Você está na página 1de 21

2

DIREITO CIVIL
LINDB: LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO
BRASILEIRO – PARTE 1 –
3
SUMÁRIO

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................................... 4


2. ESTRUTURA E PRINCIPAIS FUNÇÕES DA LINDB............................................................................ 4
3. VIGÊNCIA DAS NORMAS: ART. 1º E 2º......................................................................................... 5
4. OBRIGATORIEDADE DA NORMA: ART. 3º .................................................................................. 10
5. INTEGRAÇÃO DA NORMA: ART. 4º ............................................................................................ 11
6. INTERPRETAÇÃO DA NORMA: ART. 5º ...................................................................................... 17
7. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO: ART. 6º..................................................................................... 18
4
1
ATUALIZADO EM 07/03/2019

LINDB: LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

Tópico sobre as mudanças ocasionadas pela Lei nº 13.655/2018 na parte 2 do arquivo – apostila 2.4.
Lei integral destacada na parte 2 do arquivo – apostila 2.4.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB (Lei n.º 12.376/2010) é uma regra de
superdireito ou sobredireito, ou seja, contém normas que definem a aplicação de outras normas.

Enquanto o objeto de estudo do CC é a tutela da pessoa humana, a LINDB preocupa-se com a própria
norma jurídica, sendo essa o seu o objeto de estudo. Dirige-se a todos os ramos do direito, salvo naquilo que
for regulado de forma diferente na legislação específica. É, portanto, um código geral sobre a elaboração e
aplicação das normas jurídicas; tem como objetivo a elaboração, vigência e aplicação de leis.

É também o Estatuto do Direito Internacional Privado (conjunto de normas internas de um país,


instituídas especialmente para definir se a determinado caso se aplicará a lei local ou a lei de um Estado
estrangeiro).

2. ESTRUTURA E PRINCIPAIS FUNÇÕES DA LINDB

As principais funções da LINDB são:

Vigência das normas: art. 1º e 2º.


a) determinar o início da obrigatoriedade das leis (art. 1º);
b) regular a vigência e eficácia das normas jurídicas (art. 1º e 2º);
Obrigatoriedade da norma: art. 3º.
c) impor a eficácia geral e abstrata da obrigatoriedade, inadmitindo a ignorância da lei vigente (art.
3º);
Integração da norma: art. 4º.

1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
5
d) traçar os mecanismos de integração da norma legal para a hipótese de lacuna na norma (art.
4º);
Interpretação da norma: art. 5º.
e) delimitar os critérios de hermenêutica, de interpretação da lei (art. 5º);
Aplicação da lei no tempo: art. 6º.
f) regulamentar o direito intertemporal (art. 6º);
Aplicação da lei no espaço: artigos 7º a 19.
g) regulamentar o direito internacional privado no Brasil (art. 7º a 17), abarcando normas
relacionadas à pessoa e à família (art. 7º e 11), aos bens (art. 8º), às obrigações (artigo 9º), à sucessão (art.10), à
competência da autoridade judiciária brasileira (art. 12), à prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro
(art.13), à prova da legislação de outros países (art. 14), à execução da sentença proferida por juiz estrangeiro
(art. 15) à proibição do retorno (art. 16), aos limites da aplicação da lei e atos jurídicos de outro pais no Brasil
(art. 17) e, finalmente, aos atos civis praticados por autoridades consulares brasileiras no estrangeiro (art. 18 e
19).
Normas sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público (acrescentados pela
Lei nº 13.655/2018): artigos 20 a 30.

3. VIGÊNCIA DAS NORMAS: ART. 1º E 2º

Assim, atesta-se a existência da norma no momento da sua promulgação. O momento da existência


não se confunde com a vigência. Isso porque, depois de promulgada, a lei precisa de um iter legislativo para que
as pessoas tenham conhecimento da norma para, somente depois, passar a ter vigência: publicação → lapso
temporal → vigência.

A lei só ganha vigência depois da vacatio legis (lapso temporal necessário para que as pessoas
tenham conhecimento de sua existência).

Art. 1º, LINDB → salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país QUARENTA E CINCO DIAS
depois de oficialmente publicada. ATENÇÃO: as questões costumam confundir com “promulgada”.
§1º → nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada.
§3º → se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo
deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

§4º → as correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.


6
2017 – CONSULPLAN – TRE- RJ – Analista Judiciário – Área Administrativa. No tocante à Lei de Introdução às
normas do Direito Brasileiro, interprete o caso proposto e assinale a afirmativa juridicamente verdadeira. “A Lei
nº 8.112/90 previa o direito de licença por assiduidade para os servidores federais. Posteriormente, a Lei nº
9.527/97 revogou o referido direito e o substitui por um direito à licença para capacitação. Supondo que seja
aprovada a Lei “X” em 2017 revogando a Lei nº 9.527/97, poder-se-á concluir que: c) salvo disposição em
contrário, a Lei “X” começa a vigorar quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.

Durante a vacatio legis, a lei já existe, mas ainda não tem vigência.
Obs: O princípio da vigência sincrônica significa que a lei começa a vigorar em todo
país simultaneamente. Ou seja, a obrigatoriedade da lei é simultânea, entrando em vigor em todo o país ao
mesmo tempo. Se a lei for omissa quanto ao período de vacatio legis este será de quarenta e cinco dias.

• Contagem do prazo de vacatio legis: Segundo a doutrina, não importa se o último dia é feriado ou final
de semana. A norma entra em vigor mesmo assim, ou seja, a data não é prorrogada para o dia seguinte
(Tartuce, p. 05).
Art. 8º, §1º, LC 95/98 → a contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de
vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia
subsequente à sua consumação integral.
Se o prazo de vacatio legis for fixado em mês ou ano, indevidamente, já que de ordinário ele deveria
ser expresso em dias, utiliza-se a regra do art. 132, §3º CC, que estabelece que prazo em mês ou ano é contado
de “data a data”, pouco interessando quantos dias existam entre as datas.

Art. 132, CC, §3º: os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se
faltar exata correspondência.

Essas regras somente se aplicam às normas legais. As normas jurídicas administrativas (portarias,
decretos, regulamentos, resoluções) sempre entrarão em vigor na data de sua publicação (Decreto nº
572/1890).

A modificação de uma lei dentro do seu período de vacatio legis só pode ocorrer através de uma nova
lei. Porém, a correção de erros materiais ou inexatidões pode ser feita através da simples republicação da lei
com as devidas correções, caso em que o prazo de vacatio legis volta a correr do zero somente para a parte que
foi corrigida.
7
Revogação: uma vez cumprida a vacatio legis e entrando em vigor, a lei continuará vigendo até que
venha outra e, expressa ou tacitamente, a revogue princípio da continuidade. A revogação de uma lei pode ser
expressa ou tácita, só se admitindo, no sistema brasileiro, a revogação de uma lei através de outra lei.

Art. 2º, LINDB → não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§1º → a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou
quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

O Direito Brasileiro não admite o dessuetudo, que é a revogação da lei pelos costumes (uma lei que
não conseguiu “pegar”, por exemplo), mesmo quanto às leis que não são respeitadas ou observadas. Este é o
caso observado quanto às casas de prostituição, que não deixaram de ser crime, apesar de serem toleradas em
todo o Brasil.
A revogação necessariamente se dará por outra lei, que revogará expressa ou tacitamente, no todo ou
em parte, a lei antiga.

A revogação é gênero da qual ab-rogação e derrogação são espécies.


a) ab-rogação: é a revogação total da lei.
b) derrogação: é a revogação parcial da lei.

Sobre revogação de lei devemos ter cuidado com a redação do §2º do art. 2º da LINBD.

Art. 2º, § 2º, LINDB → a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não
revoga nem modifica a lei anterior.

Esse dispositivo estabelece que uma lei nova, que trate da mesma matéria de lei anterior, e que traga
disposições que estejam ao lado (a par) da outra lei, não revoga a lei anterior, mas sim que será utilizada
juntamente com aquela.

Repristinação: é o restabelecimento dos efeitos de uma lei que foi revogada pela revogação da lei
revogadora.

A revogação da lei revogadora não restabelece os efeitos da lei revogada, salvo previsão expressa.
Ex.: Lei A → Lei B → Lei C. A Lei C revoga a Lei B, os efeitos da Lei A não serão restabelecidos.

Art. 2º, § 3º → salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência.
Exceção: pode haver repristinação quando houver expressa disposição neste sentido na lei.
8

#QUESTÃODEPROVA A Lei n° 1.001 dispunha que a alíquota de determinado tributo era de 3% (três por cento).
Após regular trâmite legislativo, foi promulgada a Lei no 1.002, que revogou a Lei n° 1.001 e dispôs que o
mencionado tributo passaria a ter a alíquota de 5% (cinco por cento). Em razão da forte pressão popular, foi
editada e promulgada a Lei n° 1.003, revogando expressamente a Lei n° 1.002 e dispondo sobre a integral
restauração de vigência da Lei n° 1.001. Nesse cenário, é correto afirmar que é possível a restauração de
vigência da Lei n° 1.001, operando-se a repristinação. Essa assertiva está correta porque a Lei nº 1.003
determinou EXPRESSAMENTE a restauração da vigência da Lei nº 1.001. LEMBRE DESSA EXCEÇÃO!

2018 – FCC – TRT 6. Ao dizer que, salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro está referindo-se à: d)
repristinação.
2018 – FCC – TRT 21. De acordo com a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, se a lei “A” for
revogada pela “B”, e a lei “B” for revogada pela lei “C”, a lei “A”: A) voltará a ter vigência somente se a lei “C”
prever expressamente esse efeito.

#OLHAOGANCHO #NÃOCONFUNDA: A repristinação expressa é admitida no Direito Brasileiro, ao contrário da


repristinação tácita, que não é aceita. Todavia, existem hipóteses em que ocorre o “efeito repristinatório
tácito”.
àEfeito Repristinatório Tácito: o efeito é mais específico e preciso do que a “repristinação tácita”, mas é
possível que algumas provas tragam esse efeito como sinônimo dessa “repristinação tácita”. Gilmar Mendes,
por exemplo, não faz distinção entre os institutos.

Exemplo 01: Lei n.º 9868/1999 no art. 11, §2º: Casos de questionamento de uma lei em sede de ADI em que há
decisão liminar no sentido de declarar a inconstitucionalidade da lei.
§ 2oA concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa
manifestação em sentido contrário.

Lei “a” ---------------------- Lei “b”-------------------Lei “a”

Lei “a” é revogada pela Lei “b”


A Lei “b” é questionada em sede de ADI.
Em regra, a Lei “a” volta a ter vigência se for deferida a liminar em ADI.
Logo, se não houver manifestação contrária do STF, a lei anterior (no caso, a Lei “a”) volta a ter vigência
automaticamente.
9
Exemplo 02: Caso semelhante ao anterior, mas a decisão do STF é definitiva. Essa decisão tem efeito erga
omnes, vinculante e, em regra, ex tunc.

Lei “a” ---------------------- Lei “b”-------------------Lei “a”

Lei “a” é revogada pela Lei “b”


A Lei “b” é questionada em sede de ADI.
Se a Lei “b” for declarada inconstitucional pelo STF em decisão definitiva, a decisão tem efeito erga omnes,
vinculante e ex tunc. Ou seja, a Lei tem um vício de origem (e já nasceu morta). Logo, uma lei com vício de
origem não poderia ter revogado a Lei anterior (no caso, a Lei “a”).
Desse modo, a Lei “a” nunca deveria ter sido revogada e a Lei “b” nunca deveria ter existido.
E as relações jurídicas ocorridas na vigência da Lei “b”? Podem ser questionadas no Poder Judiciário e ser
revistas.

OBS.: Deve-se ter em mente que o efeito repristinatório tácito apenas é possível em controle abstrato que
ocorra com declaração ex tunc de inconstitucionalidade. Isto é, o mesmo não ocorre quando há modulação de
efeitos, pois nesse caso há declaração com efeito EX NUNC (inicia-se com a decisão) ou pro futuro (inicia-se em
um momento posterior à decisão).

Contudo, importante destacar que, seja em decisão de mérito, seja em liminar, é possível que o STF se
manifeste expressamente pela não restauração da lei revogada. Isto é, em regra, ocorre o efeito repristinatório
tácito, porém pode o STF declarar que não o deseja. Para tanto, deve respeitar os mesmos requisitos da
modulação de efeitos: votação pelo quórum de 2/3 dos membros e razões de segurança jurídica ou
excepcional interesse público.

• “Apenas leis de pequena repercussão estão autorizadas a utilizar a cláusula ‘entra em vigor na data de
sua publicação’?
o Resposta: CERTO. Não obstante possa-se notar, atualmente, uma verdadeira generalização do
uso da referida cláusula, há previsão legal expressa LIMITANDO sua utilização às normas de
“pequena repercussão”.
o Trata-se do art. 8º da Lei Complementar n.º 95/98, o qual prevê que: “a vigência da lei será
indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha
amplo conhecimento, RESERVADA A CLÁUSULA ‘ENTRA EM VIGOR NA DATA DE SUA
PUBLICAÇÃO’ PARA AS LEIS DE PEQUENA REPERCUSSÃO”. A regra, portanto, é que seja
estabelecido um prazo de vacatio legis, a fim de que a população possa tomar conhecimento
da norma jurídica que entrará em vigor.
10
4. OBRIGATORIEDADE DA NORMA: ART. 3º

Art. 3º, LINDB→ ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.

Segundo os princípios da obrigatoriedade e da continuidade, informadores da eficácia das leis, uma lei
eficaz deve ser cumprida por todos, ainda que a desconheçam. O art. 3º da LINDB traz presunção de que todas
as pessoas conheçam a lei. Por isso, a LINDB cria uma proibição de desconhecimento da lei para que ninguém
possa se furtar à sua incidência.

Princípio da Obrigatoriedade Relativa/Mitigada: a presunção de conhecimento da lei não é absoluta,


uma vez que existem situações excepcionais expressamente previstas em lei em que se admite a alegação de
erro de direito. A alegação de erro de direito só pode ser feita em casos previstos em lei.

Esses casos previstos em lei são muito mais numerosos no Direito Penal. Exemplos: art. 21, CP (erro de
proibição); art. 65, II, CP (atenuante da pena); art. 8º, Lei de Contravenções Penais.

No Direito Civil há apenas DOIS casos em que se permite a alegação de erro de direito, quais sejam:
a) Casamento putativo (art. 1.561, CC): no caso de casamento nulo ou anulável celebrado com boa-fé,
os efeitos do ato serão ser preservados em relação aos filhos
Art. 1561, CC → embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o
casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.

Exemplo: casamento de A com B, sua irmã.


Erro de fato: A não sabia que B era sua irmã.
Erro de direito: A sabia que B era sua irmã, mas não sabia quer era proibido o casamento entre irmãos.
O que é necessário aqui é que as pessoas estejam de BOA-FÉ.

b) Erro como vício de vontade no negócio jurídico (art. 139, III, CC): esse erro pode ser alegado para o
desfazimento do negócio jurídico.
Exemplo: compra de terreno em Petrópolis/RJ em área que fora considerada de uso público por Lei
Municipal.

Art. 139, III, CC → o erro é substancial quando sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o
motivo único ou principal do negócio jurídico.
11
5. INTEGRAÇÃO DA NORMA: ART. 4º

Caso a lei a ser aplicada não encontre no mundo fático suporte concreto sobre o qual deva incidir,
caberá ao julgador integrar o ordenamento mediante analogia, costumes e princípios gerais do direito, cuja Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro prevê em ordem preferencial e taxativa.

Integrar significa colmatar, preencher lacunas. A integração da norma é a atividade pela qual o juiz
complementa a norma e essa necessidade de complementação da norma surge porque o legislador não tem
como prever todas as situações possíveis no mundo fático. Havendo lacuna, o juiz está obrigado a promover a
integração da norma; colmatará o vazio.

A lacuna nunca irá se referir ao ordenamento, mas sim apenas à legislação. Assim, mesmo que exista
lei lacunosa, o ordenamento é completo, pois existem mecanismos de integração, de colmatação. O
ordenamento jurídico vedou o non liquet, que significa que o juiz não pode se eximir do dever de julgar
alegando lacuna ou desconhecimento da norma.
Art. 4º, LINDB → quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.

Esse dispositivo traz um rol TAXATIVO E PREFERENCIAL de integração da norma. Sendo assim, o juiz
deve se valer dessa ordem e somente dos critérios integrativos colocados nesse dispositivo.
ATENÇÃO: AQUI NÃO TEM EQUIDADE! HÁ VÁRIAS QUESTÕES DE PROVA QUE TENTAM CONFUNDIR O
CANDIDATO INSERINDO A EQUIDADE NA ALTERNATIVA E ESTÁ ERRADA!
Além disso, como se presume que o juiz conhece todas as leis - iura novit cúria -, basta que a parte
narre o fato - mihi factum, dabo tibi ius.

Mihi factum, dabo tibi ius: dá-me os fatos que te darei o direito.
Iura novit cúria: não se faz necessário provar em juízo a existência da norma jurídica invocada, pois se parte do
pressuposto de que o juiz conhece o direito2.

Art. 376, CPC: A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor
e a vigência, se assim o juiz determinar.

Exceções: o juiz pode determinar à parte interessada que faça prova da EXISTÊNCIA e VIGÊNCIA da lei
alegada em 4 hipóteses:
- Direito municipal.

2
Há exceções quanto às provas, conforme art. 376, CPC!
12
- Direito estadual.
- Direito estrangeiro.
- Direito consuetudinário.

Alexandre Câmara alerta que o juiz só pode mandar a parte fazer prova de direito municipal e estadual
que não seja de sua jurisdição. Caso contrário, ou seja, se o direito municipal ou estadual for do local de sua
jurisdição, o juiz não poderá determinar que a parte faça prova porque se presume que ele conheça a lei.

Quando o juiz for utilizar direito estrangeiro, ele poderá mandar a parte fazer prova. No entanto, o
Protocolo de Las Leñas determina que o juiz não pode mandar a parte fazer prova das leis de países integrantes
do MERCOSUL, pois, neste caso, se presume que o juiz conheça a legislação. Isso se aplica também a
documentos estrangeiros oriundos de países do MERCOSUL. Assim, quando vier o documento de um país do
MERCOSUL, o juiz não pode mandar fazer a tradução juramentada, pois igualmente se presume que ele conhece
a referida língua.

Espécies de Lacunas, conforme Maria Helena Diniz:

a) Lacuna normativa: ausência total de norma para um caso concreto;


b) Lacuna ontológica: presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia social;
c) Lacuna axiológica: presença de uma norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja
insatisfatória ou injusta;
d) Lacuna de conflito ou antinomia: choque de duas ou mais normas válidas, pendente de solução no
caso concreto.

Presente uma lacuna, deverão ser utilizadas as formas de integração da norma jurídica.

Métodos de Colmatação:
Na integração da norma o juiz deverá se valer da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de
direito, devendo utilizar esses métodos nessa ordem, pois o art. 4º da LINDB estabeleceu um rol taxativo e
preferencial. A doutrina moderna contesta a obrigatoriedade de aplicar os métodos de colmatação na exata
ordem do art. 4º, principalmente no que concerne aos princípios constitucionais (Nesse sentido: Flávio Tartuce).

a) Analogia: é primeiro mecanismo de integração. O aplicador do direito, ao estender o preceito legal


aos casos não compreendidos em seu dispositivo, vale-se da analogia. É o preenchimento da lacuna através da
comparação. Por meio da analogia, compara-se uma determinada hipótese, não prevista em lei, com outra, já
contemplada em lei. O seu fundamento é a igualdade jurídica.
13
A analogia pode ter duas formas:

a1) analogia legis: se concretiza pela comparação de um caso não previsto com outro já previsto em
lei. Assim, a lacuna será integrada comparando-se uma situação atípica (não tratada na norma) com uma outra
situação especificadamente prevista em lei (típica).
a.2) analogia iuris: o juiz preenche a lacuna com a comparação do caso com o sistema como um todo.
Dessa forma, compara-se a situação não prevista em lei com os valores do sistema e não com um dispositivo
legal.

Exemplo: embora a união homoafetiva e os conflitos jurídicos decorrentes dessas uniões não tenham
previsão legal, o juiz não pode se negar a resolvê-los. O juiz poderá solucionar tais casos com regras
semelhantes, como as regras da união estável, por exemplo, se valendo de analogia legis, portanto. Foi o que
decidiu o STF. Porém, será caso de analogia iuris, se, em vez de comparar com a legislação de união estável,
comparar com os princípios constitucionais.

OBS: não se admite analogia em sede de direito penal nem direito tributário, salvo em favor da parte (ou seja,
não existe analogia para prejudicar o réu ou o contribuinte).

ANALOGIA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA


Rompe-se com os limites do que está previsto na Apenas amplia-se o sentido da norma, havendo a
norma. (Integração). subsunção. (Conhecimento).
Parte da comparação entre dois casos – solução
do caso concreto em razão da inexistência de Não há comparação entre casos
uma norma (por isso a comparação).
É forma de integração É forma de interpretação

Interpretação extensiva: “consiste na extensão do âmbito de aplicação de uma norma existente,


disciplinadora de determinada situação de fato, a situações não expressamente previstas, mas compreendidas
pelo seu espírito, mediante uma interpretação menos literal. Configura-se, por exemplo, quando o juiz, interpre-
tando o art. 25 do Código Civil, estende à companheira ou companheiro a legitimidade conferida ao cônjuge do
ausente para ser o seu curador” . (Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Esquematizado v.1 – 4. ed. rev. e
atual. – São Paulo: Saraiva, 2014).

OBS: normas de exceção não admitem analogia ou interpretação extensiva. Exemplo: um pai pode hipotecar um
imóvel a um filho sem a autorização dos demais, pois a lei somente exige autorização para a venda, sob pena de
14
anulabilidade. A norma, assim, não pode ser aplicada por analogia à hipoteca, salvo para proteger um filho
incapaz, por exemplo.

b) Costumes: são os usos cotidianos locais, ou seja, os usos reiterados de uma comunidade. Os
costumes podem ser de 3 espécies:

b.1) costumes contra legem: materializam uma prática cotidiana atentatória à lei. No Direito Brasileiro
não se admitem os costumes contra legem, pelo simples motivo de que isso, na prática, implicaria admitir o
dessuetudo, o que não é possível.
b2) costumes secundum legem: são os costumes determinados na lei. A sua utilização vem expressa
na própria lei. Nessa espécie, o próprio ordenamento jurídico diz que o juiz deve julgar pelos costumes naqueles
casos determinados. Assim, vê-se que não são hipóteses de lacunas no sistema, pois o próprio ordenamento é
que remete aos costumes. Nesses casos, portanto, não há integração, mas sim subsunção.

Exemplo: art. 445, § 2º, CC/02, que traz prazo para a ação sobre vício redibitório sobre animal, como o
caso de um touro que se descobriu estéril, estabelecendo que o prazo é determinado pelos usos locais.

Art. 445, §2º, CC → tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os
estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo
antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.

b3) costumes praeter legem: são aqueles costumes que não foram previstos em lei, sendo utilizados
para preencher lacunas. É a única forma de costumes que serve como forma de colmatação.

#QUESTÃODEPROVA De acordo com o Decreto-lei n. 4657/42 (Lei de Introdução às Normas do Direito


Brasileiro) são formas de integração jurídica a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Quanto aos
costumes, a legislação refere-se a espécie praeter legem, ou seja, aquele que intervém na falta ou omissão da
lei, apresentando caráter supletivo.

#QUESTÃODEPROVA “Deste modo, quando surge no seu logrador um animal alheio, cuja marca conhece, o
restitui de pronto. No caso contrário, conserva o intruso, tratando-o como aos demais. Mas não o leva à feira
anual, nem o aplica em trabalho algum; deixa-o morrer de velho. Não lhe pertence. Se é uma vaca e dá cria,
ferra a esta com o mesmo sinal desconhecido, que reproduz com perfeição admirável; e assim pratica com toda
a descendência daquela. De quatro em quatro bezerros, porém, separa um, para si. É a sua paga. Estabelece
com o patrão desconhecido o mesmo convênio que tem com o outro. E cumpre estritamente, sem juízes e sem
testemunhas, o estranho contrato, que ninguém escreveu ou sugeriu. Sucede muitas vezes ser decifrada, afinal,
uma marca somente depois de muitos anos, e o criador feliz receber, ao invés da peça única que lhe fugira e da
15
qual se deslembrara, uma ponta de gado, todos os produtos dela. Parece fantasia este fato, vulgar, entretanto,
nos sertões”. (Euclides da Cunha – Os sertões. 27. ed. Editora Universidade de Brasília, 1963, p. 101). O texto
acima, sobre o vaqueiro, identifica o uso ou costume como fonte ou forma de expressão do Direito.

Exemplo: eficácia do cheque pós-datado (juiz se vale dos costumes para aceitar a indenização por
dano moral quando do depósito do cheque antes da data - STJ).

Requisitos para aplicação dos costumes:


- Continuidade;
- Uniformidade;
- Diuturnidade;
- Moralidade;
- Obrigatoriedade.

Assim, é necessário que o costume esteja arraigado na consciência popular após a sua prática durante
um tempo considerável, e, além disso, goze da reputação de imprescindível norma costumeira.

Por fim, vale lembrar que existe o COSTUME JURISPRUDENCIAL OU JUDICIÁRIO, cujo maior exemplo
são as súmulas dos Tribunais Superiores.

c) Princípios gerais de direito: segundo os ensinamentos de Flávio Tartuce, “podem-se conceituar os


princípios como fontes do direito, conforme previsão do art. 4.º da Lei de Introdução, o que denota o seu
caráter normativo. Analisando os seus fins, os princípios gerais são regramentos básicos aplicáveis a um
determinado instituto ou ramo jurídico, para auxiliar o aplicador do direito na busca da justiça e da pacificação
social. Sob o prisma da sua origem, os princípios são abstraídos das normas jurídicas, dos costumes, da doutrina,
da jurisprudência e de aspectos políticos, econômicos e sociais”.

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.

Canotilho nos transmitiu a regra de que a norma jurídica é igual à norma-princípio mais norma-regra.
Norma jurídica = norma-princípio + norma-regra. E essa fórmula revela que todo princípio tem força normativa.

Art. 4º, LINDB → quando a lei for omissa (=quando a norma jurídica for omissa), o juiz decidirá o caso de acordo
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
16
O Código Civil de 2002 consagra três princípios fundamentais, conforme se extrai da sua exposição de
motivos, elaborada por Miguel Reale, a saber:

(i) Princípio da Eticidade – Trata-se da valorização da ética e da boa-fé, principalmente daquela que
existe no plano da conduta de lealdade das partes (boa-fé objetiva). Pelo Código Civil de 2002, a boa-fé objetiva
tem função de interpretação dos negócios jurídicos em geral (art. 113 do CC). Serve ainda como controle das
condutas humanas, eis que a sua violação pode gerar o abuso de direito, nova modalidade de ilícito (art. 187).
Por fim, a boa-fé objetiva tem a função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato (art. 422 do CC).
(ii) Princípio da Socialidade – Segundo apontava o próprio Miguel Reale, um dos escopos da nova
codificação foi o de superar o caráter individualista e egoísta da codificação anterior. Assim, a palavra “eu” é
substituída por “nós”. Todas as categorias civis têm função social: o contrato, a empresa, a propriedade, a
posse, a família, a responsabilidade civil.
(iii) Princípio da Operabilidade – Esse princípio tem dois sentidos. Primeiro, o de simplicidade ou
facilitação das categorias privadas, o que pode ser percebido, por exemplo, pelo tratamento diferenciado da
prescrição e da decadência. Segundo, há o sentido de efetividade ou concretude, o que foi buscado pelo sistema
aberto de cláusulas gerais adotado pela atual codificação material.

*Equidade: excepcionalmente o ordenamento jurídico admite a utilização da equidade como meio de


integração. A equidade é a busca do bom/equilibrado/ justiça equitativa. O direito brasileiro só admite a
equidade quando houver previsão em lei. Equidade é um conceito aberto, vago, altamente subjetivista, não
podendo ser utilizada em qualquer caso. Às vezes, é a própria lei que estabelece o critério de equidade
(equidade legal), mas poderá também o juiz o estabelecer (equidade judicial).

Exemplos:

Art. 7º, CDC → os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e equidade.

Art. 85, § 8º, NCPC/2015 → Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda,
quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa,
observando o disposto nos incisos do § 2º.

§ 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa, atendidos:
17
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Exemplos de equidade no CC:

Redução equitativa da cláusula penal (multa), quando o devedor já cumpriu em parte a obrigação ou
quando a cláusula se apresenta abusiva.

Art. 413, CC → a penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a
natureza e a finalidade do negócio.

O juiz também pode reduzir equitativamente o quantum indenizatório sempre que perceber um
desequilíbrio entre o grau de culpa e a extensão do dano (isso não poderá ocorrer nos casos de
responsabilidade objetiva, pois nesses não se discute culpa).

Art. 944, parágrafo único, CC → se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá
o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.

6. INTERPRETAÇÃO DA NORMA: ART. 5º

Art. 5º, LINDB → na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
comum.

A interpretação não se confunde com integração. Integrar é preencher uma lacuna. Já interpretar é
buscar o alcance e o sentido. Logo, a atividade interpretativa é a atividade de buscar o sentido e o alcance de
uma norma que já existe.

O art. 5º consagra que em toda interpretação devem ser respeitados os fins sociais a que se dirige a
norma. Assim, toda interpretação é sociológica e teleológica. Isso é dizer que, em toda interpretação, deve se
ter presente o impacto que a norma terá em uma comunidade.

Exemplo: a prova do tempo de serviço de atividade rural deve ser feita através de documentos e não
por meio exclusivamente testemunhal. Contudo, nos casos em que o trabalhador rural não tem como provar
através da prova documental, irá se admitir a prova exclusivamente testemunhal, desde que ela seja idônea.
18
Ao realizar a interpretação da norma, podemos chegar a um resultado ampliativo, restritivo ou
declarativo.

1- Interpretação ampliativa: a norma que diga respeito aos direitos fundamentais individuais ou
sociais (art. 5º e 7º da CF/88) se submete à interpretação ampliativa.
2- Interpretação declaratória: as normas de Direito Administrativo se submetem a uma interpretação
declarativa, em virtude do princípio da legalidade.
3- Interpretação restritiva: as normas que estabeleçam privilégio, sanção, renúncia, fiança e aval se
submetem à interpretação restritiva.
4- Interpretação integrativa: a intenção dos contratantes deve surgir da ideia geral; o intérprete
poderá concluir, de acordo com as entrelinhas do contrato, o que foi desejado pelos contratantes.

A propósito, veja-se o art. 819, CC/02:


Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.

7. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO: ART. 6º

Art. 6º, LINDB → a Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.
Art. 5º, XXXVI, CRFB → a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

É certo que toda lei se destina aos fatos presentes e futuros, mas não aos passados. No Direito
Brasileiro, portanto, consagrou-se a regra da irretroatividade das leis, de modo que as leis novas não alcançam
os fatos pretéritos. A regra da irretroatividade é aplicável inclusive às normas jurídicas de ordem pública3.

Exceção: admitem-se, excepcionalmente, efeitos retroativos na lei quando presentes dois requisitos,
quais sejam:

a) Expressa disposição neste sentido: é preciso que a lei diga que produzirá efeitos retroativos, e,

b) que a retroação não prejudique o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido.

Direito adquirido: é aquele que se incorporou ao patrimônio do particular. É uma concepção


exclusivamente patrimonialista, de modo que não há direito adquirido personalíssimo. Todo direito adquirido é

3
(FCC – PGE-MT – Procurador do Estado/2016) A seguinte assertiva foi considerada correta: De acordo com a Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a lei nova possui efeito imediato, por isto atingindo os fatos pendentes, mas
devendo respeitar a coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, incluindo o negócio jurídico sujeito a termo
ou sob condição suspensiva.
19
patrimonial. A nova lei deverá respeitar o negócio jurídico celebrado sob termo ou condição suspensiva (isso já
foi questão de prova!)

Art. 6º, §2º, LINDB → consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem.

Além disso, não existe direito adquirido em face do Poder Constituinte, pois ele instala uma nova
ordem jurídica, de modo que tudo que lhe é incompatível é repelido. Porém, no Brasil, essa tese sofreu uma
mutação, decorrente de interpretação do STF acerca das reformas previdenciárias estabelecidas pelo Poder
Legislativo.

*#OLHAOGANCHO: O STF entende que não há direito adquirido em face do Poder Constituinte Originário.

2017 – FCC – TRE-SP – Analista Judiciário – Área Judiciária. André adquiriu um terreno onde pretendia construir
uma fábrica de tintas. Na época da aquisição, não havia lei impedindo esta atividade na região em que se
localizava o terreno. Passado o tempo, porém, antes de André iniciar qualquer construção, sobreveio lei
impedindo o desenvolvimento de atividades industriais naquela área, por razões ambientais. A lei tem efeito: a)
imediato e atinge André, que não tem direito adquirido ao regime jurídico anterior a seu advento.

Coisa julgada: é a qualidade que reveste os efeitos decorrentes de uma decisão judicial contra a qual
não cabe mais impugnação dentro dos mesmos autos.

Art. 6º, §3º, LINDB → chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

Pode haver coisa julgada de decisão interlocutória, desde que ela aprecie o mérito e não seja
impugnada (exemplo: concessão de tutela de parcela incontroversa do pedido).

A coisa julgada não pode violar outra questão em que já se decidiu pela inconstitucionalidade. Hoje já
se fala, inclusive, na relativização da coisa julgada – investigação de paternidade (DNA).

Ato jurídico perfeito: é o ato pronto e acabado, que já exauriu seus efeitos. O ato jurídico perfeito não
mais produz efeitos. Ele é a antítese das relações continuativas, pois essas são as que perpassam no tempo
(iniciam sob a égide de uma lei e continuam após o início de uma nova lei).

Art. 6º, §1º, LINDB → reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se
efetuou.
20
O ato jurídico perfeito não pode ser atingido pelos efeitos de uma lei nova, pois ele não mais produz
efeitos. E as relações continuativas podem ser atingidas pela lei nova? O casamento, assim como o contrato,
são exemplos de relações continuativas.

O casamento celebrado sob a égide do CC/16, que atravessou o tempo, está sob a égide do CC/02 ou
continua sofrendo os efeitos do CC/16?

No que tange às relações continuativas a regra é de que a sua existência e a sua validade ficam
submetidas à lei em que foi celebrado o ato, mas a eficácia submete-se à regra da lei nova. Assim, a existência e
a validade ficam na lei de origem (lei da data de celebração) e a eficácia submete-se à lei nova.

Exemplo: as pessoas que casaram sob a égide do CC/16 não podiam mudar seu regime de bens, mas
quem casa agora pode.

Art. 2039, CC → O regime de bens nos casamentos celebrados na vigência do Código Civil anterior, Lei nº 3.071,
de 1º de janeiro de 1916, é o por ele estabelecido.

Como a mudança do regime diz respeito à eficácia do ato, podemos concluir que as pessoas casadas
sob a égide do CC/16 podem sim alterar seu regime de bens (Maria Berenice Dias; STJ, REsp 821.807/PR, rel.
Min. Fátima Nancy Andrighi).

Ultratividade: é o fenômeno através do qual uma lei, já revogada, produz efeitos mesmo após a sua
revogação.
Inúmeros são os exemplos de ultratividade vindos do Direito Penal, como é o caso da norma penal
mais benéfica. No Direito Civil é bem mais rara a hipótese de ultratividade, mas ocorre isso, por exemplo, no
direito de sucessão.

*O princípio da saisine é um exemplo de ultratividade. Sendo assim, a pessoa que morreu à época do
CC/16, mas teve a abertura do inventário realizada após a vigência do CC/02, não terá a sucessão regulada pelas
novas regras da lei civil.

*#SELIGANASÚMULA: De acordo com a súmula 112 do STF, o imposto de transmissão "causa mortis" é devido
pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.
21
8. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVOS
LINDB Integralmente

9. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

Anotações de aula

Complementação no Manual de Direito Civil – Flávio Tartuce

Cadernos Sistematizados

Jurisprudência do site Dizer o Direito.

Você também pode gostar