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Comitê de Ergonomia
Grupo Ergo&Ação/UFSCar.
CADERNO 1 – FUNDAMENTOS
1
Programa de Ergonomia da Embraer
Comitê de Ergonomia
Grupo Ergo&Ação/UFSCar.
CADERNO 1
FUNDAMENTOS DE ERGONOMIA
Capa:
Katarzyna Smogorzewska, Krzystof Kokalski
Terceiro premiado no Concuros de Posters
Mistério do Trabalho e Política Social
Polônia, 2000
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Programa de Ergonomia da Embraer
Comitê de Ergonomia
Grupo Ergo&Ação/UFSCar.
Apresentação
Como resultado, espera-se estabelecer com este caderno uma linguagem comum
na empresa acerca da ergonomia e da sua importância enquanto ação de
prevenção e promoção da saúde e da produtividade da população de
trabalhadores da empresa.
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Programa de Ergonomia da Embraer
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Sumário
1 Ergonomia 4
1.1. Definição e especialidades 4
1.2. Limites e recortes no campo do trabalho 5
1.3. Considerações Finais 7
4. Bibliografia Fundamental 30
4
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1. Ergonomia
1
http://www.iea.cc/
5
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No sentido atual do termo, a ergonomia surge nos anos 40, reunindo em seu
escopo uma diversidade de escolas com diferentes abordagens tanto no campo
da pesquisa como da ação. No que pese tal diversidade, existe uma convergência
entre os ergonomistas em dois pontos fundamentas:
6
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FÍSICA
OR
A
TIV
GA
I
N
GN
IZA
CO
CI
NA O
L
2
Montmollin, 1986; citado por ABRAHÃO, 1981, p.2.
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1.3. Considerações
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O primeiro deles trata da distinção entre tarefa e atividade. Tarefa é aquilo que a
organização do trabalho estabelece ou prescreve para o trabalho a ser realizado.
A atividade, aquilo que o sujeito realmente faz para atingir os objetivos prescritos.
O esclarecimento destes termos leva necessariamente ao conceito de trabalho e
sua relação com a ergonomia.
3
Mauss, 1934; citado por Dejours, 1997,p.23.
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REAL
Ato Eficaz
Tradicional
EGO OUTRO
Figura 2: Conceito de técnica.
Isto pode ser facilmente compreendido se olhamos para artefatos simples como
uma caneta, um isqueiro um pedaço de giz. Em todos eles, estão embutidas
ações humanas sem as quais os efeitos esperados do uso não seriam possíveis.
O segundo termo (tradicional) trata da inserção social do artefato. Um artefato é
reconhecido enquanto técnica pela incorporação de sua pertença a uma cultura e
a um contexto social. Para que haja tal reconhecimento, necessitamos recorrer ao
que nos diz o terceiro termo da definição (eficaz). A eficácia de um artefato,
condição para o seu reconhecimento no interior de uma cultura, passa
necessariamente por um julgamento, que pode ser em consonância ou
dissonância com a tradição. O conceito estabelece que na relação do sujeito com
o mundo interpõem-se artefatos, nos quais estão pressupostos atos do corpo
humano. Estes atos assumem significado para os outros, que de uma forma ou de
outra, julgam este atos, segundo critérios de eficácia.
REAL
Atividade Útil
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Assumir tal definição é útil para a ergonomia por possibilitar esclarecer a distinção
entre trabalho prescrito (tarefa) e trabalho real (atividade), no interior da própria
definição de trabalho. O trabalho prescrito é aquilo que resulta das características
de coordenação e dos critérios de utilidade adotados, prescritos em termos de
uma tarefa. O trabalho real, aquilo que o sujeito realiza a fim de atender aos
objetivos das prescrições.
4
Na Folha de São Paulo, em 09 de Maio de 1999.
5
Munipov, 1985.
11
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6
Guille, 1981, citado por Santos et al, 1995.
7
Taylor, F. Princípios da Administração Científica, Atlas, 1978.
8
Zilbovicius, 1999.
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É por isto que não se deve confundir o método de Taylor com o seu modelo.
Enquanto o modelo foi paulatinamente sendo questionado e criticado frente aos
conhecimentos acumulados sobre o homem no trabalho, o método continua
sendo referencial para a teoria e prática das ciências da administração. A figura 4,
representa o processo de institucionalização dos modelos de racionalidade
produtiva, propondo um relacionamento triangular entre: modelos, práticas e
ambiente.
14
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12
Dejours,1997, p. 41 a 51.
13
Idem.
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Não resta ao sujeito que trabalha, outra alternativa senão tornar público os seus
achados. Sem a publicidade, a responsabilidade pesa apenas sobre uma cabeça
como também, e sobretudo, falta ao achado técnico o julgamento pelo outro,
aquele sem o qual o achado fica condenado a manter-se fora da tradição e não
ser reconhecido como parte integrante do ato técnico; aquilo que faz o sujeito
perder o benefício do reconhecimento e de suas competências, de seu savoir-
faire, de sua habilidade, de seu talento ou de sua engenhosidade.
2.2. Variabilidade
14
Gerin et al., 1991.
15
Santos et al, 1997.
16
Iida, 1992
16
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Por outro lado existem variabilidades incidentais, que exigem investigações mais
detalhadas. Por exemplo, porque peças fabricadas no mesmo molde apresentam
porosidades diferentes e implicam em cargas de trabalho totalmente distintas,
tanto em termos de duração como de conteúdo? A investigação de fatos deste
tipo pode nos remeter para nos remeter para o intrincado relacionamento entre
tarefas e setores produtivos. Pode ser que nada se possa fazer, no entanto,
reconhecer a ocorrência de tais variações implicará em buscar responde-las na
formulação de soluções do tipo ergonômica.
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É fácil compreender isto considerando, por exemplo, um sujeito unindo peças com
rebites e usando um martelete pneumático. Se considerados constantes, o rebite,
o instrumento e uma determinada postura, pergunta-se: seria a carga de trabalho
física a mesma para qualquer situação deste tipo? A resposta é não. Dependendo
da relevância da união específica em execução a carga cognitiva se altera.
Quanto maior a importância relativa da tarefa, maior serão as exigências em
termos de raciocínio e de atenção. Numa junção crítica o sujeito intuitivamente
realizará movimentos mas refinados e precisos, o que altera as demandas físicas.
18
ç
u
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a
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t
ausência de funcionamento, mas pelo contrário, de um livre funcionamento,
articulado dialeticamente com o conteúdo da tarefa, expresso por sua vez, na
própria tarefa e revigorado por ela. A figura 5 representa este modelo.
i
Psíquica
Cognitiva
Física
S
t
Carga de trabalho global
i
Física
Cognitiva
Psíquica Negativa
S
21
O conceito de carga psíquica negativa e a conseqüente amplificação na capacidade de realizar trabalho, são
demonstrados pelo autor com estudos sobre pilotos de caça. Ele mostra que dado as características estes
sujeitos e do seu trabalho, eles retornam de suas missões num estado físico e mental superior ou melhor
daquele do início da missão. A isto chama-se trabalho estruturante.
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Tarefa
Dados do Sujeito Complexidade da tarefa
Nível de Fromação Exigências físicas
Estado instantâneo Organização do trabalho
Vida fora do trabalho Dispositivos técnicos
Atividade
Carga de trabalho
Física
Saúde Cognitiva Produtividade
Psíquica
É por isso que frente a um conjunto de condicionantes a ergonomia não pode agir
indistintamente sobre as mesmas, como apresentado no exemplo do homem com
um computador. Faz-se necessário estabelecer, a partir da AET, os
determinantes da situação, sejam físicos, cognitivos ou psíquicos e integra-los
numa solução do tipo ergonômica.
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Resultados
Objetivos
Meios
Estado
22
adaptada de Guerin et al, 1991.
23
Capacidade de revelar os aspectos obscuros de uma atividade de trabalho e indicar rumos para a ação,
transformando as compressões dos efeitos da carga de trabalho sobre a saúde e sobre a produção. A isto se
chama em ergonomia de caráter operante dos seus modelos. Daniellou, 1996, p. 187.
24
Richard, citado por Santos et al.1997, p. 341.
25
Terssac & Maggi, 1996, p. 89.
21
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A exposição ficará mais clara a partir do exemplo que segue. Imagine um sujeito
laminando um a peça (objetivo). Ele está usando uma determinada espátula
(meios) e percebe que não consegue acessar uma certa parte do molde o que
resulta na não aderência das camadas (resultado). Ele pensa (estado), se eu
trocar de espátula poço acessar aquela porção (representação), ele pode trocar
de ferramenta (regulação) e escolhe uma espátula que lhe permite movimentos
mais finos (modo operatório).
Pode-se imaginar dois desfechos para esta história. Considere que depois de
alguns minutos o sujeito passa a sentir um desconforto no punho (estado): a) ele
gira o molde (regulação) e passa a laminar em uma nova posição (modo
operatório); e, b) ele não pode girar o molde (regulação) e mantém a mesma
postura na operação (modo operatório degradado).
Resultados
Objetivos
Modo Operatório
Regulação Degradado
Meios
Estado
26
Dejours, 1997, p. 44
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Frente a tais objetivos a ergonomia não parte de um modelo definido a priori para
o desenho das situações de trabalho. Ao contrário, é a partir da realidade da
atividade e das hipóteses explicativas da carga de trabalho contextualizadas
numa situação específica, que a ergonomia buscará por meio da sua base
conceitual revelar as representação dos diferentes atores envolvidos e negociar
ações que objetivam fundamentalmente adequar a situação produtiva ao homem.
Na seqüência será explicitado o método de como faze-lo.
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Situação de Trabalho
Análise
Pesquisa Bibliográfia: Conhecimento acerca do homem no trabalho
Análise da Demanda:
Contexto
Análise da Tarefa:
Hipóteses Condicionantes
Análise da Atividade:
Dados Hipóteses Determinantes
Dados Hipóteses
Dados
Diagnóstico:
Modelo Operante
Implementação: Hipóteses
Síntese
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b) obter a aceitação dos trabalhadores que ocupam o posto (ou postos) a ser
estudado. A participação destes trabalhadores é, de fato, indispensável para
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realizar uma boa análise das atividades. Para julgar a pertinência das variáveis
e ajudar na interpretação dos resultados; e,
Categoria Dados
Empresa Setores de Atividade.
Importância sócio-econômica.
Objetivos no curto, médio e longo prazo.
Tecnologia utilizada.
Modo de gestão do pessoal.
Sistema Produtivo Estrutura e funcionamento do processo global de produção.
Interações e inter-relações entre os sub-sistemas.
População Efetivo
Repartição por idade e sexo.
Tempo de serviço na empresa e no posto.
Nível de formação.
Nível de qualificação.
Situação de Trabalho Posição da situação dentro do sistema global de produção.
Condições ambientais de trabalho.
Condições organizacionais de trabalho.
Indicadores de saúde e Índices de produção e produtividade.
Produtividade Absenteísmo.
Rotatividade.
Afastamentos médicos.
Quadro 1: Dados a serem levantados na análise da demanda.
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O instrumento apresentado nas figuras 11a a 11c, foi desenvolvido pelo grupo
Ergo&Ação em projetos anteriores de ergonomia. O ponto de partida do
instrumento é a descrição da tarefa desenvolvida no EWA. O instrumento busca
estabelecer com maior precisão as tarefas executadas pelos operadores e o
tempo dedicado a elas.
TEMPO (em minutos) POSIÇÃO
Não +5 até +30 até +60 até
ATIVIDADE Até 5 Em pé Sentado Andando Agachado
Participa 30 60 8 horas
Recepção e descarregamento
caixas com as amostras
Abertura das caixas e
identificação
Separação dos lotes e
inspeção das amostras
Colocar as amostras na estufa
Ensaio de determinação da
resistência à abrasão: preparação
das amostras
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Questão 2: Das atividades que você marcou na questão 1, assinale 2 (duas) que sejam mais
pesadas ou cansativas fisicamente:
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37
27
Corlett, e. m., et al, 1976.
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3.4. Diagnóstico
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A aprovação de uma solução deve obedecer dois critérios. Dever ser adequada à
atividade, sob o ponto de vista dos trabalhadores e dos gestores envolvidos,
segundo, sobre critérios ergonômicos. Para tanto são utilizadas as mesmas
técnicas apresentadas na Figura 13 do item 3.3.
4. Bibliografia Fundamental
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NORMAN, D.R. (1998). The Design of Everyday Things, Doubleday, New York.
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