Você está na página 1de 6

ACTINOLITA – Ca2(Mg,Fe)5Si8O22(OH)2

A actinolita é um inosilicato do Supergrupo dos Anfibólios. É um mineral muito comum, típico de


rochas metamórficas. Possui aplicação restrita – e cada vez mais reduzida – quando ocorre fibrosa e é
comercializada como asbesto. A variedade “nefrita” é um dos tipos de jade, extremamente cara.
A actinolita integra o Grupo da Actinolita, que é uma série de solução sólida entre a tremolita (sem
Fe), a actinolita (com Fe+Mg) e a ferroactinolita (com Fe). Para a classificação detalhada de anfibólios,
consultar outras fontes.
Há uma variedade de actinolita de cor verde intensa devido a um teor em Cr, denominada de
“smaragdita”, que ocorre em eclogitos com metamorfismo retrógrado como pseudomorfose sobre omfacita.
“Nefrita” é uma rocha verde composta basicamente por actinolita fibrosa micro- a criptocristalina, sendo um
dos dois minerais (com jadeita) comercializada como jade.

1. Características:
Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem
Monoclínica Verde, verde-preto, Cristais tabulares, {110} boa.
prismática. cinza-verde. fibroso radiado,
Tenacidade asbestiforme, pode ser
maciço ou granular.
Quebradiça.
Maclas Fratura Dureza Mohs Partição
Por {100} ou {001} Estilhaça. 5-6 Segundo {100}.
comuns, simples ou
lamelares.
Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)
Branco. Vítreo a perláceo. Transparente. 3,03 – 3,24

2. Geologia e depósitos:
Actinolita é um mineral restrito a rochas metamórficas de grau baixo. Assim, é comum em sedimentos
ricos em Ca-Mg-Fe, regionalmente metamorfisados para xistos, os chamados xistos-verdes.
É encontrada em rochas máficas e ultramáficas metamorfisadas como meta-basaltos, meta-gabros e
“greenstones”.
Pode estar presente em rochas de metamorfismo de contato como adinoles. Também em rochas
metasomáticas como escarnitos e propilitos. Raramente ocorre em pegmatitos.
Também ocorre em xistos azuis como mineral retrógrado e em gabros como produto de uralitização
ou saussuritização. Tremolita e actinolita também constituem produtos de alteração comuns de piroxênios e
hornblenda e, neste caso, são conhecidas como uralita.

3. Associações Minerais:
Associa-se a outros minerais típicos das paragêneses metamórficas de baixo grau: quartzo, albita,
minerais do Grupo da Clorita, lawsonita, glaucofano, epidoto, pumpellyita e talco.
Também se associa a calcita, titanita, magnetita, axinita-(Fe), prehnita, plagioclásio (oligoclásio) e
dyscrasita.
Quando ocorre como “nefrita” associa-se a diopsídio, granada (grossulária), rutilo, grafita, apatita,
vesuvianita, prehnita, datolita, talco, serpentina, titanita, cromita, magnetita e pirita.
4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:
Índices de refração: nα: 1,613 – 1,646 nβ: 1,624 – 1,656 nγ: 1,636 – 1,6

ND Cor / pleocroísmo: incolor, verde pálido a verde mais escuro, com tons de azul. Possui pleocroísmo:
X = incolor, verde amarelado pálido; Y = verde-amarelo pálido, verde-azul pálido,
Z = verde pálido, verde, verde-azul. Cores mais escuras e pleocroísmo mais
intenso estão associadas a teores mais elevados de Fe.

Relevo: moderado. Aumenta com a elevação do teor em Fe.

Clivagem: {110} perfeita.


Seções longitudinais mostram apenas uma clivagem, paralela ao eixo z (vertical)
cristalográfico.
Seções basais mostram duas clivagens que se cruzam em ângulos de 124º e
56º, formando losangos (como em todos os anfibólios).

Hábitos: cristais prismáticos longos, fibrosa. São formas subédricas a anédricas, mas
podem ocorrer palhetas; as seções basais podem ser losangulares. Sendo um
mineral típico de rochas metamórficas de grau baixo, os cristais frequentemente
são muito pequenos.

NC Birrefringência e cores birrefringência de 0,017 – 0,027, cores de 1ª ordem superior a 2ª ordem:


de interferência: cinza, amarelo, laranja, vermelho. Podem estar mascaradas pela cor própria
do mineral. As cores diminuem com o aumento do teor em Fe.

Extinção: oblíqua, com ângulo de 10 – 17º .

Sinal de Elongação: SE(+).

Maclas: são relativamente comuns, tanto simples como lamelares.

Zonação: frequentemente zonada.

LC Caráter: B(-) Ângulo 2V: 65 – 86º

Alterações: a actinolita altera a talco, clorita e calcita.


Pode ser confundida com: alguns outros minerais, mas a clivagem é muito diagnóstica.

Tremolita é muito semelhante, mas é incolor e não apresenta pleocroísmo. Anfibólios monoclínicos (como
a hornblenda) possuem cor mais forte a ND.

Anfibólios sódicos apresentam a ND cores em tons de azul forte.

Anfibólios ortorrômbicos apresentam extinção paralela.

Hornblenda é extremamente semelhante, mas actinolita apresenta um pleocroísmo mais discreto, cores
bem mais pálidas a ND (importante!) e restritas ao verde (hornblenda pode ser marrom).

Cummingtonita é muito semelhante, mas tende a apresentar sinal ótico positivo e possui um índice de
refração mais alto. Além disso, cummingtonita frequentemente possui maclas lamelares muito finas.

Wollastonita é semelhante, mas possui extinção quase paralela e possui um ângulo 2V menor.
Abaixo, duas sequências mostrando seções longitudinais de actinolita com seu pleocroísmo característico
em tons de verde e verde-azulado. Imagens da esquerda e do centro a ND, rotacionadas em 90º uma em
relação à outra. Imagem da direita a NC.

A ND, seções basais de actinolita, com seus formatos típicos em Macla simples em actinolita. NC.
losango e mostrando duas direções de clivagem que se cruzam
em 56 e 124º, formando losangos.

Na imagem da esquerda, a ND, há uma grande seção longitudinal de actinolita com cores verde-azuladas,
depois uma clorita verde-clara e, à direita, uma seção basal de cor verde de actinolita. A imagem do meio
mostra o conjunto rotacionado em 90º, evidenciando o pleocroísmo dos minerais. A imagem da direita mostra
a actinolita com cores de interferência amareladas e a clorita com cor violeta-púrpura.
Em rocha meta-ultramáfica, agregado de clorita e actinolita, ambas com hábito quase fibroso.
À esquerda, a ND, ambas são verdes com pleocroísmo fraco. À direita, a NC, a actinolita apresenta suas
cores de interferências baixas (amareladas) e a clorita apresenta um forte cor anômala em azul.

A mesma situação das imagens anteriores (acima), mas neste caso há mais clorita e, por isso, mais cores
azuis a NC.

Fenocristal de clinopiroxênio precoce, provavelmente augita, em rocha vulcânica ácida. O cristal está
intensamente uralitizado, formando-se hornblenda verde e/ou actinolita. Macroscopicamente lembra uma
turmalina verde. A ND (esquerda) apresenta-se com aspecto fibroso e com pleocroísmo em verde. A NC
(direita) mostra cores fortes e extinção quase paralela.
5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:
A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a
identificação da actinolita. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a
identificação dos minerais opacos que ocorrem associados à actinolita.

Preparação da amostra: o polimento da actinolita não é difícil e acompanha o polimento dos outros silicatos
das paragêneses da actinolita.

ND Cor de reflexão: Cinza escura, um pouco mais clara que a cor do quartzo.

Pleocroísmo: Não

Refletividade: Baixa (~4%). Birreflectância: Não

NC Isotropia / Anisotropia: Não apresenta anisotropia.

Reflexões internas: Verde claras, generalizadas, bem luminosas a bem escuras. Reflexões
multicoloridas são relativamente comuns, dependendo da orientação das
clivagens.

Pode ser confundida com: outros anfibólios de hábito prismático e cor verde escura. As reflexões muito
escuras dificultam seu reconhecimento.

Forma prismática longa é muito típica de anfibólios e ajuda a reconhecer a actinolita.

Clivagem geralmente é possível visualizar.

Figuras de arranque são comuns em muitas das seções.

Extinção é simétrica em relação às clivagens e à forma nas seções basais, que apresentam formas
losangulares.

A ND (esquerda) e a NC (direita), cristais prismáticos longos de actinolita. Estes cristais são


especialmente bem desenvolvidos e mostram bem as características ao microscópio. Quando em
tamanhos menores, o reconhecimento não é tão fácil.
Esquerda: a ND, magnetita (cinza-rosada) e actinolita (cinza escura). No centro da imagem há
dois cristais de actinolita lado a lado: o da direita mostra clivagem e o da esquerda, em função
da orientação, não mostra clivagem.
Direita: a NC, a mesma imagem. As actinolitas mostram reflexões internas generalizadas em
verde bem escuro. Reflexões multicoloridas são possíveis. Magnetitas quase pretas porque os
nicóis estão descruzados em 2º.

A NC, seções basais


losangulares de actinolita
com as reflexões internas
em verde escuro que lhe
são características.
Em algumas das seções é
possível registrar a
clivagem típica dos
anfibólios.

Versão de outubro de 2021

Você também pode gostar