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A Ciência da Análise do Comportamento: AC
Lucelmo Lacerda
Esta ciência é dividida em quatro áreas, que apresento aqui brevemente para
os leitores, sendo a primeira a sua filosofia, o Behaviorismo Radical, que já foi
apresentado a vocês anteriormente, conformando uma visão de ser humano como
parte da natureza, único em sua existência (o monismo) e não dividido entre corpo
e mente e tendo como premissa o fato de que os comportamentos são parte da
natureza e só podem ser causados por outros eventos naturais, fazendo com que
procuremos essas relações causais, portanto, com seu ambiente.
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No fim do século anterior, Edward L. Thorndike inaugurou uma tradição de
pesquisa inovadora e que exerceria forte influência sobre Skinner toda a tradição
da Análise do Comportamento. Thorndike publicou, em 1898, um importante
conjunto de pesquisas que revelava uma postura diferente do que se fazia até então
no campo dos experimentos com animais:
Albert era um bebê tranquilo para além da média e por isso mesmo foi
selecionado como participante da pesquisa de Watson, sendo exposto a diversos
estímulos, como coelhos, ratos, sons e outros, sem nenhum estranhamento.
Quando Albert mostrou-se verdadeiramente amedrontado, diante de um som
estridente específico, Watson passou a apresentar este som diante desses outros
estímulos antes neutros, demonstrando que o mesmo processo já bem testado em
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animais também estava plenamente presente nos seres humanos, fazendo do
Pequeno Albert um menino assustado e cuja vida posterior desconhecemos.
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a mesma vantagem, enquanto os demais, sem produzir coisa alguma, continuarão
diminuindo de probabilidade até se extinguirem, dando lugar ao único e absoluto
comportamento de pressão à barra (RICHELLE, 2014).
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coordenado pelo Prof. Dr. Julio de Rose e a Profa. Dra. Deyse das Graças de
Souza, em que se encontrará uma sala cheia de computadores, em que acontece
a Liga da Leitura, onde se faz pesquisa básica e aplicada (logo falaremos destas
questões) com Equivalência de Estímulos em alfabetização de pessoas com
transtornos como TEA ou DI e dificuldades de aprendizagem. Ao fundo, ficam os
escritórios e outras pequenas salas de pesquisa.
O cerne do que quero dizer aqui é que estes exemplos citados são de
laboratórios de estudos de comportamento humano para a realização de estudos
básicos, assim como tantos outros no Brasil e no mundo, em que são estudados
comportamentos de vários tipos e que podem ter diferentes configurações.
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que podem ser mais ou menos sistemáticos (que podem dedicar-se ao
Behaviorismo Radical, à Análise Experimental do Comportamento e à Análise do
Comportamento Aplicada) estudos teóricos/conceituais (que podem dedicar-se ao
Behaviorismo Radical, à Análise Experimental do Comportamento e à Análise do
Comportamento Aplicada) e os estudos experimentais, que são aqueles em que as
variáveis do ambiente são manipuladas pelo cientista, um experimentador, para
avaliar a relação funcional entre as variáveis, esses estudos experimentais podem
ocorrem em diversos contextos, como em um laboratório, onde as variáveis são
mais bem controladas ou em uma escola ou em casa ou qualquer outro contexto,
onde as variáveis são menos controladas, ou seja, onde há menos controle
experimental. Obviamente não há estudos experimentais filosóficos, ou seja, no
campo do Behaviorismo Radical, mas sim no âmbito da Análise Experimental do
Comportamento e da Análise do Comportamento Aplicada.
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Na AEC nós temos, portanto, algum comportamento que pode ser descrito
com um valor que pode se modificar, pode-se estudar a duração de um
comportamento, sua intensidade (quilos de um soco, por exemplo), sua latência
(isto é, o tempo que demora a ocorrer após um certo estímulo), sua topografia (a
variação na forma que ocorre), entre outros, muito embora a medida que reina
máxima nesta área de pesquisa seja a Taxa de Resposta, isto é, a frequência em
que uma resposta é emitida em um certo espaço específico de tempo. Este
comportamento medido (alguma ou mais das dimensões do comportamento que
foram elencadas acima) constitui a VARIÁVEL DEPENDENTE de toda pesquisa de
Análise Experimental do Comportamento, isto é, o objeto específico de estudo.
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Mais um exemplo, veja um caso em que os níveis de glicose no sangue de
um conjunto de indivíduos são medidos e aqueles que possuem um certo nível
patológico que caracteriza a diabetes são medicados com um certo fármaco e
depois se verifica se esses níveis caíram, subiram ou permaneceram estáveis.
Faça um exercício lógico, qual é a Variável Dependente? E a Variável
Independente? (conto após o próximo parágrafo).
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Um aspecto fundamental desta ciência é o delineamento de sujeito-único,
que é uma opção epistemológica e metodológica derivada do Behaviorismo Radical
e vale para a Análise do Comportamento Aplicada, em que o comportamento de
um organismo é comparado ao comportamento dele mesmo em outras
circunstâncias ambientais, o que se opõe a toda a tradição da Psicologia e
educação de até então (quando ela surgiu), que trabalhava por meio da elaboração
de médias estatísticas de uma certa população.
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Acesso em: https://onlinelibrary.wiley.com/journal/19383711
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sobre a relação entre descrição e explicação da realidade) com a formulação de
conceitos fundamentais como Reforçamento, Extinção, Punição, Operação
Motivacional, Estímulo Discriminativo, entre tantos outros, tão fundamentais para a
ciência aplicada, sem os quais não há serviço de qualidade porque seu domínio e
operacionalização são imprescindíveis ao entendimento e replicação das práticas
que se mostravam efetivas.
Em 1968 veio à luz aquele que ainda hoje é o mais importante periódico
científico do campo da Análise do Comportamento Aplicada, chamado de Journal
of Applied Behavior Analysis – JABA2, que trouxe na primeira edição um artigo que
definiu e ainda define a área estudos, sendo até hoje o guia para a aprovação de
artigos naquele periódico e na maior parte dos demais que também se dedicam ao
tema. O título deste artigo é Some Current Dimensions of Applied Behavior
Analysis, de autoria de três dos maiores nomes da história da ABA, Donald M. Baer,
Montrose M. Wolf e Todd R. Risley, disponível em língua portuguesa em uma
tradução não oficial no Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento –
2
Acesso em: https://onlinelibrary.wiley.com/journal/19383703
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ITCR, com revisão técnica do Prof. Hélio Guilhardi, um dos nomes mais importantes
da história da Análise do Comportamento no Brasil3.
1. Aplicada
Os estudos do campo da Análise Experimental do Comportamento se
debruçam de uma dúvida fundamental, de uma curiosidade sobre um
comportamento e sua relação com o ambiente, sobre a necessidade “básica” de
descrever as formas com que o que o organismo faz se relaciona com o ambiente
que o circunda, enquanto para que um estudo seja classificado como parte deste
campo aplicado da ciência, a Análise do Comportamento APLICADA, é preciso que
ele se dirija especificamente à resolução de um problema humano que, resolvido,
melhore sua qualidade de vida, isto, precisa ter um COMPORTAMENTO
SOCIALMENTE RELEVANTE como objeto fundamental.
3
Disponível em: https://itcrcampinas.com.br/pdf/outros/Algumas_dimensoes.pdf
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organismos para a Análise do Comportamento Aplicada – ABA, que só pode
endereçar comportamentos socialmente relevantes para os seres humanos, isto
tanto é válido para a esfera acadêmica quanto para a oferta de serviços, que
sempre deve partir desta análise social do contexto de um indivíduo para avaliar a
pertinência de qualquer intervenção comportamental.
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imitação é a base de quase tudo o que fazemos. Sim, eu sei que todos nós achamos
muito especiais e únicos e diferente de todos, mas isso porque cada qual é uma
coleção particular de imitações de inúmeras pessoas, que também ocorrem em
diferentes bases biológicas e com diferentes consequências no ambiente, mas sim,
realizar imitações muito minuciosas, como a imitação motora fina, que pode incluir
colocar o dedo no nariz, pode ser enormemente benéfico para a pessoa com
Autismo em múltiplos contextos como aprendizagem da fala, de autocuidado, de
brincadeiras e de quase todos os outros comportamentos que eu possa pensar, o
que demonstra que o pesquisador que se debruça sobre esses treinos e o prestador
de serviço que os programa estão totalmente antenados com a dimensão aplicada
da ABA.
2. Comportamental
Mas um comportamento socialmente relevante, a que a intervenção baseada
em ABA se destina a mudar, não pode ter uma descrição vaga, inespecífica,
abstrata, que permite que nos confundamos e, ainda pior, confundamos e ou
deixemos enganar aos clientes e seus parentes e isso constitui essa segunda
dimensão.
Imagine que eu diga que uma criança “está de alto astral”, o que isso quer
dizer? Provavelmente se eu entregar esta expressão para diversas pessoas e pedir
que elas descrevam como eu poderia conferir se a criança de fato está de alto astral
levaria a definições tão díspares que se tornaria impossível qualquer mensuração
mais precisa de um comportamento da criança e ainda que todos a entendessem
e definissem da mesma forma, ainda haveria um segundo grave problema, que é o
fato de que descrição não partiria, seguramente, de localizar seu “astral” e
mensurar sua distância do chão (ele não está alto?), mas provavelmente seria
relativo a outros comportamentos, como sorrisos, pulos, falas, expressões ditas que
são compreendidas como “felizes” ou “otimistas”, ou seja, mesmo que as pessoas
dissessem algo como “alto astral é definido como o comportamento de sorrir em
mais de 60% do tempo, expressando exclusivamente palavras otimistas, tais como
‘as coisas estão muito boas’, ‘tudo tende a melhorar’, ou ‘as coisas estão
caminhando bem’”, a descrição não coincide com o comportamento que se
pretendeu definir, mas com um suposto estado mental a que seria correlato.
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Neste exemplo acima, o astral seria uma espécie de vibe, de estado mental
geral do indivíduo. Uma pessoa de alto astral, é alguém com um estado mental de
ânimo e esse estado mental se expressa através de comportamentos motores,
como sorrir, ou comunicações (uma espécie de alto-falante da mente), como a fala.
Mas se este estado mental não é comportamento ele é o quê? Ele vem de onde?
Ainda mais grave, estas expressões seriam confiáveis?
Comportamentos dentro da pele não podem ser vistos por terceiros, mas
eles frequentemente possuem outros comportamentos a que são indiretamente
ligados como, por exemplo, a expressão de dor que uma pessoa pode apresentar
em um parto, ao dar uma monumental topada com o mindinho na quina da mesa,
ao sofrer com pedra nos rins, com uma inflamação no nervo trigêmeo, entre outros.
Esta expressão de dor pode ser usada como uma medida indireta do
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comportamento de dor, em certas circunstâncias, mas é preciso sempre a clareza
de que uma coisa não se confunde com a outra, eu posso fazer esta mesma
expressão em uma peça de teatro, um filme ou com uma namorada chamegosa, a
depender das contingências, daí que se deva saber que, como diria o filósofo, uma
coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
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3. Analítica
O cientista deve sempre ser cético, sempre se perguntar “mas será mesmo
que é isso?”, sua profissão de fé mais profunda é com a dúvida. Digamos que eu
tenha uma situação como alguma das que vou aqui apresentar:
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do T, B, M, P, L e V (não se fixem nesta sequência, há uma longa
discussão sobre isso que vão ver mais à frente, no tema da alfabetização),
desde que bissilábicas sem encontro consonantal. Impressionante!
Talvez você fique impressionado com cada um desses casos, mas uma tia faladeira
(que neste caso, apresenta a argúcia de um Doutor velho de guerra), pode arguir:]
Enfim, o olhar cético não é nosso inimigo, é nosso mais importante aliado,
nós devemos ser os primeiros a desconfiar dos resultados que alcançamos e os
expor a processos rigorosos de avaliação e é este o espírito da dimensão analítica,
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que é a introdução de esquemas de garantia de que de fato são nossas
intervenções que produzem as mudanças verificadas e não outros fatores do
ambiente, vou dar dois exemplos de estratégias analíticas muito utilizadas na
pesquisa científica.
4
Cf. em Cooper, Heron & Heward, 2020, p 311-312
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se ele batesse a partir de então, seria tal como ele batia antes disso tudo começar,
a prova começou, se ele diminuiu de bater por conta do procedimento
comportamental, em sua ausência o comportamento voltaria a ocorrer, mas se
fosse por qualquer outro motivo, a sova dos colegas, Jesus no coração,
conscientização, ou sei lá o quê, ele não voltaria a bater. Nesta nossa hipótese,
Huguinho volta a socar seus colegas, eliminando as hipóteses da Tia cética e então
reintroduz-se a intervenção, fazendo a CONFIRMAÇÃO, caso o comportamento
volte a cair, que é realmente o poderoso DRD, o responsável por esta mudança.
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modo que está dada a demonstração de que foi a intervenção comportamental e
não a Galinha Pintadinha seja a responsável pela alfabetização parcial de Luizinho.
4. Tecnológica
Vamos imaginar a seguinte hipótese, chega a suas mãos um estudo
científico revolucionário, porque nele as pessoas com o Transtorno do Espectro
Autista – TEA ganharam inúmeras habilidades de uma série de domínios diferentes.
Você está impressionada com as possibilidades que ele te oferece e se debruça
sobre o artigo pensando “vou implementar isso aqui e será incrível!” e tem uma
descrição muito sintética do procedimento, baseado em realizar um esporte
coletivo, de modo colaborativo, com crianças com o TEA e depois uma atividade
lúdica por 30 minutos, estimulando todas as múltiplas inteligências.
Ao final do dia, você sente que está no caminho certo, agora você não é mais
como aqueles profissionais de meia-tigela, você está agora no trilho da ciência e
pode ler um livrinho na rede com um ar de intelectual que fica até um pouco
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arrogante. É quando recebe uma visita de uma outras duas pessoas que trabalham
em outras instituições de pessoas com Transtorno do Espectro Autista e que leram
o mesmo artigo e que também começaram a praticar justamente no dia de hoje (ok,
eu sei que a hipótese é esdrúxula, mas vão ver que é bem didática).
Mas por que este estudo foi tão mal replicado por essas amigas? Elas não
eram competentes o suficiente? Nada disso, ocorre que minha esdrúxula hipótese
é que os estudos eram tão inespecíficos que criaram esta situação, ao apresentar
que se realiza um “esporte colaborativo” como antecedente, o estudo estabeleceu
que 600 mil coisas diferentes pudessem ser feitas, com resultado brutalmente
distintos entre elas, o que foi uma péssima descrição. Quando propôs uma
“atividade lúdica” (pensa numa palavra que o povo adora de morrer), abriram-se as
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portas de Caixa de Pandora para qualquer coisa praticamente que o replicador
quisesse inventar e “estimular” as inteligências não é menos inespecíficos, porque
estímulo é qualquer mudança física do ambiente percebida pelos órgãos dos
sentidos, de modo que se um menino tomar um tapa na orelha, isso é um estímulo
(proprioceptivo), mas alguém pode também dizer que “estimulou” a Inteligência
Cinético-Motora, outros podem dizer que levou a uma reflexão X, Y ou Z e estimulou
a Inteligência Interpessoal ou até Intrapessoal, entre muitas outras pirações, ou
seja, nenhuma profissional estava errada, o estudo sim.
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consultório ou em uma minha escola, no interior do Brasil, de uma maneira
consistente com aquela que foi extensivamente pesquisada. Digo mais, que uma
criança é avaliada e um planejamento de ensino é realizada, por um Supervisor,
com base em uma leitura extensiva e minuciosa da literatura científica, e os
programas são tão bem escritos que os pais leem e conseguem reproduzir, que
uma pessoa iniciante da área lê e diz “entendi o que é para fazer” e realmente
entendeu, essa é a impressão clara que temos, por exemplo, ao ler os Programas
de Ensino do livro Ensino de Habilidades Básicas para Pessoas com Autismo, da
Camila Gomes e Analice Silveira, em que elas levaram tão a sério esta dimensão
que sabe quando a pessoa diz “Mas você não entendeu? Quer que eu desenhe?”?
Então, elas se adiantaram e fizeram desenhos de como cada passo deve ser
realizado.
5. Conceitual
Como já bastante bem argumentado até este momento, a ciência possui 4
objetivos básicos, o de a) descrever a realidade; b) explicar a realidade (sintetizar
as descrições em forma de conceitos articulados entre si – teoria); c) predizer
fenômenos; e d) controlar fenômenos. O atendimento à dimensão Conceitual
implica em que o Analista do Comportamento deva ser Conceitualmente
Sistemático, como afirma o artigo de origem, isto é, apresentar uma consistência
teórica com o campo de pesquisa.
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“resguardar a área”, “valorizar os autores” ou nenhum objetivo formal sem
relevância de fato, mas para que esta coerência nos permita ter maior probabilidade
de predição de fenômenos e, portanto, que nosso planejamento também tenha
maior probabilidade de efetividade (controle de fenômenos).
Diante desta situação, que digamos que tenha sido bem avaliada pelo
profissional, opta-se para se realizar um procedimento chamado de Extinção, em
que uma consequência que mantém um comportamento é retirada, ela deixa de
existir a partir de uma reorganização do ambiente propositalmente para que o
comportamento acabe, ele seja extinto.
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Ocorrências Linha Dia Dia Dia Dia
de Base 1 2 3 4
10 X X
9 X
8 X
7
6 X X
5
4
3
2
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exatamente) ele primeiro sobe nas dimensões da frequência (ocorre mais vezes),
intensidade (ocorre com mais força, mais energia) e variabilidade (ocorre com
diferentes formas antes não apresentadas).
6. Eficaz
Uma intervenção que se fundamente em Análise do Comportamento
Aplicada precisa mostrar a que veio, ela tem que ser capaz de mudar o
comportamento que motivou a queixa e a intervenção, do contrário, ela não pode
continuar existindo e tomando o tempo e recursos do cliente e suas famílias.
Dizer que ABA é uma ciência e não um método quer dizer muitas coisas, e
uma delas é que a intervenção não é uma coisa padrão, mas trata-se do
conhecimento das regras que regem o comportamento humano e a alteração do
ambiente para que as coisas caminhem para a construção de um repertório mais
adaptativo para cada cliente. Mas como não conseguimos, nem em nossos sonhos
mais lindos, um controle total de todas as variáveis, é fundamental que
acompanhemos a evolução dos repertórios, passo a passo, por isso que todas as
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intervenções são registradas em cada tentativa, em cada resposta correta
independente ou com ajuda, em cada erro ou omissão.
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considerar que é preciso que uma intervenção esteja funcionando, isto é, esteja
mudando o repertório do indivíduo em favor de sua qualidade de vida e, mais do
que isto, que está melhora não seja insignificante, é preciso que ela seja em um
nível suficiente para que melhore o dia a dia do indivíduo, o que também nos leva
à última das dimensões apresentadas.
7. Generalidade
A intervenção comportamental pode acontecer em múltiplos lugares e
contextos, na clínica, em casa, na escola, entre outros e vai produzir mudanças,
registrá-las e tomar decisões em torno delas. No entanto, a mudança fundamental
que deve ocorrer não é na presença do Analista do Comportamento ou do AT, mas
no contexto de vida que justificou, antes de tudo, a procura por um profissional para
apoio.
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e ensina. Existem inúmeros estudos especificamente sobre isso, que realizam
variações nos aplicadores, nos locais de aplicação, nos estímulos de treino e muitas
outras possibilidades, fazendo desta dimensão uma tarefa imperativa para os
Analistas do Comportamento.
Devemos começar dizendo que provavelmente você já deve ter ouvido falar
em “Método ABA”, em caso positivo, lamentamos, mas “Método ABA” não existe.
Um método é um modo de fazer, uma espécie de receita de bolo que se deve seguir
e não é isso o que ocorre em uma intervenção baseada em ABA.
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1.
Ambiente – na rua, 12h, sentindo fome
2.
Ambiente – todo dia, das 8 às 17h, no prédio em uma certa empresa
3.
Ambiente – no bar, à noite
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Possível resultado da consequência 1: alta probabilidade de outro dia,
privado sexualmente, abordar outras moças de modo semelhante; ou possível
resultado da consequência 2: a probabilidade de o rapaz voltar a abordar outras
moças da mesma forma no mesmo ambiente diminui de probabilidade.
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é válido para todas as pessoas, daí a importância de que tudo seja estritamente
individualizado.
A intervenção
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Esquiva – a pessoa pode conseguir se livrar de uma lição ou uma situação que ela
não goste sempre que se comporta daquela forma.
Tangível – alguém pode dar alguma coisa de comer ou brincar quando a pessoa
faz o comportamento observado.
Atenção – as pessoas podem estar dando atenção para a pessoa quando o
comportamento ocorre.
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• AFLS – tem a mesma estrutura do ABLLS-R, mas voltado para as
habilidades funcionais, muito utilizado para o fim da adolescência e vida
adulta.
• PEAK – protocolo de avaliação de linguagem, em 4 cadernos de
avaliação e intervenção, sobretudo em autismo leve (em minha opinião).
• Socially Savvy – voltado para o processo de avaliação e intervenção
em Habilidades Sociais, que é o ponto principal de apoio às pessoas com
autismo leve, verbais, mas que têm muita dificuldade em socialização.
• Essential for Living – voltado especialmente para autismo mais
severo.
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É decorrente desta definição de programas que definimos a intensidade da
intervenção, isto é, do tempo semanal em que ela deve ocorrer. Muito se fala da
intervenção de 40h semanais, isto é, da pesada carga de 8h diárias, mas o que os
dados mostram é que esse tempo é dividido entre muitas oportunidades de ensino,
não exatamente o que chamamos de “terapêutico”. A escola, especialmente,
poderia utilizar sua carga horária como ao menos parte deste processo.
Quem faz
No entanto, esta é a pessoa que avalia e planeja, não a pessoa que aplica
(imagina o quanto ficaria o custo em um sistema de 40h, por exemplo). O aplicador
normalmente é uma pessoa com Ensino Médio, ou estagiário, que é treinado
especificamente para aquilo, em um curso de no mínimo 40h e mais o treinamento
específico para os programas de cada cliente. Em algumas circunstâncias, este
aplicador pode ser um professor de apoio ou os próprios pais podem assumir este
papel (embora haja uma enorme exigência emocional, nem sempre alcançável).
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fundamentados, para ajudar pessoas com autismo (e muitas outras) a viverem com
melhor qualidade de vida. Mas não se enganem, não basta fazer um cursinho
breve, dar uma olhada na internet ou algo assim, é importante ter uma formação
sólida, naturalmente construída em anos de esforço árduo.
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Referências Bibliográficas
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