Você está na página 1de 5

Recursos vídeo

Seleciona um dos filmes seguintes e analisa-o na perspetiva da construção da


personalidade e influência dos diferentes fatores estudados na construção da
personalidade.

O menino selvagem, François Truffaut, 1969 (90 minutos)

Filme do excelente realizador francês François Truffaut, já falecido, relata com


grande rigor documental a história verídica de um jovem encontrado na floresta de
Aveyron, em 1789, em estado «selvagem». Provavelmente abandonada ainda muito
jovem, a criança, «socializada pelos membros do seu grupo de pertença», demonstra
o que foi adquirindo na floresta com os outros animais – a sua postura, tipo de
alimentação, gostos, sentidos…
Quando o jovem é encontrado e levado para casa do Dr. Itard, discute-se se o seu
atraso é cultural, biológico ou mental. O programa de integração desenvolvido pelo
Dr. Itard dá-nos a resposta. Victor, nome dado ao jovem, morre com cerca de 40
anos e a sua autópsia confirma a opinião do seu tutor.
Os alunos acompanham com grande interesse as etapas pelas quais o jovem
«selvagem» se vai aproximando dos padrões comportamentais «normais» e
compreendem a socialização como um processo indispensável de integração
social.

O filme baseou-se numa história verídica: a de uma criança «selvagem»


encontrada num bosque, perto de Paris, a quem foi, posteriormente, transmitida a
cultura dos «humanos». Responda às seguintes questões:

1 – Caracteriza a forma de andar, de beber, de comer e de se defender do «menino


selvagem».

2 – Por que razão se chamou ao jovem encontrado na floresta «menino selvagem»?

3 – Indica alguns dos primeiros ensinamentos culturais transmitidos ao «menino


selvagem».

4 – Quando Victor produziu o seu primeiro artefacto, o porta-giz, o menino selvagem


transformou-se num ser biocultural. Porquê?

5 – Indica mais dois comportamentos evidenciados por Victor que permitam afirmar
que ele já era um ser cultural.

6 – Comenta a seguinte afirmação: «O Homem é um produto e um produtor de


cultura.»

7 – Debate no teu grupo de trabalho ou na turma em plenário, as consequências


sociais e pessoais de um desenvolvimento fora das normas sociais vigentes.

ÁREA DE INTEGRAÇÃO
O clube dos poetas mortos, Peter Weir, 1989 (128 minutos)

John Keating é um professor pouco convencional para o ambiente conservador da


Academia Welton, famoso colégio frequentado por uma certa elite. Através do gosto
pela poesia que consegue passar aos alunos, estimula-os a pensar por si, contra os
modelos culturais dominantes, e a lutar pela consecução dos seus projetos de vida.
O filme relata a história de um jovem estudante que ambiciona um projeto de vida
diferente daquele que os seus pais desenharam para si, ao interná-lo naquela escola
tão convencional. A presença do professor Keating, com as suas práticas contrárias
aos modelos da escola e dos pais dos alunos, vem gerar um ambiente propício à
mudança e à realização dos sonhos do jovem que se afastam daqueles que os pais
almejaram e pelos quais se sacrificaram.

O filme conta-nos a história de um jovem vítima de um conflito entre agentes de


socialização que o leva ao suicídio. Vamos analisar sociologicamente o problema.

1 – Define o ambiente social da escola e dos alunos que a frequentam.


□ Convencional
□ Tradicional
□ Elitista
□ Revolucionário
□ Rígido
□ Informal

2 – Os quatro pilares (tradição, honra, disciplina e excelência) referidos pela Direção


podem ser considerados valores norteadores da ação de socialização da escola?
Justifica a tua resposta.

3 – Define a relação que o jovem aluno, que queria ser ator, tinha com o pai.
□ Tolerante
□ De obediência
□ Dialogante
□ Repressiva
□ Conflituosa
□ Rígida

4 – Como classificas os quatro pilares defendidos pelos alunos em relação aos da


escola? (A partir desta questão, o debate só se poderá realizar mais tarde.)

5 – Classifica a norma Carpe Diem defendida pelo professor em relação ao modelo


cultural da escola. Justifica a tua resposta.

6 – Descreve sociologicamente o dilema sentido pelo jovem ator. Terá havido conflito
entre os agentes de socialização (família e professor)?

7 – Os alunos que fizeram renascer o «Clube dos Poetas Mortos» constituíam um


grupo. Explica porquê.

ÁREA DE INTEGRAÇÃO
8 – A expulsão do professor da escola constitui uma forma de controlo social?
Justifica a tua resposta.

9 – Retira do filme situações que justifiquem que a família e a escola são agentes de
socialização encarregues de incutir / difundir a cultura dominante.

Billy Elliot, Stephen Daldry, 2000 (111 minutos)

O jovem Billy Elliot, pertencente a uma comunidade operária, Durham, deseja


aprender ballet, atividade que o fascinou desde que assistiu a uma aula. O pai,
mineiro, insiste em que o jovem aprenda boxe, atividade que ocupa muitos dos
trabalhadores daquela localidade.
O jovem vê-se, naturalmente, confrontado com a pressão social da comunidade,
mas consegue, finalmente, realizar o seu sonho e ingressar no Royal Ballet. O filme
acompanha os sonhos do jovem Billy Elliot, que ambiciona uma aprendizagem e
carreira contestadas pelos modelos culturais daquela comunidade «conservadora» e
fechada. Preconceitos, estereótipos e fortes representações sociais acerca da opção
do jovem perpassam toda a ação do filme que o aluno, com facilidade, identificará.
Pela delicadeza da abordagem que o realizador imprime ao filme, este é um bom
momento de reflexão contra a estereotipia social. O final do filme justifica a luta
contra os preconceitos e os modelos sociais opressivos que negam a mudança e a
realização pessoal.

Ideias-chave para a exploração do filme: análise em grupo, em que se pretende


que o aluno compreenda toda a engrenagem que sustenta o funcionamento daquela
comunidade – atividade económica dominante, profissões, papéis sociais, estatutos,
ocupação dos tempos livres, socialização com base nos valores da comunidade, papel
da mãe no acompanhamento do jovem, a ordem social e as instituições ao seu
serviço, mas também a amizade, a luta por um estatuto diferente e a mudança são
alguns dos elementos a identificar.

Na sequência da discussão ou debate, poder-se-á propor aos alunos a procura de


outros casos de obstáculos criados a projetos de vida dos indivíduos devido à
desadequação aos modelos vigentes. Mulheres que desejavam profissões
culturalmente destinadas aos homens (no início do século xx, era difícil uma mulher
estudar medicina, por exemplo), jovens que desejavam seguir carreiras consideradas
«femininas», mulheres muçulmanas que desejavam estudar e seguir carreiras
profissionais…
Estes estudos poderão constituir o ponto de partida para uma Semana da
Mudança a dinamizar na escola.

ÁREA DE INTEGRAÇÃO
Filadélfia, Jonathan Demme, 1993 (125 minutos)

História de um advogado que contrai SIDA e que é despedido da firma onde


trabalha. Desde o momento da suspeita por parte dos seus patrões até ao final,
o jovem advogado é confrontado com todo o tipo de pressões sociais pela sua
doença, mas também pela sua ligação sentimental a outro homem. Passado em
Filadélfia, cidade que dá o nome ao filme, assistimos também a questões de
discriminação racial. Com uma banda sonora bem conhecida, os alunos
acompanharão com interesse o desenrolar da ação.

No final, poder-se-á realizar um debate que assente nas seguintes ideias:


– a ignorância como fator de discriminação;
– a tolerância como prática de inclusão;
– os desvios de hoje, a aceitação de amanhã;
– o racismo não tem cor;
– a importância da socialização na formação da personalidade dos indivíduos.

Cidade de Deus, Fernando Meirelles, 2002 (95 minutos)

Do realizador brasileiro Fernando Meirelles e interpretado por alguns jovens


moradores nas favelas das grandes cidades brasileiras, este filme é um excelente
documentário sobre o submundo e a subcultura das favelas, sendo a história
verídica.
Socializados num ambiente de pobreza e exclusão, os jovens da «Cidade de
Deus», construída nos anos 60 para realojar famílias vítimas de inundações e outras
tragédias, crescem num ambiente específico cujos valores baseados no desvio, na
força e na violência conduzem a uma escalada de destruição e morte sem controlo –
«Já fumei, já cheirei, já roubei e já matei!» é a senha para a realização de tarefas
ainda mais condenáveis.
O jovem fotógrafo Busca Pé é o produto dessa cultura. Poderá ele também
provocar alterações nessa realidade social? Mesmo usando o seu livre-arbítrio e a
sua vontade de mudar, poderá alterar a vida da comunidade a que pertence?

O filme é um ótimo documento sobre socialização, valores, modelos, práticas


sociais, (sub)culturas, grupos e suas características, ordem social… O facto de os
jovens artistas serem conhecedores da realidade que interpretam pode fornecer
informação relevante para a condução do filme.
Após o visionamento do filme, os alunos poderão descrever o percurso de
socialização dos jovens daquela comunidade em comparação com a sua e procurar
relacionar esse percurso com as práticas vividas. Os alunos poderão ainda relacionar
o conhecimento daquela realidade social com as técnicas de pesquisa sociológica que
os jovens intérpretes do filme puderam utilizar e assim abordar a problemática da
investigação. Para um trabalho de integração de grupos de risco, poder-se-ão
estudar outros casos.

ÁREA DE INTEGRAÇÃO
O debate sobre o filme poderá mostrar que todos somos o produto de um certo
modelo de socialização, mas também somos seres de liberdade que, com as
«armas» certas (educação, formação, apoio, oportunidades…), podemos contrariar a
exclusão. Wilson Rodrigues, aliás Busca Pé, é disso a nossa esperança. O resto
continuará, se nada for feito para mudar!

ÁREA DE INTEGRAÇÃO

Você também pode gostar