No consenso comum, Alma e Espírito constituem um só elemento da
vida humana. Entre alguns vernaculistas, são sinônimos, talvez por pertencerem à área das formas abstratas, subjetivas. Consoante a “Ciência das Idades”, são elementos distintos, em funções e estruturas, funcionando em planos diferentes. O Professor Henrique José de Souza, falando aos jovens da SBE, em fevereiro de 1963, ensinou-lhes: “Alma é o Caráter e o Espírito é outra coisa, mais transcendental. Disse, ainda, Deus é a Idéia, Inteligência é o Espírito no Homem, e, a Alma, naturalmente, é a estrutura psíquica (o caráter). PLUTARCO – em sua monumental OBRA ÍSIS e OSIRIS – escreveu: “Erram, grandemente, os que confundem o Espírito ou Inteligência (NOUS) com a Alma (PSYQUÊ). Não menos erram os que confundem a Alma (Psyquê) com o Corpo (SOMA). Da união do Espírito com a Alma nasce a razão; da união da Alma com o corpo nasce a paixão. D’Aqueles três elementos, a Terra deu o Corpo; a Lua deu a Alma e o Sol deu o Espírito, por onde o Homem justo, consciente de todas as coisas, é, por sua vez durante a Vida física, uma habitante da Terra, da Lua e do Sol” Terra togit carnem: Turulus circunvolat Umbra: Orcus habet. Manes: Espiritus astra potit. Conforme os conhecimentos da “Ciência das Idades” – repetimos – há dois elementos que fazem a perfeita distinção entre os Seres humanos e dos demais pertencentes aos outros reinos (mineral, vegetal, animal), estes dois elementos são denominados de Individualidade e Personalidade. A Individualidade é constituída, digamos assim, de uma argila subjetiva, cósmica, de energia de natureza inteligente, de natureza espiritual. A Personalidade é formada de uma energia de natureza emocional e mental concreto. A Personalidade é de natureza transitória, mutável, transformadora, sujeita, portanto, ao aprimoramento através dos Ciclos. Aquela é de natureza mais permanente, mais durável, logo, é constituída de uma energia de maior freqüência vibratória, mais difícil de sofrer o processo de desassociação. De acordo com os ensinamentos teosóficos, a Personalidade, senão a Alma está em perfeita relação com os termos: Anima, animam, animal, animismo. Surgiram dessas expressões as manifestações de natureza anímica (o espiritismo). Os teósofos classificam a Alma, a Personalidade, como sendo constituída das estruturas física, vital, emocional e mental concreto. A estrutura física compreende os elementos, ou sistemas: Ósseo, nervoso, circulatório, respiratório, glandular. A estrutura vital é formada pelo duplo etérico, da vida, do jiva, da vitalidade que alimenta o corpo físico (prana). É pois considerada como a contraparte do corpo físico denso. A estrutura emocional, nos seus diversos aspectos, compõem-se dos elementos: sensoriais, instintivos e emocionais propriamente ditos. A estrutura Mental- concreto é formada da Inteligência Concreta (Kama-Manas ou Inteligência em função das necessidades fisiológicas). Esta estrutura mental-concreta é formada, pelas imagens que surgem através dos acontecimentos diários. A imagem é a expressão sintética dos acontecimentos da vida, vivificada pela imaginação que conduz a criatura humana ao plano da intuição íntima, logo, a um plano superior, a uma outra dimensão. O Espírito tem como veículo manifestativo o pensamento, a inteligência; enquanto que a Alma tem como veículo o poder emocional através das suas diversas modalidades. De modo que poderíamos considerar como Alma o conjunto dos arquétipos, tendências adquiridas pelo corpo emocional, pela consciência emocional, pela sensibilidade. O Espírito é constituído pelos valores da inteligência pura, pelo poder criador do pensamento positivo. Por exemplo: A Alma registra as experiências passadas e o Espírito registra as do futuro, as do vir a ser. Isso equivale a dizer: A Alma é constituída das tendências arquetipais. O Espírito corresponde à faculdade, o poder, o processo de se construir no presente, as tendências, os atributos do futuro. Por isso somos filhos da Alma pelas tendências arquetipais, e, no presente, nos tornamos Pais (criadores) das tendências do futuro. As tendências da Alma, lunares, portanto, mantém a criatura humana num estado de ser, conservador, saudosista, rotineiro, conformista, instintivo, e sempre ligados ao passado, às coisas, aos sentimentos do passado. A Alma faz parte, realmente, da estrutura psíquica das criaturas humanas, dando origem ao aspecto sentimental, temperamental. Nosso atavismo psíquico está gravando no subconsciente, logo, poderá aflorar, vir à tona, forçado por elementos externos: hipnotismo, anestesia, alcoolismo. No ponto de vista normal que acontece às Almas, às criaturas humanas? Quando passam pelo fenômeno da morte, segundo os conhecimentos da “Ciência das Idades”, a mecanogêse é a seguinte: as estruturas física e vital, por serem mais grosseiras, menos duráveis, de menor freqüência vibratória, desfazem-se no cemitério, desassociam-se mais rapidamente, permanecendo as experiências emociono-mentais concretas (emocional e mental concreto). As experiências emociono-mentais concretas são formadas pelas imagens, pelos acontecimentos. Permanecem sem dúvida com a forma do corpo físico. Ficam como que personificadas astralmente, perambulando pelo espaço infinito, sem rumo, como se fossem folhas secas, desgarradas da árvore, levadas pelas correntes aéreas. Ficam, pois, vivendo de acordo com a intensidade emocional, senão, conforme os hábitos criados quando possuía o corpo físico ou as estruturas mencionadas anteriormente. Por exemplo: se viveu muito tempo numa casa, de sua propriedade, com amor, com capricho, fazendo melhoramentos, criou, logicamente, novos hábitos, nova estrutura, novo corpo emocional, não previsto pelo destino, pelo Karma de quando nasceu. A Alma ficou, todavia, com mais elementos na sua constituição psíquica. Mas quando se desfizeram as estruturas físico-vitais, no cemitério, logo perdem (ou perde) a âncora, o ponto de apoio a gravidade, volve, sem dúvida, a viver onde tinha seus últimos hábitos, mantendo o sentimento de que continua sendo proprietário da casa agindo nos moradores o mesmo capricho e cuidado, fica tomando parte na vida emocional dos herdeiros da casa, dos amigos. Se pelo corpo emocional sente que os herdeiros, os novos donos querem vendê-la, desfazer dela, manifesta-se no emocional do falecido uma reação de contrariedade, de descontentamento. Outro exemplo: se um médico continua, através do corpo psíquico de um médium, usar o receituário que era usado durante a vida profissional, o faz com medicamentos de sua época. Quando o médium receita elementos modernos: terramicina, penicilina, ou outro qualquer medicamento de nossos dias, fora, portanto, da época da vida do médico extinto, é falso, é imaginação, é embuste do médium. As Almas, pois, vivem em ambiência terrena ao lado dos denominados vivos; nas casas onde habitaram por muito tempo, nos velhos engenhos, nas masmorras do tempo colonial, nos velhos escritórios, ou seja, na ambiência da face da Terra. São estas estruturas psíco-mentais (almas penadas) que se manifestam nas Sessões anímicas, de incorporações, de materializações. Se isso acontece, é natural, que haja uma perfeita identidade entre as estruturas emociono-mentais do médium com as do morto, com a alma. De modo que o médium não ouve, propriamente, uma linguagem falada, usa, pois, uma linguagem sentida, vinda através da parte sensorial, do ectoplasma. Para o médium é um prejuízo evolucional, porque se trata de uma interferência na sua constituição psíquico-mental. Quem possuir um bom estofo mental não será médium, não desenvolverá a mediunidade. As tradições hindus dão-lhes a classificação de KÂMA-RUPA. KÂMA – quer dizer desejos instintivos, inferiores, sexuais, faculdades anímicas. RUPA – quer dizer, corpo, forma. KÂMA-RUPA – é o corpo dos desejos, os desejos com formas, os desejos em ação. LOKA – é lugar, equivale aos termos portugueses: Loca, toca, tocaia. KAMA-LOKA – é o lugar do Plano Astral, do Plano emocional onde vivem, onde habitam as almas. O Mundo dos Kama-Rupas, das Almas desencarnadas, tal como dizem as escrituras sagradas – refere-se à região do astral, dos ensinamentos teosóficos, espíritas, do plano dos mortos. Nesse plano permanecem como almas durante muito tempo, milhares, centenas de milhares de anos, posto que fora do corpo, da forma, da limitação, não têm noção do Espaço, nem do tempo. Nesse plano dos mortos permanecem até desaparecer os elementos, as imagens passionais que integram o corpo anímico e que são de natureza do Mundo das paixões. Muitas vezes as almas ficam ligadas às criaturas humanas por vários motivos com os quais contraíram Karma de afetividade, de convivência, de longa amizade; se houve um assassinato entra em jogo o Karma, a vítima fica ligada à parte psíquica do que a assassinou, entra, também, em jogo a Lei da afinidade, da Lei da responsabilidade. ALMA – do latim – Princípio vital, PSYQUÊ – dos gregos; O Nephesph dos hebreus, o sopro que anima toda a vida. Entre teósofos é menos (mental inferior), o elemento entre o Ego, o Espírito divino no Homem e sua Personalidade inferior. É a experiência adquirida pelos três veículos inferiores do homem-denso, grosseiro, senão, os corpos físico, vital e os corpos de desejos, o corpo emocional. Essas experiências são extraídas pelas Consciências e pelo Ego para a próxima encarnação. Por isso dizem: a Alma é tríplice: Emocional, Intelectual e Consciente. A Alma – Nephesph dos hebreus, Psyquê dos gregos – segundo a Bíblia é o princípio vital-emocional, o corpo da vida que o animal possui: desde o infusório até o animal racional: o Homem. A Bíblia traduz essa expressão como sendo: Vida, Sangue e Alma, ou seja, a força psíco- dinâmica funcionando nos três planos da manifestação ou três planos distintos. Correspondem aos acontecimentos registrados pelas nossas Consciências: Física, Psíquica e Espiritual. As Almas podem ser orientadas por aqueles que, em quarta dimensão, conhecedores de determinadas leis ligadas ao conceito das Leis do Karma e Reencarnação podem conduzi-las a tomarem novas formas físicas, novas encarnações; e, neste caso, agem como agentes arquetipais de uma velha para uma nova encarnação. Este fato deu origem, por assim dizer, às tendências vocacionais. Dá origem ao interesse para se dedicar a alguma coisa. Conforme as tradições transhymalaianas um conjunto de almas, de Kama-Rupas, podem formar o plasma psíquico que vai constituir a nova Alma, a nova personalidade, com várias tendências, com vários temperamentos. A Alma será como se fosse um corpo químico com várias propriedades. Na alma há várias propriedades, vários atributos, os quais vão se desabrochando com o desenvolvimento biológico e com o progresso espiritual. A alma geralmente projeta suas tendências em relação ao futuro, à sua próxima encarnação, no momento do último suspiro, nos derradeiros minutos de vida. Por isso não se deve fazer gritaria na cabeceira de um moribundo. PRINCÍPIO KAMARRÚPICO ou PRINCÍPIO ANÍMICO – é a alma animal, anima (Kama-Manas) o quarto princípio no homem, veículo da inteligência inferior. Num conjunto forma a personalidade e a natural inteligência cerebral que se alucina pela falaz função da existência e, geralmente, cai no egoísmo. A VOZ POPULAR ANUNCIA – Sua Alma sua palma, cuja sentença popular significa que cada criatura humana receberá o prêmio ou o castigo correspondente ao bem ou ao mal que pratica. Nessa sentença, a voz popular está ensinando a Lei do Karma, a Reencarnação, o que equivale a dizer: a Alma é mutável, reencarnante até conseguir ajustar, perfeitamente, todos os veículos, todas as estruturas: desde a física até a espiritual, senão, a conquista da imortalidade Eucarística da supervivência, da iluminação, no plano físico, no plano da forma.