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Theodore Schultzs publica, em 1962, a "Teoria do capital humano".

Para
esse intelectual da escola XX, a educação é uma ação de investimento, no qual
os indivíduos inicialmente adquirem as habilidades que posteriormente serão
aplicadas no mercado de trabalho.

Para Schultz (1973), o capital humano, mais especificamente a força de


trabalho, é a maior riqueza de uma nação, maior inclusive que todas os meios
de riqueza juntos. Com isso, defende que a razão de alguns países produzirem
mais que outros se dá pela diferença de investimentos na aquisição de
conhecimentos e capacidades de valor econômico em associação a outros
investimentos.

Para fins de compreensão e mensuração do processo de formação do


capital humano, Schultz (1973, p. 42-43) elenca cinco atividades que
aumentam as capacitações humanas:

(1) Recursos relativos à saúde e serviços, concebidos de maneira


ampla de modo a incluir todos os gastos que afetam a expectativa de
vida, o vigor e a capacidade de resistência, e o vigor e a vitalidade de
um povo; (2) treinamento realizado no local de emprego, incluindo-se
os aprendizados à velha maneira organizadas pelas firmas; (3)
educação formalmente organizada nos níveis elementar, secundário e
de maior elevação; (4) programas de estudos para os adultos que não
se acham organizados em firmas, incluindo-se os programas de
extensão, notadamente no campo da agricultura; e (5) migração de
indivíduos e de famílias, para adaptar-se às condições flutuantes de
oportunidades de empregos.

Dessa forma, concebe a expansão das capacitações humanas em


aspectos voltados à saúde e serviços, treinamento no local de trabalho,
educação em nível elementar, secundário e de maior elevação, programas de
estudos para adultos que não faziam parte de firmas e na migração de famílias,
voltadas à adaptação às condições das oportunidades de emprego.

Para o autor, a melhor maneira de investimento no capital humano é a


partir da educação. Por meio dessa, são adquiridos conhecimentos que serão
aplicados no trabalho de maneira sistemática. Com isso, esse tipo de
investimento contribui para uma maior produtividade dos trabalhadores, para os
lucros em detrimento às barreiras regionais. Além de investimento, a educação
é então vista como consumo, assim, primeiro havendo investimentos, para
depois haver a elevação de renda e investimento em conhecimento para um
progresso do sistema econômico (SHULTZ, 1973).

Além disso, para Schultz (1973), investir na educação, por si só, já


contribui para a redução da desigualdade econômica, pois traz uma melhor
condição de vida ao sujeito, gerando impacto em escala social. Sem
considerar, portanto, aspectos sociais, de desemprego e instabilidade do
sistema econômico.

Para Foucault (2008), a consolidação da teoria capital humano, que


passou a ser uma corrente de estudos, gerou uma dupla novidade na
Economia. A primeira novidade é o imperialismo da ciência econômica,
enquanto a segunda e a ressignificação do trabalho nesse campo. Para o
pensador, diversas atividades passariam então a ser vinculadas ao
investimento no capital humano, não se restringindo à educação formal, mas a
própria criação dos filhos, apreciação de cultura e qualquer atividade que
pudesse ser relacionada ao capital humano e posterior aquisição de renda.

Com isso, essa alteração da posição do sujeito frente a economia tem


significativos reflexos nas relações de poder, pois influencia diretamente as
pautas políticas sociais e relacionadas ao crescimento econômico, além de
políticas educacionais e culturais, modificando a maneira e nível de
investimento em capital humano. Para o pensador, o capital humano passaria a
ser um indicador de produtividade e, por consequência, do crescimento da
economia (FOUCAULT, 2008).

admin,+Gerente+da+revista,+Artigo+1 (2).pdf

27614-Texto do Artigo-90939-2-10-20130510.pdf

Referências

FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica: Curso no Collège de France


(1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008a.
SCHULTZ, Theodore W. O capital humano: investimento em educação e
pesquisa. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1973.

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