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Programa de Ergonomia da Embraer

Comitê de Ergonomia
Grupo Ergo&Ação/UFSCar.

FUNDAMENTOS DE BIOMECÂNICA

Programa de Ergonomia Embraer


Comitê de Ergonomia
Grupo Ergo&Ação/UFSCar
Setembro 2001

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Sumário

FUNDAMENTOS DE BIOMECÂNICA
1 INTRODUÇÃO 3

2 NOÇÕES BÁSICAS DE ANATOMIA HUMANA 3

3 INDICADORES FISIOLÓGICOS 12

4 INDICADORES CINESIOLÓGICOS E BIOMECÂNICOS 16

5 INDICADORES SUBJETIVOS 27

BIOMECÂNICA DOS MEMBROS SUPERIORES

6 ARTICULAÇÃO DO OMBRO 29

7 ARTICULAÇÃO DO COTOVELO 37

8 ARTICULAÇÃO DO PUNHO E DA MÃO 44

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58

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1. INTRODUÇÃO

A análise de um posto de trabalho envolve diversas perspectivas, todas


visando melhorias para o trabalhador. Do ponto de vista físico, os
parâmetros considerados são os fisiológicos, cinesiológicos e
biomecânicos. Também há uma perspectiva cognitiva importante dentro do
fator psíquico.
Ao ambiente de trabalho devem ser remetida todas as modificações
possíveis, sempre com o objetivo de permitir condições que promovam a
saúde do trabalhador prevenindo eventuais acidentes.
A Fisiologia tem interesse centrado no funcionamento do organismo
intacto e ênfase sobre os processos que controlam e regulam as
importantes propriedades dos sistemas vivos.
A Cinesiologia compreende o estudo do movimento humano a partir de
perspectivas de arte e de ciência. A Biomecânica é considerada uma
disciplina da Cinesiologia e refere-se à aplicação de princípios de mecânica
no estudo de organismos vivos.

2. NOÇÕES BÁSICAS DE ANATOMIA HUMANA

2.1 Antropometria
(medida do homem)

Desde os primórdios da civilização vê-se o homem preocupado com as


dimensões humanas quando faz uma descrição de si mesmo ou de outro. O
físico responde pela maior parte da apresentação do indivíduo e, muitas vezes,
o emocional acompanha as características físicas. É claro que as dimensões e
variações corpóreas evidenciam grupos étnicos distintos, podendo haver
participação da natureza na determinação do fenótipo da pessoa.
Considerando-se um grupo regional de indivíduos, ou pessoas de
mesma família, e excetuando gêmeos univitelinos, vale ressaltar que não

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existem pessoas idênticas. Do ponto de vista cinesiológico, até mesmo o


caminhar é exclusivo, cada indivíduo tem uma marcha peculiar.

A Anatomia (ana = em partes / tomein = cortar) chama as diferenças


morfológicas entre os elementos que compõem o grupo humano de variação
anatômica. Esta pode apresentar-se externamente ou em qualquer dos
sistemas do organismo.
Ex.: - variação dos indivíduos (estatura, formato do rosto, etc)
- variaç ão na forma do estômago
- bifurcação de determinada artéria (ocorre em diferentes locais)

Até em um mesmo indivíduo ocorrem variações anatômicas, quando se


compara os dois lados do corpo.
Para os anatomistas: o normal é considerado padrão.
Para os profissionais da saúde: o normal é o sadio.
Quando o desvio do padrão anatômico perturba a função, diz-se que se
trata de uma anomalia e não de uma variação.
São considerados fatores de variação:
1) Idade: notáveis modificações ocorrem no decorrer da idade.
2) Sexo: é possível reconhecer órgãos de um e de outro sexo, mesmo
fora da esfera genital, devido a características especiais.
3) Raça: grupamento de indivíduos que possuem caracteres físicos
comuns, externos e internos, pelos quais se distinguem dos demais.
4) Biótipo: resultante da soma dos caracteres herdados e dos
caracteres adquiridos por influência do meio e da sua interrelação.
Os biótipos constitucionais existem em cada grupo racial.
Tipos extremos: longilíneo ⇒ magros, altos, pescoço longo, tórax
muito achatado ântero-posteriormente com
membros longos em relação à altura do tronco
brevilíneo ⇒ atarracado, baixo, com pescoço
curto, tórax de grande diâmetro ântero-posterior,
membros curtos em relação à altura do ombro

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5) Evolução: influência e aparecimento de diferenças morfológicas no


decorrer do tempo.

2.2 Conceitos, funções e diferenças dos tecidos corporais

Um agrupamento de células constitui o tecido que, por sua vez, forma


um órgão corporal. Dessa maneira, tem -se o tecido ósseo, composto de células
ósseas; o tecido muscular, composto de células musculares e assim por diante.
Do ponto de vista da análise do homem no seu trabalho, são levadas em
consideração algumas estruturas corporais específicas, que são diretamente
utilizadas para a realização de determinada atividade.

Esqueleto: conjunto de ossos (Figura


1) e cartilagens que se interligam para
formar o arcabouço do corpo. Funções:
proteção; sustentação e conformação
do corpo; local de armazenamento de
íons cálcio e fosfato; sistema de
alavancas que, movimentadas pelos
músculos, permitem os deslocamentos
do corpo; local de produção de certas
células do sangue.
Obs.: são 206 ossos no esqueleto do
indivíduo adulto.

Figura 1: Principais ossos do corpo


humano

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Articulações: conexão existente entre quaisquer partes rígidas do esqueleto,


quer sejam ossos, quer sejam cartilagens. Classificam -se em junturas fibrosas,
cartilaginosas e sinoviais.

Músculos: As células musculares especializam -se para a contração e o


relaxamento, proporcionando movimento. Estas células agrupam-se em feixes
para formar massas macroscópicas denominadas músculos, os quais acham-
se fixados pelas suas extremidades. Músculos são estruturas que movem os
segmentos do corpo por encurtamento da distância que existe entre suas
extremidades fixadas, ou seja, por contração.

Tendões: Tecido conjuntivo, bastante resistente, servem para fixar/prender o


músculo ao esqueleto.
Origem muscular: extremidade do músculo presa à peça óssea que não
se desloca.
Inserção: extremidade do músculo presa à peça óssea que se desloca.

Ligamentos: Tecido
conjuntivo, une os ossos,
estabiliza a articulação e
impede movimento em
planos indesejáveis,
além de limitar a
amplitude dos
movimentos
considerados normais
(Figura 2).
Figura 2: Vista das estruturas que compõem o
joelho

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Bolsa sinovial: Elemento que se interpõe às peças que se articulam, para que
haja o grau desejável de movimento. Nas junturas sinoviais o principal meio de
união é representado pela cápsula articular, espécie de manguito que envolve
a articulação prendendo-se nos ossos que se articulam.

2.3 Classificação dos planos e eixos corporais

Posição anatômica (posição referencial): Indivíduo em posição ereta,


com a face voltada para a frente, o olhar dirigido para o horizonte, mem bros
superiores estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para
frente, membros inferiores unidos, com as pontas dos pés dirigidas para frente.
O corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes à sua
superfície. São os planos de delimitação:
1) Ventral ou Anterior
2) Dorsal ou Posterior
3) Laterais Direito e Esquerdo
4) Cranial ou Superior e Podálico ou Inferior

Planos de secção: são planos de referência


para movimentos e posições corporais
(Figura 3).
1) Mediano → secção sagital (metade direita
e esquerda)
2) Frontal → secção frontal (metade anterior
e posterior)
3) Horizontal → secção transversal (metade
superior e inferior)

Figura 3: Principais
planos de secção corporal

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Eixos: linhas imaginárias traçadas no indivíduo, que também servem


como referência para classificar os movimentos corporais.
a. Eixo sagital, ântero-posterior
b. Eixo longitudinal, crânio-caudal
c. Eixo transversal, látero-lateral

2.4 Principais movimentos articulares

O movimento em uma articulação faz-se, obrigatoriamente, em torno de


um eixo.
a) Movimentos angulares: há diminuição ou aumento
do ângulo existente entre o segmento que se desloca e aquele que
permanece fixo (Figuras 4, 5 e 6).
1) Quando ocorre a diminuição do ângulo diz-se que há flexão.
2) Quando ocorre o aumento, realiza-se a extensão.

Figura 4: Movimentos de flexão e extensão do braço

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Figura 5: Movimentos de flexão do pé

Figura 6: Movimentos de flexão lateral da coluna (tronco)

b) Adução e abdução: movimentos nos quais o segmento é


deslocado, respectivamente, em direção ao plano mediano ou em
direção oposta, isto é, afastando-se dele.
Os movimentos de adução e abdução desenvolvem -se em plano
frontal e seu eixo de movimento é ântero-posterior (Figura 7).

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Figura 7: Movimentos de abdução e adução do quadril

Quando o punho realiza um movimento no sentido da ulna, chama-se


desvio ulnar; já o movimento no sentido do osso rádio recebe a
denominação de desvio radial (Figura 8).

Figura 8: Movimentos de desvio do punho

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c) Rotação:
movimento em que o
segmento gira em torno de
um eixo longitudinal
(vertical).
Nos membros, existe uma
rotação medial quando a
face anterior do membro
gira em direção ao plano
mediano do corpo, e uma
rotação lateral no
movimento oposto (Figura
9).
Figura 9: Movimentos de rotação da
perna

A rotação lateral do antebraço


é conhecida como supinação.
Na posição anatômica o
antebraço está em posição
supinada. Pronação é o termo
usado para a rotação medial
do antebraço (Figura 10).

Figura 10: Movimentos de supinação e


pronação do antebraço

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d) Circundução: movimento combinatório que inclui adução,


extensão, abdução e flexão.

3. INDICADORES FISIOLÓGICOS

A partir da caracterização do trabalho como dinâmico (que


envolve vários segmentos corporais) ou estático (que se limita a um
único grupamento muscular), pode-se avaliar a intensidade do esforço
utilizando parâmetros fisiológicos. Dessa forma, pode-se mensurar o
gasto calórico do indivíduo ao realizar determinado esforço.
Porém, o esforço físico não depende apenas do número de
calorias consumidas, depende também do número de músculos
envolvidos no esforço. Tarefas envolvendo trabalho muscular estático
podem ser avaliadas de maneira mais precisa através dos batimentos
cardíacos do que através do gasto energético.
Outra medida que pode ser importante é a pressão arterial,
podendo dar uma mostra da descarga física que o trabalho exerce sobre
o sistema cardíaco.
Existem outras medidas importantes como a mensuração das
concentrações sangüíneas de substâncias que indicam o tipo de esforço
que se está realizando, como a concentração de ácido lático no sangue.

3.1 Avaliação do esforço global em situações de trabalho pesado

3.1.1 Gasto energético


Consiste na medida do calor liberado pelo organismo frente a
uma condição de repouso ou atividade. Pode ser influenciada pela idade
da pessoa e pelas condições da atividade que ela realiza.
Formas de mensuração:
a) de maneira indireta, pelo consumo máximo de oxigênio. A
queima de 1 litro de oxigênio consome, em média, a energia
de 20 kJ (4,8 kcal);

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b) existem modelos de mensuração que levam em conta algumas


medidas físicas do indivíduo;
c) 1 kcal = 4 kJ.
Para medida do gasto energético utiliza-se geralmente um
metabolímetro, um aparelho capaz de verificar a quantidade de calorias,
despendidas em uma atividade através do quanto de oxigênio é
consumido por unidade de tempo, sempre relacionando ao peso
corporal do indivíduo.

Limites recomendáveis: para uma eficiência de 100%, o consumo


durante o trabalho pesado deve ser de 4,0 a 5,2 kcal/min.
Para um trabalhador (70 kg), num dia, tem-se:
a) metabolismo basal (de repouso) = 1750 kcal (7000 kJ)
b) metabolismo lazer = 600 kcal (2400 kJ)
c) metabolismo trabalho = 2625 kcal (10.600 kJ)
d) total de 4975 kcal (19.900 kJ)

Para uma mulher (60 kg), num dia, os dados são:


a) metabolismo basal (de repouso) = 1475 kcal (5900 kJ)
b) metabolismo lazer = 500 kcal (2000 kJ)
c) metabolismo trabalho = 2200 kcal (8800 kJ)
d) total de 4175 kcal (16.700 kJ)

É considerado um trabalho pesado saudável aquele que envolve


maior gasto energético e maior movimentação global dos segmentos do
corpo. Já o trabalho sedentário envolve menor gasto energético e menor
movimentação global, sendo um trabalho mais localizado.
Os limites para planejamento de um trabalho ergonomicamente
recomendável são:
a) trabalho envolvendo o corpo todo: 3,1 kcal/min
b) trabalho envolvendo o membro superior: 2,2 kcal/min

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3.1.2 Freqüência Cardíaca (FC)


Consiste no número de batimentos do coração por minuto, cujo
resultado auxilia na análise da demanda do sistema cardiovascular
durante um determinado esforço.
Formas de mensuração:
a) variam conforme o tipo de trabalho. São influenciados pela
forma de medir.
b) através da palpação da artéria radial na região do punho ou
através de aparelhos.
Limites recomendáveis:
a) são verificadas as freqüências de repouso (em torno de 70-80
batimentos por minuto) e na atividade;
b) a partir de valores de repouso, são considerados valores
limites um acréscimo de 30 bpm para as mulheres e 30-35
bpm para os homens em atividade.
As posturas adotadas durante o trabalho podem afetar o número
de batimentos e, quanto maior for o esforço estático, maiores serão os
batimentos/minuto.

3.1.3 Pressão Arterial (PA)


Consiste na pressão exercida pelo sangue na parede dos vasos.
Há uma relação entre a pressão do sangue que é ejetado do coração
(sistólica) e a pressão mantida nos vasos durante a preparação para a
nova ejeção (diastólica).
Formas de mensuração:
a) verifica-se a pressão sangüínea em repouso, durante e
imediatamente após a atividade física;
b) comumente é utilizado o método auscultatório por meio de um
esfigmomanômetro.
Limites recomendáveis:
a) em repouso, varia em torno de 120/80 mmHg;
b) em atividade, pode chegar a 160/100 mmHg.

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É um parâmetro que depende muito de cada pessoa,


principalmente em relação à PA de repouso.

3.2 Avaliação do esforço físico localizado

3.2.1 Atividade muscular


O músculo possui quatro propriedades:
a) Extensibilidade: propriedade de ser estirado ou aumentar o
comprimento.
b) Elasticidade: capacidade de voltar ao comprimento inicial após
um estiramento ou uma contração.
c) Irritabilidade: capacidade de responder a estímulos.
d) Capacidade de desenvolver tensão.
Quando a tensão muscular provoca um torque maior que o o
t rque
da carga resistiva, o músculo encurta e aproxima os ossos nos quais
está inserido, provocando uma ação concêntrica. Quando o torque de
uma articulação excede aquele produzido pela tensão em um músculo,
este se alonga provocando uma ação excêntrica. Quando há o
desenvolvimento de tensão muscular sem haver mudança no
comprimento muscular, a ação é isométrica.
Um músculo é composto de miofibrilas que, por sua vez, agrupam
miofilamentos de actina e miosina, que são as proteínas contráteis.
Força muscular consiste na tensão que um músculo é capaz de
produzir por secção cruzada fisiológica. A partir de um esforço excessivo
ou prolongado, o músculo pode chegar à fadiga, ou seja, ao declínio ou
suspensão da capacidade de resposta.
A fadiga muscular é influenciada por alto consumo de oxigênio,
baixa circulação local, aumento da pressão intramuscular, ausência de
períodos necessários para a recuperação funcional.
Em um trabalho estático ⇒ pressão intramuscular elevada ⇒
compressão dos vasos sangüíneos com diminuição acentuada da
irrigação muscular ⇒ fadiga muscular = DOR.

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Se houver fadiga contínua, pode haver lesão reversível ou


irreversível de músculos e tendões.
Formas de mensuração da força muscular: através de
potenciômetros, e dinamômetros, principalmente.
De modo geral, a produção de força por um músculo é
considerada em termos de tensão, potência e resistência muscular.
Mede-se a contração muscular máxima para um determinado
movimento e a quantidade de força executada na atividade. A partir
dessa medida, obtém -se a porcentagem da contração voluntária máxima
(CVM) necessária para a execução da tarefa em questão. É possível
medir a atividade muscular através de Eletromiografia (EMG) e
Eletroneuromiografia (ENMG).
Limites recomendáveis:
a) se há contrações musculares intermitentes de até 10% da
força muscular voluntária máxima (CVM), ocorre manutenção
de fluxo sangüíneo próximo do normal.
b) contrações de aproximadamente 60% da CVM praticamente
interrompem o fluxo sangüíneo.
c) 5% da CVM já pode apresentar risco se outros fatores
estiverem presentes, como posturas extremas do segmento
que realiza a força e alta repetitividade de movimento.

4. INDICADORES CINESIOLÓGICOS E BIOMECÂNICOS

4.1 Avaliação da amplitude de movimentos em determinada tarefa

É a partir das angulações de cada articulação envolvida na


realização da atividade que se pode presumir os fatores de risco
envolvidos naquela postura. Por exemplo, se o indivíduo mantém-se em
constante elevação do braço acima de 90 graus, pode vir a ter
inflamação das estruturas (tendões, bolsas sinoviais, músculos) devido
às compressões locais.

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Existem variações de limites articulares considerados não


prejudiciais aos tecidos. Por isso, deve-se levar em conta também o
tempo e a quantidade de vezes em que a pessoa permanece na posição
analisada.
Uma abordagem biomecânica do indivíduo em seu posto de
trabalho prediz forças internas presentes no corpo, utilizando cálculos
matemáticos.
As vantagens são que a análise de dados é mais simples, mais
econômica, reduz a exposição do indivíduo às medidas diretas e permite
simular indivíduos de percentis extremos. Porém, vale lembrar que
quando se substitui uma medida direta por outra indireta perde-se
precisão da medida.

4.1.1 Métodos de coleta de dados


Deve ser realizada uma descrição geral da atividade que a
pessoa realiza, levando em consideração o tempo para conclusão da
tarefa (ciclo de trabalho) e a postura principal frente ao local de trabalho.
Também é importante analisar e descrever os tipos de ferramentas
utilizadas e os móveis que compõem o posto.
A atividade deve ser dividida em etapas, a fim de facilitar a descrição
das diferentes posturas adotadas no decorrer do trabalho.
Ex.: Transportar botijão de gás
Etapa 1) pegar o botijão
Etapa 2) transportar o botijão
Etapa 3) erguer o botijão
Etapa 4) colocar o botijão no caminhão

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Para cada etapa da


atividade, é necessária uma
descrição geral da postura e,
também, uma descrição mais
detalhada dos movimentos das
principais articulações corporais,
inclusive com os ângulos
assumidos (amplitude) por estas
articulações (Figura 11).

Figura 11: Todos os ângulos


articulares devem ser medidos

Ex.: para a etapa 1 do transporte de botijão de gás, verificar as seguintes


angulações :
Pescoço - Fletido qual ângulo?
Estendido __________
Inclinado lateralmente __________
Rodado __________
Ereto __________

Assim deve ser feito com o tronco, ombros, cotovelos, punhos,


mãos e dedos e membros inferiores considerando os principais
movimentos de cada articulação:
1) Pescoço (flexão, rotação, inclinação lateral)
2) Tronco (ereto, inclinado rodado)
3) Ombros (fletidos, estendidos, abduzidos, aduzidos)
4) Cotovelos (fletidos, estendidos, apoiados ou não, pronados,
supinados)

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5) Punhos (fletidos, desviados ulnarmente/radialmente, estendidos)


6) Mãos e dedos (fletidos, abduzidos, em pinça, em pega)
É importante descrever a tarefa como um todo, incluindo uma
mostra de como o indivíduo se posiciona frente ao posto de trabalho e
particularidades de cada um (se é canhoto, por exemplo).

4.1.2 Instrumental utilizado para coleta de dados


A análise biomecânica da atividade pelo método descritivo deve
preceder qualquer outro tipo de análise considerada mais refinada. Pode
ser realizada in loco, verificando o trabalho diretamente. Porém, as
diferentes etapas de uma atividade podem ainda ser fotografadas e
filmadas para posterior análise.
Se realizadas as filmagens, considerar os seguintes pontos:
1) definir previamente os ângulos a serem filmados (ex.: lado, frente,
costas);
2) verificar luminosidade, trânsito de pessoas, possibilidades de
caminhar com a câmera;
3) realizar tomadas de no mínimo 10 minutos para trabalhos contínuos
e filmar 4 a 6 ciclos se a tarefa é cíclica;
4) utilizar-se do zoom somente quando necessário análise mais fina da
articulação; mesmo assim, realizar a tomada das duas articulações
próximas;
5) simular a filmagem para que o trabalhador não se sinta tímido ou
estimulado a trabalhar demais.
Se fotografar o trabalho, considerar os seguintes pontos:
1) fotografar a postura global do indivíduo e também em ângulos
menores, focando as regiões específicas;
2) procurar realizar fotos “reais” do trabalho da pessoa; se necessário,
solicitar uma simulação da tarefa.
Um instrumento muito utilizado para se medir as angulações é o
goniômetro, que pode ser projetado nas imagens obtidas pela filmagem
ou fotografia.

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4.2 Avaliação dos ciclos e repetições


Repetitividade consiste no número de movimentos articulares que
ocorrem em um dado período de tempo. Pode ser definida ainda como o
número de tarefas realizadas em um período de trabalho.
Ciclo de trabalho compreende o tempo que engloba o início, o
meio e a finalização de uma tarefa. No exemplo do levantamento do
botijão de gás, é o tempo entre a pega do botijão até a colocação do
botijão no caminhão.
Conforme aumenta o número de repetições da tarefa, maior é o
risco de lesões aos tecidos e maior o esforço percebido. As estruturas
mais acometidas são os músculos, tendões e nervos.

Para cada movimento muscular, há necessidade de um período


(ainda que pequeno) de descanso. Esse tempo, chamado tempo de
recuperação, é necessário para que substâncias tóxicas, provenientes
da contração, sejam eliminadas. Ainda, o músculo precisa ter o fluxo de
oxigênio restituído. Existe um certo limite, a partir do qual a musculatura
não responde mais à demanda do esforço chegando à fadiga.

É comum quadros inflamatórios dos tecidos moles quando


ocorrem constantes repetições de movimentos envolvendo estruturas
específicas. O mesmo ocorre em movimentos de contração isométrica
(estática).

Formas de mensuração: pode ser visual (direta ou através de


imagens) utilizando um cronômetro; através da contagem dos ciclos de
trabalho e produtividade; por meio de registro com eletrogoniômetro.
Limites recomendáveis: a Legislação Brasileira Norma
Regulamentadora 17 recomenda 8.000 toques/hora no trabalho de
digitação, por exemplo. Os limites são mais altos para repetições que
envolvem segmentos específicos em posturas adequadas e sem uso de
força.

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Segundo Putz-Anderson (1988), condições de trabalho


desfavoráveis quanto à carga estática são: esforço que dura 10
segundos ou mais; esforço moderado que dura mais de 1 minuto e
esforço leve que dura mais de 4 minutos.
Vale ressaltar que a determinação de limites nem sempre leva em
consideração fatores individuais, que podem ser importantes tendo em
vista a prevenção de fadiga.

4.3 Avaliação de vibração


A vibração é o movimento de oscilação de um objeto causado por
forças que agem sobre o mesmo, tal qual ocorre em uma ferramenta
automática. Para descrever o movimento de uma ferramenta que possui
o componente vibração, freqüentemente necessita-se levar em
consideração três eixos, o que permite delinear o movimento em
diferentes direções.
Níveis de vibração dependem do tamanho da ferramenta, peso,
método de propulsão e mecanismo de direcionamento da mesma. Estes
fatores podem ainda receber interferência das propriedades materiais do
trabalho, discos abrasivos e a superfície abrasiva.
A vibração pode aumentar o risco de desordens nervosas e
tendíneas pelo aumento da força exercida em trabalho manual repetitivo.
São observados contrações e alongamentos musculares reflexos ao
longo dos flexores do cotovelo e punho. Estudos sobre efeitos
neuromusculares a curto prazo têm mostrado que a vibração de
ferramenta manual pode levar a distúrbios no controle de força
neuromuscular (Radwin & Haney, 1996).
O meio mais comum para se medir a vibração é através de um
acelerômetro piezoelétrico. Quando o acelerômetro é acionado, uma
pré-carga age sobre um cristal piezoelétrico com uma força proporcional
à aceleração. Um sinal é emitido e transmitido para um computador para
que seja avaliada a vibração através de um amplificador de carga.
Obtém-se, dessa forma, valores de amplificação da vibração em m/s2
em função da freqüência (Hz).

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Para atenuar o efeito vibratório de uma ferramenta, são utilizadas


técnicas de isolamento. No entanto, é muito difícil realizar o isolamento
da vibração quando sua freqüência é menor do que 100 Hz.
Medidas de vibração são muito difíceis de serem avaliadas em
situação de trabalho real. Assim sendo, é comum basear os cálculos em
valores já obtidos em testes de laboratório. Para isso, existe a
necessidade de se conhecer a duração total do tempo de exposição do
trabalhador com a ferramenta. Um exemplo: conforme a “American
Conference of Governmental Industrial Hygienists”, seria ideal um valor
de 4 m/s2 para uma exposição diária de 4 horas e menor que 8 horas.

4.4 Aspectos posturais gerais


Para cada atividade diária, o ser humano assume uma postura
diferente, ou seja, seu corpo assume uma posição peculiar frente ao
movimento realizado. Quando realizar a mesma atividade, dificilmente
conseguirá manter a mesma posição nos mínimos detalhes, visto a
grande capacidade que o corpo tem de se posicionar/articular.
Existem, assim, as amplitudes mais recomendáveis para cada
segmento corporal, o que deve ser considerado ao lado de fatores como
biótipo, composição corporal e móveis/ferramentas utilizadas.
O registro postural é importante para analisar situações de
trabalho a fim de identificar riscos, captar e estocar os movimentos
corporais para posterior utilização, avaliar posturas após redesenhos de
ferramentas, equipamentos e mobiliários, comparar situações antes e
após intervenções ergonômicas, identificar limites seguros de
movimentos e posturas visando conforto, segurança e eficiência.

Postura sentada
Para prevenir acidentes de trabalho, numa atividade em que ao
indivíduo exige-se a postura sentada, deve-se considerar, por exemplo,
que (Figuras 12 e 13):
1) o ângulo entre braço e antebraço deve estar próximo de 90 graus;

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2) região dos punhos deve estar apoiada e na mesma linha dos


antebraços;
3) os pés devem estar totalmente apoiados sobre o piso;
4) a região lombar deve estar apoiada no encosto próprio da cadeira;
5) as bordas da cadeira e da mesa devem ser arredondadas;
6) os olhos devem estar na altura do terço superior da tela do monitor
de computador, para quem está digitando;
7) o objeto de maior freqüência de observação deve ser centralizado
em frente ao trabalhador;
8) o assento usado deve conter altura ajustável, estofamento
permeável, apoio ajustável para as costas.

Figura 12: Medidas para as posturas em pé/sentada

Figura 13: Tipos de assento

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Manuseio de carga
O manuseio de carga compreende os movimentos de levantar,
abaixar, empurrar e puxar, e combina dois fatores de risco para a coluna
vertebral:
a. movimentos da coluna (flexão com ou sem rotação)
b. a carga em si
A coluna vertebral suporta toda a estrutura corporal, além
de direcionar sua movimentação. É constituída de 33 ossos, as
vértebras, sobrepostos um ao outro, e dividida em regiões: cervical
(pescoço), com 7 vértebras; torácica, com 12 vértebras; lombar, com 5;
sacral, também com 5 vértebras mas fundidas num só osso denominado
sacro; região do cóccix, com 4 vértebras, que também estão fundidas
num só osso (Figura 14).

As vértebras têm formas


diferentes, mas todas elas
apresentam um orifício onde
passa a medula espinhal (de
onde saem nervos que contatam
os membros ao cérebro). Esses
ossos articulam-se entre si e
permitem movimentos do corpo,
além de atuarem como o eixo de
suporte do organismo.

Figura 14: Desenho da coluna vertebral

Entre uma vértebra e outra, há uma estrutura chamada disco


intervertebral. Este é formado por duas partes: uma porção fibrosa, mais
externa (anel fibroso) e uma porção gelatinosa, interna (núcleo pulposo).
Esta estrutura pode alterar-se completamente com o passar dos anos e

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por ocasião de traumas e posturas erradas, podendo dificultar a


movimentação da coluna.
Quando ocorre flexão anterior do tronco, diminui-se o espaço
entre as vértebras, que é o espaço do disco intervertebral. O
deslocamento do núcleo do disco para a região posterior com
compressão da parede do disco provoca aumento da pressão interna do
disco. Pode ocorre desidratação do disco, o que facilita a formação de
micro fissuras e lesões, facilitando o surgimento de acidentes agudos,
como ruptura parcial ou total do disco (hérnia).
A pressão intradiscal é um importante indicador na avaliação do
esforço físico, com valores obtidos a partir da modelagem biomecânica.

4.5 Adequação dos métodos para registros posturais

4.5.1 OWAS
O método OWAS (Ovako Working Posture Analysing
System) é um modelo simples para o registro e análise de posturas
corporais em situação ocupacional. É utilizado para caracterizar a
qualidade e a quantidade de posturas de trabalho, para avaliar sua
carga musculoesquelética, e para estabelecer as razões que geram más
posturas de trabalho. Uma vez que as cargas tenham sido
determinadas, pode-se verificar as necessidades de melhorias no posto
de trabalho.
Para se obter o resultado, deve-se realizar o registro das posturas
do indivíduo e, para isso, o corpo é dividido em segmentos: costas,
membros superiores, e membros inferiores. Existe uma lista de posições
possíveis para cada segmento, sendo representado por um número.
Após a identificação da posição do corpo, pelo número final, há ainda a
classificação quanto à carga manuseada. O resultado é confrontado em
diferentes categorias de ação.
O método OWAS é bastante utilizado para análise de trabalho
pesado, que envolve manuseio de carga. Leva em consideração
grandes articulações, sem muita precisão quanto aos detalhes

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angulares. Aplica-se o método a partir de posturas obtidas por meio de


filmagens ou fotografias, com a imagem congelada quadro a quadro.

4.5.2 RULA
É um método desenvolvido para identificação de riscos de
disfunções relacionadas a posturas extremas e esforço repetitivo, com
ênfase nos membros superiores. É sensível para registro da postura
sentada, dando boa avaliação de uma situação sedentária.
Trabalha com os segmentos ombros, antebraço, punho, pescoço,
tronco e pernas. Para cada ângulo obtido há um valor correspondente
em um menu, sendo as informações cruzadas em tabelas.

4.5.3 NIOSH
O National Institute for Occupational Safety and Health, nos EUA,
tem desenvolvido modelos para registro de atividades envolvendo
manuseio de peso. Utiliza, para tanto, critérios psico-físicos,
biomecânicos e fisiológicos, sempre levando em consideração as
posturas do indivíduo e sua relação com a carga que transporta.

4.5.4 Modelagens
Ultimamente têm surgido softwares próprios para modelagens
posturais em diferentes atividades. São importantes para modelar
(estimar/calcular) forças internas geradas em diferentes posturas e
situações de esforço físico a que o corpo se submete.
Um programa biomecânico bastante utilizado atualmente é o “3D
Static Strength Prediction Program” desenvolvido pela Universidade de
Michigan. Este programa fornece parâmetros como pressão intra-discal,
porcentagem da população capaz de se submeter ao esforço analisado,
força em diferentes grupos musculares do tronco e dos membros
superiores, torques presentes em diferentes articulações, força de atrito
no chão, força de cisalhamento no platô vertebral. Através de filmagem
faz-se o registro das posturas, analisa-se as angulações e o modelo

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fornece os resultados levando em consideração a precisão dos dados


obtidos pelo observador.
Outro modelo, “Transon Jack”, utilizado para projetos de
simulações, também analisa diferentes posturas em atividades distintas.

6. INDICADORES SUBJETIVOS

Através da pesquisa qualitativa, obtém-se uma mostra da


realidade em que as pessoas se encontram, podendo ser importante para
compreender os valores culturais e as representações de determinado
grupo sobre temas específicos.
A entrevista, como um instrumento desta abordagem, permite-nos
o acesso a dados e realidade de caráter subjetivo (idéias, crenças, opiniões,
sentimentos, comportamentos, etc).
Há necessidade da população analisada ser o mais homogênea
possível.
Analisando a questão “dor”, proveniente do esforço físico
excessivo, pode-se ter uma mostra quantitativa da mesma através da
análise da percepção do trabalhador. Um método desenvolvido por Borg
(1998) relaciona o esforço físico com a FC e o consumo de oxigênio (gasto
energético), além do desconforto e situação de bem-estar.
Dessa forma, aplica-se o questionário para o indivíduo antes,
durante e após a atividade, conforme o protocolo estabelecido, e verifica-se
a percepção que o indivíduo tem daquele esforço.

Escala de Borg
6 Nenhum esforço sequer
7
Extremamente leve
8
9 Muito leve
10

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11 Leve
12
13 Um pouco difícil
14
15 Difícil/Pesado
16
18 Muito pesado
18
19 Extremamente pesado
20 Esforço máximo/ Exaustão

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BIOMECÂNICA DOS MEMBROS SUPERIORES

6. ARTICULAÇÃO DO OMBRO

Trata-se da mais móvel de todas as articulações, possuindo três graus


de liberdade (três planos e três eixos no espaço). Por outro lado, é muito
instável, o que predispõe às luxações e lesões diversas.
Na verdade chamamos articulação do ombro um conjunto de 5
articulações distintas que compõem o complexo cinturão escapular. Os
movimentos do ombro acompanham o braço (úmero) ou a escápula.

6.1 Ossos
Os ossos que formam o ombro são a escápula (omoplata), localizada
posteriormente; a clavícula, localizada anteriormente, e o úmero, que é o osso
longo do braço.

6.2 Músculos
Vários músculos trabalham em conjunto na tentativa de manter o ombro
estável ou permitir os amplos movimentos das articulações locais. São eles:
- Deltóide - Serrátil anterior
- Supraespinhoso - Bíceps braquial
- Infraespinhoso - Tríceps
- Redondo menor - Trapézio
- Redondo maior - Grande dorsal
- Elevador da escápula - Rombóide maior
- Peitoral maior - Rombóide menor
- Peitoral menor - Subclávio

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6.3 Ligamentos
Os principais ligamentos (Figura 15), que unem as estruturas
ósseas do ombro são:
- ligamento córaco-umeral
- ligamento gleno-umeral
- ligamento coracóide
- ligamento espino-glenoidiano
Outros ligamentos menores, mas não menos importantes são:
- ligamento esternoclavicular
- ligamento interclavicular
- ligamento costoclavicular

Figura 15: Ligamentos anteriores do ombro

6.4 Nervos
Os nervos responsáveis pelas informações sensitivas e motoras do
cinturão escapular são originados dos pares cranianos (ramos nervosos
craniais) e do plexo braquial (raízes nervosas situadas na região do pescoço,
na coluna cervical).

6.5 Irrigação
O principal tronco de irrigação do membro superior é a artéria axilar
(ramo da carótida), que emite ramos conforme vai se dirigindo para as regiões
mais próximas do ombro. Na altura do músculo redondo maior, esta artéria

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passa a denominar-se braquial. Esta também emite seus ramos e, na região do


cotovelo, divide-se em seus dois ramos terminais, as artérias radial e ulnar.
As veias, vias de retorno sangüíneo, normalmente acompanham o
trajeto arterial.

6.6 Bolsas sinoviais


As bolsas sinoviais, estruturas que ajudam a amortecer o impacto entre
os ossos, têm papel importante nas articulações do ombro. Sobre o colo da
escápula, localiza-se a bolsa subescapular. A bolsa subacromial situa-se entre
o acrômio e o tendão do músculo supraespinhoso. Uma das principais causas
de dor e mau funcionamento da articulação do ombro são os processos
patológicos que atingem esta bolsa.

6.7 Principais articulações


Articulação escápulo-umeral
- É uma articulação considerada verdadeira (anatômica)
- É a mais importante do ombro
- Caracteriza-se pelo deslizamento de duas superfícies incongruentes
- Também chamada gleno-umeral, possui um orla fibrocartilaginosa, o
lábio glenoidal, que serve para aumentar a profundidade da cavidade.

Articulação subdeltoideana
- É uma articulação no sentido fisiológico (mecanicamente ligada à
articulação gleno-umeral)

Articulação escápulo-torácica
- Também é uma articulação no sentido fisiológico e acompanha as duas
seguintes

Articulação acrômio-clavicular
- Articulação verdadeira, com a clavícula tendendo a se sobrepor ao
acrômio, o que é impedido pelo ligamento coracoclavicular.

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Articulação esterno-costo-clavicular
- É uma articulação verdadeira, local de união entre a cintura escapular e
o tronco.
- Neste local há um disco articular, que se fixa na clavícula e na primeira
cartilagem costal. Este disco mais os ligamentos esternoclaviculares,
interclavicular e costoclavicular impedem o deslocamento medial da
clavícula durante um impacto sobre o ombro suficiente para fraturar este
osso.

6.8 Amplitudes de movimento


Quando o braço é elevado acima de 30o da abdução ou 60o de flexão, a
escápula roda aproximadamente 1 grau para cada 2 graus de movimento do
úmero. Durante os primeiros 90 o de elevação do braço, a clavícula também é
elevada em, aproximadamente, 35 a 45 graus na articulação esternoclavicular.
Para entendermos melhor a amplitude de movimento do ombro,
didaticamente dividimos os movimentos em:

Movimentos da escápula
- A cintura escapular só tem um ponto articular de contato com o
esqueleto axial, que é a articulação esternoclavicular. Assim, os
deslocamentos da escápula são fundamentais para ampliar os
movimentos do membro superior.
- Os movimentos da escápula são:
• elevação (músculos trapézio, elevador da escápula, rombóides
maior e menor)
• depressão (músculos trapézio, peitoral menor, subclávio, grande
dorsal, peitoral maior)
• protrusão (p/ frente) (músculos serrátil anterior e peitoral maior)
• retração (p/ trás) (músculos trapézio, romboides maior e menor e
grande dorsal)
• rotação superior (músculos trapézio e serrátil anterior)

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• rotação inferior (músculos elevador da escápula e rombóides


maior e menor)

Movimentos do ombro
Os movimentos realizados na articulação do ombro, acrescidos dos
movimentos da escápula, são movimentos do membro superior como um todo
(ombro, cotovelo e mão). No entanto, quando o membro se torna fixado, os
movimentos do ombro passam a deslocar o tronco.

A flexão (Figura 16) tem uma grande amplitude (180o) e se


divide em três tempos:
ü No primeiro tempo da flexão (0 a 50-60o) atuam os músculos
deltóide (feixe anterior), coracobraquial e o peitoral maior (feixe
superior). Esse movimento é limitado pela tensão do ligamento
córaco-umeral e pela resistência dos músculos redondo menor,
redondo maior e infraespinhoso.
ü No segundo tempo da flexão (60 a 120o) entra em ação a cintura
escapular. Os músculos que atuam são o trapé zio e o serrátil
anterior. Nesse movimento há limitação pela resistência do
músculo grande dorsal e do feixe inferior do peitoral maior.
ü No terceiro tempo da flexão (120 a 180o), se houver limite nas
articulações escápulo-umeral e escápulo-torácica, é necessária a
intervenção da coluna vertebral. Assim, entram em ação os
músculos lombares.

Figura 16: Amplitude de movimento de


flexão do ombro

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A extensão (Figura 17) tem uma pequena amplitude de


movimento (45-50o).
ü Na articulação escápulo-umeral atuam os músculos redondo
maior, redondo menor, deltóide (feixe posterior), grande dorsal.
ü Na articulação escápulo-torácica (adução da escápula – retração)
atuam os músculos rombóides, trapézio (feixe médio), grande
dorsal.

Figura 17: Amplitude de movimento


de extensão e adução do ombro

A abdução do ombro (Figura 18) ocorre no plano frontal, ao


redor do eixo ântero-posterior, e alcança 180o. Para isso também é
dividida em três tempos:
ü No primeiro tempo da abdução (0 a 90o) entram em ação os
músculos deltóide e o supraespinhoso na articulação escápulo-
umeral.
ü No segundo tempo da abdução (90 a 150o) atua a cintura
escapular. São os músculos motores: trapézio e serrátil anterior.
Aos 150o, o movimento é limitado pela resistência dos músculos
adutores (grande dorsal e peitoral maior).

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ü No terceiro tempo da abdução (150 a 180o) é necessário que a


coluna participe do movimento:
• se somente um braço está em abdução é suficiente a inclinação
lateral sob ação dos músculos paravertebrais (músculos da
coluna vertebral) do lado oposto;
• se os dois braços estão em abdução é necessário hiperlordose
lombar (aumento acentuado da curvatura da coluna lombar)
sobrecarregando os músculos paravertebrais.

Figura 18: Amplitude de movimento de


abdução do ombro

A adução (Figura 17) ocorre no plano frontal e é


mecanicamente impossível, devido à presença do tronco. É permitida
somente quando acompanhada de extensão (adução pequena) ou
flexão (adução de 30 a 45o) ou ainda a partir da abdução (adução
relativa).

A rotação externa ou lateral do braço tem amplitude de 80o


(não atinge os 90o), sendo realizada pelos músculos infraespinhoso e
redondo menor.

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A rotação interna ou medial do braço tem amplitude de 100


o
a 110 (com antebraço atrás do tronco), sendo realizada pelos
músculos grande dorsal, redondo maior, subescapular, peitoral maior.

6.9 Principais patologias

Tendinite do músculo supraespinhoso


A inflamação do tendão do músculo supraespinhoso decorre de uma
lesão freqüente no ombro. Deve-se ao uso prolongado e repetitivo dos
músculos do ombro com o braço no nível do ombro ou acima dele; também
pode resultar de movimentos repetitivos em rotação externa do ombro.
A pessoa sente dor durante os movimentos da articulação do ombro,
particularmente quando o braço é rodado para fora ou levantado para cima e
para fora num ângulo entre 80 e 120o ao corpo. Há aumento da sensibilidade
quando uma pressão direta é aplicada na parte ântero-superior do ombro.
Outro sintoma é a fraqueza quando se executam os movimentos de braço para
cima e para fora (abdução) num ângulo de 80 – 120o do corpo.
A tendinite do supraespinhoso, se negligenciada, pode tornar-se
prolongada ou crônica, e nesse caso pode ser muito difícil o tratamento.

Bursite subacromial
A bolsa subacromial, localizada entre o músculo supraespinhoso e o
acrômio (uma proeminência da escápula) é comumente afetada por
inflamações.
Pode ser causada, principalmente, por movimentos repetitivos com o
braço no nível do ombro ou acima dele, o que provoca acúmulo de líquido na
bursa e a efusão leva à pressão nos tecidos e dor na parte anterior e superior
do ombro. Um outro motivo pode ser a inflamação em um tendão adjacente,
que pode estender-se e incluir a bursa.
Normalmente, além de dor na parte anterior e superior do ombro, a
pessoa sente dor que se inicia quando o braço é movido para cima e para fora
(abdução) e a articulação do ombro é rodada.

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Síndrome do pinçamento
Trata-se do pinçamento/aprisionamento dos tecidos moles localizados
entre a cabeça do úmero e o espaço formado pelo acrômio e o ligamento
coracoacromial. Neste limitado espaço, encontram-se os tendões dos músculos
supraespinhoso, infraespinhoso, redondo menor e subescapular, tendão longo
do bíceps e a bursa. Durante os movimentos repetitivos do braço elevado
acima do plano horizontal, os tendões e a bursa se atritam contra o ligamento
coracoacromial e essa irritação mecânica provoca ou aumenta a inflamação. O
impacto repetitivo causa alargamento das partes moles e leva à reação
inflamatória crônica.
A pessoa sente fortes dores particularmente quando os braços são
movidos para cima e para fora em um ângulo entre 80 e 120o do corpo. Pode
haver também aumento da sensibilidade sobre a parte superior da cabeça do
úmero e a mobilidade é bastante prejudicada.
Também é conhecida como síndrome do ombro do nadador.

Inflamação do tendão subescapular


O músculo subescapular é o principal rotador interno/medial do braço. O
mecanismo de lesão ocorre em movimentos repetitivos do braço elevado para
fora em um ângulo de aproximadamente 90o do corpo, com alinhamento
simultâneo da articulação do cotovelo no plano horizontal e rotação externa
máxima da articulação do ombro.
Neste caso também, a pessoa sente forte dor à movimentação da
articulação do ombro, particularmente quando o braço é mantido acima do
plano horizontal e rodado para dentro.

7. ARTICULAÇÃO DO COTOVELO

O cotovelo é a articulação intermediária do membro superior. Utilizando-


se da movimentação do ombro nos três planos de referência, o cotovelo leva a
extrem idade ativa do membro superior (a mão) para perto ou longe do corpo.

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A articulação do cotovelo não só permite a flexão do antebraço


(dobradiça) como também permite sua rotação para dentro e para fora
(pronação e supinação). Ossos, ligamentos e músculos na região do cotovelo
têm uma interação crítica nas atividades de vida diária do indivíduo (vestir-se,
alimentar-se, higienizar-se). Independentemente da interferência com essas
funções, sérias complicações podem ocorrer nas lesões do cotovelo, por causa
da proximidade da articulação com grandes vasos sangüíneos e nervos.

7.1 Ossos
São três os ossos que participam da articulação do cotovelo: o úmero
(no braço), o rádio e a ulna (respectivamente localizados lateral e medialmente
no antebraço).

7.2 Músculos
Os músculos do cotovelo estão separados em duas porções (anterior e
posterior):
- Bíceps braquial - Ancôneo
- Braquial - Pronador redondo
- Braquioradial - Pronador quadrado*
- Tríceps braquial - Supinador
* Este músculo está localizado no quarto distal do antebraço
Há também músculos que se originam no cotovelo e têm ação no
punho e mão, como os extensores e flexores do carpo.

7.3 Ligamentos
Os ligamentos do cotovelo (Figura 19), que têm como função manter as
superfícies articulares em contato, são:
- ligamento anular (une o rádio à ulna)
- ligamentos colaterais, ulnar e radial (ou medial e lateral)
Há ainda a cápsula articular e uma membrana interóssea (conexão
elástica) que liga a diáfise (porção central dos ossos longos) radial e ulnar.

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Figura 19: Ligamentos do cotovelo

7.4 Nervos
Os nervos que atuam no cotovelo são provenientes do plexo braquial,
com destaque para os nervos radial, mediano e ulnar.

7.5 Irrigação
As artérias que irrigam o cotovelo são formadas a partir de ramos da
artéria braquial, destacando-se as artérias ulnar e radial. As veias principais,
seguindo o trajeto das artérias radial e ulnar, são a basílica e a cefálica.

7.6 Bolsas sinoviais


No cotovelo, uma bolsa sinovial importante está localizada na região
posterior, logo abaixo da ponta do cotovelo, onde há uma estrutura óssea
denominada olécrano.

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7.7 Principais articulações


Comumente são consideradas três articulações do cotovelo. No
entanto, consideraremos aqui também a subdivisão da articulação rádio-ulnar
(inferior) localizada distalmente, mas também responsável por um movimento
iniciado na região proximal (a prono-supinação).

Articulação rádio-ulnar superior (proximal)


- É do tipo trocóide: suas superfícies são cilíndricas e ela possui somente
um grau de liberdade
- Ocorre rotação em torno de um eixo e dois cilindros encaixados

Articulação rádio-ulnar inferior (distal)


- Como sua homóloga, a superior, também é do tipo trocóide: tem as
superfícies cilíndricas com somente um grau de liberdade
- Ocorre movimento de rotação em torno do eixo dos dois cilindros
acoplados (pronação e supinação)
- Neste local está localizado o músculo pronador quadrado

Articulação úmero-ulnar e articulação úmero-radial


- É do tipo dobradiça, permitindo os movimentos de flexão e extensão do
cotovelo

7.8 Amplitudes de movimento


Movimentos de flexo-extensão
Os músculos flexores do cotovelo (Figura 20) são o braquial, o bíceps
braquial e o supinador, com eficácia máxima na flexão do cotovelo a 90o.
Ativamente a flexão do cotovelo não ultrapassa 135o, devido à limitação
imposta pelo contato das massas musculares da região anterior do braço e do
antebraço. Já a flexão passiva (sob ação de uma força) pode atingir 160o.
Desta vez, os fatores de limitação são as tensões da cápsula articular e do
músculo tríceps braquial, além dos contatos ósseos.

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A extensão do cotovelo (Figura 21), movimento que leva o antebraço


para trás, deve-se à ação de um só músculo, o tríceps braquial, sendo
auxiliado pelo ancôneo. Não existe uma amplitude de extensão do cotovelo,
exceto em pessoas que possuem uma variação entre 5o e 10o de
hiperextensão.
Os movimentos de flexão e extensão do cotovelo ocorrem no plano
sagital e em torno do eixo látero-lateral.

Figura 20: Amplitude de movimento da flexão


do cotovelo

Figura 21: Amplitude de movimento de


extensão do cotovelo

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Movimentos de prono-supinação
A prono-supinação (Figura 22) é um dos movimentos mais importantes
do membro superior, pois é indispensável ao controle da mão, desempenhando
um papel essencial em todas as ações da mão, particularmente por ocasião do
trabalho.
Esse movimento permite, por exemplo, a utilização de uma chave de
fenda, onde o eixo da ferramenta coincide com o eixo de prono-supinação.
Na posição de supinação, os ossos rádio e ulna estão paralelos. Essa
posição é limitada pela tensão dos ligamentos e da membrana interóssea. Os
músculos supinadores são o bíceps braquial e o supinador. A supinação chega
a 90o.
Na posição de pronação, os ossos rádio e ulna estão cruzados, com o
rádio se sobrepondo à ulna. A limitação, neste caso, ocorre por contato, pelo
fato da membrana interóssea enrolar-se sobre a ulna, também tem a
interposição agora dos músculos flexores. Os músculos pronadores são o
pronador quadrado (principal) e o pronador redondo. O movimento
o
normalmente atinge 90 .

Figura 22: Movimento de prono-


supinação do cotovelo

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7.9 Principais patologias


Epicondilite lateral (cotovelo de tenista)
Trata-se de uma lesão bastante conhecida entre os jogadores de tênis.
Mas abrange também, entre atletas de outra modalidades, pessoa que
exercem atividade profissional que exigem movimentos unilaterais e repetitivos
do cotovelo.
O problema aparece na área de uma pequena protuberância óssea (o
epicôndilo lateral) no lado externo (lateral) do cotovelo, que é local de origem
dos músculos que extendem os dedos e o punho. Os principais músculos
afetados são o extensor radial curto do carpo, o extensor radial longo do carpo,
o extensor ulnar do carpo e o extensor comum dos dedos. Ocorre a geração de
uma alta carga por unidade de área, devido ao fato de ser pequena a origem
dos extensores.
Normalmente ocorre um processo inflamatório, o que reflete em muita
dor na região lateral do cotovelo e que ainda pode irradiar para cima ao longo
do braço e para baixo ao longo do lado externo (lateral) do antebraço. Também
é comum o indivíduo sentir fraqueza no punho, o que pode dificultar a
realização de atividades de vida diária.

Epicondilite medial (cotovelo do arremessador)


A epicondilite medial é semelhante ao “cotovelo de tenista”, mas os
sintomas estão localizados sobre o epicôndilo medial do cotovelo. Os músculos
flexores do punho, que são os afetados neste caso, originam -se no local.
Também é uma posição de lesão a pronação excessiva.

Pinçamento dos nervos radial, ulnar e mediano (compressão nervosa)


O pinçamento do nervo radial pode ocorrer logo abaixo do cotovelo, na
parte externa do compartimento medial do antebraço, abaixo do músculo
supinador. Os sintomas podem ser semelhantes àqueles que ocorrem no
“cotovelo de tenista”.
O pinçamento do nervo ulnar pode ocorrer em pessoas que trabalham
com o cotovelo sem apoio adequado. Estando o cotovelo apoiado sobre uma
área muito dura, o nervo ulnar, que corre ao longo da borda medial do

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antebraço, pode ser comprimido, o que refletirá em adormecimento e/ou dor


que se irradia para o quarto e quinto dedos da mão. Mantido por longo período
nessa posição, pode surgir dor na região medial do cotovelo e irradiar para os
dedos, além de parestesia e aumento da sensibilidade no local.
A compressão do nervo mediano, também chamada síndrome do
pronador redondo, pode ocorrer quando a pessoa exerce atividades com
sobrecarga na região anterior do cotovelo. Os sintomas são dores e aumento
da sensibilidade no lado medial e anterior do cotovelo.

Bursite (cotovelo de estudante)


Após sobrecarga prolongada do cotovelo, a bursa (localizada sob o
olecrano) pode tornar-se inflamada. Leva o nome de cotovelo de estudante
pelo fato de afetar estudantes com o hábito de apoiar o cotovelo na mesa,
enquanto apóiam a cabeça nas mãos ao estudar.
O principal sintoma é dor em repouso e durante o movimento. É comum
também haver edema (inchaço), que pode estender-se ao antebraço e limitar o
movimento do cotovelo.

Inflamação de tendões, fáscias tendinosas e músculos


Ocorre principalmente nos tendões e fáscias dos músculos extensor e
flexor do antebraço, devido a pressão externa ou movimentos repetitivos
unilaterais.
Os sintomas são semelhantes às patologias descritas anteriormente.

8. ARTICULAÇÕES DO PUNHO E DA MÃO

Para se entender as articulações do punho e da mão, pode-se estudá-


las separadamente. No entanto, são estruturas quase indissociáveis, motivo
pelo qual estaremos analisando o punho e a mão conjuntamente.
O punho, articulação distal do membro superior, permite que a mão
apresente-se na posição ótima para preensão.

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8.1 Ossos
São oito ossos, dispostos em duas fileiras, proximal e distal, que
constituem o carpo: escafóide, semilunar, piramidal, pisiforme, trapézio,
trapezóide, capitato, hamato.
Há o esqueleto da mão propriamente dita, que constitui o metacarpo,
compreendendo 5 ossos numerados de I (polegar) a V (dedo mínimo).
Finalmente, o esqueleto dos dedos, representado pelas falanges. Cada
dedo possui três falanges (proximal, média e distal), com exceção do polegar,
no qual falta a falange média.
Considerando o punho isoladamente, há que se considerar ainda as
porções distais dos ossos rádio e ulna.

8.2 Músculos
Há músculos que movem a mão e músculos que movem os dedos. Há
músculos que podem, ainda, atuar sobre a mão e sobre os dedos, pois seus
tendões de inserção cruzam a articulação do punho.
Músculos da mão/punho
Estes músculos (Figura 23) formam duas massas, medial e lateral, que
limitam a fossa do cotovelo. São os músculos mediais:
- flexor radial do carpo
- flexor ulnar do carpo
- palmar longo
São os músculos laterais:
- extensor radial longo do carpo
- extensor radial curto do carpo
- extensor ulnar do carpo

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Figura 23: Músculos do punho e


mão

Músculos dos dedos


Entre os músculos que movem os dedos, há dois grupos:

Músculos extrínsecos da mão


Estes músculos se originam no antebraço e seus tendões de
inserção alcançam os dedos depois de atravessar as articulações
radiocárpica, cárpica e carpometacárpica. São eles:
- flexor superficial dos dedos
- flexor profundo dos dedos
- extensor dos dedos
- extensor do dedo mínimo
- extensor do indicador

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Músculos intrínsecos da mão


São eles:
- abdutor do dedo mínimo
- flexor curto do dedo mínimo
- oponente do dedo mínimo
- lumbricais
- interósseos palmares
- interósseos dorsais

Figura 24: Ligamentos do punho e mão

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8.3 Ligamentos
Vários ligamentos mantêm a estabilidade e mobilidade do punho e dos
dedos (Figura 24).
- ligamentos colaterais radial e ulnar do carpo
- ligamentos radiocárpicos palmar e dorsal
- ligamentos interósseos (entre os ossos da fileira proximal e distal do
carpo)
- ligamentos intercárpicos (liga ossos cárpicos vizinhos)
- ligamentos carpom etacárpicos dorsais e palmares
- ligamentos metacárpicos palmares e dorsais
- ligamentos metacárpicos interósseos
- ligamentos metacárpicos transversos profundos
- ligamentos colaterais

8.4 Nervos
Os nervos ulnar, radial e mediano chegam à mão após atravessar todo o
antebraço e emitem ramos para os dedos.

8.5 Irrigação
As artérias radial e ulnar emitem ramos colaterais para os dedos
formando uma rede complexa de arteríolas.

8.6 Principais articulações

Articulação radioulnar distal


Esta articulação já foi descrita anteriormente.

Articulação rádio-cárpica
- É envolvida pela cápsula articular
- Entre a extremidade inferior do rádio e os ossos da fileira superior do
carpo

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- São dois graus de movimento: flexo-extensão e abdução/adução


(desvios ulnar e radial). Estes, em conjunto, acabam permitindo o
movimento de circundução do punho

Articulação médio-cárpica
- Compreende as articulações entre os ossos do carpo
- Dão maior flexibilidade ao carpo e suplementam os movimentos da
articulação radiocárpica

Articulações carpometacárpicas
- Com exceção da articulação carpometacárpica do polegar, as demais
são junturas sinoviais sem movimento isolado, atuando juntamente com
os ossos do carpo
- A articulação carpometacárpica do polegar se faz entre o osso trapézio e
o primeiro metacárpico conferindo bastante mobilidade ao polegar

Articulações metacarpofalangeanas
- Permitem movimentos de flexão e extensão dos dedos, além de
inclinação lateral

Articulações interfalangeanas
- São junturas do tipo dobradiça, possuindo somente um grau de
liberdade
- Lesões nas articulações interfalangeanas proximais causam sérios
prejuízos funcionais para a mão

8.7 Amplitudes de movimento (Figuras 25 e 26)


Movimentos de flexo-extensão do punho
A amplitude de flexão do punho é de 85o, não chega a atingir 90o. A
amplitude de movimento de extensão é também de 85 o e não atinge os 90o.

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A flexo-extensão é máxima quando a mão não está nem em adução


nem em abdução. Quando o punho está em pronação, a flexo-extensão tem
menor amplitude.

Movimentos de adução e abdução do punho


O eixo da mão está situado no prolongamento do eixo do antebraço,
materializado pelo terceiro metacarpo e pelo terceiro dedo. A partir desse eixo
é que se verifica os movimentos de adução e abdução do punho.
A amplitude do movimento de abdução, também denominada desvio
radial, não ultrapassa 15o.
Considerando a partir do eixo da mão, o movimento de adução, também
denominado desvio ulnar, tem amplitude de 30o. Se considerarmos o eixo do
dedo médio, essa angulação sobe para 55o. Na prática, o ângulo considerado é
de 45o.
Ainda em relação ao desvio ulnar (adução), este movimento é mais
amplo na posição de supinação do que na pronação, onde ela não ultrapassa
os 25 a 30o.
Os desvios radial e ulnar são mínimos quando o punho encontra-se em
flexão ou em extensão forçadas.

Movimento de circundução
É a combinação dos movimentos de flexo-extensão com os movimentos
de adução-abdução do punho. Trata-se, dessa forma, de um movimento que se
efetua simultaneamente em relação aos dois eixos da articulação do punho.

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Figura 25: Amplitude de


movimento do punho

Figura 26: Amplitude de movimento dos


dedos

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Movimento de flexo-extensão nas articulações metacarpofalangeanas


A amplitude de flexão está próxima de 90o. Nota-se que se ela alcança
até 90o para o indicador, ela vai cruzando até o quinto dedo. Um outro fato a
notar é que a flexão isolada de um dedo (o médio) está limitada pela tensão do
ligamento interdigital palmar.
A extensão ativa é variável conforme os indivíduos, podendo atingir 30 a
40o. Já a extensão passiva pode quase atingir 90o nas pessoas que possuem
grande frouxidão ligamentar.

Movimento de adução e abdução nas articulações


metacarpofalangeanas
De todos os dedos, com exceção do polegar, o indicador é aquele que
possui a maior amplitude de abdução, atingindo 30o.

Movimento de circundução na articulação metacarpofalangeana


Combinando vários graus de movimentos, de abdução, adução,
extensão e flexão, o indicador realiza movimentos de circundução.

Movimentos de flexo-extensão nas articulações interfalangeanas


A amplitude de flexão nas articulações interfalangeanas proximais passa
o
os 90 . Já nas articulações interfalangeanas distais, a amplitude de flexão é
ligeiramente inferior a 90o.
A amplitude de extensão ativa nas articulações interfalangeanas
proximais é nula nas proximais e quase nula ou muito fraca (5o) nas distais.

Movimento de oponência do polegar


A oposição é o movimento essencial do polegar: trata-se da
possibilidade de colocar a polpa do polegar em contato com a polpa de um dos
quatro outros dedos, para constituir a pinça policidigital (polegar-dedo).
Há uma gama de oposições que realizam um grande variedade de
preensões e de ações. Todas as variedades de oposição estão contidas no

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interior de um setor cônico no espaço, cujo vértice é ocupado pela articulação


trapézio-metacarpo, ou cone de oposição.

8.8 Arquitetura da mão (Figura 27)


A fim de realizar movimentos de preensão, a mão deve adaptar sua
forma. Caso haja necessidade de segurar um objeto volumoso, a mão se cruza
e observa-se a constituição de arcos seguindo três direções:
- no sentido transversal: o arco carpiano e o arco metacarpiano
- no sentido longitudinal: os arcos carpo-metacarpo-falangeanos
- no sentido oblíquo: arcos de oposição do polegar
A concavidade da palma resulta essencialmente de movimentos dos
quatro últimos metacarpos (excluindo o polegar) em relação ao carpo.

Figura 27: Arquitetura da mão

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8.9 Análise de preensão


As preensões classificam -se em três grupos (KAPANDJI, 1990):
- preensões digitais
- preensões palmares
- preensões centradas

As preensões digitais, por sua vez, dividem-se em dois subgrupos:


o preensões bidigitais: clássica pinça polegar-dedos, em
geral polegar-indicador. Por sua vez, elas apresentam três
tipos segundo a oposição:
ü terminal ou término-pulposa: é a mais fina e a mais
precisa; permite segurar um objeto de pequeno
calibre, ou apanhar um objeto muito fino (ex. fósforo
ou agulha); o polegar e o indicador, ou o dedo
médio, opõem-se entre si pela extremidade da polpa
e, muitas vezes, pela unha; é a forma de preensão
mais facilmente comprometida nas afecções da mão
ü subterminal ou polpa a polpa: é a forma mais
freqüente; permite segurar objetos relativamente
mais espessos (ex. um lápis ou uma folha de papel)
ü subtérmino-lateral ou pulpo-lateral: ocorre para
segurar uma moeda, por exemplo.
Entre as preensões bidigitais, há uma que não constitui
uma pinça policidgital, é a preensão interdigital látero-lateral:
é uma forma de preensão secundária, como segurar um
cigarro, por exemplo; essa preensão é fraca e sem precisão.

o Preensões pluridigitais: além do polegar, intervêm dois ou


mais dedos; permite um preensão muito mais firme que a
bidigital, que é uma preensão de precisão.
ü preensões tridigitais: envolvem polegar, indicador e
dedo médio e são as mais freqüentemente
utilizadas; assemelha-se à preensão tridigital polpa a

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polpa; é o tipo de preensão para escrever com um


lápis, por exemplo; também é o tipo de preensão
utilizada no movimento de desparafusamento
ü preensões tetradigitais: utilizadas quando o objeto é
mais espesso e deve ser fortemente segurado. Pode
ser:
Ø tetradigital pulpar: quando se segura um
objeto esférico como bola de pingue-pongue;
o contato ocorre com a polpa do polegar,
indicador e médio, enquanto é lateral na
falange distal do dedo anular
Ø tetradigital pulpolateral: quando se
desenrosca uma tampa; o contato com o
polegar é grande; envolve também o
indicador e o dedo médio; é pulpar e lateral
na segunda falange do dedo anular
Ø tetradigital pulpar policitridigital: quando se
segura um giz, um pincel ou um lápis, por
exemplo; a polpa do polegar segura
fortemente o objeto contra a polpa do
indicador, do dedo médio e do dedo anular
ü preensões penta-digitais:emprega todos os
dedos, com o polegar se opondo de maneira
variável aos outros; são utilizadas para segurar
objetos maiores

As preensões palmares utilizam, além dos dedos, a palma da mão. São


de dois tipos, conforme o polegar seja ou não utilizado:
o preensão digitopalmar: opõe a palma aos quatro últimos
dedos; muito utilizada quando se manobra uma alavanca
ou se segura um volante; quanto maior o diâmetro do
objeto, mais firmeza falta na preensão

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o preensão palmar “plena”: preensão de força para os


objetos pesados e relativamente volumosos; a mão se
“enrola” em torno de objetos cilíndricos; o volume do objeto
segurado condiciona a força de preensão e é ótimo quando
ele permite ao polegar manter contato (ou quase) com o
indicador – o polegar forma o apoio único, oposto à força
dos quatro outros dedos, e sua eficácia é tanto maior
quanto mais esteja fletido – o diâmetro dos cabos dos
utensílios ou ferramentas depende desta constatação
o preensão palmar cilíndrica: quando se segura um copo, por
exemplo; essa preensão é tanto mais firme quanto maior
for o diâmetro do objeto
o preensão palmar esférica: envolvem três, quatro ou cinco
dedos
o preensão palmar esférica pentadigital: todos os dedos
participam na preensão; o objeto é mantido firmemente
pela mão em garra

As preensões centradas realizam uma simetria em torno de um eixo


longitudinal, que se confunde com o eixo do antebraço. Um exemplo desse tipo
de preensão é a batuta do maestro. Trata-se de um mecanismo indispensável
na preensão da chave de fenda. São preensões muito utilizadas e necessitam
da integridade de flexão dos três últimos dedos, da extensão completa do
indicador e de um mínimo de oposição do polegar.

8.10 Principais patologias


Compressão do nervo mediano (Síndrome do túnel do carpo)
O nervo mediano, que inerva a mão, cruza o centro da região palmar do
punho num estreito túnel, o túnel do carpo. A inflamação aguda ou crônica dos
tendões e das fáscias tendinosas, que podem surgir de movimentos repetitivos
do punho, ou uma infecção na mão podem reduzir o espaço nesse túnel e,
dessa forma, comprimir o nervo.

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A pessoa sente dores incômodas persistentes, com irradiação e


parestesia do polegar, dedo indicador, dedo médio e metade do dedo anular.
Os sintomas geralmente pioram à noite e a sensação é freqüentemente
descrita como se uma das mãos tivesse adormecido.

Compressão do nervo ulnar (neurite ulnar)


O nervo ulnar pode ser submetido a pressão, particularmente na região
do cotovelo, mas também onde ele cruza o punho, na região interna da mão. A
pressão é causado por pinç amento ou fricção dos tecidos vizinhos contra o
nervo, como ocorre por exemplo em indivíduos que manipulam ferramentas
manuais com cabo muito curto. Os sintomas são fraqueza muscular ao
movimento de estender os dedos e dor e paresia no dedo mínimo e na metade
do dedo anular.

Tendinite estenosante (Doença de De Quervain)


Trata-se de inflamação dos tendões dos músculos extensor curto do
polegar e abdutor longo do polegar. A inflamação da bainha sinovial faz com
que a região fique estreita, o que resulta em dor quando os tendões se movem.
O mecanismo de lesão é a realização repetitiva de movimentos de desvio ulnar
do punho, quando estes tendões são tensionados. Um exemplo de
manutenção do punho nesta posição é a utilização de ferramentas (furadeiras,
parafusadeiras, lixadeiras) cujo cabo exige a adução da mão/punho.

Síndrome da vibração (Fenômeno de Raynaud)


Também conhecida como dedo branco, trata-se de uma síndrome
ocupacional caracterizada por episódios recorrentes de embranquecimento
devido a oclusões freqüentes das artérias digitais. A exposição ao frio pode
provocar vasoespasmo nos dedos. A condição é causada em parte por
pinçamento ou empunhadura forçada e prolongada de ferramentas
caracterizadas por vibração, tais como martelo pneumático, serrotes e
triturador/afiador automático. Os sintomas mais comuns incluem dormência
intermitente e formigamento nos dedos; a pele torna-se pálida, cinzenta e fria;
também há eventual perda de sensibilidade e controle nos dedos e nas mãos.

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