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Universidade de São Paulo

Faculdade de Educação
Metodologia do Ensino e Educação Comparada

EDF0292: Psicologia Histórico-Cultural e Educação


Ministrante responsável: Profa. Dra. Teresa Cristina Rebolho Rego de Moraes

Karen Cecilio Takahara Marcelino, nº USP 10328216

Reflexão individual apresentada à disciplina como forma de composição de nota.

A escola tem um papel fundamental na formação dos cidadãos, esse papel atualmente
é cumprido de forma pouco democrática, de uma forma única. Isso tem feito com que pessoas
de origens diferentes da apresentada nas escolas, tenham que passar por esse momento tão
importante para construção do cidadão de uma forma ruim para elas, questionando a si e a sua
origem. Para alterarmos essa situação precisamos questionar o porquê essa visão única é
falada e construída nas escolas.
A formação de professores por muito tempo foi pouco pautada nas diferenças de
cultura da nossa sociedade, ela reforçou por muito tempo uma única visão. Por isso era bem
pouco debatido nas faculdades de educação diferentes visões culturais e de como isso deveria
ser construído nas escolas.
Quando participamos de eventos, seminários e discussões educacionais do
campo da Educação Infantil, é perceptível a resistência de algumas
pesquisadoras em aceitar a raça como uma importante categoria de análise.
Há relutância na compreensão de que as crianças pequenas entre si, na
relação com os adultos e o mundo que as cerca, já nutrem interpretações e
realizam ações pautadas na diferença racial. E, mais, esses comportamentos
apresentam estereótipos raciais negativos em relação aos negros (GOMES,
2019, 1017)
Essa limitação reforçou por muito tempo o racismo estrutural, sem esse debate na
formação dos professores, os alunos também não recebiam esse debate nas escolas,
reforçando o que eles ouviam pelos adultos que estavam ao redor deles.
M.: Ah! Antigamente tinha muita gozação. Às vezes chamavam de cabelo
frito... ah... muita gozação. Cabelinho ruim, muita coisa assim, agora não
(GOMES, 2003, p.única)
Essa situação na sociedade vem mudando aos poucos, fruto da luta do movimento
negro e de movimentos sociais as "gozações" que na verdade são atos de racismo vem sendo
debatidos e reprimidos. Mas isso tem muito haver com a luta dos movimentos e pouco com a
formação dos professores.
N.: Você acha que isso mudou?
M.: Hum... um pouco. Mudou um pouco. Hoje em dia, os negros não querem
ficar pra trás não (GOMES, 2003, p.única)
São poucos teóricos que tem se debruçado no debate do negro e da educação, esses
que estão construindo esse debate tem visto que existe muito a percorrer ainda. Esse caminho
está cada vez mais difícil, principalmente pela reorganização dos que sempre se beneficiaram
do racismo estrutural para lucrar. Com eles no poder o investimento na educação pública
superior diminui, fazendo com que pesquisas e estudos sejam paralisados, principalmente na
área educacional.

Bibliografia

Preconceito racial e educação


Texto 19: GOMES, Nilma Lino. (2003). Educação, identidade negra e formação de
professores/as: um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo. Educação e Pesquisa, 29(1),
167-182. https://doi.org/10.1590/S1517-97022003000100012

Texto 20: GOMES, Nilma Lino. Raça e educação infantil à procura de justiça. Revista e-
Curriculum, São Paulo, v. 17, n. 3 p. 1015 – 10 44, jul/set 2019.
http://dx.doi.org/10.23925/1809-3876.2019v17i3p1015-1044

Escutar o Podcast: Quando a escola reproduz o racismo: Babu Santana e a trajetória dos
meninos negros. Folha na Sala.

Escutar o Podcast: O difícil caminho dos professores negros na educação brasileira. Folha na
sala.

Escutar o Podcast: Casa grande & quarto de empregada. Revista Quatro cinco um, da
Rádio Novelo

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