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GRAMÍNEAS
Descrição
As gramíneas são na maioria anuais ou perenes. Quase todas são herbáceas. As gramíneas são
monocotiledôneas, e as leguminosas são dicotiledôneas. A distinção entre os dois grupos é baseada
na estrutura do embrião. O eixo principal do embrião possui estruturas laterais chamadas cotilédones
ou folhas da semente; as monocotiledôneas têm somente um cotilédone, enquanto as dicotiledôneas
têm dois.
Em tamanho, as gramíneas variam de alguns centímetros até 20 m ou mais de altura. Bambú alcança
a maior altura; milho, cana-de-açúcar e sorgo são também representantes das espécies de porte
elevado. Os órgãos das gramíneas são os caules, raízes e folhas. Modificação do caule e folha
constituem as inflorescências e frutos.
Morfologia
Folhas: as folhas nascem no caule, alternadamente em duas fileiras, uma em cada nó. A folha
consiste da bainha, lâmina e lígula.
A bainha abraça o colmo acima do nó. As margens da bainha geralmente são sobrepostas (abertas)
embora elas algumas vezes sejam unidas (fechadas) em um cilindro incompleto em todo
comprimento até a lâmina.
As lâminas são paralelinervas e tipicamente achatadas, estreitas e sésseis. Algumas gramíneas têm
aurículas que se projetam dos cantos da folha na junção com a bainha e lâmina. A lígula é o apêndice
que abraça o colmo onde a bainha e a lâmina se unem. A lígula pode ser uma membrana, uma franja
de pelos ou de anel endurecido. O colar é a região de junção da bainha e lâmina.
Colmos: o colmo da gramínea é dividido distintamente em nó e entrenó. O entrenó pode ser
fistulado, esponjoso, ou sólido. O nó ou junta é sempre sólido. As folhas têm suas conecções
vasculares com o colmo no nó. Gemas laterais aprecem nas axilas das folhas. Estas gemas podem se
tornar ramos vegetativos do colmo ou afilhos reprodutivos.
As células do meristema do nó permanecem meristemáticos até quase a maturidade completa.
Além dos colmos verticais e reprodutivos, muitas gramíneas têm colmos subterrâneos horizontais
chamados de Rizomas, como é o caso da grama-bermuda, capim-napier, etc. O rizoma é na maioria
das vezes um órgão de perenicidade da espécie.
Colmos rastejantes acima do solo são chamados de estolões. Estolões se parecem com rizomas
porque eles também têm nós, entre-nós e, meristemas nos nós de onde estruturas secundárias se
elevam. Como exemplo, a grama-bermuda, a Brachiaria humidicola, o capim-pangola, etc.
Raízes: gramíneas tem sistema radicular fasciculado. A raiz primária pode persistir por somente um
curto período de tempo após germinação, como é o milho. Um sistema radicular secundário aparece
logo nos nós inferiores do colmo jovem e compreende a maior parte do sistema radicular
permanente. Raízes secundárias algumas vezes aparecem nos nós acima do solo, como é o caso do
milho ou nos nós dos caules rastejantes.
Inflorescência: a unidade de inflorescência da gramínea é a espigueta. As espiguetas estão
geralmente em grupos, os quais constituem as inflorescências. Há vários tipos. O mais simples é o
rácemo, no qual as espiguetas nascem ao longo de eixo não ramificado. Um rácemo típico em
gramíneas é raro. A espiga difere do rácemo pelo fato de ter espiguetas sésseis. A panícula é o tipo
mais comum de inflorescência. Neste caso as espiguetas são pediceladas em uma inflorescência
ramificada. A panícula pode ser aberta, difusa, ou contraída. Ex.: capim-colonião e capim-gordura.
Especialização geralmente acontece na espigueta, a qual tem um número variável de flores, variando
de uma para muitas dependendo da espécie. O eixo da espigueta é a ráquila. Na base da espigueta
duas glumas ou brácteas são presas em lados opostos da ráquila. Estas contem as flores da
espigueta.
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Flores: as gramíneas têm flor incompleta, isto é: faltam o cálice e a corola. Uma flor (flósculo)
hermafrodita possui dois verticilos de proteção (brácteas). O mais largo e externo é chamado de
pálea; o menor e interno é a lema, o qual se encaixa geralmente dentro da pálea. Os estames variam
de um a vários, mas três é o número mais freqüente. Cada estame se constitui em filete e antera e
os dois formam o Androceu.
O Gineceu tem somente um ovário unicelular com um só óvulo (uniovular); um estilete e dois ou três
estigmas plumosos.
Um possível perianto é formado de duas ou três escamas chamadas de lodículas, localizadas dentro
da lema na base da flor. Estas lodículas ajudam a forçar a abertura da lema e pálea na ocasião da
antese e desta forma ajudar a polinização.
Tipicamente as gramíneas são adaptadas a polinização cruzada, pelo vento, Mas muitas espécies são
cleistógamas, isto é, se autopolinizam antes da abertura da inflorescência.
Fruto ou Cariopse: o fruto da gramínea é a cariopse. A semente única cresce rapidamente até a
parede do ovário, formando um grão. O pericarpo é a parede celular modificada, enquanto a semente
é o óvulo desenvolvido. A cariopse pode estar livre da lema e da pálea como é o caso do trigo.
A cariopse pode se avolumar durante o amadurecimento e sair das glumas, lema e pálea como no
caso do milho.
O pericarpo se adere a semente e se parece então com os envoltórios da semente. O envoltório da
semente (testa), no entanto, é uma estrutura ovular enquanto que o pericarpo é a parede do ovário
modificada. O pericarpo protege a semente contra perda de umidade, ataque de microorganismos e
injúrias de fungicidas e inseticidas.
O embrião está colocado no lado da cariopse próximo a lema e pode ser facilmente visto como uma
depressão oval. Parte da cariopse que não é ocupada pelo embrião é o endosperma o qual tem a
função de armazenar reservas. O embrião consiste da plúmula, radícula e escutelo. Seguindo a
germinação, a plúmula se desenvolve na parte aérea da planta. A radícula se desenvolve no sistema
radicular primário, o qual suporta a plântula e absorve água. Durante a germinação o escutelo ou
cotilédone secreta de sua camada externa certas enzimas que dissolvem as reservas armazenadas no
endosperma. Isto torna possível o movimento de metabólitos entre a plúmula e a radícula.
LEGUMINOSAS
Descrição
O nome da família, Leguminosae, é derivado do termo “legume”, o qual é o nome do tipo de fruto
(vagem) característico desta família. Um legume é um fruto monocarpelar que contem somente uma
fileira de sementes e apresenta deiscência ao largo de ambas suturas.
Leguminosas são dicotiledôneas. Podendo ser anuais, bianuais ou perenes.
São plantas que apresentam como primeiro produto estável da redução de CO2 na fotossíntese, um
composto de 3 carbonos. Apresentam também, um menor ponto de saturação luminosa, ou seja,
suportam temperaturas menos elevadas.
Morfologia
Folhas: em algumas espécies as folhas podem ser simples, mas geralmente compostas, e em um
grande número de espécies, incluindo a maioria das leguminosas cultivadas, tem folhas trifoliadas.
Em outras espécies as folhas são paripenadas (terminando em um par de folíolos) ou imparipenadas
(terminando em um só folíolo). Existe freqüentemente um par de estípulas na base do pecíolo da
planta, o qual em algumas espécies são fundidos com a porção basal do pecíolo. Os folíolos podem
ser sésseis ou terem peciólulos os quais podem ter estípulas, geralmente pequenas e muito estreitas
na sua base.
Caule: o caule das leguminosas varia grandemente em diferentes espécies em comprimento,
tamanho, ramificação. Podem ser aéreos, prostados, trepadores, herbáceos ou lenhosos. Há também
caules subterrâneos (rizomas) e caules estoloníferos.
Raiz: a raiz é axial ou pivotante que persiste ao longo da vida da planta.
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Pode haver também raízes secundárias. Quase todas apresentam uma associação com bactérias
(Rhyzobium) fixadoras de nitrogênio.
Inflorescência: as flores são arranjadas em geral em rácemos, podendo ocorrer outras formas.
Flores: as flores das Papilionoideae são irregulares ou zigomorfas, isto é, só admitem um plano de
simetria. A flor consiste de cálice, corola, estames e pistilo. O cálice tem cinco sépalas unidas na parte
inferior. A corola consiste de cinco pétalas livres. A superior chamada estandarte é geralmente mais
larga do que as outras. As duas pétalas laterais são chamadas de asas. As inferiores se fundem
formando o que se chama de quilha, sendo que estas podem ser fundidas na ponta e geralmente
abraçam os estames e o pistilo.
Geralmente existem dez estames unidos pelos filetes e circundam o pistilo e são contidos na quilha; o
estame superior é geralmente livre. O pistilo tem um ovário (futura vagem), o estilete e o estigma.
Fruto: característico da espécie chamado de legume, que é seco e deiscente. Outros tipos que
ocorrem são: o lomento (Desmodium), e o aquênio (Stylosantes).
O fruto pode conter de uma a várias sementes. A semente é geralmente sem endosperma na
maturidade. Na semente da leguminosa as reservas estão nos dois cotilédones. O hilo é a cicatriz de
onde a semente estava presa à vagem.
O eixo do embrião está numa extremidade e nos bordos dos cotilédones e consiste da plúmula e
radícula.
Cada semente tem uma testa ou envoltório.
Brachiaria radicans
Perene. Colmos com até 120 cm, geralmente ascendente de uma base longa e rasteira. folha
lanceolada, cordada na base, 7 a 16 cm por 7 a 14 mm. Panícula de 6 a 9 rácemos solitários, o
inferior com 4 a 6 cm. Espigueta subséssil, ovada, 3,5 mm, em duas fileiras distintas.
Brachiaria ruziziensis
Perene, com colmos florais até 1m, originando de perfilhos rasteiros com muitos nós os finais formam
uma densa cobertura. Folhas pilosas, lanceoladas, 10 a 25 cm por 10 a 15 mm, panícula de 3 a 6 cm
com um ráquis achatado com 3 a 5 mm de largura; os rácemos inferiores são 6 a 10 cm de
comprimento. Espiguetas pilosas, 5 mm de comprimento. Gluma inferior com 3 mm, saindo abaixo da
espigueta e abraçando-a inteiramente.
03. CHAVE ANALÍTICA DICOTÔMICA PARA DETERMINAÇÃO DAS ESPÉCIES DE Brachiaria MAIS
COMUNS
A chave apresentada abaixo foi proposta por SENDULSKY (1977), e mostra as dez espécies
encontradas com maior freqüência em nosso País:
5. Ráquis de 4 mm de largura. As densas nervuras da ráquis formam um desenho listrado. Cor das
folhas verdes amareladas.
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Brachiaria ruziziensis
A segunda gluma e lema estéril são do comprimento do lema fértil, e não apresentam nervuras
transversais.
Brachiaria plantaginea
9. Folhas macias e felpudas, planta de 30 a 60 cm de altura, decumbente, rasteira, radicante nos nós,
não produzindo sementes em quantidade satisfatória para formação da pastagem.
Brachiaria decumbens (IPEAN).
Folhas rígidas esparsamente pilosas. Planta com 1 m de altura, nós inferiores pouco radicante e
com grande produção de sementes para formação de pastagem.
Brachiaria decumbens (Austrália)
Reservas de carboidratos
As forragens, ao logo do seu ciclo de vida, acumulam carboidratos não estruturais, principalmente
nas raízes e nas partes mais baixas do caule. Estas reservas são utilizadas para a sobrevivência da
planta sob diversas condições quando não seja possível a fotossíntese por parte das folhas verdes.
Assim, quando a forrageira é cortada, removendo a maior parte das folhas, ou às vezes a totalidade,
a rebrota e o crescimento inicial dão-se às expensas dos carboidratos de reserva.
Esta característica garante a sobrevivência da planta, mesmo quando o desfolhamento é drástico. No
entanto, não é difícil concluir que, quando o desfolhamento é drástico e freqüente, a diminuição das
reservas de carboidratos é intensa, comprometendo a permanência da planta na pastagem. Em casos
extremos, como o uso de lotações elevadas, as pastagens diminuem pelo pouco vigor das plantas e
mesmo pelo seu desaparecimento. Estes carboidratos constituem como que um excesso do que é
produzido e consumido pela planta nos vários processos biológicos conhecidos, ao longo do ciclo
vegetativo da planta.
É fácil então prever que será necessário um determinado tempo para que a planta tenha
oportunidade de refazer estas reservas. De tal maneira, o “tempo de descanso” de uma pastagem,
após o pastejo, é fator muito importante ao estabelecer-se um sistema de manejo de pastagens.
Naturalmente que, conforme a espécie e suas características particulares, o tempo de descanso é
variável, devendo dar-se a cada pastagem o período suficiente para que as forrageiras que a
compõem se refaçam do desfolhamento e iniciem a recuperação das reservas para próximos
pastejos.
Igualmente importante é estar consciente de que durante determinadas épocas do ano, quando o
clima apresenta temperaturas mais baixas e ausência ou deficiência de chuvas, a recuperação das
forrageiras torna-se mais lenta, devendo-se dar mais tempo de descanso às pastagens.
Na prática de produção, então, deve-se respeitar pelo menos estes dois conceitos: o de desfoliação e
ponto de crescimento, traduzido em altura de pasto, e tempo de descanso, ambos, quando bem
ponderados, serão capazes de oferecer informação suficiente e adequada para manejar
racionalmente as pastagens. Este comportamento deve assegurar não somente o bom desempenho
dos animais e da pastagem, como também a persistência dela, durante um período que permita o
retorno econômico dos investimentos iniciais no estabelecimento de pastagens e da infra-estrutura
indispensável ao seu bom manejo (cercas, aguadas, cochos de sal, etc).
Chega-se assim à pergunta:
Como manejar então cada pastagem?
Esta pergunta somente pode ser respondida quando existe suficiente informação e, principalmente,
informação regionalizada. Cada espécie comporta-se, em algum grau, diferentemente das outras e da
mesma espécie, em regiões de economia diferente.
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Reações da pastagem ao corte
Apesar de inúmeros experimentos, a resposta em termos de produtividade a diversas freqüências de
corte não está perfeitamente esclarecida. No entanto, pode-se considerar comum obter uma
produtividade anual mais elevada, quando se dá maior intervalo entre cortes.
A desfoliação reduz o crescimento radicular, sendo o tamanho mais afetado que o número de raízes.
A redução no crescimento radicular está positivamente relacionada com a freqüência de desfoliação e
negativamente relacionada com a área foliar remanescente após a desfoliação. Nas leguminosas, os
nódulos são os órgãos primeiramente afetados e reduzidos em seu crescimento pela desfoliação
intensa, seguido pelo crescimento radicular, sendo o crescimento das folhas o menos afetado.
Seletividade
Na pastagem, o animal dispõe geralmente de uma variedade de espécies de diferentes proporções de
folhas, talos, inflorescências e sementes. O gado geralmente seleciona folhas em detrimento do talo,
e folhas novas em preferência às velhas. A forragem selecionada é geralmente mais rica em proteína,
fósforo e carboidratos solúveis, digestibilidade e energia bruta e mais pobre em lignina e carboidratos
estruturais que a planta inteira. A seletividade, no entanto, não é, salvo exceções, uma conseqüência
Digestibilidade
O efeito da maturação da pastagem na produção animal é conhecido de todos e é a causa principal
das mudanças cíclicas dos ganhos animais em pastejo. À medida que a forragem envelhece, a
digestibilidade diminui, todavia na mesma idade ou estágio de crescimento encontram-se diferenças
em digestibilidade entre diferentes espécies forrageiras. O consumo de matéria seca geralmente
diminui, à medida que a digestibilidade também diminui. Porém, alguns autores mostram que para
algumas espécies, apesar da queda da digestibilidade, o consumo permaneceu constante. Variedades
de uma espécie, apresentam consumos diferentes, apesar da digestibilidade, semelhante, em função
da folha de cada variedade.
Estacionalidade tem sido apontada como um dos fatores que mais contribui para a baixa
produtividade dos rebanhos.
A lotação das pastagens, na grande maioria dos casos, é ajustada em função da produção mínima do
inverno.
Dentre os aspectos desejáveis na utilização de plantas forrageiras, a boa distribuição da produção
durante o ano pode ser considerada um dos atributos mais atraentes. Todavia, o ritmo de
crescimento de plantas sofre influências marcantes, além das condições de solo e manejo, e das
condições que regulam ou até mesmo impedem o desenvolvimento vegetal.
Plantas forrageiras tropicais apresentam taxa de FS. máxima às temperaturas de 30-35ºC e mínima à
15ºC.
As baixas temperaturas noturnas nas regiões dos trópicos e sub-trópicos são apontadas como os
principais agentes causadores da estacionalidade de crescimento de plantas tropicais, além do
fotoperíodo.
Baixa temperatura permanência de amido (baixa atividade da amilase) no cloroplasto por período
de tempo além do normal reduz a atividade fotossintética crescimento lento.
Plantas forrageiras de clima temperado apresentam taxa F.S. ótima à temperatura próxima de 20ºC,
que reduz rapidamente às temperaturas de 10-5ºC.
As condições de baixas temperaturas de inverno <10ºC associadas à baixa radiação solar
(temperadas), provocam a estacionalidade. No verão, a variação de radiação solar e a elevada
evapotranspiração freqüentemente diminuem o ritmo de crescimento de plantas em algumas regiões.
Nas regiões áridas e semi-áridas, a deficiência hídrica é o principal fator de estacionalidade.
Segundo Mc DOWELL (1972) as áreas entre 30º de latitude N e S são caracterizadas por:
36% das áreas apresentam limitação pela temperatura
31% das áreas apresentam deficiência hídrica
24% das áreas apresentam deficiência de temperatura e hídrica
09% das áreas não apresentam deficiências.
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Opções para solução
Adoção de pastejo diferido Feno em pé;
Uso de espécies resistentes às condições de inverno;
Forragens conservadas Feno, silagem, resíduos Agro-industriais e culturas de inverno;
Irrigação viável em culturas de inverno;
Leguminosas X gramíneas; e,
Sistemas Silvipastoris?
Fatores genéticos
Alvo de um considerável número de pesquisas, principalmente nos países mais desenvolvidos (plantas
forrageiras temperadas), o melhoramento de plantas tem sido conceituado como a arte e a ciência de
modificar as plantas. O processo consiste na seleção, cruzamento, e multiplicação de plantas
geneticamente mais produtivas e/ou resistentes a pragas e doenças.
O Brasil possui recursos ilimitados no que concerne a possibilidade de domesticar um grande número
de gramíneas e leguminosas para a formação de pastagens cultivadas e/ou melhoradas. Apesar de o
pouco que se conhece sobre a vegetação herbácea brasileira representar muito em nº de espécies,
ecotipos e variabilidades, muito pouco tem sido feito em melhoramento.
Os reduzidos programas de melhoramento de plantas forrageiras que existem no Brasil, foram
conduzidos com espécies exóticas. A grande contribuição que se espera do Brasil para a produção
animal dos trópicos e sub-trópicos, certamente ainda está por vir.
Objetivos do Melhoramento
Os objetivos principais estão relacionados ao aumento do rendimento forrageiro e melhoria do valor
nutritivo. Rendimento é influenciado pelos seguintes fatores:
adaptação ao solo e clima;
resistência a doenças e pragas;
adaptação ao pisoteio;
hábito de crescimento; e,
vigor e recuperação após o corte ou pastejo.
Fatores ambientais
Conforme a sua estrutura, exigências nutricionais e hídricas, exigências por luz, dentre outros,
reconhece-se que as plantas adaptam-se às diversas condições edafo-climáticas. Assim, uma
Luz
As plantas forrageiras estão condicionadas à luz para obtenção da energia necessária para a
fotossíntese. A intensidade do processo pode ser medida pelo consumo de CO2 ou pela liberação de
O2.
Luz
CO2 + 2H2O CH2O + O2 + H2O (Fotossíntese)
Intensidade: a luz como fator ambiental é variável, especialmente na sua intensidade e duração –
ângulo de incidência, latitude, nuvens e umidade do ar. Pastos situados em locais de menor
exposição à luz apresentam desenvolvimento mais lento. A face que recebe maior quantidade de
energia radiante (>F.S.), apresenta plantas com maior teor de carboidratos.
O regime de radiação é o determinante básico do crescimento das plantas através dos seus efeitos
sobre a fotossíntese e outros processos fisiológicos, como a transpiração e a absorção de nutrientes.
A absorção e a utilização fotossintética da energia radiante pela comunidade vegetal estão
relacionadas com a quantidade de energia recebida pelas folhas, de forma individual, e pelas plantas
como um todo. Num determinado instante, os elementos fotossintéticos da comunidade de plantas
compreendem uma série de estruturas de diferentes idades que estão sujeitos não somente aos
efeitos do clima, mas também a outras restrições do ambiente como o sombreamento, que aumenta
com o desenvolvimento da pastagem. Muito embora altas taxas de fotossíntese possam ser
observadas numa folha individualmente, o uso mais eficiente da energia é atingido pela planta como
um todo.
“Nos trópicos, se houver pouca luminosidade, a limitação do crescimento é maior, pois a temperatura
é mais alta, causando aumento de gastos pela respiração, não compensados pela fotossíntese”.
Fotoperíodo: a radiação solar interfere no crescimento das plantas através da variação estacional que
se observa no comprimento dos dias em diferentes latitudes. Num grande número de espécies
forrageiras, a mudança do estádio vegetativo de crescimento para o estádio reprodutivo é induzida
pela mudança no comprimento do dia. Com relação ao fotoperíodo necessário para florescimento, as
plantas forrageiras têm sido classificadas em plantas de dia curto, plantas de dia longo, plantas
intermediárias e plantas indeterminadas ou neutras. O fotoperíodo não só condiciona se uma
forrageira irá florescer e produzir sementes numa dada região, mas também determina o
comprimento do período vegetativo de crescimento, o qual é de grande importância para o manejo
das pastagens.
Nitrogênio
Gramíneas C4, têm alta capacidade fotossintética, usam água eficientemente, e respondem ao N com
altas taxas de crescimento.
Pastagens fertilizadas com N, permitem uma maior produção de carne por área;
Os níveis de adubação nitrogenada em pastagens variavam grandemente, dependendo do clima, solo
e nível tecnológico;
A aplicação de N pode ser feita na implantação e períodos de rebrota da pastagem;
A adubação nitrogenada é fundamental para sistemas intensivos de produção em pastos de
gramíneas.
Funções
principal componente do protoplasma depois da água;
constituinte de hormônios;
Fotossíntese constituinte da clorofila;
porte da planta;
tamanho de folhas;
tamanho do colmo;
desenvolvimento dos perfilhos;
florescimento; e,
formação de sementes.
Sintomas de Carência
Pequeno porte;
Redução do perfilhamento;
Colmos finos e baixos;
Amarelecimento progressivo das folhas Iniciando-se pelas mais velhas;
Redução das raízes;
Ausência de inflorescência; e,
Menor teor de proteína.
Formas de Absorção:
Uréia CO (NH2)2
Amônio NH4+
Nitrato NO3- (predomina no solo)
Fósforo
Os solos tropicais apresentam baixos teores de fósforo disponível, embora apresentem boas
condições físicas. Associado ao baixo teor do elemento, tais solos apresentam ainda problemas
quanto à alta capacidade de fixar o fósforo, dado à presença de quantidade elevadas de óxidos e
hidróxidos de ferro e alumínio. São favoráveis à mecanização e dão elevadas respostas à adição de
corretivos e fertilizantes.
É o elemento mais importante para as pastagens depois do N, extremamente importante nos
períodos iniciais da vida da planta, quando esta o absorve em grandes quantidades. Exerce grande
influência no perfilhamento e crescimento das raízes, assim, a falta de fósforo determina no campo, o
aparecimento de espaços vazios. A falta no solo, reduz o seu teor na matéria seca, causando danos
nos animais (↓fertilidade, ↓desenvolvimento) estimula o florescimento e ajuda a formação de
sementes.
Formas de Absorção:
HPO24 - pH acima de 7,0
H2PO-4 – pH abaixo de 6,5 (preferencial)
Sintomas de Carência
porte pequeno;
pouco perfilhamento;
Folhas inferiores totalmente secas;
Folhas intermediárias verde-pálido e arroxeadas;
Folhas novas arroxeadas; e,
Sistema radicular reduzido.
Potássio
A maior parte do potássio se encontra nos minerais que formam a fração argila. Por essa razão solos
ricos em argila são geralmente ricos em potássio. O potássio pode chegar a ser um fator limitante do
crescimento das forrageiras sobretudo quando existe abundância de nitrogênio e uso intensivo da
área, como no caso de capineiras e áreas para silagem, em que não há retorno de potássio pelas
fezes e urina. De maneira geral a resposta ao potássio só ocorre após a correção dos níveis de N e P;
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para o K sozinho não há resposta, porém há limitação na resposta à adubação nitrogenada quando
em deficiência de K.
Funções
maior vigor e resistência às doenças;
Produção de amido, óleo e proteínas;
Maior resistência dos colmos ao acamamento;
Diminuir o número de frutos chochos;
Aumenta resistência às secas e geadas; e,
Ajuda no enraizamento.
Sintomas de Carência
folhas velhas com margens e pontas endurecidas e dilaceradas;
Espigas mal granadas;
Pequeno porte;
Colmos e perfilhos fracos; e,
Maior ataque de moléstias e pragas.
ADUBAÇÃO FOSFATADA
Na escolha do adubo fosfatado, deve-se tomar cuidados especiais em relação à solubilidade da fonte,
à forma de aplicação, ao tipo de forrageira a ser adubada, ao preço do kg de P2O5 de cada fonte, à
quantidade de outros nutrientes que acompanham a fonte de fósforo.
Fosfato de rocha (FR), apresenta vantagens, tais como:
menor custo de P2O5;
maior efeito residual e potencial de produção em nosso meio; e,
menor custo de transporte (3-5 vezes menor que os superfosfatos).
Super fosfato simples – Enxofre
Super fosfato triplo
As fontes mais solúveis proporcionam uma rápida liberação de grandes quantidades de P solúvel, o
que tende a favorecer a fixação de maiores quantidades de P pelo solo.
ADUBAÇÃO NITROGENADA
Quase não se encontram recomendações de adubação nitrogenada para pastagens em nosso meio.
Para que o efeito da aplicação de N possa expressar-se na sua plenitude, é necessário que o solo
tenha, em quantidade satisfatória, os outros elementos.
Fontes
Nitro cálcio
Sulfato de amônio – H+
Uréia – H+
Recomendação de adubação nitrogenada em função dos teores de fósforo no solo, para os diversos
tipos de exploração
Tipo de exploração P no solo Nível de exploração (kg de N/ha)
ppm Médio Alto
<10 60 80
Pastagem 10-30 90 130
>30 120 150
Capineira <10 80
Campo de feno 10-30 130
Gramíneas de inverno >30 150
Fonte: KUHN NETO (1977)
ADUBAÇÃO POTÁSSICA
Respostas à adubação potássica não são intensas. Respostas têm sido freqüentes com o uso
intensivo das áreas.
Leguminosas apresentam uma boa resposta ao potássio. Recomendações de adubação em pastagens
são feitas levando-se em conta os níveis de potássio no solo, o tipo de pastagem (pura ou
consorciada), e o tipo ou intensidade de uso a ser dado à pastagem. Além disso, devemos considerar
os níveis de adubação nitrogenada utilizados.
Há que se considerar ainda se se trata de pastagem, de campo para feno ou capineira para corte.
A fonte de potássio é o Cloreto de potássio.
Citações da literatura
10 kg/ha de sulfato de zinco com adubação fosfatada no plantio;
pastagem consorciada com pH > 6,0 e V > 60%
0,2 kg de molibdato de sódio ou amônio;
10 kg de sulfato de zinco;
6 kg de sulfato de cobre;
5 kg de bórax.
pastagem consorciada com pH < 6,0 e V ≤ 40%
0,3 kg de molibdato de sódio ou amônio;
6 kg de sulfato de zinco;
4 kg de sulfato de cobre.
CÁLCIO
É absorvido como Ca++ e transportado da raiz para a parte aérea sem depender do fornecimento de
energia.
Altas concentrações de K e Mg no meio diminuem sua absorção. A maior proporção do cálcio da
planta é insolúvel em água, ocorrendo como pectato, oxalato e adsorvido às proteínas. O pectato
atua na constituição da lamela média. A amilase é a única metalo-enzima conhecida que contém
cálcio, embora haja enzimas relacionadas ao metabolismo do fósforo que são ativadas pelo Ca++.
A falta de Cálcio reduz o desenvolvimento radicular, reduz a absorção podendo a raiz inclusive perder
íons previamente absorvidos. Na folha 60% do Ca está nos cloroplastos, onde é necessário para a
fosforilação fotossintética. A deficiência causa, ainda, redução no crescimento dos tecidos
meristemáticos.
MAGNÉSIO
São encontrados maiores teores em solos argilosos. Sofre grande lixiviação sendo referidas perdas de
2 a 30 kg/ha/ano. Em solos arenosos, tal perda pode inclusive superar a quantidade liberada pelos
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minerais primários. Assim, solos altamente intemperizadas e lixiviadas como podzóis e lateríticos têm,
geralmente, baixo conteúdo de magnésio.
O magnésio ajuda a movimentação do fósforo dentro da planta;entra na composição da clorofila, é
essencial para a absorção de fósforo, é necessário para a formação de açúcares, e promove a
formação de gorduras e óleos.
O excesso de potássio na adubação pode causar deficiência de magnésio, pois o primeiro dificulta a
absorção do segundo. Em épocas de seca o magnésio tem sua disponibilidade diminuída e, as plantas
carentes apresentam clorose internerval nas folhas mais velhas.
Fontes de cálcio e magnésio
Calcáreo Dolomítico
Magnesiano
Calcítico
Gesso agrícola
ENXOFRE
O enxofre é um elemento de grande importância para as plantas uma vez que é componente das
proteínas, coenzimas CoA e ativador de algumas enzimas.
As plantas através de suas folhas, têm capacidade de absorver o enxofre na forma de SO2 gasoso
embora nesta forma o façam de maneira pouco eficiente. O sulfato (SO4-2) é a forma absorvida pelas
plantas.
A liberação do enxofre da matéria orgânica é realizada por microorganismos aeróbios.
As plantas carentes apresentam folhas pequenas, enrolamento das margens, necrose e
desfolhamento, internódios curtos e, redução no florescimento.
Q = NC x f
PRNTCaCO 3 100
f= f= = 1,54
PRNTCalcáreodisponível 65
Q = 2.000.1,54 = 3080kg / ha
Q = Al 3+ .1,5(arenoso)
Q = Al 3 + .2,0(arg iloso)
O corretivo tem maior valor neutralizante quanto maior for seu conteúdo de óxido de magnésio.
Porém, os corretivos ideais para os vegetais são aqueles que apresentam a relação CaO: MgO de 3-5:
1.
Escória de Siderurgia: os componentes neutralizantes são silicatos de cálcio e magnésio, os quais são
eficientes na neutralização de acidez, e também aumentam a absorção de fósforo. Não se conhece o
mecanismo que provoca o aumento da absorção de fósforo, duas teorias procuram explicar o fato: a
redução da capacidade de fixação de fósforo do solo pela sílica ou maior vigor da planta causando
pela absorção de sílica.
GESSAGEM
Um amplo sistema radicular permite ao vegetal a exploração de um maior volume de solo,
garantindo-lhe maior disponibilidade de nutrientes e água. A toxidez de Al e/ou deficiência de Cálcio
são apontados como os fatores causadores desse pequeno crescimento. Quando o vegetal não é
sensível às altas concentrações de alumínio na solução do solo, o crescimento de suas raízes pode ser
limitado pelo nível de Cálcio. A calagem profunda resulta em um sistema radicular mais denso e
profundo, contudo, é uma operação difícil e cara, por exigir máquinas de grande potência. A
aplicação de gesso (CaSO4 2H2O) é um dos métodos mais eficientes, para o enriquecimento rápido
em cálcio das camadas mais profundas do perfil do solo. Entretanto, só é recomendada em situações
específicas, porque ela pode conduzir a um desequilíbrio no status das bases do solo ou à lixiviação
indesejável de outros cátions, como potássio e magnésio. Para evitar os efeitos negativos, esta deve
ser feita combinada à calagem (calcáreo dolomítico).
( V2 − V1 ).T.f
NC =
100
V1 = saturação por bases existente no solo
V2 = saturação por bases necessária para a planta estabelecer-se
Resumo de dados nos trópicos sobre capacidade de carga e produção por hectare de várias
pastagens sem suplementação
Lotação Produção de Leite
Pastagem (Vacas/ha) (kg/ha/ano)
Gramínea sem adubação 0,8-1,5 1.000-2.500
Gramínea + Leguminosa 1,3-2,5 3.000-8.000
Gramínea adubada 2,5-5,0 4.500-9.500
Gramínea adubada + irrigação 6,9-9,9 15.000-22.000
Fonte: Stobbs citado por ABRAHÃO (1991)
%Gx % P
VC =
100
Sistemas de pastejo
Na sua definição, devem ser considerados a espécie forrageira, a taxa de lotação, a disponibilidade
de forragem, e outros fatores (tipo de exploração, tipo de ecossistema, taxas de retorno esperadas,
parasitas, mão-de-obra disponível, capacidade de investimento etc.).
As pastagens podem produzir grandes quantidades de forragem, se forem manejadas corretamente e
tratadas como culturas. O objetivo de um bom sistema de pastejo é prover os animais com
suprimento diário de forragem de boa qualidade para atender seus requisitos nutricionais de forma
econômica.
Não existe receita para o produtor sobre o sistema de pastejo mais adequado, ele deve analisar
criticamente suas condições locais.
Produções de leite esperadas em pastagens
Para a determinação do potencial das pastagens, ou de qualquer sistema, para a produção de leite é
necessário definir ou quantificar a ênfase que o criador atribui aos principais insumos envolvidos no
processo de produção de leite.
Quando o objetivo do sistema de produção é aquele de explorar a performance dos animais, kg de
leite/vaca/dia ou kg de leite/lactação, a ênfase do manejo é no sentido de melhorar a qualidade do
alimento ofertado. O aumento na qualidade da forragem é obtida, geralmente, reduzindo o potencial
Produção de matéria seca e teor protéico do capim-colonião sob diferentes doses de nitrogênio
ou consorciado com siratro ou galactia.
Tratamentos Produção de Matéria Seca Proteína
N (kg/ha) Kg/ha % da MS
Leguminosa
Colonião Leguminosa Colonião Leguminosa
0 2.102 - 8,1 -
40 3.258 - 8,4 -
80 4.618 - 8,5 -
120 6.241 - 9,0 -
160 7.328 - 9,3 -
Siratro 2.458 2.066 8,5 15,2
Galactia 2.526 2.226 8,3 15,9
FENO é a forrageira de alto valor nutritivo, conservada através da desidratação natural ou mecânica,
apresentando teores de umidade no momento do armazenamento entorno de 13 a 18%.
FENAÇÃO é o processo através do qual obtemos o feno.
Vitaminas
Três das vitaminas (A-D-E) requeridas pelos ruminantes são afetadas pela secagem. O precursor da
vitamina A está presente em grande quantidade nas plantas novas e decresce com a maturidade da
mesma. Embora o caroteno seja um pigmento amarelo, ele está associado a cor verde e está
altamente correlacionado com a clorofila e proteína.
Devido a sua associação com a clorofila, a cor verde de um feno pode ser considerada como critério
de avaliação da qualidade do feno. O caroteno é instável à luz e ar e perdas consideráveis ocorrem
pela ação da lipoxidase. A secagem lenta a uma temperatura de 37oC ao sol, pode destruir até 80%
do caroteno existente. A secagem rápida (natural ou artificial) rapidamente inativa a enzima e tende
a conservar o caroteno. O feno ainda no Brasil tem sido uma fonte pobre em caroteno devido às
condições ou práticas de fenação.
A vitamina D quase não ocorre ou quando presente aparece em pequena quantidade nas partes
verdes das plantas. Pouco tem sido conhecido a respeito das reações que ocorrem dos esteróis
quando a luz incide nas partes da planta que está murchando.
A vitamina E é um tocoferol e dos quatro mais comuns, o α-tocoferol é o mais abundante em plantas
forrageiras. Trabalhos de pesquisa têm mostrado resultados variáveis quanto a perda de tocoferóis
quando partes de plantas são expostas ao sol.
Digestibilidade da Proteína
A secagem artificial e rápida a despeito de diminuir algumas perdas quando se compara à secagem
natural e lenta, tem a desvantagem de causar um abaixamento na digestibilidade da proteína. Isto
porque a secagem artificial muitas vezes envolve altas temperaturas (> 80o C). O efeito destrutivo do
calor é produzido por reação química de aminoácidos com açúcares. Chamada também de reação
“marrom” (tonalidade marrom adquirida pelo feno) ou “reação de Maillard”, é não-enzimática e é
acelerada pelo calor. A reação ocorre entre grupos carboxilas de carboidratos e os grupos amino de
aminoácidos, peptídeos e proteína, durante a secagem acelerada pelo calor e o produto da reação é
resistente aos agentes digestivos do organismo animal.
Em resumo pode-se citar que as perdas totais de matéria seca durante a secagem a campo são:
devido à respiração durante o murchamento 4-15% dependendo das condições
ambientais;
devido à queda de folhas 2-5% para gramíneas e 3-35% para leguminosas; e,
devido ao lixiviamento pela chuva 5-14%.
Segundo Archibald (1961), a chuva é o maior destruidor da qualidade dos fenos e o caroteno é o
constituinte que sofre as maiores perdas. O lixiviamento pela água pode remover tanto quanto 20-
40% da matéria seca, 30% de fósforo, 65% de potássio, 20% de proteína bruta e 35% extrato livre
não nitrogenado.
Armazenamento do Feno:
Uma outra perda de qualidade ocorre quando o feno é armazenado. As perdas em matéria seca
aumentam com o aumento da temperatura de armazenagem e com o conteúdo de umidade do feno
quando este é armazenado sob a forma de medas ou de fardos. Fenos armazenadas com ± 16% de
umidade a temperatura se eleva mas muito pouco. Já, em fenos com mais de 25% de umidade então
a temperatura se eleva muito e o aparecimento de fungos é observado. A temperatura poderá atingir
valores próximos de 70OC quando o feno é armazenado com 40% ou mais de umidade. As maiores
perdas tem sido verificadas no conteúdo de caroteno apesar de substanciais perdas ocorrerem em
açúcares e proteína. O aquecimento espontâneo de fenos úmidos (alto teor de água) leva a formação
de feno com coloração marrom ou cinza escuro.
Crescimento e Maturidade da Planta.
Todavia, as heteroláticas produzem anaerobiamente 1 mol de lactato, 1 mol de etanol e 1 mol de CO2
por 1 mol de glicose fermentada. O tipo de açúcar glicose ou frutose é de importância quando as
heteroláticas predominam porque resultam em diferentes produtos finais.
Menos ácido lático é produzido de frutose do que glicose e conseqüentemente a eficiência da
fermentação é consideravelmente menor do que quando bactérias lácticas homofermentativas estão
presentes.
O conhecimento de teor de matéria seca de uma forragem é importante pelo seu efeito sobre a
ingestão desse nutriente pelos ruminantes, pois que forragens muito suculentas limitam o consumo
diário de energia, enquanto que forragens com teores elevados de matéria seca podem também
apresentar baixos consumos pela lignificação do material e conseqüente redução de sua
apetibilidade. O valor nutritivo de uma silagem pode ser considerado função do consumo voluntário,
digestibilidade e eficiência pelo qual os nutrientes são utilizados.
No entanto, o principal fator que limita a produção dos animais ingerindo silagem é o nível de
consumo voluntário.
De uma maneira geral, pode-se afirmar que a depressão no consumo de uma silagem é causada
pelas mudanças químicas que ocorrem durante a fermentação no silo; no entanto, muitos estudos
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mostraram correlação positiva entre o consumo de matéria seca e o seu respectivo teor na silagem.
Neste sentido JACKSON e FORBES (1970) relataram uma relação curvilínea entre o teor de matéria
seca da silagem e seu consumo, estabelecendo que o teor de 35,5% de M.S. propiciaria a máxima
ingestão.
Teor de Carboidratos solúveis - > 15%
No geral, as gramíneas tropicais apresentam níveis de carboidratos solúveis baixas, se comparados
aos 15% indicada por KEARNEY e KENNEDY (1962), para obtenção de silagens láticas e de boa
qualidade. No entanto, o Capim-elefante, se por um lado apresenta cultivares (TAIWAN - 148) com
teores de 16,95%, por outro, tem propiciado a obtenção de silagens razoáveis, mesmo com taxas de
carboidratos solúveis abaixo dos 15%.
Poder Tampão
Tem sido observado para o Capim-elefante que os valores determinados não se constituem num
empecilho para a silagem, uma vez que não impediria o rápido abaixamento do pH na massa
armazenada. Além disso, com o envelhecimento da gramínea e/ou adoção do emurchecimento,
ocorre uma redução na capacidade tamponante deste capim.
A avaliação do poder tampão das plantas é muito importante para se estabelecer o seu potencial para
a ensilagem , pois impondo resistência ao abaixamento do pH das silagens pode interferir de maneira
marcante na qualidade do produto final, desde que são pH elevado não há condições de impedir o
desenvolvimento de fermentações secundárias e indesejáveis. O poder tampão se reveste de grande
importância na ensilagem, pois, quando elevado, aumenta a necessidade de ácido lático para
abaixamento do pH a níveis adequados à conservação, exigindo assim maior disponibilidade de
carboidratos fermentescíveis. (E.mg.HCL/100g M.S.)
Processamento do material
Picagem do material
É fundamental que o tamanho dos pedaços seja uniforme em toda a massa a ser ensilada. Picar o
material em pedaços pequenos é importante por várias razões: a eliminação do ar é muito mais
eficiente, resultado assim numa fermentação satisfatória e uniforme, maior quantidade do material
pode ser transportada; a carga e descarga tornam-se mais fáceis; e ainda, favorece um maior
consumo da silagem. Resultados de pesquisa tem mostrado que quanto maior o conteúdo de matéria
seca, menor deve ser o tamanho dos pedaços.
Compactação e vedação
Evidências experimentais tem mostrado que a alta susceptibilidade das silagens à deteriorização,
após a abertura do silo, está relacionada com: tempo prolongado de enchimento, aeração da massa
na ensilagem, teor elevado de matéria seca, menor compactação e densidade da massa e
temperaturas ambientes elevados. Admite-se que as perdas por aeração podem atingir valores de o
carregamento lento, a colocação de camadas diárias finas, a falta de compactação e o atraso na
vedação são procedimentos que concorrem para aerar a massa e promova perdas no processo.
Evidências experimentais revelaram que, em silos onde a densidade era de 750kg/m3 a vedação não
promovia um efeito muito pronunciado sobre perdas, já que o efeito do ar se limitava à superfície.
Retirada diária do produto
Remover a silagem sem promover distúrbios na massa remanescente no silo e fornecer aos animais o
mais rápido possível. Retirar camadas paralelas de 10-30 cm por dia.
9. Aditivos
Estimulante
Inibidores
Melaço contém cerca de 50% de CH0’s
Amido (+ amilase)
Bactérias
Os resultados da adição de estimulantes e mesmo inibidores têm sido desestimulantes. A adição de
sal comum aumenta a pressão osmótica da mesma forma como ocorre com o murchamento. Para um
material verde com cerca de ± 25% de matéria seca se recomenda 1,5 a 2% de sal e para uma
forragem com ± 35% de matéria seca pode-se usar 0,5 a 1,0% de sal.
O mais antigo método de inibir a fermentação foi o uso da mistura de ácidos minerais (clorídrico e
sulfúrico), método chamado AIV do pesquisador A.I. Virtanen. A adição de formaldeido na base de
0,4% do peso fresco de forragem tem sido pesquisada e já se verificou que ocorre severa redução na
fermentação de modo geral. Todavia, o uso de estimulantes ou inibidores ainda sofre restrições do
ponto de vista prático e econômico.
Fase 1
A primeira fase começa quando a planta é cortada. Durante esta fase microrganismos
epifíticos aeróbios convertem carboidratos solúveis a dióxido de carbono e água com produção de
calor. Também enzimas da própria planta promovem a hidrólise do amido e da hemicelulose a
monossacarídeos. Esta hidrólise fornece uma quantidade adicional de açúcares para a futura
fermentação láctica. O teor de FDN aumenta levemente após a ensilagem pelo efeito de diluição
causado principalmente pela redução dos carboidratos solúveis.
O processo aeróbio inicial continua até que todo o oxigênio existente tenha sido exaurido ou
todo conteúdo de carboidratos solúveis seja utilizado. Sob boas condições de umidade, tamanho de
partícula e compactação a atividade aeróbia continua por apenas poucas horas. Daí a importância da
rapidez e condição de vedação do silo.
Fase 2
A segunda fase é caracterizada por heterofermentação anaeróbica. Vários produtos
resultantes dos processos fermentativos são produzidos. Os principais são ácidos graxos voláteis de
cadeia curta (acético, láctico, propiônico e butírico), e dióxido de carbono. Estes compostos são
oriundos da fermentação de carboidratos solúveis, incluindo hexoses (glicose e frutose) e pentoses
(xilose e ribose).
As bactérias heterofermentativas da segunda fase tendem a ser fermentadores ineficientes,
pois produzem pouco ácido em relação à perda de nutrientes. A proporção de produtos finais
depende da maturidade da planta, umidade e população bacteriana epifítica da planta forrageira
ensilada.
As bactérias desta fase são viáveis a um pH entre 5 e 7. Entretanto, os ácidos por elas
produzidos reduzem o pH da silagem para menos de 6. As bactérias heterofermentativas são
retroinibidoras, criando um ambiente favorável para o crescimento das bactérias homofermentativas,
que são viáveis a um pH abaixo de 5. A queda do pH significa o final definitivo da fase anaeróbia e
pode durar de 24 a 72 horas.
Fase 3
A terceira fase de fermentação é uma pequena fase de transição que dura ao redor de 24
horas. O declínio do pH promove aumento na população de bactérias homofermentativas ácido-
lácticas eficientes. Estas bactérias reduzem o pH da silagem mais rápido e eficientemente por
produzirem principalmente ácido láctico. Essas bactérias são menos tolerantes ao calor que as
heterofermentativas da fase 2 e mais susceptíveis à altas temperaturas que as bactérias lactogênicas
da fase 4.
Fase 4
Esta fase pode ser considerada uma continuação da fase 3. Durante a fase 4 a temperatura
da silagem se estabiliza e as bactérias fermentam carboidratos solúveis, produzindo ácido láctico.
Este ácido é mais forte e mais eficiente na redução do pH que os outros ácidos graxos voláteis (AGV)
produzidos. O ácido láctico geralmente predomina nas silagens de boa qualidade (60% dos AGV). Sua
presença é da magnitude de 3 a 6% da MS.
Uma predominância de bactérias lácticas em relação aos outros tipos de bactérias levando a
uma rápida queda no pH permite uma melhor conservação dos nutrientes, tais como carboidratos,
aminoácidos, peptídeos, etc.
Fase 5
A fase 5 é o estágio de estabilização, que mantém-se durante toda a estocagem da forragem.
Entretanto esta não é uma fase estática, já que ocorrem variações dependendo das condições
ambientais, da penetração de ar e do número e tipo de organismos aeróbios (fungos, leveduras, etc.)
presentes na planta no momento da ensilagem.
Fase 6
A fase 6, que é a última fase de fermentação, se dá quando a silagem é retirada do silo para
ser administrada aos animais. Esta fase é tão importante quanto as descritas anteriormente, porém
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geralmente é negligenciada pelos produtores. Mais de 50% das perdas de matéria seca ocorrem por
descuido com a superfície de onde se retira as camadas de silagem para a alimentação animal.
A atividade microbiana aeróbia é estimulada devido à entrada de oxigênio no interior da
massa ensilada. Esta atividade aeróbia produz calor e diminui a palatabilidade e a disponibilidade de
alguns nutrientes da silagem.
Parâmetros
Qualidade
% NH3/Ntotal % ác. Butírico % ác. acético % ác. láctico pH
Muito boa 0-12,5 0,0-0,1 3,8-4,0
Boa 12,6-15 0,1-0,2 0,5-2,0 >6,0 4,0-4,2
Média 15,1-17,5 0,21-0,3 4,2-4,4
Ruim 17,6-20 0,31-0,4 >12,0 > 4,5
Péssima >20 >0,41
Fonte: Adaptado de PUPO (1981)
Parâmetros
Qualidade
Cor Odor Sabor
Boa Verde amarelada Agradável (frutas) Azedo (ác. Láctico)
Média Verde oliva Vinagre Menos ácido
Ruim Marron escura ou preta Repugnante Desagrável
Fonte: Adaptado de PUPO (1981)
CAPINEIRAS
Capineiras são áreas cultivadas com forrageiras, preferencialmente de alta produção, objetivando o
corte para fornecimento aos animais no cocho, para suprir deficiências da pastagem.
Quando da formação de uma capineira em uma propriedade, devemos considerar uma série de
pontos.
Escolha do local e preparo do solo: como o capim será cortado e picado diariamente , a área a ser
cultivada deverá ficar o mais próximo possível do estábulo ou do local onde será ministrada a
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forragem aos animais. Além disto, deve-se escolher um local em que haja pouca ou nenhuma
probabilidade de ocorrência de geadas, uma vez que a qualidade da forragem será extremamente
prejudicada caso elas ocorram. O solo deverá ser bem drenado, e as várzeas úmidas deverão ser
evitadas. O tamanho da área a ser cultivada depende do tamanho do rebanho, da categoria dos
animais que utilizarão a capineira a das pastagens de reserva existentes na propriedade. O preparo
do solo é o convencional, constituído da aração precedida pela calagem, caso necessário, e da
gradagem precedida da aplicação de fósforo natural, sempre recomendável. A quantidade de calcário
e de fosfato a ser aplicada será recomendada através da análise do solo. Com relação ao controle da
erosão, este deverá ser sempre observado para evitar perdas de solo. Os sulcos de plantio deverão
ter espaçamento de um metro entre si.
Variedade e espécies a plantar: preparando o terreno, deve-se escolher a variedade de capim-
elefante mais adequada para a região. Atualmente existe a variedade Cameron, bem mais produtiva
que as demais. Além de produzir maior quantidade de forragem, esta variedade apresenta uma
particularidade importantíssima que é a de não florescer, salvo algumas exceções, permanecendo
verde e tenra o ano todo, como alimento de alta qualidade.
PLANTIO (capim-elefante)
O plantio naturalmente deverá ser realizado no início do período das águas, para que a cultura se
desenvolva rapidamente. As mudas deverão ser provenientes de plantas adultas e vigorosas,
cortando-se as ponteiras e utilizando-se estacas com pelo menos três gemas ou pontos de
rebrotação. O capim-elefante multiplica-se por sementes, por mudas enraizadas e por colmos. As
estacas e/ou colmos inteiros constituem as formas mais usadas e mais fáceis de sua propagação.
Deverão ser colocados de forma contínua nos sulcos onde o pé de uma muda coincida com a ponta
da outra. O espaçamento entre sulcos pode ser de 0,70 m a 1,00 m. No espaçamento próximo de
0,80 m o gasto de mudas é de e 3 a 4 t/ha. Em média, de 1 hectare tiram-se mudas para plantar 10
hectares.
TRATOS CULTURAIS
As capinas devem ser feitas quando necessárias para manter a área limpa. Quando se faz um bom
preparo do solo, uma adubação adequada, utilizando-se boas mudas, com um plantio correto, não
haverá necessidade de tratos culturais. Com o crescimento rápido, a forrageira cobrirá o solo, não
permitindo o desenvolvimento das invasoras.
IRRIGAÇÃO
A falta de chuvas é um dos fatores limitantes ao crescimento das forrageiras tropicais durante o
inverno. A baixa temperatura é outro fator que impede o crescimento das plantas. Em regiões onde
ocorrem temperaturas baixas por períodos prolongados, a irrigação das capineiras não apresenta
resposta no crescimento do capim, mas este crescimento é satisfatório nas regiões onde não ocorrem
baixas temperaturas ou onde o período de frio é curto.
RECUPERAÇÃO DA CAPINEIRA
Numa capineira bem manejada, com boa adubação orgânica e química, só será necessária a sua
recuperação após um período acima de cinco anos. Se for o caso, deve-se fazer uma aração e/ou
Preparo do solo
Os principais objetivos do preparo do solo são aqueles de controlar plantas invasoras e o de produzir
uma camada de solo revolvida e fina, capaz de possibilitar o contato mais íntimo da muda com a
água do solo e permitir o desenvolvimento das raízes e a absorção de nutrientes de maneira que a
planta apresente sempre um bom desenvolvimento.
As operações de preparo do solo envolvem arações, gradagens, subsolagem (quando houver camada
de solo compactada em maiores profundidades).
As arações devem ser realizadas, de preferência, com arado de aiveca e na maior profundidade
possível, de modo a permitir um maior desenvolvimento do sistema radicular.
“Lembre-se sempre de que o sistema radicular é o responsável pela absorção dos nutrientes
fornecidos, e que estes é que vão promover o crescimento da planta”.
Correção e Adubação do solo
Antes de iniciar o processo de implantação de um canavial, o produtor deve realizar a análise do solo
que pretende utilizar para saber o estado de sua fertilidade.
Através da análise do solo, temos condições de recomendar a correção (calcáreo) e a adubação.
Estas análises podem ser realizadas em várias instituições públicas e privadas.
Implantação da cultura
A implantação deve ser realizada em épocas propicias ao desenvolvimento das plantas. A previsão de
chuvas regulares e temperaturas adequadas deve ser observadas. Quanto mais rápido ocorrer a
germinação e estabelecimento das plantas, menor deverá ser a incidência de invasoras.
Épocas de plantio
São reconhecidas três épocas de plantio:
a) Plantio de cana de ano e meio, quando plantada de janeiro a abril;
b) Plantio de cana de inverno, quando plantada de maio a agosto; e,
c) Plantio de cana de ano, quando plantada de setembro a outubro.
Cana de ano e meio, a cana é plantada e inicia seu desenvolvimento, germinação e perfilhamento em
período favorável, com umidade e temperatura elevadas, principalmente em janeiro e fevereiro.
Permanece em repouso durante os meses de maio a agosto, em seguida, durante sete meses,
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setembro a abril/maio vegeta com toda intensidade, para então amadurecer nos meses do novo
inverno, completando de 13 a 18 meses de idade.
O plantio em janeiro, pode trazer alguns problemas de desenvolvimento da cultura, quando a mesma
é cultivada em áreas com deficiência pronunciada de chuvas nos meados do ano. Isto se deve ao fato
de que plantada em época de chuvas abundantes, terá um grande desenvolvimento de sua área
foliar o qual induz a grande necessidade de água; como a partir de maio a disponibilidade de água
diminui drasticamente, haverá um acentuado encurtamento dos entre-nós, o qual irá gerar uma
grande dificuldade de desenvolvimento da cultura no período favorável subseqüente. Neste caso, a
irrigação quando possível, desempenha papel de suma importância (métodos de irrigação e custos).
O plantio de inverno somente é possível em regiões em haja a ocorrência de chuvas regulares neste
período ou naquelas propriedades em que exista a possibilidade de irrigação. Devido a falta de
chuvas e as baixas temperaturas, a possibilidade de ocorrência de doenças nas mudas poderá ser
aumentada, o que fatalmente levará a uma redução na germinação e perfilhamento, causando falhas
acentuadas na área.
A cana de ano é plantada no início das chuvas, setembro/outubro, sendo colhida no ano seguinte. É
uma opção para terras férteis, pois a produção depende de um rápido desenvolvimento da cultura,
devido ao pouco tempo disponível até a colheita (10 a 12 meses). Não é aconselhável o plantio de
variedades precoces, pois haveria a necessidade de colheita com 8 a 10 meses, o que levaria a baixas
produtividades.
Profundidade e forma dos sulcos
A operação de sulcação deve ser realizada com o solo úmido, objetivando alcançar a profundidade de
30 cm. Havendo a possibilidade, a adubação deve ser efetuada junto.
Em solos argilosos, pode-se adotar a forma do sulco em “V” e para solos arenosos a forma de um
trapézio. Os formatos visam evitar o assoreamento do sulco, o que poderia enterrar as mudas
dificultando a germinação e provocar falhas na área.
Espaçamento
A escolha do espaçamento deve ficar entre 0,9 e 1,4 m e a definição fica por conta da bitola do trator
que cada produtor possuir. Porém, espaçamentos entre 0,9 e 1,1 m tendem a produzir colmos mais
finos (menor peso), além de aumentar a necessidade de mudas para cobrir toda a área a ser
plantada.
Plantio
Uma vez escolhido o espaçamento a ser adotado, o produtor deve avaliar a sua capacidade
operacional e a disponibilidade de mão-de-obra de forma que as operações de sulcamento,
adubação, distribuição de mudas, picação e cobrição dos sulcos sejam realizadas no mesmo dia ou no
máximo em dois dias. A exposição dos sulcos ao sol provoca perda d’água e encrostamento das
paredes, prejudicando a germinação e o perfilhamento das plantas. O ideal é que os sulcos sejam
abertos e as mudas plantadas no mesmo dia.
A distribuição do adubo deve ser feita no fundo do sulco recebendo uma ligeira camada de terra por
cima afim de evitar o contato direto com as mudas que virão logo em seguida.
A distribuição das mudas deve obedecer ao sistema pé com ponta, sendo a picação realizada logo em
seguida. Após a picação, realiza-se a cobrição, que pode ser feita mecanicamente ou manualmente
com enxadas, colocando-se uma camada de 5 a 10 cm de terra sobre as mudas e, em seguida
efetua-se uma ligeira compactação desta com o objetivo de promover um melhor contato entre a
muda e o solo, o que promove melhor germinação.
ANEXOS
QUADRO 7. Produção média de leite (kg/vaca/dia) e produção por hectare, durante o período chuvoso (6
meses), em pastagens de capim-elefante manejadas com períodos de descanso de 30, 37,5
ou 45 dias, sem suplementação (SC) ou recebendo 2 kg de concentrado/vaca/dia (CC)
Produção de leite Tratamentos
30 SC 30 CC 37,5 CC 45 CC
kg/vaca/dia 13,5 14,6 13,9 13,4
kg/ha/180 dias 10.869 11.760 11.149 10.678
Fonte: DERESZ et al. (1994)
QUADRO 12. Ganho de peso (kg/dia) de novilhos alimentados com volumosos submetidos à
amonização
Volumoso Dose de amônia (% MS)
0,00 3,00 4,00
Feno de capim-estrela 0,14 - 0,41
Palha de trigo 0,15 - 0,24
Feno de Dactylis glomerata 0,11 0,37 -
Feno de D. glomerata+concentrado 0,53 0,69 -
Palha de arroz+concentrado 0,76 1,10 -
Palha de trigo concentrado 0,51 0,79 -
QUADRO 13. Qualidade do feno de aveia colhido aos 60, 90, 120 dias após a semeadura e aos 60
dias de rebrota
Período %PB
60 dias após a semeadura 16,4
60 dias de rebrota 11,9
90 dias após a semeadura 11,8
120 dias após a semeadura 9,3
QUADRO 14. Qualidade do feno de alfafa e de soja perene colhido aos 90 dias
Feno %PB % Digestibilidade (coelhos)
Alfafa 15,72 42,3
Soja perene 15,70 44,1
QUADRO 19. Qualidade do feno de aveia, na fase de pré-emergência das panículas, seco no campo
por 12 (AU-33%) e 30 horas (BU-15%), e submetido à amonização com amônia
anidra em diferentes doses
Doses de NH3 (% MS)
0 2 4
AU – 33% PB 17,3 24,5 26,1
DIVMS 65,3 70,6 73,5
BU – 15% PB 18,8 24,7 26,3
DIVMS 67,2 69,8 77,5
QUADRO 20. Qualidade da palha de milho tratada com uréia ou amônia anidra
Tratamentos Proteína bruta (%)
Palha de milho 4,36
Palha de milho + uréia 10,57
Palha de milho + amônia anidra 9,68
“Em levantamento da quantidade e qualidade do feno produzido no Estado de MG, ficou demonstrado
que a extensão de terras dedicadas à produção de feno é ainda ínfima e, conseqüentemente, pouco
expressiva. Da mesma forma, e devido às forrageiras utilizadas, os fenos são geralmente de baixa
qualidade, chegando em alguns casos a conter apenas 4% de PB e CDIVMS de 34%, isto é, pouco
diferente do pasto na época seca”(EPAMIG, 1980)