As formulações de Virilio em “O Espaço Crítico” traduzem exatamente a conjuntura
hodierna. O autor trata da sedentarização terminal e definitiva, em que os sujeitos passam a viver “ao vivo”, numa sociedade sem memórias e sem atenção ao passado e ao futuro. É nesse cenário que se alicerça a implementação do ERE, porquanto se percebe uma intensificação da realidade digital em detrimento das interações físico-presenciais. Assim, com o objetivo de dar continuidade, fruto do imediatismo e da hegemonia do presente, já que no capitalismo não se pode deixar de produzir e formar mão-de-obra acrítica, as universidades têm se rendido ao ensino remoto. Nesse sentido, perde-se a essência da formação em uma instituição pública e gratuita, especificamente, a qualidade da educação, pois os alunos passam a não mais participar de um ambiente voltado às relações e interações humanas e ao cuidado e zelo ao próximo. Outrossim, corrompe-se, também, o desenvolvimento de habilidades críticas, por ocasião do abandono ao passado e cegueira ao futuro. Talvez seja essa a intenção...