Você está na página 1de 32

PAPA NOS CONVIDA A REJEITAR CÚRIA GERAL DOS JESUÍTAS SÍNODO DA AMAZÔNIA É

A CULTURA DA GUERRA LANÇA NOVO SITE TEMA DE EVENTO NO RIO

pág. 11 pág. 18 pág. 21

Em
INFORMATIVO DOS
JESUÍTAS DO BRASIL

EDIÇÃO 50
ANO 5
NOV/DEZ 2018

MARCAS DE UMA HISTÓRIA


Em 2019, a Companhia de Jesus celebrará seus 470 anos no Brasil
especial pág. 12
SUMÁRIO EDIÇÃO 50 | ANO 5 | NOV/DEZ 2018

6 EDITORIAL 18 MUNDO † CÚRIA


• Jesuítas no Brasil • Pedro Arrupe: um homem apaixonado por Deus
Carla Galdeano e pela Igreja
• Jesuíta sírio fala sobre a guerra no país

7 CALENDÁRIO LITÚRGICO
• Pe. Geral presta homenagem a jesuíta assassinado
no Sudão do Sul
• Cúria Geral dos Jesuítas lança novos sites

8 20
ENTREVISTA †
PEREGRINOS EM MISSÃO AMÉRICA LATINA † CPAL
• Vivendo a liturgia cristã • Deslocados: um grito de humanidade
Pe. Creômenes Tenório Maciel, SJ • Sínodo da Amazônia é tema de evento na PUC-Rio
• Missioneiros da tríplice fronteira

10 O MINISTÉRIO DE UNIDADE


Formação de agentes missionários
36ª Assembleia da CPAL
NA IGREJA † SANTA SÉ

23
• Sínodo dedicado aos jovens
• 100 anos do fim da I Guerra Mundial SERVIÇO DA FÉ
• Paróquia São Francisco Xavier completa 25 anos

12 ESPECIAL
• Companhia de Jesus no Brasil

Foto: Companhia de Jesus/Sidney Soares

Os jesuítas participaram da fundação das primeiras cidades brasileiras, como representado


no painel de azulejos (foto), do artesão Eduardo Gomes. A obra integra o Marco de
Fundação da Cidade de Salvador, na praia de Porto da Barra, na capital baiana

4 Em
Em INFORMATIVO DOS
JESUÍTAS DO BRASIL

24 DIÁLOGO CULTURAL E RELIGIOSO


• Edições Loyola lança novo livro do Papa Francisco EXPEDIENTE
• Álbum de canto litúrgico é lançado no Pateo do Collegio
• Padre Haroldo é homenageado em livro EM COMPANHIA é uma publicação mensal dos
Jesuítas do Brasil, produzida pelo Escritório de

27
Comunicação BRA.
PROMOÇÃO DA JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL
COMUNICAÇÃO BRA
• Semana dos Estudos Amazônicos é realizada no RS noticias@jesuitasbrasil.com
www.jesuitasbrasil.com

DIRETOR EDITORIAL
Pe. Anselmo Dias, SJ

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVEL


Silvia Lenzi (MTB: 16.021)

REDAÇÃO
Juliana Dias
Silvia Lenzi

DIAGRAMAÇÃO E EDIÇÃO DE IMAGENS


Handerson Silva

PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
Érica Silva
Ir. Lucemberg de Oliveira Lima, SJ
Luíza Costa
Maria Eugênia Leonardo da Silva (estagiária)

COLABORADORES DA 50ª EDIÇÃO


Ana Klein, Bruno Victor, Matheus Kiesling, Naira
Leite, Rogério Arruda Martins, Valério Sartor e Ana

28
Ziccardi (revisão). Um agradecimento especial a
todos que colaboraram com a matéria especial
JUVENTUDE E VOCAÇÕES desta edição.
• Jovens participam de Encontros do MAGIS

29 NA PAZ DO SENHOR
• Pe. Ary de Freitas, SJ
• Pe. Manuel Angel Fernández Suárez, SJ

31 JUBILEUS / AGENDA

Em 5
EDITORIAL

JESUÍTAS NO BRASIL

ram se aproximar dos povos nativos, las fadigas que aquela realidade lhes
entrando em tal comunhão que os en- trazia. Mesmo perseguidos e expul-
sinamentos passam a ser oferecidos na sos, sabiam que nada deveriam temer,
língua dos próprios gentios. Com esse pois a vida não mais lhes pertencia
olhar atento e compassivo sobre os e Deus estava se servindo deles para
indígenas, compreenderam que a arte fazer bem aos outros e, assim, reali-
Carla Galdeano poderia ser uma forma também eficaz zariam melhor a missão do Cristo: a
Historiadora do Cuidado do Patrimônio de instrução e, juntamente com ela, a concretização da vontade do Pai.
Histórico e Cultural da Companhia de música, o teatro. O trabalho missionário da Compa-
Jesus no Brasil Adentrando no território pelos ca- nhia de Jesus foi, e ainda é, muito signi-
minhos indígenas, fizeram daquele ficativo para o Brasil. Graças à sua plura-

A
Companhia de Jesus, desde seu novo mundo sua casa, vivenciando a lidade de vocações e ofícios, os jesuítas
início, atua nos mais diversos presença de Deus nos eventos mais co- estiveram presentes e muito atuantes
campos das atividades huma- tidianos. Os jesuítas, homens para os em diversos momentos da história do
nas. Sob o estandarte da Cruz, os jesuí- outros e com os outros, têm esse amor País. “Descobrimentos”, reinados, res-
tas atravessam as fronteiras geográficas apaixonado ao Cristo, que desinstala trições ao processo democrático, sem-
e culturais, indo onde ninguém mais de nós mesmos e, por consequência, pre permaneceram ao lado daqueles
quer, fazendo o que ninguém mais pode faz com que haja um despojamento que necessitavam de seu auxílio, firmes
ou, se já o faz, procuram fazer melhor. apostólico que interage com o que lhe na fé, Naquele que os criou.
Sua missão: salvar as almas, e todas é distinto. À vista disso, a Companhia Com um discernimento constante,
elas, em uma promoção da fé, da cultu- de Jesus, assim como o povo brasileiro, conseguiram identificar as necessida-
ra e da justiça. passou a ter diversos rostos e sotaques. des de adaptação de suas diferentes
Seguindo a premissa inaciana missões. Por vezes, tiveram que tomar
“Encontrar a Deus em tudo e tudo em decisões difíceis como término e altera-
Deus”, em 1549, um pequeno grupo de ções de diversos trabalhos, não por de-
jesuítas – formado pelos padres Manuel O TRABALHO sânimo, mas por saber que suas raízes
da Nobrega, João de Azpicuelta Navarro, não estão nos lugares. A permanência
Leonardo Nunes, Antonio Pires e pelos
MISSIONÁRIO DA da Companhia de Jesus se dá por meio
Irmãos Diogo Jacome e Vicente Rodri- COMPANHIA DE dos dons reconhecidos e compartilha-
gues – atravessou o oceano, sem saber dos, do acolhimento, da educação de
JESUS FOI, E AINDA É,
ao certo o que iria encontrar, quais os excelência, dos projetos desenvolvidos,
desafios e as dificuldades a serem su- MUITO SIGNIFICATIVO das injeções de ânimo nos momentos
peradas. Tinham apenas a certeza: mos-
PARA O BRASIL” de dificuldade, no oferecimento da rica
trar a todos a felicidade plena que se en- espiritualidade inaciana, ou seja, na
contra no Deus revelado, Jesus Cristo. vida das pessoas que eles encontraram
Assim, aportaram no litoral brasileiro e inspiraram, e inspiram, ao longo do
em 29 de março daquele ano. Ao longo desses 470 anos de traba- caminho nesses 470 anos de missão no
Por meio da acolhida, da escuta e lho missionário no Brasil, os jesuítas Brasil, que serão completados em 2019.
do diálogo, passos fundamentais para passaram por todo o tipo de infortú-
o processo de inculturação, consegui- nio, mas nunca se deixaram abater pe- Boa leitura!

6 Em
calendário litúrgico NOVEMBRO
Próprio da Companhia de Jesus

DIA 3 DIA 5 DIA 6


Todos os falecidos da
Todos os santos da
Companhia de Jesus
Companhia de Jesus

Beato Roberto Mayer

DIA 13 DIA 14 DIA 19

Santo Estanislau Kostka São José Pignatelli Santos Mártires das Missões

DIA 23 DIA 26 DIA 29

Beato Miguel Agostinho Pró São João Berchmans Beato Bernardo Francisco
de Hoyos

DEZEMBRO
DIA 1º DIA 3 DIA 8 DIA 12

Santo Edmundo Campion São Francisco Xavier Imaculada Conceição Nossa Senhora de
e São Roberto Southwell Guadalupe (Padroeira
Mártires no Reino Unido da América Latina)

Em 7
ENTREVISTA
† PEREGRINOS EM MISSÃO

VIVENDO A LITURGIA CRISTÃ

Fé e devoção sempre fizeram parte da vida em família para o Pe.


Creômenes Tenório Maciel. Ele conta que ir à igreja e participar
de novenas e procissões nunca foi um peso em sua vida. “Sempre
era uma alegria, uma festa”, relembra o jesuíta, que mudou-se
Pe. Creômenes Tenório Maciel, SJ
para Paris (França), em 2015, para fazer o mestrado, concluído
em 2017, em Teologia Litúrgica e Sacramental, sobre a obra
de inculturação litúrgica de padre Jacques Trudel, em Recife
(PE). Morando ainda na capital francesa, Pe. Creômense faz
agora doutorado em Liturgia, sobre a interpretação das normas
litúrgicas. Conheça um pouco mais da história desse jesuíta em
sua entrevista ao informativo Em Companhia.

Conte-nos um pouco sobre sua mos, avós... todos são família na mesma
história de vida. intensidade. Em uma casa de cinco pes-
Sou o mais novo de uma família de soas era comum que, à mesa, fôssemos
três filhos. Nasci em Recife (PE), mas 10 em cada refeição. Muitos de meus
cresci em Vitória de Santo Antão, mu- primos moraram na casa de meus pais
nicípio bastante próximo da capital – o para estudarem. Era uma casa em que
que facilitava o acesso e contato com nunca faltava gente! Amigos, parentes
a parte mais desenvolvida de Pernam- e aderentes entravam e saíam o tempo
buco – mas também bem próximo do todo. A mesa sempre cheia, ambiente
interior, o que dava um clima matuto e sempre festivo. A cozinha, que ocupava
simples ao lugar. Além de ser um polo um terço do espaço da casa, era o cora-
médico, industrial e comercial para to- ção da vida da família.
das as cidades do interior, o local é o A escola ocupou uma parte conside-
principal produtor e catalizador do se- rável na minha vida e, até hoje, lembro
tor hortifrutigranjeiro da região, o que com carinho dos professores e colegas.
lhe confere peso político e econômico. As relações de amizade com os amigos
Meu pai tinha um restaurante e mi- de infância da vizinha era algo muito
nha mãe, além de trabalhar com ele, importante. Brincar na rua ao chegar da
tomava conta da filharada. Cresci num escola era parte integrante do meu coti-
ambiente em que a família ultrapassa diano. Cresci entre a escola e as brinca-
os limites da célula familiar: tios, pri- deiras de rua.

8 Em
Outro polo importante dessa vida
em família era a fé e a devoção. Ir à
[...] MEU TRABALHO PODE
igreja, participar de novenas, terços, CONTRIBUIR PARA DESMITIFICAR
procissões, vias sacras etc., nunca foi O LEGALISMO QUE RODEIA A
um peso para mim. Sempre era uma
alegria, uma festa. Seja como acólito,
LITURGIA E DAR ESPAÇO PARA UMA
membro do grupo de jovens Libertação, VERDADEIRA INTERAÇÃO ENTRE FÉ E
participação na Juventude Operária Ca-
VIDA NAS NOSSAS CELEBRAÇÕES [...]”
tólica (JOC), equipe de pastoral litúrgica
paroquial e arquidiocesana... Tudo isso
construiu-me como pessoa. mim, é como o corpo de Cristo ressus- são podem me levar para outra dimensão
citado, mas que sempre carrega as cha- apostólica e isso não depende só de mim
O senhor é formado em Direito, gas da paixão, que eu pude viver a de- ou de meus estudos. Tem todo um pro-
pela Unicap (Universidade Católica senvolver a graça do Espírito Santo, que cesso de discernimento envolvido.
de Pernambuco). Chegou a exercer me foi dada desde meu batismo: fazer a
a profissão? vontade do Pai, amando e servindo aos Com quais novidades ou propostas
Sim, trabalhei como advogado por irmãos. Sem dúvida, a Companhia de sua pesquisa no doutorado pode co-
três anos antes de entrar para a Compa- Jesus é o melhor lugar para mim, pois laborar para uma “Igreja em saída”,
nhia de Jesus. Tempo forte de aprendi- sinto-me plenamente integrado à Igreja como pede o Papa?
zado diante de desafios e conflitos. e a serviço da humanidade. Minha pesquisa busca jogar novas lu-
zes sobre a maneira que lemos e compre-
Foi nesse tempo que conheceu a O senhor está cursando o seu endemos a estrutura jurídica da liturgia
Companhia de Jesus? doutorado em Liturgia, em Paris católica. Se colocamos esse tipo de traba-
Conheci a Companhia durante meus (França), tendo em vista a missão lho diante do apelo do Santo Padre para
estudos de Direito na Unicap, onde eu futura. Há quanto tempo o senhor uma “Igreja em saída”, eu acredito que
participava da missa diariamente e ti- está na França? meu trabalho pode contribuir para des-
nha contato direto com alguns jesuítas, Esta é a segunda vez que moro na mitificar o legalismo que rodeia a liturgia
como os padres Jacques Trudel e An- França. Estou aqui desde 2015. Primei- e dar espaço para uma verdadeira intera-
tônio Mota. Em Trudel, encontrei um ro, foi para fazer o mestrado, que termi- ção entre fé e vida nas nossas celebrações,
modo concreto, missionário e frutuoso nei em 2017. Agora, o doutorado. Assim, sem, no entanto, desprezar a tradição bi-
de viver a liturgia cristã. Foi Mota quem tenho um bom pedaço de estrada pela milenar da Igreja, tampouco a cultura lo-
me introduziu na escola de oração dos frente. Mas não vejo a hora de terminar cal do povo que celebra. Para mim, uma
Exercícios Espirituais e o primeiro jesu- e voltar para a missão no Brasil. saída se encontra na profunda compre-
íta com quem falei sobre vocação. Para ensão da densidade teológica de nossa
mim, são duas referências importantes O senhor será professor de Liturgia? liturgia celebrada no hoje das igrejas em
dentro da Companhia de Jesus. Fiz um mestrado em Teologia Litúr- cada canto do mundo. Parafraseando o
gica e Sacramental, sobre a obra de in- Papa, eu diria que uma liturgia em saída é
Por que viver o chamado na vida culturação litúrgica realizada pelo padre uma liturgia que não tem medo de anun-
religiosa, sendo jesuíta? jesuíta Jacques Trudel, em Recife (PE). ciar e celebrar a fé segundo a história e a
Viver o chamado é uma questão de Agora, estou fazendo um doutorado em cultura humana, de ontem e de hoje. Não
encontros de desejos que nos realizam Liturgia, sobre a interpretação das nor- acho que isso seja uma “novidade”, mas
como ser humano. Na Companhia de mas litúrgicas. A princípio, o horizonte é tenho a firme convicção de que é algo que
Jesus, eu encontrei o melhor lugar para a docência, mas um jesuíta deve sempre precisa ser dito com perseverança e espe-
eu viver o chamado de Deus. Foi abra- estar aberto aos apelos do Cristo, da Igre- rança, para que “venha a nós o Teu reino e
çando este corpo apostólico, que, para ja, da humanidade. As exigências da mis- seja feita a Tua vontade”. .

Em 9
O MINISTÉRIO DE UNIDADE NA IGREJA
† SANTA SÉ

SÍNODO DEDICADO AOS JOVENS


A
XV Assembleia Geral Ordinária

Foto: Vatican News


do Sínodo dos Bispos, entre 3 e
28 de outubro, teve como tema
Os jovens, a fé e o discernimento vocacio-
nal. O encontro contou com a presença
de mais de 250 bispos dos cinco conti-
nentes. Graças a um acordo histórico
entre o governo da China e o Vaticano,
que levou 10 anos para ser firmado, dois
bispos chineses participaram da reu-
nião episcopal.
O Papa Francisco celebrou a mis-
sa de abertura da XV Assembleia Geral
Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 3
de outubro. Visivelmente emocionado,
durante a homília, o Pontífice pediu aos
fiéis presentes na Praça de São Pedro:
“Hoje, pela primeira vez, estão aqui co-
nosco dois bispos da China continen-
tal. Vamos dar a eles as nossas calorosas
boas-vindas”. As relações diplomáticas
entre o Vaticano e a China foram rom-
pidas em 1951, quando a Santa Sé re-
conheceu a independência de Taiwan.
Esse fato levou a Igreja Católica a traba- O Pontífice pediu ainda que “o Sí- re aos jovens – a todos os jovens, sem
lhar praticamente na clandestinidade nodo desperte os nossos corações! excluir nenhum, a uma visão de futuro
no território chinês, onde vivem 12 mi- Precisamos reencontrar as razões da repleto da alegria do Evangelho”.
lhões de católicos. nossa esperança e, sobretudo, trans- Assim, no dia 27, o texto final do Sí-
Na tarde do dia 3, o Papa discursou miti-las aos jovens que estão sedentos nodo foi aprovado e entregue nas mãos
na abertura do Sínodo, agradecendo a de esperança. O encontro entre as gera- do Papa, que autorizou sua publicação.
todos ali presentes: “vale a pena sentir- ções pode ser extremamente fecundo Com 60 páginas, três partes, 12 capítu-
-se parte da Igreja ou entrar em diálogo para gerar esperança”. E acrescentou: los e 167 parágrafos, o documento teve
com ela; vale a pena ter a Igreja como “Esforcemo-nos para fazer sair deste como fio condutor o episódio dos dis-
mãe, como mestra, como casa, como fa- Sínodo não só um documento, que ge- cípulos de Emaús, narrado pelo evange-
mília, capaz, não obstante as fraquezas ralmente é lido por poucos e criticado lista Lucas.
humanas e as dificuldades, de fazer res- por muitos, mas, sobretudo, propósi- Além dos Padres Sinodais e outros
plandecer e transmitir a mensagem de tos pastorais concretos, capazes de re- participantes do encontro, a elaboração
Cristo; vale a pena agarrar-se à barca da alizar a tarefa do próprio Sínodo, que é do texto contou com a participação dos
Igreja que, mesmo através das tempes- fazer germinar sonhos, suscitar profe- jovens. Desse modo, o documento final
tades implacáveis do mundo, continua cias e visões, fazer florescer a esperan- lança o olhar para o contexto em que vi-
oferecendo a todos refúgio e hospita- ça, estimular confiança, faixar feridas, vem os jovens, a fim de permitir um di-
lidade; vale a pena colocar-se à escuta entrançar relações, ressuscitar uma álogo real com eles, evitando respostas
uns dos outros; vale a pena nadar con- aurora de esperança, aprender um do pré-concebidas.
tracorrente e aderir a valores altos, outro, e criar um imaginário positivo
como a família, a fidelidade, o amor, a que ilumine as mentes, aqueça os co- Fontes: Vatican News | Canção Nova | G1 |
fé, o sacrifício, o serviço e a vida eterna”. rações, restitua força às mãos e inspi- Terra |UOL

10 Em
100 ANOS DO FIM DA I GUERRA MUNDIAL

Foto: Vatican News


E
m 11 de novembro de 1918, encer- advertência a rejeitar a cultura da guerra mos aquele do grande São Martinho de
rava-se a Primeira Guerra Mun- e buscar todos os meios legítimos para Tours, que hoje recordamos: ele cortou
dial, que envolveu as grandes pôr fim aos conflitos que ainda ensan- seu manto em dois para compartilhá-lo
potências da época. O conflito é consi- guentam diversas regiões do mundo. com um homem pobre. Que este gesto
derado, ainda hoje, o sexto mais mortal Enquanto rezamos por todas as vítimas de humana solidariedade indique a to-
da história da humanidade, causando a dessa terrível tragédia, digamos, com dos o caminho para a construir a paz”.
morte de mais de 9 milhões de comba- força: invistamos na paz, não na guer-
tentes nos quatro anos de sua duração. ra! E, como sinal emblemático, pegue- Fonte: Vatican News
No dia que marca o centenário do final
da chamada Grande Guerra, o Papa Fran- PAPA DA PAZ (...) Não há limite para a medida da
cisco convidou os peregrinos presentes Bento XV é ruína e do abate; diariamente a terra
na Praça São Pedro a rejeitarem a cultura conhecido como fica marcada com o sangue recém-
da guerra e investirem na paz. o Papa da paz. derramado e coberta com os corpos de
O Pontífice ofereceu também o ges- Em novembro de mortos e feridos”.
to de São Martinho de Tours ao dividir 1914, publicou a Na Encíclica Quod Iam Diu, publica-
seu manto com um pobre como ca- primeira de suas doze Encíclicas. da em 1º de dezembro de 1918, três
minho para construir a paz: “Recorre Entre as quais, destaca-se Ad semanas depois do armistício, Bento
hoje o centenário do final da Primeira Beatissimi Apostolorum, em que o XV pediu a todos os católicos que re-
Guerra Mundial, que meu antecessor, Pontífice diz que as grandes nações zassem pela paz e por aqueles que se
Bento XV, chamou de ‘matança inútil’. estão “bem equipadas com as ocupavam com as negociações de paz.
Por esta razão, hoje, às 13h30, horário mais terríveis armas que a ciência No entanto, ressaltou que a verdadeira
italiano, tocarão os sinos em todo o militar moderna havia inventado paz não tinha chegado, mas que so-
mundo, também os da Basílica de São e se esforçam para destruir umas mente foram suspensas as hostilida-
Pedro. A página histórica da Primeira às outras com requintes de horror des, o abate e a devastação.
Guerra Mundial é para todos uma grave

Em 11
ESPECIAL

COMPANHIA DE
JESUS NO BRASIL

N
o dia 29 de março de 1549, to com os irmãos Vicente Rodrigues e Patrimônio Histórico e Cultural da
após 56 dias de viagem, uma Diogo Jácome, tornaram-se os primei- Companhia de Jesus no Brasil, o que
das maiores armadas portu- ros jesuítas a chegar às Américas. moveu esses jesuítas foi o desejo de
guesas desembarcava no Arraial do 470 anos depois, em 2019, a Província transmitir a doutrina cristã. “Somos
Pereira, na Bahia de Todos os Santos. dos Jesuítas do Brasil – BRA celebrará a uma Ordem religiosa eminentemente
Vindos de Portugal, os navios trouxe- chegada desses primeiros companhei- missionária e que tem como finalida-
ram mais de mil homens, entre eles, ros de Jesus no País. Um ano para fazer de ‘ajudar as almas’. Essa expressão,
Tomé de Sousa, primeiro governador- memória da importância dos jesuítas típica do século XVI, dava a dimensão
-geral do Brasil, e um grupo de seis re- na construção da nação brasileira e um de ajudar as pessoas, por meio de di-
ligiosos que pisava pela primeira vez momento para refletirmos: qual o lega- ferentes ministérios, como a pregação
na Terra de Santa Cruz. Liderados pelo do que a Companhia de Jesus aportou na da Palavra, os Exercícios Espirituais
padre Manoel da Nóbrega, então com constituição da sociedade brasileira? etc.”, explica.
32 anos, os padres Antônio Pires, Leo- Para padre Carlos Alberto Con- Segundo o jesuíta, além do objetivo
nardo Nunes e João de Azpilcueta, jun- tieri, coordenador do Cuidado do missionário, também um fator externo

12 Em
presente na época foi fundamental: a não era de estranhar essa missão, pois Nesse cenário, padre Contieri desta-
expansão europeia. “A Companhia não vigorava à época a concepção de socie- ca a ousadia da Companhia de Jesus. “A
somente vai se aproveitar dessa era ex- dade de cristandade, que não tolerava Ordem religiosa tinha apenas nove anos
pansionista, mas ela mesma vai, por que nenhum povo ou grupo humano quando os primeiros jesuítas desembar-
causa da credibilidade que tem, ser so- vivesse sem o conhecimento de Deus cam no Brasil. Evidentemente, nesses
licitada para poder, de fato, engrossar e a obediência aos seus mandamen- poucos anos, ela vai crescer tremenda-
as esquadras expansionistas, tanto da tos”, explica o delegado da Educação mente. Mas, naquele momento, enviar
Espanha quanto de Portugal”, afirma da CPAL (Conferência dos Provinciais seis jesuítas para uma terra desconheci-
padre Contieri. Jesuítas da América Latina e Caribe). da, sem saber o que iriam encontrar, mos-
No artigo Trajetória da educação Por isso, segundo ele, o grupo dos pri- tra o risco que a Ordem religiosa assumia
jesuítica no Brasil (2016), o padre Luiz meiros jesuítas a desembarcar no Bra- correr. Então, aceitar o risco é caracterís-
Fernando Klein lembra que, no con- sil “trazia a missão de difundir o Evan- tica própria da Companhia de Jesus”, res-
texto do século XVI, evangelizar outros gelho nas novas terras e catequizar os salta o diretor do Pateo do Collegio e do
povos era um desejo da sociedade. “[...] indígenas para a fé católica”. Museu de Arte Sacra dos Jesuítas.

Em 13
ESPECIAL

FORMAÇÃO DO BRASIL
A ousadia da Companhia de Jesus
A COMPANHIA DE JESUS FOI ESSENCIAL
em levar a Palavra de Cristo para dife- PARA A CONSTITUIÇÃO DE UMA NAÇÃO CUJOS
rentes povos mostrou-se decisiva para
a América Portuguesa. Segundo Paulo
FUNDAMENTOS SÃO A TOLERÂNCIA E O AMOR
Roberto Pereira, doutor em Letras pela AO PRÓXIMO”
UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro) e professor da UFF (Universi- Paulo Roberto Pereira
dade Federal Fluminense), os jesuítas
foram essenciais para a difusão dos O primeiro é o reconhecimento do passaram a se preocupar com os indí-
fundamentos da civilização cristã, por território nacional. “Como apon- genas que eram ameaçados, inclusive,
meio do desenvolvimento do trabalho tado na elaboração da primeira car- pela Coroa Portuguesa por meio da
catequético e educacional com os po- tografia brasileira, os jesuítas foram escravização e assim por diante. Essa
vos indígenas. “A Companhia de Jesus os primeiros a percorrer o Brasil de preocupação com as pessoas vai fazer,
foi essencial para a constituição de norte a sul. A primeira questão dessa em primeiro lugar, com que os jesuí-
uma nação cujos fundamentos são a consciência nacional foi dada pelos tas se adaptem aos costumes dos indí-
tolerância e o amor ao próximo. Através jesuítas pelo conhecimento que eles genas e não simplesmente importem
da criação de escolas e do trabalho mis- tiveram do território nacional”, aponta coisas da Europa”, afirma.
sionário, o intuito era abolir costumes ele. “Esse é um conhecimento agudo, O ensinamento da doutrina cristã
primitivos dos índios, como a antropo- capaz de descrever com uma riqueza é o terceiro ponto. Padre Contieri desta-
fagia”, conta. de detalhes impressionante não só a ca que, ao abordarmos esse tema, deve-
Paulo Roberto acredita que a influ- natureza, mas também os costumes. mos levar em consideração o contexto
ência dos jesuítas na formação do Brasil Explorando o território, eles iam aglu- da época. “Quando falamos de história
é imensurável porque envolve aspectos tinando as pessoas em torno deles, em e de um período tão distante, nós não
religiosos, sociais, econômicos, artísti- torno dos lugares onde eles iam fican- podemos esquecer sobre a questão da
cos etc. “Como a Companhia de Jesus do. Nisso, os jesuítas foram fazendo consciência possível. É importante res-
esteve intimamente relacionada com a essa ou aquela vila, fundando cidades saltar que não podemos julgar o passa-
evolução da história política brasileira, e assim por diante”, diz. do com a consciência que temos hoje.
de 1550 a 1750, não se pode pensar em O segundo elemento ressaltado Desse modo, um dos elementos que
conhecer qualquer transformação do por padre Contieri é a preocupação deu identidade a este País, e a Compa-
nosso País sem que não se sinta a pre- dos jesuítas com as pessoas como nhia foi responsável por isso, é a fé. A fé
sença do legado jesuítico”, afirma. um todo. “De maneira prioritária, eles cristã e a fé católica”, explica.
Um desses legados está no desen-
volvimento do primeiro mapa do País.
Segundo padre Contieri, a primeira
cartografia do Brasil foi feita por um
jesuíta. “O mapa deu essa dimensão
nacional ou, como podemos dizer nos ESPIRITUALIDADE
tempos atuais, consciência geopolítica. A espiritualidade da Companhia de Jesus está fundamentada nos Exercí-
Uma consciência de todos os pontos cios Espirituais de Santo Inácio de Loyola. Os primeiros jesuítas que de-
de vista, seja geográfico, político, mas sembarcaram no Brasil sempre tiveram presente os EE. “A espiritualidade
também eclesial, pois deu a noção do inaciana imprimiu na vida deles, no coração deles, na ação apostólica
território que estava sendo trabalhado, deles uma identidade. A consciência de pertença dos jesuítas que vieram
evangelizado, unido e assim por diante. para o Brasil a uma ordem e a um grupo de companheiros é muito forte
A importância que isso teve e tem para e se exprimiu de muitas maneiras”, acredita padre Contieri. Segundo ele,
o Brasil até hoje é enorme”, diz o jesuíta. o modo de proceder de Nóbrega e seus companheiros esteve presente na
Padre Contieri, que também é reitor formação da identidade nacional. “Havia uma consciência muito forte de
do Colégio São Luís, destaca outros pon- pertença que é dada pela experiência fundante da Companhia, que são os
tos marcantes da atuação dos jesuítas Exercícios Espirituais”, explica.
no Brasil. Para ele, existem quatro ele-
mentos fundamentais desse trabalho.

14 Em
Para padre Contieri, o quarto ele- EDUCAÇÃO
mento marcante da atuação da Com- A influência e a relevância da Companhia de Jesus na Educação são inegá-
panhia de Jesus no Brasil é a educação. veis. Segundo padre Klein, os jesuítas entendiam a sua missão evangeliza-
“Os jesuítas vão descobrir a educação dora numa dupla dimensão, de catequese e instrução. “Desde cedo, os jesu-
como um meio eficaz de promover o ítas concentraram os seus esforços educativos no segmento das crianças”,
bem comum, portanto a educação vai explica. Com isso, ao longo do tempo, eles constituíram uma rede educativa
dar, também aqui no Brasil, uma pers- de reconhecida organização e qualidade. Padre Klein conta que, nos 210 anos
pectiva de identidade. Sem educação, que atuaram no País antes da supressão da Ordem religiosa [leia mais na
não há identidade, pois é ela que nos pág. 17], os jesuítas se dedicaram ao trabalho evangelizador e civilizador das
permite dizer quem somos e isso não crianças indígenas, mestiças e negras, por meio de uma rede de instituições
só como pessoas, mas também quem educativas gratuitas, enquanto os portugueses concentravam sua atenção
nós somos como comunidade e nação. na extração de mercadorias. “Na época em que a educação popular ainda
A educação promovida pela Compa- não era priorizada, os jesuítas, até a sua expulsão do país, eram responsáveis
nhia de Jesus patrocinou essa consci- pelo único sistema de ensino formal e público do Brasil”, afirma. Ele ressalta
ência nacional”, afirma. também o papel significativo que a Companhia de Jesus teve na formação
dos religiosos. “Os jesuítas no Brasil tiveram uma importante atuação na
PERSONAGENS NACIONAIS formação do clero, através de seminários próprios ou naqueles de diversas
Fundadores das primeiras cidades dioceses, como orientadores espirituais e de estudos, professores e em al-
brasileiras, os jesuítas foram pioneiros guns poucos também como diretores”, conta.
também na educação na colônia por-
tuguesa. Em 1550, criaram o primeiro
colégio do Brasil, em Salvador, sendo
responsáveis, nos anos seguintes, pela
fundação de inúmeras instituições de Cesar Augusto dos Santos, coordenador na formação do Brasil. “A influência
ensino nos mais variados cantos do da publicação na época, afirmou: “Para dos membros da Companhia de Jesus
território brasileiro. O legado jesuíta escrever a História do Brasil, é preciso sobre a nascente sociedade brasileira
é percebido não só na educação, refe- primeiro escrever a História da Compa- abrangeu diversos aspectos. Foi uma
rência até hoje como ensino de quali- nhia de Jesus no Brasil, disse o grande influência totalizante porque os jesu-
dade, mas também na cultura, na ciên- historiador Capistrano de Abreu. Isso ítas, em especial Manuel da Nóbrega e
cia e na política, entre outras áreas. porque, até o século XVIII, as duas histó- José de Anchieta, no século XVI, par-
Na carta de apresentação da reedição rias se confundem”. ticiparam da fundação das primeiras
do livro A história da Companhia de Jesus O professor Paulo Roberto ressalta cidades do Brasil: Salvador, São Paulo
no Brasil (2004), de Serafim Leite, o padre também as figuras jesuítas marcantes e Rio de Janeiro”, conta.

São José de Anchieta Manuel da Nóbrega Padre Antônio Vieira

Em 15
ESPECIAL

Organizador do livro Obra completa de “Nóbrega era um homem que tinha


Manuel da Nóbrega (2017), ele fala sobre o visão do todo. Além disso, ele percebia CELEBRAÇÃO
mérito do primeiro provincial do Brasil. nas pessoas – em particular, nos jesu- DOS 470 ANOS DA
“Nóbrega foi o responsável pela primeira ítas que estavam com ele – o que elas
missão jesuítica na América. Então, sua tinham de melhor e podiam oferecer CHEGADA DOS
contribuição é pioneira para a formação para o serviço ou para a missão”, expli- JESUÍTAS AO PAÍS
da nacionalidade brasileira com textos ca padre Contieri. Para ele, “Anchieta
reveladores do seu itinerário humano e não seria o que é hoje se não fosse Nó-
É FUNDAMENTAL
intelectual”, afirma Paulo Roberto. Além brega, se ele não tivesse dado ao jovem PARA QUE, FAZENDO
disso, ele destaca que o jesuíta foi o res- jesuíta a possibilidade de desenvolver
ponsável pela peça teatral Diálogo sobre aptidões e seu potencial. Se ele igno-
MEMÓRIA DO NOSSO
a conversão do gentio, considerada a pri- rasse isso, Anchieta passaria desaper- PASSADO, A GENTE
meira obra literária escrita no Brasil, e cebido pela história do Brasil, assim
POSSA EFETIVAMENTE
pelo O Caso da Mesa da Consciência, do- como tantos outros”.
cumento jurídico contra a escravidão in- Anchieta foi uma figura marcante PENSAR A NOSSA
dígena praticada na colônia. Esses textos na história do País, não à toa é consi-
MISSÃO ATUAL.”
marcam o início do desenvolvimento do derado o Apóstolo do Brasil. O jesuíta
Teatro e do Direito no País. desembarcou em terras tupiniquins Padre Contieri
No livro A Grande Aventura dos Je- ainda muito jovem, aos 19 anos, em
suítas no Brasil (2016), o jornalista Tiago 1553. Em pouco tempo, tornou-se au-
Cordeiro conta que Nóbrega percorreu xiliar de Nóbrega, dedicado professor Padre Klein, delegado da Educação
todo o território que formava a colônia, e excepcional linguista. “Além dessa da CPAL, conta que Anchieta era conhe-
de São Paulo a Pernambuco, e conse- face de intelectual humanista bafeja- cido por sua agilidade intelectual, pela
guiu, com isso, mapear vilas e tribos. do pelos ventos da Renascença euro- criatividade pedagógica e pela flexibili-
Essas peregrinações o ajudaram a ter peia, havia em Anchieta o homem de dade diante dos costumes das crianças.
um olhar mais amplo sobre o País. “Ne- ação que participou, ativamente, da “Sabia português, latim e espanhol e logo
nhum europeu foi tão importante para fundação das cidades de São Paulo e aprendeu o tupi, escrevendo a primeira
o início da colonização do Brasil quanto Rio de Janeiro e foi figura fundamen- gramática e traduzindo o catecismo e ou-
ele”, afirma o escritor. O papel desempe- tal na pacificação dos índios, quando tros textos para a catequese das crianças.
nhado por Nóbrega no século XVI se faz os colonizadores tiveram de enfrentar O desempenho polivalente de Anchieta
presente até hoje no País, pois ele foi um a Confederação dos Tamoios”, explica granjeou-lhe dos seus biógrafos diversos
dos responsáveis por nos dar essa visão Paulo Roberto. Essa atuação política títulos, como educador do país, inaugu-
nacional, o que conhecemos atualmente de Anchieta demonstrou aos colonos o rador da literatura, fundador do teatro,
como identidade brasileira. valor do diálogo. poeta, epistológrafo, etnólogo, indige-
nista, pacificador etc.”, afirma o jesuíta.
A atuação da Companhia de Jesus foi um
marco de destaque em diversas áreas e
CIÊNCIAS é percebida e apontada, ainda hoje, por
Quando os jesuítas chegaram ao País, viram-se sem médicos e cercados historiadores e especialistas.
pelas doenças tropicais. Nesse contexto, os religiosos começaram a uti- Além de Nóbrega e Anchieta, outro
lizar os escassos meios que tinham. “Vivendo em pleno século XVI e não jesuíta essencial na história da Compa-
sendo a medicina a sua profissão, tinham por força de manter-se dentro nhia de Jesus e do Brasil é o padre An-
da terapêutica empírica [...]” – A História dos Jesuítas no Brasil, Serafim tônio Vieira. Para Paulo Roberto, ele é a
Leite, SJ. Com isso, os religiosos passaram a utilizar a natureza como alia- maior figura intelectual da cultura luso-
da e foram essenciais para o desenvolvimento das áreas de saúde e de -brasileira do século XVII. “Embora nas-
botânica. “Os jesuítas foram os primeiros coletores de ervas medicinais cido em Portugal, Vieira veio criança para
para tratar os colonos pobres e os indígenas desamparados. Além disso, o Brasil e teve toda sua formação escolar
eles criaram, nas cercanias de Salvador, sob a direção do padre Nóbrega, na Bahia, revelando-se, desde muito jo-
os primeiros hortos para cultivo de espécies botânicas nativas e também vem, o gênio que causaria espanto nas
para aclimatar espécies de vegetais oriundas da Europa, África e Ásia”, principais cidades europeias, sendo re-
explica o professor Paulo Roberto. cebido sempre com louvores à sua excep-

16 Em
CULTURA SUPRESSÃO DA COMPANHIA
Em sua missão evangelizadora, a Companhia de Jesus abriu-se a diferen- Em 1759, por decreto do Marquês
tes experiências religiosas e culturais. Assim, os jesuítas tiveram papel de Pombal, os jesuítas foram ex-
significativo no desenvolvimento da cultura. Anchieta, por exemplo, é pulsos de Portugal, do Brasil e de-
conhecido como o fundador do teatro e da literatura no Brasil. Em 1567, mais domínios. Essa decisão afe-
em São Paulo, foi encenada a primeira peça teatral da cidade. O espetá- tou a atuação da Ordem religiosa
culo Pregação Universal ganhou esse título por ser falado em três línguas no País, onde 590 jesuítas viviam
(tupi, português e espanhol) e foi escrita e montada pelo Apóstolo do na época. “Eles foram forçados a
Brasil. Além do teatro, da literatura e da música, os jesuítas foram impor- abandonar 17 colégios e 10 semi-
tantes para a arquitetura. No livro Arte Jesuíta no Brasil Colonial – Os reais nários que administravam em 12
colégios da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco, a historiadora Anna Maria municípios, desde Belém do Pará
Fausto Monteiro de Carvalho apresenta as construções jesuíticas de cada até Paranaguá, além de 55 mis-
da época do Brasil Colônia e como foram fundamentais para a formação sões entre os nativos, num total
cultural. A 32ª edição (março/2017) do informativo Em Companhia apro- de 131 casas religiosas”, explica
funda a relevância dos jesuítas no diálogo entre fé e cultura. Confira em: padre Klein. A Companhia de Je-
issuu.com/noticiassj sus seria restaurada em 1814, mas
os jesuítas só retornariam ao Bra-
sil em 1841, 82 anos após a expul-
são. Esse hiato de tempo afetou o
desenvolvimento de várias áreas
cional eloquência e saber, de Lisboa (Por- a sociedade tupinambá que influenciou nas quais os jesuítas atuavam.
tugal) a Roma (Itália)”, conta o professor. os estudos da antropologia, e, no século Para saber mais sobre esse perío-
Paulo Roberto explica que “Vieira XVII, André João Antonil, pseudônimo do, assista ao vídeo que prepara-
foi um missionário implacável na de- do jesuíta João Antônio Andreoni, que mos para você:
fesa da liberdade dos índios brasileiros, escreveu o primeiro livro brasileiro de
percorrendo as selvas da Amazônia e economia ao apresentar um detalhado
enfrentando os fazendeiros do Mara- quadro das principais riquezas do País
nhão. Entretanto, também foi o intelec- nos seus dois primeiros séculos”, afirma.
tual que frequentou os salões refinados Por tudo isso, 2019 será um ano para
da elite europeia, principalmente como olhar, de maneira criativa e agradecida,
interlocutor privilegiado de papas e o passado e atuação dos primeiros jesu-
reis. Sua obra completa, publicada por ítas. “A celebração dos 470 anos da che-
Edições Loyola, revela a dimensão do gada dos jesuítas ao País é fundamental
seu gênio artístico e sua importância para que, fazendo memória do nosso
para o Brasil”, ressalta. passado, a gente possa efetivamente
O professor da Universidade Federal pensar a nossa missão atual. Acho que
Fluminense afirma que tantos outros são esse é o fato mais relevante, refazer a
exemplos de atuação no Brasil. “Entre memória para que o nosso presente https://youtu.be/jUlUSSg4cIs
os que se destacam por seu pioneirismo seja muito mais promissor, seja muito
estão, no século XVI, o padre Fernão Car- mais eficaz e esteja muito mais em con-
dim, autor dos Tratados da terra e gente formidade com aquilo que Deus quer de
do Brasil, livro inovador com textos sobre nós”, finaliza padre Contieri.

SAIBA MAIS
• História da Companhia de Jesus no Brasil | Serafim Leite, SJ (Edições Loyola/2004)
• A grande aventura dos jesuítas no Brasil | Tiago Cordeiro (Planeta/2016)
• Obra completa de Manuel da Nóbrega | Paulo Roberto Pereira (Edições Loyola e Editora PUC-Rio/2017)
• Arte Jesuíta no Brasil Colonial – Os reais colégios da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco | Anna Maria Fausto Monteiro de Carvalho
(Versal Editores/2017)

Em 17
COMPANHIA DE JESUS
† CÚRIA GERAL

PEDRO ARRUPE: UM HOMEM


APAIXONADO POR DEUS E PELA IGREJA
E
m carta, o Superior Geral da
Companhia de Jesus, padre Ar-
turo Sosa, anunciou que está em
andamento o processo que leva à possí-
vel beatificação do Padre Pedro Arrupe,
que foi o 28º Superior Geral da Ordem
religosa, entre 1965 e 1983.
Nos últimos meses, padre Sosa tinha
expressado a intenção da Companhia de
Jesus de avançar nesse projeto. As nu-
merosas reações que ele ouviu e recebeu
confirmaram seu desejo. Em sua carta, o
Superior Geral enfatizou como o padre
Arrupe, por meio de insistente oração,
pediu a Deus a compreensão do significa-
do das intuições inacianas hoje. Assim, a
vida do jesuíta foi renovada em suas di-
ferentes dimensões. Graças a ele, a Com-
panhia de Jesus, a Igreja e a sociedade
puderam se alimentar de toda a riqueza
inaciana adaptada à época atual. Acesse
https://bit.ly/2QqQUP4 e confira a ínte-
gra da mensagem do padre Arturo Sosa.

JESUÍTA SÍRIO FALA SOBRE


A GUERRA NO PAÍS

O
padre Víctor Assouad, assisten- No encontro, o padre Victor expôs
te do Padre Geral para a Europa uma visão geral da situação atual. A
Ocidental, sírio de nascimento, imagem é sombria e mostra a destrui-
compartilhou a situação que seu país de ção quase total de cidades inteiras,
origem está vivenciando. Para isso, ele especialmente Aleppo e Homs, onde
convidou seus irmãos jesuítas e o pessoal os jesuítas estão presentes. O Estado
da Cúria Geral para uma apresentação, em Islâmico perdeu a maior parte dos
novembro. Na ocasião, o jesuíta falou so- territórios conquistados, mas algu-
bre a complexidade das causas dessa ter- mas regiões ainda estão separadas
rível guerra, incluindo lutas econômicas, por vários grupos apoiados por po-
geoestratégicas, políticas e econômicas. tências estrangeiras. Padre Victor Assouad

18 Em
PE. GERAL PRESTA HOMENAGEM A
JESUÍTA ASSASSINADO NO SUDÃO DO SUL
N
a madrugada do dia 15 de no-
vembro, homens armados
invadiram a comunidade je-
suíta de Cueibet, no Sudão do Sul. No
ataque, o padre Victor Luke Odhiam-
boil, 62 anos, foi assassinado. O Supe-
rior Geral da Companhia de Jesus, pa-
dre Arturo Sosa, enviou uma carta de
condolências ao Provincial da África
Oriental, padre Joseph Oduor Afulo. “O
padre. Victor deixa memória, não só
no Sudão do Sul – primeiro jesuíta que
morre a serviço de seu povo no país –
como em toda a África Oriental, onde
foi professor de milhares de estudan-
tes”, escreveu o jesuíta em sua carta
Natural do Quênia, o padre Victor in- Sudão por cerca de 10 anos antes desse joso, inteligente e gentil, administrador
gressou na Companhia de Jesus em 1978. incidente. Anteriormente, trabalhou no criativo e, acima de tudo, acreditava no
Em 1987, foi ordenado sacerdote, profe- Starehe Boys Centre, em Nairobi ( Quê- valor da educação. Não teve medo de se
rindo os últimos votos em 1993. Atual- nia), e na Loyola High School, em Dar Es aventurar no desconhecido, mesmo nos
mente, ele era diretor da Escola Normal Salaam (Tanzânia). Em sua mensagem, lugares mais perigosos, uma vez que es-
Mazzolari (MTC) e Superior Provisório da padre Arturo lembrou da coragem do tava convencido de que era a missão do
comunidade. Tinha trabalhado no sul do jesuíta. “Ele era um homem muito cora- Senhor”, ressaltou.

CÚRIA GERAL DOS JESUÍTAS LANÇA


NOVOS SITES

A
Cúria Geral dos Jesuítas, em Roma novo momento para as comunica- ck Mulemi, foi o autor intelectual dos
(Itália), lançou dois novos sites, em ções na Companhia de Jesus. “Nos- novos sites, em colaboração com a SJ
novembro. O layout das páginas é sa missão é ‘ir pelo mundo inteiro Digital de Valladolid, Espanha. Pode-
mais leve e dinâmico. O conteúdo da página e proclamar a Boa Nova’. Se essa é a mos dizer: “Missão cumprida”, ao se
http://sjcuria.global apresenta o trabalho nossa missão, então, temos de levar despedir para retornar à sua Provín-
da Cúria, com foco especial no Superior a sério os meios de comunicação. Te- cia da Zâmbia-Malawi. John Dardis
Geral da Companhia de Jesus, padre Arturo mos de participar do discurso públi- assume temporariamente enquan-
Sosa. Já o site http://jesuits.global apre- co se quisermos levar as Boas Novas to a Cúria procura um novo diretor
senta a missão da Companhia Universal. às pessoas”, afirmou o jesuíta. de Comunicações.
Segundo padre Arturo, este é um O diretor de Comunicações, Patri-

Fonte: Cúria Geral dos Jesuítas

Em 19
A COMPANHIA DE JESUS NA AMÉRICA LATINA
† CPAL

DESLOCADOS: UM GRITO
DE HUMANIDADE

Pe. Gustavo Calderón, SJ dade humana. Ele insistiu que é necessá- Os jovens lideraram as reivindicações
Provincial do Equador rio contribuir para ler os deslocamentos por tanta injustiça. Vidas foram perdidas
como um ´sinal dos tempos´ e esforçar- e são muitos os encarcerados. América
-nos para formular respostas pastorais Central denuncia com dor.

O
deslocamento forçado reflete a eficazes e adequadas. Ele recordou que No Equador, especialmente desde
cruel realidade a que milhares de o Papa Francisco favorece a cultura do 2000, temos recebido milhares de co-
pessoas estão obrigadas no mun- encontro, enfatizando a centralidade da lombianos que cruzaram a fronteira para
do inteiro. Não duvidemos de qualificar pessoa humana, e nos convida com qua- encontrar espaços seguros onde viver. A
apropriadamente a situação. Deslocam- tro verbos – acolher, proteger, promover fronteira norte tornou-se uma cobiçada
-se porque não têm outra opção frente e integrar – a um compromisso irrestrito mina do narcotráfico. O fluxo de pes-
às guerras, aos conflitos, à perseguição, à com o desenvolvimento humano inte- soas não terminou. Além disso, nossos
violência e à insegurança alimentar a que gral. Neste cenário, não é possível fazer- irmãos venezuelanos chegam diaria-
estão submetidos. Seus lares, seus locais -se de surdo ao grito, pois a primeira coisa mente, uns para ficar, outros em trânsito
de trabalho não fornecem mais um am- é salvar a vida daqueles que caminham. para o sul. Chegamos a ter índices de 6
biente para a vida, para o saudável cresci- Nem o Mediterrâneo, nem os desertos, mil por dia cruzando a fronteira. Atual-
mento de seus filhos. nem as nossas fronteiras latino-america- mente, são 2 mil. Calcula-se mais de 250
Cada marcha dos deslocados força- nas são cemitérios. mil venezuelanos no país. Poucos com
dos é um grito. Cada homem, cada mu- José García Paredes argumenta que status legal reconhecido.
lher na estrada, cada família é clamor de a indignação surge quando se toma O JRS Equador (Serviço Jesuíta de
humanização para um mundo ferido. O consciência da própria dignidade e vê Refugiados) tem respondido a esse de-
último relatório do ACNUR (Alto Comis- como essa dignidade é pisoteada, des- safio gigantesco. Diante do grito dos des-
sariado das Nações Unidas para os Refu- prezada, deixada de lado. Indignar-se é locados forçados, como Companhia de
giados) aponta que, no final de 2017, ha- uma autêntica reação ética. É um sinal Jesus, renovamos nosso compromisso
via 68,5 milhões de pessoas deslocadas à de alarme que indica a inumanidade de de lutar contra um sistema consumista
força no mundo. O número de refugiados algo que está acontecendo. Sem dúvida, que produz cada vez mais empobrecidos.
que fugiram de seus países para escapar esse é um primeiro passo como respos- Buscamos soluções duradouras. É neces-
dos conflitos chega a 25,4 milhões dos 68,5 ta. Três mil hondurenhos saíram para sário ir às causas dos conflitos. Olhamos
milhões de pessoas deslocadas. Essa cifra o norte. No caminho, eles tornaram-se para o futuro com esperança. Sabemos
representa um incremento de 2,9 milhões mais de 6 mil. Indignados com a situa- que a solidariedade é uma resposta legí-
em relação a 2016 e o maior aumento já re- ção de vida em suas aldeias, decidiram tima, mas devemos ir além, gerando pro-
gistrado pelo ACNUR em um único ano. procurar outras oportunidades. Mas cessos profundos de reconciliação.
Os números são alarmantes. também vimos como outro grupo de
Há alguns meses, o jesuíta Michael indignados marcha em direção a Teguci-
Czerny, subsecretário da seção de Mi- galpa, em solidariedade e denúncia fren- Confira no portal Jesuítas Brasil
grantes e Refugiados do Vaticano, reite- te à incapacidade de um governo para como esse trabalho está sendo rea-
rou como prioridade absoluta da Igreja o proporcionar condições de vida para seu lizado: https://bit.ly/2P6rodn
enfrentamento do fenômeno da mobili- povo. A Nicarágua continua sangrando.

20 Em
SÍNODO DA AMAZÔNIA É TEMA
DE EVENTO NA PUC-RIO
O
padre Alfredo Ferro foi convi-
dado pela PUC-Rio (Pontifícia
Universidade Católica do Rio de
Janeiro) para proferir uma palestra sobre
o Sínodo da Amazônia, que será em ou-
tubro de 2019. O evento, organizado pela
Faculdade de Teologia da instituição jesu-
íta, aconteceu no dia 4 de outubro e con-
tou com a participação do cardeal Orani
João Tempesta, seus bispos auxiliares, o
padre Josafá Carlos de Siqueira, reitor da
PUC-Rio, e professores da instituição.
Segundo padre Alfredo, “essa foi a
oportunidade de divulgar, nesta univer-
sidade, os alcances do Sínodo e a forma
de sua preparação, a partir dos diferentes
territórios da Amazônia, já que o Sínodo –
como tal – é considerado um processo”.

MISSIONEIROS DA TRÍPLICE FRONTEIRA


N
o dia 10 de outubro, a comu- Latino-americana de Religiosos) e da Após momentos de diálogos e refle-
nidade dos jesuítas do SJPAM REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazôni- xões, definiu-se que o grupo passa a
(Serviço Jesuíta Pan-Amazô- ca). Na ocasião, o padre Alfredo Ferro ser chamado de Missioneiros(as) da
nico) foi anfitriã de mais um encon- apresentou uma síntese do encontro Tríplice Fronteira. Como não é for-
tro de religiosos da fronteira Brasil- realizado em abril. mado apenas por religiosos, o projeto
-Peru-Colômbia, com a presença de 39 Além disso, foi possível avaliar o continuará com espaços de formação
pessoas entre religiosos, leigos, dio- curso de Ecoteologia, ocorrido em ju- sobre Ecoteologia e interculturali-
cesano e bispo. O momento foi agra- nho, com assessoria dos professores dade, comprometido com a REPAM e
dável para retomar os compromissos da Universidade Javeriana, bem como com o Sínodo da Amazônia, fazendo
do encontro da CLAR (Confederação definir a continuidade desse grupo. os aportes a seu tempo.

FORMAÇÃO DE AGENTES MISSIONÁRIOS


N
os dias 27 e 28 de outubro, leigas), foi realizado na comunidade pação dos jovens junto com os adultos
aconteceu o terceiro encon- de Zaragoza e contou com a presença gerou um ambiente bonito de diálogo
tro de formação de agentes de mais de 45 participantes, a maioria e de reflexão, criando mais conheci-
missionários que atuam nas comu- jovens e adolescentes de várias co- mento e consciência das ameaças que
nidades da Paróquia de Nazareth- munidades indígenas. o território amazônico vem sofrendo e
-Vicariato de Leticia. O encontro, co- A ocasião foi muito oportuna para da importância de somar forças para o
ordenado pela equipe de pastoral trabalhar com as questões da Laudato cuidado da ‘casa comum’ como a casa
(Lauritas, Jesuítas, Capuchinhos e Sí’ e do Sínodo da Amazônia. A partici- de todos.

Fonte: Carta Mensal Pan-Amazônia (nº 54/ Outubro 2018)


Acesse www.jesuitasbrasil.com/cartapanamazonia e leia a íntegra desta e de outras edições.

Em 21
A COMPANHIA DE JESUS NA AMÉRICA LATINA
† CPAL

36ª ASSEMBLEIA DA CPAL

E
ntre os dias 6 e 10 de novembro,
foi realizada a 36ª Assembleia
da Conferência dos Provinciais
na América Latina e Caribe (CPAL), no
Centro de Espiritualidade Cristo Rei
(CECREI), em São Leopoldo (RS). Partici-
param do encontro 12 provinciais, dois
superiores regionais, dois conselheiros
do Padre Geral para América Latina e
quatro membros da equipe executiva
da CPAL – o presidente, padre Roberto
Jaramillo; o secretário, padre Luiz Fer- Hermann Rodriguez, os jesuítas dedica- No quarto dia da Assembleia, o Pe.
nando Klein; Pe. Hermann Rodríguez, ram-se ao discernimento das Preferên- Orobator, presidente da JESAM, fa-
delegado da Espiritualidade, Juventude cias Apostólicas Universais da Compa- lou sobre os desafios apostólicos e
e Vocações, Formação e Colaboração; nhia de Jesus. Foram formuladas cinco as perspectivas de futuro das pro-
Pe. Rafael Moreno Villa, delegado do preferências para o discernimento de víncias-membro da Conferência da
Apostolado Social, Paróquias, Comu- toda a Companhia e que serão apresen- África e Madagascar. Segundo ele, por
nicação e RJM. O presidente da Con- tadas pelo Superior Geral, padre Arturo ser uma Conferência com maioria de
ferência dos Provinciais Jesuítas da Sosa, ao Papa Francisco, provavelmente, jesuítas jovens, a sua principal tarefa
África e Madagascar (JESAM), padre no primeiro trimestre de 2019. São elas: é a formação.
Agbonkhianmeghe Orobator. 1.-Migrantes, refugiados, pesso- No último dia, além de afinar o dis-
A assembleia foi iniciada com a par- as deslocadas e vítimas do tráfico cernimento sobre as Preferências Apos-
ticipação dos provinciais no último dia de pessoas tólicas Universais, as conversas foram
do Encontro de Formadores, organiza- 2.-Cuidar da casa comum e promover em torno das aprendizagens obtidas na
do pela CPAL, com membros de todas a justiça socioambiental tarefa de velar, em todos os ministérios,
as casas de formação da Companhia 3.-Formação integral dos jovens pela segurança e integridade dos meno-
de Jesus na América Latina e no Caribe. 4.-Espiritualidade e Exercícios Espi- res e adultos vulneráveis.
Na ocasião, foi apresentado o relatório rituais A situação da Venezuela, da Nica-
dos trabalhos realizados, que abordou 5.-Colaborar na construção de um rágua e de Honduras também esteve na
temas como o uso dos meios de comu- mundo mais justo, mais democrático pauta das discussões durante a 36ª As-
nicação e das redes sociais nas casas de e ambientalmente sustentável sembleia da CPAL.
formação, além dos desafios comuns
para maior e melhor integração do afe-
tivo-sexual na vida consagrada. ENCONTRO DE FORMADORES
Na manhã do segundo dia, os traba- De 1 a 5 de novembro, aconteceu a do encontro e convidou para “pen-
lhos concentraram-se nos relatórios da primeira reunião das equipes de For- sarmos o que de bom podemos fazer
Presidência e dos setores e redes apos- mação da CPAL, no Centro de Espiri- por nós e pelos nossos formandos e
tólicas, além da administração da CPAL. tualidade Cristo Rei (CECREI), em São assim contribuir mais e melhor para
À tarde, o padre Rafael Velascos, coor- Leopoldo (RS), reunindo 90 jesuítas a missão universal da Companhia de
denador da Rede Latino-Americana de aproximadamente, do Brasil, Equador, Jesus”. Ele trouxe ainda a mensagem
Paróquias Jesuítas, conversou sobre o Chile, Colômbia, México, Venezuela, do Pe. João Renato: “vale a pena nosso
estado atual da rede, suas necessidades Bolívia e Argentina, entre outros paí- trabalho na formação, muitos jesuí-
e seus desafios. À noite, o padre Carlos ses da América Latina e Caribe. tas contam conosco”.
Morante, provincial do Peru, apresentou O delegado para a Formação da Pro-
a situação atual das investigações do as- víncia dos Jesuítas do Brasil, padre SAIBA MAIS
sassinato do padre Carlos Riudavets, em Roberto Barros Dias, representando Leia o texto completo do Encontro de
agosto de 2018, na Amazônia peruana. o provincial, padre João Renato Eidt, Formadores da CPAL no Portal Jesu-
Nos dias seguintes, com a orien- chamou atenção para os objetivos ítas Brasil: https://bit.ly/2PsULvd
tação dos padres Álvaro Pimentel e

22 Em
COMPANHIA DE JESUS
† SERVIÇO DA FÉ

PARÓQUIA SÃO FRANCISCO XAVIER


COMPLETA 25 ANOS

N
ão existe povo, comunidade,
igreja e paróquia sem iden-
tidade. Por isso, ao fazer me-
mória da fundação de nossa paróquia,
precisamos ter clara a nossa identidade.
Afinal, quem somos? Onde estamos? O que
fazemos? O que pretendemos? ”, essa é a
reflexão que abre o capítulo introdutó-
rio do livro comemorativo dos 25 anos
da Paróquia São Francisco Xavier, em
Belo Horizonte (MG).
Localizada na região norte da ca-
pital mineira, a paróquia confiada aos
jesuítas celebrou mais de duas décadas
de existência, no dia 28 de outubro. Para
comemorar, foi lançado um livro que
conta a história da Paróquia São Fran-
cisco Xavier.

[...] PARA
NÓS, DA PARÓQUIA
SÃO FRANCISCO
XAVIER, É DE SUMA
IMPORTÂNCIA
REGISTRAR ESSA
PÁGINA DA NOSSA
HISTÓRIA”
Prefácio do livro comemorativo

A obra recorda momentos marcan- páginas e foi construído em conjunto. para paróquia e seus fiéis: “[...] para nós,
tes da paróquia, fundada a partir de Participaram de sua produção a leiga da Paróquia São Francisco Xavier, é de
um desmembramento da antiga Paró- Fátima Aparecida Moraes, coordenado- suma importância registrar essa página
quia Cristo Operário, em 1993. Na épo- ra da Ação Social da Paróquia, e os pa- da nossa história. História vivenciada na
ca, o então arcebispo dom Serafim Fer- dres Francisco Taborda, Marco Antônio fé cristã, como paróquia, povo de Deus,
nandes de Araújo confiou a paróquia à Morais Lima, Paulo Cesar Barros, além parte do Novo Israel. Honra, glória e lou-
Companhia de Jesus. do padre Donizeti. vores sejam dados ao Deus de São Fran-
Organizado pelo padre Roberto Do- O prefácio da obra aborda a im- cisco Xavier, e nosso Deus, por tão gran-
nizeti da Silva, pároco, o livro tem 162 portância do livro e do ano jubilar de dádiva!”

Em 23
COMPANHIA DE JESUS
† DIÁLOGO CULTURAL E RELIGIOSO

EDIÇÕES LOYOLA LANÇA NOVO LIVRO


DO PAPA FRANCISCO

A
Edições Loyola, em conjunto cial, O que aprendi com um idoso, no mundo, além de incentivá-la a ouvir
com a Loyola Press, apresenta qual rapazes e moças compartilham uma voz que sempre esteve presente
aos brasileiros a nova obra do as lições valiosas que receberam do na sociedade.
Papa Francisco, Sabedoria das idades. avô, de um antigo professor ou de um
Com mais de 85 histórias, o livro traz amigo querido.
relatos de amor, perda, sobrevivência, Esquecidas ou ignoradas nos úl- [...] O PAPA
esperança, paz diante de tragédias timos tempos, as opiniões dos mais DESEJA PROMOVER A
inimagináveis e, acima de tudo, fé, velhos em Sabedoria das idades ser-
registrados pelos olhos de idosos de vem de inspiração e expandem os
COMUNICAÇÃO ENTRE
diversos países. Na versão mundial, horizontes da nova geração sobre o AS GERAÇÕES [...]
destacam-se os relatos emocionantes
de duas brasileiras: as senhoras Ana
Maria de Castros Santos e Ludovina
Pacheco, esta última teve seu depoi-
mento comentado pelo Pontífice no
livro. Já em caderno especial para o
Brasil, a obra traz 12 depoimentos
brasileiros junto com relatos de ido-
sos de outras nacionalidades.
Depois do projeto Querido Papa
Francisco, que encantou o mundo, em
2016, com as delicadas mensagens di-
recionadas às crianças e suas curiosas
dúvidas sobre religião e a vida, o Pon-
tífice retoma com a inovadora obra
que dá voz aos idosos. No intuito de
continuar com uma oportunidade de
diálogo e transmissão de conhecimen-
tos entre as gerações, dos mais novos
aos mais velhos, Sabedoria das idades
registra experiências de vida transmi-
tidas com empatia e paciência.
Além de comentar dezenas des-
sas histórias com seu jeito sábio e
compassivo, Sua Santidade inclui-se
no grupo de idosos fomentadores de
conhecimento com relatos de memó-
rias pessoais de sua vida no início de
cada capítulo. O livro divide-se em
cinco temas – amor, trabalho, luta,
morte e esperança – e emociona a
cada página.
Como o Papa deseja promover a
comunicação entre as gerações, as jo-
vens vozes também estão representa-
das com a inclusão de um item espe-

24 Em
ÁLBUM DE CANTO LITÚRGICO É
LANÇADO NO PATEO DO COLLEGIO

A
Schola Cantorum, do Pateo do cia do canto na liturgia: “Cantar não Senhora Aparecida. Uma súplica à mãe
Collegio, e o Coro da Arquidio- significa nunca se exibir ou embelezar de Deus para que intervenha por nossas
cese de Campinas acabam de a liturgia com o nosso canto; significa, mazelas e proteja a nossa nação. A obra
lançar o álbum Eis-me aqui, Senhor, em vez disso, testemunhar com tudo de está à venda na loja do Pateo do Collegio
gravado nos estúdios Paulinas-COMEP si a nossa fé e o nosso amor. A música e também pode ser adquirida nas princi-
e que traz obras do monsenhor Marco eleva os corações e nos une aos nossos pais plataformas digitais de música:
Frisina. Uma missa de Ação de Graças irmãos, fazendo-os experimentar o mi-
pela realização da obra foi celebrada no lagre da comunhão. O canto molda, em
dia 21 de outubro, no Pateo do Collegio, nós, a imagem do orante perfeito, da- iTunes Deezer
em São Paulo (SP). quele que faz da própria vida um canto
“Os louvores de Deus abrem o nosso de amor a Deus”.
Google Play YouTube Music
coração à beleza do Senhor e nos ajudam Um dos destaques do álbum Eis me
a elevar a alma em direção a Ele, com a aqui, Senhor é o hino composto em ho-
oração cantada que envolve a alma, o co- menagem à padroeira do Brasil, Nossa Spotify
ração, a mente e o corpo, trazendo-os à
presença de Deus”, afirma Frisina.
Padre católico italiano, composi- SCHOLA CANTORUM
tor, diretor da Pastoral Worship Center Fundada pelo padre jesuíta Carlos Alberto Contieri, em 2005, a Schola
do Vaticano, Frisina é autor também Cantorum é composta por membros da Comunidade do Pateo do Collegio,
de músicas que fizeram parte da trilha local de origem da cidade de São Paulo. Por meio do canto na liturgia e de
sonora de importantes filmes e de can- concertos de música sacra, a Schola se tornou referência de qualidade nesse
ções interpretadas por corais de todo cenário. Desde 2009, está sob a direção do mestre de capela e organista titular
o mundo. Ele, que estará no Brasil em do Pateo do Collegio, Felipe Bernardo.
março de 2019, descreve a importân-

Em 25
COMPANHIA DE JESUS
† DIÁLOGO CULTURAL E RELIGIOSO

PADRE HAROLDO É
HOMENAGEADO EM LIVRO

N
o dia 22 de fevereiro de 2019,
o padre Haroldo Rahm com-
pletará 100 anos de vida. Uma
vida dedicada às pessoas. Natural do
Texas, nos Estados Unidos (EUA), ele
ouviu o chamado de Deus pouco antes
do início da Segunda Guerra Mundial,
quando servia no exército americano.
Nesse momento, decidiu ingressar na
Companhia de Jesus e entregar sua
vida à missão de Cristo.
Nos EUA, padre Haroldo desenvol-
veu trabalhos sociais com jovens que
viviam na fronteira com o México. Aos
46 anos, em 1965, o jesuíta desembarcou
no Brasil, naturalizando-se brasileiro
em 1986. Desde então, esteve fortemen-
te envolvido com ações e obras de re-
cuperação de dependentes químicos e
promoção da vida.
Foi essa história inspiradora que
motivou a autora Sandra Sahd a escre-
ver o livro Medo de nada, só amor – a
semente de um jesuíta, publicado por
Edições Loyola. Sua proximidade com
padre Haroldo possibilitou-lhe receber
do sacerdote as mais belas mensagens
de vida, otimismo, fé e amor à pessoa
do próximo, desenvolvendo suas virtu-
des e formando, assim, seu caráter, seu afirma. A base dessa organização social
temperamento, sua personalidade, sua é o desenvolvimento das virtudes na
visão de mundo e de pessoa. pessoa humana, missão totalmente vin-
Não satisfeita em guardar para si culada ao legado de padre Haroldo.
esse aprendizado vivencial, ela partilha Agora, inspirada ainda mais pelo
incansavelmente com as pessoas esse jesuíta, Sandra lança o livro que apre-
conhecimento, expandindo essa rede senta, poeticamente, a biografia de
do bem. Assim, nasceu a inspiração para padre Haroldo. De leitura leve e inte-
fundar os Embaixadores da Prevenção ressante, a obra instiga a todos, crian-
(www.embaixadoresdaprevencao. ças e adultos, a experimentarem o
com.br), cuja missão é “formar uma Amor de Deus em suas próprias vidas,
nova geração de pessoas que, por meio entendendo, como São Paulo Apósto-
de escolhas e hábitos saudáveis, trans- lo e como padre Haroldo, que o Amor
formem o mundo em um lugar melhor”, nada teme e jamais acabará!

Os livros Sabedoria das idades (pág. 24) e Medo de nada, só amor – a semente de um jesuíta estão disponíveis para
venda pelo site da Edições Loyola (www.loyola.com.br)

26 Em
COMPANHIA DE JESUS
† PROMOÇÃO DA JUSTIÇA SOCIOAMBIENTAL

SEMANA DOS ESTUDOS


AMAZÔNICOS É REALIZADA NO RS
E
ntre os dias 16 e 18 de outubro, tros encontros como esse estão acon- Unisinos, a região amazônica é estra-
aconteceu a 3ª edição da Se- tecendo. “Tomara que vocês possam tégica para o mundo. “É importante
mana de Estudos Amazônicos visitar a Amazônia e deixar ela entrar preservar a riqueza de sua biodiversi-
(SEMEA). Neste ano, o evento foi re- no coração de vocês”, afirmou. dade, proteger as populações locais,
alizado na Unisinos (Universidade do Segundo os organizadores do en- com definição dos conflitos de de-
Vale do Rio dos Sinos), no campus São contro, as universidades desempe- marcação de terras dos povos indíge-
Leopoldo (RS). Durante os dias do en- nham um papel fundamental na mo- nas, ribeirinhos e outros envolvidos”,
contro, foram promovidas oficinas, bilização das bases populares e dos afirma a pesquisadora, que considera
mesas-redondas, palestras e momen- intelectuais para o fortalecimento de o tema de vital importância para o de-
tos culturais. um projeto comum pela Amazônia. bate atual.
Direcionada à comunidade aca- Para a professora Ana Cristina Garcia, O secretário para a Justiça Socio-
dêmica, à sociedade civil e aos povos uma das organizadoras do evento na ambiental da Província dos Jesuítas do
indígenas, a SEMEA teve como objeti- Brasil – BRA, padre José Ivo Follmann,
vo sensibilizar o público para os prin- também destacou a importância das
cipais temas da região amazônica, ga- TOMARA QUE instituições de Ensino Superior como
rantindo participação, visibilidade e VOCÊS POSSAM local de fala e questionou: “qual é o
articulação dos povos tradicionais em lugar de fala de uma universidade?
espaços fora da Amazônia. O delegado VISITAR A AMAZÔNIA E Nessa tarde, outros territórios tiveram
da Preferência Apostólica Amazônia, DEIXAR ELA ENTRAR NO espaço de fala e interlocução”. Para o
padre David Romero, lembrou que jesuíta, momentos como esse, em que
CORAÇÃO DE VOCÊS”
muitos olhares estão voltados para a a universidade se abre para os saberes
Amazônia neste momento e que ou- Pe. David Romero não acadêmicos, são essenciais.

Foto: Unisinos/ Rodrigo W. Blum

Em 27
COMPANHIA DE JESUS
† JUVENTUDE E VOCAÇÕES

JOVENS PARTICIPAM DE Brasil, partilhou que “durante o encon-


tro, foi vivenciado junto aos jovens di-

ENCONTROS DO MAGIS
ferentes metodologias e abordagens que
trataram a temática da Conscientização,
por meio de três aspectos fundamentais:
o conhecimento e aproximação da rea-
lidade de forma crítica, o envolvimento
e afeto com essa realidade e, também, o
comprometimento com a transforma-
ção dessas realidades”. O tema trabalha-
do este ano pelo Programa visa ajudar os
jovens a descobrir o mundo onde vivem
e seu lugar nele; inspirar à vivência de
uma fé madura e um engajamento social
crítico; ampliar a sua capacidade de dis-
cernir sobre a realidade e compreender
as implicações da vivência diária do pro-
jeto do Reino.
“Esses encontros regionais são
muito importantes para perceber que,
no Programa MAGIS, apesar de ter um
âmbito nacional, é necessário que cada
região faça suas articulações, se conec-
te com possíveis parcerias e fortaleça
sua rede local”, comentou Evenice Neta,
coordenadora do Eixo Voluntariado do
Programa MAGIS Brasil, que participou
do encontro em Florianópolis.
Participante do encontro em Santa-
rém, Ir. Davidson Braga, coordenador
do Eixo Socioambiental do Programa
MAGIS Brasil, ressaltou o sinal de es-
perança ao perceber que muitos dos jo-
vens presentes tinham se aproximado
Jovens ligados à Companhia de Jesus participaram dos encontros regionais do MAGIS recentemente. “Isso revela
no Norte e no Sul do Brasil que nossa proposta continua crescen-
do. Contar com representações das pa-

O
Encontro Regional Amazônia vens vindos do Paraná, Santa Catarina róquias acompanhadas pelos jesuítas
do Programa MAGIS Brasil, re- e Rio Grande do Sul participaram do em Assis Brasil (AC) e Porto Velho (RO)
alizado entre os dias 15 e 18 de evento, que contou com a presença de também foi outro sinal de integração
novembro, em Santarém (PA), encerrou jesuítas, colaboradores e parceiros liga- que todos reconheceram como avan-
a agenda de atividades regionais da cam- dos ao MAGIS Brasil. ço”, afirmou o jesuíta, acrescentando:
panha de 2018, Ser Mais Consciente. O Buscando a melhor articulação em “Por fim, encontrar com o rosto de tan-
evento reuniu mais de 60 jovens, vindos rede e com a espiritualidade inaciana, tos jovens fez com que eu me sentisse
do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia seguindo o itinerário de encontros que definitivamente acolhido como articu-
e Pará, além de jesuítas, colaboradores e reúnem os jovens de regiões onde o lador da Rede Inaciana de Juventude
parceiros do MAGIS Brasil nesses locais. Programa se faz presente, os dois even- na Amazônia”.
Entre os dias 12 e 14 de outubro, tos proporcionaram aos participantes Em 2018, ocorreram quatro Encon-
aconteceu também o Encontro Regio- a reflexão e a prática da campanha de tros do Programa: MAGIS Sudeste, em
nal do Programa MAGIS Brasil na região 2018, Ser Mais Consciente. maio (Belo Horizonte/MG); MAGIS Nor-
Sul, em Florianópolis (SC), no Colégio Vanessa Correia, coordenadora do deste, em setembro (Salvador/BA); e es-
Catarinense. Na ocasião, mais de 80 jo- Eixo Metodologia do Programa MAGIS ses encontros no Sul e no Norte do País.

28 Em
NA PAZ DO SENHOR
PE. ARY DE FREITAS
Por Pe. Carlos Henrique Müller

F
ilho de José Gabriel de Freitas e Todo seu apostolado, de 1962 a de Neves, em Ribeirão das Neves (MG),
Augusta Soares de Freitas, o padre 2014, foi desenvolvido na cidade de durante os anos de 1983 e 1984.
Ary de Freitas nasceu no municí- Belo Horizonte. Na capital mineira, O trabalho com os Círculos Operá-
pio de Pitangui (MG), no dia 2 de maio padre Ary se dedicou aos Círculos rios e com a Juventude Trabalhadora
de 1928. O ingresso na Companhia de Je- Operários e à Juventude Operária. Foi Cristã é a marca de sua vida sacer-
sus deu-se na cidade de Nova Friburgo assistente religioso da Federação dos dotal. Tentava levar à prática o que
(RJ), no dia 1º de fevereiro de 1946. No Trabalhadores Cristãos de Minas Ge- era discutido nas universidades. Seu
mesmo mês, mas no ano de 1948, ele rais e diretor da escola de líderes ope- modo de trabalhar foi muito escondi-
emitiu os primeiros votos, recebidos rários (ELO), de 1962 até 2013. Dirigiu do, assim, apesar de trabalhar, inten-
pelo provincial padre Armando Cardo- muitos cursos para lideranças cristãs samente, na formação de lideranças
so. Continuou em Nova Friburgo, onde nessa escola, atuando também como operárias, não houve muita repercus-
fez o juniorado, no Colégio Anchieta professor. Produziu muitos materiais são e desenvoltura dentro da própria
(1948-1950) e depois os estudos de Fi- de estudo para que a escola realizasse província. Sua devoção mariana o
losofia, no Colégio Máximo Anchieta sua função de preparar líderes cris- acompanhou e o sustentou durante
(1951-1953). Ainda em Nova Friburgo, no tãos para o mundo do trabalho. toda sua vida.
Colégio Anchieta, fez o tempo de magis- Também foi diretor espiritual do
tério, de 1954 até 1956. Na cidade de São grupo de Juventude Trabalhadora
Leopoldo (RS), no Colégio Máximo Cris- Cristã (JUTRAC) e assistente religioso
TODO SEU
to Rei, estudou teologia, de 1957 a 1960. da Federação dos Congregados Maria- APOSTOLADO,
No final do terceiro ano de teologia, em nos. Outra atividade que levava muito
DE 1962 A 2014, FOI
12 de dezembro de 1959, em Belo Hori- a sério foi o programa A hora do Ange-
zonte (MG), ele foi ordenado presbítero, lus, na Rádio FM Gospa Mira, de Belo DESENVOLVIDO NA
por dom João Rezende Costa. Horizonte. Atuou como vigário em di- CIDADE DE BELO
Em Três Poços, Volta Redonda (RJ), versas paróquias da periferia da cidade
depois da terceira provação, coorde- mineira. Tinha uma atenção especial
HORIZONTE”
nada pelo instrutor padre César Dai- voltada à espiritualidade dos trabalha-
nese, de fevereiro a dezembro de 1961, dores cristãos, pregando retiros para Em 2015, com a saúde um pouco de-
ele foi trabalhar em Belo Horizonte. leigos. Foi responsável pelos missioná- bilitada, recolheu-se à Comunidade de
Em 2 de fevereiro de 1963, fez os últi- rios que davam assistência à cidade de Saúde e Bem-Estar Irmão Luciano Bran-
mos votos, recebidos pelo provincial, Luizlândia, da Arquidiocese de Montes dão, em Belo Horizonte, para cuidar da
padre Vicente González-Cutre, da Pro- Claros. Merece menção seu trabalho saúde. Faleceu no dia 10 de outubro de
víncia Goiano Mineira. como capelão da Penitenciária Agrícola 2018, na mesma comunidade.

Em 29
NA PAZ DO SENHOR
PE. MANUEL ANGEL FERNÁNDEZ SUÁREZ
Por Pe. Carlos Henrique Müller

P
adre Manuel Angel Fernández mica, especializando-se em Zoologia. (CE), e do Seminário da Arquidiocese
Suárez, conhecido como padre Esses estudos se deram na Universida- de Olinda e Recife. Trabalhou de 1985
Xu, nasceu em 18 de outubro de de Federal de Juiz de Fora e na Ponti- até 1990 no Colégio Anchieta, de Nova
1934, em Právia, Astúrias (Espanha). fícia Universidade Católica de Minas Friburgo (RJ). Depois foi para o Colé-
Filho de Isaac Fernández González e Gerais, em Belo Horizonte (MG), no gio São Luís, em São Paulo (SP), onde
Rosa Suárez Castro, em 19 de outubro, Colégio de la Inmaculada, em Gijon foi auxiliar do Centro Latino America-
um dia depois do nascimento, foi ba- (Espanha), e na Universidade de Co- no de Parapsicologia – CLAP. De 1999
tizado na igreja de Santa Maria Mayor, millas, onde estudou bioquímica. Em até 2011, trabalhou na PUC-Rio (Ponti-
em Právia. Recife (PE), no ano de 1982, fez pesqui- fícia Universidade Católica do Rio de
Seu ingresso na Companhia de Je- sa na área de biologia, na Unicap (Uni- Janeiro), em diversas atividades liga-
sus se deu em Salamanca (Espanha), versidade Católica de Pernambuco). das à biblioteca, ao meio ambiente e
em 14 de agosto de 1953. Em 22 de agos- como professor de Cultura Religiosa.
to de 1955, emitiu os primeiros votos. Tinha grande interesse pelo ecu-
Ainda em Salamanca, no Colégio San POR SUA menismo. Foi capelão dos russos em
Estanislao, fez seus estudos de hu- São Paulo e, nos anos de 1968 e 1969,
MANEIRA
manidades do Juniorado, de 1955 até esteve em Roma (Itália), trabalhando
1957. Daí foi para Comillas (Santan- ALEGRE E CRIATIVA do Pontifício Colégio Russicum. Em
der), onde estudou filosofia de 1957 a DE SER, CATIVAVA 2012 e 2013, estando no Colégio São
1960. Depois dos estudos filosóficos, Luís e, depois, na Comunidade Nossa
foi para o Colegio Apóstol Santiago,
OS ESTUDANTES. Senhora da Estrada, exerceu seu mi-
em Vigo, de 1960 a 1962. ERA UMA PRESENÇA nistério sacerdotal acompanhando a
Em 20 de dezembro de 1962, che- comunidade russa.
POSITIVA DA IGREJA E
gou ao Brasil, desembarcando no Rio Padre Josafá Siqueira, reitor da
de Janeiro. Em 1963, começou os estu- DA COMPANHIA [...]” PUC-Rio, conviveu muitos anos com
dos de Teologia no Colégio Cristo Rei, padre Xu. Ele testemunha o interesse
na cidade de São Leopoldo (RS). No dia Seu ministério sacerdotal foi exer- do jesuíta pelas ciências biológicas e,
8 de dezembro de 1965, em celebração cido em vários campos apostólicos, como professor de ciências biológicas
presidida por D. Vicente Scherer, foi principalmente no setor educacio- e de cultura religiosa, procurava dar
ordenado sacerdote. nal, ora como professor de biologia glória a Deus. Era muito querido pe-
Em Salamanca, fez a Terceira Pro- e orientador espiritual nos colégios, los alunos. Por sua maneira alegre e
vação no período de setembro de 1968 ora como professor de cultura religio- criativa de ser, cativava os estudantes.
a janeiro de 1969 e emitiu os últimos sa em universidades. Conhecia muito Era uma presença positiva da Igreja e
votos, em Belo Horizonte, no dia 15 de bem as diversas regiões do Brasil, des- da Companhia de Jesus entre os estu-
agosto de 1974. de o Sul até o Nordeste, e as diversas dantes. Era exigente e rigoroso no con-
Ao longo dos anos de 1972 e 1982, expressões da cultura brasileira. Foi texto acadêmico, mas muito humano
fez estudos na área de ciências natu- orientador espiritual dos alunos do e cordial nos contatos informais e na
rais, especialmente, biologia e bioquí- Colégio Santo Inácio, em Fortaleza orientação espiritual dos estudantes.

30 Em
JUBILEUS 50 ANOS DE SACERDÓCIO
Em 7 de dezembro
25 ANOS DE SACERDÓCIO
Em 4 de dezembro
Pe. Albano Körbes Pe. Francisco de Assis Secchim Ribeiro
60 ANOS DE SACERDÓCIO Pe. Bernhard Josef Lenz
Em 7 de dezembro Pe. Ivo Honório Mueller
Pe. José Garcia Neto Pe. Xavier Nichele

Em 8 de dezembro Em 15 de dezembro
Pe. Leopoldo Adami Pe. Casimiro Abdón Irala Argüello
Pe. Adriano Pighetti
Pe. Isidro Sallet Em 21 de dezembro
Pe. Paulo de Arruda D’Elboux

AGENDA DEZEMBRO

4 9
CURSO PEREGRINAÇÃO INACIANA
Centro Loyola de Fé e Cultura PUC-Rio Casa MAGIS Manresa
Tema O mistério da encarnação Local Cascavel (PR)
Professora Lina Boff, teóloga e professora eméri- Site www.casamanresa.wix.com/site
ta da PUC-Rio Tel.: (45)3323-3648​
Local Rio de Janeiro (RJ)
Site www.centroloyola.puc-rio.br 14
Tel.: (21) 3527-2010 CONFRATERNIZAÇÃO DA FAMÍLIA INACIANA
5 Casa MAGIS Manaus
Local Manaus (AM)
RETIRO DE 8 DIAS
Facebook @CasaMagisManaus
Casa de Retiros Mosteiro de Itaici - Vila E-mail casamagis.manaus@gmail.com
Kostka
Exercícios Espirituais com colocações – 16
EECC DIAS DE ORAÇÃO
Orientador Pe. Adilson Silva, SJ
Local Indaiatuba (SP) Centro de Espiritualidade Cristo Rei – CECREI
Site www.itaici.org.br Local São Leopoldo (RS)
Tel.: (19) 2107-8501 Orientador Pe. Dorvalino Alieve, SJ
Site www.cecrei.org.br
6 Tel.: (51) 3081-4200

CICLO DE ESTUDOS E DEBATES 23 A 25


CEPAT (Centro de Promoção de Agentes de JORNADA DO VOLUNTARIADO JOVEM
Transformação)
Centro MAGIS Inaciano da Juventude
Temas Trabalhadoras(es) do Sistema Único da
Local Fortaleza (CE)
Assistência Social – 2018
Site www.cijmagis.com
Evento Oficina II – Partilha das estratégias de
Tel.: (85) 3231-0425
intervenção profissional e da incidência políti-
ca com as juventudes
Local Curitiba (PR)
E-mail cepat_cjciascuritiba@asav.org.br
Tel.: (41) 3349-5343

Em 31
32 Em

Você também pode gostar