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Princípios e Técnicas de Gestão

de riscos nas organizações


Prof.: Flávio Luís Mpeve Mendes
Lic. em Gestão de Empresas – Mestr. em Gestão de
Recursos Humanos na especialidade de Gestão de
Desenvolvimento do Potencial Humano em Ambiente
Empresarial.
Tópicos da apresentação
• Pressupostos sobre Gestão de Riscos
• Conceitos básicos sobre Risco e Gestão de Riscos
• Maturidade da gestão de riscos
• Situação atual, obstáculos e possíveis avanços na
gestão de riscos em organizações angolanas
• Princípios e técnicas de gestão de risco

Foco
• Riscos à segurança e saúde dos trabalhadores
• Organizações produtivas [bens e serviços]
Valor
Propósito do
público
Roteiro

Apoiar avaliações de
maturidade e a
identificação de aspectos
que necessitam ser
aperfeiçoados na Gestão de
Riscos de organizações
Pressupostos gerais
• Gestão de riscos é uma ação humana
intencional e situada (ocorre num contexto).

• Atividades de gestão de riscos faz parte do


cotidiano de todos os indivíduos, de forma
explícita ou tácita.

• Risco pode ser visto tanto como ameaça ou


oportunidade.
Pressupostos gerais
• Há gestão de riscos, em alguma extensão, em
todas as organizações produtivas, de forma
explícita ou tácita, sistematizada ou não.

• A gestão de riscos é um processo de melhoria


contínua:
– risco zero é uma meta impossível
– Através de uma gestão efetiva pode-se alcançar
níveis de riscos residuais socialmente aceitáveis.
Pressupostos gerais

Evolução das abordagens de gestão de


riscos (SST)

Ações reativas

Ações preventivas localizadas

Ações preventivas sistematizadas


(programas / sistemas)
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Fundamento básico da gestão de riscos:
Ciclo PDCA proposto por Deming (melhoria
contínua)

P – Plan – Planejar

D – Do – Implementar

C – Check - Verificar

A – Act – Atuar
corretivamente

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Pressupostos gerais
A efetividade da gestão de riscos é um processo
complexo e interdependente

VONTADE RECURSOS AMBIENTE


EXTERNO

CONHECIMENTO

AMBIENTE INTERNO
Centralidade do conceito de risco

“ Sistemas sociais necessitam definir critérios


para permiti-los priorizar suas ações e
desconsiderar aqueles riscos que parecem ser
triviais” – Renn(1992)

Fonte: Renn, Ortwin. “Concepts of Risk: a classification.” In: Social Theories of


Risk. Sheldon Krimsky, Dominic Golding (Eds). Wesport (Connecticut) /
London: Praeger, 1992, Cap. 3.
Conceito de risco
A abordagem do conceito de risco contém três
elementos
• Consequências indesejáveis
• Possibilidade / probabilidade da ocorrência
• Concepção de realidade (objetividade x
subjetividade)
Renn(1992), adaptado
Conceito de risco
Risco é uma representação simbólica (mental)
de uma situação (recorte da realidade),
construída a partir dos conhecimentos,
crenças, práticas, valores e interesses do
indivíduo ou grupo de indivíduos.

Implicação prática para a gestão de gestão de


riscos: necessidade de confrontação das
diferentes representações de risco.
Conceito de risco

Sentido amplo

“é a possibilidade de acontecer algo que irá ter


um impacto sobre os objetivos. Ele é medido em
termos de conseqüências e probabilidade.”
AS/NZS 4360: 2004
Norma australiana / neo-zelandesa de Gestão de Riscos, substituída pela
ISO 31000

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Conceito de risco
“efeito da incerteza nos objetivos”

Nota 1: Um efeito é um desvio do esperado – positivo


e/ou negativo.

Nota 2: Objetivos podem ter diferentes aspectos (tais


como objetivos financeiros, saúde e segurança e
ambientais) e podem ser aplicados em diferentes
níveis (tais como estratégico, em toda organização,
projeto, produto e processo). [grifo nosso]
Descrição de risco [ISO 31000:2009]

RISCO

FONTE DE RISCO EVENTO CONSEQUÊNCIA

RISCO = função da probabilidade e gravidade da Consequência

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Modelo genérico de determinação dos RISCOS
(multicausal)

Como pode O que pode acontecer?


acontecer?
(explicações)

Fontes de
EVENTO CONSEQUÊNCIAS
risco

Incidentes perigosos
Impactos sobre a
Exposições excessivas
Segurança e
Sobrecargas de
Saúde dos
fatores de risco trabalho
Trabalhadores
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(Baseado na ISO 31000:2009 + Diagrama de Ishikawa)
Avaliação de risco NAPO_2.wmv
RISCO = função da probabilidade e gravidade da Consequência

P
R RISCO ELEVADO:
O NÃO ACEITÁVEL
B
A
B
I RISCO
L
I
D
A
RISCO BAIXO
D
ACEITÁVEL
E

GRAVIDADE
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Matrizes de Risco: priorizar ações e
subsidiar a tomada de decisão

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Tratamento / Controle de riscos
[ISO 31000:2009]

Tratamento de riscos: processo de modificar os


riscos.

Controle: medida que está modificando o risco.


Nota 1: os controles incluem qualquer processo, política, dispositivo,
prática ou outras ações que modificam o risco.
Nota 2: Os controles nem sempre conseguem exercer o efeito de
modificação pretendido ou presumido.

Opção: usar a expressão “Prevenção e Controle”


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Modelo para Controle de Riscos
Diagrama “gravata borboleta”
Fontes de risco
Causa 1
Consequência 1

Consequência 2

Causa 2 EVENTO Consequência 3

Consequência 4
Causa 3
Controles de Controles de mitigação
prevenção e recuperação

(IEC/ISO 31010:2009)
CONTROLE DE RISCOS
Fonte de risco ou Perigo

Risco

Eliminar a fonte/perigo ou risco

Substituir o perigo ou risco

Controle técnico

Controle administrativo

Equipamento de proteção individual


Abordagens para tratamento do riscos

Evitar o risco
Eliminar o risco (remoção da fonte de risco)
NAPO_3.wmv
Redução do risco
Alteração da probabilidade
Alteração da consequência
Compartilhar o risco com outra parte ou partes
(incluindo contratos e financiamento do risco)
Reter o risco (por uma decisão consciente e bem
embasada)
[ISO 31000:2009]
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Gestão de risco

“atividades coordenadas para dirigir e


controlar uma organização no que se
refere a riscos”

[ISO 31000:2009]

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Gestão de risco [ISO 31000:2009]

Princípios Estrutura Processos

Determinados pelo contexto interno – cultura


recursos da organização e
pelo contexto externo
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Modelos ou diretrizes para a gestão de riscos
(SST)
Há várias alternativas
• Estabelecidos na legislação de SST
• Acordos ou negociações
• Iniciativas voluntárias
– Programas Setoriais Ex. “Atuação responsável” da
indústria química
– Sistemas corporativos (ex. multinacionais)
– Sistemas de Gestão propostos por organismos
normatizadores ex. BS 8800, OHSAS 18000
– Sistemas de gestão oferecidos por empresas de
consultoria
– Governamentais (ex. VPP – Programa de Proteção
Voluntária – US OSHA)
• Diretrizes da OIT
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Aspectos em comum: estrutura para a gestão
da SST

• Comprometimento da administração
• Política de SST
• Concepção ou revisão da estrutura para a
gestão de riscos (SST)
• Planejamento e implementação
• Acompanhamento (monitoração) e análise
crítica da estrutura
• Revisão periódica

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Aspectos em comum: atividades ou processos
de gestão de riscos
• Definição de critérios/ferramentas e responsáveis
pela avaliação de risco
• Avaliação de riscos (abordagem gradual)
– Identificar riscos
– Analisar riscos
– Julgar e priorizar (valorar)
• Prevenção e Controle / Tratamento de riscos
– Escolha de opções
– Implementação e operação
• Monitoração e ação corretiva
• Comunicação e consulta

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Aspectos em comum: documentação mínima

• Registros das atividades de avaliação /


monitoração de riscos
– Inventário geral de riscos
– Relatórios de avaliações específicas

• Plano/Programa de Prevenção e Controle


de Riscos (pode ser constituído de sub-
programas)
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Gestão de Riscos (SST) em organizações de
pequeno porte X grande porte
A proteção da segurança e saúde dos
trabalhadores não pode ser flexibilizada. A
prevenção e controle deve ser compatível
com os riscos existentes em qualquer local
de trabalho.

O que pode ser flexibilizado:


- Estrutura para a gestão
- Documentação (formalização)
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Estágios ou níveis de maturidade da gestão de
riscos (SST) nas organizações

I. Inação, desorganização ou caos.

II. Busca da conformidade legal.

III. Busca da conformidade legal e eficácia

IV. Busca da conformidade legal, eficácia e


redefinição estratégica para o negócio.

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Prevenção de acidentes e doenças relacionadas
ao trabalho X maturidade da gestão de riscos

A redução de acidentes e doenças


relacionadas ao trabalho ocorre de forma
significativa quando uma organização
avança do estágio ou nível de maturidade II
para III.

O que isto significa?


NAPO_4.wmv
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Prevenção de acidentes e doenças relacionadas
ao trabalho X maturidade da gestão de riscos
Mudanças na transição do nível II para III

• Os assuntos de SST passam a ser objeto de


preocupação dos altos executivos, que definem a
política e diretrizes.
• SST planejada, com avaliação de resultados.
• SST integrada aos processos produtivos.
• SST a cargo das lideranças das áreas
operacionais. Os especialistas de SST são
assessores.
• Padrões de avaliação e prevenção/controle de
riscos são mais restritivos que os requisitos legais.
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Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual – fatores que favoreceram o
avanço (lista não exaustiva)

• Revisões parciais na legislação de SST (trabalhista


e previdenciária)
• Acordos tripartites setoriais
• Adoção de sistemas de gestão voluntários
• Auditorias fiscais estratégicas do MTE
• Intervenção do Ministério Público nos ambientes
de trabalho (investigações, TAC)
• Ações de reparação de danos por acidentes e
doenças do trabalho na Justiça do Trabalho.
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Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual (não exaustivo)

Houve melhorias, principalmente nas organizações


de médio e grande porte, mas persistem
problemas críticos
• no setor informal e pequenas empresas.
• nas empresas contratadas ou fornecedores de
certas cadeias produtivas.
• no setor público e organizações contratadas.
• no setor de transporte em geral.
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Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual – obstáculos à gestão de riscos
eficaz (não exaustivo)

Fator cultural –
• pouca importância da SST atribuída pelo Estado,
Empregadores e Trabalhadores.

• Persistência da ênfase na monetização do risco


(adicionais, aposentadoria especial)

• Prevenção baseada em uso de EPI, treinamento e


controle comportamental.
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Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual – obstáculos à gestão de riscos
eficaz

Legislação de SST (CLT e NRs, Legislação Previdenciária)


• Incompleta, fragmentada, desarmonizada ou
desatualizada tecnicamente
• Requisitos de gestão de SST com ênfase burocrática.
• Desconsidera as diferenças entre os portes das
organizações.
• Falta de representação de trabalhadores por local de
trabalho (independente do empregador, e não CIPA)
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Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual – obstáculos à gestão de riscos
eficaz

Falta de apoio à pequena e média empresa por


parte do Estado e organizações setoriais.

Falta de profissionais qualificados/competentes, e


não de profissionais legalmente habilitados

Sistemas de gestão voluntários burocráticos,


genéricos, deficientes tecnicamente e sem
avaliação externa independente.
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Situação da gestão de riscos (SST) nas
organizações produtivas brasileiras
Quadro atual – Sugestões de possíveis avanços
na gestão e redução de acidentes e doenças

Revisão da legislação, removendo-se os obstáculos


apontados, com harmonização interministerial.

Desenvolvimento de diretrizes setoriais, com


abordagens tripartites.

Apoio à pequena e media empresa.

Processo de certificação de sistemas de gestão


independente. 37
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Muito obrigado pela atenção!

Contato:
mpevemendes@gmail.com

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