservas armazenadas no
endosperma. Isto torna possível o movimento de metabólitos entre a plúmula e a radícula.

LEGUMINOSAS
Descrição
O nome da família, Leguminosae, é derivado do termo “legume”, o qual é o nome do tipo de fruto
(vagem) característico desta família. Um legume é um fruto monocarpelar que contem somente uma
fileira de sementes e apresenta deiscência ao largo de ambas suturas.
Leguminosas são dicotiledôneas. Podendo ser anuais, bianuais ou perenes.
São plantas que apresentam como primeiro produto estável da redução de CO2 na fotossíntese, um
composto de 3 carbonos. Apresentam também, um menor ponto de saturação luminosa, ou seja,
suportam temperaturas menos elevadas.

Morfologia
Folhas: em algumas espécies as folhas podem ser simples, mas geralmente compostas, e em um
grande número de espécies, incluindo a maioria das leguminosas cultivadas, tem folhas trifoliadas.
Em outras espécies as folhas são paripenadas (terminando em um par de folíolos) ou imparipenadas
(terminando em um só folíolo). Existe freqüentemente um par de estípulas na base do pecíolo da
planta, o qual em algumas espécies são fundidos com a porção basal do pecíolo. Os folíolos podem
ser sésseis ou terem peciólulos os quais podem ter estípulas, geralmente pequenas e muito estreitas
na sua base.
Caule: o caule das leguminosas varia grandemente em diferentes espécies em comprimento,
tamanho, ramificação. Podem ser aéreos, prostados, trepadores, herbáceos ou lenhosos. Há também
caules subterrâneos (rizomas) e caules estoloníferos.
Raiz: a raiz é axial ou pivotante que persiste ao longo da vida da planta.
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Pode haver também raízes secundárias. Quase todas apresentam uma associação com bactérias
(Rhyzobium) fixadoras de nitrogênio.
Inflorescência: as flores são arranjadas em geral em rácemos, podendo ocorrer outras formas.
Flores: as flores das Papilionoideae são irregulares ou zigomorfas, isto é, só admitem um plano de
simetria. A flor consiste de cálice, corola, estames e pistilo. O cálice tem cinco sépalas unidas na parte
inferior. A corola consiste de cinco pétalas livres. A superior chamada estandarte é geralmente mais
larga do que as outras. As duas pétalas laterais são chamadas de asas. As inferiores se fundem
formando o que se chama de quilha, sendo que estas podem ser fundidas na ponta e geralmente
abraçam os estames e o pistilo.
Geralmente existem dez estames unidos pelos filetes e circundam o pistilo e são contidos na quilha; o
estame superior é geralmente livre. O pistilo tem um ovário (futura vagem), o estilete e o estigma.
Fruto: característico da espécie chamado de legume, que é seco e deiscente. Outros tipos que
ocorrem são: o lomento (Desmodium), e o aquênio (Stylosantes).
O fruto pode conter de uma a várias sementes. A semente é geralmente sem endosperma na
maturidade. Na semente da leguminosa as reservas estão nos dois cotilédones. O hilo é a cicatriz de
onde a semente estava presa à vagem.
O eixo do embrião está numa extremidade e nos bordos dos cotilédones e consiste da plúmula e
radícula.
Cada semente tem uma testa ou envoltório.

O aluno deverá consultar o livro “Manual de gramíneas e leguminosas para pastos


tropicais” de José Mitidieri, para complementar este tópico.

02. CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS BRAQUIÁRIAS


Brachiaria brizantha (Hochst. Ex A. Rich)
Perene, crescimento entouceirado, com colmos eretos e suberetos de até 1 m. Folhas glabras ou
pilosas, lineares ou lanceolada-linear, com 5 a 40 cm comprimento e 6 a 15 mm de largura. Panícula
de 2 a 8 rácemos os quais possuem de 5 a 15 cm de comprimento com ráquis estreito. Espiguetas de
4 a 6 mm de comprimento, glabra com alguns pelos junto da ponta, em duas fileiras que se parecem
com uma. Gluma inferior largamente ovada e abraçando a espigueta até a metade de seu
comprimento. Flósculo fértil de 4 a 5 mm de comprimento com a ponta curta e rombuda.
Brachiaria decumbens STAPF.
Perene com colmos reprodutivos de 30 a 60 cm, às vezes até 100 cm, ascendente de proposta,
freqüentemente longo, base do caule com muitos nós que se enraízam nos nós. Folhas pilosas,
lanceoladas, 4 a 14 cm comprimento com 8 a 12 mm de largura. Panícula com 2 a 5 rácemos
suberetos; rácemos com 2 a 5 cm de comprimento com ráquis chato. Espiguetas pilosas, 4 a 5 cm de
comprimento; gluma inferior com 1/3 a ½ do comprimento da espigueta. Floreta fértil com 3,5 a 4
cm.
Brachiaria humidicola
Perene com calmos reprodutivos de até 50 cm e numerosos estolões formando uma cobertura densa.
Folhas lanceoladas, geralmente glabras e “quebradiças”. Panícula de 3-5 rácemos 2 a 5 cm. Espigueta
com 5 cm, ligeiramente pilosa. Gluma inferior tão longa quanto a espigueta. Floreta fértil com 4 cm.
Brachiaria mutica- B. purpurascens (ANGOLA)
Perene, com colmos florais de 1 a 2 m, ascendente de perfilhos longos e prostados com muitos nós e
com enraizamento abundante.
Folhas glabras, ou ligeiramente pilosas, lanceoladas, 10 a 30 cm de comprimento por 8 a 20 mm de
largura. Panícula com 10 a 20 rácemos solteiros ou em par e ocasionalmente ramificados. Espiguetas
3 a 4 mm, glabrosa, em duas fileiras e se uma é séssil a outra é pedicelada parecendo 4 fileiras.
Gluma inferior cerca de 1/3 para ½ do comprimento da espigueta. Floreta fértil com 3 mm, amarelo
palha quando madura.
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Brachiaria plantaginea
Anual, com colmos de até 1 m, freqüentemente ramificados, geralmente decumbentes e enraizado
nos nós inferiores. Folhas glabras, lanceoladas, 5 a 25 cm por 8 a 15 mm. Panícula de 3 a 11
rácemos, sendo os inferiores 6 a 10 cm de comprimento. Espiguetas 5 mm, glabrosa. A gluma inferior
abraça a espigueta e é de certa forma distante do resto da espigueta.

Brachiaria radicans
Perene. Colmos com até 120 cm, geralmente ascendente de uma base longa e rasteira. folha
lanceolada, cordada na base, 7 a 16 cm por 7 a 14 mm. Panícula de 6 a 9 rácemos solitários, o
inferior com 4 a 6 cm. Espigueta subséssil, ovada, 3,5 mm, em duas fileiras distintas.
Brachiaria ruziziensis
Perene, com colmos florais até 1m, originando de perfilhos rasteiros com muitos nós os finais formam
uma densa cobertura. Folhas pilosas, lanceoladas, 10 a 25 cm por 10 a 15 mm, panícula de 3 a 6 cm
com um ráquis achatado com 3 a 5 mm de largura; os rácemos inferiores são 6 a 10 cm de
comprimento. Espiguetas pilosas, 5 mm de comprimento. Gluma inferior com 3 mm, saindo abaixo da
espigueta e abraçando-a inteiramente.

03. CHAVE ANALÍTICA DICOTÔMICA PARA DETERMINAÇÃO DAS ESPÉCIES DE Brachiaria MAIS
COMUNS
A chave apresentada abaixo foi proposta por SENDULSKY (1977), e mostra as dez espécies
encontradas com maior freqüência em nosso País:

1. Inflorescência em racemosa, planta de 0,3 a 2,0m de comprimento-------------------------------------2


inflorescência em panícula, planta de até 6m ou mais de comprimento.
Brachiaria purpurascens (B. mutica)

2. Ráquis de 1mm de largura---------------------------------------------------------------------------------------3


Ráquis com mais de 1mm de largura -------------------------------------------------------------------------5
3. Racemos 2 a 12, longos, de até 10 a 20cm de comprimento. Primeira gluma com 1/3 do
comprimento da espigueta. Espigueta geralmente unisseriadas ao longo da ráquis.
Brachiaria brizantha.

Racemos 3 a 4, curtos, com 4 a 6cm de comprimento, primeira gluma com o comprimento da


espigueta, apresenta nervuras longitudinais, numerosas e paralelas. Espiguetas geralmente
bisseriadas ao longo da ráquis----------------------------------------------------------------------------------4
4. Espiguetas de até 7 mm de comprimento, de alongado. Na junção da lâmina foliar com bainha, na
parte exterior, há uma nítida saliência em forma de cordão ondulado, por onde as folhas velhas se
destacam. Bordo serrilhado em toda extensão.
Brachiaria dictyoneura,

Espiguetas até 5 mm de comprimento de contorno arredondado. Na junção da lâmina foliar com a


bainha, na parte exterior, não há saliência em forma de cordão ondulado. Bordo serrilhado apenas
no terço final.
Brachiaria humidicola.

5. Ráquis de 4 mm de largura. As densas nervuras da ráquis formam um desenho listrado. Cor das
folhas verdes amareladas.
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Brachiaria ruziziensis

Ráquis de 1,5 a 2,5 mm de largura ---------------------------------------------------------------------------6


6. Folhas linear lanceoladas, glabras ou com pilosidade esparsa, de cor verde. Não têm aspecto
suculento e a base não é cordiforme -------------------------------------------------------------------------7
Folhas lanceoladas, glabras brilhantes, de aspecto suculento, cor verde escura e com base
cordiforme.
Brachiaria radicans

7. Espiguetas glabras -----------------------------------------------------------------------------------------------8


Espiguetas com pelos na parte apical ------------------------------------------------------------------------9
8. A segunda gluma e lema estéril ultrapassam em comprimento o lema fértil e apresentam nervuras
transversais.
Brachiaria extensa

A segunda gluma e lema estéril são do comprimento do lema fértil, e não apresentam nervuras
transversais.
Brachiaria plantaginea

9. Folhas macias e felpudas, planta de 30 a 60 cm de altura, decumbente, rasteira, radicante nos nós,
não produzindo sementes em quantidade satisfatória para formação da pastagem.
Brachiaria decumbens (IPEAN).

Folhas rígidas esparsamente pilosas. Planta com 1 m de altura, nós inferiores pouco radicante e
com grande produção de sementes para formação de pastagem.
Brachiaria decumbens (Austrália)

COMPLETE OS CAMPOS ABAIXO


Nome Comum: capim-gordura
Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:_________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: capim-tanzânia


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________

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Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:_________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: capim-mombaça


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:_________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: capim-setária


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: capim-marandú


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:_________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

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Nome Comum: capim-braquiária
Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:_________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: capim-gamba


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: capim-elefante


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: capim-jaraguá


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:_________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________

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Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: capim-de-rhodes


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: alfafa


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: estilosantes


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: kudzú tropical


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________

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Melhor uso:_________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: leucena


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:_________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: feijão guandú


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: mucuna preta


Nome Científico:____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:_________________________________________________________
Produção de semente:_______________________________________________________________
Resistência ao fogo:_________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: feijão de porco


Nome Científico:_____________________________________________________________________

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Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:_________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: amendoim forrageiro


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: calopogônio


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:_________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: siratro


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:_________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

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Nome Comum: soja perene


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

Nome Comum: macrotiloma


Nome Científico:_____________________________________________________________________
Propagação:________________________________________________________________________
Exigência em fertilidade:______________________________________________________________
Tolerância à seca:___________________________________________________________________
Melhor uso:________________________________________________________________________
Tolerância ao encharcamento:__________________________________________________________
Produção de semente:________________________________________________________________
Resistência ao fogo:__________________________________________________________________
Resistência às pragas e doenças:_______________________________________________________

O aluno deverá consultar o livro “Plantas Forrageiras: Gramíneas e Leguminosas” de Paulo


Bardauil Alcântara e Gilberto Bufarah, para complementar este tópico.

04. PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA MANEJO DE PASTAGENS


Desfoliação e ponto de crescimento
Para melhor atender aos princípios que regem o manejo das pastagens, é conveniente recordar que
uma planta é considerada boa forrageira quando é capaz de rebrotar após a remoção de sua parte
aérea (seja mecanicamente ou pelo animal que a pasteja) e quanto mais depressa o fizer, melhor
característica forrageira possui. São muito raras as plantas consideradas forrageiras que não possuem
a característica de rebrota após o corte.
É conceito já estabelecido que, quanto maior for a proporção de folhas remanescentes após o corte
ou pastejo, mais rapidamente a planta conseguirá recuperar-se, visto que a fotossíntese é capaz de
produzir os compostos orgânicos que constituem a base do crescimento. No entanto, é bom lembrar
que parte das vezes somente a boa proporção de folhas não é suficiente, visto que as que
permanecem são justamente as folhas menos tenras e por isto menos eficientes no processo
fotossintético.
No meio técnico-científico, o remanescente das folhas expressa-se através do Índice de Área Foliar
(IAF), que nada mais é do que a área total das folhas que vegetam numa área determinada de solo.
Esta característica, como se pode supor, é difícil de medir, ainda mais na área de produção. Desta
forma, dependendo do hábito das plantas, a altura do pasto seria um indicador das condições de
folhas remanescentes e, conseqüentemente, um sinal de probabilidade da rápida recuperação do
pasto após o pastejo.

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Não obstante a função das folhas remanescentes ser considerada importante, entende-se que muito
mais importante é a formação de novas folhas que são, sem dúvida, muito mais eficientes no
processo fotossintético, responsável pelo crescimento e acúmulo de compostos orgânicos na planta.
Deste modo, a não remoção do meristema apical (ponto de crescimento), tem muito mais
importância, pois é a partir deste meristema que tem origem a regeneração foliar. Portanto, quanto
maior for a remoção destes pontos de crescimento, tanto mais lentamente conseguirá a pastagem
sua recuperação para novo pastejo.
Assim, surge na prática um modo de garantir a boa rebrota do pasto, não permitindo que os animais
rebaixem demasiado a pastagem, a ponto de removerem grande parte dos meristemas apicais.
Controlando a altura de pastejo está garantido-se a boa rebrota e muitas vezes até a própria
sobrevivência da pastagem. Certamente que a altura de pastejo é diferente para cada capim, pois
depende de suas características especiais. Plantas de crescimento ereto, como o capim-gordura,
capim-buffel, etc, não podem ser pastejadas muito baixas, pois a proporção de pontos de
crescimento eliminada é muito grande, prejudicando a rebrota. Já as plantas de crescimento
decumbente (prostrado), como algumas braquiárias, suportam melhor o pastejo mais baixo sem
sofrer graves conseqüências na rebrota e mesmo na sua permanência na pastagem. Quanto mais
intensa for a desfoliação que retira pontos de crescimento, mais a planta depende de outros
mecanismos para rebrotar e crescer, pelo menos inicialmente, o que provoca o seu enfraquecimento
e virtual desaparecimento.

Reservas de carboidratos
As forragens, ao logo do seu ciclo de vida, acumulam carboidratos não estruturais, principalmente
nas raízes e nas partes mais baixas do caule. Estas reservas são utilizadas para a sobrevivência da
planta sob diversas condições quando não seja possível a fotossíntese por parte das folhas verdes.
Assim, quando a forrageira é cortada, removendo a maior parte das folhas, ou às vezes a totalidade,
a rebrota e o crescimento inicial dão-se às expensas dos carboidratos de reserva.
Esta característica garante a sobrevivência da planta, mesmo quando o desfolhamento é drástico. No
entanto, não é difícil concluir que, quando o desfolhamento é drástico e freqüente, a diminuição das
reservas de carboidratos é intensa, comprometendo a permanência da planta na pastagem. Em casos
extremos, como o uso de lotações elevadas, as pastagens diminuem pelo pouco vigor das plantas e
mesmo pelo seu desaparecimento. Estes carboidratos constituem como que um excesso do que é
produzido e consumido pela planta nos vários processos biológicos conhecidos, ao longo do ciclo
vegetativo da planta.
É fácil então prever que será necessário um determinado tempo para que a planta tenha
oportunidade de refazer estas reservas. De tal maneira, o “tempo de descanso” de uma pastagem,
após o pastejo, é fator muito importante ao estabelecer-se um sistema de manejo de pastagens.
Naturalmente que, conforme a espécie e suas características particulares, o tempo de descanso é
variável, devendo dar-se a cada pastagem o período suficiente para que as forrageiras que a
compõem se refaçam do desfolhamento e iniciem a recuperação das reservas para próximos
pastejos.
Igualmente importante é estar consciente de que durante determinadas épocas do ano, quando o
clima apresenta temperaturas mais baixas e ausência ou deficiência de chuvas, a recuperação das
forrageiras torna-se mais lenta, devendo-se dar mais tempo de descanso às pastagens.
Na prática de produção, então, deve-se respeitar pelo menos estes dois conceitos: o de desfoliação e
ponto de crescimento, traduzido em altura de pasto, e tempo de descanso, ambos, quando bem
ponderados, serão capazes de oferecer informação suficiente e adequada para manejar
racionalmente as pastagens. Este comportamento deve assegurar não somente o bom desempenho
dos animais e da pastagem, como também a persistência dela, durante um período que permita o
retorno econômico dos investimentos iniciais no estabelecimento de pastagens e da infra-estrutura
indispensável ao seu bom manejo (cercas, aguadas, cochos de sal, etc).
Chega-se assim à pergunta:
Como manejar então cada pastagem?
Esta pergunta somente pode ser respondida quando existe suficiente informação e, principalmente,
informação regionalizada. Cada espécie comporta-se, em algum grau, diferentemente das outras e da
mesma espécie, em regiões de economia diferente.
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Reações da pastagem ao corte
Apesar de inúmeros experimentos, a resposta em termos de produtividade a diversas freqüências de
corte não está perfeitamente esclarecida. No entanto, pode-se considerar comum obter uma
produtividade anual mais elevada, quando se dá maior intervalo entre cortes.
A desfoliação reduz o crescimento radicular, sendo o tamanho mais afetado que o número de raízes.
A redução no crescimento radicular está positivamente relacionada com a freqüência de desfoliação e
negativamente relacionada com a área foliar remanescente após a desfoliação. Nas leguminosas, os
nódulos são os órgãos primeiramente afetados e reduzidos em seu crescimento pela desfoliação
intensa, seguido pelo crescimento radicular, sendo o crescimento das folhas o menos afetado.

Área foliar como determinante do crescimento das pastagens


O Índice da Área Foliar (IAF), que é a relação entre a área de folhagem e a superfície do solo que
ocupa, tem sido usado para explicar a reação das plantas ao corte. Alguns técnicos têm postulado
que o pastejo ou corte deveria fazer-se de forma a manter uma massa de forragem que intercepte
95-100% de luz solar que chega à superfície do solo, e que possua características que permitam uma
máxima taxa de fotossíntese. No entanto, têm-se encontrado muitos fatores que dificultam a
aplicação do conceito do IAF ótimo, na prática.
Destaca-se o fato de que as áreas fotossintéticas da planta podem variar muito na eficiência, sendo
as folhas mais velhas menos eficientes que as mais novas. A penetração de luz na pastagem varia de
acordo com a distribuição espacial das folhas, sendo que a produtividade aumenta quando o ângulo
de inserção das folhas superiores é menor do que os inferiores, encontrando-se as folhas bem
espaçadas no caule. Por outro lado, o conceito de eficiência na utilização de luz não tem nenhuma
relação nas condições em que o crescimento é limitado por falta de água ou nutrientes.
IAF teto  é aquele em que as folhas de posição inferior morrem no mesmo ritmo em que novas são
formadas.
IAF Ótimo  é aquele próximo da quase completa interceptação da luz disponível, sendo variável
com as espécies e variedades, em função das diferentes formas de crescimento. Além
desse estágio, os aumentos na área foliar acentuam o efeito de sombra sobre as folhas
de baixo, resultando em taxa de fotossíntese menor que a taxa respiratória. O balanço
energético passa a ser negativo, abaixo do ponto de compensação (FS = RP),
envolvendo toda a folhagem com iluminação insuficiente e podendo em casos extremos,
promover a morte da planta, a não ser que esta perca alguma de suas partes parasitas.
Hábito de Crescimento  espécies prostradas ou decumbentes são menos atingidas em sua área
foliar pelo pastejo ou corte. Há sempre uma área foliar residual suficiente para rápida
recuperação do relvado.

Efeitos da desfoliação sobre a absorção de nutrientes


É conhecido que o crescimento radicular cessa após uma severa desfoliação, durando de 6 a 8 dias.
O consumo de minerais e água pela raiz também é grandemente reduzido. Alguns trabalhos têm
mostrado que consumo de fósforo está fortemente relacionado com a taxa de crescimento radicular
após uma desfoliação severa.
Isto sugere uma maneira diferente pela qual os carboidratos não estruturais poderiam afetar o
crescimento após a desfoliação. Como o consumo de água e nutrientes é um processo energético, um
baixo conteúdo de carboidratos nas raízes poderia reduzir a absorção daqueles elementos essenciais
para o crescimento.

Seletividade
Na pastagem, o animal dispõe geralmente de uma variedade de espécies de diferentes proporções de
folhas, talos, inflorescências e sementes. O gado geralmente seleciona folhas em detrimento do talo,
e folhas novas em preferência às velhas. A forragem selecionada é geralmente mais rica em proteína,
fósforo e carboidratos solúveis, digestibilidade e energia bruta e mais pobre em lignina e carboidratos
estruturais que a planta inteira. A seletividade, no entanto, não é, salvo exceções, uma conseqüência

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direta das diferenças químicas. A seleção de uma espécie ou parte da planta em detrimento de
outras, depende da relativa palatabilidade, acessibilidade e disponibilidade da planta e seus
componentes.
À medida que a disponibilidade diminui, a seletividade também decresce e os animais têm de
consumir a forragem menos apetecida. O animal adapta-se de tal forma que, embora continue
procurando as espécies ou pastos preferidos em baixa disponibilidade, espécies ou pastos
previamente não preferidos começam a fazer parte importante da dieta. O tempo de pastejo e o
número de bocadas aumentam à medida que o tamanho das bocadas diminui. Quando a pressão de
pastejo aumenta, as diferenças em aceitabilidade reduzem-se. O aspecto físico (estrutura do extrato)
da pastagem é importante no que se refere ao pastejo seletivo.
Vários autores têm observado que a longitude das folhas tem influenciado o tempo de pastejo. Tem-
se demonstrado a importância da densidade da pastagem, especialmente de folhas, no tempo de
pastejo. Em pastagens puras de leguminosas e gramíneas observou-se que uma baixa densidade
pode impedir um consumo satisfatório, ainda que se observe uma aparente abundância de forragem.
Isto é particularmente certo com as leguminosas tropicais. O pastejo seletivo muda a composição da
pastagem, consumindo as fontes fotossintéticas mais ativas, isto é, folhas verdes e novas. Isto por
sua vez influi na distribuição de luz através do extrato, particularmente nas pastagens tropicais, com
efeitos concomitantes sobre a produtividade e composição botânica da pastagem. Se a carga animal
é baixa, os animais podem pastejar seletivamente e neste sentido a pouca palatabilidade de muitas
leguminosas tropicais, particularmente no período das águas, é de grande importância para a
persistência das mesmas.
STOBBS (1973) observou que a quantidade de MO/bocado depende da estrutura do relvado.
Correlacionando-se positivamente com a porcentagem de folhas (0,63) e porcentagem de folhas nas
camadas superiores (0,73).
Valor nutritivo
Sempre que os minerais, vitaminas e água forem consumidos em quantidades satisfatórias, os
bovinos em pastejo dependem da energia e proteína provida pela forragem. Como minerais e
vitaminas podem ser adicionados em forma de suplemento, é comum considerar o valor nutritivo das
forragens, em termos de consumo voluntário de matéria seca e digestibilidade da forragem, por
unidade de alimento. Por consumo voluntário, entende-se a quantidade de matéria seca que o animal
ingere, quando o alimento não é restringido. O termo palatabilidade tem um significado totalmente
diferente, indicando o grau de preferência de um tipo de alimento em relação a outros.
Conseqüentemente uma forragem pode ser menos palatável que outra, porém sem ser consumida
em menor quantidade. Esta situação não é rara, quando se comparam gramíneas e leguminosas
tropicais. As primeiras em geral são mais apetecidas que as segundas, quando uma pastagem
consorciada é pastejada por bovinos. Porém, quando a forragem é ministrada em cochos, sem
possibilidade de escolha, os animais consomem geralmente maior quantidade de leguminosas que de
gramíneas.
A digestibilidade é a porcentagem do alimento ingerido que não é excretado nas fezes, ou seja, que
foi absorvido no trato digestivo.
A avaliação do consumo e digestibilidade em condições similares às que se enfrentam na prática,
seria a forma mais lógica de avaliação. No entanto, esta forma de avaliação apresenta uma série de
dificuldades, o que levou os pesquisadores a desenvolver análises in vitro da digestibilidade das
forragens. Porém, estas análises não permitem predizer com segurança a performance dos animais
em pastejo. Esta dificuldade se deve ao fato das pastagens não ser homogêneas, no que se refere ao
valor nutritivo. Geralmente são formadas por várias espécies de plantas forrageiras. Por outro lado,
em uma planta observam-se diferenças no valor nutritivo entre partes da mesma (folha, talo, folhas
novas, folhas secas, etc). O animal; em pastejo seleciona uma dieta com valor nutritivo superior ao
valor da dieta oferecida. A importância do pastejo seletivo, como forma se aumentar o valor nutritivo
da dieta, depende das diferenças em valor nutritivo na pastagem, da seletividade que o animal faz e
da proporção de forragem oferecida que é consumida.
Valor nutritivo é influenciado por:
aceitabilidade;
relação folha/haste; e
composição química e digestibilidade.

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Consumo voluntário
Salvo poucas espécies, o consumo voluntário de forragem diminui à medida que a pastagem
amadurece. Alguns autores sugerem que o consumo voluntário de forragem é determinado
principalmente pela taxa de digestão no rúmen. O incremento na proporção de componentes
estruturais e não estruturais, associado com a idade da forragem, provavelmente seja a causa da
redução na taxa de digestão. Existe uma correlação significativa entre o consumo e a porcentagem
de parede celular. Como geralmente observa-se um decréscimo no consumo com a idade da
forragem, a comparação entre espécies ou variedades de pasto deve ser realizada em um estágio
semelhante de maturação. Apesar do consumo de forragem geralmente estar regulado pela
capacidade e taxa de digestão no rúmen. Quando a forragem não contém suficiente quantidade de N,
o consumo é reduzido abaixo do potencial. O nível de proteína crítico na forragem está entre 6 e
8,5%. Valores inferiores a estes têm sido encontrados, com freqüência, em pastagens na época seca.

A deficiência em N pode ser sanada por três vias:


aplicando fertilizante nitrogenado na pastagem;
introduzindo uma leguminosa; e,
ministrando nitrogênio suplementar.
A fertilização nitrogenada, aplicada na entrada do período seco, praticamente não modifica a
digestibilidade da pastagem, mas tem aumentado o consumo entre 10 e 78%. Em condições de
pastejo, a aplicação de fertilizante nitrogenado aumentou o conteúdo de proteína de sete espécies de
gramíneas na seca e os ganhos de peso diários. Os ganhos de peso também têm melhorado com a
inclusão de leguminosas nas pastagens. Incrementos nos ganhos de peso proporcionais ao
percentual de leguminosas têm sido observados. Todavia esta resposta em regime de pastejo
também pode ser atribuída a um incremento na produção da pastagem e/ou melhor valor nutritivo da
leguminosa. A outra forma de eliminar uma deficiência de nitrogênio na forragem é oferecer um
suplemento protéico ou uréia. Geralmente tem-se observado um aumento no consumo de forragens
deficientes em N, quando suplementadas com uréia, atenuando ou eliminando as perdas de peso. No
entanto, os efeitos são menos evidentes a longo prazo, por causa do ganho compensatório que
geralmente ocorre nos animais não suplementados.

Digestibilidade
O efeito da maturação da pastagem na produção animal é conhecido de todos e é a causa principal
das mudanças cíclicas dos ganhos animais em pastejo. À medida que a forragem envelhece, a
digestibilidade diminui, todavia na mesma idade ou estágio de crescimento encontram-se diferenças
em digestibilidade entre diferentes espécies forrageiras. O consumo de matéria seca geralmente
diminui, à medida que a digestibilidade também diminui. Porém, alguns autores mostram que para
algumas espécies, apesar da queda da digestibilidade, o consumo permaneceu constante. Variedades
de uma espécie, apresentam consumos diferentes, apesar da digestibilidade, semelhante, em função
da folha de cada variedade.

05. CARACTERÍSTICAS DE UMA BOA FORRAGEIRA


Potencial de rebrota;
Alta relação folha/haste;
Bom crescimento durante o ano todo;
Ser perene;
Facilidade em se estabelecer e dominar;
Produzir sementes férteis em abundância e de fácil colheita;
Boa palatabilidade.;
Resistência às pragas e doenças
Resistência a extremos climáticos;
Resistência ao fogo e a abalos mecânicos;
Alto valor nutritivo.

O aluno deverá consultar no livro “Ecofisiologia da Produção Agrícola” o capítulo


“Ecofisiologia de plantas forrageiras” de. Rodrigues, L. R. A. e Rodrigues, T. J. D.
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06. FATORES LIMITANTES DA PRODUÇÃO FORRAGEIRA
Causas da baixa produtividade das pastagens:
Baixa fertilidade natural dos solos;
Pouco uso de fertilizantes;
Manejo inadequado das pastagens  Meristema Apical, CHO’S, IAF;
Utilização de espécies pouco produtivas (inadequadas à região);
Estacionalidade da produção.

Estacionalidade tem sido apontada como um dos fatores que mais contribui para a baixa
produtividade dos rebanhos.

Distribuição estacional da produção forrageira durante o ano

A lotação das pastagens, na grande maioria dos casos, é ajustada em função da produção mínima do
inverno.
Dentre os aspectos desejáveis na utilização de plantas forrageiras, a boa distribuição da produção
durante o ano pode ser considerada um dos atributos mais atraentes. Todavia, o ritmo de
crescimento de plantas sofre influências marcantes, além das condições de solo e manejo, e das
condições que regulam ou até mesmo impedem o desenvolvimento vegetal.
Plantas forrageiras tropicais apresentam taxa de FS. máxima às temperaturas de 30-35ºC e mínima à
15ºC.
As baixas temperaturas noturnas nas regiões dos trópicos e sub-trópicos são apontadas como os
principais agentes causadores da estacionalidade de crescimento de plantas tropicais, além do
fotoperíodo.
Baixa temperatura  permanência de amido (baixa atividade da amilase) no cloroplasto por período
de tempo além do normal reduz a atividade fotossintética  crescimento lento.
Plantas forrageiras de clima temperado apresentam taxa F.S. ótima à temperatura próxima de 20ºC,
que reduz rapidamente às temperaturas de 10-5ºC.
As condições de baixas temperaturas de inverno <10ºC associadas à baixa radiação solar
(temperadas), provocam a estacionalidade. No verão, a variação de radiação solar e a elevada
evapotranspiração freqüentemente diminuem o ritmo de crescimento de plantas em algumas regiões.
Nas regiões áridas e semi-áridas, a deficiência hídrica é o principal fator de estacionalidade.
Segundo Mc DOWELL (1972) as áreas entre 30º de latitude N e S são caracterizadas por:
36% das áreas apresentam limitação pela temperatura
31% das áreas apresentam deficiência hídrica
24% das áreas apresentam deficiência de temperatura e hídrica
09% das áreas não apresentam deficiências.
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Opções para solução
Adoção de pastejo diferido  Feno em pé;
Uso de espécies resistentes às condições de inverno;
Forragens conservadas  Feno, silagem, resíduos Agro-industriais e culturas de inverno;
Irrigação  viável em culturas de inverno;
Leguminosas X gramíneas; e,
Sistemas Silvipastoris?

Pastejo diferido ou protelado


Estádio de crescimento x valor nutritivo;
Decisão sobre época de diferimento em função da época em que se estabelece na região um
fator limitante ao crescimento;
Brasil Central  Fevereiro/Março  pastejo 60 dias após;
Pastejo Diferido  enquadra-se nos sistemas de baixa produtividade (CORSI, 1978) – < V. N. ;
< Disponibilidade; e,
Uso de leguminosas  somente nos casos de baixa lotação poderia atenuar o problema da
estacionalidade.

Forrageiras resistentes ao inverno


Mesmo aquelas que apresentam resistência ao clima apresentam baixas produtividades.
Culturas de inverno  suportam condições do Brasil Central
Aveia e Trevo
Uso de baixadas e várzeas de alta fertilidade
Uso de máquinas, irrigação e adubação
Uso de animais de alto potencial.

Forragem conservada, culturas de inverno, resíduos agroindustriais

Verão – produção máxima x chuvas


Feno  Falta de pesquisas
Pouco uso Produção no fim das chuvas x V. N. baixo
FARIA (1975) Falta de máquinas adequadas

Maior produção por área


Vantagens Alta qualidade
CORSI (1978) Resposta à adubação, rebrota rápida
Retornos econômicos à adubação devido a crescimento rápido

Qualidade da forragem é baixa


Resultados duvidosos Manejo das pastagens é deficiente
ROLIM (1980) Considera performance animal e não produção/área
Uso de animais de baixo potencial
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Reconhecido o fato de que os vários componentes de um ecossistema de pastagem estão
estreitamente ligados, é importante lembrar que o sucesso da exploração de forrageiras, sob
condições de pastejo, pode ser conseguido através do manejo adequado das pastagens. Portanto,
vale a pena realçar que o desacoplamento desses dois grupos (Planta/Animal), quer seja conceitual
ou experimentalmente, é artificial e, em muitos casos, nos conduz a situações irreais na prática.
A produção de plantas forrageiras sob pastejo depende de fatores climáticos e edáficos e das
condições de manejo que lhe são impostas.
Os efeitos da desfolhação em plantas forrageiras podem ser quantificados e avaliados em termos de
freqüência, intensidade e época:
Freqüência  intervalo de tempo entre cortes.
Intensidade  porção removida.
Época  considerada em relação ao estádio de desenvolvimento.
Mais recentemente, os resultados de pesquisa têm realçado a importância de um novo conceito a ser
observado no manejo de pastagens e que nós poderíamos denominar de potencial de reposição de
folhas. Este conceito é abrangente, pois engloba os seguintes aspectos:
admite a importância dos carboidratos não estruturais como fonte de energia
prontamente disponível, que seria utilizada pelas plantas logo após a desfolha para
manter as suas atividades vitais;
respeita o conceito de índice de área foliar no sentido de que a desfoliação total das
plantas não é desejável, pois a fotossíntese sofreria uma interrupção brusca, afetando
sensivelmente as taxas de rebrota; e,
destaca a importância da sobrevivência dos meristemas apicais como fator fundamental
para condicionar uma rápida reposição de folhas na pastagem.

Fatores genéticos
Alvo de um considerável número de pesquisas, principalmente nos países mais desenvolvidos (plantas
forrageiras temperadas), o melhoramento de plantas tem sido conceituado como a arte e a ciência de
modificar as plantas. O processo consiste na seleção, cruzamento, e multiplicação de plantas
geneticamente mais produtivas e/ou resistentes a pragas e doenças.
O Brasil possui recursos ilimitados no que concerne a possibilidade de domesticar um grande número
de gramíneas e leguminosas para a formação de pastagens cultivadas e/ou melhoradas. Apesar de o
pouco que se conhece sobre a vegetação herbácea brasileira representar muito em nº de espécies,
ecotipos e variabilidades, muito pouco tem sido feito em melhoramento.
Os reduzidos programas de melhoramento de plantas forrageiras que existem no Brasil, foram
conduzidos com espécies exóticas. A grande contribuição que se espera do Brasil para a produção
animal dos trópicos e sub-trópicos, certamente ainda está por vir.
Objetivos do Melhoramento
Os objetivos principais estão relacionados ao aumento do rendimento forrageiro e melhoria do valor
nutritivo. Rendimento é influenciado pelos seguintes fatores:
adaptação ao solo e clima;
resistência a doenças e pragas;
adaptação ao pisoteio;
hábito de crescimento; e,
vigor e recuperação após o corte ou pastejo.

Fatores ambientais
Conforme a sua estrutura, exigências nutricionais e hídricas, exigências por luz, dentre outros,
reconhece-se que as plantas adaptam-se às diversas condições edafo-climáticas. Assim, uma

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determinada área geográfica, apresentando variações de solo e clima, deve ser dividida em regiões
as mais homogêneas possíveis, para a implantação de pastagens cultivadas. Tenta-se com isso,
estabelecer normas mínimas de adequação da melhor combinação, que propiciem ganhos tanto
biológicos quanto econômicos. Dentre os fatores ambientais que interferem na produção forrageira,
destacam-se o clima e o solo.
As pastagens tropicais e subtropicais estão constituídas principalmente por espécies pertencentes as
famílias Gramineae e Leguminosae.

Luz
As plantas forrageiras estão condicionadas à luz para obtenção da energia necessária para a
fotossíntese. A intensidade do processo pode ser medida pelo consumo de CO2 ou pela liberação de
O2.
Luz
CO2 + 2H2O CH2O + O2 + H2O (Fotossíntese)

CH2O + O2 CO2 + H2O (Respiração)

Intensidade: a luz como fator ambiental é variável, especialmente na sua intensidade e duração –
ângulo de incidência, latitude, nuvens e umidade do ar. Pastos situados em locais de menor
exposição à luz apresentam desenvolvimento mais lento. A face que recebe maior quantidade de
energia radiante (>F.S.), apresenta plantas com maior teor de carboidratos.
O regime de radiação é o determinante básico do crescimento das plantas através dos seus efeitos
sobre a fotossíntese e outros processos fisiológicos, como a transpiração e a absorção de nutrientes.
A absorção e a utilização fotossintética da energia radiante pela comunidade vegetal estão
relacionadas com a quantidade de energia recebida pelas folhas, de forma individual, e pelas plantas
como um todo. Num determinado instante, os elementos fotossintéticos da comunidade de plantas
compreendem uma série de estruturas de diferentes idades que estão sujeitos não somente aos
efeitos do clima, mas também a outras restrições do ambiente como o sombreamento, que aumenta
com o desenvolvimento da pastagem. Muito embora altas taxas de fotossíntese possam ser
observadas numa folha individualmente, o uso mais eficiente da energia é atingido pela planta como
um todo.

“Nos trópicos, se houver pouca luminosidade, a limitação do crescimento é maior, pois a temperatura
é mais alta, causando aumento de gastos pela respiração, não compensados pela fotossíntese”.

Ponto de Compensação: é o ponto no qual a intensidade de fotossíntese é igual à intensidade de


respiração, isto é, a quantidade de CO2 consumida é igual à quantidade de CO2 produzida. Um
aspecto interessante relacionado com a fotossíntese de plantas forrageiras é o fato de que as folhas
das espécies C3 saturam-se de luz em intensidades luminosas mais baixas do que as espécies C4. Por
outro lado, a temperatura ótima para fotossíntese em plantas C4 é mais elevada do que em plantas
C3.

Fotoperíodo: a radiação solar interfere no crescimento das plantas através da variação estacional que
se observa no comprimento dos dias em diferentes latitudes. Num grande número de espécies
forrageiras, a mudança do estádio vegetativo de crescimento para o estádio reprodutivo é induzida
pela mudança no comprimento do dia. Com relação ao fotoperíodo necessário para florescimento, as
plantas forrageiras têm sido classificadas em plantas de dia curto, plantas de dia longo, plantas
intermediárias e plantas indeterminadas ou neutras. O fotoperíodo não só condiciona se uma
forrageira irá florescer e produzir sementes numa dada região, mas também determina o
comprimento do período vegetativo de crescimento, o qual é de grande importância para o manejo
das pastagens.

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Temperatura
As variações que ocorrem na temperatura ambiental, além de afetar a taxa de fotossíntese líquida,
podem afetar a taxa de desenvolvimento da área foliar e, conseqüentemente, a produção de matéria
seca de capins e leguminosas utilizadas em pastagens.
Dados obtidos na Austrália, com capim-buffel, mostram que em condições naturais o aumento na
radiação solar estimula a produção das diferentes partes da planta. Neste contexto, poder-se-ia
esperar que o sombreamento reduzisse o crescimento das plantas. De fato, em experimento realizado
com Cynodon dactylon cv. Coastal, constatou-se que com a redução na disponibilidade de luz houve
diminuição da produção de matéria seca de forragem, da produção de raízes e rizomas e do teor de
carboidratos de reserva na planta.
A influência da temperatura se faz sentir, ainda, de forma indireta fazendo variar a umidade e a
quantidade de minerais absorvidos pela planta e seu transporte dentro desta planta. O efeito do
pastejo será diverso em diferentes temperaturas. Deve-se efetuá-lo quando a taxa de respiração for
menor que a de fotossíntese. Como as temperaturas baixas oferecem pequenas vantagens para a
respiração, um pastejo no inverno será menos prejudicial que no verão. Se o pastejo for realizado no
verão e as plantas se encontrarem em fase de intenso desenvolvimento vegetativo, os danos,
expressos em termos de reservas, serão maiores, haja vista que as plantas não acumularão reservas
orgânicas, e, conseqüentemente, ter-se-á uma durabilidade menor. Temperaturas baixas influem
negativamente sobre as raízes, diminuindo sua capacidade de extrair minerais. Assim, para ativar o
crescimento nessa condição pode-se usar fertilizantes de fácil e rápida assimilação.

INVERNO MAIOR RESPIRAÇÃO MAIOR CONSUMO DE CHO’S


VERÃO MAIOR FOTOSSÍNTESE MAIOR ACÚMULO DE CHO’S
PASTEJO NO INVERNO É MENOS PREJUDICIAL QUE NO VERÃO
Água
A essencialidade da água para as plantas deve-se à sua contribuição na manutenção e preservação
de suas funções vitais. A disponibilidade de água para as plantas na pastagem pode aumentar sob
condições de pastejo em decorrência da redução da superfície transpirante. Assim, como
conseqüência da maior disponibilidade de água, a fotossíntese é estimulada. Por outro lado, a
importância da deficiência hídrica pode ser avaliada através do seu efeito sobre o crescimento celular,
que é um dos parâmetros fisiológicos mais sensíveis à falta de água. Tão logo ocorra a perda de
turgor, o processo de elongação cessa.
Funções da água:
Constituinte do protoplasma
Participação em reações químicas
Solvente e meio de transporte
Turgescência
Estabilidade térmica
Movimentos.
Exigências: varia de espécie para espécie
271g H2O / 1g M.S. → Sorgo
350/400g H2O / 1g M.S.→ Capins
800g H2O / 1g M.S. → alfafa
Plantas C3 x Plantas C4
Em termos de produtividade de pastagens, é interessante salientar que as gramíneas tropicais
apresentam o metabolismo C4 de fotossíntese, enquanto as gramíneas e leguminosas temperadas e
as leguminosas tropicais apresentam o metabolismo C3.
As produções mais elevadas de matéria seca encontradas em plantas C4, quando comparadas com
plantas C3, têm sido atribuídas ao período de crescimento mais longo, decorrente de condições
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ambientais mais favoráveis nas regiões tropicais. Na verdade, o potencial de produção mais elevado
apresentado pelas espécies C4 em baixa latitude é praticamente eliminado entre 40 e 50º de latitude.
Este fato sugere que a vantagem real da via metabólica C4 reside na melhor adaptação das plantas às
condições de maior insolação e temperatura e, conseqüentemente, numa melhor eficiência do uso da
água.

O aluno deverá consultar no livro “Ecofisiologia da Produção Agrícola” o capítulo


“Ecofisiologia de plantas forrageiras” de Rodrigues, L. R. A. e Rodrigues, T. J. D.

07. ADUBAÇÃO DE PASTAGENS


A nutrição mineral de plantas constitui-se num ramo da fisiologia vegetal relacionada com a aquisição
dos nutrientes e suas funções na vida do vegetal.
Os substratos químicos (solo, água e ar) desempenham um papel importante para o desenvolvimento
das plantas. O solo, entretanto, é o meio mais fácil de ser modificado pelo homem, através
principalmente do uso de fertilizantes, tornando-se assim mais produtivo. É, também, considerado o
principal substrato mineral para o crescimento e desenvolvimento dos vegetais, muito embora seja
considerado um meio extremamente heterogêneo em qualquer lugar, variando além disso em
propriedades físicas, químicas e biológicas de um local para outro, em função do material de origem,
do clima, da topografia, idade e fatores biológicos.
Um dos problemas sérios para a implantação de forrageiras é a fase de estabelecimento, que, se for
mal conduzida, fatalmente haverá invasão por espécies indesejáveis e concomitante redução da
capacidade produtiva. Assim deve-se dar especial atenção para garantir um bom estabelecimento,
utilizando-se níveis adequados de corretivos e fertilizantes.
Lei de Liebig
A produção é governada pelo elemento que está no mínimo, ou seja, pelo nutriente que aparece no
solo em menor proporção relativamente aos demais.

Nitrogênio
Gramíneas C4, têm alta capacidade fotossintética, usam água eficientemente, e respondem ao N com
altas taxas de crescimento.
Pastagens fertilizadas com N, permitem uma maior produção de carne por área;
Os níveis de adubação nitrogenada em pastagens variavam grandemente, dependendo do clima, solo
e nível tecnológico;
A aplicação de N pode ser feita na implantação e períodos de rebrota da pastagem;
A adubação nitrogenada é fundamental para sistemas intensivos de produção em pastos de
gramíneas.
Funções
principal componente do protoplasma depois da água;
constituinte de hormônios;
Fotossíntese  constituinte da clorofila;
porte da planta;
tamanho de folhas;
tamanho do colmo;
desenvolvimento dos perfilhos;
florescimento; e,
formação de sementes.

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* Elemento bastante móvel na planta.

Sintomas de Carência
Pequeno porte;
Redução do perfilhamento;
Colmos finos e baixos;
Amarelecimento progressivo das folhas Iniciando-se pelas mais velhas;
Redução das raízes;
Ausência de inflorescência; e,
Menor teor de proteína.

Formas de Absorção:
Uréia CO (NH2)2
Amônio NH4+
Nitrato NO3- (predomina no solo)

Fósforo
Os solos tropicais apresentam baixos teores de fósforo disponível, embora apresentem boas
condições físicas. Associado ao baixo teor do elemento, tais solos apresentam ainda problemas
quanto à alta capacidade de fixar o fósforo, dado à presença de quantidade elevadas de óxidos e
hidróxidos de ferro e alumínio. São favoráveis à mecanização e dão elevadas respostas à adição de
corretivos e fertilizantes.
É o elemento mais importante para as pastagens depois do N, extremamente importante nos
períodos iniciais da vida da planta, quando esta o absorve em grandes quantidades. Exerce grande
influência no perfilhamento e crescimento das raízes, assim, a falta de fósforo determina no campo, o
aparecimento de espaços vazios. A falta no solo, reduz o seu teor na matéria seca, causando danos
nos animais (↓fertilidade, ↓desenvolvimento) estimula o florescimento e ajuda a formação de
sementes.
Formas de Absorção:
HPO24 - pH acima de 7,0
H2PO-4 – pH abaixo de 6,5 (preferencial)

Sintomas de Carência
porte pequeno;
pouco perfilhamento;
Folhas inferiores totalmente secas;
Folhas intermediárias verde-pálido e arroxeadas;
Folhas novas arroxeadas; e,
Sistema radicular reduzido.
Potássio
A maior parte do potássio se encontra nos minerais que formam a fração argila. Por essa razão solos
ricos em argila são geralmente ricos em potássio. O potássio pode chegar a ser um fator limitante do
crescimento das forrageiras sobretudo quando existe abundância de nitrogênio e uso intensivo da
área, como no caso de capineiras e áreas para silagem, em que não há retorno de potássio pelas
fezes e urina. De maneira geral a resposta ao potássio só ocorre após a correção dos níveis de N e P;
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para o K sozinho não há resposta, porém há limitação na resposta à adubação nitrogenada quando
em deficiência de K.

Funções
maior vigor e resistência às doenças;
Produção de amido, óleo e proteínas;
Maior resistência dos colmos ao acamamento;
Diminuir o número de frutos chochos;
Aumenta resistência às secas e geadas; e,
Ajuda no enraizamento.
Sintomas de Carência
folhas velhas com margens e pontas endurecidas e dilaceradas;
Espigas mal granadas;
Pequeno porte;
Colmos e perfilhos fracos; e,
Maior ataque de moléstias e pragas.

ADUBAÇÃO FOSFATADA
Na escolha do adubo fosfatado, deve-se tomar cuidados especiais em relação à solubilidade da fonte,
à forma de aplicação, ao tipo de forrageira a ser adubada, ao preço do kg de P2O5 de cada fonte, à
quantidade de outros nutrientes que acompanham a fonte de fósforo.
Fosfato de rocha (FR), apresenta vantagens, tais como:
menor custo de P2O5;
maior efeito residual e potencial de produção em nosso meio; e,
menor custo de transporte (3-5 vezes menor que os superfosfatos).
Super fosfato simples – Enxofre
Super fosfato triplo

As fontes mais solúveis proporcionam uma rápida liberação de grandes quantidades de P solúvel, o
que tende a favorecer a fixação de maiores quantidades de P pelo solo.

Pastagem exclusiva de gramíneas  1/3 solúvel 2/3 FR.


Pastagem consorciada  1/2 solúvel 1/2 FR.
pH < 5,5  1/3 solúvel 2/3 FR.
pH ≥ 6,0  todo solúvel

Recomendação de adubação fosfatada em função de seu teor no solo


Classificação Teor no solo (ppm) Dose de P2O5
Baixo 0 – 3,0 250 kg
Médio 3,1 – 6,0 150 kg
Bom 6,1 – 9,0 120 kg
Ótimo > 9,0 0 kg.

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Métodos de Aplicação
Depende do método de plantio da forrageira
lanço  incorporar antes do plantio
mecanizado  em linha (menor fixação, economia de adubo, invasoras)
mudas  sulco
* Superfosfato simples no plantio  contém enxofre.
* Misturar o adubo às sementes de gramíneas  escarifica a semente.

Aplicação localizada apresenta limitações ao crescimento radicular.


O fósforo exerce papel importante na recuperação de pastagens degradadas.
O nitrogênio é fundamental para evidenciar o potencial de resposta ao fósforo.
FR. x Acidez do solo benefício da acidez na liberação do P.

ADUBAÇÃO NITROGENADA
Quase não se encontram recomendações de adubação nitrogenada para pastagens em nosso meio.
Para que o efeito da aplicação de N possa expressar-se na sua plenitude, é necessário que o solo
tenha, em quantidade satisfatória, os outros elementos.
Fontes
Nitro cálcio
Sulfato de amônio – H+
Uréia – H+

Recomendação de adubação nitrogenada em função dos teores de fósforo no solo, para os diversos
tipos de exploração
Tipo de exploração P no solo Nível de exploração (kg de N/ha)
ppm Médio Alto
<10 60 80
Pastagem 10-30 90 130
>30 120 150
Capineira <10 80
Campo de feno 10-30 130
Gramíneas de inverno >30 150
Fonte: KUHN NETO (1977)

ADUBAÇÃO POTÁSSICA
Respostas à adubação potássica não são intensas. Respostas têm sido freqüentes com o uso
intensivo das áreas.
Leguminosas apresentam uma boa resposta ao potássio. Recomendações de adubação em pastagens
são feitas levando-se em conta os níveis de potássio no solo, o tipo de pastagem (pura ou
consorciada), e o tipo ou intensidade de uso a ser dado à pastagem. Além disso, devemos considerar
os níveis de adubação nitrogenada utilizados.
Há que se considerar ainda se se trata de pastagem, de campo para feno ou capineira para corte.
A fonte de potássio é o Cloreto de potássio.

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Recomendação de adubação potássica em função dos teores de potássio no solo, para os diversos
tipos de exploração
Tipo de exploração K no solo (ppm) K2O (kg de N/ha)
<60 60
Pastagem 60-120 30
>120 20
<60 80
Capineira 60-120 40
>120 20
<60 200
Campo de feno 60-120 120
>120 30
Fonte: KUHN NETO (1977)

ADUBAÇÃO COM MICRONUTRIENTES


Vários são os micronutrientes considerados importantes para a formação e produção de pastagens.
Zinco é considerado o de maior importância pelos seus baixos teores nos solos brasileiros.
Em pastagens consorciadas, outros elementos são muito importantes, como o molibdênio, o boro e o
cobre.

Citações da literatura
10 kg/ha de sulfato de zinco com adubação fosfatada no plantio;
pastagem consorciada com pH > 6,0 e V > 60%
0,2 kg de molibdato de sódio ou amônio;
10 kg de sulfato de zinco;
6 kg de sulfato de cobre;
5 kg de bórax.
pastagem consorciada com pH < 6,0 e V ≤ 40%
0,3 kg de molibdato de sódio ou amônio;
6 kg de sulfato de zinco;
4 kg de sulfato de cobre.

CÁLCIO
É absorvido como Ca++ e transportado da raiz para a parte aérea sem depender do fornecimento de
energia.
Altas concentrações de K e Mg no meio diminuem sua absorção. A maior proporção do cálcio da
planta é insolúvel em água, ocorrendo como pectato, oxalato e adsorvido às proteínas. O pectato
atua na constituição da lamela média. A amilase é a única metalo-enzima conhecida que contém
cálcio, embora haja enzimas relacionadas ao metabolismo do fósforo que são ativadas pelo Ca++.
A falta de Cálcio reduz o desenvolvimento radicular, reduz a absorção podendo a raiz inclusive perder
íons previamente absorvidos. Na folha 60% do Ca está nos cloroplastos, onde é necessário para a
fosforilação fotossintética. A deficiência causa, ainda, redução no crescimento dos tecidos
meristemáticos.

MAGNÉSIO
São encontrados maiores teores em solos argilosos. Sofre grande lixiviação sendo referidas perdas de
2 a 30 kg/ha/ano. Em solos arenosos, tal perda pode inclusive superar a quantidade liberada pelos
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minerais primários. Assim, solos altamente intemperizadas e lixiviadas como podzóis e lateríticos têm,
geralmente, baixo conteúdo de magnésio.
O magnésio ajuda a movimentação do fósforo dentro da planta;entra na composição da clorofila, é
essencial para a absorção de fósforo, é necessário para a formação de açúcares, e promove a
formação de gorduras e óleos.
O excesso de potássio na adubação pode causar deficiência de magnésio, pois o primeiro dificulta a
absorção do segundo. Em épocas de seca o magnésio tem sua disponibilidade diminuída e, as plantas
carentes apresentam clorose internerval nas folhas mais velhas.
Fontes de cálcio e magnésio
Calcáreo Dolomítico
Magnesiano
Calcítico
Gesso agrícola

ENXOFRE
O enxofre é um elemento de grande importância para as plantas uma vez que é componente das
proteínas, coenzimas CoA e ativador de algumas enzimas.
As plantas através de suas folhas, têm capacidade de absorver o enxofre na forma de SO2 gasoso
embora nesta forma o façam de maneira pouco eficiente. O sulfato (SO4-2) é a forma absorvida pelas
plantas.
A liberação do enxofre da matéria orgânica é realizada por microorganismos aeróbios.
As plantas carentes apresentam folhas pequenas, enrolamento das margens, necrose e
desfolhamento, internódios curtos e, redução no florescimento.

Resposta de pastagem de capim-elefante à adubação nitrogenada


Nitrogênio (kg/ha)
50 100 150
GPV (g/UA/dia) 459 464 463
CS (UA/ha) 1,63 2,16 2,77
GPV (kg/ha) 381 507 625
Média de 3 anos (100 kg P2O5 + 60 kg K2O/ha)

Efeito dos níveis de manutenção de P2O5 K2O na consorciação de guiné + estilosantes +


siratro + soja perene, após 7 anos
Níveis de manutenção
0 20* 40**
Ano 1 Ano 7 Ano 1 Ano 7 Ano 1 Ano 7
Gramínea (%) 53 15 58 58 59 74
Leguminosa (%) 11 2 15 10 15 25
UA/ha 1,0 0,3 1,2 1,2 1,4 2,0
GPV (kg/ha/ano) 229 70 360 360 376 500
* 20 kg P2O5 + 20 kg K2O/ha/ano
** 40 kg P2O5 + 40 kg K2O/ha/ano

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GPV (kg/ha) em pastagem de capim-elefante adubada com N ou consorciada com
leguminosas, durante três períodos experimentais
Tratamentos Períodos
74/75 75/76 76/77
Consorciado 359 348 405
50 kg N 431 414 297
100 kg N 507 596 419
150 kg N 634 706 536

Respostas de pastagens de colonião e jaraguá ao nitrogênio


Nitrogênio (kg/ha)
Gramínea 0 60
GPV (g/dia/UA)
Colonião 792 858
Jaraguá 603 862
CS (dias/UA/ha)
Colonião 282 445
Jaraguá 266 293
Produção (kg/ha)
Colonião 224 381
Jaraguá 183 248

CALAGEM PARA PLANTAS FORRAGEIRAS


A necessidade de calagem pode ser definida como a quantidade de corretivo a ser aplicada ao solo
para neutralizar a sua acidez, elevando-se o pH e a saturação de bases até um nível desejável.
Gramíneas tropicais respondem à calagem até o nível para neutralizar o Al3+ tóxico, sendo a produção
deprimida com uma segunda dose, visando elevar o pH a 6,5 (neutralizar o H+), em decorrência da
imobilização de Cu, Zn e Fe. (ideal = 50% saturação de bases ≈ pH = 5,5).
Quando a atividade do hidrogênio aumenta (pH < 6,0), argilas silicatadas são solubilizadas e alumínio
é liberado para a solução do solo. A toxidez vegetal causada pelo alumínio solúvel é particularmente
severa a valores de pH < 5,0, onde a solubilidade do Al aumenta muito.
O Al na solução do solo aumenta com o decréscimo do conteúdo de M.O. Pela formação de
complexos organo–Al, a M.O. controla a atividade do Al na solução do solo e do Al trocável. O Al
complexado na forma organo-mineral, perde seu caráter tóxico para o vegetal.
As queimadas das pastagens causam um rápido decréscimo de M.O. do solo, elevando-se a atividade
do alumínio, resultando num ambiente desfavorável para o vegetal.

Saturação por bases (V)


100.S(Ca + Mg + K)
V=
T[Ca + Mg + K + (H + Al)]

A quantidade de calcário recomendada é dada em referência ao carbonato de Cálcio (CaCO3), que é


tomado como padrão e tem seu PRNT = 100%. Qualquer outro corretivo a ser utilizado deve ter seu
PRNT (Poder de Redução e Neutralização Total) calculado e a quantidade a ser aplicada corrigida
para um valor equivalente ao PRNT do CaCO3. Como exemplo, tomemos um calcário com PRNT de
65%.

Q = NC x f

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PRNTCaCO 3 100
f= f= = 1,54
PRNTCalcáreodisponível 65

Q = 2.000.1,54 = 3080kg / ha

Q = Al 3+ .1,5(arenoso)
Q = Al 3 + .2,0(arg iloso)

Composição dos corretivos utilizados e seu equivalente em CaCO3 (E CaCO3)


Corretivos Utilizados Composição E CaCO3
Calcita CaCO3 100
Magnesita MgCO3 119
Dolomita CaMg(CO3)2 109
Cal Hidratada Ca(OH)2 136
Óxido de Cálcio CaO 179
Óxido de Magnésio MgO 250
Silicato de Cálcio CaSiO3 86
Silicato de Magnésio MgSiO3 100

O corretivo tem maior valor neutralizante quanto maior for seu conteúdo de óxido de magnésio.
Porém, os corretivos ideais para os vegetais são aqueles que apresentam a relação CaO: MgO de 3-5:
1.

Classificação dos calcários em função do teor de CaO e MgO


Calcáreo CaO(%) MgO(%)
Calcítico 40-45 1-5
Magnesiano 31-40 6-12
Dolomítico 25-30 13-20

Escória de Siderurgia: os componentes neutralizantes são silicatos de cálcio e magnésio, os quais são
eficientes na neutralização de acidez, e também aumentam a absorção de fósforo. Não se conhece o
mecanismo que provoca o aumento da absorção de fósforo, duas teorias procuram explicar o fato: a
redução da capacidade de fixação de fósforo do solo pela sílica ou maior vigor da planta causando
pela absorção de sílica.

GESSAGEM
Um amplo sistema radicular permite ao vegetal a exploração de um maior volume de solo,
garantindo-lhe maior disponibilidade de nutrientes e água. A toxidez de Al e/ou deficiência de Cálcio
são apontados como os fatores causadores desse pequeno crescimento. Quando o vegetal não é
sensível às altas concentrações de alumínio na solução do solo, o crescimento de suas raízes pode ser
limitado pelo nível de Cálcio. A calagem profunda resulta em um sistema radicular mais denso e
profundo, contudo, é uma operação difícil e cara, por exigir máquinas de grande potência. A
aplicação de gesso (CaSO4 2H2O) é um dos métodos mais eficientes, para o enriquecimento rápido
em cálcio das camadas mais profundas do perfil do solo. Entretanto, só é recomendada em situações
específicas, porque ela pode conduzir a um desequilíbrio no status das bases do solo ou à lixiviação
indesejável de outros cátions, como potássio e magnésio. Para evitar os efeitos negativos, esta deve
ser feita combinada à calagem (calcáreo dolomítico).

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RECOMENDAÇÃO DE CALAGEM
O intervalo entre calagens sucessivas é determinado, principalmente, pela intensidade de utilização.
Fertilização nitrogenada, resulta em elevação brusca da acidez ao longo do perfil.
* Recomendação prática  1,0 t de calcário/ha para cada 1,0t de adubo nitrogenado utilizado na
área.
A acidez do solo pode derivar-se da reação da água com a M.O., dando origem a ácidos orgânicos; da
reação da H2O com CO2, dando ácido carbônico; da reação da H2O com compostos nitrogenados,
dando ácido nítrico; e, da formação de ácido sulfúrico, pela oxidação do S por bactérias. Além disso,
os sais de Al3+, Mn2+, Fe2+ e Fe3+ que por hidrólise dão uma reação ácida.

* Necessidade de Calagem (NC)  deve ser baseada no resultado da análise de solo.


1) (H + Al) + Ca + Mg + K (e.mg/100ml TFSA) = T = CTC do solo;
2) (Ca + Mg + K) = S = soma de bases trocáveis;
100S
3) V= = saturação em bases que o solo apresenta antes da calagem.
T
Tendo-se os valores V e T, a NC é dada:

( V2 − V1 ).T.f
NC =
100
V1 = saturação por bases existente no solo
V2 = saturação por bases necessária para a planta estabelecer-se

Forrageiras com V2 = 60%


Leguminosas ⇒ alfafa, leucena, soja perene;
Gramíneas ⇒ rhodes, jaraguá e napier (corte), pangola, coast-cross, estrela, green-panic (fenação).
Forrageiras com V2 = 40%
Leguminosas ⇒ centrosema, Desmodium, galáxia, Kudzu, calopogônio, Siratro, estilosantes;
Gramíneas ⇒ napier, pangola, coast-cross, estrela, green-panic (pastejo), braquiária, setária e
gordura.

ASPECTOS ECONÔMICOS DA ADUBAÇÃO


O aumento da produção animal por hectare é o objeto maior da adubação das pastagens. O maior
rendimento forrageiro da pastagem adubada determina sua mais alta capacidade de suporte que,
então justifica incremento na produção animal por hectare.

Animais/ha x Produção/animal = Produção/ha

A apreciação sobre a economicidade da adubação de forrageiras envolve certa dificuldade, em


decorrência de o produto principal obtido não ser usualmente comercializado. Qual o preço de uma
tonelada de pasto, feno ou silagem?
A economicidade de adubação de pastagens depende dos custos dos fertilizantes e do valor do
produto (carne e/ou leite), mas também depende grandemente:
a) do incremento na produtividade decorrente de adubação, que varia com a espécie
forrageira, seu manejo e condições de clima e solo;
b) do tipo de exploração da área (leite e/ou carne); e,

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c) potencial genético produtivo do animal introduzido na pastagem.

Resumo de dados nos trópicos sobre capacidade de carga e produção por hectare de várias
pastagens sem suplementação
Lotação Produção de Leite
Pastagem (Vacas/ha) (kg/ha/ano)
Gramínea sem adubação 0,8-1,5 1.000-2.500
Gramínea + Leguminosa 1,3-2,5 3.000-8.000
Gramínea adubada 2,5-5,0 4.500-9.500
Gramínea adubada + irrigação 6,9-9,9 15.000-22.000
Fonte: Stobbs citado por ABRAHÃO (1991)

O aluno deverá consultar no livro “Calagem e Adubação de Pastagens” de Mattos, H. B;


Werner, J. C; Yamada, T; Malavolta, E.

08. FORMAÇÃO DE PASTAGENS


Em qualquer fazenda envolvida com a atividade de pecuária, a pastagem cultivada ocupa lugar de
grande importância. O custo de implantação pode ser tão ou maior que o de uma cultura. Portanto, o
produtor deve dispensar grande atenção a todas as etapas do processo de formação e manutenção
de suas pastagens, para que a mesma possa render os frutos esperados pelo maior tempo possível. A
pastagem ainda é a maneira mais barata de alimentar o gado.
Escolha da área
A pastagem deve ser entendida como uma cultura agrícola e como tal deve receber os mesmos
cuidados. A área destinada ao cultivo das pastagens deve ter condições de receber todas as
operações necessárias ao cultivo (arações, gradagens, plantio mecanizado etc.), deve possuir boas
aguadas ou condições para o seu suprimento, fertilidade do solo adequada, baixa declividade, boa
sombra etc.
Na pecuária de leite, o ideal é que elas fiquem o mais próximo possível do local de ordenha, evitando
caminhadas longas.
Escolha da(s) espécie(s)
Nem todas as forrageiras são boas e todas são diferentes em suas características e exigências
nutricionais e de manejo.
Na escolha da espécie correta para cada caso e região, reside, em grande parte, o sucesso da
implantação de uma pastagem. Cada produtor possui uma situação particular, a qual deve ser bem
discutida com um técnico antes de iniciar o processo de implantação.
É melhor uma espécie de baixa produtividade e baixa exigência, porém bem adaptada às condições
locais, do que tentar substituí-la por outra “mais produtiva” porém mais exigente em fertilidade do
solo, condições de manejo e de clima.
Outra coisa a se ter atenção é com relação a disponibilidade de sementes e/ou mudas da espécie
escolhida.
Preparo do solo
Os principais objetivos do preparo do solo são aqueles de controlar plantas invasoras e o de produzir
uma camada de solo revolvida e fina, capaz de possibilitar o contato mais íntimo da semente com a
água do solo e permitir o desenvolvimento das radícula através do fornecimento contínuo de água.
De um modo geral as operações de preparo do solo são: aração, gradagem e aplainamento.
Aração, deve-se levar em consideração a profundidade, número e época em que a aração deve ser
desenvolvida.
Profundidade, varia com o tipo e com a vegetação existente. Não deve ir além de 15 a 20 cm.

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Número, também depende do grau de infestação (sujeira) de uma área onde se pretende formar um
pasto. Se forem necessárias 2 arações deve haver um espaço de 2 a 3 meses entre elas, para que o
material vegetativo proveniente das plantas indesejáveis sofra um processo de decomposição.
Época, relaciona-se com número de arações. Deve ser feita pouco antes da época de plantio (região
Centro-Sul do Brasil: setembro-outubro). Logo, o preparo do solo deverá iniciar em agosto (caso de
uma só aração) para condições da região Centro-Sul.
Gradagem, é a operação que se segue a aração, devendo ser no mínimo uma. Há condições em que
serão necessárias 2 ou 3 gradagens. Esta operação completa a anterior, visando uma adaptação mais
adequada do solo à nova cultura.
Aplainamento, trata-se de uma operação não muito comum na sistemática de preparação do solo.
Não se pretende com esta operação o nivelamento de solo, porque assim estaríamos provocando um
afloramento de subsolo em algumas partes. Pretende-se sim, diminuir as elevações e depressões
existentes ou deixadas pelas arações e gradagens. Esta operação se reveste de maior importância
quando se vai formar um pasto por semente, ou então, se pretende colher a forragem produzida
através de equipamentos mais sofisticados, como é o caso das colhedeiras tipo TAARUP.
Outras operações complementares poderiam ser enumeradas que são peculiares a cada situação
local, tais como: drenagem e irrigação.
Correção e Adubação
Antes de iniciar o processo de implantação de uma pastagem, o produtor deve realizar a análise do
solo para saber o estado da fertilidade do solo que pretende utilizar.
Através da análise do solo, temos condições de recomendar a correção (calcário) e a adubação. Estas
análise podem ser realizadas em várias instituições públicas e privadas.
Semeadura
A semeadura deve ser realizada em épocas propicias ao desenvolvimento das plantas. A previsão de
chuvas regulares e temperaturas adequadas deve ser observada. Quanto mais rápido ocorrer a
germinação e estabelecimento das plantas, menor deverá ser a incidência de invasoras.
A compactação do solo após a semeadura tem maior importância quanto mais superficial for o
plantio.
Admitindo-se que o preparo do solo tenha sido feito adequadamente, a operação de plantio deve ser
procedida. Entretanto, o processo da formação de uma pastagem é dependente da época do plantio
bem como do material que se pretende plantar. Depois de devidamente colhida a espécie forrageira,
vários aspectos precisam ser levados em consideração. Sabe-se que se consegue implantar uma
cultura sem que haja condições de umidade, aração, luminosidade e temperatura suficientes para o
crescimento inicial de uma semente, ou mesmo de mudas de uma determinada forrageira. Assim
sendo entre os dois métodos de propagação sexuada ou assexuada, deve ser escolhido aquele em
que a planta forrageira se enquadre.
Propagação sexuada ou por semente
É aquela que é feita utilizando-se sementes, que na realidade são provenientes do concurso dos
gametas masculinos e femininos. No caso de sementes apomíticas o nome propagação sexuada não
deve ser usado. Desde que a forrageira escolhida se propague por semente, o plantio pode ser
efetuado pelos seguintes métodos:
a lanço (manual o mecânico);
em covas (uso de enxadas);
em linhas (manual e mecânico); e,
plantio aéreo.
Quantidade de semente, espaçamentos, profundidade e época de plantio são fatores que devem ser
levados em consideração ao se implantar uma pastagem usando-se semente. Neste sentido, o Valor
Cultural (VC) da semente tem importância para o sucesso da implantação da pastagem. O valor
cultural representa o quanto daquilo que se encontra em uma amostra de sementes é realmente
sementes puras viáveis (SPV). Este valor é obtido através dos valores de germinação e pureza que tal
amostra de sementes apresenta, representado pela seguinte fórmula:

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%Gx % P
VC =
100

Onde: VC = valor cultural


%G = porcentagem de germinação da amostra
%P = porcentagem de pureza da amostra

Propagação assexuada ou vegetativa


É aquela que é feita usando-se partes das plantas forrageiras com ou sem raízes. Neste caso,
podendo efetuar o plantio à lanço, no caso de mudas que se apresentam mais tenras (Cynodon), e o
enterrio das mesmas com a passam de uma grade leve, a qual vai proporcionar um melhor contato
das mudas com o solo, ou efetuamos a abertura de sulcos com a posterior deposição das mudas no
seu interior, juntamente com a adubação mineral e orgânica e, posteriormente efetuamos o
fechamento do sulco.
Adubação de manutenção
A produtividade das pastagens, medida pela produção de carne e/ou leite/ha, é determinada pelo
número de animais/ha e pela produção/animal, determinando desta forma, um elemento quantitativo
e outro qualitativo. O primeiro, que pode ser chamado de capacidade de suporte, é decorrente do
volume de pasto produzido durante a estação de pastejo, e vai determinar o número adequado de
animais que pode ser mantido em boas condições nas pastagens. O elemento qualitativo,
produção/animal, decorre do valor nutritivo da pastagem, além de fatores inerentes ao animal.
O objetivo primordial da adubação é o aumento do rendimento forrageiro elevando sua capacidade
de suporte, e por conseguinte a produção de leite e/ou carne/ha.
Alguns cuidados devem ser tomados ao efetuar a adubação de pastagens: fracionar a quantidade
total do adubo em 2 a 3 aplicações durante a estação chuvosa ou após cada período de pastejo,
quando utilizado o pastejo rotacionado; aplicar o adubo após um intenso pastejo da área.
Dos elementos nitrogênio, fósforo e potássio, o nitrogênio é o que promove maiores aumentos na
produção forrageira, desde que haja disponibilidade de fósforo, potássio e enxofre, no solo.
A resposta, da grande maioria das forrageiras, a aplicação de nitrogênio é muito grande (até 800
kg/ha ou mais em algumas forrageiras) porém, o que o produtor deve observar é a resposta
econômica desta adubação, determinado a dose ideal de adubo a ser aplicada.

Sistemas de pastejo
Na sua definição, devem ser considerados a espécie forrageira, a taxa de lotação, a disponibilidade
de forragem, e outros fatores (tipo de exploração, tipo de ecossistema, taxas de retorno esperadas,
parasitas, mão-de-obra disponível, capacidade de investimento etc.).
As pastagens podem produzir grandes quantidades de forragem, se forem manejadas corretamente e
tratadas como culturas. O objetivo de um bom sistema de pastejo é prover os animais com
suprimento diário de forragem de boa qualidade para atender seus requisitos nutricionais de forma
econômica.
Não existe receita para o produtor sobre o sistema de pastejo mais adequado, ele deve analisar
criticamente suas condições locais.
Produções de leite esperadas em pastagens
Para a determinação do potencial das pastagens, ou de qualquer sistema, para a produção de leite é
necessário definir ou quantificar a ênfase que o criador atribui aos principais insumos envolvidos no
processo de produção de leite.
Quando o objetivo do sistema de produção é aquele de explorar a performance dos animais, kg de
leite/vaca/dia ou kg de leite/lactação, a ênfase do manejo é no sentido de melhorar a qualidade do
alimento ofertado. O aumento na qualidade da forragem é obtida, geralmente, reduzindo o potencial

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de produção da planta (cortes ou pastejos freqüentes e alta seletividade, o que leva a altas perdas de
forragem).
Por outro lado, se o objetivo do sistema é o de obter a máxima produtividade de leite/ha, as
práticas de manejo são orientadas no sentido de proporcionar maior lotação nas pastagens. O
aumento na lotação não significa aumento na pressão de pastejo e, conseqüentemente prejuízos
significativos na performance animal. Para que isso ocorra, é necessário elevar a produtividade da
forragem à medida que se aumenta a lotação animal nas pastagens, o que é possível através do uso
de forrageiras de elevado potencial de produção.
Arborização de pastagens
A arborização de pastagens, assunto tão polêmico para alguns produtores, desempenha
papel importante, quando pensamos em produção de leite em regime de pastagem. As árvores na
pastagem desempenham várias funções:
proteção aos animais pela sombra e redução da velocidade dos ventos;
controle da erosão dos solos;
reciclagem de nutrientes;
mourões vivos;
alimento para os animais e pássaros;
abrigo para a fauna;
fornecimento de lenha; e,
produção de frutos, etc.

O aluno deverá consultar nos “Anais do 7º Simpósio Sobre Manejo da Pastagem” as


palestras: Estabelecimento de pastagens e Adubação de pastagens estabelecidas, FEALQ, 1984.

09. MANEJO DE PASTAGENS


Basicamente, a nutrição do rebanho brasileiro depende do uso das pastagens naturais cultivadas. O
bom manejo destas, geralmente tem três objetivos:
obter a máxima quantidade de forragem com a melhor qualidade possível;
possibilitar que um alto percentual de forragem produzido seja realmente consumido
pelos animais; e,
conseguir um mínimo de “stress” em animais e pastagens, adequando a demanda de
nutrientes com crescimento da pastagem.
Neste sentido, o fazendeiro deveria conhecer as necessidades nutricionais de cada categoria de
animais de sua fazenda e a possibilidade de alterações das mesmas, principalmente pela manipulação
da estação de monta, época de desmama e a carga animal. Por outro lado, também seria necessário
conhecer possíveis modificações na oferta de nutrientes, com práticas como, fertilização,
suplementação, reservas de pastos etc. O primeiro objetivo é relativamente simples e não difere
muito daquele de uma boa lavoura. Ao contrário, o segundo e o terceiro objetivo são muito mais
difíceis, já que envolvem a combinação de sistemas diferentes tais como: solo, plantas e animais. A
competição entre plantas por água, luz, nutrientes, efeitos da temperatura e ocasionalmente, o fogo,
afetam a competição entre espécies e sua produtividade, assim como pastoreio seletivo, deposição de
fezes e urina e pisoteio. Entende-se também por manejo, a manipulação inteligente de todos estes
fatores para se obter um aumento na produção da pastagem, na forma mais econômica.
No crescimento das pastagens, observa-se que, após um crescimento inicial lento, segue-se um
período no qual o crescimento é linear e, com o tempo, ocorre um declínio, quando as folhas
superiores da pastagem impedem que inferiores recebam luz suficiente para fotossintetizar
eficientemente. Esta forma de crescimento sugeriria que as pastagens deveriam ser cortadas ou
pastoreadas, assim que a taxa de crescimento começasse a diminuir. No entanto, como o valor
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nutritivo da forragem nesta etapa já é, em geral, muito baixo, prefere-se utilizar as pastagens em
forma mais nova, sacrificando em parte, a produção de matéria seca; para se obter uma maior
qualidade de forragem. Por lado, uma baixa taxa de desfolhamento implica numa forte competição
por parte das gramíneas mais eficientes, na conversão da energia em matéria seca do que as
leguminosas. As gramíneas, em geral, são mais apetecidas pelo gado, por isto, um pastoreio não
muito intenso favorece um bom equilíbrio entre gramíneas e leguminosas.
A provisão de forragem de bom valor nutritivo ao longo do ano é difícil de ser atingida no Brasil
Central, sem dúvida que este é o principal problema com relação à alimentação dos bovinos. É a
causa do lento desenvolvimento dos novilhos, requerendo quatro a cinco anos para serem abatidos e
também é a causa direta ou indireta das baixas taxas de reprodução observadas. O número de
animais da fazenda deve ser ajustado de forma que se tenha uma sobra de forragem, no início do
período seco. Significa também vender o gado gordo ou muito fraco, e reservar os melhores recursos
forrageiros, como são as pastagens cultivadas, para o gado em recria e em reprodução.
Como a variação na energia bruta das forragens é relativamente pequena, a digestibilidade e o
consumo são os principais determinantes da produção animal nas pastagens. A eficiência com que os
nutrientes digeridos são utilizados, não está precisamente estabelecida e sem dúvida tem menos
influência na produção animal.
A rebrota das pastagens geralmente é de alta digestibilidade, e à medida que a planta envelhece, a
digestibilidade diminui. Esta diminuição na digestibilidade é fundamentalmente causada pela lignina
que é depositada nas paredes celulares à medida que a planta amadurece. Ainda que a relação entre
estágio de crescimento, lignificação e digestibilidade seja geral, encontram-se diferenças entre as
espécies de pastos e leguminosas, quando medidas a uma mesma idade fisiológica. Em termos
gerais, observa-se que a diminuição da digestibilidade com o tempo ou dias após a rebrota é muito
mais lenta nas leguminosas que nas gramíneas.
Conseqüentemente, a diferenciação da digestibilidade entre leguminosas e gramíneas é maior à
medida que se entra no período seco. Quando a planta continua a envelhecer, o coeficiente pode
descer a níveis de 50% ou menos. No entanto, o pastoreio ou corte continuado provoca um retorno a
um estágio de crescimento mais jovem e, conseqüentemente, a digestibilidade aumenta. Mesmo
assim, a influência da temperatura e fotoperíodo provoca igualmente mudanças na relação
folha/haste e nos constituintes como fibra e proteína que provocam uma diminuição de
digestibilidade, mesmo em pastagens cortadas ou pastoreadas.

10. MÉTODOS DE FORMAÇÃO DE PASTAGENS


Dentre as práticas relacionadas com o estabelecimento de forrageiras para pastagem, a preparação
da área e o método de formação poderão influenciar decisivamente no sucesso do trabalho. As
técnicas agronômicas empregadas deverão ser dirigidas no sentido de propiciar a mais eficiente
eliminação da vegetação nativa existente, não só para reduzir a competição das espécies invasoras
sobre as forrageiras, como também para facilitar a utilização dos equipamentos agrícolas necessários
à execução do trabalho de preparo do solo. Dependendo das condições locais, especialmente da
vegetação existente e da topografia do terreno, o preparo da área poderá exigir desde uma roçada,
destoca, aplicação de herbicida ou queima, até um simples pastejo pesado. A queima,
freqüentemente utilizada, embora seja um método eficiente de controle da vegetação, eleva
consideravelmente as perdas de umidade do solo, razão pela qual somente deverá ser recomendada
em circunstâncias especiais e em regiões onde a precipitação é maior, caso contrário, as
conseqüências poderão ser desastrosas.
Os métodos de formação de pastagens deverão ser adotados de acordo com as características locais,
podendo-se em função do grau de preparo do solo, enumerar três principais modalidade:
formação de pastagens através do preparo integral do solo;
formação ou recuperação de pastagens com preparo parcial do solo; e,
formação ou recuperação de pastagens sem nenhum preparo do solo.
Se o objetivo principal do produtor é substituir a vegetação nativa da pastagem por outras espécies,
o preparo integral do solo geralmente propicia as condições mínimas necessárias para se obter bom
estabelecimento da forrageira introduzida. Assim, a aração, a gradagem e o plantio na época
oportuna, por certo, proporcionarão a formação de uma boa pastagem na mesma estação de plantio.

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Em determinadas circunstâncias, deverá ser examinada a conveniência ou não de substituir
totalmente a vegetação existente por espécies exóticas. Na hipótese da substituição ser parcial, a
proporção do solo preparado para plantio poderá ser reduzida e variável, de acordo com as condições
locais, podendo ser o plantio executado em covas ou faixas. Nestes casos, a competição exercida
pela vegetação nativa, não eliminada pelo cultivo, deverá ser controlada, afim de aumentar as
chances de germinação e sobrevivência das plântulas introduzidas.
O preparo parcial do solo deverá ser recomendado também, quando se pretende formar ou recuperar
pastagens em áreas de topografia inclinada, como mecanismo de defesa contra os efeitos nocivos da
erosão ou como alternativa para introdução de leguminosas em pastagens já formadas com
gramíneas. Na formação de pastagens sem preparo do solo, a semeadura é feita em superfície sobre
as cinzas resultantes da queima da área, ou após o rebaixamento ou raleamento da vegetação por
um pastejo pesada ou roçada. Outras modalidades de formação de pastagens incluem o preparo ou
não do solo e o plantio de sementes, ou mesmo de mudas das forrageiras que se propagam
vegetativamente, em sulcos ou espalhadas pela área após uma aração. Faz-se em seguida uma
gradagem para incorporação das mudas ao solo, sendo mais comumente utilizados os capins estrela,
angola, as braquiárias e o capim-elefante.
A formação de pastagens, associadas com uma cultura anual destinada à produção de grãos ou
forragem, poderá ser viável, uma vez que reduz os custos operacionais pela receita obtida na colheita
de grãos. Neste caso, a escolha da cultura associada dependerá de vários fatores, dentre eles, a
adaptação climática e a viabilidade econômica do cultivo para a região. Nas regiões de cerrado, a
necessidade de melhorar a pastagem nativa é de fundamental importância para aumentar a produção
pecuária. Entretanto, dependendo da modalidade de formação adotada, o processo poderá tornar-se
extremamente oneroso, principalmente devido à necessidade de remoção da vegetação nativa e
preparo do solo. Assim, a incorporação destas áreas ao processo produtivo, geralmente é feita com a
associação de uma cultura anual, reduzindo significativamente os custos de formação da pastagem.

11. TÉCNICAS AGRONÔMICAS PARA FORMAÇÃO DE PASTAGENS


As causas mais comuns de fracassos observados na formação de pastagens estão relacionadas com
as técnicas agronômicas adotadas, dentre as quais se destacam:
escolha da espécie forrageira;
métodos de plantio;
a densidade e profundidade de semeadura; e,
o manejo de formação.
Seria uma tarefa extremamente difícil reunir numa só espécie forrageira, todas as características
recomendáveis para formação de uma pastagem em determinada região. Entretanto, devem ser
levadas em consideração, principalmente, a sua adaptação às condições edafo-climáticas, método de
propagação, velocidade de estabelecimento e o hábito de crescimento das plantas, a fim de promover
a rápida cobertura do solo e evitar possíveis fracassos. Os métodos de plantio visam, principalmente,
a propiciar melhor contato solo-semente para garantir a germinação, facilitar a penetração da
radícula e permitir o estabelecimento das plântulas.
Trabalhos de pesquisa realizados para testar vários métodos de plantio para o estabelecimento da
Brachiaria decumbens ou de leguminosas em pastagens de capim-gordura, na EMBRAPA-Gado de
Leite, tais como: queima ou pastejo pesado para controlar a vegetação nativa e plantio à lanço sem
preparo de solo, em covas, em sulcos e em faixas cultivadas alternadamente, têm mostrado os
seguintes resultados: embora os dois métodos de controle (queima e pastejo pesado) tenham sido
eficientes, a queima foi superior ao pastejo pesado proporcionando melhor estabelecimento de
braquiária, nos plantios em sulcos ou em covas. Todavia, ocorreu uma interação significativa entre o
controle da vegetação e os métodos de plantio. No plantio em faixas, que foi superior aos demais,
não foram observadas diferenças entre queima e pastejo pesado, sobre o número de plantas
estabelecidas, nem a produção de matéria seca, destacando-se a importância do preparo do solo no
estabelecimento das forrageiras.
Quanto ao estabelecimento de leguminosas, a queima proporcionou, de um modo geral, maior
número de plantas por m2 aos 60 dias após o plantio. Entretanto, quando a semeadura foi feita em
faixas, o número de plantas estabelecidas foi semelhante em ambos os casos. Este fato foi observado

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também com relação à produção de matéria seca estimada um ano após o plantio. Tal resultado
demonstra a necessidade de fazer algum preparo do solo para melhorar as condições para a
germinação e sobrevivência das plântulas das espécies introduzidas.
A densidade e profundidade de semeadura, se não controladas, podem concorrer para o mau
estabelecimento inicial de uma pastagem, dando lugar ao aparecimento de invasoras que competirão
com as forrageiras, principalmente, em luz e nutrientes, causando sérios prejuízos à produção. A
população inicial de plantas pode exercer grande influência sobre a formação da pastagem, em
virtude das alterações que provocam em algumas características das plantas, tais como, altura,
perfilhamento, número de folhas e índice de área foliar (IAF), determinando diferentes
comportamentos, especialmente, quando estão consorciadas.
Os resultados de pesquisas realizadas no Brasil sugerem que os maiores rendimentos iniciais de
matéria seca são obtidos, quando se utilizam taxas mais altas de semeadura mas, à medida que são
feitas avaliações sucessivas, as diferenças tendem a diminuir até se igualarem, no decorrer dos anos.
Este fato é mais perceptível quando se trabalha com forrageiras mais agressivas, tais como as
braquiárias que podem dominar, mesmo com baixo estabelecimento inicial, através de ressemeio
natural, desde que seja dado um manejo adequado para sua formação. De um modo geral, quando
se pretende obter estabelecimento mais rápido, visando à utilização da pastagem já na estação de
plantio, justifica-se a utilização de mais altas taxas de semeadura. Em plantios mecanizados, isto
pode ser obtido através da redução no espaçamento, com melhor arranjo das plantas na área. Tal
medida, além de ser benéfica para a produção inicial, concorre para um controle das invasoras. Em
situações específicas, quando o tempo entre a formação e utilização da pastagem não for limitante,
ou quando se trabalha com forrageiras mais agressivas, baixas densidades de semeadura poderão ser
utilizadas.
Outro fator importante, que interfere na germinação e estabelecimento inicial das forrageiras, é a
profundidade de semeadura. De um modo geral, as semeaduras mais profundas promovem melhor
fixação das raízes e nutrição das plântulas, porém, a profundidade de semeadura deverá ser
estabelecida em função do tamanho das sementes, da umidade, compactação e estrutura do solo. A
profundidade de semeadura para as forrageiras tropicais varia desde 1 a 5 cm, embora espécies com
sementes maiores possam ser semeadas à maiores profundidades, tem-se observado que o mau
preparo do solo e condições inadequadas de umidade e temperatura têm, provocado os maiores
prejuízos na formação de pastagens. Tais falhas têm sido compensadas por altas taxas de
semeadura. Um bom “stand” inicial de plantas é da maior importância para que uma pastagem
produtiva e persistente, em qualquer sistema de manejo. Entretanto, uma série de outros fatores
deve ser considerada na época do plantio para assegurar elevados índices de estabelecimento, quais
sejam: tamanho e variedade da semente, pureza e viabilidade, tipo, estrutura e fertilidade do solo.
O manejo de formação é fator determinante na persistência da pastagem. Uma vez conseguido um
bom “stand” inicial de plantas, os primeiros meses de utilização serão extremamente importantes na
determinação da sua vida útil. Na fase de formação, os primeiro pastejos devem ser orientados no
sentido de completar o estabelecimento. Para as pastagens de gramíneas exclusivas, um rápido
pastejo do primeiro crescimento das plantas, fazendo apenas o rebaixamento da folhagem, poderá
ser altamente benéfico para estimular o enraizamento e perfilhamento, contribuindo também para
maior cobertura do solo. Em pastagens consorciadas, o pastejo deverá ser conduzido no sentido de
favorecer a leguminosas, considerando que seu crescimento é mais lento que o das gramíneas.
Nestas condições, a gramínea deverá ser mantida mais baixa para não concorrer com a leguminosa,
principalmente por luz. Nos pastejos realizados durante o período de formação, deverá ser observada
a época de florescimento das forrageiras, garantindo o ressemeio natural, aspecto da maior
importância na persistência das pastagens. A manutenção da composição botânica fica na
dependência das interações existentes entre sementes, solo, clima, fertilidade e manejo, dos quais, o
último fator é o de mais fácil controle pelo produtor.
Manejo após implantação (1º ano)
O período mais crítico na vida de uma pastagem é o período de estabelecimento. Se não for obtido
um bom “stand” no início, após o plantio, a pastagem pode demorar anos para atingir seu potencial
de produtividade e, também, pode ser que esta produtividade sempre seja inferior ao potencial.
Embora o crescimento da pastagem seja rápido, após as primeiras chuvas, o crescimento das ervas
daninhas é igualmente rápido ou ainda muito grande, especialmente nos melhores solos. Uma boa
preparação do solo e correta fertilização permitem um estabelecimento mais rápido das espécies
plantadas, diminuindo a quantidade de ervas daninhas. No caso de pastagem de porte alto,

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geralmente as gramíneas são no início, as mais vigorosas, e a pastagem pode parecer pronta para o
pastejo antes que as leguminosas estejam bem implantadas. Comumente, as gramíneas já produzem
sementes no início da primeira seca após o estabelecimento e, se as gramíneas estão sombreando
muito as leguminosas, pode ser benéfico um pastejo leve. Se o “stand” é pobre, deve ser adiado o
primeiro pastejo até depois da sementeação, objetivando o aumento do número de plantas.
É importante conservar o equilíbrio entre as espécies, principalmente no que se refere às
leguminosas. Se os solos têm níveis baixos de nitrogênio, é possível ter uma dominância de
leguminosas no primeiro ano, porém, à medida que as leguminosas começam a liberar nitrogênio, a
porcentagem de gramíneas começa a aumentar. Quantidades elevadas de sementes de leguminosas
e uma adequada adubação fosfatada favorecem uma predominância das leguminosas no início da
pastagem. Algumas leguminosas como o siratro, são pouco palatáveis no início das chuvas, de modo
que as gramíneas são as primeiras a serem pastejadas, permitindo uma vantagem comparativa às
leguminosas.
Manejo de pastagens já estabelecidas
O manejo das pastagens supõe um balanço entre as necessidades das plantas e dos animais. A
habilidade do produtor está em saber quando sacrificar a pastagem em benefício dos animais e
quando aceitar perdas no peso dos animais para beneficiá-las.

12. CARGA ANIMAL, PRESSÃO DE PASTEJO E PRODUÇÃO DE PASTAGENS


Os dois fatores de manejo mais facilmente manipulados pelo produtor são o número de animais por
unidade de área da pastagem (lotação) e o número de animais por unidade de forragem disponível
(pressão de pastejo). A intensidade de pastejo afeta os animais e as pastagens. a baixa carga animal
resulta em subutilização da pastagem e baixa produção por hectare, no entanto, os ganhos animais
são altos. Á medida que a lotação aumenta, a produção animal diminui, enquanto a produção por
hectare aumenta. A máxima produção por hectare é sempre obtida com ganhos inferiores aos
potenciais por animal. A capacidade ótima de carga só pode ser conhecida após experimentação de
vários anos. No entanto, a informação existente sugere que a carga animal na qual os animais não
ganham peso, seja aproximadamente o dobro da que produz o máximo de ganho por hectare. Como
a produção de pastagens flutua acentuadamente entre estações do ano, a máxima utilização delas,
no período chuvoso só é possível, se um número suficiente de animais mantiver ganhos reduzidos no
período seco.
Carga animal e composição das pastagens
A composição botânica da pastagem pode ser modificada pelos efeitos de altas ou baixas
intensidades de pastejo. O início de seu crescimento, após as primeiras chuvas, é um período crítico
e, um descanso neste período pode ser decisivo na vida útil da pastagem. Os animais selecionam
com alta preferência os novos brotos verdes. Se estes são poucos, podem ocorrer desfolhações
repetidas dos mesmos perfilhos ou plantas forrageiras, debilitando-as e possibilitando a invasão de
ervas daninhas. Assim, um excesso de carga animal se traduz em:
redução da quantidade de forragem por animal;
as plantas leguminosas são desfolhadas mais freqüentemente e produzem menos matéria
seca em lotações mais baixas;
menores rendimentos de MS significam menor fixação de N, e conseqüentemente menor
rendimento das gramíneas; e,
o círculo vicioso acentua-se com o tempo já que menor rendimento de forragem
representa uma maior pressão de pastejo, resultando em desaparecimento das
leguminosas e baixa produção animal.

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Relações entre pressão de pastejo (n), ganho de peso/animal (g) e ganho de


peso/área (G)
Fonte: MOTT (1960)

13. SISTEMAS DE PASTEJO


A utilização de plantas forrageiras sob condições de pastejo constitui um fator de grande importância
a ser considerado na exploração econômica dos ruminantes. Um sistema de pastejo ideal é aquele
que permite maximizar a produção animal sem afetar a persistência das plantas forrageiras. Contudo,
a escolha de um sistema de pastejo é bem mais complexa do que simplesmente se adotar algumas
técnicas de manejo, uma vez que ele a envolve uma série de variáveis interagentes, tais como: a
planta, o animal, o solo e o clima.
Os estudos publicados até o momento sobre sistemas de pastejo, mostram que os diferentes
sistemas testados apresentam resultados bastante conflitantes. Alguns sistemas melhoram a
cobertura vegetal da pastagem, mas não afetam a produção animal. Outros aumentam a produção
animal, mas não resultam em efeitos benéficos para a vegetação.

Sistema de pastejo contínuo


É o sistema de pastejo no qual os animais permanecem na mesma pastagem durante toda a estação
de pastejo ou mesmo por períodos que variam de um a vários anos. Este sistema é caracterizado
também pelo reduzido investimento em instalações e equipamentos quando comparado com outros
sistemas de pastejo, fator que provavelmente concorre para a sua grande aceitação. É o sistema
mais utilizado em nossas condições. Embora simples, o sistema contínuo permite a adoção de
diversas práticas que possibilitam aumentar sua eficiência através da melhoria crescente das
condições da comunidade vegetal, tais como:
utilizar um número adequado de animais e suas diferentes categorias de acordo com a
produção de pastagens;
conciliar as necessidades de categorias animais com as estações do ano e qualidade de
pastagens;
planejar e distribuir adequadamente as aguadas, as árvores de sombra e dos cochos de
sal;
efetuar a limpeza das pastagens;
proceder ao diferimento de piquetes para atenuar a escassez de forragem durante
períodos críticos; e,
suplementar os animais em pastagens através de forragem conservada.

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Dentre as desvantagens apontadas para o sistema de pastejo contínuo destacam-se as seguintes:
seletividade de espécies e áreas: em virtude da maior liberdade conferida ao animal, o
pastejo e a distribuição dos excrementos são feitos de maneira irregular ocasionando a
transferência de fertilidade do solo; e,
aumento das invasoras.
O pastejo contínuo, quando praticado com altas taxas de lotação, pode causar degradação das
pastagens, permitindo o estabelecimento de plantas invasoras. O superpastejo além de ocasionar
mudanças desfavoráveis na composição botânica, pode provocar o desaparecimento da vegetação,
expondo o solo à ação dos agentes erosivos.
A simplicidade e a praticabilidade do pastejo contínuo, superam sobremaneira as desvantagens
apontadas.

Sistema de pastejo alternado


Consiste na utilização alternativa de apenas duas invernadas. Enquanto uma está sendo ocupada, a
outra está descansando. É a primeira evolução dos sistema contínuo.

Sistema de pastejo rotacionado


Em suas diversas modalidades, caracteriza-se pela mudança dos animais, de forma periódica e
freqüente, de um piquete para outro, de forma sucessiva, voltando ao primeiro após completar o
ciclo. O sistema de pastejo rotacionado apresenta inúmeras variações em função do número de
subdivisões e períodos de ocupação e descanso utilizados, os quais variam de acordo com a área
disponível, clima da região, fertilidade do solo, tipo de exploração, características morfofisiológicas
das plantas forrageiras etc.
Assim, o sistema rotacionado de pastejo tem sido comumente dividido nas seguintes modalidades:
Convencional: com um grupo de animais
Com dois grupos de animais
Em faixas
No sistema convencional, o grupo de animais é deslocado de um piquete para outro à medida que a
altura da vegetação ou a matéria seca residual desejada é atingida. A disponibilidade de forragem é
alta no início do pastejo e baixa ao final do período de ocupação.
O sistema com dois grupos de animais também conhecido como pastejo “líderes-seguidores” ou como
pastejo “de desponte e de rapadores” é um procedimento vantajoso quando se dispõe de animais de
diferentes categorias e que apresentam diferenças na capacidade de resposta à forragem de alta
qualidade. Os animais que respondem melhor à alta qualidade e quantidade de forragem, pastejam
primeiro por dois a três dias, constituindo o grupo de desponte e, são transferidos para outro
piquete, dando lugar aos rapadores. O desempenho médio dos animais rapadores e de desponte
aproxima-se dos valores obtidos com apenas um grupo.
O sistema em faixas, também chamado de racionado é caracterizado pelo acesso de animais a
apenas uma área do piquete, que seja totalmente pastejada num dia. Neste sistema, o manejo é
conduzido com o auxílio de duas cercas elétricas de fácil remoção. Este tipo de exploração é
recomendado para animais leiteiros de produções elevadas, devendo ser utilizadas forrageiras que
apresentem elevado valor nutritivo.
O sistema de pastejo rotacionado é caracterizado por:
elevado investimento inicial em instalações tais como cercas e bebedouros;
restringir a seletividade animal;
pastejo e distribuição de excrementos mais uniformes;
manter um estado mais tenro da forragem;
dificultar o estabelecimento de plantas invasoras, quando bem executado; e,

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permitir o aproveitamento do excesso de forragem produzida no período chuvoso, sob
forma de feno.
Cálculo do número de piquetes
O número de piquetes é determinado pelo período de descanso a ser oferecido à forrageira, pelo
período de ocupação do piquete e pelo número de grupos de animais que irão pastajar o piquete. Já
o tamanho dos piquetes vai ser em função do número de animais, sua categoria e consumo/animal.

N.P.= número de piquetes

P .D . P.D.= período de descanso do piquete


N .P . = + n
P .O . P.O.= período de ocupação do piquete
n= número de grupos de animais

Sistema de pastejo diferido


É também conhecido como protelado e, consiste na vedação de uma parte da área da pastagem,
durante um período da estação de crescimento, com a finalidade de revigorar a pastagem e permitir
um acúmulo de forragem no campo, para ser utilizado durante o período de inverno. Este sistema
reconhece que existem períodos críticos na fenologia de plantas desejáveis na pastagem como por
exemplo, florescimento e produção de sementes.
Assim, o protelamento tem por objetivo permitir que as espécies mais palatáveis se recuperem e
aumentem sua capacidade de competição com as espécies menos desejadas. Esta prática deve ser
aplicada de forma alternada em cada piquete com intervalos de alguns anos. A taxa de lotação nas
áreas que estão sob pastejo deve ser bem controlada para evitar o superpastejo e modificações
indesejáveis na composição botânica da pastagem.

Sistema de pastejo zero


Este sistema consiste no corte, carregamento, transporte e distribuição de forragem verde aos
animais, no cocho. Exige investimentos elevados em equipamentos e apresenta um elevado custo
operacional. Por outro lado, os problemas com cercas, bebedouros e sombra são simplificados.
Elimina a possibilidade de seleção e permite a obtenção de altas produções por área e por animal.
Este sistema é em muitos aspectos semelhante ao uso de capineiras. Em se tratando de um sistema
de exploração intensiva, que ocasiona uma transferência acelerada da fertilidade do solo, é
importante que adubações de reposição sejam feitas periodicamente a fim de assegurar a
preexistência das plantas e manter a produção de forragem.

O aluno deverá consultar os “Anais do 14º Simpósio Sobre Manejo da Pastagem” da


FEALQ, 1997.

14. PASTAGENS CONSORCIADAS


Em áreas tropicais do Brasil, a princípio, as pastagens eram constituídas basicamente de gramíneas.
Entretanto, o nível de produtividade nessas áreas, de modo geral, era bastante rudimentar, em
virtude do baixo nível tecnológico empregado e da utilização de pastagens naturais de má qualidade.
Tais problemas também ocorriam em áreas formadas de gramíneas exclusivas, apenas com adubação
inicial, que não atendiam às necessidades de fornecimento de uma forragem de boa qualidade aos
animais, especialmente no período seco.
Como se sabe, as gramíneas forrageiras tropicais revelam naturalmente um alto potencial de
produção de matéria seca por área, rendimentos esses, entretanto, que demandam elevados níveis
de adubação, principalmente da nitrogenada.

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Com esse objetivo, o melhoramento de pastagens tem sido realizado através da introdução de
leguminosas forrageiras em áreas formadas por gramíneas, no sentido de buscar uma forma mais
eficiente e econômica de produzir forragem para os animais criados em condição de campo. Não se
deseja, portanto, estabelecer uma patologia em torno do uso de leguminosas com o objetivo de
aumentar a produção das pastagens de gramíneas, especialmente se comparadas àquelas adubadas
com elevadas quantidades de fertilizastes nitrogenados. Embora essa última prática seja de fácil
execução, a utilização de fertilizastes minerais, em função de seus preços crescentes, não atende às
necessidades de se produzir proteína a baixo custo, restringindo, portanto, a oferta de produtos de
origem animal nos países mais pobres. Em nosso meio, a utilização de leguminosas tropicais na
alimentação dos animais, seja em pastagens consorciadas ou em áreas exclusivas, tem sido limitada,
principalmente em função da falta de conhecimento das práticas agronômicas de manejo. Com a
necessidade de utilização dos solos mais férteis para implantação de culturas destinadas à
alimentação humana, a criação de herbívoras a campo deverá ser desenvolvida em solos
inadequados para a agricultura e nestas circunstâncias, o uso de leguminosas, além de aumentar o
valor nutritivo da dieta dos animais, promoverá também uma melhoria da fertilidade destes solos
mais fracos.

Ciclo do nitrogênio em pastagens consorciadas


A principal razão da utilização de leguminosas em pastagens reside na capacidade das mesmas em
estabelecer no seu sistema radicular um tipo de simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio,
pertencentes ao gênero Rhizobium. Como resultado desta associação mútua, o microorganismo fixa o
N do ar e promove a combinação do mesmo com outros elementos químicos como o hidrogênio e
oxigênio, resultado na formação de compostos orgânicos que a planta utiliza no seu crescimento.
O aproveitamento do nitrogênio da leguminosa pela gramínea em pastagem consorciada ocorre
através da morte de partes da planta (nódulos, raízes e parte aérea) ou transferência através das
dejeções após os animais terem ingerido a leguminosa. A transferência direta, isto é, a excreção de N
dos nódulos das leguminosas para o solo, de forma a ser aproveitado por gramíneas associadas,
ocorre de maneira pouco significativa, contribuindo com no máximo 0,5% do total.
As leguminosas tropicais são capazes de fixar quantidades substanciais de nitrogênio, contribuindo
desta forma para a melhoria da fertilidade do solo e aumento da produção animal, quantidades estas
que podem variar de 112 kg/ha a 577 kg/ha segundo alguns autores, desta forma, comprova-se que
a vantagem primordial da introdução de leguminosas em pastagens de gramíneas reside na sua
capacidade de fornecimento gratuito de nitrogênio ao sistema. Entretanto, a condição fundamental
para que ocorra uma fixação efetiva deve ser a existência de uma relação compatível entre a
leguminosa e o Rhizobium, associada a técnicas adequadas de estabelecimento e principalmente de
manutenção de consorciação. São as principais diferenças entre o nitrogênio fixado pela leguminosa
e aquele aplicado como fertilizante:
o primeiro é usado diretamente para o crescimento da leguminosa e sua disponibilidade
para a gramínea vai depender da reciclagem do material vegetativo da planta que volta
direto ao solo (folhas, ramos e nódulos) ou através do trato digestivo dos animais (fezes
e urina);
o segundo é aplicado diretamente ao solo e absorvido pelas raízes das gramíneas mais
rapidamente, podendo, entretanto, ser perdido por lixiviação ou volatilização, caso não
seja aproveitado em tempo hábil, o que não ocorre na situação anterior.
A simbiose leguminosa–Rhizobium é a mais elaborada e eficiente associação entre planta e bactéria.
Entretanto, os fatores que determinam o crescimento de uma leguminosa e o funcionamento da
simbiose são muito complexos. A simbiose é uma função integrada, em parte regulada por si mesma,
mas muito influenciada pelo ambiente. Problemas nutricionais relacionados, principalmente, com o
solo e deficiências hídricas podem ser aspectos limitantes na fixação do nitrogênio atmosférico.
Estima-se que pelo menos 2/3 do nitrogênio de que a planta precisa possa ser conseguida através da
simbiose. No entanto, na maioria dos casos, a quantidade de nitrogênio atmosférico fixado pela
simbiose é inferior ao potencial de associação. Os fatores mais importantes afetando a simbiose
podem cair em duas categorias:
Intrínsecos: aqueles inerentes à planta e à bactéria; e,
Extrínsecos: aqueles que dependem do ambiente em geral, incluindo o clima.

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Os fatores intrínsecos são aqueles relacionados com a especificidade da associação. No caso de
leguminosas tropicais, muitas delas são consideradas, até hoje, como espécies que não apresentam
alta especificidade em sua relação com o Rhizobium.
Entre os fatores extrínsecos, poderíamos assinalar como dos mais importantes, alguns aspectos
nutricionais. Entre eles temos o pH do solo que, quando baixo, em geral, está associado ao baixo teor
de cálcio, baixa disponibilidade de fósforo e excesso de alumínio.
Baixos pHs atuam principalmente inibindo a multiplicação dos Rhizóbios. O cálcio melhora a
nodulação (pH=5,0-6,0) e, é importante no funcionamento da simbiose e no crescimento da planta
em geral. Deficiências de fósforo limitam severamente a formação de nódulos e a fixação de
nitrogênio. No caso do alumínio, esta é prejudicial para o início da nodulação, no crescimento da
planta, especialmente para o sistema radicular, afetando assim o crescimento aéreo e a simbiose. A
deficiência de enxofre provoca a incapacidade da planta para sintetizar proteínas. Desse modo, a
demanda por nitrogênio diminui e a nodulação é afetada indiretamente. Quanto aos requerimentos
de potássio, deficiências aparecem em pastagens antigas, este elemento não desempenha um papel
específico na simbiose. Respostas a micronutrientes têm sido comumente registradas em vários
experimentos envolvendo leguminosas e fixação simbiótica do nitrogênio. No entanto, detalhes sobre
o mecanismo pelo qual os micronutrientes influem na simbiose nem sempre são claros. A maioria
deles limita a fixação simbiótica do nitrogênio de forma não específica, afetando o crescimento da
leguminosa.
Produção animal em pastagens adubadas com nitrogênio ou consorciadas
Mesmo em países mais desenvolvidos, algumas restrições têm sido levantadas com relação aos dados
experimentais obtidos em ensaios de pastejo visando este tipo de comparação. Tais restrições se
referem aos períodos relativamente curtos de coleta de informações, ao método ou sistema de
pastejo adotado, à condução dos experimentos com relação ao ajuste pasto-animal e a não
consideração no planejamento ou na condução dos ensaios, de componentes biológicos e econômicos
importantes na determinação da viabilidade do sistema de produção. Os componentes básicos
determinantes da produtividade animal em pastagens são:
o desempenho por animal (ganho de peso, produção de leite); e,
a capacidade de suporte (número de animais por área).
O desempenho animal é função do valor nutritivo da forragem consumida (composição química e
ingestão) e do potencial genético do animal, ao passo que a capacidade de suporte é função do
potencial da produção de forragem por unidade de área.
Através da adubação, especialmente a nitrogenada, conseguem-se aumentos crescentes de produção
de matéria seca conforme a espécie de gramínea e isto é um fator importante na elevação da
capacidade de suporte e, por conseguinte, da produção animal por área. Diversas pesquisas têm
mostrado uma relação de 2 kg de peso vivo por kg de nitrogênio aplicado, revelando que há
economicidade nesta prática, desde que seja viável a margem de lucro entre a produção animal
obtida e o custo de insumo utilizado.
O uso de consorciação resulta também em aumento, tanto no rendimento forrageiro, representado
pela biomassa extra da leguminosa, como no rendimento da própria gramínea, em decorrência da
transferência ao solo do nitrogênio fixado pela leguminosa. Na prática, entretanto, o uso da
leguminosa associada à gramínea tem sido explorado por apresentar melhoria marcante no valor
nutritivo da forragem oferecida aos animais, especialmente no período desfavorável ao ano. Vários
trabalhos de pesquisa têm demonstrado a melhoria do valor nutritivo da dieta dos animais em
pastagens de gramínea cujo teor de proteína bruta na época seca é de 3 a 4%, para valores de 7 a
8% resultava em aumento na ingestão de matéria seca e que isto poderia ser conseguido pela
introdução de leguminosas.
Persistência de leguminosas em pastagens consorciadas
A dominância de gramíneas em pastagens tropicais nativas disseminou a idéia entre os produtores de
que o capim é o principal alimento para o gado. Entretanto, o estabelecimento de pastagens
consorciadas que são submetidas a práticas de manejo que favorecem o crescimento da gramínea,
tem causado prejuízos à leguminosa, inclusive contribuindo para sua eliminação. Alguns fatores são
responsáveis pelo insucesso da consorciação, tais como:

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Adaptação da leguminosa: o comportamento ecológico de uma leguminosa forrageira, especialmente
em relação às suas necessidades climáticas, como radiação solar, temperatura e precipitação, bem
como a integração destes fatores àqueles relacionados com o solo e aspectos sanitários, assume
importância fundamental na implantação de pastagens consorciadas.
Palatabilidade: a palatabilidade de leguminosas quando consorciadas com gramíneas é importante,
principalmente no período de maior crescimento das pastagens e na época seca.
No primeiro período, a leguminosa não deverá ser muito palatável, quando comparada à gramínea,
pois é nesta fase que a gramínea tem o máximo desenvolvimento e, por esta razão, a leguminosa
deve conquistar e manter o seu espaço para melhor competir com a gramínea. No período seguinte,
como a produção e a qualidade da gramínea diminui, a leguminosa poderá ser consumida pelo
animal, inclusive como forma de melhor aproveitar o capim de qualidade inferior.
Compatibilidade entre gramínea e leguminosa: ao planejar uma pastagem consorciada, pode parecer
lógico combinar as gramíneas de maior produtividade com espécies disponíveis de leguminosas mais
adaptadas. Infelizmente, este método fracassa, na maioria das vezes, devido ao fato das leguminosas
forrageiras tropicais disponíveis atualmente não serem capazes de competir com muitas gramíneas de
produção elevada. Gramíneas que combinem altas taxas de crescimento com altura média e hábito
de crescimento menos denso, poderão associar-se apropriadamente com as leguminosas, desde que
aquelas tenham maior aceitabilidade que as leguminosas durante o período de maior crescimento. É
quase impossível para as leguminosas que apresentam crescimento mais lento competir com
gramíneas de porte alto e crescimento rápido, ou bastante densas, o que torna o manejo de tais
associações extremamente difícil.
Estabelecimento inicial da leguminosa: é evidente que antes de nos preocuparmos com a
manutenção de leguminosas em pastagens consorciadas, devemos ter o cuidado de bem estabelecê-
las, seja por ocasião da formação das pastagens ou da sua introdução em pastos já formados. Para
um bom estabelecimento, devemos dar todas as condições possíveis para que a leguminosa, já na
sua primeira fase de crescimento, tenha condições de competir com a gramínea associadas,
assegurando assim sua manutenção. Vários são os cuidados na fase do estabelecimento, como:
preparo e adubação do solo escolha das espécies, época de semeadura, tratamento de sementes
(inoculação), métodos e densidades de semeadura, entre outros.
Em geral, as sementes de leguminosas germinam antes das de gramíneas, porém suas plantas
crescem muito lentamente nas semanas iniciais, podendo ser alcançadas e abafadas por estas
últimas, recomenda-se, portanto, a adoção de um pastejo precoce, quando as gramíneas começam a
suplantar as leguminosas, pois, neste estágio, as gramíneas são mais aceitas pelo gado, podendo
assim obter-se um equilíbrio competitivo entre ambas.
Uso de fertilizantes: um dos fatores que tem limitado a implantação e a manutenção de pastagens
consorciadas nos trópicos é a falta de adubação adequada para cada espécie, principalmente por
ocasião do estabelecimento. Grande parte das pastagens tropicais da Austrália tiveram êxito apenas
através da aplicação de superfosfato simples molibdenizado, que fornecia às plantas simultaneamente
P, Ca, S e Mo. Estes elementos afetam profundamente a sobrevivência e a produtividade da
leguminosa. Apesar do fósforo ser considerado o elemento mais importante na nutrição da
leguminosa, as espécies tropicais revelam certa variação quando à demanda por fósforo, podendo
algumas até se desenvolver em solos cuja disponibilidade do mesmo é extremamente baixa.
Taxa de lotação: a carga animal é o fator mais relevante que afeta a digestibilidade e a produção, a
médio e longo prazo, de uma pastagem consorciada. A taxa de lotação deve variar de modo que seja
mantido um equilíbrio estável entre leguminosa e gramínea e, para isto, alguns procedimentos podem
auxiliar, como:
redução na proporção de leguminosas, deve-se diminuir a pressão de pastejo;
manter baixas as taxas de lotação na última metade da estação de crescimento quando
as gramíneas já amadureceram e as leguminosas ainda estão crescendo ativamente;
redução no tamanho das folhas da leguminosa poderia indicar que a pressão de pastejo
deveria ser reduzida; e,
aparecimento de invasoras anuais ou de espécies forrageiras de crescimento lento é uma
advertência de que a pastagem consorciada está super pastejada.

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Na prática, tem sido observado que a regra mais fácil para manter a proporção adequada de folhas e
pontos de crescimento, para garantir uma boa produção e persistência da leguminosa, é a altura de
pastejo. Neste caso, em uma consorciação de gramínea cespitosa com leguminosa de crescimento
volúvel, a altura do pastejo deve ser mantida entre 30 e 60 cm durante a estação favorável. Esta
altura pode ser considerada suficientemente baixa para manter o crescimento ativo da gramínea, mas
relativamente alta para evitar desfolha excessiva da leguminosa.
Sistema de pastejo: parece que a variável intervalo entre cortes tem uma influência marcante sobre a
produção da leguminosa na consorciação. Sob um sistema de pastejo rotacionado mais intensivo, a
maioria das leguminosas tropical compete em desvantagem com as gramíneas, principalmente devido
à sua menor taxa de crescimento (C3) e ao fato das gramíneas tolerarem melhor a desfolha. Desta
forma, acredita-se que o uso do sistema de pastejo contínuo, aliado a uma taxa de lotação não muito
alta no verão, poderia proporcionar boas condições de predominância da leguminosa, não havendo
assim uma redução drástica na área foliar e no número de pontos de crescimento desta espécie, o
que ocorreria no sistema rotacionado se tivesse sob cortes mais freqüentes. Em pastagens
consorciadas, portanto, o melhor sistema de pastejo seria o contínuo com carga variável. Neste
sistema, o número de animais é variável com a época do ano, mas o gado nunca é retirado
totalmente das pastagens.

15. LEGUMINOSAS COMO FONTE DE NITROGÊNIO PARA GRAMÍNEA


A disponibilidade de nitrogênio no solo afeta a produtividade e o valor nutritivo das gramíneas. Altos
rendimentos de forragem, de elevado valor nutritivo, não são possíveis em solos pobres, deficientes
em elementos minerais principalmente, o nitrogênio. Nesse caso, torna-se essencial a adição de
nitrogênio ao solo sob a forma de adubos químicos como o sulfato de amônia, a uréia, o nitrocálcio e
outros, ou ainda, por meio das leguminosas forrageiras, pela consorciação gramínea mais
leguminosa.
O uso de adubos químicos, conquanto de pronta resposta, apresenta o inconveniente de sua
economicidade duvidosa, tendo em vista os elevados e crescentes preços desses fertilizantes.

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A médio e longo prazo, resultados satisfatórios são conseguidos com a introdução de leguminosas
nas pastagens. Graças aos seus elevados teores de proteína, cálcio e magnésio, as leguminosas têm
um efeito direto sobre a melhoria do valor nutritivo do pasto, possibilitando aos bovinos maiores
ganhos de peso vivo.
Por outro lado, graças à fixação do nitrogênio do ar, quando devidamente noduladas, as leguminosas
concorrem para a elevação da disponibilidade de nitrogênio no solo, o que possibilita maior valor
nutritivo e rendimento da gramínea.
Quantidades de nitrogênio fixado pelas leguminosas Stylosanthes, siratro e Desmodium intortum
foram estimadas, respectivamente, em 98, 110 e 185 kg/ha/ano.
Obviamente, conquanto a decomposição de raízes e nódulos das leguminosas resulte em liberação do
nitrogênio no solo, possibilitando seu uso pela gramínea, a maior quantidade do nitrogênio fixado
pela leguminosa só retorna ao solo após a queda e decomposição de folhas, assim como pelos
dejetos dos animais que delas se alimentam na pastagem.
Em experimento desenvolvido no CEPET, buscou-se medir os possíveis benefícios do cultivo do
capim-colonião com as leguminosas galactia e siratro, assim como quantificar a resposta da gramínea
a diferentes doses de nitrogênio sob a forma de sulfato de amônia. Os resultados obtidos de outubro
de 1979 a fevereiro de 1980, são resumidos no quadro seguinte.

Produção de matéria seca e teor protéico do capim-colonião sob diferentes doses de nitrogênio
ou consorciado com siratro ou galactia.
Tratamentos Produção de Matéria Seca Proteína
N (kg/ha) Kg/ha % da MS
Leguminosa
Colonião Leguminosa Colonião Leguminosa
0 2.102 - 8,1 -
40 3.258 - 8,4 -
80 4.618 - 8,5 -
120 6.241 - 9,0 -
160 7.328 - 9,3 -
Siratro 2.458 2.066 8,5 15,2
Galactia 2.526 2.226 8,3 15,9

Como se depreende do quadro, a adubação nitrogenada favoreceu o rendimento forrageiro e o teor


protéico do capim-colonião. Aliás a resposta da gramínea à adubação nitrogenada foi linear,
observando-se um ganho de 33,6 kg de matéria seca por quilograma do nitrogênio aplicado.
Também, ligeiros benefícios tanto sobre o rendimento de matéria seca como sobre o teor protéico do
capim-colonião foram observados em decorrência da sua consorciação com qualquer das duas
leguminosas. Sem dúvida, tais benefícios serão maiores com o decorrer do tempo e, maiores ainda se
o nitrogênio colhido sobre a forma de parte área das leguminosas tiver a oportunidade de retornar ao
solo. Uma rápida aritmética permitiria a conclusão de que, sob a forma de rendimento forrageiro das
leguminosas, se obtiveram:
Obviamente, estas estimativas de 50 e 57 kg de N/ha devem ser subtraídas de um valor que
representa o nitrogênio nativo do solo absorvido pelas leguminosas. Na ausência de outra
informação, poder-se-ia usar o valor 27 kg de N/ha referente ao nitrogênio obtido dos canteiros
testemunhas que nem foram adubados com nitrogênio nem foram consorciados. Com tal
procedimento, restaria pois, após esta correção, uma estimativa média de 50-27 = 23 e 57-27=30kg
de nitrogênio a ser incorporado ao solo após a decomposição das leguminosas.
Esses resultados, embora preliminares, mostram o grande potencial do uso de leguminosas tropicais
em consorciação com gramíneas tropicais, objetivando mais rápida engorda dos novilhos e maior
produção de carne por hectare.

16. ADUBAÇÃO E CONSORCIAÇÃO EM PASTAGENS

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Sendo o Brasil, um país de vasta extensão territorial e, com um clima bastante favorável ao
desenvolvimento das plantas forrageiras, a produção pecuária nacional está assentada,
exclusivamente, na utilização de pastagens, na sua maioria naturais e, em menor escala, nas
artificiais.
O consenso entre criadores de reservar às pastagens os piores terrenos, na maioria das vezes
declivosos, erodidos e pouco férteis, levou a pecuária nacional a índices de produtividade bastante
baixos.
Na atualidade, é preciso mudar o conceito de que pastagem só se cultiva nas piores áreas, e encará-
la como uma cultura qualquer capaz de ser rentável. Já não se pode aceitar uma pecuária alicerçada
em campos nativos, pouco produtivos, havendo necessidade de se investir em melhoramento desses
e , na implantação de pastagens artificiais ou cultivadas de elevada produtividade forrageira, aliada a
um manejo bem orientado no sentido de um aproveitamento quantitativo e qualitativo da forragem
produzida.
Resultados experimentais mostraram que as pastagens de boa qualidade são capazes de, por si só,
fornecerem nutrientes para que uma vaca de porte médio se mantenha e produza 10 a 12 kg de
leite/dia.
Durante muitos anos os técnicos vêm apregoando a necessidade de adubação de nossas pastagens,
visto que, a reposição natural de fertilidade, principalmente, via fezes e urina, não é suficiente para
recompor o solo.
Assim, as altas produções de carne e leite, pelos animais, estão condicionadas à alimentação farta e
de alto valor nutritivo, que por sua vez, se relacionam intimamente, dentre outros fatores, com a
fertilidade do solo.
Falando em adubação de pastagem, convém salientar que sua prática deve, contudo, ser precedida
de todas as medidas de manejo que visem o aumento da produtividade da pastagem.
Adubação é o ato ou a atividade de aplicar elementos fertilizantes ao solo. Estes englobam uma série
de produtos minerais e orgânicos essenciais ao desenvolvimento dos vegetais. Basicamente é
utilizada uma fórmula NPK na adubação por serem estes elementos os requeridos em maiores
quantidades, todavia, os elementos menores são também importantes e indispensáveis à nutrição das
plantas.
Quanto à época de aplicação de adubo os autores preconizam duas:
no final da época chuvosa, visando prolongar o período de pastejo pelo alongamento da
fase vegetativa da forrageira; e,
durante as águas, aproveitando o grande excedente da produção, armazenando-o na
forma, de feno para utilização no período seco.
A conotação especial, que a adubação adquire, no que se refere às pastagens é o conhecimento do
papel desempenhado pelo elemento químico nitrogênio na síntese de proteínas, tecidos e
conseqüentemente no aumento de produção. Por sua vez a adubação nitrogenada pode ser
suprimida pela utilização de leguminosas, planta capaz de fixar o nitrogênio do ar e cedê-lo
posteriormente às gramíneas reduzindo, assim, os gastos com a fertilização.
Convém salientar que o grande efeito da adubação se manifesta no período chuvoso e se reflete,
basicamente, sobre o rendimento forrageiro. Assim, sua prática pode resultar em um maior
desequilíbrio na alimentação do rebanho no período seco, se não forem adotadas medidas de
conservação do excedente de produção como, por exemplo, a fenação.
Tendo em vista o desequilíbrio alimentar do rebanho durante o ano, decorrente da estacionalidade
de produção forrageira, a consorciação de pastagens adquire grande importância, uma vez que ela
resulta, principalmente, em aumentos nos ganhos diários dos novilhos e no prolongamento da
estação de pastejo. Isso decorre da elevação do valor nutritivo da pastagem consorciada, uma vez
que as leguminosas são ricas em proteínas, cálcio e fósforo e também do aumento de produção
proporcionado por uma exploração mais eficiente do solo, pelo sistema radicular profundo das
leguminosas e pelo nitrogênio fixado e fornecido à gramínea.
Convém notar que, todavia, o pasto consorciado tem um manejo mais difícil, em função da
necessidade de satisfazer às exigências de duas plantas diferentes, gramínea e leguminosa. Aqui, a
adubação assume um papel importante no manejo destas pastagens, sendo recomendada uma

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adubação fosfatada e potássica, nas situações em que a gramínea esteja sobrepujando a leguminosa
e a adubação nitrogenada nas situações inversas.
Resultados experimentais de trabalhos desenvolvidos na CEPET, em que se estudam os efeitos da
adubação nitrogenada e da consorciação sobre a produção animal, permitem observar que:
naquelas condições o capim-colonião apresentou maior freqüência de leguminosas (45%)
que o capim-jaraguá (6%) e que a adubação nitrogenada na base de 300kg de sulfato de
amônia, por hectare, reduziu a freqüência de leguminosas nos piquetes de capim-
colonião em cerca de 40%;
a adubação nitrogenada favoreceu o ganho de peso dos animais nos piquetes de capim-
jaraguá onde a percentagem de leguminosa era baixa (690 x 980 g/nov./dia), efeito que
não foi observado nos piquetes de capim-colonião;
a adubação nitrogenada aumentou a capacidade de suporte no período, e o ganho de
peso vivo por hectare;
não se observaram diferenças entre as duas gramíneas quanto à capacidade de suporte
ou ganho de peso vivo por hectare;
observou-se pela análise das folhas das forrageiras a maior riqueza da leguminosa, em
proteína e cálcio; e,
a consorciação elevou o teor de proteína do capim-colonião o que pode indicar que as
leguminosas forneceram nitrogênio à gramínea.
Ao se comparar as duas gramíneas quanto ao teor de proteína, verifica-se a pobreza do capim-
jaraguá, que, entretanto, teve este valor grandemente aumentado pela adubação nitrogenada o que
justifica a elevação dos ganhos de peso vivo nesses piquetes.

17. RECUPERAÇÃO DAS PASTAGENS


Manejo de uma pastagem vem a ser a arte e ciência de se planejar e dirigir o uso da forragem
disponível a fim de se obter e manter o máximo de produção animal sem prejudicar as plantas, a
fauna, o solo e a água. O manejo inadequado das pastagens pode trazer conseqüências desastrosas
para a pastagem, solo, água, fauna, gado e para a economia da fazenda. Isto se verifica porque as
pastagens sofrem reduções progressivas na sua capacidade produtiva, não podendo suportar mais o
mesmo número de animais que suportavam anteriormente.
Causas da degradação das pastagens
A perda da capacidade produtiva das pastagens parece que está diretamente relacionada com o tipo
de manejo adotado durante vários anos. As causas prováveis são as seguintes:
ausência de cobertura vegetal nos topos dos morros e encostas íngremes;
superpastejo;
intensidade de pastejo, cobertura vegetal e enxurrada
intensidade de pastejo, produção de forragem, resíduos vegetais, infiltração;
falta de divisão das pastagens;
localização inadequada de cercas, cochos e bebedouros;
falta de adubação das pastagens;
hábito de crescimento da forrageira;
uso freqüente da queima.
Conseqüências da utilização inadequada das pastagens
Invasão das pastagens por plantas indesejáveis
Erosão dos solos das pastagens
Redução da capacidade de suporte
Aumento dos custos de recuperação das pastagens
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As medidas recomendadas para a manutenção da cobertura do solo e controle da erosão são de
extrema valia nos processos para a recuperação das pastagens degradadas, tais como:
Proteção dos topos dos morros
Deve-se manter os topos dos morros e, aproximadamente, um terço do declive cobertos com a
vegetação de mata, a fim de evitar a formação e movimentação de enxurradas. Se o topo das
montanhas já se encontra descoberto, ou seja, sem a vegetação de mata, esta área poderia ser
protegida plantando-se espécies de porte arbóreo ou arbustivo. Já adaptadas às condições ecológicas
da área. A cobertura arbórea ou arbustiva poderia ser feita com espécies de valor madeireiro e/ou
forrageiro para que seja aproveitado nas construções ou na alimentação animal. Outra prática que
poderia ser usada seria o plantio de gramíneas por divisões de touceira, estolões ou colmos e
providenciar imediatamente a vedação da área para impedir a entrada de animais.
Melhor utilização das áreas de baixada
As pastagens localizadas em áreas de baixada apresentam melhores condições de fertilidade e
topografia do que aquelas de áreas amorradas. As pastagens ali localizadas possuem maior potencial
de produção de forragem, maior capacidade de suporte e maior facilidade no manejo da pastagem e
dos animais. Assim, o superpastejo das pastagens localizadas em áreas amorradas deve ser evitado
pela utilização mais intensa das pastagens localizadas nas baixadas. A utilização mais intensa não
significa, entretanto, que se deve promover o superpastejo destas áreas. Se as pastagens das áreas
amorradas forem poupadas através de um pastejo leve e uniforme, a manutenção da cobertura
vegetal do solo estará assegurada, permitindo uma proteção contra a erosão.
Divisão e manejo das pastagens
A divisão da pastagem em piquetes dá condições ao manejador de controlar melhor o pastejo dos
animais. Os piquetes devem ser utilizados pelo gado através de um sistema de pastejo que permita a
manutenção da cobertura do solo em boa condição. Existem vários sistemas de pastejo, sendo os
mais conhecidos: o contínuo, o rotacionado, o diferido e o pastejo zero.
Lotação animal adequada
O superpastejo deve ser evitado, colocando-se lotações animais adequadas, compatíveis com a
forragem disponível no piquete, para não causar danos às plantas e ao solo. O pastejo moderado,
baseado no conhecimento da capacidade de suporte da pastagem, permite melhor manutenção da
cobertura vegetal do solo.
Adubação e calagem
A adubação fornece maior vigor à vegetação da pastagem, aumentando o adensamento das plantas e
proporcionando melhor cobertura do solo contra a erosão. Em solos de acidez elevada, a calagem é
recomendável a fim de que os efeitos da adubação sobre as plantas sejam mais eficientes,
principalmente quando se deseja incentivar o crescimento de leguminosas.
Localização de cercas, bebedouros e cochos
A movimentação constante de bovinos no sentido do declive do terreno é uma das causas de erosão
em sulcos na pastagem. Os bovinos têm a tendência natural de se movimentar acompanhando,
aproximadamente, o nível do terreno. Entretanto, podem ser forçados a se locomover no sentido do
declive, se o homem os conduzir sempre, ladeira abaixo, pelo mesmo caminho ou se as cercas,
bebedouros e cochos forem localizados de modo a forçarem os animais a se movimentarem no
sentido do declive. Para evitar isto, recomenda-se fazer o planejamento da disposição das cercas,
bebedouros e cochos.
Terraceamento
A construção de terraços não é prática necessária em um programa de conservação de solo em
pastagem. No entanto, em terrenos já sulcados pela erosão, poderia ser prática recomendável.
Evitar o uso freqüente da queima
A queima freqüente e mal orientada das pastagens, aliada ao subseqüente superpastejo das mesmas,
é uma das principais causas da erosão. Por intermédio de uma utilização uniforme das pastagens,
pode-se reduzir a freqüência do uso da queima. Entretanto, caso seja necessário o seu uso, deve-se
observar alguns cuidados para evitar danos ao solo, à vegetação e às instalações da propriedade
rural.

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Introdução de espécie forrageira melhorada
Ao tomar a decisão de recuperar uma pastagem degradada, o produtor deverá fazer um exame
criterioso das forrageiras ali existentes e, caso seja necessário, introduzir espécies forrageiras
melhoradas. Entretanto, devem ser levadas em consideração, principalmente, a sua adaptação às
condições edafo-climáticas, método de propagação, velocidade de estabelecimento e o hábito de
crescimento das plantas, a fim de promover a rápida cobertura do solo evitar possíveis fracassos.

Escada da Degradação das pastagens

18. PRODUÇÃO DE SEMENTES DE FORRAGEIRAS


Sementes têm sido um superproduto das pastagens.
Não provém de áreas exclusivas para esse fim.
Trata-se de atividade quase que essencialmente oportunista.
Neste processo as sementes são colhidas por dois métodos:
Cachos
Varredura
Colheita por cachos apresenta inconvenientes:
Sementes não maduras fisiologicamente
Perdas no processo de secagem
Colheita por varredura tem a vantagem de apresentar sementes fisiologicamente maduras.
Este método pode resultar em sementes de boa qualidade, sem problemas com secagem,
produtividades muito boas e torna menos crítica a decisão sobre o momento do início da colheita.
Têm crescido o uso de colhedeiras automotrizes.
As razões que têm levado ao uso de máquinas variam entre regiões e anos, mas a principal deles é a
escassez de mão-de-obra.
A regulagem do equipamento, a uniformidade das plantas e da superfície do solo a presença de ervas
daninhas, a época de colheita e o intervalo de tempo entre a colheita e a secagem são fatores
determinantes da qualidade final da semente.
Uma fração muito pequena das sementes comercializadas provém de áreas especialmente cultivadas
para a produção de sementes.
Problemas Característicos da Produção de Sementes de Forrageiras tropicais:
Longo período de emergência das inflorescências
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Longo período de florescimento
Número pequeno de sementes
Número pequeno de perfilhas que produzem inflorescência
Fácil degrana das sementes
A pesquisa tem tentado mudar esta situação:
Aumento do número de perfilhos reprodutivos
Maior sincronismo no desenvolvimento das plantas
Redução do volume e da altura das plantas
As práticas de manejo que mais diretamente influenciam a produtividade de sementes são:
Preparo do solo → uso de máquinas
Controle de ervas daninhas → pureza
Corte/pastejo → maior sincronização de florescimento
Menor chance de acamamento
Maior eficiência da colheita mecânica pela menor massa vegetal
Adubação → nitrogênio (100 kg/ha de N)
Aumenta o número de perfilhas reprodutivas
Sincroniza a emergência das inflorescências
Maturação das Sementes de Forrageiras
O sucesso da atividade de produção de sementes está relacionado à capacidade do produto em
reconhecer as diferentes fases dos ciclos de desenvolvimento das plantas.
Índices de maturação: pendoamento
Antese
início de queda
Colheita de Sementes
Métodos manuais → maior produtividade melhor qualidade fisiológica
Métodos mecânicos
Colhedeira automotriz
Corte mecânico das inflorescências
Sucção
Degrana mecanizada → pancada nas inflorescências, colheitas parciais
Qualidade de Sementes
Decreto número 81771 de 07.06.1978 que regulamentam a Lei número 6.507 de 19.12.1977.
Qualidade da semente é o somatório de todos os atributos genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários
que afetam a sua capacidade de originar plantas de alta produtividade.
Parâmetros que medem a Qualidade de Sementes:
Etiqueta do Serviço de fiscalização
%Gx% P
Porcentagem de pureza VC =
100
Porcentagem de Germinação
Valor cultural VC =valor cultural
Semente Certificada %G = porcentagem de germinação da amostra
Semente fiscalizada %P = porcentagem de pureza da amostra

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19. FENO E FENAÇÃO


A preservação e armazenamento de forragem devem ser vistos como atividades importantes na
agropecuária e a fenação no Brasil ainda necessita ser incrementada onde muitas pesquisas
necessitam ser conduzidas.
O objetivo em fazer feno é obter um produto desidratado de alta qualidade. Qualidade é a
combinação de propriedades químicas, físicas e biológicas que influenciam o consumo, a digestão e a
utilização da forragem. Para produzir um feno de alta qualidade pelo menos duas condições devem
ser atendidas:
uma forrageira de boa qualidade deve ser utilizada; e,
um mínimo de perdas de nutrientes durante processos de secagem e armazenamento de
acontecer.
Quando a forrageira é cortada, logo a seguir ocorre uma rápida paralisação do processo de
transpiração. O corte do suprimento de água pelas raízes e uma evaporação continuada pela
superfície das folhas acarreta o murchamento, secagem e morte. Durante a secagem algumas
enzimas continuam as suas atividades por um período de tempo e alguns nutrientes diminuem em
quantidade. Quanto mais rápida for a secagem, mais rapidamente a atividade enzimática cessa e
assim menores serão as perdas no valor nutritivo. A utilização de calor como também alterações
mecânicas dos tecidos (uso de condicionadoras) visam apressar a secagem.
Prática de Fenação: Corte, viragens, enleiramento (dispensável às vezes), armazenamento (fardos ou
medas).

FENO é a forrageira de alto valor nutritivo, conservada através da desidratação natural ou mecânica,
apresentando teores de umidade no momento do armazenamento entorno de 13 a 18%.
FENAÇÃO é o processo através do qual obtemos o feno.

Importância da área foliar


A perda de água ocorre na superfície foliar. Cerca de 5-10% ocorre através da cutícula e a maior
parte ocorre através dos estômatos ou pelas superfícies úmidas das células mesofílicas na cavidade
subestomatal. Se o ar que circunda a superfície não está saturado com umidade então o vapor de
água se difunde através do estômato para o meio ambiente. Diversas teorias são discutidas a
respeito da abertura dos estômatos onde muitos fatores estão envolvidos. Todavia, se estes fatores
têm o mesmo efeito em plantas cortadas ainda é matéria que está sendo pesquisada.
A interrupção do processo de transpiração causa o fechamento dos estômatos mas tal interrupção
não se verifica imediatamente. Quando as folhas são cortadas ocorre um aumento temporário na
taxa de transpiração mas a abertura estomática ocorre por pequeno período de tempo (menos de
uma hora). Depois os estômatos se fecham e a taxa de transpiração diminui. Com o decorrer da
secagem ocorrem tensões com o início de murchamento e alterações mecânicas nos tecidos são
produzidas. Neste ponto a eliminação de água torna-se rápida e os fatores ambientais passam a
controlar a evaporação.
Perdas de carboidratos
Mudanças em composição são conduzidas por enzimas presentes nas células vivas e continuam até
que condições letais venham interrompe-las. Assume-se que a perda de carboidratos em plantas
ceifadas e em processo de secagem ao ar é devida principalmente à respiração e é acompanhada por
uma perda de matéria seca e é variável de acordo com a natureza do processo de secagem (natural
ou artificial). A principal mudança na composição química é a perda de carboidratos solúveis que
atinge até 4% conforme citações na literatura.
Perdas de constituintes nitrogenados

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A secagem em condições naturais resulta em menores perdas de substâncias nitrogenadas quando se
compara com a perda de carboidratos. Perdas da ordem de 2 a 5% de nitrogênio, em média, podem
ocorrer.

Vitaminas
Três das vitaminas (A-D-E) requeridas pelos ruminantes são afetadas pela secagem. O precursor da
vitamina A está presente em grande quantidade nas plantas novas e decresce com a maturidade da
mesma. Embora o caroteno seja um pigmento amarelo, ele está associado a cor verde e está
altamente correlacionado com a clorofila e proteína.
Devido a sua associação com a clorofila, a cor verde de um feno pode ser considerada como critério
de avaliação da qualidade do feno. O caroteno é instável à luz e ar e perdas consideráveis ocorrem
pela ação da lipoxidase. A secagem lenta a uma temperatura de 37oC ao sol, pode destruir até 80%
do caroteno existente. A secagem rápida (natural ou artificial) rapidamente inativa a enzima e tende
a conservar o caroteno. O feno ainda no Brasil tem sido uma fonte pobre em caroteno devido às
condições ou práticas de fenação.
A vitamina D quase não ocorre ou quando presente aparece em pequena quantidade nas partes
verdes das plantas. Pouco tem sido conhecido a respeito das reações que ocorrem dos esteróis
quando a luz incide nas partes da planta que está murchando.
A vitamina E é um tocoferol e dos quatro mais comuns, o α-tocoferol é o mais abundante em plantas
forrageiras. Trabalhos de pesquisa têm mostrado resultados variáveis quanto a perda de tocoferóis
quando partes de plantas são expostas ao sol.
Digestibilidade da Proteína
A secagem artificial e rápida a despeito de diminuir algumas perdas quando se compara à secagem
natural e lenta, tem a desvantagem de causar um abaixamento na digestibilidade da proteína. Isto
porque a secagem artificial muitas vezes envolve altas temperaturas (> 80o C). O efeito destrutivo do
calor é produzido por reação química de aminoácidos com açúcares. Chamada também de reação
“marrom” (tonalidade marrom adquirida pelo feno) ou “reação de Maillard”, é não-enzimática e é
acelerada pelo calor. A reação ocorre entre grupos carboxilas de carboidratos e os grupos amino de
aminoácidos, peptídeos e proteína, durante a secagem acelerada pelo calor e o produto da reação é
resistente aos agentes digestivos do organismo animal.
Em resumo pode-se citar que as perdas totais de matéria seca durante a secagem a campo são:
devido à respiração durante o murchamento 4-15% dependendo das condições
ambientais;
devido à queda de folhas 2-5% para gramíneas e 3-35% para leguminosas; e,
devido ao lixiviamento pela chuva 5-14%.
Segundo Archibald (1961), a chuva é o maior destruidor da qualidade dos fenos e o caroteno é o
constituinte que sofre as maiores perdas. O lixiviamento pela água pode remover tanto quanto 20-
40% da matéria seca, 30% de fósforo, 65% de potássio, 20% de proteína bruta e 35% extrato livre
não nitrogenado.
Armazenamento do Feno:
Uma outra perda de qualidade ocorre quando o feno é armazenado. As perdas em matéria seca
aumentam com o aumento da temperatura de armazenagem e com o conteúdo de umidade do feno
quando este é armazenado sob a forma de medas ou de fardos. Fenos armazenadas com ± 16% de
umidade a temperatura se eleva mas muito pouco. Já, em fenos com mais de 25% de umidade então
a temperatura se eleva muito e o aparecimento de fungos é observado. A temperatura poderá atingir
valores próximos de 70OC quando o feno é armazenado com 40% ou mais de umidade. As maiores
perdas tem sido verificadas no conteúdo de caroteno apesar de substanciais perdas ocorrerem em
açúcares e proteína. O aquecimento espontâneo de fenos úmidos (alto teor de água) leva a formação
de feno com coloração marrom ou cinza escuro.
Crescimento e Maturidade da Planta.

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A composição química e o valor nutritivo de uma forrageira em qualquer época é o resultado de
fatores genéticos e do meio que estão inter-relacionados. Torna-se difícil distinguir quantitativamente
as influências relativas da luz, temperatura e dos nutrientes no crescimento da planta.
O estádio de crescimento da planta é um fator importante influenciando a composição química. No
início da primavera, partes novas de toda a forrageira possuem uma grande proporção de folhas (alta
relação folha/caule), folhas suculentas, alto conteúdo de água, de proteína e minerais e baixo teor de
fibra e lignina. Com o avanço da estação, sob respostas genéticas aos dias longos e temperaturas
elevadas, mudanças morfológicas se verificam. O crescimento das folhas diminui, os caules se
alongam, partes florais aparecem e os produtos da fotossíntese se acumulam. A porção
citoplasmática de cada célula torna-se menos importante e a percentagem de alguns de seus
constituintes como proteína, lipídeos, minerais e carboidratos solúveis diminuem embora não seja em
quantidade absoluta. As paredes celulares tornam-se relativamente mais importantes e os
constituintes fibrosos aumentam e tornam-se mais lignificados. A matéria seca total aumenta
seguindo a curva sigmóide, como em todos os vegetais vivos. No entanto, um progressivo decréscimo
ocorre em quantidade, particularmente quanto à digestibilidade.
A relação folha/caule é de grande importância na determinação da qualidade do feno. De um modo
geral as folhas são mais nutritivas do que os caules e estes com o amadurecimento da planta tornam-
se mais fibrosos a uma velocidade maior comparado às folhas. Como exemplo pode-se citar trabalhos
de Miller (1958) mostrando que as folhas de alfafa (Medicago sativa) quando cortadas para fenar
possuíam 24% de proteína, 16,4% de fibra e 10,7% de cinzas, enquanto que os caules continham
10,1, 44,4 e 6,3% dos mesmos constituintes respectivamente. Terry e Tilley (1964) mostram que a
digestibilidade “in vitro” dos caules de alfafa diminuía de 85 para 56% durante o período de
maturação enquanto que as folhas tinham uma digestibilidade ao redor de 82%.
A fenação requer uma remoção de grande quantidade de água da planta. Tecidos possuindo células
de paredes finas tem um elevado conteúdo de água, freqüentemente em excesso de 90% e células
de paredes espessas possuem menos água. Folhas de plantas suculentas apresentam vacúolos
grandes e contém a maior parte de água. Em tecidos meristemáticos que contém poucos vacúolos e
pouco material de parede celular, a maior parte da água se encontra no protoplasma. A hora do dia a
qual a forrageira é ceifada para ser fenada também afeta o conteúdo de umidade. A percentagem de
matéria seca é mais alta durante o dia, do meio dia às 15 horas e é mais baixa durante a noite até o
amanhecer.
Apesar do corte da forrageira ser realizado na parte da manhã apresentando um material com
elevado teor de umidade, por outro lado permite um período maior de tempo para a secagem
durante todo o dia.
Época de Corte
O corte da forrageira quando realizado muito cedo, utilizando plantas muito novas, apresenta a
desvantagem de se ter baixos rendimentos e elevado teor de água. O corte sendo feito tardiamente
apresenta também a desvantagem de se ter um material mais lignificado, mais baixo teor de
carboidratos e baixa digestibilidade da proteína. A época ideal para o corte seria aquela em que a
planta se apresentasse adequada do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Todavia, tal época não
pode ser definida apenas em função de crescimento da planta ou data de calendário porque ainda
outros fatores como condições ambientais, tecnologia de produção, etc. também condicionarão a
fenação. O que não se pode nunca é esquecer que a qualidade da forrageira a ser cortada é o mais
importante.
Reação da Planta ao Corte
A secagem começa logo quando a planta é cortada. A velocidade de secagem depende da diferença
de vapor entre a pressão exercida pela água interna da planta e a pressão de vapor do ar ambiente.
Fatores como temperatura, movimento do ar, concentração de substâncias e o movimento de água
dos tecidos afetam a pressão de vapor. O equilíbrio ocorrerá entre o feno e meio ambiente, quando a
transferência de umidade cessa.
Plantas e partes das plantas diferem entre si quanto à secagem. As folhas secam mais rapidamente
do que os caules. Plantas como por exemplo o capim-agola (Brachiaria mutica) apresenta relação
folha/caule baixa e, ainda possui um elevado conteúdo de água no colmo. Assim, cuidados especiais
devem ser tomados ao fenar determinados tipos de forrageiras. A queda de folhas nas leguminosas é
uma outra evidência do cuidado que devemos tomar quando é realizada a fenação. Alterações
mecânicas podem ser feitas com o uso de máquinas apropriadas (condicionadoras) visando aumentar
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a velocidade de secagem, facilitando o movimento de água e aumentando a superfície de
evaporação. Quanto mais rápida for a secagem através de qualquer processo as perdas por
respiração diminuem e em algumas plantas reduz também a queda de folhas.
O sol é um fator importante na secagem à campo. Promove rápida secagem mas pode também
promover a destruição do caroteno e vitamina E. Operações práticas como cobertura (galpões) e
secagem artificial visam produzir um feno de melhor qualidade.
20. ENSILAGEM E SILAGEM
Ensilagem → Conhecido dos egípcios 1000 - 1500 a.C.
Primeiros ensaios na França e Alemanha - Séc. XIX.
Brasil → final do Séc. XIX, grande difusão nas décadas de 60 - 70 mas seu uso é ainda bastante
restrito (FARIA, 1986).
1843 - Inglaterra → princípio básico de compactação enérgica e vedação para produzir silagem de
boa qualidade.
Brasil → artigos de divulgação para produtoras → relegam a compactação, em silos trincheira, a
segundo plano.
Brasil → promoção de silos de superfície não difundem os conceitos de perdas por aeração durante o
carregamento armazenamento e descarregamento.
Conceito → material produzido pela fermentação controlada de uma forragem com alto conteúdo de
umidade.

ENSILAGEM é o processo através do qual obtemos a silagem.


SILAGEM é o material produzido pela fermentação controlada de uma forragem com alto conteúdo de
umidade. A fermentação é controlada pela formação de ácidos orgânicos (lático) pelas bactérias na
forragem fresca ou por adição direta de ácidos ou preservativos.
O primeiro objetivo é atingir e manter as condições anaeróbias e o segundo é desencorajar a
fermentação clostridia a qual leva à produção de CO2, NH3 e compostos nitrogenados indesejáveis
tais como aminas. Na prática, condições anaeróbicas podem ser atingidas por vários métodos. O mais
eficiente caminho é armazenar o material em ambiente hermeticamente fechado. Quanto ao segundo
objetivo existem diversas maneiras nas quais a fermentação do tipo clostridia pode ser evitada. O
meio mais direto é reduzir o conteúdo de umidade do material a ser ensilado. Em materiais contendo
28% ou mais de matéria seca, muito pouca atividade clostridia ocorre e o material preserva
satisfatoriamente.
O meio mais comum de controlar a fermentação butírica é promover a fermentação lática. Os ácidos
acético e lático formados aumentam a concentração hidrogeniônica a um nível tal no qual o
desenvolvimento das bactérias clostridias é inibido. Esta inibição é causada só pela concentração
hidrogeniônica mas também pelos próprios ácidos não dissociados. É difícil afirmar um exato valor de
pH crítico para silagem quando ela não depende somente do pH mas também do conteúdo de
umidade e da temperatura. Quanto mais úmido o material mais baixo será o valor do pH crítico. Sob
condições mais secas (menor umidade) a fermentação lática ocorrerá normalmente. Todavia, isto não
é necessariamente essencial à preservação. No caso, a compactação do material ficaria
comprometida e a expulsão do ar também. Um método alternativo de inibir a fermentação butírica é
pela adição de aditivos específicos.
Seqüência de Eventos
Material fresco rapidamente consume O2 dentro do silo. Os microrganismos aeróbios contribuem em
parte para a situação de anaerobiose. Após isto os anaeróbios iniciam a multiplicação e o processo
dura poucos dias numa temperatura de 22-40º C. Taxas de crescimento e densidade da população
microbiana variam com o tipo de forragem e com a temperatura. Primeiramente, as do tipo
Coliformes dominam e são logo substituídas pelas Leuconostocus e Streptococcus. Finalmente, elas
são substituídas pelas Lactobaccillus e Pediococcus, as quais reduzem o valor de pH para próximo de
4,0 e preservam a silagem da atividade clostridia.

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O valor pH é um seguro indicador mas não deve ser o único.
A conversão de lactato para butirato pelas bactérias “clostridia” é a causa mais comum de reversão
de pH dando como conseqüência o crescimento secundário de clostridia resultando na deterioração
da silagem. As concentrações de carboidratos solúveis em água e outros constituintes têm uma
influência determinante no desenvolvimento das bactérias. As bactérias se multiplicam rapidamente
no suco produzido pelo tecido da planta e a multiplicação aumenta mais com os cortes efetuados
pelas máquinas. Teor de umidade elevado como acontece em colheita em dias chuvosos, resultando
em 15% ou menos de matéria seca, pode exercer uma ação inibidora na preservação que seria
realizada pelo ácido lático e sob tais condições a atividades clostridia pode não ser inibida mesmo a
um pH tão baixo como 4,0.
A atividade clostridia é inibida não só pela quantidade de água presente mas pela quantidade de
ácido lático e acético. A concentração e a toxicidade de ácido não dissociado respondem pelos efeitos
dos ácidos. Quanto mais seca a silagem, maior poder de inibição dos ácidos. Quando o material verde
é ensilado com 25-30% de matéria seca, a atividade clostridia é inibida mais pela falta de umidade do
que pelo ácido. Bactérias produtoras de ácido lático são tolerantes a situações de alto teor de matéria
seca, chegando a produzir ligeira fermentação até a 70% de matéria seca.
Glicose, frutose, sacarose e frutosana são os principais carboidratos solúveis presentes em
gramíneas. Sacarose e frutosana são rapidamente hidrolisadas na ensilagem para monômeros,
glicose e frutose. Podemos considerar que frutose e glicose são as principais fontes de carboidratos.
Carboidratos solúveis são utilizados por uma série de microorganismo aeróbios mas, devido às
condições anaeróbias atingidas então bactérias formadoras do ácido lático rapidamente dominam o
processo. O caminho pelo qual a fermentação se processa varia de acordo com tipo de bactérias
(homofermentativa ou heterofementativa) dominante.

Todavia, as heteroláticas produzem anaerobiamente 1 mol de lactato, 1 mol de etanol e 1 mol de CO2
por 1 mol de glicose fermentada. O tipo de açúcar glicose ou frutose é de importância quando as
heteroláticas predominam porque resultam em diferentes produtos finais.
Menos ácido lático é produzido de frutose do que glicose e conseqüentemente a eficiência da
fermentação é consideravelmente menor do que quando bactérias lácticas homofermentativas estão
presentes.

Características desejáveis da forrageira a ensilar:

Conteúdo de matéria seca - 30 - 35%


Pré -murchamento → no Brasil é pouco usada e muitas espécies de V.N. bom deixam de ser usadas.
Milho - 33 - 37% M.S.
Sorgo - 28 - 38% M.S.
Elefante - ponto de corte ótimo - 82 - 85% umidade (limitante)
Pré-murchamento do Capim-elefante não traz resultados satisfatórios aumenta 4.8 ponto percentuais
na M.S. (± 25%) após 6 a 12 horas de sol.

O conhecimento de teor de matéria seca de uma forragem é importante pelo seu efeito sobre a
ingestão desse nutriente pelos ruminantes, pois que forragens muito suculentas limitam o consumo
diário de energia, enquanto que forragens com teores elevados de matéria seca podem também
apresentar baixos consumos pela lignificação do material e conseqüente redução de sua
apetibilidade. O valor nutritivo de uma silagem pode ser considerado função do consumo voluntário,
digestibilidade e eficiência pelo qual os nutrientes são utilizados.
No entanto, o principal fator que limita a produção dos animais ingerindo silagem é o nível de
consumo voluntário.
De uma maneira geral, pode-se afirmar que a depressão no consumo de uma silagem é causada
pelas mudanças químicas que ocorrem durante a fermentação no silo; no entanto, muitos estudos
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mostraram correlação positiva entre o consumo de matéria seca e o seu respectivo teor na silagem.
Neste sentido JACKSON e FORBES (1970) relataram uma relação curvilínea entre o teor de matéria
seca da silagem e seu consumo, estabelecendo que o teor de 35,5% de M.S. propiciaria a máxima
ingestão.
Teor de Carboidratos solúveis - > 15%
No geral, as gramíneas tropicais apresentam níveis de carboidratos solúveis baixas, se comparados
aos 15% indicada por KEARNEY e KENNEDY (1962), para obtenção de silagens láticas e de boa
qualidade. No entanto, o Capim-elefante, se por um lado apresenta cultivares (TAIWAN - 148) com
teores de 16,95%, por outro, tem propiciado a obtenção de silagens razoáveis, mesmo com taxas de
carboidratos solúveis abaixo dos 15%.

Poder Tampão
Tem sido observado para o Capim-elefante que os valores determinados não se constituem num
empecilho para a silagem, uma vez que não impediria o rápido abaixamento do pH na massa
armazenada. Além disso, com o envelhecimento da gramínea e/ou adoção do emurchecimento,
ocorre uma redução na capacidade tamponante deste capim.
A avaliação do poder tampão das plantas é muito importante para se estabelecer o seu potencial para
a ensilagem , pois impondo resistência ao abaixamento do pH das silagens pode interferir de maneira
marcante na qualidade do produto final, desde que são pH elevado não há condições de impedir o
desenvolvimento de fermentações secundárias e indesejáveis. O poder tampão se reveste de grande
importância na ensilagem, pois, quando elevado, aumenta a necessidade de ácido lático para
abaixamento do pH a níveis adequados à conservação, exigindo assim maior disponibilidade de
carboidratos fermentescíveis. (E.mg.HCL/100g M.S.)

Processamento do material
Picagem do material
É fundamental que o tamanho dos pedaços seja uniforme em toda a massa a ser ensilada. Picar o
material em pedaços pequenos é importante por várias razões: a eliminação do ar é muito mais
eficiente, resultado assim numa fermentação satisfatória e uniforme, maior quantidade do material
pode ser transportada; a carga e descarga tornam-se mais fáceis; e ainda, favorece um maior
consumo da silagem. Resultados de pesquisa tem mostrado que quanto maior o conteúdo de matéria
seca, menor deve ser o tamanho dos pedaços.
Compactação e vedação
Evidências experimentais tem mostrado que a alta susceptibilidade das silagens à deteriorização,
após a abertura do silo, está relacionada com: tempo prolongado de enchimento, aeração da massa
na ensilagem, teor elevado de matéria seca, menor compactação e densidade da massa e
temperaturas ambientes elevados. Admite-se que as perdas por aeração podem atingir valores de o
carregamento lento, a colocação de camadas diárias finas, a falta de compactação e o atraso na
vedação são procedimentos que concorrem para aerar a massa e promova perdas no processo.
Evidências experimentais revelaram que, em silos onde a densidade era de 750kg/m3 a vedação não
promovia um efeito muito pronunciado sobre perdas, já que o efeito do ar se limitava à superfície.
Retirada diária do produto
Remover a silagem sem promover distúrbios na massa remanescente no silo e fornecer aos animais o
mais rápido possível. Retirar camadas paralelas de 10-30 cm por dia.

Métodos de produção de silagens


Redução da umidade
Emurchecimento - raramente alcança valores satisfatórios.
Adição de materiais com alto teor de M.S.
25% cama de galinheiro - M.S 33,7% - PB ganho consumo.
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10% cama de galinheiro - provocou alterações indispensáveis e 5% seria o máximo.
20% de polpa de laranja seca - M.S 32% - boa qualidade.
20% de fubá
15% de feno Silagem de
7,5% de grãos de cereais no ato da ensilagem M.S. 5%.
* Maior teor de M.S. implica em queda do pH e nos teores de ácido acético e butírico.
Parte aérea da Mandioca.
Fresca 25%
Farelo 5% 20% M.S. 10% PB.
Diminui fermentação acética, aumenta lática, impede butírica.
Estimulantes da Fermentação - produtos ricos em açúcares.
20 - 30% de cana - cana madura x verde > 16 meses.
1 - 4% de melaço
2 - 9% Fubá Trabalhos mostram que estes aditivos não
7,5% raspa de mandioca constituem fonte de

Grupos enzimáticos (amilolíticos e hemicelulolíticos) e bactérias (Streptococus, Enterobacter e


lactobacillus) - promove rápido abaixamento do pH - boas perspectivas.
Aditivas utilizadas na Ensilagem
Estimulantes da Fermentação.
* Nutritivos - grãos secos, melaço, carbonatos de cálcio.
* Não Nutritivos - culturas de bactérias, levedos, enzimas.
Inibidores da Fermentação.
* Nutritivos - sal comum, ácido propiônico.
* Não Nutritivos - ácido fórmico mais formol, formaldeido.
Aditivos somente Nutritivos
Uréia (0,6%) - problemático.
Qualidade da Silagem.
Dimensionamento:
Altos teores de umidade podem favorecer a atividade clostridia mesmo a um pH < 4,0.

Ácidos Orgânicos e Capacidade Tampão


O efeito tamponante ou capacidade tampão das plantas é importante no processo de ensilagem.
Cerca de 68-80% da capacidade tampão pode ser atribuído aos anions de sais de ácidos orgânicos,
ortofosfatos, sulfatos, nitratos e somente 10-20% da capacidade tampão resultam da ação de
proteínas das plantas.
Gramíneas apresentam menor efeito tamponante (25-40%) em comparação às leguminosas com
valores mais altos (50-60%).

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Dos ácidos geralmente presentes na forragem, cítrico e málico são quantitativamente os mais
importantes. Bactérias do ácido lático homo e heterofermentativos rapidamente desdobram citrato e
malato através de vários caminhos.
Compostos Nitrogenados
Uma rápida e extensiva proteólise ocorre após o corte da forrageira e termina quando o conteúdo de
matéria seca se torna alto ou um pH baixo quando o material é seco ou ensilado respectivamente.
Mesmo em silagens bem preservadas, cerca de 50% de degradação da proteína poderá ocorrer. Em
adição a proteólise, mudanças com liberação de aminoácidos ocorrem como resultado da ação
conjunta da planta e atividade microbiana. Alguns estudos suportam a idéia que a formação de
amônia de aminoácidos é causada pela ação de bactérias e não por enzimas. Evidências sugerem que
dos aminoácidos somente L-serina e L-arginina são significantemente atacadas pelas bactérias láticas
sendo estes aminoácidos desanimados e descarboxilados para acetona e ornitina respectivamente.
Em geral a quantidade de nitrogênio volátil em silagem é uma indicação segura da desaminação e
isto é altamente correlacionado com o valor de pH.
Natureza das perdas
As perdas ocorridas no processo de ensilagem podem ser classificadas em quatro:
perdas no campo;
devido a Respiração;
devido a fermentação; e,
perdas por Lixiviamento.
As perdas de matéria seca ocorridas no campo são consideradas muito pequenas e inexistente
principalmente se o material é cortado e ensilado no mesmo dia.
As perdas de matéria seca por respiração são devidas a atividade enzimática que ocorre até que as
condições aeróbias ainda persistam. Podendo ocorrer de 4 a 6% de perdas.
As perdas por fermentação também são pequenas desde que os cuidados sejam tomados e não
devem exceder 6%, com o mínimo de 3% conforme mostra a literatura.
As perdas por lixiviamento também podem ser consideradas desprezíveis quando o material é
ensilado em cerca de 30% de matéria seca.

9. Aditivos
Estimulante
Inibidores
Melaço contém cerca de 50% de CH0’s
Amido (+ amilase)
Bactérias
Os resultados da adição de estimulantes e mesmo inibidores têm sido desestimulantes. A adição de
sal comum aumenta a pressão osmótica da mesma forma como ocorre com o murchamento. Para um
material verde com cerca de ± 25% de matéria seca se recomenda 1,5 a 2% de sal e para uma
forragem com ± 35% de matéria seca pode-se usar 0,5 a 1,0% de sal.
O mais antigo método de inibir a fermentação foi o uso da mistura de ácidos minerais (clorídrico e
sulfúrico), método chamado AIV do pesquisador A.I. Virtanen. A adição de formaldeido na base de
0,4% do peso fresco de forragem tem sido pesquisada e já se verificou que ocorre severa redução na
fermentação de modo geral. Todavia, o uso de estimulantes ou inibidores ainda sofre restrições do
ponto de vista prático e econômico.

3. FASES DA FERMENTAÇÃO NO SILO

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Segundo McCULLOUGH (1984) a fermentação no silo pode ser dividida em 6 fases.

Fase 1
A primeira fase começa quando a planta é cortada. Durante esta fase microrganismos
epifíticos aeróbios convertem carboidratos solúveis a dióxido de carbono e água com produção de
calor. Também enzimas da própria planta promovem a hidrólise do amido e da hemicelulose a
monossacarídeos. Esta hidrólise fornece uma quantidade adicional de açúcares para a futura
fermentação láctica. O teor de FDN aumenta levemente após a ensilagem pelo efeito de diluição
causado principalmente pela redução dos carboidratos solúveis.
O processo aeróbio inicial continua até que todo o oxigênio existente tenha sido exaurido ou
todo conteúdo de carboidratos solúveis seja utilizado. Sob boas condições de umidade, tamanho de
partícula e compactação a atividade aeróbia continua por apenas poucas horas. Daí a importância da
rapidez e condição de vedação do silo.
Fase 2
A segunda fase é caracterizada por heterofermentação anaeróbica. Vários produtos
resultantes dos processos fermentativos são produzidos. Os principais são ácidos graxos voláteis de
cadeia curta (acético, láctico, propiônico e butírico), e dióxido de carbono. Estes compostos são
oriundos da fermentação de carboidratos solúveis, incluindo hexoses (glicose e frutose) e pentoses
(xilose e ribose).
As bactérias heterofermentativas da segunda fase tendem a ser fermentadores ineficientes,
pois produzem pouco ácido em relação à perda de nutrientes. A proporção de produtos finais
depende da maturidade da planta, umidade e população bacteriana epifítica da planta forrageira
ensilada.
As bactérias desta fase são viáveis a um pH entre 5 e 7. Entretanto, os ácidos por elas
produzidos reduzem o pH da silagem para menos de 6. As bactérias heterofermentativas são
retroinibidoras, criando um ambiente favorável para o crescimento das bactérias homofermentativas,
que são viáveis a um pH abaixo de 5. A queda do pH significa o final definitivo da fase anaeróbia e
pode durar de 24 a 72 horas.
Fase 3
A terceira fase de fermentação é uma pequena fase de transição que dura ao redor de 24
horas. O declínio do pH promove aumento na população de bactérias homofermentativas ácido-
lácticas eficientes. Estas bactérias reduzem o pH da silagem mais rápido e eficientemente por
produzirem principalmente ácido láctico. Essas bactérias são menos tolerantes ao calor que as
heterofermentativas da fase 2 e mais susceptíveis à altas temperaturas que as bactérias lactogênicas
da fase 4.
Fase 4
Esta fase pode ser considerada uma continuação da fase 3. Durante a fase 4 a temperatura
da silagem se estabiliza e as bactérias fermentam carboidratos solúveis, produzindo ácido láctico.
Este ácido é mais forte e mais eficiente na redução do pH que os outros ácidos graxos voláteis (AGV)
produzidos. O ácido láctico geralmente predomina nas silagens de boa qualidade (60% dos AGV). Sua
presença é da magnitude de 3 a 6% da MS.
Uma predominância de bactérias lácticas em relação aos outros tipos de bactérias levando a
uma rápida queda no pH permite uma melhor conservação dos nutrientes, tais como carboidratos,
aminoácidos, peptídeos, etc.
Fase 5
A fase 5 é o estágio de estabilização, que mantém-se durante toda a estocagem da forragem.
Entretanto esta não é uma fase estática, já que ocorrem variações dependendo das condições
ambientais, da penetração de ar e do número e tipo de organismos aeróbios (fungos, leveduras, etc.)
presentes na planta no momento da ensilagem.
Fase 6
A fase 6, que é a última fase de fermentação, se dá quando a silagem é retirada do silo para
ser administrada aos animais. Esta fase é tão importante quanto as descritas anteriormente, porém
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geralmente é negligenciada pelos produtores. Mais de 50% das perdas de matéria seca ocorrem por
descuido com a superfície de onde se retira as camadas de silagem para a alimentação animal.
A atividade microbiana aeróbia é estimulada devido à entrada de oxigênio no interior da
massa ensilada. Esta atividade aeróbia produz calor e diminui a palatabilidade e a disponibilidade de
alguns nutrientes da silagem.

QUADRO 21. Parâmetros químicos indicadores da qualidade da silagem

Parâmetros
Qualidade
% NH3/Ntotal % ác. Butírico % ác. acético % ác. láctico pH
Muito boa 0-12,5 0,0-0,1 3,8-4,0
Boa 12,6-15 0,1-0,2 0,5-2,0 >6,0 4,0-4,2
Média 15,1-17,5 0,21-0,3 4,2-4,4
Ruim 17,6-20 0,31-0,4 >12,0 > 4,5
Péssima >20 >0,41
Fonte: Adaptado de PUPO (1981)

QUADRO 22. Parâmetros físicos indicadores da qualidade da silagem

Parâmetros
Qualidade
Cor Odor Sabor
Boa Verde amarelada Agradável (frutas) Azedo (ác. Láctico)
Média Verde oliva Vinagre Menos ácido
Ruim Marron escura ou preta Repugnante Desagrável
Fonte: Adaptado de PUPO (1981)

QUADRO 23. Perdas de energia na silagem

Fontes de perda Perda % MS Agentes causais


Respiração Inevitável 1-2 Enzimas da planta
Fermentação Inevitável 2-4 Microorganismos
Efluente Inevitável 5-7 Umidade
Pré-secagem Inevitável 2-5 Clima, técnica, planta
Fermentações secundárias Evitável 0-5 Planta, ambiente no silo,
Umidade
Deterioração aeróbica no Evitável 0-10 Tempo de enchimento,
armazenamento densidade,vedação,umidade
Deterioração aeróbica no Evitável 0-15 Densidade, umidade, técnica, época
descarregamento do ano
Perdas totais 7-40
Fonte: McDONALD (1981)

CAPINEIRAS
Capineiras são áreas cultivadas com forrageiras, preferencialmente de alta produção, objetivando o
corte para fornecimento aos animais no cocho, para suprir deficiências da pastagem.
Quando da formação de uma capineira em uma propriedade, devemos considerar uma série de
pontos.
Escolha do local e preparo do solo: como o capim será cortado e picado diariamente , a área a ser
cultivada deverá ficar o mais próximo possível do estábulo ou do local onde será ministrada a
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forragem aos animais. Além disto, deve-se escolher um local em que haja pouca ou nenhuma
probabilidade de ocorrência de geadas, uma vez que a qualidade da forragem será extremamente
prejudicada caso elas ocorram. O solo deverá ser bem drenado, e as várzeas úmidas deverão ser
evitadas. O tamanho da área a ser cultivada depende do tamanho do rebanho, da categoria dos
animais que utilizarão a capineira a das pastagens de reserva existentes na propriedade. O preparo
do solo é o convencional, constituído da aração precedida pela calagem, caso necessário, e da
gradagem precedida da aplicação de fósforo natural, sempre recomendável. A quantidade de calcário
e de fosfato a ser aplicada será recomendada através da análise do solo. Com relação ao controle da
erosão, este deverá ser sempre observado para evitar perdas de solo. Os sulcos de plantio deverão
ter espaçamento de um metro entre si.
Variedade e espécies a plantar: preparando o terreno, deve-se escolher a variedade de capim-
elefante mais adequada para a região. Atualmente existe a variedade Cameron, bem mais produtiva
que as demais. Além de produzir maior quantidade de forragem, esta variedade apresenta uma
particularidade importantíssima que é a de não florescer, salvo algumas exceções, permanecendo
verde e tenra o ano todo, como alimento de alta qualidade.

PLANTIO (capim-elefante)
O plantio naturalmente deverá ser realizado no início do período das águas, para que a cultura se
desenvolva rapidamente. As mudas deverão ser provenientes de plantas adultas e vigorosas,
cortando-se as ponteiras e utilizando-se estacas com pelo menos três gemas ou pontos de
rebrotação. O capim-elefante multiplica-se por sementes, por mudas enraizadas e por colmos. As
estacas e/ou colmos inteiros constituem as formas mais usadas e mais fáceis de sua propagação.
Deverão ser colocados de forma contínua nos sulcos onde o pé de uma muda coincida com a ponta
da outra. O espaçamento entre sulcos pode ser de 0,70 m a 1,00 m. No espaçamento próximo de
0,80 m o gasto de mudas é de e 3 a 4 t/ha. Em média, de 1 hectare tiram-se mudas para plantar 10
hectares.

TRATOS CULTURAIS
As capinas devem ser feitas quando necessárias para manter a área limpa. Quando se faz um bom
preparo do solo, uma adubação adequada, utilizando-se boas mudas, com um plantio correto, não
haverá necessidade de tratos culturais. Com o crescimento rápido, a forrageira cobrirá o solo, não
permitindo o desenvolvimento das invasoras.

MANEJO E UTILIZAÇÃO DA CAPINEIRA


O manejo das capineiras é provavelmente o ponto que deve merecer maior atenção do produtor e
também dos técnicos que trabalham no setor. Por não adotarem um manejo correto na utilização de
suas capineiras, inúmeros produtores perdem muita forragem, não aproveitando todo o potencial de
produção do capim-elefante. O crescimento rápido das plantas forrageiras tropicais, no período das
chuvas, proporciona quantidades elevadas de forragem, tanto nos pastos como nas capineiras. Neste
período, muitos produtores param de cortar e utilizar as capineiras, deixando-as crescer a partir de
novembro para serem cortadas na próxima seca. Alegam que os pastos estão bons, atendendo às
exigências dos animais, não sendo necessário, portanto, cortar a capineira.
A maioria dos produtores prefere manter os animais só a pasto, descansando a capineira, o que é um
erro. Setenta a oitenta porcento da produção anual das forrageiras tropicais ocorre no período das
chuvas. É melhor descansar um dos pastos praguejados, por exemplo, deixando-o recuperar-se para
utilização na seca. Com este descanso, haverá redução das invasoras na pastagem, e haverá
aumento na quantidade de capim, cobrindo melhor o solo, reduzindo-se assim a erosão.
As capineiras são áreas pequenas, mais fáceis de serem cuidadas, enquanto que as pastagens são,
de um modo geral, áreas extensas. Descansando a capineira, a forrageira vai crescer muito e perder
o seu valor nutritivo, tornando-se muito fibrosa, com baixo teor protéico e, com isto, reduzindo o seu
valor como alimento. No manejo tradicional, a capineira é cortada uma ou, no máximo, duas vezes
por ano. O resultado é o fornecimento aos animais de um volumoso de baixo valor nutritivo, devido
ao alto teor de fibra e ao baixo nível de proteína do capim nestas condições. É, portanto, um

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volumoso de baixa digestibilidade pelo avançado estádio de maturidade (quanto mais avançado o
estádio vegetativo da planta, menor será o seu valor nutritivo).
A principal preocupação de todo produtor ao formar uma capineira deve ser a obtenção de forragens
para seus animais durante os períodos de falta de pasto, em quantidade e qualidade suficientes para
manter uma boa produção de leite, os animais adultos em bom estado corporal e propiciar
desenvolvimento satisfatório aos animais novos. Para que isto aconteça, a alimentação volumosa e
concentrada deve estar bem balanceada, uma vez que apenas o volumoso, no período crítico, não é
suficiente para atender às necessidades protéicas e energéticas dos diferentes tipos de animais,
principalmente das vacas em lactação. A obtenção de forragem de boa qualidade pode ser
conseguida adotando-se um manejo correto da capineira, utilizando-se o capim-elefante durante a
estação chuvosa, através de corte, ensilagem ou pastejo.
O importante é não perder forragem, podendo-se efetuar até três cortes neste período de verão,
sendo o último antes do final das chuvas, para que possa ocorrer boa rebrota e boa produção de
massa para ser utilizada no período da seca. A experimentação tem mostrado que, para se ter
forragem disponível no período da seca, a capineira deve ser cortada ou pastejada até os meses de
janeiro e fevereiro. Cortes realizados em abril, proporcionam uma rebrota muito fraca e não
apresentam bom rendimento forrageiro mesmo no final da seca, isto é, nos meses de setembro e
outubro. Para se conseguir bons resultados nas brotações após os cortes no período das águas. Não
se pode esquecer que uma adubação nitrogenada em cobertura é ponto fundamental. Após cada
corte ou a cada dois cortes numa mesma área, deve-se fazer aplicação do esterco para repor parte
dos nutrientes retirados do solo.

INERVALO ENTRE CORTES


Para se obter um melhor aproveitamento da capineira, equilibrando-se a quantidade e a qualidade da
forragem produzida, um critério prático e eficiente é cortar o capim em função de sua altura. No
período das chuvas, o capim deve ser cortado quando atingir a altura média de 1,80 m, o que
equivale aproximadamente a dois meses de crescimento. Durante o período da seca, a altura média
para o corte deve ser aproximadamente de 1,0 a 1,50 m. Com este esquema de cortes consegue-se
equilibrar um bom rendimento com uma boa qualidade de forragem.

ALTURA DO CORTE EM RELAÇÃO AO SOLO


O capim deve ser cortado sempre rente ao solo, sendo a enxada a melhor ferramenta para se
conseguir um corte bem uniforme. Este sistema facilita os cortes seguintes. Além disto, no corte
rente ao solo a totalidade das brotações são basais e, conseqüentemente, mais vigorosas. É comum
encontrar recomendações para cortar o capim a 15, 20 ou 30 cm de altura do solo. O corte, nestas
alturas, deixa um resíduo de capim que, ao longo dos anos, vai-se elevando, dificultando cada vez
mais os cortes posteriores. Neste sistema, as gemas dos resíduos apresentam intensas brotações,
que são, porém, fracas e, de um modo geral, tendem ao envassouramento. Dados do CNPGL
mostram que as brotações dos resíduos, apesar de corresponderem a 70-80% do número total de
perfilhos, foram responsáveis por apenas 20-30% da produção total. Os 20-30% das gemas basais
foram responsáveis por 70-8-% da produção total.

IRRIGAÇÃO
A falta de chuvas é um dos fatores limitantes ao crescimento das forrageiras tropicais durante o
inverno. A baixa temperatura é outro fator que impede o crescimento das plantas. Em regiões onde
ocorrem temperaturas baixas por períodos prolongados, a irrigação das capineiras não apresenta
resposta no crescimento do capim, mas este crescimento é satisfatório nas regiões onde não ocorrem
baixas temperaturas ou onde o período de frio é curto.

RECUPERAÇÃO DA CAPINEIRA
Numa capineira bem manejada, com boa adubação orgânica e química, só será necessária a sua
recuperação após um período acima de cinco anos. Se for o caso, deve-se fazer uma aração e/ou

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uma gradagem após uma adubação química e orgânica adequada. Toda capineira que apresentar
colmos muito finos e muitas folhas deve ser recuperada.

USOS ALTERNATIVOS DA CAPINEIRA


A dificuldade que alguns produtores têm em utilizar o capim-elefante para corte durante o período
das águas pode ser contornada pela utilização deste excesso de massa verde através do processo de
ensilagem ou pastejo. Todavia, ensilagem do capim-elefante puro não é recomendável, devido à
baixa qualidade da silagem resultante. Aconselha-se, para o aproveitamento do material excedente,
misturar este excesso ao milho, sorgo ou aditivos que possibilitem melhorar a qualidade da silagem.
Outra alternativa bastante viável para evitar a perda de forragem da capineira é a sua utilização como
pasto, principalmente para vacas em lactação, durante o período de verão. Esta prática é viável,
todavia, alguns cuidados precisam ser tomados.
- A divisão da capineira em áreas menores melhora o aproveitamento da forragem disponível.
Além do mais, o capim-elefante comporta-se melhor sob pastejo rotacionado;
- A altura do capim por ocasião da entrada dos animais deve estar em torno de 1,5 m. No final do
pastejo, o capim deve estar com mais ou menos 1,0 m de altura. O pastejo numa capineira com
altura superior a 1,5 m vai ocasionar perda de forragem e o seu início com o capim abaixo de 1.0
m de altura poderá rebaixar excessivamente o pasto, ocorrendo danos à capineira e a base do
caule das plantas já está um pouco fibrosa e dificilmente será consumida. O pisoteio e
acamamento que ocorrem, e que muitos produtores receiam, não são prejudiciais à capineira. Ao
contrário, todo caule acamado e que se encosta ao solo poderá dar origem a uma nova planta.
Além disto, parte do material acamado forma uma cobertura morta muito benéfica à vida útil da
capineira.
- Outro cuidado necessário é que a interrupção do pastejo deve ser feita no mínio 30 a 40 dias
antes do final das chuvas, a fim de proporcionar às plantas tempo para um crescimento vigoroso
para serem utilizadas na seca. Após a última saída dos animais, é necessário roçar a capineira
rente ao solo, a fim de facilitar uma brotação 100% basal. Nesta ocasião é o momento de se
fazer uma boa adubação química em toda a capineira.

FORMAÇÃO E MANEJO DO CANAVIAL PARA SUPLEMENTAÇÃO ANIMAL NA ÉPOCA SECA


Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum)
Depois do capim-elefante, talvez seja a gramínea mais cultivada nas fazendas, sendo utilizada como
um alimento volumoso que auxilia na suplementação dos animais durante os períodos mais críticos
do ano. É o volumoso que exige menos gastos na sua preservação. É o único que pode ser
armazenado no campo, sem que haja perda do seu valor nutritivo na época da seca. Possui qualidade
intermediária quando comparada a outros alimentos disponíveis no mesmo período. O animal
suplementado com cana deve receber também um alimento protéico para compensar sua baixa
porcentagem de proteína. A cana-de-açúcar, adicionada de 1,0% de mistura uréia-sulfato de amônio
(9:1) e, principalmente associada com concentrados adequados, como farelo de arroz, de algodão ou
mesmo de trigo, pode constituir-se valioso recurso forrageiro para a época da seca. Não se deve
fornecer cana a bezerros em idade inferior a quatro messes. A cana, misturada ao capim-elefante ou
a uma silagem de baixa qualidade, faz aumentar o consumo de volumoso, devido à sua alta
palatabilidade
Escolha da área
O canavial entendido como uma cultura agrícola, deve receber todos os cuidados necessários para o
seu pleno desenvolvimento. A área destinada ao cultivo da cana-de-açúcar deve ter condições de
receber todas as operações necessárias ao cultivo (arações, gradagens, adubações etc.), deve possuir
fertilidade do solo e topografia adequada.
Na pecuária de leite, o ideal é que ele fique o mais próximo possível do local de utilização
(fornecimento aos animais).

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Escolha das variedades
As variedades de cana-de-açúcar indicadas para a alimentação de bovinos são as mesmas variedades
desenvolvidas para a atividade industrial ou seja, aquelas que apresentam os maiores teores de
sacarose (Quadro 1).

QUADRO 1. Características de algumas variedades de cana-de-açúcar


Variedade Exigências Maturação Florescimento
Solo Água
NA-5679 Média Média Precoce Regular
SP70-1005 Alta Alta Média Ausente
SP70-1078 Média Média Média Regular
SP70-1143 Baixa Média Média Intenso
SP70-1284 Alta Alta Precoce Ausente
SP70-1423 Média Média Tardia Ausente
RB725147 Média Média Média/Tardia Ausente
RB725828 Média Média Precoce/Média Ausente
RB735275 Baixa Baixa/Média Média/Tardia Regular
SP71-799 Média/Alta Média/Alta Precoce Intenso
SP71-1406 Média Média Média/Tardia Ausente
RB72454 Média Média Média Regular
RB806043 Média Média Tardia Regular

Preparo do solo
Os principais objetivos do preparo do solo são aqueles de controlar plantas invasoras e o de produzir
uma camada de solo revolvida e fina, capaz de possibilitar o contato mais íntimo da muda com a
água do solo e permitir o desenvolvimento das raízes e a absorção de nutrientes de maneira que a
planta apresente sempre um bom desenvolvimento.
As operações de preparo do solo envolvem arações, gradagens, subsolagem (quando houver camada
de solo compactada em maiores profundidades).
As arações devem ser realizadas, de preferência, com arado de aiveca e na maior profundidade
possível, de modo a permitir um maior desenvolvimento do sistema radicular.
“Lembre-se sempre de que o sistema radicular é o responsável pela absorção dos nutrientes
fornecidos, e que estes é que vão promover o crescimento da planta”.
Correção e Adubação do solo
Antes de iniciar o processo de implantação de um canavial, o produtor deve realizar a análise do solo
que pretende utilizar para saber o estado de sua fertilidade.
Através da análise do solo, temos condições de recomendar a correção (calcáreo) e a adubação.
Estas análises podem ser realizadas em várias instituições públicas e privadas.
Implantação da cultura
A implantação deve ser realizada em épocas propicias ao desenvolvimento das plantas. A previsão de
chuvas regulares e temperaturas adequadas deve ser observadas. Quanto mais rápido ocorrer a
germinação e estabelecimento das plantas, menor deverá ser a incidência de invasoras.
Épocas de plantio
São reconhecidas três épocas de plantio:
a) Plantio de cana de ano e meio, quando plantada de janeiro a abril;
b) Plantio de cana de inverno, quando plantada de maio a agosto; e,
c) Plantio de cana de ano, quando plantada de setembro a outubro.
Cana de ano e meio, a cana é plantada e inicia seu desenvolvimento, germinação e perfilhamento em
período favorável, com umidade e temperatura elevadas, principalmente em janeiro e fevereiro.
Permanece em repouso durante os meses de maio a agosto, em seguida, durante sete meses,
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setembro a abril/maio vegeta com toda intensidade, para então amadurecer nos meses do novo
inverno, completando de 13 a 18 meses de idade.
O plantio em janeiro, pode trazer alguns problemas de desenvolvimento da cultura, quando a mesma
é cultivada em áreas com deficiência pronunciada de chuvas nos meados do ano. Isto se deve ao fato
de que plantada em época de chuvas abundantes, terá um grande desenvolvimento de sua área
foliar o qual induz a grande necessidade de água; como a partir de maio a disponibilidade de água
diminui drasticamente, haverá um acentuado encurtamento dos entre-nós, o qual irá gerar uma
grande dificuldade de desenvolvimento da cultura no período favorável subseqüente. Neste caso, a
irrigação quando possível, desempenha papel de suma importância (métodos de irrigação e custos).
O plantio de inverno somente é possível em regiões em haja a ocorrência de chuvas regulares neste
período ou naquelas propriedades em que exista a possibilidade de irrigação. Devido a falta de
chuvas e as baixas temperaturas, a possibilidade de ocorrência de doenças nas mudas poderá ser
aumentada, o que fatalmente levará a uma redução na germinação e perfilhamento, causando falhas
acentuadas na área.
A cana de ano é plantada no início das chuvas, setembro/outubro, sendo colhida no ano seguinte. É
uma opção para terras férteis, pois a produção depende de um rápido desenvolvimento da cultura,
devido ao pouco tempo disponível até a colheita (10 a 12 meses). Não é aconselhável o plantio de
variedades precoces, pois haveria a necessidade de colheita com 8 a 10 meses, o que levaria a baixas
produtividades.
Profundidade e forma dos sulcos
A operação de sulcação deve ser realizada com o solo úmido, objetivando alcançar a profundidade de
30 cm. Havendo a possibilidade, a adubação deve ser efetuada junto.
Em solos argilosos, pode-se adotar a forma do sulco em “V” e para solos arenosos a forma de um
trapézio. Os formatos visam evitar o assoreamento do sulco, o que poderia enterrar as mudas
dificultando a germinação e provocar falhas na área.

Espaçamento
A escolha do espaçamento deve ficar entre 0,9 e 1,4 m e a definição fica por conta da bitola do trator
que cada produtor possuir. Porém, espaçamentos entre 0,9 e 1,1 m tendem a produzir colmos mais
finos (menor peso), além de aumentar a necessidade de mudas para cobrir toda a área a ser
plantada.
Plantio
Uma vez escolhido o espaçamento a ser adotado, o produtor deve avaliar a sua capacidade
operacional e a disponibilidade de mão-de-obra de forma que as operações de sulcamento,
adubação, distribuição de mudas, picação e cobrição dos sulcos sejam realizadas no mesmo dia ou no
máximo em dois dias. A exposição dos sulcos ao sol provoca perda d’água e encrostamento das
paredes, prejudicando a germinação e o perfilhamento das plantas. O ideal é que os sulcos sejam
abertos e as mudas plantadas no mesmo dia.
A distribuição do adubo deve ser feita no fundo do sulco recebendo uma ligeira camada de terra por
cima afim de evitar o contato direto com as mudas que virão logo em seguida.
A distribuição das mudas deve obedecer ao sistema pé com ponta, sendo a picação realizada logo em
seguida. Após a picação, realiza-se a cobrição, que pode ser feita mecanicamente ou manualmente
com enxadas, colocando-se uma camada de 5 a 10 cm de terra sobre as mudas e, em seguida
efetua-se uma ligeira compactação desta com o objetivo de promover um melhor contato entre a
muda e o solo, o que promove melhor germinação.

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A distribuição das mudas deve ser feita de tal forma que se consiga no mínimo 6 gemas por metro
linear de sulco. Neste sentido, canas que possuem internódios compridos vão exigir um número
maior de canas por metro de sulco.
A idade da muda é outro cuidado a ser tomado, não devendo utilizar-se mudas muito velhas, em
média mudas com idade entorno de 10 meses a 12 meses proporcionam um bom stand.
Tratos culturais
Os cuidados a serem dispensados à cana-planta, logo após o plantio referem-se ao controle de
plantas invasoras e adubações complementares.
O controle de invasoras pode ser mecânico, manual ou químico com o uso de herbicidas. Não
devemos esquecer que a cana é uma cultura de “limpo”. Esta operação deve ser realizada assim que
o produtor notar que as invasoras começam a competir com a cultura principal, e deve ser repetida
tantas vez quantas forem necessárias até o fechamento das entrelinhas.
A adubação de cobertura deve ser iniciada entorno de 30 dias após o plantio, observando-se o
desenvolvimento da cultura.
O objetivo primordial da adubação é o aumento do rendimento forrageiro.
Alguns cuidados devem ser tomados ao efetuar a adubação do canavial: fracionar a quantidade total
do adubo em 2 a 3 aplicações durante a estação chuvosa ou após cada corte, em função das doses
recomendadas com base na análise do solo.
Com relação à cana-soca, devemos observar a ocorrência de camadas compactadas do solo pelo
trânsito de veículos na área à época da colheita; a passagem de um subsolador a 20 cm de
profundidade resolve bem o problema.
A aplicação do adubo deve ser realizada entre 5 e 15 cm de profundidade, afastada de 20 a 40 cm da
leira. A aplicação superficial poderá ser feita em épocas de chuvas ou onde exista irrigação mas, os
melhores resultados são obtidos com a incorporação.
Adubação da cana-de-açúcar
A cana-planta apresenta, normalmente, baixa resposta à adubação nitrogenada, podendo ser
dispensada quando se utilizam leguminosas como cultura de espera (20 kg de N/ha no plantio e 40
kg de N/ha em cobertura)
Em relação à cana-soca, ocorre o contrário, ocorrendo grande resposta à adubação nitrogenada (100
a 150 kg de N/ha).
As respostas à adubação fosfatada são bastante consistentes e, tradicionalmente a mesma é
realizada por ocasião do plantio, localizada no fundo do sulco. Em solos de textura arenosa, são
obtidos efeitos benéficos da distribuição de parte do adubo fosfatado a lanço, em área total e parte
no fundo do sulco. A adubação fosfatada em soqueiras deve ser realizada com base na análise do
solo.
Tanto a cana-planta como a cana-soca apresentam resposta positiva à aplicação de potássio, sendo a
mesma recomendada em função dos teores encontrados no solo.
A utilização de adubos orgânicos em cana-de-açúcar tem apresentado resultados positivos,
principalmente quando utilizada no sulco de plantio.
A utilização de estercos poderá substituir parcialmente a adubação de plantio ou de manutenção das
soqueiras, desde que se conheça a sua composição.

SUPLEMENTAÇÃO NA ÉPOCA SECA COM A MISTURA CANA + URÉIA


O uso da cana-de-açúcar na alimentação dos animais na época seca do ano é uma opção
interessante tendo em vista que: a cana apresenta crescimento rápido na época das chuvas,
enquanto que na época da seca começa a formar uma grande reserva de açúcares solúveis de fácil
aproveitamento pelo animal; é muito eficiente na captação da energia solar; é perene; pode ser
armazenada no campo, não exigindo época definida para a sua colheita; devido ao alto conteúdo de
açúcares solúveis, torna-se um veículo excelente para a administração de uréia; e, é bastante
resistente às pragas e doenças.

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Existem muitos fatores que podem afetar a qualidade da cana-de-açúcar: variedade; idade da planta
(quanto mais madura, maior será o teor de açúcar); e, precipitação (no início da estação chuvosa o
teor de açúcar diminui).
Fornecimento da mistura cana+uréia
Recomenda-se, de modo geral, 1% da mistura uréia+sulfato de amônio (SA) ou uréia+gesso agrícola
(GA) na cana picada. A mistura uréia (90%)+sulfato de amônio (10%) ou uréia (80%)+gesso
agrícola (20%) visa o fornecimento de enxofre aos animais (dietas baseadas em cana-de-açúcar
apresentam limitação de metionina, histidina e treonina), o qual é de grande importância na
utilização da uréia pelos microrganismos do rúmen. A mistura cana+uréia é suficiente para pequenos
ganhos de peso ou pequenas produções de leite. Para a obtenção de melhores resultados é
necessário o fornecimento de fontes de proteína verdadeira tais como o farelo de algodão*, farelo de
soja etc.
É necessário um período de adaptação dos animais a esta dieta, o qual deverá ser conduzido da
seguinte forma: na 1ª semana, utilizar a metade da dose (0,5% de uréia) na 2ª semana, podemos
fornecer a dose total (1% de uréia). A mistura de uréia+SA ou uréia+GA deverá ser diluída em água
(4 litros/1 kg da mistura) e aspergida sobre a cana picada nos cochos, e posteriormente misturada
para homogeneizar. Devemos, ainda, observar os cochos onde será fornecida a mistura de
cana+uréia, para evitar o empoçamento de água nos mesmos, pois poderá haver consumo em
excesso da solução de uréia.
A picagem da cana-de-açúcar deve ser realizada de maneira que se obtenha uma homogeneidade de
tamanho das partículas, e que esse tamanho fique entre 3 e 30 mm, para um melhor consumo e
digestibilidade.
O fornecimento de mistura mineral não deve ser esquecido.

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ANEXOS

QUADRO 1. Qualidade da silagem de capim-elefante, tendo como aditivo o melaço de cana


Tratamento % M.S. % CHO’s pH N-NH3/NT % A. B.
Controle 12,87 6,59 5,15 32,2 2,07
2% melaço 14,43 13,88 4,35 15,0 0,38
3% melaço 15,92 16,62 4,10 12,2 0,21
4% melaço 15,65 17,75 3,90 10,5 0,06
Fonte: ANDRADE e GOMIDE (1971)

Quadro 2. Número de entre-nós e altura dos meristemas apicais de três gramíneas


Dias Altura do Meristema Apical (cm) Número de Entre-Nós
Jaraguá Colonião Gordura Jaraguá Colonião Gordura
21 1,4 4,0 13,4 0,0 0,7 3,5
35 2,4 11,3 30,5 0,3 2,0 6,8
49 7,1 27,8 33,1 0,5 2,9 7,7
63 18,0 44,1 42,9 0,6 3,0 11,0
Fonte: NASCIMENTO (1977)

QUADRO 3. Eficiência econômica de diferentes fontes de alimentos de ruminantes, medida como


porcentagem do custo da pastagem
Alimento Brasil1 N. Zelândia1 Holanda2 Canadá2 EUA2
Pastagem 100 100 100 100 100
Capineira 130 - - - -
Feno alfafa - - 138 139 152
Fenos geral 140-180 222 140 152 160
Silagem -140-200 169-244 187 193 195
For.desintegrada - - 294 281 320
Grãos e concentrados 300-350 855-1.222 314 457 325
Fonte: FREITAS et al. (1980); 2 WALTON (1983)

QUADRO 4. Desenvolvimento da aveia forrageira


Idade Perfilho Folhas Interceptação de luz Produção de MS
(dias) (nº/planta) (nº/perfilho) (%) (kg/ha)
14 0 2 4 34
28 3 3 9 358
42 6 3 26 1.085
70 9 4 47 2.624
98 9 4 87 6.759
112 9 5 92 9.418
126 9 5 92 11.205
140 9 3 78 10.778
Fonte: VILELA (1975)

QUADRO 5. Efeito do nível de produção de leite na eficiência alimentar de vacas em lactação


Alimento exigido Eficiência física Margem sobre
Produção de Leite Para mantença (l. leite/kg alimento) Custo alimentação
(litros/vaca/dia) (%) (US$/vaca/dia)
10 50 0,9 1,24
15 44 1,0 2,03
20 38 1,1 2,90
25 32 1,3 4,03

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Fonte: ASSIS (1997)

QUADRO 6. Produções médias de leite (kg/vaca/dia) em pastagens de capim-elefante, cv. Napier,


submetidas a diferentes períodos de ocupação, em três anos (média de 8
vacas/tratamento)
Período ocupação Produção de leite (kg/vaca/dia)
kg/ha
ano 1 ano2 ano 3
1 dia 9,60 11,30 11,60 7848
3 dias 9,50 11,40 11,40 7776
5 dias 9,50 11,30 11,40 7776
Erro padrão da média 0,17 0,17 0,19
Fonte: CÓSER et al. (1996)

QUADRO 7. Produção média de leite (kg/vaca/dia) e produção por hectare, durante o período chuvoso (6
meses), em pastagens de capim-elefante manejadas com períodos de descanso de 30, 37,5
ou 45 dias, sem suplementação (SC) ou recebendo 2 kg de concentrado/vaca/dia (CC)
Produção de leite Tratamentos
30 SC 30 CC 37,5 CC 45 CC
kg/vaca/dia 13,5 14,6 13,9 13,4
kg/ha/180 dias 10.869 11.760 11.149 10.678
Fonte: DERESZ et al. (1994)

QUADRO 8. Resposta física, em produção de leite, à adubação nitrogenada e à suplementação


com concentrados de pastagens tropicais, e respectivos retornos econômicos
Resposta Retorno
litros de leite/kg de insumo US$ leite/US$ insumo
Insumo por vaca por hectare por vaca por hectare
Nitrogênio 2,20 9,10 0,78 2,10
Concentrado 1,20 1,40 1,10 1,30
Fonte: ASSIS (1997)

QUADRO 9. Porcentagem de siratro selecionado por bovinos pastejando setária + siratro, em


duas intensidades de pastejo, nas quatro estações do ano
Estação do ano Intensidade de pastejo % de siratro
UA/ha (% MS)
Primavera 1,11 2
2,96 3
Verão 1,11 9
2,96 10
Outono 1,11 62
2,96 73
Inverno 1,11 7
2,96 22

QUADRO 10. Composição botânica de amostras obtidas na fístula esofágica e de amostras


cortadas em uma pastagem de B. decumbens
Lotação Folha(%) Talo (%) Material morto (%)
UA/ha Cortada Dieta Cortada Dieta Cortada Dieta
1,0 28 76 37 10 33 12
1,6 30 73 38 12 31 13
2,4 24 68 32 15 42 16
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70
3,5 23 59 28 18 47 21

QUADRO 11. Composição do capim-elefante TAIWAN A-146 em função da idade da planta


IDADE (dias) MS PB DIVMS
28 12,9 15,3 50,3
56 16,3 8,4 40,3
84 21,3 4,8 36,9
112 26,9 4,1 32,4
140 31,6 4,2 24,3
168 34,4 2,5 24,5
196 35,2 2,3 22,1

QUADRO 12. Ganho de peso (kg/dia) de novilhos alimentados com volumosos submetidos à
amonização
Volumoso Dose de amônia (% MS)
0,00 3,00 4,00
Feno de capim-estrela 0,14 - 0,41
Palha de trigo 0,15 - 0,24
Feno de Dactylis glomerata 0,11 0,37 -
Feno de D. glomerata+concentrado 0,53 0,69 -
Palha de arroz+concentrado 0,76 1,10 -
Palha de trigo concentrado 0,51 0,79 -

QUADRO 13. Qualidade do feno de aveia colhido aos 60, 90, 120 dias após a semeadura e aos 60
dias de rebrota
Período %PB
60 dias após a semeadura 16,4
60 dias de rebrota 11,9
90 dias após a semeadura 11,8
120 dias após a semeadura 9,3

QUADRO 14. Qualidade do feno de alfafa e de soja perene colhido aos 90 dias
Feno %PB % Digestibilidade (coelhos)
Alfafa 15,72 42,3
Soja perene 15,70 44,1

QUADRO 15. Qualidade dos fenos de capim-gordura, braquiária e Jaraguá


Feno %PB
Capim-gordura 4,45
Capim-braquiária 3,52
Capim-jaraguá 4,11

QUADRO 16. Qualidade do feno de capim-pangola adubado com diferentes doses de


nitrogênio e cortado com 25 a 30 cm de altura
Dose de N (kg/ha) % PB PB (kg/ha)
0 5,16 402
50 5,38 558
100 5,66 701
150 6,59 10026
200 6,46 992
250 6,56 1201
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QUADRO 17. Efeito da adição de produtos secos sobre a silagem de capim-elefante


Tratamento MS (%) pH Ácidos orgânicos (%MS)
láctico acético butírico
testemunha 19,2 4,4 6,9 1,2 0,11
20% fubá 32,8 4,3 4,7 0,6 0
15% feno de rodhes 28,6 4,2 5,3 0,9 0
15% palha de arroz 29,4 4,3 4,4 0,9 0
15% farelo de soja 37,3 4,4 3,5 0,7 0

QUADRO 18. Qualidade do feno de coast-cross e estrela, colhidos no pós-florescimento, secos ao


sol por 3 a 4 dias e tratados com diferentes doses de amônia anidra durante 45 dias
NH3 (% MS) Capim-estrela (13 a 15% MS) Capim-coast-cross (18 a 20% MS)
PB (%) DIVMS (%) PB (%) DIVMS (%)
0,0 10,2 38,8 10,2 40,4
1,5 17,9 55,2 17,9 51,6
3,0 20,0 61,5 20,0 54,1

QUADRO 19. Qualidade do feno de aveia, na fase de pré-emergência das panículas, seco no campo
por 12 (AU-33%) e 30 horas (BU-15%), e submetido à amonização com amônia
anidra em diferentes doses
Doses de NH3 (% MS)
0 2 4
AU – 33% PB 17,3 24,5 26,1
DIVMS 65,3 70,6 73,5
BU – 15% PB 18,8 24,7 26,3
DIVMS 67,2 69,8 77,5

QUADRO 20. Qualidade da palha de milho tratada com uréia ou amônia anidra
Tratamentos Proteína bruta (%)
Palha de milho 4,36
Palha de milho + uréia 10,57
Palha de milho + amônia anidra 9,68

“Com os elevados custos de produção e demanda de alimentos, é injustificável utilizar técnicas


ineficientes e conservar alimentos de baixa qualidade”

“Em levantamento da quantidade e qualidade do feno produzido no Estado de MG, ficou demonstrado
que a extensão de terras dedicadas à produção de feno é ainda ínfima e, conseqüentemente, pouco
expressiva. Da mesma forma, e devido às forrageiras utilizadas, os fenos são geralmente de baixa
qualidade, chegando em alguns casos a conter apenas 4% de PB e CDIVMS de 34%, isto é, pouco
diferente do pasto na época seca”(EPAMIG, 1980)

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