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Universidade Federal de Santa Catarina - Centro Tecnológico, de Ciências

Exatas e Educação - Coordenadoria Especial de Engenharia de Materiais


BLU2205 - Fundamentos de Estrutura e Microestrutura de Materiais
Monitora: Adriana Melissa Zabel - 2020.2
Supervisão: Prof. Cristiano da Silva Teixeira

RESUMO CAPÍTULO 5 (Callister e Rethwisch - 2012):


Difusão
OBS.: No livro “Uma abordagem integrada” este é o capítulo 6.

Quando se deseja transferir massa a partir de um líquido, gás ou até mesmo por uma
fase sólida, para o interior de um material, usamos a difusão. Difusão é um transporte de
matéria por movimentos atômicos. Ela ocorre em altas temperaturas, porém a temperaturas
abaixo da fusão, e fica durante o tempo determinado para ocorrer as transferências. Após, o
material é resfriado até a temperatura ambiente. Um exemplo do que acontece na difusão é
mostrado na Figura 1.

Figura 1: Representação de uma liga Cu-Ni em processo de difusão.

Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.106).

A interdifusão é quando ocorre a difusão de um material x para o interior de um


material y. Já a autodifusão, ocorre em metais puros, e neste caso são os próprios átomos do
metal que mudam de posição.

5.1 MECANISMO DE DIFUSÃO


Para que ocorra a difusão, devem ser atendidos dois requisitos: (1) deve existir um
espaço adjacente vazio e (2) o átomo tem que possuir uma energia suficiente para romper as
ligações dos átomos vizinhos e causar uma distorção na rede cristalina no seu deslocamento.
As duas formas dominantes nos metais para a difusão são: lacunas e intersticiais.
Este trabalho foi produzido com o único e exclusivo fim de auxiliar o acompanhamento dos estudantes da
disciplina BLU2205 no período 2020.2 - Período Suplementar Excepcional. Qualquer utilização fora deste
contexto está expressamente proibida.
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Na difusão por lacunas, os átomos migram de uma posição normal para uma posição
seguinte, que está vazia, uma lacuna na rede cristalina (Figura 2). Assim, os átomos de
impureza substituem os átomos hospedeiros. A auto e a interdifusão ocorrem por este meio.

Figura 2: Exemplo de difusão por lacunas.

Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.107).

Já na difusão intersticial, o átomo migra de um interstício para outro interstício vago


(Figura 3). Ocorre na interdifusão, com a difusão de átomos de impureza como carbono,
hidrogênio, nitrogênio e oxigênio, pois são átomos pequenos que conseguem se deslocar nos
interstícios.
Figura 3: Exemplo de difusão por interstícios.

Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.107).

Este trabalho foi produzido com o único e exclusivo fim de auxiliar o acompanhamento dos estudantes da
disciplina BLU2205 no período 2020.2 - Período Suplementar Excepcional. Qualquer utilização fora deste
contexto está expressamente proibida.
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5.2 DIFUSÃO EM REGIME ESTACIONÁRIO


Até agora, pode-se perceber que a difusão depende do tempo. Na maioria dos casos é
necessário calcular quão rápido ocorre a difusão, ou seja, a taxa de tranferência de massa.
Esta taxa geralmente é chamada de fluxo difusional (J), e pode ser calculado segundo a
Fórmula 1:
M
J= A.t (Fórmula 1)
Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.107).
onde, J: fluxo difusional (kg/m².s ou átomos/m².s);
M: massa de material em difusão;
A: área da seção transversal perpendicular à direção da difusão;
t: tempo do processo de difusão.

Na forma diferencial, a Fórmula 1 torna-se:


1 dM
J= A dt (Fórmula 2)
Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.107).

Para os casos que o fluxo difusional permanece constante com o tempo, temos a
Difusão em Regime Estacionário.
Quando representamos a concentração em função da posição no interior de um sólido
x, temos uma curva que é chamada de perfil de concentração (Figura 4). A inclinação desta
curva se chama gradiente de concentração (Fórmula 3).

Figura 4: Exemplo de perfil gradiente.

Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.108).

dC
g radiente de concentração = dx (Fórmula 3)
Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.107).

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No caso da Figura 4, temos um padrão linear, assim o gradiente fica:

ΔC C a −C b
g radiente de concentração = Δx
= xa −xb
(Fórmula 4)
Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.107).

Então, o equacionamento matemático do processo de difusão em Regime Estacionário


na direção x, é:
dC
J = −D dx (Fórmula 5)
Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.107).
e muitas vezes esse equacionamento é chamado de Primeira Lei de Fick.

5.3 DIFUSÃO EM REGIME NÃO ESTACIONÁRIO


A grande parte dos materiais tem sua difusão ocorrendo em Regime Não
Estacionário. Neste regime, o fluxo difusional e o gradiente de concentração, em um ponto x
no interior do material, não permanecem constantes durante o tempo (Figura 5).

Figura 5: Concentrações na difusão em regime não estacionário.

Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.109).

Neste caso, a Fórmula 5 já não é mais útil, e sim a equação diferencial parcial. Essa é
conhecida como a Segunda Lei de Fick.:
∂C ∂
∂t
= x
(D ∂C
∂x
) (Fórmula 6)
Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.109).

Este trabalho foi produzido com o único e exclusivo fim de auxiliar o acompanhamento dos estudantes da
disciplina BLU2205 no período 2020.2 - Período Suplementar Excepcional. Qualquer utilização fora deste
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a equação pode ser simplificada, se acaso o coeficiente de difusão for independente da


composição, para:
∂C ∂²C
∂t
= D ∂x²
(Fórmula 7)
Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.109).

Quando a condição de contorno é: “a composição na superfície ser constante”, uma


solução prática é a do sólido semi-infinito. O sólido semi-infinito é uma barra que nenhum
dos átomos, em difusão, chega a atingir a sua extremidade enquanto acontece o processo de
difusão.
No processo de difusão geralmente o componente que se difunde no material é um
gás, cuja pressão parcial é constante. Então, são realizadas algumas hipóteses para a solução:
  →  Todos os átomos do soluto em difusão devem estar distribuídos de maneira uniforme
antes da difusão, com uma concentração C0;
→ O valor de x é zero e cresce com o aumento da distância para o interior do sólido
→ O tempo zero é o instante anterior ao início do processo de difusão.

Aplicando esse conceitos na Fórmula 7, temos:


Cx − C0
Cs − C0
= 1 − erf ( x ) (Fórmula 8)
2√Dt
Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.110).

onde: Cx: concentração em um posição x após um tempo t;


Cs: concentração na superfície;
C0: concentração inicial do material antes da difusão;
x: distância medida na direção da difusão;
D: coeficiente de difusão;
t: tempo do processo de difusão.

x
A expressão erf ( ) é a função “erro de Gauss”. Os valores desta função são
2√Dt
mostrados na Figura 6:

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Figura 6: Valores tabulados para a função Erro de Gauss.

Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.110).

x
onde: z: é ( ).
2√Dt

5.4 FATORES QUE INFLUENCIAM A DIFUSÃO


➢ Espécie em Difusão
Tanto a espécie que será difundida, quanto o material hospedeiro influencia no
coeficiente de difusão. E é este coeficiente que mostra a taxa na qual os átomos se difundem,
por isso a espécie influência na difusão.
➢ Temperatura
Já a temperatura é mais influente do que a espécie. Ela altera mais os coeficientes e as
taxas de difusão. Essas dependências podem ser estabelecidas na Fórmula 9:
Qd
D = D0 .exp(− RT
) (Fórmula 9)
Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.112).

onde: D0: constante pré-exponencial independente da temperatura (m²/s);


Qd: energia de ativação da difusão (J/mol ou eV/átomo);
R: constante dos gases (8,31 J/mol.K ou 8,62x10-5 eV/átomo.K);
T: temperatura absoluta (K);
exp: função ex.

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A energia de ativação é a energia necessária para que ocorra a movimentação difusiva


de um mol de átomos.
Tirando os logaritmos naturais (Fórmula 10), e na base 10 (Fórmula 11) da Fórmula 8,
temos:
Qd 1
ln D = ln D0 − ( )
R T
(Fórmula 10)

Qd 1
log D = log D0 − ( )
2,3R T
(Fórmula 11)
Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.113).

Na Figura 7, estão presentes alguns dados, de difusão, importantes.

Figura 7: Valores tabulados para a Difusão.

Fonte: Callister e Rethwisch (2012, p.113).

REFERÊNCIAS

CALLISTER JR, William D,; RETHWISCH, David G.. Ciência e Engenharia de


Materiais: Uma introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 817 p.

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