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ALMA E ESPÍRITO - Diferenciação

Prof. Sebastião Vieira Vidal

No consenso comum, Alma e Espírito constituem um só elemento da


vida humana. Entre alguns vernaculistas, são sinônimos, talvez por
pertencerem à área das formas abstratas, subjetivas.
Consoante a “Ciência das Idades”, são elementos distintos, em
funções e estruturas, funcionando em planos diferentes.
O Professor Henrique José de Souza, falando aos jovens da SBE,
em fevereiro de 1963, ensinou-lhes: “Alma é o Caráter e o Espírito é outra
coisa, mais transcendental. Disse, ainda, Deus é a Idéia, Inteligência é o
Espírito no Homem, e, a Alma, naturalmente, é a estrutura psíquica (o
caráter).
PLUTARCO – em sua monumental OBRA ÍSIS e OSIRIS – escreveu:
“Erram, grandemente, os que confundem o Espírito ou Inteligência (NOUS)
com a Alma (PSYQUÊ). Não menos erram os que confundem a Alma
(Psyquê) com o Corpo (SOMA). Da união do Espírito com a Alma nasce a
razão; da união da Alma com o corpo nasce a paixão. D’Aqueles três
elementos, a Terra deu o Corpo; a Lua deu a Alma e o Sol deu o Espírito,
por onde o Homem justo, consciente de todas as coisas, é, por sua vez
durante a Vida física, uma habitante da Terra, da Lua e do Sol”
Terra togit carnem: Turulus circunvolat Umbra: Orcus habet.
Manes: Espiritus astra potit.
Conforme os conhecimentos da “Ciência das Idades” – repetimos – há
dois elementos que fazem a perfeita distinção entre os Seres humanos e
dos demais pertencentes aos outros reinos (mineral, vegetal, animal),
estes dois elementos são denominados de Individualidade e
Personalidade. A Individualidade é constituída, digamos assim, de uma
argila subjetiva, cósmica, de energia de natureza inteligente, de natureza
espiritual. A Personalidade é formada de uma energia de natureza
emocional e mental concreto. A Personalidade é de natureza transitória,
mutável, transformadora, sujeita, portanto, ao aprimoramento através dos
Ciclos. Aquela é de natureza mais permanente, mais durável, logo, é
constituída de uma energia de maior freqüência vibratória, mais difícil de
sofrer o processo de desassociação.
De acordo com os ensinamentos teosóficos, a Personalidade, senão a
Alma está em perfeita relação com os termos: Anima, animam, animal,
animismo. Surgiram dessas expressões as manifestações de natureza
anímica (o espiritismo).
Os teósofos classificam a Alma, a Personalidade, como sendo
constituída das estruturas física, vital, emocional e mental concreto. A
estrutura física compreende os elementos, ou sistemas: Ósseo, nervoso,
circulatório, respiratório, glandular. A estrutura vital é formada pelo duplo
etérico, da vida, do jiva, da vitalidade que alimenta o corpo físico (prana). É
pois considerada como a contraparte do corpo físico denso. A estrutura
emocional, nos seus diversos aspectos, compõem-se dos elementos:
sensoriais, instintivos e emocionais propriamente ditos. A estrutura Mental-
concreto é formada da Inteligência Concreta (Kama-Manas ou Inteligência
em função das necessidades fisiológicas). Esta estrutura mental-concreta
é formada, pelas imagens que surgem através dos acontecimentos diários.
A imagem é a expressão sintética dos acontecimentos da vida, vivificada
pela imaginação que conduz a criatura humana ao plano da intuição
íntima, logo, a um plano superior, a uma outra dimensão.
O Espírito tem como veículo manifestativo o pensamento, a inteligência;
enquanto que a Alma tem como veículo o poder emocional através das
suas diversas modalidades.
De modo que poderíamos considerar como Alma o conjunto dos
arquétipos, tendências adquiridas pelo corpo emocional, pela consciência
emocional, pela sensibilidade. O Espírito é constituído pelos valores da
inteligência pura, pelo poder criador do pensamento positivo. Por exemplo:
A Alma registra as experiências passadas e o Espírito registra as do futuro,
as do vir a ser. Isso equivale a dizer: A Alma é constituída das tendências
arquetipais. O Espírito corresponde à faculdade, o poder, o processo de se
construir no presente, as tendências, os atributos do futuro. Por isso
somos filhos da Alma pelas tendências arquetipais, e, no presente, nos
tornamos Pais (criadores) das tendências do futuro.
As tendências da Alma, lunares, portanto, mantém a criatura humana
num estado de ser, conservador, saudosista, rotineiro, conformista,
instintivo, e sempre ligados ao passado, às coisas, aos sentimentos do
passado. A Alma faz parte, realmente, da estrutura psíquica das criaturas
humanas, dando origem ao aspecto sentimental, temperamental. Nosso
atavismo psíquico está gravando no subconsciente, logo, poderá aflorar,
vir à tona, forçado por elementos externos: hipnotismo, anestesia,
alcoolismo.
No ponto de vista normal que acontece às Almas, às criaturas
humanas?
Quando passam pelo fenômeno da morte, segundo os conhecimentos
da “Ciência das Idades”, a mecanogêse é a seguinte: as estruturas física e
vital, por serem mais grosseiras, menos duráveis, de menor freqüência
vibratória, desfazem-se no cemitério, desassociam-se mais rapidamente,
permanecendo as experiências emociono-mentais concretas (emocional e
mental concreto). As experiências emociono-mentais concretas são
formadas pelas imagens, pelos acontecimentos. Permanecem sem dúvida
com a forma do corpo físico. Ficam como que personificadas astralmente,
perambulando pelo espaço infinito, sem rumo, como se fossem folhas
secas, desgarradas da árvore, levadas pelas correntes aéreas. Ficam,
pois, vivendo de acordo com a intensidade emocional, senão, conforme os
hábitos criados quando possuía o corpo físico ou as estruturas
mencionadas anteriormente. Por exemplo: se viveu muito tempo numa
casa, de sua propriedade, com amor, com capricho, fazendo
melhoramentos, criou, logicamente, novos hábitos, nova estrutura, novo
corpo emocional, não previsto pelo destino, pelo Karma de quando
nasceu. A Alma ficou, todavia, com mais elementos na sua constituição
psíquica. Mas quando se desfizeram as estruturas físico-vitais, no
cemitério, logo perdem (ou perde) a âncora, o ponto de apoio a gravidade,
volve, sem dúvida, a viver onde tinha seus últimos hábitos, mantendo o
sentimento de que continua sendo proprietário da casa agindo nos
moradores o mesmo capricho e cuidado, fica tomando parte na vida
emocional dos herdeiros da casa, dos amigos. Se pelo corpo emocional
sente que os herdeiros, os novos donos querem vendê-la, desfazer dela,
manifesta-se no emocional do falecido uma reação de contrariedade, de
descontentamento. Outro exemplo: se um médico continua, através do
corpo psíquico de um médium, usar o receituário que era usado durante a
vida profissional, o faz com medicamentos de sua época. Quando o
médium receita elementos modernos: terramicina, penicilina, ou outro
qualquer medicamento de nossos dias, fora, portanto, da época da vida do
médico extinto, é falso, é imaginação, é embuste do médium.
As Almas, pois, vivem em ambiência terrena ao lado dos denominados
vivos; nas casas onde habitaram por muito tempo, nos velhos engenhos,
nas masmorras do tempo colonial, nos velhos escritórios, ou seja, na
ambiência da face da Terra. São estas estruturas psíco-mentais (almas
penadas) que se manifestam nas Sessões anímicas, de incorporações, de
materializações. Se isso acontece, é natural, que haja uma perfeita
identidade entre as estruturas emociono-mentais do médium com as do
morto, com a alma. De modo que o médium não ouve, propriamente, uma
linguagem falada, usa, pois, uma linguagem sentida, vinda através da
parte sensorial, do ectoplasma. Para o médium é um prejuízo evolucional,
porque se trata de uma interferência na sua constituição psíquico-mental.
Quem possuir um bom estofo mental não será médium, não desenvolverá
a mediunidade.
As tradições hindus dão-lhes a classificação de KÂMA-RUPA.
KÂMA – quer dizer desejos instintivos, inferiores, sexuais, faculdades
anímicas.
RUPA – quer dizer, corpo, forma.
KÂMA-RUPA – é o corpo dos desejos, os desejos com formas, os
desejos em ação.
LOKA – é lugar, equivale aos termos portugueses: Loca, toca, tocaia.
KAMA-LOKA – é o lugar do Plano Astral, do Plano emocional onde
vivem, onde habitam as almas.
O Mundo dos Kama-Rupas, das Almas desencarnadas, tal como dizem
as escrituras sagradas – refere-se à região do astral, dos ensinamentos
teosóficos, espíritas, do plano dos mortos. Nesse plano permanecem como
almas durante muito tempo, milhares, centenas de milhares de anos, posto
que fora do corpo, da forma, da limitação, não têm noção do Espaço, nem
do tempo. Nesse plano dos mortos permanecem até desaparecer os
elementos, as imagens passionais que integram o corpo anímico e que
são de natureza do Mundo das paixões.
Muitas vezes as almas ficam ligadas às criaturas humanas por vários
motivos com os quais contraíram Karma de afetividade, de convivência, de
longa amizade; se houve um assassinato entra em jogo o Karma, a vítima
fica ligada à parte psíquica do que a assassinou, entra, também, em jogo a
Lei da afinidade, da Lei da responsabilidade.
ALMA – do latim – Princípio vital, PSYQUÊ – dos gregos; O Nephesph
dos hebreus, o sopro que anima toda a vida. Entre teósofos é menos
(mental inferior), o elemento entre o Ego, o Espírito divino no Homem e
sua Personalidade inferior. É a experiência adquirida pelos três veículos
inferiores do homem-denso, grosseiro, senão, os corpos físico, vital e os
corpos de desejos, o corpo emocional. Essas experiências são extraídas
pelas Consciências e pelo Ego para a próxima encarnação. Por isso
dizem: a Alma é tríplice: Emocional, Intelectual e Consciente.
A Alma – Nephesph dos hebreus, Psyquê dos gregos – segundo a
Bíblia é o princípio vital-emocional, o corpo da vida que o animal possui:
desde o infusório até o animal racional: o Homem. A Bíblia traduz essa
expressão como sendo: Vida, Sangue e Alma, ou seja, a força psíco-
dinâmica funcionando nos três planos da manifestação ou três planos
distintos. Correspondem aos acontecimentos registrados pelas nossas
Consciências: Física, Psíquica e Espiritual.
As Almas podem ser orientadas por aqueles que, em quarta dimensão,
conhecedores de determinadas leis ligadas ao conceito das Leis do Karma
e Reencarnação podem conduzi-las a tomarem novas formas físicas,
novas encarnações; e, neste caso, agem como agentes arquetipais de
uma velha para uma nova encarnação. Este fato deu origem, por assim
dizer, às tendências vocacionais. Dá origem ao interesse para se dedicar a
alguma coisa.
Conforme as tradições transhymalaianas um conjunto de almas, de
Kama-Rupas, podem formar o plasma psíquico que vai constituir a nova
Alma, a nova personalidade, com várias tendências, com vários
temperamentos. A Alma será como se fosse um corpo químico com várias
propriedades. Na alma há várias propriedades, vários atributos, os quais
vão se desabrochando com o desenvolvimento biológico e com o
progresso espiritual.
A alma geralmente projeta suas tendências em relação ao futuro, à sua
próxima encarnação, no momento do último suspiro, nos derradeiros
minutos de vida. Por isso não se deve fazer gritaria na cabeceira de um
moribundo.
PRINCÍPIO KAMARRÚPICO ou PRINCÍPIO ANÍMICO – é a alma
animal, anima (Kama-Manas) o quarto princípio no homem, veículo da
inteligência inferior. Num conjunto forma a personalidade e a natural
inteligência cerebral que se alucina pela falaz função da existência e,
geralmente, cai no egoísmo.
A VOZ POPULAR ANUNCIA – Sua Alma sua palma, cuja sentença
popular significa que cada criatura humana receberá o prêmio ou o castigo
correspondente ao bem ou ao mal que pratica. Nessa sentença, a voz
popular está ensinando a Lei do Karma, a Reencarnação, o que equivale a
dizer: a Alma é mutável, reencarnante até conseguir ajustar, perfeitamente,
todos os veículos, todas as estruturas: desde a física até a espiritual,
senão, a conquista da imortalidade Eucarística da supervivência, da
iluminação, no plano físico, no plano da forma.

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