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Educação a Distância
Caderno de Estudos
TÓPICOS ESPECIAIS
UNIASSELVI
2015
NEAD
Copyright UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Ana Clarisse Alencar Barbosa
Arildo João de Souza
Fábio Roberto Tavares
Francieli Stano Torres
Graciela Márcia Fochi
Grazielle Jenske
Greisse Moser
Luciane da Luz
Lírio Ribeiro
Maquiel Duarte Vidal
Meike Schubert
Vânia Konell
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
370
B238t Barbosa, Ana Clarisse Alencar
Tópicos especiais / Ana Clarisse Alencar Barbosa
[et al.] Indaial : UNIASSELVI, 2015.
293 p. : il.
ISBN 978-85-7830-908-4
1. Educação.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Vamos iniciar os estudos do Caderno Tópicos Especiais. Este caderno
está dividido em três unidades e tem o intuito de reforçar, conforme orientação do INEP, art. 3º:
A partir desta orientação, queremos apresentar o caderno, que traz conteúdos gerais
para você estar bem preparado para o ENADE e para o que a vida lhe apresentar. São temas
pertinentes, atuais, abrangentes e que fazem parte da vida de todos nós. Vamos começar?
Na primeira unidade, que vai tratar sobre cidadania e sociedade, seremos conduzidos
por um mundo intrínseco do comportamento humano em sociedade e suas regras de conduta
e participação social, política e econômica, no qual trabalharemos a questão da formação dos
princípios morais e éticos dos homens que vivem e convivem em sociedade, além de abordarmos
questões pertinentes à democracia, à ética e à cidadania. Desta forma, compreenderemos os
significados dos princípios norteadores da democracia, ética e cidadania, além de realizar uma
reflexão e uma discussão sobre as questões ético-morais, na relação indivíduo e sociedade.
Ainda nesta unidade vamos apresentar algumas definições e conceitos a respeito dos
problemas sociais ocasionados pela diversidade que gera diferenças entre coisas e seres,
que por consequência geram os mais diversos preconceitos, desigualdades e conflitos sociais.
Vamos também identificar a necessidade e a essencialidade da inclusão como uma forma de
democratização das relações sociais, principalmente na emancipação e na sutileza do trato
com o outro, seja em relação aos “iguais” ou entre iguais e diferentes, que de alguma forma,
ainda não foram incluídos no contexto social.
Para finalizar esta unidade, estudaremos a cultura e a arte como áreas que interagem
entre si e com as demais áreas de conhecimento. Estudar, pesquisar e refletir sobre as diferentes
culturas e suas manifestações artísticas possibilita a compreensão da vida e das relações entre
os sujeitos no meio social. A cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o
tempo e o espaço. A cultura e a arte devem ser estudadas a partir de três concepções: erudita,
popular e de massa.
Bons estudos!
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas.
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações.
Desejo a você excelentes estudos!
UNI
TÓPICOS ESPECIAIS iv
SUMÁRIO
TÓPICOS ESPECIAIS v
3 TERCEIRO SETOR ....................................................................................................... 64
3.1 HISTÓRICO ............................................................................................................... 65
3.2 REALIDADE DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NO BRASIL ..................................... 67
4 AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS ....................................................... 68
RESUMO DO TÓPICO 4 .................................................................................................. 71
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................ 72
TÓPICOS ESPECIAIS vi
3 COMUNIDADES VIRTUAIS ........................................................................................ 122
3.1 REDES SOCIAIS ..................................................................................................... 124
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................ 125
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 126
TÓPICOS ESPECIAIS ix
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 256
CIDADANIA E SOCIEDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
E
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C
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A
I
S
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
2 A DEMOCRACIA EM PAUTA
T
Ó
Estamos vivendo em um país apresentado como democrático! Mas, será que todos P
nós compreendemos o sentido real da democracia e seus reflexos na sociedade brasileira? I
C
Em outros termos, o que realmente é este Estado Democrático de Direito em que vivemos? O
S
Neste sentido, Moisés (2010, p. 277) expõe que “o significado mais usual da democracia
E
se refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de escolha de governos através de S
eleições”. Ou seja, a democracia é compreendida habitualmente somente como um processo de P
escolha dos nossos representantes legais em todas as esferas, tanto local, municipal, estadual E
C
e federal, no qual a população destas esferas, por meio de seu voto, seleciona e elege o seu I
representante para legislar em nome desta mesma população. A
I
S
4 TÓPICO 1 UNIDADE 1
FORMAS DE DEMOCRACIA
Na qual o povo decide diretamente, por meio de referendo/plebiscito, se
Democracia
aceita ou não determinadas questões políticas e administrativas de sua
direta
localidade, Estado ou país.
Nesta, o povo participa democraticamente, por meio do voto, elegendo
D e m o c r a c i a seu representante político, ou seja, uma pessoa que o represente nas
indireta diversas esferas governamentais, para tomar decisões cabíveis em nome
do povo que o elegeu.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 133)
Cunha (2011, p. 105) expõe que a democracia pode ser compreendida como “método
de organização social e política tendente à maior realização da liberdade e da igualdade. É um
Sistema político em que o povo constitui e controla o governo, no interesse de todos”.
Outro fator que não podemos esquecer é que, quando falamos em democracia, também
falamos de Estado Democrático de Direito. Segundo Cunha (2011, p. 138), o “Estado de
direito [é aquele] que se organiza e opera democraticamente”. Nossa Carta Magna de 1988,
T já em seu preâmbulo, instituiu um Estado Democrático de Direito, ou seja, a Constituição da
Ó
P República Federativa do Brasil se organizou e definiu suas normativas em prol de um Estado
I Democrático, no qual a democracia deverá ser a base fundamental da República Federativa
C do Brasil.
O
S
Assim sendo, segundo Pieritz (2013, p. 133), “este sistema de governo democrático
E possui formatos diferentes nas diversas sociedades, pois em cada uma existem regras e
S
normas diferentes, e isto acontece por causa da constituição dos princípios ético-morais de
P
E cada localidade”.
C
I
Resumidamente, a Figura 1, a seguir, apresenta o primeiro entendimento da definição
A
I e o significado da democracia e o Estado Democrático de Direito:
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 5
FONTE: Os autores
Vale salientar que a democracia vai muito além deste discurso sintético de representação
e de voto, pois Moisés (2010, p. 277, grifos nossos) coloca-nos que:
instaurado neste país. Ao preferir sua escolha, independentemente do que for ou de que escolha
fora feita, torna-se automaticamente parte do Estado Democrático de Direito e integra-se ao
sistema vigente de democracia daquele determinado Estado.
Maciel (2012, p. 73, grifos do autor) complementa expondo que a democracia “tornou-
se uma aspiração universal, por ser o regime de governo mais propenso a garantir os direitos
individuais, porém não se resume simplesmente ao ato de votar, sendo que o direito à
participação tornou-se uma atividade importante diante da constituição da cidadania”.
Por conseguinte, pode-se expor que democracia denota participação direta ou indireta
da população em todos os espaços que necessitem do veredito do povo em prol de objetivos
comuns a ele mesmo. Assim, Beethan apud Maciel (2012, p. 73, grifos nossos) complementa
expondo que:
o direito à participação pode ser tanto reativo quanto proativo. Em sua forma
reativa, a participação consiste na articulação coletiva de respostas a polí-
ticas de desenvolvimento. Na forma proativa, ela invoca a responsabilidade
popular no desencadeamento da articulação de políticas de desenvolvimento.
No primeiro caso, os governos propõem e os cidadãos reagem; no segundo,
os cidadãos propõem e os governos reagem. Em ambas as formas, o direito
de participação assume a lógica de colaborar com o desenvolvimento.
No coração da democracia repousa, assim, o direito do cidadão de opinar nos
assuntos públicos e de exercer controle sobre o governo, em pé de igualdade
com os demais.
Deste modo, pode-se expor que um dos elementos da democracia é a articulação coletiva
do povo em prol de uma determinada demanda social, política, cultural ou econômica. Para
que se possa debater coletivamente os prós e contras, no que tange aos assuntos pertinentes
ao interesse coletivo, dando assim respostas a esta mesma demanda.
Vale salientar que a não participação e a omissão também são formas de participação,
pois retratam a sua alienação, indiferença, contestação ou o seu descontentamento com
relação ao sistema vigente. Então, isto não quer dizer que aquele cidadão que se omitiu ou
T
Ó apenas não quis participar não fez parte do processo democrático de um país, pelo contrário,
P todo cidadão tem o direito de participar ou não, mesmo que o voto no Brasil seja obrigatório,
I
pois ao votar ele exprime a sua vontade, ou o seu desejo.
C
O
S Aqui fica claro que a população, ao exercer seu direito de participação de forma proativa,
demonstra seus direitos e responsabilidades perante os efeitos da decisão coletiva.
E
S
P Entretanto, também existem quatro condições necessárias para que se possa instaurar
E
um regime governamental pautado na democracia, estas serão vistas no Quadro 2, disposto
C
I a seguir.
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UNIDADE 1 TÓPICO 1 7
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8 TÓPICO 1 UNIDADE 1
FONTE: Os autores
IMPO
RTAN
TE!
Caro aluno, para colaborar com seus estudos, veja que a junção
T
das Figuras 1 e 2 proporciona o entendimento global do que é
Ó democracia.
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UNIDADE 1 TÓPICO 1 9
3 A QUESTÃO DA ÉTICA
O tema que abordaremos neste momento é relativo à questão da ética, a qual permeia
constantemente nosso dia a dia, seja no âmbito familiar, social ou profissional. Aparentemente
compreendemos o seu significado e seus efeitos, mas será que realmente compreendemos o
seu sentido real? Será que sabemos o que é certo ou errado para nós na sociedade em que
vivemos?
Neste sentido, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) expõem que “a ética é uma das áreas
da filosofia que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”. Em outros
termos, as nossas ações perante a sociedade em que vivemos são orientadas por princípios
éticos e morais, e esta própria sociedade é que forma esta consciência moral do certo e do
errado, do bem e do mal.
Assim, no que tange a esta problemática relativa à ética, Pieritz (2013, p. 3) expõe que
“a ética não é facilmente explicável, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente
relacionada aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento,
ao nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade”. E que estes
valores éticos são construídos historicamente pelos povos, de geração em geração.
Paulo Netto expõe que Agnes Heller cita que “VALOR é tudo aquilo que contribui para
explicar e para enriquecer o ser genérico do homem, entendendo como ser genérico um
conjunto de atributos que constituiriam a essência humana”. (PAULO NETTO apud BONETTI
et al., 2010, p. 22-23, grifos do autor).
Deste modo, vejamos no Quadro 3 quais são estes atributos na perspectiva de Heller: T
Ó
P
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10 TÓPICO 1 UNIDADE 1
- universal;
UNIVERSALIDADE - o todo;
- fazer parte de um determinado grupo.
LIBERDADE - livre-arbítrio.
E FONTE: Os autores
S
P
E
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UNIDADE 1 TÓPICO 1 11
Deste modo, podemos expor que “todos nós possuímos princípios e valores que foram
e são constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui
uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal.” (PIERITZ, 2012, p. 57)
Não podemos nos esquecer de que “esta consciência moral é determinada por um
consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas
de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras regras
e normas de nossa sociedade”. (PIERITZ, 2013, p. 4)
São estas regras e normativas jurídicas e sociais que determinam o nosso agir em
sociedade, e cada grupo social possui suas características, ou seja, não se pode dizer que
todos nós somos iguais, que todas as nações e Estados são iguais, porque não somos, pois,
independentemente do Estado, do país ou grupo social, fomos moldando nossos valores e
princípios de forma diferente ao longo de nossa existência.
Então, como desvelar esta situação? Ou seja, como saber se estamos no caminho
certo? Se estamos fazendo certo ou errado? Ou se realmente estamos fazendo o bem ou o
mal a alguém? São muitas indagações! T
Ó
P
I
Neste sentido, podemos observar que: C
O
S
os problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica genérica,
enquanto que a moral se caracteriza pelos problemas da vida cotidiana. O que
há de comum entre elas é fazer o homem pensar sobre a responsabilidade E
das consequências de suas ações. A ética faz pensar sobre as consequências S
universais, sempre priorizando a vida presente e futura, local e global. A moral P
faz pensar as consequências grupais, adverte para normas culturalmente for- E
muladas ou pode estar fundamentada num princípio ético. A ética pode, desta C
forma, pautar o comportamento moral. (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90) I
A
I
Então, podemos expor que existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que
S
12 TÓPICO 1 UNIDADE 1
Enfim, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89, grifos do autor) complementam expondo que “a
palavra ética provém do grego ethos e significa hábitos, costumes, e se refere à morada de
um povo ou sociedade. A palavra moral provém do latim moralis e significa costume, conduta”.
T
Ó Porém, o que é a moral?
P Segundo Aranha e Martins (2003, p. 301, grifos das autoras), “a MORAL vem do
I
latim mos, moris, que significa ‘costume’, ‘maneira de se comportar regulada pelo uso’, e de
C
O moralis, morale, adjetivo referente ao que é ‘relativo aos costumes’”. Assim sendo, a moral é
S compreendida como um conjunto de regras de condutas socialmente admitidas em determinadas
épocas ou por um grupo de pessoas. Ou seja, “a moralidade dos homens é um reflexo direto
E
S do modo de ser e conviver em sociedade, no qual o caráter, os sentimentos e os costumes
P determinam o seu comportamento individual e social, que foi ou está sendo perpetuado num
E
espaço de tempo”. (PIERITZ, 2013, p. 35)
C
I
A Ainda de acordo com Pieritz (2013, p. 38),
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 13
T
Ó
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FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90) I
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14 TÓPICO 1 UNIDADE 1
Assim, podemos observar que existem diferenças concretas entre estes dois conceitos,
no entanto ainda devemos compreender as diferenças apontadas na figura a seguir:
Por conseguinte, segundo Pieritz (2013, p. 21, grifo nosso), “a ética é precursora da
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que
imprimiam suas mudanças sociais, tais como: Capitalismo e Socialismo”.
T Por fim, Pieritz (2013, p. 21) expõe que “quando é constituída uma nova estrutura social, a
Ó ética, os valores e princípios morais são modificados para constituir assim esta nova concepção
P
I de sociedade”. Ou seja, historicamente, com as transformações sociais, políticas e econômicas
C de um povo, automaticamente o sistema de valores morais e éticos se transforma, para que
O assim seja possível constituir um novo padrão sócio-histórico daquele determinado grupo.
S
4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL
DA CIDADANIA
Neste sentido, podemos observar que um dos princípios fundamentais da Carta Magna
brasileira é a cidadania. Mas você sabe o seu significado?
Neste sentido,
DIMENSÕES DA CIDADANIA
Deste modo, Maciel (2012, p. 29) expõe que hoje em dia a cidadania é “sinônimo
de participação que remete ao exercício da democracia para além das eleições. Somos
‘controladores’ da política, do orçamento, ou seja, das ações do Estado como um todo”. Ou
seja, cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços democráticos do
T
Ó seu município, Estado ou Federação.
P
I Neste sentido, tem-se a participação como um mecanismo do exercício da cidadania,
C
ou seja, “O conceito contemporâneo de cidadania transcende à simples lógica da garantia de
O
S direitos legais. Segundo a concepção de Dallari (2004), a cidadania expressa um conjunto
de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de seu povo”.
E
(MACIEL, 2012, p. 31). Portanto, a palavra de ordem é “participar”, fazer parte do processo
S
P democrático, pois, de acordo com Maciel (2012, p. 32), quem não exerce sua cidadania “está
E excluído da vida social e da tomada de decisões. A cidadania não significa apenas uma conquista
C
legal de alguns direitos, mas sim a realização destes direitos. Ela é construída e conquistada
I
A a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social”.
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 17
Vale salientar que a cidadania é conquistada pela nossa participação nos momentos
das discussões e decisões coletivas, portanto a cidadania se dá pela participação ativa de
nossa vida em sociedade e na vida pública.
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S
18 TÓPICO 1 UNIDADE 1
RESUMO DO TÓPICO 1
• Vimos que a democracia pode ser exercida de duas formas distintas, pois ela pode ser
direta ou indireta.
• Estudamos sobre o Estado Democrático de direito, que é aquele Estado que se organiza e
opera democraticamente.
• Falamos que a democracia também está atrelada ao conceito do “jogo de poderes”, princi-
palmente a disputa e concorrência de cargos em todas as esferas governamentais ou não.
T • Verificamos que a ética é uma das áreas da filosofia que investiga o agir humano na convi-
Ó
P vência com os outros.
I
C • Vimos que a ética está diretamente relacionada aos nossos costumes e às ações em so-
O ciedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com
S
os outros integrantes da sociedade.
E
S • Estudamos que todos nós possuímos princípios e valores que foram e são constituídos por
P nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cada um de nós possui uma visão do
E
C que é certo e errado, do que é o bem e o mal.
I
A • Vimos que a consciência moral é determinada por um consenso coletivo e social, ou seja,
I o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de conduta que o regem.
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 19
• Estudamos que existem diferenças nítidas entre ética e moral, sendo que a ética regula a
moral, a ética é generalista e a moral reflete o comportamento socialmente construído e
legitimado pelo seu povo.
• A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada pessoa ou
grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo ou errado, o que é bom ou mal.
• O valor de ética está naquilo que ela explica, o fato real daquilo que foi ou é, e não no fato
de recomendar uma ação ou uma atitude moral.
• Estudamos que a cidadania designa normas de conduta para o convívio social, determi-
nando nossas obrigações e direitos perante os outros integrantes da nossa sociedade.
• Vimos que a cidadania expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem e
convivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, no que tange o respeito a
si, ao próximo e ao patrimônio público e privado.
• Vimos que cada cidadão tem o dever e o direito de participar de todos os espaços demo-
cráticos do seu município, Estado ou Federação.
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20 TÓPICO 1 UNIDADE 1
IDADE
ATIV
AUTO
1 (ENADE 2010, Formação Geral, Questão 09) As seguintes acepções dos termos
democracia e ética foram extraídas do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.
E
S
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E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 1 21
Estão corretas:
a) ( ) I e II.
b) ( ) I e V.
c) ( ) II e IV.
d) ( ) III e IV.
e) ( ) III e V.
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22 TÓPICO 1 UNIDADE 1
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UNIDADE 1
TÓPICO 2
SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
1 INTRODUÇÃO
dentre outras formas de relações consideradas por uma boa parte da sociedade como algo
fora da normalidade e, por esse motivo, não aceitável.
3 DIVERSIDADE CULTURAL E
DESIGUALDADE SOCIAL
A pobreza: é uma condição que faz parte de um determinado grupo de pessoas que
vivem à margem da sociedade, que são carentes dos recursos existentes, como moradia,
alimentação, situação financeira etc. O que, na visão de alguns autores, é a condição que
T
mais degrada o ser humano e a que mais se aproxima e se identifica como um fator ou um
Ó
P elemento causal do desequilíbrio econômico e da desigualdade social.
I
C
Raça: trata-se da discriminação social, o que é muito presente nos dias de hoje por
O
S alguns grupos inescrupulosos que agridem com palavras ou pela violência física pessoas que
não são da mesma etnia, não têm a mesma cor da pele, ou são de diferentes religiões ou, até
E
mesmo, por causa de seu comportamento sexual.
S
P
E Esses indivíduos, apesar de viverem no século XXI, onde existe um processo de
C
evolução tecnológica e humana, mesmo assim são discriminados e violentados por sua maneira
I
A de ser, principalmente por grupos radicais. Podemos citar como exemplo o que aconteceu com
I os judeus, conhecido como o holocausto, ou o caso da África do Sul, que teve repercussão
S
mundial, também conhecido como segregação racial (Apartheid), o que significa separação
entre negros e os brancos das classes dominantes.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 25
S!
DICA
Mulher: infelizmente, as estatísticas comprovam que apesar das várias leis existentes,
no caso específico da Lei Maria da Penha, instituída para a proteção da integridade da mulher
brasileira contra casos de violências domésticas, ainda existem casos absurdos de desrespeito
à dignidade humana, não discriminando raça, religião ou posição social.
De acordo com Silva (2007, p. 133), “[...] os diferentes grupos sociais, situados em
posições diferenciadas de poder, lutam pela imposição de seus significados à sociedade mais
ampla”.
No entanto, a diversidade e a diferença dizem respeito não somente aos sinais que
podem ser vistos a olho nu, mas também aquelas que são construídas socialmente ao longo
de um processo histórico, tendo as mesmas os seus pontos divergentes e convergentes, que
são construídos através das relações sociais e, principalmente, nas relações de poder e de
T submissão, e para algumas pessoas, nem sempre esse posicionamento é entendido dessa
Ó forma.
P
I
C Como nos diz Carlos Rodrigues Brandão (1986 apud GOMES, 2007, p. 25), “por diversas
O vezes, os grupos humanos tornam o outro diferente para fazê-lo inimigo”.
S
Nesta perspectiva, percebemos que “somos todos iguais como seres humanos. Por isso
devemos combater qualquer forma de discriminação e de arrogância, agindo solidariamente uns
com os outros”. (AQUINO et al., 2002, p. 16). O ser humano veio ao mundo não somente para
compor ou contribuir para o povoamento da Terra, mas para ser útil, participativo, democrático,
ético, moral e solidário para com os seus semelhantes.
Essas são as diversas opções existentes, que além de motivadoras, também servem
como estímulo na adaptação do ser humano, bem como no seu processo de desenvolvimento
pessoal frente às diversidades existentes no universo, que poderíamos denominá-las de um
conjunto de atos e fatos diferentes entre si que formam a sociedade como um todo. Para Saji
(2005, p. 13), “o tema diversidade é bastante amplo. Sua abordagem vai desde definições
restritas às questões de raça, etnia e gênero, até as mais abrangentes, que consideram como
diversidade qualquer diferença individual entre as pessoas”.
DE T
ATIVIDA
AUTO Ó
P
Chegou sua vez! I
Escreva o seu conceito para Diversidade. C
____________________________________________________ O
____________________________________________________ S
____________________________________________________
____________________________________________________
E
____________________________________________________
___________________________________________________ S
___________________________________________________ P
___________________________________________________ E
___________________________________________________ C
___________________________________________________ I
___________________________________________________ A
___________________________________________________ I
S
28 TÓPICO 2 UNIDADE 1
Assim, a diversidade faz parte da natureza das coisas existenciais, sendo elas a
diversidade relacionada com a situação socioeconômica, com a diversidade cultural, onde as
mesmas foram se transformando em essência no decorrer dos tempos, principalmente em
se tratando das diferenças relacionadas às diferentes raças e suas manifestações culturais,
incluindo-se aí a sua descendência, que, por consequência, deixam de fazer parte da cultura
original e passam a fazer parte de outra cultura produzida para atender a uma demanda
econômica.
Nenhum povo que passasse por isso como sua rotina de vida, através de séculos,
sairia dela sem ficar marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros, somos carne da carne
daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa
que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer
de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos.
Descendentes de escravos e de senhores de escravos, seremos sempre servos da malignidade
destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para
doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças
convertidas em pasto de nossa fúria (RIBEIRO, 1995, p. 120).
Então, caro acadêmico! Existe uma diversidade de coisas diferentes e uma diversidade
de pessoas diferentes em todos os seus aspectos. A esse tipo de diversidade denominamos
de diversidade cultural, o que significa na prática o relacionamento comunitário, ou melhor,
o relacionamento em diferentes comunidades, podendo este relacionamento contribuir
significativamente no sentido cooperativo ou na geração de conflitos, que são chamados de
conflitos sociais.
T
Ó Portanto, são essas diferenças que geram o princípio da desigualdade social, que vão
P além das características humanas, ultrapassando o bom senso, descaracterizando o princípio
I
C da igualdade e do amor ao próximo, modificando ou alterando outros princípios considerados de
O grande importância para as questões relacionadas com o respeito, a dignidade, a reciprocidade
S e as boas práticas das relações humanas no contexto social.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 29
IDADE
ATIV
AUTO
Aquino et al. (2002, p. 44) trazem mais exemplos: “é o caso de determinadas expressões
preconceituosas, como: os negros que têm ‘almas brancas’, os homossexuais que parecem
‘pessoas normais’, os idosos que parecem ‘jovens’, os obesos que são ‘engraçados’, as pessoas
pobres que são ‘limpas’. E assim por diante”.
Como sabemos, o descaso e as práticas discriminatórias em relação a essas pessoas,
que fazem parte, assim como todos nós, de um mesmo espaço planetário, não deveriam
existir, mesmo porque a diferença existente entre os seres de todas as espécies faz parte
de um processo natural, ou melhor, da natureza das coisas existentes. E os seres humanos
vão além das diferenças, pois nós somos dotados de raciocínio e discernimento para avaliar
e distinguir o certo do errado, comportamento esse que deveria ser institucionalizado pelas
tradições, pelos valores éticos e morais, sem a necessidade de uma imposição legal, como é
T o caso da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Ó
P No entanto, parece que pouco têm efeito as leis que reprimem essas práticas
I
C discriminatórias, preconceituosas e racistas, visto que, infelizmente, parece existir uma
O autorrejeição por parte de algumas pessoas ou grupos que ainda mantêm certos padrões de
S comportamento que não mais condizem com a realidade dos padrões atuais e universais, dos
E direitos constituídos e com o processo democrático, com as leis de proteção às crianças, aos
S idosos, aos negros, às mulheres, aos indígenas, aos deficientes físicos, entre outros. São seres
P humanos que sofrem discriminação e negação de direitos que estão incluídos na Declaração
E
C Universal dos Direitos Humanos, conforme citado no parágrafo acima.
I
A Nesta perspectiva, não se desconsidera que as diferenças existam e estejam
I colocadas socialmente, porém, elas não significam, necessariamente, exclusão
S social. Por exemplo, a condição de raça, gênero, religião, entre outras, não
UNIDADE 1 TÓPICO 2 31
Sem diversidade, não há estímulos para pensar diferente, não há estímulos para pensar
no princípio da igualdade. Portanto, pensar diferente é o caminho para viver e compreender
o sentimento solidário que devemos ter. Apesar de que, no dia a dia, relacionar-se com as
inúmeras diferenças humanas e sociais do mundo atual nem sempre traz harmonia.
Afinal de contas, em que nos diferenciamos uns dos outros? A resposta é obvia: em
praticamente tudo. A começar pela nossa história de vida, passando pelas características
biológicas (raça, cor, sexo), até as de cunho social (escolaridade, condição econômica, opções
políticas etc.). Mas, mesmo sendo únicos, continuamos a pertencer à mesma espécie, a raça
humana. Por essa razão, não há seres humanos “superiores” ou “inferiores”. Cada um é especial
a seu modo. Só teremos um convívio democrático e pacífico se tratarmos o outro da mesma T
forma que gostaríamos de ser tratados. Ó
P
I
C
FONTE: Aquino et al. (2002) O
S
E
Todos esses conceitos fazem parte de uma cultura geral, ou seja, da construção e da
S
desconstrução do processo de desenvolvimento humano, e da sua própria sobrevivência. P
A cultura é, pois “o conteúdo da construção histórica da humanidade dos seres humanos, E
humanizando-os ou desumanizando-os” (SOUZA, 2002, p.53). Mas o principal objetivo do C
I
nosso estudo é justamente conscientizar os nossos acadêmicos rumo a uma reflexão mais A
humanista a respeito das nossas ações e na superação definitiva da desigualdade social, o I
S
32 TÓPICO 2 UNIDADE 1
que diz respeito ao cidadão e à sua relação com o meio em que ele vive, onde o respeito pelas
diferenças forma o espírito da academia e a humanização social.
Com base no que foi dito e analisado até aqui, nos parece que o ponto de partida
para a solução, pelo menos de parte dos problemas raciais, das diferenças, da exclusão e
da inclusão social, pode estar na educação de base, ou seja, se o aluno tiver uma educação
inicial que possa motivá-lo a ultrapassar essas barreiras. A partir daí, ele poderia formar uma
base sólida para que pudesse ingressar na faculdade melhor preparado, o que sem dúvida é
parte integrante para o seu desenvolvimento profissional e pessoal.
S!
DICA
E
S
P
E
C
I
A
I
S
UNIDADE 1 TÓPICO 2 33
Acadêmico! A inclusão escolar tem sido mal interpretada tanto por parte da escola,
seja ela comum ou especial, quanto dos profissionais da educação. “O certo, porém, é que
os alunos jamais deverão ser desvalorizados e inferiorizados pelas suas diferenças, seja nas
escolas comuns, seja nas especiais” (MANTOAN, 2006, p. 190). T
Ó
P
Ainda com base neste raciocínio, “[...] a educação escolar não pode ser pensada nem I
realizada senão a partir da ideia de uma formação integral do aluno – segundo suas capacidades C
e seus talentos – e de um ensino participativo, solidário, acolhedor”. (MANTOAN, 2006a, p. 9). O
S
Mas, reverter o que historicamente foi construído é difícil, implica em construir alternativas que
possibilitem a emancipação social dos diferentes sujeitos, fazendo uma clara opção política E
por um compromisso contra as discriminações, as desigualdades e o respeito à diversidade S
P
cultural. O que, de acordo com Mantoan (2006a, p. 9, grifo da autora), trata-se de um trabalho E
de ‘ressignificação’ do papel da escola com professores, pais e comunidades interessadas, C
bem como de adoção de formas mais solidárias e plurais de convivência. Para terem direito à I
A
escola, não são os alunos que devem mudar, mas a própria escola!”. E a autora continua: “O I
S
34 TÓPICO 2 UNIDADE 1
direito à educação é natural e indisponível. Por isso, não faço acordos quando me proponho a
lutar por uma escola para todos, sem discriminações, sem ensino à parte para os mais e para
os menos privilegiados”. (MANTOAN, 2006a, p. 9)
De acordo com texto publicado no livro “Ética e cidadania: construindo valores na escola
e na sociedade”, desenvolvido pelo Ministério da Educação, a escola pode e deve ser um ponto
de partida na formação de cidadão e cidadã comprometidos com a construção dos valores
éticos e morais, tanto no contexto escolar, como no âmbito das relações sociais.
Aprender a ser cidadão e cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com
respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não violência; aprender a
usar o diálogo nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que
acontece na vida da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes
precisam ser aprendidos e desenvolvidos pelos estudantes e, portanto, podem
e devem ser ensinados na escola.
Para que o(a)s estudantes possam assumir os princípios éticos, são neces-
sários pelo menos dois fatores:
- que os princípios se expressem em situações reais, nas quais o(a)s estudantes
possam ter experiências e conviver com a sua prática;
- que haja um desenvolvimento da sua capacidade de autonomia moral, isto
é, da capacidade de analisar e eleger valores para si, consciente e livremente.
Outro aspecto importante desse processo é o papel ativo dos sujeitos da
aprendizagem, estudantes e docentes, que interpretam e conferem sentido aos
conteúdos com que convivem na escola, a partir de seus valores previamente
construídos e de seus sentimentos e emoções (LODI; ARAÚJO, 2006, p. 69)
Com relação aos agentes citados nos parágrafos anteriores, também concordamos
que a partir da inclusão escolar, principalmente no tocante à educação básica, ela deveria ser
um espaço voltado para a harmonização da convivência social e não simplesmente uma mera
reprodução de saberes. Onde, na maioria das vezes, esses saberes são direcionados apenas
para produzir agentes econômicos, dando pouca ou quase nenhuma ênfase às questões
relacionadas com a ética e as características comportamentais do ser humano, como uma
forma de equilíbrio no convívio das relações sociais, o que já é um processo discriminatório e de T
exclusão, ou, no mínimo, uma forma de omissão do próprio sistema de ensino, principalmente Ó
com relação aos índios e negros. P
I
C
A luta travada em torno da educação do campo, indígena, do negro, das co- O
munidades remanescentes de quilombos, das pessoas com deficiência, tem
S
desencadeado mudanças na legislação e na política educacional, revisão de
propostas curriculares e dos processos de formação de professores. Também
tem indagado a relação entre conhecimento escolar e o conhecimento produ- E
zido pelos movimentos sociais. (GOMES, 2007, p. 32) S
P
E
E na continuação o autor chega às seguintes conclusões: C
I
A diversidade é muito mais do que o conjunto das diferenças. Ao entrarmos A
nesse campo, estamos lidando com a construção histórica, social e cultural I
S
36 TÓPICO 2 UNIDADE 1
das diferenças a qual está ligada às relações de poder, aos processos de co-
lonização e dominação. Portanto, ao falarmos sobre a diversidade (biológica e
cultural) não podemos desconsiderar a construção das identidades, o contexto
das desigualdades e das lutas sociais.
A diversidade indaga o currículo, a escola, as suas lógicas, a sua organização
espacial e temporal. No entanto, é importante destacar que as indagações
aqui apresentadas e discutidas não são produtos de uma discussão interna à
escola. São frutos da inter-relação entre escola, sociedade e cultura e, mais
precisamente, da relação entre escola e movimentos sociais. Assumir a diver-
sidade é posicionar-se contra as diversas formas de dominação, exclusão e
discriminação. É entender a educação como um direito social e o respeito à
diversidade no interior de um campo político. (GOMES, 2007, p. 41)
Assim, é através dos movimentos sociais que podemos melhorar o sistema educacional
e corrigir as distorções sociais, que são frutos de um processo longo que vem se arrastando
através dos tempos, onde pouco ou quase nada tem sido feito como forma de reparar ou pelo
menos minimizar os seus efeitos negativos e na reparação dos erros cometidos. Portanto, é
de extrema necessidade a inserção e a interação de todos os seres humanos, independente
de suas características ou condições sociais.
DE
ATIVIDA
AUTO
solidariedade deve trazer benefícios tanto para o indivíduo quando analisado separadamente,
quanto na sua convivência em sociedade, ou seja, a relação do indivíduo com ele mesmo ou
no convívio social. E na sequência os autores analisam com muita propriedade o resultado
ocasionado por esse processo de interação:
E para finalizar, os autores fazem um breve resumo a respeito das relações de convivência
e de reciprocidade humana, principalmente para aqueles que possam ter algumas dificuldades
para entender a complexidade a respeito da inclusão social e escolar da diversidade humana.
escolas da rede pública e privada, oferecendo escolas e ensino de qualidade, com professores
qualificados e comprometidos com o processo educacional. Isto evitaria, pelo menos em parte, a
desagregação, a degradação e o êxodo escolar, onde o abandono ou o afastamento de alunos
das salas de aulas podem ter diversos motivos, muitos deles justificados pelas condições
precárias de algumas escolas, bem como a falta de compromisso e atitude das autoridades,
a improbidade administrativa, o desvio de verbas, dentre outras formas de descaso da coisa
pública.
Observe, acadêmico, que ainda existe uma série de problemas a serem resolvidos
nas instituições escolares. De acordo com Prieto (2006, p. 33), “as instituições escolares,
ao reproduzirem constantemente o modelo tradicional, não têm demonstrado condições de
responder aos desafios da inclusão social e do acolhimento às diferenças, nem de promover
aprendizagens necessárias à vida em sociedade [...]”.
Acadêmicos, percebemos que os que mais sofrem com essa situação de penúria são
os menos afortunados, os que não possuem as mínimas condições de frequentar uma escola
particular, ou os deficientes físicos, que, muitas vezes, além das condições financeiras, também
lhes faltam as condições principais ao acesso e permanência no âmbito escolar.
6 CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO DO
SABER APRENDIDO
Assim, de acordo com o que foi aprendido até agora, podemos afirmar que a diversidade,
as diferenças, a identidade, a exclusão e a inclusão, quando reparadas na sua desarmonia
social, representam partes integrantes da vida em comunidade, onde são introduzidas as
mudanças necessárias ao desenvolvimento social e, ao mesmo tempo, produzidas outras
formas de relacionamentos, outras formas de diversidade, ou até mesmo outras maneiras e
T
meios de abordagens no processo de interação do eu com o outro. Isso faz parte integrante
Ó
da natureza humana, ou seja, um estado em movimento, de renovação e de mudanças. P
I
C
Dessa maneira, a sociedade continuará a produzir saberes e realidades relativas,
O
seja em relação à diversidade existente, seja em relação ao comportamento humano na S
convivência social, ou na interação da pessoa com ela mesma, com os outros, bem como, as
E
abordagens relacionadas aos contrastes da vida cotidiana, caracterizadas pelas desigualdades
S
sociais. Portanto, estas verdades continuarão a ser questionadas, até que outras verdades as P
sobreponham. E
C
I
Assim, a exclusão e a inclusão social das diferenças são formas de construção e A
desconstrução de uma variedade de elementos históricos e atuais, distintos e circunstanciais I
S
40 TÓPICO 2 UNIDADE 1
Caros acadêmicos, de acordo com o que vimos, percebemos que uma das verdades
absolutas é que: sempre haverá o eu e o outro, e esse outro será sempre diferente do eu, e
essa diferença continuará sendo o fio condutor responsável pela diversidade cultural e pelos
diversos tipos de conflitos sociais, seja no sentido negativo ou no sentido positivo.
T
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 41
RESUMO DO TÓPICO 2
• A diversidade, no contexto cultural, significa uma grande quantidade de coisas, ações, pen-
samentos, ideias e pessoas que se diferenciam entre si dentro de grupos sociais ou dentro de
uma mesma sociedade, e os mesmos são passíveis de discussão, apelos, protestos, discór-
dia e geralmente acabam em conflitos, chegando até às desigualdades sociais.
• A desigualdade significa não só a diferença existente entre pessoas ou coisas que com-
põem o universo, mas significa também a diferença no tratamento e no respeito para com o
outro. Nesse caso, estamos nos referindo à desigualdade humana, que na maioria das vezes
está caracterizada pelo preconceito e pelos diversos tipos de violência e pelas suas relações
conflitantes dentro do contexto social.
• Falar sobre inclusão escolar e/ou social é falar sobre a conscientização humana na demo-
cratização das relações entre os povos e os demais indivíduos que fazem parte do contexto T
Ó
social como um todo, independentemente de credo, raça, poder aquisitivo ou posição social,
P
visto que fazemos parte de uma mesma sociedade e as diferenças fazem parte integrante do I
equilíbrio social e da própria espécie humana. C
O
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S
P
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C
I
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42 TÓPICO 2 UNIDADE 1
IDADE
ATIV
AUTO
F para as falsas:
( ) Na Educação Inclusiva, os alunos com deficiência têm a chance de se prepararem
para a vida em sociedade, os professores de melhorarem suas habilidades profissionais
e a sociedade passa a valorizar a igualdade para todos.
( ) Na Educação Inclusiva, o aluno com deficiência tem a facilidade de construir
conhecimento como os demais e de demonstrar a sua capacidade cognitiva,
principalmente nas escolas que mantêm um modelo conservador de atuação e uma
gestão autoritária e centralizadora.
( ) Na Educação Inclusiva, a escola se baseia na lógica do concreto e na repetição
alienante e descontextualizada das atividades.
( ) A Educação Inclusiva requer que os sistemas educacionais modifiquem não apenas
as suas atitudes e expectativas em relação aos alunos com deficiência, mas que se
organizem para construir uma real escola para todos, onde o currículo leve em conta a
diversidade e seja concebido com o objetivo de reduzir barreiras atitudinais e conceituais
e se pautar por uma ressignificação do processo de aprendizagem na sua relação com
o desenvolvimento humano.
T
Ó
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44 TÓPICO 2 UNIDADE 1
T
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UNIDADE 1
TÓPICO 3
MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA,
TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA
E RELAÇÕES DE GÊNERO
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITUANDO MULTICULTURALISMO
Como a própria etimologia da palavra nos sugere, o termo “multi” significa vários, o
termo “culturalismo” refere-se à cultura e o sufixo “ismo” está associado às posições assumidas
ou ideias aceitas sobre a possibilidade do conhecimento, ou seja, no caso do multiculturalismo
significa uma posição assumida sobre as diferentes relações entre as várias culturas. T
Ó
O ‘multiculturalismo’ é um termo polissêmico e existem, pelo menos, dois P
sentidos diferentes em que este pode ser utilizado. Um primeiro sentido é I
descritivo e reporta a um fato da vida humana e social, que é a diversidade C
cultural étnica, religiosa que se pode observar no tecido social, ou seja, um O
certo cosmopolitismo que atualmente é fácil de ver em qualquer grande ci- S
dade da Europa e da América do Norte. Um segundo sentido é prescritivo e
está associado às chamadas políticas de reconhecimento da identidade e/ou
da diferença que os poderes públicos prosseguem, ou deveriam prosseguir,
E
segundo os seus defensores, em nome dos grupos minoritários e/ou ‘subal- S
ternos’. (FERNANDES, 2011, p. 2, grifos do autor) P
E
C
Dito de outra forma, multiculturalismo significa a existência de grupos de diversas I
culturas, assim como o embate político, econômico e social travado pelos diferentes grupos A
I
sociais na luta pelo respeito à diversidade. Por isso, além de estudos teóricos e empíricos, o
S
46 TÓPICO 3 UNIDADE 1
Nesse sentido, entendemos que igualdade e diferença não são termos opostos. Na
verdade, a igualdade opõe-se à desigualdade, enquanto diferença opõe-se à padronização, à
homogeneização, à produção em série. O que o multiculturalismo quer é lutar pela igualdade
e pelo reconhecimento das diferenças.
Por este motivo, um dos temas centrais para o multiculturalismo tem sido o Direito à
Diferença e à Diminuição das Desigualdades, bandeira de luta de vários movimentos sociais
UNIDADE 1 TÓPICO 3 47
3 SURGIMENTO DO MULTICULTURALISMO
NOT
A!
Países anglo-saxônicos: são países cujos descendentes são
provenientes de povos germânicos (anglos, saxões e jutos). Esta
denominação é resultado da fusão desses povos que se fixaram
ao sul e leste da Grã-Bretanha, no século V.
Tomando como base o caso dos Estados Unidos, o multiculturalismo surge como
movimento organizado na década de 60, a partir dos primeiros movimentos sociais, como:
o negro, feminista, hippie, ambientalista, entre outros. No entanto, para entender o motivo
pelo qual estes movimentos surgiram, devemos resgatar o aspecto da constituição histórica
dos Estados Unidos, marcada por um longo processo de colonização, que teve como base a
eliminação e a opressão das diversas tribos indígenas que ali estavam. Além disso, prezado
acadêmico, devemos levar em conta o processo de escravidão que ocorreu no país, no qual
os negros serviram como base para o desenvolvimento da nação.
O que queremos destacar neste momento é que, a exemplo do caso dos EUA, o
movimento multiculturalista surgiu em grande escala nas sociedades nas quais o direito à
diversidade cultural foi historicamente negado.
48 TÓPICO 3 UNIDADE 1
NOT
A!
GENEALOGIA: estudo da origem das famílias.
EPISTEMOLOGIA: estudo do grau de certeza do conhecimento
científico em seus diversos ramos.
UNIDADE 1 TÓPICO 3 49
NOT
A!
Abordagem Interdisciplinar: refere-se ao trabalho e estudo de
profissionais de diversas áreas do conhecimento ou especialidades
sobre um determinado tema ou área de atuação, implicando
necessariamente na integração dos mesmos para uma compreensão
mais ampla do assunto.
5 ESTUDOS DE GÊNERO
5.1 FEMINISMO
O feminismo é um conceito múltiplo. Ele possui uma dimensão política, que se refere
aos movimentos de luta por direitos, e uma dimensão acadêmica, que se refere aos estudos da
condição feminina. A dimensão acadêmica, ou seja, o campo de pesquisa e de conhecimento
50 TÓPICO 3 UNIDADE 1
sobre as mulheres, pode ser considerada multidisciplinar, porque ocorre em diferentes campos
disciplinares, como: Antropologia, História, Educação, Sociologia, Direito e vários outros.
O principal objetivo do movimento feminista não foi alcançar a igualdade entre homens e
mulheres, mas sim a equidade entre eles. Para assegurar a igualdade não deve ser necessário
que as mulheres assumam posturas “masculinas”. Elas devem preservar suas identidades.
Por isso a ideia de “equidade” e não igualdade.
Ainda assim, muitas feministas já faziam campanhas pelos direitos sexuais, reprodutivos
e econômicos das mulheres.
As ativistas femininas fizeram campanhas pelos direitos legais das mulheres (direitos
de contrato, direitos de propriedade, direitos ao voto), pelo direito da mulher à sua autonomia
e à integridade de seu corpo, pelos direitos ao aborto e pelos direitos reprodutivos (incluindo
o acesso à contracepção e a cuidados pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres e
garotas contra a violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, pelos direitos trabalhistas,
incluindo a licença-maternidade e salários iguais, e todas as outras formas de discriminação.
Uma das autoras mais importantes da segunda onda é Betty Friedan e seu famoso livro
A Mística Feminina (The Feminine Mystique, 1963).
No Brasil, a partir dos anos 70/80 começam a se desenvolver estudos sobre a condição
feminina, onde basicamente se discutia a opressão das mulheres em uma sociedade patriarcal.
Já a partir dos anos 80 surgem os estudos sobre as mulheres, pois: “[...] se percebe que não
é possível falar de uma única condição feminina no Brasil, uma vez que existem inúmeras
diferenças, não apenas de classe, mas também regionais, de classes etárias, de ethos, entre
as mulheres brasileiras”. (GROSSI, s/d, p. 3-4)
Nesse período, várias teses são desenvolvidas, porém, segundo esta autora, a referência
utilizada para o reconhecimento das mulheres enquanto grupo está ainda associada a uma
“unidade biológica (vagina, útero, seios)” (GROSSI, s/d, p. 4).
6 CONCEITUANDO GÊNERO
Com relação à identidade de gênero, ela se forma, segundo Grossi (s/d), a partir da
socialização de valores e comportamentos que são internalizados logo nas primeiras fases da
infância. Esses valores e comportamentos que são repassados são diferentes para cada sexo
e também variam de uma cultura para outra.
Um dos estudos de uma autora clássica da Antropologia (MEAD, 1979) poderá ilustrar
o que procuramos dizer até aqui. Essa autora procura nos fazer refletir como, nas diferentes
sociedades, são construídos padrões de conduta, comportamento, culturas, atribuindo-se
valores a algumas coisas e a outras não, como idade e sexo, ritmo de nascimento, maturação
e velhice, a estrutura do parentesco consanguíneo.
Em seu livro “Sexo e Temperamento”, essa antropóloga aborda três grupos diferentes
em uma ilha da Nova Guiné: os montanheses Arapesh, os canibais Mundugumor e os caçadores
de cabeças de Tchambuli. A autora faz o estudo com estes três grupos porque as diferenças
de sexo fazem parte da organização sociocultural dos mesmos, ainda que estas diferenças
sejam percebidas e dramatizadas de formas diferentes.
A partir dessa observação, a autora constata: ainda que, de uma forma geral, as
sociedades se organizem levando em conta as diferenças entre os sexos, não significa dizer
que essa organização esteja baseada em sistemas de oposição ou dominação.
7 ESTUDOS DE GÊNERO
questões relativas ao universo das relações sociais. Observar a realidade a partir da análise
de gênero possibilitou novas interpretações sobre o comportamento humano e a reprodução
das desigualdades de gênero. Vejamos a seguir alguns estudos de gênero e suas principais
contribuições.
Famílias: Muitos estudos reconhecem que há uma visão tradicional de família que não
reconhece a existência de núcleos familiares chefiados somente por mulheres ou a constituição
de famílias compostas por "agrupamento". De igual forma, são abordadas aqui as questões
relativas aos papéis tradicionais desempenhados por homens e mulheres dentro das estruturas
familiares.
A imagem das mulheres nos meios de comunicação: os estudos demonstram que
os meios de comunicação parecem dar às mulheres "visibilidade" e "espaço para discussão",
mas que reforçam constantemente o seu papel de "objeto de consumo", de "utilidade pública"
UNIDADE 1 TÓPICO 3 55
e "sexual".
A produção foi sempre mais valorizada do que a reprodução, por este motivo é que as
atividades ditas reprodutivas, como as funções domésticas, são desvalorizadas. De acordo
com Faria (1997), referindo-se ao trabalho das mulheres rurais no Brasil:
Carpir no sertão nordestino era uma tarefa dos homens e era considerado
um trabalho pesado. Carpir no brejo paraibano era tarefa das mulheres e era
considerado trabalho leve. Como se vê, no cultivo da cana o que caracteriza-
va um trabalho como leve ou pesado não era a força física necessária para
realizá-lo, mas o valor social de quem o fazia. (FARIA, 1997, p. 14)
Nesse sentido, a desigualdade sexual não é refletida como um problema de gênero, ela
é naturalizada. Essa postura é que mantém o padrão de desvalorização do trabalho feminino,
e é o que explica porque muitas mulheres ainda ganham menos que os homens, mesmo
ocupando cargos iguais.
Por outro lado, após a expansão do capitalismo, quando as mulheres entram no mercado
de trabalho permanecem ainda com as atividades domésticas, o cuidado com a casa e com
os filhos. De acordo com o IBGE (2005):
RESUMO DO TÓPICO 3
• Que o termo “multiculturalismo” é recente, e sua utilização ocorreu pela primeira vez na
Inglaterra, entre as décadas de 1960 e 1970.
• O direito à diferença e a diminuição das desigualdades são temas centrais para o multicul-
turalismo, bandeira de luta de vários movimentos sociais contemporâneos espalhados pelo
mundo inteiro.
• Que o conceito de cultura corresponde ao conjunto das regras sociais aceitas como nor-
mas pela sociedade ou grupo que as compõe.
• Que etnocentrismo é a maneira de ver os “outros” com base nos nossos padrões culturais,
com os nossos valores sociais, morais e éticos, e não os valores do outro.
• Que relativismo cultural significa uma perspectiva mais ampla sobre o outro, uma perspec-
tiva que vê e compreende o outro a partir dos parâmetros e regras sociais do outro.
• O feminismo como conceito múltiplo. Ele possui uma dimensão política, que se refere aos
movimentos de luta por direitos, e uma dimensão acadêmica, que se refere aos estudos da
condição feminina.
• O Movimento Feminista surgiu no século XVIII, na Europa, e foi dividido em três grandes
momentos, sendo a 1ª, a 2ª e a 3ª onda feminista.
• A segunda onda feminista tem como cenário de surgimento os Estados Unidos já no século
58 TÓPICO 3 UNIDADE 1
IDADE
ATIV
AUTO
nos Estados Unidos. Esse momento do feminismo começa na década de 1960 e dura
até o fim da década de 1980.
( ) A Terceira Onda Feminista inicia na década de 1990, com o objetivo de compreender
os problemas femininos de um ponto de vista mais amplo, e não apenas do ponto
de vista das "mulheres brancas de classe média-alta", como fez a segunda onda.
TÓPICO 4
RESPONSABILIDADE SOCIAL:
SETOR PÚBLICO, SETOR
PRIVADO E TERCEIRO SETOR
1 INTRODUÇÃO
Nosso tempo apresenta enormes desafios éticos que decorrem da diversidade cultural
das sociedades contemporâneas, do consumismo, do individualismo, do hedonismo, do
desprezo ao próximo e à natureza, gerando um quadro de crise que tem sérias implicações
sobre a ética, sobre os valores e sobre a responsabilidade social.
E
S
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C
I
A
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64 TÓPICO 4 UNIDADE 1
2 SETOR PRIVADO
O setor privado, por mais óbvio que seja, não deveria ter participação do setor público.
Este setor também é conhecido como ‘iniciativa privada’ e tem papel preponderante na economia
e desenvolvimento de um país.
3 TERCEIRO SETOR
Assim sendo, pode-se afirmar que o terceiro setor não é público nem privado. Ele se
situa num entremeio, preenchendo lacunas do Estado através de uma atuação na esfera
privada. Assim, as organizações visam prestar serviços com fins de atender demandas sociais
em áreas como saúde, educação, cultura etc. Seu formato típico não é da Organização Não
Governamental (ONG), e sim do setor estatal e do setor privado, que visam suprir as falhas
do Estado e do setor privado no atendimento às necessidades da população, numa relação
conjunta. Entretanto, algumas organizações estão evitando tal denominação, motivos explicados
por Fischer e Falcone (1998, p. 4):
De fato, a imagem das Organizações Sociais colou nas ONGs, mas elas são, na
verdade, múltiplas e assumem vários formatos. Uma das críticas a essas organizações seria
sobre uma atuação que serviria apenas a fins privados, não abrangendo a dimensão social da
questão. Outro ponto seria sobre o enriquecimento de algumas organizações, que obtinham T
Ó
lucro irregularmente. Entretanto, as organizações sociais se apresentam como uma alternativa P
que, quando considerados todos os seus preceitos, funcionam efetivamente junto à população. I
C
O
S
E
S
3.1 HISTÓRICO
P
E
O surgimento das Organizações Sociais acontece no contexto de crise do último quarto C
I
do século XX, a partir da proposta de Estado mínimo nos anos 80 pelo neoliberalismo, que
A
significa a maior redução possível do Estado na economia, o que significou um corte nos I
S
66 TÓPICO 4 UNIDADE 1
essa troca de atores, da saída do Estado para a ocupação das Organizações Sociais, que foi
impulsionada pela regularização da sua atuação promovida na última década.
T
FONTE: Disponível em: <http://inventta.net/wp-content/uploads/2014/05/objetivos_milenio.jpg>. Ó
Acesso em: 20 maio 2015 P
I
Essas Organizações Sociais realizam a gestão do espaço público e querem melhorar C
a vida das pessoas, e, por consequência, a sociedade como um todo. O
S
O espaço continua sendo público, ou seja, do Estado, mas quem administra os recursos,
E
os negócios e as pessoas? (BRASIL, 1997). Isso significa dizer que a associação de um museu S
faz desde a gestão dos funcionários que ali trabalham até o controle da bilheteria, programação P
E
cultural, peças e curadoria das peças.
C
I
O Estado de São Paulo foi pioneiro na implantação do sistema na área de saúde. A
I
A seleção envolve uma convocatória pública exigindo a experiência mínima na área de
S
68 TÓPICO 4 UNIDADE 1
gerenciamento. Esse método visa garantir que entidades sólidas assumam a frente das
instituições e o sucesso do modelo.
Segundo avaliação da experiência de São Paulo pelo Banco Mundial em 2006 (apud
CAMARGO et al., 2013), a solução gerou uma experiência de modernização positiva em
relação ao modelo anterior, mais produtiva e barata. Entretanto, há muitas críticas na proposta,
a primeira seria o desvio de função, com alta probabilidade de as organizações passarem a
atuar para fins privados; segundo, que há pouca transparência na sua atuação em relação
à disponibilidade de informações (CAMARGO et al., 2013). Isso não apenas por parte das
organizações, como também a postura do próprio Estado.
O objetivo material imediato (a terra) ‘não basta’, como dizem, deve vir acom-
panhado de lutas pelos direitos sociais (a cidadania plena) e em direção
à construção de uma sociedade mais justa (a socialista). Para atingir este
objetivo é que a educação, considerada como um direito essencial, deve se
desenvolver como um processo que inclui educação formal (ensino funda-
mental) e informal (participação no movimento, nas mobilizações, em ações
de solidariedade etc.), incluindo neste processo todas as gerações e gêneros.
(SCHERER-WARREN, 2000, p. 48)
E
S Entretanto, qual seria de fato o espaço ocupado pelas ONGs em relação à sociedade
P civil na atualidade? Elas atuam politicamente?
E
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[...] no Brasil, temas como direitos humanos, meio ambiente e fome têm tido
I
como porta-voz, em grande parte, um conjunto de ONGs, que toma a iniciativa
A diante do Estado, propondo políticas diretamente ao Poder Executivo ou pres-
I sionando o Congresso Nacional para aprovações de leis. (PINTO, 2006, p. 654)
S
UNIDADE 1 TÓPICO 4 69
NOT
A!
É interessante pensar que quem começa com as discussões
ambientais são as ONGs. Na Amazônia, não se sabe ao certo o
número de ONGs que atuam. As informações variam de 1.000 a
100.000. Abaixo, seguem os símbolos de algumas delas.
Outros temas relativos a grupos minoritários no país, como sobre as mulheres, direitos
homoafetivos, indígenas, moradores de rua, são sistematicamente trabalhados e elaborados
pelas ONGs. É bom esclarecer que as vozes desses grupos não são substituídas pelas
ONGs, mas elas servem como intermediadoras na realização de projetos e sistematização
das demandas, já que possuem uma preocupação maior em termos de organização que os
movimentos sociais (PINTO, 2006). Dentro das ONGs também atuam indivíduos pertencentes
a essas minorias, não existe uma fronteira, mas uma integração.
pode ser perigoso, quando as populações apoiadas por essas ONGs passam a depender de
sua atuação. Ou seja, as ONGs podem desenvolver territórios de domínio, não estimulando a
prática da cidadania e a busca dos direitos por si mesmo, mas uma dependência de sua atuação.
S!
DICA
O que se espera de uma sociedade que se vê desafiada pelos seus indivíduos é que
ela seja capaz de:
• orientar as pessoas e os recursos materiais e financeiros para a promoção huma-
na;
• manter uma atitude crítica frente às propostas políticas vigentes;
• vivenciar o espírito de partilha e ajuda mútua na comunidade educativa;
• realizar campanhas comunitárias diante das situações emergentes.
A participação ativa e efetiva das pessoas na vida política e social é um grande desafio,
como forma de externar a cidadania que todos almejam. O que ainda vemos é que conceitos
T
como cidadania, os direitos e deveres do cidadão, algo que deveria estar entranhado em nossas
Ó
P vidas, sabemos, não são tão conhecidos, muito menos praticados em nossa sociedade. São
I só conceitos.
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UNIDADE 1 TÓPICO 4 71
RESUMO DO TÓPICO 4
• A participação ativa e efetiva das pessoas na vida política e social é um grande desafio,
como forma de externar a cidadania que todos almejam.
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72 TÓPICO 4 UNIDADE 1
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FONTE: Disponível em: <http://historianovest.
C blogspot.com/2010/07/charges-
O declaracao-dos-direitos-humanos.html>.
S Acesso em: 3 fev. 2014
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UNIDADE 1
TÓPICO 5
CULTURA E ARTE
1 INTRODUÇÃO
A cultura e a arte são áreas que interagem entre si e com as demais áreas de
conhecimento. Estudar, pesquisar e refletir sobre as diferentes culturas e suas manifestações
artísticas possibilita a compreensão da vida e das relações entre os sujeitos no meio social. A
cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e o espaço. A cultura
e a arte devem ser estudadas a partir de três concepções: erudita, popular e de massa.
E, por último, a cultura popular, que está relacionada ao que pertence à maioria do povo E
e que não é ensinada necessariamente em espaços formais de educação. É a definição de S
P
várias áreas de conhecimento, como: folclore, dança, música, festa, literatura, arte, artesanato
E
etc. O conhecimento da cultura popular é passado de geração a geração. C
I
A
Desta forma, caro acadêmico, convidamos você para primeiramente compreender a
I
cultura e a arte e como essas áreas de conhecimento interagem com o meio social. S
76 TÓPICO 5 UNIDADE 1
2 CULTURA
Cultura é uma construção histórica, seja como concepção, seja como dimensão do processo
social. Ou seja, a cultura não é algo natural, não é decorrência de leis físicas e biológicas.
Ao contrário, a cultura é produto coletivo da vida humana. Isso se aplica não apenas à per-
cepção da cultura, mas também à sua relevância, à importância que passa a ter. Aplica-se
ao conteúdo de cada cultura particular, produto da história de cada sociedade. Cultura é um
território bem atual das lutas sociais por um destino melhor. É uma realidade e uma concep-
ção que precisam ser apropriadas em favor do progresso social e da liberdade, em favor da
luta contra a exploração de uma parte da sociedade por outra, em favor da superação da
opressão e da desigualdade.
São os valores culturais que identificam um povo, uma comunidade e cada pessoa.
É através da cultura que se pode observar e caracterizar a história de vida, os costumes, as
crenças e os hábitos de um determinado grupo social.
Nesse sentido, Eduardo David de Oliveira (2006, p. 155) se manifesta dizendo que “o
homem é um ser cultural. A cultura é construída, forjada de acordo com os acontecimentos
da história e criada a partir das contingências, sempre muito singulares, das comunidades
humanas”.
A partir de então, o termo cultura passa a ter uma abrangência que não possuía
antes, sendo agora entendida como produção e criação da linguagem, da reli-
gião, da sexualidade, dos instrumentos e das formas do trabalho, das formas
da habitação, do vestuário e da culinária, das expressões de lazer, da música,
da dança, dos sistemas de relações sociais, particularmente os sistemas de
parentesco ou a estrutura da família, das relações de poder, da guerra e da
paz, da noção de vida e morte. A cultura passa a ser compreendida como o
campo no qual os sujeitos humanos elaboram símbolos e signos, instituem
as práticas e os valores, definem para si próprios o possível e o impossível,
o sentido da linha do tempo (passado, presente e futuro), as diferenças no
interior do espaço (o sentido do próximo e do distante, do grande e do peque-
no, do visível e do invisível), os valores como o verdadeiro e o falso, o belo e
o feio, o justo e o injusto, instauram a ideia de lei, e, portanto, do permitido e
do proibido, determinam o sentido da vida e da morte e das relações entre o
sagrado e o profano.
Quando aplicada ao nosso estilo de vida, ao convívio social, nada tem a ver
com a leitura de um livro ou aprender a tocar um instrumento, por exemplo. Na
realidade, o trabalho do antropólogo, estudioso da cultura humana, começa
pela investigação de culturas, ou seja, pelo modo de vida, padrões de com-
portamento, sistema de crenças, que são características de cada sociedade.
Noutras palavras, pode-se dizer que nenhuma sociedade, nenhum povo, seja T
ele atrasado ou desenvolvido, primitivo ou civilizado, jamais agirá de forma Ó
idêntica aos demais. Poderá haver, isto sim, algumas semelhanças. P
I
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A cultura pode ser entendida como importante agente para debater o estar e ser no O
mundo, que é entendido como um movimento que está intimamente ligado a tudo e a todos S
os aspectos sociais, culturais, históricos e filosóficos. Segundo José Luiz dos Santos (1996,
E
p. 8), “cada realidade cultural tem sua lógica interna, que devemos conhecer para que façam S
sentido suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais passam”. P
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78 TÓPICO 5 UNIDADE 1
IDADE
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Cada povo, cada região tem suas especificidades culturais que compreendem a sua
forma de pensar e de agir evidenciando a diversidade cultural existente. A partir da diversidade
cultural compreende-se a identidade cultural de cada povo. Para Oliveira (2006, p. 84): “a
identidade se constrói com relação à alteridade. Com aquilo que não sou eu. É diante da
diferença do outro que a minha diferença aparece”. Diferentes nações, etnias, identidades
regionais, comunidades ou outros tipos de grupos sociais organizam e dão sentido à sua
existência.
O Brasil, por exemplo, apresenta uma diversidade cultural ampla, pois é resultado de
uma miscigenação étnica e cultural, principalmente dos povos indígenas, africanos e europeus.
Esta miscigenação se dá devido ao processo histórico que ocorreu no Brasil.
T
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P Assim, a educação no Brasil estabeleceu, nas diretrizes e bases da educação nacional,
I a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar
C
da educação básica. A lei tem como propósito o conhecimento desses dois grupos étnicos, tais
O
S como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira, o negro e o índio na formação da sociedade
E
nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes
S
P à história do Brasil.
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Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em seu documento, também descrevem
I
A sobre Pluralidade Cultural, explicando que o estudo das diferentes culturas deve contribuir
I para a formação de uma nova mentalidade, onde toda forma de discriminação e exclusão seja
S
UNIDADE 1 TÓPICO 5 79
superada, proporcionando ao povo brasileiro “uma vivência plena de sua cidadania” (BRASIL,
1997, p. 13).
3 ARTE
“A ciência descreve as coisas como são: a arte, como são sentidas, como se sente
T
que são”. Fernando Pessoa (1986) Ó
P
Desde a pré-história o ser humano está cercado de fenômenos artísticos, como desenho, I
C
gravura, pintura, dança, escultura, música, literatura, entre outros. Atualmente percebe-se uma O
grande variedade de práticas artísticas que permeiam o universo cultural, que circundam entre S
as várias linguagens artísticas, como: artes visuais, artes cênicas, dança e música. Ao refletir
E
sobre a arte, alguns questionamentos surgem: O que é arte? Que tipo de arte conhecemos? S
A arte tem alguma função? P
E
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O homem primitivo, por exemplo, precisou criar objetos que correspondessem a suas I
necessidades de sobrevivência, representando por meio de desenhos nas cavernas os seus A
anseios para suas caçadas. A partir da concepção de arte primitiva, Marilena Chauí (2008, p. I
S
80 TÓPICO 5 UNIDADE 1
403) questiona sobre o “que dizem os desenhos nas paredes da caverna”. A autora afirma que “o
mundo é visível, e para ser visto é que o artista dá a ver o mundo”. Com isso, a arte inicialmente
teve aspecto de utilidade. Mas com o passar do tempo, os utensílios e as representações
começaram a ser criados pelo prazer em si, desvinculando da ideia unicamente de utilidade.
Assim, a arte surge com novas compreensões, como cita Marilena Chauí (2003, p.
406-407):
O belo para a arte passa a ser concebido pela experiência artística. A partir da abordagem
do belo ou juízo do gosto, a arte também é estudada por uma disciplina filosófica que é conhecida
como estética. A palavra estética é a tradução da palavra grega aesthesis, que significa
conhecimento sensorial, experiência e sensibilidade. A estética estuda as sensações que a
arte provoca no ser humano, desde sensações boas até sensações que causam desconforto,
inquietude, aflição etc.
definição da arte estava ligada ao propósito de fazer ou produzir. A segunda definição de arte
é compreendida como conhecimento, visão ou contemplação, isto significa que a obra pode
retratar aspectos históricos, sociais e educativos. Já a terceira definição está ligada à arte como
expressão, que é uma experiência com o sensível.
A partir destas abordagens, percebe-se que é difícil um conceito definitivo para responder
o que é arte. Pois a arte se transforma, se modifica de acordo com o contexto cultural no qual
está inserida.
A obra Mona Lisa, criada pelo artista do Renascimento Leonardo da Vinci, é tida como
um exemplo de obra de arte que é conhecida por grande parte da população mundial. Seu
misterioso sorriso é pesquisado e admirado por muitos.
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Óleo sobre madeira de álamo, color. 77 cm x I
53,5 cm. Museu do Louvre, Paris. C
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FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia. S
org/wiki/Mona_Lisa#/media/
File:Mona_Lisa,_by_Leonardo_da_ E
Vinci,_from_C2RMF_retouched. S
jpg>. Acesso em: 20 maio 2015 P
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Nesta abordagem a arte parte para a construção de um sentido novo (a obra) e o institui
como parte da cultura. Segundo Chauí (2008), “o artista é um ser social que busca exprimir seu
modo de estar no mundo na companhia dos outros seres humanos, reflete sobre a sociedade,
volta-se para ela, seja para criticá-la, seja para afirmá-la, seja para superá-la”.
A obra Guernica, pintada pelo artista do Cubismo, Pablo Picasso, propaga o sentido da
arte enquanto expressão, pois revela na obra o sentido da dor, do belo, do terrível, do sublime,
ou seja, mostra por meio da arte o sentido da cultura e da história na vida em sociedade. Esta
obra retratou o bombardeio que a cidade espanhola Guernica sofreu por aviões alemães.
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Pintura a óleo. 349 cm x 776 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia. P
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guernica_%28quadro%29#/media/File:Mural_ I
del_Gernika.jpg>. Acesso em: 20 maio 2015 C
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84 TÓPICO 5 UNIDADE 1
Nota-se que a arte é uma ciência do conhecimento que representa um elo entre o
passado, presente e o futuro, pois demonstra o pensar, o agir e todos os aspectos culturais
existentes desde o homem primitivo até o homem contemporâneo.
Nos dias atuais a arte contemporânea está associada à indústria cultural, apropriando-se
da tecnologia e das interferências da mídia, fazendo parte da cultura de massa. Os meios de
comunicação, como a televisão, fotografia, cinema, internet, rádio e redes sociais fazem com
que o conhecimento artístico seja divulgado com maior facilidade e rapidez, de forma acessível
a grande parte da população.
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IDADE
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I
C A questão 1 de conhecimentos gerais da prova Enade 2014 con-
O templa conceitos artísticos:
S
A partir do texto acima, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I- O processo de evolução tecnológica da atualidade democratiza a produção e a divul-
gação de obras artísticas, reduzindo a importância que os centros de exposição tinham
nos anos 1970.
II- As novas tecnologias possibilitam que artistas sejam independentes, montem seus
próprios ambientes de produção e disponibilizem seus trabalhos, de forma simples, para
um grande número de pessoas.
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UNIDADE 1 TÓPICO 5 87
RESUMO DO TÓPICO 4
• A cultura, assim como a arte, é dinâmica, vai mudando conforme o tempo e espaço, e são
duas áreas de conhecimento de difícil definição, porém elas interagem entre si e com as de-
mais áreas de conhecimento.
• A arte tem sua definição a partir de três concepções: do fazer, do conhecimento e da expe-
riência com o sensível. A arte pode ser representada por meio das artes visuais, artes cênicas,
música e dança.
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88 TÓPICO 5 UNIDADE 1
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90 TÓPICO 5 UNIDADE 1
IAÇÃO
AVAL
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UNIDADE 2
POLÍTICA, TECNOLOGIA E
GLOBALIZAÇÃO: OS IMPACTOS SOBRE
A SOCIEDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
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UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Desta forma, convido você a discutir ciência sob diferentes óticas, analisar definições
e pensamentos acerca da tecnologia e algumas formas de interpretar a sociedade.
A mitologia, a arte, a religião e até mesmo a ciência são observadas quando o foco é
explicar as situações que cercam os seres humanos. Você, com certeza, já deve ter ouvido
sobre Isaac Newton! Não se recorda? E sobre Isaac Newton e a história da maçã que caiu
sobre sua cabeça, originando assim a teoria da gravidade? Ficou mais fácil, não? Pois bem,
é desta forma que a sociedade explica situações do cotidiano: apoiando-se em diferentes
pensamentos para defender o que acontece ao seu redor.
Quando contrapomos a ciência natural à ciência humana podemos perceber o jogo de
conflitos, pois, conforme Omnés (1996), a ciência é capaz de explicar a realidade bastando para
isso, princípios, regulamentos e normas. De qualquer maneira, tais conflitos são indissociáveis
da epistemologia e da política, uma vez que ocorre a tentativa de autoridade de uma ciência
sobre a outra. Desta forma, a realidade é comumente explicada pela ciência.
Severino (2007, p. 102) nos diz que um método científico pode ser “um conjunto de
procedimentos lógicos e de técnicas operacionais que permitem o acesso às relações causais
constantes entre os fenômenos”. Já para Omnés (1996, p. 272), é “um conjunto de regras
práticas que permitem garantir a qualidade da correspondência entre a representação científica
e a realidade”.
Nessa mesma perspectiva, Omnés (1996) também propõe que o método deve cumprir
ainda algumas etapas que visam diminuir a distância entre a cientificidade do conhecimento e
a proposta de explicação do mesmo, que seriam:
T QUADRO 5 - ETAPAS PARA EXPLICAÇÃO DO COTIDIANO ATRAVÉS DA CIÊNCIA
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S FONTE: Adaptado de OMNÉS (1996)
UNIDADE 2 TÓPICO 1 95
3 TECNOLOGIA
Por mais simplificadas que sejam estas três conceituações, elas permitem a análise
inicial acerca da discussão sobre tecnologia.
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Sobre isso há de se destacar uma situação relevante nas questões O
tecnológicas, no âmbito de país, a capacidade de produção de tecnologia S
também diferencia os países desenvolvidos dos em desenvolvimento.
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96 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Você consegue perceber, nessa explanação inicial, a ação do ser humano em tudo o
que se refere à tecnologia? Normalmente, quando se fala nesse assunto, logo se pensa em
tecnologia de ponta, sondas espaciais, nanotecnologia, enfim; porém, a própria transformação
das peles de animais em roupas, dos elementos da natureza em utensílios domésticos, o uso
do fogo, entre outros ao longo da história, são exemplos de tecnologia. E, sim, a tecnologia
está presente desde muito cedo na vida do ser humano.
aí um fator de preocupação: substituição (em demasia) dos elementos naturais por processos
artificiais. Fica a deixa para você pesquisar e analisar o que se apresenta de prós e contras
nessas questões.
Agora, partimos para a análise do último item sobre tecnologia, este pode ser traduzido
como tecnocracia, ou seja, o uso do conhecimento científico nos demais meios, porém, com
a divulgação exclusiva a partir do que a ciência e a técnica propõem como resultado. Neste
último, tal ação elimina as demais análises feitas a partir da concepção política, ideológica
e social, o que, por sua vez, pode causar o determinismo tecnológico. Não se esqueça, tais
ações terão reflexo direto nas questões relacionadas à sobreposição das ciências humanas
às ciências da natureza.
Pelo que foi apresentado nesta breve explanação, pode-se perceber que as ações são
interligadas e que agem como reação em cadeia. Nesse processo, faz-se necessário entender
a sociedade como agente integrante e mediador de todos esses processos.
4 SOCIEDADE
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98 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Pode-se perceber que cada autor defende uma linha de pensamento, ora específica, ora
compartilhada por outro autor, porém, divergentes; no entanto, nas propostas de conceituação
sobre sociedade, cada um nas suas perspectivas defende seus pontos de vista. Vejamos, por
exemplo, Comte, em cuja teoria fez uso de leis e métodos das ciências naturais, entendendo a
sociedade como um grande organismo vivo, interligado e interdependente. O principal conceito
defendido por Comte era de que a sociedade evoluía apenas em uma direção, ou seja, sua
T
Ó postura frente às mudanças era conservadora. Com base nesta teoria surgiram outras, nesta
P mesma linha de pensamento, denominadas como Neopositivismo.
I
C
O Por outro lado, Spengler entendia que a sociedade evoluía em ciclos que se encerravam
S em grandes períodos, citando como exemplos as sociedades babilônica, egípcia, romana.
E
S Marx, por sua vez, defendia a ideia de que a sociedade, como capitalista, começara a
P dividir as classes sociais e tal divisão proporcionava observar a evolução da sociedade num
E viés de produtividade e capitalismo.
C
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A Husserl tinha grande preocupação com a essência dos objetos e não com o materialismo.
I Desta forma, considerava mais importante a experiência da consciência do que os demais
S
UNIDADE 2 TÓPICO 1 99
Michel Foucault defendia a ideia de que o saber estava fortemente ligado ao poder,
e propunha uma genealogia para analisar a sociedade com a ideia de que o saber estaria
presente nas relações humanas e nas instituições disciplinadoras.
Assim, diversas são as teorias acerca da evolução da sociedade, que não se encerram e
tampouco foram todas apresentadas, mas que permitem dar-nos base para analisar, no contexto
da sociedade atual, a implicação da sociedade nas práticas atuais. Acertadamente, podemos
inferir que nenhum fator até aqui estudado age sozinho ou de maneira isolada, é no conjunto
da obra que a sociedade evolui, a ciência melhora e a tecnologia se adapta. (BAZZO, 2010)
Já vimos a definição de tecnocracia, pela qual a ciência passa a ter razão sobre
tudo e todos. Pois bem, esta visão apresenta um modelo de progresso linear, pelo qual o
desenvolvimento social é apenas consequência do desenvolvimento proposto pela ciência,
que, por sua vez, geraria o desenvolvimento tecnológico e, somente então, chegaria no
desenvolvimento social.
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FONTE: Adaptado de Auler e Delizoicov (2006)
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100 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Como fora visto, mais precisamente após a II Guerra Mundial, a parceria entre ciência e
tecnologia passou por profundas mudanças, principalmente por começar a levar em conta o bem-
estar social. O primeiro avanço foi no sentindo de considerar o desenvolvimento tecnológico um
dos impulsionadores do progresso. A ciência, de certa maneira, também passou por mudanças,
ganhando a cada período maior importância. Passemos, agora, a analisar algumas reações
entre a parceria da ciência, da tecnologia e da sociedade, que se deu após essas grandes
adequações e modificações.
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C 6 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE
O
(CTS) – INTERPRETAÇÕES SOBRE
S
A NOVA FORMAÇÃO
E Sob a nova ótica de formação, agora com o criticismo social, ciência e tecnologia
S passam a ter uma conotação diferente e menos isolada. Para isso, convido-o para analisarmos,
P
juntos, duas interpretações, baseadas nos filósofos Wiebe Bijker e Milton Santos.
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UNIDADE 2 TÓPICO 1 101
Milton Santos traz à luz a discussão do meio ambiente e sua relação com CTS. Aborda
questões como o espaço e a sucessão de relacionamento entre o homem e a natureza, bem
como, a da organização humana. Desta forma, faz uma interessante análise sobre a divisão
do espaço geográfico. Para entender melhor, trazemos um trecho do texto “A natureza do
espaço”, que trata sobre as considerações do autor sobre meio natural, meio técnico e meio
técnico-científico-informacional.
O meio natural
T
Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza aquelas suas partes Ó
ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando, diferentemente, P
segundo os lugares e as culturas, essas condições naturais que constituíam a base material I
C
da existência do grupo.
O
S
Esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem sem grandes transformações.
As técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da natureza, com a qual se relacionavam E
S
sem outra mediação.
P
E
O que alguns consideram como período pré-técnico exclui uma definição restritiva. As C
transformações impostas às coisas naturais já eram técnicas, entre as quais a domesticação I
A
de plantas e animais aparece como um momento marcante: o homem mudando a Natureza,
I
impondo-lhe leis. A isso também se chama técnica. S
102 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Nesse período, os sistemas técnicos não tinham existência autônoma. [...]. A harmonia
socioespacial assim estabelecida era, desse modo, respeitosa da natureza herdada, no
processo de criação de uma nova natureza. Produzindo-a, a sociedade territorial produzia,
também, uma série de comportamentos, cuja razão é a preservação e a continuidade do
meio de vida. Exemplo disso são, entre outros, o pousio, a rotação de terras, a agricultura
itinerante, que constituem, ao mesmo tempo, regras sociais e regras territoriais, tendentes
a conciliar o uso e a “conservação” da natureza: para que ela possa ser outra vez utilizada.
Esses sistemas técnicos sem objetos técnicos não eram, pois, agressivos, pelo fato de serem
indissolúveis em relação à Natureza que, em sua operação, ajudavam a reconstituir.
O meio técnico
O período técnico vê a emergência do espaço mecanizado. Os objetos que formam
o meio não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais e técnicos ao mesmo tempo.
Quanto ao espaço, o componente material é crescentemente formado do “natural” e do
“artificial”. Mas, o número e a qualidade de artefatos variam. As áreas, os espaços, as regiões,
os países passam a se distinguir em função da extensão e da densidade da substituição,
neles, dos objetos naturais e dos objetos culturais, por objetos técnicos.
Os objetos técnicos, maquínicos, juntam à razão natural sua própria razão, uma lógica
instrumental que desafia as lógicas naturais, criando, nos lugares atingidos, mistos ou híbridos
conflitivos. Os objetos técnicos e o espaço maquinizado são lócus de ações “superiores”,
graças à sua superposição triunfante às forças naturais. Tais ações são, também, consideradas
superiores pela crença de que ao homem atribuem novos poderes, o maior é a prerrogativa de
enfrentar a Natureza, natural ou já socializada, vinda do período anterior, com instrumentos
que já não são prolongamento do seu corpo, mas que representam prolongamentos do
território, verdadeiras próteses. Utilizando novos materiais e transgredindo a distância, o
homem começa a fabricar um tempo novo, no trabalho, no intercâmbio, no lar. Os tempos
sociais tendem a se superpor e contrapor aos tempos naturais. [...].
O meio técnico-científico-informacional
T O terceiro período começa praticamente após a Segunda Guerra Mundial, e sua
Ó firmação, incluindo os países de terceiro mundo, vai realmente dar-se nos anos 70. É a fase a
P
que R. Richta (1968) chamou de período técnico-científico, e que se distingue dos anteriores
I
C pelo fato da profunda interação da ciência e da técnica, a tal ponto que certos autores preferem
O falar de tecnociência para realçar a inseparabilidade atual dos dois conceitos e das duas
S práticas.
E
S Essa união entre técnica e ciência vai dar-se sob a égide do mercado. E o mercado,
P graças exatamente à ciência e à técnica, torna-se um mercado global. A ideia de ciência, a
E ideia de tecnologia e a ideia de mercado global devem ser encaradas conjuntamente, e desse
C
modo podem oferecer uma nova interpretação à questão ecológica, já que as mudanças que
I
A ocorrem na natureza também se subordinam a essa lógica.
I
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UNIDADE 2 TÓPICO 1 103
Após esta leitura, você conseguiu identificar os aspectos importantes da relação entre
CTS que Milton Santos aborda? Como você pôde ver, essa questão é analisada na perspectiva
de que as relações foram sendo estabelecidas ao longo do tempo e de maneira dialética. O
autor destaca questões que merecem ser reanalisadas, como: a necessidade de determinar
as características do mundo atual (como modernidade, pós-modernidade e globalização),
assim como a história das relações entre CTS. Outro ponto que merece ser revisitado são as
relações entre CTS em uma lógica de mercado, ou seja, buscar reflexões sobre o sistema
T
produtivo como um todo. Ó
P
I
C
6.3 CTS SOB A ÓTICA DE WIEBE BIJKER O
S
Diante de tal agenda, propõe o uso de alguns conceitos básicos e operacionais, postos
inclusive à prova nos vários estudos de caso que realizou, dentre os quais se destacam
os de grupos sociais relevantes, estrutura tecnológica (“technological frame”), flexibilidade
interpretativa (“interpretative flexibility”) e estabilização ou fechamento (“closure”).
E variáveis sociais, e portanto, estaria aberto à análise sociológica. No entanto, pode-se perguntar:
S ao se adotar essa perspectiva não se corre o risco de se cair num reducionismo social? Não,
P respondem os pesquisadores identificados com a mesma. O reconhecimento da existência de
E
C estruturas tecnológicas evitaria esse risco: na medida em que as mesmas influenciam a ação
I dos diferentes grupos sociais relevantes, essas estruturas seriam justamente as pontes que
A ligam tecnologia e sociedade, levando à constituição de conjuntos sociotécnicos (BIJKER, 1995).
I
S FONTE: Benakouche (1999, p. 11-13)
UNIDADE 2 TÓPICO 1 105
Após esta leitura, você pode traçar os principais pontos elencados pelo autor?
Se você citou a questão da importância de debater as ações do trio CTS em conjunto,
com o enfoque nas ações sociais, você fez uma excelente leitura. Wiebe Bijker foi um dos
grandes defensores da participação da sociedade nas discussões relacionadas à ciência,
e como consequência, demonstra em todos os seus discursos o repúdio à parceria entre
sociedade e tecnologia.
A partir das colocações proporcionadas pelos dois autores é possível elencar pontos
que merecem ser revistos, como, por exemplo, a forma com que as comunicações de massa
são disponibilizadas e utilizadas pela sociedade, assim como a importância da tecnologia no
cotidiano e a dependência tecnológica.
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FONTE: Adaptado de David Harvey (2003)
I
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106 TÓPICO 1 UNIDADE 2
Uma importante observação precisa ser feita sobre esse ponto: deve-se cuidar para que
os avanços tecnológicos não venham a causar o determinismo tecnológico, o que ocasionaria
o mesmo pensamento de que a ciência e a tecnologia são neutras. Nesse momento, o que se
deve buscar é usar a tecnologia como ferramenta e não como base.
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UNIDADE 2 TÓPICO 1 107
RESUMO DO TÓPICO 1
• A tecnologia, como sinônimo de técnica, nos permite pensar das tecnologias mais simples até
as mais avançadas, como roupa, ferramentas e celulares; e, quando falamos em tecnocracia,
podemos entender como ideologização da técnica.
• A sociedade pode ser analisada e interpretada de diversas formas e são vários os autores
que apresentam algum parecer sobre o tema sociedade.
• O movimento que engloba ciência, tecnologia e sociedade está baseado em uma visão
mais crítica sobre a parceria entre ciência e tecnologia, o que permitiu inserir outros pontos
para debate das questões sociais, políticas, culturais e econômicas acerca da ciência e das
tecnologias.
• Há várias interpretações acerca das relações CTS, e as de Milton Santos e Wiebe Bijker são
duas delas.
T
• Os conceitos de modernidade, pós-modernidade e globalização são importantes para Ó
a discussão acerca de ciência, tecnologia e sociedade, mas apresentam concepções e P
interpretações bastante controversas. I
C
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108 TÓPICO 1 UNIDADE 2
IDADE
ATIV
AUTO
d) O receptor autorizado tem um espaço da fala para opinar e contradizer, não sendo
necessário que suas funções sejam definidas na estrutura do campo comunicativo.
e) Na comunicação de massa, o espaço social sui generis é transformado em um espaço
social heterogêneo, em que emissor e receptor têm papéis bem definidos.
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110 TÓPICO 1 UNIDADE 2
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UNIDADE 2
TÓPICO 2
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (TIC)
1 INTRODUÇÃO
2 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO T
E COMUNICAÇÃO (TIC) COMO FATOR Ó
DETERMINANTE NO ADVENTO DA SOCIEDADE DA P
INFORMAÇÃO I
C
Nos últimos anos do século XX, o mundo vem adquirindo uma nova configuração, O
S
fundamentada nas tecnologias da informação e da comunicação. A sociedade pós-industrial
vem sofrendo modificações de forma acelerada, reestruturando o capitalismo, na medida em E
que todas as economias do planeta passam a interdepender umas das outras, em escala global. S
P
E
Diante disto, observa-se que as grandes organizações mundiais passam por um C
processo de descentralização e interconexão das empresas, exemplos desse processo são: o I
A
aumento do capital frente ao trabalho, com o declínio do sindicalismo e crescente desemprego
I
e a incorporação massiva da mulher no mundo do trabalho. S
112 TÓPICO 2 UNIDADE 2
A fim de compreender o surgimento das novas formas de organização social por conta
das tecnologias informacionais, devemos observar os resultados dessa “revolução tecnológica
na estrutura social”, a saber:
• informação e conhecimento estão profundamente inseridos na cultura das sociedades;
• as novas tecnologias da informação agregam processos de produção, distribuição
e direção, permitindo diferentes tipos de atividades interligadas de acordo com o modo
organizativo que se ajusta melhor à estratégia da empresa ou à história da instituição. Três
conceitos surgem dessa transformação fundamental do modo em que o sistema de produção
T
opera e, juntos, formam as bases atuais da nova economia e forçarão a redefinição da Ó
estrutura ocupacional, além do sistema de classes da nova sociedade: articulações entre P
as atividades; redes que configuram as organizações; e fluxos de fatores de produção e de I
C
mercadorias; flexibilidade e adaptabilidade são necessidades fundamentais para a direção O
de organizações, pois complexidade e incerteza são características essenciais do novo meio S
ambiente organizacional;
E
• as novas tecnologias de comunicação têm um impacto direto sobre os meios de S
comunicação e sobre a formação de imagens, representações e opinião pública em suas P
sociedades, resultando em uma tensão crescente entre globalização e individualização no E
C
universo dos audiovisuais; I
• as fontes de poder na sociedade e entre as sociedades são alteradas pelo caráter A
estratégico das tecnologias e da informação na produtividade da economia e na eficácia I
S
114 TÓPICO 2 UNIDADE 2
3 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO – TIC
(1997), tecnologia não pode ser confundida com a ciência, na medida em que ela consiste de
conhecimentos práticos sobre como usar recursos materiais, ao passo que a ciência consiste
de conhecimento abstrato e teorias sobre como o processo do conhecimento se constrói.
Assim, na visão de Masi (1999), esta lógica, onde a tecnologia torna-se uma ferramenta
indispensável nas relações de produção, obrigou o mundo da produção industrial a sofrer
grandes mudanças, tanto no processo de regulamentação da empresa, como na organização
do trabalho, de forma a responder aos imperativos que a própria tecnologia trouxe para o
aperfeiçoamento das condições de vida do homem. Nesse sentido, para Masi (1999, p. 158),
as principais transformações provocadas por esses imperativos são as seguintes:
• Um intervalo de tempo mais longo exigido pelo processo produtivo para levar
até o fim a realização de um produto.
• Um aumento da necessidade de capital para a produção.
• Maior especialização e definição de funções, operações, processos e mate-
riais, com uma consequente rigidez que impede conversões de uma operação
para outra.
• Maior necessidade de mão de obra especializada.
•Maior exigência de organização de todas as atividades especializadas
envolvidas, o que resulta na posterior exigência de outros especialistas: os
especialistas em organizações.
• A necessidade de planejamento, em face do tempo e dos capitais empregados,
da rigidez dos processos, das exigências organizacionais e da instabilidade
do mercado em relação aos sistemas industriais que utilizam tecnologias
avançadas.
Com base nessa citação, torna-se claro que a tecnologia não determina a sociedade,
nem a sociedade escreve o curso da transformação tecnológica. Portanto, para Castells (2001),
a tecnologia e a sociedade são categorias interdependentes, na medida em que a sociedade
não pode ser entendida ou representada sem suas “ferramentas tecnológicas”. Neste sentido,
para Castells (2001), a tecnologia é uma condicionante, e não determinante, da sociedade.
Por conseguinte, a relação entre tecnologia e sociedade está marcada pela presença
do papel do Estado, podendo estimular ou constranger ambientes de inovação tecnológica,
organizando as forças sociais dominantes em determinado tempo e espaço. Em grande medida,
o grau de tecnologia existente numa sociedade é a representação de sua capacidade coletiva
de controle sobre o meio político, isto é, de determinação sobre o formato das instituições, ou
seja, do próprio Estado, no sentido de que este permita o melhor desenvolvimento das iniciativas
e o uso das tecnologias a favor dos indivíduos. Desta feita, “o processo histórico em que esse
desenvolvimento de forças produtivas ocorre assinala as características da tecnologia e seus
entrelaçamentos com as relações sociais” (CASTELLS, 2001, p. 31).
Sob esta ótica, a tecnologia não pode ser vista como uma “ferramenta” que busca
resolver problemas imediatos que se apresentam numa determinada sociedade, mas sim como
um meio integrante e compatível com a sociedade em que está inserida. Para o sociólogo
espanhol, Manuel Castells Oliván, o suposto dilema do determinismo tecnológico é falso.
Portanto, não se trata de perguntar se a tecnologia determina comportamentos na sociedade
ou se a sociedade é quem controla a tecnologia. Como diz Castells (2001, p. 25), “a tecnologia
é a sociedade e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas
tecnológicas”. Isso não impede de admitir que no começo é uma parte da sociedade que dá o
start, para depois os outros se apropriarem das inovações. Foi o que aconteceu nos EUA, quando
um setor específico da sociedade introduziu essas novas formas de produção, comunicação,
T gerenciamento e vida (CASTELLS, 2001).
Ó
P
I Nessa medida, tanto a informação como o conhecimento criam um novo sistema baseado
C num complexo integrado de rede global de interação, onde a produtividade e a competitividade
O das suas unidades dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar
S
de forma eficiente a informação baseada no conhecimento.
E
S Sem dúvida, informação e conhecimento sempre foram elementos cruciais no
P crescimento da economia, e a evolução da tecnologia determinou em grande
E parte a capacidade produtiva da sociedade e os padrões de vida, bem como
formas sociais de organização econômica [...]. A emergência de um novo pa-
C
radigma tecnológico organizado em torno de novas tecnologias da informação,
I mais flexíveis e poderosas, possibilita que a própria informação se torne o
A produto do processo produtivo. Sendo mais preciso: os produtos das novas
I indústrias de tecnologia da informação são dispositivos de processamento
S
UNIDADE 2 TÓPICO 2 117
Assim, para Castells (2001), o que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a
centralização do conhecimento e da aplicação, senão o uso da informação para a gestão de
todo o processamento da informação e gerenciamento, num processo de retroalimentação
eterno, promovendo a passagem de três estágios das novas tecnologias de telecomunicações
nas últimas décadas, quais sejam: a automação das tarefas, as experiências de usos e a
reconfiguração das aplicações. “Nos dois primeiros estágios, os avanços tecnológicos se
caracterizam pelo learn by using, isto é, pelo aprender usando. No último, são os usuários que
aprenderam a tecnologia fazendo o que acabou resultando na configuração das redes e na
descoberta de novas aplicações” (CASTELLS, 2001, p. 51).
Desta feita, seria incorreto falar de uma Sociedade Informacional, implicando uma
inadequada “homogeneidade das formas sociais” em qualquer lugar do globo sob o novo
sistema. Não se trata de reduzir os povos da Terra ao novo paradigma informacional. Mas,
segundo o pensador espanhol, poderíamos falar de uma sociedade informacional assim como
falamos da “sociedade urbano-industrial, cujas características são bem definidas e algumas
de suas principais estão difundidas mundialmente” (CASTELLS, 1999, p. 38).
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118 TÓPICO 2 UNIDADE 2
RESUMO DO TÓPICO 2
● O termo tecnologia provém do verbo grego tictein, que significa criar, produzir, significando,
portanto, o conhecimento prático que almeja alcançar um determinado fim concreto.
● Tecnologia não pode ser confundida com ciência, na medida em que ela consiste de
conhecimentos práticos sobre como usar recursos materiais, ao passo que a ciência consiste
de conhecimento abstrato e teorias sobre como o processo do conhecimento se constrói.
T
Ó ● São cinco os elementos que caracterizam o novo paradigma das tecnologias da informação
P e comunicação.
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UNIDADE 2 TÓPICO 2 119
IDADE
ATIV
AUTO
1 (ENADE, 2011) Exclusão digital é um conceito que diz respeito às extensas camadas
sociais que ficaram à margem do fenômeno da sociedade da informação e da extensão
das redes digitais. O problema da exclusão digital se apresenta como um dos maiores
desafios dos dias de hoje, com implicações diretas e indiretas sobre os mais variados
aspectos da sociedade contemporânea.
2 (ENADE 2011) A cibercultura pode ser vista como herdeira legítima (embora distante)
do projeto progressista dos filósofos do século XVII. De fato, ela valoriza a participação
das pessoas em comunidades de debate e argumentação. Na linha reta das morais
da igualdade ela incentiva uma forma de reciprocidade essencial nas relações
humanas. Desenvolveu-se a partir de uma prática assídua de trocas de informações
e conhecimentos, coisa que os filósofos do Iluminismo viam como principal motor do
progresso.
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UNIDADE 2
TÓPICO 3
AVANÇOS TECNOLÓGICOS
1 INTRODUÇÃO
A tecnologia faz parte do nosso dia a dia e vem se expandindo cada vez mais. Neste
tópico queremos apenas trazer algo sobre as novas tecnologias, mas fique antenado nos
noticiários, todos os dias temos o lançamento de uma nova tecnologia.
Muitas pessoas não conseguem trabalhar sem seu laptop ou smartphone. Além disso,
para muitos é impossível imaginar o dia sem o Google ou, para outros, mensagens de texto,
T
WhatsApp ou Facebook para ficar em contato com uma grande rede de colegas. Em apenas Ó
uma década a tecnologia mudou muito a forma como trabalhamos e nos comunicamos. E na P
I
próxima década, com o aumento da velocidade das conexões da internet, haverá mudanças mais
C
profundas para o trabalho do que qualquer coisa vista até o momento. Todas as informações O
serão mais fáceis de visualizar e analisar. S
E
As empresas enfrentam mudanças mais abrangentes e com maior alcance em suas S
implicações do que qualquer coisa desde a Revolução Industrial moderna, que ocorreu no P
E
início de 1900 (BALTAZAN; PHILLIPS, 2012).
C
I
Vejamos, a seguir, uma nova tecnologia que já vem sendo utilizada por empresas e A
I
pela educação, chama-se: comunidades virtuais.
S
122 TÓPICO 3 UNIDADE 2
3 COMUNIDADES VIRTUAIS
Você já ouviu falar em comunidade virtual? Também encontramos com o nome de grupo
virtual, mas perante a bibliografia vamos trabalhar com comunidade virtual.
S!
DICA
Palloff e Pratt (2004) apresentam técnicas instrucionais centradas no aluno para que o
professor tenha sucesso nas interações das comunidades.
• Acesso e habilidade: O professor deve utilizar apenas tecnologias que sirvam aos
objetivos da aprendizagem; a tecnologia deve ser mantida em um nível simples,
para que seja transparente ao aluno; o professor deve se certificar de que o aluno
tenha habilidade necessária para usar a tecnologia.
• Abertura: Sempre comece a atividade com apresentação; use atividades de
aprendizagem que levem em consideração a experiência e a resolução de problemas.
• Comunicação: deixe claro ao aluno as diretrizes para a comunicação, incluindo
a netetiqueta; exemplifique como realizar uma boa comunicação; estimule a
participação; acompanhe os alunos que não participam.
• Comprometimento: explique suas expectativas em relação à utilização do tempo;
T
explique a realização de trabalhos, prazos de entrega e meios pelos quais a Ó
avaliação será elaborada; crie uma agenda de publicação junto aos alunos; apoie P
o desenvolvimento de boas habilidades de gerenciamento de tempo. I
C
• Colaboração: trabalhe com estudos de caso, trabalhos em pequenos grupos, O
simulações e utilização do pensamento crítico; faça com que os alunos enviem seus S
trabalhos para a comunidade, para maior interação com os demais colegas; faça
E
perguntas abertas para estimular a discussão. S
• Reflexão: coloque regras quanto ao tempo de postagem da mensagem; estimule P
os alunos a refletir, escrever off-line e depois transcrever para a comunidade; faça E
C
perguntas abertas e estimule a reflexão sobre o material utilizado.
I
• Flexibilidade: varie as atividades para atender todos os estilos de aprendizagem e A
oferecer um interesse adicional; negocie as diretrizes da atividade com os alunos, I
S
124 TÓPICO 3 UNIDADE 2
As redes sociais podem ser vistas como uma tecnologia com menos seguidores para
a sua utilização como uma ferramenta de trabalho, mas não deve ser, devido ao número de
assinantes desta tecnologia. Esses sites permitem que o usuário faça várias atividades, tais
como: postar um perfil, fotos, vídeos, chat, blog, e se conectar com seus pares através de
boletins individuais, grupos privados e fóruns.
Quais são os aspectos críticos que definem uma tecnologia de rede social?
Tradicionalmente, os traços dessas ferramentas incluem a criação de um login no site, que
fornece uma página de perfil, onde muitas vezes você pode adicionar fotos e outros conteúdos.
Você pode se conectar com outras pessoas que conhece ou pode ter encontrado através deste
site, tornando-se o seu "amigo". Este título serve para designar, no site, que duas pessoas
estão ligadas de alguma forma. Isto proporciona a capacidade de receber atualizações em
suas páginas "de amigos", se comunicar com eles através de e-mail no local/comentários/chat,
e criar grupos específicos no site em torno de temas ou conteúdo. A seguir veremos algumas
novidades tecnológicas.
S!
DICA
T
Ó
P Alguns sites que você deve acessar para ficar dentro das
atualidades tecnológicas:
I
C
<http://www.cienciahoje.pt/3445>
O
<http://olhardigital.uol.com.br/home>
S <http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia>
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UNIDADE 2 TÓPICO 3 125
RESUMO DO TÓPICO 3
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126 TÓPICO 3 UNIDADE 2
IDADE
ATIV
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1 (ENADE, 2014) O trecho da música “Nos bailes da vida”, de Milton Nascimento, “todo
artista tem de ir aonde o povo está”, é antigo, e a música, de tão tocada, acabou por
se tornar um estereótipo de tocadores de violões e de roda de amigos em Visconde
de Mauá, nos anos de 1970. Em tempos digitais, porém, ela ficou mais atual do que
nunca. É fácil entender o porquê: antigamente, quando a informação se concentrava
em centro de exposição, veículos de comunicação, editoras, museus e gravadoras,
era preciso passar por uma série de curadores, para garantir a publicação de um
artigo ou livro, a gravação de um disco ou a produção de uma exposição. O mesmo
funil, que poderia ser injusto e deixar grandes talentos de fora, simplesmente porque
não tinham acesso às ferramentas, às pessoas ou às fontes de informação, também
servia como filtro de qualidade. Tocar violão ou encenar uma peça de teatro em um
grande auditório costumava ter um peso muito maior do que fazê-lo em um bar, um
centro cultural ou uma calçada. Nas raras ocasiões em que esse valor se invertia, era
justamente porque, para uso do espaço “alternativo”, havia mecanismos de seleção
tão ou mais rígidos que o espaço oficial.
2 (ENADE, 2013) Uma revista lançou a seguinte pergunta em um editorial: “Você pagaria
um ladrão para invadir sua casa?”. As pessoas mais espertas diriam provavelmente
que não, mas companhias inteligentes de tecnologia estão, cada vez mais, dizendo
que sim. Empresas como a Google oferecem recompensas para hackers que consigam
encontrar maneiras de entrar em seus softwares. Essas companhias frequentemente
pagam milhares de dólares pela descoberta de apenas um bug, o suficiente para
que a caça a bugs possa fornecer uma renda significativa. As empresas envolvidas
dizem que os programas de recompensa tornam seus produtos mais seguros. “Nós
recebemos mais relatos de bugs, o que significa que temos mais correções, o que
significa uma melhor experiência para nossos usuários”, afirmou o gerente de programa
de segurança de uma empresa. Mas os programas não estão livres de controvérsias.
Algumas empresas acreditam que as recompensas devem apenas ser usadas para
pegar cibercriminosos, não para encorajar as pessoas a encontrar as falhas. E também
há a questão de double-dipping, a possibilidade de um hacker receber um prêmio por
ter achado a vulnerabilidade e, então, vender a informação sobre o mesmo bug para
compradores maliciosos.
Considerando o texto acima, infere-se que:
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128 TÓPICO 3 UNIDADE 2
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UNIDADE 2
TÓPICO 4
GLOBALIZAÇÃO E POLÍTICA
INTERNACIONAL
1 INTRODUÇÃO
FIGURA 16 - GLOBALIZAÇÃO
T
Ó
P FONTE: Disponível em: <http://queconceito.com.br/wpcontent/uploads/
Globaliza%C3%A7%C3%A3o.jpg>. Acesso em: 7 jun. 2015.
I
C
O Alguns autores situam o fenômeno no final do século XV e ao longo do século XVI,
S quando se dá início às grandes navegações que partiam do continente europeu em direção a
E regiões como a América, África, Oceania e Ásia.
S
P A globalização também é apresentada como sendo resultante das concepções e
E
C direitos/deveres que existiam no interior da Revolução Francesa e da Revolução Industrial
I inglesa do século XVIII, ao desenvolvimento do capitalismo em escala mundial, bem como uma
A continuidade da lógica civilizacional que tem sido designada por modernidade (concentração da
I
S população nas cidades, industrialização da produção, racionalização do pensamento, laicidade
UNIDADE 2 TÓPICO 4 131
seu poder é limitado frente à expansão das forças transnacionais que reduzem a capacidade
dos governos de controlar os contatos entre as sociedades e os indivíduos, por sua vez são
forçados a impulsionar as relações transfronteiriças. Nessa perspectiva, os problemas políticos
nem sempre são resolvidos de forma adequada e satisfatoriamente, então, eis que se faz
necessário buscar a cooperação com outras nações e agentes não estatais a fim de atender
tais demandas (KEOHANE; NYE, 1989).
O terceiro setor ganhou espaço de constituição e atuação a partir dos anos de 1990.
E instalou-se como alternativa em meio ao setor industrial (primeiro setor) e o poder público/
estatal (segundo setor), no sentido de intermediar, gerenciar e prestar serviços de interesse
público em situações e contextos que os dois outros setores não atingem/alcançam.
Por meio desta formulação e composição de setores, cria-se um vácuo de poder e ação
que favorece a constituição de organizações coletividades internacionais e transnacionais,
governamentais e não governamentais, que se propõem a apresentar decisões políticas e
ações sociais.
O terceiro setor constitui uma espécie de sociedade civil de caráter jurídico. Os órgãos
que compõem o terceiro setor podem ser sociedades, associações, fundações, institutos, ONGs
(Organismos Não Governamentais), OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público). As ONGs que compõem uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos
ou econômicos, encontram-se pautadas nas normas e legislações da Declaração Universal
dos Direitos Humanos e na Constituição Federal. Estas associações recebem doações de
empresas e pessoas físicas que procuram deduzir impostos que devem ser pagos ao governo
federal, para tanto precisam atuar em atividades que se caracterizam como: entidades de
interesse público, como fundos de direitos da criança e do adolescente; instituições de ensino
T
Ó e pesquisa; e atividades culturais e audiovisuais.
P
I Entre as críticas que são feitas a esta modalidade, encontram-se as situações em que se
C
O caracterizam espaços que favorecem a atuação de grupos que se utilizam de verbas públicas
S em nome de grupos privilegiados.
E
S
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E
C 3 GLOBALIZAÇÃO: UM BALANÇO
I
A
I A globalização pode apresentar sua face mais bem-sucedida, que reside no fato de
S
UNIDADE 2 TÓPICO 4 133
que foi capaz de favorecer a intercomunicação entre povos e as pessoas das mais diferentes
e inusitadas regiões do planeta, diminuir as fronteiras no campo dos transportes e promover
intercâmbios nas atividades de comunicação e informações.
A formação dos grupos regionais é capaz de conferir aos seus membros uma melhor
possibilidade de negociação e barganhas no jogo das relações que se dão no cenário mundial.
Por outro lado, quando interpretadas nas relações internas, em especial com os membros
que compõem o grupo do qual fazem parte, evidenciam-se realidades sociais, culturais,
condições de produção e capacidade de consumo desigual, de forte dependência tecnológica
e vulnerabilidades política e econômica (a exemplo disso pode-se considerar o grupo NAFTA,
que é composto pelos países do Canadá, Estados Unidos da América e México).
Todavia, acabou por prevalecer o caráter de fazer com que as relações políticas, os
governos, os grupos sociais e movimentos culturais fossem colocados a favor dos interesses da
economia. Acabou-se por padronizar cada vez mais os processos de produção, os desejos de
consumo, os estilos de vida e as culturas, anulando cada vez mais as diferenças, identidades,
as especificidades, as tradições locais e regionais, qualquer tipo de fronteiras e valores morais
tradicionais.
O
DE
ATIVIDA S
AUTO
4 A POLÍTICA INTERNACIONAL
O Imperialismo que surgiu foi uma formação de governo e política, que se praticou muito
no século XIX, e foi exercido pelos países europeus para com os países de regiões como a
África, América e Ásia, de onde obtinham matérias-primas para empreender sua produção
industrial, consolidavam relações comerciais e mercados consumidores e exerciam influência/
dominação cultural.
T
Ó
P
6 O NEOLIBERALISMO E A TERCEIRA VIA I
C
O
O neoliberalismo forjou-se a partir dos elementos já existentes no interior do liberalismo S
clássico do século XVIII, porém, agora privilegiou os ideais econômicos, em especial os
E
princípios de liberdade de empreendimento, de propriedade e de lucro, em detrimento das S
demandas/necessidades políticas e sociais (legitimidade, direitos e serviços) dos indivíduos. P
E
C
Dentre as críticas que são feitas ao neoliberalismo tem-se as políticas que promovem
I
a redução da interferência/regulação do Estado nas atividades econômicas/financeiras, A
permitindo o livre funcionamento do mercado, inclusive na distribuição da riqueza; assim como I
S
136 TÓPICO 4 UNIDADE 2
Os defensores da ‘terceira via’ interpretam que grande parte dos problemas que
acometem os países pobres e subdesenvolvidos não são fruto da economia global ou das
práticas de exploração das nações ricas, e sim das condições internas das próprias sociedades.
A terceira via pode ser observada quando partidos políticos de esquerda, ou de cunho
T social, trabalhista e democrático, procuram ajustar suas políticas aos moldes neoliberais e, por
Ó outro lado, criar modos particulares de amenizar os problemas sociais e os riscos de degradação
P sociopolítica de seus países, em meio ao capitalismo que se torna cada vez mais global e ao
I
C mercado que se faz cada vez mais onipresente, ambos processos de pouca probabilidade de
O reversão.
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A
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UNIDADE 2 TÓPICO 4 137
Existem impasses que se abatem sobre as mais diversas nações e países do globo, tais
como governos e os sistemas políticos altamente burocratizados e quase falidos, e incapazes
de conseguirem proporcionar justiça e bem-estar social, envolvidos em redes profundas de
corrupção.
RESPONSABILIDADE
DA ADMINISTRAÇÃO
Políticos Clientes Cidadãos, atores
SUPERIOR
RELAÇÃO CIDADÃO-
Obediência Credenciamento Empoderamento
ESTADO
ATRIBUTO-CHAVE Imparcialidade Profissionalismo Participação T
Ó
FONTE: World Public Sector Report (2005, p. 7) P
I
C
Estabelecendo relação com o quadro geral dos modelos econômicos que influenciaram
O
e configuraram os sistemas políticos, pode-se situar os modelos de liberalismo à estrutura de S
governo denominada de ‘administração pública’, modelo de governo que vigorou ao longo do
E
neoliberalismo na categoria de ‘nova gestão pública’ como que sendo pertencente à terceira
S
via, identificado também como ‘governança participativa’. P
E
C
Nesse contexto de mudanças de modelos de Estado/governo, cada vez mais o Estado
I
é chamado a ampliar os investimentos em recursos humanos e infraestrutura local, sendo de A
responsabilidade do Estado proteger os grupos vulneráveis e o meio ambiente, aproximar o I
S
138 TÓPICO 4 UNIDADE 2
Estado da população, criar meios e políticas que favoreçam a inclusão e participação efetiva
dos cidadãos, reduzir as oportunidades de corrupção, garantir estabilidade macroeconômica,
favorecer parcerias entre o setor público e privado, gerir os processos de privatização, fortalecer
redes industriais em nível nacional, regional e internacional; apoiar as exportações, entre outros.
S!
DICA
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UNIDADE 2 TÓPICO 4 139
RESUMO DO TÓPICO 4
● Dentre os desafios que ocorrem no interior dos grupos econômicos está a heterogeneidade
das bases produtivas, a vulnerabilidade econômica, instabilidades políticas e a diversidade
sociocultural de cada país membro.
E
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140 TÓPICO 4 UNIDADE 2
IDADE
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UNIDADE 2
TÓPICO 5
RELAÇÕES DE TRABALHO
1 INTRODUÇÃO
Ao pensar e refletir sobre relações de trabalho, parece que se toca em uma questão
que é responsável por causar entusiasmo e resistência aos indivíduos, ao mesmo tempo as
T
pessoas se sentem dispostas e se dedicam a certa atividade e, por outro lado, recuam diante Ó
das condições, regramentos e normatizações em que precisarão estar alinhadas e adequadas. P
I
Percebe-se também uma espécie de um relutar diante do fato da exploração do homem pelo
C
próprio homem, no sentido de obter e gerar riqueza. O
S
Conta-se com todo um processo e imaginário histórico para que isto ocorra, no sentido
E
de que as relações de trabalho encontram-se forjadas em meio a elementos religiosos, sociais, S
econômicos e políticos, e procura-se apresentar as principais concepções e dinâmicas que o P
E
homem atribuiu ao trabalho ao longo de sua jornada histórica, bem como as possibilidades do
C
momento presente e vislumbrar tendências que as relações de trabalho podem trilhar. I
A
Albornoz (2008) apresenta que a expressão trabalho contém muitos significados, tais I
S
142 TÓPICO 5 UNIDADE 2
como esforço, fadiga, sofrimento, labuta, castigo, realização, sacrifício; que existem muitas
expressões, nas mais diferentes línguas, como labor e operare no italiano, travailler no francês,
work no inglês; bem como comporta correlações entre as mesmas, como no caso da palavra
latina arvum, que significa terreno arável, que surgiu da noção do alemão arbeit, que significa
trabalho.
Na Grécia antiga pode ser associada à noção de poiesis, que significava o fazer, a
fabricação, o que o ser humano produz tanto material: uma obra de arte executada por um
artista, escultor, ceramista; como não material: instituições sociais, referências culturais etc.
O missionário católico Raimundo Lélio (1232-1315), que atuou entre os povos catalães
no século XIII, foi o responsável por reabilitar a expressão e concepção ‘trabalho’, que foi
amplamente difundida na sociedade moderna industrial e capitalista (GANDILLAC, 1995). A
concepção de trabalho também é identificada na denominação de tripalium, que foi extraída
do latim e designava um instrumento de tortura reservado aos escravos. Lélio a substituiu pela
expressão treballan, que é oriunda do idioma catalão, que designa a habilidade em elaborar
a matéria bruta, transformando-a em obra, realização e propriedade humana, e dignificadora
do próprio homem.
Labor e trabalho são expressões muito utilizadas e até sinônimos, porém Arendt (2007)
nos propõe que se faça distinção entre elas. Por labor a autora relaciona o ato de trabalhar,
que está na labuta, numa lógica de estar em curso, na disposição de verbo no gerúndio, está
ocorrendo, não comporta a noção de produto final. Por trabalho designa as atividades feitas
com as mãos, a noção de produto, trata-se de um trabalho que é apresentado como acabado.
T
Ó Os estudiosos são unânimes ao apresentar que a palavra trabalho deve ser identificada
P e compreendida ainda nas sociedades ágrafas (sociedade sem escrita), quando ocorreu a
I
C passagem das atividades de caça, coleta e pesca à prática da agricultura e na domesticação
O dos animais.
S
a Adão e Eva, com a expulsão do paraíso, sendo que teriam que ganhar o pão com o suor do
próprio rosto. Os gregos distinguiam entre esforço do trabalho na terra, a fabricação do artesão
que servia ao usuário, e a atividade livre do cidadão que discutia os problemas da cidade. De
modo muito semelhante na Idade Média, trabalhar com as mãos era sinônimo de ser escravo
ou servo, um indício de que o indivíduo pertencia aos grupos inferiores da sociedade.
A noção de vocação para o trabalho foi associada também à ideia de amor ao próximo,
e quanto mais intensa a atividade profissional, maior a aproximação da salvação. Por outro
lado, a falta de vontade de trabalhar passou a ser compreendida como ausência do estado de
graça e do não merecimento da salvação de Deus. Assim, estava autorizado que todo indivíduo
empreendesse a busca pela riqueza material, podendo realizar grandes ações e assim galgar
sua própria salvação.
O trabalho passa a ser visto como parte fundamental da natureza humana. O trabalho é
ainda hoje visto como um valor social, sendo o trabalhador um personagem social merecedor
T de respeito, admiração e dignidade pelas obras que faz a si, a seus familiares e semelhantes.
Ó
P A nova concepção que foi atribuída ao trabalho combina com os valores das mudanças
I
C no interior da fabricação de produtos. O homem, reconhecendo que o trabalho não era mais
O motivo de sofrimento e castigo, mas sim uma atividade que o tornaria socialmente reconhecido,
S se sentiu motivado e disposto a se dedicar e doar a fim de preencher as oportunidades e a
E demanda da manufatura e indústria nascente, bem como o campo das invenções de máquinas
S e técnicas e o próprio sistema capitalista, que estavam exigindo.
P
E
C Trabalho, geralmente, pode ser definido como atividade coordenada de caráter físico
I ou intelectual, necessária a qualquer tarefa, serviço ou empreendimento, ocupação, ofício,
A exercício de profissão. Um aspecto que distingue o trabalho humano do trabalho dos outros
I
S animais está no fato de que o trabalho e esforço humanos são atribuídos à intencionalidade,
UNIDADE 2 TÓPICO 5 145
além da operação instintiva e programada que é reconhecida nas atividades dos animais. No
homem é percebido o grau de especialização, complexidade, tanto das atividades, como dos
meios dos quais eles se utilizam para realizar o trabalho.
No século XIX pode-se falar que a produção capitalista, que introduziu a máquina a
vapor e a modernização dos métodos de produção, desintegrou costumes e introduziu novas
formas de organização da vida social. A transição da produção artesanal para a manufatureira
e desta para a produção fabril, a migração do campo para a cidade; o fim da servidão; o
desmantelamento da família patriarcal; a introdução do trabalho feminino e infantil.
O que Marx procurou definir como ‘alienação’ encontrava-se nascente nestes processos,
e depois poderia ainda ser verificada em situações como a do consumo dos produtos que
estavam sendo produzidos/consumidos, no contexto industrial em que a produção se dava
em grande escala e para consumo em massa. Trabalhadores como alfaiates, costureiras,
sapateiros, eram os testemunhos mais expressivos deste processo.
Diante da reflexão de Arendt (2007), podemos afirmar que, desde o século XIX, o
Homo faber foi perdendo sua aura e passou a ser valorizado o “princípio da felicidade”. De
fato, o progresso da civilização não produziu uma sociedade de indivíduos políticos ou de
trabalhadores que amam seu ofício, e sim uma sociedade de consumidores, de indivíduos
isolados e desenraizados, uma cultura de massa imersa em futilidade. E a construção da
identidade deixou de ser pautada em atividades criativas e produtivas, à medida que o trabalho
se tornou apenas um meio de satisfazer necessidades ou desejos de consumo.
3 AS MULHERES NO CONTEXTO DA
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
ÇÃO!
ATEN
A partir dos anos de 1990 o toyotismo, idealizado pelo engenheiro-mecânico Taiichi Ohno
(1912-1990), tornou-se tendência no interior dos sistemas produtivos. Este rearranjo produtivo
apresenta, como princípios, a otimização da produção em todas as fases e a integração de todos
os setores no interior dos espaços produtivos; no campo deliberativo requer a descentralização
da tomada de decisões; produção de itens diferenciados; formação de alianças e redes de
atividades empresariais; por parte dos indivíduos requer trabalho em equipe, proporciona a
participação nos resultados, subcontratação e exige qualificação constante.
O homem contemporâneo possui uma relação com o trabalho, que foi instaurada ainda
no século XIX e que ganhou desenvolvimento e aprofundamento ao longo do século XX. Trata-
se da produção industrial, tecnológica e a prestação de serviços no interior de grandes cidades.
O espaço primordial de realização dos indivíduos torna-se o espaço no interior das cidades, T
os espaços das indústrias e o âmbito público das relações. Ó
P
I
A era industrial deixou de cumprir sua ‘grande promessa’: fabulosas realizações materiais C
e intelectuais. O sonho de sermos senhores independentes de nossas vidas terminou quando O
S
despertamos para o fato de que todos nos tornamos peças ínfimas da máquina burocrática,
com nossos pensamentos, sentimentos e gostos manipulados pelo governo, pela indústria e E
pelas comunicações de massa que controlam tudo. (FROMM, 1987). S
P
E
Uma das questões cruciais de tal processo diz respeito à passagem do regime fordista C
(século XIX) ao regime chamado de produção toyotista. A técnica tornou cada vez mais I
A
fragmentado o processo de trabalho e, consequentemente, independente dos indivíduos, bem
I
S
148 TÓPICO 5 UNIDADE 2
como aleatório com quem o faz, em que já não importa como cada um o faz; importa sim que
cada indivíduo mantenha-se submetido ao todo, mantenha os laços, as passagens, o fluxo do
processo, com o mínimo de interferência criativa, inovação que possa tornar os fluxos ainda
mais eficientes.
Trabalhar em uma mesma empresa por muitos anos, ser homenageado e receber
condecorações de três, cinco, dez, 15, 20 anos de empresa, faz parte da geração anterior à
qual nos encontramos e que tende a se tornar cada vez mais raro. Especialmente no ramo do
terceiro setor.
E
S Como economia solidária pode-se entender as atividades que ocorrem de forma
P coletiva e em estruturas suprafamiliares, articuladas em associações, cooperativas, empresas
E autogestadas, grupos de produção, clubes de trocas etc., cujos participantes tanto podem ser
C
I trabalhadores dos meios urbano e rural.
A
I Os envolvidos nas atividades de economia solidária exercem forte controle e
S
UNIDADE 2 TÓPICO 5 149
No final do século XIX surgem as primeiras normas trabalhistas, por meio do Decreto
nº 1.313, de 1891, que regulamentou o trabalho dos menores de 12 a 18 anos. Em 1912
foi fundada a Confederação Brasileira do Trabalho (CBT), durante o 4º Congresso Operário
Brasileiro. Dentre as causas defendidas pela Confederação estavam: a jornada de trabalho
de oito horas, fixação do salário mínimo, indenização para acidentes, contratos coletivos ao
invés de individuais.
S!
DICA
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UNIDADE 2 TÓPICO 5 151
LEITURA COMPLEMENTAR
Terceirização é o processo pelo qual uma empresa deixa de executar uma ou mais
atividades realizadas por trabalhadores diretamente contratados e as transferem para outra
empresa. A terceirização se realiza de duas formas, não excludentes. Na primeira, a empresa
deixa de produzir bens ou serviços utilizados em sua produção e passa a comprá-los de
outra - ou outras empresas -, o que provoca a desativação, parcial ou total, de setores que
anteriormente funcionavam no interior da empresa.
RESUMO DO TÓPICO 4
• A palavra trabalho tem origem nas práticas e atividades das mais antigas sociedades,
comporta muitas diferenças de escrita em especial na forma como as sociedades concebiam
e ao valor moral que atribuíram à mesma.
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154 TÓPICO 5 UNIDADE 2
IDADE
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156 TÓPICO 5 UNIDADE 2
IAÇÃO
AVAL
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UNIDADE 3
POLÍTICAS PÚBLICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
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UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Quando falamos em políticas públicas, estamos nos referindo aos direitos e deveres
do Estado para com as pessoas que compõem a sociedade e, assim como o Estado, gozam
de seus direitos civis e políticos. Estamos também sujeitos ao conjunto de normas jurídicas
e sociais, formando assim um marco regulatório previamente fixado no que diz respeito à
distribuição harmônica dos elementos que formam os direitos, deveres e responsabilidades
em prol do desenvolvimento educacional, econômico e social. A vida em sociedade está ligada
à política e não há ação social sem ação política, quer seja promovida pelo Estado ou pela
sociedade (RAMOS; BREZINSKI, 2014).
Portanto, “o cotidiano (político) é construído por aqueles que interagem nesse contexto.
Fazer política é interagir nos acontecimentos e participar criticamente da sua história” (RAMOS;
BREZINSKI, 2014, p. 9).
vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança certo número
de estados físicos, intelectuais e morais reclamados pela sociedade política no
seu conjunto e pelo meio especial que a criança, particularmente, se destina.
Desta forma, a LDB 9.394/96 regulamentou o que foi tratado sobre educação na
Constituição Federal abordando a educação escolar. O Título V trata dos Níveis e das
Modalidades de Educação e Ensino; em seu Capítulo I, demonstra a composição dos
níveis escolares, formada pela Educação Básica; Educação de Jovens e Adultos; Educação
Profissional; Educação Superior e Educação Especial.
DE
ATI VIDA
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a) Currículo integrado.
b) Currículo tecnicista.
c) Currículo tradicional.
d) Currículo profissionalizante.
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I E!
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C IMPO
RTAN
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S Desafios não faltam para o novo governo do país
Conhecidos de quem atua na área, os problemas precisam ser
E enfrentados com seriedade para que o ensino avance
S Bruno Mazzoco (bruno.mazzoco@fvc.org.br)
P
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UNIDADE 3 TÓPICO 1 163
A promoção de uma educação pública de qualidade é uma tarefa que deve envolver,
de forma articulada, União, estados e municípios, conforme previsto no artigo 211 da
Constituição. Na situação atual, porém, secretarias estaduais e municipais de Educação
atuam de maneira desconectada. Para diminuir as lacunas entre os diferentes sistemas
de ensino, a lei do PNE estabelece a criação, até junho de 2016, do Sistema Nacional
de Educação (SNE), que deve organizar e articular as metas estabelecidas no plano e
as medidas complementares necessárias para a implementação. Cabe à Presidência da
República enviar a proposta de lei ao Congresso Nacional e acompanhar a tramitação.
As questões relativas a financiamento dividem o debate público em duas correntes.
De um lado estão os que defendem mais recursos para a educação pública. De outro,
os que sustentam que o problema é apenas a má gestão do dinheiro. Se levarmos em
conta que o gasto do Brasil por aluno é equivalente a um terço do investido pelos países
desenvolvidos, conforme dados do relatório Education at Glance, divulgados este ano
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e que a
infraestrutura das escolas, a formação e a valorização de professores ainda deixam a
T
desejar, chegamos à conclusão de que melhorar a gestão é necessário, mas aumentar
o aporte de recursos é fundamental.
Ó
P
FONTE: Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/desafios-nao-faltam-
I
novo-governo-pais-ensino-educacao-832920.shtml?page=0>. Acesso em: C
O
S
Outro documento importante são os Parâmetros Curriculares Nacionais. Sua história
E
começa a partir da década de 80, com as mudanças econômicas e sociais de nível mundial e S
a abertura da política nacional. A partir desse momento, as discussões políticas passaram a P
privilegiar o tema da democracia. Com base nesse tema, as reflexões propiciaram a instauração E
C
e consolidação de um governo e de um regime democrático.
I
A
Em decorrência dos debates e dada a importância da democracia, a Assembleia Nacional I
S
Constituinte, em 1988, institui o Estado Democrático de Direito, regulamentado pela Constituição
da República Federativa do Brasil, denominada Constituição Cidadã. Ela estabelece como
164 TÓPICO 1 UNIDADE 3
ÇÃO!
ATEN
O documento dos PCN consiste em uma referência nacional para o Ensino Fundamental
e Médio. Sua elaboração é de primeiro nível de concretização curricular, seguido de propostas
curriculares dos Estados e municípios, que poderão ser utilizados como recurso para adaptações
ou elaborações curriculares realizadas pelas Secretarias de Educação (BRASIL, 1997a).
O texto dos PCN tem função definidora do currículo mínimo, orienta práticas pedagógicas
e organiza a estrutura escolar. Estabelece o plano curricular indicando conteúdos, objetivos,
práticas educativas e sugestões de avaliação. Como é um documento de nível nacional, tenta
abranger e ter aplicabilidade em todo o território nacional, de maneira homogênea. (BARBOSA;
FAVERE, 2013).
NOT
A!
Caro acadêmico, a Educação Infantil também tem documentos
norteadores do currículo, que são: Referencial Curricular Nacional
para Educação Infantil – RECNEI e Parâmetros Nacionais de
Qualidade para a Educação Infantil. O primeiro documento pretende
orientar o professor, além de discutir conceitos importantes como
educar e cuidar, entre outros. O RECNEI está dividido em unidades,
que são: Introdução, Formação Pessoal e Social e Conhecimento de
Mundo, Identidade e Autonomia das crianças e Movimento, Música,
Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade
e Matemática. Já o segundo documento está disponível em dois
volumes e apresenta recomendações para promover a igualdade
de oportunidades educacionais.
Para conhecer melhor os documentos, respectivamente, acesse:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparqualvol1.pdf>
Uma das preocupações centrais dos PCN é o tema da cidadania, da formação cidadã.
Mais do que o ensino de conteúdos básicos, hoje, na escola, a aprendizagem da cidadania
é legitimada e indispensável. A disseminação dessa aprendizagem transita em documentos
oficiais, em autores que escrevem sobre educação e em projetos pedagógicos das escolas.
Os PCN defendem que o fundamento da sociedade democrática é reconhecer o sujeito de
direito (BRASIL, 1997b).
visando uma nova formação comparada a formações anteriores, trazendo assuntos de fora,
da sociedade, para dentro da escola. Assim, além de objetivos cognitivos, os PCN traçam
objetivos morais e atitudinais.
Citando Barreto (2000, p. 35), “o governo federal passa pela primeira vez, em meados
dos anos noventa, a fazer ele próprio prescrições sobre currículo, que vão muito além das
normas e orientações gerais que caracterizaram a atuação dos órgãos centrais em períodos
anteriores”.
A intenção dos PCN é que o professor tenha um auxílio em sua ação de reflexão sobre
o cotidiano da prática pedagógica, que continuamente esse cotidiano transforma-se e exige
novas competências docentes. Nesse sentido, com esse documento se prevê que seja possível:
E A proposta apresentada pelos PCN não tem uma concepção rígida de currículo; é
S flexível, com o objetivo de considerar a diversidade brasileira e respeitando a autonomia do
P
professor e equipe pedagógica.
E
C
I Acadêmico, apresentamos aqui uma imagem disponibilizada em outro documento
A
importante do MEC, “Ensino Fundamental de Nove anos”, que contribui para percebermos a
I
S organização desse nível de ensino:
UNIDADE 3 TÓPICO 1 169
A figura acima nos indica uma organização que atualmente deve ser planejada em seu
conjunto, ou seja, projetando essa prática para o trabalho do professor, em que “esta é uma
oportunidade preciosa para uma nova práxis dos educadores, sendo primordial que ela aborde
os saberes e seus tempos, bem como os métodos de trabalho, na perspectiva das reflexões
antes tecidas”. (BRASIL, 2004, p. 18)
Assim, temos que dar continuidade na definição e redefinição das práticas e das ações,
que devem ser realizadas com a mesma rapidez e complexidade com que ocorre o processo
de transformação, não só no Brasil, mas em escala mundial.
A tensão em que a escola se encontra não significa, no entanto, seu fim como instituição
T
socioeducativa ou o início de um processo de desescolarização da sociedade. Indica, antes, Ó
o início de um processo de reestruturação dos sistemas educativos e da instituição tal como a P
I
conhecemos. A escola hoje precisa não apenas conviver com outras modalidades de educação
C
não formal, informal e profissional, mas também, articular-se e integrar-se a elas, a fim de O
formar cidadãos mais preparados e qualificados para um novo tempo. Para isso, o ensino S
escolar deve contribuir para:
E
S
a) Formar indivíduos capazes de pensar e aprender permanentemente (capacitação P
E
permanente) em um contexto de avanço das tecnologias de produção e de modificação da
C
organização do trabalho, das relações contratuais capital/trabalho e dos tipos de empregos. I
b) Prover formação global que constitua um patamar para atender à necessidade de A
I
maior e melhor qualificação profissional, de preparação tecnológica e de desenvolvimento de
S
170 TÓPICO 1 UNIDADE 3
Assim, pensar o papel da escola nos dias atuais sugere levar em conta questões
relevantes. A primeira e, talvez, a mais importante é que as transformações mencionadas
representam uma reavaliação que o sistema capitalista faz de seus objetivos.
No entanto, quando o autor Libâneo (2012) faz o alerta de que o ensino escolar deve
contribuir para formar indivíduos capazes de pensar e aprender permanentemente dentro do
contexto tecnológico e das relações capital/trabalho, poderia, aí, ser acrescentado o termo
“harmonização das relações trabalhistas”.
O que quer dizer que a educação pode e deve ter uma relação próxima e significativa
com o capitalismo, uma vez que o desenvolvimento educacional deixou de ser estável, isto
é, com hora e local predeterminado. Hoje, a informação e o conhecimento não têm fronteira,
eles estão em toda parte, principalmente nas organizações produtoras de bens e serviços.
Ainda segundo o autor, “a escola deixou de ser o único meio de socialização do conhecimento”,
seguindo a mesma linha de raciocínio com relação ao capital/trabalho. Liedke (2002, p. 345-
346) afirma que:
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172 TÓPICO 1 UNIDADE 3
RESUMO DO TÓPICO 1
• A vida em sociedade está ligada à política e não há ação social sem ação política,
quer seja promovida pelo Estado ou pela sociedade.
• A LDB 9.394/96 regulamentou o que foi tratado sobre educação na Constituição Fe-
deral, abordando a educação escolar. O objetivo dos PCN é estabelecer à equipe
pedagógica uma referência curricular e apoio na elaboração do currículo e do projeto
pedagógico.
• Uma das preocupações centrais dos PCN é o tema da cidadania, que deve resultar
em uma formação cidadã.
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UNIDADE 3 TÓPICO 1 173
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174 TÓPICO 1 UNIDADE 3
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UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao estudo que faremos sobre o Sistema de Saúde
brasileiro. Este tema levará você a refletir sobre a realidade da saúde pública em nosso país e
os seus desafios para assegurar o atendimento a todo cidadão com dignidade e em igualdade
de condições.
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UNIDADE 3 TÓPICO 2 177
IDADE
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2 CONCEITO DE SAÚDE I
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Temos como conceito de saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (USP, 2015):
S
“Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na
ausência de doença ou de enfermidade”. E
S
P
Esta concepção de saúde induz a novas condutas quanto à promoção de saúde e E
prevenção de doenças. O indivíduo é inserido numa rede de cuidados permanentes, visando C
I
maior qualidade de vida, mesmo que aconteça a doença. A vida mais saudável demanda novos
A
hábitos que incluem a alimentação adequada, lazer, convívio social, esportes e atividade física I
S
178 TÓPICO 2 UNIDADE 3
Mesmo o doente crônico aprende a conviver melhor com a doença, tornando-se menos
dependente da assistência médica, adquirindo hábitos que ajudam na melhora do estado de
saúde. É o que Zetzsche (2014, p. 13) define como “comportamentos mais saudáveis e que
desenvolva o seu autocuidado, possibilitando que, desta forma, este acabe vivendo mais e
melhor depois de seu adoecimento, por mais incrível que isto pareça, à primeira vista”. Neste
contexto, percebe-se que a população está adotando um estilo de vida mais saudável, com
atitudes de prevenção para a saúde física e mental; este movimento se estende a outros
ambientes, como exemplo, no trabalho e na educação, visto que a qualidade de vida está
diretamente relacionada ao modo como as pessoas vivem.
T
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I
C FONTE: Disponível em: <http://brubrinq.com.br/noticias/parques-publicos-valorizam-espacos-nas-
O cidades>. Acesso em:
S
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UNIDADE 3 TÓPICO 2 179
A transformação social, a partir da saúde, busca incutir nas pessoas atitudes frente a
fatores de influência negativa, como, por exemplo, a mídia com a demasiada publicidade de
produtos alimentícios industrializados, que não trazem benefícios à saúde e contribuem para a
obesidade e sobrepeso; ou ainda, o álcool e cigarro, que levam a problemas comportamentais
e afetam a família.
Além dos problemas decorrentes da vida moderna que afetam a saúde da população,
temos ainda doenças epidemiológicas como dengue, malária e tuberculose, por exemplo, e
que causam a morte de milhões de pessoas no mundo todo e são decorrentes da miséria, da
precariedade no abastecimento de água potável, do saneamento básico e pela falta de acesso
aos serviços públicos de saúde e educação. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
a globalização fortaleceu esse processo de disseminação de doenças ao redor do mundo,
principalmente pelo contingente de populações imigratórias.
ADE
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ID
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ATIV S
todos os anos, com prevalência nos países de baixa renda (PIB per capita inferior a
US$ 825,00). Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 88% das
mortes por diarreia no mundo são causadas pela falta de saneamento básico. Dessas
mortes, aproximadamente 84% são de crianças. Estima-se que 1,5 milhão de crianças
morra a cada ano, sobretudo em países em desenvolvimento, em decorrência de
doenças diarreicas. No Brasil, as doenças de transmissão feco-oral, especialmente
as diarreias, representam, em média, mais de 80% das doenças relacionadas ao
saneamento ambiental inadequado (IBGE, 2012).
Com base nas informações e nos dados apresentados, redija um texto dissertativo
acerca da abrangência, no Brasil, dos serviços de saneamento básico e seus impactos
na saúde da população. Em seu texto, mencione as políticas públicas já implementadas
e apresente uma proposta para a solução do problema apresentado no texto acima.
Para Campos et al. (2006, p. 531 apud ZETSZCHE, 2014, p. 87), o SUS é:
à assistência médica, enquanto a maior parcela da população ficou à margem deste direito.
Durante o período militar, a iniciativa privada passa a ter participação no sistema com os
convênios e planos de saúde.
Estas medidas contribuíram para a Reforma Sanitária que levou à criação do SUS, que,
segundo Arouca (1998) apud Zetzsche (2014, p. 79),
Posteriormente, em 1990, foi promulgada a Lei Orgânica do SUS, com as Leis nº 8.080
e nº 8.142, que têm como base de sustentação os princípios norteadores do Sistema Único
de Saúde brasileiro:
Na visão de Cony (2014), o SUS pode ser considerado como direito humano: “[...] é
a maior conquista do povo brasileiro em política pública e é um sistema que é referência em
saúde para o mundo, sob a ótica gravada na Constituição de que o SUS é um direito de todos T
e um dever do Estado e evoluindo para a compreensão de que é um direito humano”. Ó
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4 AS REDES DE ATENÇÃO EM SAÚDE
E
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O funcionamento do Sistema Único de Saúde conjuga uma rede de serviços denominada
P
Rede de Atenção à Saúde, que classifica os atendimentos em níveis de atenção primária, E
secundária e terciária, conforme a exigência do serviço que será prestado ao usuário. A rede C
I
compreende-se em âmbito estadual e regional, numa articulação interfederativa, onde serviços
A
de saúde são executados em uma região de Saúde determinada por um espaço geográfico I
S
182 TÓPICO 2 UNIDADE 3
A Rede de Atenção à Saúde (RAS) atua a partir da Unidade Básica de Saúde ou USF
– Unidade de Saúde da Família, onde inicia o trabalho junto à comunidade. As consultas são
realizadas pelo médico generalista e, se for necessário, encaminha aos médicos especialistas
que integram o setor de atenção secundária.
T
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I
A FONTE: Disponível em: <http://portal.cfm.org.br/images/PDF/apresentao-integradatafolha203.pdf>.
I Acesso em: 6 jun. 2015.
S
UNIDADE 3 TÓPICO 2 183
NOT
A!
Pontos de atenção à saúde são entendidos como espaços onde se ofertam
determinados serviços de saúde, por meio de uma produção singular.
Os domicílios, as unidades básicas de saúde, as unidades ambulatoriais
especializadas, os serviços de hemoterapia e hematologia, os centros de
apoio psicossocial, as residências terapêuticas, entre outros. Os hospitais
podem abrigar distintos pontos de atenção à saúde: o ambulatório de
pronto atendimento, a unidade de cirurgia ambulatorial, o centro cirúrgico, a
maternidade, a unidade de terapia intensiva, a unidade de hospital/dia, entre
outros. Todos os pontos de atenção à saúde são igualmente importantes para
que se cumpram os objetivos da rede de atenção à saúde e se diferenciam,
apenas, pelas distintas densidades tecnológicas que os caracterizam.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010, p. 4 apud ZETSCHE, 2014, p. 32).
O sr. José é portador de doença mental leve diagnosticada durante a infância, mas os
pais não procuraram um tratamento na época; a partir da visita do agente comunitário a domicílio,
o sr. José foi encaminhado para a Unidade Básica de Saúde (que faz seu acompanhamento
clínico, e o reencaminhou também para o CAPS - Centro de Atenção Psicossocial). Foi feito o
cadastro na ESF (Estratégia de Saúde Familiar) e no CAPS, e as crises puderam ser cuidadas
sem internação. O sr. José também tem hipertensão e por isso é acompanhado pela Unidade
de Saúde Básica e consulta-se com a médica deste, que prescreve os seus medicamentos.
T
Como o sr. José é viúvo e mora sozinho, o agente comunitário tem feito visitas com frequência, Ó
para saber se está tomando a medicação corretamente. P
I
C
Neste exemplo, podemos verificar como um usuário pode ter o seu cuidado compartilhado O
entre uma equipe de atenção primária, a unidade de saúde da família, e uma equipe de atenção S
secundária, a equipe do CAPS.
E
S
Para conhecer melhor os princípios que norteiam a legislação orgânica de saúde, P
trouxemos este tema, que também foi abordado no Exame Nacional do Estudante – ENADE E
C
(2013) e ajuda a entender o funcionamento da saúde pública e pensar sobre a qualidade de I
atendimento em saúde na sua cidade. A
I
S
184 TÓPICO 2 UNIDADE 3
IDADE
ATIV
AUTO
E
Para desenvolver a política pública de saúde é preciso, inicialmente, diagnosticar a
S
P condição de saúde da população brasileira. Segundo as informações divulgadas pelo Ministério
E da Saúde, a estimativa de vida do brasileiro aumentou para 72,7 anos em média, passando a
C viver mais tempo; em contrapartida, a taxa de natalidade decresceu de 6,2 filhos por mulher
I
A nos anos 60 para 1,8 filhos por mulher até 2009.
I
S
UNIDADE 3 TÓPICO 2 185
O atendimento a domicílio feito pelo médico da Unidade Básica de Saúde visa atender
as pessoas impossibilitadas de deslocamento em virtude de graves acidentes, por exemplo.
São realizados os procedimentos mais comuns de recuperação, por meio de curativos e
fisioterapia; além destes, também se incluem aqui o atendimento a pacientes acometidos das
doenças ocupacionais como LER e DORT, o que leva um grande número de trabalhadores à
incapacidade funcional.
T
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5.1 POLÍTICAS DE SAÚDE E PROGRAMAS ESPECÍFICOS I
C
Pela complexidade de atuação do SUS em todo o território nacional, criaram-se políticas O
S
nacionais para o combate de doenças e prevenção em saúde, coordenadas pelo Ministério da
Saúde e operacionalizadas em programas específicos no combate a doenças. E
S
TE! P
RTAN
IMPO E
O Brasil detém a tecnologia para a fabricação de muitas das vacinas C
utilizadas nas campanhas de saúde pública do país. A Fiocruz – Fundação I
Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro, e o Instituto Butantã, em São Paulo, são A
considerados centros de excelência para a fabricação de imunobiológicos. I
Ambas as instituições são órgãos públicos. (ZETZSCHE, 2014, p. 244) S
186 TÓPICO 2 UNIDADE 3
POLÍTICA PÚBLICA/
OBJETIVO
PROGRAMA
Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica
(PROVAB) - Estimular a formação do médico para a real
PROVAB
necessidade da população brasileira e levar esse profissional
para localidades com maior carência para este serviço.
Desde 2011, o Ministério da Saúde vem promovendo a
implantação e implementação de polos da Academia da Saúde
PROGRAMA
nos municípios brasileiros. Os polos são espaços físicos dotados
ACADEMIA DA
de equipamentos, estrutura e profissionais qualificados, com o
SAÚDE
objetivo de contribuir para a promoção da saúde e produção do
cuidado e de modos de vida saudáveis da população.
O Programa Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de
melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de
MAIS MÉDICOS Saúde, que prevê mais investimentos em infraestrutura dos
hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para
regiões onde há escassez e ausência de profissionais.
Melhorar e ampliar a assistência no SUS a pacientes
MELHOR EM CASA com agravos de saúde, que possam receber atendimento
humanizado, em casa, e perto da família.
O Governo Federal criou o Programa Farmácia Popular do Brasil
para ampliar o acesso aos medicamentos para as doenças mais
FARMÁCIA POPULAR comuns entre os cidadãos. O Programa possui uma rede própria
de Farmácias Populares e a parceria com farmácias e drogarias
da rede privada, chamada de "Aqui tem Farmácia Popular".
POLÍTICA DE
PREVENÇÃO Estratégia criada pelo INCA visando à ampliação da assistência
AO CÂNCER oncológica no Brasil pela implantação de serviços que integram
GINECOLÓGICO E os diversos tipos de recursos necessários à atenção oncológica
DA PREVENÇÃO DA de alta complexidade em hospitais gerais.
DST
Trouxemos para você, acadêmico, um pouco do contexto que foi construído durante
longos anos por nosso sistema de saúde brasileiro. Ele ainda está em construção, adaptação,
com novas propostas surgindo diariamente, afinal, é um grande desafio a concepção de saúde
T de qualidade para todos.
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UNIDADE 3 TÓPICO 2 189
RESUMO DO TÓPICO 2
• O SUS é o sistema de saúde nacional que funciona em rede, norteado pelos princípios de
universalidade, integralidade e igualdade determinados na Lei Orgânica da Saúde.
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190 TÓPICO 2 UNIDADE 3
IDADE
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AUTO
T I- A atenção básica é caracterizada por ser a porta de entrada dos tratamentos do SUS.
Ó
II- O usuário que for atendido no nível de atenção básica não poderá receber tratamento
P
I nos demais níveis de atenção.
C III- É considerada como atenção secundária os serviços realizados pelo SAMU (Serviço
O
de Atendimento Móvel de Urgência) e UPAS (Unidades de Pronto-Atendimento).
S
IV- Os serviços de atenção terciária são realizados nos consultórios médicos.
E
S
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
P
a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
E
C b) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
I c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
A d) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
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UNIDADE 3 TÓPICO 2 191
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192 TÓPICO 2 UNIDADE 3
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UNIDADE 3
TÓPICO 3
HABITAÇÃO E SANEAMENTO
1 INTRODUÇÃO
2 DIREITO À MORADIA
Por tudo isso, é legítimo que o movimento pela reforma urbana foi incluído no texto
constitucional, através da emenda popular da reforma urbana, encaminhada ao Congresso
Nacional em 1988 e que inseriu o capítulo de Política Urbana da Constituição, prevista nos
artigos 182 e 183 (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2007).
Apesar de não atender aos anseios de todos, a inclusão destes dispositivos significou
um avanço, pois pela primeira vez uma política pública voltada à questão urbana foi garantida
através de sua inserção no texto constitucional.
ampla e regular, para assim suprir as demandas encontradas em várias cidades do mundo,
em especial, nas cidades brasileiras.
O direito à moradia está intimamente ligado à dignidade do cidadão. Ireno Júnior (2008)
enfatiza que o direito à moradia procede do direito à vida, e deve ter prioridade ao se planejar,
elaborar e executar as políticas públicas.
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UNIDADE 3 TÓPICO 3 197
Conforme Zanluca (2011), nos espaços urbanos o governo realizou diversas obras
estruturais, valorizando o solo urbano, o incremento do mercado imobiliário e a construção
de prédios. Assim, o processo de construção do território urbano no Brasil ocorreu sem
planejamento. A partir do início do século XX, outros acontecimentos propiciaram a criação de
T políticas públicas direcionadas ao espaço urbano. Deu-se início ao processo de acumulação
Ó de capital mediante a exploração da mão de obra. Com condições de vida precárias e s’alário
P baixo, muitos trabalhadores procuraram espaços mais baratos para morar, iniciando o processo
I
C de favelização.
O
S Foi durante a década de 1970, no governo da ditadura militar, que foram criados o Banco
E Nacional da Habitação (BNH) e o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU), tendo
S por objetivo estimular a indústria e atender às necessidades habitacionais. No entanto, este
P processo atendeu, em especial, às classes média e alta, deixando de lado as mais carentes.
E
C Depois, na década de 1980, o Brasil enfrentou um crescimento muito abaixo do esperado,
I acompanhado do crescimento das dívidas externa e interna. Grande parte dos trabalhadores,
A sem ter qualificação especializada e carente de atendimento aos serviços básicos do Estado,
I
S como o direito à moradia, sofreu com a revolução microeletrônica, o que gerou o fechamento
de vários postos de trabalho (ZANLUCA, 2011).
UNIDADE 3 TÓPICO 3 199
Conforme o Capítulo I, seção I, artigo 2º da referida lei, fica instituído o Sistema Nacional
de Habitação de Interesse Social (SNHIS), com o objetivo de:
Há muito que se fazer. Há muito que se cobrar das políticas públicas para que se coloque
em prática o que preconiza a legislação.
T O Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001) não foi criado apenas para ser mais um
Ó instrumento regulamentador de urbanização e regularização da situação habitacional nas
P
I cidades brasileiras, ele é resultado de lutas, negociações e articulações entre o poder público,
C os movimentos sociais e a sociedade civil.
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E 3 SANEAMENTO
C
I
A O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no seu relatório de 2011, apresenta a
I universalização da rede de abastecimento de água, coleta de esgoto e de manejo de resíduos
S
UNIDADE 3 TÓPICO 3 201
sólidos. Sabemos que essa condição constitui parâmetro mundial de qualidade de vida já
alcançado em grande parte dos países mais ricos. Infelizmente, no Brasil a desigualdade
verificada no acesso da população a esses serviços ainda constitui o grande desafio posto ao
Estado e à sociedade em geral nos dias atuais.
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S FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfkR4AI/projeto-final-energia>.
Acesso em 29 maio 2015.
UNIDADE 3 TÓPICO 3 203
Vamos iniciar a nossa revisão histórica pela década de 1970. Naquela época não se dava
a devida atenção aos serviços de saneamento básico e não havia um órgão específico para
execução do serviço, que era realizado por diversos órgãos. As entidades que realizavam esse
trabalho eram contratadas pelo município, porque a responsabilidade da atividade cabia a ele.
As políticas de saneamento eram elaboradas pelos órgãos federais, estaduais, municipais, junto
com a Fundação SESP — Fundação Serviços de Saúde Pública, uma entidade supervisionada
pelo Ministério da Saúde. A supervisão maior sempre acontecia sobre os estados e municípios
com maiores receitas e os serviços prestados eram: abastecimento de água e coleta e tratamento
de esgoto. A contratação dessas entidades para a execução do trabalho se dava por meio de
autarquias e pelos órgãos públicos.
No ano de 1971 criou-se o Planasa (Plano Nacional de Saneamento), que tinha por
finalidade determinar fontes de financiamento e criar formas de melhorias para a situação do
saneamento no país.
A ação do plano se dava basicamente no abastecimento de água e esgotamento
sanitário, usando os recursos do FGTS gerados pelo BNH (Banco Nacional da Habitação). A
criação de companhias estaduais de saneamento (água e esgoto) era de responsabilidade do
BNH, controladas por empresas públicas.
A economia no Brasil entrou em crise nas décadas de 1980 e 1990, quando os estados
trabalham de forma seletiva a solicitação pelo serviço, que, apesar da crise, encontrava-se em
um bom momento e crescia continuamente. Naquela época houve um grande deslocamento
de pessoas que viviam no campo e buscavam nas cidades condições melhores de moradia.
Foi então que o Planasa definiu metas de atendimento, e 90% da meta de abastecimento de
água foi alcançada. Para os serviços de esgoto sanitário foi estipulada a meta de 60%, mas T
não foi atendida. Ó
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204 TÓPICO 3 UNIDADE 3
Subtotal Subtotal
Abastecimento de água
Esgotamento sanitário
Toda água a ser consumida precisa ser tratada, pois a saúde do ser humano é o seu
bem maior, e o consumo e uso inadequados de água causam sérios problemas à saúde do
homem. Pode parecer estranho, porém há situações nas quais encontramos doenças infecciosas
trazidas pela água até quando a usamos para higienizar os ambientes, bem como no preparo
dos alimentos.
São doenças causadas por agentes microbianos e agentes químicos. Pode-se contrair
essas doenças na ingestão da água ou por algum alimento já contaminado. As doenças
relacionadas com a água são:
• Cólera.
• Febre tifoide.
• Disenteria bacilar.
• Hepatite infecciosa.
T As doenças trazidas pela água não ocorrem somente por ingestão ou contato com
Ó alimentos, elas aparecem também quando não há higienização correta. Várias pesquisas
P
I foram realizadas em comunidades carentes e foi concluído que a quantidade de água tem tanta
C importância quanto a qualidade, em destaque a importância maior à quantidade. Foi provado
O que o aumento de volume de água usado pela comunidade reduz a incidência de algumas
S
doenças do trato intestinal; constatou-se também que a falta de água influencia diretamente
E na higiene pessoal e doméstica, provocando doenças como:
S • Diarreias.
P
E • Infecções de pele e olhos.
C • Infecções causadas por piolhos.
I
A
I O lixo é um assunto bastante comentado. O lixo tem como conceito ambiental ser
S
UNIDADE 3 TÓPICO 3 207
resíduos sólidos e a não disposição destes resíduos atrai moscas, que são as responsáveis pela
transmissão de inúmeras doenças. O lixo acumulado traz insetos de todo tipo, bem como ratos,
sendo estes agentes transmissores de doenças como: peste bubônica, leptospirose e febres.
FIGURA 28 - LIXO
6 AVANÇOS NO SANEAMENTO T
Ó
P
A Política Nacional de Saneamento Básico dá as diretrizes necessárias para o
I
cumprimento das atividades nos quatro eixos do saneamento. Para alguns desses serviços C
também já foram criadas políticas nacionais específicas, que visam delimitar ainda mais as O
S
práticas que deverão nortear as ações nesses âmbitos.
E
A Figura 29 contempla o contexto esperado na implementação e implantação da S
P
gestão do saneamento básico.
E
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S
208 TÓPICO 3 UNIDADE 3
Uma delas é a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sendo esta instituída pela Lei nº
12.305, de 2 de agosto de 2010, e que representa um marco histórico na evolução das diretrizes
do saneamento básico brasileiro. Com a nova legislação, conforme o Capítulo II em seu artigo
3º, inciso XVI, os resíduos sólidos são denominados como:
Desta forma, além de ser imprescindível a formulação do plano para que se possam
delimitar as ações a serem implementadas nos municípios, a sua criação permitirá que estes
possam buscar incentivos para a realização de tais ações.
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210 TÓPICO 3 UNIDADE 3
RESUMO DO TÓPICO 3
• Direito à moradia se configura como um dos principais problemas da sociedade atual, visto
que nem todos contam com uma moradia digna.
• Foi durante a década de 1970, no governo da ditadura militar, que foram criados o Banco
Nacional da Habitação (BNH) e o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU),
tendo por objetivo estimular a indústria e atender as necessidades habitacionais.
• Infelizmente, ainda é comum termos doenças causadas pelo mau uso da água e também
pela pouca abrangência do saneamento básico.
T
Ó
P • A Política Nacional de Saneamento Básico é que estabelece as diretrizes necessárias para
I o cumprimento das atividades nos quatro eixos do saneamento.
C
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S • Foram criadas políticas nacionais específicas, pela Política Nacional de Saneamento
Básico, que visam delimitar ainda mais as práticas que deverão nortear as ações nesses
E
S âmbitos.
P
E • A importância do controle de resíduos sólidos em todas as esferas do poder público.
C
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UNIDADE 3 TÓPICO 3 211
IDADE
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1 (UNIASSELVI) No ano de 2005 entrou em vigor a Lei 11.124, que veio para estruturar
as ações voltadas à habitação no Brasil. A partir disso, criou-se o Sistema Nacional
de Habitação de Interesse Social (SNHIS), com o Fundo Nacional de Habitação de
Interesse Social (FNHIS).
Com relação aos objetivos do SNHIS, classifique V para as sentenças verdadeiras e
F para as falsas:
( ) Implementação de políticas e programas públicos de investimentos habitacionais,
visando atingir a população de baixa renda.
( ) Procura a constante viabilização do acesso à terra urbanizada e à moradia
sustentável à população carente.
( ) Intermedeia e apoia as ações de instituições e órgãos que desempenham
atividades voltadas à habitação.
( ) Incentiva políticas públicas habitacionais à população por melhores condições de
vida, deixando em segundo plano a população de baixa renda.
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214 TÓPICO 3 UNIDADE 3
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UNIDADE 3
TÓPICO 4
TRANSPORTES E SEGURANÇA
1 TRANSPORTES
A palavra “transporte” é originária do latim, onde trans significa “de um lado a outro”
e portare significa “carregar”. Assim, podemos dizer que transporte é o nome dado à
movimentação de pessoas ou objetos de um local a outro.
T
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FONTE: Disponível em: <http://br.monografias.com/ S
trabalhos3/processo-aprendizagem-aluno-paralisia- P
cerebral/image016.jpg> Acesso em: 29 maio 2015. E
C
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216 TÓPICO 4 UNIDADE 3
Estas necessidades primárias do ser humano deram origem aos meios de transportes
que conhecemos hoje e, consequentemente, aos três elementos: infraestrutura, veículos e
operações.
T
Ó
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FONTE: Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com/
E
upload/conteudo_legenda/3ebd751eeeb19d5f4d4a720
C 1627f6d2d.jpg> Acesso em: 27 maio 2015.
I
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UNIDADE 3 TÓPICO 4 217
2.1 TERRESTRES
Os transportes terrestres são os mais essenciais para o ser humano, pois através
deles o homem pode se locomover tanto para locais com pouca distância, como para grandes
distâncias, bem como transportar cargas. Podemos classificar os transportes terrestres em:
rodoviários, ferroviários e dutoviários.
T
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FONTE: Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/files/2012/06/ O
sao-paulo-congestionamento-radial-leste-transito-ibge-20120427- S
size-620.jpg>. Acesso em: 9 maio 2015.
E
Apesar de ser o meio de transporte mais utilizado no Brasil no deslocamento de cargas,
S
ele apresenta o preço de frete superior ao hidroviário e ao ferroviário. Desta forma, é mais P
adequado para mercadorias de alto valor ou perecíveis. E
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218 TÓPICO 4 UNIDADE 3
IMPO
RTAN
TE!
Segundo o Boletim Estatístico de 2014 da Confederação Nacional do
Transporte (CNT), o meio de transporte rodoviário tem uma participação
superior a 60% no transporte de cargas no Brasil.
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S
P FONTE: Disponível em: <http://www.revistadigital.com.br/wp-
E content/uploads/2013/04/train1.jpg>. Acesso em: 9 maio
C 2015.
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UNIDADE 3 TÓPICO 4 219
T
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P FONTE: Disponível em: <http://www.elmensajerodiario.com.ar/fotografias/56302_flu.jpg>.
E Acesso em: 9 maio 2015.
C
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UNIDADE 3 TÓPICO 4 221
O transporte lacustre é restrito a lagos navegáveis para transportar qualquer carga, mas
sua característica é ligar cidades e países vizinhos. É um meio de transporte bastante restrito,
em razão de existirem poucos lagos navegáveis, especialmente em termos de profundidade.
2.3 AÉREO
E
3 INFRAESTRUTURA S
P
A infraestrutura de uma localidade é composta por um conjunto de programas e ações E
que possam proporcionar condições de bem-estar social e de desenvolvimento econômico. C
I
Uma dessas ações é o serviço de transporte, que, conforme estudamos, é essencial para o
A
deslocamento de pessoas e cargas. I
S
222 TÓPICO 4 UNIDADE 3
Este programa tem como objetivo propiciar ao Brasil um sistema de transporte adequado
às suas dimensões e, para isso, busca um modelo de investimento que privilegia a parceria
entre o setor público e o privado.
Serviços ao Cidadão
• Passe Livre
• O Passe Livre é um programa em que pessoas carentes portadoras de deficiência
podem viajar, entre os estados brasileiros, sem pagar passagem.
• Consultas Públicas: são discussões de temas relevantes sobre os investimentos
no setor de transportes abertas à sociedade.
Incentivos Fiscais
• Debêntures
• REIDI - Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura
• CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
• FMM - Fundo da Marinha Mercante
ÇÃO!
ATEN
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Acadêmico, conheça mais sobre cada um dos programas para o
desenvolvimento do setor de transportes em: <http://www.transportes.gov. P
br/acoes-e-programas.html> I
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224 TÓPICO 4 UNIDADE 3
RESUMO DO TÓPICO 4
• Os meios de transportes são classificados em: terrestres (carros, ônibus, trens, dutos, no
caso de cargas, etc.), aquaviários (navios, canoas, barcos etc.) ou aéreos (aviões, helicópteros,
balões etc.).
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UNIDADE 3 TÓPICO 4 225
IDADE
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Tempo de deslocamento Brasil Rio de Janeiro São Paulo Curitiba S
Até cinco minutos 12,70 5,80 5,10 7,80 P
De seis minutos até meia hora 52,20 32,10 31,60 45,80 E
Mais de meia hora até uma C
23,60 33,50 34,60 32,40 I
hora
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S
226 TÓPICO 4 UNIDADE 3
2 (ENADE 2014) O quadro a seguir apresenta a proporção (%) de trabalhadores por faixa
de tempo gasto no deslocamento casa-trabalho, no Brasil e em três cidades brasileiras.
TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
A segurança pública é um dos temas mais debatidos e pesquisados nos últimos anos
no Brasil. Entretanto, as discussões e a visibilidade pública do problema ainda não tiveram
impacto definitivo na produção de conhecimento acadêmico na área. Evidentemente, muitos
pesquisadores vêm se debruçando sobre o assunto e a bibliografia nacional sobre segurança
não para de ampliar-se e de se aprofundar. Mas as políticas públicas voltadas para a segurança
ainda carecem de uma reflexão mais sistemática e a produção acadêmica necessita conversar
com a produção que emerge dentro das instituições voltadas para segurança.
Nas universidades, centros de pesquisa (que recebem recursos públicos e privados) têm
se tornado espaço importante para formação complementar e para a realização de pesquisas
acadêmicas ou aplicadas em decorrência dos problemas e questões que interferem na qualidade
do serviço das instituições.
2 A SEGURANÇA PÚBLICA E AS
CONTRIBUIÇÕES COMUNITÁRIAS
A segurança pública, nesse contexto, tem passado por uma mudança importante de
referencial. Tem deixado de ser vista como um problema restrito do Estado, das instituições
criminais e do direito. O novo referencial tem apontado para uma nova visão da segurança
como espaço de participação comunitária (pública, mas não apenas estatal), que afeta a
outras áreas de governo (social e não apenas criminal), sendo ligada a uma abordagem que
concilia diversas disciplinas (particularmente das Ciências Humanas) e como problema de
ordem regional ou global.
Além disso, a segurança pública tem sido vista como espaço de experimentações sobre
a questão fundamental da garantia da ordem social num contexto de globalização que aporta
problemas novos que demandam soluções novas.
T
Ó FONTE: Disponível em: <http://www.observatoriodeseguranca.org/seguranca/politicas>. Acesso em:
P 14 maio 2015.
I
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FIGURA 39 – ORDEM SOCIAL E LIBERDADE
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S FONTE: Disponível em: <http://kdfrases.com/frase/108215>. Acesso em: 8 jun. 2015.
UNIDADE 3 TÓPICO 5 229
Nas duas últimas décadas, o Brasil presenciou uma crescente preocupação com as T
questões relativas à segurança pública e à justiça criminal. Uma verdadeira obsessão securitária Ó
P
refletiu-se num nível jamais visto de debates públicos, de propostas legislativas e de produção I
acadêmica. Esta última se debruçou sobre as práticas de segurança e de justiça, ao menos C
no contexto da redemocratização do país. Não obstante, pouco tem sido feito, no âmbito O
S
político, para que se tornasse tangível uma efetiva reforma dessas instituições, tendo como
preâmbulo pesquisas e conhecimentos provenientes, tanto da maior participação coletiva na E
formulação, implantação e acompanhamento de políticas públicas, quanto da disponibilidade S
P
sem precedentes de pesquisadores aptos a discutir com o universo da política e das instituições E
criminais as alternativas de reforma dentro de um contexto de aumento do quantum de cidadania C
e participação democrática. Em outros termos, como bem lembrou Paulo Sérgio Pinheiro, a I
A
redemocratização política do Brasil não foi ainda capaz de lançar suas luzes sobre as práticas de
I
S
230 TÓPICO 5 UNIDADE 3
FIGURA 41 - DESPERDÍCIO
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FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/-wreCnfeuiig/UD85Z56293I/ I
AAAAAAAAIqY/4hJTgqI6-n4/s1600/dinheiro_no_ralo.jpg>. Acesso em: 14 A
maio 2015.
I
S
232 TÓPICO 5 UNIDADE 3
Do ponto de vista da modificação de valores das pessoas, reconhece-se hoje como isso
é extremamente difícil mediante políticas públicas. Os educadores de rua e profissionais que
lidam com menores infratores sabem muito bem como é árdua essa tarefa com meninos de
rua. E isto porque se acena com soluções de médios e longos prazos para garotos (às vezes
nem tão garotos assim) que obtêm satisfações imediatas de sua atividade nas ruas.
Além disso, sabe-se que nem todos os meninos de rua ou jovens desempregados são
candidatos naturais a uma carreira criminosa. Estudos que acompanharam jovens de uma
cidade americana ao longo de suas vidas mostram que, se um número significativo deles teve
problemas com a polícia alguma vez em suas vidas, o número dos que reincidiram outras vezes
é muito menor — menos de 6%. O mais curioso, entretanto, é que este pequeno número de
criminosos era responsável por mais de 50% das queixas criminais. Isto significa que apenas
uma parcela muito pequena desses jovens seguiu uma carreira criminosa (WOLFANG et al.,
1972).
No outro extremo do movimento pendular estão aqueles que acreditam que o problema
T do crime é fundamentalmente uma questão de polícia e de legislação mais repressivas. A
Ó dissuasão do comportamento criminoso, então, passaria necessariamente por uma atuação
P mais intensiva do sistema de justiça criminal.
I
C
O Mais recentemente, a orientação oficial do governo federal tem se calcado na sociologia
S crítica (TAYLOR e YOUNG, 1980), cuja concepção de crime baseia-se nos direitos humanos
preocupe com a contenção e controle do Estado em relação ao direito dos cidadãos não pode
furtar-se à constatação de que segurança é igualmente um direito humano, aliás, consagrado
na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
O crime é uma coisa muito séria para ser deixada apenas nas mãos de policiais,
advogados ou juízes, pois envolve dimensões que exigem a combinação de várias instâncias
sob o encargo do Estado e, sobretudo, a mobilização de forças importantes na sociedade.
O Estado deve mobilizar organizações que atuam nas áreas da saúde, educação,
assistência social, planejamento urbano e, naturalmente, da segurança. Muitos poderiam
argumentar que o que se propõe é, na verdade, quase um modelo do "bom governo". Um
Estado que conseguisse simultaneamente responder às demandas sociais nesses diversos
setores estaria respondendo às atribuições que lhe cabem minimamente. Isto é verdade.
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234 TÓPICO 5 UNIDADE 3
A diferença está em que a alocação desses recursos se daria não em torno de prioridades
governamentais (educação, saúde ou segurança), mas da identificação de locais e grupos no
interior da sociedade que mereceriam um tratamento prioritário. Por outro lado, isto não significa
que o Estado devesse paralisar suas atividades nessas áreas em favor do atendimento de
populações e áreas assoladas pela criminalidade violenta, mas simplesmente reconhecer que
o atendimento nessas áreas é realmente prioritário.
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UNIDADE 3 TÓPICO 5 235
ÇÃO!
ATEN
É fato que temos hoje uma onda de violência sem controle efetivo do Estado. E todos
nós exigimos que o Estado se utilize da repressão como se fosse a melhor solução dos conflitos.
Isso ocasiona um emaranhado de normas penais visivelmente ineficazes, fruto de uma clara
predileção vingativa adotada por nosso ordenamento proveniente desde épocas remotas.
Dessa forma, a criminalidade continuará aumentando, porque está ligada a uma estrutura social
profundamente injusta e desigual. Caso não se atue nesse ponto, será inútil punir e continuará
sendo um engano a ideia de que se pode corrigir castigando.
RESUMO DO TÓPICO 5
• Nas duas últimas décadas, o Brasil presenciou uma crescente preocupação com as
questões relativas à segurança pública e à justiça criminal.
• A violência letal, a superlotação dos presídios, rebeliões e mortes, os horrores vividos pelos
jovens em instituições como a Febem, o virtual abandono das instituições manicomiais sem
a contrapartida de um atendimento ambulatorial, o desalento e a descrença nas medidas de
recuperação dos presos e de cura dos esquecidos dos manicômios judiciários, a tortura em
delegacias de polícia e a eterna lentidão e alheamento das autoridades judiciárias são faces
terríveis que apontam para uma crise de longa data em nosso sistema criminal.
T
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UNIDADE 3 TÓPICO 5 237
IDADE
ATIV
AUTO
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UNIDADE 3
TÓPICO 6
1 INTRODUÇÃO
O ser humano, desde os seus primórdios na Terra, enfrentou desafios das mais
diferentes formas, diferentes momentos, diferentes situações. E tanto o ser humano quanto
os desafios foram modificando o meio, o espaço ocupado por este ser e tantos outros seres.
Assim, podemos nos perguntar: Quais os novos paradigmas que se apresentam para o ser
humano? Como acontecerá o desenvolvimento humano respeitando a natureza em meio a
tantos desafios e o que pode facilitar esse processo de desenvolvimento, tanto para o ser
humano como para tudo o que o circunda, de modo especial a natureza, seja ela presente no
meio urbano ou no meio rural? Como avançar no desenvolvimento sem prejudicar ainda mais
o próprio ser humano e o seu meio? O primeiro passo é conhecendo onde ele vive. É o que
queremos fazer nesse pequeno estudo.
Vamos lá!
T
Ó
P
2 VIDA URBANA I
C
Urbano tem origem no latim urbanus, que significa “pertencente à cidade”. Segundo O
S
o Dicionário Web, “urbano é tudo aquilo que está relacionado com a vida na cidade e com os
indivíduos que nela habitam, por oposição a rural, que é relativo ao campo e ao interior”. E
S
P
Repare que o rural e o urbano mexem com a vida, com o modo de vida das pessoas, E
da qualidade de vida. Vemos então que o urbano se formou a partir do rural, e criou tal C
separação, dicotomia e função. O antagonismo de um mesmo espaço só pode ser percebido I
A
no entendimento do que é, e qual a relação deste com o homem e com outros espaços.
I
S
240 TÓPICO 6 UNIDADE 3
A definição de zona urbana varia de um país a outro. De uma forma geral, é considerada
urbana qualquer zona que apresentar uma população igual ou superior a 2000 habitantes. A
atualização dos modelos de crescimento urbano tem feito com que a densidade da população,
a extensão geográfica e o desenvolvimento de infraestruturas se combinem para serem pilares
na delimitação deste tipo de zonas.
Embora seja difícil generalizar, as zonas urbanas costumam apresentar um maior preço
em termos de superfície (o custo de vida é mais caro, nomeadamente os próprios terrenos e
aluguéis) e uma menor presença de emprego no setor primário comparando com as zonas rurais.
Por outro lado, as zonas urbanas oferecem uma maior gama de recursos para a sobrevivência
das pessoas.
O olhar sobre o urbano em nosso país chega à ONU (Organização das Nações Unidas),
T
que aponta que até 2050 o Brasil terá aproximadamente 93% de sua população vivendo nos Ó
centros urbanos. Já a população no meio rural terá um decréscimo, com moradores neste meio P
de aproximadamente 16 milhões de habitantes. I
C
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3 VIDA RURAL P
E
Caro acadêmico! Todos nós sabemos que há pessoas que moram na cidade, outras C
I
no campo, ou no meio rural. É preciso desmistificar aquela imagem que temos do meio rural A
bucólico, como descrito em filmes ou em poesia. O agronegócio não nos deixa mentir, o meio I
rural alcançou grau de desenvolvimento ímpar nos últimos anos. S
242 TÓPICO 6 UNIDADE 3
Para definir o termo “rural”, devemos recorrer à sua origem vinda do latim “rural, is”.
Segundo o Dicionário Web, “é um adjetivo que corresponde ao que pertence ou relativo ao
T campo” (um terreno extenso que se encontra fora das regiões mais povoadas e são terras de
Ó cultivo). É exatamente o oposto do que conhecemos como zona urbana, de cidades.
P
I
C Graziano da Silva (1999) nos dá o conceito de meio rural como um conjunto de regiões
O ou zonas (território) cuja população desenvolve diversas atividades ou se desempenha em
S
distintos setores, como a agricultura, o artesanato, as indústrias pequenas, o comércio, os
E serviços, o gado, a pesca, a mineração, a extração de recursos naturais e o turismo, entre outros.
S
P
Segundo este mesmo autor, em tais regiões ou zonas há assentamentos que se
E
C relacionam entre si e com o exterior, e nas quais interagem uma série de instituições públicas
I e privadas.
A
I
S O rural transcende o agropecuário, e mantém elos fortes de intercâmbio com o urbano.
UNIDADE 3 TÓPICO 6 243
Na provisão, não só de alimentos, mas também de grandes bens e serviços, entre os quais
vale a pena destacar a oferta e cuidado de recursos naturais, os espaços para o descanso, e
as contribuições à manutenção e desenvolvimento da cultura. Disponível em: <http://artigos.
netsaber.com.br/resumo_artigo_7430/artigo_sobre_novos_conceitos_de_urbano_e_rural >.
Acesso em: 27 ago. 2013.
Para Balsadi (2001), o meio rural é então uma entidade socioeconômica em um espaço
geográfico com quatro componentes básicos:
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008) define zona rural como o
contrário da zona urbana. São regiões não urbanizadas ou destinadas à limitação do crescimento
urbano, utilizadas em atividades agropecuárias, agroindustriais, extrativismo, silvicultura e
conservação ambiental. Atualmente, muitas das áreas rurais estão protegidas como área de
conservação, terras indígenas, turismo rural. Zona rural (campo) é o oposto de zona urbana
(região destinada a habitação, trabalho e outras funções básicas da população), ou seja, quando
comparadas à zona urbana, com a zona rural, são muitas vezes caracterizadas como carentes
e precárias. No entanto, no meio rural está presente o conceito de ruralidade, contato com a
natureza e animais, ar puro, sossego, vida tranquila e mais saudável.
4 SEMELHANÇAS OU DIFERENÇAS
Quando for decidir onde morar e qual estilo de vida é apropriado para você, existem
diversos fatores que devem ser considerados, como empregabilidade, interação social e saúde.
Os estilos de vida rural e urbano variam de muitas formas e os indivíduos podem fazer uma
escolha entre os dois baseados naquilo que conhecem de si mesmos e na qualidade de vida
que apreciam.
Já na cidade, geralmente temos algumas das realidades descritas a seguir, que você,
acadêmico, poderá confirmar ou não:
• a esmagadora maioria das pessoas cumpre horários muito rígidos, a oferta de
atividades de ocupação de tempo livre é muito diversificada;
• não há um conjunto de valores comuns, mas uma grande diversidade de hábitos.
Aceita-se a diversidade e valoriza-se o que é moderno;
• cada um sente os seus problemas. As relações entre as pessoas são pouco familiares;
T
• as ruas estão repletas de painéis publicitários e a intensa circulação de automóveis
Ó
P deteriora a qualidade do ar;
I • o ritmo de vida é agitado.
C
O
S O gráfico a seguir nos dá uma visão da evolução da população rural e urbana no Brasil.
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UNIDADE 3 TÓPICO 6 245
FONTE: IBGE. Anuário estatístico do Brasil, 1986, 1990, 1993 e 1997; Censo demográfico, 2000;
Síntese de indicadores sociais, 2007
Ao falar de rural e de urbano é necessário que se tenha claro o que podemos deferir por
rural ou campo e por urbano ou cidade. A vigente definição de cidade é fruto do Estado Novo
e “foi o Decreto-Lei nº 311, de 1938, que transformou em cidade todas as sedes municipais
existentes, independentemente de suas características estruturais e funcionais”. (VEIGA,
2003, p. 1).
Segundo Veiga (2003, p. 2), a partir disso, da noite para o dia, “ínfimos povoados” ou
“simples vilarejos” se tornaram cidades.
Para as futuras cidades seria exigida a existência de pelo menos 200 casas e
para as futuras vilas (sede de distritos) um mínimo de 30 moradias. Mas todas
as localidades que àquela data eram cabeça de município passaram a ser
consideradas urbanas, mesmo que suas dimensões fossem muito inferiores
ao requisito mínimo fixado para as novas. T
Ó
No Brasil, mesmo com diversas modificações posteriores, essa discrepância de divisão P
I
territorial brasileira permanece. Só no ano de 1991 houve mudanças significativas, em que o C
IBGE passou a distinguir três tipos de categorias definidas como urbanas e quatro tipos de O
aglomerados rurais. S
E
Urbanas: áreas urbanizadas e não urbanizadas de acordo com a intensidade
de ocupação humana e áreas urbanas isoladas, definidas pelas leis municipais, S
estando separadas por sede municipal, distrital, área rural ou outros limites P
legais. E
Rurais: aglomerados rurais do tipo extensão urbana, situados fora do perí- C
metro urbano, nem que seja uma extensão de uma cidade com vila; povoado, I
aglomerado rural isolado sem caráter privado ou empresarial que disponha do A
mínimo de serviços e equipamentos e que os moradores exerçam atividades I
econômicas; núcleo aglomerado rural isolado que pertença a um único pro- S
246 TÓPICO 6 UNIDADE 3
Desse modo, em suas análises, Graziano da Silva (1999, p. 1, grifo do autor) tem
enfatizado que:
Dessa forma, crescem cada vez mais atividades de lazer, que buscam um resgate às
tradições culturais de determinadas áreas e valorizam os costumes da vida rural.
5 ECOLOGIA
Nossa casa, a Terra, é formada por vários ecossistemas complexos que apenas existem
porque estão interligados e inter-relacionados, ou seja, não podem viver isoladamente. Quais
são estes ecossistemas?
Fazem parte dos ecossistemas os fatores bióticos e abióticos. Os fatores bióticos são
os que possuem vida, tais como: vegetais, animais e bactérias que interagem e se sustentam
mutuamente. Os fatores abióticos são: água, solo, vento, gelo. A interdependência entre estes
fatores forma os ecossistemas terrestres e aquáticos que sustentam a vida em nosso planeta,
do qual a vida humana faz parte, pois a urbanização e o avanço tecnológico de nossa sociedade
afastaram o ser humano da natureza, criando a falsa ideia de que a humanidade pode viver
sem a natureza.
O planeta Terra tem idade aproximada de 4,5 bilhões de anos. O surgimento da vida
ocorreu 1 bilhão de anos depois, ou seja, há 3,5 bilhões de anos. A espécie humana iniciou
sua evolução entre 2 e 3 milhões de anos.
Entretanto, a humanidade viveu todo este tempo em harmonia com todos os animais
T
e ecossistemas, domesticando alguns, matando outros para sobrevivência; mas jamais Ó
exterminando espécies inteiras como tem ocorrido nas últimas décadas. P
I
C
A humanidade multiplicou-se de forma desordenada, sem medir os impactos sobre os O
ecossistemas naturais. Somos hoje mais de 7 bilhões de pessoas que necessitam se alimentar, S
morar, vestir; e, para manter essas necessidades básicas, além do luxo e desperdício de alguns,
E
precisamos trabalhar para produzir, utilizando as matérias-primas extraídas dos ecossistemas, S
levando à extinção de espécies inteiras de animais e vegetais. P
E
C
Quais as consequências de tamanha devastação e impactos sobre os ecossistemas? I
Já estamos presenciando inúmeras consequências, como o aumento de enxurradas, tufões, A
tornados ou secas prolongadas em regiões de clima úmido. I
S
248 TÓPICO 6 UNIDADE 3
6 ECOSSISTEMA
Sistemas formados pela interação entre os organismos vivos ou bióticos e seu ambiente
abiótico, tais como: solo, água, sol, neve, vento, gelo, formam um biossistema, que abrange
desde sistemas genéticos até sistemas ecológicos.
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FONTE: Odum e Barret (2013, p. 5)
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UNIDADE 3 TÓPICO 6 249
Habitat: é o lugar preciso onde uma espécie vive, isto é, sua morada dentro do
ecossistema que determina o comportamento de sobrevivência e reprodutivo da comunidade T
Ó
(local de abrigo, alimentação e reprodução).
P
I
Biótopo: é a área física na qual determinada comunidade vive. Exemplo: o habitat do C
tucunaré, peixe da Amazônia, ou da traíra. O
S
Nicho ecológico: o nicho ecológico pode ser definido como o total de necessidades E
e condições necessárias à sobrevivência de um organismo. É um espaço n-dimensional, no S
sentido de que há uma infinidade de propriedades envolvidas. (ODUM; BARRET, 2008) P
E
C
Ecótono: é a região de transição entre duas ou mais comunidades/ecossistemas. Nesta I
área de transição (ecótono) encontramos grande número de espécies e, consequentemente, A
grande número de nichos ecológicos. Como exemplo disso podemos citar a mata dos cocais, I
S
250 TÓPICO 6 UNIDADE 3
O que define uma região como floresta equatorial, mata atlântica, deserto, pântano,
T geleira, mar, rio etc., é uma conjuntura de fatores que evolve a latitude, altitude, climas, solo,
Ó regime hídrico. Nenhum destes sistemas é fechado, todos interagem e são interdependentes.
P
I Não é possível destruir um sem afetar toda a ecosfera, ou o planeta como um todo.
C
O A ecologia tem a função de ensinar, por exemplo, que a retirada de recursos naturais do
S
planeta para suprir as necessidades de sobrevivência de mais de 7 bilhões de habitantes está
E ultrapassando a capacidade da natureza de repor o que é tirado. Florestas estão desaparecendo,
S rios secando, chuvas cada vez mais escassas, secas prolongadas.
P
E
C Um ecossistema se alimenta de entradas e saídas, ou seja, uma floresta recebe a luz
I solar das chuvas e os nutrientes da Terra; em contrapartida, esta sustenta a vida de milhares
A
ou milhões de espécies vivas, plantas, animais, incluindo a humana, fornece oxigênio, ajuda
I
S a regular o regime de chuvas etc.
UNIDADE 3 TÓPICO 6 251
Pegada ecológica é um conceito criado para definir a necessidade que cada indivíduo ou
a população de uma região, país ou a humanidade inteira tem de terra, água e outros recursos
naturais para sustentar a geração atual.
Uma razão entre pegada ecológica e biocapacidade do planeta, igual a 1 (um), indica
que a exigência humana sobre os recursos do meio ambiente é reposta em sua totalidade pelo
planeta, devido à capacidade natural de regeneração. Se for menor que 1 (um), indica que o
planeta se recupera mais rapidamente
T
Ó
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FONTE: Prova SEINAES/ ENADE 2014 S
252 TÓPICO 6 UNIDADE 3
Para Odum e Barret (2008), bastaria uma amostra de água de um lago, um punhado
T de lodo do fundo ou solo de um prado para constituir uma mistura de organismos vivos, tanto
Ó de plantas como de animais, além de inúmeros elementos inorgânicos.
P
I
C
O
S 6.3 DIVERSIDADE DO ECOSSISTEMA
E A diversidade do ecossistema pode ocorrer por vários fatores. Entre os mais importantes
S
estão: diversidade genética; diversidade das espécies; diversidade de habitat e diversidade
P
E dos processos funcionais que mantêm os sistemas complexos. (ODUM; BARRET, 2008).
C
I
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S
UNIDADE 3 TÓPICO 6 253
7 OS GRANDES BIOMAS
Uma floresta, como a amazônica, por exemplo, possui grandes comunidades de plantas
e animais influenciados pela latitude, o regime hídrico, solo e altitude, formando assim um
bioma. (ODUM; BARRET, 2008).
O clima, influenciado pela latitude e altitude, é o fator mais importante para determinar
um bioma. Além disso, fatores como regime hídrico e solo são outros elementos que influenciam
ou determinam a formação do bioma em determinada região geográfica.
T
O Cerrado brasileiro, a Savana africana e a Mata Atlântica são exemplos de biomas
Ó
de clima tropical. P
I
C
O Cerrado e a Savana são formados por vegetação arbustiva, intercalada com campos e
O
gramíneas. Já a Mata Atlântica é vegetação de clima tropical úmido, comum no litoral brasileiro. S
E
No clima árido e semiárido aparece vegetação como a caatinga, no Nordeste brasileiro,
S
e vegetação de desertos, como o de Gobi, Saara e do Arizona etc. P
E
C
Os biomas lacustres aparecem em ambientes de transição entre o mar e o continente,
I
tais como mangues, restingas etc. A
I
S
Nas regiões glaciares, nas proximidades do círculo polar, aparece a vegetação de tundra.
254 TÓPICO 6 UNIDADE 3
O clima determina a flora, que por sua vez atrai animais adaptados àquele ambiente.
Sobre estes biomas a civilização se estabeleceu e criou raízes, extraindo os recursos
naturais necessários à sobrevivência.
Cidades, rodovias, portos e aeroportos foram construídos sobre estes biomas, muitos
dos quais foram totalmente destruídos ou existem apenas fragmentos, como a Mata Atlântica
brasileira, da qual hoje restam apenas 7% das áreas originalmente ocupadas por este bioma.
A devastação sobre os biomas e recursos naturais é tão intensa que a ONU criou
E
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UNIDADE 3 TÓPICO 6 255
RESUMO DO TÓPICO 6
• Em geral, o espaço urbano excede os próprios limites da cidade, já que se formam grandes
áreas metropolitanas periféricas agrupadas em seu redor.
• A cidade é uma realidade bastante difícil de definir. Por estranho que possa parecer, não
há nenhuma definição universal de cidade. Cada país adapta os seus critérios de definição.
• Segundo Odum e Barret (2008), “um sistema ecológico ou ecossistema é qualquer unidade
que inclui todos os organismos (a comunidade biótica) em uma dada área interagindo com
o ambiente físico, de modo que um fluxo de energia leve a estruturas bióticas claramente
definidas e à ciclagem de materiais entre componentes vivos e não vivos”.
T
• Pegada ecológica é um conceito criado para definir a necessidade que cada indivíduo ou a Ó
população de uma região, país ou a humanidade inteira tem de terra, água e outros recursos P
naturais para sustentar a geração atual. I
C
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256 TÓPICO 6 UNIDADE 3
ID ADE
ATIV
AUTO
2 (UNIASSELVI) A zona rural é habitada pela população que vive no campo e, por
isso, é chamada de população rural, significando aquilo que é relativo ou pertencente
ao campo. Do ponto de vista conceitual, o termo “meio rural” apresenta características
específicas. Com base nestas características, analise as afirmativas a seguir:
I- A população do meio rural envolve-se com atividades, como comércio, pequenas
indústrias, artesanato, extrativismo.
II- O meio rural resume-se a atividades econômicas relacionadas com a produção de
T
Ó alimentos, sobretudo com o ramo agropecuário.
P III- O meio rural é caracterizado pelo povoamento de uma região que apresenta solos
I
férteis, cuja população subsiste apenas a partir do plantio.
C
O
S Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a afirmativa I está correta.
E b) ( ) Somente a afirmativa III está correta.
S c) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
P d) ( ) As afirmativas II e III estão corretas.
E
C 3 (UNIASSELVI) A zona urbana é caracterizada pela sua relação com a cidade e
I
o modo de vida urbano. De modo geral, apresenta população igual ou superior a
A
I
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UNIDADE 3 TÓPICO 6 257
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UNIDADE 3
TÓPICO 7
1 INTRODUÇÃO
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I
2 QUESTÕES AMBIENTAIS – UMA REFLEXÃO
C
SOCIOAMBIENTAL
O
S
À medida que a população mundial aumenta, cresce também sua capacidade de intervir
E
na natureza na busca de satisfazer suas necessidades e desejos crescentes. Paralelo ao fato,
S
surgem conflitos e tensões quanto ao uso do espaço e dos recursos. P
E
C
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A
I
S
260 TÓPICO 7 UNIDADE 3
IMPO
RTAN
TE!
Recurso é qualquer coisa que podemos obter do meio ambiente para
satisfazer nossas necessidade e demandas. Em geral são classificados
como:
- Renováveis (ar, água, solo, floresta), desde que não os utilizemos mais
rapidamente do que a natureza possa renová-los.
- Não renováveis (cobre, petróleo, carvão), que somente se tornam úteis
após passarem por processos de engenharia tecnológica, como, por
exemplo, o petróleo, que se converte em gasolina, óleo para aquecimento
e outros produtos (MILLER; SPOOLMAN, 2012).
ÇÃO!
ATEN
IMPO
RTAN
T E!
Degradação ambiental: esgotamento ou destruição de um recurso
potencialmente renovável, como solo, pastagem, floresta ou vida selvagem,
que é usado mais rapidamente do que pode ser naturalmente regenerado.
Se tal uso continuar, o recurso torna-se não renovável (em uma escala de
tempo humano) ou inexistente (extinto). (MILLER; SPOOLMAN, 2012).
ÇÃO!
ATEN
O modelo de desenvolvimento econômico, por muitos anos, decorreu como aquele que
valoriza o aumento de riqueza sem preocupação com a conservação dos recursos naturais. Hoje,
a necessidade vital de conservação do meio ambiente aparece em discussão com parâmetros
sobre as formas de viabilizar o crescimento econômico, explorando os recursos naturais de
forma racional, ou seja, sustentável. (SACHS, 2004)
T
Há muitos questionamentos quanto a esse modelo, tais como: É possível atrelar Ó
desenvolvimento e sustentabilidade? E sem o aumento da destruição? De que tipo de P
I
desenvolvimento se fala? Existe desenvolvimento sustentável ou é um mito? (MONTIBELLER- C
FILHO, 2004). O
S
3 SUSTENTABILIDADE: SURGIMENTO
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UNIDADE 3 TÓPICO 7 263
FONTE: Os autores
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3.1 RELATÓRIO BRUNDTLAND OU P
“NOSSO FUTURO COMUM” I
C
O
A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento recomendou que S
se criasse uma nova declaração universal sobre a proteção ambiental e o desenvolvimento
E
sustentável. De tal forma, esse documento foi elaborado e intitulado Relatório Brundtland,
S
também conhecido como “Nosso Futuro Comum”. O relatório trouxe à comunidade global o P
conceito de desenvolvimento sustentável e delineou medidas propostas para integrar a questão E
C
ambiental e o desenvolvimento econômico (CMMAD, 1991). Dentre as medidas propostas no
I
Relatório podemos citar: A
I
S
264 TÓPICO 7 UNIDADE 3
3.2 AGENDA 21
A “Agenda 21” criada pela Cúpula da Terra, organizada pela ONU em 1992, é utilizada
no mundo todo para nortear discussões de políticas públicas e também para ser um “guia para o
planejamento de ações locais que fomentem um processo de transição para a sustentabilidade”,
conforme relatado pela ONU.
erradicação da pobreza; e
IMPO
RTAN
TE!
A conferência foi intitulada como “Rio + 20” porque marca o vigésimo
aniversário da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92).
UNI
4 SUSTENTABILIDADE: CONCEITUAÇÃO
Conforme você pode perceber, o ONU não trata de sustentabilidade como termo
isolado, e sim agregado ao desenvolvimento e com esse os demais índices, por isso a tem
como desenvolvimento sustentável, mas o contexto conceitual da sustentabilidade não para por
aqui. A sustentabilidade está alicerçada em pilares centrais, os quais veremos a partir desse
momento, ampliando assim seu entendimento sobre esse tema.
T
Ó
P
I
C
FONTE: Disponível em: <http://www.santacruz.br/v4/download/revista-academica/13/cap5.pdf>.
O
Acesso em: 20 mar. 2013.
S
E Vamos nos aprofundar mais a respeito das dimensões identificadas nessa figura que
S alicerçam o desenvolvimento sustentável (SACHS, 2002). Vamos abordar os seguintes pontos:
P
econômico, social, ambiental, cultural, espacial, político e psicológico.
E
C
I • Sustentabilidade econômica (conhecida pelo dito popular economicamente viável):
A significa uma alocação eficiente dos recursos, respeitando o meio ambiente e o
I
S bem-estar das pessoas. A principal medida dessa dimensão é dada justamente por
UNIDADE 3 TÓPICO 7 267
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268 TÓPICO 7 UNIDADE 3
E
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UNIDADE 3 TÓPICO 7 269
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FONTE: Adaptado de Louette (2007) C
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270 TÓPICO 7 UNIDADE 3
O Pacto Global adotou dez princípios universais, derivados dos direitos humanos,
dos direitos do trabalho e do conceito de sustentabilidade, que fazem parte da Declaração
Universal de Direitos Humanos, da Declaração da Organização Internacional do Trabalho, da
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992) e de Copenhague (2004).
Os dez princípios do Pacto Global constam na Figura 50.
socioambiental
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P 5.2 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO
I DO MILÊNIO - ODM
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S É uma ferramenta estabelecida na forma de um documento que estabelece um conjunto
de oito objetivos, 18 metas e 48 indicadores para o desenvolvimento e a erradicação da pobreza
E
em todos os países do mundo. Esses devem ser cumpridos até 2015, conforme definido pelos
S
P países membros da ONU no ano de 2000. (LOUETTE, 2007).
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UNIDADE 3 TÓPICO 7 271
UNI
Os seis gases de efeito estufa monitorados pelo Protocolo de Quioto
são: o dióxido de carbono (CO2); metano (CH4); óxido nitroso (N2O);
hidrofluorocarbonos (HFCs); perfluorocarbonos (PFCs); e hexafluoreto de
enxofre (SF6).
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A!
NOT S
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O IPCC é o principal organismo internacional responsável pelas pesquisas
e informações sobre a evolução das mudanças climáticas no mundo, seus C
potenciais impactos ambientais e socioeconômicos. Foi estabelecido pela I
Organização das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) e a Organização A
Meteorológica Mundial (OMM). I
S
272 TÓPICO 7 UNIDADE 3
A ABNT NBR ISO 14064 é uma série de normas que estabelecem diretrizes e
procedimentos para ações, a saber:
• Projetos MDL: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
• Inventários de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE): documento que relata as
fontes e sumidouros de gases de efeito estufa e quantifica-os em uma organização.
• Projetos de redução de emissões de gases e a verificação e gestão dos GEE.
NOT
A!
MDL: projetos previstos no Protocolo de Kyoto, criados para ajudar os
países Anexo I (países desenvolvidos com grandes emissões de GEE
históricas e que aderiram ao Protocolo de Kyoto) a atingirem suas metas
de reduções de emissões de gases de efeito estufa a menores custos
e com maior efetividade. Os projetos de reduções de emissões de GEE
são realizados em Países Não Anexo I (países em desenvolvimento com
reduzida emissão histórica de GEE) sendo financiados pelos Países
Anexo I, por meio da compra dos créditos de carbono (valor monetário
correspondente a um volume determinado de emissões de GEE que são
reduzidos por meio da implementação de Projetos MDL).
LEITURA COMPLEMENTAR
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UNIDADE 3 TÓPICO 7 273
Apenas a polícia brasileira foi responsável por seis mortes por dia, em 2013, reflexo da
ideologia militar da corporação, segundo o relatório da Comissão. Hoje, o Brasil é responsável
por um em cada dez homicídios no mundo.
"A Polícia Militar tem uma organização e formação preparada para a guerra contra um
inimigo interno e não para a proteção. Desse modo, não reconhece na população pobre uma
cidadania titular de direitos fundamentais, apenas suspeitos que, no mínimo, devem ser vigiados
e disciplinados, porque assim querem os sucessivos governantes, ontem e hoje." Essa é a
conclusão do capítulo sobre a militarização da polícia brasileira, presente no relatório final da
Comissão da Verdade "Rubens Paiva", divulgado nesta quinta-feira 12.
Uma das causas deste cenário de caos reside, segundo o relatório, na incapacidade
da Polícia Militar se adaptar ao regime democrático. "A Polícia Militar foi e continua sendo
um aparelho bélico do Estado, empregada pelos sucessivos governantes no controle de seu
inimigo interno, ou seja, seu próprio povo, ora conduzindo-o a prisões medievais, ora produzindo T
uma matança trágica entre os residentes nas periferias das cidades ou nas favelas", afirma o Ó
texto. Segundo o documento, a concepção militar da polícia é voltada para o controle político P
I
e não para a prevenção da violência e criminalidade. A avaliação do relatório é reforçada por C
levantamentos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Anistia Internacional. Segundo O
estas organizações, a polícia brasileira matou, em média, seis pessoas por dia, em 2013. No S
ano anterior, 30 mil jovens brasileiros foram mortos, sendo 77% deles negros. E
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A alta letalidade policial e suas práticas repressivas não foram, no entanto, as únicas P
E
marcas deixadas pela ditadura na gestão da segurança pública brasileira. Em depoimento C
prestado à Comissão, o ex-funcionário da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Luiz I
Eduardo Soares, revelou que até meados dos anos 2000, policiais militares ainda recebiam A
I
aulas de tortura nas corporações. "Nós nos esquecemos de que a transição (democrática) S
274 TÓPICO 7 UNIDADE 3
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S Ao todo, estima-se que os custos ligados à violência, em 2013, giraram em torno
P de 258 bilhões de reais, sendo que a maior decorreu da perda do capital humano, com mortes
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C e invalidez, representando 114 bilhões de reais.
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Em 1969, o presidente ditador Costa e Silva, outra vez por meio de decreto, reorganiza
as polícias militares. No mesmo ano, tem início a Operação Bandeirante, um órgão de
repressão política criado por acordo entre as Forças Armadas e a Polícia Militar paulista, sob
ordem do governo estadual e com apoio político e material de empresários. No ano seguinte,
a relação entre militares e policiais militares se intensifica e cria-se o DOI-Codi (Destacamento
de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), que posteriormente
terá sua atuação nacionalizada com órgãos semelhantes fora do Estado de São Paulo.
Segundo o relatório, é neste bojo que acontece a unificação da Força Pública e Guardas
Civis Estaduais, consolidando a Polícia Militar como a conhecemos hoje. "[Graças ao] golpe
dentro do golpe [AI-5] que se militarizam ao extremo as forças de segurança, centraliza-se o
comando, o controle, a coordenação do sistema", diz o relatório.
RESUMO DO TÓPICO 7
• Recurso é qualquer coisa que podemos obter do meio ambiente para satisfazer nossas
necessidades e demandas. Em geral são classificados como renováveis (ar, água, solo,
floresta) e não renováveis (cobre, petróleo, carvão).
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IDADE
ATIV
AUTO
1 A sustentabilidade não está atrelada unicamente à área ambiental e sim essa somada
ao equilíbrio dinâmico do conjunto das relações sociais, econômicas, culturais, espaciais e
psicológicas, ou seja, é esse conjunto que alicerça o desenvolvimento sustentável de fato.
Com relação às diretrizes e ferramentas que auxiliam as organizações a desenharem seu
caminho para o desenvolvimento sustentável, relacione as colunas:
Ferramenta para desenvolvimento de inventários
A – PACTO GLOBAL ( ) de emissões de gases de efeito estufa e projetos
para sua mitigação.
Estabelece um conjunto de objetivos para o
B – PROTOCOLO DE
( ) desenvolvimento e a erradicação da pobreza no
KYOTO
mundo.
Resposta às ameaças que assolam o planeta,
C - AGENDA 21
( ) principalmente com a terra, como forma de se pensar
articuladamente os muitos problemas socioambientais.
D- RELATÓRIO Compromissos com a redução das emissões dos
( )
BRUNDTLAND gases que provocam o efeito estufa.
Diretriz utilizada no mundo todo para nortear
discussões de políticas públicas, sendo um
E – RIO+20 ( ) “guia para o planejamento de ações locais que
fomentem um processo de transição para a
sustentabilidade”.
Conferência em que ocorreu a renovação do
F – NBR ISO 14064 ( ) compromisso político com o desenvolvimento
sustentável.
Ferramenta ou acordo para empresas que pretende T
G - CARTA DA TERRA conciliar a força do mercado aos ideais dos direitos Ó
( ) P
humanos, levando-se em conta os impactos sociais e
I
ambientais. C
Relatório que trata da declaração universal O
H – METAS DO MILÊNIO ( ) sobre a proteção ambiental e o desenvolvimento S
sustentável (Nosso Futuro Comum).
E
S
2 O termo sustentabilidade é flexível, dinâmico e não consensual na academia. Em P
meio às inúmeras definições e controvérsias do termo, esse ainda possui um sentido E
C
próprio, o qual nós (empresas, organizações, sociedade) buscamos alcançar. Fale a
I
respeito de seu real significado. A
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IAÇÃO
AVAL
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