Você está na página 1de 258

Biologia e 10

*510111401*

ano
C. Produto
Geologia

Geologia
Biologia e Geologia

Biologia e
10
ano

Planeta com Vida  BIOLOGIA (Volume 2)

Planeta com Vida

Planeta com Vida  BIOLOGIA (Volume 2)


COMPONENTES DO PROJECTO:
Livro do aluno (2 volumes) BIOLOGIA (Volume 2)
Caderno de actividades
Cristina Carrajola, Maria José Castro e Teresa Hilário
Consultores Científicos: Orlando Luís e Vera Pinto
33,46 €
IVA incluído

A Santillana publicou a obra Biologia e Geologia 10.º ano


em 2 volumes para reduzir o peso a transportar pelos alunos.
Os dois volumes não podem ser vendidos separadamente.

872546 CAPA.indd 1 14/02/17 17:27


FrontBio10 28/2/07 10:31 Page 1

10

ano
Geologia
Biologia e
Planeta com Vida BIOLOGIA (Volume 2)

Cristina Carrajola, Maria José Castro e Teresa Hilário


Consultores Científicos: Orlando Luís e Vera Pinto
872546 002-005_Apresentacao 28/2/07 11:40 Page 2

MODELO DIDÁCTICO
Bem-vindo ao Ensino Secundário!
Na nova disciplina de Biologia e Geologia, os conteúdos serão explo-
rados em dois manuais.
Para mais facilmente perceber como poderá tirar partido deste
manual, fazemos agora uma breve apresentação da sua estrutura.
No manual são desenvolvidas cinco unidades, organizadas da seguinte
forma:

10 10

ano
ano

Geologia
Geologia

Biologia e
Biologia e

Planeta com Vida GEOLOGIA (Volume 1)


Planeta com Vida BIOLOGIA (Volume 2)

Cristina Carrajola, Maria José Castro e Teresa Hilário


Jorge Ferreira e Manuela Ferreira
Consultores Científicos: Orlando Luís e Vera Pinto
Consultor Científico: Carlos Ribeiro

Transformação e utilização INTRODUÇÃO

unidade 3 de energia pelos seres vivos Os conceitos de vida, de ser vivo e de célula encontram-se intimamente relacionados.
Embora os ecossistemas nos mostrem que existe uma grande diversidade de seres vivos,
C
verifica-se uma uniformidade na constituição destes, já que todos são compostos por célu-
las que desempenham um papel primordial na manutenção do equilíbrio do organismo.
Assim sendo, todos os seres vivos têm de obter matéria orgânica com regularidade,

Unidade A B e assegurar o seu acesso até à(s) sua(s) célula(s).


Os seres autotróficos conseguem produzir a sua matéria orgânica, recorrendo à fotos-
síntese ou à quimiossíntese; já os seres heterotróficos, nos quais se incluem os animais e os
fungos, têm de retirar do meio o alimento, recorrendo, para isso, à ingestão ou à absorção.
Uma vez o alimento no interior do organismo multicelular, é necessário fazê-lo chegar a
todas as células. As plantas e os animais utilizam diferentes estratégias para o conseguirem.

A apresentação dos conteúdos inicia-se com a As células podem recorrer a diferentes processos para transformar a matéria
que chega até elas em energia.

exploração de imagens e uma actividade de diagnóstico. De que forma obtêm estes seres vivos a energia de que necessitam?

Na página seguinte apresenta-se um texto introdutório,


E D

que destaca ideias fundamentais para a exploração dos Qual é o processo celular responsável
pela produção destes alimentos?

conteúdos da unidade. G

Ao texto associa-se uma imagem, que comple-


E, F e G — O que têm estas estruturas em comum?

menta ou ilustra a informação transmitida. O QUE JÁ SABE, OU NÃO...

1. Classifique as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F).


A — Na ausência de oxigénio, todos os seres vivos acabam por morrer.
B — A respiração celular é um processo dos seres vivos para obtenção de energia.
C — Todas as superfícies respiratórias são irrigadas por sangue.
D — Há animais que não possuem estruturas respiratórias especializadas. Fig. 1 A energia solar entra nos ecossistemas através das plantas e de outros organismos fotossintéticos e, a partir
E — As plantas não respiram. daí, vai fluindo entre os restantes seres vivos.
F — A fermentação não consome oxigénio.
G — As superfícies respiratórias são os locais onde ocorre respiração aeróbia.
H — Os seres vivos realizam a fermentação para produzirem os nossos alimentos.
I — As trocas gasosas das plantas ocorrem nos estomas.
J — As superfícies respiratórias dos animais são os locais onde ocorrem as trocas gasosas.

150 BIOLOGIA A vida e os seres vivos unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 151

membrana plasmática plasma Quais são as principais diferenças Nas células procarióticas não existem organitos constituídos por A RETER
membrane
entre células procarióticas e eucarióticas? membranas e o material genético (DNA) encontra-se espalhado numa As células procarióticas não
protoplasma protoplasm região da célula designada como nucleóide (não existe membrana possuem organitos constituídos
ácido desoxirribonucleico por membrana. Nas células
Podemos verificar que todas as células possuem uma membra- nuclear). Nas células eucarióticas existem vários organitos constituí-
deoxyribonucleic acid eucarióticas, o material

Páginas informativas na envolvente — membrana plasmática — que as separa do dos por membranas, criando nestas células diversos compartimentos. genético está no interior
meio externo, um citoplasma constituído por um meio interno O material genético está inserido no interior do núcleo, que tem uma do núcleo e existem organitos
individualizados por membrana.
aquoso — protoplasma —, por organitos onde se realizam várias membrana que o separa do citoplasma envolvente.
funções e a molécula controladora dessas actividades — o ácido Entre as células eucarióticas animais e vegetais existem também
desoxirribonucleico (DNA). algumas diferenças: as células vegetais (adultas e diferenciadas) pos-
Todos os seres vivos que possuem células procarióticas são uni- suem cloroplastos e parede celular, que não existem nas células
celulares. Os seres vivos com células eucarióticas podem ser unice- animais, e têm vacúolos de grandes dimensões, enquanto as célu-

O texto informativo apresenta uma linguagem lulares ou multicelulares. las animais possuem vacúolos pequenos, têm lisossomas, centrío-
los e podem ter flagelos, raramente existentes nas células vegetais.

ACTIVIDADE
SÍNTESE DOS CONSTITUINTES CELULARES E DAS SUAS PRINCIPAIS FUNÇÕES

simples e clara, sem nunca perder o rigor científico. DIFERENÇAS ENTRE CÉLULAS PROCARIÓTICAS E CÉLULAS EUCARIÓTICAS

1. Observe com atenção a figura 13, que mostra as principais diferenças entre os diferentes tipos de células.
Constituintes celulares Descrição/Função
Célula
procariótica
Célula eucariótica
Animal Vegetal
Parede celular

Parede celular Membrana plasmática Região do nucleóide Envolve a célula, externamente

É complementado com fotografias ou ilustrações que A1 A2 (DNA)


Ribossomas
à membrana, e pode ter
composição diversa.
Confere rigidez, resistência
e protecção às células.
X X

Cápsula

facilitam a compreensão dos conteúdos. Pili


Flagelo
Membrana plasmática

Limite de todas as células,


é constituída, fundamentalmente,


Cromatina


B1 B2 Retículo RE Liso por lípidos e proteínas.


Nucléolo Núcleo X X X

Os conceitos fundamentais são resumidos na sec-


endoplasmático RE Rugoso
Membrana nuclear Confere compartimentação.
Mitocôndria Permite que haja trocas com
o meio extracelular.
Centrossoma
(2 centríolos) Ribossoma

Lisossoma

ção «A RETER», sob a forma de texto ou esquema.


Complexo de Golgi
Microvilosidades
Membrana plasmática Região da célula procariótica
Nucleóide

RE Liso onde se encontra o material




C1 C2 Cromatina X
RE Rugoso Nucléolo Núcleo genético controlador das funções
Mitocôndria
Membrana nuclear celulares.
Parede celular
Vacúolo
Ribossomas
central

Membrana plasmática
Parede da célula adjacente Limitado pela membrana
Núcleo

Cloroplasto Tonoplasto Complexo de Golgi nuclear, contém DNA — material


X X
genético controlador das funções
Fig. 13 Diferentes tipos de células (não se encontram representadas à escala). Microfotografia ao microscópio electrónico
das células.
(ME) de Escherichia coli a dividir-se (A1), e esquema de uma bactéria (A2); microfotografia de uma célula animal
ao MOC (B1) e esquema (B2); microfotografia ao MOC de uma célula vegetal (C1) e esquema (C2).

1.1 Enumere os constituintes das células A, B e C.


1.2 Refira duas diferenças entre a célula A e as células B e C.
Mitocôndria

Organito celular onde se realiza


1.3 Identifique uma semelhança: a respiração celular, que permite
X X
a) entre as células A e B; b) entre as células A e C. a obtenção da maior parte
da energia pela célula.
1.4 Refira três diferenças existentes entre as células B e C.

30 BIOLOGIA A vida e os seres vivos unidade 0 Diversidade na biosfera 31

2
872546 002-005_Apresentacao 28/2/07 11:40 Page 3

mesófilo mesophyll CAPILARIDADE ACTIVIDADE LABORATORIAL

TRANSPORTE NAS PLANTAS


Não se esqueça de:
Material • usar bata;

Páginas informativas
• respeitar as regras de
• 4 copos descartáveis. • 2 aipos completos (com folhas).
segurança do laboratório.
Fig. 19 Observação de fenómenos de • Bisturi. • 30 g de açúcar branco.
capilaridade. Quanto mais estreito • Lupa de mão. • Corante vermelho (vermelho neutro).
é o diâmetro do tubo, maior é a altura • Tina de vidro.
atingida pela água. • 2 conta-gotas.
• Papel de filtro.
São os fenómenos de coesão e de adesão que justificam a subida
• Etiquetas.
A RETER de água por capilaridade.
• Colher de sobremesa.

No desenvolvimento da unidade apresentam-se


A subida de água é inversamente proporcional ao diâmetro dos tubos.
São os fenómenos como a Nas plantas, a subida de água dá-se em células do xilema associadas Procedimento
tensão gerada por transpiração
em vasos de diâmetro muito estreito. Parte 1
nas folhas, a coesão entre as
moléculas de água e a adesão No entanto, a capilaridade por si só não explica a subida da água no 1 — Lave dois ramos de aipo, com folhas, e coloque-os numa tina de vidro, ao ar, durante dois dias.
destas às moléculas das xilema, sendo necessário que existam fenómenos de tensão. 2 — Ao fim dos dois dias, observe o aspecto dos ramos (rigidez/flacidez).

actividades que visam a aplicação dos conhecimentos paredes das células do xilema
que poderão explicar a subida
da seiva xilémica na maior
parte das plantas.
Pela Teoria da Tensão-coesão-adesão (Fig. 20), o movimento da
3 — Coloque 250 mL de água em dois copos.
4 — A um dos copos adicione o açúcar e dissolva-o
completamente, com o auxílio da colher.
água no xilema pode ser explicado da seguinte forma: 5 — Coloque etiquetas nos copos (A e B), de modo

adquiridos, actividades experimentais, curiosidades e o


a registar qual é o que tem água açucarada.
6 — Corte um pequeno fragmento da parte inferior
dos dois ramos de aipo.
Nos estomas, ocorre transpiração, A 7 — Deposite em cada um dos copos um ramo de
o que provoca tensão nas células.
aipo e deixe assim durante dois dias.

aprofundamento de alguns temas, promovendo o debate Como consequência, ocorre


movimento de água das células
8 — Dois dias depois, pressione os ramos e verifique
de novo o seu aspecto (rigidez/flacidez).
9 — Corte uma pequena rodela da parte superior
de cada ramo, de uma zona sem folhas,
vizinhas para o estoma. A Fig. 21 Aspecto dos dois ramos de aipo, após
e prove-a.

e facilitando a compreensão dos conteúdos.


dois dias.

Nota importante: É fundamental que o material utilizado seja descartável e utilizado pela primeira vez, e que
O movimento da água é prolongado
a montagem seja efectuada num local do laboratório afastado de qualquer fonte de possível contaminação e em
através das células do mesófilo, até B
se atingirem as células do xilema. condições de assepsia.

Os termos fundamentais são traduzidos para inglês, A tensão é transmitida ao longo


do xilema, o que provoca
Parte 2
1 — Coloque 250 mL de água e duas ou três gotas
de corante vermelho em dois copos descartáveis.
2 — Corte um pequeno fragmento da parte inferior
a subida de água. B
de outros dois ramos de aipo.

como forma de ajudar na realização de pesquisas e na As colunas de água mantêm-se


devido ao fenómeno de coesão entre
C
3 — Num dos aipos, deixe todas as folhas,
e, no outro, retire as folhas por completo.
4 — Coloque cada um dos ramos no respectivo
copo com água e corante.
as suas moléculas e devido

investigação a partir de outras fontes de informação. à adesão destas às paredes 5 — Deixe assim durante três dias, observando
das células xilémicas. e registando diariamente as alterações.
C 6 — No final, faça cortes finos da parte superior
de cada um dos ramos e observe-os à lupa.
As forças de tensão prolongam-se
para as células da raiz, e, Fig. 22 Montagem experimental.
como consequência, ocorre
a absorção radicular. Discussão
1 — A que atribui o sabor da rodela de aipo que provou na Parte 1 desta actividade?
Fig. 20 Movimento de água numa árvore. Fenómeno da transpiração (A); 2 — Discuta a importância das folhas no processo de transporte.
propriedades de coesão e adesão da água (B); absorção de água do solo (C). 3 — Interprete os resultados obtidos, de acordo com as teorias estudadas.

120 BIOLOGIA A vida e os seres vivos unidade 2 Distribuição da matéria 121

ACTIVIDADES
Conceitos/Palavras-chave Regulação nos seres vivos
Necessários Essenciais Complementares
1. Tendo em conta os conceitos/palavras-chave elabore um mapa de conceitos sobre o tema
• Sinapse • Homeostasia • Endotermia • Potencial «A regulação nervosa e hormonal nos animais».

Palavras-chave e síntese
• Nefrónio • Sistema • Ectotermia de membrana
• Filtração aberto/fechado • Retroalimentação • Potencial de acção 2. Observe a figura, que representa uma sinapse entre dois neurónios, e responda às questões.

• Reabsorção • Neurónio positiva/negativa • Despolarização 2.1 Seleccione o número da imagem que está
• Nervo • Vasodilatação • Repolarização associado a cada um dos constituintes
• Secreção
apresentados.
• Impulso nervoso • Vasoconstrição • Sudorese
A — Dendrite.
• Neurotransmissor • Hormona (ADH) • Tremores
B — Canal de cálcio.
• Termorregulação • Osmorregulação • Piloerecção
C — Neurotransmissor.

No fim de cada unidade, apresentam-se os termos • Factor limitante


• Homeotermia
• Poiquilotermia
• Osmorregulador
• Osmoconformante
• Factor limitante
• Amónia
• Ureia
• Ácido úrico
D — Vesícula sináptica.
E — Fenda sináptica.
F — Membrana pós-sináptica.
7

8
Na+
Ca++ 1
2
3
4

• Células-flamejantes
G — Membrana pré-sináptica. 9

mais importantes e uma síntese dos respectivos con-


5
H — Receptor do neurotransmissor.
• Glândulas de sal
2.2 Qual é a natureza da transmissão do 6
• Túbulos de Malpighi
impulso nervoso verificado nesta região?
2.3 Nas terminações do axónio existem muitas

teúdos. mitocôndrias. Tente encontrar uma


justificação para tal facto.
2.4 Após actuarem, os neurotransmissores são destruídos e os seus constituintes
reencaminhados para a célula de origem.

Actividades
Refira duas vantagens deste processo para o indivíduo.
Síntese de conhecimentos 2.5 Qual é o papel do Ca2⫹ durante a transmissão do impulso nervoso?

• A homeostasia permite que os seres vivos mantenham a composição do meio interno constante. 3. Considere os seguintes dados e responda às questões.
• O sistema nervoso é formado pelo tecido nervoso, constituído pelas células da glia e pelos neurónios, A — A acetilcolina é um neurotransmissor envolvido nas sinapses neuromusculares.
que apresentam as seguintes propriedades: excitabilidade e condutividade. B — O veneno curare impede a acção da acetilcolina sobre as células musculares.
• A propagação do impulso nervoso ao longo do axónio é de natureza electroquímica. C — Determinadas tribos de índios usam veneno curare para embeberem as setas que usam

As actividades iniciam-se com um diagrama de con- • A termorregulação permite manter a temperatura corporal dentro de parâmetros compatíveis com a vida. para caçar.
• Os animais que mantêm a temperatura corporal constante designam-se homeotérmicos, enquanto 3.1 Explicite a acção da acetilcolina sobre as células musculares.
os que sofrem variações de temperatura interna se designam poiquilotérmicos. 3.2 Explique a razão por que alguns animais, quando atingidos pelas setas índias, acabam
• Quando o calor interno de um animal se deve à actividade metabólica, este designa-se por endotérmico, por morrer.

ceitos, cujo grau de dificuldade aumenta progressiva-


quando o calor corporal provém do meio, este designa-se por ectotérmico.
• Nos animais endotérmicos, o controlo da temperatura é feito pelo hipotálamo. 4. Observe com atenção os gráficos e responda às questões.
• Em situações de aumento de temperatura, o hipotálamo estimula a vasodilatação e a sudorese,
+40

Potencial de Membrana (mV)


enquanto que com diminuição de temperatura estimula a vasoconstrição, a piloerecção e os tremores.

Grau de permeabilidade
mente ao longo do manual.
• Os mecanismos de osmorregulação permitem manter o equilíbrio da água e de solutos no organismo.

da membrana
0
• Os animais osmoconformantes possuem fluidos corporais com concentrações de solutos iguais à A B K+

da água onde habitam.


D
• Os animais osmorreguladores possuem fluidos corporais com concentrações de sais diferentes
da existente no meio. Na+

Os exercícios propostos, desenvolvidos a partir da


–60
0 0,5 1,0 1,5
• A concentração de solutos do meio actua como factor limitante. C TEMPO (ms)
TEMPO (ms)
• Os resíduos azotados têm de ser eliminados: na forma de amónia; de ureia; ou de ácido úrico.
4.1 Seleccione a letra do gráfico que corresponde a:
• Dependente do grupo de animais, a osmorregulação e a excreção são realizadas através de:
células-flamejantes; brânquias e rins; glândulas de sal; túbulos de Malpighi; rins. a) potencial de repouso;

exploração de fotografias e gráficos, entre outros, rela- • No nefrónio realiza-se a filtração, a reabsorção e a secreção.
• A permeabilidade do rim para a água é controlada pela hormona ADH (hormona antidiurética).
b) potencial de acção;
c) repolarização;
d) despolarização.

cionam diferentes conteúdos da unidade. 228 BIOLOGIA A vida e os seres vivos unidade 3 T r a n s f o r m a ç ã o e uutni li idzaadçeã o4 d eReengeurlga içaã o
p enl o s s e r e s v i v o s 229

CiênciaTecnologiaSociedadeAmbiente

E quando as proteínas das membranas estão «doentes»? Como é que um ser vivo resiste
As proteínas da membrana desempenham DOC. B — Fibrose cística às suas próprias enzimas digestivas?
um papel fundamental no transporte de subs- As enzimas são proteínas, produzidas pelas DOC. A

CTSA
Os doentes com fibrose cística apresentam
tâncias essenciais para a manutenção da vida células, especializadas em catalisar reacções
alterações nos aparelhos digestivo e respirató- As células gástricas do estômago produ-
da célula e do próprio indivíduo. Por vezes, químicas. Permitem que reacções que levariam
rio, apresentando má absorção de nutrientes, zem pepsinogénio e libertam-no. Em simultâ-
ocorrem malformações a este nível, verificando- muito tempo a ocorrer se desenrolem em curtos
baixo peso e infecções respiratórias frequentes. neo, outras células do estômago segregam ácido
-se situações de doença para os indivíduos que espaços de tempo. São específicas, só actuan-
Nos indivíduos normais, existem nas membra- clorídrico, o que faz baixar o pH do meio. Num
as possuem. Na espécie humana, existem algu- do sobre um determinado substrato ou grupo
nas das células dos epitélios proteínas transpor- meio com pH ácido, o pepsinogénio sofre uma
mas doenças que têm por base alterações de de substratos.
tadoras — canais iónicos do cloro. Nestes indiví- clivagem de 44 a.a. numa das suas porções ter-
algumas proteínas das membranas. Como
duos, os canais iónicos abrem deixando sair C‘⫺, Na digestão, as enzimas desempenham um minais. Deste modo torna-se activo e passa a
exemplo, temos a hipercolesterolemia familiar

Nestas páginas, são propostas actividades de explo- (FH) e a fibrose cística.


Analise os documentos A e B e responda
às questões.
o que obriga a água a sair por osmose. Deste
modo, produzem-se mucos fluidos que arras-
tam consigo partículas e bactérias. Uma altera-
ção num único a.a. é suficiente para alterar os
papel fundamental, permitindo que as macro-
moléculas que constituem os alimentos sejam
transformadas em monómeros que, por serem
pequenos, podem ser absorvidos.
designar-se por pepsina. A formação da pepsina
estimula outros pepsinogénios a transformarem-
-se em pepsina. Este processo denomina-se
autocatálise.
canais iónicos do cloro. Assim, o C‘⫺ tem dificul-

ração e discussão de documentos que evidenciam a


DOC. A — Hipercolesterolemia familiar Sendo as enzimas capazes da degradação
dade em sair, a água não o segue, forma-se DOC. B
das moléculas, por que razão não o fazem com as
A FH é uma doença que se diagnostica por um muco espesso, incapaz de arrastar poeiras moléculas das próprias células que as produzem? O pâncreas produz várias enzimas, entre as
níveis elevados de colesterol no sangue. Esta é e microrganismos, originando frequentemente
Será que as enzimas «reconhecem» e «res- quais o tripsinogénio (protease inactiva). Este é
uma doença hereditária e os seus portadores infecções.
peitam» as células que as produzem? Ou será libertado para o duodeno, onde uma outra enzi-

importância do desenvolvimento da Ciência e da tec-


desenvolvem com frequência, e precocemente, PURVES; ORIANS; HELLER; SADAVA —
que a célula é «cautelosa» e se «previne» con- ma, enteroquinase, produzida pelas células do
doenças cardíacas, muitas vezes mortais, antes Life — The Science of Biology, 2004 (adaptado)
tra esta eventualidade? duodeno, catalisa a reacção de transformação
de atingirem os 45 anos. Os doentes com FH
de tripsinogénio em tripsina. A formação da
possuem toda a maquinaria enzimática neces- Para encontrar uma resposta a esta ques-
tripsina estimula a transformação de mais tripsi-
sária à transformação do colesterol em substân- tão, analise os documentos que se seguem,

nologia, no dia-a-dia, na sociedade e no Ambiente. cias utilizáveis pela célula: não conseguem,
contudo, fazer entrar o colesterol dentro das célu-
las que o metabolizam, nomeadamente nas
Cl-
H2O
Cl-
H2O
referentes a enzimas, concretamente de protea-
ses envolvidas na digestão humana — a pepsina
e a tripsina.
nogénio em tripsina (autocatálise).
Só na forma de tripsina a enzima é capaz
de degradar as proteínas dos alimentos em ami-
noácidos, que o intestino consegue absorver.
células do fígado. O colesterol movimenta-se na
Cl-
corrente sanguínea ligado a uma lipoproteína de H2O PURVES; ORIANS; HELLER; SADAVA —
baixa densidade, a LDL. Quando estas chegam Life — The Science of Biology, 2004 (adaptado)
muco espesso muco fluido
canal iónico
às células do fígado, a LDL, carregando o coles- de cloro A
célula produtora
terol, liga-se a receptores específicos da mem- de ácido clorídrico

brana plasmática das células do fígado, e por


endocitose introduz-se dentro do citoplasma
HCl
destas. Os doentes de FH possuem estes recep- - Cl
- io
Cl
H2O H2O pepsina (enzima activa) én
tores alterados (dos 840 a.a., apenas um é dife- pH
og
p e p si n

ácido
rente dos de uma proteína receptora normal), pepsinogénio centro
activo
perdendo a especificidade para a LDL, o que
pep

impede a entrada de colesterol na célula e a sua


sin

a
muco espesso muco muito espesso
posterior acumulação no sangue. B
HCl
Fig. 2 Célula epitelial normal (A) e célula de um
indivíduo com fibrose cística (B). sequência retirada

célula produtora
de enzimas
ACTIVIDADES
A B
Fig. 3 Processo de activação do pepsinogénio em pepsina.
receptor
LDL
de LDL 1. Em que medida os factos descritos nos documentos
A e B justificam a importância da manutenção ACTIVIDADES
da estrutura das proteínas para o bom desempenho
das suas funções?
LDL no sangue 1. Depois de analisados os documentos, indique quais são as estratégias que os seres vivos utilizam para
2. Que mecanismos de transportes de substâncias para preservar as suas células das enzimas por si produzidas.
Fig. 1 Célula de fígado normal (A) e célula de um
a célula são referidos nos documentos A e B?
doente com hipercolesterolemia. 2. Se os seres vivos não tivessem desenvolvido estas estratégias, que consequências poderiam sofrer?

102 BIOLOGIA A vida e os seres vivos u nu indi adda ed e2 1D i sOt rbi tbeuni ç ã o d e
a matéria 103

CIÊNCIA NO DIA-A-DIA
Brilho de lábios Cárie dentária
A tabela que se segue contém duas receitas diferentes para a elaboração caseira de produtos As bactérias que habitam na nossa boca são as causadoras das cáries dentárias. As cáries
de cosmética. começaram a ser um problema desde que a expansão do cultivo da cana-de-açúcar, no século XVIII,

Ciência no dia-a-dia
O bâton é mais duro que o lip gloss, o qual é brando e cremoso. fomentou o consumo de açúcar.
Dentes
Hoje em dia, sabemos muito sobre as
cáries. Por exemplo:
• As bactérias causadoras das cáries
alimentam-se de açúcar. 2
LIP GLOSS BÂTON
• O açúcar transforma-se em ácidos. 1
Ingredientes: Ingredientes: • Os ácidos atacam a superfície dentária. 3
5 g de óleo de rícino 5 g de óleo de rícino • Escovar os dentes contribui para

Situações onde poderá verificar, uma vez mais, que 0,2 g de cera de abelha
0,2 g de cera de palma
1 colher de café de corante
1 g de cera de abelha
1 g de cera de palma
1 colher de café de corante
prevenir a formação de cáries. 1 — Açúcar
2 — Ácido
3 — Minerais do
1 gota de aroma alimentar 1 gota de aroma alimentar 1. esmalte protector
do dente

a Biologia é fundamental no quotidiano (exercícios adap- Instruções: Instruções: Que papel desempenham as bactérias no aparecimento das cáries dentárias?
Aquecer o azeite e as ceras em Aquecer o azeite e as ceras em A — As bactérias produzem esmalte. C — As bactérias produzem minerais.
banho-maria até obter uma mistura banho-maria até obter uma mistura B — As bactérias produzem açúcar. D — As bactérias produzem ácidos.
homogénea. Adicionar o corante homogénea. Adicionar o corante
e o aroma, misturando bem. e o aroma, misturando bem. 2.
tados do PISA — Programa de Avaliação Internacional O gráfico da figura mostra o consumo de açúcar e a quantidade de cáries em diversos países.
Cada país aparece representado no gráfico por um ponto.
Qual das seguintes afirmações está de acordo com os dados do gráfico?
1. A — Nalguns países, as pessoas

de Alunos). Para fabricar os bâtons e os lip gloss, misturam-se azeites e ceras e adiciona-se corante e aroma.
O bâton que se obtém com esta receita é duro e de difícil uso. Que modificações introduziria
escovam os dentes com
mais frequência do que
10

9
Percentagem média de número de cáries

nas proporções dos ingredientes, de modo a obter um bâton mais macio? noutros.
8
por pessoa nos distintos países

B — Quanto mais açúcar for


2. consumido, maiores são as 7

Os óleos e as ceras são substâncias que se misturam bem entre si. Contudo, os óleos não se probabilidades de ter 6
misturam com a água e as ceras não são solúveis na água. cáries. 5
O que é provável que aconteça ao verter-se uma grande quantidade de água na mistura do lip C — Nos últimos anos, a taxa
4
gloss, quando esta está a ser aquecida? de cáries aumentou
A — Obtém-se uma mistura mais macia e cremosa. em muitos países. 3

B — A mistura adquirirá maior consistência. D — Nos últimos anos, 2

C — A mistura apenas sofrerá modificações. o consumo de açúcar


1
D — Grumos grossos da mistura flutuarão na água. aumentou em muitos
países. 20 40 60 80 100 120 140

3. Percentagem média de consumo de açúcar


(gramas por pessoa/dia)
Adicionando substâncias denominadas emulsionantes consegue-se que os óleos e as ceras
se misturem bem com a água.
Porque se pode retirar o bâton com água e sabão? 3.
A — A água contém uma substância emulsionante que permite que o sabão e o bâton se misturem. Um determinado país tem uma elevada percentagem de pessoas com cáries.
B — O sabão funciona como emulsionante, permitindo que a água e o bâton se misturem. Pode-se responder às seguintes perguntas sobre as cáries nesse país recorrendo a experiências.
C — Os emulsionantes contidos no bâton permitem que a água e o sabão se misturem. Responda com um «sim» ou «não» a cada uma das perguntas.
D — O sabão e o bâton combinam-se para formar uma substância emulsionante que se mistura
com a água. PODE-SE RESPONDER A ESTA PERGUNTA RECORRENDO A EXPERIÊNCIAS?
Que efeito terá sobre as cáries adicionar flúor na água do consumo?
Qual deverá ser o custo de uma visita ao dentista?

248 BIOLOGIA A vida e os seres vivos unidade 4 Regulação nos seres vivos 249

3
872546 002-005_Apresentacao 28/2/07 11:41 Page 4

ÍNDICE

BIOLOGIA
A vida e os seres vivos

unidade 0 Diversidade na biosfera p. 8

0 1 A biosfera p. 12
0 1 1 Diversidade p. 12
0 1 2 Organização p. 14
0 1 3 Extinção e conservação p. 17

ACTIVIDADES p. 22
0 2 A célula p. 24
0 2 1 Unidade estrutural e funcional p. 24
0 2 2 Constituintes básicos p. 32

ACTIVIDADES p. 49

CTSA p. 52

unidade 1 Obtenção de matéria p. 54

1 1 Obtenção de energia
pelos seres heterotróficos p. 58
1 1 1 Unicelularidade versus pluricelularidade p. 58
1 1 2 Ingestão, digestão e absorção p. 76
ACTIVIDADES p. 80
1 2 Obtenção de matéria pelos seres
autotróficos p. 84

1 2 1 Fotossíntese p. 84
1 2 2 Quimiossíntese p. 98

ACTIVIDADES p. 100

CTSA p. 102

4
872546 002-005_Apresentacao 28/2/07 11:41 Page 5

unidade 2 Distribuição da matéria p. 104

2 1 O transporte nas plantas p. 108


2 1 1 Transporte no xilema p. 114
2 1 2 Transporte no floema p. 122

ACTIVIDADES p. 128
2 2 O transporte nos animais p. 132
2 2 1 Sistemas de transporte p. 134
2 2 2 Fluidos circulantes p. 143

ACTIVIDADES p. 146

CTSA p. 148

Transformação e utilização
unidade 3 de energia pelos seres vivos p. 148

3 1 Fermentação p. 159
3 2 Respiração aeróbia p. 162
ACTIVIDADES p. 171
3 3 Trocas gasosas em seres
multicelulares p. 174

3 3 1 Trocas gasosas nas plantas p. 177


3 3 2 Trocas gasosas nos animais p. 181

ACTIVIDADES p. 190

CTSA p. 192

unidade 4 Regulação nos seres vivos p. 194

4 1 Regulação nervosa
e hormonal nos animais p. 198

4 1 1 Termorregulação p. 208
4 1 2 Osmorregulação p. 214

ACTIVIDADES p. 229
4 2 Hormonas vegetais p. 232
ACTIVIDADES p. 243

CTSA p. 244

CIÊNCIAS NO DIA-A-DIA p. 246

GLOSSÁRIO p. 250

BIBLIOGRAFIA p. 254

5
Unidade0_P006-023 28/2/07 10:43 Page 6
Unidade0_P006-023 28/2/07 10:43 Page 7

BIOLOGIA
A vida e os seres vivos

O que acontece às dinâmicas que existem num


ecossistema quando este é sujeito a alterações?
Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 8

unidade 0

8 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 9

Diversidade na biosfera

0 1 A biosfera 12

0 2 A célula 24
Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 10

unidade 0 Diversidade na biosfera


A

B
Será que existem interligações
entre os seres vivos deste
ecossistema?

C D

Qual é a vantagem de se utilizarem microscópios?

E F G

O que existe de comum entre estas células?

O QUE JÁ SABE, OU NÃO...

1. Classifique as seguintes afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F).


A — A extinção de uma espécie não constitui problema para o nosso planeta.
B — Na Natureza, os seres vivos não estabelecem apenas relações alimentares entre si.
C — Os seres vivos distribuem-se pelos Reinos Animal e Vegetal.
D — Dois indivíduos com características semelhantes pertencem certamente à mesma espécie.
E — Os conhecimentos actuais da Biologia só são possíveis graças ao avanço da tecnologia.
F — Todas as células do mesmo indivíduo são iguais.
G — Todos os seres vivos são constituídos por uma ou mais células.
H — Todas as células vivas têm um núcleo.
I — O DNA é o núcleo das células.
J — Os elementos químicos que constituem os seres vivos são diferentes daqueles que aparecem
no mundo inanimado.

10 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 11

INTRODUÇÃO

A Terra é o único planeta, conhecido até à data, onde existe vida. Determinados facto-
res, como uma temperatura amena e a presença de atmosfera e de água no estado líquido,
permitiram que a vida surgisse no nosso planeta e que aqui se tivesse fixado e espalhado
por toda a sua superfície.
Podemos encontrar seres vivos não só na zona superficial da Terra, mas também nas
zonas mais profundas dos oceanos, a cerca de 11 km de profundidade, nos locais corres-
pondentes às fossas abissais, e ainda na atmosfera, até aproximadamente 10 km de altitude.

Ao conjunto de todos os locais da Terra onde é possível encontrar vida, aos


organismos que aí habitam e às inter-relações que se estabelecem entre seres
vivos e entre estes e o meio dá-se o nome de biosfera (Fig. 1).

A B C

D E

Fig. 1 Exemplos de ecossistemas terrestres: recife de coral (A); deserto (B); floresta (C); Antárctida (D); savana (E).

unidade 0 Diversidade na biosfera 11


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 12

biodiversidade biodiversity 0 1 A biosfera

0 1 1 Diversidade

CURIOSIDADE ACTIVIDADE
Sabia que cerca de 80 % das espé-
cies registadas no Reino Animal VIDA NA TERRA
são de insectos? Os escaravelhos
1. Analise as imagens da página anterior e responda às questões
representam cerca de 350 mil es-
pécies e as borboletas e traças cer- seguintes.
ca de 150 mil. 1.1 Em qual(quais) dos locais representados existe:
a) menor diversidade de seres vivos?
b) maior diversidade de seres vivos?
1.2 Que causas podem explicar a heterogeneidade da
distribuição dos seres vivos na Terra?
1.3 Comente a seguinte afirmação: «Mesmo em ambientes
muito inóspitos, haverá sempre seres vivos capazes
de neles habitarem.»

A vida terá surgido na Terra há cerca de 3500 milhões de anos.


Inicialmente de forma muito simples e pouco diversificada, cedo
foi adquirindo novos graus de complexidade e de variabilidade. Se
os primeiros seres vivos da Terra eram exclusivamente unicelula-
res (constituídos por uma única célula), hoje coabitam com estes,
seres multicelulares — constituídos por várias células que podem
estar organizadas em tecidos diferenciados.
A RETER
Os seres vivos distribuem-se, ainda que de forma heterogénea, por
A grande variedade de formas toda a superfície do planeta, apresentando diferentes dimensões, mor-
de vida existentes na Terra
designa-se por biodiversidade.
fologias e modos de nutrição. É a esta multiplicidade de formas de vida
que se atribui o termo biodiversidade (diversidade dos seres vivos).

ACTIVIDADE

DIVERSIDADE DE SERES VIVOS

1. As imagens representam diferentes seres vivos. Analise-as e responda às questões sugeridas.

A B C D E F

Fig. 2 A — Bactéria; B — Girassol; C — Paramécia; D — Cogumelo; E — Águia; F — Centopeia.

1.1 Refira a principal diferença entre os seres vivos representados em:


a) A e C; b) C e F; c) B e D; d) D e E; e) E e F.
1.2 Refira as características comuns entre os seres vivos representados em:
a) A e E; b) C e F; c) B e D.
1.3 Organize os seres vivos das figuras em grupos. Defina inicialmente os critérios utilizados
e partilhe-os com a turma.

12 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 13

Dentro da grande diversidade de seres vivos, existem alguns espécie species


com características comuns, capazes de se reproduzirem entre si,
originando descendentes férteis. Os seres vivos com estas caracte-
rísticas pertencem todos a uma mesma espécie. Actualmente, estima-
-se que existam na Terra cerca de 30 milhões de espécies diferentes.
Por uma questão prática, desde sempre o Homem optou por divi-
dir os seres vivos em grupos, utilizando critérios muito diversos. Hoje
em dia, os biólogos tendem a organizar os seres vivos em diferentes
categorias, atendendo à sua história; isto é, às suas relações de paren-
tesco, tentando integrar num mesmo grupo indivíduos com um A RETER
mesmo antepassado comum, o que muitas vezes, mas nem sempre, se
Pertencem à mesma espécie
reflecte em características morfológicas e fisiológicas semelhantes. os indivíduos semelhantes entre
Existem vários sistemas de classificação dos seres vivos. O mais si que conseguem reproduzir-se
e originar descendentes férteis
actual divide os seres vivos em três Domínios: Bactéria, Archaea e com as mesmas características.
Eukarya, subdivididos em seis Reinos (Fig. 3).

REINOS

Bactéria Protista Fungi

Archaea Animalia Plantae

Archaea Eukarya
(procariontes) (eucariontes)
Bactéria
(procariontes) DOMÍNIOS

CURIOSIDADE
A Península Ibérica é um local pri-
Organismos vilegiado em biodiversidade: além
ancestrais
das espécies endémicas, habitam
Fig. 3 Árvore da vida, elaborada segundo o sistema de classificação que divide os seres aqui cerca de 40 % das espécies
vivos em três Domínios. presentes no continente europeu.

unidade 0 Diversidade na biosfera 13


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 14

0 1 2 Organização

Os sistemas biológicos reflectem uma organização hierárquica,


formada por unidades, ordenadas desde as mais elementares até às
mais complexas. Estas unidades são: célula, tecido, órgão, sistema
de órgãos, organismo, população, comunidade, ecossistema e biosfera
(Fig. 4).

A B C

E D

F G H

L J I

Fig. 4 Possível organização no mundo vivo. Os átomos e as moléculas combinam-se para dar origem às células — estas são
os sistemas vivos mais simples.

14 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 15

ACTIVIDADE organismo organism


biosfera biosphere
ORGANIZAÇÃO DO MUNDO VIVO átomo atom
célula cell
1. Analise atentamente a figura da página anterior e responda às
questões. molécula molecule

1.1 Atribua a cada um dos termos e respectivos significados sistema de órgãos organ system
uma das letras da figura 4. comunidade community

I. Organismo — Ser vivo, apresenta individualidade órgão organ


relativamente ao meio externo. tecido tissue
II. Biosfera — Conjunto de todos os seres vivos da Terra ecossistema ecosystem
e locais por eles habitados. população population
III. Átomo — Unidade constituinte de toda a matéria.
factores abióticos abiotic components
IV. Célula — Unidade básica de constituição dos seres
factores bióticos biotic components
vivos.
V. Molécula — Associações compatíveis
de determinados átomos.
VI. Sistema de órgãos — Conjunto de órgãos
que desempenham uma determinada função
no organismo.
VII. Comunidade — Conjunto de diferentes populações
que partilham o mesmo local.
VIII. Órgão — Formado por diferentes tecidos com uma
função comum.
IX. Tecido — Conjunto de várias células, com funções
semelhantes e coordenadas.
X. Ecossistema — Formado por seres vivos de várias
espécies, que habitam num dado local e estabelecem
relações entre si e com o meio.
XI. População — Organismos da mesma espécie
que habitam no mesmo local.
1.2 Das unidades anteriormente referidas, indique aquela(s)
que:
a) não é(são) exclusiva(s) dos seres vivos;
b) não é (são) constituída(s) exclusivamente por uma
componente biótica;
c) não pode(m) ser atribuída(s) a seres constituídos por
uma única célula.

Dentro de um ecossistema, os seres vivos estão condicionados


por diferentes factores. Estes podem ser de natureza abiótica (fac-
tores abióticos) ou de natureza biótica (factores bióticos).
A vida de um ser vivo depende não só dos factores abióticos,
nomeadamente da temperatura, da luminosidade, da humidade e
das características do solo, mas também de factores bióticos. De A RETER

facto, a vida de uma população — conjunto de indivíduos da Existe uma organização


mesma espécie, existentes no mesmo local — depende das relações no mundo vivo que vai desde
o átomo até à biosfera.
que esta consegue estabelecer no seu seio, bem como das que man-
tém com as outras populações, que constituem a comunidade, do
ecossistema.

unidade 0 Diversidade na biosfera 15


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 16

cadeia alimentar food chain Das relações bióticas fazem parte as relações alimentares (Fig. 5),
produtor primary producer que interligam todos os seres do ecossistema, através de complica-
macroconsumidor consumer das teias alimentares, onde se podem isolar várias cadeias alimen-
microconsumidor decomposer tares.
Numa cadeia alimentar, os seres vivos desempenham um de
três papéis:
• Produtores, seres autotróficos, capazes de produzir alimento,
sintetizando matéria orgânica a partir da matéria inorgânica.
São exemplo de seres produtores as plantas, as algas e algu-
mas bactérias;
• Macroconsumidores, seres heterotróficos, que sendo inca-
pazes de sintetizar matéria orgânica, têm de se alimentar de
matéria já elaborada, consumindo directamente os produto-
res (herbívoros) ou outros macroconsumidores (carnívoros).
São exemplo de macroconsumidores os animais e os proto-
zoários;
• Microconsumidores, vulgarmente designados por decom-
positores, conseguem transformar matéria orgânica em maté-
ria inorgânica, devolvendo ao meio substâncias minerais,
essenciais para que os produtores renovem as cadeias ali-
mentares. São exemplo de microconsumidores a maioria das
bactérias e os fungos.
Cada população representa um elo de uma cadeia alimentar. As
alterações numéricas numa determinada população reflectem-se
nos restantes elos da cadeia alimentar, provocando desequilíbrio nos
ecossistemas.

CURIOSIDADE
Todas as espécies são interdepen-
dentes — a perda de uma espécie
C
pode ter consequências inimagi-
náveis sobre os outros membros
da comunidade; é o caso da ave
dodó, extinta no séc. XVIII, que se
alimentava de sementes de uma
árvore, a calvária, actualmente tam-
bém em risco de desaparecer.
A semente desta árvore só conse-
guia germinar depois de o dodó se
alimentar do seu fruto e de «gas- Fig. 5 Relações alimentares entre seres vivos do mesmo ecossistema. Os produtores (A)
tar» a casca grossa da semente. fabricam matéria orgânica por meio de processos de fotossíntese. Esta matéria
Hoje existem apenas treze exem- é, depois, transferida para os macroconsumidores (B). Os microconsumidores (C)
plares da árvore calvária. transformam matéria orgânica dos animais mortos e dos restos de plantas
em matéria inorgânica, que fica de novo disponível para os produtores.

16 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 17

0 1 3 Conservação e extinção

A análise da história da vida na Terra demonstra que esta tem


sofrido grandes alterações, que podem ser caracterizadas por:
• aumento progressivo da complexidade e diversidade dos seres
vivos;
• extinções em massa, pontuais, de algumas formas de vida.

ACTIVIDADE

HISTÓRIA DA VIDA NA TERRA/EXTINÇÕES EM MASSA

1. Analise a figura e responda às questões sugeridas.

Extin Extin
Extin
em m ção em m ção
em m ção assa Extin assa
assa
700 em m ção

Número de famílias de espécies existentes


assa
600

500

400

300

Trilobites 200

100 milhões de anos atrás

Dinossauros

Amonites

Peixes
Mamíferos
Corais
Crinóides
Fig. 6 História da vida na Terra — extinções em massa.

1.1 Identifique os seres vivos que tenham sido vítimas de extinções em massa.
1.2 Enumere algumas causas que, na sua opinião, poderão ter contribuído para a extinção destes seres
vivos.
1.3 Leia com atenção a frase seguinte: «Actualmente, a extinção das espécies é um tema preocupante
para a comunidade científica.»
1.3.1 Qual é a diferença significativa entre as extinções actuais e as do passado?
1.3.2 Refira algumas consequências da extinção das espécies para a Humanidade.

unidade 0 Diversidade na biosfera 17


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 18

Presentemente, a extinção das espécies não é apenas um fenóme-


no natural, mas também um fenómeno provocado directa ou indi-
rectamente pelo Homem.
De facto, a acção humana tem contribuído bastante para a dimi-
nuição do número de representantes de algumas espécies, tendo
colocado algumas em risco de se extinguirem e levado mesmo outras
à extinção completa.

Actualmente, quais são as causas


CURIOSIDADE da extinção das espécies?
Sabia que há 50 anos quase meta-
de da terra firme estava coberta
por florestas e que hoje as flores- As causas actuais de risco de extinção são diversificadas mas
tas apenas cobrem 26 %? incluem, na sua maioria, a acção directa ou indirecta do Homem.
São causas de risco de extinção de espécies (Fig. 7):
• a destruição dos diferentes habitats, devido a diversos fenó-
menos, designadamente: desflorestação, construção de estra-
das, fogos, turismo intensivo e poluição;
• a introdução de novas espécies em deter-
2%
minados habitats. Estas novas espécies
poderão ser parasitas, predadores, ou
23%
entrar em competição com as espécies
39%
endémicas, alterando o seu equilíbrio;
• a procura excessiva de determinadas espé-
36%
cies, através da caça e da pesca. Esta pro-
cura poderá ser motivada por fins alimenta-
res, para vestuário, ou apenas para peças
de adorno;
Destruição do habitat
Caça e pesca
• as alterações das condições ambientais
Introdução de novas espécies provocadas por agentes poluentes, como,
Outras por exemplo, as chuvas ácidas e o aqueci-
Fig. 7 Principais causas da extinção das espécies. mento global.

Quais são as consequências, para a Humanidade,


da extinção das espécies?

As consequências, para a Humanidade e para todo o planeta,


são:
• perda de biodiversidade (que conduz a uma menor capaci-
dade de resposta às alterações do meio);
• alterações nas paisagens;
• mudanças no equilíbrio dos ecossistemas;
• possíveis alterações ao nível da regulação dos ciclos da maté-
ria (carbono, azoto, oxigénio e água);
• possíveis alterações na qualidade dos solos;
• diminuição no fornecimento de alimentos (por exemplo,
pescado) e matéria-prima para a produção de diversos bens,
nomeadamente, medicamentos.

18 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 006-023_U0 30/5/07 16:45 Page 19

PESQUISAR E DIVULGAR
De que modo poderá o Homem contribuir
para a conservação das espécies actuais? Investigue as espécies nacionais
que se extinguiram ou que
se encontram ameaçadas
Estando o Homem consciente das graves consequências resul- de extinção. Determine os
tantes da extinção das espécies, deverá actuar no sentido da conser- comportamentos humanos que
vação da biodiversidade. Esta acção poderá ser concretizada: estiveram na base do problema.

• anulando, diminuindo ou controlando as causas que provo- Sugestão de alguns sites:


cam a extinção das espécies; • http://www.icn.pt
• criando locais onde a actividade humana seja anulada ou • http://www.quercus.pt
pelo menos controlada, nomeadamente áreas protegidas, • http://europa.eu.int/comm/
parques e reservas naturais ou integrais. environment

SAÍDA DE CAMPO

DIVERSIDADE
A
Objectivos
• Reconhecer a diversidade de seres vivos existentes nos ambientes
estudados.
• Relacionar os seres vivos com os factores abióticos dos ambientes
em estudo.
• Recolher fotografias e/ou exemplares vivos nos ambientes em estudo.
• Identificar os seres vivos observados.
Ammophila arenaria — estorno.
• Sensibilizar para a conservação da Natureza.

A. Ecossistema terrestre: dunas B

O ecossistema dunar é um ecossistema muito frágil, que devemos,


por isso, respeitar, uma vez que é da nossa responsabilidade a sua
preservação:
• não pise os seres vivos que encontrar;
• não recolha exemplares vivos;
• não deixe lixo no chão;
• deixe o ambiente tal como o encontrou. Artemisia crithmifolia — madorneira.

Material
C
• Máquina fotográfica.
• Caderno de apontamentos.
• Lápis.
• Lupa de mão.
• Binóculos.

Tarefas a realizar
Pedipaper fotográfico — as espécies vegetais das dunas.
1 — Esquematize numa folha A4 um corte transversal das dunas,
identificando: duna primária, duna secundária e depressão
entre dunas (consulte o seu professor ou bibliografia adequada).
2 — Observe, com atenção, a vegetação das dunas. Fotografe
as diferentes espécies.
3 — Identifique as espécies encontradas.
4 — Observe os animais das dunas (sobre as plantas e sobre a areia)
e os seus vestígios (pegadas, excrementos, penas, pêlos).
Fotografe as diferentes espécies.

Artemisia campestris — madorneira.

unidade 0 Diversidade na biosfera 19


872546 006-023_U0 5/3/07 18:19 Page 20

D E F G

Calystegia soldanella Eryngium maritimum Juniperus phoenica Otanthus maritimus


— couve marinha. — cardo marítimo. — sabina da praia. — cordeiros-do-mar.

H I J

Pancratium maritimum — cebola Cakile marítima — eruca marítima. Euphorbia paralias L.


da praia ou narciso das areias. — morganheira-das-praias.

Trabalho final
Organize as fotografias e elabore um póster ou exposição, pedindo a colaboração do seu professor
de TIC. Divulgue-o à comunidade escolar.

B. Ecossistema aquático: riacho, ribeiro ou lago

Relembre os princípios de preservação dos ecossistemas.

Material
• Máquina fotográfica.
• Caderno de apontamentos.
• Lápis.
• Lupa de mão.
• Binóculos.
• Frascos de vidro.
• Sensores para determinação da temperatura, pH, luminosidade e oxigénio dissolvido.

Tarefas a realizar
1 — Seleccione, em pontos distintos, as estações de amostragem que o seu professor considerar
suficientes.
2 — Caracterize, de forma global, cada estação.
3 — Determine os valores dos factores abióticos, em cada estação de amostragem, com o auxílio
dos sensores.
4 — Recolha água e plantas aquáticas com o objectivo de as deixar posteriormente em infusão.

Tarefas a executar no laboratório


1 — Adicione a água às plantas aquáticas recolhidas, dentro de um cristalizador, num local iluminado,
mas sem expor as plantas directamente à luz solar.
2 — Deixe em repouso durante oito a dez dias*.

*Nota: Este material será posteriormente utilizado na actividade laboratorial 3.

20 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P006-023 28/2/07 13:53 Page 21

Conceitos/Palavras-chave

Necessários Essenciais Complementares

• Factores abióticos • Biosfera • Produtor


• Factores bióticos • Ecossistema • Macroconsumidor
• Comunidade • Microconsumidor
• População
• Espécie
• Organismo
• Sistema de órgãos
• Órgão
• Tecido
• Ser unicelular
• Ser multicelular
• Diversidade
• Extinção
• Conservação

Síntese de conhecimentos

• A Terra é um planeta com vida. A biosfera designa todos os seres vivos da Terra, todos
os locais por eles habitados e as inter-relações que se estabelecem entre os seres vivos
e entre estes e o meio.
• Os seres vivos são muito distintos uns dos outros, existindo grande biodiversidade.
• A célula é o sistema biológico mais simples, e resulta da organização de diferentes
átomos e moléculas.
• Os sistemas biológicos estão organizados em unidades ordenadas. Da mais simples
para a mais complexa: célula, tecido, órgão, sistema de órgãos, organismo, população,
comunidade, ecossistema e biosfera.
• Os seres vivos estabelecem relações com o meio — relações abióticas — e entre si —
relações bióticas. As relações alimentares são exemplo de relações bióticas.
• Numa cadeia alimentar existem:
— produtores;
— macroconsumidores;
— microconsumidores.
• A extinção das espécies tem vindo a aumentar e é cada vez mais da responsabilidade
do Homem.
• A conservação das espécies é a única forma de preservar a biodiversidade.

unidade 0 Diversidade na biosfera 21


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 22

ACTIVIDADES

Diversidade na biosfera
1. Complete o mapa de conceitos relativos aos conteúdos desta subunidade.

BIOSFERA

apresenta está sofre ameaças de

Organizada
Diversidade A
hierarquicamente
em pelo que
é necessário

B Conservação
constituídos por

estabelecem
C Comunidades dentro de si
Relações bióticas
exemplo constituídas por exemplo

Humidade D E

F constituídas por organizadas em

G
Organismos Cadeias
alimentares
constituídos por
Solo de onde fazem
H parte

constituídos por

I J Macroconsumidores L

constituídos por exemplo exemplo exemplo

M Plantas N O

constituídos por

constituídas por

constituídas por

Átomos

2. De entre as opções que se seguem, escolha a que representa um termo que englobe todos os outros.
A — Ecossistema. B — População. C — Comunidade. D — Célula.

3. Seleccione a opção que representa um termo que faça parte integrante de todos os outros.
A — Célula. B — Ecossistema. C — População. D — Indivíduo.

4. Sequencie as unidades de organização hierárquica dos seres vivos, da mais simples à mais complexa.
A — Ecossistema. B — População. C — Comunidade. D — Átomo. E — Célula.

5. Dos termos que se seguem, seleccione aquele que, além de contemplar uma componente viva,
integra também uma componente não-viva.
A — Espécie. B — Ecossistema. C — População. D — Molécula.

22 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P006-023 28/2/07 10:44 Page 23

6. Seleccione a opção que permite preencher os espaços, de modo a obter uma afirmação correcta.
«Todos os seres vivos são constituídos por mas nem todos apresentam .»
A — moléculas […] células C — populações […] células
B — células […] órgãos D — células […] moléculas

7. Seleccione a alternativa que classifica correctamente as afirmações seguintes.

I. A biosfera é o local da Terra onde existe vida.


II. O termo biodiversidade explicita a grande variedade de seres vivos multicelulares da Terra.
III. As classificações mais actuais dividem os seres vivos em três Domínios.

A — As afirmações I e II são falsas; a afirmação III é verdadeira.


B — A afirmação I é falsa; as afirmações II e III são verdadeiras.
C — As afirmações I e III são verdadeiras; a afirmação II é falsa.
D — As afirmações I e III são falsas; a afirmação II é verdadeira.

8. Classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmações seguintes, que se referem
a uma população.
A — Os seres vivos da mesma população partilham o mesmo espaço.
B — Os seres vivos da população pertencem a espécies diferentes.
C — Os seres vivos da mesma população não podem reproduzir-se entre si.
D — A unidade hierárquica imediatamente superior à população é o ecossistema.
E — Uma população pode ser constituída por seres unicelulares da mesma espécie.

9. Seleccione a opção que classifica correctamente as afirmações seguintes.

I. Os produtores transformam matéria inorgânica em matéria orgânica.


II. Os microconsumidores transformam matéria orgânica em matéria inorgânica.
III. Os macroconsumidores transformam matéria orgânica em matéria inorgânica.

A — Todas as afirmações são verdadeiras.


B — A afirmação I é verdadeira; as afirmações II e III são falsas.
C — As afirmações I e III são verdadeiras; a afirmação II é falsa.
D — As afirmações I e II são verdadeiras; a afirmação III é falsa.

10. Refira três causas prováveis da extinção das espécies.

11. Enumere dois comportamentos que a Humanidade pode adoptar no sentido da conservação
das espécies.

12. Baseado na análise dos documentos 1 e 2, comente a seguinte afirmação:


«Para bem da Humanidade, é necessário batalhar pela conservação de todas as espécies actuais
de seres vivos.»
DOCUMENTO 1
«[…] a homogeneidade e uniformidade que interessam aos factores de produção industrial
e comercial reflectem-se na perda de diferenciação, sobretudo no caso dos animais e plantas
domésticas, próprias para a alimentação humana.»
DOCUMENTO 2
«[…] A floresta é, também, um grande laboratório onde se produzem continuamente medicamentos.
Temos como exemplo o taxol, substância produzida pelo teixo (árvore de grande longevidade
e crescimento lento), e que é usado no combate a alguns tumores.»

unidade 0 Diversidade na biosfera 23


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 24

0 2 A célula

0 2 1 Unidade estrutural e funcional

PESQUISAR E DIVULGAR A unidade estrutural e funcional dos seres vivos designa-se célu-
la. A maioria não é visível à vista desarmada. No entanto, algumas
Investigue e construa um friso
cronológico com a sequência
células têm dimensões suficientemente grandes para poderem ser
dos factos que mais observadas sem recurso a qualquer instrumento de observação. Por
contribuíram para a evolução exemplo, a célula-ovo de galinha, com vários centímetros de diâme-
do conceito de célula, bem tro, permite ser observada à vista desarmada.
como para a descoberta
Foi a evolução dos instrumentos de observação, a partir do
da sua constituição
e funcionamento.
final do século XVII, que permitiu que se conseguisse visualizar a
maioria das células, que são de dimensões muito reduzidas.
Sugestão de alguns sites:
Os primeiros microscópios eram aparelhos que não permitiam
• www.cienciaviva.pt
visualizar os objectos com nitidez e precisão, pois os contornos das
• www.invivo.fiocruz.br/celula/
historia imagens ficavam bastante deformados; ao longo do tempo, tem-se
construído microscópios com imagens cada vez mais nítidas e mais
pormenorizadas, permitindo inclusive, com o uso do microscópio
electrónico (ME), a visualização da ultra-estrutura das células —
particularidades estruturais de todos os componentes. O ME tem
um poder de resolução (capacidade de observar com nitidez dois
pontos que se encontram muito próximos) bastante maior do que
o microscópio óptico composto (MOC) (Fig. 8).

A B

CURIOSIDADE
O microscópio confocal laser (MCL)
é uma nova arma para estudar
doenças como o cancro. A sua
principal vantagem, relativamente
aos outros microscópios, consiste
na visualização de estruturas de
forma virtual, não sendo necessá-
rio cortar o material em lâminas
finas evitando a alteração de estru- C
turas. Esta nova tecnologia usa anti-
corpos ligados a moléculas fluores-
centes que aderem às proteínas das
estruturas em estudo.

Células observadas ao MCL Fig. 8 Imagens ao microscópio. Células de batata evidenciando amiloplastos através
evidenciando o citoesqueleto celular. do microscópio óptico composto (A); Grão de pólen visto ao microscópio electrónico
de varrimento (B); Células em divisão vistas ao microscópio confocal laser (C).

24 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 25

ACTIVIDADE LABORATORIAL

CARACTERÍSTICAS DA IMAGEM AO MICROSCÓPIO ÓPTICO COMPOSTO


Não esqueça que os MOC
actuais estão equipados
com objectivas parafocais.
Teoria Quais são as Conclusão
Quando a imagem está
Microscopia características focada com uma objectiva
da imagem ao MOC? e se pretende mudar para
uma ampliação maior,
Princípios Poderemos observar
basta apenas um ligeiro
• O MOC é um instrumento com nitidez dois
ajuste com o parafuso
que permite a visualização planos em micrométrico para focar
de objectos não-observáveis simultâneo? a imagem.
à vista desarmada;
• O MOC é constituído por uma
parte óptica, que permite observar
o objecto, e por uma parte
mecânica, que suporta o objecto
e aperfeiçoa a imagem.

Conceitos Resultados

Procedimento
Parte 1
1 — Recorte a letra G de um jornal e monte o recorte entre a lâmina e a lamela com água.
2 — Observe a preparação na objectiva de menor ampliação.
3 — Desenhe a letra tal como a observa na preparação e tal como a observa ao microscópio.
4 — Desloque a preparação, na platina, para cima e para baixo, para a direita e para a esquerda,
anotando as observações.
5 — Observe a mesma preparação com a objectiva de ampliação imediatamente superior
e desenhe a observação.
6 — Seleccione a objectiva de maior ampliação, observe e esquematize os resultados.

Parte 2
1 — Numa lâmina, coloque uma gota de água, de seguida sobreponha em cruz dois fragmentos
de linhas de cores contrastantes e, por fim, coloque uma lamela sobre a preparação.
2 — Observe esta preparação ao microscópio, tentando focar em simultâneo as duas linhas,
no seu ponto de cruzamento. Registe o que observa.
3 — Observe a mesma preparação com a objectiva de ampliação imediatamente superior.
Registe o que observa.

Ao longo das Actividades Laboratoriais das páginas 26, 27 e 28 irá


praticar técnicas de realização de preparações para observação micros-
cópica de células animais e vegetais e de seres vivos de uma infusão.

unidade 0 Diversidade na biosfera 25


872546 024-053_U0 5/3/07 16:20 Page 26

ACTIVIDADE LABORATORIAL

OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE CÉLULAS VEGETAIS E ANIMAIS


Não se esqueça de:
Material • usar bata;
• cumprir as regras de
• Bolbo de cebola. • Agulha de dissecação.
segurança do laboratório;
• Epitélio bucal. • Bisturi. • respeitar as regras de
• Soro fisiológico. • Pinça. manuseamento do MOC.
• Solução de Ringer. • Tesoura.
• Solução de azul-de-metileno. • Conta-gotas.
• Solução de vermelho neutro. • Papel de filtro.
• Microscópio. • Vidro de relógio.
• Lâminas e lamelas. • Palitos.

Procedimento
Parte 1
1 — Retire, com a ajuda de uma pinça, um fragmento da epiderme da parte côncava de uma escama
do bolbo da cebola.
2 — Coloque o fragmento num vidro de relógio onde, previamente, colocou umas gotas de solução
de Ringer.
3 — Com a ajuda de uma tesoura, corte o fragmento da epiderme da cebola em três segmentos.
4 — Faça uma preparação para observação microscópica com cada um dos fragmentos, utilizando
como meio de montagem:
A — solução de Ringer;
B — solução de azul-de-metileno;
C — solução de vermelho neutro.
5 — Observe cada uma das preparações em ampliações de valor crescente.
6 — Seleccione a objectiva de 40x e elabore esquemas legendados das várias preparações.

A B C

Fig. 9 Epiderme da cebola, em solução de Ringer (A); em solução de Ringer corada com vermelho neutro (B)
e com azul-de-metileno (C).

Parte 2
1 — Com a ajuda de um palito, raspe a parte interna da cavidade bucal.
2 — Faça uma preparação microscópica com este material, utilizando soro fisiológico como meio
de montagem.
3 — Observe ao MOC nas objectivas de várias ampliações.
4 — Seleccione a objectiva de 40x e elabore um esquema legendado da sua observação.
5 — Na preparação anteriormente elaborada, coloque duas gotas de azul-de-metileno num dos lados
da lamela e arraste o corante, colocando no lado oposto da lamela uma tira de papel de filtro.

26 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 27

6 — Observe ao MOC nas objectivas de várias ampliações.


7 — Seleccione a objectiva de 40x e elabore um esquema legendado da sua observação.

A B

Fig. 10 Epitélio bucal em soro fisiológico (A) e em soro fisiológico corado com azul-de-metileno (B).

Nota: Não se esqueça do facto de que as células, apesar de serem pequenas e finas, possuírem três dimensões, pelo
que deve fazer observações dos vários planos das células, utilizando, para tal, pequenos movimentos do parafuso
micrométrico.

Discussão
1 — Compare a forma das células da epiderme da cebola com as do epitélio bucal, tentando encontrar
uma justificação para as diferenças observadas.
2 — Compare as observações efectuadas em ambos os materiais biológicos na ausência e na presença
de corantes.
3 — Identifique as estruturas evidenciadas aquando da utilização de cada um dos corantes.
4 — Compare as células vegetais e animais observadas, apontando os aspectos comuns e os aspectos
divergentes.

SOLUÇÕES E CORANTES EM MICROSCOPIA


Solução de Ringer — Líquido fisiológico que permite manter células
vivas.
Soro fisiológico — Líquido fisiológico que permite especificamente
manter as células de mamíferos vivas.
Solução de vermelho neutro — Corante vital que se introduz no vacúolo
das células, evidenciando-o.
Solução de azul-de-metileno — Corante que destaca o núcleo das
células.

unidade 0 Diversidade na biosfera 27


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 28

ACTIVIDADE LABORATORIAL

OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE SERES VIVOS DE UMA INFUSÃO


Não se esqueça de:
Material • usar bata;
• cumprir as regras de
• Infusão em cristalizador. • Microscópio.
segurança do laboratório;
• Lâminas e lamelas. • Conta-gotas. • respeitar as regras de
manuseamento do MOC.
Procedimento
1 — Retire, com um conta-gotas, uma gota da parte superficial da água do cristalizador que contém
a infusão da água do riacho. Monte esta gota entre lâmina e lamela e observe ao microscópio.
2 — Esquematize os seres vivos observados e tente identificá-los.
3 — Repita os pontos 1 e 2, com a água da infusão do fundo do cristalizador.
4 — Volte a repetir os pontos 1 e 2 após alguns dias.

Discussão
1 — Compare os seres vivos encontrados e as densidades das suas populações entre a superfície
e o fundo da infusão.
2 — Compare novamente os seres vivos encontrados e as densidades das suas populações ao fim
de alguns dias.
3 — Tente explicar a razão por que utilizou água do riacho e não água da rede pública na preparação
da infusão.

As células têm formas muito variadas e têm dimensões também


bastante diferentes. Por exemplo, as bactérias correspondem aos
seres vivos que têm células de menores dimensões; algumas células
musculares e nervosas são as mais longas, e as células-ovo das aves
A RETER
e dos répteis as mais volumosas.
A dimensão e a forma da célula
As dimensões das células e as suas formas estão relacionadas com
estão relacionadas com a sua as suas funções. Por exemplo, as células musculares permitem ligar
função. órgãos entre si e articular movimentos que envolvem várias partes do
corpo; as células nervosas permitem fazer chegar rapidamente infor-
mações a vários locais do corpo; e as células-ovo contêm substâncias
de reserva que alimentam o novo ser em desenvolvimento (Fig. 11).

A B

Fig. 11 Célula nervosa (A) e célula-ovo (B).

As células realizam todas as funções que lhes permitem sobre-


viver e fazer sobreviver o organismo de que fazem parte, desde
obter a energia de que necessitam até fabricar substâncias, que
podem mesmo ser necessárias noutros locais do organismo. Todas
as células são provenientes de uma célula preexistente.
28 BIOLOGIA A vida e os seres vivos
Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 29

AS DIMENSÕES REDUZIDAS DAS CÉLULAS procariótica prokaryotic


Todas as células necessitam de efectuar trocas com o meio extracelular, eucariótica eukaryotic
através do seu limite, para poderem realizar as suas funções.
Para tal, têm de possuir uma área superficial suficiente para que
as trocas possam ocorrer com eficácia. Quanto maior for a actividade
da célula, mais rápida terá de ser a passagem das substâncias em ambos
os sentidos, para que a célula consiga funcionar de maneira eficiente.
Quando o tamanho da célula aumenta, o seu volume e a sua área
superficial aumentam também, mas a relação entre a área superficial
e o volume diminui rapidamente, o que provoca uma dificuldade
na realização das trocas através do seu
Área superficial do cubo ⫽ 5400 μm2 Área superficial dos 27 cubos de menores
limite. Torna-se, assim, evidente que
dimensões ⫽ 16 200 μm2
células grandes não podem ser muito
activas, pois não conseguem realizar
todas as trocas necessárias com o meio
extracelular.
O tamanho máximo de uma célula
está limitado pela existência de uma
área superficial suficiente para realizar,
com o meio, as trocas de que necessita
(por exemplo, entrada de nutrientes
Relação entre a área superficial e o volume da célula. O somatório da área superficial
e oxigénio e saída de produtos de
dos cubos de menores dimensões é três vezes maior do que a área superficial do cubo
excreção e dióxido de carbono). de maiores dimensões, havendo assim maior superfície de trocas.

Que tipos de células


existem nos seres vivos?

Existem dois tipos básicos de células nos seres vivos. As células


mais simples são designadas procarióticas e as mais complexas
designam-se por eucarióticas (Fig. 12).

Fig. 12 Tamanho comparativo entre uma


célula procariótica (1-10 μm) e uma
célula eucariótica (10-100 μm).
Nota: 1 mm ⫽ 1000 μm

As bactérias e arqueobactérias possuem células procarióticas, A RETER


que são as células mais simples que se conhecem e também as que
CÉLULAS
vivem no planeta Terra há mais tempo (há cerca de 3500 milhões
de anos). Todos os outros seres vivos possuem células maiores e
Procarióticas Eucarióticas
mais complexas, designadas por eucarióticas (pensa-se que estas
células existem no planeta Terra há cerca de 2100 milhões de anos,
mas o registo fóssil mostra que só começaram a diversificar-se há
cerca de 1200 milhões de anos).
unidade 0 Diversidade na biosfera 29
Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 30

membrana plasmática plasma Quais são as principais diferenças


membrane
entre células procarióticas e eucarióticas?
protoplasma protoplasm
ácido desoxirribonucleico
deoxyribonucleic acid Podemos verificar que todas as células possuem uma membra-
na envolvente — membrana plasmática — que as separa do
meio externo, um citoplasma constituído por um meio interno
aquoso — protoplasma —, por organitos onde se realizam várias
funções e a molécula controladora dessas actividades — o ácido
desoxirribonucleico (DNA).
Todos os seres vivos que possuem células procarióticas são uni-
celulares. Os seres vivos com células eucarióticas podem ser unice-
lulares ou multicelulares.

ACTIVIDADE

DIFERENÇAS ENTRE CÉLULAS PROCARIÓTICAS E CÉLULAS EUCARIÓTICAS

1. Observe com atenção a figura 13, que mostra as principais diferenças entre os diferentes tipos de células.

Parede celular Membrana plasmática Região do nucleóide


A1 A2 (DNA)
Ribossomas

Cápsula

Pili
Flagelo


Cromatina


B1 B2 Retículo RE Liso
Nucléolo Núcleo
endoplasmático RE Rugoso
Membrana nuclear
Mitocôndria

Centrossoma
(2 centríolos) Ribossoma

Lisossoma
Complexo de Golgi
Microvilosidades
Membrana plasmática
RE Liso


C1 C2 Cromatina
RE Rugoso Nucléolo Núcleo
Mitocôndria
Membrana nuclear
Parede celular
Vacúolo
Ribossomas
central

Membrana plasmática
Parede da célula adjacente
Cloroplasto Tonoplasto Complexo de Golgi

Fig. 13 Diferentes tipos de células (não se encontram representadas à escala). Microfotografia ao microscópio electrónico
(ME) de Escherichia coli a dividir-se (A1), e esquema de uma bactéria (A2); microfotografia de uma célula animal
ao MOC (B1) e esquema (B2); microfotografia ao MOC de uma célula vegetal (C1) e esquema (C2).

1.1 Enumere os constituintes das células A, B e C.


1.2 Refira duas diferenças entre a célula A e as células B e C.
1.3 Identifique uma semelhança:
a) entre as células A e B; b) entre as células A e C.
1.4 Refira três diferenças existentes entre as células B e C.

30 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 31

Nas células procarióticas não existem organitos constituídos por A RETER


membranas e o material genético (DNA) encontra-se espalhado numa As células procarióticas não
região da célula designada como nucleóide (não existe membrana possuem organitos constituídos
por membrana. Nas células
nuclear). Nas células eucarióticas existem vários organitos constituí-
eucarióticas, o material
dos por membranas, criando nestas células diversos compartimentos. genético está no interior
O material genético está inserido no interior do núcleo, que tem uma do núcleo e existem organitos
individualizados por membrana.
membrana que o separa do citoplasma envolvente.
Entre as células eucarióticas animais e vegetais existem também
algumas diferenças: as células vegetais (adultas e diferenciadas) pos-
suem cloroplastos e parede celular, que não existem nas células
animais, e têm vacúolos de grandes dimensões, enquanto as célu-
las animais possuem vacúolos pequenos, têm lisossomas, centrío-
los e podem ter flagelos, raramente existentes nas células vegetais.

SÍNTESE DOS CONSTITUINTES CELULARES E DAS SUAS PRINCIPAIS FUNÇÕES


Célula Célula eucariótica
Constituintes celulares Descrição/Função
procariótica Animal Vegetal
Parede celular

Envolve a célula, externamente


à membrana, e pode ter
composição diversa. X X
Confere rigidez, resistência
e protecção às células.
Membrana plasmática

Limite de todas as células,


é constituída, fundamentalmente,
por lípidos e proteínas.
X X X
Confere compartimentação.
Permite que haja trocas com
o meio extracelular.

Região da célula procariótica


Nucleóide

onde se encontra o material


X
genético controlador das funções
celulares.

Limitado pela membrana


Núcleo

nuclear, contém DNA — material


X X
genético controlador das funções
das células.
Mitocôndria

Organito celular onde se realiza


a respiração celular, que permite
X X
a obtenção da maior parte
da energia pela célula.

unidade 0 Diversidade na biosfera 31


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 32

SÍNTESE DOS CONSTITUINTES CELULARES E DAS SUAS PRINCIPAIS FUNÇÕES


Célula Célula eucariótica
Constituintes celulares Descrição/Função
procariótica Animal Vegetal
Cloroplasto

Organito celular onde se realiza


a fotossíntese, que permite
X
a obtenção de matéria orgânica
a partir de matéria inorgânica.
Retículo endoplasmático

Sistema de canais: pode ser


rugoso (síntese de proteínas
e formação de vesículas) ou liso X X
(síntese de lípidos). Permite
a circulação de materiais.
Complexo de Golgi

Organito onde pode haver


modificação, armazenamento
e transporte de moléculas X X
e ainda formação de vesículas
e lisossomas.

Organito onde ocorre digestão


Lisossoma

(degradação/destruição)
X
de nutrientes, organitos
envelhecidos e bactérias.

Organito responsável por uma


Ribossoma

etapa da síntese proteica.


Na célula eucariótica, X X X
encontra-se ligado ao retículo
endoplasmático rugoso.

Pode armazenar substâncias


Vacúolo

diversas, pode participar em


processos digestivos (nas células X X
vegetais); participa no equilíbrio
hídrico da célula.
Centríolo

Participação na divisão celular. X

32 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 33

0 2 2 Constituintes básicos sais minerais minerals

A célula é o constituinte básico de qualquer ser vivo, pelo que


se pode afirmar que existe uma unidade estrutural e funcional na
vida. No entanto, se se continuar a pesquisar no sentido do infini-
tamente pequeno, verifica-se que na célula há organitos celulares,
cuja estrutura e função é assegurada, como em toda a matéria
conhecida, por moléculas.
Quando se analisam quimicamente os diversos componentes
de um ecossistema (seres vivos, rochas, água, ar, etc.), conclui-se
que, embora os elementos químicos mais abundantes em todos
eles sejam semelhantes, existem muitas diferenças na organização,
nas percentagens dos átomos e também nas moléculas que estes
originam.
No caso das células, o oxigénio, o carbono, o hidrogénio, o
azoto, o fósforo e o enxofre representam cerca de 99 % do seu peso
(Fig. 14).

OXIGÉNIO 65 %

Fig. 14 Elementos químicos das células em percentagem do seu peso. O oxigénio


é o elemento mais abundante na matéria viva.

No entanto, não se deverão ignorar elementos químicos como


o sódio, o magnésio, o cálcio, o potássio, o ferro, o cloro, o iodo,
o bromo e o zinco, que, embora presentes em pequenas quantidades
nas células, desempenham funções igualmente importantes.
Alguns destes elementos químicos presentes nas células, sob
a forma de iões (por exemplo: Na⫹, K⫹, etc.), ou de sais resultantes
da união de iões (por exemplo: cloretos, fosfatos), têm funções
sobretudo reguladoras, sendo vulgarmente designados por sais
minerais.
Quando se analisam os compostos constituintes das células, CURIOSIDADE
surge um facto curioso: a água, que constitui cerca de dois terços As alforrecas, animais marinhos
da superfície terrestre, é a substância mais abundante nas células comuns em Portugal, são consti-
tuídas por cerca de 95 % de água.
(70 % a 90 % da sua massa) e condiciona todo o metabolismo celular.
unidade 0 Diversidade na biosfera 33
Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 34

água water A água tem um papel fundamental na vida da célula, já que


permite a ocorrência das reacções químicas essenciais para a sua
manutenção.
É a singularidade desta molécula que a torna tão importante,
pois apresenta propriedades que facilitam as reacções químicas.
A molécula de água possui polaridade, ou seja, tem uma carga
ligeiramente negativa junto ao átomo de oxigénio e positiva junto
aos átomos de hidrogénio (Fig. 15).
Esta característica da molécula de água permite que estabeleça
com facilidade ligações com outras moléculas iguais e ainda com
moléculas de diferentes substâncias, carregadas electricamente.
As ligações estabelecidas — pontes de hidrogénio (Fig. 16) — confe-
rem grande coesão molecular, possibilitam o enorme poder solvente
Fig. 15 Representação esquemática da água e proporcionam ainda uma elevada capacidade calorífica
da molécula de água, evidenciando
a distribuição das cargas eléctricas.
(característica fundamental para que a célula se proteja contra as
variações de temperatura do meio ambiente).

Estado gasoso Estado líquido Estado sólido

Fig. 16 As ligações entre as moléculas de água nos estados gasoso, líquido e sólido.

CURIOSIDADE A água não é uma molécula exclusiva dos seres vivos; no entan-
Certos órgãos das plantas pos- to, outras moléculas encontram-se exclusivamente nestes — as bio-
suem também elevadas percenta- moléculas.
gens de água: a batata, caule sub-
terrâneo, possui cerca de 80 %, e
O carbono, elemento químico predominante nestas moléculas,
o tomate, fruto, pode chegar aos apresenta uma característica invulgar: consegue formar um elevado
95 %. número de compostos, devido ao facto de estabelecer quatro liga-
ções estáveis e ainda de conseguir formar cadeias de comprimento
muito variável.
Estes compostos orgânicos oferecem uma variedade impressio-
nante aos seres vivos e possuem uma estrutura onde predomina
um «esqueleto» de carbono.

34 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 024-053_U0 30/5/07 15:37 Page 35

É vulgar que estes compostos de carbono apresentem uma polímeros polymer


estrutura com dimensões muito superiores àquelas que se encontram monómeros monomer
nos compostos não exclusivos dos seres vivos. As macromoléculas glúcidos carbohydrates
— polímeros — que constituem as células (Fig. 17) organizam-se lípidos lipids
a partir de outras, de menores dimensões — monómeros —, que proteínas proteins
por vezes se repetem em números muito elevados. ácidos nucleicos nucleic acids

Os glúcidos, os lípidos, as proteínas e os ácidos nucleicos


são polímeros que se formam a partir de monómeros, respectiva-
mente, oses, ácidos gordos e glicerol, aminoácidos e nucleótidos.

100

85
Fracção do peso total da célula (%)

80

65

60

40

25

20
10 10
5 5
2 1 0,5
0
Água Proteínas Lípidos Polissacáridos Ácidos
nucleicos
Compostos

Fig. 17 Composição molecular de uma célula (valores máximos e mínimos). A água


é o composto mais abundante nas células.
A RETER

Os glúcidos, lípidos, proteínas


Estas macromoléculas possuem funções (estruturais, energéti- e ácidos nucleicos são
cas, enzimáticas, gestão de informação, reserva, etc.) bem definidas biomoléculas, isto é, são
moléculas exclusivas dos seres
em qualquer célula e provam ainda que também a nível molecular vivos.
se verifica unidade biológica (Fig. 18).

ACTIVIDADE

COMPONENTES MOLECULARES EM Escherichia coli

1. A E. coli é uma bactéria muito comum e bastante PRINCIPAIS COMPONENTES MOLECULARES


estudada pelos biólogos. DE UMA CÉLULA DE E. coli
A análise química da sua constituição permitiu Tipos moleculares
Percentagem
construir o quadro ao lado. Componentes existentes
do peso total
(aproximadamente)
1.1 Comparando os dados do quadro com os da
figura 17, tire conclusões sobre a composição Água 70 1
molecular das células em geral, em termos de Proteínas 15 3000
variedade e quantidade das várias moléculas. Ácidos DNA 1 1
nucleicos RNA 6 1000
1.2 Qual será a explicação para o facto de existir
um número tão elevado de macromoléculas Glúcidos 3 50
quando o número de monómeros Lípidos 2 40
é significativamente mais baixo? Monómeros
e outras moléculas
2 500
intermediárias
das reacções
Iões inorgânicos 1 12

unidade 0 Diversidade na biosfera 35


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 36

CARACTERÍSTICAS ÁTOMOS
DAS BIOMOLÉCULAS
A Carbono B Hidrogénio
• Moléculas de grandes dimensões.

• Apresentam bastante complexidade.

• Existem em variadas formas.

• Agrupam-se de maneira rigorosa.

• Desempenham funções específicas.


C Oxigénio D Azoto

Combinam-se
e formam

MONÓMEROS

E Oses F Aminoácidos G Ácidos gordos H Nucleótidos

constituem constituem constituem constituem

POLÍMEROS

I Glúcidos J Proteínas L Lípidos M Ácidos nucleicos

Combinam-se N
e constituem
os organitos
da célula.

Fig. 18 Organização molecular na célula.


As células são compostas por organitos
celulares, formados por moléculas,
que são agrupamentos de átomos.

36 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 37

Glúcidos
Os glúcidos são biomoléculas que, por hidrólise, resultam em
monómeros — oses ou monossacáridos.
Possuem uma fórmula geral Cn(H2O)n sendo, por isso, designa-
dos também por hidratos de carbono, em que o valor de n pode
variar de 3 a 7, sendo mais comuns na célula os glúcidos com cinco
carbonos — pentoses — e os que apresentam seis carbonos —
hexoses.
A glucose (ou glicose) e a frutose (duas hexoses), assim como a
ribose e a desoxirribose (pentoses, constituintes dos ácidos nuclei- A RETER
cos), são muito vulgares nas células (Fig. 19). A glucose, a frutose (hexoses),
Os monossacáridos podem ligar-se uns aos outros por ligações a ribose e a desoxirribose
(pentoses) são os monossacáridos
químicas — ligações glicosídicas —, formando moléculas de maio- mais comuns nas células.
res dimensões e complexidade, com funções bem determinadas.
A sacarose é um exemplo de um dissacárido resultante da liga-
ção entre uma molécula de glucose e outra de frutose (Fig. 20).
Outros glúcidos, importantes para as células, são os polissacári-
dos, formados por um número de monómeros bastante mais elevado.

CH2OH
C O CH2OH O
H H H H
O OH
C C C C C
HO OH H OH OH H H OH CH2OH
C C C C
Glucose H OH Frutose OH H R

CH2OH O CH2OH O
H H H
C C C C C
OH H H H OH OH H H H OH
C C C C

Ribose OH OH Desoxirribose OH H
Fig. 19 Alguns dos monossacáridos mais abundantes nas células.

CH2OH
C O CH2OH O
H H H H
C C C C
HO OH H O H HO CH2OH
C C C C
H
Sacarose H OH OH H
Fig. 20 As ligações glicosídicas permitem a união entre monossacáridos. Quando
se juntam apenas dois monossacáridos, forma-se um dissacárido.

unidade 0 Diversidade na biosfera 37


872546 024-053_U0 5/3/07 16:34 Page 38

A RETER Os glúcidos desempenham funções muito importantes nas


Os glúcidos desempenham células, são responsáveis por fornecer grande parte da energia de
funções energéticas que a célula necessita e desempenham ainda um papel estrutural,
e estruturais na célula.
nomeadamente ao participarem na composição da parede celular
(Fig. 21).
No caso particular dos polissacáridos, verifica-se, com frequên-
cia, que asseguram funções de reserva (Fig. 22).

O exosqueleto dos insectos


A é formado por quitina. B

Celulose

Fig. 21 A quitina é um glúcido complexo (polissacárido) com função estrutural presente no exosqueleto dos insectos (A). A celulose (B)
constitui as paredes celulares das células vegetais.

A B

Amido

Glicogénio

Fig. 22 Os polissacáridos encontram-se armazenados em tecidos animais, como os músculos (sob a forma de glicogénio,
com funções de reserva) (A), e também nas células vegetais (sob a forma de amido) (B).

38 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 024-053_U0 5/3/07 16:42 Page 39

Os lípidos
Os lípidos mais abundantes nas células são formados pela com-
binação de ácidos gordos com uma molécula de álcool — glicerol.
Esta associação de moléculas é mantida por ligações éster (Fig. 23).
Caracterizam-se por, geralmente, serem insolúveis em água e
solúveis em solventes orgânicos como o éter ou o clorofórmio.
Na sua constituição podem entrar apenas átomos de carbono,
hidrogénio e oxigénio — lípidos simples — ou, ainda, o azoto,
o enxofre ou o fósforo — lípidos complexos.

R CO OH + H OR’
Ácido
cido gordo Álcool
lcool

R CO O R’
Ligação éster
H2O
Fig. 23 Formação de um lípido. O radical R representa os restantes átomos das
moléculas, sendo R o do ácido gordo e R´ o do glicerol.

Possuem funções de isoladores térmicos do organismo e, na


célula, são fontes de energia rapidamente mobilizáveis e importan-
tes componentes das membranas celulares.
Dos vários grupos de lípidos, destacam-se os glicéridos e os
fosfolípidos.
Os glicéridos são moléculas constituídas por glicerol (álcool) e
ácidos gordos, que possuem, fundamentalmente, funções energéti-
cas (Fig. 24).

A
Glicerol Ligação éster
H O H H H H H H H H H H H H H H H
Glicerol
H C OH Ligação
C C Céster
C C C C C C C C C C C C C H
H
HOH HOO H
C H H
H H
H H
H H
H H
H HH H H H
H HH H
H H
H H
H H
H H
H
HOH C C C C C C C CÁcido
C Cgordo
cido C C C C C C C H
HOH C
HOH HO H
C H H H H H H H H H H H H H H
H
C OH O
H H Ácido gordo
B Ácido palmítico (saturado)
H H
C O OO
H
H C O O Ácido
Á esteárico (saturado)
cido palmítico
H C O O
H C O Ácido
cido oleico
Ácido (insaturado)
esteárico (saturado)
H C O O
H
HGlicerol
C O Ácido
cido oleico (insaturado)
3 H2O
H
Glicerol 3 H2O
Fig. 24 Glicérido. Uma molécula de glicerol liga-se através de uma ligação éster (A)
a três moléculas de ácidos gordos (B).

unidade 0 Diversidade na biosfera 39


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 40

Os fosfolípidos são os principais componentes das membra-


nas celulares e apresentam uma estrutura particular. Cada uma
possui duas moléculas de ácidos gordos, ligadas ao glicerol, que,
por sua vez, se liga ao ácido fosfórico (Fig. 25).
Esta constituição confere ao fosfolípido características muito
particulares, sobretudo na sua disposição na membrana celular.
A região dos ácidos gordos («caudas») é não-polar, o que a torna
hidrofóbica, enquanto a zona da molécula onde se encontra o gli-
cerol e o ácido fosfórico («cabeça») é polar e, portanto, hidrofílica.

A H O H H H H H H H H H H H H H H H H H
H C O C C C C C C C C C C C C C C C C C C H
H H H H H H H H H H H H H H H H H
O H H H H H H H H H H H H H H H H H
O H C O C C C C C C C C C C C C C C C C C C H
R O P O C H H H H H H H H H H H H H H H H H H
O H
2 ácidos
cidos gordos
Radical Grupo Glicerol
B fosfato

Fig. 25 Apresentação das três regiões de uma molécula de fosfolípido. Fórmula


estrutural (A); representação espacial (B). O radical que se liga ao ácido fosfórico
determina o tipo de fosfolípido.

A RETER

Os lípidos possuem funções


Além dos lípidos já referidos, importa ainda mencionar outras
estruturais (composição da moléculas que serão frequentemente citadas no estudo da química
membrana celular) e funções da vida e que também estão incluídas neste grupo de biomoléculas:
energéticas, entre outras.
o colesterol, os carotenóides (pigmentos das plantas) e a proges-
terona (hormona feminina).

Proteínas
Estas moléculas, muito abundantes nas células, apresentam
uma grande variedade de estruturas. Desempenham diferentes
funções: estruturais (constituintes das membranas celulares), de
transporte de substâncias, enzimáticas, de mobilidade e defesa do
organismo (imunidade), entre outras.

40 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 41

PROTEÍNA
FUNÇÃO
(exemplos)
Insulina Hormona
Hemoglobina Transporte de oxigénio
Pressão osmótica
Albumina (plasma)
Transporte: iões, fármacos
Lisozima Enzima

As proteínas são polímeros formados por aminoácidos (monó-


meros) (Fig. 26). Estes, em número de 20, nos organismos vivos,
adquiriram esta designação devido à sua estrutura, na qual se
encontra um grupo carboxilo (ácido) e um grupo amina (Fig. 27).

O OH


Grupo carboxilo

C


H
Grupo amina
N C H
H
C H


Radical

H OH
Fig. 26 Fórmula estrutural de um aminoácido (serina). Fig. 27 Representação espacial da serina.
Um átomo de carbono em posição central, ao qual se ligam:
um hidrogénio, um grupo amina, um grupo carboxilo
e um radical que varia de aminoácido para aminoácido.

Os aminoácidos ligam-se entre si através de ligações peptídi-


cas (Fig. 28). Formam-se, assim, cadeias polipeptídicas que vão
originar as proteínas.

H R1 H R2
H N C C OH + H N C C OH
H O H O
Aminoácido 1 Aminoácido 2

Síntese por desidratação


H2O
H R1 H R2
H N C C N C C OH
H O H O
Fig. 28 Dois aminoácidos (1 e 2) ligam-se por ligação peptídica originando um dipéptido.

unidade 0 Diversidade na biosfera 41


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 42

ACTIVIDADE

AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS

1. Analise a tabela seguinte e responda às questões.

glicina alanina valina isoleucina leucina


H H O H H O H H O H H O H H O
H N C C O H H N C C O H H N C C O H H N C C O H H N C C O H
H H
H H C H H C C H H C C H H C H
H H H
H H C H H C H H C C H
H
H H C H H C H
H H

serina treonina ácido aspártico ácido glutâmico tirosina


H H O H H O H H O H H O H H O
H N C C O H H N C C O H H N C C O H H N C C O H H N C C O H

H C H H C O H H C H H C H H C H
O H H C H C O H C H
H O H C O
O H O H

lisina arginina histidina prolina glutamina


H H O H H O H H O H H O H H O
H N C C O H H N C C O H H N C C O H N C C O H H N C C O H
H C H H C H H C H H C HH C H H C H
H C H H C H C H C H
N
H C H H C H H H C
N H N H
H C H N O
H
H N H C N H H
H N H
cisteína meteonina asparagina triptofano fenilalanina
H H O H H O H H O H H O H H O
H N C C O H H N C C O H H N C C O H H N C C O H H N C C O H
H C H H C H H C H H C H H C H
C O H
S H H C H C C
H N H N H
S
H C H
H

Fig. 29 Fórmulas estruturais planas dos 20 aminoácidos que podem ser encontrados na constituição das proteínas.

1.1 Analise a estrutura da glicina e da alanina e compare-as:


a) enumerando as diferenças existentes entre as duas moléculas;
b) referindo as semelhanças existentes entre as duas moléculas.
1.2 Que explicação apresenta para o facto de, existindo apenas vinte aminoácidos diferentes,
se poderem encontrar, numa só célula, milhares de proteínas diferentes?

42 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 43

As proteínas podem apresentar-se com uma constituição exclu-


siva de aminoácidos, designando-se proteínas simples (por exemplo,
albumina), ou integrar na sua composição outras moléculas diferentes
sendo, então, designadas por proteínas conjugadas. Nestas últimas,
incluem-se as glicoproteínas, as lipoproteínas, as nucleoproteínas e
as hemeproteínas.

ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS


O desenvolvimento da tecnologia permitiu o aprofundamento do estudo
das proteínas. Estudos de difracção de raios X permitiram conhecer
a sua estrutura, revelando configurações espaciais diversas
e evidenciando a sua relação com a função de cada proteína.
Assim, a sequência simples de aminoácidos, ligados por ligações
peptídicas, representa a estrutura primária.
Quando as cadeias polipeptídicas se enrolam, em hélice, sobre si
próprias, ou formam uma estrutura semelhante a uma folha pregueada,
diz-se que a proteína apresenta estrutura secundária. Neste caso,
a estrutura mantém-se devido a ligações por pontes de hidrogénio
entre átomos de aminoácidos próximos.
Frequentemente, esta hélice dobra-se sobre si própria devido
a atracções entre os radicais dos aminoácidos de vários pontos da
molécula. A estrutura torna-se assim globular e designa-se terciária.
Em algumas proteínas, como é o caso da hemoglobina que possuímos
no sangue, ocorrem várias destas cadeias polipeptídicas associadas,
e nesse caso considera-se que a molécula possui estrutura quaternária.

O R
C C
H H N H
C Estrutura primária
H O
N C
R C
C R C H
O N
H O H C
N H N
R
H H C R C
O
O Folha pregueada
C
R N H
C C N
H
R C
C HO
C N H R
H
C
H O C H
O N
Hélice O H C
H N R
O
C C
R
H H
H O
Estrutura terciária
C
N C H
R

Estrutura quaternária

Estrutura secundária

As proteínas apresentam níveis de organização bem definidos.

A grande variedade de proteínas é consequência da sua estru- A RETER


tura básica. O número e o tipo de aminoácidos que compõem as O tipo, número e sequência
proteínas e a sequência com que estes se apresentam na molécula de aminoácidos condicionam
a estrutura e, consequentemente,
são determinantes para a formação do polímero final e condicio-
a função das proteínas.
nam a sua estrutura e função.

unidade 0 Diversidade na biosfera 43


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 44

ácido ribonucleico ribonucleic acid ACTIVIDADE

DIVERSIDADE DE PROTEÍNAS

1. Analise a figura que representa a insulina bovina, que é uma


proteína formada por duas cadeias polipeptídicas (a cadeia A
com 21 a.a. e a B com 30 a.a.). Esta foi a primeira proteína
cuja sequência completa de aminoácidos foi conhecida.

n
Fe l
Va p
As u
Gl s
i
i H u
Gl Le
Iso l s
Va Ci
u r
Gl u i e
Gl s Gl S His
Ci Le
u

Ci
s
a l Glu a
V Al
a
Al r l u
Le u
Se Va
si Le
C Tir Va
l
r
Se u Tir Ci
s
Le
lu il Glu
G G g
u p Ar li
Le u As G n
Gl Cadeia B
r Fe n
Ti Fe r
s
Ci p Ti
e
As Tr o
Pr s
CURIOSIDADE Li
a
Cadeia A Al
O facto de se possuir cabelo liso
ou ondulado depende da estrutu-
ra de uma proteína. As várias mo-
Fig. 30 As duas cadeias da proteína insulina.
léculas de queratina (proteína do
cabelo) estabelecem ligações pro- 1.1 O que permite afirmar que as duas cadeias de insulina são
teicas diversas que originam for- diferentes?
mas diferentes de cabelos.

Ácidos nucleicos
Os ácidos nucleicos são responsáveis pela transmissão das
características de uma célula para outra, sempre que ocorre divisão
celular. No entanto, são também estas moléculas as principais res-
ponsáveis pela gestão de todas as actividades celulares.
A RETER

Os ácidos nucleicos têm como


O ácido desoxirribonucleico (DNA) e o ácido ribonucleico
função a transmissão da (RNA) são biomoléculas formadas por nucleótidos (monómeros)
informação às futuras células (Fig. 31) em que se encontram: um glúcido (pentose), um ácido fos-
e o comando das diferentes
actividades celulares.
fórico e ainda uma base azotada — adenina (A), timina (T), citosi-
na (C), guanina (G) e uracilo (U).

CONSTITUINTES
DNA RNA
DOS NUCLEÓTIDOS
Ácido fosfórico Ácido fosfórico Ácido fosfórico
Glúcido (pentose) Desoxirribose Ribose
Uma das quatro bases: Uma das quatro bases:
Bases azotadas adenina, timina, citosina, adenina, uracilo,
guanina citosina, guanina

44 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 45

BASE P BASE

BASE + = + P =
Ribose ou Nucleótido
desoxirribose

NH 2 O O
C H3C C C
HC N C NH HC NH

HC C HC C HC C
O O O
N N N
Citosina (C) H Timina (T) H Uracilo (U) H
NH2 O
C C
N N
C N C NH
HC HC
C CH C C
N N NH 2
N N
Adenina (A) H Guanina (G) H

Fig. 31 Um nucleótido é sempre constituído por uma molécula de ácido fosfórico ligada
a uma pentose e esta, por sua vez, ligada a uma base azotada.

As ligações entre os nucleótidos permitem a formação de uma


estrutura linear. No caso do RNA, a cadeia pode ou não dobrar-se
sobre si própria, mas permanece sempre simples. A molécula de
DNA só fica completa quando se juntam duas cadeias polinucleotí-
dicas que, posteriormente, se enrolam em hélice (Fig. 32).

O
A B
HN
OH O T
NH
P
N
O
A
O O
HN
P O
P
G NH N C

NH O
O
P
O

O NH
P
A N HN T
O
NH O
P O C O
N P
HN
G
O

HN
P O
OH

Fig. 32 A molécula de DNA é formada por duas longas cadeias de nucleótidos,


que estabelecem ligações (A) e se enrolam em hélice sobre si próprias (B).

unidade 0 Diversidade na biosfera 45


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 46

ACTIVIDADE LABORATORIAL

IDENTIFICAÇÃO DE MOLÉCULAS ORGÂNICAS EM ALIMENTOS


Não se esqueça de:
Material • usar bata;
• cumprir as regras de
• Leite.
segurança do laboratório.
• Banana.
• Azeite.
• Licor de Fehling — solução A e solução B.
• Soluto de lugol.
• Solução de sudão III.
• Hidróxido de sódio.
• Sulfato de cobre.
• Suporte tubos de ensaio.
• Tubos de ensaio.
• Pipetas (2 mL e 1 mL).
• Conta-gotas.
• Mola de madeira.
• Lamparina.
• Fósforos.
• Almofariz.

Fig. 33 Montagem experimental.

Procedimento
1 — Prepare previamente a banana, triturando-a num almofariz.
2 — Para cada um dos alimentos (leite, macerado de banana e azeite), proceda do seguinte modo:

A — Teste do licor de Fehling


1 — Coloque num tubo de ensaio 2 mL de alimento (no caso da banana, use uma pequena
porção).
2 — Adicione 1 mL de solução A de Licor de Fehling e 1 mL de solução B de Licor de Fehling.
3 — Aqueça até à ebulição.
4 — Registe os resultados.

B — Teste do lugol
1 — Coloque num tubo de ensaio 2 mL de alimento (no caso da banana, use uma pequena
porção).
2 — Adicione 2 gotas de soluto de lugol.
3 — Registe os resultados.

46 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 47

C — Teste do biureto
1 — Coloque num tubo de ensaio 2 mL de alimento (no caso da banana, use uma pequena porção).
2 — Adicione 2 mL de hidróxido de sódio e agite.
3 — Adicione 3 gotas de sulfato de cobre.
4 — Agite os tubos e coloque-os em repouso.
5 — Registe os resultados.

Teste do sudão III


1 — Coloque num tubo de ensaio 2 mL de alimento (no caso da banana, use uma pequena porção).
2 — Adicione 3 gotas de sudão III.
3 — Registe os resultados.

Discussão
1 — Interprete os resultados obtidos em A, B, C e D.
2 — Compare as composições relativas, em nutrientes, dos diferentes alimentos pesquisados.

Fig. 34 Resultados obtidos na identificação de nutrientes em alimentos. Teste do licor


de Fehling (A); teste do lugol (B); teste do biureto (C); teste do sudão III (D).

IDENTIFICAÇÃO DE BIOMOLÉCULAS
O licor de Fehling tem na sua constituição sulfato de cobre, que,
no estado oxidado, confere a cor azul à solução. Quando reduzido,
o cobre separa-se e precipita sob a forma de iões Cu+, formando-se
um precipitado cor de tijolo. A maior parte dos glúcidos simples tem
capacidades redutoras (isto é, facilidade em perder electrões).
Na presença de açúcares redutores, o licor de Fehling altera a sua cor
azul, formando-se o precipitado cor de tijolo.
O soluto de lugol é uma substância acastanhada que, na presença
de amido, cora de azul-escuro. O lugol pode ser substituído por água
iodada, verificando-se os mesmos resultados.
No teste do biureto, o sulfato de cobre, em solução alcalina,
na presença de substâncias com ligações peptídicas, leva à formação
de flocos azuis de hidróxido de sódio, que precipitam, formando-se
de seguida um anel violeta.
O sudão III é uma substância corada, de natureza apolar. Possui grande
afinidade com os lípidos, ligando-se a eles. Por este facto, os lípidos
ficam marcados com a sua cor, que persiste mesmo após lavagem com
água. O sudão III cora os lípidos de vermelho.

unidade 0 Diversidade na biosfera 47


Unidade0_P024-053 28/2/07 14:05 Page 48

Conceitos/Palavras-chave

Essenciais

• Célula • Meio externo • Lípidos


• Membrana celular • Polímero • Ácidos nucleicos
• Citoplasma • Macromoléculas • Sais minerais
• Núcleo • Proteínas • Água
• Meio interno • Glúcidos • Monómero

Síntese de conhecimentos

• As células são as unidades estruturais e funcionais dos seres vivos.

DIFERENÇAS ENTRE CÉLULAS DIFERENÇAS ENTRE CÉLULAS


PROCARIÓTICAS E EUCARIÓTICAS ANIMAIS E VEGETAIS
Células procarióticas Células eucarióticas Células animais Células vegetais

• São células mais • São células mais • Não possuem parede • Possuem parede
simples e de menores complexas e de celular. celular.
dimensões. maiores dimensões. • Possuem vacúolos de • Geralmente possuem
• Não possuem • Possuem núcleo pequenas dimensões. vacúolos de grandes
membrana nuclear. individualizado por • Possuem lisossomas. dimensões.
• Não possuem uma membrana • Possuem centríolos. • Geralmente possuem
organitos constituídos nuclear. cloroplastos.
por membranas. • Possuem organitos
constituídos por
membranas.

• A matéria que constitui as células é composta por substâncias inorgânicas e orgânicas.


• Os elementos químicos mais comuns na matéria viva são o oxigénio, o carbono, o hidrogénio e o azoto.
• A água e os sais minerais são substâncias inorgânicas fundamentais para a manutenção da célula.
• A molécula de água é a mais abundante nas células e é essencial ao seu funcionamento.
• As substâncias orgânicas mais importantes são as proteínas, os glúcidos, os lípidos e os ácidos
nucleicos.
• As macromoléculas são biomoléculas de grandes dimensões.
• As macromoléculas são polímeros constituídos por moléculas mais simples designadas monómeros.
• Os aminoácidos são monómeros que constituem as proteínas; as oses são os monómeros dos
glúcidos; o glicerol e os ácidos gordos compõem os lípidos, e os nucleótidos organizam-se para
formar os ácidos nucleicos.
• Cada macromolécula tem funções bem definidas na célula, que podem ser estruturais, energéticas
ou reguladoras.

48 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade0_P024-053 28/2/07 14:06 Page 49

ACTIVIDADES

A célula
1. Complete o mapa de conceitos relativos aos conteúdos desta subunidade.

podem ser

Procarióticas Eucarióticas

possuem
existem em possuem

Bactérias Parede B C D
celular
Arqueobactérias onde existe pode ser
Membrana revestida
plasmática
Parede celular
Nucleóide
(DNA) Membrana
DNA
nuclear
Ribossomas

Protoplasma
Organitos
(meio aquoso)

podem ser

Retículo
endoplasmático

Complexo
de Golgi

Ribossomas

Centríolos
só existem

Lisossomas Nas células


G

Cloroplastos

só existem

Nas células
H

unidade 0 Diversidade na biosfera 49


Unidade0_P024-053 28/2/07 10:45 Page 50

ACTIVIDADES
ACTIVIDADES

2. Seleccione as frases que dizem respeito às características das células procarióticas.


A — São células complexas.
B — Têm ribossomas.
C — Têm parede celular.
D — Possuem organitos membranares.
E — Podem ter flagelos.
F — Realizam síntese de proteínas.

A
3. Observe a figura, que diz respeito a dois tipos
de células, e responda às questões. 11
3
3.1 Faça a legenda da figura.
3.2 Justifique a seguinte afirmação:
5
«As células representadas são células 9
B
eucarióticas.» 1

7
3.3 Faça corresponder as letras A e B
da figura ao tipo de célula:
11
a) célula vegetal; 8
2 4
b) célula animal.
6

10
7
9

4. Estabeleça as correspondências possíveis entre as colunas A e B, que representam organitos


celulares e as suas funções, respectivamente.

COLUNA A COLUNA B
1 — Mitocôndria K — Síntese proteica
2 — Cloroplasto X — Regula a entrada de substâncias na célula
3 — Retículo endoplasmático rugoso Y — Realiza fotossíntese
4 — Lisossomas W — Realiza respiração celular
5 — Membrana plasmática Z — Realiza digestão de substâncias

5. Complete o mapa e relacione os conceitos/palavras-chave sobre os constituintes químicos


da matéria viva.

CONSTITUINTES QUÍMICOS DA MATÉRIA VIVA

organizados em

Substâncias
Biomoléculas
inorgânicas
Glúcidos
organizados em como sejam
A
Polímeros como
Proteínas Água B
que são
agregados de C
que se associam
para formar
Nucleótidos

D
E ex.s
Ácidos gordos e glicerol

50 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 024-053_U0 5/3/07 16:45 Page 51

6. Leia atentamente as afirmações seguintes, que se referem à constituição das biomoléculas,


e classifique-as como verdadeiras (V) ou falsas (F):
A — Os fosfolípidos são moléculas pertencentes ao grupo dos glúcidos.
B — As proteínas são polímeros de aminoácidos.
C — Os polissacáridos são formados por um elevado número de oses.
D — Alguns lípidos têm uma função estrutural muito importante.
E — Os nucleótidos são formados por ácidos nucleicos.

7. As frases que se seguem dizem respeito à molécula de água. Seleccione a opção incorrecta.
A molécula de água…
A — … é um bom solvente.
B — … apresenta polaridade.
C — … ajuda a regular a temperatura dos seres vivos.
D — … forma o meio ideal para as reacções químicas mas nunca intervém nelas.
E — … é um importante transportador de substâncias entre as células e o meio extracelular.

8. Relativamente aos ácidos nucleicos, foram feitas as afirmações seguintes. Classifique-as


utilizando a chave.

I. Os ácidos nucleicos são polímeros de ribose e desoxirribose com funções de controlo da célula.
II. O DNA e o RNA apenas diferem no glúcido que os constitui.
III. Em cada nucleótido ocorre apenas uma base azotada.

Chave:
A — As afirmações são todas falsas.
B — As afirmações II e III são verdadeiras; a I é falsa.
C — As afirmações I e III são verdadeiras; a II é falsa.
D — As afirmações I e II são falsas; a III é verdadeira.

9. A tabela apresenta quatro biomoléculas e algumas das respectivas funções na célula.


Escolha o número da chave que corresponde às moléculas A, B, C e D, respectivamente.

MOLÉCULA FUNÇÃO DA CÉLULA

A Principal componente da membrana celular.

B Fornecimento de energia.

C Transmissão de informação aos descendentes.

D Catalisador das reacções celulares.

CHAVE

I. DNA, glúcidos, fosfolípidos e proteínas.

II. Fosfolípidos, glúcidos, proteínas e DNA.

III. Fosfolípidos, glúcidos, DNA e proteínas.

IV. Fosfolípidos, DNA, glúcidos e proteínas.

unidade 0 Diversidade na biosfera 51


872546 024-053_U0 5/3/07 16:48 Page 52

CiênciaTecnologiaSociedadeAmbiente

DOC. 1 Águia-pesqueira — extinção anunciada?


A águia-pesqueira é uma ave de rapina, Esta ave é tida como inimiga dos empresá-
que se alimenta exclusivamente de peixe, e está rios que se dedicam à piscicultura e é (ou era!)
presente nos cinco continentes. Na Europa, esta perseguida por caçadores sedentos de troféus.
ave é conhecida há já muito tempo, havendo
registos escritos do século XVII que relatam a sua
presença em Portugal.
No entanto, desde o século XIX que se vem
a registar o seu declínio, embora no início do
século XX ainda se observassem bastantes ninhos
na costa rochosa algarvia.
O número de indivíduos desta espécie foi
decrescendo gradualmente, até se chegar a um
único casal em 1992. Pouco tempo durou esta
situação, uma vez que em 1997 se anunciou a
sua extinção. De facto, a fêmea deste casal tinha Fig. 35 Águia-pesqueira.
morrido, por estrangulamento nas linhas de
pesca, e o macho, solitário, dificilmente poderia É necessária a adopção de medidas rígidas
criar descendência e manter a espécie. A não de protecção a esta espécie e avançar para um
ser que surgisse outra fêmea, a situação seria repovoamento, com casais oriundos de países
catastrófica. Apesar das expectativas pessimis- com populações estáveis, para que seja possível
tas, isso aconteceu. O macho, que foi visto desfrutarmos desta ave, contemporânea de mui-
durante cerca de três anos sozinho, na costa tos dos nossos antepassados.
alentejana, encontrou uma fêmea na Primavera http://www.naturlink.pt/canais/
de 2000. Nesta altura do ano, é possível avistar http://www.quercus.pt/scid/webquercus/
http://portal.icn.pt/ICNPortal/vPT/
estes animais devido às migrações que fazem
(adaptado)
entre a Europa do Norte (nomeadamente Escó-
cia e Escandinávia) e África, onde passam o
Inverno europeu. ACTIVIDADES

Todavia, a nidificação não tem sido obser-


1. Que razões são apontadas no texto para explicar
vada e tudo aponta para um final semelhante ao
o decréscimo desta população?
ocorrido nas costas francesa e espanhola — a
extinção da águia-pesqueira como ave nidifi- 2. Que comportamentos deverão ser adoptados pelo
cante. homem para impedir a extinção desta ave?

DOC. 2 Portuguesa descobre nova espécie de raia


Nas águas profundas dos mares do Algar- doutoramento. A raia-anã — assim designada
ve, foi descoberta, por uma investigadora portu- dado as suas dimensões, enquanto adulta,
guesa, uma nova espécie de raia-anã que vai serem reduzidas (entre 12,5 e 22 centímetros),
ser anunciada ao mundo científico. quando comparadas com as outras raias —
A TSF noticiou a 26 de Outubro de 2006 a despertou a atenção de vários cientistas estran-
descoberta de uma nova espécie, efectuada por geiros. Até à data não aparecia referenciada em
Maria Esmeralda Costa, investigadora do Centro nenhum livro científico, e foi confirmado por um
de Ciências do Mar. dos maiores especialistas do mundo como
sendo uma espécie nova.
A descoberta desta espécie ocorreu duran-
te várias viagens de barco que a investigadora A investigadora Maria Esmeralda Costa decla-
efectuou enquanto trabalhava na sua tese de rou: «Foi maravilhoso, estou super feliz e contente.

52 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 024-053_U0 5/3/07 16:49 Page 53

DOC. 3 Diversidade na água do mar


Os oceanos podem ter 10 a 100 vezes maior comunicado de imprensa do projecto Censo da
diversidade de bactérias do que se pensava, e a Vida Marinha, que junta mais de 73 países para
grande maioria nunca foi sequer identificada, tentar avaliar a diversidade, distribuição e abun-
diz uma equipa internacional que participa no dância de vida nos oceanos. A investigação teve
projecto do Censo da Vida Marinha. início em 2000 e deve durar dez anos.
«Tal como os astrónomos descobriram que Para chegarem a estas estimativas impres-
há milhares de milhões de estrelas no Universo sionantes, os cientistas usaram uma nova tec-
à medida que os nossos telescópios se foram nologia para estudar o DNA, da empresa 454
tornando mais poderosos, nós estamos a apren- Life Sciences, que requer apenas pequenas
der, à medida que as tecnologias do DNA evo- porções de código genético para identificar um
luem, que o número de organismos invisíveis à organismo. A equipa analisou amostras de água
vista desarmada excede todas as expectativas», em profundidade de 550 a 4100 metros, em
comentou Mitchell Sogin, do Instituto Woods oito locais nos oceanos Atlântico e Pacífico.
Hole (Massachusetts, EUA) e o principal autor «As bactérias constituem a grande maioria
do artigo divulgado na revista científica Procee- da biomassa marinha e são os principais moto-
dings of the National Academy of Sciences. res da biosfera. São as formas de vida mais anti-
Os microbiólogos descreveram 5000 espé- gas, os principais catalisadores energéticos, dos
cies de «micróbios» — uma expressão que quais depende toda a vida multicelular. Do
pode abarcar bactérias, vírus, parasitas, etc. ponto de vista da evolução, têm uma importân-
Mas o censo dos micróbios marinhos revela cia determinante: durante cerca de 80 por
que, num litro de água do mar, se encontram cento da história da Terra, foram as únicas for-
mais de 20 000 tipos de bactérias. «Este estudo mas de vida», comenta ainda Sogin.
mostra que ainda estamos apenas a arranhar a Público, 1 de Agosto de 2006, (adaptado)
superfície da diversidade», comentou Sogin.
«Nos últimos 10 a 20 anos, os estudos de ACTIVIDADES
biologia molecular mostraram que devem existir
mais de meio milhão de tipos de micror- 1. Qual foi a tecnologia utilizada na identificação
ganismos. No nosso estudo, descobrimos mais destas espécies de microrganismos?
de 20 000 num único litro de água, quando 2. Retire dados do texto que justifiquem a influência
esperávamos encontrar apenas 1000 a 3000. da tecnologia no avanço do conhecimento científico.
Isto faz com que o número de diferentes tipos de 3. Qual será a importância de existirem nos oceanos
bactérias nos oceanos possa chegar a cinco ou um número de espécies de bactérias mais elevado
até a dez milhões». Adiantou Sogin, citado num do que os cientistas pensavam?

Qualquer pessoa na minha profissão sentiria o pois tem de ser primeiro divulgado na comunida-
mesmo.» Afirmou ainda que a raia já possui um de científica.
nome científico, que não pode ser já revelado, http://tsf.sapo.pt/online/ciência/interior.asp?id_artigo=TSF174708
(adaptado)

ACTIVIDADES

1. Como explica, que ainda nos dias de hoje, se estejam a descobrir novas espécies?
2. Numa altura em que a comunidade científica se debate com o problema da extinção das espécies,
qual é a importância da descoberta desta investigadora?
3. Sempre que uma espécie é descoberta, antes de ser apresentada à sociedade tem de ser previamente
divulgada na comunidade científica. Qual lhe parece ser a justificação para este procedimento?

unidade 0 Diversidade na biosfera 53


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 54

unidade 1

54 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 55

Obtenção de matéria

1 1 Obtenção de matéria
pelos seres heterotróficos 58

1 2 Obtenção de matéria
pelos seres autotróficos 84

Que mecanismos asseguram a obtenção


de matéria pelos seres vivos?
Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 56

unidade
A
1 B
Obtenção de matéria

B, C e D — Quais são as diferenças entre a nutrição destes seres vivos?

C D

Quais são as funções deste organito?

Qual será a origem do oxigénio libertado por este ser vivo?

O QUE JÁ SABE, OU NÃO...

1. Classifique as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F).


A — A membrana plasmática é selectiva no transporte de substâncias para a célula.
B — As moléculas grandes não conseguem entrar nas células.
C — Os animais alimentam-se exclusivamente de plantas.
D — Os seres heterotróficos necessitam de substâncias existentes no meio ambiente.
E — O sistema digestivo de um herbívoro é igual ao de um carnívoro.
F — Nem todos os animais possuem ânus.
G — As plantas alimentam-se do solo.
H — As plantas não precisam de matéria orgânica.
I — As plantas fazem fotossíntese de dia e só respiram à noite.
J — As plantas fazem fotossíntese para libertarem oxigénio.

56 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 57

INTRODUÇÃO

Para assegurar a sobrevivência, a manutenção e a reprodução, todos os seres vivos


necessitam de obter matéria orgânica.
Existem seres vivos que produzem a matéria orgânica de que necessitam — produto-
res — e seres vivos que utilizam a matéria orgânica já existente e a transformam de acordo
com as suas necessidades — macroconsumidores e microconsumidores.

Os seres autotróficos produzem matéria orgânica utilizando diferentes for-


mas de energia (química ou solar) (Figs. 1A e 1B).
Os heterotróficos recorrem a diferentes processos para adquirir e transfor-
mar os compostos orgânicos que utilizam, recorrendo à absorção (microconsu-
midores), ou à ingestão (macroconsumidores) (Figs. 1C e 1D).

A B

C D

Fig. 1 As plantas (A) utilizam a energia solar; as bactérias sulfurosas (B) utilizam a energia química para produzirem
os seus compostos orgânicos. Os fungos (C) são microconsumidores; os animais são macroconsumidores (D).

unidade 1 Obtenção de matéria 57


872546 054-083_U1 30/5/07 15:40 Page 58

seres heterotróficos heterotrophic 1 1 Obtenção de matéria


pelos seres heterotróficos
1 1 1 Unicelularidade versus pluricelularidade

A RETER Os seres heterotróficos são aqueles que, não tendo capacidade


Os seres heterotróficos obtêm para fabricar compostos orgânicos a partir de compostos inorgânicos,
do meio as substâncias têm obrigatoriamente de utilizar matéria orgânica já fabricada, para
orgânicas de que necessitam. conseguirem obter substâncias que vão integrar nas suas células.
A maioria dos seres vivos existentes no planeta Terra são hete-
rotróficos, são muito variados e encontram-se espalhados por todos
os tipos de ambiente. Existem nos três Domínios: Bactéria, Archaea
e Eukarya.
Os heterotróficos têm também grande diversidade no número
de células do seu organismo, desde os seres mais simples, consti-
tuídos por uma única célula (seres unicelulares) como, por exem-
plo, as bactérias ou os protozoários, até aos seres constituídos por
muitas células (seres pluricelulares), de grandes dimensões, como
os cogumelos ou os animais.
Os seres vivos com este tipo de nutrição podem fazê-lo por
absorção, como os fungos, ou por ingestão, como os animais.
Os fungos (Fig. 2) e algumas bactérias são seres vivos microconsu-
midores (decompositores): decompõem a matéria orgânica no exte-
rior do seu organismo e absorvem as substâncias de que necessitam
para sobreviver.

Fig. 2 Os fungos têm nutrição por absorção.

Os animais e os protozoários são macroconsumidores: ingerem


substâncias orgânicas fabricadas. Os animais podem ser herbívoros
(Fig. 3), quando se alimentam de seres produtores; carnívoros (Fig. 4),
quando se alimentam de outros macroconsumidores; ou omnívo-
ros, quando na sua alimentação entram quer plantas quer animais.
58 BIOLOGIA A vida e os seres vivos
Unidade1_P054-083 28/2/07 14:49 Page 59

Fig. 3 O rato é um animal herbívoro. Fig. 4 O Louva-a-deus é um animal carnívoro.

Para conseguirem utilizar a nível celular os compostos necessá- A RETER


rios, os seres vivos macroconsumidores possuem estruturas ade-
HETEROTRÓFICOS
quadas à realização da digestão, ou seja, à transformação dos ali-
mentos ingeridos (que são de grandes dimensões) em substâncias Microconsumidores Macroconsumidores
simples e pequenas, prontas a serem utilizadas pelas células. Nestas
ocorre o metabolismo celular, que é o conjunto de todas as reac-
ções químicas necessárias à sua sobrevivência e dos organismos
Herbívoros Carnívoros
que constituem.
Omnívoros

PESQUISAR E DIVULGAR

Seleccione um dos seres vivos da lista e pesquise:


• as estratégias por ele utilizadas para obter alimento;
• a forma como mobiliza a matéria do meio externo para o seu meio
interno;
• as adaptações morfológicas que possui para conseguir desenvolver
as estratégias referidas.
Lista de seres vivos:
• Baleia-de-barbas.
• Estrela-do-mar.
• Esponjas.
• Planta carnívora.
• Vaca.
• Águia-pesqueira.
• Coral.
• Ténia.
• Cogumelo.
• Piolho.
• Javali.
• Lebre.

unidade 1 Obtenção de matéria 59


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 60

Membrana plasmática
A célula é a unidade estrutural e funcional dos seres vivos e é
limitada pela membrana plasmática que separa o meio exterior à
célula (extracelular) do seu meio interno (intracelular).
Apesar de assegurar a individualidade da célula e de permitir
a manutenção do seu meio interno, a membrana plasmática é
uma estrutura muito fina, com aproximadamente 7,5 nm de espes-
sura (1 nm ⫽ 10⫺9 m), sendo unicamente possível a sua observa-
ção ao microscópio electrónico (Fig. 5).

Fig. 5 Microfotografia da membrana plasmática ao ME.

A membrana plasmática mantém o meio intracelular constante,


A RETER
possibilitando a sobrevivência da célula, controla a entrada de subs-
tâncias/nutrientes indispensáveis e a saída de substâncias de excreção
A membrana individualiza
a célula, permite a manutenção (tóxicas e prejudiciais). Esta passagem de substâncias é feita de forma
do equilíbrio intracelular, selectiva: só algumas conseguem atravessá-la, mantendo assim dife-
através de passagem selectiva renças de concentração entre o meio intracelular e extracelular.
de substâncias e, nos seres
multicelulares, possibilita Nos seres unicelulares, é a membrana que individualiza o ser
a formação de tecidos vivo; nos seres multicelulares, as células estão intimamente interliga-
estabelecendo a união
entre as células.
das, associando-se em tecidos, assegurando a membrana, em simul-
tâneo, a união entre as células e o bom funcionamento das mesmas.

Qual é a estrutura e a composição química


da membrana plasmática?

O estudo da membrana plasmática iniciou-se bastante cedo


porque, apesar de não ser geralmente visível, os cientistas sabiam
da existência de um limite na célula, dada a manutenção da estru-
tura celular e através de respostas apresentadas pelas células a
modificações do meio ambiente.
No interior das células, existe também um conjunto de organi-
tos constituídos por membranas semelhantes à membrana plasmá-
tica. Nos organitos, as membranas têm funções diversas — algumas
destas serão estudadas posteriormente.
A membrana plasmática é constituída fundamentalmente
por lípidos e proteínas, apresentando também alguns glúcidos.
Os constituintes da membrana apresentam proporções variáveis,
dependendo da sua função.

60 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 054-083_U1 5/3/07 20:17 Page 61

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE VÁRIAS MEMBRANAS


(em percentagem)
Membranas Proteínas Lípidos Glúcidos
Hemácia 49 43 8
Células de fígado 44 52 4
Mitocôndria
76 24 0
(membrana interna)
Cloroplasto
70 30 0
(membrana interna)
Amiba 54 42 4

O estudo da membrana plasmática sofreu uma evolução signi-


ficativa ao longo do tempo, tendo o modelo de estrutura da mem-
brana sofrido várias modificações.
O modelo de estrutura da membrana plasmática actualmente
aceite para a maioria das células é o modelo proposto por Singer e
Nicholson, em 1972, designado modelo do mosaico fluido (Fig. 6).

Exterior da célula

Molécula de colesterol entre os fosfolípidos:


influencia a rigidez da membrana.

Algumas proteínas fazem


as células aderirem umas às outras.

Os glúcidos ligam-se na camada externa às


proteínas (glicoproteínas) ou aos lípidos (glicolípidos).

Proteínas intrínsecas ou integradas:


Proteína extrínseca ou periférica: atravessam toda a bicamada fosfolipídica.
não penetra na bicamada.

Interior da célula
Fig. 6 Modelo de ultra-estrutura da membrana plasmática de Singer e Nicholson — modelo do mosaico fluido.

Este modelo de ultra-estrutura da membrana plasmática foi


apoiado por uma técnica — criofractura — que permite uma
melhor visualização das membranas. Através desta técnica, procede-
-se ao congelamento da membrana, utilizando temperaturas muito
baixas, e separam-se as duas camadas da membrana.

unidade 1 Obtenção de matéria 61


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 62

Analisando os lípidos da membrana, chega-se à conclusão de


que são fundamentalmente de dois tipos: fosfolípidos e colesterol
(este último, apenas nas células animais).
Os fosfolípidos possuem uma parte polar (a cabeça, constituí-
da por um grupo fosfato e glicerol), e que, por isso, é hidrofílica
(tem afinidade com a água), e uma parte apolar (a cauda, formada
por ácidos gordos), que é hidrofóbica (sem afinidade com a água).
Devido a esta característica, os fosfolípidos são moléculas anfipáti-
cas, o que irá provocar a sua disposição em bicamada.
Em contacto com a água, os fosfolípidos formam uma bicama-
da espontânea (Fig. 7). As cabeças hidrofílicas encontram-se viradas
para o exterior e as caudas hidrofóbicas para o interior, protegidas
do encontro com a água.

Água

Água

Fig. 7 As moléculas de
fosfolípidos são anfipáticas;
possuem uma parte polar
e outra apolar. Em contacto
com a água, formam uma
bicamada.

O interior hidrofóbico da bicamada torna a membrana selecti-


va, pois as moléculas não-polares — hidrofóbicas — são solúveis
em lípidos e podem facilmente atravessar a membrana. As molécu-
las polares — hidrofílicas — são insolúveis em lípidos e não a atra-
vessam. A passagem destas substâncias depende das proteínas da
membrana.
Esta camada de fosfolípidos fluida permite que estas moléculas
possam movimentar-se com facilidade. Apresentam movimentos
laterais e até podem trocar de camada, em movimentos designados
por «flip-flop» (Fig. 8).

A B
Fig. 8 Movimentos dos fosfolípidos.
A — Movimento lateral; B — Movimento em «flip-flop».

62 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 63

Entre os fosfolípidos, encontram-se as moléculas de colesterol


que conferem maior rigidez às membranas e diminuem a sua per-
meabilidade a moléculas pequenas hidrossolúveis.
As proteínas da membrana são globulares e encontram-se encai-
xadas entre as moléculas de fosfolípidos.
Estas proteínas também possuem mobilidade e podem encontrar-
-se intimamente ligadas à bicamada de fosfolípidos, designando-se
por proteínas intrínsecas ou integradas (são moléculas anfipáticas,
a parte hidrofóbica encontra-se internamente na bicamada fosfoli-
pídica e as que são externas à bicamada são hidrofílicas), ou então
localizam-se de um e de outro lado da bicamada fosfolipídica, fra-
camente ligadas, designando-se proteínas extrínsecas ou periféricas.
As proteínas diferem de célula para célula e até entre os vários
organitos celulares. Estas moléculas permitem o transporte de algu-
mas substâncias para dentro e fora da célula, servem de receptores
de substâncias e podem funcionar como enzimas.

ACTIVIDADE
Proteínas membranares sujeitas
à acção de corantes distintos
MOBILIDADE DAS PROTEÍNAS DE MEMBRANA

1. Observe a figura que representa a fusão


Célula de rato Célula humana
de células de rato e células humanas,
que se encontram coradas diferencialmente.
Responda às perguntas.
Fusão celular
1.1 Qual foi o resultado desta experiência?
1.2 Qual foi o objectivo da coloração
nas proteínas das membranas? Célula híbrida
1.3 Justifique a atribuição de mosaico fluido resultante

ao modelo de membrana aceite


actualmente.
Ao fim
de 40 minutos

Fig. 9 Fusão de células de rato e células humanas.

As duas superfícies da membrana são diferentes. Na superfície


externa, existem glúcidos ligados a moléculas proteicas (glicoproteínas)
e a moléculas lipídicas (glicolípidos). Os glúcidos são também impor-
tantes na recepção de informação externa e permitem que a célula
seja reconhecida. Os glúcidos não existem em todas as membranas.

A RETER

MEMBRANA PLASMÁTICA
Constituintes da membrana Função
Bicamada fosfolipídica Barreira selectiva
Transporte
Proteínas Receptores de substâncias
Actividade enzimática
Glúcidos (superfície externa) Receptores de mensageiros químicos

unidade 1 Obtenção de matéria 63


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 64

transporte mediado mediated transport Transporte através de membranas


transporte activo active transport
A célula é um sistema aberto que necessita fazer trocas com o
difusão facilitada facilitated diffusion
meio. Do exterior, ela tem de importar substâncias necessárias ao
transporte não mediado non-mediated
seu metabolismo e, para este, tem de exportar os materiais de que
transport
já não necessita (Fig. 10).
osmose osmosis
difusão simples diffusion Uma das propriedades fundamentais da membrana plasmática
consiste na capacidade de se deixar atravessar por algumas subs-
tâncias, mas não por outras — permeabilidade selectiva. Deste
modo, a célula mantém o seu meio interno com composição e con-
centrações adequadas às suas funções, independentemente do meio
externo no qual se encontra.
As substâncias podem atravessar a membrana através de diver-
sos processos que, segundo determinados critérios, podem ser
agrupados em duas categorias:
• transporte mediado (facilitado) em que há intervenção
directa dos constituintes membranares e que pode ou não
envolver consumo de energia, consoante se trate de trans-
porte activo ou de difusão facilitada;
• transporte não mediado, em que as substâncias atraves-
sam a membrana, sem que esta tenha uma participação activa
no processo (osmose e difusão simples). Outras substân-
cias, de maiores dimensões, ou mesmo pequenas células,
podem também entrar e sair. Neste caso, não conseguindo
atravessar a membrana, envolvem-se em porções desta, para
conseguirem fazê-lo (endocitose e exocitose).

Proteína Canal Bomba


Soluto transportadora proteico

Difusão simples Proteína mediadora Canal mediador ATP ADP + Pi


da difusão da difusão

Difusão facilitada

Transporte passivo Transporte activo


Fig. 10 Vários mecanismos de
transporte podem ocorrer através
Osmose
da membrana plasmática.
A osmose consiste na passagem da água através das membranas
selectivamente permeáveis. A água é uma substância suficientemente
pequena e abundante para poder atravessar as membranas. Este pro-
cesso não envolve gastos de energia e consiste no movimento da água
das zonas onde esta existe em maior quantidade para as zonas onde
existe em menor quantidade, sendo, portanto, um processo físico.
64 BIOLOGIA A vida e os seres vivos
872546 054-083_U1 5/3/07 17:01 Page 65

No interior de uma célula existe, além da água (componente


maioritário do citoplasma), uma série de substâncias nela dissolvi-
das (por exemplo: glucose, NaC‘, etc.), cuja quantidade relativa
pode ser expressa pela sua concentração (quantidade de
soluto/quantidade de solvente).
Assim, o meio interno de uma célula pode, relativamente ao
meio externo em que se situa, apresentar-se numa de três situações:
• a concentração de solutos do meio interno é igual à do meio
externo, a célula é isotónica relativamente ao meio;
• a concentração de solutos do meio interno é superior à do
meio externo, a célula é hipertónica relativamente ao meio;
• a concentração de solutos do meio interno é inferior à do
meio externo, a célula é hipotónica relativamente ao exterior.
Sempre que a concentração do meio intracelular difere da
concentração do meio extracelular registam-se movimentos de água
permitindo igualar as concentrações.

ACTIVIDADE

MOVIMENTO DE ÁGUA ATRAVÉS DAS MEMBRANAS

1. Analise a figura que representa, de forma esquemática, o comportamento de células animais e vegetais
quando colocadas em meios com diferentes concentrações. Responda às questões.

A Células em meio hipertónico B Células em meio isotónico C Células em meio hipotónico


Célula Meio externo Célula Meio externo Célula Meio externo

H2HO2O
H2O H2HO2O
H2O

H2HO2O
H2O H2HO2O
H2O
Células animais

Vacúolo

Células vegetais
H2HO2O
H2O H2HO2O
H2O

Fig. 11 Modificações das células animais e vegetais quando colocadas em meios com diferentes concentrações.

1.1 Refira o que acontece às células na situação:


a) A; b) C.
1.2 Tente justificar o sentido do movimento da água em:
a) A; b) C.
1.3 Refira as diferenças no comportamento das células animais e vegetais relativamente aos fenómenos
de osmose.

unidade 1 Obtenção de matéria 65


872546 054-083_U1 30/5/07 18:17 Page 66

Quando uma célula é colocada num meio hipertónico, verifica-


-se um movimento de água do interior das células para o exterior.
Assim, as células perdem água, dizendo-se que ocorreu plasmóli-
se. Nas células animais, a água acumula-se no citoplasma, enquanto
nas células vegetais se concentra nos vacúolos. Por esta razão, uma
célula animal plasmolisada perde volume, enquanto numa célula
vegetal a plasmólise envolve diminuição do volume do vacúolo, e
consequentemente, do citoplasma, que se retrai, ficando ligado à
parede celular apenas nalguns pontos (plasmodesmos), mantendo-
-se o volume total da célula praticamente inalterado (Fig. 12A).
Quando uma célula é colocada num meio hipotónico, regista-se
movimento da água do exterior para o interior da célula, ocorrendo
turgescência da mesma. Nesta situação, a célula animal aumenta
de volume. Se o meio externo for muito hipotónico, o movimento
da água continua, até ultrapassar o limite de elasticidade da mem-
brana, pelo que esta sofre rupturas e a célula rebenta — lise celular.
Nas células vegetais, a água introduz-se, inicialmente, no vacúolo,
aumentando este de volume, o que provoca a turgescência da célu-
la. Se a diferença de concentrações persistir, a presença da parede
celular vai constituir um obstáculo à entrada contínua de água, não
se verificando lise nas células vegetais (Fig. 12B).

Fig. 12 Células de elódea quando colocadas num meio hipotónico (A) e quando
colocadas num meio hipertónico (B).

A RETER

A osmose é um fenómeno que explica o movimento da água através das


membranas selectivamente permeáveis, das zonas onde o soluto existe em
menor concentração (meio hipotónico) para as zonas onde o soluto existe
em maior concentração (meio hipertónico). Na osmose não há consumo
de energia nem intervenção de constituintes membranares.

66 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 67

ACTIVIDADE LABORATORIAL

OSMOSE EM CÉLULAS DE PLANTAS


Não se esqueça:
Material • de usar bata;
• das regras de segurança
• Pétalas coloridas.
do laboratório;
• Microscópio óptico composto (MOC). • das regras de
• Agulha de dissecação. manuseamento do MOC.
• Conta-gotas.
• Soluto de Ringer.
• Lâminas e lamelas.
• Papel de filtro.
• Água destilada.
• Solução aquosa de NaC‘ a 12 %.

Procedimento
1 — Rasgue na diagonal uma pétala e, com uma pinça, retire uma pequena porção de epiderme.
2 — Deite uma gota de soluto de Ringer sobre uma lâmina e coloque o fragmento da pétala. Cubra
com uma lamela.
3 — Observe ao MOC e esquematize algumas células.
4 — Com o conta-gotas, coloque uma gota de solução de NaC‘ num dos bordos da lamela. No bordo
oposto da lamela, absorva o meio de montagem, de forma a substituir o soluto de Ringer pelo NaC‘.
5 — Observe ao MOC, durante, aproximadamente, cinco minutos. Registe o que observar.
6 — Em seguida, utilizando a técnica do ponto 4, faça penetrar água destilada na preparação,
retirando a solução de NaC‘ com papel de filtro.
7 — Observe novamente ao MOC, durante cerca de cinco minutos. Registe o que observar.

Discussão
1 — Sabendo que a coloração é devida a certos pigmentos que se encontram no interior do vacúolo,
como interpreta as diferenças registadas no ponto 5?
2 — Como explica os resultados encontrados quando efectuou o ponto 7?

Difusão
Algumas moléculas apolares de pequenas dimensões e alguns
iões conseguem atravessar a membrana. Este processo é designado
por difusão simples e ocorre sempre de acordo com os gradientes
de concentração, isto é, os solutos movimentam-se das zonas onde
existem em maior concentração para as zonas onde existem em
menor concentração.
A difusão simples não exige transportadores nem consumo
de energia. A velocidade com que ocorre está directamente relacio-
nada com as diferenças de concentração entre o meio externo e
interno, sendo tanto maior quanto maior for essa diferença.

Difusão facilitada
Algumas moléculas polares, entre as quais a glucose, alguns
aminoácidos e algumas vitaminas atravessam a membrana plasmá-
tica a favor dos gradientes de concentração. Este transporte apre-
senta, contudo, diferenças relativamente à difusão simples.

unidade 1 Obtenção de matéria 67


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 68

ACTIVIDADE

DIFUSÃO FACILITADA

1. Analise atentamente os documentos apresentados e responda às questões.


Doc. 1
A — A velocidade de entrada da glucose na célula é superior àquela que é compatível com a difusão simples.
B — A velocidade do transporte, através de difusão facilitada, estabiliza quando as concentrações de
glucose no meio externo são muito elevadas (na difusão simples, a velocidade de transporte aumenta
directamente com a concentração da substância a transportar).
C — As alterações da temperatura e a presença de alguns venenos metabólicos afectam este tipo
de transporte.

Doc. 2
Velocidade de transporte

A
B

Concentração
Fig. 13 Variação da velocidade de difusão relativamente à variação da concentração
de uma substância segundo a difusão facilitada (A) e a difusão simples (B).
A difusão da glucose é expressa pelo traçado A.

Doc. 3
glu Exterior da célula
co
se Proteína transportadora de glucose

A proteína A glucose
liga-se à glucose atravessa a proteína A proteína
altera a sua
configuração
A glucose
é libertada
A proteína retoma a sua
configuração inicial Interior da célula
Fig. 14 Esquema representativo da hipótese da difusão facilitada.

1.1 Tente encontrar uma hipótese explicativa para:


a) a velocidade do transporte, através de difusão facilitada, estabilizar acima de uma determinada
concentração de glucose;
b) o transporte ser afectado por variações de temperatura e pela presença de venenos metabólicos.
1.2 Procure explicar o processo de entrada de glucose nas hemácias.

68 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 69

A glucose e outras moléculas polares podem atravessar a mem-


brana através do processo de difusão facilitada. Estas moléculas
entram na célula ajudadas por proteínas da membrana (permea-
ses). As proteínas ligam-se às moléculas a transportar, sofrem alte-
ração na sua configuração, permitindo que as moléculas atravessem
a membrana. Uma vez libertadas as moléculas no interior da célula,
as permeases voltam ao seu estado inicial.
Este processo, aparentemente sem gasto de energia, envolve
a intervenção de proteínas, por isso, as alterações de temperatura
e a presença de venenos afectam o transporte, pois podem provocar
a desnaturação (alteração da estrutura) das proteínas envolvidas.
Do mesmo modo, também é explicado que a velocidade de difusão A RETER
facilitada não depende apenas da concentração da substância a trans- A difusão simples e a difusão
portar, mas também do número de permeases disponíveis para facilitada ocorrem sem consumo
mediar o transporte. Quando todas as proteínas estão envolvidas de energia. Na difusão
facilitada intervêm mediadores
no transporte, dizemos que estas ficam saturadas, estabilizando (permeases).
a velocidade da difusão.

Transporte activo
Todos os processos de transporte estudados até agora têm em
comum o facto de contribuírem para a uniformização das concen-
trações de solutos e solventes entre o meio intra e extracelular.
Mas o meio intracelular não apresenta todos os constituintes
em concentrações semelhantes ao meio extracelular.

ACTIVIDADE

TRANSPORTE ACTIVO

1. Analise atentamente o quadro que se segue, que mostra parte


da composição, por unidade de medida, do meio externo
e interno de uma dada célula humana, em situação
de equilíbrio. Responda às questões.

COMPOSIÇÃO MEIO INTRACELULAR MEIO EXTRACELULAR


K⫹ 141,0 4,7
Mg2⫹ 31,0 1,4
SO42⫺ 11,0 2,0
Na⫹ 10,0 137,0
C‘⫺ 4,0 112,7
Ca2⫹ 0 2,4
Valores em mM

1.1 Refira as substâncias que existem:


a) em maior concentração no meio intracelular,
relativamente ao meio extracelular;
b) em menor concentração no meio intracelular,
relativamente ao meio extracelular.
1.2 Explique por que razão os valores expressos no quadro
não podem ser justificados por nenhum dos processos
de transporte membranares estudados até agora.

unidade 1 Obtenção de matéria 69


872546 054-083_U1 5/3/07 17:02 Page 70

Se considerarmos que as células necessitam de:


• manter o seu meio interno em concentrações e constituição
independente do meio exterior;
A RETER • retirar nutrientes do meio, mesmo que estes aí existam em
No transporte activo: menor quantidade, relativamente ao interior da célula;
• as substâncias movimentam-se • libertar para o exterior produtos de excreção, mesmo que aí
contra os gradientes as suas concentrações sejam superiores.
de concentração;
• há consumo de energia Então, é de esperar que, por vezes, tenham de ser contrariados
(ATP); os gradientes de concentração. Sempre que isto acontece, a célula
• há intervenção de proteínas
transportadoras. realiza transporte activo, que envolve consumo de energia (ATP) e
mediação por parte de proteínas membranares específicas (Fig. 15).

Exterior da célula:
rico em sódio,
pobre em potássio
Bomba de sódio e potássio Na+
K+ Na+
Na+ Na+
K+ Na+

Na+ K+

K+

P P K+
Na+ P
Na+ K+
ATP ADP
Interior da célula:
Na+ rico em potássio,
pobre em sódio
Fig. 15 Transporte activo de iões Na⫹ e K⫹ contra os gradientes de concentração.

Endocitose e exocitose
As macromoléculas (proteínas, polissacáridos, etc.) são dema-
siado grandes para poderem atravessar a membrana. Tal facto
assegura, por um lado, a integridade das células, impedindo, por
exemplo, uma hemácia de perder a sua hemoglobina ou uma célula
muscular de perder as suas proteínas essenciais. Contudo, esta
situação, se não pudesse ser contornada, poderia originar proble-
mas sérios a células que segregam enzimas e que têm de as libertar,
ou a seres unicelulares que se alimentam por ingestão de partículas
de grandes dimensões.
Algumas macromoléculas e partículas, ou até mesmo pequenas
células, podem introduzir-se nas células eucarióticas através de um
processo que se designa por endocitose. Neste processo, ocorrem
invaginações da membrana plasmática, formando-se vesículas que
encerram dentro de si as substâncias a transportar. Estas vesículas
libertam-se posteriormente da membrana e migram para o interior
da célula.

70 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 71

Existem três tipos de endocitose: a fagocitose, a pinocitose e a fagocitose phagocytosis


endocitose mediada por receptores (Fig. 16). pinocitose endocytosis

A fagocitose é o processo usado pelos seres


unicelulares que se alimentam por ingestão ou
A
por algumas células de seres multicelulares,
Organismo
responsáveis pela defesa dos mesmos. Exemplos
destas últimas são alguns glóbulos brancos que,
Citoplasma
através da fagocitose, destroem potenciais peri-
gos para a saúde.
Durante a fagocitose, as células emitem pro- Membrana plasmática
longamentos citoplasmáticos, pseudópodes, que
Núcleo Vesícula
rodeiam as partículas, as envolvem e as fazem,
assim, entrar dentro das células. B
A pinocitose é um processo semelhante, Moléculas
grandes
que envolve a formação de pequenas vesículas
que rodeiam substâncias fluidas ou dissolvidas. Citoplasma

Ao contrário dos dois processos anteriores, a


endocitose mediada por receptores é específi- Membrana plasmática
ca. Neste processo, existem receptores proteicos
Núcleo Vesícula
da membrana, que se ligam a macromoléculas
específicas. De seguida, formam-se invaginações C
da membrana, que rodeiam as partículas, e Moléculas
geram-se as vesículas, que são depois libertadas a transportar

no citoplasma. Citoplasma

A exocitose é o processo pelo qual as subs-


tâncias integradas em vesículas são libertadas para
Membrana plasmática
o exterior da célula (Fig. 17). As membranas das
vesículas fundem-se com a membrana plasmáti- Núcleo Vesícula
ca no momento da expulsão das substâncias.
Fig. 16 Endocitose: fagocitose (A); pinocitose (B);
transporte mediado por receptores (C).

A Produtos de B
secreção

Membrana
plasmática

Citoplasma

Núcleo
Vesícula
secretora

Fig. 17 Exocitose: esquema (A); microfotografia (B).

unidade 1 Obtenção de matéria 71


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 72

A RETER

TRANSPORTE CARACTERÍSTICAS
Passagem da água, através
de membrana semipermeável, a favor
do gradiente de concentração.
Água
Osmose

Não mediado Passagem de substâncias, através


de uma membrana a favor do gradiente
de concentração.

Difusão simples
Sem consumo de energia
Substâncias

Passagem de substâncias através


de uma membrana a favor do gradiente
de concentração, mediada por proteínas
transportadoras — as permeases.

Difusão facilitada

Mediado
Passagem de substâncias através
de membrana contra o gradiente
de concentração, mediada por proteínas
transportadoras e gasto de energia.

Com consumo de energia Transporte activo

Entrada na célula de substâncias


envoltas em membrana.

Endocitose
Macromoléculas

Libertação de substâncias envoltas


em membrana — vesículas — no meio
extracelular, através da fusão
com a membrana plasmática.

Exocitose

72 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 73

Sistema endomembranar
A maior parte do volume de uma célula eucariótica é ocupado
pelo sistema endomembranar, que é constituído pelo retículo
endoplasmático, pelo complexo de Golgi e pela membrana nuclear.
Estes organitos têm continuidade uns nos outros. É possível obser-
var ao microscópio electrónico vesículas que abandonam a mem-
brana nuclear e se juntam para formar o retículo endoplasmático,
bem como vesículas que se libertam deste último para iniciar a for-
mação do complexo de Golgi.

ACTIVIDADE

CONTINUIDADE MEMBRANAR

1. Para melhor compreenderem a relação entre os organitos


membranares no interior da célula, Palade e colaboradores
realizaram a experiência a seguir apresentada.
Colocaram células de pâncreas de rato em meio nutritivo contendo
leucina (aminoácido) marcada com o isótopo radioactico 14C.
As células do pâncreas continuaram a desempenhar a sua
função produzindo hidrolases (proteínas que contêm leucina
na sua constituição). Recorrendo a técnicas de auto-radiografia
a tempos regulares, conseguiram acompanhar a localização
da leucina. Analise as figuras e responda às questões.

3 minutos
vesícula de
secreção

complexo
de Golgi

retículo
endoplasmático núcleo
rugoso

37 minutos

117 minutos

Fig. 18 Células de pâncreas auto-radiografadas.

1.1 Descreva o trajecto percorrido pela leucina no decorrer


da experiência.
1.2 Refira as hipóteses que pode levantar acerca da função:
a) do retículo endoplasmático rugoso;
b) do complexo de Golgi;
c) das vesículas de secreção.

unidade 1 Obtenção de matéria 73


872546 054-083_U1 30/5/07 15:47 Page 74

retículo endoplasmático endoplasmic Retículo endoplasmático


reticulum
Entre a membrana nuclear e a membrana plasmática existe, no
interior das células eucarióticas, um vasto conjunto de membranas,
que delimitam túbulos, cisternas ou vesículas, e que se designa por
retículo endoplasmático.
Estas membranas podem ou não estar revestidas externamente
por ribossomas, tomando a designação de retículo endoplasmáti-
co rugoso (RER) ou de retículo endoplasmático liso (REL), res-
pectivamente (Figs. 19 e 20).
O RER tem como função receber no seu lúmen as proteínas
sintetizadas pelos ribossomas, a sua eventual maturação (por exem-
plo, a aquisição de estruturas terciárias ou a aquisição de grupos
prostéticos) e transporte até determinados organitos citoplasmáti-
cos, ou para o exterior da célula.
O REL, mais tubular do que o RER, pode desempenhar, entre
outras funções, a modificação de pequenas moléculas que entram
na célula (por exemplo, drogas ou pesticidas) e a síntese de lípidos.

Retículo endoplasmático
rugoso

Lúmen

Retículo endoplasmático
liso

Fig. 19 Retículo endoplasmático liso e rugoso.

Fig. 20 Retículo endoplasmático rugoso. São visíveis os inúmeros ribossomas


associados às cisternas.

74 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:46 Page 75

Complexo de Golgi complexo de Golgi golgi apparatus


lisossomas lysosomes
O complexo de Golgi é formado pelos vários dictiossomas de
uma célula. Estes são constituídos por uma série limitada de 4 a 7
sáculos achatados (cisternas), empilhados e rodeados por vesículas.
O complexo de Golgi forma-se a partir das
vesículas que se libertam do retículo endoplas- circulação
do material
mático. Estas unem-se e formam sáculos, que
ocupam progressivamente posições mais exte- Complexo
de Golgi
riores. Os sáculos mais externos separam-se
Retículo
posteriormente em vesículas que se despren- endoplasmático
rugoso

dem.
No complexo de Golgi, as proteínas recebi- Proteínas para usar
dentro das células

das do retículo são concentradas, envolvidas


em membranas e enviadas para os locais de Membrana plasmática
Proteínas para usar
fora das células

destino, que podem ser no interior ou exterior


Interior da célula Exterior da célula
da célula (Fig. 21).
Fig. 21 O complexo de Golgi recebe proteínas do RE, modifica-as,
envolve-as em membranas e coloca-as em circulação.

Lisossomas
Os lisossomas são formados a partir de vesículas libertadas do
complexo de Golgi e contêm enzimas hidrolíticas. Estão envolvidos
no processo de digestão celular.
Quando uma célula se alimenta por fagocito-
se, o alimento entra na célula rodeado por por-
ções de membrana, formando um fagossoma.
A este junta-se um lisossoma primário (gerado Lisossoma primário

directamente pelo complexo de Golgi) e cheio


de enzimas hidrolíticas. Fagossoma e lisossoma Fagossoma

fundem-se, formando um lisossoma secundário


Lisossoma secundário
(vacúolo digestivo), onde irá ocorrer a digestão
intracelular (Fig. 22). Produtos da digestão
Fagocitose
Os lisossomas são também responsáveis pelos
processos de autofagia (destruição de organitos
Membrana plasmática
da própria célula), desempenhando um papel
importante na manutenção da saúde e juventude Interior da célula Exterior da célula

da célula.
Fig. 22 Os lisossomas são os locais onde ocorre a digestão
de moléculas no interior da célula.

A RETER

SISTEMA ENDOMEMBRANAR — conjunto de organitos membranares envolvidos


no transporte intracelular e para o exterior da célula
Organito Função
Rugoso Maturação de proteínas e transporte das CURIOSIDADE
Retículo
(RER) mesmas no interior ou para o exterior da célula.
endoplasmático Nas metamorfoses das rãs, a cau-
Liso Transformação de substâncias nocivas da vai ser destruída pelas enzimas
(RE)
(REL) e síntese de lípidos.
que se encontram nos lisossomas.
Aglomeração das proteínas produzidas pelo RE
Complexo de Golgi Estes organitos rebentam e liber-
e transporte para o local de destino em vesículas.
tam as suas enzimas que destroem
Vesículas com enzimas hidrolíticas responsáveis
Lisossomas as células.
por fenómenos de digestão intracelular.

unidade 1 Obtenção de matéria 75


872546 054-083_U1 30/5/07 15:49 Page 76

ingestão ingestion 1 1 2 Ingestão, digestão e absorção


digestão digestion
digestão extra-celular extracellular A partir do momento em que um animal — ser vivo multicelu-
digestion
lar heterotrófico — captura um alimento até à utilização dos seus
digestão intra-celular intracellular
digestion
constituintes nas células, várias etapas ocorrem.
absorção absorption
Introdução do alimento no Ingestão
interior do corpo do animal.
Este processo é também Transformação de moléculas
partilhado pelos seres de grandes dimensões
heterotróficos unicelulares. (polímeros) em moléculas
de menores dimensões
(monómeros). Este processo
é essencialmente químico
e envolve a acção de enzimas.
Digestão

Digestão Digestão
Digestão que ocorre extracelular intracelular
em cavidades Há animais que fazem Nos animais mais
próprias do anteceder a digestão simples, a digestão
organismo, mas fora intracelular de uma ocorre, tal como
das células. digestão extracelular. nos seres
unicelulares,
exclusivamente
dentro das células.
Absorção
Passagem das moléculas, agora de pequenas dimensões, através das
paredes dos órgãos digestivos. Nos animais mais simples, a absorção
faz-se directamente para as células, enquanto nos mais evoluídos
a absorção ocorre entre o órgão digestivo e o sistema de transporte,
e é este que posteriormente faz chegar os nutrientes às células.

ACTIVIDADE
A B
COMO VARIAM OS SISTEMAS DIGESTIVOS Tubo digestivo
NO REINO ANIMAL? incompleto

1. A figura representa o sistema digestivo de quatro


animais diferentes. Analise-a atentamente
e responda às questões.
1.1 Qual é a principal diferença entre o Faringe
sistema digestivo da hidra e dos restantes
animais?
1.1.1 Para os outros animais, que
vantagens advêm dessa diferença? C D
1.2 Identifique aspectos comuns aos sistemas
digestivos da hidra e da planária, que os
distinguem dos sistemas digestivos da
minhoca e do homem.
1.2.1 Que vantagens poderão apresentar
o homem e a minhoca
relativamente à diferença
anteriormente encontrada?
1.3 Justifique a designação «cavidade
gastrovascular» atribuída à cavidade Fig. 23 Sistema digestivo da hidra (A); da planária (B);
digestiva da hidra. da minhoca (C) e do Homem (D).

76 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:47 Page 77

A hidra (Fig. 24) apresenta um tubo digestivo muito simples, cavidade gastrovascular gastrovascular
com uma única abertura — boca, por onde entra o alimento, e por cavity

onde são também expulsos os materiais não digeridos. Estes


designam-se por sistemas digestivos incompletos. O local de
digestão, em forma de saco, denomina-se cavidade gastrovascular.
Esta associa funções digestivas com funções de transporte (distri-
buição às diferentes células).
Na hidra, os alimentos entram pela boca e dirigem-se à cavida-
de gastrovascular. Aí inicia-se o processo de digestão (digestão
extracelular), que depois terá de ser completado ao nível das célu-
las que revestem essa mesma cavidade (digestão intracelular).

Fig. 24 Hidra.

O aparelho digestivo da planária (Fig. 25), embora se assemelhe


ao da hidra, apresenta, a par de uma forma tubular, uma certa dife-
renciação, o que vai permitir a existência de zonas distintas no trata-
mento dos alimentos, rendibilizando a digestão.
A planária introduz os alimentos pela boca e fá-los passar para
a faringe, órgão de condução dos alimentos, que, por se poder pro-
jectar para o exterior, pode também ajudar na captura dos mesmos
A RETER
alimentos. À faringe segue-se um intestino ramificado, que ocupa
grande parte do corpo do animal. Ao intestino compete iniciar a A ingestão, a digestão
e a absorção são processos
digestão, distribuir os alimentos pré-digeridos e ainda a absorção fundamentais para que
dos mesmos; a digestão é concluída no interior das células. os nutrientes possam ser
utilizados pelas células
Em suma, a planária apresenta, tal como a hidra, um sistema animais.
digestivo incompleto e uma digestão extra e intracelular.

Fig. 25 Planária.

unidade 1 Obtenção de matéria 77


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:47 Page 78

O aparelho digestivo da minhoca (Fig. 26) apresenta duas aber-


turas, boca e ânus, e designa-se, por isso, por tubo digestivo com-
pleto. A existência de duas aberturas permite que o alimento per-
corra o tubo digestivo num sentido unidireccional, passando por
zonas diferenciadas, onde o alimento é sujeito à acção do pH, das
enzimas e dos sucos distintos, aumentando a eficácia do processo
digestivo.
Na minhoca, é possível distinguir várias zonas no tubo digesti-
Fig. 26 Minhoca. vo: boca (local de ingestão), faringe e esófago (locais de condução
de alimento), papo (zona de armazenamento), moela (local de
digestão) e intestino onde, dorsalmente, existe uma prega — tiflo-
sole — que tem como finalidade aumentar a superfície de absor-
ção. O intestino termina com uma nova abertura — o ânus.
A minhoca apresenta um tubo digestivo completo e digestão
exclusivamente extracelular.
O aparelho digestivo do Homem apresenta um tubo digestivo
completo, que se inicia na boca e termina no ânus. Apresenta zonas
diferenciadas, boca, faringe, esófago, estômago, intestino (delgado
e grosso) e ânus. Em cada uma destas zonas, o alimento é sujeito
a acções diferentes (mecânicas e/ou químicas), existindo três locais
de digestão: boca, estômago e duodeno, região inicial do intestino
delgado.
Ao tubo digestivo estão associadas glândulas anexas (glândulas
salivares, pâncreas e fígado), que segregam sucos que ajudam na
digestão. Na parte final do intestino delgado, ocorre a absorção dos
nutrientes, já completamente digeridos. Para facilitar a absorção,
o intestino apresenta grande amplificação da sua área, graças à
presença de pregas (válvulas coniventes), vilosidades intestinais e
microvilosidades (Fig. 27). Os alimentos que não foram digeridos são
transportados para o intestino grosso, que os acaba por expulsar.
O Homem apresenta, tal como a minhoca, um tubo digestivo
completo e digestão exclusivamente extracelular.

Fig. 27 Vilosidades
intestinais.

78 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P054-083 28/2/07 10:47 Page 79

Conceitos/Palavras-chave

Necessários Essenciais Complementares

• Lisossoma • Seres • Fagocitose • Meio isotónico


• Retículo heterotróficos • Pinocitose • Meio hipotónico
endoplasmático • Absorção • Digestão • Meio hipertónico
• Complexo de Golgi • Ultra-estrutura da intracelular • Plasmólise
membrana • Vacúolo digestivo • Turgescência
plasmática
• Enzima • Lise celular
• Osmose
• Digestão • Permease
• Difusão extracelular
• Endocitose
• Transporte • Cavidade
facilitado • Endocitose mediada
gastrovascular
por receptores
• Transporte activo • Tubo digestivo
• Exocitose
• Ingestão
• Tubo digestivo
completo
• Tubo digestivo
incompleto

Síntese de conhecimentos

• Os seres heterotróficos (unicelulares e pluricelulares) utilizam matéria orgânica para obter


as substâncias de que necessitam.
• Os seres heterotróficos podem ter dois tipos de nutrição: absorção ou ingestão.
• A membrana plasmática separa o meio extracelular do meio intracelular. O modelo de ultra-estrutura
da membrana plasmática aceite actualmente é o de Singer e Nicholson — modelo do mosaico fluido.
• O transporte através da membrana envolve transportadores específicos — transporte mediado ou
facilitado —, ou não envolve transportadores — transporte não mediado.
• A osmose consiste na passagem da água através de uma membrana semipermeável.
• A difusão simples é o movimento de pequenas moléculas através da membrana, sem que haja
consumo de energia ou intervenção de transportadores.
• Na difusão facilitada, as moléculas atravessam a membrana ajudadas por transportadores — permeases.
• No transporte activo, as substâncias atravessam a membrana, contra o gradiente de concentração,
recorrendo a proteínas transportadoras e consumindo ATP.
• A endocitose é o processo pelo qual macromoléculas e partículas entram na célula, envolvidas em
porções de membrana.
• A exocitose é o processo pelo qual as substâncias envolvidas em vesículas abandonam as células.
• Do sistema endomembranar faz parte a membrana nuclear, o RE (RER e REL), o complexo de Golgi
e os lisossomas.
• Na obtenção de matéria orgânica, pelos seres heterotróficos, podem estar envolvidos três processos:
ingestão, digestão e absorção.
• Os sistemas digestivos dos animais podem apresentar: tubos digestivos incompletos, isto é, com uma
única abertura; tubos digestivos completos, com boca e ânus.
• Os animais podem apresentar digestão intra e extracelular ou só digestão extracelular.

unidade 1 Obtenção de matéria 79


872546 054-083_U1 5/3/07 17:04 Page 80

ACTIVIDADES

Obtenção de matéria pelos seres heterotróficos


1. Complete o mapa de conceitos relativos aos conteúdos desta subunidade.

TRANSPORTE

pode ser

Transporte
Não mediado A
de partículas
pode ser pode ser pode ser

Difusão
B C D Exocitose E
simples
que é que é pode ser

F
Transporte G
de soluto

realizam-se realiza-se H

Sem gasto Com gasto


de energia de energia Endocitose
mediada por
realizam-se receptores
através da

Membrana
plasmática
constituída por

I J L

organizados podem ser que se associam


em formando

M Integradas Periféricas Glicolípidos Glicoproteínas

2. A figura representa um esquema da membrana plasmática, segundo o modelo actualmente mais


aceite. Analise-a e responda às questões seguintes.

4
1

3
2
3

2
1

2.1 Faça a legenda da figura.

80 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 054-083_U1 5/3/07 17:17 Page 81

2.2 Identifique o número da figura que representa a molécula com as características referidas.
A — Molécula completamente hidrofílica.
B — Molécula anfipática que se dispõe em dupla camada.
C — Moléculas que facilitam a difusão de moléculas polares.
D — Moléculas com uma porção hidrofílica e outra hidrofóbica, constituídas por aminoácidos.
E — Moléculas que permitem a passagem de pequenas substâncias apolares.

3. As células da figura pertencem ao mesmo organismo e foram colocadas em meios com


concentrações diferentes. Observe-as com atenção e responda às questões sugeridas.

A B C

3.1 Atribua uma letra das figuras a cada uma das afirmações que se seguem.
I. Célula plasmolisada.
II. Célula colocada em meio isotónico.
III. Célula colocada em meio hipertónico.
IV. Célula colocada em meio hipotónico.
V. Célula túrgida.
3.2 Poderá a célula representada pela letra C sofrer lise celular? Justifique a sua resposta.

4. As afirmações que se seguem referem-se a transportes através das membranas plasmáticas.


Classifique-as como verdadeiras (V) ou falsas (F).
A — No transporte activo, há consumo de energia.
B — A difusão facilitada pode ser afectada pela temperatura.
C — A osmose explica o movimento da água de meios hipertónicos para meios hipotónicos.
D — A difusão simples explica o movimento de moléculas apolares contra os gradientes
de concentração.
E — Na pinocitose, intervêm moléculas receptoras da membrana.

5. A figura seguinte apresenta, de forma esquemática, um dos processos de transporte através


da membrana. Analise-a e classifique as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F).

Fig. 43 Corte transversal de células vegetais.

A — A substância a transportar é polar.


B — Gasta ATP.
C — É afectada pela presença de venenos metabólicos.
D — Designa-se por difusão facilitada.
E — Ocorre de acordo com os gradientes de concentração.
F — A velocidade do transporte estabiliza a partir de uma determinada concentração de solutos.

unidade 1 Obtenção de matéria 81


872546 054-083_U1 5/3/07 17:20 Page 82

ACTIVIDADES

6. De uma única batata, utilizando um furador de rolhas, foram obtidos três cilindros, que foram
cortados de modo a apresentarem pesos muito próximos. Foram ainda preparadas duas soluções
de sacarose. Cada um dos cilindros de batata, depois de devidamente pesado, foi colocado num
de três gobelés: A — água distilada; B — solução de sacarose a 10 %; C — solução de sacarose
a 20 %.
Passados 60 minutos, retiraram-se os cilindros, que foram rapidamente enxugados em papel
absorvente (para retirar o excesso de água) e pesados.
Os resultados obtidos encontram-se no quadro seguinte.

CILINDRO PESO INICIAL (g) PESO FINAL (g)


1 2,850 3,146
2 2,849 2,853
3 2,819 2,567

6.1 Seleccione a opção correcta. Os cilindros 1, 2 e 3 foram colocados respectivamente nos gobelés…
I. A, B e C.
II. C, A e B.
III. B, A e C.
IV. B, C e A.
V. A, C e B.
6.2 Analise as afirmações que se seguem e depois seleccione a opção que melhor as caracteriza.

I. As células da batata do cilindro 1 sofreram turgescência.


II. O cilindro 2 foi colocado num meio isotónico.
III. O fenómeno que explica a alteração de volume dos cilindros é a osmose.

A — Todas as afirmações são verdadeiras.


B — Apenas as afirmações I e II são verdadeiras.
C — Apenas as afirmações I e III são verdadeiras.
D — Apenas as afirmações II e III são verdadeiras.

7. Seleccione a opção correcta. As vesículas de secreção libertam o seu conteúdo para o exterior
da célula através de fenómenos de…
A — … transporte activo.
B — … fagocitose.
C — … difusão facilitada.
D — … exocitose.

8. Observe com atenção a figura e responda às questões sugeridas.


8.1 Faça corresponder um número da figura
a cada um dos seguintes termos. 2
A — Fagossoma.
B — Lisossoma primário. 3 1
C — Lisossoma secundário.
D — Complexo de Golgi. c
E — RER.

b
4
a

82 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 054-083_U1 5/3/07 17:21 Page 83

8.2 Identifique as letras da figura que expressam os seguintes fenómenos:


I. Exocitose.
II. Endocitose.
III. Autofagia.
8.3 Baseando-se exclusivamente na análise da figura, justifique as seguintes funções dos lisossomas:
X — Digestão intracelular.
Y — Manutenção do estado de saúde da célula.

9. Estabeleça a correspondência correcta entre as afirmações e os termos.

TERMOS
A — Absorção.
B — Ingestão.
C — Digestão.

AFIRMAÇÕES
I. Fagocitose.
II. Transformação de macromoléculas em monómeros.
III. Introdução de alimento na boca.
IV. Requer a intervenção de enzimas hidrolíticas.
V. Passagem de pequenas moléculas, que resultaram
da actividade de enzimas hidrolíticas, através da
membrana de determinados órgãos do sistema digestivo.

10. Estabeleça a correspondência entre as letras da chave e as afirmações.

CHAVE
A — Hidra.
B — Minhoca.
C — Hidra e minhoca.
D — Nem a hidra nem a minhoca.

AFIRMAÇÕES
I. Possui cavidade gastrovascular.
II. Possui exclusivamente digestão intracelular.
III. Possui digestão extracelular.
IV. Tubo digestivo completo.
V. Possui uma única abertura no tubo digestivo.

11. Enumere uma vantagem:


a) da digestão extracelular relativamente à digestão intracelular, para os seres vivos que a possuem;
b) dos tubos digestivos completos relativamente aos tubos digestivos incompletos, para os seres
vivos que os apresentam.

12. Justifique a afirmação: «Apesar de existirem diferenças significativas, é possível estabelecer


uma relação morfofisiológica entre a tiflosole da minhoca e as vilosidades intestinais do homem.»

unidade 1 Obtenção de matéria 83


Unidade1_P084-103 28/2/07 10:47 Page 84

fotossíntese photosynthesis 1 2 Obtenção de matéria


quimiossíntese chemosynthesis
pelos seres autotróficos
Já foi abordado a forma como os seres heterotróficos obtêm o
seu alimento e ainda como o alteram de modo a poder ser utilizado
pelas suas células.
No entanto, nem todos os seres vivos procedem desse modo,
embora necessitem de obter matéria orgânica, a fim de adquirirem a
energia essencial para o correcto desempenho de todas as suas células
(ou da sua única célula, se se tratar de um ser unicelular).
Os seres vivos autotróficos, seres vivos capazes de produzir a
matéria orgânica de que necessitam para a sua sobrevivência,
podem realizar esta actividade de produção de matéria através de
dois processos distintos:
• fotossíntese — utilização da energia luminosa como fonte
de energia (plantas, algas, cianobactérias);
• quimiossíntese — utilização da energia química, obtida
por alteração de matéria mineral, que é utilizada para elaborar
a matéria orgânica (bactérias sulfurosas e bactérias nitrificantes,
por exemplo).

Energia solar
1 2 1 Fotossíntese

Além de permitir a obtenção de matéria, o fenómeno da fotos-


síntese constitui também o processo mais importante de entrada de
energia na biosfera. Os produtores têm grande importância na
Folha manutenção do equilíbrio alimentar (entre outros) nos ecossistemas.
A maioria dos ecossistemas terrestres mantém a sua dinâmica à custa
da energia luminosa emitida pelo Sol e transformada pelos autotrófi-
Caule
cos (fotoautotróficos) em energia química utilizável pelas células.
CO2 Os seres autotróficos, para realizarem a fotossíntese, necessitam
de receber água e dióxido de carbono do meio ambiente e proce-
dem à libertação de oxigénio durante a produção de matéria orgâni-
ca (Fig. 28 e 29). Ou seja, os seres autotróficos também necessitam e
O2
dependem do ambiente para conseguirem manter o seu equilíbrio
A matéria orgânica
produzida na
e concretizar as suas funções.
fotossíntese é
transportada a toda
a planta.

Raiz

H2O

Fig. 28 Factores necessários à realização


da fotossíntese. Uma planta terrestre Estoma aberto Estoma fechado
necessita de água do solo, de dióxido
Fig. 29 O dióxido de carbono entra e o oxigénio sai da folha através de poros
de carbono da atmosfera e de luz
que esta possui — estomas. Estes poros podem estar abertos ou fechados.
solar para produzir a matéria orgânica.

84 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P084-103 28/2/07 10:47 Page 85

Embora esta designação — fotoautotróficos — atribuída aos


seres que realizam a fotossíntese seja recente, a curiosidade sobre o
modo de nutrição das plantas é já bastante antiga. De facto, já na
civilização grega, Aristóteles e outros surgiram com algumas opi-
niões sobre a «alimentação» destes seres, dizendo que «dependia
totalmente do solo».
Evitando a análise exaustiva, importa aqui abordar alguns dos
muitos trabalhos que, pela sua importância, poderão auxiliar na
visualização da Ciência como um somatório e reformulação de
ideias e interpretações de resultados, muito dependente, entre
outros factores, dos avanços tecnológicos.

ACTIVIDADE

DE QUE FORMA AS PLANTAS OBTÊM A MATÉRIA ORGÂNICA


RESPONSÁVEL PELO SEU CRESCIMENTO?

1. Na Grécia antiga sabia-se que solos fertilizados permitiam o crescimento das plantas, pelo que se acreditava
que o desenvolvimento destas dependia apenas dos nutrientes que estas «comiam» a partir do solo.
Na tentativa de esclarecer esta hipótese, Van Helmont executou a seguinte experiência, em 1648.

Água
gua da chuva

5 anos
+ +

Planta jovem Solo Planta adulta Solo


2,25 Kg 90 Kg peso seco 76,1 Kg 89,9 Kg peso seco
Fig. 30 Van Helmont colocou uma planta jovem num vaso, tendo pesado ambos no início. Regou a planta com água
da chuva durante 5 anos. Ao fim deste tempo, pesou a planta e o solo.

1.1 Os dados obtidos na experiência apoiam a hipótese original? Justifique a sua resposta.
1.2 Van Helmont deduziu, a partir desta experiência, que o crescimento das plantas se deve apenas
à presença da água. Critique a conclusão tirada por Van Helmont.
1.3 Identifique as variáveis que não foram controladas durante a experiência.
1.4 Proponha um percurso investigativo que permita demonstrar que a conclusão retirada por Van
Helmont estava incorrecta.

unidade 1 Obtenção de matéria 85


Unidade1_P084-103 28/2/07 10:47 Page 86

Com o trabalho de Van Helmont, são introduzidas alterações


aos conceitos, até aí adoptados como correctos, relacionados com o
modo de nutrição das plantas. Embora ainda longe da explicação
deste fenómeno, começam a surgir outros factores — a água —
necessários à realização deste processo.
No século XVIII, Joseph Priestley enriqueceu os conhecimentos
sobre este assunto, adicionando uma nova perspectiva até aí nunca
considerada: as plantas também tinham um papel importante na
manutenção da qualidade do ar.

ACTIVIDADE

QUAL É O PAPEL DAS PLANTAS NA RENOVAÇÃO DO AR?

1. Na tentativa de perceber qual era o papel das plantas na renovação do ar, Joseph Priestley montou
a seguinte actividade experimental.

A B C

Fig. 31 Experiência de Priestley que demonstrou que a chama de uma vela se apaga dentro de uma campânula (A);
o rato morre dentro de uma campânula (B) e o rato sobrevive se estiver acompanhado de uma planta dentro
da campânula (C).

1.1 Interprete os resultados obtidos nas montagens A, B e C.


1.2 Que conclusões pode tirar da experiência?
1.3 Com base nos resultados desta experiência, infira sobre a importância das plantas nos ecossistemas.

No século XVIII, sabia-se que as plantas produziam a sua maté-


ria orgânica, consumiam dióxido de carbono e libertavam oxigénio
na execução dessa tarefa, para a qual necessitavam de luz.

Dióxido de carbono + água glucose + oxigénio + água

No entanto, mesmo sabendo que apenas alguns seres vivos têm


capacidade de realizar este processo, muitas questões podem ser
levantadas ao analisar esta equação.

86 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 084-103_U1 30/5/07 15:51 Page 87

Que característica dos seres fotoautotróficos cloroplasto chloroplast


lhes permite converter a energia luminosa pigmento fotossintético photosyntetic
pigment
em energia química?
clorofila chlorophyll

As folhas são, no caso das plantas superiores, o principal órgão


onde ocorre a fotossíntese (Fig. 32). Nas células das folhas, pode
observar-se organitos celulares — cloroplastos — cuja cor verde é
dada por um tipo de pigmentos fotossintéticos — as clorofilas.
Estes organitos celulares possuem um sistema endomembranar
bastante organizado, sendo no seio destas membranas que se encon-
tram a clorofila e outros pigmentos fotossintéticos.

Núcleo Retículo endoplasmático Vacúolo

Citoplasma
Membrana do núcleo

Mitocôndria
Cloroplasto

Parede
celular
Membrana plasmática
Membrana externa

Membrana
interna


Estroma


Tilacóide

Grana — conjunto de tilacóides


Espaço no interior do tilacóide empilhados

Fig. 32 Da folha ao tilacóide. Folha em corte transversal (A). Esquema de uma célula vegetal com os cloroplastos (B). Organização
interna de um cloroplasto (C) com as membranas e o espaço entre elas — estroma. Os tilacóides (D) possuem membrana (E), que
inclui muitas moléculas de pigmentos e um espaço interior.

PIGMENTOS FOTOSSINTÉTICOS
Designação Coloração Ocorrência
Todos os eucariontes
Pigmento primário Clorofila a Verde-relva
fotossintéticos e cianobactérias
Clorofila b Verde-azulado Plantas e algas verdes
Carotenóides:
Todos os cloroplastos
carotenos Vermelho, laranja, amarelo
Pigmentos acessórios e nas cianobactérias
xantofilas
Cloroplastos das algas vermelhas
Ficobilinas Vermelho, azul
e nas cianobactérias

unidade 1 Obtenção de matéria 87


Unidade1_P084-103 28/2/07 10:47 Page 88

ACTIVIDADE LABORATORIAL

SEPARAÇÃO DOS PIGMENTOS FOTOSSINTÉTICOS POR CROMATOGRAFIA EM PAPEL

Teoria Que pigmentos Conclusão


Obtenção de matéria pelos seres fotossintéticos existirão
autotróficos: papel dos pigmentos nas plantas?
na fotossíntese.

Princípios
• As plantas realizam a fotossíntese
porque possuem pigmentos capazes
de captar a energia luminosa;
• Os pigmentos fotossintéticos são Resultados
variados e podem distinguir-se pelas
cores que revelam.

Conceitos (a completar)




Procedimento
1 — Macere num almofariz, juntamente com uma porção de areia, algumas folhas de agrião.
2 — Adicione 15 mL de álcool a 95º e misture bem. Verifique e registe a cor da solução.
3 — Filtre, usando um funil de vidro e outro de papel de filtro, o conteúdo do almofariz para um
gobelé.
4 — Verta este filtrado para uma caixa de Petri e introduza na solução um rectângulo (5 cm x 8 cm)
de papel de cromatografia, dobrado em ângulo recto.
5 — Aguarde cerca de 15 minutos e registe as alterações (consulte a tabela da página anterior).

Nota: Pode utilizar folhas de qualquer outra planta verde. O papel de filtro poderá substituir o de cromatografia
e o álcool a 70º é uma alternativa ao que foi referido anteriormente.

Que papel desempenham os pigmentos


na fotossíntese?

Os pigmentos fotossintéticos são extremamente importantes


para a planta e para todos os seres vivos, pois são as substâncias
que absorvem a energia luminosa, o que permite iniciar todas as
reacções da fotossíntese. É este fenómeno que permite a entrada da
energia solar no mundo vivo. Sem se iniciar a captação de energia,
a planta não realiza o processo fotossintético.

88 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P084-103 28/2/07 10:47 Page 89

Há trezentos anos, Newton separou a luz num espectro de


cores visíveis, e, no século XIX, Maxwell demonstrou que a luz visí-
vel era apenas uma pequena parte dum vasto espectro de radiação
— o espectro electromagnético (Fig. 33).

ondas
Raios gama Ultravioletas (UV) Infravermelhos (IV) de rádio

Raios Raios x Microondas


cósmicos Luz visível
1 10 102 103 104 105 106

Os comprimentos de onda Os comprimentos de onda


mais curtos são mais longos são
mais energéticos. menos energéticos.
400 500 600 700

Comprimento de onda (nm)

Fig. 33 Espectro electromagnético. A porção do espectro visível pelo Homem está


compreendida entre 400 e 700 nm.

As radiações do espectro propagam-se em ondas e a sua energia


pode ser avaliada pelo comprimento de onda.
A maioria dos pigmentos absorve radiações com comprimentos
de onda específicos, reflectindo as outras.
No caso da clorofila, a sua capacidade de absorção é bastante
elevada (absorve radiações de diferentes comprimentos de onda),
no entanto, não absorve aqueles que estão associados à cor verde e,
por os reflectir, apresenta-se com essa cor (Fig. 34).

100
Espectro de acção
da fotossíntese
Taxa de fotossíntese (%)

80

60
A

100 40

80 Clorofila b 20

60 0
Carotenóides
Absorção (%)

40
Clorofila a

20 B

400 500 600 700


Comprimento de onda (nanómetros)

Fig. 34 Relação entre o espectro de acção da fotossíntese e o espectro de absorção


dos pigmentos existentes nos cloroplastos. O espectro de acção da fotossíntese
é medido numa planta intacta exposta a diferentes comprimentos de onda (A).
Espectro de absorção de três diferentes pigmentos (B).

unidade 1 Obtenção de matéria 89


Unidade1_P084-103 28/2/07 14:51 Page 90

ACTIVIDADE

RELAÇÃO ENTRE O ESPECTRO DE ABSORÇÃO E A TAXA DE FOTOSSÍNTESE

1. Em 1882, Engelmann utilizou uma alga verde filamentosa — Spirogyra — e bactérias aeróbias
(consomem oxigénio na respiração) para tentar relacionar os comprimentos de onda da luz com
a eficácia da fotossíntese.
Numa lâmina, onde colocou a alga, espalhou uniformemente as bactérias e cobriu com a lamela.
Depois, adaptou um prisma óptico ao microscópio, de modo a obter a decomposição da luz
a incidir sobre a preparação.
Ao fim de algum tempo, observou a preparação e verificou que as bactérias se tinham deslocado
e se encontravam aglomeradas.
Analise os resultados da experiência e responda às questões.

Fig. 35 Experiência de Engelmann. Lâmina com distribuição das bactérias no fim da experiência. As bactérias
acumulam-se sobre a alga de modo desigual. A curva representa a variação da fotossíntese com a variação
do comprimento de onda.

1.1 Identifique as regiões do espectro onde ocorreu maior acumulação de bactérias.


1.2 Por que razão as bactérias se deslocaram para essas zonas?
1.3 Conclua sobre uma das formas de fazer a avaliação da taxa de fotossíntese.
1.4 Sabendo que a curva representada representa a variação da fotossíntese com a variação de
comprimento de onda, relacione a taxa fotossintética com a capacidade de absorção de radiações
dos pigmentos.

A clorofila a é, de todos os pigmentos referidos, aquele que


representa um papel central em todo este processo. Os pigmentos
acessórios cedem energia captada à clorofila a para se iniciarem as
reacções.

Qual é a consequência da absorção


de energia pela clorofila a?

Embora se conhecesse a capacidade de as plantas libertarem


oxigénio quando expostas à luz há já muito tempo, só no século XX
se conseguiu perceber a origem deste gás.

90 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P084-103 28/2/07 10:47 Page 91

ACTIVIDADE

ORIGEM DO OXIGÉNIO LIBERTADO NA FOTOSSÍNTESE

1. Ao trabalhar com bactérias sulfurosas fotossintéticas anaeróbias,


Van Niel verificou que as mesmas, na presença de luz, produziam
compostos orgânicos e utilizavam dióxido de carbono, tal como
as plantas. Apesar desses aspectos comuns, apurou algumas
diferenças: as bactérias utilizavam sulfureto de hidrogénio
em vez de água e libertavam enxofre em vez de oxigénio.
Van Niel propôs a seguinte equação para traduzir a
fotossíntese nestas bactérias:

Luz
CO2 ⴙ 2H2S (CH2O) ⴙ H2O ⴙ 2S

1.1 Refira as semelhanças e as diferenças existentes nos


processos fotossintéticos das plantas e das bactérias
sulfurosas.
1.2 Analise a equação que traduz a fotossíntese nas plantas
e, comparando com a anterior, proponha uma origem
para o oxigénio libertado.

Luz
CO2 ⴙ 2H2O (CH2O) ⴙ H2O ⴙ O2

1.3 Posteriormente, em 1941, Samuel Ruben e Martin Kamen


forneceram às plantas água marcada com isótopo 18O.
Constataram que o oxigénio (O2) libertado durante
o processo fotossintético apresentava o isótopo 18O. Até que
ponto podem estes resultados confirmar os anteriores?

No início do processo fotossintético, a clorofila a, ao absorver


energia, perde alguns dos seus electrões, que vão reagir com a
molécula de água, desdobrando-a e libertando-se oxigénio. Libertam-
-se também electrões que vão fluir por uma série de aceitadores, de
uma cadeia transportadora da membrana dos tilacóides, gerando
energia suficiente para transformar várias moléculas de ADP (Ade-
nosina difosfato) noutras mais energéticas e mobilizadoras de ener-
gia — o ATP (Adenosina trifosfato), e ainda reduzir o NADPⴙ
(Nicotinamida adenina dinucleótido fosfato) a NADPH, molécula
transportadora de hidrogénios.

1
H2O 2Hⴙ ⴙ 2eⴚ ⴙ O
2 2

ADP ⴙ P ⴙ Energia ATP

NADPⴙ ⴙ 2eⴚ ⴙ 2Hⴙ NADPH ⴙ Hⴙ

No fim desta etapa da fotossíntese, denominada fase fotoquí-


mica, consumiu-se água e libertou-se oxigénio devido à acção da
luz sobre os pigmentos fotossintéticos.
unidade 1 Obtenção de matéria 91
Unidade1_P084-103 28/2/07 10:47 Page 92

FASE FOTOQUÍMICA
Na membrana dos tilacóides existem muitas moléculas de pigmentos
(agrupadas em fotossistemas) capazes de absorver energia (na forma
de fotões).
Essa energia é transferida de molécula em molécula até chegar a duas
muito especiais: clorofilas a.
Cada clorofila, ao receber aquela energia, passa um dos seus electrões
para uma outra molécula (aceitador de electrões). A energia contida
nesse electrão pode assim ser utilizada em reacções químicas. Por isto
se diz que a energia luminosa é convertida em energia química.
Conhecem-se dois tipos destas associações moleculares de pigmentos:
o fotossistema I e o fotossistema II que funcionam em conjunto,
aumentando assim a sua eficácia. Realmente, enquanto a molécula
de clorofila a do fotossistema II é especializada em absorver energia
luminosa com comprimento de onda de 680 nanómetros, a clorofila a
do fotossistema I é mais eficaz
na captação de energia da luz
Moléculas
Energia luminosa
de pigmentos com 700 nanómetros.
Esta transferência de energia,
de umas moléculas para outras,
permite o armazenamento em
moléculas capazes de acumular
energia química e a sua
transferência para outro local
do cloroplasto onde é necessária,
Transferência
ou seja, para o local onde
de energia ocorrem as reacções
responsáveis por produzir,
l o r o fil a a efectivamente, a matéria
C
orgânica que a célula vegetal,
como todas as outras, necessita
e-
Receptor para sobreviver.
de electrões
Transferência de energia durante
a fotossíntese. Organização das moléculas
de pigmentos na membrana dos tilacóides.

Aceitador de e-

Aceitador de e-
Aceitador de e-
P700
Aceitador de e-
Aceitador de e- H+
Aceitador de e-
P680
Aceitador de e- 2e-
H2O Aceitador de e-
2e- Complexo NADP++ H+
energia 2H+ citocromo b6/f
luminosa NADPH
1/2O2 Aceitador de e-
2e-
P680 H+ P700
H+ +
H
H+

ATP

Fotossistema II Fotossistema I
O fluxo de electrões ao longo dos aceitadores gera energia para ocorrer a fosforilação do ADP em ATP.

92 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P084-103 28/2/07 10:47 Page 93

No interior do tilacóide, a absorção de energia luminosa, por parte


dos pigmentos fotossintéticos do fotossistema II (P680) (A), leva
à quebra da molécula de água.

1
H2O O2 ⴙ 2Hⴙ ⴙ 2eⴚ
2

Liberta-se uma molécula de oxigénio (O2)


por cada duas moléculas de água
utilizadas.

Os electrões gerados serão transportados até ao fotossistema I (C) através


de moléculas transportadoras (B), existentes na membrana do tilacóide,
onde darão origem à libertação de protões (H⫹) para o interior do mesmo.
O fotossistema I (P700) (C), após captar a energia luminosa,
reencaminha os electrões para o estroma, onde são cedidos ao NADP⫹ (D),
formando NADPH (molécula utilizada na fase seguinte da fotossíntese).

NADPⴙ ⴙ 2Hⴙ ⴙ 2eⴚ NADPH ⴙ Hⴙ

No interior do tilacóide, os protões produzidos ((A) e (B)) serão utilizados


pela ATP — sintase (E) que, transferindo-os para o estroma, catalisa
a fosforilação do ADP, dando origem a ATP.

ADP ⴙ Pi ATP

Exterior do tilacóide (estroma):


baixa concentração de protões (H+) H+
NADP++ H+ ADP + P
A
Aceitador H+ C D NADPH
ATP
de e- Fd 2e-

2e-

2e- 2e-
B
E

Aceitador
2H+ + 1/2O2
de e- NADP redutase
H+
H2O H+ Fotossistema I ATP sintase
Fotossistema II
H+ H+
H+ H+
H+ H
+
H+ H+
H+ H+ H+ H+
Interior do tilacóide: H+
elevada concentração de protões (H+)

O desdobramento da molécula de água e o posterior fluxo de electrões ao longo


dos aceitadores permitem a criação de um gradiente de protões que é utilizado para formar
ATP. Por outro lado, estas reacções possibilitam a formação de NADPH quando o NADP⫹
funciona como aceitador final de electrões.

O ATP é capaz de armazenar energia mobilizando-a de modo a libertá-la


posteriormente quando for requerida.
O NADPH transporta electrões e hidrogénio que serão utilizados nos
processos de redução de compostos que originam a matéria orgânica.

unidade 1 Obtenção de matéria 93


Unidade1_P084-103 28/2/07 10:47 Page 94

Formação da matéria orgânica

ACTIVIDADE LABORATORIAL

RELAÇÃO ENTRE A ABSORÇÃO DE LUZ E A PRODUÇÃO DE AMIDO

Material
• Tina. • Papel de limpeza.
• 2 gobelés. • Água.
• 3 caixas de Petri. • Álcool.
• Placa de aquecimento. • Água iodada.
• Tesoura. • Etiquetas.
• Pinça. • Planta em vaso (por exemplo: sardinheira).
• Papel de alumínio.

Procedimento
1 — Coloque o vaso com a planta no escuro (armário) durante dois dias.
2 — Retire do armário e tape totalmente uma folha com papel de alumínio, enquanto outra deve ser
tapada apenas parcialmente.
3 — Deposite a montagem, durante 24 horas, num local bem iluminado e com temperatura elevada.
4 — Proceda ao corte de três folhas: uma que tenha estado destapada (A), a que esteve parcialmente
tapada (B) e aquela que esteve totalmente tapada (C).
5 — Coloque as três folhas em água a ferver, durante um minuto.
6 — De seguida, coloque as folhas (uma de cada vez) em álcool, que foi levado à ebulição
em banho-maria, até ficarem esbranquiçadas.
7 — Retire as folhas do álcool e coloque-as nas caixas de Petri (que devem ser identificadas com
as letras das folhas A, B e C) onde deitou a água iodada.
8 — Observe, registe e interprete os resultados.

A B

Fig. 36 Planta (sardinheira) envasada e com folha tapada com papel de alumínio (A); aspecto da folha
que esteve parcialmente tapada após contacto com a água iodada: apenas a região que esteve à luz
corou (B).

Discussão
1 — Qual é a razão do uso do álcool e da água iodada?
2 — O que terá sido utilizado como controlo do trabalho?
3 — Interprete os resultados obtidos em A, B e C.
4 — Que conclusão se pode tirar desta actividade?
5 — «As reacções químicas que ocorrem nas células são catalisadas por enzimas que, a temperaturas
demasiado baixas, ficam inactivas.»
5.1 Refira as alterações que deveria introduzir neste trabalho, de modo a provar esta afirmação.
5.2 Que resultados esperaria encontrar?

94 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 084-103_U1 30/5/07 15:52 Page 95

Na presença de luz, ocorre produção de matéria orgânica nas


folhas (Fig. 37).

Grãos de amido
Grana

Tilacóides Estroma


Fig. 37 Cloroplasto com vários grãos de amido (glúcido de reserva das plantas).

Em 1905, Blackman realizou várias experiências, nas quais ava-


liou os resultados das variações da intensidade luminosa e da tem-
peratura, primeiro individualmente e depois de modo combinado,
na fotossíntese.
Este investigador verificou que a taxa de fotossíntese aumenta-
va com o acréscimo de temperatura, quando esta subia até aos
30ºC. A partir deste valor de temperatura, a taxa fotossintética
começava a baixar.
Sabendo que nas células existem enzimas (proteínas capazes de
catalisar reacções químicas) e que a acção destas é influenciada pela
temperatura, ficou evidenciada a importância destas no fenómeno.
Outros trabalhos permitiram concluir que, se algas verdes forem
colocadas num meio com dióxido de carbono marcado com C radio-
activo (14C), e se forem intensamente iluminadas, a absorção deste
gás continua durante alguns segundos após a passagem para a obscu-
ridade.
A utilização de compostos marcados radioactivamente foi tam-
bém muito útil a Melvin Calvin que, em 1950, conseguiu seguir o
percurso do dióxido de carbono desde a sua entrada na planta até à
formação da matéria orgânica. Calvin comprovou que o papel deste
gás é de máxima importância na síntese da matéria de que a planta
necessita.
Este processo ocorre numa sequência de reacções que consti-
tuem a fase química.

unidade 1 Obtenção de matéria 95


872546 084-103_U1 30/5/07 15:54 Page 96

ACTIVIDADE

FORMAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA — CICLO DE CALVIN

1. O ciclo de Calvin permite conhecer as moléculas intervenientes na formação de uma molécula de glicose.
Os valores da figura seguinte referem-se a três voltas do ciclo.
Analise o esquema e responda às questões.

Reacções 6 NADPH
fotoquímicas 6 ATP
3 moléculas de
dióxido de carbono
3 ATP 3 moléculas de
3x1C
intermediário instável
3x6C
6 moléculas de
3 moléculas de 3-fosfoglicerato (PGA)
ribulose 1,5 bisfosfato (RuBP) 6x3C
3x5C
1a fase
Fixação do 6 ATP
3 ADP carbono
6 ADP
3 ATP
3a fase 2a fase
Regeneração Produção de
5 moléculas de do aceitador compostos 6 moléculas de
gliceraldeído 3-fosfato (PGAL) orgânicos 1,3-bisfosfoglicerato
5x3C 6x3C

Síntese de amido,
de aminoácidos, de glícidos 6 H+ + 6 NADPH
e de ácidos gordos

6 NADP+
1 molécula de 6 moléculas de
gliceraldeído 3-fosfato (PGAL) gliceraldeído 3-fosfato (PGAL)
1x3C 6x3C

Fig. 38 As reacções desta fase — fase química — desenrolam-se de modo cíclico ocorrendo
regeneração do composto aceitador do dióxido de carbono — ciclo de Calvin.

1.1 Qual é a molécula que se combina e incorpora o dióxido de carbono?


1.2 Qual é o papel do ATP e do NADPH neste ciclo?
1.3 Sabendo que uma molécula de glicose tem seis átomos de carbono, indique, justificando, o número
necessário de voltas deste ciclo para formar uma dessas moléculas.
1.4 De que modo a fase química da fotossíntese depende da fase fotoquímica?

A interpretação de todos estes trabalhos e a relação entre todas


as conclusões retiradas permitiram que, actualmente, se considere
que a fotossíntese é um processo que decorre em duas etapas:
fase fotoquímica e fase química (Fig. 39).
Ao contrário do que se pensou durante muito tempo, a segun-
da fase da fotossíntese — fase química — também é dependente da
luz.

96 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 084-103_U1 30/5/07 15:52 Page 97

Nesta fase, ocorrem reacções químicas que, além de necessita-


rem de ATP e NADPH formados na fase fotoquímica, são catalisadas
por enzimas. A activação de algumas destas enzimas é completa-
mente dependente da presença de luz.

FOTOSSÍNTESE
• Totalmente dependente da luz.
Fase fotoquímica

• Ocorre nas membranas dos cloroplastos (tilacóides), onde se encontram


os pigmentos capazes de absorver a energia luminosa.
• Há desdobramento da molécula de água.
• Verifica-se libertação de oxigénio.
• A energia luminosa é usada para transformar ADP em ATP.
• Ocorre redução da coenzima NADP⫹ a NADPH.
• Dependente da luz (para activação de enzimas).
• Ocorre no estroma do cloroplasto onde se encontram as enzimas
Fase química

necessárias às reacções.
• É utilizada a energia do ATP elaborado na 1.ª fase.
• É utilizado o poder redutor do NADPH para produção de compostos
orgânicos.
• O dióxido de carbono é incorporado, ligando-se a uma molécula orgânica.
• Há formação de matéria orgânica.
BUCHANAN; GRUISSEM; JONES — Biochemistry and Molecular Biology of Plants.
American Society of Plant Physiologists, Maryland: 2000.
L. TAIZ; E. ZEIGER — Plant Physiology. Sinauer Associates, Inc., Publishers.
Massachusetts: 2006.

Energia luminosa

Transporte
de electrões
Clorofila

H2O O2
Tilacóides

Fase ADP + P ATP NADP+ NADPH


fotoquímica

Fase
química
Matéria
CO2 orgânica
Ciclo de Calvin
Estroma

Fig. 39 Localização no cloroplasto das duas etapas da fotossíntese: a fase fotoquímica


ocorre nos tilacóides e a fase química ocorre no estroma.

A fotossíntese pode ser traduzida por:

Energia luminosa
6CO2 ⴙ 12H2O C6H12O6 ⴙ 6O2 ⴙ 6H2O
Dióxido Água Glucose Oxigénio Água
de carbono

unidade 1 Obtenção de matéria 97


Unidade1_P084-103 28/2/07 10:47 Page 98

1 2 2 Quimiossíntese

Os seres fotoautotróficos desempenham um papel importantís-


simo nos ecossistemas, já que são os únicos seres capazes de fazer
entrar no mundo vivo a energia emitida pelo Sol. No entanto, para
que consigam desempenhar as suas funções como base das cadeias
alimentares, é necessário que tenham acesso à luz.
Assim sendo, torna-se difícil entender como se podem encon-
trar comunidades bióticas a várias centenas de metros (ou quilóme-
tros) de profundidade, no fundo dos oceanos, ou até no interior do
solo, já que a luz não consegue penetrar nesses locais.
Tendo em conta que na base de qualquer cadeia alimentar se
encontram seres autotróficos, a explicação para esta questão passa
pelo facto de existirem seres vivos, todos do grupo das bactérias,
capazes de utilizar como fonte de energia a oxidação de compostos
inorgânicos reduzidos.
São os seres quimioautotróficos (Fig. 41), que realizam um
processo — quimiossíntese — muito semelhante à fotossíntese,
mas que utilizam uma fonte de energia e dadores de protões e de
electrões diferentes dos que estudámos nesse fenómeno. Na tabela
seguinte encontram-se algumas informações sobre esses seres vivos.

QUIMIOSSÍNTESE

Seres Composto utilizado Habitat


Bactérias sulfurosas — Compostos com enxofre
Águas hidrotermais.
oxidantes (H2S).
Compostos com ferro
Bactérias ferrosas Águas ricas em ferro.
(FeSO4).
Fig. 41 Fontes hidrotermais. Compostos com azoto
Bactérias nitrificantes Maioria dos solos.
Na escuridão destes locais, a vida (NH3).
é sustentada por quimiossíntese.
As bactérias produtoras de matéria
orgânica são a base das cadeias AUTOTROFIA — COMPARAÇÃO
alimentares. Fotossíntese Quimiossíntese
Compostos inorgânicos
Fonte de energia Sol
reduzidos.
Compostos inorgânicos
Dador inicial de e⫺ e H⫹ Água
reduzidos.
• Redução das moléculas transportadoras
Fase inicial de electrões.
• Transformação do ADP em ATP.
• Ciclo de redução do carbono.
Fase final
• Formação de matéria orgânica.

98 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade1_P084-103 28/2/07 15:10 Page 99

Conceitos/Palavras-chave

Necessários Essenciais Complementares

• Fotossíntese • Seres autotróficos • Tilacóides


• Cloroplasto • Pigmentos fotossintéticos • Fotoautotróficos
• Adenosina difosfato (ADP) • Quimiossíntese • Quimioautotróficos
• Adenosina trifosfato (ATP) • Nicotinamida adenina
dinucleótido fosfato (NADP)

Síntese de conhecimentos

• Os seres autotróficos são os únicos que conseguem sintetizar a matéria orgânica à custa
de compostos inorgânicos do meio ambiente e, por isso, são os produtores nas cadeias
alimentares.

• Os seres fotoautotróficos utilizam a energia solar para realizar a síntese de matéria num
processo designado por fotossíntese (transformam a energia luminosa em energia
química).

• Os quimioautotróficos utilizam a energia de compostos inorgânicos para realizar a síntese


de matéria num processo designado por quimiossíntese.

• Os seres fotoautotróficos possuem pigmentos fotossintéticos, como a clorofila,


responsáveis pela absorção da energia luminosa.

• Os pigmentos fotossintéticos das plantas encontram-se armazenados em organitos


exclusivos das células vegetais — cloroplastos (onde decorre a fotossíntese).

• Na fotossíntese, ocorre uma fase fotoquímica, totalmente dependente da luz, em que há


desdobramento da molécula de água, libertando oxigénio, e em que os electrões
e protões são utilizados para a síntese de ATP e a redução do NADPⴙ a NADPH.

• Numa segunda fase da fotossíntese (também dependente da luz), a energia do ATP


e os protões e electrões transportados pelo NADPH são utilizados para a síntese da
matéria orgânica com redução do dióxido de carbono.

• Na quimiossíntese, ocorre também uma fase de obtenção de energia e uma outra em


que a energia é utilizada na produção de matéria orgânica.

unidade 1 Obtenção de matéria 99


872546 084-103_U1 30/5/07 15:55 Page 100

ACTIVIDADES

Obtenção de matéria pelos seres autotróficos


1. Complete o mapa de conceitos relativos aos conteúdos desta subunidade.

SERES AUTOTRÓFICOS

produzem

Matéria
orgânica
utilizando

uns outros

A
Energia
de compostos
inorgânicos
realizam
realizam

Luz

requer C

Clorofila
Fase
fotoquímica
ATP

forma NADPH

que decorre E
D utilizados
em duas fases
que ocorre no Luz

F requer ATP e NADPH


onde se Fase G
encontra a química
forma H
Clorofila

2. Relativamente ao processo da fotossíntese, classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F)


as afirmações seguintes:
A — A fotossíntese ocorre apenas de dia.
B — A fase fotoquímica ocorre de dia e a fase química ocorre de noite.
C — Ambas as fases ocorrem no cloroplasto.
D — O CO2 só é usado na fase química.
E — O O2 libertado durante a fotossíntese provém do CO2.

3. Estabeleça a correspondência correcta entre os elementos da chave e as afirmações.

CHAVE AFIRMAÇÕES
A — Fase fotoquímica. I. Só ocorre às escuras.
B — Fase química. II. Consome CO2.
C — Ambas as fases. III. Produz O2.
D — Nenhuma das fases. IV. A água é desdobrada.
V. Há consumo de energia.

100 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 084-103_U1 5/3/07 17:55 Page 101

4. Analise a experiência efectuada por Engelmann, em 1880.


Engelmann utilizou espirogira, alga verde filamentosa, cujas células possuem um único cloroplasto
em forma de fita serpenteada. Adicionou ao dispositivo bactérias aeróbias (consomem O2) e sujeitou
a alga a uma iluminação diferenciada, correspondendo os círculos, visíveis na figura, às zonas
iluminadas com luz branca.

A B

A B

4.1 As afirmações que se seguem estão relacionadas com os resultados obtidos na experiência.
Analise-os e seleccione a opção que melhor as caracteriza.

I. Se há luz, há fotossíntese.
II. A única razão para ocorrer fotossíntese no local A é a exposição à luz.
III. No local B, não existem bactérias aeróbias, porque aí, devido à ausência
de cloroplasto, não ocorreu fotossíntese.

A — Todas as afirmações são verdadeiras.


B — Todas as afirmações são falsas.
C — Só as afirmações I e III são verdadeiras.
D — Só as afirmações II e III são verdadeiras.
E — Só a afirmação III é verdadeira.
4.2 Qual foi o processo utilizado para avaliar os resultados nesta experiência?
4.3 Seleccione a opção correcta. A principal conclusão desta experiência é:
A — A luz é essencial à fotossíntese.
B — A fotossíntese ocorre nos cloroplastos.
C — As bactérias aeróbias movem-se para os locais onde ocorre a fotossíntese.
D — Na fotossíntese produz-se O2.

5. Seleccione a opção correcta. A principal diferença entre a fotossíntese e a quimiossíntese é:


A — A fonte de energia para as reacções.
B — A fonte de carbono, inorgânico na primeira e orgânico na segunda.
C — A fonte de carbono, orgânico na primeira e inorgânico na segunda.
D — A produção de ATP.

unidade 1 Obtenção de matéria 101


872546 084-103_U1 5/3/07 17:56 Page 102

CiênciaTecnologiaSociedadeAmbiente

E quando as proteínas das membranas estão «doentes»?


As proteínas da membrana desempenham DOC. B — Fibrose cística
um papel fundamental no transporte de subs-
Os doentes com fibrose cística apresentam
tâncias essenciais para a manutenção da vida
alterações nos aparelhos digestivo e respirató-
da célula e do próprio indivíduo. Por vezes,
rio, apresentando má absorção de nutrientes,
ocorrem malformações a este nível, verificando-
baixo peso e infecções respiratórias frequentes.
-se situações de doença para os indivíduos que
Nos indivíduos normais, existem nas membra-
as possuem. Na espécie humana, existem algu-
nas das células dos epitélios proteínas transpor-
mas doenças que têm por base alterações de
tadoras — canais iónicos do cloro. Nestes indiví-
algumas proteínas das membranas. Como
duos, os canais iónicos abrem deixando sair C‘⫺,
exemplo, temos a hipercolesterolemia familiar
o que obriga a água a sair por osmose. Deste
(FH) e a fibrose cística.
modo, produzem-se mucos fluidos que arras-
Analise os documentos A e B e responda tam consigo partículas e bactérias. Uma altera-
às questões. ção num único a.a. é suficiente para alterar os
DOC. A — Hipercolesterolemia familiar canais iónicos do cloro. Assim, o C‘⫺ tem dificul-
dade em sair, a água não o segue, forma-se
A FH é uma doença que se diagnostica por um muco espesso, incapaz de arrastar poeiras
níveis elevados de colesterol no sangue. Esta é e microrganismos, originando frequentemente
uma doença hereditária e os seus portadores infecções.
desenvolvem com frequência, e precocemente, PURVES; ORIANS; HELLER; SADAVA —
doenças cardíacas, muitas vezes mortais, antes Life — The Science of Biology, 2004 (adaptado)
de atingirem os 45 anos. Os doentes com FH
possuem toda a maquinaria enzimática neces-
sária à transformação do colesterol em substân-
cias utilizáveis pela célula: não conseguem,
contudo, fazer entrar o colesterol dentro das célu- Cl- Cl-
H2O H2O
las que o metabolizam, nomeadamente nas
células do fígado. O colesterol movimenta-se na
Cl-
corrente sanguínea ligado a uma lipoproteína de H2O

baixa densidade, a LDL. Quando estas chegam muco espesso muco fluido
canal iónico
às células do fígado, a LDL, carregando o coles- de cloro A
terol, liga-se a receptores específicos da mem-
brana plasmática das células do fígado, e por
endocitose introduz-se dentro do citoplasma
destas. Os doentes de FH possuem estes recep- Cl-
Cl- H2O
H2O
tores alterados (dos 840 a.a., apenas um é dife-
rente dos de uma proteína receptora normal),
perdendo a especificidade para a LDL, o que
impede a entrada de colesterol na célula e a sua
muco espesso muco muito espesso
posterior acumulação no sangue. B

Fig. 2 Célula epitelial normal (A) e célula de um


indivíduo com fibrose cística (B).

ACTIVIDADES
A B
receptor
LDL
de LDL 1. Em que medida os factos descritos nos documentos
A e B justificam a importância da manutenção
da estrutura das proteínas para o bom desempenho
das suas funções?
LDL no sangue
2. Que mecanismos de transportes de substâncias para
Fig. 1 Célula de fígado normal (A) e célula de um
a célula são referidos nos documentos A e B?
doente com hipercolesterolemia.

102 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 084-103_U1 5/3/07 17:57 Page 103

Como é que um ser vivo resiste


às suas próprias enzimas digestivas?
As enzimas são proteínas, produzidas pelas DOC. A
células, especializadas em catalisar reacções
As células gástricas do estômago produ-
químicas. Permitem que reacções que levariam
zem pepsinogénio e libertam-no. Em simultâ-
muito tempo a ocorrer se desenrolem em curtos
neo, outras células do estômago segregam ácido
espaços de tempo. São específicas, só actuan-
clorídrico, o que faz baixar o pH do meio. Num
do sobre um determinado substrato ou grupo
meio com pH ácido, o pepsinogénio sofre uma
de substratos.
clivagem de 44 a.a. numa das suas porções ter-
Na digestão, as enzimas desempenham um minais. Deste modo torna-se activo e passa a
papel fundamental, permitindo que as macro- designar-se por pepsina. A formação da pepsina
moléculas que constituem os alimentos sejam estimula outros pepsinogénios a transformarem-
transformadas em monómeros que, por serem -se em pepsina. Este processo denomina-se
pequenos, podem ser absorvidos. autocatálise.
Sendo as enzimas capazes da degradação
DOC. B
das moléculas, por que razão não o fazem com as
moléculas das próprias células que as produzem? O pâncreas produz várias enzimas, entre as
Será que as enzimas «reconhecem» e «res- quais o tripsinogénio (protease inactiva). Este é
peitam» as células que as produzem? Ou será libertado para o duodeno, onde uma outra enzi-
que a célula é «cautelosa» e se «previne» con- ma, enteroquinase, produzida pelas células do
tra esta eventualidade? duodeno, catalisa a reacção de transformação
de tripsinogénio em tripsina. A formação da
Para encontrar uma resposta a esta ques-
tripsina estimula a transformação de mais tripsi-
tão, analise os documentos que se seguem,
nogénio em tripsina (autocatálise).
referentes a enzimas, concretamente de protea-
ses envolvidas na digestão humana — a pepsina Só na forma de tripsina a enzima é capaz
e a tripsina. de degradar as proteínas dos alimentos em ami-
noácidos, que o intestino consegue absorver.
PURVES; ORIANS; HELLER; SADAVA —
Life — The Science of Biology, 2004 (adaptado)

célula produtora
de ácido clorídrico

HCl
io
pepsina (enzima activa) én
pH
og
p e p si n

ácido
pepsinogénio centro
activo
pep
sin

HCl

sequência retirada

célula produtora
de enzimas

Fig. 3 Processo de activação do pepsinogénio em pepsina.

ACTIVIDADES

1. Depois de analisados os documentos, indique quais são as estratégias que os seres vivos utilizam para
preservar as suas células das enzimas por si produzidas.
2. Se os seres vivos não tivessem desenvolvido estas estratégias, que consequências poderiam sofrer?

unidade 1 Obtenção de matéria 103


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:48 Page 104

unidade 2

104 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:48 Page 105

Distribuição da matéria

2 1 O transporte nas plantas 108

2 2 O transporte nos animais 130

Como chega a matéria às células?


872546 104-129_U2 5/3/07 18:00 Page 106

unidade 2 Distribuição da matéria

B
A

Como será que a água consegue


ascender até às folhas de uma sequóia,
planta que chega a atingir 110 metros?
Terão as plantas um «coração»?
Existirão «bombas hidráulicas» Será que todos os animais
no interior das plantas? possuem sistema circulatório?

C D

O que distinguirá o sistema circulatório do caracol do sistema circulatório do leopardo?

O QUE JÁ SABE, OU NÃO...

1. Classifique as afirmações seguintes como verdadeiras (V) ou falsas (F).


A — Nas plantas, o transporte só ocorre no sentido da raiz para as folhas.
B — Nas plantas, a seiva bruta e a seiva elaborada circulam em locais separados.
C — Nas plantas, os tecidos de transporte situam-se exclusivamente no caule.
D — As plantas perdem quase tanta água como aquela que absorvem.
E — O transporte da seiva elaborada pode terminar em órgãos de armazenamento, como a raiz.
F — Todos os animais têm sistema circulatório.
G — Os corações dos animais têm quatro cavidades.
H — Nos animais, os sistemas circulatórios são constituídos por coração, vasos sanguíneos e sangue.
I — Em todos os animais, o sangue venoso nunca se mistura com o sangue arterial.
J — Em situações normais, o sangue nunca abandona os vasos sanguíneos.
L — Quanto mais complexo é o animal, mais cavidades tem o seu coração.

106 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 104-129_U2 30/5/07 15:57 Page 107

INTRODUÇÃO

Os seres multicelulares diferenciados, ao contrário dos seres unicelulares e multicelu-


lares simples, em que todas as células estão em contacto com o meio, são constituídos por
várias células com características, funções e localizações distintas. Nos seres multicelula-
res, muitas células não estão em contacto directo com o meio, apesar de necessitarem de
fazer trocas com este. É ao meio que as células vão buscar as substâncias de que necessi-
tam para o seu metabolismo, e é para o meio que as mesmas devolvem os seus produtos
de excreção.
Ao longo do processo evolutivo, o aparecimento dos sistemas de transporte permitiu
à vida dar um salto qualitativo, dado que possibilitou que as células se mantivessem em
contacto entre si, bem como com o meio envolvente.

Devido à sua complexidade, quer as plantas quer os animais apresentam


um conjunto de estruturas capazes de desempenhar a função de transporte.
Apesar de anatómica e fisiologicamente diferentes, é possível estabelecer uma
relação entre os sistemas de transporte nos dois reinos (Fig. 1).

Fig. 1 Transporte nos animais e nas plantas. Animais e plantas têm sistemas próprios para o transporte de diferentes
substâncias. Assim como nos animais evoluídos o sangue venoso não se mistura com o arterial, também
nas plantas as seivas bruta e elaborada circulam em tecidos diferentes.

unidade 2 Distribuição da matéria 107


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 108

2 1 O transporte nas plantas


Quando as plantas colonizaram o meio terrestre, surgiram pro-
blemas com o acesso limitado à água. A água é fundamental para
todas as formas de vida, pois as células precisam de manter no seu
meio interno condições para a ocorrência de inúmeras reacções
químicas dependentes de um meio aquoso.
A secura no ar e no solo, e o aumento do número de células
dificultaram o acesso das células destes seres à água.
Estes diversos obstáculos foram certamente determinantes no
modo como as plantas foram evoluindo ao longo dos tempos (Fig. 2).

0
Cenozóico

Clorófitas (algas verdes)

Briófitas (musgos)

Filicineas (fetos)

Gimnospérmicas (coníferas)

Angiospérmicas
Radiação das
plantas com flor
100
Mesozóico

200

300 Plantas com


sementes
Paleozóico

Origem das plantas


vasculares

Origem das plantas


400

500
Milhões de anos

Fig. 2 Evolução das plantas. Todas as plantas têm uma origem comum. As plantas vasculares (com sistema de transporte) surgiram
no Paleozóico.

108 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 109

É possível relacionar as trocas com o meio e a complexidade


das plantas. Ao observar-se um musgo, verifica-se que não existe
qualquer estrutura que assegure as trocas; as dimensões e a com-
plexidade do organismo permitem a entrada de água por osmose e
CURIOSIDADE
a passagem de nutrientes por simples difusão de umas células para
As sequóias são as árvores mais al-
outras. tas do mundo, estando referencia-
No entanto, nem todas as plantas têm as dimensões e a simpli- das seis com mais de 100 m de al-
cidade do musgo (Fig. 3A). Algumas podem atingir dezenas de metros, tura, todas no estado da Califórnia.
Em Portugal, existe uma sequóia
como a sequóia (Fig. 3B), mas continuam a ter a mesma necessidade
de dimensão apreciável em Vidago.
básica — água.

A B

Fig. 3 Todas as plantas necessitam de água e, para a obter, utilizam diferentes


mecanismos, que dependem da sua complexidade.

Nem todas as células da planta conseguem fabricar os nutrien-


tes de que necessitam, devido à ausência de clorofila ou por não se
encontrarem expostas à luz. As plantas mais simples possuem a
maioria das suas células expostas à luminosidade, o que lhes per-
mite realizar a fotossíntese, cedendo facilmente às restantes as subs-
tâncias produzidas, tendo em conta a sua proximidade. As plantas
de maiores dimensões e complexidade possuem um elevado núme-
ro de células incapazes de produzir matéria orgânica e, porque
estão distantes das fontes de produção, ficam impossibilitadas ao
acesso rápido e directo a esses materiais.
O desenvolvimento de um sistema de transporte nas plantas —
ou seja, um conjunto de tecidos especializados — permitiu a existência
de trocas entre as plantas e o meio, e a comunicação entre células do
mesmo organismo que apresentam as mesmas necessidades básicas.
unidade 2 Distribuição da matéria 109
Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 110

Tecidos de transporte das plantas


As plantas que possuem tecidos de transporte são designadas
plantas vasculares; apresentam os tecidos organizados em feixes
condutores, que se encontram presentes em todos os órgãos da
A RETER planta: raiz, caule e folhas.
TECIDOS DE TRANSPORTE Existem dois tecidos de transporte. O primeiro, designado
xilema, que se encarrega do transporte da água e dos sais minerais
Xilema Floema num movimento com sentido ascendente, desde a raiz até às folhas;
transporta transporta
o segundo, denominado floema, tem a seu cargo o transporte de
substâncias orgânicas, originadas sobretudo nas folhas (através da
Compostos realização da fotossíntese), para os restantes órgãos das plantas.
orgânicos
em solução Convém recordar que os órgãos, comuns a todas as plantas,
têm um papel bem definido na realização das diferentes funções
Água Sais minerais fundamentais ao seu desenvolvimento.

A folha, embora apresente organização


e morfologia muito variáveis, evidencia a sua
especialização como estrutura fotossintética
(produção de matéria orgânica), dada
a organização laminar do limbo e a cor verde,
predominante na grande maioria.
A folha garante também a maior parte das
trocas gasosas necessárias ao desenvolvimento
da planta. Para assegurar essas trocas, possui
os estomas — estrutura formada por células
estomáticas (ou células-guarda), que
delimitam o ostíolo, o qual dá acesso a um
espaço interior: a câmara estomática.
Assim, a folha garante todas as trocas gasosas
realizadas ao longo do dia.

O caule, eixo da planta, garante a comunicação


entre as estruturas de captação de
matéria-prima (raiz), as fontes de produção
de matéria orgânica (folhas) e ainda alguns
dos locais de armazenamento desta mesma
matéria (frutos, por exemplo). É um órgão
fundamental, que assegura o correcto
transporte de materiais na planta.

A raiz, com a sua estrutura que engloba uma


região de pêlos absorventes, é a principal
responsável por assegurar a fixação ao
substrato e a captação de água e sais minerais
para a planta.
A rede radicular desenvolve-se em função
da disponibilidade de água e nutrientes
no solo. Por vezes, atinge grandes dimensões
para ultrapassar os problemas provocados
pela secura, sobretudo em solos arenosos
ou em períodos de escassez de chuva.

110 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 111

Xilema
Este tecido, organizado em feixes, apresenta uma constituição
heterogénea (Fig. 4), e possui quatro tipos de células.

CÉLULAS DO XILEMA
Vasos lenhosos
Fibras lenhosas Parênquima lenhoso
Traqueídos Elementos de vasos
Células mortas, longas Células mortas, curtas e Constituídas por células Único tecido do xilema que
e estreitas, dispostas topo largas, dispostas topo a topo. mortas, longas e estreitas, é constituído por células
a topo e cujas paredes Formam cordões celulares com paredes espessas vivas, que desempenham,
transversais não da raiz até à folha, devido à lenhificadas, o que lhes essencialmente, funções
desapareceram. O contacto inexistência (parcial ou total) confere a rigidez necessária de reserva e apresentam
entre si é assegurado por de parede celular para assegurar a função paredes espessadas.
poros. transversal. de suporte.

A B C

Traqueídos

Elementos
de vasos

Fig. 4 Xilema. Esquema (A); fotografia de células do xilema, vistas ao microscópio


em corte longitudinal (B); e em corte transversal (C).

Floema
Este tecido está também localizado em feixes. É igualmente um
tecido heterogéneo (Fig. 5), constituído por quatro tipos de células.

CÉLULAS DO FLOEMA
Elementos dos tubos crivosos Células de companhia Fibras Células parênquimatosas
Células vivas, alongadas, Células vivas associadas Células mortas, alongadas, Células vivas pouco
ligadas topo a topo e cuja às células dos tubos crivosos de comprimento variável, diferenciadas e com
parede transversal apresenta mantêm com estas ligações que conferem resistência funções de reserva.
perfurações — placa crivosa citoplasmáticas e auxiliam-nas e suporte a todos
— que garantem a passagem na sua função. os restantes tecidos.
da seiva elaborada de umas
células para as outras.

A B

Placa
Células
crivosa
companhia

Fig. 5 Floema. Esquema de corte longitudinal, evidenciando as células do tubo crivoso


e as de companhia (A); fotografia de floema em corte longitudinal (B).

unidade 2 Distribuição da matéria 111


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 112

ACTIVIDADE LABORATORIAL

LOCALIZAÇÃO DOS TECIDOS CONDUTORES NOS DIFERENTES ÓRGÃOS DA PLANTA


Não se esqueça de:
1. Observação macroscópica de folhas de diversas plantas. • usar bata;
• respeitar as regras de
Material segurança do laboratório.
• Tabuleiro.
• Papel de limpeza.
• Pinça. A B C
• Lupa de mão.
• Folha de laranjeira (Fig. 6A),
limoeiro (Fig. 6B), roseira
ou sardinheira (Fig. 6C).
Fig. 6 Folha de laranjeira (A); folha de limoeiro (B); folha de sardinheira (C).
Procedimento
1 — Coloque a folha sobre o papel de limpeza, dentro do tabuleiro, mantendo a página superior
voltada para cima.
2 — Esquematize a folha e elabore a respectiva legenda, indicando as partes constituintes, o recorte
e a nervação.

Discussão
1 — Elabore um esboço que represente o aspecto provável das nervuras (posição relativa
e dimensões) num corte transversal, observado ao microscópio óptico dessa mesma folha.

2. Observação microscópica de preparações definitivas de raiz, caule e folhas de dicotiledóneas.

Material
• Microscópio óptico.
• Preparações definitivas de cortes transversais de raiz, caule e folha de dicotiledóneas.

Procedimento
1 — Observe ao microscópio óptico as preparações definitivas.
2 — Inicie a observação com a objectiva de menor ampliação, e elabore um esquema do que observa.
3 — Aumente gradualmente a ampliação e, com maior pormenor, observe e esquematize
os diferentes tecidos.
4 — Compare as suas observações com as imagens apresentadas e localize os tecidos condutores
dos três órgãos da planta, raiz (Fig. 7), caule (Fig. 8) e folha (Fig. 9).

A B

Endoderme

Pêlo radicular

Fig. 7 Corte transversal de raiz de dicotiledónea. Corte completo (A); cilindro central (B); esquema (C).

112 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 113

Parênquima
cortical
A B C

Parênquima
Epiderme
medular


Xilema
Feixe medular
Floema
Fig. 8 Corte transversal de caule de dicotiledónea. Fotografia microscópica (A);
pormenor de um feixe vascular (B); esquema geral (C).

Cutícula

Epiderme
B
página superior


Parênquima clorofilino
em paliçada Xilema
Mesófilo
Parênquima clorofilino
lacunoso Floema

Estoma

Epiderme
página inferior
Fig. 9 Corte transversal de folha de dicotiledónea.
Fotografia microscópica (A); esquema evidenciando
os vários tecidos (B).

Discussão
1 — Indique a localização do xilema, relativamente ao floema, nos três órgãos.
2 — Compare a localização relativa dos tecidos de transporte nos diferentes órgãos vegetais
observados.

unidade 2 Distribuição da matéria 113


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 114

pressão osmótica water potential 2 1 1 Transporte no xilema

Como é que a água e os sais minerais


chegam ao xilema?

O xilema é o tecido que realiza o transporte da água e dos sais


minerais da raiz até às folhas, onde são utilizados.
Para chegar ao xilema, a água tem de entrar através da superfí-
cie externa da raiz, e atravessar várias camadas de células.
A água desloca-se através de membranas celulares, sempre que
existem diferenças na pressão osmótica, entre o meio extracelular
e o meio intracelular (do meio hipotónico para o meio hipertónico)
(Fig. 10).

ACTIVIDADE
Zona cortical
TRANSPORTE RADIAL Endoderme
Meio hipotónico
1. Observe com atenção o esquema, que Zona medular
representa um corte transversal de raiz de
uma planta, mostrando valores de pressão
osmótica nas suas células. Responda
às questões.
1.1 Descreva o sentido do movimento Pêlo absorvente
da água. Justifique.
1.2 Qual será a função dos pêlos 3,10 ⫻ 105 Pa

radiculares que estão representados? 2,1 ⫻ 105 Pa

0,7 ⫻ 10 Pa
5 1,5 ⫻ 105 Pa
1,4 ⫻ 105 Pa
Fig. 10 Variação da pressão osmótica em células de raiz.

A RETER As células da raiz podem acumular iões, que levam à entrada de


A água entra na raiz água através de osmose. A absorção da água é facilitada pelo aumen-
por osmose. to da superfície externa da raiz, devido à existência de pêlos radicu-
lares (Fig. 11). Muitas espécies têm raízes muito extensas, ocupando
por vezes maior volume do que a sua parte aérea (Fig. 12).

A B

Fig. 11 Pêlos radiculares: Pêlos radiculares


de rabanete em germinação (A). C
Pêlos radiculares nos espaços entre
as partículas do solo (B). Esquema
representativo do aumento
da superfície de contacto da raiz
com o solo (C).

114 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 115

seiva xilémica xilem sap

Fig. 12 Sistema radicular de uma macieira (Malus sp.). Extensão em largura (A)
e extensão em profundidade (B).

Os sais minerais dissolvidos na água penetram na raiz mediante A RETER


dois processos: Os sais minerais penetram
• por difusão (a favor do gradiente de concentração); na raiz por difusão ou por
transporte activo.
• por transporte activo (sempre que ocorre contra o gradien-
te de concentração).
Uma vez no interior do cilindro central, a água e os sais mine-
rais circulam pelos espaços intercelulares até ao xilema, onde cons-
tituem a seiva bruta ou seiva xilémica.

O TRANSPORTE DA ÁGUA
A água pode deslocar-se através da zona cortical das raízes, pelas
paredes celulósicas das células e pelos espaços intercelulares — via
apoplasto —, ou através do interior das células — via simplasto —,
entrando nas células através dos plasmodesmos.
Na endoderme, a água penetra unicamente via simplasto, pois existem
espessamentos de suberina (substância impermeável) nas paredes
laterais das células desta camada. Pode, assim, considerar-se que a
endoderme controla a composição química dos constituintes da planta
que entram no seu cilindro central e são essenciais para a sua vida.

Qual é a explicação
para a subida da água no xilema?

Podem ser apresentadas várias hipóteses explicativas para a


subida da água e dos sais minerais no xilema.

unidade 2 Distribuição da matéria 115


872546 104-129_U2 5/3/07 18:14 Page 116

exsudação exudation Teoria da Pressão Radicular


pressão radicular root pressure
gutação guttation
ACTIVIDADE

PRESSÃO RADICULAR

1. Observe a figura, que representa o que acontece no Coleus


quando se secciona o seu caule acima da raiz. Apresente
uma explicação para o fenómeno representado.

A B

CURIOSIDADE Mercúrio

Uma árvore nova, e com pouco Mercúrio


mais de um metro, pode elevar
para as suas folhas até 45 L de
água por dia. Um carvalho de ta-
manho médio pode elevar mais Fig. 13 Experiência comprovativa da existência de pressão radicular.
de meia tonelada de água para sa- Início da experiência (A); após algumas horas (B).
tisfazer as suas necessidades.

O modelo apresentado evidencia a exsudação — saída de água


de um corte de caule perto da raiz. Este fenómeno ocorre, em algu-
mas plantas, porque a entrada contínua de água, para equilibrar a
A RETER elevada concentração de sais minerais nas células xilémicas da raiz,
Segundo a Teoria da Pressão cria nestas uma elevada pressão que obriga a seiva bruta a subir.
Radicular, a elevada
concentração de iões na raiz
Outra evidência da pressão radicular é o processo da gutação
provoca a entrada de água. (Fig. 14), no qual a água é forçada a sair por aberturas que existem nas
A acumulação de água gera folhas: os hidátodos. Este processo só se verifica em algumas espécies
uma pressão na raiz, obrigando
a água a subir no xilema.
e apenas ocorre em condições de humidade atmosférica elevada e
muita água no solo.

Fig. 14 Gutação.

Contudo, a pressão radicular não consegue explicar a subida da


água até às folhas de uma árvore de grande porte como as coníferas.
No entanto, existem experiências que comprovam que há subida de
seiva através do xilema, mesmo em plantas sem raiz, pelo que é neces-
sária outra teoria explicativa.
116 BIOLOGIA A vida e os seres vivos
Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 117

Teoria da Tensão-coesão-adesão transpiração transpiration

Para a elaboração da Teoria da Tensão-coesão-adesão, contri-


buíram várias observações experimentais (Figs. 15 e 16).

ACTIVIDADE

VARIAÇÃO DA VELOCIDADE DA ÁGUA NO XILEMA E VARIAÇÃO DA TAXA DE TRANSPIRAÇÃO


E ABSORÇÃO NUMA PLANTA

1. Recorrendo a técnicas especiais, foi possível determinar os valores que estão na base da construção
destes gráficos. Analise-os e responda às questões seguintes.
Velocidade de deslocação da água

Fig. 15 Velocidade de deslocação da água


6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 numa árvore ao longo do dia nos
(Horas do dia) ramos superiores (A) e no tronco (B).

Água (g) Transpiração Absorção

50

40

30

20

10
Fig. 16 Relação entre a transpiração
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 e a absorção de água ao longo
Tempo (horas) de um dia.

1.1 Da análise do gráfico da figura 15, o que pode concluir sobre o local onde se inicia o movimento
de água nas plantas?
1.2 Que relação se pode estabelecer entre a taxa de transpiração e a taxa de absorção?
1.3 Qual dos dois fenómenos, transpiração ou absorção, parece dar início ao processo de circulação
de água na planta estudada?
1.4 Poderão os resultados experimentais expressos nestes gráficos ser explicados pela teoria da pressão
radicular?

As plantas perdem, por transpiração, cerca de 90 % da água


que absorvem. Como se pode deduzir da análise dos gráficos (Figs. 15
e 16), o movimento de água nas plantas estudadas tem início na
parte superior da planta, prolongando-se depois até à parte inferior
da mesma. A transpiração e a absorção são fenómenos relaciona-
dos, sendo que a transpiração inicia o processo, e a absorção é uma
consequência do mesmo.
unidade 2 Distribuição da matéria 117
Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 118

Onde ocorre e quais são as consequências


da transpiração na ascensão de água no xilema?

Nas plantas superiores, a transpiração ocorre essencialmente ao


nível dos estomas, conjuntos celulares da epiderme.

ACTIVIDADE LABORATORIAL

OBSERVAÇÃO DE ESTOMAS
Não se esqueça de:
Material • usar bata;
• respeitar as regras de
• Microscópio óptico. • Conta-gotas.
segurança do laboratório.
• Bisturi. • Papel de filtro.
• Lâminas e lamelas. • Água destilada.
• Pinça. • Tradescantia (erva-da-fortuna).

Procedimento
1 — Com a ajuda do bisturi e da pinça, faça um golpe na página inferior da folha.
2 — Destaque um pequeno pedaço de epiderme, tentando que tenha uma espessura muito reduzida.
3 — Faça a montagem entre lâmina e lamela com uma gota de água, evitando que a epiderme fique
com dobras.
4 — Observe ao microscópio óptico, utilizando a objectiva de menor ampliação, até localizar
os estomas.
5 — Utilize uma sequência de objectivas com maior ampliação, de modo a visualizar todas as células
constituintes desta estrutura.
6 — Elabore um esquema, devidamente legendado, da sua melhor observação.

A B

Câmara estomática

Estoma

Célula-guarda

Câmara estomática

Células-guarda

Fig. 17 Estomas. Observação microscópica de epiderme de folha evidenciando os estomas (A); fotografia
de corte transversal de epiderme e tecidos subjacentes, observando-se as várias estruturas do estoma (B);
esquema de um estoma (C).

Discussão
1 — Compare o estoma observado com o da figura 17 e relacione a forma das células estomáticas
com a dimensão do ostíolo.
2 — Que conclusão pode tirar sobre a troca de gases e a saída de água nessa planta, no momento em
que executou o protocolo?

118 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 119

A abertura dos estomas — o ostíolo — pode ser alterada, tensão tension


regulando-se desta forma a taxa de transpiração (Fig. 18). Existem coesão cohesion
inúmeros factores, tais como a luz, a temperatura ou a quantidade adesão adhesion
de dióxido de carbono, entre outros, que intervêm no mecanismo
de controlo da taxa de transpiração.

A B

Ostíolo

Célula-guarda
ou estomática

Fig. 18 Estomas. Aberto (A); fechado (B) (com coloração artificial).

FACTORES ABIÓTICOS/TRANSPIRAÇÃO
Quando a folha perde água por transpiração, o conteúdo das
suas células fica mais concentrado, pelo que estas necessitam de AUMENTO EFEITO
DO FACTOR NA TAXA DE
repor o seu nível de água. Gera-se, então, uma força de sucção — AMBIENTAL TRANSPIRAÇÃO
tensão — que vai fazer movimentar a água das células vizinhas até Temperatura Aumenta
aos estomas. Esta força de sucção propaga-se até às células do xile- Concentração
de CO2 Diminui
ma (elementos de vaso e traqueídos), onde a água se movimenta.
Humidade
É a transpiração que provoca a tensão suficiente para desenca- Diminui
do ar
dear o movimento da água. Mas como se propagará ao resto da Humidade
Aumenta
planta? Que mecanismos permitirão justificar que a água seja do solo
«puxada» na folha e que, de seguida, se comporte como uma coluna Vento Aumenta
Luminosidade Aumenta
contínua que pode atingir dezenas de metros?
As respostas a estas questões parecem estar nas características
da molécula de água. Esta é constituída por um átomo de oxigénio
e dois de hidrogénio, comportando-se como um dipolo eléctrico.
A molécula de água é extremamente reactiva (é considerada o sol-
vente universal) e estabelece com muita facilidade ligações por pon-
tes de hidrogénio com qualquer molécula que apresente polaridade,
nomeadamente outras moléculas de água. Por esta razão, as molécu-
las de água mantêm-se unidas umas às outras, revelando assim uma
grande força de coesão (capacidade de se manterem unidas entre si),
CURIOSIDADE
responsável pela manutenção das colunas de água.
A ohia, árvore nativa do Havai,
As moléculas de água apresentam ainda a capacidade de se que vive nas encostas dos vulcões,
ligarem a moléculas polares existentes na parede do xilema (lenhi- apresenta folhas com estomas re-
na e celulose). Esta força de união entre a água e outras moléculas é colhidos, protegendo-se assim do
contacto directo com o ar seco.
designada por adesão.
unidade 2 Distribuição da matéria 119
Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 120

mesófilo mesophyll CAPILARIDADE

Fig. 19 Observação de fenómenos de


capilaridade. Quanto mais estreito
é o diâmetro do tubo, maior é a altura
atingida pela água.

São os fenómenos de coesão e de adesão que justificam a subida


A RETER de água por capilaridade.
A subida de água é inversamente proporcional ao diâmetro dos tubos.
São os fenómenos como a Nas plantas, a subida de água dá-se em células do xilema associadas
tensão gerada por transpiração
em vasos de diâmetro muito estreito.
nas folhas, a coesão entre as
moléculas de água e a adesão No entanto, a capilaridade por si só não explica a subida da água no
destas às moléculas das xilema, sendo necessário que existam fenómenos de tensão.
paredes das células do xilema
que poderão explicar a subida
da seiva xilémica na maior
Pela Teoria da Tensão-coesão-adesão (Fig. 20), o movimento da
parte das plantas.
água no xilema pode ser explicado da seguinte forma:

Nos estomas, ocorre transpiração, A


o que provoca tensão nas células.

Como consequência, ocorre


movimento de água das células
vizinhas para o estoma. A

O movimento da água é prolongado


através das células do mesófilo, até B
se atingirem as células do xilema.

A tensão é transmitida ao longo


do xilema, o que provoca
a subida de água. B

As colunas de água mantêm-se C


devido ao fenómeno de coesão entre
as suas moléculas e devido
à adesão destas às paredes
das células xilémicas.
C

As forças de tensão prolongam-se


para as células da raiz, e,
como consequência, ocorre
a absorção radicular.

Fig. 20 Movimento de água numa árvore. Fenómeno da transpiração (A);


propriedades de coesão e adesão da água (B); absorção de água do solo (C).

120 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 121

ACTIVIDADE LABORATORIAL

TRANSPORTE NAS PLANTAS


Não se esqueça de:
Material • usar bata;
• respeitar as regras de
• 4 copos descartáveis. • 2 aipos completos (com folhas).
segurança do laboratório.
• Bisturi. • 30 g de açúcar branco.
• Lupa de mão. • Corante vermelho (vermelho neutro).
• Tina de vidro.
• 2 conta-gotas.
• Papel de filtro.
• Etiquetas.
• Colher de sobremesa.

Procedimento
Parte 1
1 — Lave dois ramos de aipo, com folhas, e coloque-os numa tina de vidro, ao ar, durante dois dias.
2 — Ao fim dos dois dias, observe o aspecto dos ramos (rigidez/flacidez).
3 — Coloque 250 mL de água em dois copos.
4 — A um dos copos adicione o açúcar e dissolva-o
completamente, com o auxílio da colher.
5 — Coloque etiquetas nos copos (A e B), de modo
a registar qual é o que tem água açucarada.
6 — Corte um pequeno fragmento da parte inferior
dos dois ramos de aipo.
7 — Deposite em cada um dos copos um ramo de
aipo e deixe assim durante dois dias.
8 — Dois dias depois, pressione os ramos e verifique
de novo o seu aspecto (rigidez/flacidez).
9 — Corte uma pequena rodela da parte superior
de cada ramo, de uma zona sem folhas, Fig. 21 Aspecto dos dois ramos de aipo, após
e prove-a. dois dias.

Nota importante: É fundamental que o material utilizado seja descartável e utilizado pela primeira vez, e que
a montagem seja efectuada num local do laboratório afastado de qualquer fonte de possível contaminação e em
condições de assepsia.

Parte 2
1 — Coloque 250 mL de água e duas ou três gotas
de corante vermelho em dois copos descartáveis.
2 — Corte um pequeno fragmento da parte inferior
de outros dois ramos de aipo.
3 — Num dos aipos, deixe todas as folhas,
e, no outro, retire as folhas por completo.
4 — Coloque cada um dos ramos no respectivo
copo com água e corante.
5 — Deixe assim durante três dias, observando
e registando diariamente as alterações.
6 — No final, faça cortes finos da parte superior
de cada um dos ramos e observe-os à lupa.

Fig. 22 Montagem experimental.

Discussão
1 — A que atribui o sabor da rodela de aipo que provou na Parte 1 desta actividade?
2 — Discuta a importância das folhas no processo de transporte.
3 — Interprete os resultados obtidos, de acordo com as teorias estudadas.

unidade 2 Distribuição da matéria 121


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 122

2 1 2 Transporte no floema

Uma vez assegurado o acesso de água e de dióxido de carbono


às células do mesófilo das folhas, estas, na presença de luz, reali-
zam a fotossíntese, produzindo oxigénio e compostos orgânicos,
nomeadamente glucose. Estes compostos orgânicos são posterior-
mente necessários a todas as células vivas dos diversos órgãos da
planta, pelo que esta tem de garantir o seu transporte.
Na tentativa de descobrir onde e como circulam os compostos
orgânicos, foram executadas várias experiências.

ACTIVIDADE

EXPERIÊNCIA DE MALPIGHI

1. No século XVII, o italiano Marcelo Malpighi retirou um anel de casca a uma planta, assegurando que todos
os tecidos exteriores ao xilema, incluindo o floema, fossem extraídos. Teve ainda o cuidado de retirar
todas as folhas da zona inferior ao anel. Passados alguns dias, pôde observar que todas as folhas e ramos
situados acima do anel se encontravam viçosos, e que o rebordo superior do anel se encontrava dilatado
e cicatrizado, o que não acontecia com o rebordo inferior.

A B

Fig. 23 Experiência de Malpighi.

1.1 Por que razão as folhas permanecem verdes e viçosas?


1.2 Porque terá dilatado o rebordo da zona superior ao anel?

Ao seccionar os vasos do floema, mantendo os vasos de xilema


intactos, o transporte neste último não é interrompido. Deste modo,
as células das folhas são abastecidas de água e sais minerais, conti-
nuando a produzir matéria orgânica. Esta é deslocada para o floema,
entrando em circulação. Quando a seiva atinge a zona de obstrução,
acumula-se provocando o entumescimento (aumento de volume)
do rebordo superior do anel.

122 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 123

A experiência de Malpighi permitiu concluir que o floema é seiva floémica phloem sap
o tecido onde circulam os compostos orgânicos, os quais, a par de
outras substâncias, formam a seiva elaborada, também designada
seiva floémica.

Qual é a constituição da seiva floémica?

Os afídeos são insectos, vulgarmente designados por pulgões,


que parasitam algumas plantas. Estes possuem na sua armadura
bucal um estilete, que introduzem nas células do tubo crivoso do
floema, conseguindo deste modo alimentar-se (Fig. 24A). Durante
este processo, é comum observar a libertação de um exsudado na
parte posterior do tubo digestivo destes animais (Fig. 24B).
CURIOSIDADES
Tendo em conta estes factos, Zimmermann anestesiou um O Louro inamoim é uma espécie
afídeo, enquanto este se alimentava, e cortou-lhe o estilete. Obser- arbórea que vive na Amazónia,
vou posteriormente que o fluido continuava a sair durante horas da qual se pode extrair até 20 L
(Fig. 24C). Recolheu e analisou o líquido, tendo sido detectadas as de seiva, que é utilizada como
combustível, pois é muito seme-
seguintes substâncias na sua constituição: sacarose (10 a 25 %),
lhante à gasolina.
nucleótidos, hormonas, aminoácidos e iões orgânicos.

A B C

exudado

xilema

floema

Fig. 24 Estilete do afídeo inserido nas células do floema (A); afídeo excretando seiva
(B); após o corte do estilete, a seiva continua a fluir (C).

Circulação da seiva floémica


O facto de o fluido continuar a sair durante horas, mesmo após
a remoção do animal, vem sugerir que o transporte no floema se
deverá fazer sob pressão. Existem ainda outros factos que suportam
esta opinião, tais como:
• quando se faz uma incisão no floema de algumas plantas,
estas libertam um exsudado de seiva com elevada concentra-
ção de açúcares (Fig. 25);
• a aplicação de elementos radioactivos permitiu concluir que
a seiva se desloca a uma velocidade de um metro por hora,
velocidade que nunca poderia ser justificada pelos fenóme-
nos de difusão. Fig. 25 Recolha de resina num pinheiro.

unidade 2 Distribuição da matéria 123


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 124

fluxo de massa mass flow Em 1930, o fisiologista Ernest Münch formulou pela primeira
vez a hipótese da circulação floémica através de um fluxo de
massa, que seria consequência das diferenças de concentração
entre os órgãos produtores de compostos orgânicos e os órgãos
consumidores ou armazenadores.

ACTIVIDADE
C
EXPERIÊNCIA DE MÜNCH

1. No dispositivo idealizado por Münch (Fig. 26),


os recipientes A e B são constituídos por
membranas semipermeáveis, isto é, podem ser
atravessadas por água, mas não por solutos.
A e B estão ligados por um tubo C, e estão
ambos mergulhados em água destilada. B
A
Em A foi colocada uma solução concentrada
de sacarose, e em B apenas água destilada.
Passado algum tempo, as concentrações
de A e B igualaram-se.

Fig. 26 Dispositivo de Münch.

1.1 Que substâncias terão circulado, e em que sentido?


1.2 Como se terão obtido soluções isotónicas?
1.3 Que correspondência será possível fazer entre os constituintes do dispositivo da experiência (A, B e C)
e as partes de uma planta?

Se na experiência de Münch (Fig. 26) A representar a folha da


planta, é fácil entender que aí a concentração de sacarose seja eleva-
da, dado que esta é aí sintetizada. A elevada concentração de saca-
rose cria uma pressão osmótica que forçará a entrada de água.
Como consequência, A ficará de tal modo cheio, que se iniciará um
movimento da solução através do tubo C (que poderá representar
as células do floema) em direcção a B, onde a concentração é
menor, e que poderá representar um órgão de consumo ou de
armazenamento (ex.: uma raiz). Neste local, registar-se-á saída de
água.

Elevada concentração de sacarose

Aumento da pressão osmótica

Entrada de água

Deslocação da solução aquosa de sacarose a favor


do gradiente de concentração

Saída de água, armazenamento de sacarose

124 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P104-129 28/2/07 10:49 Page 125

Teoria do Fluxo de Massa translocação floémica phloem


translocation
O movimento de substâncias no floema, também denominadas
pressão de turgescência turgor pressure
translocação floémica, ainda não é bem conhecido, e não há uma
explicação que obtenha unanimidade de aceitação. Contudo, a
hipótese do fluxo de massa é a mais aceite actualmente, tendo
resultado dos trabalhos de Münch.
As células fotossintéticas das folhas produzem glucose e
metabolizam-na em sacarose (dissacárido constituído por uma
molécula de glucose e uma de frutose). A sacarose passa posterior-
mente para as células do floema (Fig. 27A): de início vai para as célu-
las de companhia e, depois, para as células do tubo crivoso. Este
transporte, porque contraria os gradientes de concentração, é trans-
porte activo, consome ATP. A utilização de técnicas de destruição
das células vivas do floema conduz à interrupção do transporte.
À medida que a sacarose vai entrando nas células do tubo crivoso,
estas elevam a sua concentração, o que provoca um acréscimo da
pressão osmótica. Como consequência, e porque o floema se situa
ao lado do xilema, ocorre um movimento de água do xilema para
o floema (Fig. 27B).
A entrada de água nas células do tubo crivoso provoca um
aumento da pressão de turgescência, o que obriga o seu conteú-
do a deslocar-se, atravessando as placas crivosas para as células A RETER
seguintes, onde o gradiente de concentração é menor. O processo A Teoria do Fluxo de Massa
continua, até se atingir um órgão de consumo ou de armazena- explica o transporte de matéria
mento. Aí, a sacarose é retirada por transporte activo (Fig. 27C), orgânica no floema, dos locais
de produção para os locais
o que faz diminuir a pressão osmótica. Como tal, a água abandona de consumo ou armazenamento.
as células do floema em direcção às células do xilema (Fig. 27D).

FLOEMA XILEMA
Fonte Elevada
de sacarose pressão
de água
Alta
concentração
Célula da fonte
de sacarose
A
B
Açúcar

Água
Água

Placa crivosa

Fig. 27 Relação entre transporte no floema


e no xilema. Nos órgãos produtores,
a concentração de sacarose nas
Açúcar

Armazenamento
Célula de células do floema é bastante elevada,
de sacarose
armazenamento forçando a água a deslocar-se das
Baixa células do xilema para as células
pressão
de água
do floema. Nos órgãos de consumo,
ou armazenamento, a sacarose é retirada
das células floémicas, com consequente
Baixa C D
diminuição da sua concentração, o que
concentração
de sacarose provoca o movimento da água de novo
para as células do xilema.

unidade 2 Distribuição da matéria 125


Unidade2_P104-129 28/2/07 15:14 Page 126

Conceitos/Palavras-chave

Necessários Essenciais Complementares

• Mesófilo • Estoma • Gutação


• Pressão osmótica • Transpiração • Exsudação
• Pressão de turgescência • Xilema • Translocação
• Osmose • Floema • Seiva floémica
• Difusão • Adesão • Seiva xilémica
• Transporte activo • Coesão
• Tensão
• Pressão radicular
• Fluxo de massa

Síntese de conhecimentos

• As plantas necessitam de um sistema de transporte porque são seres diferenciados.


• Os tecidos de transporte das plantas são o xilema e o floema.
• No xilema, circula seiva xilémica (seiva bruta), constituída essencialmente por água e sais minerais.
• A circulação no xilema ocorre em sentido ascendente, da raiz até às folhas.
• No floema, circula seiva floémica (seiva elaborada), constituída por água, sacarose (10 a 25 %),
hormonas, nucleótidos, aminoácidos e iões orgânicos.
• A circulação no floema ocorre dos órgãos produtores para os órgãos consumidores.
• A água atinge as células do xilema, vinda do solo, por osmose, precedida de transporte activo de iões.
• Para explicar a subida de água no xilema, existem duas teorias — a Teoria da Pressão Radicular
e a Teoria da Tensão-Coesão-Adesão.
• A Teoria da Pressão Radicular defende que a entrada dos sais minerais nas células do xilema —
por transporte activo — seguida da entrada de água — por osmose — gera uma pressão ao nível
dessas células, capaz de fazer ascender a água.
• A Teoria da Pressão Radicular é apoiada por fenómenos de gutação, exsudação, bem como
dos valores de pressão radicular de algumas plantas.
• A Teoria da Pressão Radicular não explica a subida de água em árvores, nem em plantas de menor
porte, com valores de pressão radiculares baixos.
• A Teoria da Tensão-Coesão-Adesão defende que a circulação de água no xilema é iniciada pela
transpiração que ocorre nos estomas, a qual gera uma tensão nas células da folha, capaz de pôr
em movimento uma coluna contínua de água. A coluna é mantida graças às propriedades da água —
coesão e adesão.
• A Teoria do Fluxo de Massa tenta explicar o movimento da seiva floémica.
• A Teoria do Fluxo de Massa defende que as células do mesófilo metabolizam sacarose, a qual passa
por transporte activo para as células do floema, o que provoca um aumento da pressão osmótica.
Como resposta, ocorre movimento de água das células vizinhas, o que implica um aumento da pressão
de turgescência nas células floémicas. Por essa razão, a seiva sai das células e desloca-se para outra
célula cujo gradiente de concentração seja inferior.

126 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P104-129 28/2/07 15:15 Page 127

ACTIVIDADES

O transporte nas plantas


1. Elabore um mapa de conceitos relativos aos conteúdos desta subunidade, utilizando como
ponto de partida o esquema apresentado.

TRANSPORTE NAS PLANTAS

Realiza-se através de Teorias explicativas

Tecidos
de transporte Transporte Transporte
de seiva xilémica de seiva floémica

2. Das opções seguintes, seleccione aquela que não traduz adaptações das células do xilema
à função que desempenham.
A — Células com diâmetro estreito.
B — Ausência de conteúdo citoplasmático nas células responsáveis pelo transporte.
C — Paredes celulares espessas.
D — Paredes celulares transversais perfuradas.

3. Estabeleça a correspondência correcta entre os termos e as afirmações apresentados.

TERMOS
A — Exsudação
B — Gutação
C — Coesão
D — Adesão
E — Tensão

AFIRMAÇÕES
I. Perda de água no estado líquido através de hidátodos.
II. Força que une as moléculas de água umas às outras.
III. Saída de água em regiões que sofreram podas recentes.
IV. Força que une as moléculas de água às moléculas da parede
celular das células do xilema.
V. Força de sucção que desencadeia o movimento de água.

4. Analise o texto que se segue e procure uma justificação integrada numa das teorias estudadas
sobre o transporte de substâncias nas plantas.
«Quando se extrai um pedaço de córtex de uma árvore em transpiração, e se faz um corte num
elemento do xilema, não sai água pelo corte; pelo contrário, quando se põe uma gota de água
no corte ela é absorvida.»

5. Considere que se colocam cravos brancos num recipiente com água corada com
azul-de-metileno.
Que alterações prevê que se registem na coloração das pétalas dos cravos, passado algum
tempo? Justifique a sua previsão.

unidade 2 Distribuição da matéria 127


872546 104-129_U2 5/3/07 18:21 Page 128

ACTIVIDADES
ACTIVIDADES

6. Observe atentamente a figura, que representa de forma esquemática a experiência de Bohm,


e responda às questões.

A B

Mercúrio

A — O vaso de barro é fervido para sair o ar, e, ao mesmo tempo, a água aquecida atravessa
a parede porosa do vaso e enche o tubo de vidro.
B — À medida que se dá a evaporação, o mercúrio vai subindo no tubo, mesmo para além
dos 76 cm3 devidos à pressão atmosférica normal.
6.1 Estabeleça a relação entre as estruturas da experiência e as estruturas da planta que estas
pretendem simular.

ESTRUTURAS DA EXPERIÊNCIA ESTRUTURAS DA PLANTA


I. Vaso poroso. A — Folha.
II. Tubo de vidro. B — Estoma.
III. Tina de mercúrio. C — Raiz.
IV. Poros do vaso. D — Floema.
E — Xilema.

6.2 Das opções que se seguem, seleccione a correcta. Justifique.


A experiência de Bohm apoia…
A — … a Teoria da Pressão Radicular.
B — … a Teoria da Tensão-Coesão-Adesão.
C — … a Teoria do Fluxo de Massa.
D — Nenhuma das anteriores.

7. Leia o texto que se segue e responda às questões.


Colocou-se um dos ramos de uma planta dentro de um saco de plástico que foi bem fechado,
evitando-se trocas de gases com o exterior. O vaso
foi colocado ao sol, tendo-se aguardado 20 minutos. Observou-se, então,
a planta e verificou-se que o saco se encontrava embaciado.
7.1 Refira o objectivo desta experiência.
7.2 Como explica os resultados obtidos?
7.3 Considere a repetição da experiência, mas com o envernizamento
prévio da página superior e inferior de todas as folhas do ramo
introduzido no saco. Serão de esperar resultados iguais aos
da experiência inicial? Justifique a sua resposta.
7.4 Partindo da premissa de que o fenómeno que se pretende estudar
nesta experiência depende da luz, e com base na montagem
experimental descrita, proponha um protocolo experimental que
o evidencie.

128 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 104-129_U2 5/3/07 18:21 Page 129

8. Observe atentamente a figura, que representa uma técnica de poda peculiar, aplicada em videiras,
designada por «anelamento das videiras». Responda às questões.

A Antes da poda. B Depois da poda.

8.1 Como justifica que, após a aplicação desta técnica, as uvas cresçam mais rapidamente
e os bagos fiquem normalmente suculentos e doces?
8.2 Seleccione a opção correcta. Com a aplicação desta técnica, o horticultor consegue…
A — … interromper o transporte no floema dos locais de produção para os locais de consumo.
B — … interromper o transporte descendente do floema, não alterando o transporte no xilema.
C — … interromper o transporte no floema e no xilema entre as zonas separadas pelo anel.
D — … interromper o acesso de água aos frutos, permitindo a concentração dos açúcares.
8.3 Esta técnica é aplicada apenas em alguns ramos. Encontre uma justificação lógica para
que nem todos os ramos sejam sujeitos a este tratamento.

9. Observe com atenção a figura, que representa as paredes transversais de determinadas células,
e responda às questões.

9.1 Identifique as células e o tecido a que pertencem as paredes transversais apresentadas.


9.2 Refira vantagens do aspecto morfológico destas paredes transversais.

10. Encontre uma explicação para o facto descrito.


«Sempre que se destroem as células vivas do floema, o transporte da seiva floémica
é interrompido.»

unidade 2 Distribuição da matéria 129


872546 130-147_U2 30/5/07 16:02 Page 130

2 2 O transporte nos animais


Tal como nas plantas, nem todos os animais possuem sistema
de transporte, apesar de todos necessitarem de estabelecer trocas
com o seu meio externo.
As hidras (Fig. 28) (animais
Tentáculo
A B aquáticos muito simples) têm
somente duas camadas de células,
possuindo no seu interior uma
cavidade gastrovascular (com
função de digestão e distribui-
ção), que se estende até ao inte-
rior dos seus tentáculos. Todas as
suas células contactam, assim,
com um meio fluido que lhes
proporciona, por difusão, tudo de
que elas necessitam.
Cavidade
gastrovascular

Fig. 28 Hidra (A), animal aquático


pertencente ao Filo Cnidário.
As planárias (Fig. 29) (animais achatados e que vivem em meios
A cavidade gastrovascular
desempenha funções de digestão aquáticos ou húmidos) têm também cavidade gastrovascular. No
e transporte (B). caso destes animais, esta cavidade é muito ramificada, permitindo
que todas as células realizem as trocas necessárias com o meio.

A B

Faringe

Cavidade gastrovascular

Fig. 29 Planária (A). A cavidade gastrovascular tem simultaneamente as funções


digestivas e circulatórias (B).

Nos animais aquáticos de maiores dimensões, e em todos os


animais terrestres, a difusão é insuficiente para a distribuição dos
nutrientes, gases e produtos de excreção. Como consequência, para
conseguirem sobreviver e atingir dimensões consideráveis, estes
animais têm de possuir um sistema de transporte.

130 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 131

Qual é a constituição hemolinfa hemolymph


de um sistema de transporte? sangue blood
coração heart

Nos animais, todos os sistemas de transporte possuem três


componentes:
• um fluido circulante, hemolinfa ou sangue, que gere a dis-
tribuição de materiais;
• um coração, com função de bombear o fluido circulante;
• um conjunto de vasos, onde ocorre, em parte ou no todo,
a circulação do fluido.

Quais são as funções


de um sistema de transporte?

Tal como nas plantas, os sistemas de transporte dos animais têm


importantes funções, quer para a vida das células (Fig. 30), quer para
a vida do organismo.
Podem enumerar-se como mais importantes as seguintes funções:
• transportar o oxigénio desde a superfície respiratória até às
células;
• transportar os nutrientes desde a superfície de absorção ou
órgão de reserva até às células;
• remover as substâncias de excreção;
• transportar substâncias produzidas em algumas células espe-
cíficas para outras, onde são necessárias (ex.: hormonas).

Nutrientes

Oxigénio
Produtos de excreção

Dióxido de carbono

Fig. 30 Trocas entre as células e o fluido envolvente.

unidade 2 Distribuição da matéria 131


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 132

sistema de transporte aberto open 2 2 1 Sistemas de transportes nos animais


transport system
hemocélio hemocoel
No reino animal, existe diversidade de sistemas de transporte.
Estes podem ser divididos em dois grandes grupos:
A RETER
• sistemas de transporte abertos (Fig. 31A);
SISTEMA DE TRANSPORTE • sistemas de transporte fechados (Fig. 31B).

Aberto Fechado

ACTIVIDADE

DIFERENTES TIPOS DE SISTEMAS DE TRANSPORTE

1. Observe a figura, que mostra os sistemas de transporte do gafanhoto e da minhoca, e responda


às questões.
Capilares
Vaso dorsal (coração)
A B
Aorta

Coração

Corações laterais

Hemocélio

Fig. 31 Sistema de transporte do gafanhoto (A); sistema de transporte da minhoca (B).

1.1 Compare ambos os sistemas, tendo em atenção os seguintes pormenores:


a) localização e forma do coração;
b) circuito efectuado pelo líquido circulante.
1.2 Qual dos dois sistemas parece:
a) conferir maior velocidade de circulação?
b) conferir maior eficácia de distribuição e recolha de substâncias?

O gafanhoto apresenta um sistema de transporte aberto ou


lacunar. Este é assim designado porque o líquido circulante aban-
dona os vasos e espalha-se pela cavidade corporal (hemocélio).
O fluido que circula nos vasos e que banha as células tem por isso a
mesma constituição, e, como tal, recebe a designação de hemolinfa.
132 BIOLOGIA A vida e os seres vivos
Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 133

O coração destes animais, de forma tubular e com posição dorsal, sistema de transporte fechado closed
recebe a hemolinfa e, com uma contracção, impulsiona-a para a aorta transport system

dorsal. Daqui é expulsa para o hemocélio banhando os vários órgãos capilares capillaries

e procedendo às trocas necessárias. Após a contracção, o coração rela-


xa, gerando-se uma força de sucção que, acompanhada da abertura A RETER
de válvulas laterais (os ostíolos), força a hemolinfa a entrar de No sistema de transporte
novo no coração (Fig. 32A). aberto, a hemolinfa sai dos
vasos, banha os diferentes
Este sistema de transporte é comum a artrópodes e moluscos. órgãos, retornando após realizar
as trocas necessárias.

A Ostíolos

EFICIÊNCIA METABÓLICA DOS INSECTOS


Os insectos, como o gafanhoto,
B apesar de possuírem um
sistema circulatório aberto que
é pouco eficiente, conseguem
atingir taxas metabólicas muito
elevadas, o que é conseguido
devido ao facto de o transporte
de gases não ser da
responsabilidade deste
sistema, mas sim do próprio
sistema respiratório.

Fig. 32 Esquema em corte transversal de sistema circulatório: aberto (artrópodes


e moluscos) (A); fechado (anelídeos e vertebrados) (B).

A minhoca, por sua vez, apresenta um sistema de transporte


fechado (Fig. 32B), dado que o sangue não abandona, em situações
normais, os vasos sanguíneos. Nestes animais, o coração corresponde
a um vaso dorsal, que percorre todo o corpo do animal, e ao qual estão
ligados vários vasos laterais anelares (um por segmento). Os primeiros
cinco vasos laterais têm ainda capacidades contrácteis, funcionando
também como corações. Os vasos laterais ramificam-se em estruturas
cada vez mais finas, formando vastas redes de capilares.
Nos animais com sistema de transporte fechado — anelídeos
A RETER
e vertebrados —, a velocidade de circulação é maior. O aporte
No sistema de transporte
de oxigénio e nutrientes às células e a remoção de produtos de fechado, o sangue não abandona
excreção e de dióxido de carbono das mesmas são mais eficazes, os vasos sanguíneos, chegando
conseguindo estes animais atingir taxas metabólicas mais eficientes. aos diferentes órgãos através
de uma rede de capilares.
O facto de o sangue circular sempre em vasos que se organizam em
redes de capilares permite gerir melhor a distribuição de sangue
aos órgãos.

unidade 2 Distribuição da matéria 133


872546 130-147_U2 30/5/07 16:03 Page 134

Que características apresentam os sistemas


de transporte dos vertebrados?

Todos os vertebrados apresentam um sistema de transporte


fechado com coração ventral. Contudo, ocorreram várias alterações
neste grupo, que tornaram a circulação mais eficiente. Estas dife-
renças permitem que os animais usufruam de taxas metabólicas
mais elevadas.

ACTIVIDADE

DIFERENTES TIPOS DE SISTEMAS DE TRANSPORTE DOS VERTEBRADOS

1. A figura representa os sistemas de transporte em diferentes classes de vertebrados. Analise-a e responda


às perguntas.

A C

B D

Peixes Répteis

Anfíbios Mamíferos

Fig. 33 Comparação dos sistemas de transporte nas várias classes de vertebrados.

1.1 Qual é a principal alteração registada ao nível dos corações dos vertebrados?
1.2 Para executar uma volta completa ao corpo, quantas vezes passa o sangue pelo coração em cada
um deles?
1.3 Em qual dos esquemas deverá existir mistura entre o sangue venoso e arterial?
1.4 Em qual dos esquemas pode ser atingida uma maior rendibilização da circulação?

Nos vertebrados, o coração é dividido em compartimentos:


dois nos peixes, três nos anfíbios e répteis, e quatro nas aves e nos
mamíferos. Estes compartimentos têm a função de receber o san-
gue (aurículas) e de o bombear (ventrículos).

134 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 135

ACTIVIDADE LABORATORIAL

CORAÇÕES DE VERTEBRADOS
Não se esqueça de:
• usar bata;
• respeitar as regras de
Teoria Em que diferem Conclusão
segurança do laboratório.
Transporte nos animais. os corações
dos peixes
e dos
mamíferos?

Princípios
• Os vertebrados têm um sistema
circulatório fechado.
• Nos peixes, a circulação é simples.
• Nos mamíferos, a circulação é dupla
e completa. Resultados

Conceitos
Aurícula, ventrículo, circulação simples,
circulação dupla, circulação completa.

Procedimento
1 — Coloque o cação no tabuleiro, com a face ventral para cima.
2 — Com a ajuda do bisturi, faça um corte na face ventral do peixe, de modo a expor o interior do
corpo do animal.
3 — Observe o coração do animal e compare com a fotografia.
4 — Esquematize e construa uma legenda.
5 — Coloque o coração de porco no tabuleiro, com a face ventral para cima (o sulco oblíquo é mais
visível nesta face).
6 — Utilizando o bisturi, corte longitudinalmente o coração.
7 — Observe o coração e compare-o com o da fotografia.
8 — Esquematize e construa uma legenda.

Aurícula

Ventrículo

Coração Ventrículo esquerdo

Fig. 34 Coração de cação. Fig. 35 Coração de porco.

unidade 2 Distribuição da matéria 135


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 136

circulação simples single circulation Nos peixes, o coração é constituído por uma aurícula e por um
sístole systole ventrículo. Por esta razão, o sangue completa uma volta total ao
corpo, passando uma única vez pelo coração. Diz-se, por isso, que
nos peixes a circulação é simples.
Ao coração dos peixes chega sangue venoso, que é recebido
A RETER
pela aurícula, que o bombeia para o ventrículo. Este, após contrac-
Na circulação simples, ção — sístole —, pressiona o sangue em direcção às superfícies
o sangue passa pelo coração
apenas uma vez em cada volta.
respiratórias. Aí, o sangue é arterializado (recebe oxigénio) e parte
em direcção a todas as células do corpo (Fig. 36).

Capilares branquiais

Ventrículo Aurícula

Fig. 36 Sistema circulatório dos peixes. O coração tem duas cavidades, onde circula
o sangue venoso.

Nos peixes, em cada volta completa ao corpo, o sangue é bom-


beado apenas uma vez no coração, pelo que a pressão com que este
circula diminui com o aumento da distância ao coração. O sangue
A RETER
chega às células a baixa pressão, por isso o acesso de oxigénio e
nutrientes a estas é baixo. Esta é, talvez, a razão pela qual os peixes
Os peixes apresentam
circulação simples. sejam, de todos os vertebrados, aqueles que apresentam taxas
metabólicas mais baixas.

136 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 137

Nos anfíbios, o coração apresenta três cavidades, duas aurícu- circulação dupla double circulation
las e um ventrículo. A possibilidade de receber dois tipos de sangue circulação incompleta incomplete
permite a estes animais desenvolverem uma circulação dupla, na circulation

qual o sangue atravessa duas vezes o coração em cada volta ao


corpo (Fig. 37).
À aurícula direita chega sangue venoso, proveniente das várias
células do corpo. Após contracção, o sangue é encaminhado para o
ventrículo, que o expulsa em direcção às superfícies respiratórias.
Aí, o sangue é oxigenado e, para adquirir maior pressão, antes de se
dirigir às diversas partes do corpo, volta outra vez ao coração,
entrando na aurícula esquerda. Depois da contracção deste com-
partimento, o sangue é transferido para o ventrículo, que o expulsa
em direcção aos restantes órgãos do corpo do animal.

Capilares
pulmonares

AD AE

V V

Fig. 37 Sistema circulatório dos anfíbios. O coração tem três cavidades e permite uma A RETER
circulação dupla. A mistura de sangue, que ocorre no ventrículo, torna a circulação
incompleta. Na circulação dupla, o sangue
atravessa duas vezes o coração,
sob a forma de sangue venoso
O facto de existir um único ventrículo nos anfíbios, que recebe e sangue arterial.
simultaneamente sangue arterial e venoso, pode levar a uma mistu-
ra parcial destes dois tipos de sangue, pelo que se diz que a circu-
lação é incompleta. Este facto parece ser minorado pela forma
como o coração se organiza fisiologicamente, havendo uma abertura
compassada das válvulas, que separam as aurículas do ventrículo.

unidade 2 Distribuição da matéria 137


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 138

Os anfíbios apresentam, assim, uma circulação dupla (peque-


na e grande circulação) e incompleta (apresentam mistura parcial
do sangue venoso e arterial). Devido ao facto de existir mistura par-
A RETER cial do sangue, a taxa metabólica destes animais é ainda baixa.
Quando existe apenas Nos répteis, a situação é semelhante à dos anfíbios; a circula-
um ventrículo, e existe
a possibilidade de o sangue ção é dupla e incompleta, com excepção do crocodilo, que apresenta
venoso e arterial se misturarem, um coração com quatro cavidades. O coração apresenta duas aurí-
a circulação é incompleta. culas e um ventrículo, onde se pode observar um septo incom-
pleto. A contracção da aurícula direita antecede a da aurícula
esquerda, evitando deste modo a mistura total de sangue venoso
e arterial. O ventrículo encaminha o sangue venoso na direcção dos
pulmões, para o lado direito, e o sangue arterial para o lado esquer-
do, no sentido dos restantes órgãos do corpo (Fig. 38).

A RETER

Os anfíbios e os répteis
apresentam circulação dupla
e incompleta.

CURIOSIDADE
Michael Hammer, caçador profis-
sional de fósseis, descobriu no Da-
cota do Sul, em 1993, uma peça
dura como uma pedra, que é um
coração de um dinossauro herbí-
Capilares pulmonares
voro bípede, que viveu no Norte
dos Estados Unidos há 66 milhões
de anos. Agora, um estudo da uni-
versidade do estado da Carolina
do Norte, publicado na Science, re-
velou que este coração, tal como o
das aves e mamíferos, e ao contrá-
rio do dos répteis, possui dois ven-
AD AE
trículos, o que o torna semelhante
ao dos animais de sangue quente.
V V

Fóssil de coração de dinossauro.


Fig. 38 Sistema circulatório dos répteis. Nestes animais, o ventrículo é parcialmente
dividido por um septo, embora se mantenha a circulação dupla e incompleta.

138 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 139

Circulação dupla e completa circulação completa complete


circulation
Nos mamíferos e nas aves, o coração apresenta quatro cavida-
circulação pulmonar pulmonary
des, duas aurículas e dois ventrículos. Deste modo, existe recepção circulation
de sangue proveniente de duas circulações, sem ocorrer qualquer circulação sistémica systemic
mistura deste fluido. Esta é a razão pela qual se diz que a circula- circulation
ção é completa. No lado esquerdo do coração circula sangue
arterial, e no lado direito circula sangue venoso (Fig. 39). Nestes ani-
mais, o sangue circula a grande pressão e nunca se mistura. Este é, A RETER

provavelmente, o motivo por que estes animais atingem taxas Na circulação completa,
o sangue arterial não se mistura
metabólicas de tal forma elevadas que conseguem, por exemplo,
com o sangue venoso.
manter a temperatura corporal constante.

Capilares
pulmonares

AD AE

VD VE

A RETER

Nas aves e nos mamíferos,


a circulação é dupla e completa.

Fig. 39 Sistema circulatório dos mamíferos. O coração dos mamíferos tem quatro
cavidades, pelo que estes animais apresentam circulação dupla e completa.

Nas aves e nos mamíferos, verifica-se uma separação entre a


circulação pulmonar e a circulação sistémica, o que permite
um maior afluxo de oxigénio às células, fundamental nestes ani-
mais, devido à sua complexidade e, consequentemente, às suas
maiores exigências energéticas.

unidade 2 Distribuição da matéria 139


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 140

arteríolas arterioles No coração destes animais, a aurícula direita bombeia o san-


vénulas venule gue para o ventrículo (sístole auricular) do mesmo lado e este inicia
diástole diastole a circulação pulmonar ao contrair-se (sístole ventricular), expulsan-
do o sangue para a artéria pulmonar. Esta artéria ramifica-se em
duas, uma para o pulmão direito e outra para o pulmão esquerdo,
que por sua vez sofrerão ramificações, transformando-se em arte-
ríolas e capilares (Fig. 40). Estes capilares formam uma extensa
rede envolvendo os alvéolos pulmonares, o que permite o contacto
entre o sangue e o ar alveolar, proporcionando a hematose pulmo-
nar — captação de oxigénio para o sangue e difusão de dióxido de
carbono por parte deste para o interior dos alvéolos.

Capilar
Válvula

Arteríola
Vénula

Artéria Veia
Rede de capilares

Fig. 40 Vasos sanguíneos. Nos sistemas circulatórios fechados, o sangue sai do coração
por artérias que se ramificam em arteríolas e capilares. Estes vasos reúnem-se em
vénulas e estas em veias, que trazem o sangue de volta ao coração.

Este sangue oxigenado — sangue arterial — é então conduzido


ao coração, primeiro por vénulas e por fim por veias pulmonares
(duas vindas de cada pulmão), que vão terminar na aurícula esquer-
da que se encontra distendida — diástole auricular.
Quando a aurícula esquerda se contrai — sístole auricular —,
envia o sangue para o ventrículo esquerdo, iniciando-se então a cir-
culação sistémica. Seguidamente o ventrículo esquerdo sofre uma
contracção que origina a expulsão deste fluido para a artéria aorta.
A artéria aorta ramifica-se em inúmeras arteríolas e estas numa
densa rede de capilares que assegurará as trocas entre o sangue e as
células. A hematose celular permite que o oxigénio e os nutrientes,
transportados no sangue, se difundam para as células e que estas se
libertem do dióxido de carbono e de substâncias desnecessárias.
O sangue venoso formado segue em direcção ao coração, circulando
por vénulas que se juntarão em veias (veia cava superior e veia cava
inferior), ligando-se à aurícula direita, que se encontra em diástole.

140 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 141

2 2 2 Fluidos circulantes

Os sistemas circulatórios dos animais incluem um ou mais órgãos


responsáveis pelo bombeamento de fluidos circulantes, e ainda um
conjunto de vasos condutores cuja variedade, em termos de quanti-
dade e de estrutura, depende do grupo animal em estudo. O objec-
tivo de todos os sistemas circulatórios é, não só o transporte de
substâncias, mas também a possibilidade de um contacto entre
todas as células e o meio (ainda que de um modo indirecto), sendo
por isso de extrema importância a existência de fluidos circulantes.
Enquanto em alguns organismos mais simples (artrópodes e
moluscos) se verifica a existência da hemolinfa, garantindo as tro-
cas de substâncias com as células, nos vertebrados há dois fluidos
que asseguram esta dinâmica: o sangue e a linfa.

Sangue
No sangue (Fig. 41), é possível encontrar elevada quantidade de
plasma (mais de 50 %), e diversas estruturas; nomeadamente hemá-
ceas, leucócitos e plaquetas sanguíneas.
PLASMA (55 %)
Meio aquoso onde circulam
nutrientes, produtos de
excreção, gases, hormonas,
anticorpos, proteínas, etc.

HEMÁCIAS

Células responsáveis
pelo transporte de
oxigénio e de dióxido
de carbono.
Sangue. Sangue centrifugado.

Fig. 41 Constituição do sangue.

PLAQUETAS SANGUÍNEAS LEUCÓCITOS

Fragmentos celulares
envolvidos nos processos
de coagulação.
Células envolvidas
nos processos de defesa
Embora o sangue assegure o transporte das substâncias e as do organismo.
funções relacionadas com a manutenção da integridade e equilíbrio
do organismo, o contacto directo com as células não é da responsa-
bilidade deste fluido.

unidade 2 Distribuição da matéria 141


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 142

Linfa
Ao nível dos capilares, a saída de plasma e de leucócitos — cons-
tituintes da linfa — encontra-se facilitada pelo facto de estes vasos
apresentarem uma única camada de células formando a sua parede
interna (Fig. 42).

Fig. 42 Sangue. Pormenor de capilares


sanguíneos.

Estes componentes do sangue vão banhar as células, formando


um fluido — linfa intersticial — que circula nos espaços entre as
mesmas e garante as trocas de substâncias de uma maneira eficaz
(Fig. 43). O acesso do oxigénio e dos nutrientes às células é garanti-
do, sendo ainda mantida a defesa do organismo por parte dos leu-
cócitos. Este fenómeno está permanentemente a ocorrer, verificando-
-se em simultâneo a recolha da linfa para vasos condutores — capi-
lares linfáticos — que se juntam a outros de maior diâmetro,
encarregues de voltar a integrar este fluido no sangue. Esta linfa
que circula nos vasos linfáticos, após o contacto com as células, é
designada linfa circulante.

Hemácias Capilar sanguíneo

Linfa intersticial

Células

Leucócito

Fig. 43 Formação da linfa


a partir do sangue. Linfa circulante
Capilar linfático

PESQUISAR E DIVULGAR

Existem inúmeras anomalias congénitas que afectam o coração humano.


• Investigue uma dessas anomalias, bem como a resposta desenvolvida
pela medicina. Pode recorrer a bibliografia variada, seleccionando
livros, revistas ou sites da Internet relacionados com o tema.
• Apresente o resultado da sua investigação aos seus colegas.
Sugere-se a elaboração de uma apresentação em PowerPoint,
solicitando para tal a colaboração ao professor de TIC.

142 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade2_P130-147 28/2/07 10:50 Page 143

Conceitos/Palavras-chave

Necessários Essenciais Complementares

• Circulação pulmonar • Sistema de transporte aberto • Hemolinfa


• Circulação sistémica • Sistema de transporte fechado • Hemocélio
• Vénulas • Circulação completa
• Arteríolas • Circulação incompleta
• Sístole • Linfa
• Diástole • Sangue
• Artérias
• Veias
• Capilares
• Coração

Síntese de conhecimentos

• Nem todos os animais possuem sistema de transporte (ex.: planária).


• Existem dois tipos de sistema de transporte — aberto e fechado.
• Nos animais com sistema de transporte aberto (ex.: gafanhoto), o líquido circulante abandona
os vasos.
• Nos animais com sistema de transporte fechado (ex.: minhoca e vertebrados), o sangue, em situações
normais, nunca abandona os vasos sanguíneos.
• O sistema circulatório fechado permite aumentar a velocidade de transporte do sangue e gerir melhor
a distribuição do mesmo.
• Nos vertebrados, a circulação pode ser simples ou dupla.
• A circulação diz-se simples quando o sangue, ao percorrer o corpo todo, atravessa o coração apenas
uma vez.
• A circulação diz-se dupla quando existem duas circulações: a pequena (pulmonar) e a grande
(sistémica), passando o sangue duas vezes pelo coração.
• Os peixes têm um coração com duas cavidades, uma aurícula e um ventrículo, e apresentam
circulação simples.
• Os anfíbios apresentam o coração com três cavidades, duas aurículas e um ventrículo. A circulação
é dupla e incompleta.
• Os répteis apresentam o coração com três cavidades, duas aurículas e um ventrículo parcialmente
dividido por um septo incompleto. A circulação é dupla e incompleta.
• Nas aves e mamíferos, o coração apresenta quatro cavidades, duas aurículas e dois ventrículos.
A circulação é dupla e completa.
• Nos animais com circulação dupla, o sangue circula com maior pressão do que nos animais com
circulação simples.
• Os animais com circulação completa apresentam taxas metabólicas mais elevadas do que os animais
com circulação incompleta.
• O sangue é o fluido que circula nos vasos sanguíneos e tem como função assegurar o transporte,
a defesa e a coagulação.
• A linfa é o fluido que banha as células, assegurando as trocas directas com estas.

unidade 2 Distribuição da matéria 143


872546 130-147_U2 5/3/07 18:36 Page 144

ACTIVIDADES

Transporte nos animais


1. Elabore um mapa de conceitos relativos aos conteúdos desta subunidade, utilizando como ponto
de partida o esquema apresentado.

TRANSPORTE NOS ANIMAIS

inclui pode designar-se

Aberto Fechado

2. Da lista de animais que se segue, seleccione aquele que apresenta hemolinfa.


A — Minhoca.
B — Lagarto.
C — Tubarão.
D — Barata.

3. Estabeleça a correspondência correcta entre o tipo de circulação e o(s) animal(ais) que a possui(em).

SISTEMA CIRCULATÓRIO
A — Sistema circulatório aberto.
B — Sistema circulatório fechado, circulação simples.
C — Sistema circulatório fechado, circulação dupla completa.
D — Sistema circulatório fechado, circulação dupla incompleta.

ANIMAL
1 — Carapau.
2 — Mosca.
3 — Galinha.
4 — Lagarto.
5 — Rato.

4. Classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmações que se seguem.


A — Num animal com circulação dupla incompleta, não há mistura de sangues.
B — Um animal com circulação dupla incompleta tem um coração com três cavidades.
C — A circulação diz-se completa se, em cada volta ao corpo, o sangue passa duas vezes
pelo coração.
D — Nos sistemas circulatórios abertos, o líquido que banha as células tem a mesma constituição
do que o líquido que circula nos vasos.
E — A minhoca tem sistema circulatório aberto.

5. Identifique dentro de cada conjunto de quatro termos, o que não tem lógica quando agrupado
com os restantes.

I. Circulação fechada. I. Coração. I. Peixe.


II. Coração com quatro cavidades. II. Circulação aberta. II. Rã.
III. Circulação dupla. III. Sangue. III. Dupla circulação.
IV. Circulação incompleta. IV. Hemolinfa. IV. Circulação fechada.

144 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 130-147_U2 5/3/07 18:37 Page 145

6. O aparecimento de determinado sistema circulatório veio acrescentar vantagens aos animais


que o possuem. Estabeleça as relações possíveis entre os elementos das duas colunas.

SISTEMA CIRCULATÓRIO
A — Sistema circulatório fechado/aberto.
B — Circulação completa/incompleta.
C — Circulação dupla/simples.

BENEFÍCIO
1 — O sangue circula a maior velocidade.
2 — O sangue circula com maior pressão.
3 — O sangue oxigenado não se mistura com o sangue venoso.
4 — A gestão da distribuição do sangue é mais eficaz.

7. Seleccione a afirmação correcta para cada questão.


7.1 Sobre os peixes, é verdade afirmar que…
A — … o coração apresenta duas aurículas.
B — … o sangue que atravessa o coração é arterial.
C — … o sangue passa uma só vez pelo coração, em cada volta ao corpo.
D — … o sangue sai do coração a baixa pressão.
E — … o sangue que sai das brânquias dirige-se ao coração.
7.2 Sobre os anfíbios (ex.: rã), é falso afirmar que…
A — … possuem um coração com duas aurículas e um ventrículo.
B — … as válvulas que separam as aurículas do ventrículo abrem alternadamente.
C — … a circulação é incompleta.
D — … a circulação é dupla.
E — … há mistura total de sangue venoso e arterial no ventrículo.

8. Relacione a característica dos mamíferos, referida no texto, com o seu sistema circulatório.
«Os mamíferos são animais homeotérmicos, isto é, mantêm a temperatura do corpo constante,
gastando para tal muita energia.»

9. A chave dicotómica que se segue distingue os animais representados pelo sistema circulatório.
Identifique as características contrastantes que estiveram na base da sua construção.

Barata

Minhoca

Sardinha


4

Gato

unidade 2 Distribuição da matéria 145


872546 130-147_U2 5/3/07 18:37 Page 146

CiênciaTecnologiaSociedadeAmbiente

DOC. 1 Técnicas
«Plástico
no tratamento
verde»
A de«plástico
expressão problemas cardiovasculares
verde» assume um As aplicações do plás-
CURIOSIDADE

significado de grande interesse ambiental. Trata-se tico verde Algumas espécies de bam-
A aterosclerose é um processo crónico ini- Na não se restrin-
cirurgia de bus chegam a crescer mais
de umpor
ciado tipodeposição
de plásticolípidos
extraídoe da cana-de-açúcar,
lesão das paredes gem às embalagens
«bypass» coronário,deutili-
ali-
de 90 cm num único dia.
conhecido por PHB (polibetahidroxibutirato).
dos vasos sanguíneos que levam à inflamação A e mentos
zada e vasilhame;
feito um enxerto, já na
se
resina reproduz as características
acumulação novas camadas destes físicas, quími-
nutrientes, prevê a sua utilização
artéria afectada, de um em
cas e mecânicas até
continuamente, da maioria
chegar dos
ao polímeros
ponto em sinté-
que, artigos sanguíneo
vaso domésticos, (artéria
cosmé-
ticos
por invasão do lúmen dos vasos,o polietileno.
derivados do petróleo, como o fluxo san- ticos, higiene pessoal e in-
guíneoDurante muito tempo, o plástico foi produzi-
é limitado. clusive
A medicamentos. B
do à Nem
base sempre
de resinas
os sintéticas
medicamentoscomoconseguem
o poliéster, No Japão, a indús-
ocontrolar
polipropileno e o polietileno, materiais
a angina e, por vezes, o risco de de de-
en- tria automóvel está a de-
composição extremamente lenta no ambiente
farte é bastante elevado pelo que se recorre a senvolver um novo tipo de
(um
uma saco de plástico
angioplastia comcomum
balão pode
ou à demorar
realizaçãocem
de material, no qual as resinas vegetais são associa-
anos a degradar-se).
uma cirurgia de «bypass» coronário. das ao bambu, cujas fibras conferem rigidez ao
Fig. 15 Esquema
material. que mostra
O objectivo o balão ainda
é o fabrico por insuflar
de peças para
Em 1930, descobriu-se
Na angioplastia que
dilata-se bactérias
a artéria do gé-
afectada (A), em seguida insuflado, esmagando a placa e
nero Rhizobium, em simbiose com algumas plan- equipar o interior dos automóveis e há já perspec-
com um cateter que é inserido numa artéria da libertando o stent (B) e por fim o stent unido à
tas (beterraba, batata edecana-de-açúcar), eram tivasparede
de apresentação
do vaso (C).
de um protótipo em 2007.
virilha ou do antebraço modo fazê-lo chegar
capazes http://www.doitpoms.ac.uk/tlplib/recycling-polymers/sorting.php
ao local adetratar.
realizar
Nafermentação
extremidade e produzir o PHB.é
deste cateter http://www.conpet.gov.br
Surgeum
colocado então um plástico
pequeno balãobiodegradável
que, ao atingir (ini-a http://temas.buscaki.com.br/agronegocios
cia o processo
posição correcta,deé decomposição no ambiente
insuflado, dilatando assim a (adaptado)
em 60 dias), que pode ser reciclado dezenas
artéria.
de vezes,
Mais sem necessitar passou
recentemente, de altasutilizar-se
temperaturas,
uma ACTIVIDADES
mantendo as suas características.
pequena prótese de metal, stent, para Os cientistas
garantir
já testaram
dilatação em laboratório
ampla indivíduos,este material e verifi-
incapacidade e até 1. Tendo em conta que as bactérias Rhizobium
caram
a morte. A angina de peitoe permitirdea carbono
que as emissões de dióxido susten- se encontram no solo, e que as plantas às quais
para
taçãoa daatmosfera
parede podem diminuir
da artéria. cercade
A partir de 2002
50 % elas se associam produzem um tipo de resina
relativamente
acumulação novas à produção
camadas de destes
plásticonutrientes
derivado com características particulares, como se poderá
do petróleo. Os investigadores acreditam
começaram a stents impregnados acumulação que relacionar a simbiose referida no texto com
esta poderá ser uma das formas de
de novas camadas nutrientes com modo evitar combater a circulação de matérias na planta?
ocicatrização
avanço do exagerada
aquecimento globalestenose.
ou nova e reduzir a de-
2. Refira algumas aplicações tradicionais dos fluidos
pendência do petróleo. das plantas.

DOC. 2 Angioplastia com balão


DOC. 2 Estações de Tratamento de Águas com Plantas
A aterosclerose é um processo crónico ini-
ciado por deposição lípidos lesão das paredes
dos vasos sanguíneos que levam à inflamação e 6

acumulação de novas camadas destes nutrien-


tes, continuamente, até chegar ao ponto em
que, por invasão dos vasos, o fluxo sanguíneo é
limitado. Nem sempre os medicamentos
5 conse- 8 9
2 7
guem controlar a angina e, por vezes, o risco de
10
1enfarte é bastante elevado 3pelo que se recorre a 4
uma angioplastia com balão ou à realização de 11

uma cirurgia lípidos de «bypass» coronário. Na


angioplastia dilata-se a artéria afectada com um
Fig. 1 Esquema de uma ETAR, segundo o sistema Kickuth (ETAP). 1 — Afluência da água suja (efluente). 2 — Tratamentos
cateter que é inserido numa artéria da virilha ou
primários (decantador). 3 — Substrato. 4 — Espaço envolvente das raízes. 5 — Fitocomunidade emergente (biótopo).
do antebraço de modo a fazê-lo chegar local a
6 — Juncos acumuladores de metais pesados. 7 — Passagem da água. 8 — Tela impermeabilizante. 9 — Drenagem
tratar. Na extremidade
de saída. 10 — Caixa dedeste cateter
regulação. 11 é
—colocado
Descarga da água Fig. 16com
limpa, Evoluções dasgarantia.
100 % de plantas.

146 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 130-147_U2 5/3/07 18:38 Page 147

DOC. 3 Novas técnicas


camadasno
detratamento
nutrientes
de problemas cardiovasculares
Na angioplastia dilata-se a artéria afectada
A aterosclerose é um processo caracteriza- com Naum cirurgia
cateter que é inserido
de bypass numa artéria
coronário, da
utilizada
do pela deposição contínua de lípidos e conse- virilha doé antebraço
quando impossível de modoaasituação
resolver fazê-lo chegar
com a
quente lesão das paredes dos vasos sanguí- ao local a tratar.
angioplastia, Naum
é feito extremidade deste cateter
enxerto na artéria afectadaé
neos, que poderá provocar invasão do lúmen colocado
de um vaso um pequeno(artéria
sanguíneo balão da
que, ao atingir
parede torácicaa
dos vasos e eliminar o fluxo sanguíneo. ou veia longa da perna), ultrapassando o estreita-a
posição correcta, é insuflado, dilatando assim
artéria.ou mesmo a obstrução do vaso debilitado.
mento
Este é um problema que afecta inúmeros
indivíduos, causando-lhes incapacidade e até a Mais recentemente passou utilizar-se uma
morte. A angina de peito e o enfarte agudo do pequena prótese de metal, stent, para garantir
miocárdio são algumas das consequências da dilatação ampla indivíduos, incapacidade e até
aterosclerose, que tem frequentemente um final a morte. A angina de peitoe permitir a susten-
trágico. Nem sempre os medicamentos conse- tação da parede da artéria. A partir de 2002
guem controlar a angina, e, por vezes, o risco acumulação de novas camadas começaram a
de enfarte é bastante elevado, pelo que se stents impregnados acumulação de novas
Fig. 17 Evoluções
recorre das plantas. com
a uma angioplastia Todasbalão
as plantas
ou àtêm
reali- camadas destes nutrientes com de modo evitar
zação de uma cirurgia de bypass coronário.de
uma origem comum. As plantas (com sistema cicatrização exagerada ou nova estenose.
transporte) surgiram no Paleozóico.
Na angioplastia, dilata-se a artéria afectada Na cirurgia a «bypass» coronário, utilizada
com Aum cateter, queééum inserido através de uma feito um enxerto, na artéria afectada, de um
aterosclerose processo crónico ini-
artéria da deposição
virilha ou de
do lípidos
antebraço. Nadas
extremi- vaso sanguíneo (artéria da parede torácica ou
ciado por e lesão pare-
dade deste cateter é colocado um pequeno longas mesmo
Fig. 2 Stent numaa artéria.
obstrução do vaso debilitado.
des dos vasos sanguíneos que levam à infla-
balão
mação e acumulação de novas camadas édestes
que, atingindo a posição correcta, insu- NEWBY, D., GRUBB, N., 2005 — Cardiologia,
flado, dilatando assim a artéria.
nutrientes, continuamente, até chegar ao ponto Euromédice, Edições Médicas
em que, por invasãopassou
Recentemente, do lúmen dos vasos,
a utilizar-se umao
fluxo sanguíneo
pequena próteseé de metal, stent, para garantir
limitado. ACTIVIDADES
uma Nem
dilatação maisosampla
sempre e permitir conseguem
medicamentos a sustenta-
ção da parede da artéria. Devido a técnicas novas,
controlar angina e, por vezes, o risco de enfarte 1. De que modo a obstrução dos vasos sanguíneos pode
este procedimento, que pode levar cerca de uma comprometer o funcionamento dos tecidos?
é bastante elevado pelo que se recorre a uma
hora a ser executado
angioplastia com balãopelos especialistas,
ou à realização tem
de uma 2. Que vantagens apresentará a angioplastia com balão
vindo a apresentar
cirurgia de «bypass»bons resultados, com a conse-
coronário. relativamente à cirurgia de bypass coronário, sendo
quente minimização dos riscos para o doente. ambos procedimentos invasivos?

Fito-ETAR ou ETAP (Estação de Tratamento No Centro Ambiental «A Rocha», em Porti-


de Águas com Plantas) é uma estação de trata- mão, pode visitar-se uma destas estações. Aqui,
mento de águas residuais onde a «limpeza» da o caniço, gramínea das margens de rios e lagoas,
água é realizada por plantas. A tecnologia usada é usado pelas suas características: crescimento
faz uma verdadeira reciclagem das águas, através rápido de raízes e rizomas e sistema eficaz de
de uma cooperação entre as plantas e o Homem. transporte de oxigénio das folhas até às raízes.

ACTIVIDADES
ACTIVIDADE 3

1. Comente a afirmação. «O sistema de tratamento de águas referido no texto baseia-se no princípio


1. De que modo a obstrução dos vasos sanguíneos pode comprometer o funcionamento dos tecidos?
de que as plantas transportam materiais entre os seus órgãos.»
2. Que vantagens apresentará a angioplastia com balão relativamente à cirurgia de «bypass» coronário,
2. Diga em que medida contribui a ETAP para fazer cumprir um dos princípios da Carta Europeia da Água,
sendo ambos procedimentos invasivos?
que afirma: «Quando a água, depois de utilizada, volta ao meio natural, não deve comprometer
as utilizações ulteriores que dela se farão, quer públicas quer privadas.»

unidade 2 Distribuição da matéria 147


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 148

unidade 3

148 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 149

Transformação e utilização
de energia pelos seres vivos

3 1 Fermentação 159

3 2 Respiração aeróbia 162

3 3 Trocas gasosas
em seres multicelulares 174

Para que serve a matéria que chega às células?


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 150

Transformação e utilização
unidade 3 de energia pelos seres vivos
C

A B

De que forma obtêm estes seres vivos a energia de que necessitam?

E D

Qual é o processo celular responsável


pela produção destes alimentos?

E, F e G — O que têm estas estruturas em comum?

O QUE JÁ SABE, OU NÃO...

1. Classifique as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F).


A — Na ausência de oxigénio, todos os seres vivos acabam por morrer.
B — A respiração celular é um processo dos seres vivos para obtenção de energia.
C — Todas as superfícies respiratórias são irrigadas por sangue.
D — Há animais que não possuem estruturas respiratórias especializadas.
E — As plantas não respiram.
F — A fermentação não consome oxigénio.
G — As superfícies respiratórias são os locais onde ocorre respiração aeróbia.
H — Os seres vivos realizam a fermentação para produzirem os nossos alimentos.
I — As trocas gasosas das plantas ocorrem nos estomas.
J — As superfícies respiratórias dos animais são os locais onde ocorrem as trocas gasosas.

150 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 151

INTRODUÇÃO

Os conceitos de vida, de ser vivo e de célula encontram-se intimamente relacionados.


Embora os ecossistemas nos mostrem que existe uma grande diversidade de seres vivos,
verifica-se uma uniformidade na constituição destes, já que todos são compostos por célu-
las que desempenham um papel primordial na manutenção do equilíbrio do organismo.
Assim sendo, todos os seres vivos têm de obter matéria orgânica com regularidade,
e assegurar o seu acesso até à(s) sua(s) célula(s).
Os seres autotróficos conseguem produzir a sua matéria orgânica, recorrendo à fotos-
síntese ou à quimiossíntese; já os seres heterotróficos, nos quais se incluem os animais e os
fungos, têm de retirar do meio o alimento, recorrendo, para isso, à ingestão ou à absorção.
Uma vez o alimento no interior do organismo multicelular, é necessário fazê-lo chegar a
todas as células. As plantas e os animais utilizam diferentes estratégias para o conseguirem.

As células podem recorrer a diferentes processos para transformar a matéria


que chega até elas em energia.

Fig. 1 A energia solar entra nos ecossistemas através das plantas e de outros organismos fotossintéticos e, a partir
daí, vai fluindo entre os restantes seres vivos.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 151


872546 148-173_U3 30/5/07 16:05 Page 152

metabolismo celular metabolism Como é que a célula transforma


anabolismo anabolism a matéria em energia?
catabolismo catabolism

A matéria possui energia acumulada nas ligações químicas esta-


belecidas entre os seus átomos. Se estas ligações forem quebradas,
poderão libertar quantidades de energia suficientes para determina-
das funções celulares.
O conceito mais actual de energia refere-a como sendo a capa-
cidade de produzir trabalho. Ora, na célula, há muito trabalho a
realizar e, embora todo este se traduza em reacções químicas, nem
sempre estas implicam consumo de energia.
O metabolismo celular — conjunto de todas as reacções que
se realizam na célula — é constituído por dois grandes grupos de
reacções químicas:
• anabolismo, que engloba as reacções que requerem energia
(reacções endergónicas) envolvendo, por exemplo, sínteses
de novos materiais;
• catabolismo, que se caracteriza por reacções nas quais
ocorre libertação de energia (reacções exergónicas) à medi-
da que a matéria orgânica é degradada.
A célula possui diferentes
Reacções exergónicas: ADP Reacções endergónicas: formas de equilibrar estes fenó-
(libertam energia) + Pi (consomem energia)
menos (Fig. 2), associando os
Catabolismo Anabolismo
(exemplo: respiração celular) (exemplo: transporte activo; processos de anabolismo e de
movimentos celulares)
catabolismo, e possuindo molé-
ENERGIA ENERGIA culas — ATP — capazes de for-
A síntese de ATP a partir
de ADP e Pi consome energia A hidrólise de ATP necer ou captar energia (Fig. 3)
em ADP e Pi liberta energia
ATP de acordo com as necessidades
Fig. 2 As reacções exergónicas da célula estão acopladas com as de síntese de ATP, (Fig. 4).
ocorrendo assim uma transferência de energia. A hidrólise de ATP associa-se
às reacções endergónicas.

NH2
Adenina
C
N
N C
CH
HC C
O O O N N

O- P O P O P O CH2 O

O- O- O- C C
H H Ribose
H H
C C
OH OH

Fig. 3 A molécula de ATP é a molécula transportadora de energia Adenosina


mais importante da célula. Quando se quebram as suas ligações AMP (adenosina monofosfato)
(hidrólise), esta molécula é capaz de libertar energia, que é usada
na realização de certas reacções químicas. Por sua vez, as ADP (adenosina difosfato)
moléculas de AMP e ADP resultantes conseguem absorver ATP (adenosina trifosfato)
a energia libertada nas reacções químicas e utilizá-la para voltar
a formar ATP.

152 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 153

Fig. 4 Quer nos animais quer nas plantas, ocorrem movimentos que requerem energia
por parte das células.

As reacções envolvidas na transformação da matéria para


obtenção de energia são reacções catabólicas, ou seja, são aquelas
em que moléculas orgânicas complexas e com muita energia acu-
mulada se transformam noutras mais simples e menos energéticas.
Destas reacções é libertada energia — reacções exergónicas — e
esta é transferida para moléculas de ADP, que se converterão em
ATP, através da absorção de energia — reacções endergónicas (Fig. 5).
Outras particularidades destas reacções que ocorrem na célula:
• todas são catalisadas por enzimas (moléculas proteicas com
capacidade de acelerar a reacção), que actuam sobre molécu-
las — substratos — dando origem a novas moléculas — pro-
dutos finais;
• ocorrem em cadeia, não são reacções químicas únicas nem
isoladas (o produto final de uma é o substrato da reacção
seguinte), estando integradas em vias metabólicas, por vezes,
até bastante longas e complexas, que permitem uma liberta-
ção de energia gradual e um melhor aproveitamento desta.

Reacções Exergónicas
(libertação de energia)

ATP + H2O ADP + Pi

ENERGIA

Reacções Endergónicas
(consumo de energia)
O O

R C + NH4+ R C
O- NH2
A RETER
glutamato glutamina
O metabolismo celular é o
Fig. 5 A síntese do aminoácido glutamina requer energia, pelo que ocorre acoplada conjunto de todas as reacções
(em associação) com a hidrólise de ATP, reacção que liberta energia suficiente químicas que ocorrem na célula.
para ocorrer o processo.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 153


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 154

ACTIVIDADE

AS VIAS METABÓLICAS

1. O esquema seguinte representa um conjunto de três reacções químicas que ocorrem em cadeia, ou seja,
uma via metabólica. Analise-o atentamente e responda às questões.

X Y Z
1.a Reacção 2.a Reacção 3.a Reacção

Enzima 1 Enzima 2 Enzima 3


Reagente inicial Produto intermediário Produto intermediário Produto final
A B C D

Fig. 6 As reacções que ocorrem na célula são, geralmente, em série. O produto de uma reacção vai ser o substrato
da reacção seguinte.

1.1 Sabendo que, numa reacção química, catalisada por uma enzima, existe um substrato inicial e um
produto final, refira:
a) o substrato da primeira reacção;
b) o produto da segunda reacção;
c) o que acontecerá se na célula não houver enzima 3 disponível;
d) o que poderá levar à acumulação do produto intermediário B.

TRANSFERÊNCIAS DE ENERGIA
Quando é degradada, a matéria orgânica liberta a energia que tem
armazenada. A molécula de ATP é capaz de captar e armazenar essa
energia, acoplando-se a síntese de ATP à reacção catabólica em questão.
Como são efectivadas estas transferências de energia?
As reacções de oxidação-redução, que são muito importantes no
metabolismo celular, são a resposta para esta questão. Ao dar-se início
à degradação de uma molécula orgânica, esta é progressivamente
oxidada, iniciando-se transferências de protões e electrões de umas
moléculas para outras, libertando energia.
Os electrões que são libertados de uma molécula têm de ser aceites por
outra, o que explica o facto de estas reacções ocorrerem em cadeia.
Quando uma molécula perde electrões, sofre uma oxidação e, quando
outra os recebe, sofre uma redução. O segundo fenómeno
é consequência do primeiro fenómeno: estes acontecem
simultaneamente, daí falar-se em oxidação-redução.

Reacção de oxidação-redução.

154 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 155

Às células chegam sempre os nutrientes, mas o oxigénio do fermentação fermentation


meio pode chegar ou não. Existem seres capazes de viver na ausên- respiração aeróbia aerobic respiration
cia deste gás, mas que não sobrevivem sem a energia de que neces-
sitam para as suas células. São as reacções catabólicas que permi-
tem a cedência da energia contida nas moléculas orgânicas para
a síntese de ATP, e estas podem ocorrer na presença de oxigénio, em
aerobiose, ou na ausência deste último, em anaerobiose.
Quando a degradação da matéria orgânica não utiliza oxigénio
e o produto final é uma molécula orgânica, o fenómeno designa-se
fermentação. Por outro lado, quando é utilizado oxigénio nas célu-
las durante a oxidação dos compostos orgânicos, dizemos que se
trata de respiração aeróbia.

ACTIVIDADE

COMO VARIA O COMPORTAMENTO DAS LEVEDURAS


EM CONDIÇÕES DE AEROBIOSE E ANAEROBIOSE?

1. A figura 7 representa uma montagem experimental, que teve


como objectivo pesquisar o comportamento das leveduras
(fungos unicelulares) em condições de aerobiose e de
anaerobiose. Os dispositivos foram colocados durante quatro
dias numa estufa a 35 °C, findos os quais foram analisados
e registados os resultados. Com base na análise da actividade
experimental e dos respectivos resultados, responda
às questões que se seguem.
Procedimento

A B

500 mL
150 mL

água de cal água de cal

Erlenmeyer de 150 mL Erlenmeyer de 500 mL


140 mL solução de glucose a 30 % 140 mL solução de glucose a 30 %
+ +
10 mL de suspensão de leveduras a 20 % 10 mL de suspensão de leveduras a 20 %

Fig. 7 Montagem experimental.

Resultados
CRESCIMENTO
ASPECTO DA
CHEIRO DA POPULAÇÃO
ÁGUA DE CAL
DE LEVEDURAS
Aumento
Dispositivo A Cheiro a álcool Turva do número
de leveduras
Aumento
Ausência
do número
Dispositivo B de cheiro Turva
de leveduras
característico
(superior a A)

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 155


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 156

1.1 Em qual dos dispositivos foram criadas condições de:


a) aerobiose;
b) anaerobiose.
1.2 Tanto em A como em B, as leveduras realizaram reacções
exergónicas. Qual é o resultado que evidencia esta
afirmação?
1.3 Justifique o aspecto turvo da água de cal no fim da
experiência.
1.4 Relativamente aos produtos das reacções ocorridas
em A e B, indique:
a) uma semelhança;
b) uma diferença.
1.5 Em qual dos dispositivos, A ou B, deverá ter ocorrido um
maior consumo de glucose? Fundamente a sua resposta.
1.6 Tendo em conta os dados da experiência e as fórmulas
químicas da fermentação alcoólica e da respiração
aeróbia, identifique os fenómenos ocorridos nos
dispositivos A e B.

Fermentação alcoólica
Leveduras
C6H12O6 2(C2H5OH) ⫹ 2CO2 ⫹ energia
Glucose Álcool etílico Dióxido
de carbono

Respiração aeróbia
Leveduras
C6H12O6 ⫹ O2 6H2O ⫹ 6CO2 ⫹ energia
Glucose Oxigénio Água Dióxido
de carbono

As leveduras (Fig. 8) são seres anaeróbios facultativos, ou seja,


são capazes de extrair a energia contida na matéria orgânica de
modo aeróbio ou anaeróbio (os seres anaeróbios obrigatórios,
como algumas bactérias, utilizam unicamente a fermentação para
obter energia). A energia obtida nestes processos permite que as
leveduras mantenham as suas funções vitais e se reproduzam, exis-
tindo também libertação de energia na forma de calor.
Por comparação dos dois
A B processos, verifica-se que as
leveduras obtêm mais energia
em aerobiose; os produtos finais
da fermentação possuem ainda
energia, o que não acontece
quando há utilização de oxigé-
nio.

Fig. 8 Leveduras observadas ao microscópio óptico composto (A) e ao microscópio


electrónico de varrimento (B).

156 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 148-173_U3 6/6/08 6:51 PM Page 157

Glicólise
Em todos os fenómenos de degradação da glucose atrás referi-
dos, a primeira etapa é sempre a glicólise, que se inicia com a molé-
cula da glucose e termina com o ácido pirúvico ou piruvato (Fig. 9).

glucose

Fig. 9 A energia solar é utilizada nos


ecossistemas a partir da fotossíntese, que
a acumula na matéria orgânica produzida.
Ao receber a matéria orgânica, as células
dos seres vivos realizam a respiração
aeróbia ou fermentação para
transformarem essa energia em energia
utilizável pela célula. A oxidação da
glucose em ácido pirúvico é a primeira
etapa da degradação dos compostos
orgânicos e é comum à fermentação
e à respiração aeróbia.

ACTIVIDADE
Fase de activação Fase de rendimento
CH2OH CH2O P
GLICÓLISE C O
H C OH 2x
H H gliceraldeído-3-fosfato
H
C C C O
1. Observe o esquema e responda às questões. HO
OH H OH H
C C 2 P
1.1 Tendo em consideração a finalidade deste H OH ATP 2 NAD+
glucose
fenómeno, explique porque se chama ao CH2O P
ADP
+H
2 NADH
+
2x
conjunto de reacções representado à H
C O
H
1,3 bisfosfoglicerato
H
esquerda da seta «fase de activação» C C 2 ADP
OH H OH
e ao conjunto da direita «fase de HO
C C
2 ATP

rendimento». H OH
2x
glucose-6-fosfato 3-fosfoglicerato
1.2 Qual é o balanço energético da glicólise?
1.3 Que molécula(s) é(são) reduzida(s) neste frutose-6-fosfato
processo? ATP
ADP 2x
2-fosfoglicerato
frutose-1,6-bisfosfato
2 H2O

2x
fosfoenolpiruvato
Fig. 10 A glicólise é a via 2 ADP

metabólica que permite CH2O P 2 ATP


CH2O P CH3
H C OH
a degradação da molécula C O C O
C O
de glucose até à formação CH2OH C O
H
de ácido pirúvico. O- 2x
diidroxiacetona 2 x piruvato
fosfato gliceraldeído-3-fosfato

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 157


872546 148-173_U3 30/5/07 16:13 Page 158

CURIOSIDADE A glicólise ocorre no citoplasma, local da célula onde existem


A insulina é uma hormona que as enzimas necessárias para a realização deste processo catabólico.
ajuda a glucose a entrar nas célu- Durante esta etapa, a glucose, que é uma molécula estável,
las; no entanto, no caso das célu-
las cerebrais, isso não acontece,
é activada por acção da energia fornecida por moléculas de ATP
porque a glucose entra na célula (Fig. 11). Após algumas etapas, forma-se a frutose bisfosfato, a qual
em função de um gradiente de se quebra em duas moléculas, originando cada uma delas uma
concentração. molécula de ácido pirúvico.

A RETER

A glicólise é a primeira etapa


da respiração aeróbia e da
fermentação. Utiliza a glucose, Fig. 11 Durante a glicólise ocorrem, inicialmente, reacções endergónicas nas quais há
que transforma em ácido gasto de ATP. Numa segunda fase, as reacções são exergónicas sendo que, por
pirúvico, produzindo duas cada ácido pirúvico formado, são sintetizadas duas moléculas de ATP. O ácido
moléculas de ATP. pirúvico (piruvato) é uma molécula com menor quantidade de energia
armazenada do que a glucose.

NADⴙ e NADH
A molécula NAD⫹ surge na fase de rendimento e converte-se
em NADH ⫹ H⫹. Esta molécula, nicotinamida adenina dinucleótido,
é reduzida, recebendo electrões e protões, que transporta para outras
fases do processo de degradação da matéria orgânica.
NADⴙ ⴙ 2eⴚ ⴙ 2Hⴙ ➞ NADH ⴙ Hⴙ

Composto AH2 NAD+ Composto BH2

Composto A NADH Composto B


+ H+
o composto AH2 é oxidado, o NADH + H+ reduz
transferindo dois átomos o composto B a BH2,
(2 protões + 2 electrões) fornecendo-lhe dois átomos
para o NAD+ que fica de H e ficando oxidado
reduzido a NADH + H+ na forma de NAD+

158 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 159

3 1 Fermentação
Na resolução da actividade da página 155 ficou por explicar o
cheiro a álcool, que não pode ser atribuído à glicólise.
Na ausência de oxigénio, o ácido pirúvico sofre redução por
acção da molécula de NADH formada na glicólise.
Os produtos finais destas reacções químicas podem variar con-
soante o organismo onde decorre o processo. Assim, no caso das
leveduras (por exemplo, Saccharomyces cerevisae, fermento de
padeiro), o ácido pirúvico é descarboxilado (perde CO2) e reduzido,
transformando-se em álcool etílico, dizendo-se que ocorreu fer-
mentação alcoólica (Fig. 12A).
No entanto, em algumas bactérias (por exemplo, Lactobacillus
bulgaricus, do iogurte) e até nas células musculares do Homem
ocorre a redução do piruvato, sem existir descarboxilação, o que
origina ácido láctico, designando-se este processo por fermentação
láctica (Fig. 12B).

A B

Fig. 12 Os dois tipos de fermentação têm em comum o conjunto de reacções que constituem a glicólise (a glucose dá origem ao ácido
pirúvico). No entanto, as transformações sofridas pelo ácido pirúvico são diferentes, originando produtos finais distintos.

As designações destes processos estão relacionadas com os pro-


dutos finais a que dão origem e, em termos energéticos, o saldo é o
obtido através da glicólise, ou seja, se uma molécula de glucose
sofrer degradação por acção da fermentação (designadamente,
alcoólica e láctica), o saldo final de energia é de 2 ATP.
A RETER
C6H12O6 2(C2H5OH) ⴙ 2CO2 ⴙ energia
A fermentação ocorre sem
Glucose Álcool etílico Dióxido (2ATP) a utilização do oxigénio
de carbono e produz 2 ATP. Pode produzir
álcool etílico e CO2 (fermentação
alcoólica), ou ácido láctico
C6H12O6 2(C3H6O3) ⴙ energia (fermentação láctica).
Glucose Ácido láctico (2ATP)
unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 159
Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 160

ACTIVIDADE LABORATORIAL

INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DO SUBSTRATO


Não se esqueça de:
NA REALIZAÇÃO DA FERMENTAÇÃO
• usar bata;
Material • cumprir as regras de
segurança do laboratório;
• Suspensão de leveduras a 20 %. • Erlenmeyer de 250 mL. • cumprir as regras de
• Solução de glucose a 5 %. • Provetas (100 mL e 10 mL). manuseamento do MOC.
• Solução de glucose a 30 %. • Pipeta de Pasteur.
• MOC. • Balões de borracha.
• Lâminas e lamelas. • Vareta de vidro.

Procedimento
1 — Prepare soluções de glucose a 5 % e a 30 % (5 g de glucose em 100 mL de água e 30 g
de glucose em 100 mL de água).
2 — Prepare uma suspensão de leveduras a 20 % (20 g de fermento de padeiro em 100 mL de água).
3 — Agite a suspensão de leveduras, retire uma gota e faça uma preparação microscópica. Observe-a
ao MOC com a objectiva de 40x. Conte o número de leveduras que aparecem no campo de visão
e registe esse valor.
4 — Prepare três Erlenmeyers da seguinte forma:
A — 100 mL de água ⫹ 10 mL
de suspensão de leveduras.
B — 100 mL de solução de glucose
a 5 % ⫹ 10 mL de suspensão
de leveduras.
C — 100 mL de solução de glucose
a 30 % ⫹ 10 mL de suspensão
de leveduras.
5 — Coloque um balão de borracha no topo
de cada Erlenmeyer.
6 — Guarde os Erlenmeyers em local com
temperatura amena.
7 — Vinte e quatro horas depois:
a) registe a variação no volume dos balões;
b) analise e registe o cheiro exalado de cada Fig. 13 Resultados.
balão;
c) retire uma gota da solução do dispositivo A, faça uma preparação microscópica e observe
ao MOC na objectiva de 40x, conte o número de leveduras que aparecem no campo de visão
e registe. Repita o procedimento para os dispositivos B e C.

Discussão
1 — Justifique a utilização de soluções de glucose.
2 — Discuta o papel desempenhado pelo dispositivo A.
3 — Justifique a variação do número de leveduras registado nos diversos dispositivos,
relacionando-os entre si, bem como com o valor registado inicialmente na suspensão
de leveduras.
4 — Justifique as diferentes variações no volume dos balões dos dispositivos, relacionando-os
com as condições inerentes a cada um.
5 — Interprete o cheiro, ou ausência do mesmo, em cada dispositivo, relacionando-o
com as condições de montagem de cada um.

Conclusão
1 — Que conclusões retira quanto:
a) às condições necessárias para que ocorra a fermentação;
b) às condições ideais de concentração de substrato;
c) ao tipo de fermentação realizada.

160 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 161

Há muito tempo que o Homem utiliza alguns microrganismos


para a realização de diversas tarefas de que necessita, nomeada-
mente para a produção de alimentos (Fig. 14). Embora sem ter uma
noção dos fenómenos químicos que se desenrolavam na produção
do vinho, do pão ou da cerveja, o que é facto é que o Homem utili-
zava, e utiliza, as leveduras contidas na superfície das uvas, no fer-
mento ou no malte, para o fabrico de alimentos através de fermen-
tação alcoólica. Também no caso dos iogurtes, as bactérias são
indispensáveis para transformar o leite realizando a fermentação
láctica.

A B

C D

PESQUISAR E DIVULGAR
Fig. 14 O fabrico da cerveja e do pão (A e B) envolvem a realização da fermentação
alcoólica, enquanto o iogurte (C) é obtido por fermentação láctica e o vinagre (D) Pesquise, recorrendo a diversas
por fermentação acética. fontes, seleccionando livros,
revistas ou sites da Internet
No entanto, embora estes processos sejam pouco rendíveis em relacionados com o papel
da fermentação, numa das
termos energéticos (são formadas apenas duas moléculas de ATP),
seguintes indústrias alimentares:
originam produtos finais ainda muito energéticos. As células
• fábrica de cerveja;
musculares humanas recorrem à fermentação láctica com muita • fábrica de vinho;
frequência. Quando o oxigénio que chega às células não é o sufi- • fábrica de pão;
ciente para garantir a degradação da glucose necessária para suprir • fábrica de iogurtes.
as exigências energéticas, a célula inicia o processo de fermentação Identifique o(s)
láctica, já que, apesar do baixo rendimento energético, é mais um microrganismo(s) envolvido(s),
modo de obter energia. O problema que surge como consequência o(s) substrato(s) utilizado(s),
deste acontecimento é o aparecimento de cãibras, uma vez que a as técnicas aplicadas, o tipo
de fermentação ocorrido, bem
acumulação do ácido láctico nas células se torna dolorosa, só desa-
como as implicações desta
parecendo a dor quando este composto sai da célula e é levado pelo indústria na sociedade.
sangue para o fígado, a fim de ser metabolizado.
unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 161
Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 162

3 2 Respiração aeróbia
Para muitos seres vivos, a fermentação como modo de obten-
ção de energia não seria eficaz para as suas necessidades. Muitos
seres conseguem aproveitar melhor a energia da glucose degradan-
do de modo mais eficiente o ácido pirúvico formado no final da gli-
cólise (Fig. 15). Possuindo como aceitador final de electrões o oxigé-
nio, estes seres vivos dão um destino diferente ao ácido pirúvico
obtendo como produtos finais água e dióxido de carbono, compos-
tos pouco energéticos, e conseguindo alcançar muito maior quanti-
dade de energia.

Glucose
ADP + Pi
ATP

Piruvato

Na presença de oxigénio: Na ausência de oxigénio:


RESPIRAÇÃO FERMENTAÇÃO
(ocorre na mitocôndria) e- , H+ (ocorre no citoplasma)

Ácido
cido láctico ou etanol + CO2

e- , H+
ADP + Pi
Coenzimas e-
ADP + Pi ATP
Ciclo de Krebs
ATP

e-
Cadeia transportadora de electrões

Fig. 15 A respiração aeróbia engloba um maior número de reacções do que


a fermentação e produtos finais diferentes e menos energéticos.

162 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 163

ACTIVIDADE LABORATORIAL

CONSUMO DE OXIGÉNIO EM TECIDOS ANIMAIS E VEGETAIS


Não se esqueça de:
Material • usar bata;
• cumprir as regras de
• Copos de precipitação (250 mL). • Solução de azul-de-metileno diluída.
segurança do laboratório.
• Provetas (100 mL). • Solução de Ringer.
• Pipetas (10 mL). • Solução de cloreto de sódio a 2 %.
• Pipetador. • Amêijoas ou berbigões.
• Óleo vegetal. • Rodelas de cenoura.

Procedimento
1 — Identifique 5 copos de precipitação com as letras de A a E e prepare-os da seguinte forma:
A — 100 mL de solução de cloreto de sódio ⫹ 10 mL de solução de azul-de-metileno
com 5 amêijoas vivas;
B — 100 mL de solução de cloreto de sódio ⫹ 10 mL de solução de azul-de-metileno
com 5 amêijoas previamente cozidas;
C — 100 mL de solução de Ringer ⫹ 10 mL de solução de azul-de-metileno com 5 rodelas
de cenoura crua ;
D — 100 mL de solução de Ringer ⫹ 10 mL de solução de azul-de-metileno com 5 rodelas
de cenoura previamente cozida;
E — 100 mL de solução de Ringer ⫹ 10 mL de solução de azul-de-metileno.
2 — Adicione a cada copo um pouco de óleo, de modo a que toda a superfície fique coberta por uma
película.
3 — Observe e registe a cor da solução dos vários copos.
4 — Coloque os copos em banho-maria a 20°C durante uma hora.
5 — Observe e registe de novo a cor da solução dos vários copos.

Fig. 16 Resultados.

Discussão
1 — Justifique a utilização de soluções de:
a) cloreto de sódio nos copos A e B;
b) solução de Ringer nos copos C e D;
c) azul-de-metileno nos vários copos.
2 — Justifique a cobertura dos vários copos com óleo.
3 — Identifique o papel desempenhado pelo dispositivo E.
4 — Compare e interprete os resultados obtidos em:
a) A e B;
b) C e D;
c) A e C.

Nota: O azul-de-metileno altera a sua cor na ausência de oxigénio.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 163


Unidade3_P148-173 28/2/07 15:20 Page 164

Que reacções químicas estarão na origem


destes resultados?

Existe um organito celular com uma estrutura muito particular,


cuja presença é exclusiva das células eucarióticas — a mitocôndria
(Fig. 17) — que desempenha funções muito importantes na obten-
ção de energia por parte da célula.

Membrana
externa
CURIOSIDADE
• As mitocôndrias de qualquer Cristas
Matriz
indivíduo são sempre herda-
das da mãe, já que é o óvulo
que fornece o citoplasma e os
seus organitos, quando ocor-
re a fecundação e a formação
do ovo.
• As mitocôndrias possuem DNA
(mtDNA). Quando ocorre algum Membrana
erro nesta molécula, esse pro- interna
blema é transmissível de mãe
Ribossomas
para filho. DNA mitocondrial
Fig. 17 A mitocôndria é um organito com um sistema de dupla membrana
em que a interna sofre invaginações designadas cristas mitocondriais. O seu meio
interno — matriz — possui DNA e ribossomas.

Nas células eucarióticas, sempre que existe oxigénio para a rea-


lização da respiração aeróbia, o ácido pirúvico entra na mitocôn-
dria e, na matriz desta, é oxidado.
Quando chega à matriz mitocondrial, o ácido pirúvico dá ori-
gem a acetil-CoA. Esta molécula, que é convertida em ácido cítrico,
O facto de a mitocôndria pos- vai participar num conjunto de reacções que termina com a forma-
suir mtDNA fez com que os cien- ção do ácido oxaloacético (ou oxaloacetato). Assim, este último
tistas a utilizassem em investiga- composto inicia sempre o processo e é sempre regenerado no final,
ções várias, a fim de descobrir pelo que este conjunto de reacções é conhecido por ciclo de Krebs,
agressores ou identidades, em
ciclo do ácido cítrico ou ciclo dos ácidos tricarboxílicos.
caso de acidente, crimes ou até
mesmo na descoberta de ossa-
das.

164 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 148-173_U3 5/3/07 19:09 Page 165

Durante o ciclo de Krebs, formam-se mais algumas moléculas


de NADH, FADH2, ATP e dióxido de carbono (sendo este último
libertado pela célula) (Fig. 18).

ACTIVIDADE

FORMAÇÃO DA ACETIL-CoA E CICLO DE KREBS

1. Analise o esquema, que representa o conjunto de reacções que ocorrem em aerobiose a seguir
à glicólise, e responda às questões.

Coenzima A
Ácido
pirúvico
NAD+ CO2 Acetil-CoA
NADH + H+ Ácido Ácido
oxaloacético cítrico
Oxidação do
ácido pirúvico NADH + H+

NAD+

NAD+

NADH + H+
H2O
CO2

NAD+
FADH2
NADH + H+
FAD
CO2
ATP ADP
FAD (flavina adenina
dinucleótido) é uma molécula com
funções equivalentes às de NAD⫹

Fig. 18 O ciclo de Krebs engloba um conjunto de reacções que termina com a regeneração do ácido oxaloacético e onde
ocorrem reacções de oxidação-redução, de descarboxilação, e é produzida energia.

1.1 Por alteração de uma molécula de ácido pirúvico, quantas moléculas se formam de:
a) dióxido de carbono;
b) NADH e FADH2;
c) ATP.
1.2 O ciclo de Krebs inicia-se com uma reacção entre dois compostos. Identifique-os.
1.3 Quantas moléculas de dióxido de carbono se libertam, cada vez que uma molécula de glucose
é degradada por respiração aeróbia?

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 165


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 166

Na respiração aeróbia, existem reacções em cadeia que libertam


energia, sob a forma de moléculas de ATP, que pode ser posterior-
mente utilizado pela célula. As moléculas intervenientes nestas
reacções são cada vez menos energéticas (Fig. 19).

Fig. 19 À medida que as diversas moléculas intervenientes no fenómeno da respiração


vão fornecendo electrões e protões para reduzir o NAD⫹ a NADH, e vão libertando
CURIOSIDADE
energia, vão-se tornando cada vez menos energéticas.
As células cerebrais apenas utili-
zam como fonte de energia glu-
cose, ao contrário de outras célu- Qual é o destino dos transportadores de electrões
las que podem obter energia a formados ao longo das etapas anteriores?
partir de outras moléculas, como
por exemplo ácidos gordos.
A membrana da mitocôndria (assim como todas as outras que
constituem o sistema endomembranar) tem na sua constituição
proteínas que possuem funções variadas, nomeadamente de trans-
porte de moléculas.
Na membrana interna da mitocôndria, existem muitas destas
proteínas, que transferem os electrões do NADH, formados ao
longo de todas as fases, de umas para outras até um aceitador final
— o oxigénio — que, ao recebê-los, capta também protões exis-
tentes na matriz mitocondrial e forma água (Fig. 20).
O fluxo de electrões gerado ao longo desta cadeia de moléculas
transportadoras de electrões presentes na membrana interna da
mitocôndria — cadeia respiratória — gera energia, que será utili-
zada para a síntese de ATP a partir de ADP e Pi.

166 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 148-173_U3 5/3/07 19:11 Page 167

Membrana
mitocondrial
externa

Espaço
intermembranar

O NADH introduz os electrões Os electrões são transferidos


na cadeia respiratória para uma série de moléculas

Membrana e-
mitocondrial e- e-
interna

e-
FADH2 FAD O2 H2O
NADH + H+ NAD+
Os electrões são transferidos
Matriz para o oxigénio molecular que os recebe,
mitocondrial juntamente com os protões, para formar água
Fig. 20 As moléculas transportadoras de electrões existentes na membrana interna
mitocondrial recebem os electrões cedidos pelo NADH, que se transforma
em NAD⫹. Os protões são bombeados para o espaço intermembranar.

TRANSPORTE DE ELECTRÕES CURIOSIDADE


O fluxo de electrões através dos transportadores cria energia suficiente As hemácias são células que não
para bombear protões para o espaço intermembranar, gerando assim possuem mitocôndrias. A ener-
um gradiente electroquímico entre os dois espaços. Por sua vez, gia de que necessitam é obtida
a membrana interna da mitocôndria possui também outras proteínas, na glicólise, não ocorrendo ciclo
com função enzimática, as ATP sintases, que vão aproveitar a energia de Krebs nem cadeia respirató-
dos protões que voltam à matriz, a favor do gradiente de concentração, ria.
para promover a síntese de ATP a partir de ADP e Pi. Uma vez que
a molécula de ADP recebe um fosfato inorgânico, diz-se que ocorreu
fosforilação, e como a energia provém das reacções de
oxidação-redução (transporte de electrões), em que o aceitador final
é o oxigénio, designa-se por oxidativa. Diz-se então que, através
da cadeia respiratória, ocorre fosforilação oxidativa.

Espaço H+ H+ H+
intermembranar H+
H+
H+ H+
ATP sintase

Membrana
mitocondrial
interna

ADP + Pi
Gradiente
electroquímico ATP

Matriz
mitocondrial H+
Os protões voltam a entrar na matriz mitocondrial a favor do gradiente
electroquímico e a energia gerada possibilita a síntese de ATP.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 167


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 168

Seres procariontes e eucariontes realizam a respiração celular


aeróbia. No entanto, as fases deste processo ocorrem em locais dife-
rentes nos dois tipos de células, pois os seres procariontes não pos-
suem organitos individualizados com membrana (Fig. 21).

Célula eucariótica Célula procariótica

Na matriz mitocondrial
Oxidação do piruvato
Ciclo de Krebs
As diversas etapas da respiração aeróbia ocorrem em
Na membrana interna locais distintos da célula. Nos procariontes que realizam
da mitocôndria respiração aeróbia, o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória No citoplasma
Cadeia respiratória não podem ocorrer na mitocôndria, uma vez que nestes Glicólise
seres não existem organitos com membranas. Fermentação
Ciclo de Krebs

No citoplasma Na superfície interna


Glicólise da membrana plasmática
Glucose Oxidação do piruvato
Fermentação
Cadeia respiratória

Piruvato

RESPIRAÇÃO FERMENTAÇÃO

ADP + Pi
Ciclo de Krebs
ATP

e-
Cadeia transportadora de electrões
Fig. 21 Localização dos fenómenos respiratórios nas células eucariótica
e procarióticas.

168 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P148-173 28/2/07 15:29 Page 169

Balanço energético da respiração aeróbia


A glucose é uma molécula com capacidade para libertar
2867 kJ mol⫺1, no entanto, mesmo com um aproveitamento muito
mais eficiente do que aquele que é realizado pela fermentação,
apenas cerca de 34 % dessa energia é conservada, sob a forma de
ATP, através da respiração aeróbia.

Respiração aeróbia
SALDO DA RESPIRAÇÃO AERÓBIA
MATRIZ DA CADEIA
CITOPLASMA
MITOCÔNDRIA RESPIRATÓRIA
A membrana interna
2 ATP-------- --------------------- 2 ATP
mitocondrial é impermeável
------------------→
Glicólise 2 NADH ----- --------------------- 5 ATP----------→ 5 ATP ao NADH, formado na glicólise.
ou 3 ATP -----→ ou 3 ATP Contudo, existem mecanismos
Ácido Pirúvico que permitem indirectamente
a Acetil Co - A 2 x (1 NADH)---- → 2 x (2,5 ATP) 5 ATP
a formação na matriz
2 x (1 ATP) ------ -------------------- 2 ATP mitocondrial de moléculas de
Ciclo de Krebs 2 x (3 NADH)---- → 2 x (7,5ATP) 15 ATP NADH ou de FADH2, por cada
2 x (1 FADH2)— → 2 x (1,5ATP) 3 ATP NADH formado no citoplasma.
NICHOLLS, D., G.; FERGUSON, S., J.; — Bioenergetics 3. Academic Press. 2002 30 ATP Assim, o valor máximo
TAIZ, L.; ZEIGER, E. — Plant Physiology. Sinauer Associates, Inc., Publishers. Total ou
Massachusetts: 2006.
de 32 ATP por cada molécula
32 ATP
de glucose resulta da formação
de NADH (cada molécula
Para a síntese de uma molécula de ATP, a partir do seu anteces- origina 2,5 ATP) e o valor
sor ADP e Pi, são necessárias cerca de 30,5 kJ, pelo que, para for- de 30 ATP resulta da formação
de FADH2 (cada molécula dá
mar 32 ATP, foram apenas utilizadas 976 kJ das 2867 kJ da glucose,
origem 1,5 ATP).
tendo a restante energia sido dissipada sob a forma de calor.

Fermentação
SALDO DA FERMENTAÇÃO
Através da fermentação apenas 2,5 % da energia contida numa
molécula de glucose é conservada, sob a forma de ATP. A activação da glicose implica
o consumo de duas moléculas
de ATP, o que obriga a retirar
essas duas moléculas ao total
GASTOS PRODUZIDOS
formado, quatro moléculas
Glicólise 2 ATP 4 ATP de ATP. Assim sendo, o saldo
da fermentação é de duas
Redução do pirúvico 0 0 moléculas de ATP.

Saldo 2 ATP

Na comparação com a fermentação, verifica-se que a respiração


aeróbia é um processo muito mais rendível.

A RETER
GASTOS PRODUZIDOS SALDO
Todos os seres vivos necessitam
Respiração aeróbia 2 32 ou 34 30 ou 32 de transformar a matéria
orgânica, que fabricam
Fermentação 2 4 2 ou recebem do meio, para
retirar dela a energia necessária
ao bom funcionamento das
suas células.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 169


Unidade3_P148-173 28/2/07 15:31 Page 170

Conceitos/Palavras-chave

Necessários Essenciais Complementares

• ADP • Metabolismo • Reacções endergónicas


• ATP • Catabolismo • Reacções exergónicas
• Mitocôndria • Anabolismo • Via metabólica
• Seres anaeróbios • Oxidação-redução
• Fermentação • Seres anaeróbios
• Respiração anaeróbia obrigatórios/facultativos
• Seres aeróbios • Glicólise
• Respiração aeróbia • Descarboxilação
• Fermentação
láctica/fermentação
alcoólica
• Ciclo de Krebs
• Cadeia respiratória

Síntese de conhecimentos

• Todos os seres vivos necessitam de transformar a matéria orgânica, que fabricam ou retiram do meio,
de modo a receber energia que esta contém.
• O metabolismo celular, conjunto de todas as reacções que ocorrem na célula, pode dividir-se em
anabolismo e catabolismo.
• As reacções que decorrem na célula acontecem em cadeia, constituindo o que se designa por vias
metabólicas.
• Os seres vivos que realizam unicamente a fermentação para degradar a matéria orgânica e obter
energia são anaeróbios obrigatórios. Os seres que são capazes de degradar a glucose na ausência
de oxigénio mas também o conseguem utilizar, se estiver presente, realizando a respiração aeróbia são
seres anaeróbios facultativos.
• A glicólise é a primeira etapa da oxidação da glucose e é comum aos dois processos catabólicos —
fermentação e respiração celular — sendo produzidas duas moléculas de ATP e ácido pirúvico.
• Dependendo do organismo, na ausência de oxigénio o ácido pirúvico é reduzido, podendo originar
ácido láctico (fermentação láctica) ou álcool etílico e dióxido de carbono (fermentação alcoólica).
• Nos dois tipos de fermentação, o saldo energético é de 2 ATP. Estes dois processos são usados
no fabrico de alimentos.
• Na respiração aeróbia, ocorre, a seguir à glicólise, a formação de outros compostos (Acetil-CoA)
que vão sofrer alterações no ciclo de Krebs e originar NADH que leva protões e electrões para a cadeia
respiratória.
• As fases seguintes à glicólise ocorrem num organito celular, a mitocôndria.
• O balanço energético da respiração aeróbia é de 30 ou 32 ATP por molécula de glucose.
• A respiração aeróbia é um processo mais rendível do que a fermentação, porque a célula obtém, de
forma gradual, mais energia a partir da mesma quantidade de substrato — uma molécula de glucose.

170 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P148-173 28/2/07 10:51 Page 171

ACTIVIDADES

Transformação e utilização de energia


pelos seres vivos
1. Elabore um mapa de conceitos relativos aos conteúdos desta subunidade.

2. Das opções seguintes, seleccione aquela que traduz a razão de alguns seres realizarem
fermentação láctica.
A — Consumo de 2 ATP.
B — Produção de produtos alimentares.
C — Libertação de dióxido de carbono.
D — Obtenção de energia a partir da matéria orgânica, na ausência de oxigénio.

3. Estabeleça as várias correspondências correctas entre os termos e as afirmações.

TERMOS
A — Respiração aeróbia.
B — Fermentação láctica.
C — Fermentação alcoólica.
D — Fotossíntese.

AFIRMAÇÕES
I. Formação de dióxido de carbono.
II. Gasto de dióxido de carbono.
III. Produção de matéria orgânica.
IV. Formação de ácido láctico.
V. Formação de ATP.

4. O quadro seguinte reúne resultados obtidos quando se submeteram leveduras a condições


experimentais diferentes. Analise-o e responda às questões.

DISPOSITIVO A B

CONDIÇÕES
EM QUE DECORRE Anaerobiose Aerobiose
A EXPERIÊNCIA

TAXA
DE REPRODUÇÃO Baixa Alta
DAS LEVEDURAS

CONSUMO Alto Baixo


DE GLUCOSE

NÍVEL
DE PRODUÇÃO Baixo Alto
DE ENERGIA

PRODUÇÃO Abundante Ausente


DE ÁLCOOL

TURVAÇÃO DA ÁGUA Sim Sim


DE CAL

4.1 Identifique os processos metabólicos ocorridos nos dispositivos A e B.


4.2 Justifique a turvação da água de cal ocorrida nos dois dispositivos.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 171


872546 148-173_U3 5/3/07 19:15 Page 172

ACTIVIDADES

4.3 Tendo em conta os dados relativos ao consumo de glucose e de produção de energia, infira
sobre a rendibilidade energética dos processos A e B.
4.4 Refira a designação atribuída a um ser vivo que:
a) realize o processo ocorrido no dispositivo A;
b) realize o processo ocorrido no dispositivo B;
c) realize ambos os processos.

5. Em situações de exercício físico intenso, as células musculares podem recorrer à fermentação


láctica. Relativamente a esta situação, refira:
a) as vantagens;
b) os inconvenientes.

6. «Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus são estirpes de bactérias que conseguem


utilizar e transformar a lactose (açúcar) do leite. Começam por transformar a lactose em moléculas
de glucose, e depois, por cada molécula de glucose usada, produzem duas moléculas de ácido
láctico e duas moléculas de ATP.» Responda às questões seguintes.

Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus.

6.1 Identifique o processo metabólico utilizado pelas bactérias a que o texto se refere.
6.2 Quais são as vantagens da realização deste processo para as bactérias?
6.3 Assinale como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmações que se seguem.
Numa montagem experimental para comprovar este fenómeno, uma forma de acompanhar
os resultados seria…
A — … acompanhar o crescimento das colónias de bactérias.
B — … utilizar água de cal.
C — … utilizar indicadores da variação da quantidade de oxigénio (ex.: azul-de-metileno).
D — … registar as variações do pH do meio.
E — … registar as variações do cheiro.
6.4 Justifique a classificação atribuída às afirmações B e D da questão anterior.

7. Durante a respiração aeróbia ocorrem vários fenómenos integrados em etapas. Ordene-os


correctamente.
A — Consumo de glucose.
B — Ciclo de Krebs.
C — Cadeia respiratória.
D — Produção de ácido pirúvico.
E — Glicólise.
F — Formação de água.

172 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 148-173_U3 30/5/07 16:14 Page 173

8. Leia atentamente o texto e responda às questões seguintes.


«As condições hipobáricas caracterizam-se pela queda da pressão dos gases. Por exemplo, em La Paz,
a pressão parcial do O2 é de aproximadamente 95 mmHg, enquanto ao nível do mar, ela
é de 160 mmHg. Quando a pressão é baixa, o organismo tende à hipoxia. Como resposta a esta
diminuição de pressão, há imediatamente um reajuste na frequência respiratória (aumenta), na
frequência cardíaca e na tensão arterial (também aumentam), para que haja um aumento do fluxo
sanguíneo. A hipoxia, também conhecida como síndroma do mal da montanha, tem como sintomas: dor
de cabeça; falta de apetite; diminuição dos reflexos; digestão lenta; aumento do volume urinário; insónia.
Por esta razão, o acesso a locais de grande altitude deve ser feito gradualmente para quem vive
habitualmente em zonas ao nível do mar ou um pouco acima deste. Assim, o organismo terá tempo
suficiente para proceder à aclimatação, ou seja, para sofrer um processo de adaptação às elevadas
altitudes, que se caracterizam, entre outras alterações, pelo aumento no número de hemácias.»
8.1 Associe a cada frase que se segue uma letra da chave:

CHAVE
A — A afirmação é apoiada pelos dados.
B — A afirmação é contrariada pelos dados.
C — A afirmação não tem relação com os dados.

I. A hipoxia é um tipo de sintomatologia que surge devido à falta de oxigénio nas células.
II. Quando há necessidade de aclimatação, as células deixam de realizar respiração.
III. A circulação sanguínea adapta-se, até certo ponto, às condições ambientais, de modo
a compensar as carências de oxigénio.
IV. As adaptações do organismo aquando da aclimatação têm como finalidade uma maior
captação de oxigénio.
V. O número de glóbulos brancos aumenta com a altitude.
8.2 Seleccione uma frase do texto que reforce a seguinte afirmação:
«A quantidade de oxigénio no ar condiciona o funcionamento do aparelho cardio-respiratório.»
8.3 Seleccione a opção correcta. As mitocôndrias são organitos celulares onde ocorre:
A — Redução do ácido pirúvico.
B — Glicólise.
C — Formação do ácido pirúvico.
D — Formação de água.
E — Formação de 30 ou 32 ATP por molécula de glucose.
8.4 Classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmações.
A — No ciclo de Krebs existem enzimas de oxidação-redução.
B — Na mitocôndria formam-se 32 ATP por molécula de glucose.
C — A glicólise faz parte de uma via metabólica.
D — O aumento do número de hemácias favorece a captação de oxigénio.
8.5 Complete a afirmação seguinte, escolhendo a opção correcta.
A respiração aeróbia permite extrair uma boa parte da energia da glucose que é utilizada
para a produção de…
A — … calor.
B — … ATP.
C — … calor e ATP.
D — … ácido láctico.
E — … água e dióxido de carbono.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 173


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 174

3 3 Trocas gasosas
em seres multicelulares
Todos os seres vivos que realizam respiração aeróbia utilizam
oxigénio do meio ambiente e produzem dióxido de carbono, que
lançam para o ambiente. Estas trocas gasosas são realizadas por
difusão através das superfícies respiratórias.

ACTIVIDADE

NECESSIDADE DE OXIGÉNIO

1. Observe as imagens seguintes e responda às questões.

A Homem. B Minhoca. C Paramécia.

Fig. 22 Os seres vivos têm diferentes necessidades de oxigénio.

1.1 Qual é o ser vivo com maior necessidade de oxigénio?


1.2 Refira um factor que determine a necessidade de oxigénio do ser vivo.
1.3 Dos seres vivos representados, qual deles terá necessidade de uma superfície respiratória
específica? Justifique a sua resposta.

Nos seres vivos, a quantidade de oxigénio necessária depende


da quantidade de células que existem no seu organismo e da taxa
de respiração celular realizada pelas mesmas. O volume de um orga-
nismo determina a sua necessidade de oxigénio. Por outro lado, a
quantidade de oxigénio que penetra num organismo depende da
sua área superficial e da espessura da sua superfície de troca
(superfícies espessas impedem a difusão).
Os seres vivos de pequenas dimensões, como a paramécia e até
a minhoca, apresentam a relação área superficial/volume com um
valor grande e, por isso, estes organismos podem obter o oxigénio
de que necessitam através da sua superfície corporal.

174 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 174-193_U3 6/4/08 10:40 AM Page 175

Nos seres vivos de maio-


res dimensões, como o Homem,
(Fig. 23), a razão entre a área su-
perficial e o volume é muito me-
nor, o que implica que a super-
fície corporal não seja suficiente
para a obtenção do oxigénio ne-
cessário às suas células, necessi-
tando de superfícies respiratórias
especializadas em trocas gasosas.
Estas superfícies específicas de-
vem ser extensas e finas, para
que os gases possam difundir-se
rapidamente.

Homem: Minhoca:
Área superficial — 180 dm2 Área superficial — 0,36 dm2
Volume — 68 dm3 Volume — 0,0048 dm3
Área superficial 180 Área superficial 0,36
⫽ ⫽ 2,65 ⫽ ⫽ 75
Volume 68 Volume 0,0048

Fig. 23 A razão entre a área superficial e o volume do organismo varia consoante as


dimensões do animal.

Os organismos terrestres obtêm o oxigénio do ar atmosférico e


os organismos aquáticos através do oxigénio que se encontra dis-
solvido na água (e não do oxigénio da molécula de água).

Que dificuldades existem no ambiente terrestre


para a realização das trocas gasosas?

A água é o composto que existe nos seres vivos em maior quan-


tidade, e as células, quando expostas ao ar, perdem água, desidra-
tando rapidamente. Alguns animais combatem esta perda vivendo
em locais húmidos, como as minhocas, mas a maioria possui
superfícies impermeabilizadas, que reduzem as perdas de água (por
exemplo: queratina no revestimento do Homem e quitina no reves-
timento de insectos).
As superfícies impermeabilizadas impedem a realização da
difusão dos gases com facilidade; por isso, os animais terrestres têm
de possuir superfícies especializadas, não impermeabilizadas, onde
possam realizar as trocas gasosas.
Os mamíferos, como o Homem, e as aves têm pulmões situa-
dos no interior dos organismos, o que reduz em grande parte a
perda de água através deles.
Os insectos têm um sistema diferente, constituído por tubos,
designados traqueias, que penetram profundamente nos seus orga-
nismos, levando o ar até aos tecidos. As trocas ocorrem no final
desses tubos.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 175


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 176

Que dificuldades existem no ambiente aquático


para a realização das trocas gasosas?

Na água, existe menor quantidade de oxigénio dissolvido do


que no ar, pois o oxigénio não é muito solúvel na água. Este oxigé-
nio tem duas fontes: uma parte vem do ar atmosférico, através da
difusão pela superfície aquática, e a outra parte é originada pelos
seres aquáticos fotossintéticos.
A temperatura também afecta a quantidade de oxigénio
dissolvido na água, sendo que as temperaturas elevadas tornam
o oxigénio menos solúvel na água. Num lago com muitos animais,
a quantidade de oxigénio será inferior.
O oxigénio difunde-se cerca de mil vezes mais devagar na água
do que no ar. Os lagos profundos ou as regiões mais profundas
do mar têm níveis de oxigénio dissolvido muito baixos, pois
encontram-se muito longe da superfície da água, onde entra o oxi-
génio e, por outro lado, nessas regiões não existem seres fotossinté-
ticos, pois a luz não penetra nessas profundidades.
A escassez de oxigénio na água leva à necessidade de grandes
superfícies respiratórias (Fig. 24). Mesmo os seres de reduzidas dimen-
sões têm, muitas vezes, superfícies de trocas especializadas com áreas
grandes. Como não existe perigo de desidratação, estas superfícies são
muitas vezes externas, como as dos girinos (Fig. 25). Contudo, sendo
delicadas, podem ser facilmente danificadas, pelo que muitos organis-
mos, como os peixes, as desenvolveram no interior do seu corpo.

Fig. 24 Anelídeo marinho com


superfícies respiratórias
externas (Nereis virens).

Fig. 25 Superfícies respiratórias externas num axolote mexicano (Ambystoma mexicanum).

176 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 174-193_U3 5/3/07 19:21 Page 177

3 3 1 Trocas gasosas nas plantas

As plantas são seres vivos que respiram aerobiamente, consu-


mindo oxigénio e produzindo dióxido de carbono nas suas células.
Contudo, são seres vivos fotossintéticos que consomem dióxido de
carbono e produzem oxigénio durante o dia. O oxigénio produzido
na fotossíntese é mais do que suficiente para o processo de respira-
ção aeróbia realizado pelas plantas. O dióxido de carbono produzi-
do na respiração não é, contudo, suficiente para o processo de
fotossíntese. Assim, durante o dia, as folhas das plantas absorvem
dióxido de carbono e libertam oxigénio para o ar atmosférico.
Durante a noite, a fotossíntese não se realiza e as plantas absorvem
oxigénio e libertam dióxido de carbono.
As células das plantas obtêm os gases necessários através de Cutícula
difusão. Tal como todos os animais terrestres, as plantas
terrestres também têm o problema da perda de água
através da sua superfície externa, pelo que esta se
encontra impermeabilizada (Fig. 26), dificul-
tando, desta forma, as trocas gasosas. Assim,
as plantas possuem estomas (Fig. 27), que
permitem a realização e regulação de
todas as trocas gasosas, constituindo
importantes adaptações das plantas ao
meio terrestre.
As folhas podem ter um número Célula estomática
(ou célula-guarda)
variado de estomas por centímetro quadra-
Ostíolo
do da sua área.
Cada estoma possui duas células-guarda ou estomáticas (em
forma de feijão) que limitam uma abertura/poro, designado por ostío- Fig. 26 O ar entra na folha através dos
estomas.
lo (Fig. 27). As células-guarda são rodeadas por outras células epi-
dérmicas e diferem destas a vários níveis:
• têm cloroplastos, que não existem nas células epidérmicas,
podendo assim realizar fotossíntese;
• a sua parede celular é mais espessa do lado do ostíolo do que
do lado oposto.

Células-guarda
ou estomáticas

Células de companhia

Fig. 27 Constituição de um estoma.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 177


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 178

ACTIVIDADE

COMO É QUE OS ESTOMAS ABREM E FECHAM?

1. Observe as figuras seguintes e responda às questões.

A B

Vacúolo H2O
H2O

Ostíolo

Células-guarda
Fig. 28 Variação da abertura do estoma.

1.1 Em qual dos esquemas, A ou B, o estoma se encontra:


a) fechado;
b) aberto.
1.2 Quais são as diferenças que encontra entre as células
estomáticas em A e B?
1.3 Apresente uma explicação para a abertura e para o fecho
do estoma.

São as células-guarda que controlam a abertura e o fecho dos


estomas, controlando, desta forma, as trocas gasosas realizadas
pelas plantas.
Quando uma célula absorve água, fica túrgida, aumentando o
seu volume. As células-guarda, como apresentam a parede junto ao
ostíolo mais rígida e resistente à expansão, quando ficam túrgidas
provocam a abertura do estoma. Por outro lado, quando perdem
água diminuem de volume, fechando o estoma.

178 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 179

O que provoca a abertura


e o fecho dos estomas?

Na maior parte das plantas, a abertura e o fecho dos estomas


são provocados por iões K⫹ (potássio), em conjunto com moléculas
de água. A entrada nas células-guarda de iões K⫹, através de trans-
porte activo, leva à entrada de água por osmose, o que provoca a
turgescência das células e, consequentemente, leva à abertura dos
estomas. Quando a célula-guarda perde iões K⫹, a água também sai
por osmose, a célula diminui a turgidez (diminui de volume) e o
estoma fecha.
Existem diversos factores do meio externo (ar exterior às
folhas) e do meio interno (ar dos espaços intercelulares, dentro da A RETER
folha) que influenciam a abertura/fecho dos estomas, entre eles:
As trocas gasosas nas plantas
• a luz — na sua presença, os estomas estão geralmente aber- são realizadas através dos
tos, enquanto na sua ausência permanecem fechados; estomas. A abertura e o fecho
destes é controlada pelo
• a concentração de dióxido de carbono — a baixa concentra- movimento de entrada e saída
ção de dióxido de carbono provoca a abertura dos estomas, de água e de iões potássio,
enquanto as elevadas concentrações provocam o seu fecho; respectivamente.
Os factores ambientais
• a humidade atmosférica — reduzida humidade atmosférica influenciam estes movimentos.
provoca o fecho dos estomas, enquanto elevada humidade
atmosférica provoca a abertura dos estomas.

TROCAS GASOSAS ATRAVÉS DO CAULE E DA RAIZ


As plantas realizam trocas gasosas nas folhas e também nos caules
e raízes, apesar de a taxa de trocas ser mais reduzida nestas duas
estruturas.
Em plantas herbáceas, as trocas gasosas realizam-se facilmente através
do caule. Em plantas de maior porte e lenhosas, como todas as árvores,
as trocas realizam-se com dificuldade no caule, devido à presença
de paredes celulares revestidas com suberina, substância impermeável
à água e ao ar (exemplo: cortiça). No entanto, mesmo nestas estruturas
existem passagens que permitem a difusão dos gases, designadas por
lentículas.

Lentícula (fotografia).

Nas raízes, as células obtêm o oxigénio por difusão a partir do ar que se


encontra entre as partículas do solo.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 179


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 180

ACTIVIDADE LABORATORIAL

INFLUÊNCIA DOS FACTORES AMBIENTAIS (LUZ E VENTO) NO MECANISMO


Não se esqueça de:
DE FECHO/ABERTURA DOS ESTOMAS
• usar bata;
Material • cumprir as regras de
segurança do laboratório;
• Fragmentos de Tradescancia (erva-da-fortuna). • cumprir as regras de
• Copos de precipitação (250 mL). manuseamento do MOC.
• Água.
• Candeeiro.
• Verniz transparente de unhas.
• Secador de cabelo.
• MOC.
• Lâminas e lamelas.
• Agulha de dissecação.

Procedimento
1 — Prepare três fragmentos de Tradescancia, colocando-os num copo de precipitação com água
durante vinte e quatro horas, nas seguintes condições:
a) A e B com luz artificial;
b) C em local obscuro.
2 — Pincele com o verniz uma zona da página inferior de uma folha da planta A. Deixe secar, retire
a película do verniz e monte-a entre a lâmina e a lamela. Observe os estomas ao MOC
e esquematize os resultados.
3 — Repita o procedimento utilizado em 2, utilizando a planta C.
4 — Sujeite uma folha da planta B à acção de um secador de cabelo durante quinze minutos.
De seguida, envernize a zona da folha previamente sujeita à acção do secador. Deixe secar, retire
a película de verniz e faça uma preparação para observação microscópica. Observe ao MOC
e esquematize os resultados.

Fig. 29 Molde de estomas fechados.

Discussão
1 — Compare e justifique os resultados obtidos com as plantas:
a) A e B;
b) A e C.

Conclusão
1 — No controlo de abertura dos estomas, qual é a influência do factor ambiental:
a) luz/escuridão?
b) vento?

180 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 181

3 3 2 Trocas gasosas nos animais superfície respiratória respiratory


surface
hematose gas exchange
Os animais realizam respiração celular e necessitam obrigato-
riamente de utilizar nas suas células moléculas de oxigénio, produ-
CURIOSIDADE
zindo moléculas de dióxido de carbono que têm de eliminar.
O povo nepalês vive sem dificul-
A estrutura onde se realiza a difusão dos gases entre o organismo dade em altitudes nas quais nós
e o meio envolvente é designada superfície respiratória e a troca temos problemas respiratórios. Em-
de gases realizada nessa superfície designa-se hematose. bora os Nepaleses tenham uma
pequena estatura, os seus pulmões
As espécies animais possuem superfícies respiratórias que garan- e o seu coração são muito gran-
tem que a quantidade de oxigénio difundido satisfaça as necessida- des. O seu sangue pode transpor-
des de todas as células do organismo. As superfícies respiratórias tar maior quantidade de oxigénio
devem ainda ser finas e húmidas, para que a hematose se realize com do que o nosso, pois tem um
maior número de hemácias.
a máxima eficácia.

ACTIVIDADE

TIPOS DE ÓRGÃOS RESPIRATÓRIOS NOS ANIMAIS

1. Analise as imagens seguintes e responda às questões.

A B

Secção da
superfície
respiratória
(tegumento que
cobre o corpo)

Capilares

Capilares Superfície
respiratória Superfície CO2
CO2 (brânquias) corporal

O2 O2

C D

Células do
organismo
Superfície
corporal

Superfície
corporal O2
Superfície
respiratória
(pulmões)
CO2 O2
Superfície
respiratória CO2 Capilares
(traqueias)

Fig. 30 Superfícies respiratórias da minhoca (A); de peixe (B); do grilo (C); do texugo (D).

1.1 Identifique as superfícies respiratórias observadas nos esquemas A, B, C e D.


1.2 O que distingue a superfície respiratória da minhoca das restantes superfícies?
1.3 Qual é a principal diferença que existe entre o esquema C e os restantes?
1.4 Refira a principal diferença entre os esquemas B e D.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 181


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 182

Tegumento outer layer of cells A difusão de gases nos animais pode ocorrer directamente
entre a superfície respiratória e as células, como no caso dos insec-
tos, designando-se neste caso por difusão directa, ou pode ocorrer
entre a superfície respiratória e o líquido circulante, no caso dos
restantes grupos animais, designando-se por difusão indirecta.

Tegumento como superfície respiratória


Alguns animais, como as minhocas, podem utilizar como super-
fície respiratória o seu tegumento, não tendo para a realização das
trocas gasosas uma superfície específica. O seu tegumento é fino,
húmido e suficientemente extenso para a realização eficaz da hematose,
designada, neste caso, como hematose cutânea. A distribuição dos
gases até às células é realizada através da circulação sanguínea, pois o
tegumento é muito vascularizado, sendo, por isso, a difusão indirecta.
Existem outros animais que também realizam a hematose atra-
vés do tegumento, como, por exemplo, as lombrigas, as planárias,
Fig. 31 A planária utiliza o tegumento
as hidras e as rãs (Fig. 31).
como superfície respiratória.

Brânquias como superfície respiratória

ACTIVIDADE

ÓRGÃO RESPIRATÓRIO NOS PEIXES

1. A imagem seguinte representa a superfície respiratória


dos peixes. Analise-a e responda às questões.

Arco ósseo Lamela branquial

Sangue
Filamento
branquial

Água
Água

Fig. 32 Superfícies respiratórias dos peixes e trocas gasosas que aí ocorrem.

1.1 Qual é o trajecto realizado pela água que banha


as brânquias do peixe?
1.2 Compare o sentido da circulação da água que passa
através das lamelas e do sangue que as atravessa.
Qual lhe parece ser a vantagem deste facto?

182 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 183

Os peixes são animais aquáticos e realizam a sua hematose Brânquias gills


através de brânquias. As brânquias são extensões da superfície
corporal e estão, no caso dos peixes ósseos, inseridas em cavidades
designadas por cavidades branquiais protegidas por uma placa óssea
— o opérculo. A cavidade branquial comunica com o exterior atra-
vés da fenda opercular.
Cada brânquia é suportada por um arco ósseo — arco bran-
quial — e é constituída por duas fiadas de filamentos branquiais,
que são subdivididos em inúmeras lamelas branquiais.
No interior de cada lamela branquial, existe uma rede de capi-
lares sanguíneos, sendo com o sangue que circula nestes capilares
que se realiza a hematose — hematose branquial. A difusão dos
gases é assim indirecta.

O que torna as brânquias eficazes


nas trocas gasosas?

Apesar de a água só possuir cerca de 3 a 5 % de oxigénio dispo-


nível (em comparação com 21 % que existe no ar atmosférico), as
brânquias são muito eficientes na realização da hematose, porque
possuem grande superfície, são bastante finas e irrigadas, e porque
o sentido de circulação da água é contrário ao sentido de circulação
do sangue.
A circulação em sentidos opostos (Fig. 33) constitui o que se
designa por mecanismo de contracorrente e, no caso das brân-
quias, permite que, em qualquer ponto de contacto entre o sangue
e a água, esta possua sempre uma concentração superior de oxigé-
nio relativamente ao sangue, possibilitando a difusão ao longo de
todo o percurso e contribuindo para que o sangue que circula nas
lamelas fique mais enriquecido em oxigénio.

O2
O2
O2

Fluxo de água
entre as lamelas
Fluxo sanguíneo
através das lamelas
A RETER
Fig. 33 Mecanismo de contracorrente.
O mecanismo de contracorrente
permite rendibilizar
a oxigenação do sangue,
Este mecanismo de contracorrente é tão eficaz que o sangue
nos peixes.
retira da água mais de 80 % do oxigénio dissolvido transportado.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 183


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 184

Traqueias trachea Traqueias como superfície respiratória


Os insectos, como o gafanhoto, possuem um conjunto de
tubos ramificados através do corpo, ligados a sacos que contêm ar
(Fig. 34). Estes tubos, designados por traqueias, subdividem-se
noutros mais finos (traquíolas), e transportam ar directamente para
as células do organismo, onde decorrem as trocas gasosas (hemato-
se traqueal). A difusão dos gases é, assim, directa.

A B

Traquíolas
Sacos de ar Traqueia

Célula
Espiráculo

Espiráculos

Traqueias

Fig. 34 As traqueias e as traquíolas são as superfícies respiratórias dos insectos.

As extremidades mais finas das traqueias — traquíolas — são


fechadas e contêm um fluido (Fig. 35), que, quando o animal está
activo e necessita de utilizar mais oxigénio, passa para as células do
seu corpo, permitindo aumentar a taxa de difusão do oxigénio,
pois este difunde-se mais rapidamente no ar do que nos líquidos, o
que faz com que esta estrutura respiratória seja muito eficiente.
As traqueias, por serem internas, permitem, ainda, reduzir bas-
tante a perda de água do organismo dos insectos, o que também
contribui para o seu sucesso no planeta Terra.

A B

Fluido

A RETER

Nos insectos, as trocas gasosas


ocorrem por difusão directa,
através de um conjunto de
tubos — traqueias e traquíolas
— que comunicam com o
exterior e transportam o ar a Célula muscular
todas as células do organismo.
Fig. 35 Variação do fluido nas traquíolas em repouso (A) e em actividade (B).

184 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 185

Pulmões como superfície respiratória Pulmões lungs

Os vertebrados terrestres realizam as trocas gasosas através de


pulmões. Estes, apesar de terem estruturas semelhantes (conjuntos
de tubos e sacos), não têm o mesmo grau de complexidade nos
vários grupos; a subdivisão pulmonar vai aumentando dos anfíbios
para os répteis e destes para os mamíferos, permitindo que a área
da superfície respiratória aumente bastante, por unidade de volume
do pulmão, favorecendo as trocas gasosas.

ACTIVIDADE

PULMÕES DAS AVES E MAMÍFEROS

1. Observe as imagens e responda às questões.

A B
Cavidade nasal Faringe
Bronquíolo

Sangue venoso Sangue arterial


Laringe
Traqueia
Capilares

Pulmão direito
Pulmão esquerdo
Brônquio

Bronquíolo

Alvéolos
Alvéolos
pulmonares

Traqueia
Ar
C Sacos aéreos
anteriores

Pulmão
Traqueia
Sacos aéreos
posteriores

INSPIRAÇÃO EXPIRAÇÃO
Sacos aéreos cheios de ar Sacos aéreos vazios,
pulmões cheios de ar

Fig. 36 Constituição do sistema respiratório do Homem (A); pormenor do pulmão — alvéolos pulmonares (B);
constituição do sistema respiratório da ave (C).

1.1 Descreva os percursos do ar nos sistemas respiratórios do homem e da ave, desde que entra
até que sai do organismo.
1.2 Qual será o trajecto mais eficiente? Justifique a sua resposta.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 185


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 186

CURIOSIDADE No sistema respiratório do Homem, os pulmões, constituídos


Nas nossas vias respiratórias exis- por milhões de alvéolos (Fig. 37), enchem e esvaziam periodica-
tem células produtoras de muco mente, permitindo a renovação do ar que se encontra dentro dos
e células ciliadas que ajudam a lim- alvéolos, e a troca gasosa entre estes e o sangue dos capilares que
par o ar que chega aos alvéolos.
Os cílios das vias respiratórias são
os envolvem (difusão indirecta). São as contracções dos músculos do
destruídos pelo fumo do tabaco, diafragma e intercostais (Fig. 38) que permitem o aumento do volu-
o que afecta o sistema de limpeza me da caixa torácica, a expansão dos pulmões e a entrada de ar nes-
das vias respiratórias, permitindo tes (inspiração), e é o relaxamento dos mesmos músculos que per-
que cheguem aos alvéolos inúme- mite a diminuição do volume da caixa torácica e a saída de ar dos
ras partículas tóxicas.
pulmões (expiração). Mesmo que a expiração seja forçada, como
pode comprovar em si próprio, os alvéolos não esvaziam completa-
mente, pelo que nos pulmões existe sempre uma quantidade de ar
que é designado por residual.

alvéolo
A B

Músculos
intercostais
ar

O2 CO2

Costelas
capilar

Fig. 37 Difusão indirecta nos alvéolos


pulmonares.

Diafragma

Fig. 38 Movimentos respiratórios nos mamíferos. Inspiração (A); expiração (B).

Nas aves, o sistema respiratório é diferente, pois, apesar de ser


constituído por pulmões, estes têm uma diferente estrutura, são
constituídos por um conjunto de tubos, designados por parabrôn-
quios, onde ocorre a hematose (com difusão indirecta). Associado
aos pulmões existe um conjunto de sacos aéreos, em posição ante-
rior e posterior (Fig. 39), que, apesar de não participar na hematose,
contribui para o seu sucesso. Os sacos aéreos funcionam também
como reservatório de ar, tornando o corpo da ave menos denso, o
que facilita o seu modo de locomoção.
A RETER No organismo das aves, o ar entra para os sacos aéreos poste-
riores e só depois passa para os pulmões, destes vai para os sacos
Nos mamíferos, a difusão
é indirecta. O elevado número aéreos anteriores e, por fim, para o exterior. Este mecanismo é
de alvéolos aumenta muito eficaz, pois o ar passa unidireccionalmente pelos parabrôn-
grandemente a superfície
quios, onde ocorre a hematose, havendo renovação completa do ar,
de contacto.
não existindo, desta forma, ar residual nos pulmões das aves.

186 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Pulmão Parabrônquios

Saco aéreo Saco aéreo Saco aéreo Saco aéreo


anterior posterior anterior posterior

Inspiração

Saco aéreo Saco aéreo


anterior Saco aéreo Saco aéreo
anterior
posterior posterior

Expiração

Fig. 39  Ciclos respiratórios de uma ave.

O MERGULHO DOS ELEFANTES-MARINHOS


A RETER
Elefante-marinho
Nas aves, a difusão é indirecta.
O movimento unidireccional
do ar permite que as trocas
gasosas sejam muito eficazes.

As fêmeas adultas dos elefantes-marinhos podem mergulhar até


1255 metros de profundidade em busca de alimento. A duração
dos mergulhos varia de 20 a 27 minutos, embora uma fêmea tenha sido
já monitorizada num mergulho que durou 120 minutos, ou seja, duas
horas. O tempo de permanência na superfície entre os mergulhos
é de apenas 2 a 3 minutos. Como é que estes animais conseguem este
espectacular mergulho?
Os elefantes-marinhos utilizam o oxigénio que se encontra armazenado
no seu sangue e não nos seus pulmões, pois o animal expira antes
de mergulhar e sustém a respiração. Os pulmões colapsam a cerca
de 40 metros de profundidade e deixam de acumular ar. A quantidade
de sangue que estes animais possuem é cerca de duas vezes e meia
mais do que teria um homem do mesmo tamanho. Durante o mergulho,
o coração baixa a sua frequência (três batimentos por minuto) e o sangue
circula apenas nos órgãos vitais e nos músculos necessários
à movimentação na água.
Estes animais apresentam ainda uma outra vantagem: os músculos têm
uma elevada percentagem de mioglobina, proteína com função
de armazenamento de oxigénio.

  u n i d a d e 3    T r a n s f o r m a ç ã o e u t i l i z a ç ã o d e e n e r g i a p e l o s s e r e s v i v o s   187

872546 187.indd 187 13/05/13 12:04


Unidade3_P174-193 28/2/07 10:52 Page 188

ACTIVIDADE LABORATORIAL

OBSERVAÇÃO DE SUPERFÍCIES RESPIRATÓRIAS EM PEIXES E MAMÍFEROS


Não se esqueça de:
• usar bata;
• cumprir as regras de
Teoria Quando comparadas, Conclusão
segurança do laboratório.
quais são as
semelhanças e as
diferenças entre
as superfícies
respiratórias
de peixes
e de mamíferos?
Princípios

Conceitos Resultados

Procedimento
1 — Coloque um peixe (por exemplo, carapau) num tabuleiro de dissecação.
2 — Levante e corte o opérculo do peixe e observe as brânquias.
3 — Registe as observações através de esquemas ou fotografias digitais.
4 — Coloque um aparelho respiratório de um mamífero
(por exemplo, um borrego ou coelho) num
tabuleiro de dissecação.
5 — Observe os pulmões e registe as observações
através de esquemas ou fotografias digitais.
6 — Corte um fragmento do pulmão e observe-o
à lupa. Esquematize os resultados obtidos.

Fig. 40 Brânquias de um peixe. Fig. 41 Aparelho respiratório de um borrego.

188 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade3_P174-193 28/2/07 15:38 Page 189

Conceitos/Palavras-chave

Necessários Essenciais Complementares

• Estomas • Difusão directa e indirecta • Parabrônquios


• Hematose • Tegumento • Sacos aéreos
• Brânquias • Traqueias
• Pulmões

Síntese de conhecimentos

• Os seres vivos necessitam de realizar trocas gasosas com o seu meio ambiente. As trocas
gasosas designam-se por hematose.

• As plantas realizam as trocas gasosas com o ar atmosférico através de estomas. Os estomas


são constituídos por duas células-guarda e por uma abertura, o ostíolo.

• Quando as células-guarda estão túrgidas (elevada concentração de iões potássio), o estoma


está aberto; quando as células-guarda estão plasmolisadas (baixa concentração de iões
potássio), o estoma está fechado.

• A luz, a concentração do dióxido de carbono e a humidade atmosférica influenciam a abertura


e o fecho dos estomas.

• As superfícies respiratórias devem ter uma extensa área, ser finas e húmidas.

• Há animais, como as minhocas, que podem utilizar como superfície respiratória o tegumento.

• Há animais que, por serem de grandes dimensões, têm necessidade de possuir superfícies
respiratórias especializadas.

• Os peixes realizam a sua hematose através das brânquias. Nestas, o fluxo de água é contrário
ao sentido do sangue das suas lamelas (contracorrente), o que torna a difusão muito eficaz.

• Os insectos possuem traqueias que transportam o ar directamente para as células, onde ocorre
a hematose.

• Os mamíferos e as aves possuem pulmões como superfície respiratória especializada.

• Nos pulmões dos mamíferos existem milhões de alvéolos pulmonares, onde ocorre a hematose.
Os movimentos respiratórios de inspiração e expiração permitem renovar o ar dentro dos
alvéolos, mas não o renovam totalmente (ar residual).

• Nos pulmões das aves, existem parabrônquios (estruturas tubulares) onde ocorre a hematose.
Associados aos pulmões, existem sacos aéreos que participam na renovação do ar nos
pulmões; além disso, constituem reservas de ar e tornam o corpo da ave menos denso.
O ar passa unidireccionalmente pelos parabrônquios.

• A difusão de gases nos animais pode ser directa nos insectos, em que a hematose é realizada
directamente com as células, ou indirecta, no caso dos peixes, mamíferos e aves, em que a
hematose é realizada com o sangue que vai transportar o oxigénio da superfície respiratória
para as células e o dióxido de carbono das células para a superfície respiratória.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 189


872546 174-193_U3 5/3/07 19:23 Page 190

ACTIVIDADES

Trocas gasosas em seres multicelulares


1. Elabore um mapa de conceitos relativos aos conteúdos desta subunidade.

2. Complete o preenchimento das letras do seguinte quadro, respeitante à abertura e ao fecho


dos estomas.

Estoma I Estoma II
CONCENTRAÇÃO
DE IÕES K⫹
reduzida D

QUANTIDADE
DE MOLÉCULAS DE H2O
A elevada

ESTADO
B E
DA CÉLULA-GUARDA
ESTADO
C F
DO ESTOMA

3. Assinale como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmações.


A — As plantas terrestres têm a sua superfície externa impermeabilizada.
B — As plantas, durante a noite, necessitam de oxigénio e libertam dióxido de carbono.
C — A difusão é um processo que quer as plantas quer os animais utilizam na obtenção
de gases.
D — As células-guarda dos estomas são iguais às restantes células epidérmicas.
E — As lentículas existem em todas as plantas.

4. O diagrama mostra as modificações na abertura dos estomas em duas plantas, A e B, em


diferentes condições. Analise-o e responda às questões que se seguem.

Abertura Planta A - dia com sol


estomática
relativa

Chave
Planta A
dia enevoado Luz

Escuridão

Planta B - dia com sol

0 horas 12 horas 24 horas


Tempo

4.1 Refira a diferença observada no gráfico com a planta A, num dia com sol e num dia
enevoado.
4.1.1 Apresente uma explicação para o facto observado na alínea anterior.
4.2 A planta B vive no deserto. Refira o comportamento dos seus estomas ao longo do dia.
4.3 Tendo em conta o comportamento de abertura/fecho dos estomas, refira uma vantagem
para a planta B.

190 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 174-193_U3 5/3/07 19:23 Page 191

5. Observe o esquema e responda às questões seguintes.


5.1 Como se designa este mecanismo?
5.2 Qual é a vantagem deste mecanismo na Fluxo de água
hematose dos peixes? entre as lamelas

5.3 Qual é a percentagem aproximada de 40% 15%


%
70 O2
oxigénio que o sangue que sai da brânquia
0%
possui? 10
30% 5%
%
60
5.4 Se o sangue e a água fluíssem no mesmo 90
%

sentido, com que percentagem de oxigénio


o sangue sairia da brânquia? Fluxo sanguíneo
através das lamelas

6. Leia com atenção os textos A e B e responda às questões que lhe são propostas.
Texto A
A rã é um animal anfíbio. Durante a fase larvar, possui brânquias. Os adultos respiram por pulmões
e através da pele. Têm pulmões muito simples e com uma pequena superfície respiratória.
Os anfíbios são os únicos vertebrados terrestres que apresentam pele nua.
Texto B
No adulto, a contribuição de cada superfície respiratória (pulmões e pele) varia ao longo do ano,
como pode ser visto no gráfico.

Volume
de gás

pele CO2
pele O2
pulmão O2

pulmão CO2

J F M A M J J A S O N D
Meses

6.1 Refira uma superfície respiratória apresentada pela rã ao longo da sua vida igual à de:
a) uma minhoca;
b) um peixe;
c) um pardal.
6.2 Identifique nos textos o meio em que a rã passa os primeiros tempos da sua vida.
6.2.1 Qual é o dado que lhe permitiu tirar essa conclusão?
6.3 Seleccione a opção correcta.
A principal razão para a rã adulta recorrer, não só aos pulmões, mas também à sua superfície
corporal, para realizar as suas trocas gasosas é…
A — … a elevada taxa metabólica da rã.
B — … a presença de pulmões reduzidos.
C — … o facto de ter pele nua.
D — Nenhuma das opções anteriores.
6.4 Sabendo que numa determinada altura do ano o volume de entrada de O2 pelos pulmões supera
o volume entrado através da superfície corporal, resolva as questões.
6.4.1 Identifique esse período do ano.
6.4.2 Elabore uma hipótese justificativa para este facto.

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 191


872546 174-193_U3 5/3/07 19:28 Page 192

CiênciaTecnologiaSociedadeAmbiente

DOC. 1 Como reagem


Técnicasasno
células
tratamento
musculares
em
de situação
problemas decardiovasculares
esforço intenso?
A aterosclerose
contracção muscular é um dos
é um processo fenóme-
crónico ini- Quando
Na o músculo
cirurgia retoma coronário,
de «bypass» o estado deutili-
re-
nos de alto consumo de ATP. As células
ciado por deposição lípidos e lesão das paredes muscu- pouso, os níveis de oxigénio aumentam,
zada feito um enxerto, na artéria afectada, deo ácido
lares conseguem
dos vasos produzir
sanguíneos ATP, tal
que levam como todas
à inflamação e láctico
um vasoé sanguíneo
oxidado e(artéria
posto da
emparede
circulação no
torácica
as células do
acumulação corpo
novas humano,
camadas procedendo
destes nutrientes,à sangue,
ou longasque o leva
veias até ao fígado,
da perna) onde é ocon-
ultrapassando ou
respiração
continuamente,aeróbia.
até Em situações
chegar ao pontode emrepouso,
que, vertido aem
mesmo ácido pirúvico
obstrução (componente final
do vaso debilitado.
esforço médio
por invasão do de curtados
lúmen ou vasos,
longa oduração, as
fluxo san- da glicólise).
quantidades de oxigénio são suficientes para a
guíneo é limitado. A B C
produção = Défice de O2
Nem do ATP necessário.
sempre Contudo,
os medicamentos em situa-
conseguem
ções de esforço intenso, a quantidade
controlar a angina e, por vezes, o risco dede
oxigé-
en- = O2 consumido
nio disponível não é suficiente para a
farte é bastante elevado pelo que se recorre a produção + = O2 necessário
da
umaenergia requerida.
angioplastia com Diz-se
balão ou queà realização
a célula está de = Consumo de O2 durante os exercícios
em défice de oxigénio. Nestas
uma cirurgia de «bypass» coronário. circunstâncias,
Fig. 15 Esquema que = mostra
Consumoo de O2 em
balão repouso
ainda por insuflar
as células musculares podem recorrer a vias O2 por minuto
Na angioplastia dilata-se a artéria afectada (A), em seguida insuflado, esmagando a placa e
alternativas, sendo uma delas a fermentação
com um cateter que é inserido numa artéria da libertando o stent (B) e por fim o stent unido à
láctica. Nestas situações, estas células conso- parede do vaso (C).
virilha ou do antebraço de modo fazê-lo chegar
mem reservas de glicogénio, molécula fornece-
ao local a tratar. Na extremidade deste cateter é
dora de glucose, desdobrando esta última em
colocado um pequeno balão que, ao atingir a
ácido láctico. Neste processo, de uma forma
posição correcta, é insuflado, dilatando assim a
rápida, forma-se ATP (duas moléculas por cada
artéria.
molécula de glucose). Contudo, a acumulação
Mais láctico
de ácido recentemente,
na célula,passou utilizar-se
em níveis uma
superiores
pequena prótese de metal, stent, para
ao normal (10 %), provoca inibição da contrac- garantir
Corrida de velocidade Corrida de 800 metros
dilatação amplaoriginando
ção muscular, indivíduos, incapacidade
cãibras, fadiga e ecan-
até 10-30 segundos 2:00 minutos
asaço.
morte. A angina de peitoe permitir
Tais sintomas funcionam como mecanis- a susten-
Fig. 1 Relação entre défice de O2, consumo de O2
tação
mo deda defesa
parede doda artéria.
organismo,A partir de 2002a
levando-o e O2 necessário durante exercícios exaustivos de
acumulação novas camadas destes nutrientes
suspender o esforço. curta duração.
começaram a stents impregnados acumulação
A acumulação excessiva de ácido láctico
de novas camadas nutrientes com modo evitar
faz baixar o pH da célula, o que favorece o con-
cicatrização exagerada ou nova estenose.
sumo das reservas de glicogénio, gorduras e
proteínas estruturais do músculo, levando à sua
consequente autodestruição.

ACTIVIDADES
DOC. 2 Angioplastia com balão
1. Analise o texto seguinte e responda à questão.
A «Um dos aspectos
aterosclerose é ummais importantes
processo na ini-
crónico competição de corrida média ou de longa distância é o ritmo.
ciado por deposição lípidos lesão das paredes com grande velocidade ou inicia uma disparada final
Se um atleta inicia uma corrida de resistência
muito
dos vasos cedo, o ácido
sanguíneos queláctico
levam vai acumular em
à inflamação e grandes quantidades e as reservas de glicogénio
diminuirão rapidamente […] devemos
acumulação de novas camadas destes nutrien- retardar ao máximo o aparecimento de fadiga.»
tes, continuamente,
1.1 Comente a até chegar
técnica ao anteriormente
descrita ponto em e aplicada ao treino de corredores de provas de fundo
tendo dos
que, por invasão comovasos,
base as informações
o fluxo sanguíneoiniciais.
é
limitado. Nem osempre
2. Analise gráfico os medicamentos
acima, tenha em contaconse-
as informações fornecidas e explique de que modo um atleta
guem controlar
consegueacorrer
angina e, por vezes,
oitocentos metroso durante
risco dedois minutos com consumo de O2 inferior àquele que seria
enfartenecessário.
é bastante elevado pelo que se recorre a
uma3.angioplastia com balãopara
Refira as repercussões ou àorealização de
estado de saúde do indivíduo não exercitado, da prática de exercício
uma cirurgia lípidos de «bypass» coronário.
físico curto e intenso, em situações: Na
angioplastia dilata-se a artéria afectada com um
a) pontuais;
cateter que é inserido numa artéria da virilha ou
b) frequentes.
do antebraço de modo a fazê-lo chegar local a
tratar. Na extremidade deste cateter é colocado Fig. 16 Evoluções das plantas.

192 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 174-193_U3 5/3/07 19:28 Page 193

DOC. 3
2 Novas camadas
«Asma»
de nutrientes
A asma é uma doença inflamatória crónica Na angioplastia dilata-se a artéria afectada
das vias respiratórias, com dois componentes Fig.
com3um Os inaladores,
cateter que com é um
inserido numa artéria da
ou mais medicamentos,
principais: virilha do antebraço de modo a fazê-lo chegar
relaxam os músculos dos
Constrição é a contracção exagerada/aperto ao local a tratar. Na extremidade deste cateter é
brônquios e bronquíolos,
dos músculos em redor das vias aéreas; colocado um pequeno
provocando o alívio dos balão que, ao atingir a
posição correcta, é insuflado, dilatando assim a
sintomas.
Inflamação é o edema/inchaço das vias
artéria.
aéreas. A asma trata-se principalmente pela edu-
Mais recentemente passou utilizar-se uma
Nesta doença, as vias que conduzem o ar cação do indivíduo asmático. O asmático deve:
pequena prótese de metal, stent, para garantir
desde a laringe até aos alvéolos estão sempre • evitar os factores desencadeantes
dilatação ampla indivíduos, incapacidade e(estí-
até
inflamadas (de forma crónica), não se limitando mulos);
a morte. A angina de peitoe permitir a susten-
a um episódio de infecção ou de agressão do
tação• da
seguir as indicações
parede do A
da artéria. médico;
partir de 2002
organismo. Existe edema da mucosa brônquica, • monitorizar a evolução da sua doença; a
acumulação de novas camadas começaram
hiperprodução de muco nas vias aéreas e a
stents impregnados acumulação dea crise
• procurar ajuda médica quando novasé
contracção da musculatura lisa das vias aéreas, mais grave do que o habitual ou não cessa
Fig. 17 Evoluções das plantas. Todas as plantas têm camadas destes nutrientes com de modo evitar
com consequente diminuição do seu diâmetro com os factores de
uma origem comum. As plantas (com sistema de cicatrização exagerada oualívio
novarecomendados.
estenose.
(broncospasmo). Isto resulta em vários sinto-
transporte) surgiram no Paleozóico. A revista científica britânica The Lancet pro-
mas: dispneia (falta de ar), aperto torácico, tosse Na cirurgia a «bypass» coronário, utilizada
põe a abolição do termo «asma». De acordo
feito um enxerto, na artéria afectada, de um com
e pieira, principalmente
A aterosclerose é umà noite.
processo crónico ini- os cientistas,
vaso sanguíneoa asma nãodaé uma
(artéria parededoença única,
torácica ou
ciadoApor
asma pode afectar
deposição qualquer
de lípidos pessoa,
e lesão mas
das pare- mas sim um conjunto de sintomas de distintas
longas mesmo a obstrução do vaso debilitado.
tem dos
des maiorvasos
prevalência na população
sanguíneos que levaminfantil e
à infla- causas e características. A tosse e a dificuldade
juvenil, eafectando
mação acumulaçãoperto
dede 150 camadas
novas milhões de pes-
destes em respirar, consequências de uma inflamação
soas nos países
nutrientes, desenvolvidos.
continuamente, Em ao
até chegar Portugal,
ponto nas vias respiratórias, podem ser provocadas por
estima-se
em que, porque invasão
mais de do
600lúmen
mil pessoas sofram
dos vasos, o diversos factores, da mesma forma que as pes-
desta sanguíneo
fluxo doença. é limitado. soas com asma podem sofrer crises por diferen-
Embora
Nem seja uma
sempre doença crónica,
os medicamentos a asma
conseguem tes motivos, manifestar sintomas distintos e res-
não se manifesta
controlar angina e,todos os dias.
por vezes, As manifesta-
o risco de enfarte ponder ao tratamento de forma desigual.
éções desta elevado
bastante doença pelo
podemqueser
sedesencadeadas
recorre a uma «Talvez a asma como sintoma seja, de facto,
por estímulos,com
angioplastia como, porou
balão exemplo:
à realização de uma apenas a manifestação clínica de doenças distin-
cirurgia de «bypass» coronário.
• ácaros; tas», indica o editorial da revista, questionando
• pólens; se, «em vez de confundir cientistas, médicos e
• pêlos de animais; pacientes ainda mais», não será hora de «elimi-
• fumo de tabaco; nar este nome, que perdeu a sua utilidade».
• alguns conservantes sulfurados utilizados O termo «asma» deriva da palavra grega que
em alimentos embalados e enlatados; significa «respirar com a boca aberta, ou ofegar».
• poluição do ambiente e do ar; Para a revista, este conceito é vago. «Até ao
• factores profissionais como poeiras de século XIX, a febre era considerada uma doença;
madeira, da indústria química e de plásti- talvez em 20, 30 ou 50 anos vejamos o mesmo
cos ou detergentes de lavandaria. acontecer com a asma», argumenta a revista.
A asma pode ter vários graus de gravidade, http://www.cienciapt.net, 28/08/2006 (adaptado)
consoante a frequência, a intensidade dos sin-
tomas e a necessidade de utilizar medicamen- ACTIVIDADES
tos.
1. Qual lhe parece ser o impacto desta doença
A B na economia mundial? Justifique.
2. Além dos referidos no texto, a asma tem ainda
outros factores desencadeantes. Pesquise e refira
outros factores que também contribuem para esta
doença.
Fig. 2 Vias respiratórias: saudáveis (A); doentes (B). 3. Qual é sua opinião sobre a notícia da revista The
Lancet?

unidade 3 Transformação e utilização de energia pelos seres vivos 193


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 194

unidade 4

194 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 195

Regulação nos seres vivos

4 1 Regulação nervosa
e hormonal nos animais 198

4 2 Hormonas vegetais 232

Face às variações do meio externo, de que modo


podem os seres vivos manter em equilíbrio
o seu meio interno?
Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 196

unidade 4 Regulação nos seres vivos


A

O que permite que os animais sejam sensíveis


e reajam às alterações no ambiente?

B C D E

De que forma mantêm os animais o equilíbrio interno na água e perante alterações de temperatura?

F G H

Será que as plantas são capazes de reagir às alterações ambientais?

O QUE JÁ SABE, OU NÃO...

1. Classifique as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F).


A — Os animais estabelecem continuamente trocas com o meio ambiente.
B — O meio interno dos animais está em constante alteração, pelo que nunca consegue manter o equilíbrio.
C — O sistema nervoso garante a comunicação do ser vivo com o meio.
D — Os animais de temperatura constante possuem mecanismos que lhes permitem manter a sua
temperatura corporal dentro de certos valores.
E — Os animais de temperatura variável suportam, sem problemas, as alterações da temperatura ambiente.
F — A quantidade de água num ser vivo varia muito ao longo do dia.
G — Existem mecanismos que controlam a quantidade de água num ser vivo.
H — As plantas, porque são incapazes de se movimentar, não podem reagir às alterações do meio
ambiente.
I — As plantas possuem um sistema nervoso.
J — As trocas de substâncias entre a planta e o meio permitem-lhe manter o equilíbrio.

196 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 197

INTRODUÇÃO

Os seres vivos são parte integrante da biosfera, estão integrados no meio e interagem
contínuamente com este. De facto, é ao meio que os indivíduos vão buscar os nutrientes e
o oxigénio que utilizam na respiração, e é para o meio que libertam os seus produtos de
excreção. Os seres vivos são, portanto, sistemas abertos, isto é, efectuam constantemente
trocas de matéria e energia com o exterior. É importante ainda relembrar que em termodi-
nâmica se considera também a existência de sistemas fechados, os quais não estabelecem
trocas de matéria com o meio, o que não se aplica a nenhum dos sistemas biológicos.
Estando integrados no meio, e interagindo com este, seria de esperar que as alterações
no ambiente se repercutissem na constituição interna dos seres vivos, o que, regra geral,
não acontece.

Os seres vivos desenvolveram diversos mecanismos que lhes permitem


manter uma constância interna, independentemente das variações do ambien-
te. Esta característica dos seres vivos é designada por homeostasia, e é graças a
ela que os seres vivos mantêm os seus parâmetros internos mais ou menos
constantes, independentemente do meio.

Fig. 1 Plantas e animais respondem a variações externas, permitindo manter favoráveis as condições essenciais
à sua manutenção.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 197


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 198

hormona hormone 4 1 Regulação nervosa


e hormonal nos animais
Nos animais — seres vivos multicelulares diferenciados —
a capacidade de percepcionar as alterações do meio e de reacção
consequente é da responsabilidade de dois sistemas: o sistema ner-
voso e o sistema hormonal (endócrino). O primeiro possibilita res-
postas rápidas, de natureza electroquímica, enquanto o segundo pro-
porciona respostas mais lentas, de natureza química (Fig. 2).

A B

Fig. 2 O urso usa o seu sistema nervoso quando capta o seu alimento (A). A tartaruga segrega uma solução salina, libertando, assim,
o excesso de sal, que serve de alimento às borboletas (B).

Sistema hormonal ou endócrino


O sistema hormonal ou endócrino é responsável pela produção
de substancias químicas, designadas por hormonas. Estas são lan-
çadas, em quantidades reduzidas, na corrente sanguínea, sendo,
depois transportadas até às células-alvo — células que possuem
receptores específicos para cada uma das hormonas.
Por serem transportadas pela corrente sanguínea, as hormonas
podem actuar simultaneamente sobre várias células-alvo, sendo a
velocidade de resposta relativamente lenta.

Sistema nervoso
Dado que os animais são indivíduos heterotróficos por inges-
tão, a sua vida depende da capacidade de memorizar presas e pre-
dadores e de investir sobre as primeiras e escapar dos segundos,
fugindo ou escondendo-se. Tal modo de vida só é possível graças à
existência de um sistema nervoso. Este recebe estímulos (altera-
ções do meio ambiente) captados pelos órgãos sensoriais, elabora
respostas e ordena que estas sejam executadas pelos órgãos efecto-
res (por exemplo, os músculos).

198 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 199

Quais são as características do sistema nervoso neurónio neuron


que justificam o seu modo de actuação?

O sistema nervoso é constituído por um tecido único — o teci-


do nervoso. Neste podem encontrar-se dois tipos fundamentais de
células — as células da glia (ou neuróglia) e os neurónios.
As células da glia podem ser de vários tipos, apresentam em
geral uma forma estrelada e prolongamentos citoplasmáticos que
envolvem as várias estruturas do tecido nervoso. Têm como função
sustentar, proteger, isolar e nutrir os neurónios.
Os neurónios são células altamente diferenciadas que perde-
ram a capacidade de se dividirem. Apresentam duas propriedades
fundamentais no desempenho das suas funções: a irritabilidade,
capacidade de responder a estímulos do meio, e a condutividade,
capacidade de, uma vez estimulados, conduzirem esse estímulo ao
longo de toda a sua extensão e passá-lo a outra célula (outro neuró-
nio, ou mesmo uma célula muscular).
Um neurónio (Fig. 3) é constituído por:
• corpo celular, local com citoplasma abundante e onde se
localizam o núcleo e os restantes organitos citoplasmáticos.
Apresenta várias ramificações, nomeadamente as dendrites
e o axónio;
• dendrites, que estão presentes em número variado e corres-
pondem a prolongamentos, geralmente muito ramificados,
do corpo celular. Actuam como receptores de estímulos, que
encaminham até ao corpo celular;
• axónio, normalmente corresponde a um prolongamento exten-
so do corpo celular, possui diâmetro mais ou menos cons-
tante e termina numa zona ramificada (terminação do axónio).
O axónio produz e conduz impulsos nervosos transmitindo-os
às células seguintes.

Dendrites
Núcleo
Bainha de mielina
Terminação
do axónio
Corpo celular

 Fig. 3 Esquema


Axónio de um neurónio.

A RETER

NEURÓNIO

Dendrites Corpo celular Axónio

Prolongamentos celulares. Reúne os diferentes organitos Prolongamento muito extenso.


Recebem os estímulos. celulares, inclusive o núcleo. Produz e conduz o impulso
Recebe os estímulos das dendrites e transmite-o a outras células.
conduzindo-os para o axónio.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 199


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 200

nervo nerve Existem dois tipos perfeitamente distintos de neurónios: aque-


les cujo axónio está envolvido por um revestimento lipídico — bai-
nha de mielina — e os que não possuem tal revestimento. No
sistema nervoso periférico dos vertebrados e em alguns inverte-
brados mais evoluídos, aos axónios associam-se as células de
Schwann (células gliais), que produzem a mielina que cobre o axó-
nio, conferindo-lhe a cor branca e funcionando como um isolante.
Esta bainha de mielina apresenta regiões de descontinuidade — nódu-
los de Ranvier (Fig. 4). Nos outros neurónios, o axónio não se apre-
senta envolto em mielina, pelo que se lhe associa a cor cinzenta.

A B
Núcleo da célula
de Schwann



Mielina produzida 
pela célula de 

Schwann 

 Bainha de mielina


Axónio










Fig. 4 Esquema de axónio envolvido por uma bainha de mielina; as células de Schwann
envolvem-no e fazem crescer a sua membrana plasmática em torno deste,
conferindo-lhe isolamento eléctrico (A). Corte transversal de um axónio mielinizado,
visto ao microscópio electrónico (B).

Os neurónios podem atingir dimensões muito grandes. O cor-


po celular situa-se no sistema nervoso central ou em gânglios,
estendendo-se o axónio ao longo de todo o sistema nervoso perifé-
rico. Existem axónios com cerca de um metro de comprimento.
O axónio, envolto, ou não, na bainha de mielina, constitui a
fibra nervosa. Estas reúnem-se em feixes cobertos por tecido con-
juntivo, formando um nervo (Fig. 5).

Nódulo
Célula
de Ranvier
de Schwann


Tecido conjuntivo 


Fibra nervosa
mielinizada

Fibra amielinizada
Fig. 5 Esquema de um nervo.

200 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 201

ACTIVIDADE

COMO TRANSMITEM AS CÉLULAS NERVOSAS O IMPULSO NERVOSO?

1. Os textos seguintes relatam resultados experimentais. Leia-os com atenção e responda às questões.
Documento A
Em 1780, Luigi Galvani descobriu acidentalmente que, quando sujeitava os nervos crurais (nervos que
comunicam com os membros inferiores) de rã a uma descarga eléctrica, esta movia os membros inferiores.
1.1 O que pode inferir da natureza do impulso nervoso?
Documento B1
Experiências actuais permitem determinar a velocidade de propagação do impulso nervoso, que pode
variar entre 0,5 m/s a 120 m/s. A velocidade da corrente eléctrica estima-se em 200 000 km/s.
Documento B2
Entre um neurónio e o neurónio seguinte existe, regra geral, um espaço, fenda sináptica, que mede cerca
de 20 a 50 nm.
1.2 Poderá a hipótese apresentada em 1.1 explicar, por si só, a transmissão do impulso nervoso?
Justifique a sua resposta.
Documento C
Otto Loewi executou, em 1920, a seguinte experiência:
Isolou o coração de duas rãs. Num dos corações (A) manteve os nervos, enquanto no outro (B)
estes foram retirados. Encheu as cavidades de ambos os corações com líquido de Ringer.
Estimulou durante alguns minutos o nervo acelerador do coração A, conseguindo que os seus batimentos
acelerassem. Retirou o líquido de Ringer do coração A e colocou-o no coração B, obtendo neste
as mesmas reacções verificadas anteriormente no coração A.
1.3 O que conteria o líquido de Ringer, transferido do coração A, que o tornava capaz de estimular
o coração B?

O impulso nervoso é de natureza electroquímica. Existe uma


diferença de potencial eléctrico na membrana do neurónio — pola-
rização da membrana — que se altera e se propaga ao longo da
célula, sendo transmitida para a célula seguinte (Fig. 6).

neurónio
axónio

Foram colocados dois eléctrodos,


um dentro e outro fora do axónio,
para detectar as cargas eléctricas
diferentes num axónio não estimulado.
A diferença de -60 mV entre o interior
e o exterior do axónio é designada
exterior do + + + + + de potencial de membrana em repouso.
axónio + + + + +
A pequena diferença mV
é amplificada e transferida
para um osciloscópio.

- - - - - 0
interior do - - - - - -
axónio - - - - amplificador

-60

exterior do + + + +
axónio + + + + +
tempo

Fig. 6 É possível medir a diferença de cargas eléctricas no interior e exterior de um


neurónio não estimulado. Para tal, colocam-se dois eléctrodos, um no interior
e outro no exterior. Obtém-se uma diferença constante de -60 mV (milivolt)
— potencial de membrana em repouso.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 201


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 202

Numa célula nervosa em repouso, existe uma diferença


de potencial (voltagem) entre o interior da célula (com excesso
de cargas negativas) e o exterior da célula (com excesso de cargas
positivas) de cerca de -60 mV, que é designada por potencial de
repouso da membrana.

Como se gera
o potencial de membrana?

O neurónio possui, tal como todas as células, uma membrana


Recorde a constituição
e o transporte através plasmática, constituída por uma bicamada fosfolipídica, impermeá-
das membranas. vel ao movimento de iões. Apresenta, contudo, estruturas de natu-
reza proteica que possibilitam a travessia desses iões: bombas
(transportam iões contra gradientes de concentração, consumindo
energia — realizam transporte activo) e canais, que, quando estão
abertos, permitem a passagem de iões por difusão (a favor dos gra-
dientes de concentração) (Fig. 7).
Num neurónio em repouso, observam-se os seguintes fenómenos:
• a bomba de sódio e potássio está constantemente a funcionar.
Esta transporta simultaneamente três iões de Na⫹ (sódio) para
o exterior e dois iões de K⫹ (potássio) para o interior da célula;
• alguns canais de K⫹ estão abertos, permitindo que este ião,
saia por difusão para o exterior;
• os canais de Na⫹ estão maioritariamente fechados, impedindo-
-o de entrar por difusão.

exterior da célula
Na+

bomba de Na+ canal de


sódio e potássio K+ potássio
K+ Na+
_
Cl

proteínas com
Na+
cargas negativas K+
K+
Na+ K+
Na+ K+

A bomba sódio-potássio está constantemente a funcionar, Os iões K+ tendem a difundir para o exterior da célula
transportando contra os gradientes de concentração (local onde estão em menor concentração),deixando
sódio para o exterior e potássio para o interior. o interior da célula com excesso de cargas negativas.

interior da célula
Fig. 7 Mecanismo gerador do potencial de membrana.

202 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 194-219_U4 30/5/07 16:18 Page 203

O conjunto destes fenómenos contribui para que se gere uma A RETER


diferente distribuição das cargas eléctricas, isto é, há um excesso de A diferença de cargas eléctricas
cargas negativas no interior da membrana e um excesso de iões entre o interior (acumulação
de cargas negativas) e o exterior
com carga positiva no exterior da mesma, gerando-se um potencial
da membrana (acumulação
de membrana, que é de cerca de -60 mV em muitos neurónios. de cargas positivas), mantida
pela difusão do ião potássio
e pelas bombas de sódio
O que é a despolarização e potássio, denomina-se
potencial de repouso
e a repolarização? de membrana.

Quando o neurónio é sujeito a um estímulo eléctrico, regista-se


uma alteração no comportamento dos canais iónicos. Os canais de A RETER
Na⫹ abrem e, porque a sua concentração (devido ao constante fun- Recepção
de estímulo.
cionamento da bomba de sódio e potássio) é mais elevada no exte-
rior, eles tendem a entrar rapidamente na célula. Esta entrada vai
Neurónio em repouso.
alterar a distribuição das cargas eléctricas, ficando o interior da Potencial de
membrana com excesso de cargas positivas, criando-se um poten- membrana (-60 mV).
cial de membrana de cerca de ⫹40 mV. Diz-se que ocorreu a des-
polarização da membrana. Esta inversão transitória na polarização Canais
de potássio Abertura dos
da membrana designa-se potencial de acção. abertos. canais de
sódio (Na⫹).
A despolarização é temporária (um milissegundo), dado que Entrada
no topo do potencial de acção se regista o fecho dos canais de Na⫹ Fecho dos
de cargas
positivas para
e um aumento da permeabilidade aos iões K⫹. Em cerca de dez canais de a célula.
sódio.
milissegundos, a membrana recupera o seu potencial de repouso
e diz-se que ocorreu uma repolarização (Fig. 8 e 9).
Despolarização da
membrana (⫹40 mV).
50 Potencial de acção.
potencial de acção
A - Despolarização
30
B - Repolarização

A B

-40

-50

-60

-70

1 2 3 4 5

Fig. 8 Variação do potencial de membrana.

1 2 3 4 5
Na+

Exterior

Interior

K+

Bomba de Canais de Canais de Canais de Canais de Canais de Canais de Canais de Canais de Canais de Canais de
sódio-potássio sódio potássio sódio potássio sódio potássio sódio potássio sódio potássio
activa fechados abertos abertos abertos abertos abertos fechados abertos fechados abertos

Fig. 9 Mecanismo de despolarização da membrana e posterior repolarização da mesma.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 203


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 204

Como se desloca o potencial de acção


ao longo do axónio?

Quando ocorre um potencial de acção numa determinada


região da membrana, gera-se uma corrente eléctrica que se propaga
para a região adjacente, despolarizando-a, gerando-se aí um novo
A RETER
potencial de acção, e assim sucessivamente, até ao final do axónio.
O impulso nervoso é a Esta corrente de polarização/despolarização forma o impulso ner-
propagação da despolarização
e formação de novos potenciais voso. Este propaga-se numa única direcção (do corpo celular para
de acção, ao longo do axónio, o terminal do axónio) (Fig. 10). Isto deve-se ao facto de uma região
devido ao movimento de cargas repolarizada não poder ser despolarizada durante um breve perío-
eléctricas.
do de tempo (período refractário), tempo em que a acção decorre.

os canais de Na+ abrem a corrente de despolarização induz


gerando um potencial de acção os canais de Na+ vizinhos a abrirem Na+ K+

tempo 0

os canais de Na+ fecham, os de K+ abrem a despolarização estende-se, os canais de Na+


e repolariza-se a membrana vizinhos abrem, renovando-se o potencial de acção

tempo 1

o processo repete-se
até ao final do axónio

tempo 2

Fig. 10 Propagação do potencial de acção ao longo do axónio.

A velocidade de propagação do impulso nervoso numa fibra


amielinizada depende do diâmetro do axónio, sendo tanto maior
quanto maior for o diâmetro do mesmo. Por essa razão, alguns
invertebrados possuem neurónios com cerca de um milímetro de
diâmetro (por exemplo, o axónio gigante da lula).

204 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 205

Como se propaga o impulso nervoso


numa fibra mielinizada?

Os neurónios do sistema nervoso periférico dos vertebrados


estão envolvidos por uma bainha de mielina, produzida pelas célu-
las de Schawnn, que é interrompida por estrangulamentos — os
nódulos de Ranvier. A mielina é um lípido que isola a membrana
do axónio, confinando a travessia dos iões às zonas corresponden-
tes aos nódulos de Ranvier.
Desta forma, nestas fibras nervosas, os potenciais de acção
geram-se num nódulo de Ranvier e são propagados directamente
até ao próximo nódulo, dizendo-se que a condução se faz por con-
dução saltatória (Fig. 11).

Axónio mielinizado

Nódulo de Ranvier

Fig. 11 Condução saltatória.

Nestas fibras, a velocidade de propagação do impulso nervoso


é consideravelmente mais rápida, e a utilização de estruturas
menos volumosas torna-a compatível com o estilo de vida dos ver-
tebrados (Fig. 12).

60
Velocidade de propagação

A
do impulso nervoso

40
Axónios amielinizados

20

0 A RETER
0 200 400 600 800
Na condução saltatória,
Diâmetro dos axónios amielinizados (μm)
os potenciais de acção
80
Velocidade de propagação

B propagam-se de nódulo de
do impulso nervoso

Ranvier em nódulo de Ranvier,


o que permite que o impulso
60
Axónios mielinizados seja conduzido mais
rapidamente.
40

20

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Diâmetro dos axónios mielinizados (μm)

Fig. 12 Diferentes velocidades atingidas pelo impulso nervoso em fibras


amielinizadas (A) e em fibras mielinizadas (B).

unidade 4 Regulação nos seres vivos 205


872546 194-219_U4 5/3/07 19:35 Page 206

Como se dá a transmissão
do impulso nervoso?

A transmissão de um impulso nervoso de um neurónio para


outro neurónio ocorre na sinapse.
Existem dois tipos distintos de sinapses:
• as sinapses eléctricas, mais raras, mais simples e evolutiva-
mente mais antigas, só são possíveis entre duas células cuja
distância entre si não ultrapasse os 3 nm. Nestes casos, raros
entre os neurónios, a corrente iónica passa directamente de
uma célula para a outra;
• as sinapses químicas são as mais frequentes nos animais
e as correntes iónicas ocorrem unidireccionalmente, entre a
zona terminal de um axónio e uma dendrite do neurónio
seguinte.
Numa sinapse (Fig. 13) existem vários constituintes envolvidos.
Podemos observar que na região terminal do axónio existem várias
vesículas membranares esféricas — vesículas sinápticas — que
contêm moléculas que se designam por neurotransmissores. O axónio
termina delimitado por uma membrana — membrana pré-sináptica.
Entre esta e a célula seguinte há um espaço com uma largura que
varia entre 20 a 50 nm — fenda sináptica. A membrana dendrítica
do neurónio receptor — membrana pós-sináptica — possui proteí-
nas específicas, receptores, sensíveis à presença de determinado
neurotransmissor.

A B

Membrana plasmática

Neurotransmissor

Fenda sináptica

Libertação
de neurotransmissor
por exocitose Receptores dos neurotransmissores

Fig. 13 Fotografia de microscópio electrónico de uma sinapse (A) e esquema


da sinapse (B).

206 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 207

A chegada de um potencial de acção à região terminal do axó- homeostasia homeostasis


nio induz a abertura dos canais de cálcio e a entrada deste ião retroalimentação feed-back
(Ca2⫹) para a célula. Aí, ele promove a adesão das vesículas sinápticas
à membrana pré-sináptica, favorecendo a exocitose e a libertação de
neurotransmissores. Estes são reconhecidos, ao nível da membrana
pós-sináptica, pelos receptores específicos, desencadeando-se alte-
rações na permeabilidade desta membrana.
Uma vez estimulado o receptor, o neurotransmissor liberta-se
dele, a fim de evitar uma nova ligação, será destruído por enzimas
catalíticas ou reabsorvido pela célula pré-sináptica.
Sinapses semelhantes a estas podem ocorrer entre os neurónios
e as células musculares, denomina-se sinapses neuromusculares.

Mecanismos de regulação
A homeostasia, propriedade que permite que os animais
mantenham a constituição do seu corpo dentro de parâmetros
constantes, depende da capacidade de regular a actividade das
células, órgãos e sistemas. A função de regulação cabe essencial-
mente ao sistema nervoso e ao sistema hormonal.
A regulação nos animais faz-se essencialmente através de meca-
nismos que se denominam retroalimentação (retroacção, retro-
controlo ou feed-back), ou seja, através de mecanismos cujo resulta-
do da própria acção actua de forma a controlar a acção em si
(Fig. 14). A maior parte dos sistemas biológicos é controlada por
mecanismos de retroalimentação negativa. Nestes, o produto
final actua contrariando a ordem da sua produção (por exemplo,
quando a temperatura corporal sobe, esses valores de alta tempera-
tura são usados para desencadearem mecanismos que promovem a
perda de calor, acontecendo o inverso quando a temperatura
desce). Este tipo de regulação tende a estabilizar os sistemas.
Nos sistemas biológicos, apesar de menos frequentes, também
ocorrem mecanismos de retroalimentação positiva. Nestas situa-
ções especiais (por exemplo, a desporilação da membrana durante
um potencial de acção), o aumento do produto final actua estimu-
lando a produção do mesmo, o que resulta numa amplificação da
A RETER
resposta. Por gerarem instabilidade, são menos frequentes e rigoro-
A utilização da retroalimentação
samente controlados. como medida de controlo
permite que os seres vivos
regulem a produção de certas
CAUSA substâncias, pois são elas
que (dependendo da sua
concentração) vão activar
ou inibir os seus processos
Estimula

Retro- Retro- de formação.


Inibe

alimentação alimentação
positiva negativa

EFEITO

Fig. 14 Mecanismo de retroalimentação.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 207


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 208

factor limitante limiting factor 4 1 1 Termorregulação


termorregulação thermoregulation
homeotérmicos homeothermic A temperatura é um factor que influencia em muito os seres
poiquilotérmicos poikilothermic vivos. Cada um deles apresenta uma temperatura, ou uma faixa de
temperaturas, onde a sua actividade metabólica atinge o máximo
de eficiência, bem como temperaturas abaixo e acima destas em
que, verificando-se uma diminuição da actividade metabólica,
ainda é possível sobreviver (Fig. 15). Existem, contudo, valores
mínimos e máximos de temperatura a partir dos quais a vida se
torna incompatível. Por esta razão se diz que a temperatura é um
factor limitante dos seres vivos.

Hipotermia Zona de Hipertermia


A neutralidade térmica
Temperatura corporal

B
Actividade metabólica

Zona de Zona de
regulação dissipação
metabólica activa de calor

Temperatura ambiental

Fig. 15 Variação da temperatura corporal e da actividade metabólica com a variação


da temperatura ambiente.

Temperaturas muito elevadas provocam a destruição de proteínas


e, como tal, das enzimas, comprometendo as diferentes reacções meta-
A RETER bólicas, podendo provocar a morte. Temperaturas muito baixas podem,
O factor limitante é um factor
em situações extremas, levar à formação de cristais de gelo, que, uma
ambiental, cuja variação vez no interior das células, podem provocar a ruptura das mesmas.
(e valores atingidos) pode
impedir a sobrevivência
O conjunto de mecanismos desencadeados pelos animais para
de determinadas espécies. manterem o corpo a temperaturas compatíveis com a vida designa-se
por termorregulação.

Como se classificam os animais, de acordo com


as respostas às alterações de temperatura?

Existem animais que mantêm a sua temperatura corporal cons-


tante, independentemente das variações do meio. Denominam-se
animais homeotérmicos.
Outros animais apresentam temperaturas corporais variáveis, em
consonância com as alterações da temperatura externa e designam-se
por poiquilotérmicos (ou exotérmicos) (Fig. 16).

208 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 194-219_U4 5/3/07 19:51 Page 209

endotérmicos endothermic
ectotérmicos ectothermic
Temperatura corporal

Homeotérmicos

A RETER

Poiquilotérmicos ANIMAIS

Homeotérmicos

Possuem temperatura
corporal constante.

Endotérmicos
Temperatura ambiental
Possuem mecanismos
Fig. 16 Variação da temperatura em diferentes tipos de animais. fisiológicos para controlo
da temperatura.
Os animais homeotérmicos pertencem à classe das aves ou dos
mamíferos e são capazes de desenvolver mecanismos fisiológicos Poiquilotérmicos
que regulam a temperatura interna (produção de calor), designando- Possuem temperatura
-se, por isso, por endotérmicos. corporal variável.

Os animais poiquilotérmicos — invertebrados, peixes, anfíbios Ectotérmicos


ou répteis — não desenvolvem mecanismos fisiológicos de contro-
Apresentam mecanismos
lo de temperatura, designando-se por essa razão por ectotérmicos; comportamentais
a sua principal fonte de calor é proveniente do ambiente (por de controlo
da temperatura.
exemplo, o lagarto aquece-se expondo-se ao sol).

ACTIVIDADE

QUAIS SÃO OS MECANISMOS USADOS PELOS ANIMAIS PARA REGULAREM A SUA TEMPERATURA?

1. As imagens representam fenómenos verificados em alguns animais. Observe-as e responda às questões.

A B C

Os pinguins vivem associados A iguana expõe-se ao sol. Quando o Homem tem muito frio,
em colónias. os seus pêlos ficam em «pé».

D E F

Nas horas de maior calor, os insectos Quando o Homem tem calor, transpira Quando têm frio, muitos animais
escondem-se debaixo das pedras. com abundância. enrolam-se.

Fig. 17 Diferentes mecanismos de manutenção da temperatura.

1.1 O que há de comum nas situações referidas?


1.2 Diferencie as situações apresentadas de acordo com:
a) os mecanismos comportamentais;
b) os mecanismos fisiológicos.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 209


872546 194-219_U4 5/3/07 19:55 Page 210

Existem três tipos de mecanismos de regulação da temperatura


usados pelos animais:
• mecanismos de aclimatização, isto é, fenómenos muito len-
tos que resultam de processos evolutivos, por exemplo, —
camadas de gordura subcutânea e extremidades (orelhas,
focinhos, etc.) de maiores ou de menores dimensões;
• mecanismos comportamentais, essenciais nos animais ecto-
térmicos, podendo também ser adoptados por animais homeo-
térmicos por exemplo, agrupamento em colónias, área corpo-
ral de exposição ao meio e deslocamento nos microclimas;
• mecanismos fisiológicos, quase exclusivos dos animais
homeotérmicos, podendo verificar-se pontualmente em ani-
mais ectotérmicos — por exemplo, vasoconstrição, vasodila-
tação, tremores e sudorese.

Regulação da temperatura nos animais


homeotérmicos

ACTIVIDADE

QUAL É O ÓRGÃO QUE CONTROLA A TEMPERATURA CORPORAL?

1. Na tentativa de descobrir onde se situa o «termóstato» nos mamíferos, isto é, a região capaz de perceber
as variações da temperatura externa e desencadear respostas adequadas, foram efectuadas algumas
experiências. Analise as imagens seguintes e responda às questões.

A Procedimento: introdução de sondas que aquecem B Variação da temperatura a que se sujeitou o hipotálamo.
e arrefecem o hipotálamo, medem a temperatura do
hipotálamo e a taxa metabólica.
Quente

Quente
Frio

Frio

Cérebro
hipotálamo (°C)
Temperatura do

40

Hipotálamo 35
Tempo

C Taxa metabólica. D Temperatura corporal.


Taxa metabólica

do corpo (°C)
Temperatura

40

Base
da taxa metabólica 35
0.5 1.0
Tempo Tempo (horas)

Fig. 18 Respostas obtidas com as variações de temperatura.

1.1 Relacione as variações da temperatura externa com a temperatura do hipotálamo.


1.2 Relacione a temperatura do hipotálamo com a taxa metabólica do indivíduo.
1.3 Relacione a variação da taxa metabólica com a temperatura corporal.
1.4 Qual é a principal conclusão desta experiência?

210 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 211

O hipotálamo, órgão do sistema nervoso central situado no


cérebro, é o principal responsável pela regulação da temperatura
corporal. Este órgão é sensível às variações da temperatura externa,
pois consegue não só «medir» a temperatura do sangue que circula
nos capilares que o irrigam, mas também receber estímulos trazi-
dos até si por nervos sensitivos, que transportam estímulos recolhi-
dos nos órgãos receptores da pele. O hipotálamo reage a essas
variações de temperatura, emitindo respostas que chegarão aos
órgãos efectores através dos nervos motores.

Que mecanismos são desencadeados pelo


hipotálamo em situações de variação de temperatura?

Impulsos nervosos
provenientes dos
receptores térmicos
da pele.
HIPOTÁLAMO
Temperatura do
sangue que circula
nos capilares
hipotalâmicos. Efectores


Vasoconstrição/
Arteríolas da pele.
vasodilatação.

Músculos erectores
Piloerecção.
Retroalimentação do pêlo.
negativa

Musculatura. Tremores.

Glândulas
Sudorese.
sudoríparas.

Respiração com
Gordura castanha.
produção de calor.

Quando o hipotálamo detecta subidas de temperatura, promove:


• a vasodilatação (aumento do diâmetro dos vasos sanguíneos
periféricos) (Fig. 19);
• o relaxamento dos músculos erectores do pêlo;
• a sudorese (aumento da produção de suor) (Fig. 20).

Ocorre vasodilatação nos vasos


sanguíneos das orelhas
40 7,2
Temperatura nas orelhas (°C)

Calor perdido pelas orelhas (W)

30 4,8

20 2,4

Fig. 19 Relação entre


o aumento da temperatura
0 0
39 40 41 42 ambiental e a perda
Temperatura externa (°C)
de calor por vasodilatação.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 211


872546 194-219_U4 5/3/07 20:27 Page 212

Quando o hipotálamo detecta descidas de temperatura, promove:


• a vasoconstrição (diminuição do diâmetro dos vasos sanguí-
neos periféricos);
• a piloerecção (erecção dos pêlos) (Fig. 21);
• tremores;
• a utilização da gordura castanha, rica em mitocôndrias, na
respiração celular, com consequente produção de calor.

Calor perdido por sudorese (W)


150 Transpiração
Tremores minimizada

Taxa de transpiração máxima


50

36,6 37,0 37,4


Temperatura corporal (°C)

Fig. 20 Relação entre o aumento da temperatura ambiental e a perda de calor


por sudorese.

Músculo Arteríolas
erector contraídas
contraído

Epiderme

Derme

Pele

Tecido adiposo

B Músculo
erector Arteríolas Produção de suor
relaxado dilatadas

A RETER
Glândulas
sudoríparas
HIPOTÁLAMO

Responde
a alterações
da temperatura Fig. 21 Mecanismos desenvolvidos em situação de baixa temperatura — piloerecção
corporal e vasoconstrição — (A) e mecanismos desenvolvidos em situação de elevada
temperatura — relaxamento dos pêlos e vasodilatação — (B).
Aumento Diminuição
PESQUISAR E DIVULGAR
Desencadeia Desencadeia
as respostas: as respostas:
vasodilatação; vasoconstrição; Escolha um animal e tente identificar a(s) adaptação(ões) que permite(m)
sudorese. piloerecção; minorar o efeito das alterações da temperatura.
tremores.

212 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 213

ACTIVIDADE LABORATORIAL

ALTERAÇÕES DO ORGANISMO AO FRIO E AO CALOR


Não se esqueça de:
Material • usar bata;
• cumprir as regras de
• 3 tinas de vidro.
segurança do laboratório.
• Banho-maria.
• Termómetro.
• Água.
• Gelo.

Procedimento
1 — Prepare as três tinas, de iguais dimensões, com água:
a) quente (40 ºC);
b) morna;
c) fria (adicionando gelo).
2 — Coloque em simultâneo, e durante 10 minutos, a mão direita na tina com água quente e a mão
esquerda na tina com água fria.
3 — Retire as mãos, observe e registe:
a) a cor das mãos;
b) sinais de transpiração.
4 — Volte a colocar as mãos nos recipientes, como no ponto 2, mas agora durante 5 minutos.
5 — Retire ambas as mãos e coloque-as em simultâneo na tina de água morna.
6 — Registe a sensação obtida em cada mão.

Discussão:
1 — Tente encontrar uma justificação para os resultados obtidos no ponto 3.
2 — Como explica as sensações obtidas no ponto 6?

Fig. 22 Resultados obtidos, mão direita (A); mão esquerda (B).

unidade 4 Regulação nos seres vivos 213


Unidade4_P194-219 28/2/07 15:44 Page 214

osmorregulação osmorregulation 4 1 2 Osmorregulação


osmoconformantes osmoconformer

Todos os animais possuem uma percentagem muito elevada de


água em relação ao peso total do seu organismo. No nosso organis-
mo temos cerca de 60 % de água: aproximadamente 60 % desta
encontra-se nas células e 40 % no fluido extracelular. A desidrata-
ção pode provocar a morte, sendo, por isso, fundamental manter
o equilíbrio hídrico.
CURIOSIDADE Os animais adquirem a água necessária ao seu normal funcio-
As paramécias, seres unicelulares, namento através da ingestão de líquidos e de alimentos ricos em
também realizam controlo hídrico água e também através do metabolismo (combustão) dos alimentos
na sua célula. Este é realizado por que ingerem. Por outro lado, existem perdas de água através da
vacúolos contrácteis, que têm co-
transpiração, respiração, fezes e urina.
mo função excretar o excesso de
água que entra no seu organismo. A quantidade de sais e nutrientes é variável (depende das espé-
cies e do tipo de células), mas estes são necessários a várias reacções
metabólicas e indispensáveis ao bom funcionamento das células.
É necessário preservar o equilíbrio da quantidade de água
e sais no organismo, para que haja um bom funcionamento celular
— osmorregulação.
Para alguns invertebrados marinhos, a água do mar funciona
como meio extracelular, e os fluidos internos têm concentrações de
iões muito semelhantes a esta. Pelo contrário, os vertebrados têm
fluidos extracelulares com concentrações diferentes da água do mar.

Fonte: Eckert, Animal Physiology (adaptado).


COMPOSIÇÃO DA ÁGUA DO MAR E DOS FLUIDOS EXTRACELULARES
DE ALGUNS ANIMAIS (mM)
Habitat Na⫹ K⫹ Ca2⫹ Mg2⫹ C‘⫺
Água do mar 460 10 10 53 540
Aurelia (medusa) marinho 454 10,2 9,7 51 554
Asterias (estrela-do-mar) marinho 428 9,5 11,7 49,2 487
Paralichthys (solha) marinho 180 4 3 1 160
Carassius (peixe-dourado) água doce 142 2 6 3 107
Anas (pato) água doce 138 3,1 2,4 103
Homo sapiens (homem) terrestre 142 4 5 2 104
Rattus (ratazana) terrestre 145 6,2 3,1 1,6 116
Nota: Os valores apresentados não são absolutos. A composição dos fluidos
de alguns animais também pode variar, dependendo da composição da água
do mar do local onde se encontram.
MANUTENÇÃO
DA CONCENTRAÇÃO IÓNICA Na análise do quadro anterior é possível verificar que a compo-
A concentração de certos iões sição de solutos de alguns animais (os invertebrados) é bastante
no interior das células dos semelhante à concentração salina da água do mar, enquanto outros
animais osmorreguladores (vertebrados) apresentam uma concentração de sais bastante dife-
pode ser diferente da que rente da concentração da água do mar.
existe na água do mar
e nos fluidos extracelulares Os animais com fluidos corporais (extracelulares) com concentra-
por exemplo, a quantidade ções de solutos igual à água onde habitam são designados por osmo-
de iões potássio é maior conformantes e nesses animais não existem nem perdas nem ganhos
no meio intracelular do que significativos de água por osmose (Fig. 23). Alguns exemplos de animais
no meio extracelular, o que
osmoconformantes são as medusas, as estrelas-do-mar, os ouriços-do-
implica transporte activo
e gasto de energia.
-mar e as lagostas, ou seja, a maior parte dos seres vivos marinhos inver-
tebrados. Estes animais não gastam energia no seu controlo hídrico.
214 BIOLOGIA A vida e os seres vivos
Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 215

osmorreguladores osmorregulator

Fig. 23 As estrelas-do-mar são animais osmoconformantes.

Os seres vivos osmoconformantes são característicos de ambien-


tes marinhos, pois em ambientes de água doce, ou em concentra-
ções salinas muito elevadas, designadamente lagos salgados em
evaporação, ocorre a desnaturação das suas proteínas.
A RETER
Todos os animais de água doce, todos os animais terrestres e a
maioria dos vertebrados marinhos (aves, baleias, focas e a maior Os organismos
osmoconformantes possuem
parte dos peixes) têm fluidos corporais com concentrações de sais fluidos corporais com
diferentes daquelas que existem no seu meio ambiente. Estes ani- concentrações semelhantes
mais — designados por osmorreguladores — são animais que às do meio externo.
Os osmorreguladores gastam
gastam energia a controlar os ganhos ou perdas de água e de solu- energia para manterem
tos (Fig. 24). as concentrações dos fluidos
internos em equilíbrio,
independentemente das
variações do meio externo.

Fig. 24 Os chimpanzés são animais osmorreguladores.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 215


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 216

Alguns animais tal como o camarão das salinas (do género


Artemia), apesar de serem osmoconformantes, podem modificar-se,
tornando-se osmorreguladores sempre que as condições do meio são
muito extremas, caso contrário não conseguiriam sobreviver (Fig. 25).

Osmoconformante

Concentração de sais nos fluidos

Fig. 25 O meio pode variar muito a sua concentração


de sais e a Artemia (camarão das salinas), apesar
de ser osmoconformante, em condições extremas,
pode tornar-se osmorreguladora. O camarão das
salinas utiliza as brânquias para absorver
activamente os sais de que necessita, quando
se encontra em meios muito diluídos ou para Água do mar Água do mar Salinas em
diluída evaporação
excretar activamente os sais de que não precisa,
quando se encontra em salinas em evaporação. Concentração de sais do meio

A concentração de solutos do meio em que os animais vivem


actua, assim, como factor limitante, pois só os seres que se encon-
tram adaptados a um determinado meio, com diferentes concentra-
ções de sais, conseguem sobreviver.
Foi a evolução dos mecanismos de osmorregulação, mecanis-
mos que permitem manter o equilíbrio de água e solutos, que per-
mitiu que os organismos colonizassem meios ambientes com dife-
rentes concentrações de solutos.
Tão importante como a osmorregulação é a necessidade de os
animais retirarem do seu organismo as substâncias de excreção
provenientes do seu metabolismo. O metabolismo das gorduras
e dos açúcares produz dióxido de carbono e água, que são facil-
mente removidos. As proteínas e os ácidos nucleicos possuem,
contudo, azoto, e o metabolismo destes compostos orgânicos
origina resíduos azotados, que devem ser eliminados, pois podem
provocar a morte das células (Fig. 26).

Gorduras Proteínas Ácidos nucleicos


Açucares

Aminoácidos Bases azotadas


Dióxido de carbono
Água
GRUPOS AMINA

Fig. 26 Produtos de excreção do metabolismo


celular. O metabolismo das proteínas e dos
ácidos nucleicos produz resíduos azotados. Amónia Ureia Ácido úrico
Ex.: invertebrados, Ex.: mamíferos, Ex.: aves, insectos,
A maior parte dos animais aquáticos,
aquáticos e a maior a maior parte dos répteis.
incluindo a maior parte dos peixes, excreta dos peixes ósseos. anfíbios e os peixes
amónia. Os animais terrestres excretam cartilagíneos.
ureia ou ácido úrico.

216 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 217

A amónia é uma molécula muito tóxica, muito solúvel em água


e que se difunde facilmente neste meio, sendo por isso a sua excre-
ção muito fácil para os animais aquáticos, pois pode haver difusão
através da urina (Fig. 27).

Fig. 27 O bacalhau excreta amónia.

Para os animais terrestres, com acesso limitado à água, a amó-


nia é muito perigosa. Por exemplo, nos mamíferos, a dose letal de
amónia é de 5 mg/100 mL de sangue. Nestes animais, a amónia é
convertida em ureia ou ácido úrico (Fig. 28).

Fig. 28 O rato-canguru excreta ureia.

A ureia é uma substância menos tóxica do


que a amónia, mas igualmente solúvel em
água, pelo que a sua eliminação pode represen-
tar um problema de desidratação em animais
terrestres.
O ácido úrico é uma substância insolúvel
que forma cristais sólidos, pelo que pode ser
armazenado no corpo do animal, e não implica
perda de água na sua excreção, o que represen-
ta uma vantagem para os animais terrestres nos
meios onde a água é escassa (Fig. 29).
Fig. 29 A águia excreta ácido úrico.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 217


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 218

Alguns animais podem produzir mais do que um produto de


excreção azotado, como, por exemplo, o Homem, que produz ureia
e ácido úrico, ou como nos anfíbios que têm diferentes etapas de
desenvolvimento em diferentes tipos de habitat: os girinos excre-
tam amónia através das brânquias, mas, no estado adulto, excretam
geralmente ureia.
A excreção e a osmorregulação são fenómenos que se encon-
tram interrelacionados, pois os órgãos excretores dos animais vão
também, na sua maioria, participar no balanço de água e de sais.
Fica assim assegurada a homeostasia do organismo — manutenção
do equilíbrio — a nível da água, de sais minerais e de produtos de
excreção.

Como se realiza a osmorregulação nos animais


que vivem em água doce?

A água doce tem uma quantidade de sais inferior àquela que


existe em qualquer ser vivo.
Nas planárias, que vivem em água doce, esta entra em grande
quantidade no seu organismo (que é hipertónico em relação ao
meio) por osmose.
Posteriormente, a água é excretada através de estruturas desig-
nadas por protonefrídeos. Na extremidade destas estruturas existe
uma célula-flamejante, com um conjunto de cílios, que é especiali-
zada na recolha de fluidos. Os fluidos corporais entram no túbulo
e o batimento dos cílios provoca a sua deslocação até ao poro
excretor; à medida que o líquido avança no túbulo existe reabsor-
ção de substâncias (iões, por exemplo), o que torna a urina pouco
concentrada (hipotónica) (Fig. 30).

células
tubulares

célula
canal flamejante
excretor

poro Os fluidos corporais


excretor núcleo
entram no espaço
fechado pela célula flamejante.

Os fluidos corporais são encaminhados


pelos túbulos até ao poro excretor pelo
batimento dos cílios da célula flamejante.

Fig. 30 Na planária, a osmorregulação é realizada por uma rede de células-flamejantes.

218 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P194-219 28/2/07 11:38 Page 219

Também os peixes que vivem em água doce possuem sais em


maior quantidade do que a existente na água, por isso, nestes peixes
há entrada de água por osmose. A osmose realiza-se através do seu
tegumento e, principalmente, através das suas brânquias.
Estes peixes não ingerem água (só aquela que entra com a ali-
mentação) e produzem urina abundante e hipotónica. Os sais são
reabsorvidos activamente, sobretudo a nível das brânquias (Fig. 31).

A água entra por osmose através


das brânquias e pelo tegumento
do peixe.

O peixe adquire água


e iões através do alimento.
A RETER

Nos animais que vivem em


meios hipotónicos, a água entra
no organismo por osmose. Para
manterem o equilíbrio hídrico,
estes animais produzem urina
Transporte activo Os rins excretam muito diluída e realizam
de iões de sal pelas brânquias. grande quantidade reabsorção de sais.
de água (urina diluída).

Fig. 31 Os peixes de água doce possuem mecanismos próprios para manterem os sais
no seu organismo e eliminarem a água.

Como se realiza a osmorregulação nos animais


que vivem em água salgada?

Os peixes que vivem em água salgada têm uma concentração


de sais no seu meio interno menor (hipotónico) do que aquela que
existe na água, em especial no que diz respeito às quantidades de
iões sódio (Na⫹) e cloro (C‘⫺).
Os peixes de água salgada perdem água através da sua superfí-
cie corporal. Estes peixes, para compensar a perda, bebem água do
mar, adquirindo também uma quantidade elevada de sais, que vão
ser excretados activamente através das brânquias, excretando pouca
quantidade de urina (Fig. 32).

Aquisição de sais Perda de água por osmose através


através dos das brânquias e do tegumento.
alimentos e da
água do mar
que bebem.

Excreção activa
Os rins excretam pequenas
de sal pelas brânquias.
quantidades de sal.

Fig. 32 Os peixes de água salgada têm mecanismos próprios para excretarem os sais
do seu organismo e manterem a água.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 219


872546 220-249_U4 30/5/07 16:46 Page 220

As aves que se alimentam de animais marinhos ingerem água


salgada (rica em sais) juntamente com a sua alimentação. Estas aves
possuem glândulas de sal, estruturas através das quais excretam
uma solução muito concentrada de NaC‘ por meio de ductos que
se esvaziam na cavidade nasal (Fig. 33). As gaivotas, os pinguins e
outras aves aquáticas são muitas vezes vistas a abanarem a cabeça
para eliminarem mais facilmente as gotas salgadas através das glân-
dulas de sal.

A B C
Os iões de sódio e cloro saem do sangue
para os túbulos excretores por transporte activo.
As glândulas de sal localizam-se
o canal central transporta a solução salina
em depressões do crâneo
até a cavidade nasal.
por cima dos olhos.
veia

artéria

capilares
túbulo
secretor

olho

cavidade nasal
canal
central

Fig. 33 As glândulas de sal excretam o sal ingerido em excesso pelas aves marinhas
(A). Localização das glândulas de sal (B). Pormenor da glândula de sal (C).

Os répteis marinhos possuem mecanismos semelhantes aos das


aves, pois vivem num meio hipertónico, onde perdem água por
osmose. Para compensar, estes animais bebem água, excretando o
sal em excesso através de glândulas situadas nos cantos dos olhos,
parecendo «chorar» (Fig. 34).

A RETER

Os animais que vivem em


meios hipertónicos produzem
pouca urina e eliminam sais
através das brânquias ou
de glândulas especializadas.
Fig. 34 Iguana marinha a eliminar o excesso de sal ingerido.

220 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 221

Como se realiza a osmorregulação


em ambiente terrestre?

Os insectos são o grupo de animais mais numeroso no planeta


Terra. Estes animais podem eliminar os resíduos azotados com
pouca perda de água, por isso conseguem viver nos locais mais
secos da Terra.
O sistema excretor dos insectos consiste em túbulos de Malpighi,
associados ao intestino do animal (Fig. 35). Para estes túbulos são
segregadas substâncias existentes na hemolinfa, como iões de
sódio, potássio, ácido úrico e água, que são lançadas no seu intesti-
no. Ao longo do trajecto, na última porção do intestino, os iões de
sódio e potássio são reabsorvidos, voltando à hemolinfa, tal como a
água. O ácido úrico vai então precipitar, podendo ficar armazenado
no recto durante algum tempo, sendo posteriormente eliminado
com as fezes do animal.

O ácido úrico precipita


no recto e é eliminado.

túbulos de ácido
Malpighi úrico

ácido
úrico
H2O
K+ Na+
Na+ K+
H2O
intestino
Os iões de sódio e potássio
são transportados activamente,
seguindo-se a água.

recto Ácido úrico, iões de sódio e potássio


são transportados para os Resíduos semi-sólidos,
túbulos de Malpighi, seguindo-se a água. incluindo ácido úrico

Fig. 35 A osmorregulação nos insectos é realizada por túbulos de Malpighi.

Nos vertebrados terrestres, os órgãos excretores são os rins e a


unidade estrutural o nefrónio, local onde ocorre a formação da
urina.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 221


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 222

ACTIVIDADE

RECORDAR A CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA EXCRETOR DO HOMEM

1. Analise os esquemas apresentados e responda às questões.

A C
Cápsula de Bowman

Arteríola eferente Tubo contornado proximal

Arteríola
3
aferente

Glomérulo
4 de Malpighi

Tubo contornado distal


B
5

Nefrónio
7

Ansa de Hente

Tubo
colector

2 6 Capilares

Fig. 36 Sistema excretor humano (A); rim (B); pormenor do rim com nefrónio (C).

1.1 Faça a legenda da figura. Se necessário, recorra a bibliografia adequada.


1.2 Refira a posição do nefrónio no interior do rim.
1.3 Sabendo que:
— a arteríola aferente transporta o sangue para o glomérulo de Malpighi;
— a arteríola eferente transporta sangue do glomérulo;
— o glomérulo de Malpighi é um novelo de capilares que se encontra no interior da cápsula
de Bowman;
— a arteríola aferente é mais espessa do que a arteríola eferente.
Refira qual é o processo que poderá ser realizado na cápsula de Bowman.
1.4 Sabendo que:
— os rins recebem aproximadamente 1 litro de sangue por minuto, ou seja, cerca de 1500 litros de
sangue por dia, que vão ser filtrados a nível dos nefrónios;
— o filtrado que passa para o nefrónio corresponde a aproximadamente 12 % do total (cerca de 180
litros por dia);
— a quantidade de urina excretada, em média, por dia, é de 1,5 litros.
O que acontecerá aos 177-178 litros de filtrado que não são excretados?
1.5 Os capilares que rodeiam a ansa de Henle encontram-se em contracorrente, relativamente ao
sentido de circulação do filtrado que circula no nefrónio. Qual é a vantagem da existência desta
contracorrente?

222 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 223

O sistema excretor do Homem é constituído por dois rins, dois CURIOSIDADE


ureteres, uma bexiga e uma uretra. O rim possui duas zonas distin- A chamada pedra no rim corres-
tas: uma, periférica, designada por córtex ou zona cortical, e outra, ponde à cristalização de alguns
mais interna, designada por medula ou zona medular. sais que se encontram no filtrado,
normalmente sais de cálcio ou de
Cada rim humano possui, aproximadamente, um milhão de ácido oxálico.
nefrónios, que se localizam em parte no córtex e em parte na medu-
la. Cada nefrónio é formado pela cápsula de Bowman e pelo túbulo
propriamente dito, que apresenta diversas zonas.
O mecanismo de formação da urina (Fig. 37) inclui três etapas:
filtração, reabsorção e secreção.
Pedra do rim.

3
A cápsula de Bowman recebe
a água e as moléculas pequenas Urina
5
filtradas a partir dos capilares. As células do túbulo renal
alteram a composição da urina.

Cápsula de Bowman
8
O filtrado processado (urina)
2 de cada nefrónio entra num
O glomérulo, novelo tubo colector e é depois lançado
de capilares, é o local num canal comum, ureter.
da filtração.
7
Os capilares peritubulares
Capilares juntam-se na veia renal.
peritubulares
4 6
1 A arteríola eferente Os capilares trazem substâncias
A arteríola aferente transporta sangue que serão segregadas para a urina
transporta sangue do glomérulo. e levam substâncias reabsorvidas.
para o glomérulo.

Filtração Reabsorção e Secreção


Fig. 37 Mecanismo de formação da urina ao longo do nefrónio.

A filtração é um processo que se realiza entre o sangue do glo- Arteríola eferente


Arteríola
mérulo (rede de capilares) e a cápsula de Bowman (Fig. 38). Como a aferente
arteríola eferente é mais estreita do que a arteríola aferente, existe
dificuldade na passagem do sangue, o que provoca a saída do fluido
dos capilares para a cápsula.
Todas as substâncias de dimensões reduzidas são filtradas,
Cápsula
como a água, aminoácidos, glucose, iões e ureia. Moléculas gran- Glomérulo
de Bowman
de Malpighi
des, como as proteínas e as células sanguíneas, não são filtradas
Tubo
devido às suas dimensões. contornado
O filtrado glomerular passa depois para o tubo contornado proxi- próximal

mal (que se encontra próximo da cápsula), onde se inicia a reabsor-


ção. O processo de reabsorção é selectivo, pois as substâncias são
reabsorvidas de acordo com as necessidades que o organismo tem
delas. Cada substância será reabsorvida até um determinado nível, a
partir do qual será excretada, permitindo mantê-la no organismo em
quantidades equilibradas. Por exemplo, a glucose será reabsorvida até Fig. 38 Esquema do início do nefrónio.
ao valor de 150 miligramas por 100 mililitros de sangue, valor a partir
do qual será eliminada na urina. Os diabéticos, que têm valores anor-
malmente elevados de glucose no sangue, vão eliminá-la, o que per-
mite detectar a diabetes com uma análise de glicemia à urina.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 223


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 224

A reabsorção (Fig. 39) pode realizar-se por difusão (caso da


ureia e de sais), por transporte activo — o que pode acontecer à
glucose e aos aminoácidos, devido à reabsorção do ião sódio (Na⫹)
e por osmose (água).
Esta etapa realiza-se ao longo do tubo contornado proximal,
ansa de Henle, tubo contornado distal e também no tubo colector.
Estas porções do tubo apresentam diferentes permeabilidades a
diferentes substâncias.
NH3, H⫹, K⫹

Drogas

Glucose
Na⫹
Aminoácidos

C‘⫺ Ureia

H2O

H2O

Iões
Na⫹ Fig. 39 Reabsorção selectiva e secreção
C‘⫺ no nefrónio.
CURIOSIDADE
A urina pode ter várias tonalida- Uma outra função do nefrónio consiste em eliminar substân-
des, desde a incolor até à amarelo- cias prejudiciais que possam ter sido ingeridas, inaladas ou que
-escura. A tonalidade tem como
causa a substâncias corantes, de-
possam ter sido produzidas no metabolismo através da etapa desig-
nominadas «cromogénios», como nada por secreção. Realiza-se nas células do tubo contornado
a urobilina. No entanto, a elimi- distal (distante da cápsula), a partir dos capilares que o envolvem.
nação de certos corantes alimenta- As substâncias que são eliminadas por secreção são, por exemplo,
res (como o da beterraba) tam-
a amónia que não foi convertida em ureia, iões H⫹ e K⫹, alguns
bém lhe pode conferir uma cor
vermelha. medicamentos (por exemplo, penicilina) ou drogas, como a morfi-
na, cocaína, heroína, e outras após destoxificação no fígado.

A RETER

NEFRÓNIO

Cápsula Tubo contornado Ansa Tubo contornado


de Bowman proximal de Henle distal

Filtração Reabsorção Secreção

Passagem de Passagem de Passagem de


diferentes substâncias substâncias
substâncias úteis ao que são tóxicas
de pequenas organismo para o
dimensões dos e que sofreram organismo,
capilares para filtração para do sangue para
o interior da a corrente o tubo.
cápsula. sanguínea.

224 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 225

Os nefrónios dos mamíferos não têm todos a mesma dimensão,


os animais que vivem no deserto precisam de poupar mais água e,
por essa razão, têm ansas de Henle maiores. O rato e outros mamí-
feros do deserto (Fig. 40) têm ansas mais compridas, o que lhes per-
mite reabsorver maiores quantidades de água, adquirida funda-
mentalmente através do metabolismo celular (90 %) e dos alimentos
(10 %), não necessitando de a beber. Nestes animais, a osmorregu-
lação e a termorregulação estão muito interligadas e eles mantêm-se
nas tocas durante o dia, só saindo à noite, reduzindo não só a tem-
peratura mas também a taxa de perda de água através da respiração.

Como se processa a regulação


Ansa de Henle
da função renal?
Fig. 40 O rato do deserto produz urina
Os rins são órgãos cuja principal função é a manutenção do muito concentrada, reabsorvendo
equilíbrio no meio interno (quantidade de água e de iões), ou seja, uma grande quantidade de água
a homeostasia, que depende da acção do sistema endócrino e das através da grande ansa de Henle.

suas hormonas.
Apesar de existirem outras hormonas que regulam o funciona-
mento dos rins, a hormona antidiurética (ADH) é uma das mais
importantes, pois regula a quantidade de água que é perdida ou
retida pelo organismo (Fig. 41).
A quantidade de água que existe no sangue pode ser detectada
por receptores que existem em células do hipotálamo.
Quando a quantidade de água que existe no sangue está abaixo
do normal, as células neurossecretoras do hipotálamo produzem
ADH, que enviam através dos seus neurónios até à hipófise poste-
rior, onde é libertada na corrente sanguínea, indo actuar nos tubos
colectores, que se tornam mais
permeáveis à água, e esta é reab- Os receptores do hipotálamo 5
Os receptores do hipotálamo
monitorizam a pressão osmótica 5 monitorizam a pressão osmótica
sorvida em maior quantidade. do sangue que recebem. do sangue que recebem.
A urina é produzida em menor
quantidade e de uma forma mais
As células neurossecretoras As células neurossecretoras não
concentrada. sintetizam ADH. sintetizam ADH.
A hormona ADH controla
RETROALIMENTAÇÃO NEGATIVA

a permeabilidade do tubo con- Os neurónios do hipotálamo Os neurónios do hipotálamo não


tornado distal e do tubo colec- transportam a ADH até à hipófise. transportam a ADH até à hipófise.
tor para as moléculas de água.
A ADH é libertada pela hipófise A ADH não é libertada pela
para a corrente sanguínea. hipófise para a corrente sanguínea.

A ADH actua nos tubos A ADH não actua nos tubos


colectores, tornando-os mais colectores; estes ficam
permeáveis à água. impermeáveis à água.

A água é reabsorvida e passa A água não é reabsorvida;


para a corrente sanguínea. mantém-se no tubo colector.

Fig. 41 Controlo da permeabilidade


do tubo colector. A urina fica mais concentrada. A urina fica mais diluída.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 225


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 226

Por outro lado, quando o sangue tem maior quantidade de


água, o hipotálamo não produz ADH e os tubos colectores tornam-
-se praticamente impermeáveis à água que foi filtrada, não haven-
do, assim, reabsorção. A urina é produzida em maior quantidade e
de uma forma bastante diluída.

CONTROLO E DESREGULAÇÃO RENAL


A hormona ADH consegue fazer com que o organismo perca menos
água, aumentando os níveis de reabsorção nos tubos colectores, mas
não consegue fazer com que o organismo adquira água. A água só pode
ser adquirida através dos alimentos ou no estado líquido. Por isso,
ao mesmo tempo que a ADH é libertada pelos receptores do hipotálamo,
há também estimulação dos centros reguladores da sede, levando
o organismo a beber.
O álcool inibe a libertação da hormona ADH, o que vai provocar
uma diminuição da reabsorção de água, aumentando desta forma
a quantidade de urina produzida, o que pode levar à desidratação.
As doenças que alteram os glomérulos ou os túbulos renais resultam
na perda das capacidades do rim, ou seja, na insuficiência renal.
Quando esta situação acontece, o rim torna-se incapaz de excretar
os resíduos azotados e de regular a concentração iónica do sangue.
O doente morrerá se não for encontrada uma forma alternativa
de realizar essas funções. A forma alternativa passa pelo tratamento
do sangue com uma máquina que pode ser considerada um rim
artificial, e que substitui o seu funcionamento, filtrando o sangue
num processo que se designa hemodiálise. O sangue do paciente
é bombeado através de tubos da máquina de diálise, onde existe uma
solução com concentração iónica igual à do sangue, possibilitando
a difusão dos iões em excesso no sangue, e não existem resíduos
azotados, permitindo que estes passem facilmente por difusão.
Este é um processo lento, que demora aproximadamente quatro horas
e que necessita de ser realizado três vezes por semana.

Paciente em hemodiálise.

226 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 227

Funcionamento do sistema nervoso


e do sistema hormonal
O sistema nervoso e o sistema hormonal reagem ambos a estí-
mulos, promovendo a transmissão de mensagens capazes de desen-
cadearem respostas por parte dos órgãos efectores. Estão fisicamente
interligados, dado que o hipotálamo, órgão coordenador da regula-
ção do sistema hormonal, faz parte integrante do sistema nervoso
central (Fig. 42).
Apresentam, contudo, algumas diferenças.

Hipotálamo

Hipófise

Fig. 42 Localização do hipotálamo no cérebro.

ACTUAÇÃO E FUNCIONAMENTO
Sistema nervoso Sistema hormonal
Tipo de estímulo Externos e internos. Essencialmente internos.
Electroquímica:
• Eléctrica (potencial
de acção) ao longo
Natureza da mensagem da fibra nervosa. Química (hormonas).
• Química
(neurotransmissores)
nas sinapses.
Velocidade
de transmissão Rápida. Lenta.
da mensagem
Ampla, podendo actuar
Amplitude de acção Localizada. sobre diversas
células-alvo.
Tempo de resposta Curta duração. Mais duradoura.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 227


Unidade4_P220-249 28/2/07 15:47 Page 228

Conceitos/Palavras-chave

Necessários Essenciais Complementares

• Sinapse • Homeostasia • Endotermia • Potencial


• Nefrónio • Sistema • Ectotermia de membrana
• Filtração aberto/fechado • Retroalimentação • Potencial de acção
• Reabsorção • Neurónio positiva/negativa • Despolarização
• Secreção • Nervo • Vasodilatação • Repolarização
• Impulso nervoso • Vasoconstrição • Sudorese
• Neurotransmissor • Hormona (ADH) • Tremores
• Termorregulação • Osmorregulação • Piloerecção
• Factor limitante • Osmorregulador • Amónia
• Homeotermia • Osmoconformante • Ureia
• Poiquilotermia • Factor limitante • Ácido úrico
• Células-flamejantes
• Glândulas de sal
• Túbulos de Malpighi

Síntese de conhecimentos

• A homeostasia permite que os seres vivos mantenham a composição do meio interno constante.
• O sistema nervoso é formado pelo tecido nervoso, constituído pelas células da glia e pelos neurónios,
que apresentam as seguintes propriedades: excitabilidade e condutividade.
• A propagação do impulso nervoso ao longo do axónio é de natureza electroquímica.
• A termorregulação permite manter a temperatura corporal dentro de parâmetros compatíveis com a vida.
• Os animais que mantêm a temperatura corporal constante designam-se homeotérmicos, enquanto
os que sofrem variações de temperatura interna se designam poiquilotérmicos.
• Quando o calor interno de um animal se deve à actividade metabólica, este designa-se por endotérmico,
quando o calor corporal provém do meio, este designa-se por ectotérmico.
• Nos animais endotérmicos, o controlo da temperatura é feito pelo hipotálamo.
• Em situações de aumento de temperatura, o hipotálamo estimula a vasodilatação e a sudorese,
enquanto que com diminuição de temperatura estimula a vasoconstrição, a piloerecção e os tremores.
• Os mecanismos de osmorregulação permitem manter o equilíbrio da água e de solutos no organismo.
• Os animais osmoconformantes possuem fluidos corporais com concentrações de solutos iguais à
da água onde habitam.
• Os animais osmorreguladores possuem fluidos corporais com concentrações de sais diferentes
da existente no meio.
• A concentração de solutos do meio actua como factor limitante.
• Os resíduos azotados têm de ser eliminados: na forma de amónia; de ureia; ou de ácido úrico.
• Dependente do grupo de animais, a osmorregulação e a excreção são realizadas através de:
células-flamejantes; brânquias e rins; glândulas de sal; túbulos de Malpighi; rins.
• No nefrónio realiza-se a filtração, a reabsorção e a secreção.
• A permeabilidade do rim para a água é controlada pela hormona ADH (hormona antidiurética).

228 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 220-249_U4 30/5/07 16:21 Page 229

ACTIVIDADES

Regulação nos seres vivos


1. Tendo em conta os conceitos/palavras-chave elabore um mapa de conceitos sobre o tema
«A regulação nervosa e hormonal nos animais».

2. Observe a figura, que representa uma sinapse entre dois neurónios, e responda às questões.
2.1 Seleccione o número da imagem que está
associado a cada um dos constituintes
apresentados.
A — Terminação do axónio.
B — Canal de cálcio.
C — Neurotransmissor. 1
Ca2+
D — Vesícula sináptica. 2
7
E — Fenda sináptica. 3
8
F — Membrana pós-sináptica. Na+ 4
9
G — Membrana pré-sináptica.
5
H — Receptor do neurotransmissor.
2.2 Qual é a natureza da transmissão do 6
impulso nervoso verificado nesta região?
2.3 Nas terminações dos axónios existem muitas
mitocôndrias. Tente encontrar uma
justificação para tal facto.
2.4 Após actuarem, os neurotransmissores são destruídos e os seus constituintes
reencaminhados para a célula de origem.
Refira duas vantagens deste processo para o indivíduo.
2.5 Qual é o papel do Ca2⫹ durante a transmissão do impulso nervoso?

3. Considere os seguintes dados e responda às questões.


A — A acetilcolina é um neurotransmissor envolvido nas sinapses neuromusculares.
B — O veneno curare impede a acção da acetilcolina sobre as células musculares.
C — Determinadas tribos de índios usam veneno curare para embeberem as setas que usam
para caçar.
3.1 Explicite a acção da acetilcolina sobre as células musculares.
3.2 Explique a razão por que alguns animais, quando atingidos pelas setas índias, acabam
por morrer.

4. Observe com atenção os gráficos e responda às questões.

+40
Potencial de Membrana (mV)

Grau de permeabilidade
da membrana

0
A B K+

Na+
–60
0 0,5 1,0 1,5
C TEMPO (ms)
TEMPO (ms)

4.1 Seleccione a letra do gráfico que corresponde a:


a) potencial de repouso;
b) potencial de acção;
c) repolarização;
d) despolarização.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 229


872546 220-249_U4 5/3/07 20:05 Page 230

ACTIVIDADES

4.2 Relacione os dois gráficos e identifique o processo responsável pela despolarização


da membrana.
4.3 Calcule a amplitude do potencial de acção desta membrana.

5. Estabeleça a correspondência correcta entre os elementos da chave e as afirmações.

CHAVE AFIRMAÇÕES
A — Homeotérmico 1. Animal cuja fonte de calor interno é o seu próprio metabolismo.
B — Ectotérmico 2. Animal com temperatura interna variável de acordo com as alterações
C — Poiquilotérmico da temperatura do meio.
D — Endotérmico 3. Animal cuja fonte de calor interno é o calor do meio.
4. Animal cujo corpo se mantém a uma temperatura constante
independentemente das variações do meio.
5. Animal cujos processos de manutenção da temperatura são essencialmente
fisiológicos.

6. Seguem-se afirmações referentes a animais endotérmicos, como, por exemplo, as aves


e os mamíferos. Classifique-as como verdadeiras (V) ou falsas (F).
A — O principal centro de controlo da temperatura é o hipotálamo.
B — Quando está muito frio, suam em excesso.
C — A erecção dos pêlos epidérmicos é uma forma de produzirem mais calor.
D — Quando está muito calor, verifica-se uma dilatação dos capilares da pele.
E — A vasoconstrição é um processo de retenção de calor.

7. As iguanas são animais que passam os dias entre a água e as rochas, conseguindo, deste modo,
aumentar e diminuir a temperatura interna. O gráfico seguinte reflecte as variações da
temperatura do corpo da iguana ao longo do dia, bem como a variação da sua taxa cardíaca.

NA ÁGUA NA PRAIA
40
Coração (batidas por minuto)

Temperatura corporal
Temperatura do corpo (°C)

30

100
90
20 80
70
60
50
10 40
30
Taxa cardíaca
20
10
0 0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)

7.1 Classifique a iguana quanto à:


a) obtenção do calor interno;
b) variação da temperatura interna.
7.2 Analise as afirmações que se seguem e seleccione a melhor opção para as definir.

A — Quando as iguanas entram dentro de água a sua temperatura corporal baixa.


B — As iguanas vêm para terra para aumentar a sua temperatura.
C — A temperatura mínima a que o corpo das iguanas chega ao longo do dia é de 7,5 ºC.

I. Todas as afirmações são verdadeiras.


II. Todas as afirmações são falsas.
III. Apenas as afirmações A e B são verdadeiras.
IV. Apenas a afirmação A é verdadeira.

230 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 220-249_U4 30/5/07 16:24 Page 231

8. Analise com atenção o gráfico e responda às questões.

Concentração de sais
entre o meio interno e externo

Concentração de sal
nos fluidos internos
A

Concentração de sal na água

8.1 Qual das espécies, A ou B, pode ser considerada osmoconformante? Justifique a sua resposta.
8.2 Classifique a espécie B quanto à concentração de sal apresentada relativamente à concentração
de sal existente na água. Justifique a sua resposta.

9. Tenha em conta as informações seguintes e responda às questões.


Peixe A — vive em ambiente marinho.
Peixe B — vive em ambiente de água doce.
9.1 Classifique o meio em que vive o peixe B.
9.2 Faça um esquema representando o sentido da osmose no peixe A.
9.3 Faça a correspondência correcta entre a coluna I e a coluna II.

COLUNA I COLUNA II
A — Peixe A I. O peixe excreta sais através das brânquias.
B — Peixe B II. O peixe bebe água.
C — Ambos os peixes III. O peixe excreta ureia.
D — Nenhum dos peixes IV. O rim do peixe é bastante desenvolvido, com glomérulos e cápsulas
grandes.
V. Verifica-se a existência de osmose.
VI. Há transporte activo de sais a partir da água do meio.

10. Analise com atenção o gráfico e responda às questões.


Calor perdido por sudorese (W)

C
150
A B

50

36,6 37,0 37,4


Temperatura corporal (°C)

10.1 Em que situação, A, B ou C, é produzida maior quantidade de ADH? Justifique a sua resposta.
10.2 Qual é o local de produção e o local de actuação da hormona ADH?
10.3 Refira as consequências que o organismo apresenta perante a descida de temperatura
verificada na situação A.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 231


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 232

hormona vegetal vegetal hormone 4 2 Hormonas vegetais


auxina auxin
giberelina gibberellin As plantas necessitam de algumas condições ambientais para o
citocinina cytokinins seu crescimento e desenvolvimento: a luz solar, a água, e o dióxido
etileno ethylene de carbono são fundamentais para a realização da fotossíntese e a
ácido abcísico abscisic acid manutenção do equilíbrio.
As plantas não são seres absolutamente passivos, é, por exem-
plo, possível observar a inclinação de uma planta de interior em
relação à luz vinda de uma janela ou a queda das folhas das árvores
no Outono.

CURIOSIDADE Como regulam as plantas


Em situações de stress provocado o seu desenvolvimento?
por agressões de outros seres vi-
vos, as plantas podem defender-se
causando envenenamento ao agres-
As plantas possuem substâncias capazes de regular o seu fun-
sor devido à ruptura dos vacúolos cionamento e desenvolvimento. Estas substâncias são sintetizadas
e à libertação de substâncias tóxi- pelas células (não existem tecidos especializados para este fim) e
cas aí armazenadas. actuam em baixas concentrações no local onde se formam ou noutro
órgão da planta. Estas substâncias designam-se hormonas vege-
tais (ou fitohormonas), são transportadas no interior da planta,
actuando em estruturas e tecidos específicos. Na ausência das fito-
hormonas, seriam visíveis, nas plantas, deficiências que poderiam
ir desde a falta de germinação da semente (Fig. 43) até à não matura-
ção dos frutos.

Fig. 43 Quando os primeiros órgãos de uma nova planta de soja irrompem do solo,
após a germinação da semente, inicia-se a sua inclinação em direcção à luz.

As auxinas, as giberelinas, as citocininas, o etileno e o ácido


abcísico são os cinco principais grupos de fitohormonas.

232 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 233

Auxinas

ACTIVIDADE

A DESCOBERTA DAS AUXINAS

1. No século XIX, Charles Darwin iniciou o estudo das fitohormonas, ao perceber que existia uma substância
que provocava a inclinação do caule das plantas, em resposta à incidência lateral da luz. Desde então,
muitos outros investigadores se têm debruçado sobre este assunto. No quadro seguinte estão
esquematizados quatro dos muitos trabalhos efectuados no fim do século XIX e início do século XX.
Analise-os e responda às questões.

Darwin (1880) A Boysen-Jensen (1913) B Paál (1919) C Went (1928) D

LUZ
1 1 1 1

Coleóptilo intacto — há crescimento Remoção do ápice Remoção do ápice Os ápices dos coleóptilos
e inclinação em direcção à luz. do coleóptilo. do coleóptilo. são colocados em agar.

2 2 2 2
LUZ

Os ápices são retirados e o agar é


A gelatina é colocada O ápice que foi cortado cortado em pequenos blocos.
entre o ápice e a zona é colocado sobre
O ápice do coleóptilo foi inferior do coleóptilo. um dos lados do
cortado e retirado — não há coleóptilo.
crescimento nem inclinação.

3
LUZ
LUZ
3 3 3
Os blocos de agar
são colocados sobre
Mesmo às escuras um dos lados dos
veriifica-se crescimento coleóptilos às escuras.
e curvatura dos caules.
Continua a ocorrer
Capa à prova de luz no
ápice do coleóptilo — não
curvatura devido à luz. 4
há crescimento.

Inclinação do coleóptilo às escuras:


o ângulo de inclinação aumenta
quanto maior for o número de ápices
colocadas sobre o agar ou
com um maior tempo de
permanência desses ápices
no agar.

Fig. 44 Esquemas de quatro trabalhos experimentais que permitiram descobrir a função da auxina, hormona vegetal,
nas plantas.

1.1 Como explica a diferença de resultados entre A1 e A2?


1.2 Compare os resultados em A1 e B3. Por que razão se pode afirmar que a gelatina utilizada é um
material poroso?
1.3 De que modo o trabalho de Paál prova que existe uma substância na planta capaz de induzir a sua
inclinação?
1.4 A experiência de Went permitiu concluir que «existe uma substância, na extremidade do coleóptilo,
que se mantém activa fora das células e promove a inclinação do caule, devido às suas migrações
na planta». Comente esta afirmação.
1.5 De que factores ambientais e/ou internos dependerá a inclinação de um caule em direcção à luz?

unidade 4 Regulação nos seres vivos 233


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 234

Diferentes trabalhos efectuados permitiram que os investigado-


res concluissem que as células do coleóptilo produzem uma subs-
tância química capaz de migrar da extremidade para a base desta
estrutura, que estimula o crescimento.
Quando a iluminação é unilateral, esta hormona, uma auxina,
designada ácido indolacético (IAA), migra para as células localizadas
no lado oposto ao da luz, promovendo o seu crescimento. Como o
crescimento se torna mais acelerado desse lado do caule, estas célu-
las tornam-se mais longas e este órgão é obrigado a inclinar-se (Fig. 45).

ular
cel
to
en
am na
uxi
ea
g

od
on

çã
Al

ra
nt
e
nc
Co

Fig. 45 Quando a planta recebe luz orientada para um dos seus lados, a auxina migra
para as células do lado oposto e estimula o seu crescimento.

O efeito da auxina não é semelhante em todos os órgãos da


planta. Na raiz, esta hormona, em determinadas concentrações,
inibe o crescimento das células. Então, quando este órgão é expos-
to à luz e a auxina migra para as células do lado oposto, as células
«iluminadas» ficam mais pobres nesta hormona, ficando livres da
sua acção inibidora do crescimento. Como estas células se alongam,
as raízes inclinam-se para o lado contrário à luz. Assim, enquanto
os caules têm o seu crescimento direccionado para a luz, as raízes
inclinam-se para o lado oposto à luminosidade (Fig. 46 e 47).

Caule
ESTIMULAÇÃO

LUZ
Alongamento

Raiz
Concentração
de
IAA
A B
INIBIÇÃO

Fig. 46 Influência da concentração de auxina no crescimento Fig. 47 Quando a planta recebe luz apenas de um dos seus
da raiz e do caule. lados, o caule sofre uma inclinação em direcção à fonte
de luz e a raiz inclina-se em oposição a esta.

234 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 235

Os movimentos orientados de certas plantas — induzidos por


um determinado factor ambiental — designam-se por tropismos;
podem ser considerados positivos, se a resposta ao estímulo for o
crescimento em direcção a este (caule em direcção à luz), ou nega-
tivos se o crescimento ocorrer em oposição ao estímulo (raiz em
oposição à luz).
Uma vez que existem vários factores ambientais capazes de
provocar tropismos, utilizam-se designações distintas, consoante
o estímulo em causa:
• fototropismo — se o crescimento da planta depende do
estímulo da luz;
• gravitropismo — se o crescimento da planta é uma resposta
à força de gravidade (Fig. 48);
• tigmotropismo — se ocorre movimento orientado relativa-
mente a estímulos mecânicos (Fig. 49);
• hidrotropismo — se a água induz o crescimento direcciona-
do.

A B

Fig. 48 Quando uma planta envasada é colocada horizontalmente, o caule adquire


uma inclinação que lhe permite voltar à posição vertical (A).
Se o vaso for colocado sobre um aro metálico, em posição invertida, o caule
é capaz de se torcer e retomar a posição vertical oposta (B).

A B

Fig. 49 Em muitas trepadeiras, é possível observar fenómenos de tigmotropismo.


Em A, o estímulo mecânico foi prestado pela presença de um tronco de uma
árvore, enquanto em B uma vedação metálica funcionou como estimulador
do crescimento orientado.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 235


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 236

HORMONA LOCAL FUNÇÕES UTILIZAÇÃO


B VEGETAL DE SÍNTESE NA PLANTA NA AGRICULTURA

A Auxinas Zonas • Estimula • Antecipa a floração.


meristemáticas o crescimento apical • Controla a queda
e órgãos em de toda a planta. precoce dos frutos,
crescimento • Regula a fim de obter maior
(folhas jovens a maturação. crescimento.
e sementes). • Tropismos. • Estimula
• Estimula o enraizamento
o enraizamento de estacas.
em estacas. • Promove o
desenvolvimento de
frutos sem semente
(desenvolvimento
do ovário sem
fecundação).
• Herbicida selectivo.
Fig. 50 A auxina produzida pelo embrião • Impede a formação
em desenvolvimento promove de gemas
a maturação das paredes dos nas batatas.
ovários (A). Se todas as sementes
forem retiradas, o morango não se
desenvolve (B). Etileno
O etileno é a única hormona vegetal que, em condições nor-
mais de pressão e temperatura, se encontra no estado gasoso, o que
facilita a sua propagação. Esta fitohormona difunde-se a partir de
plantas que a produzem em grandes quantidades, para outras que
lhes estão adjacentes. Por esta razão, no armazenamento e trans-
porte de frutos, são utilizadas câmaras com atmosfera modificada
(com elevada concentração de dióxido de carbono, que inibe a
acção do etileno, baixas temperaturas e pouco oxigénio), para
CURIOSIDADE evitar que os frutos mais maduros, e eventualmente apodrecidos,
No Outono, devido à diminuição provoquem alterações nos frutos sadios.
do fotoperíodo, as folhas produ- Também o fenómeno da queda das folhas, que em muitas árvo-
zem etileno que bloqueia a forma- res de folhagem caduca existentes no nosso país é comum no
ção de auxina (que inibe a queda
das folhas) e leva à abcisão.
Outono, se deve à acção do etileno que, ao bloquear a síntese de
auxina, promove a abcisão das folhas (Fig. 51).

A B C

Fig. 51 Ao longo da Primavera e do Verão, as folhas vão alterando a sua coloração,


devido à síntese de novos pigmentos. No Outono, a clorofila deixa de ser produzida
e de «mascarar» outros pigmentos, pelo que a cor verde acaba por desaparecer.
O etileno tem responsabilidades neste acontecimento, assim como na queda da folha.

236 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 237

ACTIVIDADE LABORATORIAL

A ACÇÃO DO ETILENO NO AMADURECIMENTO DOS FRUTOS

Teoria Que factores internos Conclusão


controlam
o amadurecimento
dos frutos?
Princípios Discussão
A — Apresente uma explicação para
os resultados obtidos.
B — Que justificação encontra para
o facto de os frascos estarem
fechados?

Conceitos Resultados

Procedimento
1 — Seleccione duas bananas pouco maduras (deve escolher frutos com a casca amarela, mas sem
manchas castanhas de amadurecimento).
2 — Coloque um dos frutos num recipiente
de vidro (de modo a poder acompanhar
a evolução do trabalho), tapado,
juntamente com uma maçã, previamente
cortada, que apresente algumas regiões
bem maduras.
3 — Coloque outro dos frutos num outro
recipiente de vidro, fechado.
4 — Coloque os dois frascos, fechados, num
local sem luz.
5 — Aguarde 48 horas, observe e registe
os resultados.

Fig. 52 Montagem experimental.

Nota: Nesta actividade, podemos considerar desprezível o efeito da diferença de volume de ar entre os dois frascos.

HORMONA LOCAL FUNÇÕES UTILIZAÇÃO CURIOSIDADE


VEGETAL DE SÍNTESE NA PLANTA NA AGRICULTURA
Para acelerar o amadurecimento
Etileno Tecidos • Favorece • Acelera a queda de bananas, é comum proceder-se
de frutos e o envelhecimento da folha.
à queima de serradura nas câma-
folhas; tecidos e abcisão de folhas • Promove
velhos. e maturação o amadurecimento ras de armazenamento. Esta com-
de frutos. dos frutos. bustão liberta etileno, um indutor
• Inibe o crescimento do amadurecimento destes frutos.
de raízes e caules
e atrasa
o desenvolvimento
de gemas laterais.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 237


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 238

CURIOSIDADE Giberelinas
Em algumas plantas monóicas, Destas hormonas sabe-se que são capazes de induzir a divisão
o «sexo» é determinado pelo etile- celular e o crescimento das células do caule e das folhas.
no e pelas giberelinas. Se os re-
bentos do pepino forem tratados Actualmente, as giberelinas são muito utilizadas pelos agricul-
com etileno, originar-se-á uma tores para tratar as suas vinhas e pomares. É possível obter cachos
planta com flor feminina; se o tra- de uvas com aspecto mais atractivo, devido às maiores dimensões
tamento for feito com giberelinas,
dos bagos (Fig. 53), e frutos sem semente (Fig. 54), que são economi-
a flor será masculina. Por sua vez,
as plantas com flor feminina pro- camente mais rendíveis.
duzirão mais etileno.

A
B

Fig. 53 O cacho de uvas (B) tratado com giberelinas apresenta galhos


bem separados e bagos maiores.

Pólen Giberelinas
A B

Fig. 54 As giberelinas são usadas para produzir frutos sem semente (A). Formação de
um fruto no qual não ocorreu polinização nem fecundação (B). A parede do ovário
desenvolveu-se por acção das hormonas.

HORMONA LOCAL FUNÇÕES UTILIZAÇÃO


VEGETAL DE SÍNTESE NA PLANTA NA AGRICULTURA

Giberelinas Meristema • Elimina a dormência • Interrompe


apical, folhas em gemas e a dormência
jovens, raízes sementes de muitas das sementes.
e embrião. espécies vegetais. • Promove
• Provoca o o desenvolvimento
crescimento dos do ovário
entrenós nos caules. e a formação de
• Promove o frutos sem semente
desenvolvimento (sem fecundação).
da semente • Substitui a acção
e a utilização da luz na floração
de substâncias em plantas que
de reserva durante necessitam de muitas
a germinação. horas de luz para
florir.

238 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 239

Citocininas
As citocininas são hormonas vegetais que devem o seu nome
ao facto de desempenharem um papel importante na citocinese
(divisão do citoplasma). A biotecnologia é um ramo da biologia
que se encontra em grande desenvolvimento e onde se aplicam
novas técnicas para conseguir, por exemplo, a propagação das
plantas artificialmente, em laboratório. Nestes trabalhos são utiliza-
dos meios nutritivos com IAA, citocininas, açúcares, vitaminas,
aminoácidos e outros nutrientes. No entanto, verifica-se que a por-
ção do limbo da folha pode originar diferentes partes da planta, de
acordo com a concentração de citocininas aplicadas (Fig. 55).

Fragmento de
células diferenciadas
retiradas da planta.

Meio nutritivo + IAA.

e 1m
Ld
g / na cit g / L
m n i oc de
0,2itoci ini
na
c

0,02 mg / L de C
citocinina
CALO RAMOS
A

RAÍZES

Fig. 55 Regeneração de plantas a partir de porções do limbo e com utilização


de citocininas e auxinas.

HORMONA LOCAL FUNÇÕES UTILIZAÇÃO


VEGETAL DE SÍNTESE NA PLANTA NA AGRICULTURA

Citocininas Raízes. • Promove a divisão • Retarda


Sementes. celular. a senescência
• Atrasa o e o amarelecimento
envelhecimento das folhas.
das folhas.
• Regula
a transpiração
através da abertura
estomática.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 239


872546 220-249_U4 30/5/07 16:25 Page 240

Ácido abcísico
Ao contrário daquilo que há algum tempo se defendia, esta
hormona não é responsável pela abcisão foliar, embora a sua desig-
nação se tenha mantido.
Uma das suas funções é a indução da dormência nas sementes,
ou seja, estas não germinam logo após a sua formação e permane-
cem num estado de vida latente durante algum tempo.
Este estado de dormência durante períodos, que podem chegar
a ser de meses, apresenta a vantagem de possibilitar a sobrevivência
da semente até que estejam reunidas as condições para a germina-
ção. Por exemplo, no caso das plantas que vivem em regiões áridas,
só ocorre germinação após as primeiras chuvas, que libertam a
semente do ácido abcísico. No entanto, sabe-se que uma das fases
iniciais da germinação de qualquer semente é a embebição, para
a qual a água é, obviamente, imprescindível.

ACTIVIDADE

O PAPEL DO ÁCIDO ABCÍSICO

1. Comente a seguinte afirmação: «O ácido abcísico evita uma


germinação sem sucesso.»

HORMONAS VEGETAIS
HORMONA LOCAL FUNÇÕES UTILIZAÇÃO
O efeito das diferentes VEGETAL DE SÍNTESE NA PLANTA NA AGRICULTURA
hormonas depende da
Ácido Caule, folhas • Regula a abertura • Provoca
concentração, do estado abcísico velhas. estomática a dormência
fisiológico da planta, do tipo promovendo o fecho de algumas
de órgão, da interacção com dos estomas. sementes que
factores ambientais e da • Provoca a dormência estariam em
de gemas condições
interacção com as restantes e de sementes. de germinar.
hormonas. Não se atribui uma
grande especificidade às
hormonas vegetais, uma vez
que uma mesma hormona MOVIMENTOS DAS PLANTAS
pode produzir efeitos Além dos movimentos das plantas que correspondem a um crescimento
diferentes e, por outro lado, direccionado, as plantas podem apresentar outros tipos de movimentos,
diferentes hormonas podem como resposta a estímulos externos. Estes movimentos, designados nastias,
produzir o mesmo efeito. não se relacionam com a direcção do estímulo, como no caso dos
tropismos, e podem ser respostas a estímulos mecânicos, ao «movimento»
do Sol ou uma resposta à falta de luz quando anoitece.
As inúmeras respostas das plantas aos estímulos externos não só são
influenciadas por factores diversos, como são, por vezes, o resultado
da conjugação de acções variadas como sejam: hormonas vegetais,
concentrações e acções combinadas dessas hormonas, factores
não hormonais (iões Ca2⫹ e K⫹), fitocromos (proteínas fotorreceptoras)
e sensibilidade dos tecidos aos factores abióticos. A variação brusca
da turgescência das células devido a alterações na concentração de alguns
iões causa, em algumas plantas, estes movimentos.

240 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 220-249_U4 5/3/07 20:07 Page 241

A B

Algumas plantas modificam a posição das suas folhas e pétalas à noite (deixam uma
posição horizontal e adoptam uma posição vertical) como resposta à falta de luz.

O movimento dos girassóis ao longo do dia, seguindo a «posição» do Sol, é um


fenómeno semelhante às nastias.

A Mimosa pudica é uma planta sensitiva, cujas folhas e folíolos «murcham»


em resposta ao toque.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 241


Unidade4_P220-249 28/2/07 16:01 Page 242

Conceitos/Palavras-chave

Necessários Essenciais Complementares

• Germinação • Hormona vegetal • Coleóptilo


• Auxinas • Zonas meristemáticas
• Giberelinas • Nastias
• Citocininas • Tropismos
• Ácido abcísico • Fototropismo
• Etileno • Gravitropismo
• Tigmotropismo
• Hidrotropismo

Síntese de conhecimentos

• As hormonas vegetais regulam o funcionamento e o desenvolvimento das plantas, são


sintetizadas por células que não pertencem a órgãos especializados e actuam em baixas
concentrações no local onde se formaram ou em outros órgãos.

• Os cinco principais grupos de hormonas vegetais são as auxinas, o etileno, as giberelinas, as


citocininas e o ácido abcísico.

• Os tropismos são movimentos orientados das plantas em resposta a um estímulo, podendo ser
positivos, se ocorrer um crescimento em direcção ao estímulo, ou negativos, se a resposta for
na direcção contrária. Factores ambientais capazes de desencadear tropismos são a luz, a
gravidade, a água e estímulos mecânicos (fototropismo, gravitropismo, hidrotropismo e
tigmotropismo, respectivamente).

• As nastias são movimentos das plantas como resposta a vários estímulos externos, mas em
que não há relação com a direcção do estímulo.

• As hormonas vegetais são utilizadas na agricultura para diversos fins, melhorando a


produtividade, de modo a resolver problemas não só relacionados com a necessidade de
maior quantidade de alimentos mas também com as exigências dos consumidores e o
desenvolvimento económico.

• As hormonas vegetais são também muito utilizadas em biotecnologia vegetal, permitindo


diversos trabalhos em laboratório.

242 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 243

ACTIVIDADES

Hormonas vegetais
1. Elabore um mapa de conceitos relativos aos conteúdos desta subunidade.
Não há Forma-se conjunto de
crescimento células indiferenciadas Raízes Caule
2. Observe com atenção a figura, que mostra
o resultado de um trabalho laboratorial
com o objectivo de estudar o efeito
das hormonas vegetais no crescimento
das plantas, e responda às questões.
Tecido
2.1 Seleccione a opção correcta. Com vegetal
inicial
base nos resultados deste trabalho,
poder-se-á concluir que… Meio nutritivo
com agar
A — … a alta concentração de auxina
leva ao desenvolvimento da raiz.
B — … a baixa concentração Auxina 0 2 2 0.02
(mg por litro) (alta concentração) (baixa concentração)
de citocinina leva ao Citocinina 0.2 0.2 0.02 1
(mg por litro) (baixa concentração) (alta concentração)
desenvolvimento da raiz.
C — … a baixa proporção auxina/citocinina leva ao desenvolvimento da raiz.
D — … a baixa proporção auxina/citocinina leva ao desenvolvimento do caule.
2.2 Se, num laboratório, se pretender desenvolver métodos de rápido e eficaz enraizamento
de estacas (porções de caule retiradas de uma planta adulta), quais serão
as concentrações de auxina e citocinina mais aconselháveis?

3. No esquema seguinte, observa-se


os resultados de uma experiência com
a finalidade de verificar a resposta
da planta à influência de um determinado
factor.
I II III
3.1 Qual é o factor em estudo?
Justifique a sua resposta.
3.2 Como se designa este fenómeno?
3.3 Em qual das situações — A, B ou C — se representa aquilo que seria de esperar
observar na raiz, se, no final da experiência, retirasse a planta do vaso?

A B C

4. Leia a afirmação seguinte e seleccione a opção correcta, justificando a sua escolha.


«Os comerciantes devem observar, diariamente, a fruta exposta ao público e retirar as
peças que apresentem manchas escuras.»
Este comportamento é muito importante, porque evita…
A — … o impacto negativo sobre os consumidores.
B — … a produção de odores desagradáveis.
C — … a imaturidade dos frutos.
D — … que o etileno libertado pelo fruto maduro provoque amadurecimento precoce nos frutos
sãos.
E — … que o ácido abcísico provoque o amadurecimento dos frutos.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 243


872546 220-249_U4 5/3/07 20:08 Page 244

CiênciaTecnologiaSociedadeAmbiente

DOC. 1 Centrais nucleares


e poluição térmica
«A necessidade energética é um factor que «A poluição térmica consiste na deteriora-
cada vez mais tem acompanhado as sociedades e ção da qualidade das águas, provocada por
que tem vindo a crescer consideravelmente nes- uma subida da temperatura devido à sua utiliza-
tes últimos anos. Estamos, pois, perante uma ção para o arrefecimento dos condensadores
situação em que cada vez mais é necessário das centrais de produção de electricidade. Esta
arranjar fontes energéticas capazes de suster pode variar entre os 5 ºC e os 12 ºC, no caso das
todas as tecnologias e meios de subsistência que centrais nucleares. Isto origina um aquecimento
se nos apresentam. De momento, esta energia, dos habitats aquáticos.»
em particular a energia eléctrica, é principalmente http://www.educom.pt/proj/por-mares/o_mar.htm
obtida de centrais eléctricas que se baseiam na (adaptado)
combustão do carbono e no aproveitamento do «O lançamento de águas quentes num rio
petróleo. No entanto, estas reservas naturais causará, de imediato, fenómenos localizados de
podem ser recursos por mais alguns poucos sécu- desoxigenação, pois o calor favorece a dissipa-
los, até que se esgotem totalmente […]» ção do oxigénio dissolvido; além disso, a faixa de
Os reactores nucleares oferecem, pois, a temperatura de sobrevivência de peixes e muitos
perspectiva de novas fontes energéticas bastante microrganismos é bastante estreita e, além disso,
abundantes e mais energéticas com a vantagem alguns vegetais têm a sua proliferação acentua-
de não funcionarem libertando gases e fumos. da com o aumento de temperatura.»
Mas também acarretam em si algumas desvanta- http://www.gpca.com.br/Gil/art006.html
gens que devem e têm de ser tidas em conta, de (adaptado)
modo a poder avaliar-se conscientemente aquela «Um grupo de investidores portugueses,
que pode vir a ser a fonte energética do futuro. […] pretende construir uma central nuclear em
Referimo-nos, sobretudo, à produção de radioac- Portugal.
tividade. Eis alguns dos problemas mais sérios a A intenção de apresentar ao Governo uma
serem levados em conta: proposta neste sentido vai ser anunciada publi-
• Explosões e sobreaquecimento; camente […].
• Emissão radioactiva; Com a proposta, será possível reduzir a
• Despojos nucleares; dependência do exterior, diminuir o saldo da
• Poluição térmica. balança de pagamentos, cumprir os compro-
Uma central eléctrica que utiliza vapor para missos de Quioto de redução das emissões de
accionar turbinas tem de ter necessariamente um gases de estufa e, sobretudo, contribuir para a
sistema de arrefecimento que condense o vapor criação de riqueza nacional, com electricidade
novamente em água. Este sistema liberta sempre produzida a partir de urânio nacional. Isto, na
calor para a atmosfera ou para a própria água prática, implicaria, a reactivação das minas da
aquecendo-a. Deste modo, uma central nuclear Urgeiriça.»
não difere de uma central dependente da com- http://www.publico.clix.pt/print.asp?id=1227027
bustão do carbono: ambas libertam o excesso de (adaptado)
calor para a atmosfera e o meio ambiente.
Se o calor for libertado para um sistema
ACTIVIDADES
contendo água, provocará obviamente o aqueci-
mento desta, que se propagará no meio. Este
1. Sendo a temperatura um factor limitante para a vida
aumento da temperatura é, portanto, dependen-
da maioria dos seres vivos, indique as implicações
te da potência da central, da eficiência na con-
que poderá ter a construção de uma central nuclear
versão de energia e do fluxo de água no reserva-
no nosso país, junto a um dos nossos rios.
tório. Muitas vezes, os reactores estão situados
2. Reflicta, em grupo, sobre as vantagens
em zonas próximas de rios e fontes de água, que
e os inconvenientes da utilização desta tecnologia
acabarão por receber este excesso de calor.»
no ambiente e na sociedade portuguesa.
http://students.fct.unl.pt/users/jdvp/risc/riscos.htm
(adaptado)

244 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 220-249_U4 5/3/07 20:09 Page 245

DOC. 2 Quando os neurotransmissores


não são bem recebidos
A miastenia gravis é uma doença rara que
pode afectar homens e mulheres de todas as
idades. É considerada uma doença neuromus-
cular.
Apesar da gravidade e dos sintomas varia-
rem de doente para doente, a miastenia gravis
caracteriza-se por uma fraqueza e fadiga anor-
malmente rápida. Apesar de raramente ser
fatal, a não ser que afecte a musculatura respi-
ratória e de deglutição, diminui em muito a qua-
lidade de vida dos pacientes.
Num indivíduo saudável, quando o impulso
nervoso atinge a terminação do neurónio, os
canais de Ca2⫹, sensíveis às alterações de volta-
gem, abrem permitindo a entrada de Ca2⫹ na
célula. Valores elevados de cálcio vão favorecer
a libertação de acetilcolina (neurotransmissor
existente nas vesículas sinápticas). Este neuro-
transmissor será recebido por um receptor
específico da célula muscular, que, na sua pre-
sença, irá promover a abertura dos canais de
Na⫹, levando à despolarização da célula mus-
cular, o que gerará uma série de reacções que
terminam com a contracção muscular.
Num doente com miastenia gravis o núme-
ro de receptores de acetilcolina nas células
musculares é muito reduzido. Pensa-se que a
redução destas estruturas se deve a um auto-
-ataque, isto é, o indivíduo produz anticorpos
contra as suas próprias moléculas.
Hoje em dia, existem tratamentos (medica-
mentos e/ou cirurgia do timo) razoavelmente efi- Fig. 1 A recepção pela célula muscular dos
neurotransmissores libertados pelo neurónio leva
cazes no tratamento desta doença.»
à sua contracção.
pt.wikipedia.org/wiki/Miastenia_gravis
(adaptado)

ACTIVIDADES

1. Por que razão se pode considerar a miastenia gravis uma doença do foro neuromuscular?
2. Como é que a abertura dos canais de Na⫹ pode promover a despolarização da célula muscular?
3. Como explica os sintomas da miastenia gravis (fraqueza e fadiga) nos indivíduos que dela padecem?
4. Recorrendo à Internet, revistas ou livros, faça uma pesquisa sobre:
a) outras doenças neuromusculares;
b) outras doenças auto-imunes.

unidade 4 Regulação nos seres vivos 245


Unidade4_P220-249 28/2/07 16:02 Page 246

CIÊNCIA NO DIA-A-DIA
Comportamento do peixe espinhoso
O espinhoso é um peixe muito fácil de ter num aquário.
• Durante a época de acasalamento, a coloração
prateada do ventre do macho espinhoso torna-
se vermelha.
• O macho espinhoso atacará qualquer macho
rival que entre no seu território e tentará
afugentá-lo.
• Se uma fêmea de cor prateada se aproximar,
o macho conduzi-la-á até ao seu ninho para
que ponha ali os seus ovos.
Um estudante quer realizar uma experiência
para averiguar o que provoca o comportamento
agressivo do macho espinhoso.
No aquário do estudante só há um macho
espinhoso. O estudante fabricou três modelos
de cera suspensos por um arame.
À vez, vai colocando os modelos dentro do aquário, durante o mesmo intervalo de tempo.
Em cada situação, conta o número de vezes que o peixe reage de forma agressiva, embatendo
contra o modelo de cera. Em baixo figuram os resultados da experiência.
Número de vezes que o macho
adopta uma conduta agressiva

30

15

Modelo 1 Modelo 1 Modelo 1


Cor: Cor: Cor:
prateado vermelho vermelho escuro

1.
Qual é a pergunta a que esta experiência pretende dar resposta?

2.
Se o macho espinhoso vê uma fêmea durante a época de reprodução, procura atraí-la adoptando
uma conduta de cortejo que se assemelha a uma pequena dança. Numa segunda experiência
investiga-se esta conduta de cortejo.
De novo se utilizam os três modelos de cera. Há um de cor vermelha e dois prateados. Destes
últimos, um tem o ventre arredondado e o outro plano. O estudante conta o número de vezes
que (num determinado período de tempo) o macho espinhoso reage perante o modelo adoptando
uma conduta de cortejo. Em baixo figuram os resultados da experiência.

246 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 220-249_U4 7/3/07 17:48 Page 247

30

adopta uma conduta de cortejo


Número de vezes que o macho

15

Três estudantes retiram três conclusões diferentes baseados nos resultados desta segunda
experiência.
São correctas as suas conclusões atendendo à informação que se dá no gráfico?
Responda com «sim» ou «não» para cada uma das conclusões.

É CORRECTA A CONCLUSÃO SEGUNDO A INFORMAÇÃO CEDIDA NO GRÁFICO? SIM OU NÃO?

A cor vermelha faz com que o macho espinhoso adopte uma conduta
de cortejo.
Uma fêmea espinhosa de ventre plano é a causa que provoca um
maior número de vezes a adopção de uma conduta de cortejo por parte
do macho espinhoso.
O macho espinhoso adopta com maior frequência uma conduta de
cortejo perante uma fêmea de ventre arredondado do que perante uma
fêmea de ventre liso.

3.
As experiências demonstraram que o macho espinhoso reage de maneira agressiva perante os
modelos de ventre vermelho, enquanto adopta condutas de cortejo perante modelos de ventre
prateado. Numa terceira experiência utilizaram-se os seguintes modelos sucessivamente.

Os três diagramas seguintes mostram as possíveis reacções do macho espinhoso perante cada um
dos modelos.
Qual das reacções poderia prever para cada um dos quatro modelos?
reacções do macho

reacções do macho

reacções do macho
Número de

Número de

Número de

A B C
Número de condutas agressivas.
Número de condutas de cortejo.

Ciência no dia-a-dia 247


Unidade4_P220-249 28/2/07 11:33 Page 248

CIÊNCIA NO DIA-A-DIA
Brilho de lábios
A tabela que se segue contém duas receitas diferentes para a elaboração caseira de produtos
de cosmética.
O bâton é mais duro que o lip gloss, o qual é brando e cremoso.

LIP GLOSS BÂTON


Ingredientes: Ingredientes:
5 g de óleo de rícino 5 g de óleo de rícino
0,2 g de cera de abelha 1 g de cera de abelha
0,2 g de cera de palma 1 g de cera de palma
1 colher de café de corante 1 colher de café de corante
1 gota de aroma alimentar 1 gota de aroma alimentar

Instruções: Instruções:
Aquecer o azeite e as ceras em Aquecer o azeite e as ceras em
banho-maria até obter uma mistura banho-maria até obter uma mistura
homogénea. Adicionar o corante homogénea. Adicionar o corante
e o aroma, misturando bem. e o aroma, misturando bem.

1.
Para fabricar os bâtons e os lip gloss, misturam-se azeites e ceras e adiciona-se corante e aroma.
O bâton que se obtém com esta receita é duro e de difícil uso. Que modificações introduziria
nas proporções dos ingredientes, de modo a obter um bâton mais macio?

2.
Os óleos e as ceras são substâncias que se misturam bem entre si. Contudo, os óleos não se
misturam com a água e as ceras não são solúveis na água.
O que é provável que aconteça ao verter-se uma grande quantidade de água na mistura do lip
gloss, quando esta está a ser aquecida?
A — Obtém-se uma mistura mais macia e cremosa.
B — A mistura adquirirá maior consistência.
C — A mistura apenas sofrerá modificações.
D — Grumos grossos da mistura flutuarão na água.

3.
Adicionando substâncias denominadas emulsionantes consegue-se que os óleos e as ceras
se misturem bem com a água.
Porque se pode retirar o bâton com água e sabão?
A — A água contém uma substância emulsionante que permite que o sabão e o bâton se misturem.
B — O sabão funciona como emulsionante, permitindo que a água e o bâton se misturem.
C — Os emulsionantes contidos no bâton permitem que a água e o sabão se misturem.
D — O sabão e o bâton combinam-se para formar uma substância emulsionante que se mistura
com a água.

248 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 220-249_U4 7/3/07 17:48 Page 249

Cárie dentária
As bactérias que habitam na nossa boca são as causadoras das cáries dentárias. As cáries
começaram a ser um problema desde que a expansão do cultivo da cana-de-açúcar, no século XVIII,
fomentou o consumo de açúcar.
Dentes
Hoje em dia, sabemos muito sobre as
cáries. Por exemplo:
• As bactérias causadoras das cáries
alimentam-se de açúcar. 2

• O açúcar transforma-se em ácidos. 1

• Os ácidos atacam a superfície dentária. 3


• Escovar os dentes contribui para
prevenir a formação de cáries. 1 — Açúcar
2 — Ácido
3 — Minerais do

1. esmalte protector
do dente
Que papel desempenham as bactérias no aparecimento das cáries dentárias?
A — As bactérias produzem esmalte. C — As bactérias produzem minerais.
B — As bactérias produzem açúcar. D — As bactérias produzem ácidos.

2.
O gráfico da figura mostra o consumo de açúcar e a quantidade de cáries em diversos países.
Cada país aparece representado no gráfico por um ponto.
Qual das seguintes afirmações está de acordo com os dados do gráfico?
A — Nalguns países, as pessoas
escovam os dentes com 10
mais frequência do que
9
Percentagem média de número de cáries

noutros.
8
B — Quanto mais açúcar for
por pessoa nos distintos países

consumido, maiores são as 7


probabilidades de ter 6
cáries.
5
C — Nos últimos anos, a taxa
de cáries aumentou 4

em muitos países. 3
D — Nos últimos anos,
2
o consumo de açúcar
1
aumentou em muitos
países.
20 40 60 80 100 120 140
Percentagem média de consumo de açúcar
(gramas por pessoa/dia)

3.
Um determinado país tem uma elevada percentagem de pessoas com cáries.
Pode-se responder às seguintes perguntas sobre as cáries nesse país recorrendo a experiências.
Responda com um «sim» ou «não» a cada uma das perguntas.

PODE-SE RESPONDER A ESTA PERGUNTA RECORRENDO A EXPERIÊNCIAS?


Que efeito terá sobre as cáries adicionar flúor na água do consumo?
Qual deverá ser o custo de uma visita ao dentista?

Ciência no dia-a-dia 249


872546 250-256_Glossario 5/3/07 20:13 Page 250

GLOSSÁRIO
Conservação
UAbsorção UCadeia respiratória Preservação da biodiversidade do Pla-
Processo de passagem de substâncias Última etapa da respiração aeróbia em neta.
do exterior para o interior de uma célu- que existe fluxo de electrões ao longo Coração
la ou organismo. de moléculas transportadoras dando Órgão vital do sistema de transporte
Ácido abcísico origem à libertação de energia, que dos animais e que garante o bombea-
Hormona vegetal que entre outras fun- permite a síntese de ATP. mento de fluido circulante.
ções é responsável pela regulação da Capilares
abertura estomática. Vasos sanguíneos de menor calibre, UDescarboxilação
Ácido úrico constituídos por uma única camada Reacção química em que há perda de
Produto de excreção azotado insolúvel interna de células. dióxido de carbono.
na água, excretado por animais que Catabolismo Despolarização
vivem em ambientes com limitações de Conjunto de reacções celulares onde há Fase integrante do potencial de acção
água. degradação de matéria e consequente e que se caracteriza pela inversão do
Ácidos nucleicos libertação de energia. estado de polarização da membrana.
Biomoléculas constituídas por nucleóti- Cavidade gastrovascular Difusão
dos, responsáveis pela informação gené- Cavidade corporal de alguns animais Transporte de pequenas substâncias
tica. que, além da função digestiva, tem tam- através de membranas a favor do gra-
Adesão bém a função de transporte. diente de concentração.
Força de união que se verifica entre as Célula Difusão directa
moléculas de água e outras moléculas Unidade de constituição e funciona- Troca gasosa que ocorre entre a super-
polares. mento dos seres vivos. fície respiratória e as células.
ADP Células-flamejantes Difusão indirecta
Adenosina difosfato, molécula que pode Células específicas dos platelmintes, Troca gasosa que ocorre entre a super-
armazenar energia, convertendo-se em possuem um conjunto de cílios no seu fície respiratória e o fluido circulante de
ATP. interior e fazem parte integrante de um organismo.
Água protenefrídeos que têm a seu cargo a
Digestão extracelular
Molécula constituída por dois átomos responsabilidade da excreção nestes
Digestão que ocorre em cavidades pró-
de hidrogénio e um átomo de oxigénio, animais.
prias do organismo, fora das células.
sendo a mais abundante nos seres Ciclo de Krebs
Digestão intracelular
vivos e indispensável à realização de Etapa da respiração aeróbia, em que as
Digestão que ocorre no interior das célu-
variadas funções. reacções são cíclicas, sendo a fonte de
las do organismo.
Amónia electrões da cadeia respiratória.
Produto de excreção azotado muito
tóxico e solúvel em água, excretado por
Circulação completa
Movimentação de sangue nos mamífe-
UEcossistema
Conjunto de seres vivos de várias comu-
animais que vivem em ambientes sem ros e nas aves, que possuem coração nidades que estabelecem relações entre
limitações de água. com quatro cavidades e em que nunca si e com o meio.
Anabolismo ocorre mistura entre sangue arterial
e venoso.
Ectotermia
Conjunto de reacções celulares onde Característica dos animais poiquilotér-
há síntese de compostos e consequen- Circulação incompleta micos cujo controlo do calor interno
te gasto de energia. Movimentação de sangue que ocorre provém principalmente de mecanismos
Artérias em alguns vertebrados e em que, devi- comportamentais.
Vasos sanguíneos de maior calibre que do à existência de um único ventrículo
no coração, pode haver mistura entre
Endocitose
asseguram a saída do sangue do cora- Processo através do qual substâncias
ção. sangue arterial e venoso.
entram nas células envolvidas por por-
ATP Citocininas ções de membrana plasmática.
Adenosina trifosfato, molécula armaze- Hormona vegetal que entre outras fun-
ções é responsável pela divisão celular.
Endocitose mediada
nadora de energia que se convertem por receptores
em ADP, libertando energia. Citoplasma Processo específico de transporte atra-
Auxinas Meio interno da célula, de composição vés do qual macromoléculas entram
Hormona vegetal que entre outras fun- aquosa, onde se encontram os organi- nas células envolvidas por porções de
ções é responsável pelo crescimento tos celulares. membrana plasmática dependentes de
apical das plantas e pelos tropismos. Cloroplasto receptores proteicos da mesma.
Organito celular existente nas células
UBiodiversidade
Endotermia
vegetais, onde se realiza a fotossíntese. Capacidade de os seres vivos mante-
Nível global ou local de diversidade de Coesão rem a sua temperatura interna cons-
seres vivos existentes no planeta Terra. Capacidade das moléculas de água se tante recorrendo a mecanismos fisioló-
Biosfera manterem unidas entre si devido à sua gicos.
Ecossistema global. Conjunto de todos polaridade. Enzima
os locais do planeta Terra onde existe Comunidade Molécula de natureza proteica que actua
vida, de todos os seres vivos e de todas Conjunto de várias populações, que nas reacções químicas acelerando-as.
as suas inter-relações. vivem no mesmo local e que se inter- É também utilizado no género masculi-
Brânquia relacionam. no, «o enzima», por desempenhar fun-
Superfície respiratória de animais aquá- ções de catalisador, embora seja um
ticos. substantivo do género feminino.

250 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


glossário P250-256 28/2/07 11:34 Page 251

Espécie Fluxo de massa Homeotermia


Conjunto de seres vivos semelhantes Movimentação de matéria orgânica no Capacidade dos seres vivos manterem
entre si, que conseguem reproduzir-se floema em consequência das diferen- a sua temperatura interna constante
e originar descendentes férteis. ças da sua concentração entre os órgãos independentemente da variação das
Estoma que a produzem e os restantes. temperaturas externas.
Conjuntos celulares que se encontram Fotoautrotófico Hormona antidiurética (ADH)
ao nível da epiderme das folhas e cau- Ser vivo produtor que usa a energia Hormona sintetizada por células do
les herbáceos que permitem o controlo solar como fonte de energia, e a trans- hipotálamo, que controla a permeabili-
das suas perdas de água e troca de forma em energia química. dade da estrutura excretora da água.
gases pela planta. Fotossíntese Hormona vegetal
Etileno Processo realizado por seres autotrófi- Substâncias sintetizadas pelas plantas
Hormona vegetal que entre outras fun- cos em que a energia luminosa é trans- capazes de regular o funcionamento e
ções é responsável pela abcisão das formada em energia química. desenvolvimento das mesmas.
folhas e maturação dos frutos.
UImpulso nervoso
Fototropismo
Exocitose Crescimento das plantas estimulado
Processo pelo qual substâncias inte- pela luz. Potencial de acção propagado ao longo
gradas em vesículas são libertadas para de um axónio ou fibra muscular.
o exterior da membrana. UGiberelinas Ingestão
Exsudação Hormona vegetal que entre outras fun- Introdução de alimentos no interior do
Fenómeno que se verifica em algumas ções é responsável pelo crescimento organismo.
plantas e que se traduz por uma saída de entrenós em caules.
de água através de um corte feito no Glândulas do sal ULinfa
caule, acima da raiz. Estruturas típica de peixes e aves mari- Fluido circulante constituído por plas-
Extinção nhas que excretam os sais em excesso ma e glóbulos brancos e que assegura
Fenómeno de desaparecimento de todos destes animais. um contacto íntimo com as células.
os seres vivos de uma espécie, pode Glicólise Lípido
ser provocado por causas naturais ou Etapa inicial da fermentação e da respi- Biomolécula constituída por carbono,
pelo Homem. ração, em que a molécula de glucose é oxigénio e hidrogénio. Os mais abun-
transformada em ácido pirúvico. dantes nas células são constituídos por
UFactor limitante Glúcido (ou glícido) ácidos gordos e glicerol e podem ter
Factores que acima e abaixo de deter- função estrutural ou energética.
Biomolécula constituída por carbono,
minados valores condicionam a sobre- oxigénio e hidrogénio, cujas unidades Lise celular
vivência dos seres vivos. se designam monossacáridos, podendo Destruição de uma célula devido à rup-
Factores abióticos ter função energética ou estrutural. tura da membrana celular provocada
Componentes não vivos do meio ambien- pela entrada de água em excesso, o
Gravitropismo
te (ex.: temperatura, luz, humidade) que que acontece quando a célula é colo-
Crescimento das plantas estimulado pela
influenciam os seres vivos. cada num meio muito hipotónico.
força da gravidade.
Factores bióticos
Componentes vivos do meio ambiente
Gutação
Fenómeno que se verifica em algumas
UMacroconsumidor
e suas inter-relações. Ser vivo heterotrófico que se alimenta
plantas em que a água é forçada a sair
de matéria orgânica já fabricada.
Fagocitose por aberturas que existem nas folhas
Processo pelo qual substâncias sólidas, (hidátodos). Macromolécula
entram nas células envolvidas por por- Molécula de grandes dimensões, polí-
ções de membrana plasmática, após UHematose mero.
a emissão de pseudópodes. Troca gasosa. Meio externo
Fermentação Meio extracelular, o que se encontra no
Hemocélio
Processo realizado pelos seres anaeró- exterior da célula.
Cavidade corporal dos insectos que se
bios, onde a degradação da matéria encontra preenchida por líquido circu- Meio hipertónico
orgânica não utiliza oxigénio. lante. Meio com uma concentração de soluto
Fermentação alcoólica superior ao de um outro.
Hemolinfa
Processo fermentativo em que ocorre Fluido que circula nos vasos do siste- Meio hipotónico
descarboxilação do piruvato, sendo ori- ma de transporte dos invertebrados Meio com uma concentração de soluto
ginado álcool etílico (etanol). e que banha as células garantindo as inferior ao de um outro.
Fermentação láctica trocas de substâncias entre estas e o Meio interno
Processo fermentativo em que não exis- meio. Meio intracelular, o que se encontra no
te descarboxilação do piruvato, sendo Hidrotropismo interior da célula.
originado ácido láctico. Crescimento das plantas estimulado Meio isotónico
Floema pela água. Meio com igual concentração de soluto
Tecido de transporte das plantas que Homeostasia de um outro.
garante a circulação das substâncias Capacidade dos seres vivos que lhes Membrana celular
orgânicas, fabricadas sobretudo nas fo- permite manter os parâmetros inter- ou plasmática
lhas através da fotossíntese, para todos nos constantes independentemente das Membrana envolvente da célula, que a
os órgãos da planta. variações do meio. separa do meio externo.

GLOSSÁRIO 251
glossário P250-256 28/2/07 11:34 Page 252

GLOSSÁRIO

Metabolismo Osmose Produtor


Conjunto de todas as reacções quími- Passagem de água através de mem- Ser vivo autotrófico que consegue fabri-
cas da célula, sendo a soma do anabo- branas selectivamente permeáveis. car matéria orgânica a partir de matéria
lismo e do catabolismo. Oxidação-redução inorgânica e ocupa o primeiro nível tró-
Microconsumidor Reacção química em que há libertação fico da cadeia alimentar.
Ser vivo heterotrófico decompositor, que de um electrão ou protão de uma molé- Proteína
consegue transformar matéria orgânica cula dadora para uma molécula aceita- Biomolécula constituída por carbono,
em inorgânica. dora. oxigénio, hidrogénio e azoto, formada
por unidades designadas aminoácidos
UParabrônquios
Mitocôndria
Organito celular, existente em células e que pode ter, entre outras, função
eucarióticas, responsável pela respira- Superfície respiratória pulmonar, carac- estrutural, transportadora ou enzimática.
ção celular. terística das aves, constituída por um Pulmão
conjunto de tubos abertos nas duas Superfície respiratória de animais ver-
Monómero
extremidades. tebrados com respiração atmosférica.
Unidade química que vai constituir os
Permease
UQuimiautotróficos
polímeros.
Proteína constituinte da membrana plas-
UNADP mática que ajuda no transporte de
determinadas substâncias.
Ser vivo produtor, que usa como fonte
de energia substâncias minerais e a
Nicotinamida adenina dinucleótido fos-
fato, molécula transportadora de elec- Pigmentos fotossintéticos converte em energia química.
trões e de hidrogénios em reacções de Moléculas existentes nos plastos das Quimiossíntese
oxidação-redução. células das plantas, capazes de absor- Processo realizado por algumas bacté-
Nastias ver energia luminosa. rias, em que estas, utilizando compos-
Movimentos das plantas como respos- Piloerecção tos químicos de enxofre, ferro ou azoto,
tas a estímulos externos, que não envol- Mecanismo a que recorrem os animais fabricam compostos orgânicos.

UReacções endergónicas
vem crescimento direccionado. endotérmicos para evitarem a perda de
Nervo calor e que consiste na erecção dos
pêlos. Reacções químicas que se realizam com
Conjunto de fibras nervosas reunidas
consumo de energia.
e envoltas por tecido conjuntivo. Pinocitose
Neurónio Processo pelo qual substâncias fluidas Reacções exergónicas
ou dissolvidas entram nas células envol- Reacções químicas que se realizam com
Célula diferenciada do sistema nervoso.
vidas por porções de membrana plas- libertação de energia.
Neurotransmissor mática.
Molécula produzida e libertada por um
Repolarização
Plasmólise Fase integrante do potencial de acção
neurónio pré-sináptico, capaz de trans-
Perda de água por parte de uma célu- e que se caracteriza por restabelecer o
mitir o impulso nervoso ao neurónio
la, quando colocada num meio hipertó- potencial de repouso da membrana.
seguinte.
nico. Respiração aeróbia
Núcleo
Poiquilotermia (ou exotermia) Processo realizado pelos seres aeró-
Organito limitado pela membrana nu-
Característica dos seres vivos que apre- bios, onde a degradação da matéria
clear, existente nas células eucarióti-
sentam temperaturas corporais variá- orgânica utiliza oxigénio.
cas, local onde se encontra o material
genético que controla o funcionamento veis em consonância com as tempera- Retroalimentação (retroacção,
da célula. turas do meio. retrocontrolo ou feed-back)
Polímero Mecanismo de regulação. Quando o
UOrganismo Molécula de grandes dimensões forma- aumento da concentração de um pro-
duto do metabolismo actua inibindo a
Ser vivo constituído por célula viva ou da por unidades, designadas por monó-
grupo de células diferenciadas em par- meros. produção do mesmo ou vice-versa, diz-
tes funcionalmente distintas e inter- -se negativa. Quando o aumento da
População
dependentes. concentração de um produto do meta-
Conjunto de seres vivos da mesma
bolismo actua estimulando a produção
Órgão espécie, que vivem no mesmo local.
do mesmo, designa-se por positiva.
Constituinte do organismo, formado por Potencial de acção
vários tecidos e com uma ou mais fun-
ções específicas.
Inversão transitória da polarização da
membrana de uma célula electrica-
USacos aéreos
Sacos membranosos, interligados com
Osmoconformante mente excitável.
o pulmão das aves, onde existe uma
Animal cujos solutos dos fluidos corpo- Potencial de membrana reserva de ar.
rais se mantêm em concentrações Diferença de potencial eléctrico entre o
variáveis e de acordo com as concen-
Sais minerais
interior e o exterior de uma membrana,
Substâncias químicas (solutos) que
trações do meio onde se inserem. a qual se deve a uma diferente distri-
se encontram na forma de iões simples
Osmorregulação buição de cargas eléctricas.
ou ligados entre si, que o organismo
Capacidade dos seres vivos manterem Pressão radicular necessita para o seu bom funciona-
os solutos dos seus fluidos corporais Fenómeno que ocorre em algumas mento.
em concentrações constantes, indepen- plantas e se traduz na subida da seiva
dentemente das variações do meio.
Sangue
xilémica devido à pressão exercida, ao
Fluido circulante constituído por plas-
Osmorregulador nível das células da raiz, pela contínua
ma, glóbulos vermelhos, glóbulos bran-
Animal que possui os solutos dos seus entrada de água para equilibrar a alta
cos e plaquetas sanguíneas e que
fluidos corporais com concentrações concentração de sais minerais.
garante as trocas entre as células e o
constantes e diferentes do meio onde meio externo.
se inserem.

252 BIOLOGIA A vida e os seres vivos


872546 250-256_Glossario 5/3/07 20:14 Page 253

Seiva floémica Tubo digestivo incompleto


Fluido constituído essencialmente por UTecido Tubo digestivo que apresenta uma única
água e matéria orgânica que circula no Conjunto de células semelhantes entre abertura, boca.
floema das plantas. si, que têm a mesma função. Túbulos de Malpighi
Seiva xilémica Tegumento Estruturas excretoras dos insectos com
Fluido constituído por água e sais mine- Camada que reveste os animais. a forma de túbulos associados ao intes-
rais que circula no xilema das plantas. Tensão tino, e que têm como função a excre-
Ser multicelular Força de sucção que se gera nas célu- ção nestes animais.
Ser vivo constituído por várias células. las das plantas, em consequência da Turgescência
Ser unicelular perda de água por transpiração, o que Aumento da quantidade de água numa
Ser vivo constituído por uma única desencadeia o movimento de água no célula quando colocada num meio hipo-
célula. xilema. tónico.
Termorregulação
Seres aeróbios
Seres vivos que utilizam oxigénio na Conjunto de mecanismos desencadea- UUltra-estrutura da membrana
dos pelos animais que contribuem para Constituição molecular da membrana
degradação de compostos orgânicos
que estes mantenham a temperatura e a forma como as moléculas consti-
para obtenção de energia.
do corpo em valores compatíveis com tuintes se organizam.
Seres anaeróbios a vida.
Seres vivos que não necessitam de oxi-
Ureia
génio na degradação de compostos Tigmotropismo Produto de excreção azotado, menos
Crescimento das plantas em resposta a tóxico que a amónia mas ainda solúvel
orgânicos para obtenção de energia.
estímulos mecânicos. em água.
Seres anaeróbios facultativos
Seres vivos que conseguem viver na
ausência ou na presença de oxigénio,
Tilacóides
Constituintes do cloroplasto, em forma UVacúolo digestivo
de sacos achatados empilhados que Organito citoplasmático resultante da
podendo por isso realizar fermentação
contêm as clorofilas. junção de um fagossoma com um lisos-
ou respiração.
soma primário e onde ocorre a digestão
Seres anaeróbios Translocação
celular.
obrigatórios Movimento de substâncias nos tecidos
de transporte das plantas. Vasoconstrição
Seres vivos que só conseguem sobrevi-
Mecanismo que consiste na redução
ver na ausência de oxigénio, por isso só Transpiração
do diâmetro dos vasos sanguíneos
realizam fermentação. Perda de água sob a forma de vapor
periféricos e que permite, aos animais
Seres autotróficos por parte de um organismo.
endotérmicos, diminuir a perda de
Seres vivos que sintetizam matéria orgâ- Transporte activo calor.
nica a partir de matéria inorgânica. Transporte efectuado contra gradientes
Vasodilatação
Seres heterotróficos de concentração e que requer consu-
Mecanismo que consiste na dilatação
Seres vivos que utilizam matéria orgâ- mo de energia (ATP).
dos vasos sanguíneos periféricos e que
nica como fonte de carbono. Transporte facilitado permite, aos animais endotérmicos, per-
Sistema aberto Transporte de substâncias através das der calor.
Sistema que troca matéria e energia membranas, que recorre a transporta-
Veias
com o exterior. dores específicos (permeases).
Vasos sanguíneos que asseguram o
Sistema de órgãos Traqueia acesso do sangue ao coração.
Conjunto de órgãos que trabalham em Canal do sistema respiratório dos ani-
Via metabólica
conjunto para uma função comum. mais com respiração atmosférica. Nos
Conjunto de reacções químicas em
insectos são constituídas por anéis qui-
Sistema de transporte aberto cadeia, sendo o produto da primeira
linosos e ligam a superfície externa
Conjunto de órgãos responsável por reacção utilizado como substrato da
directamente às células.
assegurar as trocas de materiais entre segunda e assim sucessivamente.
as células e o meio externo e em que Tremores
o líquido circulante abandona os vasos Mecanismo a que recorrem os animais
endotérmicos para produzirem calor e
UXilema
e banha as células. Tecido de transporte das plantas res-
que consiste na contracção involuntá- ponsável pela circulação da água e dos
Sistema de transporte ria dos músculos.
fechado sais minerais, num sentido ascenden-
Conjunto de órgãos responsável por Tropismos te, desde a raiz até às folhas.
Movimentos das plantas, caracterizado
UZonas meristemáticas
assegurar as trocas de materiais entre
as células e o meio externo e em que o pelo seu crescimento orientado por um
líquido circulante, sangue, não aban- determinado factor ambiental. Zonas limitadas das plantas onde ocor-
dona os vasos sanguíneos. Tubo digestivo re divisão celular, e portanto responsá-
Cavidade corporal em forma de tubo veis pelo crescimento das mesmas.
Sistema fechado
Sistema que não efectua trocas de maté- onde decorrem os vários processos de
ria com o meio. digestão.

Sudorese Tubo digestivo completo


Mecanismo a que recorrem os animais Tubo digestivo que apresenta duas aber-
endotérmicos para perderem calor e que turas, boca e ânus.
consiste na libertação de suor.

GLOSSÁRIO 253
BIBLIOGRAFIA
LIVROS
ALTERS e ALTERS – Biology, Understanding Life. Wiley, 2006.
AMABIS, J.; MARTHO, C. – Biologia dos Organismos. Editora Moderna, São Paulo, 1994.
ATTENBOROUGH, D. – O Planeta Vivo. London: Edição aumentada de Selecções do Reader’s Digest, 1984.
ATTENBOROUGH, D. – A Vida na Terra. London: Edição aumentada de Selecções do Reader’s Digest, 1979.
AZEVEDO, C. – Biologia Celular e Molecular. 4.ª edição, Lidel, 2005.
BUCHANAN; GRUISSEM; JONES – Biochesmistry and Molecular Biology of Plants. American Society of Plant Physiologists. Maryland, 2000.
BURTON, M. – Enciclopédia do Reino Animal (vols. 1 e 2 ). Verbo Juvenil, 1971.
CAMPBELL, N. A.; MITCHELL, L. G.; REECE, J. B. – Biology — Concepts and Connections. 3.rd edition. The Benjamin/Cummings Publishing Company,
Califórnia, 2000.
COUSTEAU, J.; RICHARDS, M. – Cousteau na Amazónia. Edições Latinas.
ESAU, KATHERINE – Anatomia das Plantas com Sementes. Editora Edgard Blücher, São Paulo, 1974.
HALPERN, M. J. – Bioquímica. Lisboa: Lidel, edições técnicas, 1997.
JENSEN, W. A.; SALISBURY, F. B. – Botany: An Ecological Approach. Wadsworth Publishing Company, Inc., Califórnia, 1972.
JONES, M.; JONES, G. – Advanced Biology. Cambridge University Press, 2002.
LEITE, P. – Fisiologia do Exercício, Ergometria e Condicionamento Físico. 2.ª Edição, Rio de Janeiro: Livraria Atheneu, 1986.
LENHINGER, A. – Bioquímica. Edições Edgard Blücher, 1978.
MATHEWS, D.; FOX, E. – Bases Fisiológicas da Educação Física e dos Desportos. Interamericana, Rio de Janeiro, 1979.
MCGRAYNE, S. B. – 365 Descobertas, Curiosidades e Factos Científicos Surpreendentes. Gradiva, 2006.
MOORE, R.; CLARK, W. D.; STERN, K. R., Botany, Wmc. Brown Publishers, Dubuque, 1995.
NELSON, D. L.; COX, M. M. – Lehninger Principles of Biochesmistry. Fourth edition, W. H. Freeman and company, 2005.
NEWBY, D.; GRUBB, N. – Cardiologia, Euromédice. Edições médicas, 2005.
NICHOLLS, D. G.; FERGUSON, S. J. – Bioenergetics 3. Academic Press, 2002.
PURVES, W. K.; ORIANS, G. H.; HELLER, H. C.; SADAVA, D. – Life — The Science of Biology. 7.th edition. Massachusetts: Sinaeur Associates. Inc., 2004.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. – Biology of Plants. Seventh edition, W.H. Freeman and Company Publishers, 2005.
RANDALL D.; BURGGREN W.; FRENCH K. – Eckert Animal Physiology — Mechanisms and adaptation. 5.th edition. Freeman, 2002.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. – Plant physiology. Massachusetts: Sinauer Associates, Inc., Publishers. 2006.
WHITE, D. – Physiology and Biochemistry of Procaryotes. Second edition, Oxford University Press, 1995.

REVISTAS E ENCICLOPÉDIAS
Super Interessante, n.os 7, 9, 14, 16, 19, 28.
Forum Ambiente — ESPÉCIES AMEAÇADAS EM PORTUGAL, Edição Especial EDP.
Forum Ambiente. Ecoesfera, Edição de Publicação, S.A., n.os: 21, 30 e 33.
Enciclopédia História Natural, Resomnia Editores, 1988.
Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de S. Paulo, vol. 14 — n.º 3, Maio/Junho 2004.
National Geographic — Portugal, n.º 23, Fevereiro 2003.
Scientific American — Brasil, n.º 43, Dezembro 2005.

@LGUNS SÍTIOS DE INTERESSE


www2.udec.cl/~lebravo/Ejercicios/Guias/Practico6.doc
www.pbrc.hawaii.edu/microangela/cells.htm
www.stamaria.com.br/imagens/vestibular/upi/provas/2005/Biologia/pdf
www.uepg.br/cps/provas/2º_2004/Biologia/pdf
www.usp.br/cbm/artigos/elefante_marinho/elefante_marinho.html
www.pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Mirounga_leonina_male.JPG
www.min-saude.pt/Portal
www.hoops.pt/saude/asma.htm
www.pt.wikipedia.org/wiki/Asma
www.gsk.pt/articles/10802.asp
www.cienciapt.net/noticiasdesc.asp?id=12596
www.listas.cev.org.br/pipermail/cevciclo/2004-March/000045.html
www.arzt.com.br/info8.shtm
www.cientic.com/tema_plantas_pp4.html
www.emc.maricopa.edu/faculty/farabee/BIOBK/BioBookTOC.html
www.redescolar.ilce.edu.mx/redescolar/act_permanentes/conciencia/experimentos/transporte.htm

254  B I O L O G I A   A v i d a e o s s e r e s v i v o s

872546 254-255.indd 254 24/09/13 15:53


www.ficharionline.com/biologia/index.php
www.angelfire.com/ar3/alexcosta0/RelHid/Rhw5.htm
www.merck.com/mrkshared/mmanual/
www.celulas.no.sapo.pt/links_favoritos.htm
www.2010.flmid.com/Noticia.aspx?idNoticia=567
www.hcor.com.br/index.asp?Fuseaction=Conteudo&Menu=12,29,65,0&ParentID=65
www.arsc.online.pt/scripts/cv.dll?sec=infosaude/doencas&pass=angina
www.biopiscinas.pt/ETAP/tutor.html-5K
www.naturlink.pt
www.etarplan.pt/index_direita.htm
www.temas.buscaki.com.br/agronegocios
www.conpet.gov.br/noticias/noticias.php?segmento
www.terragalleria.com/scripts/dbsearch.php
www.cpa.unicamp.br/sbfu/arquivos/aulas/
www.feiradeciencias.com/fc/dpbio/metaboli.htm
www.icn.pt
www.europa.eu.int/comm/environment
www.quercusambiente.org/
www.waste.ideal.es/primeraplantas.htm
www.herbarivirtual.uib.es/cas/nom_cientific/a.html
www.camarinha.aveiro-digital.net/
www.lipidoptera.datahosting.com.br
www.jornaldaciência.org.br
www.pt.wikipedia.org/wiki/categoriahistoria
www.invivo.fiocruz.br/celula/teoria
www.invivo.fiocruz.br/celula/historia
www.um.es/molecula/indica.htm
www.nationalgeographic.pt/revista/0203/feature2/default.asp.
www.naturlink.pt/canais/Artig.asp?
www.pt.wikipedia.org/wiki/Miastenia
www.students.fct.unl.pt/users/jdvp/risc/riscos.htm
www.educom.pt/proj/por-mares/o_mar.htm
www.gpca.com.br/Gil/art006.html
www.publico.clix.pt/print.asp?id=1227027

FONTES FOTOGRÁFICAS
Casa da Imagem p. 161 Fabrico do iogurte. p. 194 Colibri em voo.
p. 6 Gafanhoto. p. 164 Mitocôndria. p. 196 Cão.
p. 14 Ilustração de uma célula. p. 172 
Streptococcus thermophilus p. 209 Pele com pêlos eriçados.
p. 24 Células de batata. e Lactobacillus bulgaricus.
p. 176 Axolote mexicano. PAULO DE OLIVEIRA
Grãos de pólen.
Células em divisão. p. 200 Corte transversal de um axónio. p. 8 Parque Natural de Montesinho.
Citoesqueleto celular. p. 206 Sinapse observada ao microscópio p. 10 Garça.
p. 30 Escherichia coli a dividir-se. electrónico. p. 26 Observação microscópica da epiderme
p. 31 Parede celular. p. 209 Escaravelho. da cebola.
Membrana plasmática. p. 223 Pedra do rim. p. 27 Observação microscópica do epitélio
Nucleóide celular. p. 226 Paciente em hemodiálise. bucal.
Núcleo celular. p. 56 Libertação de oxigénio numa planta.
Corbis/VMI Serpente a comer um ovo.
p. 32 Complexo de Golgi.
Lisossoma. p. 34/74 Retículo endoplasmático. p. 59 Rato-do-campo.
p. 38 Glicogénio. p. 142 Capilares sanguíneos. p. 66 Células de elódea.
p. 56 Parede celular. p. 176 Anelídeo marinho. p. 106 Sequóia.
p. 57 Bactérias sulfurosas. p. 198 Tartaruga e borboletas. p. 112 Observação microscópica
p. 77 Hidra. p. 217 Cardume de bacalhau. de dicotiledónea.
Planária. p. 232 Plantas a germinar. p. 113 Observação microscópica
p. 119 Estoma aberto. de dicotiledónea.
Estoma fechado. Gettyimages/Imageone p. 114 Pêlos radiculares.
p. 141 Sangue centrifugado. p. 16 Floresta de eucaliptos. p. 118 Observação microscópica
p. 147 Stent numa artéria. p. 54 Rato-do-campo. de estomas.
p. 148 Leveduras em gemulação. p. 55 Ramo com folhas verdes. p. 123 Afídeo excretando seiva.
Árvore brônquica. p. 107 Constituintes do sangue. p. 130 Hidra.
p. 150 Leveduras em gemulação. p. 129 Parede transversal de célula. p. 153 Insecto em voo.
p. 156 Leveduras observadas p. 161 Garrafas com vinagre. p. 180 Molde de estomas fechados.
ao microscópio. p. 177 Constituição de um estoma. p. 217 Rato-canguru.

  B I B L I O G R A F I A   255

872546 254-255.indd 255 24/09/13 15:53


O livro Planeta com Vida de Biologia e Geologia, destinado
ao 10.o ano de escolaridade, do Ensino Secundário,
é uma obra colectiva, concebida e criada pelo Departamento
de Investigações e Edições Educativas da Santillana-Constância,
sob a direcção de Sílvia Vasconcelos.

EQUIPA TÉCNICA
Chefe de Equipa Técnica: Teresa Coelho
Modelo Gráfico e Capa: Carla Julião
Ilustrações: Diana Marques, Hüller e Leonor Antunes
Paginação: Patrícia Boleto e Tiago Boleto
Documentalista: Luísa Rocha
Revisão: Catarina Pereira, Constança Bobone e Elisabete Rodrigues

EDITORA
Ana Duarte

CONSULTORES CIENTÍFICOS
Orlando Luís –– Doutorado em Biologia (Biologia Tecnológica)
pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em 1989.
Docente e investigador do Departamento de Biologia Animal
da mesma instituição, tem sido professor da cadeira de Fisiologia
Animal e desenvolvido actividade científica no âmbito da Biologia
Marinha, nomeadamente a fisiologia da nutrição e reprodução
de invertebrados marinhos.
Vera Pinto –– Doutorada em Biologia (Morfologia e Fisiologia Vegetal)
pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em 1988.
Docente do Departamento de Biologia Vegetal da FCUL e investigadora
do Centro de Engenharia Biológica da UL, tem desenvolvido actividade
científica nas áreas da Bioenergética e da respiração mitocondrial
e leccionado módulos correspondentes a estas áreas nas disciplinas
do grupo de Fisiologia.

© 2007

Rua Mário Castelhano, 40 – Queluz de Baixo


2734-502 Barcarena, Portugal

APOIO AO PROFESSOR
Tel.: 214 246 901
apoioaoprofessor@santillana.com

APOIO AO LIVREIRO
Tel.: 214 246 906
apoioaolivreiro@santillana.com

Internet: www.santillana.pt

Impressão e Acabamento: DPS – Digital Printing Services

ISBN: 978-972-761-702-9
C. Produto: 510 111 401

1.a Edição
13.a Tiragem

Depósito Legal:  253039/07

872546 256.indd 256 28/12/16 18:15

Você também pode gostar