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Violência Sexual
Universidade Rovuma
Nampula
2021
Violência Sexual
Universidade Rovuma
Nampula
2021
Índice
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1. Introdução.................................................................................................................................3
Conclusão.......................................................................................................................................10
Referencias Bibliográficas..............................................................................................................11
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1. Introdução
A literatura reitera que a desigualdade de género é um dos factores que perpetua as diversidades
sociais, fundamentadas na diferença entre os sexos. As questões de género fortalecem as
apreensões sociais sobre a submissão feminina, além das sobreposições de violências, inclusive
as sexuais, cujos principais agressores são representados pelos pais, amigos e companheiros das
mulheres entre outros.
Deste modo, este estudo teve como objectivo descrever as características da vítima, do abuso
sexual na sua íntegra, ainda, identificar as consequências deste acto, assim como, os métodos
propostos para combater ou amenizar esses abusos. Espera-se que com esse estudo possa-se
somar ao campo de conhecimentos e intervenções sobre o abuso sexual as mulheres.
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (2002), a violência pode ser entendida como o uso
intencional da força física ou do poder, real ou como ameaça, contra si próprio, contra outra
pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar
em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. Em
contrapartida, Mioto (2003, p. 25) explica que, neste sentido, as manifestações da violência “são
aprovadas ou desaprovadas, lícitas ou ilícitas, segundo normas sociais mantidas por aparatos
legais da sociedade ou por usos e costumes naturalizados”.
Costa (2003) alega que a violência está atrelada à força e à destrutividade, ao impulso de dominar
e eliminar o outro, à pulsão de domínio. De acordo com a literatura, há duas concepções de
violência: a positiva (quando é empregada em sentido favorável a alguma causa) e a negativa
(demandando o seu combate e prevenção). Todavia, este estudo utilizará a concepção negativa da
violência, especificamente a violência contra a mulher, restringindo-se à violência sexual. Para
tanto, violência pode ser definida como o exercício de uma força ou um poder sobre o outro,
contra sua vontade e sem o seu consentimento (SILVA JÚNIOR; BESSET, 2010).
Para Chauí (1984), este tipo de violência é uma relação de forças que converte as diferenças entre
os sexos em profunda desigualdade, além de promover uma cultura que determinou papéis
sociais às mulheres e aos homens, legitimando a inferioridade da mulher e a violência contra a
mesma.
Cabe destacar que a corrente radical do movimento feminista considera que a heterossexualidade
nunca é igualitária, pois é construída em torno do prazer masculino. Assim, Cerruti e Rosa (2008,
p. 3) abordam que o homem impõe sua sexualidade como sendo a sexualidade por si, e a mulher
internaliza a sexualidade masculina como sendo a sua própria. Desta forma, para Verardo (1994),
o controle, a dominação e até mesmo a naturalização da violência masculina na sexualidade são
enfatizados, o que leva o ato sexual a ser entendido como expressão natural da necessidade do
macho em conquistar (homem ativo) e dominar a fêmea (mulher passiva).
A palavra violência origina-se do latim vis, “força”, e, segundo Marilena Chauí (1998), abrange
tudo o que ocorre forçosamente contra a espontaneidade, a vontade, a liberdade e/ou a natureza
de algum ser. A violência ou abuso sexual é fenómeno universal que atinge mulheres de todas as
classes sociais, etnias, religiões e culturas. Ocorre em populações de diferentes níveis de
desenvolvimento económico e social, em espaços públicos e privados, e em qualquer etapa da
vida da mulher (SAFFIOTI e ALMEIDA, 1995, p.218).
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Existem várias terminologias genéricas para caracterizar os crimes sexuais, todavia, segundo
Drezett (2000) as mais utilizadas são violência sexual, agressão sexual e abuso sexual. Contudo,
para o autor, o mais aceitável é o termo violência sexual, por ter uma conotação mais ampla. O
termo abuso sexual restringe-se aos casos em que não ocorreram penetrações vaginais ou quando
as vítimas são crianças. Porém, o termo mais utilizado pelas vítimas de violência sexual é
estupro, que consiste em constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato sexual.
A violência sexual é definida pela OMS como “todo ato sexual, tentativa de consumar um ato
sexual ou insinuações sexuais indesejadas; ou acção para comercializar ou usar de qualquer outro
modo a sexualidade de uma pessoa por meio da coerção por outra pessoa, independentemente da
relação desta com a vítima, em qualquer âmbito, incluindo o lar e o local de trabalho”.
Segundo o organismo das Nações Unidas, a coerção pode ocorrer de diversas formas e por meio
de diferentes graus de força, intimidação psicológica, extorsão e ameaças. A violência sexual
também pode acontecer se a pessoa não estiver em condições de dar seu consentimento, em caso
de estar sob efeito do álcool e outras drogas, dormindo ou mentalmente incapacitada, entre outros
casos.
A violência sexual é um crime que atinge as mulheres de todas as idades e raças. É considerada,
actualmente, como uma das principais causas de morbidade no mundo (BRASIL, 2005).
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Já para Drezett (2003, p. 36) a violência sexual apresenta-se como uma das mais antigas e
amargas expressões da violência de género, além de representar uma inaceitável e brutal violação
dos direitos humanos. Muitas vezes, o abuso sexual resulta em morte, cometida pelo agressor ou
pelos problemas de saúde causados pela própria agressão, como suicídio e abortos inseguros.
A violência sexual é construído em sociedade e nas relações sociais, sendo potencializado quando
existe algum grau de parentesco no sentido social do ato sexual, que surge por uma relação de
dominação, na medida em que as práticas e as representações dos dois sexos são assimétricas. A
relação amorosa é pensada pelos homens com a lógica da conquista, sendo o ato sexual
concebido como uma forma de apropriação e de posse.
Diante dessa compreensão, as sistemáticas emergidas das falas dos entrevistados identificam que
as causas da violência sexual correspondem à cultura machista, questões sociais, insuficiência do
cumprimento e da divulgação dos aparatos legais, reprodução da violência vivenciada na família,
patologia do agressor, banalização, a falta de informação das mulheres sobre os seus direitos e
estímulo da mídia.
Os agressores podem ser portadores de algum distúrbio que os leva a praticar a violência
sexual dentro ou fora do seu convívio
A ausência de políticas públicas orientadas para esse público-alvo (as mulheres) também
são factores de risco que incidem em casos de abuso sexual.
A falta de informação também é um ponto crítico. Desde como abordar temas relativos à
sexualidade até sobre os organismos que podemos contar e como e onde notificar. Esse
último ponto contribui para a subnotificação dos casos que não nos permite ter um cenário
real do problema no país.
Outro factor que contribui para subnotificação é a dependência dos companheiros no
orçamento familiar – o que pode explicar em muitos casos a falta de notificação quando
os maridos são os autores da agressão.
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Os factores culturais também têm um peso importante quando falamos de violência e abuso
sexual contra a mulher.
E neste universo entra a questão de género, os rituais sobre iniciação sexual, tradições de
grupos específicos, um forte apelo ao consumo, entre outras coisas. A mulher ainda é
vista como objecto. E muitas propagandas, como as de cerveja, reforçam esse estigma
Cada pessoa reage de um modo singular às situações de agressão ou abuso sexual. Segundo
Scarpato (2004), uma pessoa pode ficar com medo apenas por alguns dias e depois voltar à vida
normal, outra não conseguirá voltar à sua rotina por um longo espaço de tempo e uma terceira
pode afundar numa profunda depressão devido ao abalo causado pela experiência. O abuso
sexual é classificado, de acordo com a quarta revisão do Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais (DSM IV, 1995), como um extremo estressor traumático envolvendo
experiência pessoal directa. Este tipo de violência expõe a mulher a sérios problemas físicos e
consequências de ordem psicológica e social.
Dados da OMS (organização mundial da saúde) indicam que sobreviventes de violência sexual
podem sofrer consequências comportamentais, sociais e de saúde mental. As meninas e mulheres
são as mais afectadas por lesões e doenças resultantes da violência e coerção sexuais, não só
porque constituem a maioria das vítimas, mas também porque são vulneráveis aos
desdobramentos dessas agressões na saúde sexual e reprodutiva.
Entre os exemplos de consequências do abuso ou violência sexual para a saúde das mulheres, a
OMS destaca:
Identificou-se, a partir dos relatos, que a violência sexual sofrido desencadeia consequências de
ordem psíquica e social, as quais interferem significativamente em seu dia a dia.
De acordo com Andrade, Viana e Silveira (2006), a violência sexual é a causa também de
agravos na saúde mental das mulheres que a vivenciam, cujos casos mais relatados são depressão
e Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), as
referidas consequências influenciam na capacidade que as vítimas têm de agir, de participar
plenamente, limitando o seu desenvolvimento pessoal, profissional e afectivo. Isso demonstra que
a violência traz implicações sociais às mulheres, limitando a sua participação na esfera produtiva
da sociedade.
Conclusão
Após o término da pesquisa, pude essencialmente notar que a violência e o abuso sexual a mulher
é uma das mais antigas e amargas expressões da violência, além de representar uma inaceitável e
brutal violação dos direitos humanos das mulheres. Este tipo de violência expõe a mulher a sérios
problemas físicos e consequências de ordem psicológica e social; Também cita-se como causa da
abuso sexual as desigualdades de género, os factores sociais, económicos e culturais que definem
os papéis de homens e mulheres na família e na sociedade. Neste sentido, a imagem da mulher,
vítima de violência, está vinculada ao estereótipo da mulher submissa ao homem e desprotegida.
As consequências do abuso contra a mulher também podem incluir traumas físicos, doenças
sexualmente transmissíveis, disfunção sexual e gravidez indesejada. Problemas de saúde mental
que incluem angústia emocional e comportamento suicida são muito comuns entre as mulheres
que foram vítimas de abuso sexual.
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Referencias Bibliográficas
CHAUÍ, M. Repressão sexual: essa nossa (des)conhecida. São Paulo: Brasiliense. 1984.
DREZETT, J. Violência sexual contra a mulher e impacto sobre a saúde sexual e reprodutiva.
Revista de Psicologia da Unesp, Assis (SP), v. 2, n. 1. 2003. Disponível em:
<http://www2.assis.unesp.br/revpsico/index.php/revista/article/viewFile/13/26>. Acesso em: 15
Marco 2020.
MIOTO, R. C. T. Para que tudo não termine como um “caso de família”: aportes para um
debate sobre violência doméstica. Katálysis, Florianópolis (SC), v. 6, n. 1, jan./jun. 2003.
Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/ mmindex.php/katalysis/article/view/7122/6623>
Acesso em: 15 Marco. 2020.
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SAFFIOTI, H.I.B., ALMEIDA, S.S. Violência de género: poder e impotência. Rio de Janeiro:
Revinter, 1995, 218p.
SILVA JÚNIOR, J. N.; BESSET, V. L. Violência e sintoma: o que a psicanálise tem a dizer?
Fractal: Revista de Psicologia, Niterói (RJ), v. 10, n. 22, maio/ ago. 2010. Disponível em:
<http://www.uff.br/periodicoshumanas/index.php/Fractal/article/view/224>. Acesso em: 15
Marco. 2020.