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UNIVERSIDADE LUEJI A’NKONDE – ULAN

◊ Lunda Norte ◊ Lunda Sul ◊


Faculdade de Economia do Dundo

Título: Análise da Dinâmica do Produto Interno Bruto de Angola na


Óptica da Despesa no período compreendido de 2002 a 2017

Autores: Francisco Samahata Chitacumula


-João Augusto da Rita Armindo

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Dundo, 2021/2022
UNIVERSIDADE LUEJI A’NKONDE – ULAN
◊ Lunda Norte ◊ Lunda Sul ◊
Faculdade de Economia do Dundo

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Título: Análise da Dinâmica do Produto Interno Bruto de Angola na


Óptica da Despesa no período compreendido de 2002 a 2017

Monografia apresentada ao Departamento de Ensino e Investigação da Faculdade de Economia da


Universidade Lueji A´Nkonde, requisito para obtenção do título de Licenciado em Economia.

Autores: Francisco Samahata Chitacumula


-João Augusto da Rita Armindo

Orientador: Firmino Camilo Albino, Msc.


Co-orientador: Manuel Pascoal, Dr.

Monografia N.º _______

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Dundo, 2021/2022

2
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE GERALi
ÍNDICE DE FIGURASii
ÍNDICE DE TABELASiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASiv
DEDICATÓRIAv
AGRADECIMENTOSvi
EPÍGRAFEvii
RESUMOviii
ABSTRACTix
INTRODUÇÃO1
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA5
1.1 – Os factores de produção e as produções5
1.1.1 – Características dos factores de produção6
1.2 – Os agentes económicos7
1.3 – Conceito do produto interno bruto10
1.3.1 – Definição do produto interno bruto11
1.3.2 – Medição do produto interno bruto12
1.3.2.1 – Óptica da produção12
1.3.2.2 – Óptica do rendimento13
1.3.2.3 – Óptica da despesa14
1.3.3 – Limitações do produto interno bruto17
1.3.4 – Produto interno bruto a preços de mercado18
1.3.5 – Produto interno bruto nominal e produto interno bruto real19
1.4 – Contas correntes com o resto do mundo21
CAPÍTULO II: METODOLGIA25
2.1 – Contexto da pesquisa e procedimentos25
2.2 – Tipo de pesquisa25
2.3 – Métodos teóricos26
2.4 – Métodos empíricos27
2.5 – Métodos matemático e estatístico28
CAPÍTULO III: ANÁLISE DE DADOS, APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS29
3.1 – Análise do consumo final no período compreendido de 2002 a 201729
3.2 – Análise do investimento no período compreendido de 2002 a 201732
3.3 – Análise da exportação líquida no período compreendido de 2002 a 201735
3.4 – Análise da dinâmica do PIB de Angola de 2002 a 201738
CONCLUSÕES43
RECOMENDAÇÕES45
BIBLIOGRAFIA46
i
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1 – Circuito Económico Simples8


Figura 1.2 – Circuito Económico Agregado9
Figura 1.3 – Esquema do Consumo Final16
Figura 1.4 – Esquema do Investimento16

ii
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 3.1 – Análise do consumo final agregado de 2002 a 201729


Tabela 3.2 – Análise do investimento agregado de 2002 a 201732
Tabela 3.3 – Análise da exportação líquida de 2002 a 201735
Tabela 3.4 – Análise da dinâmica do PIB de Angola de 2002 a 201737

iii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BBS – Balança de Bens e Serviços

BC – Balança Corrente

BRP – Balança de Rendimentos Primários

BTC – Balança de Transferências Correntes

C – Consumo Privado

CF – Consumo Final

FBKF – Formação Bruta de Capital Fixo

FLKF – Formação Líquida de Capital Fixo

G – Gastos do Governo

I – Investimentos

M – Importação

PIB – Produto Interno Bruto

PIBcf – Produto Interno Bruto a custo de factores

PIBpm – Produto Interno Bruto a preços de mercado

RPEE – Rendimentos Primários Enviados ao Exterior

RPRE – Rendimentos Primários Recebidos do Exterior

Sext. – Poupança Externa

TCEE – Transferências Correntes Enviadas ao Exterior

TCRE – Transferências Correntes Recebidas do Exterior

Ti – Impostos Indirectos

VE – Variação de Existência

X – Exportação

Z – Subsídios

iv
DEDICATÓRIA

Dedicamos o presente trabalho às nossas famílias, amigos, colegas,


docentes e a todos os indivíduos que pretendem obter conhecimento sobre a
contabilidade nacional bem como àqueles que possuem dificuldades em
compreender o funcionamento do sistema de contas nacionais.

v
AGRADECIMENTOS

Endereçamos o primeiro agradecimento a Deus pelo facto de conceder-


nos a vida, saúde, força e a capacidade de superarmos sempre, as inúmeras
dificuldades que enfrentamos, tanto na vida pessoal como na vida académica.
Agradecemos também aos nossos pais pelo apoio dado em variados
contextos.Temos também de agradecer ao nosso orientador Dr. Firmino Camilo
Albino pela sua disponibilidade e instrução durante a realização do presente
trabalho, sem esquecer o Dr. Manuel Pascoal pelo enorme auxílio. Endereçamos
ainda um especial agradecimento ao Dr. Rodriguês Zeca pela ajuda em termos
linguísticos. Por último, agradecemos os nossos colegas, amigos, familiares,
docentes e a todos aqueles que nos apoiaram directa ou indirectamente para que
chegássemos onde nos encontramos hoje, o nosso obrigado de coração.

vi
EPÍGRAFE

“Quando puder medir aquilo de que está a falar e puder expressá-lo em


números, então sabe alguma coisa sobre o assunto; quando não puder medi-lo,
quando não puder exprimi-lo em números, o seu conhecimento é fraco e
insatisfatório; pode ser o princípio do conhecimento, mas avançou pouco, no seu
pensamento em direcção ao patamar da ciência”.

Lord Kelvin (1824-1907)

vii
RESUMO

A presente monografia visa demonstrar a análise da dinâmica do produto


interno bruto de Angola na óptica da despesa de 2002 a 2017. Quanto a
metodologia, do ponto de vista do tipo de pesquisa, a investigação foi classificada
como sendo descritiva, quanto aos métodos do nível teórico, utilizou-se análise-
síntese e análise bibliográfica, o método empírico usado foi a análise documental, e
o método matemático e estatístico usado foi o cálculo percentual. Para a realização
da análise, utilizou-se dados do PIB de Angola sob a óptica da despesa durante o
período de 2002 a 2017, e foi a partir desses dados com base na aplicação do
método matemático e estatístico analisou-se o consumo final agregado, o
investimento, e as exportações líquidas. Entretanto, analisou-se o produto interno
bruto na óptica da despesa do país, onde observou-se uma variação positiva muito
influenciada pelo consumo final agregado com maior realce ao consumo das famílias
que foi a variável que mais contribuiu comparativamente ao consumo público,
seguida do investimento onde destacou-se a formação bruta de capital fixo
relativamente a variação de existência, e por último pela exportação líquida no qual
destacou-se a variável exportação em comparação com a importação. Portanto, no
cômputo geral de 2002 a 2017 todas as variáveis económicas registaram mudanças
consideráveis.

Palavras-Chave: Produto Interno Bruto, Óptica da Despesa, Economia Angolana.

viii
ABSTRACT

This monograph aims to demonstrate the analysis of product dynamics


Angola's gross domestic product in terms of expenditure from 2002 to 2017. As for
methodology, from the point of view of the type of research, the investigation was
classified as being descriptive, as for the methods of the theoretical level, it was used
synthesis analysis and bibliographic analysis, the empirical method used was the
document, and the mathematical and statistical method used was the percentage
calculation. To carry out the analysis, data from the GDP of Angola were used from
the perspective of expenditure during the period 2002 to 2017, and it was from these
data based on the application of the mathematical and statistical method, the
aggregate final consumption was analyzed, investment, and net exports.  However,
the inner product was analyzed gross in terms of country expenditure, where there
was a very positive variation influenced by aggregate final consumption, with greater
emphasis on household consumption which was the variable that contributed the
most compared to public consumption, followed by investment, where gross fixed
capital formation stood out in relation to the variation of stock, and finally of the net
exports in which the export variable stood out in comparison with imports.  Therefore,
in overall calculation from 2002 to 2017 all economic variables changed
considerable.

Keywords: Gross Domestic Product, Expenditure Perspective, Angolan Economy.

ix
INTRODUÇÃO

A partir do surgimento do capitalismo, ocorreu a necessidade de


desenvolver formas e técnicas de classificação e mensuração do capital dos países.
Os economistas em todas as épocas sempre se preocuparam em elaborar por meio
de classificações adequadas sistemas de informações quantitativas por intermédio
dos quais os muitos e variados detalhes que formam a vida económica pudessem
amoldar-se a esquemas simplificados de interpretação (Mankiw, 2013).

De todos os conceitos de macroeconomia, o conceito do produto interno


bruto (PIB) é um dos mais importante, visto que quantifica o valor total dos bens e
serviços produzidos num país durante um ano. O PIB faz parte das contas nacionais
do produto e do rendimento que são um conjunto de estatísticas que permitem aos
decisores políticos determinar se a economia está em contracção ou em expansão e
se há ameaça de uma grave recessão ou inflação (Samuelson e Nordhaus, 2010).

O produto interno bruto é o nome que damos ao valor de mercado de


todos os bens e serviços finais produzidos num país durante um determinado ano. É
o valor a que se chega quando se aplica a medida monetária aos diversos bens e
serviços que um país produz com os seus recursos de terra, trabalho e capital
(Samuelson e Nordhaus, 2010).

O produto interno bruto é o principal medidor do crescimento da economia


de uma cidade, região, país, ou grupo de nações. O cálculo é feito com base nos
valores de todos os serviços e bens produzidos dentro de uma região definida e em
um determinado período. Nos dias de hoje o PIB continua com sua hegemonia tal
que ainda é o principal indicador do crescimento económico dos países (Krugman e
Wells, 2009).

Nesta senda, ao abordar sobre a contabilização do produto interno bruto


um dos cuidados a ter relaciona-se com aquilo que esta medida efectivamente nos
diz e aquilo que ela é incapaz de traduzir. Ao somar o valor de todos os bens e
serviços produzidos numa economia ao longo de um ano conseguimos ter uma ideia
de como a sociedade foi capaz, em maior ou menor grau, de ir de encontro à
satisfação das necessidades dos consumidores, à partida, quanto maior a
quantidade produzida, simultaneamente mais rendimento é gerado e maiores
poderão ser os níveis de despesa.
1
A riqueza que a economia produz ao longo de um ano influencia o nível
de receitas que o Estado recolhe via impostos e, consequentemente, as suas
políticas de provisão de bens públicos e redistribuição de rendimento. A informação
sobre a evolução do produto interno bruto, serve como um instrumento de grande
importância não apenas para o Estado, enquanto agente responsável pela definição
da política económica, como também para famílias e empresas, uma vez que, a
estes agentes compete fazer escolhas conscientes, para as quais a detenção de
informação sobre o estado global da economia é crucial (Gomes, 2012).

No entanto, como qualquer medida agregada, o produto não traduz tudo o


que há a saber sobre o bem-estar material da sociedade. Até que ponto o maior
valor de produção traduz uma sociedade mais avançada em termos de valores
sociais, políticos, culturais e de cidadania é impossível saber, da mesma forma, até
que ponto uma sociedade materialmente mais rica é uma sociedade em que os seus
cidadãos vivem uma vida mais feliz e mais saudável é outra incógnita que subsiste.

Problema Científico

Um problema científico consiste é um conhecimento prévio do


desconhecido, uma incógnita na ciência que requer ser investigada. Formula-se com
claridade, em forma de pergunta ou afirmação, utilizando a terminologia adequada e
em qualquer dos casos devendo reflectir a contradição entre a situação real e a
desejada (Collera, 2017).

Nos últimos tempos a economia do país tem registado recessão do PIB


resultante do contexto de crise económica e financeira que afecta o país desde
2014, este cenário provocou na nossa economia altos índices de desemprego e de
inflação o que levou a perda do poder de compra por parte dos agentes económicos.
Assim, coloca-se a seguinte questão de partida: De que forma a análise da
dinâmica do produto interno bruto de Angola na óptica da despesa de 2002 a
2017 contribui na tomada de decisão?

Objecto de estudo

O presente trabalho de fim do curso tem como objecto de estudo o


produto interno bruto na óptica da despesa.

2
Campo de acção

O presente trabalho tem como campo de acção a análise da dinâmica do


produto interno bruto de Angola.

Delimitação do tema

O presente estudo tratará sobre a análise da dinâmica do produto interno


bruto de Angola na óptica da despesa no período compreendido de 2002 a 2017,
nesta senda, serve-se de dados sobre o produto interno bruto do país durante os
anos de 2002 a 2017, usaremos o método de cálculo percentual no sentido de
constatarmos a evolução do produto interno bruto de Angola na óptica da despesa,
bem como conhecermos as variáveis que mais contribuíram para o crescimento
deste agregado (PIB) e as que contribuíram para a sua contracção durante o tempo
em análise.

Objectivo geral

O objectivo geral desta monografia consiste em realizar a análise da


dinâmica do produto interno bruto de Angola.

Objectivos específicos

 Fundamentar as bases teóricas sobre as variáveis económicas.


 Caracterizar a metodologia de investigação científica usada.
 Analisar a dinâmica do produto interno bruto de Angola na óptica da despesa
no período compreendido de 2002 a 2017.

Justificativa do Tema

Foi escolhido o presente tema para o estudo, pelo facto de possuir uma
grande importância na actualidade, permitindo aos agentes económicos ter uma
visão real sobre a situação económica do país, de modo a realizar da melhor forma
as suas actividades e sem incerteza, ou seja, os agentes saberão em que tipo de
economia eles pretendem envolver-se pois, conhecerão a estrutura económica e
produtiva da economia em causa e os seus níveis de produção.

3
Estrutura do trabalho

Para a melhor compreensão do tema, a monografia está dividida em três


capítulos, para além da introdução, conclusões e sugestões.

No primeiro capítulo, fez-se uma abordagem teórica sobre os factores de


produção e as produções, as características dos factores de produção, os agentes
económicos e o produto interno bruto com base na contribuição de diversas
literaturas, enfatizando questões ligadas ao conceito do produto interno bruto:
definição do produto interno bruto, medição do produto interno bruto nas três
ópticas, limitações do produto interno bruto, produto interno bruto a preços de
mercado, produto interno bruto nominal e produto interno bruto real. E por último
abordou-se sobre as contas correntes com o resto do mundo.

No segundo capítulo, faz-se uma abordagem sobre os procedimentos


metodológicos utilizados, com destaque ao contexto da pesquisa e procedimentos,
tipo de pesquisa, métodos teóricos, métodos empíricos, métodos matemático e
estatístico.

No terceiro capítulo, analisa-se os dados, apresenta-se e interpreta-se os


resultados sobre a dinâmica do produto interno bruto na óptica da despesa no
período compreendido de 2002 a 2017. Realizou-se a análise sobre a evolução das
seguintes variáveis: consumo final, investimento, exportação líquida, e produto
interno bruto.

4
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, fez-se uma abordagem teórica sobre os factores de


produção e as produções, as características dos factores de produção, os agentes
económicos e o produto interno bruto com base na contribuição de diversas
literaturas, enfatizando questões ligadas ao conceito do produto interno bruto:
definição do produto interno bruto, medição do produto interno bruto nas três
ópticas, limitações do produto interno bruto, produto interno bruto a preços de
mercado, produto interno bruto nominal e produto interno bruto real. E por último
abordou-se sobre as contas correntes com o resto do mundo.

1.1 – Os factores de produção e as produções

Em economia os factores de produção (inputs) são conjuntos de bens ou


serviços utilizados para produzir outros bens e serviços. As produções (outputs) são
os vários bens ou serviços úteis que resultam do processo de produção e que ou
são consumidos ou utilizados numa produção posterior. Tradicionalmente, os
economistas identificaram três factores de produção, nomeadamente: a terra, o
trabalho e o capital (Nordhaus & Samuelson, 2010).

A terra (os recursos naturais) inclui não apenas as áreas de cultivo ou


construção, mas todos os recursos naturais que estão acima e abaixo dela.

O trabalho inclui tanto as horas de trabalho empregadas na produção


como também o conhecimento, a técnica e as capacidades daqueles que participam
no processo de produção. Esse elemento também costuma ser chamado de
recursos humanos.

O capital refere-se ao conjunto de elementos materiais que apoiam a


produção, como as máquinas industriais, equipamentos de informática e de
telecomunicações, meios de transporte e instalações.

Segundo Malassise e Salvalagio (2014), para além dos factores de


produção supracitados, elencam mais outros factores de produção (factores

5
modernos de produção) como: a capacidade empresarial ou empreendedorismo e a
capacidade tecnológica.

A capacidade empresarial (empreendedorismo) refere-se à organização


da produção, ou seja, à acção de reunir e combinar os outros factores de produção,
assumindo os riscos do processo.

A capacidade tecnológica engloba três categorias, nomeadamente:


invenção, inovação e operação. A invenção é a capacidade de pesquisa e
desenvolvimento (consiste em criar novas tecnologias). A inovação consiste em
remodelar as tecnologias existentes tendo em conta as novas realidades de modo a
se adaptar com maior facilidade. Já a operação refere-se a capacidade de aplicar a
tecnologia no processo produtivo.

1.1.1 – Características dos factores de produção

A principal característica dos factores de produção é serem escassos, ou


seja, finitos. O factor trabalho, por exemplo, depende do tamanho da população
economicamente activa de uma determinada região. A mesma lógica aplica-se aos
recursos naturais e aos bens de produção. Além disso, um factor também pode ser
caracterizado levando em conta o papel que exerce dentro do processo produtivo e
sua relação com ele. As três principais características dos factores de produção são:
a adaptabilidade ou a versatilidade, a substituibilidade e a complementaridade
(Froyen, 2013).

Adaptabilidade ou versatilidade refere-se à capacidade de um factor de


produção se adaptar a novas situações, como um aumento da produção ou uma
alteração nos bens que estão sendo produzidos. Ou seja, um factor versátil é aquele
que pode ser aplicado de mais de uma forma. Um exemplo de factor de produção
que possui esta característica é a energia.

Substituibilidade refere-se à capacidade de substituir, ao menos


parcialmente, o trabalho por capital e vice-e-versa. É o processo que ocorre, por
exemplo, com a automação das plantas industriais, no qual o número de operários é
reduzido com a adopção de novas máquinas.

Complementaridade é a característica das situações em que só é possível


produzir combinando trabalho com o capital, ou seja, neste caso esses dois factores

6
são sempre complementares. Um exemplo de bem que possui essa característica é
um camião. Para que ele possa participar no processo produtivo, precisa
necessariamente ser conduzido por um motorista.

1.2 – Os agentes económicos

Consideram-se agentes económicos os sujeitos ou grupos de sujeitos de


um qualquer país que intervêm no seu circuito económico. São habitualmente
referidos cinco grupos de agentes económicos: famílias, empresas, instituições
financeiras, governo e resto do mundo (Gomes, 2012).

As famílias podem ser encaradas como o agente económico mais


elementar, no sentido em que será a entidade normalmente de menor dimensão a
partilhar um mesmo orçamento, à partida, em qualquer família há um conjunto de
receitas e despesas que é gerido em conjunto e cuja gestão tem impacto sobre o
bem-estar da família no seu todo. As famílias têm um duplo papel no sistema
económico, que são: fornecer força de trabalho e o consumo final.

As empresas são unidades institucionais cuja principal função económica


é a produção de bens e serviços comercializáveis, isto é, bens ou serviços que
podem ser transaccionados nos mercados.

O Estado tem por missão a provisão de bens e serviços não


comercializáveis, ou seja, bens e serviços que não são passíveis de serem objecto
de transacção nos mercados e que, normalmente, satisfazem necessidades
colectivas. Cabe também ao Estado contribuir para a justiça social por via de
políticas de redistribuição de rendimento. É ainda de salientar a particularidade de
grande parte das receitas do Estado serem fruto não da sua actividade produtiva,
mas de contribuições obrigatórias por parte de quem gera rendimento, ou seja, de
impostos. A actuação do Estado na economia prende-se à constatação de que o
sistema de mercado não consegue cumprir adequadamente algumas tarefas ou
funções. Tornando-se necessário a aplicabilidade das funções alocativa, distributiva
e estabilizadora na economia.

As instituições financeiras funcionam como intermediários entre quem


poupa (as famílias) e quem necessita de recursos financeiros para financiar a
actividade produtiva (as empresas).
7
O exterior ou o resto do mundo não será bem um agente económico, mas
antes uma forma agregada de considerar todos os agentes económicos residentes
em todas as localizações com as quais a economia doméstica estabelece relações.
A contabilização da actividade económica se faz para um espaço geográfico restrito
(um país), a análise macroeconómica só fica completa quando consideramos
também as relações comerciais e financeiras que os agentes económicos de um
país estabelecem com os agentes económicos de outros países.

Uma forma simplificada de representar as relações entre agentes é


aquela que é conseguida através de um pequeno esquema que se designa por
circuito económico (Gomes, 2012). As relações que se estabelecem entre famílias e
empresas podem ser representadas na Figura 1.1.

Figura 1.1 – Circuito Económico Simples

Salários

Trabalho

Famílias Empresas

Bens e
Serviços

Pagamento dos
Bens e Serviços

Fonte: Gomes (2012).

No esquema da Figura 1.1, as linhas a cheio representam fluxos reais, ou


seja, quantidades concretas de bens e/ou serviços que são fornecidos por um
agente económico a outro e as linhas tracejadas correspondem aos fluxos
monetários, os quais respeitam às contrapartidas face aos fluxos reais. As
remunerações pagas pelas unidades produtoras criam renda para as famílias. As
famílias, por sua vez, têm necessidades que precisam ser satisfeitas pelo consumo
de mercadorias produzidas pelas unidades produtoras. As unidades produtoras
entregam os bens e serviços às famílias mediante o pagamento adequado. Portanto,
podem-se identificar dois fluxos principais entre as famílias e as empresas.

8
O primeiro é conhecido como o fluxo real, que representa, por um lado, o
envio dos recursos produtivos das famílias para as empresas e, por outro, o envio
das mercadorias (bens e serviços) das empresas para as unidades familiares.
Paralelamente a esse fluxo tem-se o fluxo monetário, que representa o envio de
recursos financeiros das unidades de produção para as unidades familiares, como
remuneração pelos recursos produtivos fornecidos anteriormente. Além disso, são
representados os fluxos financeiros das unidades familiares para as unidades de
produção, decorrentes do pagamento pelas mercadorias (bens e serviços)
consumidos.

A relação entre esses dois grandes agentes económicos (famílias e


empresas) se dá no mercado. Existem também dois tipos distintos de mercados,
decorrentes do funcionamento conjunto dos fluxos real e monetário. O primeiro deles
é o mercado de recursos de produção. Esse mercado é o meio em que as unidades
familiares ofertam seus recursos disponíveis e que as unidades de produção as
procuram. O segundo tipo de mercado é o mercado de bens e serviços. Neste
mercado, as unidades de produção exercem a função de oferta e as unidades
familiares, a de procura (Krugman & Wells, 2009).

O circuito agregado das relações que se estabelecem entre a economia


nacional e o resto do mundo, como se pode observar a partir da Figura 1.2.

Figura 1.2 – Circuito Económico Agregado

MERCADO INTERNO MERCADO EXTERNO

Poupança externa
Poupança do governo (Saldo da balança de transacções correntes)
INSTITUIÇÕES
FINANCEIRAS
Investimento RESTO
Poupança agregado
das Importações
Consumo agregado de bens e serviços DO
famílias
MUNDO

FAMÍLIAS EMPRESAS Exportações

Remuneração aos factores de produção


(salários + juros + aluguéis + lucros) = Renda Nacional
Renda líquida
Compra de Enviada ao
Transferências bens e serviços exterior
Pagamentos aos
funcionários ESTADO Subsídios
Pagamentos dos impostos Pagamentos dos impostos
9
Fonte: Vasconcellos (2002).

Vale lembrar que o circuito económico agregado (Figura 1.2) foi elaborado
tendo em conta as noções de contabilidade nacional. Neste sentido, o sistema de
contas nacionais refere-se as variáveis reais, isto é, que representam alterações no
produto real da economia. Não estão explicitadas, as transacções que envolvem o
sistema financeiro (depósitos, empréstimos, acções), que têm como principal função
captar recursos dos poupadores para transferí-los aos investidores. As transacções
relativas ao sector financeiro são detalhadas à parte do sistema de contas nacionais.

A Figura 1.2 referente ao circuito económico agregado apresenta dois


tipos de mercado, o mercado interno e o mercado externo. No mercado interno,
encontram-se as famílias, as empresas, as instituições financeiras, e o Estado.
Relativamente às famílias e as empresas podemos constatar que as unidades
familiares realizam consumo agregado de bens e serviços, e por outro lado as
unidades produtoras efectuam a remuneração pelos factores produtivos. As
unidades familiares com a sua renda, para além de realizarem o consumo agregado,
também efectuam suas poupanças nas instituições financeiras, valor este (da
poupança das famílias e do Estado) que as instituições financeiras servem-se com o
intuito de apoiarem o investimento agregado das unidades produtoras. De referir que
tanto as famílias quanto as empresas efectuam pagamentos de impostos ao Estado,
valor este que é usado pelo Estado para o pagamento de funcionários públicos,
subsidiar empresas, realizar transferências as famílias, e comprar bens nas
empresas. É fundamental referir que o Estado efectua também suas poupanças nas
instituições financeiras e que também são usadas para o apoio do investimento
empresarial. Quanto a economia nacional e a economia externa, realizam-se
operações que têm que ver com: importações, exportações, pagamentos e
recebimentos de renda de factores externos, bem como a poupança externa.

1.3 – Conceito do produto interno bruto

Grande parte do que as pessoas consomem é levada em consideração


para fazer o cálculo do produto interno bruto. Esse índice é uma forma de calcular a
actividade económica de uma determinada região. Para chegar aos valores, é
levado em conta a oferta e a demanda dos bens e serviços. O PIB foi criado em
10
1930 por Simon Kuznets, à época, ele usou a demografia e dados estatísticos para
entender quais eram os impactos do crescimento da população sobre a
produtividade da região (Neto, 2014).

Para perceber a composição da situação económica e financeira do país


exige, em primeiro lugar, ter na nossa posse um conjunto de medidas agregadas
que reflectem o desempenho da economia. A medida central para avaliar esta
performance corresponde à quantidade de bens e serviços produzidos no espaço
geográfico em causa num determinado período de tempo (comummente um ano);
esta medida é designada como produto interno bruto. O primeiro cuidado a ter ao
abordar a contabilização do produto relaciona-se com aquilo que esta medida
efectivamente nos diz e aquilo que ela é incapaz de traduzir. Ao somar o valor de
todos os bens e serviços produzidos numa economia ao longo de um ano
conseguimos ter uma ideia de como a sociedade foi capaz, em maior ou menor
grau, de ir de encontro à satisfação das necessidades dos consumidores; à partida,
quanto maior a quantidade produzida, simultaneamente mais rendimento é gerado e
maiores poderão ser os níveis de despesa (Gomes, 2012).

O valor absoluto e a taxa de elevação do produto interno bruto servem


como referenciais importantes do desempenho económico do país, mas não podem
ser vistos como a medida de nível de desenvolvimento. Embora o crescimento da
economia seja a base para a melhoria da qualidade de vida, não é uma condição
suficiente. O desenvolvimento se associa à forma como os frutos do crescimento
são distrubuídos na sociedade e aos impactos positivos que manifestam no
ambiente. O produto interno bruto funciona como termômetro da economia,
acompanhar esse indicador ajuda a entender se as pessoas e as empresas estão
gastando mais ou menos, se a eficiência de um país está crescendo e ainda
comparar o desenvolvimento económico entre as nações (Lopes, 2014).

1.3.1 – Definição do produto interno bruto

Geralmente se considera o PIB como a melhor medida do desempenho


de uma economia. Mankiw (2013), define o produto interno bruto como sendo a
soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país em um ano.

De acordo com Krugman & Wells (2009), o produto interno bruto


corresponde ao conjunto de todos os bens e serviços produzidos dentro das
11
fronteiras de uma região ou país. Este somatório leva em conta toda a produção de
um período, normalmente um ano, e o resultado pode ser objecto de análise para a
situação macroeconómica do país.

Já o Coyle (2014) define o produto interno bruto como o valor da


produção total de bens e serviços que são produzidos num determinado país
durante um período de tempo, geralmente um ano ou semestre, na base de preços
de mercado ou de estimativas consideradas como aceitáveis, nomeadamente no
sector de serviços.

1.3.2 – Medição do produto interno bruto

Existem três ópticas a partir das quais é possível determinar o valor do


PIB, nomeadamente: a óptica da produção ou do produto, a óptica do rendimento, e
a óptica da despesa.

1.3.2.1 – Óptica da produção

A óptica da produção (óptica do produto ou óptica da oferta) designa uma


das formas de cálculo da produção de determinada economia num determinado
período de tempo. Esta óptica de cálculo do produto interno bruto baseia-se no facto
de que o valor de todos os produtos finais é igual ao somatório dos valores
acrescentados durante o processo produtivo por cada uma das entidades que
intervêm nesse mesmo processo produtivo. Agrupando cada uma das entidades ou
unidades produtivas em sectores de actividade, e aplicando esta mesma
metodologia de cálculo, pode-se conhecer qual a produção de cada um desses
mesmos sectores de actividade. Neste contexto, o PIB é determinado através da
seguinte expressão (Lopes, 2014):

PIB = ⅀ VAB + Ti – Z (1.1)

Onde: PIB, ⅀ VAB, Ti, Z (representam respectivamente Produto Interno


Bruto, Soma do Valor Acrescentado Bruto, Impostos Indirectos, Subsídios).

O valor do produto é determinado a partir do valor acrescentado bruto


pelos ramos ou sectores de actividade económica. Desta forma, os produtos são
classificados conforme a sua natureza e origem. O valor acrescentado bruto (VAB)

12
mede o valor da produção diminuído dos consumos intermédios. Matematicamente
este valor é determinado pela seguinte expressão (Lopes, 2014):

VAB = VBP – CPI (1.2)

Onde: VAB, VBP, CPI (representam respectivamente Valor Acrescentado


Bruto, Valor Bruto da Produção, Consumo de Produto Intermédio).

Os impostos indirectos (impostos sobre a produção e a importação) são


pagamentos obrigatórios sem contrapartida e referem-se à produção e à importação
de bens e serviços, ao emprego de mão-de-obra, à propriedade ou utilização de
terrenos, edifícios ou outros activos utilizados na produção. O imposto indirecto é um
imposto que incide sobre o consumo de uma pessoa física ou jurídica, e não sobre o
rendimento. Subdivide-se em: impostos sobre os produtos (são impostos aplicados a
cada unidade de bem produzido ou importado), e outros impostos sobre a produção
(são impostos aplicados ao processo de produção ou a actividade de importação)
(Neto, 2014).

Os subsídios (subsídios sobre a produção e a importação) são apoios


governamentais fornecidos as empresas com o intuito de reduzir o preço final dos
produtos vendidos por operadores económicos. Subdivide-se em: subsídios aos
produtos (são subsídios cedidos a cada unidade de bem produzido ou importado), e
outros subsídios a produção (são subsídios cedidos ao processo de produção ou a
actividade de importação) (Neto, 2014).

Outro método que pode ser usado é o método dos produtos finais. Este
método toma em atenção o valor dos produtos finais e no cálculo do produto
considera-se apenas o valor da produção de bens e serviços finais, ou seja, que se
destinam ao consumidor final (Lopes, 2014).

1.3.2.2 – Óptica do rendimento

A óptica do rendimento designa uma das formas de cálculo da produção


de determinada economia num determinado período de tempo e que se baseia na
soma de todos os rendimentos atribuídos aos diferentes agentes económicos e
resultantes dessa mesma produção. De facto, a produção origina valor e esse valor
é utilizado para remunerar todos os factores produtivos utilizados no processo de

13
produção. Assim, o valor da produção é necessariamente igual ao valor dos
rendimentos por ela proporcionados. Neste contexto, o valor do produto é igual à
soma das remunerações dos factores de produção (Samuelson e Nordhaus, 2010):

 Remunerações do trabalho: salários;


 Rendimentos do capital ou excedente bruto de exploração: lucros, juros
e rendas.

Nesta perspectiva, o PIB é determinado mediante a seguinte expressão


matemática (Samuelson e Nordhaus, 2010):

PIB = R + EBE + Ti - Z (1.3)

Onde: PIB, R, EBE, Ti, Z (representam respectivamente Produto Interno


Bruto, Remuneração do trabalhador, Excedente Bruto de Exploração, Impostos
Indirectos, Subsídios).

A remuneração do trabalhador é o conjunto de vantagens habitualmente


atribuídas aos empregados, em contrapartida de serviços prestados ao empregador
(Lopes, 2014).

O excedente bruto de exploração (EBE) ou rendimento de outros factores


produtivos que não o trabalho, define-se como o rendimento gerado pela actividade
produtiva após pagas as compensações salariais mas antes de serem pagos os
juros, lucros e rendas ou aluguéis (Vasconcellos, 2002).

1.3.2.3 – Óptica da despesa

Considerando a óptica da despesa, o PIB apresenta o valor gasto pelos


diferentes sectores institucionais. Assim, uma vez que na perspectiva da despesa se
observa o funcionamento de uma economia tendo em conta a utilização ou o destino
dado aos bens e serviços produzidos, o cálculo da despesa obtem-se (Gomes,
2012):

PIB = C + G + I + X – M (1.4)

Onde: PIB, C, G, I, X, M (representam respectivamente Produto Interno


Bruto, Consumo Privado, Gastos do Governo, Investimentos, Exportações,
Importações).
14
A óptica da despesa para cálculo do PIB será aquela que contabiliza o
valor dos bens a posteriori, quando eles são objecto de transacção no mercado. O
respectivo valor do PIB que é encontrado é já um valor a preços de mercado. A
preços de mercado estarão também avaliadas cada uma das componentes da
despesa que consideramos, ou seja, tal como o PIB, consumo privado, consumo
público, investimento, exportações e importações são valores monetários que
representam medidas agregadas ou macroeconómicas (Froyen, 2013).

O consumo privado ou consumo das famílias (C) residentes representa


todas as despesas efectuadas pelos particulares em bens e serviços que se
destinem à satisfação das suas necessidades, ou seja, consiste nos bens e serviços
adquiridos pelas famílias. É dividido em três subcategorias: bens não duráveis, bens
duráveis e serviços. Bens não duráveis são bens que duram apenas um período
curto, como alimentos e roupas. Bens duráveis são bens que duram um período
longo, como automóveis e aparelhos de televisão. Serviços incluem vários itens
intangíveis adquiridos pelos consumidores, como, por exemplo, cortes de cabelo e
consultas médicas (Mankiw, 2013).

O consumo público, consumo colectivo ou gastos do governo (G)


correspondem aos bens e serviços adquiridos pelos governos central, provincial e
municipal. Essa categoria inclui itens como equipamentos militares, estradas, e os
serviços prestados pelos servidores públicos. Por exemplo, quando o Estado paga o
salário a um professor está a incorrer numa despesa com a educação, que deverá
ser incluída nesta variável macroeconómica. Não inclui pagamentos de
transferências para pessoas, tais como previdência e assistência social. Por
realocarem uma renda já existente e não ocorrer troca por bens e serviços, os
pagamentos de transferências não integram o PIB (Mankiw, 2013).

A soma entre o consumo privado e o consumo público resulta em


consumo final (como se pode verificar na Figura 1.3) (Gomes, 2012). O consumo
final corresponde à despesa realizada por unidades institucionais com a aquisição
de bens e serviços para satisfação directa de necessidades humanas, quer
individuais, quer colectivas. É obtido mediante a seguinte expressão (Donário e
Santos, 2017):

CF = C + G (1.5)
15
Onde: CF, C, G (representam respectivamente Consumo Final, Consumo
Privado, Gastos do Governo).

Figura 1.3 – Esquema do Consumo Final

CONSUMO

PRIVADO PÚBLICO

Fonte: Gomes (2012)

O investimento (I) ou formação bruta de capital (FBK) é a despesa em


bens e serviços que serão utilizados futuramente na produção de outros bens e
serviços. O investimento faz aumentar os recursos produtivos de uma economia e,
portanto, as suas possibilidades de produção. Aqui incluem-se a formação bruta de
capital fixo que traduz os investimentos em bens de equipamento feitos, quer pelo
sector público quer pelo sector privado, e a variação das existências que expressam
a diferença entre os valores dos stocks de produtos finais e iniciais (como se pode
verificar na Figura 1.4). O investimento é uma variável de fluxo (tal como o
consumo), a qual é normalmente acumulável através de vários períodos de tempo
(ao contrário do consumo) (Vasconcellos, 2002).

Figura 1.4 – Esquema do Investimento

INVESTIMENTO

FBKF VE

FLKF CONSUMO DE
CAPITAL FIXO

Fonte: Gomes (2012)

Onde: FBKF, VE, FLKF (representam respectivamente Formação Bruta


de Capital Fixo, Variação de Existência, Formação Líquida de Capital Fixo).

16
Vasconcellos (2002), destaca algumas observações a ter em conta sobre
o investimento no sentido económico:

1. Observe-se que não se deve confundir investimento no sentido vulgar


com investimento no sentido económico. Enquanto no sentido vulgar
considera-se como investimento qualquer actividade que consiste em
uma transferência financeira e que não redunda em aumento da
capacidade de produção (como investir em acções). Já no sentido
económico considera-se como investimento as actividades que visam
o aumento da capacidade de produção.
2. O investimento em activos de segunda mão (máquinas, equipamentos,
imóveis) não é contabilizado como investimento agregado, pois, no
fundo, é uma transferência de activos, que se compensa: alguém
desinvestiu. Esses bens já foram computados como investimento no
passado, quando produzidos.

Segundo Mankiw (2013), o investimento é também dividido em três


subcategorias: investimento fixo de empresas, investimento fixo imobiliário e
investimento em stock. Investimento fixo de empresas é a compra de uma nova
unidade de produção e de equipamentos, por parte das empresas. Investimento
imobiliário é a aquisição de uma nova residência por parte das famílias (domicílios)
para fins de moradia ou locação. Investimento em stock é o aumento no stock de
bens de uma empresa (se o stock estiver diminuindo, o investimento em stock é
negativo).

As exportações (X) correspondem à transacção de bens e serviços com


origem em residentes e com destino a não residentes, constituem uma componente
da despesa, uma vez que, apesar de não representarem bens e serviços
consumidos internamente, constituem produto realizado no país (Malassise e
Salvalagio, 2014).

As importações (M) correspondem à transacção de bens e serviços com


origem em não residentes e com destino a residentes, não constituindo, portanto,
produto do país em causa. Tal como o valor dos bens e serviços exportados são
adicionados na determinação do valor da despesa, teremos de subtrair o valor
correspondente aos bens e serviços importados (Malassise e Salvalagio, 2014).

17
1.3.3 – Limitações do produto interno bruto

Considerado como um dos indicadores mais importantes para a medição


da actividade económica das nações, o PIB apresenta as seguintes limitações:

1. Uma dificuldade que é frequentemente mencionada na forma como o


PIB mede a produção relaciona-se com o facto de esta medida apenas
poder contabilizar o valor gerado pelas entidades que existem
precisamente com o objectivo de criar valor: as empresas. Desta
forma, fica excluído do PIB a produção doméstica, ou seja, tudo aquilo
que produzimos para nosso próprio usufruto ou para usufruto daqueles
com quem coabitamos (Vasconcellos, 2002).
2. A produção legal que por alguma razão foge ao controlo estatístico
(por acaso, por razões administrativas, por acção deliberada dos
produtores no sentido de tentar escapar às obrigações fiscais) e
também a produção de bens e serviços cuja venda, distribuição ou
posse é proibida pela lei, e que por essa razão também não é
produção realizada em instituições legalmente constituídas para o
efeito; é o caso da produção e comercialização de drogas, do
contrabando, da escravatura, ou da cópia de obras originais onde esta
infringe os direitos de autor (Vasconcellos, 2002).
3. A existência de bens de consumo intermédio. Assim, o valor de certo
bem poderá ser registado mais do que uma vez pelo facto de outros
bens serem incorporados no processo produtivo (problema da dupla
contabilização). Para evitar o problema da dupla contabilização
recorre-se aos seguintes métodos: Método do valor acrescentado
bruto, e Método do produto final (Vasconcellos, 2002).

1.3.4 – Produto interno bruto a preços de mercado

Quando calculamos o PIB, fazemo-lo normalmente com base no preço


que os produtos têm quando são trocados no mercado. Mas estes preços contêm os
impostos ligados à produção e, em alguns casos, são preços subsidiados, o que
quer dizer que são vendidos a um preço inferior ao seu custo (Lopes, 2014).

18
O produto interno bruto a preços de mercado representa o resultado final
da actividade de produção das unidades produtivas residentes. Pode ser definido de
outras 3 (três) formas (Donário e Santos, 2017):

1. O PIBpm é igual a soma dos valores acrescentados brutos dos


diferentes sectores institucionais ou ramos de actividade, aumentada
dos impostos menos os subsídios aos produtos (que não sejam
afectados aos sectores e ramos de actividade). É igualmente o saldo
da conta de produção total da economia.
2. O PIBpm é igual a soma dos empregos finais internos de bens e
serviços (consumo final efectivo, formação bruta de capital), mais as
exportações e menos as importações de bens e serviços.
3. O PIBpm é igual à soma dos empregos da conta de exploração do
total da economia (remunerações dos trabalhadores, impostos sobre a
produção e importação menos subsídios, excedente bruto de
exploração e rendimento misto do total da economia).

Assim sendo, o PIB a preços de mercado é determinado mediante a


seguinte expressão (Donário e Santos, 2017):

PIBpm = PIBcf + Ti – Z (1.6)

Onde: PIBpm, PIBcf, Ti, Z (representam respectivamente Produto Interno


Bruto a preços de mercado, Produto Interno Bruto a custo de factores, Impostos
Indirectos, Subsídios).

1.3.5 – Produto interno bruto nominal e produto interno bruto real

Contabilizar o PIB, seja em que óptica for, tem necessariamente uma


finalidade. Há essencialmente uma necessidade de conhecer a realidade que nos
envolve através da quantificação de um conjunto de indicadores.

Saber quanto a economia produz dá-nos uma noção sobre o nível de


rendimento que podemos obter dado o nosso nível de qualificações, sobre o valor da
pensão que receberemos quando nos reformarmos, qual o montante de subsídio de
desemprego a que teremos acesso caso fiquemos desempregados, que bens e
serviços a economia está em condições de disponibilizar para o mercado, entre

19
outras indicações importantes. No que respeita à perspectiva temporal, o produto
interno bruto subdivide-se em produto interno bruto nominal e produto interno bruto
real (Pereira, 2015).

O produto interno bruto nominal ou produto interno bruto a preços


correntes corresponde à medida da produção de bens e serviços com o valor destes
bens e serviços contabilizado a preços do respectivo ano. Assim sendo, o PIB
nominal é determinado mediante a seguinte expressão (Mankiw, 2013):

PIBN = ∑ Qt x Pt (1.7)

Onde: PIBN, ∑, Qt, Pt (representam respectivamente Produto Interno Bruto


nominal, Soma, Quantidade no período actual, preço no período actual).

Quando comparamos o valor do PIB a preços correntes em anos


consecutivos vamos obter a variação nominal, ou seja, a variação conjunta de
quantidades e preços. Como os preços no seu conjunto têm tendência a crescer de
ano para ano, a evolução do PIB nominal é pouco informativa – não é possível
discernir qual a parcela da variação no valor do PIB que é atribuível a um aumento
nas quantidades produzidas e qual a componente da variação que é resultado da
alteração no nível de preços (Gomes, 2012).

É fácil perceber que o PIB calculado desse modo não representa um bom
indicador do bem-estar económico. Ou seja, esse indicador não reflecte
precisamente até que ponto a economia consegue satisfazer a demanda das
famílias, das empresas e do governo. Se todos os preços dobrassem sem que
houvesse quaisquer modificações na quantidade, o PIB dobraria. Entretanto, seria
enganoso afirmar que a capacidade da economia de satisfazer demandas tenha
dobrado, uma vez que a quantidade de todos os bens produzidos permanece
inalterada (Souza, 2014).

O produto interno bruto real ou produto interno bruto a preços constantes


corresponde ao valor de bens e serviços mensurados utilizando-se um conjunto
constante de preços. Ou seja, o PIB real mostra aquilo que teria acontecido com os
gastos relacionados à produção, caso as quantidades tivessem se modificado, mas
os preços não. Assim sendo, o PIB real é determinado mediante a seguinte
expressão (Mankiw, 2013):
20
PIBR = ∑ Qt x P0 (1.8)

Onde: PIBN, ∑, Qt, P0 (representam respectivamente Produto Interno Bruto


nominal, Soma, Quantidade no período actual, Preço no período base).

A análise da evolução do PIB real permite conhecer a evolução das


quantidades produzidas independentemente da variação dos preços; esta é a
medida que nos interessa quando queremos avaliar o crescimento económico.
Quando falamos em crescimento económico referimo-nos a quanto se produziu a
mais (ou a menos) relativamente ao ano transacto, e esta avaliação só pode ser feita
uma vez expurgado o efeito de crescimento dos preços (Mankiw, 2013).

O ano base pode ser um qualquer ano: podemos comparar a evolução do


PIB entre 2001 e 2010 a preços de 2001, de 2010 ou de qualquer outro ano
(inclusive um ano fora desta série). De qualquer modo, a consideração de um ano
base recente ajuda a evitar distorções (relativas por exemplo a bens cujos preços
variam significativamente, como aqueles ligados à tecnologia de ponta). Na
realidade, estas distorções são hoje evitadas na contabilidade nacional através da
consideração de uma forma específica de preços constantes: o ano base para os
preços avança um período todos os anos o que permite obter um PIB em volume
ligado em cadeia (Gomes, 2012).

Uma vez conhecido os conceitos e as fórmulas a partir das quais são


possíveis determinar o PIB nominal e o PIB real, o crescimento da economia entre
dois períodos de tempo consecutivos é simplesmente dado pela seguinte taxa de
crescimento (Mankiw, 2013):

PIBt – PIBt-1
iPIBt = x 100 (1.9)
PIBt-1

Onde: iPIBt, PIBt, PIBt-1 (representam respectivamente Taxa de crescimento


do Produto Interno Bruto no período actual, Produto Interno Bruto no período actual,
Produto Interno Bruto no período anterior).

1.4 – Contas correntes com o resto do mundo

21
No âmbito da economia das nações, estabelecem-se diferentes tipos de
fluxos entre um determinado país e o resto do mundo. Esses fluxos podem ser
agregados em diferentes balanças, nomeadamente: balança de bens e serviços ou
balança comercial, balança de transferências correntes, balança de rendimentos
primários e balança corrente.

Balança de bens e serviços ou balança comercial é uma expressão usada


no âmbito económico e que se refere ao conjunto de tudo o que é importado e
exportado entre os países. Quando determinado país tem maior importação de bens
e serviços do que exportação, então significa que a sua balança comercial é
desfavorável, visto que há uma maior valorização da produção feita no exterior do
que a da nacional. Entre as diversas consequências deste cenário desfavorável está
a contribuição para a desvalorização da moeda local em relação a estrangeira, por
exemplo. Por outro lado, quando o país tem maior exportação de produtos do que de
importação, significa que sua balança comercial é favorável, uma vez que há a
valorização da produção nacional em comparação com a estrangeira. Neste caso, a
balança comercial favorável é uma clara vantagem para o país em questão, pois
atrai moeda estrangeira, faz com que a moeda local se valorize e fortaleça, além de
gerar muitos empregos dentro do país exportador, por exemplo. A diferença entre as
Exportações e as Importações resulta em Balança de Bens e Serviços ou Balança
Comercial. É determinado mediante a seguinte expressão (Vasconcellos, 2002):

BBS = X – M (1.10)

Onde: BBS, X, M (representam respectivamente Balança de Bens e


Serviços, Exportações, Importações).

Em resumo, a balança comercial pode ser classificada em três


categoriais: Superávit: quando têm mais exportações do que importações no país.
Déficit: quando as importações superam as exportações. Equilíbrio comercial:
cenário onde o número de importações e de exportações são equivalentes (Souza,
2014).

Balança de transferências correntes ou balança de rendimentos


secundários são transferências unilaterais resultantes das entradas ou saídas de
divisas decorrentes, por exemplo, do envio de recursos ao exterior para a

22
manutenção de embaixadas e serviços consulares, de imigrantes que mandam parte
de seus salários para familiares em seus países de origem. As transferências
correntes produzem um impacto directo no nível de rendimento disponível,
influenciando o consumo de bens e de serviços. A diferença entre as Transferências
Correntes Recebidas do Exterior e as Transferências Correntes Pagas ou Enviadas
ao Exterior resulta em Balança de Transferências Correntes ou Balança de
Rendimentos Secundários. É determinado mediante a seguinte expressão
(Vasconcellos, 2002):

BTC = TCRE – TCEE (1.11)

Onde: BTC, TCRE, TCEE (representam respectivamente Balança de


Transferências Correntes, Transferências Correntes Recebidas do Exterior,
Transferências Correntes Enviadas ao Exterior).

Balança de rendimentos primários são rendimentos resultantes da


utilização dos factores de produção, inclui os pagamentos e recebimentos de
rendimentos de factores como o trabalho ou o capital (dividendos e juros recebidos
por não residentes, em resultado de investimentos que detêm a nível do território
nacional, e recebidos por residentes em território nacional, associados a
investimentos no exterior). A diferença entre os Rendimentos Recebidos do Exterior
e os Rendimentos Pagos ou Enviados ao Exterior resulta em Balança de
Rendimentos Primários. Obtém-se mediante a seguinte expressão (Vasconcellos,
2002):

BRP = RPRE – RPEE (1.12)

Onde: BRP, RPRE, RPEE (representam respectivamente Balança de


Rendimentos Primários, Rendimentos Primários Recebidos do Exterior,
Rendimentos Primários Enviados ao Exterior).

Balança corrente é uma das contas da contabilidade nacional formada


pela soma de balança comercial, balança de rendimento secundário e balança de
rendimeto primário – que pode ser interpretada como o simétrico da poupança do
Resto do Mundo ou poupança externa (S ext) –. A balança corrente obtém-se
mediante a seguinte expressão (Vasconcellos, 2002):

23
BC = BBS + BTC + BRP (1.13)

Onde: BC, BBS, BTC, BRP (representam respectivamente Balança


Corrente, Balança de Bens e Serviços, Balança de Transferências Correntes,
Balança de Rendimentos Primários).

A balança corrente é um dos mais importantes indicadores económicos


de um país, pois através do seu resultado é possível verificar se o país em questão
possui uma dependência maior do exterior ou não. Caso a balança corrente seja
positiva para o país, é um sinal de que seus activos estão melhores precificados ou
que o país não possui tanta dependência do exterior. Caso a balança esteja
negativa, então o país é que possui uma dependência maior do exterior (Neto,
2014).

Com o indicador da balança corrente é possível verificar outros aspectos


da economia, por exemplo, quando um país passa por uma forte expansão
económica, tanto as importações quanto as exportações tendem a aumentar.
Porém, caso as exportações não consigam manter um ritmo similar, é comum
verificar o crescimento maior das importações. Uma explicação para esse fenómeno
pode estar baseada no consumo interno. Expansões económicas muitas vezes
podem ter origem na expansão de crédito. Sendo assim, as importações poderiam
contar como um facilitador para trazer mais produtos ao país. Portanto, com o
aumento das importações, é natural que a balança comercial fique negativa,
demonstrando certa dependência do país com o exterior. O câmbio também pode
ser um potencializador nas importações. Quando um país conta com uma moeda
muito forte, os produtos do exterior podem se tornar mais baratos e isso também
pode ser um forte elemento para o aumento das importações (Froyen, 2013).

A Poupança Externa ou Passivo/Activo Externo Líquido é o saldo da


balança corrente, com o sinal trocado. Se o saldo da balança corrente é negativo,
indica que o país aumentou seu endividamento externo, em termos financeiros (tem
um passivo externo líquido), mas tem poupança externa positiva, pois absorveu
bens e serviços em termos reais do exterior. Se o saldo da balança corrente é
positivo, indica um activo externo líquido, ou uma poupança externa negativa.
Matematicamente temos (Mankiw, 2013):

24
BC = – Sext (1.14)

Onde: BC, Sext (representam respectivamente Balança Corrente,


Poupança Externa).

Em suma, a poupança externa é uma reserva de recursos financeiros


formada por meio de recebimento de investimento de outros países. Em geral, são
países desenvolvidos que aplicam capital nos países em desenvolvimento. Para que
um país possa crescer ele precisa gastar, o que não é possível se estiver em uma
situação de escassez de recursos financeiros, por isso, obter esses recursos é uma
forte prioridade. Uma das formas de obtê-los seria captando investimento de outros
países o que leva à formação da chamada poupança externa (Pereira, 2015).

CAPÍTULO II: METODOLOGIA

Neste capítulo apresenta-se os procedimentos metodológicos utilizados,


com destaque ao contexto da pesquisa e procedimentos, tipo de pesquisa, métodos
teóricos, métodos empíricos, métodos matemático e estatístico.

Adicionalmente, o tema aqui abordado surge como consequência da


facilidade de obtenção de dados necessários para uma análise e interesse pessoal
em aprofundar o conhecimento acerca do tema.

2.1 – Contexto da pesquisa e procedimentos

A realização da presente monografia desenvolveu-se através do


procedimento das seguintes etapas:

 Levantamento bibliográfico sobre os factores de produção, os agentes


económicos, o produto interno bruto e as contas correntes com o resto do
mundo;
 Realização da análise do manual de contas nacionais de Angola durante os
anos de 2002 a 2017, de modo a conhecermos a composição real do sistema

25
de contas nacionais do país e fazer uma análise sobre a dinâmica do produto
interno bruto na óptica da despesa;
 Compilação dos dados obtidos por meio dos documentos que foram
revisados bem como os dados encontrados nas bibliografias consultadas;
 Apresentação do estudo sobre a análise da dinâmica do produto interno bruto
de Angola na óptica da despesa durante os anos de 2002 a 2017.

2.2 – Tipo de pesquisa

A metodologia adoptada neste trabalho baseia-se na obtenção de dados


que justifiquem ou comprovem o problema ou a hipótese previamente levantadas.
Desta forma, em virtude da natureza do problema ou da hipótese formuladas e dos
objectivos propostos, esta pesquisa pode ser classificada como: descritiva.

As pesquisas descritivas têm como finalidade principal a descrição das


características de determinada população ou fenómeno, ou o estabelecimento de
relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob
este título e uma de suas características mais significativas aparece na utilização de
técnicas padronizadas de colecta de dados. Esse tipo de pesquisa, busca descrever
um fenómeno ou situação em detalhe, especialmente o que está ocorrendo,
permitindo abranger, com exactidão, as características de um indivíduo, uma
situação, ou um grupo, bem como desvendar a relação entre os eventos (Carmo e
Ferreira, 1998).

A presente pesquisa é descritiva porque foi realizada uma revisão teórica


no sentido de esclarecermos ao máximo possível sobre o produto interno bruto na
óptica da despesa.

2.3 – Métodos teóricos

Os métodos teóricos cumprem uma função importante, pois possibilitam a


interpretação conceptual dos dados empíricos. Ao utilizar-se na construção e
desenvolvimento das teorias, criam condições para ir além das caracterizações
fenomenológicas e superficiais da realidade, explicar os factos e aprofundar nas
relações essenciais e qualidades fundamentais dos processos de observação
directa. Embora os métodos teóricos sejam procedimentos lógicos, constituem
métodos de investigação ao indicar modos de relação do sujeito e do objecto no

26
processo de investigação, bem como ao expressar métodos de apropriação das
relações, elos e essências do objecto que se investigam. Todos eles se
complementam entre si (Collera, 2017). Os métodos teóricos utilizados no presente
estudo foram: análise-síntese, análise bibliográfica.

A análise-síntese não existem isoladas uma da outra. A análise produz-se


mediante a síntese, porque a decomposição dos elementos da situação
problemática se realiza relacionando estes elementos entre si e vinculando-os com a
situação problemática como um todo. Por sua vez, a síntese produz-se sobre a base
dos resultados. Esta unidade dialéctica pressupõe que, no processo de investigação,
possa preponderar um ou outro em uma etapa, segundo a tarefa cognitiva que se
realize (Collera, 2017).

A análise-sintése foi usada com o intuito de possibilitar-nos a elaboração


da monografia no que toca a coerência e resumo das informações que obtivemos no
percurso da investigação, tornando assim o trabalho mais sucinto e com abordagens
concretas.

Relativamente a análise bibliográfica ela consiste na etapa inicial de todo


o trabalho científico com o objectivo de reunir as informações e dados que servirão
de base para a construção da investigação proposta a partir de determinado tema. A
análise bibliográfica é considerada uma fonte de colecta de dados secundária, pode
ser definida como: contribuições culturais ou científicas realizadas no passado sobre
um determinado assunto, tema ou problema que possa ser estudado, é
desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído, principalmente, de livros
e artigos científicos e é importante para o levantamento de informações básicas
sobre os aspectos que directa e indirectamente estão ligados à nossa temática.
Após a escolha de uma temática específica para ser abordada, a análise
bibliográfica deve se limitar ao tema que foi escolhido pelo investigador, servindo
como modo de aprofundar no assunto. Desta forma, além de traçar um histórico
sobre o objecto de estudo também ajuda a identificar contradições e respostas
anteriormente encontradas sobre as perguntas formuladas. A principal vantagem da
análise bibliográfica reside no facto de fornecer ao investigador um instrumento
analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si
mesma. Em suma, todo trabalho científico, toda pesquisa, deve ter o apoio e o
embasamento na análise bibliográfica, para que não se desperdice tempo com um
27
problema que já foi solucionado e possa chegar a conclusões inovadoras (Collera,
2017).

A análise bibliográfica foi de capital importância para a obtenção de


antecedentes teóricos que abordaram sobre o tema da nossa investigação e
possibilitou-nos escolher os conteúdos anteriormente abordados, de modo a criar
um enquadramento entre as matérias.

2.4 – Métodos empíricos

Os métodos empíricos possibilitam o reflexo da realidade do ponto de


vista das suas propriedades e relações acessíveis à contemplação sensorial.
Funcionam sobre a base da relação prática mais próxima possível entre o
investigador e o objecto a investigar. São os métodos que possibilitam ao
investigador recolher os dados necessários para verificar as hipóteses (Collera,
2017). Para a elaboração do presente trabalho de conclusão do curso foi usado o
método empírico de análise documental.

A análise documental é um processo que envolve selecção, tratamento e


interpretação da informação existente em documentos com o objectivo de eduzir
algum sentido. A análise documental é a colecta de dados em fontes primárias,
como documentos escritos ou não, pertencentes a arquivos públicos; arquivos
particulares de instituições e domicílios, e fontes estatísticas. Este tipo de pesquisa
torna-se particularmente importante quando o problema requer muitos dados
dispersos pelo espaço, porém, deve-se ter atenção a qualidade das fontes
utilizadas, pois a utilização de dados equivocados reproduz ou, mesmo, amplia seus
erros, é bastante utilizada em pesquisas puramente teóricas e naquelas em que o
delineamento principal é o estudo de caso, pois aquelas com esse tipo de
delineamento exigem, em boa parte dos casos, a colecta de documentos para
análise. No processo de investigação é necessário que o investigador recolha
informação de trabalhos anteriores, acrescente algum valor e transmita à
comunidade científica para que outros possam fazer o mesmo no futuro. Trata-se,
portanto, de estudar o que se tem produzido sobre uma determinada área para
poder introduzir algum valor acrescido à produção científica sem correr o risco de
estudar o que já está estudado, tomando como original o que já outros descobriram
(Carmo e Ferreira, 1998).

28
A análise documental foi usada para estudar o suporte documental que
aborda sobre o produto interno bruto do país na óptica da despesa durante os 2002
a 2017 o que permitiu-nos verificar a evolução do produto interno bruto e o
comportamento dos agregados que compõem esta variável (PIB).

2.5 – Métodos matemático e estatístico

O método matemático e estatístico é um método que se desenvolve com


o objectivo de obter informação numérica a respeito de uma propriedade ou
qualidade do objecto, processo ou fenómeno (Carmo e Ferreira, 1998). No presente
trabalho foi usado o método matemático e estatístico de cálculo percentual. O
cálculo percentual consiste na determinação da percentagem de uma variável.

O cálculo percentual ajudou-nos a determinar as taxas de crescimento do


produto interno bruto da economia do país durante os anos de 2002 a 2017, também
permitiu-nos calcular as taxas de contribuição das variáveis que compõem a
demanda agregada durante os períodos em análise.

CAPÍTULO III: ANÁLISE DE DADOS, APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO


DOS RESULTADOS

Neste capítulo, analisa-se os dados, apresenta-se e interpreta-se os


resultados sobre a dinâmica do produto interno bruto na óptica da despesa no
período compreendido de 2002 a 2017. Realizou-se a análise sobre a evolução das
seguintes variáveis: consumo final, investimento, exportação líquida, e produto
interno bruto.

3.1 – Análise do consumo final no período compreendido de 2002 a 2017

Tabela 3.1 – Análise do consumo final agregado (Milhões de Kwanzas ) de 2002 a


2017

29
Consumo Privado
Consumo Privado

Consumo Público

Consumo Público
Consumo Final

Crescimento do

Crescimento do
Crescimento do
Consumo Final

(Estado ou

(Estado ou
(Famílias)

(Famílias)
Agregado

Agregado

Governo)

Governo)
Taxa de
Taxa de

Taxa de
Anos

2002 403 479,00   276 187,00   127 292,00  


2003 861 252,00 113,46% 570 822,00 106,68% 290 430,00 128,16%
2004 1 100 375,00 27,76% 818 775,00 43,44% 281 600,00 -3,04%
2005 1 546 144,00 40,51% 1 029 632,00 25,75% 516 512,00 83,42%
2006 1 868 657,00 20,86% 1 222 807,00 18,76% 645 850,00 25,04%
2007 2 328 843,00 24,63% 1 551 012,00 26,84% 777 831,00 20,44%
2008 3 030 073,00 30,11% 1 913 019,00 23,34% 1 117 054,00 43,61%
2009 3 419 501,00 12,85% 2 303 263,00 20,40% 1 116 238,00 -0,07%
2010 3 979 257,00 16,37% 2 646 397,00 14,90% 1 332 860,00 19,41%
2011 5 238 354,00 31,64% 3 304 895,00 24,88% 1 933 459,00 45,06%
2012 5 986 331,00 14,28% 3 806 437,00 15,18% 2 179 894,00 12,75%
2013 7 808 116,00 30,43% 4 955 099,00 30,18% 2 853 017,00 30,88%
2014 8 944 162,00 14,55% 6 369 354,00 28,54% 2 574 808,00 -9,75%
2015 9 650 369,00 7,90% 7 357 941,00 15,52% 2 292 428,00 -10,97%
2016 11 569 219,00 19,88% 9 272 026,00 26,01% 2 297 193,00 0,21%
2017 14 207 581,00 22,81% 11 586 487,00 24,96% 2 621 094,00 14,10%
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do INE Angola (2018)

A Tabela 3.1 mostra o comportamento do consumo final agregado


durante os anos de 2002 a 2017. Observa-se que ao longo do período em estudo, o
consumo final agregado foi registando taxa de crescimento positivo apesar de
algumas oscilações que foram ocorrendo de um momento para outro. Verificou-se
ainda que a variável macroeconómica em causa registou a maior taxa de
crescimento em 2003 com cerca de 113,46%, e a menor taxa de crescimento
ocorreu em 2015 rondando os 7,90%.

Verifica-se ainda a partir da Tabela 3.1 o seguinte, em 2002 o consumo


final agregado rondava os 403,4 mil milhões de kwanzas, onde 276,1 mil milhões de
kwanzas foi o consumo realizado pelas famílias e 127,2 mil milhões de kwanzas
pertencia ao consumo público. No ano de 2003, esta variável rondava os 861,2 mil
milhões de kwanzas, deste valor 570,8 mil milhões de kwanzas pertencia ao
consumo das famílias e 290,4 mil milhões de kwanzas fazia parte do consumo
público, registando assim aumento de 113,46% relativamente ao ano de 2002. Em
2004 o consumo final agregado da economia angolana deu um salto considerável,
saindo de mil milhões para bilhões de kwanzas, rondando cerca de 1,1 bilhão de
kwanzas, onde 818,7 mil milhões de kwanzas foi o consumo realizado pelas famílias

30
e 281,6 mil milhões de kwanzas pertencia ao consumo público, aumentando 27,76%
em relação ao período anterior. No ano de 2005 o consumo final agregado ascendeu
para 1,5 bilhão de kwanzas, do qual 1,02 bilhão de kwanzas foi o consumo realizado
pelas famílias e 516,5 mil milhões de kwanzas pertencia ao consumo público,
registando um incremento de 40,51% relativamente ao ano anterior. Em 2006 o
consumo final agregado atingiu 1,8 bilhão de kwanzas, aumentando em relação ao
ano de 2005 cerca de 20,86%, é fundamental referir que deste valor 1,2 bilhão de
kwanzas pertencia ao consumo das famílias e 645,8 mil milhões de kwanzas
representava o valor do consumo público. No ano de 2007 a variável consumo final
agregado alcançou 2,3 bilhões de kwanzas, deste valor 1,5 bilhão de kwanzas foi o
consumo realizado pelos particulares e 777,8 mil milhões de kwanzas pertencia ao
consumo público ou do Estado, aumentando assim para 24,63% tendo em conta o
período de 2006. Em 2008 a variável em causa chegou a uma cifra de 3,03 bilhões
de kwanzas, com um aumento de 30,11% que em 2007, deste valor 1,9 bilhão de
kwanzas pertencia ao consumo das famílias e 1,1 bilhão de kwanzas pertencia ao
consumo público. No ano de 2009 o consumo final agregado esteve em torno de 3,4
bilhões de kwanzas, onde 2,3 bilhões de kwanzas fazia parte do consumo das
famílias e 1,1 bilhão de kwanzas pertencia ao consumo público, neste ano o
consumo final agregado registou um aumento de 12,85% em relação ao período de
2008. Em 2010 o consumo final agregado rondava os 3,9 bilhões de kwanzas, onde
cerca de 2,6 bilhões de kwanzas pertencia ao consumo dos particulares e 1,3 bilhão
de kwanzas pertencia ao consumo público, registou-se neste período um incremento
de 16,37% em relação ao ano de 2009. No período de 2011 o consumo final
agregado rondava os 5,2 bilhões de kwanzas, deste valor cerca de 3,3 bilhões de
kwanzas pertencia ao consumo dos particulares e 1,9 bilhão de kwanzas pertencia
ao consumo público, aumentando assim 31,64% em relação ao ano de 2010. Em
2012 o consumo final agregado atingiu 5,9 bilhões de kwanzas, deste valor cerca de
3,8 bilhões de kwanzas pertencia ao consumo dos particulares e 2,1 bilhões de
kwanzas pertencia ao consumo público, tendo aumentado cerca de 14,28% que no
ano de 2011. No ano de 2013 o consumo final agregado rondava os 7,8 bilhões de
kwanzas, deste valor cerca de 4,9 bilhões de kwanzas pertencia ao consumo dos
particulares e 2,8 bilhões de kwanzas pertencia ao consumo público, registando um
aumento de 30,43% em relação ao ano de 2012. Em 2014 o consumo final agregado
atingiu 8,9 bilhões de kwanzas, onde cerca de 6,3 bilhões de kwanzas pertencia ao

31
consumo dos particulares e 2,5 bilhões de kwanzas pertencia ao consumo público,
registou-se um incremento de 14,55% em relação ao ano de 2013. No ano de 2015
o consumo final agregado rondou 9,6 bilhões de kwanzas, do qual 7,3 bilhões de
kwanzas pertencia ao consumo dos particulares e 2,2 bilhões de kwanzas pertencia
ao consumo público, e ainda registou-se um incremento de 7,90% em relação ao
ano de 2014. Em 2016 o consumo final agregado rondava os 11,5 bilhões de
kwanzas, onde 9,2 bilhões de kwanzas pertencia ao consumo dos particulares e 2,2
bilhões de kwanzas pertencia ao consumo público, registou-se um incremento de
19,88% em relação ao ano de 2015. Finalmente, no ano de 2017 o consumo final
agregado chegou a rondar os 14,2 bilhões de kwanzas, onde 11,5 bilhões de
kwanzas pertencia ao consumo dos particulares e 2,6 bilhões de kwanzas pertencia
ao consumo público, registou-se um incremento de 22,81% em relação ao ano de
2016.

Como é do nosso conhecimento, o consumo final agregado resulta da


soma entre o consumo privado ou consumo das famílias e o consumo público ou
gastos do governo ou ainda gastos do Estado. Ao longo dos anos em análise
observou-se que para que a variável consumo final agregado atingisse os valores
nominais supracitados a maior parte dele veio do consumo realizado pelas famílias,
que foi a variável que mais contribuiu na composição do consumo final agregado
comparativamente ao consumo público durante os anos de 2002 a 2017.

3.2 – Análise do investimento no período compreendido de 2002 a 2017

Tabela 3.2 – Análise do investimento agregado (Milhões de Kwanzas) de 2002 a


2017
Formação Bruta
Formação Bruta
Crescimento do

Crescimento da
Crescimento da
de Capital fixo

de Capital fixo
Investimento

Investimento

Variação de

Variação de
Existência

Existência
Agregado

Agregado

Taxa de
Taxa de

Taxa de
Anos

2002 202 897,00   201 789,00   1 108,00  


2003 404 677,00 99,45% 394 360,00 95,43% 10 317,00 831,14%
2004 607 855,00 50,21% 602 229,00 52,71% 5 626,00 -45,47%
2005 887 970,00 46,08% 895 564,00 48,71% -7 594,00 -234,98%

32
2006 980 907,00 10,47% 923 944,00 3,17% 56 963,00 -850,11%
2007 1 288 159,00 31,32% 1 259 386,00 36,31% 28 773,00 -49,49%
2008 2 046 422,00 58,86% 1 941 186,00 54,14% 105 236,00 265,75%
2009 2 436 365,00 19,05% 2 452 293,00 26,33% -15 928,00 -115,14%
2010 2 222 440,00 -8,78% 2 234 458,00 -8,88% -12 018,00 -24,55%
2011 2 935 397,00 32,08% 2 868 305,00 28,37% 67 092,00 -658,26%
2012 3 533 436,00 20,37% 3 560 451,00 24,13% -27 015,00 -140,27%
2013 3 449 566,00 -2,37% 3 451 615,00 -3,06% -2 049,00 -92,42%
2014 3 939 127,00 14,19% 3 936 026,00 14,03% 3 101,00 -251,34%
2015 4 771 347,00 21,13% 3 935 322,00 -0,02% 836 025,00 26859,85%
2016 4 503 916,00 -5,60% 4 338 173,00 10,24% 165 743,00 -80,17%
2017 4 889 354,00 8,56% 4 709 427,00 8,56% 179 927,00 8,56%
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do INE Angola (2018)

A Tabela 3.2 mostra o comportamento do investimento agregado no


período compreendido durante os anos de 2002 a 2017. Observa-se que o
investimento agregado registou óptimas taxas de crescimento, embora tenha
ocorrido algumas recessões em três momentos. O investimento agregado registou a
maior taxa de crescimento em 2003 com cerca de 99,45% em relação ao ano de
2002, e regrediu muito no ano de 2010 com cerca de -8,78% em relação ao ano de
2009.

Verifica-se a partir da Tabela 3.2 que em 2002 o investimento agregado


rondava os 202,8 mil milhões de kwanzas, deste valor 201,7 mil milhões de kwanzas
fazia referência a formação bruta de capital fixo e 1,1 mil milhão de kwanzas
pertencia a variação de existência ou variação de stock. Em 2003 o investimento
agregado ascendeu para 404,6 mil milhões de kwanzas onde 394,3 mil milhões de
kwanzas pertencia a formação bruta de capital fixo e 10,3 mil milhões de kwanzas
fazia parte da variação de existência, o que resultou em um incremento de 99,45%
comparativamente ao período de 2002. No ano de 2004 o investimento agregado
atingiu 607,8 mil de kwanzas onde 602,2 mil milhões de kwanzas dizia respeito a
formação bruta de capital fixo e 5,6 mil milhões de kwanzas vinculava-se a variação
de existência, registando o aumento de 50,21% em relação ao ano de 2003. No ano
de 2005 o investimento agregado subiu para 887,9 mil milhões de kwanzas, desse
valor 895,5 mil milhões de kwanzas fazia parte da formação bruta de capital fixo, e a
variação de existência registou uma baixa de -7,5 mil milhões de kwanzas, apesar
da baixa da variação de existência o investimento agregado aumentou para 46,08%
relativamente ao ano de 2004. Em 2006 o investimento agregado somou 980,9 mil
milhões de kwanzas, deste valor 923,9 mil milhões de kwanzas pertencia a formação
33
bruta de capital fixo e 56,9 mil milhões de kwanzas fazia parte da variação de
existência, com isso o investimento agregado aumentou cerca de 10,47%
comparativamente ao ano de 2005. Em 2007 o investimento agregado alcançou 1,28
bilhão de kwanzas, deste valor 1,25 bilhão de kwanzas foi da formação bruta de
capital fixo e 28,7 mil milhões de kwanzas pertencia a variação de existência,
aumentando assim para 31,32% em relação ao ano de 2006. No ano de 2008 o
investimento agregado ascendeu para 2,04 bilhões de kwanzas, onde 1,9 bilhão de
kwanzas pertencia a formação bruta de capital fixo e 105,2 mil milhões de kwanzas
fazia parte da variação de existência, e proporcionou um aumento de 58,86%
relativamente ao ano de 2007. No ano de 2009 o investimento agregado atingiu 2,43
bilhões de kwanzas, onde 2,45 bilhões de kwanzas pertencia a formação bruta de
capital fixo, e houve uma recessão de -15,9 mil milhões de kwanzas referente a
variação de existência, mas isso não impediu que o investimento crescesse para
19,05% em relação ao ano de 2008. Em 2010 o investimento agregado atingiu 2,22
bilhões de kwanzas, onde 2,23 bilhões de kwanzas pertencia a formação bruta de
capital fixo, e houve uma recessão de -12,01 mil milhões de kwanzas referente a
variação de existência, e consequentemente o investimento agregado também
decresceu a uma taxa de -8,78% em relação ao ano de 2009, é fundamental referir
que essa recessão do investimento agregado não foi muito impulsionado pela
variação de existência apesar de ter contribuído para a elevação da taxa de
recessão, é notório que de qualquer maneira não havia possibilidade de ocorrer um
crescimento neste período de 2010, pois o valor do investimento agregado do ano
anterior foi superior ao valor da formação bruta de capital fixo de 2010. Em 2011 o
investimento agregado atingiu 2,9 bilhões de kwanzas, onde 2,8 bilhões de kwanzas
pertencia a formação bruta de capital fixo e 67,09 mil milhões de kwanzas fazia parte
da variação de existência, e registou-se um aumento de 32,08% em relação ao ano
de 2010. No ano de 2012 o investimento agregado atingiu 3,53 bilhões de kwanzas,
onde 3,56 bilhões de kwanzas pertencia a formação bruta de capital fixo e houve
uma recessão de -27,01 mil milhões de kwanzas referente a variação de existência,
mas isso não impediu que o investimento crescesse para 20,37% em relação ao ano
de 2011. No ano de 2013 o investimento agregado atingiu 3,44 bilhões de kwanzas,
onde 3,45 bilhões de kwanzas pertencia a formação bruta de capital fixo e houve
uma recessão de -2,04 mil milhões de kwanzas referente a variação de existência, e
consequentemente o investimento agregado também decresceu a uma taxa de -

34
2,37% em relação ao ano de 2012, é fundamental referir que essa recessão do
investimento agregado não foi muito impulsionado pela variação de existência,
apesar de ter contribuído para a elevação da taxa de recessão é notório que de
qualquer maneira não havia possibilidade de ocorrer um crescimento neste período
de 2013, pois o valor do investimento agregado do ano anterior foi superior ao valor
da formação bruta de capital fixo de 2013. Em 2014 o investimento agregado atingiu
3,9 bilhões de kwanzas, onde 3,9 bilhões de kwanzas pertencia a formação bruta de
capital fixo e 3,1 mil milhões de kwanzas fazia parte da variação de existência, e
registou-se um aumento de 14,19% em relação ao ano de 2013. Em 2015 o
investimento agregado atingiu 4,7 bilhões de kwanzas, onde 3,9 bilhões de kwanzas
pertencia a formação bruta de capital fixo e 836,02 mil milhões de kwanzas fazia
parte da variação de existência, e registou-se um aumento de 21,13% em relação ao
ano de 2014. No ano de 2016 o investimento agregado atingiu 4,5 bilhões de
kwanzas, onde 4,3 bilhões de kwanzas pertencia a formação bruta de capital fixo e
165,7 mil milhões de kwanzas fazia parte da variação de existência, mas a variável
investimento registou uma recessão relativamente ao período anterior de -5,60%.
Em 2017 o investimento agregado atingiu 4,8 bilhões de kwanzas, onde 4,7 bilhões
de kwanzas pertencia a formação bruta de capital fixo e 179,9 mil milhões de
kwanzas fazia parte da variação de existência, e registou-se um aumento de 8,56%
em relação ao ano de 2016.

Fazendo uma análise comparativa entre essas duas variáveis que


compõem o investimento agregado em termos de contribuição, chegamos a
conclusão que a formação bruta de capital fixo foi a variável que mais contribuiu
para que o investimento agregado atingisse os valores supracitados durante os anos
de 2002 a 2017, já a variação de existência exerceu uma contribuição menor na
formação do investimento.

3.3 – Análise da exportação líquida no período compreendido de 2002 a 2017

Tabela 3.3 – Análise da exportação líquida (Milhões de Kwanzas) de 2002 a 2017


Crescimento das

Crescimento das

Crescimento das
Importações de
Importações de
Bens e Serviços

Bens e Serviços

Bens e Serviços

Bens e Serviços
Exportações de
Exportações de
Exportações

Exportações
Líquidas

Líquidas
Taxa de

Taxa de

Taxa de
Anos

2002 59 008,00   379 835,00   320 827,00  

35
2003 63 011,00 6,78% 721 898,00 90,06% 658 887,00 105,37%
2004 259 341,00 311,58% 1 148 675,00 59,12% 889 334,00 34,98%
2005 788 238,00 203,94% 2 111 487,00 83,82% 1 323 249,00 48,79%
2006 1 360 198,00 72,56% 2 671 846,00 26,54% 1 311 648,00 -0,88%
2007 1 389 333,00 2,14% 3 399 591,00 27,24% 2 010 258,00 53,26%
2008 1 566 858,00 12,78% 4 814 772,00 41,63% 3 247 914,00 61,57%
2009 -52 382,00 -103,34% 3 696 401,00 -23,23% 3 748 783,00 15,42%
2010 1 460 433,00 2888,04% 4 739 836,00 28,23% 3 279 403,00 -12,52%
2011 2 242 727,00 53,57% 6 370 916,00 34,41% 4 128 189,00 25,88%
2012 2 454 790,00 9,46% 6 838 653,00 7,34% 4 383 863,00 6,19%
2013 1 937 322,00 -21,08% 6 696 080,00 -2,08% 4 758 758,00 8,55%
2014 1 440 570,00 -25,64% 6 402 053,00 -4,39% 4 961 483,00 4,26%
2015 -471 425,00 -132,72% 4 150 853,00 -35,16% 4 622 278,00 -6,84%
2016 476 431,00 201,06% 4 654 480,00 12,13% 4 178 049,00 -9,61%
2017 1 165 362,00 144,60% 5 876 897,00 26,26% 4 711 535,00 12,77%
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do INE Angola (2018)

A Tabela 3.3 mostra o comportamento das exportações líquidas


angolanas durante os anos de 2002 a 2017. Observa-se que ao longo dos anos em
análise, as exportações líquidas do país embora tenham regredido ou apresentado
saldos negativos em dois momentos (2009 e 2015), para os períodos restantes de
análise os saldos apresentados foram positivos, no que tange as taxas de
crescimento das exportações líquidas vale salientar que houve momentos bons e
momentos ruins, isto é, as exportações líquidas apresentaram taxas de crescimento
positivos na maior parte dos anos em análise com a excepção dos anos de 2009,
2013, 2014, e 2015 onde as taxas foram negativas. De acordo com a Tabela 3.3, a
maior taxa de crescimento já resgistada durante o período em análise foi a do
período de 2010 onde a exportação líquida chegou a atingir cerca de 2.888,04% e
teve a pior recessão no ano de 2015 que esteve em cerca de -132,72%.

Verifica-se ainda a partir da Tabela 3.3 o seguinte, em 2002 a exportação


líquida rondava os 59,0 mil milhões de kwanzas, deste valor 379,8 mil milhões de
kwanzas pertencia as exportações e 320,8 mil milhões de kwanzas fazia referencia
as importações. Em 2003 a exportação líquida rondava os 63,01 mil milhões de
kwanzas, deste valor 721,8 mil milhões de kwanzas pertencia as exportações e
658,8 mil milhões de kwanzas fazia parte das importações, registando assim
aumento de 6,78% relativamente ao ano de 2002. No ano de 2004 a exportação
líquida chegou a cifrar-se em 259,3 mil milhões de kwanzas, onde 1,1 bilhão de
kwanzas era o valor das exportações e 889,3 mil milhões de kwanzas pertencia as

36
importações, registou-se um aumento de 311,58% em relação ao período de 2003.
No ano de 2005 a exportação líquida ascendeu para 788,2 mil milhões de kwanzas,
deste valor 2,1 bilhões de kwanzas foi das exportações e 1,3 bilhão de kwanzas
pertencia as importações, registando relativamente ao ano de 2004 um incremento
de 203,94%. Em 2006 a exportação líquida atingiu 1,3 bilhão de kwanzas, deste
valor 2,6 bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 1,3 bilhão de kwanzas fazia
parte das importações, registou-se um aumento de 72,56% relativamente ao ano de
2005. Em 2007 a exportação líquida alcançou 1,3 bilhão de kwanzas, deste valor 3,3
bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 2,0 bilhões de kwanzas pertencia as
importações, aumentando assim para 2,14% em relação ao ano de 2006. No ano de
2008 a exportação líquida chegou a uma cifra de 1,5 bilhão de kwanzas, deste valor
4,8 bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 3,2 bilhões de kwanzas pertencia
as importações, registou-se um aumento de 12,78% em relação ao ano de 2007. No
ano de 2009 a exportação líquida registou um déficit de -52,3 mil milhões de
kwanzas, deste valor 3,6 bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 3,7 bilhões
de kwanzas fazia parte das importações, como se pode verificar, nesta época as
importações foram maiores que as exportações razão que levou ao registo do déficit
na balança comercial angolana neste ano, e consequentemente houve uma
recessão relativamente ao ano de 2008 que esteve a rondar em cerca de -103,34%.
Em 2010 a exportação líquida rondava os 1,4 bilhão de kwanzas, onde cerca de 4,7
bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 3,2 bilhões de kwanzas pertencia as
importações, registou-se neste período o maior incremento durante todos os
períodos em análise que esteve em cerca de 2.888,04% em relação ao ano de 2009.
Em 2011 a exportação líquida rondava os 2,2 bilhões de kwanzas, deste valor cerca
de 6,3 bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 4,1 bilhões de kwanzas
pertencia as importações, aumentando assim 53,57% em relação ao ano de 2010.
No ano de 2012 a exportação líquida atingiu 2,4 bilhões de kwanzas, deste valor
cerca de 6,8 bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 4,3 bilhões de kwanzas
pertencia as importações, tendo aumentado cerca de 9,46% que no ano de 2011. No
ano de 2013 a exportação líquida rondava os 1,9 bilhão de kwanzas, deste valor
cerca de 6,6 bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 4,7 bilhões de kwanzas
pertencia as importações, apesar de se ter registado um saldo positivo da balança
comercial, mas relativamente ao ano de 2012 houve uma recessão de -21,08%. Em
2014 a exportação líquida rondou os 1,4 bilhão de kwanzas, deste valor cerca de 6,4

37
bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 4,9 bilhões de kwanzas pertencia as
importações, apesar de se ter registado um saldo positivo da balança comercial,
mas relativamente ao ano de 2013 houve uma recessão de -25,64%. Em 2015 a
exportação líquida registou um déficit de -471,4 mil milhões de kwanzas, deste valor
cerca de 4,1 bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 4,6 bilhões de kwanzas
pertencia as importações, como se pode verificar, nesta época as importações foram
maiores que as exportações razão que levou ao registo do déficit na balança
comercial angolana neste ano, e consequentemente houve uma recessão
relativamente ao ano de 2014 que esteve a rondar em cerca de -132,72%. Em 2016
a exportação líquida rondava em cerca de 476,4 mil milhões de kwanzas, deste valor
cerca de 4,6 bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 4,1 bilhões de kwanzas
pertencia as importações, registou-se um incremento em relação ao ano de 2015 de
201,06%. Já em 2017 a exportação líquida rondava os 1,1 bilhão de kwanzas, deste
valor cerca de 5,8 bilhões de kwanzas pertencia as exportações e 4,7 bilhões de
kwanzas pertencia as importações e registou-se um incremento de 144,60% em
relação ao ano de 2016.

Durante os períodos em estudo podemos efectuar uma análise


comparativa entre as duas variáveis na contribuição dos resultados da balança
comercial, observa-se que na maior parte dos anos o saldo da balança foi positivo
com a excepção dos anos de 2009 e 2015 onde o saldo da balança foi negativo,
nesta senda, no cômputo geral o valor das exportações contribuíram muito para que
a balança atingisse os valores supracitados.

3.4 – Análise da dinâmica do PIB de Angola de 2002 a 2017

Tabela 3.4 – Análise da dinâmica do PIB de Angola (Milhões de Kwanzas) de 2002 a


2017

38
Exportações Líquidas

Taxa de contribuição
Taxa de contribuição

Taxa de contribuição
Taxa de crescimento

do consumo final no

do investimento no

das exportações
nominal do PIB

líquidas no PIB
Consumo Final

Investimento
Agregado

Agregado
Períodos

PIB

PIB

PIB
2002 665 384,00   403 479,00 60,64% 202 897,00 30,49% 59 008,00 8,87%
2003 1 328 940,00 99,73% 861 252,00 64,81% 404 677,00 30,45% 63 011,00 4,74%
2004 1 967 571,00 48,06% 1 100 375,00 55,93% 607 855,00 30,89% 259 341,00 13,18%
2005 3 222 352,00 63,77% 1 546 144,00 47,98% 887 970,00 27,56% 788 238,00 24,46%
2006 4 209 762,00 30,64% 1 868 657,00 44,39% 980 907,00 23,30% 1 360 198,00 32,31%
2007 5 006 335,00 18,92% 2 328 843,00 46,52% 1 288 159,00 25,73% 1 389 333,00 27,75%
2008 6 643 353,00 32,70% 3 030 073,00 45,61% 2 046 422,00 30,80% 1 566 858,00 23,59%
2009 5 803 484,00 -12,64% 3 419 501,00 58,92% 2 436 365,00 41,98% -52 382,00 -0,90%
2010 7 662 130,00 32,03% 3 979 257,00 51,93% 2 222 440,00 29,01% 1 460 433,00 19,06%
2011 10 416 478,00 35,95% 5 238 354,00 50,29% 2 935 397,00 28,18% 2 242 727,00 21,53%
2012 11 974 557,00 14,96% 5 986 331,00 49,99% 3 533 436,00 29,51% 2 454 790,00 20,50%
2013 13 195 004,00 10,19% 7 808 116,00 59,17% 3 449 566,00 26,14% 1 937 322,00 14,68%
2014 14 323 859,00 8,56% 8 944 162,00 62,44% 3 939 127,00 27,50% 1 440 570,00 10,06%
2015 13 950 291,00 -2,61% 9 650 369,00 69,18% 4 771 347,00 34,20% -471 425,00 -3,38%
2016 16 549 566,00 18,63% 11 569 219,00 69,91% 4 503 916,00 27,21% 476 431,00 2,88%
2017 20 262 297,00 22,43% 14 207 581,00 70,12% 4 889 354,00 24,13% 1 165 362,00 5,75%
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do INE Angola (2018)

A Tabela 3.4 mostra a evolução do produto interno bruto na óptica da


despesa de Angola durante os anos de 2002 a 2017. Observa-se que em 2002, o
produto interno bruto do país esteve em torno de 665,3 mil milhões de kwanzas e no
ano de 2017 esta variável passou para 20,2 bilhões de kwanzas. Verifica-se que, em
termos nominais a economia do país registou recessão em apenas dois momentos,
isto é, nos períodos de 2009 e 2015. A economia do país registou a maior taxa de
crescimento, tendo em conta os períodos em análise, no ano de 2003 onde chegou
a cifrar-se em 99,73% em relação ao ano de 2002. Vale ressaltar também que para
além do registo desta taxa houve momentos em que a taxa nominal de crescimento
do produto interno bruto apresentou bons resultados, como são os casos dos anos
de 2005, 2004, 2011, 2008, 2010, e 2006 onde o crescimento rondava
respectivamente os seguintes dígitos, 63,77%, 48,06%, 35,95%, 32,70%, 32,03%, e
30,64% em relação aos anos anteriores, e que esteve em torno de dois dígitos. Por
outro lado, o produto interno bruto registou a pior recessão no ano de 2009 com uma
taxa de -12,64% relativamente ao ano de 2008. Por fim, pode-se concluir que no
cômputo geral as taxas registadas durante esses anos foram satisfatórias.

39
Verifica-se ainda a partir da Tabela 3.4 o seguinte, no ano de 2002 o PIB
de Angola rondava os 665,3 mil milhões de kwanzas, onde o consumo final
contribuiu com cerca de 403,4 mil milhões de kwanzas, o investimento agregado
com 202,8 mil milhões de kwanzas, e as exportações líquidas com 59,0 mil milhões
de kwanzas, é possível verificar que a variável consumo exerceu uma grande
influência para que o PIB atingisse o valor que ostentava naquela época, com uma
parcela de cerca de 60,64% seguida do investimento que contribuiu com 30,49%, e
os restantes 8,87% foi o resultado do saldo da balança comercial, ou seja, das
exportações líquidas. No ano de 2003, o PIB de Angola aumentou cerca de 99,73%
relativamente ao ano de 2002, e cifrou-se em cerca de 1,3 bilhão de kwanzas, deste
valor o consumo final contribuiu com cerca de 861,2 mil milhões de kwanzas, o
investimento agregado com 404,6 mil milhões de kwanzas, e as exportações
líquidas com 63,0 mil milhões de kwanzas, verifica-se novamente que a variável
consumo exerceu uma grande influência para que o PIB atingisse o valor
supracitado, com uma parcela de cerca de 64,81% seguida do investimento com
30,45% e as exportações líquidas contribuíram com cerca de 4,74%. Em 2004 o PIB
de Angola atingiu 1,9 bilhão de kwanzas, com um aumento em relação ao período
de 2003 de 48,06%, onde o consumo final contribuiu com cerca de 1,1 bilhão de
kwanzas, o investimento agregado com 607,8 mil milhões de kwanzas, e as
exportações líquidas com 259,3 mil milhões de kwanzas, mais uma vez podemos
verificar que a variável consumo exerceu uma grande influência para que o PIB
atingisse o valor que ostentava naquela época, com uma parcela de cerca de
55,93% seguida do investimento que contribuiu com 30,89%, e as exportações
líquidas contribuíram com 13,18%. Em 2005 o PIB de Angola aumentou cerca de
63,77% relativamente ao ano de 2004, e cifrou-se em cerca de 3,2 bilhões de
kwanzas deste valor o consumo final contribuiu com cerca de 1,5 bilhão de kwanzas,
o investimento agregado com 887,9 mil milhões de kwanzas, e as exportações
líquidas com 788,2 mil milhões de kwanzas, verifica-se novamente que a variável
consumo exerceu uma grande influência para que o PIB atingisse o valor
supracitado, com uma parcela de cerca de 47,98% seguida do investimento com
27,56%, e as exportações líquidas contribuíram com cerca de 24,46%. No ano de
2006 o PIB de Angola atingiu 4,2 bilhões de kwanzas, com um aumento em relação
ao período de 2005 de 30,64%, onde o consumo final contribuiu com cerca de 1,8
bilhão de kwanzas, o investimento agregado com 980,9 mil milhões de kwanzas, e

40
as exportações líquidas com 1,3 bilhão de kwanzas, nesta época a variável consumo
exerceu uma grande influência no PIB, com uma parcela de cerca de 44,39%
seguida das exportações líquidas com 32,31%, e contrariamente aos anos
anteriores, desta vez o investimento passou a ocupar a última posição com uma
parcela de 23,30%. No ano de 2007 o PIB esteve a rondar os 5,0 bilhões de
kwanzas, com um aumento em relação ao período de 2006 de 18,92%, onde o
consumo final contribuiu com cerca de 2,3 bilhões de kwanzas, o investimento
agregado com 1,2 bilhão de kwanzas, e as exportações líquidas com 1,3 bilhões,
verifica-se novamente que o consumo exerceu uma grande influência no PIB, com
uma parcela de cerca de 46,52% seguida das exportações líquidas com 27,75%, e
mais uma vez o investimento passou a ocupar a última posição com uma parcela de
25,73%. Em 2008 o PIB do país chegou a rondar os 6,6 bilhões de kwanzas, e
aumentou cerca de 32,70% relativamente ao ano de 2007, deste valor o consumo
final contribuiu com cerca de 3,0 bilhões de kwanzas, o investimento agregado com
2,0 bilhões de kwanzas, e as exportações líquidas com 1,5 bilhão de kwanzas,
verifica-se que a variável consumo exerceu uma grande influência no PIB, com uma
parcela de cerca de 45,61% seguida do investimento com 30,80%, e as exportações
líquidas contribuíram com cerca de 23,59%. Em 2009 o PIB esteve a rondar os 5,8
bilhões de kwanzas, tendo regredido em -12,64% em relação ao ano de 2008, deste
valor o consumo final contribuiu com cerca de 3,4 bilhões de kwanzas, o
investimento agregado com 2,4 bilhões de kwanzas, e as exportações líquidas
registou um saldo negativo avaliado em -52,3 mil milhões de kwanzas, verifica-se
que a variável consumo exerceu uma grande influência no PIB, com uma parcela de
cerca de 58,92% seguida do investimento com 41,98%, e as exportações líquidas
contribuíram na diminuição do PIB com cerca de -0,90%. No ano de 2010 o PIB
atingiu 7,6 bilhões de kwanzas, e registou um aumento de 32,03% relativamente ao
ano de 2009, deste valor o consumo final contribuiu com cerca de 3,9 bilhões de
kwanzas, o investimento agregado com 2,2 bilhões de kwanzas, e as exportações
líquidas com 1,4 bilhão de kwanzas, verifica-se que a variável consumo exerceu
uma grande influência no PIB, com uma parcela de cerca de 51,93% seguida do
investimento com 29,01%, e as exportações líquidas contribuíram com cerca de
19,06%. No ano de 2011 o PIB de Angola rondava os 10,4 bilhões de kwanzas, e
aumentou cerca de 35,95% relativamente ao ano de 2010, deste valor o consumo
final contribuiu com cerca de 5,2 bilhões de kwanzas, o investimento agregado com

41
2,9 bilhões de kwanzas, e as exportações líquidas com 2,2 bilhões de kwanzas,
verifica-se que a variável consumo exerceu uma grande influência no PIB, com uma
parcela de 50,29% seguida do investimento com 28,18%, e as exportações líquidas
contribuíram com cerca de 21,53%. Em 2012 o PIB do país rondava os 11,9 bilhões
de kwanzas, tendo aumentado cerca de 14,96% relativamente ao ano de 2011,
deste valor o consumo final contribuiu com cerca de 5,9 bilhões de kwanzas, o
investimento agregado com 3,5 bilhões de kwanzas, e as exportações líquidas com
2,4 bilhões de kwanzas, verifica-se que a variável consumo exerceu uma grande
influência no PIB, com uma parcela de 49,99% seguida do investimento com
29,51%, e as exportações líquidas contribuíram com cerca de 20,50%. Em 2013 o
PIB do país rondava os 13,1 bilhões de kwanzas, e aumentou cerca de 10,19%
relativamente ao ano de 2012, deste valor o consumo final contribuiu com cerca de
7,8 bilhões de kwanzas, o investimento agregado com 3,4 bilhões de kwanzas, e as
exportações líquidas com 1,9 bilhão de kwanzas, verifica-se que a variável consumo
exerceu uma grande influência no PIB, com uma parcela de 59,17% seguida do
investimento com 26,14%, e as exportações líquidas contribuíram com cerca de
14,68%. No ano de 2014 o PIB do país chegou a uma cifra de 14,3 bilhões de
kwanzas, e aumentou cerca de 8,56% relativamente ao ano de 2013, deste valor o
consumo final contribuiu com cerca de 8,9 bilhões de kwanzas, o investimento
agregado com 3,9 bilhões de kwanzas, e as exportações líquidas com 1,4 bilhão de
kwanzas, verifica-se que a variável consumo exerceu uma grande influência no PIB,
com uma parcela de cerca de 62,44% seguida do investimento com 27,50%, e as
exportações líquidas contribuíram com cerca de 10,06%. No ano de 2015 o PIB
esteve a rondar os 13,9 bilhões de kwanzas, tendo regredido em -2,61% em relação
ao ano de 2014, deste valor o consumo final contribuiu com cerca de 9,6 bilhões de
kwanzas, o investimento agregado com 4,7 bilhões de kwanzas, e as exportações
líquidas registou um saldo negativo avaliado em -471,4 mil milhões de kwanzas,
verifica-se que a variável consumo exerceu uma grande influência no PIB, com uma
parcela de cerca de 69,18% seguida do investimento com 34,20%, e as exportações
líquidas contribuíram na diminuição do PIB com cerca de -3,38%. Em 2016 o PIB de
Angola atingiu 16,5 bilhões de kwanzas, com um aumento em relação ao período de
2015 de 18,63%, onde o consumo final contribuiu com cerca de 11,5 bilhões de
kwanzas, o investimento agregado com 4,5 bilhões de kwanzas, e as exportações
líquidas com 476,4 mil milhões de kwanzas, nesta época a variável consumo

42
exerceu uma grande influência no PIB, com uma parcela de 69,91% seguida do
investimento com 27,21%, e as exportações líquidas contribuíram com cerca de
2,88%. Finalmente em 2017, o PIB do país rondou os 20,2 bilhões de kwanzas, com
um aumento em relação ao período de 2016 de 22,43%, onde o consumo final
contribuiu com cerca de 14,2 bilhões de kwanzas, o investimento agregado com 4,8
bilhões de kwanzas, e as exportações líquidas com 1,1 bilhão de kwanzas, como se
pode verificar a variável consumo exerceu uma grande influência no PIB, com uma
parcela de 70,12% seguida do investimento com 24,13%, e as exportações líquidas
contribuíram com cerca de 5,75%.

Portanto, é fundamental referir que entre todas as variáveis que fazem


parte da demanda agregada, a que mais contribuiu para a formação do produto
interno bruto foi o consumo final agregado, seguido de investimento, e em última
posição encontra-se a variável exportações líquidas. Portanto, todas as variáveis
registaram mudanças consideráveis entre os anos de 2002 e 2017.

CONCLUSÕES

43
O presente trabalho procurou numa primeira instância fundamentar as
bases teóricas do tema, onde foi possível abordar assuntos relativamente aos
factores de produção e as produções a partir do qual verificou-se que além dos
factores tradicionais de produção como a terra, o trabalho e o capital estudos
recentes contribuíram com o acréscimo de factores modernos como o
empreendedorismo e a capacidade tecnológica. Posteriormente, debruçou-se sobre
os operadores económicos onde foi possível representar de duas formas a relações
que se estabelecem entre os agentes económicos tanto do ponto de vista simples
como do ponto de vista agregado. Entretanto, conceituou-se o produto interno bruto
a partir de várias literaturas bibliográficas no qual apresentou-se a definição do
produto interno bruto, a medição do produto interno bruto, as limitações do produto
interno bruto, o produto interno bruto a preços de mercado, e o produto interno bruto
nominal e real. Nesta senda, considerando as relações que a economia nacional
estabelece com o exterior abordou-se ainda sobre as contas correntes com o resto
do mundo onde agregou-se o relacionamente existente entre os operadores
nacionais e estrangeiros em balanças.

Para o alcance dos objectivos pré-estabelecidos, utilizou-se métodos


teóricos (análise-síntese e análise bibliográfica), métodos empíricos (análise
documental), e o método matemático e estatístico (cálculo percentual). O método
matemático e estatístico permitiu-nos realizar os cálculos percentuais da variação do
produto interno bruto, da contribuição de cada variável na formação do produto
interno bruto, e da variação das variáveis macroeconómicas que compõem o PIB na
óptica da despesa durante os períodos em estudo.

Entretanto, para analisar a dinâmica do produto interno bruto de Angola


na óptica da despesa no período compreendido de 2002 a 2017, podemos observar
a evolução dos agregados que o constituem, nomeadamente o consumo final, o
investimento agregado e as exportações líquidas. Relativamente a análise do
consumo final agregado podemos verificar que esta variável foi a que mais cresceu
e tendo sofrido poucas oscilações em termos de valores absolutos ao longo dos
períodos em análise sendo que em 2002, este agregado estimou-se em 403,4 mil
milhões de kwanzas e no ano de 2017 chegou a rondar os 14,2 bilhões de kwanzas.
Quanto a análise do investimento agregado, podemos verificar que esta variável foi
a segunda que mais cresceu, após o consumo final, e tendo sofrido também poucas
44
oscilações em termos de valores absolutos ao longo dos períodos em análise sendo
que em 2002 este agregado esteve a rondar os 202,8 mil milhões de kwanzas e no
ano de 2017 chegou a rondar os 4,8 bilhões de kwanzas. No que tange a análise
das exportações líquidas podemos verificar que esta variável foi a que mais
oscilações sofreu em termos de valores absolutos ao longo dos períodos em análise
sendo que em 2002 este agregado esteve a rondar os 59,0 mil milhões de kwanzas
e no ano de 2017 chegou a rondar os 1,1 bilhão de kwanzas. Ainda relativamente a
análise da evolução do produto interno bruto de Angola na óptica da despesa de
2002 a 2017, verificou-se que apesar de algumas oscilações em termos de valores
absolutos durante os anos em análise, os resultados do produto interno bruto em
termos nominais foram positivos na maior parte dos períodos em análise pois em
2002 o produto interno bruto do país estava em volta de 665,3 mil milhões de
kwanzas e em 2017 chegou a cerca de 20,2 bilhões de kwanzas tendo registado a
maior taxa de crescimento nominal em 2003 com cerca de 99,73% e sofreu a pior
recessão em 2009 com cerca de -12,64%. É fundamental referir que a variável que
mais contribuiu durante os anos em análise foi o consumo final, onde em 2002
contribuiu para a formação do produto interno bruto com uma taxa de 60,64% e em
2017 chegou a 70,12%, em segundo lugar surge a variável investimento agregado
que em 2002 contribuiu com cerca de 30,49% e em 2017 baixou para 24,13% e em
última posição surge a variável exportação líquida que em 2002 contribuiu com
8,87% e em 2017 também baixou para 5,75%.

RECOMENDAÇÕES

45
Este trabalho de fim do curso é de capital importância, através do qual
conseguimos compreender as inter-relações das políticas económicas, bem como a
contribuição da contabilidade nacional mediante a análise da dinâmica do produto
interno bruto na óptica da despesa na aplicação das políticas económicas. Assim
recomenda-se que, haja mais estudos sobre a contabilidade nacional relacionando
os agregados macroeconómicos e a aplicação das políticas económicas, no sentido
de se colmatar ou amenizar os problemas que tem que ver com os altos índices de
inflação, os altos níveis de desemprego, a redução das assimetrias regionais, o
controlo da balança comercial (mediande a comercialização dos produtos com maior
valor acrescentado), ainda o crescimento do produto interno bruto no sentido de se
procurar ideias que possam estabilizar a economia angolana. Assim sendo, urge por
parte dos nossos operadores económicos o aumento do nível de produção por
intermédio do estímulo ao investimento privado nos seus variados contextos
(pequeno, médio e grande), entretanto, somente mediante a esta variável a
economia do nosso país estimulará o consumo interno e externo e, com isso poderá
aumentar o saldo da nossa balança comercial, possibilitando assim a entrada de
mais divisas ao país (e não o contrário) o que exercerá o efeito multiplicador na
nossa economia.

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BIBLIOGRAFIA

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