Tema:
Discente:
Trabalho da disciplina de
Antropologia Cultural, por apresentar
no curso de Relações Públicas 1o ano,
2º semestre, com objectivo avaliativo
orientado pelo dr.
A antropologia emergiu como ciência na segunda metade do século XIX, foi marcada pelo
triunfo das ideias evolucionistas saídas dos escritos de Herbert Spencer, Charles Darwin,
Alfred Wallace (1823-1913) e outros. Na antropologia, as teorias evolucionistas estão
associadas a nomes pioneiros, como o britânico Edward Burnett Tylor (1832-1917) e o
americano Lewis Henry Morgan (1818-1889).
Tylor acreditava na “unidade psíquica” da espécie humana, o que segundo ele explicava a
“evolução paralela” das civilizações em diferentes pontos do globo. Ele dava também
importância ao papel da “difusão cultural” na propagação das formas culturais. As sociedades
podiam importar elementos culturais umas das outras através de um processo de difusão. As
teorias evolucionistas não explicam satisfatoriamente toda a diversidade cultural. Porque é
que umas sociedades “evoluíram” para a “civilização” enquanto outras se mantiveram na
“selvajaria”? Se existe uma unidade psíquica da humanidade, então como se explica toda a
diversidade cultural existente? Mais, existe hoje evidência etnográfica e histórica de que nem
todas as sociedades passaram pelas mesmas fases na sua marcha evolutiva para a
“civilização”.
1.2. Difusionismo
O difusionismo tornou-se popular, nos finais do século XIX, quando o evolucionismo era
ainda uma teoria influente, e constituiu um domínio das teorias evolucionistas. Existiram duas
escolas principais: uma na Alemanha-Áustria e outra na Grã-Bretanha. Quanto ao
difusionismo britânico, as suas principais figuras foram Grafton Elliot Smith (1871-1937),
William J. Perry (1887-1949) e W. H. R. Rivers (1864-1922).
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A sua ideia central era a de que as civilizações mais “avançadas”, das quais a Europa
representava o expoente máximo, tinham a sua origem no velho Egipto, considerado uma
civilização avançada devido ao facto de nela se ter desenvolvido a prática da agricultura
muito cedo e de esta ter levado ao desenvolvimento de formas de religião, arquitectura e arte
muito “avançadas”. Para os difusionistas britânicos, a evolução independente e paralela
parecia de menor importância, senão mesmo uma concepção errada. Para eles, a difusão a
partir do Egipto explicava o desenvolvimento de todas as outras civilizações. A espécie
humana não era particularmente inventiva, pelo que não fazia sentido que soluções
extremamente engenhosas e requerendo grandes capacidades tivessem sido inventadas várias
vezes em sítios diferentes. A humanidade era sobretudo imitadora e não inventora.
Nos EUA, o difusionismo deu origem ao conceito de áreas culturais, chegando a formar-se
uma pequena escola sustentada pelos trabalhos de Wissler e Kroeber, mas as suas ambições
teóricas eram bem menores do que as dos difusionistas europeus. Segundo os difusionistas a
semelhança de características culturais numa determinada área era explicada pela difusão a
partir de um centro. Quanto mais nos afastássemos desse centro menor seria a relação entre os
elementos culturais originais existentes nesse centro e os elementos encontrados na sua
periferia. O conceito de área cultural teve a sua origem nas exigências práticas da pesquisa
etnográfica norte-americana, tendo sido usado como artifício heurístico no mapeamento e
classificação dos grupos tribais das Américas do Norte e do Sul.
O difusionismo contribuiu para que as colecções dos museus passassem a ser organizadas
com base em categorias geográficas em vez de dispostas segundo um modelo evolucionista. O
princípio da difusão não está errado em si mesmo. De facto, as sociedades trocam entre si
elementos das suas culturas. Mas o que o difusionismo não explica é porque é que uns
elementos se difundem enquanto outros não. Por exemplo, porque é que a “cultura” da Coca-
Cola se difunde tão facilmente, tornando-se praticamente universal, enquanto a monogamia
não? E a mesma questão se pode colocar em relação a muitas outras coisas.
Estes dois paradigmas marcaram a antropologia social europeia, sobretudo britânica, até pelo
menos ao início da década de 1950. O funcionalismo interpreta a sociedade como se ela fosse
um organismo; cada parte do sistema desempenha uma determinada função. O trabalho do
antropólogo seria explicar as funções das diferentes partes do sistema social. As teorias
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funcionalistas na antropologia estão associadas a duas escolas britânicas: o funcionalismo de
Bronislaw Malinowski e o estrutural- funcionalismo de Alfred R. Radcliffe-Brown.
A cultura estava ao serviço da satisfação dessas necessidades. Por outro lado, a satisfação das
necessidades básicas daria origem a outro tipo de necessidades, e, assim, as coisas ter-se-iam
tornado mais complexas em termos de organização social. Por exemplo, para Malinowski, a
religião e a magia serviam para apaziguar as ansiedades originadas pela incerteza em que
vivemos quanto à satisfação das nossas necessidades.
A relação entre genro e sogra, por exemplo, pode ir desde a total falta de contacto entre eles
até à existência de relações de grande informalidade, dependendo da sociedade em questão.
Noutros casos, a relação pode ser mesmo de desrespeito, recíproco ou de apenas uma das
partes. A descrição e análise das relações sociais constituíam o objecto central da escola
estrutural-funcionalista.
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Radcliffe-Brown entendia que o evitar de contactos é mais frequente quando os parentes
pertencem a gerações diferentes, enquanto as relações entre parentes da mesma geração
tendem a ser mais informais e de brincadeira. Contudo, qualquer uma das formas tem como
resultado aliviar as tensões entre indivíduos pertencentes a grupos diferentes ligados através
do casamento.
1.4. O estruturalismo
Segundo Lévi-Strauss, a cultura, expressa através dos rituais, da arte e do quotidiano, não é
mais do que a manifestação de uma estrutura mental profunda inerente à espécie humana. Por
exemplo, o facto de as populações “primitivas” organizarem os casamentos através de um
sistema de moitiés (metades), que trocam entre si os indivíduos para fugir à endogamia, é um
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exemplo de organização binária. A estrutura binária da mente humana reflectir-se-ia assim na
linguagem e nas instituições culturais humanas.
Segundo Lévi-Strauss, esta organização do mundo em categorias opostas não decorre somente
de uma necessidade prática, mas essencialmente de uma necessidade intrínseca da mente
humana. A cultura é uma manifestação da nossa estrutura mental. A natureza profunda da
mente força-nos a organizar o mundo à nossa volta através de um sistema de contrastes
binários que obedece aos mesmos princípios que a linguagem falada humana, o produto
cultural por excelência. O estruturalismo exerceu uma extraordinária influência na
antropologia um pouco por toda a parte, mas particularmente na Europa e, um pouco mais
tarde, nos EUA.
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Referência bibliográfica